6-RIMA-Siderúrgica Ternium Brasil

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O presente Relatório de Impacto Ambiental
– RIMA apresenta, de forma resumida e de
fácil entendimento, os principais resultados
do seu respectivo Estudo de Impacto Am-
biental (EIA), tendo por objetivo fornecer
as informações necessárias a uma ampla
discussão entre todos os interessados no
empreendimento.

O Estudo de Impacto Ambiental – EIA


apresentou detalhadamente os estudos
técnicos que compõem o empreendimento
pretendido, abrangendo a descrição das ati-
vidades de construção e operação que ca-
racterizam o empreendimento, enfocando
os principais aspectos ambientais a elas re-
lacionados; a caracterização das áreas que
possam ser afetadas pelo empreendimento,
quanto aos aspectos de ar, solo, água (meio
físico), animais e vegetais (meio biótico) e
atividades sociais e econômicas (meio so-
cioeconômico); a identificação e avaliação
dos impactos e riscos ambientais decorren-
tes da instalação e operação do empreendi-
mento pretendido; proposição de ações de
ajustes e controle dos impactos através da
implantação de um conjunto de programas
ambientais propostos pelo empreendedor.

Assim, o RIMA apresentado a seguir abor-


dará todos estes temas de forma sintética e
conclusiva.

Este RIMA foi elaborado pela Ecologus


Engenharia Consultiva Ltda., empresa
com sólida experiência em consultoria de
meio ambiente, em especial na elaboração
de estudos ambientais, a qual envolveu no
desenvolvimento do trabalho, uma equipe
técnica multidisciplinar e especializada, que
atuou de forma integrada na realização dos
estudos.

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RIMA
Relatório de Impacto Ambiental

Siderúrgica Ternium Brasil


São João da Barra - Outubro 2010

1. Apresentação 5

2. Caracterização do Empreendimento 9

3. Legislação, Planos e Programas Colocalizados 25

4. Caracterização Ambiental da Região 31

5. Impactos Ambientais e Medidas de Ajuste e Controle 71

6.Programas Ambientais 77

7. Avaliação das Tendências com a Presença ou a Ausência do Empreendimento 83

8. Considerações Finais 93

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APRESENTAÇÃO

O empreendimento consiste na implanta- Ternium: companhia siderúrgica, uma das


ção da usina Siderúrgica Ternium Brasil, líderes na America Latina. Produz aço pla-
para produção de pelotas de ferro e aço. no e longo com uma capacidade de pro-
dução de aproximadamente 10 milhões de
A siderúrgica será construída na área do toneladas de produtos acabados.
Distrito Industrial de São João da Barra,
localizado no município de São João da Techint E&C: um grupo de empresas de
Barra, Estado do Rio de Janeiro. engenharia e construção especializadas
em grandes projetos de infraestrutura,
O Distrito Industrial é de responsabilidade projetos industriais e civis;
da Companhia de Desenvolvimento Indus-
trial do Estado do Rio de Janeiro – CODIN, Tenova: um dos maiores fornecedores
conforme estabelece o Decreto Estadual nº mundiais de tecnologia com produtos e
42.422, de 26 de abril de 2010. serviços de vanguarda para as indústrias
metalúrgica e de mineração;
O Grupo Techint é formado por compa-
nhias com operações em diversos países Tecpetrol: empresa de exploração e pro-
do mundo, líderes globais ou regionais em dução de petróleo e gás e de operação de
seus setores de atuação, com profundas redes de transmissão e distribuição de gás
raízes nas comunidades nas quais operam. natural com importante presença na Amé-
Cada uma possui seus próprios objetivos rica Latina.
e estratégias, mas compartilham uma filo-
sofia de compromisso a longo prazo com Humanitas: uma rede de hospitais que
o desenvolvimento local, assim como com promove, implementa e administra ini-
a qualidade e o desenvolvimento tecnoló- ciativas e pesquisas para o cuidado com
gico. a saúde baseada no uso de tecnologia de
última geração.
Tenaris: líder global na produção de tubos
de aço e serviços para a indústria de pe- Exiros: especializada em melhorar a ca-
tróleo e gás e para aplicações industriais e deia de suprimentos de seus clientes por
automotrizes especializadas. meio de soluções de compras industriais
globais.

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CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Objetivo e Justificativas do gradadas por atividades humanas, des-


providas de cobertura florestal nativa
Empreendimento para evitar desmatamentos; a disponi-
bilidade de água suficiente para que o
A Siderúrgica Ternium Brasil compreen-
volume necessário ao empreendimento
derá um conjunto de unidades industriais
não comprometa os usos de outras ati-
de elevada complexidade tecnológica com
vidades locais;
objetivo de produzir pelotas de ferro e aço
em forma de placas, chapas, laminados e
f sociais: distanciamento de áreas urba-
bobinas.
nas de elevada densidade demográfica
para evitar conflitos de uso do solo e
A siderúrgica será abastecida com miné-
sobrecarga na demanda por infraestru-
rio de ferro (pellet feed) proveniente de
tura urbana e serviços eventualmente já
reservas localizadas nos municípios de
insuficientes;
Conceição do Mato Dentro e Serro, situ-
ados a aproximadamente 175 km a nor-
f econômicos: proximidade de fornece-
deste de Belo Horizonte, Minas Gerais. O
dores das várias matérias primas, princi-
minério chegará a uma planta de filtragem
palmente o minério de ferro, ou mesmo
localizada perto do retroporto do terminal
sua participação no empreendimento
marítimo do Porto do Açu via um minero-
como parceiros interessados em seu
duto de 540 km de extensão desde a área
sucesso; a disponibilidade de instala-
de beneficiamento. Já separado da água
ções portuárias próximas, modernas,
será transportado por meio de uma correia
com gerenciamento competitivo e com
transportadora, até os pátios de estocagem
características técnicas adequadas para
da planta de pelotização.
receber navios de porte médio; dispo-
nibilidade de insumos energéticos e de
Nas instalações do terminal marítimo, o
outras matérias primas necessárias à
carvão importado será desembarcado para
indústria siderúrgica.
a produção de coque da usina.
Com base nestes aspectos a área de estudo
Este empreendimento contribuirá para o de-
concentrou-se nos municípios de Itaguaí e
senvolvimento regional do Norte Fluminen-
Seropédica, ambos localizados a sudoeste
se. Com controle socioambiental adequado,
do Estado do Rio de Janeiro, na bacia da
será implantado progressivamente em qua-
Baía de Sepetiba.
tro fases ao longo de 14 anos.
Os resultados deste estudo de alternativas
A perspectiva é, durante esse período, ge-
mostraram que tanto Itaguaí como Sero-
rar novos empregos. No pico de obra da
pédica eram críticas em relação à questão
fase de construção serão aproximadamente
de poluentes atmosféricos, onde se iden-
18.000 pessoas e quando todas as instala-
tificou comprometimento dos padrões
ções já estiverem implantadas e operando
de qualidade do ar estabelecidos pela
estima-se um contingente de 11.075 pesso-
legislação federal brasileira. Além disso,
as, entre diretos e terceirizados.
o estudo identificou conflitos de natureza
socioeconômica pela implantação de uma
siderúrgica, tendo em vista a atividade
A Escolha da Localização da mineral fortemente enraizada nestas áre-
Siderúrgica as. Identificou ainda problemas de supri-
mento de água para abastecimento desta
A definição da melhor localização para o siderúrgica e dos demais empreendimen-
projeto desta siderúrgica foi precedida de tos industriais de porte em construção e/
estudos de análise de alternativas de locali- ou em operação na região.
zação em vários estados do país, tendo por
base critérios relacionados aos seguintes Assim, o balanço das vantagens e des-
aspectos: vantagens entre a localização da nova
Siderúrgica Ternium Brasil na região de
f ambientais: características da qualidade Itaguaí / Seropédica, no Sudoeste do Estado
do ar da região; presença de áreas já de- do Rio, versus sua localização no Distrito

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Industrial de São João da Barra, no litoral Figura 1, situa-se ao lado de outros em-
Norte Fluminense, pesa majoritariamente preendimentos em fase de implantação
a favor da implantação do projeto neste no Porto do Açu e está em conformidade
último. com o zoneamento definido no Plano Di-
retor do Município de São João da Barra,
Ressalta-se a localização da Siderúrgica à medida que se encontra situada na Zona
Ternium Brasil, conforme mostrado na de Expansão Industrial prevista no plano,
inserida no Distrito Industrial de São João
da Barra.

Figura 1: Inserção da Usina Siderúrgica Ternium Brasil no Distrito Industrial de São João da Barra

Os Acessos ao Terreno do Observa-se na foto 1 que as vias de acesso


ao porto a partir de Caetá, encontram-se
Empreendimento hoje em bom estado de conservação, pois
foram pavimentadas e sinalizadas para a
O terreno para implantação da siderúrgica
construção do Porto do Açu.
possui uma área de 1.389 ha.

Conforme ilustrado na Figura 2, o acesso O trecho planejado para a fase 1 de im-


rodoviário à área do empreendimento se plantação da siderúrgica ainda não está
dará pelo lado norte da área, na fase inicial pavimentado, porém encontra-se em bom
de implantação - fase 1, a partir do mesmo estado de conservação (Foto 2) e será ade-
trajeto que hoje é utilizado para chegada quadamente melhorado.
ao Porto do Açu, tendo uma derivação no
A estrada de acesso projetada para as fases
seu trecho final. Nas fases seguintes de im-
2 a 4 será construída. Atualmente os únicos
plantação do projeto Siderúrgica Ternium
trechos existentes desse acesso são os tre-
Brasil, o acesso se dará pelo lado oeste da
chos de acesso da BR-356 que sai de Água
área, a partir do trajeto que segue pela RJ-
Preta e dá acesso a uma estrada vicinal e
240, com derivação a ser construída para
segue por uma estrada de terra que passa
o terreno da Ternium Brasil S.A, na altura
rente ao limite da área da siderúrgica, co-
da localidade de Água Preta.
nhecida como estrada do Galinheiro (Foto
3), que também se encontra em bom estado
de conservação.

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Figura 2 - Localização do Terreno, Vias Existentes e Planejadas e Infraestrutura do Distrito Industrial de São João da Barra

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Foto 1 - BR-356 próximo à localidade de Campo da Praia

Foto 2 - Foto do acesso à área da Siderúrgica planejado para a fase 1

Foto 3 - Estrada do Galinheiro, próxima ao trecho que cortará a estrada de acesso à siderúrgica durante as fases 2 a 4

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Além das vias planejadas, o projeto da usi- bados (pelotas) para o porto será por meio
na Siderúrgica Ternium Brasil prevê ainda de correias transportadoras e por meio de
a implantação de uma adutora com cap- carretas no caso das placas e bobinas.
tação de água no rio Paraíba do Sul cujo
trajeto é mostrado na figura 2 já apresenta-
da. Prevê também um emissário submarino Como Funcionará Siderúrgica
para lançamento no mar de uma mínima
quantidade (segundo o conceito de efluen-
Ternium Brasil
te zero) dos efluentes industriais e esgotos
A usina Siderúrgica Ternium Brasil produ-
sanitários previamente tratados na planta
zirá pelotas endurecidas e aço em diversas
siderúrgica. Os efluentes serão lançados do
formas, obtidos por processos baseados na
emissário a uma distância de 5.000 m da
redução de finos de minério de ferro.
costa, onde a profundidade do mar é de 14
m. Observa-se, contudo que nas operações
Para a fabricação destes produtos a usina
normais da usina, esses efluentes tratados
utilizará diversos tipos de matérias primas,
serão em sua maioria reutilizados na pró-
tais como: carvão mineral, minério de fer-
pria planta.
ro, fundentes1 e aditivos, além de sucatas
metálicas.
Futuramente, está prevista a implantação
no Distrito Industrial de um ramal fer-
Tais materiais serão transportados, manu-
roviário, que passará pelo Município de
seados e estocados na área da usina, com
Campos. Haverá, também, acesso maríti-
posterior destino às unidades de produção.
mo por intermédio do porto que está sen-
Assim, o carvão e os finos de minério de ferro
do construído pela LLX. O transporte das
(pellet feed) chegarão aos pátios de estoca-
matérias primas (carvão) do porto para a
gem da usina via correia transportadora. O
área da Ternium Brasil e dos produtos aca-

Figura 3: Processo de Fabricação de Aço

minério de ferro, em forma de sinter feed, e A água bruta será captada no rio Paraíba do
os fundentes chegarão à área do projeto via Sul e transportada por tubulação, que corre-
ferroviária. As matérias primas serão arma- rá em paralelo à rodovia RJ-240, conforme
zenadas em pilhas separadas. trajeto já apresentado na Figura 2. A vazão
de projeto estimada para a captação será
Conforme ilustrado na Figura 3, o processo aproximadamente 4.000 m3/h (1,1 m3/s).
de produção inicia-se a partir do recebimento
destas matérias primas e de água bruta.
1
Fundente: substância adicionada ao conteúdo do alto-forno com os propósitos de retirar as impurezas existentes no metal e de
tornar a escória mais fluida. A escória se forma na produção do ferro gusa.

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O processo de produção do aço envolve bono rígido e poroso, adequado para ser
uma Unidade de Pelotização, que converte utilizado na redução de minério de ferro
finos de minério de ferro concentrado em em altos fornos.
pelotas endurecidas (Foto 4) adequadas
para utilização em alto-forno. Na Unidade de Alto-Forno é retirado o
oxigênio e outras impurezas que compõem
O processo conta também com uma Uni- o minério, transformando-o em ferro gusa
dade de Sinterização, que transforma finos líquido, que é o material usado na Unidade
de minério de ferro em um aglomerado de de Aciaria para produção dos diferentes
tamanho adequado (Foto 5) para ser pro- tipos de aço.
cessada em alto-forno.
É necessário que o aço líquido seja solidi-
Na Unidade de Coqueria, o carvão é aque- ficado de forma controlada numa máquina
cido na ausência de ar e convertido em de Lingotamento Contínuo. Os produtos
coque, que é um material formado por car- deste processo de solidificação são placas de

Foto 4: Pelotas Foto 5: Sinter

Foto 6 - Bobinas de Tiras de Aço

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aço que podem ser vendidas ou transforma- Para o funcionamento das unidades de
das em bobinas de tiras de aço (Foto 6) com produção acima descritas, a Siderúrgica
pequenas espessuras e centenas de metros de Ternium Brasil deverá instalar três unida-
comprimento, em um equipamento denomi- des auxiliares: uma Usina Termoelétrica
nado laminador de tiras a quente (Foto 7). (UTE), uma Fábrica de Oxigênio (FOX) e
uma Fábrica de Cal.
Outro processo também utilizado para dar
forma ao aço é a laminação de chapas gros- A UTE fornecerá energia elétrica para o
sas cujo processo consiste na trasformação complexo e foi concebida para utilizar
de chapas grossas provenientes do lingota- como combustíveis principais o gás do
mento contínuo em chapas grossas. alto-forno (BFG), o gás da aciaria (LDG) e
o gás da coqueria (COG). Ela começará a
Há ainda a laminação de tiras a frio ser implantada a partir da fase 2 de instala-
(Foto 8), na qual são produzidas bobinas ção do empreendimento e terá capacidade
de tiras de aço com espessura mais fina. para suprir a totalidade das necessidades
de energia elétrica da siderúrgica.

Foto 7 - Laminador de Tiras a Quente

Foto 8 - Laminação de Tiras a Frio

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A FOX será responsável por produzir e compreende uma Fábrica de Cal (Foto
fornecer os gases industriais (oxigênio, ni- 10). Na indústria siderúrgica a principal
trogênio e argônio) necessários nas várias função dessa fábrica é produzir óxido de
áreas da siderúrgica. O alto-forno (Foto 9) cálcio e de magnésio, a partir de matérias
e a aciaria são as principais unidades da si- primas como calcário e dolomita respec-
derúrgica que utilizarão esses gases. A FOX tivamente.
começará a ser implantada a partir da fase
2 de instalação do empreendimento. Os óxidos de cálcio e de magnésio serão
utilizados em diversas etapas da produção
A terceira unidade auxiliar de produção a do aço, quais sejam: pelotização, sinteriza-
ser implantada no complexo siderúrgico ção, alto forno e, principalmente, aciaria.

Foto 9 - Unidade de alto-forno (Ternium Siderar San Nicolás)

Foto 10 - Fábrica de Cal

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As Instalações do Nas fases seguintes a previsão é de que
esse valor seja três vezes maior do que na
Empreendimento fase 1.
As instalações previstas para o desen-
O acesso de pessoal na fase de construção
volvimento dos processos industriais acima
será realizado pela portaria principal da
descritos são apresentadas no desenho da
Siderúrgica Ternium Brasil, que será muni-
Figura 4.
da de equipamentos de controle de pessoal
e segurança patrimonial. O transporte de
pessoal será feito por ônibus, vans e veí-
Em quanto tempo a Siderúrgica culos pequenos, atingindo no pico da fase
será instalada 1 uma média de 40 ônibus, 20 vans e 15
automóveis. Nas fases seguintes, calcula-se
A obras para instalação da siderúrgica serão um número 6 vezes maior que o da primei-
realizadas em fases consecutivas, ao longo ra fase.
de 14 anos. A fase 1 compreende a constru-
ção para entrada de operação da Unidade de Durante a fase de operação, os fluxos de
Pelotização e terá duração de 4 anos. trafego principais serão rodoviário e fer-
roviário, relativos a suprimento de matéria
Ao final do primeiro ano, será iniciada a prima, escoamento de produção e trans-
implantação da fase 2, para instalação das porte de pessoal. Durante a fase 1 somente
demais unidades da siderúrgica integrada, haverá transporte rodoviário, gerando um
que terá duração de 5 anos. fluxo estimado no entorno de 90 cami-
nhões/dia e 30 veículos leves/dia. Na fase
A fase 3, para aumento de capacidade de 2 começará a haver transporte ferroviário
produção, iniciará ao final do quarto ano de para suprimento de matéria prima, com um
implantação da fase 2 e será implantada ao fluxo de 80 vagões/dia e 100 veículos leves/
longo de 7 anos. Por fim, a fase 4, para uma dia.
nova ampliação de capacidade, iniciará ao
final do quarto ano de implantação da fase 3
e terá duração de 5 anos. Cuidados Ambientais durante as
Obras
Quantas pessoas serão A primeira etapa de construção do can-
empregadas no período de teiro será a instalação de contêineres que
obras servirão como apoio provisório para o de-
senvolvimento dos serviços de construção
Na fase 1 serão necessários cerca de 2900 do canteiro de obras definitivo.
trabalhadores e nas fases de 2 a 4 poderá
atingir-se um pico de cerca de 18.000 co- O canteiro provisório estará equipado com
laboradores. banheiros químicos, suprimento de água
por caminhões pipa e energia elétrica por
O empreendedor planeja que a contratação geradores diesel. Durante as fases 1 e 2, a
da maioria da mão-de-obra seja efetuada re- água a ser utilizada para construção será
gionalmente, preferencialmente em São João extraída de poço artesiano, construído pró-
da Barra e nos municípios vizinhos, visando ximo ao canteiro de obras, e transportada
o aumento dos potenciais impactos positivos por caminhão pipa. O sistema de comu-
associados à geração de empregos na região. nicação preliminar será feito por meio de
telefonia celular e rádios de comunicação.

