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DNIT

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

ANALISTA ADMINISTRATIVO:
ADMINISTRAÇÃO
DISCIPLINAS

Conhecimentos Gerais:
- Língua Portuguesa;
- Raciocínio Lógico-Matemático;
- Noções de Administração Pública;
Conhecimentos Específicos.

ENSINO SUPERIOR
S Edição elaborada conforme o Edital nº 1/
DNIT, de 22 de Novembro de 2023

CURSO ONLINE
Brinde: Curso Online de Redação
Discursiva com a Prof. Marilza de Oliveira
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divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

DNIT
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES

Analista Administrativo
Administração

Brasília/DF
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© APCON Editora Ltda-ME.


Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998.
Proibida a reprodução de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por
escrito do autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos,
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proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas.

Título: Apostila DNIT - Analista Administrativo – Administração

Autores: Diversos
DIRETORIA EXECUTIVA
Ivanildo Nunes/Tiana Adília
PRODUÇÃO EDITORIAL
Gessié Correia

CAPA/ILUSTRAÇÃO
Josué Correia

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Souza Nunes
Tiana Adília
Josué Correia

DISTRIBUIÇÃO
Benícia Antunes
Brasília/DF

Setor Norte AC 219 Conjunto C, Lote 21 - Loja 02


Santa Maria - Brasília-DF, CEP: 72549-315
Fone: (61) 3046-8844
www.grupoapcon.com.br
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Língua Portuguesa (Prof. Marcelo Pimentel)

LÍNGUA
PORTUGUESA
SUMÁRIO:
Interpretação e compreensão de texto ............................................................................... 03
Organização estrutural dos textos ...................................................................................... 05
Marcas de textualidade: coesão, coerência e intertextualidade ......................................... 08
Modos de organização discursiva: descrição, narração, exposição, argumentação e injun-
ção; características específicas de cada modo ................................................................... 09
Tipos textuais: informativo, publicitário, propagandístico, normativo, didático e divinatório;
características específicas de cada tipo .............................................................................. 07
Textos literários e não literários ........................................................................................ 21
Tipologia da frase portuguesa ........................................................................................... 11
Estrutura da frase portuguesa: operações de deslocamento, substituição, modificação e cor-
reção .................................................................................................................................. 12
Problemas estruturais das frases ........................................................................................ 12
Norma culta ....................................................................................................................... 23
Pontuação e sinais gráficos ............................................................................................... 61
Organização sintática das frases: termos e orações. Ordem direta e inversa ..................... 53
Tipos de discurso ............................................................................................................... 07
Registros de linguagem. Funções da linguagem ............................................................... 16
Elementos dos atos de comunicação ................................................................................. 15
Estrutura e formação de palavras. Formas de abreviação .................................................. 31
Classes de palavras; os aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e textuais de substan-
tivos, adjetivos, artigos, numerais, pronomes, verbos, advérbios, conjunções e interjeições;
os modalizadores ............................................................................................................... 34
Semântica: sentido próprio e figurado; antônimos, sinônimos, parônimos e hiperônimos.
Polissemia e ambiguidade ................................................................................................. 69
Os dicionários: tipos; a organização de verbetes ............................................................... 13
Vocabulário: neologismos, arcaísmos, estrangeirismos; latinismos .................................. 13
Ortografia e acentuação gráfica ..................................................................................... 23/28
A crase ............................................................................................................................... 72
Redação oficial na administração pública federal ........................ à parte, logo na sequência

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1. INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE Observe outro exemplo:
TEXTO Cristovam Buarque é honesto, apesar de ser políti-
Introdução co.
A interpretação de textos é bastante comum em A partir da frase, é possível afirmar que:
provas de concursos e de vestibulares. A grande dificul- A) para ser honesto, é preciso ser político.
dade vem da falta de treinamento. As pessoas têm pouca B) político não é honesto.
disposição em mergulhar no texto; elas conseguem, ob- C) para ser político, é preciso ser honesto.
viamente, lê-lo, mas não aprofundam a leitura, não ex- D) Cristovam Buarque é honesto, mas não é político.
traem dele aquelas informações que uma leitura superfi-
cial apresenta. ERROS CLÁSSICOS
Não há uma “teoria” infalível ou uma “técnica”
Interpretar um texto significa compreender as ideias
precisa para se interpretar um texto, tampouco há “mace- nele contidas, para chegar à mensagem que ele nos pro-
tes” ou “fórmulas mágicas”. O importante mesmo é a põe. Quando não observamos, atentamente, a proposta
prática: a leitura atenta, procurando buscar a ideia cen-
do examinador ou quando não entendemos algumas in-
tral, os argumentos de apoio, a percepção do encadea-
formações do texto, podemos cometer três tipos de erros
mento de informações, o domínio vocabular, o conheci-
na interpretação: extrapolação, redução e contradição.
mento do significado das palavras.
Não tenha medo da interpretação de textos. Como EXTRAPOLAÇÃO: dizer mais que o texto, genera-
qualquer outra atividade intelectual, ela pede paciência e lizar o que é particular.
boa vontade. Não tente fazê-la apressadamente, pois isso Ex.: Suponha que o texto traga a seguinte assertiva:
prejudicará o seu estudo.
Os jogadores brasileiros Romário, Ronaldinho e
ENTENDENDO O TEXTO Ronaldão são grandes craques.
ANÁLISE: consiste na capacidade de desdobra- Agora, suponha que uma questão traga a seguinte
mento do material, percebendo-se as inter-relações e os afirmativa:
modos de organização, compreendendo a percepção da
estrutura do texto, das partes que o compõem (parágrafo, Os jogadores brasileiros são craques.
estrofes), a relação de ideias básicas e os tipos de racio-
A afirmativa é falsa, porque o texto diz que aqueles
cínio, a verificação do tipo de linguagem.
três jogadores são craques. A questão diz que todos os
INTERPRETAÇÃO: pressupõe a compreensão jogadores brasileiros são craques. Portanto houve extra-
atenta do texto, tendo a noção do conjunto, a compreen- polação.
são das relações entre os textos. REDUÇÃO: particularizar o que é geral, ou seja,
INTELECÇÃO: é a compreensão, o entendimento ater-se, apenas, a uma parte, esquecendo outras impor-
do que, realmente, está escrito. tantes.
SÍNTESE: é a capacidade de colocar, em ordem, os Ex.: No texto, ocorre a seguinte afirmativa:
pensamentos do autor, de resumir as ideias, de identificar
O esporte dá prazer, por isso deve ser praticado.
a ideia central ou os tópicos.
Na questão, ocorre a seguinte afirmativa:
INFERIR E AFIRMAR
INFERÊNCIA: é uma possibilidade que não, neces- Quando se pratica bem, o esporte dá prazer.
sariamente, se confirma e que depende, para ser válida, A afirmativa de questão é falsa, visto que o texto
de um indício, de uma pista, de fatos subentendidos. É diz que o esporte dá prazer e não condicionou isso a um
uma certeza relativa. Por exemplo, se ouço um latido, determinado modo de praticá-lo. Portanto ocorreu redu-
infiro a existência de um cão, mesmo que não o veja. ção.
AFIRMAÇÃO: é uma certeza absoluta que, sempre, CONTRADIÇÃO: é o mais comum dos erros, pois
se confirma e que só depende de fatos explícitos ou de consiste no entendimento oposto às informações do tex-
pressupostos. Por exemplo, para afirmar que um latido é to, ou seja, chegamos a uma conclusão que se contrapõe
de um cão, é preciso vê-lo, latindo. ao texto, associando ideias que não se relacionam entre
Analise o seguinte exemplo: si. Contrariando o texto, omitindo passagens importan-
tes, fugindo do sentido original do texto.
- Nossa! Como você ficou bonita!
A partir do texto julgue os itens. Ex.: O texto diz:

A) Podemos afirmar que ela não era bonita. O homem ateu, na hora do perigo, lembra-se de
B) É possível inferir que ela estava feia. Deus.
C) Pode-se afirmar que ela estava feia. A questão diz:
D) O texto permite afirmar que ela não estava bonita.
O homem é ateu, porque, na hora do perigo, se
lembra de Deus.

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A afirmativa da questão é falsa, uma vez que o texto to é, sempre, a reescritura de um texto já existente – com
diz que o homem, embora ateu, na hora do perigo se outra ordem, com outro discurso, com outra voz, com
lembra de Deus. A questão diz que o homem é ateu, outras palavras. É uma espécie de “tradução” dentro da
porque, se lembra de Deus. Portanto ocorreu contradi- própria língua.
ção.
Ex.: a) Grande parte de nossas vidas transcorre
em locais de trabalho.
COMO LER E ENTENDER O TEXTO
b) Em locais de trabalho, grande parte de
Sugerimos que, ao interpretar um texto, procure fa- nossas vidas transcorre.
zer dois tipos de leitura.
PERÍFRASE
LEITURA INFORMATIVA: primeira leitura, cor-
rente, sem interpretação, para que se tenha o conheci- Perífrase consiste no uso de palavras ou de frases
mento do conteúdo do conjunto textual, sem a preocupa- que se empregam em lugar do termo próprio: ou por não
ção com os pormenores do texto, com a finalidade de haver esse termo ou por qualquer motivo de convergên-
tomar conhecimento do assunto como um todo. cia. A perífrase, em síntese, caracteriza-se como um cir-
cunlóquio, ou seja, um rodeio de palavras e de informa-
LEITURA INTERPRETATIVA: leitura detalhada, ções, para dizer ou definir algo.
em que se busca associar ideias, em que se procura reco-
nhecer a capacidade de compreensão, a análise, a síntese Ex.: Só estarei entregando o livro a você amanhã,
das informações. A leitura interpretativa divide-se em: em vez de Só entregarei.
a) leitura seletiva: é aquela em que procuramos
SIGNO LINGUÍSTICO
identificar, dentro de cada parágrafo, a palavra-chave,
pois é, em torno dela, que o autor, normalmente desen- O signo linguístico (palavra), além de uma parte so-
volve a ideia principal. A palavra-chave situa-se na sen- nora, deve conter um significado, deve comportar uma
tença-tópico, que, quase sempre, é a primeira frase do ideia.
parágrafo.
b) leitura crítica: é um tipo de leitura que exige do Portanto o signo linguístico constitui-se de duas
leitor uma visão abrangente em torno do assunto que está partes:
sendo focalizado. Ler criticamente significa reconhecer a a) significante: o lado material do signo, formado
pertinência dos conteúdos apresentados, tendo, como ba- de sons (na língua falada) ou de letras (na língua escrita).
se, o ponto de vista do autor e a relação entre este e as b) significado: o lado imaterial do signo, a ideia
sentenças-tópico. Essa pertinência é que permite estabe- que aqueles fonemas ou letras transmitem.
lecer uma hierarquia entre a ideia mais abrangente e as
que a subsidiam. POLISSEMIA

CAMPO SEMÂNTICO Dá-se o nome de polissemia à capacidade de a pa-


lavra assumir vários sentidos, ou seja, um significante
O campo semântico é constituído de palavras que remete-nos a vários significados.
pertencem ao mesmo universo de significação. Pode–se
depreender que o campo semântico está ligado, direta- Exemplo:
mente, à significação das palavras e expressões do texto. A palavra linha (significante) pode ter vários signi-
O contexto, em muitas vezes, às ajudará você a ficados:
identificar os sinônimos de tais palavras, por isso procu- • Fio usado na costura;
re buscar a acepção que melhor se encaixe no contexto. • Trilho de trem;
CAMPO LEXICAL • Riscos no caderno ou no livro;
É o conjunto de vocábulos empregados, para desig- • Meio de comunicação (linha telefônica);
nar, para qualificar, para caracterizar, para dar significa- • Trajeto (linha de ônibus).
do a uma noção, a uma atividade, a uma técnica, a uma
pessoa. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Observações: DENOTAÇÃO: consiste em utilizar o signo no seu


sentido próprio e único, que não permite mais de uma in-
1. No campo semântico: destaque as palavras cujo terpretação.
significado, inicialmente, seja desconhecido. O contexto,
em muitas vezes, ajudará você na identificação dos sinô- CONOTAÇÃO: consiste em atribuir novos signifi-
nimos dos antônimos dessas palavras. cados ao valor denotativo do signo.
2. No campo lexical: busque, em cada parágrafo, a Ex.: Tiana ganhou do marido uma aliança de ouro.
palavra-chave, a que traga o núcleo da ideia apresentada
pelo autor. A palavra ouro está empregada como metal, ou se-
ja, foi usada em sentido próprio, denotativo.
PARÁFRASE Ex.: Tiana tem um coração de ouro.
A paráfrase é um texto que procura tornar, mais cla-
ro e objetivo, aquilo que se disse em outro texto. Portan-

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O que se quer dizer é que Tiana tem um bom cora- posição. A escolha do vocabulário pode determinar o
ção, é uma pessoa generosa. A palavra ouro está, pois, tom do texto e é fundamental para adequá-lo ao público-
empregada em seu sentido conotativo. alvo.
4) Sinais de Pontuação:
1.1. ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS A pontuação atua como sinalização em um texto,
TEXTOS indicando pausas, ênfases e relações entre as ideias. Vír-
gulas, pontos finais, pontos de interrogação e exclama-
Todo texto, seja ele literário, acadêmico, jornalísti-
ção, entre outros, têm o poder de alterar completamente
co ou de qualquer outro gênero, apresenta uma organiza-
o sentido de uma frase. Usados adequadamente, eles
ção estrutural que contribui para a compreensão e inter-
contribuem para a clareza e fluidez da mensagem.
pretação da mensagem que o autor deseja transmitir. Esta
organização não é apenas um detalhe, mas um aspecto 5) Gêneros Textuais:
fundamental que determina a clareza, coesão e coerência
O gênero textual define as características e a orga-
de um texto. A organização estrutural refere-se à maneira
nização de um texto. Por exemplo, uma carta possui uma
como as ideias são apresentadas e conectadas, permitin-
estrutura diferente de um artigo de opinião ou de uma
do ao leitor acompanhar o raciocínio do autor de forma
crônica. Cada gênero tem suas convenções e expectati-
lógica e ordenada.
vas, e conhecê-las permite ao escritor se comunicar de
A estrutura textual é uma combinação de elementos, maneira mais eficaz com seu público.
tais como parágrafos, frases, palavras e sinais de pontua-
ção. Mas vai além disso, envolvendo também a escolha 6) Sequência de Ideias:
de gêneros textuais, a sequência de ideias, o uso de ar- Um texto bem organizado apresenta uma sequência
gumentos e exemplos, entre outros aspectos. A maneira lógica e coerente de ideias. Esta sequência pode ser cro-
como um texto é estruturado pode facilitar ou dificultar a nológica, temática, causal, entre outras. O importante é
compreensão do leitor, influenciar a persuasão e até que haja uma progressão que guie o leitor desde a intro-
mesmo determinar se o texto é considerado bom ou dução até a conclusão.
ruim.
7) Argumentos e Exemplos:
Alguns gêneros possuem estruturas mais fixas, co-
mo é o caso de artigos científicos que seguem o padrão Para fortalecer a mensagem ou persuadir o leitor, os
IMRD (Introdução, Métodos, Resultados e Discussão). textos muitas vezes contêm argumentos e exemplos. Ar-
Já outros, como os textos literários, oferecem maior li- gumentos são afirmações que sustentam uma ideia cen-
berdade, permitindo aos autores brincar com a estrutura tral, enquanto exemplos servem para ilustrar e validar es-
conforme sua criatividade e propósito. ses argumentos. A escolha e apresentação de argumentos
e exemplos podem determinar a força e credibilidade de
A organização estrutural também é influenciada por um texto.
fatores culturais, históricos e sociais. O que era conside-
rado uma estrutura textual adequada em um período po- 8) Fatores Culturais, Históricos e Sociais:
de mudar ao longo do tempo ou variar entre diferentes Estes elementos influenciam a forma como um tex-
culturas. to é escrito e interpretado. O contexto em que um texto é
1) Parágrafos: produzido ou lido pode afetar seu significado, sua rele-
vância e até mesmo sua aceitação. Reconhecer e conside-
Os parágrafos representam a unidade básica da rar esses fatores é crucial para uma comunicação eficaz e
composição textual. Cada parágrafo deve tratar de uma uma análise textual profunda.
ideia central ou um tópico específico, sendo que os deta-
lhes ou argumentos relacionados a essa ideia são desen- Cada elemento desempenha seu papel, trabalhando
volvidos ao longo do mesmo. A transição entre parágra- em conjunto para criar uma composição textual coesa,
fos deve ser fluida, facilitando o entendimento do leitor coerente e impactante.
sobre a progressão das ideias.
2) Frases: 1.1.1. TIPOLOGIA TEXTUAL
Frases são as unidades de pensamento em um texto. Os fatos, os pensamentos, os sentimentos, as paisa-
A maneira como são construídas e articuladas determina gens, as pessoas, enfim, tudo pode ser expresso por meio
o ritmo e a clareza da narrativa. Frases claras e concisas da escrita, e aquilo que se escreve é uma redação. Porém
geralmente facilitam a compreensão, enquanto estruturas o que está escrito encaixa-se, sempre, em, pelo menos,
mais complexas podem ser usadas para enfatizar detalhes um dos três tipos de redação: descrição, narração e dis-
ou criar estilos específicos. sertação. Ao estudo dos tipos de textos dá-se o nome de
3) Palavras: Tipologia Textual.
Descrição
Cada palavra carrega um significado específico, e
sua escolha é crucial para a precisão e riqueza do texto. A descrição caracteriza-se por ser o “retrato verbal”
Sinônimos, antônimos, termos técnicos e jargões são de pessoas, de objetos, de cenas ou de ambientes. Traba-
apenas algumas das opções que os escritores têm à dis- lha com imagens, permitindo uma visualização do que

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está sendo descrito. Um recurso comum às descrições é a A narrativa ficcional é fruto da imaginação criado-
comparação (para que o interlocutor tenha mais elemen- ra, sempre mantendo pontos de contato com o real, recria
tos, para montar a imagem do ser descrito. Daí, o empre- a realidade, baseando-se nela ou dela se distanciando.
go constante do conectivo como. Elementos da narrativa ficcional:
Leia, agora, o seguinte texto: • Enredo;
“ Aristarco todo era um anúncio. Os gestos calmos, • Narrador;
soberanos, eram de um rei [...]; o olhar fulgurante, sob • Personagens;
a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, • Ambiente;
penetrando de luz as almas circunstantes; o queixo, se- • Tempo.
veramente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a
lisura das consciências limpas. A própria estatura, na Enredo: é a estrutura da narrativa, o desenrolar dos
imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples esta- acontecimentos; como o próprio nome indica, enredar
tura dizia dele: aqui está um grande homem...” significa “tecer”, “entrelaçar os fatos”.
Narrador: como já vimos, é aquele que narra os
Você deve ter observado, nesse texto, que o narra- acontecimentos.
dor descreve o personagem a partir de um ponto de vista Personagens: são os seres que atuam, que vivem os
pessoal, ou seja, ele procura apresentar-nos a impressão acontecimentos. O personagem principal é o protagonis-
que tem dele. Trata-se, portanto, de uma descrição sub- ta; aquele que se opõe ao protagonista é chamado de an-
jetiva ou impressionista. tagonista (ou de vilão).
O fato de o narrador apresentar sua visão pessoal do Ambiente: é o espaço, o cenário por onde transitam
personagem, emitindo juízos de valor (daí o caráter sub- os personagens e se desenrolam os acontecimentos.
jetivo da descrição), não é um defeito, já que a descrição Tempo: é a época, o momento em que os fatos
não deve, apenas, fornecer ao leitor um retrato frio e sem acontecem.
vida daquilo que é descrito.
Dissertação
Descrição técnica
Muitos dos textos que produzimos, sejam eles escri-
Um tipo especial de descrição objetiva é a descrição tos ou falados, são motivados pela nossa necessidade de
técnica, que procura transmitir a imagem do objeto atra- expor um ponto de vista, de defender uma ideia ou de
vés de uma linguagem técnica, com vocabulário preciso, questionar um fato. São os chamados textos dissertati-
normalmente ligado a uma área da ciência ou da tecno- vos.
logia. É o caso da descrição de peças e de aparelhos, de
Em geral, para se obter maior clareza na exposição
experiências e de fenômenos, do funcionamento de me-
do ponto de vista, distribui-se a matéria em três partes:
canismos, da redação de manuais de instrução e de arti-
gos científicos. • Introdução: em que se apresenta a ideia ou o
ponto de vista que será defendido;
Narração
• Desenvolvimento ou argumentação: em que
A narração é um relato centrado num fato ou num se desenvolve o ponto de vista (para convencer
acontecimento. Há personagem(ns) atuando e um narra- o leitor, é preciso usar uma sólida argumenta-
dor que relata a ação. É um tipo de texto marcado pela ção, citar exemplos, recorrer a opiniões de es-
temporalidade, ou seja, como seu material é o fato e a pecialistas, fornecer dados, etc.);
ação que envolve personagens, a progressão temporal é • Conclusão: em que se dá um fecho coerente
essencial, para o seu desenrolar: as ações direcionam-se com o desenvolvimento, com os argumentos
para um conflito que requer uma solução, o que nos apresentados.
permite concluir que chegaremos a uma situação nova.
Portanto a sucessão de acontecimentos leva a uma trans- Parágrafo: o tópico frasal
formação, a uma mudança, e a trama que se constrói com
os elementos do conflito desenvolve-se, necessariamen- Na estrutura da dissertação, os parágrafos desempe-
te, numa linha de tempo e num determinado espaço. nham papel, extremamente, relevante. Portanto é funda-
Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de frases mental refletir sobre eles. Veja o que diz Othon M. Gar-
verbais, indicando um processo de ação. cia.
Relato e narrativa ficcional “O parágrafo é uma unidade de composição, cons-
Um texto narrativo caracteriza-se pela sucessão de tituída por um ou mais de um período, em que se desen-
acontecimentos numa linha temporal. Assim, contar a volve determinada ideia central, ou nuclear, a que se
alguém como foi o nosso passeio, o que aconteceu co- agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas
nosco e com outras pessoas, como as coisas terminaram, pelo sentido e logicamente decorrentes dela.”
Garcia, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 7. ed. Rio de
caracteriza-se como um texto narrativo. Mas distingue-se
Janeiro: FGV, 1978. p. 203.
da narrativa ficcional, por ser relato de fatos reais. Des-
sa forma, podemos definir relato como a representação
de experiências vividas (relatos de viagens, de aconteci-
mentos históricos, de testemunhos, de reportagens, de
autobiografia, etc.

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1.1.2. TIPOS TEXTUAIS: INFORMATIVO, 6) Divinatório
PUBLICITÁRIO, PROPAGANDÍSTICO, NORMA-
Características: Relacionado a previsões ou inter-
TIVO, DIDÁTICO E DIVINATÓRIO; CARACTE-
pretações espirituais ou religiosas. Usa linguagem sim-
RÍSTICAS ESPECÍFICAS DE CADA TIPO
bólica e muitas vezes aberta a múltiplas interpretações.
Os tipos textuais mencionados acima, possuem ca- Baseia-se em crenças, rituais e símbolos.
racterísticas distintas que os diferenciam entre si. Veja-
Exemplos: Horóscopos, leituras de tarô, profecias
mos:
religiosas. Um exemplo pode ser um horóscopo diário
1) Informativo que oferece previsões e conselhos baseados em signos
astrológicos.
Características: Prioriza a transmissão de informa-
ções de forma clara e objetiva. Utiliza linguagem direta, Cada tipo textual atende a propósitos específicos e
precisa e imparcial. Fatos e dados são apresentados sem se adapta a diferentes contextos e públicos, utilizando es-
opiniões pessoais. tratégias linguísticas e de apresentação adequadas aos
seus objetivos.
Exemplos: Notícias em jornais, reportagens, artigos
científicos e informativos empresariais. Por exemplo,
uma notícia sobre uma descoberta científica que detalha
1.1.3. TIPOS DE DISCURSOS
os resultados e implicações da pesquisa.
Discurso direto
Discurso direto é a reprodução fiel de algo que al-
2) Publicitário guém disse. É uma citação literal. Para sua introdução,
Características: Destinado a promover produtos, geralmente, são utilizadas marcas gráficas como as aspas
serviços ou marcas. Emprega técnicas persuasivas, lin- ou o travessão.
guagem apelativa e criativa, muitas vezes usando impe- Ex.: “Lembrei-me de que era segunda-feira”, dis-
rativos e slogans. Frequentemente associado a recursos se-me [a mãe].
visuais e sons para atrair a atenção. “É como o cinema”, dissera-me certa vez
Exemplos: Anúncios de televisão, banners na inter- [Santiago].
net, folhetos promocionais. Um exemplo é um anúncio Entretanto os travessões incorporam falas com mais
de um carro novo destacando suas características inova- vivacidade, falas que parecem recuperar quadros vivos,
doras e design elegante. diálogos entre personagens, como, por exemplo, a fala da
3) Propagandístico mãe dirigida ao filho:
Características: Semelhante ao publicitário, mas fo- - Nem sequer descerá do navio – disse-lhe. – Dará
cado em promover ideias, causas políticas ou sociais. uma benção de obrigado, como sempre, e voltará pelo
Usa a emoção e repetição para influenciar opiniões e mesmo caminho. Odeia este povoado.
comportamentos. Normalmente, as aspas introduzem citações; e os
travessões, diálogos.
Exemplos: Cartazes de campanhas políticas, discur-
sos de líderes políticos, vídeos de ONGs. Um exemplo Além das marcas gráficas, as vozes do discurso di-
seria um vídeo promovendo a conscientização sobre as reto vêm acompanhadas dos verbos de elocução (ou des-
mudanças climáticas. cendi, ou declarativos). Esses verbos identificam a ma-
neira de exprimir a fala. Os mais comuns são: dizer,
4) Normativo afirmar, perguntar, falar, comentar, gritar, retrucar,
Características: Apresenta regras, normas, leis ou ponderar, etc.
instruções. Utiliza uma linguagem formal e precisa, evi- Entretanto alguns autores modernos têm dispensado
tando ambiguidades e interpretações errôneas. Geral- o emprego de marcas gráficas e de verbos de elocução
mente contém termos técnicos e específicos. como acompanhamento das vozes do discurso direto,
Exemplos: Manuais de instruções, códigos de con- como faz José Saramago neste trecho de O conto da ilha
duta, legislações e contratos. Por exemplo, um manual desconhecida (São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
de instruções para montar um móvel, explicando passo a p. 17-8):
passo o processo. “E vieste aqui para me pedires um barco, Sim, vim
aqui para pedir-te um barco, E tu quem és, para que eu
5) Didático to dê, E tu quem és, para que não mo dês, Sou o rei deste
Características: Visa ensinar ou explicar conceitos e reino, e os barcos do reino pertencem-me todos [...].”
procedimentos. A linguagem é clara, estruturada e se- O escritor português utiliza, apenas, vírgulas na
quencial, facilitando a compreensão e o aprendizado. pontuação do diálogo entre o súdito e o rei. Para diferen-
Costuma apresentar exemplos e exercícios. ciar as falas de um e de outro personagem, indicando a
Exemplos: Livros didáticos, tutoriais, guias de estu- mudança de voz, ele utiliza as maiúsculas.
do. Um exemplo é um livro de matemática explicando
teoremas e fornecendo exercícios para prática.

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O discurso indireto A coesão faz uso dos conectivos ou dos elementos
O discurso indireto é a reprodução da fala de ou- de coesão, que permitem a ligação das partes do texto.
trem, elaborada pela voz do locutor principal. As falas, Gramaticalmente, esses elementos de coesão são classi-
no discurso indireto, dispensam a vivacidade, dando ên- ficados como pronomes, como preposições, como advér-
fase ao pensamento ou à ideia que elas podem transmitir. bios, como conjunções, etc. Eles ligam palavras, orações,
Observe: frases, parágrafos ao longo do texto, estabelecendo dife-
rentes tipos de relações.
...a mãe pensou que ele se enganara de dia quando
o viu vestido de branco. A coerência diz respeito ao encadeamento organi-
(em discurso direto teríamos: - Ele se enganou de zado e lógico das ideias do texto. Ela decorre da har-
dia – pensou a mãe.) monia estabelecida entre as significações, evitando, as-
sim, as contradições.
O discurso indireto também apresenta marcas gra-
maticais típicas: por um lado, a ausência de aspas ou de
travessões; por outro, o verbo de elocução seguido de
1.2.2. INTERTEXTUALIDADE
uma oração subordinada substantiva objetiva (essa ora-
ção subordinada é a fala do outro). A Linguística Textual concebe a intertextualidade
como um dos fatores de textualidade (BEAUGRAND;
O discurso indireto livre
DRESSLER, 1980), ou seja, elementos que fazem com
Este estilo associa características dos discursos dire- que um conjunto seja um texto. Tanto a produção quanto
to e indireto. É um estilo misto. a recepção de um texto recorrem ao conhecimento prévio
Exemplo: de outros textos. Koch (2000, p. 46) comenta:
“Volto à moça: o luxo que se dava era tomar um Todo texto é um objeto heterogêneo, que revela
gole frio de café antes de dormir. Pagava o luxo tendo uma relação radical de seu interior com seu exterior; e,
azia ao acordar. desse exterior, evidentemente, fazem parte outros textos,
que lhe dão origem, que o predeterminam, com os quais
Ela era calada (por não ter o que dizer), mas gos- dialoga, que retoma, a que alude, ou a que se opõe.
tava de ruídos. Eram vida. Enquanto o silêncio da noite
assustava: parecia que estava prestes a falar uma pala- Isso significa que o conhecimento que se tem sobre
vra fatal. [...]. Vagamente pensava de muito longe e sem o que já foi lido anteriormente contribui na elaboração de
palavras o seguinte: já que sou, o jeito é ser. Os galos um sentido ao novo texto, assim como ajudam as noções
avisavam mais um repetido dia de cansaço. Cantavam o que se tem do mundo, da cultura, dos estereótipos. Ao
cansaço. E as galinhas, que faziam elas? Indagava-se a produzir um texto, o locutor utiliza -se do que já experi-
moça. Os galos, pelo menos, cantavam. Por falar em ga- enciou em vida, ainda que o faça inconscientemente.
linhas, a moça, às vezes, comia, num botequim, um ovo Os conceitos concernentes à intertextualidade têm
duro.” sido objetos de reflexão frequentes na atual literatura
No trecho acima, em dois momentos, temos a re- linguística, uma vez que parece improvável encontrar um
produção literal da fala da personagem, mas essa fala texto que não dialogue com nenhum outro que o antece-
vem inserida na fala do narrador (observe que não temos deu. Ainda que esse texto exista, ele não estará isento de
a estrutura típica do diálogo), caracterizando o discurso dialogar com o tempo e o espaço de sua produção.
indireto livre.
Ao interagir conscientemente com um texto anteri-
or, nem sempre o escritor indica a fonte de seu diálogo,
1.2. MARCAS DE TEXTUALIDADE: COE-
pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um
SÃO, COERÊNCIA E INTERTEXTUALIDADE
mesmo conjunto de informações a respeito de obras que
1.2.1. A COERÊNCIA E A COESÃO compõem um determinado universo cultural. Os dados a
A unidade de sentido que chamamos de texto é respeito dos textos literários, mitológicos ou históricos
composta por palavras interligadas em uma sequência de são necessários, muitas vezes, para a compreensão global
ideias e de relações linguísticas, ou seja, um texto é uma de um texto.
unidade de sentido resultante de um mecanismo de arti- 1.2.2.1. Intertextualidade stricto sensu
culação.
Pode-se perceber a intertextualidade stricto sensu
Ao pensar em articulação, devemos perceber o texto quando em um texto está inserido um intertexto outrora
como uma estrutura com diversos segmentos relaciona- produzido, o qual faz parte da memória discursiva dos
dos, ligados uns aos outros. Essas relações se estabele- interlocutores.
cem em dois planos: o de conteúdo (ideias) e o da amar-
ração (relações linguísticas). Dependendo das características, a intertextualidade
stricto sensu pode assim ser relacionada:
Coesão é a conexão linguística que permite a amar-
ração das ideias. Na organização do texto, as palavras 1.2.2.2. Intertextualidade temática
amontoadas ganham sentido pelas relações de dependên- Segundo Koch (2007), a intertextualidade temática
cia que estabelecem entre si. Assim, o esqueleto grama- é encontrada entre textos científicos pertencentes a uma
tical sustenta o texto como um todo significativo. mesma área do saber ou corrente de pensamento, que

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partilham temas e têm conceitos e terminologia próprios, Segundo Azeredo (2007, p. 133), “A nossa memó-
os quais já aparecem definidos no interior dessa área ou ria textual atua no tecido de nossos discursos, ligando os
corrente teórica. contextos históricos e impregnando de sentido os textos
que produzimos.”
1.2.2.3. Intertextualidade estilística
Essa característica da linguagem humana de media-
A intertextualidade estilista ocorre quando o produ-
ção dos sentidos é o que faz da intertextualidade um im-
tor do texto, com objetivos diversos, repete, imita, paro-
portante elemento estabelecedor da coerência quando os
dia certos estilos ou variedades linguísticas. Neste tipo
diferentes intertextos são ativados na superfície textual.
de intertextualidade, entende-se que toda forma necessa-
riamente emoldura, enforma determinado conteúdo, de A intertextualidade como fator de coerência textual
determinada maneira. também pode ser vista como um componente essencial
do processo de interação pela linguagem. Tais desdo-
1.2.2.4. Intertextualidade explícita
bramentos acerca desse processo tornam o intertexto não
Segundo Koch (2007), a intertextualidade será ex- apenas um elemento de utilização da linguagem em suas
plícita quando, no próprio texto, é feita menção à fonte diferentes funções. A intertextualidade será, antes de tu-
do intertexto, isto é, quando um outro texto, ou um fra- do, uma característica da produção verbal humana, de
gmento é citado, é atribuído a outro enunciador; ou seja, uma forma generalizada.
quando é reportado como tendo sido dito por outro ou
Para entender a intertextualidade como um compo-
por outros generalizados.
nente da linguagem e não apenas como um fenômeno
1.2.2.5. Intertextualidade implícita presente nos textos literários ou midiáticos, passa -se, en-
tão, a recorrer aos estudos de Bakthin (1981), que amplia
Verifica-se tal intertextualidade quando se introduz,
a visão sobre o conceito. Essa outra concepção acerca da
no próprio texto, intertexto de outrem, sem qualquer
intertextualidade tem sua origem nos conceitos do dialo-
menção evidente da fonte, com o objetivo quer de seguir gismo e da polifonia desenvolvidos pelo autor, conforme
-lhe a orientação argumentativa, quer de contraditá-lo, explicitado na sequência.
colocá-la em questão, de ridicularizá-lo ou argumentar
em sentido contrário.
1.3. MODOS DE ORGANIZAÇÃO DISCURSI-
Espera-se que o leitor/ouvinte seja capaz de reco- VA: DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO, EXPOSIÇÃO,
nhecer a presença do intertexto, pela ativação do texto- ARGUMENTAÇÃO E INJUN-ÇÃO; CARACTE-
fonte em sua memória discursiva. RÍSTICAS ESPECÍFICAS DE CADA MODO
A organização discursiva de um texto refere-se à
1.2.3. A intertextualidade como fator de coerên-
forma como o conteúdo é estruturado para atingir um ob-
cia textual:
jetivo comunicativo específico.
A intertextualidade tem sido analisada como um dos
a) Descrição
fatores de coerência textual. Nessa abordagem, o reco-
nhecimento do intertexto e de seus desdobramentos na A descrição é um tipo textual que tem por objetivo
produção dos sentidos é um fator essencial para a apre- descrever, ou melhor, fazer um retrato verbal de pessoas,
ensão dos conteúdos que são expostos na superfície tex- objetos, cenas ou ambientes. Entretanto, é muito difícil
tual. encontrar um texto exclusivamente descritivo e o que
Essa concepção da intertextualidade mostra o fe- ocorre são trechos descritivos no meio de textos narrati-
nômeno não apenas em suas características estruturais ou vos. Para diferenciar os dois tipos de texto, deve-se per-
estilísticas, mas, sobretudo, revela-a como um elemento ceber o caráter estático do texto descritivo enquanto o
essencial para o processamento da leitura. Nessa pers- narrativo possui uma sequência de episódios.
pectiva, deve-se ressaltar que os sentidos expostos na Nos textos descritivos há predomínio de adjetivos,
superfície de um determinado texto só serão, de fato, frases nominais, períodos curtos e verbos de ligação que
apreendidos, se os interlocutores tiverem previamente visam a retratar em detalhes um ambiente, um persona-
armazenados em sua memória discursiva o conhecimen- gem, um objeto etc. Além disso, a visão particular de um
to dos textos originais. Nesse caso, personagem também pode ser característica da descrição,
Conforme Beaugrande e Dressler, a intertextuali- que pode ser feita em primeira ou terceira pessoa. Se em
dade compreende as diversas maneiras pelas quais a primeira pessoa, é evidente que o personagem participa
produção e recepção de dado texto depende do conhe- da história; se em terceira pessoa, o narrador descreve.
cimento de outros textos por parte dos interlocutores, is-
b) Narração
to é, diz respeito aos fatores que tornam a utilização de
um texto dependente de um ou mais textos previamente A narração, de forma progressiva, expõe as mudan-
existentes. (KOCH e TRAVAGLIA, 1995, p. 88). ças de estado que acontecem com objetos, cenários e
Dessa forma, sem que haja o conhecimento anteri- pessoas através do tempo. Dentro desse tipo textual há
ormente adquirido pelo leitor, é inviável o pleno enten- elementos importantes como, por exemplo, o foco narra-
dimento do que está sendo dito pelo produtor do texto, tivo, o tipo de discurso (direto, indireto ou indireto livre),
uma vez que, o intertexto, por esse ponto de vista, tam- o enredo, o tempo, o espaço e os personagens.
bém se constitui um elemento de mediação dos sentidos.

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O foco narrativo A tipologia argumentativa trabalha tem como fun-
ção principal CONVENCER o interlocutor sobre um de-
• Narrador em 1ª pessoa: Narrador- terminado ponto de vista. É emitir OPINIÕES sobre o
personagem. A narrativa é vista de dentro para tema.
fora, de acordo com as perspectivas do perso-
nagem que é caracterizado, também, por meio No nosso dia-a-dia argumentamos o tempo todo. De
das relações que faz, da linguagem que usa e de maneira informal, como queremos convencer sobre nos-
suas experiências. sa visão sobre um fato, ou de maneira formal, como em
• Narrador em 3ª pessoa: Narrador-observador. debates políticos, cartas de reclamação do consumidor,
Ele conhece todos os elementos da narrativa, cartas do leitor, artigos de opinião, comentários em jor-
dominando e controlando o modo de pensar dos nais e diversas situações que nos exigem um posiciona-
personagens. Não há reconhecimento nem reve- mento com argumentos convincentes.
lação de todo o ambiente por parte de quem Verdade e verossimilhança
narra e isso mantém o mistério e dá um certo
limite ao leitor, além de não se intrometer mui- Visto que argumentar é tentar convencer o outro
to na história. sobre nossa VERDADE, temos que ter claro o conceito
de verdade. Temos que compreender que não existem
c) Expositivo verdades no mundo e que a verdade é uma CONSTRU-
ÇÃO DISCURSIVA. Em outras palavras, não existe
O tipo textual expositivo caracteriza-se por apresen- verdade, mas existe a VEROSIMILHANÇA. Verossimi-
tar saberes consensuais de diferentes áreas, sem inserir lhança é a qualidade daquilo que parece verdadeiro.
nenhuma problematização ou argumentação a respeito Para melhor exemplificar o conceito de verossimi-
do tema. Dessa forma, esse tipo objetiva apresentar co- lhança podemos imaginar um julgamento. Lá estão os
nhecimentos de mundo, organizados em uma estrutura advogados defendendo perante um juiz uma causa. Co-
lógica, que contribua para a compreensão do leitor. mo o juiz sabe quem está falando a verdade? Pois é, am-
Características e estrutura dos textos expositivos bos os advogados podem estar com a razão, mas apenas
O texto expositivo pode organizar-se de diferentes o discurso mais bem construído, ou seja, que parecer
formas para apresentar o assunto ou saber. A estrutura verdadeiro, vai conseguir ganhar a causa – provar ser vá-
básica pode ser em: lido.
Método dedutivo - generalização - especificação: A tipologia argumentativa tem suas raízes na arte
parte-se de um saber abrangente para apresentar saberes Retórica de Aristóteles. A retórica é a arte do bem falar.
específicos. Aristóteles pregava que era possível convencer um pú-
Método indutivo - especificação - generalização: blico sobre uma determinada verdade por meio de uma
parte-se de um saber específico para apresentar generali- estrutura.
zações.
Método dedutivo-indutivo - generalização - espe-
cificação - generalização: parte-se de um saber geral,
apresenta-se especificações, conclui-se com uma nova
generalização.
Exemplos de textos expositivos:
• Verbete de dicionário
• Enciclopédia
• Entrevista
• Seminários
• Palestras Joseph Goebbels - Ministro da propaganda nazista.
• Conferências
De fato, vemos até hoje o poder que a argumenta-
d) Argumentativo ção tem para convencer povos. Um bom exemplo é o
Nazismo. Joseph Goebbls, ministro da propaganda Na-
zista, costumava dizer que uma mentira repetida mil ve-
zes torna-se uma verdade autenticada.
Para garantir que nosso interlocutor possa a vir a
aderir à tese defendida temos que conhecer bem nosso
público alvo, as crenças, opiniões e valores pessoais de-
le. Assim, podemos escolher os argumentos corretos pa-
ra assegurar o convencimento do público.
IMPORTANTE: Toda tese, para ser defendida, deve
ser polêmica. Deve haver divergência de opiniões (opi-
niões diferentes).

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Estrutura do texto argumentativo Os textos argumentativos podem ser redigidos em
1ª pessoa do plural (nós) ou 3ª pessoa do singular (ele).
Introdução: Momento em que deixamos claro o te-
Se optarmos pela 3ª pessoa, o texto vai passar impessoa-
ma e a tese (opinião defendida). Deve ser feito de forma
lidade. Parece que nos distanciamos do texto e cria a im-
afirmativa e objetiva. Exemplo: “O aborto deve ser lega-
pressão de maior credibilidade. No entanto, se optarmos
lizado”.
1ª pessoa, ou também conhecido como plural de modés-
Desenvolvimento: Colocamos os argumentos para tia, nós nos aproximamos do leitor e criamos uma maior
comprovar a tese. Os argumentos devem responder ao identificação com ele.
“Por quê?” da tese. Eles são as provas da opinião e de-
d) Injuntivo
vem vir sustentados por citações, dados estatísticos, ex-
periências pessoais e qualquer outra informação que pas- O tipo textual injuntivo caracteriza-se por fornecer
se a ideia de veracidade (verdade) para o leitor. As in- instruções para a realização de uma ação desejada, logo,
formações que irão sustentar os argumentos devem ser esse texto incita o leitor a realizar algo. Sua aplicação é
bem escolhidas para que passe credibilidade ao que é di- presente em manuais de instruções, pedidos, prescrição
to. É importante, também, que ao colocar os argumentos, etc.
façamos isso hierarquizando-os do menos importante ou
Características e estrutura dos textos injuntivos
impactante para o mais importante.
Os textos injuntivos apresentam, predominantemen-
Aristóteles pregava que os argumentos podem ser
te, orações com o uso de formas verbais no imperati-
construídos a partir da imagem do locutor (imagem de
vo, indicando ordem ou pedido, organizadas em uma or-
quem fala, que passa uma credibilidade ao que é falado),
dem que favoreça a realização da ação solicitada.
da lógica (as informações usadas para sustentar) ou das
emoções (quando mexemos com a emoção/paixão do Desse modo, um texto injuntivo que faz
público). De fato, podemos utilizar os mais variados ar- uma súplica ou um pedido pode, anteriormente, utilizar
gumentos dependendo do nosso público, mas para que a o tipo expositivo para apresentar uma determinada situa-
argumentação seja feita de forma democrática e não vise ção ou o dissertativo para defender um ponto de vista e,
a manipulação (que nada mais é que uma forma de coa- em seguida, fazer a solicitação.
ção, violência mental), devemos deixar de lado a sedu-
Diferentemente, nos manuais de instrução, por
ção das emoções e apelas para a razão.
exemplo, o tipo injuntivo pode se organizar em uma
Conclusão: Retomada do que foi dito ratificando ordem cronológica das ações instruídas. Desse modo,
(confirmando) o ponto de vista defendido. o leitor obedece não apenas às solicitações como tam-
bém à ordem na qual estão estruturadas.
Estratégias textuais
Exemplos de textos injuntivos
As conjunções, ou articuladores argumentativos,
têm o papel de criar relações entre os argumentos e arti- • Mensagem religiosa doutrinária
cular as ideias. Elas são importantes para garantir não só • Instruções
a TEXTUALIDADE, mas também a boa construção do • Manuais de uso e/ou montagem de apare-
discurso, que culminará (resultará) na adesão do público lhos e outros
à tese (opinião). É importante conhecê-las e perceber as • Receitas de cozinha e receitas médicas
relações que elas estabelecem para que possamos usá-las • Textos de orientação comportamental
como uma estratégia na argumentação.
Outro recurso importante e estratégico são as figu- 1.4. TIPOLOGIA DA FRASE PORTUGUESA
ras de retórica ou figuras de linguagem. As principais
utilizadas no texto argumentativo são a metáfora e meto- A língua portuguesa possui cinco tipos de frases:
nímia. exclamativas, declarativas, imperativas, interrogativas e
optativas.
Metáfora: Consiste em retirar uma palavra de seu
contexto convencional (denotativo) e transportá-la para • Frases exclamativas: são aquelas que expres-
um novo campo de significação (conotativa), por meio sam emoções de forma intensa e são seguidas
de uma comparação implícita, de uma similaridade exis- por um ponto de exclamação. Exemplos: “Que
tente entre as duas (sem o uso do termo comparativo Lua maravilhosa!” ou “Ela é a moça mais linda
“como”). Exemplo: O menino é um touro! (O menino é do mundo!”.
forte como um touro) • Frases declarativas: são aquelas que afirmam
Metonímia: A palavra assume outro sentido que não algo e podem ser afirmativas ou negativas.
o literal ou denotativo, por meio de uma associação de Exemplos: “Ele estudou para a prova” ou “Ele
sentidos tem como base a contiguidade (e não a similari- não estudou para a prova”.
dade) entre os elementos. Ou seja, é uma analogia por
• Frases imperativas: são aquelas que expres-
sentidos próximos, relativos. Exemplo: Adoro ler Sha-
sam ordens, pedidos ou conselhos e podem ser
kespeare. (Adora ler os livros de Shakespeare)
finalizadas com ponto final ou de exclamação.
Exemplos: “Esqueça!” ou “Não esqueça!”.

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• Frases interrogativas: são aquelas que fazem • Adicionando advérbios: "Ela canta." - "Ela can-
perguntas e podem ser terminadas com um pon- ta bem."
to final (questionamento indireto) ou por um • Clausulação: "Gosto de peixe." - "Gosto de
ponto de interrogação (pergunta direta). Exem- peixe, especialmente salmão."
plos: “Por favor, o médico já chegou?” ou “Vo-
cê sabe onde está a caneta?”. 4) Correção:
• Frases optativas: são aquelas que expressam de- Correção envolve a retificação de erros gramaticais,
sejos e terminam com uma exclamação. Exem- ortográficos ou de estilo para que a sentença esteja em
plo: “Que você tenha um ótimo dia!”. conformidade com as normas da língua.
*********************************************** Exemplos:
1.5. ESTRUTURA DA FRASE PORTUGUESA:
OPERAÇÕES DE DESLOCAMENTO, SUBSTI- • Concordância: "As meninas corre na praia." -
TUIÇÃO, MODIFICAÇÃO E CORREÇÃO "As meninas correm na praia."
• Uso correto de preposições: "Estou a espera de-
A estrutura da frase em português, assim como em la." - "Estou à espera dela."
muitas outras línguas, é composta por diversos compo- • Pontuação: "Vamos comer crianças." - "Vamos
nentes que determinam o seu sentido e a sua corretude comer, crianças."
gramatical.
Estas operações podem ser encontradas em todos os
As operações de deslocamento, substituição, modi- níveis da linguagem, desde conversas cotidianas até tex-
ficação e correção são técnicas utilizadas na análise sin- tos literários. A capacidade de reconhecê-las e aplicá-las
tática para identificar os elementos da frase e suas fun- corretamente é uma marca de competência linguística,
ções. A análise sintática é uma técnica utilizada para facilitando a comunicação eficaz e o entendimento entre
identificar os elementos da frase e suas funções. os falantes.
1) Deslocamento: ***********************************************
O deslocamento refere-se à reordenação das pala- 1.6. PROBLEMAS ESTRUTURAIS DAS FRA-
vras ou constituintes dentro de uma frase. No português, SES
embora a ordem canônica seja Sujeito-Verbo-Objeto Os problemas estruturais das frases podem ser clas-
(SVO), a língua permite variações para atender a propó- sificados em dois tipos: problemas de coesão e proble-
sitos retóricos, estilísticos ou de ênfase. mas de coerência.
Exemplos: Os problemas de coesão ocorrem quando a frase
não está bem conectada internamente, ou seja, quando as
• Ordem SVO: "O menino comprou um presen- palavras e frases não estão bem organizadas e não se re-
te." lacionam adequadamente. Alguns exemplos de proble-
• Em ênfase (OVS): "Um presente o menino mas de coesão são: falta de pontuação, uso inadequado
comprou." de conjunções, repetição excessiva de palavras, entre ou-
• Em perguntas: "O que o menino comprou?" tros.
Já os problemas de coerência ocorrem quando a fra-
2) Substituição:
se não faz sentido ou não é clara para o leitor. Isso pode
A substituição implica a troca de uma palavra ou acontecer quando há informações contraditórias, falta de
grupo de palavras por outra(s), preservando o sentido ge- clareza na mensagem que se quer transmitir ou quando
ral da frase. há informações irrelevantes que confundem o leitor.
Exemplos: Para evitar esses problemas, é importante prestar
atenção à organização das ideias e à clareza da mensa-
• Pronomes substituindo nomes: "Maria trouxe gem que se quer transmitir. É recomendável fazer uma
seu livro." - "Ela trouxe seu livro." revisão cuidadosa do texto antes de enviá-lo, para garan-
• Sinônimos: "Ele está contente." - "Ele está fe- tir que ele esteja bem estruturado e claro para o leitor.
liz." A seguir, veja alguns exemplos de problemas de co-
• Verbos de mesmo significado: "Ela disse algo." esão e coerência em frases:
- "Ela falou algo."
Problemas de coesão:
3) Modificação: • Falta de pontuação: "O homem rico o pobre"
A modificação envolve adicionar, remover ou alte- (sem vírgula, a frase não faz sentido).
rar palavras, frases ou cláusulas para aportar detalhes ou • Uso inadequado de conjunções: "Eu gosto de
nuances de significado à sentença original. estudar, mas eu não tenho tempo" (a conjunção
"mas" é desnecessária).
Exemplos:
• Repetição excessiva de palavras: "O carro que
• Adicionando adjetivos: "A casa" - "A casa es- eu comprei é um carro muito bom" (a repetição
paçosa." da palavra "carro" é desnecessária).

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Algumas palavras são criadas para descrever novos con-
Problemas de coerência: ceitos ou objetos, como os neologismos. Outras palavras
são utilizadas para descrever conceitos ou objetos que já
• Informações contraditórias: "Eu gosto de não são mais utilizados, como os arcaísmos.
estudar, mas eu nunca leio livros" (as duas
informações são contraditórias). Os estrangeirismos são palavras que foram incor-
poradas de outras línguas e que são utilizadas na língua
• Falta de clareza na mensagem que se portuguesa. Eles podem ser classificados em dois tipos:
quer transmitir: "Eu fui ao mercado e os naturais, que são palavras que foram incorporadas
comprei um monte de coisas" (a frase é sem sofrer alterações, e os adaptados, que são palavras
vaga e não transmite uma mensagem cla- que foram adaptadas à ortografia e à pronúncia da língua
ra). portuguesa.
• Informações irrelevantes que confundem Os latinismos são palavras ou expressões em latim
o leitor: "Eu fui ao mercado e vi um ca- que ainda são utilizadas na língua portuguesa. Eles são
chorro na rua. Ele era preto e branco e es- comuns em áreas como a medicina, o direito e a religião.
tava latindo muito alto" (a informação so-
bre o cachorro é irrelevante para a mensa- a) Neologismos
gem que se quer transmitir). Os neologismos são palavras, expressões ou signifi-
*********************************************** cados novos introduzidos na língua. Eles surgem para
1.7. OS DICIONÁRIOS: TIPOS; A ORGANI- descrever conceitos, objetos, fenômenos ou sentimentos
ZAÇÃO DE VERBETES que não eram previamente representados no vocabulário,
ou para representar uma nova visão ou abordagem de um
Os dicionários são obras de referência que contêm conceito já existente. Os neologismos podem originar-se
informações sobre as palavras de uma língua, como sig- de várias maneiras:
nificado, pronúncia, classe gramatical, etimologia, entre
outras. Existem vários tipos de dicionários, como os mo- 1) Criação: Uma palavra completamente nova é in-
nolíngues, bilíngues, temáticos, enciclopédicos, entre ou- troduzida. Por exemplo, a palavra "blog" originou-se
tros. como uma abreviação de "weblog", e "googlar" derivou
do nome da empresa Google.
Os dicionários monolíngues são aqueles que apre-
sentam as definições das palavras em uma única língua. 2) Derivação: Uma nova palavra é formada pela
Eles são úteis para quem quer aprender ou aprimorar o adição de prefixos, sufixos ou ambos a uma palavra já
vocabulário de uma língua específica. Já os dicionários existente. Exemplo: "teletrabalho" (tele + trabalho).
bilíngues apresentam as definições das palavras em duas 3) Composição: Duas ou mais palavras existentes
línguas diferentes e são úteis para quem quer aprender são combinadas para formar uma nova. Exemplo: "pas-
uma nova língua ou traduzir palavras de uma língua para satempo" (passar + tempo).
outra.
4). Empréstimo: Palavras são emprestadas de ou-
Os dicionários temáticos são aqueles que apresen- tras línguas e incorporadas à língua alvo, às vezes com
tam o vocabulário de uma área específica do conheci- adaptações. Exemplo: "hambúrguer" do inglês "hambur-
mento, como medicina, direito, informática, entre outras. ger".
Eles são úteis para quem precisa se comunicar em uma
área específica do conhecimento e precisa conhecer o 5) Significado Alterado: Uma palavra já existente
vocabulário técnico daquela área. na língua começa a ser usada com um novo significado.
Exemplo: "mouse" em inglês, que originalmente se refe-
Os dicionários enciclopédicos são aqueles que ria ao animal, passou a significar também o dispositivo
apresentam informações sobre diversos assuntos além do usado para controlar o cursor em computadores.
vocabulário da língua. Eles podem conter informações
sobre história, geografia, ciências, artes, entre outros . Os neologismos são comuns especialmente em
Eles são úteis para quem precisa de informações sobre campos que veem rápidos avanços tecnológicos ou cul-
diversos assuntos em um único lugar. turais. A revolução digital, por exemplo, trouxe consigo
uma infinidade de novos termos e conceitos para os
A organização dos verbetes nos dicionários geral- quais as palavras precisavam ser inventadas ou reapro-
mente segue a ordem alfabética. Os verbetes podem ser priadas.
organizados por palavra-chave ou por radical da palavra.
Alguns dicionários também apresentam informações adi- No entanto, nem todos os neologismos "sobrevi-
cionais sobre as palavras, como sinônimos, antônimos e vem" e se tornam uma parte permanente do vocabulário.
exemplos de uso. Alguns caem em desuso à medida que a cultura ou a tec-
nologia evolui, enquanto outros se tornam amplamente
*********************************************** aceitos e são eventualmente incorporados aos dicioná-
1.8. VOCABULÁRIO: NEOLOGISMOS, AR- rios.
CAÍSMOS, ESTRANGEIRISMOS; LATINISMOS
Ademais, enquanto os neologismos enriquecem a
O vocabulário de uma língua é composto por pala- língua e fornecem meios de expressar novos conceitos,
vras que são utilizadas para expressar ideias e conceitos. também podem ser vistos com ceticismo ou resistência,

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especialmente por puristas linguísticos que acreditam em ferir um tom antigo ou formal a um texto, ou para carac-
manter a língua "intocada" e "pura". No entanto, a evo- terizar uma época ou ambiente específico.
lução linguística é um processo natural e inevitável, e os
Apesar de não serem mais parte do discurso cotidi-
neologismos são um testemunho do dinamismo e adap-
ano, os arcaísmos são valiosos para linguistas, historia-
tabilidade da língua às mudanças constantes da socieda-
dores e entusiastas da língua, pois eles ajudam a traçar a
de.
evolução da língua e oferecem insights sobre a cultura e
Alguns exemplos de neologismos em português a sociedade de épocas passadas. Além disso, o reconhe-
são: cimento e a compreensão de arcaísmos podem ser cruci-
ais para a interpretação correta de textos antigos ou lite-
• Ciberespaço: Espaço virtual criado pela inter- rários.
conexão mundial de computadores e redes de
telecomunicações. c) Estrangeirismos
• Internauta: Pessoa que navega na internet.
• Blogueiro: Pessoa que escreve em um blog. Os estrangeirismos são palavras que foram incor-
• Tuitar: Publicar uma mensagem no Twitter. poradas de outras línguas e que são utilizadas na língua
• Selfie: Fotografia tirada de si mesmo, geral- portuguesa. Eles podem ser classificados em dois tipos:
mente com um smartphone. os naturais, que são palavras que foram incorporadas
sem sofrer alterações, e os adaptados, que são palavras
b) Arcaísmos que foram adaptadas à ortografia e à pronúncia da língua
portuguesa.
Os arcaísmos são palavras, expressões ou constru- Alguns exemplos de estrangeirismos naturais em
ções gramaticais que pertencem a estágios anteriores da português são: “software”, “marketing”, “shopping”, en-
língua e que, com o passar do tempo, caíram em desuso tre outros. Já os estrangeirismos adaptados incluem pala-
ou foram substituídas por formas mais contemporâneas. vras como “futebol” (do inglês “football”), “bife” (do in-
Eles são vestígios de períodos anteriores da evolução glês “beef”), entre outros.
linguística e muitas vezes oferecem uma janela para o
passado, refletindo os modos de pensar, viver e se ex- Características e exemplos de estrangeirismos
pressar de gerações anteriores. incluem:
1. Adoção Direta: A palavra é usada exatamente
Algumas características e exemplos de arcaísmos como aparece na língua estrangeira.
incluem:
Exemplo: "computer" em países lusófonos, princi-
1) Vocabulário Desatualizado: Muitas palavras palmente antes de "computador" se tornar a forma prefe-
que eram comuns em épocas anteriores já não são mais rida.
usadas hoje em dia.
2. Adaptação: A palavra estrangeira é adaptada fo-
Exemplo: "alva" (significando manhã) ou "donzela" nética, ortográfica ou morfologicamente para se adequar
(jovem mulher). à língua de destino.
2) Construções Gramaticais Antigas: Algumas es- Exemplo: "futebol" no português, que vem do in-
truturas ou formas verbais que eram comuns em períodos glês "football".
anteriores da língua agora são consideradas arcaicas.
3. Aportuguesamento: Um estrangeirismo pode
Exemplo: O uso de "vós" e suas conjugações ver- ser completamente transformado para se encaixar na fo-
bais, como "vós sois", embora ainda compreendido, é ra- nética e ortografia da língua portuguesa.
ro em muitas variedades do português contemporâneo.
Exemplo: "abajur" do francês "abat-jour".
3) Expressões Idiomáticas: Além de palavras indi-
viduais, algumas expressões que eram populares em 4. Preservação da Pronúncia Original: Em alguns
épocas passadas podem não ser mais amplamente com- casos, mesmo que a palavra seja escrita de forma adap-
preendidas ou utilizadas. tada, a pronúncia original ou uma versão aproximada de-
la pode ser mantida.
Exemplo: "Deus vos guarde" como uma saudação.
Exemplo: "show", que em algumas regiões lusófo-
4) Ortografia Antiga: Antes das reformas ortográ- nas é pronunciado de forma similar ao inglês.
ficas, algumas palavras eram escritas de maneira diferen-
te da atual. Estrangeirismos podem surgir por várias razões:
Exemplo: "pharmacia" em vez de "farmácia". Inovação Tecnológica: Novas invenções ou concei-
Muitas vezes, os arcaísmos são encontrados em tex- tos tecnológicos frequentemente carregam seus nomes
tos literários, religiosos ou históricos. Por exemplo, a originais para outras línguas. Exemplo: "internet" ou
linguagem da Bíblia ou de clássicos da literatura pode "smartphone".
ser repleta de arcaísmos que dão a esses textos um sabor
• Cultura e Entretenimento: A música, o cine-
distinto e muitas vezes poético. Autores modernos tam-
ma e a literatura podem introduzir palavras e
bém podem usar arcaísmos de forma estilística, para con-

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expressões estrangeiras. Exemplo: "rock and Exemplo: "Amen", "Ave Maria".
roll" ou "jazz".
5) Ortografia e Morfologia: Além das expressões
• Alimentação e Culinária: Muitos pratos ou
específicas, a estrutura e a formação de muitas palavras
ingredientes estrangeiros mantêm seus nomes
em línguas românicas mostram a herança direta do latim.
originais quando introduzidos em outros países.
Por exemplo, a palavra portuguesa "mãe" deriva do latim
Exemplo: "pizza" ou "sushi".
"mater".
• Negócios e Economia: Com a globalização,
muitos termos de negócios e economia são ado- A adoção e preservação de latinismos em línguas
tados internacionalmente. Exemplo: "marke- modernas muitas vezes refletem uma reverência à tradi-
ting" ou "franchising". ção e à erudição associadas ao latim. No entanto, em al-
guns contextos, o uso excessivo de latinismos pode ser
Enquanto os estrangeirismos enriquecem a língua visto como pedante ou desnecessariamente complicado,
ao oferecer meios de expressar novos conceitos e ideias, especialmente quando há alternativas mais simples dis-
também podem ser fonte de debate. Em algumas cultu- poníveis na língua alvo.
ras, há preocupações sobre a "contaminação" ou "cor-
rupção" da língua nativa, levando a esforços para criar Independentemente da perspectiva, os latinismos
equivalentes nacionais ou evitar o uso excessivo de pala- são testemunhas da rica herança linguística e cultural que
vras estrangeiras. o latim ofereceu a muitas línguas modernas e demons-
tram a interconexão das línguas e culturas ao longo da
No entanto, a adoção de estrangeirismos é uma ca- história.
racterística natural e histórica das línguas em evolução,
refletindo interações culturais e mudanças socioeconô- ***********************************************
micas. Eles são testemunho da adaptabilidade da língua e 1.9. ELEMENTOS DOS ATOS DE COMUNI-
da influência mútua entre culturas ao longo do tempo. CAÇÃO
A comunicação está associada à linguagem e inte-
ração, de forma que representa a transmissão de mensa-
d) Latinismos gens entre um emissor e um receptor.
Os latinismos são palavras ou expressões derivadas Derivada do latim, o termo comunicação (“commu-
do latim que foram incorporadas ao vocabulário de lín- nicare”) significa “partilhar, participar de algo, tornar
guas modernas. Considerando que o latim foi a língua comum”, sendo, portanto, um elemento essencial da inte-
franca da Europa durante muitos séculos, em áreas tão ração social humana.
diversas quanto religião, ciência, filosofia e direito, sua
influência no desenvolvimento das línguas românicas — Os elementos que compõem a comunicação são:
como o português, espanhol, francês, italiano e romeno
— é profunda.
No entanto, o termo "latinismo" é frequentemente
usado de forma mais específica para se referir a palavras
ou expressões que mantêm uma forma muito próxima da
original latina e que são usadas em contextos específicos,
muitas vezes acadêmicos, técnicos ou formais.
Características e exemplos de latinismos: • Emissor: chamado também de locutor ou falan-
1) Uso no Direito: Muitas expressões jurídicas em te, o emissor é aquele que emite a mensagem
português e em outras línguas românicas provêm do la- para um ou mais receptores, por exemplo, uma
tim. pessoa, um grupo de indivíduos, uma empresa,
dentre outros.
Exemplo: "Habeas corpus", "data venia", "in dubio • Receptor: denominado de interlocutor ou ou-
pro reo". vinte, o receptor é quem recebe a mensagem
2) Uso na Ciência: Os nomes científicos de plantas emitida pelo emissor.
e animais são frequentemente em latim ou latinizados. • Mensagem: é o objeto utilizado na comunica-
ção, de forma que representa o conteúdo, o con-
Exemplo: O nome científico do homem, "Homo sa- junto de informações transmitidas pelo locutor,
piens". por isso.
3) Expressões Idiomáticas: Algumas expressões • Código: representa o conjunto de signos que
latinas são usadas em contextos formais ou literários pa- serão utilizados na mensagem
ra adicionar peso ou clareza. • Canal de Comunicação: corresponde ao local
(meio) onde a mensagem será transmitida, por
Exemplo: "Carpe diem" (Aproveite o dia), "status exemplo, jornal, livro, revista, televisão, telefo-
quo" (estado atual de coisas). ne, dentre outros.
4) Religião: Dada a influência da Igreja Católica • Contexto: Também chamado de referente, tra-
Romana, muitas expressões religiosas em latim encon- ta-se da situação comunicativa em que estão in-
traram seu caminho para o uso diário em várias línguas. seridos o emissor e receptor.
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• Ruído na Comunicação: ele ocorre quando a Robinho é a estrela de maior brilho do futebol brasi-
mensagem não é decodificada de forma correta leiro.
pelo interlocutor, por exemplo, o código utili-
No primeiro exemplo, estrela está empregada no sen-
zado pelo locutor, desconhecido pelo interlocu-
tido próprio, em seu significado normal (corpo celeste).
tor; barulho do local; voz baixa; dentre outros.
No segundo, estrela tem um sentido figurado, ocasional,
pela celebridade do jogador.
1.10. REGISTROS DE LINGUAGEM. FUN- As mais importantes figuras de palavras são:
ÇÕES DA LINGUAGEM
1) metáfora: é o uso de uma palavra desviada do seu
1.10.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS: sentido normal, com a qual tem alguma semelhança real
ou imaginária, comum aos seres que ela designa.
A estilística estuda os processos de manipulação das
várias maneiras de exprimir o pensamento. Ex.: As mulheres são as rosas do jardim da vida.
São processos que concorrem para uma boa expressi- “Lá fora, a noite é um pulmão ofegante”.
vidade do estilo:
Atenção: Não confunda metáfora com comparação.
 correção: é a c orreta aplicação da norma lin- Nesta, os termos vêm acompanhados dos conectivos
guística no uso da língua. comparativos (como, tal qual, tal como, etc.). Compare:
 clareza: processo pelo qual quem escreve de-
Maguila lutava como um touro.
ve fazer-se entender com relativa fa-
cilidade. Maguila era um touro.
 precisão: é o emprego oportuno de palavras e
2) metonímia: consiste em substituir uma palavra
de de expressões que se ajustam às
por outra, com a qual se acha relacionada por dependên-
ideias.
cia de ideia. Esta substituição ocorre de inúmeras manei-
 harmonia:é o emprego das palavras com sons
ras:
variados e com distribuição propor-
cional dos acentos tônicos e das pon- * o autor pela obra:
tuações, produzindo um ritmo agra-
Ex.: Gosto de ler Graciliano Ramos. (O que real-
dável.
mente leio é a obra do autor.)
Compare as duas maneiras de construção das frases
* o efeito pela causa:
abaixo:
Ex.: Os aviões semeavam a morte. (A morte é o
– Os homens pararam, o medo no coração.
efeito das bombas – causa, jogadas pelos aviões.)
– Os homens pararam, com o medo no coração.
* o continente pelo conteúdo:
Nota-se que a primeira construção é mais concisa e
elegante. Desvia-se da norma, estritamente, gramatical, Ex.: Tomou uma garrafa de cachaça. (Ele não bebeu
para atingir um fim expressivo ou estilístico. Foi com es- a garrafa e, sim, o conteúdo dela.)
se intuito que, assim, a redigiu Jorge Amado.
* o conteúdo pelo continente:
1.10.2. TIPOS DE FIGURAS ESTRUTURAIS DE Ex.: Passa-me a manteiga. (O que se pede, na reali-
CONSTRUÇÃO: dade, é o recipiente que contém a manteiga.)
Nem sempre, as frases organizam-se com absoluta
coesão gramatical, levando-nos, com frequência, a des-
vios das normas gerais da linguagem com uso de recur- 3) perífrase: é uma expressão que designa os seres
sos especiais, para propiciar à expressão mais força, mais através de alguns atributos ou de fatos que os tornam cé-
colorido e mais beleza. lebres.

A essas construções que se afastam das estruturas re- Ex.: O rei do futebol faz jogadas no campo da polí-
gulares (ou comuns), que visam a transmitir à frase mais tica. (Pelé)
concisão, expressividade ou mais elegância, dá-se o no- A cidade maravilhosa foi tomada pelos sevalgens
me de FIGURAS DE LINGUAGEM. cães do crime. (Rio de Janeiro)
Compreendem três tipos: 4) catacrese: consiste no desvio do significado de
a) Figuras de Palavras: uma palavra por outra de relacionamento contraditório,
por falta ou por esquecimento da palavra própria.
Ocorrem, quando as palavras sofrem desvios em sua
significação própria, ganhando outros sentidos. Ex.: Os Senadores farão a Sabatina na quarta-feira.
(sabatina = sábado)
Vejamos:
– Tenho péssima caligrafia. (caligrafia = bela letra)
O sol é a estrela de maior brilho do nosso sistema.
– O Presidente embarcou no avião das seis. (embar-
car = tomar barca)

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b) Figuras de Construção (ou de sintaxe): Alguns políticos são honestos; outros não. (isto é:
outros não são – zeugma simples).
São vocábulos que se afastam das normas gramati-
cais, visando a transmitir maior expressividade à frase. – Compraram duas laranjas; e eu, uma maçã. (e eu
comprei uma maçã – zeugma complexa).
As mais comuns são:
5) silepse: ocorre, quando efetuamos a concordância
1) pleonasmo: consiste na repetição de termos des-
não com os termos expressos, mas com a ideia a eles as-
necessários, com o objetivo de dar ênfase e vigor à ex-
sociados. Pode ser:
pressão. Pode ser:
Ex.: Os brasileiros somos otimistas. (quem fala
* literário: quando a repetição tem finalidade ex-
também participa do processo verbal).
pressiva consagrada na tradição da linguagem.
* silepse de número:
Ex.: Vi com meus próprios olhos.
Ex.: Deu-me notícia da família. Estão bons. (família
A mim, ninguém me engana.
dá a ideia de conjunto de pessoas íntimas).
Sempre, viveu uma vida folgada.
* silepse de gênero:
2) polissíndeto: consiste em repetir, reiteradamente,
Ex.: V. Exa. ficou irritado. (V. Exa. = pessoa do se-
conectivos coordenativos (geralmente, a conjunção “e”)
xo masculino).
dentro de uma oração, para dar a ideia de ações rápidas e
sucessíveis. 6) hipérbato (ou inversão): consiste na inversão da
ordem normal dos termos da oração ou da oração no pe-
Ex.: Trabalha, e lima, e teima, e sofre, e sua.
ríodo.
(Olavo Bilac)
Ex.: Que estudemos é preciso.
Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.
Sumiu o livro que comprei.
(A. de Oliveira) Está aberta a porta da sala.
3) elipse: é a omissão de uma palavra (ou de uma O hipérbato compreende:
oração), sem prejudicar a clareza de sentido e de ordem.
* a prolepse ou a antecipação: quando deslocamos
É uma espécie de economia de palavras.
um termo de realce (ou de ênfase) para o início da frase.
As elipses mais comuns são de:
Ex.: O próprio Presidente dizem que gostou do car-
* sujeito: naval.
Ex.: João e Maria amam-se, casaram ontem. A Suíça falam que é bonita.
└> eles * a anástrofe: consiste na anteposição do termo re-
gido de preposição ao termo regente.
* verbo:
Ex.: “Ela, triste mulher, ela tão bela
Ex.: Quando jovem, Roseane era elegante.
Dos seus anos na flor.”
└> era
(A. de Azevedo)
* substantivo:
“– Vingai a pátria oh! valentes
Ex.: Em época de carnaval, a Brahma rola solta.
Da pátria tombai no chão!”
└> cerveja
(F. Varela)
* conjunção:
* a sínquise: consiste na inversão violenta dos ter-
Ex.: Se me apoiares e eu for eleito, serás recompen- mos da oração, de tal modo, que torna difícil sua inter-
sado. pretação.
└> se Ex.: Um cãozinho tinha o garoto fofinho e peludi-
Pode ocorrer a elipse total ou parcial de uma ora- nho. (na realidade, o garoto tinha um cãozinho fofinho e
ção. peludinho).

Ex.: Perguntei-lhe quando voltaria. Ele disse que 7) anacoluto: é a falta de nexo sintático entre o iní-
não sabia. (ele disse que não sabia quando voltaria). cio e o fim da frase provocada por desvio da ideia inicial
proposta.
4) zeugma: é uma espécie de elipse e ocorre, quan-
do omitimos um termo já expresso. Será simples, se o Ex.: Quem ama o feio, bonito lhe parece.
termo omisso for, exatamente, o mesmo já existente. Se- Morrer, todos haveremos de morrer um dia.
rá complexa, quando abarca, principalmente, os casos Eu não me importa a desordem da sala.
em que se omite um verbo já expresso, mas dando a
ideia de outra flexão. Vejamos:
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8) honomatopeia: é o aproveitamento de vocábulos Ex.: “Chora orvalho a grama que palpita.”
cuja pronúncia imita o som ou a voz natural dos seres.
(Castro Alves)
Ex.: “Pedrinho, sem mais palavras, deu rédeas e, Os rios choram de agonia sufocados a tanta su-
lept! lept! arrancou estrada afora.” jeira.
(Monteiro Lobato)
9) repetição: consiste em reiterar determinada letra, 1.10.3. VÍCIOS DE LINGUAGEM
palavra ou oração, para intensificar ou para enfatizar a
ideia sugerida. Na contramão das figuras de linguagens, há aquelas
que, erradamente, empregamos contra as normas grama-
Ex.: “Cantei, cantei, é tão cruel cantar assim!” ticais, produzindo palavras ou frases que empobrecem o
(Chico B. de Holanda) pensamento e sua forma de expressão. São os vícios de
linguagem.
Quando o céu está carregado com nuvens pe-
sadas, rápido o raio rutila retalha. Vejamos alguns casos:
A noite foi ficando escura, escura, até que a úl-
* Barbarismo: são os erros relativos a palavras, ou
tima estrela se escondeu.
seja, erros prosódicos, ortoépicos, semânticos, gráficos,
c) Figuras de Pensamento: etc.
* Ambiguidade: é o duplo sentido provocado pela
São as figuras que envolvem, principalmente, as
má construção da frase.
emoções, os sentimentos e as paixões.
Ex.: Paulo comeu um bolo e sua irmã também.
As principais figuras de pensamento são:
* Cacofonia: é qualquer sequência vocabular que
1) antítese: é a figura que aproxima palavras de
provoque som desagradável, sentido ridículo ou torpe.
sentido oposto.
Ex.: Mande-me já isso.
Ex.: No interior daquele homem feio, há um mar de
beleza. Por cada mil habitantes.
A vez passada comemos aqui.
Cada um leva consigo uma alma de covarde e
Meu time nunca marca gol.
uma alma de herói.
* Solecismo: são os erros de sintaxe. Podem ser de
2) hipérbole: é o exagero de uma expressão ou a
concordância, de regência, de colocação, etc.
deformação da verdade, com o fim de impressionar.
Ex.: Falta dez dias para o início das aulas.
Ex.: A garota chorou rios de lágrimas, ao perder o
Os operários revoltar-se-ão, se o pagamento
namorado.
não for realizado na data previsto.
A corrupção no Brasil inunda os jornais com * Colisão: é a repetição de consoantes ou de síla-
notícias. bas iguais ou parecidas.
– O doido deu o dado ao doutor.
– Como eu o considero muito, quero que o colega
3) eufemismo: é o abrandamento no uso da palavra, conte comigo.
para a ideia ficar menos grosseira, desagradável ou cho-
cante. * Pleonasmo vicioso: é a colocação desnecessária
de expressão que soa mal ao enunciado.
Ex.: Senna foi desta para melhor. (= morreu)
São as expressões do tipo: subir para cima, entrar
O deputado faltou com a verdade na CPI. (= para dentro, ilha fluvial, etc.
mentiu)
No DF, há escolas para crianças excepcionais. (= 1.10.4. PARALELISMO SEMÂNTICO E SIN-
retardadas) TÁTICO
4) ironia: consiste em dizermos o contrário do que 1.10.4.1. Paralelismo Semântico:
pensamos, quase sempre, com intenção sarcástica.
É a correlação de sentido que garante a preservação
Ex.: Veja que bela administração pública a nossa! a do sistema lógico de associações. A sua quebra produz
corrupção anda solta. efeito inusitado.
O Brasil é uma fábrica de economistas. Conse- Exemplos: (a) João é simpático e sapateiro.
guem viver com um salário mínimo. (b) Gosto de crianças e de uvas.
5) Personificação (ou prosopopeia): é a atribuição a Em ambos os casos, há incongruência de sentido.
seres irracionais (ou abstratos) de ações ou de sentimen- Ocorre paralelismo sintático, mas as ideias são desco-
tos próprios dos homens. Esta figura também é conheci- nexas. Nesses exemplos, a ruptura do paralelismo se-
da como ANIMIZAÇÃO, porque empresta vida a seres mântico é evidente. Menos visível está em um caso co-
inanimados. mo:

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(c) Há uma grande diferença entre os candidatos e Na maior parte dos casos, os verbos que admitem
as vagas. dois complementos constroem-se com um complemento
da ação verbal, propriamente, dito (objeto direto) e com
Ora, o que se pretende dizer é que há uma grande
um destinatário da ação (objeto indireto). Nesses casos, a
diferença entre o número de candidatos e o número de
questão do paralelismo não se coloca, pois os comple-
vagas. Candidatos e vagas não são elementos compará-
mentos têm naturezas diferentes.
veis. O que se pode comparar são duas quantidades.
Assim: Entregou vários documentos (objeto direto)
É curioso notar, entretanto, que a ruptura do parale-
ao seu chefe (objeto indireto).
lismo semântico pode provocar efeitos estéticos.
Veja o seguinte exemplo, extraído da obra Dom 1.10.4.2. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Casmurro, de Machado de Assis:
A variação de uma língua é o modo pelo qual ela se
"...encontrei, no trem da Central, um rapaz, aqui, diferencia, sistemática e coerentemente, de acordo com o
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu". contexto histórico, geográfico e sócio-cultural no qual os
falantes dessa língua se manifestam verbalmente.
2. Paralelismo Sintático Variedade é um conceito maior do que estilo de
prosa ou estilo de linguagem. Alguns escritores de
É o nome que se dá à estruturação similar de ora-
sociolingüística usam o termo leto, aparentemente um
ções ou de sintagmas dispostos em sequência. É chama- processo de criação de palavras para termos específicos,
do, também, de simetria de construção. O paralelismo são exemplos dessas variações:
é, particularmente, útil, para assegurar a clareza de cons-
truções organizadas, segundo o princípio da coordena- • dialetos (variação diatópica), isto é, variações
ção. faladas por comunidades geograficamente definidas.
• idioma é um termo intermediário na distinção
Exemplos:
dialeto-linguagem e é usado para se referir ao sistema
(a) Temiam o lançamento de um livro escandaloso e comunicativo estudado (que poderia ser chamado tanto
capaz de revolucionar o cenário das letras no país. de um dialeto ou uma linguagem) quando sua condição
(b) Temiam o lançamento de um livro que provo- em relação a esta distinção é irrelevante (sendo, portanto,
casse escândalo e (que) pudesse revolucionar o cenário um sinônimo para linguagem num sentido mais geral);
das letras no país. • socioletos, isto é, variações faladas por
Os dois exemplos acima ilustram situações em que comunidades socialmente definidas
se preservou o paralelismo sintático. • linguagem padrão ou norma padrão, padronizada
em função da comunicação pública e da educação
Em (a), existe coordenação entre dois adjetivos • idioletos, isto é, uma variação particular a uma
("escandaloso" e "capaz"); em (b), existe coordenação certa pessoa
entre duas orações adjetivas ("que provocasse..:' e "que • registros (ou diátipos), isto é, o vocabulário
pudesse..:'). especializado e/ou a gramática de certas atividades ou
Para compreender melhor a questão, observe um profissões
exemplo de quebra do paralelismo sintático: • etnoletos, para um grupo étnico
• ecoletos, um idioleto adotado por uma casa
(c) Temiam o lançamento de um livro escandaloso e
que pudesse revolucionar o cenário das letras no país. Variações como dialetos, idioletos e socioletos
podem ser distinguidos não apenas por seu vocabulário,
Em (c), ocorre a coordenação de termos de natureza mas também por diferenças na gramática, na fonologia e
diferente (o adjetivo "escandaloso" e a oração adjetiva na versificação. Por exemplo, o sotaque de palavras
"que pudesse..:”). Embora seja uma construção possível, tonais nas línguas escandinavas tem forma diferente em
os textos (a) e (b) são mais coesos e claros. muitos dialetos. Um outro exemplo é como palavras
Verbos como "preferir" e "distinguir", por estrangeiras em diferentes socioletos variam em seu grau
exemplo, admitem dois complementos (objeto direto e de adaptação à fonologia básica da linguagem.
objeto indireto) de mesma natureza. Assim, é convenien- Certos registros profissionais, como o chamado
te que se mantenha, entre os objetos, o paralelismo gra- legalês, mostram uma variação na gramática da
matical, ainda que não se trate de coordenação. Observe: linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou
Não distinguia os honestos dos corruptos. (Os dois advogados ingleses freqüentemente usam modos
complementos são antecedidos de artigo.) gramaticais, como o modo subjuntivo, que não são mais
usados com freqüência por outros falantes. Muitos
Não distinguia honestos de corruptos. (Nenhum dos registros são simplesmente um conjunto especializado de
dois complementos é antecedido de artigo.) termos (veja jargão).
Preferia passear pela cidade a viajar para outro É uma questão de definição se gíria e calão podem
país. (os dois complementos são verbos) Preferia pas- ser considerados como incluídos no conceito de variação
seios rápidos a viagens longas. (Os dos complementos ou de estilo. Coloquialismos e expressões idiomáticas
são substantivos.)

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geralmente são limitadas como variações do léxico, e de, da sociedade, preserva variantes antigas. O
portanto, estilo. conhecimento do padrão de prestígio pode ser fator de
mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma
Espécies de variação
classe menos favorecida.
Variação histórica
Acontece ao longo de um determinado período de
1.10.4.3. VARIAÇÃO ENTRE MODALIDADES
tempo, pode ser identificada ao se comparar dois
DA LÍNGUA (FALA E ESCRITA).
estados de uma língua Portuguêsa. O processo de
mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada Língua Falada e Língua Escrita
por um grupo restrito de falantes passa a ser adotada
Não devemos confundir língua com escrita, pois
por indivíduos socioeconomicamente mais expressivos.
são dois meios de comunicação distintos. A escrita re-
A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais
presenta um estágio posterior de uma língua. A língua
velhas, período em que as duas variantes convivem;
falada é mais espontânea, abrange a comunicação lin-
porém com o tempo a nova variante torna-se normal na
guística em toda sua totalidade. Além disso, é acompa-
fala, e finalmente consagra-se pelo uso na modalidade
nhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, in-
escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de
cluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a
significado.
representação da língua falada, mas sim um sistema mais
Variação geográfica disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo
fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.
Trata das diferentes formas de pronúncia,
vocabulário e estrutura sintática entre regiões. Dentro No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portu-
de uma comunidade mais ampla, formam-se guesa, mas existem usos diferentes da língua devido a
comunidades linguísticas menores em torno de centros diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:
polarizadores , política e economia, que acabam por
Fatores regionais: é possível notar a diferença do
definir os padrões lingüísticos utilizados na região de
português falado por um habitante da região nordeste e
diferentes lugares de sua influência e as diferenças
outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma
linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre
região, também há variações no uso da língua. No estado
coincidindo.
do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre
Variação social a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e
aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
Agrupa alguns fatores de diversidade:o nível sócio-
econômico, determinado pelo meio social onde vive um Fatores culturais: o grau de escolarização e a for-
indivíduo; o grau de educação; a idade e o gênero. A mação cultural de um indivíduo também são fatores que
variação social não compromete a compreensão entre colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa
indivíduos, como poderia acontecer na variação escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da
regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o pessoa que não teve acesso à escola.
nível sócio-econômico de uma pessoa, e há a
Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de
possibilidade de alguém oriundo de um grupo menos
acordo com a situação em que nos encontramos: quando
favorecido atingir o padrão de maior prestígio.
conversamos com nossos amigos, não usamos os termos
Variação estilística que usaríamos se estivéssemos discursando em uma so-
lenidade de formatura.
Considera um mesmo indivíduo em diferentes
circunstâncias de comunicação: se está em um ambiente Fatores profissionais: o exercício de algumas ati-
familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de vidades requer o domínio de certas formas de língua
assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar em chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos es-
conta as graduações intermediárias, é possível pecíficos, essas formas têm uso praticamente restrito ao
identificar dois limites extremos de estilo: o informal, intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissio-
quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as nais da área de direito e da informática, biólogos, médi-
normas lingüísticas, utilizado nas conversações cos, linguistas e outros especialistas.
imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de
Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes so-
reflexão é máximo, utilizado em conversações que não
fre influência de fatores naturais, como idade e sexo.
são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e
Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que
complexo. Não se deve confundir o estilo formal e
um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e lingua-
informal com língua escrita e falada, pois os dois estilos
gem adulta.
ocorrem em ambas as formas de comunicação.
Fala
As diferentes modalidades de variação linguística
não existem isoladamente, havendo um inter- É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um
relacionamento entre elas: uma variante geográfica ato individual, pois cada indivíduo, para a manifestação
pode ser vista como uma variante social, considerando- da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe
se a migração entre regiões do país. Observa-se que o convém, conforme seu gosto e sua necessidade, de acor-
meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças do com a situação, o contexto, sua personalidade, o am-
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biente sociocultural em que vive etc. Desse modo, dentro Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade
da unidade da língua, há uma grande diversificação nos e ao desenvolvimento da liberdade de expressão e com-
mais variados níveis da fala. Cada indivíduo, além de preensão.
conhecer o que fala, conhece também o que os outros fa-
lam; é por isso que somos capazes de dialogar com pes- 1.11. TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO-
soas dos mais variados graus de cultura, embora nem LITERÁRIOS.
sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa.
a) Introdução
Níveis da fala
A linguagem é um conjunto complexo de processos
Devido ao caráter individual da fala, é possível ob- que torna possível a aquisição e o emprego concreto de
servar alguns níveis: uma língua qualquer.
Nível coloquial-popular: é a fala que a maioria das O termo linguagem também é usado para designar
pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em situa- todo sistema de sinais que serve de meio de comunicação
ções informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao entre os indivíduos. Desde que se atribua valor conven-
utilizá-lo, não nos preocupamos em saber se falamos de cional a determinado sinal, existe uma linguagem. Ela é
acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela a representação do pensamento por meio de sinais que
língua. permitem a comunicação e a interação entre as pessoas.
Nível formal-culto: é o nível da fala normalmente As linguagens podem ser divididas em dois grupos:
utilizado pelas pessoas em situações formais. Caracteri- a linguagem verbal, modelo básico da maioria das de-
za-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela mais, e a linguagem não verbal. A linguagem verbal é
obediência às regras gramaticais estabelecidas pela lín- aquela que tem por unidade a palavra; a linguagem não-
gua. verbal possui outros tipos de unidade, como o gesto, o
som, a imagem, o movimento, etc.
Signo
Existem também as linguagens mistas, que combi-
O signo linguístico é um elemento representativo
nam unidades próprias de diferentes linguagens. Nas his-
que apresenta dois aspectos: o significado e o signifi-
tórias em quadrinhos, por exemplo, a linguagem geral-
cante. Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a
mente é mista, pois elas contêm imagens e palavras.
sequência de sons que formam essa palavra. Esses sons
se identificam com a lembrança deles que está em nossa b) Uso da linguagem
memória. Essa lembrança constitui uma real imagem so-
“A língua é uma coisa de tal modo distinta que um
nora, armazenada em nosso cérebro que é o significante
homem privado do uso da fala conserva a língua, conta-
do signo cachorro. Quando escutamos essa palavra, lo-
to que compreenda os signos vocais que ouve.”
go pensamos em um animal irracional de quatro patas,
com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse conceito que nos (Saussure)
vem à mente é o significado do signo cachorro e tam-
Quando se fala ou se escreve, procura-se comunicar
bém se encontra armazenado em nossa memória.
intenções, estabelecer contatos verbais com ouvintes ou
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, leitores, produzir, pela articulação das palavras ou frases,
devemos obedecer às regras gramaticais convencionadas significações dotadas de intencionalidade que ganham
pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possí- sentido pela inferência dos destinatários criando dessa
vel colocar o artigo indefinido um diante do signo ca- forma unidades discursivas. Entende-se, assim, a lingua-
chorro, formando a sequência um cachorro, o mesmo gem como sendo o próprio pensamento em ação, que
não seria possível se quiséssemos colocar o artigo uma permite ao homem interagir com a realidade circundante.
diante do signo cachorro. A sequência uma cachorro
contraria uma regra de concordância da língua portugue- O homem constrói a História em mutualismo, ou se-
ja, dá e recebe benefícios ao seu crescimento à medida
sa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. Os
que escreve, participa e lê o mundo a sua volta. Afinal, o
signos que constituem a língua obedecem a padrões de-
homem é um ser social. Desde a passagem do seu está-
terminados de organização. O conhecimento de uma lín-
gua engloba tanto a identificação de seus signos, como gio animal para o hominal buscou se interar com seus
também o uso adequado de suas regras combinatórias. semelhantes para solucionar os problemas surgidos ao
longo da vida. E o que garantiu a sua sobrevivência e o
Signo = significado (é o conceito, a ideia transmiti- seu avanço em direção ao processo de criação da huma-
da pelo signo, a parte abstrata do signo) + significante (é nidade foi a capacidade dele comunicar-se.
a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, su-
Assim, o uso de uma linguagem possibilitou impor-
as letras e seus fonemas)
tantes descobertas ao longo do tempo e do espaço, pro-
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras pagando-as às sucessivas gerações e desse modo, servin-
que obedecem às regras gramaticais. do de ponto de partida a novas descobertas. Garantiu-se,
portanto, pela comunicação, a continuidade e a expansão
Signo: elemento representativo que possui duas
de experiências coletivas – desencadeando o primeiro
partes indissolúveis: significado e significante.
processo educativo implantado pela linguagem.

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Cumpre-se aqui estabelecer a diferença fundamental c) Linguagem literária e não-literária
entre o instrumento e o símbolo que o representa: o ins-
Leia atentamente os seguintes textos:
trumento é concreto e material, enquanto o símbolo é
psíquico. Este, age como mediador entre o sujeito (Ho- Texto A
mem) e o objeto (Instrumento), atingindo o sujeito na
sua capacidade pessoal (psíquica) e transformando-o pe- RECORDO AINDA...
la sua própria iniciativa e/ou vontade. 1
Recordo ainda... E nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
O ser humano é único. Somente ele é capaz de re-
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
ceber experiências e aplicá-las de acordo com as suas
Algum brinquedo novo à minha porta...
necessidades, reestruturando-as de forma a aperfeiçoá-
Mas
5 veio um vento de desesperança
las transmitindo-as aperfeiçoadas e adequadas ao mo-
mento histórico às futuras gerações para que sejam apli- Soprando cinzas pela noite morta!
cadas e reprocessadas de acordo com a visão de mundo E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
no momento histórico vivenciado.
Estada afora após segui... Mas ai,
A partir dessa visão, as descobertas são frutos de re- 1
Embora idade e senso eu aparente,
0
flexão e processamento de experiências vividas, o que Não vos iluda o velho que aqui vai:
nada impede que dentro de uma mesma sociedade se te- Eu quero meus brinquedos novamente!
nha respostas diversas a um mesmo problema e, dentro Sou um pobre menino... acreditai...
dessas repostas, uma mais adequada às necessidades dos Que envelheceu, um dia, de repente!...
grupos. Quintana, Mário. Poesias. Porto Alegre, Globo, 1962, p. 7-8

Conforme Clifford Geertz (1989), o homem é um Texto B


animal amarrado a teias de significado, que ele mesmo
Infância. [Do latim infantia.] (...) 4. Psicol. Período
teceu, sendo a cultura essas teias. Considerando cultura
de vida que vai do nascimento à adolescência, extrema-
como a soma de conhecimentos, ideias, realizações ma-
mente dinâmico e rico, no qual o crescimento se faz,
teriais, valores espirituais, essas experiências e visões
concomitantemente, em todos os domínios, e que, se-
pessoais juntas formam um acervo de múltiplos aspectos
gundo os caracteres anatômicos, fisiológicos e psíquicos,
que, transmitidos horizontalmente para os contemporâ-
se divide em três estágios: primeira infância, de zero a
neos, e verticalmente de gerações a gerações ao longo do
três anos; segunda infância, de três a sete anos; e tercei-
tempo, permanecem enquanto atendem às necessidades
ra infância, de sete anos até a puberdade.
grupais ou pessoais. Convém ressaltar que encontram-se
culturas em estágios diferentes dentro de uma mesma Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dici-
época, pois a capacidade de cada pessoa e as suas condi- onário da Língua Portuguesa, 2. ed. Rio de Janeiro.
ções gerais de vida diferem de um lugar para outro. Nova Fronteira, 1986. p. 942.
O que podemos observar na leitura dos dois textos,
E, quando as palavras passam a ser transmitidas de
antes de mais nada, é que tanto o primeiro texto como o
gerações a gerações, no seu conjunto, elas passam a ser
segundo, tratam do mesmo assunto: infância. Entretanto,
literatura, configurada através de uma língua natural: a
se atentarmos para os detalhes de cada um, veremos que
linguagem verbal - o verbo. "No princípio era o Verbo, e
são facilmente percebíveis as diferenças existentes entre
o Verbo se fez carne". Jo 1,1
ambos.
Isso comprova a importância da linguagem no ser, O autor do verbete (texto B) procura simplesmente
pois não há como se identificar enquanto povo com a sua definir a infância como o período da vida que vai do
cultura própria sem a interferência da linguagem. Esta, nascimento até à adolescência, de modo claro e objetivo.
quando verbal, é sempre passível de novos arranjos, é As funções linguagem usada pelo autor são a referencial
viva, pois cria e recria variados tipos que passam a ser a e a metalinguística. Dizemos, nesse caso, que o verbete
própria cultura de um povo, a qual toma corpo e propicia está expresso em linguagem comum, não-literária.
condições para que um determinado grupo humano se
Agora, com relação ao texto A, percebemos que o
identifique enquanto povo.
autor embora trate, também, do assunto infância, não
Dessa forma, necessário se faz distinguir os níveis, procura defini-la. Tampouco trata dela com objetividade
as modalidades e os tipos de linguagens que o homem ou de um modo direto. Aqui o autor expressa de um mo-
utiliza para transmitir seus pensamentos e fazer-se com- do todo especial a saudade que tem daquele período de
preender pelo seu interlocutor. Entender as palavras no vida anterior à adolescência. O texto é impregnado de
seu contexto, pois frases isoladas podem até ter um sig- emoção e nostalgia.
nificado individual, porém, o sentido total da obra não se Procurando passar esse estado de espírito para o re-
reduz apenas a uma parte, porque a mensagem é a obra ceptor (leitor), o autor usa de modo diferente o emprego
em sua totalidade, que não necessita necessariamente da das palavras, dando mais conotação do que denotação,
presença física do autor porque a palavra permanece no ao texto. A luz, de um modo geral é clara, mas para o
tempo e no espaço, possibilitando ao leitor diferentes lei- poeta é “mansa”. O vento, que normalmente é visto co-
turas no seu contexto histórico-social. mo elemento da natureza, para o poeta é uma imagem –
“vento de desesperança”, uma figura do tempo difícil. O
vento, que normalmente varre folhas, galhos, casas, obje-
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tos, etc., para o poeta “sopra cinzas pela noite morta”. 2. NORMA CULTA:
“Cinzas” conota tristeza, destruição, restos. A noite, no
ORTOGRAFIA
seu aspecto real, é escura, preta; mas para o poeta é mor-
ta, sem vida, porque simboliza o estado emocional em É o uso correto das letras, bem como das iniciais
que se encontra o seu eu-poético. Nesse caso, dizemos maiúsculas e minúsculas nas palavras.
que a linguagem do texto A é literária, não-comum.
1ª PARTE: palavras escritas por convenção.
É importante salientar que para a elaboração do tex-
Ex.: monge, jiló, graxa, flecha, sósia, proeza,
to literário, seu autor serve-se do mesmo código usado
heresia, obcecar, maçarico, variz, extasiar, preten-
pelo autor do texto não-literário. Não obstante, o trata-
são, acessar, discernir, excetuar, exsudar, etc.
mento dado ao processo de comunicação que é bastante
diferente. PALAVRAS ESCRITAS POR CONVENÇÃO
Uma das características da linguagem literária é a G
capacidade polissêmica dos seus vocábulos, ou seja, as
algema algibeira angélico apogeu
palavras apresentam uma variedade de significados atra-
auge bugiganga digerir drágea
vés de um único significante.
efígie estrangeiro evangelho falange
Como distinguir, na prática, um Texto Literário do faringe frigir geada gêiser
Não-Literário geleia gêmeo gengibre gengiva
gesso gesto gim girafa
 O texto literário é uma ficção, o não literário gíria higiene ligeiro megera
apresenta a realidade efetivamente existente. monge mugir ogiva rígido
 O texto literário não interpreta aspectos da rea- rugir sugerir tangente tangerina
lidade, mas o faz de maneira indireta, recriando o real tigela vagina
em um plano imaginário.
 O texto literário tem função estética, pois há J
uma preocupação com a escolha e a disposição das pala-
vras, que acabam dando vida e beleza ao texto, enquanto berinjela cafajeste canjica hoje
que o não-literário tem função utilitária de informar, ex- injetar jeca jegue jeito
plicar, responder, etc. e, por esta razão, apresenta um jejum jenipapo jequitibá jérsei
único significado. O literário apresenta plurissignifica- jesuíta jiboia jiló jirau
jiu-jitsu majestade manjedoura manjericão
ções.
objeto projeto rejeitar sujeito
 O que distingue o texto literário do não-
literário no que diz respeito a sua intocabilidade é que, X
quando se resume o não-literário, apanha-se o essencial abacaxi almoxarife bexiga broxa
e, quando se resume o literário, perde-se o essencial. Não bruxa capixaba caxumba coaxar
se pode mudar palavras por sinônimos, suprimir ou coxa coxo elixir esdrúxulo
acrescentar outras. faxina graxa haxixe lagartixa
lixa lixo luxar luxo
 O texto literário é conotativo, isto é, cria novos
maxixe muxoxo orixá oxalá
significados, sendo comum a verificação de ocorrência pexote pixaim praxe puxar
de imagens, comparações, metáforas, metonímias, etc., relaxar rixa roxo taxa
que são expedientes usados em textos literários para vexame vexar xadrez xale
multiplicar significados, enquanto que o texto não- xampu xangô xará xarope
literário apresenta a denotação, pois preocupa-se em xavante xaxim xepa xeque
transmitir o conteúdo, utilizando as palavras em seu sen- xereta xerife xi! xícara
tido próprio, utilitário, sem preocupação artística. Ge- xiita xilofone xingar xis
ralmente o texto não-literário é escrito na ordem direta xô! xodó xucro
(sujeito, verbo, complementos).
CH
 O texto literário é considerado ARTE pois é in-
tuitivo e criativo enquanto o não-literário é racional, arrochar bochecha boliche brecha
apresenta o sentido da razão, emprega o raciocínio. brocha broche bucha cachaça
cachimbo cartucho chá chácara
Finalmente, convém ressaltar que o texto literário chafariz chalé charco chuchu
apresenta duas formas de criação: a prosa e a poesia. chucrute chumaço churrasco cocha
coche cochichar cochilar colcha
• O texto em prosa é escrito com as linhas ocupan- concha coqueluche debochar despachar
do toda a extensão horizontal da página, dividindo-se em encher espichar estrebuchar fachada
blocos chamados parágrafos. fantoche fechar ficha flecha
guache inchar linchar machucar
Na poesia, as linhas não ocupam a extensão hori-
mecha mochila pechincha piche
zontal da página; o texto divide-se em blocos chamados
rachar salsicha tacha tocha
estrofes; cada linha da estrofe é denominada de verso.

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nazismo noz ojeriza ozônio
S paz prazer prazo prejuízo
prezar primazia produzir proeza
abusar aceso acusar adesão quartzo raiz rapaz razão
aliás amnésia analisar ananás reduzir rezar seduzir simpatizar
anestesiar após artesão ás sintetizar talvez topázio tornozelo
asa Ásia asilo asteca traduzir trapézio trazer variz
avisar basalto base basílica vazio verniz vez voz
besouro bisão bisonho blusa zangão zangar zebra ziguezague
brasa brasão brisa camisa
casaca casimira caso catalisar Ç
cesária coesão colisão concisão
açafrão açaí aço açúcar
conclusão cós coser crase
açucena açude alça alçapão
crisálida crisântemo crise decisão
almaço almoço ameaçar arregaçar
defesa demasia designar desistir
arruaça babaçu bagaço baço
Deus diocese diurese divisa
balança boçal cabaça caçar
dose eclesiástico empresa ênclise
caçoar caçula calça camurça
escusar esposa esquisito eutanásia
caniço carapaça carapuça carcaça
evasão exclusão extasiar fantasia
chouriço chumaço cobiçar coçar
fase framboesa frase freguês
conjunção couraça dançar disfarçar
friso fusão fuselagem fusível
endereço enguiçar erupção exceção
fuso gás gasolina gênese
feitiço hortaliça laço licença
groselha heresia hesitar improvisar
linguiça maçã maçaneta maçar
incisão inclusão intruso invasão
maçarico maço maçom março
isolar lesar lilás liso
miçanga mordaça mormaço muçulmano
lisonja losango luso manganês
muçurana orçar ouriço paço
maresia mariposa masoquismo medusa
paçoca palhaço pança piaçava
mesa mesóclise mesquita misantropo
pinça poço quiçá rechaçar
miséria mosaico musa obeso
roça roçar ruço saçaricar
obséquio obtuso parafuso paraíso
soçobrar tapeçaria terço terçol
paralisar parmesão peso pesquisar
traça trança trapaça troço
preciso presente presépio preservar
viço vidraça
presídio presidir prosa pus
querosene quesito raposa raso
C
rasurar reclusão recusar represália
reprisar requisitar rês resenhar acelga acender acento acepção
reservar residir resíduo resignar acervo acessar agradecer alicerce
resina resistir resolver resultar aparecer aquecer cacete cacimba
resumir retesar riso risoto cacique carecer carroceria cédula
rosa sinestesia siso sósia ceia ceifar cela celeiro
suserano tese tesoura tesouro celibato celta cem cemitério
tosar transar trás turquesa cena cenoura censo censura
usina usar usurar usurpar centavo centopeia centro cepa
vaso vesícula visar céptico cera cerca cerda
cereal cerebelo cérebro cereja
cerimônia cerne cerrar certo
Z
cerveja cervo cerzir cesariana
agonizar alazão albatroz alfazema cessar cesta cetim cetona
algazarra algoz amazona amizade cetro cevada chacinar chance
antipatizar apaziguar armazém arroz cicerone ciciar ciclo ciclone
assaz atroz avestruz azar cicuta cidra cifra cigano
azedo azeitona azêmola azia cigarro cilada cílio cima
azul balizar batizar bazar cimento cinema cínico cinta
bezerro bizarro buzina búzio cintilar cintura cinza cio
cafezal cafuzo capataz capuz cipó cipreste ciranda circo
cartaz catequizar cicatriz coalizar circuito circundar cirrose cirurgia
conduzir coriza cozer cozinha cisco cismar cisne cissiparidade
cruz cuscuz czar deduzir cisterna citar cítara ciúme
deslizar dizer dizimar economizar cócegas concertar concílio corcel
fazer feliz fezes foz decepcionar docente esquecer falecer
fuzil fuzuê gaze gazela focinho incipiente lince lúcido
gazeta giz gozar granizo maciço macio magricela marcial
guizo hipnotizar horizonte induzir mencionar morcego obcecar parecer
introduzir jazida juiz lambuzar penicilina percevejo pocilga recender
lazer luz magazine matiz resplandecer sobrancelha súcia tecer
matriz mazela meretriz nariz tecido vacilar vacina você
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3ª PARTE: regras convencionais.
H G J X CH Ç C SS S Z H K W Y
hábil habitar hachurar hálito 5 1 4 0 2 1 1 7 2 2 3 : 28
handebol hangar hanseníase hantavírus regras
harém harmonia harpa haste
havana haver haxixe hebreu G
hectágono hectare hediondo hégira
helicóptero hélio hem! hemácia 1. Emprega-se g:
hematita hemisfério hemorragia hepatite a) nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio e -úgio;
heptaedro hera herdar heresia
hermafrodita hérnia hertz hesitar Ex.: adágio, colégio, prodígio, relógio, refúgio, etc.
hetero heureca hexacampeão hiato b) nas terminações –agem, -igem e –ugem;
hibernar híbrido hidra hidroavião
hiena hierarquia hieróglifo hífen
Ex.: viagem, fuligem, rabugem, garagem, ver-
higienizar hímen hindu hino tigem, ferrugem, etc.
hipérbole hipófise hipopótamo hipoteca Exceções: lajem, pajem e lambujem.
histeria história hoje homem
homofilia homogêneo homologar honesto c) nas terminações –ege e –oge;
honra hóquei hora horda
Ex.: frege, herege, sege, doge, paragoge, etc.
horizonte hormônio horóscopo horror
horta hortelã hortênsia hosana d) depois de r:
hospedar hospital hóstia hostil
hulha humano humilde humilhar Ex.: alergia, energia, imergir, surgir, etc.
humor húmus Exceções: alforje, caborje e interjeição.
e) após a inicial de palavra.
2ª PARTE: palavras derivadas.
Ex.: ágio, agir, ágil, agenda, agitar, etc.
Em geral, as palavras derivadas mantêm as mesmas
letras iniciais das suas respectivas palavras primitivas. J
Ex.: rabugento (de rabugem); 2. Emprega-se j:
viajem (de viajar); a) nas terminações -aje e -ajé.
almoxarifado (de almoxarife);
Ex.: laje, traje, acarajé, pajé, etc.
pichar (de piche);
catálise (de catalisar);
sintetizado (de sintetizar); X
exultante (de exultar);
intercessão (de interceder); 3. Emprega-se x:
disfarçado (de disfarçar); a) após ditongo;
ascensão (de ascender); Ex.: baixo, caixa, faixa, feixe, madeixa, peixe,
exsudação (de exsudar); frouxo, rouxinol, trouxa, etc.
assessor (de assessorar); etc.
Exceções: caucho e guache.
Exceções: angélico e angelical (de anjo);
extensão, extensibilidade, extensidade, b) após en inicial de palavra;
extensível, extensividade, extensivo, ex- Ex.: enxada, enxertar, enxoval, enxugar, enxame,
tenso e extensor (de estender). enxerido, enxofre, etc.
Obs.1: Viajem (forma verbal do verbo viajar, no Exceções: encher e enchova.
presente do subjuntivo).
c) após me e mé iniciais de palavra;
Ex.: Espero que eles viajem bem. Ex.: mexer, mexilhão, México, etc.
Viagem (substantivo: ação de viajar). Exceções: mecha e mechoacão.
Ex.: A viagem foi maravilhosa. d) após e inicial de palavra.
Obs.2: Palavra Primitiva: é aquela que não vem Ex.: exalar, Exército, exílio, êxodo, exumar,
de nenhuma outra da própria língua. examinar, exercer, exímio, exoterismo, etc.
Ex.: casa, água, pedra, terra, ar, etc. Exceções: esôfago e esoterismo.
Obs.3: Palavra derivada: é aquela que vem de ou- CUIDADO: encharcar (de charco);
tra da própria língua. enchente (de encher);
enchumaçar (de chumaço);
Ex.: caseiro, aquático, pedrada, terreno, aé-
recauchutar (de caucho).
reo, etc.

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b) os adjetivos terminados em –oso e em -osa, deri-
Ç vados de substantivos;
Ex.: dengo + -oso = dengoso;
4. Grafa-se com ç: + -osa = dengosa.
a) os sufixos –aça, -aço, -ção, -iço, -iça, -nça, -uço, teima + -oso = teimoso;
-açu e –oça; + -osa = teimosa.
gás + -oso = gasoso;
Ex.: barca + aça = barcaça; + -osa = gasosa.
rico + aço = ricaço;
navegar + ção = navegação; c) os adjetivos pátrios terminados em -ês e em -esa;
sumir + iço = sumiço; Ex.: campo + n + ês = camponês;
carne + iça = carniça; + n + esa = camponesa.
cria + nça = criança;
dente + uço = dentuço; Paquistão + ês = paquistanês;
igu + açu = Iguaçu; + esa = paquistanesa.
carro + oça = carroça. Pequim + n + ês = pequinês;
b) após ditongo. + n + esa = pequinesa.

Ex.: caução, feição, etc. d) os títulos de nobreza femininos terminados em


-esa;
C Ex.: baronesa, duquesa, marquesa, princesa.
5. Grafa-se com c: e) após ditongo;
a) após ditongo. Ex.: causa, coisa, gêiser, lousa, maisena, náusea,
Ex.: coice, foice, etc. Cleusa, Neusa, Sousa, etc.
f) as formas verbais de pôr (e dos derivados) e de
SS querer.
6. Grafa-se com ss: Ex.: pôs, pus, puser, puseram, pusesse; depôs,
a) os substantivos e os adjetivos derivados de ver- depus, depuser, depuseram, depusesse; quis,
bos cujos radicais terminam em: ced, gred, prim, met, quiser, quiseram, quisesse, etc.
mit e cut. g) os sufixos gregos -ase, -ese, -isa, -ise, -isia e
Ex.: -ose.

CED > CESS : suceder - sucessão, sucessivo; Ex.: metástase, prófase, catequese, síntese, papi-
GRED > GRESS : progredir - progresso, progressivo; sa, poetisa, pesquisa, análise, catálise, ele-
PRIM > PRESS :imprimir - impressão, impresso; trólise, paralisia, hipnose, metamorfose, os-
MESS mose, etc.
MET > : prometer - promessa, promissor;
MISS Z
MIT > MISS : permitir - permissão, permissivo;
CUT > CUSS :discutir - discussão. 8. Grafa-se com z:
a) os verbos terminados em -izar, derivados de
substantivos e de adjetivos.
S
Ex.: colônia + -izar = colonizar;
7. Grafa-se com s:
sinal + -izar = sinalizar;
a) os substantivos e os adjetivos derivados de ver- ágil + -izar = agilizar;
bos cujos radicais terminam em: nd, rg, rt, pel, corr e fértil + -izar = fertilizar; etc.
nt;
Obs.: Se o verbo for a palavra primitiva, sua termi-
Ex.: nação –izar (ou –isar) poderá ser escrita com z ou com
s, dependendo do seu tipo.
ND > NS: expandir - expansão, expansivo;
Ex.: analisar, catalisar, eletrolisar, improvisar,
RG > RS: submergir - submersão, submerso; paralisar, pesquisar, batizar, catequizar,
RT > RS: inverter - inversão, inverso; deslizar, hipnotizar, sintetizar, etc.

PEL > PULS: expelir - expulsão, expulso; b) os substantivos abstratos terminados em -ez e em
-eza, derivados de adjetivos.
CORR > CURS: discorrer - discurso, discursivo; Ex.: ácido + -ez = acidez;
NT > NS: sentir - sensação, sensível. pequeno + -ez = pequenez;
delicado + -eza = delicadeza;
rico + -eza = riqueza; etc.

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H 4. POR QUE:
9. Grafa-se com h: a) é usado no início do período (simples ou compos-
to) em perguntas e em afirmações.
a) o final de algumas interjeições;
Ex.: ah!, eh! e oh! Ex.: Por que você fez isso?
Por que construí Brasília (título de um dos
b) os dígrafos ch, lh e nh. livros de JK)
Ex.: chave, palha, unha, chique, alho, banho, etc. Por que Adriana acha que é melhor, do que
Henrique?
Obs.: Bahia (nome de estado) possui essa grafia
(com h e sem acento agudo) por tradição e por incoerên- b) é usado no meio do período composto ( = pelo
cia dos nossos gramáticos, já que ela é a própria palavra qual, pela qual, pelos quais e pelas quais).
baía (acidente geográfico), que não possui h e que pos-
sui acento agudo. Ex.: Este é o caminho por que passaram.
Esta é a resposta por que aguardava.
K, W e Y
10. Grafa-se com k, com w ou com y: c) idem letra b ( = por que motivo).
a) as abreviaturas e os símbolos de termos científi- Ex.: Não se sabe por que chove tanto, naquela
cos de uso internacional; região do país.
Ex.: km (quilômetro), kg (quilograma), k (potás-
sio), w (watt), W (oeste), yd (jarda), etc. II. Onde/ Aonde:
b) as palavras estrangeiras não aportuguesadas. 1. Emprega-se aonde com os verbos de movimento
com a preposição a.
Ex.: kart, kibutz, smoking, show, watt, play-
ground, playboy, hobby, etc. Ex.: Aonde você irá?
Aonde nos leva?
c) os nomes próprios estrangeiros não aportuguesa-
dos (e seus derivados). 2. Emprega-se onde, naturalmente, com os verbos es-
táticos e com os de movimento sem a preposição a.
Ex.: Kant, Franklin, Shakespeare, Wagner, Ken-
nedy, Mickey, Newton, Darwin, Hollywood, Ex.: Onde estão os livros?
Washington, Kremlin, Byron, Walt Disney, Não sei onde te encontro.
kantismo byroniano, shakespeariano, Até onde, você irá?
kartista, parkinsonismo, Disneylândia, etc. De onde, ele vem?
III. Mau / Mal:
EMPREGO DE PALAVRAS 1. Mau é, sempre, um adjetivo (seu antônimo é bom).
Refere-se, pois, a um substantivo.
I. EMPREGO DOS PORQUÊS:
Ex.: Escolheu um mau momento.
1. PORQUE: é usado em respostas e em explica- Era um mau aluno.
ções.
2. Mal pode ser advérbio de modo (antônimo de bem)
Ex.: Por que parou? (pergunta) e substantivo.
Porque estou cansado. (resposta)
Ex.: Ele se comportou mal.
Raquel não veio à faculdade, porque está Seu argumento está mal-estruturado.
doente. (explicação) Ela não sabe o mal que me faz.
2. PORQUÊ: é o único dos quatro porquês que IV. HÁ / A:
exige, diretamente, antes dele, artigo, adjetivo, numeral
ou pronome masculinos. 1. Há (verbo haver), para indicar tempo passado ou
Ex.: Não sei o porquê disto. para significar existe (m).
Ela me deu um belo porquê. Ex.: Há dois meses, ele não aparece.
Ofereceram três porquês para o problema. No mundo, há muitos fãs do futebol.
Este porquê não serve.
2. A (preposição), para indicar tempo futuro e dis-
3. POR QUÊ: é usado no final do período (simples tância.
ou composto), em perguntas e em afirmações.
Ex.: Daqui a dois meses, ele aparecerá.
A Terra fica a milhões de quilômetros do Sol.
Ex.: Você fez isso por quê?
Susana agiu assim e não sabe por quê.

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V. MAS / MAIS / MÁS: 5. Ditongos éi, éu e ói:
1. Mas é conjunção adversativa, que indica uma opo- a) se forem pronunciados (pela norma culta) ei, eu
sição (ou um contraste). Pode ser substituída por ou oi, não serão acentuados;
outra conjunção adversativa (porém, contudo, to-
Ex.: colmeia, farei, sei, eufônico, ateu, meu, loi-
davia, entretanto, etc.).
ro, boi, doido, etc.
Ex.: Eu iria ao cinema, mas choveu.
b) se forem pronunciados (pela norma culta) éi, éu
2) Mais pode ser um advérbio de intensidade ou um ou ói (desde que estejam na sílaba forte da palavra), se-
pronome indefinido. É antônimo de menos. rão acentuados, exceto os paroxítonos.
Ex.: Sem dúvida, é a garota mais simpática da sa- Ex.: ideia, europeia, plateia, hebreia, fiéis, réis
la! (moeda), chapéu(s), réu(s), troféu(s), herói,
Atualmente, tenho mais sabedoria e mais anzóis, mói (moer), joia, boia, jiboia, he-
conhecimento. roico, etc.
3) Más é adjetivo (antônimo de boas). CUIDADO: aneizinhos, chapeuzinho, anzoizinhos.
Ex.: Ela tem atitudes más. Obs.: São equivocados os conceitos de ditongo
Eles são pessoas más. aberto e de ditongo fechado: não existe essa divisão
dos ditongos na NGB, nem na NGP (dentro da Fonética).
--------------------------------------------------------------------
Na verdade, as vogais é que podem ser abertas, semi-
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
abertas, fechadas ou semifechadas, e não os ditongos.
1. Monossílabos tônicos:
6. Hiatos:
Acentuam-se os terminados em a(s), e(s) e o(s).
a) AÍ, EÍ, OÍ, UÍ, AÚ, EÚ, IÚ e OÚ:
Ex.: pá(s), ê(s) fé(s), ô(s) só(s), etc.
Sua segunda vogal (i ou u) será acentuada normal-
2. Oxítonos: mente, se estiver sozinha na própria sílaba ou se vier
acompanhada de s.
Acentuam-se os terminados em a(s), e(s), o (s) e em
(ens). Ex.: saída, faísca, cafeína, politeísmo, moído,
egoísta, ruído, uísque, saúde, balaústre, re-
Ex.: sofá(s), você(s), café(s), robô(s), cipó(s),
úne, ciúme, timboúva, etc.
ninguém, parabéns, etc.
Obs. 1: Se ela vier acompanhada de l, de m, de n, de
3. Paroxítonos: r ou de z ou se ela vier seguida de nh, deixará de ser
Acentuam-se os terminados em ps, um (uns), r, acentuada.
u(s), x, i(s), en, on(s), l, ã(s), e ditongo [acompanhado
Ex.: Raul, paul, ruim, amendoim, ainda, saindo,
ou não de s: ei (s), ão(s), ea (s), eo (s), ia(s), ie(s), io(s),
fluir, ruir, juiz, raiz, rainha, bainha, tainha,
oa(s), ua(s), ue(s) e uo(s)].
moinho, fuinha, etc.
Ex.: bíceps, fórceps, álbum(uns), médium(uns), açúcar, Obs. 2: Acompanhar: estar na mesma sílaba.
éter, meinácu, Vênus, tórax, fênix, júri, lápis, pó- Seguir: estar na sílaba seguinte.
len, hífen, próton(s), fóton(s), fácil, desagradável,
órfã(s), ímã(s), pônei(s), jóquei(s), órgão(s), só- b) OO (S) final de palavra: não é mais acentuado.
tão(s), fêmea(s), orquídea(s), óleo(s), simultâ-
Ex.: coo doo, magoo, perdoo, abençoo, coroo,
neo(s), ânsia(s), farmácia(s), série(s), cárie(s), sí-
abotoo, povoo, enjoo(s), voo(s), zoo(s), etc.
tio(s), lírio(s), mágoa(s), nódoa(s), tábua(s), ré-
gua(s), tênue(s), bilíngue(s), árduo(s), vácuo(s), c). EEM final de palavra: não é mais acentuado.
etc.
Ex.: creem, deem, leem, veem e derivados (des-
4. Proparoxítonos: creem, desdeem, releem, preveem, anteve-
em, etc.
Quase todos são acentuados.
Obs.: ee de eem não é hiato, e, sim, vogal forte
Ex.: lâmpada, fósforo, elétrico, cápsula, médico,
mais ditongo decrescente.
auréola, período, míope, medíocre, etíope,
etc. 7. Grupos gue, gui, que e qui:
Exceções: deficit e habitat. O u desses grupos:
Obs.: Essas duas palavras não podem ser acentua- a) não mais receberá acento agudo, se ele for pro-
das, por serem latinismos (palavras oriundas do latim), nunciado fortemente (pela norma culta);
sabendo-se que essa língua não possuía acento gráfico,
Ex.: averiguem, arguis, oblique, etc.
como o inglês e o alemão não o possuem. Entre os dicio-
naristas, há os que as acentuam, e os que não as acentu- b) não mais receberá trema, se ele for pronunciado
am. fracamente (pela norma culta);

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Ex.: bilíngue, linguiça, cinquenta, tranquilo, Obs.3.: Se a palavra for oxítona, desde que o i ou
etc. que o u estejam em posição final (acompanhados ou não
de s), o acento permanecerá.
c) não receberá nada, se ele não for pronunciado
(pela norma culta). Ex.: Piauí:
Ex.: aguerrido, enguiço, quente, quilo, etc. Obs.4: Dêmos (forma verbal no presente do subjun-
tivo do verbo dar, cujo uso do acento circunflexo é fa-
Observação:
cultativo), para diferenciar-se de demos (forma verbal no
O trema foi abolido com o acordo ortográfico de pretérito perfeito do indicativo do mesmo verbo).
1/1/2009.
Ex.: Raquel espera que nós lhe dêmos (ou demos)
Ex.: equilátero, líquido, sanguíneo, etc. toda a assistência a ela.
Nós demos toda a assistência a Raquel ontem.
8. Acento Diferencial:
Obs.5: Fôrma(s) (= molde), cujo acento circunflexo
Ele só permaneceu em algumas palavras do portu-
é facultativo, para diferenciar-se de forma(s) (= disposi-
guês.
ção exterior de algo)
Ex.: pôr: verbo e substantivo;
Ex.: Esta fôrma (ou forma) de bolo é moderna.
por: preposição.
A forma do bolo é circular.
pôde: pretérito perfeito do indicativo do verbo ***********************************************
poder;
NOTAÇÕES LÉXICAS
pode: presente do indicativo do mesmo verbo.
Sinais gráficos que mudam a pronúncia da palavra.
tem: 3ª pessoa do singular do verbo ter;
Além das três tradicionais (til, apóstrofo e cedilha), há,
têm: 3ª pessoa do plural do mesmo verbo.
ainda, os dois acentos (agudo e circunflexo).
porquê: substantivo;
1. TIL ( ~ ):
porque: conjunção.
Emprega-se o til, para nasalizar as vogais a e o de
vem: 3ª pessoa do singular do verbo vir;
várias palavras portuguesas.
vêm: 3ª pessoa do plural do mesmo verbo.
Ex.: mãe, pães, escrivães, maçã, avião, cão, vão,
Ex.: Pôr o livro sobre a mesa é fácil. (verbo)
põe, leões, vulcões, balões, junções, etc.
O pôr-do-sol de Brasília é belo. (substantivo)
Fiz isso por ela. (preposição) ,
2. APÓSTROFO ( )
Marcos pôde trabalhar ontem.
Marcos pode trabalhar hoje. Emprega-se o apóstrofo, para substituir uma deter-
minada letra da palavra.
Elas têm 20 anos.
Ela tem 20 anos. Ex.: copo d’água, galinha-d’angola, esp’rança,
c’roa, minh’alma, etc.
Eles vêm da Bahia.
Ele vem da Bahia. 3. CEDILHA ( ): ¸
Obs.1.: Em relação a tem/têm e a vem/vêm, o
Emprega-se a cedilha sob o c, para mudar a sua
acento diferencial dessas palavras aplica-se, também, às
pronúncia, de | k | para | s |, antes de a, de o ou de u.
formas verbais dos verbos derivados de ter e de vir
(contém/contêm, detém/detêm, mantém/mantêm, re- Ex.: miçanga, aço, açúcar, carniça, palhaço, Igu-
tém/retêm, convém/convêm, intervém/intervêm, pro- açu, etc.
vém/provêm, etc.).
4. ACENTO AGUDO ( ´ ):
Ex.: O edital deste concurso contém estas discipli-
nas. Ex.: vatapá, café, saída, avó, baú, etc.
Os editais destes concursos contêm estas dis-
ciplinas.
5. ACENTO CIRCUNFLEXO ( ^ ):
O avião provém de Berna.
Os aviões provêm de Berna. Ex.: câmara, lêvedo, avô, etc.

Obs.2.: Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o


acento agudo no i, nem no u tônicos, quando vierem de- HÍFEN
pois de um ditongo.
1. Nas locuções adjetivas, pronominais, adverbiais,
Ex.: baiuca, bocaiuva, cauila, feiura, etc. prepositivas, verbais, conjuntivas, interjetivas e denotati-
vas, em geral, ele é proibido.

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Ex.: cor de vinho, cada um, à vontade, a fim de, 11. Nos prefixos e nos radicais: além-, aquém-, ex-
tinha estudado, ao passo que, cruz credo! , , nuper-, recém-, sem-, sota-, soto-, vice- e vizo-, ele é
isto é, etc. obrigatório.
Exceções: cor-de-rosa, mais-que-perfeito, etc. Ex.: além-túmulo, aquém-mar, ex-combatente,
nuper-falecido, recém-nascido, sem-
2. Nos substantivos compostos por justaposição, há
vergonha, sota-piloto, soto-soberania, vice-
vários exemplos com e sem ele.
presidente, vizo-rei, etc.
Ex.: guarda-chuva, passatempo, beija-flor, giras-
Exceções: alentejano, Alentejo, expatriar, expatria-
sol, quinta-feira, paraquedas, abaixo-
do, sotaventear, sotavento e sotopor.
assinado, cão de guarda, ave-maria, fim de
semana, estrela-do-mar, sala de jantar, etc. 12. Nos prefixos pos-, pre- e pro-:
3. Nos adjetivos compostos, ele é obrigatório.
Ex.: sócio-político-econômico, verde-clara, mar- REGRAS:
rom-escuro, surdo-mudo, verde-abacate,
1ª) quando eles forem pronunciados pos-, pre- e
amarelo-ouro, etc.
pro- (pela norma culta) respectivamente, não serão acen-
4. Na divisão silábica, ele é obrigatório. tuados, nem seguidos de hífen.
Ex.: pe-rí-o-do, mí-o-pe, au-ré-o-la, ca-os, sen- Ex.: poscéfalo, posfácio, pospasto, posponto, pos-
sa-ci-o-nal, etc. por, preanunciar, preaquecimento, precitado, predeter-
minado, preestabelecer, preexistente, prefixado, prenota-
5. Na ênclise e na mesóclise, ele é obrigatório.
ção, preopinar, preordenação, pretônico, previsão, pro-
Ex.: amá-lo, põe-na, deixe-os, enviar-lhe-ei, em- cônsul, proembrião, prolongar, promover, propagar, pro-
prestá-lo-emos, etc. por, etc.
6. Nos topônimos, em geral, ele é proibido. 2ª) quando eles forem pronunciados pós-, pré- e
pró- (pela norma culta) respectivamente, serão acentua-
Ex.: América do Norte, África do Sul, Belo Hori-
dos e seguidos de hífen.
zonte, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Estados
Unidos, etc. Ex.: pós-bíblico, pós-conciliar, pós-datar, pós-
diluviano, pós-doutorado, pós-eleitoral, pós-graduação,
Exceções: Guiné Bissau, Passa-Quatro, Trás-os- pós-guerra, pós-socrático, pós-verbal, pré-ajustado, pré-
Montes, Baía de Todos-os-Santos, Grã-Bretanha, Grão- aviso, pré-datar, pré-eleitoral, pré-história, pré-leitura,
Pará, etc. pré-matrícula, pré-natal, pré-olímpico, pré-primário, pré-
7. Na união de duas ou de mais palavras, ocasio- requisito, pré-universitário, pré-vestibular, pró-
nalmente, combinadas (incluindo-se os itinerários), ele é americano, pró-análise, pró-britânico, pró-homem, pró-
obrigatório. memória, pró-socialista, etc.
Ex.: Liberdade-Igualdade-Fraternidade, ponte 13. Nos prefixos bem- e ben-:
Rio-Niterói, Brasília-Florianópolis, Manaus-Rio Branco, REGRAS:
etc.
1ª) bem- (com m): com hífen.
8. Nos sufixos -açu, -guaçu e –mirim, ele é obriga-
tório. Ex.: bem-amado, bem-bom, bem-comportado, bem-
disposto, bem-estar, bem-feito, bem-humorado, bem-
Ex.: jacaré-açu, amoré-guaçu, tamanduá-mirim,
intencionado, bem-lançado, bem-me-quer, bem-nascido,
etc. bem-ordenado, bem-parecido, bem-querer, bem-
9. Nos prefixos e nos radicais áudio-, auri-, bio-, sucedido, bem-vindo, etc.
cardio-, claro-, derma-, entre-, foto-, geo-, hidro-, iso-,
2ª) ben- (com n): sem hífen.
macro-, micro-, mini-, psico-, radio-, socio- e tele-, o
hífen é proibido. Ex.: bendito, bendizer, benfazejo, benfeitor, benfei-
toria, benfeitorizar, benquerença, benquerente, benquis-
Ex.: audiosseletivo, aurirrubro, bioestatístico,
tar, benquisto, etc.
cardiorrenal, cloroacético, dermatomicose,
entreaberto, fotoalgrafia, geoistórico, hidro- 14. Nos prefixos e nos radicais gregos e latinos au-
avião, isossilábico, macroeconomia, micror- to-, contra-, extra-, infra-, intra-, neo-, proto-, pseu-
região, minissaia, psicossocial, radioamador, do-, semi-, supra- e ultra-:
socioeconômico, teleobjetivo, etc.
a) haverá hífen, se o início da palavra seguinte for
10. Nos radicais bel-, grã- e grão-, ele é obrigató- h;
rio.
Ex.: auto-hemoterapia, extra-humano, infra-
Ex.: bel-prazer, grã-cruz, grão-duque, etc. hepático, neo-hegelianismo, proto-história, pseudo-herói,
supra-homem, ultra-humano, etc.

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Ex.: mal-assombrado, mal-entendido, mal-
Exceções: coabitação, coabitador, coabitante, coa- intencionado, mal-ouvido, mal-usar, mal-humorado, etc.
bitar, coabitável, desabilidade, desabilitar, desabitado,
desabitar, desábito, desabituação, desabituar, desarmo-
19. No radical grego pan-, só haverá hífen, se o iní-
nia, desarmônico, desarmonioso, desarmonização, de-
cio da palavra seguinte for vogal, h, m ou n.
sarmonizado, desarmonizador, desarmonizante, desar-
monizar, desarmonizável, inábil, inabilidade, inabilido- Ex.: pan-americano, pan-eslavismo, pan-islâmico,
so, inabilitação, inabilitar, inabitabilidade, inabitado, pan-harmônico, pan-helenista, pan-hispânico, pan-
inabitável, inabitual, reidratação, reidratado, reidratante, mágico, pan-mítico, pan-negritude, etc.
reidratar, etc.
Exceções: panorama, panoramense, panorâmica,
b) se o início da palavra seguinte for r ou s, o hífen panorâmico, etc.
será proibido; tendo essas duas letras de ser dobradas;
20. No prefixos latinos ab-, ob- e sob-, só haverá
Ex.: autorretrato, autossuficiente, contrarreforma,
hífen, se o início da palavra seguinte for r.
contrassenso, extrarregulamentar, extrassensorial, infrar-
renal, infrassom, neorrepública, protorrevolução, protos- Ex.: ab-reagir, ab-reptício, ab-rogar, ab-rogável, ab-
satélite, pseudorrincoto, pseudossigla, semirreta, semis- rupto (ou abrupto), ab-ruptude, ob-rogação, ob-rogado,
selvagem, suprarrealismo, suprassumo, ultrarromântico, ob-rogante, ob-rogar, ob-rogatório, ob-rogável, sob-roda,
ultrassom. sob-rojar, etc.
c) se o final do prefixo (ou do radical) e o início da 21. No prefixo latino sub-, só haverá hífen, se o iní-
palavra seguinte forem vogais diferentes, o hífen será cio da palavra seguinte for b, h ou r.
proibido;
Ex.: sub-base, sub-betuminoso, sub-biotipia, sub-
Ex.: autoescola, contraindicação, extraoficial, infra- bosque, sub-braquial, sub-brigadeiro, sub-burgo, sub-
estrutura, intraocular, neoescolástica, protoactínio, pseu- hepático, sub-hidroclorato, sub-híspido, sub-horizontal,
doescorpião, semiárido, supraexcitante, etc. sub-humano, sub-raça, sub-região, sub-roda, sub-rogar,
etc.
d) se o final do prefixo (ou do radical) e o início da
palavra seguinte forem vogais iguais, o hífen será obriga- 22. No prefixo latino ad-, só haverá hífen, se o iní-
tório. cio da palavra seguinte for d ou r.
Ex.: auto-oscilação, contra-ataque, extra- Ex.: ad-digital, ad-rogação, ad-rogado, ad-rogador,
atmosférico, infra-assinado, micro-ônibus, semi-integral, ad-rogante, ad-rogar, ad-rostral, etc.
supra-axilar, etc.
*********************************************
ANÁLISE MORFOLÓGICA
15. Prefixos gregos e latinos ante-, anti-, arqui- e 1. INTRODUÇÃO
sobre-:
Sem saber MORFOLOGIA, distinguir as palavras
Idem regras a, b, c e d do caso 14 por sua estrutura, formação e classes gramaticais, é im-
Ex.: ante-histórico, anti-higiênico, sobre-horrendo, possível o aprendizado da Análise Sintática.
anterrosto, antessala, antirrábico, antisséptico, arquirra- Esses aspectos da gramática, procuramos mostrá-los
bino, arquissecular, sobrerronda, sobressaia, anteato, an- da maneira mais clara e mais objetiva possível, tornando-
tiássido, arquiavó, sobrealcunha, ante-estreia, anti- os agradáveis e atraentes.
infeccioso, arqui-inimigo, sobre-elevado, etc.
2. ESTRUTURA DAS PALAVRAS
a) As palavras podem ser divididas em formas míni-
16. Nos prefixos gregos e latinos hiper-, inter- e mas providas de significados:
super-, só haverá hífen, se o início da palavra seguinte
for h ou r. Ex.: trabalhávamos = trabalh / á / va / mos
Ex.: hiper-hidrose, hiper-rugoso, inter-hemisférico, * O 1º elemento mórfico (trabalh) possui o conceito bá-
inter-relação, super-hidratação, super-requintado, etc. sico da palavra (significação). Os restantes só possuem
conceito gramatical. Logo,
TRABALH A VA MOS
17. No prefixo latino circum, só haverá hífen, se o Radical VT DMT DNP
início da palavra for vogal, m ou n.
b) As palavras divisíveis podem ser reduzidas a for-
Ex.: circum-adjacente, circum-escolar, circum- mas mínimas (radical, ou desinênica de gênero, vogal
uretral, circum-meridiano, circum-murar, circum- temática, e desinência).
navegar, circum-nutação, etc.
Ex.: alun / o / s, fal / a / va / m.
18. No prefixo latino mal-, só haverá hífen, se o
início da palavra seguinte for vogal ou h.

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c) As palavras indivisíveis não podem ser reduzidas a
formas mínimas: só apresentam o radical. DESINÊNCIA DAS FORMAS NOMINAIS
Ex.: café (substantivos terminados em vogal tôni-
DFN VARIANTE EXEMPLOS
ca) e mar (substantivos terminados em consoante).
INFINITIVO R FAL/A/R
GERÚNDIO NDO BAT/E/NDO
3. ELEMENTOS MÓRFICOS
AM/A/D/O
➢Radical (R): PARTICÍPIO DO DIVERSAS FRI/T/O
OMI/SS/O
É o morfema comum às palavras que pertencem a
uma mesma família de significado. Nele, concentra-se a Desinências Verbais – aquelas que indicam tem-
significação básica da palavra. po, modo, número e pessoa dos verbos. Podem ser:
Ex.: samba: samb poder (v.): pod desinências modo-temporais (DMT): indicam o
tempo e o modo da forma verbal.
* Variante ou alomorfe do radical: modificação fo-
nética do radical. – variante da DMT: modificação fonética da
DMT.
Ex.: poder: pod posso: poss desinências número-pessoais (DNP): indicam o
Obs.: O radical-base é encontrado no infinitivo. número e a pessoa da forma verbal.
Quando não há variação do radical, nem das desinências, – variante da DNP: modificação fonética da
o verbo é regular. Em caso contrário, irregular. DNP.
➢Vogal Temática (VT) QUADRO DA DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL

É o morfema que serve de elemento de ligação entre VARI-


TEMPO DMT EXEMPLOS
o radical e as desinências. Quando se trata de verbo, in- ANTE
dica a conjugação. presente do indicativo Ø compr / a / s
perf. ind. Ø compr / a / ste
Exs.: amar: A (1ª conjugação) compr / a / va /s
imperf. ind. (1ª conj.) VA VE
vender: E (2ª conjugação) compr /á / ve / is
partir: I (3ª conjugação) bat / i / a
imperf. ind. (2ª e 3ª conj.) A E
bat / í / e / is
* Variante ou alomorfe da vt: modificação fonética part / i / ra
mais-que-perfeito ind. RA RE
da VT. part / í / re / is
am / a / rá /s
* TEMA (T): é o conjunto radical + vogal temática. futuro do presente RA RE
am / a / re / i
vend / e / ria
QUADRO DA VOGAL TEMÁTICA futuro do pretérito RIA RIE
vend / e / ríe / is
pres. do subj. 1ª conj. E cant / e
CONJ VT VT (Variante) VT Ø
vend / a
E (1ª p. s. perf. ind.) 1. 1ª pes. sing. pres. pres. do subj. (2ª e 3ª conj.) A
1ª A ouç / a
O (3ª p. s. perf. ind.) do indicativo
imperf. do subj. SSE quis / é / sse / mos
2. Todo o pres. do
2ª E I (imperf. ind. e particípio) futuro do subjuntivo R troux / e / r / es
subjuntivo
E (pres. ind. 2ª, 3ª s. e 3ª p.
3. Todo o imperativo
3ª I pl.; imp. afirm. 2ª pessoa
negativo QUADRO DE DESINÊNCIA NÚMERO-PESSOAL
singular)

➢Desinência: N.º Pessoa DNP (variante) Exemplos


Vend / a
São morfemas que indicam as flexões das palavras 1ª Ø O, I Vend / o
SINGULAR

variáveis. Vend / e / re / i
Am / a / s
As desinências podem ser: 2ª S Bat / e / r / es
nominais: aquelas que indicam o gênero e o núme- Cant / e
3ª Ø Part / a
ro dos nomes.
Vend / e / mos
Ex.: Alun a s. 1ª MOS Cal / a / r / mos
PLURAL

Traz / e / is
a = desinência que indica o gênero (feminino) 2ª IS Des Ouv / i / r / des
s = desinência que indica o número (plural) Fal / a / m
3ª M, EM, ~ O Am / a / r / em
Cuidado para não confundir a desinência a do Fa / rã / o
feminino com a vogal temática “a”. Será desinência do
feminino, quando indicar gênero. ATENÇÃO: A desinência número-pessoal do pretéri-
to perfeito indicativo é especial e acumulativa. Como o
pretérito perfeito possui DMT Ø, a DNP acumula a fun-
ção de DMT.

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Endurecer,
ECER, ESCER V. Incoativos (início de ação)
Florescer
PESS e N.º VERBO DNP Realizar,
AM / E / I IZAR, ANTAR, V. Causativos (ação praticada
1ª sing. I, Ø Afugentar,
ENTAR ou da qualidade)
FIZ Quebrantar
AM / A / STE Bebericar,
2ª sing. STE ICAR, ITAR, V. Diminutivos (ação diminutiva Saltitar,
FIZ / E / STE
ISCAR, INHAR e repetida) chuviscar,
AM / O / U / cuspinhar
3ª sing. U,
FEZ
AM / A / MOS, Algumas palavras trazem, ainda, em seu interior, vo-
1ª pl. MOS
FIZ / E / MOS
gais ou consoantes que não fazem parte dos chamados
AM / A / STES,
2ª pl. STES elementos mórficos. Esses elementos, cuja finalidade é,
FIZ / E / STES
apenas, e tão-somente, facilitar a pronúncia da palavra,
AM / A / RAM,
3ª pl
FIZ / E / RAM RAM recebem o nome de fonemas de ligação (vogais ou con-
soantes de ligação).
➢Afixos: Ex.: pau / l / ada gas / o / duto.
São elementos mórficos que, acrescentados ao radi-
ATENÇÃO:
cal, modificam a sua significação. Quando antepostos ao
radical, recebem o nome de prefixo; quando pospostos, 1. É bom lembrar que todos os elementos mórficos
serão sufixos. podem apresentar variantes.
2. O radical, sempre, aparece; os demais podem apa-
Estudos dos afixos (prefixos e sufixos)
recer ou não.
a) afixos – Correspondência de sentido entre pre-
fixos latinos e gregos: Ex.: Am / a / re / mos (R, VT, DMT, DNP), apa-
recem todos os elementos mórficos.
PREFIXO LATINO PREFIXO GREGO SENTIDO
AB, ABS, A APO afastamento Fiz (radical), os outros não aparecem.
AD, A, JUSTA PARA aproximação
AMBI ANFI duplicidade Logo, VTØ , DMTØ , DNPØ
ANTE, PRE PRO posição anterior
4. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALA-
BENE, BEM, BEN EU, EV excelência, bem
BIS, BI DI duas vezes VRAS
CIRCUM, CIRCUN PERI em volta de As palavras da língua portuguesa formam-se através
CONTRA, OB, O ANTI, PARA oposição
reunião,
dos seguintes processos:
COM, CON, CO SIM, SIN
companhia ➢DERIVAÇÃO: criação de uma nova palavra, por
movimento para
DE, DES CATA
baixo
acréscimo de afixos a outra, chamada de primitiva.
movimento para Pode ser: prefixal, sufixal, prefixal e sufixal e pa-
EX, ES, E EX, EC, EXO fora
EXTRA, ULTRA, superioridade exce-
rassintética.
HIPER, ARQUI
SOBRE, SUPER lência
Derivação prefixal: acréscimo de um prefixo
IN, IM, I, EM, EN, movimento para
INTRA, INTRO
EM, EN, E, ENDO
dentro ao radical da palavra primitiva.
IN, IM, I, DES, DIS A, AN negação Ex.: infeliz, desleal.
MULTI, PLURI POLI multiplicidade
PER, TRANS,
DIA, META através de
Derivação sufixal: acréscimo de um sufixo ao
TRAS, TRES radical da palavra primitiva.
RE HIPER intensidade
SEMI HEMI metade Ex.: felizmente, lealdade.
SUB, SOB, SO INFRA HIPO inferioridade
SUPER, SOBRE EPI posição acima Derivação prefixal e sufixal: acréscimo não-
simultâneo de um um prefixo e de um sufixo ao radical
b) sufixos: A maioria dos sufixos, em nossa lígua, da palavra primitiva.
são latinos ou gregos. Podem ser: nominais (formadores Ex.: infelizmente, deslealdade.
de nomes) e verbais (formadores de verbos).
Só existe um sufixo adverbial: MENTE. Derivação parassintética: acréscimo simultâ-
neo de um prefixo e de um sufixo ao radical da palavra
Como o nosso trabalho é uma orientação, apenas, em primitiva.
vez do estudo dos mesmos, através de exaustivas rela-
ções, optamos por fixá-los com exercícios. Ex.: anoitecer, abotoar.
SUFIXOS VERBAIS ➢COMPOSIÇÃO: consiste em formar uma nova
palavra pela união de duas ou de mais palavras (ou radi-
SUFIXOS SENTIDO VERBOS cais).
V. Freqüentativos (ação repeti- Voltear,
EAR, EJAR
da) Apedrejar Ex.: guarda-roupa; planalto.
Pode ser por justaposição ou por aglutinação.
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Por justaposição: os elementos formados são ➢Classificação
colocados, lado a lado, mantendo cada um, a sua integri-
Os substantivos classificam-se em:
dade.
1. Substantivo próprio – dá nome a um ser especí-
Ex.: beija-flor, girassol, guarda-roupa.
fico, individualizando-o entre os outros da mesma espé-
Por aglutinação: quando, pelo menos, um dos cie.
elementos formadores da nova palavra perde a sua inte-
Ex.: Manuel, Adriana, Jaci, Brasil, São Paulo, Terra
gridade, ficando a palavra formada, subordinada a um
(planeta em que habitamos), Sol (astro que é o centro do
acento tônico.
nosso sistema planetário), Lua (satélite da Terra), Deus,
Ex.: pernilongo, embora. Praça do Buriti, Polícia Militar, Ministério da Marinha,
“Dom Casmurro”, Jornal de Brasília, etc.
➢REGRESSÃO (derivação regressiva): criação de
nova palavra pela redução da palavra, primitiva. Obs.: Não confundir alguns nomes próprios, com
nomes comuns: terra (solo, local, região) sol (astro que é
Ex.: abalo (s.), choro (s.)
centro de um sistema planetário), deus (divindade, ído-
➢CONVERSÃO (derivação imprópria): é a mudan- lo), medicina (remédio), etc.
ça da classe gramatical da palavra.
2. Substantivo comum – nome que serve para de-
Ex: o jantar (s. derivado de verbo), signar os seres de uma mesma espécie.
o amanhã, ninguém conhece. (s. derivado de
Ex.: homem, mulher, menino, casa, escola, igreja,
advérbio).
muro, cão, pedra, caneta, rio, etc.
➢REDUPLICAÇÃO: criação de nova palavra, pela
3. Substantivo concreto – nome do ser que existe
repetição de sílaba ou de sílabas.
por si (concreto real) ou que se apresenta em nossa ima-
Ex.: pingue-pongue, titio. ginação, como se existisse por si (concreto fictício):
➢ABREVIAÇÃO: criação de nova palavra, pelo uso Ex.: de concretos reais: homem, casa, José, etc.
de parte de outra palavra em lugar do todo.
de concretos fictícios: saci, bruxa, lobisomem, mu-
Ex.: moto (motorcicleta), pneu (pneumático). la-sem-cabeça, fada, etc.
➢HIBRIDISMO: palavra formada de elementos ti- 4. Substantivo abstrato – nome do ser que só tem
rados de línguas diferentes. existência dependente de outro ser, ou seja, nome de uma
característica, de um estado, de uma ideia, de uma ação:
Ex.: automóvel (auto = grego / móvel = latino);
sociologia (socio = latino / logia = grego). Ex.: beleza, crueldade, saúde, crença, ciúme, viva-
*********************************************** cidade, esperança, pulo, coroação, pensamento, etc.
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS
Note a importante observação, a seguir, feita por
Todas as palavras da língua portuguesa têm finali- HILDEBRANDO A. de ANDRÉ, em sua Gramática
dades específicas: umas dão nome aos seres; outras indi- Ilustrada:
cam ações e qualidades desses seres; outras apenas esta-
“A forma dos seres designados pelos substantivos
belecem ligações entre termos de uma frase; etc. De
abstratos não é captada pela imaginação, é entendida
acordo com essas finalidades, as palavras dividem-se em
pela inteligência. A forma dos seres designados pelos
CLASSES GRAMATICAIS.
substantivos concretos é apreendida pela imaginação,
Existem na língua portuguesa dez classes gramati- pois os seres concretos possuem forma física ou apre-
cais divididas em dois grupos distintos: sentam-se com forma física fictícia.
* Variáveis: são as palavras que podem mudar de Julgamos que Deus, alma, anjo, demônio devam
forma e de classe, conforme seu emprego na frase. São ser incluídos entre os substantivos concretos reais, por-
elas: Substantivo, Adjetivo, Verbo, Pronome, Artigo e que, quando empregamos tais nomes, no ato da fala, re-
Numeral. ferimo-nos a seres que existem por si realmente, muito
embora não tenham forma física (suas representações
* Invariáveis: São as palavras que não apresentam
materiais são meros símbolos convencionais)”.
mudança em sua forma. São elas: Advérbio, Preposi-
ção, Conjunção e Interjeição. 5. Substantivo simples – nome formado de um só
elemento (radical).
SUBSTANTIVO
Ex.: espada, pedra, joia, guarda, moleque, pé, etc.
É palavra que dá nome aos seres em geral. Nor-
malmente exerce função sintática diretamente relaciona- 6. Substantivo composto – nome formado de dois
da com o verbo, atuando como núcleo do sujeito, dos ou mais elementos (radicais).
complementos verbais e do agente da passiva. Pode, ain-
Ex.: peixe-espada, pedra-pome, guarda-joia, pé de
da, funcionar como núcleo do complemento nominal ou
moleque, passatempo, etc.
do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito ou do
objeto ou como núcleo do vocativo.

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7. Substantivo primitivo – nome que não deriva, 3. Os substantivos masculinos, terminados em ão,
em português, de outra palavra: formam o feminino substituindo-se o ão por ã, oa ou
ona.
Ex.: flor, âncora, café, pedra, livro, máquina, etc.
Ex.:
8. Substantivo derivado – nome que deriva de ou-
tra palavra portuguesa: – Ã cirurgião - cirurgiã
cidadão - cidadã
Ex.: florista, ancoradouro, cafezal, pedreira, denta-
anão - anã
dura, livreiro, maquinaria, etc.
– OA leão - leoa
9. Substantivo coletivo – nome que expressa, es- leitão - leitoa
tando no singular, um grupo de seres da mesma espécie: hortelão - horteloa
Ex.: exército (soldados), rebanho (ovelhas), código – ONA folião - foliona
(leis), fornada (pães), cardume (peixes), etc. figurão - figurona
castelão - castelona
4. Alguns substantivos formam o feminino pelo
FLEXÃO NOMINAL DO SUBSTANTIVO
acréscimo de um sufixo feminino.
É o estudo das variações do substantivo quanto ao
Ex.:
gênero, número e grau.
– ESA/ESSA camponês - camponesa
GÊNERO prior - prioresa
Os substantivos podem variar em gênero (masculi- duque - duquesa
no ou feminino). abade - abadessa
* São do gênero masculino os substantivos a que se – ISA papa - papisa
podem antepor os artigos o ou os. poeta - poetisa
profeta - profetisa
o gato, os alunos, o candidato, os garotos, etc. – TRIZ embaixador - embaixatriz
* São do gênero feminino os substantivos a que se imperador - imperatriz
podem antepor os artigos a ou as. ator - atriz
a gata, as alunas, a candidata, as garotas, etc. – INA herói - heroína
maestro - maestrina
Formação do gênero czar - czarina
Quanto ao gênero, os substantivos dividem-se em – ORA cantor - cantora
biformes e uniformes. pastor - pastora
senhor - senhora
* Biformes - são os substantivos que apresentam
uma forma para o masculino e outra para o feminino. A 5. Há, ainda, alguns substantivos que distinguem o
oposição entre essas duas formas pode ser indicada de masculino do feminino através de um radical distinto pa-
várias maneiras. Vejamos: ra cada gênero. São os Heterônimos ou Desconexos,
que apresentam radicais diferentes, não se distinguindo
 Regra geral: pela terminação.
Não existe uma regra específica para a formação do Alguns exemplos
gênero do substantivo. Em geral, substitui-se a termina-
ção “o”, pela terminação “a”, para designar o feminino. bode cabra genro nora
cão cadela veado cerva
Ex.: menino / menina, gato / gata, aluno / aluna, boi vaca homem mulher
candidato / candidata, etc. pai mãe padrinho madrinha
 Regras especiais: cavalo égua compadre comadre

1. Alguns substantivos terminados em “e” formam * Uniforme - são os substantivos que apresentam
o feminino, substituindo-se esse “e” por “a”. uma única forma para o masculino e para o feminino. A
oposição entre as duas formas pode ser indicada pela
Ex.: mestre / mestra, infante / infanta, presidente / classificação dada a eles:
presidenta, etc.
 comuns-de-dois gêneros: O gênero é indicado pe-
2. Outros, quando terminados em consoante, for- lo artigo, adjetivo, pronome ou numeral que acompanha
mam o feminino acrescendo-se a desinência a. o substantivo.
Ex.: freguês / freguesa, bacharel / bacharela, pro- Ex.: o acrobata - a acrobata
fessor / professora, embaixador / embaixadora, etc. aquele mártir - aquela mártir
belo artista - bela artista

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 Sobrecomuns: O gênero apresenta a mesma forma 4) Quando o próprio uso culto da língua não fixar o
(tanto para o masculino, como para o feminino), não va- gênero do substantivo, a gramática aceita ambos os gêne-
riando nem mesmo as palavras que os acompanham. ros.
Ex.: o cônjuge (tanto pode ser o esposo, como a esposa). o / a diabete o / a personagem
o / a manequim o / a sabiá
a criança (pode ser o menino ou a menina) o / a pijama o / a suéter
a vítima (pode ser do sexo masculino ou feminino) 5) O substantivo quando usado como adjetivo fica
 Epicenos: São substantivos que designam outros invariável.
animais que não o ser humano. Seu gênero é indicado Ex.: Uma recepção monstro.
com o acréscimo dos termos MACHO ou FÊMEA.
Ex.: a girafa macho a girafa fêmea
o tatu macho o tatu fêmea NÚMERO
a cobra macho a cobra fêmea Quando falamos em número, estamos referindo-nos
CUIDADO!!! ao singular e ao plural.
1) Há alguns substantivos cuja mudança de gênero Seguem regras com exemplos, porém o mais impor-
acarreta mudança de significado. Tal sentido varia con- tante é você fixar estas palavras, não se colocando a de-
forme o artigo que o antecede. Essas palavras são ho- corar as regras em si.
mônimas pois são iguais na forma, porém de origem, Exemplos comuns, com o acréscimo de "S" final:
gênero e significado diferente. Observe:
Substantivos terminados em vogal ou em ditongo
o águia = espertalhão (exceto ão):
a águia = ave
o cabeça = chefe cajá – cajás céu – céus
a cabeça = parte do corpo irmã – irmãs boi – bois
o capital = conj. de bens paletó – paletós pai – pais
a capital = cidade sede do Estado
o cura = pároco
Substantivos terminados em – ÃO:
a cura = restabelecimento
o grama = medida de peso a) recebem o "s":
a grama = vegetal bênção bênçãos grão grãos
o moral = coragem cristão cristãos órgão órgãos
a moral = ética
b) troca-se o ÃO por ÕES:
o praça = soldado raso
a praça = lugar público balão balões coração corações
caixão caixões folião foliões
2) O gênero é uma classificação gramatical, não
canção canções limão limões
existindo correspondência necessária entre o gênero
(masculino/feminino) e o sexo (macho/fêmea) dos seres c) troca-se o ÃO por ÃES:
a que se referem os substantivos.
cão cães tabelião tabeliães
Ex.: a mesa é do gênero feminino e não do sexo femini- capitão capitães alemão alemães
no. escrivão escrivães pão pães
o banco é do gênero masculino e não do sexo mas- d) há, alguns que admitem duas e até três formas de
culino. plural:
3) Como não existe necessariamente uma relação anão = anãos e anões
entre o gênero e o sexo, muitos substantivos apresentam ancião = anciãos, anciões e anciães
gênero incerto e oscilante, mesmo na língua culta. Neste ermitão = ermitãos, ermitões e ermitães
caso, a gramática registra como correto o gênero fixado
pelo uso culto. Assim, são:
Terminados em AL, EL, OL, UL, trocam o L por
MASCULINOS- FEMININOS
IS:
o ágape a cal
canal = canais caraco=caracóis
o apêndice a cataplasma
Papel = papéis Paul =pauis
o champanha a comichão
o eclipse a motocicleta Terminados em IL
o guaraná a faringe
o milhar a dinamite – Oxítonos: trocam o "L" por "S":
funil = funispro jétil =projetis

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– Paroxítonos: trocam o "IL" por "EIS": c) elemento invariável + palavra variável: ave-
fóssil = fósseis projétil=projéteis marias, sempre-vivas, alto-falantes;
réptil = répteis d) palavras repetidas: ruge-ruges, quero-queros.
3. Recebem plural os dois elementos:
Terminados em R ou Z: recebem ES: a) substantivo + substantivo = couves-flores, abe-
cor = cores cocar = cocares lhas-mestras.
dólar = dólares nariz = narizes
b) substantivo + adjetivo = obras-primas, amores-
Terminados em S: perfeitos, capitães-mores.
* Monossílabos e Oxítonos: recebem ES: c) adjetivo + substantivo = públicas-formas, boas-
vidas.
mês = meses gás = gases
adeus = adeuses ás = ases Exceção: grã-cruzes
* Paroxítonos e Proparoxítonos: variam somente 4. Casos especiais:
o indicador de número:
os louva-a-deus os joões-ninguém
o lápis = os lápis o pires =os pires os bem-te-vis os diz-que-diz
o ourives = os ourives o ônibus =os ônibus os bem-me-queres
Terminados em M: trocam o M por NS: Obs.:
dom = dons armazém = armazéns 1. Se o 1º elemento for a palavra GUARDA (ver-
item = itens vintém = vinténs bo), esta ficará invariável. Vejamos como reconhecer is-
nuvem = nuvens som =sons to.
Verbo: se o 2º elemento for substantivo:
Atenção especial para os seguintes substantivos:
guarda-roupa =guarda-roupas (subst.)
abdômen = abdomens ou abdômenes guarda-comida = guarda-comidas
cânon = Cânones
Substantivo: se o 2º elemento for adjetivo:
espécime = espécimens ou especímenes
guarda-noturno = guardas-noturnos (adj.)
hífen = hifens ou hífenes guarda-florestal = guardas-florestais
Os substantivos terminados em X ficam invariáveis. 2. Alguns substantivos que apresentam ô (fechado)
Ex.: as fênix, os tórax, os ônix. no singular e ó (aberto) no plural:

Alguns substantivos são usados somente no plural: caroço = caróços osso = óssos
coro = córos ovo = óvos
os arredores as férias (tempo de descanso) destrôço = destróços porco = pórcos
as fezes os víveres fogo = fógos povo = póvos
PLURAL DOS COMPOSTOS Obs.: O acento é ilustrativo, uma vez que serve
Como regra geral, pode ser tomado o seguinte: apenas para indicar a tonicidade.

Flexionam-se os elementos que são substantivos, ar- Alguns que continuam com o ô (fechado) no plural:
tigos, adjetivos, numerais e pronomes; os demais perma- acordo esgoto globo
necem invariáveis. almoço gosto bolo
Observe os princípios: estojo rolo ferrolho
soro esboço transtorno
1. Recebe plural apenas o 1° elemento:
a) substantivo + preposição + substantivo
O GRAU DO SUBSTANTIVO
pés de moleque mãos-de-obra
1. Aumentativo: exprime o aumento do ser em re-
b) quando o segundo elemento limita ou determina lação ao seu tamanho normal.
o primeiro.
1.1. Analítico: forma-se por meio de adjetivos.
canetas-tinteiro guardas-marinha
Exs.: casa grande, pedra enorme, estátua colossal.
amigos-urso peixes-boi
1.2. Sintético: forma-se com o auxílio de sufixos,
2. Recebe plural só o 2° elemento: como: ão, az, alhão, alhona, ázio, ona, etc.
a) verbo + substantivo: beija-flores; garrafão fatacaz papelão poetastro
b) palavra composta sem hífen: girassóis, pontapés; barbaça mulherona vagalhão gatázio

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copázio mocetona (de moça) ADJETIVO
Atenção: Há casos em que o aumentativo expressa ADJETIVO é a palavra que expressa qualidade,
desprezo. Serão chamados, assim, de pejorativo ou de propriedade ou estado do ser. Os adjetivos dividem-se
depreciativo. em:
2. Diminutivo: Exprime a diminuição do ser em re- 1. Adjetivo explicativo – que diz qualidade essen-
lação ao seu tamanho normal. Também pode ser: cial do ser.
2.1. Analítico: formado com o auxílio dos adjeti- Ex.: pedra dura, gelo frio, leite branco, etc.
vos.
2. Adjetivo restritivo: que expressa qualidade ou
Ex.: lápis pequeno , inseto minúsculo. estado acidental do ser.
2.2. Sintético: formado com o auxílio de sufixos, Ex.: pedra preciosa, gelo útil, leite caro, livro velho,
como: inho, zinho, acho, culo, ejo, ete, icho, ico, ucho, bela casa, alto muro, etc.
etc.
3. Adjetivo pátrio: quando expressa nacionalidade
filhinho florzinha cãozito fogacho ou lugar de origem do ser.
lugarejo burrico festim espadim
Ex.: brasileiro, árabe, japonês, português, etc.
Obs.: Há casos em que o diminutivo expressa pie-
* Locução Adjetiva: expressa o valor de adjetivo,
dade, desprezo, antipatia, etc.
constituída de preposição + substantivo
irmãozinho mãezinha dedinho (ternura)
Ex.: corpo sem sangue = corpo anêmico
livreco padreco papelucho (pejoração) perímetro da cidade = perímetro urbano
agilidade de gato = agilidade felina
* Plural dos diminutivos em zinho e zito: colo-
cam-se os dois no plural e corta-se o "S" do substantivo:
animalZINHO = animais + zinhos = animaizinhos FLEXÕES DO ADJETIVO
coraçãoZINHO = corações + zinhos = coraçõezinhos 1. Gênero e Número
O adjetivo concorda em gênero e número com o
SUBSTANTIVO COLETIVO substantivo ao qual se refere.
Coletivo é o substantivo do tipo comum que, embo- menino preguiçoso : meninas preguiçosas
ra empregado no singular, indica um conjunto de seres mulher má : mulheres más
da mesma espécie.
• Formação do gênero:
Embora a NGB não dê nenhuma classificação dos
coletivos, a maioria dos gramáticos classificam-nos em: Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser UNI-
FORMES ou BIFORMES:
coletivos específicos: são os que determinam
uma só espécie de seres. Uniformes apresenta uma só forma para indicar os
dois gêneros. Vejamos exemplos:
Ex.: Arquipélago = conjunto de ilhas.
Banda = conjunto de músicos. professor jovem : professora jovem
Colméia = conjunto de abelhas. homem otimista : mulher otimista
coletivos indeterminados: são os que podem de- Outros: leve, nômade, paulista, contente, ruim, ante-
terminar mais de uma espécie de seres. Necessita, pois, rior, simples, veloz, amável, etc.
de um determinante para sua identificação. Biformes (duas formas): Apresentam uma forma
Ex.: Bando = Bando de criança - Bando de aves - para o masculino e outra para o feminino. Alguns exem-
etc. plos:
Junta = Junta de médicos, Junta de bois, de exami- moço camponês : moça camponesa
nadores, etc. embaixador francês : embaixatriz francesa
garoto sofredor : garota sofredora
Manada = Manada de bois - Manada de búfalos -
Manada de elefantes, etc.
coletivos numéricos: são os que determinam um • Formação do plural
número exato de seres. Quanto ao número, podem ser:
Ex.: semana, dezena, dúzia, mês, centena, etc.
Adjetivos simples – seguem as mesmas regras dos
********************************************* substantivos simples.
Adjetivo composto – há uma regra geral, apenas o
último elemento varia em gênero e em número.

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blusa azul-amarela Divide-se em:
= blusas azul-amarelas ANALÍTICO: A estátua é muito bela.
relação franco-americana a) Absoluto
= relações franco-americanas SINTÉTICO: A estátua é belíssima.

• O adjetivo composto ficará INVARIÁVEL quan- DE SUPERIORIDADE


do:
Analítico: A estátua é a mais bela
a) um dos elementos for SUBSTANTIVO de todas.
olhos verde-mar gravatas rosa-ouro b) Relativo
Sintético: A casa é a maior de
saias azul-pavão lenços branco-gelo
todas.
b) houver no composto a preposição DE:
DE INFERIORIDADE: A estátua é menos
blusas cor-de-rosa olhos cor-de-anil bela de todas.
Observações:
Para fixar melhor, observe que o ABSOLUTO não
1. substantivos simples, indicando cor, são invariá- apresenta RELAÇÃO do ser com qualquer outro, en-
veis. quanto que o RELATIVO (de relação) relaciona o SER
meias gelo camisas rosa (A casa é a mais bela de todas) a outros.
gravatas cinza muros laranja Como segunda observação, notamos que ambos
possuem aspectos: ANALÍTICO e SINTÉTICO. Aqui,
2. São invariáveis: também, torna-se fácil distinguir:
azul-marinho azul-celeste – ANALÍTICO: (lembra análise, decomposição) –
3. Variam os dois elementos: apresenta duas palavras:
muito bela, mais bela
surdo-mudo novo-rico
– SINTÉTICO: sempre uma só palavra:
2. Grau
belíssima, maior
Quanto ao grau, os adjetivos podem ser:
Comparativo: compara-se a mesma qualidade entre Veja, agora, algumas formas do superlativo absolu-
dois seres. to sintético = adjetivo + sufixos - íssimo, imo ou rimo:
João é mais estudioso que Paulo . amargo amaríssimo ágil agílimo
antigo antiguíssimo doce dulcíssimo
COMPARATIVO bom boníssimo dócil docílimo
Feliz felicíssimo frágil fragílimo
de igualdade Pedro é tão alto como João Feroz ferocíssimo humilde humílimo
de superioridade Pedro é mais alto do que João Frio frigidíssimo semelhante simílimo
De inferioridade Pedro é menos alto do que João Parco parcíssimo acre acérrimo
sagrado sacratíssimo célebre celebérrimo
Note bem: igualdade : tão... como (quanto)
Sério seriíssimo livre libérrimo
superioridade : mais...que (do que) ***********************************************************
inferioridade : menos...que (do que) – o VERBOS
“do”, na conjunção “do que”, é partícula expletiva.
Verbo é a palavra que exprime ação, fenômeno na-
* Há adjetivos que apresentam formas irregulares tural, estado ou mudança de estado, situando tais fatos
para o comparativo de superioridade; são eles: no tempo.
GRAU COMPARATIVO DE CANTAR, IR (AÇÃO);
NORMAL SUPERIORIDADE TROVEJAR, NEVAR (FENÔMENO);
BOM Melhor ESTAR, PERMANECER (ESTADO).
MAU Pior
PEQUENO Menor Conjugação é o uso sistemático de todas as formas
em que o verbo pode ser conjugado. Os verbos em Por-
Quando comparamos duas qualidades de um mes- tuguês são distribuídos por quatro conjugações, cuja
mo ser, podemos empregar as formas "mais grande", terminação é formada do -r, desinência do infinitivo im-
"mais mau", "mais bom". pessoal, precedido de uma vogal que caracteriza a conju-
Ex.: Esta casa é mais grande do que pequena. gação, a saber:
Pedrinho é mais mau do que bom. * a para a primeira:cantar, estar.
Superlativo: apresenta a qualidade em grau mais * e para a segunda:ver, crescer.
elevado; não se fazendo comparação com qualidade de * i para a terceira: dirigir, seguir, possuir.
outroser. * o para a quarta: pôr, repor, propor, supor, etc.

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Essas vogais, chamadas vogais temáticas, apare- –RA– identifica o mais-que-perfeito do indicativo
cem sistematicamente em várias formas de conjugação, de qualquer conjugação.
seja o verbo regular ou não. Para cada uma dessas conju-
canta-RA vende-RA parti-RA
gações, há uma forma - o paradigma - que indica as
canta-RA-s vende-RA-s parti-RA-s
formas a serem assumidas pelas flexões verbais.
canta-RA vende-RA parti-RA
De acordo com a relação estabelecida pelo para- cantá-RA-mos vendê-RA-mos partí-RA-mos
digma, os verbos podem ser classificados em: cantá-RE-is vendê-RE-is partí-RE-is
regulares: obedecem precisamente ao paradigma canta-RA-m vende-RA-m parti-RA-m
da respectiva conjugação.
irregulares: o verbo é irregular quando sofre al- Obs.: Na segunda pessoa do plural a desinência é -RE-
teração no radical ou nas desinências não seguindo o pa-
radigma da respectiva conjugação. –RA e –RE– apontam o futuro do presente do indi-
defectivo: são aqueles que não possuem forma cativo de qualquer conjugação.
certa. Eufonia ou homofonia são dadas como a causa canta-RE-i vende-RE-i parti-RE-i
principal desse problema. Por isso mesmo não são con- canta-RÁ-s vende-RÁ-s parti-RÁ-s
jugados em determinadas formas. canta-RÁ vende-RÁ parti-RÁ
abundantes: verbo abundante é aquele que pos- canta-RE-mos vende-RE-mos parti-RE-mos
sui mais de uma forma para determinada conjugação ou canta-RE-is vende-RE-is parti-RE-is
dois particípios. canta-RÃ-o vende-RÃ-o parti-RÃ-o
Elementos estruturais do verbo: –RIA– caracteriza o futuro do pretérito do indicati-
01. Radical: encerra a significação básica do verbo. vo de qualquer conjugação.
AM (-AR), FAZ (-ER), PART (-IR) canta-RIA vende-RIA parti-RIA
02. Tema: radical + vogal temática canta-RIA-s vende-RIA-s parti-RIA-s
CANT + A = CANTA (tema) canta-RIA vende-RIA parti-RIA
canta-RÍA-mos vende-RÍA-mos parti-RÍA-mos
* São as seguintes as vogais temáticas: canta-RÍE-is vende-RÍE-is parti-RÍE-is
A - vogal temática da 1ª conjugação; canta-RIA-m vende-RIA-m parti-RIA-m
E - vogal temática da 2ª conjugação;
I - vogal temática da 3ª conjugação; Obs.: Na 2ª pessoa do plural, a desinência é -RIE.
O - vogal temática da 4ª conjugação.
–E– indica o presente do subjuntivo da primeira
Assim, os verbos CANTAR, VENDER, PARTIR e conjugação.
PÔR têm como temas:
cant-E cant-E-mos
- CANTA =(cantar)
cant-E-s cant-E-is
- VENDE =(vender)
cant-E cant-E-m
- PARTI =(partir)
- PO =(pôr)
03. Desinências modo-temporais: indicam o tem- –A– indica o presente do subjuntivo da segunda e
po e o modo. Observe os elementos em destaque, aqui da terceira conjugação.
apresentados, e, facilmente, você identificará em que
vend-A part-A
tempo e modo o verbo estará sendo usado.
vend-A-s part-A-s
A seguir, os verbos paradigmas das três conjuga- vend-A part-A
ções apresentados em todos os seus tempos e modos. vend-A-mos part-A-mos
–VA– indica o pretérito imperfeito do indicativo da vend-A-is part-A-is
primeira conjugação. vend-A-m part-A-m
canta-VA cantá-VA-mos –SSE– caracteriza o pretérito imperfeito do subjun-
canta-VA-s cantá-VE-is (desinência -VE) tivo de qualquer conjugação.
canta-VA canta-VA-m
canta-SSE vende-SSE parti-SSE
–IA– caracteriza o pretérito imperfeito do indicati- canta-SSE-s vende-SSE-s parti-SSE-s
vo da segunda e terceira conjugações. canta-SSE vende-SSE parti-SSE
vend-IA part-IA cantá-SSE-mos vendê-SSE-mos
vend-IA-s part-IA-s partí-SSE-mos
vend-IA part-IA cantá-SSE-is vende-SSE-m parti-SSE-m
vend-ÍA-mos part-ÍA-mos –R– indica o futuro do presente do subjuntivo e
vend-ÍE-is (desin. E) part-ÍE-is (desin. -IE) também o infinitivo de qualquer conjugação.
vend-IA-m part-IA-m

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infinitivo Ex.: A gente apanha mas sempre acredita nos polí-
ticos.
canta-R vende-R parti-R
futuro do subjuntivo b) Tempos e Modos
canta-R vende-R parti-R Os tempos
canta-R-es vende-R-es parti-R-es
Indicam o momento em que ocorre o fato expresso
canta-R vende-R parti-R
pelo verbo. São eles:
canta-R-mos vende-R-mos parti-R-mos
canta-R-des vende-R-des parti-R-des * presente – expressa um acontecimento que ocor-
canta-R-em vende-R-em parti-R-em re no momento da fala. (estudo, estudas, estuda, etc.)
* pretérito – expressa um fato ocorrido num mo-
mento anterior ao da fala. Subdivide-se em:
FLEXÃO VERBAL
 pretérito perfeito: denota ação completa, plena-
É o estudo das variações do verbo quanto as suas
mente realizada. (Fiz a prova - Trabalhei naquela empre-
flexões que podem variar em: número, pessoa, tempo,
sa.)
modo e voz.
 pretérito imperfeito: denota ação incompleta ou
a) Número e Pessoa interrompida no momento da fala. (Pensava na Hélia,
O verbo pode referir-se a um único ser ou a mais de enquanto fazia a prova.)
um. No primeiro caso, dar-se-á no singular; no segundo,  pretérito mais-que-perfeito: denota ação anterior
no plural. Essa indicação de número é sempre acompa- a outra ação também passada. (Quando o resultado da
nhada pela indicação da pessoa objeto do verbo. prova saiu, João aprendera a lição.)
Quanto à pessoa, o verbo flexiona-se em três pesso- * futuro – expressa um fato que está por vir, poste-
as: rior ao momento da fala. Subdivide-se em:
* primeira - é aquela que fala: eu (no singular) /
nós (no plural);  futuro do presente: denota uma ação posterior.
* segunda - é aquela com quem falamos: tu ou vo- (Farei a prova no menor tempo. - Serás um funcionário
cê (no singular) / vós ou vocês (no plural); competente.)
* terceira - é aquela de quem falamos: ele ou ela  futuro do pretérito: denota uma ação posterior
(no singular) / eles ou elas (no plural) relacionado a outra já passada. Geralmente a segunda
ação é dependente da primeira e inclui uma condição.
Ex.: A conjugação do verbo pensar no presente do (Estaria trabalhando se tivesse um padrinho)
indicativo é:
Os modos
singular plural
1ª pessoa: eu penso → nós pensamos * Indicam as diferentes maneiras de um fato reali-
tu pensas → vós pensais zar-se. São três: indicativo, subjuntivo e imperativo
2ª pessoa: * Situam a época ou o momento em que se verifica
você pensa vocês pensam
o fato.
3ª pessoa: ele pensa → eles pensam
* Estão sempre associados à indicação do tempo, ou
ela pensa elas pensam
seja, a expressão da atitude da pessoa do verbo está inti-
Obs.: mamente ligada ao tempo da ocorrência do fato. Veja-
mos:
* O pronome informal você e os informais (prono-
mes de tratamento) o senhor, a senhora, Vossa Senho- O MODO INDICATIVO
ria, etc. por tratar-se da pessoa com quem se fala, são Exprime um fato certo, positivo:
considerados da 2ª pessoa do singular. Quando no plural,
vocês, os senhores, as senhoras, Vossas Senhorias, etc. Chegamos muito tarde.
vão para a 2ª pessoa do plural. Tempos do indicativo
Ex.: Você é bonita 01. O presente enuncia um fato como atual.
Vocês são bonitas
O senhor é o líder. Sou o galã, as garotas adoram-me.
Os senhores são os líderes 02. O pretérito imperfeito apresenta o fato como an-
terior ao momento atual, mas ainda não-concluso no
* Quando vós se refere a uma só pessoa, indica sin-
momento passado a que nos referimos.
gular apesar de tomar a flexão plural.
Ex.: Senhor, vós que sois todo poderoso, ouvi mi- Eu era o galã, as garotas adoravam-me.
nha prece. Saía sempre que meus pais permitiam .
* Na linguagem do dia a dia, utiliza-se com fre- 03. O pretérito perfeito diz um fato já concluso, em
quência a forma a gente como pronome (no lugar de época passada.
NÓS), o que não é aceito pela norma culta. Neste caso, o
verbo deve permanecer na terceira pessoa do singular. Fui um galã, as garotas adoraram-me.

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04. O pretérito mais-que-perfeito expressa um fato O MODO IMPERATIVO
anterior a outro fato que, também, é passado.
O imperativo expressa ordem, conselho, pedido.
Quando cheguei à estação, o trem já partira.
Vai para fora.
"cheguei" = fato passado.
"partira" = fato passado, anterior ao pri- Não sejam amolantes.
meiro fato.
Conduza o carro atentamente.
Fui para ver se ainda salvava alguma coisa, mas
a enchente já arrastara tudo. * Obs.: Deixe de lado a preocupação em decorar
05. O futuro do presente diz um fato que deve reali- conceitos quanto aos tempos verbais. Procure, antes de
zar-se num tempo vindouro, com relação ao momento tudo, a prática constante.
presente.
FORMAS NOMINAIS DO VERBO
Serei milionário, comprarei um arranha-céu,
viverei folgadamente. São o INFINITIVO, o GERÚNDIO e o PARTICÍ-
- Viajaremos pelo Brasil. PIO, assim denominados porque têm função de nomes:
- Conquistarei o prêmio cobiçado. INFINITIVO = SUBSTANTIVO
06. O futuro do pretérito expressa um fato posterior GERÚNDIO = ADJETIVO
com relação a outro fato já passado. Frequentemente, o PARTICÍPIO = ADVÉRBIO
outro fato já passado é dependente do primeiro e inclui * Infinitivo
uma condição.
No infinito, os verbos podem ser:
Ganharíamos o prêmio se tivéssemos feito um
preparo físico adequado. 01. Infinitivo impessoal: enuncia a significação do
"ganharíamos" = fato posterior verbo de modo inteiramente vago. É o nome do verbo:
"tivéssemos feito" = fato passado, de- (cantar, vender, partir, etc.).
pendente do primeiro e inclui condição. 02. Infinitivo pessoal: é o infinitivo ligado às pes-
soas do discurso. Na primeira e na terceira pessoas do
singular não apresenta flexão ou terminação; nas demais,
O MODO SUBJUNTIVO diz-se infinitivo flexionado, por apresentar terminação;
Exprime fato possível, hipotético ou duvidoso. número-pessoal: cantar (eu), cantares, cantar (ele), can-
tarmos, cantardes, cantarem.
Ex.: Talvez, sejas aprovado.
* Gerúndio
Tempos do subjuntivo
No gerúndio, o verbo funciona como adjetivo ou
01. O presente traduz uma ação subordinada a ou- como advérbio.
tra, e que se desenvolve no momento atual. Expressa dú-
vida, possibilidade, suposição. Vi a menina chorando. (função de adjetivo)

Supões que sejam eles os prisioneiros? Estudando (função de advérbio), venceremos o


Pode bem ser que o colega te passe a perna. concurso.

Deixe de estudar e você verá. * Particípio

02. O pretérito imperfeito diz uma ação passada, No particípio, o verbo é empregado na formação
mas posterior e dependente de outra ação passada. dos tempos compostos; fora disso, é verdadeiro adjetivo
(chamado "adjetivo verbal"), devendo ser flexionado,
O professor receou que eu desistisse. como adjetivo, em gênero, número e grau.
receou = ação passada Estudadas as lições, fizemos as provas.
desistisse = ação passada, mas posterior e
dependente da primeira. LOCUÇÃO VERBAL
Eu duvidava (ação passada) que ele fizesse a A locução verbal é uma expressão formada por ver-
viagem (ação passada, mas posterior e dependente da bo auxiliar + verbo principal.
primeira).
Observe as locuções verbais nas orações a seguir:
03. O futuro expressa ação vindoura – condicional,
temporal ou conformativa – dependente de outra ação, Letícia acabou de chegar.
também, futura. Buscamos encontrar uma solução.
Não consegui falar direito.
Quando se esgotarem todos os recursos, apelaremos Costuma chegar tarde.
ao presidente. Desejamos examinar a batalha.
Se for preciso, nós te ajudaremos. Hei de vencer a batalha.
Faremos como julgarmos melhor. Temos de achar uma solução.
Vínhamos insistindo nisso há muito tempo.

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A voz medial é a combinação da voz ativa com o
pronome oblíquo átono da mesma pessoa do sujeito: eu
Note que, quando houver desdobramento do infini-
me lavo, tu te lavas, ele se lava, nós nos lavamos, vós
tivo (2º verbo), não haverá locução verbal:
vos lavais, eles se lavam. O pronome oblíquo átono fun-
ciona como objeto que "reflete" a pessoa do sujeito.
O aluno finge entender o assunto.
- finge entender = finge que entende
VERBOS REGULARES E IRREGULARES
Espero achar uma solução.
– Regulares: conservam o mesmo radical em toda a
- Espero achar = Espero que eu ache. conjugação, em relação à fala, não em relação à escrita.
Obs.: O verbo parecer, quando anteposto a infiniti- cantar, amar, vender, bater, partir, aplaudir.
vo, formará com ele uma locução verbal, embora seja
– Irregulares: apresentam variações no radical ou
possível o desdobramento do infinitivo.
nas flexões ou em ambas simultaneamente (em relação à
Ex.: Denise e Célia pareciam gostar da brincadeira. fala).
Rosângela parece querer um doce. dar, odiar, passear, crer, dizer, perder, querer, valer,
acudir, aderir, agredir, despir, mentir, pedir, etc.
c) Vozes verbais
* Vimos há pouco a conjugação completa dos ver-
Voz do verbo é a forma que o verbo assume para bos regulares tomados como modelo.
indicar que a ação verbal é praticada ou recebida pelo su-
jeito. São três: ativa, passiva e reflexiva. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
1. Voz ativa: o sujeito pratica a ação verbal. Em algumas formas verbais, o acento tônico incide
no radical; noutras, na terminação. As primeiras cha-
O inimigo sitiou a cidade.
mam-se RIZOTÔNICAS; as últimas, ARRIZOTÔNI-
Nós fomos à feira.
CAS.
Observe que o sujeito (o inimigo e nós) pratica a Veja:
ação, é chamado sujeito agente.
VENDO (acento tônico no radical -VEND - rizotô-
2. Voz passiva: o sujeito sofre a ação verbal.
nica);
Joãozinho foi castigado pelo professor. VENDERÁ (acento tônico fora do radical - RÁ -
A ponte fora construída por hábil engenheiro. arrizotônica).
Observe que o sujeito (Joãozinho) recebe a ação de Examine o Modelo:
castigar, por isso é chamado sujeito paciente, assim co-
cant-o (rizotônica) cant-e (rizotônica)
mo A ponte.
cant-as (rizotônica) cant-es (rizotônica)
a) passiva analítica, com um dos auxiliares ser, es- cant-a (rizotônica) cant-e (rizotônica)
tar, ficar, seguidos do particípio do verbo que se quer cant-amos (arrizotônica) cant-emos (arrizotônica)
apassivar. cant-ais (arrizotônica) cant-eis (arrizotônica)
cant-am (rizotônica) cant-em (rizotônica)
O soldado foi morto pelo inimigo.
Eles estão cercados pelos guardas. Irregulares
A sala ficará ocupada por nós.
Verbos em -GUAR- tomado como modelo o verbo
b) passiva pronominal, com um verbo transitivo di- AGUAR.
reto acompanhado do pronome apassivador se.
Observe as duas maneiras de empregá-lo.
Dá-se terra para plantio.
PRES. DO IMPERATIVO PRES. DO IMPERATIVO
Alugam-se casas. INDICATIVO AFIRMATIVO SUBJ. NEGATIVO
3. voz medial: a pessoa do sujeito pratica e, ao águo águem
mesmo tempo, sofre a ação verbal. Subdivide-se em: águas água tu águes não águes
água águe você águe não águe
a) reflexiva: quando só houver um ser envolvido na aguais aguai vós agueis não agueis
ação. águam águem vocês águem não águem
Maria penteou-se.
* O modelo acima é seguido por desaguar, enxa-
O menino machucou-se.
guar e minguar. Não obstante, os verbos "apaziguar" e
b) recíproca: quando houver dois ou mais seres en- "averiguar" têm sempre o "-u-" tônico nas rizotônicas.
volvido na ação.
Obs.: O pronome “nós”, por representar o falante,
Os vizinhos ofendiam-se. não pode ser incluso nos imperativos.
Os lutadores esmurravam-se.

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A maioria das irregularidades dos verbos encontra- Se o verbo terminar por vogal ou ditongo oral, em-
se nas formas rizotônicas. Por exemplo: os verbos em pregamos, sem qualquer alteração: -o, -a, -os, -as.
EAR são irregulares, apenas nas formas rizotônicas, nas
tenho-o, amo-a, ajudou-as, traga-as, etc.
quais recebem um "i" eufônico. (Ex.: passeio - passeias -
passeia - passeiam). Passeamos e passeais são formas ar- Se a forma verbal terminar por -R, -S ou -Z, essas
rizotônicas. consoantes caem e empregamos as formas -lo, -la, -los, -
las.
O mesmo, no subjuntivo presente e na 2ª pessoa do
imperativo. Os verbos em IAR são regulares com exce- Com o final R: amar + o = amá-los; vender + a =
ção de: vendê-la;
M ediar
Com o final S: fazeis + o = fazei-lo; amamos + os =
A nsiar amamo-los;
R emediar Com o final Z: faz + as = fá-las; diz + o = di-lo.
I ncendiar
Se a forma verbal terminar por nasal (-AM, -EM, -
O diar
ÃO, -ÕE), os pronomes o, a, os e as, devem vir precedi-
Nesses verbos, a irregularidade consiste num "E" dos de um "-N-" eufônico: -no, -na, -nos, -nas.
acrescido ao radical, nas formas rizotônicas.
amam + o = amam-no; dizem + a = dizem-na;
Mais irregulares, com aspectos que nos interessam: pões + os = põe-nos; dão + as = dão-nas.
PEDIR Obs.: As formas átonas objetivas indiretas me, te,
lhe, lhes, nos e vos, vistos no caso anterior, podem com-
PRES. DO IMPERATIVO PRES. DO IMPERATIVO
INDICATIVO AFIRMATIVO SUBJ. NEGATIVO binar-se com as objetivas diretas o, a, os e as:
peço peça me + o = mo; te + o = to;
pedes pede tu peças não peças tu lhe + o = lho; nos + o = no-lo;
pede peça você peça não peça você vos + o = vo-lo; lhes + o = lhos.
Pedis pedi vós peçais não peçais vós
Ex.: O colega enviou o livro a mim. = O colega
Pedem Peçam vocês peçam não peçam vocês
enviou-mo.
“Pedir” apresenta variação no radical da primeira O duplo particípio em alguns verbos
pessoa do singular do presente do indicativo e nas for-
mas derivadas. O mesmo ocorre com os verbos desim- Há verbos que apresentam duas ou mais formas de
pedir, expedir, impedir e medir. igual valor e função. São chamados verbos abundantes
(ex.: ele constrói ou ele construi; comprazi ou comprou-
Abrimos parênteses para uma observação sobre a ve, entopes ou entupes, vamos ou imos, etc.).
formação do imperativo. Note que o mesmo é formado
do presente do subjuntivo, com exceção apenas das 2 as Entretanto, é no particípio que mais encontramos
pessoas (do singular e do plural) do imperativo afirmati- formas duplas e mesmo triplas, uma regular e a outra ou
vo. as outras irregulares.
Segundas pessoas do imperativo afirmativo - retira- Ex.:
das do presente do indicativo sem o S.
PARTICÍPIO PARTICÍPIO
TU PEDES : PEDE TU VERBO
REGULAR IRREGULAR
VÓS PEDIS : PEDI VÓS aceitar aceitado aceito
SAIR entregar entregado entregue
expulsar expulsado expulso
PRES. DO IMPERATIVO PRES. DO IMPERATIVO
INDICATIVO AFIRMATIVO SUBJ. NEGATIVO
pegar pegado pego
salvar salvado salvo
saio saia
sais sai tu saias não saias tu
soltar soltado solto
sai saia você saia não saia você
acender acendido aceso
suspender suspendido suspenso
saís saí vós saiais não saiais vós
imprimir imprimido impresso
saem saiam vocês saiam não saiam vocês
submergir submergido submerso
Obs.: pelo modelo "sair”, conjugam-se: cair, decair, Observe a regra para o emprego do particípio:
descair, recair, sobressair, trair, abstrair, atrair, distrair,
retrair, extrair, subtrair, etc. * As formas regulares são empregadas, na voz ati-
va, com os auxiliares (particípio -do) "ter" ou "haver".
O Verbo com Pronomes Oblíquos (O, A, OS,
AS). – O caçador havia matado o leão.
– O vigário teria benzido a beata.
Os pronomes O, A ,OS, e AS não são reflexivos.
Quando empregados após a forma verbal, modificam-se
conforme o final do verbo:

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* As formas irregulares são usadas, na voz passiva, houvemos reouvemos
com os auxiliares “ser”, “estar”, “ficar”, “continuar” e houvestes reouvestes
“permanecer”. houveram reouveram
– O leão foi morto pelo caçador. e) PRAZER – Só é conjugado na 3ª pessoa do sin-
– A beata estava benta pelo vigário. gular e na 3ª pessoa do plural: praz/prazem, prazia/
praziam, prouve/prouveram, prazerá/prazerão.
Obs.: As formas regulares "ganhado", "gastado" e
"pagado" são evitadas na língua culta. Diga-se: "ganho", f) APRAZER e COMPRAZER – São verbos irregu-
"gasto" e "pago" com qualquer auxiliar. lares. Variam no radical e nas desinências.

DEFECTIVO PRES. IND. PRET. PERFEITO


Defectivo é o verbo cuja conjugação não é comple- aprazo aprouve
ta. As formas ausentes são rejeitadas por motivos de eu- aprazes aprouveste
fonia. apraz aprouve
Vejamos alguns exemplos: aprazemos aprouvemos
aprazeis aprouveste
ABOLIR REAVER aprazem aprouveram
PRESENTE DO PRESENTE DO
g) PROVER – Conjuga-se como o verbo ver, exce-
INDICATIVO INDICATIVO
to no pretérito perfeito e seus derivados, em que é regu-
lar.
aboles
abole Pretérito Perfeito: provi, proveste, proveu, prove-
abolimos reavemos mos, provestes, proveram.
abolis reaveis h) REQUERER – Verbo irregular. Não se conjuga
abolem como QUERER.
VERBOS DE DIFÍCIL CONJUGAÇÃO
a) FALIR, ESBAFORIR, FLORIR, ESPAVORIR – PRES. IND. PRET. PERF.
Grupo de verbos da 3ª conjugação que só são conjugados requeiro requeri
nas formas onde apareça "-i" depois do radical. requeres requereste
b) COLORIR, ABOLIR, BANIR, RUIR, ESCUL- requer (e) requereu
PIR, DEMOLIR – Grupo de verbos da 3ª conjugação requeremos requeremos
que rejeita as formas terminadas em "-o" ou em "-a". requereis requerestes
requerem requereram
c) PRECAVER – Só é conjugado nas formas arrizo-
tônicas. Não possui, então, as pessoas do singular e a 3ª i) CRER – Verbo irregular. Varia no radical e nas
pessoa do plural do presente do indicativo; não possui o desinências.
presente do subjuntivo. Pretérito Perfeito - precavi, pre- PRES. IND. PRET. PERF. PRET. IMP. IND.
caveram, precaveu, precavemos, precavestes.
creio cri cria
d) REAVER (re + haver) – Só é conjugado nas crês creste crias
formas em que o verbo HAVER apresenta a letra "v". crê creu cria
cremos cremos críamos
credes crestes críeis
PRESENTE DO INDICATIVO crêem creram criam
HAVER REAVER ANÔMALO
hei – Anômalo é o verbo que apresenta muitos radicais.
hás – São anômalos os verbos SER, IR e PÔR.
há –
havemos reavemos SER somos, éramos, fomos...
haveis reaveis IR vamos, íamos, fomos...
hão – PÔR pomos, púnhamos, pusemos
*********************************************
PRETÉRITO PERFEITO PRONOMES
HAVER REAVER Pronome é a palavra que substitui ou modifica um
houve reouve nome.
houveste reouveste Ela chegou tarde.
houve reouve

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Minha avó faleceu aos 90 anos. Com exceção de o, a, os, as, lhe e lhes, os demais
pronomes oblíquos podem ser reflexivos, isto é, podem
Sintaticamente os pronomes podem desempenhar as
se referir ao sujeito da oração, sendo da mesma pessoa
mesmas funções desempenhadas pelos substantivos e pe-
que este.
los adjetivos. Servem pois:
Ex.: Carlos só pensa em si.
a) para representar um substantivo. São os pro-
nomes substantivos: Eu me machuquei na escada
Tu não te enxergas?
“Invejava os homens e copiava-os”
A mãe trouxe as crianças consigo.
b) para acompanhar um substantivo, determi-
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
nando-lhe a extensão do significado – São os pronomes
adjetivos: 01. Eu e tu são pronomes que só funcionam como
sujeito e como predicativo do sujeito.
“Vi terras de minha terra,
Por outras terras andei, 02. A correspondência entre os pronomes se, si e
No meu olhar fatigado consigo e o sujeito deve ser rigorosa (só podem ser re-
Foram terras que inventei.” flexivos).
03. Você e vocês são pronomes pessoais de trata-
Há sete tipos de Pronomes mento da 2ª pessoa. Levam o verbo para a 2ª pessoa,
pessoais, possessivos, demonstrativos, relati- como todos os pronomes de tratamento.
vos, interrogativos, indefinidos e exclamativos 04. Quando se faz referência à pessoa, usa-se o pos-
sessivo sua em vez de vossa.
05. Na linguagem coloquial, utiliza-se, com fre-
PESSOAIS quência, a forma a gente como pronome (no lugar de
Os pronomes pessoais caracterizam-se: NÓS), o que não é aceito pela norma culta. O verbo deve
permanecer na terceira pessoa do singular. (Ex.: A gente
1º) por denotarem as três pessoas gramaticais, isto apanha, mas sempre acredita nos políticos).
é, por terem a capacidade de indicar a pessoa no diálogo:
Pessoais de Tratamento
eu (singular), Os pronomes pessoais e as locuções pronominais
quem fala 1ª pessoa
nós (plural) pessoais de tratamento são usados no trato cortês e ceri-
tu (singular), monioso. Eis alguns deles:
com quem se fala 2ª pessoa
vós (plural) pronome de abreviatura usado para se dirigir a
ele (singular), tratamento
de quem se fala 3ª pessoa Vossa Alteza V. A. príncipes, princesas e duques
eles (plural) Vossa Eminência V. Ema. cardeais
Vossa Excelência V. Exa. altas autoridades e Of. Generais
Vossa Magnificência V. Maga. reitores de universidades
2º) por poderem representar, quando na 3ª pessoa, Vossa Majestade V. M. reis, rainhas e imperadores
uma forma nominal anteriormente expressa: Vossa Santidade V. S. papa
Vossa Senhoria V. Sa. tratamento cerimonioso
“A costureira trabalhava dobradamente, ela mesma Senhor / Senhora
Você
Sr. / Sra.
V.
tratamento de respeito
tratamento familiar ou íntimo
adiantando a compra dos aviamentos, escolhendo os fi- Senhorita Srta. mulher jovem e solteira
gurinos.” Madame mulheres com certa idade
Dona Dª. mulheres com certa idade
3º) por variarem de forma, segundo:
a) a função que desempenham na oração. * Esses pronomes são de 2ª pessoa.
b) a acentuação que nela recebem. Quanto à acen- * Quando o interlocutor se referir a uma 3ª pessoa,
tuação, distinguem-se, nos pronomes pessoais, as formas usará o possessivo sua: Sua Excelência, Sua Majestade,
tônicas das átonas. etc.
Veja a seguir a correspondência entre essas formas: POSSESSIVOS
Os pronomes possessivos são aqueles que substitu-
em as pessoas e, ao mesmo tempo, dão ideia de posse.
Pronomes Pronomes Pessoais Oblíquos
Quando digo “meu livro”, estou afirmando que eu
Núme- Pessoas Retos Átonos Tônicos
ro (1ª pessoa) sou dono do livro. Portanto, meu substitui um
1ª pessoa EU me mim, comigo nome e indica posse.
Singular 2ª pessoa TU te ti, contigo
3ª pessoa ELE, ELA se, o , a, lhe si, consigo
1ª pessoa NÓS nos nos, conosco
Plural 2ª pessoa VÓS vos vos, convos-
3ª pessoa ELES, ELAS se, os, as, lhes co
si, consigo

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Os principais pronomes possessivos são estes: Ex.: Que ideia é essa?
Quem fez isso?
1ª pessoa meu (e variações), “Quanta mentira não há num beijo?
nosso (e variações) Quanto veneno? Quanta traição!!”
teu (e variações), RELATIVOS
2ª pessoa
vosso (e variações)
São os que representam nomes já mencionados an-
3ª pessoa seu (e variações) teriormente, isto é, têm relação (RELATIVOS) direta
com os mesmos.
DEMONSTRATIVOS
Ex.: Conheço o livro que estás lendo.
São aqueles que demonstram, apontam. Quando di- Fiz o (aquilo) que me mandou.
go “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra Estranhei a maneira como ele procedeu.
perto de mim, a pessoa que fala. Por outro lado, “esse li- Os pronomes relativos e as locuções pronomi-
vro” indica que o livro está longe da pessoa que fala e nais relativas da língua portuguesa são:
próximo da que ouve. “Aquele livro” indica que o livro
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
está longe de ambas as pessoas.
masculino feminino
Os principais pronomes demonstrativos são estes: o qual os quais a qual as quais quem
cujo cujos cuja cujas que
1ª pessoa este (e variações), isto
quanto quantos quanta quantas onde
2ª pessoa esse (e variações), isso
3ª pessoa aquele (e variações), aquilo
EMPREGO DO PRONOME RELATIVO
mesmo (e variações), próprio (e variações)
tal (e variações), semelhante (e variação) * Que é o relativo mais usado, por isso é chamado
de relativo universal. Pode ser usado como referência a
pessoa ou coisa, no singular ou no plural.
INDEFINIDOS
Ex.: Eis o velho amigo de que lhe falei.
Os pronomes indefinidos são aqueles que se refe-
rem à 3ª pessoa, dando sentido vago ou expressando Há coisas que aprendemos tarde.
quantidade indeterminada. * O qual e suas flexões, são exclusivamente pro-
Os principais pronomes indefinidos são estes: nomes relativos e são usados para substituir o pronome
que principalmente quando regido de preposição.
INVARIÁVEIS VARIÁVEIS Ex.: Eis o magno problema por que (ou pelo qual)
algum (e variações) me bato.
algo
outros (e variações)
nenhum (e variações) Ele participou da reunião realizada na noite an-
alguém terior, a qual deu origem ao novo partido. (o uso de que
quanto (e variações
todo (e variações) neste caso geraria ambiguidade).
nada
tanto (e variações) * Cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual
muito (e variações) e de quem. Estabelecem normalmente uma relação de
ninguém
qual (e variações) posse entre o antecedente e o termo que especificam.
pouco (e variações)
tudo Ex.: O cavalo é um animal cujo pêlo é liso. (= o pê-
qualquer (e variações)
lo do qual é liso)
diverso (e variações)
cada
um (e variações e quando isolado) Devemos eleger candidatos cujo passado seja
outrem vários (e variação) garantia de boas intenções. (= o passado desses candida-
que tos deve ser garantia)
quem * Quem é sempre regido de preposição e refere-se a
pessoas ou a uma coisa personificada.
Existem, também, as locuções pronominais inde-
finidas. Ex.: A funcionária por quem fui atendido é uma ga-
ta.
Ex.: cada um, cada qual, todo aquele que, quem
Esse é o livro a quem prezo como companhei-
quer que seja, seja qual for, seja quem for, etc.
ro.
* Onde é pronome relativo quando tem o sentido
INTERROGATIVOS aproximado de em que. Deve ser usado, portanto, na in-
dicação de lugar.
Os pronomes interrogativos são os pronomes inde-
finidos que, quem, qual, quais, quanto, quanta, quan-
tos, e quantas usados em frases interrogativas.

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Ex.: Buscamos uma cidade onde possamos passar 5. com os substantivos em frases optativas (as que
nossas férias. exprimem desejo):
Quero mostrar-lhe a casa onde morei.
Deus lhe pague! Macacos me mordam!
* Quanto e suas flexões são pronomes relativos Deus me livre! Raios o partam!
quando seguem os pronomes indefinidos tudo, todos ou
6. com a preposição expletiva (dispensável) em an-
todas.
tes de gerúndio.
Ex.: Esqueci tudo quanto foi dito na aula passada.
Em se tratando de negócios, é melhor não bobear.
Vocês podem confiar em todos quantos estão Em se ausentando-se, complicou-se.
inscritos no concurso.
7. com a palavra denotativa de exclusão só (= so-
Os pronomes relativos são peças fundamentais à mente, apenas).
boa articulação de frases e textos. Sua dupla capacidade
Só Marta me viu no cinema.
de atuar como pronome e conectivo simultaneamente fa-
Só ele apareceu, para trabalhar.
vorece a síntese e evita a repetição de termos.

MESÓCLISE
EXCLAMATIVOS
A mesóclise ocorre:
Os pronomes exclamativos são aqueles que excla-
mam algo, ditas em frases que exprimem emoção. 1. com o verbo iniciando a oração, estando ele no
futuro do presente do indicativo ou no futuro do pretérito
Ex.: Que mulher!
do indicativo.
Quanto te arriscas com esse procedimento!
Vê-la-emos amanhã.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Contar-lhe-ia tudo o que sei.
A colocação pronominal está intimamente ligada à
2. com o substantivo iniciando a oração, sendo ele
harmonia da frase.
seguido de verbo, estando este no futuro do presente do
Os pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, indicativo ou no futuro do pretérito do indicativo.
nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as) atuam basicamente como
Gildete manter-se-á atenta para o que der e vier.
complementos verbais e, nessa condição, podem ocupar
Luís irritar-se-ia, se não passasse no vestibular.
três posições em relação ao verbo:
ÊNCLISE
– antes (Próclise)
– no meio (Mesóclise) Ocorre a ênclise quando a oração se inicia pelo ver-
– depois (Ênclise) bo, estando ele no presente do indicativo, no pretérito
perfeito do indicativo, no pretérito imperfeito do indica-
USO DA PRÓCLISE
tivo, no pretérito mais-que-perfeito do indicativo, no in-
* Próclise por atração – é usada, quando o verbo finitivo, no gerúndio ou no imperativo afirmativo.
vem precedido das seguintes palavras atrativas:
Quero-lhe muito, Teresa!
1. com as negativas em geral (jamais, nada, não, Deram-te o recado, Alcebíades?
nem, nunca, ninguém, nenhum, etc.). Surdo, era-o demais.
Justo, fora-o pouco.
Não o vejo há dias - Nada me preocupa.
As moças deixaram o restaurante, queixando-se da
2. com os advérbios (já, ainda, sempre, antes, agora, comida.
talvez, acaso, porventura, etc.) Telefone-nos amanhã.
Já te avisaram disso? Ainda não me avisaram nada. COLOCAÇÃO PRONOMINAL COM AS LO-
CUÇÕES VERBAIS
Sempre me lembrei de você. Antes me procurava;
agora me evita. 1. Locução verbal = verbo auxiliar + verbo prin-
cipal (no infinitivo):
3. com os pronomes, exceto com os possessivos e
com os pessoais: Eu lhe queria dizer muita coisa. (próclise ao verbo
auxiliar)
Algo te aconteceu?
Aquilo me aborreceu. Eu queria-lhe dizer muita coisa. (ênclise ao verbo
Tudo se transforma. auxiliar)
Eu queria dizer-lhe muita coisa. (ênclise ao verbo
4. com as conjunções subordinativas (integrantes e
principal)
adverbiais).
* Se houver palavra “atrativa”, o pronome deverá
Soube que me dariam a autorização. ficar assim:
Ela não os quis, embora lhe servissem bem. Eu não lhe queria dizer isso. (próclise ao verbo auxi-
liar).
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Eu não queria dizer-lhe isso. (ênclise ao verbo prin- Ex.: Os Estados Unidos são o país mais rico do
cipal). mundo.
* Havendo preposição entre o verbo auxiliar e o A Bélgica é um país europeu.
verbo principal (no infinitivo não-flexionado), a próclise * Antes dos nomes de pessoas, o artigo definido de-
ou a ênclise serão facultativas. nota familiaridade ou intimidade.
Ex.: As cobras começaram a se movimentar. Ex.: A Leila participará da equipe?
As cobras começaram a movimentar-se. Diga à Rosa que papai a procura.
2. Locução verbal = verbo auxiliar + verbo prin- Ela sempre sai com o Márcio?
cipal (no gerúndio): Artigos indefinidos são os que generalizam o subs-
Eu lhe estava dizendo muita coisa ontem. (próclise tantivo. São eles: um, uma, uns e umas.
ao verbo auxiliar) Ex.: Comprei um apartamento em julho.
Eu estava-lhe dizendo muita coisa ontem. (ênclise Procurou um advogado pela manhã.
ao verbo auxiliar)
Eu estava dizendo-lhe muita coisa ontem. (ênclise * O artigo indefinido denota aproximação, quando
ao verbo principal) se antepõe ao numeral.

Obs.: Note que o gerúndio possui as mesmas 3 pos- Ex.: - Teria ela uns vinte anos.
sibilidades de colocação pronominal do infinitivo. - Já a espero aqui há umas duas horas.
* Se houver palavra "atrativa", a colocação será es- * Deve ser evitado o uso do artigo indefinido antes
ta: dos pronomes indefinidos “certo”, “outro” e “qual-
quer”.
Eu não lhe estava dizendo muita coisa ontem. (pró-
clise ao verbo auxiliar). Ex.: - A jovem encontrou certo colega, que a cha-
Eu não estava dizendo-lhe muita coisa ontem. (ên- mou... (Incorreto: A jovem encontrou um certo colega,
clise ao verbo principal). que a chamou.)

Obs.: Do mesmo modo, o gerúndio possui as mes- - Falarei disso em outra ocasião. (Incorreto:
mas 2 possibilidades de colocação pronominal do infini- Falarei disso em uma outra ocasião.)
tivo - Não deves falar sobre isso em qualquer lu-
3. Locução verbal = verbo auxiliar + verbo prin- gar. (Incorreto: Não deves falar sobre isso em um qual-
cipal (no particípio): quer lugar.)

Eu lhe tinha dito muita coisa ontem. (próclise ao Omite-se o artigo (definido ou indefinido) nos se-
verbo auxiliar) guintes casos:
Eu tinha-lhe dito muita coisa ontem. (ênclise ao – Antes das locuções pronomonais pessoais
verbo auxiliar) de tratamento: Vossa Alteza, Vossa Majestade, Vossa
* Havendo palavra atrativa, a colocação pronominal Excelência, Vossa Senhoria, etc.
será: Ex.: V. Exa. apoiará nosso plano? (correto)
Eu não lhe tinha dito muita coisa ontem. (próclise A V. Exa. apoiará nosso plano? (errado)
ao verbo auxiliar) Uma V. Exa. apoiará nosso plano? (errado)

Obs.: Note que, nos dois casos, o particípio possui – Antes da palavra "casa", no sentido de “lar pró-
uma possibilidade a menos que o infinitivo e que o ge- prio”.
rúndio. Ex.: Cheguei a casa cedo. (a = preposição)
* Condena-se o pronome oblíquo após o particípio. Voltamos a casa cansados. (a = preposição)
O aluno foi apresentado-me ontem. – Antes das palavras “bordo” e “terra”, quando fo-
– As formas corretas são: rem antônimas.
O aluno me foi apresentado ontem. OU Ex.: - Estamos a bordo do submarino “Civil”.
O aluno foi-me apresentado ontem.
- Os marinheiros chegaram a terra sãos e sal-
*********************************************** vos.
ARTIGO
***********************************************
É a classe gramatical que especifica ou que genera-
liza o substantivo, indicando-lhe o gênero e o número. NUMERAL
Artigos definidos são os que especificam o subs- Numeral é a palavra que dá a ideia de número.
tantivo de modo particular e preciso. São eles: o, a, os e
as. Ex.: cinco, dez, quinto, décimo, quíntuplo, terço,
ambos, etc.

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Tipos de Numerais Ex.: XX Salão do Automóvel (vigésimo); IV Bienal
do Livro (quarta).
Existem quatro tipos de numerais: os cardinais, os
ordinais, os multiplicativos e os fracionários. 03. A título de brevidade, usamos constantemente
os cardinais pelos ordinais.
Os numerais cardinais indicam a quantidade exata
de algo: um, dois, três quatro, etc. Ex.: Página número trinta e dois.
Os numerais ordinais indicam a ordem ou a posi- Por isso, deve-se dizer ou escrever também: a folha
ção de algo numa sequência: primeiro, segundo, terceiro, vinte e um.
quarto, etc.
* Na linguagem forense, vemos o numeral flexio-
nado: as folhas vinte e uma, as folhas trinta e duas.
Os numerais multiplicativos indicam o aumentati-
vo do cardinal numa determinada ordem: duplo (duas ***********************************************************
vezes), cêntuplo (cem vezes), etc. ADVÉRBIO
Advérbio é a palavra que modifica o verbo, o adje-
Os numerais fracionários indicam a divisão de tivo ou o próprio advérbio, exprimindo uma circunstân-
uma determinada quantidade: meio, terço, quarto, quinto, cia. Dividem-se em:
doze avos, etc.
01. Advérbios de lugar: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí,
além, aquém, algures (em algum lugar), alhures (em ou-
Alguns exemplos: tro lugar), nenhures (em nenhum lugar), atrás, fora, den-
tro, perto, longe, adiante, diante, etc.
Romanos Arábicos Cardinais Ordinais 02. Advérbios de tempo: hoje, amanhã, depois, an-
I 1 um primeiro tes, agora, anteontem, sempre, nunca, já, logo, cedo, tar-
V 5 cinco quinto de, ora, outrora, então, brevemente, raramente, imedia-
IX 9 nove nono tamente, etc.
LXXX 80 oitenta octogésimo 03. Advérbios de modo: bem, mal, assim, depres-
CD 400 quatrocentos quadringentésimo
sa, devagar, como, debalde, pior, melhor, suavemente,
tenazmente, etc.
DCC 700 setecentos setingentésimo
04. Advérbios de intensidade: muito, pouco, assaz,
M 1000 mil milésimo
mais, menos, tão, bastante, demasiadamente, meio, com-
pletamente, profundamente, quanto, quão, tanto, bem,
Os únicos numerais multiplicativos, existentes em
mal, etc.
português, a par dos cardinais correspondentes, são os
constantes da tabela seguinte: 05. Advérbios de afirmação: deveras, certamente,
realmente, efetivamente, etc.
Arábicos Cardinais Multiplicativos
06. Advérbio de negação: não, nunca, jamais, tam-
1 um - pouco, etc.
2 dois duplo ou dobro
07. Advérbio de dúvida: talvez, quiçá, provavel-
3 três triplo ou tríplice
mente, possivelmente, etc.
4 quatro quádruplo
5 cinco quíntuplo LOCUÇÃO ADVERBIAL
6 seis sêxtuplo Expressão que tem valor de advérbio.
7 sete sétuplo
8 oito óctuplo Vejamos a classificação de algumas locuções:
9 nove nônuplo 01. Locuções adverbiais de lugar: à esquerda; à
10 dez décuplo direita, à tona, à distância, à frente, à entrada, à saída, ao
11 onze undécuplo lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, por fora, em
12 doze duocétuplo frente, por perto.
100 cem cêntuplo 02. Locuções adverbiais de tempo: em breve, hoje
em dia, de tarde, à tarde, à noite, à noitinha, ao entarde-
Emprego dos Numerais cer, de manhã, por ora, por fim, de repente, de vez em
01. Quando se fala de papas, reis, príncipes, anos e quando, a tempo, às vezes, de quando em quando, de
séculos, empregamos, de 1 a 10, os ordinais. longe em longe, etc.
Ex.: João Paulo I (primeiro); Luiz X (décimo); ano I 03. Locuções adverbiais de modo: à vontade, à
(primeiro); século II (segundo). toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de mansinho,
* De 11 em diante, empregamos os cardinais. de chofre, de rigor, de preferência, em geral, a cada pas-
so, às avessas, ao invés, às claras, às pressas, de repente,
Ex.: Leão XIII (treze); ano XI (onze). a olhos vistos, de propósito, de súbito, de soslaio, por um
02. Se o numeral aparece em posição proclítica, é triz, etc.
lido como ordinal.
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04. Locuções adverbiais de meio ou de instru- Preposição "para":
mento: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a tinta, a paula-
ir para o Norte (lugar)
da, a mão, a pauladas, às pauladas, a facadas, a picareta,
etc. estudar para vencer (finalidade)
05. Locuções adverbiais de afirmação: na verda- deixar para o dia seguinte (tempo), etc.
de, de fato, de certo, com certeza, etc. Preposição "por":
06. Locuções adverbiais de negação: de modo al- andar por um lugar (lugar)
gum, de modo nenhum, em hipótese alguma, etc. comunicar-se por gesto (meio)
07. Locuções adverbiais de dúvida: por certo, comer gato por lebre (troca)
quem sabe, etc. comprar por duzentos reais (preço)
lutar por alguém (em favor de)
Chamam-se advérbios interrogativos as palavras:
permanecer por muitos anos (tempo)
onde?, aonde?, donde?, quando?, como?, pelo fato de in-
troduzirem uma oração interrogativa direta ou interroga- Preposição "sobre":
tiva indireta.
colocar um sobre o outro (posição superior)
Ex.: - Quando voltarás? (interrogativa direta)
falar sobre leis (assunto)
- Quero saber quando voltarás. (interrogativa indire-
ta) LOCUÇÃO PREPOSITIVA
NOTA - Os advérbios interrogativos indicam: lugar É uma expressão que tem função de preposição.
(onde?), tempo (quando?), modo (como?).
As mais comuns são: abaixo de, cerca de, acima de,
*********************************************** a fim de, em cima de, antes de, através de, ao lado de, ao
PREPOSIÇÃO longe de, a par com, à roda de, a respeito de, dentro de,
dentro em, em favor de, à frente de, junto a, até a, detrás
Preposição é a palavra invariável que liga dois ter-
de, para com, de conformidade com, na conta de, de
mos de naturezas diferentes.
acordo com, por meio de, diante de, em vez de, etc.
A seguir, algumas relações estabelecidas pelas pre-
Obs.: As locuções prepositivas sempre terminam
posições:
por preposição, distinguindo-se bem das adverbiais.
Preposição "de":
***********************************************************
casa de Aparecida (posse) CONJUNÇÃO
piano de cauda (classificação)
Conjunção é a palavra invariável que liga duas ora-
caixa de joia (finalidade)
ções entre si, ou que, dentro da mesma oração, liga dois
acontecimentos do Vietnã (lugar)
termos de mesma natureza.
espera de um mês (tempo)
copo de vidro (matéria) Exemplos:
copo de pinga (conteúdo).
Ligando orações:
Preposição "a":
“Vestia uma cueca preta e calçava enormes taman-
ir à cidade (lugar) cos.”
ir à noite (tempo)
“Sua majestade entende que este dia já foi bastante
tocar à missa (finalidade)
desgraçado”.
vender a cem reais (preço), etc.;
Ligando termos:
Preposição "até":
Adriana e Lea viajaram.
caminhar até o mar (limite máximo alcançado)
dormir até dez horas por noite (período de tempo) Quero que você compre um romance ou um livro de
versos.
Preposição "com":
As conjunções dividem-se em coordenativas e em
voltar com o noivo (companhia)
subordinativas.
trabalhar com capricho (modo)
lutar com as paixões (oposição), etc. CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
Preposição "em": As conjunções coordenativas são as que ligam duas
orações ou dois termos (dentro da mesma oração), sendo
estar em casa (lugar)
que ambos os elementos ligados permanecem entre si in-
viver em paz (modo)
dependentes.
avaliar em mil reais (preço)
chegaremos em duas horas (tempo) [Maria estuda] e [Pedro trabalha]
pedir em casamento (finalidade), etc. [João] e [Pedro] são bons amigos.

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As conjunções coordenativas subdividem-se em: Subdividem-se em:
01. Aditivas, que ligam pensamentos similares ou 01. Conformativas, que ligam duas orações, sendo
equivalentes: e, nem. que a segunda expressa circunstância de conformidade
ou acordo: como, segundo, conforme, consoante.
- “A menina largou disfarçadamente os talheres e
sumiu”. - Tudo se realizou, conforme havia previsto o astró-
- “O médico não veio, nem me telefonou”. logo.
- “Mais baixo estavam os outros deuses todos as-
02. Adversativas, que ligam pensamentos que con-
sentados, como a razão e a ordem concertavam”.
trastam entre si: mas, porém, contudo, entretanto, toda-
via, etc. 02. Comparativas, que ligam duas orações, sendo
que a segunda contém o segundo termo de uma compa-
- “Serve aos opulentos com altivez, mas aos indi-
ração: como, (tal)... qual, (tal)... tal (menos)... que,
gentes com carinho”.
(mais)... etc.
- Minha tarefa foi intensa, não me queixo, porém.
- “Os sonhos, um por um, céleres voam, como vo-
03. Alternativas, que ligam pensamentos que se
am as pombas dos pombais”.
excluem ou se alternam: ou, ou...ou, ora...ora, já...já,
- Aquela jovem é mais bela que sua irmã.
quer...quer, etc.
03. Temporais, que ligam duas orações, sendo que
- “A Justiça que corrige ou castiga, deve ser inspi-
a segunda expressa circunstância de tempo: quando, en-
rada pela Bondade”.
quanto, enquanto apenas, mal, etc.
- "Ora pega na orelha, ora no lado..."
- “Quer você queira, quer não, você fará isto! - Quando a vejo, bate-me o coração mais forte.
- Ela dormia, enquanto brincávamos.
04. Conclusivas, ligam duas orações, sendo que a
segunda encerra a dedução ou conclusão de um raciocí- 04. Condicionais, que ligam duas orações, sendo
nio: logo, portanto, pois (após o verbo da oração), etc. que a segunda expressa uma hipótese ou condição: se e
caso.
- Bem dizia Descartes: Penso, logo existo.
- Pedro aprendeu as lições, portanto pode fazer os - Se o pai consentisse, Manuel continuaria namo-
exames. rando Paula.
- O passeio será realizado, caso sobrevenha um
05. Explicativas, que ligam duas orações, sendo
temporal.
que a segunda se apresenta justificando a anterior: pois,
porque, que, porquanto, etc. 05. Concessivas, que ligam duas orações, sendo
que a segunda contém um fato que não impede a realiza-
- O exame era difícil, pois nem sequer havíamos es-
ção da ideia expressa na oração principal, embora seja
tudado.
contrária àquela ideia: embora e conquanto.
- Essa desculpa não serve, porque, afinal de contas,
teus negócios vão bem. - Embora o pai não consentisse, Manuel continua-
va a fazer a corte a Elisete.
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
- Não consigo ouvir a voz de Silvana, conquanto
Conjunções subordinativas são as que ligam duas me esforce.
orações, sendo que uma é parte ou função sintática da
06. Causais, que ligam duas orações, sendo que a
outra.
segunda contém a causa; e a primeira, o efeito: porque,
As conjunções subordinativas são: pois, porquanto, como, etc.
I. Conjunções subordinativas integrantes - Maneco, o galã, foi reprovado, porque só estuda-
São as que ligam duas orações, sendo que a segunda va nas horas vagas.
é sujeito ou complemento da primeira: que, se. - Márcia, como estudou, foi aprovada.
- “O Brasil espera que cada um cumpra com o seu 07. Consecutivas, que ligam duas orações, sendo
dever”. (Tamandaré) que a segunda diz a consequência de uma intensidade
- O examinador verificará se o aluno está preparado. expressa na primeira: (tão)... que, (tal)... que, (tama-
nho)... que, (tanto)... que, etc.
II. Conjunções subordinativas adverbiais
- “Rosilene chorou tanto, que ficou doente dos
São as que ligam duas orações, sendo que a segunda
olhos”.
é adjunto adverbial da primeira, ou seja, a segunda ex-
- Choveu, choveu, que inundou a várzea.
pressa circunstância de finalidade, modo, comparação,
proporção, tempo, condição, concessão, causa ou conse- LOCUÇÔES CONJUNTIVAS
quência.
É o conjunto de duas ou de mais palavras com o va-
lor de uma conjunção.
➢COORDENATIVAS
a) Adversativas: no entanto, não obstante;
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b) Explicativas: visto que, já que, uma vez que; Locução Interjetiva
c) Conclusivas: por conseguinte, por isso, de modo
É um grupo de palavras com valor de interjeição.
que, em vista disso.
Meu Deus!; Ai Jesus!; Alto lá!; Ó de casa!; Quem
➢SUBORDINATIVAS
me dera!; etc.
Integrantes: que, se
Cuidado!!!
Adverbiais:
Não se deve confundir a interjeição de apelo ou
- Causais: pois que, por isso que, já que, uma vez chamamento (ó) com a interjeição de alegria, admiração
que, visto que, visto como; ou tristeza (oh!). Faz-se uma pausa depois desta e não a
- Comparativas: do que, assim como, bem como, fazemos depois daquela. Vejamos:
como se, que nem;
“Oh! [pausa] Essa menina é linda!”
- Concessivas: ainda que, mesmo que, posto que, se
“Oh, [pausa] trágicas novelas!”
bem que, por mais que, por menos que, apesar de que,
“Deus, ó Deus! Porque me respondes?
nem que, por menor que, por maior que, por pior que,
“Ó natureza! Ó mãe piedosa e pura!
por melhor que, por muito que, por pouco que;
- Condicionais: contanto que, salvo se, sem que, *********************************************
desde que, a menos que, dado que, a não ser que, exceto ANÁLISE SINTÁTICA
se;
Sintaxe é a parte da gramática que se ocupa em des-
- Consecutivas: de forma que, de maneira que, de
crever a estrutura das orações e dos períodos, em de-
modo que, de sorte que;
compor um período em orações e cada oração em seus
- Finais: para que, a fim de que;
termos, identificando as funções que determinadas clas-
- Proporcionais: à medida que, à proporção que, ao
passo que, quanto mais, quanto menos, quanto melhor, ses de palavras exercem na frase.
quanto pior; A esse tipo de estudo da sintaxe dá-se o nome de
- Temporais: antes que, depois que, até que, logo análise sintática.
que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes
que, cada vez que. Sabemos que Oração é a unidade frasal que tem
como palavra-base o verbo (predicado), podendo, ou
*********************************************************** não, apresentar também um sujeito.
INTERJEIÇÃO
Ex.: “O dia está bonito.”
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- “Eles partiram logo cedo.”
ção ou estado repentino: ah!, oh!, puxa!, raios!, opa!,
etc. Obs.: Uma oração:

As interjeições são sempre finalizadas pelo sinal de * Sempre apresenta verbo (predicado);
exclamação ( ! ) Ex.: A roda de samba acabou.
Os principais tipos de interjeição são aqueles que * O verbo pode estar flexionado nos tempos simples
indicam: ou compostos, ou em locuções verbais;
* Advertência: cuidado!, sentido!, atenção! Ex.: A roda de samba havia acabado.
* Alegria: eta!, ah!, oh!, oba!
* Alívio: arre!, ufa, ah! * A mensagem pode apresentar-se com sentido
* Animação: coragem!, força!, eia! completo ou incompleto;
* Aplauso: apoiado!, viva!, bis!. Ex.: “... que queria negar sua origens.”
* Admiração: ah!, puxa!, céus!, uau!
* Agradecimento: grato!, obrigado! Na oração as palavras têm entre si um relaciona-
mento íntimo como parte de um conjunto harmônico.
* Chamamento: ei!, olá, alô, ô!, ó! Essas palavras são, então, os termos ou as unidades sin-
* Desejo: tomara!, oxalá! táticas da oração, com cada termo ou unidade desempe-
* Dor: ai!, ui!. nhando uma função sintática.
* Espanto: ué!, uai!, caramba!
* Indignação: fora!, morra!, abaixo! Núcleo da oração: o núcleo da oração é a palavra
* Pena: coitado!, pobre dele! que constitui a essência da ideia principal do texto, o
* Saudação: salve!, adeus!, viva! que, nesse caso, será sempre o verbo.
* Terror: ui!, cruzes!, Jesus! Ex.: A mulher revestiu o interior da sala com amor.
Obs.: A entonação diferente dada a uma mesma in- Em síntese, os termos que desempenham função
terjeição pode levá-la a ter mais de um sentido, isto é, sintática na oração são os seguintes:
pode representar mais de um sentimento ou estado.
Oh! que história estranha! (desagrado)
Oh! que feliz coincidência! (alegria)

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Acha-se o sujeito de uma oração, fazendo-se ao
simples
verbo a pergunta:
composto
sujeito "Quem ...?" para pessoas; ou
oculto
indeterminado "O que ...?" para objetos
Termos
essenciais A resposta, seja ela qual for, será sempre o sujeito
da oração da oração. O resto, será o predicado
nominal Ex.: Todos saíram.
predicado verbal
Quem saiu? (todos)
verbo-nominal
Isto não me agrada.
O que não me agrada? (isto)
Termos adjunto adnominal
acessórios adjunto adverbial Zé amarrou o bode.
da oração aposto Quem amarrou o bode? (Zé)
Núcleo do sujeito
objeto direto
O núcleo do sujeito é o termo que transmite a ideia
objeto indireto
básica, em torno do qual podem aparecer palavras aces-
predicativo do
sujeito sórias para acrescentar-lhe algo.
complemento verbal
Termos predicativo do núcleo
integrantes objeto direto
da oração predicativo do Ex.: As pessoas tolas acreditam em tudo.
objeto indireto sujeito predicado
complemento nominal O núcleo do sujeito pode ser representado por:
agente da passiva a) um substantivo: João está doente.
b) por um pronome: Ela chegou.
Termo isolado: Vocativo
c) por um verbo no infinitivo: Viver é lutar.
 Termos Essenciais da Oração d) um numeral: Um é pouco.
SUJEITO Classificação do sujeito
Sujeito é o termo essencial da oração, do qual se Sujeito Simples: é aquele que apresenta um núcleo
declara alguma coisa, estabelecendo com o verbo uma apenas.
relação de concordância em número e em pessoa. É uma Ex.: O / menino / quebrou a perna.
função substantiva da oração, porque são os substantivos O / rapaz / digita muito bem.
ou palavras substantivadas que atuam como núcleo do
sujeito. Sujeito Composto: é aquele que apresenta dois ou
mais núcleos
Ex.:
Um sujeito terá tantos núcleos quantos forem os
Os cidadãos substantivos nele contidos, desde que estejam ligados pe-
(substantivo)
Todos la conjunção "e" ou mesmo por vírgulas.
(pronome substantivos)
manifestaram sua insatisfação Ex.: O livro, a régua, o lápis e a borracha estão
Ambos sobre a mesa.
(numeral substantivo)
Os aposentados Pão e vinho alimentam.
(adjetivo substantivo)
Sujeito Oculto: é aquele que não aparece escrito,
Normalmente, o sujeito posiciona-se no início da embora esteja subentendido.
oração (ordem direta), mas pode também ficar no meio Ex.: (Nós) Estamos aqui, reunidos, para discutir o
ou no final (ordem indireta). Vejamos: assunto da pauta.
O aluno sentiu-se seguro após o estudo. Sujeito Indeterminado: é aquele que existe, mas
sujeito predicado não se sabe quem é. O sujeito indeterminado pode ser
Após o estudo, o aluno sentiu-se seguro. expresso por:
predicado sujeito predicado a) um verbo na 3ª pessoa do plural.
Após o estudo, sentiu-se seguro o aluno. Ex.: Roubaram minha carteira.
predicado sujeito Falaram mal de você.

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b) por um verbo não transitivo direto acompanhado Atenção:
do pronome "se".
Os verbos intransitivos às vezes podem aparecer
Ex.: VTI + SE = Precisa-se de jardineiros. acompanhados de adjuntos adverbiais, mas nunca de
VTL + SE = Ficou-se contente naquele mo- complementos obrigatórios.
mento.
Ex.: Natália nasceu em 1968.
Obs.: Há orações que não possuem sujeito:
* Natália = sujeito
a) com o verbo haver, no sentido de “existir”.
* nasceu em 1968 = predicado
Ex.: Há pessoas esquisitas. (há = existem) * nasceu = verbo intransitivo
b) com os verbos ser, estar e passar indicando * em 1968 = adj. adv. de tempo (não é complemen-
tempo. to obrigatório).

Ex.: São cinco horas. 2. Verbo Transitivo: É aquele que não possui sen-
Estava frio naquela noite. tido completo sozinho, exigindo complemento obrigató-
rio do lado que complete o seu sentido.
Passava de meia noite.
Na oração: “O jardineiro cultiva hortaliças”, o ter-
c) com os verbos que exprimem fenômenos da natu-
mo “hortaliças” está completando o sentido do verbo
reza (no sentido denotativo): chover, nevar, gear, ventar,
cultivar, já que quem cultiva, cultiva algo.
trovejar, relampejar, amanhecer, entardecer, anoitecer,
etc. Os verbos transitivos classificam-se em:
Ex.: Choveu ontem. a) de ligação (VTL): é aquele que exige um único
Nevará hoje. complemento obrigatório do lado, que é um comentário
Está geando agora. feito sobre o sujeito (predicativo do sujeito), ligando
Anoiteceu. aquele a este.
d) com os verbos chegar e bastar em expressões do Na oração “Mário está doente.”, o termo doente es-
tipo: “chega de”, “basta de”. tá completando o sentido do verbo estar, já que quem
está, está de algum modo (doente, alegre, cansado, etc.).
Ex.: Chega de confusões!
Basta de intrigas! Principais verbos transitivos de ligação: ser, es-
tar, permanecer, ficar, andar (= estar), parecer, continu-
PREDICADO
ar e virar.
Em suma, o predicado pode ser:
Há verbos que, nem sempre, têm valor de ligação
a) tudo aquilo que se declara a respeito do sujeito da (se houver sentido de ação).
oração.
Observe:
Ex.: Os candidatos mostraram sua disposição.
sujeito predicado Flávia anda depressa
Cláudia está no Paraná ação
b) uma declaração que não se refere a nenhum su-
jeito (oração sem sujeito). Flávia anda alegre
ligação
Ex.: Chove muito no inverno. Cláudia está contente
predicado
b) direto (VTD): é aquele que exige um único
Antes de prosseguirmos com o estudo do predicado, complemento obrigatório do lado, sem preposição ante-
abriremos um parêntese, para conhecermos a Predicação rior (objeto direto).
Verbal e o Predicativo.
Predicação verbal Na oração: “Patrícia adora pizza.”, o termo pizza
completa o sentido do verbo adorar, já que quem adora,
Predicação verbal é o estudo dos verbos que consti- adora algo ou alguém.
tuem a base do predicado, que podem ter sentido com-
pleto ou virem acompanhados de um complemento para c) Indireto (VTI): é aquele que exige um único
terem significado. complemento obrigatório do lado, com preposição ante-
Assim, quanto à predicação, os verbos podem ser: rior (objeto indireto).
intransitivo e transitivo (de ligação, direto, indireto e di- Na oração “Eu gosto de meus pais.”, o termo de
reto e indireto). meus pais está completando o sentido do verbo gostar,
1. Verbo Intransitivo (VI): É aquele que possui já que quem gosta, gosta de algo ou de alguém.
sentido completo sozinho, rejeitando complemento obri-
d) direto e indireto (VTDI): é aquele que exige
gatório do lado.
dois complementos obrigatórios (ao contrário dos três
Ex.: O menino morreu. primeiros), sendo o primeiro deles sem preposição ante-
Cátia desmaiou. rior; e o segundo, com preposição anterior.

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Na oração: Tipos de predicado
VTDI OD prep OI Dependendo do seu núcleo, em que se concentra a
declaração, o predicado pode ser:
“O professor apresentou o aluno ao diretor.”,
a) Nominal (VTL + Predicativo) – quando o verbo
sujeito predicado
for, apenas, elo de ligação. Neste caso, o núcleo do pre-
dicado é sempre um nome, que desempenha a função de
os termos o aluno (OD) e ao diretor (OI) estão predicativo do sujeito.
completando o sentido do verbo apresentar, já que
quem apresenta, apresenta algo a alguém. Ex.: é
ficou
Predicativo continua
Predicativo é o termo que acrescenta algo ao sujei- anda núcleo
(PS)
to, ao objeto direto ou ao objeto indireto, funcionando está
como núcleo do predicado. Pode ser: parece
O aluno permanece confiante.
a) predicativo do sujeito (PS) – é o termo do pre- sujeito predicado nominal
dicado que se refere ao sujeito, atribuindo-lhe uma qua-
lidade ou estado mediante um verbo transitivo de ligação b) Verbal: é aquele que apresenta um verbo transi-
expresso ou subentendido. tivo (direto, indireto ou direto e indireto) ou um verbo
intransitivo, sem predicativo do lado que é o próprio nú-
Ex.: cleo do predicado. Pode aparecer em uma das seguintes
VTL (expresso) estruturas:
PS
1) Predicado verbal com verbo intransitivo – apre-
A cidade É maravilhosa. senta sentido completo, sem precisar de complemento
sujeito predicado para formar o predicado.
VI (núcleo)
VTL (subentendido)
VTI PS Ex.: O garoto chorou.
sujeito predicado verbal
O trem chegou (e estava) atrasado.
sujeito predicado 2) Predicado verbal com verbo transitivo direto –
apresenta sentido incompleto, por isso precisa de um
b) predicativo do objeto direto (POD) – é o termo
complemento (objeto direto) para formar o predicado.
do predicado que se refere ao objeto direto, dando conti-
nuidade ao sentido do objeto direto. predicado verbal

Ex.: Ex.: O aluno chamou o professor.


Sujeito VTD (núcleo) OD
VTD POD
A torcida elegeu-o craque do time. 3) Predicado verbal com verbo transitivo indireto –
apresenta sentido incompleto, por isso precisa de um
sujeito OD predicado
complemento regido de preposição (objeto indireto),
c) predicativo do objeto indireto (POI) – ocorre, para formar o predicado.
exclusivamente, com o verbo “chamar”, no sentido de
ofender.
predicado verbal
Ex.:
Ex.: Os jovens gostam de esportes radicais.
VTI OI POI
Sujeito VTI (núcleo) OI
Os colegas chamaram a Pedro tolo.
sujeito predicado
4) Predicado verbal com verbo transitivo direto e
VTI OI POI
indireto – apresenta sentido incompleto e necessita de
Os colegas chamaram a Pedro de tolo. dois complementos (objeto direto + objeto indireto),
sujeito predicado para formar o predicado.
predicado verbal
Núcleo do predicado
O núcleo do predicado é o termo principal que pode Ex.: Mário Covas dedicou sua vida à política.
ser um verbo ou um nome. Há casos, também, da exis- Sujeito VTDI (núcleo) OD OI
tência de um verbo e de um nome como núcleos ao
mesmo tempo.

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c) Verbo-nominal (VTD + Predicativo): é aquele cativo do objeto indireto e o agente da passiva (comple-
que apresenta dois núcleos: um verbo (intransitivo ou mentos verbais) e o complemento nominal.
transitivo) e um predicativo (do sujeito ou dos objetos). a) Objeto direto
Termo que complementa o verbo transitivo direto
POD (VTD) e o verbo transitivo direto e indireto (VTDI).
Ex.: O tribunal julgou culpado o réu. Para se achar o objeto, a pergunta se faz depois do
Sujeito núcleo núcleo objeto verbo.
verbal nominal direto – João cultiva flor.
predicado verbo-nominal Cultiva o quê? a Flor
OD
Na realidade, o predicado verbo-nominal é um pre-
dicado misto, em que predomina a junção de um predi- Objeto Direto
cado verbal com um predicado nominal. Nele, o verbo o quê? (para coisas)
transitivo de ligação está subentendido. Veja: quem? (para pessoas)
Ele chegou da viagem + Ele estava exausto = b) Objeto indireto
= Ele chegou da viagem exausto Termo que complementa o verbo transitivo indireto
(VTI) ou o verbo transitivo direito e indireto (VTDI).
O predicado verbo-nominal também pode aparecer
em uma das seguintes estruturas: Objeto Indireto
a quê? a quem? de quê? de quem? em quê? em
a) predicado verbo-nominal com VTD + PS quem? etc.
O aluno terminou a prova confiante. [O aluno ter- A notícia agradou ao diretor.
minou a prova e estava confiante] Agradou a quem? ao diretor
b) predicado verbo-nominal com VTI + PS OI
Eu assisti à cena revoltado [Eu assisti a cena e es- A Jeyce gosta de uva.
tava revoltado] Gosta de quê? de uva
OI
c) predicado verbo-nominal com VTD + POD
Eu acho Brasília bonita. (o termo “bonita” refere- Obs.: Os três predicativos já aparecem na parte dos
se ao objeto direto “Brasília”: predicativo do objeto dire- predicados.
to). c) agente da passiva
d) predicado verbo-nominal com VTI + POI
É o ser que pratica uma ação sobre o sujeito pacien-
Chamavam ao pobre rapaz de ignorante. (o termo te.
“de ignorante” refere-se ao objeto indireto “ao pobre ra-
paz”: predicativo do objeto indireto). Obs.: No estudo do Verbo, já feito, vimos o que sejá
a voz passiva.
Resumindo:
Ex.: Bons livros eram comprados pelo rapaz .
• se houver predicativo com verbo transitivo de li- sujeito paciente ag. da passiva
gação, o predicado será nominal. -----------------------------------------
predicado
• se não houver predicativo, o predicado será ver-
bal. O muro foi construído pelo pedreiro.
• se houver predicativo com verbo transitivo ou in- suj. paciente ag da passiva
------------------------------------------
transitivo, o predicado será verbo-nominal predicado

Esquema
Concluindo:
As águas arrastaram a casa (voz ativa)
Sujeito e predicado são considerados termos essen-
ciais, porque constituem a estrutura básica da oração. O – Sujeito agente = As águas.
predicado é o mais importante, pois, sem ele, não há ora- – Verbo transitivo direto = arrastaram.
ção – é a presença de um verbo ou de uma locução ver- – Objeto direto = a casa.
bal que indica a existência de uma oração, e não a exis- A casa foi arrastada pelas águas (voz passiva)
tência de um sujeito ligado a um predicado.
– Sujeito paciente = A casa.
 Termos Integrantes da Oração – Verbo na voz passiva = foi arrastada.
São aqueles exigidos pela oração, para que ela tenha – Agente da passiva = pelas águas.
sentido completo.
São eles: o objeto direto, o objeto indireto, o predi-
cativo do sujeito, o predicativo do objeto direto, o predi-

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COMPLEMENTO NOMINAL Outros Exemplos:
Termo da oração que completa o significado de um ADJUNTO ADNOMINAL / COMPLEMENTO NO-
nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) mediante o au- MINAL
xílio obrigatório de uma preposição. A invenção de S. Dumont A invenção do avião
Ex.: Tinha medo da morte. Crítica do artista Crítica ao artista.
(subst.) C. N. A descoberta de Portugal A descoberta do Brasil
Estava cheio de medo. 2. ADJUNTO ADVERBIAL: complemento verbal
(adjetivo) C. N. dispensável, que expressa alguma circunstância (25 no
Corria paralelamente à estrada . total).
(advérbio) C. N. Nasceu aqui. (aqui = lugar)
Observe o quadro comparativo entre objetos (dire- O dia estava bem frio. (bem = intensidade)
tos ou indiretos) e os complementos nominais: O cão morreu de frio. (de frio = causa)
Falavam de novela. (de novela = assunto)
OBJETOS COMPLEMENTOS NOMINAIS
APOSTO: palavra (ou conjunto de palavras) com o
Assaltar o banco. Assalto ao banco . valor de um substantivo dispensável, que se refere a um
Crer em dias melhores. Crença em dias melho- substantivo anterior. Divide-se em: especificativo, expli-
res. cativo, enumerativo e resumitivo (ou recapitulativo).
Confiar em Deus. Confiança em Deus .
Resistir ao cerco. Resistência ao cerco. A cidade de Roma é capital da Itália. (aposto espe-
Obedecer à lei. Obediência à lei. cificativo)
▪ Termos Acessórios da Oração Pedro II, ex-imperador do Brasil, foi deportado.
(aposto explicativo)
Termos acessórios são aqueles que desempenham
na oração uma função secundária, servindo apenas para Ele só quer três coisas: um castelo, um harém e
informar alguma característica ou circunstância. São muitas terras. (aposto enumerativo)
eles: adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto. Diretora, vice-diretora, coordenador, professores,
1. ADJUNTO ADNOMINAL – Aparece juntamen- alunos, faxineiras, cozinheiras, merendeiro: ninguém
te a nome (substantivo ou pronome), modificando seu apareceu na escola naquele dia. (aposto resumitivo)
significado.
 Termo Independente da Oração
O adjunto adnominal é representado por:
Semanticamente, é o ser chamado pelo falante (o
1. artigo (definido ou indefinido): O menino aguar- ouvinte). Das treze funções sintáticas, é a única que não
dava. pertence à oração.
2. pronome adjetivo: Meu filho, parte de mim.
Ó minha amada, como te quero.
3. numeral adjetivo: Três homens o aguardam lá
fora. Meu canto de morte, guerreiros; ouvi!
4. locução adjetiva dispensável: Os raios de sol
Deus, ó Deus! Onde estás que não respondes?
entravam pela janela.
5. adjetivo dispensável: Lindas meninas frequenta- SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO
vam aquela escola.
Observe o período abaixo e sua divisão:
Quando o ADJUNTO ADNOMINAL PREPOSI-
Espera-se / que tudo corra bem, / a fim de que vol-
CIONADO vem após o substantivo é, comumente, con-
te a alegria.
fundido com o COMPLEMENTO NOMINAL.
1ª oração - Espera-se
DISTINÇÃO:
2ª oração - que tudo corra bem
1. A resposta do professor agradou ao aluno. 3ª oração - a fim de que volte a alegria
do professor = adj. adnominal Note que a divisão foi feita antes da conjunção ou
(O professor respondeu = agente) da locução conjuntiva: que / a fim de que
Obs.: A única função sintática que expressa a ideia As orações do período composto dividem-se em:
de posse é o adjunto adnominal. Neste caso, a resposta coordenada, principal e subordinada.
pertence ao professor.
A oração coordenada é a que não é função sintática
2. A resposta ao professor agradou. (ou parte) de outra, bem como a que não exige uma outra
como uma de suas partes (ou funções sintáticas).
ao professor = complemento nominal (paciente da
ação) Ex.: Solange estuda / e trabalha.
1ª oração: oração coordenada assindética.
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva.

