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ISSN 2526-8910

Artigo de Reflexão/Ensaio

A saúde do trabalhador em tempos de


COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e
terapia ocupacional
Worker health in COVID-19 times: reflections on health, safety, and
occupational therapy
Bárbara Iansã de Lima Barrosoa , Marina Batista Chaves Azevedo de Souzab,c ,
Marília Meyer Bregaldac , Selma Lancmand , Victor Bernardes Barroso da Costae 
a
Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa, PB, Brasil.
b
Universidade Federal de Sergipe – UFS, Aracaju, SE, Brasil.
c
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP, Brasil.
d
Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, SP, Brasil.
e
Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus, AM, Brasil.

Como citar: Barroso, B. I. L., Souza, M. B. C. A., Bregalda, M. M., Lancman, S., & Costa, V. B. B. (2020).
A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional.
Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional. 28(3), 1093-1102. https://doi.org/10.4322/2526-
8910.ctoARF2091

Resumo
Este ensaio teórico tem o objetivo de apontar importantes contribuições, no âmbito
da Saúde e da Segurança do Trabalhador, no que se refere ao enfrentamento da
COVID-19, baseando-se em leis, políticas, normas e recomendações internacionais
sobre o assunto. Pretende-se, ainda, identificar possíveis atuações em Terapia
Ocupacional, saúde e trabalho, levando em consideração o combate à pandemia no
Brasil. A literatura aponta que profissionais da saúde têm três vezes mais chances de
contrair o vírus do que a população em geral. Por essa razão, no Brasil, o Governo
federal precisa se articular com os estaduais e os municipais para elaborar, adaptar,
implementar e fiscalizar leis, políticas e normas sobre saúde e segurança do
trabalhador, de forma a garantir condições de trabalho adequadas e diminuir os riscos
à saúde dos trabalhadores durante a pandemia. Sobre a Terapia Ocupacional, foram
pontuados direcionamentos iniciais acerca da atuação no âmbito da saúde do
trabalhador, considerando o que preconizam o Sistema Único de Saúde, a Política
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e o Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Convém enfatizar que ações não devem ser
direcionadas somente aos trabalhadores dos serviços de saúde, mas também aos de
outros serviços assistenciais essenciais e considerar estratégias para alcançar os que
trabalham de forma desregulamentada.
Palavras-chave: Saúde Pública, Exposição Ocupacional, Saúde do Trabalhador,
Terapia Ocupacional, COVID-19, Coronavírus.

Recebido em Abr. 28, 2020; 1ª Revisão em Jun. 17, 2020; Aceito em Ago. 5, 2020.
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso,
distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.
Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 1093-1102, 2020 | https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoARF2091 1093
A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional

Abstract
This theoretical essay aims to point out the main contributions in the health and
workers' safety aspects, considering the laws, public policies, international
recommendations, and point out possible paths and roles of Occupational Therapy to
fight against COVID-19 Brazilian pandemic. The literature shows that health care
workers have three times more likely to get infected than the general population. Thus,
in Brazil, the Federal Government needs to articulate with the local and regional
sphere to create, adapt, implement and inspect laws, policies, and standards on
workers' health and safety to ensure conditions to work and reduce health risks for
workers during the pandemic. Regarding Occupational Therapy, initial guidelines
were pointed out about the work in the occupational health, considering policies of
the Unified Health System, National Health Policy for Workers and Federal Council
of Physiotherapy and Occupational Therapy. The actions must be directed not only
to health service workers, but also to other essential assistance services, and those who
work in an unregulated manner.
Keywords: Public Health, Occupational Exposure, Occupational Health,
Occupational Therapy, COVID-19, Coronavirus.