O terreno de implantação da usina será


Como será o transporte de aterrado com material arenoso para evitar
equipamentos, materiais e que as infraestruturas de drenagem pluvial
pessoal e de esgotamento sanitário sejam inunda-
das durante períodos de chuvas intensas.
Estima-se a média de tráfego no momento
de pico da fase 1 da obra de 30 veículos Na fase 1, o terreno de instalação da Uni-
pesados/dia ao longo das vias acessadas. dade de Pelotização e sua área de estoca-
gem serão aterrados com material arenoso
proveniente do próprio terreno da Ternium

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Figura 4: Localização das Unidades Industriais da Siderúrgica Ternium Brasil


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Brasil. A localização das instalações e do A destinação dos resíduos sólidos gera-
canteiro previstos nessa fase é apresenta- dos será controlada pelo Plano de Geren-
da na Figura 5. Como o nível de água no ciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)
terreno atualmente é muito aflorante, ao implantado pelo empreendedor. Para evi-
escavar o material para aterro, no local tar contaminação do solo serão adotadas
de empréstimo será formado um lago ar- precauções nas atividades de manutenção,
tificial. Este lago será integrado ao projeto abastecimento e lavagem de veículos e
paisagístico e de urbanização como área de máquinas, com áreas impermeabilizadas e
convivência do empreendimento. restritas para esses fins nos canteiros.

Nas demais fases de implantação da usi- Para evitar a suspensão de poeira, principal
na as áreas serão aterradas com material emissão atmosférica durante a obra, serão
arenoso proveniente de dragagem em área utilizados caminhões-pipas para umedecer
marítima licenciada. as vias de tráfego.

Os efluentes domésticos gerados durante Durante o período de obras as principais ati-


as obras serão coletados pela rede e trans- vidades geradoras de ruídos compreendem
portados para a estação de tratamento de a montagem das unidades industriais,
esgoto (ETE). mobilização e desmobilização de canteiro
e movimentação de máquinas e veículos.
O sistema de drenagem pluvial será im- Para minimização desses ruídos a Ternium
plantado visando proteger o terreno de Brasil adotará medidas preventivas de re-
inundações e erosões, além de garantir a gulagem e manutenção adequada de má-
trafegabilidade nas vias de acesso e manter quinas, veículos e equipamentos, utilizará
as boas condições das frentes de serviço. atenuadores de ruídos nos equipamentos e

Figura 5: Localização da Área de Pelotização e das Construções da Fase 1

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para a proteção auditiva dos funcionários operação da Unidade de Pelotização, será
serão utilizados equipamentos adequados obtida do tratamento e filtragem da polpa
de proteção individual (EPIs). de minério transportada pelo mineroduto
já licenciado no Porto do Açu. Para as de-
mais fases, a água de processo será captada
Qual será a Capacidade de no rio Paraíba do sul. Em todas as fases
a água captada nessas fontes, será tratada
Produção da Siderúrgica numa Estação de Tratamento de Água de
Processo – ETAP para utilização nos pro-
A capacidade de produção da usina side-
cessos industriais.
rúrgica será instalada ao final de cada fase
de sua implantação.
A água para o consumo humano, na fase 1
de operação será captada de poço profundo
Na fase 1 será construída e operada uma
e na fase 2 e seguintes, será a água do Rio
planta para produção de pelotas, com ca-
Paraíba. Estas águas serão tratadas numa
pacidade para produção de 7,0 milhões de
Estação de Tratamento de Água (ETA) para
toneladas por ano de pelotas.
atenderem os padrões de qualidade e pota-
bilidade exigidos pela legislação (Portaria
Na fase 2 serão instaladas as demais unidades
do Ministério da Saúde nº 518/2004).
necessárias a produção do aço, constituindo
um complexo siderúrgico integrado com ca-
A usina prevê também o consumo de água
pacidade de produção de 2,8 milhões de to-
desmineralizada para utilização como água
neladas por ano de placas de aço destinadas
de reposição da caldeira da UTE e para res-
em sua totalidade à exportação e produção
friamento de equipamentos especiais. Esta
excedente de 4,8 milhões de toneladas por
água será obtida a partir de tratamento da
ano de pelotas de ferro para venda.
água potável.
Na fase 3 será duplicada a capacidade
Para que o consumo da água captada do
produtiva do complexo siderúrgico para
rio Paraíba do Sul seja o menor possível
5,6 milhões de toneladas por ano de placas
e também para que haja redução do lan-
de aço, além da instalação de plantas de
çamento de efluentes tratados no meio
produção de aços laminados a quente des-
ambiente, a siderúrgica e todas as suas
tinados principalmente à exportação.
unidades auxiliares foram projetadas para
captar e reservar as águas pluviais da área
Na última fase de implantação, fase 4,
do projeto, bem como para reutilizar os
haverá um novo aumento na capacidade
efluentes gerados na própria planta.
produtiva do complexo siderúrgico para
8,2 milhões de toneladas por ano de placas
de aço, além da instalação de uma planta Minimização de Efluentes e Sistemas
de produção de laminados de aço a frio e de Drenagem Pluvial
nova planta pelotizadora.
A usina foi projetada sob a concepção de
Instalação de Efluente Zero (IEZ). Nesse
Aspectos Ambientais na conceito, toda água residual gerada nos
Operação da Siderúrgica processos produtivos, pelos operadores ou
pela simples queda de água pluvial na área
Ternium Brasil da siderúrgica, será tratada e reutilizada
na usina e nas suas unidades auxiliares, em
O projeto da siderúrgica terá na sua fase fi-
condições tais que apenas uma pequena
nal de implantação a configuração de uma
fração dos efluentes tratados seja descarta-
planta integrada, utilizando tecnologias
da no meio ambiente.
modernas, visando minimizar os impactos
ambientais decorrentes de sua operação. Dentro desta concepção estão previstos
sistemas de drenagem pluvial, separando
Sistemas de água – Uso e Reuso águas sujeitas a contaminação (com par-
tículas ou óleo). Esses sistemas previnem
A indústria necessitará de grande quan- inundações, processos erosivos e protegem
tidade de água para os seus processos os rios e lagos dos impactos de contami-
produtivos, além de água para consumo nação
humano. A água de processo da fase 1, para

22 | Caracterização do Ambiente | RIMA

RIMA_TERNIUM._final.1.indd 22 15/10/2010 10:12:08


O sistema, coleta as águas pluviais prove- as indústrias cimenteiras, construção ci-
nientes dos pátios de estocagem e demais vil, pavimentação e lastros ferroviários.
áreas sujeitas ao arraste de partículas de Basicamente 50% dos resíduos sólidos de
minério, carvão ou outras matérias primas. plantas integradas são constituídas por es-
Estas águas serão coletadas e para reutili- córias de alto forno e de aciaria, sendo a
zação nos processos da usina siderúrgica. outra metade composta de pó, lama, borra
e refratários.
As águas de drenagem pluvial, coletadas
das demais áreas da usina, não sujeitas
ao arraste de material particulado, serão Minimização de Ruídos
direcionadas para o sistema de drenagem
pluvial não controlado do terreno, que As principais fontes geradoras de ruídos na
desaguará livremente no sistema de canais etapa de operação da siderúrgica serão as
que integram a macrodrenagem da região. áreas de pelotização, coqueria, sinterização,
tratamento de água, alto forno, laminação,
As águas pluviais em áreas sujeitas à con- operação de caldeiras, operação dos equi-
taminação por óleo serão encaminhadas a pamentos de transporte além do manuseio
caixas separadoras de água e óleo (SAO). de carvão e coque.
O óleo removido será transferido para um
tambor apropriado e a água livre de con- Para minimização dos ruídos dentro da área
taminação será encaminhada a Estação de de produção, e redução dos níveis de pro-
Tratamento de Efluentes Industriais (ETI). pagação desses ruídos para fora dos limites
do empreendimento, as áreas acima citadas
O esgoto sanitário gerado em todas as uni- serão dotadas de dispositivos de controle,
dades da usina será coletado em rede de es- isolamento e/ou atenuadores, para que o
goto própria e direcionado para tratamento nível de pressão sonora a uma distância de
em Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) 1m do equipamento emissor de ruído não
situada no terreno da própria usina. Todo ultrapasse o valor de 85 db(A). Além disso,
efluente depois de tratado na ETE será reu- serão estabelecidas rotinas de manutenção
tilizado para irrigação em áreas situadas no preventiva nas máquinas, veículos e equi-
terreno do empreendimento. pamentos e todos os empregados utilizarão
equipamentos de proteção auditiva.
Haverá também uma Estação de Trata-
mento de Efluentes Industriais – ETI que Minimização de poeiras e gases
tratará os efluentes gerados nos processos
industriais e as encaminhará após trata- As emissões de poeiras nos pátios de es-
mento para reutilização nos processos. Em tocagem serão minimizadas por diversos
condições normais da siderúrgica, apenas procedimentos tais como:
uma pequena parcela variável dos efluentes
tratados na ETI necessitará ser descartada f lançamento de jatos de água nas pilhas
no mar, através do emissário submarino. de estocagem;

f sistemas de captação de pó e despoei-


Minimização de resíduos sólidos
ramento nos pontos de transferência das
A planta siderúrgica integrada produz di- correias transportadoras utilizando equi-
ferentes tipos de materiais, incluindo o aço pamentos específicos, tais como: coifas
como produto principal. Alguns desses ma- para coberturas de equipamentos; preci-
teriais são utilizados como matéria prima pitadores eletrostáticos, para captação
de outros setores da indústria. Ao longo da de poeira por atração eletromagnética;
otimização do processo, incluindo a maxi- filtros de manga; e outros.;
mização da recirculação interna de carvão
f dispositivos de raspagem e inversão das
e partículas de ferro, resíduos excedentes
correias transportadoras para evitar
do processo de produção integrada da si-
queda de material.
derurgia são minimizados.
Cabe ressaltar que em alguns processos de
Os resíduos sólidos gerados no processo
produção da siderúrgica, a poeira gerada
de produção serão em grande parte, reuti-
retorna ao processo para reuso, minimi-
lizados ou reciclados, sendo considerados,
zando desta forma as emissões para o am-
portanto como materiais co-produtos do
biente.
processo. Suas principais destinações são

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 23

RIMA_TERNIUM._final.1.indd 23 15/10/2010 10:12:08


Os gases gerados no processo de produção verdes, visando controlar o arraste pelos
da siderúrgica serão enviados para a Usi- ventos de materiais finos das pilhas de
na Termoelétrica (UTE) e convertidos em estocagem. Essas barreiras terão também
energia elétrica, que suprirá todo o consu- função ecológica e paisagística.
mo energético da usina e o excedente de
energia elétrica será comercializado. Este projeto e outras áreas a serem recu-
peradas, revegetadas ou para remodelação
da topografia utilizarão materiais retirados
Corredor verde da preparação do terreno, tais como: restos
vegetais provenientes da limpeza do terre-
A Ternium Brasil pretende implantar um no; camada de solo superficial e materiais
corredor verde para formação de barreiras escavados.

24 | Caracterização do Ambiente | RIMA

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26

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LEGISLAÇÃO, PLANOS E PROGRAMAS
COLOCALIZADOS

LEGISLAÇÃO f Plano Diretor do Município de São João


da Barra - Lei Municipal nº 050/2006,
O exame da legislação ambiental mostra que estabelece o zoneamento do terri-
que sobre o empreendimento incidem di- tório municipal de acordo com as pers-
retamente aproximadamente 97 diplomas pectivas do município para o desenvol-
legais, entre os quais: leis, decretos, resolu- vimento do uso do solo.
ções. O maior número de atos normativos
foi instituído pela esfera Federal (53 atos), Assim, para que haja concordância plena
seguindo-se a esfera Estadual (38 atos) e do empreendimento com o interesse públi-
por último a esfera Municipal (6 atos). co é necessário que todas as fases do seu
desenvolvimento, desde o planejamento e
Pode-se observar também que a maior parte licenciamento ambiental, até sua implan-
das leis incidentes sobre o empreendimento tação e operação levem em consideração as
foram promulgadas depois do ano 2000 normas ambientais aplicáveis, vigentes no
(48%). Este fato indica a existência de um país, no estado e no município.
ambiente legal/institucional mais atuali-
zado e melhor capacitado para lidar com É importante ressaltar que a responsabilida-
o licenciamento de um empreendimento de de conduzir o processo de licenciamento
como o da Siderúrgica Ternium Brasil. ambiental da Siderúrgica Ternium Brasil é
do Estado do Rio de Janeiro, sendo execu-
Nesse sentido ressalta-se, entre outras, a edi- tado pelo Instituto Estadual do Ambiente
ção, pelo Conselho Nacional de Meio Am- (INEA). Isto se deve ao fato de os impactos
biente, da Resolução CONAMA 382/2006 ambientais serem limitados ao território do
que define padrões de emissão de poluentes estado e não se tratar de tipo de empreendi-
atmosféricos de diversos processos indus- mento cuja competência de licenciamento é
triais, inclusive usinas siderúrgicas. privativa da União.

Para a atual fase do empreendimento, na PLANOS E PROGRAMAS PARA A


qual está ocorrendo o seu licenciamento
ambiental ressaltam-se algumas normas de
REGIÃO
grande importância que devem ser obser- No processo de licenciamento tem que ser
vadas: analisado também se o empreendimento
é compatível com os Planos e Programas
f A Lei Federal nº 6.938/81, que estabelece
previstos para a região onde o mesmo está
a Política Nacional de Meio Ambiente;
localizado – no caso a região Norte Flu-
minense.
f As Resoluções CONAMA 01/86 e
237/97 que regulam os procedimentos
Por ser a região menos desenvolvida no
e definem as responsabilidades do licen-
Estado do Rio de Janeiro, que sofre com
ciamento ambiental para todo o Brasil;
problemas de estagnação econômica, devi-
dos principalmente ao declínio da atividade
f Lei Estadual nº 1.356/88, que dá regras
tradicional de produção de açúcar e álcool,
para o licenciamento ambiental no Esta-
aliado ao fato de que a nova economia pe-
do do Rio de Janeiro, inclusive sobre a
trolífera, embora gerando royalties para os
elaboração, análise e aprovação do EIA/
municípios da região tem gerado poucos
RIMA.
desdobramentos regionais, o Norte Flu-
minense está incluído em um conjunto de
f Deliberação do Comissão Estadual
projetos federais, estaduais e municipais,
de Controle Ambiental - CECA/CN
objetivando reverter essa situação. Além
4.888/07, que define a forma de gra-
disto, a região é alvo de políticas setoriais,
dação dos impactos ambientais do
que se relacionam estreitamente com a ati-
empreendimento identificados no EIA/
vidade a ser desenvolvida pela Siderúrgica
RIMA, para cálculo da Compensação
Ternium.
Ambiental;

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 27

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Dentre as políticas governamentais para a gerador inicial de atração de investimentos
região destaca-se: a implantação do Porto do Açu.

De acordo com o Plano Diretor de São


Plano Diretor Municipal de São João João da Barra o território municipal é divi-
da Barra dido em macrozonas. Dentre as macrozo-
nas criadas, destaca-se a Zona Industrial,
O município de São João da Barra através abrangendo a área terrestre do Porto do
da Lei Municipal nº 050, de 26 de dezem- Açu e na qual já foram licenciados outros
bro de 2006 instituiu o seu Plano Diretor, o projetos de infra-estrutura e logística tam-
qual expressa as perspectivas da política de bém importantes para concretizar o obje-
desenvolvimento daquele município . tivo de atração de grandes indústrias para
o município. Para abrigar as indústrias
O Plano Municipal designou uma grande atraídas pelo complexo logístico formado
área de seu 5o Distrito de São João da dentro da Zona Industrial, o Plano Diretor
Barra, para receber projetos portuários e estabeleceu em seu zoneamento uma Zona
industriais de grande porte, tomando como de Expansão Industrial. A Siderúrgica Ter-

Foto 1 - Fórum Municipal do município de São João da Barra

nium Brasil é a primeira grande indústria Por isto, existe uma grande afinidade entre
atraída para o município pela presença do a implantação da Siderúrgica e os planos
complexo, e deverá localizar-se na extremi- governamentais para desenvolvimento do
dade sul da Zona de Expansão Industrial. municípo de São João da Barra e da re-
gião.
Na esfera do governo estadual os planos
de desenvolvimento para a região incluem Além destes planos e políticas específicas
ações voltadas a fortalecer as perspectivas diretamente associadas à área de implan-
expressas no Plano Diretor municipal, den- tação do empreendimento, destacam-se
tre as quais a criação do Distrito Industrial outras linhas de ação voltadas ao desen-
de São João da Barra, na área designada volvimento regional:
pelo município como Zona de Expansão
industrial. Com a criação do distrito o Lei de Incentivo Industrial para o
Estado do Rio de Janeiro, através da Com-
panhia de Desenvolvimento Industrial do
Norte Fluminense Lei no 4.190/03 -
Estado do Rio de Janeiro - CODIN, passa a
Gerenciada pela Companhia de Desen-
desenvolver ações sinérgicas às do municí-
volvimento Industrial do Rio de Janeiro
pio, no sentido de criar as infra-estruturas
(CODIN), esta lei concede incentivos ele-
necessárias para permitir a ocupação in-
vados para as atividades com maior poten-
dustrial.

28 | Legislação Ambiental, Planos e Programas Colocalizados | RIMA

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cial de desenvolvimento nas Regiões Norte Projetos de Transportes (melhorias,
e Noroeste Fluminenses. privatizações etc.)

TECNorte BR-101 – Norte – Rio – Vitória


BR-356 – Itaperuna – São João da Barra
O Norte Fluminense contará com uma bio-
fábrica com capacidade produtiva de 4 mi- RJ-216 – Campos – Farol de São Tomé
lhões de mudas anuais de abacaxi, banana, RJ-178 – Macaé – Campos
goiaba, mamão e cana de açúcar. O projeto
é resultado de um convênio de cooperação RJ-196 – Conceição de Macabu – São
científica assinado entre o governo de Cuba Francisco de Itabapoana
e o Governo do Estado do Rio de Janeiro e RJ-204 – São Fidélis – São Francisco de
será gerenciada pela Fundação Estadual do Itabapoana
Norte Fluminense (Fenorte).
RJ-158 – Sapucaia – Campos
PAC das Baixadas RJ-224 – Campos – São Francisco de
Itabapoana
Consiste na dragagem dos Canais do Norte
Fluminense. A ação vai beneficiar direta-
mente municípios como Campos, Quissamã
e São João da Barra. O projeto contempla
também a recuperação das margens desses
corpos hídricos, a remoção da vegetação
que ocupa suas calhas, recuperação de
comportas e implantação de ecobarreiras.