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A oração principal é a que exige uma outra como 3. A diferença entre a conjunção pois (explicativa)
uma de suas partes (ou funções sintáticas). para a conjunção pois (conclusiva) é que a primeira apa-
rece antes do último verbo do período composto, en-
A oração subordinada é a que é parte (ou função
quanto a segunda aparece depois do último verbo do pe-
sintática) de outra.
ríodo composto.
Ex.: Quero / que você me ajude.
Ex.: Olga está triste, / pois não viajou.
1ª oração: oração principal. OCA OCS explicativa
2ª oração: oração subordinada substantiva objetiva
direta. Ex.: Está escuro; / vá, pois, com cuidado.
Você verá outras divisões no estudo da classificação OCA OCS conclusiva
delas.
➢ORAÇÕES SUBORDINADAS
➢ORAÇÕES COORDENADAS
Há três tipos de orações subordinadas, que são:
As orações coordenadas poderão ser: Substantivas, Adjetivas ou Adverbiais.
• assindéticas: quando não se iniciarem por con- A ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA tem o
junção, nem por locução conjuntiva. valor de substantivo, inicia-se por uma conjunção subor-
Ex.: Era católico, / acreditava na ressurreição. dinativa integrante (que ou se) e divide-se em:
OCA OCA
a) subjetiva: é a que exerce a função de sujeito da
• sindéticas: quando se iniciarem por conjunção oração principal.
(ou por locução conjuntiva).
A maneira prática de encontrar a oração subjetiva é
Ex.: Era católico / e acreditava na ressurreição. perguntar, antes do verbo da principal, “o que....?”.
OCA OCS aditiva
Ex.: Seria bom / que todos estudassem.
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS
OP OSS subjetiva
SINDÉTICAS
O que seria bom?
ADITIVAS: dão a ideia de adição (ou de soma)
Resposta: que todos estudassem (função de sujeito)
Ex.: Consertou a máquina / e não cobrou nada.
OCA OCS aditiva
b) predicativa: é a que exerce a função de predica-
tivo do sujeito da oração principal.
ADVERSATIVAS: denotam oposição (ou contras-
te). A oração predicativa sempre supõe, na principal, o
verbo “ser” acompanhado de sujeito.
Ex.: Estudou, / mas não foi aprovado.
OCA OCS aditiva Ex.: Os meus votos são / que triunfes.
ALTERNATIVAS: representam alternância (ou OP OSS predicativa
possibilidade). c) objetiva direta: é a que exerce a função de obje-
Ex.: Ou você toma o remédio / ou não ficará bom. to direto da oração principal.
OCS aditiva OCS aditiva A maneira prática de encontrar a oração objetiva di-
CONCLUSIVAS: dão a ideia de conclusão. reta é perguntar, depois do verbo da oração principal, “...
o quê?”. O verbo da oração principal pode ser transitivo
Ex.: Estudo pelas apostilas APCON, / portanto direto (ou transitivo direto e indireto).
OCA
Ex.: Disseste-lhe / que precisavas estudar?
tenho mais chances de aprovação.
OP OSS objetiva direta
OCS conclusiva
d) objetiva indireta: é a que exerce a função de ob-
EXPLICATIVAS: explicam a oração anterior.
jeto indireto da oração principal. A preposição que intro-
Ex.: Espere um pouco, / porque Tânia chegará. duz a objetiva indireta é exigida pelo verbo da oração
OCA OCS explicativa principal (verbo transitivo indireto ou verbo transitivo
direto e indireto).
Obs.:
Ex.: Insisto / em que partas.
1. OCA (= oração coordenada assindética).
OP OSS objetiva indireta
OCS (= oração coordenada sindética).
e) completiva nominal: é a que exerce a função de
2. A lista completa das conjunções (e das locuções
complemento nominal do substantivo, do adjetivo ou do
conjuntivas) coordenativas e subordinativas encontra-se
advérbio da oração principal.
na parte das conjunções (dentro do assunto classes de
palavras). Ex.: Tivemos a impressão / de que a casa cairia.
OP OSS completiva nominal

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Estamos aptos / a trabalhar nesta empresa. Ex.: O homem age, / conforme pensa.
OP OSS completiva nominal OP OSA conformativa

Votou favoravelmente / a que o indenizem. f) Consecutiva: é a consequência da oração princi-


OP OSS completiva nominal
pal.

f) apositiva: exerce a função de aposto da oração Ex.: Gritou tanto, / que ficou rouca.
principal. Ocorre após dois pontos ou entre vírgulas (nes- OP OSA consecutiva
te último, caso ficará no meio da oração principal).
g) Final: é a finalidade (ou o objetivo) da oração
Ex.: Peço-te um favor: / que guardes estas cartas. principal.
OP OSS apostiva
Ex.: Parei-o, / para que me ouvisse.
OP OSA final
Um sonho, / que o filho volte, / anima a mãe.
OP ... OSS apositiva ... OP h) Proporcional: está numa relação de proporcio-
A ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA tem o valor nalidade com a oração principal.
de adjetivo, inicia-se por um pronome relativo (que, Ex.: Quanto mais trabalho, / menos ganho.
quem, cujo, onde e quanto) ou por uma locução pro-
OSA proporcional OP
nominal relativa (o qual e variantes) e divide-se em: res-
tritiva e explicativa. i) Temporal: é o tempo da oração principal.
a) restritiva: é a que especifica o susbtantivo da Ex.: Fico feliz, / quando a vejo.
oração principal.
OP OSA temporal
Ex.: O livro / que comprei / é uma gramática. ORAÇÕES SUBORDINADAS REDUZIDAS
OP ... OSA restritiva ... OP
Há muitas orações subordinadas que podem apare-
b) explicativa: é a que explica (ou que generaliza) o cer abreviadas ou simplificadas: sem conectivo (conjun-
substantivo da oração principal. ção ou pronome relativo) e com o verbo numa das cha-
Ex.: Visitarei a prima Carlota, / que mora ali. madas formas nominais, isto é, no gerúndio, no infinitivo
ou no particípio. Em tal caso, as orações abreviadas se
OP OSA explicativa chamarão REDUZIDAS.
A ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL tem o va- "Aplacada a tempestade" é simplificação de "depois
lor de um advérbio, inicia-se por uma conjunção subor- que se aplacou a tempestade", expressando circunstância
dinativa adverbial (ou por uma locução subordinativa de tempo. O verbo está no particípio (aplacada). Classi-
adverbial) e divide-se em: causal, comparativa, conces- ficação: subordinada adverbial temporal, reduzida de
siva, condicional, conformativa, consecutiva, final, pro- particípio.
porcional e temporal.
- “Aplacada a tempestade, cuidou Cabral em reco-
a) Causal: é a causa da oração principal. lher a si a armada”.
Ex.: O tambor soa, / porque é oco. Alguns exemplos de orações subordinadas adverbi-
OP OSA causal ais reduzidas de infinitivo:
b) Comparativa: está numa relação de comparação a) subjetivas: É possível começarmos no próximo
com a oração principal. sábado. / Seria certo ter o trem partido.
b) objetivas diretas: Suponho serem eles os res-
Ex.: Aquela mulher fala, / como o papagaio. (fala) ponsáveis. / O diretor ordenou principiarmos já os exa-
OP OSA comparativa mes.
c) objetivas indiretas: O êxito depende de teres
c) Concessiva: está numa relação de oposição (ou
confiança em ti mesmo / Nada obsta a intervires na ques-
de contraste) com a oração principal.
tão.
Ex.: Saímos, / embora estivesse chovendo. d) completivas nominais: Dei-lhes ordens de virem
OP OSA concessiva logo. / Tenho esperança de seres eleito.
e) predicativas: O mais certo é desistires desta am-
d) Condicional: é a condição para que a oração bição. / Seus desejos eram desiludir-me logo nos primei-
principal ocorra. ros dias.
Ex.: Se não estudar, / não passará no concurso. f) apositivas: Uma coisa me assombrava: terem eles
mentido. / Isso vos asseguro eu, ser ele homem de bem.
OSA condicional OP g) adjetivas restritivas: “O orador ilhavo não era
e) Conformativa: está numa relação de acordo (ou homem de se dar assim por derrotado.” / "Nossa teoria
de conformidade) com a oração principal. fora a primeira a cair por fora da terra."

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h) adverbiais finais: "Para cobrir-me nem um tem- Ex.: Jesus, sábio infeliz, mestre dos grandes mestres
plo resta no solo abrasador..." / "Levantaram-se a servir e Rei dos grandes reis, Jesus, Mártir sublime, vieste ao
a Deus". mundo...
i) adverbiais concessivas: Não iremos hoje, apesar
03. para separar (ou isolar) o vocativo;
de já termos as passagens. / Suposto ter ele presenciado
o fato, nem assim merece crédito. Ex.: Ora, mano, deixe essas coisas...
j) adverbiais temporais: "Os animais das tropas
04. para separar o adjunto adverbial deslocado (de
viajeiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele ter-
duas ou de mais palavras) do resto da oração;
reno incerto". / "Detém-se em Inglaterra, até tornar à
doce terra". Ex.: Na manhã seguinte, Teresa estava jubilosa em
Exemplos de orações subordinadas reduzidas de ge- seu mirante.
rúndio. Obs.: Diz-se que o adjunto adverbial está deslocado,
quando precede o verbo ou os objetos ou ainda o predi-
Nota: Não há orações substantivas reduzidas de ge-
cado nominal. Se o adjunto é um mero advérbio, a vírgu-
rúndio.
la é, muitas vezes, dispensável.
a) adjetivas restritivas: "Encontramos os rapazes
vestindo blusões berrantes: fugiam espantados e não lhe Ex.: Hoje amanheceu chovendo.
pudemos ver suficientemente a fisionomia". / "Pareceu Hoje, amanheceu chovendo.
ao pobre lenhador sentir, naquele vento, o som de um 05. para substituir o verbo subentendido.
choro, e uma voz bradando aflita". Ex.: Fomos à Europa; eles, à Oceania.
b) adverbiais temporais: Chegando ao escritório,
darei o recado. / "Em tomando do reino da governança, 06. para isolar orações ou termos intercalados;
tomou dos homicidas... a vingança." - "Navegando no Ex.: Não conheço negócios de justiça, pensava ele,
arquipélago proceloso da vida, não devemos perder de mas parece que não tenho nada com isso.
vista o porto do novo destino".
c) adverbiais causais: Não estudando, foi reprova- 07. para separar as orações coordenadas assindéti-
do. / "O padre Baco ali não consentia no que Júpiter dis- cas;
se, conhecendo que esquecerão seus feitos no Oriente." /
Ex.: O agente falou uma coisa e outra, depois saiu.
"Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da fa-
ca." 08. para separar as orações coordenadas sindéticas
com a conjunção e, quando têm sujeitos diferentes;
Nota: Não há consecutivas, comparativas e finais,
reduzidas de gerúndio. Ex.: A vontade popular dividira-se entre nomes con-
tundentes, e o Congresso, de antemão, firmava...
Exemplos de reduzidas de particípio:
09. para isolar as conjunções adversativas e as con-
a) adverbiais condicionais: Suprimido o prêmio,
clusivas intercaladas na frase;
não haveria mais estímulo. / "Completadas as tarefas no
tempo estabelecido pelo rei, não serás punido". Ex.: Não se podia negar, porém, que era um pro-
b) adverbiais temporais: "Feito isso, voltarás no gresso.
tempo estabelecido à minha presença, afim de que possa
10. para separar as orações correlatas aditivas, con-
lavrar a sentença." / "Aplacada a tempestade , cuidou
secutivas e comparativas de igualdade;
Cabral em recolher a si a armada." / "Conclusa a tarefa,
o ancião perguntou-lhe qual dos cântaros estava mais Ex.: Tal fora o pai, tal é o filho. (comparativa)
limpo, mais claro e puro". Falou tanto, que ficou rouco. (consecutiva)
*********************************************** 11. para separar as orações reduzidas de gerúndio,
SINAIS DE PONTUAÇÃO de particípio ou de infinitivo.

VÍRGULA ( , ) Ex.: O cachorro pagava as carícias de Rubião, latin-


do, pulando, beijando-lhe as mãos.
Usa-se a vírgula:
12. para separar (ou para isolar) as palavras conclu-
01. para separar termos de mesma função sintática, sivas, explicativas, retificativas ou enfáticas da oração
desde que as conjunções e e ou não apareçam na oração; (ou da frase).
Ex.: Casa, mesa, convivas, tudo desapareceu. – Ex.: Passamos, isto é, pulamos uma vala.
aqui, as vírgulas separam os núcleos do sujeito. Aliás, não lhe pede nada.
Hás de volver ao corpo que és, órgão por órgão, fi- Obs.: Não se usa a vírgula, para separar o sujeito do
bra por fibra, artéria por artéria. – aqui, a vírgula separa predicado, nem o verbo de seu complemento.
objetos diretos.
Ex.: O jogador pediu ao preparador para fazer testes
Ele que encanta as crianças, as mães, os tristes e os de capacidade física.
amantes. – aqui, a vírgula separa objetos diretos.
A BR-116, que, em Santa Catarina, atravessa
02. para isolar o aposto explicativo. a região do chamado Planalto Serrano,...
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TRAVESSÃO ( – )
PONTO-E-VÍRGULA ( ; )
O travessão (–) é um traço maior que o hífen e é
O ponto-e-vírgula denota uma pausa mais longa que
usado:
a vírgula e emprega-se principalmente:
01. nos diálogos, para indicar mudança de interlocu-
01. para destacar, separadamente, cada um dos seres
tor, ou, simplesmente, no início da fala de um persona-
de um período composto.
gem;
Ex.: Márcia é enfermeira; Carlos é professor; e Te-
Ex.: – Você é daqui mesmo? Perguntei.
resa é aeromoça.
– Sou, sim senhor, respondeu o garoto.
02. Para separar os considerandos de um decreto, 02. para separar expressões ou frases explicativas
sentença, petição, etc. ou apositivas;
Ex.: É função de todo político: Ex.: Berço de um mundo novo – o promontório
a) roubar; dorme.
b) mentir; E, logo, me apresentou à mulher – uma estimá-
c) ficar à toa; vel senhora – e à filha.
d) ser mau-caráter.
03. para isolar palavras ou orações para as quais se
DOIS-PONTOS ( : ) deseja chamar a atenção do leitor;

Emprega-se este sinal de pontuação: Ex.: Acresce que chovia – peneirava – uma chuvi-
nha miúda, triste e constante...
01. para anunciar a fala dos personagens nas histó-
rias de ficção; 04. para ligar palavras em cadeia de um itinerário.

Ex.: O baixinho retomou o leme, dizendo: – Olha, Ex.: A via férrea São Paulo – Sorocaba.
menino, veja a Bahia. A linha aérea Brasil – Estados Unidos.
A estrada Belém – Brasília.
Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz: –
Podemos avisar sua tia, não? O duplo travessão sempre substitui o duplo parênte-
se e, às vezes, a dupla vírgula.
02. antes de uma citação direta;
Ex.: Uma das glórias – e tantas são elas! da ordem
Ex.: Repetia as palavras do pai:
Beneditina no Brasil, é D. Frei Antônio do Desterro.
– O mundo, sem a selva, será triste e mau.
O pessoal do extremo norte tem um slogan:
– Amazônia também é Brasil !!!
ASPAS DUPLAS ( “...” )
03. antes do aposto enumerativo.
01. Usam-se antes e depois de uma citação textual
Ex.: Tudo ameaça as plantações: vento, enchentes, (palavra, expressão, frase ou trecho);
geadas, insetos, daninhos, bichos, etc.
Ex.: Disse Apeles ao sapateiro que o criticara:
Duas coisas lhe davam superioridade: o saber e “Sapateiro, não passes além da sandália!”
o prestígio. “A bomba não tem endereço certo.”
Existem, na esgrima, três modalidades de ar- 02. Costuma-se aspear expressões ou conceitos que
mas: florete, sabre e espada. se desejam pôr em evidência:
04. antes de orações subordinadas substantivas apo- Ex.: Miguel Ângelo, “o homem das três almas” ...
sitivas;
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de
Ex.: A verdadeira causa das guerras é esta: os ho- “menino diabo”.
mens se esquecem do Decálogo.
NOTA: Põe-se entre aspas ou, então, grifam-se pa-
Só ponho uma condição: lavras estrangeiras ou termos da gíria, títulos de obras li-
– Almoçarás comigo. terárias ou artísticas, jornais, revistas; enfim, toda ex-
pressão que deva ser destacada: ... ao som dessa horren-
É triste dizer:
da música denominada “jazz-band”... (C. L.). Vem cá,
– O velho, às vezes, embriagava-se. “chiquito”, não sejas assim desconfiado comigo... (M.
05. para indicar um esclarecimento, um resultado ou A.). Assim contou-me o “tira”... (A. Machado). O “Li-
um resumo do que se disse. berdade” nunca foi o que ora se chama uma folha
“amarela” (C. L.)
Ex.: Afinal, a casa não caíra do céu por descuido:
fora construída pelo major. PONTO ( . )
Resultado: no fim de algum tempo, tinha o O ponto é um sinal que marca fim de período. No
que se chama “dinheiro no Banco”. princípio, os iniciantes em redação, em geral, procuram

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evitá-lo. É aconselhável que cada assunto represente um A vida é punição, sonho, mentira...
período, o que não quer dizer que todos os períodos de- E eu pensando que...
vam ser curtos.
02. para sugerir certo prolongamento da ideia no
O uso adequado do ponto leva à três qualidades do fim de um período gramaticalmente completo;
estilo, que são: a correção, a elegância e a simplicida-
de. Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu
também...
O ponto é usado, ainda, em quase todas as abrevia-
turas: Como as rosas, são todas as mulheres: quem colher
a rosa também colhe o espinho...
Ex.: Cia. (Companhia), Sr. (Senhor), Sra. (Senhora),
pág. (página), Exmo. (Excelentíssimo). 03. para indicar hesitação ou breve interrupção de
pensamento;
Se a palavra abreviada estiver em final de pe-
ríodo, só usaremos um ponto. Eu não a beijava porque ... porque ... eu tinha ver-
gonha.
04. para realçar uma palavra ou expressão;
PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
Hoje em dia, mulher casa com “pão” e ... passa fo-
Usa-se: me.
01. em final de frase exclamativa; 05. para indicar pausa maior que aquela sugerida
Ex.: Como te pareces com a água, ó alma humana! pela vírgula.
Que espetáculo é este quadro! A existência é surgir ... passar ... morrer.
02. nas interjeições e nas locuções interjetivas;
***********************************************
Ex.: Ah! / Psiu! / Meu Deus! CONCORDÂNCIA
03. para substituir a vírgula num vocativo enfático; 1. NOÇÕES GERAIS
Ex.: Paula! onde estiveste? É o mecanismo pelo qual as palavras alteram sua
terminação para se adequarem harmonicamente na frase.
04. costuma-se repetir o ponto de exclamação
quando a intenção é marcar um reforço na duração ou na A concordância pode ser feita de três formas:
intensidade da voz.
Lógica ou gramatical – é a mais comum no por-
Ex.: Quantas mulheres!!! / Viva eu!!! tuguês e consiste em adequar o determinante (acompa-
nhante) à forma gramatical do determinado (acompanha-
Obs.: A exemplo do ponto de interrogação, não se do) a que se refere.
usa inicial maiúscula após o ponto de exclamação que
não indique final de período. Exemplos:
– A maioria dos professores faltou.
PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? ) O verbo (faltou) concordou com o núcleo do sujeito
(maioria)
Principais casos de uso:
– Escolheram a hora adequada.
01. nas orações interrogativas diretas;
O adjetivo (adequada) e o artigo (a) concordaram
Como vai você? com o substantivo (hora).
Onde estás?
Atrativa – é a adequação do determinante:
02. em ordens, pedidos ou instruções;
a) a apenas um dos vários elementos determinados,
Você poderia explicar essa estória direito? escolhendo-se aquele que está mais próximo:
Posso contar com sua colaboração?
– Escolheram a hora e o local adequado.
03. entre parênteses, para indicar incerteza ou dúvi-
da sobre a frase ou o termo antecedente. O adjetivo (adequado) está concordando com o
substantivo mais próximo (local)
Ele saiu à meia-noite (?). b) a uma parte do termo determinado que não cons-
Todos afirmaram que a festa foi ótima (?). titui gramaticalmente seu núcleo:
– A maioria dos professores faltaram.
RETICÊNCIAS ( ... ) O verbo (faltaram) concordou com o substantivo
Usam-se principalmente nos seguintes casos: (professores) que não é o núcleo do sujeito.
01. para indicar suspensão ou interrupção de pen- c) a outro termo da oração que não é o determinado:
samento;
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– Tudo são flores. * O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
modificado por um artigo ou por qualquer outro deter-
O verbo (são) concorda com o predicativo do sujei-
minante.
to (flores).
Esta limonada é boa para a saúde.
Ideológica ou silepse – consiste em adequar o
vocábulo determinante ao sentido do vocábulo determi- 5) O adjetivo concorda em gênero e em número
nado e não à forma como se apresenta: com os pronomes pessoais a que se refere:
– O povo, extasiado com sua fala, aplaudiram. Eu as vi ontem muito aborrecidas.
O verbo (aplaudiram) concorda com a ideia da pa- 6) Anexo, obrigado, mesmo, incluso, próprio, leso e
lavra povo (plural) e não com sua forma (singular). quite são palavras adjetivas e concordam, normalmen-
te, com os substantivos ou com os pronomes a que se re-
2. CLASSIFICAÇÃO
ferem.
A concordância classifica-se em: nominal e verbal.
– Anexas à carta, irão as listas de preços.
a) NOMINAL – A menina disse: muito obrigada.
– Ela mesma presidirá a reunião.
1) Quando se refere a um único substantivo, o adje-
tivo concorda com ele em gênero e em número. Obs.: A palavra Anexo, após a preposição em, não
varia.
– Não deixe as portas abertas.
– O livro está sujo. Em anexo à carta, irão as listas de preços.
2) Quando o adjetivo vem antes dos substantivos: 7) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
função adjetiva e concorda, normalmente, com o nome a
* O adjetivo concorda em gênero e número com o
que se refere.
substantivo mais próximo.
– Ela saiu só.
– Encontramos abandonadas as cidades e os vilare-
– Elas saíram sós.
jos.
– Encontramos abandonada a cidade e o vilarejo. * Quando equivale a “somente” ou a “apenas”, tem
– Encontramos abandonado o vilarejo e a cidade. função adverbial, ficando, portanto, invariável.
* Quando os substantivos são nomes de pessoas ou Ele só quer resolver o problema.
de parentescos, o adjetivo vai sempre para o plural.
Eles só querem resolver o problema
– Encontramos os cuidadosos tio e tia.
8) A palavra bastante, quando for empregada como
– Lemos essas afirmações nos talentosos Machado
advérbio, não se flexionará.
de Assis e Euclides da Cunha.
– Eles falaram bastante durante a reunião.
3) Quando o adjetivo vem depois dos substantivos:
– Recebi projetos bastante interessantes.
* Se os substantivos forem de gêneros diferentes e
* Quando for empregada como adjetivo, flexionar-
estiverem no singular, o adjetivo geralmente concorda
se-á normalmente.
com o mais próximo.
Ex.: Recebemos bastantes projetos nesta semana.
Roubaram a camisa e o paletó branco.
9) As palavras alerta e menos são invariáveis.
* Se os substantivos forem de gêneros diferentes e
estiverem no plural, o adjetivo, geralmente, concorda – Os guardas estão sempre alerta.
com o gênero do substantivo mais próximo e vai para o – Desta vez, recebemos menos encomendas do que
plural. vocês.
Pesquisei o assunto em livros e em revistas antigas. 10) A palavra meio, quando for empregada como
adjetivo, concordará, normalmente, com o nome a que se
* Se os substantivos forem de gêneros e números
refere.
diferentes, o adjetivo, geralmente, vai para o masculino
plural. – Ele comeu meia maçã.
– Tomamos meia garrafa de cerveja.
– Comprei esta revista e estes livros antigos.
– Comprei estas revistas e este livro antigos. * Quando for empregada como advérbio (modifi-
cando um adjetivo) permanecerá invariável.
4) Nas expressões formadas pelo verbo SER +
ADJETIVOS . Ex.: A moça está meio abatida.
* O adjetivo ficará no masculino singular, se o subs- b) VERBAL
tantivo não for acompanhado de nenhum modificador.
Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar
Limonada é bom para a saúde. com o seu sujeito.
Ex.: Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser.

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Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser. * Se os núcleos do sujeito estão representados por
pronomes pessoais do caso reto, o verbo faz a seguinte
1) Quando o sujeito é simples:
concordância:
* Se for constituído por um substantivo coletivo, o
– eu e tu; eu, tu e ele (s); eu e ele (s) = nós
verbo irá para o singular.
– tu e ele (s) = vós (ou vocês)
Ex.: O batalhão refugiou-se no velho castelo.
Ex.: Eu, Célia e Renata faremos esta viagem.
* Se o substantivo coletivo for seguido de palavra Tu e teus amigos ireis (ou irão) à fazenda.
que especifique os elementos que os compõem, o verbo
3) Verbo Ser:
poderá ir para o singular ou para o plural, conforme se
queira realçar a ação do conjunto ou de cada elemento. O verbo SER concorda com o predicativo:
Ex.: Um grupo de estudantes invadiu (ou invadi- * Quando o sujeito é um dos pronomes isto, isso,
ram) o salão. aquilo ou tudo.
* Se for constituído por uma expressão que indica Ex.: Tudo eram alegrias naquela casa.
quantidade aproximada, o verbo, geralmente, irá para o Isto são os ossos do ofício.
plural.
* Quando o sujeito é constituído de uma expressão
Ex.: Perto de mil atletas prestaram juramento on- de sentido coletivo.
tem.
Ex.: A maioria dos presentes eram jovens.
* Se for constituído por uma expressão que indique
* Quando o predicativo é um pronome pessoal.
parte de um todo, o verbo poderá ir ou não para o plural.
A decisão depende, antes, de uma ação estilística. Ex.: O herdeiro destas terras serás tu.
Ex.: A maior parte dos candidatos desistiu (ou * Em orações impessoais, indicando distância, tem-
desistiram) do concurso. po ou data.
* Se for constituído pela expressão mais de um + Ex.: São três horas da tarde.
substantivo, o verbo ficará no singular, a não ser que Eram sete de setembro de 1822.
expresse ideia de reciprocidade. Daqui ao sítio são dois quilômetros.
Ex.: Mais de um aluno foi aprovado no teste. 4) Verbos Bater, Soar e Dar:
Mais de um candidato se ofenderam nas
* Quando forem empregados com referência às ho-
propagandas eleitorais.
ras do dia, os verbos bater, soar e dar (ou seus sinôni-
2) Quando o sujeito é composto: mos) concordarão com o número de horas.
* Se vier depois do verbo, este, geralmente, concor- Ex.: Já soaram dez horas no relógio da sala.
dará com o núcleo mais próximo. Acabaram de dar quatro horas.
Ex.: Amedrontou-nos o silêncio e a escuridão do * Quando o sujeito desses verbos está explícito, a
lugar. concordância é feita normalmente.
* Se os núcleos do sujeito constituem uma grada- Ex.: O relógio da sala bateu dez horas.
ção, o verbo, geralmente, fica no singular.
5) Haja vista:
Ex.: A indignação, a raiva, o ódio tomou conta
A expressão haja vista admite três construções di-
do seu coração.
ferentes:
* Se os núcleos do sujeito são sinônimos ou têm
* invariáveis (seguidas ou não de preposição).
sentidos próximos, o verbo fica no singular.
Ex.: Sua calma e tranquilidade sempre nos Ex.: Haja vista os exemplos dados por ele.
transmitia segurança. Haja vista aos fatos explicados por essa te-
oria.
* Se os núcleos do sujeito estão resumidos por um
* variável (desde que não seja seguida de preposi-
pronome indefinido (tudo, nada, ninguém, etc.), o verbo
ção), considerando-se o termo seguinte como sujeito.
fica no singular.
Ex.: Hajam vista os exemplos de sua dedicação.
Ex.: Aflição, dores, tristezas, nada o fazia aban-
donar seu objetivo. Obs.: A construção haja visto é errônea, devendo
* Se o sujeito é composto por um ou outro ou nem ser sempre evitada.
um nem outro, o verbo geralmente fica no singular.
*********************************************
Ex.: Um ou outro aluno será escolhido.
Nem um nem outro será eliminado.

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REGÊNCIA 14. avesso (a)
15. ávido (de, por)
1. NOÇÕES GERAIS
16. bom (a, com, de, em, para com)
A sintaxe de regência é o mecanismo gramatical 17. capacidade (de, para)
que cuida das relações de dependência que as palavras 18. capaz (de, para)
mantêm entre si numa frase, ou seja, numa frase haverá 19. compaixão (de, para, para com, por)
sempre um termo (que pode ser um verbo, um substanti- 20. compatível (com)
vo um adjetivo ou um advérbio) que exigirá um outro 21. comum (a, entre)
termo que o complete ou que amplie o seu sentido. 22. contente (com, em, de, por)
23. contrário (a)
Ex.: Na frase: “A criança tem medo fantasma”, está 24. cruel (com, para, para com)
faltando uma palavra para que esta fique completa. Nota-
25. desejoso (de)
se que o termo ausente é a preposição de. Essa preposi-
26. desprezo (a, de, para, para com, por)
ção é exigida pela palavra medo (ter medo de) e estabe-
27. devoto (a, de)
lece a relação entre medo e fantasma.
28. digno (de)
Assim, a frase completa é: “A criança tem medo de 29. dúvida (acerca de, em, sobre)
fantasma”. 30. empenho (de, em, por)
31. estima (a, de, em, para)
O termo que exige o outro é o regente; o termo exi- 32. fácil (a, de, em, para)
gido é o regido ou o complemento. 33. fanático (de, por)
2. CLASSIFICAÇÃO 34. fértil (de, em)
35. fiel (a, em, para com)
Há duas espécies de regência: a nominal e a verbal. 36. gosto (a, de, em, para, por)
➢REGÊNCIA NOMINAL 37. hábil (em)
38. hostil (a, contra, para com)
Ocorre a regência nominal quando o termo regente 39. habituado (a, com)
for um nome (que pode ser um substantivo, um adjetivo 40. idêntico (a, em)
ou um advérbio). 41. imune (a, de)
Em geral, a relação de dependência entre um nome 42. inclinação (a, por, para)
e o seu complemento é estabelecida por uma preposição. 43. ingrato (a, com, para, para com)
44. insensível (a)
O complemento, quando for regido por um nome, 45. intransigente (com, em)
será o complemento nominal. 46. inveja (a, de)
Ex.: Minha escola fica longe de casa. 47. isento (de)
48. longe (de)
* termo regente = longe (advérbio) 49. medo (a, de)
* termo de ligação = preposição de 50. nocivo (a)
* termo regido = de casa (complemento nominal) 51. obediência, obediente (a)
Muitos termos regentes admitem mais de uma re- 52. ódio (a, contra, entre, para com)
gência e, assim como ocorre com certos verbos, o senti- 53. ojeriza (a, com, contra, por)
do de uma frase pode ser modificado com a simples mu- 54. orgulhoso (com, de, em, por)
dança da preposição que acompanha o termo regido. As- 55. paixão (de, por)
sim, o problema é escolher que preposição atende aos di- 56. passível (de)
tames da clareza, da eufonia e da regência nominal. 57. perto (de)
58. predileção (por, sobre)
Para orientar você nesse aspecto, apresentamos, a 59. preferência (por, sobre)
seguir, uma breve relação de nomes, acompanhadas de 60. pronto (a, em, para)
preposições que os completam. 61. próprio (a, de, para)
1. acostumado (a, com) 62. próximo (a, de)
2. acesso (a) 63. relacionado (com)
3. afável (a, com, para com) 64. respeito (a, de, para com, por)
4. aflito (com, por) 65. satisfeito (com, de, em, por)
5. alheio (a, de) 66. simpatia (com, para com, por)
6. amor (a, de, para com, por) 67. surdo (a)
7. ansioso (de, para, por) 68. suspeito (a, de)
8. apegado (a) 69. último (a, de, em,)
9. apto (a, para) 70. único (a, entre)
10. assíduo (a, em) 71. vazio (de)
11. atenção (a, com, para, para com, sobre) 72. versado (em)
12. atencioso (a, com, para com) 73. zelo (a, de, por)
13. aversão (a, para, por)

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➢REGÊNCIA VERBAL * ASPIRAR
Ocorrerá a regência verbal quando o termo regente VTD (com o sentido de "absorver", "cheirar"):
for um verbo e poderá estabelecer-se:
– Aspire o ar da manhã.
a) diretamente, sem auxílio de preposição.
VTI (+ a preposição "A" no sentido de "desejar
Ex.: Vendi um terreno. muito", "pretender", “almejar”):
Neste caso, o verbo é chamado de transitivo dire- – Ele aspira ao sucesso.
to; e o termo regido, de objeto direto.
Obs.: Nesta última acepção, o verbo aspirar rejeita
b) e indiretamente, com o auxílio obrigatório de o pronome LHE (s) como complemento, devendo-se
preposição. usar em substituição as formas a ele (s), a ela (s):
Ex.: Gostamos de sorvete. – Aspiras a este cargo?
– Sim, aspiro a ele.
Neste caso, o verbo é chamado de transitivo indi-
reto; e o termo regido, de objeto indireto. * ASSISTIR
Nota: O objeto completa o sentido do verbo, por is- VTI (+ a preposição "A", no sentido de ver ou pre-
so é o complemento verbal. Quando o verbo dispensa senciar):
esse complemento, chama-se intransitivo.
– Ele assistiu ao jogo.
A seguir, damos a regência de alguns verbos:
Obs.: Nesta acepção, o verbo assistir rejeita o pro-
Abreviações usadas: nome LHE (s) como complemento, devendo-se usar em
substituição as formas a ele (s), a ela (s):
VTD = verbo transitivo direto;
VTI = verbo transitivo indireto; VTI (+ a preposição "A", no sentido de caber por
VTDI = transitivo direto e indireto; direito):
VI = verbo intransitivo;
– Este direito assiste aos deputados.
OD = objeto direto;
– Este direito lhes assiste.
OI = objeto indireto.
VTD ou VTI (no sentido de socorrer, prestar as-
* ABDICAR (renunciar)
sistência):
VI - O rei abdicou.
– O médico assiste o (ao) ferido.
VTD - O rei abdicou o império.
(com a preposição "EM", no sentido de "morar"):
VTI + preposição "DE" - Ele abdicou de seus direi-
– Mudou-se de Campinas e, atualmente, as-
tos.
siste em São Paulo.
* ABRAÇAR
* CHAMAR
VTD - Ele abraçou a filha.
VTD (no sentido de "mandar vir", convocar):
Como VTD, também tem o sentido de "seguir" ou
– O pai chamou os filhos.
"adotar":
(Obs.: Nesta acepção, pode ser construído também
– Ele abraçou a carreira diplomática.
com a preposição “POR”):
VTI (+ as preposições A, COM, CONTRA, EM):
– Ele chamou por mim.
– Ele abraçou-se ao filho.
* Com o sentido de "apelidar", "dar nome a", o
– Ele abraçou-se com o filho.
verbo chamar admite as seguintes regências:
– Ele abraçou-se contra o filho.
a) Chamaram o menino de bobo: Chamaram-no de
* ACEDER
bobo.
VTI (+ a preposição A): b) Chamaram o menino bobo: Chamaram-no bobo.
c) Chamaram ao menino de bobo: Chamaram-lhe de
– Ela acedeu ao pedido do filho.
bobo.
* ACONSELHAR d) Chamaram ao menino bobo. Chamaram-lhe bo-
bo.
VTD - Um pai deve aconselhar os filhos.
VTDI (+ a preposição A): * CHEGAR
– Não aconselho ninguém a ver este filme. VTI (construído com as preposições "A", “ATÉ” e
“DE”:
– Chegamos à cidade.

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* IR Obs.: A mesma regência é válida para o verbo DE-
SOBEDECER.
VTI (construído com as preposições "A", “ATÉ” e
“PARA”): * PENSAR
– Fui à feira. VTD (com o sentido de "curar", "tratar"):
* CUSTAR – O médico pensou as feridas do soldado.
VTI (no sentido de ser difícil ou custoso, empre- VTI (com a preposição "EM"):
gando-se na 3ª pessoa do singular e tendo uma oração in-
– Ele está pensando em seus problemas.
finitiva como sujeito):
Obs.:
– Custou muito preparar esta festa. (errado)
– Custou-me muito preparar esta festa. (correto) a) com o sentido de "meditar", "refletir", o verbo
– Custa a crer que eles tenham brigado. (errado) pensar constrói-se, também, com a preposição "SO-
– Custa a ela crer que eles tenham brigado. (correto BRE":
) – Ele pensa sobre a morte.
* ESQUECER b) com o sentido de "julgar", "fazer conceito de al-
guém", constrói-se com a preposição "DE":
VTD - Esqueci o livro.
– Ele pensou mal de nós.
VTI (pronominal, com a preposição "DE"):
* PREFERIR
– Esqueci-me do livro.
VTDI (com a preposição "A"):
Obs.: As mesmas regências são válidas para o verbo
LEMBRAR: – Prefiro passear a ver televisão.
– Lembro a cena. (correto) Obs.: Preferir significa "querer antes", portanto,
Lembra-me a cena. (errado) são errôneas as construções do tipo: "Prefiro mais isto do
que aquilo", "Prefiro antes isto ...".
– Lembro-me da cena. (correto)
Lembram-me as cenas. (errado) * PRESIDIR
* IMPLICAR VTD ou VTI (com a preposição "A" e "EM"):
VTD (no sentido de acarretar e de provocar): – Ele presidiu os trabalhos.
– Ele presidiu aos trabalhos.
– A desobediência ao regulamento implicará
– Ele presidiu nos trabalhos.
o cancelamento da matrícula.
* REPARAR
VTI (com a preposição "COM", no sentido de "an-
tipatizar", contender): VTD (com o sentido de "consertar")
– O professor sempre implicava com os alu- – Chame alguém para reparar esta máquina.
nos.
VTI (com a preposição "EM", no sentido de "pres-
* INFORMAR tar atenção"):
VTDI (com a preposição "A"): – Repare na beleza desta moça.
– Informou o resultado da votação a ela. * RESPONDER
VTDI (com a preposição "DE”): VTDI - Respondi aos amigos que não iria embora.
– Informei os presentes do resultado da vota- * VISAR
ção.
VTD (no sentido de mirar ou pôr o visto em):
(Obs.: No sentido de “inteirar-se”, “pôr-se a par”,
o verbo informar é pronominal, sendo construído com a – O caçador visou o animal.
preposição “DE”): – O funcionário visou o passaporte.
VTI (com a preposição "A", no sentido de "ter em
– Ele se informou do caso ontem, à noite.
vista", "desejar"), não admitindo nesse caso o pronome
* As mesmas regências são válidas para os verbos LHE (s) como complemento, que deve ser substituído
CERTIFICAR, NOTIFICAR e PREVENIR. por a ele (s), a ela (s):
* OBEDECER – Você visa ao poder?
– Sim, viso a ele.
VTI (com a preposição "A"):
– Obedeça ao regulamento.
– Obedeça-lhe atentamente.

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********************************************* “Alguns segundos depois, apareceu um menino.
SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS Era um garoto magro, de pernas compridas e finas. Um
típico moleque.”
As relações de significado entre palavras atuam
como um dos elementos estruturadores dos textos. Para Apesar de cada uma dessas palavras terem seus ma-
investigar como isso ocorre, estudaremos, neste capítulo, tizes próprios de significação, são usadas no texto para
algumas dessas relações. designar um mesmo ser. Perceba, assim, que a relação de
sinonímia não depende exclusivamente do significado
*Relações de significado entre as palavras
das palavras isoladas, mas resulta também do emprego
Introdução que têm nos textos.
Toda Saudade Uma relação de significado muito importante para a
construção de textos é a que se estabelece entre hiperô-
Toda saudade é a presença da ausência
nimos e hipônimos. Um hiperônimo é uma palavra cujo
de alguém, de algum lugar, de algo enfim.
significado é mais abrangente do que o seu hipônimo: é
Súbito o não toma forma de sim
o que acontece, por exemplo, com as palavras “veículo”
como se a escuridão se pusesse a luzir.
e “carro” - “veículo” é hiperônimo de “carro” porque em
Da própria ausência de luz seu sentido está contido o significado de “carro”, ao lado
o clarão se produz, do significado de outras palavras como “carroça”,
o sol na solidão.
“trem”, “caminhão”. “Carro” é um hipônimo de “veícu-
Toda saudade é um capuz transparente
lo”.
que veda e ao mesmo tempo traz a visão
do que não se pode ver A relação entre hipônimos e hiperônimos é muito
porque se deixou pra trás útil para a retomada de elementos textuais:
mas que se guardou no coração.
- Há muito tempo planejavam derrubar aquele ipê.
(Gil, Gilberto, In: O eterno Deus Mu Dança. LP WEA A velha árvore parecia perturbar os administradores
670.8059, 1989. Faixa 5, lado 2.) municipais.
O texto “Toda Saudade” consegue transmitir aquilo - Proteja o lobo-guará. É um animal que corre o ris-
que a saudade tem de mais característico: a ideia de co de extinção.
permanência daquilo e daqueles que não permanece-
ram. Para alcançar essa noção tão difícil de definir, a São hiperônimos muito importantes palavras de
canção explora principalmente a possibilidade de apro- sentido genérico como “fato”, “acontecimento”, “coi-
ximar e relacionar palavras de sentidos opostos, como sa”, “fenômeno”, “pessoa”, “ser”. Essas palavras são
presença/ausência, sim/ não, escuridão/clarão. Contami- muito frequentes nos mecanismos de retomada de ele-
nadas por esse procedimento, outras palavras adquirem mentos textuais. Vejamos:
sentidos opostos no texto: vedar/trazer, deixar/guardar, – A ampliação da pobreza compromete a estabili-
sol/solidão. dade social do país e é um fato que não pode ser omitido
As relações de significado entre as palavras consti- em qualquer proposta séria de planejamento governa-
tuem um poderoso instrumento de organização dos tex- mental.
tos. No caso de “Toda Saudade”, podemos afirmar que o – A troca de insultos sopapos entre os deputados
conjunto do texto se articula a partir da oposição de sen- ganhou destaque nos jornais. O acontecimento foi recri-
tidos entre palavras. Não se deve deixar de perceber que minado em vários editoriais.
as relações de significado são muitas vezes exclusivas de
um determinado texto, resultando a organização particu- As palavras de sentido genérico e os hiperônimos
lar desse texto. são muito úteis para a retomada de elementos textuais
anteriormente citado. Seu uso deve ser limitado a essa
*Relações de significado e construção de textos função, pois essas palavras carecem da precisão caracte-
Palavras de significados opostos como “ausência” e rística dos hipônimos.
“presença” ou “sim” e “não“ são chamadas antônimos. Da relação existente entre a expressão e o seu signi-
A aproximação de antônimos gera efeitos expressivos ficado, surge a denotação e a conotação.
capazes de sugerir noções sutis, como o que ocorre em
“Toda Saudade”. DENOTAÇÃO – é a propriedade que possui uma pa-
lavra de limitar-se a seu próprio conceito mostrando,
Palavras de mesmo significado são chamadas sinô- apenas, seu significado original, autêntico e objetivo.
nimos. É o que ocorre, por exemplo, com palavras como
“agradável”, “aprazível”, “deleitável”, “deleitoso”, “de- CONOTAÇÃO – é a capacidade de uma palavra po-
licioso”, “ameno”, “grato”, “gostoso”, “saboroso”. Ob- der ampliar-se no seu significado, tomando outro senti-
serve que os sentidos dessas palavras são próximos, mas do, em razão do próprio contexto. São comuns, nas obras
não são exatamente equivalentes. literárias, os autores recorrerem aos vocábulos conotati-
vos para criarem uma realidade imaginária.
O uso de palavras sinônimas pode ser de grande uti-
lidade nos processos de retomada de elementos que in-
ter-relacionam as partes dos textos. Observe:

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Tomemos, por exemplo, a palavra ESTRELA: - Campari é uma bebida fina. (excelente)
- Aquele senhor é tão fino, que dá gosto conversar
 Será denotativa quando designar sua real exis-
com ele. (educado)
tência, seu sentido próprio - corpo celeste.
Outras palavras polissêmicas: linha, ponto, manga,
Ex.: - As estrelas brilham em noite de esplendor.
pé, pena, velar, o verbo dar, e outras.
- O Sol é a estrela mais próxima da Terra.
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL
 Terá valor conotativo quando deixar de ter sen-
Acabamos de dizer que é muito comum um único
tido próprio para figurar uma celebridade artística ou
significante evocar vários significados e que, nesses ca-
uma opinião.
sos, ocorre a polissemia. Mas isso não chega a constituir
Ex.: - As estrelas do cinema brilham na noite do problema para a clareza e objetividade de comunicação,
Oscar. porque a polissemia, em geral, fica neutralizada pelo
contexto.
- Romário é uma estrela em decadência.
SEMÂNTICA
Graficamente, diríamos que as palavras podem ser
vistas sob dois aspectos: 1. INTRODUÇÃO – CONCEITO
Semântica é a ciência da gramática que estuda a
SENTIDO significação das palavras, procurando definir as rela-
ções das mesmas com os objetos que elas designam.
*Relações de sentido entre itens lexicais
ASPECTO ASPECTO
DENOTATIVO CONOTATIVO O léxico consiste no repertório de palavras de que
uma dada língua dispõe. Ou melhor, o léxico é sinônimo
de vocabulário.
objetivo subjetivo
um significado vários significados O vocabulário de uma nação civilizada apresenta
racional irracional várias modalidades que podem coexistir sem quebra de
próprio figurado sua estrutura comum, de sua unidade.
real irreal
No português usado hoje no Brasil, podemos perce-
ber influência lexical de várias modalidades, das quais
Denotação versus Conotação destacamos:
 Neologismo – palavras novas que se incorporam
Denotação é a significação literal ou o sentido evo-
cado da palavra no dicionário. à língua;
 Gíria – vocabulário que surge num determinado
Conotação é um novo plano de conteúdo para um grupo social;
significante.  Regionalismo – vocabulário próprio de uma da-
Significante versus Significado da região;
 Jargão – linguagem típica de uma determinada
Para entender esse par de conceitos, devemos levar profissão;
em conta que o signo linguístico é constituído por duas  Estrangeirismo – termos estrangeiros incorpora-
partes distintas, embora uma não exista separada da ou- dos à nossa língua;
tra. Esse signo divide-se numa parte perceptível, consti-
tuída de sons, que podem ser representados por letras, e O autor de um texto pode escolher palavras dentro
numa parte inteligível, constituída de um conceito. de uma determinada modalidade lexical, para criar efeito
de sentido. Pode escrever seu texto em gíria, ou utilizar
A parte perceptível do signo denomina-se signifi- uma linguagem regionalista ou fazer uso de muitos jar-
cante ou plano de expressão; a parte inteligível, o con- gões. Isoladas, essas palavras pouco comunicam. O que
ceito, denomina-se significado ou plano de conteúdo. determina o seu significado é o contexto em que ela apa-
rece e o que importa não é apenas identificar a escolha
Quando ouvimos, por exemplo, árvore, percebemos
feita pelo autor, mas verificar qual é a função que elas
uma combinação de sons (o significante) que associamos
têm no sentido do texto. Uma mesma palavra pode pos-
imediatamente a um conceito (o significado).
suir significações diferentes, dependendo do contexto em
POLISSEMIA que está inserida.
É a propriedade que os vocábulos têm de assumi- 2. CLASSIFICAÇÃO
rem, numa única palavra, vários significados, de acordo
As palavras quanto ao seu significado podem apre-
com a frase ou contexto.
sentar:
Tomemos, como exemplo, o adjetivo FINO:
a) SINONÍMIAS (sinônimas) – quando têm o
- O garoto tinha a voz fina. (aguda) mesmo significado ou identidades semelhantes.
- A faca do açougue tem a lâmina fina. (afiada)

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Exemplos: - Homônimas homófonas – também conhecidas
como Homônimas heterográficas, por possuírem sons
alfabeto = abecedário
iguais, porém grafias e significados diferentes.
brado = grito, berro, clamor, etc.
apagar = extinguir, suprimir, etc. acender (pôr fogo)
banal = vulgar ascender (subir)
justo = certo, íntegro, imparcial, etc. apreçar (verificar o preço)
Raramente, as palavras apresentam sinonímia per- apressar (acelerar)
feita. concerto (espetáculo musical)
conserto (ato de arrumar)
O grego e o latim são responsáveis, positivamente, cela (quarto de prisão)
pela existência de inúmeros pares de sinônimos em nossa sela (arreio)
língua. Vejamos alguns: sela (verbo selar)
adversário = antagonista censo (recenseamento)
moral = ética senso (juízo, raciocínio)
colóquio = diálogo
translúcido = diáfano Nota:
semicírculo = hemiciclo
contraveneno = antídoto A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por is-
oposição = antítese so, é considerada uma deficiência dos idiomas.

d) PARONÍMIAS (parônimas) – são as que têm


b) ANTONÍMIAS (antônimas) – quando apresen- semelhanças na pronúncia e na grafia, porém, apresen-
tam significados opostos. tam significados diferentes.
Exemplos: Exemplos:
longe = perto - Ao sair apressado por causa de um incidente, João
ordem = anarquia provocou um acidente.
louvar = censurar
amor = ódio - O número de docentes da FEDF é incompatível
calor = frio com o discente.

A antonímia pode originar-se de um prefixo de sen- Enriqueça seu vocabulário:


tido oposto ou negativo. afear............ = tornar feio.
Exemplos: afiar............. = amolar.
acidente....... = desastre.
bendizer - maldizer incidente...... = acontecimento, imprevisto.
progresso - regresso
arrear.......... = pôr arreio.
comunista - anticomunista
arriar........... = abaixar, descer.
pré-nupcial - pós-nupcial
bocal............ = embocadura.
esperar - desesperar
bucal............ = relativo à boca.
c) HOMONÍMIAS (homônimas) – são palavras coro.............. = coral.
que possuem determinadas semelhanças. Subdividem-se couro............. = pele.
em: cesta............. = utensílio.
sesta............. = repouso.
- Homógrafas e Homófonas – também chamadas Sexta............. = numeral.
de Homônimas Perfeitas, por possuírem sons e grafias cavalheiro..... = homem gentil, educado, cortês.
iguais, porém apresentando significados diferentes. cavaleiro....... = homem que anda a cavalo.
são (sadio) - são (v. ser) - são (santo) comprimento = extensão.
morro (subst.) - morro (verbo) cumprimento = saudação.
mato (subst.) - mato (verbo) descrição...... = ato de descrever.
somem (somar) - somem (verbo sumir) discrição....... = qualidade do que é discreto.
descriminar.. = inocentar
- Homônimas homógrafas – também conhecidas discriminar.... = distinguir.
como Homógrafas heterófonas, são palavras iguais na despensa...... = local para guardar alimentos.
escrita, porém apresentam sons diferentes. dispensa....... = licença, isenção, liberação para não
colher (subst.) - colher (verbo) fazer algo.
vede (v. ver) - vede (v. vedar) docente......... = que ensina, relativo a professor.
apoio (v. apoiar) - apoio (subst.) discente........ = que aprende, relativo a aluno.
jogo (v. jogar) - jogo (subst.) emergir......... = boiar, aparecer.
imergir........... = afundar, sumir.
emigrar....... = deixar o país para morar em outro.
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entrar num país estranho Também chamamos crase à contração da preposição
imigrar.......... = migrar - mudar de uma região para “A” com o “A” inicial dos pronomes demonstrativos
outra. “aquele(s), aquela(s), aquilo”.
fuzil............... = arma de fogo. – Entregue o livro àquele moço.
fusível........... = dispositivo de proteção contra descar- – Não me refiro àquilo.
ga elétrica.
infli- = castigar. – Vamos à praia.
gir............ = desobedecer à normas.
infrin- 2. NORMAS PRÁTICAS
gir..........
meado........... = meio. a) Trocar a palavra feminina por uma masculina. Se
miado............ voz do gato. aparecer “AO”, devemos usar crase.
peão.............. = trabalhador. Vou à festa. (Vou ao teatro).
pião............... = brinquedo.
ouço.............. = do verbo ouvir Às grandes causas, grandes juristas. (Aos gran-
osso.............. = cada uma das partes do esqueleto des processos, grandes juristas)
ratificar.......... = confirmar. b) Com nomes indicando localidades, deve-se trocar
retificar.......... = corrigir. o verbo por outro que peça uma preposição diferente. (Se
recriar........... = tornar a criar. aparecer “DA” ou “NA”, devemos usar à).
recrear.... proporcionar recreio.
sede............. = vontade de beber. Vou à Bahia. (Gosto da Bahia/Venho da Bahia)
cede............. = do verbo ceder. Vou a Roma. (Venho de Roma).
Vou à alegre Roma. (Estive na alegre Roma).
sortir............. = abastecer
surtir............. = produzir
tráfego.......... = trânsito.
3. CASOS ESPECIAIS
tráfico............ = comércio ilegal.
xeque........... = lance do jogo de xadrez. a) A palavra CASA:
cheque.......... = ordem de pagamento.
- Sem especificação, não haverá crase:
Cheguei a casa tarde.
e) POLISSÊMICAS (polissemia) – é a propriedade - Com especificação, haverá crase:
que os vocábulos têm de assumirem, numa única pala- Retornei à casa paterna.
vra, vários significados, de acordo com a frase ou con- Nunca mais regressamos à casa de Ourinhos.
texto.
b) A palavra DISTÂNCIA:
Tomemos, como exemplo, o adjetivo FINO:
- O garoto tinha a voz fina. (aguda) - Independentemente de ela estar ou não especifica-
- A faca do açougue tem a lâmina fina. (afiada) da, haverá crase.
- Campari é uma bebida fina. (excelente) Avistei-o à distância de cem metros.
- Aquele senhor é tão fino, que dá gosto con- Avistei-o à distância.
versar com ele. (educado)
c) A palavra TERRA:
Outras palavras polissêmicas: linha, ponto, manga,
pé, pena, velar, o verbo dar, e outras. - Dispensará o sinal indicativo de crase, se estiver
sendo usada com o sentido oposto a “a bordo” (lingua-
*********************************************** gem náutica).
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
CRASE Os piratas foram a terra.

A crase significa a fusão da preposição “A” com o - Com o sentido de pátria, região ou planeta, haverá
(s) artigo (s) feminino (s) “A(S)” ou com o(s) pronome crase:
(s) demonstrativo (s) “A(S)”. A crase é indicada pelo Regressamos à terra natal.
acento grave ( ` ). A espaçonave voltou à Terra.
1. REGRA FUNDAMENTAL 4, CRASE OBRIGATÓRIA
Emprega-se o sinal indicativo de crase, quando a
a) Em grande número de locuções formadas de pa-
palavra antecedente exige a preposição “a” e a que segue
lavras femininas: às vezes; à direita; à prova; às ordens,
é precedida de artigo feminino A.
à vontade; às pressas; às tantas, etc.
Para sabermos se há crase, basta provar a existência
da preposição “A” e do artigo feminino (A ou AS). O b) Em expressões de tempo formadas de palavras
que se conclui é que a crase só pode ser usada antes da femininas: partirá às três horas; sairá à uma hora; chegou
palavra feminina. à noite.

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5. CRASE FACULTATIVA (E) os dois períodos do texto poderiam trocar de posi-
a) Antes de nomes de mulheres: Leve isto à (a) Jú- ção sem alteração do sentido global.
lia. Não havendo intimidade, não se deve usar crase, pois
não se usa artigo: Referiu-se a Cleópatra. 2. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
b) Antes de possessivos femininos: Enviei o pre- “É minha opinião que não se deve dizer mal de nin-
sente à (a) minha neta. guém, e ainda menos da polícia. A polícia é uma institui-
c) Após a preposição ATÉ: Fui até à (a) escola. ção necessária à ordem e à vida da cidade.” (Machado de
Assis, A Semana – 1871)
Ao redigirmos um texto devemos ter cuidado com a
6. CRASE PROIBIDA grafia das palavras empregadas; no caso do pensamento
a) Antes de substantivos masculinos: Temor a Deus. de Machado, há o emprego graficamente correto da pa-
lavra mal.
Obs.: Usa-se a crase quando estiver subentendida a
expressão: “moda de”, “maneira de”. A frase abaixo em que o emprego da mesma palavra
está INCORRETO é:
– Escreve à Machado de Assis.
(A) O mal é combatido pela polícia;
– Usa calças à Pierre Cardin. (B) O mal-educado nunca é bem-vindo;
b) Antes de verbo: (C) Desrespeitar as leis é um mal hábito;
(D) Mal chegou a polícia, todos se retiraram;
Começou a gritar de repente. (E) Não há mal que sempre dure.
c) Antes de pronomes em geral.
Solicitarei a ela este favor. 3. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
Dirigi-me a Vossa Senhoria. “É minha opinião que não se deve dizer mal de nin-
Obs.: Os pronomes de tratamento dona, senhora, guém, e ainda menos da polícia. A polícia é uma institui-
senhorita e madame exigem artigo definido antes deles, ção necessária à ordem e à vida da cidade.” (Machado de
havendo, então, crase: Assis, A Semana – 1871)

– Pedirei à senhorita tudo o que necessitar. Nesse texto, Machado emprega corretamente o
acento grave indicativo da crase; a frase abaixo em que
d) Quando, após a preposição “A”, vier uma palavra esse mesmo acento está empregado de forma adequada
no plural. é:
Nunca vai a festas. (A) Os clientes pagaram a compra à crédito;
(B) A ordem é necessária à todo grupo social;
e) Em locuções formadas de palavras repetidas.
(C) Ninguém abandonou o local à correr;
Ficaram frente a frente. (D) O motorista deu à documentação ao policial;
(E) Todos os policiais saíram à mesma hora.
A água caía gota a gota.

4. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).


EXERCÍCIOS Um escritor americano é autor da seguinte frase:
Nas questões de 01 a 117, marque uma única alter- “Não grite por socorro à noite. Pode acordar os vizi-
nativa correta conforme pede seu comando. nhos.”

1. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão). Tal frase apresenta um problema textual, que é:

“É minha opinião que não se deve dizer mal de nin- (A) a falta de coerência;
guém, e ainda menos da polícia. A polícia é uma institui- (B) a inadequação vocabular;
ção necessária à ordem e à vida da cidade.” (Machado de (C) a pontuação equivocada;
Assis, A Semana – 1871) (D) a ausência de coesão;
(E) o desrespeito à norma culta.
Sobre a estruturação desse pensamento de Machado
de Assis, a única observação correta é: 5. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
(A) há uma contradição lógica entre os dois períodos “Scotland Yard é o Departamento de Investigações
que compõem esse pensamento; Criminais da Polícia Metropolitana de Londres. Seu no-
(B) o texto mostra fraco poder argumentativo por tra- me vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro
tar-se de uma opinião; quartel central e onde, por outro lado, localizou-se o pa-
(C) o segundo período é uma explicação que justifica o lácio que utilizavam os reis da Escócia quando visitavam
período anterior; a Inglaterra.” (Atrás das palavras, Charlie Lopes)
(D) o segmento “e ainda menos da polícia” retifica uma
afirmação anterior;

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O objetivo principal deste pequeno texto é: Texto
(A) informar aos leitores o que é a Scotland Yard; “A instituição policial brasileira, segundo documen-
(B) retirar de circulação informações erradas; tação existente no Museu Nacional do Rio de Janeiro,
(C) justificar a denominação da instituição; data de 1530, quando da chegada de Martim Afonso de
(D) divulgar informações turísticas interessantes; Sousa enviado ao Brasil – Colônia por D. João III. A
(E) localizar a sede da Scotland Yard. pesquisa histórica revela que no dia 20 de novembro de
1530, a polícia brasileira iniciava as suas ações, promo-
6. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão). vendo justiça e organizando os serviços de ordem públi-
ca, como melhor entendesse nas terras conquistadas do
“Scotland Yard é o Departamento de Investigações
Brasil. A partir de então a instituição policial brasileira
Criminais da Polícia Metropolitana de Londres. Seu no-
passou por seguidas reformulações nos anos de 1534,
me vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro
1538, 1557, 1565, 1566, 1603, e, assim, sucessivamente.
quartel central e onde, por outro lado, localizou-se o pa-
Somente em 1808, com a chegada do príncipe Dom João
lácio que utilizavam os reis da Escócia quando visitavam
ao Brasil, a polícia começou a ser estruturada, comanda-
a Inglaterra.” (Atrás das palavras, Charlie Lopes)
da por um delegado e composta por escrivães e agentes.”
A afirmação correta sobre um dos termos sublinha-
9. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
dos é:
No texto, o trecho “segundo documentação existen-
(A) Seu se refere à Polícia Metropolitana de Londres;
te no Museu Nacional do Rio de Janeiro” tem a função
(B) a primeira ocorrência de onde se refere à cidade de
de:
Londres;
(C) quartel não aparece citada anteriormente, mas se (A) mostrar a antiguidade da instituição;
liga a polícia; (B) indicar a importância histórica da polícia;
(D) a segunda ocorrência de onde se refere a primeiro (C) revelar a fonte de informação do texto;
quartel central; (D) dar credibilidade ao que é dito a seguir;
(E) o relativo que tem por antecedente quartel central. (E) valorizar a preservação de documentos.

7. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão). 10. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
O célebre escritor Emerson declarou certa vez: Os termos sublinhados no texto são conectores, ou
“Cometa um crime e tu descobrirás como o mundo é de seja, ligam partes do texto; a opção abaixo em que o va-
vidro.” lor semântico de um desses termos NÃO está correta-
mente indicado é:
Para que essa frase esteja enquadrada na norma cul-
ta da língua, a forma que lhe devemos dar é: (A) segundo = conformidade;
(B) quando = tempo;
(A) Comete um crime e você descobrirá como o mundo
(C) como = conformidade;
é de vidro;
(D) assim = modo;
(B) Cometa um crime e tu vais descobrir como o mun-
(E) com = companhia.
do é de vidro;
(C) Comete um crime e você vai descobrir como o
mundo é de vidro; 11. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
(D) Comete um crime e tu descobrirás como o mundo é
“A pesquisa histórica revela que no dia 20 de no-
de vidro;
vembro de 1530, a polícia brasileira iniciava as suas
(E) Cometa um crime e descobrirás como o mundo é
ações, promovendo justiça e organizando os serviços de
de vidro.
ordem pública, como melhor entendesse nas terras con-
quistadas do Brasil.”
8. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
Nesse segmento do texto, a pontuação mais ade-
Todas as frases abaixo têm o crime como tema; a
quada seria:
frase em que se apresenta uma visão positiva do crime é:
(A) A pesquisa histórica revela que, no dia 20 de no-
(A) O crime não compensa;
vembro de 1530, a polícia brasileira iniciava as su-
(B) Vivemos numa época de igualdade. Hoje em dia,
as ações, promovendo justiça e organizando os ser-
por exemplo, todas as classes são criminosas;
viços de ordem pública, como melhor entendesse,
(C) Não entendo como alguns escolhem o crime, quan-
nas terras conquistadas do Brasil.
do há tantas maneiras legais de ser desonesto;
(B) A pesquisa histórica revela: que no dia 20 de no-
(D) O crime é a extensão lógica de um tipo de compor-
vembro de 1530, a polícia brasileira iniciava as su-
tamento perfeitamente respeitável no mundo dos
as ações, promovendo justiça e organizando os ser-
negócios;
viços de ordem pública, como melhor entendesse,
(E) Há muitos anos cheguei à conclusão de que quase
nas terras conquistadas do Brasil.
todo crime se deve a um desejo reprimido de ex-
(C) A pesquisa histórica revela que no dia 20 de no-
pressão estética.
vembro de 1530 a polícia brasileira iniciava as suas
ações, promovendo justiça, e organizando os servi-
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ços de ordem pública, como melhor entendesse nas 15. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
terras conquistadas do Brasil.
A opção em que o termo onde está bem empregado
(D) A pesquisa histórica revela que, no dia 20 de no-
é:
vembro de 1530, a polícia brasileira iniciava as su-
as ações: promovendo justiça e organizando os ser- (A) Não importa onde a polícia vá, ela será sempre
viços de ordem pública, como melhor entendesse, bem-vinda;
nas terras conquistadas do Brasil. (B) Não sei onde vou, mas quero chegar bem;
(E) A pesquisa histórica revela, que no dia 20 de no- (C) Onde quer que você esteja, este deve ser o seu pon-
vembro de 1530, a polícia brasileira iniciava as su- to de partida;
as ações, promovendo justiça, e organizando os (D) Queria saber onde você quer chegar;
serviços de ordem pública, como melhor entendes- (E) Onde você quer dirigir-se após o almoço?
se, nas terras conquistadas do Brasil.
16. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
12. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
Confúcio disse: “Há três métodos para ganhar sabe-
Rui Barbosa disse certa vez que “As leis que não doria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segun-
protegem o nosso adversário não podem nos proteger”. do, imitando-se, que é o mais fácil; e terceiro, por expe-
riência, que é o mais amargo”.
Isso mostra que as leis:
Propomos, a seguir, algumas substituições para
(A) contrariam, muitas vezes, a justiça; termos dessa frase; aquela que torna o texto mais ade-
(B) defendem sobretudo os mais fortes; quado é:
(C) devem ser as mesmas para todos;
(A) sabedoria / a sabedoria;
(D) mostram dificuldades em sua aplicação;
(B) o mais nobre / o nobríssimo;
(E) servem para a proteção social.
(C) imitando-se / por imitação;
(D) o mais fácil / o facílimo;
13. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
(E) por experiência / através da experiência.
“As pessoas mais felizes são aquelas que não têm
nenhuma razão específica para serem felizes, exceto pelo 17. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
fato que elas são”.
É muito conhecida a frase “O crime não compen-
A correção mais adequada para essa frase é: sa”; se colocarmos a conjunção MAS após essa frase,
(A) As pessoas mais felizes, são aquelas que não têm uma complementação formalmente adequada será:
nenhuma razão específica para serem felizes, exce- (A) O crime não compensa, mas a pena pode ser dema-
to pelo fato de que elas são; siadamente longa;
(B) As pessoas mais felizes são aquelas que não têm (B) O crime não compensa, mas todos preferem não
nenhuma razão específica para serem felizes exceto cometê-lo;
pelo fato que elas são; (C) O crime não compensa, mas o número de crimino-
(C) São mais felizes aquelas pessoas que não têm ne- sos diminui a cada dia;
nhuma razão específica para serem felizes, exceto (D) O crime não compensa, mas felizmente muitos
pelo fato que elas são; criminosos são presos;
(E) O crime não compensa, mas o lucro pode ser tran-
(D) As pessoas mais felizes são aquelas que não têm
sitoriamente grande.
nenhuma razão específica para ser felizes, exceto
pelo fato que elas são;
18. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
(E) As pessoas mais felizes são aquelas que não têm
nenhuma razão específica para ser felizes, exceto “A Polícia Civil cumpriu, nesta quinta-feira (19),
pelo fato de que elas são. dois mandados de prisão na zona leste de Porto Alegre
contra ladrões de veículos. Um deles, que havia rompido
14. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão). tornozeleira eletrônica após ter progredido de regime, foi
recapturado no bairro Glória e, segundo a investigação,
A frase abaixo em que há ERRO no emprego ou na
seguia cometendo crimes.”
ausência do artigo definido é:
A substituição proposta para um segmento desse
(A) Não importa se o gato é preto ou branco, desde que
texto que se mostra adequada é:
ele pegue os ratos;
(B) As grandes ideias sempre encontram os homens (A) cumpriu / tem cumprido;
que as procuram; (B) dois mandados / dois mandatos;
(C) As ideias concordam bem mais entre si do que os (C) um deles / um dos quais;
homens; (D) havia rompido / rompera;
(D) Todo o dia em que se trabalha é um dia perdido; (E) foi recapturado / recapturou-se.
(E) A virtude premeditada é a virtude do vício.

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19. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão). Para defender sua tese, apresentada no primeiro pe-
ríodo do texto, o autor apelou para:
“A Polícia Civil cumpriu, nesta quinta-feira (19),
dois mandados de prisão na zona leste de Porto Alegre (A) a citação de exemplos;
contra ladrões de veículos. Um deles, que havia rompido (B) as suas opiniões pessoais;
tornozeleira eletrônica após ter progredido de regime, foi (C) o testemunho de autoridades;
recapturado no bairro Glória e, segundo a investigação, (D) a força das leis;
seguia cometendo crimes.” (E) as decisões dos tribunais.
A afirmação abaixo que pode ser inferida após a lei-
22. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
tura do texto é:
genharia Civil)
(A) a utilização de tornozeleiras eletrônicas se tem reve-
Observemos, agora, o caso de um advogado no tri-
lado completamente inútil como medida punitiva;
bunal, que declara que a acusação contra o seu cliente
(B) a libertação de prisioneiros por progressão de regi-
era sem fundamentos, já que não tinham sido apresenta-
me é um incentivo à volta da vida criminosa;
das testemunhas nem outros meios de convencimento
(C) a lei não pode evitar a volta de ladrões de veículos à
aos julgadores.
vida do crime, já que as tornozeleiras eletrônicas
são rompidas; Nesse caso, a defesa se fundamenta:
(D) nem todos os criminosos que são libertados por
(A) na falta de casos semelhantes;
progressão de regime voltam à vida do crime;
(B) na boa conduta do réu;
(E) os criminosos que continuam sua vida criminosa,
(C) na ausência de provas;
mesmo após soltura, são recapturados.
(D) nas falhas da acusação;
(E) nos problemas da investigação policial.
20. (FGV - 2021 - PC-RN - Agente e Escrivão).
Um dicionário de língua portuguesa registra o se- 23. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
guinte verbete: “Polícia e ladrão – Brincadeira infantil genharia Civil)
dramatizada em que dois grupos se perseguem, tentando
Imagine que um candidato a uma vaga num concur-
os policiais aprisionar o maior número possível de la-
so público, encarregado de redigir um texto em que ex-
drões, os quais, por sua vez, procuram rendê-los sob
presse suas opiniões sobre o problema dos incêndios no
ameaça de armas.”
Pantanal, apela para um testemunho de autoridade, ci-
A afirmação abaixo que é INADEQUADA em rela- tando uma observação de um treinador de um time de fu-
ção ao conteúdo e forma desse texto é: tebol mato-grossense, retirada de um jornal local.
(A) o adjetivo “dramatizada” significa que a brincadeira Um aspecto problemático no apelo para um teste-
explora o lado trágico do combate polícia X ladrão; munho de autoridade, como esse, é:
(B) a forma verbal “se perseguem” significa que polici-
(A) que a comprovação da citação é difícil;
ais e ladrões se perseguem mutuamente;
(B) que a autoridade do citado pode ser questionada;
(C) as formas verbais “tentando” e “procuram” indicam
(C) que o trecho deixa de ser a expressão de uma opini-
as finalidades das ações, respectivamente, de polici-
ão própria;
ais e ladrões;
(D) a ausência completa de relações entre o fato e a au-
(D) o texto indica maior violência por parte dos ladrões
toridade;
que por parte dos policiais;
(E) o distanciamento temporal entre o fato e a citação.
(E) o segmento “sob ameaça de armas” indica o meio
ou instrumento da ação dos ladrões.
24. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
genharia Civil)
21. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
Um livro didático mostra o seguinte texto: “O san-
genharia Civil)
gue é um tecido formado por dois componentes: o plas-
Todo texto argumentativo inclui normalmente ele- ma e as células sanguíneas. O volume total do sangue é
mentos de defesa da tese apresentada; leia, por exemplo, de, aproximadamente, 5 dm3 nos homens e 4,5 dm3 nas
o texto a seguir. mulheres. Existem três tipos de células sanguíneas: gló-
bulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.”
“Observo que a má conduta moral não consiste na
ação física exterior, mas na visão interior da vontade, fo- O tipo de texto a que pertence esse segmento é:
ra das leis da razão e da religião. Isso é claro, já que ma-
(A) descrição técnica;
tar um inimigo na batalha e dar a pena de morte a um
(B) narrativa didática;
criminoso não são considerados pecados; no entanto, o
(C) exposição histórica;
ato exterior é exatamente o mesmo que no caso de um
(D) notícia jornalística;
assassinato.” (Berkeley)
(E) argumentação científica.

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25. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- 28. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
genharia Civil) genharia Civil)
Em todas as frases abaixo há a presença do verbo Abaixo aparecem cinco frases com marcadores tex-
ficar; o caso em que ocorre neologismo semântico no tuais destacados; assinale a frase em que se indica corre-
emprego desse verbo por atribuir-se a ele um sentido no- tamente o valor textual de um desses marcadores:
vo é:
(A) Nesta pequena cidade Cláudio quase não sai, então
(A) José ficou em casa porque estava adoentado; conhece muito pouca gente / tempo;
(B) Aquele rapaz ficou com várias meninas na festa; (B) Márcio é trabalhador, leal, sincero... em poucas pa-
(C) O candidato ficou nervoso na prova; lavras, é um bom sujeito / resumo;
(D) O carro ficou arranhado com o choque; (C) João dava aula para turmas diferentes. Na verdade,
(E) Ficou satisfeito com o novo game. só coordenava os estudos na sala / ratificação;
(D) Todo ensaio filosófico atende, pois, a dois aspectos:
26. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- o que as coisas são e o que se pensou sobre elas /
genharia Civil) consequência;
(E) Fulano escreveu uma carta anônima? Bom caráter
Num artigo sobre neologismos em nossa língua, o
que ele deve ser / determinação.
eminente gramático Evanildo Bechara nos mostra aspec-
tos pelos quais eles devem ser encarados: 1º) se o termo
29. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
foi criado segundo os princípios que regem a formação
genharia Civil)
de palavras em nossa língua; 2º) se o termo traduz com
eficiência a ideia que quis transmitir; 3º) se o idioma já Os raciocínios dos textos argumentativos ora se
não possui palavra eficiente na transmissão dessa ideia. apoiam no método indutivo – do particular para o geral –
ora no método dedutivo – do geral para o particular.
A frase abaixo em que o neologismo destacado
cumpre todos esses requisitos é: A frase que exemplifica o método indutivo é:
(A) Augusto faz estudos de marketing; (A) Os jogos do Campeonato Brasileiro já deveriam ser
(B) As vítimas tinham sido apagadas na noite anterior; abertos ao público, pois, assim, haveria mais emo-
(C) O marqueteiro do senador foi eficiente; ção e incentivo; o Atlético Mineiro, por exemplo,
(D) No restaurante, o chefe era de origem francesa; obteria ainda melhor resultado ontem, se a torcida
(E) O serviço de delivery ganhou força na pandemia. estivesse na arquibancada;
(B) O hospital Getúlio Vargas atendeu ontem um núme-
27. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- ro excessivo de emergências e enfrentou as dificul-
genharia Civil) dades oriundas da falta de pessoal, mas, na verdade,
os hospitais públicos, em todas as grandes cidades,
Observe o seguinte texto, de responsabilidade de
estão passando por isso;
uma secretaria estadual de trânsito:
(C) As livrarias estão fechando as portas em muitos lu-
“NÃO JOGUE FORA SUA VIDA NUMA UL- gares, em função da substituição dos livros pela mí-
TRAPASSAGEM. Não deixe que a pressa converta sua dia digital; a livraria de um shopping no centro da
viagem num jogo perigoso ou estará arriscando sua vida cidade resiste ainda porque, espertamente, abriu um
em cada ultrapassagem. Se você não tem toda a situação café dentro da loja;
a seu favor, não ultrapasse. A vida não é um jogo e seu (D) O circo deixou de existir, pelo menos nos grandes
encontro com as férias sempre pode esperar um pouco centros, já que não encontra mais espaço nem nos
mais. A vida é a viagem mais formosa.” terrenos nem no coração das pessoas; um pequeno
circo ainda está presente no subúrbio de Realengo,
Sobre esse pequeno texto, é correto afirmar que: onde as crianças se divertem com o palhaço Cascão;
(A) trata-se de um texto publicitário, destinado a vender (E) Nem todos os divertimentos eletrônicos custam ca-
a ideia de segurança no trânsito; ro, já que há pequenos produtores que investem em
(B) o texto focaliza exclusivamente o problema da pres- games mais simples e mais baratos, como no caso
sa nas ultrapassagens, com recomendação de pru- do Pequena Batalha.
dência;
(C) a função básica da linguagem nesse texto é a de 30. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
despertar emoções no leitor, de modo a convencê-lo genharia Civil)
a ser prudente;
Observe o seguinte texto, adaptado de uma pequena
(D) por sua seleção de linguagem, o texto se dirige prio- notícia de uma revista, em que um cantor famoso decla-
ritariamente a motoristas das classes populares; ra:
(E) o valor positivo da realidade, predominante nesse
tipo de texto, não é obedecido aqui, já que há inú- “Não é que eu esteja cansado de viajar, mas o que
meras negações. eu não posso fazer é sair de um estúdio de gravação e
começar imediatamente uma série de shows. Isso é im-
possível. Você fica, nessas horas, com a cabeça confusa.
No entanto, voltei às excursões: no dia 2 de outubro ter-

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minei a gravação do meu último disco e no dia 3 já esta- (C) O computador ficou ligado a noite inteira;
va cantando em São Paulo. Nem física nem psicologi- (D) O empregado faz tudo rapidamente;
camente se pode suportar esse ritmo. Mas esta vai ser a (E) Só vou sair amanhã à noite.
última excursão, sabe? O que acontece é que para um
cantor é muito importante excursionar com um disco no- 34. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
vo.” genharia Civil)
Na estruturação de um texto, é muito importante a Todas as frases abaixo, retiradas de um dicionário
presença de elementos de coesão; o segmento desse texto de citações, mostram um mesmo vocábulo empregado
que é independente de elementos coesivos anafóricos, ou duas vezes.
seja, ligados a elementos anteriores, é: A frase em que o vocábulo repetido mostra signifi-
cados diferentes é:
(A) Isso é impossível;
(B) Você fica, nessas horas, com a cabeça confusa; (A) Sofre mais aquele que sempre espera do que aquele
(C) Não é que eu esteja cansado de viajar; que nunca espera nada;
(D) Nem física nem psicologicamente se pode suportar (B) É melhor ser pessimista do que otimista. O pessi-
esse ritmo; mista fica feliz quando acerta e quando erra;
(E) Mas esta vai ser a última excursão, sabe? (C) Cérebro: aparelho com que pensamos que pensa-
mos;
31. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- (D) Não sou da altura que me veem, mas sim da altura
genharia Civil) que meus olhos podem ver;
(E) Agradar a si mesmo é orgulho, agradar aos outros,
O termo misantropia é definido no dicionário de
vaidade.
Aurélio Buarque de Holanda, p. 1338, como “aversão à
sociedade, aos homens”.
35. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
A frase abaixo que poderia exemplificar esse senti-
genharia Civil)
mento é:
Para que as frases abaixo façam sentido, o leitor de-
(A) “O inferno são os outros.” (Sartre) ve colaborar com alguma inferência.
(B) “Morte a todos os fanáticos!” (anônimo)
A frase em que a inferência dada é adequada ao
(C) “Deus deve amar os medíocres. Fez muitos deles.”
sentido da frase é:
(Abraham Lincoln)
(D) “A única maneira de ter amigos é ser amigo.” (A) As únicas pessoas normais são aquelas que você
(Emerson) não conhece bem / Inferência: todas as pessoas são
(E) “Do nada, nada vem e ao nada, nada pode reverter.” anormais;
(Pérsio) (B) O psiquiatra é a primeira pessoa com quem você
deve falar depois que começa a falar sozinho / Infe-
32. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- rência: os psiquiatras são simultaneamente médicos
genharia Civil) e loucos;
(C) Se você está tentando me deixar louco, chegou tarde
O valor básico da conjunção E é o de adição e, por / Inferência: eu ficarei louco de qualquer modo;
isso, os termos unidos por ela, nesse caso, podem ser (D) Antes eu era vaidoso, mas agora sou perfeito / Infe-
trocados de posição na frase, sem que se altere o sentido. rência: todas as pessoas podem superar seus defei-
A frase abaixo que mostra modificação no sentido, tos;
em caso de troca da posição dos termos, é: (E) É melhor morrer de pé do que viver de joelhos / In-
ferência: as doenças graves levam o melhor de nos-
(A) Comprei cravos vermelhos e rosas amarelas; sa vida.
(B) Vesti a camisa e pus a gravata;
(C) Comprei canetas esferográficas e folhas pautadas;
(D) Comprei móveis novos e aluguei um carro; 36. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
(E) Pus os óculos e levantei da cadeira. genharia Civil)
Imaginemos que, um dia, ao chegar a sua casa, al-
33. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- guém encontra a seguinte mensagem na secretária ele-
genharia Civil) trônica: “Oi, aqui é a Carmem, e queria dizer-lhe que
Muitos vocábulos empregados em frases têm seu quinta-feira vou para Paris”.
sentido histórico documentado em dicionários; outros, Considerando um ato comunicativo normal, entre as
porém, só possuem significados quando situados em um coisas que não estão ditas, mas que estão implícitas para
contexto. que a mensagem faça sentido, a opção correta é:
A frase abaixo em que o vocábulo destacado tem (A) Carmem já falava de Paris;
significado dependente do contexto é: (B) Carmem é pessoa conhecida, mas não íntima;
(A) Maria leva uma vida difícil; (C) o receptor não identifica a finalidade da informação
(B) Em anexo, enviamos um cheque; dada;

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(D) Carmem deixou recado na quarta-feira; (B) Os livros, o aluno não os trouxe para a aula;
(E) Carmem ligou e deixou uma mensagem por engano. (C) Paisagens, quero-as comigo por toda a vida;
(D) Ao homem mesquinho, basta-lhe pouquinho;
(E) A mim até me pareceu que ia chover forte.
37. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
genharia Civil)
41. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
Num jantar de amigos, em um restaurante, um dos genharia Civil)
presentes diz: “Estas sopas de legumes ficam sempre um
pouco insossas, né?” Considere o comentário a seguir:
Considerando a situação comunicativa da frase, a Frase nominal. Superlativo relativo ou comparativo
sua finalidade mais importante é: de excelência. Elipse do verbo.
(A) ofender o cozinheiro que não prepara bem as sopas; Dentre as cinco frases publicitárias abaixo, a que es-
(B) declarar que não gosta de sopas de legumes; tá relacionada ao comentário acima é:
(C) solicitar indiretamente que lhe passem o sal;
(A) Para teu pequeno gigante. Nestlé Junior;
(D) mostrar desagrado por estar presente no encontro;
(B) Peugeot 306. O Rival;
(E) indicar a má seleção do restaurante para o encontro.
(C) Marlboro. Fragrância para homens. A atração da
aventura;
38. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
(D) Opel Astra. Engenharia alemã do futuro;
genharia Civil)
(E) Voyager. O mais vendido do mundo em sua classe.
Quando perguntamos algo a alguém, podemos fazê-
lo de forma direta ou indireta, sendo uma escolha do 42. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
enunciador diante do quadro geral da situação comunica- genharia Civil)
tiva.
A palavra motorista designa um indivíduo na se-
A frase abaixo que mostra uma interrogação indire-
guinte frase:
ta é:
(A) Ser motorista de ônibus é um trabalho árduo;
(A) Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer;
(B) Meu pai é motorista desde os 20 anos;
(B) Não sei por que ser humilde, quando se tem uma
(C) O motorista deve dar prioridade aos pedestres;
opinião própria;
(D) O motorista chegou cedo, como todos os dias;
(C) Quando não há nenhum vento, reme;
(E) José conseguiu a vaga de motorista na empresa.
(D) Alguns homens veem as coisas como são e dizem
“Por quê?” Eu sonho com as coisas que nunca fo-
43. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
ram e digo “Por que não?”;
genharia Civil)
(E) Sempre dizem que o tempo muda as coisas, mas
quem tem que mudá-las é você! Como é sabido, os adjetivos e advérbios podem re-
ceber graus comparativo ou superlativo; a frase abaixo
39. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- em que ocorre a gradação de um advérbio é:
genharia Civil)
(A) Ela canta bem alto quando toma banho;
Uma das regras básicas do emprego da vírgula é pa- (B) Ele agora está muito forte;
ra marcar a omissão de um termo; a frase abaixo que (C) Que extraordinariamente amável é sua secretária;
exemplifica esse fato é: (D) Caminhou bastante tempo até a fábrica;
(A) Aquele que não conhece Deus nesse mundo, não o (E) Não saiu daqui muito convencido.
conhecerá no outro;
(B) O segredo de um bom sermão é ter um bom come-
44. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
ço, um bom fim e ter ambos o mais perto possível;
genharia Civil)
(C) Quando a infância morre, seus cadáveres são cha-
mados de adultos; Os seguintes pares de exemplos parecem iguais à
primeira vista, mas trazem diferenças marcantes entre
(D) Comprar um carro é necessidade, uma Mercedes,
um exagero; eles; o par que mostra igualdade de sentido na relação
(E) Uma criança, como seu estômago, não precisa de entre os termos é:
tudo que você pode dar a ela. (A) A distância da minha terra me entristece / A distân-
cia do meu filho me entristece;
40. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- (B) Finalmente me decidi por um romance policial / Fi-
genharia Civil) nalmente me decidi pelo romance de Machado;
Um pleonasmo é uma figura que repete termos; um (C) Está proibida a venda a granel / Está proibida a
venda a menores;
anacoluto é marcado por uma interrupção.
(D) Vestiu o traje a rigor / Vestiu o traje de seda;
A frase abaixo que contém um anacoluto, e não um (E) Preferiu o vinho tinto ao branco / Preferiu a água
pleonasmo, é: mineral com gás à sem gás.
(A) Às mulheres, não se pode dar um elogio atualmente;
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45. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
genharia Civil) 49. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
genharia Civil)
Em alguns enunciados podemos empregar as for-
mas que / qual dos relativos; o enunciado abaixo em que Entre os textos abaixo, aquele em que predomina a
é obrigatório o emprego da forma qual é: exposição, e NÃO a argumentação, é:
(A) Lembrei de uma coisa, da qual te quero falar; (A) “Como todos sentem ou pressentem, vivemos hoje
(B) Na frente havia um hotel luxuoso, atrás do qual es- uma grave e profunda crise, que se manifesta em
tavam vários carros estacionados; todos os setores da vida social e, portanto, na língua
(C) Vi na estante o romance de Clarice, a qual é admi- também”;
rada por todos os que amam a literatura; (B) “Não há dúvida de que todos os seres humanos têm
(D) Mandou-nos uma linda caixa dentro da qual havia direito à cultura, mas é incerto que a visita a museus
um magnífico presente; seja a melhor maneira de garantir-lhes essa partici-
(E) Visitei a rua na qual mora. pação”;
(C) “O ato de escrever é distinto do ato de falar. Sem
46. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- dúvida, o grau de distanciamento se mede pela natu-
genharia Civil) reza da elocução”;
Todos os enunciados a seguir podem ser vistos co- (D) “Alguns jogos de futebol no Brasil mostram clara-
mo respostas a determinadas perguntas; a opção em que mente a necessidade absoluta de renovação para que
a pergunta formulada é a mais adequada à estrutura do possamos atingir o nível desse esporte já praticado
enunciado é: em outros países”;
(E) “Telel Hamã era uma cidade em ascensão durante a
(A) Ricardo chega da Europa em setembro / Quem che-
Idade do Bronze. Ela estava localizada próxima ao
ga da Europa em setembro?
mar Morto, no Oriente Médio, e era dez vezes mai-
(B) A caneta, acho que a secretária a guardou / O que
or que Jerusalém na época”.
fez a secretária?
(C) O músico tocava Villa-Lobos no órgão da catedral /
50. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
Onde o músico tocava Villa-Lobos?
genharia Civil)
(D) João? Eu o vi às três da tarde / Quando eu vi João?
(E) Acho que o livro está em todas as livrarias / Onde Um determinado gramático pretende corrigir alguns
posso achar o livro? desvios no uso da norma e cita uma série de exemplos de
erros comuns; o exemplo em que a correção proposta
47. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En- mostra adequação é:
genharia Civil)
(A) Sito à rua e não sito na rua;
A frase abaixo em que o emprego da conjunção E (B) Entrega a domicílio e não entrega em domicílio;
se mostra adequado é: (C) Erros que passam despercebidos e não desaperce-
(A) Professores e alunos aprendem na escola; bidos;
(B) Roberto namora Maria e a nova camisa na vitrine; (D) Discreção é o ato de ser discreto – discrição não
(C) Os meninos jogam bola e na loteria esportiva; existe;
(D) O casal viu o filme e os ingressos atirados ao chão; (E) Meio-dia e meio e não meio-dia e meia.
(E) João chegou com Maria e com um terno novo.
51. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
Oficial de Justiça)
48. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - En-
genharia Civil) Observe o seguinte diálogo entre mãe e filha, quan-
A frase abaixo que pode, ou não, ser considerada do esta volta do cabeleireiro:
uma ironia é: Mãe: “O que é que houve? Você acabou não indo?”
(A) Um motorista dá algumas fechadas em outros veí-
A recomendação sobre a língua escrita que foi se-
culos e uma das passageiras comenta: “Mais uns
guida nessa pergunta feita pela mãe é que sua fala:
três dias e você já vai saber dirigir, né?”
(B) Duas colegas de trabalho acham o pulôver de uma (A) seja o mais informativa que requeira o propósito da
terceira, muito feio, e uma delas diz: “Ela gastou conversação;
um dinheirão nesse pulôver!”
(B) seja a expressão da verdade;
(C) Um casal chega a um restaurante completamente
vazio e o marido afirma: “Está vendo, eu te disse (C) seja relevante;
que devíamos ter feito reserva!”
(D) Dois namorados saem de um cinema e a namorada (D) seja breve;
comenta o filme visto: “Eta filme bom! Devíamos (E) evite a obscuridade.
ter saído antes!”
(E) O filho fala para a mãe: “Você cozinha muito bem!
Papai deve ter-se separado de você por causa dis-
so!”
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52. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - 55. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
Oficial de Justiça) Oficial de Justiça)
Observe agora um pequeno cartaz na porta de um Observe a seguinte situação comunicativa:
estacionamento no centro da cidade, voltado para a rua:
“Roberto envia a Viviane, uma escritora consagra-
SAÍDA DE VEÍCULOS da, um conto escrito por ele, para que ela lhe dê sua opi-
nião. Ao ler o conto, no qual a protagonista é uma carica-
OBRIGADO
tura dela mesma, responde a Roberto: ‘Seu conto está
Nesse cartaz, a finalidade maior é: muito bom. Estou aliviada de que não tenha sido escrito
para publicação, mas como diversão entre nós. Ri muito
(A) solicitar que não se estacione na saída;
com a protagonista. Você tem muito senso de humor e
(B) alertar para o perigo de atropelamento;
isso é bom para quem escreve’.”
(C) avisar que a entrada é localizada em outro lugar;
(D) agradecer o uso do estacionamento; Pode-se inferir da resposta de Viviane que ela:
(E) evitar a entrada e a saída de veículos simultanea-
(A) faz deduções a partir das informações de Roberto;
mente.
(B) declara que o conto deve conter fatos humorísticos;
(C) considera o conto indigno de publicação;
53. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
(D) reconhece a relação da protagonista com ela mes-
Oficial de Justiça)
ma;
Abaixo estão cinco enunciados seguidos de uma (E) não responde à solicitação de Roberto.
pressuposição necessária para que ele faça sentido; a fra-
se que mostra uma pressuposição adequada é: 56. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
Oficial de Justiça)
(A) Heitor lamenta que os pais de sua namorada viajem
neste final de semana / A viagem a ser realizada é Uma das boas qualidades de um texto é a relevância
pouco demorada; da informação prestada; imagine que este concurso já foi
(B) Dois amigos meus vão a São Paulo no próximo do- realizado e que jornais de Rondônia publiquem, logo
mingo / Os dois amigos têm namoradas na cidade após as provas, informações sobre ele para os candida-
de São Paulo; tos; nesse caso, a notícia mais relevante seria:
(C) Me dá pena que uma moça como ela esteja saindo
(A) aumento do número de vagas;
com o Carlos / Carlos está desempregado e sem di-
(B) entrevistas com os candidatos;
nheiro;
(C) publicação do gabarito provisório;
(D) Aquele casal pretende bronzear-se em Copacabana /
(D) informações sobre futuros salários;
Em Copacabana faz sol constantemente;
(E) prazo para os recursos.
(E) Deixou de ir ao Rio pelo excesso de calor / A pes-
soa que viajaria ao Rio não possuía roupas adequa-
57. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
das.
Oficial de Justiça)
54. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - Observe as seguintes frases de e-mails, prestando
Oficial de Justiça) atenção ao emprego de diminutivos:
Observe a seguinte situação: 1. João está bem, mas deve tomar cuidadinho.
Guilherme, que está viajando, pede a Magda, por e- 2. Estou um pouquinho cheio deste trabalho.
mail, que compre para ele uma revista e verifique se foi 3. Ela faz uma coisinha qualquer e logo a mãe baba.
publicado corretamente o artigo que ele havia escrito e, 4. Pouco a pouco vou aprendendo um pouquinho
se isso ocorreu, que lhe envie. Alguns dias depois, Mag- mais.
da responde: “Não me esqueci da revista. Já a comprei.”
O que se pode depreender do emprego desses dimi-
Ocorre nessa situação uma falha na comunicação, nutivos é que há em:
que é certamente devida ao seguinte fato:
(A) (1) uma recomendação ao comportamento de João;
(A) Magda mentiu sobre o fato de ter comprado a revis- (B) (2) uma maior intensidade na afirmação;
ta; (C) (2) e (4) idêntico valor;
(B) Magda presta informações insuficientes a Guilher-
(D) (3) um valor afetivo;
me;
(E) (4) um valor irônico.
(C) Guilherme não expõe com clareza seu pedido;
(D) Magda constrói sua resposta com ambiguidade;
58. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
(E) Guilherme é muito prolixo em sua solicitação.
Oficial de Justiça)
Os pronomes pessoais podem mostrar valor anafó-
rico (quando se referem a algo já presente no texto) ou
dêitico (quando se referem a elementos da situação de
comunicação).

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A opção em que o pronome sublinhado tem valor A frase abaixo em que o termo MAS apresenta
dêitico é: idêntico significado ao desse caso é:
(A) O pagamento, não se deve esperá-lo para tão cedo. (A) Tem muito dinheiro, mas é muito infeliz.
(B) Os maridos cuidam das mulheres quando elas adoe- (B) Mas por que ela não veio?
cem. (C) Não só ele mas também ela compareceu.
(C) Quem disse isso? Você?. (D) Mas você é muito maluco, cara!
(D) Trabalhar é duro, mas eu o faço com prazer. (E) Você acaba de saber disso, mas como?
(E) Você acha que é esperto, João?
63. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
59. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça)
Oficial de Justiça) O dicionário de sinônimos de Antônio Houaiss
“Chamou Carlos e lhe disse: Amanhã irei ver você.” mostra os seguintes para o verbo puxar: absorver, aper-
tar, aproximar, ofegar, arrancar, destacar, bajular etc.
Nesse segmento, “Amanhã irei ver você” é exemplo
Em todas as frases abaixo foi empregado o verbo
de discurso direto; colocando a frase em discurso indire-
puxar; aquela frase em que seria adequado o emprego de
to precedido da forma verbal “disse”, a forma adequada
aproximar é:
seria:
(A) Esse material puxa a tinta;
(A) que irá vê-lo amanhã; (B) A música puxava os turistas para a praça;
(B) que iria vê-lo no dia seguinte; (C) O convidado puxou a cadeira para sentar-se;
(C) que iria ver você amanhã; (D) O menino puxava o carrinho pela areia;
(D) que iria ver você no dia seguinte; (E) Amendoim salgado puxa cerveja.
(E) que irá ver você no dia seguinte.
64. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
60. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça)
Oficial de Justiça)
Em todas as frases abaixo foram empregadas for-
Eis o texto de um e-mail, enviado a uma ex- mas do tempo verbal do imperfeito (indicativo ou sub-
namorada: juntivo); a frase em que essa forma verbal tem o valor de
“As fotografias estão ótimas; acho que perdi bons ação passada dentro da qual ocorre outra é:
momentos; vou ver se qualquer dia desses envio uma fo- (A) Minha filha tinha uma postura muito elegante;
to minha para você, você sabe que eu não gosto de tirar (B) Enquanto dormia, roubaram o relógio dela;
fotos”. (C) Eles pensavam visitar o centro na segunda-feira;
A marca linguística que está presente nesse pequeno (D) Se tivesse dinheiro, comprava esse carro;
texto é: (E) Olha só onde estava o meu relógio.

(A) a formalidade da linguagem empregada; 65. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
(B) a extensão demasiada das frases; Oficial de Justiça)
(C) o uso de formas abreviadas em exagero;
A frase abaixo em que o verbo trabalhar pode ad-
(D) a preocupação com a clareza da mensagem;
quirir sentido positivo ou negativo, conforme a situação
(E) a presença de marcas da linguagem oral.
comunicativa, é:
61. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - (A) Aqui se vem para trabalhar;
Oficial de Justiça) (B) Nesta escola se trabalha duro;
Um pai envia do interior do estado uma mensagem (C) Ela trabalha fora todos os dias da semana;
para seu filho, na capital: “Filho, vou até aí na segunda-
feira só para almoçar com você!” (D) Nada temos feito além de trabalhar;

Nesse caso, o termo SÓ tem o mesmo valor em: (E) Ele trabalha muito bem a pedra em suas esculturas.

(A) Briguei com ele só porque ele a ofendeu;


(B) Só por causa de dez reais, não precisava tudo isso; 66. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
(C) Só para almoçar, eu levei mais de duas horas; Oficial de Justiça)
(D) Fiquei lá só para assistir ao espetáculo; Imagine um país de grande número de imigrantes,
(E) Do arbusto, só nasceram duas flores. que mandam dinheiro para seus países de origem. Numa
campanha publicitária, que se refere ao trabalho dos Cor-
62. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - reios, aparecem frases diferentes com o verbo mandar,
Oficial de Justiça) utilizando duplo significado desse verbo: comandar ou
enviar.
Um comentário crítico sobre um filme dizia: “O
filme é bom, MAS um pouco lento e monótono!”.

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A frase em que só há um desses significados possí- 69. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
veis é: Oficial de Justiça)
(A) Não fico preocupado quando me mandam; Um fabricante de ração para animais colocou no
(B) Em minha casa quem manda é a minha mãe; anúncio dessa comida a seguinte frase:
(C) Na família, só eu é que mando;
“A qualidade de nossos produtos é tão boa que
(D) O sargento manda e todos obedecem;
qualquer animal se dá conta”.
(E) Como eu, também meu pai mandava.
Sobre essa frase publicitária, é correto afirmar que:
67. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
(A) ocorre a valorização do produto por meio de uma
Oficial de Justiça)
comparação;
Segundo estudos teóricos, para que um texto con- (B) a mesma expressão pode referir-se de modo cari-
versacional seja eficiente, é necessário que ele respeite a nhoso ao proprietário dos animais de estimação;
máxima de quantidade, ou seja, que sua contribuição seja (C) a oração “que qualquer animal se dá conta” indica a
tão informativa quanto requeira o propósito da conversa- causa da oração anterior;
ção. (D) a expressão “qualquer animal” mostra valor ambí-
Imagine que as frases abaixo, sobre a palavra ami- guo, podendo ser prejudicial ao anúncio;
go, estejam presentes em conversa entre dois amigos, cu- (E) a frase indica que também os humanos poderiam
ja finalidade é um deles dar para o outro conselhos sobre alimentar-se com essa ração de ótima qualidade.
a amizade.
70. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
Aquela frase em que a informação é perfeitamente
Oficial de Justiça)
adequada ao contexto é:
(A) Os amigos são como os abacaxis: temos que provar Um diálogo entre amigos:
muitos para achar um bom; O Roberto já chegou aqui?
(B) Um amigo de todo mundo não é um amigo; Ainda está esperando os amigos no bar.
(C) Não há amigos; há momentos de amizade; (A) o advérbio já indica que a ação terminará em breve;
(D) A amizade é mais difícil e rara que o amor; (B) o advérbio ainda indica que a ação está em proces-
(E) A amizade é um amor que não se comunica pelos so;
sentidos. (C) o advérbio já na primeira frase indica que Roberto
chegou antes do previsto;
68. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - (D) a segunda frase mostra que Roberto já chegou ao
Oficial de Justiça) local;
Observe o seguinte diálogo, presente numa tira da (E) os advérbios já e ainda se referem, respectivamente,
célebre Mafalda, em que uma amiga da mãe conversa a lugar e a tempo.
com elas:
- Amiga: Ah, então esta é a tua filha? Que boniti- 71. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
nha! Oficial de Justiça)
- Amiga: (dirigindo-se a Mafalda) Então, de quem Um estudante e um professor, que haviam marcado
você gosta mais: do papai ou da mamãe? uma reunião de estudos após as aulas, se encontram no
- Mafalda: A senhora quer uma resposta standard ou corredor e travam o seguinte diálogo:
uma resposta mais completa do que sinto por cada um - Estudante: Oi, Paulo, você vai estar no seu gabine-
deles? te amanhã às três horas, não é?
Sobre os componentes dessa tira, é correto afirmar - Professor: Bom, não sei...
que: - Estudante: Mas, o senhor... (se afasta, contrariado)
(A) a primeira pergunta da senhora tem por objetivo Sobre essa conversação, é correto afirmar que:
criar alguma dificuldade para a menina;
(A) o estudante mostra não dominar o uso correto da
(B) a resposta standard aludida por Mafalda certamente
língua, ao misturar os tratamentos “você” e “se-
mostraria a sua preferência por um deles;
nhor”;
(C) a resposta mais completa aludida por Mafalda esta- (B) o emprego de “você” na primeira frase do estudante
ria mais de acordo com a situação comunicativa da mostra descortesia, já que se trata de um professor,
tira; a quem se deve dirigir um tratamento respeitoso;
(D) o efeito cômico da tira se efetiva no fato de Mafalda
fugir da resposta da amiga da mãe; (C) o tratamento de “senhor” mostra um distanciamento
(E) a primeira pergunta da senhora busca criar simpatia em relação ao professor, em função da situação cri-
ada;
e estabelecer uma relação amistosa com Mafalda.
(D) as reticências ao final da fala do professor indicam
que algo não foi registrado no texto;
(E) as reticências ao final da segunda fala do estudante
indicam dúvida sobre o que pensar.

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72. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - (B) examinar as questões com imparcialidade.
Oficial de Justiça) (C) constatar a superioridade de suas opiniões.
(D) universalizar a inteligência.
A frase abaixo que mostra a presença do discurso
(E) distinguir várias possibilidades de atingir-se a ver-
indireto livre é:
dade.
(A) Passageiros e parentes estavam na plataforma.
Adeus, meu filho. O trem teve sua chegada anunci- 76. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
ada pelo alto-falante; do - Analista Administrativo – Reaplicação)
(B) Todos os passageiros carregavam malas e reclama-
Os gênios são aqueles que dizem muito antes o que
vam bastante do calor;
se dirá muito depois.
(C) O trem chegou buzinando de forma estridente. To-
dos se prepararam para entrar nos vagões; Ramón Gómez De La Serna, escritor espanhol.

(D) Os vagões estavam vazios e muito bem limpos, não Segundo esse fragmento, os gênios são aqueles que
deixando espaço para reclamações; mostram a capacidade de
(E) A viagem transcorreu com tranquilidade e ouviam-
se roncos de alguns que dormiam. (A) analisar fielmente os dados.
(B) antecipar pensamentos futuros.
73. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário - (C) demonstrar a verdade do que pensam.
Oficial de Justiça) (D) prever acontecimentos que ainda vão ocorrer.
(E) indicar com precisão a localização da verdade.
Observe a seguinte situação:
Um casal espera, há mais de uma hora, pelo pedido 77. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
de comida; no meio da conversa dos dois, a frase que do - Analista Administrativo – Reaplicação)
deve ser encarada como ironia é: Os gênios são aqueles que dizem muito antes o que
(A) Puxa vida! Que demora! se dirá muito depois.
(B) Já estou aborrecido. Vou falar com o gerente! Ramón Gómez De La Serna, escritor espanhol.
(C) Espero que, pelo menos, a comida venha saborosa!
Nesse pensamento, a palavra muito é empregada
(D) Que rápido é o serviço neste restaurante!
duas vezes, com o mesmo valor que apresenta na seguin-
(E) Devem estar sem funcionários suficientes!
te frase:
74. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa- (A) “Que sorte possuir muito discernimento: nunca te
do - Analista Administrativo – Reaplicação) faltam bobagens para dizer.”
(B) “A sutileza ainda não é inteligência. Às vezes os to-
“Não há nada que demonstre tão bem a grandeza e
los e os loucos também são muito sutis.”
a potência do intelecto humano, nem a superioridade e a
(C) “Os deuses deram ao homem muito intelecto, que é
nobreza do homem, como o fato de ele poder conhecer,
a maior de todas as riquezas.”
compreender por completo e sentir fortemente a sua exi-
(D) “Muitas vezes a inteligência traz muito incômodo
guidade.”
como uma lamparina no quarto.”
Giácomo Leopardi, poeta italiano. (E) “Há muito espaço de onde emana a inteligência.”
Essa frase mostra que a principal vantagem da inte-
ligência humana é 78. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
do - Analista Administrativo – Reaplicação)
(A) reconhecer a sua grandeza e sua potência.
“Infelizes são aqueles que são inteligentes demais
(B) demonstrar a superioridade e a nobreza do homem.
para reconhecer suas tolices.”
(C) ter a noção de ela poder compreender integralmente
todas as coisas. A oração sublinhada é denominada reduzida porque
se utiliza do infinitivo para suprimir uma conjunção ini-
(D) notar as suas limitações de atuação. cial, ou seja, reduzir a sua extensão. Se recolocássemos a
(E) indicar a superioridade humana sobre os demais se- forma desenvolvida da oração (com a conjunção), a for-
res. ma adequada seria:
(A) para que reconhecessem suas tolices.
(B) a ponto de não reconhecerem suas tolices.
75. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
do - Analista Administrativo – Reaplicação) (C) a fim de não conseguirem o reconhecimento de suas
tolices.
“Cuidado para não chamar de inteligentes apenas (D) para o reconhecimento de suas tolices.
aqueles que pensam como você.” (E) para que reconheçam suas tolices.
Ugo Ojetti, escritor italiano

Nesse caso, o autor só não aconselha o leitor a


(A) reconhecer a possibilidade de boas ideias contrárias.
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79. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa- 82. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
do - Analista Administrativo – Reaplicação) do - Analista Administrativo – Reaplicação)
‘Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a “O valor de todo conhecimento está no seu vínculo
ignorância.” com as nossas necessidades, as nossas aspirações e
Sócrates, filósofo grego. ações; de modo diferente, o conhecimento torna-se um
simples lastro de memória”.
Em termos argumentativos, diríamos que a frase de
historiador russo
Sócrates exemplifica um(a)
Assinale a opção que apresenta a frase que se mos-
(A) simplificação exagerada.
tra de acordo com esse pensamento.
(B) círculo vicioso.
(C) raciocínio ambíguo. (A) “O amor recíproco entre quem aprende e quem en-
(D) afirmativa autoritária. sina é o primeiro e mais importante degrau para se
(E) falso silogismo. chegar ao conhecimento.”
(B) “O verdadeiro professor defende seus alunos contra
sua própria influência.”
80. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
(C) “Quem pode faz. Quem não pode ensina.”
do - Analista Administrativo – Reaplicação)
(D) “Não podes ensinar o caranguejo a caminhar para a
“Muita sabedoria unida a uma santidade moderada frente.”
é preferível a muita santidade com pouca sabedoria.” (E) “Deve-se ensinar para a vida e não contra ela.”
Santo Inácio de Loyola.
83. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
Essa frase pode ser reescrita, mantendo-se o sentido do - Analista Administrativo – Reaplicação)
original e sua correção gramatical tradicional, da seguin-
te forma: “O valor de todo conhecimento está no seu vínculo
com as nossas necessidades, as nossas aspirações e
(A) É preferível a muita santidade com pouca sabedoria ações; de modo diferente, o conhecimento torna-se um
do que muita sabedoria unida a uma santidade mo- simples lastro de memória”.
derada.
(B) Deve-se preferir muita sabedoria unida a uma santi- Nesse pensamento foi utilizada corretamente o in-
dade moderada do que muita santidade com pouca definido todo, sem artigo após ele; assinale a opção em
sabedoria. que o emprego desse indefinido também está correto.
(C) Muita santidade com pouca sabedoria é preferível a (A) “Não, senhor meu amigo; algum dia, sim, é possível
muita sabedoria unida a uma santidade moderada. que componha um abreviado do que ali vi e vivi,
(D) É preferível muita sabedoria unida a uma santidade das pessoas que tratei, dos costumes, de todo resto.”
moderada a muita santidade com pouca sabedoria. (B) “Assim devia ser, mas um fluido particular que me
(E) Uma santidade moderada unida a muita sabedoria é correu todo corpo desviou de mim a conclusão que
preferível do que pouca sabedoria unida a muita deixo escrita.”
santidade. (C) “Outrossim, ria largo, se era preciso, de um grande
riso sem vontade, mas comunicativo, a tal ponto as
81. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa- bochechas, os dentes, os olhos, toda a cara, toda a
do - Analista Administrativo – Reaplicação) pessoa, todo mundo pareciam rir nele.”
“A cultura é a busca de nossa perfeição mediante a (D) “Novamente me recomendou que não me desse por
tentativa de conhecer o melhor possível o que foi dito ou achado, e recapitulou todo mal que pensava de José
pensado no mundo, em todas as questões que nos dizem Dias, e não era pouco, um intrigante, um bajulador,
respeito”. um especulador, e, apesar da casca de polidez, um
grosseirão.”
Matthew Arnold, poeta inglês.
(E) “Esta fórmula era melhor, e tinha a vantagem de me
Assinale a opção que mostra uma forma inadequa- fortalecer o coração contra a investidura eclesiásti-
da de substituir um segmento desse pensamento. ca. Juramos pela segunda fórmula, e ficamos tão fe-
lizes que todo receio de perigo desapareceu.”
(A) “a busca de nossa perfeição” / buscar a nossa per-
feição.
84. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
(B) “mediante a tentativa”/ por meio da tentativa.
do - Analista Administrativo – Reaplicação)
(C) “conhecer o melhor possível” / conhecer possivel-
mente o melhor. “A nobreza de espírito, com respeito àquela tradi-
(D) “o que foi dito ou pensado no mundo” / o que foi cional, oferecenos a vantagem de podermos atribuí-la a
pensado ou dito no mundo. nós mesmos.”
(E) “que nos dizem respeito” / que se relacionam co-
Assinale a opção que mostra a afirmação adequada
nosco.
aos componentes desse pensamento.
(A) A “nobreza de espírito” se opõe à nobreza tradicio-
nal.

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(B) A nobreza tradicional equivale à nobreza de espíri- 88. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
to. do - Analista Administrativo – Reaplicação)
(C) O pronome “la” se refere à nobreza tradicional.
Assinale a opção em que a palavra dor é empregada
(D) O termo “com respeito” equivale a uma atitude res-
em sentido figurado.
peitosa.
(E) Os termos “nos” e “nós mesmos” referem-se a pes- (A) “Posso compartilhar tudo, menos a dor.”
soas distintas. (B) “Existe apenas uma coisa que excita os animais
mais do que o prazer, é a dor.”
85. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa- (C) “A dor é o pai, e o amor é a mãe da sabedoria.”
do - Analista Administrativo – Reaplicação) (D) “Mordi ambas as mãos de dor.”
(E) “Toda dor é grande para um coração pequeno.”
Assinale a opção que apresenta a frase que não se
estrutura em base comparativa.
Texto
(A) “As pessoas da alta sociedade são insensíveis às ne-
É claro que somos livres para falar ou escrever co-
cessidades e aflições dos homens, do mesmo modo
mo quisermos, como soubermos, como pudermos. Mas é
como os cirurgiões são insensíveis às dores físicas.”
também evidente que devemos adequar o uso da língua à
(B) “As pessoas de classe deixam à plebe tanto a preo-
situação, o que contribui efetivamente para a maior efici-
cupação de pensar quanto o temor de pensar errone-
ência comunicativa.
amente.”
(C) “Não existe nobreza sem generosidade, assim como 89. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
não existe sede de vingança sem vulgaridade.”
Considerando o pensamento do texto e tendo co-
(D) “Uma paz certa é melhor e mais segura do que uma
nhecimento das atribuições de um oficial de justiça, che-
vitória esperada.”
gamos à conclusão de que, nessa atividade, a língua es-
(E) “Os pactos sem a espada são apenas palavras e não
têm a força para defender ninguém.” crita, o nível, o uso ou o registro do idioma deve ser pre-
dominantemente:
86. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa- (A) formal, de acordo com os princípios da gramática
do - Analista Administrativo – Reaplicação) normativa;
(B) informal, em busca de mais ampla compreensão da
Assinale a opção que apresenta a frase que indica
mensagem;
uma opinião e não uma dúvida ou uma certeza.
(C) regional, adequando-o ao local onde ocorre a co-
(A) “Quanto mais fortes somos, menos provável é a municação;
guerra.” (D) popular, tendo em vista que as mensagens são lidas
(B) “Façamos a guerra para poder viver em paz.” por todos;
(C) “Uma espada obriga a outra a ficar na bainha.” (E) ultraformal, selecionando vocabulário erudito e
(D) “Em meio às armas, as leis calam.” construções elaboradas.
(E) “Questiono-me se é sábio sempre evitar a violên-
cia.” 90. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
O texto é formado por dois períodos. O segundo pe-
87. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
ríodo, em relação ao primeiro, mostra uma:
do - Analista Administrativo – Reaplicação)
(A) retificação do pensamento expresso no primeiro pe-
Assinale a opção que mostra uma visão positiva do
ríodo;
capitalismo.
(B) explicação necessária de opiniões manifestadas;
(A) “O capital é trabalho roubado.” (C) limitação do alcance da afirmativa anterior;
(D) oposição a um pensamento já expresso;
(B) “Não podemos retirar todos os males do capitalis-
(E) informação comprovadora do que é escrito antes.
mo.”
(C) “O capitalismo necessita de homens que queiram 91. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
consumir cada vez mais.” Na redação de um texto, pode ocorrer uma série de
(D) “O capitalismo é um sistema sustentado por fortes.” dificuldades com vocábulos da língua portuguesa; as pa-
lavras abaixo que estão graficamente corretas são:
(E) “O capitalismo tem uma boa ideia, mas nunca fun-
(A) advogado / metereologia;
cionará.”
(B) bicabornato /astigmatismo;
(C) babadouro / beneficência;
(D) reinvindicação / bugigangas;
(E) jaboticaba / cabelereiro.

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92. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) 96. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
Em todas as frases abaixo ocorre uma troca indevi- Frase inicial: “Hoje se dá grande atenção aos espa-
da do vocábulo sublinhado por seu parônimo; a única ços verdes na construção de novos condomínios”.
das frases cuja forma do vocábulo sublinhado está corre-
Acima está uma frase inicial, com uma ideia princi-
ta é:
pal. A seguir colocamos cinco opções de frases, que po-
(A) O motorista infligiu as leis do trânsito; dem ou não estar relacionadas semanticamente com a
(B) O prisioneiro dilatou os comparsas do assalto; ideia principal.
(C) Nada há que desabone a sua conduta imoral;
A única frase que tem relação de sentido com a fra-
(D) A cobrança é bimestral, ou seja, duas vezes por
se inicial é:
mês;
(E) Os cumprimentos devem ser dados na entrada da (A) Nas praças há muitos bancos para que os idosos
festa. possam descansar;
(B) No Jardim Zoológico há preocupação com o bem-
93. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) estar dos animais selvagens;
(C) Graças às clareiras urbanas, as crianças podem res-
Observe a frase abaixo: pirar um ar pouco poluído;
“Dada a causa, a natureza produz o efeito do modo (D) As árvores frutíferas apresentam a vantagem de
mais breve em que pode ser produzido”. produzir alimentos para a população mais pobre;
(E) A poluição do ar é combatida principalmente pelas
Segundo essa frase, a natureza: águas oceânicas.
(A) produz tudo aquilo de que o homem precisa;
(B) indica ao homem o caminho a seguir; 97. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
(C) segue, sem pressa, a ordem natural das coisas; Dvorak aproximou-se do alto da colina e debruçou-
(D) cria leis, mas não as respeita; se sobre uma pequena pedra para olhar a paisagem abai-
(E) mostra espírito lógico e eficiência. xo. Observou que havia uma grande caverna, cercada de
vegetação, mas não conseguiu identificar a entrada. Fez
94. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) um sinal para que o grupo o acompanhasse e começou a
Na frase “A natureza faz o homem feliz e bom, mas descer cuidadosamente a encosta.
a sociedade o corrompe e torna-o miserável”, a conjun- Acima aparece um pequeno texto narrativo; a frase,
ção sublinhada pode ser adequadamente substituída por: retirada desse texto, que mostra valor descritivo é:
(A) no entretanto; (A) Dvorak aproximou-se do alto da colina;
(B) embora; (B) debruçou-se sobre uma pequena pedra;
(C) visto que; (C) havia uma grande caverna, cercada de vegetação;
(D) portanto; (D) não conseguiu identificar a entrada;
(E) contudo. (E) Fez um sinal para que o grupo o acompanhasse.

95. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) 98. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
Observe o texto a seguir, retirado de uma revista de Atribuições do oficial de justiça: “Cumprir manda-
computação. dos judiciais; preparar salas com livros e materiais ne-
“Por mais poderoso que seja, um computador sem cessários ao funcionamento das sessões de julgamento;
programas adequados tem pouca utilidade. E um ‘pro- buscar, na Secretaria e nos Gabinetes, os processos de
grama adequado’ com certeza não é aquele aplicativo cada Relator, separando-os e ordenando-os, colhendo as-
profissional, caro e sofisticado que, às vezes, já vem ins- sinaturas, quando for o caso; atender e dar informações
talado. De nada adiantam funções, botões e janelas, se aos advogados, partes e estagiários presentes na sessão,
você não conseguir fazer alguma coisa com eles”. anotando os pedidos de preferência pela ordem de che-
Um dos elementos que dá coerência aos textos é a gada dos interessados; auxiliar na manutenção da ordem
ocorrência de vocábulos que estão dentro de um mesmo e efetuar prisões, quando determinado; auxiliar o Secre-
campo semântico; nesse texto, as palavras que pertencem tário de Câmara, quando solicitado o auxílio; cumprir as
ao mesmo bloco conceitual são: demais atribuições previstas em lei ou regulamento”.

(A) computador, programas, aplicativo, janelas; Em cada opção a seguir foi destacado um substanti-
vo do texto acima; a opção em que o adjetivo referente
(B) computador, programa, aplicativo, sofisticado; ao substantivo destacado está INCORRETO é:
(C) programas, aplicativo, caro, instalado; (A) livros e materiais / necessários;
(D) caro, sofisticado, instalado, funções; (B) advogados, partes e estagiários / presentes;
(C) pedidos / interessados;
(E) poderoso, aplicativo, instalado, funções. (D) auxílio / solicitado;
(E) atribuições / previstas.

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99. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) Nesse caso, o candidato adotou a seguinte estraté-
gia:
Observe o fragmento textual abaixo, retirado do
romance Canaã, de Graça Aranha. (A) generalização excessiva;
(B) argumento autoritário;
“Todas as formas estão diluídas. Cinco horas da
(C) círculo vicioso;
manhã. A carroça do padeiro passa estrondando, fazendo
(D) fuga do assunto;
a quietude da cidade afundada, mas um instante depois o
(E) relação equivocada entre causa e efeito.
seu vulto e o seu ruído se dissolvem de novo na cerração.
O silêncio torna a cair”.
103. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
Nesse texto o observador não pode descrever perfei- Ao escrever um texto, o autor enfrenta várias difi-
tamente as formas; nesse caso, o que provoca essa limi- culdades. Uma delas é evitar a repetição de palavras e
tação do observador é: um dos meios para isso é substituir uma palavra de valor
(A) a falta de conhecimento do assunto; específico por outra de conteúdo geral, como no exemplo
(B) a existência de problemas psicológicos; a seguir.
(C) o posicionamento distante da cena; O sargento foi atropelado; depois de alguns minu-
(D) a impossibilidade física de ver as formas; tos, chegou uma ambulância que levou o militar para o
(E) a deficiência visual e auditiva. hospital.
Assinale os vocábulos abaixo que mostram, respec-
100. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) tivamente, esse mesmo tipo de relação:
Abaixo estão as duas primeiras frases de um silo- (A) selvagens / índios;
gismo. (B) músicos / sambistas;
Minha mãe vai à missa todos os dias úteis. (C) embalagens / caixas;
(D) bananeira / bananal;
Hoje é segunda-feira. (E) quarto / cômodo.
A conclusão adequada a esse raciocínio é:
104. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
(A) Segunda-feira é um dia útil; A frase a seguir em que os termos sublinhados po-
(B) Hoje minha mãe vai à missa; dem ser considerados sinônimos é:
(C) Segunda-feira minha mãe vai à missa;
(D) Hoje é um dia útil; (A) A batata está custando caro, como, aliás, todo cere-
(E) Nos dias úteis minha mãe vai à missa. al;
(B) A educação é tarefa dos pais, e a cultura, do Estado;
101. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) (C) A maior greve ocorreu em 1950; a paralisação du-
rou um mês;
Observe o texto argumentativo a seguir. (D) A operação e o tratamento foram demasiadamente
“O Brasil vem tentando de tudo. Toda vez que apa- caros;
rece uma potência emergente no mundo, tentamos nos (E) As crianças adoram doce, principalmente chocolate.
repensar e refazer à sua imagem. Será a China do século
XXI? Ou será que já não fomos longe demais nessa bi- 105. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
zarra e infrutífera empreitada? Por que não fazer do Bra-
sil o próprio Brasil?” (Eduardo Giannetti, O elogio do vi- Uma outra estratégia para evitar-se a repetição de
ra-lata) palavras consiste na substituição da segunda ocorrência
da palavra por um pronome pessoal.
Nesse texto, o argumentador:
A frase em que isso foi feito de forma adequada é:
(A) apresenta sua própria opinião;
(B) apresenta uma opinião como geral; (A) Os meninos procederam mal, por isso lhes condena-
(C) apresenta uma opinião alheia; ram;
(D) apresenta e comenta uma opinião; (B) Comprei o livro ontem, mas vou revendê-lo;
(E) confronta diversas opiniões. (C) Os chefes deram as ordens, por isso os obedeci;
(D) João estava na festa, mas não no viram sair;
102. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) (E) As meninas estavam no shopping, mas não encon-
Um candidato a prefeito, questionado sobre a lega- trei-las.
lização do aborto, explicou: “Sou contra a legalização do
aborto. A Constituição já prevê os casos de aborto per- 106. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
mitido. Como vou defender essa legalização numa cida-
de em que as pessoas morrem de meningite, morrem de Também pode evitar-se a repetição de palavras
tuberculose? A cidade tem de tratar da vida primeiro, pa- idênticas, substituindo a segunda ocorrência do vocábulo
ra depois tratar desse tipo de problema”. por um pronome demonstrativo; a frase abaixo em que
isso foi feito de forma adequada é:

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(A) Amazonas e Sergipe são estados brasileiros; este (A) É impossível ocultar a desonestidade / É impossível
tem enorme território e aquele, pequeno; o ocultismo da desonestidade;
(B) Meu carro é mais elegante que esse que você está (B) Morrer é o ato final da existência humana / A mor-
comprando; tandade é o ato final da existência humana;
(C) Teu jornal abordou o tema de forma interessante, (C) Enfrentar as dificuldades é o caminho da felicidade
mas aquele, em minhas mãos, é mais justo; / O enfrentamento das dificuldades é o caminho da
(D) Brasil e Rússia jogaram várias vezes, mas aqueles felicidade;
jogos nunca foram violentos;
(D) Oferecer amizade é atitude rara / O ofertório de
(E) O terremoto de Lisboa foi violentíssimo, mas aque-
amizade é atitude rara;
le de agora matou mais gente.
(E) O mais difícil é viver / O mais difícil é a vivacida-
de.
107. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
Observe as frases a seguir.
110. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
Comprei calças de lã na Europa.
O preço das calças foi baixo. Um problema da língua escrita é a polissemia das
palavras, que pode gerar mais de um entendimento da
A forma adequada de juntar essas duas frases numa frase.
só, de modo a evitar a repetição da palavra calças, é:
A frase abaixo em que isso ocorre com o termo sub-
(A) Comprei calças de lã na Europa, que o preço foi linhado é:
baixo; (A) Comprou um romance de estilo moderno;
(B) Comprei calças de lã na Europa, onde o preço foi
baixo; (B) Após dois anos, perdeu os óculos;
(C) Comprei calças de lã na Europa, cujo preço foi bai- (C) Vi o automóvel importado por meu tio;
xo;
(D) Comprei calças de lã na Europa em que o preço foi (D) Comprou uma caixa de ovos;
baixo; (E) Adquiriu um terno na semana passada.
(E) Comprei calças de lã na Europa em onde o preço foi
baixo.
111. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
108. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) A frase abaixo em que ocorre ambiguidade é:
Observe a frase a seguir. (A) Ninguém mais os encontrou de novo;
O Brasil está tentando superar dificuldades; torça- (B) O cargo de oficial de justiça é importante;
mos para que o maior país da América do Sul tenha su-
cesso. (C) A nomeação do Ministro foi surpreendente;
Nesse caso substituiu-se o primeiro termo, para evi- (D) Tudo foi organizado para o julgamento;
tar-se a repetição de palavras, por uma qualificação;
ocorre o mesmo processo na seguinte frase: (E) As folhas do caderno despencaram.
(A) Monet, criador do Impressionismo, vai ser o motivo
de uma exposição em Porto Alegre; 112. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
(B) O Museu de Arte Moderna, localizado no centro de A frase em que a substituição do termo sublinhado
São Paulo, é destacado centro cultural; foi feita de forma adequada ao sentido original é:
(C) Fernando Henrique Cardoso governou o país por
(A) Remédio sem efeito / Remédio ineficiente;
dois mandatos e FHC acaba de escrever mais um li-
vro; (B) Poço sem água / Poço árido;
(D) Flamengo e River Plate vão decidir este mês a Taça
(C) Livro sem autor / Livro desautorizado;
Libertadores da América;
(E) Pelé já está idoso, mas o mais famoso jogador de (D) Carro sem direção / Carro indireto;
futebol de todos os tempos continua sendo um papo
interessante. (E) Flor sem perfume / Flor fedorenta.

109. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) 113. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)
Observe a frase a seguir. A frase abaixo em que a substituição do segmento
É importante aprender muitas coisas / É importante sublinhado por um advérbio foi feita de forma adequada
o aprendizado de muitas coisas. é:
O mesmo processo de substituição de um verbo por (A) Sem que se entendesse o motivo, o convidado abor-
um substantivo correspondente foi feito de forma ade- receu-se na festa / irresponsavelmente;
quada em: (B) Ia à academia poucas vezes / habitualmente;
(C) Dirigia com toda a atenção / atenciosamente;
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Língua Portuguesa (Prof. Marcelo Pimentel)


(D) Mesmo sem estudo realizou a tarefa a contento / In-
tuitivamente;
(E) Enfrentou as dificuldades com coragem / ferozmen-
te.

114. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)


Algumas vezes, para reduzir-se a extensão do texto, GABARITO OFICIAL
ocorre a substituição de uma forma negativa por uma po-
sitiva equivalente. 01-C 21-A 41-E 61-D 81-C 101-A
A frase abaixo em que isso foi feito de forma se- 02-C 22-C 42-D 62-A 82-E 102-D
manticamente adequada é:
03-E 23-B 43-A 63-C 83-E 103-E
(A) Os projetos não avançaram nas Comissões / recua-
ram; 04-A 24-A 44-E 64-B 84-A 104-C
(B) Vejo que os candidatos não foram chamados / de-
05-C 25-B 45-C 65-A 85-B 105-B
sistiram;
(C) Os turistas não foram bem recebidos / foram expul- 06-C 26-C 46-E 66-D 86-E 106-B
sos;
07-D 27-B 47-A 67-B 87-D 107-C
(D) Os estudantes não continuaram no curso / fracassa-
ram; 08-E 28-B 48-B 68-E 88-C 108-E
(E) O presidente não aceitou o convite / declinou do.
09-D 29-B 49-E 69-A 89-A 109-C
115. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) 10-E 30-C 50-C 70-B 90-C 110-B
O segmento composto pelo verbo ter + substantivo 11-A 31-A 51-D 71-C 91-C 111-C
foi substituído de forma semanticamente adequada em:
12-C 32-B 52-A 72-A 92-E 112-A
(A) A velhinha tem disposição para o trabalho / se dedi-
ca ao; 13-E 33-E 53-D 73-D 93-E 113-D
(B) A jovem tinha vontade de sair / gostava; 14-D 34-C 54-B 74-D 94-E 114-E
(C) Os imigrantes tinham necessidade dos documentos /
exigiam; 15-C 35-A 55-D 75-C 95-A 115-E
(D) As cortinas não tinham serventia / se deterioravam; 16-C 36-C 56-C 76-B 96-C 116-B
(E) O assaltante não teve intenção de fugir / pretendeu.
17-E 37-C 57-A 77-B 97-C 117-D
116. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) 18-D 38-B 58-C 78-E 98-C
A frase em que a substituição do segmento subli-
19-D 39-D 59-B 79-A 99-D
nhado por um particípio de valor equivalente foi feita de
forma adequada é: 20-A 40-A 60-E 80-D 100-B
(A) O terreno que está sob as águas do rio / submetido
às;
(B) Um edifício que está sobre duas rochas / construído;
(C) Os restos que estão na lata do lixo / acolhidos;
(D) O estado que está entre Amazonas e Maranhão /
posto;
(E) Um carro que está na garagem / paralisado.

117. (FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça)


A frase que exemplifica um caso de linguagem fi-
gurada é:
(A) Tudo está muito bem nas férias dos funcionários;
(B) O livro foi publicado com duzentas páginas;
(C) O chocolate estava muito saboroso;
(D) Tudo correu às mil maravilhas;
(E) Nada acontece por acaso.

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REDAÇÃO E
CORRESPONDÊNCIAS
OFICIAIS
SUMÁRIO:
1. Redação oficial: manual de redação da presidência da república/2018 ............................ 03

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1. REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIAS OFI- 1.2. A REDAÇÃO OFICIAL
CIAIS. a) Introdução – Conceito
1.1. INTRODUÇÃO Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial “é
a maneira pela qual o Poder Público redige seus atos
Por comodidade ou descaso, há quem ignore as
normativos e comunicações”.
normas de elaboração de atos administrativos. Há insti-
tuições que acatam sem o menor desconforto esse “des- ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE
cuido”, considerado fligrana estabelecer padrões para a DOCUMENTO; ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO
redação oficial. TEXTO AO GÊNERO DAS CORRESPONDÊN-
CIAS OFICIAIS
É comum um mesmo órgão público utilizar diferen-
De acordo com o manual, a redação oficial deve
tes “modelos” de documentos de expedientes tais como:
caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto
portarias, ofícios, memorandos, etc. executando em vari-
de linguagem, clareza, concisão, formalidade e unifor-
ados formatos de redação, tipos de papel, às vezes até
midade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da
com texto em colorido. A qualidade decai na mesma
Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
proporção do mau gosto; a legibilidade é dificultada. Há
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
má idealização do ato, má diagramação e exposição de-
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
sordenada das ideias.
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
Constata-se, por tudo isso, que a observação de impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
normas na elaboração dos atos oficiais contribui para (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios
textos objetivos, comunicativos e limpos. fundamentais de toda administração pública, claro está
que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
Padronizar os atos de expedientes é condição essen- comunicações oficiais.
cial à eficiência das instituições públicas e decorre da
necessidade de racionalizar o trabalho da Administração. Não se concebe que um ato normativo de qualquer
natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
Atos padronizados dão caráter profissional à docu- impossibilite sua compreensão. A transparência do sen-
mentação, tornam uniformes os documentos e lhes atri- tido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade,
buem boa aparência e legibilidade. Um outro fator leva à são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável
necessidade de padronização: o controle da qualidade. que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A
Atos não normativos, irregulares, revelam “desconcer- publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e
tos”, apontam “desacertos”, até desorganização, porque concisão.
são precariamente concebidos e produzidos.
Além de atender à disposição constitucional, a for-
O ideal é que toda correspondência utilizada no ma dos atos normativos obedece a certa tradição. Há
âmbito de uma entidade, seja ela pública ou privada, siga normas para sua elaboração que remontam ao período de
padrões de elaboração e de normas concebidas para a nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigatori-
eficiência da comunicação. Entretanto, cada órgão ou edade – estabelecida por decreto imperial de 10 de de-
instituição pública, em qualquer das três esferas do Po- zembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos,
der Público (federal, estadual/distrital e municipal), pos- o número de anos transcorridos desde a Independência.
sui autonomia para adotar seu próprio Manual de Reda- Essa prática foi mantida no período republicano.
ção de Correspondências Oficiais. Não existe, portan- Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza,
to, uma norma padrão que oriente o candidato que presta uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) apli-
um concurso público, principalmente no que se refere
cam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
aos modelos e modos de estruturação dos documentos
permitir uma única interpretação e ser estritamente im-
oficiais.
pessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de
A Banca, responsável pela organização do presente linguagem. Nesse contexto, fica claro também que as
concurso, seguindo uma tradição das demais bancas comunicações oficiais são necessariamente uniformes,
examinadoras e aplicadoras de concursos públicos, não pois há sempre um único comunicador (o Serviço Pú-
estipula nos seus Editais de concurso público uma bibli- blico) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio
ografia a ser adotada na aplicação da prova que exija co- Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por
nhecimentos de competência redacional, visto que, em se um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou insti-
tratando de Redação Oficial, os manuais existentes são tuições tratados de forma homogênea (o público).
pouco abrangentes e apresentam cada qual suas pequenas Outros procedimentos rotineiros na redação de co-
lacunas ou grandes incoerências, e vários pontos diver-
municações oficiais foram incorporados ao longo do
gentes.
tempo, como as formas de tratamento e de cortesia, cer-
Baseado no exposto acima, este estudo tem como tos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc.
referência o “Manual de Redação da Presidência da Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para
República”, 3a edição, revista, atualizada e ampliada pe- comunicações oficiais, regulados pela Portaria n.º 1 do
la Casa Civil da Presidência da República através Porta- Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937,
ria nº 1.369, de 27 de Dezembro de 2018. que, após mais de meio século de vigência, foi revogado
pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manu-
al.

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Acrescente-se, por fim, que a identificação que se sica – comunicar com objetividade e máxima clareza –
buscou fazer das características específicas da forma ofi- impõe certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de
cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que se maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalísti-
proponha a criação – ou se aceite a existência – de uma co, da correspondência particular etc.
forma específica de linguagem administrativa, o que co-
Apresentadas essas características fundamentais da
loquialmente e pejorativamente se chama burocratês. Es-
redação oficial, passemos à análise pormenorizada de
te é antes uma distorção do que deve ser a redação ofici-
cada um de seus atributos.
al, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do
jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de 1.3.3. Atributos da redação oficial
frases.
A redação oficial deve caracterizar-se por:
A redação oficial não é, portanto, necessariamente
árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade • clareza e precisão;
básica – comunicar com impessoalidade e máxima clare- • objetividade;
za – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da lín- • concisão;
gua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto • coesão e coerência;
jornalístico, da correspondência particular, etc. • impessoalidade;
Apresentadas essas características fundamentais da • formalidade e padronização; e
redação oficial, passemos à análise pormenorizada de • uso da norma padrão da língua portuguesa.
cada uma delas.
Fundamentalmente, esses atributos decorrem da
1.3. ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFI- Constituição, que dispõe, no art. 37: “A administração
CIAL pública direta, indireta, de qualquer dos Poderes da Uni-
ão, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
1.3.1. Panorama da comunicação oficial
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a pu-
quer pela escrita. Para que haja comunicação, são neces- blicidade, a impessoalidade e a eficiência princípios fun-
sários: damentais de toda a administração pública, devem
a) alguém que comunique; igualmente nortear a elaboração dos atos e das comuni-
b) algo a ser comunicado; cações oficiais.
c) alguém que receba essa comunicação. 1.3.3.1. Clareza e precisão
No caso da redação oficial, quem comunica é sem- CLAREZA
pre o serviço público (este/esta ou aquele/aquela Minis-
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
tério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Se-
oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos-
ção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo
sibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se conce-
às atribuições do órgão que comunica; e o destinatário
be que um documento oficial ou um ato normativo de
dessa comunicação é o público, uma instituição privada
qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que
ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Executivo
dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa-
ou dos outros Poderes. Além disso, deve-se considerar a
rência é requisito do próprio Estado de Direito: é inacei-
intenção do emissor e a finalidade do documento, para
tável que um texto oficial ou um ato normativo não seja
que o texto esteja adequado à situação comunicativa.
entendido pelos cidadãos. O princípio constitucional da
A necessidade de empregar determinado nível de publicidade não se esgota na mera publicação do texto,
linguagem nos atos e nos expedientes oficiais decorre, de estendendo-se, ainda, à necessidade de que o texto seja
um lado, do próprio caráter público desses atos e comu- claro.
nicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, Para a obtenção de clareza, sugere-se:
aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou esta-
a) utilizar palavras e expressões simples, em seu
belecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam
sentido comum, salvo quando o texto versar sobre assun-
o funcionamento dos órgãos e entidades públicos, o que
to técnico, hipótese em que se utilizará nomenclatura
só é alcançado se, em sua elaboração, for empregada a
própria da área;
linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedien-
b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar
tes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
as orações na ordem direta e evitar intercalações exces-
clareza e objetividade.
sivas. Em certas ocasiões, para evitar ambiguidade, suge-
1.3.2. O que é redação oficial re-se a adoção da ordem inversa da oração;
c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a
texto;
maneira pela qual o Poder Público redige comunicações
d) não utilizar regionalismos e neologismos;
oficiais e atos normativos. Neste Manual, interessa-nos
e) pontuar adequadamente o texto;
tratá-la do ponto de vista da administração pública fede- f) explicitar o significado da sigla na primeira refe-
ral. rência a ela; e
A redação oficial não é necessariamente árida e g) utilizar palavras e expressões em outro idioma
contrária à evolução da língua. É que sua finalidade bá- apenas quando indispensáveis, em razão de serem desig-
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nações ou expressões de uso já consagrado ou de não te- 1.3.3.3. Concisão
rem exata tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico, con- A concisão é antes uma qualidade do que uma ca-
forme orientações do subitem 10.2 deste Manual. racterística do texto oficial. Conciso é o texto que conse-
gue transmitir o máximo de informações com o mínimo
PRECISÃO de palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la
O atributo da precisão complementa a clareza e ca- como economia de pensamento, isto é, não se deve eli-
racteriza-se por: minar passagens substanciais do texto com o único obje-
a) articulação da linguagem comum ou técnica para tivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente,
a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto; de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que
b) manifestação do pensamento ou da ideia com as nada acrescentem ao que já foi dito.
mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve
propósito meramente estilístico; e evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjeti-
c) escolha de expressão ou palavra que não confira vos e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A se-
duplo sentido ao texto. guir, um exemplo1 de período mal construído, prolixo:
É indispensável, também, a releitura de todo o texto Exemplo:
redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos
Apurado, com impressionante agilidade e precisão,
obscuros provém principalmente da falta da releitura, o
naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à popu-
que tornaria possível sua correção. Na revisão de um ex-
lação acriana, verificou-se que a esmagadora e ampla
pediente, deve-se avaliar se ele será de fácil compreen-
maioria da população daquele distante estado manifes-
são por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode
tou-se pela efusiva e indubitável rejeição da alteração
ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquiri-
realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, incon-
mos sobre certos assuntos, em decorrência de nossa ex-
formada e indignada, com a nova hora legal vinculada
periência profissional, muitas vezes, faz com que os to-
ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre de-
memos como de conhecimento geral, o que nem sempre
monstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto fu-
é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os
so, estando cinco horas a menos que em Greenwich.
termos técnicos, o significado das siglas e das abrevia-
ções e os conceitos específicos que não possam ser dis- Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessá-
pensados. rios, abusou-se no emprego de adjetivos (impressionante,
esmagadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são
confere carga afetiva injustificável, sobretudo em texto
elaboradas certas comunicações quase sempre compro-
oficial, que deve primar pela impessoalidade. Eliminados
mete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assuntos
os excessos, o período ganha concisão, harmonia e uni-
atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com
dade:
sua indesejável repercussão no texto redigido.
A clareza e a precisão não são atributos que se atin- Exemplo:
jam por si sós: elas dependem estritamente das demais Apurado o resultado da consulta à população acrea-
características da redação oficial, apresentadas a seguir. na, verificou-se que a maioria da população manifestou-
se pela rejeição da alteração realizada pela Lei no
11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora legal vincu-
1.3.3.2. Objetividade lada ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se dese- demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto
ja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conse- fuso, estando cinco horas menos que em Greenwich.
guir isso, é fundamental que o redator saiba de antemão
qual é a ideia principal e quais são as secundárias. 1.3.3.4. Coesão e coerência
Procure perceber certa hierarquia de ideias que exis- É indispensável que o texto tenha coesão e coerên-
te em todo texto de alguma complexidade: as fundamen- cia. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a
tais e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o harmonia entre os elementos de um texto. Percebe-se que
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas exis- o texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e
tem também ideias secundárias que não acrescentam in- se verifica que as palavras, as frases e os parágrafos es-
formação alguma ao texto, nem têm maior relação com tão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
que também proporcionará mais objetividade ao texto.
coerência de um texto são: referência, substituição, elip-
A objetividade conduz o leitor ao contato mais dire- se e uso de conjunção.
to com o assunto e com as informações, sem subterfú-
A referência diz respeito aos termos que se relacio-
gios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado su-
nam a outros necessários à sua interpretação. Esse meca-
por que a objetividade suprime a delicadeza de expressão
nismo pode dar-se por retomada de um termo, relação
ou torna o texto rude e grosseiro.
com o que é precedente no texto, ou por antecipação de
um termo cuja interpretação dependa do que se segue.

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Exemplos: órgão ou a outra entidade pública. Em todos os casos,
temos um destinatário concebido de forma homogênea e
O Deputado evitou a instalação da CPI da corrup-
impessoal; e
ção. Ele aguardou a decisão do Plenário.
O TCU apontou estas irregularidades: falta de as- c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado:
sinatura e de identificação no documento. se o universo temático das comunicações oficiais se res-
tringe a questões que dizem respeito ao interesse público,
A substituição é a colocação de um item lexical no é natural não caber qualquer tom particular ou pessoal.
lugar de outro(s) ou no lugar de uma oração. Não há lugar na redação oficial para impressões
Exemplos: pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser
Executivo federal propôs reduzir as alíquotas. isenta da interferência da individualidade de quem a ela-
O ofício está pronto. O documento trata da exone- bora. A concisão, a clareza, a objetividade e a formalida-
ração do servidor. de de que nos valemos para elaborar os expedientes ofi-
Os governadores decidiram acatar a decisão. Em ciais contribuem, ainda, para que seja alcançada a neces-
seguida, os prefeitos fizeram o mesmo. sária impessoalidade.
A elipse consiste na omissão de um termo recupe-
rável pelo contexto. 1.3.3.6 Formalidade e padronização
As comunicações administrativas devem ser sempre
Exemplo: formais, isto é, obedecer a certas regras de forma (BRA-
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, SIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunicações
os particulares. (Na segunda oração, houve a omissão feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail , o do-
do verbo “regulamenta”). cumento gerado no SEI!, o documento em html etc.),
quanto para os eventuais documentos impressos.
Outra estratégia para proporcionar coesão e coerên-
É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamen-
cia ao texto é utilizar conjunção para estabelecer ligação
to. Não se trata somente do correto emprego deste ou da-
entre orações, períodos ou parágrafos.
quele pronome de tratamento para uma autoridade de
Exemplo: certo nível, mais do que isso: a formalidade diz respeito
à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
O Embaixador compareceu à reunião, pois identifi-
cuida a comunicação.
cou o interesse de seu Governo pelo assunto.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à
1.3.3.5. Impessoalidade necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a
administração pública federal é una, é natural que as co-
A impessoalidade decorre de princípio constitucio-
municações que expeça sigam o mesmo padrão. O esta-
nal (Constituição, art. 37), e seu significado remete a
belecimento desse padrão, uma das metas deste Manual,
dois aspectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que a
exige que se atente para todas as características da reda-
administração pública proceda de modo a não privilegiar
ção oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos
ou prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, sempre,
textos.
o interesse público; o segundo, a abstração da pessoali-
dade dos atos administrativos, pois, apesar de a ação A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes
administrativa ser exercida por intermédio de seus servi- para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer ne-
dores, é resultado tão-somente da vontade estatal. cessária a impressão, e a correta diagramação do texto
são indispensáveis para a padronização. Consulte o Capí-
A redação oficial é elaborada sempre em nome do
tulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas
serviço público e sempre em atendimento ao interesse
específicas para cada tipo de expediente.
geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos
expedientes oficiais não devem ser tratados de outra Em razão de seu caráter público e de sua finalidade,
forma que não a estritamente impessoal. os atos normativos e os expedientes oficiais requerem o
uso do padrão culto do idioma, que acata os preceitos da
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que
gramática formal e emprega um léxico compartilhado
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica-
pelo conjunto dos usuários da língua. O uso do padrão
ções oficiais decorre:
culto é, portanto, imprescindível na redação oficial por
a) da ausência de impressões individuais de quem estar acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sin-
comunica: embora se trate, por exemplo, de um expedi- táticas, regionais; dos modismos vocabulares e das parti-
ente assinado por Chefe de determinada Seção, a comu- cularidades
nicação é sempre feita em nome do serviço público. Ob-
tém-se, assim, uma desejável padronização, que permite
que as comunicações elaboradas em diferentes setores da a língua linguísticas.
administração pública guardem entre si certa uniformi- • Recomendações:culta é contra a pobreza de
dade; expressão e não contra a sua simplicidade;
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- • o uso do padrão culto não significa empre-
ção: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebi- gar a língua de modo rebuscado ou utilizar
do como público, ou a uma instituição privada, a outro

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figuras de linguagem próprias do estilo lite-
rário;
• a consulta ao dicionário e à gramática é im-
perativa na redação de um bom texto.
Pode-se concluir que não existe propriamente um
padrão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma
padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
consagre a utilização de uma forma de linguagem buro-
crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser
evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.

AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
1.4. Introdução
Os exemplos acima são meramente exemplificati-
A redação das comunicações oficiais deve, antes de vos. A profusão de normas estabelecendo hipóteses de
tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, “As- tratamento por meio do pronome “Vossa Excelência” pa-
pectos gerais da redação oficial”. Além disso, há caracte- ra categorias especificas tornou inviável arrolar todas as
rísticas específicas de cada tipo de expediente, que serão hipóteses.
tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à
sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase to- 1.4.1.1. Concordância com os pronomes de tra-
das as modalidades de comunicação oficial. tamento
Os pronomes de tratamento apresentam certas pecu-
1.4.1. Pronomes de tratamento liaridades quanto às concordâncias verbal, nominal e
Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de tra- pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa grama-
tamento adota a segunda pessoa do plural, de maneira tical (à pessoa com quem se fala), levam a concordância
indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se di- para a terceira pessoa. Os pronomes Vossa Excelência ou
rige. Na redação oficial, é necessário atenção para o uso Vossa Senhoria são utilizados para se comunicar direta-
dos pronomes de tratamento em três momentos distintos: mente com o receptor.
no endereçamento, no vocativo e no corpo do texto. No Exemplo:
vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início do
documento. No corpo do texto, pode-se empregar os Vossa Senhoria designará o assessor.
pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou por
Da mesma forma, os pronomes possessivos referi-
extenso. O endereçamento é o texto utilizado no envelo-
dos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
pe que contém a correspondência oficial.
pessoa.
A seguir, alguns exemplos de utilização de prono-
Exemplo:
mes de tratamento no texto oficial.
Vossa Senhoria designará seu substituto. (E não
“Vossa Senhoria designará vosso substituto”)

Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,


o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa
a que se refere, e não com o substantivo que compõe a
locução.
Exemplos:
Se o interlocutor for homem, o correto é: Vossa
Excelência está atarefado.
Se o interlocutor for mulher: Vossa Excelência está
atarefada.
O pronome Sua Excelência é utilizado para se fazer
referência a alguma autoridade (indiretamente).
Exemplo:
A Sua Excelência o Ministro de Estado Chefe da
Casa Civil (por exemplo, no endereçamento do expedi-
ente)
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“Vice-Presidente” ou “vice-presidente”, mas não “Vice-
presidente”.
2.4.2. Signatário
2.4.4. Vocativo
2.4.2.1. Cargos interino e substituto
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas
Na identificação do signatário, depois do nome do
comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido
cargo, é possível utilizar os termos interino e substituto,
de vírgula.
conforme situações a seguir: interino é aquele nomeado
para ocupar transitoriamente cargo público durante a va- Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder,
cância; substituto é aquele designado para exercer as utiliza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Exce-
atribuições de cargo público vago ou no caso de afasta- lentíssima Senhora e o cargo respectivo, seguidos de vír-
mento e impedimentos legais ou regulamentares do titu- gula.
lar. Esses termos devem ser utilizados depois do nome
Exemplos:
do cargo, sem hífen, sem vírgula e em minúsculo.
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Exemplos:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
Diretor-Geral interino Nacional,
Secretário-Executivo substituto Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tri-
bunal Federal,
2.4.2.2. Signatárias do sexo feminino
As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas por
Na identificação do signatário, o cargo ocupado por
Vossa Excelência, receberão o vocativo Senhor ou Se-
pessoa do sexo feminino deve ser flexionado no gênero
nhora seguido do cargo respectivo.
feminino.
Exemplos:
Exemplos:
Senhora Senadora,
Ministra de Estado
Senhor Juiz,
Secretária-Executiva interina
Senhora Ministra,
Técnica Administrativa
Coordenadora Administrativa Na hipótese de comunicação com particular, pode-
se utilizar o vocativo Senhor ou Senhora e a forma utili-
zada pela instituição para referir-se ao interlocutor: bene-
2.4.3. Grafia de cargos compostos
ficiário, usuário, contribuinte, eleitor etc.
Escrevem-se com hífen:
Exemplos:
a) cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-
Senhora Beneficiária,
geral, relator-geral, ouvidor-geral;
Senhor Contribuinte,
b) postos e gradações da diplomacia: primeiro-
secretário, segundo-secretário; Ainda, quando o destinatário for um particular, no
c) postos da hierarquia militar: tenente-coronel, vocativo, pode-se utilizar Senhor ou Senhora seguido do
capitão-tenente; nome do particular ou pode-se utilizar o vocativo “Pre-
zado Senhor” ou “Prezada Senhora”.
Atenção: nomes compostos com elemento de liga-
ção preposicionado ficam sem hífen: general de exército, Exemplos:
general de brigada, tenente-brigadeiro do ar, capitão de
Senhora [Nome],
mar e guerra;
Prezado Senhor,
d) cargos que denotam hierarquia dentro de uma
Em comunicações oficiais, está abolido o uso de
empresa: diretor-presidente, diretor-adjunto, editor-
Digníssimo (DD) e de Ilustríssimo (Ilmo.).
chefe, editor-assistente, sócio-gerente, diretor-
executivo; Evite-se o uso de “doutor” indiscriminadamente. O
e) cargos formados por numerais: primeiro- tratamento por meio de Senhor confere a formalidade
ministro, primeira-dama; desejada.
f) cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”:
ex-diretor, vice-coordenador. 2.5. O padrão ofício
Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos
de expedientes que se diferenciavam antes pela finalida-
O novo Acordo Ortográfico tornou opcional o uso de do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando.
de iniciais maiúsculas em palavras usadas reverencial- Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar no-
mente, por exemplo para cargos e títulos (exemplo: o menclatura e diagramação únicas, que sigam o que cha-
Presidente francês ou o presidente francês). Porém, em mamos de padrão ofício.
palavras com hífen, após se optar pelo uso da maiúscula
ou da minúscula, deve-se manter a escolha para a grafia
de todos os elementos hifenizados: pode-se escrever

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A distinção básica anterior entre os três era: 2.5.1.3. Local e data do documento
a) aviso: era expedido exclusivamente por Minis- Na grafia de datas em um documento, o conteúdo
tros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia; deve constar da seguinte forma:
b) ofício: era expedido para e pelas demais autori-
a) composição: local e data do documento;
dades; e
c) memorando: era expedido entre unidades admi- b) informação de local: nome da cidade onde foi
nistrativas de um mesmo órgão. expedido o documento, seguido de vírgula. Não se deve
utilizar a sigla da unidade da federação depois do nome
Atenção: Nesta nova edição ficou abolida aquela da cidade;
distinção e passou-se a utilizar o termo ofício nas três hi-
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o pri-
póteses.
meiro dia do mês e em numeração cardinal para os de-
A seguir, será apresentada a estrutura do padrão ofí- mais dias do mês. Não se deve utilizar zero à esquerda
cio, de acordo com a ordem com que cada elemento apa- do número que indica o dia do mês;
rece no documento oficial. d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minús-
cula;
2.5.1. Partes do documento no padrão ofício
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data;
2.5.1.1. Cabeçalho e
O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à
do documento, centralizado na área determinada pela margem direita da página.
formatação (ver subitem “5.2 Formatação e apresenta-
ção”).
No cabeçalho deverão constar os seguintes elemen-
tos:
2.5.1.4. Endereçamento
a) brasão de Armas da República2: no topo da pági-
na. Não há necessidade de ser aplicado em cores. O uso O endereçamento é a parte do documento que in-
de marca da instituição deve ser evitado na correspon- forma quem receberá o expediente.
dência oficial para não se sobrepor ao Brasão de Armas Nele deverão constar os seguintes elementos:
da República.
b) nome do órgão principal; a) vocativo: na forma de tratamento adequada para
c) nomes dos órgãos secundários, quando necessá- quem receberá o expediente (ver subitem “4.1 Pronomes
rios, da maior para a menor hierarquia; e de tratamento”);
d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0). b) nome: nome do destinatário do expediente;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o
expediente, dividido em duas linhas:
primeira linha: informação de localida-
de/logradouro do destinatário ou, no caso de
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, ofício ao mesmo órgão, informação do se-
endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico tor;
oficial da instituição, podem ser informados no rodapé segunda linha: CEP e cidade/unidade da fe-
do documento, centralizados. deração, separados por espaço simples. Na
2.5.1.2. Identificação do expediente separação entre cidade e unidade da federa-
ção pode ser substituída a barra pelo ponto
Os documentos oficiais devem ser identificados da
ou pelo travessão. No caso de ofício ao
seguinte maneira:
mesmo órgão, não é obrigatória a informa-
a) nome do documento: tipo de expediente por ex- ção do CEP, podendo ficar apenas a infor-
tenso, com todas as letras maiúsculas; mação da cidade/unidade da federação; e
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra
“número”, padronizada como No; e) alinhamento: à margem esquerda da página.
c) informações do documento: número, ano (com O pronome de tratamento no endereçamento das
quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede o do- comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vos-
cumento, da menor para a maior hierarquia, separados sa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o
por barra (/); e Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
d) alinhamento: à margem esquerda da página.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vos-
sa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao
Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a
expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senho-
ria a Senhora”.

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Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia
do Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do Presi-
dente da Confederação Nacional da Indústria, a respeito
de projeto de modernização de técnicas agrícolas na re-
gião Nordeste.
2.5.1.5. Assunto b) desenvolvimento: se o autor da comunicação de-
sejar fazer algum comentário a respeito do documento
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o
que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desen-
documento, de forma sucinta.
volvimento. Caso contrário, não há parágrafos de desen-
Ele deve ser grafado da seguinte maneira: volvimento em expediente usado para encaminhamento
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase de documentos.
que define o conteúdo do documento, seguida de dois-
III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o
pontos;
texto do documento deve ser formatado da seguinte ma-
b) descrição do assunto: a frase que descreve o con-
neira:
teúdo do documento deve ser escrita com inicial maiús-
cula, não se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de a) alinhamento: justificado;
quatro a cinco palavras; b) espaçamento entre linhas: simples;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, in- c) parágrafos:
clusive o título, deve ser destacado em negrito;
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do as- i - espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos
sunto; e após cada parágrafo;
e) alinhamento: à margem esquerda da página. ii - recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da
margem esquerda;
Exemplos: iii - numeração dos parágrafos: apenas quando
o documento tiver três ou mais parágrafos, des-
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão
de o primeiro parágrafo. Não se numeram o vo-
julho/2018.
cativo e o fecho;
Assunto: Aquisição de computadores.
d) fonte: Calibri ou Carlito;
2.5.1.6.Texto do documento
O texto do documento oficial deve seguir a seguinte i - corpo do texto: tamanho 12 pontos;
padronização de estrutura: ii - citações recuadas: tamanho 11 pontos; e
iii - notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
I – nos casos em que não seja usado para encami-
nhamento de documentos, o expediente deve conter a se- e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes
guinte estrutura: indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da
comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de, 2.5.1.7. Fechos para comunicações
Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira O fecho das comunicações oficiais objetiva, além
empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico; da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o desti-
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; natário. Os modelos para fecho anteriormente utilizados
se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do Ministé-
elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que rio da Justiça, que estabelecia quinze padrões.
confere maior clareza à exposição; e
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los,
assunto. este Manual estabelece o emprego de somente dois fe-
chos diferentes para todas as modalidades de comunica-
II – quando forem usados para encaminhamento de ção oficial:
documentos, a estrutura é modificada:
a) Para autoridades de hierarquia superior a do re-
a) introdução: deve iniciar com referência ao expe- metente, inclusive o Presidente da República:
diente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do
documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a Respeitosamente,
informação do motivo da comunicação, que é encami- b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar-
nhar, indicando a seguir os dados completos do docu- quia inferior ou demais casos:
mento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e Atenciosamente,
assunto de que se trata) e a razão pela qual está sendo
encaminhado; e Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações di-
rigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
Exemplos: tradição próprios.
Em resposta ao Ofício no 12, de 1o de fevereiro de O fecho da comunicação deve ser formatado da se-
2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril de guinte maneira:
2018, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, que
trata da requisição do servidor Fulano de Tal. a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da pá-
gina;

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b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar- h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta
gem esquerda; em papel branco, reservando-se, se necessário, a impres-
c) espaçamento entre linhas: simples; são colorida para gráficos e ilustrações;
d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem
cada parágrafo; e abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de
e) não deve ser numerado. itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, som-
bra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formata-
2.5.1.8. Identificação do signatário ção que afete a sobriedade e a padronização do docu-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presiden- mento;
te da República, todas as demais comunicações oficiais j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras de-
devem informar o signatário segundo o padrão: vem ser grafadas em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os do-
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafa-
cumentos elaborados devem ter o arquivo de texto pre-
do em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha
servado para consulta posterior ou aproveitamento de
acima do nome do signatário;
trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, prefe-
b) cargo: cargo da autoridade que expede o docu-
rencialmente, formato de arquivo que possa ser lido e
mento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As
editado pela maioria dos editores de texto utilizados no
preposições que liguem as palavras do cargo devem ser
serviço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
grafadas em minúsculas; e
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os
c) alinhamento: a identificação do signatário deve
nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte
ser centralizada na página.
maneira:
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a
tipo do documento + número do documento
assinatura em página isolada do expediente. Transfira
+ ano do documento (com 4 dígitos) + pa-
para essa página ao menos a última frase anterior ao fe-
lavras-chaves do conteúdo
cho.

Seguem exemplos de Ofício:

2.5.1.9. Numeração das páginas


A numeração das páginas é obrigatória apenas a
partir da segunda página da comunicação.
Ela deve ser centralizada na página e obedecer à se-
guinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da
área de 2 cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

2.5.2 Formatação e apresentação


Os documentos do padrão ofício devem obedecer à
seguinte formatação:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de
largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a
partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do
documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impres-
são pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse ca-
so, as margens esquerda e direita terão as distâncias in-
vertidas nas páginas pares (margem espelho);

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2.6. Tipos de documentos


2.6.1. Variações dos documentos oficiais
Os documentos oficiais podem ser identificados de
acordo com algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR:
Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais
de um órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do
órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO:
Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o
mesmo expediente para um único órgão receptor. As si-
glas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO
CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjun-
tamente, o mesmo expediente para mais de um órgão re-
ceptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na
epígrafe.

Nos expedientes circulares, por haver mais de um


receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as
siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

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2.6.2 Exposição de Motivos minhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judi-
ciário.
2.6.2.1 Definição e finalidade
Exemplo de exposição de motivos:
Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido
ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:
a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua conside-
ração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
República por um Ministro de Estado. Nos casos em que
o assunto tratado envolva mais de um ministério, a expo-
sição de motivos será assinada por todos os ministros
envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi-
nisterial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um
autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica
das exposições de motivos é única. A numeração começa
e termina dentro de um mesmo ano civil.
2.6.2.2. Forma e estrutura
As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:
a) apontar, na introdução: o problema que demanda
a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou in-
formar ao Presidente da República algum assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela
medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se so-
lucionar o problema e as eventuais alternativas existentes
para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre o as-
sunto informado, quando for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser
tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar
o problema; ou apresentar as considerações finais no ca-
so de EMs apenas informativas.
As Exposições de Motivos que encaminham propo-
sições normativas devem seguir o prescrito no Decreto
nº 9.191, de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas
devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de
mérito que permitam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191,
de 2017, nas exposições de motivos que proponham a
edição de ato normativo, tem como propósito:
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema
que se busca resolver;
b) ensejar avaliação das diversas causas do proble-
ma e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a
edição do ato, em consonância com as questões que de-
vem ser analisadas na elaboração de proposições norma-
tivas no âmbito do Poder Executivo;
c) conferir transparência aos atos propostos;
d) resumir os principais aspectos da proposta; e
e) evitar a devolução a proposta de ato normativo
para complementação ou reformulação da proposta.
A exposição de motivos é a principal modalidade de
comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser enca-

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2.6.2.3. Sistema de Geração e Tramitação de Do- está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art.
cumentos Oficiais (Sidof) 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas.
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos b) Encaminhamento de medida provisória:
Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramita- Constituição, o Presidente da República encaminha
ção, a administração e a gerência das exposições de mo- Mensagem ao Congresso, dirigida a seus Membros, com
tivos com as propostas de atos a serem encaminhadas pe- ofício para o Primeiro-Secretário do Senado Federal,
los Ministérios à Presidência da República. juntando cópia da medida provisória.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o car- c) Indicação de autoridades:
go do signatário, apresentados no exemplo do item 6.2.2, As mensagens que submetem ao Senado Federal a
são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o indicação de pessoas para ocuparem determinados car-
nome do ministro que assinou a exposição de motivos e gos (magistrados dos tribunais superiores, ministros do
do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Tribunal de Contas da União, presidentes e diretores do
Pasta. Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes
de missão diplomática, diretores e conselheiros de agên-
2.6.3. Mensagem cias etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III e
IV do caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso
2.6.3.1. Definição e finalidade
Nacional competência privativa para aprovar a indica-
A Mensagem é o instrumento de comunicação ofi- ção.
cial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente O curriculum vitae do indicado, assinado, com a in-
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo formação do número de Cadastro de Pessoa Física,
ao Poder Legislativo para informar sobre fato da admi- acompanha a mensagem.
nistração pública; para expor o plano de governo por
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vi-
ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter
ce-Presidente da República se ausentarem do país por
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deli-
mais de 15 dias:
beração de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer
comunicações do que seja de interesse dos Poderes Pú- Trata-se de exigência constitucional (Constituição,
blicos e da Nação. art. 49, caput, inciso III e art. 83), e a autorização é da
competência privativa do Congresso Nacional. O Presi-
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos dente da República, tradicionalmente, por cortesia,
ministérios à Presidência da República, a cujas assesso- quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma
rias caberá a redação final. comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao mensagens idênticas.
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: e) Encaminhamento de atos de concessão e de re-
a) Encaminhamento de proposta de emenda consti- novação de concessão de emissoras de rádio e TV:
tucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de lei A obrigação de submeter tais atos à apreciação do
complementar e os que compreendem plano plurianual, Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do art.
diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
adicionais: outorga ou a renovação da concessão após deliberação
Os projetos de lei ordinária ou complementar são do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o).
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de Descabe pedir na mensagem a urgência prevista na
urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto Constituição, art. 64, uma vez que o § 1o do art. 223 já
pode ser encaminhado sob o regime normal e, mais tar- define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga ou
de, ser objeto de nova mensagem, com solicitação de ur- renovação, acompanha a mensagem o correspondente
gência. processo administrativo.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos f) Encaminhamento das contas referentes ao exercí-
membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada cio anterior:
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da
O Presidente da República tem o prazo de 60 dias
Presidência da República ao Primeiro-Secretário da Câ-
após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Con-
mara dos Deputados, para que tenha início sua tramita-
gresso Nacional as contas referentes ao exercício anterior
ção (Constituição, art. 64, caput).
(Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para exame e
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados rea-
créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento lizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, caput, in-
dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e os ciso II) em procedimento disciplinado no art. 215 do seu
respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro- Regimento Interno.
Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa:
da Constituição impõe a deliberação congressual em ses-
são conjunta, mais precisamente, “na forma do regimen- Deve conter o plano de governo, exposição sobre a
to comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, situação do País e a solicitação de providências que jul-

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gar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI). O por- ditos adicionais (Constituição, art. 166, §
tador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidên- 5o);
cia da República. Esta mensagem difere das demais, • Pedido de autorização para utilizar recursos
porque vai encadernada e é distribuída a todos os con- que ficarem sem despesas correspondentes,
gressistas em forma de livro. em decorrência de veto, emenda ou rejeição
h) Comunicação de sanção (com restituição de au- do projeto de lei orçamentária anual (Cons-
tógrafos): tituição, art. 166, § 8o);
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Con- • Pedido de autorização para alienar ou con-
gresso Nacional, encaminhada por ofício ao Primeiro- ceder terras públicas com área superior a
Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Ne- 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o).
la se informa o número que tomou a lei e se restituem
dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais 2.6.3.2. Forma e estrutura
o Presidente da República terá aposto o despacho de san-
ção. As mensagens contêm:
i) Comunicação de veto: a) brasão: timbre em relevo branco
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Consti- b) identificação do expediente: MENSAGEM No,
tuição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a deci- alinhada à margem esquerda, no início do texto;
são de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições ve- c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo
tadas, e as razões do veto. Seu texto é publicado na ínte- com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
gra no Diário Oficial da União, ao contrário das demais com o recuo de parágrafo dado ao texto;
mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
envio ao Poder Legislativo. e) local e data: posicionados a 2 cm do final do tex-
to, alinhados à margem direita.
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:
• Apreciação de intervenção federal (Consti- A mensagem, como os demais atos assinados pelo
tuição, art. 36, § 2º). Presidente da República, não traz identificação de seu
signatário.
• Encaminhamento de atos internacionais que
acarretam encargos ou compromissos gra- Exemplo de mensagem:
vosos (Constituição, art. 49, caput, inciso I);
• Pedido de estabelecimento de alíquotas
aplicáveis às operações e prestações interes-
taduais e de exportação (Constituição, art.
155, § 2o, inciso IV);
• Proposta de fixação de limites globais para
o montante da dívida consolidada (Consti-
tuição, art. 52, caput, inciso VI);
• Pedido de autorização para operações finan-
ceiras externas (Constituição, art. 52, caput,
inciso V);
• Convocação extraordinária do Congresso
Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
• Pedido de autorização para exonerar o Pro-
curador-Geral da República (Constituição,
art. 52, inciso XI, e art. 128, § 2o);
• Pedido de autorização para declarar guerra e
decretar mobilização nacional (Constitui-
ção, art. 84, inciso XIX);
• Pedido de autorização ou referendo para ce-
lebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso
XX);
• Justificativa para decretação do estado de
defesa ou de sua prorrogação (Constituição,
art. 136, § 4o);
• Pedido de autorização para decretar o estado
de sítio (Constituição, art. 137);
• Relato das medidas praticadas na vigência
do estado de sítio ou de defesa (Constitui-
ção, art. 141, parágrafo único);
• Proposta de modificação de projetos de leis
que compreendem plano plurianual, diretri-
zes orçamentárias, orçamentos anuais e cré-
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2.6.4 Correio eletrônico (e-mail) 2.6.4.3.2. Local e data
2.6.4.1. Definição e finalidade São desnecessários no corpo da mensagem, uma
vez que o próprio sistema apresenta essa informação.
A utilização do e-mail para a comunicação tornou-
se prática comum, não só em âmbito privado, mas tam- 2.6.4.3.3. Saudação inicial/vocativo
bém na administração pública. O termo e-mail pode ser
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado
empregado com três sentidos. Dependendo do contexto,
por uma saudação. Quando endereçado para outras insti-
pode significar gênero textual, endereço eletrônico ou
tuições, para receptores desconhecidos ou para particula-
sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
res, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais do-
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado cumentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Senhora”, se-
um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, guido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Preza-
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com da Senhora”.
uma comunicação oficial.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servido-
res públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a ex-
tensão “.gov.br”, por exemplo.
Como sistema de transmissão de mensagens eletrô-
nicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se 2.6.4.3.4. Fecho
na principal forma de envio e recebimento de documen-
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações
tos na administração pública.
oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de
2.6.4.2. Valor documental abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como
“Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24
usados, não são fechos oficiais e, portanto, não devem
de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor docu-
ser utilizados em e-mails profissionais.
mental, isto é, para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ates- O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
te a identidade do remetente, segundo os parâmetros de uma saudação inicial e um fecho menos formais. No en-
integridade, autenticidade e validade jurídica da Infraes- tanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos deve
trutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil. ser formal, como a que se usaria em qualquer outro do-
cumento oficial.
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-
mail sem certificação digital ou com certificação digital 2.6.4.3.5. Bloco de texto da assinatura
fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, será
Sugere-se que todas as instituições da administração
obrigatório a repetição do ato por meio documento físico
pública adotem um padrão de texto de assinatura. A as-
assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela ICP-
sinatura do e-mail deve conter o nome completo, o car-
Brasil.
go, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público im-
por a aceitação de documento eletrônico que não atenda
os parâmetros da ICP-Brasil.
2.6.4.3. Forma e estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio ele-
trônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir
padronização da mensagem comunicada. No entanto, 2.6.4.4. Anexos
devem-se observar algumas orientações quanto à sua es-
trutura. A possibilidade de anexar documentos, planilhas e
imagens de diversos formatos é uma das vantagens do e-
2.6.4.3.1. Campo “Assunto” mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve
O assunto deve ser o mais claro e específico possí- trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
vel, relacionado ao conteúdo global da mensagem. As- Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é
sim, quem irá receber a mensagem identificará rapida- realmente indispensável e se seria possível colocá-lo no
mente do que se trata; quem a envia poderá, posterior- corpo do correio eletrônico.
mente, localizar a mensagem na caixa do correio eletrô-
nico. Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencami-
nhamento de anexos nas mensagens de resposta.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente
o conteúdo completo da mensagem para que não pareça, Os arquivos anexados devem estar em formatos
ao receptor, que se trata de mensagem não solicitada/lixo usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
eletrônico. Em vez de “Reunião”, um assunto mais pre- Quando se tratar de documento ainda em discussão, os
ciso seria “Agendamento de reunião sobre a Reforma da arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em for-
Previdência”. mato que possa ser editado.

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2.6.4.5. Recomendações 02. (INSTITUTO AOCP - 2023 - IF-MA - Assis-
tente em Administração). Nos aspectos gerais da reda-
• Sempre que necessário, deve-se utilizar re- ção oficial, constam os ingredientes necessários para que
curso de confirmação de leitura. Caso não haja comunicação, quais sejam: alguém que comunique,
esteja disponível, deve constar da mensa- algo a ser comunicado e alguém que receba essa comu-
gem pedido de confirmação de recebimento; nicação. Assinale a alternativa que apresenta o que deve
• Apesar da imensa lista de fontes disponíveis ainda ser considerado para que o texto da comunicação
nos computadores, mantêm-se a recomen- oficial esteja adequado à situação comunicativa.
dação de tipo de fonte, tamanho e cor dos
documentos oficiais: Calibri ou Carlito, ta- A) A tempestividade da comunicação e o fecho do do-
manho 12, cor preta; cumento.
B) A contextualização do texto e a exatidão do docu-
• Fundo ou papéis de parede eletrônicos não
mento.
devem ser utilizados, pois não são apropria-
C) A intenção do emissor e a finalidade do documento.
dos para mensagens profissionais, além de
D) A coerência textual e a integridade do documento.
sobrecarregar o tamanho da mensagem ele-
E) A coesão da comunicação e a lisura do documento.
trônica;
• A mensagem do correio eletrônico deve ser
03. (INSTITUTO AOCP - 2023 - IF-MA - Assis-
revisada com o mesmo cuidado com que se
tente em Administração). A redação empresarial e a
revisam outros documentos oficiais;
correspondência ou redação oficial podem se confundir
• O texto profissional dispensa manifestações por que se inter-relacionam e unem objetivos e interes-
emocionais. Por isso, ícones e emoticons ses, apesar da utilização de variados tipos de correspon-
não devem ser utilizados; dências de comunicação escrita. Qual é o objetivo deste
• Os textos das mensagens eletrônicas não tipo de comunicação (redação empresarial)?
podem ser redigidos com abreviações como
“vc”, “pq”, usuais das conversas na internet, A) Estabelecer cronograma de atividades diárias.
ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”; B) Fazer pedidos de remanejamento de pessoal.
• Não se deve utilizar texto em caixa alta para C) Observar deficiências nos produtos e serviços.
D) Encaminhar estratégicas à organização.
destaques de palavras ou trechos da mensa-
E) Iniciar, manter ou encerrar transações.
gem pois denota agressividade de parte do
emissor da comunicação.
04. (INSTITUTO AOCP - 2023 - POLÍCIA CI-
• Evite-se o uso de imagens no corpo do e-
ENTÍFICA-PR - Agente Auxiliar de Perícia Oficial -
mail, inclusive das Armas da República Fe-
Auxiliar de Necropsia - Auxiliar de Perícia). Em rela-
derativa do Brasil e de logotipos do ente
ção aos princípios orientadores da redação oficial e às
público junto ao texto da assinatura.
características formais e estéticas do texto, assinale a al-
• Não devem ser remetidas mensagem com
ternativa INCORRETA.
tamanho total que possa exceder a capaci-
dade do servidor do destinatário. A) A coesão e a coerência textual são condições fun-
damentais para o principio da clareza.
*********************************************** B) A concisão é um dos princípios orientadores da re-
EXERCÍCIOS dação oficial.
Para as questões de 01 a 29, marque uma única al- C) Para ser eficiente, a comunicação oficial precisa
ternativa correta conforme pede seu comando. conter subjetividade e pessoalidade. transmitindo-se
01. (INSTITUTO AOCP - 2023 - IF-MA - Assis- a opinião do redator do documento.
tente em Administração). Ao redigir uma comunicação D) O texto oficial obedece a uma padronização estéti-
oficial no IFMA, você precisa considerar as propriedades ca, linguística e estrutural.
da redação oficial e, além disso, necessita conhecer a re- E) A polidez na escrita pressupõe um cuidado com o
lação entre as palavras que se unem para exprimir o pen- vocabulário utilizado e, sobretudo, com os efeitos
samento desejado. Qual é a parte da gramática, conside- de sentido que o texto pode produzir.
rada mais importante, que, ao disciplinar as relações en-
tre as palavras, concede clareza na exposição e ordena o 05. (INSTITUTO AOCP - 2023 - POLÍCIA CI-
pensamento? ENTÍFICA-PR - Agente Auxiliar de Perícia Oficial -
Auxiliar de Necropsia - Auxiliar de Perícia). Em rela-
A) Sintaxe. ção ao e-mail, assinale a alternativa correta.
B) Semântica. A) O e-mail não se configura como um documento,
C) Paronímia. sendo um instrumento que permite o envio de do-
cumentos anexos.
D) Ortografia. B) O e-mail pode ser utilizado como uma forma de
comunicação tanto interna quanto externa.
E) Formatação.
C) O vocativo é um elemento facultativo no e-mail.
D) Tratamentos informais como "Olá" e "Abraços" po-
dem ser empregados, desde que o remetente esteja
uma hierarquia inferior à do destinatário.

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E) Não é necessária a identificação do remetente, visto 09. (INSTITUTO AOCP - 2021 - Câmara de Te-
que o destinatário reconhece essa informação pelo resina - PI - Assistente Legislativo). Ao redigir uma
endereço eletrônico de quem enviou o e-mail. comunicação oficial, a pessoa responsável pela redação
deve incluir alguém que comunique, algo a ser comuni-
06. (INSTITUTO AOCP - 2023 - POLÍCIA CI- cado e alguém que receba essa comunicação. Além dis-
ENTÍFICA-PR - Agente Auxiliar de Perícia Oficial - so, para que o texto esteja adequado à situação comuni-
Auxiliar de Necropsia - Auxiliar de Perícia). Em rela- cativa, o que essa pessoa deve considerar?
ção à Ata, assinale a alternativa correta. A) O aspecto legal pertinente e a aplicação específica.
A) A Ata pode ser modificada, depois de ter sido redi- B) A tratativa recomendada e as saudações finais.
gida, para o acréscimo de informações importantes C) O procedimento legislativo e a tipologia da redação.
ou para a retirada de informações inadequadas. D) A intenção do emissor e a finalidade do documento.
B) A Ata é organizada em parágrafos, com introdução, E) A técnica legislativa e a sistemática integral da lei.
desenvolvimento e conclusão.
C) É obrigatório que todos os participantes da reunião 10. (INSTITUTO AOCP - 2021 - MPE-RS - Téc-
assinem a Ata. nico do Ministério Público). Sobre a utilização dos
D) A Ata não apresenta título. pronomes de tratamento na redação oficial, assinale a al-
E) A Ata deve conter, por extenso, dia, mês, ano e hora ternativa correta.
da reunião. A) Por se referirem à pessoa com quem se fala, estabe-
lecem concordância com a segunda pessoa gramati-
07. (INSTITUTO AOCP - 2022 - SEAD-GO - cal.
Analista de Gestão Governamental - Licitações e B) No corpo do texto, pode-se empregá-los em sua
Contratos). Sobre as bases da comunicação oficial, as- forma abreviada ou por extenso.
sinale a alternativa correta. C) Está correta a frase: Vossa Senhoria designará vos-
A) A redação oficial requer a observância de padrões so substituto.
relacionados a linguagem, estilo, conteúdo e forma- D) Quanto aos adjetivos referidos aos pronomes de tra-
tação. tamento, o gênero gramatical deve concordar com o
B) É desejável que se utilize o preciosismo linguístico substantivo que compõe a locução (Ex.: Vossa Ex-
na redação oficial, uma vez que se trata de uma co- celência está atarefada).
municação formal. E) O pronome “Sua Excelência” é utilizado para se fa-
C) A concisão refere-se a uma economia de vocábulos zer referência direta a alguma autoridade.
e de conteúdo, já que esse atributo da comunicação
oficial é o mais importante de todos. 11. (INSTITUTO AOCP - 2021 - MPE-RS - Téc-
D) As expressões “ilustres (ou nobres) parlamentares” nico do Ministério Público). Assinale a alternativa em
e “honrosa presença”, por contribuírem para a obje- que todas as propriedades são atributos da redação ofici-
tividade da mensagem, são recomendadas na reda- al.
ção oficial. A) Impessoalidade, concisão, padronização e coerên-
E) A necessidade de formalidade na redação oficial cia.
pressupõe o eruditismo e o uso de jargões burocrá- B) Clareza, eloquência, formalidade e uso da norma-
ticos. padrão da língua portuguesa.
C) Objetividade, precisão, expressividade e formalida-
08. (INSTITUTO AOCP - 2022 - SEAD-GO - de.
Analista de Gestão Governamental - Licitações e D) Padronização, coesão, estilo e objetividade.
Contratos). Sobre o gênero textual “Ofício”, assinale a E) Eloquência, originalidade, uso da norma-padrão da
alternativa correta. língua portuguesa e formalidade.
A) Por se tratar de um tipo de comunicação interna, são
opcionais as informações referentes à data e ao lo- 12. (INSTITUTO AOCP - 2021 - Prefeitura de
cal. João Pessoa - PB - Assistente Administrativo). Dentre
B) No endereçamento a personalidades com o trata- os elementos de ortografia e gramática aplicados às co-
mento “Vossa Senhoria”, a forma correta de regis- municações oficiais, está a semântica com os homôni-
tro é “Para o Senhor” ou “Para a Senhora”. mos e parônimos. Assinale a alternativa que apresenta a
C) O componente “Assunto” deve conter uma frase expressão que significa “a uma distância aproximada de”
que resume o conteúdo do ofício em forma nominal, ou “a um tempo aproximado de”.
isto é, sem verbos. A) Cerca de.
D) A expressão “Doutor(a)” não deve ser utilizada para B) Acerca de.
se referir a bacharéis em Direito ou em Medicina, C) A cerca de.
mas apenas para se dirigir a pessoas com Doutora- D) À cerca de.
do. E) Há cerca de.
E) Como forma de despedida, podem-se utilizar diver-
sos tipos de saudações, como “Atenciosamente,” e
“Sem mais para o momento,”.

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13. (INSTITUTO AOCP - 2021 - Prefeitura de B) Sujeito preposicionado.
João Pessoa - PB - Assistente Administrativo). Qual é C) Erros de comparação.
a regra geral na organização da redação de atos normati- D) Frases fragmentadas.
vos? E) Ambiguidade.
A) Em divisões diminutas.
B) De baixa complexidade. 18. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
C) Em capítulos e seções. Betim - MG - Oficial de Administração). Em relação
D) Em torno de meros artigos. aos tipos de correspondência oficial, assinale a alternati-
E) Em vários capítulos de um artigo. va que apresenta a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramita-
14. (INSTITUTO AOCP - 2021 - Prefeitura de ção, a administração e a gerência das exposições de mo-
João Pessoa - PB - Assistente Administrativo). Dentre tivos com as propostas de atos a serem encaminhadas pe-
os documentos mais usuais da redação empresarial, assi- los Ministérios à Presidência da República.
nale a alternativa que apresenta o documento que deve A) Sistema de Ministérios Conectados de Documentos
ser escrito de modo que o destinatário o tome como ex- Oficiais.
clusivo e serve para comunicar, dentre outros assuntos, B) Sistema de Geração e Tramitação de Documentos
as promoções sazonais da empresa. Oficiais.
A) Aviso. C) Sistema de Redação e Alterações de Documentos
B) Release. Oficiais.
C) Mala direta. D) Sistema de Governo de Troca de Documentos Ofi-
D) Comunicado. ciais.
E) Carta-circular. E) Sistema de Encaminhamento de Documentos Ofici-
ais.
15. (INSTITUTO AOCP - 2021 - Prefeitura de
João Pessoa - PB - Assistente Administrativo). Um as- 19. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
sistente administrativo foi incumbido de elaborar um re- Betim - MG - Oficial de Administração). Assinale a al-
latório segundo uma ordem lógica, de modo que o relató- ternativa que apresenta as possíveis variações especifi-
rio será dividido em partes distintas, nas quais estarão cadas para a correspondência oficial.
todos os dados necessários à análise de quem o ler. Qual A) Nome do expediente + anexo, Nome do expediente
alternativa apresenta as partes que constituem a estrutura + destaque e Nome do expediente + anexo desta-
básica de um relatório? que.
A) Apresentação e demonstração dos fatos, Apreciação B) Nome do expediente + específico, Nome do expedi-
e/ou explicação e Justificativa. ente + geral e Nome do expediente + específico ge-
B) Capa, Folha de rosto, Sumário, Introdução, Desen- ral.
volvimento, Conclusão e Anexos. C) Nome do expediente + completo, Nome do expedi-
C) Capa, Contracapa, Índice, Análise de problemas e ente + parcial e Nome do expediente + completo
Informações gerais. parcial.
D) Definição dos objetivos, Plano de texto e roteiro de D) Nome do expediente + particular, Nome do expedi-
trabalho, Pesquisa e Revisão. ente + sigiloso e Nome do expediente + particular
E) Título, Local e Data, Índice, Texto, Análise e De- sigiloso.
senvolvimento e Conclusão. E) Nome do expediente + circular, Nome do expediente
+ conjunto e Nome do expediente + conjunto circu-
16. (INSTITUTO AOCP - 2021 - Prefeitura de lar.
João Pessoa - PB - Assistente Administrativo). Quais
são as possíveis variações dos documentos oficiais rela- 20. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
cionadas ao quantitativo de remetentes e receptores? Betim - MG - Oficial de Administração). O ofício é
um dos principais tipos de correspondências oficiais. As-
A) Circular, conjunto e conjunto circular.
sinale a alternativa que apresenta as especificações da
B) Signatário, vocativo e cargos compostos.
parte referente ao assunto do ofício.
C) Exposição de motivo, mensagem e e-mail.
D) Convocação, comunicação e convite. A) Nome do documento, indicação de numeração, in-
E) Ofício, aviso e memorando. formações do documento e alinhamento.
B) Composição, informação de local, dia do mês, no-
17. (INSTITUTO AOCP - 2021 - Prefeitura de me do mês, pontuação e alinhamento.
João Pessoa - PB - Assistente Administrativo). Ao re- C) Vocativo, nome, cargo do destinatário do expedien-
digir um aviso ao serviço de vigilância da Prefeitura de te, endereço e alinhamento.
João Pessoa para que apagasse a luz e fechasse as portas D) Título, descrição, destaque, pontuação e alinhamen-
após um evento, você redigiu o seguinte aviso: “Antes to.
desses requisitos serem cumpridos, verifique todas as E) Introdução, desenvolvimento e conclusão.
instalações do local do evento.” Qual é o defeito grama-
tical na construção dessa frase?
A) Erros de paralelismo.
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21. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de C) No termo de abertura do Livro Ata, é importante in-
Betim - MG - Oficial de Administração). Assinale a al- formar a quantidade de folhas que compuseram o
ternativa que apresenta os casos em que é necessário o livro, bem como inserir a frase “se destinaram ao
emprego de aspas na redação oficial. registro das Atas das Reuniões” e completar com o
A) Antes e depois de uma translineação que apresente nome do estabelecimento de ensino, além de inserir
uma composição vocabular de até três linhas, com o município e as datas.
utilização de itálico e para uniformizar títulos, ter- D) A Ata é dividida em introdução e contextualização.
mos técnicos, expressões fixas, definições, exempli- E) A Ata não possui valor jurídico. Dessa forma, pode-
ficações e assemelhados. se fazer uso de abreviações de forma frequente.
B) Para unificar os elementos de palavras compostas
visando à separação das sílabas da palavra em duas 25. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
partes, mantendo o sentido e para assegurar o en- Betim - MG - Técnico de Secretaria). A ata é descrita
tendimento de um texto de mais de três linhas, com como um documento em que se registram, resumidamen-
a utilização de itálico em todo enunciado. te, mas com clareza, as ocorrências de uma reunião de
C) Antes e depois de uma citação textual direta, quan- pessoas para determinado fim. Assinale a alternativa cor-
do esta tem até três linhas, sem utilizar itálico, e, reta quanto a procedimentos básicos para a sua constru-
quando necessário, para diferenciar títulos, termos ção.
técnicos, expressões fixas, definições, exemplifica- A) A ata precisa ser assinada somente por quem a redi-
ções e assemelhados. giu.
D) Para diferenciação de citação textual indireta que B) Uma ata deverá ser lavrada unicamente em livro es-
tenha a presença de ênclise ou mesóclise em termos pecífico.
repetitivos e quando for necessário o seu emprego C) No caso de erros constatados no momento de redi-
na evidenciação de termos técnicos de alta relevân- gi-la, emprega-se a partícula corretiva “digo”.
cia legislativa. D) A ata deve ser lavrada de tal modo que possibilite a
E) Antes e depois de uma citação textual indireta, introdução de modificações em caso de erros obser-
quando esta tem mais de três linhas, em itálico e vados após a sua conclusão.
quando permitir a ausência de composição vocabu- E) As emendas à ata, ou contestações oportunas, pode-
lar para atender ao atributo da concisão na redação rão ser inseridas após a assinatura.
transmitindo o máximo de informações com o mí-
nimo de palavras necessário. 26. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
Betim - MG - Auxiliar Administrativo). Quanto ao es-
22. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de tilo formal de relatório, assinale a alternativa correta.
Betim - MG - Oficial de Administração). Assinale a al- A) No relatório formal, há a ausência de pronomes pes-
ternativa que apresenta a estrutura de redação do ato soais.
normativo.
B) No estilo formal, há o desejo não apenas de trans-
A) Parte preliminar, normativa e final.
mitir a informação, mas também de reformar o pen-
B) Ordem legislativa e matéria legislada.
samento do leitor, impressionar.
C) Epígrafe, ementa, preâmbulo e autoria.
D) Medidas necessárias e cláusula de vigência. C) O estilo formal é mais impressionante do que co-
E) Disposições transitórias e cláusula de revogação. municativo.
D) No estilo formal de relatórios, há a utilização de
23. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
abreviaturas.
Betim - MG - Oficial de Administração). Consideran-
do os aspectos gerais da redação oficial, assinale a alter- E) O relatório formal é escrito em primeira pessoa.
nativa que apresenta um dos mecanismos que estabele-
cem coesão e coerência por meio da omissão de um ter-
mo recuperável pelo contexto. 27. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
Betim - MG - Auxiliar Administrativo). A Ata é um
A) Substituição. registro em que se relata o que se passou em uma reuni-
B) Referência. ão, assembleia ou convenção. Sobre a Ata, assinale a al-
C) Conjunção. ternativa INCORRETA.
D) Sinonímia.
E) Elipse. A) A Ata poderá ser lavrada em livro próprio ou folhas
soltas.
24. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de B) Não faça uso de alíneas.
Betim - MG - Técnico de Secretaria). A Ata é um dos
documentos mais utilizados na rotina profissional. Sobre C) Se houver erro, sublinhe a palavra errada e a colo-
esse item, assinale a alternativa correta. que entre vírgulas.
A) O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é D) O texto deverá ser compacto, sem parágrafos.
o pretérito perfeito do indicativo.
E) Os números são grafados por extenso.
B) O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é
o pretérito imperfeito do indicativo.

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28. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
Novo Hamburgo - RS - Assistente Administrativo).
Assinale a alternativa que apresenta a aplicação de ele-
mentos da gramática à redação oficial que disciplina as
relações entre as palavras, contribuindo de modo funda-
mental para a clareza da exposição e para a ordenação do
pensamento.
A) Sintaxe.
B) Paronímia.
C) Sinonímia.
D) Semântica.
E) Homonímia.

29. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de


Novo Hamburgo - RS - Assistente Administrativo).
Dentre os aspectos gerais da redação oficial, estão os
seus atributos ou características. Assinale a alternativa
que apresenta, primeiramente, o atributo que diz respeito
à civilidade no enfoque dado ao assunto e, depois, aquele
pelo qual se atenta para todas as características da reda-
ção oficial e que se cuida da apresentação dos textos.
A) Clareza e precisão.
B) Coesão e coerência.
C) Objetividade e concisão.
D) Normalização e linguística.
E) Formalidade e padronização.

GABARITO OFICIAL
Conferido

01-A 06-E 11-A 16-A 21-C 26-A


02-C 07-A 12-C 17-B 22-B 27-C
03-E 08-C 13-D 18-B 23-E 28-A
04-C 09-D 14-E 19-E 24-A 29-E
05-B 10-B 15-B 20-D 25-C

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RASCUNHO RASCUNHO

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Raciocínio Lógico-Matemático

RACIOCÍNIO
LÓGICO
MATEMÁTICO
SUMÁRIO:
Lógica: proposições, conectivos, equivalências lógicas, quantificadores e predicados .... 03
Conjuntos e suas operações, diagramas. Números inteiros, racionais e reais e suas opera-
ções .................................................................................................................................... 19
Porcentagem e juros ...................................................................................................... 33/35
Proporcionalidade direta e inversa .................................................................................... 37
Medidas de comprimento, área, volume, massa e tempo .................................................. 73
Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios;
dedução de novas informações das relações fornecidas e avaliação das condições usadas pa-
ra estabelecer a estrutura daquelas relações. Compreensão e análise da lógica de uma situa-
ção, utilizando as funções intelectuais: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio
sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos, discriminação de ele-
mentos ............................................................................................................................... 03
Compreensão de dados apresentados em gráficos e tabelas .............................................. 40
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais .......... 19/51
Problemas de contagem e noções de probabilidade ...................................................... 11/15
Geometria básica: ângulos, triângulos, polígonos, distâncias, proporcionalidade, perímetro
e área ................................................................................................................................. 59
Noções de estatística: média, moda, mediana e desvio padrão ..................................... 40/46
Plano cartesiano: sistema de coordenadas, distância ......................................................... 78
Problemas de lógica e raciocínio ....................................................................................... 03

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Raciocínio Lógico-Matemático

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Raciocínio Lógico-Matemático
1. RACIOCÍNIO LÓGICO É importante lembrar que proposições lógicas não
podem ser frases interrogativas, e não devem levar em
1.1. INTRODUÇÃO
conta opiniões. E assim sendo, não podem ser nenhuma
O programa da prova de Raciocínio Lógico objetiva frase que não possa ser julgada em V ou F.
medir a habilidade do candidato em entender a estrutura
Exemplo:
lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, obje-
tos e eventos, fictícios ou não; deduzir novas informa- O dia está bonito.
ções a partir das relações fornecidas e avaliar as condi- Que horas são?
ções usadas para estabelecer a estrutura daquelas rela- 3+6
ções. Compreender e analisar a lógica de uma situação, 7+2=X
utilizando as funções intelectuais: raciocínio verbal, ra-
Essas 4 frases não podem ser julgadas em Verdadeiro
ciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação
ou Falso.
espacial e temporal, formação de conceitos, discrimina-
ção de elementos. O principal objetivo será a investigação da validade
de ARGUMENTOS: conjunto de enunciados dos quais
Os estímulos visuais utilizados na prova, constituídos
um é a conclusão; e os demais, premissas. Os argumen-
de elementos conhecidos e significativos, visam analisar
tos estão tradicionalmente divididos em DEDUTIVOS e
as habilidades dos candidatos para compreender e elabo-
INDUTIVOS.
rar a lógica de uma situação, utilizando as funções inte-
lectuais: raciocínio verbal, raciocínio matemático, racio- ➢Argumento Dedutivo – é válido quando suas pre-
cínio quantitativo, raciocínio sequencial, orientação es- missas, se verdadeiras, a conclusão é também verdadeira.
pacial e temporal, formação de conceitos e discriminação
Premissa: “Todo homem é mortal.”
de elementos.
Premissa: “João é homem.”
Vale lembrar, que as questões envolvendo dados Conclusão: “João é mortal.”
quantitativos exigem do candidato conhecimento mate-
➢Argumento Indutivo – a verdade das premissas
mático, principalmente no contexto da teoria dos conjun-
tos, probabilidades e da análise combinatória, onde são não basta para assegurar a verdade da conclusão.
explorados os principais métodos de enumeração (per- Premissa: “É comum após a chuva ficar nublado.”
mutação, arranjo e combinação, etc.) inseridos no cha- Premissa: Está chovendo.”
mado “princípio fundamental de contagem”. Conclusão: “Ficará nublado.”
Em síntese, as questões da prova destinam-se a medir As premissas e a conclusão de um argumento, formu-
a capacidade de compreender o processo lógico que, a ladas em uma linguagem estruturada, permitem que o ar-
partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma vá- gumento possa ter uma análise lógica apropriada para a
lida, a conclusões determinadas. verificação de sua validade.
Nenhum conhecimento mais profundo de lógica for- Como primeira e indispensável parte da Lógica Ma-
mal ou matemática será necessário para resolver as ques- temática temos o CÁLCULO PROPOSICIONAL ou
tões de raciocínio lógico. CÁLCULO SENTENCIAL ou ainda CÁLCULO DAS
SENTENÇAS.

1.2. COMPREENSÃO DE ESTRUTURAS LÓ-


GICAS 1.3. CÁLCULO SENTENCIAL E DE PRIMEIRA
O aprendizado da Lógica auxilia os estudantes no ra- ORDEM
ciocínio, na compreensão de conceitos básicos, na verifi- a) Introdução
cação formal de programas e melhor os prepara para o
entendimento do conteúdo de tópicos mais avançados. É toda sentença declarativa afirmativa (expressão
de uma linguagem) da qual tenha sentido afirmar que se-
Uma estrutura lógica é feita por um conjunto de pro- ja verdadeira ou que seja falsa.
posição que pode ser analisada somente em “V” (verda-
deiro) ou somente em “F” (falso). Ao invés de “V” ou As proposições apresentam três características obri-
“F”, elas podem ser classificadas com os números “0” gatórias:
para falso e “1” para verdadeiro (esse fato não muito por ser oração, possui sujeito e predicado;
comum). é declarativa (não exclamativa nem interrogativa);
As proposições podem ser representadas por letras só possui um, e somente um, dos dois valores lógi-
minúsculas, p, q, r, s ... cos: ou é verdadeira “V” ou é falsa “F”.

Exemplo: Assim, são exemplo de proposições as seguintes sen-


tenças declarativas:
F (1) 5 + 3 = 7
F (2) O gato é um exemplo de ave. •Nenhum porco espinho sabe ler.
V (3) Losango é uma figura geométrica de 4 lados e •Paulo é brasileiro.
todos iguais. •O número 4 é par.

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Raciocínio Lógico-Matemático
•Todo ser vivo é mortal. Símbolo auxiliar “( )”: usamos o parênteses co-
•Se você estudar bastante, então aprenderá tudo. mo auxiliar para denotar o alcance dos conectivos lógi-
cos.
Do contrário, não são proposições as sentenças:
Ex.: Se Paulo é goiano e o Goiás pertence ao Brasil,
•Quantos anos você tem? então Paulo não é estrangeiro.
•Preste atenção ao discurso.
•Meu Deus!!! c) Conectivos
•3 x 7 – 2. Como vimos, os conectivos lógicos servem para
As proposições podem ser simples ou compostas. combinar duas proposições entre si, de modo a criar no-
vas proposições. São eles:
1) Proposição simples (também chamada de propo-
sição ou fórmula atômica) – quando não for possível o conectivo  (leia-se e) = conjunção;
subdividir uma sentença declarativa em partes menores, o conectivo  (leia-se ou) = disjunção;
ou seja, extrair outra proposição como componente dela. o conectivo → (leia-se se ..... então ....) = condi-
cional;
Ex.: A sentença << dois é par >> é uma proposição o conectivo  (leia-se .... se e somente se ...) =
simples, pois não é possível identificar como parte dela bicondicional;
qualquer outra proposição diferente. o conectivo ~ (leia-se não ....) = negação.
2) Proposição composta (também chamada de pro- Dadas as proposições simples p e q podemos, com o
posição ou fórmula molecular) – dizemos que uma pro- uso dos conectivos, formar novas proposições a partir de
posição é composta quando for possível subdividi-la em p e q. Assim, temos:
duas ou mais proposições diferentes, formando fórmulas
atômicas independentes. A negação de p ~p não p
Exemplo: Cachorros latem e morcegos voam.
A conjunção de p e q pq peq
A disjunção de p e q pq p ou q
Essa proposição é formada por duas proposições. A A condicional de p e q p→q se p então q
primeira é “Cachorros latem”; a segunda, “morcegos vo-
A bicondicional de p e q pq p se e somente se q
am”.
Em proposições compostas são usados conectivos Exemplo:
que influem o julgamento delas.
Dadas a proposição:
Símbolo Significado
p: Jorge Amado escreveu o livro “Mar Morto”.
 e
q: Rui Barbosa era baiano.
 ou
~ negação da sentença Temos as seguintes traduções para a linguagem cor-
– se... então rente:
– se e somente se ~p: Jorge Amado não escreveu o romance “Mar
 tal que Morto”.
 Existe
ou
 existe 1 e somente 1
 para todo Não é verdade que Jorge Amado escreveu
= igual o romance “Mar Morto”.
> maior que p  q: Jorge Amado escreveu o livro “Mar Morto”
< menor que e Rui Barbosa não era baiano.
 maior ou igual
ou
 menor ou igual
Jorge Amado escreveu o romance “Mar
b) Os Símbolos da Linguagem do Cálculo Propo- Morto” e é falso que Rui Barbosa era baia-
sicional no.
Variáveis Proposicionais: as proporções são indi- ~p  q: Jorge Amado não escreveu o romance “Mar
cadas por letras latinas minúsculas p, q, r, s, ...., chama- Morto” ou Rui Barbosa era baiano.
das variáveis proporcionais.
ou
Exemplos:
Não é verdade que Jorge Amado escreveu
Paulo é goiano: p o romance “Mar Morto” ou Rui Barbosa era
Paulo é brasileiro: q baiano.
Conectivos lógicos: partindo de duas proposições ~(pq) Não é verdade que: Jorge Amado escreveu
dadas podemos construir novas proposições mediante o o romance “Mar Morto” ou Rui Barbosa era
emprego de conectivos. baiano.

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Raciocínio Lógico-Matemático
d) Análise de  (e) e  (ou) Ex.: Paulo é goiano ou Paulo é brasileiro = p  q
(disjunção) que corresponde a (p  q).
Considerando duas proposições p e q, assim que se
deve julgar as sentenças. pq
p q pq pq
V V V V p q
V F F V
F V F V
F F F F

É importante lembrar que em proposições ligadas por A seguir temos a tabela-verdade da “disjunção” onde
“ou”, se as duas forem verdadeiras a proposição compos- podemos observar os resultados de “p  q” para cada
ta é verdadeira. um dos valores que p e q podem assumir.
Exemplo: Se João passar no vestibular da UnB ou da p q pq
USP ganhará um carro.
V V V
Para João ganhar o carro, ele precisa passar em pelo V F V
menos uma dessas universidades. Mas se passar nas du- F V V
as, certamente que ganhará o carro. F F F
O símbolo “~” é usado para negação de proposições.
g) Condicional ou Implicação
Por exemplo:
Uma condicional “Se p então q” é falsa somente
p: O gato é um mamífero. quando a condição p é verdadeira e a conclusão q é fal-
~p: O gato não é um mamífero. sa, sendo verdadeira em todos os outros casos. Isto signi-
e) Conjunção fica que numa proposição condicional, a única situação
que não pode ocorrer é uma condição verdadeira impli-
Uma conjunção é verdadeira somente quando as duas car uma conclusão falsa.
proposições que a compõem forem verdadeiras. Ou seja,
a conjunção “p  q” é verdadeira somente quando p é Ex.: Se Paulo é goiano então Paulo é brasileiro = p
verdadeira e q é verdadeira também. Por isso, dizemos → q (p é o antecedente e q o consequente).
que a conjunção exige a simultaneidade de condições. p  q
Ex.: Paulo é goiano e Paulo é brasileiro = p  q (con- q
junção) que corresponde a (p  q). p
p  q
p q

A seguir, a tabela-verdade da “condicional” ou “im-


plicação” onde podemos observar os resultados da pro-
posição “se p então q”, para cada um dos valores que p
e q podem assumir.

A seguir temos a tabela-verdade onde podemos ob- p q p→q


servar os resultados da conjunção “p  q” para cada um V V V
dos valores que p e q podem assumir. V F F
F V V
p q pq F F V
V V V
V F F Obs.: As seguintes expressões podem ser empregadas
F V F como equivalentes de “Se p então q”:
F F F
se p, q.
q, se p.
f) Disjunção todo p é q.
Uma disjunção é falsa somente quando as duas pro- p im plica q.
posições que a compõem forem falsas. Ou seja, a disjun- p som en te se q
p é su ficien te para q
ção ”p  q” é falsa somente quando p é falsa e q tam-
q é n ecessário para p
bém é falsa. Mas, se p for verdadeira, ou se q for verda-
deira, ou se ambas forem verdadeiras, então a disjunção
será verdadeira.

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Raciocínio Lógico-Matemático
h) Bi-condicional ou Bi-implicação j) As Tabelas Verdades
A proposição bi-condicional ou bi-implicação “p se e A lógica clássica é governada por três princípios (en-
somente se q” é verdadeira somente quando p e q têm tre outros) que podem ser formulados para a construção
o mesmo valor lógico (ambas são verdadeiras ou ambas das tabelas-verdades, como segue:
são falsas). Será falsa quando p e q têm valores lógicos Princípio da Identidade: todo objeto é idêntico a
contrários. si mesmo.
Ex.: Paulo é goiano se e somente se Paulo é brasilei- Princípio da Contradição: dadas duas proposi-
ro = p  q ções contraditórias (uma é negação da outra), uma delas
é falas.
p= q Princípio do Terceiro Excluído: Dadas duas pro-
posições contraditórias, uma delas é verdadeira.
k) Tautologia
Chamamos tautologia (símbolo v) a proposição for-
A seguir, a tabela-verdade da “bi-condicional” ou mada a partir de outras, mediante o emprego de conecti-
“bi-implicação” onde podemos observar os resultados vos ( ou ) ou de modificador (~) ou de condicionais
da proposição “p se e somente se q”, para cada um dos (→ ou ). Dizemos que “v” é uma tautologia ou propo-
valores que p e q podem assumir. sição logicamente verdadeira quando “v” tem o valor
p q pq lógico V (verdadeira) independente dos valores lógicos
das proposições originárias.
V V V
V F F Assim, a tabela-verdade de uma tautologia v apresen-
F V F ta V na coluna de v.
F F V
Ex.: A proposição “Se (p  q) então (p  q)” é uma
tautologia, pois é sempre verdadeira, independentemente
Podemos empregar também como equivalentes de “p
dos valores lógicos de p e de q, como se pode observar
se e somente se q” as seguintes expressões:
na tabela-verdade abaixo:
p se e só se q
todo p é q e todo q é p p q pq pq (p  q) → (p  q)
todo p é q e recipr ocam ente
se p então q e reciprocam ent e V V V V V
p som ente se q e q som ente se p V F F V V
p é necessário e suficien te para q
p é suficiente para q e q é suficien te para p F V F V V
q é necessário para p e p é necessário para q F F F F V
i) Negação
l) Proposições Logicamente Falsas
Uma negação transforma uma proposição verdadeira
em uma falsa, ou vice versa. Consideramos uma proposição logicamente falsa
(símbolo f) a proposição formada a partir de outras me-
Uma proposição p e sua negação “não p” terão sem- diante o emprego de conectivos ( ou ) ou de modifi-
pre valores lógicos opostos. cador (~) ou de condicionais (→ ou ). Dizemos que f é
uma proposição logicamente falsa quando f tem o valor
p lógico F (falsa) independente dos valores lógicos das
p
proposições originárias.
Assim, a tabela-verdade de uma proposição logica-
Ex.: Paulo não é goiano = ~p mente falsa f apresenta F na coluna de f.
A seguir, a tabela-verdade da “negação” onde pode- Exemplos
mos observar os resultados da proposição “~p”, para ca- 1) (p  ~q)  (~p  q)
da um dos valores que p podem assumir, com o seu cor-
responde oposto em q. p q ~p ~q p  ~q ~p  q (p  ~q)  (~p  q)
p ~p V V F F V F F
V F V F F V V F F
F V V F F V F
F V
F F V V V F F
Podemos empregar também como equivalentes de
“não p ou ~p” as seguintes expressões: 2) p  ~q é proposição logicamente falsa, pois
p ~q p  ~q
não é verdade que p
V F F
É falso que p
F V F

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Raciocínio Lógico-Matemático
Ex.: x + 1 = 7; x  2; x3 = 4x2
m) Relação de Implicância
As orações que contêm variáveis são chamadas fun-
Dadas duas proposições p e q, dizemos que “p impli- ções proporcionais ou sentenças abertas. Tais orações
ca q” quando na tabela de p e q não ocorre VF em ne- não são proposições, pois seu valor lógico é discutível,
nhuma linha, isto é, quando não temos simultaneamente dependem do valor dado às variáveis.
“p” verdadeira e “q” falsa.
Assim nos exemplos acima temos:
Quando de uma afirmação p podemos tirar uma con-
para x + 1 = 7 será verdadeira se atribuirmos o va-
clusão q, dizemos que p implica q. Indicamos p  q
lor 6 a x; será falsa para qualquer outro valor dado a x.
(lê-se: p implica q, ou se p, então q).
para x  2 será verdadeira, por exemplo, se for atri-
Obs.: A  B quando o condicional A → B é verda- buído a x o valor 8 (pode ser qualquer outro valor, desde
deiro. que maior que 2).
para x3 = 4x2 será verdadeira, por exemplo, se atri-
Todo teorema é uma implicação da forma “hipótese
buirmos a x o valor 4 (pode ser outro valor, desde que
 tese”. torne a sentença uma igualdade).
Assim, demonstrar um teorema significa mostrar que Para transformar uma sentença aberta em proposi-
não ocorre o caso da hipótese ser verdadeira e a tese ser ção utiliza-se de dois métodos:
falsa. atribuir um valor à variável
Ex.: utilizar quantificadores.

1) 2  4  2  4 . 5 - significa dizer que o condi- p) Quantificador universal


cional “se 2 é divisor de quatro, então 2 é divisor de 4 . O quantificador universal é indicado pelo símbolo
5” o que é verdadeiro. “”, que se lê: “qualquer que seja”, “para todo”, “pa-
2) Sendo x um número inteiro, que pode ser positi- ra cada”.
vo, nulo ou negativo, temos que:
Ex.: Dado o conjunto A = {6, 8, 9, 10, 12}, podemos
7 . x = 2  x2 = 4 dizer que:
n) Relação de Equivalência (x  A, x é natural), leia-se: qualquer que seja x
Dadas duas proposições p e q, dizemos que “p é pertencente a A, ele é um número natural, é uma senten-
equivalente a q” quando p e q têm tabelas-verdade ça verdadeira.
iguais, isto é, quando p e q têm sempre o mesmo valor
Já a afirmativa (x  A, x é par) é falsa, porque 9
lógico.
 A e 9 não é par.
Quando de uma afirmação q podemos tirar como
q) Quantificador Existencial
conclusão p, dizemos que p e q são equivalentes. Nesse
caso indicamos p  q (lê-se: p é equivalente a q, ou p 1) existe ou existe ao menos um (  ) – Considere o
se, e somente se q) conjunto A  . Sendo A  , então existe ao menos
Obs.: p  q quando o condicional p  q for verda- um x, tal que x  A. Representando a expressão existe
deiro. ao menos um x por x, podemos escrever:

Todo teorema, cujo recíproco também é verdadeiro, é A    xx  A


uma equivalência onde hipótese  tese. Ex.:
Exemplos: É verdadeira a afirmativa (x) (x + 1 = 7) – leia-
1) (p → q)  (~p → ~q) se: “existe um número x tal que x + 1 = 7”.
É falsa a afirmativa (a) (a2 + 1  0), que se lê:
p q p→q ~q ~p ~q → ~p “existe um número a tal que a2 + 1 é número não positi-
V V V F F V vo.
V F F V F F
F V V F V V 2) existe um único ( ) – Considerando o conjunto
F F V V V V dos números inteiros, existe um único valor para x que
verifica a sentença 2  x  4. Representando a expressão
2) 2  8  mdc (2, 8) = 2 – significa dizer que é ver- podemos escrever:
dadeiro o bi-condicional “2 é divisor de 8 se, e somente x  Z2  x  4
se, o máximo divisor comum de 2 e 8 é 2”. Ex.:
o) Sentenças Abertas, Quantificadores É verdadeira a afirmativa (x) (x + 1 = 7), leia-se:
Há expressões que contêm variáveis e cujo valor ló- “existe um único número x tal que x + 1 = 7”.
gico (verdadeira ou falsa) vai depender do valor atribuí- É falsa a afirmativa (x) (x + 3  5), leia-se, “exis-
do à variável. te um único x tal que x + 3  5”

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Raciocínio Lógico-Matemático
r) Como Negar Proposições Ex.: Se A = , então  x x  A
Vimos no início do estudo que a negação de proposi- s) Contradição
ção simples é dada pela sentença ~P que terá sempre o
valor oposto de P, isto é, ~P será verdadeira quando P Uma proposição composta formada pelas proposi-
for falsa e ~P será falsa quando P for verdadeira. ções p, q, r, ... é uma contradição se ela for sempre fal-
sa, independentemente dos valores lógicos das proposi-
Veremos agora a negação das proposições compostas ções p, q, r, ... que a compõem.
e condicionais.
Exemplo: A proposição “p se e somente se não p” é
1) Negação de uma conjunção: Tendo em vista que uma contradição, pois é sempre falsa, independentemen-
~(p  q)  ~p  ~q, podemos estabelecer que a nega- te dos valores lógicos de p e de não p, como se pode ob-
ção de p  q é a proposição ~p  ~q. servar na tabela-verdade abaixo:
Ex.: p: a  0 p ~p p  ~p
q: b  0 V F F
p  q: a  0 e b  0 F V F
~(p  q): a = 0 e b = 0
2) Negação de uma disjunção: Tendo em vista que O exemplo acima mostra que uma proposição qual-
~(p  q)  (~p  ~q), podemos estabelecer que a ne- quer e sua negação nunca poderão ser simultaneamente
verdadeiros ou simultaneamente falsos.
gação de p  q é a proposição ~p  ~q.
Como uma tautologia é sempre verdadeira e uma
Ex.: p: a = 0
contradição, sempre falsa, tem-se que:
q: b = 0
p  q: a = 0 e b = 0 a negação de uma tautologia é sempre uma con-
~(p  q): a  0 e b  0 tradição
3) Negação de uma condicional simples: Já que ~(p enquanto
→ q)  p  ~q, podemos estabelecer que a negação de a negação de uma contradição é sempre uma
p → q é a proposição p  ~q. tautologia.

Ex.: p: 2  Z
q: 2  Q 2. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
p → q: 2  Z → 2  Q
a) Introdução
~(p → q): 2  Z e 2  Q
p: 52 = (-5)2 As lógicas de argumentação são maneiras de inter-
q: 5 = -5 pretar um texto ou um problema. A partir de proposições
p → q: 52 = (-5)2 → 5 = -5 anteriormente definidas, pode-se fazer inferência sobre
~(p → q): 52 = (-5)2 e 5  -5 o assunto, analisar e tirar conclusões.
4) Negação de proposições quantificadas As inferências podem ser por dedução ou por indu-
ção. Dedução é quando se infere alguma coisa que, por
a) Uma sentença quantificadora do tipo universal, é análise de premissas, leva a uma conclusão absoluta.
negada substituindo-se o quantificador pelo existencial.
Assim, a negação lógica de uma sentença do tipo (x, x Exemplo: Todo ser humano é um animal, eu sou um
tem a propriedade P) é a sentença (x  x não tem a pro- ser humano, logo eu sou um animal.
priedade P). Fica claro, no sentido do exemplo dado, que eu sou
Ex.: sentença: (x) (x + 3 = 5) um animal, porque as conclusões são bem objetivas e de-
finidas.
negação: (x) (x + 3  5)
No caso de argumentos indutivos, a conclusão não
b) Uma sentença quantificadora do tipo existencial, é
será absoluta, sendo uma inferência que indica a conclu-
negada substituindo-se o quantificador pelo universal.
são como verdade, mas não se pode afirmar com plena
Assim, a negação lógica de uma sentença do tipo (x  x
certeza.
tem a propriedade P) é a sentença (x, x não tem a pro-
priedade P). Exemplo: Os lagartos do cerrado possuem compor-
tamentos diurnos, principalmente, isso acontece porque
1 1
Ex.: sentença: (a) a +  eles precisam do sol para se aquecer.
2 3
Nesse exemplo a inferência foi indutiva, porque não
1 1 se pode ter certeza absoluta se o motivo dos lagartos se-
negação: (a) a +  rem diurnos é realmente para se aquecer.
2 3
No cotidiano, a inferência indutiva é mais comum, e,
Comumente o quantificador existencial é negado
dentro da inferência indutiva está um tipo que é chamado
usando-se o símbolo  . de analogia. Quando se gosta de vários livros de um au-

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Raciocínio Lógico-Matemático
tor, ao receber um livro para ler desse autor, infere-se c) Argumento Inválido
que deve ser bom. Isso é uma analogia, porque não é cer-
Dizemos que um argumento é inválido, também de-
to se o livro é bom ou não, mas a uma suposição que se-
nominado ilegítimo, mal construído ou falacioso,
ja.
quando a verdade das premissas não é suficiente para
Portanto, analogia são relações lógicas que se fazem garantir a verdade da conclusão.
relacionando uma estrutura à outra. Não é muito compli-
Ex.: O silogismo:
cado, sendo às vezes uma relação intuitiva. Comparação
é a base da analogia. “Todo político é corrupto.
Pedro não é corrupto.
Exemplo: Pai : Filho :: Mãe : Filha
Portanto, Pedro não é político.”
Esse exemplo acima deve ser lido como Pai está para
é um argumento inválido, falacioso, ilegítimo,
filho assim como mãe está para filha.
pois as premissas não garantem (não obrigam) a verdade
Deve-se tomar cuidado com o uso errado de lógica da conclusão. Pedro pode ser corrupto sem ser, necessa-
que nos leva à conclusão de coisas falsas, ou inválidas. riamente, político, pois a primeira premissa não afirma
Essas conclusões erradas por lógicas são chamadas de que somente os políticos são corruptos.
sofismas ou falácias.
Na tabela abaixo, podemos ver um resumo das situa-
Exemplo: ções possíveis para um argumento:
Nada é melhor do que Deus Quando um Então a
e as premissas ...
Tomate é melhor do que nada argumento é... conclusão será:
Então, tomate é melhor do que Deus. são todas Necessariamente
Válido
verdadeiras Verdadeira
b) Argumento Válido (bem construí-
não são todas ou Verdadeira ou
do)
Vamos verificar como podemos proceder na investi- verdadeiras Falsa
gação de certos argumentos de modo formal. são todas ou Verdadeira ou
Inválido
Já definimos argumento como uma sequência do ti- verdadeiras Falsa
(mal construí-
po: não são todas ou Verdadeira ou
do)
verdadeiras Falsa
p1, p2, p3, ..., pn, q (n  0) de fórmulas onde os pi (0
 i  n) chamam-se premissas e a última fórmula q, 3. DIAGRAMAS LÓGICOS
conclusão.
a) Considerações Gerais
Então, um argumento p1, p2, p3, ..., pn, q é válido se
e somente se, sendo as premissas verdadeiras a conclu- Diagramas lógicos já foi visto anteriormente no tópi-
são q também é verdadeira, ou ainda, se e somente se, a co compreensão de estruturas, eles são a base de um sis-
fórmula p1  p2  p3  ...  pn → q é uma tautologia tema computacional.
que será indicada como segue: Diagramas lógicos é a representação matemática de
p1, p2, p3, ... , pn ⎯ q frases.

que se lê: Exemplo: Todo homem é um animal


“p1, p2, p3, ... , pn acarretam q” ou, “q decorre de p1, Representando homem com a letra H e animal com a
p2, p3, ... , pn” ou, letra A, matematicamente podemos representar essa frase
“q se deduz de p1, p2, p3, ... , pn” ou ainda, “q se in- como
fere de p1, p2, p3, ... , pn.” H  A
É importante observar que ao discutir a validade de Essa representação significa que o grupo dos homens
um argumento é irrelevante o valor de verdade de cada está contido dentro do grupo dos animais.
uma de suas premissas. Em Lógica, o estudo dos argu-
mentos não leva em conta a verdade ou a falsidade das Quando se trata de um indivíduo, como por exemplo,
proposições que compõem os argumentos, mas tão- Lula (L), ao invés de usar o símbolo  usamos o . Isso
somente a validade destes. ocorre porque Lula é um elemento do grupo dos homens.
Ex.: O silogismo: L  H
“Todo brasileiro gosta de futebol. A representação matemática pode ser feita em con-
Nenhum futebolista gosta de beisebol. juntos, e às vezes facilita na hora de evitar confusão e
Portanto, nenhum brasileiro gosta de beise- consequentemente falácias.
bol.”
Exemplo:
é perfeitamente bem construído, sendo, portan-
Todo Coreano é jogador de Xadrez.
to, válido, legítimo, muito embora a verdade das premis-
Nenhum jogador de xadrez gosta de rock.
sas seja questionável.
Conclui-se que nenhum Coreano gosta de rock.
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Raciocínio Lógico-Matemático
Logo: C  X X ≠ R 3.1. A LÓGICA NA TEORIA DOS CONJUNTOS
então, C ≠ R Vejamos a utilização da Lógica na Matemática utili-
zando exemplos na Teoria dos Conjuntos. Vamos supor
X R
ser conhecidos os conceitos primitivos de conjuntos,
C elementos, a relação de pertinência entre elementos e
conjuntos, o conjunto universo, conjunto vazio, etc., e as
operações entre eles.
Desse conhecimento, sabemos que usamos o símbolo
Esses diagramas mostram que o grupo dos coreanos a  A para indicar que o elemento “a” pertence ao con-
(C) está dentro do grupo dos jogadores de xadrez (X) e junto “A”; usamos o símbolo a  A para indicar que o
as pessoas que gostam de rock e de xadrez são distintas. elemento “a” não pertence ao conjunto “A”.
Comparando os símbolos da lógica com os símbolos Do mesmo modo, dizemos que um conjunto A está
de conjunto, o  (ou) equivale ao U (união) e o símbolo contido em um conjunto B ou que é subconjunto de B e
 (e) equivale à  (interseção). indicamos A  B se e somente se todo elemento que per-
tencer a A pertencer também a B. Em linguagem simbó-
Para representar um conjunto A ou B e A e B tendo
lica temos:
elementos em comum.
A  B  (x  A  x  B)
Assim, se queremos mostrar que um conjunto A está
contido em um conjunto B, devemos mostrar a implica-
ção “x  A  x  B”; isto é, assumindo que “x  A”
é verdade, mostrar que “x  B” é verdade.
A ou B (A  B) A e B (A  B)
Dados os conjuntos A e B temos que A = B se e so-
b) Argumentos e Diagrama de Venn
mente se A  B e B  A.
A teoria dos conjuntos é bastante útil na verificação
A conjunção e a disjunção são operações lógicas
da validade de determinados argumentos, quando as
usadas nas definições de união e interseção entre dois
premissas envolvem proposições quantificadas.
conjuntos A e B.
Consideremos o seguinte exemplo:
Sejam A e B dois conjuntos dados, subconjuntos de
P1 : Bebês são ilógicos. um determinado universo “U”. Definimos:
P2 : Ninguém é desprezado se pode domar crocodi- 1) A união de A e B como sendo o conjunto A  B
los. = {x  U; x  A  x  B}.
P3 : Pessoas ilógicas são desprezadas. 2) A interseção de A e B como sendo o conjunto A
Q: Bebês não podem domar crocodilos.  B = {x  U; x  A  x  B}.

Consideremos: Dados os conjuntos A e B chama-se diferença entre


os conjuntos A e B e indica-se “A – B” o conjunto de to-
B = Conjunto dos bebês dos os elementos que pertencem a A e não pertencem a
I = Conjunto das pessoas ilógicas B.
D = Conjunto das pessoas desprezadas
C = Conjunto dos domadores de crocodilos A – B = {x  U; x  A  x  B}.
Das premissas dadas podemos concluir que: Quando A  B, a diferença “B – A” é chamada
“complementar de A em relação a B” e indica-se CB A =
1) B  I ( P1 ) 2) D  C = ( P2 ) 3) I  D
B – A. No caso de “B” ser o conjunto universo, indica-
( P3 )
mos simplesmente C A , A ou ainda A’.
Vejamos o diagrama correspondente:
Pelas definições vistas, vemos que as operações lógi-
D I cas estão intimamente relacionadas com as operações en-
tre os conjuntos. Podemos então estabelecer as relações:
C
Conjunção x interseção , 
B Disjunção x união , 
Condicional x relação de inclusão →, 
Bicondicional x igualdade , =
Negação x complementar , C
O diagrama nos mostra que a conclusão é válida. Contradição x conjunto vazio F, 
Tautologia x conjunto universo V, U

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Raciocínio Lógico-Matemático
Propriedades 2) Com a palavra AMOR, trocando-se de lugar suas
letras, quantos e quais são os anagramas possíveis de se
Dados os conjuntos A, B e C subconjuntos quaisquer
formar?
de U, temos,
AMOR
  A
AMOR, AMRO, AORM, AOMR, ARMO,
A  A  B A  B  A AROM, MARO, MAOR, MOAR, MORA,
A  A = A A  A = A MRAO, MROA, OARM, OAMR, OMAR,
A  B = B  A A  B = B  A OMRA, ORAM, ORMA, RAOM, RAMO,
A   = A A   =  RMAO, RMOA, ROAM, ROMA.
A  U = U A  U = A
(A  B)  C = A  (B  C) (A  B)  C = A  (B
Há, portanto, a possibilidades de se formar 24
 C)
anagramas.
A  (B  C) = (A  B)  (A  C) A  (B  C) Basicamente podemos formar dois tipos de agrupa-
= (A  B)  (A  C) mentos numa contagem:
A = A * um, em que se leva em conta a ordem dos ele-
mentos dentro do grupamento;
A  B = A  B A  B = A  B
Ex.: Se desejamos contar quantas placas de auto-
A  A = U A  A =  móveis, constituídas por 3 letras seguidas de 4 algaris-
mos, devemos levar em conta a ordem das letras e dos
 = U U =  algarismos:
Todas essas propriedades são demonstradas facil-
mente, utilizando a lógica e as relações que já estabele-
ASM 1997 MAS 1979
e
cemos.
são placas diferentes.
* outro, onde a ordem dos elementos é irrelevante.
2. ANÁLISE COMBINATÓRIA
Ex.: Se desejamos contar quantas quinas são pos-
A Análise combinatória é a parte da matemática que
síveis de serem sorteadas num jogo da Loto, observamos
estuda as técnicas de contagem de agrupamentos para se
que a ordem dos números que compõem a quina não im-
obter o número de possibilidades de ocorrência de um
porta pois:
determinado evento sem, necessariamente, descrever to-
das as possibilidades. 01, 13, 40, 49, 55
Exemplos:
e
1) Tenho quatro camisas e três calças, todas diferen-
tes. De quantas maneiras posso me vestir sem precisar 40, 55, 13, 01, 49
repetir roupa?
são quinas iguais
Chamaremos as camisas de C1, C2 C3 e C4; e as cal-
ças de k1, k2 e k3.
Faremos as distribuições: CONTAGEM DIRETA
É a contagem que se faz descrevendo todos os ele-
camisa calça
mentos da possibilidade de ocorrência de um evento.
k1 Exemplos:
c1 k2
k3 1) Se jogarmos uma mesma moeda duas vezes segui-
k1 das, que resultados poderemos obter?
c2 k2 Solução:
k3
Para cada lance, há duas possibilidades de ocor-
k1
rência: a cara ou a coroa.
c3 k2
k3 Chamando cara de C e coroa de K, temos as se-
k1 guintes possibilidades:
c4 k2
k3 1º lance C  C ou C  K

Portanto, posso combinar as duas peças de doze


maneiras diferentes. 2º lance K  K ou K  C

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Raciocínio Lógico-Matemático
Nesse caso, há quatro possibilidades de ocorrência de A B C
um evento.
1 a1
2) Uma professora pediu a seus alunos que pintassem
a 2 a2
os quatro quadrados abaixo usando apenas duas cores di-
ferentes. Quais e quantas são as possibilidades diferentes 1 b1
b
de se pintar os quadrados?
2 b2
c
1 c1
c2
2
Solução:
Ex.: Quantos números naturais de dois algarismos di-
De cada cor pode ocorrer as seguintes possibili- ferentes podemos formar usando os números 6, 7, 8 e 9?
dades:
Solução:
* uma, com todos os quadrados pintados da mesma cor;
* quatro, com três quadrados pintados com a mesma cor; Veja o diagrama de árvore abaixo, indicando
* seis, com dois quadrados pintados com a mesma cor; todas as possibilidades:
* quatro, com um quadrado pintado com a cor referida. 7 67 (1)
Vejamos todas as possibilidades:
6 8 68 (2)
9 69 (3)
6 76 (4)

7 8 78 (5)
9 79 (6)
6 86 (7)

8 7 87 (8)
9 89 (9)
6 96 (10)

9 7 97 (11)
8 98 (12)
portanto, há dezesseis possibilidades diferentes Aplicando o princípio fundamental da conta-
de pintar os quadrados. gem, temos 4 algarismos e 3 possibilidade de combina-
ções para cada um deles:
CONTAGEM INDIRETA
4 x 3 = 12 possibilidades
A contagem indireta mostra-nos um método para de-
terminar o número de possibilidades de ocorrência de um Princípio fundamental da contagem indireta
acontecimento sem precisarmos descrever todas elas.
Se uma ação é composta de duas ou mais etapas su-
Este método é mais prático pois não precisamos es- cessivas, sendo que a primeira pode ser feita de “m” mo-
crever os elementos um por um e depois contá-los como dos e, para cada um destes, a segunda pode ser feita de
na contagem direta (que, além de ser trabalhoso, pode “n” modos, e assim sucessivamente, então o número de
conduzir a erro por omissão ou por repetição de algum possibilidades de ocorrer uma sucessão de eventos é
agrupamento. igual ao produto dos números de possibilidades de ocor-
rer cada um dos eventos.
Diagrama da contagem indireta
Exemplos:
Imaginemos que para ir de um ponto “A” da cidade
para um ponto “B” exista três linhas de ônibus a, b e c, e 1) Quantas placas de automóveis podem ser formadas
do ponto B para outro ponto “C” existem duas linhas: 1 e por 3 vogais e 4 algarismos distintos?
2. Solução:
Podemos representas os possíveis caminhos para se Formar uma placa de tal porte é uma ação com-
ir de “A” para “C”, passando por “B”, no esquema abai- posta de 7 etapas conforme mostramos a seguir:
xo, que denominamos de diagrama de árvore das pos-
sibilidades.

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Raciocínio Lógico-Matemático
letras algarismos etc.
placa As frações podem ser simplificadas desenvolvendo-
se o fatorial maior até chegar ao menor.
possibilidades 5 x 5 x 5 x 10 x 9 x 8 x 7
Exemplos:
Modelo das placas:
10! 10! 1 1
AAA 2395; AAI 1247 EIA 2013 a) = = =
12! 12  11  10! 12  11 132
Observe que as letras devem ser vogais (A, E, I,
O ou U), podendo ser repetidas; assim, há 5 possibilida- b)
10!
=
10  9 !
= 10 c)
(n - 2)! =
des para cada letra. Os algarismos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 9! 9 ! n!
ou 9) devem ser distintos, por isso há 10 possibilidades
Como “n” é maior que “n - 2”, desenvolvemos n!
para a escolha do primeiro deles, 9 para o segundo, 8 pa-
até chegar em (n - 1)! e depois simplificamos:
ra o terceiro e 7 para o último.
Dessa forma, o número de placas que podemos (n - 2)! =
(n - 2)! =
1
formar nessas condições é: n! n  (n - 1)  (n - 2)! n  (n - 1)
5 x 5 x 5 x 1 0 x 9 x 8 x 7 = 630 000
d)
(n + 2)!
= Como “n + 2” é maior que “n”, co-
Logo, podemos formar 630.000 placas. n!
meçamos desenvolvendo (n + 2)!:
2) A loteria esportiva possui quatorze jogos. Cada jo-
go tem três possibilidades de resultado: coluna 1, coluna (n + 2)! =
(n + 2)  (n + 1)  n! = (n + 2)(n + 1)
do meio e coluna 2. Quantos cartões diferentes podemos n! n!
fazer, indicando apenas uma coluna por jogo?
ARRANJO
Solução:
É o tipo de agrupamento em que um grupo é dife-
Como cada jogo tem três possibilidades de resul- rente de outro pela ordem ou pela natureza dos elemen-
tado, o número de cartões possíveis é, pelo princípio tos que os compõe.
fundamental da contagem:
Na linguagem matemática, os arranjos são sucessões
3.3.3.3.3.3.3.3.3.3.3.3.3.3= cujos termos são escolhidos entre os elementos dados.
314 = 4 782 969 Ex.: Suponhamos que dois candidatos “A” e “B” dis-
Assim, podemos fazer 4.782.969 cartões. putam os 1º e 2º lugares no concurso que será definido
pelo que for mais idoso. Nesse caso, se o candidato “A”
fatorial for o mais idoso, a ordem de classificação seria “A e B”.
O fatorial é utilizado para simplificar a indicação Porém, se o candidato “B” for o maior idoso, a ordem de
dos cálculos pelo princípio fundamental da contagem e é classificação seria “B e A”.
indicado por um ponto de exclamação ( ! )acompanhado Temos aí uma situação em que os agrupamentos (A,
por um número natural “n”, sendo n > 1. B) e (B, A) são considerados agrupamentos diferentes.
Assim sendo, dado um número natural, n! (leia-se: Por isso é importante que ao citarmos um agrupamento,
n fatorial) é o produto de todos os números naturais con- importa a ordem em que citamos os elementos.
secutivos de 1 até n. Denominamos pois arranjo simples as sucessões
Portanto, formadas por “p” termos distintos de elementos tomados
“p” a “p” de um conjunto com “n” elementos, de modo
n! = n . (n - 1) . (n - 2) . ... . 3 . 2 . 1 que a mudança de ordem desses “p” elementos determi-
Nos casos particulares n = 1 e n = 0, definiu-se que: na arranjos diferentes.

1! = 1 e 0! = 1 notação: A n, p ou A pn com p  n, onde:


Ex.: 3! = 3 . 2 . 1 = 6 n = nº de elementos do conjunto
4! = 4 . 3 . 2 . 1 = 24 p = nº de elementos de cada grupo (indica também a
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 ordem em que foi tomados os elementos de “n” - 2 a 2, 3
e assim por diante a 3, etc.)

