Recurso BORGHEZAN & MICHELS

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Remo remor BORGHEZAN

Advogado

ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA


DE RECURSOS DE INFRAÇÕES (JARI) DE SÃO JOSÉ DO ESTADO DE SANTA
CATARINA.

Processo Administrativo nº 178802/2023

ADILSON RAUL DE MELO, brasileiro, casado, aposentado,


inscrito no CPF sob o nº. 245.200.479-00, portador da CNH
sob o nº 02300637075/SC, residente e domiciliado à Rua
Henrique Alvim Correa, nº 1758, bairro Areias, cidade de São
José/SC, CEP: 88113-830, vem respeitosamente à presença de
Vossa Senhoria, por seu procurador Remo Remor
Borghezan, brasileiro, advogado, inscrito na OAB/SC nº.
32.242, com endereço profissional à Rodovia BR 101, km
207, sala 111, Bairro Kobrasol, São José/SC, ut instrumento
anexo, com fundamento na Lei nº 9.503/97, apresentar
RECURSO ADMINISTRATIVO, pelas razões que passa a
expor:

De acordo com a notificação expedida por este órgão, o


Requerente teria infringido os termos do art. 261, II do CTB, razão pela qual, o r. Delegado
aplicou a penalidade de 12 (doze) meses de suspensão em sua CNH. Todavia, o referido
processo merece ressalvas, senão vejamos.

Rodovia BR 101, km 207, MundoCar Mais Shopping, Sala 111, Bairro Kobrasol, São José/SC, CEP 88.103800
Fone: (48) 3034 9484. E-mail: [email protected]

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Advogado

I – DO CERCEAMENTO DE DEFESA:

Com efeito, o processo administrativo em análise merece ser


considerado inconsistente, porque ausentes as formalidades necessárias para o trâmite do
feito, violando, por conseguinte, o princípio do devido processo legal.

Nobre Delegado, é sabido, ressabido e consabido que o ônus


da prova é de quem alega os fatos constitutivos de seu direito1, ou seja, cabe a
administração pública, ao instaurar PSDD provar que as infrações ativas no prontuário
do condutor foram aplicadas em consonância com os ditames da legislação.

Diante desse cenário, e não menos importante, é instruir o


processo administrativo com todos os documentos que comprovam, no mínimo, a
notificação valida do AIT e da PENALIDADE, ao condutor que está respondendo o
presente.

Inclusive, o próprio STJ ao editar a Súmula 312, foi muito


claro ao transcorrer que “No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são
necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.”

Observando os parcos documentos que estribam o processo


administrativo nº. 178802/2023, não vislumbramos qualquer AR referente a notificação de
autuação, penalidade e do julgamento pela JARI, na infração de trânsito autuada sob o nº.
T185868657, o que certamente acarretou o cerceamento de defesa do Requerente.

Repita-se que, não há qualquer menção de notificação,


estando no dossiê apenas a expedição de edital para que o Requerente pudesse tomar
conhecimento e apresentar suas defesas, bem como, o verdadeiro condutor na ocasião.

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Art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil

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Inclusive, no próprio dossiê colacionado pelo órgão


competente no presente PSDD, não vislumbramos qualquer recebimento de AR’s, pelo
contrário, informa que foi expedido, contudo não há entregas, como vejamos:

Assim, sem dúvidas houve cerceada a defesa do Requerente,


uma vez que não foi assegurada a sua ciência, e, portanto, não teve a oportunidade de
exercer a ampla defesa e o contraditório, princípios constitucionais, na infração de trânsito
que estribou a abertura do Processo Administrativo.

Por esse motivo, não é aceitável que a infração que sequer o


Requerente tomou conhecimento, tragam prejuízos por razão única de ‘erro’ da
administração pública.

De outra sorte, caso entenda de modo adverso, que o Nobre


Julgador se digne a baixar em diligencia, solicitando a comprovação de notificação válida
de todas as infrações de trânsito descritas no processo, afim de evitar ainda mais prejuízos
ao direito do Requerente.

III – DO ATUAL ENTENDIMENTO DO CETRAN/SC:

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Diante da alta demanda de processos administrativos abertos


em face do cidadão por excesso de pontuação na Carteira de Habilitação, pertinente
mencionar acerca do atual entendimento do CETRAN/SC.

Isto porque, como se sabe, a legislação de trânsito deve ser


observada e aplicada nos casos concretos, o que não tem ocorrido quando da abertura da
maioria dos processos para suspender a CNH.

Em verdade, cerifica-se em muitos processos a existência de


infrações autuadas por órgãos federais como PRF ou DNIT, por exemplo, as quais não são
devidamente cientificadas ao interessado, o que abre precedente para nulidade da respectiva
infração.

O CETRAN/SC possui consolidado entendimento de que a


ausência de notificação de cada infração ao real destinatário importa na anulação do auto, e,
por consequência, deve se proceder ao arquivamento do processo administrativo de
suspensão do direito de dirigir, quando ensejado por infrações não cientificadas ao
interessado à época do suposto cometimento.