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CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA REGIÃO

Definição da Área de Influência do assoalho marinho, a cerca de 35 quilô-


metros da costa, onde será feita dragagem
Área de Influência (AI) são os locais pas- para retirar a areia que será usada no ater-
síveis de serem afetados, direta ou indire- ro da área do empreendimento.
tamente, pelos impactos ambientais decor-
rentes da atividade em suas diferentes fases Para definir as áreas de influência AID e
(planejamento, implantação e operação). AII no Estudo de Impacto Ambiental - EIA,
É dividida em Área de Influência Direta é preciso estudar uma área maior, para pos-
(AID) e Área de Influência Indireta (AII). sibilitar a compreensão do ambiente onde
Dentro da AID diferencia-se ainda a Área poderão ocorrer os impactos. No EIA da
Diretamente Afetada (ADA), que é aquela Siderúrgica Ternium Brasil as áreas estu-
onde ocorrem as intervenções necessárias à dadas, correspondentes aos meios físico e
implantação do empreendimento. biótico, abrangeram a região da Baixada
Campista até o litoral, incluindo o siste-
A delimitação da Área de Influência do ma de canais e as lagoas costeiras desta
empreendimento em foco baseia-se no que região; o baixo curso do Paraíba do Sul,
estabelece a Resolução CONAMA nº 01/86 principalmente em seu trecho final a partir
e a DZ-041.R13, diretriz do órgão ambien- da cidade de Campos dos Goytacazes; e a
tal do estado do Rio de Janeiro - INEA, que área marítima litorânea da Região Norte
definem que tal área corresponde àqueles Fluminense.
locais passíveis de serem afetados, direta ou
indiretamente, pelos impactos ambientais Foi necessário também estudar os aspectos
decorrentes da atividade em suas diferentes socioeconômicos gerais dos municípios de
fases de construção. Campos dos Goytacazes e São João da Bar-
ra, para avaliar de que forma os efeitos do
Assim, foi definida a Área Diretamente projeto podem influenciar a sua população
Afetada (ADA) em função das interven- e sua economia. A AID do meio socioe-
ções necessárias à implantação do empre- conômico engloba a zona potencialmente
endimento, e as Áreas de Influência Direta afetada no uso de recursos naturais em
(AID) e de Influência Indireta (AII), com os decorrência da instalação ou operação da
prováveis impactos sobre os meios (físico, Siderúrgica Ternium Brasil e as localidades
biótico e socioeconômico), decorrentes da que se encontram na vizinhança imediata
construção ou da operação da Siderúrgica do empreendimento, cuja população esta-
Ternium Brasil. A partir da definição da rá sujeita a uma percepção mais intensa e
ADA e da delimitação preliminar das áreas contínua da dinâmica da construção e da
de influência, foi estabelecida a amplitude operação do mesmo. Destacam-se neste
dos estudos de caracterização do ambiente conjunto, as localidades do 5º e 6º Distrito
a ser afetado pela instalação da siderúrgi- de São João da Barra, situadas ao longo
ca. das estradas de acesso ao empreendimento,
onde as comunidades poderão ser afetadas
De tal modo, considera-se como ADA re- em sua rotina, pelo aumento de tráfego in-
ferente à implantação da Siderúrgica Ter- duzido pelas obras de implantação da Side-
nium Brasil, o terreno situado na área do rúrgica, e pelos impactos daí decorrentes.
Distrito Industrial de São João da Barra, Finalmente, foram estudadas as atividades
que possui 1.389 hectares e é limitado pela de pesca marítima da região incluindo,
Estrada dos Manhães, Estrada da Figueira, além de São João da Barra e Campos dos
Fazenda Saco Dantas e Estrada Saco Dan- Goytacazes, as comunidades pesqueiras do
tas. A ADA deste empreendimento inclui município de São Francisco de Itabapoa-
ainda o corredor de aproximadamente na.
28 km a partir do rio Paraíba do Sul,
onde será implantada uma adutora para A Área Diretamente Afetada (ADA) pela
abastecimento de água; um corredor a instalação do empreendimento, bem as
partir do terreno, atravessando a praia do Áreas de Influência do meio físico e biótico
Açu, no qual será enterrado um emissário e do meio socioeconômico estão apresenta-
submarino para lançamento ao mar dos das nos mapas das Figuras 1, 2 e 3.
efluentes tratados da Siderúrgica; e a área

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 33

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Figura 1 – Mapa da Área Diretamente Afetada (ADA)

34 | Caracterização Ambiental da Região | RIMA

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Figura 2 – Mapa da Área de Influência dos Meios Físico e Biótico

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Figura 3 – Mapa das Áreas de Influência do Meio Socioeconômico

36 | Caracterização Ambiental da Região | RIMA

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MEIO FÍSICO dos ventos são em média de 3,1 m/s, que
é classificado como brisa leve.

Por que caracterizar o clima e a


Temperatura do Ar
meteorologia
A região se caracteriza por ter uma peque-
A operação de uma usina siderúrgica lança na variação das temperaturas ao longo dos
poluentes na atmosfera, principalmente meses do ano, sendo de seis graus a dife-
através de chaminés. Mesmo com todos os rença entre o mês mais quente (fevereiro)
cuidados e equipamentos para a redução e o mês mais frio (junho). A temperatura
das emissões de poeiras e gases poluentes média anual oscila entre 18º C e 24º C.
é necessário realizar um estudo detalhado,
de modo a comprovar que as emissões não
causarão danos à saúde e ao meio ambiente Umidade Relativa do Ar
da região. Para realizar este estudo, é neces-
sária uma compreensão bem detalhada do A umidade relativa do ar é geralmente
clima e dos aspectos meteorológicos, tais elevada. Em média, fica em torno de 80%,
como: ventos, chuvas, insolação e outros, mantendo-se constante durante todo o ano,
pois os mesmos são responsáveis por dis- com pequenas variações (<10%) em torno
persar a poluição causada pelas emissões da média.
da siderúrgica. Para estudos na região do
empreendimento, conta-se com um valioso Evaporação
conjunto de dados de clima e meteorologia,
medidos continuamente ao longo dos últi- De acordo com as normais climatológicas
mos anos, por uma estação meteorológica do INMET, a evaporação acumulada anu-
da empresa MPX, situada na localidade de al situa-se entre 800 e 1.200 mm.
Água Preta, próxima à área pretendida pela
Siderúrgica Ternium Brasil. Esses dados,
combinados com outros de abrangência Insolação
regional, permitiram obter uma boa com-
preensão das condições climáticas da área Na região, a insolação média anual nor-
do estudo que se apresenta resumidamente malizada é de aproximadamente 2.100 e
a seguir: 2.400 horas de sol.

Por que estudar a qualidade do


Clima ar da região

O clima da AID é tropical quente e úmido Partindo-se do entendimento que os dados


com inverno seco e temperatura do mês de clima são necessários para os estudos
mais quente superior a 22°C e a tempe- de dispersão da poluição atmosférica que
ratura média do mês mais frio inferior a pode ser gerada pelo empreendimento,
24°C. é necessário também conhecer como é a
qualidade do ar atualmente na região. Isto
pois, se o ar da região já for muito polu-
Chuva ído, provavelmente se concluiria que ela
não teria capacidade de receber um novo
A região apresenta o total de chuvas de empreendimento que gere emissões atmos-
1.200 mm e aproximadamente 78 dias de féricas.
chuva por ano. As estações secas e chuvo-
sas são bem definidas. A estação menos A qualidade do ar na região do empreen-
seca compreende os meses de inverno dimento foi estudada a partir dos dados
(junho, julho e agosto). gerados pela estação de monitoramento
contínuo da empresa MPX em Água Preta
(Foto 1).
Direção e Velocidade dos Ventos
É importante observar que essa estação está
Os ventos predominantes na área do em- posicionada em um local bem representati-
preendimento sopram de nordeste (NE), vo para o estudo de impactos na qualidade
ocorrendo também com frequência ventos do ar, advindos da Siderúrgica e dos demais
soprados de norte-nordeste (NNE) e leste- empreendimentos que venham a se instalar
nordeste (ENE). As velocidades típicas no complexo do Porto do Açu e no Dis-

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 37

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Foto 1 - Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar e Meteorologia (Água Preta)

trito Industrial de São João da Barra. Isto Os resultados do monitoramento mostram


porque, a mesma está localizada contra os que a região de estudo possui atualmente
ventos dominantes que sopram da área do níveis satisfatórios de qualidade do ar. As
complexo portuário e industrial. Portanto, concentrações dos compostos poluentes
o local onde está instalada a estação repre- que podem ser gerados pelas futuras ativi-
senta um ponto sensível a futuras modifi- dades industriais na região, estão hoje com
cações da qualidade do ar que possam ser baixas concentrações no ar, alcançando va-
causadas pelas novas atividades previstas lores inferiores àqueles definidos na legisla-
para a região. Atualmente, não existem ção ambiental, como limites para garantir a
nesse local, fontes de emissão de poluentes preservação da saúde e do meio ambiente.
que possam interferir na caracterização da Um resumo dos resultados obtidos é apre-
qualidade do ar, o que possibilita usar esta sentado na Tabela 1
área como um exemplo da atual qualidade
do ar da região.

TABELA 1 - RESULTADO DO MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR


(ÁGUA PRETA– PERÍODO DE 01/12/2008 A 14/05/2010)

Estação Água Preta


Poluente Referência Temporal PQAr Concentração
Fração do PQAr[%]
Máxima
24 h 240 230,0 95,8
PTS [µg/m³]
Média Anual 80 40,0 50,3
24 h 150 135,0 90,0
PI [µg/m³]
Média Anual 50 26,2 52,4
24 h 365 8,9 2,4
SO2 [µg/m³]
Média Anual 80 5,4 6,8
1h 320 30,2 9,4
NO2 [µg/m³]
Média Anual 100 4,2 4,2
1h 40.000 2.901,1 7,3
CO [µg/m³]
8h 10.000 633,3 6,3
O3 [µg/m³] 1h 160 106,3 66,4

38 | Caracterização Ambiental da Região | RIMA

RIMA_TERNIUM._final.1.indd 38 15/10/2010 10:12:20


Por que estudar o nível de ruído necessário saber quais são os níveis de ruí-
no entorno do empreendimento do normais de uma região para saber como
uma nova fonte de ruídos irá afeta-la. Por
A operação de uma usina siderúrgica gera isso é importante conhecer as condições
um aumento no ruído em suas proximida- originais das áreas vizinhas.
des. Assim, é necessário avaliar o nível de
ruído existente nas áreas mais próximas, Além disto, existem normas que devem
para ver de que forma pessoas que futu- ser seguidas pelas atividades geradoras de
ramente estejam localizadas nessas áreas ruído para garantir que não sejam criadas
poderão perceber no os ruídos gerados pela condições que perturbem os ambientes ocu-
Siderúrgica. Esse estudo permite que, caso pados existentes em volta desta atividade.
necessário, sejam projetados dispositivos
para atenuar os ruídos dos equipamentos A norma que regula a qualidade do ambien-
da usina, de forma a evitar poluição sonora te com relação a ruídos é a Resolução CO-
em áreas próximas onde exista população. NAMA nº 01/90/ABNT NBR 10.151:2000,
que define os padrões de ruídos durante o
Os efeitos dos ruídos sobre uma área são dia e a noite, para áreas com diferentes tipos
mais perceptíveis na medida em que essa de ocupação. Esta norma determina que o
área seja normalmente mais silenciosa. ruído medido em ambientes externos deva
Quando uma área já possui, normalmente, ser comparado com os valores compatíveis
níveis de ruídos mais altos, nela são menos com a tipologia de uso da área onde se faz
percebidos os ruídos gerados por alguma a medição. Esses padrões são apresentados
fonte situada nas proximidades. Assim, é na Tabela 2.

TABELA 2 - NÍVEL CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO


(RÚÍDO MÁXIMO ADMISSÍVEL) PARA AS DIFERENTES ZONAS, EM dB(
dB(A).
A).

Período
Tipo de Zona
Diurno (dB) (A) Noturno (dB) (A)
Áreas de sítios e fazendas 40 35
Áreas estritamente residencial urbana, ou de hospitais ou de escolas 50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área predominantemente industrial 70 60

Os ruídos normais em áreas vizinhas ao Por que entender aspectos


terreno da Siderúrgica Ternium Brasil fo- Geológicos, Geomorfológicos,
ram medidos em diversas ocasiões ao longo Pedológicos e Hidrogeológicos
dos últimos três anos. Os valores medidos nos estudos de um projeto
mostram que as áreas vizinhas, embora siderúrgico
sejam predominantemente ocupadas por
sítios e fazendas, apresentam níveis de ru- A construção de uma usina siderúrgica
ídos médios de 48 dB(A) durante a noite e envolve grandes obras de engenharia que
49 dB(A) no período diurno. modificam o terreno. Há a necessidade de
movimentação de terra para serviços de
Outras medidas recentes, realizadas para terraplanagem, execução de fundações para
estudos de impacto ambiental de empre- recebimento de cargas pesadas dos equipa-
endimentos vizinhos, também levaram a mentos e estruturas. Assim, há necessidade
estas mesmas conclusões, quais sejam: de de conhecer com detalhes a formação dos
que essa área convive atualmente com um solos da região, não somente para o projeto
nível sonoro mais elevado, que reduz sua das construções, mas também para preve-
sensibilidade a novas fontes de ruídos. rem-se os cuidados ambientais necessários,
de modo a evitar futuras erosões, processos
Os registros das condições ambientais de contaminação dos solos, Outra questão
durante as medições esclarecem que estes de grande importância, se refere aos cui-
resultados se devem principalmente pela dados necessários para que as obras não
presença dos ventos constantes que varrem venham a causar danos às águas subterrâ-
a região na maior parte do tempo, aliados neas na região, o que é avaliado por meio
ao ruído do mar. dos estudos de hidrogeologia.

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Os aspectos geológicos, geomorfológicos, Nesta província ocorrem as duas unidades
pedológicos e hidrogeológicos da região da geomorfológicas, descritas a seguir e apre-
Baixada Campista e da planície litorânea sentadas na Figura 4:
onde se insere o empreendimento, já foram
estudados por inúmeros especialistas ao f Feixes de Cordões Arenosos do Rio Pa-
longo dos anos, e produziram um conjunto raíba do Sul: ocupa a porção costeira
de documentos técnicos importantes para da área e compreende uma sucessão de
a compreensão das características físicas feixes de restingas resultantes do empi-
dessa região. Assim, foram pesquisados lhamento de cristas de cordões arenosos
os documentos técnicos existentes (pes- litorâneos de origem marinha e fluvial.
quisas bibliográficas) e analisados dados Essas unidades ocorrem a sul e a norte
complementares obtidos de levantamentos da desembocadura do rio Paraíba do
recentes realizados na área ou nas proxi- Sul.
midades do empreendimento, tanto para
a elaboração do presente EIA como para f Baixada Campista: é representada pelos
estudos de empreendimentos vizinhos. sistemas de relevo denominados Planí-
Com isto foi possível estabelecer o entendi- cies Colúvio-Alúvio-Marinhas e Planí-
mento das características regionais da Área cies Flúvio-Lagunares. É caracterizada
de Influência Indireta (AII), bem como da por sedimentação de interface entre
Área de Influência Direta (AID), da Ärea e ambientes continentais e marinhos e/
Diretamente Afetada (ADA). ou transicionais. A Baixada Campista
é uma baixada flúvio-lagunar isolada
do oceano pelas planícies costeiras, que
Geologia
juntas compõem a planície deltaica do
rio Paraíba do Sul.
A Região Norte Fluminense é constituída
por rochas cristalinas do embasamento
Pré-Cambriano e sedimentos cenozóicos Dinâmica Costeira
associados à Planície Costeira do Rio Pa-
raíba do Sul, representados por sedimentos As regiões costeiras apresentam uma in-
da Formação Barreiras de idade terciária e teração de ondas, marés, correntes litorâ-
por depósitos colúvio-aluvionares e flúvio- neas e processos atmosféricos, conferindo
lagunares quaternários. Os depósitos de complexidade a essas áreas. A dinâmica
praias eólicos, marinhos e/ou lagunares costeira é a principal responsável pelo de-
ocupam a maior parte da AID e ADA, en- senvolvimento das praias arenosas e pelos
quanto os depósitos flúvio-lagunares ocor- processos de erosão e sedimentação que as
rem associados às principais drenagens e mantêm em constante alteração.
lagoas. Predominam areias quartzosas, com
tonalidades esbranquiçadas e amareladas. A taxa de transporte de sedimentos na re-
gião litorânea de São João da Barra apre-
senta grandes variações, tendo valores mais
Geomorfologia relevantes na região de Atafona, ao norte
da área prevista para o empreendimento,
Numa área mais abrangente, na qual está
influenciada ainda pela foz do rio Paraíba
inserida a Baixada Campista, considera-
do Sul, enquanto a menor taxa ocorre na
se que essa região é constituída por três
Barra do Açu.
grandes províncias geomorfológicas (que
podem ser entendidas como as feições da
A linha de costa na região do porto do Açu
superfície da terra encontradas em uma
e em frente à área da siderúrgica, vem sen-
dada área), são elas: Região Serrana, Ta-
do monitorada pela Ecologus desde janeiro
buleiros Terciários e Planície Quaternária.
de 2008, apresentando-se como uma região
A primeira é caracterizada pela serras que
estável.
ficam ao fundo da paisagem da baixada
campista pelas áreas planas mais elevadas
que fazem a transição entre as serras e a Pedologia (Solos)
baixada, e a terceira, representada pela
baixada e suas planícies costeiras. Tanto a Na forma geral na Área de Influência
área do empreendimento como suas áreas Indireta, de acordo com mapa de solos
de influência direta e indireta estão localiza- elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geo-
das na denominada Província Quaternária. grafia e Estatística – IBGE (2001) ocorrem
Espodossolos, Gleissolos, Argissolos Ama-

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Figura 4 - Mapa de Unidades Geomorfológicas da Área de Estudo (Modificado de CPRM, 2001).

relos e Neossolos Flúvicos. Também foram do rio Paraíba do Sul, por um poço profun-
observados durante os levantamentos de do a ser escavado no terreno.
campo os Neossolos Quartzarênicos, os
Organossolos e os Cambissolos. Nas áreas Além disso, é importante conhecer as carac-
mais próximas ao empreendimento, além terísticas das camadas do subsolo na área
dos solos encontrados em toda a região dos mananciais subterrâneos, para avaliar
mais ampla da AII, ocorrem também os a susceptibilidade destes à contaminação
Argissolos Amarelos, desenvolvidos sobre gerada pelas atividades que se realizam nos
os sedimentos da Formação Barreiras. terrenos situados sobre os mesmos.