1 Introdução
No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o
surto causado pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), uma pandemia global (Cucinotta &
Vanelli, 2020). Detectado pela primeira vez em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan,
China, esse vírus causa uma doença denominada de COVID-19, cujo quadro clínico varia
de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves. No Brasil, o primeiro caso foi
notificado no dia 21 de fevereiro de 2020 (Gorbalenya et al., 2020).
Desde então, diversos países e instituições vêm atualizando os números sobre a doença
quase em tempo real. Como exemplo de vias de divulgação dessas informações, temos o site
criado pela Universidade Johns Hopkins e a OMS, que libera relatórios diários sobre a
evolução da pandemia e descreve as principais mudanças ocorridas em relação à situação do
dia anterior (Candido et al., 2020; World Health Organization, 2020).
No relatório nº 94 de 23 de abril de 2020, a OMS confirmou a existência mundial de
2.544.792 casos e 175.694 mortes. Esses números ultrapassaram rapidamente os da última
pandemia - a da gripe suína (H1N1) - que causou 18 mil mortes em todo o mundo, entre
2009 e 2010. No Brasil, em abril, já havia 43.079 casos confirmados e 2.741 mortes
causadas pela COVID-19, colocando-o como o país da América do Sul em que mais se
detectaram casos. O número de mortes no país por COVID-19 dobra a cada cinco dias e
supera os índices da Europa e dos Estados Unidos (Candido et al., 2020; Pierre, 2020;
Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste, 2020; World
Health Organization, 2020).
Ao quase continente chamado Brasil - devido ao seu vasto território – com sua diversidade
cultural, a distribuição econômica desigual e a grande variabilidade dos seus equipamentos de
saúde, acrescentam-se desafios no que tange à efetividade da vigilância na área de Saúde do
Trabalhador. A redução de investimentos e o constante processo de precarização do Sistema
Único de Saúde (SUS), principalmente nos últimos três anos, depois da inclusão de um novo

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regime fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, por meio da
aprovação da Emenda Constitucional 95, vêm colocando à prova a organização e a estrutura
do sistema brasileiro de vigilância e assistência (Lacaz et al., 2019). Aspectos como o despreparo
e a desproteção das equipes de saúde em relação a essa pandemia são identificados como pontos
importantes a serem discutidos.
O SUS, considerado o maior sistema público de saúde do mundo, mesmo tendo sido
subfinanciado desde sua criação, vem fornecendo a base necessária para as ações de
enfrentamento da COVID-19, por dispor de uma rede de serviços, equipamentos e recursos
humanos. Entretanto, a falta de investimentos, seu desmonte e sua desestruturação ficam mais
evidentes nos momentos de crise, denotando o número insuficiente de recursos humanos na
saúde; a falta de treinamento das equipes da atenção básica e da média complexidade para lidar
com as suspeitas e com os casos da COVID-19; o número insuficiente de equipamentos de
proteção individual (EPI); a falta de profissionais especializados em serviços de urgência; as
poucas ações de prevenção interna nos espaços de cuidado, dentre outras ações necessárias ao
enfrentamento de situações emergenciais de saúde pública (Romero & Delduque, 2017;
Lacaz et al., 2019; The Lancet, 2020).
As discussões que permeiam as necessidades de produção normativa que envolvam a
saúde e a segurança do trabalhador, durante o enfrentamento de emergências de saúde
pública – aedes aegypti, H1N1, zika vírus - e a legislação sanitária referente ao controle de
doenças carecem de atualização. O Estado brasileiro, para cumprir a Política Nacional de
Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), deve garantir a saúde e a segurança
durante a execução de suas atividades produtivas (Romero & Delduque, 2017; Brasil,
2018; Lacaz et al., 2019).
No que tange ao enfrentamento da pandemia da COVID-19, os estados brasileiros têm
promovido ações de cunho individual e coletivo para lidar com os impactos sanitários e
econômicos. Governadores dos estados que constituem o Consórcio de Integração Sul e
Sudeste (COSUD) reuniram-se em 02 de abril de 2020 e propuseram medidas econômicas
e fiscais que contribuam para que os governos locais enfrentem a crise sanitária. Além disso,
os nove estados do Nordeste do Brasil formaram o Comitê Científico de Combate ao
Coronavírus (C4NE) para auxiliar os governadores a encontrarem a melhor forma de
planejar a alocação dos recursos para combater a proliferação do vírus e estruturar o sistema
de saúde, associados à adoção de medidas de isolamento social pouco debatidas no âmbito
das legislações vigentes. Essas medidas reconhecem o trabalhador e a trabalhadora do SUS
como a maior e mais potente força de combate à pandemia (Romero & Delduque, 2017;
Lacaz et al., 2019; Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste,
2020).
Quanto à atuação dos terapeutas ocupacionais para combater e tratar a COVID-19, no
início de abril, o Governo Federal, por meio da Portaria nº 639, que dispõe da ação
estratégica e obrigatória ‘Brasil, Conta Comigo’, apresenta uma proposta “[...] voltada para
a capacitação e o cadastramento de profissionais de Saúde, entre eles, fisioterapeutas e
terapeutas ocupacionais” (Brasil, 2020c, p. 01). Todos os profissionais regulares no
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e no Conselho
Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO) precisam se cadastrar, no que
tange ao objetivo da normativa, que visa “[...] proporcionar capacitação aos profissionais
da área da Saúde nos protocolos clínicos do Ministério da Saúde para o enfrentamento da
COVID-19, devendo perdurar até o fim da pandemia” (Conselho Federal de Fisioterapia