Observe ainda que, ao se desenvolver um fatorial, co- NOTA: dois arranjos são diferentes se tiverem ele-
locando os fatores em ordem decrescente, podemos parar mentos diferentes (natureza), ou se tiverem os mesmos
onde quisermos, bastando indicar os últimos fatores elementos porém dispostos em ordens diferentes.
também na notação de fatorial. Ex.: Formar os arranjos dos algarismos 1, 3, 5 e 7
Ex.: 10! = 9 . 8 . 7 . 6! tomados 3 a 3.
11! = 10 . 9 . 8!
12! = 11 . 10!
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Raciocínio Lógico-Matemático
Solução: Os arranjos são as sucessões de três Quantidade de permutações simples
algarismos distintos escolhidos entre os algarismos da-
O número de permutações de “n” elementos distintos
dos:
é dado por:
(1, 3, 5) (1, 3, 7) (1, 5, 7) (3, 5, 7)
Pn = n!
(1, 5, 3) (1, 7, 3) (1, 7, 5) (3, 7, 5)
(3, 5, 1) (3, 1, 7) (5, 7, 1) (5, 3, 7) Ex.: Quantos anagramas podemos formar com a pa-
(3, 1, 5) (3, 7, 1) (5, 1, 7) (5, 7, 3) lavra BRASIL?
(5, 3, 1) (7, 1, 3) (7, 1, 5) (7, 3, 5)
(5, 1, 3) (7, 3, 1) (7, 5, 1) (7, 5, 3) Cada anagrama corresponde a uma permuta-
ção das letras B, R, A, S, I e L. Como temos 6 letras dis-
tintas, o número de anagramas é:
Quantidades de arranjos
P6 = 6! = 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 720
Para se determinar a quantidade de arranjos a ser
formado numa contagem, utiliza-se a fórmula fatorial. quantidade de permutação com repetição
A n, p = n (n - 1)(n - 2) ... (n - (p - 1)) ou Quando temos “n” elementos dos quais n1 são repe-
tidos de um tipo, n2 são repetidos de outro tipo, n3 são
n! repetidos de outro tipo, e assim por diante, o número de
A n, p =
(n - p)! permutações que podemos formar é dado por:
Exemplos: n!
Pnn1, n2 , n3 , ...,nk =
1) Quantos são os arranjos de 10 elementos, tomados n1! n 2 ! n 3 !...n k !
4 a 4?
Ex.: Quantos são os anagramas das palavras ELE-
A10, 4 = 10 x 9 x 8 x 7 = 5 040 ou GER e CANDIDATA?
10! 3 628 800 Sabemos que cada anagrama corresponde a uma
A 10, 4 = = = 5.040
(10 - 4)! 720 permutação das letras da palavra. Nos exemplos ocorrem
letras repetidas, então:
2) Expressar A20, 12 usando a notação fatorial.
a) ELEGER = 6 letras, sendo 3 E, 1 L, 1 G e 1 R. O
20! 20! número de diagramas é:
Temos: A 20, 12 = =
(20 - 12)! 8! 6! 6  5  4  3 !
P63 = = = 120
Arranjo com repetição 3! 3 !
Arranjo com repetição é um agrupamento de “p” b) CANDIDATA = 9 letras, sendo 3 A, 2 D, 1
elementos, tomados de um conjunto com “n” elementos, C, 1 N, 1 I e 1 T. O número de diagramas é:
no qual a mudança de ordem determina agrupamentos
diferentes, podendo, entretanto, ter elementos repetidos. 9! 9  8  7  6  5  4  3 !
P93, 2 = = = 30 240
3!2! 3 !  2
O número de arranjos com repetição de “n” elemen-
tos tomados “p” a “p”, é indicado por ARn, p, onde: COMBINAÇÕES
p
ARn, p = n Combinação é o tipo de agrupamento em que um
grupo é diferente de outro apenas pela natureza dos ele-
mentos compostos, não importando a ordem dispostas
PERMUTAÇÕES dos mesmos.
Denominamos permutação a toda sucessão de “n” Ex.: Suponhamos que uma loja dispõe de dois prê-
termos formada com os “n” elementos dados e diferem mios e decide sorteá-los entre os clientes que acertarem
os grupos pela mudança de ordem de seus elementos. uma determinada pergunta, premiando assim, dois clien-
tes. Quatro clientes “A”, “B”, “C” e “D” acertam a per-
De um modo geral, uma permutação simples é um ar-
gunta. Neste caso, os clientes premiados podem ser:
ranjo simples envolvendo todos os elementos de um con-
junto. As permutações são formadas pelos mesmos ele- A e B ou A e C ou A e D ou B e C ou B e D ou C e
mentos porém, em ordem diferente. D.
Ex.: Com os números 7, 8 e 9 podemos formar as se- Cada uma dessas possibilidades é um agrupamento
guintes sucessões: dos 4 alunos, tomados 2 a 2, não importando a ordem em
que são citados.
(7, 8, 9), (7, 9, 8), (8, 7, 9), (8, 9, 7), (9, 7, 8) e (9, 8,
7) Denominamos pois, combinação simples de “p”
elementos distintos, tomados “p” a “p” de um conjunto
de “n” elementos a qualquer subconjunto de “p” elemen-
tos desse conjunto, de modo que a mudança de ordem
desses elementos determine a mesma combinação.
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Raciocínio Lógico-Matemático
Ex.: Quantos subconjuntos (combinações simples) de
dois algarismos podemos formar com os elementos do 3. NOÇÕES DE PROBABILIDADE
conjunto A = {7, 8, 9}?
3.1. INTRODUÇÃO
Solução: Os subconjuntos são: {7, 8}, {7, 9}, {8, 9}
Sabemos que a Análise Combinatória estuda regras
Portanto, são três as combinações simples. de contagem do número de modos de ocorrência de cer-
Observe que as combinações {7, 8} e {8, 7} são tos acontecimentos e do número de agrupamentos que
iguais, assim como {7, 9} e {9, 7} e, também, {8, 9} e podem ser feitos com uma quantidade finita de objetos
{9, 8}. dados.
Já a Teoria da Probabilidade procura quantificar
numericamente a chance de que tais acontecimentos
Notação e indicação de quantitativo ocorram de determinada maneira e de que tais agrupa-
O número de combinações simples de “n” elemen- mentos obedeçam a determinadas condições.
tos, tomados “p” a “p”, é indicado por Cn, p onde: Resumindo, a probabilidade estuda os experimentos
n! aleatórios.
C n, p =
(n - p)! p! 3.2. EXPERIMENTO ALEATÓRIO
Ex.: Numa sessão em que estão presentes 18 depu- É comum no nosso dia-a-dia vivenciarmos, em
tados, 4 serão escolhidos para uma comissão que vai es- maior ou menor grau, acontecimentos fortuitos ou aca-
tudar um projeto do governo. De quantos modos diferen- so.
tes poderá ser formada a comissão?
Assim, num jogo de futebol entre duas equipes “A”
Solução: Dos 18 deputados devemos escolher 4 pa- e “B” pode resultar:
ra formar a comissão. Imaginemos que uma comissão
possível seja formada pelos deputados “A”, “B”, “C” e 1) que, apesar do favoritismo de “A”, a equipe “B”
“D”. A ordem em que citamos os deputados não importa, ganhe o jogo;
uma vez que se dissermos, por exemplo, que a comissão 2) que, confirmando o favoritismo, a equipe “A”
é formada por “C, B, D e A” estaremos nos referindo à ganhe o jogo; ou
mesma comissão. Isso significa que cada possível comis- 3) que haja empate entre ambos.
são corresponde a uma combinação dos 18 deputados Como vimos, o resultado final depende do acaso e
tomados 4 a 4. Então, o número de modos de formar a fenômenos como esses são chamados de fenômeno alea-
comissão é: tório ou experimentos aleatórios.
18! 18! Definindo, experimentos ou fenômenos aleatórios
C 18, 4 = = =
(18 - 4)! 4! 14! 4! (ou casual) são aqueles que, mesmo repetidos várias ve-
18  17  16  16  15  14! zes sob condições iguais, apresentam resultados incertos
= = 3.060 ou não previstos. A variabilidade do resultado é devida
4  3  2  1  14!
ao que chamamos acaso.
Ex.: Quando jogamos uma moeda sobre a mesa po-
ARRANJO OU COMBINAÇÃO??? de ocorrer cara ou coroa; entretanto, se forem feitas vá-
rias experiências, espera-se que ocorram cara e coroa em
Antes de iniciar a resolução de um cálculo é preciso igual número de vezes. Se vai acontecer, é o que cha-
saber se o problema pede arranjo simples ou combinação mamos de fato imprevisto.
simples.
Para isso, basta responder à seguinte pergunta: A 3.3. ESPAÇO AMOSTRAL
ORDEM DOS ELEMENTOS FAZ DIFERENÇA? Se Em geral, a cada experimento correspondem vários
fizer, temos arranjo simples. Caso contrário, combinação resultados possíveis.
simples.
A esse conjunto de resultados possíveis damos o
nome de espaço amostral ou conjunto universo, repre-
sentado por U. Vejamos:
1) No lançamento de um dado há seis resultados
possíveis, ou seja:
U = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
2) Em dois lançamentos sucessivos de uma moeda
podemos obter cara nos dois lançamentos, ou cara no
primeiro e coroa no segundo, ou coroa no primeiro e cara
no segundo, ou coroa nos dois lançamentos. Neste caso o
espaço amostral é:

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U = {(Ca, Ca), (Ca, Co), (Co, Ca), (Co, Co)} 6) união de eventos: O evento A  B ocorre quan-
A cada um dos elementos do conjunto espaço amos- do o evento A ocorre ou o evento B ocorre ou ambos
tral damos o nome de ponto amostral. ocorrem.
Ex.: Se 2  U  2 é um ponto amostral de U. Ex.: Seja U = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}

3.4. EVENTOS Evento de ocorrência ímpar: A = {1, 3, 5, 7}


Evento de ocorrência par primo: B = {2}
a) Noções então, A  B = {1, 2, 3, 5, 7}
Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral
U de um experimento aleatório e é sempre definido por 7) evento mutuamente exclusivo: São aqueles que
uma sentença. têm conjuntos disjuntos, isto é, quando A  B = 
Exemplo: Ex.: Os eventos A = {1, 3, 5} e B = {4, 6} são mu-
* Experimento: Lançar um dado e observar o nú- tuamente exclusivos pois A  B = .
mero que está na face sorteada. 8) eventos independentes
* O espaço amostral: U = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Dizemos que dois eventos “A” e “B” são indepen-
* Eis alguns eventos: dentes quando a realização ou a não-realização de um
 números ímpares de pontos: A = {1, 3, 5} dos eventos não afeta a probabilidade da realização do
 números de pontos maiores que 4: B = {5, 6} outro e vice-versa.
 números de pontos menores que 4: C = {1, 2, Ex.: Quando lançamos dois dados, o resultado obti-
3} do em um deles independe do resultado obtido no outro.
Se dois eventos são independentes, a probabilidade
de que eles se realizem simultaneamente é igual ao pro-
Assim, qualquer que seja E, se E  U (E está conti- duto das probabilidades de realização dos dois eventos e
do em U), então E é um evento de U. vale a igualdade:
b) Tipo de Eventos P(A  B) = P(A) . (PB)
Exemplo: Lançando dois dados, a probabilidade de
1) evento certo: É quando o evento “E” for igual ao obtermos 1 no primeiro dado é:
espaço amostral “U”.
2) evento elementar ou evento simples: É quando 1
P(A) =
o evento “E” for um conjunto unitário. 6
3) evento impossível: É o conjunto vazio () do
espaço amostral. A probabilidade de obtermos 5 no segundo dado é:
4) evento complementar: O evento complementar 1
é formado pelos elementos do espaço amostral “U” que P(B) =
6
não pertencem a “E”. É indicado por E tais que:
Logo, a probabilidade de obtermos, simultaneamen-
E = {xx  U   E} te, 1 no primeiro dado e 5 no segundo é:
E E =U E E = 1 1 1
P(A  B) = P(A) . (PB) =  =
Obs.: O evento complementar ocorre quando o 6 6 36
evento E não ocorre. Também chamamos E de evento Se P(A  B)  P(A) . (PB), dizemos que “A” e “B”
não E. são eventos dependentes.
Ex.: Temos U = {1, 2, 3, 4, 5, 6} NOTA: Eventos mutuamente exclusivos não são
eventos independentes.
Se A = {1, 3, 5}, então A = {2, 4, 6}.
Se B = {5, 6}, então B = {1, 2, 3, 4}. 3.5. DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADES
5) interseção de eventos: É quando ocorre a inter-
a) Noções
seção entre dois eventos tais que:
A  B = {x  Ux  A  x  B}
Consideremos um experimento aleatório que pode
apresentar “n” resultados distintos, a1, a2, a3, ..., an.
O evento A  B só ocorre quando os eventos A e B
ocorrerem simultaneamente. A cada resultado ai, i  {1, 2, 3, ..., n}, podemos as-
Ex.: Seja U = {1, 2, 3, 4, 5, 6} sociar um número “pi”, chamado probabilidade de
ocorrência de ai, de tal modo que sejam válidas as duas
Eventos de números pares: condições:
A = {2, 4, 6} 1) A probabilidade de cada resultado é um número
Eventos de números múltiplos de 6: positivo ou nulo, isto é:
B = {6} então, A  B = {6} p1  0, p2  0, p3  0, ..., pn  0

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2) A soma das probabilidades de todos os resultados Já a probabilidade de ocorrer o evento B = {5, 6} é:
possíveis é igual a 1, isto é:
1 1 2 1
p1 + p2 + p3 + ... + pn = 1 P(B) = P(5) + P(6) = + = = .
6 6 6 3
Nessas condições, dizemos que os números p1, p2,
b) Consequência importante
p3, ... pn formam uma distribuição de probabilidades
sobre o espaço amostral U = {a1, a2, a3, ..., an}. Quando o espaço amostral é equiprovável, ou seja,
o experimento aleatório tem “n” resultados possíveis, to-
Também indicamos:
dos com chances iguais de ocorrer, se um evento “A” é
p1 = P(a1), p2 = P(a2), p3 = P(a3), ..., pn = P(an) composto de “k” elementos, então chamamos de pro-
babilidade de um evento “A” (A  U) o número real
b) Distribuição Uniforme P(A), tal que:
A distribuição uniforme pode ser adaptada a um expe-
rimento em que o espaço amostral seja formado por ele- P(A) = n(A) onde
mentos que têm a mesma chance de ocorrer. Nesse caso, di- n(U)
zemos que o espaço amostral é equiprovável.
P(A) = um número real.
Se U = {a1, a2, a3, ..., an} é um espaço amostral equi- n(A) = número de elementos de A.
provável, adotamos a distribuição de propriedade em que p1 n(U) = número de elementos de U.
= p2 = p3 = ... = pn, denominada distribuição uniforme,
tal que: Exemplos:
1 1 1 1 01) Ao sortear ao acaso um dos números naturais de
p1 = , p2 = , p3 = , ..., p n =
n n n n 0 a 99, qual a probabilidade de ser sorteado um número
maior que 50?
É importante observar que num experimento com “n”
resultados distintos que tenham chances iguais de ocorrer, a U = {0, 1, 2, 3, ..., 99}
1
probabilidade de ocorrência de cada resultado é . Neste caso n(U) = 100
n
Exemplos:
O evento A formado pelos números maiores que
50 é A = {51, 52, 53, ..., 99}
1) Ao jogar uma moeda equilibrada e observar a fa-
ce superior, há 2 resultados possíveis equiprováveis: ca- Temos n(A) = 49

ra e coroa. A probabilidade de cada resultado é 1 Sendo o espaço amostral equiprovável, temos:


2
n(A) 49
2) Ao sortear ao acaso um dos 100 números naturais P(A) = =
de 0 a 99, há 100 resultados possíveis e equiprováveis: 0, n(U) 100
1, 2, 3, 4, ..., 99. A probabilidade de ocorrência de cada 02) Considerando o lançamento de uma moeda e o
1
resultado é . evento A obter “cara”, temos:
100
U = {Ca, Co}  n(U) 2
3.6. PROBABILIDADE DE OCORRER UM A = {Ca}  n(A) = 1
EVENTO
a) Noções 1
Logo: P(A) =
Denominamos probabilidade de ocorrência de um 2
evento “A” à soma das probabilidades de ocorrência dos Esse resultado nos permite afirmar que, ao lançar-
elementos de “A”. mos uma moeda equilibrada, temos 50% de chance de
Indicamos por P(A) tais que: que ela caia com a “cara” para cima.
P(A ) =  pi c) Propriedades
i ai  A
Considerando o lançamento de um dado temos:
em que o somatório é feito nos índices “i” tais que
ai  A. U = {1, 2, 3, 4, 5, 6}  n(U) = 6
Ex.: Ao jogar um dado, cada resultado possível tem As probabilidades de ocorrência de um evento
qualquer são:
probabilidade 1 . A probabilidade de ocorrer um número
6  obter um número par na face superior.
ímpar, ou seja, a probabilidade de ocorrer o evento A =
{1, 3, 5} é: A = {2, 4, 6}  n(A) 3

P(A) = P(1) + P(3) + P(5) = 3 1


Então P(A) = =
6 2
1 1 1 3 1
= + + = = .
6 6 6 6 2  obter um número menor ou igual a 6

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B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}  n(B) = 6 bola 7 é 1 . Logo, a probabilidade de não sair a bola 7 é
10
6
1
Então P(B) =
6
=1 1- , que é igual a 9 .
10 10
 obter um lado “k” qualquer 2) Se a probabilidade de um atirador acertar um al-
C = {k}  n(C) = 1 vo é de 0,60 (60%), então a probabilidade de não acertar
é 1 - 0,40 que é igual a 0,40 (40%).
1
Então P(C) =
6
3.8. PROBABILIDADE DE OCORRER O
 obter um número maior que 6 EVENTO “A” OU “B”
D =   n(D) = 0 Dados dois eventos “A” e “B”, calcular a probabili-
0 dade de ocorrer A ou ocorrer B significa calcular a pro-
Então P(D) = =0 babilidade da união entre dois eventos “A  B”.
6
Consideremos dois casos distintos:
Pelos exemplos vistos acima concluímos que:
* A  B =  (eventos mutuamente exclusivos)
1) Qualquer que seja o evento A, a probabilidade de
ocorrer A é um número real do intervalo [0, 1]. Quando A e B são eventos mutuamente exclusivos
“A  B = ”, a ocorrência de um deles implica a não
0  P(A)  1 ocorrência do outro.
2) A probabilidade de ocorrer um evento certo é Neste caso, como A e B não têm elemento comum,
igual a 1. e A  B é formado reunindo-se num só conjunto os ele-
P(U) = 1 mentos de A e de B, temos que:
3) A probabilidade de ocorrer um evento impossível Se A e B são eventos mutuamente exclusivos, a
é igual a 0. probabilidade de ocorrer A ou B é igual à soma da pro-
babilidade de A com a de B.
P() = 0
P(A  B) = P(A) + P(B)
4) Como 0 = 0% e 1 = 100%, a probabilidade de um
evento ocorrer pode ser dada em porcentagem, isto é, * A B 
qualquer probabilidade estará sempre entre 0% e 100%. Neste caso, a probabilidade de ocorrer “A” ou “B” é
5) A probabilidade de ocorrer um evento elementar igual à soma da probabilidade de A com a de B, menos a
qualquer é (lembrando que n(A) = 1). probabilidade da interseção A  B.
1 P(A  B) = P(A) + P(B) - P(A  B)
P(A) =
n Exemplo: No sorteio de um número natural de 1 a
6) Essas definições supõem que todos os elementos 100, a probabilidade de sair um número múltiplo de 10 é
do espaço amostral sejam igualmente prováveis (tenham a probabilidade do evento A = {10, 20, 30, 40, 50, 60,
a mesma chance de ocorrer), isto é, sejam equiprováveis. 70, 80, 90, 100}.
10 1
3.7. PROBABILIDADE DE NÃO OCORRER Temos P(A) = = .
100 10
UM EVENTO
Seja A um evento qualquer formado de “k” resulta- A probabilidade de sair um múltiplo de 15 é a pro-
dos dentre “n” possíveis. babilidade do evento
B = {15, 30, 45, 60, 75, 90}.
A probabilidade de não ocorrer “A” é a probabili-
dade de um dos “n - k” resultados possíveis que não per-
Temos P(B) = 6 =
3
tencem a “A”. 100 50
Portanto, a probabilidade de não ocorrer “A” é a Como A  B = {30, 60 90}, temos
probabilidade de ocorrer o evento complementar A . 3
P(A  B) = . Então,
Como a soma das probabilidades de todos os resul- 100
tados possíveis é 1, temos que: P(A  B) = P(A) + P(B) - P(A  B)
P( A ) = 1 - P(A) P(A  B) = 10 +
6
-
3
=
13
100 100 100 100
Exemplos:
1) Numa urna há 10 bolas numeradas de 1 a 10. Ex- Assim, a probabilidade de sair um múltiplo de 10
traindo-se uma delas ao acaso, a probabilidade de sair a ou de 15 é igual a 13 .
100

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Raciocínio Lógico-Matemático
Z = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, ...}
3.9. PROBABILIDADE CONDICIONAL
b) Subconjuntos
Consideremos dois eventos “A” e “B” de um espaço
Tal conjunto possui os seguintes subconjuntos:
amostral U. A probabilidade de ocorrer o evento “B”
condicionada a “A” é a probabilidade de ocorrer “B” da- Z  = {... –3, -2, -1, 1, 2, Núm. Int. NÃO-NULOS
do que “A” já ocorreu. Indica-se P(B / A) que se lê: 3, ...}
“probabilidade de B dado A”.
Z + = {1, 2, 3, 4, 5, ...} Núm. Int. Positivos sem o
Exemplo: Em um sorteio, cujos bilhetes têm números Zero
inteiros de 1 a 100, o apresentador anuncia que o número
Z - = {..., -5, -4, -3, -2, - Núm. Int. Negativos sem o
sorteado é par.
1} Zero
Um concorrente possui três bilhetes com números pa- Z- = {..., -5, -4, -3, -2, - Núm. Int. NÃO-POSITIVOS
res. Qual a probabilidade desse concorrente vir a ganhar 1, 0}
o prêmio? Z+ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...} Núm. Int. NÃO-NEGATIVOS
O problema envolve um condicionamento. Observe
que, ao anunciar que o número sorteado é par, o espaço c) Representação geométrica
amostral (que era formado pelos cem números) sofre
uma restrição: “Passamos a ter um novo espaço amos- Podemos representar os números inteiros por pontos
tral, agora formado somente pelos números pares. de uma reta conforme a figura seguinte:

Então, a probabilidade do concorrente ganhar, que Números Inteiros Números Inteiros


Não-Positivos Não-Negativos
era de 3 , passou a ser
100
... -3 -2 -1 0 1 2 3 ...
p = 3 = 0,06 = 6%
50 O ZERO NÃO É NEGATIVO NEM POSITIVO, É NEUTRO.

Esse tipo de probabilidade é o que chamamos de


Observação:
probabilidade condicional e é definida pela fórmula
* Entre dois números inteiros, nem sempre existe um ou-
P(A / B) = P(A  B) tro número inteiro. (Veja que entre os números inteiros -
P(B) 2 e -1 não existe nenhum número inteiro).
Exemplo: Se dois eventos A e B são tais que P(A) = {x x > -2 < -1  Z}
0,40; P(B) = 0,60 e P(A  B) = 0,20, então:
* Todo número natural é também um número inteiro.
P(A / B) = P(A  B) Dizemos, então, que “N está contido em Z”, como mos-
P(B) tra o diagrama de Venn abaixo:´
0,20 1
P(A / B) = = = 0,333... ;
0,60 1
U
Z N  Z
P(B / A) = P(B  A) N
P(A)
0,20 1
P(B / A) = = = 0,50 .
0,40 2
d) Números opostos – Valor absoluto ou módulo
Os números inteiros que, localizados na reta, distam
4. CONJUNTOS NUMÉRICOS igualmente do zero (0) – origem. São ditos números in-
4.1. NÚMEROS INTEIROS teiros opostos.

a) Introdução Observe na representação geométrica acima, que a


distância do ponto que representa o número “3” à origem
No início, o homem só conhecia os números naturais, (0), é de três unidades. A mesma que separa o ponto que
representados por {1, 2, 3, 4, ...}. Com a evolução do sis- representa o número “-3” da origem (0).
tema de numeração e a introdução, pelos hindus, dos ze-
ros, passou-se a indicar os números naturais por {0, 1, 2, Assim, o oposto de um número é o próprio, com sinal
3, ...}. trocado.

Entretanto, certas situações não encontravam respos- Módulo ou Valor Absoluto de um número é a dis-
tas no conjunto dos números naturais. Como, por exem- tância do ponto da reta que o representa até o ponto que
representa o zero (origem).
plo resolver uma operação “x - y” com “x  y. Para so-
lucionar esses problemas, foi criado o conjunto dos nú- Assim, dois números opostos têm o mesmo valor ab-
meros inteiros relativos representado por: soluto, isto é, o mesmo módulo.

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Raciocínio Lógico-Matemático
O módulo de um número é indicado por duas barras 4ª) Mais outra propriedade da adição.
verticais “ ”.
Leia com atenção.
Exemplos:
a) 4 + 5 = 9 (4  N, 5  N e 9  N)
O módulo de + 3 é 3e indicamos: +3 = 3 b) 35 + 115 = 150 (35  N, 115  N e 150  N)
O módulo de -5 é 5 e indicamos: -5 = 5
Adicionando-se dois números naturais, a soma é
e) Operações fundamentais com números sempre um número natural.
➢ADIÇÃO Essa regra de adicionar dois números naturais e obter
um número também natural chama-se propriedade do
Adição (operação). soma (resultado) fechamento.
Relembremos: 4 + 5 = 9 Simbolicamente, a propriedade do fechamento da
4 e 5 são as parcelas; 9 é a soma ou resultado; a ope- adição é assim:
ração realizada denomina-se adição; a adição de dois
“a  N” e “b  N)” → (a + b)  N = Fechamento
números é indicada pelo sinal +.
da adição em N
Propriedades da Adição
➢SUBTRAÇÃO
1ª) Observe: 4 + 5 = 9 e 4 + 5 = 5 + 4 onde
Subtração (operação), diferença ou resto (resulta-
5+4=9
do).
Você dirá:
Relembrar nunca é demais: 7 - 2 = 5
a) 4 + 5 e 5 + 4 possuem a mesma soma. Essa igualdade traduz uma subtração.
b) A ordem das parcelas não altera a soma.
Os números 7 e 2 são os termos da diferença 7 - 2; 7
c) A propriedade que permite comutar (ou trocar, ou
é o minuendo e 2 é o subtraendo. O valor da diferença
permutar, ou mudar) a ordem das parcelas é a proprie-
7 - 2 é 5; número este chamado de resto ou excesso de 7
dade comutativa.
sobre 2.
A propriedade comutativa da adição representa-se
Analisemos estes outros exemplos:
por meio da sentença: a + b = b + a e é chamada
comutativa da adição. 1) 8 - 8 = 0 → O minuendo pode ser igual ao sub-
traendo.
2ª) Consideremos três parcelas 8, 4 e 3, assim indica-
das: (8 + 4) + 3. Efetuando-se a adição entre parênteses 2) 7 - 8 → é impossível em N; é o mesmo que es-
obtemos 12; em seguida, adicionando-se 3 a esse resul- crever: 7 – 8  N.
tado, encontramos 15. Portanto, o subtraendo deve ser menor ou igual ao
Isto é: (8 + 4) + 3 = 12 + 3 = 15 (soma final) minuendo, para que uma subtração se realize em N.

Agora, observe a soma final conforme esta outra in- Você notou, então, que a subtração nem sempre é
dicação: possível entre dois números naturais. Por isso, é necessá-
rio que numa subtração em N, o minuendo seja maior ou
8 + (4 + 3) = 8 + 7 = 15 (soma final) igual ao subtraendo.
Conclusão: Na adição de três parcelas, é indiferente Verificação de propriedades da subtração
associarmos as duas primeiras ou as duas últimas parce-
las, pois a soma final é sempre a mesma. Essa proprieda- a) O conjunto N não é fechado em relação à operação
de de associação chama-se propriedade associativa. de subtração, pois: 3 - 5  N.
b) A subtração em N não admite a propriedade comu-
Procure fixar a propriedade associativa da adição tativa, pois: 5 - 3  3 - 5.
através desta simbologia. c) A subtração em N não possui elemento neutro em
(a + b) + c = a + (b + c) = (a + c) + b relação à operação de subtração:
Associativa da Adição 5 – 0 = 5 entretanto 0 – 5  5 Logo: 0 – 5 
3ª) Baseando-se nos últimos quatro exercícios, você 5-0
concluirá que existe um número que não modifica a so- d) A subtração em N não admite a propriedade asso-
ma, mesmo comutando a ordem das parcelas. Esse nú- ciativa, pois (13 - 3) - 1  13 - (3 - 1).
mero é o zero.
A Subtração como operação inversa da Adição
Dizemos, então, que essa propriedade é chamada
propriedade do elemento neutro da adição, que é o ze- Consideremos:
ro. 6 + 2 = 8 “equivale a” 6 = 8 - 2e
Simbolizamos o elemento neutro da adição escreven- 6 + 2 = 8 “equivale a” 2 = 8 - 6
do:
a+0=0+a=a Neutro da Adição
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Raciocínio Lógico-Matemático
Conclusões: ➢MULTIPLICAÇÃO
a) A subtração é inversa da adição. Multiplicação (operação), produto (resultado).
b) Uma das parcelas é igual à soma menos a outra.
Observe estas igualdades:
Agora, observe esta sentença:
3 + 3 = 6
x + b = a ou b + x = a 5 + 5 + 5 = 15
2 + 2 + 2 + 2 = 8
Suponhamos que a e b são dois números naturais co-
nhecidos e x também é um número natural, mas desco- Elas significam que os números 6, 15 e 8 podem ser
nhecido. Calculamos o valor de x com a seguinte equiva- decompostos em somas de parcelas iguais.
lência: Na expressão: 3 + 3 há duas parcelas iguais. Este
a + b = a ou b + x = a → x = a - b número está repetido duas vezes como parcela. Dizemos
que o número 3 está multiplicado por 2 e podemos es-
Técnica operatória da adição crever:
Aplicações da técnica operatória da adição 3 + 3 = 3 x 2 (ou 3 . 2) = 6
a) Cálculo de x (incógnita ou valor desconhecido) Na expressão 5 + 5 + 5 há três parcelas iguais. O nú-
numa sentença matemática em N. mero 5 está escrito três vezes, como parcela. Dizemos
que este número está multiplicado por 3 e podemos es-
Exemplos: crever:
1) x + 9 = 15 x = 15 - 9 x =6 5 + 5 + 5 = 5 x 3 (ou 5 . 3) = 15
2) 8 + x = 12 x = 12 - 8 x =4
Conclusão: Multiplicação é a adição de parcelas
b) Na resolução de problemas, em N. iguais, onde
Exemplos:  o produto é o resultado da operação multiplicação;
 fatores são números que participam da operação.
1) Qual o número que adicionado a 6, torna-se igual a
18? Seja x o número procurado. A tradução matemática a . b=c a, b → fatores
de “numero que adicionado a 6, torna-se igual a 18” é a c → produto
seguinte:
De modo mais amplo, podemos exprimir:
x + 6 = 18 x = 18 - 6 x = 12
a + a = a x 2 ou a . 2 ou, simplesmente, 2a
Empregando a técnica operatória da adição, resulta:
b + b + b = b x 3 ou b . 3 ou, simplesmente, 3b
x + 6 = 18 x = 18 - 6 x = 12 y + y + y + y = y x 4 ou y . 4 ou, simplesmente,
Portanto, o número procurado é 12. 4y
Prova: 12 + 6 = 18 Propriedades
2) Adicionando-se 10 unidades a um número, obte- a) A propriedade que permite comutar (ou trocar, ou
mos 21. Qual é esse número? mudar) a ordem dos fatores é a propriedade comutativa
Seja “x” o número desconhecido. Se 10 unidades de- que, no caso da multiplicação, simbolizamos assim:
vem ser adicionadas a x a fim de torná-lo igual a 21, en-
a . b = b . a  Comutativa da Multiplicação
tão:
b) Para calcular 3 . 4 . 5 pode-se usar o seguinte arti-
Conforme a técnica operatória da adição, obtemos: fício:
10 + x = 21 x = 21 - 10 x = 11 (3 . 4) . 5
Prova: 10 + 11 = 21
Calcula-se primeiro o produto da operação entre pa-
Técnica Operatória da Subtração rênteses, que é 12. O resultado, multiplica-se por 5, re-
Analisando esta equivalência: 6 - 2 = 4 sultando = 60.
Você concluirá: O minuendo é igual ao resto mais o Observe que o mesmo produto 60 obtém-se com este
subtraendo. outro artifício:
Suponhamos que nesta sentença: x - b = a 3. (4 . 5)
Você conheça os números naturais a e b e deseje sa- Neste caso, multiplica-se 3 pelo resultado da opera-
ber quanto vale x, que é também um número natural, ção entre parênteses, que é 20. Resulta o mesmo valor
mas desconhecido. Como fazer para se determinar o va- 60.
lor de x ?
Essa regra de associar fatores entre parênteses cha-
Observe: x - b = a x = a+b ma-se propriedade associativa da multiplicação.
Completada essa equivalência, você nota que ela é Simbolicamente:
verdadeira em N, mediante a condição: x  b
(a . b) . c = a . (b . c) = (a . c) . b

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Associativa da Multiplicação ➢DIVISÃO
c) A propriedade comutativa permite seja escrito: Divisão (operação), Quociente (resultado).
1 . x = x ou x . 1 = x 1) A divisão exata
É fácil perceber que qualquer que seja o número co- Observe: 8 : 4 = 2 (divisão exata)
locado no lugar do x terá como produto o próprio x ou
8 4
seja:
O número 1 é o elemento neutro da multiplicação. 0 2

Simbolizamos a propriedade do elemento neutro da onde,


multiplicação, escrevendo:
8 é o dividendo D; 4 é o divisor d;
1 . a = a . 1 = a  Neutro da multiplicação 2 é o quociente q; 0 é o resto r.
d) Um armário tem 3 prateleiras. Em cada prateleira, Se 8 : 4 = 2 então 2.4=8 isto é:
foram colocadas 4 garrafas e 2 copos. Quantos objetos
foram colocados ao todo? Problema simples, mas que 8 4
revela uma propriedade importante. Você vai notá-la 0 2
através das soluções desse problema.
Prova: 2 . 4 + 0 = 8
1ª) solução : o número de objetos colocados em cada
prateleira é: 4 + 2 De um modo geral, é válida para a divisão exata, a
seguinte equivalência:
Portanto, o número total dos objetos colocados nas
prateleiras é (4 + 2) . 3 D:d=q → d.q=D
Efetuando as operações, com prioridade para adição, D é o dividendo; d é o divisor; q é o quociente e o
resulta: resto é subentendido “igual a zero”.
(4 + 2) . 3 = 6 . 3 = 18 (objetos) Verificação de Propriedade da Divisão Exata
A expressão (4 + 2) . 3 traduz realmente o que acon- a) Na divisão em N não vale o fechamento, pois
teceu pois foram colocados (4 + 2) objetos por 3 vezes.
5:3  N
2ª) solução: foram colocados nas três prateleiras:
b) O conjunto N não tem elemento neutro em relação
4 . 3 garrafas e 2 . 3 copos à divisão, pois
Logo, o número total desses objetos é dado pelo va- 5:1 = 5
lor da expressão 4 . 3 + 2 . 3
entretanto 1 : 5  N Logo: 5 : 1  1 : 5
Efetuando as operações em prioridade para a multi- c) A divisão em N não goza da propriedade comuta-
plicação resulta: tiva, pois
4 . 3 + 2 . 3 = 12 + 6 = 18 (objetos) 15 : 5  5 : 15
Então, podemos escrever: d) A divisão em N não goza da propriedade associa-
tiva, pois
(4 + 2) . 3 = 3 . 4 + 3 . 2 ou 3 . (4 + 2) = 4 . 3 + 2 .
3 (12 : 6) : 2 = 1
12 : (6 : 2) = 4
Conclusão: Essas igualdades e quaisquer outras do
mesmo tipo (produto de uma soma por um número ou Logo: (12 : 6) : 2  12 : (6 : 2)
produto de um número por uma soma) traduzem a cha-
mada propriedade distributiva da multiplicação com Verificamos, então, que a divisão exata só possui
relação à adição. uma propriedade!
Observe este exemplo: (10 + 6) : 2 = 16 : 2 = 8
Simbolicamente:
Como você viu, é o cálculo usual com prioridade
a . (b + c) = a . b + a . c OU (b + c) . a = a . b + a
para adição.
.c
e) Você notou que, multiplicando-se dois números Calculemos agora deste outro modo: em lugar de efe-
naturais, o produto é sempre um número natural que tra- tuarmos a adição entre parênteses, vamos dividir cada
termo da adição pelo 2 e, em seguida, adicionar os quo-
duz a propriedade do fechamento da multiplicação.
cientes obtidos.
Esta propriedade do fechamento da multiplicação, em
Observe: (10 + 6) : 2 = 10 : 2 + 6 : 2 = 5 + 3 = 8
N, é simbolizada por meio desta implicação:
O quociente não sofreu alteração alguma. Permane-
a  N e b  N (a . b)  N
ceu o mesmo 8.

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Raciocínio Lógico-Matemático
Vejamos quando aparecer uma subtração entre parên- Aplicações da técnica operatória da multiplicação
teses:
a) Cálculo de x (incógnita ou valor desconhecido)
(10 - 6) : 2 = 10 : 2 - 6 : 2 = 5 - 3 = 2 numa sentença matemática em N.
(10 - 6) : 2 = 4 : 2 = 2
Exemplos:
Também não sofreu alteração alguma o quociente,
1) 3x = 12 x = 12 : 3 x = 4
conforme a ordem em que foi calculado. O que verifica-
2) x . 4 = 20 x = 20 : 4 x = 5
mos em:
b) Na resolução de problemas em N.
(10 + 6) : 2 = 10 : 2 + 6 : 2
(10 - 6) : 2 = 10 : 2 = 10 : 2 - 6 : 2 Exemplo: O dobro de um número é igual a 14. Qual é
esse número?
é a propriedade distributiva da divisão exata váli-
da somente à direita, com relação às operações adição e Seja x o número procurado; 2x é o seu dobro. A tra-
subtração. dução matemática do enunciado do problema é:
Simbolicamente: 2x = 14
(a + b) : c = a : c + b : c E (a - b) : c = a : c - b : Empregando-se a técnica operatória da multiplicação:
c
2x = 14 x = 14 : 2 x = 7
Observação: Um dos mandamento da Matemática é:
Portanto, o número procurado é 7.
Jamais dividirás por zero Prova: 2 . 7 = 14

Isto significa que, numa divisão, o divisor tem que Anote para empregar na resolução de problema:
ser um número sempre diferente de zero.
2x → 2x é o dobro de x
2) A divisão não-exata 3x → 3x é o triplo de x
4x → 4x é o quádruplo de x
Consideremos este exemplo:
5x → 5x é o quíntuplo de x
9 4 9 é o dividendo; e assim por diante.
1 2 4 é o divisor;
2 é o quociente; e
1 é o resto. Técnica operatória da divisão exata
Analisando esta equivalência:
Tirando a prova desta divisão, obtemos: 9 = 4 . 2
+ 1 8 : 2 = 4 8 = 4 . 22 = 8 : 4
Isto é: dividendo = divisor . quociente + resto Você dirá:
De um modo geral: D = d . q + r a) O dividendo é o quociente multiplicado pelo divi-
sor.
A divisão como operação inversa da multiplicação b) O divisor é igual ao dividendo dividido pelo quo-
Atente para esta equivalência: ciente.
4 = 8 : 2 4.2 = 8 e 2 = Nestas sentenças:
8:4 x : a = b com a  0
Você dirá: a : x = b com x  0
a) A divisão exata é inversa da multiplicação. suponha que você conheça os números naturais a e b
b) Um dos fatores é igual ao produto dividido pelo e queira saber qual é o valor de x, também um número
outro fator. natural, mas desconhecido.
Técnica operatória da multiplicação x:a = b x = a.b e a : x = bx = a : b
Suponhamos que nesta sentença: Exemplos:
a . x = b ou x . a = b a) x : 4 = 3 x=4.3 x = 12
b) 6 : x = 2 x=6:2 x= 3
as letras a e b representam números naturais e x tam-
bém seja um número natural, mas desconhecido. f) Cálculo com operações especiais
De que modo você calcula o valor de x? POTÊNCIA

Mostre: a . x = b ou x . a = b onde x = Potenciação (operação); potência (resultado)


b:a
Considere estes fatores iguais: 4 . 4 . 4
Nota: A letra a nessa equivalência não pode represen-
tar o número zero.
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Aí está um exemplo de potenciação. Entretanto, em Potência de expoente 1 é a própria base. Isto
vez de 4 . 4 . 4 escrevemos: 4³, isto é: é:
4 . 4 . 4 = 4³ (potência) a1 = a
Potenciação é uma multiplicação de fatores iguais. 01 = 0 61 = 6 10 1 = 10
Por isso, não se costuma escrever o expoente 1,
Logo: que fica subentendido.
Base é o fator que se repete na multiplicação. Potências de base 10 calcula-se escrevendo 1
Expoente é o número que indica quantas vezes a ba- seguido de tantos zeros quantas forem as unidades
se deve ser multiplicada por si mesma. do expoente. Isto é:
O expoente indica também o grau da potência.
No exemplo anterior, a base é 4, o expoente é 3 e o 10 n = 1 000 000 000 ... n zeros
resultado 64 é a potência.
Portanto, a potenciação pode vir expressa sob a for- 10² = 100 10³ = 1000 10 4 = 10.000
ma de multiplicação (4 . 4 . 4) ou sob a forma de potên-
Quanto às propriedades, observe:
cia (4³).
 23 = 8
Leitura de uma potência a)   2³  3²
 3 2 = 9
5² – lê-se: “cinco ao quadrado” ou “cinco à segunda
potência” A potenciação não possui a propriedade comutativa.
5² = 5 . 5 = 25
 3 2
2³ – lê-se: “dois ao cubo” ou “dois à terceira potên-  2  = 8
2

( )
= 64 3 2 2

cia” b)    2  ( 2)
3

 32
(2 ) = 2
9
2³ = 2 . 2 . 2 = 8 = 512
4
3 – lê-se: “três à quarta potência”
Logo pelo que se pode observar, a potenciação tam-
3 4 = 3 . 3 . 3 . 3 = 81 bém não possui a propriedade associativa.
c) (5 . 2)³ = (5 . 2) . (5 . 2) . (5 . 2), e
7 5 – lê-se: “sete à quinta potência” (5 . 2) . (5 . 2) . (5 . 2) = (5 . 5 . 5) . (2 . 2 . 2), e
7 5 = 7 . 7 . 7 . 7 . 7 = 16.807
(5 . 5 . 5) . (2 . 2 . 2) = 5³ . 2³

De um modo geral: Portanto: (5 . 2)³ = 5³ . 2³ → 5³ . 2³ = (5 . 2)³


Logo, a potenciação possui a propriedade distributiva
a n = a . a . a . a . a . a . a . ... (n fatores iguais a a) em relação à multiplicação. Isto é:
Ex.: n n n n n n
(a . b) = a .b a .b = (a . b)
10
8 = 8 . 8 . 8 . 8 . 8 . 8 . 8 . 8 . 8 . 8 = 10 fatores
iguais a 8 Para elevar um produto de vários fatores a uma po-
Propriedades da Potenciação tência, eleva-se cada fator a essa potência.

Veja as potências seguintes e suas respectivas d) (8 : 2)4 = (8 : 2) . (8 : 2) . (8 : 2) . (8 : 2) e


propriedades: (8 : 2) . (8 : 2) . (8 : 2) . (8 : 2) =
(8 . 8 . 8 . 8) : (2 . 2 . 2 . 2) = 8 : 2
Potências de base 1 são iguais a 1. Isto é:
Portanto:
n
1 = 1
(8 : 2) 4 = 8 4 : 24 8 4 : 24 = (8 : 2) 4
10 7 2
1 =1 1 =1 1 =1
A potenciação possui a propriedade distributiva em
Potências de bases zero são iguais a 0. Isto
relação à divisão. Isto é:
é:
(a : b) n = a n : b n a n : b n = (a : b) h com b  0
0 n = 0 com “n”  0
04 = 0 0³ = 0 0² = 0
Para elevar um quociente a uma potência, eleva-se
Potências com base diferente de zero ele- tanto o dividendo como o divisor a essa potência.
vada ao expoente zero são sempre iguais a 1.
Técnicas Operatórias da Potenciação
a 0 = 1 com a  0
Analise estas multiplicações e seus respectivos resul-
20 = 1 30 = 1 40 = 1 tados sob a forma de potência:

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a) 7 2 . 7 3 = 7 . 7 . 7 . 7 . 7 = 7 5 Simbolicamente:

b) 4 . 4 2 . 4 4 = 4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 = 4 7 am : an = am - n
am - n
= am : an
Note que em b), no primeiro fator 4, o expoente su-
bentendido é 1 e não zero. com a  0 e “m” e “n”  N
4 2 6 Potência de um Número Decimal
c) a . a = a . a . a . a . a . a = a
Para se elevar um número decimal, a uma potência,
Para multiplicar potências com bases iguais repete-se calcula-se a potência do número sem a vírgula, isto é,
a base e adicionam-se os expoentes. como se fosse inteiro e, a seguir, separa-se do resultado
um número de casas decimais igual ao produto do núme-
Simbolicamente: ro de casas decimais pelo expoente da potência.
am . an = am + n → am + n
= am . an Assim, o cubo do número decimal 2,12 é dado da se-
guinte maneira:
Técnica do produto de potências de mesma base 212 3 = 9.528.128 portanto:
Potência de potência 2,12³ = 9,528128, pois 2,12³ = 2,12 x 2,12 x
2,12 que é o produto com 6 casas decimais (2 x 3).
Observe o que chamamos de potência de potência e
como é feito o seu cálculo: Exemplos:
4
a) (3²) é uma potência de potência (3,1)4 = (31/10)4 (-1,02)3 = (-102/100)3
b) (a³)² é também uma potência de potência (5,3)6 = (53/10)6 (4,25)7 =
(425/100)7
Calculando: (-2,05) = (-205/100)2
2
(3,40)5 =
4
a) (3²) = (3²) . (3²) . (3²) . (3²) = 3 2+2+2+2
= 3 2.4
= (340/100)5
38 (2,3)9 = (23/10)9 (7,9)10 = (79/10)10
b) (a³)² = (a³) . (a³) = a3 + 3 = a3 . 2 = a6 (0,12) = (12/100)6 (0,5)12 = (5/10)12
(0,01)3 = (1/100)3 (0,001)5 =
Conclusão: Para elevar uma potência a outra potên- (1/1000)5
cia, conserva-se a base e multiplicam-se os expoentes.
RADICIAÇÃO
Simbolicamente:
É a operação que tem por fim, dada uma potência de
(am )n = am . n
am . n = (am )n um número e o seu grau, determinar esse número.

O sinal de radiciação é , que se chama radical.


Quociente de potências com bases iguais
Aplicando-se a técnica operatória da divisão exata, O número em cima do sinal à esquerda chama-se ín-
resulta: dice do radical e indica o grau da raiz e o número colo-
cado sob o radical, chama-se radicando ou número sub-
45 : 43 = x 43 . x = 45
radical.
Qual o único valor que podemos admitir para x, de
modo que o resultado seja ? 45
No exemplo 3 8 , o índice da raiz é o 3 e o radicando
é o 8.
Outro não é senão 4², pois, 4³ . 4² = 45
O índice 2 não se escreve, subentende-se.
Logo: 4 5 : 43 = 42 4 3 . 42 = 4 5
Assim: 5 indica a raiz quadrada de 5.
5
O que aconteceu com os expoentes relativos a 4 e A leitura de um radical depende do índice e do radi-
43 em 4 5 : 43? cando, como veremos a seguir:
Do expoente 5 subtraímos o expoente 3. Isto é: 8 = raiz quadrada de 8. 3
3 = raiz cúbica de
5 3 5 - 3 2 3.
4 : 4 = 4 = 4
4 5
Analise estes outros exemplos: 2 = raiz quarta de 2. 10 = raiz quinta de
10.
1) 78 : 76 = 78 - 6 = 72
A radiciação é uma operação inversa da potencia.
2) a10 : a4 = a10 - 4 = a6 , com a  0 Portanto, elevando-se um número a uma potência e ex-
Conclusão: Para dividir potências de mesma base, traindo-se, em seguida, a raiz dessa potência de índice
repete-se a base e subtraem-se os expoentes, conforme a igual ao seu grau deve-se obter o número dado. Assim,
ordem em que eles aparecem.

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Raciocínio Lógico-Matemático
3 3  MÚLTIPLOS E DIVISORES
52 = 5, 18 3 = 18, 2 3 = 2,
etc... 1) Múltiplo de um número natural
Raiz quadrada de números inteiros é m últiplo de

A raiz quadrada de número inteiro é outro número Analise este esquem a: 20 = 5 . 4


que, elevado ao quadrado, reproduz o número dado. As-
sim, é m últiplo de

16 =  4, porque (+4)² = 16 e (-4)² = 16 Obtêm-se os múltiplos de um número multiplicando-


64 =  8, porque (+8)² = 64 e (-8)² = 64 o por qualquer número natural.

Observação: Na maioria dos casos de raiz quadrada Exemplo: Seja M 5 ou M(5) o conjunto dos múltiplos
de números inteiros, usamos somente o valor positivo, do número 5. Veja como se obtêm os múltiplos de 5:
como nos exemplos que citaremos em seguida.
5.0=0 → 0 é múltiplo de 5
A raiz quadrada de números formados de 1 e 2 alga- 5.1=5 → 5 é múltiplo de 5
rismos apenas, sendo quadrados perfeitos, se extrai men- 5 . 2 = 10 → 10 é múltiplo de 5
talmente. .........................................................
Um número inteiro é quadrado perfeito quando ele M 5 = {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, ...}
é igual ao quadrado de outro inteiro. Não se Esqueça:
Vejamos: a) Zero é múltiplo de qualquer número.
b) Todo número é múltiplo de si mesmo.
36 é quadrado perfeito porque é quadrado de 6.
c) Todo número múltiplo de 2 é também chamando
49 é quadrado perfeito porque é quadrado de 7.
número par.
Em seguida, veremos a relação de quadrados perfei- d) Todo número não múltiplo de 2 é também cha-
tos de 1 até 100 e suas respectivas raízes. mado número ímpar.
e) O conjunto dos múltiplos de um número diferente
1 =1 4 = 2 9 = 3 de zero é infinito.
16 = 4 2) Divisores de um número natural
25 = 5 36 = 6 49 = 7 Considere este outro esquema:
64 = 8 é divisor de

81 = 9 100 = 10 3 = 21 : 7
7 = 21 : 3
Todo número terminado em 2, 3, 7, 8 ou em núme-
é divisor de
ro ímpar de zeros não pode ser quadrado perfeito e sua
raiz é um número irracional. Divisores de um número são todos aqueles que o di-
Com efeito, pela relação apresentada, vimos que os videm exatamente.
quadrados dos nove primeiros números terminam em: 1,
4, 5, 6 ou 9. Exemplo: Seja D 6 ou D(6) o conjunto dos divisores
do número 6. Veja como se obtêm os divisores de 6:
Como o quadrado de um número qualquer termina
sempre pelo algarismo das unidades do quadrado do al- 6 : 1 = 6 → 1 é divisor de 6
garismo de suas unidades simples, concluímos que só 6 : 2 = 3 → 2 é divisor de 6 D 6 = {1, 2, 3, 6}
podem ser quadrados perfeitos os números terminados 6 : 3 = 2 → 3 é divisor de 6
em 1, 4, 5, 6, 9 ou em número par de zeros. 6 : 6 = 1 → 6 é divisor de 6
Raiz Quadrada de Frações Ordinárias 1 é o menor divisor de qualquer número.
Todo número diferente de zero é divisor de si
Para se extrair a raiz quadrada de uma fração ordiná-
mesmo.
ria extraem-se as raízes quadradas dos dois termos de
O conjunto dos divisores de um número diferente
fração, aplicando-se a mesma regra dos números inteiros.
de zero é finito.
Assim,
Critérios de Divisibilidade
36 36 6 256 256 16 Observe esta equivalência:
= = = =
49 49 7 625 625 25 é divisível por
é divisor de
Como vimos, extraímos a raiz quadrada do numera- 20 : 5 = 4
 20 : 4 = 5
dor e a do denominador da fração. 5 . 4 = 20

é divisor de é divisível por

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Raciocínio Lógico-Matemático
No sistema decimal de numeração, utilizamos regras Para saber se um número é primo ou não, divide-se o
especiais para saber se um número é ou não divisível por número dado, sucessivamente pelos números primos 2,
outro, sem fazer a divisão. 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, ..., até se encontrar um quociente
menor ou igual ao divisor. Se nenhuma dessas divisões
Assim, um número é divisível por
for exata, então, o número dado é primo.
2 Quando for par, isto é, quando terminar em 0, 2, 4, 6 e 8.
Quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos for
3 divisível por 3. Veja como exemplo o número 257.
* 126 é divisível por 3, pois 1 + 2 + 6 = 9 e 9 : 3 = 3
Quando os dois últimos algarismos forem 00 ou formarem um 257 7 257 11 257 13 257 17
número divisível por 4.
4 • 500 é divisível por 4. Os dois últimos algarismos são 00. 47 36 37 23 127 19 87 15
•232 é divisível por 4. Os dois últimos algarismos formam o 5 4 10 2
número 32, que é divisível por 4.
Quando o algarismo das unidades for 0 ou 5, isto é, quando
5 terminar em 0 ou 5. Portanto, o número 257 é primo. Encontramos um
Quando for divisível por 2 e por 3, ao mesmo tempo. quociente menor que o divisor e a divisão não é exata.
6 •108 é divisível por 2, pois é par; e também por 3, pois 1 + 0 +
8 = 9 e 9 é divisível por 3. Portanto, 108 é divisível por 6. Verifiquemos agora, se 289 é primo.
Quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos for
9 divisível por 9. 289 não é divisível por 2, 3, 4, 5, 6 (critérios de divi-
• 207 é divisível por 9, pois 2 + 0 + 7 = 9 e 9 : 9 = 1 sibilidade); mas
Quando o algarismo das unidades for 0, isto é, quando terminar
10 em 0. 289 7 289 11 289 13 289 17
9 41 69 26 29 22 119 17
E quando você quiser saber se um número é divisível
por outro, cuja regra não conste nessa tabela, faça dire- 2 3 3 0
tamente a divisão.
NÚMEROS PRIMOS E NÚMEROS COM- O número 289 não é primo porque a divisão é exata.
POSTOS Quando dois ou mais números só admitem como di-
Vejamos o conjunto N* = {1, 2, 3, 4, ...} sob este as- visor comum o número um (1), são chamados de primos
pecto: entre si.

1 é divisível por 1 Exemplos:


2 é divisível por 2 e 2 a) 5 e 6 têm como único divisor comum o 1. Portan-
3 é divisível por 1 e 3 to, 5 e 6 são primos entre si.
4 é divisível por 1, 2 e 4 b) 7, 8 e 10 são primos entre si, porque o único divi-
5 é divisível por 1 e 5 sor comum é o 1.
6 é divisível por 1, 2, 3 e 6
7 é divisível por 1 e 7 MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM – MMC
8 é divisível por 1, 2, 4 e 8 Minimação (operação), Menor Múltiplo Comum
a) Existem números somente divisíveis por 1 e por si (resultado)
mesmo. São os números primos: 2, 3, 5, 7, 11, ... Minimação é a operação que associa a dois números
b) Existem, também, aqueles que admitem outros di- naturais o seu menor múltiplo, comum, cuja abreviatura
visores além dos próprios e da unidade (1). São os núme- é m.m.c., excluído o zero.
ros compostos: 4, 6, 8, 9, 10, ...
Processos para determinar o m.m.c
Conclusões:
m.m.c. (4, 6, 8) = ? ou 4M6M8 = ?
a) Número primo é o número (diferente de 1) que
a) Por intersecção (U = N*):
possui somente dois divisores: 1 e ele próprio.
b) Número composto é aquele que possui mais de M4 = {4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32, ...}
dois divisores. M6 = {6, 12, 18, 24, 30, 36, 42, ...}
M8 = {8, 16, 24, 32, 40, 48, ...}
Não se esqueça:
M4  M6  M8 = {24, ...}
a) 1 não é primo, pois D 1 = {1}, nem é composto. m.m.c. de dois ou mais números é o menor valor da
b) 2 é o único número par que é primo, pois D 2 {1, intersecção dos conjuntos dos múltiplos desses números.
2}. Portanto: m.m.c. (4, 6, 8) = 24 ou 4 M 6 M 8 = 24
c) Qualquer outro número par não é primo.
b) Por decomposição em fatores primos (fatoração
Reconhecimento de um número primo completa):
Já sabemos que {... 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29,
...} são primos.

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Raciocínio Lógico-Matemático
4 2 6 2 m.d.c. de dois ou mais números é o produto dos fato-
res primos comuns, cada um deles tomado com o seu
2 2  22 3 3  2 . 3 menor expoente.
1 1
Portanto:
90 = 2 . 3² . 5
8 2 84 = 2² . 3 . 7
24 = 2² . 3
4 2  2³
m.d.c. (90, 84, 24) =2.3=6
2 2
c) Pelas divisões sucessivas:
m.m.c de dois ou mais números é o produto dos fato- m.d.c (72, 42) = ?
res primos comuns e não-comuns, cada um deles tomado
1 1 2 2 quocient
com o seu maior expoente.
e
Portanto: 4 = 2² 6=2.3 8 = 72 42 30 12 6 divisores

m.d.c.: divide-se o maior pelo menor. Depois, divide-
m.m.c (4, 6, 8) = 2³ . 3 = 8 . 3 = 24 se o menor pelo resto da divisão entre o maior e o me-
c) Pelo processo tradicional: nor. A seguir, divide-se o 1º resto pelo 2º resto e assim
sucessivamente, até surgir resto zero. O último divisor é
4 6 8 2 o m.d.c.
2 3 4 2
Portanto o m.d.c. (72, 42) = 6
1 3 2 2 m .m .c (4, 6, 8) = 24
1 3 1 3 Emprego da Prática do M.M.C
1 1 1 2 . 2 . 2 . 3 = 24 1. Digamos que no Brasil o Presidente deva perma-
necer 4 anos em seu cargo, os Senadores, 6 anos e os
MÁXIMO DIVISOR COMUM – MDC Deputados, 3 anos. Com as eleições havidas em 2002 pa-
Maximização (operação), Maior Divisor Comum ra os três cargos, em que ano se realizarão novamente e
(resultado) simultaneamente as eleições para esses cargos?
Maximização é a operação que associa a dois núme- Resolução: Calculando o M.M.C de 4, 6 e 3 = 12, en-
ros naturais o maior divisor comum, cuja abreviatura é contramos o número de anos necessários para que
m.d.c. ocorram novas eleições conjuntas. Se as últimas foram
realizadas em 2002, as eleições seguintes serão efetuadas
m.d.c (12, 18) = ? ou 12 D 18 = ? em: 2002 + 12 = 2014.
a) Por intersecção (U = N*): 2. Duas rodas de uma engrenagem têm 14 e 21 den-
D12 = {1, 2, 3, 4, 6, 12} D18 = {1, 2, 3, 6, 9, tes, respectivamente. Cada roda tem um dente estragado.
18} Se, em um dado instante, estão em contato os dois dentes
estragados, depois de quantas voltas se repete novamente
D12  D18 = {1, 2, 3, 6}
este encontro:
O m.d.c de dois ou mais números é o maior valor da Resolução: Calcula-se o M.M.C. de 14 e 21 = 42, que
intersecção dos conjuntos dos divisores desses números. é o número de dentes que deverá passar pelo ponto de
Portanto, m.d.c. (12, 18) = 6 ou 12 D 18 = 6 origem para que se repita o encontro.
b) Por decomposição em fatores primos ou fatoração Dividindo-se 42 por 14 e 21, encontraremos, respec-
completa: tivamente, o número de voltas que a roda menor e a mai-
or deverão dar, logo:
m.d.c. (90, 84, 24) = ?
42 : 14 = 3 e 42 : 21 = 2
90 2 84 2
g) Expressão numérica
45 3 42 2
É um conjunto de operações indicadas por números.
15 3 21 3 Toda expressão numérica corresponde a um número que
5 5 7 7 se obtém realizando as operações indicadas. Essas ope-
rações devem ser efetuadas segundo uma ordem rigoro-
1 1 sa para não oferecer confusões.
24 2 Vamos fazer este acordo e respeitá-lo:
12 2 Nossa pontuação Nossas Operações
6 2 ( ) Parênteses - Adição e Subtração
3 3 [ ] Colchetes - Multiplicação e Divisão
{ } Chaves - Potenciação e Radicia-
1 ção

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Raciocínio Lógico-Matemático
Na solução de uma expressão numérica a ordem será: x -x x
= - da mesma forma,
Em relação à pontuação, resolvem-se primeira- −y y y
mente os parênteses, depois os colchetes e finalmente as
chaves. +x x x -x x
= + = e =
Em relação às operações, resolvem-se primeiro as +y y y -y y
potências e raízes, depois multiplicações e divisões e fi-
nalmente as adições e subtrações. *Assim como todo número natural é um número in-
teiro, todo número inteiro é também um número racio-
Exemplo:
nal. Dizemos, então, que Z é subconjunto de Q, isto é,
  2 2 5
( 6
35 + 2  18 + 15 - 3  2 + 10 - 8  2 + 0 - 9 + 1 = )   que Z está contido em Q. Vejamos:
Q

= 35 + 2   18 + 15 - 3  4 + 10 - 4 ( )2 + 0 - 3 + 1 =
    N N  Z  Q

  
Z

= 35 + 2  18 + 15 - 12 + 6 2 - 3 + 1 =
  
= 35 + 2  18 + 3 + 36 - 3 + 1 = *O conjunto dos números racionais possui também as
= 35 + 2  18 + 39 - 3 + 1 =
seguintes notações:

= 35 + 2  54 + 1 =
, , , e
= 35 + 108 + 1 =
c) Propriedade dos números racionais
= 144
Todo número racional tem uma representação de-
4.2. NÚMEROS RACIONAIS cimal (escrita com o uso da vírgula). Para obtê-la basta
a) Introdução efetuar a divisão. Essa representação pode ter:
* um número finito de casas depois da vírgula. Nes-
Os números inteiros surgiram para solucionar pro-
se caso é chamada decimal exata.
blemas dos números naturais porém, os números inteiros
também têm suas limitações como, por exemplo, uma 5
= 0,625 (representação exata)
divisão “x : y” onde “x  y”. Daí o homem descobriu 8
que podia fracionar os números criando, assim, os núme- *um número infinito de casas depois da vírgula e
ros racionais representado pela letra Q (inicial da palavra que se repetem periodicamente. Nesse caso temos a dí-
quociente), onde: zima periódica.
2
 = 0,222...
Z com b  0 
a
x x = ; a e b  9
 b  Todo número que tem uma representação decimal
exata ou uma representação decimal infinita e periódica
A formulação indica que número racional é todo é um número racional e, portanto, possui uma represen-
aquele que pode ser escrito na forma de fração, com nu- tação fracionária chamada geratriz da decimal.
merador inteiro e denominador inteiro e diferente de ze- Exemplo:
ro.
1
b) Representação Geométrica 0,125 (decimal exata) =
8
Podemos representar os números racionais numa reta 25
marcando os pontos relativos ao seu valor, tendo como 2,7777777... (decimal periódica) =
9
origem sempre o número “0”, conforme a figura
abaixo: Quaisquer que sejam dois números racionais,
1 3 sempre vai existir um outro número racional entre eles.
− Essa propriedade é conhecida como densidade dos nú-
-3 -2 -1 2 0 4 1 2 2,7 3
meros racionais e, por isso, dizemos que o conjunto dos
-2,75 -1,3 0,5 1,25
números racionais é denso. Observe:
1 3 4 1
Lembre-se:  +  ÷ 2 = ÷ 2 =1÷ 2 = ÷ 2 = 0,25 ...
4 4 4 2
* Um número racional representado na reta é maior
que qualquer outro número racional localizado à sua es- d) Operações fundamentais com números racio-
querda. Na representação acima, -1,3  -3. nais
Chamamos de fração a uma ou mais das partes
* O local de colocação do sinal indicando número iguais em que se divide a unidade. As frações podem ser
racional negativo antes da fração, não altera seu resulta- ordinárias e decimais.
do. Assim,

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Raciocínio Lógico-Matemático
As “Frações Ordinárias” possuem denominador Subtração
diferente de 10 ou potência de 10 e as decimais iguais a
1º caso: as frações têm o mesmo denominador. Sub-
10 ou potência de 10.
traem-se os numeradores e conserva-se o denominador
O Numerador e o Denominador são os termos da fra- comum.
ção e escreve-se o primeiro sobre o segundo, separados
por um traço horizontal (traço de fração). 17 13 1 17 - 13 - 1 3
Exemplo: - - = =
22 22 22 22 22
O denominador indica em quantas partes foi dividida
a unidade; o numerador indica que quantidades dessas 2º caso: as frações têm denominadores diferentes.
partes foram tomadas. Neste caso, reduzem-se as frações ao mesmo deno-
Na fração 3/5, temos: 1 unidade que foi dividida em minador e aplica-se a regra do 1º caso.
5 partes, das quais foram tomadas 3 partes. 7 5 1 42 - 15 - 2 25 1
Exemplo: - - = = =1
Fração Própria é aquela cujo numerador é menor 4 8 12 24 24 24
que o denominador. Multiplicação
3 2 9 Para a multiplicação de frações, multiplicam-se os
Exemplos: , ,
4 5 100 denominadores entre si, bem como os seus numeradores.
5 3 2 4 120 12 2
Fração Imprópria é aquela cujo numerador é maior Exemplos: x x x = = =
que o denominador. É imprópria porque representa intei- 7 4 3 5 420 42 7
ros e frações. Divisão
10 8 7 Para dividirmos uma fração por outra, multiplica-se a
Exemplos: , ,
3 5 3 primeira fração pela inversa da segunda.
Número Misto é aquele constituído de um número 3 4 3 7 21
inteiro e de uma fração. Exemplo: : : x =
5 7 5 4 20
1 3 1
Exemplo: 4 , 7 , 4 f) Expressões aritméticas fracionárias
3 4 9
Valem, aqui, as mesmas regras aplicadas às expres-
Observações: Todo número pode ser transformado sões com números inteiros. Quando houver frações sobre
numa fração imprópria, obedecendo à seguinte regra: um traço horizontal e, sob este, houver frações (ou mes-
multiplica-se a parte inteira pelo denominador e soma-se mo um número inteiro), efetuam-se as operações sobre o
com o numerador. traço, em seguida, calculam-se as situadas embaixo do
1 16 traço; por fim divide-se o resultado das operações acima
Exemplo: 5 = pois (5 x 3 + 1 = 16) do traço pelo resultado das operações indicadas abaixo
3 3 do traço.
e) Operações com frações ordinárias 1 2 1 4
+ - x
Adição: Exemplo: 2 3 5 5
1 7 5
1º caso: as frações têm o mesmo denominador. : x
7 9 3
Neste caso, somam-se os numeradores e conserva-se
- resolvendo o numerador da expressão, temos:
o denominador.
1 3 5 9 1 1 2 1 4 3 + 4 4
Exemplo: + + = = 1 + - x = -
8 8 8 8 8 2 3 5 5 6 25
7 4 175 - 24 151
2º caso: as frações têm denominadores diferentes. - = =
6 25 150 150
Neste caso, reduzem-se as frações ao mesmo deno-
minador e aplica-se a regra do 1º caso. - resolvendo o denominador da expressão, temos:
Neste caso, reduzem-se as frações ao mesmo deno- 1 7 5 1 35 1 27 27
: x = : = x =
minador e aplica-se a regra do 1º caso. 7 9 3 7 27 7 35 245
1 5 3 Consequentemente:
+ +
2 8 4
151
Reduzindo-se ao mesmo denominador, temos o 150 = 151 x 245 = 36.995
M.M.C (2, 8, 4) = 8 27 150 27 4.050
4 5 6 15 7 245
+ + = = 1
8 8 8 8 8

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Raciocínio Lógico-Matemático
g) Fração de fração Vejamos:
Para calcular-se uma fração de fração, basta multipli- N.º Lê-se
car a primeira pela segunda. A preposição “de” entre du- 0,6 Seis décimos
as frações indica que a primeira deve ser multiplicada 0,37 Trinta e sete centésimos
pela segunda.
0,189 Cento e oitenta e nove milésimos
2 1 2 1 2 1 3,7 Três inteiros e sete décimos
Exemplo: de = x = =
3 4 3 4 12 6 13,45 Treze inteiros e quarenta e cinco centésimos
130,024 Cento e trinta inteiros e vinte e quatro milésimos
h) Os números decimais
5,0004 Cinco inteiros e quatro milésimos
Os números decimais têm origem nas frações deci-
mais. Por exemplo, a fração 1/2 equivale à fração 5/10 Frações e números decimais
que equivale ao número decimal 0,5.
Dentre todas as frações, existe um tipo especial cujo
Stevin (engenheiro e matemático holandês), em 1585, denominador é uma potência de 10. Este tipo é denomi-
ensinou um método para efetuar todas as operações por nado fração decimal.
meio de inteiros, sem o uso de frações, no qual escrevia
os números naturais ordenados em cima de cada alga- 1 3 23
Exemplos de frações decimais, são: , ,
rismo do numerador indicando a posição ocupada pela 10 100 100
vírgula no numeral decimal. A notação abaixo foi intro- 5 1
duzida por Stevin e adaptada por John Napier, grande , , , etc.
1000 10 3
matemático escocês.
Toda fração decimal pode ser representada por um
1437
= 1,437 número decimal, isto é, um número que tem uma parte
1000 inteira e uma parte decimal, separados por uma vírgula.
Assim, para representar quantidades inteiras, sob a A fração 127/100 pode ser escrita na forma mais
forma decimal, utilizamos os números decimais, que se simples, como:
caracterizam pela presença de uma vírgula que separa a 127
parte inteira da parte decimal. = 1,27
100
INTEIROS , DÉCIMOS CENTÉSIMOS MILÉSIMOS …
onde 1 representa a parte inteira e 27 representa a
parte decimal, ou seja, 1 inteiro dividido em 27 partes
Este método foi aprimorado e em 1617 Napier pro- iguais. Esta notação subentende que a fração 127/100
pôs o uso de um ponto ou de uma vírgula para separar a pode ser decomposta na seguinte forma:
parte inteira da parte decimal.
127 100 + 27 100 27
Leitura de um Número Decimal = = + 1 + 0,27 = 1,27
100 100 100 100
Para ler números decimais é necessário primeiramen-
A fração 8/10 pode ser escrita na forma 0,8, onde 0 é
te, observar a localização da vírgula que separa a parte
a parte inteira e 8 é a parte decimal. Aqui observamos
inteira da parte decimal.
que este número decimal é menor do que 1 porque o
Um número decimal pode ser colocado na forma ge- numerador é menor do que o denominador da fração.
nérica: Propriedades dos números decimais
DEZENAS UNIDADES DÉCIMOS CENTÉSIMOS MILÉSIMOS zero à direita não altera o valor – Um número
decimal não se altera quando se acrescenta ou se retira
Por exemplo, o número 30,824, pode ser escrito na forma: um ou mais zeros à direita do último algarismo não nulo
de sua parte decimal. Considerada a propriedade fun-
3 DEZENAS 0 UNIDADES 8 DÉCIMOS 2 CENTÉSIMOS 4 MILÉSIMOS damental. Exemplo:
0,5 = 0,50 = 0,500 = 0,5000
Dessa forma, para ler um número decimal, procede- 1,0002 = 1,00020 = 1,000200
mos do seguinte modo: 3,1415926535 = 3,141592653500000000
1º) Leem-se os inteiros; zero à esquerda altera o valor – Um número de-
2º) Lê-se a parte decimal, seguido da palavra: cimal se modifica quando acrescentamos um ou mias ze-
décimos: se houver uma casa decimal; ros à esquerda de sua parte decimal. Exemplo:
centésimos: se houver duas casas decimais; 0,4; 0,04; 0,004 e 0,0004 são diferente, pois:
milésimos: se houver três casas decimais;
0,4 = quatro décimos;
0,04 = quatro centésimos
0,004 = quatro milésimos
0,0004 = quatro décimos de milésimos

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Raciocínio Lógico-Matemático
na multiplicação por potência de 10, a vírgula se 524 30
desloca para a direita – Para multiplicar um número 524 17,46
decimal por 10, por 100, por 1000, basta deslocar a vír- 140
200
gula para a direita de acordo com o número de zeros da 20
potência apresentada. Por exemplo: Conversão de números decimais em fração ordi-
7,4 x 10 = 74 nária
7,4 x 100 = 740 Para converter-se um número decimal em fração or-
7,4 x 1000 = 7400 dinária, basta colocar o número decimal sem a vírgula
na divisão por potência de 10, a vírgula se deslo- para numerador da fração e, para denominador, o núme-
ca para a esquerda – Para dividir um número decimal ro 1 (um) seguido de tantos zeros quantas forem as casas
por 10, 100, 1000, etc, basta deslocar a vírgula para a es- decimais.
querda de acordo com o número de zeros da potência Exemplo: 6,04 = 604/100
apresentada. Por exemplo: 0,18 = 18/100
247,5 ÷ 10 = 24,75 1,1112 = 11112/10000
247,5 ÷ 100 = 2,475 2,8 = 28/10
247,5 ÷ 1000 = 0,2475 19,15 = 1915/100

Operações com números decimais Conversão de fração decimal em número decimal


Adição: Escrevem-se os números decimais uns sob Podemos escrever a fração decimal 1/10 como: 0,1.
os outros, de modo que as vírgulas se correspondam; Esta fração é lida “um décimo”. Notamos que a vírgula
somam-se os números, como se fossem inteiros, e colo- separa a parte inteira da parte fracionária:
ca-se a vírgula na soma, em correspondência com as das
parcelas. parte inteira parte fracionária
0 , 1
Exemplo: 12,4 + 0,025 + 22,01 =
12,4 Uma outra situação nos mostra que a fração deci-
0,025 + mal 231/100 pode ser escrita como 2,31, que se lê da
22,01 seguinte maneira: “dois inteiros e trinta e um centé-
34,435 simos”. Novamente observamos que a vírgula separa
Subtração: Escreve-se o subtraendo sob o minu- a parte inteira da parte fracionária:
endo de modo que as vírgulas se correspondam. Subtra-
em-se os números como se fossem inteiros e coloca-se a parte inteira parte fracionária
vírgula no resultado em correspondência com os termos: 2 , 31

Exemplo: 7,08 - 2,4592 = Em geral, transforma-se uma fração decimal em um


7,0800 número decimal fazendo com que o numerador da fração
2,4596 - tenha o mesmo número de casas decimais que o número
4,6208 de zeros do denominador. Na verdade, realiza-se a divi-
são do numerador pelo denominador. Por exemplo:
Multiplicação: Multiplicam-se números como se
fossem inteiros, separando-se o resultado, a partir da di- 130/100 = 1,30
reita, tantas casas decimais quantos forem os algarismos (987/1000 = 0,987
decimais dos números dados. 5/1000 = 0,005
Exemplo: 9,46 x 4,2 = Comparação de números decimais
9,46 A comparação de números decimais pode ser feita
4,2 x analisando-se as partes inteiras e decimais desses núme-
1892 ros. Para isso, faremos uso dos sinais: > (que se lê: mai-
3784 or); < (que se lê: menor) ou = (que se lê: igual).
39,732
Números com partes inteiras diferentes: O maior nú-
Divisão: Reduzem-se o dividendo e o divisor ao mero é aquele que tem a parte inteira maior. Por exem-
mesmo número de casas decimais, desprezam-se as vír- plo:
gulas de ambos e efetua-se a divisão com se fossem in- 4,1 > 2,76, pois 4 é maior do que 2.
teiros. Obtido o quociente, coloca-se ao mesmo tempo 3,7 < 5,4, pois 3 é menor do que 5.
uma vírgula à sua direita e um zero à direita de cada res-
to, a fim de continuar a divisão. Números com partes inteiras iguais: Igualamos o
número de casas decimais acrescentando zeros tantos
Os demais algarismos do quociente serão sempre ob- quantos forem necessários. Após esta operação, teremos
tidos colocando-se um zero à direita de cada resto. dois números com a mesma parte inteira mas com partes
Exemplo: 5,24 : 0,3 decimais diferentes. Basta comparar estas partes deci-
mais para constatar qual é o maior deles. Alguns exem-
plos, são:
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Raciocínio Lógico-Matemático
12,4 > 12,31 pois 12,4 = 12,40 e 40 > 31. 30 200 300 x 100
8,032 < 8,47 pois 8,47 = 8,470 e 032 < 470. =  x = = 15
x 100 200
4,3 = 4,3 pois 4 = 4 e 3 = 3.
Resposta: a taxa de desconto foi de 15%
➢Cálculo da porcentagem (p)
5. PORCENTAGEM
a) Conceituação Ex.: Se comprar uma televisão à vista, que custa
R$ 250,00, terei um desconto de 12%. Qual será o des-
Chama-se porcentagem ou percentagem a porção de
conto?
um dado valor, que se determina sabendo-se o quanto
corresponde a cada unidade de 100. Solução: Fazendo a montagem,
Ex.: É muito comum ouvirmos informações como es- 100 → 12
tas:
250,00 → x temos a seguinte regra de três:
“A loja está em liquidação, 40% de desconto à vista.”
12 100 12 x 250
“O candidato foi eleito com 69% dos votos.” =  x = = 30
“Atualmente o índice de alfabetização é de 80%.” x 250 100

A primeira sentença significa que sobre cada R$ Resposta: o desconto será de R$ 30,00
100,00 de compra à vista, a loja dá um desconto de R$ ➢Cálculo do capital (C)
40,00. A segunda, que o candidato obteve 69 votos de
cada 100 votos válidos. A terceira, que, atualmente, em Ex.: Ao comprar um objeto obtive um desconto de
cada 100 habitantes, 80 são alfabetizados. R$ 800,00. Qual o preço desse objeto se a taxa de des-
conto foi de 20%?
A expressão x por cento (onde “x” é um valor qual-
quer), que se representa por x%, chama-se taxa de por- Solução: Fazendo a montagem,
centagem. 100 → 20
A porcentagem é também conhecida como razão x → 800 temos a seguinte regra de três:
centesimal, pois é uma fração expressa na base 100. As-
100 20 100 x 800
5 =  x = = 4.000
sim, na razão a taxa de porcentagem é 5; escreve- x 800 20
100
se 5% e lê-se cinco por cento. Resposta: o objeto custa R$ 4.000,00
Principal – diz-se principal ou capital o valor ou ➢Cálculo da soma de um número e sua porcenta-
quantia sobre o qual se calcula a porcentagem. gem
Ex.: Se o salário mínimo é de R$ 151,00 e o governo Para se achar a soma de um número qualquer, e sua
pretende dar um aumento de 5% (cinco por cento), di- porcentagem, acha-se primeiro a porcentagem e em se-
zemos que 5 é a taxa percentual e 151,00 é o principal. guida adiciona-se esta ao número dado.
b) Cálculo da porcentagem Ex.: Qual o valor de venda de uma mercadoria que
custou R$ 4.126,75 e sobre a qual se quer ter lucro de 6
Os problemas de porcentagem são resolvidos por
%?
meio de uma regra de três simples e direta.
4 . 126,75  6
Para os cálculos usaremos: Solução: Lucro = = R$ 247,60
100
C = Capital principal
p = porcentagem adquirida Custo da mercadoria = R$ 4.126,75 +
i = taxa de porcentagem dada Lucro = R$ 247,60 =
100 = valor constante da razão centesimal Preço da venda = R$ 4.374,35
Assim, em todos os casos faremos sempre a seguinte No preço da venda influi o custo da mercadoria e
montagem: uma porcentagem sobre o mesmo, isto, é, o custo e o lu-
cro.
Sobre 100 Tem-se i
Sobre C Tem-se p Pode-se, porém, resolver o problema por meio de
uma fórmula.
➢Cálculo da taxa (i)
Multiplica-se o número dado por 100 mais a taxa e
Ex.: Ao comprar um objeto com preço de R$ divide-se o produto por 100, o que se exprime por meio
200,00 obtive um desconto de R$ 30,00. Qual foi a taxa da seguinte fórmula:
do desconto obtida?
soma dada x 100 + t
n.º – % =
Solução: Fazendo a montagem 100
200,00 → 30,00 Ex.: usaremos o dados do exemplo anterior.
100 → x temos a seguinte regra de três:

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Solução: 13.632,30  9
Lucro = = R$ 1.125,60
4.126,75  106 109
Venda = = R$ 4.374,35
100 2º) Um comissário apresentou a um seu corres-
pondente uma conta cuja soma era de R$ 7.064,28. Nesta
➢Cálculo da soma inicial, sendo dadas a porcen- soma estavam compreendidas comissão de 1 1/2 % e de
tagem e a taxa. 2 por mil pelo abatimento do capital. Qual foi o capital
A soma inicial, isto é, aquela sobre a qual foi calcu- adiantado e qual a sua comissão completa?
lada uma porcentagem dada, se acha por meio de uma
1
fórmula. Solução: As taxas são 1 % e 2 por mil. É necessá-
2
Multiplica-se a porcentagem dada por 100 e o produ- rio reduzi-las a uma só base e, facilmente, podem ambas
to se divide pela taxa, o que se exprime por meio da se- ser reduzidas a um tanto por mil.
guinte fórmula:
1
%  100 Ora, 1 por cento é o mesmo que 1,50 x 10 = 15 por
Soma Inicial = 2
t mil. A comissão total foi calculada, portanto, na base de
Ex.: Um comerciante ganha R$ 936,75 sobre o custo 2 + 15 = 17 por mil.
de certa mercadoria. O seu lucro é de 5 %. Qual é o lucro Temos, então:
?
7.064,28  17
936,75  100 Comissão = = R$ 188,08
soma inicial = = R$ 18.735,00 1.000 + 17
5
O capital adiantado pelo comissário foi:
➢Cálculo da taxa
7.064,28 - 118, 08 = R$ 6.046,20
Sendo dadas a porcentagem e a soma sobre a qual foi
ela calculada, acha-se a taxa por meio da seguinte regra: ➢Cálculo da taxa sendo dadas uma soma adicio-
nada à sua porcentagem e a porcentagem.
Multiplica-se a porcentagem por 100 e divide-se o
Para se achar a taxa, neste caso, multiplica-se a por-
produto pela soma dada, o que se exprime por meio da
centagem dada por 100 e divide-se o produto pelo total
seguinte fórmula:
dado menos a porcentagem, o que se pode exprimir por
%  100 meio da seguinte fórmula:
Taxa =
soma dada %  100
taxa =
total - %
Ex.: 1º) Sobre uma fatura de R$ 5.740,00 se concede
o abatimento de R$ 143,50. De quantos por cento é este Ex.: Um negociante vendeu certas mercadorias por
abatimento? R$ 24.530,00 e ganhou R$ 2.230,00. De quanto por cen-
143,50  100 to sobre o custo foi o seu lucro ?
%= = 2,5 %
5.740,00 2.230,00  100
Taxa de lucro = = R$ 10 %
2º) O peso bruto de certa mercadoria é 76,40 24.530,00 - 2.230,00
Kg. A tara é 11,46 Kg. A quanto por cento corresponde ➢Cálculo da porcentagem sendo dadas uma soma
esta tara? líquida ou reduzida e a taxa.
11,46  100 Multiplica-se a soma líquida ou reduzida pela taxa e
%= = 15 %
76,40 divide-se o produto por 100, menos a taxa, o que se pode
exprimir por meio da seguinte fórmula:
➢Cálculo da porcentagem sendo a taxa e a soma
de um número a % soma líquida x taxa
%=
Sendo dadas a soma de um número mais uma porcen- 100 - taxa
tagem e a taxa, e querendo-se calcular a porcentagem Ex.: 1º) Um comerciante vendeu certa mercadoria
compreendida na soma, multiplica-se a soma dada pela por R$ 7.634,50, com prejuízo de 2 % sobre o custo.
taxa e o produto se divide por 100 mais a taxa, o que se Qual foi seu prejuízo ?
exprime por meio da seguinte fórmula:
7.634,50  2
soma dada  taxa Prejuízo = = R$ 155,80
% = 98
100 + taxa
2º) O líquido de uma letra a vista negociada num
Ex.: 1º) Um negociante vendeu certas mercadorias, banco foi R$ 9.453,60. O banco cobrou 0,15 % pelo ne-
com um lucro de 9 % sobre o custo, por R$ 13.632,30. gócio. Qual foi a porcentagem do banco ?
Qual é o seu lucro?
9.453,60  0,15
%= = R$ 14,20
99,85

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3º) Uma pessoa vendeu por R$ 200,00 uma Do mesmo modo,
mercadoria que comprara por R$ 160,00. De quanto por
x% a.a = é o índice representativo da taxa, quando o
cento, em relação ao custo, foi o lucro ?
tempo for expresso em anos.
160,00 (custo) : 100 % (custo) x
40,00 (lucro) : x ...donde: % a.m = é o índice representativo da taxa, quan-
12
do o tempo for expresso em meses.
40,00  100
= 25 % x
160,00 % = é o índice representativo da taxa, quando
360
o tempo for expresso em dias.
6. JUROS
6.1. JUROS SIMPLES
6.1.2. MÉTODO DAS FÓRMULAS:
6.1.1. INTRODUÇÃO
Examinando-se as diversas fórmulas do explicado,
Chama-se juro a compensação que se recebe, em- vemos que todas elas podem ser apresentadas por este
prestando uma certa quantia por determinado tempo. modo:
Assim, se uma pessoa deposita em caderneta de pou- CÁLCULO DO JURO:
pança a importância de R$ 10,00 e, após um ano, recebe,
além da quantia depositada, R$ 1,20 como rendimentos 1 Quando o tempo é representado por um certo nú-
compensatórios, diremos que esse R$ 1,20 representa o mero de anos.
juro do capital empregado.
Capital x taxa x anos
Juro =
“Os juros são diretamente proporcionais ao capital 100
e ao tempo aplicados” logo:
2 Quando o tempo é representado por um certo nú-
Observe que R$ 1,20 corresponde a 12% do seu valor
mero de meses:
em um ano.
Deste modo, o juro produzido na unidade de tempo Capital x taxa x meses
Juro =
representa uma certa porcentagem do capital, cuja taxa 100 x 12
se chama taxa de juro.
3 Quando o tempo é representado por um certo nú-
No exemplo apresentado, temos o Capital de R$ mero de dias:
10,00, que foi a quantia inicial aplicada; R$ 1,20, é o
rendimento do capital aplicado, chamado juro; a taxa, Capital x taxa x dias
Juro =
aqui representada pelos 12%; e o tempo de aplicação, 100 x 360
durante o qual o capital rendeu os juros, que é de 1 ano.
Em resumo, se o tempo for em meses, entra o núme-
Representando-se por “C” o capital empregado no ro 12 no divisor da fórmula; se em dias, entra 360, ou
tempo “t”, por “i” a taxa de juro e por “j” o juro, será a 365, se quiser adotar o ano civil.
seguinte a fórmula para o cálculo dos juros simples.
6.1.3. MONTANTE:
Ci t
J = Chama-se montante a soma de um capital mais seus
100
juros simples.
Desta fórmula, podemos deduzir as seguintes fórmu-
las: Muitas vezes aparece nos problemas de juros simples
a soma de um capital e seus juros, e é necessário conhe-
100  J 100  J 100  J cer o capital ou o juro compreendido na soma dada.
C = i = t =
it Ct Ci
As fórmulas que se devem aplicar são estas:
Para resolvermos questões de juros, devemos obser-
var sempre se o tempo (t) e a taxa (i) estão representados Cálculo do capital
na mesma unidade. O capital é igual à soma dada multiplicada por 100,
Assim, sendo o produto dividido por 100 mais a taxa multiplica-
da pelo tempo, o que se exprime por meio da seguinte
100 = é o número representativo do tempo, quando fórmula, em que “i” representa a taxa e “t” o tempo.
for expresso em anos.
1.200 = é o número representativo do tempo, quando soma dada  100
Capital =
este for expresso em meses. 100 + (i  t )
36.000 = é o número representativo do tempo, quan-
do este for expresso em dias. Como, porém, o tempo pode ser expresso em anos,
meses ou dias, temos que observar sempre que:
* Observação: 36.000 quando se tratar de dias, em
ano comercial ou 36.500, ou 36.600 se se tratar de ano Anos: são representados por 100
civil bissexto, ou não. Meses: são representados por 1.200

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Dias: são representados por 36.000
6.2. JUROS COMPOSTOS
Exemplos:
Juros compostos são juros capitalizados, isto é, ao
1) Uma soma empregada durante 8 anos a 4 % se final de cada período de tempo considerado os juros são
tornou em 7.867,20 depois de adicionada aos juros. Qual incluídos no capital que servirá de base para os cálculos
era essa soma? do período seguinte. É comum ouvir-se falar em juros
Solução: Capital = sobre juros.
7.867,20  100 O cálculo dos juros compostos á bastante simplifi-
= R$ 5.960,00 cado se se considerar a taxa e o tempo na mesma unidade
100 + (8  4) de tempo. Assim, se “t” representa o número de períodos
Conhecido o capital, calcula-se por diferença o juro, de tempo (dias, meses, semestres, anos, etc.) o montante
que é de: dos juros compostos mais o capital inicial será dado pela
7.867,20 - 5.960,00 = R$ 1.907,20 fórmula:
t
 i 
M = C  1 + 
2) Que capital se deve empregar a 6 % para se ter, ao  100 
fim de 5 anos 2 meses e 12 dias, a soma de R$ 28.240,00
Os juros serão a diferença entre o montante (M) e o
?
capital inicial (C).
Capital + Juros = R$ 28.240,00 J = M - C
5a 2m + 12 d = 1.872 dias. Verificação prática:
28.240,00  36.000 01. Qual o valor dos juros compostos pagos por
Capital = = R$ 20.000,00
36.000 + (8  1.872 ) uma caderneta de poupança ao 10% ao trimestre, sobre
um capital de R$ 20.000,00 após 1 ano?
Se o capital é de R$ 20.000,00, os juros incluídos na C = 20.000,00
soma são: i = 10% ao trimestre
Juros = 28.240,00 – 20.000,00 = R$ 8.240,00 t = 1 ano = 12 meses = 4 trimestres
4
 10 
Cálculo dos juros M = 20.000  1 + 
 100 
Dada a soma de um capital e seus juros, a taxa e tem- M = 20.000 (1 + 0,01)4 = 20.812,08
po, acha-se o capital por meio das fórmulas já apresenta- J = 20.812,08 - 20.000 = 812,08
das. 02. Determinar os juros compostos de R$ 30.000,00
Se o problema tem por fim a determinação dos juros a 3% a.m., ao fim de 2 anos.
incluídos na soma, diminui-se o capital encontrado da C = 30.000,00
soma dada. A diferença constitui os juros. Pode-se, po- i = 3% a.m.
rém, calcular diretamente o juro incluído na soma dada t = 2 anos = 24 meses
por meio da seguinte fórmula: 24
M = 30.000  1 +
3 

soma dada  taxa  tempo  100 
Juros =
100 + (taxa  tempo ) M = 30.000 (1 + 0,03)24 = 30.000 x 2,032794
M = 60.983,82
Obs.: Para tempos em meses trocamos 100 por 1.200, J = 60.983,82 - 30.000,00 = 30.983,82
para tempos em dias trocamos 100 por 36.000. Obs.: A taxa deve sempre permanecer na unidade de
tempo em que for dada, o tempo é quem deve variar em
Cálculo da soma
relação à unidade da taxa.
Para se calcular a soma de um capital e seus juros, 03. Qual o montante de R$ 10.000,00 no fim de três
sendo dado o capital, os juros, o tempo e a taxa, calcula- anos, com juros de 24% capitalizados trimestralmente?
se o capital e adiciona-se este aos juros.
Obs.: Quando se diz que os juros são capitalizados
É possível calcular a soma do capital e seus juros di- segundo certo período de tempo. Tanto a taxa quanto o
retamente por meio da seguinte fórmula: tempo devem ser transformados para essa unidade.
Montante (soma) = Capital + juros = Assim,
C = 10.000,00
Capital (100 + it ) i = 24% a.a. = 6% ao trimestre.
=
100 t = 3 anos = 36 meses = 12 trimestres.
M = 10.000  (1 + 0,06 )12 = 20.121,96
M = R$ 20.121,96

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7. PROPORCIONALIDADE DIRETA E INVER- 2 4
SA =
5 10
7.1. GRANDEZAS PROPORCIONAIS
Obs.: Cada elemento de uma proporção é chamado
Grandeza é todo valor que, ao ser relacionado a um termo da proporção sendo que os 1º e 3º termos são
outro de tal forma, quando um varia, como consequência chamados termos antecedentes e os 2º e 4º termos,
varia também o outro. termos consequentes e que os 2º e 3º termos formam os
Em nosso cotidiano quase tudo liga duas ou mais meios e os 1º e 4º termos, os extremos.
grandezas. Vejamos: quando falamos em tempo, veloci-
dade, peso, espaço, etc. estamos lidando com grandezas b) Propriedade das proporções
relacionadas entre si. 1) Propriedade Fundamental – Em toda proporção
Ex.: Um automóvel percorre um determinado espaço o produto dos meios é sempre igual ao produto dos ex-
num tempo maior ou menor dependendo da velocidade tremos.
que imprimir. Assim, também a quantidade de trabalho a
ser realizado num determinado tempo depende do nú- 2 4 5 x 4 = 20
= →
mero de operários empregados. 5 10 2 x 10 = 20
A relação de dependência entre duas grandezas, de-
Aplicação:
pendendo da condição apresentada, pode ser classificada
como Direta ou Inversamente Proporcionais. 7 X 8 x X = produto dos meios
= onde
Grandezas Diretamente Proporcionais: 8 40 7 x 40 = produto dos extremos
Duas grandezas são diretamente proporcionais quan-
do a variação de uma implica na variação da outra, na
temos que, 8x = 280, logo x = 35.
mesma proporção, mesmo sentido e direção.
2) Composição – Em toda proporção, a soma dos
Ex.: compra de alimentos:
dois primeiros termos está para o primeiro ou para o se-
01 Kg de feijão custa “x”; se comprarmos 2 kg, gundo, assim como a soma dos dois últimos está para o
pagaremos “2x”. terceiro ou para o quarto.
Grandezas Inversamente Proporcionais: a c a+b c+d a+b c +d
=  = ou =
Duas grandezas são inversamente proporcionais b d a c b d
quando a variação de uma implica necessariamente na Aplicação: A soma de dois números é 80 e a razão
variação da outra, na mesma proporção, porém, em sen- entre o menor e o maior é 2/3. Achar o valor desses nú-
tido e direção contrários. meros.
Ex.: Velocidade e tempo. a = menor
Se uma pessoa andar numa determinada veloci- a 2 a + b 2 + 3
b = maior =  =
dade para atingir certa distância, levará um tempo. Se b 3 a 2
aumentar a velocidade, o tempo diminuirá para percor- a + b = 80
rer a mesma distância.
80 5 80 x 2
Portanto, =  a = = 32
a 2 5
7.2. RAZÃO E PROPORÇÃO
Se o menor vale a = 32, o maior b será 80 – 32 = 48
a) Conceituação
3) Decomposição – Em qualquer proporção, a dife-
A razão entre dois números, dados numa certa or- rença entre os dois primeiros termos está para o primeiro
dem, sendo o segundo número sempre diferente de zero, ou para o segundo, assim como a diferença entre os dois
é o quociente indicado do primeiro pelo segundo. últimos está para o terceiro ou para o quarto.
Ex.: A razão de 8 para 12 = 8/12 ou 8 : 12 a c a-b c-d a-b c-d
=  = ou =
b d a c b d
Obs.: 1) Lê-se: oito está para doze, sendo que o 1º
número é o antecedente e o 2º, o consequente. Aplicação: Determinar dois números, sabendo-se que
2) Quando o antecedente de uma razão for a razão entre eles é de 7/3 e que a diferença é 48.
igual ao consequente de outra, ou vice-versa, dizemos
que formam duas razões inversas. Ex.: a/b e b/a a = maior
a 7 a-b 7-3
b = menor =  =
Proporção é a sentença matemática que exprime b 3 a 7
uma igualdade entre duas razões. a - b = 48

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Portanto, Obs.: O valor de “b” é calculado seguindo-se o mes-
mo procedimento.
48 4 48 x 7
=  a = = 84
a 7 4
7.3. DIVISÃO PROPORCIONAL
Se a - b = 48, então b = 84 - 48 = 36.
a) Conceituação
4) Em toda proporção a soma dos antecedentes está
para a soma dos consequentes, assim como qualquer an- Dividir uma grandeza em partes proporcionais con-
tecedente está para o seu consequente. siste em determinar valores que, divididos por quocien-
tes previamente determinados, mantêm uma razão cons-
a c a+c a a+c c tante.
=  = ou =
b d b+d b b+d d Ex.: 150 divididos em partes proporcionais a 2, 3 e 5
Aplicação: Calcular “a” e “b”, sendo que a + b = 63 (= quocientes predeterminados) tem-se como resultado:
a b 30, 45 e 75, respectivamente, porque é satisfeita a razão:
e =
3 4 30 45 75 15
= =  → (razão constante)
a+b a 63 a 63 x 3 2 3 5 1
= , =  a = = 27
3+4 3 7 3 7 A divisão proporcional pode ser direta, inversa ou, ao
mesmo tempo, direta e inversa.
a+b b 63 b 63 x 4
= , =  b = = 36
3+4 4 7 4 7 b) Divisão em partes diretamente proporcionais

5) Em qualquer proporção, a diferença dos antece- O total dos números a ser dividido está para a soma
dentes está para a diferença dos consequentes, assim co- dos proporcionais, assim como cada proporcional está
mo qualquer antecedente está para o seu consequente. para a parte que representa.

a c a-c a a-b a Ex.: Uma pessoa divide R$ 13.000.00 proporcional-


=  = ou = mente às idades de seus filhos: 3, 4 e 6 anos. Quanto ca-
b d b-d b c-d c
berá a cada um?
6) Em qualquer proporção, o produto dos anteceden- Solução:
tes está para o produto dos consequentes, assim como o
quadrado de um antecedente está para o quadrado de seu 3 + 4 + 6 = 13
consequente. 13 : 13.000,00
a c ac a 2
ac c 2 3 : x = 3.000,00 (parte do 1º)
=  = 2 ou = 2
b d bd b bd d 13 : 13.000,00
4 : x = 4.000,00 (parte do 2º)
Aplicação: A área de um retângulo é de 150 m 2 e a
razão da largura para o comprimento é de 2/3. Achar es- 13 : 13.000,00
sas medidas. 6 : x = 6.000,00 (parte do 3º)

a = largura b = comprimento Dividir o número 240, em partes diretamente propor-


cionais a 3, 4 e 5.
a 2 a b ab a2 150 a2
=  = , = 2 , = Chamemos de “x”, “y” e “z” as partes que queremos
b 3 2 3 2x3 2 6 4 determinar, logo x + y + z = 240 e pela definição
a2 = 150 x 4 : 6 = 100, a2 = 100, a = 10 x y z
a = largura = 10 m, b = comprimento = 15 = =
3 4 5
m
Por se tratar de igualdade entre três razões, prevale-
7) Em qualquer proporção, elevando-se os quatros
cem as propriedades das proporções.
termos ao quadrado, resulta uma nova proporção.
 x + y + z = 240
Aplicação: A soma do quadrado de dois números é 
468 e a razão do menor para o maior é 2/3. Determinar x y z
 = =
esses números. 3 4 5
a 2 a2 22 4 Aplicando-se a 3ª propriedade das proporções, temos:
a2 + b2 = 468, = , 2 = 2 = portanto,
b 3 b 3 9
x + y + z x y z
2 2 = = =
a +b 4+9 13 2 468 x 4 3 + 4 + 5 3 4 5
2
= = , a = = 144
a 4 4 13
Chamemos o 1º termo de razão equivalência (RE).
2
... a = 144, a = 12

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- Substituindo x + y + z por 240, determina-se a ra- Calculando as partes temos:
zão de equivalência (RE)
30 x
=  x  1 = 30  6  x = 180
240 240 20 1 6
RE    = 20
3 + 4 + 5 12 20 30 y
=  y  1 = 30  4  y = 120
- Para determinar as partes, monta-se uma proporção 1 4
para cada uma delas: 30 z
=  z  1 = 30  3  z = 90
20 x 1 3
=  x  1 = 20  3  x = 60
1 3 Verificando temos:
20 y 180 + 120 + 90 = 390
=  y  1 = 20  4  y = 80
1 4 180 120 90 30
= = = = 30
20 z 6 4 3 1
=  z  1 = 20  5  z = 100
1 5 c) Divisão em partes inversamente proporcionais
Verificando temos: A rigor, a divisão proporcional inversa não existe,
x + y + z = 240 pois, neste caso, basta inverter os termos da razão para
60 + 80 + 100 = 240 transformá-la numa divisão direta. Assim, por exemplo,
1
x y z para dividir em partes inversamente proporcionais a e
= = 5
3 4 5 = constante 3
equivale a dividir em partes diretamente proporcio-
60 80 100 20 4
= = = = 20 4
3 4 5 1 nais a 5 e .
3
Dividir o número 390 em partes diretamente propor-
1 1 1 Ex.: Dividir 420 em partes inversamente proporcio-
cionais a , e nais a 3, 5 e 6.
2 3 4
 x + y + z = 420
x + y + z = 390 
 
x
=
y
=
z
x y z
 = =  1 1 1
1 1 1  3 5 6
 2 3 4
Determinação das frações equivalentes (m.m.c = 30):
Como os quocientes predeterminados são frações, de-
termina-se as frações equivalentes. Logo, 1 1 1 10 6 5
, ,  , ,
m.m.c = 12 3 5 6 30 30 30

1 1 1 6 4 3 Montando-se o sistema temos:


, ,  , ,
2 3 4 12 12 12  x + y + z = 420

Dividindo-se em partes diretamente proporcionais  x y z
 10 = 6 = 5
aos numeradores, desprezando-se o m.m.c entre os de- 
nominadores, o sistema fica:
Aplicando-se a 3ª propriedade das proporções
 x + y + z = 390
 x + y + z x y z
x y z = = =
6 = 4 = 3 10 + 6 + 5 10 6 5

420 20
RE  = = 20
Aplicando-se a 3ª propriedade das proporções: 21 1
x + y + z x y z Calculando as partes obtém-se
= = =
6 + 4 + 3 6 4 3
20 x
=  x  1 = 20  10  x = 200
390 30 1 10
RE  = = 30
13 1 20 y
=  y  1 = 20  6  y = 120
1 6
20 z
=  x  1 = 20  5  z = 100
1 5

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Raciocínio Lógico-Matemático
Verificação:  x + y + z = 344

200 + 120 + 100 = 420 x y z x y z
 = = = = =
 2  2 3  4 4  1 4 12 4
200 120 100 20
= = = = 20  3 5 2 3 5 2
10 6 5 1
Determinação das frações equivalentes (m.m.c = 15):
- Dividir o número 780 em partes inversamente pro-
1 4 12 2 20 36 30
, ,  , ,
3
porcionais a 5, 0,5 e . 3 5 1 15 15 15

 5 1 Montando-se o sistema temos:


 x + y + z = 780 Obs. : 0,5 = =
 10 2  x + y + z = 344

 x y z
x y z  20 = 36 = 30
= = 
1 2 3
5 1 1 Aplicando-se a 3ª propriedade das proporções
Determinação das frações equivalentes (m.m.c = 5): x + y + z x y z
= = =
1 2 3 1 10 15 20 + 36 + 30 20 36 30
, ,  , , 344 4
5 1 1 5 5 5 RE  = = 4
86 1
Montando-se o sistema temos:
Calculando as partes obtém-se
 x + y + z = 780
 4 x
 x y z =  x  1 = 4  20  x = 80
 1 = 10 = 15 1 20

4 y
Aplicando-se a 3ª propriedade das proporções =  y  1 = 4  36  y = 144
1 36
x+ y+z x y z
= = = 4 z
1 + 10 + 15 1 10 15 =  z  1 = 4  30  z = 120
1 30
780 30
RE  = = 30
26 1 Verificação:
Calculando as partes obtém-se 80 + 144 + 120 = 344

30 x 80 144 120 4
=  x  1 = 30  1  x = 30 = = = = 4
1 1 20 36 30 1

30 y
=  y  1 = 30  10  y = 300 8. COMPREENSÃO DE DADOS APRESEN-
1 10 TADOS EM GRÁFICOS E TABELAS
30 z 8.1. CONCEITO
=  z  1 = 30  15  z = 450
1 15 Estatística é a parte da Matemática Aplicada que
Verificação: fornece métodos para a coleta, a organização, a descri-
ção, a análise, a interpretação de dados e tabelas que
30 + 300 + 450 = 780 descrevem fatos.
30 300 450 30 Esses dados, após serem organizados e interpreta-
= = = = 30 dos, permitem a tomada de decisões. Muitas vezes essas
1 10 15 1
decisões são baseadas na dúvida porque os dados são
d) Divisão simultânea em partes direta e inversa- apenas uma amostra típica de determinada população.
mente proporcionais 8.2. DADOS ESTATÍSTICOS
Basta dividir em partes diretamente proporcionais ao Os fatos numéricos utilizados em Estatística para
produto de cada uma delas, respectivamente. previsões, estimativas ou tomadas de decisões são cha-
Ex.: Dividir o n.º 344 em partes diretamente propor- mados de dados estatísticos. Eles podem se referir a to-
cionais a 2, 3, e 4 e inversamente proporcionais a 2/3, dos os elementos de um conjunto (população) ou apenas
4/5 e 1/2. a uma parcela típica dos elementos desse conjunto
(amostra).
A coleta, a organização e a descrição dos dados fa-
zem parte da Estatística Descritiva; já a análise e a in-
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terpretação desses dados fazem parte da Estatística In- 8.4. FASES DA ESTATÍSTICA
dutiva ou Inferencial.
a) Coleta de Dados
a) População – população estatística ou universo É a busca de informações que se quer pesquisar.
estatístico é o conjunto de entes portadores de, pelo me-
Pode ser direta ou indireta
nos, uma característica comum à pesquisa pretendida.
direta – quando feita sobre elemento informativo
Ex.: Os índios do Brasil, os trabalhadores sem-terra,
de registro obrigatório.
os menores de rua, etc.
Ex.: nascimentos, casamentos, óbitos, importação
* população finita – é aquela em que é possível
ou exportação de mercadorias, etc.
enumerar todos os seus elementos e componentes.
Será direta, ainda, quando os dados coletados forem
Ex.: O número de alunos de uma comunidade. feitos pelo próprio pesquisador através de inquéritos e
* população infinita – nela os elementos que a questionários, como é o caso das notas de verificação e
compõe não podem ser contados. de exames, do censo demográfico, etc.
Ex.: Os astros existentes no universo. A coleta direta de dados pode ser classificada como:
b) Censo é a operação que consiste numa apuração contínua quando feita continuamente tal como os
dos valores que constituem uma população. É o levan- registros de nascimentos, casamentos, etc.
tamento total da população. periódica quando feita em intervalos constantes de
Ex.: Censo Econômico, populacional, etc. tempo tal como o censo populacional (feito de 10 em 10
anos) ou a avaliação mensal dos alunos.
Muitas vezes, em decorrência de imprevistos, limi- ocasional quando feita esporadicamente, a fim de
ta-se às observações referentes a uma determinada pes- atender uma determinada conjuntura ou emergência, co-
quisa a apenas uma parte dessa população. A essa parte mo nos casos de epidemias ou catástrofes repentinas.
em estudo denominamos amostra. indireta – quando feita através de dados já co-
c) Amostra – é um subconjunto finito de uma popu- nhecidos (coleta direta) e/ou do conhecimento de outros
lação observada. fenômenos relacionados com o dado estudado.
Ex.: No grupo de aidéticos do Brasil, estuda-se ape- Ex.: pesquisa sobre a mortalidade infantil, que é
nas os casos terminais ou somente os casos entre mulhe- feita através de dados colhidos por uma coleta direta.
res, etc. b) Crítica de dados
8.3. VARIÁVEIS ESTATÍSTICAS Obtidos os dados, eles devem ser cuidadosamente
criticados, evitando-se possíveis falhas e imperfeições
Variável é o conjunto de resultados possíveis de um
que possam incorrer em erros grosseiros ou de certo vul-
fenômeno populacional. Pode ser:
to influenciando no resultado.
qualitativa – quando seus valores são expressos
por atributos: sexo (masculino ou feminino), cor (branca, A crítica é externa quando visa às causas de erro
preta, amarela, vermelha, etc.); por parte do informante ou pesquisado, por distração ou
quantitativa – quando seus valores são expressos má interpretação das perguntas que lhes foram feitas; é
em números. Ex.: número de filhos que pode ser 0, 1, 2, interna quando visa observar os elementos originais dos
3, 4, ... n, dados da coleta.

A variável quantitativa pode ser: c) Apuração dos dados


É a soma e o processamento dos dados obtidos e a
• contínua – quando pode assumir qualquer valor
disposição mediante critérios de classificação.
num intervalo de observação.
• discreta – podem assumir somente valores parti- A apuração pode ser manual, eletromecânica ou ele-
culares (inteiros) num intervalo de observação. trônica.
Assim, o número de filhos de um casal pode assu- d) Exposição ou apresentação dos dados
mir qualquer um dos valores do conjunto N = {0, 1, 2, 3, Independente da finalidade que se tenha em mente,
...}, mas nunca valores como 2,5, 1/2, 4,325, etc. Logo é os dados devem ser apresentados sob forma adequada vi-
uma variável discreta. Já o peso desses filhos é uma vari- sando o fácil exame daquilo que está sendo objeto do es-
ável contínua, pois um dos filhos pode pesar tanto 60 kg, tudo estatístico e posterior obtenção de medidas típicas.
como 62,5 kg, ou 85,45 kg, etc., dependendo da precisão
da medida. e) Análise dos resultados
De um modo geral, as medições dão origem a vari- Realizadas as fases anteriores – estatística descritiva
áveis contínuas e as contagens ou enumerações, a vari- – fazemos uma análise dos resultados obtidos, através
áveis discretas. dos métodos da estatística indutiva ou inferencial, que
tem por base a indução ou inferência, e tiramos desses
resultados conclusões e previsões.

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Raciocínio Lógico-Matemático
Os dados estatísticos podem ser apresentados na *a tabela não é fechada lateralmente;
forma de rol ou lista, na forma de tabelas ou em gráfi- * as delimitações, superior e inferior, são feitas por
cos. uma linha de espessura maior que as demais (linhas de
GRAS);
* as linhas internas verticais das tabelas não são
7.5. ROL OU LISTA obrigatórias;
Uma lista é a forma mais grosseira e rudimentar de * o título vem, sempre, acima e fora da tabela;
apresentação de dados estatísticos. Consiste em mostrar * a indicação dos elementos complementares da ta-
os dados exatamente como foram coletados, razão pela bela vem abaixo e à esquerda da tabela;
qual se presta bem como preparação para as fases poste-
* as grandezas de contagens, usadas como referên-
riores de apresentação ou análise, ou ainda à transferên-
cia, são indicadas no cabeçalho embaixo da variável que
cia das informações coletadas pelo pesquisador ou entre-
especifica o conteúdo da coluna respectiva (ex.: 1.000 t,
vistador às pessoas encarregadas pelo processamento.
R$ milhões, etc.);
Num rol se dá um pequeno passo adiante. Aqui os
dados são apresentados segundo uma ordem (crescente * na indicação de um período de anos destacado no
ou decrescente) de magnitude que permite visualizar no título, coloca-se o ano inicial seguido de hífen e dos dois
mínimo eventuais pontos de concentração. últimos algarismos do ano final (ex.: 1990-96);
* quando, porém, a indicação se restringir a dois
8.6. TABELAS ESTATÍSTICAS anos distintos, indica-se os dois separados por hífen (ex.:
1990-1996);
a) Noções – Conceitos
* a casa ou célula não deve ser preenchida com ex-
A tabela é um quadro disposto com os valores estu- pressões literais. Na falta ou ausência de registro deverá
dados, que resumem um conjunto de observações. Com- ser usado um dos sinais convencional:
põe-se de:
 valor ignorado – deve ser substituído por três pon-
* corpo (1) – conjunto de linhas e colunas que con-
tos (...);
têm informações sobre a variável em estudo;
*título (2) – conjunto de informações, as mais  valor igual a zero ou inexistente – será substituído
completas possíveis, localizado no topo da tabela, con- por um traço (-);
tendo a designação do fato observado, de modo a res-
ponder às perguntas o que?, quando? e onde?. quando temos dúvidas quanto à exatidão de deter-
* cabeçalho (3) – parte superior da tabela que espe- minado valor – será substituído por um ponto de interro-
cifica o conteúdo das colunas; gação (?);
* coluna indicadora (4) – parte da tabela, localiza-  quando o valor for muito pequeno para ser ex-
da à esquerda, que especifica o conteúdo das linhas; presso na grandeza indicada no título – será substituído
* linhas (5) – retas imaginárias, no sentido horizon- por zero (0);
tal, que facilitam a leitura de dados que se inscrevem nos
seus cruzamentos com as colunas; • quando uma célula apresentar valor muito elevado
* casa ou célula (6) – encontro de cada linha com ou que exija coluna bem larga para transcrevê-lo deverá
sua respectiva coluna, destinada a uma determinada in- ter seu registro arredondado para a medida múltipla mais
formação; próxima do seu valor (ex.: o valor 3.554.002 pode ser
* rodapé (7) – local reservado para os elementos reduzido para 3.554 assim como o valor 1.879.356, pode
complementares da tabela, que são a fonte, as notas e as ser aproximado para o valor 1.880, etc.).
chamadas.
Assim, teremos na tabela abaixo: 8.7. SÉRIES ESTATÍSTICAS
2 a) Conceito
PRODUÇÃO DE CAFÉ
4 BRASIL - 1978-82 Série estatística é toda tabela que apresenta a distri-
3 buição de um conjunto de dados estatísticos em função
3 PRODUÇÃO
ANOS da época, do local ou da espécie, na qual existem três
(1.000 t) 4
1 2.535 6 elementos básicos: o tempo, o espaço e a espécie.
1978
1979 2.666 A variação de qualquer desses elementos indica a
1980 2.122 5
1981 3.750 classificação da série estatística que pode ser:
1982 2.007
7 FONTE: IBGE b) Séries históricas, cronológicas, temporais ou
marchas
Descrevem os valores da variável, em determinado
b) Normas para apresentação tabular de dados
local, discriminado de acordo com intervalos de tempo
O Conselho Nacional de Estatísticas, através da Re- variáveis.
solução n.º 886, de 26 de outubro de 1966, elaborou as
Normas de apresentação tabular ditadas a seguir:

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Raciocínio Lógico-Matemático
Ex.: Ex.: Suponhamos que temos de representar a quan-
PRODUÇÃO DE FERTILIZANTES tidade de telefones instalados por região nos anos de
FOSFATADOS - BRASIL - 2015-2019 2017, 2018 e 2019:
QUANTIDADE
ANOS TELEFONES INSTALADOS - 2017-2019
(em t)
2015 3.570.115 REGIÃO 2017 2018 2019
2016 4.504.201 Norte 373.312 403.712 457.741
2017 5.448.835 Nordeste 1.440.531 1.567.006 1.700.467
2018 4.373.226 Sudeste 8.435.308 8.892.409 8.673.660
2019 4.024.813 Sul 2.106.145 2.192.762 2.283.581
FONTE: Associação Nacional para Difusão de Adubos e Cor- Centro-Oeste 803.013 849.401 944.075
retivos Agrícolas.
13.158.309 13.905.290 14.059.524
FONTE: IBGE COM ADAPTAÇÕES
c) Séries geográficas, espaciais, territoriais ou de
localização A conjugação acima foi série geográfica-série his-
tórica, que dá origem à Série geográfico-histórico ou
Descrevem os valores da variável, em determinado Geográfico-temporal.
instante, discriminados de acordo com uma dada região.
Ex.: 8.8. DADOS ABSOLUTOS E DADOS RELA-
PRODUÇÃO DE OVOS DE TIVOS
GALINHA NO BRASIL
QUANTIDADE
a) Conceitos
REGIÃO
(1000 dúzias) Dados absolutos são os dados estatísticos resultan-
Norte 66.092 tes da coleta direta da fonte, sem haver manipulação se-
Nordeste 356.810 não a contagem ou medida. Esses dados, embora apre-
Sudeste 937.463 sentem um resultado exato e fiel, não têm a virtude de
Sul 485.098
ressaltar de imediato as suas conclusões numéricas daí
Centro-Oeste 118.468
porque a Estatística considerar indispensável o uso dos
FONTE: IBGE.
dados relativos.
Dados relativos são os resultados de comparações
d) Série específica ou categórica
por quociente que se estabelecem entre dados absolutos,
Descrevem os valores da variável, em determinado e têm por finalidade realçar ou facilitar as comparações
tempo e local, discriminados de acordo com especifica- entre quantidades.
ções ou categorias dadas.
Esses dados são representados, geralmente, por
Ex.: meio de percentagens, índices, coeficientes e taxas.
NÚMERO DE NOTÍCIAS PUBLICADAS SOBRE b) As percentagens
CRIANÇAS E ADOLESCENTE – 2006
QUANTIDADE O emprego da percentagem é utilizado quando o
JORNAL nosso intuito é destacar a participação da parte no todo.
(em unid.)
Correio Braziliense 387 Ex.: Uma pesquisa sobre a preferência entre 400
Folha de São Paulo 362 mulheres de uma cidade em relação a 3 tipos de xampu
O Estado de São Paulo 329
apresentou o seguinte resultado:
O Globo 238
Jornal do Brasil 216
Jornal de Brasília 194
Xampu Número de mulheres
FONTE: CB 9.2.97 A 200
B 160
C 40
e) Séries conjugadas – Tabela de dupla entrada
Total 400
Muitas vezes, pela necessidade de apresentar, em
uma única tabela, a variação de valores de mais de uma
variável, temos de conjugar duas ou mais tabelas. Calculando-se as percentagens da preferência de
cada xampu temos:
Série conjugada é, então, a combinação de duas sé-
ries em uma única tabela. Nesse tipo de tabela ficam cri- Xampu A = 200 x 100 = 50 = 50%
adas duas ordens de classificação: uma horizontal (li- 400
nha) e uma vertical (coluna). Xampu B =
160 x 100
= 40 = 40%
400
40 x 100
Xampu C = = 10 = 10%
400
Com esses dados, podemos formar uma nova colu-
na na série em estudo:

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Raciocínio Lógico-Matemático
Taxa de mortalidade – o produto do coeficiente
de mortalidade por 1.000.
Xampu Número de mulheres % Taxa de natalidade – o produto do coeficiente de
A 200 50 natalidade por 1.000.
B 160 40 Taxa de evasão escolar – o produto do coeficien-
C 40 10 te de evasão escolar por 100.
Total 400 100
8.9. GRÁFICOS ESTATÍSTICOS
Os valores dessa nova coluna nos traduz que, de ca- a) Conceito
da 100 mulheres da cidade, 50 preferem o “Xampu A”,
40 preferem o “Xampu B” e apenas 10 preferem o O gráfico estatístico é uma forma de apresentação
“Xampu C”. de dados estatísticos, onde se obtêm uma impressão mais
rápida e viva do fenômeno em estudo, já que os gráficos
c) Os índices falam mais rápido à compreensão que as séries.
Índices são razões entre duas grandezas tais que A representação gráfica deve obedecer a certos re-
uma não inclui a outra. quisitos fundamentais tais como:
São exemplos de índices: Simplicidade – o gráfico deve ser destituído de
índice cefálico – o quociente do diâmetro trans- detalhes minuciosos, assim como de traços desnecessá-
verso do crânio pelo diâmetro longitudinal do crânio rios que possam levar o observador a uma análise moro-
multiplicado por 100. sa ou com erros.
quociente intelectual – o quociente da idade Clareza – o gráfico deve possibilitar uma correta
mental pela idade cronológica multiplicado por 100. interpretação dos valores nele expressos.
densidade demográfica – o quociente da popu- Veracidade – o gráfico deve expressar a verdade
lação pela superfície. sobre o fenômeno em estudo.
índices econômicos: Os principais tipos de gráficos são os diagramas,
•produção per capita – o quociente do valor total os cartogramas e os pictogramas.
da produção pela população.
•consumo per capita – o quociente do consumo do b) Diagramas
bem pela população. Os diagramas são gráficos geométricos de, no má-
•renda per capita – o quociente da renda pela po- ximo duas dimensões, construídos sobre um sistema car-
pulação. tesiano.
•receita per capita – o quociente da receita pela Os principais diagramas são:
população.
d) Os coeficientes 1) Gráfico em colunas ou barras
Coeficiente é a razão entre o número de ocorrências É a representação de uma série por meio de retângu-
e o número total (número de ocorrências e números não- los dispostos verticalmente, quando em colunas, ou ho-
ocorrências). rizontalmente, quando em barras.
São exemplos de coeficientes: •em colunas, os retângulos são dispostos com a ba-
se sobre o eixo das abscissas e suas alturas são proporci-
coeficiente de natalidade – o quociente do nú-
onais aos respectivos dados.
mero de nascimentos pela população total.
Ex.:
coeficiente de mortalidade – o quociente do nú-
POPULAÇÃO BRASILEIRA
mero de óbitos pela população total. 1940-1970
coeficientes educacionais:
•coeficiente de evasão escolar – o quociente dos ANO POPULAÇÃO
números de alunos evadidos pelo número inicial de ma- 1940 41.236.315
trículas. 1950 51.944.397
1960 70.119.071
•coeficiente de aproveitamento escolar – o quoci-
1970 93.139.037
ente do número de alunos aprovados pelo número final
de matrículas. FONTE: IBGE
•coeficiente de recuperação escolar – o quociente
do número de alunos recuperados pelo número de alunos
em recuperação.
e) As taxas
As taxas são os coeficientes multiplicados por uma
potência de 10 (10, 100, 1.000, etc.) para tornar o resul-
tado mais inteligível.
São exemplos de taxas:

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Raciocínio Lógico-Matemático
• em barras, os retângulos são dispostos com a ba-
se no eixo das ordenadas e seus comprimentos são pro- temos:
porcionais aos respectivos dados. para 1995: 360 → 360º
Ex.: usando os mesmos dados do gráfico em colu- 90 → xº xº = 90º
nas:
para 1996: 360 → 360º
120 → xº xº = 120º

para 1997: 360 → 360º


150 → xº xº = 150º
Com esses dados (valores em graus), definimos
num círculo as áreas correspondentes, obtendo o gráfico
de setores.
2) Gráfico em colunas ou barras múltiplas
Assim,
Este tipo de gráfico é geralmente usado quando
queremos representar, simultaneamente, dois ou mais fe- Receita do Município “x”
nômenos estudados com o propósito de comparação.
Ex.:
VALOR (R$ 1.000.000)
Especificação
1986 1987 1988
Exportação (FOB) 22.348 26.224 33.789
Importação 14.044 15.052 14.605
FONTE: Min. da Fazenda

Dada a tabela acima, o gráfico será construído.


BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL NOTA
– 1986/88 – • O gráfico de setores só deve ser empregado
quando há, no máximo, sete séries de dados.
• Se as séries já se apresentam em dados percen-
tuais, obtém-se os respectivos valores em graus
multiplicando o valor percentual por 3,6.
4) Gráfico polar
FONTE: Min. da Fazenda É a representação de uma série de dados por meio
de um polígono que serve para representar séries tempo-
3) Gráfico em setores rais (que apresentam desenvolvimento com determinada
Este gráfico é construído com base em um círculo e periodicidade).
é empregado sempre que pretendemos comparar cada va- Para construí-lo
lor de uma série com o total. Neste gráfico, o total é re-
• divide-se uma circunferência em tantos arcos
presentado pelo todo do círculo, que fica dividido em se-
iguais quantos forem as unidades temporais.
tores cujas áreas representam a proporcionalidade dos
valores da série. Essa divisão é obtida mediante aplica- • pelos pontos de divisas traçam-se raios que par-
ção da regra de três lembrando que o total da série cor- tem do centro O (polo).
responde a 360º. Assim,
• marcamos os valores correspondentes da variá-
total → 360º vel, iniciando-se pela semirreta horizontal (eixo
parte → xº polar) cuja distância ao centro é diretamente
proporcional a esse valor.
Ex.: Dada a série
• ligamos os pontos encontrados com segmentos
RECEITA DO MUNICÍPIO X de reta.
DE 2005 a 2007
RECEITA
• se pretendermos fechar a poligonal obtida, em-
ANOS pregamos uma linha interrompida
(em R$)
2005 90
2006 120
2007 150
total..... 360
FONTE: Sec. da Fazenda

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Raciocínio Lógico-Matemático
Ex.: Dada a precipitação pluviométrica de um mu-
nicípio “x”.
PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
DO MUNICÍPIO “x” - 2020
PRECIPITAÇÃO
MESES
(em mm)
janeiro 174,8
fevereiro 36,9
março 83,9
abril 462,7
maio 418,1 c) Cartogramas e Pictpgramas
junho 418,4 Os CARTOGRAMAS (representação de dados na
julho 538,7 forma de carta geográfica) e os PICTOGRAMAS (re-
agosto 323,8
presentação de uma série estatística por meio de símbo-
setembro 39,7
outubro 66,1 los ou figuras) são métodos gráficos de uso mais restrito
novembro 83,3 embora sejam os métodos que melhor falam ao público,
dezembro 201,2 pelas suas formas ao mesmo tempo atraente e sugestiva.
FONTE: Dep. de água e esgoto
6.10. MEDIDAS DE POSIÇÃO
PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO “X”
As medidas de posições são elementos típicos de
OUT
uma distribuição que representam uma série de dados
SET NOV
expressados em números que nos orienta quanto à posi-
DEZ
ção da distribuição em relação ao eixo das abscissas.
AGO
Dentre as medidas de posições destacam-se as me-
JUL
JAN
didas de tendência central, chamadas assim, pelo fato
de seus dados tenderem, em geral, a se agrupar em torno
JUN
FEV dos valores centrais.
MAI São medidas de tendência central:
ABR MAR
* a média aritmética;
* a mediana;
FONTE: CIA ÁGUA & ESGOTO * a moda.
5) Gráfico em linha ou em curvas
MÉDIA ARITMÉTICA ( x )
Este gráfico constitui uma aplicação do processo de
representação das funções num sistema de coordenadas A média aritmética de um conjunto de “n” valores,
cartesianas utilizando uma linha poligonal para represen- é o quociente entre a soma dos “x i” valores e o número
tar a série estatística. “n” de valores dados de conjunto. Tais que:
Neste sistema fazemos uso de duas retas perpendi-  xi
x =
culares que são os eixos coordenados e o ponto de inter- n
secção que é a origem.
onde:
Vejamos o exemplo:
Dada a série x = a média aritmética;
xi = os valores de cada variável;
VENDAS DA COMPANHIA “x” n = o número de valores dados.
- 1991 / 1997 -
VENDAS Emprego da média
ANO (em R$)
1991 230.000
Empregamos a média quando:
1992 260.000 a) desejamos obter a medida de posição que possui
1993 380.000 a maior estabilidade;
1994 300.000
b) houver necessidade de um tratamento algébrico
1995 350.000
1996 400.000 ulterior.
1997 450.000
Ms
FONTE: Dep. de Marketing Média Aritmética Simples ( )
Determinados todos os pontos da série, usando as Determina-se a média aritmética simples quando
coordenadas, ligamos todos esses pontos, dois a dois, por
desejamos conhecer a média de dados não-agrupados.
segmento de reta, o que irá nos dar uma poligonal, que é
o gráfico em linha ou em curva correspondente ao es- Ex.: Sabendo-se que o rendimento semanal de um
tudo. trabalhador autônomo, durante um mês, foi de R$ 100,

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Raciocínio Lógico-Matemático
R$ 110, R$ 130 e R$ 140, temos, como rendimento mé- Mp
dio do mês: isto é: = 6,0

480 Desvio em relação à média (di)


Ms
= = 4 = 120 Denominamos de desvio em relação à média a dife-
rença entre cada elementos de um conjunto de valores e
Assim, o rendimento médio no mês foi de R$ a média aritmética. Tal que:
120,00.
M di = xi - x
Média Aritmética Ponderada ( p )
Obtém-se a média aritmética ponderada através do Ex.: Sabendo-se que a produção leiteira diária de
somatório dos produtos de “n” números pelos seus res- uma Vaca, durante uma semana, foi de 10, 14, 13, 15,
pectivos pesos, divididos pelo somatório desses pesos. 16, 18 e 12 litros, temos para produção média da sema-
na:
 x i fi
Mp =
 fi x =
10 + 14 + 13 + 15 + 16 + 18 + 12
=
7
98
= 14
Onde: 7

fi = é o ponto médio da classe ou um valor atribuído A produção média diária é de 14 litros. Logo, o
como peso da variável. desvio em relação à média fica assim:

xi = os valores de cada variável. di = xi - x  di = 10 - 14 = -4


Ex.: Usando os dados da média aritmética, um pro- d2 = x2 - x  d2 = 14 - 14 = 0
fessor pode atribuir “pesos” às notas de uma turma. As-
d3 = x3 - x  d3 = 13 - 14 = -1
sim,
d4 = x4 - x  d4 = 15 - 14 = 1
Nota da prova: 6,0peso 4
Nota do trabalho: 8,0peso 2 d5 = x5 - x  d5 = 16 - 14 = 2
Nota da arguição: 4,0peso 3 d6 = x6 - x  d6 = 18 - 14 = 4
Nota de conceito: 8,0peso 1
d7 = x7 - x  d7 = 12 - 14 = -2
Neste caso, qual deverá ser a média do mês?
Para o cálculo da média do mês, o professor fará a Desvio-padrão
soma dos produtos de cada nota pelo respectivo peso e Chamamos desvio-padrão de X, e indicamos por
dividirá pela soma dos pesos como mostrado na fórmula “Sx”, à raiz quadrada positiva da variância de X.
acima.
Variância de X (Vx) é a média aritmética dos qua-
6  4 + 8  2 + 4  3 + 8 1 drados dos desvios.
Mp = =
4 + 2 + 3 +1
24 + 16 + 12 + 8 60
No exemplo anterior, temos:
= = = 6
10 10 desvios = -4, 0, -1, 1, 2, 4, -2.
A média do mês será, então, 6,0 Logo:
O modo mais prático de se obter a média ponderada (- 4)2 + (0)2 + (- 1)2 + (1)2 + (2)2 + (4)2 (- 2)2
é abrir, na tabela, uma coluna correspondente aos produ- Vx = 7
tos xifi:
16 + 0 + 1 + 1 + 4 + 16 + 4
Xi fi Xifi Vx = 7
6 4 24
8 2 16 42
= 6
4 3 12 Vx = 7 então,
8 1 8
 = 10  = 60 Vx
Sx =

Temos, então:
Desse modo, Sx = 6  2,5
xifi = 60fi = 10
NOTA: Os valores devem ser trabalhados na mes-
 x i fi 60
Mp = Mp = ma unidade, logo Sx = 2,5 litros.
 fi 10 = 60
Logo, 

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Raciocínio Lógico-Matemático
Propriedades da média
y
* 1ª propriedade yi = xi . c  = x . c
A soma algébrica dos desvios tomados em relação à ou
média é sempre nula, isto é: xi x
k yi = c  y = c
d
i -1
i = 0
Ex.: Se multiplicarmos cada um dos valores da va-
riável do exemplo estudado por 3, obtemos:

Ex.: Considerando o exemplo dado no desvio, te- y1 = 10 . 3 = 30


mos: y2 = 14 . 3 = 42
y3 = 13 . 3 = 39
7

d
y4 = 15 . 3 = 45
i
y5 = 16 . 3 = 48
i-1 = (-4) + 0 + (-1) + 1 + 2 + 4 + (-2) y6 = 18 . 3 = 54
7 y7 = 12 . 3 = 36
d i
Daí,
 i-1 = (-7) + 7 = 0
7
* 2ª propriedade
y i
Somando-se ou diminuindo uma constante (c) a to- i -1 = 30 + 42 + 39 + 45 + 48 + 54 + 36
dos os valores de uma variável, a média do conjunto fica 7
aumentada ou diminuída dessa constante, isto é: y i
i -1 = 294como n = 7, temos:
y
yi = xi  c  = x  c
294
= 42
y
= 7
Ex.: Se somarmos 2 a cada um dos valores da vari-
y
ável do exemplo dado, temos: sendo = x . c = então
y1 = 10 + 2 = 12 42 = 14 . 3 = 42.
y2 = 14 + 2 = 16
y3 = 13 + 2 = 15 RESUMO
y4 = 15 + 2 = 17
y5 = 16 + 2 = 18 Se numa população de “n” elementos, uma variável
y6 = 18 + 2 = 20 X apresenta os valores x1, x2, x3, ... xn, temos:
y7 = 12 + 2 = 14 * média:
Daí, x 1 + x 2 + x 3 + ... + xn
X =
7 n
y i
* desvios:
i -1 = 12 + 16 + 15 + 17 + 18 + 20 + 14
7
(di = xi - X ) → d1, d2, d3, ..., dn
y i
i -1 = 112como n = 7, temos: * variância:
112 (d1 ) 2 + (d 2 ) 2 + (d 3 ) 2 + ... + (d n ) 2
= 16 Vx =
y
= 7 n

y * desvio-padrão:
sendo = x + c = então
16 = 14 + 2 = 16 Vx
Sx =
* 3ª propriedade Média Geral
Multiplicando-se ou dividindo-se todos os valores
de uma variável por uma constante (c), a média do con- Sejam x 1, + x 2 , + x 3 , ... x k as medidas aritmé-
junto fica multiplicada ou dividida por essa constante, is- ticas de “k” séries e n1, n2, n3, ... nk os números de termos
to é: destas séries, respectivamente. A média aritmética da sé-
rie formada pelos termos das “k” séries é dada pela fór-
mula:

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Raciocínio Lógico-Matemático
n1 x 1 + n 2 x 2 + ... + n k x k pa a posição central de uma série, de modo que os limi-
x = tes da série distam da mediana em igual valor.
n1 + n 2 + ... + n k
Ex.: Na sequência 10, 16, 18, 21, 44, 45, 70
Ex.: Sejam as séries
O termo central é o número 21, portanto,
1) 4, 5, 6, 7, 8 em que n1 = 5 e x1 = 6 Md = 21.

2) 1, 2, 3 em que n2 = 3 e x2 = 6 Se um conjunto de dados tiver um número par de


elementos, a mediana será a média aritmética entre os
3) 9, 10, 11, 12, 13 em que n 3 = 5 e x3 = 6 dois termos centrais e será chamado de ponto médio da
série.
Então, a média geral das séries, utilizando a fórmula
acima: Assim, a série 6, 7, 10, 12, 13, 18 apresenta como
mediana a média aritmética entre os termos 10 e 12.
5 . 6 + 3 . 2 + 5 . 11
x = = 7 Logo:
5 + 3 + 5
10 + 12 22
Média Geométrica = = 11
Md = 2 2 então,
x , x , x , ..., x n Md = 11
Sejam 1 2 3 , valores de “X”, associ-
ados às frequências absolutas F1, F2, F3, ..., Fn, respecti- Assim, verificando que, estando ordenados os valo-
vamente. A média geométrica de “X” é definida por: res de uma série e sendo “n” o número de elementos da
série, o valor mediano será:
F F2 F3 Fn
Mg = n
x1 1  x2  x3  ...  xn
n + 1
Em particular, se F1 = F2 = F3 = ... = Fn = 1 tem-se * o termo da ordem 2 , se “n” for ímpar;
n n
Mg = n x1  x2  x3  ...  xn
* a média aritmética dos termos de ordem 2 e 2 +
Ex. 1: Calcular a média geométrica dos valores 3, 6, 1, se “n” for par.
12, 24 e 48. Logo: Emprego da mediana
Mg = 5
3  6  12  24  48 Empregamos a mediana quando:
a) desejamos obter o ponto que divide a distribuição
Mg = 5
248.832  Mg = 12
em partes iguais;
Média Harmônica b) há valores extremos que afetam de uma maneira
acentuada a média;
x , x , x , ..., x n c) a variável em estudo é salário.
Sejam 1 2 3 , valores de “X”, associ-
ados às frequências absolutas F1, F2, F3, ..., Fn, respecti- Dados agrupados
vamente. A média harmônica de “X” é definida por:
Quando uma série contínua é agrupada em classes
n n de frequência, a mediana corresponde ao termo que divi-
Mh = =
F1 F F F n de a série em duas partes iguais e é dado por:
x
+ 2 + 3 + ... + n Fi
x1 x2 x3 xn 1
xi  fi
i +1 Md =
2
Em particular, se F1 = F2 = F3 = ... = Fn = 1 tem-se:
Em uma distribuição chama-se classe mediana à
n n classe que contém a mediana.
Mh = = n
1 1 1 1
x
+ + + ... + 1
x1 x2 x3 xn 1 * Sem intervalo de classe
i +1
xi * No caso de existir uma frequência acumulada (Fi),
tal que:
Ex.: Calcular a média harmônica para 2, 5 e 8.
 fi
Então: Fi =
2 ,
3
Mh = = 3,64 a mediana será a média aritmética entre o valor da
1 1 1
+ + variável correspondente a essa frequência acumulada e o
2 5 8
seguinte.
MEDIANA (Md)
x i + xi + 1
a mediana de um conjunto de “n” valores, ordena- Md =
2
dos segundo uma ordem de grandeza, é o valor que ocu-

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Raciocínio Lógico-Matemático
Ex.: Suponhamos a tabela: Logo, a classe mediana é a de ordem 3. Então:
xi fi Fi l * = 158, F’ = 13, f* = 11 e h* = 4
12 1 1
Substituindo esses valores na fórmula, obtemos:
14 2 3
15
16
1
2
4
6 Md = 158 +
20 - 13
4
= 158 +
28
17 1 7 11 11
20 1 8
Md = 158 + 2,54 = 160,54isto é:
=8
Md = 160,5 cm.
Decis
 fi 8
= = 4 Decis são valores que dividem uma série em 10 par-
Sendo 2 2
tes iguais.
15 + 16 31 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Md = = = 15,5
Logo 2 2
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9
então Md = 15,5.
A fórmula neste caso também é semelhante aos de-
* Com intervalos de classe
mais casos de mediana. Ei-la
Neste caso, basta seguir os seguintes passos:
i  n
1º) Determinamos as frequências acumuladas.
•Calcula-se 10 , em que i = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e
 fi 9
•Identifica-se a classe D1 pela Fac
2º) Calculamos 2 .
•Aplica-se a fórmula:
3º) Marcamos a classe correspondente à frequência
 in 
 fi 
 10
-  f   h
acumulada imediatamente superior à 2 (classe medi- D =  Di +
ana) e, em seguida, empregamos a fórmula: FDi

  fi  em que:
 2 - F' h *
Md =  * +    Di
= limite inferior da classe Di, i = 1, 2, 3, ..., 9
f*
n = tamanho da amostra
Na qual: h = amplitude da classe Di
- l * é o limite inferior da classe mediana; FD i
= frequência da classe Di
- F’ é a frequência acumulada da classe anterior à
classe mediana; f = soma das frequências anteriores à classe Di.
- f* é a frequência simples da classe mediana;
MODA (Mo)
- h* é a amplitude do intervalo da classe mediana.
Denominamos “moda de X” ao valor que ocorre
Tomando como exemplo a distribuição seguinte, com maior frequência em uma série de valores.
Estatura de 40 pessoas Assim, o salário modal de uma empresa é o salário
I Estaturas fi Fi recebido pelo maior número de empregados dessa em-
(cm) presa.
1 150 ⎯ 154 4 4
2 154 ⎯ 158 9 13 De acordo com o comportamento dos termos da sé-
3 158 ⎯ 162 11 24  rie, podemos ter:
4 162 ⎯ 166 8 32
a) série amodal: quando não existe moda, pois to-
5 166 ⎯ 170 5 37
6 3 40 dos os valores da série ocorrem com a mesma frequên-
170 ⎯ 174
cia.
= 40
b) série unimodal: quando existe uma única moda
na série.
temos: c) série bimodal: quando existem duas modas na
série.
 fi 40 d) série multimodal: quando a série apresenta mais
= = 20
2 2 de duas modas.

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Raciocínio Lógico-Matemático
Emprego da moda A classe modal é a terceira classe i = 3 (158 ⎯
A moda é utilizada: 162), * = 158 e L* = 162.
a) quando desejamos obter uma medida rápida e * + L*
aproximada de posição; Mo =
Assim, como 2 , então:
b) quando a medida de posição deve ser o valor
mais típico da distribuição. 158 + 162 320
Mo = = = 160
Dados não agrupados 2 2

Quando trabalhamos com valores não-agrupados, para Logo, Mo = 160 cm


se determinar a moda basta procurar o valor que mais se re- Cálculo da Moda
pete.
Ex.: Na série de dados Um dos processos muito utilizado para o cálculo da
moda é pela fórmula de CZUBER, aplicando-se a se-
7, 8, 9, 10, 10, 10, 11, 12, 13, 15
guinte fórmula:
encontramos a moda igual a 10.
1
Dados agrupados Mo =  * +  h*
1 +  2
* Sem intervalos de classe
Uma vez agrupados os dados, para se determinar a
moda basta fixar o valor da variável de maior frequência.
Onde:
Ex.: Consideremos a distribuição relativa a 34 famí-
lias, com 4 filhos cada, tomando para variável o número - l* é o limite inferior da classe modal;
de filhos do sexo masculinos: - h* é a amplitude da classe modal;
- 1 = diferença entre a frequência da classe modal
n de meninos fi e a imediatamente anterior “f* - f”;
0 2 - 2 = diferença entre a frequência da classe modal
1 6
e a imediatamente posterior “f* - f”
2 10
3 12 sendo:
4 4
 = 34 - f* a frequência simples da classe modal;
- f(ant) é a frequência simples da classe anterior à
Observamos, então, que a frequência de maior valor classe modal;
(12) corresponde o valor 3 da variável. - f(post) é a frequência simples da classe posterior à
classe modal.
Logo: Mo = 3
*Com intervalos de classe Assim, para a distribuição da tabela em estudo, te-
Para o cálculo da moda para dados agrupados, com in- mos:
tervalos de classe, denominamos classe modal à classe que 1 = 11 - 9 = 22 = 11 - 8 = 3
possui a mais alta frequência ou, consequentemente, à clas-
se que contém a moda. donde:
Moda bruta - é o ponto médio da classe modal. 2 8
M o = 158 + x 4 = 158 +
Temos, então: 2 + 3 5

* + L* M o = 158 + 1,6 = 159,6


Mo =
2
Logo, Mo = 159,6 cm  160 cm.
Onde:
- l * é o limite inferior da classe modal;
- L* é o limite superior da classe modal 9. MATRIZES
Assim, na tabela abaixo: a) Conceito
Estatura de 40 pessoas
Utilizadas inicialmente para resolver sistemas linea-
I Estaturas fi
(cm)
res de equações, as matrizes são disposições retangulares
formadas por números reais dispostos em quantidade de-
1 150 ⎯ 154 4
2 154 ⎯ 158 9 terminada de linhas e colunas.
3 158 ⎯ 162 11  Assim, denomina-se matriz do tipo “m x n” com
4 162 ⎯ 166 8
(“m” e “n”  N*) a toda tabela constituída por “m . n”
5 166 ⎯ 170 5
6 3 elementos dispostos em m linhas por n colunas.
170 ⎯ 174
= 40 Vejamos como os matemáticos construíram as matri-
zes a partir de um sistema linear de equação:

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Raciocínio Lógico-Matemático
Considere um sistema linear de duas equações com 1 2
as incógnitas “x e Y”: B=  
3 4 
 ax + by = m (EI )
  entre barras ou
 cx + dy = n (EII )
1 2 1 2
Multiplicando EI por -c e EII por a, obtemos: C= ou C =
3 4 3 4
 - acx - bcy = - cm
 c) Identificação dos Elementos de uma Matriz
 acx + ady = an
Cada elemento de uma matriz é identificado pela po-
Adicionando membro a membro as duas equações, sição que ocupa na tabela. Assim, utilizando-se os índi-
obtemos: ces “i”, para indicar a linha e “j”, para indicar a coluna,
(ad - bc) . y = na - cm, o que resulta: podemos representar um elemento genérico de uma ma-
triz por “aij”.
an - cm
y = com (ad - bc  0). Observe o esquema abaixo:
ad - bc

 ax + by = m
Assim, se  , então ➔
 cx + dy = n 
1 2 3 4
dm - bn an - cm
x = e y = com (ad - bc 
ad - bc ad - bc Ru a Rua
A A

Ru a D
0).

Ru a E
Ru a C
5 6 7 8
Observando a solução do sistema, os matemáticos
notaram que ela depende apenas dos coeficientes das in- Ru a B
cógnitas e dos termos que não têm incógnitas. Assim,
passaram a efetuar os cálculos com esses elementos, dis- 9 10 11 12
postos em forma de tabelas retangulares. Esses cálculos
são feitos a partir de números associados às matrizes.
Observe:

Consultando o esquema, verificamos tratar-se de um


a b A essa m atriz foi associado o loteamento onde:
  n ú m ero ad - bc
c d  temos 12 quadras numeradas de 1 a 12;
 notamos que a 1ª quadra está localizada na 1ª linha
e 1ª coluna;
a m A essa m atriz foi associado o  a 7ª quadra está posicionada na 2ª linha e 3ª colu-
  núm ero an - cm na.
c n 
Transformando o esquema acima numa matriz onde
os elementos são as quadras dispostas em determinada
ordem de 3 linhas e 4 colunas (lê-se: uma matriz de or-
m b A essa m atriz foi associado o
  núm ero dm - bn
dem 3 por 4 ou 3 x 4) temos:
 n d
a 11 a 12 a 13 a 14 
 
Os números “ad – bc”, “na – cm” e “dm – bn” asso- A = a 21 a 22 a 23 a 24 
ciados às matrizes acima passaram s ser chamados de de- a 31 a 32 a 33 a 34 
terminantes.
em que:
b) Representação de uma Matriz
a11 (leia-se “a um um) – é o elemento que ocupa a 1ª
Utilizando como exemplo uma matriz do tipo 2 x 2 linha e a 1ª coluna;
podemos representar uma matriz nas seguintes formas a12 (leia-se “a um dois) – é o elemento que ocupa a 1ª
(lembrando que costuma-se indicar uma matriz por uma linha e a 2ª coluna;
letra maiúscula do alfabeto): .......
entre parênteses ( ) .......

 1 2 a34 (leia-se “a três quatro) – é o elemento que ocupa a


A =   3ª linha e a 4ª coluna.
3 4
 entre colchetes [ ]

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Raciocínio Lógico-Matemático
Dessa forma, representamos a matriz pela forma ge- 1
nérica:  
B =  4  é uma matriz coluna.
aij m x n = representação geral  0 

“a” representa o elemento da matriz; 5) Matriz nula: É a matriz “m x n” em que todos os


“i” representa a linha ocupada pelo elemento “a”; elementos são iguais a zero (0). Representa-se uma ma-
“j” representa a coluna ocupada pelo elemento “a”; triz nula por “0m x n”.
“m x n” representa a ordem da matriz;
“m” representa o n.º total de linhas; 0 0 0
“n” representa o n.º total de colunas. Ex.: 0 =   é uma matriz nula do tipo 2 x
0 0 0
No nosso exemplo, o elemento a23 é a quadra 7 repre- 3.
sentado na matriz:
6) Matriz oposta: É a matriz que se obtém trocando-
 3 x 4
A = aij se todos os elementos de uma matriz dada pelo seu opos-
to. Indica-se a matriz oposta de A por -A.
d) Tipos de Matriz
3 4 5
1) Matriz Quadrada: É toda matriz na qual o núme- Assim, se A =   , então -A =
ro de linhas é igual ao número de colunas. 6 7 8 
- 3 - 4 - 5 
+1 0 1   
  - 6 - 7 - 8 
Assim, a matriz A = − 2 3 6  é uma matriz
 4 2 − 1 7) Matriz identidade: É toda matriz quadrada em
que os elementos da diagonal principal forem iguais a 1
quadrada de ordem 3. e os demais elementos da matriz forem iguais a zero (0).
A matriz quadrada pode ser chamada de matriz “n x Será representada por In a matriz identidade de ordem n.
n” ou matriz de ordem “n” em que podemos identificar
duas diagonais: a principal e a secundária.  1 0 0
 
diagon al secu n dária Ex.: I3 = 0 1 0
0 0 1

a11 a12 a13  8) Matriz transposta: É toda matriz obtida pela tro-
a a a  ca de posição, ordenadamente, de suas linhas por suas
A=  21 22 23  colunas, ou vice-versa. Indica-se a matriz transposta de
a 31 a 32 a 33 
A por At.
3 4
  3 5 7 
diagon al prin cipal Ex.: Se A = 5 6  , então At =  
7 8  4 6 8
Numa matriz do tipo 2 x 2 ou de ordem 2, com
 1 2 Propriedades da matriz transposta
A =  
3 4 - (A + B)t = At + Bt;
os elementos 1 e 4 formam a diagonal principal e os - (rA)t = rAt, onde r é um número real;
elementos 2 e 3 formam a diagonal secundária. - (At)t = A
2) Matriz retangular: É toda matriz onde o número - (A . B)t = Bt . At.
de linhas é diferente do número de colunas.
9) Matriz simétrica: É toda matriz que seja igual à
2 4 6 sua transposta.
Ex.: a matriz A = é retangular.
3 5 7 3 4 3 4
Ex.: A =   é simétrica pois At =  
3) Matriz linha: É toda matriz do tipo “1 x n”, ou se- 4 5 4 5
ja, que apresenta uma única linha.
10) Matriz antissimétrica: É toda matriz transposta
A = 3 8 7  é uma matriz linha. formada pelo oposto da matriz originária.

4) Matriz coluna: É toda Matriz do tipo “m x 1”, ou  0 2 3 


 
seja, que apresenta uma única coluna. Ex.: Seja a matriz A =  − 2 0 − 5  .
-3 5 0 
 

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0 − 2 − 3 - (B-1)-1 = B;
t  
Ela é antissimétrica, pois A =  2 0 5  = -A - (B-1)t = (Bt)-1;
3 − 5 0 
  - (B . C)-1 = c-1 . B-1.
11) Matriz inversa: Dada uma matriz quadrada A, e) Igualdade de Matrizes
de ordem n, admite-se sua inversa se, e somente se, exis- Duas Matrizes A e B são iguais quando têm o mesmo
tir uma matriz indicada por A-1, tal que A . A-1 = A-1 . tipo e cada elemento de A é igual a seu correspondente
A = In. Vejamos: em B.

2 0 Simbolicamente temos:
1) Como saber se A =   admite uma matriz in- A = (aij)m x n e B = (bij)m x n
0 1
versa? A = B  aij = bij,
Solução: Vamos verificar se existe uma matriz
 (1  i  m) e  (1  j  n)
a b
  tal que
Ex.: vamos considerar as Matrizes:
 c d
a b   − 3 2
2 0 a b a b 2 0  1 0 A=   e B=  
     =      =   c d  + 1 0 
 0 1  c d  c d   0 1  0 1
Para que ocorra A = B devemos ter elementos cor-
2 0 a b  1 0
De      =   , respondentes iguais. Logo:
 0 1  c d  0 1 a = – 3, b = 2, c=1 d = 0.
 2a 2b   1 0 f) Operações com Matrizes
vem   =   Daí,
 c d   0 1 1) Adição
1 Dada duas matrizes “A” e “B” de mesma ordem, a
a= , b = 0, c=0 d = 1.
2 soma A + B será obtida adicionando-se os elementos
correspondentes de A e B.
Se A . A-1 = I, então A-1 . A = I.
Denomina-se matriz soma a Matriz (A + B) formada
1  por elementos obtidos da adição dos elementos corres-
Assim, A-1 =  2
0 pondentes de A e B.

 0 1 A = (aij)m x n e B = (bij)m x n

 1 1 A + B = (aij + bij)m x n
2) Obter a matriz inversa de A =  
 − 1 − 1
 1 3 2 0 
Assim, se A =   e B=   , então
a b  − 1 1 1 4
Solução: Supondo que exista uma matriz   tal
 c d
 1 1  a b  1 0
que   .   =   .
 − 1 − 1  c d   0 1   1 3 2 0  3 3
A + B =  + = 
Multiplicando as matrizes, obtemos: − 1 1  1 4 0 5
a + c b + d  1 0
  =  
 - a - c - b - d   0 1
De a + c = 1, -a - c = 0, vem -1 = 0. É fácil verificar 3 3 
A+B=  
que se trata de um absurdo. 0 5 
 1 1 Propriedades da adição
Logo, a matriz A =   não admite inversa.
 − 1 − 1 Sendo A, B, C e D matrizes de mesma ordem, onde
propriedades da matriz inversa “0” é a matriz nula, temos:
 Propriedade comutativa da adição:
Sendo B e C matrizes quadradas do mesmo tipo, am-
bas admitindo inversas, temos: A+B=B+A
- a inversa é única;

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Propriedade associativa da adição: multiplicação de matriz por matriz
A + (B + C) = (A + B) + C Para que o produto de duas matrizes exista é necessá-
rio que a primeira matriz possua o número de colunas
 Existência do elemento neutro:
igual ao número de linhas da segunda matriz.
A+0=0+A=A
Am x n . Bp x q com n = p
 Existência da matriz oposta:
Satisfeita a condição acima, a matriz produto será a
A + (-A) = (-A) + (A) = 0 matriz obtida adicionando-se o produto da multiplicação
ordenada de cada elemento disposto em linha, da primei-
Obs.: Só podemos efetuar a adição de matrizes se ti-
ra matriz, pelos elementos dispostos em coluna, da se-
verem a mesma ordem.
gunda matriz.
2) Subtração
Obs.: A matriz produto terá o número de linhas da
A diferença ou subtração entre matrizes de mesma primeira matriz e o número de colunas da segunda.
ordem é a matriz soma resultado da adição de uma ma- Assim, dadas as matrizes:
triz com a oposta de outra.
 A3 x 2 . B2 x 4 a matriz produto será C3 x 4;
A – B = A + (–B)
 X5 x 3 . Y3 x 2 a matriz produto será Z5 x 2;
 4 7 2 5  P6 x 3 . Q2 x 5 a matriz produto é impossível pois 3 
Assim, se A =   e B =   , então 2.
 1 8 9 4
Observe a operação abaixo:
Calcular a matriz produto de:
 4 7  2 5   2 2 1 2 4
A - B =   -   =   3 4 2  
 1 8  9 4 - 8 4  A2 x 3 =   por B3 x 3 = 4 1 5
3 9 1  3 0 1

Solução:
 2 2
A-B=   1º PASSO – Verificar se o número de colunas da
− 8 4 primeira é igual ao número de linhas da segunda.
3) Multiplicação A2 x 3 . B3 x 3 OK!
A operação multiplicação em matrizes dar-se de duas 2º PASSO – Efetuar o produto A2 x 3 . B3 x 3 = C3 x 3,
formas: já sabemos que a matriz produto é 2 x 3 portanto, a
multiplicação de um número real por uma matriz matriz produto será:

Dada uma matriz “A” e um número real “k”, o pro- C11 C12 C13 
duto “kA” é a matriz que se obtém multiplicando-se cada C2 x 3 =  
C22 C23 C23 
um dos elementos de A pelo número real “k”.
Resumindo: 3º PASSO – Efetuando-se as operações necessá-
rias, temos:
Se A = (Aij)m x n e se “k  R, então
 C11 = multiplicar a 1ª linha de A com a 1ª colu-
k . A = (kaij)m x n na de B:
3 . 1 + 4 . 4 + 2 . 3 = 3 + 16 + 6 = 25  C11 = 25
3 1 9 3
   
Ex.: Seja A =  5 2  , então 3A = 15 6  C12 = multiplicar a 1ª linha de A com a 2ª colu-
4 3   12 9 
na de B:
 
3 . 2 + 4 . 1 + 2 . 0 = 6 + 4 + 0 = 10  C12 = 10
Propriedades da multiplicação de um número real
por uma matriz  C13 = multiplicar a 1ª linha de A pela 3ª coluna
de B:
Sendo A e B matrizes de mesma ordem e “r” e “s”
números reais, temos: 3 . 4 + 4 . 5 + 2 . 1 = 12 + 20 + 2 = 34  C13 = 34
 r . (sA) = (rs) . A  C21 = multiplicar a 2ª linha de A pela 1ª coluna
 r . (A + B) = rA + rB de B:
 (r + s) . A = rA + sA
3 . 1 + 9 . 4 + 1 . 3 = 3 + 36 + 3 = 42  C21 = 42
 1A = A

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Raciocínio Lógico-Matemático
 C22 = multiplicar a 2ª linha de A pela 2ª coluna Um menor de uma matriz é o determinante de uma
de B: de suas submatrizes. Logo, B tem a característica c
quando pelo menos uma de suas submatrizes tem um de-
3 . 2 + 9 . 1 + 1 . 0 = 6 + 9 + 0 = 15  C22 = 15 terminante c não nulo (seu menor) e todo menor de or-
dem superior é igual a zero.
 C23 = multiplicar a 2ª linha de A pela 3ª coluna
de B: Se c for não nulo, então c é o maior inteiro não-
negativo tal que B possui pelo menos uma submatriz c *
3 . 4 + 9 . 5 + 1 . 1 = 12 + 45 + 1 = 58  C23 = 58
c com determinante diferente de zero. De acordo com a
C C12 C13  25 10 34  definição,
A . B =  11  =  
C 21 C 22 C 23  42 15 58 
Resumindo, temos:
Onde m é o número de linhas e n o número de colu-
nas de B.
Am x n . Bn x p = Cm x p
c) Regras de acordo com a ordem da Matriz
Propriedades da multiplicação entre matrizes 1) Matriz Quadrada de Ordem 1
Sendo A, B e C matrizes e “r” um número real, e su- O determinante da matriz quadrada de ordem 1 será
pondo todas as operações possíveis para se encontrar a seu próprio elemento.
matriz produto, podemos demonstrar as seguintes pro-
priedades: Ex.: A = (a11 )  det. A = a11
Associativa: A = (7)  7 = 7

A . (B . C) = (A. B) . C 2) Matriz Quadrada de Ordem 2

Distributiva à direita em relação à adição: O determinante de qualquer matriz quadrada de or-


dem 2 será o produto dos elementos da diagonal princi-
A . (B + C) = A . B + A . C; pal subtraído do produto dos elementos da diagonal se-
Distributiva à esquerda em relação à adição: cundária.

(A + B) . C = A . C + B . C; Ex.:
Diagonal Secundária
Am x n . In x n = Am x n (onde I é a matriz identidade); a a 
A =  11 12 
Im x m . Am x n = Am x n (onde I é a matriz identidade); a21 a 22 
Diagonal Principal
(rA) . B = A . (rB) = r . (A . B).
Então,

9.1. DETERMINANTES det. A = a11  a 22 - a12  a 21


5 4
a) Introdução/Conceito A = = 5 . 3 - 2 . 4 = 15 – 8 = 7
2 3
O determinante é uma propriedade matricial útil na
resolução de sistema de equações lineares (que sempre
podem ser representado através de matrizes), além de ou- 3) Matriz Quadrada de Ordem 3
tras aplicações matemáticas.
Usualmente se resolve pela regra de Sarrus.
Seja M(aij ) uma matriz quadrada de ordem N  0, o
Ex.: Diagonal Secundária
número associado a esta matriz será chamado determi- a11 a12 a13 
nante de M, representado det. M ou aij.  
A = a 21 a 22 a 23 
a31 a32 a33 
b) Característica Diagonal Principal
A característica de uma matriz é um inteiro não nega- 4) Roteiro para aplicação da Regra
tivo que representa o número máximo de linhas (ou co-
Primeiro copia-se à direita da moldura as duas pri-
lunas) da matriz que são linearmente independentes. De
meiras colunas respectivamente:
acordo com o teorema de Kronecker, temos que a carac-
terística de uma matriz B é c se e somente se:
 Existe pelo menos uma submatriz c*c cujo deter-
a11 a12 a13 a11 a12
minante é diferente de zero.
 Toda submatriz quadrada de ordem superior a c a 21 a 22 a 23 a 21 a 22
tem determinante zero. a 31 a 32 a 33 a 31 a 32

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Raciocínio Lógico-Matemático
Em seguida, multiplica-se os três elementos de cada x =  {0, 7}
uma das três diagonais paralelas à diagonal principal,
atribuindo aos três produtos o sinal positivo (+). d) Propriedades dos Determinantes
1ª Propriedade – Teorema de Laplace: Um deter-
a11 a12 a13 a11 a12 minante é igual à soma dos produtos dos elementos de
a 21 a 22 a 23 a 21 a 22 uma fila pelos respectivos complementos algébricos.

a 31 a 32 a 33 a 31 a 32 2 -2 1
Ex.: det . A = - 1 - 3 3 =
   0 -4 0
Em seguida, multiplica-se os três elementos de cada
=
uma das três diagonais paralelas à diagonal secundária,
-1 - 3 2 -2 2 -2
1(- 1) + 3(- 1) + 0(1)
atribuindo aos três produtos o sinal negativo (-). 1+ 3 2+3 3+3
0 -4 0 -4 -1 3
a11 a12 a13 a11 a12
a 21 a 22 a 23 a 21 a 22
det. A = 4 + 0 - 3 (-8)
a31 a32 a33 a31 a32
det. A = 4 + 24
det. A = 28
Assim,
Nota:
det. A = a11  a 22  a33 + a12  a 23  a 31 +
1) Deve-se procurar a fila que tenha mais zeros;
+ a13  a 21  a 32 - a12  a 21  a 33 - 2) O Teorema de Laplace permite calcular um deter-
minante de 4ª ordem, como se segue:
- a11  a 23  a 32 - a13  a 22  a 31 0 2 3 -1
2 -1 0 4
Praticando: det . B = =
3 1 0 5
 1 - 1 1 -1 -2 2 2
 
1) Dada a matriz B = - 2 0 3 determine det.
2 0 4 0 3 -1
 4 0 5
2(- 1) 0 5 + (- 1)(- 1)
1+ 2 2+2
3 3 0 5 +
B.
-1 2 2 -1 2 2
1 -1 1 1 -1
0 3 -1 0 3 -1
det . B = - 2 0 3 -2 0
+ 1(- 1) 0 4 + (- 2)(- 1)
3+2 4+2
2 2 0 4
4 0 5 4 0 -1 2 3 3 0 5
+0 + 0 -10 +0 -12 +0
2ª Propriedade: Se um determinante possui todos os
det. B = -22 elementos de qualquer uma de suas filas nulos, o deter-
 1 2 - 1 minante é igual a zero.
 
2) Dada a matriz A =  3 x - 2 o valor de “x” Ex.: 0 2 5
- 1 4 x  det . A = 0 3 4 det. A = 0
para que o det. A = 0, é: 0 1 2

1 2 -1 3ª Propriedade: Se multiplicarmos todos os elemen-


det . A = 3 x -2 = 0 tos de uma fila por um número “n” qualquer, o determi-
-1 4 x nante fica multiplicado por esse número “n”.
Ex.: 2 5 0 4 5 0
1 2 -1 1 2 det . A = 3 5 1 = 3  6 6 1
det . A = 3 x -2 3 x 4 7 1 8 7 1
-1 4 x -1 4 n = 2(x) = 2 x 3 = 6
Nota: Pela 3ª propriedade podemos colocar em evi-
det. A = x² + 4 - 12 - x + 8 - 6x = 0 dência linhas ou colunas.
det. A = x² - 7x = 0
det. A = x (x - 7 )  x’ = 0 e x” = 7

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Ex.: Ex.: x2+ =
4 8 2 2 4 1 0 3 3 a 1ª coluna x 2 + a
1 3 5 = 2 1 3 5 1 -1 1 = 0 2ª coluna é igual a 3ª
0 1 2 0 1 2 -2 4 0 coluna

2 3 4 9ª Propriedade: Se um determinante possui todos os


1 1 2 1 0 -1 elementos acima (ou abaixo) da diagonal principal nulos
2 2 3 (triângulos inferiores e ou superiores), seu valor é dado
1 2 1 3
1 0 -1 = pelo produto dos elementos da diagonal principal.
6
2 1 3

4ª Propriedade: Um determinante, cujos elementos


de uma n-ésima fila são as somas de duas parcelas, é
igual à soma de dois determinantes, cujas n-ésimas filas
são as respectivas parcelas da soma, e as outras filas são
comuns com as do determinante inicial.
Ex.:
2 1 a+b 2 1 a 2 1 b
-3 2 c + d = -3 2 c + -3 2 d
5 1 e+f 5 1 e 5 1 f e) Regra de Chió
5ª Propriedade: Se trocarmos duas filas paralelas de Podemos calcular um determinante de ordem “n” re-
lugar, o determinante muda de sinal. caindo num único determinante de ordem (n – 1). Para
isso, é necessário que a matriz apresente pelo menos um
Ex.:
elemento a ij = 1.
1 4 -1 -1 4 1
Roteiro para aplicação da regra
2 0 2 = 8  2 0 2 = -8
3 0 2 2 0 3 a) Uma vez fixado o elemento igual a 1, eliminamos
a linha e a coluna que se cruzam no elemento a ij = 1.
6ª Propriedade: Se um determinante possui duas fi-
las paralelas iguais, ele é nulo.
Ex.: 1 3 5
2 9 12
1 4 1
4 15 18
A = 2 0 0  det. A = 0
1 4 1
b) Em seguida, de cada elemento restante subtraímos
1 2 1 o produto dos dois elementos encontrados traçando, a
partir dele, as perpendiculares à linha e à coluna elimi-
B = 1 0 1  det. B = 0 nadas.
1 5 1
1 3 5

2 9 12
7ª Propriedade: Se duas filas paralelas são proporci-
onais, o determinante é nulo. 4 15 18
2 x
1 1 3 Assim,
2 1 3 5 = 0
(9 - 2  3)(12 - 2  5) (9 - 6)(12 - 10 )
2 2
4 2 5 = 2 4 4 1 = =
8 4 1 (15 - 4  3)(18 - 4  5) (15 - 12 )(18 - 20 )
filas iguais
2 x 3 2
8ª Propriedade: Se uma fila é combinação de outras 3 -2
filas paralelas, o determinante é nulo.
c) Multiplicamos o determinante obtido por (- 1)
i+ j
,
onde “i” representa a linha e “j” a coluna subtraídas.

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3 2 O determinante da matriz de Vandermonde é dado
det A = (- 1)
1+ 1
 = - 6 - 6 = -12 por:
3 -2
det. V = (d - c) (d - b) (d - a) (c - b) (c - a) (b - a)
det. A = -12
Ex.: 1 1 1 1
Praticando:
2 1 3 4
3 4 -2 V =
4 1 9 16
Dada a matriz A = 5 6 3 , podemos observar
8 1 27 64
7 -3 2
que ela não está “pronta” para aplicarmos a regra de det. V = (4 - 3) (4 - 1) (4 - 2) (3 - 1) (3 - 2) (1 - 2)
Chio, já que não possui elemento igual a 1. Assim, va- det. V = 1 . 3 . 2 . 2 . 1 . (-1)
mos obter esse elemento aplicando as propriedades dos det. V = - 12
determinantes:
10. GEOMETRIA PLANA
3 4 -2
No det. A = 5 6 3 , adicionando C3 a C1 , INTRODUÇÃO
7 -3 2 Geometria é a parte da matemática que estuda a ex-
tensão e as propriedades das figuras geométricas. Sua
obtemos: importância é evidenciada pelo fato de podermos associ-
ar as figuras geométricas aos objetos do mundo físico.
C1 C2 C3
3 4 -2 Nasceu das necessidades e das observações dos ho-
mens. Os egípcios, muitos séculos antes de Cristo, já uti-
det. A = = lizavam conhecimentos geométricos (o rio Nilo trans-
5 6 3
bordava uma vez por ano e destruía as cercas que limi-
7 -3 2 tam os campos das plantações. Quando as águas baixa-
vam ao nível normal, os escribas dividiam novamente as
3 + (− 2) 4 -2 1 4 -2 terras baseando-se em registros feitos antes das cheias).
= 5+3 6 3 = 8 6 3 , onde Assim, nasceu a geometria experimental. (GEO = terra
e METRIA = medida).
7+2 -3 2 9 -3 2
Com os gregos, alguns séculos antes de Cristo, a par-
a11 = 1
tir de alguns fatos em decorrência de suas observações
Aplicando agora a regra de Chio, eliminamos a 1ª li- sobre figuras geométrica, nasceu a geometria dedutiva.
nha e a 1ª coluna e obtemos: Entre eles viveu o filósofo Euclides, o primeiro matemá-
tico a apresentar a geometria de forma organizada e lógi-
det. A =
ca e, em sua homenagem a geometria é conhecida como
6-84 3 - 8  (- 2) - 26 19
(- 1)1 + 1  = 1 = geometria euclidiana.
- 3 - 9  4 2 - 9  (- 2) - 39 20
GEOMETRIA PLANA
= -520 - (-741)  det. A = 221
É a parte da geometria que estuda seus elementos
dispostos num mesmo plano e é construída a partir de
f) Determinante de Vandermonde três termos que são aceitos sem definição: ponto, reta e
Chamamos de determinante de Vandermonde toda plano.
matriz quadrada de ordem n  2. É uma determinante Esses termos compõem os elementos primitivos do
onde as filas são formadas por potência de mesma base estudo da geometria e dizemos que são aceitos sem defi-
com expoentes variando de “0” até “n - 1”. A determi- nição, porque sua compreensão depende da imaginação
nante tem como valor o produto de todas as diferenças de cada um. Vejamos:
das bases, onde o minuendo seja conseqüente do subtra-
endo. * Ponto - é qualquer referência disposta no espa-
ço. Se tocarmos com a caneta no papel, ou com o giz no
Possui a seguinte forma: quadro negro, teremos um ponto. Assim, também, se
base olharmos para o céu à noite, uma estrela será um ponto.
1 1 1 1
O ponto é representado por letras maiúsculas.
a b c d
V = 2
a b2 c 2 d2 A C
D
b3 b3 b3 b3 4 x 4 B

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Raciocínio Lógico-Matemático
* Reta - com um traço qualquer riscado numa fo-
lha de papel ou até mesmo no chão, obtemos uma linha,
que dá uma ideia de reta.
As retas são indicadas por letra minúscula (a, b, c,
etc.) ou por letras maiúsculas (A, B, C, etc.), quando es-
tiverem com seus extremos delimitados. À reta contida
neste dois extremos damos o nome de segmento de reta. P5 – Dois pontos distintos determinam uma única reta
que os contém.
a
A B B
B
Quando a reta ou seu segmento for representado ape- + =
A
nas simbolicamente, usamos a simbologia: A
r
AB, CD, etc. (retas)
P6 – Três pontos não colineares determinam um úni-
AB, CD, etc. (segmento de retas) co plano que os contém.
B
A
* Plano - uma folha de papel, um quadro negro, A
uma parede, nos dá a ideia do que seja um plano.
B C
C
O plano é representado por uma letra grega minúscu- 
la (, , , etc.) ou chamado de plano A, B, C, etc.
P7 – Se uma reta tem 2 pontos distintos em um plano,
 ela está inteiramente contida no plano.
r
A
A
Pensamentos Geométricos
B B
Dividem-se em postulados (axiomas) e teoremas.  

Postulados/axiomas – São noções aceitas como ver- P8 – Qualquer ponto “p” de uma reta “x” divide-a em
dadeiras sem a necessidade de haver provas concretas. duas semirretas x1 e x2 (p = origem).
Os principais postulados são: x

P1 – Existem infinitos pontos no espaço.


P

P2 – No espaço existem infinitas retas formadas por Teoremas – São noções aceitas como verdadeiras
um conjunto de pontos colocados sucessivamente. somente depois de provadas, seja por deduções lógicas
ou a partir dos axiomas anteriormente apresentados.
r1
Um teorema é composto de duas partes:
• a parte que se supõe seja conhecida, chamada hi-
rn pótese (H);
• a parte que se deseja provar, chamada tese (T).
P3 – Por um único ponto passam infinitas retas. Ex.:
a
a) Se duas retas paralelas são cortadas por uma trans-
c
u
versal, então os ângulos correspondentes dão congruen-
tes.

m
P
t
Hipótese – duas retas paralelas são cortadas por
uma transversal.
p Tese – os ângulos correspondentes são congruen-
s
tes.
r
b) Se um triângulo é isósceles, então os ângulos da
P4 – Um plano é formado por infinitos pontos. base são congruentes.
Hipótese – Um triângulo é isósceles.
Tese – os ângulos da base são congruentes.

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Raciocínio Lógico-Matemático
NOTA:
ESTUDO DA RETA
1. Duas retas coincidentes são também chamadas re-
Já sabemos que a reta é um conjunto formado por in- tas paralelas. Portanto, duas retas são paralelas se têm
finitos pontos. todos os pontos comuns ou se são coplanares e não têm
ponto comum.
Determinação – Para se determinar uma reta, basta
2. Quando o ângulo formado entre retas concorrentes
que se identifique dois pontos distintos.
for de 90º, essas retas serão chamadas de retas perpen-
Ex.: diculares.
Os pontos P e A determinam a r
reta s, indicada por s = PA.
P
Os pontos P e B determinam a s
C A
reta r, indicada por r = PB.
t B s 3. Qualquer reta que intercepte outras retas de um
Os pontos P e C determinam a mesmo plano é chamada reta transversal.
r
reta t, indicada por t = PC.
t r

Posições relativas das retas nos planos concorren-


tes
s
Duas ou mais retas, distintas, podem ocupar as se- 
guintes posições relativas:
t é uma reta transversal às
Concorrentes, quando têm um, e um só, ponto em retas “r” e “s”
comum.
r Subconjuntos da reta
Uma reta apresenta dois subconjuntos: semirreta e
r  s P
P
segmento de reta.
❖ Semirreta
s Qualquer ponto “P” de uma reta “s” divide-a em duas
semirretas s1 e s2 (P = origem das semirretas).
Paralelas, quando não apresentam ponto comum e
estão contidas num mesmo plano. semi-reta
P s1
r
s
s
P
r  s   s2 P
semi-reta
Coincidentes, quando r e s tem todos os pontos co- Chamamos de semirreta de origem P a reunião de
muns. s1 ou s2 com P.
r = s
Para melhor diferenciarmos as duas semirretas,
costumamos tomar um ponto distinto em cada uma de-
Reversa, quando não apresentam ponto comum e
las. Vejamos:
não pertencem ao mesmo plano.
Semirreta s1
r
P
X
Esta é a semirreta de origem “P” que passa por
“X” e é indicada por:
s
PX (lê-se semi-reta PX)
Coplanares, quando estão contidas no mesmo plano. Semirreta s2
P
Y
 Esta é a semirreta de origem “P” que passa por
“Y” e é indicada por:
PY (lê-se semi-reta PY)

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Raciocínio Lógico-Matemático
❖ Segmento de reta temos,
Chamamos de segmento de reta o conjunto forma- AB = 2 cm BC = 4 cm AC = 6 cm
do por dois pontos distintos de uma reta e por todos os
pontos da reta entre esses dois pontos.
Segmentos congruentes
Ex.:
Dois ou mais segmentos são congruentes quando
possuem a mesma medida.
r
A B A congruência é indicada pelo símbolo .
Ex.:
Sendo A e B os dois pontos distintos da reta r, te- B
A 2 cm
mos o segmento AB formado pelos pontos da reta entre
A e B. C 2 cm D
* Os pontos A e B são chamados extremos do
segmento de reta AB . Como AB e CD possuem a mesma medida (2
* A reta r chama-se suporte do segmento. cm), dizemos então que AB é congruente a CD e sim-
Segmentos consecutivos bolizamos AB  CD (lê-se: segmento AB é congru-
ente ao segmento CD).
Dois segmentos são consecutivos quando possu-
em em comum uma das extremidades. Obs.: Podemos indicar a medida de um segmento
A AB por m( AB ) ou simplesmente por AB.
Extremidade Propriedades dos segmentos congruentes:
comum
A congruência de segmentos goza das seguintes
B C
propriedades:
Os segmentos AB e BC possuem o ponto B co- * reflexiva: AB  AB
mo extremidade comum logo, são segmentos consecuti- * simétrica: se AB  CD, então CD  AB
vos. * transitiva: se AB  CD e CD  EF, então AB
 EF
Segmentos colineares
Ponto médio de um segmento
Dois ou mais segmentos são colineares quando
estão contidos na mesma reta-suporte. Chama-se ponto médio de um segmento o ponto
que divide o segmento dado em dois segmentos congru-
M N P Q
r entes.
2 cm B 2 cm
Os segmentos MN e PQ estão na mesma reta,
logo, são segmentos colineares. A C
B
Segmentos adjacentes Na figura acima temos:
Dois ou mais segmentos são adjacentes quando AB = 2 cm
forem consecutivos e colineares ao mesmo tempo. BC = 2 cm
M N O Dizemos que B é o ponto médio do segmento AC
r
Segmentos proporcionais
Os segmentos MN e NO possuem o ponto N
como extremidade comum e estão na mesma reta r, logo 1. Razão de segmentos
são segmentos adjacentes. Razão entre dois segmentos é a razão entre as
Medida de um segmento medidas desses segmentos.

Medir um segmento significa compará-lo com ou- Ex.:


tro escolhido como referência. 2 cm
1 cm m(AB) = 2 cm
A B
Ex.: Usando como referência , na figura A
seguintes, 3 cm
B m(CD) = 3 cm
A C C D
1cm 1cm 1cm 1cm 1cm 1cm A

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Raciocínio Lógico-Matemático
a razão entre esses segmentos é: Transversal das retas paralelas

2 AB Qualquer reta que corte as retas que formam uma pa-


= ralela chama-se reta transversal.
CD 3
2. Proporção de segmentos t
Considerando quatro segmentos (AB, CD, EF, r
GH), dizemos que eles são proporcionais quando, numa
s
certa ordem, formam uma proporção. 
AB EF r // s e t é transversal às retas “r” e “s”.
=
CD GH
Feixe de paralelas
Ex.: Dividir o segmento AB = 20 cm em duas Um conjunto de retas de um mesmo plano, paralelas
partes proporcionais a 2 e 3. entre si, chama-se feixe de retas paralelas, ou, sim-
plesmente, feixe de paralelas.
Solução: Sejam AP e PB as duas partes procu-
radas (P = ponto médio de AB ). q
P r
s
A B
t
AP 2 
Assim: = Das propriedades das pro-
PB 3
q // r // s // t
porções sabemos que:
As retas q, r, s e t representam um feixe de paralelas
AP 2 AB + PB 2 + 3 5
=  = = Propriedades
PB 3 PB 3 3
Sejam “a” e “b” duas retas distintas, paralelas ou não,
Como AP + PB = 20, temos: e “t” uma reta concorrente com “a” e “b”:

20 5 1. t é uma reta transversal de a e b


=  20  3 = 5  PB  60 = 5PB
PB 3 t
b
60 1
5PB = 60  PB =  PB = 12 cm 2
5 4 3

AP + PB = 20  AP + 12 = 20 
6
 AP = 20 - 12  AP = 8 cm 5
a 8 7
Logo, as partes procuradas são 8 cm e 12 cm.
Paralelismo
t
Duas ou mais retas são paralelas (//) se, e somente se, b 1 2
são coincidentes (possuem todos os pontos em comum) 4 3
ou são coplanares e não têm nenhum ponto em comum.
a 5 6
Coincidentes 8 7

r s
r = s  r // s
2. Os ângulos determinados por estas retas indicadas
Coplanares
na figura anterior, representam:
ângulos alternos: 1 e 7, 2 e 8, 3 e 5, 4 e 6
r ângulos correspondentes: 1 e 5, 2 e 6, 3 e 7, 4 e 8
ângulos colaterais: 1 e 8, 2 e 7, 3 e 6, 4 e 5
s
Temos, ainda:

ângulos alternos internos: 3 e 5, 4 e 6
ângulos alternos externos: 1 e 7, 2 e 8
(r  , s  , r  s = )  r // s ângulos colaterais internos: 3 e 6, 4 e 5
ângulos colaterais externos: 1 e 8, 2 e 7

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3. Se duas retas coplanares distintas e uma transver- B
sal determinam ângulos alternos congruentes, então es-
sas duas retas são paralelas.
t Na figura 0 
b Se α = β,
β então a // b
a α
A
Temos:
Perpendicularismo ➢ O ponto “0”, origem das semirretas, também cha-
Observe a figura abaixo: mado de vértice do ângulo;
➢ As semirretas 0A e 0B são os lados do ângulo;
r 
➢ “” é o ângulo formado por AÔB
r1
AÔB = OA  OB
Medidas de ângulos
s1 s2
s
A medida de um ângulo é o tamanho da abertura en-
tre as semirretas que formam os seus lados e tem como
P
unidade-padrão de medida o GRAU, que varia de 0 a
r2 360, acompanhado do símbolo “º”.
Ex.: 3º = três graus; 60º = sessenta graus, etc.
r ⊥ s  r  s = P
Submúltiplos de medida
Em que r1 e r2 são semirretas opostas de “r” de ori-
O grau se relaciona com seus submúltiplos utilizando
gem em P e s1 e s2 são semirretas opostas de “s” de ori-
o mesmo sistema da hora, ou seja, sistema sexagesimal
gem em P.
de medidas. Assim,
Assim,
1º = 60’ (um grau é igual a sessenta minutos)
➢ Duas retas são perpendiculares (símbolo: ⊥) se, e 1’ = 60’’ (um minuto é igual a sessenta segundos)
somente se, forem concorrentes e formarem ângulos re-
tos. Ex.:
➢ Duas semirretas são perpendiculares se, e somente 180º = 10.800 minutos
se, estão contidas em retas perpendiculares e têm um 50º = 3.000 minutos
ponto em comum. 130º = 7.800 segundos
➢ Dois segmentos de retas são perpendiculares se, e 20º 20’20’’ = 73.220 segundos
somente se, estão contidos em retas perpendiculares e 5º 20’10’’ = 19.210 segundos
têm um ponto em comum.
Tipos de ângulos
Retas oblíquas
Os ângulos classificam-se quanto à grandeza e quan-
Se duas retas são concorrentes e não são perpendicu- to a sua relação com outro ângulo.
lares, diz-se que essas retas são oblíquas.
QUANTO À GRANDEZA
Existência e unicidade da perpendicular
RETO: Quanto mede 90º e seus lados são perpendi-
1ª parte: culares.
Num plano, por um ponto dado de uma reta dada
passa uma única reta perpendicular à reta dada; ou
Num plano, por um ponto P de uma reta r existe uma
única reta s perpendicular a r.  = 90º
2ª parte: 0 0

Por um ponto dado fora de uma reta dada existe uma AGUDO: Quando mede menos de 90º.
e somente uma reta perpendicular à reta dada; ou
Por um ponto P fora de uma reta r passa uma única
reta s perpendicular a r.
ESTUDO DOS ÂNGULOS
  90º
Ângulo é a figura constituída pela junção de duas 0
semirretas de mesma origem, não contidas numa mesma
reta (não colineares).

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OBTUSO: Quando mede mais de 90º. a + b = 180o

b a e b = ângulos
a
suplementares
0
  90º
Ex.: Na figura abaixo, determine o valor do ângulo
0 “x”.

RASO: Quando mede dois ângulos retos e é formado a + b = 180º


por semirretas opostas. 30º + x = 180º
30º x = 180 - 30
x
x = 150º

 = 180º
REPLEMENTARES: São ângulos cuja soma vale
360º (4 Retos).
INTEIRO: Quando mede dois ângulos rasos. a + b = 360º
b
a a e b = ângulos
replementares
 = 360º Ex.: Dada a figura abaixo, determine o valor do ân-
EM RELAÇÃO A OUTRO ÂNGULO gulo “x”.
ADJACENTES: São ângulos que têm o mesmo vér- a + b = 360º
tice, um lado comum e os outros, semirretas opostas. 330º 330º + x = 360
x x = 360 - 330
x = 30º
BISSETRIZ: São semirretas que partem do vértice
b a
dividindo o ângulo ao meio.
0
a
OPOSTO PELO VÉRTICE: São ângulos em que os 2
lados de um são semirretas opostas dos lados de outro.  ➔
a
2

a b
a = b ESTUDO DO TRIÂNGULO
Triângulo é o polígono formado por três lados.
COMPLEMENTARES: São ângulos cuja soma vale
90º (1 Reto). Exemplo: Exemplo: A
A

c b
b a + b = 90º
a
 
B C
a
Ex.: Na figura abaixo, determinar o valor do ângulo A
“x”. Elementos:

a + b = 90º ➢ Indicação: triângulo ABC ou ΔABC, sendo o


60
o 60
o
+ x = 90º ΔABC = AB  AC  BC
x = 90 - 60 ➢ Vértices: Os pontos A, B e C
x x = 30º
➢ Lados: Os segmentos AB (de medida c), AC (de

SUPLEMENTARES: São ângulos cuja soma vale medida b) e BC (de medida a)


180º (2 Retos). ➢ Ângulos internos: ,  e 

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Raciocínio Lógico-Matemático
Diz-se, também, que os lados BC , AC e AB , e os Triângulo Obtusângulo
ângulos ,  e  são, respectivamente, opostos. São aqueles em que um de seus ângulos é obtuso.
A
Classificação dos triângulos
b = ângulo obtuso
Os triângulos classificam-se quanto aos lados e quan- a
to aos ângulos.
QUANTO AOS LADOS: b
c
Triângulo escaleno C
B
São aqueles que têm uma medida para cada lado.
Triângulo Retângulo
B
São aqueles que têm um ângulo Reto (90º)
A
c = ângulo reto = 90º
a
A C

Triângulo Isóscele c b
B
São aqueles que possuem dois lados congruentes C
(iguais).
Triângulo Equiângulo
B
São os que têm três ângulos iguais a 60º.
B

a = b = c = 60º
b

A C
a c
No triângulo isóscele: A C

• O lado cuja medida for diferente será a base do Condições de existência de um triângulo
triângulo.
• O ângulo interno oposto à base é chamado ângulo ➢ Em qualquer triângulo, a medida de um dos seus
do vértice. lados será sempre menor que a soma das medidas dos
outros dois lados;
Triângulo Equilátero ➢ Em qualquer triângulo, a soma das medidas de
São os que possuem os três lados iguais. seus ângulos interno será sempre igual a 180º (Lei angu-
lar de Tales).
B
O TRIÂNGULO RETÂNGULO
Já sabemos que o triângulo retângulo é aquele que
tem um ângulo reto (= 90º).
A C A Â é reto = 90º
ABC é retângulo
QUANTO AOS ÂNGULOS
Triângulo Acutângulo
B C
São aqueles cujos ângulos internos são agudos.
Elementos de um triângulo retângulo
B
Em todo triângulo retângulo, os lados recebem de-
b a, b, c = ângulos agudos nominações próprias.
* catetos – são os lados que formam o ângulo reto,
a c geralmente simbolizados pelas letras “b” e “c”.
A C
* hipotenusa – é o lado oposto ao ângulo reto, ge-
ralmente simbolizado pela letra “a”.

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Raciocínio Lógico-Matemático
Além dos elementos estruturais, os triângulos retân- 3ª relação
gulos dispõem: A medida de um cateto ao quadrado é igual ao pro-
* ângulos complementares – são os ângulos agu- duto da medida de sua projeção sobre a hipotenusa pela
dos. medida da hipotenusa.
* altura – representada pela letra “h”
* projeções dos catetos sobre a hipotenusa - re- Então,
presentados pelas letras “m” e “n”. A
c² = n . a
b² = m . a
Relações métricas no triângulo retângulo h
A partir dos elementos dos triângulos retângulos, po-
demos estabelecer as seguintes relações: n m
1ª relação B a C

O produto das medidas dos catetos é igual ao produ- Ex.: Determinar “x” no triângulo retângulo ABC
to da medida da altura pela medida da hipotenusa. A
A
b.c=a.h x2 = n . a x
b x2 = 4 . 9
c
h x2 = 36
n = 4 cm
x = 36
x = 6 cm B 9 cm C
B a C
4ª relação
Ex.: Calcular a altura do triângulo retângulo DEF.
Num triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa
D é igual à soma dos quadrados dos catetos.
A
c = 6 cm b = 8 cm cateto “b”
h cateto “c”

B C
E a = 10 cm F
a2 = b2 + c2 hipotenusa “a”
Temos:
Esta relação é conhecida como TEOREMA DE
b.c = a.h 8 . 6 = 10h
PITÁGORAS.
48 Ex.: Determinar o valor da hipotenusa de um triângu-
48 = 10h h= h = 4,8 cm
10 lo sabendo que o cateto “b” é igual a 3 cm e o cateto “c”
2ª relação é igual a 4 cm.
Pelo teorema, temos:
A medida da altura relativa à hipotenusa elevada ao
quadrado é igual ao produto das medidas das projeções a2 = b 2 + c 2 a2 = 3 2 + 4 2
dos catetos sobre a hipotenusa. a2 = 9 + 16 a2 = 25
A a = 25 a = 5 cm
Aplicação do Teorema de Pitágoras
h2 = m . n
h Vimos que em todo triângulo retângulo, a soma dos
quadrados das medidas dos catetos é igual ao quadrado
da media da hipotenusa, ou seja:
B C b2 + c 2 = a2
n m
Ex.: Num triângulo de altura igual a 4 cm e projeção Vamos deduzir, num quadrado, a relação entre as
m = 8 cm, determinar o valor da outra projeção. medidas “d” de uma diagonal e a “a” de um lado e, num
Temos: triângulo equilátero, a relação entre as medidas h de uma
altura e a de um lado.
h2 = m . n 42 = 8n 16 = 8n
16
n= n=2
8

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Raciocínio Lógico-Matemático
diagonal de um quadrado (d) se opõem aos ângulos respectivamente congruentes são
proporcionais.
a
D C Assim, sejam os triângulos:
A
80º
6 8
a d a

60º 40º
B C
10
A a B
D
No ABC, pelo teorema de Pitágoras, temos: 80º
4
3
d² = a² + a² d² = 2 . a²
60º 40º
E F
d = a 2 5

altura de um triângulo equilátero (h) Observe que:

C ✓ Os ângulos correspondentes são congruentes


✓ Os lados correspondentes são proporcionais e de-
nominam-se ângulos homólogos.
✓ Os triângulos são semelhantes
a h a Simbolicamente temos:
 
A  D
 
 ABC ~  DEF  B  E e
C  F
A H B 
a a
a b c
2 2 = = =k
a' b' c'
No HBC, pelo teorema de Pitágoras, temos:
onde "k" é a constante chamada razão de semelhan-
2
 a  a 2 ça.
h2 +   = a2 h2 = a2 -
 2  4 Aplicação
1. Calcular "x" e "y" sabendo-se que  ABC ~ 
3a 2 a 3
h2 = h = DEF
4 2
A
Lei angular de Tales
3 x
“A soma das medidas dos ângulos internos de um tri-
ângulo é igual a 180º.”
B C
c y
x y
b a D
c
6 8
a b

E F
Observe que no segmento XY , em torno do vértice 11
C forma-se um ângulo raso = 180º, logo:
Solução:
a + b + c = 180º
Como os triângulos são semelhantes, temos:
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
3 x y
= =
Dois triângulos são semelhantes quando possuem os 6 8 11
três ângulos ordenadamente congruentes e os lados que

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Raciocínio Lógico-Matemático
Então: Confira:
3 x 24 D
a) =  6x = 24  x = = 4
6 8 6
3 y 33 A
b) =  6y = 33  y = = 5,5
6 11 6
2. Dados os triângulos abaixo, determine a razão de
semelhança desses triângulos.
A B C E F

 AB BC 
2 1  ABC ~  DEF   =
AC
= 
 DE DF EF 

B C Casos de semelhança de triângulos


7
1º caso: AA (ângulo, ângulo)
D
Dois triângulos são semelhantes quando dois dos ân-
gulos correspondentes são congruentes.
6 3 A

E F
21
B C Q R
Solução:
Como
AB 2 1 BC 7 1 CA 1    
= = = = = A  P e B  Q, então  ABC ~ PQR
DE 6 3 EF 21 3 FD 3
2º caso: LAL (lado, ângulo, lado)
1
Logo, a razão de semelhança é k =
3 Se dois triângulos possuem dois lados corresponden-
tes proporcionais e os ângulos compreendidos entre eles
Propriedades dos triângulos semelhantes congruentes, então esses triângulos são semelhantes.
1. Em um triângulo dado, toda reta paralela a um dos Q
seus lados e que intercepta os outros dois lados forma B
um outro triângulo semelhante a ele.
Demonstrando a situação, temos:

A A C P R

Como
MN // BC
 
 AMN ~  ABC B  Q e
AB
=
BC
, então  ABC ~ PQR
N PQ QR

M C 3º caso: LLL (lado, lado, lado)


Para que dois triângulos sejam semelhantes, basta
que eles tenham os lados respectivos proporcionais.
N
B B
Como os triângulos são semelhantes, podemos
escrever a proporção:
C P
AM MN AN
= =
AB BC AC
2. Se dois triângulos são semelhantes, então os lados A
de um são proporcionais aos lados homólogos do outro. M

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Raciocínio Lógico-Matemático
Como Observação: Todo Quadrilátero tem duas diagonais.
AB BC CA Classificação dos quadriláteros
= = , então,  ABC ~  MNP
MN NP PM Paralelogramo – É todo quadrilátero que possui os
aplicação lados opostos paralelos.
1. Na figura abaixo, os triângulos são semelhantes, B C
calcular "x".
E
Pode ser:

H
21 18 A D

x a) Retângulo: É o paralelogramo que possui os quatro


14
ângulos internos retos (iguais a 90º)
C D
F G
I J
Solução:
21 18 A B
=  21x = 14  8  21x = 252
14 x b) Quadrado: É o paralelogramo que possui os quatro
252 ângulos internos retos e os quatro lados iguais (congru-
x =  x = 12 entes).
21
2. Calcular o valor de "x" na figura abaixo, sabendo- B C
se que os triângulos são semelhantes.
E

15 A B
A E C
10 F
c) Losango: É o paralelogramo que possui os quatro
x lados congruentes.

AB  BC  CD  DA
B
Solução:
D

x 12
=  10x = 12  15  10x = 180
15 10 A C
180
x =  x = 18
10
********************************************* B
ESTUDO DOS QUADRILÁTEROS Trapézio – É todo quadrilátero que possui apenas
dois lados opostos paralelos.
Quadrilátero é o polígono formado por quatro lados.
C D
B C

tam bém pode ser:

A B
a) Isósceles: É o que possui os lados não paralelos
A D
congruentes.
Vértices = A, B, C e D
Lados = AB, BC, CD e DA
Diagonais = AC e BD

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Raciocínio Lógico-Matemático
C D Exemplo: Determine a área da figura abaixo:

2m A=b.h
A=4.2
A B A = 8 m²
b) Retângulo: É o que possui dois ângulos internos 4m
retos (= 90º)
C D ÁREA DO PARALELOGRAMO
Usa-se a mesma fórmula do retângulo para determi-
nar a área do paralelogramo.

A B
h (altura) h (altura)
c) Escaleno: É aquele cujos lados não-paralelos não
são congruentes. A=b.h
A B b (base)
Exemplo: Determine a área de um paralelogramo, cu-
ja base mede 10 m e altura 4 m.
A=b.h A = 10 . 4 A = 40 m²
D C
AB // DC e AD  BC ÁREA DO TRIÂNGULO
*********************************************** A área do triângulo é igual à metade do produto da
PERÍMETRO E ÁREAS DE FIGURAS PLA- base pela altura.
NAS ÁREA DO QUADRADO
B
A área do quadrado é igual ao quadrado do seu lado.

h h
A  onde, A =  2
A C
base b (base)

Exemplo: Determine a área da figura abaixo:


onde
2m h
b  h
A=2 A =
2m 2m 2
A=2x2 b (base)
A = 4 m2
2m Exemplo: Determine as áreas das figuras abaixo
1)
ÁREA DO RETÂNGULO
A área do retângulo é igual ao produto de sua base b=8m
pela altura. h=2m
2m
bh 8 2
A = → A= = 8 m2
onde , 2 2
h 8m
A
A = b . h
2)

b 2m

10 m

bh 10  2
A= → A = = 10 m 2
2 2

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ÁREA DE UM TRIÂNGULO QUALQUER – ÁREA DO LOSANGO:
Fórmula de Eron
A área do losango é igual à metade do produto das
diagonais.
“a”, “b” e “c” são
b medidas de lados
a
d

c
D
a+b+c
“Semi Perímetro” P = → onde, d = diagonal menor; D = diagonal maior.
2
D  d
A = P(P - a )(P - b )(P - c ) A =
2

Exemplo: determine a área da figura abaixo: Exemplo: Determine a área do losango, cuja diagonal
maior mede 4 m, e a menor, 2 m.
8m 6m Dd 42
A= → A= = 4 m2
8m 2 2
ÁREA DO TRAPÉZIO:
a+b+c 8+6+8
P= → P= = 11
2 2 A área do trapézio é igual ao produto da semissoma
das bases pela altura.
P = 11 m
b
A = P(P - a )(P - b )(P - c )
b = base menor
A = 11(11 - 8 )(11 − 6 )(11 − 8 ) B = base maior
h = altura
A = 11(3)(5)(3 ) h
A = 11  5  3  3
A = 3 55 m2
B
ÁREA DO TRIÂNGULO EQUILÁTERO onde, A =
(B + b)  h
2
Exemplo: Determinar a área de um trapézio cujas ba-
l l ses são 8 e 6 cm, e a altura 2 m.
(B + b)  h (8 + 6)  2
h l = lados
h = altura A= → A= =
2 2
A = 14 m²
l
ÁREA DO POLÍGONO REGULAR
 3   h
h = A =
2 2 a = apótema
b = lado
 3 h = altura

2 2 3
A = → A =
2 4
Exemplo: Determine a área da figura abaixo: a

2 3 32 3 onde,
A= → A=
4 4 b
3m 3m
9 3 2 ba ba
3m A= m A = → A =n
4 2 2

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sendo “n” o n.º de lados   6 2  60   36
A =  A =
n  b 360 6
P = Semi Perímetro =
2 A = 6 cm² ou 18,84 cm²

A=P.a
ÁREA DA COROA CIRCULAR
NOTA:
A área de um hexágono regular de lado a, é conhe- R
cido da seguinte maneira:
R = raio do círculo maior
Sabemos que um hexágono regular de lado a é a reu- r = raio do círculo menor
nião de 6 triângulos equiláteros de lado a. r  = 3,14

2 3
Como a área do triângulo equilátero é A = ,
4 onde,
então a área de um hexágono regular é igual a 6 vezes a
área do triângulo equilátero. Vejamos: A = R² – r²  A = (R² – r)²

2 3 3 3 2
Ah = 6   Ah = a
4 2 PERÍMETRO
Perímetro é a soma das medidas dos comprimentos
ÁREA DO CÍRCULO: dos lados de um polígono.
A área do círculo é igual a metade do produto da cir- Ex.: A
cunferência (representado pelo valor de  (pi) pelo raio.
F B
O círculo pode ser considerado um polígono regular de
um número infinito de lados.
C
 = 3,14 E
r = raio D
r
0 Em que: P = A + B + C + D + E + F
A = r
2

PERÍMETRO DAS PRINCIPAIS FIGURAS


Ex.: Determinar a área de um círculo de raio igual a 8 PLANAS
m.
Retângulo: 2(a + b)
A = r² → A = 3,14 . 8² Quadrado: 4a
A = 200,96 m² Triângulo: a+b+c
e que o semi-perímetro é dado por:
ÁREA DE SETOR CIRCULAR
a + b + c
p =
Setor circular é qualquer região de um círculo delimi- 2
tado por dois raios.
Paralelogramo: 2(a + b)
A área do setor circular é proporcional ao compri- Trapézio: b+B+c+d
mento do arco (ou à medida do ângulo central). Losango: 4a

r  = arco do setor 11. SISTEMA DE MEDIDAS


n  n = ângulo do setor Medir uma grandeza é compará-la com outra, esco-
A r = raio do círculo lhida como unidade, desde que sejam da mesma espécie.
r A = área do setor
1. SISTEMA MÉTRICO DECIMAL
O sistema métrico decimal é o sistema legal adota-
r 2  n  r do no Brasil e integrado pelas seguintes unidades pa-
A = ou A =
360 o 2 drões:
Ex.: Determinar o valor da área de um setor delimi- metro (m) = unidade de comprimento;
tado por dois raios de 6 cm cada, cujo ângulo mede 60º. metro quadrado (m2) = unidade de superfície (área);
metro cúbico (m3) = unidade de volume;

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Raciocínio Lógico-Matemático
litro (l) = unidade de capacidade; c) 107,3 cm → desloca-se a vírgula 2 casas para a
grama (g) = unidade de massa (peso) esquerda (sentido da seta).
segundo (s) = unidade de tempo
m dm cm
metro por segundo (m/s) = unidade de velocidade
Faremos, agora um estudo detalhado de cada unida- 107,3 cm = 1,073 m
de acima abordada. d) 10.307 mm → desloca-se a vírgula 3 casas para a
➢ UNIDADE DE COMPRIMENTO esquerda (sentido da seta).
Unidade padrão: METRO (m) m dm cm mm

Usado para medir uma extensão qualquer.


Múltiplos: 10.307 mm = 10,307 m
decâmetro (dam) 1 dam = 10 m
hectômetro (hm) 1 hm = 100 m
UNIDADES DE ÁREA
quilômetro (km) 1 km = 1000 m
Unidade padrão: METRO QUADRADO ( m2 )
Submúltiplos:
Usado para medir uma superfície plana.
decímetro (dm) 1 dm = 0,1 m
centímetro (cm) 1 cm = 0,01 m Múltiplos:
milímetro (mm) 1 mm = 0,001 m
Decâmetro quadrado (dam2) 1 dam2 = 100 m2
Representando numa escala, teríamos: Hectômetro quadrado (hm2) 1 hm2 = 10.000 m2
Quilômetro quadrado (km2) 1 km2 = 1.000.000 m2
Km hm dam m dm cm mm
Submúltiplos:
1 0 0 0 0 0 0
Decímetro quadrado (dm2) 1 dm2 = 0,01 m2
0 1 0 0 0 0 0
Centímetro quadrado (cm2) 1 cm2 = 0,0001 m2
0 0 1 0 0 0 0
0 0 0 1 0 0 0
Milímetro quadrado (mm2) 1 mm2 = 0,000001 m2
0 0 0 0 1 0 0 Representando numa escala, teríamos:
0 0 0 0 0 1 0
2 2 2 2 2 2 2
0 0 0 0 0 0 1 Km hm dam m dm cm mm

Conversão de unidade
Conversão de unidade
Observando a escala acima, veremos que cada uni-
dade de comprimento é 10 vezes maior que a unidade Observando a escala acima, veremos que cada uni-
imediatamente à sua esquerda. Assim, a conversão de dade de área é 100 vezes maior que a unidade imediata-
unidade se faz com o deslocamento da vírgula para a di- mente à sua esquerda.
reita ou para a esquerda.
Nessas conversões, a cada unidade ultrapassada,
Ex.: Transformar em metros cada uma das medidas corresponde a 2 (dois) deslocamentos da vírgula, ou me-
seguintes: lhor: para passar de uma unidade a outra imediatamente
inferior, multiplica-se a unidade dada por 100. Se a pas-
a) 10,8 km b) 50,36 dam
sagem for para uma unidade superior, divide-se a unida-
c) 107,3 cm d) 10.307 mm de dada por 100, ou seja, deslocamos a vírgula duas ca-
sas para a direita ou esquerda conforme o caso.
Ex.: Transformar em m² cada uma das medidas se-
Solução:
guintes:
a) 10,8 km → desloca-se a vírgula 3 casas para a di-
reita (sentido da seta). a) 45 dam² b) 0,0057 km²

Km hm dam m c) 1357 cm² d) 1877,53 mm²


Solução:
10,8 km =
10.800 m a) 45 dam2 → Devemos deslocar a vírgula 2 casas
para a direita (sentido da seta).
b) 50,36 dam → desloca-se a vírgula 1 casa para a
direita (sentido da seta). dam² m²
dam m
50,36 dam = 503,6 m 45 dam2 = 4.500 m2
b) 0,0057 km2 → Devemos deslocar a vírgula 6 ca-
sas para a direita (sentido da seta).

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Raciocínio Lógico-Matemático
Km 2 hm 2 dam 2 m2 b) 0,00037 hm3 → Devemos deslocar a vírgula 6
casas para a direita (sentido da seta).

0,0057 = 0,57 hm² = 57 dam2 = 5.700 m2 hm3 dam3 m3

c) 1.357 cm2 → Devemos deslocar a vírgula 4 casas


para a esquerda (sentido da seta). 0,0037 hm3 = 0000370 dam3 = 370 m3
m2 dm 2 cm 2 c) 1.875 dm3 → Devemos deslocar a vírgula 3 casas
1.357 cm2 = 0,1357 m2 para a esquerda (sentido da seta).

d) 1.877,53 mm2 → Devemos deslocar a vírgula 6 m3 dm3


casas para a esquerda (sentido da seta).
1.875 dm3 = 1,875 m3
m2 dm 2 cm 2 mm 2 d) 10.987,3 cm3 → Devemos deslocar a vírgula 6
casas para a esquerda (sentido da seta).

1.877,53 mm2 = 0,00187753 m² m³ dm³ cm³


➢ UNIDADES DE VOLUME
Unidade Padrão: METRO CÚBICO ( m3 ) 10.987,3 cm³ = 0,0109873 m3
Usado para medir a quantidade de espaço ocupado
por um corpo sólido.
➢ UNIDADES DE CAPACIDADE
Múltiplos:
Unidade Padrão: LITRO (l )
Decâmetro cúbico (dam3) 1 dam3 = 1.000 m3
Hectômetro cúbico (hm3) 1 hm3 = 1.000.000 m3 Usada para medir o volume de um líquido ou de um
Quilômetro cúbico (km3) 1 km3 = 1.000.000.000 m3 gás que preenche o interior de um recipiente.
Submúltiplos: Múltiplos:
3
Decímetro cúbico (dm ) 1 dm = 0,001 m 3 3 Decalitro ( da l ) 1 da l = 10 l
Centímetro cúbico (cm3) 1 cm3 = 0,000001 m3 Hectolitro ( h l ) 1 h l = 100 l
Milímetro cúbico (mm3) 1 mm3 = 0,000000001 m3 Quilolitro ( k l ) 1 k l = 1000 l
Representando em uma escala, teríamos: Submúltiplos:
Km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³ Decilitro ( d l ) 1 d l = 0,1 l
Centilitro ( c l ) 1 c l = 0,01 l
Mililitro ( m l ) 1 m l = 0,001 l
Conversão de unidade Representando numa escala, teríamos:
Observando a escala acima, veremos que cada uni- K h da  d c m
dade de volume é 1000 vezes maior que a unidade ime-
diatamente à sua esquerda.
Assim, para passar de uma unidade a outra imedia- Conversão de unidade
tamente inferior, multiplica-se a unidade dada por 1.000.
Se a passagem for para uma unidade superior, divide-se Observando a escala acima, veremos que cada uni-
a por 1.000, ou seja, deslocamos a vírgula três casas para dade de capacidade é 10 vezes maior que a unidade ime-
a direita ou esquerda conforme o caso. diatamente à sua esquerda.
Ex.: Transformar em m3 cada uma das medidas se- Assim, nas transformações, a cada unidade ultra-
guintes: passada, corresponde a 1 (um) deslocamento da vírgula,
ou seja, se for para uma unidade inferior, a vírgula des-
a) 1,73 dam3 b) 0,00037 hm3 loca-se para a direita; se for para uma unidade superior,
c) 1.875 dm3 d) 10.987,3 cm3 para a esquerda.

Solução: Ex.: Transformar em litros, cada uma das medidas


seguintes:
a) 1,73 dam3 → Devemos deslocar a vírgula 3 casas
para a direita (sentido da seta). a) 722,70 h l b) 0,0036 k l

dam3 m3 c) 175,43 d l d) 8,5 m l

1,73 dam³ = 1.730000 m3

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Raciocínio Lógico-Matemático
Solução:
a) 722,70 h l → Devemos deslocar a vírgula 2 casas 2) Um determinado recipiente tem 1,7 m 3 de volu-
para a direita (sentido da seta). me. Qual a sua capacidade em quilolitros.
h da  Solução: Devemos transformar 1,7 m3 para dm3 (ou
litros) e este resultado, para quilolitros.
dam3 m3 dm3 l
722,70 h l = 72.270
b) 0,0036 k → Devemos deslocar a vírgula 3 ca-
sas para a direita (sentido da seta). 1,7 m3 = 1 700 dm 1,7 m3 = 1 700
l
K h da 
K h da 

0,0036 k l = 00003,61 = 3,6 l


1700 l = 1,700 K l ou 1,7 K l
c) 175,43 d l → Devemos deslocar a vírgula 1 casa
para a esquerda (sentido da seta).
➢ UNIDADES DE MASSA
 d
Unidade Padrão: GRAMA (g)
175,43 d l = 17,543 l Usada para medir a quantidade de matéria de um
d) 8,5 m l → Devemos deslocar a vírgula 3 casas corpo.
para a esquerda (sentido da seta). Múltiplos:
 d c m Decagrama (dag) 1 dag = 10 g
Hectograma (hg) 1 hg = 100 g
8,5 m l = 0,0085 Quilograma (kg) 1 kg = 1 000 g
l
Submúltiplos:
Relação entre volume e capacidade
Decigrama (dg) 1 dg = 0,1 g
O litro (l) corresponde à capacidade de um cubo Centigrama (cg) 1 cg = 0,01 g
com 1 dm de aresta, ou seja, corresponde a um decíme- Miligrama (mg) 1 mg = 0,001 g
tro cúbico.
Representando numa escala, teríamos:
1 dm³ = 1 l
Kg hg dag g dg cg mg
Em consequência, 1 m³ = 1 000 l
Ex.:
1) Transformar em litros, cada uma das medidas se- Conversão de unidade
guintes: Observando a escala acima, veremos que cada uni-
a) 8,5 dam 3
b) 32.000 m 3 dade de massa é 10 vezes maior que a unidade imedia-
tamente à sua esquerda.
a) Transformar em litros, é o mesmo que transfor-
mar em dm3, então: Assim, nas transformações de unidades, a cada uni-
dade ultrapassada, corresponde a 1 (um) deslocamento
dam3 m3 dm3 da vírgula, ou seja, se for para uma unidade inferior, a
vírgula desloca-se para a direita; se for para uma unidade
superior, para a esquerda.
8,5 dam3 = 8.500.000 dm3 Ex.: Transformar em grama, cada uma das medidas
8,5 dam3 = 8.500.000 l (litros) seguintes:
a) 0,0375 kg b) 3,28 dag

b) 32.000 mm3 c) 320,3 cg d) 52,000 mg


Solução:
dm3 cm3 mm3
a) 0,0375 kg → Devemos deslocar a vírgula 3 casas
para a direita (sentido da seta).
32.000 mm3 = 0,032000 dm3 = 0,032 dm3.
32.000 mm3 = 0,032 l

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Raciocínio Lógico-Matemático
Kg hg dag g Representação
A representação das unidades de tempo pode ser:
• Direta – quando estiver constituída por
0,0375 kg = 0037,5 g = 37,5 g
uma única unidade de tempo. Esta pode vir representada
b) 3,28 dag → Devemos deslocar a vírgula 1 casa por seu valor inteiro, por uma fração ordinária ou, ainda,
para direita ( sentido da seta ). expressa na forma decimal.
dag g 40 1
Ex.: 1 h; 5 a; h = 40 min; min = 1 seg;
60 60
3,28 dag = 32,8 g 2,32 h; 320,25 min; 1,5 m; etc.
c) 320,3 cg → Devemos deslocar a vírgula 2 casas • Complexa – quando estiver constituída
para a esquerda (sentido da seta). por duas ou mais unidades de tempo. Sua representação
é feita escrevendo-se, em ordem decrescente de valor, os
g dg cg
números correspondentes às diversas unidades. Ex.: 8 a 3
320,3 cg = 3,203 g m 15 d 13 h 28 min 15 seg.
➢ UNIDADE DE VELOCIDADE
d) 52000 mg → Devemos deslocar a vírgula 3 casas
para a esquerda (sentido da seta). Unidade padrão: METRO (m) POR SEGUNDO
(s)
g dg cg mg
Usado para medir a velocidade de um corpo que,
em movimento uniforme, percorre o comprimento de 1
52000 mg = 52,000 g = 52 g metro em 1 segundo.
Para se obter a unidade de velocidade de um corpo
em movimento, basta dividir a unidade de distância per-
2. SISTEMA DE MEDIDAS NÃO-DECIMAIS corrida pela unidade de tempo gasto no percurso.
O sistema de medida não-decimal é aquele que não A unidade mais comum é o quilômetro por hora
utiliza base 10 para numeração. O tipo desse sistema (km/h), indicada nos velocímetros dos carros, utilizados
mais usado é a medida do tempo, que utiliza a base 60 para medir velocidade instantânea. No Sistema Interna-
para sua contagem. cional de Unidade (SI), a velocidade é expressa por me-
tros por segundo (m/s).
➢ UNIDADE DE TEMPO
A relação entre km/h e m/s é: 1 m/s = 3,6 km/h
Unidade padrão: SEGUNDO (s)
Transformação
Usada para medir o tempo diário cujo unidade fun-
damental, o segundo, corresponde ao intervalo de tempo a) Da relação acima apresentada, conclui-se que,
1 para transformar uma unidade apresentada em km/h para
igual à fração do dia solar médio, definido de a unidade padrão (m/s), basta dividir por 3,6.
86 400
acordo com as convenções de astronomia. Ex.: Transformar a a velocidade de um veículo a 90
Múltiplos: km/h para a unidade padrão.

minuto (min) 1 min = 60 s 90


v = = 25 m/s
3,6
hora (h) 1h = 60 m = 3.600 s
dia (d) 1d = 24 h = 86.400 s b) Do mesmo modo, para transformar a unidade pa-
drão (m/s) para a unidade comum (km/h), basta multipli-
mês (m) 1m = 30 d = 720 h car a unidade dada por 3,6.
ano (a) 1a = 12 m = 360 d Ex.: Um corpo estabelece uma velocidade de 30
Submúltiplos: não existem m/s. Transformar esta unidade em km/h.

Obs.: v = 30 x 3,6 = 108 km/h

* O ano civil possui 365 dias;


* Além das unidades constantes acima, são também
usuais as unidades: semana (7 dias); quinzena (15 dias);
bimestre (2 meses); trimestre (3 meses); semestre (6 me-
ses); biênio (2 anos); lustro (5 anos); década (10 anos);
século (100 anos) e milênio (1000 anos).

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12. GEOMETRIA ANALÍTICA Relação de Pitágoras
1. INTRODUÇÃO Num triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa “a” é
igual à soma dos quadrados dos catetos “b” e “c”.
A Geometria Analítica é uma parte da Matemática, que
através de processos particulares, estabelece as relações exis-
tentes entre a Álgebra e a Geometria. Desse modo, uma reta,
uma circunferência ou uma figura podem ter suas propriedades
estudadas através de métodos algébricos.
a² = b² + c²
Os estudos iniciais da Geometria Analítica se deram no sé-
culo XVII, e devem-se ao filósofo e matemático francês René
Descartes (1596 - 1650), inventor das coordenadas cartesianas
(assim chamadas em sua homenagem), que permitiram a repre-
sentação numérica de propriedades geométricas. No seu livro
Discurso sobre o Método, escrito em 1637, aparece a célebre
frase em latim "Cogito ergo sum", ou seja: "Penso, logo exis-
3. DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS DO PLANO
to".
CARTESIANO
2. EIXOS COORDENADOS
Dados os pontos P = (x1, y1) e Q = (x2, y2), obtém-se a dis-
Consideremos um plano e duas retas perpendiculares, sen- tância entre P e Q, traçando-se projeções destes pontos sobre
do uma delas horizontal e a outra vertical. A horizontal será os eixos coordenados e identificando um triângulo retângulo no
denominada Eixo das Abscissas (ou eixo OX) e a V gráfico e a partir daí, utiliza-se o Teorema de Pitágoras.
ertical será denominada Eixo das Ordenadas (ou eixo OY).
Os pares ordenados de pontos do plano são indicados na
forma geral P = (x, y) onde x será a abscissa do ponto P e y a
ordenada do ponto P.

O segmento PQ será a hipotenusa do triângulo retângulo


PQR, o segmento PR será um cateto e o segmento QR será o
outro cateto, logo:
Na verdade, x representa a distância entre as duas retas ver- [d(P, Q)]² = [d(P, R)]² + [d(Q, R)]²
ticais indicadas no gráfico e y é a distância entre as duas retas
horizontais indicadas no gráfico. e como:

O sistema de Coordenadas Ortogonais também é conhecido [d(P, R)]² = |x1 - x2|² = (x1 - x2)²
por Sistema de Coordenadas Cartesianas. [d(Q,R)]² = |y1 - y2|² = (y1 - y2)²

Este sistema possui quatro (4) regiões denominadas qua- então:


drantes.
d(P, Q) = (x1 - x2 ) + (y1 - y2 )
2 2

2º 1º Exemplos
quadrante quadrante 1) A distância entre P = (2, 3) e Q = (5, 12) é:

d(P, Q) = (2 - 5) + (3 - 12)
2 2
= 90
3º 4º 2) A distância entre a origem O = (0, 0) e um ponto genéri-
quadrante quadrante co P = (x, y) é dada por:

d(O, P ) = x 2 + y2
Quadrante Sinal de x Sinal de y Exemplo
1º + + (2, 4)
2º - + (-4, 2) 4. PONTO MÉDIO DE UM SEGMENTO
3º - - (-3, -7)
4º + - (7, -2) Dados os pontos P = (x1, y1) e Q = (x2, y2), pode-se obter o
Ponto Médio M = (xm, ym) que está localizado entre P e Q,
através do uso da média aritmética por duas vezes, uma para as
abscissas e outra para as ordenadas.

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deste é maior que o módulo de outro coeficiente, temos que a
reta associada ao mesmo decresce mais rapidamente que a ou-
tra.
Se o coeficiente é nulo temos uma reta horizontal.

xm =
(x1 + x2 )
ym =
(y1 + y2 )
2 2
Observação: e) Coeficiente linear de uma reta
O centro de gravidade de um triângulo plano cujas coorde- O coeficiente linear de uma reta é a ordenada w do ponto
nadas dos vértices são A = (x1, y1), B = (x2, y2) e C = (x3, y3), é (0, w) onde a reta cortou o eixo das ordenadas.
dado por:

 (x + x 2 + x3 ) (y1 + y 2 + y3 ) 
G =  1 , 
 3 3 
5. RETAS NO PLANO CARTESIANO
Do ponto de vista da Geometria Euclidiana, dados dois
pontos P1 = (x1, y1) e P2 = (x2, y2) no plano cartesiano, existe
uma única reta que passa por esses pontos. Para a determinação f) Retas horizontais e verticais
da equação de uma reta existe a necessidade de duas informa-
ções e dois conceitos importantes, que são: o coeficiente angu- Se uma reta for vertical ela não possuirá coeficientes linear
lar da reta e o coeficiente linear da reta. e angular e, neste caso, a reta será indicada apenas por x = a,
onde “a” é a abscissa do ponto onde a reta cortou o eixo OX.
a) Coeficiente angular de uma reta
Se uma reta for horizontal, o seu coeficiente angular será
Dados os pontos P1 = (x1, y1) e P2 = (x2, y2), com x1  x2, nulo e a equação desta reta será dada por y = b, onde b é a or-
o coeficiente angular da reta que passa por estes pontos é o denada do ponto onde esta reta corta o eixo OY.
número real:

y 2 - y1
K =
x 2 - x1
b) Interpretação geométrica do coeficiente angular de
uma reta
O coeficiente angular de uma reta é o valor da tangente do
ângulo alfa que a reta faz com o eixo das abscissas. g) Equação reduzida da reta
Se for possível calcular tanto o coeficiente angular k como
o coeficiente linear w de uma reta, então poderemos obter a
equação da reta através de sua equação reduzida dada por:
y = kx + w
Exemplos:
 Se k = 5 e w = -4, então a reta é dada por y = 5x - 4.
 Se k = 1 e w = 0, temos a reta (identidade) y = x.
c) Sinal do coeficiente angular de uma reta no plano  Se k = 0 e w = 5, temos a reta y = 5.
Sinal ângulo no h) A reta obtida a partir de um ponto e o coeficiente
Positivo 1º quadrante angular
Negativo 2º quadrante
Positivo 3º quadrante Uma reta que passa por um ponto P = (xo, yo) e tem coefi-
ciente angular k, é dada por:
Negativo 4º quadrante
y - yo = k(x - xo)
d) Declividade de uma reta
Exemplos:
A declividade indica o grau de inclinação de uma reta. O
fato do coeficiente angular ser maior que outro indica que a re-  Se P = (1, 5) pertence a uma reta que tem coeficiente
ta associada a este coeficiente cresce mais rapidamente que a angular k = 8, então a equação da reta é y = 8(x - 1) + 5.
outra reta. Se um coeficiente angular é negativo e o módulo

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 Se uma reta passa pela origem e tem coeficiente angu- - x + y -1 = 0
lar k = -1, então a sua equação é dada por: y = -x.
 Se a = 0, b = 1 e c = 0, tem-se a reta y = 0
i) A reta a partir de dois pontos  Se a = 1, b = 0 e c = 5, tem-se a reta x + 5 = 0
Dados dois pontos (x1, y1) e (x2, y2) não alinhados verti-
calmente, podemos obter a equação da reta que passa por estes
pontos através de: m) Distância de um ponto a uma reta no plano
Dado um ponto P = (xo, yo) e uma reta na sua forma geral
 y - y1 
y - y1 =  2  (x - x 1 ) ax + by + c = 0, pode-se obter a distância d deste ponto P à re-

 x 2 - x1  ta através da expressão matemática:

j) Retas paralelas a  x0 + b  y0 + c
d =
Duas retas no plano são paralelas se ambas são verticais ou a2 + b2
se elas possuem os mesmos coeficientes angulares.

Exemplos
Exemplo
 As retas x = 3 e x = 7, são paralelas.
 As retas y = 34 e y = 0, são paralelas. A distância da origem (0, 0) à reta 5x + 12y + 25 = 0 é:
 As retas y = 2x + 5 e y = 2x – 7, são paralelas.
5  0 + 12  0 + 25 25
k) Retas perpendiculares d = =
5 + 12
2 2 13
Duas retas no plano são perpendiculares se uma delas é ho-
rizontal e a outra é vertical e se elas possuem coeficientes an- 6. ÁREA DE UM TRIÂNGULO NO PLANO CARTE-
gulares k1 e k2 de tal modo que: SIANO

k1  k 2 = - 1 a) Introdução
Conhecendo-se um ponto (x1, y1) localizado fora de uma
reta que passa pelos pontos (x2, y2) e (x3, y3), pode-se calcular a
área do triângulo formado por estes três pontos, bastando para
isto determinar a medida da base do triângulo, que é a distância
entre (x2, y2) e (x3, y3), e a altura do triângulo, que é a distância
de (x1, y1) à reta que contem os outros dois pontos.
Como o processo é bastante complicado, apresentamos um
procedimento equivalente muito bonito, simples e fácil de me-
morizar.
A área do triângulo é dada pela expressão que segue:
Exemplos:
 x1 y1 1
 As retas y = x + 3 e y = -x +12, são perpendiculares, 1 
Área = x2 y 2 1
pois 2
 x3 y 3 1
k1 = 1, k2 = -1 e k1 . k2 = -1
Exemplo: A área do triângulo cujos vértices são (1, 2), (3,
 1
 As retas y = 5x + 10 e y =  −  x - 100 são perpendi- 4) e (9, 2) é igual a 8, pois:
 5
culares, pois 1 2 1
1  
Área = 3 4 1 = 8
 1
k1 = 5, k2 =  −  e k1 . k2 = -1 2 
9 2 1
 5

l) Equação geral da reta b) Colinearidade de pontos no plano

Toda reta no plano cartesiano pode ser escrita através de Três pontos (x1, y1), (x2, y2) e (x3, y3) são colineares se per-
sua equação geral, como: tencem à mesma reta.

ax + by + c = 0 Um procedimento simples pressupõe que estes três pontos


formem um triângulo de área nula, assim basta fazer a verifica-
Exemplos ção que o determinante da matriz abaixo seja nulo.
 Se a = -1, b = 1 e c = -1, tem-se a reta:
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 x1 y1 1 d) A equação da circunferência que passa por três pon-
  tos
C = x 2 y 2 1
x 3 Quando se tem três pontos da circunferência, utiliza-se a
y 3 1
equação geral da circunferência para a obtenção dos coeficien-
tes A, B e C através de um sistema linear com 3 equações e 3
Exemplo: Os pontos (2, 0),(1, 1) e (0, 2) são colineares
incógnitas.
porque é nulo o determinante da matriz
Exemplo: Consideremos uma circunferência que passa pe-
2 0 1 los pontos (2, 1), (1, 4) e (-3, 2). Dessa forma, utilizando a
  equação geral da circunferência:
1 1 1
0 2 1 x² + y² + Ax + By + C = 0

7. CIRCUNFERÊNCIAS NO PLANO poderemos substituir estes pares ordenados para obter o sis-
tema:
a) Introdução (-2)² + (1)² + A(-2) + B(1) + C = 0
Do ponto de vista da Geometria Euclidiana plana, uma cir- ( 1)² + (4)² + A( 1) + B(4) + C = 0
cunferência com centro no ponto (a, b) e raio r é o lugar geo- (-3)² + (2)² + A(-3) + B(2) + C = 0
métrico de todos os pontos (x, y) do plano que estão localiza- que pode ser simplificado na forma:
dos à mesma distância r do centro (a, b):
-2 A + 1 B + 1 C = -5
(x,y)
1A+4B+1C = 5
r -3 A + 2 B + 1 C = 13
(a,b) e através da Regra de Cramér, podemos obter:
A = , B = , C = 
A equação desta circunferência é dada por: assim a equação geral desta circunferência é:
(x - a)² + (y - b)² = r² x² + y² + ()x + ()y + () = 0
Disco circular é a região que contem a circunferência e to- 4.8. CÔNICAS
dos os pontos contidos no interior da circunferência. a) Elipse
Exemplo: A equação da circunferência centrada em (2, 3) e Considerando, num plano , dois pontos distintos, F1 e F2,
raio igual a 8 é dada por: e sendo 2a um número real maior que a distância entre F1 e F2,
(x - 2)² + (y - 3)² = 64 chamamos de elipse o conjunto dos pontos do plano  tais que
a soma das distâncias desses pontos a F1 e F2 seja sempre igual
A equação da circunferência centrada na origem (0, 0) e a 2a.
raio igual a r, denominada a forma canônica da circunferência, Por exemplo, sendo P, Q, R, S, F1 e F2 pontos de um
é dada por: mesmo plano e F1F2 < 2a, temos:
x² + y² = r²
b) Equação geral da circunferência
Pode-se desenvolver a equação (x - a)² + (y - b)² = r², para
obter a equação geral da circunferência na forma:
x² + y² + Ax + By + C = 0
Exemplo: A equação geral da circunferência centrada em
(2, 3) e raio igual a 8 é dada por:
x² + y² - 4x - 6y - 51 = 0
c) A equação da circunferência centrada em um ponto e
passando em outro
d F1 P + d F2 P = 2a
Dado o centro O = (a, b) da circunferência e um outro pon-
to Q = (xo, yo) que pertence à circunferência, pode-se obter o
d F1 Q + d F2 Q = 2a
raio da mesma através da distância entre O e Q e se utilizar a d F1 R + d F2 R = 2a
equação normal da circunferência para se obter a sua equação.
. . .
Exemplo: A circunferência centrada em (3,5) que passa em
(8,16) tem raio tal que: . . .
. . .
r² = (8 - 3)² + (16 - 5)² = 25 + 121 = 146 d F1 S + d F2 S = 2a
logo, a sua equação é dada por: A figura obtida é uma elipse.
(x - 3)² + (y - 5)² = 146 Observações:
 A Terra descreve uma trajetória elíptica em torno do
sol, que é um dos focos dessa trajetória.

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 A lua em torno da terra e os demais satélites em rela-
ção a seus respectivos planetas também apresentam esse com-
portamento.
 O cometa de Halley segue uma órbita elíptica, tendo o
Sol como um dos focos.
 As elipses são chamadas cônicas porque ficam confi-
guradas pelo corte feito em um cone circular reto por um plano
oblíquo em relação à sua base.
Elementos
Observe a elipse a seguir. Nela, consideramos os seguintes
elementos:

(
Aplicando a definição de elipse d F1 P + d F2 P = 2a , )
obtemos a equação da elipse:

x2 y2
+ =1
a2 b2
b) elipse com centro na origem e eixo maior vertical
Nessas condições, a equação da elipse é:

 focos: os pontos F1 e F2
 centro: o ponto O, que é o ponto médio de F1F2 .
 Semieixo maior: a
 semieixo menor: b
 semidistância focal: c
 vértices: os pontos A1, A2, B1, B2
 eixo maior: A1 A2 = 2a
 eixo menor: B1B2 = 2b x2 y2
+ =1
 distância focal: F1F2 = 2c a2 b2

Relação fundamental
b) Hipérbole
Na figura acima, aplicando o Teorema de Pitágoras ao tri-
ângulo OF2B2, retângulo em O, podemos escrever a seguinte Considerando, num plano , dois pontos distintos, F1 e F2,
relação fundamental: e sendo 2a um número real menor que a distância entre F1 e F2,
a² = b² + c² chamamos de hipérbole o conjunto dos pontos do plano  tais
que o módulo da diferença das distâncias desses pontos a F1 e
Excentricidade F2 seja sempre igual a 2a.
Chamamos de excentricidade o número real “e” tal que: Por exemplo, sendo P, Q, R, S, F1 e F2 pontos de um
mesmo plano e F1F2 = 2c, temos:
c
e =
a
Pela definição de elipse, 2c < 2a, então c < a e, consequen-
temente, 0 < e < 1.
Observação: Quando os focos são muito próximos, ou seja,
“c” é muito pequeno, a elipse se aproxima de uma circunferên-
cia.
Equações
Vamos considerar os seguintes casos:
a) elipse com centro na origem e eixo maior horizontal
Sendo c a semidistância focal, os focos da elipse são F1(-c,
0) e F2(c, 0):

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Equações
d F1 P − d F2 P = 2a
Vamos considerar os seguintes casos:

A figura obt ida é um a


d F1 Q − d F2 Q = 2a a) hipérbole com centro na origem e focos no eixo Ox

d F1 R − d F2 R = 2a
. . .

hipérbole.
. . .
. . .
d F1 S − d F2 S = 2a

Observação: Os dois ramos da hipérbole são determinados


por um plano paralelo ao eixo de simetria de dois cones circu-
lares retos e opostos pelo vértice:

F1 (-c, 0) F2 (c, 0)
Aplicando a definição de hipérbole:

d F1 P - d F2 P = 2a 

 (x + c )2 + y2 - (x - c )2 + y 2 = 2a

x2 y2
Obtemos a equação da hipérbole:
2
− =1
Elementos a b2

Observe a hipérbole representada a seguir. Nela, temos os b) hipérbole com centro na origem e focos no eixo Oy
seguintes elementos: Nessas condições, a equação da hipérbole é:

x2 y2
 focos: os pontos F1 e F2 − =1
 vértices: os pontos A1 e A2 a2 b2
 centro da hipérbole: o ponto O, que é o ponto médio Hipérbole equilátera
de A1A2
Uma hipérbole é chamada equilátera quando as medidas
 semieixo real: a dos semieixos real e imaginário são iguais:
 semieixo imaginário: b
 semidistância focal: c
 distância focal: F1F2 = 2c
 eixo real: A1 A2 = 2a (contém os focos)
 eixo imaginário: B1B2 = 2b (b > 0, tal que a² + b²
= c² → relação fundamental)
Excentricidade
Chamamos de excentricidade o número real “e” tal que:
c
e = (Como c > a, temos e > 1) a = b
a

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Assíntotas da hipérbole
Assíntotas são retas que contêm as diagonais do retângulo
de lados 2a e 2b.
Quando o eixo real é horizontal, o coeficiente angular des-
b
sas retas é ; quando é vertical, o coeficiente é m =  ;
a
a
quando é vertical, o coeficiente é m =  .
b

Observações:
 A parábola é obtida seccionando-se obliquamente um
cone circular reto:
 Os telescópios refletores mais simples têm espelhos
com secções planas parabólicas.
 As trajetórias de alguns cometas são parábolas, sendo
que o Sol ocupa o foco.
 A superfície de um líquido contido em um cilindro que
gira em torno de seu eixo com velocidade constante é parabóli-
ca.

Equação Elementos

Vamos considerar os seguintes casos: Observe a parábola representada a seguir. Nela, temos os
seguintes elementos:
a) eixo real horizontal e C(0, 0)
As assíntotas passam pela origem e têm coeficiente angular
b
m =  ; logo, suas equações são da forma:
a
b
y =  . x
a
b) eixo vertical e C(0, 0)
As assíntotas passam pela origem e têm coeficiente angular
a
m =  ; logo, suas equações são da forma:
b
a
y =  . x
b
 foco: o ponto F
c) Parábola  diretriz: a reta d
 vértice: o ponto V
Dados uma reta d e um ponto F (F  d), de um plano ,  parâmetro: p
chamamos de parábola o conjunto de pontos do plano  equi-
distantes de F e d. Então, temos que o vértice V e o foco F ficam numa mes-
ma reta, o eixo de simetria e.
Assim, sendo, por exemplo, F, P, Q e R pontos de um pla-
no  e d uma reta desse mesmo plano, de modo que nenhum Assim, sempre temos “e ⊥ d”.
ponto pertença a d, temos:  DF = p
 d FP = d Pd  P
 V é o ponto médio de DF  DV = VF = 
  2
d FQ = d Qd
d = d Rd
 FR Equações
Vamos considerar os seguintes casos:
a) parábola com vértice na origem, concavidade para a di-
reita e eixo de simetria horizontal

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x² = -2py
d) Resumo – Seção Cônica
P
Como a reta d tem equação x = - e na parábola temos:
2 Todas as curvas apresentadas anteriormente podem ser ob-
tidas através de seções (cortes planos)de um cone circular reto
P  com duas folhas como aquele apresentado abaixo.
 F , 0  ;
2  Tais curvas aparecerão como a interseção do cone com um
 P(x, y); plano apropriado:
 dPF = dPd (definição);
 Se o plano for horizontal e passar pelo vértice do cone,
obtemos, então, a equação da parábola: teremos apenas um ponto.
 Se o plano for vertical e passar pelo vértice do cone,
y² = 2px
teremos duas retas concorrentes.
b) parábola com vértice na origem, concavidade para a es-  Se o plano for horizontal e passar fora do vértice, te-
querda e eixo de simetria horizontal remos uma circunferência.
 Se o plano for tangente ao cone, teremos uma reta.
Nessas condições, a equação da parábola é:
 Se o plano for vertical e passar fora do vértice, teremos
uma hipérbole.
 Se o plano for paralelo à linha geratriz do cone, tere-
mos uma parábola.
 Se o plano for inclinado, teremos uma elipse.
Equações de seções cônicas

Nome Equação
Ponto x² + y² = 0
Reta y = kx + w
Parábola y = ax² + bx + c
Circunferência x² + y² = r²
x2 y2
y² = - 2px Elipse
2
+ = 1
a b2
c) parábola com vértice na origem, concavidade para cima
e eixo de simetria vertical x2 y2
Hipérbole
2
− = 1
a b2
x2 y2
Duas retas − = 0
a2 b2

x² = 2py
d) parábola com vértice na origem, concavidade para baixo
e eixo de simetria vertical

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Raciocínio Lógico-Matemático
EXERCÍCIOS Assinale a opção que indica o número total de ca-
minhos diferentes.
Nas questões de 01 a 69, marque uma única alterna-
tiva correta conforme pede seu comando. (A) 12.
(B) 18.
01. (FGV - 2023 - Banco do Brasil - Técnico Per-
(C) 24.
fil Interno)
(D) 32.
Uma caixa A tem 10 bolas azuis e, uma caixa B, 10 (E) 64.
bolas verdes. Foram transferidas 7 bolas da caixa A para
a caixa B e, a seguir, aleatoriamente, 5 bolas da caixa B 05. (FGV - 2023 - Banco do Brasil - Técnico Per-
para a caixa A. fil Interno)
É correto concluir que, ao final, Dentro de uma caixa são colocadas 6 caixas meno-
res. Depois, dentro de cada uma dessas caixas menores,
(A) a caixa A tem mais bolas azuis do que a B. ou são colocadas 6 caixas menores ainda ou não é colo-
(B) a caixa B tem mais bolas verdes do que a A.
cada caixa alguma. Esse processo se repete um certo
(C) a caixa A tem, no máximo, 6 bolas azuis a mais do
número de vezes sendo que a cada vez, dentro das meno-
que a B.
res caixas, ou são colocadas 6 caixas menores ainda ou
(D) a caixa B tem, no mínimo, 2 bolas azuis a mais do
não é colocada caixa alguma.
que a A.
(E) as duas caixas têm o mesmo número de bolas ver- Ao final, sabe-se que há 9 caixas cheias, isto é, cai-
des. xas onde foram colocadas caixas menores.
O número de caixas vazias é
02. (FGV - 2023 - Banco do Brasil - Técnico Per-
fil Interno) (A) 36.
(B) 42.
Considere a afirmação a seguir.
(C) 44.
“Eu fiz dieta e não emagreci.” (D) 46.
(E) 48.
A negação lógica dessa afirmação é:
(A) Eu não fiz dieta e não emagreci. 06. (SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual
(B) Eu não fiz dieta ou emagreci. - Ciências Econômicas e Ciências Contábeis – Ma-
(C) Eu não fiz dieta e emagreci. nhã/ FGV – 2022)
(D) Eu não fiz dieta ou não emagreci. Na espera pela abertura de um posto de saúde há
(E) Eu fiz dieta e emagreci. uma fila com 30 pessoas, entre as quais Gilda e Laura.
Sabe-se que:
03. (FGV - 2023 - Banco do Brasil - Técnico Per-
fil Interno) – Gilda está na frente de Laura e há três pessoas en-
tre elas.
Seja 𝐶 o conjunto dos números inteiros positivos
tais que o quadrado de cada um deles está compreendido – O número de pessoas que estão atrás de Gilda é o
entre 1000 e 5000. dobro do número de pessoas que estão à frente de Laura.

O número de elementos de 𝐶 é A posição de Laura na fila é a

(A) 37. (A) 7ª.


(B) 38. (B) 8ª.
(C) 39. (C) 12ª.
(D) 40. (D) 15ª.
(E) 41. (E) 19ª.

04. (FGV - 2023 - Banco do Brasil - Técnico Per- 07. (SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual
fil Interno) - Ciências Econômicas e Ciências Contábeis – Ma-
nhã/ FGV – 2022)
No quadro abaixo, considere os caminhos que for-
mam a palavra BRASIL começando em uma letra B e A negação de “Nenhuma cobra voa” é
caminhando para a direita ou para baixo. (A) Pelo menos uma cobra voa.
(B) Alguns animais que voam são cobras.
(C) Todas as cobras voam.
(D) Todos os animais que voam são cobras.
(E) Todas as cobras são répteis.

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Raciocínio Lógico-Matemático
08. (SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual Em relação a esse grupo de pessoas, é correto con-
- Ciências Econômicas e Ciências Contábeis – Ma- cluir que
nhã/ FGV – 2022) (A) no máximo 20 são capixabas torcedores do Vasco.
Valter fala sobre seus hábitos no almoço: (B) no mínimo 20 não são nem capixabas nem torcedo-
res do Vasco.
• Como carne ou frango. (C) exatamente 30 são capixabas não torcedores do
• Como legumes ou não como carne. Vasco.
• Como macarrão ou não como frango. (D) no máximo 40 são capixabas torcedores do Vasco.
(E) é possível que nenhuma delas seja capixaba torce-
Certo dia, no almoço, Valter não comeu macarrão.
dor do Vasco.
É correto afirmar que, nesse dia, Valter
12. (SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual
(A) comeu frango e carne.
- Ciências Econômicas e Ciências Contábeis – Ma-
(B) não comeu frango nem carne.
nhã/ FGV – 2022)
(C) comeu carne e não comeu legumes.
(D) comeu legumes e carne. Dois casais irão se sentar em 4 cadeiras consecuti-
(E) não comeu frango nem legumes. vas de uma fila de um cinema.
O número de maneiras de eles sentarem nas 4 cadei-
09. (SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual ras, de modo que cada casal se sente junto, é igual a
- Ciências Econômicas e Ciências Contábeis – Ma-
(A) 4.
nhã/ FGV – 2022)
(B) 6.
Na mesa de Antônio há três gavetas: A, B e C. Uma (C) 8.
gaveta contém documentos, outra contém chocolates e a (D) 12.
terceira contém dinheiro. (E) 16.
Sabe-se que das afirmativas a seguir sobre as gave-
tas somente uma é verdadeira. 13. (FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM -
Administrador Geral)
• A tem dinheiro.
Considere a afirmação:
• B não tem chocolates.
• C não tem dinheiro. “Se o acusado estava no hospital então não é culpa-
do”.
Assim, é correto afirmar que
É correto concluir que
(A) A tem chocolates.
(A) se o acusado não estava no hospital então é culpado.
(B) B tem dinheiro.
(B) se o acusado é culpado então não estava no hospital.
(C) C tem chocolates.
(C) se o acusado não é culpado então não estava no
(D) A tem documentos.
hospital.
(E) B não tem documentos.
(D) o acusado estava no hospital e é culpado.
(E) o acusado não é culpado e não estava no hospital.
10. (SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual
- Ciências Econômicas e Ciências Contábeis – Ma-
14. (FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM -
nhã/ FGV – 2022)
Administrador Geral)
Sabe-se que as 3 sentenças a seguir são verdadeiras.
Rafael fez certo percurso partindo do ponto A da fi-
• Se Pedro é capixaba ou Raquel não é carioca,
gura a seguir, andando apenas sobre as linhas do quadri-
então Renata não é pernambucana.
culado e fazendo diversos movimentos em sequência. A
• Se Pedro não é capixaba ou Renata é pernam-
unidade de movimento de um percurso é o lado de um
bucana, então Raquel é carioca.
quadradinho.
• Se Raquel não é carioca, então Pedro é capixa-
ba e Renata é pernambucana.
É correto concluir que
(A) Pedro é capixaba.
(B) Raquel é carioca.
(C) Renata é pernambucana.
(D) Pedro não é capixaba. Cada uma das quatro letras a seguir representa o
(E) Raquel não é carioca. movimento de 1 unidade em cada uma das quatro dire-
ções: N = norte, S = sul, L = leste e O = oeste.
11. (SEFAZ-ES - Consultor do Tesouro Estadual
- Ciências Econômicas e Ciências Contábeis – Ma- Rafael fez, em sequência, os movimentos represen-
nhã/ FGV – 2022) tados pelo código L L N L L L N N O N L N, chegando
ao ponto B.
Em um grupo de 70 pessoas, há 50 capixabas e 40
torcedores do Vasco. Um código que permite a Rafael sair de B e chegar
em A é
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Raciocínio Lógico-Matemático
(A) OSSOOOSLSSOO 18. (FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM -
(B) OOSSOSSOO Administrador Geral)
(C) LSSSOSOOSOO
Três amigos, Gael, Miguel e Gabriel moram em três
(D) OOSSSOSSOO
bairros diferentes de Manaus. Um mora no Centro, outro
(E) OOSOSSLSOOOS
mora em Flores e outro, em Aleixo.
15. (FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM - Considere as seguintes informações:
Administrador Geral)
• Gael é casado com a irmã de Gabriel e é mais
Considere a sentença: velho do que quem mora em Aleixo.
“Paulo é torcedor do Nacional ou Débora não é tor- • Quem mora em Flores é filho único e é o mais
cedora do Fast”. novo dos três amigos.
A negação lógica dessa sentença é É correto concluir que
(A) Paulo não é torcedor do Nacional ou Débora não é (A) Gael mora em Flores.
torcedora do Fast. (B) quem mora no Centro é mais novo que Miguel.
(B) Paulo não é torcedor do Nacional ou Débora é tor- (C) Gabriel mora em Aleixo.
cedora do Fast. (D) quem mora no Centro é mais novo que Gabriel.
(C) Paulo não é torcedor do Nacional e Débora não é (E) o mais velho não mora no Centro.
torcedora do Fast.
(D) Paulo não é torcedor do Nacional e Débora é torce- 19. (SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais -
dora do Fast. Tecnologia da Informação/ FGV – 2022)
(E) Paulo é torcedor do Nacional ou Débora é torcedora
do Fast. Considere a afirmação:
“À noite, todos os gatos são pretos.”
16. (FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM -
Administrador Geral) Se essa frase é falsa, é correto concluir que
Considere os seguintes conjuntos: (A) De dia, todos os gatos são pretos.
• A = conjunto dos números inteiros maiores do (B) À noite, todos os gatos são brancos.
que 1 e menores do que 100. (C) De dia há gatos que não são pretos.
• B = conjunto dos números que pertencem a A e (D) À noite há, pelo menos, um gato que não é preto.
que são múltiplos de 6. (E) À noite nenhum gato é preto.
• C = conjunto dos números que pertencem a A e
que são múltiplos de 8. 20. (SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais -
Tecnologia da Informação/ FGV – 2022)
O número de elementos que pertencem a A e não
pertencem a B nem a C é Considere as duas listas de números a seguir.
(A) 70. Lista 1: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11
(B) 72. Lista 2: 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15
(C) 74.
Sejam 𝐷1 e 𝐷2 os desvios padrão das Listas 1 e 2,
(D) 76.
respectivamente.
(E) 78.
É correto concluir que
17. (FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM -
Administrador Geral) (A) 𝐷2=𝐷1.
(B) 𝐷2=𝐷1+4.
Em uma disputa de pênaltis, quando um time acerta (C) 𝐷2=𝐷1+2.
uma cobrança de pênalti, a probabilidade de que esse ti- (D) 𝐷2=2𝐷1.
me acerte a cobrança seguinte é de 70% e, quando um
(E) .
time perde uma cobrança de pênalti, a probabilidade de
que esse time também perca a próxima cobrança é de
21. (SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais -
80%.
Tecnologia da Informação/ FGV – 2022)
Se o time A acertou a primeira cobrança, a probabi- Considere o conjunto de números naturais
lidade de que esse time perca a sua terceira cobrança é 𝐶={1,2,3,⋯,𝑛} onde 𝑛>6.
(A) 45%. O conjunto 𝐴 é formado pelos elementos de 𝐶 que
(B) 50%. são múltiplos de 2 e o conjunto 𝐵 é formado pelos ele-
(C) 55%. mentos de 𝐶 que são múltiplos de 3.
(D) 60%. Sabe-se que o número de elementos de 𝐶 que não
(E) 70%. está nem em 𝐴 e nem em 𝐵 é o dobro do número de ele-
mentos de 𝐶 que está simultaneamente em 𝐴 e em 𝐵.

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Raciocínio Lógico-Matemático
O menor valor possível de 𝑛 é (A) 6.
(A) 18. (B) 8.
(B) 24. (C) 9.
(C) 30. (D) 10.
(D) 36. (E) 12.
(E) 48.
25. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente
22. (SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais - Operacional)
Tecnologia da Informação/ FGV – 2022) Os alunos de uma turma estavam se preparando
Os números naturais foram escritos em uma tabela para um concurso. Constatou-se que: a terça parte do
de 4 linhas como na figura a seguir. total de alunos torce pelo Manaus FC, a quarta parte do
total de alunos torce pelo Nacional-AM, e os 35 alunos
restantes torcem por outros clubes ou não são ligados em
futebol.
O número de alunos dessa turma que torcem pelo
Manaus FC é

As linhas são numeradas de baixo para cima e as (A) 21.


colunas são numeradas da esquerda para a direita. (B) 25.
(C) 26.
O número da linha e o número da coluna onde está (D) 28.
o número 2022 são, respectivamente, (E) 35.
(A) 2 e 253.
(B) 3 e 253. 26. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente
(C) 2 e 506. Operacional)
(D) 3 e 506. O concurso para novos funcionários de um
(E) 4 e 524. aeroporto internacional exigia que cada candidato falasse
uma língua diferente do português. Os 38 candidatos
23. (SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais - aprovados foram divididos em 4 grupos de acordo com
Tecnologia da Informação/ FGV – 2022) as línguas estrangeiras que falam:
No interior do retângulo ABCD da figura a seguir Grupo 1 – candidatos que falam inglês e espanhol,
foi desenhada a letra V. apenas.
Grupo 2 – candidatos que falam inglês, apenas.
Grupo 3 – candidatos que falam espanhol, apenas.
Grupo 4 – candidatos que falam apenas alguma
outra língua diferente do inglês e do espanhol.
Dessa arrumação constatou-se que:
• Os grupos 1, 2 e 3 possuem o mesmo número
de pessoas.
Os segmentos FH e AE são paralelos e os • 2 pessoas falam apenas francês, 2 falam apenas
segmentos GH e DE são também paralelos. As medidas alemão e 1 fala apenas italiano.
do retângulo são AB = 8 e BC = 10. Sabe-se ainda que
AF = GD = 2. O número de candidatos que falam apenas uma
língua além do português é igual a
A área da região sombreada é
(A) 11.
(A) 22,8. (B) 15.
(B) 23,6. (C) 22
(C) 24,2. (D) 23.
(D) 24,8. (E) 27.
(E) 25,6.
27. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente
24. (SEFAZ-BA - Agente de Tributos Estaduais - Operacional)
Tecnologia da Informação/ FGV – 2022)
Seis cartas estão em uma caixa; em cada uma delas
Quatro pessoas deverão fazer um trabalho de está escrita uma das seis letras: A, B, C, D, E, F, e cada
pesquisa sobre certo tema. O trabalho pode ser feito letra só aparece uma vez.
individualmente ou em dupla. Retirando da caixa, simultaneamente e ao acaso,
O número de modos diferentes que essas 4 pessoas duas cartas, a probabilidade de que as cartas A ou C
podem se arrumar para fazer o trabalho é sejam sorteadas é

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Raciocínio Lógico-Matemático
(A) 1/2. (B) está entre 300 e 350.
(B) 2/5. (C) está entre 351 e 400.
(C) 3/5. (D) está entre 401 e 450.
(D) 7/15. (E) é maior que 451.
(E) 8/15.
32. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente
28. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente Operacional)
Operacional)
Sabe-se que a sentença “Patrícia é amazonense ou
Considere a afirmação: Marlene não nasceu em Manaus” é FALSA.
“Hoje é sexta-feira e amanhã não trabalharei”.
É correto concluir que
A negação lógica dessa sentença é
(A) se Patrícia não é amazonense, então Marlene não
(A) Hoje não é sexta-feira e amanhã trabalharei.
nasceu em Manaus.
(B) Hoje não é sexta-feira ou amanhã trabalharei.
(B) Patrícia não é amazonense e Marlene não nasceu
(C) Hoje não é sexta-feira, então amanhã trabalharei.
em Manaus.
(D) Hoje é sexta-feira e amanhã trabalharei.
(C) se Marlene nasceu em Manaus, então Patrícia é
(E) Hoje é sexta-feira ou amanhã não trabalharei.
amazonense.
(D) se Patrícia é amazonense, então Marlene não nasceu
29. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente
em Manaus.
Operacional)
(E) Patrícia é amazonense e Marlene nasceu em
Eva, Bia e Gal encontraram-se para almoçar e Manaus.
estavam com bolsas parecidas, mas com cores diferentes.
Uma bolsa era cinza, outra era marrom e outra era preta. 33. (FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor Fiscal
Das afirmativas seguintes, somente uma é de Tributos Estaduais – Manhã)
verdadeira:
Considere as afirmativas:
• Eva está com a bolsa preta.
• Bia não está com a bolsa marrom. • Alguns homens gostam de ler.
• Gal não está com a bolsa preta. • Quem gosta de ler vai à livraria.