Especificamente na ADA ocorrem Espo- A região do empreendimento está locali-


dossolos e Neossolos Quartzarênicos as- zada sobre o Aquífero São Tomé II, que é
sociados aos Feixes de Cordões Arenosos, um sistema bastante produtivo, possuindo
nas cotas sutilmente mais altas. Nos inter- diversas captações que abastecem comuni-
cordões ocorrem Gleissolos e Organosso- dades locais (Figura 5). O aquífero possui
los. Todos esses solos apresentam baixa uma área de aproximadamente 910 Km2
aptidão agrícola, sendo que o uso atual da e ocorre em toda a parte leste da porção
ADA é predominantemente de pastagem emersa da Bacia de Campos. Por estar total-
abandonada (área antropizada). mente recoberto por sedimentos quaterná-
rios, é considerado um sistema confinado,
de espessura mínima de 230 m, podendo
Hidrogeologia (Águas Subterrâneas)
atingir 2.000 m, como ocorre nas proxi-
Para a implantação e operação da siderúr- midades do Farol de São Tomé. Por estas
gica, é necessário conhecer a disponibili- características considera-se que o mesmo
dade dos recursos hídricos e da qualidade esteja isolado das camadas superficiais do
das águas subterrâneas na região, porque terreno e do lençol d’água superficial que
se pretende abastecer o empreendimento ali ocorre, não sendo por isso susceptível à
durante sua fase inicial de instalação, até contaminação por processo que ali ocor-
que se implante a adutora que trará água ram.

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O volume anual passível de explotação, sível de ser bombeado, durante 24 horas,
determinado através de poços cadastra- todos os dias do ano, a partir das captações
dos na região, que indicaram um valor de já existentes no aquífero São Tomé II.
2,74x106 m3/ano, sendo este o volume pas-

Figura 5 - Sistemas Aquíferos Sedimentares da Baixada Campista

Nas camadas superficiais e arenosas do ter- tratamento especial. Contudo a preserva-


reno em toda a planície litorâneas, ocorre ção de sua qualidade é importante, dado os
um lençol de água superficial que aflora usos rurais que dele se faz na região, e pelo
nas partes baixas de toda a região da Bai- fato de sua conexão direta com a qualidade
xada Campista, formando diversos corpos dos ambientes lagunares.
lagunares. Destes se destacam nas proxi-
midades do terreno, as lagoas de Iquipari, Para conhecer a forma como as águas desse
Salgada e do Veiga. lençol fluem a partir do terreno do empre-
endimento, foram feitos levantamentos e
O suprimento de água desse lençol super- estudos hidrogeológicos, que indicaram
ficial é atribuído as chuvas e à percolação que as águas subterrâneas da área fluem a
subterrânea de águas do rio Paraíba do Sul, partir do terreno do empreendimento e se
por “paleocanais” que seriam remanescen- encaminham preferencialmente em direção
tes das variações do curso daquele rio ao ao mar, em direção à lagoa de Iquipari e
longo do tempo. A este fenômeno se atribui secundariamente à lagoa Salgada.
o fato de o lençol superficial se manter ele-
vado, mesmo após períodos de prolongada Qual a importância de avaliar
estiagem. os rios e as lagoas da região do
empreendimento
Por sua característica de salinidade variá-
vel, com áreas apresentando condições de Para a operação da usina siderúrgica haverá
águas salobras, estas não são consideradas necessidade de uso da água do rio Paraíba
próprias para o consumo sem que haja um do Sul, onde é prevista uma estrutura de

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captação de água que a levará até a área bacia ocupa metade da área de todo o esta-
do empreendimento, onde será tratada do, e abastece 8 milhões de pessoas apenas
para utilização nos diversos processos da na região metropolitana. É importante
usina. Assim, há necessidade de estudos destacar que em diversos trechos o rio Pa-
que mostrem a possibilidade do uso desta raíba do Sul apresenta baixa qualidade de
água, bem como identifiquem os diversos água, por conta de falta de saneamento e
corpos d’água próximos ao local do empre- poluição industrial.
endimento, como canais e lagoas, para que
se planeje a construção e operação com os No trecho de interesse para o empreen-
cuidados necessários, evitando a poluição dimento, já no município de São João, o
destes ambientes. rio apresenta boa qualidade de água e sua
vazão é cerca de 300 vezes a vazão que se
Os corpos hídricos da região considerada pretende captar para a Siderúrgica. Com
compreendem o trecho final do baixo curso isto a captação não implicará em compro-
do rio Paraíba do Sul, as lagoas e lagunas metimento da disponibilidade de água.
localizadas a nordeste da lagoa Feia.
Para abastecimento da siderúrgica está
prevista uma captação de 1,12m3/s, pró-
Rio Paraíba do Sul
xima à localidade de Caetá. a cerca de 20
A bacia do rio Paraíba do Sul abrange os quilômetros da foz
estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro, possuindo uma área de drena- Sistemas Lagunares
gem com cerca de 55.500 Km2, dos quais
20.900 Km2 estão no Estado do Rio de A região considerada possui uma rede de
Janeiro, representando o maior manancial drenagem constituída, basicamente, por
hídrico do estado. lagoas de restinga e canais, sendo também
comum a presença de charcos e valões
Percorrendo desde a nascente uma exten- temporários. O empreendimento fica na
são de cerca de 1.137 Km, o rio deságua porção da planície litorânea a nordeste da
no Oceano Atlântico, entre os municípios lagoa Feia, onde se localizam as lagoas de
de São João da Barra e São Francisco de Iquipari, Salgada e do Veiga. Entre estas la-
Itabapoana (Foto 2) goas, merece destaque a lagoa Salgada que
desperta interesse pelas suas singulares ca-
O Estado do Rio de Janeiro é o que possui a racterísticas geológicas e paleontológicas.
maior relação de dependência dos recursos
hídricos do rio Paraíba do Sul, visto que a

Foto 2 - Foz do rio Paraíba do Sul

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Lagoa de Iquipari – tem sua formação atri- entorno é quase totalmente rural, existindo
buída a um braço abandonado do rio Pa- apenas alguns estabelecimentos comerciais
raíba do Sul. Possui 20 Km de perímetro e em sua barra, conforme observado na foto
1,23 Km2 de área de espelho d’água. Em seu a seguir – Foto 3.

Foto 3 - Vista aérea da Lagoa de Iquipari

Lagoa do Veiga - de forma alongada e gran- Canal do Quitingute – foi escavado ao


de extensão, apresenta em alguns trechos longo do antigo leito do rio Doce, que no
baixa concentração de oxigênio em razão passado era o último afluente pela margem
de processos do lançamento de efluentes e direita do Paraíba do Sul. Hoje constitui a
da presença de macrófitas aquáticas (Nim- coluna vertebral de um complexo sistema
phoydes sp.), que consomem o oxigênio da de canais que drena as áreas interiores da
lagoa. Baixada Campista. Foto 4.

Foto 4 - Canal Quitingute em trecho de maior vazão e profundidade.

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Lagoa Salgada - Tem como principal carac- uma espécie de recife. É observado em toda
terística a elevada salinidade (hipersalina) a extensão da borda da lagoa, sobreposto
das suas águas, que abriga ocorrência de às areias marinhas, recoberto por solo ou
estromatólitos raros no Brasil e, provavel- submerso em períodos de cheia. Devido à
mente, em toda a América do Sul. Estroma- grande importância das ocorrências dos
tólito é uma rocha formada por estruturas estromatólitos, a região da lagoa Salgada
calcárias produzidas por microorganismos desperta interesse para fins de preservação
nas áreas rasas, que se acumulam até formar e de pesquisas científicas – Foto 5.

Foto 5 - Estromatólitos presentes na Lagoa Salgada

Qual a importância de estudar çará efluentes tratados a cerca de 5 km da


o ambiente marinho na área praia do Açu.
afetada pelo empreendimento
Para estabelecer as condições de operação
É importante pois as atividades associa- do emissário, é necessário conhecer as
das às obras de engenharia efetuadas em condições oceanográficas da área de lança-
regiões litorâneas provocam uma série de mento dos efluentes.
alterações no meio ambiente, podendo
causar transformações nas características As principais características desta área são
morfológicas e na dinâmica sedimentar da correntes de direção variando entre NNE e
faixa da praia, estendendo-se até a região SSE, que na região do Açu, se desenvolvem
submarina adjacente. em alinhamento aproximadamente parale-
lo a linha de costa. Por isso, para se evitar o
No caso do empreendimento da Ternium retorno à costa, dos efluentes lançados pelo
Brasil, as interferências com o ambiente emissário, este será projetado em alinha-
marinho são devidas basicamente a ativi- mento perpendicular a linha de costa, com
dade de dragagem para obter areia para o extensão de cerca de 5km, de forma a que a
aterro do terreno, e a construção e opera- pluma de efluente seja distanciada da costa
ção de um emissário submarino que lan- da costa pelo efeito das correntes.

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Qualidade dos Sedimentos Marinhos As obras necessárias à instalação da Side-
rúrgica envolvem a retirada da cobertura
Para se realizar a dragagem da área de em- vegetal do terreno e a abertura de algumas
préstimo para obtenção de areia, é preciso estradas de acesso, o que altera os am-
conhecer a qualidade do material a ser bientes onde vivem os animais silvestres.
dragado, quanto à presença de contami- Desta forma, os estudos sobre a flora e a
nantes. fauna foram realizados para possibilitar a
identificação e avaliação de impactos que
Em levantamentos realizados em áreas de a implantação e a operação da usina side-
empréstimo o vizinhas a área pretendida rúrgica possam causar. Com isso, é possível
pela Ternium, verificou-se que as areias são estabelecer se há algum impedimento para
limpas e se prestam a ser lançadas no ter- a implantação da siderúrgica ou se existem
reno. De qualquer forma, antes de iniciar restrições ambientais que levem à adoção
a dragagem, será realizada uma pesquisa de programas de controle ambiental.
no local exato da área a ser escavada, para
comprovar que a mesma não apresenta
contaminação, de acordo com a Resolução Flora
CONAMA 344/04.
Os principais ecossistemas terrestres na
área diretamente afetada pelo empreendi-
MEIO BIÓTICO mento são as restingas, havendo, contudo,
predominância de áreas alteradas pelo
Qual a importância dos homem, incluindo pastagens e áreas de
estudos do meio biótico para a cultivo (Figura 6).
implantação do empreendimento

Figura 6 – Cobertura vegetal da ADA

A vegetação de restinga encontrada na recobre 64% da área. A Tabela 3 apresenta


porção do terreno que será desmatada os percentuais de cobertura dos diferentes
corresponde a 36% da superfície de des- tipos de vegetação encontrados no terre-
matamento, enquanto pastagens e cultivos no.

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TABELA 3 - COBERTURA VEGETAL NA ÁREA A SER DESMATADA NO TERRENO DO EMPREENDIMENTO

Fitofisionomia Área (ha) %


Arbustivo aberto inundável inicial 42,26 4%
Arbustivo aberto inundável Médio 21,93 2%
Arbustivo aberto não-inundado inicial 44,41 5%
Arbustivo aberto não inundado médio 70,54 7%
Herbáceo inundável 178,45 18%
Cultivo coco 7,50 1%
Eucalipto 34,37 3%
Lavoura 6,48 1%
Pasto 582,86 59%
Total 988,80 100%

Fauna sendo a família das perecas a mais repre-


sentativa em sua contribuição por número
A fauna existente está associada aos am- de espécies. Já entre as famílias de répteis, a
bientes encontrados no local importância mais representativa é a das serpentes.
local: as restingas e as áreas antropizadas
de pastagens e culturas. Algumas espécies identificadas caracteri-
zam-se por serem altamente adaptáveis em
diversos ambientes, sendo consideradas
Répteis e Anfíbios espécies oportunistas, como é o caso da
rã-manteiga (Foto 6), do lagarto-verde, do
Em trabalhos anteriores realizados nessa
lagarto-de-parede e do sapo-cururu. Já o
região, foram catalogadas 49 espécies, sen-
lagarto-do-rabo-verde (Foto 7), encontra-
do 24 da classe de anfíbios e 25 da classe de
do na região, só ocorre em ambientes de
répteis. Entre os anfíbios, a classe Amphi-
restinga.
bia é representada por 1 ordem e 5 famílias,

Foto 6 – rã-manteiga (Leptodactylus ocellatus)

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Foto 7 - lagarto-do-rabo-verde (Cnemidophorus littoralis)

Alguns exemplares de répteis levantados por sua abundância no local, grau de ocor-
na Área de Influência Direta (AID) do em- rência na região, importância ecológica ou
preendimento estão ilustrados abaixo, seja econômica (Foto 8).

A B

C D

Foto 8 - A) Perereca-de-Capacete (Trachycephalus Nigromaculatus), B) Jibóia (Boa Constrictor), C) Cobra-D´Água


(Liophis Miliaris), D) Dormideira(Leptodeira Annulata) , E) Boipeva (Waglerophis Merremii).

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Aves Algumas espécies catalogadas se caracte-
rizam por serem altamente adaptáveis em
Predominam espécies de aves com ampla diversos ambientes, sendo consideradas
distribuição geográfica e características de ambientalmente plásticas, como é o caso
áreas abertas. Essa composição reflete o do quero-quero (Foto 9), também muito
grau de alteração existente na área, como comum na região. Outras espécies de ocor-
desmatamentos na restinga e relatos de rência comum na região são: noivinha-
caça e captura de aves que possuem um branca, quiri-quiri e coruja-buraqueira
belo trinado. (Foto 10).

Duas espécies registradas na região são


consideradas como típicas desse ambiente:
rabo-branco-mirim e beija-flor-cinza.

Foto 9 - Quero-Quero (Vanellus Chilensis)

A B C

Foto 10 - A) Noivinha-Branca (Xolmis Velata), B) Quiri-Quiri (Falco Sparverius), C) Coruja-Buraqueira (Speotyto Cunicularia).

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Mamíferos caxeiro (Foto 14) e mão-pelada; preá, paca,
camundongo-do-mato e diversas espécies
As espécies de mamíferos encontradas na de rato (Foto 15), além de coelho-do-mato.
região demonstram que a área de influência Nota-se que são mais frequentes os roedo-
do empreendimento encontra-se bastante res.
alterada pela ocupação humana, o que re-
sulta na baixa diversidade de espécies de Algumas espécies catalogadas se caracte-
mamíferos silvestres ali registrados. rizam por serem altamente adaptáveis em
diversos ambientes, sendo consideradas
Foram catalogadas 15 espécies, estando en- espécies oportunistas, como é o caso do
tre elas uma cuíca (Gracilinanus microtar- gambá, da preá e das diversas espécies de
sus) (Foto 11); tamanduá-mirim (Foto 12), ratos (Foto 15).
tatu-galinha (Foto 13) e tatu-peba; ouriço-

Foto 11 - Cuíca (Gracilinanus Microtarsus).

Foto12 - Tamanduá-Mirim (Tamandua Tetradactyla)

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Foto 13 - Tatu-Galinha (Dasypus Novemcinctus)

Foto 14 - Ouriço-Caxeiro (Coendou sp)

A C

Foto 15 – A) Rato (Euryoryzomys Russatus); B) Rato (Muridae sp); C) Rato-Grande (Muridae sp).

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Biota Aquática Marinha Em relação a comunidade de Zooplâncton,
os crustáceos são o grupo de maior frequên-
Os ecossistemas marinhos são compostos cia haja vista que este grupo é normalmente
por três comunidades principais de orga- dominante na comunidade zooplanctônica
nismos, que têm denominações diferentes costeira.
dependendo de sua capacidade de locomo-
ção e de sua posição na coluna d’água: A comunidade ictioplanctônica na área
de estudo apresentou-se de acordo com as
f Comunidade Nectônica: Pode frequen- características da comunidade nectônica
tar todas as camadas da coluna d’água da região com ocorrência de forma mais
e possui grande capacidade de locomo- significativa de larvas das famílias de man-
ção. jubas, anchovas, corcorocas, roncadores e
corvine, consideradas importantes recursos
f Comunidade Planctônica: Vive na super- pesqueiros para a região.
fície da coluna d`água. Possui nenhuma
ou limitada capacidade de locomoção. Comunidades Bentônicas
f Comunidade Bentônica: Vive no fundo Como os organismos bentônicos são in-
do mar ou preso a alguma base, como fluenciados diretamente pelos seus habitats,
rochas, por exemplo. a natureza e a distribuição dos sedimentos
constituem um aspecto de fundamental
Comunidades Planctônicas importância. Entre as espécies mais abun-
dantes, destacam-se como dominantes os
É formada por: poliquetas.

f Fitoplâncton: basicamente algas. Comunidades Nectônicas


f Zooplâncton: animais microscópicos.

f Ictioplâncton: parte do zooplâncton in- Mamíferos Marinhos (Cetáceos)


cluindo os ovos e larvas de peixes.
Mais de 40 espécies de cetáceos ocorrem
A comunidade fitoplanctônica da área no Brasil e destas, pelo menos 31 habitam
marítima de interesse é constituída por a Bacia de Campos. No litoral norte do Rio
grupos taxonômicos característicos de re- de Janeiro, diversas espécies de cetáceos são
giões tropicais. A estrutura da comunidade vítimas de capturas acidentais em petre-
é marcada, sobretudo, pela alta densidade chos de pesca. A franciscana e o boto-cinza
de espécies de diatomáceas de habitat ma- (Foto 16) são as espécies mais capturadas
rinho nerítico, com ocorrência de algumas por possuírem hábitos costeiros.
espécies de águas temperadas.

Foto 16 - Boto-Cinza (Sotalia Guianensis).

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Tartarugas marinhas (Quelônios) Há uma base do Projeto TAMAR na cir-
cunvizinhança do empreendimento, no
O litoral norte fluminense, a partir de Farol de São Tomé (Campos dos Goytaca-
Macaé até a divisa com o Espírito Santo é zes/RJ), que é ativa durante a temporada
amplamente conhecido como área impor- reprodutiva.
tante de desova de tartarugas marinhas da
espécie cabeçuda (Caretta caretta) (Foto
17).

Foto 17 - Tartaruga-Cabeçuda (Caretta Caretta).