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e Terapia Ocupacional, 2020, p. 1). A inclusão do terapeuta ocupacional nas capacitações


oferecidas pelo Governo do Brasil demonstra que ele é um profissional importante e
necessário no enfrentamento à pandemia (Brasil, 2020c). Devido a isso, é imprescindível
discutir sobre as possibilidades de atuar nesse momento.
Nessa direção, o objetivo deste ensaio teórico é de apontar importantes contribuições,
no âmbito da Saúde e da Segurança do Trabalhador, no que se refere ao enfrentamento da
COVID-19, baseando-se em leis, políticas, normas e recomendações internacionais sobre
o assunto. Pretende-se, também, identificar possíveis atuações em terapia ocupacional,
saúde e trabalho, com vistas ao combate à pandemia no Brasil.

2 Saúde, Segurança, Trabalho e Coronavírus: Direcionamentos Possíveis Acerca


da Atuação da Terapia Ocupacional
Tanto no Brasil quanto na China, as primeiras mortes por COVID-19 foram de
trabalhadores contaminados no exercício de suas funções. Em Wuhan, os primeiros óbitos
foram referentes a trabalhadores do mercado de frutos do mar da cidade, considerado o foco
inicial de contaminação devido ao manuseio de animais vivos. No Brasil, que diz respeito ao
início dos óbitos, uma das primeiras vítimas foi uma empregada doméstica, contaminada
depois de ser exposta ao vírus por seus empregadores que tinham retornado da Itália no início
do ano (Goumenou et al., 2020; Leme, 2020; Comitê Científico de Combate ao
Coronavírus do Consórcio Nordeste, 2020).
No que se refere especificamente aos trabalhadores da área da Saúde, os principais desafios
que eles vivenciam no enfrentamento da pandemia são a elevada transmissibilidade do vírus, a
falta de EPI, a sobrecarga de trabalho e os impactos na saúde mental. A Comissão Nacional de
Saúde da China informou que mais de 3.300 profissionais foram infectados até o início de
março. Na Itália, 20% dos profissionais da área de Saúde foram contaminados depois de ter
contato com pacientes infectados. A infecção também atingiu os trabalhadores dos serviços de
limpeza, e a falta de EPI adequados nos hospitais foi o motivo mais apontado para o aumento
das taxas de infecção (Romero & Delduque, 2017; Leme, 2020; Tavares, 2020; Comitê
Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste, 2020; Goumenou et al., 2020;
The Lancet, 2020).
A literatura científica sobre o assunto aponta que os profissionais da área de Saúde têm
três vezes mais chances de contrair o vírus do que a população em geral. No Brasil, cerca
de 3,5 milhões de trabalhadores atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). No estado de
Pernambuco, mais de 1.353 profissionais da Saúde foram testados positivos para a
COVID-19 - uma das mais altas taxas de contaminação do país (Goumenou et al., 2020;
Tavares, 2020; Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste,
2020).
Entre as 14 categorias profissionais da área da Saúde que constituem a linha de frente
no combate e no tratamento da pandemia e considerando o que preconizam o SUS e a
PNSTT, entendemos que a terapia ocupacional é uma profissão que pode desenvolver
ações tanto com os indivíduos que contraíram a doença e seus familiares quanto com os
trabalhadores da Saúde, além de ações para prevenir o contágio (Brasil, 2018). De acordo
com o COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (2020) e com
portarias do Ministério de Saúde, os terapeutas ocupacionais têm respaldado para atuar nos
âmbitos da Atenção Básica à Saúde, a partir dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família