É correto afirmar que A partir dessas afirmativas é correto concluir que:

(A) Eva tem a bolsa marrom. (A) Todos os homens vão à livraria.
(B) Bia tem a bolsa preta. (B) Mulheres não gostam de ler.
(C) Gal tem a bolsa marrom. (C) Quem vai à livraria gosta de ler.
(D) Eva tem a bolsa cinza. (D) Se um homem não vai à livraria então não gosta de
(E) Bia não tem a bolsa cinza. ler.
(E) Quem não gosta de ler não vai à livraria.
30. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente
Operacional) 34. (FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor Fiscal
de Tributos Estaduais – Manhã)
Um encontro de família foi organizado por 5 casais.
Cada um desses casais teve 4 filhos, todos casados e com Em uma sala de reuniões há uma mesa circular com
3 filhos cada um. Todas as pessoas citadas cadeiras em volta. Nessa sala estão Abel, Daniel e Rafael
compareceram ao encontro. que esperam Pedro, um amigo comum. Um dos três
O número de pessoas nesse encontro de família é presentes diz:
(A) 70. “Vamos nos sentar de forma a deixar para Pedro
(B) 80. apenas um lugar que não tenha um de nós como
(C) 90. vizinho.”
(D) 100.
(E) 110. Para cumprir o que foi dito, o número máximo de
cadeiras em volta dessa mesa deve ser
31. (FGV - 2022 - SSP-AM - Assistente (A) 6.
Operacional) (B) 7.
Para o novo cartão de crédito, Renato precisa (C) 8.
cadastrar uma senha de 4 dígitos de 0 a 9. Como nasceu (D) 9.
em 1998 decidiu que sua senha terá dois “noves” em (E) 10.
qualquer posição, mais dois dígitos diferentes de 9 e
diferentes entre si. Por exemplo, 0959 e 2399 são senhas 35. (FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor Fiscal
que Renato pode escolher. de Tributos Estaduais – Manhã)
O número total de senhas que Renato poderá Ângela, Bárbara e Carla marcaram de se encontrar
escolher às 18h30min. Ana foi a primeira a chegar e esperou 23
(A) é menor que 300. minutos até a chegada da segunda; Bárbara chegou 12
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Raciocínio Lógico-Matemático
minutos antes de Carla e Carla chegou 17 minutos 39. (FGV - 2022 - MPE-GO - Assistente
atrasada. Administrativo)
Ana chegou às Cinco pessoas cujos nomes têm as iniciais J, K, L,
M e N fizeram as duas provas necessárias para concorrer
(A) 18h07min.
ao cargo de gerente de uma empresa. As provas foram
(B) 18h12min.
duas, P1 e P2, com peso 2 para a primeira e peso 1 para a
(C) 18h14min.
segunda. As notas dos candidatos estão na matriz abaixo.
(D) 18h17min.
(E) 18h23min.

36. (FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor Fiscal


de Tributos Estaduais – Manhã)
Considere as seguintes premissas: Considerando as notas da matriz e o critério dado
• Quem tem azar não sorri. acima, o vencedor será o que tiver maior pontuação.
• Quem é maratonista não está doente.
Quem ganhou o cargo de gerente foi
• Quem não está doente, sorri.
(A) J.
A partir dessas premissas é correto concluir que (B) K.
(A) Quem não está doente é maratonista. (C) L.
(B) Quem está doente não sorri. (D) M.
(C) Quem não tem azar sorri. (E) N.
(D) Quem é maratonista não tem azar.
(E) Quem sorri, não está doente. 40. (FGV - 2022 - MPE-GO - Assistente
Administrativo)
37. (FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor Fiscal A tabela a seguir mostra o número de funcionários
de Tributos Estaduais – Manhã) de uma empresa por sexo e por nível de escolaridade.
Considere as sentenças a seguir.
• Paulo é carioca ou Bernardo é paulista.
• Se Sérgio é amazonense, então Paulo é carioca.
Sabe-se que a primeira sentença é verdadeira e a
segunda é falsa.
É correto concluir que O valor de Y – X é
(A) Paulo é carioca, Bernardo é paulista, Sérgio é (A) 20.
amazonense. (B) 25.
(B) Paulo é carioca, Bernardo não é paulista, Sérgio é (C) 30.
amazonense. (D) 35.
(C) Paulo não é carioca, Bernardo é paulista, Sérgio é (E) 40.
amazonense.
(D) Paulo não é carioca, Bernardo é paulista, Sérgio não 41. (FGV - 2022 - MPE-GO - Assistente
é amazonense. Administrativo)
(E) Paulo não é carioca, Bernardo não é paulista, Sérgio
é amazonense. Em um grupo de 48 pessoas, há 35 advogados e 32
policiais.
38. (FGV - 2022 - MPE-GO - Assistente
Nesse grupo, o número mínimo de pessoas que são
Administrativo)
ao mesmo tempo advogados e policiais é
Renata, Sara e Tânia estão, nessa ordem, em uma
fila. Sabe-se que há 10 pessoas na frente de Renata, 8 (A) 13.
pessoas entre Renata e Sara e 7 pessoas depois de Tânia. (B) 16.
Sabe-se ainda que Sara está no centro da fila. (C) 19.
(D) 32.
O lugar que Tânia ocupa nessa fila é o
(E) 35.
(A) 30º.
(B) 31º. 42. (FGV - 2022 - MPE-GO - Assistente
(C) 32º. Administrativo)
(D) 33º.
(E) 34º. Ari, Bia e Carol combinaram um encontro ao meio-
dia e meia. Ari chegou 16 minutos antes do horário
combinado, Bia chegou ao meio-dia e 12 minutos e
Carol chegou 31 minutos depois de Ari.

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O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia,
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Raciocínio Lógico-Matemático
É correto afirmar que 46. (FGV - 2021 - Banestes - Analista em
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de
(A) Bia chegou 19 minutos antes de Carol.
Sistemas)
(B) Ari chegou 2 minutos depois de Bia.
(C) Carol chegou ao meio-dia e 15 minutos. Em uma empresa há funcionários homens e
(D) Bia chegou 28 minutos depois de Ari. mulheres, alguns com curso superior, outros não. Sabe-
(E) Ari chegou ao meio-dia e 16 minutos. se que:
• 65% dos funcionários são homens;
43. (FGV - 2021 - Banestes - Analista em
• entre os funcionários sem curso superior, dois
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de
terços são homens;
Sistemas)
• um quinto das mulheres têm curso superior.
A frase a seguir é um conhecido ditado popular:
Nessa empresa, a porcentagem de homens com
“Se não tem cão então caça com gato". curso superior é:
Uma frase logicamente equivalente é: (A) 7%;
(B) 8%;
(A) Se tem cão então não caça com gato;
(C) 9%;
(B) Se caça com gato então não tem cão;
(D) 10%;
(C) Tem cão ou caça com gato;
(E) 11%.
(D) Tem cão e caça com gato;
(E) Tem cão ou não caça com gato.
47. (FGV - 2021 - Banestes - Analista em
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de
44. (FGV - 2021 - Banestes - Analista em
Sistemas)
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de
Sistemas) Considere como verdadeiras as sentenças a seguir.
Um escritório de investimentos possui 86 clientes • Se Priscila é paulista, então Joel é capixaba.
que são atendidos por 6 consultores. Cada consultor deve • Se Gabriela não é carioca, então Joel não é
atender a no mínimo 9 e no máximo 20 clientes. capixaba.
• Se Gabriela é carioca, então Priscila não é
É correto concluir que:
paulista.
(A) pelo menos 1 consultor atende a mais de 14
É correto deduzir que:
clientes;
(B) um consultor atende a 16 clientes; (A) Gabriela é carioca;
(C) é possível que todos os consultores atendam a um (B) Gabriela não é carioca;
mesmo número de clientes; (C) Priscila não é paulista;
(D) é possível que 3 dos consultores atendam o número (D) Priscila é paulista;
máximo de clientes por consultor; (E) Joel não é capixaba.
(E) não é possível que 3 dos consultores atendam o
número mínimo de clientes por consultor. 48. (FGV - 2021 - Banestes - Analista em
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de
45. (FGV - 2021 - Banestes - Analista em Sistemas)
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de
Alda tem 222 bolinhas numeradas, cada uma com
Sistemas)
um número inteiro positivo diferente. Há 87 bolinhas
Hugo, Lauro e Mário são funcionários de um com números pares e as demais têm números ímpares.
escritório de investimentos e trabalham com áreas Alda, então, forma 111 grupinhos com duas bolinhas
diferentes: um trabalha com mercado de ações, outro cada um. Há exatamente 37 grupinhos em que as duas
com previdência e outro com multimercado. bolinhas têm números ímpares.
Dentre as afirmativas abaixo, somente uma é O número de grupinhos que tem duas bolinhas com
verdadeira: números pares é:
• Hugo trabalha com previdência. (A) 74;
• Lauro não trabalha com previdência. (B) 61;
• Mário não trabalha com multimercado. (C) 48;
(D) 27;
Assim, é correto afirmar que: (E) 13.
(A) Hugo trabalha com multimercado;
(B) Hugo trabalha com previdência;
(C) Lauro trabalha com ações;
(D) Lauro trabalha com multimercado;
(E) Mário trabalha com previdência.

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Raciocínio Lógico-Matemático
49. (FGV - 2021 - Banestes - Analista em 53. (IBADE - 2018 - Prefeitura de Manaus - AM
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de - Professor de Matemática). Jair é um investidor e pos-
Sistemas) sui um certo capital C disponível. Para diversificar suas
transações financeiras, ele emprega, durante 4 meses,
Considere a sequência dos 120 anagramas da
metade deste capital à taxa bimestral de 40% na modali-
palavra BANCO escritos em ordem alfabética.
dade de juros compostos. A outra metade do capital, ele
O anagrama CANBO ocupa a posição de número: prefere uma aplicação na modalidade de juros simples,
durante os mesmos 4 meses. Para que ao final dos 4 me-
(A) 50;
ses ele receba a mesma quantia nos 2 investimentos, Jair
(B) 51;
terá que buscar uma taxa de x% ao mês para o investi-
(C) 52;
mento à juros simples.
(D) 53;
(E) 54. Dessa forma, o valor de x é:
A) 24%.
50. (FGV - 2021 - Prefeitura de Paulínia - SP –
B) 26%.
Enfermeiro)
C) 25%.
Sabe-se que a sentença D) 27%.
“Se Antonio é advogado, então Carla é engenheira 54. (IBADE - 2019 - DEPASA - AC – Laborato-
ou Diana não é médica” é falsa. rista). Juliana investiu R$ 5.000,00, a juros simples, em
É correto concluir que uma aplicação que rende 3% ao mês, durante 8 meses.
Passados 8 meses, Juliana retirou todo o dinheiro e in-
(A) Antônio é advogado e Diana é médica. vestiu somente metade em uma outra aplicação, a juros
(B) Antônio não é advogado e Carla é engenheira. simples, a uma taxa de 5% ao mês por mais 4 meses. O
(C) Se Carla não é engenheira, então Diana não é total de juros arrecadado por Juliana após os 12 meses
médica. foi:
(D) Se Diana é médica, então Antônio não é advogado.
(E) Carla é engenheira ou Diana não é médica. A) R$ 1.200,00.
B) R$ 1440,00.
51. (FGV - 2021 - Prefeitura de Paulínia - SP – C) R$ 620,00.
Enfermeiro) D) R$ 1820,00.
E) R$ 240,00.
Considere a sentença:
“Todo advogado é bom orador.” 55. (IBADE - 2018 - Prefeitura de Ji-Paraná -
RO – Merendeira). O montante de uma aplicação, em
A negação lógica dessa sentença é: que o capital investido foi de R$ 8.000,00 à taxa de juros
(A) Nenhum advogado é bom orador. de 15% ao mês, no sistema de capitalização de juros
(B) Todo bom orador é advogado. simples, durante um ano, será:
(C) Nenhum bom orador é advogado. A) RS 14.400.00.
(D) Algum advogado não é bom orador.
(E) Algum bom orador não é advogado. B) RS 16.000,00.
C) RS 20.600.00.
52. (FGV - 2021 - Prefeitura de Paulínia - SP –
Enfermeiro) D) RS 22.400,00.
Em um grupo de sapos, alguns são amarelos e E) RS 18.800.00.
alguns são felizes.
Sabe-se que: 56. (IBADE - 2022 - Prefeitura de Colíder - MT -
Agente Comunitário de Saúde). Jorginho quer comprar
1) Todo sapo feliz sabe pular. um computador, ele já detém 30% da quantia necessária.
2) Nenhum sapo amarelo sabe tocar gaita. No dia do seu aniversário sua mãe lhe dará 2/5 da quan-
3) Todo sapo que não sabe tocar gaita também não tia e o seu pai lhe dará R$750,00.
sabe pular.
Podemos afirmar que o computador custa?
É correto concluir que
A) R$1.625,00
(A) todo sapo amarelo sabe pular.
(B) nenhum sapo feliz sabe tocar gaita. B) R$1.950,00
(C) todo sapo amarelo é feliz.
C) R$5.250,00
(D) todo sapo que sabe pular é amarelo.
(E) nenhum sapo feliz é amarelo. D) R$2.500,00
E) R$2.750,00

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Raciocínio Lógico-Matemático
57. (IBADE - 2022 - Prefeitura de Barra de São
Francisco - ES - Procurador Municipal). Os ingressos 62. (IBADE - 2022 - Câmara de Acrelândia - AC
para a estreia de determinado filme foram tabelados de - Procurador Jurídico). Na segunda fase de um proces-
modo que crianças, de segunda à sexta, paguem 60% a so licitatório a modalidade 1 possui um prazo máximo de
menos que adultos no mesmo período. Sabendo que três 20 dias, a modalidade 2 de 40 dias, a modalidade 3 de 50
adultos e quatro crianças pagaram $ 92.00, qual o valor dias e a modalidade 4 de 70 dias. Qual a diferença entre
do ingresso para uma criança? média aritmética dos prazos máximos das modalidades e
a mediana desse conjunto de valores?
A) 12.
B) 8. A) 0
C) 6. B) 45
D) 20. C) 180
E) 16. D) 70
E) 25
58. (IBADE - 2022 - INOVA CAPIXABA - Auxi-
liar de Almoxarifado). O jogador Hulk teve um apro- 63. (IBADE - 2022 - Faceli - Agente Administra-
veitamento de 75,2% nas cobranças de pênalti no cam- tivo). Uma sala de aula possui 30 alunos. A média das
peonato anterior e no atual ele já cobrou 10 pênaltis e notas dos alunos da turma em matemática é igual à 8.
conseguiu converter em 8 gols. Quando comparamos o Um aluno novo chega à turma e decide que irá ajudar a
aproveitamento anterior ao atual, é CORRETO afirmar: elevar a média geral. Dessa forma, qual deve ser a nota
do aluno para que a média suba para 8,05?
A) O aproveitamento aumentou em 80%.
B) O aproveitamento diminuiu em 4,8%. A) 109,55
C) O aproveitamento aumentou em 4,8%. B) 9,55
D) O aproveitamento diminuiu 80%. C) 9,25
E) O aproveitamento foi o mesmo. D) 8,45
E) 8,25
59. (IBADE - 2022 - INOVA CAPIXABA - Auxi-
liar de Almoxarifado). Se 30% de 40% corresponde 3/4 64. (FGV - 2023 - SEE-MG - Professor de
de R$220,00. Podemos afirmar que 10% da quantia vale: Educação Básica (PEB) - Língua Portuguesa). Os
ângulos internos de um triângulo ABC são tais que o
A) R$16,50
B) R$35,20 dobro da medida em graus do ângulo é igual à soma
C) R$26,40
D) R$49,50 das medidas em graus dos ângulos e Portanto, o
E) R$13,75
ângulo mede
60. (IBADE - 2022 - Prefeitura de Costa Mar-
ques - RO - Agente Administrativo – Educação). O di- A) 45º.
retor de uma escola havia reservado uma quantia de R$ B) 60º.
3.000,00 para aquisição de materiais de consumo. Entre- C) 75º.
tanto, foi necessário gastar R$ 600,00 com o conserto de D) 90º.
um equipamento de refrigeração. Qual o percentual (%)
do valor total que ainda restou para a compra dos materi- 65. (FGV - 2023 - SEE-MG - Professor de
ais de consumo? Educação Básica (PEB) - Língua Portuguesa). Um
dado comum possui seis faces numeradas de 1 a 6, de tal
A) 20% forma que os números indicados em duas faces opostas
B) 80% sempre somam 7.
C) 60%
D) 30% Devido a um defeito de fabricação, a cada
E) 40% lançamento desse dado, a probabilidade de que o número
6 seja obtido é o triplo da probabilidade de se obter o 1.
61. (IBADE - 2022 - Prefeitura de Barra de São Além disso, a probabilidade de resultado igual a 1 é a
Francisco - ES - Guarda Civil Municipal). Uma cida- metade da probabilidade de ocorrência de todos os
de pequena possui vinte bairros, cada bairro possui trinta demais resultados.
ruas, cada rua possui vinte casas e cada casa possui, em No lançamento desse dado, a probabilidade de se
média, quatro habitantes. Quantos habitantes há, em mé- obter 6 como resultado é igual a
dia, nessa cidade?
A) 1/12.
A) 40.000 habitantes. B) 1/8.
B) 35.000 habitantes. C) 1/6.
C) 48.000 habitantes D) 1/4.
D) 52.000 habitantes.
E) 26.000 habitantes.

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Raciocínio Lógico-Matemático
66. (FGV - 2023 - SEE-MG - Professor de
Educação Básica (PEB) - Língua Portuguesa). Em um
cesto havia bananas de 3 tipos diferentes. Metade dessas
bananas eram banana-prata. Trinta por cento do total de
bananas eram bananas-d’água. O restante das bananas no
cesto eram bananas-ouro.
Foram retiradas do cesto 5 bananas: 1 banana-
d’água, 2 bananas-prata e 2 bananas-ouro.
Após as retiradas, 16% das bananas que restaram no
cesto eram bananas-ouro.
GABARITO OFICIAL
A quantidade original de bananas no cesto era igual
a Conferido

A) 30. 01-C 12-C 23-E 34-E 45-A 56-D


B) 40. 02-B 13-B 24-D 35-B 46-C 57-B
C) 50.
D) 60. 03-C 14-E 25-D 36-D 47-C 58-C
04-D 15-D 26-E 37-C 48-E 59-A
67. (FGV - 2023 - SEE-MG - Professor de
Educação Básica (PEB) - Língua Portuguesa). 05-D 16-C 27-C 38-C 49-B 60-B
Considere a proposição “Se é domingo, eu acordo às 9 06-C 17-A 28-B 39-D 50-A 61-C
horas”.
07-A 18-C 29-A 40-D 51-D 62-A
Essa proposição é logicamente equivalente a
08-D 19-D 30-E 41-C 52-E 63-B
A) “Se não é domingo, eu acordo às 9h”.
B) “Se não é domingo, eu não acordo às 9h”. 09-A 20-A 31-D 42-B 53-A 64-B
C) “Se eu não acordo às 9h, não é domingo”. 10-B 21-A 32-D 43-C 54-D 65-D
D) “Se eu acordo às 9h, é domingo”.
11-D 22-D 33-D 44-A 55-D 66-A
68. (FGV - 2023 - SEE-MG - Analista 67-C
Educacional (ANE) - Inspetor Escolar). Seja A o
conjunto dos números pares positivos e menores que 20. 68-B
Seja B o conjunto dos números múltiplos de 3 que são 69-D
positivos e menores que 30. Seja C o conjunto dos
números múltiplos de 4 que são positivos e menores que
40.
O número de elementos do conjunto A ∪ B ∪ C é
igual a
A) 15.
B) 19.
C) 23.
D) 27.

69. (FGV - 2023 - Prefeitura de São José dos


Campos - SP - Agente Educador). Em uma urna há 10
bolas sendo 5 azuis e 5 vermelhas, todas igualmente
prováveis de serem sorteadas em um sorteio aleatório.
Sorteiam-se, aleatoriamente em sequência e sem
reposição, 3 bolas.
A probabilidade de a primeira e a terceira bolas
sorteadas serem azuis é igual a
A) 2/3.
B) 2/5.
C) 2/7.
D) 2/9.
E) 2/15.

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Raciocínio Lógico-Matemático

RASCUNHO RASCUNHO

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)

NOÇÕES DE
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
SUMÁRIO:
1. Constituição: conceito, classificações, princípios fundamentais ............................... 03
2. Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos
sociais, nacionalidade, cidadania .............................................................................. 09
3. Estatuto da Igualdade Racial, (Lei 10.233/2001) ...................................................... 19
4. Organização administrativa: Centralização e Descentralização, Autarquia, Fundação,
Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista ................................................... 26
5. Administração pública: disposições gerais, servidores públicos .............................. 29
6. Lei de Acesso à Informação ...................................................................................... 37
7. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais ................................................................. 45
8. Ética pública ............................................................................................................. 59
9. Finanças e Orçamento Público ................................................................................. 68
10. Lei de Licitações Públicas (Lei 14.133/2021; Lei 10.520/2002 e comparativos com a
Lei 8.666/1993) ............................................................................................ 68/114/116

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


1. CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, CLASSIFI- e) Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados,
CAÇÕES, PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS além de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos
domésticos;
1.1. Conceito
f) Direito a greve;
A palavra Constituição significa estabelecer de g) Liberdade sindical;
forma definitiva alguma coisa, mas tem sido usada para h) Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44
atribuir a existência de uma Lei Fundamental do Estado. horas semanais;
i) Licença maternidade;
Em sentido político e jurídico constitui-se em um
j) Licença paternidade;
sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras e
k) Décimo terceiro salário para os aposentados;
que regula a forma do Estado, a forma e o sistema de go- l) Seguro desemprego;
verno, bem como o modo de aquisição e o exercício do m) Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do sa-
poder. lário;
Por estarem em grau elevado de eficácia em relação n) Restabeleceu eleições diretas para os cargos de
às demais normas. Assim, todas as demais normas de- presidente da República, governadores de estados e pre-
vem se compatibilizar com as previstas no texto máxi- feitos municipais;
mo. Em outras palavras, as demais normas devem encon- o) Sistema pluripartidário; e,
trar no texto constitucional seu fundamento de validade. p) Colocou fim a censura aos meios de comunica-
ção, obras de arte, músicas, filmes, teatro, etc.
Segundo Hans Kelsen a constituição pode ser com-
preendida como norma hipotética fundamental; para 1.4. Conteúdo
Ferdinand Lassale é a soma dos fatores reais de poder;
para Carl Schimitt a decisão política fundamental de um 1.4.1. Quanto ao conteúdo
Estado - Constituição material: conjunto de regras jurídi-
cas de status constitucional, que regula a estrutura do Es-
tado, os direitos fundamentais e a organização da Admi-
1.2. Origens nistração Pública. Assim, há regras de natureza materi-
1.2.1. Outorgada: impostas por uma pessoa ou almente constitucionais que podem ser disciplinadas em
grupo sem a participação dos constituintes, que resulta lei ordinária, a exemplo do Estatuto dos Estrangeiros.
na denominação de Carta Constitucional. - Constituição formal: são as regras inseridas no
1.2.2. Promulgada: a que conta com a participação texto constitucional.
popular e, por isso, é elaborada por representantes eleitos - Constituição instrumental: ocorre quando a lei
pelo povo e com o objetivo de exercer o poder consti- fundamental assume características processuais e não
tuinte. como lei material, tanto que estabelece competências e
1.2.3. Cesarista: é a Constituição que apesar de ser regras processuais.
elaborada sem a participação do povo e/ou de represen-
tantes destes, é submetida a um referendo a fim de que 1.6. Estrutura
tenha eficácia.
A Constituição Federal de 1988 está estruturada em
Em síntese, quanto à origem podem ser: preâmbulo, títulos, estes divididos em capítulos e estes
a) democráticas (populares): originam de um órgão em seções. Os artigos estão contidos nas seções.
constituinte composto de representantes do povo; Os artigos constituem-se na unidade normativa bá-
b) outorgadas: elaboradas e estabelecidas sem a sica do texto constitucional e podem ser complementa-
participação popular. dos por parágrafos, incisos, que se desdobram em alí-
neas.
1.3. Características
Os nove títulos da Constituição são os seguintes:
A Constituição Federal de 1988 é a atual Carta
Magna do Brasil, sétima constituição brasileira e sexta • princípios fundamentais;
como república. • direitos e garantias fundamentais;
Principais características são: • organização do Estado;
• organização dos poderes;
a) Direito de voto para os analfabetos; • defesa do Estado e das instituições democráti-
b) Voto facultativo para menores entre 16 e 18 cas;
anos; • tributação e orçamento;
c) Redução do mandato do presidente de 5 para 4 • ordem econômica e financeira;
anos; • ordem social;
d) Eleições em dois turnos (para os cargos de presi-
• disposições constitucionais gerais.
dente, governadores e prefeitos de cidades com mais de
200 mil habitantes); O Título primeiro não está subdividido em capítulos
e seções e enunciam os princípios fundamentais: os fun-
damentos da República, a separação e harmonia entre os

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


poderes, os objetivos fundamentais e os princípios que Para uma constelação de autores sobre o Direito
regem o Brasil nas suas relações internacionais. O Título Constitucional, os direitos fundamentais seriam dotados
II consagra as diversas gerações de Direitos e Garantias de algumas características comuns, quais sejam:
Fundamentais; o Título III, trata da Organização do Es-
tado, ou seja, da regulação da federação brasileira e da • Relatividade: eles não podem ser entendidos
gestão pública; o Título IV, da Organização dos Poderes, como absolutos, pois encontraria limites em ou-
atribuindo as competências e prerrogativas do Executivo, tros direitos tão fundamentais quanto ele.
do Legislativo e do Judiciário; o Título V trata da Defesa • Imprescritibilidade: eles não desaparecem
do Estado e das Instituições Democráticas (estado de de- com o decurso do tempo.
fesa, de sítio e de emergência) e das forças armadas; o • Inalienabilidade: constata-se a impossibilidade
Título VI trata da Tributação e do Orçamento; o VII, da jurídica de um indivíduo alienar um direito
Ordem Econômica e Financeira; o VIII, da Ordem Soci- fundamental seu transferindo- para outro titular.
al; e o Título IX contém as Disposições Constitucionais • Irrenunciabilidade: em regra, não podem ser
Gerais. objeto de renúncia por seu titular.
• Inviolabilidade: estabelece a observância obri-
Há ainda o Ato das Disposições Constitucionais gatória de seus preceitos.
Transitórias - ADCT -, contendo regras feitas de vigên-
cia temporal, regulando assim a transição de um regime Dentre os elementos orgânicos da Constituição Fe-
constitucional para o outro. deral, está a forma de Estado denominada de Federalis-
mo, a qual permite que haja uma distribuição geográfica
1.7. Elementos do poder político em função do território. No entanto,
existem outras formas de estado conceituadas pelos dou-
A Constituição formal é constituída por alguns ele- trinadores, a saber:
mentos, a saber:
• Estado Unitário (há um polo central distribuidor
• Orgânicos: normas que regulam a estrutura do e emanador de normas. Não há uma distribui-
Estado e do Poder. ção geográfica do poder político em função do
• Limitativos: normas que compõem o elenco território);
dos direitos e garantias fundamentais, limitando • Estado Regional (não há apenas descentraliza-
a atuação dos poderes estatais. ção de cunho administrativo, mas também le-
• Socioideológicos: normas que revelam o com- gislativa);
promisso da Constituição entre o Estado indivi- • Confederação (distribuição geográfica do poder
dualista e o Estado social. político em que todos os entes são dotados de
• Elementos de estabilização constitucional: soberania).
normas destinadas a assegurar a solução de
conflitos constitucionais, a defesa da Constitui- A Constituição Federal, apesar de ser norma de ob-
ção, do Estado e das Instituições democráticas. servância obrigatória, contém normas que não tem apli-
• Formais de aplicabilidade: normas que esta- cabilidade plena. Existem normas de aplicabilidade limi-
belecem regras de aplicação das Constituições. tada (Há uma barreira limitando a possibilidade de dar
aplicabilidade a norma constitucional. A barreira é a
Dentre os elementos limitativos estão os direitos norma que virá para dar aplicabilidade) e ainda de apli-
fundamentais que consistem na limitação do poder do cabilidade contida (nascem com eficácia plena, mas te-
Estado de interferir na vida das pessoas, e, ao mesmo rão seu âmbito de eficácia restringido, reduzido ou con-
tempo, conferem prerrogativas aos particulares de pleite- tido pelo legislador infraconstitucional).
arem ações estatais que contemplem seus direitos. Diante da importância da Carta Magna e de sua
Cumpre ressaltar que nem todos os direitos funda- principal característica que é a obrigatoriedade de obser-
mentais são cláusulas pétreas. Apenas os direitos e ga- vância das normas constitucionais, foi criado um sistema
rantias individuais possuem esse status, conforme depre- de controle para garantir que normas infraconstitucionais
ende-se do artigo 60, §4º da Constituição Federal de estejam em consonância com o disposto neste diploma
1988, a saber: “Não será objeto de deliberação a propos- normativo, o qual prevê duas formas de controle da
ta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garanti- Constituição, a saber:
as individuais”. O controle difuso, repressivo, ou posterior, é tam-
Acrescente-se que o rol de direitos fundamentais bém chamado de controle pela via de exceção ou defesa,
previsto na CF/88 é meramente exemplificativo, isso ou controle aberto, sendo realizado por qualquer juízo ou
significa que os direitos e garantias expressos nela não tribunal do poder judiciário.
excluem outros decorrente do regime e dos princípios De outro lado, existe o controle concentrado que é a
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a inconstitucionalidade suscitada independentemente do
República Federativa do Brasil seja parte. caso contrato em litígio. O objetivo dessa modalidade de
Os direitos fundamentais têm como destinatários os controle constitucional é a retirada de leis constitucionais
estrangeiros (exceto ação popular), as pessoas físicas e as do ordenamento jurídico, promovendo a proteção da su-
pessoas jurídicas, exceto o direito à liberdade. premacia da Constituição. Busca-se também declarar a
nulidade do ato impugnado, para que o mesmo seja ex-

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


purgado do ordenamento jurídicos e as situações jurídi- sedimentou sua importância no cenário político e eco-
cas travadas com base no ato inválido sejam também de- nômico atual, garantindo que todos os indivíduos a cum-
claradas nulas. pram por enxergarem a magnitude das normas ali previs-
tas. Tal importância está no conteúdo das normas que es-
O controle concentrado pode ser exercido através de
tão contidas na Carta Magna.
algumas ações, quais sejam:
Ação direta de inconstitucionalidade genérica: pre- 1.8. Classificação
vista na Lei 9.868/99 e destinada ao controle de constitu-
1.8.1. Quanto à forma
cionalidade de ato normativo em tese, abstrato, marcado
pela generalidade, impessoalidade e abstração. - Escritas: são normas escritas de natureza analítica
(ocorre quando o texto dispõe sobre normas material-
Arguição de descumprimento de preceito funda-
mente constitucionais, a par de normas que nada têm de
mental: tem como objeto evitar ou reparar lesão a precei-
constitucional);
to fundamental, resultante de ato do Poder Público, des-
- Sintética (concisa, por conter normas essencial-
de que o fundamento da controvérsia constitucional so-
mente constitucionais);
bre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal
- Não-escritas (as normas não estão em um docu-
seja relevante, incluídos os anteriores à Constituição.
mento único, mas distribuídas de modo esparso, com
Ação direta de inconstitucionalidade por omissão: apoio em costumes).
Cabível diante da omissão do Poder Público ou órgão
1.8.2. Quanto ao modo de elaboração
administrativo em regulamentar norma constitucional de
eficácia limitada (norma de eficácia limitada depende de - Dogmática: resulta da aceitação de ideias e opções
norma regulamentadora para ter eficácia). de quem elabora o texto.
- Histórica: é uma Constituição não escrita.
Ação direta de inconstitucionalidade interventiva: é
um dos pressupostos para a decretação da intervenção. A 1.8.3. Quanto à estabilidade e à possibilidade de al-
Constituição Federal de 1988, no art. 34, inciso VII, au- teração
toriza a União, excepcionalmente, a intervir nos Estados-
- Rígida: decorre de um processo especial e mais
membros e no Distrito Federal, para assegurar a obser-
complexo de sofrer alterações diversa da modificação de
vância dos princípios constitucionais que elenca – que
leis ordinárias.
são doutrinariamente denominados, em face de sua ex-
trema relevância, de princípios constitucionais sensíveis - Flexível: decorre da possibilidade de ser modifica-
– quais sejam, a forma republicana, o sistema representa- da pelo constituinte derivado do mesmo modo que se al-
tivo e o regime democrático; a autonomia municipal; a tera as regras infraconstitucionais.
prestação de contas da administração pública, direta e
- Semirrígida: é aquela Constituição que tem uma
indireta; a aplicação do mínimo exigido da receita resul-
parte rígida, destinadas a alteração de regras de natureza
tante de impostos estaduais. Entretanto, para que a inter-
venção federal se efetive, é necessário, previamente, que constitucional e outra parte flexível, destinada a modifi-
a ação direta interventiva, proposta pelo Procurador – car as regras de natureza formalmente constitucional.
Geral da República, seja julgada procedente pelo Supre- 1.8.4. Quanto à função
mo Tribunal Federal. Não se tem aqui um processo obje-
tivo, mas verdadeiro processo subjetivo, por envolver - Garantia: visa assegurar os direitos fundamentais,
um litígio ou um conflito de interesses, entre as unidades ou negativa, em razão de limitar o poder estatal diante de
políticas da federação. Não se visa declarar a inconstitu- um direito enunciado.
cionalidade do ato inquinado violador dos chamados - Dirigente: é a que organiza e limita o poder esta-
princípios constitucionais sensíveis. Uma vez julgada tal.
procedente a ação interventiva, nem por isso estará nuli-
ficado o ato estadual. Logo, a consequência da decisão - Programáticas: possuem eficácia limitada e, por
não é a nulidade do ato inquinado, mas a decretação da isso, dependem de lei ordinária, supridas por mandado
intervenção federal do Estado. de injunção ou ação declaratória de inconstitucionalidade
por omissão.
Ação declaratória de constitucionalidade: Busca-se
por meio dessa ação declarar a constitucionalidade de lei
ou ato normativo federal. O objetivo da ADC é trans- 1.9. Das Normas Constitucionais
formar uma presunção relativa de constitucionalidade em
absoluta, não mais se admitindo prova em contrário. Ou A Constituição da República Federativa do Brasil,
seja, julgada procedente a ADC, tal decisão vinculará os promulgada em 1988, abre seu texto, nos quatro primei-
órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública, ros artigos, um elenco de Princípios que ela mesma cha-
que não mais poderão declarar a inconstitucionalidade da ma de fundamentais. Com base neles, o Brasil se consti-
aludida lei, ou agir em desconformidade com a decisão tui em Estado Democrático de Direito e instaura a Repú-
do STF. blica Federativa.

Por fim, conclui-se que a Constituição Federal de


1988 é fruto de uma evolução histórica que construiu e

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


Já no primeiro artigo traz em seu bojo a grande ino- ordenamento jurídico constituem os pilares do Estado
vação dessa Carta Política: Brasileiro.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada d) Fundamentos – é a base do Estado Brasileiro,
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do traduzida em normas que explicitam os valores políticos
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de fundamentais do legislador constituinte. Contêm as deci-
Direito e tem como fundamentos: sões políticas fundamentais dispostas nos incisos I a V
I – a soberania; do art. 1º, quais sejam:
II – a cidadania;
 Soberania – diz respeito à soberania interna,
III – a dignidade da pessoa humana;
sendo o conteúdo jurídico da soberania o protetor do di-
IV – os valores sociais do trabalho e da livre inicia-
reito à liberdade e à Independência. Não se confunde
tiva;
com a soberania externa enfocada no art. 4º, como inde-
V – o pluralismo político.
pendência nacional.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
o exerce por meio der representantes eleitos ou direta-  Cidadania – estabelece o princípio da participa-
mente, nos termos desta Constituição. ção popular ao conferir-lhe capacidade para votar, ser
votado, participar da vida política do país, fiscalizar a
Nesse artigo temos a viga mestra do Estado Brasi-
atuação do Estado através dos meios próprios e zelar pe-
leiro ao estabelecer:
lo cumprimento de direitos e deveres, inclusive pelo fácil
a) Forma republicana de governo – sistema ado- acesso ao judiciário.
tado pelo Brasil, onde seus mandatários são escolhidos
 Dignidade da pessoa humana – estabelece os
através de eleições (eletividade do mandatário) para
meios de valorar o grau de dignidade da pessoa humana.
mandato pré-estabelecido (transitoriedade do mandato
Este fundamento encontra eco na relação de direitos e
eletivo).
garantias fundamentais estabelecidos no Título II da
A Constituição Federal de 1988 é a primeira do Constituição Federal.
Brasil onde a forma de governo não é uma das cláusulas
 Valores sociais do trabalho – reconhece o traba-
pétreas, isto é, pode ser mudada a qualquer momento por
lho como valor social que dignifica o homem. Ao valorar
vontade do seu povo.
o homem através do trabalho, automaticamente o Estado
b) Forma federativa de Estado – forma típica de também será mais forte.
organização político-administrativa com a descentraliza-
 Livre Iniciativa – dogma econômico e social que
ção do Estado dividido em partes internas dotadas de au-
estabelece o sistema capitalista do Estado Brasileiro,
tonomia com competências e atribuições estabelecidas
com respeito à concorrência e à economia de mercado
na Constituição Maior. São denominadas entidades fe-
estimulando, assim, a disputa como meios de gerar mais
derativas. No Brasil são entidades federativas a União,
produção e riqueza ao País.
os Estados-Membros, os Municípios e o Distrito Federal.
 Pluralismo Político – é o princípio de democra-
 Por Brasil temos o nome dado ao País que é a
cia liberal que consagra a capacidade de convivência
unidade geográfica.
harmônica de diversas acepções ideológicas político-
 Através da união indissolúvel não é possível a partidária. Difere do pluripartidarismo que é a diversida-
separação dos Estados, do Distrito Federal ou Municí- de de partidos políticos (PT, PPB, PTB, PMDB, PSDB,
pios para a formação de nova nação. DEM, etc.). Dessa forma, pelo Princípio Constitucional,
fica vedada a implantação do sistema de partido único
Note que a Constituição admite, em seu art. 18, §§
(unipartidarismo).
2º, 3º e 4º, a dissolução de Estados e Municípios, para a
criação de novas unidades da federação e no art. 32 veda O parágrafo único do art. 1º traz o Princípio da
a divisão interna do Distrito Federal. Entretanto, não Democracia Direta. Por este princípio, o Poder passa a
permite dissolução da federação. A criação da República ser exercido não apenas indiretamente (através de repre-
dos Pampas, por exemplo, seria inconstitucional. sentantes eleitos – pelo voto), mas também de forma di-
reta visto que, qualquer cidadão, no exercício de sua ci-
 O termo “Estados, Distrito Federal e Municípios”
dadania, pode propor projeto de lei ao Congresso Nacio-
traduz a organização política do Estado Brasileiro, não se
nal (art. 61, CF/88).
confundindo com a organização político-administrativa
(art. 18) que traz a União como Poder Público. O art. 14 da Constituição vai mais além, ao definir
que a soberania popular será manifestada mediante ple-
 A forma federativa de Estado constitui-se numa
biscito, referendo e da iniciativa popular.
das quatro cláusulas pétreas prevista na constituição (art.
60, § 4º, I). Art. 2º São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi-
c) Regime de Governo – o Estado Democrático de
ciário.
Direito é o regime político-jurídico adotado pelo Brasil.
Sistema que estabelece o nível de participação do povo, Este artigo traz o postulado básico de qualquer Es-
enquanto elemento pessoal do Estado, no processo polí- tado Democrático – o Princípio da Separação dos Pode-
tico da Nação. O exercício da democracia e o respeito ao res.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


Por este Princípio, a Constituição estabelece as três mente pelas chamadas súmulas vinculantes, introduzi-
funções supremas do poder político do Estado, conferin- das no meio jurídico brasileiro pela EC n.º 45/2005 (art.
do-lhes independência sem, contudo, deixar de prever a 103-A da CF/88) ou quando defere mandado de injunção
harmonia entre eles. A distinção de suas funções funda- para suprir falta de norma regulamentadora (art. 5º
mentalmente é: LXXI, da CF/88).
 a legislativa, que consiste na edição de regras ge- e) Sistema de Governo – É o modelo adotado pelo
rais (leis), abstratas, impessoais e inovadoras da ordem Estado no relacionamento entre o Poder Executivo e o
pública; Legislativo. Se essa relação é mais flexível, ou seja, se o
Chefe do Executivo depende de anuência da maioria do
 a executiva, que resolve os problemas concretos
parlamento para governar, temos o sistema parlamentar
e individualizados, de acordo com as leis;
de governo. Se, por outro lado, essa relação é mais inde-
 a jurisdicional, que tem por objeto aplicar o di- pendente, estamos no sistema presidencialista de go-
reito aos casos concretos a fim de dirimir conflitos de in- verno.
teresse.
No Brasil, o sistema adotado é o presidencialista.
Essa tripartição de poderes mostra a unidade exis-
Convém lembrar que o sistema de governo não é
tente ente eles, não existindo supremacia de um sobre o
uma cláusula pétrea.
outro. Consiste em confiar cada uma das funções gover-
namentais a órgãos diferentes, que tomam os nomes das Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú-
respectivas funções; fundamenta-se em dois elementos: a blica Federativa do Brasil:
especialização funcional e a independência orgânica. I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
A independência dos poderes significa que a inves-
III – erradicar a pobreza e a marginalização e re-
tidura e a permanência das pessoas num dos órgãos não
duzir as desigualdades sociais e regionais;
dependem da confiança nem da vontade dos outros, que,
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de
no exercício das atribuições que lhe sejam próprias, não
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
precisam os titulares consultar os outros nem necessitam
de discriminação.
de sua autorização, que, na organização dos respectivos
serviços, cada um é livre, observadas apenas as disposi- Os dispositivos aqui adotados pelo constituinte ori-
ções constitucionais e legais. ginário são objetivos do Estado Brasileiro, pretendendo
alcançá-los ao longo de um período de tempo incerto.
A harmonia entre os poderes verifica-se pelas
Trata-se de uma norma de conteúdo programático.
normas de cortesia no trato recíproco e no respeito às
prerrogativas e faculdades a que mutuamente todos têm Os objetivos diferem dos fundamentos. Enquanto
direito. um é aquilo que se pretende alcançar, ou seja, a meta que
todo governante quer atingir, o outro é algo que já está
Essa divisão de funções entre os órgãos do poder,
consolidado. Note-se, que os verbos do artigo 3º estão no
nem sua independência são absolutas; há interferências,
infinitivo.
que visam ao estabelecimento de um sistema de freios e
contrapesos, à busca do equilíbrio necessário à realiza- Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se
ção do bem da coletividade. nas suas relações internacionais pelos seguintes princí-
pios:
A expressão “entre si” é obrigatória, se não, daria a
I – independência nacional;
entender que os poderes são interdependentes.
II – prevalência dos direitos humanos;
O Princípio da Separação dos Poderes se constitui III – autodeterminação dos povos;
numa das cláusulas pétreas previstas na Constituição, IV – não intervenção;
não se admitindo Emenda Constitucional tendente à sua V – igualdades entre os Estados;
abolição (art. 60, § 4º, III, CF/88). VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Exceções ao princípio da Separação dos Poderes IX – cooperação entre os povos para o progresso
– Embora o texto constitucional não faça menção às fun- da humanidade;
ções atípicas dos Poderes, por deferência da própria X – concessão de asilo político.
Constituição isso é possível. Assim, mesmo sem perder
O art. 4º estabelece dez princípios pelos quais a Re-
sua independência, pode um Poder, nos casos previstos
pública Federativa do Brasil se comportará em relação às
na Constituição, exercer a função do outro, fortalecendo,
outras nações. Eis a definição de alguns deles:
assim, a harmonia entre eles. É o caso do Executivo
quando, atipicamente, legisla por meio de Medida Provi-  Independência Nacional – é a soberania externa.
sória (prevista no art. 62, da CF/88); do Legislativo, Consiste em atributo básico do Estado que estabelece sua
quando, anomalamente, julga o Presidente da República independência em relação ao demais entes estrangeiros.
nos crimes de responsabilidades (art. 52, I, CF/88) ou
 Autodeterminação dos povos – é o respeito que
nos casos do Judiciário, quando inova a ordem jurídica
o Estado Brasileiro adota pela capacidade que cada povo
através dos seus acórdãos de jurisprudência, principal-

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


tem de escolher livremente, os seus destinos e os seus do Distrito Federal2, constitui-se em Estado Democráti-
governantes. co de Direito3 e tem como fundamentos4:
I - a soberania5;
 Não-intervenção – o Brasil adota a postura de
II - a cidadania6;
que um País não pode intervir em outro.
III - a dignidade da pessoa humana7;
 Igualdade entre os Estados – o Brasil tratará in- IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia-
distintamente qualquer Estado estrangeiro, sem distinção tiva; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
de raça, etnia, religião, sistema ou forma de governo. IV - os valores sociais do trabalho e da livre inicia-
 Defesa da paz – como princípio, em suas rela- tiva8;
ções externas, o Estado brasileiro repudia o conflito ar- V - o pluralismo político9.
mado e busca deliberadamente uma convivência pacífi- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
ca. o exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
mente, nos termos desta Constituição10.
 Solução pacífica dos conflitos – é uma decor- Art. 2º São Poderes da União, independentes e
rência natural da defesa da paz. harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi-
 Repúdio ao terrorismo e ao racismo – é claro o ciário11.
posicionamento contrário do Brasil em relação a atos de
violência praticados por grupos revolucionários radicais; membros, o papel de administrar a coisa pública. República
e posicionamento favorável à igualdade das raças. significa “coisa de todos”, e pressupõe uma alternância do
poder. Diferente do que ocorre nas monarquias.
 Cooperação entre os povos para progresso da 2 Tem-se por união indissolúvel o laço inquebrantável
humanidade – princípio que demonstra a disposição do dos entes federativos, considerados sob uma perspectiva físico-
Estado Brasileiro em interagir com os demais Estados geográfica.
em busca do progresso. 3 O Estado Democrático de Direito é aquela organização

política em que as normas são elaboradas de forma democrá-


 Asilo – princípio que garante acolhida a todos tica, seja pela participação direta ou indireta. Diz-se, também,
que aqui buscam refúgio por motivos de perseguição, do Estado que se rege por normas jurídicas voltadas para
por motivo de natureza filosófica, ideológica ou por con- atendimento dos interesses da população em geral.
cepções políticas. 4 Como dito anteriormente, os fundamentos são os pilares
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil em que se assentam a República. Podem ser assim memoriza-
buscará a integração econômica, política, social e cultu- dos: SoCiDiVaPlu.
5 Soberania significa a expressão máxima de um povo.
ral dos povos da América Latina, visando à formação de
uma comunidade latino-americana de nações. Sob o prisma estratégico e geopolítico soberania vem a ser um
instituto do direito internacional público que revela a indepen-
O parágrafo único estabelece como objetivo do Es- dência de um país diante de outras nações. Sob o prisma jus-
tado Brasileiro, a integração entre os países originários filosófico restringe-se à liberdade e independência do povo em
de povos latinos. O Tratado do MERCOSUL já seria o definir seus destinos.
6 Cidadania reflete o conjunto de direitos civis e políticos
embrião para a concretização desse objetivo.
atribuídos aos membros de uma sociedade politicamente orga-
nizada, voltados para o seu pleno desenvolvimento social, eco-
1.10. Princípios Fundamentais nômico e político.
7 A Dignidade, que decorre do princípio da igualdade, é
O texto da Constituição Federal de 1988 traz nos
seus primeiros quatro artigos os fundamentos, os objeti- um dos mais importantes fundamentos da República. Significa
que as pessoas devem se tratar e conviver de forma harmoni-
vos e os princípios que regem a República Federativa do osa e humana, respeitando-se os aspectos socioculturais,
Brasil (RFB) em suas relações internacionais. econômicos, religiosos e todos aqueles indispensáveis a uma
Tem-se por fundamentos as bases jurídicas e filosó- vida em sociedade sem tensões de nenhuma espécie.
8 Esse fundamento reflete a opção pelo capitalismo, en-
ficas relativas a um dos elementos do Estado em que se
quanto doutrina econômica. De um lado a livre iniciativa, mas
encontram assentadas a República, qual seja, o povo. com valorização do trabalho humano, de modo que as normas
É importante observar os conceitos e o alcance dos dele decorrentes devem preservar o princípio da proteção, as-
significados de cada instituto e expressão utilizada pelo segurando-se os direitos trabalhistas mínimos.
9 O Pluralismo político decorre do princípio da liberdade
legislador a fim de melhor compreender esses importan-
de pensamento e da liberdade de convicção política, ainda que
tes institutos jurídicos. não agrupado em agremiações político-partidárias.
10 O povo pode participar do poder de forma direta por meio
Com efeito, transcrevo os dispositivos do texto
constitucional que tratam da questão: de plebiscito, referendo e projetos de lei por iniciativa popular
ou de forma indireta, elegendo representantes no parlamento.
“Art. 1º A República Federativa do Brasil1, forma- É o que a doutrina denomina de democracia participativa e
da pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e participativa.
11 A tripartição dos poderes na RFB, tal como colocada no tex-

to constitucional, decorre da doutrina preconizada por Mon-


1
República Federativa do Brasil corresponde à conjuga- tesquieu que resultou em uma nova forma de divisão das atri-
ção da forma de estado (Federal) e à forma de governo (Repu- buições dentro de um Estado. No Brasil cada poder instituído
blicano). No estado federal há uma descentralização do poder tem suas funções típicas de legislar, julgar e administrar e as
central, atribuindo a entidades políticas, denominadas estados funções atípicas, ou seja, em que um poder exerce parcial e ex-
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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais12 da Re- 2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMEN-
pública Federativa do Brasil: TAIS: DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; COLETIVOS, DIREITOS SOCIAIS, NACIONALI-
II - garantir o desenvolvimento nacional; DADE, CIDADANIA
III - erradicar a pobreza e a marginalização e re-
duzir as desigualdades sociais e regionais; TEXTO CONSTITUCIONAL
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de TÍTULO II
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas Dos Direitos e Garantias Fundamentais
de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se CAPÍTULO I
nas suas relações internacionais pelos seguintes princí- DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E
pios13: COLETIVOS
I - independência nacional; Nota-comentário
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos; O legislador constituinte originário e derivado re-
IV - não-intervenção; formador definiu com muita clareza e de forma que se
V - igualdade entre os Estados; exaustiva os direitos e as garantias do brasileiro (pessoa
VI - defesa da paz; física ou jurídica), e do estrangeiro residente no país, e
VII - solução pacífica dos conflitos; que deve ser observado no trato com outras pessoas físi-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; cas ou jurídicas, estatais ou privadas.
IX - cooperação entre os povos para o progresso da Certamente, há mais direitos que deveres, advindos
humanidade; da evolução social e política que marcaram o momento
X - concessão de asilo político.
em que o texto foi elaborado e da visão de futuro que se
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
esperava do avanço das conquistas mais elementares re-
buscará a integração econômica, política, social e cultu-
lacionadas às liberdades públicas, em razão do Estado
ral dos povos da América Latina, visando à formação de
democrático de direito instalado.
uma comunidade latino-americana de nações”.
Esse título do texto constitucional, em especial, foi
Comentário e síntese: inspirado nas constituições mais modernas do mundo e
decorreu da evolução da sociedade brasileira, que ansi-
O constitucionalista Celso Ribeiro Bastos esclare-
ava liberdade e igualdade de oportunidades.
ceu que “a ideia de objetivos não pode ser confundida
com a de fundamentos, muito embora, algumas vezes, is- Antes de tudo, prevaleceu o princípio da segurança
to possa ocorrer. Os fundamentos são inerentes ao Esta- jurídica, a fim de resguardar de forma intangível, e me-
dos, fazem parte de sua estrutura. Quanto aos objetivos, diante regras contidas no ordenamento jurídico, os bens
estes consistem em algo exterior que deve ser persegui- mais caros do cidadão: a vida, a liberdade e o patrimô-
do”. nio. Em outra perspectiva, vislumbrou-se filosoficamente
que ninguém poderia valer-se de suas características
Em síntese:
pessoais ou condição social, para fazer valer esses direi-
a) Fundamentos: bases, pilares, estrutura, colu- tos em detrimento dos direitos dos demais concidadãos,
nas. por isso foi estabelecido o princípio da igualdade ou da
b) Objetivos: perspectivas, alvos. isonomia, que nas palavras de José Afonso da Silva,
c) Princípios internacionais: valores. “constitui o signo fundamental na democracia”. A Cons-
tituição enfoca a igualdade forma (perante a lei), quanto
a material (quando veda a diferença de salários, v.g.).
traordinariamente as funções de outro poder, na forma e con-
dições previstas no texto constitucional. Ex. O poder atribuído Fala-se, ainda, em igualdade jurisdicional, que decorre
ao Presidente da República de editar Medidas Provisórias, que do princípio da imparcialidade dos membros da magis-
são instrumentos jurídicos com força de lei, cuja iniciativa não tratura ao aplicar a lei.
depende do parlamento.
12 Os objetivos fundamentais da RFB são projeções filosóficas, Resguardadas as proporções, o direito à vida, à li-
quase utópicas, que devem orientar as ações e as políticas pú- berdade, igualdade, patrimônio e segurança jurídica,
blicas em geral. O legislador enumerou cinco objetivos funda- podem ser identificados em todos os incisos do art. 5º da
mentais e podem ser observados a partir dos verbos que estão Constituição Federal.
no infinitivo e sublinhados no texto acima transcrito. Para
memorizar: o desenvolvimento de uma nação depende de uma
Certamente, ao constituinte caberia agrupá-los, pa-
sociedade justa sem pobreza ou desigualdades, sem preconcei- ra melhor visualização, mas preferiu contemplá-los as-
tos e que todos podem se desenvolver livremente. sistematicamente e de forma esparsa, até porque não há
13 A RFB, como qualquer outro país, mantém relações de toda uma regra básica, seja jurídica ou de redação, que im-
ordem com os demais países que integram a chamada comuni- ponha isso ao legislador.
dade das nações. Para que essas relações não sejam caracteri-
zadas por meros interesses políticos, econômicos, estratégicos,
etc, o legislador constituinte foi buscar no moderno Direito In-
ternacional Público os valores e princípios que devem norteá-
las, tanto que os enumerou em dez itens.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


Observe: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
ao agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos re-
ligiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos lo-
cais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de in-
ternação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou políti-
ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
tiva, fixada em lei;
Os direitos fundamentais estão vinculados aos IX - é livre a expressão da atividade intelectual, ar-
princípios e fundamentos que balizam a República, em tística, científica e de comunicação, independentemente
especial: cidadania e dignidade da pessoa humana. de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
Como observação final, tem-se por direitos as re-
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
gras que declaram uma prerrogativa, e, garantias as re-
denização pelo dano material ou moral decorrente de sua
gras que asseguram e resguardam o direito estabeleci-
violação20;
do. Essas premissas não são exaustivas, tanto que po- XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
dem existir outros direitos não contemplados expressa- nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
mente, conforme se verá ao final da leitura do capítulo.
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
A esse fenômeno dá-se o nome de “cláusula de abertu-
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judi-
ra”, em que uma Constituição admite a existência e re-
cial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
conhece a incidência de direitos e garantias decorrentes
XII - é inviolável o sigilo da correspondência21 e
de tratados internacionais que o Brasil seja parte. das comunicações telegráficas, de dados e das comuni-
Art. 5º Todos são iguais14 perante a lei15, sem dis- cações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem ju-
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros dicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
e aos estrangeiros residentes no País16 a inviolabilidade fins de investigação criminal ou instrução processual pe-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e nal22;
à propriedade, nos termos seguintes: XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí-
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obri- cio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
gações, nos termos desta Constituição; que a lei estabelecer;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fa- XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
zer alguma coisa senão em virtude de lei17; resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- exercício profissional23;
mento desumano ou degradante18;
IV - é livre19 a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato;
19 Princípio da liberdade. Não confundir com o princípio da
reserva legal, em que determinada matéria somente pode ser
14 Princípio da igualdade. O inciso I deve ser interpretado no regulamentada por lei.
20 A lesão perpetrada pode ser reparada pelo agressor median-
sentido de que é possível haver distinção entre homens e mu-
lheres, mas apenas nas hipóteses previstas no próprio texto te acerto extrajudicial. Mas o costume é de se levar a questão
constitucional, com vista à atenuação de desníveis de trata- ao crivo dos órgãos judicantes do Poder Judiciário, porque so-
mento. Aqui cabe uma interpretação restritiva do texto. bre o valor a ser indenizado não incide tributos.
15 Lei é uma norma infraconstitucional. As leis regulamentam 21 Segundo jurisprudência do STF, os diretores de presídios

os dispositivos constitucionais, quando expressamente for con- podem abrir correspondências de presos submetidos à sua cus-
ferida tal atribuição. A lei em sentido amplo pode ser comple- tódia.
22 As interceptações telefônicas lícitas, já regulamentadas em
mentar, ordinária, delegada, ou todo diploma jurídico provin-
do de algum órgão competente, como as medidas provisórias. lei, somente podem ser autorizadas pela autoridade judicial e
16 A Constituição também protege os estrangeiros em trânsito, para fins de investigação criminal (fase do inquérito) ou para
tanto que podem lançar mão de alguns direitos e de algumas instrução do processo penal (fase judicial). Já as relativas aos
garantias. Um dispositivo de lei pode ser mero enunciado dados telefônicos são meras informações cadastrais e relacio-
prescritivo ou ser uma norma jurídica pura, ou seja, em que nadas às chamadas, horários e tempo de duração, que são in-
um princípio é consagrado no texto. violáveis. Sua utilização sem a autorização da pessoa interes-
17 Princípio da legalidade sada constitui invasão de privacidade e pode ser tida como pro-
18 O comando desse inciso dirige-se a todos aqueles que de al- va ilícita, salvo se autorizada por Comissão Parlamentar de In-
guma forma estão potencialmente em condições de subjugar quérito.
23 A fonte aqui é a fonte de informação. Normalmente invoca-
uma pessoa, violando o direito à vida, à existência e à integri-
dade física. das por jornalistas e autoridades policiais.
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XV - é livre a locomoção no território nacional em XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
armas, em locais abertos ao público, independentemente a) a proteção às participações individuais em obras
de autorização, desde que não frustrem outra reunião an- coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
teriormente convocada para o mesmo local, sendo ape- clusive nas atividades desportivas;
nas exigido prévio aviso à autoridade competente24; b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
XVII - é plena a liberdade de associação25 para fins nômico das obras que criarem ou de que participarem
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representa-
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, ções sindicais e associativas;
a de cooperativas26 independem de autorização, sendo XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos in-
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; dustriais privilégio temporário para sua utilização, bem
XIX - as associações só poderão ser compulsoria- como proteção às criações industriais, à propriedade das
mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distin-
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito tivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
em julgado; mento tecnológico e econômico do País;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se XXX - é garantido o direito de herança;
ou a permanecer associado; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados
XXI - as entidades associativas, quando expressa- no País será regulada pela lei brasileira31 em benefício do
mente autorizadas, têm legitimidade para representar cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
seus filiados judicial ou extrajudicialmente; seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
XXII - é garantido o direito de propriedade; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a de-
XXIII - a propriedade atenderá a sua função soci- fesa do consumidor;
al27; XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos pú-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para de- blicos informações de seu interesse particular, ou de inte-
sapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou resse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
por interesse social, mediante justa e prévia indenização lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Consti- cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
tuição28; e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de
XXV - no caso de iminente perigo público, a auto- 2011)
ridade competente poderá usar de propriedade particular, XXXIV - são a todos assegurados, independente-
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se hou- mente do pagamento de taxas:
ver dano29; a) o direito de petição aos Poderes Públicos em de-
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida fesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de interesse pessoal;
financiar o seu desenvolvimento30; XXXV - a lei não excluirá da apreciação32 do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
24 Observe que a comunicação a ser feita à autoridade destina- ato jurídico perfeito e a coisa julgada33;
se, inclusive, a assegurar a livre manifestação, a proteger os XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exce-
participantes, o patrimônio público e o patrimônio privado. ção34;
25 A associação aqui tratada não é a sindical. Relaciona-se com

as organizações que de um modo geral tratem de aspectos cul-


31
turais, políticos, acadêmicos, comerciais, não relacionadas dire- Essa regra vida proteger apenas os cônjuges e os filhos brasi-
tamente com a atividade e liberdade sindical. Não podem ser leiros e não os sucessores em geral, como os pais, irmãos, etc.
32 Esse é o chamado princípio da inafastabilidade da jurisdição,
constituídas associações cujas atividades se relacionem com as
atividades privativas das organizações militares em geral, tanto que consiste em assegurar o ingresso em juízo, a fim de obter a
as formas armadas, quanto as forças auxiliares. reparação de uma lesão. Ex. A quitação aposta no termo de res-
26 As cooperativas destinam-se a organizar determinada ativi- cisão de um contrato de trabalho não impede que o ex-
dade produtiva, além de comercializar a produção dos coopera- empregado acesse a via judiciária em busca de direitos que não
dos, que são nesse contexto remunerados. foram contemplados no referido termo. Portanto, mesmo que a
27 A função social da propriedade diz respeito à utilização sus- empresa alegue que foi dada a quitação, o juiz não a considera-
tentável do patrimônio, observando-se as regras ambientais e rá e definirá os valores faltantes a serem adimplidos pela em-
de urbanização, e evitando a devastação da fauna e da flora. presa.
28 Considerando que o direito de propriedade não é absoluto, 33 Diz-se adquirido o direito que a lei atribuiu a alguém e que

pode ser objeto de desapropriação, que vem a ser a retirada não pode ser retirado do patrimônio jurídico por ato de autori-
compulsória do detentor do domínio, mas desde que para aten- dade, ato de particular ou lei posterior; o ato jurídico perfeito é
der a interesse público. aquele praticado sob a égide de uma lei válida e de incontestá-
29 Tal regra decorre do poder de império próprio dos Estados vel constitucionalidade, porque obtido por agente capaz, objeto
modernos. lícito e forma prevista ou não proibida em lei; a coisa julgada
30 Atente-se que se trata de pequena propriedade rural e traba- refere-se a uma decisão judicial que torna imutável o direito as-
lhada pela família. segurado.
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XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri35, a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
com a organização que lhe der a lei, assegurados: termos do art. 84, XIX;
a) a plenitude de defesa; b) de caráter perpétuo;
b) o sigilo das votações; c) de trabalhos forçados;
c) a soberania dos veredictos; d) de banimento;
d) a competência para o julgamento dos crimes do- e) cruéis;
losos contra a vida; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
XXXIX - não há crime sem lei anterior36 que o de- distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
fina, nem pena sem prévia cominação legal; sexo do apenado;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integri-
o réu37; dade41 física e moral;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentató- L - às presidiárias serão asseguradas condições para
ria dos direitos e liberdades fundamentais; que possam permanecer com seus filhos durante o perío-
XLII - a prática do racismo constitui crime inafian- do de amamentação;
çável38 e imprescritível39, sujeito à pena de reclusão, nos LI - nenhum brasileiro será extraditado42, salvo o
termos da lei; naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e in- da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o trá- tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
fico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo da lei;
e os definidos como crimes hediondos, por eles respon- LII - não será concedida extradição de estrangeiro43
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo por crime político ou de opinião;
evitá-los, se omitirem; LIII - ninguém será processado nem sentenciado
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível senão pela autoridade competente44;
a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
ordem constitucional e o Estado Democrático; bens sem o devido processo legal;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do conde- LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decreta- nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
ção do perdimento de bens ser, nos termos da lei, esten- contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
didas aos sucessores e contra eles executadas, até o limi- ela inerentes;
te do valor do patrimônio transferido; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas ob-
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e tidas por meios ilícitos45;
adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa; órgãos policiais ou que detêm a custódia de réus condenados o
agravamento da situação jurídica definida pelo Poder Judiciá-
d) prestação social alternativa;
rio.
e) suspensão ou interdição de direitos; 41 Direito que assegura aos detentos um tratamento digno. Às
XLVII - não haverá penas40: autoridades e membros das corporações policiais cumpre pro-
teger esse direito e os excessos são punidos. O Supremo Tribu-
34 Apenas os órgãos judiciais previstos expressamente na Cons- nal Federal decidiu, ao interpretar esse dispositivo, que o uso
tituição Federal é que podem exercer a jurisdição e nos limites de algemas somente se justifica quando o próprio preso, seus
das suas respectivas competências. condutores ou terceiros estiverem correndo riscos iminentes à
35 O Tribunal do Júri é formado por sete membros da socieda- integridade física.
42 Esse é um princípio de direito internacional público, e visa
de. Ao juiz de direito que o preside cumpre instruir o processo
penal, presidir a sessão de julgamento e dosar a pena, se o con- assegurar ao nacional a sua integridade. Note-se que tal privi-
selho de sentença considerar o réu culpado pela prática de cri- légio não é assegurado ao estrangeiro ou ao brasileiro naturali-
me doloso contra a vida. zado, mas restrito aos crimes comuns se praticados antes da ob-
36 Essa regra refere-se à impossibilidade de alguém ser proces- tenção da naturalização ou, se cometido após, em se tratando
sado judicialmente acerca de uma conduta delituosa não previs- de envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
ta no ordenamento penal brasileiro e as penas atribuídas aos de- afins.
43 A definição de crime político ou de opinião é bastante com-
litos devem estar previstas expressamente na norma penal. As-
sim, fica vedado ao juiz fixar uma pena fora das hipóteses pre- plexa e a regra em referência tem por objetivo resguardar a in-
vistas na legislação penal. tegridade do estrangeiro. A extradição ativa é a requerida pelo
37 Princípio da anterioridade. Se a norma penal beneficiar o réu, Brasil e a passiva pelos países, em relação ao Brasil.
44 Princípio do juiz natural.
não se aplica tal princípio. Ex. A redução de uma pena.
38 Significa que se alguém for preso em flagrante em decorrên- 45 Compete à autoridade policial coletar as provas que instrui-

cia da prática do crime de racismo, não poderá ser solto medi- rão o processo de forma lícita, ou seja, somente as previstas na
ante fiança. legislação. Uma escuta telefônica só vale como prova em juízo,
39 A imprescritibilidade do crime de racismo causou muitas se autorizada previamente pela autoridade judiciária penal.
discussões jurídicas, mas hoje já está pacificado o entendimen- Uma confissão obtida mediante tortura é ilícita. Há as provas
to de que não importa o tempo em que foi praticado, sempre ilegítimas são as obtidas com desrespeito ao sistema processu-
estará o autor sujeito a ser investigado, processado e condena- al. Ambas fazem parte do gênero provas ilegais. A prova ilícita
do. contamina todas as demais provas dela advindas, de acordo
40 Em nenhuma hipótese é admitida a aplicação de outras pe- com a teoria dos frutos da árvore envenenada (Fruits of the
nas, senão as enumeradas no inciso sob exame e é vedado aos poisonous tree).
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LVII - ninguém será considerado culpado até o ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
trânsito em julgado de sentença penal condenatória46; do Poder Público54;
LVIII - o civilmente identificado não será submeti- LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
do a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas impetrado por:
em lei47; a) partido político com representação no Congresso
LIX - será admitida ação privada nos crimes de Nacional;
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal48; b) organização sindical, entidade de classe ou asso-
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos ciação legalmente constituída e em funcionamento há pe-
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o in- lo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
teresse social o exigirem; membros ou associados;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi- que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mili- exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
tar ou crime propriamente militar, definidos em lei49; prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se cidadania;
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com- LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; a) para assegurar o conhecimento de informações
LXIII - o preso será informado de seus direitos, en- relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
tre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegura- ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
da a assistência da família e de advogado50; caráter público;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos res- b) para a retificação de dados, quando não se prefira
ponsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório polici- fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
al; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
pela autoridade judiciária; trimônio público ou de entidade de que o Estado partici-
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela man- pe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
tido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
sem fiança; comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a da sucumbência;
do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescu- LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte-
sável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel51; gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re-
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre cursos;
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio- LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
ilegalidade ou abuso de poder52; fixado na sentença;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
proteger direito líquido e certo53, não amparado por "ha- pobres, na forma da lei:
beas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pe- a) o registro civil de nascimento;
la ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública b) a certidão de óbito;
46 Princípio da presunção de inocência. Painel: Ações Judiciais Constitucionais (remédios
47 Norma infraconstitucional define quais as hipóteses em que a constitucionais)
identificação criminal deve ser observada.
48 Isso é possível em caso de omissão do Ministério Público no

oferecimento da denúncia.
49 A garantia em questão decorre do princípio da liberdade e do

devido processo legal. A prisão em flagrante pode ser feita por


qualquer do povo e é válida se realizada durante o ato delituoso
ou logo após. Se a autoridade policial pretender a prisão de um
cidadão fora das hipóteses de flagrante delito, deve procurar a
via judiciária, sob pena de nulidade da prisão.
50 Essa não é uma regra de direito processual, mas de direito

material, decorrente da ideia que ninguém é obrigado a produ-


zir provas contra si, cabendo ao Estado apresentar os elementos
de prova que incriminem o agente.
51 Nos termos do Pacto de São José da Costa Rica, não é mais

admitida a prisão civil por dívida, salvo a decorrente de ina-


dimplemento de pensão alimentícia, que decorre de uma ação
de responsabilidade ex delito.
52 Os habeas corpus são ações judiciais, em que a autoridade
54
reconhece a ilegalidade de uma prisão, seja cometida por auto- Esse remédio constitucional é também de competência da
ridade policial ou mesmo autoridade judicial. Não é cabível autoridade judiciária e não pode ser utilizado contra pessoas
habeas corpus se a coação for praticada por pessoa comum. comuns, em razão da existência de medidas cautelares ou me-
Nesse caso, trata-se do crime de ameaça ou de cárcere privado. didas liminares previstas nas legislações processuais civis e pe-
53 Direito inquestionável. nais.
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LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de
e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários ao vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica
exercício da cidadania. familiar, garantida pelo poder público em programa
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra- permanente de transferência de renda, cujas normas e re-
tivo, são assegurados a razoável duração do processo e quisitos de acesso serão determinados em lei, observada
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. a legislação fiscal e orçamentária (Incluído pela Emenda
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Constitucional nº 114, de 2021)
(Vide ADIN 3392) Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e ru-
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à rais, além de outros que visem à melhoria de sua condi-
proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios digi- ção social:
tais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de I - relação de emprego protegida contra despedida
2022) arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple-
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias mentar, que preverá indenização compensatória, dentre
fundamentais têm aplicação imediata. outros direitos;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti- II - seguro-desemprego55, em caso de desemprego
tuição não excluem outros decorrentes do regime e dos involuntário;
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio- III - fundo de garantia do tempo de serviço56;
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às previdência social, com reajustes periódicos que lhe pre-
emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Consti- servem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
tucional nº 45, de 2004) (Vide DLG nº 186, de 2008), para qualquer fim;
(Vide Decreto nº 6.949, de 2009), (Vide DLG 261, de V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
2015), (Vide Decreto nº 9.522, de 2018) (Vide ADIN plexidade do trabalho;
3392) (Vide DLG 1, de 2021), (Vide Decreto nº 10.932, VI - irredutibilidade do salário57, salvo o disposto
de 2022) em convenção ou acordo coletivo;
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado para os que percebem remuneração variável;
adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de VIII - décimo terceiro salário com base na remune-
2004) ração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
CAPÍTULO II diurno;
DOS DIREITOS SOCIAIS X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
Nota-comentário crime sua retenção dolosa58;
Os direitos sociais, exceto os relacionados ao direi- XI – participação nos lucros59, ou resultados, des-
to do trabalho (art. 7º), foram aqui contemplados de vinculada da remuneração, e, excepcionalmente, partici-
forma genérica. Muitos deles como a educação, saúde, pação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
segurança pública, previdência social, proteção à ma- XII - salário-família pago em razão do dependente
ternidade e à infância, a assistência social aos desampa- do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
rados, têm previsões em capítulos específicos no próprio XIII - duração do trabalho normal não superior a oi-
texto. to horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
O constituinte, entretanto, contemplou os direitos
trabalhistas dos trabalhadores urbanos e rurais, equipa-
55
rando-os. Para uma melhor compreensão dos incisos do Apenas faz jus ao seguro-desemprego, a ser pago pela Caixa
artigo 7º, deve o candidato atentar-se para um método Econômica Federal, o trabalhador que foi dispensado sem justa
prático e que proporciona uma assimilação bastante efi- causa.
56 O FGTS é uma espécie de salário diferido. Refere-se a um
caz. Deve-se, durante a leitura dos incisos, procurar en- depósito feito pelo empregador junto à CEF, em nome do tra-
quadrá-los em face do momento em que se deu a relação balhador e em conta vinculada ao contrato de trabalho, no per-
jurídica laboral Em outras palavras, se antes, durante centual de 8% sobre o valor do salário, exceto sobre as parcelas
ou após o vínculo de emprego, evitando-se as confusões indenizatórias mensais.
próprias causadas pela falta de sistematização do legis- 57 Assim como é assegurada a irredutibilidade do salário, a

lador. Constituição prevê sua redução mediante acordo ou convenção


coletiva, em que as entidades sindicais devem participar.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 58 Constitui crime a retenção dolosa do salário do trabalhador.

alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, Entretanto, até o momento não se editou lei ordinária para que
a segurança, a previdência social, a proteção à materni- referido mandamento produza efeitos, por se tratar de uma
dade e à infância, a assistência aos desamparados, na norma constitucional de eficácia limitada.
59 A participação nos lucros da empresa é verba indenizatória e
forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015) não integra os cálculos para incidência do imposto de renda,
FGTS ou encargos previdenciários, assistenciais ou de contri-
buições sindicais e confederativas.
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compensação de horários e a redução da jornada, medi- XXIX - ação68, quanto aos créditos resultantes das
ante acordo ou convenção coletiva de trabalho60; relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realiza- anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
ciação coletiva61; a) e b) (Revogadas pela Emenda Constitucional nº
XV - repouso semanal remunerado, preferencial- 28, de 25/05/2000)
mente aos domingos; XXX - proibição de diferença de salários, de exer-
XVI - remuneração do serviço extraordinário supe- cício de funções e de critério de admissão por motivo de
rior62, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; sexo, idade, cor ou estado civil;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo XXXI - proibição de qualquer discriminação no to-
menos, um terço a mais do que o salário normal63; cante a salário e critérios de admissão do trabalhador
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego portador de deficiência;
e do salário, com a duração de cento e vinte dias64; XXXII - proibição de distinção entre trabalho ma-
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais res-
lei; pectivos;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de servi- a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
ço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
meio de normas de saúde, higiene e segurança; com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
XXIII - adicional de remuneração para as atividades avulso69.
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
XXIV - aposentadoria; trabalhadores domésticos os direitos previstos nos inci-
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes sos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em cre- XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
ches e pré-escolas; e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observa-
XXVI - reconhecimento das convenções65 e acordos da a simplificação do cumprimento das obrigações tribu-
coletivos66 de trabalho; tárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
XXVII - proteção em face da automação, na forma trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I,
da lei; II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integra-
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a ção à previdência social. (Redação dada pela Emenda
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que Constitucional nº 72, de 2013)
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa67; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte70:
60 I - a lei não poderá exigir autorização do Estado pa-
Mediante negociação coletiva, a jornada semanal pode ser
cumprida de segunda a sexta-feira, ou mesmo haver redução da ra a fundação de sindicato, ressalvado o registro no ór-
jornada, na hipótese, v.g., de excesso do produto no mercado. gão competente, vedadas ao Poder Público a interferên-
Se o empregador resolver por conta própria, fora de uma nego- cia e a intervenção na organização sindical;
ciação coletiva, reduzir a jornada dos seus empregados, não II - é vedada a criação de mais de uma organização
poderá retornar à jornada normal posteriormente, porque uma sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
condição mais benéfica se incorporou ao patrimônio jurídico profissional ou econômica, na mesma base territorial,
dos trabalhadores. Uma espécie de direito adquirido. que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
61 Algumas empresas funcionam ininterruptamente e seus em-
interessados, não podendo ser inferior à área de um Mu-
pregados trabalham em turnos ininterruptos, ou seja, em jorna-
nicípio;
das de seis horas. Com efeito, seriam necessários quatro turnos
de trabalho para manter o funcionamento da empresa. Entretan-
to, se houver negociação coletiva, pode-se adotar a jornada de
oito horas por turno, sem que sejam pagas horas extras exce-
dentes à sexta, abrangendo três turnos diários. trabalho tem natureza civil e abrange além dos danos morais,
62 Entende-se por serviço extraordinário as horas extras. Nada os danos estéticos e possibilidade de pensionamento vitalício,
impede que empregado e empregador pactuem percentual de quando resultar em incapacidade total, cumulado com a pensão
horas extras superior aos 50% previstos na Constituição. Se previdenciária.
68 A ação judicial trabalhista, também denominada “reclamató-
não for feito mediante acordo ou convenção coletiva, o benefí-
cio ampliado não poderá ser reduzido posteriormente. ria trabalhista”, pode ser proposta até dois anos após a extinção
63 Tal como observado no tópico antecedente, o terço constitu- do contrato. Passado esse período será considerada prescrita.
cional pode ser aumentado. Não obstante, uma vez proposta a reclamatória, é assegurado o
64 O STF reconhece esse direito como cláusula pétrea. direito de receber parcelas não adimplidas relativas aos últimos
65 Convenção coletiva é um pacto para definir cláusulas eco- cinco anos, contados do ajuizamento da reclamatória e não da
nômicas e jurídicas celebrada entre sindicato patronal e sindi- extinção do contrato de trabalho.
69 É o trabalhador que presta serviços a diversas pessoas sem
cato dos trabalhadores.
66 Acordo coletivo é um pacto celebrado entre uma empresa e o vínculo empregatício. Ex. Trabalhador portuário que presta
sindicato dos trabalhadores. serviços aos Órgãos Gestores de Mão-de-Obra.
67 O seguro em grupo é obrigatório e tem abrange a coletivida- 70 Os direitos coletivos buscam proteger uma categoria profis-

de dos trabalhadores. A indenização decorrente de acidentes de sional relacionadas aos contratos de trabalho.
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III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte- turalização, se preencher os requisitos constitucionais.
resses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em Da mesma forma, pode uma pessoa nascer em território
questões judiciais ou administrativas; estrangeiro e ainda assim ser considerado brasileiro na-
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, to.
em se tratando de categoria profissional, será descontada
A fim de assegurar a plena soberania da República,
em folha, para custeio do sistema confederativo da repre-
o constituinte reservou alguns cargos públicos apenas os
sentação sindical respectiva, independentemente da con-
brasileiros natos nas diversas esferas de Poder, em es-
tribuição prevista em lei71;
pecial da Administração Pública.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato; Tal como se adquire a nacionalidade, é possível
perdê-la, mesmo ao brasileiro nato. Ao contrário do que
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
é propalado, não é possível a dupla nacionalidade ad-
negociações coletivas de trabalho;
quirida, ou seja, um brasileiro adquirir outra nacionali-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
dade e manter-se brasileiro pela mera vontade. O que é
votado nas organizações sindicais;
assegurado é a coexistência de outra nacionalidade
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
além da brasileira, ou seja, a pessoa já tenha nascido
zado a partir do registro da candidatura a cargo de dire-
com outra nacionalidade e seja brasileiro por outras
ção ou representação sindical e, se eleito, ainda que su-
circunstâncias legais. Uma espécie de dupla nacionali-
plente, até um ano após o final do mandato, salvo se co-
dade circunstancial. Regra geral, o brasileiro que ad-
meter falta grave nos termos da lei72.
quire outra nacionalidade perde a nacionalidade brasi-
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
leira.
cam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias
de pescadores, atendidas as condições que a lei estabele- As demais regras desse capítulo podem ser assimi-
cer. ladas mediante mera interpretação gramatical, devendo
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo acautelar-se o candidato das particularidades de cada
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exer- qual.
cê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele de-
Art. 12. São brasileiros:
fender73.
I - natos:
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essen-
ciais e disporá sobre o atendimento das necessidades a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
inadiáveis da comunidade. ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não este-
jam a serviço de seu país;
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
às penas da lei.
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhado-
res e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos da República Federativa do Brasil;
em que seus interesses profissionais ou previdenciários c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
sejam objeto de discussão e deliberação.
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú-
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre-
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
gados, é assegurada a eleição de um representante destes
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendi-
sileira;
mento direto com os empregadores.
II - naturalizados:
CAPÍTULO III a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
DA NACIONALIDADE brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Nota-comentário portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral;
Tem-se por nacionalidade o vínculo jurídico esta-
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
belecido entre um nacional e seu país. A Constituição
dentes na República Federativa do Brasil há mais de
contemplou dois critérios genéricos para definir a naci-
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
onalidade: um decorrente do local de nascimento (jus
que requeiram a nacionalidade brasileira.
soli) e o outro em razão da hereditariedade (jus sangui-
§ 1º Aos portugueses com residência permanente
nis). Por essa regra, pode uma pessoa nascer no Brasil e
no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
não ser brasileiro, mas adquirir a nacionalidade por na-
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo
71 os casos previstos nesta Constituição.
São duas contribuições: uma compulsória, porque prevista
em lei, descontada do salário uma vez por ano (contribuição § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre
sindical), e a outra facultativa, descontada mensalmente do brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previs-
empregado e destinada ao sindicato da categoria (contribuição tos nesta Constituição.
assistencial ou confederativa). § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
72 Ao trabalhador que registra sua candidatura a cargo de dire-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
ção ou representação sindical é assegurada a estabilidade pro- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
visória, salvo se for dispensado por ter cometido falta grave III - de Presidente do Senado Federal;
73 O constituinte assegurou o direito de greve, e não apenas a
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
greve, desde que observados os requisitos legais para sua de-
V - da carreira diplomática;
flagração.
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VI - de oficial das Forças Armadas. § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os es-
VII - de Ministro de Estado da Defesa trangeiros e, durante o período do serviço militar obriga-
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do tório, os conscritos80.
brasileiro que: § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença lei:
judicial, em virtude de fraude relacionada ao processo de I - a nacionalidade brasileira;
naturalização ou de atentado contra a ordem constitucio- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
nal e o Estado Democrático; (Redação dada pela Emen- III - o alistamento eleitoral;
da Constitucional nº 131, de 2023) V - o domicílio eleitoral na circunscrição;
II - fizer pedido expresso de perda da nacionalidade V - a filiação partidária;
brasileira perante autoridade brasileira competente, res- VI - a idade mínima de:
salvadas situações que acarretem apatridia. (Redação a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-
dada pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023) Presidente da República e Senador;
a) revogada; (Redação dada pela Emenda Constitu- b) trinta anos para Governador e Vice-Governador
cional nº 131, de 2023) de Estado e do Distrito Federal;
b) revogada. (Redação dada pela Emenda Constitu- c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputa-
cional nº 131, de 2023) do Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
§ 5º A renúncia da nacionalidade, nos termos do in- paz;
ciso II do § 4º deste artigo, não impede o interessado de d) dezoito anos para Vereador.
readquirir sua nacionalidade brasileira originária, nos § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabe-
termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº tos.
131, de 2023) § 5º O Presidente da República, os Governadores de
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
República Federativa do Brasil. houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
§ 1º - São símbolos da República Federativa do poderão ser reeleitos para um único período subsequen-
Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. tes.
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municí- § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presiden-
pios poderão ter símbolos próprios. te da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
CAPÍTULO IV mandatos até seis meses antes do pleito.
DOS DIREITOS POLÍTICOS § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do
Nota-comentário titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da Re-
A participação do cidadão na vida pública, na con-
pública, de Governador de Estado ou Território, do Dis-
dução política, é assegurada pela Constituição. Isso se
trito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
dá pelo voto ou pela representação, como corolário do
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já ti-
art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal.
tular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo su- § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as se-
frágio universal74 e pelo voto75 direto e secreto76, com guintes condições:
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
I - plebiscito77; afastar-se da atividade;
I - referendo78; II - se contar mais de dez anos de serviço, será
II - iniciativa popular79. agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: automaticamente, no ato da diplomação, para a inativi-
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; dade.
II - facultativos para: § 9ºLei complementar estabelecerá outros casos de
a) os analfabetos; inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de pro-
b) os maiores de setenta anos; teger a probidade administrativa, a moralidade para
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito exercício de mandato considerada vida pregressa do can-
anos. didato, e a normalidade e legitimidade das eleições con-
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exer-
74
cício de função, cargo ou emprego na administração di-
Sufrágio: direito subjetivo de manifestar-se. Diz da capaci- reta ou indireta.
dade de votar e ser votado.
75 Voto: modo como se exercita o sufrágio, tanto nas eleições, § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado an-
quanto nos plebiscitos e referendos. te a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
76 O escrutínio adotado no Brasil é o secreto, que é a forma diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
como o voto é expressado. poder econômico, corrupção ou fraude.
77 O plebiscito é uma consulta popular antes da implementação

do que foi decidido pelo ato legislativo ou administrativo.


78 O referendo é uma consulta posterior ao ato estatal, cum-
80
prindo ao eleitor concordar ou não. São os médicos, dentistas, veterinários que prestam serviço
79 É a apresentação de projeto de lei diretamente Câmara dos militar obrigatório e os que o prestam na condição de prorroga-
Deputados, subscrito por cidadãos brasileiros. ção de engajamento nas forças armadas.
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§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará § 2º Os partidos políticos, após adquirirem persona-
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus es-
lei, se temerária ou de manifesta má-fé. tatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às elei-
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo par-
ções municipais as consultas populares sobre questões
tidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma
locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encami-
da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Reda-
nhadas à Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da
ção dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
data das eleições, observados os limites operacionais re-
lativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emenda I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Depu-
Constitucional nº 111, de 2021) tados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
questões submetidas às consultas populares nos termos Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
do § 12 ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela
utilização de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos,
cuja perda81 ou suspensão82 só se dará nos casos de: Federais distribuídos em pelo menos um terço das uni-
I - cancelamento da naturalização por sentença tran- dades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucio-
sitada em julgado; nal nº 97, de 2017)
II - incapacidade civil absoluta; § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos
III - condenação criminal transitada em julgado, en- de organização paramilitar.
quanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta § 5º Ao eleito por partido que não preencher os re-
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
V - improbidade administrativa, nos termos do art. mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a
37, § 4º. outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará ção considerada para fins de distribuição dos recursos do
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência83. de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
97, de 2017)
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS § 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estadu-
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e ex- ais, os Deputados Distritais e os Vereadores que se des-
tinção de partidos políticos, resguardados a soberania ligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perde-
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os rão o mandato, salvo nos casos de anuência do partido
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em
seguintes preceitos: Regulamento lei, não computada, em qualquer caso, a migração de
I - caráter nacional; partido para fins de distribuição de recursos do fundo
II - proibição de recebimento de recursos financei- partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gra-
ros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi- tuito ao rádio e à televisão. (Incluído pela Emenda Cons-
nação a estes; titucional nº 111, de 2021)
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; § 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo partidário na
lei. criação e na manutenção de programas de promoção e
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia difusão da participação política das mulheres, de acordo
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras so- com os interesses intrapartidários. (Incluído pela Emen-
bre escolha, formação e duração de seus órgãos perma- da Constitucional nº 117, de 2022)
nentes e provisórios e sobre sua organização e funcio-
namento e para adotar os critérios de escolha e o regime § 8º O montante do Fundo Especial de Financia-
de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a mento de Campanha e da parcela do fundo partidário
sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigato- destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de
riedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser distribu-
nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus ído pelos partidos às respectivas candidatas, deverão ser
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao
partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional número de candidatas, e a distribuição deverá ser reali-
nº 97, de 2017) zada conforme critérios definidos pelos respectivos ór-
gãos de direção e pelas normas estatutárias, considerados
a autonomia e o interesse partidário. (Incluído pela
81 Privação definitiva de direitos políticos. Ex. incisos I e IV, Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
do art. 15.
82 Privação temporária de direitos políticos. Ex. incisos II, III e

V, do art. 15.
83 Trata-se apenas da lei que alterar o processo eleitoral, e não a

lei eleitoral.
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3. ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL, ra a correção das desigualdades raciais e para a promo-
(LEI 10.233/2001) ção da igualdade de oportunidades.
Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a
Prezados candidatos, igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cida-
Gostaríamos de esclarecer um equívoco no item 3, dão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da
que a FGV cometeu, referente ao Estatuto da Igualdade pele, o direito à participação na comunidade, especial-
Racial. O documento menciona incorretamente a Lei mente nas atividades políticas, econômicas, empresari-
10.233/2021. Para evitar confusões, apresentamos a se- ais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua
guir a referência correta à Lei sobre o Estatuto da Igual- dignidade e seus valores religiosos e culturais.
dade Racial. Aconselhamos que permaneçam atentos, Art. 3o Além das normas constitucionais relativas
pois é provável que a FGV emita uma retificação oficial aos princípios fundamentais, aos direitos e garantias fun-
acerca deste tópico em breve. damentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais,
o Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz polí-
Eis o texto da referida Lei: tico-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étni-
LEI FEDERAL Nº 12.288, DE 20 DE JULHO co-racial, a valorização da igualdade étnica e o fortale-
DE 2010 (ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL). cimento da identidade nacional brasileira.
Art. 4o A participação da população negra, em con-
Institui o Estatuto da Igualdade Racial; al- dição de igualdade de oportunidade, na vida econômica,
tera as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de social, política e cultural do País será promovida, priori-
1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, tariamente, por meio de:
de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvi-
novembro de 2003. mento econômico e social;
II - adoção de medidas, programas e políticas de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber
ação afirmativa;
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
III - modificação das estruturas institucionais do Es-
guinte Lei:
tado para o adequado enfrentamento e a superação das
TÍTULO I desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES discriminação étnica;
Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Ra- IV - promoção de ajustes normativos para aperfei-
cial, destinado a garantir à população negra a efetivação çoar o combate à discriminação étnica e às desigualdades
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos ét- étnicas em todas as suas manifestações individuais, insti-
nicos individuais, coletivos e difusos e o combate à dis- tucionais e estruturais;
criminação e às demais formas de intolerância étnica. V - eliminação dos obstáculos históricos, sociocul-
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, conside- turais e institucionais que impedem a representação da
ra-se: diversidade étnica nas esferas pública e privada;
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distin- VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas
ção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, oriundas da sociedade civil direcionadas à promoção da
cor, descendência ou origem nacional ou étnica que te- igualdade de oportunidades e ao combate às desigualda-
nha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, des étnicas, inclusive mediante a implementação de in-
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direi- centivos e critérios de condicionamento e prioridade no
tos humanos e liberdades fundamentais nos campos polí- acesso aos recursos públicos;
tico, econômico, social, cultural ou em qualquer outro VII - implementação de programas de ação afirma-
campo da vida pública ou privada; tiva destinados ao enfrentamento das desigualdades étni-
II - desigualdade racial: toda situação injustificada cas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde,
de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e segurança, trabalho, moradia, meios de comunicação de
oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça,
de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica; e outros.
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria exis- Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa
tente no âmbito da sociedade que acentua a distância so- constituir-se-ão em políticas públicas destinadas a repa-
cial entre mulheres negras e os demais segmentos soci- rar as distorções e desigualdades sociais e demais práti-
ais; cas discriminatórias adotadas, nas esferas pública e pri-
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se vada, durante o processo de formação social do País.
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é
raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geogra- instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade
fia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título III.
análoga;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e pro- TÍTULO II
gramas adotados pelo Estado no cumprimento de suas DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
atribuições institucionais; CAPÍTULO I
VI - ações afirmativas: os programas e medidas es- DO DIREITO À SAÚDE
peciais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada pa- Art. 6o O direito à saúde da população negra será
garantido pelo poder público mediante políticas univer-

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sais, sociais e econômicas destinadas à redução do risco I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o
de doenças e de outros agravos. acesso da população negra ao ensino gratuito e às ativi-
§ 1o O acesso universal e igualitário ao Sistema dades esportivas e de lazer;
Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção e recu- II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham
peração da saúde da população negra será de responsabi- espaço para promoção social e cultural da população ne-
lidade dos órgãos e instituições públicas federais, esta- gra;
duais, distritais e municipais, da administração direta e III - desenvolvimento de campanhas educativas, in-
indireta. clusive nas escolas, para que a solidariedade aos mem-
§ 2o O poder público garantirá que o segmento da bros da população negra faça parte da cultura de toda a
população negra vinculado aos seguros privados de saú- sociedade;
de seja tratado sem discriminação. IV - implementação de políticas públicas para o for-
Art. 7o O conjunto de ações de saúde voltadas à talecimento da juventude negra brasileira.
população negra constitui a Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra, organizada de acordo com Seção II
as diretrizes abaixo especificadas: Da Educação
I - ampliação e fortalecimento da participação de li- Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamen-
deranças dos movimentos sociais em defesa da saúde da tal e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório
população negra nas instâncias de participação e controle o estudo da história geral da África e da história da popu-
social do SUS; lação negra no Brasil, observado o disposto na Lei no
II - produção de conhecimento científico e tecnoló- 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
gico em saúde da população negra; § 1o Os conteúdos referentes à história da popula-
III - desenvolvimento de processos de informação, ção negra no Brasil serão ministrados no âmbito de todo
comunicação e educação para contribuir com a redução o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva
das vulnerabilidades da população negra. para o desenvolvimento social, econômico, político e
Art. 8o Constituem objetivos da Política Nacional cultural do País.
de Saúde Integral da População Negra: § 2o O órgão competente do Poder Executivo fo-
I - a promoção da saúde integral da população ne- mentará a formação inicial e continuada de professores e
gra, priorizando a redução das desigualdades étnicas e o a elaboração de material didático específico para o cum-
combate à discriminação nas instituições e serviços do primento do disposto no caput deste artigo.
SUS; § 3o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de infor- órgãos responsáveis pela educação incentivarão a parti-
mação do SUS no que tange à coleta, ao processamento e cipação de intelectuais e representantes do movimento
à análise dos dados desagregados por cor, etnia e gênero; negro para debater com os estudantes suas vivências re-
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas lativas ao tema em comemoração.
sobre racismo e saúde da população negra; Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população fomento à pesquisa e à pós-graduação poderão criar in-
negra nos processos de formação e educação permanente centivos a pesquisas e a programas de estudo voltados
dos trabalhadores da saúde; para temas referentes às relações étnicas, aos quilombos
V - a inclusão da temática saúde da população negra e às questões pertinentes à população negra.
nos processos de formação política das lideranças de Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos
movimentos sociais para o exercício da participação e órgãos competentes, incentivará as instituições de ensino
controle social no SUS. superior públicas e privadas, sem prejuízo da legislação
Parágrafo único. Os moradores das comunidades em vigor, a:
de remanescentes de quilombos serão beneficiários de I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e
incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diver-
incluindo melhorias nas condições ambientais, no sane- sos programas de pós-graduação que desenvolvam temá-
amento básico, na segurança alimentar e nutricional e na ticas de interesse da população negra;
atenção integral à saúde. II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos
de formação de professores temas que incluam valores
CAPÍTULO II concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO brasileira;
ESPORTE E AO LAZER III - desenvolver programas de extensão universitá-
Seção I ria destinados a aproximar jovens negros de tecnologias
Disposições Gerais avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade
Art. 9o A população negra tem direito a participar de gênero entre os beneficiários;
de atividades educacionais, culturais, esportivas e de la- IV - estabelecer programas de cooperação técnica,
zer adequadas a seus interesses e condições, de modo a nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e co-
contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade munitários, com as escolas de educação infantil, ensino
e da sociedade brasileira. fundamental, ensino médio e ensino técnico, para a for-
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9 o, mação docente baseada em princípios de equidade, de to-
os governos federal, estaduais, distrital e municipais ado- lerância e de respeito às diferenças étnicas.
tarão as seguintes providências:

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Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações CAPÍTULO III
socioeducacionais realizadas por entidades do movimen- DO DIREITO À LIBERDADE DE
to negro que desenvolvam atividades voltadas para a in- CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA
clusão social, mediante cooperação técnica, intercâm- E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS
bios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos. RELIGIOSOS
Art. 15. O poder público adotará programas de Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e
ação afirmativa. de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos lo-
órgãos responsáveis pelas políticas de promoção da cais de culto e a suas liturgias.
igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os pro- Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de
gramas de que trata esta Seção. crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz
africana compreende:
Seção III I - a prática de cultos, a celebração de reuniões rela-
Da Cultura cionadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimen- iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;
to das sociedades negras, clubes e outras formas de ma- II - a celebração de festividades e cerimônias de
nifestação coletiva da população negra, com trajetória acordo com preceitos das respectivas religiões;
histórica comprovada, como patrimônio histórico e cul- III - a fundação e a manutenção, por iniciativa pri-
tural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição Fe- vada, de instituições beneficentes ligadas às respectivas
deral. convicções religiosas;
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das co- IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o
munidades dos quilombos o direito à preservação de seus uso de artigos e materiais religiosos adequados aos cos-
usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a tumes e às práticas fundadas na respectiva religiosidade,
proteção do Estado. ressalvadas as condutas vedadas por legislação específi-
Parágrafo único. A preservação dos documentos e ca;
dos sítios detentores de reminiscências históricas dos an- V - a produção e a divulgação de publicações rela-
tigos quilombos, tombados nos termos do § 5o do art. cionadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz
216 da Constituição Federal, receberá especial atenção africana;
do poder público. VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas
Art. 19. O poder público incentivará a celebração naturais e jurídicas de natureza privada para a manuten-
das personalidades e das datas comemorativas relaciona- ção das atividades religiosas e sociais das respectivas re-
das à trajetória do samba e de outras manifestações cul- ligiões;
turais de matriz africana, bem como sua comemoração VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunica-
nas instituições de ensino públicas e privadas. ção para divulgação das respectivas religiões;
Art. 20. O poder público garantirá o registro e a VIII - a comunicação ao Ministério Público para
proteção da capoeira, em todas as suas modalidades, co- abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de
mo bem de natureza imaterial e de formação da identida- intolerância religiosa nos meios de comunicação e em
de cultural brasileira, nos termos do art. 216 da Consti- quaisquer outros locais.
tuição Federal. Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos
Parágrafo único. O poder público buscará garantir, praticantes de religiões de matrizes africanas internados
por meio dos atos normativos necessários, a preservação em hospitais ou em outras instituições de internação co-
dos elementos formadores tradicionais da capoeira nas letiva, inclusive àqueles submetidos a pena privativa de
suas relações internacionais. liberdade.
Art. 26. O poder público adotará as medidas neces-
Seção IV sárias para o combate à intolerância com as religiões de
Do Esporte e Lazer matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores,
Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso especialmente com o objetivo de:
da população negra às práticas desportivas, consolidando I - coibir a utilização dos meios de comunicação so-
o esporte e o lazer como direitos sociais. cial para a difusão de proposições, imagens ou aborda-
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto gens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao des-
de criação nacional, nos termos do art. 217 da Constitui- prezo por motivos fundados na religiosidade de matrizes
ção Federal. africanas;
§ 1o A atividade de capoeirista será reconhecida em II - inventariar, restaurar e proteger os documentos,
todas as modalidades em que a capoeira se manifesta, se- obras e outros bens de valor artístico e cultural, os mo-
ja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o numentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vin-
exercício em todo o território nacional. culados às religiões de matrizes africanas;
§ 2o É facultado o ensino da capoeira nas institui- III - assegurar a participação proporcional de repre-
ções públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres tra- sentantes das religiões de matrizes africanas, ao lado da
dicionais, pública e formalmente reconhecidos. representação das demais religiões, em comissões, con-
selhos, órgãos e outras instâncias de deliberação vincu-
ladas ao poder público.

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CAPÍTULO IV Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA Municípios estimularão e facilitarão a participação de
ADEQUADA organizações e movimentos representativos da população
Seção I negra na composição dos conselhos constituídos para
Do Acesso à Terra fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de In-
Art. 27. O poder público elaborará e implementará teresse Social (FNHIS).
políticas públicas capazes de promover o acesso da po- Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou priva-
pulação negra à terra e às atividades produtivas no cam- dos, promoverão ações para viabilizar o acesso da popu-
po. lação negra aos financiamentos habitacionais.
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das ati-
vidades produtivas da população negra no campo, o po- CAPÍTULO V
der público promoverá ações para viabilizar e ampliar o DO TRABALHO
seu acesso ao financiamento agrícola. Art. 38. A implementação de políticas voltadas pa-
Art. 29. Serão assegurados à população negra a as- ra a inclusão da população negra no mercado de trabalho
sistência técnica rural, a simplificação do acesso ao cré- será de responsabilidade do poder público, observando-
dito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de lo- se:
gística para a comercialização da produção. I - o instituído neste Estatuto;
Art. 30. O poder público promoverá a educação e a II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao rati-
orientação profissional agrícola para os trabalhadores ficar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de
negros e as comunidades negras rurais. Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965;
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao rati-
quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhe- ficar a Convenção no 111, de 1958, da Organização In-
cida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir- ternacional do Trabalho (OIT), que trata da discrimina-
lhes os títulos respectivos. ção no emprego e na profissão;
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e de- IV - os demais compromissos formalmente assumi-
senvolverá políticas públicas especiais voltadas para o dos pelo Brasil perante a comunidade internacional.
desenvolvimento sustentável dos remanescentes das co- Art. 39. O poder público promoverá ações que as-
munidades dos quilombos, respeitando as tradições de segurem a igualdade de oportunidades no mercado de
proteção ambiental das comunidades. trabalho para a população negra, inclusive mediante a
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanes- implementação de medidas visando à promoção da
centes das comunidades dos quilombos receberão dos igualdade nas contratações do setor público e o incentivo
órgãos competentes tratamento especial diferenciado, as- à adoção de medidas similares nas empresas e organiza-
sistência técnica e linhas especiais de financiamento pú- ções privadas.
blico, destinados à realização de suas atividades produti- § 1o A igualdade de oportunidades será lograda me-
vas e de infraestrutura. diante a adoção de políticas e programas de formação
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos profissional, de emprego e de geração de renda voltados
quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas previs- para a população negra.
tas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade § 2o As ações visando a promover a igualdade de
étnica. oportunidades na esfera da administração pública far-se-
ão por meio de normas estabelecidas ou a serem estabe-
Seção II lecidas em legislação específica e em seus regulamentos.
Da Moradia § 3o O poder público estimulará, por meio de incen-
Art. 35. O poder público garantirá a implementação tivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado.
de políticas públicas para assegurar o direito à moradia § 4o As ações de que trata o caput deste artigo as-
adequada da população negra que vive em favelas, corti- segurarão o princípio da proporcionalidade de gênero en-
ços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou em pro- tre os beneficiários.
cesso de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pe-
urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade quena produção, nos meios rural e urbano, com ações
de vida. afirmativas para mulheres negras.
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, pa- § 6o O poder público promoverá campanhas de sen-
ra os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento sibilização contra a marginalização da mulher negra no
habitacional, mas também a garantia da infraestrutura trabalho artístico e cultural.
urbana e dos equipamentos comunitários associados à § 7o O poder público promoverá ações com o obje-
função habitacional, bem como a assistência técnica e ju- tivo de elevar a escolaridade e a qualificação profissional
rídica para a construção, a reforma ou a regularização nos setores da economia que contem com alto índice de
fundiária da habitação em área urbana. ocupação por trabalhadores negros de baixa escolariza-
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações go- ção.
vernamentais realizadas no âmbito do Sistema Nacional § 8º Os registros administrativos direcionados a ór-
de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela gãos e entidades da Administração Pública, a emprega-
Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, devem considerar dores privados e a trabalhadores que lhes sejam subordi-
as peculiaridades sociais, econômicas e culturais da po- nados conterão campos destinados a identificar o seg-
pulação negra. mento étnico e racial a que pertence o trabalhador retra-

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tado no respectivo documento, com utilização do critério Parágrafo único. A exigência disposta no caput
da autoclassificação em grupos previamente delimitados. não se aplica aos filmes e programas que abordem espe-
(Incluído pela Lei nº 14.553, de 2023) cificidades de grupos étnicos determinados.
§ 9º Sem prejuízo de extensão obrigatória a outros Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias
documentos ou registros de mesma natureza identifica- destinadas à veiculação pelas emissoras de televisão e
dos em regulamento, aplica-se o disposto no § 8º deste em salas cinematográficas o disposto no art. 44.
artigo a: (Incluído pela Lei nº 14.553, de 2023) Art. 46. Os órgãos e entidades da administração
I - formulários de admissão e demissão no emprego; pública federal direta, autárquica ou fundacional, as em-
(Incluído pela Lei nº 14.553, de 2023) presas públicas e as sociedades de economia mista fede-
II - formulários de acidente de trabalho; (Incluído rais deverão incluir cláusulas de participação de artistas
pela Lei nº 14.553, de 2023) negros nos contratos de realização de filmes, programas
III - instrumentos de registro do Sistema Nacional ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
de Emprego (Sine), ou de estrutura que venha a suceder- § 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo
lhe em suas finalidades; (Incluído pela Lei nº 14.553, de incluirão, nas especificações para contratação de serviços
2023) de consultoria, conceituação, produção e realização de
IV - Relação Anual de Informações Sociais (Rais), filmes, programas ou peças publicitárias, a obrigatorie-
ou outro documento criado posteriormente com conteúdo dade da prática de iguais oportunidades de emprego para
e propósitos a ela assemelhados; (Incluído pela Lei nº as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço contra-
14.553, de 2023) tado.
V - documentos, inclusive os disponibilizados em § 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades
meio eletrônico, destinados à inscrição de segurados e de emprego o conjunto de medidas sistemáticas executa-
dependentes no Regime Geral de Previdência Social; das com a finalidade de garantir a diversidade étnica, de
(Incluído pela Lei nº 14.553, de 2023) sexo e de idade na equipe vinculada ao projeto ou servi-
VI - questionários de pesquisas levadas a termo pela ço contratado.
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística § 3o A autoridade contratante poderá, se considerar
(IBGE), ou por órgão ou entidade posteriormente in- necessário para garantir a prática de iguais oportunidades
cumbida das atribuições imputadas a essa autarquia. (In- de emprego, requerer auditoria por órgão do poder públi-
cluído pela Lei nº 14.553, de 2023) co federal.
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Am- § 4o A exigência disposta no caput não se aplica às
paro ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas, pro- produções publicitárias quando abordarem especificida-
gramas e projetos voltados para a inclusão da população des de grupos étnicos determinados.
negra no mercado de trabalho e orientará a destinação de
recursos para seu financiamento. TÍTULO III
Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas Do Sistema NACIONAL DE PROMOÇÃO DA
por meio de financiamento para constituição e ampliação IGUALDADE RACIAL
de pequenas e médias empresas e de programas de gera- (SINAPIR)
ção de renda, contemplarão o estímulo à promoção de CAPÍTULO I
empresários negros. DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Parágrafo único. O poder público estimulará as ati- Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promo-
vidades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos lo- ção da Igualdade Racial (Sinapir) como forma de organi-
cais, monumentos e cidades que retratem a cultura, os zação e de articulação voltadas à implementação do con-
usos e os costumes da população negra. junto de políticas e serviços destinados a superar as desi-
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá imple- gualdades étnicas existentes no País, prestados pelo po-
mentar critérios para provimento de cargos em comissão der público federal.
e funções de confiança destinados a ampliar a participa- § 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ção de negros, buscando reproduzir a estrutura da distri- poderão participar do Sinapir mediante adesão.
buição étnica nacional ou, quando for o caso, estadual, § 2o O poder público federal incentivará a socieda-
observados os dados demográficos oficiais. de e a iniciativa privada a participar do Sinapir.

CAPÍTULO VI CAPÍTULO II
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DOS OBJETIVOS
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de co- Art. 48. São objetivos do Sinapir:
municação valorizará a herança cultural e a participação I - promover a igualdade étnica e o combate às de-
da população negra na história do País. sigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive me-
Art. 44. Na produção de filmes e programas desti- diante adoção de ações afirmativas;
nados à veiculação pelas emissoras de televisão e em sa- II - formular políticas destinadas a combater os fa-
las cinematográficas, deverá ser adotada a prática de tores de marginalização e a promover a integração social
conferir oportunidades de emprego para atores, figuran- da população negra;
tes e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer dis- III - descentralizar a implementação de ações afir-
criminação de natureza política, ideológica, étnica ou ar- mativas pelos governos estaduais, distrital e municipais;
tística. IV - articular planos, ações e mecanismos voltados
à promoção da igualdade étnica;

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V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às
criados para a implementação das ações afirmativas e o mulheres negras em situação de violência, garantida a
cumprimento das metas a serem estabelecidas. assistência física, psíquica, social e jurídica.
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para
CAPÍTULO III coibir a violência policial incidente sobre a população
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA negra.
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano Parágrafo único. O Estado implementará ações de
nacional de promoção da igualdade racial contendo as ressocialização e proteção da juventude negra em confli-
metas, princípios e diretrizes para a implementação da to com a lei e exposta a experiências de exclusão social.
Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos
(PNPIR). de discriminação e preconceito praticados por servidores
§ 1o A elaboração, implementação, coordenação, públicos em detrimento da população negra, observado,
avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem como a no que couber, o disposto na Lei no 7.716, de 5 de janei-
organização, articulação e coordenação do Sinapir, serão ro de 1989.
efetivados pelo órgão responsável pela política de pro- Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das
moção da igualdade étnica em âmbito nacional. ameaças de lesão aos interesses da população negra de-
§ 2o É o Poder Executivo federal autorizado a insti- correntes de situações de desigualdade étnica, recorrer-
tuir fórum intergovernamental de promoção da igualdade se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública, dis-
étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável pelas ciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
políticas de promoção da igualdade étnica, com o objeti-
vo de implementar estratégias que visem à incorporação CAPÍTULO V
da política nacional de promoção da igualdade étnica nas DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE
ações governamentais de Estados e Municípios. PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
§ 3o As diretrizes das políticas nacional e regional Art. 56. Na implementação dos programas e das
de promoção da igualdade étnica serão elaboradas por ações constantes dos planos plurianuais e dos orçamen-
órgão colegiado que assegure a participação da socieda- tos anuais da União, deverão ser observadas as políticas
de civil. de ação afirmativa a que se refere o inciso VII do art. 4 o
§ 4º A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e desta Lei e outras políticas públicas que tenham como
Estatística (IBGE) realizará, a cada 5 (cinco) anos, pes- objetivo promover a igualdade de oportunidades e a in-
quisa destinada a identificar o percentual de ocupação clusão social da população negra, especialmente no que
por parte de segmentos étnicos e raciais no âmbito do se- tange a:
tor público, a fim de obter subsídios direcionados à im- I - promoção da igualdade de oportunidades em
plementação da PNPIR. (Incluído pela Lei nº 14.553, de educação, emprego e moradia;
2023) II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educa-
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e ção, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da quali-
municipais, no âmbito das respectivas esferas de compe- dade de vida da população negra;
tência, poderão instituir conselhos de promoção da III - incentivo à criação de programas e veículos de
igualdade étnica, de caráter permanente e consultivo, comunicação destinados à divulgação de matérias relaci-
compostos por igual número de representantes de órgãos onadas aos interesses da população negra;
e entidades públicas e de organizações da sociedade civil IV - incentivo à criação e à manutenção de mi-
representativas da população negra. croempresas administradas por pessoas autodeclaradas
Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o negras;
repasse dos recursos referentes aos programas e ativida- V - iniciativas que incrementem o acesso e a per-
des previstos nesta Lei aos Estados, Distrito Federal e manência das pessoas negras na educação fundamental,
Municípios que tenham criado conselhos de promoção média, técnica e superior;
da igualdade étnica. VI - apoio a programas e projetos dos governos es-
taduais, distrital e municipais e de entidades da socieda-
CAPÍTULO IV de civil voltados para a promoção da igualdade de opor-
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACES- tunidades para a população negra;
SO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma memória e das tradições africanas e brasileiras.
da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, § 1o O Poder Executivo federal é autorizado a ado-
Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, tar medidas que garantam, em cada exercício, a transpa-
para receber e encaminhar denúncias de preconceito e rência na alocação e na execução dos recursos necessá-
discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a rios ao financiamento das ações previstas neste Estatuto,
implementação de medidas para a promoção da igualda- explicitando, entre outros, a proporção dos recursos or-
de. çamentários destinados aos programas de promoção da
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde,
étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Ju- popular, desenvolvimento regional, cultura, esporte e la-
diciário, em todas as suas instâncias, para a garantia do zer.
cumprimento de seus direitos.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


§ 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação
do exercício subsequente à publicação deste Estatuto, os de serviços à comunidade, incluindo atividades de pro-
órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem po- moção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qual-
líticas e programas nas áreas referidas no § 1 o deste arti- quer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exi-
go discriminarão em seus orçamentos anuais a participa- gir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para
ção nos programas de ação afirmativa referidos no inciso emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
VII do art. 4o desta Lei. cias.” (NR)
§ 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de
medidas necessárias para a adequada implementação do abril de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação:
disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares de “Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2 o e nos
participação crescente dos programas de ação afirmativa dispositivos legais que tipificam os crimes resultantes de
nos orçamentos anuais a que se refere o § 2 o deste artigo. preconceito de etnia, raça ou cor, as infrações do dispos-
§ 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal to nesta Lei são passíveis das seguintes cominações:
responsável pela promoção da igualdade racial acompa- ..........................................................................”
nhará e avaliará a programação das ações referidas neste (NR)
artigo nas propostas orçamentárias da União. “Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos or- ato discriminatório, nos moldes desta Lei, além do direi-
dinários, poderão ser consignados nos orçamentos fiscal to à reparação pelo dano moral, faculta ao empregado
e da seguridade social para financiamento das ações de optar entre:
que trata o art. 56: ..........................................................................”
I - transferências voluntárias dos Estados, do Distri- (NR)
to Federal e dos Municípios; Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a
II - doações voluntárias de particulares; vigorar acrescido do seguinte § 2 o, renumerando-se o
III - doações de empresas privadas e organizações atual parágrafo único como § 1o:
não governamentais, nacionais ou internacionais; “Art. 13. ................................................................
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou in- § 1o .......................................................................
ternacionais; § 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de em dano causado por ato de discriminação étnica nos ter-
convênios, tratados e acordos internacionais. mos do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinhei-
ro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e se-
TÍTULO IV rá utilizada para ações de promoção da igualdade étnica,
DISPOSIÇÕES FINAIS conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não ex- Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos
cluem outras em prol da população negra que tenham si- Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou
locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou lo-
do ou venham a ser adotadas no âmbito da União, dos
cal, respectivamente.” (NR)
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de
Art. 59. O Poder Executivo federal criará instru- novembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:
mentos para aferir a eficácia social das medidas previstas “Art. 1o .................................................................
nesta Lei e efetuará seu monitoramento constante, com a § 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência
emissão e a divulgação de relatórios periódicos, inclusi- contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gêne-
ve pela rede mundial de computadores. ro, inclusive decorrente de discriminação ou desigualdade
Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, étnica, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual
passam a vigorar com a seguinte redação: ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público quanto no
“Art. 3o ................................................................... privado.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por ............................................................” (NR)
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989,
procedência nacional, obstar a promoção funcional.” passa a vigorar acrescido do seguinte inciso III:
(NR) “Art. 20. ....................................................
“Art. 4o ................................................................... ....................................................................
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de § 3o ............................................................
discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes .....................................................................
do preconceito de descendência ou origem nacional ou III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas
étnica: de informação na rede mundial de computadores.
...........................................................” (NR)
I - deixar de conceder os equipamentos necessários
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias
ao empregado em igualdade de condições com os demais
após a data de sua publicação.
trabalhadores; Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou e 122o da República.
obstar outra forma de benefício profissional; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
III - proporcionar ao empregado tratamento diferen- Eloi Ferreira de Araújo
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao
salário.

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4. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: planejamento, coordenação, descentralização, delega-
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO, ção de competência e controle. (art. 6º, Dec-lei n.º
AUTARQUIA, FUNDAÇÃO, EMPRESA PÚBLICA 200/67).
E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA 1) Planejamento
4.1. INTRODUÇÃO Segundo Hely Lopes Meirelles, planejamento é o
O Estado, após sua organização soberana imposta estudo e estabelecimento das diretrizes e metas que de-
pela Constituição, reconhecendo os três poderes que verão orientar a ação governamental através dos seus
compõem o governo e sua divisão político- instrumentos básicos.
administrativa do território nacional, dá lugar a organi- A ação governamental obedecerá a planejamento
zação da administração em que a lei, ou, excepcional- que visa a promover o desenvolvimento econômico-
mente, outra norma inferior, fará a estruturação legal das social do País e a segurança nacional, norteando-se se-
entidades e órgãos que irão desempenhar as funções, gundo planos e programas elaborados, e compreenderá a
através dos agentes públicos. elaboração e atualização dos seguintes instrumentos bá-
A organização administrativa está relacionada inti- sicos:
mamente com a estrutura do Estado e a forma de gover- a) plano geral de governo;
no de cada País. No caso brasileiro, em que o Estado é b) programas gerais, setoriais e regionais, de dura-
federado e assegura autonomia político-administra-tiva a ção plurianual;
seus entes federados (União, Estados-membros, Distrito c) orçamento-programa anual;
Federal e Municípios), há de corresponder, estrutural- d) programação financeira de desembolso.
mente a este postulado desenvolvendo-se numa descen-
2) Coordenação
tralização em três níveis governamentais – federal, esta-
dual e municipal, cabendo aos respectivos Chefes do As atividades da Administração Federal e, especi-
Executivo o comando da sua administração. almente, a execução dos planos e programas de governo,
serão objeto de permanente coordenação.
Essa descentralização de natureza territorial é com-
plementada pela descentralização institucional ou me- A coordenação será exercida em todos os níveis da
ramente administrativa com distribuição de funções pú- administração, mediante a atuação das chefias individu-
blicas e de interesses coletivos a entes autárquicos e pa- ais, a realização sistemática de reuniões com a participa-
raestatais. (in Hely Lopes Meirelles, “Direito Adminis- ção das chefias subordinadas e a instituição e funciona-
trativo, 18ª ed., pág. 627). mento de comissões de coordenação em cada nível ad-
ministrativo.
Antes da reforma administrativa, introduzida pelo
Dec.-lei n.º 200/67, a Administração Pública era, exces- No nível superior da Administração Federal, a co-
sivamente, centralizada e concentrava nos órgãos do ordenação será assegurada através de reuniões do Minis-
primeiro escalão a grande maioria das atividades exerci- tério, reuniões de Ministros de Estado responsáveis por
das pelo Estado, isso, naturalmente, tornava uma admi- áreas afins, atribuição de incumbência coordenadora a
nistração complexa e burocrática com trabalhos irracio- um dos Ministros de Estados, funcionamento das Secre-
nalmente morosos e ineficientes. tarias Gerais e coordenação central dos sistemas de ati-
vidades auxiliares.
O objetivo principal da reforma era ajustar a Admi-
nistração, de maneira profunda e progressiva, às reais Quando submetidos ao Presidente da República, os
necessidades do Estado tornando-o ágil e eficaz nas suas assuntos deverão ter sido previamente coordenados com
decisões. todos os setores neles interessados, inclusive no que res-
Um dos autores da reforma administrativa, José de peita aos aspectos administrativos pertinentes, através de
Nazaré Teixeira Dias, lançou as críticas que inspiraram consultas e entendimentos, de modo a sempre compre-
as diretrizes básicas de reestruturação da máquina admi- enderem soluções integradas e que se harmonizem com a
nistrativa federal. Dentre elas destacam-se a de que “os política-geral e setorial do Governo. Idêntico procedi-
meios têm gradativamente se sobreposto aos fins, o mento será adotado nos demais níveis da Administração
acessório ao principal, o burocrático à ação”, – “a ex- Federal, antes da submissão dos assuntos à decisão da
cessiva centralização administrativa decorre da falta de autoridade competente.
planejamento, de diretrizes, de organização competente Os órgãos que operam na mesma área geográfica
do centro de direção administrativo, fatores que levam serão submetidos à coordenação com o objetivo de asse-
os dirigentes superiores a ficarem entulhados de casos”. gurar a programação e execução integrada dos serviços
(in “A Reforma Administrativa de 1967”, Rio/1969, federais.
pág. 47).
Quando ficar demonstrada a inviabilidade de cele-
Daí a diretriz fundamental da reforma administrati- bração de convênio com órgãos estaduais e municipais
va foi a desconcentração administrativa que consiste na que exerçam atividades idênticas, os órgãos federais
separação das atividades de direção das atividades de buscarão com eles coordenar-se, para evitar dispersão de
execução comportadas em atividades-fins e atividades- esforços e de investimentos na mesma área geográfica.
meios, respectivamente, liberando os órgãos de direção
da execução de tarefas de mera formalização para con- A Coordenação nada mais é do que a harmonia de
centrar-se nas atividades fundamentais da administração: todas as atividades da Administração, submetendo-as ao

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que foi planejamento e poupando-se de desperdícios, em A aplicação desse critério será condicionada, em
qualquer de suas modalidades. qualquer caso, aos ditames do interesse público e às con-
veniências da segurança nacional.
3) Descentralização
4) Delegação de Competência
Segundo Hely Lopes Meirelles, quem detém o po-
der de administrar é o Estado, pessoa única, constituída A delegação de competência será utilizada como
por vários órgãos que formam sua estrutura. A descentra- instrumento de descentralização administrativa, com o
lização administrativa pressupõe a existência de uma objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às de-
pessoa distinta do Estado, a qual, investida dos necessá- cisões, situando-se na proximidade dos fatos, pessoas ou
rios poderes de administração, exerce atividade pública problemas a atender.
ou de utilidade privada. O ente descentralizado age por É facultado ao Presidente da República, aos Minis-
outorga do serviço ou atividade, ou por delegação de sua tros de Estados e, em geral às autoridades da Adminis-
execução, mas sempre em nome próprio. tração Federal, delegar competência para a prática de
A execução das atividades da Administração Fede- atos administrativos conforme se dispuser em regula-
ral deverá ser amplamente descentralizada. mento.
A descentralização será posta em prática em três O ato de delegação incidirá com precisão a autori-
planos principais: dade delegante, a autoridade delegada e as atribuições
objeto de delegação.
a) dentro dos quadros da Administração Federal,
distinguindo-se claramente o nível de direção do de exe- 5) Controle
cução; O controle das atividades da Administração Federal
b) da Administração Federal para as unidades fede- deverá exercer-se em todos os níveis e em todos os ór-
rais quando estejam devidamente aparelhadas e mediante gãos, compreendendo, particularmente:
convênio;
c) da Administração Federal para a órbita privada, a) o controle, pela chefia competente, da execução
mediante contratos ou concessões. dos programas e da observância das normas que gover-
nam a atividade específica do órgão controlado;
Em cada órgão da Administração Federal, os servi- b) o controle, pelos órgãos próprios de cada siste-
ços que compõem a estrutura central de direção devem ma, da observância das normas gerais que regulam o
permanecer liberados das rotinas de execução e das tare- exercício das atividades auxiliares;
fas de mera formalização de atos administrativos, para c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e
que possam concentrar-se nas atividades de planejamen- da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios do
to, supervisão, coordenação e controle. sistema de contabilidade e auditoria.
A administração casuística, assim entendida a deci- O trabalho administrativo será racionalizado medi-
são de casos individuais, compete, em princípio, ao nível ante simplificação de processos e supressão de controles
de execução, especialmente aos serviços de natureza lo- que se evidenciarem superior ao risco.
cal, que estão em contato com os fatos e com o público.
O controlador máximo das atividades administrati-
Compete à estrutura central de direção o estabele- vas é o Presidente da República. Por isso mesmo, o Es-
cimento das normas, programas e princípios, que os ser- tudo da Reforma Administrativa lhe confere expressa-
viços responsáveis pela execução são obrigados a respei- mente o poder de, por motivo de relevante interesse pú-
tar na solução dos casos individuais e no desempenho de blico, avocar e decidir qualquer assunto na esfera da
suas atribuições. Administração Federal.
Ressalvados os casos de manifesta impraticabilida-
de ou inconveniência, a execução de programas federais 4.2. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DI-
de caráter nitidamente local deverá ser delegada, no todo RETA E INDIRETA
ou em parte, mediante convênio, aos órgãos estaduais ou
Nota-comentário
municipais incumbidos de serviços correspondentes.
Os órgãos federais responsáveis pelos programas Por vezes a Administração Pública tem sido consi-
conservarão a autoridade normativa e exercendo controle derada sob o ângulo funcional (ensino público, coleta de
e fiscalização indispensáveis sobre a execução local, lixo etc), organizacional (ministérios, secretarias, depar-
condicionando-se a liberação dos recursos ao fiel cum- tamentos etc) e orgânico-normativo (composição de ór-
primento dos programas e convênios. gãos em sentido amplo, entidades e agentes – caráter
multiforme e generalizando, incluindo as estruturas ad-
Para melhor desincumbir-se das tarefas de planeja-
ministrativas independentes: Tribunais judiciários, de
mento, coordenação, supervisão e controle e com objeti-
Contas e Ministério Público – permanecem em cada
vo de impedir o crescimento desmesurado da máquina
conjunto orgânico um núcleo de atividades típicas, que
administrativa, a Administração procurará desobrigar-se
permite caracterizá-lo e diferenciá-lo).
da realização material de tarefas executivas, recorrendo,
sempre que possível, à execução indireta, mediante con- A organização administrativa da União está asso-
trato, desde que exista, na área, iniciativa privada sufici- ciada à ideia de estrutura orgânica, para melhor atua-
entemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os ção da Administração reconhece-se uma divisão vertical
encargos de execução. e outra horizontal, conforme os seguintes painéis:
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a) Administração Vertical: Os órgãos públicos são partes da Administração,
que é o todo. Há órgãos, com amplas ou pequenas di-
mensões, conforme a sua importância na estrutura da
Administração. Ex. Ministérios e setor de protocolo,
respectivamente.
Os órgãos são destituídos de personalidade jurídi-
ca, por isso não têm legitimidade ad causam, seja ativa
ou passiva. Nesse caso, a entidade que os agrupa é que
detém a referida legitimidade. No caso, a União, por
meio da Advocacia-Geral da União. Não obstante, po-
dem celebrar contratos e contrair obrigações diversas,
dentro das normas em vigor.
Eles são classificados em: independentes, superio-
res, autônomos e subalternos. Eles podem ser singulares
ou colegiados, segundo o número de pessoas que atuam
na tomada de decisões.
O Departamento de Polícia Federa, é um órgão au-
tônomo, dentro da estrutura do Ministério da Justiça
b) Administração horizontal (Decreto-Lei nº (órgão superior), que por sua vez está subordinado à
200/67): Presidência da República (órgão independente). Ocorre
aí uma relativa hierarquia. Na verdade, essa subordina-
ção decorre da relação de supremacia existente entre
eles. Daí o poder de dar ordens, de controle, de revisão
de atos, de decisão de conflitos e de coordenação.
A Administração Indireta é constituída pelos entes
dotados de personalidade jurídica, denominados entida-
des, aos quais incumbem as funções regulamentadoras,
fiscalizadoras, econômicas, financeiras etc. As entidades
se subdividem em entidades de direito público e entida-
des de direito privado.
São exemplos de entidades de direito público: au-
tarquias e fundações públicas.
São exemplos de entidades de direito privado: em-
presas públicas e sociedades de economia mista.
As entidades da administração indireta integram-se
na estrutura dos Ministérios. Atuam por descentraliza-
ção. Aqui não há hierarquia, mas mero controle e su-
pervisão ministerial.
Uma vez detentoras de personalidade jurídica, po-
dem ser demandadas ou podem demandar em juízo.

A Administração Direta é formada pelos entes não Autarquias e Fundações Públicas


dotados de personalidade jurídica, denominados órgãos, 1. Essas entidades têm personalidade jurídica de
aos quais incumbe funções de planejamento, coordena- direito público, gozam de privilégios fiscais e processu-
ção e controle. Os órgãos se subdividem em órgãos cen- ais e seus servidores são regidos por leis estatutárias,
tralizados e órgãos desconcentrados, que recebem dele- como a Lei nº 8.112/90.
gação daqueles para execução de uma determinada fun- 2. As autarquias são criadas por lei específica e as
ção. fundações mediante autorização legislativa, mas sempre
São exemplos de órgãos centralizados: Presidência vinculadas a algum órgão da administração centraliza-
da República, Ministérios e Secretarias. da.
3. As demandas judiciais de seus servidores em ge-
São órgãos desconcentrados84: Departamento de ral são propostas perante a Justiça Federal.
Polícia Federal, Departamento de Polícia Rodoviária
Federal etc. Empresas Públicas e Sociedades de Economia
Mista
1. São entidades de direito privado integrantes da
84 administração pública descentralizada.
Desconcentração: técnica que leva à distribuição de atividades no
âmbito de uma mesma pessoa jurídica.

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2. Não gozam de privilégios de nenhuma espécie e amente, distinguir o “bem do mal”, o “honesto” do “de-
seus empregados são regidos pela Consolidação das sonesto”. E, ao atuar, não terá que decidir somente entre
Leis do Trabalho. o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente, mas
3. São criadas mediante autorização legislativa e também entre o honesto e o desonesto. Por considera-
desempenham atividades de natureza empresarial e ções de direito e de moral, o ato administrativo não terá
normalmente com finalidade de obtenção de lucros. que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei
4. As demandas contra as empresas públicas fede- ética da própria instituição.
rais são propostas perante a Justiça Federal e as contra
A moralidade administrativa está intimamente liga-
as sociedades de economia mista junto à Justiça Co-
da ao conceito do “bom administrador”, que no dizer
mum.
autoritário de Franco Sobrinho “é aquele que usando de
5. As demandas trabalhistas de seus empregados,
sua competência legal, se determina não só pelos precei-
porém, são propostas perante a Justiça do Trabalho.
tos vigentes, mas também pela moral comum”.
4) Publicidade – publicidade é a divulgação oficial
5. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DISPOSI- do ato para conhecimento público e início de seus efeitos
ÇÕES GERAIS, SERVIDORES PÚBLICOS externos. Daí porque as leis, atos e contratos administra-
tivos, que produzem consequências jurídicas fora dos ór-
a) Princípios básicos da Administração Pública gãos que os emitem exigem publicidade para adquirirem
Administração Pública é o conjunto de meios insti- validade universal, isto é, perante as partes e terceiros.
tucionais, materiais, financeiros e humanos preordenados A publicidade não é elemento formativo do ato, é
à execução das decisões políticas do Estado, colocadas requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo os
em prática através de ações ou atos cuja finalidade é a atos irregulares não se convalidam com a publicação,
execução das tarefas consideradas de interesse comum nem os regulares a dispensam para sua exequibilidade,
do seu povo. quando a lei ou o regulamento a exige.
A Constituição Federal, em seu art. 37, caput, ex- Em princípio, todo ato administrativo deve ser pu-
pressamente instituiu os princípios que hão de se pautar blicado, porque pública é a Administração que o realiza,
todos os atos administrativos nos seguintes termos: só se admitindo o sigilo nos casos de segurança nacional,
“A administração pública direta e indireta de investigações policiais, ou interesse superior da Admi-
nistração a ser preservado em processo previamente de-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
clarado sigiloso.
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princí-
pios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu- A publicação que produz efeitos jurídicos é a do ór-
blicidade e eficiência e...” gão oficial da administração, e não a divulgação pela
imprensa particular, pela televisão ou pelo rádio, ainda
Essas são regras de observância permanente e obri- que em horário oficial, e deve constar, na íntegra, o con-
gatória para o bom administrador. Relegá-los é desvirtu- teúdo do ato.
ar o que há de mais elementar para a boa guarda e zelo
dos interesses sociais. Os atos e contratos administrativos que omitirem ou
desatenderem à publicidade necessária, não só deixam de
1) Legalidade – o Administrador Público está, em produzir seus regulares efeitos, como se expõem à inva-
toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos lidação por falta desses requisitos de eficácia e morali-
das leis e às exigências do bem comum, e dele não se dade.
pode afastar ou desviar, sob pena de praticar atos inváli-
dos e expor-se à responsabilidade administrativa, sujeita 5) Eficiência – o mais novo princípio invocado para
à pena disciplinar cabível. a Administração Pública. A máquina administrativa não
pode mais demonstrar somente legalidade. Não se pode
2) Impessoalidade – está relacionada com a finali- mais deixar a burocracia enfadar o serviço público, exi-
dade para a qual foi criado o órgão e também com o fato ge-se menos carimbos e escaninhos e mais resultados
de que a vontade pessoal do administrador não deva pre- práticos que melhor atenda aos anseios da comunidade e
valecer. Impede que os administradores pratiquem atos do próprio Estado. Por este princípio, tem-se a presteza,
em benefício próprio ou de terceiros, contrariando o inte- perfeição e rendimento funcional.
resse público.
Pode, entretanto, o interesse público coincidir com b) Estruturas básicas da Administração Pública
o do particular ou do próprio, caso em que é lícito conju- A organização da administração é complexa, porque
gar a pretensão do particular com o interesse coletivo. a função administrativa é institucionalmente imputada a
3) Moralidade – a moralidade administrativa cons- diversas entidades governamentais autônomas, expressas
titui hoje em dia, pressuposto da validade de todo ato da no art. 37.
administração pública. Não se trata da moral comum, A Administração Pública se organiza em adminis-
mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o con- tração direta, indireta e fundacional:
junto de regras, de condutas tiradas da disciplina interi-
or da administração”. O agente administrativo, como ser  direta é a administração centralizada, definida
humano dotado da capacidade de atuar, deve, necessari- como conjunto de órgãos administrativos subordinados di-

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


retamente à cúpula de qualquer dos Poderes de cada entida- temporária de excepcional interesse público;(Vide
de; Emenda constitucional nº 106, de 2020)
 indireta é a descentralizada, que são órgão inte- X - a remuneração dos servidores públicos e o
grados nas muitas entidades personalizadas de prestação de subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente pode-
serviços ou exploração de atividades econômicas, vincula- rão ser fixados ou alterados por lei específica, obser-
das a um órgão da administração direta do respectivo Poder, vada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
composta das autarquias, empresas públicas, sociedade de revisão geral anual, sempre na mesma data e sem dis-
economia mista e agências reguladoras; tinção de índices; (Redação dada pela Emenda Cons-
 fundacional são as fundações instituídas e manti- titucional nº 19, de 1998) (Regulamento)
das pelo Poder Público, através de lei.
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes
c) Disposições Constitucionais da Administração de cargos, funções e empregos públicos da adminis-
Pública tração direta, autárquica e fundacional, dos membros
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Art. 37. A administração pública direta e indireta
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Re- percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van-
tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
1998)
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
I - os cargos, empregos e funções públicas são
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal
tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros,
na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Consti- do Governador no âmbito do Poder Executivo, o sub-
sídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
tucional nº 19, de 1998)
do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargado-
II - a investidura em cargo ou emprego público
res do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros
depende de aprovação prévia em concurso público de
e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio men-
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natu-
reza e a complexidade do cargo ou emprego, na for- sal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável es-
ma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomea- te limite aos membros do Ministério Público, aos
ção e exoneração; (Redação dada pela Emenda Cons- Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
titucional nº 19, de 1998)
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis-
III - o prazo de validade do concurso público se-
lativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
rá de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
res aos pagos pelo Poder Executivo;
período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos será convo- remuneração de pessoal do serviço público; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cado com prioridade sobre novos concursados para
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
assumir cargo ou emprego, na carreira;
servidor público não serão computados nem acumu-
V - as funções de confiança, exercidas exclusi-
lados para fins de concessão de acréscimos ulterio-
vamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
res; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
os cargos em comissão, a serem preenchidos por ser-
19, de 1998)
vidores de carreira nos casos, condições e percentu-
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
ais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Re- de cargos e empregos públicos são irredutíveis, res-
salvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Re-
1998)
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
VI - é garantido ao servidor público civil o direi-
1998)
to à livre associação sindical;
XVI - é vedada a acumulação remunerada de
VII - o direito de greve será exercido nos termos
cargos públicos, exceto, quando houver compatibili-
e nos limites definidos em lei específica; (Redação
dade de horários, observado em qualquer caso o dis-
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
posto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e
Constitucional nº 19, de 1998)
empregos públicos para as pessoas portadoras de de-
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada
ficiência e definirá os critérios de sua admissão;
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
por tempo determinado para atender a necessidade

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


b) a de um cargo de professor com outro técnico I - as reclamações relativas à prestação dos ser-
ou científico; (Redação dada pela Emenda Constitu- viços públicos em geral, asseguradas a manutenção
cional nº 19, de 1998) de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação
c) a de dois cargos ou empregos privativos de periódica, externa e interna, da qualidade dos servi-
profissionais de saúde, com profissões regulamenta- ços; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
das; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 1998)
34, de 2001) II - o acesso dos usuários a registros administra-
XVII - a proibição de acumular estende-se a em- tivos e a informações sobre atos de governo, observa-
pregos e funções e abrange autarquias, fundações, do o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela
empresas públicas, sociedades de economia mista, Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Lei nº
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou 12.527, de 2011)
indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pe- III - a disciplina da representação contra o exer-
la Emenda Constitucional nº 19, de 1998) cício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
XVIII - a administração fazendária e seus servi- função na administração pública. (Incluído pela
dores fiscais terão, dentro de suas áreas de compe- Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tência e jurisdição, precedência sobre os demais seto- § 4º - Os atos de improbidade administrativa im-
res administrativos, na forma da lei; portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
XIX – somente por lei específica poderá ser cria- da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
da autarquia e autorizada a instituição de empresa ressarcimento ao erário, na forma e gradação previs-
pública, de sociedade de economia mista e de funda- tas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
ção, cabendo à lei complementar, neste último caso, § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição
definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas
XX - depende de autorização legislativa, em cada as respectivas ações de ressarcimento.
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio- § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as
nadas no inciso anterior, assim como a participação de direito privado prestadoras de serviços públicos
de qualquer delas em empresa privada; responderão pelos danos que seus agentes, nessa qua-
XXI - ressalvados os casos especificados na le- lidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
gislação, as obras, serviços, compras e alienações se- regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
rão contratados mediante processo de licitação públi- culpa.
ca que assegure igualdade de condições a todos os § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restri-
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga- ções ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da tração direta e indireta que possibilite o acesso a in-
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá formações privilegiadas. (Incluído pela Emenda
as exigências de qualificação técnica e econômica in- Constitucional nº 19, de 1998)
dispensáveis à garantia do cumprimento das obriga- § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e fi-
ções. (Regulamento) nanceira dos órgãos e entidades da administração di-
XXII - as administrações tributárias da União, reta e indireta poderá ser ampliada mediante contra-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, to, a ser firmado entre seus administradores e o poder
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, público, que tenha por objeto a fixação de metas de
exercidas por servidores de carreiras específicas, te- desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
rão recursos prioritários para a realização de suas dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive nº 19, de 1998) (Regulamento) (Vigência)
com o compartilhamento de cadastros e de informa- I - o prazo de duração do contrato; (Incluído pe-
ções fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído la Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - os controles e critérios de avaliação de de-
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, sempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter dos dirigentes; (Incluído pela Emenda Constitucional
caráter educativo, informativo ou de orientação soci- nº 19, de 1998)
al, dela não podendo constar nomes, símbolos ou III - a remuneração do pessoal. (Incluído pela
imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
ridades ou servidores públicos. § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empre-
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II sas públicas e às sociedades de economia mista, e su-
e III implicará a nulidade do ato e a punição da auto- as subsidiárias, que receberem recursos da União,
ridade responsável, nos termos da lei. dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio
do usuário na administração pública direta e indireta, em geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
regulando especialmente: (Redação dada pela Emen- 19, de 1998)
da Constitucional nº 19, de 1998)

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§ 10. É vedada a percepção simultânea de pro- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos 1998)
arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego I - tratando-se de mandato eletivo federal, esta-
ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis dual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, em-
na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os prego ou função;
cargos em comissão declarados em lei de livre nome- II - investido no mandato de Prefeito, será afas-
ação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitu- tado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe faculta-
cional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional do optar pela sua remuneração;
nº 20, de 1998) III - investido no mandato de Vereador, havendo
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos li- compatibilidade de horários, perceberá as vantagens
mites remuneratórios de que trata o inciso XI do ca- de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
put deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório remuneração do cargo eletivo, e, não havendo com-
previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucio- patibilidade, será aplicada a norma do inciso anteri-
nal nº 47, de 2005) or;
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do ca- IV - em qualquer caso que exija o afastamento
put deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Dis- para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
trito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda serviço será contado para todos os efeitos legais, ex-
às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como li- ceto para promoção por merecimento;
mite único, o subsídio mensal dos Desembargadores V - na hipótese de ser segurado de regime pró-
do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa prio de previdência social, permanecerá filiado a esse
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsí- regime, no ente federativo de origem. (Redação dada
dio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Fede- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ral, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos d) Dos Servidores Públicos
Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1) Conceito – Servidor público é o elemento subje-
47, de 2005) tivo do órgão público (titular) denomina-se genericamen-
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo te agente público, que, dada a diferença de natureza das
poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas competências e atribuições a ele cometidas, se distingue
atribuições e responsabilidades sejam compatíveis em: agentes políticos e agentes administrativos, que são
com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade os titulares de cargo, emprego ou função pública, com-
física ou mental, enquanto permanecer nesta condi- preendendo todos aqueles que mantêm com o Poder Pú-
ção, desde que possua a habilitação e o nível de esco- blico relação de trabalho, não eventual.
laridade exigidos para o cargo de destino, mantida a 2) Acessibilidade à função administrativa – A
remuneração do cargo de origem. (Incluído pela CF/88 estatui que os cargos, empregos e funções são
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
§ 14. A aposentadoria concedida com a utiliza- estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
ção de tempo de contribuição decorrente de cargo, forma da lei (art. 37, I, cf. EC-19/98).
emprego ou função pública, inclusive do Regime Ge- 3) Investidura em cargo ou emprego – A exigên-
ral de Previdência Social, acarretará o rompimento cia de aprovação prévia em concurso público implica a
do vínculo que gerou o referido tempo de contribui- classificação dos candidatos e nomeação na ordem dessa
ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de classificação; não basta, pois, estar aprovado em concur-
2019) so para ter direito à investidura; necessária também é que
§ 15. É vedada a complementação de aposenta- esteja classificado e na posição correspondente às vagas
dorias de servidores públicos e de pensões por morte existentes, durante o período de validade do concurso,
a seus dependentes que não seja decorrente do dis- que é de até 2 anos (37, III); independem de concurso as
posto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja pre- nomeações para cargo em comissão (37, II).
vista em lei que extinga regime próprio de previdên- 4) Contratação de pessoal temporário – Será es-
cia social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº tabelecido por lei, para atender a necessidade temporária
103, de 2019) de excepcional interesse público (art. 37, IX).
§ 16. Os órgãos e entidades da administração 5) Sistema remuneratório dos agentes públicos –
pública, individual ou conjuntamente, devem realizar O texto constitucional ora fala em vencimento e ora fala
avaliação das políticas públicas, inclusive com divul- em remuneração. Vejamos a distinção destes termos:
gação do objeto a ser avaliado e dos resultados al-  Vencimento = retribuição devida ao funcionário
cançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda pelo efetivo exercício do cargo, emprego ou função cor-
Constitucional nº 109, de 2021) respondente ao símbolo ou nível e grau de progressão.
Art. 38. Ao servidor público da administração di- Não aparece citado na Constituição Federal nesse senti-
reta, autárquica e fundacional, no exercício de man- do.
dato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:  Vencimentos (plural) = vencimento acrescido
das vantagens pecuniárias fixas.

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 Remuneração = entendida no serviço público ção, adicional, abono, prêmio, verba, verba de represen-
como retribuição composta de uma parte fixa (normal- tação ou qualquer outra espécie remuneratória.
mente 2/3 do padrão do cargo, emprego ou função) e ou-
Tanto a remuneração quanto o subsídio serão fixa-
tra parte variável em razão da produtividade ou outra va-
dos e alterados por lei específica com revisão geral anual
riável. Ex.: servidores do fisco (recebem uma cota parte
e sempre na mesma data. (art. 37, X CF). Porém, tanto a
das multas). Atualmente vem sendo utilizada como o
remuneração como subsídio não ultrapassarão o subsídio
conjunto de tudo aquilo que o servidor recebe em retri-
mensal dos ministros do STF (art. 37, XI CF).
buição do seu trabalho, ou seja, vencimentos e mais co-
tas ou outras vantagens decorrentes da produtividade ou Vale ressaltar que o inciso XI do artigo 37 da CF
de outro critério. Por isso, muitas vezes o termo remune- ainda não regulamentado, ou seja, necessita de uma lei
ração é empregado no sentido de vencimento. específica para regulamentar o teto máximo, com isso,
praticamente a maioria das normas que tratam de remu-
A EC-19/98 modificou o sistema remuneratório dos
neração ou subsídio não estão sendo aplicadas, pois
agentes públicos com a criação do subsídio, como forma
aguardam a regulamentação.
de remunerar agentes políticos e certas categorias de
agentes administrativos civis e militares; é usada a ex-
6) Isonomia, paridade, vinculação e equiparação
pressão espécie remuneratória como gênero, que com-
de vencimentos
preende: o subsídio, o vencimento, os vencimentos e a
remuneração. Isonomia é igualdade de espécies remuneratórias
entre cargos de atribuições iguais ou assemelhados; pa-
O padrão para a fixação dos vencimentos observará
ridade é um tipo especial de isonomia, é igualdade de
os seguintes critérios:
vencimentos a cargos e atribuições iguais ou assemelha-
1) a natureza, o grau de responsabilidade e a com- das pertencentes a quadros de poderes diferentes; equi-
plexidade dos cargos componentes de cada carreira; paração é a comparação de cargos de denominação e
2) os requisitos para a investidura; atribuições diversas, considerando-os iguais para fins de
3) as peculiaridades do cargo lhes conferirem os mesmos vencimentos; vinculação é
relação de comparação vertical, vincula-se um cargo in-
O legislador reformista desejou, sem romper o prin-
ferior, com outro superior, para efeito de retribuição,
cípio da igualdade, permitir a reconstrução de escalas de
mantendo-se certa diferença, aumentando-se um, aumen-
vencimentos e valorização de algumas carreiras públicas
ta-se o outro.
(PCCS = Plano de Cargos, Carreiras e Salário) como ex-
plícito no art. 39 § 2º, da CF, quando promove na carrei-
7) Vedação de acumulações remuneradas – Res-
ra o servidor que se forme ou aperfeiçoe em escolas a se-
salvadas as exceções expressas, não é permitido a um
rem mantidas pelo governo.
mesmo servidor acumular dois ou mais cargos ou fun-
Com a reforma administrativa também se determi- ções ou empregos, seja da Administração direta ou indi-
nou que alguns dos ocupantes de cargos, funções e em- reta (37, XVI e XVII).
pregos públicos receberiam remuneração, outros subsí-
dio. 8) Servidor investido em mandato eletivo – São
observadas as seguintes regras:
O subsídio é a denominação que o legislador cons-
tituinte reformista deu à remuneração dos agentes políti- a) se se tratar de mandato eletivo federal, estadual
cos. Com isso os agentes políticos recebem subsídio en- ou distrital, ficará afastado da sua atribuição (38, I); o
quanto que os servidores, remuneração. afastamento é automático;
São agentes políticos: b) no mandato de prefeito, será afastado do cargo,
sendo-lhe facultado optar pela remuneração, que se veri-
a) membros dos Poderes Executivo, Legislativo e ficará com a posse;
Judiciário.
c) no mandato de vereador; havendo compatibilida-
b) Detentores de mandato eletivo.
de de horário, exercerá ambas.
c) Ministros de Estado.
d) Secretários Estaduais e Municipais. Em qualquer das hipóteses, seu tempo de serviço
e) Membros de Tribunal de Contas. será contado para todos os efeitos legais, exceto para
promoção por merecimento.
São equiparados a agentes políticos:
a) membros do Ministério Público.
9) Da efetividade e estabilidade – São estáveis,
b) membros da Advocacia da União, Procuradorias nos termos da EC/19, após três anos de efetivo exercício
do Estado e Defensorias Públicas. os servidores nomeados para cargo de provimento efeti-
c) Policiais (art. 144, § 9º CF). vo em virtude de concurso público.
O subsídio (sub = ajuda, auxílio / sídio = parcela
Cargo de provimento efetivo é aquele que deve ser
única) é uma expressão que vem do latim, onde não se
preenchido de caráter definitivo; assim, são requisitos
admite desdobramento em parcelas ou outras espécies
para adquirir a estabilidade: a nomeação por concurso e
remuneratórias como os vencimentos. Não há gratifica- o exercício efetivo após 3 anos. Esse lapso de tempo é
chamado de estágio probatório.

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Durante o estágio probatório a Administração Pú- cos, que, mesmo previsto na Constituição Federal de
blica avalia a conveniência da confirmação efetiva do 1988, nunca foi disciplinado por legislação específica. A
servidor concursado no funcionalismo público através da mais alta Corte do Judiciário declarou que o Congresso
aferição de requisitos objetivos que demonstrem: foi omisso porque, nessas duas décadas de vigência da
Constituição, não tratou do tema. Os ministros do tribu-
 Assiduidade;
nal concordaram que, em casos de paralisação no funci-
 disciplina
onalismo público, deve ser aplicada a Lei n.º 7.783, de
 capacidade de iniciativa
1989, que regulamenta as greves dos trabalhadores da
 produtividade;
iniciativa privada.
 responsabilidade.
Com relação ao servidor público militar, a CF ex-
São requisitos para a aquisição da estabilidade: (art.
pressamente veda-lhe o direito de greve e sindicalização
41, caput e § 4º, da CF)
(art. 142, § 3º, IV).
 nomeação para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público; 14) Disposições Constitucionais dos Servidores
 efetivo exercício por 3 anos, cumprindo o estágio Públicos
probatório
 avaliação especial e obrigatória de desempenho a
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e
ser realizada por comissão instituída para essa finalidade. os Municípios instituirão conselho de política de ad-
ministração e remuneração de pessoal, integrado por
11) Da perda do cargo – O servidor público não servidores designados pelos respectivos Poderes.
está sob a conveniência do administrador e sim da admi- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
nistração. Por isso, uma vez alcançada a estabilidade, o demais componentes do sistema remuneratório obser-
servidor somente perderá o cargo nas seguintes condi- vará:
ções: (art .41, § 1º CF) I – a natureza, o grau de responsabilidade e a
a) em virtude de sentença judicial transitada em jul- complexidade dos cargos componentes de cada car-
gado. reira;
b) mediante processo administrativo em que lhe seja II – os requisitos para a investidura;
assegurada a ampla defesa III – as peculiaridades dos cargos.
c) mediante procedimento de avaliação periódica de § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal
desempenho na forma de lei complementar, assegurada a manterão escolas de governo para a formação e o
ampla defesa. aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituin-
do-se a participação nos cursos um dos requisitos pa-
d) por redução de cargos para adequar a máquina
estatal às suas finanças, nos termo do art. 169, § 4º, da
ra a promoção na carreira, facultada, para isso, a ce-
CF/88. Neste caso, o servidor que perder o cargo fará jus lebração de convênios ou contratos entre os entes fe-
a uma indenização correspondente a um mês de remune- derados.
ração por ano de serviço. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII,
Caso a sentença que demita servidor estável seja in-
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, po-
validada, este será reintegrado.
dendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
Se o cargo ocupado por servidor público for extinto admissão quando a natureza do cargo o exigir.
ou declarado desnecessário, ele ficará em disponibilidade § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
com remuneração proporcional ao tempo de serviço até
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Esta-
aproveitamento em outro cargo.
duais e Municipais serão remunerados exclusivamen-
12) Vitaliciedade – É assegurada pela CF/88 a ma- te por subsídio fixado em parcela única, vedado o
gistrados, membros dos Tribunais de Contas e membros acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
do Ministério Público; essa garantia não impede a perda prêmio, verba de representação ou outra espécie re-
do cargo pelo vitalício em 2 hipóteses: extinção do car- muneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto
go, caso em que o titular ficará em disponibilidade com no art. 37, X e XI.
vencimentos integrais; e demissão, o que só poderá ocor-
rer em virtude de sentença judicial.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios poderá estabelecer a relação en-
13) Sindicalização e greve dos servidores públi- tre a maior e a menor remuneração dos servidores
cos – Como já falamos ao comentar o art. 37, VI e VII da públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no
CF, o servidor público terá direito à associação sindical e art. 37, XI.
à greve. Quanto à greve, trata-se de norma de eficácia
limitada que necessita de lei que a regulamente. A asso-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciá-
ciação sindical somente passou a existir com a introdu- rio publicarão anualmente os valores do subsídio e da
ção da EC n.º 19/98. remuneração dos cargos e empregos públicos.
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Fede-
O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em
ral e dos Municípios disciplinará a aplicação de re-
outubro de 2007, o direito de greve dos servidores públi-
cursos orçamentários provenientes da economia com
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despesas correntes em cada órgão, autarquia e fun- § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
dação, para aplicação no desenvolvimento de pro- diferenciados para concessão de benefícios em regi-
gramas de qualidade e produtividade, treinamento e me próprio de previdência social, ressalvado o dis-
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e posto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada pe-
racionalização do serviço público, inclusive sob a la Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
forma de adicional ou prêmio de produtividade. § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei com-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos or- plementar do respectivo ente federativo idade e tempo
ganizados em carreira poderá ser fixada nos termos de contribuição diferenciados para aposentadoria de
do § 4º. servidores com deficiência, previamente submetidos a
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
caráter temporário ou vinculadas ao exercício de fun- profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
ção de confiança ou de cargo em comissão à remune- Constitucional nº 103, de 2019)
ração do cargo efetivo. (Incluído pela Emenda Cons- § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei com-
titucional nº 103, de 2019) plementar do respectivo ente federativo idade e tempo
Art. 40. O regime próprio de previdência social de contribuição diferenciados para aposentadoria de
dos servidores titulares de cargos efetivos terá cará- ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agen-
ter contributivo e solidário, mediante contribuição do te socioeducativo ou de policial dos órgãos de que
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII
aposentados e de pensionistas, observados critérios do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art.
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Re- 144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
dação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
2019) § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei com-
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de plementar do respectivo ente federativo idade e tempo
previdência social será aposentado: (Redação dada de contribuição diferenciados para aposentadoria de
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) servidores cujas atividades sejam exercidas com efe-
I - por incapacidade permanente para o traba- tiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
lho, no cargo em que estiver investido, quando insus- prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
cetível de readaptação, hipótese em que será obriga- vedada a caracterização por categoria profissional
tória a realização de avaliações periódicas para veri- ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional
ficação da continuidade das condições que ensejaram nº 103, de 2019)
a concessão da aposentadoria, na forma de lei do § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão
respectivo ente federativo; (Redação dada pela idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) às idades decorrentes da aplicação do disposto no in-
II - compulsoriamente, com proventos proporci- ciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efeti-
onais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos vo exercício das funções de magistério na educação
de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
na forma de lei complementar; (Redação dada pela complementar do respectivo ente federativo. (Reda-
Emenda Constitucional nº 88, de 2015) (Vide Lei ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
Complementar nº 152, de 2015) 2019)
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição,
anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria
do Distrito Federal e dos Municípios, na idade míni- à conta de regime próprio de previdência social, apli-
ma estabelecida mediante emenda às respectivas cando-se outras vedações, regras e condições para a
Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo acumulação de benefícios previdenciários estabeleci-
de contribuição e os demais requisitos estabelecidos das no Regime Geral de Previdência Social. (Redação
em lei complementar do respectivo ente federativo. dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201,
de 2019) quando se tratar da única fonte de renda formal aufe-
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão rida pelo dependente, o benefício de pensão por morte
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º será concedido nos termos de lei do respectivo ente
do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabele- federativo, a qual tratará de forma diferenciada a hi-
cido para o Regime Geral de Previdência Social, ob- pótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B
servado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pe- decorrente de agressão sofrida no exercício ou em ra-
la Emenda Constitucional nº 103, de 2019) zão da função. (Redação dada pela Emenda Constitu-
§ 3º As regras para cálculo de proventos de apo- cional nº 103, de 2019)
sentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Consti- para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
tucional nº 103, de 2019) real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Reda-

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ção dada pela Emenda Constitucional nº 41, (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
19.12.2003) 15/12/98)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, § 17. Todos os valores de remuneração conside-
distrital ou municipal será contado para fins de apo- rados para o cálculo do benefício previsto no § 3° se-
sentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do rão devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluí-
art. 201, e o tempo de serviço correspondente será do pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
contado para fins de disponibilidade. (Redação dada § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer que trata este artigo que superem o limite máximo es-
forma de contagem de tempo de contribuição fictício. tabelecido para os benefícios do regime geral de pre-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de vidência social de que trata o art. 201, com percentu-
15/12/98) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de al igual ao estabelecido para os servidores titulares
1998) de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constituci-
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à onal nº 41, 19.12.2003) (Vide ADIN 3133) (Vide
soma total dos proventos de inatividade, inclusive ADIN 3143) (Vide ADIN 3184)
quando decorrentes da acumulação de cargos ou em- § 19. Observados critérios a serem estabelecidos
pregos públicos, bem como de outras atividades sujei- em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular
tas a contribuição para o regime geral de previdência de cargo efetivo que tenha completado as exigências
social, e ao montante resultante da adição de proven- para a aposentadoria voluntária e que opte por per-
tos de inatividade com remuneração de cargo acumu- manecer em atividade poderá fazer jus a um abono de
lável na forma desta Constituição, cargo em comissão permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e contribuição previdenciária, até completar a idade
de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucio- para aposentadoria compulsória. (Redação
nal nº 20, de 15/12/98) dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão obser- § 20. É vedada a existência de mais de um regi-
vados, em regime próprio de previdência social, no me próprio de previdência social e de mais de um ór-
que couber, os requisitos e critérios fixados para o gão ou entidade gestora desse regime em cada ente
Regime Geral de Previdência Social. (Redação federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e en-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tidades autárquicas e fundacionais, que serão respon-
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, ex- sáveis pelo seu financiamento, observados os crité-
clusivamente, de cargo em comissão declarado em lei rios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na
de livre nomeação e exoneração, de outro cargo tem- lei complementar de que trata o § 22. (Redação dada
porário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
público, o Regime Geral de Previdência Social. (Re- § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda
dação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de Constitucional nº 103, de 2019)
2019) § 22. Vedada a instituição de novos regimes pró-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e prios de previdência social, lei complementar federal
os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do res- estabelecerá, para os que já existam, normas gerais
pectivo Poder Executivo, regime de previdência com- de organização, de funcionamento e de responsabili-
plementar para servidores públicos ocupantes de car- dade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
go efetivo, observado o limite máximo dos benefícios sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
do Regime Geral de Previdência Social para o valor de 2019)
das aposentadorias e das pensões em regime próprio I - requisitos para sua extinção e consequente
de previdência social, ressalvado o disposto no § migração para o Regime Geral de Previdência Soci-
16. (Redação dada pela Emenda Constitucio- al; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
nal nº 103, de 2019) 2019)
§ 15. O regime de previdência complementar de II - modelo de arrecadação, de aplicação e de
que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somen- utilização dos recursos; (Incluído pela Emenda Cons-
te na modalidade contribuição definida, observará o titucional nº 103, de 2019)
disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio III - fiscalização pela União e controle externo e
de entidade fechada de previdência complementar ou social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de entidade aberta de previdência complemen- de 2019)
tar. (Redação dada pela Emenda Constitucio- IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
nal nº 103, de 2019) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa 2019)
opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado V - condições para instituição do fundo com fina-
ao servidor que tiver ingressado no serviço público lidade previdenciária de que trata o art. 249 e para
até a data da publicação do ato de instituição do cor- vinculação a ele dos recursos provenientes de contri-
respondente regime de previdência complementar. buições e dos bens, direitos e ativos de qualquer natu-

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reza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 15) Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal
2019) e dos Territórios
VI - mecanismos de equacionamento do déficit Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Cor-
atuarial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº pos de Bombeiros Militares, instituições organizadas
103, de 2019) com base na hierarquia e disciplina, são militares dos
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação
do regime, observados os princípios relacionados dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
com governança, controle interno e transparência; § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Dis-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de trito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fi-
2019) xado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, §
VIII - condições e hipóteses para responsabiliza- 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual espe-
ção daqueles que desempenhem atribuições relacio- cífica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso
nadas, direta ou indiretamente, com a gestão do re- X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos res-
gime; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, pectivos governadores. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)
de 2019)
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do
IX - condições para adesão a consórcio público;
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fi-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de xado em lei específica do respectivo ente estatal. (Reda-
2019) ção dada pela Emenda Constitucional nº 41,
X - parâmetros para apuração da base de cálcu- 19.12.2003)
lo e definição de alíquota de contribuições ordinárias § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito
e extraordinárias. (Incluído pela Emenda Constituci- Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inciso
onal nº 103, de 2019) XVI, com prevalência da atividade militar. (Incluído pe-
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo la Emenda Constitucional nº 101, de 2019)
exercício os servidores nomeados para cargo de pro-
vimento efetivo em virtude de concurso público. (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 6. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO - LEI
1998) Nº 12.527/2011
§ 1º O servidor público estável só perderá o car- Nota introdutória
go: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
A Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, tam-
de 1998)
bém conhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI),
I - em virtude de sentença judicial transitada em é um instrumento legal fundamental para o fortaleci-
julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, mento da democracia, da transparência e do controle
de 1998) social no Brasil. A LAI estabelece diretrizes e mecanis-
II - mediante processo administrativo em que lhe mos que garantem aos cidadãos o acesso a informações
seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda públicas, permitindo maior fiscalização e acompanha-
Constitucional nº 19, de 1998) mento das ações governamentais.
III - mediante procedimento de avaliação perió-
dica de desempenho, na forma de lei complementar, A Lei de Acesso à Informação estipula que todas as
assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda informações produzidas ou custodiadas pelos órgãos e
entidades públicas, de todos os níveis de governo (fede-
Constitucional nº 19, de 1998)
ral, estadual, distrital e municipal), devem ser disponibi-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão
lizadas ao público, exceto em casos específicos previstos
do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual em lei, como informações classificadas por razões de
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo segurança nacional, sigilo comercial ou proteção à pri-
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em vacidade.
outro cargo ou posto em disponibilidade com remune-
ração proporcional ao tempo de serviço. (Redação A LAI também define prazos e procedimentos para
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) atendimento aos pedidos de acesso à informação, bem
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne- como estabelece a obrigatoriedade da divulgação proa-
cessidade, o servidor estável ficará em disponibilida- tiva de informações de interesse público nos sítios ele-
trônicos dos órgãos e entidades públicas. Além disso, a
de, com remuneração proporcional ao tempo de ser-
lei prevê mecanismos de responsabilização e penalida-
viço, até seu adequado aproveitamento em outro car-
des para os agentes públicos que não observarem as
go. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
disposições legais.
de 1998)
§ 4º Como condição para a aquisição da estabi- Em suma, a Lei de Acesso à Informação é um mar-
lidade, é obrigatória a avaliação especial de desem- co na promoção da transparência e da participação so-
penho por comissão instituída para essa finalidade. cial no Brasil, contribuindo para o combate à corrup-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ção, a eficiência da gestão pública e o exercício da ci-
dadania.

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Texto normativo: nhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou for-
mato;
Lei nº 12.527/2011
II - documento: unidade de registro de informações,
Regula o acesso a informações previsto no inciso qualquer que seja o suporte ou formato;
XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o III - informação sigilosa: aquela submetida tempo-
do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei n o rariamente à restrição de acesso público em razão de sua
8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei n o imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do
11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei n o Estado;
8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providên- IV - informação pessoal: aquela relacionada à pes-
cias. soa natural identificada ou identificável;
V - tratamento da informação: conjunto de ações re-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber ferentes à produção, recepção, classificação, utilização,
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
guinte Lei:
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação,
destinação ou controle da informação;
CAPÍTULO I VI - disponibilidade: qualidade da informação que
DISPOSIÇÕES GERAIS pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipa-
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a se- mentos ou sistemas autorizados;
rem observados pela União, Estados, Distrito Federal e VII - autenticidade: qualidade da informação que
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informa- tenha sido produzida, expedida, recebida ou modificada
ções previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do por determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
§ 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Fede- VIII - integridade: qualidade da informação não
ral. modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e desti-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta no;
Lei: IX - primariedade: qualidade da informação coleta-
I - os órgãos públicos integrantes da administração da na fonte, com o máximo de detalhamento possível,
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as sem modificações.
Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de aces-
II - as autarquias, as fundações públicas, as empre- so à informação, que será franqueada, mediante proce-
sas públicas, as sociedades de economia mista e demais dimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e
entidades controladas direta ou indiretamente pela Uni- em linguagem de fácil compreensão.
ão, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que CAPÍTULO II
couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que re- DO ACESSO A INFORMAÇÕES E
cebam, para realização de ações de interesse público, re- DA SUA DIVULGAÇÃO
cursos públicos diretamente do orçamento ou mediante Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder públi-
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parce- co, observadas as normas e procedimentos específicos
ria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos aplicáveis, assegurar a:
congêneres. I - gestão transparente da informação, propiciando
Parágrafo único. A publicidade a que estão subme- amplo acesso a ela e sua divulgação;
tidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela II - proteção da informação, garantindo-se sua dis-
dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem ponibilidade, autenticidade e integridade; e
prejuízo das prestações de contas a que estejam legal- III - proteção da informação sigilosa e da informa-
mente obrigadas. ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autentici-
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei desti- dade, integridade e eventual restrição de acesso.
nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à in- Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei
formação e devem ser executados em conformidade com compreende, entre outros, os direitos de obter:
os princípios básicos da administração pública e com as I - orientação sobre os procedimentos para a conse-
seguintes diretrizes: cução de acesso, bem como sobre o local onde poderá
I - observância da publicidade como preceito geral e ser encontrada ou obtida a informação almejada;
do sigilo como exceção; II - informação contida em registros ou documen-
II - divulgação de informações de interesse público, tos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti-
independentemente de solicitações; dades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
III - utilização de meios de comunicação viabiliza- III - informação produzida ou custodiada por pessoa
dos pela tecnologia da informação; física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo
transparência na administração pública; já tenha cessado;
V - desenvolvimento do controle social da adminis- IV - informação primária, íntegra, autêntica e atua-
tração pública. lizada;
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se: V - informação sobre atividades exercidas pelos ór-
I - informação: dados, processados ou não, que po- gãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, or-
dem ser utilizados para produção e transmissão de co- ganização e serviços;

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VI - informação pertinente à administração do pa- § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma
trimônio público, utilização de recursos públicos, licita- de regulamento, atender, entre outros, aos seguintes re-
ção, contratos administrativos; e quisitos:
a) à implementação, acompanhamento e resultados I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que
dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades permita o acesso à informação de forma objetiva, trans-
públicas, bem como metas e indicadores propostos; parente, clara e em linguagem de fácil compreensão;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos
e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietá-
interno e externo, incluindo prestações de contas relati- rios, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a
vas a exercícios anteriores. análise das informações;
VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas
2022) externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não máquina;
compreende as informações referentes a projetos de pes- IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados pa-
quisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo ra estruturação da informação;
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do V - garantir a autenticidade e a integridade das in-
Estado. formações disponíveis para acesso;
§ 2o Quando não for autorizado acesso integral à in- VI - manter atualizadas as informações disponíveis
formação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado para acesso;
o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extra- VII - indicar local e instruções que permitam ao in-
to ou cópia com ocultação da parte sob sigilo. teressado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica,
§ 3o O direito de acesso aos documentos ou às in- com o órgão ou entidade detentora do sítio; e
formações neles contidas utilizados como fundamento da VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a
tomada de decisão e do ato administrativo será assegura- acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência,
do com a edição do ato decisório respectivo. nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezem-
§ 4o A negativa de acesso às informações objeto de bro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos
pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Le-
1o, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a gislativo no 186, de 9 de julho de 2008.
medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. § 4o Os Municípios com população de até 10.000
§ 5o Informado do extravio da informação solicita- (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação
da, poderá o interessado requerer à autoridade competen- obrigatória na internet a que se refere o § 2 o, mantida a
te a imediata abertura de sindicância para apurar o desa- obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de infor-
parecimento da respectiva documentação. mações relativas à execução orçamentária e financeira,
§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste ar- nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com-
tigo, o responsável pela guarda da informação extraviada plementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Respon-
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indi- sabilidade Fiscal).
car testemunhas que comprovem sua alegação. Art. 9o O acesso a informações públicas será asse-
Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas gurado mediante:
promover, independentemente de requerimentos, a di- I - criação de serviço de informações ao cidadão,
vulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas nos órgãos e entidades do poder público, em local com
competências, de informações de interesse coletivo ou condições apropriadas para:
geral por eles produzidas ou custodiadas. a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere informações;
o caput, deverão constar, no mínimo: b) informar sobre a tramitação de documentos nas
I - registro das competências e estrutura organizaci- suas respectivas unidades;
onal, endereços e telefones das respectivas unidades e c) protocolizar documentos e requerimentos de
horários de atendimento ao público; acesso a informações; e
II - registros de quaisquer repasses ou transferências II - realização de audiências ou consultas públicas,
de recursos financeiros; incentivo à participação popular ou a outras formas de
III - registros das despesas; divulgação.
IV - informações concernentes a procedimentos li-
citatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, CAPÍTULO III
bem como a todos os contratos celebrados; DO PROCEDIMENTO DE ACESSO
V - dados gerais para o acompanhamento de pro- À INFORMAÇÃO
gramas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e Seção I
VI - respostas a perguntas mais frequentes da socie- Do Pedido de Acesso
dade. Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pe-
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os ór- dido de acesso a informações aos órgãos e entidades re-
gãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios feridos no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo,
e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obri- devendo o pedido conter a identificação do requerente e
gatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial a especificação da informação requerida.
de computadores (internet).

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§ 1o Para o acesso a informações de interesse públi- § 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no
co, a identificação do requerente não pode conter exi- § 1º deste artigo aquele cuja situação econômica não lhe
gências que inviabilizem a solicitação. permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem família, declarada nos termos da Lei nº 7.115, de 29 de
viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021)
acesso por meio de seus sítios oficiais na internet. (Vigência)
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação
motivos determinantes da solicitação de informações de contida em documento cuja manipulação possa prejudi-
interesse público. car sua integridade, deverá ser oferecida a consulta de
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autori- cópia, com certificação de que esta confere com o origi-
zar ou conceder o acesso imediato à informação disponí- nal.
vel. Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imedia- de cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas ex-
to, na forma disposta no caput, o órgão ou entidade que pensas e sob supervisão de servidor público, a reprodu-
receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20 ção seja feita por outro meio que não ponha em risco a
(vinte) dias: conservação do documento original.
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão; de decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa,
total ou parcial, do acesso pretendido; ou Seção II
III - comunicar que não possui a informação, indi- Dos Recursos
car, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a in-
que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse formações ou às razões da negativa do acesso, poderá o
órgão ou entidade, cientificando o interessado da remes- interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de
sa de seu pedido de informação. 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado Parágrafo único. O recurso será dirigido à autori-
por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, dade hierarquicamente superior à que exarou a decisão
da qual será cientificado o requerente. impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cin-
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das co) dias.
informações e do cumprimento da legislação aplicável, o Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos
órgão ou entidade poderá oferecer meios para que o pró- ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente
prio requerente possa pesquisar a informação de que ne- poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que de-
cessitar. liberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tra- I - o acesso à informação não classificada como si-
tar de informação total ou parcialmente sigilosa, o reque- gilosa for negado;
rente deverá ser informado sobre a possibilidade de re- II - a decisão de negativa de acesso à informação to-
curso, prazos e condições para sua interposição, deven- tal ou parcialmente classificada como sigilosa não indi-
do, ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente para car a autoridade classificadora ou a hierarquicamente su-
sua apreciação. perior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou
§ 5o A informação armazenada em formato digital desclassificação;
será fornecida nesse formato, caso haja anuência do re- III - os procedimentos de classificação de informa-
querente. ção sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido ob-
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível servados; e
ao público em formato impresso, eletrônico ou em qual- IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou ou-
quer outro meio de acesso universal, serão informados ao tros procedimentos previstos nesta Lei.
requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual se § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá
poderá consultar, obter ou reproduzir a referida informa- ser dirigido à Controladoria-Geral da União depois de
ção, procedimento esse que desonerará o órgão ou enti- submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade
dade pública da obrigação de seu fornecimento direto, hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão
salvo se o requerente declarar não dispor de meios para impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
realizar por si mesmo tais procedimentos. § 2o Verificada a procedência das razões do recurso,
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de in- a Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou
formação é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, entidade que adote as providências necessárias para dar
de 2021) (Vigência) cumprimento ao disposto nesta Lei.
§ 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusi- § 3o Negado o acesso à informação pela Controla-
vamente o valor necessário ao ressarcimento dos custos doria-Geral da União, poderá ser interposto recurso à
dos serviços e dos materiais utilizados, quando o serviço Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se
de busca e de fornecimento da informação exigir repro- refere o art. 35.
dução de documentos pelo órgão ou pela entidade públi- Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de
ca consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) desclassificação de informação protocolado em órgão da
(Vigência) administração pública federal, poderá o requerente recor-
rer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das com-

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petências da Comissão Mista de Reavaliação de Infor- tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros
mações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. Estados e organismos internacionais;
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da
ser dirigido às autoridades mencionadas depois de sub- população;
metido à apreciação de pelo menos uma autoridade hie- IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
rarquicamente superior à autoridade que exarou a deci- econômica ou monetária do País;
são impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao res- V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
pectivo Comando. estratégicos das Forças Armadas;
§ 2o Indeferido o recurso previsto no caput que te- VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesqui-
nha como objeto a desclassificação de informação secre- sa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim
ta ou ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse
Reavaliação de Informações prevista no art. 35. estratégico nacional;
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
denegatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus famili-
de revisão de classificação de documentos sigilosos se- ares; ou
rão objeto de regulamentação própria dos Poderes Legis- VIII - comprometer atividades de inteligência, bem
lativo e Judiciário e do Ministério Público, em seus res- como de investigação ou fiscalização em andamento, re-
pectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer lacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.
caso, o direito de ser informado sobre o andamento de Art. 24. A informação em poder dos órgãos e enti-
seu pedido. dades públicas, observado o seu teor e em razão de sua
Art. 19. (VETADO). imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Es-
§ 1o (VETADO). tado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta
§ 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério ou reservada.
Público informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao § 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à in-
Conselho Nacional do Ministério Público, respectiva- formação, conforme a classificação prevista no caput,
mente, as decisões que, em grau de recurso, negarem vigoram a partir da data de sua produção e são os seguin-
acesso a informações de interesse público. tes:
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimen- II - secreta: 15 (quinze) anos; e
to de que trata este Capítulo. III - reservada: 5 (cinco) anos.
§ 2o As informações que puderem colocar em risco
CAPÍTULO IV a segurança do Presidente e Vice-Presidente da Repúbli-
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO ca e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas
À INFORMAÇÃO como reservadas e ficarão sob sigilo até o término do
Seção I mandato em exercício ou do último mandato, em caso de
Disposições Gerais reeleição.
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação § 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1 o,
necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos poderá ser estabelecida como termo final de restrição de
fundamentais. acesso a ocorrência de determinado evento, desde que
Parágrafo único. As informações ou documentos este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de clas-
que versem sobre condutas que impliquem violação dos sificação.
direitos humanos praticada por agentes públicos ou a § 4o Transcorrido o prazo de classificação ou con-
mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de sumado o evento que defina o seu termo final, a infor-
restrição de acesso. mação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais § 5o Para a classificação da informação em determi-
hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as nado grau de sigilo, deverá ser observado o interesse pú-
hipóteses de segredo industrial decorrentes da explora- blico da informação e utilizado o critério menos restriti-
ção direta de atividade econômica pelo Estado ou por vo possível, considerados:
pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer I - a gravidade do risco ou dano à segurança da so-
vínculo com o poder público. ciedade e do Estado; e
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o
Seção II evento que defina seu termo final.
Da Classificação da Informação quanto
ao Grau e Prazos de Sigilo Seção III
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segu- Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
rança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a
classificação as informações cuja divulgação ou acesso divulgação de informações sigilosas produzidas por seus
irrestrito possam: órgãos e entidades, assegurando a sua proteção.
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou § 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de in-
a integridade do território nacional; formação classificada como sigilosa ficarão restritos a
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de nego- pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que se-
ciações ou as relações internacionais do País, ou as que jam devidamente credenciadas na forma do regulamento,

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sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos autori- avaliação de Informações, a que se refere o art. 35, no
zados por lei. prazo previsto em regulamento.
§ 2o O acesso à informação classificada como sigi- Art. 28. A classificação de informação em qualquer
losa cria a obrigação para aquele que a obteve de res- grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que
guardar o sigilo. conterá, no mínimo, os seguintes elementos:
§ 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e I - assunto sobre o qual versa a informação;
medidas a serem adotados para o tratamento de informa- II - fundamento da classificação, observados os cri-
ção sigilosa, de modo a protegê-la contra perda, altera- térios estabelecidos no art. 24;
ção indevida, acesso, transmissão e divulgação não auto- III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos,
rizados. meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final,
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as provi- conforme limites previstos no art. 24; e
dências necessárias para que o pessoal a elas subordina- IV - identificação da autoridade que a classificou.
do hierarquicamente conheça as normas e observe as Parágrafo único. A decisão referida no caput será
medidas e procedimentos de segurança para tratamento mantida no mesmo grau de sigilo da informação classifi-
de informações sigilosas. cada.
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade priva- Art. 29. A classificação das informações será reava-
da que, em razão de qualquer vínculo com o poder públi- liada pela autoridade classificadora ou por autoridade hi-
co, executar atividades de tratamento de informações si- erarquicamente superior, mediante provocação ou de ofí-
gilosas adotará as providências necessárias para que seus cio, nos termos e prazos previstos em regulamento, com
empregados, prepostos ou representantes observem as vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de si-
medidas e procedimentos de segurança das informações gilo, observado o disposto no art. 24.
resultantes da aplicação desta Lei. § 1o O regulamento a que se refere o caput deverá
considerar as peculiaridades das informações produzidas
Seção IV no exterior por autoridades ou agentes públicos.
Dos Procedimentos de Classificação § 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão
Reclassificação e Desclassificação ser examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a
Art. 27. A classificação do sigilo de informações no possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da di-
âmbito da administração pública federal é de competên- vulgação da informação.
cia: § 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autorida- informação, o novo prazo de restrição manterá como
des: termo inicial a data da sua produção.
a) Presidente da República; Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou en-
b) Vice-Presidente da República; tidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na in-
c) Ministros de Estado e autoridades com as mes- ternet e destinado à veiculação de dados e informações
mas prerrogativas; administrativas, nos termos de regulamento:
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae- I - rol das informações que tenham sido desclassifi-
ronáutica; e cadas nos últimos 12 (doze) meses;
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares II - rol de documentos classificados em cada grau
permanentes no exterior; de sigilo, com identificação para referência futura;
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no III - relatório estatístico contendo a quantidade de
inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou empre- pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferi-
sas públicas e sociedades de economia mista; e dos, bem como informações genéricas sobre os solicitan-
III - no grau de reservado, das autoridades referidas tes.
nos incisos I e II e das que exerçam funções de direção, § 1o Os órgãos e entidades deverão manter exem-
comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do plar da publicação prevista no caput para consulta públi-
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de hie- ca em suas sedes.
rarquia equivalente, de acordo com regulamentação es- § 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a
pecífica de cada órgão ou entidade, observado o disposto lista de informações classificadas, acompanhadas da da-
nesta Lei. ta, do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no
que se refere à classificação como ultrassecreta e secreta, Seção V
poderá ser delegada pela autoridade responsável a agente Das Informações Pessoais
público, inclusive em missão no exterior, vedada a sub- Art. 31. O tratamento das informações pessoais de-
delegação. ve ser feito de forma transparente e com respeito à inti-
§ 2o A classificação de informação no grau de sigilo midade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem
ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e como às liberdades e garantias individuais.
“e” do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos § 1o As informações pessoais, a que se refere este
Ministros de Estado, no prazo previsto em regulamento. artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e ima-
§ 3o A autoridade ou outro agente público que clas- gem:
sificar informação como ultrassecreta deverá encaminhar I - terão seu acesso restrito, independentemente de
a decisão de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Re- classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem)
anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos

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legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referi- I - para fins dos regulamentos disciplinares das For-
rem; e ças Armadas, transgressões militares médias ou graves,
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso segundo os critérios neles estabelecidos, desde que não
por terceiros diante de previsão legal ou consentimento tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou
expresso da pessoa a que elas se referirem. II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de dezembro de 1990, e suas alterações, infrações adminis-
que trata este artigo será responsabilizado por seu uso trativas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com sus-
indevido. pensão, segundo os critérios nela estabelecidos.
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1 o § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o
não será exigido quando as informações forem necessá- militar ou agente público responder, também, por impro-
rias: bidade administrativa, conforme o disposto nas Leis nos
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pes- 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de
soa estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização 1992.
única e exclusivamente para o tratamento médico; Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que de-
II - à realização de estatísticas e pesquisas científi- tiver informações em virtude de vínculo de qualquer na-
cas de evidente interesse público ou geral, previstos em tureza com o poder público e deixar de observar o dis-
lei, sendo vedada a identificação da pessoa a que as in- posto nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções:
formações se referirem; I - advertência;
III - ao cumprimento de ordem judicial; II - multa;
IV - à defesa de direitos humanos; ou III - rescisão do vínculo com o poder público;
V - à proteção do interesse público e geral prepon- IV - suspensão temporária de participar em licitação
derante. e impedimento de contratar com a administração pública
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à por prazo não superior a 2 (dois) anos; e
vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser V - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
invocada com o intuito de prejudicar processo de apura- tratar com a administração pública, até que seja promo-
ção de irregularidades em que o titular das informações vida a reabilitação perante a própria autoridade que apli-
estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a cou a penalidade.
recuperação de fatos históricos de maior relevância. § 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV po-
§ 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos derão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, asse-
para tratamento de informação pessoal. gurado o direito de defesa do interessado, no respectivo
processo, no prazo de 10 (dez) dias.
CAPÍTULO V § 2o A reabilitação referida no inciso V será autori-
DAS RESPONSABILIDADES zada somente quando o interessado efetivar o ressarci-
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam mento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e
responsabilidade do agente público ou militar: após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos inciso IV.
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu forne- § 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de
cimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incor- competência exclusiva da autoridade máxima do órgão
reta, incompleta ou imprecisa; ou entidade pública, facultada a defesa do interessado,
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des- no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da
truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou abertura de vista.
parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem
ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do diretamente pelos danos causados em decorrência da di-
exercício das atribuições de cargo, emprego ou função vulgação não autorizada ou utilização indevida de infor-
pública; mações sigilosas ou informações pessoais, cabendo a
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita- apuração de responsabilidade funcional nos casos de do-
ções de acesso à informação; lo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à
permitir acesso indevido à informação sigilosa ou infor- pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vín-
mação pessoal; culo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, te-
V - impor sigilo à informação para obter proveito nha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato a tratamento indevido.
ilegal cometido por si ou por outrem;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com- CAPÍTULO VI
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a ou- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
trem, ou em prejuízo de terceiros; e Art. 35. (VETADO).
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu- § 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação
mentos concernentes a possíveis violações de direitos de Informações, que decidirá, no âmbito da administra-
humanos por parte de agentes do Estado. ção pública federal, sobre o tratamento e a classificação
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla de informações sigilosas e terá competência para:
defesa e do devido processo legal, as condutas descritas
no caput serão consideradas:

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I - requisitar da autoridade que classificar informa- § 1o A restrição de acesso a informações, em razão
ção como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou con- da reavaliação prevista no caput, deverá observar os
teúdo, parcial ou integral da informação; prazos e condições previstos nesta Lei.
II - rever a classificação de informações ultrassecre- § 2o No âmbito da administração pública federal, a
tas ou secretas, de ofício ou mediante provocação de reavaliação prevista no caput poderá ser revista, a qual-
pessoa interessada, observado o disposto no art. 7 o e de- quer tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de In-
mais dispositivos desta Lei; e formações, observados os termos desta Lei.
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação clas- § 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavalia-
sificada como ultrassecreta, sempre por prazo determi- ção previsto no caput, será mantida a classificação da in-
nado, enquanto o seu acesso ou divulgação puder ocasi- formação nos termos da legislação precedente.
onar ameaça externa à soberania nacional ou à integrida- § 4o As informações classificadas como secretas e
de do território nacional ou grave risco às relações inter- ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto no caput
nacionais do País, observado o prazo previsto no § 1 o do serão consideradas, automaticamente, de acesso público.
art. 24. Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da
§ 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou
única renovação. entidade da administração pública federal direta e indire-
§ 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II ta designará autoridade que lhe seja diretamente subordi-
do § 1o deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) nada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade,
anos, após a reavaliação prevista no art. 39, quando se exercer as seguintes atribuições:
tratar de documentos ultrassecretos ou secretos. I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
§ 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comis- acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos
são Mista de Reavaliação de Informações nos prazos objetivos desta Lei;
previstos no § 3o implicará a desclassificação automática II - monitorar a implementação do disposto nesta
das informações. Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu cum-
§ 5o Regulamento disporá sobre a composição, or- primento;
ganização e funcionamento da Comissão Mista de Rea- III - recomendar as medidas indispensáveis à im-
valiação de Informações, observado o mandato de 2 plementação e ao aperfeiçoamento das normas e proce-
(dois) anos para seus integrantes e demais disposições dimentos necessários ao correto cumprimento do dispos-
desta Lei. to nesta Lei; e
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resul- IV - orientar as respectivas unidades no que se refe-
tante de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá re ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regula-
às normas e recomendações constantes desses instrumen- mentos.
tos. Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Se- da administração pública federal responsável:
gurança Institucional da Presidência da República, o Nú- I - pela promoção de campanha de abrangência na-
cleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por cional de fomento à cultura da transparência na adminis-
objetivos: tração pública e conscientização do direito fundamental
I - promover e propor a regulamentação do creden- de acesso à informação;
ciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, ór- II - pelo treinamento de agentes públicos no que se
gãos e entidades para tratamento de informações sigilo- refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à
sas; e transparência na administração pública;
II - garantir a segurança de informações sigilosas, III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âm-
inclusive aquelas provenientes de países ou organizações bito da administração pública federal, concentrando e
internacionais com os quais a República Federativa do consolidando a publicação de informações estatísticas re-
Brasil tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qual- lacionadas no art. 30;
quer outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional
do Ministério das Relações Exteriores e dos demais ór- de relatório anual com informações atinentes à imple-
gãos competentes. mentação desta Lei.
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a com- Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o dispos-
posição, organização e funcionamento do NSC. to nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a con-
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de tar da data de sua publicação.
12 de novembro de 1997, em relação à informação de Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei n o 8.112, de
pessoa, física ou jurídica, constante de registro ou banco 11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte
de dados de entidades governamentais ou de caráter pú- redação:
blico. “Art. 116. ...................................................
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão ....................................................................
proceder à reavaliação das informações classificadas VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
como ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
(dois) anos, contado do termo inicial de vigência desta ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao
Lei. conhecimento de outra autoridade competente para apu-
ração;
............................................................” (NR)

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Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei n o 8.112, Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais
de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126- tem como fundamentos:
A: I - o respeito à privacidade;
“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsa- II - a autodeterminação informativa;
bilizado civil, penal ou administrativamente por dar ci- III - a liberdade de expressão, de informação, de
ência à autoridade superior ou, quando houver suspeita comunicação e de opinião;
de envolvimento desta, a outra autoridade competente IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da
para apuração de informação concernente à prática de imagem;
crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ain- V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a
da que em decorrência do exercício de cargo, emprego inovação;
ou função pública.” VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defe-
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos sa do consumidor; e
Municípios, em legislação própria, obedecidas as normas VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento
gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania
especialmente quanto ao disposto no art. 9o e na Seção II pelas pessoas naturais.
do Capítulo III. Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de
Art. 46. Revogam-se: tratamento realizada por pessoa natural ou por pessoa ju-
I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e rídica de direito público ou privado, independentemente
II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro do meio, do país de sua sede ou do país onde estejam lo-
de 1991. calizados os dados, desde que:
Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oiten- I - a operação de tratamento seja realizada no terri-
ta) dias após a data de sua publicação. tório nacional;
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Inde- II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a
pendência e 123o da República. oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o trata-
DILMA ROUSSEFF mento de dados de indivíduos localizados no território
José Eduardo Cardoso nacional; ou (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019)
Celso Luiz Nunes Amorim Vigência
Antônio de Aguiar Patriota III - os dados pessoais objeto do tratamento tenham
Miriam Belchior sido coletados no território nacional.
Paulo Bernardo Silva § 1º Consideram-se coletados no território nacional
Gleisi Hoffmann os dados pessoais cujo titular nele se encontre no mo-
José Elito Carvalho Siqueira mento da coleta.
Helena Chagas § 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste artigo
Luís Inácio Lucena Adams o tratamento de dados previsto no inciso IV do caput do
Jorge Hage Sobrinho art. 4º desta Lei.
Maria do Rosário Nunes Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de da-
dos pessoais:
I - realizado por pessoa natural para fins exclusiva-
7. LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS mente particulares e não econômicos;
PESSOAIS II - realizado para fins exclusivamente:
7.1. LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE a) jornalístico e artísticos; ou
2018. b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts.
7º e 11 desta Lei;
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais III - realizado para fins exclusivos de:
(LGPD) a) segurança pública;
b) defesa nacional;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- c) segurança do Estado; ou
guinte Lei: d) atividades de investigação e repressão de infra-
ções penais; ou
IV - provenientes de fora do território nacional e
CAPÍTULO I que não sejam objeto de comunicação, uso compartilha-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES do de dados com agentes de tratamento brasileiros ou
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados objeto de transferência internacional de dados com outro
pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural país que não o de proveniência, desde que o país de pro-
ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com veniência proporcione grau de proteção de dados pesso-
o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liber- ais adequado ao previsto nesta Lei.
dade e de privacidade e o livre desenvolvimento da per- § 1º O tratamento de dados pessoais previsto no in-
sonalidade da pessoa natural. ciso III será regido por legislação específica, que deverá
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta prever medidas proporcionais e estritamente necessárias
Lei são de interesse nacional e devem ser observadas pe- ao atendimento do interesse público, observados o devi-
la União, Estados, Distrito Federal e Municípios. (Inclu- do processo legal, os princípios gerais de proteção e os
ído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência direitos do titular previstos nesta Lei.

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§ 2º É vedado o tratamento dos dados a que se refe- mento de seus dados pessoais para uma finalidade de-
re o inciso III do caput deste artigo por pessoa de direito terminada;
privado, exceto em procedimentos sob tutela de pessoa XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer
jurídica de direito público, que serão objeto de informe operação de tratamento, mediante guarda do dado pesso-
específico à autoridade nacional e que deverão observar al ou do banco de dados;
a limitação imposta no § 4º deste artigo. XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto
§ 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas de dados armazenados em banco de dados, independen-
ou recomendações referentes às exceções previstas no temente do procedimento empregado;
inciso III do caput deste artigo e deverá solicitar aos res- XV - transferência internacional de dados: transfe-
ponsáveis relatórios de impacto à proteção de dados pes- rência de dados pessoais para país estrangeiro ou orga-
soais. nismo internacional do qual o país seja membro;
§ 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pesso- XVI - uso compartilhado de dados: comunicação,
ais de banco de dados de que trata o inciso III difusão, transferência internacional, interconexão de da-
do caput deste artigo poderá ser tratada por pessoa de di- dos pessoais ou tratamento compartilhado de bancos de
reito privado, salvo por aquela que possua capital inte- dados pessoais por órgãos e entidades públicos no cum-
gralmente constituído pelo poder público. (Redação da- primento de suas competências legais, ou entre esses e
da pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência entes privados, reciprocamente, com autorização especí-
Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se: fica, para uma ou mais modalidades de tratamento per-
I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa mitidas por esses entes públicos, ou entre entes privados;
natural identificada ou identificável; XVII - relatório de impacto à proteção de dados
II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre ori- pessoais: documentação do controlador que contém a
gem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião políti- descrição dos processos de tratamento de dados pessoais
ca, filiação a sindicato ou a organização de caráter reli- que podem gerar riscos às liberdades civis e aos direitos
gioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e meca-
vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vincu- nismos de mitigação de risco;
lado a uma pessoa natural; XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da
III - dado anonimizado: dado relativo a titular que administração pública direta ou indireta ou pessoa jurídi-
não possa ser identificado, considerando a utilização de ca de direito privado sem fins lucrativos legalmente
meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu constituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no Pa-
tratamento; ís, que inclua em sua missão institucional ou em seu ob-
IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados jetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada
pessoais, estabelecido em um ou em vários locais, em de caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico;
suporte eletrônico ou físico; e (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
V - titular: pessoa natural a quem se referem os da- XIX - autoridade nacional: órgão da administração
dos pessoais que são objeto de tratamento; pública responsável por zelar, implementar e fiscalizar o
VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de di- cumprimento desta Lei em todo o território nacional.
reito público ou privado, a quem competem as decisões (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
referentes ao tratamento de dados pessoais; Art. 6º As atividades de tratamento de dados pesso-
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito ais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios:
público ou privado, que realiza o tratamento de dados I - finalidade: realização do tratamento para propó-
pessoais em nome do controlador; sitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao
VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controla- titular, sem possibilidade de tratamento posterior de for-
dor e operador para atuar como canal de comunicação ma incompatível com essas finalidades;
entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade II - adequação: compatibilidade do tratamento com
Nacional de Proteção de Dados (ANPD); (Redação dada as finalidades informadas ao titular, de acordo com o
pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência contexto do tratamento;
IX - agentes de tratamento: o controlador e o opera- III - necessidade: limitação do tratamento ao míni-
dor; mo necessário para a realização de suas finalidades, com
X - tratamento: toda operação realizada com dados abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não
pessoais, como as que se referem a coleta, produção, re- excessivos em relação às finalidades do tratamento de
cepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, dados;
transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta
armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da in- facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do trata-
formação, modificação, comunicação, transferência, di- mento, bem como sobre a integralidade de seus dados
fusão ou extração; pessoais;
XI - anonimização: utilização de meios técnicos ra- V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de
zoáveis e disponíveis no momento do tratamento, por exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de
meio dos quais um dado perde a possibilidade de associ- acordo com a necessidade e para o cumprimento da fina-
ação, direta ou indireta, a um indivíduo; lidade de seu tratamento;
XII - consentimento: manifestação livre, informada VI - transparência: garantia, aos titulares, de infor-
e inequívoca pela qual o titular concorda com o trata- mações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a

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realização do tratamento e os respectivos agentes de tra- § 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é
tamento, observados os segredos comercial e industrial; público deve considerar a finalidade, a boa-fé e o inte-
VII - segurança: utilização de medidas técnicas e resse público que justificaram sua disponibilização.
administrativas aptas a proteger os dados pessoais de § 4º É dispensada a exigência do consentimento
acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilí- previsto no caput deste artigo para os dados tornados
citas de destruição, perda, alteração, comunicação ou di- manifestamente públicos pelo titular, resguardados os di-
fusão; reitos do titular e os princípios previstos nesta Lei.
VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir § 5º O controlador que obteve o consentimento refe-
a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados rido no inciso I do caput deste artigo que necessitar co-
pessoais; municar ou compartilhar dados pessoais com outros con-
IX - não discriminação: impossibilidade de realiza- troladores deverá obter consentimento específico do titu-
ção do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou lar para esse fim, ressalvadas as hipóteses de dispensa do
abusivos; consentimento previstas nesta Lei.
X - responsabilização e prestação de contas: de- § 6º A eventual dispensa da exigência do consenti-
monstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes mento não desobriga os agentes de tratamento das de-
e capazes de comprovar a observância e o cumprimento mais obrigações previstas nesta Lei, especialmente da
das normas de proteção de dados pessoais e, inclusive, observância dos princípios gerais e da garantia dos direi-
da eficácia dessas medidas. tos do titular.
§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a
CAPÍTULO II que se referem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser reali-
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS zado para novas finalidades, desde que observados os
Seção I propósitos legítimos e específicos para o novo tratamen-
Dos Requisitos para o Tratamento de Dados Pessoais to e a preservação dos direitos do titular, assim como os
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente po- fundamentos e os princípios previstos nesta Lei. (Incluí-
derá ser realizado nas seguintes hipóteses: do pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
I - mediante o fornecimento de consentimento pelo Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art.
titular; 7º desta Lei deverá ser fornecido por escrito ou por outro
II - para o cumprimento de obrigação legal ou regu- meio que demonstre a manifestação de vontade do titu-
latória pelo controlador; lar.
III - pela administração pública, para o tratamento e § 1º Caso o consentimento seja fornecido por es-
uso compartilhado de dados necessários à execução de crito, esse deverá constar de cláusula destacada das de-
políticas públicas previstas em leis e regulamentos ou mais cláusulas contratuais.
respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos § 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de que o
congêneres, observadas as disposições do Capítulo IV consentimento foi obtido em conformidade com o dis-
desta Lei; posto nesta Lei.
IV - para a realização de estudos por órgão de pes- § 3º É vedado o tratamento de dados pessoais medi-
quisa, garantida, sempre que possível, a anonimização ante vício de consentimento.
dos dados pessoais; § 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades
V - quando necessário para a execução de contrato determinadas, e as autorizações genéricas para o trata-
ou de procedimentos preliminares relacionados a contra- mento de dados pessoais serão nulas.
to do qual seja parte o titular, a pedido do titular dos da- § 5º O consentimento pode ser revogado a qualquer
dos; momento mediante manifestação expressa do titular, por
VI - para o exercício regular de direitos em proces- procedimento gratuito e facilitado, ratificados os trata-
so judicial, administrativo ou arbitral, esse último nos mentos realizados sob amparo do consentimento anteri-
termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei ormente manifestado enquanto não houver requerimento
de Arbitragem); de eliminação, nos termos do inciso VI do caput do art.
VII - para a proteção da vida ou da incolumidade fí- 18 desta Lei.
sica do titular ou de terceiro; § 6º Em caso de alteração de informação referida
VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em nos incisos I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o controla-
procedimento realizado por profissionais de saúde, servi- dor deverá informar ao titular, com destaque de forma
ços de saúde ou autoridade sanitária; (Redação dada pe- específica do teor das alterações, podendo o titular, nos
la Lei nº 13.853, de 2019) Vigência casos em que o seu consentimento é exigido, revogá-lo
IX - quando necessário para atender aos interesses caso discorde da alteração.
legítimos do controlador ou de terceiro, exceto no caso Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às
de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do ti- informações sobre o tratamento de seus dados, que deve-
tular que exijam a proteção dos dados pessoais; ou rão ser disponibilizadas de forma clara, adequada e os-
X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao tensiva acerca de, entre outras características previstas
disposto na legislação pertinente. em regulamentação para o atendimento do princípio do
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, livre acesso:
de 2019) Vigência I - finalidade específica do tratamento;
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.853, II - forma e duração do tratamento, observados os
de 2019) Vigência segredos comercial e industrial;

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III - identificação do controlador; c) realização de estudos por órgão de pesquisa, ga-
IV - informações de contato do controlador; rantida, sempre que possível, a anonimização dos dados
V - informações acerca do uso compartilhado de pessoais sensíveis;
dados pelo controlador e a finalidade; d) exercício regular de direitos, inclusive em contra-
VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o to e em processo judicial, administrativo e arbitral, este
tratamento; e último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de
VII - direitos do titular, com menção explícita aos 1996 (Lei de Arbitragem);
direitos contidos no art. 18 desta Lei. e) proteção da vida ou da incolumidade física do ti-
§ 1º Na hipótese em que o consentimento é requeri- tular ou de terceiro;
do, esse será considerado nulo caso as informações for- f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimen-
necidas ao titular tenham conteúdo enganoso ou abusivo to realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde
ou não tenham sido apresentadas previamente com ou autoridade sanitária; ou (Redação dada pela Lei nº
transparência, de forma clara e inequívoca. 13.853, de 2019) Vigência
§ 2º Na hipótese em que o consentimento é requeri- g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do
do, se houver mudanças da finalidade para o tratamento titular, nos processos de identificação e autenticação de
de dados pessoais não compatíveis com o consentimento cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os direi-
original, o controlador deverá informar previamente o ti- tos mencionados no art. 9º desta Lei e exceto no caso de
tular sobre as mudanças de finalidade, podendo o titular prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titu-
revogar o consentimento, caso discorde das alterações. lar que exijam a proteção dos dados pessoais.
§ 3º Quando o tratamento de dados pessoais for § 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer tra-
condição para o fornecimento de produto ou de serviço tamento de dados pessoais que revele dados pessoais
ou para o exercício de direito, o titular será informado sensíveis e que possa causar dano ao titular, ressalvado o
com destaque sobre esse fato e sobre os meios pelos disposto em legislação específica.
quais poderá exercer os direitos do titular elencados no § 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas
art. 18 desta Lei. “a” e “b” do inciso II do caput deste artigo pelos órgãos
Art. 10. O legítimo interesse do controlador somen- e pelas entidades públicas, será dada publicidade à refe-
te poderá fundamentar tratamento de dados pessoais para rida dispensa de consentimento, nos termos do inciso I
finalidades legítimas, consideradas a partir de situações do caput do art. 23 desta Lei.
concretas, que incluem, mas não se limitam a: § 3º A comunicação ou o uso compartilhado de da-
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e dos pessoais sensíveis entre controladores com objetivo
II - proteção, em relação ao titular, do exercício re- de obter vantagem econômica poderá ser objeto de veda-
gular de seus direitos ou prestação de serviços que o be- ção ou de regulamentação por parte da autoridade nacio-
neficiem, respeitadas as legítimas expectativas dele e os nal, ouvidos os órgãos setoriais do Poder Público, no
direitos e liberdades fundamentais, nos termos desta Lei. âmbito de suas competências.
§ 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo § 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilha-
interesse do controlador, somente os dados pessoais es- do entre controladores de dados pessoais sensíveis refe-
tritamente necessários para a finalidade pretendida pode- rentes à saúde com objetivo de obter vantagem econômi-
rão ser tratados. ca, exceto nas hipóteses relativas a prestação de serviços
§ 2º O controlador deverá adotar medidas para ga- de saúde, de assistência farmacêutica e de assistência à
rantir a transparência do tratamento de dados baseado em saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, incluídos
seu legítimo interesse. os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício
§ 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao con- dos interesses dos titulares de dados, e para permitir:
trolador relatório de impacto à proteção de dados pesso- (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
ais, quando o tratamento tiver como fundamento seu in- I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo
teresse legítimo, observados os segredos comercial e in- titular; ou (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigên-
dustrial. cia
II - as transações financeiras e administrativas resul-
Seção II tantes do uso e da prestação dos serviços de que trata es-
Do Tratamento de Dados Pessoais Sensíveis te parágrafo. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi-
Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis gência
somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: § 5º É vedado às operadoras de planos privados de
I - quando o titular ou seu responsável legal consen- assistência à saúde o tratamento de dados de saúde para a
tir, de forma específica e destacada, para finalidades es- prática de seleção de riscos na contratação de qualquer
pecíficas; modalidade, assim como na contratação e exclusão de
II - sem fornecimento de consentimento do titular, beneficiários. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi-
nas hipóteses em que for indispensável para: gência
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória Art. 12. Os dados anonimizados não serão conside-
pelo controlador; rados dados pessoais para os fins desta Lei, salvo quando
b) tratamento compartilhado de dados necessários à o processo de anonimização ao qual foram submetidos
execução, pela administração pública, de políticas públi- for revertido, utilizando exclusivamente meios próprios,
cas previstas em leis ou regulamentos; ou quando, com esforços razoáveis, puder ser revertido.

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§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar ou o responsável legal, utilizados uma única vez e sem
em consideração fatores objetivos, tais como custo e armazenamento, ou para sua proteção, e em nenhum ca-
tempo necessários para reverter o processo de anonimi- so poderão ser repassados a terceiro sem o consentimen-
zação, de acordo com as tecnologias disponíveis, e a uti- to de que trata o § 1º deste artigo.
lização exclusiva de meios próprios. § 4º Os controladores não deverão condicionar a
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como da- participação dos titulares de que trata o § 1º deste artigo
dos pessoais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados em jogos, aplicações de internet ou outras atividades ao
para formação do perfil comportamental de determinada fornecimento de informações pessoais além das estrita-
pessoa natural, se identificada. mente necessárias à atividade.
§ 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre pa- § 5º O controlador deve realizar todos os esforços
drões e técnicas utilizados em processos de anonimiza- razoáveis para verificar que o consentimento a que se re-
ção e realizar verificações acerca de sua segurança, ou- fere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável pela
vido o Conselho Nacional de Proteção de Dados Pesso- criança, consideradas as tecnologias disponíveis.
ais. § 6º As informações sobre o tratamento de dados re-
Art. 13. Na realização de estudos em saúde pública, feridas neste artigo deverão ser fornecidas de maneira
os órgãos de pesquisa poderão ter acesso a bases de da- simples, clara e acessível, consideradas as características
dos pessoais, que serão tratados exclusivamente dentro físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e
do órgão e estritamente para a finalidade de realização de mentais do usuário, com uso de recursos audiovisuais
estudos e pesquisas e mantidos em ambiente controlado quando adequado, de forma a proporcionar a informação
e seguro, conforme práticas de segurança previstas em necessária aos pais ou ao responsável legal e adequada
regulamento específico e que incluam, sempre que pos- ao entendimento da criança.
sível, a anonimização ou pseudonimização dos dados,
bem como considerem os devidos padrões éticos relaci- Seção IV
onados a estudos e pesquisas. Do Término do Tratamento de Dados
§ 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer ex- Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais
certo do estudo ou da pesquisa de que trata o caput deste ocorrerá nas seguintes hipóteses:
artigo em nenhuma hipótese poderá revelar dados pesso- I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou
ais. de que os dados deixaram de ser necessários ou pertinen-
§ 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela tes ao alcance da finalidade específica almejada;
segurança da informação prevista no caput deste artigo, II - fim do período de tratamento;
não permitida, em circunstância alguma, a transferência III - comunicação do titular, inclusive no exercício
dos dados a terceiro. de seu direito de revogação do consentimento conforme
§ 3º O acesso aos dados de que trata este artigo será disposto no § 5º do art. 8º desta Lei, resguardado o inte-
objeto de regulamentação por parte da autoridade nacio- resse público; ou
nal e das autoridades da área de saúde e sanitárias, no IV - determinação da autoridade nacional, quando
âmbito de suas competências. houver violação ao disposto nesta Lei.
§ 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimização Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o
é o tratamento por meio do qual um dado perde a possi- término de seu tratamento, no âmbito e nos limites técni-
bilidade de associação, direta ou indireta, a um indiví- cos das atividades, autorizada a conservação para as se-
duo, senão pelo uso de informação adicional mantida se- guintes finalidades:
paradamente pelo controlador em ambiente controlado e I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória
seguro. pelo controlador;
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre
Seção III que possível, a anonimização dos dados pessoais;
Do Tratamento de Dados Pessoais de III - transferência a terceiro, desde que respeitados
Crianças e de Adolescentes os requisitos de tratamento de dados dispostos nesta Lei;
Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças ou
e de adolescentes deverá ser realizado em seu melhor in- IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu aces-
teresse, nos termos deste artigo e da legislação pertinen- so por terceiro, e desde que anonimizados os dados.
te.
§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças de- CAPÍTULO III
verá ser realizado com o consentimento específico e em DOS DIREITOS DO TITULAR
destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo res- Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titu-
ponsável legal. laridade de seus dados pessoais e garantidos os direitos
§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º des- fundamentais de liberdade, de intimidade e de privacida-
te artigo, os controladores deverão manter pública a in- de, nos termos desta Lei.
formação sobre os tipos de dados coletados, a forma de Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a
sua utilização e os procedimentos para o exercício dos obter do controlador, em relação aos dados do titular por
direitos a que se refere o art. 18 desta Lei. ele tratados, a qualquer momento e mediante requisição:
§ 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crian- I - confirmação da existência de tratamento;
ças sem o consentimento a que se refere o § 1º deste ar- II - acesso aos dados;
tigo quando a coleta for necessária para contatar os pais

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III - correção de dados incompletos, inexatos ou de- critérios utilizados e a finalidade do tratamento, observa-
satualizados; dos os segredos comercial e industrial, fornecida no pra-
IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de da- zo de até 15 (quinze) dias, contado da data do requeri-
dos desnecessários, excessivos ou tratados em descon- mento do titular.
formidade com o disposto nesta Lei; § 1º Os dados pessoais serão armazenados em for-
V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de mato que favoreça o exercício do direito de acesso.
serviço ou produto, mediante requisição expressa, de § 2º As informações e os dados poderão ser forne-
acordo com a regulamentação da autoridade nacional, cidos, a critério do titular:
observados os segredos comercial e industrial; (Redação I - por meio eletrônico, seguro e idôneo para esse
dada pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência fim; ou
VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o II - sob forma impressa.
consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas § 3º Quando o tratamento tiver origem no consen-
no art. 16 desta Lei; timento do titular ou em contrato, o titular poderá solici-
VII - informação das entidades públicas e privadas tar cópia eletrônica integral de seus dados pessoais, ob-
com as quais o controlador realizou uso compartilhado servados os segredos comercial e industrial, nos termos
de dados; de regulamentação da autoridade nacional, em formato
VIII - informação sobre a possibilidade de não for- que permita a sua utilização subsequente, inclusive em
necer consentimento e sobre as consequências da negati- outras operações de tratamento.
va; § 4º A autoridade nacional poderá dispor de forma
IX - revogação do consentimento, nos termos do § diferenciada acerca dos prazos previstos nos incisos I e II
5º do art. 8º desta Lei. do caput deste artigo para os setores específicos.
§ 1º O titular dos dados pessoais tem o direito de Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a
peticionar em relação aos seus dados contra o controla- revisão de decisões tomadas unicamente com base em
dor perante a autoridade nacional. tratamento automatizado de dados pessoais que afetem
§ 2º O titular pode opor-se a tratamento realizado seus interesses, incluídas as decisões destinadas a definir
com fundamento em uma das hipóteses de dispensa de o seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédi-
consentimento, em caso de descumprimento ao disposto to ou os aspectos de sua personalidade. (Redação dada
nesta Lei. pela Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
§ 3º Os direitos previstos neste artigo serão exerci- § 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solici-
dos mediante requerimento expresso do titular ou de re- tadas, informações claras e adequadas a respeito dos crité-
presentante legalmente constituído, a agente de tratamen- rios e dos procedimentos utilizados para a decisão automa-
to. tizada, observados os segredos comercial e industrial.
§ 4º Em caso de impossibilidade de adoção imediata § 2º Em caso de não oferecimento de informações de
da providência de que trata o § 3º deste artigo, o contro- que trata o § 1º deste artigo baseado na observância de se-
lador enviará ao titular resposta em que poderá: gredo comercial e industrial, a autoridade nacional poderá
I - comunicar que não é agente de tratamento dos realizar auditoria para verificação de aspectos discriminató-
rios em tratamento automatizado de dados pessoais.
dados e indicar, sempre que possível, o agente; ou
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
II - indicar as razões de fato ou de direito que impe-
Vigência
dem a adoção imediata da providência. Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício re-
§ 5º O requerimento referido no § 3º deste artigo se- gular de direitos pelo titular não podem ser utilizados em
rá atendido sem custos para o titular, nos prazos e nos seu prejuízo.
termos previstos em regulamento. Art. 22. A defesa dos interesses e dos direitos dos titu-
§ 6º O responsável deverá informar, de maneira lares de dados poderá ser exercida em juízo, individual ou
imediata, aos agentes de tratamento com os quais tenha coletivamente, na forma do disposto na legislação pertinen-
realizado uso compartilhado de dados a correção, a eli- te, acerca dos instrumentos de tutela individual e coletiva.
minação, a anonimização ou o bloqueio dos dados, para
que repitam idêntico procedimento, exceto nos casos em CAPÍTULO IV
que esta comunicação seja comprovadamente impossível DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
ou implique esforço desproporcional. (Redação dada pe- PELO PODER PÚBLICO
la Lei nº 13.853, de 2019) Vigência Seção I
§ 7º A portabilidade dos dados pessoais a que se re- Das Regras
fere o inciso V do caput deste artigo não inclui dados Art. 23. O tratamento de dados pessoais pelas pes-
que já tenham sido anonimizados pelo controlador. soas jurídicas de direito público referidas no parágrafo
§ 8º O direito a que se refere o § 1º deste artigo único do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
também poderá ser exercido perante os organismos de 2011 (Lei de Acesso à Informação) , deverá ser realizado
defesa do consumidor. para o atendimento de sua finalidade pública, na perse-
Art. 19. A confirmação de existência ou o acesso a cução do interesse público, com o objetivo de executar
dados pessoais serão providenciados, mediante requisi- as competências legais ou cumprir as atribuições legais
ção do titular: do serviço público, desde que:
I - em formato simplificado, imediatamente; ou I - sejam informadas as hipóteses em que, no exer-
II - por meio de declaração clara e completa, que cício de suas competências, realizam o tratamento de da-
indique a origem dos dados, a inexistência de registro, os dos pessoais, fornecendo informações claras e atualiza-

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das sobre a previsão legal, a finalidade, os procedimen- posto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei
tos e as práticas utilizadas para a execução dessas ativi- de Acesso à Informação);
dades, em veículos de fácil acesso, preferencialmente em II - (VETADO);
seus sítios eletrônicos; III - nos casos em que os dados forem acessíveis
II - (VETADO); e publicamente, observadas as disposições desta Lei.
III - seja indicado um encarregado quando realiza- IV - quando houver previsão legal ou a transferên-
rem operações de tratamento de dados pessoais, nos ter- cia for respaldada em contratos, convênios ou instrumen-
mos do art. 39 desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº tos congêneres; ou (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019) Vigência Vigência
IV - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de V - na hipótese de a transferência dos dados objeti-
2019) Vigência var exclusivamente a prevenção de fraudes e irregulari-
§ 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as dades, ou proteger e resguardar a segurança e a integri-
formas de publicidade das operações de tratamento. dade do titular dos dados, desde que vedado o tratamento
§ 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pessoas para outras finalidades. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
jurídicas mencionadas no caput deste artigo de instituir 2019) Vigência
as autoridades de que trata a Lei nº 12.527, de 18 de no- § 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º
vembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação). deste artigo deverão ser comunicados à autoridade naci-
§ 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos onal.
direitos do titular perante o Poder Público observarão o Art. 27. A comunicação ou o uso compartilhado de
disposto em legislação específica, em especial as dispo- dados pessoais de pessoa jurídica de direito público a
sições constantes da Lei nº 9.507, de 12 de novembro de pessoa de direito privado será informado à autoridade
1997 (Lei do Habeas Data), da Lei nº 9.784, de 29 de ja- nacional e dependerá de consentimento do titular, exce-
neiro de 1999 (Lei Geral do Processo Administrativo) , e to:
da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de I - nas hipóteses de dispensa de consentimento pre-
Acesso à Informação). vistas nesta Lei;
§ 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em II - nos casos de uso compartilhado de dados, em
caráter privado, por delegação do Poder Público, terão o que será dada publicidade nos termos do inciso I
mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas refe- do caput do art. 23 desta Lei; ou
ridas no caput deste artigo, nos termos desta Lei. III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26 desta
§ 5º Os órgãos notariais e de registro devem forne- Lei.
cer acesso aos dados por meio eletrônico para a adminis- Parágrafo único. A informação à autoridade nacio-
tração pública, tendo em vista as finalidades de que trata nal de que trata o caput deste artigo será objeto de regu-
o caput deste artigo. lamentação. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Vi-
Art. 24. As empresas públicas e as sociedades de gência
economia mista que atuam em regime de concorrência, Art. 28. (VETADO).
sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição Federal, Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a
terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídi- qualquer momento, aos órgãos e às entidades do poder
cas de direito privado particulares, nos termos desta Lei. público a realização de operações de tratamento de dados
Parágrafo único. As empresas públicas e as socie- pessoais, informações específicas sobre o âmbito e a na-
dades de economia mista, quando estiverem operaciona- tureza dos dados e outros detalhes do tratamento realiza-
lizando políticas públicas e no âmbito da execução delas, do e poderá emitir parecer técnico complementar para
terão o mesmo tratamento dispensado aos órgãos e às en- garantir o cumprimento desta Lei. (Redação dada pela
tidades do Poder Público, nos termos deste Capítulo. Lei nº 13.853, de 2019) Vigência
Art. 25. Os dados deverão ser mantidos em formato Art. 30. A autoridade nacional poderá estabelecer
interoperável e estruturado para o uso compartilhado, normas complementares para as atividades de comunica-
com vistas à execução de políticas públicas, à prestação ção e de uso compartilhado de dados pessoais.
de serviços públicos, à descentralização da atividade pú-
blica e à disseminação e ao acesso das informações pelo Seção II
público em geral. Da Responsabilidade
Art. 26. O uso compartilhado de dados pessoais pe- Art. 31. Quando houver infração a esta Lei em de-
lo Poder Público deve atender a finalidades específicas corrência do tratamento de dados pessoais por órgãos
de execução de políticas públicas e atribuição legal pelos públicos, a autoridade nacional poderá enviar informe
órgãos e pelas entidades públicas, respeitados os princí- com medidas cabíveis para fazer cessar a violação.
pios de proteção de dados pessoais elencados no art. 6º Art. 32. A autoridade nacional poderá solicitar a
desta Lei. agentes do Poder Público a publicação de relatórios de
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a entida- impacto à proteção de dados pessoais e sugerir a adoção
des privadas dados pessoais constantes de bases de dados de padrões e de boas práticas para os tratamentos de da-
a que tenha acesso, exceto: dos pessoais pelo Poder Público.
I - em casos de execução descentralizada de ativi-
dade pública que exija a transferência, exclusivamente
para esse fim específico e determinado, observado o dis-

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CAPÍTULO V V - a existência de garantias judiciais e institucio-
DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL nais para o respeito aos direitos de proteção de dados
DE DADOS pessoais; e
Art. 33. A transferência internacional de dados pes- VI - outras circunstâncias específicas relativas à
soais somente é permitida nos seguintes casos: transferência.
I - para países ou organismos internacionais que Art. 35. A definição do conteúdo de cláusulas-
proporcionem grau de proteção de dados pessoais ade- padrão contratuais, bem como a verificação de cláusulas
quado ao previsto nesta Lei; contratuais específicas para uma determinada transferên-
II - quando o controlador oferecer e comprovar ga- cia, normas corporativas globais ou selos, certificados e
rantias de cumprimento dos princípios, dos direitos do ti- códigos de conduta, a que se refere o inciso II
tular e do regime de proteção de dados previstos nesta do caput do art. 33 desta Lei, será realizada pela autori-
Lei, na forma de: dade nacional.
a) cláusulas contratuais específicas para determina- § 1º Para a verificação do disposto no caput deste
da transferência; artigo, deverão ser considerados os requisitos, as condi-
b) cláusulas-padrão contratuais; ções e as garantias mínimas para a transferência que ob-
c) normas corporativas globais; servem os direitos, as garantias e os princípios desta Lei.
d) selos, certificados e códigos de conduta regular- § 2º Na análise de cláusulas contratuais, de docu-
mente emitidos; mentos ou de normas corporativas globais submetidas à
III - quando a transferência for necessária para a aprovação da autoridade nacional, poderão ser requeridas
cooperação jurídica internacional entre órgãos públicos informações suplementares ou realizadas diligências de
de inteligência, de investigação e de persecução, de verificação quanto às operações de tratamento, quando
acordo com os instrumentos de direito internacional; necessário.
IV - quando a transferência for necessária para a § 3º A autoridade nacional poderá designar orga-
proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou nismos de certificação para a realização do previsto
de terceiro; no caput deste artigo, que permanecerão sob sua fiscali-
V - quando a autoridade nacional autorizar a trans- zação nos termos definidos em regulamento.
ferência; § 4º Os atos realizados por organismo de certifica-
VI - quando a transferência resultar em compromis- ção poderão ser revistos pela autoridade nacional e, caso
so assumido em acordo de cooperação internacional; em desconformidade com esta Lei, submetidos a revisão
VII - quando a transferência for necessária para a ou anulados.
execução de política pública ou atribuição legal do servi- § 5º As garantias suficientes de observância dos
ço público, sendo dada publicidade nos termos do inciso princípios gerais de proteção e dos direitos do titular re-
I do caput do art. 23 desta Lei; feridas no caput deste artigo serão também analisadas de
VIII - quando o titular tiver fornecido o seu consen- acordo com as medidas técnicas e organizacionais adota-
timento específico e em destaque para a transferência, das pelo operador, de acordo com o previsto nos §§ 1º e
com informação prévia sobre o caráter internacional da 2º do art. 46 desta Lei.
operação, distinguindo claramente esta de outras finali- Art. 36. As alterações nas garantias apresentadas
dades; ou como suficientes de observância dos princípios gerais de
IX - quando necessário para atender as hipóteses proteção e dos direitos do titular referidas no inciso II do
previstas nos incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei. art. 33 desta Lei deverão ser comunicadas à autoridade
Parágrafo único. Para os fins do inciso I deste arti- nacional.
go, as pessoas jurídicas de direito público referidas no
parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18 de no- CAPÍTULO VI
vembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), no âmbi- DOS AGENTES DE TRATAMENTO
to de suas competências legais, e responsáveis, no âmbi- DE DADOS PESSOAIS
to de suas atividades, poderão requerer à autoridade na- Seção I
cional a avaliação do nível de proteção a dados pessoais Do Controlador e do Operador
conferido por país ou organismo internacional. Art. 37. O controlador e o operador devem manter
Art. 34. O nível de proteção de dados do país es- registro das operações de tratamento de dados pessoais
trangeiro ou do organismo internacional mencionado no que realizarem, especialmente quando baseado no legí-
inciso I do caput do art. 33 desta Lei será avaliado pela timo interesse.
autoridade nacional, que levará em consideração: Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao
I - as normas gerais e setoriais da legislação em vi- controlador que elabore relatório de impacto à proteção
gor no país de destino ou no organismo internacional; de dados pessoais, inclusive de dados sensíveis, referente
II - a natureza dos dados; a suas operações de tratamento de dados, nos termos de
III - a observância dos princípios gerais de proteção regulamento, observados os segredos comercial e indus-
de dados pessoais e direitos dos titulares previstos nesta trial.
Lei; Parágrafo único. Observado o disposto
IV - a adoção de medidas de segurança previstas em no caput deste artigo, o relatório deverá conter, no míni-
regulamento; mo, a descrição dos tipos de dados coletados, a metodo-
logia utilizada para a coleta e para a garantia da seguran-
ça das informações e a análise do controlador com rela-

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ção a medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação para fins de produção de prova ou quando a produção de
de risco adotados. prova pelo titular resultar-lhe excessivamente onerosa.
Art. 39. O operador deverá realizar o tratamento se- § 3º As ações de reparação por danos coletivos que
gundo as instruções fornecidas pelo controlador, que ve- tenham por objeto a responsabilização nos termos
rificará a observância das próprias instruções e das nor- do caput deste artigo podem ser exercidas coletivamente
mas sobre a matéria. em juízo, observado o disposto na legislação pertinente.
Art. 40. A autoridade nacional poderá dispor sobre § 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito
padrões de interoperabilidade para fins de portabilidade, de regresso contra os demais responsáveis, na medida de
livre acesso aos dados e segurança, assim como sobre o sua participação no evento danoso.
tempo de guarda dos registros, tendo em vista especial- Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão res-
mente a necessidade e a transparência. ponsabilizados quando provarem:
I - que não realizaram o tratamento de dados pesso-
Seção II ais que lhes é atribuído;
Do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais II - que, embora tenham realizado o tratamento de
Art. 41. O controlador deverá indicar encarregado dados pessoais que lhes é atribuído, não houve violação
pelo tratamento de dados pessoais. à legislação de proteção de dados; ou
§ 1º A identidade e as informações de contato do III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do
encarregado deverão ser divulgadas publicamente, de titular dos dados ou de terceiro.
forma clara e objetiva, preferencialmente no sítio eletrô- Art. 44. O tratamento de dados pessoais será irregu-
nico do controlador. lar quando deixar de observar a legislação ou quando não
§ 2º As atividades do encarregado consistem em: fornecer a segurança que o titular dele pode esperar, con-
I - aceitar reclamações e comunicações dos titula- sideradas as circunstâncias relevantes, entre as quais:
res, prestar esclarecimentos e adotar providências; I - o modo pelo qual é realizado;
II - receber comunicações da autoridade nacional e II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele
adotar providências; se esperam;
III - orientar os funcionários e os contratados da en- III - as técnicas de tratamento de dados pessoais
tidade a respeito das práticas a serem tomadas em rela- disponíveis à época em que foi realizado.
ção à proteção de dados pessoais; e Parágrafo único. Responde pelos danos decorrentes
IV - executar as demais atribuições determinadas da violação da segurança dos dados o controlador ou o
pelo controlador ou estabelecidas em normas comple- operador que, ao deixar de adotar as medidas de segu-
mentares. rança previstas no art. 46 desta Lei, der causa ao dano.
§ 3º A autoridade nacional poderá estabelecer nor- Art. 45. As hipóteses de violação do direito do titu-
mas complementares sobre a definição e as atribuições lar no âmbito das relações de consumo permanecem su-
do encarregado, inclusive hipóteses de dispensa da ne- jeitas às regras de responsabilidade previstas na legisla-
cessidade de sua indicação, conforme a natureza e o por- ção pertinente.
te da entidade ou o volume de operações de tratamento
de dados. CAPÍTULO VII
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.853, de DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS
2019) Vigência Seção I
Da Segurança e do Sigilo de Dados
Seção III Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar
Da Responsabilidade e do Ressarcimento de Danos medidas de segurança, técnicas e administrativas aptas a
Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e
do exercício de atividade de tratamento de dados pesso- de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda,
ais, causar a outrem dano patrimonial, moral, individual alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento
ou coletivo, em violação à legislação de proteção de da- inadequado ou ilícito.
dos pessoais, é obrigado a repará-lo. § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre pa-
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao ti- drões técnicos mínimos para tornar aplicável o disposto
tular dos dados: no caput deste artigo, considerados a natureza das infor-
I - o operador responde solidariamente pelos danos mações tratadas, as características específicas do trata-
causados pelo tratamento quando descumprir as obriga- mento e o estado atual da tecnologia, especialmente no
ções da legislação de proteção de dados ou quando não caso de dados pessoais sensíveis, assim como os princí-
tiver seguido as instruções lícitas do controlador, hipóte- pios previstos no caput do art. 6º desta Lei.
se em que o operador equipara-se ao controlador, salvo § 2º As medidas de que trata o caput deste artigo
nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei; deverão ser observadas desde a fase de concepção do
II - os controladores que estiverem diretamente en- produto ou do serviço até a sua execução.
volvidos no tratamento do qual decorreram danos ao titu- Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra
lar dos dados respondem solidariamente, salvo nos casos pessoa que intervenha em uma das fases do tratamento
de exclusão previstos no art. 43 desta Lei. obriga-se a garantir a segurança da informação prevista
§ 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o nesta Lei em relação aos dados pessoais, mesmo após o
ônus da prova a favor do titular dos dados quando, a seu seu término.
juízo, for verossímil a alegação, houver hipossuficiência

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Art. 48. O controlador deverá comunicar à autori- e a probabilidade e a gravidade dos danos para os titula-
dade nacional e ao titular a ocorrência de incidente de res dos dados, poderá:
segurança que possa acarretar risco ou dano relevante I - implementar programa de governança em priva-
aos titulares. cidade que, no mínimo:
§ 1º A comunicação será feita em prazo razoável, a) demonstre o comprometimento do controlador
conforme definido pela autoridade nacional, e deverá em adotar processos e políticas internas que assegurem o
mencionar, no mínimo: cumprimento, de forma abrangente, de normas e boas
I - a descrição da natureza dos dados pessoais afeta- práticas relativas à proteção de dados pessoais;
dos; b) seja aplicável a todo o conjunto de dados pesso-
II - as informações sobre os titulares envolvidos; ais que estejam sob seu controle, independentemente do
III - a indicação das medidas técnicas e de seguran- modo como se realizou sua coleta;
ça utilizadas para a proteção dos dados, observados os c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume de
segredos comercial e industrial; suas operações, bem como à sensibilidade dos dados tra-
IV - os riscos relacionados ao incidente; tados;
V - os motivos da demora, no caso de a comunica- d) estabeleça políticas e salvaguardas adequadas
ção não ter sido imediata; e com base em processo de avaliação sistemática de im-
VI - as medidas que foram ou que serão adotadas pactos e riscos à privacidade;
para reverter ou mitigar os efeitos do prejuízo. e) tenha o objetivo de estabelecer relação de confi-
§ 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do ança com o titular, por meio de atuação transparente e
incidente e poderá, caso necessário para a salvaguarda que assegure mecanismos de participação do titular;
dos direitos dos titulares, determinar ao controlador a f) esteja integrado a sua estrutura geral de gover-
adoção de providências, tais como: nança e estabeleça e aplique mecanismos de supervisão
I - ampla divulgação do fato em meios de comuni- internos e externos;
cação; e g) conte com planos de resposta a incidentes e re-
II - medidas para reverter ou mitigar os efeitos do mediação; e
incidente. h) seja atualizado constantemente com base em in-
§ 3º No juízo de gravidade do incidente, será avali- formações obtidas a partir de monitoramento contínuo e
ada eventual comprovação de que foram adotadas medi- avaliações periódicas;
das técnicas adequadas que tornem os dados pessoais II - demonstrar a efetividade de seu programa de
afetados ininteligíveis, no âmbito e nos limites técnicos governança em privacidade quando apropriado e, em es-
de seus serviços, para terceiros não autorizados a acessá- pecial, a pedido da autoridade nacional ou de outra enti-
los. dade responsável por promover o cumprimento de boas
Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de práticas ou códigos de conduta, os quais, de forma inde-
dados pessoais devem ser estruturados de forma a aten- pendente, promovam o cumprimento desta Lei.
der aos requisitos de segurança, aos padrões de boas prá- § 3º As regras de boas práticas e de governança de-
ticas e de governança e aos princípios gerais previstos verão ser publicadas e atualizadas periodicamente e po-
nesta Lei e às demais normas regulamentares. derão ser reconhecidas e divulgadas pela autoridade na-
cional.
Seção II Art. 51. A autoridade nacional estimulará a adoção
Das Boas Práticas e da Governança de padrões técnicos que facilitem o controle pelos titula-
Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito res dos seus dados pessoais.
de suas competências, pelo tratamento de dados pesso-
ais, individualmente ou por meio de associações, pode- CAPÍTULO VIII
rão formular regras de boas práticas e de governança que DA FISCALIZAÇÃO
estabeleçam as condições de organização, o regime de Seção I
funcionamento, os procedimentos, incluindo reclama- Das Sanções Administrativas
ções e petições de titulares, as normas de segurança, os Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em ra-
padrões técnicos, as obrigações específicas para os di- zão das infrações cometidas às normas previstas nesta
versos envolvidos no tratamento, as ações educativas, os Lei, ficam sujeitos às seguintes sanções administrativas
mecanismos internos de supervisão e de mitigação de aplicáveis pela autoridade nacional: (Vigência)
riscos e outros aspectos relacionados ao tratamento de I - advertência, com indicação de prazo para adoção
dados pessoais. de medidas corretivas;
§ 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o con- II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do fa-
trolador e o operador levarão em consideração, em rela- turamento da pessoa jurídica de direito privado, grupo ou
ção ao tratamento e aos dados, a natureza, o escopo, a fi- conglomerado no Brasil no seu último exercício, excluí-
nalidade e a probabilidade e a gravidade dos riscos e dos dos os tributos, limitada, no total, a R$ 50.000.000,00
benefícios decorrentes de tratamento de dados do titular. (cinquenta milhões de reais) por infração;
§ 2º Na aplicação dos princípios indicados nos inci- III - multa diária, observado o limite total a que se
sos VII e VIII do caput do art. 6º desta Lei, o controla- refere o inciso II;
dor, observados a estrutura, a escala e o volume de suas IV - publicização da infração após devidamente
operações, bem como a sensibilidade dos dados tratados apurada e confirmada a sua ocorrência;

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V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a in- § 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas
fração até a sua regularização; pela ANPD, inscritas ou não em dívida ativa, será desti-
VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere a nado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos de que tra-
infração; tam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, e a
VII - (VETADO); Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. (Incluído pela Lei
VIII - (VETADO); nº 13.853, de 2019)
IX - (VETADO). § 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do
X - suspensão parcial do funcionamento do banco caput deste artigo serão aplicadas: (Incluído pela Lei nº
de dados a que se refere a infração pelo período máximo 13.853, de 2019)
de 6 (seis) meses, prorrogável por igual período, até a I - somente após já ter sido imposta ao menos 1
regularização da atividade de tratamento pelo controla- (uma) das sanções de que tratam os incisos II, III, IV, V
dor; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) e VI do caput deste artigo para o mesmo caso concreto;
XI - suspensão do exercício da atividade de trata- e (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
mento dos dados pessoais a que se refere a infração pelo II - em caso de controladores submetidos a outros
período máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual órgãos e entidades com competências sancionatórias,
período; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ouvidos esses órgãos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
XII - proibição parcial ou total do exercício de ati- 2019)
vidades relacionadas a tratamento de dados. (Incluído § 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não
pela Lei nº 13.853, de 2019) autorizados de que trata o caput do art. 46 desta Lei po-
§ 1º As sanções serão aplicadas após procedimento derão ser objeto de conciliação direta entre controlador e
administrativo que possibilite a oportunidade da ampla titular e, caso não haja acordo, o controlador estará sujei-
defesa, de forma gradativa, isolada ou cumulativa, de to à aplicação das penalidades de que trata este artigo.
acordo com as peculiaridades do caso concreto e consi- (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
derados os seguintes parâmetros e critérios: Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio de
I - a gravidade e a natureza das infrações e dos di- regulamento próprio sobre sanções administrativas a in-
reitos pessoais afetados; frações a esta Lei, que deverá ser objeto de consulta pú-
II - a boa-fé do infrator; blica, as metodologias que orientarão o cálculo do valor-
III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infra- base das sanções de multa. (Vigência)
tor; § 1º As metodologias a que se refere o caput deste ar-
IV - a condição econômica do infrator; tigo devem ser previamente publicadas, para ciência dos
V - a reincidência; agentes de tratamento, e devem apresentar objetivamente as
VI - o grau do dano; formas e dosimetrias para o cálculo do valor-base das san-
VII - a cooperação do infrator; ções de multa, que deverão conter fundamentação detalhada
VIII - a adoção reiterada e demonstrada de meca- de todos os seus elementos, demonstrando a observância
nismos e procedimentos internos capazes de minimizar o dos critérios previstos nesta Lei.
dano, voltados ao tratamento seguro e adequado de da- § 2º O regulamento de sanções e metodologias corres-
pondentes deve estabelecer as circunstâncias e as condições
dos, em consonância com o disposto no inciso II do § 2º
para a adoção de multa simples ou diária.
do art. 48 desta Lei;
Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicável às
IX - a adoção de política de boas práticas e gover- infrações a esta Lei deve observar a gravidade da falta e a
nança; extensão do dano ou prejuízo causado e ser fundamentado
X - a pronta adoção de medidas corretivas; e pela autoridade nacional. (Vigência)
XI - a proporcionalidade entre a gravidade da falta e Parágrafo único. A intimação da sanção de multa
a intensidade da sanção. diária deverá conter, no mínimo, a descrição da obriga-
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a aplica- ção imposta, o prazo razoável e estipulado pelo órgão
ção de sanções administrativas, civis ou penais definidas para o seu cumprimento e o valor da multa diária a ser
na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e em legis- aplicada pelo seu descumprimento.
lação específica. (Redação dada pela Lei nº 13.853, de
2019) CAPÍTULO IX
§ 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO
do caput deste artigo poderá ser aplicado às entidades e DE DADOS (ANPD) E
aos órgãos públicos, sem prejuízo do disposto na Lei nº DO CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE
8.112, de 11 de dezembro de 1990, na Lei nº 8.429, de 2 DADOS PESSOAIS E DA PRIVACIDADE
de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de novembro Seção I
de 2011. (Promulgação partes vetadas) Da Autoridade Nacional de Proteção
§ 4º No cálculo do valor da multa de que trata o in- de Dados (ANPD)
ciso II do caput deste artigo, a autoridade nacional pode- Art. 55. (VETADO).
rá considerar o faturamento total da empresa ou grupo de Art. 55-A. Fica criada a Autoridade Nacional de
empresas, quando não dispuser do valor do faturamento Proteção de Dados - ANPD, autarquia de natureza espe-
no ramo de atividade empresarial em que ocorreu a in- cial, dotada de autonomia técnica e decisória, com pa-
fração, definido pela autoridade nacional, ou quando o trimônio próprio e com sede e foro no Distrito Federal.
valor for apresentado de forma incompleta ou não for (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.124, de
demonstrado de forma inequívoca e idônea. 2022)
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§ 1º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) § 2º Compete ao Presidente da República determi-
§ 2º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) nar o afastamento preventivo, somente quando assim re-
§ 3º (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) comendado pela comissão especial de que trata o § 1º
Art. 55-B. (Revogado pela Medida Provisória nº deste artigo, e proferir o julgamento. (Incluído pela Lei
1.124, de 2022) nº 13.853, de 2019)
Art. 55-C. A ANPD é composta de: (Incluído pela Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Di-
Lei nº 13.853, de 2019) retor, após o exercício do cargo, o disposto no art. 6º da
I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção; (In- Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013. (Incluído pela Lei
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) nº 13.853, de 2019)
II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pes- Parágrafo único. A infração ao disposto no caput
soais e da Privacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de deste artigo caracteriza ato de improbidade administrati-
2019) va. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
III - Corregedoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá
2019) sobre a estrutura regimental da ANPD. (Incluído pela
IV - Ouvidoria; (Incluído pela Lei nº 13.853, de Lei nº 13.853, de 2019)
2019) § 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.460, regimental, a ANPD receberá o apoio técnico e adminis-
de 2022) trativo da Casa Civil da Presidência da República para o
V-A - Procuradoria; e (Incluído pela Lei nº 14.460, exercício de suas atividades. (Incluído pela Lei nº
de 2022) 13.853, de 2019)
VI - unidades administrativas e unidades especiali- § 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento
zadas necessárias à aplicação do disposto nesta Lei. (In- interno da ANPD. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de
Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será com- confiança da ANPD serão remanejados de outros órgãos
posto de 5 (cinco) diretores, incluído o Diretor- e entidades do Poder Executivo federal. (Incluído pela
Presidente. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Lei nº 13.853, de 2019)
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD se- Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e
rão escolhidos pelo Presidente da República e por ele das funções de confiança da ANPD serão indicados pelo
nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos Conselho Diretor e nomeados ou designados pelo Dire-
termos da alínea ‘f’ do inciso III do art. 52 da Constitui- tor-Presidente. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
ção Federal, e ocuparão cargo em comissão do Grupo- Art. 55-J. Compete à ANPD: (Incluído pela Lei nº
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no míni- 13.853, de 2019)
mo, de nível 5. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos ter-
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão esco- mos da legislação; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
lhidos dentre brasileiros que tenham reputação ilibada, II - zelar pela observância dos segredos comercial e
nível superior de educação e elevado conceito no campo industrial, observada a proteção de dados pessoais e do
de especialidade dos cargos para os quais serão nomea- sigilo das informações quando protegido por lei ou
dos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) quando a quebra do sigilo violar os fundamentos do art.
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
será de 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 13.853, de III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de
2019) Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade; (Incluído
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Con- pela Lei nº 13.853, de 2019)
selho Diretor nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de trata-
4 (quatro), de 5 (cinco) e de 6 (seis) anos, conforme es- mento de dados realizado em descumprimento à legisla-
tabelecido no ato de nomeação. (Incluído pela Lei nº ção, mediante processo administrativo que assegure o
13.853, de 2019) contraditório, a ampla defesa e o direito de recurso; (In-
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
mandato de membro do Conselho Diretor, o prazo rema- V - apreciar petições de titular contra controlador
nescente será completado pelo sucessor. (Incluído pela após comprovada pelo titular a apresentação de reclama-
Lei nº 13.853, de 2019) ção ao controlador não solucionada no prazo estabeleci-
Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somen- do em regulamentação; (Incluído pela Lei nº 13.853, de
te perderão seus cargos em virtude de renúncia, conde- 2019)
nação judicial transitada em julgado ou pena de demis- VI - promover na população o conhecimento das
são decorrente de processo administrativo disciplinar. normas e das políticas públicas sobre proteção de dados
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) pessoais e das medidas de segurança; (Incluído pela Lei
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Mi- nº 13.853, de 2019)
nistro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas
República instaurar o processo administrativo discipli- nacionais e internacionais de proteção de dados pessoais
nar, que será conduzido por comissão especial constituí- e privacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
da por servidores públicos federais estáveis. (Incluído VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e
pela Lei nº 13.853, de 2019) produtos que facilitem o exercício de controle dos titula-
res sobre seus dados pessoais, os quais deverão levar em

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consideração as especificidades das atividades e o porte XXI - comunicar às autoridades competentes as in-
dos responsáveis; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) frações penais das quais tiver conhecimento; (Incluído
IX - promover ações de cooperação com autorida- pela Lei nº 13.853, de 2019)
des de proteção de dados pessoais de outros países, de XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o
natureza internacional ou transnacional; (Incluído pela descumprimento do disposto nesta Lei por órgãos e enti-
Lei nº 13.853, de 2019) dades da administração pública federal; (Incluído pela
X - dispor sobre as formas de publicidade das ope- Lei nº 13.853, de 2019)
rações de tratamento de dados pessoais, respeitados os XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras
segredos comercial e industrial; (Incluído pela Lei nº públicas para exercer suas competências em setores es-
13.853, de 2019) pecíficos de atividades econômicas e governamentais su-
XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do jeitas à regulação; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de
poder público que realizem operações de tratamento de 2019)
dados pessoais informe específico sobre o âmbito, a na- XXIV - implementar mecanismos simplificados, in-
tureza dos dados e os demais detalhes do tratamento rea- clusive por meio eletrônico, para o registro de reclama-
lizado, com a possibilidade de emitir parecer técnico ções sobre o tratamento de dados pessoais em descon-
complementar para garantir o cumprimento desta Lei; formidade com esta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) 2019)
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de § 1º Ao impor condicionantes administrativas ao
suas atividades; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) tratamento de dados pessoais por agente de tratamento
XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre privado, sejam eles limites, encargos ou sujeições, a
proteção de dados pessoais e privacidade, bem como so- ANPD deve observar a exigência de mínima interven-
bre relatórios de impacto à proteção de dados pessoais ção, assegurados os fundamentos, os princípios e os di-
para os casos em que o tratamento representar alto risco reitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição
à garantia dos princípios gerais de proteção de dados Federal e nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
pessoais previstos nesta Lei; (Incluído pela Lei nº 2019)
13.853, de 2019) § 2º Os regulamentos e as normas editados pela
XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade ANPD devem ser precedidos de consulta e audiência pú-
em matérias de interesse relevante e prestar contas sobre blicas, bem como de análises de impacto regulatório.
suas atividades e planejamento; (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019) § 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos res-
XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no ponsáveis pela regulação de setores específicos da ativi-
relatório de gestão a que se refere o inciso XII do caput dade econômica e governamental devem coordenar suas
deste artigo, o detalhamento de suas receitas e despesas; atividades, nas correspondentes esferas de atuação, com
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) vistas a assegurar o cumprimento de suas atribuições
XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realiza- com a maior eficiência e promover o adequado funcio-
ção, no âmbito da atividade de fiscalização de que trata o namento dos setores regulados, conforme legislação es-
inciso IV e com a devida observância do disposto no in- pecífica, e o tratamento de dados pessoais, na forma des-
ciso II do caput deste artigo, sobre o tratamento de dados ta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
pessoais efetuado pelos agentes de tratamento, incluído o § 4º A ANPD manterá fórum permanente de comu-
poder público; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) nicação, inclusive por meio de cooperação técnica, com
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso órgãos e entidades da administração pública responsá-
com agentes de tratamento para eliminar irregularidade, veis pela regulação de setores específicos da atividade
incerteza jurídica ou situação contenciosa no âmbito de econômica e governamental, a fim de facilitar as compe-
processos administrativos, de acordo com o previsto no tências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD.
Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942; (Incluí- (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
do pela Lei nº 13.853, de 2019) § 5º No exercício das competências de que trata
XVIII - editar normas, orientações e procedimentos o caput deste artigo, a autoridade competente deverá ze-
simplificados e diferenciados, inclusive quanto aos pra- lar pela preservação do segredo empresarial e do sigilo
zos, para que microempresas e empresas de pequeno por- das informações, nos termos da lei. (Incluído pela Lei nº
te, bem como iniciativas empresariais de caráter incre- 13.853, de 2019)
mental ou disruptivo que se autodeclarem startups ou § 6º As reclamações colhidas conforme o disposto
empresas de inovação, possam adequar-se a esta Lei; no inciso V do caput deste artigo poderão ser analisadas
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) de forma agregada, e as eventuais providências delas de-
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos correntes poderão ser adotadas de forma padronizada.
seja efetuado de maneira simples, clara, acessível e ade- (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
quada ao seu entendimento, nos termos desta Lei e da Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta
Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Lei compete exclusivamente à ANPD, e suas competên-
Idoso); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) cias prevalecerão, no que se refere à proteção de dados
XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter pessoais, sobre as competências correlatas de outras en-
terminativo, sobre a interpretação desta Lei, as suas tidades ou órgãos da administração pública. (Incluído pe-
competências e os casos omissos; (Incluído pela Lei nº la Lei nº 13.853, de 2019)
13.853, de 2019)

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Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com
com outros órgãos e entidades com competências sanci- atuação relacionada a proteção de dados pessoais; (Inclu-
onatórias e normativas afetas ao tema de proteção de da- ído pela Lei nº 13.853, de 2019)
dos pessoais e será o órgão central de interpretação desta VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológi-
Lei e do estabelecimento de normas e diretrizes para a cas e de inovação; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
sua implementação. (Incluído pela Lei nº 13.853, de IX - 3 (três) de confederações sindicais representa-
2019) tivas das categorias econômicas do setor produtivo; (In-
Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: (Incluído cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
pela Lei nº 13.853, de 2019) X - 2 (dois) de entidades representativas do setor
I - as dotações, consignadas no orçamento geral da empresarial relacionado à área de tratamento de dados
União, os créditos especiais, os créditos adicionais, as pessoais; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
transferências e os repasses que lhe forem conferidos; XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) laboral. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
II - as doações, os legados, as subvenções e outros § 1º Os representantes serão designados por ato do
recursos que lhe forem destinados; (Incluído pela Lei nº Presidente da República, permitida a delegação. (In-
13.853, de 2019) cluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
III - os valores apurados na venda ou aluguel de § 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II,
bens móveis e imóveis de sua propriedade; (Incluído pe- III, IV, V e VI do caput deste artigo e seus suplentes se-
la Lei nº 13.853, de 2019) rão indicados pelos titulares dos respectivos órgãos e en-
IV - os valores apurados em aplicações no mercado tidades da administração pública. (Incluído pela Lei nº
financeiro das receitas previstas neste artigo; (Incluído 13.853, de 2019)
pela Lei nº 13.853, de 2019) § 3º Os representantes de que tratam os incisos VII,
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.853, de VIII, IX, X e XI do caput deste artigo e seus suplentes:
2019) (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
VI - os recursos provenientes de acordos, convênios I - serão indicados na forma de regulamento; (Inclu-
ou contratos celebrados com entidades, organismos ou ído pela Lei nº 13.853, de 2019)
empresas, públicos ou privados, nacionais ou internacio- II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da
nais; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Internet no Brasil; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
VII - o produto da venda de publicações, material III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1
técnico, dados e informações, inclusive para fins de lici- (uma) recondução. (Incluído pela Lei nº 13.853, de
tação pública. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) 2019)
Art. 55-M. Constituem o patrimônio da ANPD os § 4º A participação no Conselho Nacional de Prote-
bens e os direitos: (Incluído pela Medida Provisória nº ção de Dados Pessoais e da Privacidade será considerada
1.124, de 2022) prestação de serviço público relevante, não remunerada.
I - que lhe forem transferidos pelos órgãos da Presi- (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
dência da República; e (Incluído pela Medida Provisória Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Pro-
nº 1.124, de 2022) teção de Dados Pessoais e da Privacidade: (Incluído pela
II - que venha a adquirir ou a incorporar. (Incluído Lei nº 13.853, de 2019)
pela Medida Provisória nº 1.124, de 2022) I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios
Art. 56. (VETADO). para a elaboração da Política Nacional de Proteção de
Art. 57. (VETADO). Dados Pessoais e da Privacidade e para a atuação da
ANPD; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Seção II II - elaborar relatórios anuais de avaliação da exe-
Do Conselho Nacional de Proteção de cução das ações da Política Nacional de Proteção de Da-
Dados Pessoais e da Privacidade dos Pessoais e da Privacidade; (Incluído pela Lei nº
Art. 58. (VETADO). 13.853, de 2019)
Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
Dados Pessoais e da Privacidade será composto de 23 (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
(vinte e três) representantes, titulares e suplentes, dos se- IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências
guintes órgãos: (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) públicas sobre a proteção de dados pessoais e da privaci-
I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal; (Incluído dade; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
pela Lei nº 13.853, de 2019) V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de
II - 1 (um) do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº dados pessoais e da privacidade à população. (Incluído
13.853, de 2019) pela Lei nº 13.853, de 2019)
III - 1 (um) da Câmara dos Deputados; (Incluído pe- Art. 59. (VETADO).
la Lei nº 13.853, de 2019)
IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; (In- CAPÍTULO X
cluído pela Lei nº 13.853, de 2019) DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Pú- Art. 60. A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014
blico; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) (Marco Civil da Internet), passa a vigorar com as seguin-
VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; tes alterações:
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) “Art. 7º ..................................................................