Crustáceos Peixes
A maioria das espécies dos Crustaceos é O Estado do Rio de Janeiro possui a ter-
marinha, e entre seus representantes mais ceira maior costa pesqueira do Brasil. Sua
conhecidos estão os camarões, as lagostas produção anual de pescados provenientes
e os caranguejos. da pesca marinha é de aproximadamente
63.7 mil t, o que lhe confere o 3º lugar no
Cabe ressaltar que no litoral norte flumi- ranking nacional (IBAMA, 2007).
nense, principalmente entre Campos dos
Goytacazes e São Francisco de Itabapoana, A área de estudo inclui diversos pontos de
encontra-se um importante banco cama- desembarque de relevância regional, como
roneiro, localmente denominado como São João da Barra, São Francisco de Itaba-
“lama”, pois se constitui na área de influ- poana e Campos dos Goytacazes na Região
ência do aporte fluvial do rio Paraíba do Norte Fluminense.
Sul.
As frotas pesqueiras de Barra de Itabapo-
Em especial no trecho de costa entre Farol ana, Guaxindiba, Gargaú, Atafona e Farol
de São Tomé e a foz do rio Itabapoana, é de São Tomé, atuam nas pescarias utilizan-
notável a abundância de espécies de cama- do arrasto, rede de deriva e emalhe, covos,
rão, nas faixas de menores profundidades, espinhel e linha, concentrando aproxima-
dominadas por depósitos de sedimentos damente 14 % do volume das capturas
finos, de origem fluvial, juntamente com desembarcadas no Estado.
os sedimentos “trabalhados” pelo oceano
e pela presença de águas quentes da Cor- A atividade pesqueira é incrementada pelos
rente do Brasil, que se mistura com a Água rios Paraíba do Sul e Itabapoana principal-
Costeira. mente pelo grande aporte de nutrientes e

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sedimentos carreados por suas águas. As Aves Marinhas
lagoas costeiras e os extensos manguezais
da região têm importante papel como ber- Neste grupo são de maior interesse para
çário de muitas das espécies exploradas caraterização da área de in fluência do em-
como recurso pesqueiro, além de também preendimento as aves que ali ocorrem asso-
contribuírem no aporte de nutrientes para ciadas aos ambientes lagunares da região.
a área costeira, que se estende ao longo do Estes abrigam diversas espécies de aves
litoral Norte Fluminense. aquáticas, residentes ou migratórias. Entre
aves residentes estão: a marreca-viúva ou
irerê, a marreca-pé-vermelho, a talha-mar,
a trinta-réis-boreal e o gaivotão (Foto18).

B C

D E

Foto 18- A) Irerê (Dendrocygna Viduata); B) Pé-Vermelho (Amazonetta Brasiliensis); C) Talha-Mar (Rynchops Niger);
D) Trinta-Réis-Boreal (Sterna Hirundo); E) Gaivotão (Larus Dominicanus).

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MEIO SOCIOECONÔMICO bitantes dos quais 79% também viviam em
área urbana.
Porque a implantação de
um grande projeto, como a Embora Campos dos Goytacazes e São
Siderúrgica Ternium Brasil, tem o João da Barra sejam muito diferentes em
poder de gerar modificações nas extensão territorial e no tamanho de suas
condições socais e econômicas economias e populações, ambos convivem
da região onde está localizado. com problemas socioeconômicos simila-
res, como o esvaziamento do campo com
Embora pretenda se instalar em São João a migração da população para as zonas
da Barra, a siderúrgica poderá influenciar urbanas - um processo observado nos dois
também o município de Campos dos Goyta- municípios. As características da dinâmica
cazes, pela proximidade e forte articulação das populações destes municípios mostram
entre os dois municípios. que os mesmos possuem uma forte relação
em função da proximidade e da constante
De modo geral, o desempenho social da circulação de pessoas entre ambos, com ha-
siderurgia no País é bem importante, por bitantes de São João da Barra recorrendo
gerar grande um número de empregos de aos serviços mais diversificados, oferecidos
mão de obra qualificada e de oportuni- em Campos, e a população campista fre-
dades de negócios para empreendedores quentando tradicionalmente os balneários
locais, acarretando em desenvolvimento do município sãojoanense, muitos pos-
econômico e social. suindo ai uma segunda residência para o
período de veraneio.
Por outro lado, o estabelecimento de um
empreendimento siderúrgico, justamen- Uso e Ocupação do Solo
te porque gera muitas oportunidades de
emprego e de negócios, também causa a Embora a maior parte da população cam-
atração de população de outras regiões, pista viva em áreas urbanas, o município
resultando em pressão sobre os serviços de Campos dos Goytacazes tem 98% do
públicos e o comércio da região, podendo seu território ocupado por áreas agrícolas
inclusive provocar aumento de problemas ou ambientes naturais e apenas 2% de
urbanos como a ocupação irregular das sua área ocupados pelos núcleos urbanos,
áreas de expansão das cidades e, mesmo, que abrigam a maior população da Região
ocasionar um aumento dos níveis de cri- Norte Fluminense.
minalidade.
Este fato ocorre também no município de
E por fim, a operação de uma usina side- São João da Barra, onde as áreas de ocu-
rúrgica lança poluentes na atmosfera que, pação urbana representam apenas 1% do
se não forem adequadamente controlados, território municipal, diferindo de Campos
podem afetar a saúde, a segurança e o bem- no aspecto de que existe no território san-
estar da população que vive nas proximi- joense um grande número de domicílios
dades. Por estes motivos, é importante co- ocupados apenas durante o verão e nos
nhecer as características das cidades e das finais de semana, quando a população
populações que vivem na região, para que urbana do município aumenta considera-
se possa prever os meios para reduzir ou velmente. Intensificando a demanda por
evitar os impactos negativos e concretizar serviços básicos.
os impactos positivos do empreendimento.

Economia
Campos dos Goytacazes e São Embora tenha grande parte de sua receita
João da Barra (AII) municipal formada por royalties da pro-
dução marítima de petróleo, Campos dos
População Goytacazes não possui em seu território,
quantidade relevante de atividades econô-
No ano de 2007, a população de Campos micas associadas ao setor petrolífero. Suas
dos Goytacazes era de 426.154 habitantes, atividades produtivas são voltadas princi-
a maior parte dos quais (95%) concentra- palmente à produção sucroalcooleira e ao
da em áreas urbanas. Já o município de setor de serviços. No entanto, a presença
São João da Barra contava, no mesmo ano da indústria petrolífera na Bacia de Cam-
(2007), com uma população de 28.889 ha- pos leva a que o município apresente um

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Foto 19 - Cenário típico das áreas circundantes as estradas que cortam o 5º Distrito de SJB:
grandes áreas dedicadas à pecuária.

grande valor em seu PIB. Isto porque o PIB pio. O PIB total do município em 2007 foi
(Produto Interno Bruto) é um indicador de aproximadamente 830 milhões de reais,
que representa o conjunto das riquezas gerando um PIB per capita foi superior a 28
geradas durante cada ano, pela atividade mil reais, enquanto o rendimento per capi-
produtiva existente no município, incluin- ta registrado no ano 2000 era da ordem de
do a remuneração do trabalho das pessoas 2000 reais.
engajadas nos setores produtivos do muni-
cípio e a remuneração do capital investido Este rendimento per capita representa mais
nestes setores. de perto a realidade desses municípios,
mostrando que os royalties recebidos ainda
Como a renda produzida pelas atividades não foram capazes de promover melhorias
petrolíferas da Bacia de Campos é muito relevantes no nível de vida da região.
alta e uma grande parcela desta renda é
incluída no cálculo do PIB de Campos dos A economia do município de São João da
Goytacazes, este PIB acaba por refletir uma Barra também contou até poucos anos atrás
riqueza que não é internalizada na econo- com estabelecimentos industriais dedica-
mia do município. Assim, por exemplo, em dos à produção sucroalcooleira, contudo
2007 o PIB total do município alcançou hoje não há mais nenhum deles em fun-
aproximadamente 21 bilhões de reais, ge- cionamento no município. Sua economia
rando um PIB por habitante de quase 49 é hoje baseada nas atividades comerciais
mil reais. Enquanto isto o rendimento per e de serviços, movimentadas pelo turismo
capita da população de Campos, sem a in- balneário, bem como em atividades agríco-
corporação do setor de produção de petró- las e pecuárias, contando ainda com uma
leo, apresenta valores muito menores. Da- indústria de bebidas. Grande parte da arre-
dos para o ano 2000, quando já era intensa cadação municipal é oriunda dos royalties
a atividade petrolífera na Bacia de Campos, da produção de petróleo na Bacia de Cam-
mostravam para a população campista um pos. Da mesma forma que em Campos dos
rendimento per capita da ordem de 3000 Goytacazes, não há em São João da Barra
reais por ano. atividades econômicas associadas ao setor
petrolífero. Atividades econômicas de sub-
Em São João da Barra ocorre a mesma coi- sistência são, além da agricultura familiar,
sa. Por ser um município litorâneo da Bacia a pesca artesanal marítima e de lagoas e o
de Campos, seu PIB também é grandemente extrativismo de produtos vegetais como a
influenciado pela riqueza gerada na produ- semente da aroeira (pimenta rosa) e frutos
ção de Petróleo, sem que este número seja da restinga.
representativo do nível de vida no municí-

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Educação Fluminense. Apesar desse aparato educati-
vo, o índice de analfabetismo em Campos
Campos dos Goytacazes vem crescendo é elevado, da ordem de 12% da população
significativamente no segmento de ensino com mais de 25 anos.
superior, sendo atualmente o segundo pólo
de formação universitária do Estado do Em São João da Barra faltam escolas com
Rio de Janeiro. Entretanto, a quantidade boas condições de ensino por falta de re-
de pessoas que concluem a universidade é cursos e professores. Contudo, vem ocor-
maior que a oferta de postos de trabalho no rendo nos últimos anos um crescimento
município, o que leva a que a cidade seja do ensino médio no município, articulado
exportadora de mão de obra qualificada com a oferta crescente de ensino de nível
para outras localidades da Região Norte superior em Campos.

Foto 20 - Escola Municipal Santa Therezinha (Baixa Grande)

Saúde Saneamento básico


Em Campos dos Goytacazes se concentram De relações estreitas com a saúde pública,
os serviços de saúde da região, na medida em o cenário do saneamento básico de uma re-
que dispõe de maior número de hospitais, gião mostra as condições de saúde de sua
clínicas, serviços médicos e odontológicos. população. A água é distribuída para 68%
São João da Barra firmou um convênio da população de Campos e apenas 35% dos
com a prefeitura de Campos, que realiza domicílios têm seu esgoto coletado, porém
o atendimento da população são-joanense este esgoto não conta com tratamento, sen-
nos casos mais graves e de emergência. do lançado diretamente em rios, lagoas ou
no mar. Em Campos 87% dos domicílios
No ano de 2008, a mortalidade infantil de possuem coleta regular de lixo.
Campos foi de 14,1 para cada 1.000 nasci-
dos vivos e a de São João da Barra de 22,0 São João da Barra possui 70% de domi-
para cada 1.000. Apesar da rede pública cílios ligados à rede de abastecimento de
de São João da Barra ser menos comple- água, com 17% de domicílios ligados à
xa que a de Campos, são desenvolvidos coleta de esgoto e 76% utilizando sistema
programas de assistência ao idoso, saúde de fossa séptica.
mental, controle de endemias, combate às
carências nutricionais, saúde bucal, saúde Os percentuais de domicílios atendidos por
do trabalhador, saúde da mulher e da crian- coleta de esgotos em ambos os municípios
ça, entre outros. são bem inferiores à média dos municípios

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Foto 21 - Posto de Urgência de Barra do Açu

da bacia do Paraíba do Sul, da ordem de Organização Social


onde 74%. Quanto ao índice de trata-
mento este é baixo para toda a bacia, onde A Região Norte Fluminense tem tradição
pouco de 7% da população tem seu esgoto de atuação no âmbito dos movimentos
tratado. sociais, especialmente aqueles voltados à
luta pela posse da terra. Destaca-se a atu-
Segurança Pública ação do Movimento Sem Terra (MST) e
da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que,
Os dados mensais de ocorrências criminais aliados aos Sindicatos e Confederações de
do município de Campos, registrados pela Trabalhadores Rurais. Outra atividade que
134ª Delegacia de Polícia nos meses de conta com várias organizações é a pesca
março de 2009 e março de 2010 retratam artesanal, que vem decaindo na região,
como os cinco tipos de delitos mais pra- embora seja fonte de sobrevivência para
ticados no município furto, lesão corpo- parte representativa da população.
ral dolosa, roubo a transeunte, ameaça e
lesão corporal culposa (vítimas de crimes
de trânsito). Destes, os que apresentaram 5º e 6º Distritos de São João da
crescimento expressivo entre os dois perí-
odos analisados, foram os relacionados a
Barra, Localidades de Campos
crimes de trânsito. do Goytacazes e Comunidades
Pesqueiras (AID)
Em São João da Barra os registros da 145ª
DP para os mesmos meses analisados em São consideradas dentro da área de influ-
Campos, indicaram como tipos de delitos ência direta do empreendimento da Side-
mais praticados no município: lesão corpo- rúrgica Ternium Brasil, as localidades que
ral dolosa ameaça e lesão corporal culposa podem ser afetadas por impactos diretos
(vítimas de crimes de trânsito). Contudo de sua instalação ou operação, seja por
não foi observado aumento expressivo do modificações na qualidade ambiental que
número de ocorrências de qualquer das possam causar transtornos à população
tipologias entre os registros de março de que nelas vivem, ou por alterações em suas
2009 e março 2010 havendo inclusive al- atividades sociais e econômicas devidas a
gumas reduções. Houve sim um crescimen- impactos positivos ou negativos do empre-
to do número de ocorrências de apreensão endimento.
de drogas e prisões.
Estas incluem as localidades do 5º e do 6º
Distritos de São João da Barra e da área

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fronteiriça do município de Campos dos ba e Barra de Itabapoana, por atuarem nas
Goytacazes listadas no Quadro 1. Incluem águas costeiras do município de São João
ainda as comunidades pesqueiras de Atafo- da Barra e áreas vizinhas.
na , Farol de São Tomé, Gargaú, Guaxindi-

QUADRO 1: LOCALIDADES DA AID

Município Distrito Localidades


Barra do Açu
Mato Escuro
Água Preta / Concha II / Fazenda Papagaio

5º Pipeiras / Enjeitado / Estrada do Ingá


Barra do Jacaré

São João Sabonete


da Barra Cazumbá
Campo de Areia / Estrada da Concha (Concha I)
Campo da Praia

6º Barcelos
Caetá / Via Abreu
Palacete

Córrego Fundo
Bajuru
Azeitona
Capela São Pedro
Quixaba / Folha Larga
Zona de divisa
com o Baixa Grande
Campos dos Goytacazes 5º Distrito de Marrecas
São João da Barra
Babosa
Massurepe
Saturnino Braga
Ponto do Coqueiro
Alto do Elizeu / São Bento

É importante conhecer detalhes sobre as esta área poderia ser caracterizada como
comunidades da área de influência direta, uma área litorânea de ocupação rarefeita,
para que se possa identificar e controlar os onde predominava a presença de fazendas
impactos negativos que podem afetar sua pertencentes às antigas usinas de açúcar,
qualidade de vida, bem como maximizar cujas atividades foram paralisadas há cer-
os impactos positivos a que possam estar ca de 15 anos. As transformações que irão
sujeitas. Assim, são destacadas a seguir al- ocorrer nessa região com a concretização
gumas das características socioeconômicas do uso industrial e da expansão urbana
do 5º e 6º Distrito. previstos no Plano Diretor Municipal, irão
se contrapor a esses usos tradicionais, nos
População quais predominam antigas grandes fazen-
das e diversas pequenas comunidades, com
O 5º Distrito (Pipeiras) do Município de práticas produtivas rurais.
São João da Barra onde será instalada a
Siderúrgica Ternium Brasil vivencia atu- As localidades do 6º Distrito de São João
almente uma intensa transformação do da Barra (Barcelos), pertencentes a AID,
uso e ocupação do solo. Até o início da possuem os mesmos padrões de uso e ocu-
instalação do Porto do Açu, em 2008, pação do solo encontradas no 5º Distrito.
A diferença reside no fato do 6° Distrito

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ser mais urbanizado e ter sua atividade para o acesso às localidades que dispõem
agrícola mais voltada à produção da cana dos serviços públicos de educação e saúde
de açúcar. e para o escoamento da produção agrícola
local. A principal localidade do 5º Distrito
O 5º Distrito possuía em 2007 uma po- é Barra do Açu, que concentra grande parte
pulação total de 5.777 pessoas, das quais de sua população permanente. Diferencia-
80% em área rural. O Distrito de Barcelos se das demais localidades do distrito por
(6º), apresentava para o mesmo ano, uma sua localização litorânea com grande parte
população total de 5.032 habitantes, com de seus domicílios representada por casas
53% vivendo em áreas rurais. Essa varia- de veraneio.
ção, em relação ao padrão encontrado no
5º Distrito, era devida principalmente à Existem no 5º Distrito algumas grandes
presença da Usina Barcelos, que contribuiu fazendas que anteriormente se dedicavam
para o processo de urbanização local. principalmente à pecuária bovina extensi-
va. Parte destas fazendas foram adquiridas
Mobilidade, Uso e Ocupação do Solo pelo grupo empresarial que está instalando
o complexo do Porto do Açu. O restante
A zona referente à AID, à primeira vista, do território distrital é ocupado por mé-
configura-se como um lugar isolado e dias e pequenas propriedades rurais, que
distante dos padrões urbanos das grandes se alternam com pequenos centros urba-
cidades. O acesso precário às localidades nos onde residem os pequenos produtores
ai existentes parece ser um dos principais rurais e trabalhadores agrícolas da região.
fatores que contribuem para esse suposto A ocupação residencial destes pequenos
isolamento. núcleos ocorre, predominantemente, nas
áreas adjacentes à estrada, onde também
Estas comunidades conectam-se aos ou- se concentram os estabelecimentos comer-
tros Distritos de São João da Barra e ao ciais, os serviços públicos e as instituições
município de Campos dos Goytacazes pela comunitárias e religiosas.
via municipal SB-26 e articulada a via RJ
240 - Estrada Caetá, cujo trecho inicial foi O mesmo padrão de ocupação se reproduz
asfaltado para dar acesso às obras do Porto no 6º Distrito, onde também predominam
do Açu. O acesso à cidade de Campos é as pequenas e médias propriedades. As
feito também pela RJ-216 que liga aquela grandes propriedades, em quantidade bem
cidade à localidade de Farol de São Tomé menor se destinam à produção de cana de
no litoral campista. Estas estradas são açúcar, que hoje suprem de matéria-prima
importantes para as comunidades locais para as usinas em Campos.

Foto 22 - Nas proximidades dos pequenos centros urbanos do 5º Distrito são encontradas pequenas oleiculturas,
sobretudo quiabo, maxixe e abacaxi

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Foto 23 - Pequenos produtores trabalhando em uma cultura de aipim em Enjeitado/Pipeiras.

Economia des representam centros de serviços do 5º


e 6º Distritos e exercem influência sobre
Algumas das pequenas localidades se des- as localidades vizinhas, por exemplo Barra
tacam por apresentar um maior número de do Açu, Mato Escuro, Pipeiras, Sabonete e
estabelecimentos comerciais e serviços pú- Barcelos.
blicos, que atendem não só aos moradores
locais, como à população das comunidades Alguns serviços públicos são disponíveis
do entorno. Dessa forma, tais comunida- em apenas algumas localidades, como:

Foto 24 - Produtor rural produzindo mudas de abacaxi

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a agência dos correios, posto de saúde e bares/restaurantes e pequenas mercearias;
escolas públicas. Há de se considerar que pelo serviço público; e, principalmente, por
muitas localidades carecem de ilumina- atividades agropecuárias como a oleicultura
ção pública e oferta de telefones públicos, do abacaxi, do maxixe, do quiabo, a criação
agravado pelo fato de que não há telefones de gado bovino e de caprinos – atividades
residenciais e que a área é precariamente essas responsáveis pelo envolvimento de
coberta por sinal de telefonia celular. grande parte da mão de obra local.