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(NASF), e da rede hospitalar, considerados dispositivos importantes no combate à


pandemia. O referido Conselho regulamenta, ainda, por meio da Resolução nº 459, de 20
de novembro de 2015, que os terapeutas ocupacionais têm competência para atuar na área
de Saúde do Trabalhador, por meio de programas de estratégias inclusivas, de prevenção,
proteção e recuperação da saúde.
Na Atenção Básica, as principais ações direcionadas à população, que podem ser realizadas
pela profissão, são as orientações de prevenção do contágio, para saber como as pessoas atendidas
desenvolvem cotidianamente seus hábitos de higiene pessoal e do ambiente em que vivem e como
podem adquirir novos hábitos para evitar o contágio e a transmissão do vírus que sejam
condizentes com suas possibilidades, seu contexto social, econômico e cultural e as condições em
que vivem. A terapia ocupacional também pode desenvolver ações direcionadas aos processos de
adequação/reformulação/reorganização das atividades realizadas no cotidiano de indivíduos e
famílias atendidos - tanto com as famílias que têm condições de se manter em isolamento social
quanto as que estão em situações em que alguns de seus membros precisem sair do ambiente
domiciliar para trabalhar. O matriciamento das equipes de Saúde da Família, com ações de
acolhimento dos profissionais e de reorganização de processos de trabalho, também é essencial
(Pimentel et al., 2011; Brasil, 2020a).
No âmbito hospitalar, a terapia ocupacional pode contribuir para adaptar os usuários à
rotina do hospital e aos cuidados diários exigidos; para prestar esclarecimentos sobre a
doença e seu tratamento, a fim de que o usuário compreenda sua nova situação; para
posicionar o paciente no leito adequadamente e prevenir úlceras por pressão; para criar
dispositivos e recursos de tecnologia assistiva que possibilitem a realização de atividades
cotidianas, como alimentar-se, vestir-se e realizar o autocuidados no ambiente hospitalar,
e para criar, junto com os familiares, estratégias necessárias para continuar fazer as
principais atividades realizadas no cotidiano familiar, enquanto um de seus membros
estiver hospitalizado. Ações de acolhimento a familiares, por causa dos impactos do
afastamento involuntário entre os membros da família e das situações de luto, também são
necessárias, sobretudo as de cuidado prestado à pessoa em processo de adoecimento,
hospitalização e iminência de morte, levando em consideração as repercussões
biopsicossociais provenientes desse processo (Frizzo & Corrêa, 2018).
Em relação à atuação com os trabalhadores da saúde, os terapeutas ocupacionais podem
intervir por meio de ações direcionadas ao acompanhamento e ao apoio desses
profissionais, principalmente nos casos de afastamento do trabalho, e auxiliá-los a se
adaptar a novas rotinas de trabalho e aos processos de retorno ao trabalho. Somam-se a isso
as atuações direcionadas a solucionar problemas impostos pelos desafios encontrados para
garantir a proteção e a segurança para o exercício do trabalho dos profissionais da saúde
(Lancman et al., 2016).
Ressalte-se, todavia, que os profissionais da área da Saúde, inclusive os que intervêm no
âmbito da saúde do trabalhador, enfrentam desafios ao atuar na pandemia, e um dos
principais é a escassez de EPI, realidade encontrada em diversos países. Compreender as
condições de trabalho e elaborar estratégias para preparar/treinar o trabalhador para
desenvolver suas atividades laborais são atitudes que devem ser tomadas com urgência para
decidir como serão destinados os recursos, realizadas proposições para organizar o trabalho
e criar medidas protetivas, que priorizem a saúde dos profissionais e tenham como objetivo
enfrentar e contingenciar a pandemia nos serviços de atendimento essenciais (Romero &