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................................................................................ 8. ÉTICA PÚBLICA
X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver
fornecido a determinada aplicação de internet, a seu reque- 8.1. CONCEITO
rimento, ao término da relação entre as partes, ressalvadas
as hipóteses de guarda obrigatória de registros previstas Ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se re-
nesta Lei e na que dispõe sobre a proteção de dados pesso- ferem à conduta humana suscetível de qualificação do
ais; ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a uma
.........................................................................” (NR) determinada sociedade, seja de modo absoluto".
“Art. 16. ............................................................. O que é ética?
...............................................................................
II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação "Ética é uma daquelas coisas que todo mundo sabe
à finalidade para a qual foi dado consentimento pelo seu ti- o que são, mas que não são fáceis de explicar quando al-
tular, exceto nas hipóteses previstas na Lei que dispõe sobre guém pergunta".
a proteção de dados pessoais.” (NR) (VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7ª edição. Ed. Brasiliense, 1993, p.7)
Art. 61. A empresa estrangeira será notificada e inti-
mada de todos os atos processuais previstos nesta Lei, inde- Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda,
pendentemente de procuração ou de disposição contratual ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se refe-
ou estatutária, na pessoa do agente ou representante ou pes- rem à conduta humana suscetível de qualificação do pon-
soa responsável por sua filial, agência, sucursal, estabeleci- to de vista do bem e do mal, seja relativamente a uma de-
mento ou escritório instalado no Brasil. terminada sociedade, seja de modo absoluto".
Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Alguns diferenciam ética e moral de vários modos:
(Inep), no âmbito de suas competências, editarão regula- 1. Ética é princípio; moral, aspectos de condutas es-
mentos específicos para o acesso a dados tratados pela Uni- pecíficas;
ão para o cumprimento do disposto no § 2º do art. 9º da Lei
2. Ética é permanente; moral, temporal;
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e
3. Ética é universal; moral, cultural;
Bases da Educação Nacional) , e aos referentes ao Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), de 4. Ética é regra; moral é a conduta da regra;
que trata a Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004 . 5. Ética é teoria; moral, prática.
Art. 63. A autoridade nacional estabelecerá normas Etimologicamente falando, ética vem do grego
sobre a adequação progressiva de bancos de dados constitu- "ethos" e tem seu correlato no latim "morale", com o
ídos até a data de entrada em vigor desta Lei, consideradas a mesmo significado: conduta ou relativo aos costumes.
complexidade das operações de tratamento e a natureza dos Podemos concluir que etimologicamente ética e moral
dados.
são palavras sinônimas.
Art. 64. Os direitos e princípios expressos nesta Lei
não excluem outros previstos no ordenamento jurídico pá- Vários pensadores, em diferentes épocas, aborda-
trio relacionados à matéria ou nos tratados internacionais ram especificamente assuntos sobre a ÉTICA: os pré-
em que a República Federativa do Brasil seja parte. socráticos, Aristóteles, os estoicos, os pensadores cris-
Art. 65. Esta Lei entra em vigor: (Redação dada pela tãos (patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Es-
Lei nº 13.853, de 2019) pinoza, Nietzsche, Paul Tillich etc.
I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A,
55-B, 55-C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55- Passamos, então, a considerar a questão da ética a
K, 55-L, 58-A e 58-B; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de partir de uma visão pessoal, através do seguinte quadro
2019) comparativo:
I-A – dia 1º de agosto de 2021, quanto aos arts. 52, 53
Ética Ética Ética
e 54; (Incluído pela Lei nº 14.010, de 2020) Normativa Teleológica Situacional
II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publi- Ética Moral Ética Imoral Ética Amoral
cação, quanto aos demais artigos. (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019) Baseia-se em princí- Baseia-se na ética dos Baseia-se nas cir-
Brasília , 14 de agosto de 2018; 197º da Independência pios e regras morais fins: “Os fins justifi- cunstâncias. Tudo é
fixas cam os meios”. relativo e temporal.
e 130º da República.
MICHEL TEMER
Torquato Jardim Ética Profissional e Ética Política: Tu-
Ética Econômica: O
Aloysio Nunes Ferreira Filho Ética Religiosa: As do é possível, pois
que importa é o capi-
regras devem ser em política tudo
Eduardo Refinetti Guardia obedecidas.
tal.
vale.
Esteves Pedro Colnago Junior
Gilberto Magalhães Occhi
Gilberto Kassab Em ética normativa, trata-se da investigação racional,
Wagner de Campos Rosário ou uma teoria, sobre os padrões do correto e do incor-
Gustavo do Vale Rocha reto, do bom e do mau, com respeito ao caráter e à con-
Ilan Goldfajn duta, que uma classe de indivíduos tem o dever de acei-
Raul Jungmann tar. Esta classe pode ser a humanidade em geral, mas
Eliseu Padilha também podemos considerar que a ética médica, a ética
empresarial, etc., são corpos de padrões que os profissi-
onais em questão devem aceitar e observar. Este tipo de

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investigação e a teoria que dela resulta (a ética kantiana e Conclusão:
a utilitarista são exemplos amplamente conhecidos) não
A ÉTICA é algo que todos precisam ter.
descrevem o modo como as pessoas pensam ou se com-
portam; antes, prescrevem o modo como as pessoas de- Alguns dizem que a têm.
vem pensar e comportar-se. Por isso, chama-se ética Poucos a levam a sério.
normativa: o seu objetivo principal é formular normas Ninguém a cumpre à risca...
válidas de conduta e de avaliação do caráter. O estudo
Portanto, a Ética, enquanto forma de vida adquirida
sobre quais normas e padrões gerais são aplicáveis em si-
tuações-problema efetivas chama-se também ética apli- ou conquistada pelo homem, é norma, ou seja, aquilo
cada. Recentemente, a expressão "teoria ética" é frequen- que deve ser.
temente usada neste sentido. Muito do que se chama fi- A Moral, vinda do latim mos ou mores, significa
losofia moral é ética normativa ou aplicada. "costume" ou "costumes", referindo-se ao conjunto de
regras adquiridas por hábito. Ela se refere ao comporta-
A ética social ou religiosa é um corpo de doutrina
que diz respeito ao que é correto e incorreto, bom e mau, mento adquirido ou ao modo de ser conquistado pelo
relativamente ao caráter e à conduta. Afirma implicita- homem.
mente que lhe é devida obediência geral. Neste sentido, Moral – costume, realização da ação.
há, por exemplo, uma ética confucionista, cristã, etc. É
semelhante à ética normativa filosófica ao afirmar a sua Assim, originariamente, ethos e mos, "caráter" e
validade geral, mas difere dela porque não pretende ser "costume", baseiam-se em um modo de comportamento
estabelecida unicamente com base na investigação racio- que não corresponde a uma disposição natural, mas que é
nal. algo adquirido ou conquistado por hábito. E é precisa-
mente esse caráter não natural, mas cultural, da maneira
A moralidade positiva é um corpo de doutrinas, ao de ser do homem que, na Antiguidade, lhe confere sua
qual um conjunto de indivíduos adere geralmente, que dimensão moral.
diz respeito ao que é correto e incorreto, bom e mau,
com respeito ao caráter e à conduta. Os indivíduos po- Existe alguma diferença entre ética e moral?
dem ser os membros de uma comunidade (por exemplo, A função da ética é a mesma de toda teoria: expli-
a ética dos índios Hopi), de uma profissão (certos códi- car, esclarecer ou investigar uma determinada realidade,
gos de honra) ou de qualquer outro tipo de grupo social. elaborando os conceitos correspondentes.
Pode-se contrastar a moralidade positiva com a morali-
dade crítica ou ideal. A moralidade positiva de uma soci- Ela busca o fundamento das normas morais, que de-
edade pode tolerar a escravidão, mas a escravidão pode vem valer para uma sociedade grega, medieval ou mo-
ser considerada intolerável à luz de uma teoria que su- derna. Portanto, são fundamentos para a moral grega ou
postamente terá a autoridade da razão (ética normativa) moderna. Por exemplo: a grega é orientada para a virtude
ou à luz de uma doutrina que tem o apoio da tradição ou da polis, a medieval pressupõe uma essência constante; a
da religião (ética social ou religiosa). moderna é vista como uma moral individual.

O estudo a partir do exterior, por assim dizer, de um A função teórica da ética evita de torná-la ou re-
sistema de crenças e práticas de um grupo social também duzi-la a uma disciplina normativa ou pragmática. O
se chama ética, mais especificamente ética descritiva, valor da ética como teoria está naquilo que ela explica, e
dado que um dos seus objetivos principais é descrever a não no fato de recomendar ou prescrever com vistas à
ética do grupo. Também se lhe chama por vezes etnoéti- ação em situações concretas. Exemplos: Ela não diz em
ca, e é parte das ciências sociais. que situações devemos fazer o bem, mas o que é o bem e
por que é um valor fundamental para a pessoa. Da mes-
Chama-se metaética ou ética analítica a um tipo de ma forma em relação à justiça, respeito, liberdade, equi-
investigação ou teoria filosófica que se distingue da ética dade, distribuição, prudência, etc.
normativa. A metaética tem como objeto de investigação
filosófica os conceitos, proposições e sistemas de cren- A essência da ética é definir os traços essenciais ou a
ças éticos. Analisa os conceitos de correto e incorreto, essência do comportamento moral, em contraste com ou-
bom e mau, com respeito ao caráter e à conduta, assim tras formas de comportamento humano, como a religião,
como conceitos relacionados, como, por exemplo, a res- a política, o direito, a atividade científica, a arte, o trato
ponsabilidade moral, a virtude, os direitos. Inclui tam- social, etc.
bém a epistemologia moral: o modo como a verdade éti- O problema da essência do ato moral remete a outro
ca pode ser conhecida (se é que pode); e a ontologia mo- problema muito importante: o da responsabilidade. Esta
ral: a questão de saber se há uma realidade moral que questão está ligada ao problema da vontade, por isso, é
corresponda às nossas crenças e outras atitudes morais. inseparável da responsabilidade.
As questões de saber se a moral é subjetiva ou objetiva,
relativa ou absoluta, e em que sentido é, pertencem à me- Decidir e agir em uma situação concreta é um pro-
taética. blema prático-moral; mas investigar o modo pelo qual a
responsabilidade moral se relaciona com a liberdade e
com o determinismo ao qual os nossos atos estão sujeitos
é um problema teórico, cujo estudo é competência da
ética.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


apenas de si, mas também dos outros, deixa muito a de-
Por que falamos em ética hoje? sejar por causa da sua incompatibilidade potencial com
valores sociais estabelecidos e comuns, assim como com
Não é por modismo nem por idealismo. Precisamos
os costumes e instituições que dão corpo e permitem a
discutir ética por uma questão de sobrevivência. São os
manutenção desses valores. Viver numa harmonia não
anseios da humanidade:
forçada com estes valores e instituições é a Sittlichkeit,
1. Dignidade humana. na qual a autonomia do indivíduo, os direitos da consci-
2. Qualidade de vida; sobrevivência; grito pela digni- ência individual, são reconhecidos, mas devidamente
dade humana. É o tema mais ecumênico que existe. restringidos;
3. Felicidade; realização humana. Vai além da reali-
2. De modo análogo, alguns autores mais recentes
zação subjetiva: política, social, cultural, profissional,
usam a palavra "moralidade" para designar um tipo es-
em nível de esperança e fé. Começamos a gritar no fundo
pecial de ética. Bernard Williams (Ethics and the Limits
do poço: grito por dignidade. Bioética: A saúde autêntica
of Philosophy, 1985), por exemplo, argumenta que "a
é a infraestrutura da felicidade.
instituição da moralidade" encara os padrões e normas
A realidade moral varia historicamente e, com ela, éticas como se fossem semelhantes a regras legais, tor-
variam os princípios e as suas normas. A pretensão de nando-se por isso a obediência ao dever a única virtude
formular princípios e normas universais, deixando de la- genuína. Esta é uma perspectiva que, na sua opinião, de-
do a experiência moral histórica, afastaria a teoria da rea- ve ser abandonada a favor de uma abordagem da vida
lidade que deveria explicar. ética menos moralista e mais humana e sem restrições;
Ética e ideologia: muitas doutrinas éticas do passado 3. Habermas, por outro lado, faz uma distinção que
não são uma investigação ou esclarecimento da moral está também implícita na Teoria da Justiça de Rawls en-
como comportamento efetivo humano, mas justificação tre ética, que tem a ver com a vida boa (que não é o
ideológica de determinada moral, correspondente a ne- mesmo para todas as pessoas), e a moralidade, que tem a
cessidades sociais, e, para isso, elevam seus princípios e ver com a dimensão social da vida humana e, portanto,
as suas normas à categoria de princípios e normas uni- com princípios de conduta que podem ter aplicação uni-
versais, válidos para qualquer moral. versal. A ética ocupa-se da vida boa, a moralidade da
conduta correta.
“As relações internacionais não são éticas, são
ideológicas.”
8.2. ÉTICA – PRINCÍPIOS E VALORES
A palavra "moral" e as suas cognatas referem-se ao
O que está incluído no “padrão ético”?
que é bom ou mau, correto ou incorreto, no caráter ou
conduta humana. Mas o bem moral (ou a correção) não é Tomado em geral, um “padrão ético” a partir do qual
o único tipo de bem; assim, a questão é saber como dis- se avalia a atuação de um grupo no sentido apontado
tinguir entre o moral e o não moral. Esta questão é objeto compreende, fundamentalmente, valores, princípios, ide-
de discussão. Algumas respostas são em termos de con- ais e regras. Fixar o padrão ético, assim, significa expli-
teúdo. Uma opinião é que as preocupações morais são citar os valores que afirmamos, os princípios que guiam
unicamente as que se relacionam com o sexo. Mais plau- nossos juízos, os ideais que nos permitem construir nos-
sível é a sugestão de que as questões morais são unica- sa identidade como grupo e as regras que definem nossas
mente as que afetam outras pessoas. Mas há teorias obrigações.
(Aristóteles, Hume) que considerariam que mesmo esta
Um valor é, genericamente, tudo aquilo que afirma-
demarcação é excessivamente redutora. Outras respostas
mos merecer ser desejado. Afirmamos, em primeiro lu-
fornecem um critério formal: por exemplo, que as exi-
gar, que determinados fins devem ser desejados ou bus-
gências morais são as que têm origem em Deus, ou que
cados. Dizemos, por exemplo, que ter saúde, ter felicida-
as exigências morais são as que derrotam quaisquer ou-
de, ter um grau razoável de conforto material, ter uma
tros tipos de exigências ou, ainda, que os juízos morais
boa educação, etc., são coisas que merecem ser buscadas
são universalizáveis.
ou desejadas. Saúde, felicidade, conforto, educação, as-
A palavra latina "moralis", que é a raiz da palavra sim, são valores para nós. Também afirmamos que de-
portuguesa, foi criada por Cícero a partir de "mos" (plu- terminadas características das pessoas ou de suas ações
ral "mores"), que significa costumes, para corresponder merecem ser aprovadas. Dizemos, por exemplo, que uma
ao termo grego "ethos" (costumes). É por isso que em pessoa honesta ou veraz, uma ação corajosa ou uma pes-
muitos contextos, mas nem sempre, os termos "mo- soa temperante, etc., têm mérito. Honestidade, veracida-
ral/ético", "moralidade/ética", "filosofia moral/ética" são de, coragem, temperança, etc., são, para nós, também va-
sinônimos. Mas as duas palavras têm também sido usa- lores.
das para fazer várias distinções:
Os valores funcionam em geral como orientadores de
1. Hegel contrasta a Moralität (moralidade) com a nossas escolhas e decisões. Determinando quais são
Sittlichkeit ("eticidade" ou vida ética). Segundo Hegel, a aquelas coisas que merecem ser desejadas, podemos
moralidade tem origem em Sócrates e foi reforçada com mais facilmente estabelecer nossas preferências e, em
o nascimento do cristianismo, a reforma e Kant, e é o função disso, escolher e decidir. Daí a importância de ter
que é do interesse do indivíduo autônomo. Apesar de a claro quais são nossos valores.
moralidade envolver um cuidado com o bem-estar não

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O termo “princípios”, muitas vezes, é usado como assim, um ideal aplicável seja à totalidade do grupo a
sinônimo para “valores” segundo a definição proposta que se refere (por exemplo, ao serviço público: o que de-
acima. É assim, por exemplo, na Constituição Federal, ve buscar alcançar, como deve fazê-lo, como os valores
que, no art. 37, estabelece que são “princípios” da admi- se incorporam a sua estrutura, etc.), seja aos indivíduos
nistração pública a legalidade, a impessoalidade, a mora- que o compõem (que qualidades ou virtudes deve possuir
lidade, a publicidade e a eficiência, querendo, com isso, um servidor público, por exemplo). Esses ideais, em ge-
afirmar que essas características ou qualidades devem ser ral, aparecem na forma de modelos ou exemplos a serem
buscadas ou merecem ser desejadas (ou seja, são valores seguidos ou imitados. É com referência a esses ideais, ou
fundamentais, de acordo com a definição proposta aci- seja, dessas concepções gerais do que, para nós, constitui
ma). Mas podemos também entender “princípios” de ou- o bem, que um grupo pode definir sua identidade como
tra forma, útil também para fixarmos nosso padrão. Um grupo.
princípio, como o próprio nome já indica, é um começo:
Finalmente, o “padrão ético” vai conter um número
é algo que é posto no início, como base ou fundamento.
de regras ou normas particulares aplicáveis às várias si-
Há princípios de vários tipos, em vários domínios. Há
tuações e problemas encontráveis na vida do grupo a que
princípios matemáticos (os axiomas, por exemplo), há
se aplica. Essas regras procuram orientar mais de perto a
princípios lógicos (o da não-contradição, por exemplo) e
conduta, aplicando e dando maior concretude aos valores
há princípios morais. Princípios morais poderiam ser
afirmados. Frequentemente, essas regras aparecem orga-
descritos, genericamente, como regras de aplicação mui-
nizadas na forma de códigos de ética ou de conduta.
to geral.
Valor: Genericamente, valor é tudo aquilo que afir-
Há muitos princípios morais, alguns de origem reli-
mamos merecer ser buscado.
giosa, outros de origem filosófica. A famosa “regra de
ouro”, por exemplo, encontrável em várias versões, em Valores podem ser:
inúmeras tradições religiosas, é um princípio, no sentido
Fins: bem-estar, felicidade, prosperidade...
definido antes. Na tradição filosófica, dois princípios são
particularmente importantes. Um deles é o “princípio da Características: honestidade, justiça, generosidade,
maior felicidade”, proposto pelos filósofos chamados de coragem...
“utilitaristas”, que diz que devemos agir de tal maneira a
promover a maior felicidade (entendida por eles, em ge- Princípios: Princípios morais são regras de aplicação
ral, em termos de bem-estar) do maior número possível muito geral.
dos afetados por nossa ação. Outro é o “imperativo cate- Exemplos:
górico”, proposto pelo filósofo alemão I. Kant, que diz
que devemos agir de tal modo que possamos querer que - A Regra de Ouro: “Não faça ao outro o que você
a regra escolhida para nossa ação possa ser uma lei uni- não quer que seja feito a você.”
versal e que nunca devemos tratar as outras pessoas ape- - O Princípio da Utilidade: “Aja de tal maneira a
nas como meios, mas sempre como fins. Essas são regras promover a maior felicidade do maior número de pesso-
gerais, aplicáveis a todos os casos. as atingidas por sua ação.”
Os princípios, entendidos assim, como regras muito Ideais: O conjunto de valores que afirmamos com-
gerais, são úteis para guiar nosso raciocínio sobre ques- põe um ideal ou uma concepção do que, para nós, é
tões éticas. Muitas vezes, encontrar um princípio geral bom.
que subsuma o caso particular sobre o qual julgamos jus-
tifica nosso juízo particular. Além desse papel de justifi- Ideais são também aqueles comportamentos que, em-
cação, os princípios funcionam também como elementos bora valorizados, vão além do que é estritamente exi-
de previsibilidade, servindo como barreiras contra a arbi- gido pelas regras (p. ex., a solidariedade).
trariedade. Quando dizemos de alguém que é uma “pes- Regras: Enunciam obrigações ou proibições aplicá-
soa de princípios”, estamos querendo dizer também que veis às várias situações e problemas encontrados na vida
é uma pessoa que age de forma regrada e não de forma do grupo a que se dirige. Em geral, procuram traduzir os
arbitrária, de tal maneira que, com ela, pode-se interagir valores e princípios em orientações concretas para a
e cooperar. Finalmente, princípios também servem para ação.
guiar nossas escolhas, funcionando como elementos de
previsão. Assim, fixar nossos princípios, tal como fixar Valores, princípios, ideais e regras funcionam ori-
nossos valores, é importante para orientar nossas deci- entando nossas escolhas e decisões.
sões e escolhas, bem como para pôr às claras as bases
éticas de nossa convivência. 8.3. ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO
DA CIDADANIA
Ideais estão intimamente relacionados aos valores. O
conjunto de valores (fins ou objetivos, características e A democracia vem da palavra grega “demos”, que
traços de caráter ou “virtudes”, etc.) compõe, no conjun- significa povo. Nas democracias, é o povo quem detém o
to, uma concepção do que, para nós como grupo ou co- poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo.
mo membros desse grupo, é considerado bom. Essa con- Embora existam pequenas diferenças entre as várias
cepção do que é bom é o que estamos chamando aqui de democracias, certos princípios e práticas distinguem o
ideal, individual ou coletivo. Um “padrão ético” implica, governo democrático de outras formas de governo:

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• Democracia é o governo no qual o poder e a vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania
responsabilidade cívica são exercidos por todos está marginalizado ou excluído da vida social e da to-
os cidadãos, diretamente ou através dos seus mada de decisões, ficando numa posição de inferiorida-
representantes livremente eleitos. de dentro do grupo social”.
• Democracia é um conjunto de princípios e prá- No Brasil, estamos construindo a nossa cidadania.
ticas que protegem a liberdade humana; é a ins- Damos passos importantes com o processo de redemo-
titucionalização da liberdade. cratização e a Constituição de 1988. Mas ainda temos
• A democracia baseia-se nos princípios do go- muito a avançar. Predomina uma visão reducionista da
verno da maioria associados aos direitos indivi- cidadania (votar, e de forma obrigatória, pagar impos-
duais e das minorias. Todas as democracias, tos... ou seja, fazer coisas que nos são impostas) e encon-
embora respeitem a vontade da maioria, prote- tramos muitas barreiras culturais e históricas para a vi-
gem escrupulosamente os direitos fundamentais vência da cidadania. Somos filhos e filhas de uma nação
dos indivíduos e das minorias. nascida sob o signo da cruz e da espada, acostumados a
• As democracias protegem contra governos cen- apanhar calados, a dizer sempre “sim senhor”, a “engolir
trais excessivamente poderosos e promovem a sapos”, a achar “normal” as injustiças, a ter um “jeiti-
descentralização do governo a nível regional e nho” para tudo, a não levar a sério a coisa pública, a pen-
local, entendendo que o governo local deve ser sar que direitos são privilégios e exigi-los é ser boçal e
tão acessível e receptivo às pessoas quanto pos- metido, a pensar que Deus é brasileiro e se as coisas es-
sível. tão como estão é por vontade Dele.
• As democracias entendem que uma das suas
principais funções é proteger direitos humanos Os direitos que temos não nos foram conferidos,
fundamentais, como a liberdade de expressão e mas conquistados. Muitas vezes compreendemos os di-
de religião; o direito a proteção legal igual; e a reitos como uma concessão, um favor de quem está em
oportunidade de organizar e participar plena- cima para os que estão embaixo. Contudo, a cidadania
mente na vida política, econômica e cultural da não nos é dada, ela é construída e conquistada a partir da
sociedade. nossa capacidade de organização, participação e inter-
• As democracias conduzem regularmente elei- venção social.
ções livres e justas, abertas a todos os cidadãos. A cidadania não surge do nada como um toque de
As eleições numa democracia não podem ser mágica, nem tão pouco a simples conquista legal de al-
fachadas atrás das quais se escondem ditadores guns direitos significa a realização destes direitos. É ne-
ou um partido único, mas verdadeiras competi- cessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os
ções pelo apoio do povo. seus direitos. Simplesmente porque existe o Código do
• A democracia sujeita os governos ao Estado de Consumidor, automaticamente deixarão de existir os
Direito e assegura que todos os cidadãos rece- desrespeitos aos direitos do consumidor ou então estes
bam a mesma proteção legal e que os seus di- direitos se tornarão efetivos? Não! Se o cidadão não se
reitos sejam protegidos pelo sistema judiciário. apropriar desses direitos fazendo-os valer, esses serão le-
• As democracias são diversificadas, refletindo a tra morta, ficarão só no papel.
vida política, social e cultural de cada país. As
democracias baseiam-se em princípios funda- Construir cidadania é também construir novas rela-
mentais e não em práticas uniformes. ções e consciências. A cidadania é algo que não se
aprende com os livros, mas com a convivência, na vida
• Os cidadãos numa democracia não têm apenas
social e pública. É no convívio do dia-a-dia que exerci-
direitos, têm o dever de participar no sistema
tamos a nossa cidadania, através das relações que estabe-
político que, por sua vez, protege os seus direi-
lecemos com os outros, com a coisa pública e o próprio
tos e as suas liberdades.
meio ambiente. A cidadania deve ser permeada por te-
• As sociedades democráticas estão empenhadas
máticas como a solidariedade, a democracia, os direitos
nos valores da tolerância, da cooperação e do
humanos, a ecologia, a ética.
compromisso. As democracias reconhecem que
chegar a um consenso requer compromisso e A cidadania é uma tarefa que não termina. A cida-
que isto nem sempre é realizável. Nas palavras dania não é como um dever de casa, onde faço a minha
de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si parte, apresento e pronto, acabou. Enquanto seres inaca-
uma forma de violência e um obstáculo ao de- bados que somos, sempre estaremos buscando, desco-
senvolvimento do verdadeiro espírito democrá- brindo, criando e tomando consciência mais ampla dos
tico”. direitos. Nunca poderemos chegar e entregar a tarefa
pronta, pois novos desafios na vida social surgirão, de-
A origem da palavra cidadania vem do latim “civi-
mandando novas conquistas e, portanto, mais cidadania.
tas”, que significa cidade. A palavra cidadania foi usada
na Roma antiga para indicar a situação política de uma
8.4. ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA: PADRÃO
pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exer-
ÉTICO DO SERVIÇO PÚBLICO
cer. Segundo Dalmo Dallari:
Posto isso, qual deve ser agora o padrão ético do ser-
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que
viço público? Não nos cabe aqui ditar qual deve ser esse
dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da
padrão (só o conjunto dos servidores públicos deve po-

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der fixar seu padrão ético), mas podemos apresentar al- cada um não do ponto de vista particular de suas peculia-
gumas reflexões preliminares sobre os valores associa- ridades, mas do ponto de vista geral da cidadania. O va-
dos a ele. O ponto fundamental, que deve ser bem com- lor da impessoalidade vem acompanhado de perto pelos
preendido, é que o padrão ético do serviço público de- valores da igualdade e da imparcialidade. Todos são
corre de sua própria natureza. Os valores fundamentais iguais no sentido em que todos têm o mesmo valor como
do serviço público derivam primariamente de seu caráter pessoas morais ou como cidadãos e, assim, merecem, em
público e de sua relação com o público. De um ponto de princípio, o mesmo tratamento.
vista normativo, que é o que nos interessa aqui, podemos
O valor da impessoalidade, visto em conexão com a
imaginar que o Estado (e a estrutura administrativa que o
ideia de imparcialidade, supõe uma distinção clara entre
torna funcional) foi instituído com o propósito de reali-
o que é público e o que é privado. Um dos pontos mais
zar determinados fins daqueles que o instituíram.
enfatizados nos programas de promoção da ética pública
Podemos imaginar que existe uma espécie de “pacto” é o do conflito de interesses. Administrar esses conflitos
entre aqueles que governam e administram o Estado e – evitar que a perspectiva privada imponha-se sobre a
aqueles que, em certo sentido, concederam-lhes autori- comum – é uma necessidade imposta também pela afir-
dade suficiente para agir de modo a garantir a realização mação do valor da impessoalidade.
daqueles fins. Como sugerem alguns, essa autoridade é
O valor da moralidade impõe-se pelo que foi dito
concedida como que “em depósito”: os governantes e
anteriormente. O padrão que define a conduta ética dos
administradores da coisa pública recebem como um de-
servidores públicos não pode ir de encontro ao padrão
pósito feito em confiança a autoridade de que dispõem.
ético mais geral da sociedade. Esse padrão ético mais ge-
Nesta maneira de ver, é essa confiança que “autoriza” os
ral resume a moralidade vigente em uma sociedade. A
governantes: sem ela, a autoridade desfaz-se ou torna-se
falta de respeito a esse padrão implica uma violação dire-
arbitrária.
ta da confiança depositada pelo público.
Essa ideia é sumarizada de forma particularmente fe-
Mais do que todos, o valor da publicidade liga-se ao
liz nos Padrões de Conduta Ética para Funcionários do
aspecto público do serviço público. A esse valor pode-
Poder Executivo, principal documento norte-americano
mos associar a ideia de transparência e a da necessidade
relativo à ética no serviço público. O princípio funda-
de prestar contas diante do público.
mental, do qual decorre a obrigação básica do serviço
público, é que esse serviço é um public trust, isto é, en- A esses valores foi acrescentado o da eficiência, que
volve uma espécie de “depósito de confiança” por parte decorre não tanto do aspecto público do serviço público,
do público. O padrão ético do serviço público deve refle- mas do fato de que é um serviço prestado. O serviço pú-
tir, em seus valores, princípios, ideais e regras, a neces- blico deve ser o mais eficiente possível na utilização dos
sidade primária de honrar essa confiança. meios (públicos) que são postos à sua disposição para a
realização das finalidades que lhe cabem realizar. A con-
Da mesma forma, a necessidade do respeito a essa
fiança do público varia também em função da eficiência
confiança depositada pelo público está implícita nos
do serviço prestado.
“princípios” da administração pública afirmados pela
Constituição Federal. Afirmar o valor da legalidade im-
8.5. ÉTICA NO SETOR PÚBLICO
plica reconhecer na lei uma das mais importantes condi-
ções de possibilidade da vida em comum. Em um Estado Afinal, para que serve a ética? Qual o sentido da pre-
cujo ordenamento jurídico pode ser minimamente carac- ocupação cada vez mais generalizada, no Brasil e no
terizado como correto, seguir as leis é garantia da liber- mundo, com a ética na vida pública? Que razões, afinal,
dade no sentido político. O compromisso do serviço pú- temos para promover a ética no serviço público? Vamos
blico com a lei é ainda mais estreito: é o serviço público tentar responder a essas questões por duas vias. Primei-
que é responsável por traduzir uma boa parte desse sis- ramente, se aceitarmos, como um postulado, que os limi-
tema público de regras em ações. Não pode, assim, dei- tes impostos pela moralidade são uma condição sine qua
xar de orientar-se pelo valor fundamental do respeito às non para a vida em sociedade, pode ser útil tentar ver, a
leis – pelo valor da legalidade – sem negar sua própria partir da própria natureza da moralidade considerada sob
razão de ser. esta perspectiva, qual o sentido de afirmarmos padrões
éticos em geral. Em seguida, é preciso ver, no contexto
O valor da impessoalidade está ainda mais direta-
mais restrito do serviço público, por que se justifica a
mente associado ao caráter público do serviço público.
preocupação com a promoção da ética.
“Público” é também aquilo que é comum: nesse sentido,
contrapõe-se a “privado”. Afirmar que o serviço público Vamos chamar aqui de moralidade o sistema de re-
deve caracterizar-se pela impessoalidade significa que as gras, valores, ideais e princípios que corresponde ao pa-
relações em que está envolvido são de caráter diferente drão ético geral de uma sociedade. Tal como o ordena-
das que caracterizam o domínio privado. No domínio mento jurídico, esse sistema de regras caracteriza-se por
privado, as relações são frequentemente caracterizadas ser público, isto é, comum a todos e de conhecimento de
pela diferença, pelas preferências. Dizer que o serviço todos. Para que uma comunidade exista com o mínimo
público deve ser impessoal significa que essas preferên- de coesão e estabilidade, é necessário que exista tal sis-
cias, esses privilégios, essas diferenças não cabem no tema, que todos o conheçam e que todos acreditem que,
domínio público – justamente porque, nesse domínio, pelo menos a maior parte das pessoas, na maior parte do
trata-se daquilo que é comum, daquilo que é devido a tempo, está disposta a segui-lo. Parte substancial de am-

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bos os sistemas – o jurídico e o moral – tem a finalidade Outra razão geralmente apresentada para justificar a
de regular o comportamento de cada um na medida em preocupação crescente com a ética pública diz respeito
que suas ações afetam os interesses dos outros. Essa re- às transformações pelas quais vem passando a adminis-
gulação geralmente aparece como uma limitação imposta tração pública. Para responder mais rápida e eficazmente
às possibilidades de agir de cada um. O ordenamento ju- a um ambiente complexo de mudanças cada vez mais ve-
rídico e a moralidade têm a função de assinalar, dentre as lozes, muitos países vêm adotando reformas substanciais
inúmeras possibilidades de ação abertas a um agente, em suas administrações. Uma ênfase maior nos resulta-
quais são aceitáveis, tendo em vista a forma como essas dos vem, em geral, nessas reformas, acompanhada por
ações afetam os interesses de outros agentes. Vista as- maior flexibilidade e descentralização na administração.
sim, a moralidade é, substancialmente, um sistema de Essa situação, por sua vez, põe nova pressão sobre o de-
exigências mútuas que tem a finalidade de garantir o res- ver dos administradores públicos de responder e prestar
peito aos vários interesses dos indivíduos que compõem contas, diante do público, por suas ações e resultados.
uma sociedade. O objetivo é, de certa forma, diminuir o
A fixação de um padrão de conduta para os servido-
mal ou o dano que poderia ser causado a esses interesses
res públicos e sua efetiva promoção, assim, responde a
na ausência de tais limites. A fixação e a explicitação do
imperativos de várias ordens. Responde, antes de mais
padrão ético, assim, cumpre uma função geral de justifi-
nada, a um imperativo da própria moralidade: padrões
cação: o padrão serve justamente para ajudar-nos a deci-
impõem-se na medida em que precisamos justificar nos-
dir ou identificar quais são as exigências e limitações
sas ações diante dos demais. Responde ainda a imperati-
justificadas e quais não o são.
vos ligados às ideias de democracia e de cidadania. Por
O que vale para o padrão ético geral (a moralidade fim, responde aos imperativos de eficiência e eficácia. A
vigente) de uma determinada sociedade vale também pa- preocupação com a ética, enfim, longe de ser uma preo-
ra o padrão ético mais restrito, no sentido em que apare- cupação acessória ou periférica, justifica-se pela própria
ce no contexto das “éticas profissionais”. natureza e finalidades do serviço público.
Também eles visam a possibilitar a escolha de alter-
8.6. DECRETO N.º 1.171, DE 22 DE JUNHO DE
nativas de ação dentre as várias existentes. Também
1994
cumprem uma função de justificação: é sempre em rela-
ção a esses padrões que podemos justificar as exigências Aprova o Código de Ética Profissional do
que fazemos uns aos outros em nossa convivência – exi- Servidor Público Civil do Poder Executivo
gências que tornam essa convivência possível. Se por Federal.
“promover a ética” entendermos o esforço de fixar, ex-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-
plicitar e tornar efetivo, nas ações, o padrão ético, então
buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda
a promoção da ética é absolutamente necessária para a
tendo em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem
coesão e a estabilidade do grupo a que se dirige, para a
como nos arts. 116 e 117 da Lei n.º 8.112, de 11 de de-
redução da possibilidade de dano e para a eliminação da
zembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n.º 8.429,
arbitrariedade na imposição necessária de limites, em
de 2 de junho de 1992,
função das exigências mútuas que fazemos.
DECRETA:
Mas no caso específico do serviço público, uma outra
série de razões reforça a preocupação com a promoção Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissional
da ética. Essa série de razões provém agora das relações do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,
entre o serviço público e o público que é servido por ele que com este baixa.
e está ligada à ideia de confiança, a que já aludimos an- Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pú-
tes. blica Federal direta e indireta implementarão, em sessen-
ta dias, as providências necessárias à plena vigência do
Confiança tem um duplo aspecto. Liga-se, por um la-
Código de Ética, inclusive mediante a constituição da
do, à ideia de legitimidade: a crença do público na inte-
respectiva Comissão de Ética, integrada por três servido-
gridade do serviço público é um componente fundamen-
res ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego
tal da crença na legitimidade das instituições, em geral.
permanente.
Por outro lado, parece haver uma relação direta entre a
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
confiança do público nas instituições e a capacidade de-
será comunicada à Secretaria da Administração Federal
las de responder adequadamente às suas necessidades.
da Presidência da República, com a indicação dos res-
Esses dois aspectos da confiança – o aspecto normativo
pectivos membros titulares e suplentes.
da legitimidade e o aspecto da eficácia – aparecem sem-
Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
pre nas tentativas mais recentes de justificar a preocupa-
blicação.
ção com a promoção da ética pública. Essa preocupação,
Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da Independência
assim, liga-se à necessidade de responder às demandas
e 106º da República.
dos cidadãos – demandas por integridade e correção,
exigidas em contrapartida à confiança depositada nas ITAMAR FRANCO
instituições, e demandas por resultados, por eficiência e Romildo Canhim
eficácia dos serviços prestados.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


ANEXO direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral.
Código de Ética Profissional do Da mesma forma, causar dano a qualquer bem perten-
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal cente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descui-
do ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao
CAPÍTULO I
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos
Seção I
os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligên-
Das Regras Deontológicas
cia, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para
I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
construí-los.
ciência dos princípios morais são primados maiores que
X – Deixar o servidor público qualquer pessoa à es-
devem nortear o servidor público, seja no exercício do
pera de solução que compete ao setor em que exerça suas
cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício
funções, permitindo a formação de longas filas, ou qual-
da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, compor-
quer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não
tamentos e atitudes serão direcionados para a preserva-
caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desu-
ção da honra e da tradição dos serviços públicos.
manidade, mas principalmente grave dano moral aos
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o
usuários dos serviços públicos.
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que deci-
XI – O servidor deve prestar toda a sua atenção às
dir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
ordens legais de seus superiores, velando atentamente
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportu-
por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta ne-
no, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
gligente Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de
consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4º, da
desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e carac-
Constituição Federal.
terizam até mesmo imprudência no desempenho da fun-
III – A moralidade da Administração Pública não se
ção pública.
limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
XII – Toda ausência injustificada do servidor de seu
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum.
local de trabalho é fator de desmoralização do serviço
O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta
público, o que quase sempre conduz à desordem nas re-
do servidor público, é que poderá consolidar a moralida-
lações humanas.
de do ato administrativo.
XIII – O servidor que trabalha em harmonia com a
IV – A remuneração do servidor público é custeada
estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada
pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos,
concidadão, colabora e de todos pode receber colabora-
até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapar-
ção, pois sua atividade pública é a grande oportunidade
tida, que a moralidade administrativa se integre no Direi-
para o crescimento e o engrandecimento da Nação.
to, como elemento indissociável de sua aplicação e de
sua finalidade, erigindo-se, como consequência em fator Seção II
de legalidade. Dos Principais Deveres do Servidor Público
V – O trabalho desenvolvido pelo servidor público XIV – São deveres fundamentais do servidor público:
perante a comunidade deve ser entendido como acrésci- a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
mo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, inte- função ou emprego público de que seja titular;
grante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser con- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
siderado como seu maior patrimônio rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente
VI – A função pública deve ser tida como exercício resolver situações procrastinatórias, principalmente dian-
profissional e, portanto, se integra na vida particular de te de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na pres-
cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados tação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribui-
na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão ções, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcio- c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
nal. integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
VII – Salvo os casos de segurança nacional, investi- estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajo-
gações policiais ou interesse superior do Estado e da sa para o bem comum;
Administração Pública, a serem preservados em processo d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a pu- dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da
blicidade de qualquer ato administrativo constitui requi- coletividade a seu cargo;
sito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços,
comprometimento ético contra o bem comum, imputável aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com
a quem a negar. o público;
VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos princípios éticos que se materializam na adequada pres-
interesses da própria pessoa interessada ou da Adminis- tação dos serviços públicos;
tração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabili- g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
zar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da ção, respeitando a capacidade e as limitações individuais
opressão, ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- de todos os usuários do serviço público, sem qualquer
mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacio-
IX – A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo nalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano
disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos moral;
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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos
de representar contra qualquer comprometimento indevi- ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento
do da estrutura em que se funda o Poder Estatal; do seu mister;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui- f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
cos, de contratantes, interessados e outros que visem ob- caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter-
ter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas firam no trato com o público, com os jurisdicionados
em decorrência de ações morais, ilegais ou aéticas e de- administrativos ou com colegas hierarquicamente supe-
nunciá-las; riores ou inferiores;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exi- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
gências específicas da defesa da vida e da segurança co- qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio,
letiva; comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da
que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, sua missão ou para influenciar outro servidor para o
refletindo negativamente em todo o sistema; mesmo fim;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exi- encaminhar para providências;
gindo as providências cabíveis; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba- do atendimento em serviços públicos;
lho, seguindo os métodos mais adequados à sua organi- j) desviar servidor público para atendimento a inte-
zação e distribuição; resse particular;
o) participar dos movimentos e estudos que se relaci- l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
onem com a melhoria do exercício de suas funções, ten- autorizado, qualquer documento, livro ou bem perten-
do por escopo a realização do bem comum; cente ao patrimônio público;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade- m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
quadas ao exercício da função; âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas parentes, de amigos ou de terceiros;
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exer- n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
ce suas funções; habitualmente;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten-
instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, humana;
mantendo tudo sempre em boa ordem. p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
por quem de direito;
CAPÍTULO II
t) exercer, com estrita moderação, as prerrogativas
Das Comissões de Ética
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-
XVI – Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários
tração Pública Federal direta, indireta autárquica e fun-
do serviço público e dos jurisdicionados administrativos;
dacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser cri-
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha ao inte-
ada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e
resse público, mesmo que observando as formalidades
aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tra-
legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;
tamento com as pessoas e com o patrimônio público,
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
competindo-lhe conhecer concretamente de imputação
classe sobre a existência deste Código de Ética, estimu-
ou de procedimento susceptível de censura.
lando o seu integral cumprimento.
XVII – REVOGADO
Seção III XVIII – À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos
Das Vedações ao Servidor Público organismos encarregados da execução do quadro de car-
XV – E vedado ao servidor público; reira dos servidores, os registros sobre sua conduta Ética,
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para
tempo, posição e influências, para obter qualquer favore- todos os demais procedimentos próprios da carreira do
cimento, para si ou para outrem; servidor público.
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros XIX – REVOGADO
servidores ou de cidadãos que deles dependam; XX – REVOGADO
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, XXI – REVOGADO
conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou XXII – A pena aplicável ao servidor público pela
ao Código de Ética de sua profissão; Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o constará do respectivo parecer, assinado por todos os
exercício regular de direito por qualquer pessoa, causan- seus integrantes, com ciência do faltoso.
do-lhe dano moral ou material; XXIII – REVOGADO
XXIV – Para fins de apuração do comprometimento
ético, entende-se por servidor público todo aquele que,
por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


preste serviços de natureza permanente, temporária ou 4.320/1964 e a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei
excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde Complementar nº 101/2000) desempenham um papel
que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do significativo na regulamentação das atividades orçamen-
poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, tárias e financeiras no país, introduzindo normas para as-
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as soci- segurar a estabilidade e controle fiscal, essenciais para a
edades de economia mista, ou em qualquer setor onde saúde econômica e o bem-estar social.
prevaleça o interesse do Estado.
XXV – REVOGADO
10. LEI DE LICITAÇÕES PÚBLICAS (LEI
9. FINANÇAS E ORÇAMENTO PÚBLICO 14.133/2021; LEI 10.520/2002 E COMPARATIVOS
COM A LEI 8.666/1993)
9.1. Finanças Públicas
10.1. LEI 14.133/2021
As Finanças Públicas representam um segmento vi-
tal da Economia, focando na Política Fiscal e Orçamen- A Lei nº 14.133, também conhecida como a nova
tária em economias mistas. Esta área examina como a Lei de Licitações e Contratos Administrativos, foi sanci-
política fiscal — abarcando Tributação, Gastos Públicos onada no Brasil em 1º de abril de 2021. Ela veio para
e Dívida Pública — influencia a economia e os proces- revogar e substituir três leis que, até então, regulamen-
sos políticos que moldam tais políticas. No Brasil, as fi- tavam as licitações e contratos no Brasil: a Lei nº
nanças públicas seguem diretrizes estabelecidas pela 8.666/1993 (Lei das Licitações), a Lei nº 10.520/2002
Constituição Federal, pela Lei nº 4.320/64 e pela Lei (Lei do Pregão) e os dispositivos sobre o Regime Dife-
Complementar n° 101/2000, conhecida como Lei de renciado de Contratações da Lei nº 12.462/2011.
Responsabilidade Fiscal. Estas normas orientam as ações
dos governos federal, estadual, distrital e municipal no Com a missão de modernizar, simplificar e tornar
planejamento e gestão das receitas e despesas, que for- mais eficiente o processo licitatório no Brasil, a nova lei
trouxe uma série de inovações, abrangendo desde as
mam a estrutura do orçamento público.
modalidades de licitação até aspectos relacionados à
execução dos contratos.
9.2. Orçamento Público A motivação para a aprovação de uma nova legis-
lação no campo das licitações decorreu da necessidade
O orçamento público é essencial para o planejamen-
de superar problemas e limitações observados nas leis
to e execução das finanças públicas, vinculando-se inti-
anteriores, especialmente em relação à morosidade dos
mamente à projeção de receitas e alocação de despesas.
processos, burocracia excessiva e falta de eficiência na
No Brasil, é considerado uma lei em sentido formal, re-
entrega de bens e serviços contratados pela Administra-
fletindo a natureza autorizativa das despesas nele previs-
ção Pública.
tas. Este orçamento abrange tanto a estimativa de recei-
tas quanto a autorização de despesas para a administra- Dentre as principais novidades trazidas pela Lei nº
ção pública direta e indireta em um exercício fiscal, que 14.133, podem-se destacar:
no Brasil corresponde ao ano civil.
1. Novas modalidades de licitação: além de manter
A Constituição Federal de 1988 detalha o orçamen- modalidades já conhecidas como concorrência, concur-
to público em seu artigo 165, destacando: so e leilão, a lei introduziu o diálogo competitivo e con-
solidou o pregão.
- O Plano Plurianual (PPA), que é um instrumento
2. Criação do Portal Nacional de Contratações
de planejamento de longo alcance, definindo programas
Públicas (PNCP): uma plataforma eletrônica centrali-
e metas governamentais para um período de quatro anos,
zada para condução de processos licitatórios.
com ênfase na regionalização para reduzir desigualdades
3. Inovações na fase de planejamento das licita-
regionais.
ções: como a figura do agente de contratação, estudos
- A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que
técnicos preliminares mais detalhados e o termo de refe-
serve como ponte entre o PPA e a LOA, estabelecendo
rência.
diretrizes, prioridades de gastos e normas para a elabora-
4. Ampliação das hipóteses de dispensa de licita-
ção do Projeto de Lei Orçamentária Anual.
ção: proporcionando maior agilidade em contratações
- A Lei Orçamentária Anual (LOA), que é o plano
de menor complexidade ou urgência.
de trabalho anual, detalhando ações a serem realizadas,
5. Maior ênfase no combate à corrupção e aumen-
objetivos a serem atendidos e os recursos necessários pa-
to da transparência: com medidas de integridade e de
ra sua execução.
incentivo à adoção de programas de compliance pelas
empresas contratadas.
O orçamento público tem o potencial de assegurar
um planejamento estratégico eficaz, programação de Essa nova lei busca, em sua essência, alinhar o
ações e definição de metas de governança para promover Brasil às melhores práticas internacionais, tornando os
o bem-estar social e um desenvolvimento urbano contro- processos de licitação mais ágeis, transparentes e efici-
lado e ordenado. Para tal, é crucial planejar e modernizar entes, sempre com o foco no melhor interesse público e
a legislação orçamentária, buscando inovações para na entrega de valor à sociedade.
atender às expectativas da sociedade. A Lei Federal nº

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


Eis o texto na íntegra da Lei nº 14.133/2021 estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição Fede-
ral.
Lei de Licitações e Contratos Administrati-
Art. 2º Esta Lei aplica-se a:
vos.
I - alienação e concessão de direito real de uso de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber bens;
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- II - compra, inclusive por encomenda;
guinte Lei: III - locação;
IV - concessão e permissão de uso de bens públicos;
TÍTULO I V - prestação de serviços, inclusive os técnico-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES profissionais especializados;
CAPÍTULO I
VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia;
DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DESTA LEI
VII - contratações de tecnologia da informação e de
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licita-
comunicação.
ção e contratação para as Administrações Públicas dire- Art. 3º Não se subordinam ao regime desta Lei:
tas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do I - contratos que tenham por objeto operação de
Distrito Federal e dos Municípios, e abrange:
crédito, interno ou externo, e gestão de dívida pública,
I - os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da
incluídas as contratações de agente financeiro e a con-
União, dos Estados e do Distrito Federal e os órgãos do
cessão de garantia relacionadas a esses contratos;
Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempe-
II - contratações sujeitas a normas previstas em le-
nho de função administrativa; gislação própria.
II - os fundos especiais e as demais entidades con- Art. 4º Aplicam-se às licitações e contratos discipli-
troladas direta ou indiretamente pela Administração Pú-
nados por esta Lei as disposições constantes dos arts. 42
blica.
a 49 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de
§ 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas
2006.
públicas, as sociedades de economia mista e as suas sub-
§ 1º As disposições a que se refere o caput deste ar-
sidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de tigo não são aplicadas:
2016, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei. I - no caso de licitação para aquisição de bens ou
§ 2º As contratações realizadas no âmbito das repar-
contratação de serviços em geral, ao item cujo valor es-
tições públicas sediadas no exterior obedecerão às pecu-
timado for superior à receita bruta máxima admitida para
liaridades locais e aos princípios básicos estabelecidos
fins de enquadramento como empresa de pequeno porte;
nesta Lei, na forma de regulamentação específica a ser II - no caso de contratação de obras e serviços de
editada por ministro de Estado. engenharia, às licitações cujo valor estimado for superior
§ 3º Nas licitações e contratações que envolvam re-
à receita bruta máxima admitida para fins de enquadra-
cursos provenientes de empréstimo ou doação oriundos
mento como empresa de pequeno porte.
de agência oficial de cooperação estrangeira ou de orga-
§ 2º A obtenção de benefícios a que se refere o ca-
nismo financeiro de que o Brasil seja parte, podem ser
put deste artigo fica limitada às microempresas e às em-
admitidas: presas de pequeno porte que, no ano-calendário de reali-
I - condições decorrentes de acordos internacionais zação da licitação, ainda não tenham celebrado contratos
aprovados pelo Congresso Nacional e ratificados pelo
com a Administração Pública cujos valores somados ex-
Presidente da República;
trapolem a receita bruta máxima admitida para fins de
II - condições peculiares à seleção e à contratação
enquadramento como empresa de pequeno porte, deven-
constantes de normas e procedimentos das agências ou
do o órgão ou entidade exigir do licitante declaração de
dos organismos, desde que: observância desse limite na licitação.
a) sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou § 3º Nas contratações com prazo de vigência supe-
doação;
rior a 1 (um) ano, será considerado o valor anual do con-
b) não conflitem com os princípios constitucionais
trato na aplicação dos limites previstos nos §§ 1º e 2º
em vigor;
deste artigo.
c) sejam indicadas no respectivo contrato de em-
préstimo ou doação e tenham sido objeto de parecer fa- CAPÍTULO II
vorável do órgão jurídico do contratante do financiamen- DOS PRINCÍPIOS
to previamente à celebração do referido contrato;
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os
d) (VETADO).
princípios da legalidade, da impessoalidade, da morali-
§ 4º A documentação encaminhada ao Senado Fe-
dade, da publicidade, da eficiência, do interesse público,
deral para autorização do empréstimo de que trata o § 3º da probidade administrativa, da igualdade, do planeja-
deste artigo deverá fazer referência às condições contra- mento, da transparência, da eficácia, da segregação de
tuais que incidam na hipótese do referido parágrafo.
funções, da motivação, da vinculação ao edital, do jul-
§ 5º As contratações relativas à gestão, direta e indi-
gamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilida-
reta, das reservas internacionais do País, inclusive as de
de, da competitividade, da proporcionalidade, da celeri-
serviços conexos ou acessórios a essa atividade, serão
dade, da economicidade e do desenvolvimento nacional
disciplinadas em ato normativo próprio do Banco Cen- sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei
tral do Brasil, assegurada a observância dos princípios nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro).

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


XVI - serviços contínuos com regime de dedicação
CAPÍTULO III exclusiva de mão de obra: aqueles cujo modelo de exe-
DAS DEFINIÇÕES cução contratual exige, entre outros requisitos, que:
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se: a) os empregados do contratado fiquem à disposição
I - órgão: unidade de atuação integrante da estrutura nas dependências do contratante para a prestação dos
da Administração Pública; serviços;
II - entidade: unidade de atuação dotada de persona- b) o contratado não compartilhe os recursos huma-
lidade jurídica; nos e materiais disponíveis de uma contratação para exe-
III - Administração Pública: administração direta e cução simultânea de outros contratos;
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos c) o contratado possibilite a fiscalização pelo con-
Municípios, inclusive as entidades com personalidade ju- tratante quanto à distribuição, controle e supervisão dos
rídica de direito privado sob controle do poder público e recursos humanos alocados aos seus contratos;
as fundações por ele instituídas ou mantidas; XVII - serviços não contínuos ou contratados por
IV - Administração: órgão ou entidade por meio do escopo: aqueles que impõem ao contratado o dever de
qual a Administração Pública atua; realizar a prestação de um serviço específico em período
V - agente público: indivíduo que, em virtude de predeterminado, podendo ser prorrogado, desde que jus-
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer tificadamente, pelo prazo necessário à conclusão do ob-
outra forma de investidura ou vínculo, exerce mandato, jeto;
cargo, emprego ou função em pessoa jurídica integrante XVIII - serviços técnicos especializados de natureza
da Administração Pública; predominantemente intelectual: aqueles realizados em
VI - autoridade: agente público dotado de poder de trabalhos relativos a:
decisão; a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos
VII - contratante: pessoa jurídica integrante da Ad- e projetos executivos;
ministração Pública responsável pela contratação; b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
VIII - contratado: pessoa física ou jurídica, ou con- c) assessorias e consultorias técnicas e auditorias fi-
sórcio de pessoas jurídicas, signatária de contrato com a nanceiras e tributárias;
Administração; d) fiscalização, supervisão e gerenciamento de
IX - licitante: pessoa física ou jurídica, ou consórcio obras e serviços;
de pessoas jurídicas, que participa ou manifesta a inten- e) patrocínio ou defesa de causas judiciais e admi-
ção de participar de processo licitatório, sendo-lhe equi- nistrativas;
parável, para os fins desta Lei, o fornecedor ou o presta- f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
dor de serviço que, em atendimento à solicitação da Ad- g) restauração de obras de arte e de bens de valor
ministração, oferece proposta; histórico;
X - compra: aquisição remunerada de bens para h) controles de qualidade e tecnológico, análises,
fornecimento de uma só vez ou parceladamente, conside- testes e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação
rada imediata aquela com prazo de entrega de até 30 e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do
(trinta) dias da ordem de fornecimento; meio ambiente e demais serviços de engenharia que se
XI - serviço: atividade ou conjunto de atividades enquadrem na definição deste inciso;
destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou XIX - notória especialização: qualidade de profissi-
material, de interesse da Administração; onal ou de empresa cujo conceito, no campo de sua es-
XII - obra: toda atividade estabelecida, por força de pecialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos,
lei, como privativa das profissões de arquiteto e enge- experiência, publicações, organização, aparelhamento,
nheiro que implica intervenção no meio ambiente por equipe técnica ou outros requisitos relacionados com su-
meio de um conjunto harmônico de ações que, agrega- as atividades, permite inferir que o seu trabalho é essen-
das, formam um todo que inova o espaço físico da natu- cial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do
reza ou acarreta alteração substancial das características objeto do contrato;
originais de bem imóvel; XX - estudo técnico preliminar: documento consti-
XIII - bens e serviços comuns: aqueles cujos pa- tutivo da primeira etapa do planejamento de uma contra-
drões de desempenho e qualidade podem ser objetiva- tação que caracteriza o interesse público envolvido e a
mente definidos pelo edital, por meio de especificações sua melhor solução e dá base ao anteprojeto, ao termo de
usuais de mercado; referência ou ao projeto básico a serem elaborados caso
XIV - bens e serviços especiais: aqueles que, por se conclua pela viabilidade da contratação;
sua alta heterogeneidade ou complexidade, não podem XXI - serviço de engenharia: toda atividade ou con-
ser descritos na forma do inciso XIII do caput deste arti- junto de atividades destinadas a obter determinada utili-
go, exigida justificativa prévia do contratante; dade, intelectual ou material, de interesse para a Admi-
XV - serviços e fornecimentos contínuos: serviços nistração e que, não enquadradas no conceito de obra a
contratados e compras realizadas pela Administração que se refere o inciso XII do caput deste artigo, são es-
Pública para a manutenção da atividade administrativa, tabelecidas, por força de lei, como privativas das profis-
decorrentes de necessidades permanentes ou prolonga- sões de arquiteto e engenheiro ou de técnicos especiali-
das; zados, que compreendem:
a) serviço comum de engenharia: todo serviço de
engenharia que tem por objeto ações, objetivamente pa-

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


dronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de h) levantamento topográfico e cadastral;
manutenção, de adequação e de adaptação de bens mó- i) pareceres de sondagem;
veis e imóveis, com preservação das características ori- j) memorial descritivo dos elementos da edificação,
ginais dos bens; dos componentes construtivos e dos materiais de cons-
b) serviço especial de engenharia: aquele que, por trução, de forma a estabelecer padrões mínimos para a
sua alta heterogeneidade ou complexidade, não pode se contratação;
enquadrar na definição constante da alínea “a” deste in- XXV - projeto básico: conjunto de elementos ne-
ciso; cessários e suficientes, com nível de precisão adequado
XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande para definir e dimensionar a obra ou o serviço, ou o
vulto: aqueles cujo valor estimado supera R$ complexo de obras ou de serviços objeto da licitação,
200.000.000,00 (duzentos milhões de reais); (Vide De- elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos
creto nº 10.922, de 2021) (Vigência) preliminares, que assegure a viabilidade técnica e o ade-
XXIII - termo de referência: documento necessário quado tratamento do impacto ambiental do empreendi-
para a contratação de bens e serviços, que deve conter os mento e que possibilite a avaliação do custo da obra e a
seguintes parâmetros e elementos descritivos: definição dos métodos e do prazo de execução, devendo
a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os conter os seguintes elementos:
quantitativos, o prazo do contrato e, se for o caso, a pos- a) levantamentos topográficos e cadastrais, sonda-
sibilidade de sua prorrogação; gens e ensaios geotécnicos, ensaios e análises laboratori-
b) fundamentação da contratação, que consiste na ais, estudos socioambientais e demais dados e levanta-
referência aos estudos técnicos preliminares correspon- mentos necessários para execução da solução escolhida;
dentes ou, quando não for possível divulgar esses estu- b) soluções técnicas globais e localizadas, suficien-
dos, no extrato das partes que não contiverem informa- temente detalhadas, de forma a evitar, por ocasião da
ções sigilosas; elaboração do projeto executivo e da realização das
c) descrição da solução como um todo, considerado obras e montagem, a necessidade de reformulações ou
todo o ciclo de vida do objeto; variantes quanto à qualidade, ao preço e ao prazo inici-
d) requisitos da contratação; almente definidos;
e) modelo de execução do objeto, que consiste na c) identificação dos tipos de serviços a executar e
definição de como o contrato deverá produzir os resulta- dos materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem
dos pretendidos desde o seu início até o seu encerramen- como das suas especificações, de modo a assegurar os
to; melhores resultados para o empreendimento e a seguran-
f) modelo de gestão do contrato, que descreve como ça executiva na utilização do objeto, para os fins a que se
a execução do objeto será acompanhada e fiscalizada pe- destina, considerados os riscos e os perigos identificá-
lo órgão ou entidade; veis, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execu-
g) critérios de medição e de pagamento; ção;
h) forma e critérios de seleção do fornecedor; d) informações que possibilitem o estudo e a defini-
i) estimativas do valor da contratação, acompanha- ção de métodos construtivos, de instalações provisórias e
das dos preços unitários referenciais, das memórias de de condições organizacionais para a obra, sem frustrar o
cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, com os caráter competitivo para a sua execução;
parâmetros utilizados para a obtenção dos preços e para e) subsídios para montagem do plano de licitação e
os respectivos cálculos, que devem constar de documen- gestão da obra, compreendidos a sua programação, a es-
to separado e classificado; tratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e ou-
j) adequação orçamentária; tros dados necessários em cada caso;
XXIV - anteprojeto: peça técnica com todos os sub- f) orçamento detalhado do custo global da obra,
sídios necessários à elaboração do projeto básico, que fundamentado em quantitativos de serviços e forneci-
deve conter, no mínimo, os seguintes elementos: mentos propriamente avaliados, obrigatório exclusiva-
a) demonstração e justificativa do programa de ne- mente para os regimes de execução previstos nos incisos
cessidades, avaliação de demanda do público-alvo, moti- I, II, III, IV e VII do caput do art. 46 desta Lei;
vação técnico-econômico-social do empreendimento, vi- XXVI - projeto executivo: conjunto de elementos
são global dos investimentos e definições relacionadas necessários e suficientes à execução completa da obra,
ao nível de serviço desejado; com o detalhamento das soluções previstas no projeto
b) condições de solidez, de segurança e de durabili- básico, a identificação de serviços, de materiais e de
dade; equipamentos a serem incorporados à obra, bem como
c) prazo de entrega; suas especificações técnicas, de acordo com as normas
d) estética do projeto arquitetônico, traçado geomé- técnicas pertinentes;
trico e/ou projeto da área de influência, quando cabível; XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual defi-
e) parâmetros de adequação ao interesse público, de nidora de riscos e de responsabilidades entre as partes e
economia na utilização, de facilidade na execução, de caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro ini-
impacto ambiental e de acessibilidade; cial do contrato, em termos de ônus financeiro decorren-
f) proposta de concepção da obra ou do serviço de te de eventos supervenientes à contratação, contendo, no
engenharia; mínimo, as seguintes informações:
g) projetos anteriores ou estudos preliminares que a) listagem de possíveis eventos supervenientes à
embasaram a concepção proposta; assinatura do contrato que possam causar impacto em

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


seu equilíbrio econômico-financeiro e previsão de even- XXXVI - serviço nacional: serviço prestado em ter-
tual necessidade de prolação de termo aditivo por ocasi- ritório nacional, nas condições estabelecidas pelo Poder
ão de sua ocorrência; Executivo federal;
b) no caso de obrigações de resultado, estabeleci- XXXVII - produto manufaturado nacional: produto
mento das frações do objeto com relação às quais haverá manufaturado produzido no território nacional de acordo
liberdade para os contratados inovarem em soluções me- com o processo produtivo básico ou com as regras de
todológicas ou tecnológicas, em termos de modificação origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
das soluções previamente delineadas no anteprojeto ou XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação
no projeto básico; para contratação de bens e serviços especiais e de obras e
c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério
preciso das frações do objeto com relação às quais não de julgamento poderá ser:
haverá liberdade para os contratados inovarem em solu- a) menor preço;
ções metodológicas ou tecnológicas, devendo haver b) melhor técnica ou conteúdo artístico;
obrigação de aderência entre a execução e a solução pre- c) técnica e preço;
definida no anteprojeto ou no projeto básico, considera- d) maior retorno econômico;
das as características do regime de execução no caso de e) maior desconto;
obras e serviços de engenharia; XXXIX - concurso: modalidade de licitação para
XXVIII - empreitada por preço unitário: contrata- escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo
ção da execução da obra ou do serviço por preço certo de critério de julgamento será o de melhor técnica ou conte-
unidades determinadas; údo artístico, e para concessão de prêmio ou remunera-
XXIX - empreitada por preço global: contratação da ção ao vencedor;
execução da obra ou do serviço por preço certo e total; XL - leilão: modalidade de licitação para alienação
XXX - empreitada integral: contratação de empre- de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legal-
endimento em sua integralidade, compreendida a totali- mente apreendidos a quem oferecer o maior lance;
dade das etapas de obras, serviços e instalações necessá- XLI - pregão: modalidade de licitação obrigatória
rias, sob inteira responsabilidade do contratado até sua para aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério
entrega ao contratante em condições de entrada em ope- de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de mai-
ração, com características adequadas às finalidades para or desconto;
as quais foi contratado e atendidos os requisitos técnicos XLII - diálogo competitivo: modalidade de licitação
e legais para sua utilização com segurança estrutural e para contratação de obras, serviços e compras em que a
operacional; Administração Pública realiza diálogos com licitantes
XXXI - contratação por tarefa: regime de contrata- previamente selecionados mediante critérios objetivos,
ção de mão de obra para pequenos trabalhos por preço com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas
certo, com ou sem fornecimento de materiais; capazes de atender às suas necessidades, devendo os lici-
XXXII - contratação integrada: regime de contrata- tantes apresentar proposta final após o encerramento dos
ção de obras e serviços de engenharia em que o contrata- diálogos;
do é responsável por elaborar e desenvolver os projetos XLIII - credenciamento: processo administrativo de
básico e executivo, executar obras e serviços de enge- chamamento público em que a Administração Pública
nharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e rea- convoca interessados em prestar serviços ou fornecer
lizar montagem, teste, pré-operação e as demais opera- bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se
ções necessárias e suficientes para a entrega final do ob- credenciem no órgão ou na entidade para executar o ob-
jeto; jeto quando convocados;
XXXIII - contratação semi-integrada: regime de XLIV - pré-qualificação: procedimento seletivo
contratação de obras e serviços de engenharia em que o prévio à licitação, convocado por meio de edital, desti-
contratado é responsável por elaborar e desenvolver o nado à análise das condições de habilitação, total ou par-
projeto executivo, executar obras e serviços de engenha- cial, dos interessados ou do objeto;
ria, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar XLV - sistema de registro de preços: conjunto de
montagem, teste, pré-operação e as demais operações procedimentos para realização, mediante contratação di-
necessárias e suficientes para a entrega final do objeto; reta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrên-
XXXIV - fornecimento e prestação de serviço asso- cia, de registro formal de preços relativos a prestação de
ciado: regime de contratação em que, além do forneci- serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para
mento do objeto, o contratado responsabiliza-se por sua contratações futuras;
operação, manutenção ou ambas, por tempo determina- XLVI - ata de registro de preços: documento vincu-
do; lativo e obrigacional, com característica de compromisso
XXXV - licitação internacional: licitação processa- para futura contratação, no qual são registrados o objeto,
da em território nacional na qual é admitida a participa- os preços, os fornecedores, os órgãos participantes e as
ção de licitantes estrangeiros, com a possibilidade de co- condições a serem praticadas, conforme as disposições
tação de preços em moeda estrangeira, ou licitação na contidas no edital da licitação, no aviso ou instrumento
qual o objeto contratual pode ou deve ser executado no de contratação direta e nas propostas apresentadas;
todo ou em parte em território estrangeiro; XLVII - órgão ou entidade gerenciadora: órgão ou
entidade da Administração Pública responsável pela
condução do conjunto de procedimentos para registro de

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


preços e pelo gerenciamento da ata de registro de preços LVIII - reajustamento em sentido estrito: forma de
dele decorrente; manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de con-
XLVIII - órgão ou entidade participante: órgão ou trato consistente na aplicação do índice de correção mo-
entidade da Administração Pública que participa dos netária previsto no contrato, que deve retratar a variação
procedimentos iniciais da contratação para registro de efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índi-
preços e integra a ata de registro de preços; ces específicos ou setoriais;
XLIX - órgão ou entidade não participante: órgão LIX - repactuação: forma de manutenção do equilí-
ou entidade da Administração Pública que não participa brio econômico-financeiro de contrato utilizada para ser-
dos procedimentos iniciais da licitação para registro de viços contínuos com regime de dedicação exclusiva de
preços e não integra a ata de registro de preços; mão de obra ou predominância de mão de obra, por meio
L - comissão de contratação: conjunto de agentes da análise da variação dos custos contratuais, devendo
públicos indicados pela Administração, em caráter per- estar prevista no edital com data vinculada à apresenta-
manente ou especial, com a função de receber, examinar ção das propostas, para os custos decorrentes do merca-
e julgar documentos relativos às licitações e aos proce- do, e com data vinculada ao acordo, à convenção coleti-
dimentos auxiliares; va ou ao dissídio coletivo ao qual o orçamento esteja
LI - catálogo eletrônico de padronização de com- vinculado, para os custos decorrentes da mão de obra;
pras, serviços e obras: sistema informatizado, de geren- LX - agente de contratação: pessoa designada pela
ciamento centralizado e com indicação de preços, desti- autoridade competente, entre servidores efetivos ou em-
nado a permitir a padronização de itens a serem adquiri- pregados públicos dos quadros permanentes da Adminis-
dos pela Administração Pública e que estarão disponí- tração Pública, para tomar decisões, acompanhar o trâmi-
veis para a licitação; te da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e
LII - sítio eletrônico oficial: sítio da internet, certifi- executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom
cado digitalmente por autoridade certificadora, no qual o andamento do certame até a homologação.
ente federativo divulga de forma centralizada as infor-
mações e os serviços de governo digital dos seus órgãos CAPÍTULO IV
e entidades; DOS AGENTES PÚBLICOS
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da
prestação de serviços, que pode incluir a realização de entidade, ou a quem as normas de organização adminis-
obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de pro- trativa indicarem, promover gestão por competências e
porcionar economia ao contratante, na forma de redução designar agentes públicos para o desempenho das fun-
de despesas correntes, remunerado o contratado com ba- ções essenciais à execução desta Lei que preencham os
se em percentual da economia gerada; seguintes requisitos:
LIV - seguro-garantia: seguro que garante o fiel I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou
cumprimento das obrigações assumidas pelo contratado; empregado público dos quadros permanentes da Admi-
LV - produtos para pesquisa e desenvolvimento: nistração Pública;
bens, insumos, serviços e obras necessários para ativida- II - tenham atribuições relacionadas a licitações e
de de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento contratos ou possuam formação compatível ou qualifica-
de tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados em ção atestada por certificação profissional emitida por es-
projeto de pesquisa; cola de governo criada e mantida pelo poder público; e
LVI - sobrepreço: preço orçado para licitação ou III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitan-
contratado em valor expressivamente superior aos preços tes ou contratados habituais da Administração nem te-
referenciais de mercado, seja de apenas 1 (um) item, se a nham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por
licitação ou a contratação for por preços unitários de ser- afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica,
viço, seja do valor global do objeto, se a licitação ou a comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil.
contratação for por tarefa, empreitada por preço global § 1º A autoridade referida no caput deste artigo de-
ou empreitada integral, semi-integrada ou integrada; verá observar o princípio da segregação de funções, ve-
LVII - superfaturamento: dano provocado ao patri- dada a designação do mesmo agente público para atua-
mônio da Administração, caracterizado, entre outras si- ção simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, de
tuações, por: modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de
a) medição de quantidades superiores às efetiva- ocorrência de fraudes na respectiva contratação.
mente executadas ou fornecidas; § 2º O disposto no caput e no § 1º deste artigo, in-
b) deficiência na execução de obras e de serviços de clusive os requisitos estabelecidos, também se aplica aos
engenharia que resulte em diminuição da sua qualidade, órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno
vida útil ou segurança; da Administração.
c) alterações no orçamento de obras e de serviços de Art. 8º A licitação será conduzida por agente de
engenharia que causem desequilíbrio econômico- contratação, pessoa designada pela autoridade competen-
financeiro do contrato em favor do contratado; te, entre servidores efetivos ou empregados públicos dos
d) outras alterações de cláusulas financeiras que ge- quadros permanentes da Administração Pública, para
rem recebimentos contratuais antecipados, distorção do tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar
cronograma físico-financeiro, prorrogação injustificada impulso ao procedimento licitatório e executar quaisquer
do prazo contratual com custos adicionais para a Admi- outras atividades necessárias ao bom andamento do cer-
nistração ou reajuste irregular de preços; tame até a homologação.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


§ 1º O agente de contratação será auxiliado por especializado ou funcionário ou representante de empre-
equipe de apoio e responderá individualmente pelos atos sa que preste assessoria técnica.
que praticar, salvo quando induzido a erro pela atuação Art. 10. Se as autoridades competentes e os servido-
da equipe. res públicos que tiverem participado dos procedimentos
§ 2º Em licitação que envolva bens ou serviços es- relacionados às licitações e aos contratos de que trata es-
peciais, desde que observados os requisitos estabelecidos ta Lei precisarem defender-se nas esferas administrativa,
no art. 7º desta Lei, o agente de contratação poderá ser controladora ou judicial em razão de ato praticado com
substituído por comissão de contratação formada por, no estrita observância de orientação constante em parecer
mínimo, 3 (três) membros, que responderão solidaria- jurídico elaborado na forma do § 1º do art. 53 desta Lei,
mente por todos os atos praticados pela comissão, res- a advocacia pública promoverá, a critério do agente pú-
salvado o membro que expressar posição individual di- blico, sua representação judicial ou extrajudicial.
vergente fundamentada e registrada em ata lavrada na § 1º Não se aplica o disposto no caput deste artigo
reunião em que houver sido tomada a decisão. quando:
§ 3º As regras relativas à atuação do agente de con- I - (VETADO);
tratação e da equipe de apoio, ao funcionamento da co- II - provas da prática de atos ilícitos dolosos consta-
missão de contratação e à atuação de fiscais e gestores de rem nos autos do processo administrativo ou judicial.
contratos de que trata esta Lei serão estabelecidas em re- § 2º Aplica-se o disposto no caput deste artigo in-
gulamento, e deverá ser prevista a possibilidade de eles clusive na hipótese de o agente público não mais ocupar
contarem com o apoio dos órgãos de assessoramento ju- o cargo, emprego ou função em que foi praticado o ato
rídico e de controle interno para o desempenho das fun- questionado.
ções essenciais à execução do disposto nesta Lei.
§ 4º Em licitação que envolva bens ou serviços es- TÍTULO II
peciais cujo objeto não seja rotineiramente contratado DAS LICITAÇÕES
pela Administração, poderá ser contratado, por prazo de- CAPÍTULO I
terminado, serviço de empresa ou de profissional especi- DO PROCESSO LICITATÓRIO
alizado para assessorar os agentes públicos responsáveis Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos:
pela condução da licitação. I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o re-
§ 5º Em licitação na modalidade pregão, o agente sultado de contratação mais vantajoso para a Adminis-
responsável pela condução do certame será designado tração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida
pregoeiro. do objeto;
Art. 9º É vedado ao agente público designado para II - assegurar tratamento isonômico entre os licitan-
atuar na área de licitações e contratos, ressalvados os ca- tes, bem como a justa competição;
sos previstos em lei: III - evitar contratações com sobrepreço ou com
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento
praticar, situações que: na execução dos contratos;
a) comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento na-
competitivo do processo licitatório, inclusive nos casos cional sustentável.
de participação de sociedades cooperativas; Parágrafo único. A alta administração do órgão ou
b) estabeleçam preferências ou distinções em razão entidade é responsável pela governança das contratações
da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes; e deve implementar processos e estruturas, inclusive de
c) sejam impertinentes ou irrelevantes para o objeto gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direci-
específico do contrato; onar e monitorar os processos licitatórios e os respecti-
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza vos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos es-
comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer tabelecidos no caput deste artigo, promover um ambien-
outra entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive te íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das con-
no que se refere a moeda, modalidade e local de paga- tratações ao planejamento estratégico e às leis orçamen-
mento, mesmo quando envolvido financiamento de tárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em
agência internacional; suas contratações.
III - opor resistência injustificada ao andamento dos Art. 12. No processo licitatório, observar-se-á o se-
processos e, indevidamente, retardar ou deixar de prati- guinte:
car ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa I - os documentos serão produzidos por escrito, com
em lei. data e local de sua realização e assinatura dos responsá-
§ 1º Não poderá participar, direta ou indiretamente, veis;
da licitação ou da execução do contrato agente público II - os valores, os preços e os custos utilizados terão
de órgão ou entidade licitante ou contratante, devendo como expressão monetária a moeda corrente nacional,
ser observadas as situações que possam configurar con- ressalvado o disposto no art. 52 desta Lei;
flito de interesses no exercício ou após o exercício do III - o desatendimento de exigências meramente
cargo ou emprego, nos termos da legislação que discipli- formais que não comprometam a aferição da qualificação
na a matéria. do licitante ou a compreensão do conteúdo de sua pro-
§ 2º As vedações de que trata este artigo estendem- posta não importará seu afastamento da licitação ou a in-
se a terceiro que auxilie a condução da contratação na validação do processo;
qualidade de integrante de equipe de apoio, profissional

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


IV - a prova de autenticidade de cópia de documen- do essa proibição constar expressamente do edital de li-
to público ou particular poderá ser feita perante agente citação;
da Administração, mediante apresentação de original ou V - empresas controladoras, controladas ou coliga-
de declaração de autenticidade por advogado, sob sua das, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
responsabilidade pessoal; 1976, concorrendo entre si;
V - o reconhecimento de firma somente será exigi- VI - pessoa física ou jurídica que, nos 5 (cinco)
do quando houver dúvida de autenticidade, salvo impo- anos anteriores à divulgação do edital, tenha sido conde-
sição legal; nada judicialmente, com trânsito em julgado, por explo-
VI - os atos serão preferencialmente digitais, de ração de trabalho infantil, por submissão de trabalhado-
forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, res a condições análogas às de escravo ou por contrata-
armazenados e validados por meio eletrônico; ção de adolescentes nos casos vedados pela legislação
VII - a partir de documentos de formalização de trabalhista.
demandas, os órgãos responsáveis pelo planejamento de § 1º O impedimento de que trata o inciso III
cada ente federativo poderão, na forma de regulamento, do caput deste artigo será também aplicado ao licitante
elaborar plano de contratações anual, com o objetivo de que atue em substituição a outra pessoa, física ou jurídi-
racionalizar as contratações dos órgãos e entidades sob ca, com o intuito de burlar a efetividade da sanção a ela
sua competência, garantir o alinhamento com o seu pla- aplicada, inclusive a sua controladora, controlada ou co-
nejamento estratégico e subsidiar a elaboração das res- ligada, desde que devidamente comprovado o ilícito ou a
pectivas leis orçamentárias. utilização fraudulenta da personalidade jurídica do lici-
§ 1º O plano de contratações anual de que trata o tante.
inciso VII do caput deste artigo deverá ser divulgado e § 2º A critério da Administração e exclusivamente a
mantido à disposição do público em sítio eletrônico ofi- seu serviço, o autor dos projetos e a empresa a que se re-
cial e será observado pelo ente federativo na realização ferem os incisos I e II do caput deste artigo poderão par-
de licitações e na execução dos contratos. ticipar no apoio das atividades de planejamento da con-
§ 2º É permitida a identificação e assinatura digital tratação, de execução da licitação ou de gestão do con-
por pessoa física ou jurídica em meio eletrônico, median- trato, desde que sob supervisão exclusiva de agentes pú-
te certificado digital emitido em âmbito da Infraestrutura blicos do órgão ou entidade.
de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). § 3º Equiparam-se aos autores do projeto as empre-
Art. 13. Os atos praticados no processo licitatório sas integrantes do mesmo grupo econômico.
são públicos, ressalvadas as hipóteses de informações § 4º O disposto neste artigo não impede a licitação
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade ou a contratação de obra ou serviço que inclua como en-
e do Estado, na forma da lei. cargo do contratado a elaboração do projeto básico e do
Parágrafo único. A publicidade será diferida: projeto executivo, nas contratações integradas, e do pro-
I - quanto ao conteúdo das propostas, até a respecti- jeto executivo, nos demais regimes de execução.
va abertura; § 5º Em licitações e contratações realizadas no âm-
II - quanto ao orçamento da Administração, nos bito de projetos e programas parcialmente financiados
termos do art. 24 desta Lei. por agência oficial de cooperação estrangeira ou por or-
Art. 14. Não poderão disputar licitação ou participar ganismo financeiro internacional com recursos do finan-
da execução de contrato, direta ou indiretamente: ciamento ou da contrapartida nacional, não poderá parti-
I - autor do anteprojeto, do projeto básico ou do cipar pessoa física ou jurídica que integre o rol de pesso-
projeto executivo, pessoa física ou jurídica, quando a li- as sancionadas por essas entidades ou que seja declarada
citação versar sobre obra, serviços ou fornecimento de inidônea nos termos desta Lei.
bens a ele relacionados; Art. 15. Salvo vedação devidamente justificada no
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, res- processo licitatório, pessoa jurídica poderá participar de
ponsável pela elaboração do projeto básico ou do projeto licitação em consórcio, observadas as seguintes normas:
executivo, ou empresa da qual o autor do projeto seja di- I - comprovação de compromisso público ou parti-
rigente, gerente, controlador, acionista ou detentor de cular de constituição de consórcio, subscrito pelos con-
mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a sorciados;
voto, responsável técnico ou subcontratado, quando a li- II - indicação da empresa líder do consórcio, que se-
citação versar sobre obra, serviços ou fornecimento de rá responsável por sua representação perante a Adminis-
bens a ela necessários; tração;
III - pessoa física ou jurídica que se encontre, ao III - admissão, para efeito de habilitação técnica, do
tempo da licitação, impossibilitada de participar da lici- somatório dos quantitativos de cada consorciado e, para
tação em decorrência de sanção que lhe foi imposta; efeito de habilitação econômico-financeira, do somatório
IV - aquele que mantenha vínculo de natureza téc- dos valores de cada consorciado;
nica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou ci- IV - impedimento de a empresa consorciada partici-
vil com dirigente do órgão ou entidade contratante ou par, na mesma licitação, de mais de um consórcio ou de
com agente público que desempenhe função na licitação forma isolada;
ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, ou que V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos
deles seja cônjuge, companheiro ou parente em linha re- atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação
ta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, deven- quanto na de execução do contrato.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


§ 1º O edital deverá estabelecer para o consórcio § 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se
acréscimo de 10% (dez por cento) a 30% (trinta por cen- refere o inciso IV do caput deste artigo, o órgão ou enti-
to) sobre o valor exigido de licitante individual para a dade licitante poderá, em relação ao licitante provisoria-
habilitação econômico-financeira, salvo justificação. mente vencedor, realizar análise e avaliação da confor-
§ 2º O acréscimo previsto no § 1º deste artigo não midade da proposta, mediante homologação de amostras,
se aplica aos consórcios compostos, em sua totalidade, exame de conformidade e prova de conceito, entre outros
de microempresas e pequenas empresas, assim definidas testes de interesse da Administração, de modo a com-
em lei. provar sua aderência às especificações definidas no ter-
§ 3º O licitante vencedor é obrigado a promover, mo de referência ou no projeto básico.
antes da celebração do contrato, a constituição e o regis- § 4º Nos procedimentos realizados por meio eletrô-
tro do consórcio, nos termos do compromisso referido no nico, a Administração poderá determinar, como condição
inciso I do caput deste artigo. de validade e eficácia, que os licitantes pratiquem seus
§ 4º Desde que haja justificativa técnica aprovada atos em formato eletrônico.
pela autoridade competente, o edital de licitação poderá § 5º Na hipótese excepcional de licitação sob a for-
estabelecer limite máximo para o número de empresas ma presencial a que refere o § 2º deste artigo, a sessão
consorciadas. pública de apresentação de propostas deverá ser gravada
§ 5º A substituição de consorciado deverá ser ex- em áudio e vídeo, e a gravação será juntada aos autos do
pressamente autorizada pelo órgão ou entidade contra- processo licitatório depois de seu encerramento.
tante e condicionada à comprovação de que a nova em- § 6º A Administração poderá exigir certificação por
presa do consórcio possui, no mínimo, os mesmos quan- organização independente acreditada pelo Instituto Naci-
titativos para efeito de habilitação técnica e os mesmos onal de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
valores para efeito de qualificação econômico-financeira como condição para aceitação de:
apresentados pela empresa substituída para fins de habi- I - estudos, anteprojetos, projetos básicos e projetos
litação do consórcio no processo licitatório que originou executivos;
o contrato. II - conclusão de fases ou de objetos de contratos;
Art. 16. Os profissionais organizados sob a forma III - material e corpo técnico apresentados por em-
de cooperativa poderão participar de licitação quando: presa para fins de habilitação.
I - a constituição e o funcionamento da cooperativa
observarem as regras estabelecidas na legislação aplicá- CAPÍTULO II
vel, em especial a Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de DA FASE PREPARATÓRIA
1971, a Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012, e a Lei Seção I
Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009; Da Instrução do Processo Licitatório
II - a cooperativa apresentar demonstrativo de atua- Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é
ção em regime cooperado, com repartição de receitas e caracterizada pelo planejamento e deve compatibilizar-se
despesas entre os cooperados; com o plano de contratações anual de que trata o inciso
III - qualquer cooperado, com igual qualificação, VII do caput do art. 12 desta Lei, sempre que elaborado,
for capaz de executar o objeto contratado, vedado à Ad- e com as leis orçamentárias, bem como abordar todas as
ministração indicar nominalmente pessoas; considerações técnicas, mercadológicas e de gestão que
IV - o objeto da licitação referir-se, em se tratando podem interferir na contratação, compreendidos:
de cooperativas enquadradas na Lei nº 12.690, de 19 de I - a descrição da necessidade da contratação fun-
julho de 2012, a serviços especializados constantes do damentada em estudo técnico preliminar que caracterize
objeto social da cooperativa, a serem executados de for- o interesse público envolvido;
ma complementar à sua atuação. II - a definição do objeto para o atendimento da ne-
Art. 17. O processo de licitação observará as se- cessidade, por meio de termo de referência, anteprojeto,
guintes fases, em sequência: projeto básico ou projeto executivo, conforme o caso;
I - preparatória; III - a definição das condições de execução e paga-
II - de divulgação do edital de licitação; mento, das garantias exigidas e ofertadas e das condições
III - de apresentação de propostas e lances, quando de recebimento;
for o caso; IV - o orçamento estimado, com as composições
IV - de julgamento; dos preços utilizados para sua formação;
V - de habilitação; V - a elaboração do edital de licitação;
VI - recursal; VI - a elaboração de minuta de contrato, quando ne-
VII - de homologação. cessária, que constará obrigatoriamente como anexo do
§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste arti- edital de licitação;
go poderá, mediante ato motivado com explicitação dos VII - o regime de fornecimento de bens, de presta-
benefícios decorrentes, anteceder as fases referidas nos ção de serviços ou de execução de obras e serviços de
incisos III e IV do caput deste artigo, desde que expres- engenharia, observados os potenciais de economia de es-
samente previsto no edital de licitação. cala;
§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmen- VIII - a modalidade de licitação, o critério de jul-
te sob a forma eletrônica, admitida a utilização da forma gamento, o modo de disputa e a adequação e eficiência
presencial, desde que motivada, devendo a sessão públi- da forma de combinação desses parâmetros, para os fins
ca ser registrada em ata e gravada em áudio e vídeo. de seleção da proposta apta a gerar o resultado de contra-

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


tação mais vantajoso para a Administração Pública, con- XIII - posicionamento conclusivo sobre a adequa-
siderado todo o ciclo de vida do objeto; ção da contratação para o atendimento da necessidade a
IX - a motivação circunstanciada das condições do que se destina.
edital, tais como justificativa de exigências de qualifica- § 2º O estudo técnico preliminar deverá conter ao
ção técnica, mediante indicação das parcelas de maior re- menos os elementos previstos nos incisos I, IV, VI, VIII
levância técnica ou valor significativo do objeto, e de e XIII do § 1º deste artigo e, quando não contemplar os
qualificação econômico-financeira, justificativa dos cri- demais elementos previstos no referido parágrafo, apre-
térios de pontuação e julgamento das propostas técnicas, sentar as devidas justificativas.
nas licitações com julgamento por melhor técnica ou § 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar pa-
técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à ra contratação de obras e serviços comuns de engenharia,
participação de empresas em consórcio; se demonstrada a inexistência de prejuízo para a aferição
X - a análise dos riscos que possam comprometer o dos padrões de desempenho e qualidade almejados, a es-
sucesso da licitação e a boa execução contratual; pecificação do objeto poderá ser realizada apenas em
XI - a motivação sobre o momento da divulgação termo de referência ou em projeto básico, dispensada a
do orçamento da licitação, observado o art. 24 desta Lei. elaboração de projetos.
§ 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o Art. 19. Os órgãos da Administração com compe-
inciso I do caput deste artigo deverá evidenciar o pro- tências regulamentares relativas às atividades de admi-
blema a ser resolvido e a sua melhor solução, de modo a nistração de materiais, de obras e serviços e de licitações
permitir a avaliação da viabilidade técnica e econômica e contratos deverão:
da contratação, e conterá os seguintes elementos: I - instituir instrumentos que permitam, preferenci-
I - descrição da necessidade da contratação, consi- almente, a centralização dos procedimentos de aquisição
derado o problema a ser resolvido sob a perspectiva do e contratação de bens e serviços;
interesse público; II - criar catálogo eletrônico de padronização de
II - demonstração da previsão da contratação no compras, serviços e obras, admitida a adoção do catálogo
plano de contratações anual, sempre que elaborado, de do Poder Executivo federal por todos os entes federati-
modo a indicar o seu alinhamento com o planejamento vos;
da Administração; III - instituir sistema informatizado de acompanha-
III - requisitos da contratação; mento de obras, inclusive com recursos de imagem e vídeo;
IV - estimativas das quantidades para a contratação, IV - instituir, com auxílio dos órgãos de assessoramen-
acompanhadas das memórias de cálculo e dos documen- to jurídico e de controle interno, modelos de minutas de edi-
tos que lhes dão suporte, que considerem interdependên- tais, de termos de referência, de contratos padronizados e de
cias com outras contratações, de modo a possibilitar eco- outros documentos, admitida a adoção das minutas do Po-
nomia de escala; der Executivo federal por todos os entes federativos;
V - levantamento de mercado, que consiste na aná- V - promover a adoção gradativa de tecnologias e pro-
cessos integrados que permitam a criação, a utilização e a
lise das alternativas possíveis, e justificativa técnica e
atualização de modelos digitais de obras e serviços de en-
econômica da escolha do tipo de solução a contratar;
genharia.
VI - estimativa do valor da contratação, acompa- § 1º O catálogo referido no inciso II do caput deste ar-
nhada dos preços unitários referenciais, das memórias de tigo poderá ser utilizado em licitações cujo critério de jul-
cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, que pode- gamento seja o de menor preço ou o de maior desconto e
rão constar de anexo classificado, se a Administração op- conterá toda a documentação e os procedimentos próprios
tar por preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação; da fase interna de licitações, assim como as especificações
VII - descrição da solução como um todo, inclusive dos respectivos objetos, conforme disposto em regulamento.
das exigências relacionadas à manutenção e à assistência § 2º A não utilização do catálogo eletrônico de padro-
técnica, quando for o caso; nização de que trata o inciso II do caput ou dos modelos de
VIII - justificativas para o parcelamento ou não da minutas de que trata o inciso IV do caput deste artigo deve-
contratação; rá ser justificada por escrito e anexada ao respectivo proces-
IX - demonstrativo dos resultados pretendidos em so licitatório.
termos de economicidade e de melhor aproveitamento § 3º Nas licitações de obras e serviços de engenha-
dos recursos humanos, materiais e financeiros disponí- ria e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da lici-
veis; tação, será preferencialmente adotada a Modelagem da
X - providências a serem adotadas pela Administra- Informação da Construção (Building Information Mo-
ção previamente à celebração do contrato, inclusive delling - BIM) ou tecnologias e processos integrados si-
quanto à capacitação de servidores ou de empregados pa- milares ou mais avançados que venham a substituí-la.
ra fiscalização e gestão contratual; Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir
XI - contratações correlatas e/ou interdependentes; as demandas das estruturas da Administração Pública
XII - descrição de possíveis impactos ambientais e deverão ser de qualidade comum, não superior à necessá-
respectivas medidas mitigadoras, incluídos requisitos de ria para cumprir as finalidades às quais se destinam, ve-
baixo consumo de energia e de outros recursos, bem co- dada a aquisição de artigos de luxo. Regulamento (Vi-
mo logística reversa para desfazimento e reciclagem de gência)
bens e refugos, quando aplicável;

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


§ 1º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário observadas a potencial economia de escala e as peculia-
definirão em regulamento os limites para o enquadra- ridades do local de execução do objeto.
mento dos bens de consumo nas categorias comum e lu- § 1º No processo licitatório para aquisição de bens e
xo. contratação de serviços em geral, conforme regulamento,
§ 2º A partir de 180 (cento e oitenta) dias contados o valor estimado será definido com base no melhor preço
da promulgação desta Lei, novas compras de bens de aferido por meio da utilização dos seguintes parâmetros,
consumo só poderão ser efetivadas com a edição, pela adotados de forma combinada ou não:
autoridade competente, do regulamento a que se refere o I - composição de custos unitários menores ou
§ 1º deste artigo. iguais à mediana do item correspondente no painel para
§ 3º (VETADO). consulta de preços ou no banco de preços em saúde dis-
Art. 21. A Administração poderá convocar, com an- poníveis no Portal Nacional de Contratações Públicas
tecedência mínima de 8 (oito) dias úteis, audiência pú- (PNCP);
blica, presencial ou a distância, na forma eletrônica, so- II - contratações similares feitas pela Administração
bre licitação que pretenda realizar, com disponibilização Pública, em execução ou concluídas no período de 1
prévia de informações pertinentes, inclusive de estudo (um) ano anterior à data da pesquisa de preços, inclusive
técnico preliminar e elementos do edital de licitação, e mediante sistema de registro de preços, observado o ín-
com possibilidade de manifestação de todos os interes- dice de atualização de preços correspondente;
sados. III - utilização de dados de pesquisa publicada em
Parágrafo único. A Administração também poderá mídia especializada, de tabela de referência formalmente
submeter a licitação a prévia consulta pública, mediante aprovada pelo Poder Executivo federal e de sítios eletrô-
a disponibilização de seus elementos a todos os interes- nicos especializados ou de domínio amplo, desde que
sados, que poderão formular sugestões no prazo fixado. contenham a data e hora de acesso;
Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alo- IV - pesquisa direta com no mínimo 3 (três) forne-
cação de riscos entre o contratante e o contratado, hipó- cedores, mediante solicitação formal de cotação, desde
tese em que o cálculo do valor estimado da contratação que seja apresentada justificativa da escolha desses for-
poderá considerar taxa de risco compatível com o objeto necedores e que não tenham sido obtidos os orçamentos
da licitação e com os riscos atribuídos ao contratado, de com mais de 6 (seis) meses de antecedência da data de
acordo com metodologia predefinida pelo ente federati- divulgação do edital;
vo. V - pesquisa na base nacional de notas fiscais ele-
§ 1º A matriz de que trata o caput deste artigo de- trônicas, na forma de regulamento.
verá promover a alocação eficiente dos riscos de cada § 2º No processo licitatório para contratação de
contrato e estabelecer a responsabilidade que caiba a ca- obras e serviços de engenharia, conforme regulamento, o
da parte contratante, bem como os mecanismos que afas- valor estimado, acrescido do percentual de Benefícios e
tem a ocorrência do sinistro e mitiguem os seus efeitos, Despesas Indiretas (BDI) de referência e dos Encargos
caso este ocorra durante a execução contratual. Sociais (ES) cabíveis, será definido por meio da utiliza-
§ 2º O contrato deverá refletir a alocação realizada ção de parâmetros na seguinte ordem:
pela matriz de riscos, especialmente quanto: I - composição de custos unitários menores ou
I - às hipóteses de alteração para o restabelecimento iguais à mediana do item correspondente do Sistema de
da equação econômico-financeira do contrato nos casos Custos Referenciais de Obras (Sicro), para serviços e
em que o sinistro seja considerado na matriz de riscos obras de infraestrutura de transportes, ou do Sistema Na-
como causa de desequilíbrio não suportada pela parte cional de Pesquisa de Custos e Índices de Construção
que pretenda o restabelecimento; Civil (Sinapi), para as demais obras e serviços de enge-
II - à possibilidade de resolução quando o sinistro nharia;
majorar excessivamente ou impedir a continuidade da II - utilização de dados de pesquisa publicada em
execução contratual; mídia especializada, de tabela de referência formalmente
III - à contratação de seguros obrigatórios previa- aprovada pelo Poder Executivo federal e de sítios eletrô-
mente definidos no contrato, integrado o custo de contra- nicos especializados ou de domínio amplo, desde que
tação ao preço ofertado. contenham a data e a hora de acesso;
§ 3º Quando a contratação se referir a obras e servi- III - contratações similares feitas pela Administra-
ços de grande vulto ou forem adotados os regimes de ção Pública, em execução ou concluídas no período de 1
contratação integrada e semi-integrada, o edital obrigato- (um) ano anterior à data da pesquisa de preços, observa-
riamente contemplará matriz de alocação de riscos entre do o índice de atualização de preços correspondente;
o contratante e o contratado. IV - pesquisa na base nacional de notas fiscais ele-
§ 4º Nas contratações integradas ou semi- trônicas, na forma de regulamento.
integradas, os riscos decorrentes de fatos supervenientes § 3º Nas contratações realizadas por Municípios,
à contratação associados à escolha da solução de projeto Estados e Distrito Federal, desde que não envolvam re-
básico pelo contratado deverão ser alocados como de sua cursos da União, o valor previamente estimado da con-
responsabilidade na matriz de riscos. tratação, a que se refere o caput deste artigo, poderá ser
Art. 23. O valor previamente estimado da contrata- definido por meio da utilização de outros sistemas de
ção deverá ser compatível com os valores praticados pe- custos adotados pelo respectivo ente federativo.
lo mercado, considerados os preços constantes de bancos § 4º Nas contratações diretas por inexigibilidade ou
de dados públicos e as quantidades a serem contratadas, por dispensa, quando não for possível estimar o valor do

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


objeto na forma estabelecida nos §§ 1º, 2º e 3º deste arti- da celebração do contrato, conforme regulamento que
go, o contratado deverá comprovar previamente que os disporá sobre as medidas a serem adotadas, a forma de
preços estão em conformidade com os praticados em comprovação e as penalidades pelo seu descumprimento.
contratações semelhantes de objetos de mesma natureza, § 5º O edital poderá prever a responsabilidade do
por meio da apresentação de notas fiscais emitidas para contratado pela:
outros contratantes no período de até 1 (um) ano anterior I - obtenção do licenciamento ambiental;
à data da contratação pela Administração, ou por outro II - realização da desapropriação autorizada pelo
meio idôneo. poder público.
§ 5º No processo licitatório para contratação de § 6º Os licenciamentos ambientais de obras e servi-
obras e serviços de engenharia sob os regimes de contra- ços de engenharia licitados e contratados nos termos des-
tação integrada ou semi-integrada, o valor estimado da ta Lei terão prioridade de tramitação nos órgãos e enti-
contratação será calculado nos termos do § 2º deste arti- dades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambien-
go, acrescido ou não de parcela referente à remuneração te (Sisnama) e deverão ser orientados pelos princípios da
do risco, e, sempre que necessário e o anteprojeto o per- celeridade, da cooperação, da economicidade e da efici-
mitir, a estimativa de preço será baseada em orçamento ência.
sintético, balizado em sistema de custo definido no inci- § 7º Independentemente do prazo de duração do
so I do § 2º deste artigo, devendo a utilização de metodo- contrato, será obrigatória a previsão no edital de índice
logia expedita ou paramétrica e de avaliação aproximada de reajustamento de preço, com data-base vinculada à
baseada em outras contratações similares ser reservada data do orçamento estimado e com a possibilidade de ser
às frações do empreendimento não suficientemente deta- estabelecido mais de um índice específico ou setorial, em
lhadas no anteprojeto. conformidade com a realidade de mercado dos respecti-
§ 6º Na hipótese do § 5º deste artigo, será exigido vos insumos.
dos licitantes ou contratados, no orçamento que compu- § 8º Nas licitações de serviços contínuos, observado
ser suas respectivas propostas, no mínimo, o mesmo ní- o interregno mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajus-
vel de detalhamento do orçamento sintético referido no tamento será por:
mencionado parágrafo. I - reajustamento em sentido estrito, quando não
Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estima- houver regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou
do da contratação poderá ter caráter sigiloso, sem prejuí- predominância de mão de obra, mediante previsão de ín-
zo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e dices específicos ou setoriais;
das demais informações necessárias para a elaboração II - repactuação, quando houver regime de dedica-
das propostas, e, nesse caso: ção exclusiva de mão de obra ou predominância de mão
I - o sigilo não prevalecerá para os órgãos de con- de obra, mediante demonstração analítica da variação
trole interno e externo; dos custos.
II - (VETADO). § 9º O edital poderá, na forma disposta em regula-
Parágrafo único. Na hipótese de licitação em que mento, exigir que percentual mínimo da mão de obra
for adotado o critério de julgamento por maior desconto, responsável pela execução do objeto da contratação seja
o preço estimado ou o máximo aceitável constará do edi- constituído por:
tal da licitação. I - mulheres vítimas de violência doméstica; (Vide
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação Decreto nº 11.430, de 2023) Vigência
e as regras relativas à convocação, ao julgamento, à habi- II - oriundos ou egressos do sistema prisional.
litação, aos recursos e às penalidades da licitação, à fis- Art. 26. No processo de licitação, poderá ser estabe-
calização e à gestão do contrato, à entrega do objeto e às lecida margem de preferência para:
condições de pagamento. I - bens manufaturados e serviços nacionais que
§ 1º Sempre que o objeto permitir, a Administração atendam a normas técnicas brasileiras;
adotará minutas padronizadas de edital e de contrato com II - bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis,
cláusulas uniformes. conforme regulamento.
§ 2º Desde que, conforme demonstrado em estudo § 1º A margem de preferência de que trata o caput
técnico preliminar, não sejam causados prejuízos à com- deste artigo:
petitividade do processo licitatório e à eficiência do res- I - será definida em decisão fundamentada do Poder
pectivo contrato, o edital poderá prever a utilização de Executivo federal, no caso do inciso I do caput deste ar-
mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas tigo;
existentes no local da execução, conservação e operação II - poderá ser de até 10% (dez por cento) sobre o
do bem, serviço ou obra. preço dos bens e serviços que não se enquadrem no dis-
§ 3º Todos os elementos do edital, incluídos minuta posto nos incisos I ou II do caput deste artigo;
de contrato, termos de referência, anteprojeto, projetos e III - poderá ser estendida a bens manufaturados e
outros anexos, deverão ser divulgados em sítio eletrônico serviços originários de Estados Partes do Mercado Co-
oficial na mesma data de divulgação do edital, sem ne- mum do Sul (Mercosul), desde que haja reciprocidade
cessidade de registro ou de identificação para acesso. com o País prevista em acordo internacional aprovado
§ 4º Nas contratações de obras, serviços e forneci- pelo Congresso Nacional e ratificado pelo Presidente da
mentos de grande vulto, o edital deverá prever a obriga- República.
toriedade de implantação de programa de integridade pe- § 2º Para os bens manufaturados nacionais e servi-
lo licitante vencedor, no prazo de 6 (seis) meses, contado ços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


tecnológica no País, definidos conforme regulamento do Art. 30. O concurso observará as regras e condições
Poder Executivo federal, a margem de preferência a que previstas em edital, que indicará:
se refere o caput deste artigo poderá ser de até 20% (vin- I - a qualificação exigida dos participantes;
te por cento). II - as diretrizes e formas de apresentação do traba-
§ 3º (VETADO). lho;
§ 4º (VETADO). III - as condições de realização e o prêmio ou re-
§ 5º A margem de preferência não se aplica aos muneração a ser concedida ao vencedor.
bens manufaturados nacionais e aos serviços nacionais se Parágrafo único. Nos concursos destinados à elabo-
a capacidade de produção desses bens ou de prestação ração de projeto, o vencedor deverá ceder à Administra-
desses serviços no País for inferior: ção Pública, nos termos do art. 93 desta Lei, todos os di-
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou reitos patrimoniais relativos ao projeto e autorizar sua
II - aos quantitativos fixados em razão do parcela- execução conforme juízo de conveniência e oportunida-
mento do objeto, quando for o caso. de das autoridades competentes.
§ 6º Os editais de licitação para a contratação de Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro ofi-
bens, serviços e obras poderão, mediante prévia justifica- cial ou a servidor designado pela autoridade competente
tiva da autoridade competente, exigir que o contratado da Administração, e regulamento deverá dispor sobre
promova, em favor de órgão ou entidade integrante da seus procedimentos operacionais.
Administração Pública ou daqueles por ela indicados a § 1º Se optar pela realização de leilão por intermé-
partir de processo isonômico, medidas de compensação dio de leiloeiro oficial, a Administração deverá selecio-
comercial, industrial ou tecnológica ou acesso a condi- ná-lo mediante credenciamento ou licitação na modali-
ções vantajosas de financiamento, cumulativamente ou dade pregão e adotar o critério de julgamento de maior
não, na forma estabelecida pelo Poder Executivo federal. desconto para as comissões a serem cobradas, utilizados
§ 7º Nas contratações destinadas à implantação, à como parâmetro máximo os percentuais definidos na lei
manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecno- que regula a referida profissão e observados os valores
logia de informação e comunicação considerados estra- dos bens a serem leiloados.
tégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação § 2º O leilão será precedido da divulgação do edital
poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia de- em sítio eletrônico oficial, que conterá:
senvolvida no País produzidos de acordo com o processo I - a descrição do bem, com suas características, e,
produtivo básico de que trata a Lei nº 10.176, de 11 de no caso de imóvel, sua situação e suas divisas, com re-
janeiro de 2001. missão à matrícula e aos registros;
Art. 27. Será divulgada, em sítio eletrônico oficial, II - o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço
a cada exercício financeiro, a relação de empresas favo- mínimo pelo qual poderá ser alienado, as condições de
recidas em decorrência do disposto no art. 26 desta Lei, pagamento e, se for o caso, a comissão do leiloeiro de-
com indicação do volume de recursos destinados a cada signado;
uma delas. III - a indicação do lugar onde estiverem os móveis,
os veículos e os semoventes;
Seção II IV - o sítio da internet e o período em que ocorrerá
Das Modalidades de Licitação o leilão, salvo se excepcionalmente for realizado sob a
Art. 28. São modalidades de licitação: forma presencial por comprovada inviabilidade técnica
I - pregão; ou desvantagem para a Administração, hipótese em que
II - concorrência; serão indicados o local, o dia e a hora de sua realização;
III - concurso; V - a especificação de eventuais ônus, gravames ou
IV - leilão; pendências existentes sobre os bens a serem leiloados.
V - diálogo competitivo. § 3º Além da divulgação no sítio eletrônico oficial,
§ 1º Além das modalidades referidas no caput deste o edital do leilão será afixado em local de ampla circula-
artigo, a Administração pode servir-se dos procedimen- ção de pessoas na sede da Administração e poderá, ain-
tos auxiliares previstos no art. 78 desta Lei. da, ser divulgado por outros meios necessários para am-
§ 2º É vedada a criação de outras modalidades de li- pliar a publicidade e a competitividade da licitação.
citação ou, ainda, a combinação daquelas referidas § 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio,
no caput deste artigo. não terá fase de habilitação e deverá ser homologado as-
Art. 29. A concorrência e o pregão seguem o rito sim que concluída a fase de lances, superada a fase re-
procedimental comum a que se refere o art. 17 desta Lei, cursal e efetivado o pagamento pelo licitante vencedor,
adotando-se o pregão sempre que o objeto possuir pa- na forma definida no edital.
drões de desempenho e qualidade que possam ser objeti- Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita
vamente definidos pelo edital, por meio de especifica- a contratações em que a Administração:
ções usuais de mercado. I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes
Parágrafo único. O pregão não se aplica às contrata- condições:
ções de serviços técnicos especializados de natureza pre- a) inovação tecnológica ou técnica;
dominantemente intelectual e de obras e serviços de en- b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua
genharia, exceto os serviços de engenharia de que trata a necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções dis-
alínea “a” do inciso XXI do caput do art. 6º desta Lei. poníveis no mercado; e

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c) impossibilidade de as especificações técnicas se- contratação de profissionais para assessoramento técnico
rem definidas com precisão suficiente pela Administra- da comissão;
ção; XII - (VETADO).
II - verifique a necessidade de definir e identificar § 2º Os profissionais contratados para os fins do in-
os meios e as alternativas que possam satisfazer suas ne- ciso XI do § 1º deste artigo assinarão termo de confiden-
cessidades, com destaque para os seguintes aspectos: cialidade e abster-se-ão de atividades que possam confi-
a) a solução técnica mais adequada; gurar conflito de interesses.
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solu-
ção já definida; Seção III
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato; Dos Critérios de Julgamento
III - (VETADO). Art. 33. O julgamento das propostas será realizado
§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão ob- de acordo com os seguintes critérios:
servadas as seguintes disposições: I - menor preço;
I - a Administração apresentará, por ocasião da di- II - maior desconto;
vulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas neces- III - melhor técnica ou conteúdo artístico;
sidades e as exigências já definidas e estabelecerá prazo IV - técnica e preço;
mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifesta- V - maior lance, no caso de leilão;
ção de interesse na participação da licitação; VI - maior retorno econômico.
II - os critérios empregados para pré-seleção dos li- Art. 34. O julgamento por menor preço ou maior
citantes deverão ser previstos em edital, e serão admiti- desconto e, quando couber, por técnica e preço conside-
dos todos os interessados que preencherem os requisitos rará o menor dispêndio para a Administração, atendidos
objetivos estabelecidos; os parâmetros mínimos de qualidade definidos no edital
III - a divulgação de informações de modo discri- de licitação.
minatório que possa implicar vantagem para algum lici- § 1º Os custos indiretos, relacionados com as despe-
tante será vedada; sas de manutenção, utilização, reposição, depreciação e
IV - a Administração não poderá revelar a outros li- impacto ambiental do objeto licitado, entre outros fatores
citantes as soluções propostas ou as informações sigilo- vinculados ao seu ciclo de vida, poderão ser considera-
sas comunicadas por um licitante sem o seu consenti- dos para a definição do menor dispêndio, sempre que ob-
mento; jetivamente mensuráveis, conforme disposto em regula-
V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a mento.
Administração, em decisão fundamentada, identifique a § 2º O julgamento por maior desconto terá como re-
solução ou as soluções que atendam às suas necessida- ferência o preço global fixado no edital de licitação, e o
des; desconto será estendido aos eventuais termos aditivos.
VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados Art. 35. O julgamento por melhor técnica ou conte-
serão registradas em ata e gravadas mediante utilização údo artístico considerará exclusivamente as propostas
de recursos tecnológicos de áudio e vídeo; técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes, e o
VII - o edital poderá prever a realização de fases edital deverá definir o prêmio ou a remuneração que será
sucessivas, caso em que cada fase poderá restringir as atribuída aos vencedores.
soluções ou as propostas a serem discutidas; Parágrafo único. O critério de julgamento de que
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o di- trata o caput deste artigo poderá ser utilizado para a con-
álogo foi concluído, juntar aos autos do processo licitató- tratação de projetos e trabalhos de natureza técnica, cien-
rio os registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar tífica ou artística.
a fase competitiva com a divulgação de edital contendo a Art. 36. O julgamento por técnica e preço conside-
especificação da solução que atenda às suas necessidades rará a maior pontuação obtida a partir da ponderação, se-
e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da gundo fatores objetivos previstos no edital, das notas
proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 atribuídas aos aspectos de técnica e de preço da proposta.
(sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré- § 1º O critério de julgamento de que trata o caput
selecionados na forma do inciso II deste parágrafo apre- deste artigo será escolhido quando estudo técnico preli-
sentarem suas propostas, que deverão conter os elemen- minar demonstrar que a avaliação e a ponderação da qua-
tos necessários para a realização do projeto; lidade técnica das propostas que superarem os requisitos
IX - a Administração poderá solicitar esclarecimen- mínimos estabelecidos no edital forem relevantes aos
tos ou ajustes às propostas apresentadas, desde que não fins pretendidos pela Administração nas licitações para
impliquem discriminação nem distorçam a concorrência contratação de:
entre as propostas; I - serviços técnicos especializados de natureza pre-
X - a Administração definirá a proposta vencedora dominantemente intelectual, caso em que o critério de
de acordo com critérios divulgados no início da fase julgamento de técnica e preço deverá ser preferencial-
competitiva, assegurada a contratação mais vantajosa mente empregado;
como resultado; II - serviços majoritariamente dependentes de tec-
XI - o diálogo competitivo será conduzido por co- nologia sofisticada e de domínio restrito, conforme ates-
missão de contratação composta de pelo menos 3 (três) tado por autoridades técnicas de reconhecida qualifica-
servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes ção;
aos quadros permanentes da Administração, admitida a

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III - bens e serviços especiais de tecnologia da in- respectivo contrato tenha participação direta e pessoal do
formação e de comunicação; profissional correspondente.
IV - obras e serviços especiais de engenharia; Art. 39. O julgamento por maior retorno econômi-
V - objetos que admitam soluções específicas e al- co, utilizado exclusivamente para a celebração de contra-
ternativas e variações de execução, com repercussões to de eficiência, considerará a maior economia para a
significativas e concretamente mensuráveis sobre sua Administração, e a remuneração deverá ser fixada em
qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade, percentual que incidirá de forma proporcional à econo-
quando essas soluções e variações puderem ser adotadas mia efetivamente obtida na execução do contrato.
à livre escolha dos licitantes, conforme critérios objeti- § 1º Nas licitações que adotarem o critério de jul-
vamente definidos no edital de licitação. gamento de que trata o caput deste artigo, os licitantes
§ 2º No julgamento por técnica e preço, deverão ser apresentarão:
avaliadas e ponderadas as propostas técnicas e, em se- I - proposta de trabalho, que deverá contemplar:
guida, as propostas de preço apresentadas pelos licitan- a) as obras, os serviços ou os bens, com os respecti-
tes, na proporção máxima de 70% (setenta por cento) de vos prazos de realização ou fornecimento;
valoração para a proposta técnica. b) a economia que se estima gerar, expressa em
§ 3º O desempenho pretérito na execução de contra- unidade de medida associada à obra, ao bem ou ao servi-
tos com a Administração Pública deverá ser considerado ço e em unidade monetária;
na pontuação técnica, observado o disposto nos §§ 3º e II - proposta de preço, que corresponderá a percen-
4º do art. 88 desta Lei e em regulamento. tual sobre a economia que se estima gerar durante deter-
Art. 37. O julgamento por melhor técnica ou por minado período, expressa em unidade monetária.
técnica e preço deverá ser realizado por: § 2º O edital de licitação deverá prever parâmetros
I - verificação da capacitação e da experiência do li- objetivos de mensuração da economia gerada com a exe-
citante, comprovadas por meio da apresentação de ates- cução do contrato, que servirá de base de cálculo para a
tados de obras, produtos ou serviços previamente reali- remuneração devida ao contratado.
zados; § 3º Para efeito de julgamento da proposta, o retor-
II - atribuição de notas a quesitos de natureza quali- no econômico será o resultado da economia que se esti-
tativa por banca designada para esse fim, de acordo com ma gerar com a execução da proposta de trabalho, dedu-
orientações e limites definidos em edital, considerados a zida a proposta de preço.
demonstração de conhecimento do objeto, a metodologia § 4º Nos casos em que não for gerada a economia
e o programa de trabalho, a qualificação das equipes téc- prevista no contrato de eficiência:
nicas e a relação dos produtos que serão entregues; I - a diferença entre a economia contratada e a efe-
III - atribuição de notas por desempenho do licitante tivamente obtida será descontada da remuneração do
em contratações anteriores aferida nos documentos com- contratado;
probatórios de que trata o § 3º do art. 88 desta Lei e em II - se a diferença entre a economia contratada e a
registro cadastral unificado disponível no Portal Nacio- efetivamente obtida for superior ao limite máximo esta-
nal de Contratações Públicas (PNCP). belecido no contrato, o contratado sujeitar-se-á, ainda, a
§ 1º A banca referida no inciso II do caput deste ar- outras sanções cabíveis.
tigo terá no mínimo 3 (três) membros e poderá ser com-
posta de: Seção IV
I - servidores efetivos ou empregados públicos per- Disposições Setoriais
tencentes aos quadros permanentes da Administração Subseção I
Pública; Das Compras
II - profissionais contratados por conhecimento téc- Art. 40. O planejamento de compras deverá consi-
nico, experiência ou renome na avaliação dos quesitos derar a expectativa de consumo anual e observar o se-
especificados em edital, desde que seus trabalhos sejam guinte:
supervisionados por profissionais designados conforme o I - condições de aquisição e pagamento semelhantes
disposto no art. 7º desta Lei. às do setor privado;
§ 2º Ressalvados os casos de inexigibilidade de lici- II - processamento por meio de sistema de registro
tação, na licitação para contratação dos serviços técnicos de preços, quando pertinente;
especializados de natureza predominantemente intelectu- III - determinação de unidades e quantidades a se-
al previstos nas alíneas “a”, “d” e “h” do inciso XVIII do rem adquiridas em função de consumo e utilização pro-
caput do art. 6º desta Lei cujo valor estimado da contra- váveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível,
tação seja superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), mediante adequadas técnicas quantitativas, admitido o
o julgamento será por: (Vide Decreto nº 11.317, de 2022) fornecimento contínuo;
Vigência IV - condições de guarda e armazenamento que não
I - melhor técnica; ou permitam a deterioração do material;
II - técnica e preço, na proporção de 70% (setenta V - atendimento aos princípios:
por cento) de valoração da proposta técnica.” a) da padronização, considerada a compatibilidade
Art. 38. No julgamento por melhor técnica ou por de especificações estéticas, técnicas ou de desempenho;
técnica e preço, a obtenção de pontuação devido à capa- b) do parcelamento, quando for tecnicamente viável
citação técnico-profissional exigirá que a execução do e economicamente vantajoso;

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c) da responsabilidade fiscal, mediante a compara- III - vedar a contratação de marca ou produto,
ção da despesa estimada com a prevista no orçamento. quando, mediante processo administrativo, restar com-
§ 1º O termo de referência deverá conter os elemen- provado que produtos adquiridos e utilizados anterior-
tos previstos no inciso XXIII do caput do art. 6º desta mente pela Administração não atendem a requisitos in-
Lei, além das seguintes informações: dispensáveis ao pleno adimplemento da obrigação con-
I - especificação do produto, preferencialmente con- tratual;
forme catálogo eletrônico de padronização, observados IV - solicitar, motivadamente, carta de solidarieda-
os requisitos de qualidade, rendimento, compatibilidade, de emitida pelo fabricante, que assegure a execução do
durabilidade e segurança; contrato, no caso de licitante revendedor ou distribuidor.
II - indicação dos locais de entrega dos produtos e Parágrafo único. A exigência prevista no inciso II
das regras para recebimentos provisório e definitivo, do caput deste artigo restringir-se-á ao licitante proviso-
quando for o caso; riamente vencedor quando realizada na fase de julga-
III - especificação da garantia exigida e das condi- mento das propostas ou de lances.
ções de manutenção e assistência técnica, quando for o Art. 42. A prova de qualidade de produto apresen-
caso. tado pelos proponentes como similar ao das marcas
§ 2º Na aplicação do princípio do parcelamento, re- eventualmente indicadas no edital será admitida por
ferente às compras, deverão ser considerados: qualquer um dos seguintes meios:
I - a viabilidade da divisão do objeto em lotes; I - comprovação de que o produto está de acordo
II - o aproveitamento das peculiaridades do merca- com as normas técnicas determinadas pelos órgãos ofici-
do local, com vistas à economicidade, sempre que possí- ais competentes, pela Associação Brasileira de Normas
vel, desde que atendidos os parâmetros de qualidade; e Técnicas (ABNT) ou por outra entidade credenciada pelo
III - o dever de buscar a ampliação da competição e Inmetro;
de evitar a concentração de mercado. II - declaração de atendimento satisfatório emitida
§ 3º O parcelamento não será adotado quando: por outro órgão ou entidade de nível federativo equiva-
I - a economia de escala, a redução de custos de lente ou superior que tenha adquirido o produto;
gestão de contratos ou a maior vantagem na contratação III - certificação, certificado, laudo laboratorial ou
recomendar a compra do item do mesmo fornecedor; documento similar que possibilite a aferição da qualida-
II - o objeto a ser contratado configurar sistema úni- de e da conformidade do produto ou do processo de fa-
co e integrado e houver a possibilidade de risco ao con- bricação, inclusive sob o aspecto ambiental, emitido por
junto do objeto pretendido; instituição oficial competente ou por entidade credencia-
III - o processo de padronização ou de escolha de da.
marca levar a fornecedor exclusivo. § 1º O edital poderá exigir, como condição de acei-
§ 4º Em relação à informação de que trata o inciso tabilidade da proposta, certificação de qualidade do pro-
III do § 1º deste artigo, desde que fundamentada em es- duto por instituição credenciada pelo Conselho Nacional
tudo técnico preliminar, a Administração poderá exigir de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
que os serviços de manutenção e assistência técnica se- (Conmetro).
jam prestados mediante deslocamento de técnico ou dis- § 2º A Administração poderá, nos termos do edital
ponibilizados em unidade de prestação de serviços loca- de licitação, oferecer protótipo do objeto pretendido e
lizada em distância compatível com suas necessidades. exigir, na fase de julgamento das propostas, amostras do
Art. 41. No caso de licitação que envolva o forne- licitante provisoriamente vencedor, para atender a dili-
cimento de bens, a Administração poderá excepcional- gência ou, após o julgamento, como condição para fir-
mente: mar contrato.
I - indicar uma ou mais marcas ou modelos, desde § 3º No interesse da Administração, as amostras a
que formalmente justificado, nas seguintes hipóteses: que se refere o § 2º deste artigo poderão ser examinadas
a) em decorrência da necessidade de padronização por instituição com reputação ético-profissional na espe-
do objeto; cialidade do objeto, previamente indicada no edital.
b) em decorrência da necessidade de manter a com- Art. 43. O processo de padronização deverá conter:
patibilidade com plataformas e padrões já adotados pela I - parecer técnico sobre o produto, considerados
Administração; especificações técnicas e estéticas, desempenho, análise
c) quando determinada marca ou modelo comercia- de contratações anteriores, custo e condições de manu-
lizados por mais de um fornecedor forem os únicos ca- tenção e garantia;
pazes de atender às necessidades do contratante; II - despacho motivado da autoridade superior, com
d) quando a descrição do objeto a ser licitado puder a adoção do padrão;
ser mais bem compreendida pela identificação de deter- III - síntese da justificativa e descrição sucinta do
minada marca ou determinado modelo aptos a servir padrão definido, divulgadas em sítio eletrônico oficial.
apenas como referência; § 1º É permitida a padronização com base em pro-
II - exigir amostra ou prova de conceito do bem no cesso de outro órgão ou entidade de nível federativo
procedimento de pré-qualificação permanente, na fase de igual ou superior ao do órgão adquirente, devendo o ato
julgamento das propostas ou de lances, ou no período de que decidir pela adesão a outra padronização ser devi-
vigência do contrato ou da ata de registro de preços, des- damente motivado, com indicação da necessidade da
de que previsto no edital da licitação e justificada a ne- Administração e dos riscos decorrentes dessa decisão, e
cessidade de sua apresentação; divulgado em sítio eletrônico oficial.

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§ 2º As contratações de soluções baseadas em sof- vação de desapropriação autorizada pelo poder público,
tware de uso disseminado serão disciplinadas em regu- bem como:
lamento que defina processo de gestão estratégica das I - o responsável por cada fase do procedimento ex-
contratações desse tipo de solução. propriatório;
Art. 44. Quando houver a possibilidade de compra II - a responsabilidade pelo pagamento das indeni-
ou de locação de bens, o estudo técnico preliminar deve- zações devidas;
rá considerar os custos e os benefícios de cada opção, III - a estimativa do valor a ser pago a título de in-
com indicação da alternativa mais vantajosa. denização pelos bens expropriados, inclusive de custos
correlatos;
Subseção II IV - a distribuição objetiva de riscos entre as partes,
Das Obras e Serviços de Engenharia incluído o risco pela diferença entre o custo da desapro-
Art. 45. As licitações de obras e serviços de enge- priação e a estimativa de valor e pelos eventuais danos e
nharia devem respeitar, especialmente, as normas relati- prejuízos ocasionados por atraso na disponibilização dos
vas a: bens expropriados;
I - disposição final ambientalmente adequada dos V - em nome de quem deverá ser promovido o re-
resíduos sólidos gerados pelas obras contratadas; gistro de imissão provisória na posse e o registro de pro-
II - mitigação por condicionantes e compensação priedade dos bens a serem desapropriados.
ambiental, que serão definidas no procedimento de li- § 5º Na contratação semi-integrada, mediante prévia
cenciamento ambiental; autorização da Administração, o projeto básico poderá
III - utilização de produtos, de equipamentos e de ser alterado, desde que demonstrada a superioridade das
serviços que, comprovadamente, favoreçam a redução do inovações propostas pelo contratado em termos de redu-
consumo de energia e de recursos naturais; ção de custos, de aumento da qualidade, de redução do
IV - avaliação de impacto de vizinhança, na forma prazo de execução ou de facilidade de manutenção ou
da legislação urbanística; operação, assumindo o contratado a responsabilidade in-
V - proteção do patrimônio histórico, cultural, ar- tegral pelos riscos associados à alteração do projeto bási-
queológico e imaterial, inclusive por meio da avaliação co.
do impacto direto ou indireto causado pelas obras contra- § 6º A execução de cada etapa será obrigatoriamen-
tadas; te precedida da conclusão e da aprovação, pela autorida-
VI - acessibilidade para pessoas com deficiência ou de competente, dos trabalhos relativos às etapas anterio-
com mobilidade reduzida. res.
Art. 46. Na execução indireta de obras e serviços de § 7º (VETADO).
engenharia, são admitidos os seguintes regimes: § 8º (VETADO).
I - empreitada por preço unitário; § 9º Os regimes de execução a que se referem os in-
II - empreitada por preço global; cisos II, III, IV, V e VI do caput deste artigo serão lici-
III - empreitada integral; tados por preço global e adotarão sistemática de medição
IV - contratação por tarefa; e pagamento associada à execução de etapas do crono-
V - contratação integrada; grama físico-financeiro vinculadas ao cumprimento de
VI - contratação semi-integrada; metas de resultado, vedada a adoção de sistemática de
VII - fornecimento e prestação de serviço associa- remuneração orientada por preços unitários ou referenci-
do. ada pela execução de quantidades de itens unitários.
§ 1º É vedada a realização de obras e serviços de
engenharia sem projeto executivo, ressalvada a hipótese Subseção III
prevista no § 3º do art. 18 desta Lei. Dos Serviços em Geral
§ 2º A Administração é dispensada da elaboração de Art. 47. As licitações de serviços atenderão aos
projeto básico nos casos de contratação integrada, hipó- princípios:
tese em que deverá ser elaborado anteprojeto de acordo I - da padronização, considerada a compatibilidade
com metodologia definida em ato do órgão competente, de especificações estéticas, técnicas ou de desempenho;
observados os requisitos estabelecidos no inciso XXIV II - do parcelamento, quando for tecnicamente viá-
do art. 6º desta Lei. vel e economicamente vantajoso.
§ 3º Na contratação integrada, após a elaboração do § 1º Na aplicação do princípio do parcelamento de-
projeto básico pelo contratado, o conjunto de desenhos, verão ser considerados:
especificações, memoriais e cronograma físico- I - a responsabilidade técnica;
financeiro deverá ser submetido à aprovação da Admi- II - o custo para a Administração de vários contratos
nistração, que avaliará sua adequação em relação aos pa- frente às vantagens da redução de custos, com divisão do
râmetros definidos no edital e conformidade com as objeto em itens;
normas técnicas, vedadas alterações que reduzam a qua- III - o dever de buscar a ampliação da competição e
lidade ou a vida útil do empreendimento e mantida a res- de evitar a concentração de mercado.
ponsabilidade integral do contratado pelos riscos associ- § 2º Na licitação de serviços de manutenção e assis-
ados ao projeto básico. tência técnica, o edital deverá definir o local de realiza-
§ 4º Nos regimes de contratação integrada e semi- ção dos serviços, admitida a exigência de deslocamento
integrada, o edital e o contrato, sempre que for o caso, de técnico ao local da repartição ou a exigência de que o
deverão prever as providências necessárias para a efeti- contratado tenha unidade de prestação de serviços em

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distância compatível com as necessidades da Adminis- VI - recibo de pagamento de vale-transporte e vale-
tração. alimentação, na forma prevista em norma coletiva.
Art. 48. Poderão ser objeto de execução por tercei-
ros as atividades materiais acessórias, instrumentais ou Subseção IV
complementares aos assuntos que constituam área de Da Locação de Imóveis
competência legal do órgão ou da entidade, vedado à Art. 51. Ressalvado o disposto no inciso V do caput
Administração ou a seus agentes, na contratação do ser- do art. 74 desta Lei, a locação de imóveis deverá ser pre-
viço terceirizado: cedida de licitação e avaliação prévia do bem, do seu es-
I - indicar pessoas expressamente nominadas para tado de conservação, dos custos de adaptações e do pra-
executar direta ou indiretamente o objeto contratado; zo de amortização dos investimentos necessários.
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em
ato normativo a ser pago pelo contratado; Subseção V
III - estabelecer vínculo de subordinação com fun- Das Licitações Internacionais
cionário de empresa prestadora de serviço terceirizado; Art. 52. Nas licitações de âmbito internacional, o
IV - definir forma de pagamento mediante exclusi- edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária
vo reembolso dos salários pagos; e do comércio exterior e atender às exigências dos ór-
V - demandar a funcionário de empresa prestadora gãos competentes.
de serviço terceirizado a execução de tarefas fora do es- § 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro
copo do objeto da contratação; cotar preço em moeda estrangeira, o licitante brasileiro
VI - prever em edital exigências que constituam in- igualmente poderá fazê-lo.
tervenção indevida da Administração na gestão interna § 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro even-
do contratado. tualmente contratado em virtude de licitação nas condi-
Parágrafo único. Durante a vigência do contrato, é ções de que trata o § 1º deste artigo será efetuado em
vedado ao contratado contratar cônjuge, companheiro ou moeda corrente nacional.
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o § 3º As garantias de pagamento ao licitante brasilei-
terceiro grau, de dirigente do órgão ou entidade contra- ro serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante es-
tante ou de agente público que desempenhe função na li- trangeiro.
citação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, § 4º Os gravames incidentes sobre os preços consta-
devendo essa proibição constar expressamente do edital rão do edital e serão definidos a partir de estimativas ou
de licitação. médias dos tributos.
Art. 49. A Administração poderá, mediante justifi- § 5º As propostas de todos os licitantes estarão su-
cativa expressa, contratar mais de uma empresa ou insti- jeitas às mesmas regras e condições, na forma estabele-
tuição para executar o mesmo serviço, desde que essa cida no edital.
contratação não implique perda de economia de escala, § 6º Observados os termos desta Lei, o edital não
quando: poderá prever condições de habilitação, classificação e
I - o objeto da contratação puder ser executado de julgamento que constituam barreiras de acesso ao licitan-
forma concorrente e simultânea por mais de um contra- te estrangeiro, admitida a previsão de margem de prefe-
tado; e rência para bens produzidos no País e serviços nacionais
II - a múltipla execução for conveniente para aten- que atendam às normas técnicas brasileiras, na forma de-
der à Administração. finida no art. 26 desta Lei.
Parágrafo único. Na hipótese prevista
no caput deste artigo, a Administração deverá manter o CAPÍTULO III
controle individualizado da execução do objeto contratu- DA DIVULGAÇÃO DO EDITAL DE LICITAÇÃO
al relativamente a cada um dos contratados. Art. 53. Ao final da fase preparatória, o processo li-
Art. 50. Nas contratações de serviços com regime citatório seguirá para o órgão de assessoramento jurídico
de dedicação exclusiva de mão de obra, o contratado de- da Administração, que realizará controle prévio de lega-
verá apresentar, quando solicitado pela Administração, lidade mediante análise jurídica da contratação.
sob pena de multa, comprovação do cumprimento das § 1º Na elaboração do parecer jurídico, o órgão de
obrigações trabalhistas e com o Fundo de Garantia do assessoramento jurídico da Administração deverá:
Tempo de Serviço (FGTS) em relação aos empregados I - apreciar o processo licitatório conforme critérios
diretamente envolvidos na execução do contrato, em es- objetivos prévios de atribuição de prioridade;
pecial quanto ao: II - redigir sua manifestação em linguagem simples
I - registro de ponto; e compreensível e de forma clara e objetiva, com apreci-
II - recibo de pagamento de salários, adicionais, ho- ação de todos os elementos indispensáveis à contratação
ras extras, repouso semanal remunerado e décimo tercei- e com exposição dos pressupostos de fato e de direito le-
ro salário; vados em consideração na análise jurídica;
III - comprovante de depósito do FGTS; III - (VETADO).
IV - recibo de concessão e pagamento de férias e do § 2º (VETADO).
respectivo adicional; § 3º Encerrada a instrução do processo sob os as-
V - recibo de quitação de obrigações trabalhistas e pectos técnico e jurídico, a autoridade determinará a di-
previdenciárias dos empregados dispensados até a data vulgação do edital de licitação conforme disposto no art.
da extinção do contrato; 54.

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§ 4º Na forma deste artigo, o órgão de assessora- c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de exe-
mento jurídico da Administração também realizará con- cução for de contratação integrada;
trole prévio de legalidade de contratações diretas, acor- d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de
dos, termos de cooperação, convênios, ajustes, adesões a execução for o de contratação semi-integrada ou nas hi-
atas de registro de preços, outros instrumentos congêne- póteses não abrangidas pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste
res e de seus termos aditivos. inciso;
§ 5º É dispensável a análise jurídica nas hipóteses III - para licitação em que se adote o critério de jul-
previamente definidas em ato da autoridade jurídica má- gamento de maior lance, 15 (quinze) dias úteis;
xima competente, que deverá considerar o baixo valor, a IV - para licitação em que se adote o critério de jul-
baixa complexidade da contratação, a entrega imediata gamento de técnica e preço ou de melhor técnica ou con-
do bem ou a utilização de minutas de editais e instru- teúdo artístico, 35 (trinta e cinco) dias úteis.
mentos de contrato, convênio ou outros ajustes previa- § 1º Eventuais modificações no edital implicarão
mente padronizados pelo órgão de assessoramento jurí- nova divulgação na mesma forma de sua divulgação ini-
dico. cial, além do cumprimento dos mesmos prazos dos atos e
§ 6º (VETADO). procedimentos originais, exceto quando a alteração não
Art. 54. A publicidade do edital de licitação será re- comprometer a formulação das propostas.
alizada mediante divulgação e manutenção do inteiro te- § 2º Os prazos previstos neste artigo poderão, medi-
or do ato convocatório e de seus anexos no Portal Nacio- ante decisão fundamentada, ser reduzidos até a metade
nal de Contratações Públicas (PNCP). nas licitações realizadas pelo Ministério da Saúde, no
§ 1º (VETADO). âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, é obrigató- Art. 56. O modo de disputa poderá ser, isolada ou
ria a publicação de extrato do edital no Diário Oficial da conjuntamente:
União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, I - aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão
ou, no caso de consórcio público, do ente de maior nível suas propostas por meio de lances públicos e sucessivos,
entre eles, bem como em jornal diário de grande circula- crescentes ou decrescentes;
ção. (Promulgação partes vetadas) II - fechado, hipótese em que as propostas permane-
§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manu- cerão em sigilo até a data e hora designadas para sua di-
tenção do inteiro teor do edital e de seus anexos em sítio vulgação.
eletrônico oficial do ente federativo do órgão ou entidade § 1º A utilização isolada do modo de disputa fecha-
responsável pela licitação ou, no caso de consórcio pú- do será vedada quando adotados os critérios de julga-
blico, do ente de maior nível entre eles, admitida, ainda, mento de menor preço ou de maior desconto.
a divulgação direta a interessados devidamente cadastra- § 2º A utilização do modo de disputa aberto será
dos para esse fim. vedada quando adotado o critério de julgamento de téc-
§ 3º Após a homologação do processo licitatório, nica e preço.
serão disponibilizados no Portal Nacional de Contrata- § 3º Serão considerados intermediários os lances:
ções Públicas (PNCP) e, se o órgão ou entidade respon- I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando
sável pela licitação entender cabível, também no sítio re- adotado o critério de julgamento de maior lance;
ferido no § 2º deste artigo, os documentos elaborados na II - iguais ou superiores ao menor já ofertado,
fase preparatória que porventura não tenham integrado o quando adotados os demais critérios de julgamento.
edital e seus anexos. § 4º Após a definição da melhor proposta, se a dife-
rença em relação à proposta classificada em segundo lu-
CAPÍTULO IV gar for de pelo menos 5% (cinco por cento), a Adminis-
DA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS tração poderá admitir o reinício da disputa aberta, nos
E LANCES termos estabelecidos no instrumento convocatório, para a
Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de definição das demais colocações.
propostas e lances, contados a partir da data de divulga- § 5º Nas licitações de obras ou serviços de engenha-
ção do edital de licitação, são de: ria, após o julgamento, o licitante vencedor deverá reela-
I - para aquisição de bens: borar e apresentar à Administração, por meio eletrônico,
a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios as planilhas com indicação dos quantitativos e dos custos
de julgamento de menor preço ou de maior desconto; unitários, bem como com detalhamento das Bonificações
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangi- e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais (ES),
das pela alínea “a” deste inciso; com os respectivos valores adequados ao valor final da
II - no caso de serviços e obras: proposta vencedora, admitida a utilização dos preços
a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios unitários, no caso de empreitada por preço global, em-
de julgamento de menor preço ou de maior desconto, no preitada integral, contratação semi-integrada e contrata-
caso de serviços comuns e de obras e serviços comuns de ção integrada, exclusivamente para eventuais adequações
engenharia; indispensáveis no cronograma físico-financeiro e para
b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os balizar excepcional aditamento posterior do contrato.
critérios de julgamento de menor preço ou de maior des- Art. 57. O edital de licitação poderá estabelecer in-
conto, no caso de serviços especiais e de obras e serviços tervalo mínimo de diferença de valores entre os lances,
especiais de engenharia; que incidirá tanto em relação aos lances intermediários
quanto em relação à proposta que cobrir a melhor oferta.

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Art. 58. Poderá ser exigida, no momento da apre- lizados registros cadastrais para efeito de atesto de cum-
sentação da proposta, a comprovação do recolhimento de primento de obrigações previstos nesta Lei;
quantia a título de garantia de proposta, como requisito III - desenvolvimento pelo licitante de ações de
de pré-habilitação. equidade entre homens e mulheres no ambiente de traba-
§ 1º A garantia de proposta não poderá ser superior lho, conforme regulamento; (Vide Decreto nº 11.430, de
a 1% (um por cento) do valor estimado para a contrata- 2023) Vigência
ção. IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de
§ 2º A garantia de proposta será devolvida aos lici- integridade, conforme orientações dos órgãos de contro-
tantes no prazo de 10 (dez) dias úteis, contado da assina- le.
tura do contrato ou da data em que for declarada fracas- § 1º Em igualdade de condições, se não houver de-
sada a licitação. sempate, será assegurada preferência, sucessivamente,
§ 3º Implicará execução do valor integral da garan- aos bens e serviços produzidos ou prestados por:
tia de proposta a recusa em assinar o contrato ou a não I - empresas estabelecidas no território do Estado ou
apresentação dos documentos para a contratação. do Distrito Federal do órgão ou entidade da Administra-
§ 4º A garantia de proposta poderá ser prestada nas ção Pública estadual ou distrital licitante ou, no caso de
modalidades de que trata o § 1º do art. 96 desta Lei. licitação realizada por órgão ou entidade de Município,
no território do Estado em que este se localize;
CAPÍTULO V II - empresas brasileiras;
DO JULGAMENTO III - empresas que invistam em pesquisa e no de-
Art. 59. Serão desclassificadas as propostas que: senvolvimento de tecnologia no País;
I - contiverem vícios insanáveis; IV - empresas que comprovem a prática de mitiga-
II - não obedecerem às especificações técnicas por- ção, nos termos da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de
menorizadas no edital; 2009.
III - apresentarem preços inexequíveis ou permane- § 2º As regras previstas no caput deste artigo não
cerem acima do orçamento estimado para a contratação; prejudicarão a aplicação do disposto no art. 44 da Lei
IV - não tiverem sua exequibilidade demonstrada, Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
quando exigido pela Administração; Art. 61. Definido o resultado do julgamento, a Ad-
V - apresentarem desconformidade com quaisquer ministração poderá negociar condições mais vantajosas
outras exigências do edital, desde que insanável. com o primeiro colocado.
§ 1º A verificação da conformidade das propostas § 1º A negociação poderá ser feita com os demais
poderá ser feita exclusivamente em relação à proposta licitantes, segundo a ordem de classificação inicialmente
mais bem classificada. estabelecida, quando o primeiro colocado, mesmo após a
§ 2º A Administração poderá realizar diligências negociação, for desclassificado em razão de sua proposta
para aferir a exequibilidade das propostas ou exigir dos permanecer acima do preço máximo definido pela Ad-
licitantes que ela seja demonstrada, conforme disposto ministração.
no inciso IV do caput deste artigo. § 2º A negociação será conduzida por agente de contratação
§ 3º No caso de obras e serviços de engenharia e ar- ou comissão de contratação, na forma de regulamento, e,
quitetura, para efeito de avaliação da exequibilidade e de depois de concluída, terá seu resultado divulgado a todos os
sobrepreço, serão considerados o preço global, os quanti- licitantes e anexado aos autos do processo licitatório.
tativos e os preços unitários tidos como relevantes, ob-
servado o critério de aceitabilidade de preços unitário e CAPÍTULO VI
global a ser fixado no edital, conforme as especificidades DA HABILITAÇÃO
do mercado correspondente. Art. 62. A habilitação é a fase da licitação em que
§ 4º No caso de obras e serviços de engenharia, se- se verifica o conjunto de informações e documentos ne-
rão consideradas inexequíveis as propostas cujos valores cessários e suficientes para demonstrar a capacidade do
forem inferiores a 75% (setenta e cinco por cento) do va- licitante de realizar o objeto da licitação, dividindo-se
lor orçado pela Administração. em:
§ 5º Nas contratações de obras e serviços de enge- I - jurídica;
nharia, será exigida garantia adicional do licitante ven- II - técnica;
cedor cuja proposta for inferior a 85% (oitenta e cinco III - fiscal, social e trabalhista;
por cento) do valor orçado pela Administração, equiva- IV - econômico-financeira.
lente à diferença entre este último e o valor da proposta, Art. 63. Na fase de habilitação das licitações serão
sem prejuízo das demais garantias exigíveis de acordo observadas as seguintes disposições:
com esta Lei. I - poderá ser exigida dos licitantes a declaração de
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais pro- que atendem aos requisitos de habilitação, e o declarante
postas, serão utilizados os seguintes critérios de desem- responderá pela veracidade das informações prestadas,
pate, nesta ordem: na forma da lei;
I - disputa final, hipótese em que os licitantes empa- II - será exigida a apresentação dos documentos de
tados poderão apresentar nova proposta em ato contínuo habilitação apenas pelo licitante vencedor, exceto quan-
à classificação; do a fase de habilitação anteceder a de julgamento;
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos III - serão exigidos os documentos relativos à regu-
licitantes, para a qual deverão preferencialmente ser uti- laridade fiscal, em qualquer caso, somente em momento

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posterior ao julgamento das propostas, e apenas do lici- Art. 66. A habilitação jurídica visa a demonstrar a
tante mais bem classificado; capacidade de o licitante exercer direitos e assumir obri-
IV - será exigida do licitante declaração de que gações, e a documentação a ser apresentada por ele limi-
cumpre as exigências de reserva de cargos para pessoa ta-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e,
com deficiência e para reabilitado da Previdência Social, quando cabível, de autorização para o exercício da ativi-
previstas em lei e em outras normas específicas. dade a ser contratada.
§ 1º Constará do edital de licitação cláusula que exi- Art. 67. A documentação relativa à qualificação
ja dos licitantes, sob pena de desclassificação, declaração técnico-profissional e técnico-operacional será restrita a:
de que suas propostas econômicas compreendem a inte- I - apresentação de profissional, devidamente regis-
gralidade dos custos para atendimento dos direitos traba- trado no conselho profissional competente, quando for o
lhistas assegurados na Constituição Federal, nas leis tra- caso, detentor de atestado de responsabilidade técnica
balhistas, nas normas infralegais, nas convenções coleti- por execução de obra ou serviço de características seme-
vas de trabalho e nos termos de ajustamento de conduta lhantes, para fins de contratação;
vigentes na data de entrega das propostas. II - certidões ou atestados, regularmente emitidos
§ 2º Quando a avaliação prévia do local de execu- pelo conselho profissional competente, quando for o ca-
ção for imprescindível para o conhecimento pleno das so, que demonstrem capacidade operacional na execução
condições e peculiaridades do objeto a ser contratado, o de serviços similares de complexidade tecnológica e ope-
edital de licitação poderá prever, sob pena de inabilita- racional equivalente ou superior, bem como documentos
ção, a necessidade de o licitante atestar que conhece o comprobatórios emitidos na forma do § 3º do art. 88 des-
local e as condições de realização da obra ou serviço, as- ta Lei;
segurado a ele o direito de realização de vistoria prévia. III - indicação do pessoal técnico, das instalações e
§ 3º Para os fins previstos no § 2º deste artigo, o do aparelhamento adequados e disponíveis para a reali-
edital de licitação sempre deverá prever a possibilidade zação do objeto da licitação, bem como da qualificação
de substituição da vistoria por declaração formal assina- de cada membro da equipe técnica que se responsabiliza-
da pelo responsável técnico do licitante acerca do conhe- rá pelos trabalhos;
cimento pleno das condições e peculiaridades da contra- IV - prova do atendimento de requisitos previstos
tação. em lei especial, quando for o caso;
§ 4º Para os fins previstos no § 2º deste artigo, se os V - registro ou inscrição na entidade profissional
licitantes optarem por realizar vistoria prévia, a Adminis- competente, quando for o caso;
tração deverá disponibilizar data e horário diferentes pa- VI - declaração de que o licitante tomou conheci-
ra os eventuais interessados. mento de todas as informações e das condições locais pa-
Art. 64. Após a entrega dos documentos para habili- ra o cumprimento das obrigações objeto da licitação.
tação, não será permitida a substituição ou a apresenta- § 1º A exigência de atestados será restrita às parce-
ção de novos documentos, salvo em sede de diligência, las de maior relevância ou valor significativo do objeto
para: da licitação, assim consideradas as que tenham valor in-
I - complementação de informações acerca dos do- dividual igual ou superior a 4% (quatro por cento) do va-
cumentos já apresentados pelos licitantes e desde que lor total estimado da contratação.
necessária para apurar fatos existentes à época da abertu- § 2º Observado o disposto no caput e no § 1º deste
ra do certame; artigo, será admitida a exigência de atestados com quan-
II - atualização de documentos cuja validade tenha tidades mínimas de até 50% (cinquenta por cento) das
expirado após a data de recebimento das propostas. parcelas de que trata o referido parágrafo, vedadas limi-
§ 1º Na análise dos documentos de habilitação, a tações de tempo e de locais específicos relativas aos ates-
comissão de licitação poderá sanar erros ou falhas que tados.
não alterem a substância dos documentos e sua validade § 3º Salvo na contratação de obras e serviços de en-
jurídica, mediante despacho fundamentado registrado e genharia, as exigências a que se referem os incisos I e II
acessível a todos, atribuindo-lhes eficácia para fins de do caput deste artigo, a critério da Administração, pode-
habilitação e classificação. rão ser substituídas por outra prova de que o profissional
§ 2º Quando a fase de habilitação anteceder a de ou a empresa possui conhecimento técnico e experiência
julgamento e já tiver sido encerrada, não caberá exclusão prática na execução de serviço de características seme-
de licitante por motivo relacionado à habilitação, salvo lhantes, hipótese em que as provas alternativas aceitáveis
em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após deverão ser previstas em regulamento.
o julgamento. § 4º Serão aceitos atestados ou outros documentos
Art. 65. As condições de habilitação serão definidas hábeis emitidos por entidades estrangeiras quando
no edital. acompanhados de tradução para o português, salvo se
§ 1º As empresas criadas no exercício financeiro da comprovada a inidoneidade da entidade emissora.
licitação deverão atender a todas as exigências da habili- § 5º Em se tratando de serviços contínuos, o edital
tação e ficarão autorizadas a substituir os demonstrativos poderá exigir certidão ou atestado que demonstre que o
contábeis pelo balanço de abertura. licitante tenha executado serviços similares ao objeto da
§ 2º A habilitação poderá ser realizada por processo licitação, em períodos sucessivos ou não, por um prazo
eletrônico de comunicação a distância, nos termos dis- mínimo, que não poderá ser superior a 3 (três) anos.
postos em regulamento.

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§ 6º Os profissionais indicados pelo licitante na II - a inscrição no cadastro de contribuintes estadual
forma dos incisos I e III do caput deste artigo deverão e/ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede
participar da obra ou serviço objeto da licitação, e será do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e com-
admitida a sua substituição por profissionais de experi- patível com o objeto contratual;
ência equivalente ou superior, desde que aprovada pela III - a regularidade perante a Fazenda federal, esta-
Administração. dual e/ou municipal do domicílio ou sede do licitante, ou
§ 7º Sociedades empresárias estrangeiras atenderão outra equivalente, na forma da lei;
à exigência prevista no inciso V do caput deste artigo IV - a regularidade relativa à Seguridade Social e ao
por meio da apresentação, no momento da assinatura do FGTS, que demonstre cumprimento dos encargos sociais
contrato, da solicitação de registro perante a entidade instituídos por lei;
profissional competente no Brasil. V - a regularidade perante a Justiça do Trabalho;
§ 8º Será admitida a exigência da relação dos com- VI - o cumprimento do disposto no inciso XXXIII
promissos assumidos pelo licitante que importem em do art. 7º da Constituição Federal.
diminuição da disponibilidade do pessoal técnico referi- § 1º Os documentos referidos nos incisos do caput
do nos incisos I e III do caput deste artigo. deste artigo poderão ser substituídos ou supridos, no to-
§ 9º O edital poderá prever, para aspectos técnicos do ou em parte, por outros meios hábeis a comprovar a
específicos, que a qualificação técnica seja demonstrada regularidade do licitante, inclusive por meio eletrônico.
por meio de atestados relativos a potencial subcontrata- § 2º A comprovação de atendimento do disposto
do, limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do objeto a nos incisos III, IV e V do caput deste artigo deverá ser
ser licitado, hipótese em que mais de um licitante poderá feita na forma da legislação específica.
apresentar atestado relativo ao mesmo potencial subcon- Art. 69. A habilitação econômico-financeira visa a
tratado. demonstrar a aptidão econômica do licitante para cum-
§ 10. Em caso de apresentação por licitante de ates- prir as obrigações decorrentes do futuro contrato, deven-
tado de desempenho anterior emitido em favor de con- do ser comprovada de forma objetiva, por coeficientes e
sórcio do qual tenha feito parte, se o atestado ou o con- índices econômicos previstos no edital, devidamente jus-
trato de constituição do consórcio não identificar a ativi- tificados no processo licitatório, e será restrita à apresen-
dade desempenhada por cada consorciado individual- tação da seguinte documentação:
mente, serão adotados os seguintes critérios na avaliação I - balanço patrimonial, demonstração de resultado
de sua qualificação técnica: de exercício e demais demonstrações contábeis dos 2
I - caso o atestado tenha sido emitido em favor de (dois) últimos exercícios sociais;
consórcio homogêneo, as experiências atestadas deverão II - certidão negativa de feitos sobre falência expe-
ser reconhecidas para cada empresa consorciada na pro- dida pelo distribuidor da sede do licitante.
porção quantitativa de sua participação no consórcio, § 1º A critério da Administração, poderá ser exigida
salvo nas licitações para contratação de serviços técnicos declaração, assinada por profissional habilitado da área
especializados de natureza predominantemente intelectu- contábil, que ateste o atendimento pelo licitante dos ín-
al, em que todas as experiências atestadas deverão ser dices econômicos previstos no edital.
reconhecidas para cada uma das empresas consorciadas; § 2º Para o atendimento do disposto no caput deste
II - caso o atestado tenha sido emitido em favor de artigo, é vedada a exigência de valores mínimos de fatu-
consórcio heterogêneo, as experiências atestadas deverão ramento anterior e de índices de rentabilidade ou lucrati-
ser reconhecidas para cada consorciado de acordo com vidade.
os respectivos campos de atuação, inclusive nas licita- § 3º É admitida a exigência da relação dos com-
ções para contratação de serviços técnicos especializados promissos assumidos pelo licitante que importem em
de natureza predominantemente intelectual. diminuição de sua capacidade econômico-financeira, ex-
§ 11. Na hipótese do § 10 deste artigo, para fins de cluídas parcelas já executadas de contratos firmados.
comprovação do percentual de participação do consorci- § 4º A Administração, nas compras para entrega fu-
ado, caso este não conste expressamente do atestado ou tura e na execução de obras e serviços, poderá estabele-
da certidão, deverá ser juntada ao atestado ou à certidão cer no edital a exigência de capital mínimo ou de patri-
cópia do instrumento de constituição do consórcio. mônio líquido mínimo equivalente a até 10% (dez por
§ 12. Na documentação de que trata o inciso I cento) do valor estimado da contratação.
do caput deste artigo, não serão admitidos atestados de § 5º É vedada a exigência de índices e valores não
responsabilidade técnica de profissionais que, na forma usualmente adotados para a avaliação de situação eco-
de regulamento, tenham dado causa à aplicação das san- nômico-financeira suficiente para o cumprimento das
ções previstas nos incisos III e IV do caput do art. 156 obrigações decorrentes da licitação.
desta Lei em decorrência de orientação proposta, de § 6º Os documentos referidos no inciso I
prescrição técnica ou de qualquer ato profissional de sua do caput deste artigo limitar-se-ão ao último exercício
responsabilidade. no caso de a pessoa jurídica ter sido constituída há me-
Art. 68. As habilitações fiscal, social e trabalhista nos de 2 (dois) anos.
serão aferidas mediante a verificação dos seguintes re- Art. 70. A documentação referida neste Capítulo
quisitos: poderá ser:
I - a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) I - apresentada em original, por cópia ou por qual-
ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); quer outro meio expressamente admitido pela Adminis-
tração;

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II - substituída por registro cadastral emitido por V - comprovação de que o contratado preenche os re-
órgão ou entidade pública, desde que previsto no edital e quisitos de habilitação e qualificação mínima necessária;
que o registro tenha sido feito em obediência ao disposto VI - razão da escolha do contratado;
nesta Lei; VII - justificativa de preço;
III - dispensada, total ou parcialmente, nas contrata- VIII - autorização da autoridade competente.
ções para entrega imediata, nas contratações em valores Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação dire-
inferiores a 1/4 (um quarto) do limite para dispensa de ta ou o extrato decorrente do contrato deverá ser divulgado
licitação para compras em geral e nas contratações de e mantido à disposição do público em sítio eletrônico ofici-
al.
produto para pesquisa e desenvolvimento até o valor de
Art. 73. Na hipótese de contratação direta indevida
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). (Vide Decreto nº
ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e
11.317, de 2022) Vigência o agente público responsável responderão solidariamente
Parágrafo único. As empresas estrangeiras que não pelo dano causado ao erário, sem prejuízo de outras sanções
funcionem no País deverão apresentar documentos equi- legais cabíveis.
valentes, na forma de regulamento emitido pelo Poder
Executivo federal. Seção II
Da Inexigibilidade de Licitação
CAPÍTULO VII Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a
DO ENCERRAMENTO DA LICITAÇÃO competição, em especial nos casos de:
Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habili- I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de
tação, e exauridos os recursos administrativos, o proces- gêneros ou contratação de serviços que só possam ser
so licitatório será encaminhado à autoridade superior, fornecidos por produtor, empresa ou representante co-
que poderá: mercial exclusivos;
I - determinar o retorno dos autos para saneamento II - contratação de profissional do setor artístico, di-
de irregularidades; retamente ou por meio de empresário exclusivo, desde
II - revogar a licitação por motivo de conveniência e que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
oportunidade; pública;
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou III - contratação dos seguintes serviços técnicos es-
mediante provocação de terceiros, sempre que presente pecializados de natureza predominantemente intelectual
ilegalidade insanável; com profissionais ou empresas de notória especialização,
IV - adjudicar o objeto e homologar a licitação. vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
§ 1º Ao pronunciar a nulidade, a autoridade indicará divulgação:
expressamente os atos com vícios insanáveis, tornando a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos
sem efeito todos os subsequentes que deles dependam, e ou projetos executivos;
dará ensejo à apuração de responsabilidade de quem lhes b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
tenha dado causa. c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
§ 2º O motivo determinante para a revogação do financeiras ou tributárias;
processo licitatório deverá ser resultante de fato superve- d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de
niente devidamente comprovado. obras ou serviços;
§ 3º Nos casos de anulação e revogação, deverá ser e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou admi-
assegurada a prévia manifestação dos interessados. nistrativas;
§ 4º O disposto neste artigo será aplicado, no que f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
couber, à contratação direta e aos procedimentos auxilia- g) restauração de obras de arte e de bens de valor
res da licitação. histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises,
CAPÍTULO VIII testes e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação
DA CONTRATAÇÃO DIRETA e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do
Seção I meio ambiente e demais serviços de engenharia que se
Do Processo de Contratação Direta enquadrem no disposto neste inciso;
Art. 72. O processo de contratação direta, que com- IV - objetos que devam ou possam ser contratados
preende os casos de inexigibilidade e de dispensa de lici- por meio de credenciamento;
tação, deverá ser instruído com os seguintes documentos: V - aquisição ou locação de imóvel cujas caracterís-
I - documento de formalização de demanda e, se for ticas de instalações e de localização tornem necessária
o caso, estudo técnico preliminar, análise de riscos, ter- sua escolha.
mo de referência, projeto básico ou projeto executivo; § 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada artigo, a Administração deverá demonstrar a inviabilida-
na forma estabelecida no art. 23 desta Lei; de de competição mediante atestado de exclusividade,
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o contrato de exclusividade, declaração do fabricante ou
caso, que demonstrem o atendimento dos requisitos exi- outro documento idôneo capaz de comprovar que o obje-
gidos; to é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou re-
IV - demonstração da compatibilidade da previsão presentante comercial exclusivos, vedada a preferência
de recursos orçamentários com o compromisso a ser as- por marca específica.
sumido;

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§ 2º Para fins do disposto no inciso II do caput des- quando essa condição de exclusividade for indispensável
te artigo, considera-se empresário exclusivo a pessoa fí- para a vigência da garantia;
sica ou jurídica que possua contrato, declaração, carta ou b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos
outro documento que ateste a exclusividade permanente de acordo internacional específico aprovado pelo Con-
e contínua de representação, no País ou em Estado espe- gresso Nacional, quando as condições ofertadas forem
cífico, do profissional do setor artístico, afastada a possi- manifestamente vantajosas para a Administração;
bilidade de contratação direta por inexigibilidade por c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limi-
meio de empresário com representação restrita a evento tada a contratação, no caso de obras e serviços de enge-
ou local específico. nharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais);
§ 3º Para fins do disposto no inciso III do caput (Vide Decreto nº 11.317, de 2022) Vigência
deste artigo, considera-se de notória especialização o d) transferência de tecnologia ou licenciamento de
profissional ou a empresa cujo conceito no campo de sua direito de uso ou de exploração de criação protegida, nas
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estu- contratações realizadas por instituição científica, tecno-
dos, experiência, publicações, organização, aparelha- lógica e de inovação (ICT) pública ou por agência de
mento, equipe técnica ou outros requisitos relacionados fomento, desde que demonstrada vantagem para a Ad-
com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é ministração;
essencial e reconhecidamente adequado à plena satisfa- e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecí-
ção do objeto do contrato. veis, no período necessário para a realização dos proces-
§ 4º Nas contratações com fundamento no inciso III sos licitatórios correspondentes, hipótese em que a con-
do caput deste artigo, é vedada a subcontratação de em- tratação será realizada diretamente com base no preço do
presas ou a atuação de profissionais distintos daqueles dia;
que tenham justificado a inexigibilidade. f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País
§ 5º Nas contratações com fundamento no inciso V que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tec-
do caput deste artigo, devem ser observados os seguin- nológica e defesa nacional;
tes requisitos: g) materiais de uso das Forças Armadas, com exce-
I - avaliação prévia do bem, do seu estado de con- ção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando
servação, dos custos de adaptações, quando imprescindí- houver necessidade de manter a padronização requerida
veis às necessidades de utilização, e do prazo de amorti- pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos
zação dos investimentos; e terrestres, mediante autorização por ato do comandante
II - certificação da inexistência de imóveis públicos da força militar;
vagos e disponíveis que atendam ao objeto; h) bens e serviços para atendimento dos contingen-
III - justificativas que demonstrem a singularidade tes militares das forças singulares brasileiras empregadas
do imóvel a ser comprado ou locado pela Administração em operações de paz no exterior, hipótese em que a con-
e que evidenciem vantagem para ela. tratação deverá ser justificada quanto ao preço e à esco-
lha do fornecedor ou executante e ratificada pelo coman-
Seção III dante da força militar;
Da Dispensa de Licitação i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares
Art. 75. É dispensável a licitação: em estada eventual de curta duração em portos, aeropor-
I - para contratação que envolva valores inferiores a tos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo
R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e servi- de movimentação operacional ou de adestramento;
ços de engenharia ou de serviços de manutenção de veí- j) coleta, processamento e comercialização de resí-
culos automotores; (Vide Decreto nº 11.317, de 2022) duos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
Vigência áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, realizados
II - para contratação que envolva valores inferiores por associações ou cooperativas formadas exclusivamen-
a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros te de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo
serviços e compras; (Vide Decreto nº 11.317, de 2022) poder público como catadores de materiais recicláveis,
Vigência com o uso de equipamentos compatíveis com as normas
III - para contratação que mantenha todas as condi- técnicas, ambientais e de saúde pública;
ções definidas em edital de licitação realizada há menos k) aquisição ou restauração de obras de arte e obje-
de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação: tos históricos, de autenticidade certificada, desde que
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram inerente às finalidades do órgão ou com elas compatível;
apresentadas propostas válidas; l) serviços especializados ou aquisição ou locação
b) as propostas apresentadas consignaram preços de equipamentos destinados ao rastreamento e à obten-
manifestamente superiores aos praticados no mercado ou ção de provas previstas nos incisos II e V do caput do
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais com- art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, quando
petentes; houver necessidade justificada de manutenção de sigilo
IV - para contratação que tenha por objeto: sobre a investigação;
a) bens, componentes ou peças de origem nacional m) aquisição de medicamentos destinados exclusi-
ou estrangeira necessários à manutenção de equipamen- vamente ao tratamento de doenças raras definidas pelo
tos, a serem adquiridos do fornecedor original desses Ministério da Saúde;
equipamentos durante o período de garantia técnica, V - para contratação com vistas ao cumprimento do
disposto nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973,

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de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios ge- ramente essas atividades, ou para contratação de institui-
rais de contratação constantes da referida Lei; ção dedicada à recuperação social da pessoa presa, desde
VI - para contratação que possa acarretar compro- que o contratado tenha inquestionável reputação ética e
metimento da segurança nacional, nos casos estabeleci- profissional e não tenha fins lucrativos;
dos pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante de- XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito
manda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais público interno, de insumos estratégicos para a saúde
ministérios; produzidos por fundação que, regimental ou estatutaria-
VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado mente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administra-
de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da ção Pública direta, sua autarquia ou fundação em proje-
ordem; tos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento insti-
VIII - nos casos de emergência ou de calamidade tucional, científico e tecnológico e de estímulo à inova-
pública, quando caracterizada urgência de atendimento ção, inclusive na gestão administrativa e financeira ne-
de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprome- cessária à execução desses projetos, ou em parcerias que
ter a continuidade dos serviços públicos ou a segurança envolvam transferência de tecnologia de produtos estra-
de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, tégicos para o SUS, nos termos do inciso XII deste ca-
públicos ou particulares, e somente para aquisição dos put, e que tenha sido criada para esse fim específico em
bens necessários ao atendimento da situação emergencial data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o
ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que preço contratado seja compatível com o praticado no
possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, mercado; (Redação dada pela Lei nº 14.628, de 2023)
contado da data de ocorrência da emergência ou da ca- XVII - para a contratação de entidades privadas sem
lamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contra- fins lucrativos para a implementação de cisternas ou
tos e a recontratação de empresa já contratada com base outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo
no disposto neste inciso; humano e produção de alimentos, para beneficiar as
IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou pela
público interno, de bens produzidos ou serviços presta- falta regular de água. (Incluído pela Medida Provisória
dos por órgão ou entidade que integrem a Administração nº 1.166, de 2023)
Pública e que tenham sido criados para esse fim específi- XVII - para contratação de entidades privadas sem
co, desde que o preço contratado seja compatível com o fins lucrativos para a implementação de cisternas ou ou-
praticado no mercado; tras tecnologias sociais de acesso à água para consumo
X - quando a União tiver que intervir no domínio humano e produção de alimentos, a fim de beneficiar as
econômico para regular preços ou normalizar o abaste- famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou pela
cimento; falta regular de água; e (Incluído pela Lei nº 14.628, de
XI - para celebração de contrato de programa com 2023)
ente federativo ou com entidade de sua Administração XVIII - para contratação de entidades privadas sem
Pública indireta que envolva prestação de serviços públi- fins lucrativos, para a implementação do Programa Co-
cos de forma associada nos termos autorizados em con- zinha Solidária, que tem como finalidade fornecer ali-
trato de consórcio público ou em convênio de coopera- mentação gratuita preferencialmente à população em si-
ção; tuação de vulnerabilidade e risco social, incluída a popu-
XII - para contratação em que houver transferência lação em situação de rua, com vistas à promoção de polí-
de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema ticas de segurança alimentar e nutricional e de assistên-
Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato da cia social e à efetivação de direitos sociais, dignidade
direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aqui- humana, resgate social e melhoria da qualidade de vida.
sição desses produtos durante as etapas de absorção tec- (Incluído pela Lei nº 14.628, de 2023)
nológica, e em valores compatíveis com aqueles defini- § 1º Para fins de aferição dos valores que atendam
dos no instrumento firmado para a transferência de tec- aos limites referidos nos incisos I e II do caput deste ar-
nologia; tigo, deverão ser observados:
XIII - para contratação de profissionais para compor I - o somatório do que for despendido no exercício
a comissão de avaliação de critérios de técnica, quando financeiro pela respectiva unidade gestora;
se tratar de profissional técnico de notória especializa- II - o somatório da despesa realizada com objetos de
ção; mesma natureza, entendidos como tais aqueles relativos
XIV - para contratação de associação de pessoas a contratações no mesmo ramo de atividade.
com deficiência, sem fins lucrativos e de comprovada § 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput
idoneidade, por órgão ou entidade da Administração Pú- deste artigo serão duplicados para compras, obras e ser-
blica, para a prestação de serviços, desde que o preço viços contratados por consórcio público ou por autarquia
contratado seja compatível com o praticado no mercado ou fundação qualificadas como agências executivas na
e os serviços contratados sejam prestados exclusivamen- forma da lei.
te por pessoas com deficiência; § 3º As contratações de que tratam os incisos I e II
XV - para contratação de instituição brasileira que do caput deste artigo serão preferencialmente precedidas
tenha por finalidade estatutária apoiar, captar e executar de divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo
atividades de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimen- prazo mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação
to institucional, científico e tecnológico e estímulo à do objeto pretendido e com a manifestação de interesse
inovação, inclusive para gerir administrativa e financei- da Administração em obter propostas adicionais de even-

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tuais interessados, devendo ser selecionada a proposta teresse social desenvolvidos por órgão ou entidade da
mais vantajosa. Administração Pública;
§ 4º As contratações de que tratam os incisos I e II h) alienação e concessão de direito real de uso, gra-
do caput deste artigo serão preferencialmente pagas por tuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do
meio de cartão de pagamento, cujo extrato deverá ser di- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
vulgado e mantido à disposição do público no Portal Na- (Incra) onde incidam ocupações até o limite de que trata
cional de Contratações Públicas (PNCP). o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de
§ 5º A dispensa prevista na alínea “c” do inciso IV 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos os
do caput deste artigo, quando aplicada a obras e serviços requisitos legais;
de engenharia, seguirá procedimentos especiais instituí- i) legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei
dos em regulamentação específica. nº 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
§ 6º Para os fins do inciso VIII do caput deste arti- e deliberação dos órgãos da Administração Pública com-
go, considera-se emergencial a contratação por dispensa petentes;
com objetivo de manter a continuidade do serviço públi- j) legitimação fundiária e legitimação de posse de
co, e deverão ser observados os valores praticados pelo que trata a Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017;
mercado na forma do art. 23 desta Lei e adotadas as pro- II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licita-
vidências necessárias para a conclusão do processo lici- ção na modalidade leilão, dispensada a realização de lici-
tatório, sem prejuízo de apuração de responsabilidade tação nos casos de:
dos agentes públicos que deram causa à situação emer- a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso
gencial. de interesse social, após avaliação de oportunidade e
§ 7º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo às conveniência socioeconômica em relação à escolha de
contratações de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) de servi- outra forma de alienação;
ços de manutenção de veículos automotores de proprie- b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos
dade do órgão ou entidade contratante, incluído o forne- ou entidades da Administração Pública;
cimento de peças. (Vide Decreto nº 11.317, de 2022) Vi- c) venda de ações, que poderão ser negociadas em
gência bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, observada a legislação pertinen-
CAPÍTULO IX te;
DAS ALIENAÇÕES e) venda de bens produzidos ou comercializados por
Art. 76. A alienação de bens da Administração Pú- entidades da Administração Pública, em virtude de suas
blica, subordinada à existência de interesse público devi- finalidades;
damente justificado, será precedida de avaliação e obe- f) venda de materiais e equipamentos sem utilização
decerá às seguintes normas: previsível por quem deles dispõe para outros órgãos ou
I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os perten- entidades da Administração Pública.
centes às autarquias e às fundações, exigirá autorização § 1º A alienação de bens imóveis da Administração
legislativa e dependerá de licitação na modalidade leilão, Pública cuja aquisição tenha sido derivada de procedi-
dispensada a realização de licitação nos casos de: mentos judiciais ou de dação em pagamento dispensará
a) dação em pagamento; autorização legislativa e exigirá apenas avaliação prévia
b) doação, permitida exclusivamente para outro ór- e licitação na modalidade leilão.
gão ou entidade da Administração Pública, de qualquer § 2º Os imóveis doados com base na alínea “b” do
esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas “f”, inciso I do caput deste artigo, cessadas as razões que
“g” e “h” deste inciso; justificaram sua doação, serão revertidos ao patrimônio
c) permuta por outros imóveis que atendam aos re- da pessoa jurídica doadora, vedada sua alienação pelo
quisitos relacionados às finalidades precípuas da Admi- beneficiário.
nistração, desde que a diferença apurada não ultrapasse a § 3º A Administração poderá conceder título de
metade do valor do imóvel que será ofertado pela União, propriedade ou de direito real de uso de imóvel, admitida
segundo avaliação prévia, e ocorra a torna de valores, a dispensa de licitação, quando o uso destinar-se a:
sempre que for o caso; I - outro órgão ou entidade da Administração Públi-
d) investidura; ca, qualquer que seja a localização do imóvel;
e) venda a outro órgão ou entidade da Administra- II - pessoa natural que, nos termos de lei, regula-
ção Pública de qualquer esfera de governo; mento ou ato normativo do órgão competente, haja im-
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con- plementado os requisitos mínimos de cultura, de ocupa-
cessão de direito real de uso, locação e permissão de uso ção mansa e pacífica e de exploração direta sobre área
de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou rural, observado o limite de que trata o § 1º do art. 6º da
efetivamente usados em programas de habitação ou de Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009.
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos § 4º A aplicação do disposto no inciso II do § 3º
por órgão ou entidade da Administração Pública; deste artigo será dispensada de autorização legislativa e
g) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con- submeter-se-á aos seguintes condicionamentos:
cessão de direito real de uso, locação e permissão de uso I - aplicação exclusiva às áreas em que a detenção
de bens imóveis comerciais de âmbito local, com área de por particular seja comprovadamente anterior a 1º de de-
até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e zembro de 2004;
destinados a programas de regularização fundiária de in-

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II - submissão aos demais requisitos e impedimen- § 1º Os procedimentos auxiliares de que trata
tos do regime legal e administrativo de destinação e de o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e obje-
regularização fundiária de terras públicas; tivos definidos em regulamento.
III - vedação de concessão para exploração não con- § 2º O julgamento que decorrer dos procedimentos
templada na lei agrária, nas leis de destinação de terras auxiliares das licitações previstos nos incisos II e III do
públicas ou nas normas legais ou administrativas de zo- caput deste artigo seguirá o mesmo procedimento das li-
neamento ecológico-econômico; citações.
IV - previsão de extinção automática da concessão,
dispensada notificação, em caso de declaração de utili- Seção II
dade pública, de necessidade pública ou de interesse so- Do Credenciamento
cial; Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas se-
V - aplicação exclusiva a imóvel situado em zona guintes hipóteses de contratação:
rural e não sujeito a vedação, impedimento ou inconve- I - paralela e não excludente: caso em que é viável e
niente à exploração mediante atividade agropecuária; vantajosa para a Administração a realização de contrata-
VI - limitação a áreas de que trata o § 1º do art. 6º ções simultâneas em condições padronizadas;
da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, vedada a dis- II - com seleção a critério de terceiros: caso em que
pensa de licitação para áreas superiores; a seleção do contratado está a cargo do beneficiário dire-
VII - acúmulo com o quantitativo de área decorren- to da prestação;
te do caso previsto na alínea “i” do inciso I do caput III - em mercados fluidos: caso em que a flutuação
deste artigo até o limite previsto no inciso VI deste pará- constante do valor da prestação e das condições de con-
grafo. tratação inviabiliza a seleção de agente por meio de pro-
§ 5º Entende-se por investidura, para os fins desta cesso de licitação.
Lei, a: Parágrafo único. Os procedimentos de credencia-
I - alienação, ao proprietário de imóvel lindeiro, de mento serão definidos em regulamento, observadas as
área remanescente ou resultante de obra pública que se seguintes regras:
tornar inaproveitável isoladamente, por preço que não I - a Administração deverá divulgar e manter à dis-
seja inferior ao da avaliação nem superior a 50% (cin- posição do público, em sítio eletrônico oficial, edital de
quenta por cento) do valor máximo permitido para dis- chamamento de interessados, de modo a permitir o ca-
pensa de licitação de bens e serviços previsto nesta Lei; dastramento permanente de novos interessados;
II - alienação, ao legítimo possuidor direto ou, na II - na hipótese do inciso I do caput deste artigo,
falta dele, ao poder público, de imóvel para fins residen- quando o objeto não permitir a contratação imediata e
ciais construído em núcleo urbano anexo a usina hidrelé- simultânea de todos os credenciados, deverão ser adota-
trica, desde que considerado dispensável na fase de ope- dos critérios objetivos de distribuição da demanda;
ração da usina e que não integre a categoria de bens re- III - o edital de chamamento de interessados deverá
versíveis ao final da concessão. prever as condições padronizadas de contratação e, nas
§ 6º A doação com encargo será licitada e de seu hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, deverá
instrumento constarão, obrigatoriamente, os encargos, o definir o valor da contratação;
prazo de seu cumprimento e a cláusula de reversão, sob IV - na hipótese do inciso III do caput deste artigo,
pena de nulidade do ato, dispensada a licitação em caso a Administração deverá registrar as cotações de mercado
de interesse público devidamente justificado. vigentes no momento da contratação;
§ 7º Na hipótese do § 6º deste artigo, caso o donatá- V - não será permitido o cometimento a terceiros do
rio necessite oferecer o imóvel em garantia de financia- objeto contratado sem autorização expressa da Adminis-
mento, a cláusula de reversão e as demais obrigações se- tração;
rão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor VI - será admitida a denúncia por qualquer das par-
do doador. tes nos prazos fixados no edital.
Art. 77. Para a venda de bens imóveis, será conce-
dido direito de preferência ao licitante que, submetendo- Seção III
se a todas as regras do edital, comprove a ocupação do Da Pré-Qualificação
imóvel objeto da licitação. Art. 80. A pré-qualificação é o procedimento técni-
co-administrativo para selecionar previamente:
CAPÍTULO X I - licitantes que reúnam condições de habilitação
DOS INSTRUMENTOS AUXILIARES para participar de futura licitação ou de licitação vincu-
Seção I lada a programas de obras ou de serviços objetivamente
Dos Procedimentos Auxiliares definidos;
Art. 78. São procedimentos auxiliares das licitações II - bens que atendam às exigências técnicas ou de
e das contratações regidas por esta Lei: qualidade estabelecidas pela Administração.
I - credenciamento; § 1º Na pré-qualificação observar-se-á o seguinte:
II - pré-qualificação; I - quando aberta a licitantes, poderão ser dispensa-
III - procedimento de manifestação de interesse; dos os documentos que já constarem do registro cadas-
IV - sistema de registro de preços; tral;
V - registro cadastral. II - quando aberta a bens, poderá ser exigida a com-
provação de qualidade.

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§ 2º O procedimento de pré-qualificação ficará IV - será remunerada somente pelo vencedor da li-
permanentemente aberto para a inscrição de interessados. citação, vedada, em qualquer hipótese, a cobrança de va-
§ 3º Quanto ao procedimento de pré-qualificação, lores do poder público.
constarão do edital: § 3º Para aceitação dos produtos e serviços de que
I - as informações mínimas necessárias para defini- trata o caput deste artigo, a Administração deverá elabo-
ção do objeto; rar parecer fundamentado com a demonstração de que o
II - a modalidade, a forma da futura licitação e os produto ou serviço entregue é adequado e suficiente à
critérios de julgamento. compreensão do objeto, de que as premissas adotadas
§ 4º A apresentação de documentos far-se-á perante são compatíveis com as reais necessidades do órgão e de
órgão ou comissão indicada pela Administração, que de- que a metodologia proposta é a que propicia maior eco-
verá examiná-los no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis nomia e vantagem entre as demais possíveis.
e determinar correção ou reapresentação de documentos, § 4º O procedimento previsto no caput deste artigo
quando for o caso, com vistas à ampliação da competi- poderá ser restrito a startups, assim considerados os mi-
ção. croempreendedores individuais, as microempresas e as
§ 5º Os bens e os serviços pré-qualificados deverão empresas de pequeno porte, de natureza emergente e
integrar o catálogo de bens e serviços da Administração. com grande potencial, que se dediquem à pesquisa, ao
§ 6º A pré-qualificação poderá ser realizada em desenvolvimento e à implementação de novos produtos
grupos ou segmentos, segundo as especialidades dos for- ou serviços baseados em soluções tecnológicas inovado-
necedores. ras que possam causar alto impacto, exigida, na seleção
§ 7º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, definitiva da inovação, validação prévia fundamentada
com alguns ou todos os requisitos técnicos ou de habili- em métricas objetivas, de modo a demonstrar o atendi-
tação necessários à contratação, assegurada, em qualquer mento das necessidades da Administração.
hipótese, a igualdade de condições entre os concorrentes.
§ 8º Quanto ao prazo, a pré-qualificação terá vali- Seção V
dade: Do Sistema de Registro de Preços
I - de 1 (um) ano, no máximo, e poderá ser atualiza- Art. 82. O edital de licitação para registro de preços
da a qualquer tempo; observará as regras gerais desta Lei e deverá dispor so-
II - não superior ao prazo de validade dos documen- bre:
tos apresentados pelos interessados. I - as especificidades da licitação e de seu objeto,
§ 9º Os licitantes e os bens pré-qualificados serão inclusive a quantidade máxima de cada item que poderá
obrigatoriamente divulgados e mantidos à disposição do ser adquirida;
público. II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades
§ 10. A licitação que se seguir ao procedimento da de bens ou, no caso de serviços, de unidades de medida;
pré-qualificação poderá ser restrita a licitantes ou bens III - a possibilidade de prever preços diferentes:
pré-qualificados. a) quando o objeto for realizado ou entregue em lo-
cais diferentes;
Seção IV b) em razão da forma e do local de acondiciona-
Do Procedimento de Manifestação de Interesse mento;
Art. 81. A Administração poderá solicitar à iniciati- c) quando admitida cotação variável em razão do
va privada, mediante procedimento aberto de manifesta- tamanho do lote;
ção de interesse a ser iniciado com a publicação de edital d) por outros motivos justificados no processo;
de chamamento público, a propositura e a realização de IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não
estudos, investigações, levantamentos e projetos de solu- proposta em quantitativo inferior ao máximo previsto no
ções inovadoras que contribuam com questões de rele- edital, obrigando-se nos limites dela;
vância pública, na forma de regulamento. V - o critério de julgamento da licitação, que será o
§ 1º Os estudos, as investigações, os levantamentos de menor preço ou o de maior desconto sobre tabela de
e os projetos vinculados à contratação e de utilidade para preços praticada no mercado;
a licitação, realizados pela Administração ou com a sua VI - as condições para alteração de preços registra-
autorização, estarão à disposição dos interessados, e o dos;
vencedor da licitação deverá ressarcir os dispêndios cor- VII - o registro de mais de um fornecedor ou pres-
respondentes, conforme especificado no edital. tador de serviço, desde que aceitem cotar o objeto em
§ 2º A realização, pela iniciativa privada, de estu- preço igual ao do licitante vencedor, assegurada a prefe-
dos, investigações, levantamentos e projetos em decor- rência de contratação de acordo com a ordem de classifi-
rência do procedimento de manifestação de interesse cação;
previsto no caput deste artigo: VIII - a vedação à participação do órgão ou entida-
I - não atribuirá ao realizador direito de preferência de em mais de uma ata de registro de preços com o
no processo licitatório; mesmo objeto no prazo de validade daquela de que já ti-
II - não obrigará o poder público a realizar licitação; ver participado, salvo na ocorrência de ata que tenha re-
III - não implicará, por si só, direito a ressarcimento gistrado quantitativo inferior ao máximo previsto no edi-
de valores envolvidos em sua elaboração; tal;
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro
de preços e suas consequências.

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§ 1º O critério de julgamento de menor preço por I - existência de projeto padronizado, sem comple-
grupo de itens somente poderá ser adotado quando for xidade técnica e operacional;
demonstrada a inviabilidade de se promover a adjudica- II - necessidade permanente ou frequente de obra ou
ção por item e for evidenciada a sua vantagem técnica e serviço a ser contratado.
econômica, e o critério de aceitabilidade de preços unitá- Art. 86. O órgão ou entidade gerenciadora deverá,
rios máximos deverá ser indicado no edital. na fase preparatória do processo licitatório, para fins de
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, ob- registro de preços, realizar procedimento público de in-
servados os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º tenção de registro de preços para, nos termos de regula-
do art. 23 desta Lei, a contratação posterior de item es- mento, possibilitar, pelo prazo mínimo de 8 (oito) dias
pecífico constante de grupo de itens exigirá prévia pes- úteis, a participação de outros órgãos ou entidades na
quisa de mercado e demonstração de sua vantagem para respectiva ata e determinar a estimativa total de quanti-
o órgão ou entidade. dades da contratação.
§ 3º É permitido registro de preços com indicação § 1º O procedimento previsto no caput deste artigo
limitada a unidades de contratação, sem indicação do to- será dispensável quando o órgão ou entidade gerenciado-
tal a ser adquirido, apenas nas seguintes situações: ra for o único contratante.
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o § 2º Se não participarem do procedimento previsto
órgão ou entidade não tiver registro de demandas anteri- no caput deste artigo, os órgãos e entidades poderão
ores; aderir à ata de registro de preços na condição de não par-
II - no caso de alimento perecível; ticipantes, observados os seguintes requisitos:
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao I - apresentação de justificativa da vantagem da
fornecimento de bens. adesão, inclusive em situações de provável desabasteci-
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é mento ou descontinuidade de serviço público;
obrigatória a indicação do valor máximo da despesa e é II - demonstração de que os valores registrados es-
vedada a participação de outro órgão ou entidade na ata. tão compatíveis com os valores praticados pelo mercado
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usa- na forma do art. 23 desta Lei;
do para a contratação de bens e serviços, inclusive de III - prévias consulta e aceitação do órgão ou enti-
obras e serviços de engenharia, observadas as seguintes dade gerenciadora e do fornecedor.
condições: § 3º A faculdade conferida pelo § 2º deste artigo es-
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; tará limitada a órgãos e entidades da Administração Pú-
II - seleção de acordo com os procedimentos previs- blica federal, estadual, distrital e municipal que, na con-
tos em regulamento; dição de não participantes, desejarem aderir à ata de re-
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de con- gistro de preços de órgão ou entidade gerenciadora fede-
trole; ral, estadual ou distrital.
IV - atualização periódica dos preços registrados; § 4º As aquisições ou as contratações adicionais a
V - definição do período de validade do registro de que se refere o § 2º deste artigo não poderão exceder, por
preços; órgão ou entidade, a 50% (cinquenta por cento) dos
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do lici- quantitativos dos itens do instrumento convocatório re-
tante que aceitar cotar os bens ou serviços em preços gistrados na ata de registro de preços para o órgão geren-
iguais aos do licitante vencedor na sequência de classifi- ciador e para os órgãos participantes.
cação da licitação e inclusão do licitante que mantiver § 5º O quantitativo decorrente das adesões à ata de
sua proposta original. registro de preços a que se refere o § 2º deste artigo não
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na for- poderá exceder, na totalidade, ao dobro do quantitativo
ma de regulamento, ser utilizado nas hipóteses de inexi- de cada item registrado na ata de registro de preços para
gibilidade e de dispensa de licitação para a aquisição de o órgão gerenciador e órgãos participantes, independen-
bens ou para a contratação de serviços por mais de um temente do número de órgãos não participantes que ade-
órgão ou entidade. rirem.
Art. 83. A existência de preços registrados implica- § 6º A adesão à ata de registro de preços de órgão
rá compromisso de fornecimento nas condições estabele- ou entidade gerenciadora do Poder Executivo federal por
cidas, mas não obrigará a Administração a contratar, fa- órgãos e entidades da Administração Pública estadual,
cultada a realização de licitação específica para a aquisi- distrital e municipal poderá ser exigida para fins de
ção pretendida, desde que devidamente motivada. transferências voluntárias, não ficando sujeita ao limite
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de de que trata o § 5º deste artigo se destinada à execução
preços será de 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por descentralizada de programa ou projeto federal e com-
igual período, desde que comprovado o preço vantajoso. provada a compatibilidade dos preços registrados com os
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de re- valores praticados no mercado na forma do art. 23 desta
gistro de preços terá sua vigência estabelecida em con- Lei.
formidade com as disposições nela contidas. § 7º Para aquisição emergencial de medicamentos e
Art. 85. A Administração poderá contratar a execu- material de consumo médico-hospitalar por órgãos e en-
ção de obras e serviços de engenharia pelo sistema de tidades da Administração Pública federal, estadual, dis-
registro de preços, desde que atendidos os seguintes re- trital e municipal, a adesão à ata de registro de preços ge-
quisitos: renciada pelo Ministério da Saúde não estará sujeita ao
limite de que trata o § 5º deste artigo.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


§ 8º Será vedada aos órgãos e entidades da Admi- fazer exigências determinadas por esta Lei ou por regu-
nistração Pública federal a adesão à ata de registro de lamento.
preços gerenciada por órgão ou entidade estadual, distri- § 6º O interessado que requerer o cadastro na forma
tal ou municipal. do caput deste artigo poderá participar de processo lici-
tatório até a decisão da Administração, e a celebração do
Seção VI contrato ficará condicionada à emissão do certificado re-
Do Registro Cadastral ferido no § 2º deste artigo.
Art. 87. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades
da Administração Pública deverão utilizar o sistema de TÍTULO III
registro cadastral unificado disponível no Portal Nacio- DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
nal de Contratações Públicas (PNCP), para efeito de ca- CAPÍTULO I
dastro unificado de licitantes, na forma disposta em regu- DA FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS
lamento. Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-
§ 1º O sistema de registro cadastral unificado será se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito
público e deverá ser amplamente divulgado e estar per- público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os
manentemente aberto aos interessados, e será obrigatória princípios da teoria geral dos contratos e as disposições
a realização de chamamento público pela internet, no de direito privado.
mínimo anualmente, para atualização dos registros exis- § 1º Todo contrato deverá mencionar os nomes das
tentes e para ingresso de novos interessados. partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que
§ 2º É proibida a exigência, pelo órgão ou entidade autorizou sua lavratura, o número do processo da licita-
licitante, de registro cadastral complementar para acesso ção ou da contratação direta e a sujeição dos contratantes
a edital e anexos. às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.
§ 3º A Administração poderá realizar licitação res- § 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e
trita a fornecedores cadastrados, atendidos os critérios, as precisão as condições para sua execução, expressas em
condições e os limites estabelecidos em regulamento, cláusulas que definam os direitos, as obrigações e as res-
bem como a ampla publicidade dos procedimentos para ponsabilidades das partes, em conformidade com os ter-
o cadastramento. mos do edital de licitação e os da proposta vencedora ou
§ 4º Na hipótese a que se refere o § 3º deste artigo, com os termos do ato que autorizou a contratação direta
será admitido fornecedor que realize seu cadastro dentro e os da respectiva proposta.
do prazo previsto no edital para apresentação de propos- Art. 90. A Administração convocará regularmente o
tas. licitante vencedor para assinar o termo de contrato ou pa-
Art. 88. Ao requerer, a qualquer tempo, inscrição no ra aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do
cadastro ou a sua atualização, o interessado fornecerá os prazo e nas condições estabelecidas no edital de licita-
elementos necessários exigidos para habilitação previstos ção, sob pena de decair o direito à contratação, sem pre-
nesta Lei. juízo das sanções previstas nesta Lei.
§ 1º O inscrito, considerada sua área de atuação, se- § 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado
rá classificado por categorias, subdivididas em grupos, 1 (uma) vez, por igual período, mediante solicitação da
segundo a qualificação técnica e econômico-financeira parte durante seu transcurso, devidamente justificada, e
avaliada, de acordo com regras objetivas divulgadas em desde que o motivo apresentado seja aceito pela Admi-
sítio eletrônico oficial. nistração.
§ 2º Ao inscrito será fornecido certificado, renová- § 2º Será facultado à Administração, quando o con-
vel sempre que atualizar o registro. vocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou
§ 3º A atuação do contratado no cumprimento de não retirar o instrumento equivalente no prazo e nas con-
obrigações assumidas será avaliada pelo contratante, que dições estabelecidas, convocar os licitantes remanescen-
emitirá documento comprobatório da avaliação realiza- tes, na ordem de classificação, para a celebração do con-
da, com menção ao seu desempenho na execução contra- trato nas condições propostas pelo licitante vencedor.
tual, baseado em indicadores objetivamente definidos e § 3º Decorrido o prazo de validade da proposta in-
aferidos, e a eventuais penalidades aplicadas, o que cons- dicado no edital sem convocação para a contratação, fi-
tará do registro cadastral em que a inscrição for realiza- carão os licitantes liberados dos compromissos assumi-
da. dos.
§ 4º A anotação do cumprimento de obrigações pelo § 4º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a
contratado, de que trata o § 3º deste artigo, será condici- contratação nos termos do § 2º deste artigo, a Adminis-
onada à implantação e à regulamentação do cadastro de tração, observados o valor estimado e sua eventual atua-
atesto de cumprimento de obrigações, apto à realização lização nos termos do edital, poderá:
do registro de forma objetiva, em atendimento aos prin- I - convocar os licitantes remanescentes para nego-
cípios da impessoalidade, da igualdade, da isonomia, da ciação, na ordem de classificação, com vistas à obtenção
publicidade e da transparência, de modo a possibilitar a de preço melhor, mesmo que acima do preço do adjudi-
implementação de medidas de incentivo aos licitantes catário;
que possuírem ótimo desempenho anotado em seu regis- II - adjudicar e celebrar o contrato nas condições
tro cadastral. ofertadas pelos licitantes remanescentes, atendida a or-
§ 5º A qualquer tempo poderá ser alterado, suspen- dem classificatória, quando frustrada a negociação de
so ou cancelado o registro de inscrito que deixar de satis- melhor condição.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


§ 5º A recusa injustificada do adjudicatário em assi- VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a
nar o contrato ou em aceitar ou retirar o instrumento indicação da classificação funcional programática e da
equivalente no prazo estabelecido pela Administração categoria econômica;
caracterizará o descumprimento total da obrigação assu- IX - a matriz de risco, quando for o caso;
mida e o sujeitará às penalidades legalmente estabeleci- X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação
das e à imediata perda da garantia de proposta em favor de preços, quando for o caso;
do órgão ou entidade licitante. XI - o prazo para resposta ao pedido de restabele-
§ 6º A regra do § 5º não se aplicará aos licitantes cimento do equilíbrio econômico-financeiro, quando for
remanescentes convocados na forma do inciso I do § 4º o caso;
deste artigo. XII - as garantias oferecidas para assegurar sua ple-
§ 7º Será facultada à Administração a convocação na execução, quando exigidas, inclusive as que forem
dos demais licitantes classificados para a contratação de oferecidas pelo contratado no caso de antecipação de va-
remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento em lores a título de pagamento;
consequência de rescisão contratual, observados os XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, obser-
mesmos critérios estabelecidos nos §§ 2º e 4º deste arti- vados os prazos mínimos estabelecidos nesta Lei e nas
go. normas técnicas aplicáveis, e as condições de manuten-
Art. 91. Os contratos e seus aditamentos terão for- ção e assistência técnica, quando for o caso;
ma escrita e serão juntados ao processo que tiver dado XIV - os direitos e as responsabilidades das partes,
origem à contratação, divulgados e mantidos à disposi- as penalidades cabíveis e os valores das multas e suas
ção do público em sítio eletrônico oficial. bases de cálculo;
§ 1º Será admitida a manutenção em sigilo de con- XV - as condições de importação e a data e a taxa
tratos e de termos aditivos quando imprescindível à se- de câmbio para conversão, quando for o caso;
gurança da sociedade e do Estado, nos termos da legisla- XVI - a obrigação do contratado de manter, durante
ção que regula o acesso à informação. toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
§ 2º Contratos relativos a direitos reais sobre imó- obrigações por ele assumidas, todas as condições exigi-
veis serão formalizados por escritura pública lavrada em das para a habilitação na licitação, ou para a qualifica-
notas de tabelião, cujo teor deverá ser divulgado e man- ção, na contratação direta;
tido à disposição do público em sítio eletrônico oficial. XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exi-
§ 3º Será admitida a forma eletrônica na celebração gências de reserva de cargos prevista em lei, bem como
de contratos e de termos aditivos, atendidas as exigências em outras normas específicas, para pessoa com deficiên-
previstas em regulamento. cia, para reabilitado da Previdência Social e para apren-
§ 4º Antes de formalizar ou prorrogar o prazo de vi- diz;
gência do contrato, a Administração deverá verificar a XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados
regularidade fiscal do contratado, consultar o Cadastro os requisitos definidos em regulamento;
Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e o XIX - os casos de extinção.
Cadastro Nacional de Empresas Punidas (Cnep), emitir § 1º Os contratos celebrados pela Administração
as certidões negativas de inidoneidade, de impedimento Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as
e de débitos trabalhistas e juntá-las ao respectivo proces- domiciliadas no exterior, deverão conter cláusula que
so. declare competente o foro da sede da Administração para
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas dirimir qualquer questão contratual, ressalvadas as se-
que estabeleçam: guintes hipóteses:
I - o objeto e seus elementos característicos; I - licitação internacional para a aquisição de bens e
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta serviços cujo pagamento seja feito com o produto de fi-
do licitante vencedor ou ao ato que tiver autorizado a nanciamento concedido por organismo financeiro inter-
contratação direta e à respectiva proposta; nacional de que o Brasil faça parte ou por agência es-
III - a legislação aplicável à execução do contrato, trangeira de cooperação;
inclusive quanto aos casos omissos; II - contratação com empresa estrangeira para a
IV - o regime de execução ou a forma de forneci- compra de equipamentos fabricados e entregues no exte-
mento; rior precedida de autorização do Chefe do Poder Execu-
V - o preço e as condições de pagamento, os crité- tivo;
rios, a data-base e a periodicidade do reajustamento de III - aquisição de bens e serviços realizada por uni-
preços e os critérios de atualização monetária entre a da- dades administrativas com sede no exterior.
ta do adimplemento das obrigações e a do efetivo paga- § 2º De acordo com as peculiaridades de seu objeto
mento; e de seu regime de execução, o contrato conterá cláusula
VI - os critérios e a periodicidade da medição, que preveja período antecedente à expedição da ordem
quando for o caso, e o prazo para liquidação e para pa- de serviço para verificação de pendências, liberação de
gamento; áreas ou adoção de outras providências cabíveis para a
VII - os prazos de início das etapas de execução, regularidade do início de sua execução.
conclusão, entrega, observação e recebimento definitivo, § 3º Independentemente do prazo de duração, o
quando for o caso; contrato deverá conter cláusula que estabeleça o índice
de reajustamento de preço, com data-base vinculada à
data do orçamento estimado, e poderá ser estabelecido

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mais de um índice específico ou setorial, em conformi- blicados nos prazos previstos nos incisos I e II
dade com a realidade de mercado dos respectivos insu- do caput deste artigo, sob pena de nulidade.
mos. § 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo,
§ 4º Nos contratos de serviços contínuos, observado quando referente à contratação de profissional do setor
o interregno mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajus- artístico por inexigibilidade, deverá identificar os custos
tamento de preços será por: do cachê do artista, dos músicos ou da banda, quando
I - reajustamento em sentido estrito, quando não houver, do transporte, da hospedagem, da infraestrutura,
houver regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou da logística do evento e das demais despesas específicas.
predominância de mão de obra, mediante previsão de ín- § 3º No caso de obras, a Administração divulgará
dices específicos ou setoriais; em sítio eletrônico oficial, em até 25 (vinte e cinco) dias
II - repactuação, quando houver regime de dedica- úteis após a assinatura do contrato, os quantitativos e os
ção exclusiva de mão de obra ou predominância de mão preços unitários e totais que contratar e, em até 45 (qua-
de obra, mediante demonstração analítica da variação renta e cinco) dias úteis após a conclusão do contrato, os
dos custos. quantitativos executados e os preços praticados.
§ 5º Nos contratos de obras e serviços de engenha- § 4º (VETADO).
ria, sempre que compatível com o regime de execução, a § 5º (VETADO).
medição será mensal. Art. 95. O instrumento de contrato é obrigatório,
§ 6º Nos contratos para serviços contínuos com re- salvo nas seguintes hipóteses, em que a Administração
gime de dedicação exclusiva de mão de obra ou com poderá substituí-lo por outro instrumento hábil, como
predominância de mão de obra, o prazo para resposta ao carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização
pedido de repactuação de preços será preferencialmente de compra ou ordem de execução de serviço:
de 1 (um) mês, contado da data do fornecimento da do- I - dispensa de licitação em razão de valor;
cumentação prevista no § 6º do art. 135 desta Lei. II - compras com entrega imediata e integral dos
Art. 93. Nas contratações de projetos ou de serviços bens adquiridos e dos quais não resultem obrigações fu-
técnicos especializados, inclusive daqueles que contem- turas, inclusive quanto a assistência técnica, independen-
plem o desenvolvimento de programas e aplicações de temente de seu valor.
internet para computadores, máquinas, equipamentos e § 1º Às hipóteses de substituição do instrumento de
dispositivos de tratamento e de comunicação da informa- contrato, aplica-se, no que couber, o disposto no art. 92
ção (software) - e a respectiva documentação técnica as- desta Lei.
sociada -, o autor deverá ceder todos os direitos patrimo- § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal
niais a eles relativos para a Administração Pública, hipó- com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o
tese em que poderão ser livremente utilizados e alterados de prestação de serviços de pronto pagamento, assim en-
por ela em outras ocasiões, sem necessidade de nova au- tendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00
torização de seu autor. (dez mil reais). (Vide Decreto nº 11.317, de 2022) Vi-
§ 1º Quando o projeto se referir a obra imaterial de gência
caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão
dos direitos a que se refere o caput deste artigo incluirá CAPÍTULO II
o fornecimento de todos os dados, documentos e elemen- DAS GARANTIAS
tos de informação pertinentes à tecnologia de concepção, Art. 96. A critério da autoridade competente, em
desenvolvimento, fixação em suporte físico de qualquer cada caso, poderá ser exigida, mediante previsão no edi-
natureza e aplicação da obra. tal, prestação de garantia nas contratações de obras, ser-
§ 2º É facultado à Administração Pública deixar de viços e fornecimentos.
exigir a cessão de direitos a que se refere o caput deste § 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguin-
artigo quando o objeto da contratação envolver atividade tes modalidades de garantia:
de pesquisa e desenvolvimento de caráter científico, tec- I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pú-
nológico ou de inovação, considerados os princípios e os blica emitidos sob a forma escritural, mediante registro
mecanismos instituídos pela Lei nº 10.973, de 2 de de- em sistema centralizado de liquidação e de custódia au-
zembro de 2004. torizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por
§ 3º Na hipótese de posterior alteração do projeto seus valores econômicos, conforme definido pelo Minis-
pela Administração Pública, o autor deverá ser comuni- tério da Economia;
cado, e os registros serão promovidos nos órgãos ou en- II - seguro-garantia;
tidades competentes. III - fiança bancária emitida por banco ou institui-
Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contra- ção financeira devidamente autorizada a operar no País
tações Públicas (PNCP) é condição indispensável para a pelo Banco Central do Brasil.
eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocor- § 2º Na hipótese de suspensão do contrato por or-
rer nos seguintes prazos, contados da data de sua assina- dem ou inadimplemento da Administração, o contratado
tura: ficará desobrigado de renovar a garantia ou de endossar a
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação; apólice de seguro até a ordem de reinício da execução ou
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação dire- o adimplemento pela Administração.
ta. § 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês,
§ 1º Os contratos celebrados em caso de urgência contado da data de homologação da licitação e anterior à
terão eficácia a partir de sua assinatura e deverão ser pu- assinatura do contrato, para a prestação da garantia pelo

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contratado quando optar pela modalidade prevista no in- II - a emissão de empenho em nome da seguradora,
ciso II do § 1º deste artigo. ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, será
Art. 97. O seguro-garantia tem por objetivo garantir autorizada desde que demonstrada sua regularidade fis-
o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo con- cal;
tratado perante à Administração, inclusive as multas, os III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão
prejuízos e as indenizações decorrentes de inadimple- do contrato, total ou parcialmente.
mento, observadas as seguintes regras nas contratações Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do
regidas por esta Lei: contratado, serão observadas as seguintes disposições:
I - o prazo de vigência da apólice será igual ou su- I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do
perior ao prazo estabelecido no contrato principal e de- contrato, estará isenta da obrigação de pagar a importân-
verá acompanhar as modificações referentes à vigência cia segurada indicada na apólice;
deste mediante a emissão do respectivo endosso pela se- II - caso a seguradora não assuma a execução do
guradora; contrato, pagará a integralidade da importância segurada
II - o seguro-garantia continuará em vigor mesmo indicada na apólice.
se o contratado não tiver pago o prêmio nas datas con-
vencionadas. CAPÍTULO III
Parágrafo único. Nos contratos de execução conti- DA ALOCAÇÃO DE RISCOS
nuada ou de fornecimento contínuo de bens e serviços, Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos
será permitida a substituição da apólice de seguro- contratuais previstos e presumíveis e prever matriz de
garantia na data de renovação ou de aniversário, desde alocação de riscos, alocando-os entre contratante e con-
que mantidas as mesmas condições e coberturas da apó- tratado, mediante indicação daqueles a serem assumidos
lice vigente e desde que nenhum período fique descober- pelo setor público ou pelo setor privado ou daqueles a
to, ressalvado o disposto no § 2º do art. 96 desta Lei. serem compartilhados.
Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e for- § 1º A alocação de riscos de que trata o caput deste
necimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco por artigo considerará, em compatibilidade com as obriga-
cento) do valor inicial do contrato, autorizada a majora- ções e os encargos atribuídos às partes no contrato, a na-
ção desse percentual para até 10% (dez por cento), desde tureza do risco, o beneficiário das prestações a que se
que justificada mediante análise da complexidade técnica vincula e a capacidade de cada setor para melhor geren-
e dos riscos envolvidos. ciá-lo.
Parágrafo único. Nas contratações de serviços e § 2º Os riscos que tenham cobertura oferecida por
fornecimentos contínuos com vigência superior a 1 (um) seguradoras serão preferencialmente transferidos ao con-
ano, assim como nas subsequentes prorrogações, será tratado.
utilizado o valor anual do contrato para definição e apli- § 3º A alocação dos riscos contratuais será quantifi-
cação dos percentuais previstos no caput deste artigo. cada para fins de projeção dos reflexos de seus custos no
Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de en- valor estimado da contratação.
genharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação
§ 4º A matriz de alocação de riscos definirá o equi-
de garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusu-
líbrio econômico-financeiro inicial do contrato em rela-
la de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percen-
ção a eventos supervenientes e deverá ser observada na
tual equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor ini-
solução de eventuais pleitos das partes.
cial do contrato.
Art. 100. A garantia prestada pelo contratado será § 5º Sempre que atendidas as condições do contrato
liberada ou restituída após a fiel execução do contrato ou e da matriz de alocação de riscos, será considerado man-
após a sua extinção por culpa exclusiva da Administra- tido o equilíbrio econômico-financeiro, renunciando as
ção e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente. partes aos pedidos de restabelecimento do equilíbrio re-
Art. 101. Nos casos de contratos que impliquem a lacionados aos riscos assumidos, exceto no que se refere:
entrega de bens pela Administração, dos quais o contra-
I - às alterações unilaterais determinadas pela Ad-
tado ficará depositário, o valor desses bens deverá ser
ministração, nas hipóteses do inciso I do caput do art.
acrescido ao valor da garantia.
Art. 102. Na contratação de obras e serviços de en- 124 desta Lei;
genharia, o edital poderá exigir a prestação da garantia II - ao aumento ou à redução, por legislação super-
na modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a veniente, dos tributos diretamente pagos pelo contratado
seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado, em decorrência do contrato.
assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipó-
tese em que: § 6º Na alocação de que trata o caput deste artigo,
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive poderão ser adotados métodos e padrões usualmente uti-
os aditivos, como interveniente anuente e poderá: lizados por entidades públicas e privadas, e os ministé-
a) ter livre acesso às instalações em que for execu- rios e secretarias supervisores dos órgãos e das entidades
tado o contrato principal; da Administração Pública poderão definir os parâmetros
b) acompanhar a execução do contrato principal; e o detalhamento dos procedimentos necessários a sua
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil; identificação, alocação e quantificação financeira.
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico
pela obra ou pelo fornecimento;

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CAPÍTULO IV as condições e os preços permanecem vantajosos para a
DAS PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO Administração, permitida a negociação com o contratado
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das par-
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, tes.
as prerrogativas de: Art. 108. A Administração poderá celebrar contra-
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor ade- tos com prazo de até 10 (dez) anos nas hipóteses previs-
quação às finalidades de interesse público, respeitados os tas nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI,
direitos do contratado; XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei.
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especi- Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vi-
ficados nesta Lei; gência por prazo indeterminado nos contratos em que se-
III - fiscalizar sua execução; ja usuária de serviço público oferecido em regime de
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução to- monopólio, desde que comprovada, a cada exercício fi-
tal ou parcial do ajuste; nanceiro, a existência de créditos orçamentários vincula-
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis dos à contratação.
e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do con- Art. 110. Na contratação que gere receita e no con-
trato nas hipóteses de: trato de eficiência que gere economia para a Administra-
a) risco à prestação de serviços essenciais; ção, os prazos serão de:
b) necessidade de acautelar apuração administrativa I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimen-
de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após ex- to;
tinção do contrato. II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetá- investimento, assim considerados aqueles que impliquem
rias dos contratos não poderão ser alteradas sem prévia a elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas ex-
concordância do contratado. clusivamente a expensas do contratado, que serão rever-
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste tidas ao patrimônio da Administração Pública ao término
artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato do contrato.
deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de
contratual. escopo predefinido, o prazo de vigência será automati-
camente prorrogado quando seu objeto não for concluído
CAPÍTULO V no período firmado no contrato.
DA DURAÇÃO DOS CONTRATOS Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer
Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta de culpa do contratado:
Lei será a prevista em edital, e deverão ser observadas, I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis
no momento da contratação e a cada exercício financei- a ele as respectivas sanções administrativas;
ro, a disponibilidade de créditos orçamentários, bem co- II - a Administração poderá optar pela extinção do
mo a previsão no plano plurianual, quando ultrapassar 1 contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas em
(um) exercício financeiro. lei para a continuidade da execução contratual.
Art. 106. A Administração poderá celebrar contra- Art. 112. Os prazos contratuais previstos nesta Lei
tos com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de ser- não excluem nem revogam os prazos contratuais previs-
viços e fornecimentos contínuos, observadas as seguintes tos em lei especial.
diretrizes: Art. 113. O contrato firmado sob o regime de forne-
I - a autoridade competente do órgão ou entidade cimento e prestação de serviço associado terá sua vigên-
contratante deverá atestar a maior vantagem econômica cia máxima definida pela soma do prazo relativo ao for-
vislumbrada em razão da contratação plurianual; necimento inicial ou à entrega da obra com o prazo rela-
II - a Administração deverá atestar, no início da tivo ao serviço de operação e manutenção, este limitado
contratação e de cada exercício, a existência de créditos a 5 (cinco) anos contados da data de recebimento do ob-
orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em jeto inicial, autorizada a prorrogação na forma do art.
sua manutenção; 107 desta Lei.
III - a Administração terá a opção de extinguir o Art. 114. O contrato que previr a operação continu-
contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos or- ada de sistemas estruturantes de tecnologia da informa-
çamentários para sua continuidade ou quando entender ção poderá ter vigência máxima de 15 (quinze) anos.
que o contrato não mais lhe oferece vantagem.
§ 1º A extinção mencionada no inciso III CAPÍTULO VI
do caput deste artigo ocorrerá apenas na próxima data de DA EXECUÇÃO DOS CONTRATOS
aniversário do contrato e não poderá ocorrer em prazo Art. 115. O contrato deverá ser executado fielmente
inferior a 2 (dois) meses, contado da referida data. pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de normas desta Lei, e cada parte responderá pelas conse-
equipamentos e à utilização de programas de informáti- quências de sua inexecução total ou parcial.
ca. § 1º É proibido à Administração retardar imotiva-
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos damente a execução de obra ou serviço, ou de suas par-
contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente, res- celas, inclusive na hipótese de posse do respectivo chefe
peitada a vigência máxima decenal, desde que haja pre- do Poder Executivo ou de novo titular no órgão ou enti-
visão em edital e que a autoridade competente ateste que dade contratante.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


§ 2º (VETADO). compromisso de confidencialidade e não poderá exercer
§ 3º (VETADO). atribuição própria e exclusiva de fiscal de contrato;
§ 4º (VETADO). II - a contratação de terceiros não eximirá de res-
§ 4º Nas contratações de obras e serviços de enge- ponsabilidade o fiscal do contrato, nos limites das infor-
nharia, sempre que a responsabilidade pelo licenciamen- mações recebidas do terceiro contratado.
to ambiental for da Administração, a manifestação prévia Art. 118. O contratado deverá manter preposto acei-
ou licença prévia, quando cabíveis, deverão ser obtidas to pela Administração no local da obra ou do serviço pa-
antes da divulgação do edital. (Promulgação partes ve- ra representá-lo na execução do contrato.
tadas) Art. 119. O contratado será obrigado a reparar, cor-
§ 5º Em caso de impedimento, ordem de paralisação rigir, remover, reconstruir ou substituir, a suas expensas,
ou suspensão do contrato, o cronograma de execução se- no total ou em parte, o objeto do contrato em que se veri-
rá prorrogado automaticamente pelo tempo correspon- ficarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes de sua
dente, anotadas tais circunstâncias mediante simples execução ou de materiais nela empregados.
apostila. Art. 120. O contratado será responsável pelos danos
§ 6º Nas contratações de obras, verificada a ocor- causados diretamente à Administração ou a terceiros em
rência do disposto no § 5º deste artigo por mais de 1 razão da execução do contrato, e não excluirá nem redu-
(um) mês, a Administração deverá divulgar, em sítio ele- zirá essa responsabilidade a fiscalização ou o acompa-
trônico oficial e em placa a ser afixada em local da obra nhamento pelo contratante.
de fácil visualização pelos cidadãos, aviso público de Art. 121. Somente o contratado será responsável pe-
obra paralisada, com o motivo e o responsável pela ine- los encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e co-
xecução temporária do objeto do contrato e a data previs- merciais resultantes da execução do contrato.
ta para o reinício da sua execução. § 1º A inadimplência do contratado em relação aos
§ 7º Os textos com as informações de que trata o § encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá
6º deste artigo deverão ser elaborados pela Administra- à Administração a responsabilidade pelo seu pagamento
ção. e não poderá onerar o objeto do contrato nem restringir a
Art. 116. Ao longo de toda a execução do contrato, regularização e o uso das obras e das edificações, inclu-
o contratado deverá cumprir a reserva de cargos prevista sive perante o registro de imóveis, ressalvada a hipótese
em lei para pessoa com deficiência, para reabilitado da prevista no § 2º deste artigo.
Previdência Social ou para aprendiz, bem como as reser- § 2º Exclusivamente nas contratações de serviços
vas de cargos previstas em outras normas específicas. contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de
Parágrafo único. Sempre que solicitado pela Admi- obra, a Administração responderá solidariamente pelos
nistração, o contratado deverá comprovar o cumprimento encargos previdenciários e subsidiariamente pelos encar-
da reserva de cargos a que se refere o caput deste artigo, gos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do
com a indicação dos empregados que preencherem as re- cumprimento das obrigações do contratado.
feridas vagas. § 3º Nas contratações de serviços contínuos com re-
Art. 117. A execução do contrato deverá ser acom- gime de dedicação exclusiva de mão de obra, para asse-
panhada e fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais do con- gurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo
trato, representantes da Administração especialmente de- contratado, a Administração, mediante disposição em
signados conforme requisitos estabelecidos no art. 7º edital ou em contrato, poderá, entre outras medidas:
desta Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a I - exigir caução, fiança bancária ou contratação de
contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los seguro-garantia com cobertura para verbas rescisórias
com informações pertinentes a essa atribuição. inadimplidas;
§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio II - condicionar o pagamento à comprovação de
todas as ocorrências relacionadas à execução do contra- quitação das obrigações trabalhistas vencidas relativas ao
to, determinando o que for necessário para a regulariza- contrato;
ção das faltas ou dos defeitos observados. III - efetuar o depósito de valores em conta vincula-
§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superio- da;
res, em tempo hábil para a adoção das medidas conveni- IV - em caso de inadimplemento, efetuar diretamen-
entes, a situação que demandar decisão ou providência te o pagamento das verbas trabalhistas, que serão dedu-
que ultrapasse sua competência. zidas do pagamento devido ao contratado;
§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos V - estabelecer que os valores destinados a férias, a
de assessoramento jurídico e de controle interno da Ad- décimo terceiro salário, a ausências legais e a verbas res-
ministração, que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo cisórias dos empregados do contratado que participarem
com informações relevantes para prevenir riscos na exe- da execução dos serviços contratados serão pagos pelo
cução contratual. contratante ao contratado somente na ocorrência do fato
§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista gerador.
no caput deste artigo, deverão ser observadas as seguin- § 4º Os valores depositados na conta vinculada a
tes regras: que se refere o inciso III do § 3º deste artigo são absolu-
I - a empresa ou o profissional contratado assumirá tamente impenhoráveis.
responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela § 5º O recolhimento das contribuições previdenciá-
precisão das informações prestadas, firmará termo de rias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de
24 de julho de 1991.

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Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo d) para restabelecer o equilíbrio econômico-
das responsabilidades contratuais e legais, o contratado financeiro inicial do contrato em caso de força maior, ca-
poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do for- so fortuito ou fato do príncipe ou em decorrência de fa-
necimento até o limite autorizado, em cada caso, pela tos imprevisíveis ou previsíveis de consequências incal-
Administração. culáveis, que inviabilizem a execução do contrato tal
§ 1º O contratado apresentará à Administração do- como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a reparti-
cumentação que comprove a capacidade técnica do sub- ção objetiva de risco estabelecida no contrato.
contratado, que será avaliada e juntada aos autos do pro- § 1º Se forem decorrentes de falhas de projeto, as
cesso correspondente. alterações de contratos de obras e serviços de engenharia
§ 2º Regulamento ou edital de licitação poderão ve- ensejarão apuração de responsabilidade do responsável
dar, restringir ou estabelecer condições para a subcontra- técnico e adoção das providências necessárias para o res-
tação. sarcimento dos danos causados à Administração.
§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física § 2º Será aplicado o disposto na alínea “d” do inciso
ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta mantiverem II do caput deste artigo às contratações de obras e servi-
vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, fi- ços de engenharia, quando a execução for obstada pelo
nanceira, trabalhista ou civil com dirigente do órgão ou atraso na conclusão de procedimentos de desapropriação,
entidade contratante ou com agente público que desem- desocupação, servidão administrativa ou licenciamento
penhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na ambiental, por circunstâncias alheias ao contratado.
gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge, compa- Art. 125. Nas alterações unilaterais a que se refere o
nheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afini- inciso I do caput do art. 124 desta Lei, o contratado será
dade, até o terceiro grau, devendo essa proibição constar obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais,
expressamente do edital de licitação. acréscimos ou supressões de até 25% (vinte e cinco por
Art. 123. A Administração terá o dever de explici- cento) do valor inicial atualizado do contrato que se fize-
tamente emitir decisão sobre todas as solicitações e re- rem nas obras, nos serviços ou nas compras, e, no caso
clamações relacionadas à execução dos contratos regidos de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para
por esta Lei, ressalvados os requerimentos manifesta- os acréscimos será de 50% (cinquenta por cento).
mente impertinentes, meramente protelatórios ou de ne- Art. 126. As alterações unilaterais a que se refere o
nhum interesse para a boa execução do contrato. inciso I do caput do art. 124 desta Lei não poderão
Parágrafo único. Salvo disposição legal ou cláusula transfigurar o objeto da contratação.
contratual que estabeleça prazo específico, concluída a Art. 127. Se o contrato não contemplar preços uni-
instrução do requerimento, a Administração terá o prazo tários para obras ou serviços cujo aditamento se fizer ne-
de 1 (um) mês para decidir, admitida a prorrogação mo- cessário, esses serão fixados por meio da aplicação da re-
tivada por igual período. lação geral entre os valores da proposta e o do orçamen-
to-base da Administração sobre os preços referenciais ou
CAPÍTULO VII de mercado vigentes na data do aditamento, respeitados
DA ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS os limites estabelecidos no art. 125 desta Lei.
E DOS PREÇOS Art. 128. Nas contratações de obras e serviços de
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão engenharia, a diferença percentual entre o valor global
ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes do contrato e o preço global de referência não poderá ser
casos: reduzida em favor do contratado em decorrência de adi-
I - unilateralmente pela Administração: tamentos que modifiquem a planilha orçamentária.
a) quando houver modificação do projeto ou das es- Art. 129. Nas alterações contratuais para supressão
pecificações, para melhor adequação técnica a seus obje- de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver ad-
tivos; quirido os materiais e os colocado no local dos trabalhos,
b) quando for necessária a modificação do valor estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos
contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição de aquisição regularmente comprovados e monetaria-
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por es- mente reajustados, podendo caber indenização por outros
ta Lei; danos eventualmente decorrentes da supressão, desde
II - por acordo entre as partes: que regularmente comprovados.
a) quando conveniente a substituição da garantia de Art. 130. Caso haja alteração unilateral do contrato
execução; que aumente ou diminua os encargos do contratado, a
b) quando necessária a modificação do regime de Administração deverá restabelecer, no mesmo termo adi-
execução da obra ou do serviço, bem como do modo de tivo, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
fornecimento, em face de verificação técnica da inapli- Art. 131. A extinção do contrato não configurará
cabilidade dos termos contratuais originários; óbice para o reconhecimento do desequilíbrio econômi-
c) quando necessária a modificação da forma de pa- co-financeiro, hipótese em que será concedida indeniza-
gamento por imposição de circunstâncias supervenientes, ção por meio de termo indenizatório.
mantido o valor inicial atualizado e vedada a antecipação Parágrafo único. O pedido de restabelecimento do
do pagamento em relação ao cronograma financeiro fi- equilíbrio econômico-financeiro deverá ser formulado
xado sem a correspondente contraprestação de forneci- durante a vigência do contrato e antes de eventual pror-
mento de bens ou execução de obra ou serviço; rogação nos termos do art. 107 desta Lei.

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Art. 132. A formalização do termo aditivo é condi- tante em datas diferenciadas, como os decorrentes de
ção para a execução, pelo contratado, das prestações de- mão de obra e os decorrentes dos insumos necessários à
terminadas pela Administração no curso da execução do execução dos serviços.
contrato, salvo nos casos de justificada necessidade de § 5º Quando a contratação envolver mais de uma
antecipação de seus efeitos, hipótese em que a formali- categoria profissional, a repactuação a que se refere o in-
zação deverá ocorrer no prazo máximo de 1 (um) mês. ciso II do caput deste artigo poderá ser dividida em tan-
Art. 133. Nas hipóteses em que for adotada a con- tos quantos forem os acordos, convenções ou dissídios
tratação integrada ou semi-integrada, é vedada a altera- coletivos de trabalho das categorias envolvidas na con-
ção dos valores contratuais, exceto nos seguintes casos: tratação.
I - para restabelecimento do equilíbrio econômico- § 6º A repactuação será precedida de solicitação do
financeiro decorrente de caso fortuito ou força maior; contratado, acompanhada de demonstração analítica da
II - por necessidade de alteração do projeto ou das variação dos custos, por meio de apresentação da plani-
especificações para melhor adequação técnica aos obje- lha de custos e formação de preços, ou do novo acordo,
tivos da contratação, a pedido da Administração, desde convenção ou sentença normativa que fundamenta a re-
que não decorrente de erros ou omissões por parte do pactuação.
contratado, observados os limites estabelecidos no art. Art. 136. Registros que não caracterizam alteração
125 desta Lei; do contrato podem ser realizados por simples apostila,
III - por necessidade de alteração do projeto nas dispensada a celebração de termo aditivo, como nas se-
contratações semi-integradas, nos termos do § 5º do art. guintes situações:
46 desta Lei; I - variação do valor contratual para fazer face ao
IV - por ocorrência de evento superveniente alocado reajuste ou à repactuação de preços previstos no próprio
na matriz de riscos como de responsabilidade da Admi- contrato;
nistração. II - atualizações, compensações ou penalizações fi-
Art. 134. Os preços contratados serão alterados, pa- nanceiras decorrentes das condições de pagamento pre-
ra mais ou para menos, conforme o caso, se houver, após vistas no contrato;
a data da apresentação da proposta, criação, alteração ou III - alterações na razão ou na denominação social
extinção de quaisquer tributos ou encargos legais ou a do contratado;
superveniência de disposições legais, com comprovada IV - empenho de dotações orçamentárias.
repercussão sobre os preços contratados.
Art. 135. Os preços dos contratos para serviços con- CAPÍTULO VIII
tínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de DAS HIPÓTESES DE EXTINÇÃO
obra ou com predominância de mão de obra serão repac- DOS CONTRATOS
tuados para manutenção do equilíbrio econômico- Art. 137. Constituirão motivos para extinção do
financeiro, mediante demonstração analítica da variação contrato, a qual deverá ser formalmente motivada nos
dos custos contratuais, com data vinculada: autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla
I - à da apresentação da proposta, para custos decor- defesa, as seguintes situações:
rentes do mercado; I - não cumprimento ou cumprimento irregular de
II - ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio normas editalícias ou de cláusulas contratuais, de especi-
coletivo ao qual a proposta esteja vinculada, para os cus- ficações, de projetos ou de prazos;
tos de mão de obra. II - desatendimento das determinações regulares
§ 1º A Administração não se vinculará às disposi- emitidas pela autoridade designada para acompanhar e
ções contidas em acordos, convenções ou dissídios cole- fiscalizar sua execução ou por autoridade superior;
tivos de trabalho que tratem de matéria não trabalhista, III - alteração social ou modificação da finalidade
de pagamento de participação dos trabalhadores nos lu- ou da estrutura da empresa que restrinja sua capacidade
cros ou resultados do contratado, ou que estabeleçam di- de concluir o contrato;
reitos não previstos em lei, como valores ou índices IV - decretação de falência ou de insolvência civil,
obrigatórios de encargos sociais ou previdenciários, bem dissolução da sociedade ou falecimento do contratado;
como de preços para os insumos relacionados ao exercí- V - caso fortuito ou força maior, regularmente com-
cio da atividade. provados, impeditivos da execução do contrato;
§ 2º É vedado a órgão ou entidade contratante vin- VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou
cular-se às disposições previstas nos acordos, conven- impossibilidade de obtê-la, ou alteração substancial do
ções ou dissídios coletivos de trabalho que tratem de anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida no prazo
obrigações e direitos que somente se aplicam aos contra- previsto;
tos com a Administração Pública. VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a desa-
§ 3º A repactuação deverá observar o interregno propriação, a desocupação ou a servidão administrativa,
mínimo de 1 (um) ano, contado da data da apresentação ou impossibilidade de liberação dessas áreas;
da proposta ou da data da última repactuação. VIII - razões de interesse público, justificadas pela
§ 4º A repactuação poderá ser dividida em tantas autoridade máxima do órgão ou da entidade contratante;
parcelas quantas forem necessárias, observado o princí- IX - não cumprimento das obrigações relativas à re-
pio da anualidade do reajuste de preços da contratação, serva de cargos prevista em lei, bem como em outras
podendo ser realizada em momentos distintos para discu- normas específicas, para pessoa com deficiência, para
tir a variação de custos que tenham sua anualidade resul- reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz.

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§ 1º Regulamento poderá especificar procedimentos § 2º Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva
e critérios para verificação da ocorrência dos motivos da Administração, o contratado será ressarcido pelos pre-
previstos no caput deste artigo. juízos regularmente comprovados que houver sofrido e
§ 2º O contratado terá direito à extinção do contrato terá direito a:
nas seguintes hipóteses: I - devolução da garantia;
I - supressão, por parte da Administração, de obras, II - pagamentos devidos pela execução do contrato
serviços ou compras que acarrete modificação do valor até a data de extinção;
inicial do contrato além do limite permitido no art. 125 III - pagamento do custo da desmobilização.
desta Lei; Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral
II - suspensão de execução do contrato, por ordem da Administração poderá acarretar, sem prejuízo das
escrita da Administração, por prazo superior a 3 (três) sanções previstas nesta Lei, as seguintes consequências:
meses; I - assunção imediata do objeto do contrato, no es-
III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noven- tado e local em que se encontrar, por ato próprio da Ad-
ta) dias úteis, independentemente do pagamento obriga- ministração;
tório de indenização pelas sucessivas e contratualmente II - ocupação e utilização do local, das instalações,
imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras dos equipamentos, do material e do pessoal empregados
previstas; na execução do contrato e necessários à sua continuida-
IV - atraso superior a 2 (dois) meses, contado da de;
emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de III - execução da garantia contratual para:
pagamentos devidos pela Administração por despesas de a) ressarcimento da Administração Pública por pre-
obras, serviços ou fornecimentos; juízos decorrentes da não execução;
V - não liberação pela Administração, nos prazos b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e
contratuais, de área, local ou objeto, para execução de previdenciárias, quando cabível;
obra, serviço ou fornecimento, e de fontes de materiais c) pagamento das multas devidas à Administração
naturais especificadas no projeto, inclusive devido a Pública;
atraso ou descumprimento das obrigações atribuídas pelo d) exigência da assunção da execução e da conclu-
contrato à Administração relacionadas a desapropriação, são do objeto do contrato pela seguradora, quando cabí-
a desocupação de áreas públicas ou a licenciamento am- vel;
biental. IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato
§ 3º As hipóteses de extinção a que se referem os até o limite dos prejuízos causados à Administração Pú-
incisos II, III e IV do § 2º deste artigo observarão as se- blica e das multas aplicadas.
guintes disposições: § 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I
I - não serão admitidas em caso de calamidade pú- e II do caput deste artigo ficará a critério da Administra-
blica, de grave perturbação da ordem interna ou de guer- ção, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço
ra, bem como quando decorrerem de ato ou fato que o por execução direta ou indireta.
contratado tenha praticado, do qual tenha participado ou § 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo,
para o qual tenha contribuído; o ato deverá ser precedido de autorização expressa do
II - assegurarão ao contratado o direito de optar pela ministro de Estado, do secretário estadual ou do secretá-
suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até rio municipal competente, conforme o caso.
a normalização da situação, admitido o restabelecimento
do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, na for- CAPÍTULO IX
ma da alínea “d” do inciso II do caput do art. 124 desta DO RECEBIMENTO DO OBJETO
Lei. DO CONTRATO
§ 4º Os emitentes das garantias previstas no art. 96 Art. 140. O objeto do contrato será recebido:
desta Lei deverão ser notificados pelo contratante quanto I - em se tratando de obras e serviços:
ao início de processo administrativo para apuração de a) provisoriamente, pelo responsável por seu acom-
descumprimento de cláusulas contratuais. panhamento e fiscalização, mediante termo detalhado,
Art. 138. A extinção do contrato poderá ser: quando verificado o cumprimento das exigências de ca-
I - determinada por ato unilateral e escrito da Ad- ráter técnico;
ministração, exceto no caso de descumprimento decor- b) definitivamente, por servidor ou comissão desig-
rente de sua própria conduta; nada pela autoridade competente, mediante termo deta-
II - consensual, por acordo entre as partes, por con- lhado que comprove o atendimento das exigências con-
ciliação, por mediação ou por comitê de resolução de tratuais;
disputas, desde que haja interesse da Administração; II - em se tratando de compras:
III - determinada por decisão arbitral, em decorrên- a) provisoriamente, de forma sumária, pelo respon-
cia de cláusula compromissória ou compromisso arbitral, sável por seu acompanhamento e fiscalização, com veri-
ou por decisão judicial. ficação posterior da conformidade do material com as
§ 1º A extinção determinada por ato unilateral da exigências contratuais;
Administração e a extinção consensual deverão ser pre- b) definitivamente, por servidor ou comissão desig-
cedidas de autorização escrita e fundamentada da autori- nada pela autoridade competente, mediante termo deta-
dade competente e reduzidas a termo no respectivo pro- lhado que comprove o atendimento das exigências con-
cesso. tratuais.