A rede de transporte que percorre o 5º Dis- A produção local caracteriza-se pela mo-
trito faz parte de uma concessão à empresa nocultura e pela dependência na aplicação
de Campos dos Goytacazes – Campostur. de insumos químicos, tais como o adubo e
Portanto, as linhas são todas intermunici- o agrotóxico.
pais, ligando o município de Campos dos
Goytacazes ao 5º Distrito de São João da O gado tem uma importância fundamen-
Barra, algumas passando também pelo 6º tal na cadeia produtiva rural local. Além
Distrito. dos grandes rebanhos de gado para corte,
pertencentes aos proprietários das grandes
A economia na região é movimentada pela fazendas, pequenos produtores também
presença de alguns estabelecimentos co- costumam investir em “algumas cabeças”.
merciais tais como, postos de combustível,

Foto 25 - Pequeno produtor de gado tocando sua produção em Pipeiras.

A agricultura familiar, geralmente, é pra- moradores do 5º Distrito envolvidos com


ticada para complementação alimentar da a coleta das sementes de aroeira (Schinus
família. Nesse caso, a produção de alimen- terebentifolia).
tos é mais diversificada e o excedente pode
ser vendido para o comércio local e servir A pesca e o artesanato são importantes
de complementação da renda familiar. A atividades de complementação da subsis-
produção de esteiras em São João da Barra tência familiar. Em algumas localidades, a
é uma atividade que complementa a renda pesca tem um papel mais preponderante na
familiar, sendo ela sazonal na qual toda a economia Especialmente, aqueles próximos
família participa da produção. às lagoas ou à costa.

Durante o final do verão e início do ou- Uma boa parte dos moradores dessa região
tono é muito comum encontrar inúmeros é empregada nas olarias e nas usinas situa-

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Foto 26- Cadeia produtiva das esteiras de taboa

Foto 27 - Detalhes da aroeira frutificada. Possui valor comercial sendo coletada de forma extrativista e
predatória pelos moradores

das em localidades vizinhas de Campos dos A renda das famílias é complementada


Goytacazes (Foto 29). Ainda assim, a oferta pelas políticas sociais do Governo Federal,
de empregos não é suficiente para atender à a exemplo do Programa “Bolsa Família”.
demanda dos moradores, e se constitui na A maioria considerável das famílias dessa
mais recorrente reclamação dos habitantes região é beneficiada com esses recursos,
da região. Esse fator tem sido responsável responsáveis pelo aumento expressivo da
pela frequente evasão, especialmente, dos circulação monetária local.
jovens dessas localidades, em direção à ci-
dade de Campos ou outras cidades do Rio
de Janeiro, em busca de oportunidades de
trabalho.

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Foto 28 - Pesca artesanal nas lagoas do 5º Distrito

Foto 29 - Olaria em funcionamento

Educação Saúde
A chegada do complexo portuário do Nem todas as localidades dispõem de
Açu tem motivado os jovens da região em postos de atendimento ou médicos. Nesse
busca de estudos e cursos de capacitação caso, seus moradores se deslocam até as lo-
profissional e alimentado a esperança das calidades vizinhas, ou são atendidos pelos
famílias em relação à permanência dos des- médicos de família. Na AID, esse é o caso
cendentes nas suas comunidades nativas. A das seguintes localidades: Ingá, Folha Lar-
educação, entretanto, ainda responde por ga, Estrada da Coruja, Capela São Pedro e
baixos índices de formação, com grande Campos da Praia.
maioria da população sem o ensino funda-
mental completo.

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Foto 30 - Escola municipal localizada em Campo de Areia, 5º Distrito

Foto 31 - Unidade Mista de Saúde de Palacete

Espaços e Organizações Sociais O associativismo de moradores também


promove a reunião comunitária da região.
A sociabilidade comunitária dessas locali- Nos encontros entre os membros das as-
dades se realiza, especialmente, em eventos sociações, além de discutir os problemas
promovidos pelas associações de morado- locais de infraestrutura e moradia, também
res ou pelas organizações vinculadas às en- são debatidos temas relacionados ao desen-
tidades religiosas. As praças, igrejas e sedes volvimento das atividades de subsistência
de associações são os principais locais de da população. Existem associações de mo-
encontro. A prática religiosa é muito co- radores nas seguintes localidades da AID:
mum entre os moradores desses Distritos, Cazumbá e Sabonete, Mato Escuro, Praia
que estão divididos entre a fé católica e a do Açu, Pipeiras, Barcelos e Caetá. Em al-
protestante (Fotos 32 e 33). guns desses locais, as associações também
agregam produtores rurais e pescadores
(Mato Escuro e Praia do Açu).

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As rádios comunitárias, espalhadas pelos rádio para efetuar reclamações sobre ser-
dois municípios são o principal veículo de viços públicos e mandar recados para os
circulação das informações locais. Existe políticos e administradores.
a prática dos moradores telefonarem para

Foto 32 - Igreja católica

Foto 33 - Assembléia de Deus da Localidade de Mato Escuro.

Comunidades Pesqueiras Na Região Norte Fluminense existem di-


versas comunidades de pesca artesanal, que
Localizadas na AID atuam tanto das áreas costeiras como em
A pesca corresponde a uma das mais anti- alto mar em função das artes de pesca que
gas atividades de uso dos recursos naturais praticam e aos recursos pesqueiros a que se
e a uma das últimas atividades econômicas dedicam. A faixa litorânea que vai de Farol
realizada em larga escala que se baseia no de São Tomé até a Barra do Rio Itabapo-
extrativismo. ana, se caracteriza como uma grande área

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Foto 34 - Embarcações de arrasto: (A) Guaxindiba; (B) Farol de São Tomé

de pesca de camarões, que são capturados tificar as formas de evitar impactos a suas
por redes de arrasto em pescarias que se atividades.
deslocam ao longo da costa Ocorrem tam-
bém nessa região diversos outros tipos de Os registros das colônias e associações de
pescaria em função das diversidades de pesca dos três municípios totalizam cerca
espécies de peixes ali encontradas. de 8100 associados. Contudo as próprias
instituições estimam que o número de pes-
Por estes motivos, barcos de diversas loca- cadores ainda atuando seja bem menor –
lidades do Norte Fluminenses ou de outras da ordem de 4600 pescadores.
regiões frequentam a área. Contudo, as
comunidades pesqueiras que usam de for- A pesca de arrasto simples, ou arrasto ba-
ma mais frequente esta área são Atafona, lão, para a captura de camarão sete-barbas
em São João da Barra; Farol de São Tomé, (“pesca de sol-a-sol”) corresponde à moda-
em Campos dos Goytacazes; e, Gargaú, lidade mais praticada pelos pescadores de
Guaxindiba, Barra do Itabapoana, em São Farol de São Tomé, Guaxindiba e Atafona,
Francisco de Itabapoana. correspondendo, nas duas primeiras loca-
lidades, à modalidade predominantemente
Como será realizada a dragagem de uma adotada.
área marítima a cerca de 30 quilômetros
da costa para obter material para o aterro A pesca de arrasto parelha também é
do terreno da Siderúrgica, estas serão as bastante comum entre os pescadores de
comunidades que terão maior contato com Farol de São Tomé. Outros tipos de pesca
a presença da draga, que se deslocará nessa com rede são observados na região, sendo
área onde ocorrem as pescarias. adotadas as modalidades de pesca de rede
de deriva, conhecida como “caída”, e a de
Assim, é importante conhecer detalhes de espera de fundo, denominada localmente
como atuam estas comunidades, para iden- por “mijuada” (Foto 35).

Foto 35 - Bascos que operam com rede: (A) Embarcação de Atafona de rede “mijuada”, onde se pode notar o instrumento de recolhimento
mecânico da rede “rolo”; (B) Embarcação de Gargaú de rede “caída”.

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Alguns pesqueiros de grande relevância pera e deriva, localizam-se mais próximos
para a pesca artesanal local, como o Bu- à costa. Em faixas mais afastadas da costa
raco dos Morros, Buraco de Fora, “Pedra encontram-se alguns pesqueiros de cama-
Perigosa” e “Joacy”, utilizados principal- rão, largamente utilizados pela frota cama-
mente pela frota de linha e de rede de es- roneira (Figura 7).

Figura 7 - Localização aproximada dos principais pesqueiros utilizados pelos pescadores da área de estudo

Foto 36 - Locais desembarque pesqueiro: (A) Barra de Itabapoana e (B) Farol de São Tomé

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A organização social da pesca é caracteri- vezes construídos de modo bem rudimen-
zada pela presença de instituições locais, tar, instalados ao longo dos canais e rios
que atuam na representação de classe que compõem as bacias dos rios Paraíba do
destes trabalhadores. Estas instituições Sul, Gaxindiba e Itabapoana (Foto 36).
também prestam serviços assistenciais à
comunidade, entre os quais os serviços O comércio do pescado é feito por uma
odontológicos. longa cadeia de intermediação, composta
por inúmeros atravessadores. Há alguns
A pesca na região carece de melhor estru- armadores que são donos de embarcações
tura portuária. Os desembarques ocorrem e de frigoríficos e que comercializam a sua
basicamente de duas maneiras: (1) direta- própria produção e a de outros pescadores
mente sobre a faixa de areia da praia de Fa- diretamente para grandes mercados no Rio
rol de São Tomé e (2) em cais e trapiches, às de Janeiro e São Paulo.

Foto 37 - Pescadores e atravessadores discutem o preço do pescado em desembarque realizado na praia


de Farol de São Tomé.

Terreno da Siderúrgica Ternium A formação educacional mostra-se em pa-


drão abaixo do necessário para um impulso
Brasil (ADA) econômico local e para formas alternativas
de desenvolvimento, a partir das suas pró-
A ADA corresponde ao terreno previsto
prias condições.
para a implantação da Siderúrgica Ternium
Brasil, que tem 1.389 ha, e está incluído Por que estudar aspectos
no polígono de desapropriação para fins de arqueológicos da área de
implantação do Distrito Industrial de São construção
João da Barra, descrito no Decreto Estadu-
al nº 41.584, de 05/12/2008. Antes do início de qualquer atividade de
construção no terreno do empreendimento,
De modo geral, a área configura-se pelo deve-se pesquisar a possibilidade da exis-
padrão de ocupação incipiente. Verifica-se tência de sítios arqueológicos no local da
uso para fins rurais, para consumo fami- obra.
liar e comercialização em baixa escala que
envolve baixo número de mão-de-obra. A A pesquisa é importante para que, na even-
não utilização de assistência técnica, tam- tualidade da descoberta de qualquer ves-
bém corrobora para o entendimento que a tígio arqueológico, o empreendedor possa
produção agrícola nesses lotes é destinada estabelecer, antes de iniciar a construção,
à subsistência familiar. um Programa de Resgate Arqueológico.

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 69

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Os sítios arqueológicos são locais que encontraram alguns vestígios ao norte da
apresentem vestígios de ocupação humana lagoa de Iquipari (Fotos 38 e 39), o que
como estrutura de fogueiras, restos alimen- recomenda a realização de uma pesquisa
tares, entre outros. mais detalhada nos terrenos da região an-
tes de se iniciar as obras.
As pesquisas já realizadas nas áreas vizinhas
ao terreno da Siderúrgica Ternium Brasil

Foto 38 - Fragmentos ósseos

Foto 39 - Fragmentos de cerâmica

70 | Caracterização Ambiental da Região | RIMA

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IMPACTOS AMBIENTAIS

Como é feita a Avaliação de Os impactos ambientais previstos para o


empreendimento foram identificados e
Impactos Ambientais (AIA) de classificados de acordo com o sistema de
um empreendimento licenciamento ambiental, cuja metodo-
logia atende aos princípios da Resolução
Para avaliar os impactos ambientais de um CONAMA Nº 001/86, a Lei Estadual Nº
empreendimento é necessário entender as 1.356/88 e a DZ-041 R.13 - Diretriz para
sensibilidades ambientais da sua área de Implementação do Estudo de Impacto Am-
influência, associadas às atividades de im- biental (EIA) e seu respectivo Relatório de
plantação e operação do mesmo. A partir Impacto Ambiental (RIMA).
deste entendimento, são estabelecidas ações
para evitar, diminuir, acompanhar e/ou re- Com base nas características do empre-
parar os potenciais danos ao meio ambiente, endimento e na caracterização ambiental da
e estabelecer medidas compensatórias aos Área de Influência, os impactos ambientais
impactos que não puderem ser evitados. foram identificados a partir da construção
Neste sentido, o Estudo e este Relatório das inter-relações entre as atividades previstas
de Impacto Ambiental têm também como para as diferentes fases do empreendimento e
objetivo identificar e avaliar os impactos os aspectos ambientais na Área de Influência
ambientais da Siderúrgica Ternium Brasil. analisada associados às atividades (Figura 1).

Caracterização do Caracterização
Empreendimento Ambiental

Avaliação dos
Impactos

Programas
Ambientais

Figura 1 – Metodologia de Identificação dos Impactos Ambientais da Siderúrgica Ternium Brasil

A seguir, são descritos os principais impac- Ternium Brasil com as Medidas de Ajuste e
tos identificados durante o planejamento, Controle respectivas a cada impacto.
a implantação e a operação da Siderúrgica

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 73

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Principais Impactos da Implantação e Operação da Siderúrgica
Ternium Brasil e Medidas de Ajuste e Controle

Impactos Gerados nas Fases de


Planejamento e Implantação Medidas de Ajuste e Controle

f Geração de expectativas para as comunidades f Informar as comunidades sobre o empreendimento e


locais pela divulgação da implantação do empreen- criar um canal de comunicação para esclarecimentos
dimento. e diálogo, através do Programa de Comunicação
Social.
f Conscientizar a comunidade local sobre as oportunida-
des e os impactos da implantação do empreendimento,
através do Programa de Educação Ambiental.
f Erosão e arraste de solo superficial pelas águas f Adotar medidas de prevenção de erosão e implantar
de chuva, com possível interferência nas drenagens sistemas de drenagem dos taludes de aterro e das
naturais da área, durante as atividades de aterro e áreas sem pavimentação, conforme especificado no
escavações, para preparação do terreno. Plano Ambiental de Construção (PAC).

f Alteração da qualidade do ar causada por levan- f Adotar medidas de manutenção preventiva de máquinas
tamento de poeira durante a preparação do terreno e e equipamentos e medidas para redução da geração de
emissão de fumaça de motores das máquinas e equi- poeira conforme especificado no Plano Ambiental de
pamentos durante todas as etapas da obra. Construção (PAC).
f Fazer medições de material particulado nas localidades
próximas ao empreendimento, conforme especificado
no Programa de Monitoramento da Qualidade
do Ar e Metereologia.
f Alteração dos níveis de ruído causada pela movi- f Fazer medições do nível de ruídos em localidades
mentação de máquinas no canteiro de obras. próximas ao terreno do empreendimento, conforme
especificado no Programa de Monitoramento de
Ruídos.
f Adotar medidas de manutenção preventiva de ma-
quinas e equipamentos conforme especificado no
Plano Ambiental de Construção (PAC).
f Alteração da qualidade da água subterrânea e f Adotar dispositivos de coleta e tratamento de efluentes
lagoas vizinhas, ocasionado pela geração de efluentes conforme projeto e especificações do Plano Ambien-
líquidos, oleosos e domésticos ou pela descarga de tal de Construção (PAC).
água salina no terreno durante a execução do aterro
f Fazer o acompanhamento da qualidade da água sub-
hidráulico.
terrânea no terreno do empreendimento, e da qualidade
de água nas lagoas, conforme Programa de Monito-
ramento da Qualidade da Água.
f Alteração da qualidade da água do mar (aumen- f Adotar controles operacionais durante a dragagem,
to da turbidez) gerada pela operação de dragagem e conforme especificações do Plano Ambiental de
pelo lançamento do retorno de água do aterro hidráuli- Construção (PAC).
co. Interferência na comunidade planctônica devido f Fazer o monitoramento da turbidez em torno da área de
ao aumento da turbidez. dragagem e retorno hidráulico, conforme especificado
f Afugentamento temporário de animais marinhos, no Programa de Monitoramento da Qualidade
(golfinhos e tartarugas) pelo aumento de turbidez da da Água.
água e pelo ruído da draga . f Fazer o monitoramento de animais marinhos nas praias
conforme Programa de Monitoramento da Biota
Aquática.
f Alteração do fundo marinho e da fauna bentô- f Acompanhar os registros de avanço das escavações
nica pela escavação da área de empréstimo durante conforme Programa de Controle das Atividades
a operação de dragagem e pela escavação para de Dragagem.
instalação do emissário submarino. f Realizar monitoramento da fauna bentônica antes
e depois de executadas as intervenções no assoalho
marinho conforme Programa de Monitoramento da
Biota Aquática.

74 | Impactos Ambientais e Medidas de Ajuste e Controle | RIMA

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Impactos Gerados na Fase de
Medidas de Ajuste e Controle
Operação
f Perda de espécimes vegetais e afugentamento da f Adotar as medidas do Programa de Supressão Ve-
fauna terrestre pelo desmatamento do terreno . getal, Resgate e Manejo de Flora conforme projeto
e especificações do Plano Ambiental de Construção
(PAC).
f Implantar dispositivos do “Projeto Corredor Verde”.
f Interferência sobre o patrimônio arqueológico, pela f Implantar Programa de Prospecção e Resgate do
preparação do terreno para a obra. Patrimônio Arqueológico antes do início das obras.

f Geração de emprego e renda, dinamização e ascensão f Implementar capacitação da mão de obra local,
econômica do município devido à abertura de novas conforme Programa de Mobilização, Capacitação e
frentes de trabalho. Desmobilização de Mão de obra.
f Aumento de oportunidade de negócios para o comér- f Divulgar localmente oportunidades de empregos e
cio local. negócios conforme diretrizes do Programa de Comu-
nicação Social.
f Priorizar contratação de mão de obra local e de utiliza-
ção de fornecedores da região, conforme diretrizes do
Plano Ambiental de Construção (PAC).

f Aumento do fluxo migratório devido à abertura de f Implementar capacitação da mão de obra local,
novas frentes de trabalho. conforme Programa de Mobilização, Capacitação e
Desmobilização de Mão de obra.
f Divulgar localmente oportunidades de empregos e
negócios conforme diretrizes do Programa de Comu-
nicação Social.
f Priorizar contratação de mão de obra local e de utiliza-
ção de fornecedores da região, conforme diretrizes do
Plano Ambiental de Construção (PAC).

f Interferência na atividade agrícola local pela trans- f Apoiar ações voltadas à capacitação do pequeno pro-
formação socioeconômica da região. dutor agrícola conforme Programa de Fortalecimento
da Agricultura.

f Aumento dos riscos de acidente de trânsito. f Adotar medidas e dispositivos de educação e seguran-
ça no trânsito para os contingentes da obra, conforme
projeto e especificações do Plano Ambiental de Cons-
trução (PAC).
f Implementar ações de conscientização e educação
para segurança no trânsito voltadas à população das
proximidades, conforme linhas dos Programas de Co-
municação Social e Educação Ambiental.

f Aumento da arrecadação municipal pela geração de f Divulgar a evolução da implantação do empreendi-


tributos durante a implantação. mento através do Programa de Comunicação Social.
f Interferência temporária na atividade pesqueira da f Divulgar rotinas e rota de deslocamento da draga às
região devido à operação de dragagem. comunidades pesqueiras, conforme Programa de
Comunicação Social.
f Apoiar ações voltadas ao fortalecimento da cadeia
produtiva da pesca através da capacitação de mão de
obra e do empreendedorismo, através do Programa de
Educação Ambiental.