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Delduque, 2017; Brasil, 2018; Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do


Consórcio Nordeste, 2020).
A insuficiência desses equipamentos é apenas um dos aspectos observados no processo
de desvalorização e degradação do trabalho em saúde. Pesquisas, publicações e reportagens
diversas mostram relatos de profissionais da área que descrevem as duras e as prolongadas
jornadas de trabalho; a exaustão física e mental; a falta de assistência por parte dos gestores
e do sistema governamental brasileiro; e a falta de equipamentos e dispositivos
fundamentais para o diagnóstico e o tratamento dos indivíduos com quadros clínicos
suspeitos ou contaminados pelo vírus (testes rápidos, respiradores, balões de oxigênio, entre
outros). Esses aspectos também são somados com as angústias para tomar decisões difíceis
no momento da triagem, com a dor de perder colegas de trabalho e pacientes, com o risco
de infecção tanto de si quanto de familiares e com a impossibilidade de fazer a testagem
rápida em larga escala devido à inexistência de vacina e de tratamentos com eficácia
cientificamente comprovada (Brasil, 2018; Comitê Científico de Combate ao Coronavírus
do Consórcio Nordeste, 2020; Cucinotta & Vanelli, 2020; Candido et al., 2020).

3 Trabalho Precário, Desemprego e Saúde do Trabalhador: Ações Emergenciais


em Pandemias
No Brasil, a desvalorização e a precarização do trabalho dos profissionais de Saúde é
histórica. O trabalho é caracterizado por baixos salários, falta de plano de carreira,
fragilização de vínculos trabalhistas, elevadas cargas horárias de trabalho e insuficiência de
ações de educação permanente que tenham como público-alvo os trabalhadores (Romero
& Delduque, 2017; Porto & Martins, 2019).
A pandemia causada pela COVID-19 nos mostra a fragilidade das leis e das normas que
asseguram a saúde e a segurança do trabalhador. Embora sejam necessárias medidas de
proteção, capacitação e oferta de condições de trabalho adequadas para os profissionais dos
estabelecimentos de saúde, é importante que haja, sobretudo, mais destinação de recursos
para essas medidas, contratação de um número maior de profissionais na linha de frente,
reflexões e ações que foquem a organização dos processos de trabalho, aproximação da
gestão responsável pelos ambientes de trabalho, capacitação/treinamento dos
trabalhadores, entre outras ações.
O atual governo do Brasil, a partir de 2019, fez diversas modificações nas normas que
regulamenta a segurança no trabalho. As mudanças foram apoiadas por empresários, mas,
da mesma forma, muitas críticas foram atribuídas por parte dos sindicatos e do Ministério
Público do Trabalho (MPT) (Warth, 2020). O governo contabiliza que a modificação nas
normas de segurança tem o objetivo de reduzir exigências feitas às empresas, o que acarreta
mais lucratividade para elas. Em termos de normativas que garantem a segurança dos
trabalhadores, o governo brasileiro vem retrocedendo no que se refere às conquistas
trabalhistas anteriores.
Nessa perspectiva, compreende-se que, à medida que a pandemia se alastra, a
necessidade de usar os EPI e de adotar as medidas de conscientização, capacitação e
proteção, é colocada não só para os profissionais de saúde, como também para os
trabalhadores que atuam nos demais serviços públicos e privados considerados essenciais
em tempos de pandemia, como, por exemplo, os serviços de limpeza, segurança,