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§ 1º O objeto do contrato poderá ser rejeitado, no V - pagamento de contrato cujo objeto seja impres-
todo ou em parte, quando estiver em desacordo com o cindível para assegurar a integridade do patrimônio pú-
contrato. blico ou para manter o funcionamento das atividades fi-
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não ex- nalísticas do órgão ou entidade, quando demonstrado o
cluirá a responsabilidade civil pela solidez e pela segu- risco de descontinuidade da prestação de serviço público
rança da obra ou serviço nem a responsabilidade ético- de relevância ou o cumprimento da missão institucional.
profissional pela perfeita execução do contrato, nos limi- § 2º A inobservância imotivada da ordem cronoló-
tes estabelecidos pela lei ou pelo contrato. gica referida no caput deste artigo ensejará a apuração
§ 3º Os prazos e os métodos para a realização dos de responsabilidade do agente responsável, cabendo aos
recebimentos provisório e definitivo serão definidos em órgãos de controle a sua fiscalização.
regulamento ou no contrato. § 3º O órgão ou entidade deverá disponibilizar,
§ 4º Salvo disposição em contrário constante do edi- mensalmente, em seção específica de acesso à informa-
tal ou de ato normativo, os ensaios, os testes e as demais ção em seu sítio na internet, a ordem cronológica de seus
provas para aferição da boa execução do objeto do con- pagamentos, bem como as justificativas que fundamenta-
trato exigidos por normas técnicas oficiais correrão por rem a eventual alteração dessa ordem.
conta do contratado. Art. 142. Disposição expressa no edital ou no con-
§ 5º Em se tratando de projeto de obra, o recebi- trato poderá prever pagamento em conta vinculada ou
mento definitivo pela Administração não eximirá o pro- pagamento pela efetiva comprovação do fato gerador.
jetista ou o consultor da responsabilidade objetiva por Parágrafo único. (VETADO).
todos os danos causados por falha de projeto. Art. 143. No caso de controvérsia sobre a execução
§ 6º Em se tratando de obra, o recebimento definiti- do objeto, quanto a dimensão, qualidade e quantidade, a
vo pela Administração não eximirá o contratado, pelo parcela incontroversa deverá ser liberada no prazo pre-
prazo mínimo de 5 (cinco) anos, admitida a previsão de visto para pagamento.
prazo de garantia superior no edital e no contrato, da res- Art. 144. Na contratação de obras, fornecimentos e
ponsabilidade objetiva pela solidez e pela segurança dos serviços, inclusive de engenharia, poderá ser estabeleci-
materiais e dos serviços executados e pela funcionalida- da remuneração variável vinculada ao desempenho do
de da construção, da reforma, da recuperação ou da am- contratado, com base em metas, padrões de qualidade,
pliação do bem imóvel, e, em caso de vício, defeito ou critérios de sustentabilidade ambiental e prazos de entre-
incorreção identificados, o contratado ficará responsável ga definidos no edital de licitação e no contrato.
pela reparação, pela correção, pela reconstrução ou pela § 1º O pagamento poderá ser ajustado em base per-
substituição necessárias. centual sobre o valor economizado em determinada des-
pesa, quando o objeto do contrato visar à implantação de
CAPÍTULO X processo de racionalização, hipótese em que as despesas
DOS PAGAMENTOS correrão à conta dos mesmos créditos orçamentários, na
Art. 141. No dever de pagamento pela Administra- forma de regulamentação específica.
ção, será observada a ordem cronológica para cada fonte § 2º A utilização de remuneração variável será mo-
diferenciada de recursos, subdividida nas seguintes cate- tivada e respeitará o limite orçamentário fixado pela
gorias de contratos: Administração para a contratação.
I - fornecimento de bens; Art. 145. Não será permitido pagamento antecipado,
II - locações; parcial ou total, relativo a parcelas contratuais vinculadas
III - prestação de serviços; ao fornecimento de bens, à execução de obras ou à pres-
IV - realização de obras. tação de serviços.
§ 1º A ordem cronológica referida no caput deste § 1º A antecipação de pagamento somente será
artigo poderá ser alterada, mediante prévia justificativa permitida se propiciar sensível economia de recursos ou
da autoridade competente e posterior comunicação ao se representar condição indispensável para a obtenção do
órgão de controle interno da Administração e ao tribunal bem ou para a prestação do serviço, hipótese que deverá
de contas competente, exclusivamente nas seguintes si- ser previamente justificada no processo licitatório e ex-
tuações: pressamente prevista no edital de licitação ou instrumen-
I - grave perturbação da ordem, situação de emer- to formal de contratação direta.
gência ou calamidade pública; § 2º A Administração poderá exigir a prestação de
II - pagamento a microempresa, empresa de peque- garantia adicional como condição para o pagamento an-
no porte, agricultor familiar, produtor rural pessoa física, tecipado.
microempreendedor individual e sociedade cooperativa, § 3º Caso o objeto não seja executado no prazo con-
desde que demonstrado o risco de descontinuidade do tratual, o valor antecipado deverá ser devolvido.
cumprimento do objeto do contrato; Art. 146. No ato de liquidação da despesa, os servi-
III - pagamento de serviços necessários ao funcio- ços de contabilidade comunicarão aos órgãos da admi-
namento dos sistemas estruturantes, desde que demons- nistração tributária as características da despesa e os va-
trado o risco de descontinuidade do cumprimento do ob- lores pagos, conforme o disposto no art. 63 da Lei nº
jeto do contrato; 4.320, de 17 de março de 1964.
IV - pagamento de direitos oriundos de contratos
em caso de falência, recuperação judicial ou dissolução
da empresa contratada;

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CAPÍTULO XI Art. 150. Nenhuma contratação será feita sem a ca-
DA NULIDADE DOS CONTRATOS racterização adequada de seu objeto e sem a indicação
Art. 147. Constatada irregularidade no procedimen- dos créditos orçamentários para pagamento das parcelas
to licitatório ou na execução contratual, caso não seja contratuais vincendas no exercício em que for realizada a
possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da contratação, sob pena de nulidade do ato e de responsa-
execução ou sobre a declaração de nulidade do contrato bilização de quem lhe tiver dado causa.
somente será adotada na hipótese em que se revelar me-
dida de interesse público, com avaliação, entre outros, CAPÍTULO XII
dos seguintes aspectos: DOS MEIOS ALTERNATIVOS DE
I - impactos econômicos e financeiros decorrentes RESOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS
do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contra- Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, po-
to; derão ser utilizados meios alternativos de prevenção e
II - riscos sociais, ambientais e à segurança da po- resolução de controvérsias, notadamente a conciliação, a
pulação local decorrentes do atraso na fruição dos bene- mediação, o comitê de resolução de disputas e a arbitra-
fícios do objeto do contrato; gem.
III - motivação social e ambiental do contrato; Parágrafo único. Será aplicado o disposto
IV - custo da deterioração ou da perda das parcelas no caput deste artigo às controvérsias relacionadas a di-
executadas; reitos patrimoniais disponíveis, como as questões relaci-
V - despesa necessária à preservação das instalações onadas ao restabelecimento do equilíbrio econômico-
e dos serviços já executados; financeiro do contrato, ao inadimplemento de obrigações
VI - despesa inerente à desmobilização e ao poste- contratuais por quaisquer das partes e ao cálculo de in-
rior retorno às atividades; denizações.
VII - medidas efetivamente adotadas pelo titular do Art. 152. A arbitragem será sempre de direito e ob-
órgão ou entidade para o saneamento dos indícios de ir- servará o princípio da publicidade.
regularidades apontados; Art. 153. Os contratos poderão ser aditados para
VIII - custo total e estágio de execução física e fi- permitir a adoção dos meios alternativos de resolução de
nanceira dos contratos, dos convênios, das obras ou das controvérsias.
parcelas envolvidas; Art. 154. O processo de escolha dos árbitros, dos
IX - fechamento de postos de trabalho diretos e in- colegiados arbitrais e dos comitês de resolução de dispu-
diretos em razão da paralisação; tas observará critérios isonômicos, técnicos e transparen-
X - custo para realização de nova licitação ou cele- tes.
bração de novo contrato;
XI - custo de oportunidade do capital durante o pe- TÍTULO IV
ríodo de paralisação. DAS IRREGULARIDADES
Parágrafo único. Caso a paralisação ou anulação CAPÍTULO I
não se revele medida de interesse público, o poder públi- DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES
co deverá optar pela continuidade do contrato e pela so- ADMINISTRATIVAS
lução da irregularidade por meio de indenização por per- Art. 155. O licitante ou o contratado será responsa-
das e danos, sem prejuízo da apuração de responsabili- bilizado administrativamente pelas seguintes infrações:
dade e da aplicação de penalidades cabíveis. I - dar causa à inexecução parcial do contrato;
Art. 148. A declaração de nulidade do contrato ad- II - dar causa à inexecução parcial do contrato que
ministrativo requererá análise prévia do interesse público cause grave dano à Administração, ao funcionamento
envolvido, na forma do art. 147 desta Lei, e operará re- dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
troativamente, impedindo os efeitos jurídicos que o con- III - dar causa à inexecução total do contrato;
trato deveria produzir ordinariamente e desconstituindo IV - deixar de entregar a documentação exigida pa-
os já produzidos. ra o certame;
§ 1º Caso não seja possível o retorno à situação fáti- V - não manter a proposta, salvo em decorrência de
ca anterior, a nulidade será resolvida pela indenização fato superveniente devidamente justificado;
por perdas e danos, sem prejuízo da apuração de respon- VI - não celebrar o contrato ou não entregar a do-
sabilidade e aplicação das penalidades cabíveis. cumentação exigida para a contratação, quando convo-
§ 2º Ao declarar a nulidade do contrato, a autorida- cado dentro do prazo de validade de sua proposta;
de, com vistas à continuidade da atividade administrati- VII - ensejar o retardamento da execução ou da en-
va, poderá decidir que ela só tenha eficácia em momento trega do objeto da licitação sem motivo justificado;
futuro, suficiente para efetuar nova contratação, por pra- VIII - apresentar declaração ou documentação falsa
zo de até 6 (seis) meses, prorrogável uma única vez. exigida para o certame ou prestar declaração falsa duran-
Art. 149. A nulidade não exonerará a Administração te a licitação ou a execução do contrato;
do dever de indenizar o contratado pelo que houver exe- IX - fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento
cutado até a data em que for declarada ou tornada eficaz, na execução do contrato;
bem como por outros prejuízos regularmente comprova- X - comportar-se de modo inidôneo ou cometer
dos, desde que não lhe seja imputável, e será promovida fraude de qualquer natureza;
a responsabilização de quem lhe tenha dado causa. XI - praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os ob-
jetivos da licitação;

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XII - praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº será de competência exclusiva de autoridade de nível hi-
12.846, de 1º de agosto de 2013. erárquico equivalente às autoridades referidas no inciso I
Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas in- deste parágrafo, na forma de regulamento.
frações administrativas previstas nesta Lei as seguintes § 7º As sanções previstas nos incisos I, III e IV do
sanções: caput deste artigo poderão ser aplicadas cumulativamen-
I - advertência; te com a prevista no inciso II do caput deste artigo.
II - multa; § 8º Se a multa aplicada e as indenizações cabíveis
III - impedimento de licitar e contratar; forem superiores ao valor de pagamento eventualmente
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou con- devido pela Administração ao contratado, além da perda
tratar. desse valor, a diferença será descontada da garantia pres-
§ 1º Na aplicação das sanções serão considerados: tada ou será cobrada judicialmente.
I - a natureza e a gravidade da infração cometida; § 9º A aplicação das sanções previstas no caput
II - as peculiaridades do caso concreto; deste artigo não exclui, em hipótese alguma, a obrigação
III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes; de reparação integral do dano causado à Administração
IV - os danos que dela provierem para a Adminis- Pública.
tração Pública; Art. 157. Na aplicação da sanção prevista no inciso
V - a implantação ou o aperfeiçoamento de progra- II do caput do art. 156 desta Lei, será facultada a defesa
ma de integridade, conforme normas e orientações dos do interessado no prazo de 15 (quinze) dias úteis, conta-
órgãos de controle. do da data de sua intimação.
§ 2º A sanção prevista no inciso I do caput deste ar- Art. 158. A aplicação das sanções previstas
tigo será aplicada exclusivamente pela infração adminis- nos incisos III e IV do caput do art. 156 desta Lei reque-
trativa prevista no inciso I do caput do art. 155 desta rerá a instauração de processo de responsabilização, a ser
Lei, quando não se justificar a imposição de penalidade conduzido por comissão composta de 2 (dois) ou mais
mais grave. servidores estáveis, que avaliará fatos e circunstâncias
§ 3º A sanção prevista no inciso II do caput deste conhecidos e intimará o licitante ou o contratado para, no
artigo, calculada na forma do edital ou do contrato, não prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data de inti-
poderá ser inferior a 0,5% (cinco décimos por cento) mação, apresentar defesa escrita e especificar as provas
nem superior a 30% (trinta por cento) do valor do contra- que pretenda produzir.
to licitado ou celebrado com contratação direta e será § 1º Em órgão ou entidade da Administração Públi-
aplicada ao responsável por qualquer das infrações ad- ca cujo quadro funcional não seja formado de servidores
ministrativas previstas no art. 155 desta Lei. estatutários, a comissão a que se refere o caput deste ar-
§ 4º A sanção prevista no inciso III do caput deste tigo será composta de 2 (dois) ou mais empregados pú-
artigo será aplicada ao responsável pelas infrações admi- blicos pertencentes aos seus quadros permanentes, prefe-
nistrativas previstas nos incisos II, III, IV, V, VI e VII do rencialmente com, no mínimo, 3 (três) anos de tempo de
caput do art. 155 desta Lei, quando não se justificar a serviço no órgão ou entidade.
imposição de penalidade mais grave, e impedirá o res- § 2º Na hipótese de deferimento de pedido de pro-
ponsável de licitar ou contratar no âmbito da Adminis- dução de novas provas ou de juntada de provas julgadas
tração Pública direta e indireta do ente federativo que ti- indispensáveis pela comissão, o licitante ou o contratado
ver aplicado a sanção, pelo prazo máximo de 3 (três) poderá apresentar alegações finais no prazo de 15 (quin-
anos. ze) dias úteis, contado da data da intimação.
§ 5º A sanção prevista no inciso IV do caput deste § 3º Serão indeferidas pela comissão, mediante de-
artigo será aplicada ao responsável pelas infrações admi- cisão fundamentada, provas ilícitas, impertinentes, des-
nistrativas previstas nos incisos VIII, IX, X, XI e XII do necessárias, protelatórias ou intempestivas.
caput do art. 155 desta Lei, bem como pelas infrações § 4º A prescrição ocorrerá em 5 (cinco) anos, con-
administrativas previstas nos incisos II, III, IV, V, VI e tados da ciência da infração pela Administração, e será:
VII do caput do referido artigo que justifiquem a impo- I - interrompida pela instauração do processo de
sição de penalidade mais grave que a sanção referida no responsabilização a que se refere o caput deste artigo;
§ 4º deste artigo, e impedirá o responsável de licitar ou II - suspensa pela celebração de acordo de leniência
contratar no âmbito da Administração Pública direta e previsto na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013;
indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo III - suspensa por decisão judicial que inviabilize a
de 3 (três) anos e máximo de 6 (seis) anos. conclusão da apuração administrativa.
§ 6º A sanção estabelecida no inciso IV do caput Art. 159. Os atos previstos como infrações adminis-
deste artigo será precedida de análise jurídica e observa- trativas nesta Lei ou em outras leis de licitações e contra-
rá as seguintes regras: tos da Administração Pública que também sejam tipifi-
I - quando aplicada por órgão do Poder Executivo, cados como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 1º de agos-
será de competência exclusiva de ministro de Estado, de to de 2013, serão apurados e julgados conjuntamente,
secretário estadual ou de secretário municipal e, quando nos mesmos autos, observados o rito procedimental e a
aplicada por autarquia ou fundação, será de competência autoridade competente definidos na referida Lei.
exclusiva da autoridade máxima da entidade; Parágrafo único. (VETADO).
II - quando aplicada por órgãos dos Poderes Legis- Art. 160. A personalidade jurídica poderá ser des-
lativo e Judiciário, pelo Ministério Público e pela Defen- considerada sempre que utilizada com abuso do direito
soria Pública no desempenho da função administrativa, para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos

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ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão pa- Parágrafo único. A resposta à impugnação ou ao
trimonial, e, nesse caso, todos os efeitos das sanções pedido de esclarecimento será divulgada em sítio eletrô-
aplicadas à pessoa jurídica serão estendidos aos seus nico oficial no prazo de até 3 (três) dias úteis, limitado
administradores e sócios com poderes de administração, ao último dia útil anterior à data da abertura do certame.
a pessoa jurídica sucessora ou a empresa do mesmo ramo Art. 165. Dos atos da Administração decorrentes da
com relação de coligação ou controle, de fato ou de di- aplicação desta Lei cabem:
reito, com o sancionado, observados, em todos os casos, I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado
o contraditório, a ampla defesa e a obrigatoriedade de da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de:
análise jurídica prévia. a) ato que defira ou indefira pedido de pré-
Art. 161. Os órgãos e entidades dos Poderes Execu- qualificação de interessado ou de inscrição em registro
tivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes federati- cadastral, sua alteração ou cancelamento;
vos deverão, no prazo máximo 15 (quinze) dias úteis, b) julgamento das propostas;
contado da data de aplicação da sanção, informar e man- c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
ter atualizados os dados relativos às sanções por eles d) anulação ou revogação da licitação;
aplicadas, para fins de publicidade no Cadastro Nacional e) extinção do contrato, quando determinada por ato
de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e no Cadastro unilateral e escrito da Administração;
Nacional de Empresas Punidas (Cnep), instituídos no II - pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três)
âmbito do Poder Executivo federal. dias úteis, contado da data de intimação, relativamente a
Parágrafo único. Para fins de aplicação das sanções ato do qual não caiba recurso hierárquico.
previstas nos incisos I, II, III e IV do caput do art. 156 § 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do
desta Lei, o Poder Executivo regulamentará a forma de disposto nas alíneas “b” e “c” do inciso I do caput deste
cômputo e as consequências da soma de diversas sanções artigo, serão observadas as seguintes disposições:
aplicadas a uma mesma empresa e derivadas de contratos I - a intenção de recorrer deverá ser manifestada
distintos. imediatamente, sob pena de preclusão, e o prazo para
Art. 162. O atraso injustificado na execução do con- apresentação das razões recursais previsto no inciso I do
trato sujeitará o contratado a multa de mora, na forma caput deste artigo será iniciado na data de intimação ou
prevista em edital ou em contrato. de lavratura da ata de habilitação ou inabilitação ou, na
Parágrafo único. A aplicação de multa de mora não hipótese de adoção da inversão de fases prevista no § 1º
impedirá que a Administração a converta em compensa- do art. 17 desta Lei, da ata de julgamento;
tória e promova a extinção unilateral do contrato com a II - a apreciação dar-se-á em fase única.
aplicação cumulada de outras sanções previstas nesta § 2º O recurso de que trata o inciso I do caput deste
Lei. artigo será dirigido à autoridade que tiver editado o ato
Art. 163. É admitida a reabilitação do licitante ou ou proferido a decisão recorrida, que, se não reconsiderar
contratado perante a própria autoridade que aplicou a o ato ou a decisão no prazo de 3 (três) dias úteis, enca-
penalidade, exigidos, cumulativamente: minhará o recurso com a sua motivação à autoridade su-
I - reparação integral do dano causado à Adminis- perior, a qual deverá proferir sua decisão no prazo má-
tração Pública; ximo de 10 (dez) dias úteis, contado do recebimento dos
II - pagamento da multa; autos.
III - transcurso do prazo mínimo de 1 (um) ano da § 3º O acolhimento do recurso implicará invalida-
aplicação da penalidade, no caso de impedimento de lici- ção apenas de ato insuscetível de aproveitamento.
tar e contratar, ou de 3 (três) anos da aplicação da pena- § 4º O prazo para apresentação de contrarrazões se-
lidade, no caso de declaração de inidoneidade; rá o mesmo do recurso e terá início na data de intimação
IV - cumprimento das condições de reabilitação de- pessoal ou de divulgação da interposição do recurso.
finidas no ato punitivo; § 5º Será assegurado ao licitante vista dos elemen-
V - análise jurídica prévia, com posicionamento tos indispensáveis à defesa de seus interesses.
conclusivo quanto ao cumprimento dos requisitos defini- Art. 166. Da aplicação das sanções previstas nos in-
dos neste artigo. cisos I, II e III do caput do art. 156 desta Lei caberá re-
Parágrafo único. A sanção pelas infrações previstas curso no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data
nos incisos VIII e XII do caput do art. 155 desta da intimação.
Lei exigirá, como condição de reabilitação do licitante Parágrafo único. O recurso de que trata o caput
ou contratado, a implantação ou aperfeiçoamento de deste artigo será dirigido à autoridade que tiver proferido
programa de integridade pelo responsável. a decisão recorrida, que, se não a reconsiderar no prazo
de 5 (cinco) dias úteis, encaminhará o recurso com sua
CAPÍTULO II motivação à autoridade superior, a qual deverá proferir
DAS IMPUGNAÇÕES, DOS PEDIDOS DE ES- sua decisão no prazo máximo de 20 (vinte) dias úteis,
CLARECIMENTO E DOS RECURSOS contado do recebimento dos autos.
Art. 164. Qualquer pessoa é parte legítima para im- Art. 167. Da aplicação da sanção prevista no inciso
pugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação IV do caput do art. 156 desta Lei caberá apenas pedido
desta Lei ou para solicitar esclarecimento sobre os seus de reconsideração, que deverá ser apresentado no prazo
termos, devendo protocolar o pedido até 3 (três) dias de 15 (quinze) dias úteis, contado da data da intimação, e
úteis antes da data de abertura do certame. decidido no prazo máximo de 20 (vinte) dias úteis, con-
tado do seu recebimento.

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Art. 168. O recurso e o pedido de reconsideração te- Art. 170. Os órgãos de controle adotarão, na fiscali-
rão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até zação dos atos previstos nesta Lei, critérios de oportuni-
que sobrevenha decisão final da autoridade competente. dade, materialidade, relevância e risco e considerarão as
Parágrafo único. Na elaboração de suas decisões, a razões apresentadas pelos órgãos e entidades responsá-
autoridade competente será auxiliada pelo órgão de as- veis e os resultados obtidos com a contratação, observa-
sessoramento jurídico, que deverá dirimir dúvidas e sub- do o disposto no § 3º do art. 169 desta Lei.
sidiá-la com as informações necessárias. § 1º As razões apresentadas pelos órgãos e entida-
des responsáveis deverão ser encaminhadas aos órgãos
CAPÍTULO III de controle até a conclusão da fase de instrução do pro-
DO CONTROLE DAS CONTRATAÇÕES cesso e não poderão ser desentranhadas dos autos.
Art. 169. As contratações públicas deverão subme- § 2º A omissão na prestação das informações não
ter-se a práticas contínuas e permanentes de gestão de impedirá as deliberações dos órgãos de controle nem re-
riscos e de controle preventivo, inclusive mediante ado- tardará a aplicação de qualquer de seus prazos de trami-
ção de recursos de tecnologia da informação, e, além de tação e de deliberação.
estar subordinadas ao controle social, sujeitar-se-ão às § 3º Os órgãos de controle desconsiderarão os do-
seguintes linhas de defesa: cumentos impertinentes, meramente protelatórios ou de
I - primeira linha de defesa, integrada por servidores nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
e empregados públicos, agentes de licitação e autorida- § 4º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física
des que atuam na estrutura de governança do órgão ou ou jurídica poderá representar aos órgãos de controle in-
entidade; terno ou ao tribunal de contas competente contra irregu-
II - segunda linha de defesa, integrada pelas unida- laridades na aplicação desta Lei.
des de assessoramento jurídico e de controle interno do Art. 171. Na fiscalização de controle será observado
próprio órgão ou entidade; o seguinte:
III - terceira linha de defesa, integrada pelo órgão I - viabilização de oportunidade de manifestação
central de controle interno da Administração e pelo tri- aos gestores sobre possíveis propostas de encaminha-
bunal de contas. mento que terão impacto significativo nas rotinas de tra-
§ 1º Na forma de regulamento, a implementação das balho dos órgãos e entidades fiscalizados, a fim de que
práticas a que se refere o caput deste artigo será de res- eles disponibilizem subsídios para avaliação prévia da
ponsabilidade da alta administração do órgão ou entidade relação entre custo e benefício dessas possíveis proposi-
e levará em consideração os custos e os benefícios decor- ções;
rentes de sua implementação, optando-se pelas medidas II - adoção de procedimentos objetivos e imparciais
que promovam relações íntegras e confiáveis, com segu- e elaboração de relatórios tecnicamente fundamentados,
rança jurídica para todos os envolvidos, e que produzam baseados exclusivamente nas evidências obtidas e orga-
o resultado mais vantajoso para a Administração, com nizados de acordo com as normas de auditoria do respec-
eficiência, eficácia e efetividade nas contratações públi- tivo órgão de controle, de modo a evitar que interesses
cas. pessoais e interpretações tendenciosas interfiram na
§ 2º Para a realização de suas atividades, os órgãos apresentação e no tratamento dos fatos levantados;
de controle deverão ter acesso irrestrito aos documentos III - definição de objetivos, nos regimes de emprei-
e às informações necessárias à realização dos trabalhos, tada por preço global, empreitada integral, contratação
inclusive aos documentos classificados pelo órgão ou en- semi-integrada e contratação integrada, atendidos os re-
tidade nos termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro quisitos técnicos, legais, orçamentários e financeiros, de
de 2011, e o órgão de controle com o qual foi comparti- acordo com as finalidades da contratação, devendo, ain-
lhada eventual informação sigilosa tornar-se-á corres- da, ser perquirida a conformidade do preço global com
ponsável pela manutenção do seu sigilo. os parâmetros de mercado para o objeto contratado, con-
§ 3º Os integrantes das linhas de defesa a que se re- siderada inclusive a dimensão geográfica.
ferem os incisos I, II e III do caput deste artigo observa- § 1º Ao suspender cautelarmente o processo licita-
rão o seguinte: tório, o tribunal de contas deverá pronunciar-se definiti-
I - quando constatarem simples impropriedade for- vamente sobre o mérito da irregularidade que tenha dado
mal, adotarão medidas para o seu saneamento e para a causa à suspensão no prazo de 25 (vinte e cinco) dias
mitigação de riscos de sua nova ocorrência, preferenci- úteis, contado da data do recebimento das informações a
almente com o aperfeiçoamento dos controles preventi- que se refere o § 2º deste artigo, prorrogável por igual
vos e com a capacitação dos agentes públicos responsá- período uma única vez, e definirá objetivamente:
veis; I - as causas da ordem de suspensão;
II - quando constatarem irregularidade que configu- II - o modo como será garantido o atendimento do
re dano à Administração, sem prejuízo das medidas pre- interesse público obstado pela suspensão da licitação, no
vistas no inciso I deste § 3º, adotarão as providências ne- caso de objetos essenciais ou de contratação por emer-
cessárias para a apuração das infrações administrativas, gência.
observadas a segregação de funções e a necessidade de § 2º Ao ser intimado da ordem de suspensão do
individualização das condutas, bem como remeterão ao processo licitatório, o órgão ou entidade deverá, no prazo
Ministério Público competente cópias dos documentos de 10 (dez) dias úteis, admitida a prorrogação:
cabíveis para a apuração dos ilícitos de sua competência. I - informar as medidas adotadas para cumprimento
da decisão;

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II - prestar todas as informações cabíveis; mento de obrigações previsto no § 4º do art. 88 desta
III - proceder à apuração de responsabilidade, se for Lei;
o caso. IV - sistema eletrônico para a realização de sessões
§ 3º A decisão que examinar o mérito da medida públicas;
cautelar a que se refere o § 1º deste artigo deverá definir V - acesso ao Cadastro Nacional de Empresas Ini-
as medidas necessárias e adequadas, em face das alterna- dôneas e Suspensas (Ceis) e ao Cadastro Nacional de
tivas possíveis, para o saneamento do processo licitató- Empresas Punidas (Cnep);
rio, ou determinar a sua anulação. VI - sistema de gestão compartilhada com a socie-
§ 4º O descumprimento do disposto no § 2º deste dade de informações referentes à execução do contrato,
artigo ensejará a apuração de responsabilidade e a obri- que possibilite:
gação de reparação do prejuízo causado ao erário. a) envio, registro, armazenamento e divulgação de
Art. 172. (VETADO). mensagens de texto ou imagens pelo interessado previa-
Art. 173. Os tribunais de contas deverão, por meio mente identificado;
de suas escolas de contas, promover eventos de capacita- b) acesso ao sistema informatizado de acompanha-
ção para os servidores efetivos e empregados públicos mento de obras a que se refere o inciso III do caput do
designados para o desempenho das funções essenciais à art. 19 desta Lei;
execução desta Lei, incluídos cursos presenciais e a dis- c) comunicação entre a população e representantes
tância, redes de aprendizagem, seminários e congressos da Administração e do contratado designados para pres-
sobre contratações públicas. tar as informações e esclarecimentos pertinentes, na for-
ma de regulamento;
TÍTULO V d) divulgação, na forma de regulamento, de relató-
DISPOSIÇÕES GERAIS rio final com informações sobre a consecução dos obje-
CAPÍTULO I tivos que tenham justificado a contratação e eventuais
DO PORTAL NACIONAL DE condutas a serem adotadas para o aprimoramento das
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (PNCP) atividades da Administração.
Art. 174. É criado o Portal Nacional de Contrata- § 4º O PNCP adotará o formato de dados abertos e
ções Públicas (PNCP), sítio eletrônico oficial destinado observará as exigências previstas na Lei nº 12.527, de 18
à: de novembro de 2011.
I - divulgação centralizada e obrigatória dos atos § 5º (VETADO).
exigidos por esta Lei; Art. 175. Sem prejuízo do disposto no art. 174 desta
II - realização facultativa das contratações pelos ór- Lei, os entes federativos poderão instituir sítio eletrônico
gãos e entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e oficial para divulgação complementar e realização das
Judiciário de todos os entes federativos. respectivas contratações.
§ 1º O PNCP será gerido pelo Comitê Gestor da § 1º Desde que mantida a integração com o PNCP,
Rede Nacional de Contratações Públicas, a ser presidido as contratações poderão ser realizadas por meio de sis-
por representante indicado pelo Presidente da República tema eletrônico fornecido por pessoa jurídica de direito
e composto de: privado, na forma de regulamento.
I - 3 (três) representantes da União indicados pelo § 2º (VETADO).
Presidente da República; § 2º Até 31 de dezembro de 2023, os Municípios
II - 2 (dois) representantes dos Estados e do Distrito deverão realizar divulgação complementar de suas con-
Federal indicados pelo Conselho Nacional de Secretários tratações mediante publicação de extrato de edital de li-
de Estado da Administração; citação em jornal diário de grande circulação local.
III - 2 (dois) representantes dos Municípios indica- (Promulgação partes vetadas)
dos pela Confederação Nacional de Municípios. Art. 176. Os Municípios com até 20.000 (vinte mil)
§ 2º O PNCP conterá, entre outras, as seguintes in- habitantes terão o prazo de 6 (seis) anos, contado da data
formações acerca das contratações: de publicação desta Lei, para cumprimento:
I - planos de contratação anuais; I - dos requisitos estabelecidos no art. 7º e no caput
II - catálogos eletrônicos de padronização; do art. 8º desta Lei;
III - editais de credenciamento e de pré- II - da obrigatoriedade de realização da licitação sob
qualificação, avisos de contratação direta e editais de li- a forma eletrônica a que se refere o § 2º do art. 17 desta
citação e respectivos anexos; Lei;
IV - atas de registro de preços; III - das regras relativas à divulgação em sítio ele-
V - contratos e termos aditivos; trônico oficial.
VI - notas fiscais eletrônicas, quando for o caso. Parágrafo único. Enquanto não adotarem o PNCP,
§ 3º O PNCP deverá, entre outras funcionalidades, os Municípios a que se refere o caput deste artigo deve-
oferecer: rão:
I - sistema de registro cadastral unificado; I - publicar, em diário oficial, as informações que
II - painel para consulta de preços, banco de preços esta Lei exige que sejam divulgadas em sítio eletrônico
em saúde e acesso à base nacional de notas fiscais ele- oficial, admitida a publicação de extrato;
trônicas; II - disponibilizar a versão física dos documentos
III - sistema de planejamento e gerenciamento de em suas repartições, vedada a cobrança de qualquer va-
contratações, incluído o cadastro de atesto de cumpri- lor, salvo o referente ao fornecimento de edital ou de có-

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pia de documento, que não será superior ao custo de sua Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
reprodução gráfica. multa.
Violação de sigilo em licitação
CAPÍTULO II
DAS ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresenta-
Art. 177. O caput do art. 1.048 da Lei nº 13.105, de da em processo licitatório ou proporcionar a terceiro o
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), passa a ensejo de devassá-lo:
vigorar acrescido do seguinte inciso IV: Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e
“Art.1.048. ......................................................... multa.
............................................................................
IV - em que se discuta a aplicação do disposto nas Afastamento de licitante
normas gerais de licitação e contratação a que se refere o Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por
inciso XXVII do caput do art. 22 da Constituição Fede- meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento
ral. de vantagem de qualquer tipo:
...................................................................” (NR) Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e
Art. 178. O Título XI da Parte Especial do Decreto- multa, além da pena correspondente à violência.
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
passa a vigorar acrescido do seguinte Capítulo II-B: abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem ofere-
cida.
“CAPÍTULO II-B
DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E Fraude em licitação ou contrato
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração
Contratação direta ilegal Pública, licitação ou contrato dela decorrente, mediante:
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à con- com qualidade ou em quantidade diversas das previstas
tratação direta fora das hipóteses previstas em lei: no edital ou nos instrumentos contratuais;
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
mercadoria falsificada, deteriorada, inservível para con-
Frustração do caráter competitivo de licitação sumo ou com prazo de validade vencido;
III - entrega de uma mercadoria por outra;
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de ob-
IV - alteração da substância, qualidade ou quantida-
ter para si ou para outrem vantagem decorrente da adju-
de da mercadoria ou do serviço fornecido;
dicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do
V - qualquer meio fraudulento que torne injusta-
processo licitatório:
mente mais onerosa para a Administração Pública a pro-
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
posta ou a execução do contrato:
multa.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
Patrocínio de contratação indevida multa.
Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, in- Contratação inidônea
teresse privado perante a Administração Pública, dando
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profis-
causa à instauração de licitação ou à celebração de con-
sional declarado inidôneo:
trato cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Ju-
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e
diciário:
multa.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional
multa.
declarado inidôneo:
Modificação ou pagamento irregular em contra- Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e
to administrativo multa.
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a
aquele que, declarado inidôneo, venha a participar de li-
qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorroga-
citação e, na mesma pena do § 1º deste artigo, aquele
ção contratual, em favor do contratado, durante a execu-
que, declarado inidôneo, venha a contratar com a Admi-
ção dos contratos celebrados com a Administração Pú-
nistração Pública.
blica, sem autorização em lei, no edital da licitação ou
nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pa- Impedimento indevido
gar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injusta-
exigibilidade:
mente a inscrição de qualquer interessado nos registros
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a
multa.
suspensão ou o cancelamento de registro do inscrito:
Perturbação de processo licitatório Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realiza-
ção de qualquer ato de processo licitatório:

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Omissão grave de dado ou de informação por CAPÍTULO III
projetista DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 181. Os entes federativos instituirão centrais de
Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Admi-
compras, com o objetivo de realizar compras em grande
nistração Pública levantamento cadastral ou condição de
escala, para atender a diversos órgãos e entidades sob
contorno em relevante dissonância com a realidade, em
sua competência e atingir as finalidades desta Lei.
frustração ao caráter competitivo da licitação ou em de-
Parágrafo único. No caso dos Municípios com até
trimento da seleção da proposta mais vantajosa para a
10.000 (dez mil) habitantes, serão preferencialmente
Administração Pública, em contratação para a elaboração
constituídos consórcios públicos para a realização das
de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em
atividades previstas no caput deste artigo, nos termos da
diálogo competitivo ou em procedimento de manifesta-
Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005.
ção de interesse:
Art. 182. O Poder Executivo federal atualizará, a
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao
multa.
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice
§ 1º Consideram-se condição de contorno as infor-
que venha a substituí-lo, os valores fixados por esta Lei,
mações e os levantamentos suficientes e necessários para
os quais serão divulgados no PNCP.
a definição da solução de projeto e dos respectivos pre-
Art. 183. Os prazos previstos nesta Lei serão conta-
ços pelo licitante, incluídos sondagens, topografia, estu-
dos com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do
dos de demanda, condições ambientais e demais elemen-
vencimento e observarão as seguintes disposições:
tos ambientais impactantes, considerados requisitos mí-
I - os prazos expressos em dias corridos serão com-
nimos ou obrigatórios em normas técnicas que orientam
putados de modo contínuo;
a elaboração de projetos.
II - os prazos expressos em meses ou anos serão
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter be-
computados de data a data;
nefício, direto ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-
III - nos prazos expressos em dias úteis, serão com-
se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
putados somente os dias em que ocorrer expediente ad-
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes
ministrativo no órgão ou entidade competente.
previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de cálcu-
§ 1º Salvo disposição em contrário, considera-se dia
lo prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2%
do começo do prazo:
(dois por cento) do valor do contrato licitado ou celebra-
I - o primeiro dia útil seguinte ao da disponibiliza-
do com contratação direta.”
ção da informação na internet;
Art. 179. Os incisos II e III do caput do art. 2º da
II - a data de juntada aos autos do aviso de recebi-
Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, passam a vigo-
mento, quando a notificação for pelos correios.
rar com a seguinte redação:
§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro
“Art. 2º .................................................................
dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não
...............................................................................
houver expediente, se o expediente for encerrado antes
II - concessão de serviço público: a delegação de
da hora normal ou se houver indisponibilidade da comu-
sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici-
nicação eletrônica.
tação, na modalidade concorrência ou diálogo competiti-
§ 3º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo,
vo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que de-
se no mês do vencimento não houver o dia equivalente
monstre capacidade para seu desempenho, por sua conta
àquele do início do prazo, considera-se como termo o úl-
e risco e por prazo determinado;
timo dia do mês.
III - concessão de serviço público precedida da exe-
Art. 184. Aplicam-se as disposições desta Lei, no
cução de obra pública: a construção, total ou parcial,
que couber e na ausência de norma específica, aos con-
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de
vênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêne-
quaisquer obras de interesse público, delegados pelo po-
res celebrados por órgãos e entidades da Administração
der concedente, mediante licitação, na modalidade con-
Pública, na forma estabelecida em regulamento do Poder
corrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou
Executivo federal.
consórcio de empresas que demonstre capacidade para a
Art. 185. Aplicam-se às licitações e aos contratos
sua realização, por sua conta e risco, de forma que o in-
regidos pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, as
vestimento da concessionária seja remunerado e amorti-
disposições do Capítulo II-B do Título XI da Parte Espe-
zado mediante a exploração do serviço ou da obra por
cial do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
prazo determinado;
1940 (Código Penal).
.......................................................................” (NR)
Art. 186. Aplicam-se as disposições desta Lei sub-
Art. 180. O caput do art. 10 da Lei nº 11.079, de 30
sidiariamente à Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
de dezembro de 2004, passa a vigorar com a seguinte re-
à Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, e à Lei nº
dação:
12.232, de 29 de abril de 2010.
“Art. 10. A contratação de parceria público-privada
Art. 187. Os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
será precedida de licitação na modalidade concorrência
cípios poderão aplicar os regulamentos editados pela
ou diálogo competitivo, estando a abertura do processo
União para execução desta Lei.
licitatório condicionada a:
Art. 188. (VETADO).
........................................................................” (NR)
Art. 189. Aplica-se esta Lei às hipóteses previstas
na legislação que façam referência expressa à Lei nº

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


8.666, de 21 de junho de 1993, à Lei nº 10.520, de 17 de Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços
julho de 2002, e aos arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos
4 de agosto de 2011. padrões de desempenho e qualidade possam ser objeti-
Art. 190. O contrato cujo instrumento tenha sido as- vamente definidos pelo edital, por meio de especifica-
sinado antes da entrada em vigor desta Lei continuará a ções usuais no mercado.
ser regido de acordo com as regras previstas na legisla- Art. 2º (VETADO)
ção revogada. § 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utili-
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inci- zação de recursos de tecnologia da informação, nos ter-
so II do caput do art. 193, a Administração poderá optar mos de regulamentação específica.
por licitar ou contratar diretamente de acordo com esta § 2º Será facultado, nos termos de regulamentos
Lei ou de acordo com as leis citadas no referido inciso, e próprios da União, Estados, Distrito Federal e Municí-
a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no pios, a participação de bolsas de mercadorias no apoio
edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, técnico e operacional aos órgãos e entidades promotores
vedada a aplicação combinada desta Lei com as citadas da modalidade de pregão, utilizando-se de recursos de
no referido inciso. tecnologia da informação.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, § 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar
se a Administração optar por licitar de acordo com as organizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lu-
leis citadas no inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o crativos e com a participação plural de corretoras que
contrato respectivo será regido pelas regras nelas previs- operem sistemas eletrônicos unificados de pregões.
tas durante toda a sua vigência. Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o
Art. 192. O contrato relativo a imóvel do patrimô- seguinte:
nio da União ou de suas autarquias e fundações continua- I - a autoridade competente justificará a necessidade
rá regido pela legislação pertinente, aplicada esta Lei de contratação e definirá o objeto do certame, as exigên-
subsidiariamente. cias de habilitação, os critérios de aceitação das propos-
Art. 193. Revogam-se: tas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas do
I – os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho contrato, inclusive com fixação dos prazos para forneci-
de 1993, na data de publicação desta Lei; mento;
II - em 30 de dezembro de 2023: (Redação dada pe- II - a definição do objeto deverá ser precisa, sufici-
la Medida Provisória nº 1.167, de 2023) ente e clara, vedadas especificações que, por excessivas,
a) a Lei nº 8.666, de 1993; (Incluído pela Medida irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
Provisória nº 1.167, de 2023) III - dos autos do procedimento constarão a justifi-
b) a Lei nº 10.520, de 2002; e (Incluído pela Medi- cativa das definições referidas no inciso I deste artigo e
da Provisória nº 1.167, de 2023) os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais esti-
c) os art. 1º a art. 47-A da Lei nº 12.462, de 2011. verem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo
(Incluído pela Medida Provisória nº 1.167, de 2023) órgão ou entidade promotora da licitação, dos bens ou
Art. 194. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- serviços a serem licitados; e
blicação. IV - a autoridade competente designará, dentre os
Brasília, 1º de abril de 2021; 200o da Independência servidores do órgão ou entidade promotora da licitação,
e 133o da República. o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição
JAIR MESSIAS BOLSONARO inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lan-
Anderson Gustavo Torres ces, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação,
Paulo Guedes bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do
Tarcisio Gomes de Freitas certame ao licitante vencedor.
Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua
Wagner de Campos Rosário
maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou
André Luiz de Almeida Mendonça
emprego da administração, preferencialmente pertencen-
tes ao quadro permanente do órgão ou entidade promoto-
10.2. LEI 10.520/2002 ra do evento.
Institui, no âmbito da União, Estados, Dis- § 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções
trito Federal e Municípios, nos termos do de pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão
art. 37, inciso XXI, da Constituição Fede- ser desempenhadas por militares
ral, modalidade de licitação denominada
pregão, para aquisição de bens e serviços Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a
comuns, e dá outras providências. convocação dos interessados e observará as seguintes re-
gras:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber I - a convocação dos interessados será efetuada por
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- meio de publicação de aviso em diário oficial do respec-
guinte Lei: tivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circu-
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, lação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e
poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, conforme o vulto da licitação, em jornal de grande circu-
que será regida por esta Lei. lação, nos termos do regulamento de que trata o art. 2º;

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II - do aviso constarão a definição do objeto da lici- XV - verificado o atendimento das exigências fixa-
tação, a indicação do local, dias e horários em que pode- das no edital, o licitante será declarado vencedor;
rá ser lida ou obtida a íntegra do edital; XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante
III - do edital constarão todos os elementos defini- desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro exa-
dos na forma do inciso I do art. 3º, as normas que disci- minará as ofertas subsequentes e a qualificação dos lici-
plinarem o procedimento e a minuta do contrato, quando tantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamen-
for o caso; te, até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo o
IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão co- respectivo licitante declarado vencedor;
locadas à disposição de qualquer pessoa para consulta e XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI,
divulgadas na forma da Lei no 9.755, de 16 de dezembro o pregoeiro poderá negociar diretamente com o propo-
de 1998; nente para que seja obtido preço melhor;
V - o prazo fixado para a apresentação das propos- XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante
tas, contado a partir da publicação do aviso, não será in- poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção
ferior a 8 (oito) dias úteis; de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3
VI - no dia, hora e local designados, será realizada (três) dias para apresentação das razões do recurso, fi-
sessão pública para recebimento das propostas, devendo cando os demais licitantes desde logo intimados para
o interessado, ou seu representante, identificar-se e, se apresentar contra-razões em igual número de dias, que
for o caso, comprovar a existência dos necessários pode- começarão a correr do término do prazo do recorrente,
res para formulação de propostas e para a prática de to- sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;
dos os demais atos inerentes ao certame; XIX - o acolhimento de recurso importará a invali-
VII - aberta a sessão, os interessados ou seus repre- dação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
sentantes, apresentarão declaração dando ciência de que XX - a falta de manifestação imediata e motivada
cumprem plenamente os requisitos de habilitação e en- do licitante importará a decadência do direito de recurso
tregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e e a adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao
do preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata aber- vencedor;
tura e à verificação da conformidade das propostas com XXI - decididos os recursos, a autoridade compe-
os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório; tente fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante
VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor vencedor;
mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por XXII - homologada a licitação pela autoridade
cento) superiores àquela poderão fazer novos lances ver- competente, o adjudicatário será convocado para assinar
bais e sucessivos, até a proclamação do vencedor; o contrato no prazo definido em edital; e
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro
condições definidas no inciso anterior, poderão os auto- do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o con-
res das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), trato, aplicar-se-á o disposto no inciso XVI.
oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer Art. 5º É vedada a exigência de:
que sejam os preços oferecidos; I - garantia de proposta;
X - para julgamento e classificação das propostas, II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição
será adotado o critério de menor preço, observados os para participação no certame; e
prazos máximos para fornecimento, as especificações III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os refe-
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e quali- rentes a fornecimento do edital, que não serão superiores ao
dade definidos no edital; custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização
XI - examinada a proposta classificada em primeiro de recursos de tecnologia da informação, quando for o caso.
Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60
lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro de-
(sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
cidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade;
Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de vali-
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as
dade da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de
ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro
entregar ou apresentar documentação falsa exigida para o
contendo os documentos de habilitação do licitante que
certame, ensejar o retardamento da execução de seu ob-
apresentou a melhor proposta, para verificação do aten-
jeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na exe-
dimento das condições fixadas no edital;
cução do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de
cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contra-
que o licitante está em situação regular perante a Fazen-
tar com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios
da Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia
e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de ca-
do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e
dastramento de fornecedores a que se refere o inciso XIV
Municipais, quando for o caso, com a comprovação de
do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos,
que atende às exigências do edital quanto à habilitação
sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato
jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira;
e das demais cominações legais.
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os
Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os
documentos de habilitação que já constem do Sistema de
decorrentes de meios eletrônicos, serão documentados no
Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e sis-
processo respectivo, com vistas à aferição de sua regula-
temas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Fede-
ridade pelos agentes de controle, nos termos do regula-
ral ou Municípios, assegurado aos demais licitantes o di-
mento previsto no art. 2º.
reito de acesso aos dados nele constantes;

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Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modalida- sando ao uso eficiente dos recursos públicos e à promo-
de de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de ção de uma concorrência leal.
1993. Com o passar do tempo, porém, revelou-se a neces-
Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com
sidade de modernização dessa legislação. A antiga Lei de
base na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de
Licitações era criticada por sua eficácia limitada, com-
2001.
Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços plexidade e rigidez, além de problemas como a lentidão
comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Fede- dos processos, falta de segurança jurídica e dificuldades
ral e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de re- para inovação nas contratações públicas.
gistro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de Diante desses desafios, propôs-se a criação da nova
junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, Lei de Licitações, Lei nº 14.133/2021. Essa nova legisla-
conforme regulamento específico. ção emergiu de um processo abrangente de discussões,
Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, envolvendo diversos setores da sociedade, com o objeti-
passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: vo de renovar e atualizar as práticas de contratação no
“Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os setor público brasileiro.
Municípios poderão adotar, nas licitações de registro de
preços destinadas à aquisição de bens e serviços comuns da A nova Lei de Licitações foi estruturada com prin-
área da saúde, a modalidade do pregão, inclusive por meio cípios como eficiência, transparência, competitividade,
eletrônico, observando-se o seguinte: sustentabilidade e inovação. Busca superar as falhas da
I - são considerados bens e serviços comuns da área da legislação anterior, simplificando processos, moderni-
saúde, aqueles necessários ao atendimento dos órgãos que zando práticas e aumentando a segurança jurídica nas
integram o Sistema Único de Saúde, cujos padrões de de- contratações públicas.
sempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos Espera-se que a nova lei melhore a eficiência dos
no edital, por meio de especificações usuais do mercado. processos licitatórios, aumente a participação de licitan-
II - quando o quantitativo total estimado para a contra- tes qualificados, facilite a incorporação de tecnologias
tação ou fornecimento não puder ser atendido pelo licitante modernas e sustentáveis e, assim, eleve a qualidade das
vencedor, admitir-se-á a convocação de tantos licitantes obras e serviços contratados pelo setor público.
quantos forem necessários para o atingimento da totalidade
do quantitativo, respeitada a ordem de classificação, desde No entanto, é crucial realizar uma análise compara-
que os referidos licitantes aceitem praticar o mesmo preço tiva entre a antiga e a nova legislação de licitações para
da proposta vencedora. entender os impactos e desafios na contratação pública.
III - na impossibilidade do atendimento ao disposto Essa avaliação permitirá identificar as mudanças signifi-
no inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados cativas e orientar futuras recomendações e ajustes na le-
outros preços diferentes da proposta vencedora, desde gislação, visando sempre a melhoria contínua na eficiên-
que se trate de objetos de qualidade ou desempenho su- cia e transparência das contratações públicas.
perior, devidamente justificada e comprovada a vanta-
gem, e que as ofertas sejam em valor inferior ao limite 10.3.2. Panorama da antiga Lei de Licitações no
máximo admitido.” Brasil
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- A Lei nº 8.666/1993, conhecida como a antiga Lei
blicação. de Licitações, constituiu um importante marco na regu-
Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independên- lação dos processos de contratação pública no Brasil. Es-
cia e 114º da República. sa legislação foi responsável por estabelecer os princí-
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO pios, modalidades e procedimentos que a administração
Pedro Malan pública deveria seguir ao realizar licitações para contra-
Guilherme Gomes Dias tação de obras, serviços, compras, alienações e locações.
10.3. COMPARATIVOS COM A LEI
Objetivando garantir a igualdade de oportunidades
8.666/1993
entre os concorrentes, a seleção da proposta mais vanta-
10.3.1. Contextualização Histórica da Lei de Li- josa para a administração e a observância da legalidade,
citações no Brasil a Lei nº 8.666/1993 visava promover eficiência e trans-
parência nas contratações públicas. Seus aspectos mais
A trajetória histórica da Lei de Licitações no Brasil
relevantes incluíam:
tem suas raízes no período subsequente à ditadura mili-
tar, marcado pela necessidade de estabelecer normas e • Princípios Fundamentais: A lei instituía
diretrizes mais claras para a contratação de obras e servi- princípios como legalidade, impessoalida-
ços pelo setor público. Nesse contexto, a Lei nº de, moralidade, publicidade e eficiência.
8.666/1993, mais conhecida como Lei de Licitações e Esses princípios tinham como meta asse-
Contratos, foi promulgada, tornando-se o marco regula- gurar tratamento equitativo aos licitantes,
tório dos processos licitatórios no país. garantir a transparência dos atos adminis-
trativos e a utilização eficaz dos recursos
Originada de intensos debates sobre transparência,
eficiência e ética na administração pública, esta legisla- públicos.
ção visava instituir regras transparentes e objetivas para • Modalidades de Licitação: Definia moda-
assegurar a seleção justa e adequada de contratantes, vi- lidades distintas de licitação – concorrên-
cia, tomada de preços, convite, concurso e
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leilão –, cada uma adaptada a diferentes ti- são primeiro avaliadas, seguidas pela habi-
pos de contratação, determinando proce- litação dos licitantes selecionados.
dimentos e critérios específicos para sele- • Novas Formas de Contratação: Além das
ção dos licitantes. formas de contratação já previstas, a nova
• Fases do Processo Licitatório: A lei deta- lei acrescenta opções como fornecimento
lhava as etapas do processo licitatório, integral, regime de contratação integrada,
abrangendo desde o planejamento e elabo- sistema de registro de preços e contrato de
ração do edital até a adjudicação e homo- eficiência.
logação do vencedor. As fases incluíam a • Critérios Ampliados para Julgamento
divulgação do edital, habilitação dos lici- de Propostas: A nova legislação amplia os
tantes, análise e julgamento das propostas, critérios de julgamento para incluir aspec-
negociação e formalização do contrato. tos técnicos, sustentáveis, socioambientais,
• Procedimentos Adotados: Estabelecia inovação, desenvolvimento local e valori-
procedimentos para assegurar a integridade zação do capital humano, além do preço.
e a competitividade nas licitações, como a • Seguro-Garantia Incluso: A lei agora
ampla divulgação dos editais, garantia de exige seguro-garantia para assegurar o
igualdade entre os concorrentes, análise cumprimento das obrigações contratuais,
criteriosa das propostas, etapa de habilita- proporcionando maior segurança para a
ção dos licitantes e previsão de recursos administração pública em casos de des-
administrativos para contestações. cumprimento contratual.
Apesar de representar um avanço nas regras de con- • Enfoque na Sustentabilidade: Estabelece
tratação pública, a antiga Lei de Licitações enfrentou crí- diretrizes para a promoção da sustentabili-
ticas devido à morosidade dos processos, burocracia ex- dade nas contratações públicas, incluindo
cessiva, falta de segurança jurídica, dificuldades para preferência por bens, serviços e obras sus-
inovar e fragilidades no controle e combate à corrupção. tentáveis, exigência de certificações ambi-
entais e práticas de economia circular.
Essas limitações foram cruciais para a formulação
da nova Lei de Licitações, Lei nº 14.133/2021, que visa Estes aspectos destacam a nova Lei de Licitações
superar esses desafios e melhorar a eficiência, transpa- como um avanço significativo na condução de processos
rência e modernização nos processos de contratação pú- licitatórios mais eficientes e alinhados com as demandas
blica. A comparação entre as duas leis é fundamental pa- contemporâneas. No entanto, a implementação efetiva da
ra entender as evoluções e os impactos da nova legisla- nova lei requer uma análise minuciosa de seus impactos
ção no contexto da contratação pública. e desafios, assim como medidas complementares para
assegurar sua eficácia e otimizar os benefícios das con-
10.3.2. A evolução na contratação pública: A no- tratações públicas no Brasil.
va Lei de Licitações
A Lei nº 14.133/2021, conhecida como a nova Lei 10.3.3. Impactos e inovações da nova Lei de Lici-
de Licitações, é um passo significativo na modernização tações
e atualização das práticas de contratação pública no Bra- A Lei nº 14.133/2021, representando uma evolução
sil. Concebida para superar as falhas da legislação ante- significativa na contratação pública brasileira, introduz
rior, esta nova lei visa aumentar a eficiência, transparên- diversas alterações com impactos positivos esperados.
cia, agilidade e segurança jurídica nos processos licitató- Abaixo, listamos algumas das mudanças mais relevantes
rios. As principais características e inovações da nova e seus potenciais efeitos:
legislação são: • Agilidade e Simplificação dos Processos:
• Princípios Atualizados: Além de manter Esta nova legislação tem como objetivo
os princípios essenciais da legislação ante- tornar os processos licitatórios mais ágeis e
rior (legalidade, impessoalidade, moralida- menos burocráticos. A inversão das fases
de, publicidade, e eficiência), a nova lei in- de habilitação e julgamento das propostas
tegra princípios como sustentabilidade, é um exemplo dessa mudança, visando
promoção da inovação e planejamento acelerar a análise das propostas e, conse-
prévio. quentemente, o processo como um todo.
• Modalidades de Licitação Revistas: En- • Promoção da Competição e Inovação: A
quanto preserva as modalidades existentes nova lei incentiva a competição e a inova-
na lei anterior, a nova lei introduz o diálo- ção nas contratações públicas. A introdu-
go competitivo, uma modalidade que faci- ção do diálogo competitivo como nova
lita negociações diretas entre a administra- modalidade de licitação facilita a interação
ção pública e os licitantes. entre a administração pública e os licitan-
tes, estimulando a busca por soluções mais
• Mudanças nas Fases do Processo Licita- criativas e adequadas.
tório: Com a nova lei, ocorre a inversão • Foco em Sustentabilidade: Com um en-
das fases de habilitação e julgamento das foque ampliado em práticas sustentáveis, a
propostas. Isso significa que as propostas nova legislação considera critérios de sus-
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tentabilidade, valorização do capital hu- novas normas e procedimentos é essencial
mano e desenvolvimento local no julga- para assegurar sua aplicação eficiente e
mento das propostas, incentivando a ado- maximizar os benefícios previstos.
ção de práticas ambientalmente responsá-
veis e socialmente justas. • Promoção da Competitividade: Embora
a nova lei vise estimular a concorrência, é
• Diversificação das Formas de Contrata-
vital monitorar e fiscalizar a participação
ção: A ampliação das opções de contrata-
dos licitantes para prevenir práticas anti-
ção oferece maior flexibilidade na escolha
competitivas e a concentração de contra-
do tipo de contrato mais apropriado para
tos, especialmente em licitações de grande
cada situação, considerando as particulari-
porte.
dades de cada obra, serviço ou fornecimen-
to. • Fortalecimento dos Controles Internos:
• Aumento da Segurança Jurídica: A nova A lei introduz medidas rigorosas de con-
lei procura oferecer maior clareza e objeti- trole interno para prevenir a corrupção. É
vidade nas regras, reduzindo ambiguidades necessário reforçar esses mecanismos nos
e elevando a transparência, o que é funda- órgãos públicos, implementando progra-
mental para prevenir litígios e contesta- mas de integridade e monitorando as ativi-
ções. dades licitatórias para promover uma cul-
• Fortalecimento do Combate à Corrup- tura de transparência e integridade.
ção: Medidas mais rigorosas foram im-
plementadas para reforçar o controle e • Uso Adequado do Diálogo Competitivo:
A inclusão do diálogo competitivo busca
combater a corrupção. A lei introduz me-
incentivar a inovação, mas exige critérios
canismos de controle interno e prevê san-
claros para sua aplicação, garantindo
ções mais severas para irregularidades, vi-
sando assegurar maior integridade nas con- transparência e evitando desvios no pro-
tratações públicas. cesso.

Os impactos dessas mudanças são amplos e varia- • Implantação de Critérios de Sustentabi-


dos. Há uma expectativa de maior rapidez nos processos lidade: A adoção de critérios ambientais e
licitatórios, o que pode reduzir atrasos em contratações socioeconômicos representa um desafio,
cruciais. A ênfase em soluções inovadoras e sustentáveis especialmente na definição de indicadores
deve elevar a qualidade dos produtos e serviços adquiri- de sustentabilidade, na verificação das in-
dos pelo setor público. formações dos licitantes e na avaliação dos
impactos socioambientais. Diretrizes claras
A flexibilidade ampliada nas formas de contratação e ferramentas de apoio são necessárias para
permite ajustes mais precisos às necessidades específicas orientar esses critérios.
de cada contratação, potencialmente resultando em con-
tratos mais eficientes e eficazes. Além disso, o reforço • Aprimoramento dos Sistemas de Com-
nas medidas de combate à corrupção e o aumento da se- pras Públicas: Para uma implementação
gurança jurídica promovem um ambiente mais íntegro e eficaz, é imprescindível investir em tecno-
transparente nas contratações públicas, fortalecendo a logia e infraestrutura, aprimorando os sis-
confiança da sociedade nas instituições. temas de compras públicas para assegurar
transparência, segurança e eficiência.
Contudo, a eficácia dessas mudanças dependerá de
uma implementação apropriada e de um monitoramento Em termos de perspectivas, a nova lei abre caminho
contínuo por parte dos órgãos públicos, licitantes e de- para a modernização e profissionalização da contratação
mais stakeholders. A efetividade da nova Lei de Licita- pública no Brasil. Espera-se uma melhoria na qualidade
ções também se baseará no fortalecimento dos mecanis- e redução de custos e prazos nas contratações, bem como
mos de fiscalização e controle, assegurando sua contri- o estímulo à inovação e competitividade por meio da
buição para a transparência e o atendimento ao interesse participação de novos atores, como startups e empresas
público. tecnológicas.
A transição para um modelo de contratação mais
10.3.4. Desafios e perspectivas futuras da nova ágil e sustentável pode contribuir significativamente para
Lei de Licitações o desenvolvimento econômico e social do país. Entretan-
A implementação da Lei nº 14.133/2021 na contra- to, a eficácia da lei depende do compromisso e engaja-
tação pública brasileira apresenta desafios significativos, mento de todos os envolvidos, incluindo órgãos públi-
juntamente com perspectivas promissoras. Os principais cos, licitantes, sociedade civil e órgãos de controle. Mo-
aspectos a serem considerados incluem: nitoramento contínuo, avaliação de resultados e ações
corretivas são fundamentais para o aprimoramento cons-
• Capacitação dos Agentes Públicos: Um tante do sistema de contratação pública no Brasil.
desafio importante é a capacitação dos ser-
vidores responsáveis pelos processos lici-
tatórios. Investir em treinamentos sobre as

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EXERCÍCIOS 04. (INSTITUTO AOCP - 2016 - Câmara de Rio
Branco - AC - Analista Legislativo – Direito). Assina-
Nas questões de 01 a 68, marque uma única alterna-
le a alternativa correta acerca dos conceitos de constitui-
tiva correta conforme pede seu comando.
ção nos sentidos atribuídos por Ferdinand Lassalle, Carl
01. (FGV - 2019 - MPE-RJ - Analista do Minis- Schmitt e Hans Kelsen.
tério Público – Administrativa). João, Professor de Di-
A) Em sentido sociológico, constituição é norma fun-
reito Constitucional, explicou aos seus alunos que “a or-
damental hipotética.
dem constitucional é viva, de modo que as vicissitudes
B) Em sentido puramente normativo, constituição é
da realidade e as peculiaridades do caso concreto possi-
soma dos reais fatores de poder.
bilitarão a obtenção de novas normas constitucionais,
C) Em sentido político, constituição é soma dos reais
ainda que o texto permaneça inalterado.”
fatores de poder.
A explicação de João se ajusta a uma concepção: D) Em sentido puramente normativo, constituição é a
decisão política fundamental.
A) contratual da Constituição, expressando a denomi- E) Em sentido sociológico, constituição é soma dos re-
nada reforma constitucional; ais fatores de poder.
B) concretista da Constituição, expressando a denomi-
nada reforma constitucional;
05. (FGV - 2023 - TJ-SE - Analista Judiciário -
C) formalista da Constituição, expressando a denomi-
Especialidade – Contabilidade). O ditador XX, que se
nada revisão constitucional;
encontra há décadas no comando do Estado de Direito
D) concretista da Constituição, expressando a denomi- Alfa, passou a ter ameaçada a sua continuidade no poder
nada mutação constitucional; em razão da afronta aos mais basilares princípios demo-
E) formalista da Constituição, expressando a denomi-
cráticos. Por tal razão, decidiu outorgar uma nova Cons-
nada mutação constitucional.
tituição, que exortava a democracia em seu preâmbulo,
mas que fora cuidadosamente moldada de modo a apenas
02. (INSTITUTO AOCP - 2021 - SANESUL –
ratificar o funcionamento das instituições, tal qual o di-
Advogado). “A Constituição, segundo a conceituação de tador XX idealizara e colocara em prática, de modo a as-
[...], seria, então, a somatória dos fatores reais do poder segurar a continuidade do regime, legitimando-o.
dentro de uma sociedade.” Esse excerto exterioriza a
ideia do conceito de Constituição no sentido A Constituição outorgada pelo ditador XX deve ser
classificada como:
A) sociológico.
A) cesarista;
B) político. B) semântica;
C) jurídico. C) plebiscitária;
D) consuetudinária;
D) culturalista. E) de eficácia contida.
E) simbólico.
06. (FGV - 2023 - TJ-SE - Técnico Judiciário -
Especialidade - Área Administrativa – Judiciária).
03. (AOCP - 2021 - MPE-RS - Analista do Minis- Maria, estudante de direito, questionou o seu professor a
tério Público). No que se refere ao conceito e à classifi- respeito da classificação de uma Constituição que, apesar
cação das constituições, assinale a alternativa INCOR- de se mostrar válida, não se ajusta à realidade do proces-
RETA. so político, embora busque direcioná-lo, o que impede a
A) Na visão de Carl Schimitt, por ser a constituição o plena integração do plano normativo ao plano político-
produto de uma decisão política, ela poderia ser social.
admitida como a decisão política do titular do poder O professor respondeu, corretamente, que a Consti-
constituinte. tuição descrita por Maria deve ser classificada como:
B) Quanto à forma, tem-se constituição classificada A) programática;
como escrita ou como costumeira ou consuetudiná- B) pragmática;
ria. C) normativa;
D) semântica;
C) Quanto ao modo de elaboração, as constituições E) nominal.
podem ser classificadas como rígidas, flexíveis ou
semirrígidas. 07. (FGV - 2023 - AL-MA - Técnico de Gestão
D) Quanto ao conteúdo, o conceito de constituição po- Administrativa - Contador - Finanças Públicas). Após
de ser tomado tanto no sentido material como no um processo revolucionário, o poder político no âmbito
formal. do País Alfa foi assumido por certo grupo armado. Em
razão do total rompimento com a organização política
E) Para Ferdinand Lassale, uma constituição só seria então adotada, foi elaborado um novo texto constitucio-
legítima se representasse o efetivo poder social, re- nal por esse grupo, com ulterior submissão à população
fletindo as forças sociais que constituem o poder. do País Alfa, que somente tinha a opção de aprová-lo ou
rejeitá-lo.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


Esse texto, ademais, foi estruturado de modo a tão de discriminação consiste em um dos princípios que
somente chancelar os objetivos do grupo político, asse- a República Federativa do Brasil rege-se nas suas
gurando a sua continuidade no poder, não se destinando relações internacionais
propriamente à disciplina normativa dos institutos cons- C) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
titucionais. desigualdades socais e regionais é um dos objetivos
fundamentais do Brasil, ao lado da igualdade entre
Com a aprovação do texto pela população, o líder
os estados
do grupo armado, após ressaltar o seu compromisso com
D) São princípios em que o Brasil rege-se nas suas re-
os “valores da revolução”, editou um ato estabelecendo a
lações internacionais a não-intervenção, a coopera-
sua vigência e tornando-o imperativo como Constituição
ção entre os povos para o progresso da humanidade
do País Alfa.
e a concessão de asilo político
Essa Constituição deve ser classificada como
11. (IBFC - 2017 - SEDUC-MT - Apoio Adminis-
A) cesarista e semântica. trativo Educacional). Considerando os princípios fun-
B) nominal e promulgada. damentais previstos nas disposições da Constituição Fe-
C) outorgada e normativa.
deral, assinale a alternativa correta.
D) bonapartista e semirrígida.
E) plebiscitária e compromissória. A) A Constituição diz que o poder é do povo, mas que
o seu exercício depende sempre da atuação de re-
08. (IBFC - 2020 - Prefeitura de Vinhedo - SP - presentantes eleitos
Guarda Municipal). Assinale a alternativa que apresen- B) A Constituição estabelece que o poder é do povo e
ta um dos objetivos fundamentais da República Federa- que o seu exercício se dá, exclusivamente, de forma
tiva do Brasil, segundo a Constituição Federal de 1988: direta
C) A Constituição reconhece que o poder é do povo,
A) Valorizar o trabalho e a livre iniciativa
dele emanando e tendo seu exercício por meio de
B) Defender o pluralismo político
representantes eleitos diretamente
C) Garantir o desenvolvimento nacional D) A Constituição condiciona o exercício do poder pe-
D) Permitir o exercício da cidadania lo povo à existência de eleições indiretas
E) A Constituição estabelece que o poder é dos repre-
09. (IBFC - 2020 - SAEB-BA – Soldado). O artigo
sentantes do povo e que o seu exercício se dá, ex-
4° da Constituição Federal preocupou-se fundamental-
clusivamente, de forma direta
mente com a definição dos princípios que devem orientar
o Estado brasileiro nas suas relações internacionais. Nes- 12. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PGE-AL -
se ponto, cumpre sublinhar que o relacionamento do Es-
Procurador do Estado). Com relação aos direitos polí-
tado brasileiro com países estrangeiros ou organismos
ticos, assinale a opção correta.
internacionais constitui-se de atos identificadores da so-
berania do País no plano internacional. A) O analfabeto, embora lhe seja obrigatório o exercí-
cio do voto, é considerado inelegível pela Consti-
Leia atentamente os itens abaixo e, nos termos da tuição Federal de 1988.
Constituição de 1988, assinale a alternativa que não con- B) Parlamentares federais, estaduais e municipais ele-
tém princípio regente das relações internacionais brasi-
gem-se pelo sistema proporcional de eleição.
leiras.
C) Conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Fe-
A) Pluralismo político deral, é permitido terceiro mandato de chefe de Po-
B) Prevalência dos direitos humanos der Executivo municipal, desde que em municípios
C) Repúdio ao terrorismo e ao racismo diversos.
D) Cooperação entre os povos para o progresso da hu- D) O cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
manidade terceiro grau de parentesco ou por adoção, de go-
E) Concessão de asilo político vernador de estado são inelegíveis nesse mesmo es-
tado.
10. (IBFC - 2020 - TRE-PA - Técnico Judiciário E) A suspensão de direitos políticos em razão de con-
– Administrativa). Os princípios fundamentais da Re- denação criminal transitada em julgado incidirá
pública Federativa do Brasil encontram-se enumerados quando a pena aplicada for restritiva de direitos.
de forma expressa nos artigos do 1º ao 4º da Constituição
Federal de 1988. Acerca deste tema, assinale a alternati- 13. (FGV - 2021 - TJ-RO - Analista Judiciário -
va correta. Oficial de Justiça). Ingrid nasceu no território da Bélgi-
ca à época em que seu pai, brasileiro, ali atuava em uma
A) São fundamentos da República Federativa do Brasil indústria privada de conectores eletrônicos. Sua mãe era
a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa hu- belga. Considerando que Ingrid foi registrada apenas pe-
mana, os valores sociais do trabalho e da livre inici- rante o órgão competente belga, não perante uma reparti-
ativa, o pluralismo político e o desenvolvimento na- ção brasileira, ela é considerada:
cional
B) Promover o bem de todos, sem preconceitos de ori- A) estrangeira, somente lhe restando a opção de se na-
gem,raça,sexo,cor, idade e quaisquer outras formas turalizar brasileira, na forma da lei;

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B) brasileira nata, já que seu pai era brasileiro e se en- nacionalidade, ressalvadas apenas as exceções cons-
contrava em território belga a trabalho; titucionais;
C) brasileira nata, pois a ordem constitucional brasilei- D) Otávio pode ter a sua naturalização cancelada, en-
ra adota, em caráter conjunto, os modelos do jus so- quanto Clóvis somente pode perdê-la em caso de
li e do jus sanguinis; crime contra as instituições democráticas, sendo
D) estrangeira, mas, caso venha a residir no território exigida, em ambos os casos, sentença judicial tran-
brasileiro e opte, a qualquer tempo, após atingir a sitada em julgado;
maioridade, pela nacionalidade brasileira, adquiri- E) tanto Otávio como Clóvis podem perder a sua naci-
la-á em caráter nato; onalidade nas hipóteses taxativamente previstas na
E) estrangeira, mas pode adquirir a nacionalidade bra- ordem constitucional, mas isto somente ocorrerá por
sileira, em caráter nato, caso o requeira, em territó- sentença judicial transitada em julgado.
rio belga, perante repartição consular brasileira, no
ano seguinte à maioridade. 16. (FGV - 2023 - PGM - Niterói - Técnico de
Procuradoria). Ana, pessoa sem formação jurídica, rea-
14. (FGV - 2023 - Prefeitura de São José dos lizou uma pesquisa com o objetivo de compreender a
Campos - SP - Guarda Civil Municipal). A Constitui- funcionalidade dos direitos sociais no âmbito do Estado
ção da República de 1988 foi um marco na nossa história Democrático de Direito, mais especificamente em rela-
por ter trazido uma extensa lista de direitos fundamentais ção ao papel assumido pelo Estado. Ao final de suas re-
do cidadão. flexões, concluiu que a funcionalidade desses direitos é a
de:
Com base no Art. 5º da Constituição da República
de 1988, a seguinte opção não corresponde corretamente A) assegurar a liberdade individual;
aos direitos e às garantias fundamentais do cidadão: B) como regra, assegurar a fruição de determinadas
prestações estatais;
A) homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
C) restringir a esfera jurídica do indivíduo em prol dos
ções, nos termos da Constituição da República.
interesses da sociedade;
B) são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
D) atender aos anseios da coletividade, já que um direi-
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
to dessa natureza jamais é fruído individualmente;
denização pelo dano material ou moral decorrente
E) impedir que haja rupturas na democracia, de modo
de sua violação.
que a sociedade sempre possa deliberar sobre o seu
C) é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
futuro.
inclusive a de caráter paramilitar.
D) não haverá penas de morte, salvo em caso de guerra
17. (FGV - 2023 - PGM - Niterói - Técnico de
declarada.
Procuradoria). Joana, estudante de direito, questionou o
E) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
seu professor a respeito da correlação, na perspectiva da
podendo penetrar sem consentimento do morador,
ordem constitucional brasileira, entre os conceitos de ci-
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou pa-
dadania, nacionalidade e direitos políticos. O professor
ra prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-
respondeu, corretamente, que:
ção judicial.
A) todo aquele que tem a nacionalidade brasileira é ci-
15. (FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - dadão;
Judiciária – Direito). Otávio e Clóvis, respectivamente, B) todo aquele que tem a nacionalidade brasileira tem
brasileiros naturalizado e nato, travaram intenso debate a direitos políticos;
respeito da possibilidade, ou não, de virem a perder a sua C) o cidadão pode adquirir os direitos políticos com o
nacionalidade. Enquanto Otávio inclinava-se pela possi- alistamento eleitoral;
bilidade, Clóvis era irredutível em relação à impossibili- D) todo aquele que tem a nacionalidade brasileira,
dade. quando nata, pode se tornar cidadão, o que é vedado
ao naturalizado;
Instada a se manifestar em relação ao debate, Inês
E) aquele que tem a nacionalidade brasileira pode se
concluiu, corretamente, que:
tornar cidadão, momento em que irá adquirir os di-
A) Otávio pode perder a sua nacionalidade por ato do reitos políticos.
órgão do Poder Executivo que a concedeu, observa-
do o rol taxativo de situações previstas na ordem 18. (FGV - 2023 - CGM - RJ – Contador). Joana,
constitucional e na lei de regência, mas Clóvis não Maria e Antônio travaram um debate a respeito de algu-
pode perder a sua nacionalidade; mas características dos direitos sociais à luz da sistemá-
B) Otávio somente pode perder a sua nacionalidade ca- tica constitucional. Joana sustentava que, na maior parte
so seja condenado pela prática de crime hediondo das vezes, mas não sempre, assumiam contornos presta-
ou de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes, cionais. Maria defendia que direitos dessa natureza são
enquanto Clóvis somente pode renunciá-la, o que sempre compreendidos na perspectiva do agregado soci-
exige um ato voluntário; al, não sendo possível perquirir a sua fruição, ou não, em
C) Otávio pode perder a sua nacionalidade na hipótese uma perspectiva individualista. Antônio, por sua vez, de-
de atividade nociva ao interesse nacional, enquanto fendia que as liberdades fundamentais e os direitos soci-
Clóvis somente pode perdê-la caso adquira outra ais devem ser compreendidos na perspectiva da indivisi-

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bilidade dos direitos fundamentais. Inês, ao analisar as 21. (FGV - 2022 - SEFAZ-BA - Agente de Tribu-
afirmações apresentadas, concluiu, corretamente, que: tos Estaduais - Administração e Finanças). Maria e
João, estudiosos do Estatuto da Igualdade Racial, trava-
A) todas estão certas;
ram intenso debate a respeito das denominadas ações
B) somente as afirmações de Joana e Antônio estão
afirmativas. Maria entendia que essas ações eram da al-
certas, enquanto a de Maria está errada;
çada do Poder Público e da iniciativa privada, tendo por
C) somente a afirmação de Maria está certa, enquanto
objetivo sedimentar a igualdade formal. João, por sua
as de Joana e Antônio estão erradas;
vez, defendia que essas ações eram da alçada exclusiva
D) somente a afirmação de Joana está certa, enquanto
do Poder Público e almejavam construir a igualdade ma-
as de Maria e Antônio estão erradas;
terial, ainda que em detrimento da igualdade formal.
E) somente as afirmações de Maria e Antônio estão
certas, enquanto a de Joana está errada. À luz da sistemática estabelecida na Lei nº
12.288/2010,
19. (FGV - 2023 - DPE-RS - Analista - Área de
A) João está totalmente certo.
Apoio Especializado - Assistência Social). No que diz
B) Maria está totalmente certa.
respeito à igualdade de oportunidades no mercado de
C) Maria está parcialmente errada, pois as ações afir-
trabalho, o Estatuto da Igualdade Racial estabelece que:
mativas são da alçada exclusiva do Poder Público.
A) o setor privado gozará de incentivo financeiro do D) João está parcialmente errado, pois as ações afirma-
erário para reserva de vagas em empresas de grande tivas também são da alçada da iniciativa privada.
e médio porte; E) João está parcialmente errado, pois a igualdade
formal, alicerce do Estado de Direito, não pode ser
B) a produção veiculada pelos órgãos de comunicação
afastada.
na oferta de empregos privilegiará aqueles voltados
para a contratação de mulheres negras;
22. (FGV - 2019 - DPE-RJ - Técnico Superior
C) a igualdade de oportunidades contará obrigatoria- Jurídico). O Estatuto da Igualdade Racial é uma impor-
mente com a adoção de políticas de 30% de cotas tante ferramenta da política nacional de direitos huma-
raciais para contratação no serviço público; nos, voltado a garantir à população negra a efetivação da
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos
D) a administração pública deverá assegurar a eficácia
individuais, coletivos e difusos e o combate à discrimi-
dos instrumentos criados para a implementação das
nação e às demais formas de intolerância étnica.
ações afirmativas de empregabilidade;
De acordo com o Estatuto, considera-se discrimina-
E) o poder público estimulará as atividades voltadas ao
ção racial ou étnico-racial:
turismo étnico com enfoque nos locais, monumen-
tos e cidades que retratem a cultura, os usos e os A) qualquer forma de privação material que importe
costumes da população negra. restrição de direito e que tenha base em distinção de
natureza racial ou étnica;
B) a criação de obstáculos para o exercício de direitos
20. (FGV - 2023 - SEE-MG - Analista Educacio-
na esfera pública que implique a restrição de tradi-
nal (ANE) - Técnico-administrativo). Ana, entusiasta ções, costumes e práticas ligadas à ancestralidade
da imprescindibilidade da promoção da igualdade racial africana;
para o pleno desenvolvimento da sociedade brasileira,
C) a violação de direitos humanos de grupos afrodes-
descreveu para Lúcia o importante papel desempenhado
cendentes e a desconsideração, desprezo ou desres-
pelas ações afirmativas.
peito à cultura de povos ancestrais africanos e às
Enquanto instrumentos umbilicalmente direciona- suas diferentes formas de manifestação religiosa e
dos à efetivação dos direitos da população negra, algu- espiritual;
mas características dessas ações foram corretamente des- D) toda opinião ou sentimento desfavorável a pessoas e
critas por Ana como grupos afrodescendentes que sejam concebidos sem
exame crítico e a priori, sem maior conhecimento,
A) programas e medidas especiais adotados pelo Esta- ponderação ou razão e que resulte em atitude de na-
do e pela iniciativa privada. tureza hostil ou que leve ao julgamento de opiniões,
B) mecanismos de preservação da igualdade formal, condutas e pessoas com base em suas características
em busca da realização da igualdade material. físicas ou crenças estereotípicas;
E) toda distinção, exclusão, restrição ou preferência
C) mecanismos exclusivamente estatais, de imposição baseada em raça, cor, descendência ou origem naci-
normativa, visando à igualdade de oportunidades. onal ou étnica que vise anular ou restringir o reco-
D) práticas de afirmação histórica da população negra, nhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
de modo a preservar a diversidade cultural brasilei- condições, de direitos humanos e liberdades funda-
ra. mentais nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro campo da vida públi-
ca ou privada.

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23. (FGV - 2022 - Prefeitura de Manaus - AM - B) a transferência de competência, feita por meio de li-
Assistente Social Geral). No Estatuto da Igualdade Ra- citação, na modalidade de concorrência;
cial são definidos: C) uma repartição das funções públicas, entre os ór-
gãos ou para órgãos inferiores, sem manter a hierar-
I. os programas e medidas especiais adotados pelo Es-
quia;
tado e pela iniciativa privada para a correção das
D) a atribuição de personalidade jurídica a uma entida-
desigualdades raciais e para a promoção da igualda-
de para que preste serviço público ou de utilidade
de de oportunidades.
pública;
II. todas as situações injustificadas de diferenciação de
E) a transferência de competência dos órgãos superio-
acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades,
res para os órgãos inferiores, dentro da mesma pes-
nas esferas pública e privada, em virtude de raça,
soa jurídica.
cor, descendência ou origem nacional ou étnica.
III. as ações, iniciativas e programas adotados pelo Es-
27. (FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE - Assistente
tado no cumprimento de suas atribuições institucio-
Administrativo). Embora agência executiva seja uma
nais.
qualificação dada às entidades de forma discricionária
por ato do Presidente da República, essas entidades de-
Esses itens fazem referência, respectivamente
vem apresentar pré-requisitos mínimos, como
A) às políticas públicas, à discriminação étnico-racial e
A) possuir plano estratégico de reestruturação e desen-
à valorização étnica.
volvimento institucional em andamento.
B) às políticas focais; à segregação racial e à discrimi-
B) ter firmado, anteriormente, termo de parceria com o
nação positiva.
Ministério supervisor.
C) às ações afirmativas, à desigualdade racial e às polí-
C) manter dirigente com estabilidade de no mínimo 8
ticas públicas.
anos e quarentena anual posterior à sua saída.
D) aos programas setoriais, ao preconceito racial e às
D) ter constituído conselho de administração aprovado
medidas reparadoras.
pela CVM.
E) à discriminação racial, às políticas sociais e à pro-
E) realizar ajuste salarial de funcionários da matriz e
moção da igualdade.
de subsidiárias controladas por meio de técnica de
teto móvel.
24. (CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Auditor do Es-
tado - Bloco I). Instituído pelo Estatuto Nacional da
28. (FGV - 2021 - TCE-PI - Assistente de Admi-
Igualdade Racial — Lei n.º 12.288/2010 —, o Sistema
nistração). O Chefe do Poder Executivo do Estado Ga-
Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR)
ma consultou a assessoria jurídica sobre sua intenção de
tem por objetivo
criar um ente da Administração Pública indireta, com
A) iniciar a ação penal em face de atitudes e práticas de personalidade jurídica de direito público, incumbido da
intolerância religiosa nos meios de comunicação e execução de atividades típicas da Administração Pública.
em quaisquer outros locais. A assessoria respondeu, corretamente, que o ente com
B) formular políticas, programas e projetos voltados essas características é a:
para a inclusão da população negra no mercado de
A) subsidiária integral, devendo ser criada a partir de
trabalho.
autorização legal;
C) descentralizar a implementação de ações afirmati-
B) empresa pública, devendo ser criada a partir de au-
vas pelos governos estaduais, distrital e municipais.
torização legal;
D) ratificar os compromissos assumidos pelo Brasil
C) sociedade de economia mista, devendo ser criada
junto a organismos internacionais.
por lei;
E) instituir os conselhos para a aplicação do Fundo
D) fundação pública, devendo ser criada por decreto;
Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).
E) autarquia, devendo ser criada por lei.
25. (FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - As-
29. (FGV - 2021 - TCE-PI - Assistente de Admi-
sistente Legislativo). A descentralização administrativa
nistração). Em matéria de regime jurídico de entidades
pode ocorrer:
da Administração indireta, a empresa pública Alfa do Es-
A) somente por outorga; tado do Piauí, que presta determinado serviço público,
B) somente por delegação; está sujeita ao controle:
C) por outorga ou por delegação;
A) hierárquico pelo Estado do Piauí, a cuja autoridade
D) por privatização;
competente cabe o julgamento dos recursos admi-
E) por regulação.
nistrativos próprios contra decisões da empresa pú-
blica, e ao controle externo pela Controladoria Ge-
26. (FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - As-
ral do Estado;
sistente Legislativo). A desconcentração administrativa
B) finalístico pelo Estado do Piauí, em decorrência da
pode ser definida como:
tutela administrativa que enseja sua vinculação a es-
A) um instituto jurídico que faz uso da concessão; se ente, e à fiscalização contábil, financeira e orça-
mentária exercida pelo Tribunal de Contas estadual;

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


C) judicial pelo Ministério Público do Estado do Piauí, C) a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
que fiscaliza a legalidade dos atos da empresa pú- campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
blica, mas não se submete ao controle externo pelo educativo, informativo, ou de orientação social, dela
Tribunal de Contas estadual, eis que possui perso- não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
nalidade jurídica de direito privado; que caracterizem promoção pessoal de autoridade
D) administrativo pelo Estado do Piauí, em decorrência ou servidores públicos.
da sua subordinação hierárquica ao ente a que está D) “Como condição à aquisição de estabilidade, o ser-
vinculado, mas não se submete ao controle externo vidor está submetido à avaliação de desempenho
pelo Tribunal de Contas estadual, eis que possui por uma comissão constituída para essa finalidade.”
personalidade jurídica de direito privado; A afirmação não se relaciona com o princípio da
E) ministerial pelo Ministério Público do Estado do Pi- eficiência.
auí, que exerce poder hierárquico sobre a empresa E) princípio da motivação é aquele que vincula a Ad-
pública, mas não se submete ao controle externo pe- ministração Pública a motivar todos os atos que edi-
lo Tribunal de Contas estadual, eis que possui per- ta, pois, quando atua, representa interesses da cole-
sonalidade jurídica de direito privado. tividade. É preciso dar motivação dos atos ao povo,
pois ele é o titular da coisa pública.
30. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa-
do - Comprador Técnico). Leia o fragmento a seguir: 33. (FGV - 2016 - SEE-PE - Professor de Admi-
Sociedade de economia mista é a entidade dotada de per- nistração). O serviço público brasileiro é guiado por
sonalidade jurídica de______________, com criação au- princípios que auxiliam na busca pela melhor forma de
torizada por lei, sob a forma de_________________-, atender os interesses da sociedade. Esses princípios se
cujas ações com direito a voto pertençam dividem em princípios explícitos, descritos no Art. 37 da
_______________ à União, aos Estados, ao Distrito Fe- Constituição de 1988, e princípios implícitos, surgidos
deral, aos Municípios ou a entidade da administração in- do Direito Administrativo e da interpretação jurídica da
direta. Assinale a opção cujos itens completam, correta- Constituição.
mente, as lacunas do fragmento acima.
Assinale a opção que apresenta dois dos princípios
A) direito público - sociedade anônima - integralmente implícitos mais reconhecidos da Administração Pública.
B) direito público - sociedade limitada - integralmente
A) Legalidade e Impessoalidade.
C) direito público - sociedade limitada - em sua maio-
B) Moralidade e Razoabilidade.
ria
C) Impessoalidade e Proporcionalidade.
D) direito privado - sociedade limitada - exclusivamen-
D) Supremacia do Interesse Público e Indisponibilida-
te
de.
E) direito privado - sociedade anônima - em sua maio-
E) Moralidade e Impessoalidade.
ria
34. (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA -
31. (FGV - 2009 - SAD-PE - Analista em Gestão
Agente de Fiscalização Municipal). Leia o fragmento a
Administrativa). Considerando a estrutura básica da
seguir.
Administração Pública, assinale a alternativa que apre-
sente corretamente um exemplo da chamada Administra- “A doutrina de Direito Administrativo ensina que a
ção Direta. Administração Pública deve tratar a todos sem favori-
tismos, perseguições, simpatias ou animosidades políti-
A) Empresa Pública.
cas ou ideológicas”.
B) Secretaria de Estado de Administração.
C) Sociedade de Economia Mista. Assinale a opção que indica o princípio da Admi-
D) Autarquia. nistração Pública, expresso na Constituição da Repúbli-
E) Fundação Pública. ca, do qual decorre diretamente o fragmento acima.
A) Competitividade, segundo o qual todas as pessoas
32. (FGV - 2012 - Senado Federal - Analista Le-
devem ter as mesmas possibilidades de ingressarem
gislativo – Administração). Tendo em vista os princí-
pios da administração pública, é INCORRETO afirmar no serviço público, mediante concurso público, in-
que dependentemente da idade.
B) Publicidade, segundo o qual todos os atos adminis-
A) de acordo com o princípio da legalidade, ninguém trativos precisam ser publicados em até quinze dias,
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coi- para que todos os administrados tenham ciência.
sa senão em virtude de lei. C) Impessoalidade, que se traduz na ideia de que a atu-
B) em função do princípio da impessoalidade, a Admi- ação do agente público visa ao interesse da coletivi-
nistração deve manter‐se numa posição de neutrali- dade, e não a beneficiar ou prejudicar alguém em
dade (imparcialidade), estando proibida de estabe- especial.
lecer discriminações gratuitas. As discriminações D) Continuidade do serviço público, que se traduz na
somente são possíveis em razão do interesse coleti- ideia de que os atos administrativos não podem ser
vo, uma vez que as gratuitas implicam abuso de po- interrompidos quando houver mudança na gestão do
der e/ou desvio de finalidade. órgão público.

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E) Seletividade, segundo o qual o poder público deve A) não poderá cumular os cargos, já que um deles tem
escolher, discricionariamente, as sociedades empre- natureza civil, enquanto o outro é militar.
sárias e as pessoas mais qualificadas para serem B) não poderá cumular os cargos, já que o vínculo se-
contratadas. ria estabelecido nos entes federativos distintos.
C) poderá cumular os cargos, pois a vedação constitu-
35. (FGV - 2013 - AL-MA - Consultor Legislati- cional à cumulação somente é aplicada no mesmo
vo - Orçamento Público). Assinale a alternativa que in- nível federativo, não em níveis diversos.
dica o princípio de licitação que "exige que o adminis- D) poderá cumular os cargos, com prevalência da ati-
trador aja com honestidade não só para com a Adminis- vidade militar, sendo a remuneração de cada qual
tração, mas, também, para com os licitantes, de tal forma cotejada com o respectivo teto remuneratório.
que sua atividade esteja voltada para o interesse da Ad- E) poderá cumular os cargos, pois são privativos de
ministração, que é o de promover a seleção mais acerta- profissionais de saúde, com profissões regulamen-
da possível". tadas, mas a soma da remuneração não pode superar
o teto remuneratório.
A) Princípio da moralidade.
B) Princípio da probidade administrativa.
39. (VUNESP - 2023 - TJ-SP - Escrevente Técni-
C) Princípio da impessoalidade.
co Judiciário). De acordo com a Constituição Federal de
D) Princípio da igualdade.
1988, nomeado para cargo de provimento efetivo em vir-
E) Princípio da isonomia entre os interessados.
tude de concurso público, o servidor público
36. (FGV - 2017 - SEPOG - RO - Técnico em Po- A) estável poderá perder o cargo mediante procedi-
líticas Públicas e Gestão Governamental). “Os agentes mento de avaliação periódica de desempenho, na
públicos devem atuar de forma neutra, sendo proibida a forma de lei ordinária, assegurada ampla defesa.
atuação pautada pela promoção pessoal”. B) adquire estabilidade após dois anos de efetivo exer-
cício e após avaliação especial de desempenho por
De acordo com os princípios constitucionais que re-
comissão especialmente instituída para este fim.
gem a Administração Pública, assinale a opção que apre-
C) estável ficará em disponibilidade em caso de extin-
senta o princípio constitucional a que se refere a conduta
ção ou declaração de desnecessidade do cargo, com
acima.
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
A) Razoabilidade. o seu adequado aproveitamento em outro cargo.
B) Impessoalidade. D) após três anos de efetivo exercício adquire estabili-
C) Inépcia. dade, nada dispondo a Constituição sobre a necessi-
D) Transparência. dade de avaliação especial de desempenho.
E) Eficácia. E) estável com demissão invalidada por sentença judi-
cial será reintegrado e eventual ocupante da vaga
37. (FGV - 2023 - SMF-RJ - Analista de Plane- será reconduzido ao cargo de origem, com direito a
jamento e Orçamento – Manhã). Ptolomeu é servidor indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
do Município do Rio de Janeiro que não realizou concur- em disponibilidade com remuneração proporcional
so público e ocupa cargo exclusivamente em comissão, ao tempo de serviço.
de modo que é correto afirmar acerca de seu regime jurí-
dico funcional, à luz das disposições constitucionais que 40. (VUNESP - 2023 - TJ-SP – Escrevente). A
o mencionado agente público: respeito dos Servidores Públicos, assinale a alternativa
que está de acordo com o expresso na Constituição Fede-
A) exerce atribuições de direção, chefia ou assessora-
ral.
mento;
B) submete-se ao regime próprio de previdência dos A) Admite-se em situações excepcionais a incorpora-
servidor públicos; ção de vantagens de caráter temporário ao exercício
C) após três anos de efetivo exercício, passa a gozar da de função de confiança à remuneração do cargo efe-
garantia estabilidade; tivo.
D) só pode ser exonerado após processo ado discipli- B) A fixação dos padrões de vencimento do sistema
nar; remuneratório observará, entre outras coisas, o grau
E) não poderá ter seu cargo afetado, caso haja necessi- de dificuldade exigido no concurso público.
dade redução em decorrência do excesso do limite C) A União, os Estados e os Municípios manterão es-
estabeleci lei de responsabilidade fiscal. colas de governo para a formação e o aperfeiçoa-
mento dos servidores públicos.
38. (FGV - 2023 - AL-MA - Consultor Legislati- D) Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
vo Especial - Direito Constitucional). Joana, oficial blicarão mensalmente os valores do subsídio e da
médica da Polícia Militar do Estado Alfa, almejava se remuneração dos cargos e empregos públicos.
inscrever em um concurso público para o provimento de E) Os Secretários Estaduais e Municipais serão remu-
cargos de médico no Município Beta. nerados exclusivamente por subsídio fixado em
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gra-
Ao se inteirar da possibilidade de cumular ambos os tificação.
cargos, concluiu corretamente que

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41. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especializa- 44. (FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário –
do - Comprador Técnico). A lei que regula o acesso à Arquivologia). Documentos que podem pôr em risco a
informação pública (Lei nº 12.527/11), em relação à qua- vida, a segurança ou a saúde da população podem ser
lidade da informação, determina classificados em algum grau de sigilo, dependendo da
gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade.
A) Tempestividade é a qualidade da informação que é
divulgada a tempo de tornar-se útil. Os graus de sigilo que possuem prazos diferentes de
B) Autenticidade é a qualidade da informação não mo- restrição de acesso são:
dificada, inclusive quanto à origem, trânsito e desti-
A) ostensivo, reservado e confidencial;
no.
B) secreto, sensível e pessoal;
C) Integridade é a qualidade da informação coletada na
C) secreto, sigiloso e confidencial;
fonte, com o máximo de detalhamento possível,
D) ultrassecreto, reservado e sensível;
sem modificações.
E) ultrassecreto, secreto e reservado.
D) Disponibilidade é a qualidade da informação que
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equi-
45. (FGV - 2023 - TJ-SE - Analista Judiciário -
pamentos ou sistemas autorizados.
Especialidade – Arquivologia). Em relação à Lei nº
E) Primariedade é a qualidade da informação produzi-
12.527, de 18 de novembro de 2011, também chamada
da, expedida, recebida ou modificada por determi-
de Lei de Acesso à Informação, analise as afirmativas a
nado indivíduo, equipamento ou sistema.
seguir.
42. (FGV - 2014 - Câmara Municipal do Recife- I. Subordinam-se ao regime dessa Lei: os órgãos pú-
PE – Arquivista). O acesso à informação de que trata a blicos integrantes da administração direta dos Pode-
Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, compreende, res Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de
entre outros, os direitos de obter: Contas, e Judiciário e do Ministério Público; as au-
tarquias, as fundações públicas, as empresas públi-
I – informação contida em registros ou documentos,
cas, as sociedades de economia mista e demais enti-
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti-
dades controladas direta ou indiretamente pela Uni-
dade, recolhidos ou não a arquivos públicos;
ão, Estados, Distrito Federal e Municípios.
II – informação produzida ou custodiada por pessoa fí-
II. O acesso à informação de que trata essa Lei com-
sica ou entidade privada decorrente de qualquer
preende, entre outros, o direito de obter: informa-
vínculo com seus órgãos ou entidades do poder pú-
ções referentes a projetos de pesquisa e desenvol-
blico, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
vimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja
III – informação primária, secundária, íntegra, autêntica
imprescindível à segurança da sociedade e do Esta-
e atualizada.
do.
III. Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
São verdadeiras somente as afirmativas:
informação total ou parcialmente sigilosa, o reque-
A) I; rente deverá ser informado sobre a possibilidade de
B) II; recurso, prazos e condições para sua interposição,
C) I e II; devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade com-
D) I e III; petente para sua apreciação.
E) II e III.
Está correto o que se afirma em:
43. (FGV - 2013 - TJ-AM - Analista Judiciário – A) somente I;
Arquivologia). De acordo com a Lei n. 12.527/11, os B) somente III;
prazos máximos de restrição de acesso à informação, C) somente I e II;
conforme a classificação prevista no caput, vigorarão a D) somente I e III;
partir da data de sua produção. Assinale a afirmativa que E) I, II e III.
os indica.
A) Ultrassecreta: 20 anos / secreta: 15 anos / reservada: 46. (FGV - 2013 - TJ-AM - Analista Judiciário –
10 anos. Arquivologia). A Comissão Mista de Reavaliação de In-
B) Ultrassecreta: 30 anos / secreta: 15 anos / reservada: formações decidirá, no âmbito da administração pública
5 anos. federal, sobre o tratamento e a classificação de informa-
C) Ultrassecreta: 35 anos / secreta: 15 anos / reservada: ções sigilosas. Essa Comissão tem competência para:
10 anos. A) prorrogar o prazo de sigilo de informação classifi-
D) Ultrassecreta: 25 anos / secreta: 15 anos / reservada: cada como ultrassecreta, sempre por prazo determi-
5 anos. nado.
E) Ultrassecreta: 25 anos / secreta: 20 anos / reservada: B) prorrogar o prazo de sigilo de informação classifi-
5 anos. cada como ultrassecreta, sempre por prazo indeter-
minado.
C) Prorrogar o prazo de sigilo de informação classifi-
cada como ultrassecreta, somente por prazo variá-
vel.
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D) Prorrogar o prazo de sigilo de informação classifi- 49. (FUNDATEC - 2022 - SPGG - RS - Analista
cada como ultrassecreta, por prazo prorrogável. de Planejamento, Orçamento e Gestão). Segundo a
E) Prorrogar o prazo de sigilo de informação classifi- Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei Federal nº
cada como ultrassecreta, por prazo de 60 anos. 13.709/2018), são considerados Agentes de Tratamento:
I. Encarregado.
47. (FGV - 2021 - TCE-AM - Auditor Técnico de
II. Controlador.
Controle Externo - Auditoria Governamental - Edital
III. Executor.
nº 02). A Lei nº 13.709/2018 (Lei geral de Proteção de
IV. Operador.
Dados Pessoais – LGPD) dispõe sobre o tratamento de
dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa
Quais estão corretos?
natural ou por pessoa jurídica de direito público ou pri-
vado, com o objetivo de proteger os direitos fundamen- A) Apenas I e II.
tais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvi- B) Apenas I e IV.
mento da personalidade da pessoa natural. C) Apenas II e III.
D) Apenas II e IV.
De acordo com tal lei, o tratamento de dados pesso-
E) Apenas III e IV.
ais sensíveis somente poderá ocorrer sem o fornecimento
de consentimento do titular, nas hipóteses em que for in-
50. (FUNDATEC - 2022 - SPGG - RS - Analista
dispensável para, por exemplo:
de Planejamento, Orçamento e Gestão). A Lei Geral
A) cumprimento de obrigação contratual referente a de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018), co-
negócio jurídico, desde que o valor global seja su- nhecida como LGPD, dispõe sobre o tratamento de da-
perior a cem salários mínimos; dos pessoais e contém normas que devem ser seguidas
B) realização de estudos científicos por órgão de pes- pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Em
quisa, vedada a anonimização dos dados pessoais relação à LGPD, é INCORRETO afirmar que:
sensíveis para a lisura do resultado empírico;
A) Possui um capítulo específico para o tratamento de
C) comunicação ou uso compartilhado entre controla-
dados pelo Setor Público.
dores com o objetivo de obter vantagem econômica,
B) Estabelece que as atividades de tratamento de dados
que não poderá ser objeto de vedação por parte da
pessoais deverão observar princípios de: finalidade;
autoridade competente;
adequação; necessidade; livre acesso; qualidade dos
D) tratamento compartilhado de dados necessários à
dados; transparência; segurança; prevenção; não
execução, pela administração pública, de políticas
discriminação; responsabilização e prestação de
públicas previstas em leis ou regulamentos;
contas.
E) proteção da vida ou da incolumidade física do titu-
C) Tem entre seus fundamentos o respeito à privacida-
lar, e não de terceiro, por estar relacionado a direito
de.
fundamental próprio, cuja tutela deve ser a mais
D) As sanções administrativas previstas entraram em
ampla possível.
vigor na publicação da Lei.
E) O tratamento de dados pessoais poderá ser realizado
48. (FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Assistente Ad-
pela administração pública, para o tratamento e uso
ministrativo da Fazenda Estadual). De acordo com a
compartilhado de dados necessários à execução de
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), o tra-
políticas públicas previstas em leis.
tamento de dados pessoais sensíveis somente poderá
ocorrer em algumas situações, como sem fornecimento
51. (INSTITUTO AOCP - 2022 - IPE Prev -
de consentimento do titular, nas hipóteses em que for in-
Analista em Previdência - Direito - Edital nº 002). De
dispensável para
acordo com a Lei Federal nº 13.709/2018 (LGPD), a dis-
A) a proteção da vida ou da incolumidade física do ti- ciplina da proteção de dados pessoais tem como funda-
tular, mas não de terceiro. mentos, EXCETO
B) o exercício regular de direitos em processo judicial,
A) o respeito à privacidade.
vedada a utilização em processo administrativo e
B) a inviolabilidade da intimidade, da honra e da ima-
arbitral.
gem.
C) a realização de estudos por órgão de pesquisa, ve-
C) a livre iniciativa e a defesa do consumidor.
dada a anonimização dos dados pessoais sensíveis.
D) a autodeterminação dos povos.
D) o tratamento compartilhado de dados necessários à
execução, pela administração pública, de políticas
52. (UERN/Agente Técnico Administrativo
públicas previstas em leis ou regulamentos.
/CESPE/ UnB/2010). A moralidade da administração
E) a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento
pública não deve ser limitada tão somente à distinção en-
realizado por autoridade sanitária, excluídos os de-
tre o bem e o mal. De acordo com o que dispõe o Código
mais profissionais e serviços de saúde.
de Ética do Servidor Público, o fim almejado deve ser,
sempre,
A) o atendimento às razões do Estado.
B) a manutenção da ordem e a realização do progresso.

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C) o bem comum. III. usar o cargo ou função, facilidades, amizades, tem-
D) o interesse da maioria. po, posição e influências para obter qualquer favo-
E) a preservação da estrutura corporativa do Estado. recimento, para si ou para outrem, bem como desvi-
ar servidor público para atendimento a interesse
53. (UERN/Agente Técnico Administrativo / particular.
CESPE/UnB/2010). De acordo com o respectivo Códi- IV. usar símbolos que evidenciem sua filiação religiosa
go de Ética, constitui dever fundamental do servidor pú- no ambiente de trabalho.
blico V. consumir medicamentos sem prescrição médica,
bem como dar o seu concurso a qualquer instituição
I. ter a consciência de que seu trabalho é regido por
que atente contra a moral, a honestidade ou a digni-
princípios éticos que se materializam na adequada
dade da pessoa humana.
prestação dos serviços públicos.
II. resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-
Estão certos apenas os itens
cos, de contratantes, interessados e outros que vi-
sem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens A) I e II.
indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais B) IV e V.
ou aéticas. C) I, II e III.
III. abdicar dos seus interesses pessoais, bem como dos D) I, III, IV e V.
meandros da vida privada, em função dos interesses E) II, III, IV e V.
maiores da sociedade brasileira, e vivenciar a pres-
tação dos serviços públicos como um verdadeiro sa- 56. (UERN/Agente Técnico Administrativo
cerdócio. /CESPE/ UnB/2010). Maria, servidora pública no estado
IV. estimular a prática da eugenia e disseminar os valo- do Rio Grande do Norte, portadora de necessidades es-
res éticos no serviço público. peciais, necessita dirigir-se periodicamente ao banheiro
para esvaziar sua sonda. Ocorre que João, um antigo co-
Estão certos apenas os itens lega de escola, trabalha agora com Maria na mesma re-
partição e, sabendo de seu apelido de infância — Maria
A) I e II. Caixa D’água —, frequentemente a constrange diante
B) I e III. dos colegas e do público em geral referindo-se a ela nes-
C) II e IV. ses termos.
D) I, III e IV.
De acordo com o que dispõe o Código de Ética do
E) II, III e IV.
Servidor Público e com relação à conduta de João, citada
na situação hipotética acima, assinale a opção correta.
54. (UERN/Agente Técnico Administrativo /
CESPE/UnB/2010). A comissão de ética prevista no A) Nada pode ser feito contra João, pois a regulamen-
Código de Ética do Servidor Público é encarregada de tação ética do serviço público não pode cercear o
direito de expressão, por ser esse uma garantia
A) conhecer concretamente de imputação de infrações constitucional de todo e qualquer cidadão.
penais e crimes contra o patrimônio público.
B) processar e julgar os crimes contra o Sistema Fi- B) Essa conduta não viola o referido Código, pois a
nanceiro Nacional. utilização do antigo apelido de infância de Maria é
C) processar e julgar os crimes contra a fé pública. uma forma de demonstrar carinho e aceitação. Se
D) orientar e aconselhar acerca da ética profissional do Maria sente-se constrangida, isso se deve aos seus
servidor público, no tratamento com as pessoas e bloqueios psicológicos.
com o patrimônio público. C) Essa é uma questão unicamente legal, sem qualquer
E) processar e julgar as transgressões contra a regula- repercussão de ordem ética ou moral; no entanto,
mentação ética das carreiras públicas, bem como João pode ser denunciado pela prática do crime de
aplicar as sanções penais cabíveis. constrangimento ilegal.

55. (UERN/ Agente Técnico Administrativo / D) A conduta descrita é considerada gravíssima, de-
CESPE/ UnB/2010). É proibido ao servidor público vendo João, por conseguinte, ser processado e jul-
gado pela Comissão de Ética no Serviço Público,
I. pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
que poderá condená-lo a indenizar Maria por danos
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio,
morais, bem como obrigá-lo à prestação de serviços
comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie,
comunitários.
para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cum-
primento da sua missão ou para influenciar outro E) A conduta de João é reprovável, pois é vedado ao
servidor para o mesmo fim. servidor público prejudicar deliberadamente a repu-
II. usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o tação de outros servidores ou de cidadãos que deles
exercício regular de direito por qualquer pessoa, de dependam.
modo a causar dano moral ou material, bem como
fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio,
de parentes, de amigos ou de terceiros.

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57. (UERN/Agente Técnico Administrativo / B) inexigibilidade de licitação, mas o Tribunal deverá
CESPE/UnB/2010). Carlos, servidor público, excede-se demonstrar a inviabilidade de competição mediante
na bebida aos fins de semana, quando costuma frequen- atestado de exclusividade, contrato de exclusivida-
tar bares e casas noturnas de sua localidade. Nessas oca- de, declaração do fabricante ou outro documento
siões, Carlos costuma falar palavras de baixo calão, fazer idôneo capaz de comprovar que o objeto é forneci-
gestos obscenos e dirigir impropérios contra a vida con- do por empresa exclusiva, permitida a preferência
jugal de seus colegas de trabalho. por marca específica;
Diante da situação hipotética acima e considerando C) dispensa de licitação, mas o Tribunal deverá de-
a regulamentação ética do serviço público, assinale a op- monstrar a inviabilidade de competição mediante
ção correta. atestado de exclusividade, contrato de exclusivida-
de, declaração do fabricante ou outro documento
A) Os excessos cometidos por Carlos referem-se aos
idôneo capaz de comprovar que o objeto é forneci-
períodos de folga e fora de seu local de trabalho,
do por empresa exclusiva, vedada a preferência por
portanto não afetam o serviço público.
marca específica;
B) Embora não haja nenhuma disposição no Código de
D) dispensa de licitação, mas o Tribunal deverá de-
Ética do Servidor Público quanto aos excessos co-
monstrar a inviabilidade de competição mediante
metidos por Carlos, ele praticou o crime de difama-
atestado de exclusividade, contrato de exclusivida-
ção contra seus colegas, podendo, em razão, disso,
de, declaração do fabricante ou outro documento
ser por estes processado.
idôneo capaz de comprovar que o objeto é forneci-
C) O problema de Carlos é a propensão ao alcoolismo.
do por empresa exclusiva, permitida a preferência
Isso não é crime nem imoralidade, pois se trata de
por marca específica;
um distúrbio que deve ser devidamente tratado no
E) prévia licitação, na modalidade diálogo competiti-
Sistema Único de Saúde.
vo, para contratação de compra em que a Adminis-
D) Ao prejudicar deliberadamente a reputação de seus
tração Pública realiza diálogos com licitantes previ-
colegas e apresentar-se embriagado com habituali-
amente selecionados mediante critérios subjetivos,
dade, Carlos viola as disposições do Código de Éti-
com o intuito de desenvolver uma ou mais alterna-
ca do Servidor Público.
tivas capazes de atender às suas necessidades, de-
E) Carlos poderá ser exonerado do serviço público pe-
vendo os licitantes apresentar proposta final após o
las práticas dos crimes de atentado violento ao pu-
encerramento dos diálogos.
dor e calúnia.
60. (FGV - 2022 - TJ-TO - Contador – Distribui-
58. (INSTITUTO AOCP - 2021 - ITEP - RN -
dor). O Tribunal de Justiça do Estado Alfa pretende con-
Assistente Técnico Forense – Administração). Os
tratar serviços de manutenção de veículos automotores
princípios orçamentários são
de sua frota oficial, sob o regime jurídico da nova Lei de
A) premissas que devem ser observadas nos estágios Licitações e Contratos. Para tanto, foi instaurado proces-
das despesas públicas. so administrativo que, após os devidos estudos, concluiu
B) proposições orientadoras que balizam o empenho, a que o valor estimado da contratação é de cinquenta mil
liquidação e o pagamento. reais.
C) instituições de estabilidade e consistência da prática
No caso em tela, de acordo com a Lei nº
orçamentária.
14.133/2021, a contratação:
D) regras fundamentais que funcionam como norteado-
ras da prática orçamentária. A) pode ser feita mediante dispensa de licitação;
E) categorias absolutas e históricas das modificações B) pode ser feita mediante inexigibilidade de licitação;
da prática orçamentária. C) deve ser feita necessariamente mediante prévia lici-
tação, na modalidade convite;
59. (FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - D) deve ser feita necessariamente mediante prévia lici-
Área Judiciária). Em abril de 2022, o Tribunal de Justi- tação, na modalidade concorrência;
ça Alfa deseja contratar aquisição de determinados equi- E) deve ser feita necessariamente mediante prévia lici-
pamentos que só podem ser fornecidos por empresa ex- tação, na modalidade diálogo competitivo.
clusiva.
61. (FGV - 2022 - MPE-SC - Analista em Admi-
De acordo com o regime jurídico da Lei nº
nistração). O princípio previsto na Lei de Licitações
14.133/2021, tal contratação pelo Tribunal de Justiça Al-
(Lei nº 14.133/2021) que tem por finalidade evitar equí-
fa deve ser feita mediante:
vocos, fraudes e utilização irregular de recursos públicos,
A) inexigibilidade de licitação, mas o Tribunal deverá na medida em que ocorre a separação das competências e
demonstrar a inviabilidade de competição mediante atividades de cada servidor que atua no procedimento li-
atestado de exclusividade, contrato de exclusivida- citatório, é o princípio da:
de, declaração do fabricante ou outro documento
A) vinculação ao instrumento convocatório;
idôneo capaz de comprovar que o objeto é forneci-
B) julgamento objetivo;
do por empresa exclusiva, vedada a preferência por
C) segregação de funções;
marca específica;
D) desconcentração;

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E) competitividade.
64. (FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário –
62. (FGV - 2022 - TJ-TO - Técnico Judiciário - Administração). O prefeito do Município Alfa solicitou
Apoio Judiciário e Administrativo). Ana, chefe do Se- que sua assessoria iniciasse o planejamento das licitações
tor de Licitações do Município Alfa, foi instada a se ma- a serem realizadas no período de janeiro a dezembro do
nifestar sobre a possibilidade de, à luz da Lei nº exercício financeiro de 2023, o que iria subsidiar a pro-
14.133/2021, ser realizada uma licitação visando à con- posta orçamentária a ser apresentada ao Poder Legislati-
tratação de serviços, em que haja um diálogo da Admi- vo. Ressaltou, ainda, que entendia ser conveniente, sem-
nistração Pública com os licitantes. pre que possível, a utilização de uma modalidade de lici-
tação em que lhe fosse permitido convidar os interessa-
Ana respondeu, corretamente, que, preenchidos os
dos do ramo pertinente ao objeto licitado, para que apre-
demais requisitos exigidos:
sentem as suas propostas.
A) é possível a adoção desse modelo, desde que seja
Ao tomar conhecimento do objetivo do prefeito, sua
assegurada a participação de todos os licitantes inte-
assessoria lhe respondeu, corretamente, que a referida
ressados;
modalidade de licitação:
B) é possível a adoção desse modelo, desde que o diá-
logo seja realizado com transparência, no âmbito de A) não poderá ser utilizada a partir do momento em
audiências públicas; que for cogente a utilização da Lei nº 14.133/2021,
C) esse modelo é incompatível com a ordem jurídica mas as licitações iniciadas em momento anterior
por afrontar o princípio da impessoalidade, salvo se continuarão a observar a Lei nº 8.666/1993;
houver lei específica autorizando-o em cada contra- B) não poderá ser utilizada a partir do momento em
tação; que for cogente a utilização da Lei nº 14.133/2021,
D) é possível a adoção desse modelo se os licitantes fo- sendo que as licitações não concluídas, iniciadas em
rem selecionados mediante critérios objetivos, sen- momento anterior, sob a égide da Lei nº
do a proposta final apresentada após o encerramento 8.666/1993, serão refeitas;
dos diálogos; C) poderá ser utilizada, desde que, a partir do momento
E) é possível a adoção desse modelo, desde que o diá- em que for cogente a utilização da Lei nº
logo se limite à negociação do preço, não ao desen- 14.133/2021, sejam observadas as normas que vei-
volvimento da alternativa que atenda às necessida- culou a respeito dessa modalidade, incluindo as lici-
des da Administração. tações iniciadas em momento anterior;
D) poderá ser utilizada, desde que, a partir do momento
63. (FGV - 2022 - MPE-SC - Analista em Conta- em que for cogente a utilização da Lei nº
bilidade). A Nova Lei de Licitações estabelece que o ato 14.133/2021, sejam observadas as normas que vei-
que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente culou, passando a ser convidados, no mínimo, qua-
do contrato deverá ser divulgado e mantido à disposição tro interessados, excluídas as licitações iniciadas em
do público em sítio eletrônico oficial. momento anterior;
E) poderá ser utilizada, desde que, a partir do momento
Nesse contexto, consoante dispõe a Lei nº
em que for cogente a utilização da Lei nº
14.133/2021, é hipótese de dispensa de licitação quando
14.133/2021, sejam observadas as normas que vei-
o Estado Alfa realiza:
culou, exigindo-se a apresentação de, no mínimo,
A) contratação de profissional do setor artístico, dire- quatro propostas, excluídas as licitações iniciadas
tamente ou por meio de empresário exclusivo, des- em momento anterior.
de que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública; 65. (FGV - 2022 - SEFAZ-AM - Auditor de Fi-
B) aquisição de materiais, de equipamentos ou de gê- nanças e Controle do Tesouro Estadual – Manhã). De
neros ou contratação de serviços que só possam ser acordo com o texto da nova Lei de Licitações (Lei nº
fornecidos por produtor, empresa ou representante 14.133/2021), é dispensável a licitação para
comercial exclusivos;
A) objetos que devam ou possam ser contratados por
C) aquisição ou locação de imóvel cujas características
meio de credenciamento.
de instalações e de localização tornem necessária
B) aquisição ou locação de imóvel cujas características
sua escolha, observados os requisitos legais;
de instalações e de localização tornem necessária
D) celebração de contrato de programa com ente fede-
sua escolha.
rativo ou com entidade de sua Administração Públi-
C) aquisição de materiais, de equipamentos ou de gê-
ca indireta que envolva prestação de serviços públi-
neros ou contratação de serviços que só possam ser
cos de forma associada nos termos autorizados em
fornecidos por produtor, empresa ou representante
contrato de consórcio público ou em convênio de
comercial exclusivos.
cooperação;
D) contratação de profissional do setor artístico, dire-
E) contratação dos serviços técnicos especializados de
tamente ou por meio de empresário exclusivo, des-
natureza predominantemente intelectual com profis-
de que consagrado pela crítica especializada ou pela
sionais ou empresas de notória especialização, de
opinião pública.
estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou
projetos executivos, na forma da lei.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)


E) contratação de profissionais para compor a comis- 68. (IADES - 2021 - CAU - MS - Profissional de
são de avaliação de critérios de técnica, quando se Suporte Técnico). A modalidade de licitação pregão,
tratar de profissional técnico de notória especializa- prevista na Lei n ° 10.520/2002, poderá ser utilizada para
ção.
A) contratação de bens e serviços comuns, independen-
temente de seu custo ou valor do futuro contrato.
66. (FGV - 2022 - TJ-MS - Analista Judiciário -
B) alienações de bens imóveis.
Área Fim). O Estado Alfa, por meio de determinada se-
C) contratação de bens e serviços comuns, somente até
cretaria, realizará contratação para escolha de melhor
o valor de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos
monografia em determinada área do conhecimento de in-
mil reais).
teresse do órgão público, para subsidiar futuras escolhas
D) obras e serviços de engenharia até o valor de R$
de políticas públicas a serem desenvolvidas pela pasta.
330.000,00 (trezentos e trinta mil reais).
Sabe-se que a contratação observará as regras e E) obras e serviços de engenharia com o valor superior
condições previstas em edital, que indicará a qualifica- a R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil re-
ção exigida dos participantes, as diretrizes e formas de ais).
apresentação do trabalho e as condições de realização e o
prêmio ou remuneração a ser concedida ao vencedor.
Diante das informações fornecidas e do teor da no-
va Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021), a contratação
em tela deverá ser feita mediante:
GABARITO OFICIAL
A) dispensa de licitação, por expressa previsão legal;
B) inexigibilidade de licitação, por expressa previsão Conferido
legal;
C) prévia licitação, na modalidade concurso; 01-D 12-E 23-C 34-C 45-D 56-E
D) prévia licitação, na modalidade concorrência; 02-A 13-D 24-C 35-B 46-A 57-D
E) prévia licitação, na modalidade diálogo competiti-
vo. 03-C 14-C 25-C 36-B 47-D 58-D
04-E 15-C 26-E 37-A 48-D 59-A
67. (IADES - 2021 - CAU - MS - Arquiteto e Ur-
banista). Quanto à modalidade de licitação denominada 05-B 16-B 27-A 38-D 49-D 60-A
pregão, prevista na Lei Federal no 10.520/2002, assinale 06-E 17-E 28-E 39-C 50-D 61-C
a alternativa correta.
07-A 18-B 29-B 40-E 51-D 62-D
A) Na fase preparatória do pregão, a definição do obje-
to deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas as 08-C 19-E 30-E 41-D 52-C 63-D
especificações que, por excessivas, irrelevantes ou 09-A 20-A 31-B 42-C 53-A 64-A
desnecessárias, limitem a competição.
B) A fase preparatória do pregão começará com a con- 10-D 21-D 32-D 43-D 54-D 65-E
vocação dos interessados, a qual será efetuada por 11-C 22-E 33-D 44-E 55-C 66-C
publicação de aviso em diário oficial do respectivo
ente federado ou, não existindo, em jornal de circu- 67-A
lação local e, facultativamente, por meios eletrôni- 68-A
cos e, conforme o vulto da licitação, em jornal de
grande circulação.
C) Na fase externa do pregão, a autoridade competente
justificará a necessidade de contratação e definirá o
objeto do certame, as exigências de habilitação, os
critérios de aceitação das propostas, as sanções por
inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusi-
ve com fixação dos prazos para fornecimento.
D) A realização do pregão mediante a utilização de re-
cursos de tecnologia da informação é vedada.
E) Na fase preparatória do pregão, o prazo fixado para
a apresentação das propostas será contado a partir
da publicação do aviso e não será inferior a oito di-
as úteis.

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Noções de Administração Pública (Prof. Sormany Ribeiro)

RASCUNHO RASCUNHO

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Conhecimentos Específicos

CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
SUMÁRIO:
Contabilidade Pública: .................................................................................................... 05
Conceito, objeto, objetivo, campo de atuação ................................................................... 05
Variações Patrimoniais ...................................................................................................... 05
Variações Ativas e Passivas, Orçamentárias e Extraorçamentárias .................................. 06
Plano de Contas Único do Governo Federal: Conceito; Estrutura Básica: ativo, passivo,
despesa, receita, resultado diminutivo, resultado aumentativo, estrutura das contas, caracte-
rísticas das contas .............................................................................................................. 06
Tabela de Eventos: conceito, estrutura e fundamentos lógicos ......................................... 09
Contabilização dos Principais Fatos Contábeis: previsão da receita, fixação da despesa, des-
centralização de créditos, liberação financeira, realização da receita e despesa ................ 11
Balancete: características, conteúdo e forma ..................................................................... 12
Demonstrações Contábeis ................................................................................................. 12
Balanço Orçamentário ....................................................................................................... 20
Balanço Financeiro ............................................................................................................ 21
Balanço Patrimonial e Demonstração das Variações Patrimoniais .......................... 16/20/21
Noções de SIAFI - Sistema de Administração Financeira da Administração Pública Fede-
ral ...................................................................................................................................... 22
Prestação de Contas e Tomada de Contas Especial ........................................................... 25
Conformidade de Gestão e Conformidade Contábil .......................................................... 26
Procedimentos de Encerramento do Exercício .................................................................. 26

Sistemas de Controle: ...................................................................................................... 27


Normas relativas ao controle interno administrativo ......................................................... 27
A Metodologia de Trabalho do Sistema de Controle Interno - SCI (Instrução Normativa
SFC/MF nº 03, de 09/06/2001 com as devidas alterações da Instrução Normativa SFC/MP
nº 7, de 06/12/2017) .......................................................................................................... 27
Licitações e Administração de Contratos .......................................................................... 42

Administração Geral: ..................................................................................................... 42


Evolução da administração; principais abordagens da administração (clássica até contin-
gencial) .............................................................................................................................. 42
Evolução da Administração Pública no Brasil (após 1930); reformas administrativas; a nova
gestão pública .................................................................................................................... 46
Processo administrativo ..................................................................................................... 49
Funções de Administração: planejamento, organização, direção e controle ..................... 51
Processo de planejamento ................................................................................................. 51
Planejamento estratégico: visão, missão e análise SWOT ................................................ 52
Análise competitiva e estratégias genéricas ...................................................................... 55
Redes e alianças ................................................................................................................ 57

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Conhecimentos Específicos

Planejamento tático ........................................................................................................... 58


Planejamento operacional ................................................................................................. 58
Administração por objetivos ............................................................................................. 59
Balanced Scorecard .......................................................................................................... 59
Processo decisório ............................................................................................................. 61
Estrutura organizacional .................................................................................................... 67
Tipos de Departamentalização: Características, vantagens e desvantagens de cada tipo .. 72
Organização informal ........................................................................................................ 78
Cultura organizacional ...................................................................................................... 78
Direção .............................................................................................................................. 81
Motivação e liderança ....................................................................................................... 81
Comunicação ..................................................................................................................... 87
Descentralização e delegação ............................................................................................ 88
Controle; Características ................................................................................................... 89
Sistema de medição de desempenho organizacional ......................................................... 92

Gestão de Pessoas: ........................................................................................................... 92


Qualidade de vida no trabalho (QVT) ............................................................................... 92
Equilíbrio organizacional .................................................................................................. 93
Objetivos, desafios e características da gestão de pessoas ................................................ 94
Recrutamento e seleção de pessoas ................................................................................... 94
Análise e descrição de cargos ............................................................................................ 99
Capacitação de pessoas .................................................................................................... 101
Gestão de desempenho ..................................................................................................... 102

Gestão da Qualidade e modelo de excelência gerencial: Principais teóricos e suas contribui-


ções para a gestão da qualidade; Ferramentas de gestão da qualidade; Modelo da fundação
nacional da qualidade ....................................................................................................... 105
Gestão de Projetos: Elaboração, análise e avaliação de projetos; Principais características
dos modelos de gestão de projetos; Projetos e suas etapas ............................................... 115
Gestão de Processos: Conceitos da abordagem por processos; Técnicas de mapeamento,
análise e melhoria de processos ........................................................................................ 117
Administração Pública: .................................................................................................... 125
Gestão de Pessoas na Administração Pública: admissão, desenvolvimento, aposentadoria e
regime de previdência (FUNPRESP) ............................................................................... 125
Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas da administração pública federal (Decre-
to 9.991/2019) .................................................................................................................. 126
O Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal - SIASS (Decreto
nº 6.833/2009) .................................................................................................................. 131
Governança Pública: governança das contratações públicas no âmbito da Administração
Pública federal (Portaria nº 8.678/2021 SEGES/ME) ...................................................... 132
Logística Pública: ........................................................................................................... 136
Contratações na administração pública (Lei 14.133/2021 ................................................ 136
Fiscalização de contratos administrativos (IN nº 05/2017 da SG-MPDG) ....................... 136
Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação – SISP (Decreto nº
7.579/2011) ...................................................................................................................... 146
Alienação, a cessão, a transferência, a destinação e a disposição final ambientalmente ade-
quadas de bens móveis no âmbito da administração pública federal (Decreto nº 9.373/2018)
........................................................................................................................................... 148

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Conhecimentos Específicos

Governo Digital: ............................................................................................................. 150


Governo Digital (Decreto 10.332/2020) ........................................................................... 150
Programa de Gestão de Desempenho – PGD (Decreto nº 11.072/2022 ........................... 155
Instrução Normativa - IN SGP-SEGES/MGI nº 24/2023) ............................................... 159
Orçamento Público: ........................................................................................................ 164
Princípios orçamentários .................................................................................................. 164
Diretrizes orçamentárias ................................................................................................... 168
Processo orçamentário ...................................................................................................... 167
Métodos, técnicas e instrumentos do orçamento público; normas legais aplicáveis ........ 169
SIDOR e SIAFI ................................................................................................................ 169
Receita Pública: categorias, fontes, estágios; dívida ativa ............................................... 170
Despesa Pública: categorias, estágios; Suprimento de fundos; Restos a pagar; Despesas de
exercícios anteriores; A conta única do Tesouro .............................................................. 172

Noções de Arquivo, Protocolo e Processos na Administração Pública Federal: ....... 176


O processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (Lei
9784/ 1999) ...................................................................................................................... 176
Política nacional de arquivos públicos e privados (Lei 8.159/1991) ................................ 184
Uso do meio eletrônico para a realização do processo administrativo (Decreto
8.539/2015) ...................................................................................................................... 185
Lei de acesso à informação (Lei 12.527/2011) ................................................................ 187
Lei geral de proteção de dados pessoais – LGPD (Lei 13.709/2018) ............................... 194
Sistema eletrônico de informações SEI/DNIT (IN 01-2017 – DNIT ............................... 195
Manual de Boas Práticas de utilização do SEI/DNIT) ..................................................... 200

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Conhecimentos Específicos

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Conhecimentos Específicos
CONTABILIDADE PÚBLICA: Nesse sentido, entende-se que o campo de aplicação
da Contabilidade Aplicada ao Setor Público sejam as en-
1. CONCEITUAÇÃO, OBJETO, OBJETIVO E
tidades do setor público.
CAMPO DE APLICAÇÃO
A referida norma considera entidade do Setor Pú-
Conceito
blico como sendo os órgãos, os fundos e as pessoas jurí-
Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade dicas de direito público ou que, possuindo personalidade
NBC T 16.1, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público jurídica de direito privado, recebam, guardem, movimen-
é compreendida como o “ramo da ciência contábil que tem, gerenciem ou apliquem dinheiros, bens e valores
aplica, no processo gerador de informações, os Prin- públicos, na execução de suas atividades. Ademais,
cípios de Contabilidade e as normas contábeis direci- equiparam-se, para efeito contábil, as pessoas físicas que
onados ao controle patrimonial de entidades do setor recebam subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou
público”, a qual tem por objetivo fornecer informações creditício, de órgão público.
aos usuários sobre os resultados alcançados e os aspectos
de natureza orçamentária, econômica, financeira e física 2. VARIAÇÕES PATRIMONIAIS.
do patrimônio da entidade do setor público e suas muta-
ções. A NBC T 16.4, a qual trata de transações no setor
público, conceitua Variações Patrimoniais como “transa-
Objeto ções que promovem alterações nos elementos patrimoni-
A Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 16.1 ais da entidade do setor público, mesmo em caráter com-
trata também do objeto da Contabilidade Aplicada ao Se- pensatório, afetando, ou não, o seu resultado”.
tor Público, que compreende o patrimônio público. As transações no setor público são compreendidas
como ”os atos e os fatos que promovem alterações quali-
Logo, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público
tativas ou quantitativas, efetivas ou potenciais, no patri-
tem por objeto o patrimônio público.
mônio das entidades do setor público, as quais são objeto
As entidades do setor público têm por objetivo de registro contábil em estrita observância aos Princípios
principal prestar serviços à sociedade, além de forne- Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras
cer informações aos seus usuários para auxiliar em de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público”.
processos decisórios, prestação de contas e responsabili- As transações no setor público classificam-se como
zação. de natureza econômico-financeira, que trata das transa-
As suas demonstrações contábeis fornecem infor- ções originadas de fatos que afetam o patrimônio públi-
mações sobre a entidade. Assim, os relatórios podem ser co, em decorrência, ou não, da execução de orçamento,
utilizados para fins de política fiscal, definição de políti- podendo provocar alterações qualitativas ou quantitati-
cas, bem como avaliação de impactos sobre a economia, vas, efetivas ou potenciais; e de natureza administrativa,
podendo, inclusive serem utilizados para comparar resul- que trata de transações que não afetam o patrimônio pú-
tados fiscais nacional e internacionalmente. blico, são originadas de atos administrativos, com o ob-
jetivo de dar cumprimento às metas programadas e man-
Objetivo ter em funcionamento as atividades da entidade do setor
O objetivo da Contabilidade Aplicada à Administra- público.
ção Pública é o de fornecer à administração informações Ademais, observa-se que as variações patrimoniais
atualizadas e exatas para subsidiar as tomadas de deci- que afetem o patrimônio líquido devem manter correla-
sões, aos órgãos de controle interno e externo para o ção com as respectivas contas patrimoniais. Correlação
cumprimento da legislação e às instituições governamen- cuida-se de “vinculação entre as contas de resultado e as
tais e particulares informações estatísticas e outras de in- patrimoniais, de forma a permitir a identificação dos
teresse dessas instituições. efeitos nas contas patrimoniais produzidos pela movi-
mentação das contas de resultado”.
Campo de aplicação As variações patrimoniais são classificadas em
A NBC T 16.1, define Campo de Aplicação como quantitativas e qualitativas. Confira-se os conceitos:
o espaço de atuação do Profissional de Contabilidade
que demanda estudo, interpretação, identificação, men- 2.1. Qualitativas.
suração, avaliação, registro, controle e evidenciação de As variações qualitativas são entendidas como as
fenômenos contábeis, decorrentes de variações patrimo- decorrentes de transações no setor público que alteram a
niais em: composição dos elementos patrimoniais sem afetar o pa-
(a) entidades do setor público; e trimônio líquido.
(b) ou de entidades que recebam, guardem, movi-
mentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na 2.2. Quantitativas: Receita e Despesa sob o enfo-
execução de suas atividades, no tocante aos aspectos que patrimonial.
contábeis da prestação de contas. Compreende como variações quantitativas as decor-
rentes de transações no setor público que aumentem ou
diminuam o patrimônio líquido ou saldo patrimonial.

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Conhecimentos Específicos
2.3. Realização da Variação Patrimonial. orçamento que provocam o aumento do patrimônio lí-
quido são chamadas de variações patrimoniais aumen-
As Variações Patrimoniais evidenciam as variações
tativas e as que têm como consequência reduzir o patri-
quantitativas, o resultado patrimonial e as variações qua-
mônio líquido recebem a denominação de variações pa-
litativas decorrentes da execução orçamentária. As varia-
trimoniais diminutivas.
ções quantitativas decorrem de transações no setor públi-
co que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido. Já Os fatos administrativos sempre envolverão de
as variações qualitativas decorrem das transações no se- imediato um bem, um direito a receber ou uma obrigação
tor público que alteram a composição dos elementos pa- a pagar, como é o caso de compra de mercadorias, de
trimoniais sem afetar o patrimônio líquido. pagamento de contas de água e energia, recebimento de
receitas de serviços etc.
2.4. Resultado Patrimonial.
2.6.2. Variações Extraorçamentárias
O resultado patrimonial é apurado pelo confronto
entre as variações quantitativas aumentativas e diminuti- Constituem elementos das contas patrimoniais as
vas. variações ativas e passivas extraorçamentárias, conforme
determina o artigo 100 da Lei n. 4.320/1964.
2.5. Variações Ativas e Passivas
Nas variações ativas extraorçamentárias, encontra-
As variações patrimoniais são alterações que ocor- mos as alterações patrimoniais aumentativas do patrimô-
rem no patrimônio de uma entidade, seja ela uma empre- nio líquido que ocorrem independentemente da execução
sa, organização ou indivíduo. Elas são classificadas em orçamentária, denominadas de superveniências do ativo,
duas categorias principais: variações ativas e variações por exemplo, doação recebida de bens e inscrição da dí-
passivas. vida ativa; e de insubsistências do passivo, por exemplo,
cancelamento de restos a pagar etc.
2.5.1. Variações Ativas:
Nas variações passivas extraorçamentárias, encon-
- São aquelas que aumentam o patrimônio líquido.
tramos as alterações patrimoniais diminutivas do patri-
- Podem ser resultantes de aumento de ativos (como
mônio líquido que ocorrem independentemente da exe-
recebimento de dinheiro, aquisição de bens, etc.) ou di-
cução orçamentária, denominadas de insubsistências do
minuição de passivos (como o pagamento de dívidas).
ativo, por exemplo, extravio de bens, consumo de bens e
- Exemplos incluem o lucro obtido em uma transa-
cancelamento da dívida ativa; e de superveniências do
ção comercial, a valorização de um ativo, ou a entrada de
passivo, por exemplo, atualização monetária da dívida
capital no negócio.
fundada etc.
2.5.2 Variações Passivas: Essas contas, que são oriundas de fatos modificati-
vos, representam alterações ocorridas em bens, direitos e
- São as que reduzem o patrimônio líquido.
obrigações que modificam o PL independentemente do
- Podem ocorrer devido a uma diminuição de ativos
orçamento. Atualmente, fazem parte das VPA e das
(como a venda ou depreciação de um bem) ou um au-
VPD, conforme o seguinte entendimento:
mento de passivos (como a contração de uma nova dívi-
da). • insubsistências do ativo: conhecidas na doutrina
- Exemplos incluem prejuízos em operações, depre- como insubsistências passivas, uma vez que re-
ciação de ativos, ou a saída de recursos financeiros da presentam variações que causam diminuição no
empresa. PL; e
Ambos os tipos de variações são fundamentais para • insubsistências do passivo: conhecidas na dou-
a contabilidade, pois impactam diretamente o balanço trina como insubsistências ativas, uma vez que
patrimonial e a demonstração de resultados de uma enti- representam variações que causam o aumento
dade. do PL.

2.6. Variações Orçamentárias e Extraorçamen-


3. PLANO DE CONTAS ÚNICO DO GOVER-
tárias
NO FEDERAL: CONCEITO; ESTRUTURA BÁSI-
Depois de classificadas de acordo com a repercus- CA: ATIVO, PASSIVO, DESPESA, RECEITA, RE-
são no PL, as variações patrimoniais aumentativas e di- SULTADO DIMINUTIVO, RESULTADO AUMEN-
minutivas são identificadas por aquelas que têm origem TATIVO, ESTRUTURA DAS CONTAS, CARAC-
na LOA (com reflexo contábil na Natureza de Informa- TERÍSTICAS DAS CONTAS
ção Orçamentária) e aquelas que ocorrem de forma inde-
O Plano de Contas Aplicado ao Setor Público
pendente da execução orçamentária (com reflexo contá-
(PCASP), ou simplesmente Plano de Contas, representa
bil na Natureza de Informação Patrimonial).
uma ferramenta de grande importância para o contador.
É um guia para o processo de escrituração contábil e um
2.6.1. Variações Orçamentárias
instrumento que facilita a localização e a identificação
As alterações patrimoniais decorrentes da execução das contas que representam os atos de gestão orçamentá-
do orçamento tanto podem aumentar o valor do patrimô- ria, financeira e patrimonial (empenhos, consumo de ma-
nio como reduzir o seu valor. As variações oriundas do teriais, contratos firmados etc.).

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Conhecimentos Específicos
O Plano de Contas consiste em uma relação com- área empresarial como: empréstimos a receber, produtos
pleta das contas julgadas necessárias por uma entidade, em elaboração, produtos acabados, produtos para venda,
com a finalidade de controlar seus elementos patrimoni- provisão para devedores duvidosos, depreciação acumu-
ais e de resultado. lada, provisão para férias, ICMS a recolher, IPI a reco-
lher.
No setor público e, principalmente, no nível federal,
o Plano de Contas tem importância fundamental, em ra- Em razão desse universo de atividades típicas e atí-
zão da utilização de um sistema de informática para efe- picas praticadas na Administração Pública, o Plano de
tuação do controle das contas do governo, denominado Contas exige de seus usuários um alto nível de conheci-
Sistema Integrado de Administração Financeira do mento dos ramos da Contabilidade, dada a complexidade
Governo Federal (SIAFI), que tem como uma de suas da própria Administração Pública.
características principais a utilização da contabilidade
como base de informações financeiras, orçamentárias e Conceito, Objetivos e Composição do Plano de
patrimoniais. Os demais entes da Federação vêm aos Contas
poucos desenvolvendo os seus próprios sistemas, utili-
O Plano de Contas consiste em um rol de contas
zando o PCASP de forma a facilitar a consolidação das
contábeis que procura padronizar e facilitar para o usuá-
contas do setor público e permitindo a elaboração do Ba-
rio da informação a compreensão das informações e dos
lanço do Setor Público Nacional (BSPN).
respectivos valores representados por cada conta que
Para atender a essas necessidades informacionais da compõe o patrimônio da entidade.
Administração Pública, foi desenvolvida uma estrutura
De acordo com Brasil (2016, p. 340), o PCASP ali-
orçamentária que adota os preceitos da Lei n. 4.320/1964
nha-se à finalidade de atender às necessidades de infor-
e da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e recen-
mação dos usuários, por meio da padronização da forma
tes alterações desta, considerando a diversidade das tran-
de registro contábil para a extração de informações para
sações praticadas por entidades públicas, que envolve até
esses usuários, e representa uma das maiores conquistas
mesmo suas áreas comercial, industrial, agrícola, finan-
da CASP, por ser uma ferramenta para a consolidação
ceira etc.
das contas nacionais e um instrumento para a adoção
Na CASP, o Plano de Contas consiste em uma es- das normas internacionais de contabilidade.
truturação ordenada e sistematizada das etapas das recei-
Podemos citar como objetivos do PCASP:
tas e despesas; dos ingressos e dispêndios financeiros;
dos fatos que afetam o patrimônio; dos registros dos fa- • Padronizar os registros contábeis das entidades do
tos permutativos e modificativos; e dos registros dos atos setor público.
administrativos. • Distinguir os registros de natureza patrimonial,
orçamentária e de controle.
Podemos afirmar que as contas contam histórias, • Atender à Administração Direta e à Administra-
por exemplo: ção Indireta das três esferas de governo, até mes-
• Crédito Empenhado a Liquidar – representa mo quanto às peculiaridades das empresas estatais
compromissos assumidos com os fornecedores dependentes e dos Regimes Próprios de Previdên-
cia Social (RPPS).
que ainda não entregaram os bens ou não pres-
• Permitir o detalhamento das contas contábeis, a
taram o serviço. Em outras palavras, essa conta
partir do nível mínimo estabelecido pela STN, de
representa compromissos cujos fatos geradores modo que possa ser adequado às peculiaridades de
ainda não ocorreram. cada ente.
• Convênio a Comprovar – representa pendên- • Permitir a consolidação nacional das contas públi-
cia de prestação de contas quando já tiver ter- cas.
minado a vigência do Convênio. • Permitir a elaboração das Demonstrações Contá-
• Crédito Disponível – representa o valor apro- beis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) e dos
vado na LOA disponível para ser licita- demonstrativos do Relatório Resumido de Execu-
do/contratado, dentro dos programas de Gover- ção Orçamentária (RREO) e do Relatório de Ges-
no, contemplando Créditos Iniciais e Adicio- tão Fiscal (RGF).
nais. À medida que vão sendo emitidos empe- • Permitir a adequada prestação de contas, o le-
nhos, o saldo disponível vai diminuindo. vantamento das estatísticas de finanças públi-
cas, a elaboração de relatórios nos padrões ado-
O PCASP é, portanto, de estrutura complexa, pois
tados por organismos internacionais – a exem-
deve conter títulos para atender ao registro e à guarda de
plo do Government Finance Statistics Manual
informações relativas a atos e fatos administrativos prati-
(GFSM) do Fundo Monetário Internacional
cados pelos gestores públicos que podem ser típicos da
(FMI), bem como o levantamento de outros re-
área pública. Deve ainda ser abrangente, para registrar as
latórios úteis à gestão.
transações comerciais, industriais e financeiras de algu-
• Contribuir para a adequada tomada de decisão e
mas entidades da Administração Indireta que praticam
para a racionalização de custos no setor públi-
atos bem peculiares da iniciativa privada como: comprar
co.
e vender mercadorias, fabricar e produzir bens e servi-
• Contribuir para a transparência da gestão fiscal
ços, construir, ampliar e reformar imóveis, conceder e
e para o controle social.
obter empréstimos; contendo títulos contábeis comuns à

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Conhecimentos Específicos

Estrutura Básica do Plano de Contas do Gover-


no Federal
A estrutura do PCASP foi determinada em conjunto
pela STN e pela SOF.
A publicação de suas bases gerais encontra-se no
“Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público”,
que encontra-se em sua oitava edição.
De forma consolidada, o PCASP elegeu a seguinte
padronização:

Quadro 4: Estrutura básica do PCASP


Fonte: Brasil (2016, p. 343)

Alguns termos e conceitos importantes relacionados


ao PCASP estão descritos no Quadro 5.

Codificação das Contas


De acordo com o “Manual de Contabilidade Apli-
cada ao Setor Público” (BRASIL, 2016, p. 343), os có-
digos das contas apresentam nove dígitos distribuídos
em sete níveis de desdobramento e ainda um código va-
riável que é a conta corrente contábil. Assim:

No Quadro 4, apresentamos a estrutura básica do PCASP em nível de classe (1º nível) e grupo (2º nível).

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Conhecimentos Específicos
4. TABELA DE EVENTOS: CONCEITO, ES-
TRUTURA E FUNDAMENTOS LÓGICOS
4.1. CONCEITO
É o instrumento, código numérico, utilizado pelas
Unidades Gestoras no preenchimento dos documentos de
entrada no SIAC/SIGGO, para transformar as Transa-
ções no Setor Público em registros contábeis automáti-
cos.
Entendem-se Transações no Setor Público como:
Transações no Setor Público: os atos e os fatos que
promovem alterações qualitativas ou quantitativas, efeti-
vas ou potenciais, no patrimônio das entidades do setor
público, as quais são objeto de registro contábil em estri-
ta observância aos Princípios Fundamentais de Contabi-
lidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplica-
Contas de Controle das ao Setor Público.

Nas classes de contas de controles devedores e de 4.2. OBJETIVO


controles credores são efetuados os acompanhamentos Dada a complexidade e a quantidade de contas no
das rotinas da execução da programação financeira, dos Plano de Contas, muitos gestores públicos enfrentam de-
custos, da dívida ativa, dos convênios, dos contratos e de safios devido à falta de conhecimento aprofundado em
outros atos administrativos. contabilidade pública. Para superar este obstáculo, o SI-
Cabe ressaltar que a STN, na condição de órgão AFI incorporou um mecanismo inovador: o EVENTO.
central do Sistema de Contabilidade Federal e com base Este código, associado a cada tipo de ato ou fato admi-
nos incisos VII e XXVIII do artigo 7º do Decreto n. nistrativo, vincula-se a um roteiro contábil específico.
6.976, de 7 de outubro de 2009, e no inciso I do artigo Esse roteiro é uma relação detalhada das contas de débito
17 da Lei n. 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, criou, e crédito a serem movimentadas, permitindo que até ope-
por meio da Portaria n. 136, de 6 de março de 2007, o radores sem conhecimento contábil realizem lançamen-
Grupo Técnico de Padronização de Procedimentos tos eficientes.
Contábeis, o qual, entre outras funções, possui a O EVENTO, portanto, transforma-se na ferramenta
atribuição de consolidar as contas dos entes da central para os operadores do SIAFI. Ao informarem o
Federação de que trata o artigo 51 da Lei Complementar código do evento relativo a um fato contábil, o sistema
n. 101/2000, ou Lei de Responsabilidade Fiscal. automaticamente executa o lançamento correspondente.
Consolidação das Contas Essa abordagem facilita significativamente a transforma-
ção de atos e fatos administrativos rotineiros em regis-
A Lei Complementar n. 101/2000 exigiu a tros contábeis automáticos, tornando o processo mais
consolidação nacional das contas públicas. Por isso, a acessível e menos suscetível a erros.
STN, exercendo essa competência, realizou estudos para
padronizar nacionalmente o PCASP, congregando as A tabela de eventos serve como guia essencial para
contas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos as unidades gestoras no preenchimento das telas e docu-
Municípios. Essa consolidação entrou em vigor a partir mentos de entrada no SIAFI, assegurando uma tradução
de 2015. precisa e automatizada dos eventos administrativos em
registros contábeis.
Estrutura das Contas
Esta, no plano detalha como as contas são organiza- 4.3. ESTRUTURA
das, incluindo a classificação de ativos, passivos, receitas O código do evento e composto de 6 (seis) números
e despesas. A estrutura visa garantir que todas as transa- estruturados da seguinte forma:
ções sejam registradas de forma consistente e categori-
zada apropriadamente.
Características das Contas
Cada conta no plano tem características específicas,
como a natureza do saldo (devedor ou credor), a forma
como afeta o resultado financeiro do governo e as regras
para sua utilização.

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Conhecimentos Específicos
Combinações e Utilizações Específicas:
Eventos 51.0.xxx e 52.0.xxx: Utilizados para reco-
nhecer despesas, com ou sem condições de pagamento
imediato. Os eventos 52.0.xxx são usados para retenção
de obrigações na NL, enquanto os 51.0.xxx são aplica-
dos na obrigação que liquida a despesa.
Eventos 53.0.3xx: Empregados para liquidar obri-
gações retidas por meio dos eventos 52.0.2xx, com cor-
relação entre as dezenas finais para facilitar a identifica-
ção e uso.
Eventos 54.0.xxx: Utilizados individualmente para
4.4. CLASSES DOS EVENTOS registros contábeis variados.
Eventos 55.0.xxx e 56.0.6xx: Destinam-se à apro-
priação de valores representativos de direitos, com os
eventos 56.0.6xx usados para liquidar direitos apropria-
dos pelos eventos 55.0.5xx. As dezenas finais também
mantêm correlação.
Eventos 61.0.xxx: Aplicados para liquidar restos a
pagar do exercício anterior, exigindo eventos de saída de
bancos como contrapartida.
Eventos 70.0.xxx e 80.0.xxx: Usados para transfe-
rências financeiras (70.0.xxx) e apropriação da receita
(80.0.xxx), ambos requerendo eventos de saída
(70.0.xxx) ou entrada (80.0.xxx) em bancos como con-
trapartida.
4.5. FUNDAMENTAÇÃO LÓGICA
Correlação entre Eventos e Documentos: 4.6. REGRAS BÁSICAS PARA USO DA TA-
BELA DE EVENTOS
Eventos Gerais: A maioria dos eventos tem uma re-
lação direta com os documentos de entrada no SIAFI. Uso da Tabela de Eventos pelas Unidades Gesto-
Entretanto, os eventos das classes 50, 60, 70 e 80 são ex- ras:
ceções, aparecendo de maneira variada nas notas de lan-
As unidades gestoras devem empregar os códigos
çamento (NL), ordens bancárias (OB) e guias de reco-
da tabela de eventos para registrar suas transações diá-
lhimento (GR).
rias. Se um evento específico não for encontrado na tabe-
Categorias Específicas de Eventos: la que adequadamente descreva a transação, é necessário
contatar o órgão de contabilidade para obter os esclare-
Eventos 10.0.xxx: Usados especificamente na NL cimentos apropriados.
para registrar a provisão de receita, preenchidos indivi-
dualmente. 4.7. FUNÇÃO DOS ÓRGÃOS DE CONTABI-
Eventos 20.0.xxx: Aplicados na nota de dotação LIDADE:
(ND), com o objetivo de registrar a alocação de despe- A realização dos registros contábeis é uma compe-
sas. Esses eventos são geralmente preenchidos de forma tência exclusiva dos órgãos de contabilidade, que podem
individual, mas podem ocasionalmente ser usados em efetuá-la sem a indicação de eventos específicos. Nesses
conjunto com outros da mesma classe. casos, os registros são tratados por meio de débitos (d) e
Eventos 30.0.xxx: Destinados à movimentação de créditos (c), exceto para operações envolvendo receitas
créditos orçamentários, registrados individualmente na e/ou despesas.
nota de crédito (NC).
4.8. DISPOSIÇÕES FINAIS SOBRE A TABE-
Eventos 40.0.xxx: Utilizados nas notas de empenho LA DE EVENTOS
(NE) ou pré-empenho (PE), de forma individual, para
registrar a emissão de empenhos ou pré-empenhos. a) Objetivos e Função da Tabela:
Eventos 50.0.xxx: Quando usados na NL, estes A tabela de eventos tem por objetivo substituir a
eventos não aparecem de forma individual, exceto os da apresentação convencional de um plano de contas, parti-
classe 54. Eles representam partidas contábeis de débitos cularmente no que diz respeito à correspondência entre
(classes 51, 53 e 55) e créditos (52 e 56). as contas.

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Conhecimentos Específicos
b) Validação de Documentos no SIAFI: de resultado, e a documentação precisa que permite
compreender a estrutura patrimonial e os resultados
O Sistema Integrado de Administração Financeira
econômicos e financeiros de um período fiscal específi-
(SIAFI) só validará documentos de entrada de dados, em
co. Neste contexto, a contabilidade não só aborda os
termos contábeis, se estes estiverem acompanhados dos
eventos ligados à gestão financeira e patrimonial, mas
eventos que, em sua totalidade, representem partidas do-
também cataloga os atos administrativos. Estes são defi-
bradas (total de débitos igual ao total de créditos).
nidos como eventos que, no momento de sua ocorrência,
c) Administração da Tabela de Eventos: não afetam imediatamente o patrimônio (bens, direitos a
receber, obrigações a pagar), mas têm potencial para
A tabela de eventos é uma parte integral do plano
causar alterações futuras, como a assinatura de um con-
de contas da administração pública federal. A Coordena-
trato de aquisição de serviços. Inicialmente, os atos ad-
ção-Geral de Contabilidade da Secretaria do Tesouro ministrativos não geram obrigações a pagar, mas essas
Nacional (STN) é o órgão responsável pela administra- podem surgir com a execução do contrato. Esta eventua-
ção da Tabela de Eventos.
lidade deve ser registrada contabilmente. Assim, os atos
administrativos são registrados em contas de controle,
5. CONTABILIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS FA- separadas das contas comuns que representam bens, di-
TOS CONTÁBEIS: PREVISÃO DA RECEITA, FI- reitos e obrigações, e são baixados apenas após a con-
XAÇÃO DA DESPESA, DESCENTRALIZAÇÃO firmação de que o contrato foi encerrado por distrato ou
DE CRÉDITOS, LIBERAÇÃO FINANCEIRA, RE- cumprido parcial ou totalmente.
ALIZAÇÃO DA RECEITA E DESPESA
Já os fatos administrativos estão sempre associa-
A contabilidade, em sua essencial missão, dedica-se dos, desde o início, a um bem, um direito a receber ou
à coleta de dados com o objetivo primordial de gerenciar uma obrigação a pagar, como a compra de mercadorias,
e controlar o patrimônio de uma entidade. Essa função o pagamento de contas de utilidades ou o recebimento de
abrange a identificação e registro de todas as ocorrências receitas de serviços. Esses eventos são classificados com
que, no presente ou no futuro, possam influenciar o pa- base em seu impacto no patrimônio líquido. Se um fato
trimônio de forma qualitativa ou quantitativa. Tais ocor- administrativo não altera o valor do patrimônio líquido,
rências, uma vez identificadas e registradas, são conhe- ele é considerado um fato permutativo, caracterizado
cidas como fatos contábeis. Isso inclui tanto os atos ad- por uma simples troca de qualidades patrimoniais, como
ministrativos - aqueles ainda não concretizados financei- na compra de mercadorias à vista (troca de dinheiro por
ramente, quanto os fatos administrativos - que já se refle- bens). Em contrapartida, se o fato administrativo altera
tiram financeiramente, ambos essenciais para uma con- o valor do patrimônio líquido, ele é classificado como fa-
tabilidade eficaz e abrangente. to modificativo, que pode ser aumentativo ou diminuti-
Os artigos 85, 89, 100 e 104 da Lei n. 4.320/1964 vo.
dispõem o seguinte sobre o tema “Da Contabilidade”: Vejamos os seguintes exemplos:
Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organi- • Fato modificativo aumentativo: recebimento
zados de forma a permitirem o acompanhamento da exe- de receita de serviços (em que há entrada de di-
cução orçamentária, o conhecimento da composição pa- nheiro por obtenção de uma receita).
trimonial, a determinação dos custos dos serviços indus- • Fato modificativo diminutivo: pagamento de
triais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a despesa de serviços (em que há saída de dinhei-
interpretação dos resultados econômicos e financeiros ro pela execução de uma despesa).
[...]
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos liga- Compreenda que a receita sempre caracterizará um
dos à administração orçamentária, financeira, patri- fato modificativo aumentativo e a despesa sempre carac-
monial e industrial [...] terizará um fato modificativo diminutivo.
Art. 100. As alterações da situação líquida patri- Mas não se trata apenas de um fato ou outro. Há
monial, que abrangem os resultados da execução orça- ainda os fatos mistos, que representam a combinação de
mentária, bem como as variações independentes dessa fatos permutativos com modificativos simultaneamente,
execução e as superveniências e insubsistências ativas e como é o caso de pagamento de uma dívida com juros,
passivas, constituirão elementos da conta patrimonial no qual ocorre a troca de dinheiro por dívida – parte
[...] permutativa do fato misto – e também uma saída adicio-
Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimo- nal de dinheiro para pagamento dos juros – parte modifi-
niais evidenciará as alterações verificadas no patrimô- cativa do fato. Em virtude disso e da necessidade de con-
nio, resultantes ou independentes da execução orça- trolar o orçamento público, este, como vimos, também
mentária, e indicará o resultado patrimonial do exercí- objeto da CASP, os fatos contábeis podem ser classifica-
cio. (BRASIL, 1964, grifo nosso). dos, como indica Mota (2012, p. 253), em:
Portanto, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público • Fatos contábeis oriundos de atos administra-
(CASP) deve ir além dos registros puramente orçamentá- tivos orçamentários (dependem do orçamen-
rios, englobando também a clara exposição dos eventos to): previsão da receita, dotação da despesa etc.
associados à gestão financeira e patrimonial. Isso inclui a
identificação dos fatos modificativos, que afetam a conta

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Conhecimentos Específicos
• Fatos contábeis oriundos de atos administra- material de consumo do almoxarifado, depreciação e
tivos não orçamentários (independem do or- amortização.
çamento): assinatura de contrato, concessão de
Alguns fatos administrativos orçamentários estão
fianças ou avais etc.
diretamente relacionados ao movimento de recursos fi-
• Fatos contábeis oriundos de fatos adminis- nanceiros próprios, como valores em dinheiro e direitos
trativos orçamentários (dependem do orça- sobre saldos bancários. Um exemplo é a realização de
mento): arrecadação da receita, liquidação da receita à vista e despesa orçamentária, que, mesmo sendo
despesa etc. registrada pelo regime de competência, pode ser efetuada
com pagamento à vista, como no caso do pagamento de
• Fatos contábeis oriundos de fatos adminis- taxas cartoriais, envolvendo assim recursos financeiros.
trativos não orçamentários (independem do Recursos financeiros pertencentes a terceiros, temporari-
orçamento): recebimento de bens em doação, amente depositados em um órgão, resultam em fatos ex-
baixa do almoxarifado por consumo, etc. traorçamentários, como recebimentos e devoluções de
• Previsão da Receita: Este processo envolve es- cauções em dinheiro, pagamento de restos a pagar, entre
timar as receitas futuras. Em um contexto go- outros.
vernamental, isso pode incluir impostos e ou- É importante notar que um fato administrativo é
tras fontes de receita. Nas empresas, trata-se de considerado orçamentário quando envolve recursos fi-
prever as vendas e outros ingressos. nanceiros públicos, ou seja, aqueles que pertencem a ór-
• Fixação da Despesa: Refere-se ao estabeleci- gãos e entidades do setor público. Isso inclui o recebi-
mento de um orçamento para as despesas. No mento de recursos financeiros referentes à receita orça-
governo, isso envolve a alocação de fundos pa- mentária e o pagamento de despesas públicas. Por outro
ra diferentes departamentos e projetos. Nas em- lado, um ato administrativo é classificado como orça-
presas, é o planejamento de gastos operacionais mentário quando não envolve recursos financeiros dire-
e de capital. tos, como o registro de previsão da receita orçamentária,
a alocação de dotações para despesas orçamentárias, a
• Descentralização de Créditos: No âmbito go- descentralização de dotações, emissão de empenho e
vernamental, isso pode significar a distribuição seus respectivos cancelamentos.
de fundos orçamentários para diferentes agên-
cias ou departamentos. Nas empresas, pode en- 6. BALANCETE: CARACTERÍSTICAS, CON-
volver a alocação de orçamento para diferentes TEÚDO E FORMA
unidades ou departamentos.
6.1. Conceitos
• Liberação Financeira: Este termo se refere à
autorização e disponibilização de fundos con- O Balancete de verificação consiste na relação das
forme necessário. No governo, isso pode ser a contas (patrimoniais e de resultado) com seus respecti-
liberação de fundos para projetos específicos. vos saldos contábeis. Através do Balancete é possível se
Nas empresas, é a liberação de fundos para chegar a vários resultados importantes para a Contabili-
despesas operacionais ou investimentos. dade de uma empresa num dado período, bem como ela-
borar outros demonstrativos contábeis importantes.
• Realização da Receita: Este passo envolve o
É um demonstrativo auxiliar de caráter não obriga-
efetivo recebimento das receitas previstas. No
tório, que relaciona os saldos das contas remanescentes
contexto governamental, isso inclui a coleta de
no diário. Por este método cada débito deverá correspon-
impostos e taxas. Nas empresas, é a receita ob-
der a um crédito de mesmo valor, cabendo ao balancete
tida de vendas ou serviços.
verificar se a soma dos saldos devedores é igual à soma
• Realização da Despesa: Refere-se ao processo dos saldos credores.
de efetivamente incurring e pagando despesas.
O balancete de verificação serve como uma ferra-
Isso pode incluir tudo, desde custos operacio-
menta crucial para identificar inconsistências na escritu-
nais até investimentos em projetos de longo
ração contábil, embora não consiga detectar todos os er-
prazo, tanto no governo quanto nas empresas.
ros possíveis. Erros derivados da aplicação inadequada
No âmbito da contabilidade, além dos fatos contá- do método das partidas dobradas ou de transposição in-
beis orçamentários que abrangem processos relacionados correta de contas do Livro Razão podem ser capturados.
à receita orçamentária (como o registro da previsão e da Contudo, se, por exemplo, a conta Clientes deveria ser
arrecadação/recolhimento) e à despesa orçamentária (in- debitada, mas a conta Caixa é debitada erroneamente, o
cluindo o registro da dotação, sua descentralização, em- balancete não reconhecerá essa falha. Ele também não
penho, liquidação e pagamento), existem também os fa- destaca omissões de lançamentos, lançamentos duplica-
tos contábeis extraorçamentários. Estes últimos não en- dos e inversões de lançamentos.
volvem receitas e despesas previstas na Lei Orçamentá-
Erros que podem ser identificados no balancete de
ria Anual (LOA) e incluem operações como o recebi-
verificação incluem:
mento de recursos de terceiros, inscrição da dívida ativa,
pagamento ou cancelamento de restos a pagar, baixa de • Lançamentos registrados apenas a débito, sem o
crédito correspondente;
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Conhecimentos Específicos
• Debitar ou creditar ambas as contas, ao invés de 2. O grau de detalhamento do Balancete deverá ser
debitar uma e creditar a outra; consentâneo com sua finalidade;
• Registro de um débito, enquanto o crédito foi 3. Os elementos mínimos que devem constar do Ba-
lançado por um valor duas vezes maior que o lancete são:
crédito; a) identificação da Entidade;
• Registrar em uma conta de natureza devedora, b) data a que se refere;
um valor que a torne com saldo credor (por c) abrangência;
exemplo, saldo credor de caixa, o que não é d) identificação das contas e respectivos grupos;
permitido). e) saldos das contas, indicando se devedores ou cre-
dores;
Balancete de Verificação Inicial ou Preparatório: f) soma dos saldos devedores e credores.
Este balancete engloba todas as contas de resultado (Re-
ceitas e Despesas) e contas patrimoniais (Bens, Direitos, 4. O Balancete que se destinar a fins externos à En-
Obrigações, Patrimônio Líquido, Contas Retificadoras tidade deverá conter nome e assinatura do contabilista
do Ativo e do Passivo), sendo elaborado antes da Apura- responsável, sua categoria profissional e o número de re-
ção do Resultado do Exercício (ARE). Representa o pon- gistro no CRC.
to de partida para os demonstrativos contábeis. 5. O Balancete deve ser levantado, no mínimo,
mensalmente.”
Balancete Ajustado ou de Verificação Final: Esse
balancete inclui apenas contas Patrimoniais, e as contas Dado o exposto, cabem algumas considerações per-
de resultado são encerradas em contrapartida com a con- tinentes acerca do Balancete:
ta de Apuração do Resultado do Exercício, sendo trans- • No Balancete de Verificação são listadas todas as
ferida para o Patrimônio Líquido ou Prejuízos Acumula- contas, sejam elas patrimoniais ou de resultado;
dos, dependendo do resultado na ARE. Este balancete • O saldo de cada conta é representado de acordo
serve como base para a elaboração do balanço patrimo- com sua natureza, e não apenas de acordo com o
nial. grupo a que pertence;
O balancete de verificação é uma lista ordenada dos • O Balancete é uma ferramenta importantíssima
saldos das contas do RAZÃO, apresentando uma coluna para a apuração do resultado econômico, bem co-
para os saldos devedores e outra para os saldos credores. mo para a elaboração do Balanço Patrimonial;
Existem diversos formatos de balancete, variando de 2 a • Há várias maneiras de se apresentar um Balancete
8 colunas. Quanto maior o número de colunas, mais de- de Verificação. É possível representá-lo com os
talhada será a informação apresentada. Comumente, os saldos iniciais de cada conta (devedor ou credor) e
com os respectivos movimentos no período (débi-
formatos de 2 e 4 colunas são os mais utilizados na prá-
tos e créditos), ou simplesmente com os saldos fi-
tica administrativa.
nais das contas (devedor ou credor). Este último
caso é o mais comum e também o mais prático.
6.2. Elementos essenciais que devem constar no
balancete:
Vejamos dois desses modelos:
a) Identificação da Entidade; MODELO 1
b) Data de referência; Movimento Saldo
Contas DÉBI- CRÉDI- CRE-
c) Abrangência; TOS TOS
DEVEDOR
DOR
d) Identificação das contas e respectivos grupos; 45.000,0
Caixa 40.000,00 5.000,00
e) Saldos das contas, indicando se são devedores ou 0
credores; 34.000,0
Bancos 9.000,00 25.000,00
f) Soma dos saldos devedores e credores. 0
24.000,0
Veículos 24.000,00
0
Para balancetes destinados a públicos externos à en- Duplicatas a 24.000,0
24.000,00
tidade, é necessário incluir o nome e a assinatura do con- pagar 0
tabilista responsável, sua categoria profissional e número Capital Soci- 40.000,0
40.000,00
al 0
de registro no CRC. O balancete deve ser elaborado, no
Vendas 5.000,00 5.000,00
mínimo, mensalmente. 14.000,0
Compras 14.000,00
0
6.3. Técnicas de elaboração Aluguéis 1.000,00 1.000,00
118.000, 69.000,0
Segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade, TOTAIS 118.000,00 69.000,00
00 0
na NBC T.2.7 – Do Balancete, observamos os seguintes valores em reais (R$)
critérios técnicos: Observe nesse tipo de balancete que são listados os
NBC T.2.7 – Do Balancete: movimentos de cada conta, além dos seus respectivos
saldos finais.
“1. O Balancete de Verificação do Razão é a relação
de contas, com seus respectivos saldos, extraídos do Ra-
zão em determinada data;

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Conhecimentos Específicos
MODELO 2 partes externas, que estabelece ou aumenta a participa-
Saldo ção delas no patrimônio líquido da entidade e que estabe-
Contas leça vantagem financeira sobre o patrimônio líquido da
DEVEDOR CRÉDOR
Caixa 5.000,00
entidade, a qual:
Bancos 25.000,00 (a) dá direito a (i) distribuições de benefícios
Veículos 24.000,00 econômicos futuros ou potencial de serviços pela entida-
Duplicatas a pagar 24.000,00 de durante sua vida, quando assim decidido pelos propri-
Capital Social 40.000,00 etários ou seus representantes e (ii) distribuições de
quaisquer ativos líquidos excedentes, no caso de a enti-
Vendas 5.000,00
dade cessar suas atividades; e/ou
Compras 14.000,00
Aluguéis 1.000,00 (b) pode ser vendida, trocada, transferida ou resga-
TOTAIS 69.000,00 69.000,00 tada.
Valores em reais (R$) Distribuição aos proprietários corresponde à saída
Note que tanto no modelo 1 como no modelo 2 po- de recursos da entidade a título de distribuição a partes
demos observar contas patrimoniais e contas de resulta- externas, que representa retorno sobre a participação ou a
do. redução dessa participação no patrimônio líquido da en-
tidade.
Entidade econômica é um grupo de entidades que
7. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: inclui a entidade controladora e suas controladas.
A NBCT TSP 11 trata das definições e da apresen- Despesa corresponde a diminuições na situação pa-
tação das Demonstrações Contábeis. O conteúdo da trimonial líquida da entidade não oriunda de distribui-
NBCT TSP 11 deve ser aplicado em todas as demonstra- ções aos proprietários.
ções contábeis elaboradas e de acordo com o regime de
competência e com as NBCs TSP. Aplicação impraticável de exigência ocorre quando
a entidade não pode aplicá-la depois de ter feito todos os
As demonstrações contábeis devem ser apresenta- esforços razoáveis nesse sentido.
das para assegurar a comparabilidade tanto com as de-
monstrações contábeis de períodos anteriores da mesma Passivo é uma obrigação presente, derivada de
entidade quanto com as de outras entidades. Assim, de- evento passado, cuja extinção deva resultar na saída de
verão ser observadas exigências gerais para a apresenta- recursos da entidade.
ção, bem como diretrizes quanto à sua estrutura e às exi- Omissões ou distorções materiais de itens das de-
gências mínimas para o seu conteúdo. monstrações contábeis quando, individual ou coletiva-
Consideram-se como usuários das demonstrações mente, puderem influenciar as decisões que os usuários
contábeis os contribuintes, parlamentares, credores, for- das demonstrações contábeis tomam com base nessas
necedores, mídia e empregados, entre outros. demonstrações. A materialidade depende da dimensão e
da natureza da omissão ou da distorção julgada à luz das
A NBCT TSP 11 aplica-se a todas as entidades, in- circunstâncias a que está sujeita. A dimensão ou a natu-
clusive àquelas que apresentam demonstrações contábeis reza do item, ou a combinação de ambas, pode ser o fator
consolidadas, de acordo com a NBC TSP 17 – Demons- determinante para a definição da materialidade.
trações Contábeis Consolidadas, e demonstrações contá-
beis separadas, de acordo com a NBC TSP 16 – De- Patrimônio líquido corresponde à participação resi-
monstrações Contábeis Separadas. dual nos ativos da entidade após deduzir todos os seus
passivos.
Confira-se as definições apresentadas pela referida
Norma: Notas explicativas contêm informação adicional em
relação àquela apresentada nas demonstrações contábeis.
Regime de competência é o regime contábil segun- As notas explicativas oferecem descrições narrativas ou
do o qual transações e outros eventos são reconhecidos detalhamentos de itens divulgados nessas demonstrações
quando ocorrem (não necessariamente quando caixa e e informação sobre itens que não se enquadram nos crité-
equivalentes de caixa são recebidos ou pagos). Portanto, rios de reconhecimento nas demonstrações contábeis.
as transações e os eventos são registrados contabilmente
e reconhecidos nas demonstrações contábeis dos perío- Receita corresponde a aumentos na situação patri-
dos a que se referem. Os elementos reconhecidos, de monial líquida da entidade não oriundos de contribuições
acordo com o regime de competência, são ativos, passi- dos proprietários.
vos, contribuições dos proprietários, distribuições aos
proprietários, receitas e despesas. Para fins da referida norma:

Ativo é um recurso controlado no presente pela en- (a) instrumento financeiro com opção de venda, que
tidade como resultado de evento passado. inclui a obrigação contratual para o emissor de recom-
prar ou resgatar esse instrumento em troca de caixa ou
Contribuição dos proprietários corresponde à entra- outro ativo financeiro no período da opção de venda, é
da de recursos para a entidade a título de contribuição de classificado como instrumento patrimonial;
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Conhecimentos Específicos
(b) instrumento que impõe à entidade a obrigação dos pela continuidade das operações e os riscos e as in-
de entregar a outra parte uma parcela pro rata dos ativos certezas a elas associadas;
líquidos apenas em caso de extinção da entidade é classi- g) os recursos obtidos e utilizados de acordo com o
ficado como instrumento patrimonial. orçamento aprovado;
h) os recursos obtidos e utilizados de acordo com as
Entidade econômica exigências legais e contratuais, inclusive os limites fi-
nanceiros estabelecidos por autoridades competentes.
O termo “entidade econômica” é utilizado nesta
norma para definir, para fins de demonstrações contá-
Além disso, as demonstrações contábeis compreen-
beis, um grupo de entidades que inclui a entidade contro-
dem as informações da entidade sobre os ativos, passi-
ladora e quaisquer entidades controladas.
vos, patrimônio líquido, receitas, despesas, eventuais al-
Outros termos algumas vezes utilizados para se re- terações no patrimônio líquido e nos fluxos de caixa.
ferir a uma entidade econômica incluem entidade admi-
A responsabilidade pela elaboração e apresentação
nistrativa, entidade financeira, entidade consolidada e
das demonstrações contábeis do governo e de outras en-
grupo.
tidades do setor público cabe, normalmente, a uma de-
A entidade econômica pode incluir entidades com terminada autoridade definida pela legislação.
objetivos direcionados a políticas sociais e objetivos co-
O conjunto de demonstrações contábeis compreen-
merciais. Por exemplo, a secretaria de habitação pode ser
dem o balanço patrimonial, a demonstração do resul-
a entidade econômica que inclui entidades que fornecem
tado, a demonstração das mutações do patrimônio lí-
habitação a valor igual ou inferior ao custo, bem como
quido, a demonstração dos fluxos de caixa, demons-
entidades que fornecem moradia com fins comerciais.
tração das informações orçamentárias ou como colu-
na para o orçamento nas demonstrações contábeis,
Ativos
notas explicativas e informação comparativa com o
Os ativos são meios para que as entidades alcancem período anterior.
seus objetivos. Os ativos que são não geram diretamente
As demonstrações fornecem informações sobre re-
fluxos de caixa líquidos positivos são geralmente descri-
cursos, obrigações e fluxo dos recursos. Tais informa-
tos os que possuem potencial de serviços.
ções são úteis para avaliações sobre a capacidade de a
Ativos que geram fluxos de caixa líquidos positivos entidade continuar a fornecer bens e serviços a certo ní-
são geralmente descritos como os que contêm benefícios vel, bem como os recursos necessários que devem ser
econômicos futuros. fornecidos à entidade no futuro para que ela possa conti-
nuar a cumprir com suas obrigações de fornecer bens e
A materialidade refere-se
serviços.
Para fins contábeis, o Patrimônio líquido refere-se
As entidades do setor público que publicam seus
à mensuração residual no balanço patrimonial (ativo me-
orçamentos aprovados devem atender às exigências da
nos passivo). O patrimônio líquido pode ser positivo ou NBC TSP 13 – Apresentação de Informação Orçamentá-
negativo. Outros termos podem ser utilizados no lugar de ria nas Demonstrações Contábeis. Para as demais entida-
patrimônio líquido, desde que seu significado esteja cla-
des, a norma incentiva a inclusão da comparação entre o
ro.
orçamento aprovado e os valores realizados para o perí-
As demonstrações contábeis tratam da representa- odo a que se refere.
ção estruturada da situação patrimonial e do desempenho
Os relatórios referentes ao orçamento podem ser
da entidade, de forma a demonstrar a situação patrimoni- apresentados de diferentes maneiras, incluindo formato
al, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade que de colunas para as demonstrações contábeis, com colu-
seja útil a grande número de usuários em suas avalia-
nas separadas para valores orçamentários e valores reali-
ções, tomada de decisões sobre a alocação de recursos e
zados. Coluna mostrando quaisquer variações do orça-
responsabilização, bem como sobre:
mento ou na dotação também pode ser apresentada com
a) as fontes, as alocações e os usos de recursos fi- o fim de fornecer a informação completa. Além de di-
nanceiros; vulgação de que os valores orçados não foram excedidos.
b) como a entidade financiou suas atividades e co- Se quaisquer valores orçados ou dotações forem excedi-
mo supriu suas necessidades de caixa; dos, ou despesas forem incorridas sem dotação ou outra
c) avaliação da capacidade de a entidade financiar forma de autorização, então os detalhes devem ser divul-
suas atividades e cumprir com suas obrigações e com- gados por meio de nota explicativa sobre esse item rele-
promissos; vante nas demonstrações contábeis.
d) a condição financeira da entidade e suas altera- Considerações gerais
ções;
e) avaliação do desempenho da entidade em termos As demonstrações contábeis devem apresentar ade-
dos custos dos serviços, eficiência e cumprimento dos quadamente a situação patrimonial, o desempenho e os
seus objetivos; fluxos de caixa da entidade, o que exige a representação
f) informações úteis de recursos necessários pelas fidedigna dos efeitos das transações, outros eventos e
operações continuadas, os recursos que podem ser gera- condições, de acordo com as definições e critérios de re-

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Conhecimentos Específicos
conhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas exceto quando a apresentação baseada na liquidez pro-
como estabelecido nas NBCs TSP, tal conformidade de- porcionar informação que seja mais fidedigna e relevan-
verá ser declarado, de forma explícita e sem reservas, por te. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e
meio das notas explicativas. passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez.
Ademais, a apresentação adequada exige que a en- Ativo circulante
tidade i) selecione e aplique políticas contábeis de acor-
O ativo deve ser classificado como circulante quan-
do com orientações específicas de políticas contábeis; ii)
do satisfizer a qualquer dos critérios abaixo:
apresente informação, com suas políticas contábeis, de
forma a proporcionar informação relevante, representa- - espera-se que seja realizado, ou que seja mantido
ção fidedigna, compreensível, tempestiva, comparável e com a finalidade de ser vendido ou consumido curso
verificável; iii) forneça divulgações adicionais quando o normal do ciclo operacional da entidade;
cumprimento das exigências específicas forem insufici- - ativo mantido com a finalidade de ser negociado;
entes para a compreensão do impacto de determinadas - o ativo seja realizado em até doze meses após a
transações, eventos e condições sobre a situação patri- data das demonstrações contábeis; ou
monial e o desempenho da entidade. - o ativo seja caixa ou equivalente de caixa, a menos
que sua troca ou uso para pagamento de passivo se en-
A apresentação e a classificação de itens nas de-
contre vedada durante pelo menos doze meses após a da-
monstrações contábeis devem ser mantidas de um perío-
ta das demonstrações contábeis.
do para outro, salvo se evidente, após a alteração signifi-
cativa na natureza das operações da entidade ou após a Todos os outros ativos serão classificados como não
revisão, que outra apresentação ou classificação seja circulantes.
mais adequada, tendo em vista os critérios para a seleção
A norma utiliza o termo “ativo não circulante” para
e aplicação de políticas contábeis, conforme norma espe-
cífica; ou outra norma requerer alteração na apresenta- incluir ativos tangíveis, ativos intangíveis e ativos finan-
ção. ceiros de longo prazo. O ciclo operacional da entidade é
o tempo que se leva para converter entradas (inputs) ou
Ativos, passivos, receitas e despesas não devem ser recursos em saídas (outputs).
compensados, exceto quando exigido ou permitido por
Os ativos circulantes incluem ativos como impostos
NBC TSP. Ademais, a entidade deve informar separa-
a receber, taxas sobre os usuários a receber, multas e ta-
damente os ativos e os passivos, as receitas e as despe-
rifas regulatórias a receber, estoques e receitas de inves-
sas.
timentos reconhecidas pelo regime de competência e
Identificação das demonstrações contábeis ainda não recebidas) que são vendidos, consumidos ou
realizados como parte do ciclo operacional normal,
As demonstrações contábeis devem ser identifica-
mesmo quando não se espera que sejam realizados no
das claramente e distinguidas de outras informações que
período de até doze meses após a data das demonstrações
porventura conste no mesmo documento divulgado.
contábeis. Também incluem ativos essencialmente man-
Além disso, informações apresentadas abaixo devem ser
tidos com a finalidade de serem negociados (exemplos
divulgadas de forma destacada e repetida, quando neces-
incluem alguns ativos financeiros classificados como
sário:
“mantidos para negociação”) e a parcela circulante de
a) o nome da entidade às quais as demonstrações ativos financeiros não circulantes.
contábeis se referem ou outro meio que permita sua iden-
tificação, bem como qualquer alteração que possa ter Passivo circulante
ocorrido nessa identificação desde o término do período
O passivo deve ser classificado como circulante
anterior;
quando atender os critérios abaixo:
b) se as demonstrações contábeis se referem a uma
entidade individual ou a um grupo de entidades; • o passivo seja exigido durante o ciclo ope-
c) a data de encerramento do período a que se refe- racional normal da entidade;
rem ou o período a que se refere o conjunto das demons- • o passivo está mantido essencialmente para
trações contábeis; a finalidade de ser negociado;
d) a moeda de apresentação; e • o passivo deve ser exigido no período de até
e) o nível de arredondamento utilizado na apresen- doze meses após a data das demonstrações
tação dos valores nas demonstrações contábeis. contábeis; ou
As demonstrações contábeis devem ser apresenta- • a entidade não tem direito incondicional de
das ao menos anualmente (inclusive informação compa- diferir a liquidação do passivo durante pelo
rativa). menos doze meses após a data do balanço.
Todos os outros passivos devem ser classificados
como não circulantes.
7.1. Balanço patrimonial
A entidade deve classificar os seus passivos finan-
A entidade deve apresentar ativos circulantes e não ceiros como circulante quando o seu pagamento estiver
circulantes e passivos circulantes e não circulantes, como previsto para o período de até doze meses após a data das
grupos de contas separados no seu balanço patrimonial, demonstrações contábeis, mesmo que o prazo original
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Conhecimentos Específicos
para sua liquidação tenha sido por período superior a do- a) para cada classe de ações do capital:
ze meses; e acordo de refinanciamento ou de reescalo-
i) a quantidade de ações autorizadas;
namento de pagamentos de longo prazo seja completado ii) a quantidade de ações subscritas e inteiramente in-
após a data das demonstrações contábeis e antes das de- tegralizadas, e subscritas mas não integralizadas;
monstrações contábeis serem autorizadas para sua divul- iii) o valor nominal por ação, ou informar que as ações
gação. não têm valor nominal;
O balanço patrimonial deve incluir, no mínimo, iv) a conciliação entre as quantidades de ações em cir-
os seguintes itens que apresentam valores: culação no início e no fim do período;
v) os direitos, as preferências e as restrições associados
a) ativo imobilizado; a essa classe de ações, incluindo restrições na distribuição
b) propriedade para investimento; de dividendos e no reembolso de capital;
c) ativo intangível; vi) ações ou quotas da entidade mantidas pela própria
d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas entidade (ações ou quotas em tesouraria) ou por controladas
alíneas (e), (g), (h) e (i)); ou coligadas; e
e) investimentos avaliados pelo método da equiva- vii) ações reservadas para emissão em função de op-
lência patrimonial; ções e contratos para a venda de ações, incluindo os prazos
f) estoques; e respectivos montantes; e
g) valores a receber de transação sem contrapresta- b) a descrição da natureza e da finalidade de cada re-
ção (impostos e transferências); serva dentro do patrimônio líquido.
h) contas a receber de transação com contrapresta-
ção; Demonstração do resultado
i) caixa e equivalentes de caixa; Superávit ou Déficit
j) tributos e transferências a pagar;
k) contas a pagar oriundas de transação com contra- Todos os itens de receita e de despesa reconhecidos no
prestação; período contábil devem ser incluídos no resultado, a menos
l) provisões; que outra norma requeira tratamento diferente.
m) passivos financeiros (exceto os mencionados nas No mínimo, a demonstração do resultado deve incluir
alíneas (j), (k) e (l)); itens que apresentam os seguintes valores do período contá-
(n) participação de não controladores apresentada bil:
de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e
a) receita;
(o) patrimônio líquido atribuíveis aos proprietários b) despesa;
da entidade controladora. c) parcela do resultado de coligadas, controladas e em-
preendimento controlado em conjunto mensurada pelo mé-
Contas adicionais, cabeçalhos e subtotais devem ser todo da equivalência patrimonial;
apresentados no balanço patrimonial sempre que tais d) ganhos ou perdas antes dos tributos reconhecidos na
apresentações sejam relevantes para o entendimento da alienação de ativos ou pagamento de passivos relativos a
posição financeira e patrimonial da entidade. operações em descontinuidade; e
A entidade deve divulgar, no balanço patrimonial e) resultado do período.
ou nas notas explicativas, detalhamentos adicionais às
Os itens a seguir devem ser divulgados na demonstra-
rubricas apresentadas (subclassificações), classificadas
ção do resultado como alocações do resultado do período:
de forma adequada às operações da entidade.
a) resultado atribuível aos acionistas não controlado-
Os componentes do patrimônio líquido devem ser res; e
segregados em capital integralizado, resultados acumu- b) resultado atribuível aos acionistas controladores da
lados e quaisquer reservas. entidade.
Quando a entidade não possui capital representado
Outros itens e contas, títulos e subtotais devem ser
por ações, deve divulgar o patrimônio líquido no balanço apresentados na demonstração do resultado quando tal apre-
patrimonial ou nas notas explicativas, demonstrando se- sentação for relevante para a compreensão do desempenho
paradamente: financeiro da entidade.
a) o capital integralizado, consistindo do valor total A entidade deve apresentar, na demonstração do resul-
acumulado, na data das demonstrações contábeis, das tado ou nas notas explicativas, o detalhamento do total das
contribuições dos proprietários menos as distribuições receitas, cuja classificação esteja de acordo com as opera-
aos proprietários; ções da entidade.
b) resultados acumulados; A entidade deve apresentar, na demonstração do re-
c) reservas, incluindo descrição da natureza e fina- sultado ou nas notas explicativas, a análise das despesas
lidade de cada reserva dentro do patrimônio líquido; e utilizando o detalhamento baseado na sua natureza ou na
d) participação dos não controladores. sua função dentro da entidade, devendo selecionar o cri-
tério que proporcionar informação que seja fidedigna e
Quando a entidade possui seu capital representado mais relevante.
por ações, deve divulgar também as seguintes informa-
ções no balanço patrimonial ou nas notas explicativas:

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Conhecimentos Específicos
Demonstração das mutações do patrimônio lí- b) divulgar a informação requerida pelas NBCs TSP
quido que não tenha sido apresentada no balanço patrimonial,
na demonstração do resultado, na demonstração das mu-
A demonstração das mutações do patrimônio líqui-
tações do patrimônio líquido e na demonstração dos flu-
do, deve conter:
xos de caixa; e
a) resultado do período; c) prover informação adicional que não tenha sido
b) itens de receita e de despesa do período que, con- apresentada no balanço patrimonial, na demonstração do
forme exigido por outras NBCs TSP, seja reconhecido resultado, na demonstração das mutações do patrimônio
diretamente no patrimônio líquido e o total desses itens; líquido e na demonstração dos fluxos de caixa, mas que
c) total de receitas e de despesas do período (calcu- seja relevante para a compreensão de quaisquer dessas
lados como a soma das alíneas (a) e (b)), demonstrando demonstrações contábeis.
separadamente o valor total atribuível aos proprietários
da entidade controladora e o valor correspondente à par- Normalmente são apresentadas pela ordem a seguir,
ticipação de não controladores; e com a finalidade de auxiliar os usuários a compreender
d) para cada componente do patrimônio líquido di- as demonstrações contábeis e compará-las com demons-
vulgado separadamente, os efeitos das alterações nas po- trações contábeis de outras entidades:
líticas contábeis e da correção de erros.
a) declaração de conformidade com as NBCs TSP;
b) resumo das políticas contábeis significativas
Também deve apresentar, na demonstração das mu-
aplicadas;
tações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas:
c) informação de suporte sobre itens apresentados
a) valores das transações com os proprietários agin- no balanço patrimonial, na demonstração do resultado,
do na sua capacidade de detentores do capital próprio da na demonstração das mutações do patrimônio líquido e
entidade, demonstrando separadamente as distribuições na demonstração dos fluxos de caixa pela mesma ordem
para os proprietários; em que cada demonstração e cada item são apresentados;
b) saldo de resultados acumulados no início do pe- e
ríodo e na data-base da demonstração e as alterações du- d) outras divulgações, incluindo:
rante o período; e i) passivos contingentes e compromissos contratuais
c) na medida em que componentes do patrimônio não reconhecidos; e
líquido são divulgados separadamente, a conciliação en- ii) divulgações não financeiras.
tre o valor contábil de cada componente do patrimônio
Observa-se que as notas explicativas que proporci-
líquido no início e no final do período, divulgando sepa-
onam informação acerca da base para a elaboração das
radamente cada alteração.
demonstrações contábeis e as políticas contábeis especí-
As alterações no patrimônio líquido da entidade en- ficas podem ser apresentadas como componente separa-
tre duas datas das demonstrações contábeis refletem o do das demonstrações contábeis.
aumento ou a redução do patrimônio líquido durante o
período. Base de elaboração das demonstrações contábeis
A alteração total do patrimônio líquido durante um As demonstrações contábeis obedecem às NBCs
período representa o valor total do resultado desse perío- TSP no que diz respeito ao regime de competência. A
do, adicionado a outras receitas e despesas reconhecidas base de mensuração adotada é o custo histórico ajustado
diretamente como alterações no patrimônio líquido (sem para a reavaliação de ativos.
passar pelo resultado do período), junto com qualquer
contribuição dos proprietários e deduzindo-se as distri- Demonstração dos fluxos de caixa
buições para os proprietários agindo na sua capacidade
A demonstração dos fluxos de caixa será apresenta-
de detentores do capital próprio da entidade.
da em conformidade com as exigências das normas bra-
sileiras de contabilidade aplicada ao setor público e co-
Demonstração dos fluxos de caixa
mo parte integrante das demonstrações contábeis divul-
As demonstrações dos fluxos de caixa proporcio- gadas ao final de cada período.
nam aos usuários base para avaliar a capacidade da enti-
A informação sobre fluxos de caixa da entidade é
dade para gerar caixa e seus equivalentes e as necessida-
útil ao auxiliar usuários a prever futuras necessidades de
des da entidade para utilizar esses fluxos de caixa. A
caixa, a capacidade de gerar fluxos de caixa no futuro, e
NBC TSP 12 estabelece as exigências para a apresenta-
a capacidade de financiar mudanças no alcance e na na-
ção da demonstração dos fluxos de caixa e divulgações
tureza de suas atividades.
relacionadas.
Além disso, a entidade pode demonstrar o cumpri-
Notas explicativas
mento dos requisitos exigidos pelo processo de prestação
As notas explicativas devem: de contas e responsabilização referentes às entradas e às
saídas de caixa ocorridas durante o período a que se refe-
a) apresentar informação acerca da base para a ela-
rem às demonstrações contábeis.
boração das demonstrações contábeis e das políticas con-
tábeis específicas utilizadas.

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Conhecimentos Específicos
Confira-se os termos utilizados e seus significados: jeção quanto à não apresentação de demons-
trações contábeis consolidadas pela entida-
• Caixa compreende numerário em espécie e de;
depósitos bancários disponíveis.
• os instrumentos de dívida ou patrimoniais
• Equivalentes de caixa são aplicações finan- não são negociados em mercado aberto
ceiras de curto prazo, de alta liquidez, que (bolsa de valores nacional ou estrangeira, ou
são prontamente conversíveis em valor co- mercado de balcão, incluindo mercados lo-
nhecido de caixa e que estão sujeitas a in- cais e regionais);
significante risco de mudança de valor.
• a entidade não arquivou ou não está em pro-
• Fluxos de caixa são as entradas e as saídas cesso de arquivamento de suas demonstra-
de caixa e de equivalentes de caixa. ções contábeis em comissão de valores mo-
• Controle: a entidade controla outra entidade biliários ou outro órgão regulador, visando à
quando está exposta ou tem direitos a bene- emissão de qualquer classe de instrumentos
fícios variáveis de seu envolvimento com a em mercado aberto; e
entidade controlada e tem a capacidade de • a controladora final ou qualquer controlado-
afetar a natureza e o montante desses bene- ra intermediária da entidade elabora de-
fícios por meio de seu poder sobre essa en- monstrações contábeis, disponíveis ao pú-
tidade. blico, em conformidade com as NBCs TSP,
• Atividades de financiamento são aquelas em que as controladas são consolidadas ou
que resultam em mudanças no tamanho e na são mensuradas ao valor justo por meio do
composição do capital próprio e no endivi- resultado de acordo com esta norma.
damento da entidade.
• Atividades de investimento são as referentes Controladora que é entidade de investimento não
à aquisição e à venda de ativos de longo deve apresentar demonstrações contábeis consolidadas se
prazo e de outros investimentos não incluí- estiver obrigada a mensurar todas as suas controladas ao
dos em equivalentes de caixa. valor justo por meio do resultado.
• Atividades operacionais são as atividades da A entidade controlada não deve ser excluída da
entidade que não as de investimento e de fi- consolidação porque suas atividades não são similares às
nanciamento. das outras entidades da entidade econômica. As informa-
• Data das demonstrações contábeis é a data ções correspondentes devem ser fornecidas pela consoli-
do último dia do período ao qual as demons- dação de tais entidades controladas e pela divulgação de
trações contábeis se referem. informações adicionais nas demonstrações contábeis
consolidadas sobre as diferentes atividades das controla-
Patrimônio líquido das.
Trata da mensuração residual no balanço patrimoni- A seguir, definições importantes:
al (ativo menos passivo). O PL pode ser positivo ou ne-
gativo. • Demonstrações contábeis consolidadas são
as demonstrações contábeis de entidade
Consolidação das demonstrações contábeis econômica em que ativos, passivos, patri-
mônio líquido, receitas, despesas e fluxos de
A NBC TSP 17 trata dos critérios para a apresenta- caixa da entidade controladora e de suas
ção e elaboração de Demonstrações Contábeis Consoli- controladas são apresentados como se fos-
dadas quando a entidade controla uma ou mais entidades. sem de uma única entidade econômica.
A consolidação das demonstrações contábeis não se • Controle: a entidade controla outra entidade
confunde com a consolidação para fins de prestação de quando está exposta ou tem direitos, a bene-
contas, bem como com a consolidação das contas, nacio- fícios variáveis decorrentes de seu envolvi-
nal e por esfera de governo, exigidas pela legislação bra- mento com essa outra entidade e tem a ca-
sileira. pacidade de afetar a natureza ou o valor
desses benefícios por meio de seu poder so-
Assim, a entidade que seja controladora deve apre- bre ela.
sentar demonstrações consolidadas. A norma se aplica a • Controlada é a entidade que é controlada
todas as entidades, salvo no caso em que a controladora por outra entidade.
não necessitar apresentar demonstrações contábeis con- • Controladora é a entidade que controla uma
solidadas, se atender a todas as condições abaixo: ou mais controladas.
• a controladora, em si, é entidade controlada • Tomador de decisões é a entidade com di-
e as necessidades de informações dos usuá- reitos de tomada de decisões que seja prin-
rios são atendidas pelas demonstrações con- cipal ou agente de outras partes.
tábeis consolidadas de sua controladora, e, • Entidade econômica é a controladora e to-
no caso de controle parcial, todos os outros das as suas controladas.
proprietários, inclusive aqueles sem direito • Entidade de investimento é a entidade que:
a voto, foram informados e não fizeram ob-

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Conhecimentos Específicos
(a) obtém recursos de um ou mais investido- Assim, os entes públicos estão obrigados à publica-
res com o intuito de prestar a esses in- ção da lei orçamentária anual, por força de dispositivo
vestidores serviços de gestão de inves- constitucional e disposições da Lei n. 4.320/1964.
timentos;
O Balanço Orçamentário atende aos objetivos pre-
(b) tem o propósito de investir recursos ex-
vistos na NBC TSP 13 e, deve, tanto quanto possível,
clusivamente para retornos de valoriza-
observar o disposto naquela norma. Para a sua elabora-
ção de capital, receitas de investimento,
ção deverão ser observadas ainda as disposições da NBC
ou ambos; e
TSP 11 da legislação aplicável.
(c) mensura e avalia o desempenho de subs-
tancialmente todos os seus investimen- O Balanço Orçamentário compõe-se de:
tos com base no valor justo.
a. Quadro Principal;
• Participação de não controlador é a parte do b. Quadro da Execução dos Restos a Pagar Não
patrimônio líquido da controlada não atribu- Processados; e
ível, direta ou indiretamente, à controladora. c. Quadro da Execução dos Restos a Pagar Proces-
• Poder são direitos existentes que dão a ca- sados.
pacidade atual de dirigir as atividades rele-
Deve demonstrar as receitas detalhadas por catego-
vantes de outra entidade.
ria econômica e origem, especificando a previsão inicial,
• Direitos de proteção são direitos destinados a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada
a proteger o interesse da parte que os detém, e o saldo, que corresponde ao excesso ou insuficiência
sem dar a essa parte poder sobre a entidade de arrecadação, bem como as despesas por categoria
à qual esses direitos se referem. econômica e grupo de natureza da despesa, discriminan-
• Atividades relevantes são atividades da con- do a dotação inicial, a dotação atualizada para o exercí-
trolada que afetam significativamente a na- cio, as despesas empenhadas, as despesas liquidadas, as
tureza ou o valor dos benefícios que a enti- despesas pagas e o saldo da dotação.
dade controladora recebe decorrentes de seu
envolvimento com a controlada. A Lei n. 4.320/1964, em seu art. 102, estabelece
• Direitos de destituição são direitos de privar que “o Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e
o tomador de decisões de sua autoridade de despesas previstas em confronto com as realizadas”.
tomada de decisões. Ressalta-se, ainda, a necessidade de utilização de
notas explicativas para eventuais esclarecimentos sobre a
Demonstração das Variações Patrimoniais utilização do superávit financeiro e de reabertura de cré-
A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) ditos especiais e extraordinários, bem como suas in-
evidencia alterações no patrimônio, resultantes ou inde- fluências no resultado orçamentário, de forma a possibi-
pendentes da execução orçamentária, e indica o resultado litar a correta interpretação das informações.
patrimonial do exercício. O resultado patrimonial é apu- Logo, o Balanço Orçamentário deverá ser acompa-
rado na DVP pelo confronto entre as variações patrimo- nhado de notas explicativas que divulguem, ao menos:
niais quantitativas aumentativas e diminutivas. O valor
apurado compõe o saldo patrimonial do Balanço Patri- a. o regime orçamentário e o critério de classifica-
monial (BP) do exercício. ção adotados no orçamento aprovado;
b. o período a que se refere o orçamento;
O Demonstrativo é semelhante à Demonstração do c. as entidades abrangidas;
Resultado do Exercício (DRE) do setor privado. Contu- d. o detalhamento das receitas e despesas intraor-
do, no setor público, o resultado patrimonial não é um çamentárias, quando relevante; e. o detalhamento das
indicador de desempenho, mas um medidor do quanto o despesas executadas por tipos de créditos (inicial, su-
serviço público ofertado promoveu alterações quantitati- plementar, especial e extraordinário);
vas dos elementos patrimoniais. Ademais, a DVP deverá f. a utilização do superávit financeiro e da reabertu-
ser acompanhada de notas explicativas. ra de créditos especiais e extraordinários, bem como suas
influências no resultado orçamentário;
7.2. Balanço orçamentário g. as atualizações monetárias autorizadas por lei,
Os valores decorrentes da execução do orçamento efetuadas antes e após a data da publicação da LOA, que
devem ser incluídos nas demonstrações contábeis das en- compõem a coluna Previsão Inicial da receita orçamentá-
tidades que publicam seu orçamento aprovado, obrigató- ria;
ria ou voluntariamente, para fins de cumprimento das h. o procedimento adotado em relação aos restos a
obrigações de prestação de contas e responsabilização pagar não processados liquidados, ou seja, se o ente
(accountability) das entidades do setor público. transfere o saldo ao final do exercício para restos a pagar
processados ou se mantém o controle dos restos a pagar
A Lei n. 4.320/1964 prevê a elaboração do Balanço não processados liquidados separadamente;
Orçamentário. O referido Balanço demonstrará as recei- i. o detalhamento dos “recursos de exercícios ante-
tas e despesas previstas em confronto com as realizadas. riores” utilizados para financiar as despesas orçamentá-
rias do exercício corrente, destacando-se os recursos vin-
culados ao RPPS e outros com destinação vinculada;

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Conhecimentos Específicos
j. conciliação com os valores dos fluxos de caixa lí- No mesmo sentido, a variação negativa não signifi-
quidos das atividades operacionais, de investimento e de ca, necessariamente, mau desempenho, pode decorrer de
financiamento, apresentados na Demonstração dos Flu- uma redução no endividamento. Por isso, a análise deve
xos de Caixa. ser feita conjuntamente com o Balanço Patrimonial, con-
siderando fatores e demais variáveis orçamentárias e ex-
Observa-se que os Balanços Orçamentários não
traorçamentárias.
consolidados poderão apresentar desequilíbrio e déficit
orçamentário, pois muitos deles não são agentes arreca- Quando a utilização de um procedimento afetar o
dadores e executam despesas orçamentárias para presta- resultado financeiro apurado no demonstrativo, o proce-
ção de serviços públicos e realização de investimentos. dimento deverá ser evidenciado em notas explicativas.
Tal fato não representa irregularidade, devendo ser evi-
denciado por nota explicativa que demonstre o montante
da movimentação financeira (transferências financeiras
recebidas e concedidas) relacionado à execução do or-
çamento do exercício.

7.3. Balanço financeiro


O Balanço Financeiro (BF) compõe-se de um único
quadro, o qual evidencia a movimentação financeira das
entidades do setor público.
Segundo a Lei 4.320/64, artigo 103, o Balanço Fi-
nanceiro demonstra os ingressos (entradas) e dispêndios
(saídas) de recursos financeiros a título de receitas e des-
pesas orçamentárias, bem como os recebimentos e pa-
gamentos de natureza extraorçamentária, conjugados
com os saldos de disponibilidades do exercício anterior e
aqueles que passarão para o exercício seguinte.
É importante atentar para o que dispõe o parágrafo
único deste artigo, obrigando que as despesas orçamentá-
rias informadas no Balanço sejam as empenhadas:
Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício
serão computados na receita extraorçamentária para 7.4. Balanço Patrimonial
compensar sua inclusão na despesa orçamentária.
O Balanço Patrimonial trata de demonstração con-
O quadro demonstra a receita orçamentária realiza- tábil que evidencia, qualitativa e quantitativamente, a si-
da e a despesa orçamentária executada, por fonte / desti- tuação patrimonial da entidade pública por meio de con-
nação de recurso, discriminando as ordinárias e as vincu- tas representativas do patrimônio público, bem como os
ladas; os recebimentos e os pagamentos extraorçamentá- atos potenciais, que são registrados em contas de com-
rios; as transferências financeiras recebidas e concedidas, pensação (natureza de informação de controle).
decorrentes ou independentes da execução orçamentária,
Com a finalidade de atender aos novos padrões da
destacando os aportes de recursos para o RPPS; e o saldo
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP), as es-
em espécie do exercício anterior e para o exercício se-
truturas das demonstrações contábeis contidas nos ane-
guinte. Além disso, o demonstrativo possibilita a apura-
xos da Lei n. 4.320/1964 foram alteradas pela Portaria
ção do resultado financeiro do exercício.
STN n. 438/2012.
Assim, o Balanço Financeiro (BF) demonstra as re-
Assim, atualmente, o Balanço Patrimonial é com-
ceitas e despesas orçamentárias, bem como os ingressos
posto por:
e dispêndios extraorçamentários, conjugados com os sal-
dos de caixa do exercício anterior e os que se transferem a. Quadro Principal;
para o início do exercício seguinte. b. Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e Per-
manentes;
Ressalta-se que o resultado financeiro do exercício
c. Quadro das Contas de Compensação (controle); e
não deve ser confundido com o superávit ou déficit fi-
d. Quadro do Superávit / Déficit Financeiro.
nanceiro do exercício apurado no Balanço Patrimonial.
Um resultado financeiro positivo é um indicador de equi-
A NBC TSP 11 prevê a adoção das seguintes for-
líbrio financeiro. No entanto, uma variação positiva na
mas de apresentação dos ativos e passivos:
disponibilidade do período não é sinônimo, necessaria-
mente, de bom desempenho da gestão financeira, pois a. Segregação em ativos circulantes e não circulan-
pode decorrer, por exemplo, da elevação do endivida- tes e passivos circulantes e não circulantes, modelo que
mento público. deve ser adotado preferencialmente;

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Conhecimentos Específicos
b. Apresentação baseada na liquidez, aplicável ape- 8. NOÇÕES DE SIAFI - SISTEMA DE ADMI-
nas quando proporcionar informação que seja mais rele- NISTRAÇÃO FINANCEIRA DA ADMINISTRA-
vante. ÇÃO PÚBLICA FEDERAL
As entidades do setor público deverão utilizar a 8.1. CONCEITO
forma de apresentação indicada no item “a”.
O SIAFI – Sistema Integrado de Administração Fi-
Demonstração das Variações Patrimoniais nanceira do Governo Federal, é o principal instrumento
utilizado para registro, acompanhamento e controle da
A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) execução orçamentária, financeira e patrimonial do Go-
apresenta as alterações verificadas no patrimônio, resul- verno Federal.
tantes ou independentes da execução orçamentária, e in-
dicará o resultado patrimonial do exercício. O SIAFI é um sistema informatizado que processa e
controla, por meio de terminais instalados em todo o ter-
O resultado patrimonial é apurado pelo confronto ritório nacional, a execução orçamentária, financeira, pa-
entre variações patrimoniais quantitativas aumentativas e trimonial e contábil dos órgãos da Administração Públi-
diminutivas. O valor apurado passa a compor o saldo pa- ca Direta federal, das autarquias, fundações e empresas
trimonial do Balanço Patrimonial (BP) do exercício. públicas federais e das sociedades de economia mista
Oe Demonstrativo tem função semelhante à De- que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal e/ou
monstração do Resultado do Exercício (DRE) do setor no Orçamento da Seguridade Social da União.
privado. Contudo, ressalta-se que a DRE apura o resulta- O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públi-
do em termos de lucro ou prejuízo líquido, como um dos cas Federais, Estaduais e Municipais apenas para recebe-
principais indicadores de desempenho da entidade. rem, pela Conta Única do Governo Federal, suas receitas
No setor público, o resultado patrimonial não é um (taxas de água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos
indicador de desempenho, mas medidor do quanto o ser- que utilizam o sistema. Entidades de caráter privado
viço público ofertado promoveu alterações quantitativas também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas
dos elementos patrimoniais. O demonstrativo permite a pela STN. No entanto, essa utilização depende da cele-
análise de como as políticas adotadas provocaram altera- bração de convênio ou assinatura de termo de coopera-
ções no patrimônio público. ção técnica entre os interessados e a STN, que é o órgão
gestor do SIAFI.
A DVP é elaborada utilizando-se as classes 3 (vari-
ações patrimoniais diminutivas) e 4 (variações patrimo- 8.2. OBJETIVOS DO SIAFI
niais aumentativas) do PCASP.
Art. 1º O Sistema Integrado de Administração Fi-
Conforme a NBC TSP, a demonstração das varia- nanceira do Governo Federal - SIAFI tem como objetivo
ções patrimoniais deve incluir itens que apresentam os prover de mecanismos adequados ao registro e controle
seguintes valores do período contábil: diário da gestão orçamentária, financeira e contábil. Ele
a. receita, correspondente às variações patrimoniais se apresenta como principal ferramenta para os órgãos
aumentativas; Central, Setorial, Seccional e Regional do Sistema de
b. despesa, correspondente às variações patrimoni- Controle Interno, bem como para os órgãos executores.
ais diminutivas; § 1º São objetivos do SIAFI:
c. parcela do resultado de coligadas e empreendi- I - Fornecer meios para agilizar a programação fi-
mento controlado em conjunto mensurada pelo método nanceira, com vistas a otimizar a utilização dos recursos
da equivalência patrimonial; do Tesouro Nacional;
d. ganhos ou perdas antes dos tributos reconhecidos II - Permitir que a contabilidade aplicada ao setor
na alienação de ativos ou pagamento de passivos relati- público seja fonte segura e tempestiva de informações
vos a operações em descontinuidade; e gerenciais destinada a todos os níveis da Administração
e. resultado do período. Pública Federal;
III - Integrar e compatibilizar as informações dis-
Deverão ser divulgados, ainda, como alocações do poníveis nos diversos Órgãos e Entidades participantes
resultado do período: do sistema;
a. resultado atribuível aos acionistas não controla- IV - Permitir aos segmentos da sociedade obterem
dores; e a necessária transparência dos gastos públicos;
b. resultado atribuível aos acionistas controladores V - Permitir a programação e o acompanhamento
da entidade. físico-financeiro do orçamento, em nível analítico.

Ademais, outros itens e contas, títulos e subtotais 8.3. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
devem ser apresentados na demonstração do resultado
quando for relevante para a compreensão do desempenho Art. 2º O Sistema Integrado de Administração Fi-
financeiro da entidade. nanceira - SIAFI é o sistema informatizado que registra
o controle da execução Orçamentária, Financeira e
Por fim, observa-se que a DVP também deverá ser Gestão Contábil do Governo Federal. Os usuários devi-
acompanhada de notas explicativas. damente cadastrados e habilitados através do sistema
SENHA, das diversas Unidades Gestoras integrantes do
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Conhecimentos Específicos
sistema são os responsáveis por registrarem seus docu- III - As disponibilidades financeiras da UG serem
mentos e efetuarem consultas na aplicação. individualizadas em contas contábeis no SIAFI, com-
Art. 3º O acesso para registro de documentos ou pondo o saldo da Conta Única e de outras contas de ar-
para consultas no SIAFI somente será autorizado após o recadação ou devolução de recursos.
prévio cadastramento e habilitação dos usuários. Para § 2º A forma de acesso off-line caracteriza-se pelo
viabilizar este cadastramento, cada órgão superior da fato de:
Administração Direta do Governo Federal deve indicar, I - As disponibilidades financeiras da Unidade se-
formalmente, à Secretaria do Tesouro Nacional um ser- rem individualizadas em conta corrente bancária e não
vidor, e seu substituto, para serem os responsáveis pelo comporem a Conta Única;
processo de cadastramento dos usuários do Sistema no II - A UG fornecerá documentos para suporte da
âmbito do respectivo Órgão - denominados Cadastrado- emissão dos documentos orçamentários, financeiros e
res de Órgão, de acordo com os procedimentos estabe- contábeis; e
lecidos na presente Instrução Normativa. III - A UG não incluir os dados relativos a seus do-
Art. 4º São considerados como órgãos superiores cumentos no sistema, o que é feito por meio de outra
da Administração Direta do Governo Federal, para efei- unidade, denominada Polo de Digitação.
to do estabelecido no item anterior, os Ministérios, o § 3º A alteração da forma de acesso de determina-
Ministério Público, a Advocacia Geral da União, os Tri- da UG será efetuada pela Setorial Contábil do órgão ou
bunais Superiores do Poder Judiciário, as Casas do Po- da UG.
der Legislativo, as Secretarias da Presidência da Repú- § 4º O horário de utilização do SIAFI será estabe-
blica, o Tribunal de Contas da União, o Tribunal de Jus- lecido pela Coordenação-Geral de Sistemas e Tecnolo-
tiça do Distrito Federal e Territórios, o Conselho Naci- gia de Informação - COSIS/SUCOP/STN e divulgado
onal de Justiça, a Defensoria Pública da União, a Vice- por meio do sítio da Secretaria do Tesouro Nacional e
Presidência e o Conselho Nacional do Ministério Públi- pela transação CALENDARIO diretamente no SIAFI.
co. As citações a Entidades referem-se a quaisquer Uni- § 5º Extensões do horário de utilização do SIAFI,
dades da Administração Indireta do Governo Federal. para além do estabelecido pela COSIS/STN, devem ser
Art. 5º Os Servidores indicados para serem os Ca- solicitadas com antecedência mínima de 3 (três) dias
dastradores de Órgãos devem, preferencialmente, estar úteis, apresentando justificativa circunstanciada para tal
lotados nas Unidades responsáveis pela contabilidade extensão.
analítica dos Órgãos, por estarem mais familiarizados § 6º A apresentação de solicitação de extensão do
com a utilização do sistema. O SIAFI deve ser acessado, horário de utilização do SIAFI não vincula à CO-
preferencialmente, por servidores públicos vinculados SIS/STN a modificação do horário preestabelecido, fi-
diretamente ao órgão responsável pelos lançamentos no cando a seu critério o atendimento da solicitação, total
sistema ou por ele requisitados. Em casos excepcionais, ou parcialmente.
usuários terceirizados poderão, sob autorização expres-
sa do Titular da Unidade Gestora, ser cadastrados no 8.5. MODALIDADES DE USO
SIAFI.
Art. 8º O SIAFI permite aos órgãos a sua utilização
Parágrafo único. Entidades privadas autorizadas
nas modalidades total ou parcial.
expressamente por lei a acessar o SIAFI também terão o
Art. 9º As principais características da utilização
processo de cadastro e habilitação regulamentado por
do sistema na modalidade de uso total são as seguintes.
esta norma.
§ 1º Processamento de todos atos e fatos de deter-
Art. 6º Os Cadastradores de Órgãos devem estar
minado órgão pelo SIAFI;
conscientes da responsabilidade de cumprir fielmente as
§ 2º Identificação de todas as disponibilidades fi-
determinações relativas à segurança do processo de ca-
nanceiras do órgão por meio da Conta Única do Gover-
dastramento de usuários, assim como do uso do sistema
no Federal ou das contas fisicamente existentes na rede
como um todo, de forma a garantir a integridade e o
bancária;
controle dos dados referentes à gestão orçamentária, fi-
§ 3º Sujeição dos procedimentos orçamentários, fi-
nanceira e contábil no âmbito do Governo Federal.
nanceiros e gestão contábil do órgão de forma padroni-
zada, incluindo o uso do Plano de Contas Aplicado ao
8.4. DAS FORMAS DE ACESSO Setor Público - PCASP; e
§ 4º Integrarão as demonstrações contábeis conso-
Art. 7º O SIAFI permite que as Unidades Gestoras -
lidadas dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social
UG - obtenham acesso de forma on-line ou off-line na
da União somente os órgãos e as entidades cuja execu-
efetivação dos registros da execução orçamentária, fi-
ção orçamentária e financeira, da receita e da despesa,
nanceira e contábil.
seja registrada na modalidade total no SIAFI.
§ 1º A forma de acesso on-line caracteriza-se pelo
Art. 10º As principais características da utilização
fato de:
do sistema na modalidade de uso parcial são as seguin-
I - Todos os documentos orçamentários e financei-
tes:
ros das UGs serem emitidos diretamente no sistema;
§ 1º Não substituir a contabilidade do órgão, sendo
II - A própria UG atualizar os arquivos do sistema,
necessário, portanto, o envio de balancetes para inte-
digitando por meio de terminais conectados ao SIAFI,
gração de saldos para prestação de contas;
dados relativos aos atos e fatos de gestão; e

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Conhecimentos Específicos
§ 2º Ter disponibilidade financeira na Conta Única II - Cadastrador de Órgão, nos demais órgãos da
através de formalização de um Termo de Cooperação Administração Direta;
Técnica estabelecido entre a Secretaria do Tesouro Na- III - Cadastrador Regional, designados pelos Ca-
cional e a entidade. dastradores de Órgão, de acordo com as respectivas ne-
cessidades e conveniência; e
IV - Cadastradores de Unidade, nas unidades ges-
8.6. SEGURANÇA DO SIAFI
toras, designados pelos respectivos Cadastradores de
Art. 11º O SIAFI tem sua segurança baseada no sis- Órgão ou Regionais, observadas a real necessidade e
tema SENHA, que permite a autorização de acesso aos conveniência.
dados do SIAFI estabelecendo diferentes níveis de aces- § 6º Para terem atribuição de Cadastramento, os
so às suas informações. O sistema SENHA objetiva o uso órgãos, as entidades e as UG deverão, em seu âmbito,
autorizado dos recursos de entrada e consulta de dados acatar e garantir o cumprimento das normas e procedi-
do SIAFI, assegurando o acesso de cada usuário con- mentos, assim como preservar os níveis de segurança
forme perfil e nível a ele atribuído. instituídos pela Secretaria do Tesouro Nacional.
§ 1º O SIAFI tem como princípio a fidedignidade § 7º Para melhor visualização, a seguir são apre-
dos dados inseridos no sistema por parte de seus usuá- sentados os níveis de credenciamento dos agentes, onde
rios. ficam estabelecidas as competências para autorização e
§ 2º São instrumentos de segurança do SIAFI: para credenciamento destes:
I - Conformidade de Operadores, a ser realizada
Competências para Autorização e para Credencia-
pelos titulares das UGs, ou por operadores por eles in-
mento
dicados;
II - Conformidade de Registro de Gestão, nos ter-
mos de regulamento específico editado pela STN;
III - Conformidade Contábil, nos termos de regu-
lamento específico editado pela STN.
IV - Manter procedimento que permite identificar
os operadores que efetuaram qualquer acesso à sua base
de dados, mantendo registrados o número do CPF do § 8º A solicitação de acesso ao SIAFI poderá ser
operador, a hora e a data de acesso, a UG a que perten- feita ao Titular da Unidade Gestora que a encaminhará
ce, a transação consultada e o identificador do terminal para o Cadastrador de Unidade ao qual esteja vinculado
utilizado; ou ao Cadastrador Regional, ou ao Cadastrador de Ór-
V - Manter mecanismo de segurança, sob a respon- gão, ou ainda ao Cadastrador Geral, quando for o caso.
sabilidade do SERPRO, destinado a garantir a integri- § 9º O nível de acesso indica a amplitude das in-
dade dos dados do sistema e a inalterabilidade das in- formações a que o operador pode ter acesso. São previs-
formações de todos os documentos contabilizados no tos os seguintes níveis de acesso para a utilização do
SIAFI. SIAFI:
§ 3º O acesso aos recursos do SIAFI será feito por
usuários devidamente cadastrados e habilitados através
do sistema SENHA, da seguinte forma:
I - Por meio de consultas, via terminal conectado à
rede SIAFI; e
II - Por meio da transferência de dados da base SI-
AFI para equipamentos de processamento eletrônico do
próprio usuário, através de ferramentas de extração de-
vidamente aprovadas e homologadas para tal uso no SI-
AFI.
§ 4º O Sistema SENHA objetivará o uso autorizado
dos recursos do SIAFI, especificando: § 10º O Perfil é um conjunto de transações coloca-
I - Quais os usuários autorizados a terem acesso ao das à disposição do operador para a realização de suas
SIAFI; tarefas. A definição das transações constantes de cada
II - Quais transações poderão ter acesso; Perfil é da responsabilidade da Coordenação-Geral de
III - Qual nível de acesso terão; Sistemas e Tecnologia de Informação - COSIS/STN. A
IV - A Unidade Gestora primária na qual o usuário designação do Perfil aos usuários é de responsabilidade
está lotado; e do Titular da Unidade, de acordo com as competências
V - A Unidade Gestora Secundária, quando real- funcionais do usuário.
mente necessária e com a devida justificativa para aces- § 11º Transação é a unidade de operação do SIAFI
so a mesma. que corresponde a determinadas atividades de entrada
§ 5º Deve ser formalmente designado um funcioná- ou de consulta aos dados do Sistema.
rio que responderá pela execução do processo de cre- Art. 12º O dado constante do SIAFI é considerado
denciamento, sendo denominado: oficial.
I - Cadastrador Geral, na Secretaria do Tesouro Art. 13º Todo operador do SIAFI ou do SENHA se-
Nacional; rá identificado pelo número do seu CPF, ao qual será

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Conhecimentos Específicos
associado uma senha individual e intransferível, de co- 9. PRESTAÇÃO DE CONTAS E TOMADA DE
nhecimento exclusivamente do operador. CONTAS ESPECIAL
Art. 14º No caso de usuário que não possua CPF,
será atribuído um código especial em substituição ao 9.1. PRESTAÇÃO DE CONTAS
mesmo, que também será associado a uma senha de co- A Prestação de Contas Anual é um dever estabele-
nhecimento exclusivo do operador. cido na Constituição que obriga tanto o Presidente da
Art. 15º Os operadores serão habilitados a operar República quanto os administradores de órgãos e entida-
transações que lhes permitirão cumprir suas atribuições des do setor público (arts. 70 e 71 da Constituição Fede-
funcionais perante o sistema conforme perfil atribuído. ral). Ao Presidente cabe prestar as contas consolidadas
Art. 16º A escolha dos operadores deverá recair de todo o governo. Aos demais administradores, cabe
sobre funcionários da estrita confiança do titular da prestar contas dos resultados alcançados na gestão dos
unidade, de ilibada reputação e idoneidade. Deverá ser recursos confiados à sua responsabilidade em face dos
feita de forma cuidadosa, guardando-se estreita correla- objetivos de interesse coletivo estabelecidos pelo poder
ção entre o nível funcional do operador e as transações público (accountability). Essa prestação de contas toma a
às quais lhe será dado acesso, especialmente quanto aos forma de uma autoavaliação.
cadastradores, visto que serão responsáveis pelo cre-
denciamento dos demais operadores do sistema. Os procedimentos e regras, os conceitos fundamen-
Art. 17º O operador responderá integralmente pelo tais, os princípios básicos e os elementos de conteúdo
uso do sistema sob a sua senha e obrigar-se-á a cumprir para elaboração dessa avaliação são definidos pelo TCU
os requisitos de segurança instituídos pela Secretaria do em atos normativos. Essas normas também definem as
Tesouro Nacional. Unidades Prestadoras de Contas da Administração Pú-
Art. 18º O Cadastrador de Órgão, o Cadastrador blica Federal (UPC) que devem prestar contas do valor
Regional e o Cadastrador de Unidade deverão observar público gerado, preservado ou entregue à sociedade e do
o disposto no item anterior, bem como utilizar adequa- uso apropriado dos recursos que lhes foram entregues
damente o Sistema SENHA, somente cadastrando ope- para isso.
radores e cadastradores mediante a autorização compe-
O propósito da prestação de contas é assegurar a
tente. transparência e a responsabilidade na administração pú-
Art. 19º Constatado o mau uso do sistema, o opera- blica, bem como dar suporte às decisões de alocação de
dor responderá integralmente e estará exposto às conse-
recursos, promover a defesa do patrimônio público e, so-
quências das sanções penais ou administrativas cabíveis
bretudo, informar aos cidadãos, que são os usuários dos
pelo não atendimento ao disposto nesta Instrução Nor-
bens e serviços produzidos pela administração pública e
mativa. O Cadastrador de Órgão, o Cadastrador Regio-
principais provedores dos recursos para o seu funciona-
nal e o Cadastrador de Unidade deverão proceder ao
mento.
descredenciamento dos operadores envolvidos no seu
âmbito de atuação. Do mesmo modo, o Cadastrador Ge- A prestação de contas anual das organizações do se-
ral poderá efetuar o descredenciamento de qualquer tor público deve proporcionar uma visão estratégica e de
operador ou cadastrador. orientação para o futuro quanto à sua capacidade de ge-
Art. 20º As infringências às regras estabelecidas rar valor público em curto, médio e longo prazos, bem
para o uso do SIAFI serão informadas pelo agente à sua como do uso que fazem dos recursos públicos e seus im-
chefia imediata para que sejam tomadas as providências pactos na sociedade. Se constitui assim em um dos prin-
necessárias à apuração de responsabilidade e aplicação cipais instrumentos democráticos de comunicação entre
de penalidades, se for o caso. governo, cidadãos e seus representantes.
Art. 21º Deve-se manter a separação das atribui-
“Prestação de contas é o instrumento de gestão pú-
ções preservando em figuras distintas o responsável pela
blica mediante o qual os administradores e, quando
emissão dos documentos, o responsável pela Conformi-
apropriado, os responsáveis pela governança e pelos atos
dade de Gestão e o contador responsável pela Confor-
de gestão de órgãos, entidades ou fundos dos poderes da
midade Contábil, ou seja, o servidor que realize a fun-
União apresentam e divulgam informações e análises
ção de emitir documentos não deve ser o mesmo respon-
quantitativas e qualitativas dos resultados da gestão or-
sável pelo registro da Conformidade de Registro de Ges-
çamentária, financeira, operacional e patrimonial do
tão, nem tão pouco ser aquele responsável pelo registro
exercício, com vistas ao controle social e ao controle ins-
da Conformidade Contábil.
titucional previsto nos artigos 70, 71 e 74 da Constitui-
Art. 22º Uma vez incluídos os dados de um docu-
ção Federal”.
mento no SIAFI e após sua contabilização, constatada
qualquer irregularidade nesses dados, somente será
9.2. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL
possível corrigi-la por meio da emissão de um novo do-
cumento que efetue o acerto. Tomada de Contas Especial (TCE) é um processo
(...) administrativo devidamente formalizado, com rito pró-
prio, para apurar responsabilidade por ocorrência de da-
no à administração pública federal, com apuração de fa-
tos, quantificação do dano, identificação dos responsá-
veis e obter o respectivo ressarcimento. (art. 2º, caput, da
IN/TCU 71/2012).

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Conhecimentos Específicos
A TCE constitui medida de exceção, portanto a 11. PROCEDIMENTOS DE ENCERRAMEN-
Administração deve esgotar todas as medidas adminis- TO DO EXERCÍCIO
trativas para elidir a irregularidade ensejadora da TCE ou
obter o ressarcimento do dano, antes de formalizar a ins- As contas de receita e despesa são contas temporá-
tauração do processo. rias, pois são encerradas a fim de se apurar o resultado
do exercício. O lucro ou prejuízo de um exercício é de-
A apreciação do processo de TCE, no âmbito da terminado através do confronto das contas de receita e
União, constitui competência constitucional desta Corte despesa, e esse resultado líquido é apurado na conta de-
de Contas prevista no art. 70, parágrafo único, c/c art. 71, nominada de Apuração do Resultado do Exercício
ambos da Constituição Federal. (ARE).
Os procedimentos são inerentes as operações decor-
rentes da receita e despesa nos seus devidos sistemas,
10. CONFORMIDADE DE GESTÃO E CON-
Orçamentário, Financeiro e Patrimonial.
FORMIDADE CONTÁBIL
Eles envolvem uma série de tarefas para assegurar
Conformidade de Gestão
que todos os registros financeiros do ano sejam precisos
A "Conformidade de Gestão Contábil" refere-se ao e completos. Abaixo uma lista dos principais procedi-
conjunto de práticas, políticas e procedimentos que ga- mentos:
rantem que as operações contábeis e financeiras de uma
• Revisão de Contas: Verifique todas as contas
organização estejam em conformidade com as leis, regu-
para garantir que as transações foram registra-
lamentos e normas aplicáveis. Isso inclui:
das corretamente. Isso inclui revisar lançamen-
• Adesão às Normas Contábeis: Garantir que tos no diário e no razão.
todos os registros financeiros e relatórios con- • Reconciliação Bancária: Reconcilie os saldos
tábeis estejam em conformidade com os pa- bancários com os registros da empresa. Isso
drões contábeis locais e internacionais, como ajuda a identificar quaisquer discrepâncias ou
IFRS (International Financial Reporting Stan- erros.
dards) ou GAAP (Generally Accepted Accoun- • Depreciação de Ativos: Calcule e registre a
ting Principles). depreciação dos ativos da empresa para o ano.
• Controles Internos: Estabelecer controles in- • Inventário: Faça um inventário físico e ajuste
ternos fortes para prevenir e detectar fraudes e os registros contábeis para refletir o valor real
erros. Isso inclui segregação de funções, revi- em estoque.
sões regulares e auditorias internas. • Ajustes de Contas a Receber e a Pagar: Ava-
• Documentação e Registro: Manter documen- lie as contas a receber e a pagar para identificar
tação adequada de todas as transações financei- e registrar quaisquer ajustes necessários, como
ras para facilitar auditorias e revisões regula- provisões para devedores duvidosos.
mentares. • Revisão e Ajuste de Provisões e Reservas:
• Conformidade Fiscal: Assegurar que a organi- Revise e ajuste as provisões e reservas, como
zação esteja em dia com suas obrigações fis- provisões para garantias ou reestruturações.
cais, incluindo declarações de impostos e pa- • Fechamento das Contas de Resultado: Feche
gamentos. as contas de receita e despesa, transferindo o
Conformidade Contábil saldo para a conta de resultado do exercício.
• Elaboração das Demonstrações Financeiras:
A Conformidade Contábil consiste na certificação Prepare as demonstrações financeiras, incluindo
dos demonstrativos contábeis gerados no Sistema Inte- o balanço patrimonial, a demonstração de resul-
grado de Administração Financeira do Governo Federal tados e a demonstração dos fluxos de caixa.
(SIAFI), por meio de análises dos atos e fatos da gestão • Auditoria: Em algumas organizações, uma au-
orçamentária, financeira e patrimonial, cuja base concei- ditoria externa é necessária para validar as de-
tual contempla o Manual de Contabilidade Aplicada ao monstrações financeiras.
Setor Público (MCASP), o Plano de Contas Aplicado ao • Aprovação pela Diretoria: As demonstrações
Setor Público (PCASP), a Conformidade de Registro de financeiras devem ser aprovadas pela diretoria
Gestão, o Manual Siafi. ou pelo conselho de administração.
A Conformidade Contábil é de competência de pro- • Publicação e Divulgação: Dependendo da re-
fissional em contabilidade devidamente registrado no gulamentação local e do tipo de empresa, as
Conselho Regional de Contabilidade (CRC), em dia com demonstrações financeiras podem precisar ser
suas obrigações profissionais. publicadas ou divulgadas aos stakeholders.
• Preparação para o Novo Exercício: Final-
mente, prepare-se para o novo ano fiscal, esta-
belecendo orçamentos e metas financeiras.

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Conhecimentos Específicos
Normas aplicadas: III – exercer o controle das operações de crédito,
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, Estatuí Nor-
União;
mas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e con-
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua
trole dos orçamentos e balanços da União, dos Estados,
missão institucional.
dos Municípios e do Distrito Federal.
Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade,
estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providên-
pena de responsabilidade solidária.
cias.
Qualquer cidadão, partido político, associação ou
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunci-
12. SISTEMAS DE CONTROLE ar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de
Contas da União.
12.1. NORMAS RELATIVAS AO CONTROLE
INTERNO ADMINISTRATIVO.
12.1.1. Controle
12.2. A METODOLOGIA DE TRABALHO DO
Controlar é o processo administrativo regulador de SISTEMA DE CONTROLE INTERNO - SCI (INS-
fatores, visando a execução de atividades conforme seu TRUÇÃO NORMATIVA SFC/MF Nº 03, DE
planejamento, organização e direção. O controle é um 09/06/2001 COM AS DEVIDAS ALTERAÇÕES DA
dos princípios fundamentais das atividades da Adminis- INSTRUÇÃO NORMATIVA SFC/MP Nº 7, DE
tração Federal assim disciplinado no Dec.-lei n.º 200/67: 06/12/2017)
Art. 13. O controle das atividades da Administração INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 3, DE 9 DE
Federal deverá exercer-se em todos os níveis e em todos JUNHO DE 2017
os órgãos, compreendendo, particularmente:
a) o controle, pela chefia competente, da execução Aprova o Referencial Técnico da Atividade
dos programas e da observância das normas que gover- de Auditoria Interna Governamental do Po-
nam a atividade específica do órgão controlado; der Executivo Federal.
b) o controle, pelos órgãos próprios de cada siste- O SECRETÁRIO FEDERAL DE CONTROLE IN-
ma, da observância das normas gerais que regulam o TERNO, no uso de suas atribuições e considerando o
exercício das atividades auxiliares; disposto nos artigos 22, inciso I e § 5º, e 24, inciso IX,
c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da Lei n.º 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, no artigo 15
da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios do do Decreto n.º 3.591, de 6 de setembro 2000, resolve:
sistema de contabilidade e auditoria.
Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo a esta Instrução
Art. 14. O trabalho administrativo será racionali- Normativa, o Referencial Técnico da Atividade de Audi-
zado mediante simplificação de processos e supressão toria Interna Governamental do Poder Executivo Federal,
de controles que se evidenciarem como puramente for- que estabelece os princípios, as diretrizes e os requisitos
mais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco. fundamentais para a prática profissional da atividade de
O controle tem como finalidade assegurar que a auditoria interna governamental do Poder Executivo Fe-
Administração Pública atue com legitimidade, segundo deral.
as normas pertinentes a cada caso e de acordo com a fi- Art. 2º As disposições desta Instrução Normativa
nalidade, o interesse coletivo, e com os princípios que devem ser observadas pelos órgãos e unidades que inte-
lhe são impostos, como os da legalidade, impessoalida- gram o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo
de, moralidade, publicidade e eficiência, princípios estes Federal, instituído pelo art. 74 da Constituição Federal e
que em momento oportuno serão devidamente elucida- disciplinado pela Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de
dos. 2001, e pelas unidades de auditoria interna singulares
12.1.2. Controle interno: dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal.

Segundo a Constituição, o sistema de Controle in- Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor em
terno será feito de forma integrada pelos Poderes Legis- 180(cento e oitenta) dias da data de sua publicação.
lativo, Executivo e Judiciário (art. 74) com a finalidade Art. 4º Fica revogada a Instrução Normativa
de: SFC/MF nº 01, de 06 de abril de 2001.
I – avaliar o cumprimento das metas previstas no ANTONIO CARLOS
plano plurianual, a execução dos programas de governo
e dos orçamentos da União; BEZERRA LEONEL
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da ad-
ministração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
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Conhecimentos Específicos
ANEXO sabilidades de gestão e supervisão em suas respetivas
REFERENCIAL TÉCNICO DA ATIVIDADE DE áreas primeira e segunda camada.
AUDITORIAINTERNA
As atribuições definidas para o Sistema de Controle
GOVERNAMENTAL DO PODER
Interno pela Lei 10180/2001 referem-se a avaliações
EXECUTIVOFEDERAL
exercidas por intermédio da fiscalização contábil, finan-
INTRODUÇÃO ceira, orçamentária, operacional e patrimonial, além da
prestação de apoio ao controle externo no exercício de
As diretrizes para o exercício do controle no âmbito
sua missão institucional, as quais são exercidas por meio
do Poder Executivo Federal (PEF) remontam à edição do
dos instrumentos de auditoria e de fiscalização.
Decreto-Lei nº200, de 25 de fevereiro de 1967, que, ao
defini-lo como princípio fundamental para o exercício de Nesse contexto, o presente Referencial Técnico po-
todas as atividades da Administração Federal, aplicado siciona-se como um instrumento de convergência das
em todos os níveis e em todos os órgãos e entidades, práticas de auditoria interna governamental exercidas no
segmentou-o em três linhas (ou camadas) básicas de atu- âmbito do Poder Executivo Federal com normas, mode-
ação na busca pela aplicação eficiente, eficaz e efetiva los e boas práticas internacionais e com a Instrução
dos recursos. Como consequência, verifica-se que o con- Normativa Conjunta MP/CGU nº 1, de 10 de maio de
trole é exercido em diversos ambientes normativos e cul- 2016, que determinou a sistematização de práticas rela-
turais, quais sejam: a gestão operacional; a supervisão e cionadas a governança, gestão de riscos e controles in-
o monitoramento; e a auditoria interna. ternos no Poder Executivo Federal.
No âmbito dos sistemas de atividades auxiliares, o Isso posto, este Referencial tem como propósitos
normativo também determina a organização sistêmica da definir princípios, conceitos e diretrizes que nortearão a
atividade de auditoria interna pelo PEF, a ser exercida prática da auditoria interna governamental e fornecer
junto a órgãos e entidades que variam em propósito, ta- uma estrutura básica para o aperfeiçoamento de sua atu-
manho, complexidade e estrutura e que detém quadros ação, com a finalidade de agregar valor à gestão dos ór-
funcionais compostos por indivíduos com diferentes ní- gãos e entidades do Poder Executivo Federal.
veis de conhecimento e de experiência. Essa organização
sistêmica está sujeita à orientação normativa, à supervi-
CAPÍTULO I
são técnica e à fiscalização específica pelo órgão central
PROPÓSITO E ABRANGÊNCIA DA
do sistema.
AUDITORIAINTERNA GOVERNAMENTAL
Uma vez que essa diversidade pode influenciar a 1. A auditoria interna governamental é uma ativida-
prática do controle em cada ambiente, a utilização de de independente e objetiva de avaliação e de consultoria,
princípios, conceitos e diretrizes convergentes com nor- desenhada para adicionar valor e melhorar as operações
mas e práticas internacionais torna-se essencial para a de uma organização. Deve buscar auxiliar as organiza-
harmonização e a avaliação da atuação dos agentes pú- ções públicas a realizarem seus objetivos, a partir da
blicos e, por consequência, para a qualificação dos pro- aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada
dutos dessa atuação. para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de go-
vernança, de gerenciamento de riscos e de controles in-
Posteriormente, a Constituição Federal (CF) de
ternos.
1988 inovou ao trazer a terminologia "sistemas de con-
trole interno", que exercem a fiscalização na forma da 2. No âmbito do Poder Executivo Federal, a ativi-
lei, em conjunto com os órgãos de controle externo que dade de auditoria interna governamental deve ser reali-
apoiam os poderes legislativos. A CF segmentou, tam- zada em conformidade com o presente Referencial Téc-
bém, as responsabilidades dos sistemas de controle in- nico, que estabelece os requisitos fundamentais para a
terno, no âmbito da União e de suas entidades da admi- prática profissional e para a avaliação do desempenho da
nistração direta e indireta, em fiscalizações das áreas atividade de auditoria interna governamental.
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patri-
monial. No artigo 74, a Carta Magna definiu as finalida-
Seção I
des dos sistemas de controle interno de cada Poder - Le-
Propósito
gislativo, Executivo e Judiciário - que deverão ser consti-
3. A atividade de auditoria interna governamental
tuídos por cada um deles de forma integrada.
tem como propósito aumentar e proteger o valor organi-
No âmbito federal, a Lei 10.180, de 6 de fevereiro zacional das instituições públicas, fornecendo avaliação,
de 2001, buscou organizar e disciplinar os princípios assessoria e aconselhamento baseados em risco.
preconizados pelo Decreto-Lei nº 200 com as determina-
4. A atividade de auditoria interna governamental
ções constitucionais acerca do sistema de controle inter-
no Poder Executivo Federal é exercida pelo conjunto de
no do Poder Executivo Federal. A norma estrutura as fi-
Unidades de Auditoria Interna Governamental (UAIG)
nalidades, organização e competências dos Sistemas de
elencadas a seguir:
Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração
Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Con- a) Secretaria Federal de Controle Interno (SFC) e as
trole Interno. Nota-se que as competências atribuídas a Controladorias Regionais da União nos estados, que fa-
todos os Sistemas, exceto ao Sistema de Controle Inter- zem parte da estruturado Ministério da Transparência e
no, são fortemente relacionadas a seus papéis e respon- Controladoria-Geral da União (CGU);

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Conhecimentos Específicos
b) Secretarias de Controle Interno (Ciset) da Presi- 12.Essas instâncias são destinadas a apoiar o desen-
dência da República, da Advocacia-Geral da União, do volvimento dos controles internos da gestão e realizar
Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da atividades de supervisão e de monitoramento das ativi-
Defesa, e respectivas unidades setoriais; dades desenvolvidas no âmbito da primeira linha de de-
fesa, que incluem gerenciamento de riscos, conformida-
c)auditorias internas singulares (Audin) dos órgãos
de, verificação de qualidade, controle financeiro, orien-
e entidades da Administração Pública Federal Direta e
tação e treinamento.
Indireta; e
13. Os Assessores e Assessorias Especiais de Con-
d) o Departamento Nacional de Auditoria do Siste-
trole Interno (AECI) nos Ministérios integram a segunda
ma Únicode Saúde (Denasus) do Ministério da Saúde.
linha de defesa e podem ter sua atuação complementada
5. Exceto em caso de declaração expressa em con- por outras estruturas específicas definidas pelas próprias
trário, as referências ao termo "Audin", no contexto des- organizações.
te Referencial Técnico, são igualmente aplicáveis às au-
Terceira linha de defesa
ditorias internas singulares e ao Denasus.
14. A terceira linha de defesa é representada pela
atividade de auditoria interna governamental, que presta
Seção II
serviços de avaliação e de consultoria com base nos
Abrangência
pressupostos de autonomia técnica e de objetividade.
6. Os órgãos e entidades da Administração Pública
Federal devem atuar de forma regular e alinhada ao inte- 15. A atividade de auditoria interna governamental
resse público. Para tanto, devem exercer o controle per- deve ser desempenhada com o propósito de contribuir
manente sobre seus próprios atos, considerando o princí- para o aprimoramento das políticas públicas e a atuação
pio da autotutela. Assim, é responsabilidade da alta ad- das organizações que as gerenciam. Os destinatários dos
ministração das organizações públicas, sem prejuízo das serviços de avaliação e de consultoria prestados pelas
responsabilidades dos gestores dos processos organiza- UAIG são a alta administração, os gestores das organiza-
cionais e das políticas públicas nos seus respectivos âm- ções e entidades públicas federais e a sociedade.
bitos de atuação, o estabelecimento, a manutenção, o
16. As UAIG devem apoiar os órgãos e as entidades
monitoramento e o aperfeiçoamento dos controles inter-
do Poder Executivo Federal na estruturação e efetivo
nos da gestão.
funcionamento da primeira e da segunda linha de defesa
7. A estrutura de controles internos dos órgãos e en- da gestão, por meio da prestação de serviços de consulto-
tidades da Administração Pública Federal deve contem- ria e avaliação dos processos de governança, gerencia-
plar as três linhas de defesa da gestão ou camadas, a qual mento de riscos e controles internos.
deve comunicar, de maneira clara, as responsabilidades
17. Os serviços de avaliação compreendem a análi-
de todos os envolvidos, provendo uma atuação coorde-
se objetiva de evidências pelo auditor interno governa-
nada e eficiente, sem sobreposições ou lacunas.
mental com vistas a fornecer opiniões ou conclusões em
Primeira linha de defesa relação à execução das metas previstas no plano pluria-
nual; à execução dos programas de governo e dos orça-
8. A primeira linha de defesa é responsável por
mentos da União; à regularidade, à economicidade, à efi-
identificar, avaliar, controlar e mitigar os riscos, guiando
ciência e à eficácia da gestão orçamentária, financeira e
o desenvolvimento e a implementação de políticas e pro-
patrimonial nos órgãos e nas entidades da Administração
cedimentos internos destinados a garantir que as ativida-
Pública; e à regularidade da aplicação de recursos públi-
des sejam realizadas de acordo com as metas e objetivos
cos por entidades de direito privado.
da organização.
18. Por natureza, os serviços de consultoria repre-
9. A primeira linha de defesa contempla os contro-
sentam atividades de assessoria e aconselhamento, reali-
les primários, que devem ser instituídos e mantidos pelos
zados a partir da solicitação específica dos gestores pú-
gestores responsáveis pela implementação das políticas
blicos. Os serviços de consultoria devem abordar assun-
públicas durante a execução de atividades e tarefas, no
tos estratégicos da gestão, como os processos de gover-
âmbito de seus macroprocessos finalísticos e de apoio.
nança, de gerenciamento de riscos e de controles internos
10. De forma a assegurar sua adequação e eficácia,
e ser condizentes com os valores, as estratégias e os ob-
os controles internos devem ser integrados ao processo
jetivos da Unidade Auditada. Ao prestar serviços de con-
de gestão, dimensionado se desenvolvidos na proporção
sultoria, a UAIG não deve assumir qualquer responsabi-
requerida pelos riscos, de acordo com a natureza, a com-
lidade que seja da Administração.
plexidade, a estrutura e a missão da organização.
19. Os trabalhos de avaliação dos processos de ges-
Segunda linha de defesa
tão de riscos e controles pelas UAIG devem contemplar,
11. As instâncias de segunda linha de defesa estão em especial, os seguintes aspectos: adequação e sufici-
situadas ao nível da gestão e objetivam assegurar que as ência dos mecanismos de gestão de riscos e de controles
atividades realizadas pela primeira linha sejam desen- estabelecidos; eficácia da gestão dos principais riscos; e
volvidas e executadas de forma apropriada. conformidade das atividades executadas em relação à po-
lítica de gestão de riscos da organização.