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 75

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PROGRAMAS AMBIENTAIS

POR QUE DEFINIR PROGRAMAS f Programa de Controle das Atividades de


Dragagem - visa estabelecer ações para
AMBIENTAIS PARA O proteção do ambiente marinho durante
EMPREENDIMENTO as atividades de dragagem;

Os Programas Ambientais foram definidos f Programa de Controle de Transporte e


para que todas as ações para minimização Tráfego - com objetivo de estabelecer
dos impactos potenciais ou reais gerados ações e diretrizes, para que o transporte
pela implantação e operação do empreen- de pessoas e materiais na região ocor-
dimento possam ser executadas de forma ra de forma adequada e organizada,
planejada e estruturada, assegurando, causando o mínimo de transtorno aos
simultaneamente, o atendimento à legis- usuários da rede viária afetada, aos pe-
lação ambiental vigente, a manutenção da destres, aos moradores locais e ao meio
qualidade do ambiente na região da obra e ambiente;
a otimização dos benefícios diretos e indi-
retos identificados. f Programa de Educação Ambiental –
PEA - dirigido à comunidade da área
Assim, os programas foram organizados de influência e aos trabalhadores do
sob um Sistema de Gestão Ambiental, o empreendimento. Para o primeiro
qual foi estruturado em três grupos de público, o programa estabelece ações
programas, conforme descrito a seguir e pedagógicas de conscientização e de
apresentado na Figura 1. responsabilidade ambiental, com vistas
a reverter hábitos e atitudes que possam
expô-la a efeitos negativos ou reduzir
Programas de Mitigação suas chances de auferir benefícios dos
fatores positivos e oportunidades a ele
Este primeiro grupo de programas visa associados. Para o segundo público, o
minimizar os impactos negativos decor- programa visa conscientizar os traba-
rentes das atividades do empreendimento, lhadores engajados na implantação e
estabelecendo-se para tal, medidas am- operação do empreendimento, sobre
bientais e sociais de mitigação, prevenção os fatores de sensibilidade ambiental e
e/ou controle, a partir da implantação dos social da área de influência, fornecendo
dispositivos e tecnologias, bem como dos conhecimentos que possibilitem atitudes
procedimentos estabelecidos para a sua individuais e coletivas de preservação e
execução. respeito ao meio ambiente;

Dentro deste grupo encontra-se o Plano f Programa de Mobilização, Capacitação


Ambiental de Construção – PAC, que esta- e Desmobilização da Mão de Obra -
belece um conjunto de ações de gestão e de com objetivo de promover a qualifica-
controle ambiental, cujo cumprimento será ção profissional da população economi-
exigido pela supervisão ambiental da Ter- camente ativa da Área de Influência e
nium Brasil de suas empresas contratadas estabelecer estratégias, a fim de permitir
para executar as obras de instalação. a absorção futura como mão de obra
nas fases de instalação e operação do
Assim, O PAC inclui cinco programas, os empreendimento, assim como nas de-
quais estabelecem procedimentos especí- mais empresas que vierem a se instalar
ficos para Gerenciamento de Resíduos e posteriormente na área. Por outro lado,
Efluentes na Implantação, atividades de Su- a desmobilização do pessoal deverá ser
pressão Vegetal, Resgate e Manejo de Flora, precedida de medidas de acompanha-
para Recuperação de Áreas Degradadas, mento e suporte do empreendedor, que
atividades de Resgate e Manejo de Fauna possibilitem ao trabalhador sua rápida
Terrestre, e para o Programa de Controle alocação em outro projeto;
das Atividades de Dragagem.Além destes,
foram definidos os seguintes:

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 79

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f Programa de Comunicação Social - Criar mento das águas subterrâneas ao redor
canais de comunicação para informar e do terreno do empreendimento e o mo-
prestar esclarecimentos à comunidade nitoramento da área marítima (área de
sobre o empreendimento, escutar suas dragagem e área do emissário).
opiniões, dúvidas e demandas, de forma
a construir uma relação positiva e de di- f Programa de Monitoramento da Qua-
álogo entre o empreendedor e o público lidade do Ar e Metereologia - possibi-
em geral. litará avaliar e controlar o desempenho
das atividades geradoras de emissões
f Programa de Prospecção e Resgate do atmosféricas nas fases de implantação e
Patrimônio Arqueológico - estabelece operação do empreendimento.
diretrizes com o intuito de garantir a
proteção ao patrimônio arqueológico f Programa de Monitoramento e Contro-
na área onde será implantado o em- le de Ruídos - será implementado para
preendimento e prevenir danos ao Pa- assegurar a manutenção da qualidade
trimônio Arqueológico, atendendo à acústica dos locais próximos ao empre-
legislação vigente sobre a proteção e o endimento, monitorando e controlando
salvamento de sítios; a emissão de ruídos nas fases de implan-
tação e de operação.
f Programa de Gerenciamento de Resí-
duos e Efluentes na Operação - visa o f Programa de Monitoramento das
manejo dos efluentes e dos resíduos só- Emissões Atmosféricas – caracteriza-
lidos gerados ao longo de toda operação rá as taxas de emissão dos poluentes
da Siderúrgica, estabelecendo-se formas atmosféricos dos diferentes processos
adequadas de tratamento/acondiciona- produtivos e permitirá a verificação do
mento, transporte e destinação final. atendimento aos padrões de emissão
definidos pela legislação vigente. Ainda,
o programa irá avaliar as eficiências
Programas de Monitoramento dos sistemas utilizados para prevenção
e controle das emissões atmosféricas do
A eficácia das medidas propostas para empreendimento.
mitigação da implantação e operação do
empreendimento será avaliada a partir
da medição e avaliação dos resultados Programa de Responsabilidade
obtidos nos programas de monitoramen- Social
to, contemplados neste segundo grupo de
programas, que estabelecem metodologias Neste grupo insere-se o programa que visa
de acompanhamento das alterações que trazer benefícios à comunidade local, com
possam ocorrer no meio ambiente. Estes ações de responsabilidade social em prol
programas compreendem: do fortalecimento de suas atividades eco-
nômicas tradicionais e contribuindo para
f Programa de Monitoramento da Biota a melhoria da qualidade de vida da popu-
Aquática - avalia as características da lação do entorno e dos trabalhadores. Para
biota aquática na área do empreendi- tal, foi definido o
mento, bem como as possíveis alterações
na estrutura das comunidades aquáticas f Programa de Fortalecimento da Agri-
(plâncton, bentos e peixes) durante a cultura Familiar - que visa reduzir a sus-
implantação e operação do mesmo. ceptibilidade dos pequenos produtores
agrários situados em São João da Barra
f Programa de Monitoramento da Quali- e nos distritos agrícolas de Campos dos
dade da Água - abrange 3 diferentes Goytacazes, fronteiriços ao primeiro
focos: monitoramento dos corpos hí- município, frente às mudanças socioam-
dricos adjacentes ao empreendimento bientais decorrentes da implantação do
(Lagoa Salgada, Lagoa do Veiga, Canal empreendimento.
Quitingute e Lago Artificial), monitora-

80 | Programas Ambientais | RIMA

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Siderúrgica Ternium Brasil
Siderúrgica Ternium Brasil
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

PROGRAMAS DE
PROGRAMAS DE PROGRAMAS DE
RESPONSABILIDADE
MITIGAÇÃO MONITORAMENTO
SOCIAL

Programa de
Programa de Programa de
Plano Ambiental de Gerenciamento de
Monitoramento da Fortalecimento da
Construção Resíduos e Efluentes na
Biota Aquática Agricultura Familiar
Implantação

Programa de
Programa de Supressão Vegetal, Programa de
Controle de Resgate e Monitoramento da
Transporte e Tráfego Manejo de Flora Qualidade da Água

Programa de
Programa de Plano de
Monitoramento
Recuperação
Educação Ambiental da Qualidade do Ar e
de Áreas Degradadas
Meteorologia

Programa de Programa de
Mobilização, Capacitação Programa de Resgate
e Manejo da Monitoramento
e Desmobilização de e Controle de Ruídos
Mão-de-Obra Fauna Terrestre

Programa de Controle Programa de


Programa de das Atividades de Monitoramento ds
Comunicação Social Dragagem Emissões Atmosféricas

Programa de
Prospecção e Resgate
do Patrimônio
Arqueológico

Programa de
Gerenciamento de
Resíduos e Efluentes na
Operação

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AVALIAÇÃO DAS TENDÊNCIAS COM A PRESENÇA OU
AUSÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

Por que projetar e avaliar uma unidade para tratamento de petróleo


produzido na Bacia de Campos.
cenários da área com e sem o
empreendimento A presença destes empreendimentos ala-
vancará a região e as localidades vizinhas,
A finalidade de se fazer essa avaliação é além de contribuir para a melhoria das suas
permitir a visualização, mesmo que aproxi- infraestruturas, em especial da rede viária
mada, das alternativas de cenários ambien- de acesso à região.
tais futuros para a região.
Assim, entende-se que a hipótese de não
Neste caso, consideram-se as tendências de implantação da Siderúrgica Ternium Bra-
transformação do ambiente e das ativida- sil não implicaria a manutenção da atual
des humanas que podem ocorrer na região, paisagem, modo de vida e de ocupação do
em virtude da implantação do empreendi- solo da região. Poderia, contudo, retardar
mento e na hipótese de que este não venha o início das transformações nela previstas,
a se implantar. o que retardaria também as melhorias in-
fraestruturais associadas a essas transfor-
Essa previsão das tendências da qualidade mações.
ambiental compreende o conhecimento do
projeto da Siderúrgica Ternium Brasil jun-
tamente com o diagnóstico ambiental da
Meio Físico
área em questão, prevendo-se, na forma de
Não só o terreno da Siderúrgica Ternium
cenários as situações futuras.
Brasil, mas toda a área do Distrito In-
dustrial e do Complexo do Porto do Açu
Para a realização desta análise serão apre-
é constituída por terras baixas, sujeitas à
sentados dois cenários ambientais. O Ce-
inundação, sendo necessária a elevação
nário sem o empreendimento, ou Cenário
dos terrenos mediante aterro com material
Tendencial prevê transformações futuras
dragado no assoalho marinho, o que acon-
unicamente em função da ação natural e
teceria mesmo sem a implantação especifi-
da evolução das atividades antrópicas hoje
camente deste empreendimento.
existentes na região. E o Cenário com o em-
preendimento ou Cenário Alvo, que pro-
O mesmo acontece com a construção do
jeta de forma integrada as transformações
emissário submarino, uma vez que o Porto
da área de influência do empreendimento,
do Açu já considera a construção de uma
considerando seus impactos e benefícios
estrutura similar, visando o descarte de
em presença das ações de controle, redução
efluentes já tratados, podendo-se prever
de impactos negativos e maximização de
que os empreendimentos que vierem a se
impactos positivos propostos.
instalar no Distrito Industrial também pre-
cisarão deste tipo de infraestrutura.

O Cenário sem a Implantação da Quanto às alterações da qualidade do ar,


Siderúrgica Ternium Brasil entende-se que estas irão ocorrer, em fun-
ção de que os fatores de disponibilidade
A área em que se pretende instalar a Si- existentes na área, são especialmente pro-
derúrgica Ternium Brasil consta no Plano pícios à atração de usinas siderúrgicas (pre-
Diretor do Município de São João da Barra sença do Porto do Açu; disponibilidade de
como Área de Expansão Industrial, na qual minério e carvão; disponibilidade de água;
foi criado por decreto do governo do estado, grandes lotes indústrias e entorno com po-
o Distrito Industrial de São João da Barra, pulação rarefeita e bacia aérea com grande
que está em processo de licenciamento am- capacidade de dispersão de poluentes). Por
biental. Em seu entorno localiza-se a Área conta destes fatores o planejamento do Dis-
Industrial do Porto do Açu, na qual estão trito Industrial de São João da Barra prevê
licenciados para serem implantados uma à instalação no mesmo, de duas usinas side-
usina termoelétrica, um pátio logístico para rúrgicas e um conjunto de outras tipologias
movimentação de diversos tipos de cargas e industriais complementares. Assim, é de se

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 85

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esperar que a área do projeto, mesmo sem Contudo, a ausência da usina siderúrgica
a presença do empreendimento, venha a representaria uma demora na atração de
sofrer transformações na sua qualidade do uma cadeia diversificada de produção de
ar. bens e serviços, que serviria para aumentar
as perspectivas de crescimento econômico e
Meio Biótico desenvolvimento social do município.

A hipótese de não instalação do empreendi- Com relação ao uso do solo, a não implan-
mento e consequente retardo da ocupação tação da Siderúrgica Ternium Brasil pode
industrial da área, poderia gerar pressões desencadear dois processos distintos, a
de ocupação desordenada na mesma. Se- ocupação irregular, conforme comentado
guindo esta linha, os remanescentes de anteriormente, podendo ocorrer uma ex-
vegetação existentes seriam provavelmente pansão da ocupação urbana prevista pelo
suprimidos pelo simples desmatamento Plano Diretor para a área contígua, ou a
para ocupação das áreas, ou para a produ- ocupação desta por outro empreendimen-
ção de lenha e carvão, assim como a fauna to, mantendo sua característica de área
silvestre existente estaria susceptível à caça. industrial.
Sendo assim, essa supressão ocorreria sem
A ocupação irregular levaria a uma especu-
as medidas de resgate de flora e fauna que
lação imobiliária informal, com a transfor-
condicionam o processo de licenciamento e
mação da valoração de hectare rural para
mitigam os impactos de perda de plantas e
o metro quadrado urbano, num processo
animais de valor conservacionista.
estimulado pela tendência de assentamento
No meio marinho, como discutido anterior- próximo ao Porto do Açu, dos contingentes
mente, mesmo que não haja a implantação atraídos pelas oportunidades de emprego
deste empreendimento, já existem na região nas obras já licenciadas para aquela área o
outros empreendimentos em processo de que poderia pressionar o poder público lo-
licenciamento ou em fase de implantação cal a rever a designação industrial da área,
que estabelecerão os mesmo tipos de im- gerando assim conflito com a perspectiva
pactos sobre a biota marinha na região do de implantação do Distrito Industrial. Nes-
Açu. Exemplo disso pode-se citar a ativida- ta hipótese, a manutenção das condições
de de dragagem, que será necessária para de ocupação industrial demandaria da CO-
implantação de todo o Distrito Industrial DIN o controle permanente da área.
de São João da Barra e a ela associados
Já a implantação de outro empreendimento
ocorrerão impactos marinhos.
manteria a característica da área de ocupa-
ção industrial
Meio Socioeconômico
O município de São João da Barra possui
uma subordinação da dinâmica socioeconô-
O Cenário com a Implantação
mica em relação ao município de Campos da Siderúrgica Ternium Brasil
dos Goytacazes (que é caracterizado como
pólo regional de serviços) e, de acordo com O empreendimento consiste na implanta-
os estudos socioeconômicos realizados ção da Siderúrgica Ternium Brasil na área
nestes municípios, essa subordinação não do Distrito Industrial de São João da Barra,
deve se alterar em um cenário tendencial localizado no município de São João da
de curto ou médio prazo. Barra, Estado do Rio de Janeiro.

Entretanto, a implantação dos empreen- Em 2009, estudos elaborados pela LLX -


dimentos já licenciados para a região do Arcadis Tetraplan, sobre cenários de ocu-
Açu poderá, mesmo na ausência da Side- pação do Complexo Industrial e Portuário
rúrgica Ternium Brasil, induzir mudanças do Açu, que inclui o Distrito Industrial de
na dinâmica local, capazes de modificar as São João da Barra, previram a implanta-
perspectivas socioeconômicas de São João ção no Distrito, das tipologias industriais
da Barra, como por exemplo o aumento que poderiam ser atraídas para a região,
da oferta de empregos e da arrecadação de pelas oportunidades estabelecidas pelo
tributos, principalmente durante as obras Porto do Açu e suas facilidades. Entre tais
de implantação destes projetos, que seria tipologias, são previstas duas usinas side-
positivo para o desenvolvimento econômi- rúrgicas. Entende-se que a implantação da
co do município. Siderúrgica Ternium Brasil, representará a

86 | Avaliação das Tendencias com a Presença ou a Ausência do Empreendimento | RIMA

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concretização da trajetória de desenvolvi- Brasil, combinadas a emissões do Porto do
mento regional prevista naqueles estudos, Açu e seu pátio logístico, da unidade de
a qual é compatível com a Política de Pólos tratamento de petróleo e das duas usinas
de Desenvolvimento do Governo do Rio termelétricas localizadas junto ao porto.
de Janeiro, representada em São João da
Barra pela criação do Distrito Industrial. A Os resultados mostraram que as concentra-
implantação da Siderúrgica Ternium Brasil ções na atmosfera, dos principais poluentes
acelera a inserção regional do complexo emitidos em conjunto por estes empreen-
do Porto do Açu, gerando atrativos para dimentos, se mantêm dentro dos limites
a implantação de indústrias complementa- preconizados pela legislação ambiental, à
res, o que torna praticamente irreversível a exceção do Dióxido de Nitrogênio (NO2),
materialização do Distrito Industrial. que apresentou, para concentrações máxi-
mas de 1 hora, em 0,02% do tempo situa-
ções de superação do limite da legislação.
Meio Físico
Contudo, estas situações representam um
Com relação ao aspecto físico da área em
percentual mínimo de desvio, pois das
questão, as alterações no solo e no relevo
21.864 condições horárias de ventos anali-
dizem respeito à indução de processos ero-
sadas (correspondentes ao monitoramento
sivos decorrentes das obras de limpeza do
continuo da região por 2,5 anos), tal su-
terreno e remoção de solo superficial da
peração ocorreu apenas em nove delas, ou
implantação da rede e canais de drenagem
seja: uma violação do padrão em apenas
e da instalação de diques para constituição
0,02% do tempo. Além disto, 95% dos va-
do aterro hidráulico. Essas ocorrerão so-
lores restantes são inferiores à metade do
mente nas áreas estritamente necessárias ao
limite da legislação (320 µg/m3).
desenvolvimento do projeto. Para controle
e acompanhamento destes processos, ações
Quanto às concentrações médias anuais,
específicas são previstas no Plano Ambien-
todos os resultados obtidos na modelagem
tal de Construção (PAC). Deve-se conside-
foram inferiores ao limite da legislação,
rar, ainda, o Projeto do Corredor Verde, que
sendo o valor máximo encontrado de 22,1
atuará na manutenção da qualidade do ar e
µg/m3, portanto inferior a 22% do limite
também na revegetação e recuperação das
máximo estabelecido pela Resolução CO-
áreas degradadas já existentes e daquelas
NAMA 03/1990, que é de 100 µg/m3.
que serão modificadas pelas obras. Em sua
implantação está prevista a reutilização
Ressalva-se ainda que o modelo AERMOD
dos materiais gerados nas operações de
versão Default, utilizado para previsão da
escavação e movimentação de solos.
qualidade do ar, conforme requerido na
Instrução Técnica do INEA, gera resultados
Com base no monitoramento da qualidade
conservadores para o NO2, uma vez que
do ar, que já vem sendo realizado na área do
de fato modela o conjunto dos Óxidos de
Complexo Industrial do Açu, não se espera
Nitrogênio (NOx), dos quais, em realidade,
que as obras da Siderúrgica Ternium Brasil
apenas uma parcela pequena é representa-
ocasionem alteração nas áreas externas ao
da pelo Dióxido de Nitrogênio.
terreno. Para tanto deverão ser adotadas
as medidas de controle previstas no Plano
Os resultados obtidos para os demais po-
Ambiental de Construção – PAC.
luentes emitidos pelo conjunto de projetos
comparados aos limites da legislação am-
As interações mais relevantes do empreen-
biental (Resolução CONAMA 03/1990)
dimento com a qualidade do ar são atri-
são apresentados na Tabela 1.
buídas à fase de operação. A concepção
do projeto, foi realizada considerando a
Com base nos resultados apresentados na
utilização de tecnologias modernas, que
tabela, considera-se que a Siderúrgica Ter-
viabilizam sua instalação em presença dos
nium Brasil em conjunto com os empreen-
empreendimentos já licenciados na região.
dimentos já licenciados, não comprometem
a perspectiva de instalação de novas indús-
Os estudos realizados para previsão de
trias na área, conforme planejado para o
impactos do empreendimento sobre a qua-
Distrito Industrial de São João da Barra,
lidade do ar levaram em conta as condições
desde que estas também adotem projetos
já existentes na região, acrescidas das emis-
e tecnologias adequadas para redução e
sões atmosféricas da Siderúrgica Ternium
controle de suas respectivas emissões.