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A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional

alimentação, venda e distribuição de medicamentos, venda de combustíveis, serviços


funerários e outros.
Embora não seja o objetivo central deste manuscrito aprofundar-se na questão da saúde
e da segurança dos trabalhadores envolvidos em outros serviços essenciais que não os de
saúde, as capacitações, as normativas e as intervenções sobre segurança no trabalho devem
abranger todos os trabalhadores. Na Itália, caixas de supermercado relataram que
receberam gel desinfetante, luvas e apenas uma máscara, que deveria ser reutilizada
(Goumenou et al., 2020). Em São Paulo, o Ministério Público do Trabalho (MPT)
contabilizou cerca de 500 denúncias contra empresas que expuseram seus funcionários ao
risco de contaminação, registradas entre os dias 1º e 24 de março de 2020 (Rede Brasil
Atual, 2020).
Acerca da sabida subnotificação do número de pessoas com COVID-19,
principalmente na realidade brasileira, os grupos ocupacionais não têm feito uma
notificação específica, por isso não é possível avaliar onde e em que circunstâncias os
indivíduos testados positivos ou diagnosticados com a doença estavam trabalhando,
tampouco identificar focos de disseminação relacionados às atividades de trabalho
(Fiho et al., 2020).
O isolamento social da população e o uso de EPI para circular são considerados duas
das principais medidas a serem adotadas para aumentar a proteção de todos e, em especial,
dos trabalhadores e trabalhadoras que têm garantida a continuidade da vida da sociedade
em geral (Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste, 2020).
Neste momento, o Estado brasileiro deve garantir proteção social para toda a classe
trabalhadora, inclusive para a que enfrenta problemas com a desregulamentação, já que,
em fevereiro deste ano, atingiu-se o índice de 41,1% de trabalhadores informais, um dos
maiores da história do país (Almeida, 2020).
Considerando que, em alguns países do mundo, existe uma alta taxa de trabalhadores
que têm vínculos formais de trabalho, resguardados por meio de direitos e de proteção
social, as medidas adotadas no combate à pandemia serão mais eficientes. Isso se deve ao
fato de que a proteção proposta pelo Governo se dará dentro de dispositivos já
consolidados. Todavia, no caso dos países em desenvolvimento, que detêm altos índices de
desigualdade social e muitos trabalhadores inseridos na economia informal ou
desempregados, os efeitos do vírus serão mais devastadores, principalmente no que diz
respeito à saúde do trabalhador. Consequentemente, o Governo, juntamente com os
profissionais da linha de frente, deve dedicar-se a elaborar medidas contra a pandemia que,
no geral, terão mais dificuldade de surtir o efeito desejado (Melo, 2020).
Acerca dos trabalhadores informais, é importante pontuar que os profissionais que
desenvolvem ações que consideram os impactos do trabalho sobre a vida dos sujeitos
precisam refletir sobre a elaboração de ações de educação em saúde que sejam capazes de
extrapolar a rede formalizada de saúde e alcançar indivíduos em situações de trabalho
atípicas. A partir do momento em que uma pandemia é instalada, os trabalhadores de
serviços essenciais que enfrentam a escassez de direitos trabalhistas podem ficar sujeitos a
receber menos treinamentos, capacitações e informações para executar seu trabalho de
maneira segura.
No que diz respeito à garantia de uma renda básica para os indivíduos impedidos de
trabalhar, prejudicados financeiramente pela pandemia ou que enfrentam dificuldades
financeiras diversas, no Brasil, o Projeto de Lei n° 873, de 2020 foi aprovado com o intuito