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Conhecimentos Específicos
20. No âmbito da terceira linha de defesa, a SFC e do Sistema Único de Saúde (Denasus) do Ministério da
as Cisetexercem a função de auditoria interna governa- Saúde atuam como órgãos auxiliares ao SCI.
mental de forma concorrente e integrada com as Audin, 27. Compete ao órgão central do SCI e aos órgãos
onde existirem. setoriais nas respectivas áreas de jurisdição prover orien-
tação normativa e supervisão técnica às UAIG.
CAPÍTULO II 28. A orientação normativa e a supervisão técnica
SISTEMA DE CONTROLE INTERNO DOPODER são exercidas mediante a edição de normas e orientações
EXECUTIVO FEDERAL técnicas e a avaliação da atuação das UAIG, com o obje-
21. A Constituição Federal (CF) dispõe, em seu art. tivo de harmonizar a atividade de auditoria interna go-
70, que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, vernamental, promover a qualidade dos trabalhos e inte-
operacional e patrimonial da União e das entidades da grar o Sistema.
administração direta e indireta, quanto à legalidade, à le- 29. Os AECI, no desempenho das funções de apoio
gitimidade, à economicidade, à aplicação das subvenções à atuação do SCI preconizadas pelo Decreto nº 3.591, de
e à renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso 6 de setembro de2000, devem observar as orientações
Nacional, mediante controle externo, e pelo Sistema de normativas do órgão central do SCI e exercer suas ativi-
Controle Interno (SCI) de cada Poder. dades em conformidade com os princípios estabelecidos
neste Referencial Técnico.
22. Em seu Art. 74, a CF definiu, como finalidade
30. Compete ao órgão central do SCI estabelecer di-
do SCI, entre outras, avaliar o cumprimento das metas
retrizes quanto à realização de ações integradas pelas
previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas
UAIG, de forma a promover atuação harmônica no con-
de governo e dos orçamentos da União e dos resultados
texto das competências concorrente se o fortalecimento
da gestão nos órgãos e entidades do Poder Executivo Fe-
recíproco das UAIG.
deral. Para dar cumprimento ao mandamento constituci-
onal, a Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001 e o De-
Seção II
creto nº3.591, de 6 de setembro de 2000, disciplinaram a
Articulação Interinstitucional
organização, as finalidades e a estrutura do SCI, no âm-
31. Em face da complexidade inerente à execução
bito do Poder Executivo Federal.
das políticas públicas - o que demanda esforço e articu-
23. Além das competências relacionadas à função lação entre as instituições envolvidas em seu processo de
típica de auditoria interna governamental do Poder Exe- avaliação - o SCI e os AECI devem trabalhar de forma
cutivo Federal, a Lei nº10.180, de 6 de fevereiro de articulada e integrada, com sinergia e mediante clara de-
2001, também contemplou a apuração de atos ou fatos finição de papéis, de forma a racionalizar recursos e ma-
inquinados de ilegais ou irregulares, praticados porá gen- ximizar os resultados decorrentes de sua atuação.
tes públicos ou privados, na utilização de recursos públi- 32. De forma a promover a integração operacional
cos federais como competência dos órgãos e unidades do do SCI e de seus órgãos auxiliares, a Comissão de Coor-
SCI. Essas atividades devem ser conduzidas, no que denação de Controle Interno (CCCI), cuja composição e
couber, em conformidade com os princípios e diretrizes competências foram disciplinadas por intermédio do De-
estabelecidos neste Referencial Técnico. creto nº 3.591, de 06 de setembro de 2000, enquanto ór-
gão colegiado de função consultiva, pode efetuar estudos
24. A atuação do SCI abrange todos os órgãos e en-
e propor medidas para integração, avaliação e aperfeiço-
tidades do Poder Executivo Federal, incluindo as empre-
amento das atividades das UAIG e homogeneizar inter-
sas estatais e qualquer pessoa física ou jurídica que utili- pretações sobre procedimentos relativos às atividades do
ze, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, Sistema.
bens e valores públicos sob a responsabilidade do Poder
33. A cooperação entre as UAIG e as instituições
Executivo Federal.
públicas que atuam na defesa do patrimônio público, tais
Seção I como o Ministério Público e a Polícia Federal, tem o ob-
Organização e Estrutura jetivo de promover o intercâmbio de informações e de
25. Integram o SCI: estabelecer ações integradas ou complementares para
a) como órgão central: a Secretaria Federal de Con- proporcionar maior efetividade às ações de enfrentamen-
trole Interno (SFC) do Ministério da Transparência e to à corrupção.
Controladoria-Geral da União (CGU); 34. Nos casos em que forem identificadas irregula-
ridades que requeiram procedimentos adicionais com
b) como órgãos setoriais: as Secretarias de Controle vistas à apuração, à investigação ou à proposição de
Interno (Ciset) da Presidência da República, da Advoca- ações judiciais, as UAIG devem zelar pelo adequado e
cia-Geral da União, do Ministério das Relações Exterio- tempestivo encaminhamento dos resultados das auditori-
res e do Ministério da Defesa; e as às instâncias competentes.
c) como unidades setoriais da Ciset do Ministério 35. O apoio ao controle externo, disposto na CF,
da Defesa: as unidades de controle interno dos comandos operacionaliza-se por meio da cooperação entre o SCI e
militares. os órgãos de controle externo, na troca de informações e
26. As auditorias internas singulares (Audin) dos de experiências, bem como na execução de ações inte-
órgãos e entidades da Administração Pública Federal Di- gradas, sendo essas compartilhadas ou complementares.
reta e Indireta e o Departamento Nacional de Auditoria 36. As UAIG devem zelar pela existência e efetivo
funcionamento de canais de comunicação que fomentem

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Conhecimentos Específicos
o controle social, assegurando que os resultados decor- mesmo em situações de divergência de opinião, absten-
rentes da participação dos cidadãos sejam apropriados do-se de emitir juízo ou adotar práticas que indiquem
como insumo para o planejamento e a execução dos tra- qualquer tipo de discriminação ou preconceito.
balhos de auditoria. 44.Ao executar suas atividades, os auditores inter-
nos governamentais devem observar a lei e divulgar to-
CAPÍTULO III das as informações exigidas por lei e pela profissão.
PRINCÍPIOS E REQUISITOS ÉTICOS
Autonomia Técnica e Objetividade
37. A atuação dos auditores internos governamen-
tais em conformidade com princípios e requisitos éticos 45. Os requisitos de autonomia técnica e objetivida-
proporciona credibilidade e autoridade à atividade de au- de estão associados ao posicionamento da UAIG e à ati-
ditoria interna governamental. Esse padrão de compor- tude do auditor em relação à Unidade Auditada, com a
tamento deve ser promovido por todas as UAIG. finalidade de orientar a condução dos trabalhos e subsi-
diar a emissão de opinião institucional pela UAIG. Para
Seção I tanto, tem-se como pressupostos que a unidade de audi-
Princípios Fundamentais para a Prática da toria disponha de autonomia técnica e que os auditores
Atividade de Auditoria Interna Governamental sejam objetivos.
38. Os princípios representam o arcabouço teórico 46.As ameaças à autonomia técnica e à objetividade
sobre o qual repousam as normas de auditoria. São valo- devem ser gerenciadas nos níveis da função de auditoria
res persistentes no tempo e no espaço, que concedem interna governamental, da organização, do trabalho de
sentido lógico e harmônico à atividade de auditoria in- auditoria e do auditor. Eventuais interferências, de fato
terna governamental e lhe proporcionam eficácia. As ou veladas, devem ser reportadas à alta administração e
UAIG devem assegurar que a prática da atividade de au- ao conselho, se houver, e as consequências devem ser
ditoria interna governamental seja pautada pelos seguin- adequadamente discutidas e tratadas.
tes princípios:
Autonomia Técnica
a) integridade;
47. A autonomia técnica refere-se à capacidade da
b) proficiência e zelo profissional;
UAIG de desenvolver trabalhos de maneira imparcial.
c) autonomia técnica e objetividade;
Nesse sentido, a atividade de auditoria interna governa-
d) alinhamento às estratégias, objetivos e riscos da
Unidade Auditada; mental deve ser realizada livre de interferências na de-
e) atuação respaldada em adequado posicionamento terminação do escopo, na execução dos procedimentos,
no julgamento profissional e na comunicação dos resul-
e em recursos apropriados;
tados.
f) qualidade e melhoria contínua; e
48.O Responsável pela UAIG deve se reportar a, se
g) comunicação eficaz.
comunicar e interagir com um nível dentro da Unidade Au-
ditada que permita à UAIG cumprir com as suas responsa-
Seção II bilidades, seja a alta administração da organização, seja o
Requisitos Éticos conselho, se houver. Caso a independência organizacional
39. Os requisitos éticos representam valores aceitá- da UAIG não esteja assegurada por lei ou regulamento, ela
veis e esperados em relação à conduta dos auditores in- deve ser confirmada junto à administração ou ao conselho,
ternos governamentais e visam promover uma cultura se houver, pelo menos anualmente.
ética e íntegra em relação à prática da atividade de audi- 49. Nos casos em que o Responsável pela UAIG tenha
toria interna. atribuições de gestão externas à atividade de auditoria inter-
na, ou exista a expectativa de exercer tais atribuições no
Integridade e Comportamento
âmbito da Unidade Auditada, devem ser adotadas salva-
40. Os auditores internos governamentais devem guardas para limitar o prejuízo à autonomia técnica e à ob-
servir ao interesse público e honrar a confiança pública, jetividade. Caso efetivamente ele detenha tais atribuições, o
executando seus trabalhos com honestidade, diligência e trabalho de avaliação sobre os processos pelos quais foi
responsabilidade, contribuindo para o alcance dos objeti- responsável deve ser supervisionado por uma unidade ex-
vos legítimos e éticos da unidade auditada. terna à auditoria interna.
41. Os auditores devem evitar quaisquer condutas Objetividade
que possam comprometer a confiança em relação ao seu
trabalho e renunciara quaisquer práticas ilegais ou que 50. Os auditores internos governamentais devem
possam desacreditar a sua função, a UAIG em que atuam atuar deforma imparcial e isenta, evitando situações de
ou a própria atividade de auditoria interna governamen- conflito de interesses ou quaisquer outras que afetem sua
tal. objetividade, de fato ou na aparência, ou comprometam
42. Os auditores internos governamentais devem ser seu julgamento profissional.
capazes de lidar de forma adequada com pressões ou si- 51. Os auditores devem declarar impedimento nas
tuações que ameacem seus princípios éticos ou que pos- situações que possam afetar o desempenho das suas atri-
sam resultar em ganhos pessoais ou organizacionais ina- buições e, em caso de dúvidas sobre potencial risco para
dequados, mantendo conduta íntegra e irreparável. a objetividade, devem buscar orientação junto aos res-
43.Os auditores internos governamentais devem se ponsáveis pela supervisão do trabalho ou à comissão de
comportar com cortesia e respeito no trato com pessoas, ética ou instância similar, conforme apropriado na orga-
nização.
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Conhecimentos Específicos
52.Os auditores internos governamentais devem se to, as habilidades e outras competências necessárias ao
abster de auditar operações específicas com as quais es- desempenho de suas responsabilidades individuais.
tiveram envolvidos nos últimos 24 meses, quer na condi- 61. Os auditores internos governamentais, em con-
ção de gestores, quer em decorrência de vínculos profis- junto, devem reunir qualificação e conhecimentos neces-
sionais, comerciais, pessoais, familiares ou de outra na- sários para o trabalho. São necessários conhecimentos
tureza, mesmo que tenham executado atividades em ní- suficientes sobre técnicas de auditoria; identificação e
vel operacional. mitigação de riscos; conhecimento das normas aplicá-
53.Os auditores internos governamentais podem veis; entendimento das operações da Unidade Auditada;
prestar serviços de consultoria sobre operações que te- compreensão e experiência acerca da auditoria a ser rea-
nham avaliado anteriormente ou avaliar operações sobre lizada; e habilidade para exercer o julgamento profissio-
as quais tenham prestado prévio serviço de consultoria, nal devido.
desde que a natureza da consultoria não prejudique a ob- 62. Os auditores internos governamentais devem
jetividade e que a objetividade individual seja gerenciada possuir conhecimentos suficientes sobre os principais
na alocação de recursos para o trabalho. Qualquer traba- riscos de fraude, sobre riscos e controles de tecnologia
lho deve ser recusado caso existam potenciais prejuízos à da informação e sobre as técnicas de auditoria baseadas
autonomia técnica ou à objetividade. em tecnologias disponíveis para a execução dos traba-
54. Como pressuposto da objetividade, as comuni- lhos a eles designados.
cações decorrentes dos trabalhos de auditoria devem ser 63. As UAIG e os auditores internos governamen-
precisas, e as conclusões e opiniões sobre os fatos ou si- tais devem zelar pelo aperfeiçoamento de seus conheci-
tuações examinadas devem estar respaldadas por crité- mentos, habilidades e outras competências, por meio do
rios e evidências adequados e suficientes. desenvolvimento profissional contínuo.
64. O Responsável pela UAIG deve declinar de tra-
Sigilo Profissional
balho específico ou solicitar opinião técnica especializa-
55. As informações e recursos públicos somente da por meio de prestadores de serviços externos, a
devem ser utilizados para fins oficiais. É vedada e com- exemplo de perícias e pareceres, caso os auditores inter-
promete a credibilidade da atividade de auditoria interna nos não possuam, e não possam obter tempestiva e satis-
a utilização de informações relevantes ou potencialmente fatoriamente, os conhecimentos, as habilidades ou outras
relevantes, obtidas em decorrência dos trabalhos, em be- competências necessárias à realização de todo ou de par-
nefício de interesses pessoais, familiares ou de organiza- te de um trabalho de auditoria. Os trabalhos desenvolvi-
ções pelas quais o auditor tenha qualquer interesse. dos por especialistas externos devem ser apropriadamen-
56. O auditor deve manter sigilo e agir com cuidado te supervisionados pela UAIG.
em relação a dados e informações obtidos em decorrên-
Zelo Profissional
cia do exercício de suas funções. Ao longo da execução
dos trabalhos, o sigilo deve ser mantido mesmo que as 65. O zelo profissional se refere à atitude esperada
informações não estejam diretamente relacionadas ao es- do auditor interno governamental na condução dos traba-
copo do trabalho. lhos e nos resultados obtidos. O auditor deve deter as
57. O auditor interno governamental não deve di- habilidades necessárias e adotar o cuidado esperado de
vulgar informações relativas aos trabalhos desenvolvidos um profissional prudente e competente, mantendo postu-
ou a serem realizados ou repassá-las a terceiros sem pré- ra de ceticismo profissional; agir com atenção; demons-
via anuência da autoridade competente trar diligência e responsabilidade no desempenho das ta-
58. As comunicações sobre os trabalhos de audito- refas a ele atribuídas, de modo a reduzir ao mínimo a
ria devem sempre ser realizadas em nível institucional e possibilidade de erros; e buscar atuar de maneira preci-
contemplar todos os fatos materiais de conhecimento do puamente preventiva.
auditor que, caso não divulgados, possam distorcer o re- 66. O zelo profissional se aplica a todas as etapas
latório apresentado sobre as atividades objeto da avalia- dos trabalhos de avaliação e de consultoria. O planeja-
ção. mento deve levar em consideração a extensão e os obje-
tivos do trabalho, as expectativas do cliente, a complexi-
Proficiência e Zelo Profissional
dade, a materialidade ou a significância relativa dos as-
59. Proficiência e zelo profissional estão associados suntos sobre os quais os testes serão aplicados e deve
aos conhecimentos, habilidades e cuidados requeridos do prever a utilização de auditoria baseada em tecnologia e
auditor interno governamental para proporcionar razoá- outras técnicas de análise adequadas.
vel segurança acerca das opiniões emitidas pela UAIG. 67. O auditor interno governamental deve conside-
Tem-se como pressupostos que a atividade de auditoria rar a adequação e a eficácia dos processos de governan-
deve ser realizada com proficiência e com zelo profissi- ça, de gerenciamento de riscos e de controles internos da
onal devido, em conformidade com este Referencial Unidade Auditada, a probabilidade de ocorrência de er-
Técnico e demais normas aplicáveis. ros, fraudes ou não conformidades significativas, bem
como o custo da avaliação e da consultoria em relação
Proficiência
aos potenciais benefícios.
60. A proficiência é um termo coletivo que diz res- 68. Os auditores internos governamentais devem es-
peito à capacidade dos auditores internos governamen- tar alerta aos riscos significativos que possam afetar os
tais de realizar os trabalhos para os quais foram designa- objetivos, as operações ou os recursos da Unidade Audi-
dos. Os auditores devem possuir e manter o conhecimen- tada. Entretanto, deve-se ter em mente que os testes iso-

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Conhecimentos Específicos
ladamente aplicados, mesmo quando realizados com o c) informações sobre riscos relevantes são coletadas
zelo profissional devido, não garantem que todos os ris- e comunicadas de forma oportuna, permitindo que os
cos significativos sejam identificados. responsáveis cumpram com as suas obrigações.
75. A UAIG deve avaliar, em especial, as exposi-
CAPÍTULO IV ções da Unidade Auditada a riscos relacionados à gover-
GERENCIAMENTO DA ATIVIDADE DEAUDI- nança, às atividades operacionais e aos sistemas de in-
TORIA formação. Nessa avaliação, deve ser analisado se há
INTERNA GOVERNAMENTAL comprometimento:
69. A UAIG deve ser gerenciada eficazmente, com a) do alcance dos objetivos estratégicos;
o objetivo de assegurar que a atividade de auditoria in- b) da confiabilidade e da integridade das informa-
terna governamental adicione valor à Unidade Auditada ções;
e às políticas públicas sob sua responsabilidade, fomen- c) da eficácia e da eficiência das operações e pro-
tando a melhoria dos processos de governança, de geren- gramas;
ciamento de riscos e de controles internos da gestão. d) da salvaguarda de ativos; e
e) da conformidade dos processos e estruturas com
Seção I leis, normas e regulamentos internos e externos.
Objetivos dos Trabalhos 76. O auditor interno governamental deve buscar
70. A atividade de auditoria interna governamental identificar potenciais riscos de fraude e verificar se a or-
deve ser realizada de forma sistemática, disciplinada e ganização possui controles para tratamento desses riscos.
baseada em risco, devendo ser estabelecidos, para cada 77. A UAIG poderá prestar serviços de consultoria
trabalho, objetivos que estejam de acordo com o propósi- com o propósito de auxiliar a Unidade Auditada na iden-
to da atividade de auditoria interna e contribuam para o tificação de metodologias de gestão de riscos e de con-
alcance dos objetivos institucionais e estratégias da Uni- troles, todavia, os auditores internos governamentais não
dade Auditada. podem participar efetivamente do gerenciamento dos ris-
cos, cuja responsabilidade é exclusiva da Unidade Audi-
Governança
tada.
71. A UAIG deve avaliar e, quando necessário, re- 78. A UAIG deverá promover ações de sensibiliza-
comendara adoção de medidas apropriadas para a melho- ção, capacitação e orientação da alta administração e dos
ria do processo de governança da Unidade Auditada no gestores em relação ao tema, especialmente enquanto a
cumprimento dos seguintes objetivos: Unidade Auditada não possuir um processo de gerenci-
a) promover a ética e os valores apropriados no âm- amento de riscos.
bito da Unidade Auditada;
Controles Internos da Gestão
b) assegurar o gerenciamento eficaz do desempenho
organizacional e accountability; 79. A UAIG deve auxiliar a Unidade Auditada a
c) comunicar as informações relacionadas aos riscos manter controles efetivos, a partir da avaliação sobre se
e aos controles às áreas apropriadas da Unidade Audita- eles são identificados, aplicados e efetivos na resposta
da; e aos riscos. Ainda nesta linha de auxílio, deve avaliar se a
d) coordenar as atividades e a comunicação das in- alta administração possui consciência de sua reponsabi-
formações entre o conselho, se houver, os auditores ex- lidade pela implementação e melhoria contínua desses
ternos e internos e a Administração. controles, pela exposição a riscos internos e externos,
72. A atividade de auditoria interna deve, ainda, comunicação e pela aceitação de riscos.
avaliar o desenho, implantação e a eficácia dos objetivos, 80. A avaliação da adequação e eficácia dos contro-
programas e atividades da Unidade Auditada relaciona- les internos implementados pela gestão em resposta aos
dos à ética e se a governança de tecnologia da informa- riscos, inclusive no que se refere à governança, às opera-
ção provê suporte às estratégias e objetivos da organiza- ções e aos sistemas de informação da Unidade Auditada,
ção. deve contemplar:
a) o alcance dos objetivos estratégicos;
Gerenciamento de Riscos
b) a confiabilidade e integridade das informações;
73. O processo de gerenciamento dos riscos é res-
c) a eficácia e eficiência das operações e programas;
ponsabilidade da alta administração e do conselho, se
d) a salvaguarda dos ativos; e
houver, e deve alcançar toda a organização, contemplan-
e) a conformidade com leis, regulamentos, políticas
do a identificação, a análise, a avaliação, o tratamento, o
e procedimentos internos e externos.
monitoramento e a comunicação dos riscos a que a Uni-
81. Nos trabalhos de avaliação dos controles inter-
dade Auditada está exposta.
nos da gestão, o planejamento da auditoria deve ser ela-
74. Compete à UAIG avaliar a eficácia e contribuir
borado com a identificação do escopo e a seleção de tes-
para a melhoria do processo de gerenciamento de riscos
tes que permitam a obtenção de evidência adequada e su-
da Unidade Auditada, observando se, nesse processo:
ficiente sobre a existência e funcionamento do processo
a) riscos significativos são identificados e avalia-
de controle na organização, considerados os conheci-
dos;
mentos adquiridos em decorrência de outros trabalhos de
b) respostas aos riscos são estabelecidas de forma
avaliação e de consultoria realizados na Unidade Audita-
compatível com o apetite a risco da Unidade Auditada; e
da.

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Conhecimentos Específicos
82. A avaliação dos controles internos da gestão de- terna, o Responsável pela UAIG deve avaliar se os resul-
ve considerar os seguintes componentes: ambiente de tados desses trabalhos contribuem para a melhoria aos
controle, avaliação de riscos, atividades de controle, in- processos de governança, de gerenciamento de riscos e
formação e comunicação e atividades de monitoramento. de controles internos da Unidade Auditada.
92. O planejamento da UAIG deve ser flexível,
considerando a possibilidade de mudanças no contexto
Seção II
organizacional da Unidade Auditada, a exemplo de alte-
Planejamento, Comunicação e Aprovação
rações no planejamento estratégico, revisão dos objeti-
do Plano de Auditoria Interna
vos, alterações significativas nas áreas de maior risco ou
83. O Responsável pela UAIG deve estabelecer um
mesmo alterações de condições externas.
plano baseado em riscos para determinar as prioridades
da auditoria, deforma consistente com objetivos e metas Comunicação e Aprovação
institucionais da Unidade Auditada.
93. O Plano de Auditoria Interna dos Órgãos Setori-
Planejamento ais do SCI, e suas eventuais alterações, devem ser enca-
minhados anualmente ao Órgão Central do SCI para
84. A definição do Plano de Auditoria Interna é a
exercício da supervisão técnica.
etapa de identificação dos trabalhos a serem realizados
94. A proposta de Plano de Auditoria Interna das
prioritariamente pela UAIG em um determinado período
unidades setoriais do SCI e das Audin, e suas eventuais
de tempo. O planejamento deve considerar as estratégias,
alterações, devem ser encaminhadas às Ciset ou à CGU,
os objetivos, as prioridades, as metas da Unidade Audi-
conforme o caso, de forma a possibilitar a harmonização
tada e os riscos a que seus processos estão sujeitos. O re-
do planejamento, racionalizar a utilização de recursos e
sultado é um plano de auditoria interna baseado em ris-
evitar a sobreposição de trabalhos.
cos.
95. A CGU e as Ciset devem se manifestar sobre os
85. A UAIG deve realizar a prévia identificação de
Planos de Auditoria Interna recebidos e recomendar,
todo o universo auditável e considerar as expectativas da
quando necessária, a inclusão ou a exclusão de trabalhos
alta administração e demais partes interessadas em rela-
específicos. A ausência de manifestação tempestiva não
ção à atividade de auditoria interna para a elaboração do
impede a adoção, por parte das Audin, das providências
Plano de Auditoria Interna, bem como, a análise de ris-
necessárias à aprovação interna do planejamento.
cos realizada pela Unidade Auditada por meio do seu
96. O Plano de Auditoria Interna das Audin, com a
processo de gerenciamento de riscos.
respectiva previsão dos recursos necessários à sua im-
86. Caso a Unidade Auditada não tenha instituído
plementação, deve ser encaminhado, ao menos uma vez
um processo formal de gerenciamento de riscos, a UAIG
por ano, para aprovação pela alta administração e pelo
deve se comunicar com a alta administração, de forma a
conselho, se houver, assim como as mudanças significa-
coletar informações sobre suas expectativas e obter en-
tivas que impactem o planejamento inicial.
tendimento dos principais processos e dos riscos associ-
97. Após finalizados os trâmites de elaboração e
ados. Com base nessas informações, a UAIG deverá ela-
aprovação do Plano de Auditoria Interna, as Audin deve-
borar seu Plano de Auditoria Interna, priorizando os pro-
rão dar ciência de sua versão final à CGU ou à Ciset,
cessos ou unidades organizacionais de maior risco.
conforme o caso.
87.Os auditores internos governamentais devem
98. A CGU e as Ciset devem considerar o planeja-
considerarem seu planejamento os conhecimentos adqui-
mento das Audin e unidades setoriais do SCI, conforme
ridos em decorrência dos trabalhos de avaliação e con-
o caso, como insumo para elaboração do seu Plano de
sultoria realizados sobre os processos de governança, de
Auditoria Interna, o qual deverá ser igualmente comuni-
gerenciamento de riscos e de controles internos da ges-
cado a essas unidades, de forma a estabelecer um ambi-
tão.
ente de cooperação e harmonia, exceto os casos que pos-
88.O Plano de Auditoria Interna deve considerar a
sam comprometer sua efetividade.
necessidade de rodízio de ênfase sobre os objetos auditá-
99. Os órgãos integrantes do SCI devem comunicar
veis, evitando o acúmulo dos trabalhos de auditoria so-
seu Plano de Auditoria Interna às respectivas Unidades
bre um mesmo objeto, de forma a permitir que objetos
Auditadas.
considerados de menor risco também possam ser avalia-
dos periodicamente. Gerenciamento de Recursos
89. A avaliação de riscos que subsidie a elaboração
100. O Responsável pela UAIG deve zelar pela
do Plano de Auditoria Interna da UAIG deve ser discuti-
adequação e disponibilidade dos recursos necessários
da com a alta administração e documentada, pelo menos,
(humanos, financeiros e tecnológicos) para o cumpri-
anualmente.
mento do Plano de Auditoria Interna. Para isso, os recur-
90.As UAIG devem estabelecer canal permanente
sos devem ser:
de comunicação com as áreas responsáveis pelo recebi-
a) suficientes: em quantidade necessária para a exe-
mento de denúncias da Unidade Auditada e de outras
cução dos trabalhos;
instâncias públicas que detenham essa atribuição, de
b) apropriados: que reúnam as competências, habi-
forma a subsidiar a elaboração do planejamento e a reali-
lidades e conhecimentos técnicos requeridos pela audito-
zação dos trabalhos de auditoria interna.
ria; e
91.Ao considerar a aceitação de trabalhos de con-
c) eficazmente aplicados: utilizados de forma a
sultoria e a sua incorporação ao Plano de Auditoria In-
atingir os objetivos do trabalho.

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Conhecimentos Específicos
Políticas, Procedimentos e Coordenação 109. As avaliações externas devem ocorrer, no mí-
nimo, uma vez a cada cinco anos, e ser conduzidas por
101. As UAIG devem estabelecer procedimentos e
avaliador, equipe de avaliação ou outra UAIG qualifica-
políticas para a orientação dos trabalhos de auditoria, cu-
dos e independentes, externos à estrutura da UAIG. As
jo enfoque e formato podem variar conforme a estrutura
avaliações previstas neste item podem ser realizadas por
da unidade.
meio de auto avaliação, desde que submetida a uma vali-
102. O Responsável pela UAIG deve compartilhar
dação externa independente. Em todos os casos, é veda-
informações e coordenar as atividades da unidade com
da a realização de avaliações recíprocas.
outras instâncias prestadoras de serviços de avaliação e
110. As Avaliações internas e externas poderão ser
consultoria, tais como outras UAIG com competência
conduzidas com base em estruturas ou metodologias já
concorrente, órgãos de controle externo ou de defesa do
consolidadas.
patrimônio público ou colaboradores de outros órgãos ou
111. A UAIG deve definir a forma, a periodicidade
entidades públicas que atuem na função de especialistas.
e os requisitos das avaliações externas, bem como, as
Reporte para a Alta Administração e o Conselho qualificações mínimas exigidas dos avaliadores externos,
incluídos os critérios para evitar conflito de interesses.
103. O Responsável pela UAIG deve comunicar pe-
112. Cabe ao Responsável pela UAIG comunicar
riodicamente o desempenho da atividade de auditoria in-
periodicamente os resultados do PGMQ à alta adminis-
terna governamental à alta administração e ao conselho, tração e ao conselho, se houver. As comunicações devem
se houver. As comunicações devem contemplar informa- conter os resultados das avaliações internas e externas, as
ções sobre:
fragilidades encontradas que possam comprometer a
a) o propósito, a autoridade e a responsabilidade da
qualidade da atividade de auditoria interna e os respecti-
UAIG;
vos planos de ação corretiva, se for o caso.
b) a comparação entre os trabalhos realizados e o 113. A UAIG somente poderá declarar conformida-
planejamento aprovado; de com os preceitos deste Referencial Técnico e com
c) recomendações não atendidas que representem
normas internacionais que regulamentam a prática pro-
riscos aos processos de governança, de gerenciamento de
fissional de auditora interna se o PGMQ sustentar essa
riscos e de controles internos da Unidade Auditada; e
afirmação.
d) a exposição a riscos significativos e deficiências
114. Os casos de não conformidade com este Refe-
existentes nos controles internos da Unidade Auditada. rencial Técnico que impactem o escopo geral ou a opera-
104. As Ciset encaminharão ao Órgão Central do ção da atividade de auditoria interna devem ser comuni-
SCI, e as Audin e unidades setoriais encaminharão à
cados pelo Responsável pela UAIG à alta administração,
CGU ou à Ciset com que atuam concorrentemente, in-
ao conselho, se houver, e à respectiva unidade responsá-
formações sobre a execução do Plano de Auditoria Inter-
vel pela supervisão técnica, para estabelecimento de
na, de modo a possibilitar o exercício da supervisão téc-
ações destinadas ao saneamento das inconformidades re-
nica. latadas.
Seção III 115. Os trabalhos de especialistas externos devem
Gestão e Melhoria da Qualidade
ser avaliados de acordo com os critérios de conformida-
105. A gestão da qualidade promove uma cultura
de e de qualidade estabelecidos no PGMQ, o que não
que resulta em comportamentos, atitudes e processos que
dispensa o estabelecimento de critérios específicos para a
proporcionam a entrega de produtos de alto valor agre-
aceitação e incorporação das conclusões emitidas por tais
gado, atendendo às expectativas das partes interessadas. especialistas aos trabalhos da UAIG.
A gestão da qualidade é responsabilidade de todos os
auditores internos, sob a liderança do Responsável pela
CAPÍTULO V
UAIG.
OPERACIONALIZAÇÃO DAS ATIVIDADESDE
106. A UAIG deve instituir e manter um Programa
AUDITORIA INTERNA
de Gestão e Melhoria da Qualidade (PGMQ) que con- 116. A execução das atividades previstas no Plano
temple toda a atividade de auditoria interna governamen- de Auditoria Interna deve contemplar, em cada caso, as
tal, desde o seu gerenciamento até o monitoramento das
etapas de planejamento, execução, comunicação dos re-
recomendações emitidas, tendo por base os requisitos es-
sultados e monitoramento. O Responsável pela UAIG
tabelecidos por este Referencial Técnico, os preceitos le-
deve garantir, em todas as etapas dos trabalhos, a exis-
gais aplicáveis e as boas práticas nacionais e internacio-
tência de adequada supervisão, com a finalidade de asse-
nais relativas ao tema. gurar o atingimento dos objetivos do trabalho e a quali-
107. O programa deve prever avaliações internas e dade dos produtos.
externas, orientadas para a avaliação da qualidade e a
117. As atividades de auditoria interna serão execu-
identificação de oportunidades de melhoria.
tadas por auditores da própria UAIG, ou caso seja neces-
108. As avaliações internas devem incluir o monito-
sário para assegurar as competências coletivas da equipe
ramento contínuo do desempenho da atividade de audito-
para a realização do trabalho, coma participação de audi-
ria interna e auto avaliações ou avaliações periódicas tores governamentais externos à UAIG.
realizadas por outras pessoas Da organização com co- 118. O Responsável pela UAIG deve designar, para
nhecimento suficiente das práticas de auditoria interna
cada trabalho, equipe composta por auditores internos
governamental.
governamentais que possuam, coletivamente, a profici-
ência necessária para realizar a auditoria com êxito.

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Conhecimentos Específicos
e) designação do auditor responsável pela coorde-
Seção I nação dos trabalhos.
Planejamento dos Trabalhos de Auditoria 123.Os aspectos centrais do trabalho de auditoria
119. Os auditores devem desenvolver e documentar devem ser analisados, compreendidos e compartilhados
um planejamento para cada trabalho a ser realizado, o pelos membros da equipe durante a fase de planejamen-
qual deve estabelecer os principais pontos de orientação to.
das análises a serem realizadas, incluindo, entre outras, 124.Ao planejar um trabalho a ser executado de
informações acerca dos objetivos do trabalho, do escopo, forma compartilhada, as unidades de auditoria envolvi-
das técnicas a serem aplicadas, das informações requeri- das devem estabelecer entendimento por escrito dos ob-
das para os exames, do prazo de execução e da alocação jetivos, do escopo, das responsabilidades e de outras ex-
dos recursos ao trabalho. A qualidade do planejamento pectativas, incluindo eventuais restrições à distribuição
requer a alocação de tempo e recursos suficientes para dos resultados do trabalho e ao acesso aos seus registros.
sua elaboração. 125.Nos trabalhos de consultoria deve ser estabele-
cido prévio entendimento com a Unidade Auditada quan-
Considerações sobre o Planejamento dos Traba-
to às expectativas, aos objetivos e ao escopo do trabalho,
lhos
às responsabilidades e à forma de monitoramento das re-
120. Devem ser considerados, no planejamento to- comendações eventualmente emitidas. Esse entendimen-
dos os aspectos relevantes para o trabalho, especialmen- to deve ser adequadamente documentado.
te:
Análise Preliminar do Objeto da Auditoria
a) os objetivos e as estratégias da Unidade Auditada
e os meios pelos quais o seu desempenho é monitorado; 126. Os auditores internos devem coletar e analisar
b) os riscos significativos a que a Unidade Auditada dados e informações sobre a Unidade Auditada, com o
está exposta e as medidas de controle pelas quais a pro- intuito de obter conhecimento suficiente sobre seu pro-
babilidade e o impacto potencial dos riscos são mantidos pósito, funcionamento, principais riscos e medidas to-
em níveis aceitáveis; madas pela administração para mitigá-los, de forma a es-
c) a adequação e a eficácia dos processos de gover- tabelecer os objetivos dos trabalhos, os exames a serem
nança, de gerenciamento de riscos e de controles internos realizados e os recursos necessários para a realização da
da Unidade Auditada, comparativamente a uma estrutura auditoria.
ou modelo compatível e as oportunidades de se promo- 127.Constituem fontes de informação passíveis de
ver melhorias significativas em seus processos com serem consideradas na análise preliminar, entre outros,
eventual eliminação de controles ineficazes, contribuin- interação com os gestores e especialistas, legislação, re-
do para o ganho de eficiência e melhoria dos serviços e gimento interno, sistemas informatizados, registros e in-
produtos entregues; e formações operacionais e financeiras, manuais operacio-
d) a oportunidade de realização do trabalho em face nais, reportes do gerenciamento de riscos, resultados de
da existência de dados e informações confiáveis, a dis- auditorias anteriores, notícias veiculadas na mídia, de-
ponibilidade de auditores com conhecimentos e habili- núncias e representações e ações judiciais eventualmente
dades específicas e a inexistência de impedimentos para existentes.
a execução.
Objetivos do Trabalho de Auditoria
121. Devem ser determinados os recursos apropria-
dos e suficientes para cumprir os objetivos do trabalho 128. Para cada trabalho de auditoria a ser realizado,
de auditoria, tendo por base uma avaliação da natureza e devem ser estabelecidos objetivos específicos, a fim de
da complexidade de cada trabalho, os riscos e o grau de delimitar o propósito, a abrangência, a extensão dos
confiança depositado pelo auditor nas medidas tomadas exames.
pela administração para mitiga-los, as restrições de tem- 129. Ao desenvolver os objetivos do trabalho, os
po e de recursos disponíveis, bem como a eventual ne- auditores devem considerar a probabilidade de erros sig-
cessidade de recursos externos, neste último quando re- nificativos, fraudes, não conformidades e outras exposi-
queridos conhecimentos e competências adicionais não ções a riscos a que a Unidade Auditada esteja sujeita.
disponíveis na UAIG. 130. Nos trabalhos de avaliação, os auditores devem
conduzir uma análise preliminar dos principais riscos e
122. O planejamento da auditoria deve considerar
das medidas de controles existentes, considerando o en-
as seguintes atividades, entre outras consideradas rele-
tendimento obtido sobre a Unidade Auditada e os objeti-
vantes pela equipe, que devem ser devidamente docu-
vos do trabalho, refletindo nos tipos detestes a serem rea-
mentadas:
lizados e sua extensão.
a) análise preliminar do objeto da auditoria;
131. Devem ser selecionados critérios adequados
b) definição do objetivo e do escopo do trabalho,
para avaliara governança, o gerenciamento de riscos e os
considerando os principais riscos existentes e a adequa-
controles internos da gestão, os quais podem ser extraí-
ção e suficiência dos mecanismos de controle estabeleci-
dos de várias fontes de informação, incluindo leis, regu-
dos;
lamentos, princípios, políticas internas e boas práticas.
c) elaboração do programa de trabalho;
Os critérios de avaliação a serem utilizados devem ser
d) alocação da equipe de auditoria, consideradas as
previamente apresentados e discutidos com os gestores
necessidades do trabalho, o perfil dos auditores e o tem-
das Unidades Auditadas.
po previsto para a realização dos exames; e

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Conhecimentos Específicos
132. Os auditores internos governamentais devem Seção II
verificar se a Unidade Auditada estabeleceu critérios in- Desenvolvimento dos Trabalhos de Auditoria
ternos adequados para aferir se os objetivos e as metas 142. O desenvolvimento dos trabalhos contempla as
da gestão têm sido alcançados. Se os critérios forem etapas de execução dos testes de auditoria, análise e ava-
adequados, devem ser utilizados no trabalho de audito- liação e documentação, que devem ser apropriadamente
ria; se inadequados, os auditores internos governamen- supervisionadas com a finalidade de cumprir os objeti-
tais devem identificar critérios apropriados, em discussão vos do trabalho de auditoria.
com os responsáveis pela gestão.
Execução do Trabalho de Auditoria
133. Para os serviços de consultoria, os objetivos
dos trabalhos devem abordar os processos de governan- 143. Durante a execução dos trabalhos, os auditores
ça, de gerenciamento de riscos e de controles internos na internos governamentais devem executar os testes defi-
extensão previamente acordada e devem ser consistentes nidos no programa de trabalho, com a finalidade de iden-
com valores, estratégias e objetivos da Unidade Audita- tificar informações suficientes, confiáveis, relevantes e
da. úteis.
144. Para a execução adequada dos trabalhos, os
Escopo do Trabalho de Auditoria
auditores internos governamentais devem ter livre acesso
134. O escopo estabelecido deve ser suficiente para a todas as dependências da Unidade Auditada, assim
alcançar os objetivos definidos para o trabalho e com- como a seus servidores ou empregados, informações,
preender uma declaração clara do foco, da extensão e processos, bancos de dados e sistemas. Eventuais limita-
dos limites da auditoria. ções de acesso devem ser comunicadas, de imediato e
135. A UAIG poderá utilizar trabalhos de auditoria por escrito, à alta administração ou ao conselho, se hou-
elaborados por outra UAIG, por órgão de controle exter- ver, com solicitação de adoção das providências necessá-
no ou entidade de auditoria privada como subsídio para a rias à continuidade dos trabalhos de auditoria.
definição do escopo do trabalho. Nesse caso, deve ser 145. Ao iniciar os trabalhos de campo, a equipe de
observado se: auditoria deve apresentar à Unidade Auditada o objetivo,
a) a natureza, os objetivos, o período e a extensão a natureza, a duração, a extensão e a forma de comunica-
desses trabalhos são compatíveis com o trabalho da audi- ção dos resultados do trabalho.
toria interna que está sendo planejado; 146. A aceitação de trabalhos de consultoria decor-
b) a auditoria foi realizada com base em riscos; e rentes de oportunidades identificadas no decurso de um
c) os trabalhos foram realizados em conformidade trabalho de avaliação depende de prévia inclusão no Pla-
com os preceitos deste Referencial Técnico e de outras no de Auditoria Interna da UAIG.
normas aplicáveis ao trabalho. 147. Durante a realização dos trabalhos de consulto-
136. Nos trabalhos de avaliação, devem ser incluí- ria, os auditores internos devem analisar os processos de
das no escopo considerações sobre sistemas, registros, governança, de gerenciamento de riscos e de controles
pessoal e propriedades físicas relevantes, inclusive se es- internos de forma consistente com os objetivos do traba-
tiverem sob o controle de terceiros. lho, mantendo-se atentos à existência de pontos signifi-
137. Nos trabalhos de consultoria, os auditores in- cativos que devam ser considerados e comunicados à alta
ternos devem assegurar que o escopo do trabalho seja su- administração e ao conselho, se houver.
ficiente para alcançar os objetivos previamente acorda-
Análise e Avaliação
dos, zelando para que eventuais alterações ou restrições
quanto ao escopo sejam apropriadamente discutidas e 148. Os auditores internos governamentais devem
acordadas com a Unidade Auditada. analisar e avaliar as informações identificadas a partir da
aplicação apropriada de técnicas e testes, comparando-as
Programa de Trabalho
com os critérios levantados na fase de planejamento do
138. O programa de trabalho deve ser documentado trabalho, a fim de obter conclusões que permitam a for-
e prever os procedimentos necessários para responder mação de opinião fundamentada.
aos objetivos específicos da auditoria. 149. A equipe de auditoria deve informar e discutir
139. Nos trabalhos de avaliação, o programa de tra- com a alta administração da Unidade Auditada os acha-
balho deve conter as questões de auditoria formuladas, dos que indicarem a existência de falhas relevantes, de-
os critérios adotados, as técnicas, a natureza e a extensão vendo ser concedido prazo para sua manifestação formal,
dos testes necessários para identificar, analisar, avaliar e com a finalidade de assegurar a oportunidade de apresen-
documentar as informações durante a execução o traba- tação de esclarecimentos, avaliações ou informações adi-
lho de modo a permitir a emissão de opinião. cionais que contribuam para o entendimento dos fatos ou
140. Nos serviços de consultoria, o programa de para a construção de soluções.
trabalho pode variar na forma e no conteúdo de acordo
com a natureza do trabalho. Documentação das Informações
141. O programa de trabalho e os eventuais ajustes
150. Devem ser documentadas em papéis de traba-
posteriores realizados devem ser adequadamente docu-
lho as análises realizadas e as evidências produzidas ou
mentados e previamente aprovados pelo supervisor da
coletadas pelos auditores internos governamentais em
auditoria.
decorrência dos exames. As evidências devem estar or-
ganizadas e referenciadas apropriadamente e constituir

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Conhecimentos Específicos
informações suficientes, confiáveis, fidedignas, relevan- 159.Em auditorias com equipe composta por audito-
tes e úteis, de modo a suportar as conclusões expressas res demais de uma UAIG, o processo de supervisão pode
na comunicação dos resultados dos trabalhos. ser compartilhado entre os responsáveis pelas unidades
151. Os papéis de trabalho devem ser organizados de auditoria envolvidas, conforme definição das respon-
de forma a permitir a identificação dos responsáveis por sabilidades pelo trabalho realizada na fase de planeja-
sua elaboração e revisão. A revisão dos papéis de traba- mento.
lho deve ser realizada com a finalidade de assegurar que 160. O Responsável pela UAIG deve estabelecer
o trabalho foi desenvolvido com consistência técnica, políticas e procedimentos destinados a assegurar que a
que seguiu o planejamento estipulado e que as conclu- supervisão dos trabalhos seja realizada e documentada,
sões e os resultados da auditoria estão adequadamente devendo ser estabelecidos mecanismos para a uniformi-
documentados. zação de entendimentos decorrentes dos julgamentos
152. Cabe ao Responsável pela UAIG definir pro- profissionais individuais.
cedimentos relativos à estrutura e à organização, bem
como, a política de armazenamento de papéis de traba- Seção III
lho, preferencialmente em meio digital. Comunicação dos Resultados
153. Independente do meio utilizado para a guarda 161.A comunicação dos resultados dos trabalhos de
dos papéis de trabalho, devem ser asseguradas a preser- auditoria deve ter como destinatária principal a alta admi-
vação e a rastreabilidade desses registros. nistração da Unidade Auditada, sem prejuízo do endereça-
154. As políticas de concessão de acesso aos papéis mento de comunicações às demais partes interessadas, co-
de trabalho devem: mo os órgãos de controle externo e a sociedade.
a) indicar as partes internas ou externas à UAIG que 162. A comunicação do trabalho representa o posicio-
podem ter acesso aos registros e como eventuais solicita- namento da UAIG formado com base nas análises realiza-
ções de acesso devem ser tratadas; das pela equipe de auditoria, as informações e esclareci-
mentos prestados pela gestão e as possíveis soluções discu-
b) considerar a necessidade de manutenção do sigilo
tidas com a Unidade Auditada.
das informações, de acordo com os preceitos legais; e
163. As comunicações devem demonstrar os objetivos
c) ser submetidas à apreciação da assessoria jurídica do trabalho, a extensão dos testes aplicados, as conclusões
e à aprovação da alta administração do órgão ou entidade obtidas, as recomendações emitidas e os planos de ação
ao qual a UAIG está vinculada. propostos. As comunicações devem ser claras, completas,
Supervisão dos Trabalhos de Auditoria concisas, construtivas, objetivas, precisas e tempestivas.
164. A comunicação de resultado dos trabalhos de ava-
155. Os trabalhos de auditoria interna devem ser liação tem por objetivo apresentar a opinião e/ou conclusões
adequadamente supervisionados, de forma a assegurar o dos auditores internos e deve:
alcance dos objetivos, a consistência dos julgamentos a) considerar as expectativas e demais manifestações
profissionais significativos realizados no decorrer do tra- apresentadas no decurso dos trabalhos pela alta administra-
balho e a qualidade dos produtos da auditoria. ção, pelo conselho, se houver e por outras partes interessa-
156. O Responsável pela UAIG tem a responsabili- das;
dade geral pela supervisão dos trabalhos, a qual poderá b) estar suportada por informação suficiente, confiá-
ser delegada, sem prejuízo de sua responsabilidade, a in- vel, relevante e útil;
tegrantes do quadro funcional da UAIG com conheci- c) comunicar as conclusões sobre o desempenho da
mentos técnicos e experiência suficientes. Unidade Auditada quanto aos aspectos avaliados, sendo este
157. A supervisão deve ser exercida durante todo o satisfatório ou insatisfatório; e
trabalho, desde o planejamento até o monitoramento das d) apresentar recomendações que agreguem valor à
recomendações emitidas, e deve incluir: Unidade Auditada e que, precipuamente, tratem as cau-
a) a garantia da proficiência da equipe; sas das falhas eventualmente identificadas.
b) o fornecimento de instruções apropriadas à equi- 165. As comunicações sobre o andamento e os re-
pe durante o planejamento do trabalho de auditoria e a sultados dos trabalhos de consultoria podem variar na
aprovação do programa de trabalho; forma e no conteúdo, conforme a natureza do trabalho e
c) a garantia de que o programa de trabalho aprova- as necessidades da Unidade Auditada.
do seja cumprido e que eventuais alterações sejam devi- 166. AUAIG deve comunicar os resultados dos tra-
damente autorizadas; balhos por meio de relatórios ou outros instrumentos
d) a confirmação de que os papéis de trabalho su- admitidos em normas de comunicação oficial federal,
portam adequadamente as observações, as conclusões e outras normas aplicáveis e boas práticas de auditoria in-
as recomendações do trabalho; terna, devendo, em qualquer caso, observar os requisitos
e) a segurança de que as comunicações do trabalho deste Referencial Técnico.
sejam precisas, objetivas, claras, concisas, construtivas, 167. No caso da existência de não conformidades
completas e tempestivas; e com as diretrizes estabelecidas neste Referencial Técnico
f) a segurança de que os objetivos do trabalho de que tenham impacto nos resultados de um trabalho espe-
auditoria sejam alcançados. cífico, a comunicação dos resultados deve divulgar o ob-
158. A intensidade da supervisão deve variar con- jeto, as razões e o impacto da não conformidade sobre o
forme a proficiência e a experiência dos auditores inter- trabalho de auditoria e sobre os resultados do trabalho
nos governamentais e da complexidade do trabalho de comunicados.
auditoria.

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Conhecimentos Específicos
Divulgação dos Resultados das recomendações emitidas pela UAIG, cabendo-lhe
aceitar formalmente o risco associado caso decida por
168. A comunicação final dos resultados dos traba-
não realizar nenhuma ação.
lhos das UAIG deve ser publicada na Internet, como ins-
177. A implementação das recomendações comuni-
trumento de accountability da gestão pública e de obser-
cadas à Unidade Auditada deve ser permanentemente
vância ao princípio da publicidade consignado na Cons-
monitorada pela UAIG, devendo essa atividade ser pre-
tituição Federal, excetuando-se os trabalhos realizados
vista no Plano de Auditoria Interna.
por Audin que atuam em órgãos ou entidades que de-
178. A intensidade do processo de monitoramento
sempenham atividades econômicas, comerciais ou regu-
deve ser definida com base nos riscos envolvidos, na
latórias.
complexidade do objeto da recomendação e no grau de
169. Antes da publicação do relatório, a Unidade
maturidade da Unidade Auditada.
Auditada deve ser consultada sobre a existência de in-
179. As recomendações emitidas nos trabalhos de
formação sigilosa tratada na comunicação final dos re-
auditoria devem ser acompanhadas de forma dinâmica e
sultados, conforme requisitos estabelecidos pela legisla-
independente do instrumento de comunicação que as ori-
ção em vigor.
ginou, podendo ser alteradas ou canceladas durante a fa-
170. No caso de trabalhos realizados sob segredo de
se de monitoramento em decorrência de alterações no
justiça ou que envolvam informações sigilosas, podem
objeto da recomendação ou no contexto da Unidade Au-
ser estabelecidas restrições sobre divulgação de informa-
ditada. No caso de recomendações provenientes de traba-
ções relativas ao trabalho, tanto na interlocução com a
lhos de consultoria, deve ser considerada a forma de mo-
Unidade Auditada quanto na comunicação e na publica-
nitoramento definida com a Unidade Auditada no plane-
ção dos resultados.
jamento dos trabalhos.
171. Se uma comunicação final emitida contiver er-
180. Se a UAIG concluir que a Unidade Auditada
ro ou omissão significativa, o responsável pela UAIG
aceitou um nível de risco que pode ser inaceitável para a
deve comunicar a informação correta a todas as partes
organização, o responsável pela UAIG deve discutir o
que tenham recebido a comunicação original e providen-
assunto com a alta administração ou o conselho, se hou-
ciar para que a versão anteriormente publicada seja atua-
ver.
lizada.
181. As UAIG devem adotar sistemática de quanti-
Opiniões gerais ficação e registro dos resultados e benefícios da sua atu-
ação, adotando princípios e metodologia compatíveis
172. O responsável pela UAIG pode abordar os com regulamentação pelo órgão central do SCI de modo
processos de governança, de gerenciamento de riscos e
a permitir consolidação.
de controles internos da gestão da Unidade Auditada de
uma forma ampla, considerando a organização como um
GLOSSÁRIO
todo, a partir da emissão de uma opinião geral.
173. A opinião geral dever ser emitida com base em Accountability: Obrigação dos agentes e das orga-
um conjunto suficiente de trabalhos individuais de audi- nizações que gerenciam recursos públicos de assumir in-
toria realizados durante um intervalo específico de tempo tegralmente as responsabilidades por suas decisões e pela
e deve estar respaldada em evidência de auditoria sufici- prestação de contas de sua atuação de forma voluntária,
ente e apropriada. Quando a opinião geral for não favo- inclusive sobre as consequências de seus atos e omis-
rável, devem ser expostas as razões para tal. sões.
174. A emissão de opinião geral requer um adequa- Adicionar Valor (Agregar Valor): A atividade de
do entendimento das estratégias, dos objetivos e dos ris- auditoria interna agrega valor à organização (e às suas
cos da Unidade Auditada e das expectativas da alta ad- partes interessadas)quando proporciona avaliação objeti-
ministração, do conselho, se houver, e de outras partes va e relevante e contribui para a eficácia e eficiência dos
interessadas. processos de governança, gerenciamento de riscos e con-
175. A comunicação de uma opinião geral deve in- troles.
cluir: Alta Administração: A alta administração repre-
a) o escopo, incluindo o período de tempo a que se senta o mais alto nível estratégico e decisório de um ór-
refere a opinião, e suas limitações; gão ou entidade, seja ela parte da Administração Pública
Federal Direta ou Indireta. Na Administração Pública
b) uma consideração sobre os diversos trabalhos de
Federal Direta, a alta administração é, em regra, compos-
auditoria individuais relacionados, incluindo aqueles rea-
ta pelos Ministros de Estado e pelos Secretários Nacio-
lizados por outros provedores de avaliação; nais; na Administração Indireta, são comuns as figuras
c) um resumo das informações que suportam a opi- dos Presidentes, Diretores-Presidentes e colegiados de
nião;
Diretores. Todavia, para os efeitos deste Referencial
d) os riscos, a estrutura de controle ou outros crité-
Técnico, deve ser considerado como alta administração
rios utilizados como base para a opinião geral; e
todo e qualquer responsável por tomar decisões de nível
e) a opinião geral alcançada.
estratégico, independentemente da natureza da Unidade e
das nomenclaturas utilizadas. São, portanto, as instâncias
Seção IV responsáveis pela governança, pelo gerenciamento de
Monitoramento
riscos e pelos controles internos da gestão, a quem a
176. É responsabilidade da alta administração da
UAIG deve se reportar, por serem capazes de desenvol-
Unidade Auditada zelar pela adequada implementação
ver uma visão de riscos de forma consolidada e definir o
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Conhecimentos Específicos
apetite a risco da organização, implementar as melhorias as informações significativas e relevantes que dão supor-
de gestão necessárias ao tratamento de riscos e dar efeti- te às conclusões e recomendações; c) concisas: diretas,
vidade às recomendações da UAIG. Nas Unidades Audi- que evitam a elaboração desnecessária, detalhes supér-
tadas em que não exista a figurado conselho, a alta ad- fluos, redundância e excesso de palavras; d) construtivas:
ministração acumula as suas funções. úteis à Unidade Auditada e condutoras das melhorias ne-
cessárias à gestão; e) objetivas: apropriadas, imparciais e
Assessores e Assessorias Especiais de Controle
neutras, resultado de um julgamento justo e equilibrado
Interno (AECI): Cargos singulares ou estruturas nos
de todos os fatos e circunstâncias relevantes; f) precisas:
Ministérios dirigidas pelos Assessores Especiais de Con-
livres de erros e distorções e fiéis aos fatos fundamen-
trole Interno, a quem incumbe assessorar diretamente os
tais; e g) tempestivas: oportunas, permitindo à Unidade
Ministros de Estado nos assuntos de competência do
Auditada aplicar ações preventivas e corretivas apropria-
controle interno, entre outras atribuições. Os AECI estão
das.
situados na segunda linha de defesa, pois assessoram a
gestão a desenvolver processos e controles para gerenci- Conflito de interesses: Situação na qual o auditor
ar riscos e a supervisionar e monitorar controles. interno governamental tem interesse profissional ou pes-
soal conflitante com o desempenho da auditoria, com-
Atividade de auditoria interna governamental: prometendo sua objetividade. O conflito pode surgir an-
Atividade independente e objetiva de avaliação (assuran- tes ou durante o trabalho de auditoria e criar uma apa-
ce) e consultoria, desenhada para adicionar valor e me- rência de impropriedade que pode abalar a confiança no
lhorar as operações das organizações públicas. A ativi- auditor, na UAIG, na Unidade Auditada ou na atividade
dade de auditoria interna governamental está situada na de auditoria interna.
terceira linha de defesa da gestão pública e tem como ob-
Conselho: Estrutura colegiada com poder decisório
jetivo auxiliar uma organização a realizar seus objetivos
encarregada de gerir, em nível estratégico, as atividades
a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e
e a administração de um órgão ou entidade da Adminis-
disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos pro-
tração Pública Federal, não se confundindo com conse-
cessos de governança, de gerenciamento de riscos e de
lhos e comissões de caráter opinativo. Na Administração
controles.
Pública Federal, a figura do conselho com poderes deci-
Auditor interno governamental: Servidor ou em- sórios é mais comum na Administração Indireta. Nor-
pregado público, civil ou militar, que exerce atividades malmente, os conselhos são formados por representantes
de auditoria interna governamental, em uma Unidade de dos acionistas ou por um colegiado de diretores. Sua de-
Auditoria Interna Governamental, cujas atribuições são nominação pode variar de acordo com a organização, de
alcançadas por este Referencial Técnico. modo que o enquadramento de um colegiado como "con-
selho" deve ser realizado com base nas suas atribuições e
Ceticismo profissional: Postura que inclui uma
poderes legais e regimentais. Caso não exista na organi-
mente questionadora e alerta para condições que possam
zação, suas atribuições são absorvidas pela alta adminis-
indicar possível distorção devido a erro ou fraude e uma
tração.
avaliação crítica das evidências de auditoria.
Componentes dos controles internos: Conside- Controles internos da gestão: Processo que envol-
ram-se como componentes dos controles internos: a) o ve um conjunto de regras, procedimentos, diretrizes, pro-
ambiente de controle conjunto de normas, processos e tocolos, rotinas de sistemas informatizados, conferências
estruturas que fornecem a base para a condução do con- e trâmites de documentos e informações, entre outros,
trole interno da organização; b) avaliação de riscos- pro- operacionalizados de forma integrada pela alta adminis-
cesso dinâmico e iterativo que visa a identificar, a anali- tração, pelos gestores e pelo corpo de servidores e em-
sar e a avaliar os riscos relevantes que possam compro- pregados dos órgãos e entidades da Administração Pú-
meter a integridade da Unidade Auditada e o alcance das blica Federal, destinados a enfrentar os riscos e fornecer
metas e dos objetivos institucionais; c) atividades de segurança razoável de que, na consecução da missão da
controle - conjunto de ações estabelecidas por meio de entidade, os seguintes objetivos gerais serão alcançados:
políticas e de procedimentos, que auxiliam a Unidade a) execução ordenada, ética, econômica, eficiente e efi-
Auditada a mitigar os riscos que possam comprometer o caz das operações; b) cumprimento das obrigações de
alcance dos objetivos e a salvaguarda de seus ativos; d) accountability; c) cumprimento das leis e dos regulamen-
informação e comunicação- processo de obtenção e vali- tos aplicáveis; e d)salvaguarda dos recursos para evitar
dação da consistência de informações sobre as atividades perdas, mau uso e danos. O estabelecimento de controles
de controle interno e de compartilhamento que permite a internos no âmbito da gestão pública visa a essencial-
compreensão da Unidade Auditada sobre as responsabi- mente aumentar a probabilidade de que os objetivos e
lidades e a importância dos controles internos; e e) ativi- metas estabelecidos sejam alcançados, de forma eficaz,
dades de monitoramento - conjunto de ações destinadas a eficiente, efetiva e econômica.
acompanhar e a avaliar a eficácia dos controles internos. Fraude: Quaisquer atos ilegais caracterizados por
Comunicações (atributos): As comunicações da desonestidade, dissimulação ou quebra de confiança. As
UAIG devem ser: a) claras: facilmente compreendidas e fraudes são perpetradas por partes e organizações, a fim
lógicas, sem linguagem técnica desnecessária e com to- de se obter dinheiro, propriedade ou serviços; para evitar
das as informações significativas e relevantes; b) com- pagamento ou perda de serviços; ou para garantir vanta-
pletas: sem omissão de qualquer dado que seja essencial gem pessoal ou em negócios.
à compreensão dos resultados da auditoria e com todas
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Conhecimentos Específicos
Gerenciamento de riscos: Processo para identifi- tecnicamente autônoma e objetiva sobre o escopo da au-
car, analisar, avaliar, administrar e controlar potenciais ditoria.
eventos ou situações, para fornecer razoável certeza Serviços de consultoria: Atividade de auditoria in-
quanto ao alcance dos objetivos da organização. terna governamental que consiste em assessoramento,
Gestores: Servidores ou empregados públicos, civis aconselhamento e serviços relacionados, prestados em
ou militares, ocupantes de cargo efetivo ou em comissão, decorrência de solicitação específica do órgão ou entida-
que compõem o quadro funcional dos órgãos e entidades de da Administração Pública Federal, cuja natureza e es-
da Administração Pública Federal, responsáveis pela co- copo são acordados previamente e que se destinam a adi-
ordenação e pela condução dos processos e atividades da cionar valor e a aperfeiçoar os processos de governança,
unidade, incluídos os processos de gerenciamento de ris- de gerenciamento de riscos e a implementação de contro-
cos e controles. les internos na organização, sem que o auditor interno
Governança: Combinação de processos e estrutu- governamental assuma qualquer responsabilidade que se-
ras implantadas pela alta administração, para informar, ja da administração da Unidade Auditada.
dirigir, administrar e monitorar as atividades da organi- Supervisão técnica: Atividade exercida pelo Órgão
zação, com o intuito de alcançar os seus objetivos. A go- Central do SCI e pelos órgãos setoriais do Sistema de
vernança no setor público compreende essencialmente os Controle Interno do Poder Executivo Federal, em suas
mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em respectivas áreas de jurisdição. Desdobra-se por meio da
prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da normatização, da orientação, da capacitação e da avalia-
gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à ção do desempenho das unidades que compõe o SCI e
prestação de serviços de interesse da sociedade. das unidades auxiliares ao sistema, com a finalidade de
Informações (atributos): As evidências coletadas e harmonizar a atuação, promover a aderência a padrões
as produzidas pelos auditores internos governamentais técnicos de referência nacional e internacional e buscar a
devem se constituir de informações: a) confiáveis: as garantia da qualidade dos trabalhos realizados pelas
melhores informações possíveis de serem obtidas através UAIG. A supervisão técnica não implica em subordina-
da utilização de técnicas de auditoria apropriadas; b) re- ção hierárquica.
levantes: dão suporte às observações e às recomendações Unidade Auditada: Órgão ou entidade da Admi-
do trabalho de auditoria e são consistentes com os obje- nistração Pública Federal para o qual uma determinada
tivos do trabalho; c) suficientes: concretas, adequadas e UAIG tem a responsabilidade de contribuir com a ges-
convincentes, de forma que uma pessoa prudente e in- tão, por meio de atividades de avaliação e de consultoria.
formada chegaria às mesmas conclusões que o auditor Para os fins deste Referencial Técnico, o termo Unidade
interno governamental; e d) úteis: auxiliam a organiza- Auditada, no contexto dos trabalhos de avaliação e con-
ção a atingir as suas metas. sultoria, também pode ser compreendido como macro-
Objeto de auditoria: Unidade, função, processo, processo, processo, unidade gestora ou objeto sobre o
sistema ou similar, sob a responsabilidade de uma Uni- qual incide um trabalho de auditoria.
dade Auditada, sobre a qual pode ser realizada atividades Unidade de Auditoria Interna Governamental
avaliação ou consultoria pela UAIG. (UAIG): Unidade responsável pela prestação de serviços
Programa de Trabalho de Auditoria: Documento independentes e objetivos de avaliação e de consultoria,
que relaciona os procedimentos a serem executados du- desenvolvidos para adicionar valor e melhorar as opera-
rante um trabalho de auditoria, desenvolvido para cum- ções da organização e que reúna as prerrogativas de ge-
prir o planejamento do trabalho. renciamento e de operacionalização da atividade de audi-
Responsável pela Unidade de Auditoria Interna toria interna governamental no âmbito de um órgão ou
Governamental (Responsável pela UAIG): Mais alto entidade da Administração Pública Federal. Consideram-
nível de gestão da UAIG, responsável pela conformidade se UAIG as unidades integrantes do SCI e os órgãos au-
da atuação da UAIG com o presente Referencial Técnico xiliares. As UAIG estão posicionadas na terceira linha de
e com as demais normas e boas práticas aplicáveis à ati- defesa do Poder Executivo Federal.
vidade de auditoria interna governamental, independen- Unidades de auditoria interna singulares (Au-
temente do exercício direto de suas atribuições ou de din): Unidades de auditoria interna singulares vinculadas
eventual delegação de competência. No SCI, ocupam tal a órgãos e entidades da Administração Pública Federal
posição: a) na CGU, o Secretário Federal de Controle In- Direta e Indireta. Nos termos deste Referencial Técnico,
terno; b) nas Ciset, os respectivos Secretários de Contro- o Denasus se equipara às Audin, sendo considerados
le Interno; e c) nas Audin, os Auditores-Chefes. como auxiliares do Sistema de Controle Interno do Poder
Executivo Federal.
Risco: Possibilidade de ocorrer um evento que ve-
nha a ter impacto no cumprimento dos objetivos da Uni- Universo auditável: Conjunto de objetos de audito-
dade Auditada. Em geral, o risco é medido em termos de ria passíveis de ser priorizados pela UAIG para a elabo-
impacto e de probabilidade. ração do Plano de Auditoria Interna.
Serviços de avaliação: Atividade de auditoria in- ANTONIO CARLOS BEZERRA LEONEL
terna governamental que consiste no exame objetivo da
evidência, com o propósito de fornecer ao órgão ou enti-
dade da Administração Pública Federal uma avaliação

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Conhecimentos Específicos
dade assustadoramente, tornando os processos mais efi-
12.3. LICITAÇÕES E ADMINISTRAÇÃO DE cientes e rápidos, desta maneira, trabalhadores e sindica-
CONTRATOS. tos começaram a se opor a esta teoria, pois com o au-
mento na produtividade e maior eficiência, acabariam os
Vide item 10, página 66 da disciplina “Noções de trabalhos disponíveis, causando assim demissões.
Administração Pública” – Lei 14.133/2021 que trata das
Licitações e Contratos Taylor baseou sua filosofia em quatro pilares:
• O desenvolvimento de uma verdadeira ciência
13. ADMINISTRAÇÃO GERAL: da administração, de modo que pudesse ser de-
terminado o melhor método para realizar cada
13.1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO. tarefa;
13.1.1. PRINCIPAIS ABORDAGENS DA AD- • A seleção científica dos trabalhadores, de modo
MINISTRAÇÃO (CLÁSSICA ATÉ CONTINGEN- que cada um deles ficasse responsável pela ta-
CIAL). refa para a qual fosse mais bem habilitado;
• A educação e o desenvolvimento científico do
INTRODUÇÃO:
trabalho; e,
A administração é processo ou atividade dinâmica, • A cooperação íntima e amigável entre a admi-
que consiste em tomar decisões sobre objetivos e recur- nistração e os trabalhadores.
sos. O processo de administrar (ou processo administra- • A administração cientifica tem como pontos
tivo) é inerente a qualquer situação em que haja pessoas negativos:
utilizando recursos para atingir algum tipo de objetivo. • Superespecialização do operário;
A origem da administração remonta aos Filósofos • Visão microscópica do homem;
gregos, passando de Sócrates, Rousseau, Adam Smith a • Ausência de comprovação científica;
Karl Marx, entre outros. • Abordagem incompleta da organização;
Deve-se ressaltar que os conceitos, pensamentos e • Abordagem prescritiva e normativa;
as teorias da administração são produtos do ambiente, • Abordagem de sistema aberto.
forças sociais, econômicas, políticas, tecnológicas e cul-
turais vigentes na época de sua concepção. A partir desta É provável que o taylorismo, como são conhecidas
premissa o presente trabalho tem por objetivo apresentar as técnicas da administração científica, tivesse tido êxito
as abordagens teóricas da administração, a partir das di- qualquer que fosse o estágio de desenvolvimento da in-
versas variáveis presentes no momento de sua elabora- dústria na época e em qualquer contexto ideológico. Po-
ção. rém, o taylorismo formou parceria com a notável expan-
são da indústria e com outra inovação revolucionária do
início do século: a linha de montagem de Henry Ford.
ABORDAGEM CLÁSSICA
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
(TAYLOR, FREDERICK WINSLOW.) TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO
(FAYOL, HENRI.)
Frederick Winslow Taylor foi o criador e partici-
pante mais destacado do movimento da administração Henri Fayol é fundador da teoria clássica da admi-
científica. Seu trabalho junta-se ao de outras pessoas nistração. Esta teoria defendia a estrutura organizacional
que, na mesma época, compartilhavam esforços para de- da empresa, com a departamentalização e com o proces-
senvolver princípios e técnicas de eficiência, que possi- so administrativo. A teoria clássica surgiu da necessida-
bilitassem resolver os grandes problemas enfrentados pe- de de encontrar as linhas mestras para administrar orga-
las empresas industriais. nizações complexas como as fábricas.

Esta teoria surgiu no início do século passado, da Fayol defendia que a prática administrativa era sis-
necessidade de aumentar a produtividade e preocupava- temática e por isso poderia ser identificada e analisada.
se principalmente com a organização das tarefas, com A sua preocupação era aumentar a eficiência da empresa
racionalização do trabalho. E consiste que os administra- através de sua organização e da aplicação de princípios
dores podem determinar cientificamente a melhor manei- gerais de Administração (Hierarquia, Equidade, Iniciati-
ra para realizar uma determina atividades e/ou tarefa. Es- va, etc).
ta teoria trabalha para aumentar a eficiência da mão-de- Fayol acreditava que com previsão científica e mé-
obra. Desta maneira, Frederick W. Taylor e seus colabo- todos adequados de Administração, os resultados satisfa-
radores (Henry L. Gantt, Frank Gilbreth e Lillian Gil- tórios eram inevitáveis. Fayol se preocupava com a or-
breth) criaram os princípios da administração científica. ganização como um todo e dividiu as operações da orga-
Frederick W. Taylor baseou seu sistema no estudo nização em seis atividades: técnica, comercial, financei-
de tempos e movimentos, cronometrando os tempos e ra, segurança, contábil e administrativa.
movimentos de operários siderúrgicos. Criou também o
sistema de tarifas diferenciadas, onde o empresário re-
munerava seus funcionários por desempenho. A teoria de
tempos e movimentos de Taylor aumentava a produtivi-

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Conhecimentos Específicos
TEORIA DA BUROCRACIA (WEBER, MAX.) melhoria dos níveis de produção. As pessoas se sentem
melhor quando têm a oportunidade de discutir um pro-
Max Weber não tentou definir as organizações, nem
blema, mesmo quando este não é corrigido. Então, co-
estabelecer padrões que elas devessem seguir. Weber
meçou a tomar vulto a preocupação com a motivação dos
não defendeu uma receita de organização. Seu tipo ideal
empregados, com a necessidade de compreender as rela-
não é um modelo prescritivo, mas uma abstração descri-
ções entre as pessoas e com a importância de ouvir os
tiva. É um esquema que procura sintetizar os pontos co-
empregados para melhorar a produção.
muns à maioria das organizações formais modernas, que
contrastam com as sociedades primitivas e feudais. We- A Teoria das Necessidades de Maslow – uma ne-
ber pintou a burocracia como máquina completamente cessidade satisfeita não é um motivador de comporta-
impessoal, que funciona de acordo com regras, enquanto mento. O que motiva as pessoas são as necessidades in-
as pessoas ficam em plano secundário ou nem são consi- satisfeitas. O progresso é causado pelo esforço das pes-
deradas. Weber estudou o alicerce formal-legal em que soas para satisfazer às suas necessidades. Quando uma
as organizações reais se assentam, focalizando sua aten- necessidade prioritária é satisfeita outras emergem e
ção no processo de autoridade- obediência (ou processo ocupam o primeiro lugar na lista de prioridades, confor-
de dominação) que, no caso das organizações modernas, me a Pirâmide de Maslow:
depende de leis. No modelo de Weber, organização for-
1- necessidades fisiológicas
mal e organização burocrática são sinônimos.
2- necessidades de segurança
Alguns estudiosos acreditam que o tipo ideal de 3- necessidades sociais
Weber nunca é alcançado, porque as organizações são 4- necessidades de estima e
essencialmente sistemas sociais, feitos de pessoas, e as 5- necessidades de auto-realização.
pessoas não existem apenas para as organizações. As
Teoria das relações humanas-Fundamentada em
pessoas têm interesses independentes das organizações
grande parte nas ideias de Elton Mayo, baseada no prin-
em que vivem ou trabalham e levam para dentro delas
cípio de que a remuneração não era suficiente para moti-
toda a sua vida externa. Portanto, dentro das organiza-
var os empregados a conseguir resultados favoráveis, ele
ções coexistem a vida profissional do funcionário e seus
preconizava que era necessário manter o ‘moral’ do pes-
interesses pessoais. Os funcionários não são seres exclu-
soal elevado e, para isso, o importante seria manter um
sivamente burocráticos e as organizações refletem as im-
ambiente agradável e humano na empresa, além de re-
perfeições dos seres humanos.
muneração adequada.
ABORDAGEM COMPORTAMENTAL Em vez de focar a estrutura formal, a atenção sem-
pre foi à organização informal, o conjunto de relações
Definição de Administração dentro desta aborda-
sociais não prevista em regulamentos e organogramas.
gem: é o trabalho com indivíduos e grupos para a reali-
Em sentido mais amplo, a organização informal é conse-
zação dos objetivos da organização. E, tem como a for-
quência do fato de que não se pode reduzir o comporta-
ma ideal de administrar a que prioriza a importância de
mento humano a um conjunto de reações mecânicas e
compreender e conhecer os subordinados e suas necessi-
automáticas e a regulamentos restritos.
dades de modo a motivá-los e a obter melhores resulta-
dos por meio deles. Tomada de Decisões

É com a abordagem comportamental que a preocu- A teoria de decisão nasceu com Herbert Simon. A
pação com a estrutura se desloca para a preocupação Teoria Comportamental concebe a organização como um
com os processos e com a dinâmica organizacional. Veio sistema de decisões. Neste sistema, cada pessoa participa
significar uma nova direção e um novo enfoque dentro escolhendo e tomando decisões individuais a respeito de
da teoria administrativa: a abordagem das ciências do alternativas mais ou menos racionais de comportamento.
comportamento, o abandono das posições normativas e Para a Teoria Comportamental todos os níveis hierárqui-
prescritivas das teorias anteriores e a adoção de posições cos são tomadores de decisão relacionados ou não com o
explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pes- trabalho.
soas, mas dentro de um contexto organizacional.
ABORDAGEM ESTRUTURALISTA
Mary Parker Follet, a principal precursora desta
abordagem, sempre esteve preocupada com o papel e o Desenvolveu a partir dos estudos sobre as limita-
comportamento do indivíduo dentro do grupo e da socie- ções e rigidez do modelo burocrático. Os estruturalistas
dade. Chester Barnard reconhece a importância da orga- introduziram o modelo de sistema aberto no estudo das
nização informal e mostra que só é possível o exercício organizações e tentaram compatibilizar as contribuições
eficiente da autoridade se houver aceitação dos subordi- clássicas e humanísticas: uma abordagem múltipla e
nados. Introduz a preocupação do homem como ser soci- compreensiva na análise das organizações, visualizando-
al. as como complexos de estruturas formais e informais.3

Os experimentos de Elton Mayo em Hawthorne – Para o estruturalismo é de especial importância o


verificou que o que motivava os empregados era a aten- relacionamento da parte na constituição do todo, ou seja,
ção que lhes era dada pelos experimentadores e pela alta que estruturalismo implica em totalidade e interdepen-
administração da empresa. As atitudes dos empregados dência. Crítica ao caráter ilusório da participação nas de-
para com seu cargo e supervisores são importantes para cisões, colocada na abordagem humanística. Encara co-

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Conhecimentos Específicos
mo sendo na verdade uma forma de fazer com que os su- temas impenetráveis ou inacessíveis e/ou sistemas é ex-
bordinados acatem decisões previamente tomadas, em cessivamente complexos.
função de uma ilusão de participação e de poder. b) São probabilísticos, portanto, devem ser focali-
IDÉIAS CENTRAIS zados através da estatística e da teoria da informação.
A retroação (feedback) serve para comparar a ma-
O Homem Organizacional – precisa apresentar fle-
neira como um sistema funciona em relação ao padrão
xibilidade, resistência à frustração, capacidade de adiar
estabelecido para ele funcionar: quando ocorre alguma
as recompensas e o desejo permanente de realização.
diferença (desvio ou discrepância) entre ambos, a retroa-
Desta forma, a cooperação é conseguida em função do
ção incumbe-se de regular a entrada para que sua saída
desejo intenso de obtenção de recompensas sociais e ma-
se aproxime do padrão estabelecido, o que é fundamental
teriais, o qual também é responsável pela submissão do
para o equilíbrio do sistema.
indivíduo ao processo muitas vezes doloroso de sociali-
zação para o desempenho de vários de seus papéis, espe- c) São autorregulados, portanto, devem ser focali-
cialmente daqueles mais especializados. zados através da retroação que garante a homeostase.
A homeostasia é um equilíbrio dinâmico obtido
Os Conflitos Inevitáveis – conflito entre grupos é
através do feedback. É a capacidade que tem o sistema
um processo social fundamental. É o conflito o grande
de manter certas variáveis dentro de limites, mesmo
elemento propulsor do desenvolvimento, embora isto
quando os estímulos do meio externo forçam essas vari-
nem sempre ocorra. Não são, portanto, todos os conflitos
áveis a assumir valores que ultrapassam os limites da
desejáveis, mas sua existência não pode ser ignorada.
normalidade.
Segundo Amitai Etzioni, há na organização tensões ine-
vitáveis, de vários tipos, que podem ser reduzidas, mas Um dos grandes problemas da Cibernética é a re-
não eliminadas. Estas tensões situam-se entre necessida- presentação de sistemas originais através de outros sis-
des organizacionais e individuais, racionalidade e irraci- temas comparáveis, que são denominados modelos.
onalidade, disciplina e liberdade, relações formais e in- Principais Consequências da Cibernética na Admi-
formais, entre níveis hierárquicos e entre unidades admi- nistração
nistrativas. “Se a primeira Revolução Industrial desvalorizou o
Os Incentivos Mistos – entendendo a organização esforço muscular humano, a segunda Revolução Indus-
como um sistema formal no qual o trabalhador tinha um trial (provocada pela Cibernética) está levando a uma
papel absolutamente passivo e a natureza humana como desvalorização do cérebro humano”.
egocêntrica e voltada tão somente para fins econômicos, • Automação: engenhos com dispositivos que tra-
os incentivos eficientes teriam necessariamente que ser tam informações e produzem ações/respostas.
monetários. Entendendo a organização como um emara- • Informática: ferramenta tecnológica à disposi-
nhado de grupos informais que colaboram ou não com a ção do homem para promover seu desenvolvi-
administração na medida em que esta lhes oferecesse ou mento.
não status, prestígio e circunstâncias favoráveis ao de-
senvolvimento da amizade e do companheirismo, teria 2. Teoria Matemática da Administração: Teoria
que superestimar os incentivos e as recompensas psicos- Matemática põe ênfase no processo decisório e procura
sociais. tratá-lo de modo lógico e racional. Permite novas técni-
cas de planejamento e controle no emprego de recursos
materiais, financeiros e humanos e diminui os riscos en-
ABORDAGEM SISTÊMICA volvidos nos planos que afetam o futuro a curto ou longo
A Abordagem Sistêmica da Administração trata de prazo. Segundo a Teoria da Decisão, todo o problema
três escolas principais: administrativo equivale a um processo de decisão.
1. Cibernética: é a teoria dos sistemas de controle Necessidade de Modelos Matemáticos em Adminis-
baseada na comunicação (transferência de informação) tração: A Teoria Matemática preocupa-se em construir
entre o sistema e o meio e dentro do sistema, e do con- modelos matemáticos capazes de simular situações reais
trole (retroação) da função dos sistemas com respeito ao na empresa, normalmente futuras, que visam a avaliação
ambiente. da probabilidade de ocorrência e a resolução de proble-
mas de tomada de decisão.
Os sistemas cibernéticos apresentam três proprieda-
des principais: 3. Teoria de Sistemas: A Teoria Geral de Sistemas
a) São excessivamente complexos, portanto devem não busca solucionar problemas ou tentar soluções práti-
ser focalizados através da caixa negra. cas, mas sim produzir teorias e formulações conceituais
O sistema recebe entradas ou insumos para poder que possam criar condições de aplicações na realidade
operar, processando ou transformando essas entradas em empírica. A importância da TGS é significativa tendo em
saídas (outputs). Através da saída, o sistema exporta o vista a necessidade de se avaliar a organização como um
resultado de suas operações para o meio ambiente. O todo e não somente em departamentos ou setores.
conceito de caixa negra refere-se a um sistema onde seu Parâmetros dos Sistemas
interior não pode ser desvendado, e são conhecidos atra-
vés de manipulações ou de observação externa. São sis- • Entrada ou insumo ou impulso: (input).

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Conhecimentos Específicos
• Saída ou produto ou resultado: (output. das pesquisas, resumem que não há uma única e melhor
• Processamento ou processador ou transforma- forma de organizar.
dor: (throughput. 1. Chandler – pesquisou empresas americanas e
• retroação, retroalimentação ou retroinformação conclui que elas foram gradativamente determinadas pe-
(feedback). la sua estratégia mercadológica e por um grande proces-
• Ambiente (meio que envolve externamente o so histórico.
sistema). 2. Burns e Stalker – pesquisaram indústrias ingle-
sas para verificar a relação existente entre as práticas
Tipos de Sistemas
administrativas e o ambiente externo dessas indústrias.
Quanto à sua constituição, os sistemas podem ser fí- Classificaram as indústrias como organizações mecanís-
sicos ou abstratos: ticas, seguindo a Teoria Clássica, ou orgânicas, seguindo
• Sistemas físicos ou concretos (hardware). a Teoria das Relações Humanas.
• Sistemas abstratos (software). 3. Lawrence e Lorsch – pesquisaram sobre o con-
frontamento entre organização e ambiente que marca o
Quanto à sua natureza, os sistemas podem ser aber- aparecimento da Teoria da Contingência, concluíram que
tos ou fechados. os problemas organizacionais são a diferenciação e a in-
• Sistemas fechados: sistemas que não apresen- tegração.
tam intercâmbio com o meio ambiente externo, 4. Joan Woodward – investigou para saber se os
• Sistemas abertos: sistemas que apresentam re- princípios de administração propostos pelas várias teori-
lações de intercâmbio, através de entradas e sa- as administrativas correlacionavam-se com êxito do ne-
ídas. gócio quando postos em prática. Do ponto de vista da
administração, a tecnologia pode ser abordada e analisa-
O Sistema Aberto: O Sistema Aberto mantém um da sob vários ângulos e perspectivas, tal a sua complexi-
intercâmbio de transações e conserva-se constantemente dade. Assim a necessidade de classificações e tipologias
no mesmo estado (auto-regulação), apesar da matéria e de tecnologia para facilitar sua administração.
energia que o integram se renovarem constantemente 5. Tipologia de Thompson (Thompson) – Classifi-
(equilíbrio dinâmico ou homeostase). O sistema aberto é cou a tecnologia em 6, entre elas definindo como em li-
influenciado pelo meio ambiente e influi sobre ele, al- nha de produção em massa, em tecnologia intensiva, fle-
cançando um estado de equilíbrio dinâmico nesse meio. xível, fixa e de produto abstrato.
A Organização como um Sistema Aberto: A descri-
ção de sistema aberto é exatamente aplicável a uma or- O arranjo organizacional: As organizações são, de
ganização empresarial. Uma empresa é um sistema cria- um lado, sistemas abertos, sua eficácia reside na tomada
do pelo homem e mantém uma dinâmica interação com de decisões capazes de permitir que a organização se an-
seu meio ambiente. tecipe as oportunidades, se defendam das coações e se
ajuste as contingências do ambiente.
Influi sobre o meio ambiente e recebe influências
dele. É um sistema integrado por diversas partes relacio- Por outro lado, as organizações são sistemas fecha-
nadas entre si, que trabalham em harmonia umas com as dos, tendo em vista que o nível operacional funciona em
outras, com a finalidade de alcançar uma série de objeti- termos de certeza e de previsibilidade, operando a tecno-
vos, tanto da organização como de seus participantes. logia de acordo com eficiência reside nas operações exe-
O Homem Funcional: A Teoria de Sistemas baseia- cutadas dentro de programas, rotinas e procedimentos cí-
se no conceito do “homem funcional”, que comporta-se clicos, repetitivos, e moldes da melhor maneira.
em um papel dentro das organizações, inter- Organizações por equipe: A mais recente tendência
relacionando-se com os demais indivíduos como um sis- tem sido o esforço das organizações em implementar os
tema aberto. A perspectiva sistêmica trouxe uma nova conceitos de equipe. A cadeia vertical de comando cons-
maneira de ver as coisas, não somente em termos de titui um poderoso meio de controle, mas seu ponto frágil
abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque, o é jogar a responsabilidade para o topo. A abordagem de
enfoque do todo e das partes, do dentro e do fora, do to- equipes torna as organizações mais flexíveis e ágeis ao
tal e da especialização, da integração interna e da adap- ambiente global e competitivo. Existem dois tipos de
tação externa, da eficiência e da eficácia. equipes: a funcional (vários departamentos) e a perma-
ABORDAGEM CONTIGENCIAL nente (departamentos formais).

A teoria da contingência enfatiza que não há nada O Homem Complexo: “Homem Complexo”: o ho-
de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa, mem como um sistema complexo de valores, percepções,
tudo é relativo, tudo depende. Em vez de uma relação de características pessoais e necessidade, porém variável,
causa e efeito existe uma relação funcional entre elas do tem muitas motivações, que se encontram dispostas em
tipo “se-então”. uma certa hierarquia e sujeita a mudanças de situação à
situação e de momento a momento.
A teoria da contingência nasceu a partir de uma sé-
rie de pesquisas feitas para verificar os modelos de estru- Consenso dos autores quanto ao relativismo em
turas organizacionais mais eficazes em determinados ti- administração - A visão contingencial requer habilidades
pos de indústrias em diferentes condições. Os resultados de diagnóstico situacional não somente habilidades de
aplicar ferramentas ou esquemas de trabalho. Adminis-

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Conhecimentos Específicos
tração não é somente indicar o que fazer, mas principal- O surgimento de conceitos e técnicas de gestão or-
mente analisar por que fazer as coisas. ganizacional decorre de alterações ambientais, econômi-
A Teoria Contingencial põe forte ênfase no ambien- cas, sociais, políticas e tecnológicas, que resultam no
te, focalizando a organização de fora para dentro, na tec- conceito de paradigmas da administração, que corres-
nologia, meios de se utilizar adequadamente da tecnolo- pondem a referências para explicar e compreender situa-
gia que proporciona os produtos/serviços da organização ções. Os paradigmas são formados por premissas (hipó-
e integra e compatibiliza as abordagens de sistemas fe- teses) e pelo contexto, ambiente propício para o nasci-
chado e de sistema aberto, mostrando que as abordagens mento de teorias de gestão.
mecanísticas se preocuparam com os aspectos internos A expressão racional-legal foi cunhada por Max
da organização, e as orgânicas voltaram-se para os as- Weber, que tem como premissa a obediência ao ordena-
pectos da periferia e dos níveis. mento jurídico, não às pessoas ou à tradição. Trata-se de
uma dominação e não da racionalidade inerente a uma
determinada norma. Sob os auspícios do modelo racio-
13.2. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLI- nal-legal os profissionais são selecionados pela sua com-
CA NO BRASIL (APÓS 1930); REFORMAS ADMINIS- petência técnica, por meio de seleção com critérios bem
TRATIVAS; A NOVA GESTÃO PÚBLICA. definidos. O apego ao estatuto (lei) e à meritocracia fun-
A Administração Pública, conjunto de agentes e en- cional marca essa tendência. Portanto, as formas de in-
tes públicos, rege-se por normas e princípios jurídicos. gresso e promoção no serviço público baseadas na meri-
tocracia são as principais referências desse modelo de
Esses princípios são valores que devem nortear a administração.
conduta do agente público.
A administração pública burocrática, em que tal
Colhe-se dos ensinamentos de Luiz Flávio Gomes o modelo é crucial para que seja assim identificada, surgiu
seguinte: “Funções dos princípios: fundamentadora, in- na segunda metade do século XIX, sob a égide do Estado
terpretativa e supletiva ou integradora: por força da liberal, com o propósito de combater a corrupção e o ne-
função fundamentadora dos princípios, é certo que ou- potismo que caracterizaram a administração patrimonia-
tras normas jurídicas neles encontram o seu fundamento lista, amplamente praticado nas monarquias europeias.
de validade. O artigo 261 do CPP (que assegura a ne-
cessidade de defensor ao acusado) tem por fundamento Enquanto modelo de gestão, funda-se nos seguintes
os princípios constitucionais da ampla defesa, do con- princípios:
traditório, da igualdade etc.. Os princípios, ademais, • a profissionalização (carreira e hierarquia fun-
não só orientam a interpretação de todo o ordenamento cional);
jurídico, senão também cumprem o papel de suprir even- • a impessoalidade;
tual lacuna do sistema (função supletiva ou integrado- • o formalismo.
ra). No momento da decisão o juiz pode valer-se da in-
terpretação extensiva, da aplicação analógica bem como O excessivo controle administrativo é feito sempre
do suplemento dos princípios gerais de direito (CPP, a priori, ou seja, o pressuposto é a desconfiança prévia
art. 3º). Considerando-se que a lei processual penal ad- nos administradores públicos e nos cidadãos.
mite "interpretação extensiva, aplicação analógica bem Apesar da tendência da administração gerencial na
como o suplemento dos princípios gerais de direito" Era FHC, no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
(CPP, art. 3º), não havendo regra específica regente do Estado de 1995, por ele preconizado constam formas de
caso torna-se possível solucioná-lo só com a invocação exercer o controle:
de um princípio”.
• de admissão de pessoal;
Dada à relevância da matéria, passemos a analisar
• das compras; e
as formas de administração pública reconhecidas em
doutrina. • de atendimento às demandas.

No início a administração era patrimonialista, em Na Administração pública burocrática o controle é,


que o governante confundia os interesses públicos com em sua essência, a garantia do poder do Estado, porque
os interesses privados e se valia das normas para impor pressupõe sua ineficiência, sua auto-referência e a sua
esse status. incapacidade para atender demandas sociais e ver o ci-
dadão como cliente. Eis, então, que surge o paradigma
Em seguida surge a administração burocrática, que (modelo, exemplo, padrão) pós-burocrático, pelo qual há
é caracterizada pelo modelo racional-legal, que deu lu- descentralização, competição, orientação para o merca-
gar, em doutrina, ao modelo gerencial. Mas o que vem a do, com ênfase no cidadão-cliente.
ser tal expressão?
Essa gestão caracteriza-se pelo enfoque nos resulta-
Note-se que não basta ter tal denominação, é preci- dos, na eficiência (cumprimento de normas e procedi-
so investigar se por detrás da faceta moderna da organi- mentos e redução de custos), na eficácia (alcance de re-
zação, não há práticas obsoletas e violadoras dos princí- sultados e qualidade de produtos e serviços) e efetivida-
pios que informam a nova administração. de (impacto da decisão), tendo o cidadão como benefici-
ário, em decorrência da expansão das funções econômi-

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Conhecimentos Específicos
cas e sociais do Estado e do desenvolvimento tecnológi- dades dos parlamentares, tem, paralelamente, as funções
co e à globalização da economia. de administração interna com alocação de pessoal e
equipamentos que ficam à disposição dos senadores a
A nova cultura gerencial e os valores de gestão ori-
fim de atender aos seus objetivos institucionais. O mes-
entaram a implantação da reforma do aparelho do Estado
mo acontece com os demais órgãos independentes: Su-
em 1995, rompeu com o modelo burocrático, mas con-
premo Tribunal Federal, Presidência da República, Tri-
servando alguns elementos e valores, tais como:
bunal de Contas da União, Ministério Público da União,
• a admissão de pessoal, segundo rígidos critérios etc.
de mérito; Quando se fala em administração pública strictu
• a existência de um sistema estruturado e uni- sensu, tem-se em mente o Poder Executivo, com a se-
versal de remuneração; guinte configuração: Presidência da República como ór-
• as carreiras; gão central e independente, e os Ministérios como ór-
• a avaliação constante de desempenho; gãos autônomos, vinculados àquela, além dos demais ór-
• a dispensa por insuficiência de desempenho; gãos subordinados e de expediente.
• o treinamento sistemático. Os Ministérios exercem supervisão ministerial so-
São princípios da administração gerencial: bre as entidades administrativas a ele vinculadas: autar-
quias, fundações, empresas públicas e sociedades de
• o foco no cidadão-cliente economia mista. Esta é, portanto, a atual estrutura strictu
• orientação para o resultado (planejamento estra- sensu da administração pública brasileira.
tégico e indicadores de desempenho) A administração pública moderna, preconizada com
• ênfase no controle social, transparência e ac- o advento do novel texto constitucional, pressupõe ativi-
countability (conselhos, orçamento participati- dades gerenciais, com superação da estrutura herdada do
vo e governança eletrônica) período anterior e posterior ao golpe militar de 1964, que
• contratualização e flexibilização da gestão era caracterizada pelo patrimonialismo e burocracia ex-
(contratos de gestão, terceirização e privatiza- cessiva.
ções) A administração burocrática caracteriza-se, como já
• valorização e desenvolvimento de pessoas (no- referido, por se ocupar de racionalizar e positivar o longo
vos concursos e carreiras, remuneração variá- e dispendioso processo para alcançar os objetivos pro-
vel, capacitação e flexibilização do regime jurí- postos, ou seja, o oposto do que ocorre na administração
dico de pessoal). gerencial.
Assim, a estratégia desse modelo de administração Antes de 1930, porém, a administração pública era
está inteiramente direcionada para a definição dos obje- desestruturada, pesada, desorganizada, tida por “patri-
tivos que o administrador público deverá atingir; para a monialista”, em que o administrador tratava como seu o
garantia de autonomia do administrador na gestão dos patrimônio público, fruto de uma cultura retrógrada dos
recursos humanos, materiais e financeiros; para o contro- coronéis de então.
le e para a prática da competição administrada no interior Em tese, a administração pública patrimonialista
do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabe- marcou o período anterior a 1930, mas até os dias atuais
lecer concorrência entre unidades internas. é possível observar em diversas administrações, princi-
Em síntese, a administração burocrática está basea- palmente municipais, traços típicos dessa época. A partir
da nos processos, e a administração gerencial nos resul- de então, tem uma administração burocrática até 1988,
tados. que deu lugar ao modelo de administração gerencial,
concretizada em 1995.
Ao longo do tempo, desde o advento da Monarquia,
A essa nova perspectiva e modelo de administração
influenciado pela doutrina da tripartição dos poderes,
agregou-se a dimensão moderna da Teoria do Estado
preconizada por Montesquieau, que serviu de pilar para o
Mínimo, que preconizava a eficiência, a produtividade e
sucesso da Revolução Francesa, diversos modelos admi-
a excelência, nos moldes de uma atividade gerencial pri-
nistrativos foram adotados no Brasil, cada qual sujeito às
vada. É um modelo de compartilhamento das responsabi-
ingerências de quem detinha o poder e influenciados por
lidades públicas, daí as figuras modernas das organiza-
questões políticas e administrativas.
ções sociais e das Organizações da Sociedade Civil de
Atualmente a estrutura da administração pública Interesse Público, estas baseadas no princípio da univer-
brasileira segue a linha adotada pelos Estados Unidos e salização dos serviços.
pela França. Nesse contexto, a Lei nº 9.790/99, dispõe sobre a
Nesses países, como aqui, há três poderes que exer- qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem
cem suas atribuições institucionais, sendo a estrutura or- fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil
gânica dessas instituições representada pela expressão de Interesse Público (OSCIP), institui e disciplina o
administração pública latu sensu, que exerce atividades Termo de Parceria, instrumento destinado à formação de
técnicas de gestão. vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a
Em outras palavras, enquanto o Senado Federal, por execução das atividades de interesse público, a saber: I-
exemplo, tem atribuições de legislar, tipificando as ativi- a promoção da assistência social; II- promoção da cultu-
ra, defesa e conservação do patrimônio histórico e artís-

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Conhecimentos Específicos
tico; III- promoção gratuita da educação, observando-se Por volta de 1936, o Governo Vargas criou o De-
a forma complementar de participação das organizações partamento Administrativo do Serviço Público (DASP),
de que trata esta Lei; IV- promoção gratuita da saúde, destinado a modernizar a máquina administrativa, com
observando-se a forma complementar de participação base nos princípios do mérito, da centralização, da sepa-
das organizações de que trata esta Lei; V- promoção da ração entre o público e o privado, da hierarquia, da im-
segurança alimentar e nutricional; VI- defesa, preserva- pessoalidade, da rigidez e universalidade das regras e da
ção e conservação do meio ambiente e promoção do de- especialização e qualificação dos servidores, em resposta
senvolvimento sustentável; VII- promoção do voluntari- a um Estado patrimonial, da falta de qualificação técnica
ado; VIII- promoção do desenvolvimento econômico, do seu corpo de funcionários, adotando-se um modelo
social e combate à pobreza; IX- experimentação, não lu- racional-legal, influenciado pela teoria Keynesiana, que
crativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas difundia a intervenção do Estado na economia, numa
alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; época tipicamente agrária, para o desafio da industriali-
X- promoção de direitos estabelecidos, construção de zação.
novos direitos e assessoria jurídica gratuita de caráter Houve um inchaço da máquina administrativa com
suplementar; XI- promoção da ética, da paz, da cidada- a criação de vários órgãos governamentais, com a cria-
nia, dos direitos humanos, da democracia e de outros va- ção da Petrobrás, Companhia Siderúrgica Nacional,
lores universais; XII- estudos e pesquisas, desenvolvi- CHESF, etc.
mento de tecnologias alternativas, produção e divulgação
1956/60 – A ADMINISTRAÇÃO PARALELA
de informações e conhecimentos técnicos e científicos.
DE JK
Sob uma perspectiva de planejamento e gestão, os
itens a seguir refletem a adoção pelo Estado Brasileiro, Com o objetivo de implementar o Plano de Metas
de um novo marco para a administração pública, mais (50 anos em 5), e dar vazão ao projeto desenvolvimentis-
estruturada e gerencial. Antes, porém, cumpre sintetizar ta, JK idealizou a criação de estruturas paralelas ao apa-
as dimensões estruturais e culturais da máquina adminis- relho estatal herdado, com o propósito de se desvencilhar
trativa brasileira após 1930 até os dias atuais. das amarras burocráticas do período anterior à sua ges-
tão.
Como recurso didático, a cronologia da estrutura
A construção de Brasília foi precedida por um
administrativa reconhecida em doutrina, pode ser deline-
grande número de empresas e órgãos públicos, dando
ada da seguinte forma:
continuidade ao inchaço da administração pública e au-
• 1930/45 – Burocratização da Era Vargas mento da dívida externa.
• 1956/60 – A administração paralela de JK Nesse período foi criada a SUDENE e, no governo
• 1967 – A reforma militar (Decreto-Lei 200/67) de João Goulart a SUNAB, com vistas ao atendimento
• 1988 – A administração pública na nova Cons- da política de integração, desenvolvimento e alimentar
tituição da população.
• 1990 – O governo Collor e a redução da estru-
tura administrativa 1967 – A REFORMA MILITAR (Decreto-Lei
• 1995/2002 – O aspecto gerencial da Era FHC 200/67)
• Teoria da New Public Management (Nova Ges- No período pós-67, houve a ampliação da função
tão Pública) econômica do Estado com a criação de várias empresas
Esses mais de setenta anos de história administrati- estatais e a possibilidade de se valer da força do regime
va, foram marcados por criações, fusões e extinções de para implementar políticas administrativas, resultando na
órgãos, decorrentes da instabilidade do organograma e edição do Decreto-Lei nº 200/67, que distingue a Admi-
da necessidade de novas estruturas. Apesar dessas trans- nistração Direta (exercida por órgãos diretamente subor-
formações orgânicas, a prática administrativa ainda não dinados aos ministérios) da Indireta (formada por autar-
venceu o desafio do tempo, tanto que ainda persistem quias, fundações, empresas públicas e sociedades de
sob os rastros que revelam a prática de atividades obsole- economia mista, como já visto na introdução desse traba-
tas, não dinâmicas, tudo decorrente da centralização ex- lho).
cessiva aliado à vontade de resistir às mudanças e à tec- Houve uma padronização e normatização nas áreas
nologia. Por isso, essa nova fase é marcada por novos de pessoal, compras e execução orçamentária, fundadas
conceitos de organizações não governamentais, agências em cinco princípios estruturais da administração pública:
executivas, organizações sociais, parcerias com o setor planejamento, coordenação, descentralização, delega-
privado, mercados comuns e competitividade entre paí- ção de competências e controle.
ses. O inchaço da máquina continua, juntamente com as
1930/45 – BUROCRATIZAÇÃO DA ERA despesas públicas.
VARGAS Foram criados, nesse período, o Banco Central, a
Até 1936 o governo Vargas era influenciado pelo EMBRATUR, o INPS (atual INSS, resultante da fusão
facismo e por correntes políticas europeias. Sua adminis- com o INAMPS), o FUNRURAL e o MOBRAL, bem
tração era resultado do pensamento gaudilhesco e cultu- como a realização de grandes obras, tais como a Tran-
ral do sul do país de então, com atividade administrativa samazônica, Itaipu, Ferrovia do Aço, Ponte Rio-Niterói,
escassa. e, com elas a expansão da cultura do emprego público

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Conhecimentos Específicos
em larga escala com o inchaço do BNH, Banco do Bra- A TEORIA DA NEW PUBLIC MANAGE-
sil, Embratel, Eletrobrás e estímulo à criação de bancos, MENT (NOVA GESTÃO PÚBLICA)
telefônicas e empresas de saneamento e energia elétrica
Sob forte influência das mudanças administrativas
nos estados membros, o que tornou muito mais pesada a
em curso nos EUA e Inglaterra a partir de 1995, foi in-
máquina pública.
troduzida no Brasil a cultura do management (gestão,
O final do governo militar, apesar da preparação pa- administração) que adota técnicas e tecnologia do setor
ra o novo regime que se avizinhava, foi marcado pela es- privado para o setor público, em especial os seguintes:
trutura gigantesca da máquina administrativa.
• Empreendedorismo governamental (Governo
1988 – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA Empreendedor)
NOVA CONSTITUIÇÃO • A reengenharia (mudança de paradigmas admi-
Marcada pelo fortalecimento da Administração Di- nistrativos)
reta, com regras semelhantes às adotadas para a Admi- • Administração da qualidade total
nistração Indireta, tanto ao nível de seleção de pessoal, • O foco no cliente (em termos estatais, o cidadão
quanto aos procedimentos para contratação de serviços e como destinatário)
compras públicas.
As diferenças entre a gestão pública e a gestão pri-
1990 – O GOVERNO COLLOR E A REDUÇÃO vada, podem ser resumidas no fato de o Estado exercer
DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA poder e soberania, essa distinção tem muita importância
O governo Collor é marcado pelo cumprimento de nas relações internacionais.
promessas de campanha, consubstanciado na extinção de
Outras diferenças podem ser destacadas:
milhares de cargos de confiança e de carreira, da reestru-
turação e extinção de órgãos, demissão de servidores não • forma de obtenção de recursos;
estáveis ou colocação em disponibilidade remunerada. • destinatário das ações;
Alguns historiadores afirmam que esse período é caracte- • mecanismos de controle do desempenho dos di-
rizado pelo desmonte da máquina administrativa, sem rigentes;
planejamento estratégico, o que resultou numa avalanche • subordinação ao ordenamento jurídico existen-
de processos judiciais que perduram até os dias atuais. te;
Outros entendem que houve um redimensionamento da • garantia da sobrevivência;
máquina, colocando-a em um patamar compatível com a • velocidade no processo de tomada de decisões;
capacidade do Estado de suportar e administrar a infini-
• modo de criação, alteração ou extinção da pes-
dade de órgãos, iniciando a redução das despesas públi-
soa jurídica.
cas, com a política de privatização das estatais que só foi
implementado no governo seguinte. Mas há de se considerar as convergências entre es-
sas estruturas, ou seja, aqueles elementos e característi-
1995/2002 – O ASPECTO GERENCIAL DA
cas que as identificam entre si, como a criação e o funci-
ERA FHC
onamento das organizações públicas, porquanto funda-
Sob o título de que estaria implementando uma re- das no planejamento, organização, direção e controle, e
forma administrativa, resultante da reforma do próprio questões afetas à gestão de recursos humanos, finanças,
Estado, preconizada por Luis Carlos Bresser Pereira, à administração de materiais, contabilidade, orçamento,
frente do Ministério da Administração Federal e da Re- prestação de serviços, atendimento ao público, tecnolo-
forma do Estado (MARE), a reforma gerencial baseou-se gia de informações, dentre outros, o que justifica a in-
no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado corporação de técnicas e métodos de gestão privada.
(PDRAE), com o objetivo de mudar a cultura burocrática
amplamente praticada na administração.
13.3. PROCESSO ADMINISTRATIVO.
A Teoria do Estado Mínimo, que marcou esse perí-
odo, visa reduzir o aparelho estatal, por meio de privati- A Teoria Neoclássica é também denominada Escola
zações e criação de Agências Reguladoras, incumbidas Operacional ou Escola do Processo Administrativo, pela
de regulamentar e fiscalizar os setores privatizados, ini- sua c
cialmente nas áreas de petróleo, energia elétrica e tele- A concepção da Administração como um processo
comunicações. de aplicação de princípios e de funções para o alcance
Com a economia estabilizada e sem inflação, decor- de determinados objetivos surgiu na denominada Escola
rente da adoção do Plano Real, no governo Itamar Fran- Operacional ou Escola do Processo Administrativo, com
co, rígido controle do déficit público e austeridade das base na teoria neoclássica.
contas e nas despesas orçamentárias, foi implementada Considerando as várias funções do administrador
mais uma Reforma Administrativa, com a Emenda Cons- público, de forma global, formam o processo adminis-
titucional nº 19/1998. Contratos de gestão foram firma- trativo. Assim, se considerarmos isoladamente os ele-
dos, foram criadas agências executivas, agências regula- mentos relacionados ao planejamento, organização, di-
doras e feita uma reforma previdenciária por meio da reção e controle, por exemplo constituem meras funções
Emenda Constitucional nº 20/1998, com vistas ao con- administrativas, mas se agrupados em uma abordagem
trole do déficit previdenciário do setor público. total formam o processo administrativo.

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Conhecimentos Específicos
Planejamento é decisão sobre os objetivos; defini- • Comunicação: A comunicação entre os
ção de planos para atingi-los e programação de ativida- seres humanos é uma das coisas mais críti-
des. cas que existe, especialmente na língua
Organização são recursos e atividades para atingir portuguesa, onde nem sempre o que se pre-
os objetivos. São os órgãos e cargos, as atribuições de tende comunicar é o que acaba sendo es-
autoridade e responsabilidade. crito. Uma boa comunicação exige clareza,
discrição e uma linguagem no nível de
Direção refere-se ao preenchimento dos cargos, da
quem recebe a comunicação. Saber ouvir é
comunicação, liderança e motivação do pessoal.
importante. Quem recebe uma comunica-
Controle é a definição de padrões para medir de- ção e não consegue interpretá-la, não pode
sempenho, corrigir desvios e garantir a realização do dizer que sabe se comunicar.
que foi planejado.
• Liderança: A liderança pode ser definida
13.3.1. FUNÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: como a habilidade que uma pessoa tem de
PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E exercer influência interpessoal, utilizando
CONTROLE. os meios de comunicação que levem as ou-
tras pessoas a se envolverem e participar
a) Funções Administrativas do processo operacional de uma empresa,
empregando toda a sua criatividade para
Administração de uma empresa é baseada no pres-
atingir um determinado objetivo.
suposto de que aquele que a administra está apto a de-
senvolver uma série de ações que a levem a atingir um Existe uma diferença entre liderança encarada como
objetivo. um atributo pessoal, onde o indivíduo influencia as pes-
soas por ter qualidades pessoais reconhecidas por todos,
O objetivo primordial de uma empresa é a satisfa-
e a liderança derivada de uma função na empresa decor-
ção do cliente, razão de ser do empreendimento.
rente da atribuição de autoridade de uma cadeia de co-
Para atingir o objetivo estabelecido para a empresa, mando.
devemos utilizar os recursos humanos, materiais e finan-
O comportamento de um líder, voltado para o pla-
ceiros numa ação ordenada das chamadas funções admi-
nejamento, informação, avaliação de controle, além do
nistrativas: planejar, organizar, coordenar, dirigir e con-
estímulo e recompensa, deve auxiliar o grupo a atingir
trolar.
seus objetivos.
• Planejar: É ordenar as ideias, estabele-
b) Ciclo empresarial
cendo o objetivo da empresa e fixando o
tempo que levará para atingi-lo. É quanti- Uma empresa, seja qual for sua grandeza, apresenta
ficar e qualificar os recursos que serão uti- um ciclo do trabalho após sua constituição que envolve
lizados e fixar as metas antes do objetivo. basicamente a alocação de recursos humanos e materiais
da produção de bens ou serviços que serão posteriormen-
• Organizar: É fundamentalmente arrumar
te vendidos aos clientes.
o que se faz no dia a dia, pois uma pessoa
desarrumada com suas coisas pessoais ja- Os recursos obtidos com essas vendas serão utiliza-
mais conseguirá organizar o que quer que dos pela empresa para pagar materiais e mão de obra,
seja e transmitirá para a empresa o seu remunerar o capital dos acionistas (e com isso teria aten-
modo pessoal de organização. A organiza- dido os três princípios ou fatores básicos: terra, trabalho
ção deve começar pela própria pessoa. e capital) e amortizar, saldar e remunerar os compromis-
sos assumidos com o mercado de capitais, terceiros que,
• Coordenar: É motivar os recursos huma- dependendo da necessidade, suprem a empresa de recur-
nos a agir de forma harmoniosa na utiliza- sos financeiros.
ção dos recursos materiais e financeiros,
em benefício comum dos objetivos da em- É admitido em termos normais que a empresa gere
presa. da sua operação recurso suficiente para manter o giro do
negócio, só recorrendo a financiamentos para outros fins,
• Dirigir: É determinar o que deve ser feito como por exemplo expansões.
em cada ação para que sejam atingidos os
objetivos. A análise do ciclo empresarial permite identificar
funções empresariais tais como: abastecimento, produ-
• Controlar: É estabelecer padrões de avali- ção, vendas e finanças. Existem outras funções não tão
ação, acompanhar a operação da empresa, visíveis no ciclo empresarial, mas que são de máxima
coletando dados relativos ao desempenho importância (funções administrativas).
de cada setor, avaliando este desempenho
em relação aos padrões, fixando correções
no desempenho operacional dessa empre-
sa.

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Conhecimentos Específicos
13.3.1.2. PLANEJAMENTO, DIREÇÃO, CO- tas estabelecidas. Envolve a coleta de dados, a análise
MUNICAÇÃO, CONTROLE E AVALIAÇÃO dos resultados e a tomada de ações corretivas, quando
necessário. O controle ajuda a identificar desvios no de-
A abordagem sobre as funções administrativas se-
sempenho e a garantir que a empresa esteja no caminho
gue uma ordem lógica pela qual nós as usaríamos para
certo para alcançar seus objetivos.
criar uma organização. Quando uma empresa é formada,
nós primeiro planejamos, a seguir pensamos em sua es- e) Avaliação
trutura, como ela se organiza, em terceiro lugar como a
A avaliação é um processo contínuo que visa anali-
dirigimos e, por último, como a controlamos.
sar o desempenho da empresa e identificar áreas de me-
a) Planejamento lhoria. Isso inclui a análise dos resultados alcançados, a
comparação com os objetivos e metas estabelecidas e a
Planejamento é o processo de pensar voltado para o
identificação de oportunidades de aprimoramento. A
futuro. Está relacionado com a missão, o negócio da em-
avaliação permite ajustar os planos e estratégias da em-
presa e sua eficácia em se manter no mercado. Leva em
presa para garantir sua eficácia e sucesso a longo prazo.
consideração diversas variáveis, dentre elas as pessoas, o
meio ambiente, a tecnologia e outros recursos para, em Em resumo, as funções administrativas são funda-
seguida, definir objetivos, planos e programas necessá- mentais para o sucesso de uma empresa. O planejamen-
rios para uma organização. to, a direção, a comunicação, o controle e a avaliação são
processos inter-relacionados que permitem a criação e a
O cenário muda constantemente e, portanto, os pla-
manutenção de uma organização eficiente e eficaz, capaz
nos e programas não devem ser rígidos, porque ao longo
de atingir seus objetivos e se adaptar às mudanças no
do tempo sofrerão reajustes periódicos, baseados em no-
ambiente empresarial.
vas informações e mudanças nas condições operacionais.
O processo de planejar pode ser mais bem entendi-
do se dividido em etapas: 13.4. PROCESSOS DE PLANEJAMENTO ES-
1) Diagnóstico do problema; TRATÉGICO
2) Análise das soluções alternativas; Planejamento estratégico, processo de planejamento
3) Projeção dos resultados para cada alternativa; e estratégico e plano estratégico são termos utilizados, por
4) Seleção de uma alternativa como linha de ação. vezes, de maneira indiscriminada, mas que possuem re-
Podemos classificar o planejamento como de longo levância e significados próprios. Fica bastante aparente
e curto prazo. que as definições são numerosas, -pouco precisas e dife-
rentes entre si, como aliás é genérico no estudo de admi-
• Planejamento a longo prazo é aquele definido nistração de empresas. (Bethlem, 1993).
para períodos superiores a um ano, envolve to-
Plano estratégico é o resultado final, em forma de
das as áreas funcionais da organização e é afe-
documento, do processo de planejamento estratégico. O
tado pelos fatores sociais, econômicos e tecno-
planejamento estratégico é o conjunto de atividades en-
lógicos do ambiente.
volvidas no processo de elaboração do plano estratégico
• Planejamento a curto prazo normalmente en-
ou, segundo Ansoff, Declerck & Hayes (1976), "a análi-
volve períodos inferiores a um ano, objetivando
se racional das oportunidades oferecidas através da iden-
resultados imediatos.
tificação dos pontos fortes e fracos das empresas e da es-
colha de um modo de compatibilização (estratégia) entre
b) Direção
os dois extremos". O processo de planejamento estraté-
Direção é o processo de liderar e orientar os colabo- gico é um mecanismo através do qual uma organização
radores na execução das tarefas e atividades, visando al- formula e implementa sua estratégia.
cançar os objetivos estabelecidos no planejamento. A di- Chandler (1962) descreveu o processo de planeja-
reção envolve a tomada de decisões, a comunicação efi- mento estratégico como a maneira pela qual uma empre-
ciente e a motivação dos funcionários. sa determina seus objetivos de longo prazo, permitindo-
c) Comunicação lhe adotar um curso de ação que possibilite a alocação
dos recursos necessários para atingir os objetivos deter-
A comunicação é essencial para o funcionamento minados.
eficaz de uma organização, pois permite a troca de in- Kudla (1980) via o planejamento estratégico como
formações entre os membros e a coordenação das ativi- um processo sistemático de determinação das metas e
dades. Uma comunicação eficiente deve ser clara, conci- objetivos de uma organização para pelo menos três anos
sa e adequada ao público-alvo. O feedback também é um adiante, aliado ao desenvolvimento de estratégias que
aspecto importante da comunicação, pois permite a ava- permitissem gerenciar a aquisição e alocação de recur-
liação do entendimento das mensagens e a correção de sos.
eventuais falhas no processo comunicativo.
Grinyer e Norburn (1975) apresentaram uma defini-
d) Controle ção muito similar a de Kudla, incluindo apenas a intera-
O controle é o processo de monitorar e avaliar o de- ção com o ambiente externo como parte do processo, di-
sempenho da organização em relação aos objetivos e me-

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Conhecimentos Específicos
zendo que políticas e estratégias devem ser formuladas • Ele não é uma tentativa de eliminar o risco. É
de modo a atender demandas do ambiente externo. fundamental que os riscos assumidos sejam os
Para Bethlem (1998), o processo é o "como" fazer a riscos certos.
elaboração e o desenvolvimento de um plano, incluindo Há muitas conceituações para planejamento estraté-
as atividades de formação do grupo de elaboração do gico. Segundo Kotler (1992, p.63), “planejamento estra-
plano estratégico e as atividades utilizadas para desen- tégico é definido como o processo gerencial de desen-
volver o conteúdo do plano. volver e manter uma adequação razoável entre os objeti-
Oliveira (1999) dá ênfase ao processo de planeja- vos e recursos da empresa e as mudanças e oportunida-
mento, classificando-o como um processo sistemático e des de mercado”. O objetivo do planejamento estratégico
constante de previsão para o auxílio à tomada de deci- é orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa
sões. de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios.
Para o autor: Já Drucker (1977) define Planejamento Estratégico
"O processo de planejamento é muito mais impor- como um processo contínuo, sistemático, organizado e
tante que seu produto final (...), o plano, sendo que capaz de prever o futuro, de maneira a tomar decisões
este deve ser desenvolvido 'pela' empresa e não que minimizem riscos.
'para' a empresa. Se não for respeitado este aspec-
Uma outra conceituação interessante apresenta o
to, têm-se planos inadequados para a empresa,
planejamento estratégico “como um processo administra-
bem como uma resistência e descréditos efetivos
tivo para se estabelecer a melhor direção a ser seguida
para a sua implantação" (1999: p. 35)
pela empresa, visando ao otimizado grau de fatores ex-
Existem diversas outras definições do processo de ternos – não controláveis – e atuando de forma inovadora
planejamento estratégico, mas todas são fortemente simi- e diferenciada” (Oliveira – 2007)
lares às citadas anteriormente (Robinson, 1972; Rhen-
man, 1973; Jauch & Osbom, 1981; Scott, Mitchell & Independente do autor fica claro que o planejamen-
Birbaunm, 1981; Segars, Grover & Teng, 1998; Bensa- to estratégico é um conjunto de ferramentas que por si só
on, Coyne & Venkatraman, 1999; Sabherwal, 1999; são insuficientes, mas quando é seguido de planejamen-
Hahn & Powers, 1999; Khatri & Ng, 2000). tos táticos e operacionais, consiste em robusta ferramen-
ta para implementar o pensamento estratégico da organi-
Em sua maioria, os estudos sobre processo de pla-
zação.
nejamento estratégico começam com uma definição e
apresentam sistematicamente quatro elementos em co- Mas qual a diferença entre o planejamento entre o
mum. O primeiro é o conceito de que o processo de pla- planejamento estratégico, tático e operacional?
nejamento estratégico envolve a determinação das metas
e/ou objetivos de uma organização. O segundo é a neces- De forma resumida, pode-se dizer que quanto aos
níveis, o planejamento estratégico relaciona-se com obje-
sidade do desenvolvimento de estratégias para atingir os
tivos de longo prazo e com estratégias e ações para al-
objetivos determinados.
cançá-los que afetam a empresa como um todo, enquanto
Em terceiro lugar aparece a aquisição e alocação de o planejamento tático relaciona-se aos objetivos de mais
recursos na forma de planos ou procedimentos ou proje- curto prazo e com estratégias e ações que, geralmente,
tos que suportem as estratégias desenvolvidas. Por fim, a afetam somente parte da empresa.
necessidade de que todos estes passos sejam desenvolvi-
dos de acordo com as demandas, necessidades e influên- Já o planejamento operacional pode ser considerado
cias do ambiente externo à organização. como partes homogêneas do planejamento tático, sendo
a formalização, principalmente através de documentos
escritos, das metodologias de desenvolvimento e implan-
13.5. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: VI-
tação estabelecidos. Tem foco nas atividades do dia-a-
SÃO, MISSÃO E ANÁLISE SWOT.
dia.
Uma das grandes dificuldades das empresas é a
De uma maneira geral, o planejamento estratégico é
conceituação da função do planejamento estratégico, em
responsabilidade dos níveis hierárquicos mais elevados
especial sua real amplitude e abrangência.
da empresa/organização, o planejamento tático é desen-
Drucker (1977), em seu livro Introdução a Adminis- volvido pelos níveis intermediários, tendo como princi-
tração, guarda em um de seus capítulos um espaço para o pal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponí-
tema em questão e, antes mesmo de definir o que é pla- veis e o planejamento operacional é elaborado pelos ní-
nejamento estratégico, ele define o que não é planeja- veis mais baixos da organização.
mento estratégico. Segundo ele:
• Planejamento estratégico não é uma caixa de
mágicas nem um amontoado de técnicas –
quantificar não é planejar;
• Não é previsão – ele se faz necessário por não
se ter a capacidade de prever;
• Não opera com decisões futuras. Ele opera com
o que há de futuro nas decisões presentes;

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Conhecimentos Específicos
Quantos aos níveis: Normalmente, estão relacionados à:
Produtos e Serviços; Finanças; Material; Tecnolo-
gia; Pessoal (Capital Humano); Informações Estratégicas
(Capital da Informação); e Organização (Capital Organi-
zacional).
Políticas
São orientações gerais que expressam os limites
dentre os quais as ações dos integrantes da organização
pública ou empresa privada devem se desenvolver, na
busca dos seus Objetivos Estratégicos e Metas. Devem
ser coerentes com os limites éticos estabelecidos pelos
Valores compartilhados pela Organização. É o que fa-
zer.
Intenção Estratégica
Estratégia
A intenção estratégica é o propósito da empresa ou
instituição. Em linhas gerais representa o que ela faz, pa- É o como fazer. Pode ser representada por cami-
ra que ela existe, aonde pretende chegar e quais os prin- nhos, maneiras ou ações formuladas e adequadas para al-
cípios de atuação. Está refletida no negócio, missão, vi- cançar, preferencialmente de maneira diferenciada, as
são e valores da empresa ou instituição. Vejamos cada metas, os desafios e os objetivos, no melhor posiciona-
uma delas. mento da empresa perante seu ambiente.

Negócio: Objetivos

Aponta a área de atuação à qual a organização pú- São os alvos ou situações concretas que se pretende
blica ou empresa privada quer se dedicar, considerando o atingir, com prazos e responsabilidades perfeitamente
universo de possibilidades existentes no ambiente em- definidas.
presarial em que se insere. Metas
Missão: São passos ou etapas perfeitamente quantificados,
• Declaração da utilidade da instituição para seus com responsáveis, recursos e prazos definidos, e coeren-
clientes. tes com uma determinada Estratégia para que os Objeti-
• Reflete o que a instituição quer oferecer aos vos Estratégicos ou Setoriais sejam alcançados.
consumidores. Análise do Ambiente (análise SWOT)
• Deve ser clara, excitante e inspiradora.
• Deve servir como motivação para as pessoas. A análise ambiental ajuda a verificar as tendências,
• Deve gerar forte senso de organização, identi- serve como base para a análise de cenários e deve levar
dade e propósitos do negócio. em conta aspectos econômicos, políticos, legais, tecno-
lógicos, socioculturais, etc.. Todas as Organizações pos-
Visão: suem, no seu ambiente interno, Pontos Fortes e Pontos
• É o que a instituição gostaria de ser. Fracos. Também estão sujeitas a várias Ameaças e po-
• Aonde seria ideal chegar. dem visualizar inúmeras Oportunidades para o seu cres-
• Normalmente subjetiva. cimento, ambas no ambiente externo. É como se a Em-
• Espelha o perfil e as características dos dirigen- presa perguntasse - “onde estou?”.
tes. A análise do ambiente externo pressupõe a existên-
• Baseada mais na intuição do que em análises cia de uma sistemática de inteligência competitiva que
objetivas. permita a busca, coleta, análise e disseminação de infor-
• Posteriormente confirmada pelo planejamento mações para o acompanhamento do comportamento de
estratégico. variáveis externas e das estratégias adotadas pelos atores
Valores: relevantes que atuam no ambiente.

• Conjunto de princípios culturais, ideológicos, Examinemos em detalhes cada um dos conceitos


morais e éticos que devem caracterizar a insti- anteriormente mencionados:
tuição e pautar a conduta de seus integrantes. Variáveis Externas
• Delimitam atitudes e ações estratégicas, táticas
e operacionais São fenômenos e/ou circunstâncias presentes no
ambiente que podem, de alguma forma, influenciar favo-
Fatores críticos de sucesso rável ou desfavoravelmente o sistema; podem ser tipifi-
São pré-condições internas, de diferentes naturezas, cadas como políticas, econômicas, sociais, militares ou
relacionadas tanto a seus ativos tangíveis quanto aos in- de segurança institucional, de meio ambiente, científico-
tangíveis e essenciais para que a organização pública ou tecnológicas e outras, tanto no campo nacional quanto no
empresa privada atinja seus Objetivos. regional e no internacional.

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Conhecimentos Específicos
Atores Externos Matriz BCG - Matriz de portfólio de negócio ou
de produtos
São indivíduos e/ou instituições presentes no ambi-
ente que podem, por sua atuação, influenciar favorável A matriz Boston Consulting Group (BCG como é
ou desfavoravelmente o sistema; podem ser tipificados conhecida) permite classificar as unidades de negócio ou
como clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes, go- produtos de acordo com a sua participação no mercado e
verno, novos entrantes, produtos / serviços substitutos, a taxa de crescimento no mercado que atuam (MAXI-
organizações e outros, tanto no campo nacional quanto MINIANO, 2008). Matriz BCG baseia-se em uma análi-
no regional e no internacional. se multidimensional que considera no eixo horizontal a
participação relativa de mercado da empresa em face do
A análise do ambiente interno e externo, levantan-
seu principal concorrente e geração de caixa. No eixo
do-se os pontos fortes e pontos fracos a as ameaças e
vertical, é observado o crescimento de mercado e a ne-
oportunidades, é a base para a Matriz SWOT.
cessidade de caixa da empresa, cada produto é analisado
e posicionado então na matriz de portfólio em um dos
Matriz GUT
quadrantes (COBRA, 1995, p. 234).
Kepner e Tregoe (apud OLIVEIRA, 2008, p.122)
desenvolveram uma “metodologia para definição de pri-
oridades e fatores, que pode ser utilizada como altera-
ções e ajustamentos, para o estabelecimento de predomi-
nância interna de pontos fortes ou fracos ou da predomi-
nância externa dos termos relacionados com oportunida-
des e ameaças”. Essa metodologia é denominada como
GUT- Gravidade/ Urgência/Tendência. Trata-se de uma
ferramenta utilizada para priorização das ações na ges-
tão. Consiste em analisar a Gravidade, a Urgência e a
Tendência do problema.

Kotler e Keller (2006) ao invés de descrever como


ponto de interrogação usou o termo em questionamento.
Ele relata que são negócios que operam em mercados de
alto crescimento, mas que têm baixa participação de
mercado. Produtos ou projetos nesse quadrante exigem
Gravidade: é tudo aquilo que afeta profundamente muito investimento. São geralmente novos negócios e
a essência, o objetivo da empresa. Sua avaliação decorre por não terem uma alta taxa de mercado deve-se tomar
do nível de dano ou de prejuízo que pode advir dessa si- um cuidado para que não virem “Abacaxis”. O termo
tuação. É analisada pela consideração da intensidade ou “Em Questionamento” se deve ao fato de que os projetos
impacto que o problema pode causar se não for solucio- que se encontram nesse quadrante estão sobre constante
nado (OLIVEIRA, 2008). avaliação, pois não possuem um bom fluxo de caixa e,
como dito anteriormente, exigem alto investimento.
Urgência: é o resultado da pressão do tempo que a
empresa sofre ou sente. Pode se considerar como pro- Cobra (1995) especifica ponto de interrogação co-
blemas urgentes prazos definidos e estipulados por lei ou mo sendo “produtos oportunidades” ou “menino prodí-
o tempo de resposta para clientes (MAXIMIANO, gio” estes produtos participam muito pouco em merca-
2009). dos com grande necessidade de caixa para suprir seu
crescimento.
Oliveira (2008, p. 122) destaca tendência como
sendo “o padrão de desenvolvimento da situação, sendo Para Kotler e Keller (2006) uma estrela é líder em
que sua avaliação está relacionada ao estado que sua si- um mercado de alto crescimento. Mas não produz neces-
tuação apresentará, caso o executivo não aloque os es- sariamente um fluxo de caixa positivo. A empresa deve
forços e os recursos extras”. Representa o “potencial de gastar recursos substanciais para acompanhar a alta taxa
crescimento do problema, a probabilidade das conse- de crescimento e afastar os ataques dos concorrentes. A
quências de se tornar maior com o passar do tempo” empresa que não possui projetos estrelas tem grandes
(GRIMALDI, 1994, p. 62). Se não resolvido ou ajustado motivos para se preocupar, pois são os projetos estrelas
ele piora com o tempo, cabe ao dono da organização ve- que tendem a serem os mais lucrativos no futuro (quando
rificar se o problema está diminuindo, aumentando ou se tornarem vacas leiteiras) “Esses produtos podem então
sendo eliminado. Outra questão referente a tendência se- auto suportar suas necessidades de caixa para manter sua
ria o tempo em que ela dure ou aconteça (MAXIMIA- posição de participação de mercado” (COBRA, 1995 p.
NO, 2009). 76).
A vaca leiteira conta com uma alta participação no
mercado, operando em um mercado de baixo crescimen-
to; em função da sua posição no mercado seu caixa pode
ser elevado. E se o mercado vier à maturidade, as neces-

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Conhecimentos Específicos
sidades na área de investimento diminuem podendo des- A definição de indicadores adequados para avaliar
tinar estes recursos em outras determinadas áreas da or- a competitividade está diretamente condicionada
ganização (COBRA, 1995). Kotler e Keller (2006) dis- pela abrangência e pela profundidade com que o
tingue vaca leiteira como uma baixa taxa de crescimento, tema é tratado, e com quais objetivos. (COUTI-
porém são produtos ou projetos que exigem poucos in- NHO; FERRAZ, 1994, p. 459).
vestimentos e retornam um caixa positivo alto. A empre-
Assim sendo, o comportamento competitivo de uma
sa utiliza seus negócios do tipo vaca leiteira para pagar
nação, indústria ou empresa é dependente de um conjun-
contas e apoiar seus outros negócios. Se uma vaca leitei-
to de fatores, que pode ser subdividido em empresarial e
ra começar a perder a participação no mercado ela pode
estrutural, pertinentes aos setores e complexos industri-
se transformar em um abacaxi.
ais; e nos de natureza sistêmica. (COUTINHO; FER-
Kotler d Keller (2006) no ultimo quadrante cita que RAZ, 1994).
abacaxi ou animais de estimação/cachorro são produtos
Os fatores internos à empresa estão sob o comando
que possuem baixa participação de mercado e a taxa de
da firma, que sobre eles retêm poder de decisão e contro-
crescimento do mercado também se torna baixa. Geral-
le. Pode-se arrolar a produtividade (custo/preço), quali-
mente geram baixos lucros ou até mesmo prejuízo. “Em
dade, inovação e marketing, ou seja, as:
função da sua fraca participação é de se supor que sua
curva de experiência seja lenta e seus lucros sejam bai- Estratégias a serem adotadas [inovação nos pro-
xos ou inexistentes” (COBRA, 1995, p. 76). Ele, ainda cessos e produtos], sistemas de gestão, políticas de
acrescenta que com o crescimento baixo no mercado, a capacitação e treinamento [recursos humanos],
expressão da participação no mercado é muito pequena. investimentos em novas plantas e tecnologia [pro-
dução]. (MORAES, 2003, p. 13).
Modelo 5W2H´s
Os de natureza estrutural apresentam-se com espe-
O 5W2H´s é um tipo de lista de verificação utiliza- cificações setoriais mais nítidas, na medida em que tem
da para informar e assegurar o cumprimento de um con- sua importância diretamente relacionada ao padrão de
junto de planos de ação, diagnosticando um problema e concorrência característico de cada ramo industrial.
planejando soluções. Na medida em que os processos se (SCHENINI, 1999).
tornam cada vez mais complexos e menos definidos, fica
Ainda que não totalmente contidos pela empresa,
mais difícil identificar sua função e ser satisfeita, bem
esta os influencia parcialmente: a dinâmica exclusiva da
como os problemas, as oportunidades que surgem e as
concorrência, o mercado consumidor, o grau de vertica-
causas que dão origem aos efeitos sentidos. Esta técnica
consiste em equacionar o problema, descrevendo-o por lização, a configuração da indústria e sua relação com as
escrito, da forma como é sentido naquele momento parti- escalas de operação, o acesso à tecnologia, a propriedade
dos meios de produção e o sistema fiscal-tributário. E,
cular: como afeta o processo, as pessoas, que situação
como fatores sistêmicos, podem-se citar os macroeco-
desagradável o problema causa. (OLIVEIRA, 2009).
nômicos, os político-institucionais, legais-regulatórios,
Seu nome se designa pelas siglas que contém todas infraestruturas; sociais; internacionais (mercado interna-
iniciais em inglês que são abaixo descritas com suas res- cional). “São externalidades sobre as quais o poder de in-
pectivas descrições tervenção é pouco ou nulo” (MALDONADO; PIO,
2004, p. 4).
Coutinho e Ferraz (1994), no Estudo da Competiti-
vidade da Indústria Brasileira, em função dos distintos
setores avaliados, os classificaram em três blocos:
(a) setores com capacidade competitiva;
(b) setores com deficiências competitivas; e,
(c) setores difusos de progresso técnico.
O complexo têxtil, incluindo as indústrias têxtil,
vestuário e de calçados de couro, se encontra no segundo
conjunto, o de deficiências competitivas, contexto pre-
dominante na indústria brasileira. São:
13.6. ANÁLISE COMPETITIVA E ESTRATÉ- Aqueles [setores] que têm a maior parte da produ-
GIAS GENÉRICAS. ção originada de empresas pouco competitivas
Análise competitiva [...], são responsáveis pela maior parte da produ-
ção e do emprego industrial no País e são, em sua
Pode-se alegar que as análises da competitividade maioria, voltados para o consumo pessoal. (COU-
consideram tanto os ambientes externos e internos, sejam TINHO; FERRAZ, 1994, p. 311).
em nível nacional ou internacional, à empresa, à esfera
industrial e à situação econômica do setor produtivo.
É mister ressaltar que, devido à complexidade em
explicar o conceito:

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Conhecimentos Específicos
Estratégias Genéricas • Estratégia como uma resposta às ameaças e
Estratégias genéricas constituem opções amplas, gerais
oportunidades do ambiente e às forças e fraque-
e básicas de posicionamento da empresa em determinado zas internas, a fim de conquistar vantagens
mercado. Suas diferentes tipologias representam classifica- competitivas de longo prazo sustentáveis;
ções de padrões genéricos de comportamento ou de caracte- • Estratégia enquanto uma forma de direcionar as
rísticas estratégicas que uma empresa pode assumir. Elas diferentes tarefas estratégicas e engajar os prin-
facilitam a compreensão dos padrões de comportamento es- cipais níveis da empresa: corporativo, de negó-
tratégico de uma empresa ao lançar luz sobre seus aspectos cio e funcional.
essenciais, reduzindo suas variáveis a um conjunto mais fa- • Estratégia como uma definição da contribuição
cilmente gerenciável (HERBERT; DERESKY, 1987, p. econômica e não-econômica que a empresa pre-
135-136). Servem principalmente aos processos de formu- tende fazer aos seus stakeholders.
lação, avaliação e seleção estratégica, auxiliando os admi-
nistradores a tomar decisões estratégicas mais adequadas, Conforme Porter (1996), a estratégia envolve a cri-
de acordo com os objetivos a serem atingidos. São aplicá- ação de uma posição única e valiosa por meio de um
veis de forma geral e independente do tipo de indústria e do conjunto diferente de atividades desempenhadas. As es-
porte ou natureza da organização. Mas não bastam por si só. tratégias são, ainda, compreendidas de formas distintas
Elas estabelecem o ponto de partida para um desenvolvi- conforme seus níveis de atuação, ainda que elas sejam
mento detalhado de estratégias específicas. Compõem um relacionadas entre si. Hofer e Schendel (1978, p. 27) dis-
conjunto de opções estratégicas iniciais e gerais sobre como tinguiram de forma explícita as estratégias em três níveis
uma empresa pode vir a competir. principais: corporativo, negócios e área funcional. De
Mintzberg e Quinn (2001) tutelam que estratégia acordo com Stoner e Freeman (1999, p. 144), no nível
pode ser definida por pelo menos cinco formas diferen- corporativo, relacionado às grandes empresas diversifi-
tes, que se complementam para uma melhor compreen- cadas possuidoras de múltiplas unidades de negócios, es-
são do termo: um plano, um padrão, uma posição, uma tão as decisões de âmbito mais geral para toda a organi-
perspectiva e um truque ou pretexto. Enquanto plano, a zação. No nível das unidades de negócios as decisões
estratégia é vista como um curso de ação desenvolvido devem ser alinhadas com aquelas de natureza corporativa
de forma consciente e deliberada, uma direção ou cami- e servem àquela unidade de negócios específica. As es-
nho a ser seguido. Como um padrão, a estratégia é defi- tratégias funcionais são aquelas relacionadas às áreas
nida como um comportamento consistente ao longo de como marketing, finanças, produção e recursos humanos,
um determinado tempo. A estratégia pode ser um pretex- as funções organizacionais que devem levar adiante a es-
to, truque ou blefe, no sentido de uma manobra com o tratégia da unidade de negócios.
intuito de enganar um competidor, como o anúncio de Vetor de crescimento de Ansoff
uma nova fábrica a fim de desencorajar a concorrência.
Uma outra definição corresponde à estratégia como uma Uma das alternativas propostas por Ansoff (1990) é
posição, uma maneira de colocar a organização em um uma matriz que mostra possíveis direções a serem segui-
determinado local em seu ambiente. A quinta definição, das para o crescimento da empresa dentro de uma indús-
segundo Mintzberg e Quinn (2001), enxerga a estratégia tria ou entre indústrias. A estratégia de penetração de
como uma perspectiva, uma maneira enraizada de ver o mercado indica uma direção para o crescimento por meio
mundo, ou uma maneira de fazer as coisas, como o de um aumento nas vendas de seu conjunto de produtos e
McDonalds e sua ênfase aos valores da qualidade e lim- missões atuais, seja aumentando as vendas para seus cli-
peza em suas práticas operacionais. A estratégia enquan- entes existentes ou encontrando novos clientes.
to perspectiva olha para dentro da própria organização.
Tipos estratégicos de Miles e Snow
Hax e Majluf (1991, p. 6) também contribuem de
forma relevante para essa visão da estratégia como um Miles e Snow (1978) descrevem quatro tipos de
conceito multidimensional. Para eles, a estratégia envol- formas organizacionais, chamadas de tipos estratégicos,
ve todas as atividades principais da empresa, provendo cada uma baseada em um padrão próprio de resposta e
um senso de unidade, direção e propósito. E identificam adequação às condições ambientais, em termos de ali-
seis dimensões críticas que contribuem para uma defini- nhamento entre estratégia, tecnologia, estrutura e proces-
ção mais ampla do conceito de estratégia: sos. A tipologia estratégica de Miles e Snow reduz a
maioria dos padrões de comportamentos organizacionais
• Estratégia como um padrão de decisões coeren- a quatro tipos básicos: explorador, defensor, analista e
te, integrativo e unificador, que emerge daquilo reativo. Cada um destes tipos organizacionais tem sua
que a empresa faz, sob uma perspectiva históri- própria estratégia adaptativa para enfrentar as mudanças
ca; do ambiente, podendo, inclusive, agir para criá-lo. Ser-
• Estratégia como uma forma de estabelecimento vem à descrição e diagnóstico de padrões de comporta-
do propósito organizacional em termos dos seus mentos organizacionais existentes e à prescrição de al-
objetivos de longo prazo, de seus programas de ternativas de direcionamentos para mudanças estratégi-
ação e suas prioridades de alocação de recursos; cas que se façam necessárias (MILES; SNOW, 1978, p.
• Estratégia como uma definição do domínio 5). As características gerais das formas organizacionais
competitivo da empresa, dos negócios em que a observadas por Miles e Snow (1978) são as seguintes:
empresa está ou pretende estar;

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Conhecimentos Específicos
• Defensores: correspondem àquelas organiza- portância do ambiente organizacional e das con-
ções com um estreito e estável âmbito de pro- tingências vividas e, principalmente com a impor-
duto-mercado, limitados a um segmento especí- tância e necessidade das pessoas e suas diversas
fico, o qual atende, por sua vez, com uma am- formas de interação e integração (individual e co-
pla faixa de produtos e serviços ali desejados a letiva) social para a consecução dos objetivos or-
preço e qualidade competitivos; ganizacionais e individuais. Parte-se do princípio
• Exploradores: são aquelas organizações que de que o homem é um ser eminentemente social e
estão constantemente em busca de novas opor- necessita durante toda a sua existência manter di-
tunidades de produtos e mercados, fazendo versos tipos de relacionamentos e interações com
muitas vezes o papel de criadores da mudança e outras pessoas. Este tipo de comportamento social
da incerteza no ambiente de sua indústria; pode ser estendido para os grupos sociais, dentro
• Analistas: são as organizações intermediárias do princípio de que estes grupos são formados pôr
entre os defensores e os exploradores, atuando pessoas. Os princípios fundamentais da aplicação
em dois âmbitos de produto-mercado, um está- dos conceitos de redes são a interação, o relacio-
vel e outro dinâmico; namento, a ajuda mútua, o compartilhamento, a in-
• Reativos: são as organizações incapazes de tegração e a complementaridade. (CÂNDIDO, G.
responder de maneira efetiva às mudanças am- A., ABREU, A. F. 2000, p1).
bientais, possuindo um padrão de adaptação in- O modo de gestão e produção fordista que é deno-
consistente e instável, ao contrário das outras tada através de empresas com hierarquia rígida e integra-
três formas organizacionais. ção vertical demonstrou ser ineficaz para acompanhar as
Estratégias genéricas de Porter rápidas mudanças de cenários tecnológicos e econômicos
com mudanças frequentes.
Porter (1996) identificou três estratégias competiti-
vas genéricas com as quais uma empresa pode enfrentar Para fazer frente às necessidades de adaptação, no-
as forças competitivas da indústria em que atua: a estra- vos arranjos organizacionais foram implementados, e as
tégia de liderança de custo, a de diferenciação e a de en- redes de empresa são o principal elemento de identifica-
foque, que tem duas variantes, o enfoque no custo e o en- ção. A formação das redes organizacionais advém de vá-
foque na diferenciação. Pode-se dizer, portanto, que são rios aspectos, dentre eles:
apenas duas, ou seja, liderança de custo e diferenciação, Respostas às mudanças mercadológicas que aumen-
possíveis ainda de alcançar um escopo amplo ou um es- tar a interdependência entre as empresas, pois estas não
copo específico (estratégia de foco). Essas abordagens sobreviveriam isoladas num ambiente altamente mutável
genéricas representam uma maneira ampla de a empresa e de alta competitividade;
competir. Elas combinam os dois tipos de vantagem b) Complementaridade entre empresas que desem-
competitiva com o escopo competitivo amplo ou estreito penham papéis que podem ser integrados numa produ-
da empresa. Na visão de Porter (1996), cada estratégia ção;
genérica é um método fundamentalmente diferente para c) Busca de redução de custos operacionais e de in-
a criação e a sustentação de uma vantagem competitiva, fraestrutura;
combinando o tipo de vantagem competitiva que uma d) Aumento do poder negocial - quando empresas
empresa busca com o escopo de seu alvo estratégico. que utilizam mesmas matérias-primas se unem para obte-
rem descontos em função de aquisição em grandes quan-
tidades;
13.7. REDES E ALIANÇAS. e) Busca de ganhos em tecnologia - quando empre-
Com a veloz e contínua mudança do ambiente mer- sas similares de unem para acelerar o desenvolvimento
cadológico, as empresas tiveram que se adaptar a uma tecnológico através de conhecimentos compartilhados.
nova forma de organização e administração. Empresas Segundo Villela (2006), organizações em rede pos-
com rigidez hierárquica e em seus sistemas de produção suem maiores chances de superar externalidades e me-
e administração mecanicista ficam certamente em des- lhorar sua competitividade, mas cooperar e competir si-
vantagem competitiva num ambiente de incertezas e ins- multaneamente necessita de mudanças de comportamen-
tabilidades. Porque não terão a agilidade, a especializa- to, percepções e de capacitação. Grandes empresas pare-
ção e o conhecimento necessários para responderem a cem ser mais capacitadas a formarem redes eficientes,
demandas contínuas de seus clientes ou possíveis clien- em contrapartida empresas menores têm maior dificul-
tes. dade de compreensão e adaptação às formações de redes.
Aplicação dos conceitos de redes no contexto do Sendo que empresas menores em princípio são as mais
atual ambiente de negócios decorre de duas pre- vulneráveis em termos mercadológicos e competitivos e
missas básicas, a primeira refere-se ao constante e que mais necessitam se agrupar vis a vis à concorrência.
crescente aumento da concorrência e competitivi- Entende-se que a estrutura de redes empresariais é
dade empresarial e, a outra ao fato de que as em- uma evolução nas estruturas e nas relações entre as orga-
presas atuando de forma isolada não terão condi- nizações, e especialmente em redes hierárquicas (como
ções de obter as devidas condições de sobrevivên- no caso da Microsoft), o papel de liderança e estratégico
cia e desenvolvimento. A teoria de redes está dire-
tamente relacionada com o reconhecimento da im-
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Conhecimentos Específicos
é exercido pela empresa que domina os conhecimentos é, trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias
de mercado, produtos e serviços. e políticas estabelecidos no planejamento estratégico.
Segundo Fleury (2005), as empresas que dominam O planejamento tático é desenvolvido em níveis or-
suas respectivas redes têm em comum o fato de deterem ganizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível ge-
os conhecimentos e competências específicas em suas rencial ou departamental, tendo como principal finalida-
áreas de atuação. Em suas cadeias, essas empresas- de a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a
líderes são as producer driven (comandadas por produto- consecução de objetivos previamente fixados, segundo
res) que lideram por terem um conjunto de competências uma estratégia predeterminada, bem como as políticas
mais completo e desenvolvido, elas dominam as ativida- orientadoras para o processo decisório organizacional.
des relacionadas ao marketing e desenvolvimento de Características Principais:
produtos, e subcontratam as atividades as atividades ope- • Processo permanente e contínuo;
racionais e desenvolvimento de subsistemas. Essas em- • Aproxima o estratégico do operacional;
presas possuem um maior conhecimento das necessida-
• Aproxima os aspectos incertos da realidade;
des e estratégias do cliente final, o que lhes possibilita
• É executado pelos níveis intermediários da or-
melhor desenvolverem suas próprias estratégias. E para
ganização;
permanecerem do controle da rede, desenvolvem compe-
tências relacionadas à inovação e coordenação. A Micro- • Pode ser considerado uma forma de alocação de
soft domina com competência sua rede empresarial, des- recursos;
de a produção (com foco inovativo) até entrega ao clien- • Tem alcance mais limitado do que o planeja-
te final, esta, feita por seus parceiros (revendas autoriza- mento estratégico, ou seja, é de médio prazo;
das). • Produz planos mais bem direcionados às ativi-
dades organizacionais.
Segundo Britto (2002), pode-se citar alguns tipos de
estruturas em rede conforme abaixo: Representa uma tentativa da organização de integrar
o processo decisório e alinhá-lo à estratégia adotada,
a) Alianças estratégicas - entre organizações para para orientar o nível operacional em suas atividades e
cooperação na produção e tecnologia; tarefas, a fim de atingir os objetivos organizacionais
b) Programas de cooperação - visando inovação en- anteriormente propostos (CHIAVENATO, 1994).
tre as organizações;
c) Subcontratação e terceirização - que originariam
redes verticais; 13.9. PLANEJAMENTO OPERACIONAL.
d) Cooperativas- atuação entre organizações de um
mesmo ramo de forma a flexibilizar seus sistemas produ- O plano operacional coloca em prática cada um dos
tivos; planos táticos dentro da empresa. Ele é projetado no cur-
e) Distritos industriais - diversas organizações pró- to prazo e envolve cada uma das tarefas e metas da em-
ximas geograficamente numa mesma região; presa.
f) Sistemas nacionais ou regionais de inovação - ba- Um planejamento operacional deve planejar os pra-
seados no nível de especialização e interação entre diver- zos, metas e recursos para a implantação de um projeto
sas organizações que visam à inovação em seus ramos de ou tarefa dentro da empresa. Por ser a última etapa de
atividade. planejamento, o operacional deve ser um plano mais de-
talhado que os outros dois, tentando explicar cada tarefa
isoladamente.
Desta maneira que os planejamentos Estratégico,
Tático e Operacional trabalham juntos. Cada um tem um
escopo dentro da empresa e seguem uma ordem:
Estratégia >> Tática >> Operação
Preocupa-se com os métodos operacionais e aloca-
ção de recursos:
• Detalhamento das etapas do projeto;
• Métodos, processos e sistemas aplicados;
• Pessoas: responsabilidade, função, ativida-
des/tarefas;
• Equipamentos necessários;
• Prazos e cronograma.
• Planos que especificam os detalhes de co-
mo devem ser alcançados os objetivos or-
13.8. PLANEJAMENTO TÁTICO. ganizacionais globais;
O planejamento tático tem por objetivo otimizar de- • Detalhado e analítico;
terminada área e não a organização como um todo, isto • Curto prazo;
• Microorientado;
o Como fazer:
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Conhecimentos Específicos
o Procedimento (método); • Objetivo mensurável e específico: aumentar as
o Orçamento (recursos); vendas em 7% ou conseguir uma venda em pelo
o Programação (tempo); menos a cada 10 contatos.
o Regulamento (comportamento).
2) Tempo definido: define-se um prazo específico
para a realização de cada objetivo, com prazos interme-
diários para verificação de desempenho da equipe.
3) Feedback sobre desempenho: No decorrer do
prazo de realização dos objetivos, a equipe é avaliada.
No final do prazo, um novo plano de ação é definido, pa-
ra o próximo período. Caso o desempenho da equipe te-
nha ficado abaixo do esperado, deve-se complementar o
plano de ação com ações corretivas.
O Processo Participativo e Democrático da APO

13.10. ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS.


A Administração por Objetivos (APO) ou Adminis-
tração por resultados constitui o modelo administrativo
identificado com espírito PRAGMÁTICO e DEMO-
CRÁTICO da Teoria Neoclássica
Drucker
– Definir objetivos e cobrar resultados nas áreas es-
tratégicas
• Participação no mercado O Ciclo Contínuo da APO
• Inovação
• Produtividade
• Recursos físicos e financeiros
• Rentabilidade
• Desempenho e aprimoramento gerencial
• Desempenho e atitudes dos trabalhadores
• Responsabilidade pública
“A APO é um processo pelo qual os gerentes, superior
e subordinado, de uma organização identificam os objetivos
comuns, definem áreas de responsabilidade de cada um em
termos de resultados esperados e usam esses objetivos como
guias para a operação dos negócios.” (CHIAVENATTO,
Idalberto.; 1983,p.242)
A base da APO é o processo do qual participam o che-
fe e sua equipe (ou um subordinado em particular). Esse
processo participativo substitui o processo hierárquico, no
qual o chefe simplesmente define os objetivos e os transmi-
te pela cadeia de comando abaixo, para depois avaliar o de-
sempenho da equipe. 13.11. BALANCED SCORECARD.
Fez muito sucesso nos anos 60 e 70, mas declinou nos Balanced Scorecard é uma metodologia de medição
anos seguintes. No final dos anos 90, quando os métodos e gestão de desempenho desenvolvida pelos professores
participativos estão substituindo os hierárquicos, a essência da Harvard Business School, Robert Kaplan e David
da APO, tornou-se redundante. (MAXIMIANO, 2000, pág. Norton, em 1992. Os métodos usados na gestão do
189). negócio, dos serviços e da infraestrutura baseiam-se
Princípios básicos da APO: normalmente em metodologias consagradas que podem
utilizar a TI (tecnologia da informação) e os softwares de
1) Objetivos específicos: Identificar as áreas princi- ERP como soluções de apoio, relacionando-a à gerência
pais de resultados e estabelecer objetivos específicos e de serviços e garantia de resultados do negócio. Os
mensuráveis. passos dessas metodologias incluem: definição da
Ex. Equipe de vendas estratégia empresarial, gerência do negócio, gerência de
serviços e gestão da qualidade; passos estes
• Áreas principais: volume de vendas e nº de con- implementados através de indicadores de desempenho.
tatos.

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Conhecimentos Específicos
Segundo Campbell (1997:41), administradores e interligam entre si, formando uma relação de causa e
empregados necessitam constantemente monitorar o de- efeito.
sempenho de suas companhias. Entretanto, nem todas as
Desde que foi criado, o BSC vem sendo utilizado
medidas de desempenho que são necessárias são encon-
por centenas de organizações do setor privado, público e
tradas nos tradicionais relatórios financeiros. Por isso, a
em ONGs no mundo inteiro e foi escolhido pela
tendência mais importante atualmente é o “balanced sco-
renomada revista Harvard Business Review como uma
recard”.
das práticas de gestão mais importantes e revolucionárias
Este sistema apresenta informações tanto de caráter dos últimos 75 anos.
financeiro como não financeiro em formatos lógicos.
Mede o que é importante para o desempenho total da Segundo Kaplan e Norton, Balanced Scorecard é
companhia. uma técnica que visa a integração e balanceamento de
todos os principais indicadores de desempenho existen-
Os requisitos para definição desses indicadores
tes em uma empresa, desde os financei-
tratam dos processos de um modelo da administração de
ros/administrativos até os relativos aos processos inter-
serviços e busca da maximização dos resultados
nos, estabelecendo objetivos da qualidade (indicadores)
baseados em quatro perspectivas que refletem a visão e
para funções e níveis relevantes dentro da organização,
estratégia empresarial:
ou seja, desdobramento dos indicadores corporativos em
• financeira; setores, com metas claramente definidas.
• clientes;
• processos internos; Assim, esse modelo traduz a missão e a estratégia
de uma empresa em objetivos e medidas tangíveis.
• aprendizado e crescimento.
É um projeto lógico de um sistema de gestão As medidas representam o equilíbrio entre os diver-
genérico para organizações, onde o administrador de sos indicadores externos (voltados para acionistas e cli-
empresas deve definir e implementar (através de um entes), e as medidas internas dos processos críticos de
Sistema de informação de gestão, por exemplo) variáveis negócios (como a inovação, o aprendizado e o cresci-
de controle, metas e interpretações para que a mento).
organização apresente desempenho positivo e O BSC sinaliza em quais segmentos de mercado se
crescimento ao longo do tempo. deve competir e que clientes conquistar. Oferece uma vi-
BSC (Balanced Scorecard) é uma sigla que pode são do futuro e um caminho para chegar até ele.
ser traduzida para Indicadores Balanceados de
Desempenho, ou ainda para Campos (1998), Cenário O BSC é um método que auxilia os gestores a de-
Balanceado. O termo “Indicadores Balanceados” se dá senvolver bem uma estratégia do princípio ao fim e de-
ao fato da escolha dos indicadores de uma organização pois fazer com que cada um na organização esteja envol-
não se restringirem unicamente no foco econômico- vido a implementá-la (Kaplan e Norton, 2001).
financeiro, as organizações também se utilizam de Os indicadores devem traduzir a estratégia da em-
indicadores focados em ativos intangíveis como: presa e devem ser utilizados para auxiliar qualquer um
desempenho de mercado junto a clientes, desempenhos na organização e tentar atingir as prioridades estratégi-
dos processos internos e pessoas, inovação e tecnologia. cas. Somente assim as empresas serão capazes de não
Isto porque o somatório destes fatores alavancará o apenas criar estratégia, mas também implementá-las
desempenho desejado pelas organizações, (Kaplan e Norton, 2001).
consequentemente criando valor futuro. Através da observação dos resultados obtidos em
Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 25), o Balanced outras empresas, Kaplan e Norton concluíram que o Ba-
Scorecard reflete o equilíbrio entre objetivos de curto e lanced Scorecard deixara de ser um sistema de medição
longo prazo, entre medidas financeiras e não-financeiras, para se tornar rapidamente (1997, pg. 9) um sistema de
entre indicadores de tendências e ocorrências e, ainda, gestão, com o qual os executivos estavam não somente
entre as perspectivas interna e externa de desempenho. comunicando a estratégia, mas também efetuando a sua
Este conjunto abrangente de medidas serve de base para gerência.
o sistema de medição e gestão estratégica por meio do
qual o desempenho organizacional é mensurado de O BSC emergiu porque é um sistema capaz de
maneira equilibrada sob as quatro perspectivas. Dessa compreender a estratégia empresarial e comunicá-la a
forma contribui para que as empresas acompanhem o toda a organização (Kaplan e Norton apud Kaplan e Nor-
desempenho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, ton 2001; Banker, Chang, e Pizzini, 2004, pg. 22).
o progresso na construção de capacidades e na aquisição Por contemplar medidas não financeiras pode auxi-
dos ativos intangíveis necessários para o crescimento liar as empresas frente às mudanças do meio ambiente
futuro. onde os ativos intangíveis da organização ganharam
Portanto, a partir de uma visão balanceada e maior importância como fonte de vantagem competitiva
integrada de uma organização, o BSC permite descrever no final do século XX (Kaplan e Norton, 2001, pg.88;
a estratégia de forma muito clara, por intermédio de Kaplan e Norton, 1996 pg. 68).
quatro perspectivas: financeira; clientes; processos O Balanced Scorecard, portanto, é baseado em qua-
internos; aprendizado e crescimento. Sendo que todos se tro perspectivas (financeira, clientes, processos internos

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Conhecimentos Específicos
e aprendizado/crescimento), formando um conjunto coe- produtividade na era da informação, como fez Frederick
so e interdependente, com seus objetivos e indicadores Taylor com a fábrica na era da industrialização, por qui-
se inter-relacionando e formando um fluxo ou diagrama lômetro de texto produzido? A informação não deve ser
de causa e efeito que se inicia na perspectiva do aprendi- avaliada simplesmente pelo volume. Avaliamos uma re-
zado e crescimento e termina na perspectiva financeira. feição pelo número de calorias? O sentido dos PC’s
(Personal Computer) é precisamente realçar o conteúdo
assim como a sua produção. Dessa forma, os PC’s se
13.12. PROCESSO DECISÓRIO. tornam verdadeiras ferramentas de poder intelectual”.
Desde a criação, o homem vem enfrentando o dile- A tomada de decisão da administração se tornou
ma de tomar decisões, sejam estas conscientes ou in- dependente da informação, e o computador e suas tecno-
conscientes, racionais ou irracionais. A tomada de deci- logias – que fazem com que as aquisições de informa-
são é um processo muito antigo que vem sendo estudado ções se tornem rotineiras – têm aumentado muito a quan-
constantemente com o objetivo de encontrar algum ca- tidade e a sofisticação das mesmas.
minho que permita facilitar a complexidade deste assun-
to. Como sugere Gassee, a simples quantidade de in-
formação não promove melhores tomadas de decisão nas
O Processo Decisório está vinculado à função de empresas. Em vez disso, a força das tecnologias de aqui-
Planejamento, inserido no corpo maior da Ciência da sição de informações se encontra na habilidade de apri-
Administração. Alguns autores da Administração o morar significativamente a qualidade da informação; e
consideram a essência da gestão, outros o entendem co- isso sim tem um impacto direto no sucesso gerencial
mo uma etapa desta função e ainda pode ser visto como
um caminho que induz as pessoas a produzir decisões, Além disso, a informação também é um método di-
tanto em empresas privadas como em órgãos públicos ou nâmico para se ganhar uma vantagem no mercado globa-
em relação à vida pessoal. lizado. Esse conceito relativamente novo é o IPVC* (In-
Na evolução do seu estudo, no ambiente das organi- formação para Uma Vantagem Competitiva), expressão
zações, duas variáveis estão sempre presentes: a Infor- usada pela Divisão de Consultoria de Informações Ge-
mação e a Comunicação. Ambas são extremamente im- renciais da Arthur Andersen & Co., uma das mais impor-
portantes para facilitar a vida do gestor no contexto da tantes empresas de consultoria administrativa do mundo.
tomada de decisão. A dinâmica da informação e o seu valor para a ad-
O valor da informação ministração estão no fato de que conferem vantagens
competitivas em relação ao mercado concorrencial. Es-
Os estudiosos em gestão afirmam que as decisões tudiosos em gestão chegam a dizer que a informação é
baseadas em informação são apenas tão boas quanto a in- uma arma indispensável para ser usada neste ambiente
formação nas quais estão baseadas. Computadores con- extremamente competitivo que circunda as organizações.
seguem produzir uma quantidade tremenda de informa- Embora isso possa ser uma perspectiva exageradamente
ção, mas o impacto dessa tecnologia não está na quanti- dramática sobre a informação, ela realmente indica o va-
dade e sim na qualidade da informação produzida. Ob- lor cada vez mais importante que lhe é atribuído pelos
serva-se que o comportamento da empresa é diretamente gerentes contemporâneos.
afetado, em termos de eficácia e eficiência, pela qualida-
de das decisões, as quais, por sua vez, são influenciadas Essa prospecção dinâmica da informação dentro da
pela qualidade das informações geradas, agindo como empresa leva a uma leitura igualmente dinâmica sobre os
um processo integrado e sistêmico. processos de aquisição, administração e segurança a res-
Esses aspectos da interação entre as atividades dos peito da informação organizacional.
gestores e as informações são considerados por Mcgee e Esse processo é visto na figura 1. É importante des-
Prusak (1994, p. 180) como algo essencialmente entrela- tacar, neste esquema, que a primeira etapa desse fluxo é
çado e indissolúvel, ao afirmarem que: a determinação das necessidades de informação do ges-
O papel do executivo na organização é to- tor ou da organização.
mar decisões sobre as atividades diárias
que levem ao sucesso num futuro incerto.
Essa sempre foi uma tarefa intimamente li-
gada à informação. Poderíamos dizer que o
slogan do moderno administrador seria:
“Se pelo menos tivéssemos mais dados”.
Em síntese, ao melhorar a qualidade da informação,
a tecnologia da informática pode melhorar a qualidade
da tomada de decisão na gestão das organizações. A importância da informação e da comunicação
Jean-Louis Gassee, ex-diretor de pesquisa e desen- no ambiente da tomada de decisão
volvimento da Apple Computer Inc., em uma entrevista Como você viu, a Informação é fundamental para as
sobre computadores em geral, fez a seguinte afirmação: organizações modernas pois oferece vantagens competi-
“Será que realmente acreditamos que podemos medir a tivas.

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Conhecimentos Específicos
Os gestores das organizações têm tipos e necessida- tópicos pessoais até decisões mais abrangentes, como no
des diversas de informações, e uma perspectiva de in- planejamento de grandes projetos que envolvem as organi-
formação como um sistema dinâmico permite integrar zações privadas e públicas.
seus vários componentes. De acordo com Moresi (2000), As decisões têm frequentemente um impacto muito
a arquitetura de informação de uma empresa está estrutu- além do resultado imediato. Na realidade, as decisões toma-
rada de forma institucional, intermediária e operacional: das hoje se direcionam muito mais ao futuro, que é fruto das
• informação institucional – voltada à direção idealizações nas quais as decisões são baseadas.
da empresa – possibilita observar as variáveis O estudo do Processo Decisório tem evoluído desde
presentes nos ambientes externo e interno, os anos 1940. Isso se deve, principalmente, ao crescente co-
com a finalidade de monitorar e avaliar o de- nhecimento dos problemas aplicados, ao desenvolvimento
sempenho, o planejamento e as decisões de al- de novas técnicas administrativas, informacionais e à absor-
to nível; ção de novos procedimentos quantitativos oriundos da Ma-
• informação intermediária – voltada ao corpo temática e da Pesquisa Operacional.
gerencial – permite observar as variáveis pre- A Teoria das Decisões nasceu de Herbert Simon, que a
sentes nos ambientes externo e interno, moni- utilizou para explicar o comportamento humano nas organi-
torar e avaliar seus processos, o planejamento zações. O autor, no seu livro O Comportamento Administra-
e a tomada de decisão de característica geren- tivo (1970), diz que a Teoria Comportamental concebe a or-
cial; e ganização como um sistema de decisões. Neste sistema, ca-
• informação operacional – voltada à chefia de da pessoa participa racional e conscientemente, tomando
setores e seções – possibilita executar as suas decisões individuais a respeito de alternativas racionais de
atividades e tarefas, monitorar o espaço geo- comportamento. Assim, a organização está permeada de de-
gráfico sob sua responsabilidade, o planeja- cisões e de ações.
mento e a tomada de decisão de seu nível. De acordo com Gomes e Almeida (2002), os modelos
Um processo de decisão inicia-se pela identificação de apoio à tomada de decisão, em resposta à escassez dos
das necessidades, do que é possível fazer, da informação recursos financeiros e ao ônus crescente desses recursos, fa-
que está disponível e da comunicação que precisa ser zem com que as decisões sejam tomadas com base em crité-
efetuada. Espera-se que estes elementos, ordenados nu- rios racionais que garantam a otimização dos retornos obti-
dos. A introdução do risco e da incerteza nos modelos trou-
ma estrutura lógica, resultem na possibilidade de uma
xe uma nova gama de informações que permitiu o aperfei-
melhor decisão.
çoamento do processo decisório.
De uma maneira geral, todas as atividades de plane- O desenvolvimento de novas técnicas se fez necessário
jamento envolvem a tomada de decisão de uma forma para que os modelos fossem mais bem interpretados, com
mais estruturada ou de uma maneira mais pragmática. As maior precisão em relação aos novos problemas e questões
decisões em ambientes organizacionais podem abranger do mundo globalizado. Estas novas técnicas de tomada de
a coleta de dados, identificação de alternativas, negocia- decisão, que serão objeto de estudo mais adiante, estão em
ções e avaliação de alternativas de ação, entre outros. Ao crescente e rápida evolução nos últimos anos.
longo de cada um desses processos o gestor defronta-se Alguns teóricos da Administração acreditam que as
com decisões: decisões devem ser tomadas segundo um plano sequencial.
O tomador de decisões, quer esteja motiva- Outros defendem uma abordagem menos estruturada, po-
do pela necessidade de prever ou controlar, rém igualmente disciplinada, que exige a manutenção de
geralmente enfrenta um complexo sistema um debate e reavaliação do contexto das decisões.
de componentes correlacionados, como re- Conforme diversos autores da área, o processo de to-
cursos, resultados ou objetivos desejados, mada de decisão, na maioria das decisões nas organizações,
pessoas ou grupos de pessoas; ele está inte- envolve os seguintes passos:
ressado na análise desse sistema. Presumi- 1. Formular o problema;
velmente, quanto melhor ele entender essa 2. Estruturar o problema a fim de relacionar suas par-
complexidade, melhor será sua decisão tes na forma de um modelo;
(RIBEIRO, 2003). 3. Proceder a uma montagem técnica do modelo;
4. Testar/simular o modelo e as suas possíveis solu-
De acordo com Pereira e Fonseca (1997), a decisão é
ções;
um processo sistêmico, paradoxal e contextual, não poden-
5. Estabelecer controles sobre a situação e a sua deli-
do ser analisada separadamente das circunstâncias que a en-
mitação; e
volvem. O conhecimento das características, dos paradoxos
6. Implementar a solução na organização.
e desafios da sociedade é essencial à compreensão dos pro-
cessos decisórios. É importante ressaltar que inúmeras pesquisas vêm en-
Podemos salientar que a decisão é um julgamento, riquecendo a experiência dos estudiosos sobre Processo De-
uma escolha feita entre alternativas incluindo todos os “o cisório, bem como a literatura sobre o referido assunto. No-
que”, “quando”, “quem”, “por que” e “como”, que apare- vas visões vêm sendo dadas ao tema e as mais modernas
cem nos processos de decisão. Com o intuito de evitar pro- são resultados das contribuições da Psicologia, Sociologia,
blemas futuros, os administradores devem se basear em de- Antropologia e da Gestão do Conhecimento.
cisões cuidadosamente formuladas. Os estudiosos em Administração, Koontz e O’Donnell
Assim sendo, tomar decisões faz parte do cotidiano da (1972), identificam a tomada de decisão como o planeja-
vida e está presente em todos os seus aspectos, indo desde mento administrativo.

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Conhecimentos Específicos
Já Herbert Simon (1963), considerado o “pai” do Pro- Etapa 3 – formulação de alternativas. As diversas
cesso Decisório, entende o mesmo como um processo ad- soluções possíveis para resolver o problema ou crise, ou
ministrativo. as alternativas que vão permitir aproveitarmos as oportu-
Segundo Chiavenato (1999), a tomada de decisão é ta- nidades; e
refa mais característica do administrador. Porém, os gesto- Etapa 4 – escolha de alternativas que julgamos
res não são os únicos a decidir, pois o trabalho do executivo mais adequadas. É a tomada de decisão.
consiste não apenas em tomar decisões próprias, mas tam- Peter Drucker (1972), o patrono da moderna Admi-
bém em providenciar para que toda a organização que diri- nistração, denomina as decisões de táticas e estratégi-
ge, ou parte dela, tome-as também de maneira efetiva.
cas. As decisões táticas são mais simples, podendo-se
O administrador tem como função específica de- confiar na capacidade intuitiva do decisor de tomar a de-
senvolver e regular o processo de tomada de decisão da cisão acertada. As decisões estratégicas são mais difí-
maneira mais eficaz possível, isto é, a função do admi- ceis, pois o problema e a solução são desconhecidos, fa-
nistrador não é exclusivamente tomar decisões, mas zendo com que a tomada de decisão seja sempre obtida
também tomar providências para que o processo de de- através de um processo visando a solução do problema.
cisão se realize de maneira eficaz. A formulação de decisões inclui elementos relaciona-
dos tanto com o clima organizacional* como com um con-
Segundo Simon (1963), a decisão é um processo de
junto de regras básicas* previamente estabelecidas.
análise e escolha entre várias alternativas disponíveis do
curso de ação que a pessoa deverá seguir. Ele aponta seis Blake e Mouton (apud CHIAVENATO, 1999) afir-
elementos clássicos na tomada de decisão: mam que os problemas serão corretamente solucionados e
serão tomadas boas decisões se existir uma cultura ou clima
• o tomador de decisão – é a pessoa que faz dentro da organização que permita o uso livre e objetivo da
uma escolha ou opção entre várias alternati- informação. Por conseguinte, é função do administrador
vas de ação; formar o clima em que seus subordinados tenham interesse
• os objetivos – que o tomador de decisão tanto pela produção como pelas pessoas. Mas para isto
pretende alcançar com suas ações; acontecer precisamos de Regras Básicas.
• as preferências – critérios que o tomador de Nesse sentido, Ribeiro (2003) supõe que todas as pes-
decisão usa para fazer sua escolha; soas na organização são sérias, dedicadas e capazes, e de-
• a estratégia – o curso da ação que o toma- vem ter aptidão para resolver os problemas corresponden-
dor de decisão escolhe para atingir os obje- tes. As fraquezas observáveis na tomada de decisões orga-
tivos, dependendo dos recursos que venha a nizacionais podem ser atribuídas às fraquezas no processo
de comunicação intra-organizacional.
dispor;
• a situação – aspectos do ambiente que en- Esse aspecto é reforçado pela afirmação de Lickert
volvem o tomador de decisão, muitos dos (apud CHIAVENATO, 1999), no sentido de que a ade-
quais se encontram fora do seu controle, co- quada solução de problemas e a boa tomada de decisão
nhecimento ou compreensão e que afetam são simplesmente resultantes da eficiência e eficácia do
sua escolha; grupo.
• o resultado – é a consequência ou resultante Os atores do Processo Decisório
de uma dada estratégia de decisão.
As decisões são, excepcionalmente, tomadas por
Tendo como premissa que processos administrati- um indivíduo isolado, seja este governador, ministro,
vos são processos decisórios, Ansoff (1977) afirma que presidente de uma grande organização ou reitor de uma
todo executivo experiente sabe que grande parte de seu universidade, diretor técnico, financeiro, comercial, entre
trabalho é ocupado por um processo diário de tomada de outros, cujos resultados são consequências da interação
decisões e, portanto, deve ser potencializado por parte entre as preferências dos envolvidos no processo. A de-
das empresas, através dos recursos básicos: físicos, fi- cisão final pode caber, ainda, a várias entidades e não
nanceiros e humanos. apenas a um simples indivíduo.
Já Bethlem (1987), no artigo modelos de Processo Tais entidades podem, por um lado, representar
Decisório, sintetizou os principais mecanismos (instru- corpos constituídos – assembleia eleita ou nomeada,
mentos) que orientam o processo decisório e a tomada de conselhos de ministros, comitês de direção, júri, etc. – e,
decisão, revisando os modelos apresentados por autores por outro, uma coletividade com contornos mal definidos
como Simon, Kepner & Tregoe, Guilford e Mintzberg e - como é o caso dos grupos de interesse, associações de
até mesmo os modelos militares, sugerindo um modelo defesa, opinião pública e grupos comunitários.
genérico composto de quatro etapas: Estes atores (indivíduos, corpos constituídos e cole-
Etapa 1 – decisão de decidir – assumir um compor- tividades) são chamados intervenientes, na medida em
tamento que leve a uma decisão qualquer é uma decisão; que, através de suas ações, condicionam a decisão em
Etapa 2 – uma vez decidido iniciar o processo deci- função do sistema de valores dos quais são portadores.
sório, a etapa seguinte é a definição do que vamos deci- Ao lado deles estão todos aqueles (administradores, con-
dir. Há ocasiões em que trabalhamos na solução de pro- tribuintes e consumidores, entre outros) que, de maneira
blemas que não definimos, mas estatisticamente o seu normalmente passiva, sofrem as consequências da deci-
número é menos significativo; são.

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Conhecimentos Específicos
Para a definição do termo decisor, alguns autores Modelo Normativo: o que deve ser feito é a preo-
inspiram-se no sentido etimológico da palavra. Por cupação central. É o modelo dos grupos técnico-
exemplo: o decisor é aquele, dentre os atores, que está profissionais; e
munido de poder institucional para ratificar uma decisão
Modelo Racional: o Processo Decisório tem como
(MINTZBERG, 2000, GOMES, 2002 e MONTANA,
intuito maximizar os objetivos da alta administração e de
1999).
seus acionistas. Além dos modelos apresentados, que na
Ou ainda, segundo Koontz, O’Donnell e Weihrich realidade resumem idéias e concepções de diferentes au-
(1986), por definição, o tomador de decisão é a pessoa tores, outros estudiosos também sugerem modelos espe-
que leva a culpa se a decisão conduzir para um resultado cíficos de Processo Decisório. Vahl (1991), por exemplo,
não desejado ou angustiante. ao analisar as universidades, sugere que estas organiza-
ções têm um sistema de decisões onde os elementos par-
No entanto, em algumas situações complexas, e em
ticipam optando e decidindo sobre alternativas mais ou
particular nas de interesse público, não existem decisores
menos racionais, uma vez que a administração de uma
óbvios nem tampouco processos de decisão técnicos e
universidade envolve decisões sobre seus objetivos bási-
transparentes, mas decisões políticas e/ou sociais que al-
cos e sua missão. Para ele, o Processo Decisório em uni-
teram a racionalidade do processo decisório.
versidades deve ser analisado sob a ótica dos modelos
Os atores influenciam o processo decisório de burocrático, comportamentalista ou colegiado e normati-
acordo com o sistema de valores que representam, bem vo de tomada de decisão.
como através das relações que estabelecem entre si, as
Existe frequentemente uma relação entre os vários
quais podem acontecer ou sob a forma de alianças,
modelos e o contexto – estrutura, cultura e ambiente or-
quando seus objetivos, interesses e aspirações são com-
ganizacional – em que a decisão é tomada. Os principais
plementares ou idênticos, ou sob a forma de conflitos,
fatores contextuais são:
quando os valores de uns se opõem aos valores defendi-
dos por outros. • ambiente – apresenta complexidade, é di-
nâmico e hostil;
Essas relações possuem caráter dinâmico e instável
e podem modificar-se durante o processo de decisão, de- • organização – distribuição de poder (nível e
vido: posição), tipo de organização (autocracia,
burocracia e adocracia) e tipo de cultura (de
• ao enriquecimento do sistema de informa- poder, de papéis, de pessoas e de tarefas);
ções; • característica do decisor – proativo, intui-
• ao processo de aprendizagem a que se sub- tivo, reativo, analítico, autônomo, inovador
metem os gestores durante o processo de es- e disposto a correr riscos; e
truturação do problema; • tipos de assunto – complexos, urgentes,
• às influências dos valores e das estratégias simples, abrangentes e dinâmicos.
de outros decisores;
Resumindo, podemos dizer que, independentemente
• e à intervenção de um facilitador.
dos atores e modelos, os processos de tomada de decisão
Por outro lado, alguns administradores não têm a são em grande parte determinados pelas características e
habilidade suficiente para incorporar esses elementos e pelo contexto da organização em que ocorrem.
fazê-los valer perante os demais intervenientes.
Tipos, estilos e níveis de tomada de decisão.
Modelos no Processo Decisório:
Existe um consenso crescente de que a tomada de
Os estudiosos da Teoria Administrativa, ao des- decisão deve levar em consideração a natureza incerta
crever em modelos os procedimentos característicos da dos negócios, uma vez que as empresas contemporâneas
tomada de decisão, chegaram à formulação de vários es- estão se tornando mais complexas.
quemas interpretativos do Processo No entanto, a abordagem mais simplista para a so-
Decisório. Tais modelos podem ser sintetizados lução de problemas, o pensamento linear, supõe que
como: cada problema tem uma solução única, uma solução que
afetará apenas a área do problema e não o restante da or-
Modelo Clássico ou Burocrático: os procedimen- ganização e que, uma vez implementada, permanecerá
tos lógico-formais do Processo Decisório são enfatiza- válida e deverá ser avaliada apenas em termos de quão
dos, corroborando que quem toma as decisões examina bem resolve o problema. Os problemas são visto como
primeiro os fins e só depois estuda os meios para alcan- discretos, singulares e únicos.
çá-los, subordinando a eficácia da decisão à escolha da
Apesar dos gestores serem fascinados pela simpli-
melhor decisão;
cidade das soluções do pensamento linear, muitas vezes
Modelo Comportamentalista: o comportamento esta não é a maneira mais eficaz de tratar os problemas
dos indivíduos na organização é muito acentuado e organizacionais. Nos ambientes de negócios modernos,
abrangente; em consequência, os gestores procuram pre- que sofrem constantes transformações, existem pelo me-
vê-lo para evitar situações desagradáveis no contexto das nos três grandes dificuldades para essa abordagem de so-
decisões. Afinal, a Teoria Comportamental concebe a lução de problemas:
organização como um sistema de decisões;

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Conhecimentos Específicos
• uma vez que a solução afeta não apenas a
área do problema, mas também o restante da
organização, seus resultados não podem ser
previstos;
• mesmo que os resultados de uma solução se-
jam apenas os esperados e desejados, se vo-
cê focalizar uma única área do problema
acabará ignorando os inter-relacionamentos
entre os elementos organizacionais e isso
poderá levar a uma solução simplista que
não resolve o problema como um todo; e
• o pensamento linear acredita que os proble-
mas, uma vez definidos, e as soluções, uma
vez implementadas, são sempre válidos e
ignoram a natureza rápida das mudanças dos As decisões estratégicas são aquelas que determi-
ambientes de negócios. nam os objetivos da organização como um todo, seus
Tais dificuldades levaram muitos teóricos e admi- propósitos e direção, sendo uma função exclusiva da alta
nistradores a abordarem essa tomada de decisão de for- administração. A direção da empresa tem o “quadro ge-
ma diferente. Essa nova abordagem é chamada de pen- ral” de todos os elementos de seu negócio e precisa ser
samento sistêmico. capaz de integrá-los em um todo coerente no ambiente
O pensamento sistêmico é uma abordagem mais da organização.
contemporânea à solução de problemas. Ele supõe serem As decisões tomadas nesse âmbito também deter-
estes complexos e relacionados a uma situação, e que as minarão como a empresa se relacionará com os ambien-
soluções não apenas os resolvem, mas também terão um tes externos. Já que as políticas estratégicas afetam a
impacto no restante da organização. Por consequência, empresa como um todo, elas são mais adequadas quando
devem ser avaliados em termos de qual a melhor forma tomadas no nível mais alto. Essas políticas e metas não
de serem resolvidos (resultados intencionais) e como afe- são muito específicas, porque precisam ser aplicadas em
tam a organização como um todo (resultados involuntá- todos os níveis e departamentos.
rios).
Em relação às decisões táticas (ou administrativas),
Uma das faces do pensamento sistêmico não vê os elas são tomadas em um nível abaixo das decisões estra-
problemas como sendo singulares, mas os vê como rela- tégicas. Normalmente são tomadas pela gerência inter-
cionados a todos os aspectos da organização. As organi- mediária, como gerentes de divisão ou de departamentos.
zações são compostas de sistemas e processos inter- Essas decisões envolvem o desenvolvimento de táticas
relacionados e qualquer mudança em um dos aspectos para realizar as metas estratégicas definidas pela alta ge-
organizacionais afetará todos os outros. rência.
Portanto, um pensador sistêmico deve considerar o Decisões táticas são mais específicas e concretas do
inter-relacionamento entre os sistemas e os processos de que decisões estratégicas e mais voltadas para a ação.
uma organização antes de programar uma solução. As- Por exemplo, decisões sobre compras, execução de uma
sim, é necessário, após dar curso a solução, avaliar seus política de redução de custos, definição do fluxo produ-
efeitos e fornecer uma retroalimentação* para a organi- tivo ou treinamento do pessoal, entre outras.
zação, no sentido de que ela possa começar de outra
forma o processo de solução de seus problemas. E por último, as decisões operacionais, que são
tomadas no nível mais baixo da estrutura organizacional,
no campo da supervisão ou operacional de uma empresa,
NÍVEIS DE TOMADAS DE DECISÃO EM e se referem ao curso de operações diárias. Essas deci-
UMA ORGANIZAÇÃO sões determinam a maneira como as operações devem
Dentro da organização, em busca daquelas metas ser conduzidas – operações desenhadas a partir de deci-
existem níveis diferentes de tomada de decisão. São os sões táticas tomadas pela gerência intermediária – e re-
níveis estratégico, tático e operacional de tomada de ferem-se à maneira mais eficiente e eficaz de realizar as
decisão que vão mobilizar todos os recursos de uma em- metas estabelecidas no nível médio.
presa para a concretização dos seus objetivos. O estabelecimento de um cronograma de melhoria
dos equipamentos e a determinação do nível apropriado
de estoque de matérias-primas são exemplos de decisões
operacionais.

Estilos de tomada de decisão


Assim como existem classificações diferentes de
decisão, existem pessoas com tipos e estilos diferentes
no processo de decisão. Um estilo pessoal de tomar deci-

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Conhecimentos Específicos
sões pode ser mais aceitável do que outros, e os gestores com eles antes que se transformem em uma
que demonstrarem o estilo desejado, provavelmente, se- dificuldade maior para a empresa. Esse ges-
rão recompensados e promovidos para posições hierár- tor está entusiasmado e envolvido com o
quicas mais altas na empresa. planejamento futuro e a criação de alternati-
vas. Ele não apenas reconhece a necessidade
Os estudiosos dos estilos de administração classi-
de mudanças, mas acredita que a melhor
ficam o administrador como:
maneira de se lidar com elas é prevendo-as,
• indivíduo avesso a problemas (AP) – pro- e não meramente reagindo às necessidades
cura preservar o status quo e age para evitar atuais. Esse tipo de tomador de decisões faz
mudanças. Esse gestor trabalha para manter uso de análise de dados, não simplesmente
as condições atuais já que, mesmo não sen- para compreender o presente, mas também
do o resultado ideal de um processo de deci- para prospectar o futuro.
são gerencial, são mais práticas para ele. Segundo Motta e Vasconcelos (2002), as caracterís-
Quando enfrenta dificuldades, ele busca mi- ticas principais dos processos de tomada de decisão nas
nimizar os conflitos ou simplesmente igno- organizações e do modelo de Carnegie (Racionalidade
ra-os; assim, é frequentemente conhecido Limitada) estão a seguir estruturadas:
por encobrir as coisas. Esse gerente pode
não reconhecer problemas no ambiente de Teoria da Racionalidade Limitada
negócios, se “fazer de cego” diante das difi-
culdades e possivelmente será a pessoa que
mais resistirá às mudanças, mesmo que elas
ocorram no melhor interesse da empresa. Os
avessos a problemas são pessoas boas para
manter uma organização em curso calmo e
estável, e esse pode ser o estilo de tomada
de decisão mais eficaz em ambientes nos
quais existem poucas necessidades de mu-
danças;
• indivíduo solucionador de problemas (SP)
– é o de estilo mais comum. A maioria dos
gestores espera ser confrontada com pro-
blemas e solucioná-los no curso normal de Referências
suas atividades. O SP reconhece que mu- _______________________________
danças desnecessárias são infundadas, ser- ANSOFF, Igor. Estratégia Empresarial. São Paulo: McGraw Hill, 1977.
ARGYRIS, Chris; COOPER, Cary. Dicionário Enciclopédico de Administração. São Paulo: Atlas,
vem tão somente para gastar recursos orga- 2003.
BETHLEM, Agrícola. Modelo de processo decisório. Revista de Administração. São Paulo, v. 22, n.3,
nizacionais e para fomentar uma ilusão de 1987.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. São Paulo: Makron Books do
progresso, confundindo a todos. Ele entende Brasil, 1999.
DRUCKER, Peter. Administração Lucrativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.
e aceita que a empresa, no mundo moderno GOMES, Luiz Flávio Autran Monteiro; GOMES, Carlos Francisco Simões; ALMEIDA, Adiel Teixeira.
Tomada de decisão gerencial: enfoque multicritério. São Paulo: Atlas, 2002.
dos negócios, opere sob condições de risco e KOONTZ, Harold e O’DONNELL, Cyril. Princípios de administração: uma análise das funções admi-
nistrativas. São Paulo: Pioneira, 1972.
de incerteza. Isso significa que a gestão da
empresa estará frequentemente em um am-
biente muito agitado e competitivo, com o 13.13. ORGANIZAÇÃO.
imperativo de se adaptar às circunstâncias A organização é uma unidade social coordenada,
em transformação. Os gestores (e as empre- consciente, composta por duas ou mais pessoas, que tra-
sas) que falham em se adaptar comprome- balha com relativa constância de propósito para alcançar
tem o lucro e, eventualmente, podem colo- uma meta ou um conjunto de objetivos comuns. Por esta
car a organização em risco. A crítica que definição, as empresas produtoras e de serviços são or-
podemos fazer ao solucionador de proble- ganizações, assim como as escolas, hospitais, igrejas,
mas é que esse tipo de gerente se preocupa unidades militares, lojas de varejo, departamentos de po-
com os problemas atuais. No geral, essa lícia e agências governamentais locais, estaduais e fede-
pessoa está sempre reagindo aos problemas rais. As pessoas que monitoram as atividades das organi-
à medida que vão surgindo. Frequentemen- zações, e que são responsáveis pelas organizações para
te, estes teriam sido mais bem gerenciados alcançar esses objetivos são os seus gesto-
se tivessem sido previstos quando eram me- res/administradores (embora às vezes eles sejam chama-
nores e podiam ser administrados com mais dos de gerentes, particularmente em organizações sem
eficácia. O gestor solucionador raramente fins lucrativos).
prevê os problemas, mas é muito eficaz em
lidar com eles quando se tornam conheci- Então, visto que uma organização é um sistema pro-
dos; e jetado para atingir metas e objetivos, temos também de
• indivíduo previsor de problemas (PP) – explicar que estes sistemas podem, por sua vez, ser com-
como o próprio nome sugere, busca ativa- postos de subsistemas que desempenham funções especí-
mente antecipar os problemas e tenta lidar ficas relacionadas com o cumprimento desses propósitos.

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Conhecimentos Específicos
Em outras palavras, uma organização é um grupo dente para os gerentes, dos gerentes para os respectivos
social formado por pessoas, tarefas e administração, que subordinados, é um estilo de organização onde há poder
interagem no contexto de uma estrutura sistemática para de autoridade.
atender seus objetivos.
Organização Funcional
Note-se que uma organização só pode existir quan-
do nela há pessoas que estão dispostas a se comunicar e Este tipo de organização reflete a especialização das
agir em conjunto para cumprir a missão. As organizações funções, que é um dos princípios de Frederick Winslow
operam por regras que foram estabelecidas para concre- Taylor (O pai da Administração Científica), também é
tar os propósitos. um dos princípios de Henry Fayol (Fundador da Teoria
clássica),que diz que quanto mais especialista for um
Os grupos de cidadãos que são criados para atender
funcionário no seu cargo mais este poderá produzir, dar
a alguma necessidade social são chamados de organiza-
lucros para a empresa e consequentemente ganhar mais,
ções da sociedade civil, ONG’s. Os partidos políticos,
cada gerente tem sua equipe de trabalho esta equipe deve
sindicatos, clubes desportivos e as ONGs são organiza-
obedecer somente o seu próprio gerente para que não ha-
ções da sociedade civil.
ja falhas da comunicação e que seja mantida desta forma
Em contraste, as organizações que são criadas pelo a ordem na organização.
Estado para desenvolver o trabalho social são conhecidas
como organizações governamentais. Elas são dirigidas Organização Linha-staff
pelo governo e financiamento público. Este tipo de organização presta serviços de consul-
Finalmente, podemos nos referir ao termo organiza- toria técnica, aconselhando e dando sugestões no sentido
ção de empresas, que se refere à estrutura organizacional de tomada de decisões, tendências, planejamento, contro-
do trabalho na empresa. Existem vários elementos-base le, levantamentos, relatórios, etc.
nesta estrutura, como a burocracia, a especialização do
trabalho, a departamentalização, a cadeia de descentrali-
zação da mão de obra, e a formalização. 13.14. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL.
A forma como as empresas são organizadas é estu- a) Conceito de estruturas
dada por uma ciência chamada gestão e administração de
É o arranjo dos elementos constitutivos de uma or-
empresas, que estuda a maneira pela qual os recursos e
ganização, representando:
processos são geridos. A boa administração destes recur-
sos é considerada como a base da gestão de uma empresa  Um conjunto de órgãos / funções;
de sucesso.  Suas relações de interdependência;
 A via hierárquica.
b) Representação
FINALIDADE
A estrutura é representada de forma gráfica e abre-
Segundo Maximiano (1992) "uma organização é
viada, pelo organograma.
uma combinação de esforços individuais que tem por fi-
nalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma Assim, organograma é a representação gráfica da
organização torna-se possível perseguir e alcançar obje- estrutura de uma empresa.
tivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma
c) Estilos de organograma
grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório
ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são O organograma pode se apresentar no estilo clássi-
todos exemplos de organizações." co, circular, barra, vertical, setorial ou radial.
Uma organização é formada pela soma de pessoas, Exemplo:
máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e Clássico Circular
outros. A

C1 C3
A organização então é o resultado da combinação de B A1
Barra
todos estes elementos orientados a um objetivo comum. C1 C2 A2 B A B1 A
B
A qualidade é o resultado de um trabalho de organi- A3 C2 C4
C1
zação. C2

TIPOS DE ORGANIZAÇÃO
d) Técnicas de montagem
Existem três tipos tradicionais básicos de estrutura
 Manter a maior simplicidade.
organizacional: a organização linear, a organização fun-
 Evitar o cruzamento de linhas.
cional e a organização linha-staff.
 No primeiro nível deverá figurar os órgãos deli-
Organização Linear berativos (todos).
 No segundo nível deverá figurar os órgãos execu-
É uma organização que ocorre de forma escalar, ou tivos.
seja, fica bem claro a hierarquia da empresa, onde o co-  No terceiro nível deverá figurar os órgãos técni-
mando se dá de forma vertical, a ordem passa do presi- cos.
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Conhecimentos Específicos
 No quarto nível deverá figurar os órgãos operaci- b) Estrutura em linha-staff
onais.
Características
Hierarquia – quem está subordinado a quem.
Os dirigentes, em quaisquer níveis, podem dispor,
Órgãos de linha – são os órgãos pelos quais a em- segundo suas necessidades, de um órgão de estudos,
presa atinge seus objetivos (são órgãos de produção). pesquisas, informações, sugestões, planejamento e coor-
Órgãos de staff – são órgãos de assessoramento denação, etc. Estes órgãos são denominados staff e tem a
que orientam e aconselham os órgãos de linha. São pu- finalidade de prestar assessoramento exercendo somente
ramente especializados (departamento financeiro, enge- a autoridade das ideias.
nharia industrial, etc.). Vantagens

13.14.1. PROCESSO PRÁTICO PARA SE  Facilitar a participação de especialistas em qual-


PROJETAR ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS quer ponto da via hierárquica.
 Tornar a organização mais facilmente adaptável
a) Definição dos objetivos da empresa / órgãos in- às necessidades.
ternos.  Favorecer a execução dos trabalhos dos órgãos de
b) Identificação dos pontos críticos. linha.
c) Montar estruturas alternativas.  Utilizar em maior grau a divisão do trabalho.
d) Testar as opções quanto às vantagens.
Desvantagens
e) Optar pela solução que utilize os objetivos.
 Exigir, por parte do executivo, hábil coordenação
13.14.2. TIPOS DE ESTRUTURAS das orientações emanadas do staff.
 Sugestões, às vezes, se confunde com as ordens,
a) Estrutura linear
ou podem entrar em conflito com estas.
Características  O staff tende a usurpar (tirar, roubar) autoridade
dos chefes de linha.
 Direção singular: um só chefe em cada órgão.
 Os órgãos de linha reagem contra as sugestões de
 A chefia é fonte exclusiva de autoridade.
staff.
 As ordens e informações seguem pela via hierár-
quica. Aplicações
 Os empregados recebem ordem de um só chefe
 Organização de porte médio de caráter técnico-
imediato.
científicos.
Vantagens  Níveis intermediários das organizações comple-
xas.
 Aplicação simples.
 Fácil transmissão de ordens e recebimento de in- Exemplo:
formações.
Presidente
 Definição clara dos deveres e responsabilidade.
 Decisões rápidas. STAFF
 Fácil manutenção da disciplina.
 Baixo custo de administração.
Diretor Diretor Diretor de
Desvantagens Operações Financeiro Planejamento

 Organização rígida. c) Estrutura colegiada


 Não favorece a especialização.
 Sobre carregar a direção. Características
 Exigir chefes excepcionais, tornando difícil a  Direção plural ou colegiada: a tomada de deci-
substituição. sões pertence ao grupo.
Aplicações  A responsabilidade da execução é impessoal.
 Situa-se em nível hierárquico superior.
 Organizações de pequeno e médio porte.  Embora as ordens partam de um colegiado, os
 Organizações militares e religiosas. empregados se reportam à um único chefe.
 Níveis mais baixos das organizações complexas.  Denominações características: junta, comissão,
Exemplo: conselho, tribunal, diretoria, etc.
Diretor Vantagens
 Julgamento impessoal.
Supervisor Supervisor  Pontos-de-vista mais gerais.
 Facilita a participação de especialistas.
Operador Operador  Melhoria na manipulação dos processos políticos:
Máq. A Máq. B
conselho administrativo e diretoria executiva.

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Conhecimentos Específicos
Desvantagens Justificativas
 Responsabilidade mais diluída.  É um excelente instrumento de descentralização
 Decisões mais demoradas. operacional.
 Dificuldades ou falta de segurança.  As empresas norte-americanas adotam “profit-
center” (centro de lucro) englobando estrategicamente a
Aplicações
ideia da divisionalização e da descentralização operacio-
Cúpula das organizações complexas. Decisões de nal controlada, sendo o gerente divisional inteiramente
matérias controvertidas (tribunais). responsável pelos resultados da unidade.
 Cada estrutura divisional deve ser auto-
Exemplo: suficiente, devendo gozar de ampla competência para
Direção Geral conceber, desenvolver, produzir e distribuir o respectivo
Conselho de Administração produto, assim como, se for o caso, comprar sua matéria
Comissão Comissão prima, contratar seu pessoal e outras atividades correla-
Consultiva RH tas.
 O gerente divisional, dentro do conceito de “pro-
Diretoria Executiva
fit-center”, é inteiramente responsável pelos resultados
de sua unidade.
Assessoria Assessoria
Tipos de estrutura “divisional”
 Por produto.
d) Estrutura funcional  Por área geográfica.
 Por função.
Características
Exemplo:
A principal característica deste tipo de agrupamento
é a natureza das atividades dos trabalhos. Cada emprega- Conselho de Administração
do pode receber simultaneamente ordens de mais de um
supervisor. Ela dá ênfase à técnica e à especialização. Grupo de Grupo de Grupos de Grupo Grupo de
Astronomia Produtos de Aplicação de Industrial Serviços
Vantagens Consumo Eletricidade
Divisão de
 Promover a especialização e o aperfeiçoamento. Eletrônica
 Possibilitar melhores salários e maior rendimen- Divisão de
to. Propulsores
 Promover a cooperação e o trabalho em equipe. f) Estruturas com base em “função”
 Tornar a organização da produção bem mais fle-
xível. Características
 É mais econômico à médio e longo prazo.  Sua base é exclusivamente a função.
Desvantagens  Cada departamento desenvolve uma única fun-
ção.
 Difícil aplicação exigindo grande habilidade ge-  Dá ênfase na técnica e no processo de trabalho
rencial. (especialização).
 Exige maior cuidado no processo de coordena-  Objetivo permanente. Longo prazo. Rotinizada.
ção.
 Difícil manutenção da disciplina. Vantagens
 Elevado custo de implantação.  Solidificação da especialização.
Aplicações  Flexibilidade no uso da mão de obra.
 Uniformidade em normas e procedimentos.
Organizações de natureza industrial, especialmente  Centralização de recursos similares a cada fun-
em linhas de produção e montagem. ção.
e) Estrutura divisional  Conhecimentos são transferidos de um projeto
para outro.
Características  Perspectiva de carreira para profissionais.
A estrutura divisional é caracterizada por várias ati- Desvantagens
vidades, mas vinculadas a um objetivo comum, ou me-
lhor, específico dentro da unidade organizacional, ge-  Surgimento de conflitos pela disputa de recursos.
ralmente denominada divisão de produção. Esta divisão  Ênfase na especialidade em detrimento de proje-
pode ser constituída como uma verdadeira empresa no tos e produtos.
plano gerencial, como um autêntico centro de lucro, de-  Do ponto de vista de projetos a organização é
vendo seus dirigentes dispor dos recursos indispensáveis considerada inflexível e pouco eficiente.
ao pleno atendimento das responsabilidades que lhes são  Pode gerar no corpo de profissionais falta de mo-
conferidas pela direção superior da empresa. tivação.

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Conhecimentos Específicos
Exemplo: h) Estrutura Matricial
Direção Geral Características
Conselho
 É uma excelente alternativa principalmente para
as organizações que desenvolvem projetos.
Diretoria  Multidimensional, por utilizar características de
Executiva
estruturas permanentes, por função e por projeto.
Vice-Presidente Vice-Presidente
 É permanente, sendo temporários apenas os gru-
Técnico Administrativo pos de cada projeto.
 Proporciona a empresa condição de flexibilidade
Departamento Departamento Departamento Departamento Departamento Departamento
Engenharia Produção Pesquisa e R.H. Informática O&M e de funcionalidade adequada para atender as mudanças
Desenvolvimento ambientais.
 Combina as estruturas hierárquica, vertical e tra-
g) Estrutura por projeto
dicional, como uma estrutura superposta horizontal de
Pressupostos ou características coordenadores de projetos. A estrutura matricial é uma
solução mista em que normalmente se combinam as es-
 Estão engajados em planejar e construir grandes
truturas com base em função e projetos.
fábricas ou maquinaria pesada segundo especificações de
clientes. Vantagens
 Dependem das inovações dos produtos dado que
 Equilíbrio de objetivos tanto pela atenção dispen-
os fabricados se tornam obsoletos em pouco tempo.
sadas às áreas funcionais quanto às coordenações de pro-
 Os produtos projetados são tecnicamente com-
jetos.
plexos, demandando uma grande dose de trabalho de de-
 Grande flexibilidade para enfrentar ambientes or-
senvolvimento que deve ser feito por um certo número
ganizacionais de alta complexidade envolvendo riscos,
de especialistas e técnicos.
incertezas e conflitos.
 Os produtos / projetos devem ser desenvolvidos
 Visão dos objetivos dos projetos através das co-
dentro de rígidos cronogramas, para satisfazer as especi-
ordenações.
ficações dos clientes ou a procura do mercado.
 Desenvolvimento de um forte e coêsuto trabalho
Outras Características de equipe que se identificam com as metas dos projetos.
 A utilização de mão de obra pode ser flexível,
 Unidimensionais: cada unidade da organização
porque se mantém uma reserva de especialistas nas es-
está voltada para o desenvolvimento de um único proje-
truturas permanentes.
to, sob uma única gerencia.
 O conhecimento e a experiência podem ser trans-
 A base da estrutura é o projeto, desenvolvido se-
feridos de um projeto para outro.
gundo especificações dos clientes.
 Objetivos e prazos bem definidos. Desvantagens
 Prazo relativamente curto, sendo, portanto estru-
 Sub utilização de recursos, com objetivo de se
tura de natureza temporária.
obter a cobertura completa dos projetos, gerando insu-
 Depende de inovações do produto que se torna
cesso na obtenção de economias.
obsoleto em pouco tempo.
 O homem do meio geralmente trabalha para dois
 A sua departamentalização interna é funcional.
chefes verticalmente se reporta ao seu gerente funcional
Vantagens e, horizontalmente ao coordenador de projetos, ficando
em posição incômoda em caso de conflito.
 Unidade de direção, voltada para o objetivo único
 O gerente funcional julga que o coordenador de
que é o desenvolvimento do projeto.
projeto interfere em seu território e esse por sua vez jul-
 Desenvolvimento do espírito de corpo, através da
ga que tem pouca autoridade nas áreas funcionais.
identificação com o projeto.
 O gerente controla todos os recursos de que ne- Para se minimizar estes problemas devem ser bem
cessita para desenvolver o projeto. definidas as áreas de cada gerente.
Desvantagens da estrutura 1) Gerente de Projetos
 Não é bem aceita pela organização permanente  Atividade gerencial de direção e avaliação do
devido ao seu caráter temporário. projeto.
 Os meios são duplicados porque cada projeto  Planejamento, proposição e implementação da
existe uma subestrutura funcional. política de gerência do projeto.
 Os recursos são utilizados sem eficácia.  Assegurar a compatibilidade de projeto com os
 Insegurança no emprego, quando do término do compromissos da organização.
projeto.
2) Gerentes Funcionais
 Manter as tarefas dentro do cronograma e do or-
çamento.

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Conhecimentos Específicos
 Estabelecer a política funcional, e as normas de significativas na forma operacional, e como consequên-
procedimento. cia, nos resultados esperados.
 Selecionar elementos de direção devidamente ca-
Interferências Externas
pacitados.
 Manter a qualidade técnica dos serviços presta- As principais são:
dos por seus órgãos.
 mercado, como força mais poderosa que pode in-
13.14.3. TIPO DE ESTRUTURA SEGUNDO A tervir na empresa;
AMBIÊNCIA DAS ORGANIZACIONAIS  a legislação, como regra básica que norteia e de-
limita a ação da empresa durante sua existência;
Concorrência  as alterações constantes introduzidas pelo gover-
Mercado
Governo Mão de Obra Consumidor
no determinando modificações nos procedimentos inter-
nos da empresa gerando custos;
 o meio ambiente deriva de alterações climáticas e
da poluição crescente em áreas densamente industriali-
Fornecedores Empresa Comunidade zadas com modificações da qualidade de vida da região;
 Comunidade é um fator de sucesso quando se dá
a aceitação, e conflitos quando se dá a rejeição. Uma
Sistema Sindicatos Tecnologia empresa que polui o ambiente geralmente entra em con-
Financeiro flito com a comunidade que a cerca.
Interferências Internas
 Cultura da empresa: é o seu jeito de ser e de atu-
ar, é a sua personalidade. É formada ao longo do tempo,
estabelecendo usos e costumes.
 Relacionamento entre os subsistemas: a forma
como se interrelaciona e interagem os diversos subsiste-
mas da empresa é espelhado da sua cultura interna.
 Política de compras: tem uma função fundamen-
tal de interferir no capital de giro da empresa.
 Política de vendas: a forma de vender numa em-
presa interfere diretamente nos subsistemas financeiros,
de compras, de estoque e de produção. Deve ser harmo-
nizada com os demais sob a pena de desarticular a em-
13.14.4. NATUREZA, FINALIDADE E CRITÉ- presa como um todo.
RIO DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO  Política de pessoal: toda empresa deve ter uma
a) Conceito de Empresa política de pessoal clara e objetiva, onde o empregado
saiba quais as suas possibilidades de progresso, deveres
Uma empresa pode ser vista como um grande sis- e obrigações; especialmente o que a empresa espera dele.
tema, onde subsistemas menores interagem para fazer  Política operacional: o funcionamento ou opera-
com que seja atingido um objetivo comum, que é a ge- ção da empresa deve ter como base uma política que
ração de resultados. deixe claro aos empregados como se espera que os mes-
mos trabalhem e tratem as máquinas e equipamentos e o
que se deseja em termos de qualidade (padronização).
b) Conceito de Organização
 A organização de trabalho nasceu com o homem.
Quando dois homens ou mais, se agrupam e se associam,
surge a organização, a divisão do trabalho, as atribuições
de cada um, a necessidade de controle.
 Nas sociedades complexas, o homem, em todas
etapas de sua vida, desde o nascimento até a morte, de-
Se olharmos bem para área de processamento, po- pende das organizações. É controlado por elas onde pas-
deremos verificar a existência de vários subsistemas in- sa a maior parte de seu tempo. Vários autores conceitu-
terdependentes e interatuantes, tais como: fabricação, am organização dentro da visão individual.
manutenção, almoxarifado, recursos humanos, e de for-  Para Henry Dutian a organização é a arte de em-
ma auxiliar, os sistemas de informação e controle. pregar eficientemente todos os recursos disponíveis
afim de alcançar um determinado objetivo.
➢ Interferências no Sistema
 Para James Mooney a organização é a forma que
A empresa não é um sistema fechado e imune a in- assume toda associação humana para alcançar um objeti-
terferências. Durante o ciclo operacional, sofre interfe- vo comum.
rências externas e internas, que podem levar a alterações

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Conhecimentos Específicos
Racionalização: Alguns autores substituem o termo ABORDAGEM FUNCIONAL
organização por racionalização do trabalho. A racionali-
É a organização que cria departamentos formados
zação é apenas um processo mental básico presente nas
por pessoas especialistas em uma determinada função.
fases da organização e da administração.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO FUNCIONAL
Jules Moch assim define: “A racionalização consti-
tui um esforço sistemático tendo por fim a melhor utili- Na departamentalização funcional os departamentos
zação dos recursos humanos e naturais”. criados são formados por pessoas que possuem habilida-
des e conhecimentos similares e que participam de ativi-
A Organização Internacional do Trabalho define:
dades e tarefas comuns dentro do processo de trabalho.
“A racionalização é um esforço sistemático para obter o
máximo rendimento dos recursos em forças de trabalho e Dentro de cada departamento, as pessoas são res-
em materiais, investido nas diferentes atividades econô- ponsáveis por um processo especifico de sua função es-
micas.” pecializada.
A racionalização é um método de ação tendo por lei Como os departamentos são formados de acordo
básica a lei do menor esforço. com a principal função especializada, as principais áreas
adotadas são: produção, vendas e finanças, podendo
também ser acompanhado de outras áreas como recursos
13.15. TIPOS DE DEPARTAMENTALIZA- humanos. Este tipo de departamentalização é o mais co-
ÇÃO: CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS E mum nas organizações.
DESVANTAGENS DE CADA TIPO.
A departamentalização funcional é mais indicada
A departamentalização é uma característica típica das em casos de estabilidade e de poucas mudanças, que re-
grandes organizações. Ela é diretamente relacionada com queiram desempenho continuado em que as atividades
o tamanho da organização e com a natureza das organi- das áreas sejam bastante repetitivas e especializadas on-
zações. de permaneçam inalterados por longo tempo.
As organizações podem ter problemas quanto à es- A departamentalização funcional pode também ser
colha de determinados tipos de departamentalização, e denominada de departamentalização pelo uso de recursos
para evitar isso, essas organizações devem conhecer, organizacionais ou estrutura funcional.
analisar e escolher o melhor tipo de departamentalização,
que a seguir, serão apresentados. VANTAGENS

CONCEITO • Melhora a coordenação intradepartamental,


que é a facilidade de contatos e comunica-
Para suprir às exigências internas e externas, cada ções dentro de um mesmo departamento,
organização desenvolve um tipo de desenho departamen- pois existe um compartilhamento de um
tal. O desenho departamental constitui uma característica mesmo conhecimento técnico.
fundamental da estrutura de uma organização, partindo • Incentiva à especialização técnica, pois esta-
do princípio da divisão do trabalho, na especialização belece carreiras para os especialistas dentro
horizontal, que consiste em escolher modalidades para de sua área de especialização, supervisio-
obter homogeneidade nas tarefas e atividades em cada nando-os por meio de pessoas de sua própria
órgão, agrupando os componentes da organização em especialidade.
unidades organizacionais como departamentos, divisões • Orienta as pessoas para uma específica ativi-
ou equipes. dade, concentrando sua capacidade de ma-
Existem cinco tipos de abordagens que definem o neira eficaz, garantindo o máximo de utiliza-
agrupamento de departamentos e de subordinação ao ção das habilidades técnicas, simplificando o
longo da hierarquia. Existem duas abordagens específi- treinamento do pessoal.
cas que surgiram para atender às necessidades das orga- • Ocorre uma redução de custos, devido ao
nizações em um ambiente instável e altamente competi- trabalho em um mesmo tipo de tarefa em
tivo, que são as abordagens de equipes e de redes. conjunto.
TIPOS DE ABORDAGENS DESVANTAGENS
• Abordagem Funcional; • A cooperação e comunicação interdeparta-
• Abordagem Divisional; mental, que é o contado e comunicação entre
• Abordagem Matricial; diferentes departamentos, é reduzida, em de-
• Abordagem de Equipe; corrência do isolamento em relação aos ou-
• Abordagem de Redes. tros departamentos, pois cada departamento
funcional possui seus próprios objetivos e
Cada abordagem departamental tem uma finalidade prioridades. Com isso, sob pressão, criam-se
distinta para a organização, sendo que a diferença entre diversas barreiras e conflitos entre os outros
cada tipo de abordagem é a maneira como as atividades departamentos. Também geram limitações
são agrupadas e a quem as pessoas se subordinam. de autoridade e tomadas de decisões dos
administradores.

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Conhecimentos Específicos
• Dificulta a adaptação e flexibilidade a mu- toridade sobre funções relacionadas a um determinado
danças externas, pois a abordagem é interna produto ou serviço, dentro de um grau de responsabili-
e não visualiza o que acontece no ambiente dade para cada administrador.
externo da organização ou de outro departa-
A departamentalização por produtos ou serviços é
mento. É inadequada quando a tecnologia e
indicada para circunstâncias ambientais instáveis e mu-
as circunstâncias externas são mutáveis ou
táveis, pois induz à cooperação e coordenação entre es-
imprevisíveis.
pecialistas, atividades e tarefas, para um melhor desem-
• Devido à focalização interna de cada depar- penho do produto ou serviço.
tamento e não sobre os objetivos globais da
organização, existe uma carência de estrutu- VANTAGENS
ras próprias de coordenação do andamento
do trabalho, levando os problemas de coor- • A responsabilidade é totalmente imposta ao
denação para os níveis mais elevados da or- nível de cada divisão dos departamentos para
ganização. cada produto ou serviço, ou seja, o adminis-
• A estrutura funcional tende a ser muito bu- trador no cargo de chefia de cada departa-
rocratizada, o que requer uma estrutura ad- mento é responsável pelo seu produto ou
ministrativa mais elaborada, com um número serviço.
maior de níveis hierárquicos. • Facilita a coordenação interdepartamental,
uma vez que a preocupação básica é o pro-
ABORDAGEM DIVISIONAL duto e as diversas atividades departamentais
tornam-se secundárias.
É a organização que cria departamentos que são
• Melhorias na qualidade e facilidade de ino-
formados por um agrupamento de divisões separadas que
vações, já que a concentração é em um único
são autossuficientes para produzir um produto ou serviço
produto ou serviço, cada departamento pro-
ou parte dele, de acordo com os resultados organizacio-
duz com melhor qualidade ou mais inovação
nais.
comparando-se a um departamento que pro-
A estrutura divisional é a mais indicada em organi- duz diversos produtos.
zações que produzem diferentes produtos ou serviços pa- • Permite flexibilidade, pois as unidades de
ra diferentes mercados e clientes, pois cada divisão foca- produção podem ser maiores ou menores,
liza um mercado ou cliente independente. conforme as condições mudem, sem interfe-
rir na estrutura organizacional como um to-
Dentro de abordagem divisional existem variantes,
do. O foco desse tipo de estrutura é predo-
que servem para alcançar diferentes resultados esperados
minante sobre os produtos e não sobre a sua
de uma organização. Essas estruturas variantes se basei-
estrutura organizacional interna.
am em:
• As tomadas de decisões são mais indepen-
• Produtos ou serviços; dentes e pode-se responder melhor aos re-
• Localização Geográfica; quisitos e necessidades do cliente. A admi-
• Clientes; nistração torna-se mais ampla, gerando as-
• Fases dos Processos; sim oportunidades de promoções dentro da
• Projetos. organização.

DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PRODU- DESVANTAGENS


TOS OU SERVIÇOS • Trazem elevados custos operacionais em si-
Este tipo de departamentalização faz uma aborda- tuações que existe estabilidade ambiental e
gem divisional, que envolve a diferenciação e o agrupa- em organizações com poucos produtos dife-
mento das atividades e tarefas de acordo com os produ- rentes ou linhas reduzidas de produtos.
tos ou serviços realizados, ou seja, os resultados espera- • Ocorre redução nas oportunidades de carrei-
dos da empresa. ra, pois a experiência profissional é limitada
a uma única linha de produção, causando li-
A divisão do trabalho é feita por linhas de produtos mitação no mercado de trabalho.
ou de serviços, que se desempenham em todas as fun-
• Existe uma dificuldade na busca e/ou pedido
ções necessárias para a realização do produto ou serviço.
de um determinado produto ou serviço, pois
Todos as principais atividades e tarefas, similares a distribuição é especializada em cada depar-
ou não, relacionadas com um produto ou serviço são tamento.
reunidos e alocados em um específico departamento no • Demora no reconhecimento de melhorias,
sentido de coordenar as atividades requeridas para cada modificações ou eliminações de produtos ou
tipo de resultado. serviços, pois cada departamento é respon-
sável pela defesa de seus produtos e serviços
A estrutura divisional por produtos ou serviços é
e de seus próprios objetivos divisionais.
muito encontrada em empresas de larga escala. Esta es-
trutura permite que a administração de topo delegue au-

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Conhecimentos Específicos
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR LOCALI- DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTES
ZAÇÃO GEOGRÁFICA
É a organização que faz uma abordagem divisional,
Este tipo de departamentalização faz uma aborda- envolve a diferenciação e o agrupamento das atividades
gem divisional, que envolve a diferenciação e o agrupa- de acordo com o tipo de cliente ou mercado para quem o
mento das atividades de acordo com a localização geo- produto ou serviço é realizado.
gráfica onde o trabalho será desempenhado, ou uma área
As diferentes características e necessidades dos cli-
de mercado a ser servida pela organização.
entes, como idade, nível socioeconômico e hábitos de
Este tipo de departamentalização é indicado para compra, constituem a base para essa estrutura onde a ên-
organizações de larga escala, que geralmente é utilizada fase é no consumidor do produto ou serviço oferecido
por organizações que cobrem grandes áreas geográficas e pela organização, para que este seja atendido da melhor
cujos mercados são extensos, como por exemplo, as em- forma possível. O produto ou serviço deve ser adaptado
presas transnacionais que emprega este tipo de estrutura e ajustado ao ciente e às suas necessidades.
para as suas operações fora do país onde estão sediadas.
VANTAGENS
Esta estrutura é mais indicada nas áreas de produ-
ção e vendas e as demais áreas da organização tornam-se • A focalização é exclusivamente no cliente,
secundárias, a área financeira é pouco utilizada porque com isso as necessidades de cada tipo de cli-
nem sempre é permitida a descentralização. ente são mais bem atendidas.
• A focalização externa na clientela torna a or-
VANTAGENS ganização mais atenta para as mudanças das
• Este tipo de estratégia é muito útil quando as
necessidades e preferências dos clientes, ca-
situações externas favorecem a organização, racterística que não ocorre na estrutura fun-
pois permite, sem problemas, a adaptação às cional.
condições e necessidades da região em que está • As decisões internas são rapidamente toma-
situada. das através do retorno proporcionado pelos
• Como cada departamento opera em um territó- clientes. Devido a isso, uma linha deficiente
rio como se fosse uma organização indepen- de determinado produto é facilmente perce-
dente, o administrador de cada departamento bida.
pode tomar suas próprias decisões de acordo
com as diferenças territoriais. DESVANTAGENS
• A organização é mais voltada para o seu ambi-
ente territorial e para o seu mercado, do que • Ocorre duplicidade de esforços e recursos, o
para seus aspectos internos, tendo em vista que provoca maiores investimentos e custos
uma melhor avaliação e percepção dos merca- operacionais.
dos e produtos e serviços para melhor atender • Os sistemas internos precisam ser organiza-
cada área. dos de diferentes maneiras para servir os di-
ferentes segmentos de cliente, o que torna a
DESVANTAGENS administração mais complexa.
• As demais atividades e objetivos da organi-
• O enfoque territorial tende a deixar para se- zação, por exemplo, produtividade e eficiên-
gundo plano a coordenação entre os depar- cia, podem tornar-se secundários, devido à
tamentos, prejudicando de certa forma o preocupação exclusiva pelo cliente.
comportamento global da empresa, em rela-
ção ao nível de autonomia e liberdade ofere- DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FASES DO
cido às filiais, o que pode ocorrer um dese- PROCESSO
quilíbrio de poder dentro da organização,
pois as áreas da empresa que forem geogra- É a organização que faz uma abordagem divisional,
ficamente mais amplas, poderão ter a seu fa- envolve a diferenciação e o agrupamento das atividades
vor um grande potencial para discutir certas de acordo com as etapas de execução de um processo.
decisões importantes.
O processo é um conjunto de atividades com uma
• Os sistemas internos precisam ser organiza- ordenação específica que resulta em um produto ou ser-
dos de diferentes maneiras para servir os di- viço especificado para satisfazer as necessidades e ex-
ferentes segmentos territoriais de mercado, o pectativas do cliente ou mercado. O cliente do processo
que torna a administração complexa. não é necessariamente o cliente externo. Ele pode estar
• Cada departamento possui seus próprios re- dentro da empresa (cliente interno).
cursos, com isso ocorre uma duplicidade de
esforços e recursos (pessoas, instalações e O desenvolvimento do processo utilizado pelas or-
equipamentos), o que provoca maiores in- ganizações está relacionado com a estrutura do produto,
vestimentos e custos operacionais. para que se obtenha da melhor maneira possível o au-
mento da eficiência e qualidade do produto.

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Conhecimentos Específicos
A departamentalização por fases do processo ou Neste tipo de departamentalização a estrutura orga-
processamento ou ainda equipamento, é utilizada quase nizacional deve ser flexível e mutável, com capacidade
que restritamente a aplicações nos níveis mais baixos da de adaptar-se às necessidades de cada projeto a ser reali-
estrutura organizacional (nível operacional) das empre- zado, tendo alta coordenação entre os departamentos.
sas industriais e de serviços, principalmente nas áreas
É uma estrutura muito utilizada por organizações de
produtivas ou de operações.
grande porte que produzem produtos que envolvam
A estrutura por fases do processo representa a in- grande concentração de diferentes recursos (produtos e
fluência da tecnologia utilizada pela empresa em sua es- pessoas) por um longo período. Os projetos produzidos
trutura organizacional. O agrupamento na departamenta- exigem tecnologia sofisticada, que não dependa de ou-
lização por processo é adequado quando tanto os produ- tras atividades para o seu desempenho. É o tipo de depar-
tos como a tecnologia aplicada, são estáveis e duradou- tamentalização orientado para resultados.
ras.
Essa estrutura é adotada, por exemplo, em estaleiros
VANTAGENS navais, obras de construção civil (edifícios) ou industrial
(fábricas e usinas hidroelétricas).
• Extrai vantagens econômicas oferecidas pela
própria natureza do equipamento ou da tec- O projeto é definido pelo cliente e as pessoas encar-
nologia. A tecnologia passa a ser o foco e regadas do projeto são especialistas em diversos campos
ponto de referência para o agrupamento de de atividades, para poder atender as necessidades do cli-
unidades e posições. ente.
• Cada unidade organizacional é uma etapa no Na departamentalização por projetos, as atividades
desenvolvimento do produto, a focalização e e as pessoas recebem atribuições temporárias. Cada pro-
a sequência de processos facilita o trabalho jeto tem seu ciclo de vida específico. Terminada o proje-
de seu início até o fim. to, o pessoal que temporariamente havia sido destinado a
DESVANTAGENS ele é designado para outros departamentos ou outros pro-
jetos.
• Quando a tecnologia utilizada sofre mu-
danças a ponto de alterar o processo, este O administrador possui habilidade orientada para
tipo de departamentalização não é aconse- projetos e é responsável pela realização de todo projeto
lhado, pois possui absoluta falta de flexi- ou de uma parte dele.
bilidade e de adaptação. VANTAGENS
• Por existir isolamento dos outros depar-
tamentos, podem ocorrer dificuldades de • Melhor cumprimento de prazos e melhor
desenvolver novas formas integradas de atendimento ao cliente do projeto.
administrar. • Grande concentração de diferentes recursos,
• Com o mesmo problema encontrado na em uma atividade complexa com produtos
estrutura funcional, ocorre a redução da de grande porte.
cooperação e comunicação interdeparta- DESVANTAGENS
mental, devido ao isolamento em relação
aos outros departamentos, pois cada de- • Quando termina um projeto, a empresa pode
partamento tem seus próprios objetivos e ser obrigada a dispensar pessoal ou paralisar
prioridades, que sob pressão criam-se di- máquinas e equipamentos se não tiver outro
versas barreiras e conflitos. Também são projeto em vista.
criadas limitações de autoridade e toma- • Devido à descontinuidade e limitações, a de-
das de decisões dos administradores. partamentalização por projeto pode provocar
• Cada administrador no departamento de em muitas pessoas desanimo pela imprevisi-
processos é especialista em apenas uma bilidade de futuro no emprego.
parte do processo, não sendo capaz de
FORÇA-TAREFA
concluir um processo por inteiro, com is-
so, torna-se difícil uma substituição de um É uma variante do agrupamento por projetos que é
administrador, mesmo sendo de igual fun- formada por uma equipe de especialistas de diferentes
ção, por um outro administrador de um áreas, que são deslocados de suas funções habituais para
processo diferente. se dedicarem a uma tarefa específica e complexa e que
exija abordagem e foco diferentes.
A força-tarefa é adotada para solucionar e controlar
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJE-
os problemas gerados pela alta mudança ambiental e tec-
TOS
nológica atual.
É a organização que faz uma abordagem divisional,
Para cada membro são dados responsabilidade e
envolvendo a diferenciação e o agrupamento das ativida-
poder igualmente, cada qual dentro de sua especialidade
des de acordo com os resultados de um ou mais projetos
em relação ao problema a ser resolvido.
executados pela organização.

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Conhecimentos Específicos
Tem por característica ser provisória e de curta du- • Propicia condições favoráveis para a inova-
ração. Ao atingir os objetivos propostos, os membros re- ção e a criatividade;
tornam às suas unidades e atividades de origem. • Melhor atendimento ao cliente e cumprimen-
ABORDAGEM MATRICIAL to dos prazos;
• Uso adequado dos vários recursos;
É a combinação simultânea de dois tipos de depar- • Facilidade na coordenação dos resultados.
tamentalização, a funcional e a divisional, na mesma es-
trutura organizacional. DESVANTAGENS

ESTRUTURA MATRICIAL • Insegurança das pessoas, desde que a empre-


sa tenha grande crescimento e consequente
A estrutura matricial é uma estrutura mista com a aumento da complexidade;
finalidade de obter o máximo de rendimento da organi- • A comunicação deficiente, isso porque as
zação. A organização mantém a estrutura funcional para decisões são normalmente centralizadas nos
as funções internas e agrega a estrutura divisional aos níveis mais elevados da empresa;
produtos ou serviços a serem realizados. • Baixa adaptabilidade;
Por ser constituída de dois tipos de departamentali- • Preocupação estritamente voltada para uma
zação, cria-se a duplicidade de comando onde os funcio- área deixando de lado outras partes;
nários passam a subordinar-se a dois chefes, indo de en- • Pode provocar problemas humanos de temo-
contro ao princípio da unidade de comando. res e ansiedades;
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas
Devido à duplicidade de comando, os funcionários
duplicidades de atividades e treinamento;
precisam saber resolver os conflitos que podem ocorrer,
com isso existe a necessidade de um treinamento em re- • Podem existir dificuldades na coordenação
lações humanas, para ele saber lidar com esses proble- do pessoal;
mas. • Conflitos de interesse entre chefes funcio-
nais e os chefes divisionais, devido a dupla
É a forma mais utilizada, principalmente nas gran- subordinação.
des organizações, pois em cada parte da organização tem
a estrutura que melhor se adapta ás tarefas executadas ABORDAGEM DE EQUIPES
em cada departamento. É a organização que cria equipes multifuncionais ou
Constitui uma das maneiras mais humanas partici- permanentes para cumprir tarefas específicas e para co-
pativas e flexíveis, pois depende intensamente da colabo- ordenar grandes departamentos.
ração entre muitas pessoas diferentes. Enfatiza a interde- ESTRUTURA BASEADA EM EQUIPES
pendência entre os departamentos, proporcionando opor-
tunidades de delegação, maior contribuição pessoal e Dentro deste tipo de departamentalização existem
participação na tomada de decisão nos níveis mais bai- dois tipos de equipes, as multifuncionais e os permanen-
xos da hierarquia. tes.

Na estrutura matricial o administrador coordena os As equipes multifuncionais são formadas por pes-
esforços do pessoal cedido pelas diversas áreas da em- soas de vários departamentos funcionais que são agrupa-
presa, algumas vezes com muito pouca autoridade for- dos, para cumprir tarefas específicas e temporárias e para
mal. Seu papel dentro da organização de estrutura matri- resolver problemas mútuos.
cial é de integração e de coordenação das tarefas e asse- Este tipo de equipe envolve pessoas com diferentes
gurar os serviços e recursos fornecidos pelo pessoal de habilidades e conhecimento. Por terem a participação em
suporte, sobre os quais tem pouca ou nenhuma autorida- dois grupos, tem como consequência uma duplicidade de
de formal. comando.
VANTAGENS As equipes permanentes funcionam como um de-
• Maior estabilidade tanto para a empresa, partamento formal, onde os empregados trabalham jun-
como para os funcionários; tos em um mesmo local, para cumprir atividades e tare-
• Maior segurança na execução das tarefas e fas específicas. Esses empregados subordinam-se a ape-
no relacionamento de pessoas; nas um chefe, como designa a unidade de comando.
• Especialização nas atividades desenvolvidas; A estrutura de equipes torna a organização mais ho-
• Possibilidade de maior aprimoramento técni- rizontal em torno dos processos de trabalho (com poucos
co de sua equipe de trabalho; níveis hierárquicos), descentraliza a tomada de decisões,
• Coordenação de equipe de forma mais ade- delegando autoridade e transferindo responsabilidade pa-
quada e coerente; ra os níveis mais baixos.
• Permite a integração e desenvolvimento en- Devido a uma rápida e constante mudança do ambi-
tre funcionários; ente externo e interno das organizações, é exigida uma
• Facilidade em conhecer os fatores e os pro- maior necessidade de flexibilidade e/ou rapidez no an-
blemas locais; damento dos processos e tarefas para atender melhor os
• Permite maior flexibilidade;
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Conhecimentos Específicos
requisitos do cliente, desenvolver novos produtos ou im- ESTRUTURA EM REDE
plementar campanhas de marketing, por isso as equipes
É a desagregação das principais funções da organi-
não devem adaptar-se a tarefas pré-definidas.
zação em companhias separadas que são interligadas por
VANTAGENS uma pequena organização central. Os serviços de cada
função da organização são conectados eletronicamente.
• A focalização da organização é dirigida ao
cliente. Esse tipo de estrutura impossibilita saber onde a or-
• Economiza de tempo e dinheiro devido a ganização está nos termos tradicionais, pois cria uma no-
pouca necessidade de passar informação para va forma de organização através de contratos externos
cima e para baixo dentro da hierarquia e en- vindos de qualquer parte do mundo, sendo coordenados
tre as unidades organizacionais. eletronicamente.
• As equipes promovem o autogerenciamento Seu organograma é diferenciado em sua forma cir-
pelos próprios funcionários, o que produz cular ou estrelado, sendo a unidade central, no centro do
maior satisfação com o trabalho devido ao organograma, interligado às demais unidades.
maior envolvimento das pessoas.
• Cada grupo deve ter pessoas com diferentes VANTAGENS
conhecimentos e habilidades para trabalhar • A abordagem em redes proporciona competiti-
juntas e dotar a equipe de autossuficiência vidade em escala global. Mesmo em pequenas
para realizar completamente o trabalho. Am- organizações, ela permite utilizar recursos em
plia as habilidades de cada indivíduo. Capa- qualquer lugar e a1cançar melhor qualidade e
citando-os a tratar sobre todos os aspectos do preço, bem como distribuir e vender os produ-
trabalho. tos e serviços no mundo todo.
• Com a maior rapidez nas decisões os tempos • Flexibilidade decorrente da capacidade de ob-
de ciclos operacionais são reduzidos, o que ter e contratar serviços quando necessário e
proporciona pronta resposta aos clientes. mudá-los em pouquíssimo tempo sem quais-
• A estrutura por equipes tende a compactar a quer restrições. Como a organização não possui
organização reduzindo o número de níveis bens fixos, como por exemplo, fábricas, equi-
hierárquicos e os custos administrativos e pamentos ou instalações, ela pode continua-
exigindo menos mecanismos de coordenação mente redefinir-se e buscar novos produtos e
e integração. novas oportunidades de mercado. Para os fun-
cionários que trabalham permanentemente na
DESVANTAGENS organização, o desafio está na maior variedade
do trabalho, e a satisfação, em executar uma
• A estrutura por equipes envolve uma grande atividade que muda incessantemente.
transformação na organização, na cultura e • Os custos administrativos são baixos. Não re-
exige a necessidade de uma nova mentalida- quer hierarquia, nem grandes equipes de admi-
de das pessoas envolvidas. Essa mudança nistradores. Podem ter apenas dois ou três ní-
consome muito tempo e dinheiro, exigindo veis de hierarquia, comparados aos dez ou mais
novo treinamento, remuneração e avaliação níveis nas organizações tradicionais.
de cargos até sistemas de inventários, conta-
bilidade e informação. DESVANTAGENS
• A estrutura por equipes funciona melhor • A administração não tem, o controle de todas
quando cada equipe possui todas as especia- as operações de imediato, pois dependem de
lizações necessárias e interação de habilida- contratos, negociação e mensagens eletrôni-
des para executar o processo. Neste caso a cas para reunir todas as partes.
organização deve manter alguns especialistas • Existe a possibilidade de perder negócios se
funcionais para prestar assessoria adequada. uma organização contratada falha ou deixa
• Na estrutura horizontal cada equipe deve ter de entregar o trabalho planejado.
um chefe e, em muitos casos, os membros da • Existe elevada incerteza quanto aos serviços
equipe podem vir de outros departamentos contratados de outras organizações que estão
da organização, que é o caso das equipes fora do controle da empresa.
multifuncionais, dessa forma, esses membros • Os empregados podem imaginar que poderi-
passam a ter dois chefes. am ser substituídos por novos contratos de
ABORDAGEM DE REDES serviços. A organização em redes precisa de-
senvolver uma cultura corporativa coerente e
É a organização que se torna um pequeno centro in- obter o comprometimento das pessoas.
termediário, conectado eletronicamente que desempe- • Como os produtos e mercados mudam, a or-
nham funções vitais da organização. É o mais recente ti- ganização precisa se atualizar e capacitar
po de departamentalização. continuamente seus funcionários para adqui-
rir as novas habilidades e capacidades.

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Conhecimentos Específicos
ORGANIZAÇÕES HÍBRIDAS É de grande importância que cada organização de-
senvolva um tipo de departamentalização mais adequada
Nas grandes organizações, a adoção de um só tipo
às suas características e necessidades específicas.
de departamentalização nem sempre é possível para to-
dos os níveis hierárquicos. Por isso essas organizações BIBLIOGRAFIA
adotam uma mescla de diferentes tipos de departamenta- CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos / Idalberto Chiavenato. 2.ed. Rio de Janei-
ro. Campus, 1999. 15ª reimpressão. p. 396-433.
lização, como a funcional, divisional e matricial, em to- CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração / Idalberto Chiavenato. 6.ed. Rio
de Janeiro. Campus, 2000. p. 244-267.
dos os níveis. Com esse tipo de estrutura, a organização FACOL. Departamentalização.
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ. Departamentalização.
é chamada de organização híbrida. LABORATÓRIO DE GESTÃO TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO – LGTI. Estrutura organizacional, de-
partamentalização e visão funcional da organização. On-line. Disponível em:
http://www.lgti.ufsc.br/O&m/tres.htm . Acesso em: 08 Maio. 2005.
Essas organizações híbridas podem ter divisões ba- RICHARD. Departamentalização

seadas em produtos, serviços, funções, clientes, equipes,


etc., em todos os níveis hierárquicos. 13.16. ORGANIZAÇÃO INFORMAL.
Organograma no nível intermediário. A organização informal designa o conjunto de rela-
Divisões baseadas em: ções ou interações que surgem espontaneamente entre os
seus membros e que não são previstas ou formalizadas
• Produtos / Função / Clientes. pela organização formal. Alguns exemplos são os grupos
Organograma no nível institucional. das cartas, da caça ou da pesca ou ainda o grupo que
normalmente almoça junto e cujos membros se relacio-
Divisões baseadas em: nam entre si informalmente qualquer que seja a sua posi-
• Produtos / Clientes. ção hierárquica no interior da organização.

ORGANIZAÇÕES VIRTUAIS Apesar da organização formal possuir um grau de


percepção e de compreensão mais elevado e imediato,
As organizações virtuais foram criadas devido ao pois é esta que explica o que se faz e como se faz, as re-
impacto provocado pelo crescente desenvolvimento tec- lações informais entre os membros da organização assu-
nológico e da moderna tecnologia da informação, que é mem uma importância fundamental pois é delas que, em
um conjunto de atividades e soluções fornecidas pelos grande parte, depende o ambiente de trabalho, o qual,
recursos da computação. por sua vez, constitui uma das mais importantes condici-
onantes da motivação e dos níveis de produtividade dos
Nesse tipo de organização, não existe a necessidade
de possuir escritórios, prédios ou instalações convencio- trabalhadores. É devido a esta importância das relações
nais com funcionários. informais que cada vez mais os responsáveis pelas orga-
nizações se debruçam sobre o estudo das suas causas e
As pessoas trabalham em suas casas, interagindo consequências bem como na procura de formas adequa-
com o sistema de informação da organização através de das de as facilitar e fomentar. É com esse objetivo que
computadores conectados à internet. são organizados ou apoiados os convívios informais en-
tre os membros da organização tais como as festas, as
Possui flexibilidade e é simples e ágil. O campo de
jornadas desportivas, as viagens, entre outros.
atuação pode ser facilmente alterado e com rapidez, pois
não possui uma fronteira definida. A própria organização formal tem uma forte in-
fluência quer quantitativa quer qualitativa sobre a orga-
Essas organizações podem também ser chamadas de
nização informal, daí que a estrutura organizacional, as-
não-territoriais ou não-físicas.
sim como as regras, políticas e procedimentos devam ser
TIPOS DE ORGANOGRAMAS definidas por forma a facilitar e incentivar as relações in-
formais e assim proporcionarem um melhor ambiente de
• Estrutura Funcional trabalho e uma maior motivação dos trabalhadores.
• Estrutura Divisional
• Estrutura Matricial
• Estrutura baseada em redes 13.17. CULTURA ORGANIZACIONAL.
CONCLUSÃO Cultura organizacional é um sistema de valores
De acordo com as informações adquiridas no pro- compartilhados pelos seus membros, em todos os níveis,
cesso deste trabalho, concluí que cada tipo de departa- que diferencia uma organização das demais.
mentalização apresenta suas próprias características, Representa as normas informais e não escritas que
vantagens e desvantagens que influem nas decisões orientam o comportamento dos membros de uma organi-
quanto às escolhas e adoção das alternativas de departa- zação no dia-a-dia e que direcionam suas ações para o
mentalização, que se ajusta melhor, para cada tipo de or- alcance dos objetivos organizacionais.
ganização.
Segundo Prahalad e Hammel (1995), a cultura or-
Da análise das vantagens e desvantagens, pude con- ganizacional pode ser entendida como a genética corpo-
cluir que não existe apenas um tipo de abordagem depar- rativa e sua consequente influência como fator facilita-
tamental que responda com a eficácia desejada a qual- dor ou de resistência, nos processos de mudança.
quer tipo de organização.

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Conhecimentos Específicos
Processo de criação da cultura ganizadas em termos de equipes do que de
indivíduos.
• Agressividade: o grau em que as pessoas
são competitivas e agressivas em vez de
dóceis e acomodadas.
• Estabilidade: o grau em que as atividades
organizacionais enfatizam a manutenção
do status quo em contraste com o cresci-
mento.