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 87

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TABELA 1 - RESULTADOS CONJUNTOS DE CONCENTRAÇÕES DE POLUENTES

Siderúrgica Ternium Brasil


VALOR DE REFERÊNCIA +
POLUENTES Empreendimentos Licenciados
Máxima Concentração
Período Limites (µg/m3) % do limite
(µg/m3)
Dióxido de Enxofre (SO2) 1 ano 80 35,4 44%
24 horas 365 168,7 46%
Monóxido de Carbono (CO) 8 horas 10.000 (9ppm) 309 3%
1 hora 40.000 (35ppm) 527,2 1%
Partículas Inaláveis < 10µm (PI) 1 ano 50 34,5 69%
24 horas 150 106,2 71%
Partículas Totais em Suspensão (PTS) 1 ano 80 56,9 71%
24 horas 240 180,7 75%

As obras de implantação e a operação des- incluem a manutenção de veículos e equi-


sa Siderúrgica têm potencial para alterar pamentos, cumprimento de procedimentos
os níveis de ruído na área, porém por estar operacionais específicos e, se necessário,
longe de áreas urbanas e residenciais eles implantação de barreiras acústicas para
serão de baixa magnitude. Os estudos re- os equipamentos com emissões de ruído
alizados mostraram que os ruídos gerados acima dos limites legais.
na fase de operação do empreendimento,
não atingem aglomerados populacionais As lagoas próximas (Salgada, Iquipari e do
podendo, em alguns casos, atingir um li- Veiga) situam-se a cerca de 3km do terreno
mite um pouco acima do padrão, especial- da Ternium Brasil. Os estudos realizados
mente em uma área vizinha ao terreno da no EIA indicam uma baixa velocidade do
Siderúrgica, atualmente desabitada, porém escoamento subterrâneo entre o terreno e
designada no Plano Diretor Municipal estas lagoas. Assim, prevê-se que os efeitos
como área de expansão urbana. Ressalva- da infiltração da água salina no terreno e
se que essa área já apresenta um nível de no lençol freático não devam causar altera-
ruído ambiente elevado em função das suas ções nestes corpos hídricos.
características naturais (ventos constantes
e ruídos do mar), o que a torna menos sen- O aterro hidráulico tem a função de levar
sível a pequenas alterações de nível sonoro para o mar a água que escoa do material
advindas da usina. dragado para a elevação dos terrenos na
área do empreendimento, o que pode gerar
Contudo são previstas ações de controle uma pequena turbidez, mas sem grandes
e mitigação para reduzir os incômodos problemas, uma vez que o material da área
associados à geração de ruídos. Tais ações de empréstimo tem baixo teor de finos e

Foto 1 – Paisagem do Meio físico na região do empreendimento

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na sua retirada naquela área é realizado o A captação de água será feita no rio Para-
despejo controlado do excedente de água íba do Sul, porém cabe ressaltar que esta
da cisterna com material fino. captação não causará competição pelo uso
da água deste corpo hídrico, já que a vazão
O processo acima descrito poderá gerar retirada será cerca de 300 vezes menor do
uma pluma de material fino em suspensão que as vazões mínimas do rio no ponto de
em torno da draga, mas que não irá gerar captação.
maiores interferências no ambiente mari-
nho. Cabe observar que estudos anteriores Com relação à geração e disposição de
realizados nos sedimentos da área de em- resíduos sólidos, foi elaborado um Plano
préstimo marítimo visada indicam que a de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS) ba-
área de dragagem prevista não apresenta seado nas medidas de redução da geração,
contaminação química. reciclagem e recuperação dos resíduos.
Para viabilizar e complementar estes prin-
Outro aspecto é relativo à contaminação de cípios, o PGRS também deve incentivar a
solos e águas subterrâneas por vazamentos segregação dos materiais por meio da co-
acidentais de poluentes no terreno, ou ar- leta seletiva.
mazenamento inadequado de resíduos. Em
função disto, o projeto prevê instalações Assim como previsto para os efluentes
adequadas para evitar tais eventos, bem líquidos, a maior parte dos resíduos indus-
como são previstas ações de controle para triais será reutilizada no próprio processo
garantir a eficácia destas instalações e dos de produção do aço. Os que não puderem
procedimentos operacionais associados. ser reprocessados serão destinados a uma
Central de Resíduos Sólidos (CRS) para
Todo efluente doméstico e industrial será tratamento, retorno ao processo, disposi-
tratado e reutilizado. Quando a reutiliza- ção de forma adequada ou ainda comercia-
ção não for possível eles serão lançados ao lização a terceiros como subprodutos.
mar através de um emissário submarino
que, com extensão de cerca de 5 km, terá Cada tipo de resíduo será armazenado de
a função de afastar estes efluentes da área acordo com as normas técnicas brasileiras
costeira, de forma a não interferir na qua- aplicáveis, de forma a não comprometer
lidade das praias. sua segregação e a assegurar a integridade
dos recipientes de armazenagem para mini-
Como medida de acompanhamento e con- mizar o risco de contaminação.
trole da qualidade da água do mar, das
lagoas e do lençol freático, para elucidação
Meio Biótico
dos possíveis impactos decorrentes da im-
plantação e operação do empreendimento, A fauna existente na área do empreendi-
o EIA propõe a realização de Programa mento sofrerá perda de habitats no mo-
de Monitoramento da Qualidade da Água mento da construção da Siderúrgica Ter-
durante ambas as fases. nium Brasil e das obras de infraestruturas
terrestres. Alguns grupos eventualmente
Para implantação da primeira fase do em-
adaptam-se ao convívio com o ser humano;
preendimento não será realizado aterro
no entanto, a maioria dos grupos deverá
hidráulico, estando previsto que o aterro
buscar abrigo em áreas próximas. Outros,
necessário seja feito com material do pró-
demandarão cuidados especiais por não
prio terreno. Na área onde será retirado
possuírem a necessária mobilidade, sendo
este material será criado um lago, formado
necessário nesses casos, a adoção de pro-
pela exposição do afloramento do lençol
cedimentos de resgate e manejo, a partir
freático.
da implantação de Programa de Resgate e
Manejo da Fauna Terrestre.
Este lago artificial será incorporado ao pai-
sagismo do empreendimento sendo dotado
Contudo, deve-se ressaltar a baixa ocor-
de proteção que impeça o carreamento
rência de animais silvestres na Área Direta-
para esse lago de drenagens contaminadas
mente Afetada, por se tratar de um ambiente
e também de quaisquer drenagens pluviais
alterado por uso agrícola e pecuário. Como
da área do empreendimento. A manuten-
indicado no mapa de fitofisionomias, que
ção de sua qualidade e revegetação de seu
se encontra no Capítulo 4 da Caracteriza-
entorno representarão um ganho ecológico
ção Ambiental (Figura 6), cerca de 64%
para a área, por constituir ambiente propí-
da área do terreno prevista para ter sua
cio à atração de fauna.

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vegetação suprimida apresenta-se bastante vista disto, tem sido desenvolvido desde
degradada e caracterizada por pastagens e outubro de 2007, antes mesmo do início
cultivos agrícolas diversos. das obras do porto do Açu, programas vol-
tados à proteção de flora e fauna da região,
De todo modo, cabe ressalvar a ocorrência mediante ações de resgate e monitoramento
na região, do lagarto-do-rabo-verde espécie de vegetação e da fauna silvestre, incluindo
que vive exclusivamente em ambientes de um programa específico para manejo do
restinga e em torno de campos e pastagens lagarto-do-rabo-verde (Foto 2).
da região.
No ambiente marinho, ocorrerá a diminui-
Toda a área prevista para o Complexo ção de fauna bentônica, de forma locali-
Portuário e Industrial do Açu possui signi- zada, na área a ser dragada e no corredor
ficativa sensibilidade ao meio biótico . Em do assoalho marinho onde será enterrado o

Foto 2 - Lagarto-do-rabo-verde

emissário submarino, o que torna este im- tervenções marítimas na região. Desta for-
pacto de baixa magnitude já que as áreas ma, caberá à Siderúrgica Ternium Brasil, a
impactadas, possuem fundo arenoso com execução deste programa quando da reali-
baixa concentração de comunidades bióti- zação das suas atividades de dragagem.
cas. Contudo, é previsto o monitoramento
das áreas sujeitas a intervenção. Meio Socioeconômico
O litoral de São João da Barra, incluindo O planejamento de implantação do empre-
a praia do Açu, é área de desova de tarta- endimento gera expectativas na comunida-
rugas marinhas, motivo pelo qual constitui de local desde que são divulgadas as pri-
ambiente sensível pela possibilidade de meiras informações sobre a intenção de se
interferência das obras de dragagem com implantar um empreendimento de grande
a dinâmica destes animais. Este fator tam- porte, como é o caso da Siderúrgica Ter-
bém já é alvo de um programa específico, nium Brasil. Este processo tende a adquirir
aprovado pelo Projeto TAMAR, que vem intensidade maior à medida que se aproxi-
sendo desenvolvido desde o inicio das dra- ma o licenciamento ambiental e o início das
gagens do Porto do Açu, o qual consiste obras. Um fator de expectativa positiva da
no monitoramento de desova de tartarugas população em relação ao empreendimento
nas praias desde o Farol de São Tomé até diz respeito ao desenvolvimento profissio-
a foz do rio Paraíba do Sul, englobando a nal dos jovens, integrando-os ao processo
praia do Açu. de desenvolvimento induzido pelo empre-
endimento. Por outro lado, para os peque-
Está previsto no próprio escopo do pro-
nos agricultores locais, que dependem da
grama, que ele se mantenha em execução
força de trabalho dos jovens para realizar
durante as obras marítimas de todos os
sua produção, esta perspectiva constitui
empreendimentos que vierem a realizar in-
uma interferência negativa.

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Na fase de implantação da Siderúrgica Nestes casos, deverão ser adotadas me-
Ternium Brasil haverá restrições a algumas didas de mitigação das interferências da
áreas de pesca, em função do estabeleci- atividade de dragagem sobre a atividade
mento de áreas de segurança associadas pesqueira como ações de educação ambien-
à atividade de dragagem e das faixas de tal e de conscientização para as questões de
assentamento do emissário submarino, segurança no mar, bem como de comunica-
estabelecendo interferências sobre as dinâ- ção com os pescadores para divulgação da
micas das pescarias de arrasto praticadas dinâmica da dragagem e acompanhamento
ao longo da faixa litorânea que se estende da convivência desta com a pesca da re-
de São Francisco de Itabapoana à Campos gião. Além disto, prevê-se o treinamento
dos Goytacazes. ambiental dos tripulantes responsáveis
pela navegação da draga.
Da atuação da draga resultará ainda a
perda temporária de áreas de pesca de ca- Durante as obras de implantação do em-
marão, além de existir a possibilidade da preendimento com as atividades de ter-
draga atingir aparelhos de pesca flutuantes, raplanagem e escavação podem ocorrer
como espinhéis e redes, lançados na rota danos a eventuais remanescentes arqueo-
de movimentação da draga entre a jazida lógicos que porventura existam na área.
marinha e a monobóia. Porém, de acordo com o Diagnóstico do

Foto 3 – Moradores transitando pelo acostamento da Rodovia RJ-240

Potencial Arqueológico da Área de Influ- Em contrapartida, as oportunidades de


ência do Empreendimento, são pequenas emprego e negócios associados ao empre-
as possibilidades de ali serem encontrados endimento representam um importante
vestígios de interesse ao patrimônio arque- impacto positivo, principalmente conside-
ológico da área em estudo. De toda forma, rando o grau de insipiência da economia
está previsto que antes do início das obras local e o baixo padrão de qualidade de vida
seja realizada uma campanha de pesquisa da população. Prevê-se como principais
arqueológica intensiva, visando confirmar desdobramentos destas oportunidades,
a avaliação inicial ou promover as medidas a ascensão social e mudança de padrão
de resgate necessárias . econômico da população de São João da
Barra.
Quanto às potenciais modificações na es-
trutura social do município de São João A implantação da Siderúrgica Ternuim
da Barra, associadas ao empreendimento, Brasil no Distrito Industrial irá contribuir
avalia-se que estas impliquem impactos para a dinamização da economia local, em
negativos, decorrentes do aumento de flu- função da ampliação da demanda por ser-
xo migratório para a região. O aumento viços e comércio, com consequente aumen-
acelerado da população local poderá gerar to na receita tributária direta do município
pressões de ocupação desordenada com au- de São João da Barra e do estado do Rio
mento do risco social e aumento da pressão de Janeiro.
sobre oferta de serviços públicos.

RIMA | Relatório de Impacto Ambiental - Siderúrgica Ternium Brasil | 91

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O cenário futuro quanto à dinâmica ter- Durante a operação da Siderúrgica Ternium
ritorial local já apresenta mudanças nos Brasil serão utilizadas as malhas viárias do
padrões de valorização das terras do 5o Distrito Industrial que a essa altura já deve-
Distrito e do município de São João da Bar- rá estar implantado. Cabe ressaltar que na
ra, provocado desde o anúncio da chegada fase de operação, o minério consumido pela
do Porto do Açu e agora aumentado com a Siderúrgica, será suprido pelas instalações
notícia da implantação do Distrito Indus- vizinhas do pátio de minério do Porto do
trial, sendo esta a tendência do mercado Açu, onde chega através de um mineroduto
imobiliário. e daí até o pátio da siderúrgica, seguirá por
correias transportadoras.
Uma questão importante associada às
mudanças induzidas pelo empreendimen- Pelo exposto, se verifica que os aspectos
to é o aumento do risco de acidentes de técnicos, ambientais e legais apontam a
trânsito (Foto 3), principalmente durante área prevista para a instalação da Siderúr-
a fase de implantação do empreendimento, gica Ternium Brasil como viável para re-
enquanto não ocorrido as melhorias de in- ceber este tipo de indústria, considerando
fraestrutura viária previstas no projeto do ainda as vantagens locacionais decorrentes
Distrito Industrial. Nesta fase os transpor- dos instrumentos de ordenamento legal da
tes associados à obra da Siderúrgica serão área, já discutidos.
realizados pela malha viária atual que, no
trecho que liga a área das obras à BR-101,
já passou por melhorias para receber o trá-
fego de construção do Porto do Açu.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Relatório de Impacto Ambiental apre- possibilitará que, os impactos sobre


sentou de forma sintética, o estudo para a flora e a fauna sejam mitigados por
o licenciamento ambiental da Siderúrgica meio de programas de resgate e de ma-
Ternium Brasil, no Distrito Industrial de nejo de espécies, de produção de mudas,
São João da Barra/RJ. de replantio vegetal, por exemplo. Esses
programas já vêm sendo adotados como
De acordo com o que foi apresentado, to- condicionantes do licenciamento de
mando-se o cenário que prevê a implanta- novos projetos naquela área e serão ca-
ção da Siderúrgica, pode-se concluir que: pazes de gerar benefícios ambientais em
relação ao cenário tendencial (evolução
f A implantação dessa Siderúrgica é to- da área sem o empreendimento).
talmente compatível com o plano de
desenvolvimento previsto para a área. f O desempenho ambiental do empreen-
dimento previsto e avaliado neste estu-
f Em função dos critérios de tecnologia do é decorrente da concepção de projeto
e projeto previstos, a Siderúrgica Ter- prevista e das medidas de redução de
nium Brasil em conjunto com todos os impactos planejadas no EIA.
demais empreendimentos já licenciados
para o complexo do Porto do Açu, não f Tendo em vista que as formas de uso
impedem que novas indústrias se insta- urbano do entorno do empreendimento
lem na área desde que também utilizem previstas no Plano Diretor de São João
tecnologias modernas de produção e de da Barra ainda não se concretizaram,
controle de emissões atmosféricas. é recomendável uma reanálise da cate-
goria de uso na vizinhança imediata do
f O empreendimento cria oportunidades empreendimento a fim de evitar futuros
expressas de geração de empregos e ne- conflitos entre os usos urbanos e indus-
gócios locais, o que pode ser maximizado triais que venham a se estabelecer nessa
por programas de divulgação, de capaci- área.
tação de mão de obra e qualificação téc-
nica, de comunicação social e educação Portanto, a implantação da Siderúrgica
ambiental, durante as diferentes fases de Ternium Brasil baseada na tecnologia pro-
sua implantação e operação. posta, implementando os controles previs-
tos é considerada ambientalmente viável
f A modificação do uso do terreno da para a região.
Siderúrgica Ternium Brasil, feita no
contexto do Licenciamento Ambiental,

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EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO
EIA /RIMA

96 | Considerações Finais | RIMA

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98 | Considerações Finais | RIMA

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