Neste sentido, segue trecho de recente decisão do


CETRAN/SC proferida no processo administrativo nº 141207/2016, oriundo deste órgão de
trânsito, 1ª DRP, a qual teve como resultado o deferimento do recurso:

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Isto posto, é inegável que a ausência de notificação das


infrações – como é o caso do presente - deve ser considerada para efeitos de anulação do
processo, de modo que a Nobre Julgadora pode observar desde já o vício, evitando-se
delongas e futuros recursos a serem interpostos pela Requerente, e, principalmente, visando
a celeridade dos processos e a economia de trabalho dos servidores envolvidos nos trâmites
administrativos, quiçá, culminando na economia do dinheiro dos cofres públicos.

IV – DA INFRAÇÃO DE TRÂNSITO E DA ABERTURA DO PROCESSO DE


SUSPENSÃO DA CNH:

Caso ultrapassado o pedido acima, o que não se acredita, por


apegos as debates, conforme observamos do processo administrativo em comento, o
Requerente foi autuado em 13/09/2019, por supostamente “RECUSAR SUBMETER TESTE/EX
CLIN/PERIC/PROC FORMA ART 277CTB”.

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Da referida infração, o Requerente promoveu defesa, ocasião


que o órgão competente, decidiu por aplicar a penalidade de multa em dezembro de 2020.

Diante desse fato, é incontroverso que fora perfectibilizado a


aplicação da penalidade de multa em decorrência de infração de trânsito em comento.

Contudo, não podemos olvidar que a época do cometimento


da suposta infração de trânsito, o órgão autuador deveria promover a abertura do Processo
de Suspensão do Direito de Dirigir CONCOMITANTEMENTE com o processo de
aplicação da penalidade de multa, conforme vejamos:

Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta


nos seguintes casos:
(...)
II - por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas
infrações preveem, de forma específica, a penalidade de suspensão do
direito de dirigir.
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de
dirigir são os seguintes:
II - no caso do inciso II do caput : de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto
para as infrações com prazo descrito no dispositivo infracional, e, no
caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18
(dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II do art. 263.

(...)

§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir referente ao inciso II


do caput deste artigo deverá ser instaurado CONCOMITANTEMENTE
com o processo de aplicação da penalidade de multa. (Redação dada
pela Lei 13.281, de 2016)

Hoje, apenas para fins de comparação, a redação do §10º do


art. 261 do CTB, fora alterada (conforme Lei n. 14.071/2020) para constar:

§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir a que se refere o


inciso II do caput deste artigo deverá ser instaurado

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CONCOMITANTEMENTE ao processo de aplicação da penalidade de


multa, e ambos serão de competência do órgão ou entidade responsável
pela aplicação da multa, na forma definida pelo Contran. (Redação
dada pela Lei nº 14.071, de 2020)

Pois bem. Apesar da transcrição legal acima, a realidade do


Processo Administrativo n. 178802/2023 é deveras divergente. Isso porque, conforme
podemos verificar na Portaria de Instauração, o mesmo fora autuado apenas em 01 de
março do ano de 2023, sendo o Requerente notificado, pelo correio, em 30 de março do
mesmo ano, conforme se verifica:

Perceba-se, apenas conferindo as datas disponibilizadas no


próprio procedimento administrativo, que o Requerente foi notificado do processo de
suspensão do direito de dirigir (PSDD), passados praticamente 04 (quatro) anos do
cometimento da infração que estribou o procedimento administrativo, ou seja, de forma
divergente ao preconizado na legislação de trânsito.

Assim, considerando que o Código de Trânsito Brasileiro já


previa em 2016 que o “processo de suspensão do direito de dirigir referente ao inciso II do
caput do artigo deverá ser instaurado CONCOMITANTEMENTE com o processo de

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aplicação da penalidade de multa” (art. 261, §10º), e, considerando também, que o


procedimento 178802/2023 fora proposto 04 (quatro) anos após a data da infração de
trânsito imposta, pode-se presumir que o referido procedimento fora autuado em total
dissonância para com o procedimento previsto na Legislação Específica (CTB e
RESOLUÇÃO CONTRAN).

IV – DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, se requer inicialmente o arquivamento do


PSDD, uma vez que não foi oportunizada ao direito de defesa sobre a infração autuada sob
o nº. T185868657, não tendo conhecimento o Requerente sobre a imputação, tampouco a
publicação em edital, que é medida processual, ocasião que deverá ser anulada os pontos,
não havendo necessidade do prosseguimento processual;

Ultrapassado o pedido acima, o que não se acredita, pugna


pela declaração da decadência em instaurar o PSDD, já que a multa de trânsito que estribou
o presente processo administrativo traz como penalidade a suspensão do direito de dirigir e,
nos termos do art. 261, §10, o órgão correspondente deveria instaurar os processos de
forma concomitantemente, o que não o fez.

Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de provas


admitidos em direito e cabíveis à espécie, em especial a documental já inclusa e
testemunhal, se necessário for.

Termos em que pede e


Espera deferimento.

São José/SC, 09 de maio de 2024.


REMO REMOR Assinado de forma digital
por REMO REMOR
BORGHEZAN:052 BORGHEZAN:05283837955
Dados: 2024.05.09 16:04:40
83837955 -03'00'
Remo Remor Borghezan
OAB\SC 32.242

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