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de proporcionar uma renda auxiliar emergencial no período de enfrentamento à crise


causada pela pandemia no valor de R$ 600,00, para até duas pessoas da mesma família -
nesse caso, um total R$ 1.200,00, pelo período de três meses, destinado aos indivíduos
cadastrados no Programa Bolsa Família e no Cadastro Único, a trabalhadores informais, a
microempreendedores individuais (MEI), a autônomos e a desempregados (Brasil, 2020b).
É necessário garantir a efetivação dos princípios e das ações preconizados pela Política
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e das demais políticas e legislações
trabalhistas, bem como criar, reformular e implementar medidas efetivas no âmbito da
saúde e da segurança ocupacional de trabalhadores de todos os serviços considerados
essenciais no Brasil. Entre outros aspectos desafiadores e sem precedentes colocados pela
pandemia, destacam-se a alta carga viral e sua rápida transmissibilidade, que exigem
mecanismos de gestão e tomada de decisão céleres e eficientes para garantir proteção, boa
qualidade de vida e condições de trabalho mais dignas para todos os trabalhadores da linha
de frente. Além disso, o estabelecimento de uma renda básica é de extrema necessidade para
populações que enfrentam altos índices de desemprego e grande incidência da economia
informal.

4 Considerações Finais
A pandemia recoloca, na ordem do dia, a defesa do SUS e de seus princípios de
universalidade, integralidade e equidade, assim como a dos sistemas de garantia de direitos
da classe trabalhadora brasileira, a saber: direito ao acesso a serviços de saúde; à proteção
social, nos casos de impossibilidade de exercer suas atividades de trabalho; ao trabalho
digno, instrumentalizado e protegido aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde e dos
serviços essenciais públicos e privados; a uma renda básica, em caso de desemprego ou de
trabalho desregulamentado; e, mais do que nunca, o direito fundamental à vida.
Como se trata de um ensaio teórico e reflexivo escrito em meio a uma pandemia, as situações
emergenciais relacionadas às leis, às normas e às orientações dobre a segurança no trabalho bem
como às atuações profissionais precisam ser constantemente revistas. A partir desta reflexão,
indica-se que devem ser realizadas discussões ampliadas sobre os limites e as possibilidades de
praticar a terapia ocupacional na área de Saúde, especificamente no enfrentamento às
pandemias, e sistematizar as experiências que já vêm sendo feitas.
Nesse cenário de emergência sanitária, terapeutas ocupacionais vêm propondo, no
âmbito da Atenção Básica, práticas de prevenção do contágio e/ou de agravos decorrentes
da COVID-19, bem como de promoção e recuperação da saúde, entre elas, a reorganização
do cotidiano familiar na diversidade de novos contextos; no âmbito hospitalar, desde ações
de adequação postural até orientações aos familiares de pessoas internadas por COVID-19;
e no âmbito da saúde do trabalhador, práticas de cuidado com os trabalhadores da linha
de frente e de reorganização de processos de trabalho dessas equipes, bem como sua
permanência e o retorno ao trabalho depois do contágio. A terapia ocupacional apresenta
um amplo escopo de atuação nesses três âmbitos e que, em relação à área de Saúde do
Trabalhador, suas ações podem abranger todos os trabalhadores das áreas consideradas
essenciais, tendo como base a compreensão de suas condições de trabalho, considerando o
papel do Estado, a legislação trabalhista, as recomendações da Organização Internacional
do Trabalho e a necessidade de intervenções interinstitucionais e intersetoriais.

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A saúde do trabalhador em tempos de COVID-19: reflexões sobre saúde, segurança e terapia ocupacional

Nesse sentido, os terapeutas ocupacionais, nos âmbitos da prática e da pesquisa, devem


se ater às intervenções que serão realizadas na esfera da saúde do trabalhador, durante esse
período, descrever suas experiências e contribuir com o arcabouço científico sobre o tema,
o que contribui para divulgar e disseminar a importância da profissão para a saúde dos
trabalhadores e no combate ao coronavírus.

Referências
Almeida, I. M. (2020). Proteção da saúde dos trabalhadores da saúde em tempos de COVID-19 e respostas à
pandemia. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 45, e17.
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Contribuição dos Autores


Todos os autores foram responsáveis pela concepção e pelo
desenvolvimento do texto e aprovaram a versão final do texto.

Autor para correspondência


Bárbara Iansã de Lima Barroso
e-mail: [email protected]

Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 1093-1102, 2020 1102

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