Composição da Cultura Organizacional Componentes da Cultura Organizacional


O entendimento de quatro pressupostos à cultura da
• Missão: dá propósito e direção à empresa;
organização, é um ponto básico para o sucesso do diag-
• Adaptabilidade: disposição para aprender
nostico organizacional, geralmente naquelas interven-
e capacidade de gerar mudança, com foco
ções onde se torna fundamental compreender como a or-
no cliente;
ganização funciona ao ponto de vista do comportamento
• Envolvimento: a missão só tem sentido humano:
quando todos estão em sintonia e envolvi-
dos, de tal modo que se sintam meio “do- a) Normas: São padrões ou regras de conduta nos
nos” da empresa e, portanto, responsáveis quais os membros da organização se enquadram. A nor-
por ela; ma é um padrão que as pessoas obedecem sem levar em
• Coerência: integração interna, coordena- conta o lado bem ou mau. As normas podem ser:
ção, controle que levam à produção do
• Explícitas: E as pessoas a elas se adequam
bem ou serviço de maneira diferenciada.
conscientemente. Ex.: Manuais, estatutos, regu-
Classificação da cultura organizacional lamentos, etc.
• Implícitas: (subentendidas): Como aquelas re-
Forte: valores essenciais bem definidos e ampla-
gras de conduta às quais as pessoas se confor-
mente compartilhados, maior o impacto positivo das li-
mam, mas não tem consciência.
deranças sobre o comportamento dos funcionários e turn
over controlado. Quanto mais conformidade existir entre os dois ti-
Fraca: os valores essenciais estão equivocados e se pos de normas, mais desenvolvida e eficaz será uma or-
chocam com os valores adotados pela maioria, menor o ganização;
grau de comprometimento com eles.
b) Valores: O conjunto daquilo que a força de tra-
Classificação da cultura organizacional balho julga positivo ou negativo numa organização cons-
titui o sistema de valores da organização. Normas e valo-
• Aberta: estimula os riscos, apoiadora, res inter-relacionam-se, existindo, consequentemente,
humanística, orientada para a equipe, de uma interdependência entre eles; os valores podem estar
fácil convivência e voltada para o cresci- refletidos nas normas, mas pressupõem se a norma é boa
mento; ou ruim, uma vez que há avaliação. Refletem esses valo-
• Fechada: estruturada, orientada para a ta- res a sociedade onde se insere a organização;
refa, individualista, tensa e voltada para a
estabilidade. c) Recompensa: Segundo um postulado das ciên-
cias do comportamento: "As pessoas se comportam co-
Focos da Cultura Organizacional mo uma função daquilo que recebem de recompensa ou
• Inovação e assunção de riscos: o grau em reforço". Portanto, é indispensável, no desenvolvimento
que os funcionários são estimulados a ino- do trabalho, procurar identificar aos gerentes não só lau-
var e assumir riscos. rear os empregados de excepcional rendimento, mas que
• Atenção aos detalhes: o grau em que se também possa servir de estímulo aos menos dedicados;
espera que os funcionários demonstrem d) Poder: Quem tem poder na organização? Até
precisão, análise e atenção aos detalhes. que ponto esse poder é distribuído? Qual o grau de cen-
• Orientação para os resultados: o grau em tralização ou descentralização da autoridade? Quem de-
que os dirigentes focam mais os resultados termina as recompensas?
do que as técnicas e os processos empre-
gados para seu alcance. Elementos da Cultura Organizacional
• Orientação para as pessoas: o grau em Tanto o administrador como o consultor, precisam
que as decisões dos dirigentes levam em conhecer os elementos, as caraterísticas e a dinâmica da
consideração o efeito dos resultados sobre cultura organizacional para o bom desempenho de suas
as pessoas dentro da organização. funções. A cultura pode ser dividida em três elementos
• Orientação para as equipes: o grau em componentes, cada um abrangendo uma área de fenôme-
que as atividades de trabalho são mais or- nos:

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Conhecimentos Específicos
a) Preceitos: Conjunto de normas, valores, regula- cultura própria nas equipes multidisciplinares, em que
mentos, política administrativa, tradições, estilos geren- trabalham técnicos de diferentes origens profissionais.
ciais que governam e controlam o funcionamento orga- A empresa familiar caracteriza-se por uma cultura
nizacional. É a função reguladora, de autoridade dentro que reforça os preceitos e tende a ser resistente às de-
da organização. Engloba não só as leis formais, como os mandas externas. Está mais empenhada na preservação
costumes, rituais, padrões e códigos informais, isto é, dos seus valores do que em abertura e renovação. A or-
não estabelecidos oficialmente, mas obedecido tacita- ganização brasileira também revela cultura patriarcal. O
mente. Em linguagem de análise transacional, corres- estilo gerencial mais aceito é o autocrático benevolente.
ponde ao Pai; em linguagem da teoria sistêmica, relacio- Existe uma cultura organizacional típica das grandes or-
na-se ao subsistema gerencial administrativo; ganizações que transcende as culturas sociais locais. Em
b) Tecnologia: Conjunto de instrumentos, proces- outras palavras: As grandes organizações, em diversas
sos, know-how, modo de fazer as coisas, lay-out, distri- partes do mundo, são mais semelhantes entre si do que
buição de tarefas, divisão do trabalho e fluxo organizaci- as grandes e pequenas empresas no mesmo país.
onal. É a função técnica, metodológica, científica, racio- Níveis da Cultura Organizacional
nal e operativa da organização. Engloba o grau de maior
Toda cultura se apresenta em três diferentes níveis:
ou menor estrutura das funções, grau maior ou menor de
certeza das tarefas e contato com o meio ambiente. Em a) Artefatos: Constituem o primeiro nível da cultu-
linguagem de análise transacional, corresponde ao Adul- ra, o mais superficial, visível e perceptível. Artefatos são
to; em linguagem de teoria sistêmica, relaciona-se ao as coisas concretas que cada um vê, ouve e sente quando
subsistema técnico-estrutural. Os intercâmbios culturais se depara com uma organização. Incluem os produtos,
são mais fáceis a nível tecnológico. Mesmo assim, pas- serviços, e os padrões, de comportamento dos membros
sam pelo crivo dos preceitos e caráter locais; de uma organização. Quando se percorre os escritórios
de uma organização, pode-se notar como as pessoas se
c) Caráter: Conjunto de expressões ativas e afeti- vestem, como elas falam, sobre o que conversam, como
vas dos indivíduos da organização, manifestações subje- se comportam, o que são importantes e relevantes para
tivas de idiossincrasias características dos comportamen- elas. Os artefatos são todos ou eventos que podem nos
tos grupais. Engloba as percepções, os sentimentos e as indicar visual ou auditivamente como é a cultura da or-
reações positivas ou negativas dos sujeitos organizacio- ganização. Os símbolos, as histórias, os heróis, os lemas,
nais. Em linguagem de análise transacional, corresponde as cerimônias anuais são exemplos de artefatos;
à Criança; em linguagem de teoria sistêmica relaciona-se b) Valores compartilhados: Constituem o segundo
ao subsistema psicossocial ou comportamental. nível da cultura. São os valores relevantes que se tornam
Os três elementos da cultura não são necessaria- importantes para as pessoas e que definem as razões pe-
mente equivalentes: Um ou outro pode predominar na las quais elas fazem o que fazem. Funcionam como justi-
vida organizacional, pode ter maior expressão, atuar com ficativas aceitas por todos os membros. Em muitas cultu-
mais força. Há organizações eminentemente tecnológi- ras organizacionais os valores são criados originalmente
cas, outras mais normativas, outras ainda em que é mais pelos fundadores da organização;
intensa a expressão do caráter. Não só a cultura é dife-
rente de organização para organização, em virtude dos c) Pressuposições básicas: Constituem o nível mais
conteúdos preceituais, tecnológicos e caracterológicos íntimo, profundo e oculto da cultura organizacional. São
envolvidos, como dentro da mesma organização for- as crenças inconscientes, percepções, sentimentos e pres-
mam-se subculturas diferentes nas diversas unidades (di- suposições dominantes nos quais as pessoas acreditam.
visões, departamentos, sessões, etc.). O setor de vendas A cultura prescreve a maneira de fazer as coisas adotadas
tem características diversas da produção; a divisão admi- na organização, muitas vezes através de pressuposições
nistrativa tem uma subcultura diferente da técnica, etc. não escritas e nem sequer faladas.
Também ocorrem diferenças culturais ao longo da hie- Formas de Aprendizagem da Cultura Organiza-
rarquia, nos diversos escalões gerenciais. cional
Os três elementos culturais são interdependentes, is- Os funcionários aprendem a cultura organizacional
to é, cada um tem efeito sobre os outros dois. Uma ino- através de várias formas:
vação tecnológica pode acarretar mudança nas diretrizes a) Histórias: Contos e passagens sobre o fundador
organizacionais, com efeito consequente no seu caráter. da companhia, lembranças, sobre dificuldades ou even-
A interdependência mais estreita e direta ocorre entre tos especiais, regras de conduta, corte e recolocação de
preceitos e caráter. As normas são responsáveis pela se- funcionários. Acertos e erros do passado geralmente an-
gurança e expressão das necessidades psicológicas dos coram o presente no passado e explicam a legitimação
indivíduos. O abuso das manifestações pessoais ameaça das práticas atuais;
a disciplina e a segurança da organização. b) Rituais e cerimônias: São sequências repetitivas
As especializações levam à formação de grupos de atividades que expressam e reforçam os valores prin-
com cultura própria. Os especialistas sofrem conflitos de cipais da organização. As cerimônias de fim de ano e as
lealdade entre a organização em que trabalham e o grupo comemorações do aniversário da organização são rituais
de sua profissão, quando as duas culturas entram em que reúnem e aproximam a totalidade dos funcionários
choque. Por esse motivo é mais lenta a formação de uma para motivar e reforçar aspectos da cultura da organiza-
ção, bem como reduzir os conflitos;

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Conhecimentos Específicos
c) Símbolos materiais: A arquitetura do edifício, as d) Culturas fracas: São culturas mais facilmente
salas e mesas, o tamanho e arranjo físico dos escritórios mudadas. Como exemplo, seria uma empresa pequena e
constituem símbolos materiais que definem o grau de jovem. Como está no início, é mais fácil para a adminis-
igualdade ou diferenciação entre as pessoas e o tipo de tração comunicar os novos valores, isto explica a dificul-
comportamento (como assumir riscos ou seguir a rotina, dade que as grandes corporações têm para mudar sua
autoritarismo ou espírito democrático, estilo participati- cultura. A cultura de uma empresa pode ser fraca e frag-
vo ou individualismo, atitude conservadora ou inovado- mentada no sentido de que existem muitas subculturas,
ra) desejados pela organização. Os símbolos materiais poucos valores e normas comportamentais são vastamen-
constituem a comunicação não verbal; te compartilhados e existem poucas tradições fortes.
d) Linguagem: Muitas organizações e mesmo uni-
dades dentro das organizações utilizam a linguagem co- 13.18. DIREÇÃO.
mo um meio de identificar membros de uma cultura ou Direção está estreitamente relacionada com a lideran-
subcultura. Ao aprender a linguagem, o membro confir- ça face a face entre superior e subordinados, seguidores e
ma a aceitação da cultura e ajuda a preservá-la. As orga- associados. Algumas vezes, chamando-a de “motiva-
nizações desenvolvem termos singulares para descrever ção”, a direção pode ser vista como encorajar, interpretar
equipamentos, escritórios, pessoas - chaves, fornecedo- políticas, delinear instituições, aconselhar e como ativi-
res, clientes ou produtos. Também a maneira como as dade relacionada com o quadro organizacional em funci-
pessoas se vestem e os documentos utilizados constituem onamento, mantendo-o em direção aos objetivos. Na rea-
formas de expressar a cultura organizacional. lidade, a função direção envolve três atividades princi-
Tipos de Cultura Organizacional pais, que são: delegação, motivação e comunicação.
a) Culturas adaptativas: Se caracterizam pela sua
maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para a ino- 13.19. MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA.
vação e a mudança. São organizações que adotam e fa- 13.19.1. MOTIVAÇÃO
zem constantes revisões e atualizações, em suas culturas O termo motivação é usado para designar um proble-
adaptativas se caracterizam pela criatividade, inovação e ma do indivíduo isolado, para compreender a sua motivação
mudanças. De um lado, a necessidade de mudança e a no trabalho e a necessidade de conhecer as causas e as for-
adaptação para garantir a atualização e modernização, e mas de ação e direção da motivação. Os indivíduos possu-
de outro, a necessidade de estabilidade e permanência em valores, opiniões e expectativas em relação ao mundo
para garantir a identidade da organização. O Japão, por que os rodeia, possuindo representações internalizadas do
exemplo, é um país que convive com tradições milenares seu ambiente.
ao mesmo tempo em que cultua e incentiva a mudança e A motivação se refere ao comportamento que é causa-
a inovação constantes. Nos ambientes empresariais em do por necessidades dentro do indivíduo e que é dirigido em
rápida mudança, a capacidade de introdução de novas es- direção aos objetivos que podem satisfazer essas necessida-
tratégias e práticas organizacionais é uma necessidade se des. Assim, o homem passou a ser considerado um animal
a empresa tiver que atingir um desempenho superior por dotado de necessidades que se alternam ou se sucedem con-
um longo período de tempo. As marcas de excelência de junta ou isoladamente. Satisfeita uma necessidade, surge
uma cultura adaptável são: outra em seu lugar e, assim por diante, contínua e infinita-
mente.
• Líderes que têm comprometimento maior com
Tipos de Motivação
princípios perpétuos do negócio e com deposi-
tários organizacionais; O indivíduo precisa suprir suas necessidades para mo-
• Membros do grupo que são respectivos ao ris- tivar-se e alcançar seus objetivos. Não é só o dinheiro que
motiva o trabalhador, há também outras necessidades que
co, à experimentação, à inovação e à mudança
cada um tem. Os fatores de satisfação que envolve senti-
de estratégias e práticas, sempre que for neces-
mentos de realização, de crescimento profissional e de re-
sário para satisfazer os legítimos interesses dos conhecimento que se podem experimentar num trabalho de-
depositários. safiante e pleno. Esses fatores tem um efeito positivo sobre
b) Culturas conservadoras: Se caracterizam pela a satisfação no trabalho, muitas vezes, resultando um au-
manutenção de ideias, valores, costumes e tradições que mento da capacidade total de produção da pessoa.
permanecem arraigados e que não mudam ao longo do Fatores Motivadores:
tempo. São organizações conservadoras que se mantêm • Realização;
inalteradas como se nada tivesse mudado no mundo ao • Trabalho desafiante;
seu redor;
• Reconhecimento do desempenho;
c) Culturas fortes: Seus valores são compartilha-
• Maior responsabilidade;
dos intensamente pela maioria dos funcionários e influ-
encia comportamentos e expectativas. Empresas como • Crescimento e desenvolvimento.
IBM, 3M, Merk, Sony, Honda, estão entre aquelas que As pessoas são levadas à ação também para cumprir
ostentam culturas fortes. As empresas com cultura forte determinadas tarefas através de motivos. Existem fatores
tipicamente têm declaração de valor e os executivos en- que dão estímulo para essa pessoa realizar as tarefas. São
corajam as pessoas a segui-los de maneira regular e seri- os meios de motivação que são diversificados.
amente;

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Conhecimentos Específicos
Motivação Externa Ocasionalmente, são encontradas pessoas que agem
Muitas pessoas realizam determinadas tarefas por por iniciativa própria. Fazem tudo por que elas querem.
serem "obrigadas", ou seja, são impostas determinações Em muitos casos, a pessoa automotivada mora onde quer
para que essa pessoa cumpra. Uma meta. Esse tipo de morar, do modo como prefere, e age em função de obje-
motivação não é adequado. Onde por ter sido exposta, tivos que escolheu, como bons para ela. A automotiva-
não haverá um empenho total nas tarefas, ao contrário, ção se resume na convicção que a pessoa tem de que de-
isso vai gerar um desinteresse ainda maior, prejudicando seja os frutos do sucesso e os deseja tão ardentemente
assim a realização da tarefa. que está disposta a lutar por eles.
Pressão Social As Motivações para o Trabalho
Muitas pessoas pelo conviveu em sociedade são O estudo da motivação tem-se feito aplicar a todos
motivadas por pressões que esse meio social determina. os ramos da atividade humana e é, em especial, no cam-
A pessoa cumpre as atividades porque outras pessoas po organizacional que muitos pesquisadores têm dedica-
também o fazem. Ela não age por si, mas sim, para do o melhor de seus esforços no sentido de poderem ca-
acompanharem e cumprirem as ações ou perspectivas de racterizar objetivos motivacionais no trabalho. Com isso,
outras pessoas. Esse tipo de motivação também não é to- tem-se procurado descobrir por que o homem trabalha.
talmente "rentável". A pessoa toma a iniciativa motiva- Principais motivos humanos; classificados sob os
dora, mas não é por si própria. Senão assim não há um objetivos gerais de sobrevivência e segurança, satisfação
contentamento pessoal. e estimulação:
Automotivação

SOBREVIVÊNCIA E SATISFAÇÃO E ESTIMULAÇÃO


SEGURANÇA (MOTIVOS DE EXCESSO)
(MOTIVOS DE DEFICIÊN-
CIA)
Evitar fome, sede, falta de oxigênio, Obter experiências sensoriais agradáveis
excesso de calor e frio, fadiga, múscu- de gostos, cheiros, sons, etc.; prazer se-
los supertensos, doenças e outros esta- xual, conforme físico: exercício dos
Referentes ao corpo dos desagradáveis ao corpo. músculos, movimentos rítmicos do cor-
po, etc...
Evitar objetos perigosos, feios, chocan- Obter posses agradáveis; construir e in-
tes e desagradáveis; buscar objetos ne- ventar objetos; compreender o ambiente;
Referente às relações com o am- cessários para a segurança e sobrevi- resolver problemas; jogar; buscar novi-
biente vência futuras; manter um ambiente es- dades e mudanças ambientais, etc.
tável, claro e seguro, etc...
Evitar conflitos e hostilidade interpes- Conseguir amor, identificação positiva
soal; manter participação, prestígio, sta- com as pessoas e grupos; ter prazer na
tus nos grupos; obter cuidado dos ou- companhia de outras pessoas; auxiliar;
Referentes às relações com ou- tros; conformar-se aos valores e pa- compreender os outros; ser independen-
tras pessoas drões do grupo; conseguir poder e do- te.
mínio sobre os outros, etc.
Evitar sentimentos de inferioridade e Obter sentimentos de auto-respeito e au-
fracasso na comparação com outros ou toconfiança; exprimir-se; ter sentido de
com o EU ideal; evitar perda de identi- realização; sentir-se desafiado; estabele-
Referentes ao EU dade; evitar sentimentos de vergonha, cer valores morais e outros; descobrir
gula, medo, angústia, tristeza, etc. lugar significativo do EU no universo.

A partir dos dados acima foram criadas teorias so- variedade, não só relacionando esse motivo a um único
bre a motivação no trabalho. Uma das teorias que teve indivíduo, como também estudando-os em pessoas dife-
maior importância foi à criada por Abraham Maslow que rentes. Ao hierarquizá-los, pode-se compreender que tipo
propôs em um tipo de classificação ou hierarquia dos de objetivo está sendo perseguido pelo indivíduo em da-
motivos humanos em primeira instância, coloca as ne- do momento, isto é, que necessidades energizam o seu
cessidades corporais ou filosóficas seguidas dos incenti- comportamento.
vos sociais que, uma vez satisfeitos, precedem a uma úl- É necessário, portanto, frisar que um mesmo indiví-
tima classe de incentivos, que denomina de incentivos de duo ora persegue objetivos que atendem a uma necessi-
ego, caracterizados pelo domínio do conhecimento, isto dade, ora buscam satisfazer outras. Tudo depende da sua
é, abrangem necessidades verdadeiramente psicológicas, carência naquele momento. Complementarmente, deve-
ou, mais explicitamente, de auto-realização. se entender que duas pessoas não perseguem necessari-
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, amente o mesmo objetivo no mesmo momento. Portanto,
sem dúvida, a solução inovadora para que se pudesse o importante, ao procurar diagnosticar determinado tipo
compreender melhor o comportamento humano na sua de comportamento motivacional, em dado momento, é

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Conhecimentos Específicos
buscar descobrir que necessidades estão em jogo, isso Dentre os tipos de liderança, os que mais influenci-
explica muito como e porque o indivíduo age. am para motivação dos funcionários são: liderança auto-
Mais objetivamente, uma mãe não deve pretender crática e liderança democrática.
que seus filhos tenham necessidades idênticas, um pro-
fessor não pode concluir que seus alunos tenham para 12.19.2. LIDERANÇA
com sua disciplina e seus métodos didáticos os mesmos
A Liderança é necessária em todos os tipos de orga-
interesses. Um chefe de seção não pode pensar que seus
nização humana, principalmente nas empresas, onde uma
subordinados esperem do serviço iguais tipos de recom-
boa Liderança pode gerar satisfação num grupo de pes-
pensa. O problema das diferenças individuais assume
soas envolvidas pelo líder, assim como uma má Lideran-
importância preponderante quando falamos de motiva-
ça pode gerar separação do grupo não atingindo o mes-
ção.
mo objetivo da organização.
Há que se considerar, portanto, dentro desse clima,
Hoje em dia o espírito de Liderança é muito valori-
que existe, como se fosse possível assim dizer, uma ca-
zado, tanto no âmbito profissional como no pessoal, ser
minhada do indivíduo em situação de trabalho que vai
Líder não é ser o “chefe” ou o “gerente”, é muito dife-
desde o atendimento de necessidades mais elementares
rente disto. Os Líderes autênticos são pessoas que já ab-
até o atingimento de necessidades mais elementares até o
sorveram a verdade fundamental da existência: que não é
atingimento de plena maturidade motivacional que seria
possível fugir das contradições inerentes à vida. A mente
a sua auto-realização. Essa busca do menos para o mais é
de Liderança é ampla. Ela tem espaço para as ambigui-
parte implícita à natureza humana e, se as condições or-
dades do mundo, para sentimentos conflitantes e ideias
ganizacionais assim o ajudarem, ela passará naturalmen-
contraditórias.
te.
O comportamento de Liderança envolve funções
Com essa visão deixa-se de pensar que o indivíduo
como planejar, dar informações, avaliar, arbitrar, contro-
persiga um único objetivo durante toda sua vida, o que
lar, recompensar, estimular, punir, etc., deve ajudar o
quer dizer ampliar de alguma forma o horizonte de com-
grupo a satisfazer suas necessidades. Um líder inato pode
preensão do comportamento humano. Outro aspecto in-
ser reconhecido perante o grupo, pois sua capacidade de
teressante é aquele que deixa subjacente a ideia de que o
coordenar, direcionar, conduzir o grupo à atingir seus
processo motivacional permite um renovar constante da
objetivos ficam evidentes e o tornam uma espécie de
direção comportamental de cada um, ou seja, a pessoa
guia representativo do grupo:
amadurece, se desenvolve e busca constantemente a sua
própria realização. • Tannenbaum, Weschler e Massarik defini-
A complexidade da motivação nas organizações ram: “Liderança é a influência interpessoal
originou vários tipos de teorias que podem atender "par- exercida numa situação e dirigida através
cialmente" o problema da motivação em um determinado do processo de comunicação humana à
espaço de tempo, pois com as constantes mudanças que consecução de um ou de diversos objetivos
ocorrem no dia a dia, as necessidades também vão se al- específicos”. A Liderança é encarada como
ternando. Portanto é impossível fazer um diagnóstico em um fenômeno social, pois ocorre exclusi-
longo prazo. vamente em grupos sociais, ou seja, envol-
ve relações pessoais e estruturas sociais;
Está claro que as condições de vida moderna dão a • “Liderança é a atividade de influenciar
essas necessidades, relativamente fracas, uma limitada pessoas fazendo-as empenhar-se voluntari-
possibilidade de adquirirem expressão. A frustração que amente em objetivos de grupo.” George R.
a maioria das pessoas sofrem com relação às necessida- Terry;
des de nível inferior determina uma dispersão de energia
• “Influência interpessoal exercida numa si-
na luta para satisfazer aquelas necessidades, enquanto as
tuação e dirigida, através do processo de
de auto-realização permanecem adormecidas.
comunicação, para a consecução de objeti-
Apesar de tudo o que foi dito antes, o que todas teo- vos específicos.” Robert Tannenbaum, Ir-
rias provaram que ao favorecer a realização pessoal, de- ving R. Wescgler e Fred Massarik;
monstrando reconhecimento pelo valor profissional ofe- • “A liderança consiste em influenciar pes-
recendo oportunidades de promoção, dando responsabi- soas para a realização de um objetivo co-
lidade a cada um, tornando agradável o próprio trabalho mum.” Harold Koontz e Cyril O’Donnell;
e possibilitando o crescimento do indivíduo, as organiza- • A Liderança é uma influência interpessoal,
ções podem atingir maiores níveis motivacionais de seus a influência envolve conceitos como poder
empregados. e autoridade, abrangendo todas as maneiras
Relação Liderança/Motivação pelas quais se introduzem mudanças no
O fator de relacionamento da empresa com o funci- comportamento de pessoas ou de grupos de
onário e do funcionário com a empresa é de extrema im- pessoas;
portância para ter motivação, sendo que dentro desse fa- • A importância da Liderança, sobretudo nas
tor à atuação do líder influi decididamente na motivação empresas, é bastante visível nos dias de
dos funcionários. hoje, pois se a liderança é uma influência
interpessoal, que modifica o comportamen-
to, esta, deve ser dirigida à aumentar a sa-
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Conhecimentos Específicos
tisfação na conquista de determinada meta Um líder deve inspirar confiança, ser inteligente, per-
e na diminuição dos riscos. ceptivo e decisivo para ter melhores condições de liderar
com sucesso. Exemplos de certos reis, militares, heróis.
Tipos de Liderança Mas, nem todas as pessoas podem ser líderes, pois para ser
É preciso distinguir dois tipos de Liderança: um líder, o indivíduo tem que cativar as pessoas com habi-
lidade pessoal, passando para elas confiança, sinceridade,
a) Liderança Como Qualidade Pessoal: combina- conhecimento, exercendo influência sobre o grupo ou pes-
ção especial de características pessoais que fazem de um soa. Uma pessoa pode ser um grande líder em uma empresa
indivíduo um líder; ou escola, no entanto na comunidade ou até mesmo em seu
lar ao menos consegue dar uma opinião. O próprio Stogdill,
b) Liderança Como Função: decorrente da distri- em 1948, já verificava que “torna-se claro que uma análise
buição da autoridade de tomar decisões dentro de uma adequada da liderança envolve não apenas o estudo dos lí-
empresas. Liderança é uma questão de redução de incer- deres em si, mas também das situações em que estão envol-
tezas do grupo, pois o indivíduo que passa a contribuir vidas”.
mais com orientações e assistência ao grupo (auxiliando É importante ressaltar, que este poder atribuído aos lí-
para tomada de decisões eficazes) tem maiores possibili- deres deve ser orientado, e voltado à satisfação daqueles
dades de ser considerado seu líder. Assim, a Liderança é que são subordinados, pois é crescente o número de casos
uma questão de tomada de decisões do grupo. Do ponto de chefes que humilham seus subordinados, como forma de
de vista da Liderança Funcional, “A Liderança é função mostrar o seu poder, e tornam o que deveria ser uma con-
das necessidades existentes numa determinada situação e quista, um motivo de orgulho, uma rotina de humilhações,
consiste numa relação entre um indivíduo e um grupo”. que segundo a Organização Internacional do Trabalho
Essa relação funcional somente existe quando um líder é (OIT) é um dos principais fatores de aposentadoria precoce.
reconhecido por um grupo como possuidor ou controla- Uma Liderança inadequada, por tiranos ou incom-
dor de meios para a satisfação de suas necessidades. petentes, traz prejuízos drásticos não só à empresa, mas
Quando o grupo elege, aceita espontaneamente um indi- principalmente aos indivíduos que dela fazem parte. Há
víduo como líder, é porque ele possui e controla os mei- relatos impressionantes de pessoas que sofrem verdadei-
os (como: habilidade pessoal, conhecimento, dinheiro, ra tortura cotidiana, causando problemas emocionais, fí-
relacionamentos, posses, etc), que o grupo deseja utilizar sicos e consequências irreversíveis à carreira (“assédio
para atingir seus objetivos, ou seja, para obter um au- psicológico”).
mento de satisfação de suas necessidades.
Como última análise, é fundamental ao Líder ter
Teorias Sobre Liderança habilidade para lidar com gente, para não perder a con-
b) Teoria de Traços de Personalidade tribuição que cada um pode dar a qualquer projeto.
Traço é uma qualidade ou característica distintiva da c) Teorias Sobre Estilos De Liderança
personalidade. O líder é aquele que possui vários traços es-
pecíficos de personalidade que o distinguem das demais São as teorias que estudam a liderança em termos
pessoas. Com isso o líder apresenta traços marcantes por de estilo de comportamento do líder em relação aos seus
meio dos quais pode influenciar o comportamento das pes- subordinados, isto é, maneiras pelas quais o líder orienta
soas, passando para elas parte das suas ações, a maneira de sua conduta, o seu estilo de comportamento de liderar.
agir em determinada situação, como lidar com pessoas tem-
peramentais, enfim alguns líderes possuem traços tão mar- A principal teoria que explica a liderança por meio
cantes que pode até influenciar a missões importantes como de estilos de comportamento, sem se preocupar com ca-
religião ou uma missão militar. Essas teorias baseadas nos racterísticas de personalidade é a que se refere a três esti-
traços da personalidade do líder foram marcadamente influ- los de liderança: autoritária, democrática e liberal. O
enciadas pela chamada teoria do “grande homem”, que foi quadro a seguir dá uma ideia das principais característi-
defendida por Carlyle, em 1910, para explicar que o pro- cas de cada um desses estilos de liderança:
gresso do mundo foi produto das realizações pessoais de al-
AUTOCRÁTICA DEMOCRÁTICA LIBERAL
guns homens que dominam a história da humanidade. (LAISSEZ-
O líder é aquele que possui alguns traços específi- FAIRE)
cos de personalidade que os distingue das demais pessoas, -Apenas o líder fixa - As diretrizes são - Há liberdade
as diretrizes, sem debatidas pelo grupo, completa para as
dando-lhe poder de influenciação. Porém, as teorias de tra- qualquer participa- estimulado e assisti- decisões grupais
ços apresentam aspectos falhos, como não ponderar a im- ção do grupo; do pelo líder; ou individuais,
portância de cada traço e a reação dos subordinados, bem com participação
como não distinguir traços para alcance de objetivos dife- - O líder determina - O próprio grupo es- mínima do líder;
rentes. Devemos memorizar os traços mais comumente as providências e as boça as providências
técnicas para a exe- e as técnicas para - Há a participa-
apontados a seguir: cução das tarefas, atingir o alvo, solici- ção do líder no
a) Traços físicos: energia, aparência e peso; cada uma por vez, na tando aconselhamen- debate apenas em
medida em que se to técnico ao líder materiais variados
b) Traços intelectuais: adaptabilidade, agressividade, tornam necessárias e quando necessário, ao grupo, esclare-
entusiasmo e autoconfiança; de modo imprevisí- passando este a suge- cendo que poderia
c) Traços sociais: cooperação, habilidades interpesso- vel para o grupo; rir duas ou mais al- fornecer informa-
ais e habilidade administrativa; ternativas para o gru- ções desde que a
d) Traços relacionados com a tarefa: impulso de - O líder determina po escolher. As tare- pedissem.
qual a tarefa que ca- fas ganham novas
realização, persistência e iniciativa.
da um deve executar perspectivas para os - Tanto a divisão

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Conhecimentos Específicos
e qual o seu compa- debates. das tarefas, como sey e Kennth H. Blanchard, que afirma que o estilo mais
nheiro de trabalho; - A divisão das tare- a escolha dos eficaz de liderança varia de acordo com a “maturidade”
fas fica a critério do companheiros, fi-
- O líder é domina- próprio grupo e cada cam totalmente dos subordinados. Hersey e Blanchard definem maturi-
dor e “pessoal” nos membro tem liberda- aos cargos do dade não como idade ou estabilidade emocional, mas
elogios e nas críticas de de escolher os grupo. Absoluta como desejo de realização, disposição para aceitar res-
ao trabalho de cada seus companheiros falta de participa- ponsabilidades e capacidades e experiência relacionadas
membro; de trabalho; ção do líder;
à tarefa. Os objetivos e o conhecimento dos seguidores
- O líder procura ser O líder não faz são variáveis importantes na determinação de um estilo
um membro normal nenhuma tentativa eficaz de liderança. Hersey e Blanchard acreditam que o
do grupo, em espíri- de avaliar ou de relacionamento entre um administrador e subordinados
to, sem encarregar-se regular o curso
muito de tarefas. O dos acontecimen- passa por quatro fases (uma espécie de ciclo de vida) à
líder é “objetivo” e tos. O líder so- medida que os subordinados se desenvolvem e “amadu-
limita-se aos “fatos” mente faz comen- recem”, e que os administradores precisam variar seu es-
em suas críticas e tários irregulares tilo de liderança a cada fase.
elogios; sobre as ativida-
des dos membros a) Na fase inicial – quando os subordinados se ini-
quando pergunta-
do;
ciam na organização – o mais apropriado é a orientação
para a tarefa pelo gerente. Os subordinados têm que ser
instruídos em suas tarefas e familiarizados com as regras
e procedimentos da organização. Um gerente não direci-
White e Lippitt fizeram um estudo em 1939 para onador causaria ansiedade e confusão nos novos empre-
verificar o impacto causado por esses três diferentes esti- gados. Uma abordagem de relacionamento participativo
los de liderança em meninos de dez anos, orientados para com os empregados também seria inadequada nesse es-
a execução de tarefas. Os meninos foram divididos em tágio porque os subordinados ainda não podem ser vistos
quatro grupos e, de seis em seis semanas, a direção de como colegas;
cada grupo era desenvolvida por líderes que utilizavam
os três estilos diferentes. Os resultados dessa experiên- b) À medida que os subordinados começam a
cia tiveram uma entusiástica repercussão nos Estados aprender suas tarefas, a gerência orientada para as tarefas
Unidos, pois os meninos se comportaram da seguinte continua sendo essencial, porque os subordinados ainda
forma aos diferentes tipos de liderança a que foram sub- não estão desejosos nem capazes de aceitar toda a res-
metidos: ponsabilidade. Entretanto, a confiança do gerente e o
apoio dos subordinados devem aumentar à medida que o
Liderança Autocrática: o comportamento dos gerente se familiariza com eles, encorajando-os a esfor-
grupos mostrou forte tensão, frustração e, sobretudo, ços continuados. Assim, nessa segunda fase o gerente
agressividade, de um lado, e, de outro, nenhuma espon- pode decidir iniciar comportamentos orientados para o
taneidade nem iniciativa, nem formação de grupos de empregado;
amizade. Embora aparentemente gostassem das tarefas,
não demonstraram satisfação com relação à situação. O c) Na terceira fase, crescem a capacidade e a moti-
trabalho somente se desenvolvia com a presença física vação dos subordinados, e eles começam ativamente a
do líder. Quando este se ausentava, as atividades para- procurar maiores responsabilidades. O gerente não preci-
vam e os grupos expandiam seus sentimentos reprimi- sará mais ser direcionador (de fato, o direcionamento
dos, chegando a explosões de indisciplina e de agressivi- constante pode gerar ressentimento). Entretanto, o geren-
dade; te ainda precisará dar apoio e consideração aos subordi-
nados a fim de que eles mantenham o interesse por mais
Liderança Liberal (laissez-faire): embora a ativi- responsabilidades. À medida que os subordinados se tor-
dade dos grupos fosse intensa, a produção foi simples- nam gradualmente mais confiantes, autodirecionados e
mente medíocre. As tarefas se desenvolviam ao acaso, experientes, o gerente pode reduzir a quantidade de
com muitas oscilações perdendo-se muito tempo com apoio e encorajamento. Nessa quarta fase, os subordina-
discussões mais voltadas para motivos pessoais do que dos não mais necessitam nem esperam um relacionamen-
relacionadas com o trabalho em si. Notou-se forte indi- to direcionador por parte de seu gerente. Estão por conta
vidualismo agressivo e pouco respeito com relação ao lí- própria.
der;
A teoria da liderança situacional gerou interesse
Liderança Democrática: houve formação de gru- porque recomenda uma liderança mais dinâmica e flexí-
pos de amizade e de relacionamentos cordiais entre os vel, em vez de estática. A motivação, a capacidade e a
meninos. Líder e subordinados passaram a desenvolver experiência dos subordinados podem ser constantemente
comunicações espontâneas, francas e cordiais. O traba- avaliadas para determinar que combinação de estilos é
lho mostrou um ritmo suave e seguro sem alterações mais apropriada sob condições flexíveis e mutáveis. Se-
mesmo quando o líder se ausentava. Houve um nítido gundo Hersey e Blanchard, se o estilo for apropriado ele
sentido de responsabilidade e comprometimento pessoal. não apenas motivará os subordinados: Também irá 85ju-
II. Teorias Situacionais da Liderança da-los a amadurecer. Assim, o administrador que queira
desenvolver os subordinados, aumentar sua confiança e
Uma das principais abordagens contingenciais à li- 85juda-los a aprender seu trabalho terá de mudar cons-
derança é a teoria da liderança situacional, de Paul Her- tantemente de estilo.

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Conhecimentos Específicos
No entanto, permanece uma questão prática: Até soas possuem capacidade, mas não estão dispos-
que ponto os administradores são capazes de escolher tas a fazer o que o líder quer, por não estarem
seguras de si mesmas. O líder e o liderado parti-
entre estilos de liderança em diferentes situações? Essa cipam juntos da tomada de decisão, sendo o pa-
Comparti-
questão é importante porque afeta a seleção, a colocação lhar pel principal do líder é facilitar a tarefa e a co-
e a promoção dos administradores. Se os administradores municação.
forem flexíveis em termos de estilo de liderança, ou se Estilo apropriado: Comportamento de relacio-
puderam ser treinados para variar seu estilo, presumi- namento alto e tarefa baixa.
velmente serão eficazes em várias situações de liderança Para maturidade alta. As pessoas têm capacidade
diferentes. Se, por outro lado, forem relativamente infle- e disposição para assumir responsabilidade. São
xíveis em termos de estilo de liderança, os administrado- psicologicamente maduros, não necessitando de
res irão operar com eficácia apenas nas situações que Delegar uma comunicação acima do normal ou de um
comportamento de apoio.
melhor se adaptem ou que possam ser ajustadas ao seu
estilo. Uma inflexibilidade assim prejudicaria a carreira Estilo apropriado: Comportamento de relacio-
dos gerentes individualmente e complicaria a tarefa da namento baixo e tarefa baixa.
organização de preencher com eficácia seus cargos de
gerência.
Levando em consideração que o estilo de liderança
A Teoria Situacional surgiu diante da necessidade a ser adotado por determinado líder depende do nível de
de um modelo significativo na área de liderança, onde maturidade das pessoas que o mesmo deseja influenciar,
define-se a maturidade como a capacidade e a disposição devemos então definir o que significa “Maturidade”. Em
das pessoas de assumir a responsabilidade de dirigir seu termos de capacidade e de disposição, dizemos que o
próprio comportamento. Portanto, entende-se como Li- conceito de maturidade divide-se em duas dimensões:
derança Situacional o líder que comporta-se de um de-
a) A maturidade de trabalho (capacidade): está rela-
terminado modo ao tratar individualmente os membros
cionada com a capacidade de fazer alguma coisa, refe-
do seu grupo e de outro quando se dirigirem a este como
rindo-se ao conhecimento e à capacidade técnica. As
um todo, dependendo do nível de maturidade das pesso-
pessoas com alta maturidade de trabalho numa determi-
as que o mesmo deseja influenciar.
nada área tem o conhecimento, a capacidade e a experi-
A Liderança Situacional não só sugere o estilo de ência necessária para executarem certas tarefas sem dire-
liderança de alta probabilidade para os vários níveis de ção da parte de outros.
maturidade, como indica a probabilidade de sucesso das
Ex.: Uma pessoa de alta maturidade de trabalho po-
outras configurações de estilo, se o líder não for capaz de
de dizer: “Meus conhecimentos permitem que meu traba-
adotar o estilo desejável. Estes conceitos são válidos em
lho seja realizado por conta própria nessa área, sem mui-
qualquer situação em que alguém pretenda influenciar o
ta ajuda do meu chefe”.
comportamento de outras pessoas. Num contexto geral,
ela pode ser aplicada em qualquer tipo organizacional, b) A maturidade psicológica (disposição): refere-
quer se trate de uma organização empresarial, educacio- se à disposição ou motivação para fazer alguma coisa.
nal, governamental ou militar e até mesmo na vida fami- Está ligada à confiança em si mesmo e ao empenho. As
liar. pessoas que possuem alta maturidade psicológica julgam
que a responsabilidade é importante, tem confiança em si
Na Teoria Situacional existem quatro estilos de li- mesmas e sentem-se bem nesse aspecto do seu trabalho.
derança: “Determinar”, “Persuadir”, “Compartilhar” e Não precisam de grande encorajamento para cumprir su-
“Delegar”. Estes estilos resumem uma combinação de as tarefas.
comportamento de tarefa e de relacionamento, estabele-
Ex.: Uma pessoa de alta maturidade psicológica po-
cendo objetivos e definindo os papéis das pessoas que
de dizer: “Meu chefe não precisa ficar em cima de mim
são dirigidas pelo líder. Observe o quadro abaixo:
ou me incentivando nessa área”.
Para maturidade baixa. Pessoas que não tem Na Liderança Situacional está implícita a ideia de
nem capacidade nem vontade de assumir a res-
ponsabilidade de fazer algo, não são seguras de que o líder deve ajudar os liderados a amadurecer até o
si. Este estilo caracteriza-se pelo fato de o líder ponto em que sejam capazes e estejam dispostos a fazê-
definir as funções e especificar o que as pessoas lo, esse desenvolvimento deve ser realizado ajustando-se
Determinar deve fazer, como, quando e onde devem execu- o comportamento de liderança. Independente do nível de
tar várias tarefas.
maturidade do indivíduo ou grupo podem ocorrer algu-
Estilo apropriado: Comportamento de tarefa al- mas mudanças. Sempre que, por qualquer razão, o de-
ta e relacionamento baixo.
sempenho de um liderado começar a regredir e sua capa-
Para maturidade entre baixa e moderada. Pesso- cidade ou motivação diminuir, o líder deverá fazer uma
as que não tem capacidade e sentem disposição reavaliação do nível de maturidade e dar o apoio sócio-
para assumir responsabilidades, mas ainda não
possuem as habilidades necessárias. A maior
emocional e a direção apropriada que o(s) liderado(s)
Persuadir
parte da direção a ser tomada neste estilo ainda é necessitarem.
dada pelo líder.
Estilo apropriado: Comportamento de alta tare-
fa e alto relacionamento.
Para maturidade entre moderada e alta. As pes-

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Conhecimentos Específicos
13.20. COMUNICAÇÃO. A nível interno a comunicação pode também ser
feita na diagonal. Este tipo de comunicação é bastante
A comunicação organizacional abrange todas as importante, como nos pode mostrar o seguinte exemplo:
formas de comunicação utilizadas pela organização para “um diretor de marketing que necessita urgentemente de
se relacionar e interagir com seus públicos. dados acerca dos clientes pode solicitar telefonicamente
Tipos de comunicação as informações diretamente com o especialista do depar-
Num ambiente organizacional existem vários tipos tamento financeiro – em vez de fazê-lo através do diretor
de comunicação, nomeadamente comunicação for- desse departamento (Cunha et al., 2003). É importante
mal/informal e comunicação interna/externa: salientar que a evolução dos meios electrónicos de co-
municação, nomeadamente o correio electrónico, têm
A comunicação formal segue as interações hierár- contribuído para o progresso deste tipo de comunicação.
quicas entre os membros da organização, tipicamente
vertical, limitando-se apenas à comunicação de tarefas, Por fim a comunicação externa, que é a comunica-
através de diretivas, ordens e relatórios, mantendo uma ção realizada entre a empresa e o exterior (que podem
certa distância da chefia com os seus subordinados. ser outras organizações ou empresas ou o próprio meio
Este tipo de comunicação é feito numa rede formal, social). Este tipo de comunicação é mais cuidada de
podendo tomar variadas formas, destacando-se três: a forma a proteger e melhorar a imagem que o “exterior”
cadeia (onde os níveis hierárquicos inferiores dependem tem da organização, aumentando a sua legitimidade ins-
dos superiores), a estrela (forma de comunicação em que titucional. O contato com a envolvente externa pode in-
um superior comunica com vários subordinados, no en- fluenciar o formato organizacional atuando sobre o com-
tanto estes não têm comunicação direta entre si) e por portamento das pessoas e dos sistemas organizacionais.
fim, canais múltiplos onde “todos comunicam com to- Barreiras à comunicação organizacional
dos” (Rego, 1999).
Ao nível do relacionamento de pessoas e a sua co-
Na comunicação informal a informação move-se municação organizacional podem ocorrer diversas bar-
em todas as direções, não obedecendo a linhas formais reiras e consideramos mais importantes as que se relaci-
de autoridade. Pode ajudar, uma vez que circula mais ra- onam com o processo, com as características pessoais,
pidamente, ou criar dificuldades à realização das tarefas, com as condições físicas e o discurso semântico.
na medida em que pode não ser feita de um modo claro e
preciso podendo mesmo impedir o bom funcionamento No que respeita ao processo, do qual faz parte o
da empresa. emissor, a codificação, a mensagem, o meio, a descodifi-
É de salientar que a comunicação formal pode dar cação, o receptor, o feedback e o ruído, podemos dizer
origem a uma comunicação informal, exemplo disso é o que este último constitui a maior barreira de processo e
caso de uma reunião de trabalho, previamente formal, pode ocorrer em qualquer ponto do mesmo. Isto acontece
onde os seus intervenientes através das suas interações porque o ruído se interpõe tanto na transmissão como na
criem um contexto informal. Por outro lado, também po- recepção da mensagem, podendo enviesá-la e, conse-
de acontecer o reverso, ou seja, um ambiente informal quentemente, reduzir a sua fiabilidade e credibilidade. O
pode dar origem a situações onde se tenha de comunicar ruído pode ser originado de diferentes formas, nomea-
formalmente. Por exemplo, um simples “café” pode le- damente fracas ligações telefónicas, vírus nos sistemas
var a que sejam tratados problemas da empresa. de computação, barulho que rodeia uma conversa ou
reunião, erros de ortografia, dificuldade de oralidade,
Relativamente à comunicação interna, é aquela que audição ou visão (cf. Cunha et al., 2003).
circula nos circuitos internos da organização e nela se
mantém. É usada por todos os colaboradores organizaci- Relativamente às barreiras pessoais compreendem a
onais podendo ser formal ou informal. (in)capacidade de comunicar efetivamente, o modo como
Este tipo de comunicação pode ser feito vertical- as pessoas processam e interpretam a informação, o nível
mente, através de uma comunicação ascendente onde os de confiança interpessoal, estereótipos e preconceitos,
subordinados tentam fazer chegar a informação aos seus fraca capacidade de escuta, julgamentos e a incapacidade
superiores, informação que permite às chefias conhecer de ouvir empaticamente. A personalidade de cada um, o
as necessidades, as reações, os desejos, e sentimentos estado de espírito, as emoções, os valores, são fatores in-
dos níveis hierárquicos inferiores (cf. fluenciadores. Uma vez ultrapassadas estas barreiras a
Câmara, Guerra & Rodrigues, 1997); ou através de mensagem é transmitida da melhor forma e entendida de
uma comunicação descendente na qual a chefia faz che- forma mais correta e com o verdadeiro sentido.
gar a informação aos seus subordinados, de modo a fazê- Outras barreiras que surgem na comunicação são: a
los sentir orientados e desta forma incentivando-os a distância entre os funcionários (quando não é feita cara-
contribuírem para o desenvolvimento e consolidação da a-cara, torna-se mais complicado perceber a mensagem
empresa. que o outro quer transmitir, pois não nos permite obter
Pode também processar-se horizontalmente, isto é, um feedback imediato), o barulho no trabalho, a qualida-
no mesmo nível hierárquico, permitindo não só um co- de e fiabilidade dos sistemas de informação que compre-
nhecimento mútuo, como também um desenvolvimento endem as barreiras físicas e, tal como as anteriores, de-
de um quadro de referência e de uma identidade da em- vem ser reduzidas ou eliminadas.
presa como um todo.

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Conhecimentos Específicos
Por fim temos as barreiras semânticas que surgem • grau de confiança dos chefes sobre os subordi-
como erros de codificação e descodificação devido à es- nados;
colha de palavras que são usadas na comunicação e que • capacidade do subordinado de lidar com as suas
podem ser mal interpretadas, isto é, aquilo que se quer responsabilidades;
dizer pode não ser interpretado pelo receptor da maneira • a forma de atuação das unidades organizacio-
como queremos que ele entenda. Outro exemplo é o caso nais de assessoria.
da própria linguagem, uma vez que uma palavra pode ter
diferentes sentidos mediante a interpretação de cada pes- Algumas vantagens da descentralização:
soa. Os gestos também poderão constituir uma barreira
semântica na medida em que podem ajudar (a interpretar • rapidez nas decisões pela proximidade do lugar
e conhecer o que o outro quer transmitir) ou dificultar onde surgem os problemas.
(podem ser sinal de distração e/ou equívoco) a chegada • aumento do moral e da experiência dos jovens
da mensagem ao destinatário e, desta forma, influenciar executivos.
a sua interpretação. • diminuição da esfera de controle do principal
executivo.
Perante estas barreiras da comunicação, o resultado
• tendência a maior número de ideias inovadoras.
da mesma pode tornar-se ineficaz e muito perigoso para
• possibilidade de maior participação e motiva-
as organizações.
ção.
• maior tempo à alta administração para outras
13.21. DESCENTRALIZAÇÃO E DELEGA- atividades.
ÇÃO. • maior desenvolvimento da capacitação gerenci-
al e profissional.
13.21.1. DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização administrativa existe quando a Algumas desvantagens da descentralização:
maioria das decisões processa-se nos níveis hierárquicos • inadequada utilização dos especialistas centrais.
inferiores, ou seja, a descentralização coloca os centros • Maior necessidade de controle e de coordena-
decisórios o mais próximo possível dos órgãos de execu- ção.
ção. • Maior dificuldade de normatização e de padro-
A descentralização remota à década de 20, quando a nização.
GMC conseguiu grande sucesso em seu complexo indus- • Pouca flexibilidade da organização frente a si-
trial, graças à aplicação dessa filosofia, que se apresenta- tuações excepcionais.
ram mais fortemente nas grandes instituições a partir da • Necessidade de contar com dirigentes treinados
Segunda guerra mundial. para a descentralização.
Segundo D’Estaing a descentralização é um estado • O custo das comunicações tende a aumentar.
de espírito, criado pela administração estratégica que • Maior dificuldade de coordenação de atividades
formula os limite dentro dos quais se desenvolve e que que envolvem alto nível de interdependência.
assegura as comunicações necessárias e a formação dos Pode-se dizer que a descentralização deve ser con-
homens que o praticam. A política de descentralização e siderada como os demais problemas organizacionais, em
frequentemente revista, devendo ser dinâmica, não po- termos de conveniência administrativa. Sempre que uma
dendo ser reduzida a formulários e/ou instruções imutá- decisão puder ser mais bem tomada ao nível operativo,
veis. com maior rapidez e favorecendo o completo exame dos
A descentralização normalmente ocorre nas se- vários fatores em causa, pode-se proceder logo a uma
guintes situações: descentralização da função respectiva.
A descentralização está intimamente associada à
• a carga de trabalho de alta administração está
ideia de se alterar o regimento interno da organização e
volumosa e/ou demasiadamente complexa.
os documentos decorrentes, para que a decisão relativa
• pela maior ênfase que a empresa quer dar à re-
aos assuntos descentralizados passe a ser competência
lação produto-mercado.
dos níveis inferiores.
• para encorajar o desenvolvimento gerencial de
seus executivos lotados na média e baixa admi- A descentralização tem caráter permanente e é im-
nistração. pessoal, onde a autoridade passa para o nível subordina-
• para proporcionar maior participação e motiva- do as atribuições e responsabilidades.
ção
• o grande volume de trabalho de alta administra-
ção provoca morosidade no processo decisório. 13.21.2. DELEGAÇÃO

Para que o processo de descentralização seja efe- Delegação é a transferência de determinado nível de
tivado algumas questões devem ser observadas, tais autoridade de um chefe para seu subordinado, criando a
como: crescente responsabilidade pela execução da tarefa dele-
gada.
• nível de treinamento e preparo da chefia;

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Conhecimentos Específicos
Quando se fala de delegação, vale lembrar um prin- ferramenta de auxílio do administrador para o alcance do
cípio importante de uma organização, assim como da desempenho da organização.
administração, é que a autoridade deve ser igual à res-
O controle deve procurar ser o mais abrangente
ponsabilidade. Esse princípio, conhecido como a equiva-
possível e não deve ser visto sob a ótica equivocada de
lência da autoridade e da responsabilidade, garante que o
atrapalhar as ações administrativas; pelo contrário, ele é
serviço será feito com uma quantidade mínima de frus-
reconhecido com uma importante função para a Admi-
tração por parte do pessoal. Se o gerente não delegar au-
nistração alcançar seus fins.
toridade que se iguale à responsabilidade, criará uma in-
satisfação no funcionário e em geral gastará energia e re- Drucker (1975) destaca que o controle é um instru-
cursos. mento da administração, visando o acompanhamento do
trabalho e não do trabalhador. Para alguns autores, den-
O processo de delegação compõe-se de três fases.
tro de uma forma moderna de administrar, o controle
1- Distribuição de tarefas pelo dirigente aos seus deixa de ser encarado como um processo coercivo e re-
subordinados. pressivo, e assume funções de destaque na orientação e
2- Permissão para praticar os atos necessários ao planejamento das organizações.
desempenho das tarefas (Autoridade)
Com o exercício da função de controle pode-se ob-
3- Criação da obrigação dos subordinados perante
ter a mensuração e a avaliação dos resultados do esforço
o dirigente de executarem satisfatoriamente as
efetuado por meio das demais funções administrativas:
tarefas (Responsabilidade)
planejamento, organização e direção.
A delegação é feita através de um documento for-
mal apropriado (portaria, aviso, determinação etc.) que 13.22.1. O CONTROLE – CONCEITOS, CA-
deverá indicar com precisão a autoridade delegante, a au- RACTERÍSTICAS E FUNÇÕES
toridade delegada, as atribuições objeto da delegação e,
O controle é uma função administrativa que tem por
se for o caso, a sua vigência.
objetivo medir e avaliar o desempenho da organização,
Na delegação a autoridade continua responsável pe- propondo as medidas corretivas quando necessário. Re-
la tarefa cometida ao seu subordinado. A delegação tem comenda-se que ele ocorra em cada uma das etapas de
caráter transitório e é quase sempre pessoal nominal. gestão, verificando se os objetivos foram alcançados e
assegurando que as organizações cumpram suas finali-
A falta de delegação acarreta algumas situações:
dades.
1- Para a empresa: o ritmo dos negócios é aquele
O conceito de controle já era utilizado na antiguida-
imposto por seu proprietário. A administração
de, entretanto foi somente no século XX, por meio dos
torna-se morosa e dependente. A participação
trabalhos de Taylor e Fayol, que o termo se tornou am-
dos funcionários é baixa.
plamente utilizado na administração. (GOMES; SAL-
2- Para o empresário: existe sobrecarga de traba-
LAS, 1999)
lho que exige dele atuação nas mais diferentes
áreas. Comumente sente-se só. Trabalhando Fayol (1994) afirmava que o controle aplica-se a
tenso, estará predisposto ao stress e as suas tudo: coisas, pessoas e atos. Para ele, o controle consiste
consequências negativas. em verificar “se tudo corre na conformidade com o plano
3- Para o funcionário: baixo desenvolvimento pro- adotado, as instruções emitidas e os princípios estabele-
fissional e envolvimento com coisas da empre- cidos”. (FAYOL, 1994, p.130)
sa. Não existindo motivação e ocorrendo desejo
Batemann e Snell (1998, p.430) ensinam que o con-
de participação não correspondido, os melhores
trole “é uma das forças fundamentais que mantêm a or-
elementos não permanecem.
ganização de pé”. Definem o controle “como qualquer
Deve ser lembrado, que vários livros sobre a maté- processo que orienta as atividades dos indivíduos na di-
ria não fazem distinção entre descentralização e delega- reção da realização das metas organizacionais”. Pode-se
ção, acrescentando alguns que a delegação é o instru- deduzir então que o controle é o processo pelo qual se
mento da descentralização. procura garantir a realização dos objetivos propostos e
CURY, Antônio. Organização e Métodos – Uma visão holística. 6. ed. São identificar as necessidades de mudanças.
Paulo: Atlas. 1994. 556p.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, Organização e Mé- A palavra controle pode ter várias conotações e o
todos: uma abordagem gerencial. 10. Ed. São Paulo: Atlas. 1998. 497p. seu significado varia em função da área aplicada. Ela
ROCHA, Luiz Osvaldo Leal da. Organização e Métodos: uma abordagem
prática. São Paulo: Atlas. pode ser entendida como função administrativa que
MONTANA, Patrick J e CHARNOV, Bruce H. Administração. 1. Ed. São compõe o processo administrativo ao lado do planeja-
Paulo: Saraiva. 2000. 475p. mento, organização e direção. O controle também pode
ser entendido como meio de regulação e como função
13.22. CONTROLE. CARACTERÍSTICAS. restritiva. (HAMPTON, 1992)

O controle é uma variável que tem substancial im- A função administrativa do controle pode ser evi-
portância nos estudos sobre as organizações. É difícil denciada na figura 1, na qual verifica-se que ele se rela-
imaginar a existência de qualquer organização sem a ciona com outras funções gerenciais, recebendo e ao
presença dessa função administrativa. O controle é uma mesmo tempo, provocando influências. Teoricamente, o

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Conhecimentos Específicos
processo administrativo inicia-se com o planejamento e de gestão e deve ser flexível para não gerar custos exces-
se encerra com a fase do controle. Extrai-se da figura 1 sivos e mais problemas do que soluções.
que a situação é extremamente dinâmica e que as infor-
Espera-se que um controle organizacional eficiente
mações obtidas através do processo de controle sobre as
apresente diversas características.
atividades realizadas levarão a um novo planejamento,
recomeçando o ciclo. O controle tem a função de feed- Dessa forma, ele não deve medir apenas o que pas-
back ou retroalimentação do processo administrativo, sou ou se adaptar às operações atuais. O controle verifica
sendo, portanto, essencial para o planejamento eficaz. onde as organizações querem chegar a fim de se adapta-
rem às novas estratégias. Outro ponto importante é que o
controle permeia cada etapa do próprio processo de con-
trole, desde o estabelecimento dos padrões até à adoção
das ações corretivas. Ele também precisa ser aceito pelos
membros. Quanto mais comprometidos estiverem os
empregados com os padrões de controle, maiores as pro-
babilidades de sucesso. Cabe salientar que, para ser efi-
ciente, necessário se faz que o controle seja preciso, fle-
xível e oportuno. (DAFT, 1979).
Fayol (1994, p.131) ensina que o controle para ser
eficaz, “deve ser realizado em tempo útil e acompanhado
de soluções”. Aduz também que de nada adianta um con-
trole muito bem feito caso ele chegue demasiadamente
Figura 1 tarde, pois poderá ter sido inútil toda a operação.
Planejamento, controle e decisão são atividades in- Segundo Oliveira (2001), o controle efetuado em
terligadas. O planejamento fornece o padrão. O controle relação ao desempenho da empresa como um todo é de-
verifica o padrão. A decisão começa com as informações nominado controle estratégico. Quando é efetuado em
geradas pelo controle. relação ao desempenho de cada uma das áreas funcionais
O controle possibilita ao gestor certificar-se de que é denominado controle tático e gerencial. Por fim, quan-
as metas e os objetivos estão sendo alcançados pela or- do tem aplicação mais específica dentro de cada área de
ganização, orientando as decisões. Os resultados alcan- operações, é denominado controle operacional. O contro-
çados devem ser comparados com os níveis de desempe- le estratégico ocorre em nível institucional e está relaci-
nho esperados. Tem-se, então, que o controle é um pro- onado com o nível mais elevado da empresa. Sua dimen-
cesso essencialmente regulatório. são no tempo é de longo prazo e o seu conteúdo, geral-
mente sintético e genérico. Já o controle tático ocorre no
O controle também exerce função restritiva. Sendo nível intermediário e é direcionado para médio prazo,
assim, espera-se que os indivíduos se mantenham dentro atingindo departamentos ou unidades da empresa. Por úl-
dos padrões desejados. Os desvios devem ser analisados timo, o controle operacional é aquele efetuado nas dife-
e também devem ser identificados os impactos que esses rentes áreas de atuação: produção e operações, finanças,
desvios irão provocar nos resultados futuros. mercadológica e recursos humanos. Neste nível o contro-
le geralmente envolve quatro tipos básicos de padrão:
Para Drucker (1975, p.238), “a finalidade do con-
quantidade, qualidade, tempo e custo. Cada um desses
trole é fazer com que o processo corra suavemente, cor-
elementos é determinado na etapa do planejamento.
retamente e segundo os padrões exigentes”. Um sistema
de controle eficaz fornece informação e feedback quanto A amplitude do processo de controle influencia na
ao desempenho das atividades, permitindo a descentrali- formatação das empresas. Neste contexto, Chiavenato
zação. Ele possibilita a competitividade, a formulação de (2002, p. 657) esclarece que:
estratégias, além de ter o importante papel de minimizar nas empresas onde ocorre grande amplitude
riscos na tomada de decisões. de controle, a configuração global da orga-
Robbins (2001) aponta que o controle visa a duas nização é tipicamente achatada: a estrutura
finalidades principais: correção de falhas ou erros exis- achatada tem poucos níveis hierárquicos
tentes e prevenção de novas falhas ou erros. com grandes grupos de trabalho em cada
nível. Nas empresas onde ocorre limitada
Oliveira (1993, p.151) ensina que o sistema de con- amplitude de controle a configuração glo-
trole deve respeitar a relação custo-benefício, “pois não bal da organização é alongada verticalmen-
se deve ter um sistema em que o controle é um fim em si te: a estrutura ‘alta’ tem uma longa cadeia
só, nem que represente gastos e esforços excessivos para de autoridade (muitos níveis hierárquicos)
a sua concretização”. com poucos grupos de trabalho em cada um
Assim, a Administração preocupa-se em decidir deles.
quais as etapas que devem ser mensuradas e em quais Dessa forma, a amplitude do controle pode ser esco-
momentos o controle deverá ser efetuado. O controle é lhida com base no grau de autonomia que se quer dar aos
um instrumento de fundamental importância no processo subordinados.

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Conhecimentos Específicos
Stoner (1982) recomenda que deva existir equilíbrio as vantagens sobre os demais: fornece informações im-
apropriado entre o controle organizacional e a liberdade portantes para o administrador sobre a eficácia do seu
individual. “Com muito controle, as organizações tor- planejamento e pode aumentar a motivação dos empre-
nam-se sufocantes, inibitórias e desagradáveis como lo- gados com a divulgação dos resultados alcançados.
cais de trabalho. Com muito pouco controle, tornam-se
Já para Newman (1976), existem três tipos diferen-
caóticas, ineficientes e ineficazes na consecução de seus
tes de controle em função do momento de sua aplicação:
objetivos”. (STONER, 1982, P.404)
controle de orientação, controle por etapas e controles
Finalizando, Stoner (1982) aponta que o grau de posteriores.
controle é influenciado por fatores como a tecnologia
disponível, a similaridade das funções desenvolvidas, a O controle de orientação é realizado concomitante à
qualificação e o ambiente em que as empresas encon- operação e à ação corretiva e é realizada antes que a ope-
tram-se inseridas. ração seja completada. O controle por etapas verifica se
o trabalho pode ou não prosseguir para as fases seguin-
13.22.2. O PROCESSO E OS MECANISMOS tes. Seria desnecessário se o controle de orientação fosse
DE CONTROLE eficaz. O controle posterior se dá após a ação ter sido
completada. É o caso do balanço das empresas e dos re-
O controle é um processo; dessa forma é convenien-
latórios. Os controles posteriores servem para conceder
te que seja sistematizado e padronizado para que possa
as recompensas prometidas em razão do cumprimento
efetivamente regular as atividades da organização, propi-
das metas e para proporcionar informações ao planeja-
ciando que ela atinja os índices de desempenho planeja-
mento no caso de atividades cíclicas.
dos.
Montana (1998, p.240) define o processo de contro- Oliveira (1993) aponta que as comparações podem
le como “as ações sequenciais tomadas pela administra- apresentar algumas situações. Se o desvio apresentado
ção para estabelecer os padrões de desempenho, medida estiver dentro do tolerado, o administrador não precisa se
e avaliação do desempenho, e tomar ações corretivas preocupar. Caso o desvio exceda um pouco o que era es-
quando necessário”. perado, o administrador deverá continuar sua ação, mas
com alguns ajustes para que seja possível retornar à situ-
O processo de controle pode ser exercido em todas
ação desejada e, por fim, caso o desvio exceda em muito
as áreas e níveis de administração, embora suas modali-
os padrões, o administrador deverá interromper as ações
dades sofram variações. O processo básico, entretanto, é
até que as causas sejam identificadas, estudadas e elimi-
o mesmo, sendo composto de quatro etapas fundamen-
nadas.
tais: estabelecimento dos padrões de desempenho, medi-
ção do desempenho, comparação do desempenho com Dependendo da estrutura, do estilo e da divisão de
padrões e a tomada de medidas corretivas. tarefas de cada organização, recomenda-se a utilização
Os administradores, para o controle adequado de de diferentes mecanismos de controle. Conforme Bate-
uma organização, buscam planejar e estabelecer padrões man e Snell (1998), a diferenciação do controle é decor-
de desempenho, implantar um sistema de informação rente da especialização dos cargos e da divisão do traba-
que fornecerá os dados indispensáveis para as verifica- lho. Já Hall (1984) considera que o controle é decorrente
ções necessárias e adotar medidas que irão corrigir os da complexidade ou diferenciação da organização.
desvios ocorridos. O controle pode ser efetuado em Para Wagner e Hollenbeck (2000), o ajuste mútuo,
eventos anteriores, durante e após a realização do pro- a supervisão direta e a padronização são mecanismos bá-
cesso. Estes três tipos de controle são formalmente de- sicos do controle. Para os autores, o ajuste mútuo é o
nominados: feedforwork, simultâneo e de feedback. mecanismo mais simples que resulta das formas laterais
(DAFT, 1979) de comunicação. Consiste na coordenação realizada por
O controle feedforwork é por vezes chamado de meio de processos de comunicação interpessoal na qual
controle de qualidade preliminar ou preventivo e tem por aqueles que trabalham juntos ou ocupem posições de au-
fim assegurar que a qualidade dos inputs seja adequada toridade semelhante, trocam informações relacionadas ao
para prevenir problemas no desempenho das tarefas. Ele trabalho.
é o tipo mais desejado, porém nem sempre é viável, pois Segundo Perrow, citado por Machado et al. (1998),
exige informações precisas e no tempo certo. (DAFT, o controle poderá ser exercido por meio da supervisão
1979) direta, padronização de regras e regulamentos ou por
O controle simultâneo é aquele em que vai ocorren- meio de seleção homogênea. Para outros autores, entre
do o monitoramento das atividades, à medida que elas eles, Certo e Peter (1993), a informatização seria o me-
vão sendo processadas. Tem por objetivo garantir que canismo recomendado para que a função de controle
elas estejam de acordo com os padrões de qualidade. O cumpra as suas finalidades.
controle simultâneo tem sido facilitado pelos programas Assim, passaremos a evidenciar os mecanismos de
computadorizados. (DAFT, 1979) controle, que entendemos possam ser relevantes no con-
O controle de feedback enfoca a produção final ou trole do processo administrativo tributário, quais sejam:
serviço depois que a tarefa está cumprida; também é a supervisão direta, a padronização e o sistema de infor-
chamado de pós-ação ou controle de output. Para Rob- mações.
bins e Coulter (1998), este tipo de controle apresenta du-

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Conhecimentos Específicos
13.23. SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEM- Vale dizer, também, que, de nada, adiantaria uma
PENHO ORGANIZACIONAL. empresa ter alto poder de recursos financeiros e materi-
ais, se não dispuser-se de recursos humanos capazes de
Modernamente, encontra-se em Kaplan e Norton proporcionar a ativação e aplicação de todos os demais
(1997, p.21) a afirmação de que "se o desempenho não recursos. De nada adiantaria todos os demais recursos se
está sendo medido, ele não está sendo gerenciado". não fossem operados, aplicados e ativados por meio dos
Esses autores acrescentam ainda que se a organiza- recursos humanos. Não há, nem pode haver empresa sem
ção anseia sobreviver e prosperar na Era do Conheci- pessoas. “As pessoas são a alma das empresas”.
mento, ela deve se utilizar de um sistema de gestão do Aliás, convém lembrar que não pode ser diferente,
desempenho alinhado com sua estratégia. uma vez que, a maioria dos autores concorda que a ad-
ministração procura fazer algo com e por meio de pesso-
Segundo Neely e Gregory (1995), o sistema de me- as, em grupos formalmente organizados (a empresa é um
dição de desempenho é uma técnica usada para quantifi- desses grupos).
car a eficiência e a eficácia das atividades do negócio. A
eficiência vai tratar da relação entre a utilização econô- O que acabamos de dizer leva-nos a admitir a exis-
mica dos recursos; levando em consideração um deter- tência do setor de pessoal (ou, como alguns procuram
minado nível de satisfação. Por sua vez, a eficácia avalia designá-lo por setor de “recursos humanos”) como parte
o resultado de um processo no qual as expectativas dos destacada de uma empresa, merecendo, portanto, um es-
diversos clientes são ou não atendidas. tudo todo especial.
Realmente, numa empresa, encontramos empregados
Para Clark Jr., o sistema de medição do desempe- ou funcionários em todos os lugares. Em todos esses luga-
nho é definido como (1995 apud RATTON, 1998, p. 51): res, as pessoas são dirigidas e controladas pelos administra-
o conjunto de pessoas, métodos, ferramentas para dores, pois compete a estes conduzir, coordenar e controlar
o trabalho de seus subordinados. Seria, digamos, assim,
gerar, analisar, expor, descrever e avaliar dados e
uma administração operacional. Porém sabemos que, numa
informações sobre as múltiplas dimensões de de-
empresa, existem outros tantos serviços relacionados com o
sempenho das pessoas, grupos e níveis organizaci- pessoal, que precisam ser centralizados num departamento à
onais em seus múltiplos constituintes. parte.
Um sistema de medição de desempenho é um con- Então, concluímos que toda empresa deve ter, em sua
junto de medidas referentes à organização como um to- estrutura organizacional, o setor de pessoal, seja ele de
do, às suas partições (divisões, departamento, seção etc.), maior ou de menor dimensão, tenha esta ou aquela denomi-
aos seus processos e às suas atividades organizadas e nação, tal como: Serviço de Pessoal, Departamento de Pes-
bem definidas em blocos, de forma a refletir certas ca- soal, Divisão de Relações Industriais, Departamento de Re-
racterísticas do desempenho para cada nível gerencial in- cursos Humanos, etc.
teressado (OLVE; ROY; WETTER, 2001). “Administração de Pessoal é a especialização admi-
Um sistema de medição tem como objetivos (KA- nistrativa que trata do planejamento, da organização e
PLAN; NORTON, 1996b; OLVE; ROY; WETTER, controle do setor de pessoal de uma empresa.”
2001; RATTON, 1998):
• comunicar a estratégia e clarificar valores; 14.1. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.
• identificar e diagnosticar problemas e A QVT se apresenta como uma preocupação huma-
oportunidade; na desde os primórdios de sua existência, com o objetivo
• ajudar e entender os processos; de facilitar ou trazer satisfação e bem-estar aos trabalha-
• definir responsabilidades; dores no desenvolvimento de suas tarefas. Limongi-
• melhorar o controle e o planejamento; França (1996) a descreve como sendo um conjunto de
ações/atividades de uma organização no sentido de bus-
• mudar comportamento e envolver pessoas.
car e implementar melhorias e inovações gerenciais, tec-
A mensuração do desempenho acontece há muito nológicas e estruturais no ambiente de trabalho.
tempo. Kaplan e Norton (l996a) comentam que, desde o
A constante evolução dos métodos de gestão em-
período da revolução industrial, as organizações vêm de-
presarial, embora tenha permitido uma maior eficiência
senvolvendo sistemas de medição inovadores, embora
na utilização dos recursos produtivos disponíveis, trouxe
calcados em medidas financeiras, como foi o caso do
uma série de efeitos negativos aos recursos humanos,
modelo da DuPont, no início do século XX.
como a excessiva especialização do trabalho, a padroni-
zação da mão-de-obra e a rigidez das hierarquias. Em
14. GESTÃO DE PESSOAS. consequência, os trabalhadores insatisfeitos com seu tra-
balho, passam a apresentar elevados índices de absente-
O HOMEM E A ORGANIZAÇÃO ísmo, rotatividade e acidentes de trabalho, desenvolven-
A Administração de Recursos Humanos constitui do assim baixos índices de produtividade e pouca quali-
uma especialização técnica amplamente desenvolvida, dade dos produtos e serviços.
como provam os inúmeros livros, exclusivamente, dedi- As primeiras pesquisas sobre QVT surgiram na dé-
cados ao assunto. Todos eles procuram enfocar a relação cada de 50, na Inglaterra, quando Eric Trist e uma equipe
homem/trabalho.

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Conhecimentos Específicos
de colaboradores estudavam um modelo para agrupar o
trinômio: indivíduo – trabalho – organização, baseando-
se na análise e reestruturação da tarefa e que recebeu a 14.2. EQUILÍBRIO ORGANIZACIONAL
nomeação de Qualidade de Vida no Trabalho, tendo co- O equilíbrio organizacional pode ser alcançado me-
mo objetivo tornar a vida dos trabalhadores menos peno- diante a troca de contribuições e incentivos na relação
sa (FERNANDES, 1996 apud DETONI, 2001). Na dé- entre as pessoas e as empresas. Nessa troca, as pessoas
cada de 70, a QVT foi introduzida publicamente, entre- colaboram para facilitar o alcance dos objetivos organi-
tanto, em 1974, devido a uma crise energética mundial, o zacionais, e as empresas fornecem para esses colabora-
tema perde espaço, ressurgindo mais uma vez em 1979, dores os incentivos que proporcionam a realização de
com o aparecimento das teorias japonesas sobre estilos seus objetivos pessoais.
de administração. Mas foi na década de 90 que o termo
“Qualidade de Vida no Trabalho” tomou espaço, passan- Conceitos básicos desta teoria:
do a interagir com os discursos acadêmicos, sendo pro-
Conceitos básicos desta teoria:
posto por Louis Davis, ao desenvolver um projeto sobre
desenho de cargos. Segundo ele, o conceito de QVT re- • Incentivos ou alicientes: são os "pagamentos"
fere-se à preocupação com o bem-estar geral e a saúde que a organização faz aos seus participantes (p.
dos trabalhadores no desempenho de suas atividades ex.: salários, benefícios, prêmios de produção,
dentro da empresa. Hoje o conceito de QVT engloba tan- elogios, promoções, reconhecimento, etc);
to os aspectos físicos e ambientais da organização, como • Utilidade dos incentivos: cada incentivo possui
os aspectos psicológicos do local de trabalho onde os co- determinado valor de utilidade que varia de um
laboradores passam a maior parte do seu tempo. indivíduo para outro;
O termo QVT, tão pouco divulgado, assimila duas • Contribuições: são os "pagamentos" que cada
posições contrárias, de um lado as reivindicações dos participante efetua à organização (p. ex.: traba-
empregados quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho lho, dedicação, esforço, assiduidade, pontuali-
e em contrapartida o interesse das empresas quanto aos dade, lealdade, reconhecimento, etc);
seus efeitos potenciadores sobre a produtividade e a qua- • Utilidade das contribuições: é o valor que o es-
lidade de seus serviços. Este novo movimento configura forço de cada indivíduo tem para a organização,
duas faces da qualidade de vida dos colaboradores: a in- a fim de que esta alcance seus objetivos.
dividual e a organizacional.
A QVT tem sido avaliada e questionada através dos Postulados básicos desta teoria:
anos, caracterizando-se não apenas como modismo pas- • Uma organização é um sistema de comporta-
sageiro, mas como um processo que consolida a busca mentos sociais inter-relacionados de numerosas
do desenvolvimento humano e organizacional, por se tra- pessoas, que são os participantes da organiza-
tar de um tema muito amplo e flexível, permite uma di- ção;
versidade de interpretações. O conhecimento das teorias • Cada participante e cada grupo de participantes
que tentam delimitar ou esclarecer esse assunto, relacio- recebe incentivos (recompensas) em troca dos
nadas a outros aspectos como: a relação desempenho or- quais faz contribuições à organização;
ganizacional x satisfação; a abrangência do termo quali- • Todo o participante manterá sua participação na
dade vinculada à qualidade de vida no trabalho; a moti- organização enquanto os incentivos que lhe são
vação e satisfação e como estas podem influenciar a oferecidos forem iguais ou maiores do que as
QVT. É fundamental que se conheça a interação entre contribuições que lhe são exigidos;
estes assuntos e como cada um deles pode contribuir pa-
• As contribuições trazidas pelos vários grupos
ra melhor compreensão e desenvolvimento da própria
de participantes constituem a fonte na qual a
organização frente ao acirrado e competitivo mercado no
organização se supre e se alimenta dos incenti-
qual se encontra inserida.
vos que oferece aos participantes;
A QVT é utilizada como uma ferramenta de indica- • A organização continuará existindo somente
ção das experiências humanas no local de trabalho e uma enquanto as contribuições forem suficientes pa-
forma de mensurar o grau de satisfação dos indivíduos ra proporcionar incentivos em qualidade bas-
que desenvolvem as tarefas. Este conceito implica em tante para induzirem os participantes à presta-
profundo respeito pelas pessoas que compõem a organi- ção de contribuições.
zação.
Tipos de participantes
Ao se falar de competitividade organizacional, con-
juntamente ao desempenho, sem esquecer da qualidade e Os participantes da organização são todos aqueles
da produtividade, todas passam obrigatoriamente pelo que dela recebem incentivos e que trazem contribuições
programa de qualidade de vida no trabalho; ou seja, para para sua existência. Existem cinco classes de participan-
entender claramente o cliente externo, a organização não tes: empregados, investidores, fornecedores, distribuido-
deve de forma alguma ignorar o cliente interno. Logo, res e consumidores. Nem todos os participantes atuam
para que possa se satisfazer o consumidor externo, as es- dentro da organização, mas todos eles mantêm uma rela-
truturas organizacionais, necessitam primeiramente aten- ção de reciprocidade com ela.
der as necessidades de seus colaboradores, que são res-
ponsáveis pelo produto e/ou pelos serviços oferecidos.
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Conhecimentos Específicos
14.3. OBJETIVOS, DESAFIOS E CARACTE- – criar condições para que cada chefe administre
RÍSTICAS DA GESTÃO DE PESSOAS. seus subordinados de acordo com as normas e critérios
(Política de Pessoal) estabelecidos pela empresa.
A Administração de Pessoal procura atingir, basi-
camente, dois objetivos simultâneos. Um deles são obje- Por isso, é comum afirmar que a Administração de
tivos voltados para a empresa: os objetivos organizaci- Pessoal está preocupada basicamente com a qualidade
onais, enquanto o outro está voltado para os emprega- das pessoas que compõem uma empresa e com a quali-
dos: objetivos pessoais. É como se a Administração de dade de vida das pessoas dentro da empresa. A qualidade
Pessoal tentasse viabilizar o empregado para a empresa, de vida representa o grau de satisfação de cada pessoa
e a empresa para o empregado. com relação ao ambiente que a cerca dentro do seu traba-
lho e ao ambiente que ela consegue desenvolver fora de
São objetivos organizacionais, por exemplo, a redu- seu trabalho, isto é, em sua vida particular.
ção de custos, maior produtividade para uma maior par-
ticipação no mercado, maior dedicação por parte dos a) As Pessoas e as Organizações
funcionários, etc. A integração entre o indivíduo e a organização não
São objetivos pessoais, por exemplo, melhor remu- é um problema recente. As primeiras preocupações sur-
neração, segurança no emprego, melhores benefícios so- giram com os antigos filósofos gregos.Weber levantou a
ciais, melhor qualidade de vida, etc. hipótese de que a organização pudesse destruir a perso-
nalidade individual com a imposição de regras e proce-
Quase sempre, os objetivos organizacionais e os ob- dimentos capazes de despersonalizar o relacionamento
jetivos pessoais são antagônicos entre si: a busca de um das pessoas. Mayo e Roethlisberger analisam o impacto
dificulta o alcance do outro e vice-versa. causado pela organização industrial e pelo sistema de au-
Para compatibilizar o objetivo de ambos, a Admi- toridade unilateral sobre o indivíduo. Criticaram sobre-
nistração de Pessoal precisa ter uma visão ampla e tudo a “abordagem molecular” e desumana imposta pela
abrangente; e isso dependerá dos objetivos que ela pro- Administração Científica de Taylor e seguidores. Aos
cura alcançar. Vejamos os principais objetivos da Ad- poucos, a abordagem clássica – centrada na tarefa e no
ministração de Pessoal: método – foi cedendo lugar à Abordagem humanística –
centrada no homem e no grupo social. A ênfase dada à
– proporcionar à empresa os recursos humanos mais tecnologia cedeu lugar à ênfase dada às relações huma-
adequados ao seu funcionamento e às suas operações, nas. Essa tentativa de mudança radical deu-se por volta
mantendo-os no longo prazo, na sua organização; da década de 1930. De lá para cá, percebeu-se a existên-
cia do conflito industrial, ou seja, a existência de inte-
– proporcionar aos empregados um trabalho condi-
zente, ambiente adequado e condições de remuneração, resses antagônicos entre o trabalhador e a organização e
de tal modo que se sintam motivados a permanecer na a necessidade de buscar harmonia baseada em uma men-
talidade voltada para as relações humanas. E muita coisa
organização e a trabalhar nela, com dedicação e com le-
foi escrita e quase nada foi feito.
aldade;
Para ultrapassar suas limitações individuais, as pes-
– proporcionar condições de perfeito ajustamento
soas se agrupam para formar organizações, no sentido de
entre os objetivos organizacionais da empresa e os obje-
alcançar objetivos comuns. Á medida que as organiza-
tivos pessoais dos empregados.
ções são bem-sucedidas, elas sobrevivem ou crescem. E
Para atingir esses objetivos, a Administração de ao cresceram, as organizações requerem maior número
Pessoal deve dedicar-se às seguintes funções principais: de pessoas para a execução de suas atividades. Essas
pessoas, ao ingressarem nas organizações, perseguem
– suprir a empresa dos recursos humanos necessá-
objetivos individuais diferentes daquelas que formam
rios por meio de recrutamento e de seleção de pessoal;
originalmente as organizações. Isto faz com que gradati-
– manter na empresa os recursos humanos necessá- vamente os objetivos organizacionais se distanciem dos
rios, por meio da remuneração adequada e dos benefícios objetivos individuais dos novos participantes.
sociais;
Assim, tanto os indivíduos como as organizações
– desenvolver na empresa os recursos humanos com possuem objetivos a alcançar. As organizações recrutam
potencial por meio do treinamento e do desenvolvimento e selecionam seus recursos humanos para, com eles e por
de pessoal. meio deles, alcançaram objetivos organizacionais (pro-
dução, rentabilidade, redução de custos, ampliação do
Para que sejam atendidas as três funções principais
mercado, satisfação das necessidades da clientela etc.).
em harmonia com os objetivos principais, a Administra-
Todavia, os indivíduos, uma vez recrutados e seleciona-
ção de Pessoal dedica-se, também, a outras duas funções
dos, têm objetivos pessoais que lutam para atingir e,
mais abrangentes, a saber:
muitas vezes, servem-se da organização para consegui-
– criar entre as pessoas, desde os cargos de primeiro los.
escalão até os empregados de nível mais baixo, uma ati-
tude favorável ao relacionamento pessoal e um clima
propício ao bom entrosamento social;

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Conhecimentos Específicos
b) Objetivos organizacionais e objetivos indivi- de reciprocidade”, enquanto alguns psicólogos chamam
duais das pessoas a isto “contrato psicológico”.
O que a organização Todo contrato apresenta dois aspectos fundamen-
pretende alcançar: tais:
Lucro, produtividade,
Organizacionais qualidade, redução de a) o contrato formal e escrito é um acordo assina-
custos, participação no do com relação ao cargo a ser ocupado, ao conteúdo do
mercado, satisfação do
cliente etc. trabalho, ao horário, ao salário etc.; e
b) o contrato psicológico é uma expectativa que a
Objetivos
O que as pessoas organização e o indivíduo esperam realizar e ganhar com
pretendem alcançar:
o novo relacionamento.
Salário, benefícios
Individuais sociais, segurança e O contrato psicológico refere-se à expectativa recí-
estabilidade no emprego.
Condições adequadas
proca do indivíduo e da organização estender-se muito
de trabalho. além de qualquer contrato formal de emprego que esta-
Crescimento profissional. beleça o trabalho a ser realizado e a recompensa a ser re-
cebida. Embora não exista acordo formal ou coisa clara-
O grande segredo em termos de objetivos individu-
mente dita, o contrato psicológico é um entendimento tá-
ais e objetivos organizacionais é a empresa procurar
cito entre indivíduo e organização, no sentido de que
manter ambos objetivos paralelos um ou outro.
uma vasta gama de direitos, privilégios e obrigações,
INDIVIDUAIS consagradas pelo uso, serão respeitados e observados por
ambas as partes.
OBJETIVOS
ORGANIZACIONAIS
O contrato psicológico é um elemento importante
em qualquer relação de trabalho e que influencia o com-
portamento das partes – é uma espécie de acordo ou ex-
Se ocorrer, dos objetivos individuais saíram da pa- pectativa que as pessoas mantêm consigo e com os ou-
ralela com os objetivos organizacionais, distanciando-se, tros.
com certeza a empresa perdeu o funcionário para outra
organização. d) Sistema de Administração de Recursos Hu-
manos
OBJETIVOS
OBJETIVOS INDIVIDUAIS A administração constitui a maneira de fazer com
ORGANIZACIONAIS
– Melhores Salários que as coisas sejam feitas da melhor forma possível,
– Sobrevivência através de recursos disponíveis, a fim de atingir objeti-
– Melhores Benefícios
– Crescimento Sustentado vos. A administração envolve a coordenação de recursos
– Estabilidade no Emprego
– Lucratividade
– Segurança no Trabalho humanos e materiais para o alcance de objetivos. Nessa
– Produtividade
– Qualidade de Vida no Trabalho concepção, estão configurados quatro elementos básicos:
– Qualidade nos Produtos /
– Satisfação no Trabalho
Serviços 1. alcance de objetivos;
– Consideração e Respeito
– Redução de Custos 2. por meio de pessoas;
– Oportunidades de Crescimento
– Participação no Mercado
– Liberdade para Trabalhar 3. através de técnicas; e
– Novos Mercados
– Liderança Liberal 4. em uma organização.
– Novos Clientes
– Orgulho da Organização
– Competitividade A tarefa da administração é basicamente integrar e
– Imagem no Mercado coordenar recursos organizacionais – muitas vezes coo-
perativos, outras vezes conflitivos – tais como pessoas,
c) Reciprocidade Entre Indivíduo e Organização materiais, dinheiro, tempo e espaço etc. em direção a ob-
jetivos definidos de maneira tão eficaz e eficiente quanto
A integração entre empregado e organização é basi- possível.
camente um processo de reciprocidade: a organização
realiza certas coisas para e pelo participante, remunera-o, A organização constitui um ponto de convergência
dá-lhe segurança e status; reciprocamente, o participante de inúmeros fatores de produção, isto é, de recursos pro-
responde trabalhando e desempenhando suas tarefas. A dutivos, que devem ser aplicados com eficiência e eficá-
organização espera que o empregado obedeça à sua auto- cia.
ridade, e, por seu turno, o empregado espera que a em-
presa se comporte corretamente com ele e opere com jus- A MORDENA ADMINISTRAÇÃO DE PES-
tiça. A organização reforça sua expectação por meio do SOAL
uso da autoridade e do poder de que dispõe, enquanto o
empregado reforça sua expectação por meio de certas a) Princípios da moderna administração de pes-
tentativas de influir na organização ou de limitar sua par- soal
ticipação.
A moderna Administração de Pessoal é hoje enten-
Ambas as partes da interação estão orientadas por dida como uma responsabilidade de linha (de cada che-
diretrizes que definem o que é correto e equitativo e o fia) e uma função de staff (do órgão de A.P). Para aten-
que não é. Alguns sociólogos referem-se a uma “norma der a essa conceituação, existem dois princípios básicos:
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Conhecimentos Específicos
 a Administração de Pessoal é uma responsabili-  funcionários da empresa: em muitas vezes, re-
dade de linha, isto é, é exclusiva de cada chefe em rela- corre-se aos próprios empregados, que indicam conheci-
ção a seus subordinados. Assim, administrar pessoas é dos ou amigos para o desempenho de certas funções.
uma responsabilidade exclusiva de cada chefe;  tabuletas à porta da fábrica: geralmente, são
 a Administração de Pessoal é uma função de as- feitas de madeira, com letreiro removível, colocadas per-
sessoria, isto é, um órgão que estabelece as normas e cri- to da entrada dos estabelecimentos industriais.
térios relacionados com a administração de pessoas e que
Podem existir outros meios, porém os que acaba-
executa atividades especializadas relacionadas com o
mos de discriminar são os mais comuns.
pessoal. Assim, cada chefe administra seus subordinados
de acordo com as normas e critérios estabelecidos pelo O fato de existirem vários meios não quer dizer que
órgão de Administração de Pessoal. seja tarefa fácil recrutar candidatos, principalmente os
mais bem-qualificados.
O atendimento a esses dois princípios básicos é im-
portante para estabelecer um equilíbrio harmônico entre Algumas empresas não publicam anúncios classifi-
o órgão de Administração de Pessoal e as chefias da em- cados para os cargos de alto escalão, dando preferência
presa. aos candidatos recomendados pelas agências especiali-
zadas, que, inclusive, preparam, cuidadosamente, o “cur-
14.4. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE riculum vitae” (denominação latina, com o significado
PESSOAS de carreira de vida). Assim, procedendo, essas empresas
entrevistam candidatos certos e, realmente, capacitados.
a) RECRUTAMENTO
Quando o candidato comparece à empresa, aten-
Logo de início, precisamos de saber que, embora dendo à determinação convite, anúncio ou indicação,
reunidos em uma única denominação ou título, o recru- cessa-se a atividade de recrutamento e inicia-se a ativi-
tamento e a seleção constituem duas áreas operativas dis- dade de seleção e de colocação dos candidatos.
tintas do setor de pessoal.
➢ Recrutamento interno
O serviço desempenhado na área de recrutamento
consiste em atrair ou em ir à procura de pessoas que pos- O recrutamento é interno, quando, havendo deter-
suam qualificações necessárias para o preenchimento dos minada vaga, a empresa procura preenchê-la através do
cargos existentes na empresa ou, então, em palavras mais remanejamento de seus empregados, que podem ser
simples: procurar os trabalhadores necessários à empre- promovidos (movimentação vertical) ou transferidos
sa. (movimentação horizontal) ou, ainda, transferidos com
promoção (movimentação diagonal). Pode envolver:
Para que o recrutamento proporcione uma imagem
pública da empresa favorável ao mercado de trabalho é  transferência de pessoal;
necessário que seja feito, com continuidade e com cons-  promoções de pessoal;
tância, mesmo que a empresa não tenha vagas em deter-  transferências com promoções de pessoal;
minado momento. Convém salientar que não basta quan-  programas de desenvolvimento de pessoal; e
tidade, isto é, muita gente, mas o que realmente deve in-  planos de encarreiramento (carreiras) de pessoal.
teressar aos quadros de uma empresa são pessoas aptas O recrutamento interno exige uma intensa e contí-
para a execução dos serviços ou das tarefas – pessoas nua coordenação e integração do órgão de recrutamento
capacitadas ou que demonstrem possibilidades futuras. com os demais órgãos da empresa.
Um administrador de pessoal não pode ignorar esse  Vantagens do recrutamento interno
detalhe importantíssimo, porque, em caso contrário, ele
também pecará pela falta de qualificação para o cargo As principais vantagens que o recrutamento interno
que ocupa, o que seria um contra senso, para não dizer pode trazer são:
absurdo.  economia para a empresa;
Geralmente, os serviços de recrutamento costumam  rapidez;
procurar os candidatos aos empregos disponíveis, recor-  maior índice de validade e de segurança, pois o
rendo a uma das técnicas de recrutamento: candidato já é conhecido;
 fonte poderosa de motivação para os emprega-
 anúncios publicados em jornais: a imprensa, de dos, desde que esses vislumbrem a possibilidade de cres-
um modo geral, possui cadernos ou seções destinados, cimento dentro da organização;
exclusivamente, às ofertas e às procuras de trabalhado-  Aproveitamento dos investimentos da empresa
res. Exemplo: “Caderno de Classificados – Seção de em treinamento do pessoal;
Empregos”, de um jornal.  Desenvolvimento de um sadio espírito de com-
 agências ou empresas de empregos: são as em- petição entre o pessoal, tendo em vista que as oportuni-
presas prestadoras de serviços especializados em recru- dades serão oferecidas àqueles que, realmente, demons-
tamento de pessoal. tram condições de merecê-la.
 escolas profissionalizantes e universidades: em
algumas escolas, são afixadas no quadro de avisos as
cartas de empresas solicitando candidatos às suas vagas.

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Conhecimentos Específicos
 Desvantagens do recrutamento interno  Gera problemas com o pessoal interno, que se
sente desprestigiado.
 exige que os novos empregados tenham condi-
ções de potencial de desenvolvimento, para poderem ser b) SELEÇÃO
promovidos;
Podemos dizer que a seleção visa a escolher os can-
 pode gerar um conflito de interesses, pois, ao
didatos a emprego, enquanto que a colocação tem, por
explicar as oportunidades de crescimento dentro da or-
fim, celebrar o contrato de trabalho, legalizando a rela-
ganização, tende a criar uma atitude negativa dos empre-
ção de emprego entre a empresa (o empregador) e o tra-
gados, que, por não demonstrarem condições, não reali-
balho (o empregado) de acordo com a legislação em vi-
zaram aquelas oportunidades;
gor.
 quando é administrado incorretamente, pode le-
var à situação que Laurence Peter denomina de “princí- A tarefa da seleção é escolher, entre os candidatos
pio de Peter”: as empresas, ao promoverem, incessante- recrutados, aqueles que têm maiores probabilidades de
mente, seus empregados, elevam-nos, sempre, à posição ajustar-se ao cargo vago. Assim, o objetivo básico do re-
onde demonstram o máximo de sua incompetência; crutamento é abastecer o processo seletivo de sua maté-
 quando é efetuado continuamente, pode levar os ria-prima básica: 5 candidatos.
empregados a uma progressiva limitação às políticas e às
diretrizes da organização, ou seja, os empregados adap- A seleção de recursos humanos pode ser definida,
singelamente, como a escolha do homem certo para o
tam-se a elas e perdem a criatividade e a atitude de ino-
cargo certo ou, mais amplamente, entre os candidatos re-
vação.
crutados, aqueles mais adequados aos cargos existentes
➢ Recrutamento externo na empresa, visando a manter ou a aumentar a eficiência
e o desempenho do pessoal.
O recrutamento é externo quando, havendo deter-
minada vaga, a organização procura preenchê-la com Assim sendo, a seleção visa a solucionar dois pro-
pessoas estranhas, ou seja, com candidatos externos atra- blemas básicos:
ídos pelas técnicas de recrutamento. O recrutamento ex-
a) a adequação do homem ao cargo; e
terno incide sobre candidatos reais ou potenciais, dispo-
b) a eficiência do homem no cargo.
níveis ou aplicados em outras organizações, podendo en-
volver uma ou mais das seguintes técnicas de recruta- ➢ As técnicas de seleção
mento:
1. entrevista de seleção;
 arquivos de candidatos que se apresentaram es- 2. provas de conhecimento ou de capacidade;
pontaneamente ou em outros recrutamentos; 3. testes de aptidões;
 apresentação de candidatos por parte dos funcio- 4. testes de personalidade;
nários da empresa; 5. técnicas de simulação.
 cartazes ou anúncios na portaria da empresa;
 contatos com sindicatos e com associações de ➢ O subsistema de seleção
classe; APLICAÇÕES DAS
 contratos com universidades, com escolas, com TÉCNICAS DE SELEÇÃO
agremiações estudantis, com diretórios acadêmicos, com Candidatos – Entrevista de Seleção; Candidatos
centros de integração empresa-escola, etc; encaminhados – Provas de Conhecimen- selecionados
to ou de Capacidade; encaminhados
 conferências e palestras em universidades e em pelo
– Testes de Aptidões; a seções
escolas; recrutamento
– Testes de Personalida- requisitantes
 contatos com outras empresas que atuam no de;
mesmo mercado em termos de cooperação mútua; – Técnicas de Simulação
 anúncios em jornais, em revistas, etc;
 agências de recrutamento; O primeiro passo para a seleção consiste no preen-
 viagens para recrutamento em outras localidades. chimento, por parte do candidato, de um formulário bas-
tante conhecido: solicitação ou proposta de emprego.
 Vantagens do recrutamento externo Seguem-se, depois, as entrevistas e a aplicação de testes
Traz “sangue novo” e experiências novas à organi- psicológicos.
zação;
Geralmente, o formulário de solicitação ou de pro-
Renova e enriquece os RH com pessoal igual ou posta de emprego obedece à determinação padrão, pouco
melhor ao existente na organização; variando de empresa para empresa (algumas papelarias
Aproveita o pessoal preparado por empresa especia- vendem o formulário sem a impressão do nome da em-
lizada. presa, bastando carimbar ou datilografar – o nome da
 Desvantagens do recrutamento externo firma, se assim se desejar). O que foi dito entre parênte-
ses serve para as pequenas e para as médias empresas,
 Demora até a admissão; onde o “turnover” (rotação) de empregados é pequeno.
 É mais caro;
 É menos seguro; Com o preenchimento do formulário de solicitação
 Os candidatos são desconhecidos; ou de proposta de emprego, o candidato oferece todos os
seus dados e, por meio deles, começa-se o processo de

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Conhecimentos Específicos
conhecimento das suas características, como também as nas empresas de maior dimensão, aos testes psicológi-
suas qualificações e outros dados complementares. cos, principalmente aos testes de inteligência, de aptidão
e de personalidade, aplicados por pessoas especializadas
Em resumo, o formulário de solicitação ou de pro-
(psicólogos). Esses testes constituem provas-padrão,
posta de emprego contém certo número de perguntas,
através das quais se pode avaliar uma pessoa em relação
que devem ser respondidas pelo candidato ao emprego.
ao conjunto de outras pessoas.
As perguntas giram em torno dos seguintes itens:
Depois de feita a devida avaliação do candidato, ca-
Identificação do candidato: so não seja rejeitado, procede-se à sua colocação na em-
presa, de acordo com os dados, no fim do formulário
Nome, idade, sexo, endereço, telefone, cidade, na- (parecer, data e nome do examinador, salário fixado e
cionalidade, lugar de nascimento, data de nascimento, outras condições estabelecidas como: comissões e grati-
estado civil, nome do cônjuge, nome dos filhos e a data
ficações), providenciando-se, então, o seu registro de
de nascimento de cada um e o nome dos pais.
acordo com as normas legais.
Condições ou pretensões para a admissão:
A empresa, de acordo com a lei, é obrigada a regis-
Cargo que pretende, salário desejado, disposição trar seus empregados em sistemas eletrônicos, em livros
para a experiência pelo prazo de, até, três meses, rela- ou em fichas (modelo oficial, com a denominação de
ções de parentes ou de amigos na empresa com os res- “Registro de Empregados”), que serão autenticados e le-
pectivos nomes, fiança que pode oferecer e disposição ao galizados pelas Delegacias Regionais do Trabalho, por
exame médico de escolha da empresa. Repartições autorizadas ou pelo Fiscal do Trabalho. O
prazo para o registro na Carteira de Trabalho e de Previ-
Formação escolar: dência Social do empregado é de 48 horas, conforme de-
Nomes das escolas que frequentou (primária, se- termina a legislação trabalhista.
cundária e superior) e o grau atingido, curso que está fa- A ficha (ou o livro) contém a qualificação civil,
zendo no ato da candidatura, línguas estrangeiras que fa- além de uma fotografia 3 x 4 cm, a qualificação profissi-
la e que escreve, diplomas que possui, tem ou não habili- onal e outros dados relativos ao contrato de trabalho, tais
tação datilográfica e em informática. como data de admissão, natureza do cargo, seção de tra-
Situação econômica: balho, salário inicial, horário de trabalho e outros infor-
mes.
Propriedades que possui (inclusive automóvel),
compromissos financeiros, seguros de saúde e de com- Para o processamento do registro legal do novo em-
panhias de vida e seguradoras, pessoas dependentes e pregado, deve ser exigida dele a entrega de vários docu-
beneficiárias do seguro de vida. mentos. São eles: Carteira de Trabalho e de Previdência
Social, RG (ou Cédula de Identidade), Título de Eleitor,
Documentação: Certificado (ou documento) Militar, CIC (ou Cadastro de
Carteira de Trabalho (n.º, série, local e data da Pessoas Físicas), Certidão de Casamento (se for o caso),
emissão), n.º do CPF, n.º do RG ou modelo 19 (n.º, ór- Certidão de Nascimento dos filhos menores de 14 anos
gão, local e data de emissão), título de eleitor, documen- (ou inválidos de qualquer idade) para efeito de recebi-
to regularizador da situação militar, PIS/PASEP (data de mento do salário-família, exame médico, comprovante
cadastramento, código de banco/agência, endereço da de vacinação, declaração de escola (no caso de o menor
agência bancária). No caso de estrangeiro: naturalização, ser estudante) e fotografias 3 x 4 (uma para o “Registro
data da chegada ao Brasil, número de filhos (brasileiros e de Empregados” e outra para a carteira de identificação
estrangeiros). pessoal, se houver).
Empregos anteriores: A prática trabalhista, atualmente, exige um conhe-
cimento especializado, razão pela qual o mercado edito-
Nome da firma, endereço, cidade, cargo, salário, da- rial brasileiro conta com muitos manuais que orientam e
ta da entrada e da saída e motivo da saída. que facilitam o trabalho dos que atuam no setor que cui-
Referências pessoais: da da administração de pessoal.

Nome e endereço de pessoas que possam dar refe- ➢ Seleção como um Processo de Comparação
rências e como entrou em contato com a empresa. Como um processo de decisão, a seleção de pessoal
No final do formulário, consta, além do dia e da as- comporta três modelos de comportamento:
sinatura do proponente, a data e o nome da pessoa que a) modelo de colocação: quando não inclui a cate-
fez a entrevista com o candidato, bem como as observa- goria de rejeição. Nesse modelo, há um só candidato e
ções do entrevistador. uma só vaga, que deve ser preenchida por aquele candi-
A entrevista tem, por finalidade, confirmar os dados dato. Em outros termos, o candidato apresentado deve
fornecidos pelo candidato e obter outros informes neces- ser admitido sem sofrer rejeição alguma.
sários para o julgamento do pretendente ao cargo. b) modelo de seleção: quando existem vários can-
Além da entrevista, como meio auxiliar da seleção didatos e apenas, uma vaga a preencher. Cada candidato
de candidatos, recorre-se, frequentemente, pelo menos é comparado com os requisitos exigidos pelo cargo que

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Conhecimentos Específicos
se pretenda preencher, ocorrendo duas alternativas: Em suma, a descrição de cargos está voltada para o
aprovação ou rejeição. Se for rejeitado, será simplesmen- conteúdo dos cargos, ou seja, para os aspectos intrínse-
te, dispensado do processo, porque, para o cargo vago, cos dos cargos.
há vários candidatos, e apenas, um poderá ocupá-lo. c) Análise e avaliação de Cargos
c) modelo de classificação: é a abordagem mais Enquanto a descrição se preocupa com o conteúdo
ampla e situacional, em que existem vários candidatos do cargo (o que o ocupante faz, quando faz, como faz e
para cada vaga e várias vagas para cada candidato. Cada por que faz), a análise pretende estudar e determinar to-
candidato é comparado com os requisitos exigidos pelo dos os requisitos qualificativos, as responsabilidades en-
cargo que se pretende preencher. Ocorrem duas alterna- volvidas e as condições exigidas pelo cargo para seu de-
tivas para o candidato: ser for aprovado ou rejeitado para sempenho adequado. É através dessa análise que os car-
aquele cargo. Se for rejeitado, passará a ser comparado gos serão, posteriormente, avaliados e, devidamente,
com os requisitos exigidos por outros cargos que se pre- classificados para efeito de comparação.
tende preencher, até se esgotarem os cargos vacantes.
A análise das tarefas atribuídas a cada cargo se faz
em função de fatores comuns, em obediência a um dos
14.5. ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS. quatros sistemas existentes: “Job Ranking”, Sistema de
I – Descrição e Análise de Cargos Graus Predeterminados, Sistema de Comparações de Fa-
tores, Sistema de Avaliação por Pontos. O valor intrínse-
a) Conceitos fundamentais: co de um cargo é resultante de sua avaliação, quando o
Tarefa: são as atividades individualizadas e execu- medimos com pesos relativos e elaboramos uma estrutu-
tadas por um ocupante de cargo. Geralmente, refere-se a ra comparativa (Manual de Avaliação), transformando-se
cargos simples e repetitivos como os cargos de horistas esses fatores em reais ou em salário-base.
ou de operários. Há que se distinguir a avaliação de cargos da fixa-
Atribuição: são as atividades individualizadas, ção de taxas de salários. A classificação consiste no ar-
executadas por um ocupante de cargo. Geralmente, refe- ranjo ordenado dos cargos; a avaliação mede os deveres
re-se a cargos que envolvem atividades mais diferencia- e as responsabilidades do cargo, ocasião em que atribui
das como os cargos de mensalistas ou de funcionários. pontos (ou pesos) que a avaliação indicar. A avaliação
(que parte da descrição do trabalho individual) define
Função: é um conjunto de tarefas (cargos horistas) quanto vale o cargo. Todavia a avaliação não indica, es-
ou de atribuições (cargos mensalistas) que são exercidas pecificamente, qual é o salário a ser atribuído ao cargo,
de maneira sistemática e reiteradas por um ocupante de porque o salário atribuível é resultante de três variáveis:
cargo ou por um indivíduo, que, sem ocupar um cargo,
desempenhe, provisoriamente ou definitivamente, uma  situação do mercado de salários;
função. Para que um conjunto de tarefas ou de atribui-  recursos financeiros da empresa;
ções constitua uma função, é necessário que haja reitera-  avaliação de cargos (fundada nos deveres e nas
ção em seu desempenho. responsabilidades inerentes ao cargo).

Cargo: é um conjunto de funções com uma posição A avaliação consiste em traduzir, em números, o
definida na estrutura organizacional, isto é, no organo- valor do cargo, resultando disso que, na sequência do
grama. Posicionar um cargo em um organograma é defi- processo, a comparação dos cargos faz-se em termos
nir quatro coisas: o seu nível hierárquico, a área ou o de- aritméticos. Isso se obtém através de dois instrumentos:
partamento onde está localizado, o seu superior hierár- a Descrição do Trabalho e o Manual de Avaliação. No
quico (a quem presta responsabilidade) e os seus subor- Manual, relacionam-se os fatores de avaliação com os
dinados (sobre quem exerce autoridade). respectivos pesos aritméticos.

b) Descrição de Cargos Para poder atribuir salários, adequadamente, aos


empregados, o ponto de partida é o cargo e, portanto, é
A descrição de cargos é o processo que consiste em necessário que a organização tenha uma ideia da impor-
enumerar as tarefas ou as atribuições que compõem um tância relativa dos cargos, isto é, a importância de cada
cargo e que o tornam distinto de todos os outros cargos cargo em relação aos outros.
existentes na organização. Podemos definir, também,
como o detalhamento das atribuições ou das tarefas do Muitas organizações procuram ajustar o salário dos
cargo (o que o ocupante faz), a periodicidade da execu- cargos por meio de pesquisas de mercado. Essas organi-
ção (quando faz), os métodos empregados para a execu- zações, logicamente, nunca resolverão, plenamente e sa-
ção dessas atribuições ou tarefas (como faz) e os objeti- tisfatoriamente, a questão devido às limitações das pes-
vos do cargo (por que faz). É, basicamente, um levanta- quisas. Em primeiro lugar, só se consegue pesquisar uma
mento escrito dos principais aspectos significativos do parte dos cargos e, em segundo lugar, a informação de
cargo e dos deveres e das responsabilidades envolvidos. mercado está sujeita a erros de comparação e de cálcu-
los. Portanto, se a organização não dispuser de um orde-
Basicamente, tarefas ou atribuições “são os elemen- namento interno dos cargos, ela não conseguirá estender
tos componentes de um papel de trabalho que devem ser os dados de mercado a todos os cargos e não poderá ava-
cumpridos pelo ocupante”. As várias fases do trabalho liar se esses dados são confiáveis.
executadas constituem o cargo total.

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Conhecimentos Específicos
d) Métodos de Avaliação de Cargo cargo e um valor total é obtido pela soma dos valores
numéricos (contagem de pontos).
Existem quatro diferentes métodos de avaliação de
cargos: O método de avaliação por pontos fundamenta-se
em um trabalho prévio de análise de cargos e exige as
 método do escalonamento (Job Ranking): é o
seguintes etapas:
mais antigo, que se fundamenta no simples alinhamento
ou na simples hierarquização dos cargos com base em  escolha dos fatores de avaliação (requisitos men-
sumários rápidos e gerais sobre a natureza dos mesmos. tais, requisitos físicos, responsabilidades envolvidas e
O primeiro passo para a aplicação desse método é a aná- condições de trabalho);
lise de cargos. Qualquer que seja o método de análise, a  ponderação dos fatores de avaliação;
informação sobre os cargos deve ser tomada e registrada  montagem da escala de pontos;
em um formato padronizado, para facilitar o manuseio.  montagem do manual de avaliação dos cargos
Há duas maneiras de se aplicar o método do escalona- através do manual de avaliação;
mento:  delineamento da curva salarial.
 pela definição prévia dos limites superior e infe- e) Benefícios da Avaliação de Cargos
rior do escalonamento;
 Permite definir a estrutura da cadeia escalar dos
 pela definição prévia dos cargos de referência
cargos de uma organização.
(amostrais) de diversas doses do critério escolhido.
 Permite definir os diferentes níveis de competên-
 método das categorias predeterminadas: através cia à vista das atribuições e das responsabilidades de ca-
do qual os cargos são comparados em termos, apenas, da cargo.
gerais, mas, desta vez, com base na escala de valores de-  Permite definir critérios relativos nos processos
finida, para medir as diferenças entre os mesmos. As ca- de recrutamento, de seleção, de treinamento, de avalia-
tegorias são conjuntos de cargos com características co- ção, de desempenho, etc..
muns que podem ser dispostas em uma hierarquia ou em  Permite definir critérios e estruturar o sistema sa-
uma escala prefixada de cargos: cargos mensalistas (de larial.
supervisão; de execução) e cargos horistas (especializa-  Promove a motivação da mão-de-obra nos planos
dos, qualificados e não qualificados ou braçais). psicológico e produtivo.
 método da comparação de fatores: é uma técnica
f) Classificação de Cargos
que engloba o principio do escalonamento. É uma técni-
ca analítica, no sentido de que os cargos são comparados É uma técnica orientada e dirigida para a disposição
detalhadamente, com fatores de avaliação. A criação do lógica e/ou hierárquica do elenco de cargos, adotado por
método de comparação de fatores é atribuída a Eugene uma organização. A classificação de cargos é um traba-
Benge, que, inicialmente, propunha cinco fatores genéri- lho de natureza especializada, que exige, como as demais
cos, a saber: técnicas de Administração de Pessoal, conhecimento de
métodos e de processos que são peculiares a ela. Essa
 requisitos mentais;
técnica, ao lado de outras, tais como o treinamento de
 habilidades requeridas;
pessoal, a seleção e o recrutamento, a avaliação do méri-
 requisitos físicos;
to, etc. constitui, apenas, uma parte do todo que forma a
 responsabilidade;
Administração Cientifica de Pessoal. Por isso mesmo,
 condições de trabalho.
apesar de constituir um valioso instrumento de adminis-
O método da comparação por fatores exige as se- tração, ela, por si só, evidentemente, não basta, para dar
guintes etapas, que devem ser desenvolvidas após a aná- solução à grande maioria dos problemas administrativos
lise de cargos: de uma organização.
 escolha dos fatores de avaliação; A classificação de cargos não é um fim em si mes-
 definição do significado de cada um dos fatores ma, mas tão-somente um dos meios que se vale a Admi-
de avaliação; nistração de Pessoal, para equacionar determinados (e
 escalonamento dos fatores de avaliação; importantes) problemas de administração.
 avaliação nos cargos de referência.
II – Determinação salarial
A avaliação dos fatores é o nome dado àquela parte Em relação à determinação salarial, as organizações
do trabalho que atribui valores monetários a cada fator. desenvolvem a sua política de salário segundo as suas
 método de avaliação por pontos: criado pelo ame- disponibilidades financeiras e a lei da oferta e da procu-
ricano Merrill R. Lott, rapidamente se tornou o método ra. Também é parte da estrutura organizacional relativa a
de avaliação de cargos mais usado nas empresas. É o salário a ênfase atribuída à política de remuneração da
mais aperfeiçoado e utilizado nos métodos. A técnica é mão de obra. Em relação a esse item, a componente polí-
analítica: cargos são comparados através de fatores de tica é réplica das médias e das grandes empresas, visto
avaliação em suas partes componentes. É, também, uma que essas competem, mais efetivamente, com as de
técnica quantitativa: são atribuídos valores numéricos mesmo gênero e com as de outras nacionalidades dife-
(pontos) para cada elemento ou para cada aspecto do rentes.

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Conhecimentos Específicos
Além do aspecto, acima, mencionado, tecnicamen- O salário pago ao cargo ocupado constitui, somente,
te, existem diferentes metodologias aplicáveis ao sistema uma parcela do pacote de compensação que as empresas
de determinação salarial. Em termos políticos, toda or- costumam oferecer aos seus empregados. A remuneração
ganização procura determinar um salário “justo e com- geralmente, é feita através de muitas outras formas, além
pensador”. Entende-se, como “salário justo”, todo aquele do pagamento em salário: uma considerável parte de re-
que é dimensionado em função e quanto do esforço físi- muneração total é constituída em benefícios sociais e de
co e mental é exigido do ocupante do cargo para a exe- serviços sociais. Esses serviços e esses benefícios sociais
cução de seu trabalho, em condições normais. Entende- constituem custos de manutenção de pessoal.
se, como “salário compensador”, todo aquele que, além Remuneração = Salário direto + salário indireto
de justo, apresente um outro componente que “motive” a
mão de obra a produzir e a colocar, à disposição da or- A remuneração abrange todas as parcelas do salário
ganização, todo o esforço possível. direto com todas as decorrências do salário indireto. Em
outros termos, a remuneração constitui tudo quanto o
Em uma organização, cada função ou cada cargo empregado aufere diretamente ou indiretamente, como
tem o seu valor individual. Somente se poderá remune- consequência do trabalho que ele desenvolve em uma
rar, com justeza e com equidade, o ocupante de um car- organização. Assim, a remuneração é o gênero; e o salá-
go, se se conhecer o valor desse cargo e a relação aos rio, a espécie.
demais cargos da organização e à situação de mercado.
Como a organização é um conjunto integrado de cargos  Salário Direto: é a quantia em dinheiro recebida
em diferentes níveis hierárquicos e em diferentes setores pelo funcionário ao final de cada mês.
de especialidades, a administração de salários é um as-  Salário Indireto: são benefícios concedidos aos
sunto que abarca a organização como um todo, repercu- funcionários pela empresa, que acrescenta valores ao sa-
tindo em todos os seus níveis e em todos os seus setores. lário tais como: plano de saúde, pagamento integral ou
parcial de curso superior, pagamento de cursos de idio-
Assim sendo, pode-se definir administração de salá- mas, fornecimento de tickets-restaurante, tickets-
rios como o conjunto de normas e de procedimentos que alimentação, pagamento integral ou parcial de escola pa-
visam a estabelecer e/ou a manter a estrutura de salários ra os filhos dos funcionários, etc.
equitativa e justa na organização. Essa estrutura de salá-  Salário Nominal: é o salário bruto sem os devi-
rios deverá ser equitativa e justa com relação aos salários dos descontos. Representa o volume de dinheiro fixado
em relação dos demais cargos da própria organização, em contrato individual pelo cargo ocupado. Quando se
visando-se, pois, ao equilíbrio externo dos salários. tem uma economia inflacionária, esse salário, quando
O salário representa, para as pessoas, uma transação não é atualizado periodicamente, sofre erosão.
das mais complicadas, pois, quando uma pessoa aceita  Salário Real: é o valor recebido pelo funcioná-
um cargo, ele está comprometendo-se com uma rotina rio após os devidos descontos.
diária, com um padrão de atividades e com uma ampla Salário real = Salário nominal – Descontos
faixa de relações interpessoais dentro de uma organiza-
ção; para tanto, recebendo salários. O salário é a fonte de
renda que define o padrão de vida de cada pessoa em 14.6. CAPACITAÇÃO DE PESSOAS
função do seu poder aquisitivo. 1) TREINAMENTO DE PESSOAL
Para as organizações, o salário representa, a um só A própria palavra treinamento explica seu signifi-
tempo, um custo e um investimento. Custo, porque o sa- cado: ato ou efeito de treinar.
lário se reflete no custo do produto ou do serviço final;
investimento, porque representa aplicações de dinheiro O treinamento é um processo educacional de curto
em um fator de produção – o trabalho – como uma tenta- prazo, que utiliza procedimentos sistemático e organiza-
tiva de conseguir um retorno maior no curto ou no médio do, pelo qual o pessoal não gerencial aprende conheci-
prazo. Além disso, há que se ressaltar que, em uma orga- mentos e habilidades técnicas para um propósito defini-
nização, cada função ou cada cargo tem o seu valor. do. Por outro lado, o desenvolvimento é um processo
educacional de longo prazo, que utiliza procedimentos
Convém lembrar que, para o empregado, o trabalho sistemático e organizado, pelo qual o pessoal gerencial
é, muitas vezes considerado um meio, para atingir um aprende conhecimentos conceptuais e teóricos para pro-
objetivo intermediário, que é o salário. Com o salário, pósitos genéricos.
muitos objetivos finais podem ser alcançados pelo indi-
víduo, como já foi visto na teoria da experiência, en- O conteúdo do treinamento envolve quatro tipos de
quanto que, para o empregador, o salário constitui um mudança, a saber:
centro de custo; para o empregado, constitui uma fonte Transmissão de informações: como informação so-
de renda. bre a empresa, seus produtos e seus serviços, sua organi-
 Salário: é o valor, efetivamente, pago ao funcio- zação e suas políticas, etc.
nário pelo seu trabalho desenvolvido dentro da organiza- Desenvolvimento de habilidades: principalmente
ção.
aquelas habilidades e conhecimentos, diretamente, rela-
 Remuneração: é quanto o cargo vale de acordo
cionados com o desempenho do cargo.
com o processo de avaliação do mesmo.

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Conhecimentos Específicos
Desenvolvimento ou modificação de atitudes. Em resumo, o treinamento pode ser feito:
Desenvolvimento de conceitos.  na própria empresa: os empregados, nas horas
normais de trabalho, recebem ensinamentos do treinador
Adquirir hábitos, costumes e, mesmo tornar-se ha-
ou instrutor;
bilitado ou apto para o desempenho de certos serviços,
 em cursos especializados: os empregados, ge-
de certas tarefas ou práticas, geralmente decorrem do re-
ralmente fora do horário de trabalho – à noite – adquirem
ferido ato.
conhecimentos atualizados sobre suas áreas de trabalho.
O treinamento não é válido, somente, para a empre-
Retornando às considerações feitas no começo des-
sa. O empregado também recebe os benefícios dessa prá-
se item, convém repetir que o treinamento (ou o ato de
tica. As vantagens são para ambas as partes, de modo
treinar) possibilita conseguir hábitos e costumes, bem
que, olhando de um lado e de outro, podemos apresentar
como certas habilidades para um melhor desempenho de
duas vantagens:
algumas atividades.
 para o empregado: maior eficácia de seu desem- Continuando esse raciocínio, torna-se evidente que
penho; não podemos ignorar a presença do processo de aprendi-
 para a empresa: maior e melhor produção. zagem no treinamento, porque uma coisa está ligada à
Fazendo um breve comentário dessas duas vanta- outra. Existe uma estreita relação entre as duas: treina-
gens, podemos dizer que, no tocante ao empregado, seu mento e aprendizagem. Quem aprende, digamos, por
trabalho realiza-se de forma racional, com o menor es- exemplo, determinada técnica, mantém íntima relação
forço. Resultado: aumenta sua eficácia. com quem a ensina – o treinador.
Quanto à empresa, que teve a preocupação de raci- Esses dois atos, aprender e lembrar podem ser con-
onalizar o trabalho de seus empregados, obterá um au- siderados como dois estágios ou como duas etapas de
mento da produtividade (entende-se por produtividade a uma única sequência de nossa faculdade de percepção
relação entre a produção e o trabalho). Resultado: maior (processo pelo qual ficamos sabendo o que está passan-
e melhor produção. do-se ou acontecendo por intermédio de informações dos
nossos sentidos). Trata-se, pois, do que os psicólogos
Até aqui, mencionamos os empregados, sem fazer
denominam de capacidade cognitiva, isto é, a capacidade
qualquer distinção. Acontece que, numa empresa, exis-
que possuímos de perceber, de interpretar e de compre-
tem, praticamente dois grupos de empregados a serem ender o que está passando-se em nosso meio, inclusive o
treinados: os que dirigem (administradores, gerentes, poder de lembrar o que aprendemos ou ficamos sabendo.
chefes, supervisores, etc.) e os que executam as tarefas
(escriturários, auxiliares, operários, etc.). Portanto podemos afirmar que a ação ou que a dis-
posição de aprender permite-nos tomar conhecimento,
Os especialistas em treinamento de pessoal alegam, ficar sabendo, receber instruções, reter ou guardar na
com razão, que, tendo em vista esses dois grupos de em- memória, levar vantagem do que se vê ou se observa.
pregados, os métodos de treinamento devem ser diferen-
tes, porém os princípios básicos de ensino podem ser
aplicados tanto para o grupo que dirige ou que chefia, 14.7. GESTÃO DE DESEMPENHO.
como também para o grupo que executa.
a) Conceito
O treinamento é um processo cíclico, composto de A avaliação do desempenho é uma sistemática
quatro fases sequenciais, a saber: apreciação do desempenho do indivíduo no cargo e de
 determinação das necessidades do treinamento; seu potencial de desenvolvimento. A avaliação dos indi-
 programação do treinamento; víduos que desempenham papéis dentro de uma organi-
 execução do treinamento; zação pode ser feita através de várias abordagens, que
 avaliação dos resultados do treinamento. recebem denominações como: avaliação do desempenho,
avaliação do mérito, avaliação dos empregados, relatório
Quanto à maneira, podemos afirmar que o treina- de progresso, avaliação da eficiência funcional, etc. Em
mento se faz, quase sempre, dentro da própria empresa. resumo, a avaliação do desempenho é um conceito di-
A maioria das empresas adota esse critério. Isso acontece nâmico, pois os empregados são sempre avaliados, seja
aqui, no Brasil, como também em outros países. formalmente ou informalmente, com certa continuidade,
Não é difícil perceber que o treinamento na própria nas organizações.
empresa consiste em receber os ensinamentos por inter-
médio de uma pessoa com experiência do serviço (de um b) Objetivos do Gerenciamento de Desempenho
futuro companheiro, do chefe, do encarregado, do super-
É um processo, para estimar ou para julgar algumas
visor, etc.). O aprendiz deve executar o serviço de acor-
pessoas quanto ao seu:
do com as normas ou com as rotinas adotadas e transmi-
tidas pelo treinador.  valor;
 excelência;
Geralmente, o treinamento dentro da empresa, o  qualidades; ou
mais comum, como dissemos, não exige muito tempo,  status.
razão pela qual dispensa até a elaboração de um progra-
ma.
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Conhecimentos Específicos
É uma técnica de "direção" imprescindível, colabo- dos, diretamente ou indiretamente, ligados a sua área de
rando com a determinação e com o desenvolvimento da atuação, terão o papel de trazer as informações a respeito
política adequada, com a qual se podem localizar pro- dos avaliados e proceder ao julgamento e à avaliação.
blemas de: Enquanto os membros transitórios trazem a avaliação e
 supervisão de pessoal; julgam seus subordinados diretos ou indiretos, os mem-
 integração do empregado à empresa ou ao cargo; bros permanentes procuram manter a estabilidade e a
 não aproveitamento de empregados com poten- homogeneidade das avaliações.
cial; Exemplo de comissão de avaliação do desempenho
 motivação, etc. (membros estáveis ou permanentes):
 presidente ou diretor;
c) Responsabilidade do gerenciamento de de-  diretor de RH;
sempenho  especialista em avaliação de desempenho;
 executivo de organização e de métodos.
No geral, a avaliação do desempenho é uma respon-
sabilidade de linha (do supervisor) e uma função de Realmente, se a organização conseguir obter pleno
“staff” (do departamento de recursos humanos). Contu- funcionamento da comissão e, através dela, uma harmo-
do, de acordo com a política de recursos humanos adota- nia consistente nas avaliações, terá atingido uma técnica
da, a responsabilidade pelo processamento da avaliação avançada de avaliação de desempenho.
do desempenho pode ser:
➢ Descentralizada: avaliação feita pelo próprio
➢ centralizada: avaliação por um órgão de staff da empregado, com o controle do supervisor direto. É pou-
área de recursos humanos; co utilizada, por exigir nível cultural e não subjetivismo
➢ centralização média: avaliação por uma Comis- dos funcionários. É utilizada, com sucesso, ao pessoal de
são de Avaliação do Desempenho, com a participação de nível universitário, com elevadas posições hierárquicas.
avaliadores de diversas áreas.
No “meio termo” mais utilizado, existe centraliza-
Em algumas organizações, a avaliação de desempe- ção do projeto, da construção e da implantação, com re-
nho é atribuída a uma comissão, especialmente, designa- lativa descentralização, quanto à aplicação e à execução.
da para esse fim e é constituída de elementos pertencen-
tes a diversos órgãos ou a diversos departamentos. A
avaliação, nesse caso, é coletiva; e cada membro terá d) Características dos principais métodos de ge-
igual participação e responsabilidade nos julgamentos. renciamento de desempenho
Geralmente, a comissão é formada de membros A avaliação do desempenho é feita através de vários
permanentes e transitórios. Os membros permanentes e métodos, conforme as áreas de distribuição de pessoal
estáveis participarão de todas as avaliações, e seu papel (horistas, burocrático, supervisores, chefes, executivos,
será a manutenção do equilíbrio dos julgamentos, do vendedores, etc), podendo-se estruturar cada um dos mé-
atendimento aos padrões e da constância ao sistema. todos em um método próprio.
Os membros transitórios ou interessados, que parti-
ciparão, exclusivamente, dos julgamentos dos emprega-

Veja o quadro seguinte:


MÉ DESCRIÇÃO CARACTERÍSTI- VANTA- DESVANTAGENS
TODO CAS GENS
Utiliza “fatores É o mais utilizado. É • É de fácil enten- • Não permite muita flexibili-
de avaliação” aparentemente simples, dimento e de apli- dade ao avaliador;
previamente mas requer cuidados para a cação simples. • Está sujeito à generalização
graduados, através de neutralização da subjetivi- • Permite uma boa dos avaliadores quanto à pon-
um formulário de dade e do prejulgamento. visão do que a tuação dos fatores (se o funci-
dupla entrada, com empresa deseja x a onário é bom em um fator, a
linhas de fatores e situação do em- tendência é avaliá-lo bom em
Esc com colunas de graus. pregado. todos os demais).
ala • É um pouco tra- • Tende a “bitolar” os resulta-
gráfica balhoso para o dos das avaliações.
avaliador registrar. • Necessita de procedimentos
matemáticos e estatísticos pa-
ra a correção das distorções e
da influência pessoal (que
tendem a apresentar resulta-
dos exigentes ou condescen-
dentes a todos os seus subor-
dinados).

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Conhecimentos Específicos
Utiliza blocos de • Proporciona re- • Sua elaboração é complexa,
“frases descritivas” sultados mais con- exigindo um planejamento
(positivas ou positivas fiáveis e isentos de mais demorado.
e negativas), escolhi- subjetividade, pois • Apresenta resultados globais
das de acordo com os elimina a generali- (discrimina, apenas, os em-
critérios existentes na zação. pregados bons, médios e fra-
Esc empresa, entre as • Sua aplicação é cos, pois é, fundamentalmen-
olha quais o avaliador deve simples e não exi- te, comparativo).
forçada escolher, apenas, uma ge preparo dos • Quando é utilizado para o de-
ou duas que mais se avaliadores. senvolvimento de pessoal, ne-
aplicam ao desempe- cessita de complementação de
nho do seu avaliado. informações.
• Deixa o avaliador sem a no-
ção de qual será o resultado
da avaliação dos seus subor-
dinados.
São entrevistas A entrevista obedece • É um método • Necessita de retroação de da-
de um especialista em ao seguinte roteiro: mais amplo, pois dos acerca do desempenho
avaliação de cada se- permite, também, o dos empregados.
tor, com o supervisor • Avaliação inicial: o desem- planejamento do • Possui uma enorme gama de
imediato, em que le- penho é avaliado como mais empregado na fun- aplicações.
que satisfatório (+), como sa-
vanta as causas, as ção e na empresa. • Permite um acompanhamento
origens e os motivos tisfatório (+-) ou como me-
muito mais dinâmico do em-
do desempenho dos nos que satisfatório (-).
pregado.
Pes seus subordinados, • Análise suplementar: uma
quisa de através de análise de análise mais aprofundada do
campo fatos e de situações. desempenho do funcionário,
através de perguntas do es-
pecialista ao chefe.
• Planejamento: faz-se o pla-
no de ação para o funciona-
mento (aconselhamento, rea-
daptação, treinamento, desli-
gamento e substituição, pro-
moção ou manutenção no
cargo).
A comparação É recomendado, ape- • É um processo É pouco eficiente.
dois a dois, de cada nas, quando os avaliadores muito simples.
vez, dos empregados, não têm condições de utili-
Co anotando-se o que é zar outros métodos.
mparação considerado melhor
aos pares quanto ao desempe-
nho, podendo-se,
também, utilizar fato-
res de avaliação.
Apenas se difere
do método da escolha
forçada, por não exigir
obrigatoriedade na es-
Fra colha entre um bloco
ses de frases (existem vá-
Descritiv rias frases para o ava-
as liador escolher: as que
caracterizam e as que
não caracterizam o de-
sempenho do subordi-
nado).

e) Elementos do gerenciamento de desempenho uma comissão de avaliação de desempenho. Cada uma


dessas seis alternativas envolve uma filosofia de ação.
➢ O Avaliador de Desempenho
Conforme a política de RH adotada pela organiza- Na maior parte das organizações, cabe ao gerente a
ção, a responsabilidade pela avaliação de desempenho responsabilidade de linha pelo desempenho de seus su-
das pessoas pode ser atribuída ao gerente, ao próprio in- bordinados e por sua avaliação. Nelas, quem avalia o de-
divíduo, ao indivíduo e ao seu gerente conjuntamente, à sempenho do pessoal é o próprio gerente ou o próprio
equipe de trabalho, ao órgão de gestão de pessoal ou a supervisor, com a assessoria do órgão de gestão de pes-

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Conhecimentos Específicos
soal, que estabelece os meios e os critérios para tal avali- produtividade e melhorando o relacionamento humano
ação. Como o gerente ou o supervisor não tem o conhe- no trabalho.
cimento especializado para projetar, para manter e para
desenvolver um plano sistemático de avaliação das pes-
soas, o órgão de gestão de pessoas entra com a função de 15. GESTÃO DA QUALIDADE E MODELO
“staff” de montar, de acompanhar e de controlar o siste- DE EXCELÊNCIA GERENCIAL; PRINCIPAIS
ma, enquanto cada chefe mantém sua autoridade de li- TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A
nha, avaliando o trabalho dos subordinados por meio do GESTÃO DA QUALIDADE; FERRAMENTAS DE
esquema traçado pelo sistema. Modernamente, essa linha GESTÃO DA QUALIDADE; MODELO DA FUN-
de trabalho tem proporcionado maior liberdade e maior DAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE.
flexibilidade, para que cada gerente seja, realmente, o Gestão da qualidade
gestor de seu pessoal.
A gestão da qualidade pode ser definida como sen-
➢ O Avaliado de Desempenho do qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar
O papel do avaliado é aproveitar, ao máximo, esse uma organização no sentido de possibilitar a melhoria de
projeto e beneficiar-se do mesmo, almejando, através de- produtos/serviços com vistas a garantir a completa satis-
le, uma posição melhor na organização. fação das necessidades dos clientes relacionadas ao que
6) Benefícios do gerenciamento de desempenho está sendo oferecido, ou ainda, a superação de suas ex-
pectativas.
Quando um programa de avaliação é bem planeja-
do, bem coordenado e bem desenvolvido, traz benefícios Desta forma, a gestão da qualidade não precisa, ne-
no curto, no médio e no longo prazo. cessariamente, implicar na adoção de alguma certifica-
➢ Benefícios do gerenciamento de desempenho ção embora este seja o meio mais comum e o mais di-
para o Chefe fundido, porém, sempre envolve a observância de alguns
conceitos básicos, ou princípios de gestão da qualidade,
 Avaliar melhor o desempenho e o comportamento que podem e devem ser observados por qualquer organi-
dos subordinados, contando com uma avaliação que eli- zação. A saber:
mina a subjetividade.
 Propor medidas e providências no sentido de me- Focalização no cliente: qualquer organização tem
lhorar o padrão de comportamento de seus subordinados. como motivo de sua existência a satisfação de determi-
 Comunicar-se com seus subordinados, fazendo- nada necessidade de seu cliente, seja com o oferecimento
os compreender a mecânica da avaliação do desempenho de um produto ou serviço. Portanto, o foco no cliente é
como um sistema objetivo. um princípio fundamental da gestão da qualidade que
deve sempre buscar o atendimento pleno das necessida-
➢ Benefícios do gerenciamento de desempenho des do cliente sejam elas atuais ou futuras e mesmo a su-
para o Subordinado peração das expectativas deste;
 Aprender quais são os aspectos de comportamen-
to e de desempenho que a empresa mais valoriza em seus Liderança: cabe aos líderes em uma organização
funcionários. criar e manter um ambiente propício para que os envol-
 Ficar conhecendo quais são as expectativas de vidos no processo desempenhem suas atividades de for-
seu chefe a respeito de seu desempenho e seus pontos ma adequada e que se sintam motivadas e comprometi-
fortes e fracos segundo a avaliação do chefe. das a atingir os objetivos da organização;
 Conhecer as providências tomadas por seu chefe Envolvimento das pessoas: toda organização é for-
quanto à melhoria de seu desempenho (programa de trei- mada por pessoas que, em conjunto, constituem a essên-
namento, de estágios, etc.) e as que ele próprio deverá cia da organização. Portanto, a gestão da qualidade deve
tomar (autocorreção, maior capricho, mais atenção no compreender o envolvimento de todos, o que possibilita-
trabalho, cursos por conta própria, etc.). rá o uso de suas habilidades para o benefício da organi-
 Fazer avaliação e crítica para o seu próprio de- zação;
senvolvimento e para o seu próprio controle.
Abordagem por processos: a abordagem por proces-
➢ Benefícios do gerenciamento de desempenho sos permite uma visão sistêmica do funcionamento da
para a Organização empresa como um todo, possibilitando o alcance mais
 Mais condições para avaliar seu potencial huma- eficiente dos resultados desejados;
no no curto, no médio e no longo prazo e definir a con- Abordagem sistêmica: a abordagem sistêmica na
tribuição de cada empregado. gestão da qualidade permite que os processos inter-
 Identificação dos empregados que necessitam de relacionados sejam identificados, entendidos e gerencia-
reciclagem e/ou de aperfeiçoamento em determinadas dos de forma a melhorar o desempenho da organização
áreas de atividade e seleção dos empregados com condi- como um todo;
ções de promoção ou de transferências.
 Possibilidade de dinamizar sua política de recur- Melhoria contínua: para que a organização consiga
sos humanos, oferecendo oportunidades aos empregados manter a qualidade de seus produtos atendendo suas ne-
(não só de promoções, mas, principalmente, de cresci- cessidades atuais e futuras e encantando-o (excedendo
mento e de desenvolvimento pessoal), estimulando a suas expectativas), é necessário que ela tenha seu foco

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Conhecimentos Específicos
voltado sempre para a melhoria contínua do seu processo vista a obrigação de utilizar os recursos de for-
e produto/serviço; ma eficiente;
• A atividade pública é financiada com recursos
Abordagem factual para a tomada de decisão: todas
públicos, oriundos de contribuições compulsó-
as decisões dentro de um sistema de gestão de qualidade
rias de cidadãos e empresas, os quais devem ser
devem ser tomadas com base em fatos, dados concretos e
direcionados para a prestação de serviços públi-
análise de informações, o que implica na implementação
cos e a produção do bem comum. A atividade
e manutenção de um sistema eficiente de monitoramen-
privada é financiada com recursos de particula-
to;
res que têm legítimos interesses capitalistas;
Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: a • A administração pública tem como destinatá-
organização deve buscar o relacionamento de benefício rios de suas ações os cidadãos, sujeitos de direi-
mútuo com seus fornecedores através do desenvolvimen- tos, e a sociedade, demandante da produção do
to de alianças estratégicas, parcerias e respeito mútuo, bem comum e do desenvolvimento sustentável.
pois o trabalho em conjunto de ambos facilitará a criação A iniciativa privada tem como destinatários de
de valor. suas ações os “clientes” atuais e os potenciais;
Modelo de excelência gerencial • O conceito de partes interessadas no âmbito da
administração pública é ampliado em relação ao
A adoção de um Modelo de Excelência específico utilizado pela iniciativa privada, pois as deci-
para a Gestão Pública tem como propósito considerar os sões públicas devem considerar não apenas os
princípios, conceitos e linguagem que caracterizam a na- interesses dos grupos mais diretamente afeta-
tureza pública das organizações e que impactam na sua dos, mas, também, o valor final agregado para a
gestão. Não se trata de fazer concessões para a adminis- sociedade;
tração pública, mas sim de entender, respeitar e conside- • A administração pública tem o poder de regular
rar os principais aspectos inerentes à natureza pública e gerar obrigações e deveres para a sociedade,
das organizações e que as diferenciam das organizações assim, as suas decisões e ações normalmente
da iniciativa privada, sem prejuízo do entendimento de geram efeitos em larga escala para a sociedade
que a administração pública tem que ser excelente e efi- e em áreas sensíveis. O Estado é a única orga-
ciente. nização que, de forma legítima, detém este po-
Conforme o Instrumento Para Avaliação da Gestão der de constituir unilateralmente obrigações em
Pública – Ciclo 2008-2009 (Brasil, 2009), ... “diversas relação a terceiros.
características inerentes à natureza pública diferenciam • A administração pública só pode fazer o que a lei
as organizações da administração pública das organiza- permite, enquanto que a iniciativa privada pode
ções da iniciativa privada. Destacamos algumas que são fazer tudo que não estiver proibido por lei. A
relevantes: legalidade fixa os parâmetros de controle da
administração e do administrador, para evitar
• Enquanto as organizações do mercado são con- desvios de conduta.”
duzidas pela autonomia da vontade privada, as
organizações públicas são regidas pela supre-
macia do interesse público e pela obrigação da
continuidade da prestação do serviço público;
• O controle social é requisito essencial para a
administração pública contemporânea em regi-
mes democráticos, o que implica em garantia de
transparência de suas ações e atos e na institu-
cionalização de canais de participação social,
enquanto que as organizações privadas estão
fortemente orientadas para a preservação e pro-
teção dos interesses corporativos (dirigentes e
acionistas);
• A administração pública não pode fazer acep-
A gestão pública para ser excelente tem que ser le-
ção de pessoas, deve tratar a todos igualmente e
gal, impessoal, moral, pública e eficiente.
com qualidade. O tratamento diferenciado res-
tringe-se apenas aos casos previstos em lei. Por Legalidade: estrita obediência à lei; nenhum resul-
outro lado, as organizações privadas utilizam tado poderá ser considerado bom, nenhuma gestão pode-
estratégias de segmentação de “mercado”, esta- rá ser reconhecida como de excelência à revelia da lei.
belecendo diferenciais de tratamento para clien-
Impessoalidade: não fazer acepção de pessoas. O
tes preferenciais;
tratamento diferenciado restringe-se apenas aos casos
• As organizações privadas buscam o lucro fi- previstos em lei. A cortesia, a rapidez no atendimento, a
nanceiro e formas de garantir a sustentabilidade
confiabilidade e o conforto são requisitos de um serviço
do negócio. A administração pública busca ge-
público de qualidade e devem ser agregados a todos os
rar valor para a sociedade e formas de garantir usuários indistintamente. Em se tratando de organização
o desenvolvimento sustentável, sem perder de
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Conhecimentos Específicos
pública, todos os seus usuários são preferenciais, são 5 - Gestão baseada em processos e informações
pessoas muito importantes. Compreensão e segmentação do conjunto das ativi-
Moralidade: pautar a gestão pública por um código dades e processos da organização que agreguem valor
moral. Não se trata de ética (no sentido de princípios in- para as partes interessadas, sendo que a tomada de deci-
dividuais, de foro íntimo), mas de princípios morais de sões e execução de ações devem ter como base a medi-
aceitação pública. ção e análise do desempenho, levando-se em considera-
ção as informações disponíveis.
Publicidade: ser transparente, dar publicidade aos
fatos e dados. Essa é uma forma eficaz de indução do 6 - Visão de Futuro
controle social. A Visão de Futuro indica o rumo de uma organiza-
ção e a constância de propósitos a mantém nesse rumo.
Eficiência: fazer o que precisa ser feito com o má-
Ela está diretamente relacionada à capacidade de estabe-
ximo de qualidade ao menor custo possível. Não se trata
lecer um estado futuro desejado que dê coerência ao pro-
de redução de custo de qualquer maneira, mas de buscar
cesso decisório e que permita à organização antecipar-se
a melhor relação entre qualidade do serviço e qualidade
às necessidades e expectativas dos cidadãos e da socie-
do gasto.
dade. Inclui, também, a compreensão dos fatores exter-
Fundamentos de excelência gerencial nos com o objetivo de gerenciar seu impacto na socieda-
de.
O Modelo de Excelência em Gestão Pública foi
concebido a partir da premissa segundo a qual é preciso 7 - Geração de Valor
ser excelente sem deixar de ser público. Alcance de resultados consistentes, assegurando o
Esse Modelo, portanto, deve estar alicerçado em aumento de valor tangível e intangível de forma susten-
fundamentos próprios da gestão de excelência contempo- tada para todas as partes interessadas.
rânea e condicionado aos princípios constitucionais pró- 8 - Comprometimento das pessoas
prios da natureza pública das organizações. Esses fun-
Estabelecer relações com as pessoas, criando condi-
damentos e princípios constitucionais, juntos, definem o
ções de melhoria da qualidade nas relações de trabalho,
que se entende hoje por excelência em gestão pública.
para que se realizem profissional e humanamente, ma-
Orientados por esses princípios constitucionais, in-
ximizando seu desempenho por meio do comprometi-
tegram a base de sustentação do Modelo de Excelência
mento, oportunidade para desenvolver competências e
em Gestão Pública os fundamentos apresentados a se-
empreender, com incentivo e reconhecimento.
guir.
1 – Pensamento sistêmico 9 – Foco no cidadão e na sociedade
Entendimento das relações de interdependência en- Direcionamento das ações públicas para atender as
tre os diversos componentes de uma organização, bem necessidades dos cidadãos e da sociedade, na condição
como entre a organização e o ambiente externo, com fo- de sujeitos de direitos e como beneficiários dos serviços
co na sociedade. públicos e destinatários da ação decorrente do poder de
Estado exercido pelas organizações públicas.
2 - Aprendizado organizacional
O aprendizado organizacional implica na busca 10 - Desenvolvimento de parcerias
contínua de novos patamares de conhecimento, individu- Desenvolvimento de atividades conjuntamente com
ais e coletivos, por meio da percepção, reflexão, avalia- outras organizações com objetivos específicos comuns,
ção e compartilhamento de informações e experiências. buscando o pleno uso das suas competências comple-
mentares, para desenvolver sinergias.
3 - Cultura da Inovação
Promoção de um ambiente favorável à criatividade, 11 - Responsabilidade social
experimentação e implementação de novas ideias que Atuação voltada para assegurar às pessoas a condi-
possam gerar um diferencial para a atuação da organiza- ção de cidadania com garantia de acesso aos bens e ser-
ção. viços essenciais, ancorando no princípio da igualdade de
direitos e da dignidade humana, de tal maneira que a so-
4 - Liderança e constância de propósitos
ciedade possa preencher suas necessidades e expressar o
A liderança é o elemento promotor da gestão, res- seu maior potencial no presente e ao mesmo tempo tendo
ponsável pela orientação, estímulo e comprometimento também como um dos princípios gerenciais a preserva-
para o alcance e melhoria dos resultados institucionais e ção da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, po-
deve atuar de forma aberta, democrática, inspiradora e tencializando a capacidade das gerações futuras de aten-
motivadora das pessoas, visando ao desenvolvimento da der suas próprias necessidades.
cultura da excelência, à promoção de relações de quali-
dade e à proteção do interesse público. É exercida pela 12 - Controle Social
alta administração, entendida como o mais alto nível ge- Atuação que se define pela participação das partes
rencial e assessoria daquela organização. interessadas no planejamento, acompanhamento e avali-
ação das atividades da Administração Pública e na exe-
cução das políticas e programas públicos.

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Conhecimentos Específicos
13 – Gestão participativa
Este estilo de gestão determina uma atitude gerenci-
al de liderança que busque o máximo de cooperação das
pessoas, reconhecendo a capacidade e o potencial dife-
renciado de cada um e harmonizando os interesses indi-
viduais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia das
equipes de trabalho.
Fonte: Instrumento para Avaliação da Gestão Pú-
blica Ciclo 2008/2009, Brasil (2009)
O Modelo de Excelência em Gestão Pública é com-
posto por 8 critérios que juntos compõem um sistema de
gestão para as organizações do setor público brasileiro.
Os critérios que compõem o modelo são os seguintes: Fonte: Loffler(apud Ferreira, 2003),
Liderança; Estratégias e Planos; Cidadãos; Sociedade; Modelos de Excelência em Gestão são próprios para
Informação e Conhecimento; Pessoas; Processos; e Re- a avaliação da gestão de organizações públicas ou priva-
sultados. “Os Critérios de Excelência fazem parte de um das. Por meio deles é possível “medir” os níveis de ges-
modelo que propõe como sistemática avaliar a gestão, tão das organizações em relação ao “estado da arte” pre-
tomando como referência o estado da arte em gestão, em conizado.
geral desenvolvido a partir dos prêmios nacionais da ges-
tão. A ideia é a de que, para melhorar a eficiência e a efi- Segundo Ferreira (2003) o modelo utilizado para
cácia das organizações em geral, precisamos ter uma vi- avaliar as organizações, principalmente em prêmios de
são e uma abordagem sistêmica da gestão, além de ter qualidade consiste, em geral, na descrição do método e
empresas que, tratando de todos os stakeholders, sejam aplicação das práticas de gestão e na descrição dos resul-
socialmente responsáveis.” (Brasil, 2009) tados institucionais, com apresentação dos indicadores e
das conclusões, de acordo com as metas estabelecidas e
com a missão organizacional.
Avaliar, palavra originária do vocábulo latino vale-
re (valor) significa apreciar o mérito, julgar o valor, de-
terminar o valor real, segundo Bueno (Apud Ferreira,
2003). Avaliar é emitir um juízo de valor sobre uma de-
terminada coisa ou fato. A palavra avaliar permeia todos
os campos da ciência. Nas ciências sociais, em seu senti-
do mais amplo, refere-se a todas as formas de valoração
da ação social orientada para objetivos. Avaliação, por-
tanto, refere-se a uma atividade que pode tomar muitas
formas, ter variados objetivos e ser implementada sob di-
ferentes perspectivas, segundo Guirlanda (apud Ferreira,
2003).
A sobrevivência e o crescimento das organizações
Fonte: Instrumento Para Avaliação da Gestão Pública – Ciclo 2008-2009
(Brasil, 2009) dependem cada vez mais das habilidades de seus admi-
nistradores em reconhecer os desafios organizacionais
Importância do MEGP que enfrentam, desvendar novas oportunidades e a esco-
Fundamentação para o uso de Modelos avaliati- lher a resposta administrativa correta para fazer as mu-
vos danças necessárias. O problema consiste em como os
Considerando as diferentes definições de qualidade administradores possam intervir ou prevenir os proble-
e seu amplo conceito e variadas interpretações, observa- mas e ao mesmo tempo buscar novas oportunidades.
se que medir a qualidade ou a excelência, principalmente A resposta a esta questão está baseada na avaliação
no serviço público, não é uma atividade trivial. A medi- organizacional que é capaz de fornecer ao executivo ou
da atual de performance no setor público, ilustrada na fi- ao administrador informações importantes, na qual pode-
gura abaixo, indica que o processo de produção da admi- rão ser usadas para: solucionar ou descobrir os proble-
nistração pública começa com objetivos ou alvos/metas, mas, capitalizar oportunidades e na melhoria dos proces-
que implica no uso de investimentos e processos admi- sos, segundo MICHAEL (apud Ferreira, 2003).
nistrativos organizados, resultando em produtos que po- O simples fato de que um planejamento tenha sido
dem ser definidos como bens ou serviços de saídas do feito e de que tenha sido construída uma estrutura orga-
ponto de vista da organização, mas do ponto de vista dos nizacional para permitir que sejam atingidos os objetivos
“clientes” ou cidadãos eles são percebidos como resulta- no planejamento e que as funções de liderança sejam de-
dos. Segundo Loffler (apud Ferreira, 2003), menos es- sempenhadas não significa que as finalidades da organi-
forços têm sido feitos para definir e medir as saídas ad- zação tenham sido atingidas.
ministrativas e relacioná-las com as entradas.

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Conhecimentos Específicos
O mau desempenho de qualquer função administra-
tiva aumenta a importância dos ajustes a serem feitos, se-
ja nos meios para atingir os objetivos, seja nos próprios
objetivos. A avaliação é o elo final na cadeia funcional
da administração permitindo verificar se as atividades es-
tão ocorrendo conforme planejadas propondo correções
aos desvios, segundo ROBBINS (apud Ferreira, 2003).
Para Hadji (apud Ferreira, 2003), a avaliação é um
ato de “leitura” da realidade observável comparado com
um padrão desejado.
O exemplo do modelo de avaliação da gestão pro-
posto para a FIOCRUZ, elaborado por Gerson Rosen-
berg (2002), vem ilustrar o esforço e o processo de adap-
tação do modelo de avaliação das organizações públicas Figura: Processo de Avaliação Segundo Rosenberg(2002)
brasileiras, em consonância com o Programa Qualidade O conceito sobre avaliação postulado pelo GES-
no Serviço Público. PÚBLICA, assegura que, quando a avaliação da gestão é
Rosenberg esclarece que: sistematizada, esta funciona como uma forma de apren-
dizado sobre a própria organização e também como ins-
(...) o modelo de avaliação da Fiocruz foi formulado trumento de melhoria das práticas gerenciais. Desta for-
baseado nas orientações para implementação do Progra- ma, a avaliação permite identificar os pontos fortes e os
ma da Qualidade no Serviço Público (1999) e nos mode- aspectos gerenciais menos desenvolvidos em relação ao
los de Hadji (1994) e de Robbins (1986). Este toma co- referencial comparativo e que devem ser melhorados.
mo referência os critérios do Modelo de Excelência do
Vejamos agora algumas considerações feitas em re-
PQGF, onde é considerado como sendo o ideal a ser se-
lação ao Modelo de Excelência em Gestão, da Fundação
guido por uma organização pública.
Nacional da Qualidade, que consideramos pertinentes
No modelo de avaliação proposto, para que os de- também para o MEGP preconizado pelo GESPÚBLICA:
sempenhos institucionais pretendidos sejam eficazmente Segundo Santos(2008), o MEG-Modelo de Exce-
alcançados, é necessário que as práticas gerenciais sejam lência em Gestão está baseado em um conjunto de fun-
estabelecidas com base nas estratégias organizacionais e, damentos já comprovados e reunidos pela teoria da ad-
portanto, fundamentadas em padrões de trabalho (proce- ministração, extraídos da prática de empresas líderes de
dimentos, fluxogramas, normas, rotinas, ...) criados para classe mundial. Como todo o modelo, sua relevância é
orientar a execução das mesmas. Quanto mais bem defi- inspirar, orientar e estimular as empresas a observarem
nidos e realistas forem esses padrões de trabalho, mais estes fundamentos para alcançarem ou certificarem a ex-
facilmente poderão ser identificados e corrigidos os seus celência de sua gestão.
desvios. Padrões inadequados de trabalho podem causar
Considera a empresa como um sistema, admitindo
deficiências operacionais, tais como: retrabalho, baixa
as relações de interdependência entre seus diversos com-
produtividade, má qualidade dos produtos e serviços, e
ponentes internos. Reconhece a empresa como um sis-
aumento dos custos. É importante destacar que o bom
tema orgânico adaptável que se relaciona, influencia e é
desempenho organizacional depende da aplicação e do
influenciada pelo ambiente externo (ecossistema).
grau de disseminação das práticas gerenciais por toda a
organização. O desempenho global organizacional medi- O MEG, quando avaliado nas empresas para a con-
do juntamente com as práticas gerenciais serão auto- cessão do Prêmio Nacional da Qualidade, reconhece e
avaliados para serem comparados com os critérios esta- leva em consideração o aprendizado de experiências exi-
belecidos pelo Modelo de Excelência. Desta forma, são tosas semelhantes, ocorridas no Japão o prêmio Deming,
também verificados os pontos fortes e as oportunidades na Europa o prêmio EFQM e nos Estados Unidos o Prê-
de melhoria da gestão. Havendo a existência de desvios mio Malcolm Baldrige, já consagrados com filosofia e
em relação aos padrões estabelecidos e/ou aspectos a se- objetivos semelhantes.
rem melhorados, deve ser elaborado um Plano de Melho- Santos (2008) esclarece também que o modelo: Ba-
ria da Gestão. Para facilitar a divulgação e a capacitação seia-se na adoção do pensamento sistêmico, envolvendo
da força de trabalho deve ser elaborado um Plano de os vários elementos internos e externos da organização;
Comunicação e outro de Capacitação. Por fim, todos os apresenta um modelo flexível, com uma linguagem sim-
planos devem estar alinhados com o Modelo de Excelên- ples e respeita as características e limitações de cada or-
cia do PQGF. ganização; não prescreve ferramentas ou práticas de ges-
tão específicas e, sim, analisa aquelas que são utilizadas
pela organização e seu respectivo desempenho.
Santos (2008) enfatiza que, em relação à metodolo-
gia fornecida pelo modelo:
Adota e utiliza critérios claros e universais para pa-
rametrização e avaliação do desempenho da organização;
possui um caráter quantitativo claro, facilitando a com-
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Conhecimentos Específicos
preensão dos resultados obtidos e sua comparabilidade; • A, de Act – Agir – executar ações para promo-
funciona como parâmetro de benchmarking para avalia- ver continuamente a melhoria dos processos.
ção, diagnóstico e desenvolvimento do modelo da gestão
na direção da busca da excelência; aponta, pela pontua-
ção obtida, qual o estágio em que a organização se en-
contra, proporcionando um diagnóstico claro e preciso
em relação ao alcance da excelência na sua gestão; for-
nece periodicamente um relatório da avaliação com indi-
cações para aperfeiçoamentos dos processos da organi-
zação.
Quanto aos benefícios trazidos pelo modelo, Santos
(2008) reforça: seu uso contínuo permite um acompa-
nhamento da evolução da gestão da organização, para
orientar os seus esforços e ações na busca da excelência
de sua gestão; cria uma rede de relacionamentos intra-
organizacional com objetivos comuns; confere reconhe-
cimento público e favorece a imagem da organização; • Planejar
contribui, através de exemplos de empresas cujas práti- O planejamento começa pela análise do processo.
cas gerenciais são reconhecidas como excelentes, para a Várias atividades são realizadas para fazermos uma aná-
divulgação das mesmas, despertando o interesse de ou- lise eficaz:
tras empresas para a busca da excelência.
Custódio (2008) apresenta algumas conclusões so- • Levantamento de fatos;
bre a busca de um modelo ideal de excelência: • Levantamento de dados;
1. os Modelos de Excelência têm sido um excelente • Elaboração do fluxo do processo;
instrumento para provocar e aprimorar as discussões so- • Identificação dos itens de controle;
bre a melhoria do desempenho das Organizações. • Elaboração de uma análise de causa e efeito;
2. Têm tido uma alta aceitação de empresas e go- • Colocação dos dados sobre os itens de controle;
vernos na busca de melhoria da competitividade e da • Análise dos dados;
produtividade. • Estabelecimento dos objetivos.
3. Na medida em que determinados atributos se tor- A partir daí, é possível iniciar a elaboração de pro-
nam “commodities” no mercado, os modelos têm busca- cedimentos que garantirão a execução dos processos de
do incorporar novas dimensões para medir a Excelência. forma eficiente e eficaz.
4. Algumas dessas dimensões se chocam entre si,
posto que as decisões empresariais implicam em esco- • Fazer, Executar
lhas, envolvem riscos diferenciados, envolvem leituras Nesta fase, colocam-se em prática o que os proce-
diferenciadas de uma “mesma realidade” e são tomadas dimentos determinam, mas para atingir sucesso, é preci-
dentro de contornos de uma racionalidade limitada. so que as pessoas envolvidas sejam competentes. O trei-
5. A dinâmica das atividades econômicas e empre- namento vai habilitá-las a executar as atividades com
sariais cada dia mais está inserida em um ambiente de in- eficácia.
terdependências e de coordenação sistêmica mais e mais
No contexto da melhoria da qualidade do atendi-
complexa.
mento, esses treinamentos podem acontecer em sessões
O CICLO PDCA grupais (na implantação ou reciclagem de um procedi-
mento, por exemplo) ou no próprio posto de trabalho, ou
O Ciclo PDCA é uma ferramenta de qualidade que
seja, no local onde a atividade ou tarefa acontece.
facilita a tomada de decisões visando garantir o alcance
das metas necessárias à sobrevivência dos estabeleci- • Checar, Verificar
mentos e, embora simples, representa um avanço sem É nesta fase que se verifica se os procedimentos fo-
limites para o planejamento eficaz. A sigla é formada pe- ram claramente entendidos, se estão sendo corretamente
las iniciais: executados e se a demonstração foi abstraída. Esta veri-
ficação deve ser contínua e pode ser efetuada tanto atra-
• P, de Plan – Planejar – estabelecer os objetivos
vés de sua observação, quanto através do monitoramento
e processos necessários para fornecer resultados
dos índices de qualidade e produtividade. As auditorias
de acordo com os requisitos e políticas pré-
internas de qualidade também são uma excelente ferra-
determinados.
menta de verificação.
• D, de Do – Fazer, executar – implementar as
ações necessárias. • Agir
• C, de Check – Checar, verificar – monitorar e Se durante a checagem ou verificação for encontra-
medir os processos e produtos em relação às da alguma anormalidade, este será o momento de agir
políticas, aos objetivos e aos requisitos estabe- corretivamente, atacando as causas que impediram que o
lecidos e relatar os resultados. procedimento fosse executado conforme planejado. As-
sim que elas forem localizadas, as contramedidas deve-

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Conhecimentos Específicos
rão ser adotadas, isto é, as ações que vão evitar que o er-
ro ocorra novamente. Em alguns casos, essas medidas
podem virar normas, novos procedimentos, padrões, etc.

Cuidados na implementação do Ciclo PDCA


O PDCA é um ciclo e, portanto, deve “rodar” conti-
nuamente. Para que “rode” de maneira eficaz, todas as
fases devem acontecer. A supressão de uma fase causa
prejuízos ao processo como um todo. Ao implementar o
Ciclo PDCA, portanto, evite:
• Fazer sem planejar;
• Definir as metas e não definir os métodos para
atingi-las;
• Definir metas e não preparar o pessoal para Resumindo, o Gráfico de Pareto dispõe a informa-
executá-las; ção de forma a permitir a concentração dos esforços pa-
• Fazer e não checar; ra melhoria nas áreas onde os maiores ganhos podem
• Planejar, fazer, checar e não agir corretivamen- ser obtidos.
te, quando necessário;
Diagrama Causa e Efeito
• Parar após uma volta.
Enfatizando: O PDCA é um ciclo e, portanto, deve O Diagrama de Causa e Efeito é também conhecido
“rodar” continuamente. Para que “rode” de maneira efi- como Diagrama de Ishikawa, ou Espinha de Peixe.
caz, todas as fases devem acontecer, sob pena do proces- O método do Diagrama de Causa e Efeito atua co-
so como um todo sofrer prejuízos. Quando implementa- mo um guia para a identificação da causa fundamental de
do corretamente, um verdadeiro processo de melhoria um efeito que ocorre em um determinado processo.
contínua se instala nos estabelecimentos.
A figura a seguir mostra uma aplicação do Diagra-
Ferramentas de gestão da qualidade ma de Ishikawa.
As Sete Ferramentas da Qualidade são:
• Gráfico de Pareto;
• Diagrama de Causa e Efeito (Ishikawa);
• Histograma;
• Folha de Verificação;
• Gráfico de Dispersão;
• Fluxograma;
• Carta de Controle.

Gráfico de Pareto
O gráfico de Pareto é um gráfico de barras que dis-
põe a informação de forma a tornar evidente e visual a
priorização de temas. A informação assim disposta tam-
bém permite o estabelecimento de metas numéricas viá- Dado um efeito no produto ou em um processo, de-
veis de serem alcançadas. vemos procurar dentro dos quadrados quais poderiam ser
A figura abaixo é um exemplo de aplicação do Grá- as causas relacionadas a este tema (os seis “Ms”) que
fico de Pareto, relacionado a problemas em cobrança. O poderiam ser responsáveis pelo problema ou efeito de-
gráfico demonstra quantos casos são referentes a cada tectado.
um dos problemas listados no eixo horizontal – notas Em geral, este tipo de ferramenta é aplicado em
fiscais atrasadas, cobrança indevida, problemas no setor, grupos interdisciplinares de forma que o grupo tenha
nota fiscal errada, recebimento errado no caixa e outros. condições de detectar diversas possíveis causas para o
efeito, sendo que cada participante contribui com seu co-
nhecimento específico. É, importante que se considere
todas as causas possíveis, mesmo que o grupo ache que
uma causa específica não seja a responsável.
É muito comum a utilização de outras técnicas, tais
como "brainstorming", na determinação das possíveis
causas para que o grupo possa considerar todas as possi-
bilidades.

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Conhecimentos Específicos
Dependendo do tipo de problema a ser resolvido, Existem vários tipos de folhas de verificação. Al-
pode ser necessário a construção de um subdiagrama pa- gumas, como por exemplo para verificação de um item
ra a causa que o grupo ache que seja a mais provável, de controle de um processo produtivo, podem conduzir
quando este fator é composto de outros subfatores. A fi- diretamente à formação de um histograma, ou mesmo de
gura abaixo mostra um exemplo de subdiagramas. um gráfico de controle.
Histograma
O histograma é um gráfico de barras que tem por Diagrama de Dispersão
objetivo representar uma distribuição de frequência de
Os Diagramas de dispersão são representações de
uma variável de interesse.
duas ou mais variáveis que são organizadas em um gráfi-
A barra horizontal representa os intervalos ou clas- co, uma em função da outra.
ses e a barra vertical representa a frequência do intervalo
A figura abaixo mostra um gráfico de variáveis que
correspondente.
representam uma medida experimental de um determi-
nado produto, sendo que os dados do eixo Y representam
a medição feita no laboratório “A” e os dados do eixo X,
as medições feitas no laboratório “B”.
Este tipo de Diagrama é muito utilizado para corre-
lacionar dados, como a influência de um fator em uma
propriedade, dados obtidos em diferentes laboratórios ou
de diversas maneiras (predição X medição, por exem-
plo).

O importante a ressaltar é que a área da barra é pro-


porcional à frequência do intervalo. Isto nos dá uma
ideia visual da distribuição de frequência, bem como po-
demos saber que tipo de distribuição representa o efeito
ou fenômeno. No caso em questão a distribuição de altu-
ras é representada por uma Distribuição Binomial.
Folha de Verificação
Uma folha de verificação é um meio bastante sim-
ples de coleta de dados. As variáveis do gráfico acima são ditas positiva-
mente correlacionadas, uma vez que a medida do labora-
A folha de verificação mais simples é um conjunto
tório “A” aumenta, com o aumento da medida do Labo-
de itens que podem aparecer em um processo, para o
ratório “B”.
qual se deve verificar a ocorrência ou não.
Quando uma variável tem o seu valor diminuído
A tabela abaixo exemplifica o funcionamento de
com o aumento da outra, diz-se que as mesmas são nega-
uma folha de verificação, utilizada para verificar se hou-
tivamente correlacionadas. Por exemplo, a venda de car-
ve ocorrência ou não de alguns dos defeitos mais co-
ros é negativamente correlacionada com o aumento de
muns para uma peça que tenha sofrido um processo de
desemprego. Quanto maior o índice de desemprego, me-
desmoldagem.
nor a venda de carros.
Este gráfico permite que façamos uma regressão li-
near e determinemos uma reta, que mostra o relaciona-
mento médio linear entre as duas variáveis.
Dentre vários benefícios da utilização de diagramas
de dispersão como ferramenta da qualidade, um de parti-
cular importância é a possibilidade de inferirmos uma re-
lação causal entre variáveis, ajudando na determinação
da causa raiz de problemas.

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Conhecimentos Específicos
Fluxograma 1 - Primeiramente, faz-se um experimento para de-
terminação dos parâmetros de controle, medindo-se a
O fluxograma é uma ferramenta muito útil na de-
propriedade que se quer controlar em uma amostra com
terminação e principalmente na visualização das etapas
pelo menos 6 pontos;
de um processo.
2 - Determina-se a partir de então os valores de
O fluxograma utiliza alguns símbolos que represen-
Média e Desvio Padrão.
tam diferentes tipos de ações, atividades e situações. Ve-
ja alguns dos símbolos utilizados no Fluxograma: 3 - A seguir, os limites de controle são calculados
da seguinte forma:
• Limite Inferior de Controle: é o valor da média
menos três vezes o desvio padrão.
• Limite Superior de Controle: é o valor da média
mais três vezes o desvio padrão.

A figura a seguir mostra um exemplo simples de


procedimento que pode ser visualizado por um fluxo-
grama.

De tempos em tempos, faz-se necessária uma revi-


são dos valores de controle, que podem ser calculados a
partir dos valores medidos no dia-a-dia, desde que tais
valores não tenham sofrido nenhuma influência ou des-
vio gerado por fator externo e que tenham sido obtidos
dentro das condições normais do processo.

MODELO DO GESPÚBLICA.
O que é Gespública
O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburo-
Gráfico de Controle cratização Gespública – foi instituído pelo Decreto nº
O Gráfico de Controle é a ferramenta da qualidade 5.378 de 23 de fevereiro de 2005, é o resultado da evolu-
mais conhecida e difundida. Muitas empresas já a utili- ção histórica de diversas iniciativas do Governo Federal
zam há muito tempo, pois ela é muito útil no controle de para a promoção da gestão pública de excelência, visan-
processos e produtos. do a contribuir para a qualidade dos serviços públicos
prestados ao cidadão e para o aumento da competitivida-
A ferramenta é baseada em dados estatísticos e tem de do País.
por princípio que todo processo tem variações estatísti-
cas. A partir da determinação desta variação, são calcu- Visto como uma política pública fundamentada em
lados parâmetros que nos informam se o processo está um modelo de gestão específico, o Programa tem como
ocorrendo dentro dos limites esperados ou se existe al- principais características o fato de ser essencialmente
gum fator que está fazendo com que o mesmo saia fora público – orientado ao cidadão e respeitando os princí-
de controle. pios constitucionais da impessoalidade, da legalidade, da
moralidade, da publicidade e da eficiência –, de ser con-
Nós não explicaremos neste tutorial, todas as in- temporâneo – alinhado ao estado-da-arte da gestão –, de
formações que podem ser decorrentes de um controle es- estar voltado para a disposição de resultados para a soci-
tatístico como este, mas daremos a seguir algumas in- edade – com impactos na melhoria da qualidade de vida
formações básicas, que não demonstraremos. e na geração do bem comum – e de ser federativo – com
O gráfico de controle é construído da seguinte ma- aplicação a toda a administração pública, em todos os
neira: poderes e esferas do governo.

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Conhecimentos Específicos
PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRI- visita ao Japão, naquele ano, buscou mudar a cultura das
BUIÇÕES PARA A GESTÃO DA QUALIDADE organizações japonesas. Kaoru Ishikawa, que mais tarde
tornou-se o “guru” japonês da Qualidade, reconheceu a
Inúmeros foram os teóricos que contribuíram para a
importância da visita de Juran e lhe dá o mérito de ter
formulação do que conhecemos como Sistema de Gestão
ajudado os japoneses a mudar, de um esforço que lidava,
da Qualidade, dos quis se destacam: Walter A. Shewhart,
primeiramente, com tecnologia, para um enfoque dife-
Wiliam Eduard Deming, Joseph M. Juran. Armand Fei-
renciado para a gestão total.
genbaum, Philip B. Crosby, Kaoru Ishikawa e Genichi
Taguchi, além de outras personalidades e organizações, A trilogia de Juran – Controle da Qualidade, Plane-
sintetizadas a seguir: jamento da Qualidade e Aperfeiçoamento da Qualidade –
está sendo difundida pelo mundo graças à criação do Ins-
• Walter A. Shewhart
tituto Juran em 1979, que visa a fornecer treinamento e
Walter A. Shewhart nasceu em 1891 nos Estados consultoria para os que desejam implantar Qualidade To-
Unidos da América, formou-se em engenharia, com dou- tal em suas empresas.
torado em física pela Universidade de Califórnia. Nota-
• Armand Feigenbaum
bilizou-se pela sua proposta de aplicação da estatística e
dos métodos gráficos de fácil utilização à realidade pro- Nasceu nos Estados Unidos, em 1922 e formou-se
dutiva no chão-de-fábrica, na Bell Telephone Laborato- em engenharia, com doutorado em ciência pelo Massa-
ries, em 1924. Com isso Shewhart ficou conhecido como chusetts Institute of Technology – MIT. Tornou-se co-
o pai do controle estatístico da qualidade. nhecido por ser o primeiro a tratar a qualidade de forma
sistêmica, proposta no seu livro Total Quality Contol,
A adoção de ferramentas estatísticas permitiam se-
publicado em 1951. Segundo Feigenbaum, em uma de
gregar as causas comuns das causas especiais, estes su-
suas definições de qualidade “Qualidade é a composição
jeitos à investigação, permitindo ações proativa, para
total das características de marketing, projeto, produção
evitar novas ocorrências.
e manutenção dos bens e serviços, através dos quais os
Shewhart também propôs o ciclo PDCA (PAN- produtos atenderão às expectativas do cliente”.
DO.CHECK.ACT), que direcionaria análise e solução de
• Philip B. Crosby
problema, implementando a melhoria contínua, mais tar-
de lapidados e difundidos por um de seus discípulos, Wi- Funcionário da Martin-Company onde surgiu o
liam Eduards Deming. Programa de “Zero Defeito”, atuou ativamente neste
programa durante um longo tempo. Foi um dos primei-
• Wlliam Edward Deming
ros profissionais da área de Qualidade a assumir posição
Nascido em 1906, estudou na Universidade de de vice-presidente, na alta administração de uma empre-
wyoming, tornando-se mestre na Universidade do Colo- sa. Escritor, ganhou fama junto ao público por seus arti-
rado e PhD em Física e Yale, em 1924. Conheceu gos. É fundador da Universidade de Qualidade em Win-
Shewhart nos anos trinta, que lhe mostrou o que era con- ter Park, Flórida, e autor de muitos livros, incluindo o
trole estatístico da qualidade. Durante a segunda Guerra best-seller de 1979, “Quality is free”.
Mundial foi professor de controle estatístico ligado à
Para Crosby, a Qualidade pode ser obtida por uma
produção.
deliberada ação gerencial. A base filosófica para a cultu-
Em 1947, foi requisitado como consultor técnico ra de Qualidade, desejada e delineada pelos três concei-
pelo General MacArthur, para prestar colaboração às tos de Crosby:
forças americanas de ocupação do Japão. Apesar de pou-
- Qualidade: o sistema que leva à Qualidade é a
co conhecido nos EUA, Deming, durante sua estadia no
prevenção;
Japão, proferiu uma série de palestras para os líderes das
- Zero Defeito: o padrão de execução é o Zero De-
indústrias japonesas, revolucionando os conceitos de
feito;
Qualidade. Tornou-se adorado pelos japoneses, pois sua
- Não Conformidade: a medida da Qualidade é o
colaboração ajudou a economia japonesa, arrasada du-
preço da não conformidade.
rante a guerra, a reerguer-se e em vinte anos, tornar-se
uma das grandes potências econômicas do mundo atual. • Armand V. Feigenbaum
• Joseph Juran Antigo gerente de operações de fabricação e contro-
le de qualidade da General Electric. Entre suas tarefas
Nascido na Romênia em 1904. Formou-se em en-
estava o trabalho com o grupo de engenharia da GE, que
genharia pela Universidade de Minesota e ingressou no
trabalhava em um projeto, com esforço de guerra priori-
Departamento de Inspeção da Hawthorne Work, em
tário, que buscava descobrir porque as turbinas dos no-
1924.
vos aviões à jato às vezes funcionavam e outras não.
Durante e após o período da segunda Guerra Mun- Através de métodos estatísticos e outros, o grupo de Fei-
dial tornou-se consultor em Qualidade. genbaum foi capaz de desenvolver, em poucos meses,
técnicas para determinar, exatamente, quais as partes da
Seu livro “Quality Control Handbook”, publicado
turbina que não eram dignas de confiança e por quê.
em 1951, trouxe o reconhecimento e com isto, uma legi-
ão de admiradores, mas nenhum mais ardente que os ja- Em 1954, Fegenbaum foi nomeado, após obter o
poneses, para quem trabalhou em 1954. Durante a sua grau de PhD no Massassuchets Institute of Technology
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Conhecimentos Específicos
(MIT), gerente de fabricação da GE para todo o mundo, ISO série 9000 de Sistema de Garantia de Qualidade, em
função que ocuparia por dez anos. 1987, norma essa revista pela terceira vez em 2000, pas-
sando a ser conhecida por norma ISO-9000:2000, tor-
Foi dele, 1956, a ideia de Qualidade deve ser traba-
nando-se um requisito para ingresso em muitos merca-
lho de todos.
dos. Além da norma ISO-9000, deve-se destacar a norma
• Kaoru Ishikawa de Gestão Ambiental publicada por essa entidade em
1996, que é a ISO-14000, que tem forte relacionamento
A influência de Deming e Juran no Japão, somada a
com a norma de Sistema de Gestão da Qualidade.
sua competência, faz aparecer um dos “gurus” japoneses
de Qualidade, Kaoru Ishikawa. Esteve na vanguarda da Deve-se destacar o programa de Gestão da Qualida-
revolução da economia japonesa, com o uso da Gestão de da Motorola conhecida por Seis Sigma. Esse progra-
da Qualidade no final dos anos quarenta. Foi professor ma apresenta várias características dos modelos já exis-
de engenharia na Science University of Tokio e na Uni- tentes, com ênfase no controle da qualidade e na análise
versidade de Tóquio. Até sua morte, em 1988, foi presi- e solução de problemas. No Seis Sigma existe uma preo-
dente do Mirsach Institute of Tecnology em Tóquio. cupação com o uso sistemático das ferramentas estatísti-
cas, tendo-se por base o ciclo DMAIC-define-measure-
As bases para o controle de qualidade total, segundo analyse-improve-control, que de certa forma remete para
Ishikawa, seriam abrir os canais de comunicação dentro o ciclo PDCA, proposto por Shewhard e aprimorado por
da empresa – seguir as mudanças de gosto e atitudes dos
Deming.
clientes – favorecer mentes investigadoras que possam
detectar dados falsos – conhecimento é poder.
Dentro dos objetivos de Qualidade na empresa, Is- 16. GESTÃO DE PROJETOS; ELABORAÇÃO,
hikawa destacava a colocação da Qualidade em primeiro ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE PROJETOS; PRIN-
lugar, a orientação para o consumidor, a gerência dos CIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS DE
processos, a utilização de fatos e dados e o respeito ao GESTÃO DE PROJETOS; PROJETOS E SUAS
ser humano, como filosofia de gerenciamento. ETAPAS.

• Genichi Taguchi Como uma disciplina, a gerência de projetos foi de-


senvolvida de diversos campos de aplicação diferentes,
Genichi Taguchi nasceu no Japão, em 1924, e for- incluindo a construção, a engenharia mecânica, projetos
mou-se em engenharia e estatística, doutorando-se em militares, etc.
1962. Diferente dos outros gurus da qualidade, Taguchi
Nos Estados Unidos, o “pai” da gerência de projeto
focou nas atividades de projeto e não na produção. Ele
é Henry Gantt, chamado o pai de técnicas do planeja-
considerava que a única forma de satisfazer o cliente era
mento e do controle, que é conhecido pelo uso do gráfico
criar produtos de qualidade robusta (robust quality).
de “barra” como uma ferramenta de gerência do projeto,
Taguchi argumenta que há perda pela sociedade na para ser um associado às teorias de Frederick Winslow
medida as características de qualidade se afasta do valor Taylor da administração científica, e para seu estudo do
nominal (valor-alvo), mesmo que eventualmente esteja trabalho e da gerência do edifício do navio da marinha.
dentro dos limites de especificação. Uma das suas defi- Seu trabalho é o precursor de muitas ferramentas de ge-
nições de qualidade é: “Qualidade é a diminuição das rência modernas do projeto, tais como a WBS (work
perdas geradas por um produto, desde a produção até seu breakdown structure) ou EAP (estrutura analítica do pro-
uso pelos clientes”. jeto) de recurso que avalia o trabalho.
• Outras Participações Os anos 50 marcam o começo da era moderna da
gerência de projeto.
Inúmeros outros profissionais de Qualidade poderi-
Outra vez, nos Estados Unidos, antes dos anos 50,
am aqui ser mencionados pela sua participação ou con-
os projetos foram controlados basicamente se utilizando
tribuição à Gestão pela Qualidade Total. Tom Peter, Te-
os gráfico de Gantt, técnicas informais e ferramentas.
odore Levitt e Peter Drucker contribuíram cada um a seu
modo, para que a filosofia de GQT fosse adotada nas Nesse período, dois modelos programados do proje-
empresas. Não podemos, contudo, esquecer de Abraham to matemático foram desenvolvidos:
Maslow, psicólogo, que com sua hierarquia de necessi- 1) de 'Program Evaluation and Review Technique'
dades do ser humano, criou as bases de uma nova manei- ou o PERT, desenvolvido como a parte programa do
ra de conduzir os recursos humanos de uma empresa. O míssil do submarino Polaris da marinha dos Estados
trabalho de Maslow constitui a base das teorias da moti- Unidos' (conjuntamente com o Lockheed Corporation); e
vação, pois, quando o trabalhador concentra sua energia o
no trabalho para atingir suas necessidades mais elevadas, 2) 'Critical Path Method' (CPM) desenvolvido em
mostra mais interesse e motivação em relação ao próprio conjunto por DuPont Corporatione Remington Rand
trabalho. Corporation para projetos da manutenção de planta. Es-
tas técnicas matemáticas espalharam-se rapidamente em
• Contribuição das Instituições
muitas empresas. Em1969, o Project Management Insti-
Vale destacar também as importantes contribuições tute (PMI) foi dando forma para servir ao interesse da
das organizações, em especial da International Organiza- indústria da gerência de projeto.
tion for Standardization, com a publicação das normas
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Conhecimentos Específicos
A premissa de PMI é que as ferramentas e as técni- e) realizado por pessoas;
cas da gerência de projeto são comuns mesmo entre a f) recursos limitados.
aplicação difundida dos projetos da indústria do software
à indústria de construção. No modelo Quality Menagement, padrão interna-
cional desenvolvido pela ISO, específico para gerencia-
Em 1981, os diretores do PMI autorizaram o desen-
mento de projetos:
volvimento de um guia de projetos, o que se transformou
em o 'Project Management Body of Knowledge', conten- a) as necessidades dos clientes devem ser atendidas
do os padrões e as linhas mestras das práticas que são e entregues:
usados extensamente durante toda a profissão. b) as necessidades dos stakeholders sejam compre-
endidas e avaliadas;
16.1. ELABORAÇÃO, ANÁLISE E AVALIA- c) a política de qualidade seja incorporada à gerên-
ÇÃO DE PROJETOS cia da organização, tendo como norte os objetivos estra-
tégicos e a busca de resultados, e que possa ser aplicada
Partindo-se da premissa de que todo projeto nasce
em projetos de complexidade variada.
da vontade de modificar uma determinada realidade, seu
sucesso depende de uma boa elaboração, em que será Assim, devem ser consideradas as seguintes etapas:
feito o maior detalhamento possível das atividades pro- foco no cliente, liderança, envolvimento, aproximação
postas, de forma clara e organizada, o que irá contribuir dos processos, aproximação com a gerência, melhoria
para obter a aprovação e captação de recursos humanos e contínua, tomada de decisões e relacionamento com o
materiais e que irá subsidiar as fases de análise e avalia- fornecedor.
ção do referido projeto.
O modelo PINCE2 (tm) tem como características:
Nessa fase de elaboração é necessário que se obser-
ve a importância do planejamento que consiste no ato de a) controle e organização do início ao fim;
determinar os objetivos do projeto, da estruturação de b) revisão de progressos baseado nos planos e no
ideias, da racionalização de ações, da programação fi- business case;
nanceira, da otimização de recursos, com vistas a assegu- c) pontos de decisão flexíveis;
rar eficácia, eficiência e efetividade. d) gerenciamento efetivo de qualquer desvio do
plano;
O planejamento é essencialmente uma atividade de
e) envolvimento da gerência;
previsão.
f) canal de comunicação entre os membros da orga-
A fase de análise permite identificar se há e quais nização.
são os problemas a serem considerados.
16.3. PROJETOS E SUAS ETAPAS
A análise de viabilidade é feita com base em proje-
ções, que são incertas e realizadas a partir de informa- Todo projeto é desenvolvido em cinco etapas: Ini-
ções parciais, podendo demandar análise complexa, o ciação, planejamento, execução, controle e conclusão.
que resulta no aumento dos gastos e esforços. Ou seja,
Iniciação é a etapa onde se toma conhecimento do
quando maior o risco que o projeto pode representar,
projeto a ser feito, é o momento da confecção do bri-
maiores serão o tempo e os recursos utilizados com a
efing, ou de sua leitura à equipe, é nesta hora onde sur-
elaboração do projeto.
gem diversas dúvidas do projeto. Em geral é uma etapa
O processo de avaliação deve acontecer de forma que deve ser desenvolvida em uma reunião de brains-
constante e periódica durante o desenvolvimento do pro- torm.
jeto. Ela pode ser interna ou externa, ou mista e é feita
Planejamento é onde o projeto é detalhado, se apli-
por meio de plano de avaliação, constituído de diversas
carmos o princípio de Pareto, é onde investimos 80% do
etapas que variam de acordo com a característica de cada
nosso tempo. É o momento em que detalhamos as ativi-
projeto.
dades, pesquisamos, determinamos prazos, alocamos re-
Assim, as avaliações podem ser de resultado, de cursos e custos. O resultado do planejamento é uma lista
conteúdo, de processo e de impacto. de tarefas e/ou um gráfico de Gantt.
Execução é o objetivo do projeto, é a “hora da ver-
16.2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS
dade”, quem executa é o gestor técnico, “é a hora de co-
MODELOS DE GESTÃO DE PROJETOS
locar o projeto em prática”.
Em apertada síntese, as principais características
No monitoramento e controle, o gestor do projeto
dos projetos, conforme do Guia PMBOK são:
faz o controle da execução, registrando tempo e recursos,
a) temporários, possuem um início e um fim defini- e gerenciando as possíveis mudanças.
dos;
A conclusão ocorre com o término do projeto.
b) planejados, executado e controlado;
c) entregam produtos, serviços ou resultados exclu- Na verdade as cinco etapas do projeto não aconte-
sivos; cem como uma sequência linear, afinal há intercorrências
d) desenvolvidos em etapas e continuam por incre- o que exigem ajustes a serem feitos. E estes ajustes são
mento com uma elaboração progressiva; feitos “on the fly”, ou seja, durante a execução do proje-
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Conhecimentos Específicos
to, configurando um ciclo claro que passa por execução, Tarefas da Gestão por Processos
controle e planejamento. Geralmente na hora da execu-
Como forma de viabilizar a gestão por processos,
ção é que o planejamento é posto à prova, o controle é o
visando contribuir para o aumento da performance, suas
acompanhamento que o gestor de projetos faz junto ao
tarefas são divididas em três grupos, conforme demons-
gestor técnico, ele registra os tempos e uso de recursos.
tra a tabela a seguir (PAIM, 2007 apud Barros, 2009):
Este controle pode apontar tanto uma tendência à eco-
nomia de recursos quando à necessidade de utilizar re-
cursos além do planejado. É atribuição do gestor de pro-
jetos revisar seu planejamento para avaliar os impactos
destas variações e tomar as devidas providências

17. GESTÃO DE PROCESSOS; CONCEITOS


DA ABORDAGEM POR PROCESSOS; TÉCNICAS
DE MAPEAMENTO, ANÁLISE E MELHORIA DE
PROCESSOS.
Conceito
É uma orientação conceitual que visualiza as fun-
ções de uma organização com base nas sequências de su-
as atividades, ao contrário da abordagem funcional tradi-
cional, em que as organizações estão separadas por área
de atuação, altamente burocratizadas e sem visão sistê-
mica do trabalho que realizam.
A abordagem por processos permite melhor especi-
ficação do trabalho realizado, o desenvolvimento de sis-
temas, a gestão do conhecimento, o redesenho e a melho-
ria, por meio da análise do trabalho realizado de modo a
identificar oportunidades de aperfeiçoamento.
A Gestão por Processos ou Business Process Mana- Objetivos da Gestão de Processos
gement (BPM) é uma abordagem sistemática de gestão
que trata de processos de negócios como ativos, que po- A gestão de processos organizacionais do MPF tem
tencializam diretamente o desempenho da organização, como principais objetivos:
primando pela excelência organizacional e agilidade nos • Conhecer e mapear os processos organizacio-
negócios. nais desenvolvidos pela instituição e disponibi-
Isso envolve a determinação de recursos necessá- lizar as informações sobre eles, promovendo a
rios, monitoramento de desempenho, manutenção e ges- sua uniformização e descrição em manuais;
tão do ciclo de vida do processo. Fatores críticos de su- • Identificar, desenvolver e difundir internamente
cesso na gestão por processos estão relacionados a como metodologias e melhores práticas da gestão de
mudar as atitudes das pessoas e ou perspectivas de pro- processos;
cessos para avaliar o desempenho dos processos das or- • Promover o monitoramento e a avaliação de de-
ganizações. sempenho dos processos organizacionais, de
forma contínua, mediante a construção de indi-
O BPM permite a análise, definição, execução, mo- cadores apropriados; e
nitoramento e administração, incluindo o suporte para a • Implantar melhorias nos processos, visando al-
interação entre pessoas e aplicações informatizadas di- cançar maior eficiência, eficácia e efetividade
versas. Acima de tudo, ele possibilita que as regras de no seu desempenho.
negócio da organização, travestidas na forma de proces-
sos, sejam criadas e informatizadas pelas próprias áreas Princípios para a Gestão de Processos Organiza-
de gestão, sem interferência das áreas técnicas. cionais
A meta desses sistemas é padronizar processos cor- A gestão de processos organizacionais se baseia em
porativos e ganhar pontos em produtividade e eficiência. alguns princípios que norteiam o desenvolvimento das
As soluções de BPM são vistas como aplicações cujo ações e encontram-se representados a seguir:
principal propósito é medir, analisar e otimizar a gestão
• Satisfação dos clientes: necessidades, perspec-
do negócio e os processos de análise financeira da em-
tivas e requisitos dos clientes internos e exter-
presa.
nos devem ser conhecidos para que o processo
seja projetado de modo a produzir resultados
que satisfaçam suas necessidades.
• Gerência participativa: conhecer e avaliar a
opinião dos seus colaboradores é um aspecto

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Conhecimentos Específicos
importante para que sejam discutidas as ideias e Categorias de Processos
melhor desempenho do processo seja alcança-
Os processos organizacionais podem ser classifica-
do.
• Desenvolvimento humano: para se chegar a dos em três categorias:
melhor eficiência, eficácia e efetividade da or- • Processos Gerenciais: são aqueles ligados à es-
ganização é necessário o conhecimento, as ha- tratégia da organização. Estão diretamente rela-
bilidades, a criatividade, a motivação e a com- cionados à formulação de políticas e diretrizes
petência das pessoas. De oportunidades de para se estabelecer e concretizar metas. Tam-
aprendizado e de um ambiente favorável ao bém referem-se ao estabelecimento de indica-
pleno desenvolvimento depende o sucesso das dores de desempenho e às formas de avaliação
pessoas.
dos resultados alcançados interna e externa-
• Metodologia padronizada: para evitar desvios
mente à organização. Exemplos: planejamento
de interpretação e alcançar os resultados espe-
rados, é importante seguir os padrões e a meto- estratégico, gestão por processos e gestão do
dologia definida, que poderá ser constantemen- conhecimento.
te melhorada. • Processos Finalísticos: ligados à essência de
• Melhoria contínua: o comprometimento com funcionamento do órgão. Caracterizam a atua-
o aperfeiçoamento contínuo é o principal obje- ção do órgão e recebem apoio de outros proces-
tivo da gestão de processos, de modo a evitar sos internos, gerando um produto ou serviço pa-
retrabalhos, gargalos e garantir a qualidade do ra o cliente interno ou cidadão. Estão direta-
processo de trabalho. mente relacionados ao objetivo do MPF.
• Informação e comunicação: é de fundamental Exemplos: atuações extrajudicial e judicial.
importância a disseminação da cultura organi- • Processos Meio: são processos essenciais para
zacional, divulgar os resultados alcançados e a gestão efetiva da organização, garantindo o
compartilhar o conhecimento adquirido. suporte adequado aos processos finalísticos. Es-
Busca da excelência: para alcançar a excelência, os tão diretamente relacionados à gestão dos re-
erros devem ser mitigados e as suas causas eliminadas. cursos necessários ao desenvolvimento de todos
Deve-se buscar as melhores práticas reconhecidas como os processos da instituição. Exemplos: contra-
geradoras de resultados e aprimoramento constante, vi- tação de pessoas, aquisição de bens e materiais
sando à identificação e ao aperfeiçoamento de oportuni- e execução orçamentário-financeira.
dades de melhorias e reforço de pontos fortes da institui- Os processos críticos, que são aqueles de natureza
ção. estratégica para o sucesso institucional, encontram-se
nos denominados processos gerenciais e finalísticos.
O Processo Organizacional
É um conjunto de atividades logicamente interliga- Modelagem de Processo
das, maneiras pelas quais se realiza uma operação, en-
volvendo pessoas, equipamentos, procedimentos e in- É um conjunto de atividades envolvidas na criação
formações e, quando executadas, transformam entradas de representações de um processo de negócio. Ela provê
em saídas, agregam valor e produzem resultados. uma perspectiva ponta-a-ponta de processos finalísticos,
de suporte ou meio e de gerenciamento de uma organiza-
Na gestão por processos, um processo é visto como
ção.
fluxo de trabalho - com insumos, produtos e serviços cla-
ramente definidos e atividades que seguem uma sequên- "Modelo" é uma representação simplificada, que
cia lógica e dependente umas das outras, numa sucessão pode ser matemática, gráfica, física ou narrativa. Eles
clara – denotando que os processos têm início e fim bem possuem ampla série de aplicações, que incluem: Orga-
determinados e geram resultados para os clientes inter- nização (estruturação), Heurística (descoberta, aprendi-
nos e/ou externos. zado), Previsões (predições), Medição (quantificação),
Explanação (ensino, demonstração), Verificação (expe-
Um processo organizacional se caracteriza por:
rimentação, validação) e Controle (restrições, objetivos).
• Início, fim e objetivos definidos; "Processo", nesse contexto, significa um processo
• Clareza quanto ao que é transformado na sua de negócio e pode ser expresso em vários níveis de deta-
execução; lhe, desde uma visão contextual altamente abstrata mos-
• Definir como ou quando uma atividade ocorre; trando o processo dentro de seu ambiente, até uma visão
• Resultado específico; operacional interna detalhada que ser simulada para ava-
• Listar os recursos utilizados para a execução da liar várias características de seu desempenho ou compor-
atividade; tamento.
• Agregar valor para o destinatário do processo;
• Ser devidamente documentado; Um modelo de processo pode conter um ou mais
diagramas, com informações sobre objetos, sobre relaci-
• Ser mensurável; e
onamento entre objetos, sobre como objetos representa-
• Permitir o acompanhamento ao longo da execu-
dos se comportam ou desempenham.
ção.

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Conhecimentos Específicos
Notação de Modelagem de Processos de Negócio 4. Identificar as entradas e componentes do proces-
(BPMN) so
5. Identificar os fornecedores do processo
O BPMN foi desenvolvido pelo BMPI (Business
6. Determinar os limites do processo
Process Management Iniciative) e começou a ser utiliza-
7. Documentar o processo atual
do em 2004, em sua versão 1.0. No ano de 2006, foi ado-
8. Identificar melhorias necessárias ao processo
tado pelo OMG (Object Management Group), atual man-
9. Consenso sobre melhorias a serem aplicadas ao
tenedor da notação. Com um ótimo trabalho publicou,
processo
em janeiro de 2008, a versão BPMN 1.1. Atualmente,
10. Documentar o processo revisado.
utilizamos a última versão, BPMN 2.0, publicada em ja-
neiro de 2011. Business Process Modeling Notation
Ciclo de Gerenciamento
(BPMN) é uma notação gráfica que transmite a lógica
das atividades, as mensagens entre os diferentes partici- Segundo o Guia BPM CBOK (Corpo Comum de
pantes e toda a informação necessária para que um pro- Conhecimentos sobre BPM), a prática de gerenciamento
cesso seja analisado, simulado e executado. Sendo assim, de processos e de negócio pode ser caracterizada como
a notação usa um conjunto de figuras que permite dia- um ciclo de vida contínuo (processo) de atividades inte-
gramar modelos de processos ajudando a melhorar a ges- gradas.
tão de processos de negócios, documentam o funciona- Este ciclo pode ser sumarizado por meio do seguin-
mento real deles e consegue um desempenho melhor. te conjunto gradual e interativo de atividades: Planeja-
mento; Análise; Desenho e Modelagem; Implementação;
Utiliza-se uma linguagem comum para diagramar
Monitoramento; e Refinamento.
os processos de forma clara e padronizada, o que propor-
ciona um entendimento geral e facilita a comunicação
Planejamento
entre as pessoas.
Esta é a fase em que as necessidades de alinhamen-
Mapeamento de Processos to estratégico dos processos são percebidas. Segundo o
guia CBOK, deve-se desenvolver um plano e uma estra-
• O Mapeamento de Processo é uma ferramenta tégia dirigida a processos para a organização, onde sejam
gerencial e de comunicação que tem a finalida- analisadas suas estratégias e metas, fornecendo uma es-
de de ajudar a melhorar os processos existentes trutura e o direcionamento contínuo de processos centra-
ou de implantar uma nova estrutura voltada pa- dos no cliente. Além disso, são identificados papéis e
ra processos. responsabilidades organizacionais associados ao geren-
• O mapeamento também auxilia a empresa a en- ciamento de processos, aspectos relacionados a patrocí-
xergar claramente os pontos fortes, pontos fra- nio, metas, expectativas de desempenho e metodologias.
cos (pontos que precisam ser melhorados tais
como: complexidade na operação, reduzir cus- Análise
tos, gargalos, falhas de integração, atividades De acordo com o guia CBOK, a análise tem por ob-
redundantes, tarefas de baixo valor agregado, jetivo entender os atuais processos organizacionais no
retrabalhos, excesso de documentação e apro- contexto das metas e objetivos desejados. Ela reúne in-
vações), além de ser uma excelente forma de formações oriundas de planos estratégicos, modelos de
melhorar o entendimento sobre os processos e processo, medições de desempenho, mudanças no ambi-
aumentar a performance do negócio. ente externo e outros fatores, a fim de compreender os
Objetivos e Técnicas processos no escopo da organização como um todo.
Objetivo do Mapeamento de Processos: Durante essa etapa são vistos pontos como: objeti-
vos da modelagem de negócio, ambiente do negócio que
• É buscar um melhor entendimento dos proces- será modelado, principais stakeholders e escopo da mo-
sos de negócios existentes e dos futuros para delagem (processos relacionados com o objetivo geral).
melhorar o nível de satisfação do cliente e au- A análise de processos incorpora várias técnicas e
mentar desempenho do negócio. metodologias, de forma a facilitar as atividades dos en-
Técnicas de Mapeamento de Processos: volvidos com a identificação do contexto e diagnóstico
da situação atual do negócio.
• Entrevistas, questionários, reuniões e
Dentre as possíveis técnicas, temos: Brainstorming,
workshops;
Grupo de Trabalho com foco no processo, Entrevista,
• Observação de campo; Cenários, Survey/Questionário e 5W2H. Parte dessas
• Análise da documentação existente; técnicas será empregada pelo Escritório de Processos pa-
• Análise de sistemas legados ra entender e documentar um processo ou reelaborar sua
• Coleta de evidências. versão.
Os 10 passos para Mapear e Modelar um processo: A metodologia de Modelagem de Processos apre-
senta em detalhes técnicas úteis à etapa de análise de
1. Identificar os objetivos do processo processos, além de fornecer uma análise comparativa de
2. Identificar as saídas do processo cada uma delas, discutindo pontos fortes e deficiências
3. Identificar os clientes do processo com base em uma avaliação conceitual e operacional.

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Conhecimentos Específicos
Desenho e Modelagem
O guia CBOK define o desenho de processo como Monitoramento
"criação de especificações para processos de negócio
Segundo o guia CBOK, é de suma importância a
novos ou modificados dentro do contexto dos objetivos
contínua medição e monitoramento dos processos de ne-
de negócio, objetivos de desempenho de processo, fluxo
gócio, fornecendo informações-chave para os gestores de
de trabalho, aplicações de negócio, plataformas tecnoló-
processos de negócio ajustarem recursos a fim de atingir
gicas, recursos de dados, controles financeiros e operaci-
os objetivos dos processos. Dessa forma, a etapa de im-
onais, e integração com outros processos internos e ex-
plementação avalia o desempenho do processo através de
ternos".
métricas relacionadas às metas e ao valor para a organi-
Já a modelagem de processos é definida como "um zação, podendo resultar em atividades de melhoria, rede-
conjunto de atividades envolvidas na criação de repre- senho ou reengenharia.
sentações de um processo de negócio existente ou pro-
Esta etapa também pode ser chamada de "simulação
posto", tendo por objetivo "criar uma representação do
e emulação", sendo responsável pela aferição e validação
processo em uma perspectiva ponta-a-ponta que o des-
do processo, como forma de garantir que o mesmo está
creva de forma necessária e suficiente para a tarefa em
representado conforme sua realidade, bem como pelo es-
questão". Alternativamente, chamada de fase de "identi-
tudo de diversos cenários, possibilitando a análise de
ficação", a modelagem pode ser também definida como
mudanças no processo.
"fase onde ocorre a representação do processo presente
exatamente como o mesmo se apresenta na realidade, Refinamento
buscando-se ao máximo não recorrer a redução ou sim-
A etapa de refinamento ou transformação é, segun-
plificação de qualquer tipo" [de la SOTA SILVA, 2006].
do o guia CBOK, responsável pela transformação dos
Segundo o guia CBOK, a modelagem de processos processos, implementando o resultado da análise de de-
pode ser executada tanto para o mapeamento dos proces- sempenho. Ela ainda trata desafios associados à gestão
sos atuais como para o mapeamento de propostas de me- de mudanças na organização. à melhoria contínua e à
lhoria. otimização de processo.
Por meio da Metodologia de Modelagem de Proces-
Ciclo de Gerenciamento de Processos
sos, é possível obter orientações quanto ao uso da nota-
ção BPMN, bem como boas práticas de modelagem de Os ciclos PDCA (planejar, verificar, executar e
processos. Associada à modelagem, a documentação dos agir) e DMAIC (definir, medir, analisar, melhorar e con-
processos também é contemplada pelo trabalho, que for- trolar), ambos tratam de fases para a melhoria, desde o
nece um guia indicando informações do processo e das seu planejamento inicial, passando pela análise e execu-
atividades do processo a serem especificadas e o modo ção e, chegando ao controle de resultados. Os dois ciclos
como devem ser descritas - além de prover um modelo mencionados tratam não só da gestão por processos, mas
para descrição de processos. principalmente da gestão da qualidade desses processos,
colaborando com a redução dos desperdícios, com a pa-
Implementação
dronização e com o aprimoramento contínuo.
É definida pelo guia CBOK como a fase que tem
Abaixo está demonstrada a figura que representa es-
por objetivo realizar o desenho aprovado do processo de
sa convergência entre os ciclos.
negócio na forma de procedimentos e fluxos de trabalho
documentados, testados e operacionais; prevendo tam-
bém a elaboração e execução de políticas e procedimen-
tos novos ou revisados.
Durante essa fase assume-se que as fases de análise,
modelagem e desenho criaram e aprovaram um conjunto
completo de especificações, então, somente pequenos
ajustes devem ocorrer durante a implementação.
O escopo de atividades compreende:
• Processos primários de execução e suporte;
• Processos de gerenciamento e acompa-
nhamento;
• Regras de negócio relacionados aos três ti-
pos de processos; e
• Componentes de gerenciamento de proces-
sos de negócio relevantes e controláveis no
ambiente interno da organização, tais co-
mo políticas, incentivos, governança e esti-
lo de liderança.

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Conhecimentos Específicos
Ciclo PDCA Ciclo DMAIC
Nasceu no escopo da era da Qualidade Total. Surgiu Já o método DMAIC, que foi construído com o
como uma ferramenta que melhor representa o gerenci- apoio do PDCA, concentra-se na resolução de problemas
amento de uma atividade. Vincula-se à necessidade que e pode ser utilizado em vários seguimentos. Com ele,
toda instituição tem de planejar e controlar suas ativida- pretende-se realizar melhorias nos processos ou desen-
des. volver um projeto específico.
Marshall Junior et al (2006) salienta que “o ciclo Esse método contempla cinco fases. Na primeira, a
PDCA é um método gerencial para a promoção da me- partir de opiniões dos clientes e dos objetivos do projeto
lhoria contínua e reflete, em suas quatro fases, a base da o problema é definido. Na segunda fase, serão mensura-
filosofia do melhoramento contínuo”. das e investigadas as relações causa-efeito. Na terceira
fase, os dados são analisados e o mapeamento é realiza-
Nesse contexto, suas fases podem ser assim repre-
do para identificação das oportunidades de melhorias. A
sentadas: inicia-se com a definição do problema e das
quarta fase inclui a melhoria e otimização do processo,
metodologias que serão necessárias para o alcance dos
de acordo com o mapeamento realizado. E por último,
resultados, passa pela análise do processo, estabelece-se
inicia-se a fase de controle, que será realizada para asse-
um plano de ação, em que o que foi planejado é colocado
gurar que os desvios sejam corrigidos antes que se tor-
em prática.
nem defeitos.
Após a execução do plano, inicia-se a verificação
Para melhor entendimento das fases descritas, cons-
dos resultados, com uma análise comparativa do que foi
truiu-se a figura abaixo em que se demonstra o que é fei-
executado em relação ao planejado. Por último, agir cor-
to e quais as metas que devem ser alcançadas em cada
retivamente em caso de desvios ou preventivamente,
fase do ciclo DMAIC.
identificando novas oportunidades de melhorias. Como
resultado dessas fases, tem-se a padronização dos pro-
CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO
cessos de trabalho.
(CEP)
O PDCA tem o propósito de resolver problemas e
O Controle estatístico do processo (CEP) é uma fer-
alcançar metas, para isso é imprescindível construir uma
ramenta que tem por finalidade desenvolver e aplicar
visão futura dos processos do órgão. Se os resultados es-
métodos estatísticos como parte de nossa estratégia para
perados não forem alcançados, o ciclo deverá ser reinici-
prevenção de defeitos, melhoria da qualidade de produ-
ado.
tos e serviços e redução de custos. A seguir apresenta-
Na figura a seguir, podem ser verificadas as metas mos alguns conceitos e definições importantes para o
para cada fase do ciclo PDCA, o que se deve fazer e co- melhor entendimento do conteúdo desse módulo.
mo chegar a tais questões, considerando a gestão por
Processo:
processos e o resultado a ser alcançado.
É a combinação de máquinas, métodos, material e
mão-de-obra envolvidos na produção de um determinado
produto ou serviço.
Controle:
É o conjunto de decisões que tem por objetivo a sa-
tisfação de determinados padrões ou especificações por
parte dos produtos focados no cliente.
O CEP estabelece:
• Informação permanente sobre o comportamento
do processo;
• Utilização da informação para detectar e carac-
terizar as causas que geram instabilidade no
processo;
A aplicação do PDCA permite: • Indicação de ações para corrigir e prevenir as
causas de instabilidade;
• Avaliação de desempenho;
• Informações para melhoria contínua do proces-
• Análise comparativa entre o realizado e o
so.
planejado;
• Análise dos desvios;
Sistema de controle do processo
• Tomada de ações corretivas;
• Acompanhamento da eficiência das ações Quatro elementos destes sistemas são importantes
implementadas; e para as discussões a seguir.
• Captação de informações que auxiliem a
tomada de decisões.

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Conhecimentos Específicos
a) O Processo fato gerador do problema no processo. Infelizmente, se o
resultado atual não atinge consistentemente os requisitos
Entendemos como processo a combinação de forne-
exigidos pelo cliente, pode ser necessário classificar to-
cedores, produtores, pessoas, equipamentos, materiais de
dos os produtos e refugar ou retrabalhar quaisquer itens
entrada, métodos e meio ambiente que trabalham juntos
não-conformes. Esta atitude deve ser mantida até que a
para produzir o resultado (produto), e os clientes corres-
ação corretiva necessária sobre o processo tenha sido
pondem aos elementos que utilizam o resultado (ver Fi-
tomada e verificada, ou até que as especificações do pro-
gura 1.1).
duto tenham sido alteradas. Na sequência, apresentamos
as definições básicas do controle estatístico do processo.

Definições
Variabilidade: É o conjunto de diferenças nas vari-
áveis (diâmetros, pesos, densidades, etc.) ou atributos
(cor, defeitos, etc.) presentes universalmente nos produ-
tos e serviços resultantes de qualquer atividade. Podemos
classificá-las em comuns ou aleatórias e especiais ou as-
sinaláveis.
Tabela 1.1: Definições de causas comuns e especi-
ais.
Comuns Especiais
Figura 1.1: Sistema de controle do processo. Definição Efeito acumulativo Falhas ocasionais que
de causas não con- ocorrem durante o
b) Informações sobre o desempenho troláveis, com processo, com grande
pouca influência influência individual-
Muita informação sobre o real desempenho do pro- individualmente. mente
cesso pode ser aprendida através de estudo do resultado
Exemplos Vibrações, tempe- Variações na matéria-
(saída) do processo. A informação mais útil sobre o de- ratura, umidade, prima, erros de opera-
sempenho de um processo vem, entretanto, da compre- falhas na sistemáti- ção, imprecisão no
ensão do processo em si, e de sua variabilidade interna. ca do processo, ajuste da máquina,
Características do processo (como temperaturas, tempo dentre outras. desgastes de ferramen-
tas, dentre outras.
de ciclos, taxas de alimentação, taxas de absenteísmo, ro-
tatividade de pessoas, atrasos, ou número de interrup-
ções) deveriam ser o alvo supremo de nossos reforços. Variabilidade do processo: Um processo está sob
c) Ações sobre o processo controle estatístico (estável) quando não existem causas
especiais. O fato de um processo estar sob controle esta-
Uma ação sobre o processo é geralmente mais eco- tístico não implica que o mesmo está produzindo dentro
nômica quando realizada para prevenir que as caracterís- de um nível de qualidade aceitável. O nível de qualidade
ticas importantes (do processo ou do produto) variem de um processo é estudado via uma técnica denominada
muito em relação aos seus valores-alvo. Tal ação pode análise de capacidade/performance.
consistir em:
O objetivo é desenvolver uma estratégia de controle
• Mudanças nas operações para o processo que nos permite separar eventos relacio-
nados a causas especiais de eventos relacionados a cau-
o Treinamento para os operadores;
sas comuns (falhas na sistemática do processo). Desta
o Mudanças nos materiais que entram;
forma, para um dado processo, um gráfico de controle
• Mudanças nos elementos mais básicos do proces- pode indicar a ocorrência de causas especiais de varia-
so ção.
o Equipamento; Veja o exemplos abaixo:
o A comunicação entre as pessoas;
o O projeto do processo como um todo - que
pode estar vulnerável às mudanças de tem-
peratura ou umidade.
Os efeitos das ações deveriam ser monitorados para
que uma análise e ação posterior pudesse ser tomada, se
necessária.
d) Ações sobre o resultado
Uma ação sobre o resultado é frequentemente me-
nos econômica quando se restringe a detecção e corre-
ção do produto fora da especificação, não indicando o Figura 1.2: Processo previsível.

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Conhecimentos Específicos
o Que parâmetros são mais sensíveis à varia-
ção?
• O que o processo está fazendo?
o Este processo está gerando refugo ou resul-
tados que requeiram retrabalhos?
o Este processo produz um resultado que este-
ja num estado de controle estatístico?
o O processo é capaz?
o O processo é confiável?
Muitas técnicas discutidas de desenvolvimento de
processos podem ser aplicadas para garantir um melhor
entendimento do processo. Estas atividades incluem:
Figura 1.3: Processo não previsível.
• Reuniões em grupo
Ações locais e ações gerenciais sobre o sistema • Consulta a pessoas que desenvolveram e
Há uma importante relação entre os dois tipos de operam o processo
variação que acabamos de discutir e os tipos de ações • Revisão da história do processo
necessárias para reduzi-las, sendo: • Construção de uma planilha de FMEA

• Causa especial: requer uma ação local. As cartas de controle desenvolvidas neste módulo
• Causa comum: geralmente requer um ação so- são ferramentas poderosas que devem ser usadas durante
bre o sistema ou ação gerencial. todos os ciclos de melhoria do processo. Esses métodos
estatísticos simples ajudam a distinguir as causas co-
Pode ser errado, por exemplo, tomar uma ação local muns e as causas especiais de variação do processo.
(ex. ajuste de uma máquina) quando uma ação gerencial Quando um estado de controle do processo é alcançado o
sobre o sistema é necessária (ex. seleção de fornecedores nível atual da capacidade do processo pode ser avaliado.
que entreguem materiais de entrada compatíveis ao sis-
tema). Entretanto, o trabalho em conjunto entre gerência 2. Manter o controle do processo
e aquelas pessoas ligadas diretamente à operação é es- Uma vez adquirida uma compreensão melhor do
sencial para uma redução significativa das causas co- processo, devemos mantê-lo dentro de um nível apropri-
muns de variação do processo. ado de capacidade. Processos são dinâmicos e podem
O ciclo da melhoria e o do controle do processo mudar, logo o desempenho do processo deve ser monito-
rado, para que medidas eficazes de prevenção contra
mudanças indesejáveis possam ser executadas.
A mudança desejável deve também ser entendida e insti-
tucionalizada. Quando sinalizado que uma mudança no
processo ocorreu, medidas rápidas e eficientes devem ser
tomadas para isolar as causas e agir sobre elas.
3. Aperfeiçoar o processo
A melhoria do processo através da redução de vari-
ação, especificamente envolve a introdução (proposital)
de mudanças dentro do processo, e a avaliação dos efei-
tos causados. O objetivo é uma melhor compreensão do
processo, para que as causas comuns de variação possam
Figura 1.4: O ciclo de melhoria e o controle do processo. ser reduzidas posteriormente. A intenção desta redução é
a melhoria da qualidade ao menor custo.
1. Analisando o processo
Assim que novos parâmetros do processo tenham
Dentre as perguntas a serem respondidas a fim de
sido determinados, o ciclo volta ao estágio de Analisar o
alcançar um melhor conhecimento do processo, estão:
Processo. Uma vez que alterações foram introduzidas, a
• O que o processo deveria estar fazendo? estabilidade do processo precisa ser reconfirmada. O
processo continua então a se mover em torno do Ciclo de
o O que está sendo esperado de cada estágio melhoria do processo
do processo?
Fonte: Portal Actio com adaptações
o Quais são as definições operacionais das sa-
ídas em potencial? BPM.
• O que pode estar errado? BPM é a abreviação de Business Process Manage-
ment, que traduzido para o português significa Gerenci-
o O que pode variar neste processo?
amento de Processos de Negócio.
o O que já sabemos a respeito da variabilidade
deste processo?

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Conhecimentos Específicos
BPM é uma abordagem de gerenciamento adaptá- Portanto, a ISO destaca os seguintes requisitos prin-
vel, desenvolvido com a finalidade de sistematizar e faci- cipais:
litar processos organizacionais individuais complexos,
dentro e fora das empresas. • Planejamento das atividades chaves;
• Definição de estratégias e metas;
O BPM tem como intuito trazer à tona informações • Execução dos planos de ação;
pertinentes de como os processos são executados para • Relacionamento com colaboradores, fornecedo-
que melhorias possam ser realizadas e para que os pro- res e clientes.
cessos possam ser gerenciados possibilitando uma me-
lhor tomada de decisões e visão do negócio como um to- Estrutura da ISO 9001:2015
do.
A norma ISO 9001:2015 é estruturada em 10 cláu-
A grande vantagem do BPM para uma empresa é a sulas principais:
melhora continua dos processos permitindo que as orga-
nizações sejam mais eficientes, mais assertivas e mais 1. Âmbito: faz referência às metas e resultados, de
capazes de mudanças do que aquelas com foco funcio- acordo com as especificidades da indústria determinada e
nal, com abordagem de gerenciamento tradicional hie- o contexto da organização.
rárquico. 2. Referências Normativas: menciona publicações
pertinentes que possam servir para orientar a empresa.
Inovação, flexibilidade e integração com a tecnolo- 3. Termos e definições: explica os detalhes de ter-
gia. O BPM tem como foco alcançar os objetivos das or- mos e define a aplicação de determinada norma, de for-
ganizações, sejam elas grandes ou pequenas, por meio de ma a facilitar o entendimento.
melhorias, gestão e controle de métodos, técnicas e fer- 4. Contexto: esta cláusula é composta por quatro
ramentas para analisar, modelar, publicar, otimizar e subcláusulas:
controlar processos envolvendo recursos humanos, apli-
cações, documentos e outras fontes de informação. 4.1. Compreender a organização e o contexto em
que está inserida;
4.2. Compreender necessidades e expectativas de
PROCESSOS E CERTIFICAÇÃO ISO todos os stakeholders e partes interessadas: colaborado-
9000:2015. res, fornecedores, proprietários e clientes.
4.3. Determinar a atuação e o âmbito do Sistema de
A ISO 9001 serve como uma ferramenta valiosa Gestão da Qualidade.
que auxilia as organizações a identificar e retificar pro- 4.4. Observar e otimizar o Sistema de Gestão da
cedimentos que não estejam a funcionar de forma eficaz. Qualidade e seus processos.
O seu principal objetivo é a otimização contínua de pro-
cessos, permitindo que as empresas atinjam as metas 5. Liderança
previamente definidas dentro de suas estruturas.
Esta cláusula tem por finalidade definir uma gestão
Os benefícios proporcionados pela ISO a uma em- de topo e está constituída por três subcláusulas.
presa incluem:
5.1. Liderança e compromisso: A gestão deixa de
• Contextualizar o momento atual da empresa; ter apenas um representante e passa a ser chamada de
• Obter uma visão abrangente através de uma gestão de topo, com o objetivo de comunicar sua impor-
abordagem de processos; tância, ampliar a conscientização e o envolvimento de
• Identificar riscos e corrigi-los; todos os colaboradores.
• Medir e avaliar a eficácia do processo atual, as- 5.2. Política: Maior foco na satisfação e no relacio-
segurando a melhoria contínua; namento com os clientes, identificar e evitar riscos, opor-
• Monitorar a satisfação dos clientes constante- tunidades, analisar forças, fraquezas e impactos nas or-
mente. ganizações.
5.3. Autoridades organizacionais, funções e res-
ISO 9001 e seus requisitos ponsabilidades: Alinhamento da política de qualidade e
metas estratégicas que integrem os requisitos do sistema
A ISO 9001 estabelece requisitos que podem ser in- de gestão.
tegrados em todas as fases do modelo de negócios de
uma organização. A metodologia da ISO 9001:2015 é 6. Planejamento
estruturada em torno do ciclo Plan-Do-Check-Act
(PDCA), conhecido em português como “Plano-Fazer- Na busca pelas melhorias da gestão, a cláusula seis
Verificar-Agir.” Essa abordagem enfatiza a importância personaliza o pensamento de risco por meio de três sub-
do planejamento contínuo, a execução de processos, pro- cláusulas:
dutos e serviços, o relacionamento com clientes e uma 6.1. Ações para tratar riscos e oportunidades:
interação harmoniosa ao longo de todo o ciclo. Isso é fei- Com os riscos e oportunidades identificados, o próximo
to mantendo sempre uma perspectiva proativa para mi- passo é definir como a gestão tratará cada um destes
nimizar riscos. itens, na busca de mais eficácia, já que elimina necessi-
dades de ações corretivas.

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Conhecimentos Específicos
6.2. Objetivos da qualidade e planejamento para Entre os principais pontos para atender à ISO
atingi-los: É importante destacar que estes objetivos de- 9001:2015, vale destacar o parágrafo 7.5 da sétima cláu-
vem ser comunicados aos colaboradores e alinhados com sula, que faz referência às documentações e registros da
as políticas de gestão. Da mesma forma, devem ser men- organização, de forma que a informação documentada
suráveis e monitorizados constantemente. torna-se um dos requisitos fundamentais da norma.
6.3. Planejamento das alterações: Planejar as de-
vidas alterações, comunicando à equipe e alinhando com 18. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
os processos de “risk thinking” (pensamento de risco).
18.1. GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINIS-
7. Suporte TRAÇÃO PÚBLICA:
Remete ao suporte que atuará em conjunto com a 18.1.1. ADMISSÃO
busca por atingir as metas planejadas, composta por cin- Conforme descrito pelo Tribunal de Contas do Dis-
co subcláusulas: trito Federal (2000, p. II.1, ênfase adicionada), a admis-
7.1. Recursos: Gestão dos recursos para o atendi- são se refere ao processo de incorporação de um servidor
mento da norma e das mudanças a ela inerentes. aos quadros da Administração Pública. Este processo pa-
7.2. Competências: Posicionar cada colaborador a ra um cargo público envolve três etapas: nomeação, pos-
atuar de acordo com a sua competência. se e exercício. Para um emprego público, a admissão
7.3. Conscientização: Definir que todos estejam de acontece com a assinatura do contrato de trabalho.
acordo e cientes com as necessidades de mudanças e as Bergue (2007) esclarece que a nomeação é o ato
políticas demandadas pela norma. formal de chamar um candidato para ocupar um cargo
7.4. Comunicação: Comunicar sempre planejamen- público. A posse representa a aceitação formal desse
to, metas e resultados. cargo pelo candidato, enquanto o exercício corresponde
7.5. Informação documentada: Monitorar, atuali- ao início real das atividades relacionadas ao cargo.
zar e manter de acordo cada registro, informação e do-
cumentação, de forma que os dados estejam seguros. Para ilustrar: imagine que você participa de um
concurso público e é aprovado em primeiro lugar. Sua
8. Operacionalização nomeação é então anunciada no Diário Oficial da União.
A partir desse momento, existe um prazo legal para que
Refere-se à gestão dos processos externos e inter- você assuma o cargo (posse) e comece a trabalhar (exer-
nos, mudança planejada e dos critérios para controlá-los. cício). Durante esse período, é possível realizar ambas as
Está dividida em sete subcláusulas: ações simultaneamente ou em momentos distintos, de-
8.1. Planejamento e controle operacional; pendendo dos procedimentos internos da instituição.
8.2. Requisitos para serviços e produtos; Contudo, é importante ressaltar que, para fins de remu-
8.3. Design e seguimento de produtos e serviços; neração e contagem de tempo de serviço, o que realmen-
8.4. Controle de processos, serviços de fornecedores te conta é o início do exercício das funções.
externos e produtos;
8.5. Prestação de serviços e produção; 18.1.2. DESENVOLVIMENTO
8.6. Liberação de produtos e serviços; Treinamento e Capacitação contínua: Investi-
8.7. Controle de saídas. mento em programas de treinamento para atualização de
habilidades e conhecimentos, essencial para a adaptação
9. Avaliação do Desempenho às mudanças e inovações.
Composta por três subcláusulas, visa ajudar as em- Avaliação de Desempenho: Implementação de sis-
presas a avaliarem o que, como e quando deve avaliar, temas de avaliação para medir a eficiência e eficácia dos
medir, monitorar e analisar, como uma auditoria interna funcionários, com feedback construtivo e planos de me-
apta a assegurar que a gestão atenda aos requisitos da or- lhoria.
ganização.
Plano de Carreira: Estruturação de planos de car-
9.1. Monitorar, medir, analisar e avaliar; reira para motivar e reter talentos, oferecendo caminhos
9.2. Auditoria interna; claros para progressão profissional.
9.3. Revisão realizada pela gestão.
18.1.2. APOSENTADORIA E REGIME DE
10. Melhoria PREVIDÊNCIA (FUNPRESP)
Como deve ser a busca pelas ações corretivas com É o Regime de Previdência Complementar para os
situações que estejam fora das conformidades da empre- servidores públicos titulares de cargo efetivo da União,
sa: suas autarquias e fundações, de que trata a Lei nº 12.618,
10.1. Generalidades; de 30 de abril de 2012.
10.2. Não conformidade com a ação corretiva; A Funpresp é uma fundação, sem fins lucrativos, de
10.3. Melhoria contínua. direito privado com natureza pública e autonomia admi-
nistrativa, financeira e gerencial.

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Conhecimentos Específicos
A natureza pública sujeita a Funpresp à Lei de (lici-
tações públicas), aos órgãos de controle e fiscalização e à 18.2. POLÍTICA NACIONAL DE DESEN-
Lei 8.112/90 (concursos públicos). Além disso, a Fun- VOLVIMENTO DE PESSOAS DA ADMINISTRA-
presp é fiscalizada pela Superintendência Nacional de ÇÃO PÚBLICA FEDERAL (DECRETO 9.991/2019)
Previdência Complementar (Previc), autarquia vinculada
ao Ministério da Economia. Dispõe sobre a Política Nacional de Desen-
volvimento de Pessoas da administração
Com a aprovação do Plano Executivo Federal (Exe- pública federal direta, autárquica e funda-
cPrev) o Regime de Previdência Complementar (RPC), cional, e regulamenta dispositivos da Lei nº
previsto na Lei 12.618/2012, passou a vigorar de forma 8.112, de 11 de dezembro de 1990, quanto a
opcional para todos ingressantes no Poder Executivo: os licenças e afastamentos para ações de de-
servidores públicos empossados em cargos do Poder senvolvimento.
Executivo Federal a partir de 04/02/2013 ficam submeti-
dos ao novo regime de previdência em que o Regime O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das
Próprio de Previdência Social proporcionará o benefício atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e
previdenciário até o valor do teto do Regime Geral de VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o dis-
Previdência Social e a Funpresp-Exe proporcionará o posto nos art. 87, art. 95, art. 96-A e art. 102, caput, in-
benefício previdenciário complementar para aqueles que cisos IV, VII e VIII, alínea “e”, da Lei nº 8.112, de 11 de
optarem por aderir ao seu plano de benefícios. dezembro de 1990,
A única exceção a essa regra é relacionada aos ser- DECRETA:
vidores egressos de órgãos públicos federais onde te- Objeto e âmbito de aplicação
nham ingressado antes de 04/02/2013, e que, sem quebra
de vínculo, fizeram concurso para nova instituição fede- Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a Política Nacio-
ral e permanecem no regime anterior. nal de Desenvolvimento de Pessoas - PNDP, com o obje-
tivo de promover o desenvolvimento dos servidores pú-
Adesão: blicos nas competências necessárias à consecução da ex-
celência na atuação dos órgãos e das entidades da admi-
Os servidores com remuneração superior ao limite nistração pública federal direta, autárquica e fundacio-
máximo estabelecido para os benefícios do Regime Ge- nal.’
ral de Previdência Social, que venham a ingressar no Art. 1º-A O Poder Executivo federal manterá esco-
serviço público a partir de 05/11/2015, serão automati- las de governo com a finalidade de promover o desen-
camente inscritos no respectivo plano de previdência volvimento de servidores públicos. (Incluído pelo
complementar desde a data de entrada em exercício. Decreto nº 10.506, de 2020).
O servidor será classificado em uma das seguintes Parágrafo único. Exceto se houver disposição legal
categorias: em contrário, observado o disposto no inciso IV
Participante Ativo Normal: servidor público que do caput do art. 13, os cursos de desenvolvimento cuja
esteja submetido ao teto do Regime Geral da Previdência participação constitua requisito para aprovação em está-
Social e cuja base de contribuição seja superior ao teto gio probatório, remoção, progressão ou promoção no
desse Regime, no caso os servidores que ingressaram serviço público federal serão planejados por escolas de
após 04/02/2013; governo do Poder Executivo federal. (Incluído pelo
Participante Ativo Alternativo: servidor público Decreto nº 10.506, de 2020).
que esteja submetido ao teto do Regime Geral da Previ- Art. 1º-B São escolas de governo: (Incluído pelo
dência Social e cuja base de contribuição seja igual ou Decreto nº 10.506, de 2020).
inferior ao teto desse Regime e servidor público que não I - aquelas previstas em lei ou decreto; e (Incluído
esteja submetido ao teto do Regime Geral da Previdência pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
Social. II - aquelas reconhecidas em ato do Ministro de Es-
tado da Economia, observado o disposto no inciso III do
O Participante Ativo Alternativo: Não há contribui- caput do art. 13. (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de
ção paritária do patrocinador - União. O salário de parti- 2020).
cipação é definido pelo próprio participante. O benefício Parágrafo único. Ato do Ministro de Estado da Eco-
não inclui a aposentadoria por invalidez e pensão por nomia reconhecerá os órgãos e as entidades de que trata
morte, mas esses benefícios suplementares decorrentes o inciso II do caput como escolas de governo do Poder
de risco de invalidez e morte podem ser contratados à Executivo federal, permitida a delegação a titular de car-
parte recolhendo a Parcela Adicional de Risco - PAR. go de natureza especial, vedada a subdelegação.
O Participante Ativo Normal: Recebe contribuição (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
paritária do patrocinador – União, em alíquota igual ao
da contribuição do servidor, observado o limite de 8,5%. Instrumentos
O salário de participação é calculado sobre a diferença Art. 2º São instrumentos da PNDP:
entre a remuneração bruta (exceto auxílios) e o teto do I - o Plano de Desenvolvimento de Pessoas - PDP;
Regime Geral da Previdência Social. O benefício inclui II - o relatório anual de execução do PDP;
além da previdência complementar, aposentadoria por III - o Plano Consolidado de Ações de Desenvolvi-
invalidez e pensão por morte. mento;

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Conhecimentos Específicos
IV - o relatório consolidado de execução do PDP; e Parágrafo único. O PDP também conterá as ações
V - os modelos, as metodologias, as ferramentas in- de desenvolvimento, caso já tenham sido definidas, com
formatizadas e as trilhas de desenvolvimento, conforme respectiva carga horária estimada, que atenderão cada
as diretrizes estabelecidas pelo órgão central do Sistema necessidade de desenvolvimento identificada, previstas
de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC. para o exercício seguinte. (Incluído pelo Decreto nº
Parágrafo único. Caberá ao órgão central do SIPEC 10.506, de 2020).
dispor sobre os instrumentos da PNDP. Art. 5º Os órgãos e as entidades elaborarão e enca-
minharão a sua proposta de PDP ao órgão central do SI-
Plano de Desenvolvimento de Pessoas - PDP
PEC, para ciência e eventuais sugestões de alteração.
Art. 3º Cada órgão e entidade integrante do SIPEC (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
elaborará anualmente o respectivo PDP, que vigorará no § 1º O encaminhamento de que trata o caput será
exercício seguinte, a partir do levantamento das necessi- feito até o dia 30 de setembro de cada ano pela autorida-
dades de desenvolvimento relacionadas à consecução de máxima do órgão ou da entidade, permitida a delega-
dos objetivos institucionais. (Redação dada pelo Decreto ção aos dois níveis hierárquicos imediatos, com compe-
nº 10.506, de 2020) tência sobre a área de gestão de pessoas, vedada a subde-
§ 1º O PDP deverá: legação. (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de
I - alinhar as necessidades de desenvolvimento com 2020)
a estratégia do órgão ou da entidade; (Redação dada pelo § 2º A partir de 30 de novembro de cada ano, a au-
Decreto nº 10.506, de 2020) toridade máxima de que trata § 1º aprovará o PDP e po-
II - estabelecer objetivos e metas institucionais co- derá acolher ou não as sugestões recebidas do órgão cen-
mo referência para o planejamento das ações de desen- tral do SIPEC no período. (Redação dada pelo Decreto
volvimento; nº 10.506, de 2020)
III - atender às necessidades administrativas opera- § 3º A unidade de gestão de pessoas do órgão ou da
cionais, táticas e estratégicas, vigentes e futuras; entidade e as suas escolas de governo, quando houver,
IV - nortear o planejamento das ações de desenvol- são responsáveis pelo PDP perante o órgão central do
vimento de acordo com os princípios da economicidade SIPEC e apoiarão os gestores e a autoridade máxima do
e da eficiência; órgão ou da entidade na gestão do desenvolvimento de
V - preparar os servidores para as mudanças de ce- seus servidores, desde o planejamento até a avaliação.
nários internos e externos ao órgão ou à entidade; (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
VI - preparar os servidores para substituições decor- § 4º A competência de que trata o caput e o § 1º
rentes de afastamentos, impedimentos legais ou regula- poderá ser delegada à autoridade máxima da escola de
mentares do titular e da vacância do cargo; governo do órgão ou da entidade. (Incluído pelo Decreto
VII - ofertar ações de desenvolvimento de maneira nº 10.506, de 2020).
equânime aos servidores; Art. 6º As unidades de gestão de pessoas dos órgãos
VIII - acompanhar o desenvolvimento do servidor e das entidades integrantes do SIPEC encaminharão ao
durante sua vida funcional; órgão central o relatório anual de execução do PDP, que
IX - gerir os riscos referentes à implementação das conterá as informações sobre a execução e a avaliação
ações de desenvolvimento; das ações previstas no PDP do exercício anterior e a sua
X - monitorar e avaliar as ações de desenvolvimen- realização.
to para o uso adequado dos recursos públicos; e Art. 7º As unidades de gestão de pessoas responsá-
XI - analisar o custo-benefício das despesas realiza- veis pela elaboração, pela implementação e pelo monito-
das no exercício anterior com as ações de desenvolvi- ramento do PDP realizarão a gestão de riscos das ações
mento. de desenvolvimento previstas, cujas etapas são:
§ 2º A elaboração do PDP será precedida, preferen- I - identificação dos eventos de riscos;
cialmente, por diagnóstico de competências. II - avaliação dos riscos;
§ 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera- III - definição das respostas aos riscos; e
se diagnóstico de competências a identificação do con- IV - implementação de medidas de controle.
junto de conhecimentos, habilidades e condutas necessá- Art. 7º-A As atribuições de que tratam os art. 5º, art.
rios ao exercício do cargo ou da função. 6º e art. 7º, em relação aos PDP, poderão ser delegadas
Art. 4º O PDP conterá, no mínimo: (Redação dada pela autoridade máxima do órgão ou da entidade a até
pelo Decreto nº 10.506, de 2020) duas autoridades. (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de
I - a descrição das necessidades de desenvolvimento 2020).
que serão contempladas no exercício seguinte, incluídas
Órgão central do SIPEC
as necessidades de desenvolvimento de capacidades de
direção, chefia, coordenação e supervisão; Art. 8º O órgão central do SIPEC disponibilizará
II - o público-alvo de cada necessidade de desen- manifestação técnica para orientar a elaboração das
volvimento; (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de ações de desenvolvimento relacionadas ao PDP. (Reda-
2020) ção dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
III - (Revogado pelo Decreto nº 10.506, de 2020) Art. 9º O órgão central do SIPEC encaminhará à
IV - o custo estimado das ações de desenvolvimen- Escola Nacional de Administração Pública - Enap o Pla-
to. no Consolidado de Ações de Desenvolvimento, produzi-
do a partir da organização das propostas constantes dos

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Conhecimentos Específicos
PDP dos órgãos e das entidades, que conterá as ações IV - uniformizar diretrizes para competências trans-
transversais de desenvolvimento da administração públi- versais de desenvolvimento de pessoas em articulação
ca federal. com as demais escolas de governo e unidades adminis-
Parágrafo único. Para fins do disposto neste Decre- trativas competentes do Poder Executivo federal. (Reda-
to, consideram-se ações transversais as ações comuns a ção dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
servidores em exercício em diversos órgãos ou entidades V - promover, elaborar e executar ações de desen-
no âmbito do SIPEC. volvimento destinadas a preparar os servidores para o
Art. 10. Os órgãos e as entidades encaminharão ao exercício de cargos em comissão e funções de confiança
órgão central do SIPEC, para análise e consolidação das além de coordenar e supervisionar os programas de de-
informações dos diversos órgãos e entidades, os seus re- senvolvimento de competências de direção, chefia, de
latórios anuais de execução dos PDP. (Redação dada pe- coordenação e supervisão executados pelas escolas de
lo Decreto nº 10.506, de 2020) governo, pelos órgãos e pelas entidades da administração
Art. 11. Caberá ao órgão central do SIPEC elaborar pública federal direta, autárquica e fundacional; e
o relatório consolidado de execução dos PDP, a partir da VI - atuar, em conjunto com os órgãos centrais dos
consolidação das informações constantes dos relatórios sistemas estruturadores, na definição, na elaboração e na
anuais de execução dos PDP. revisão de ações de desenvolvimento das competências
essenciais dos sistemas estruturadores.
Normas complementares
§ 1º O disposto no inciso IV do caput não afasta
Art. 12. O titular do órgão central do SIPEC editará atividades de elaboração, de contratação, de oferta, de
normas complementares necessárias à execução do dis- administração e de coordenação específica de ações de
posto neste Decreto, que incluirão: desenvolvimento das competências transversais e finalís-
I - os prazos para encaminhamento do PDP e do re- ticas pelas escolas de governo. (Incluído pelo Decreto nº
latório anual de execução do PDP; 10.506, de 2020).
II - os prazos para o encaminhamento da manifesta- § 2º As diretrizes a que se refere o inciso IV do ca-
ção técnica sobre o PDP aos órgãos e às entidades; put contemplarão a inovação e a transformação do Esta-
III - os prazos para conclusão do Plano Consolidado do e a melhoria dos serviços públicos, com foco no cida-
de Ações de Desenvolvimento e do relatório consolidado dão, e, entre outras, as seguintes atividades: (Incluído
de execução dos PDP; pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
IV - o detalhamento das condições para a realização I - o desenvolvimento continuado de servidores pú-
das despesas com desenvolvimento de pessoas, nos ter- blicos; (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
mos do disposto nos art. 16, art. 17 e art. 30; II - programas de pós-graduação, lato sensu e stric-
V - o procedimento para a avaliação e a aprovação to sensu, inclusive pós-doutorado; (Incluído pelo
do pedido de afastamento do servidor, com as informa- Decreto nº 10.506, de 2020).
ções e os documentos necessários à instrução do pedido; III - fomento e desenvolvimento de pesquisa e ino-
VI - a forma e o conteúdo da divulgação das infor- vação; (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
mações de que trata o parágrafo único do art. 16; IV - prospecção, promoção e difusão de conheci-
VII - as condições e os prazos para a comprovação mento; e (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
da efetiva participação do servidor na ação que gerou seu V - desenvolvimento do empreendedorismo e da li-
afastamento; e derança no setor público. (Incluído pelo Decreto nº
VIII - o detalhamento das condições e dos critérios 10.506, de 2020).
para reembolso das despesas comprovadamente efetua- Art. 14. Caberá às escolas de governo do Poder
das para custeio de inscrição e mensalidade de ação de Executivo federal, em articulação com a Enap: (Redação
desenvolvimento formal, presencial ou à distância, pre- dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
vista no PDP. I - apoiar o órgão Central do SIPEC na consolida-
ção e na priorização das necessidades de desenvolvimen-
Escolas de Governo do Poder Executivo federal to de competências transversais contidas no Plano Con-
Art. 13. Caberá à Enap: solidado de Ações de Desenvolvimento;
I - articular as ações da rede de escolas de governo II - planejar a elaboração e a oferta de ações, a fim
do Poder Executivo federal e o sistema de escolas de go- de atender, de forma prioritária, às necessidades mais re-
verno da União; (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, levantes de desenvolvimento de competências transver-
de 2020) sais contidas no Plano Consolidado de Ações de Desen-
II - definir as formas de incentivo para que as insti- volvimento; e
tuições de ensino superior sem fins lucrativos atuem co- III - ofertar, em caráter complementar à Enap, as
mo centros de desenvolvimento de servidores, com a uti- ações de desenvolvimento de âmbito nacional prioriza-
lização parcial da estrutura existente, de forma a contri- das no planejamento, de forma direta ou por meio de
buir com a PNDP; (Redação dada pelo Decreto nº parcerias ou contratações.
10.506, de 2020) Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui
III - propor ao Ministro de Estado da Economia os a possibilidade de contratação direta pelos órgãos ou pe-
critérios para o reconhecimento das instituições incluídas las entidades de ações de desenvolvimento junto a tercei-
na estrutura da administração pública federal direta, au- ros, desde que em consonância com o disposto no
tárquica e fundacional como escola de governo do Poder PNDP. (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
Executivo federal;

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Conhecimentos Específicos
Art. 14-A. As escolas de governo terão autonomia Afastamentos do servidor para participação em
para: (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020). ações de desenvolvimento
I - decidir sobre a priorização das necessidades de
Art. 18. Considera-se afastamento para participação
desenvolvimento de competências específicas contidas
em ações de desenvolvimento a:
nos respectivos PDP; e (Incluído pelo Decreto nº 10.506,
I - licença para capacitação, nos termos do disposto
de 2020).
no art. 87 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
II - planejar, organizar e executar a elaboração e a
II - participação em programa de treinamento regu-
oferta de ações, a fim de atender às necessidades mais re-
larmente instituído, conforme o disposto no inciso IV do
levantes de desenvolvimento de competências transver-
caput do art. 102 da Lei nº 8.112, de 1990 ;
sais e finalísticas contidas em seus PDP. (Incluído pelo
III - participação em programa de pós-graduação
Decreto nº 10.506, de 2020).
stricto sensu no País, conforme o disposto no art. 96-A
Parágrafo único. As escolas de governo ofertarão,
da Lei nº 8.112, de 1990; e
sempre que possível, vagas em sua grade de cursos para
IV - realização de estudo no exterior, conforme o
servidores que não pertençam ao quadro de pessoal do
disposto no art. 95 da Lei nº 8.112, de 1990 .
órgão ou da entidade ao qual a escola está vinculada.
§ 1º Nos afastamentos por período superior a trinta
(Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
dias consecutivos, o servidor:
Art. 15. Caberá aos órgãos centrais dos sistemas es-
I - requererá, conforme o caso, a exoneração ou a
truturadores, de forma permanente:
dispensa do cargo em comissão ou função de confiança
I - definir e revisar a grade de competências essen-
eventualmente ocupado, a contar da data de início do
ciais dos respectivos sistemas; e
afastamento; e
II - atuar, em conjunto com a Enap, para o desen-
II - terá suspenso, sem implicar na dispensa da con-
volvimento de programas de ações de desenvolvimento
cessão, o pagamento das parcelas referentes às gratifica-
de competências essenciais dos sistemas estruturadores.
ções e aos adicionais vinculados à atividade ou ao local
Realização de despesas de trabalho e que não façam parte da estrutura remunera-
tória básica do seu cargo efetivo, contado da data de iní-
Art. 16. Despesas com ações de desenvolvimento de
cio do afastamento. (Redação dada pelo Decreto nº
pessoas para a contratação, a prorrogação ou a substitui-
10.506, de 2020)
ção contratual, a inscrição, o pagamento da mensalidade,
§ 2º O disposto no inciso II do § 1º não se aplica às
as diárias e as passagens poderão ser realizadas somente
parcelas legalmente vinculadas ao desempenho individu-
após a aprovação do PDP, observado o disposto no § 2º
al do cargo efetivo ou ao desempenho institucional.
do art. 5º. (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de
§ 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-
2020)
se treinamento regularmente instituído qualquer ação de
§ 1º As despesas com ações de desenvolvimento de
desenvolvimento promovida ou apoiada pelo órgão ou
pessoas serão divulgadas na internet, de forma transpa-
pela entidade.
rente e objetiva, incluídas as despesas com manutenção
Art. 19. Os afastamentos de que trata o art. 18 pode-
de remuneração nos afastamentos para ações de desen-
rão ser concedidos, entre outros critérios, quando a ação
volvimento. (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
de desenvolvimento:
§ 2º O disposto no caput poderá ser excepcionado
I - estiver prevista no PDP do órgão ou da entidade
pela autoridade máxima do órgão ou da entidade, regis-
do servidor;
trado em processo administrativo específico que conte-
II - estiver alinhada ao desenvolvimento do servidor
nha a justificativa para a execução da ação de desenvol-
nas competências relativas:
vimento. (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
a) ao seu órgão de exercício ou de lotação;
§ 3º As ações de desenvolvimento contratadas na
b) à sua carreira ou cargo efetivo; ou (Redação da-
forma prevista no § 2º serão registradas nas revisões do
da pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
PDP dos órgãos e das entidades, ainda que posteriormen-
c) ao seu cargo em comissão ou à sua função de
te à sua realização. (Incluído pelo Decreto nº 10.506, de
confiança; e
2020).
III - o horário ou o local da ação de desenvolvimen-
Art. 17. A participação em ação de desenvolvimen-
to inviabilizar o cumprimento das atividades previstas ou
to de pessoas que implicar despesa com diárias e passa-
a jornada semanal de trabalho do servidor. (Redação
gens somente poderá ser realizada se o custo total for in-
dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
ferior ao custo de participação em evento com objetivo
§ 1º Os pedidos de afastamento formulados pelos
similar na própria localidade de exercício.
servidores poderão ser processados a partir da data de
Parágrafo único. Exceções ao disposto no caput
aprovação do PDP do órgão ou da entidade. (Incluído
poderão ser aprovadas pela unidade de gestão de pesso-
pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
as, por meio de justificativa e de aprovação da autorida-
§ 2º As ações de desenvolvimento que não necessi-
de máxima do órgão ou da entidade, permitida a delega-
tarem de afastamento e que ocorrerem durante o horário
ção aos dois níveis hierárquicos imediatos, com compe-
de jornada de trabalho do servidor também deverão ser
tência sobre a área de gestão de pessoas, vedada a subde-
registradas nos relatórios anuais de execução para fins de
legação. (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de
gestão das competências dos servidores em exercício nos
2020)
órgãos e nas entidades. (Incluído pelo Decreto nº 10.506,
de 2020).

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Conhecimentos Específicos
§ 3º Cabe à autoridade máxima do órgão ou da enti- Art. 24. O servidor comprovará a participação efeti-
dade de exercício do servidor autorizar o afastamento, va na ação que gerou seu afastamento, no prazo definido
permitida a delegação aos dois níveis hierárquicos ime- nos termos do disposto no inciso VII do caput do art. 12.
diatos, com competência sobre a área de gestão de pes- Parágrafo único. A não apresentação da documenta-
soas, vedada a subdelegação. (Incluído pelo Decreto nº ção comprobatória sujeitará o servidor ao ressarcimento
10.506, de 2020). dos valores correspondentes às despesas com seu afas-
Art. 20. Os afastamentos poderão ser interrompidos, tamento, na forma da legislação vigente, ressalvado o
a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse disposto no § 1º do art. 20.
da administração, condicionado à edição de ato da auto-
Licença para capacitação
ridade que concedeu o afastamento, permitida a delega-
ção aos dois níveis hierárquicos imediatos, com compe- Art. 25. A licença para capacitação poderá ser con-
tência sobre a área de gestão de pessoas, vedada a subde- cedida para:
legação. (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de I - ações de desenvolvimento presenciais ou à dis-
2020) tância;
§ 1º A interrupção do afastamento a pedido do ser- II - elaboração de monografia, trabalho de conclu-
vidor motivada por caso fortuito ou força maior não im- são de curso, dissertação de mestrado, tese de doutorado,
plicará ressarcimento ao erário, desde que comprovada a de livre-docência ou estágio pós-doutoral; ou (Redação
efetiva participação ou aproveitamento da ação de de- dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
senvolvimento no período transcorrido da data de início III - (Revogado pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
do afastamento até a data do pedido de interrupção. IV - curso conjugado com:
§ 2º As justificativas e a comprovação da participa- a) atividades práticas em posto de trabalho, em ór-
ção ou do aproveitamento dos dias de licença na hipótese gão ou entidade da administração pública direta ou indi-
prevista no § 1º serão avaliadas pela autoridade máxima reta dos entes federativos, dos Poderes da União ou de
do órgão ou da entidade em que o servidor estiver em outros países ou em organismos internacionais; ou
exercício, permitida a delegação aos dois níveis hierár- b) realização de atividade voluntária em entidade
quicos imediatos, com competência sobre a área de ges- que preste serviços dessa natureza no País. (Redação da-
tão de pessoas, vedada a subdelegação. (Redação dada da pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
pelo Decreto nº 10.506, de 2020) § 1º As ações de desenvolvimento de que trata o in-
§ 3º O servidor que abandonar ou não concluir a ciso I do caput poderão ser organizadas de modo indivi-
ação de desenvolvimento ressarcirá o gasto com seu dual ou coletivo.
afastamento ao órgão ou à entidade, na forma da legisla- § 2º Os órgãos e as entidades poderão definir crité-
ção vigente, ressalvado o disposto nos § 1º e § 2º. rios de concessão da licença para capacitação de que tra-
Art. 21. Os afastamentos para participar de ações de ta a alínea “b” do inciso IV do caput, observado o dis-
desenvolvimento observarão os seguintes prazos: posto no Decreto nº 9.906, de 9 de julho de 2019, e as
I - pós-graduação stricto sensu: condições para a concessão de afastamento estabelecidas
a) mestrado: até vinte e quatro meses; no art. 19.
b) doutorado: até quarenta e oito meses; e § 3º A licença para capacitação poderá ser parcelada
c) pós-doutorado: até doze meses; e em, no máximo, seis períodos e o menor período não po-
II - estudo no exterior: até quatro anos. derá ser inferior a quinze dias.
Art. 22. Os afastamentos para participar de progra- § 4º Na hipótese de necessidade de prorrogação dos
mas de pós-graduação stricto sensu serão precedidos de prazos de afastamento de que tratam os incisos I e II do
processo seletivo, conduzido e regulado pelos órgãos e caput do art. 21, o servidor poderá utilizar a licença para
pelas entidades do SIPEC, com critérios de elegibilidade capacitação.
isonômicos e transparentes. § 5º A ação de desenvolvimento para aprendizado
§ 1º Os processos seletivos considerarão, quando de língua estrangeira somente poderá ocorrer de modo
houver: presencial, no País ou no exterior, e quando recomendá-
I - a nota da avaliação de desempenho individual; e vel ao exercício das atividades do servidor, conforme
II - o alcance das metas de desempenho individual. atestado no âmbito do órgão ou da entidade. (Incluído
§ 2º As unidades de gestão de pessoas dos órgãos e pelo Decreto nº 10.506, de 2020).
das entidades poderão utilizar avaliações oficialmente Art. 26. O órgão ou a entidade poderá conceder li-
reconhecidas de qualidade dos programas de pós- cença para capacitação somente quando a carga horária
graduação stricto sensu efetuadas por instituições da total da ação de desenvolvimento ou do conjunto de
área de educação para fins de classificação do servidor ações seja igual ou superior a trinta horas semanais. (Re-
no processo seletivo de que trata o caput. dação dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
§ 3º O projeto de pesquisa a ser desenvolvida du- Art. 27. O órgão ou a entidade estabelecerá, com
rante o afastamento estará alinhado à área de atribuição base em seu planejamento estratégico, quantitativo má-
do cargo efetivo, do cargo em comissão ou da função de ximo de servidores que usufruirão a licença para capaci-
confiança do servidor ou à área de competências da sua tação simultaneamente.
unidade de exercício. Parágrafo único. O quantitativo previsto pelo órgão
Art. 23. O processo de afastamento do servidor con- ou pela entidade não poderá ser superior a cinco por cen-
terá as informações e os documentos estabelecidos nas to dos servidores em exercício no órgão ou na entidade e
normas de que trata o art. 12. eventual resultado fracionário será arredondado para o

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Conhecimentos Específicos
número inteiro imediatamente superior. (Redação dada II - o atendimento ao disposto no inciso I do caput
pelo Decreto nº 10.506, de 2020) do art. 19 poderá ser dispensado para a concessão de
Art. 28. A concessão de licença para capacitação afastamento para participar de ação de desenvolvimento.
caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade em Art. 33. A alteração do Decreto nº 91.800, de 1985 ,
que o servidor estiver em exercício, permitida a delega- não produzirá efeitos para os servidores que já estiverem
ção aos dois níveis hierárquicos imediatos, com compe- afastados do País na data de entrada em vigor deste De-
tência sobre a área de gestão de pessoas, vedada a subde- creto.
legação. (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de Art. 34. Os órgãos e as entidades adequarão seus
2020) atos normativos internos ao disposto neste Decreto no
Parágrafo único. A autoridade responsável, na oca- prazo de trinta dias, contado da data de entrada em vigor
sião da concessão, considerará: deste Decreto.
I - se o afastamento do servidor inviabilizará o fun-
Revogação
cionamento do órgão ou da entidade; e
II - os períodos de maior demanda de força de tra- Art. 35. Ficam revogados:
balho. I - o Decreto nº 2.915, de 30 de dezembro de 1998;
Art. 29. O servidor poderá se ausentar das ativida- II – o Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006;
des no órgão ou na entidade de exercício somente após a e
publicação do ato de concessão da licença para capacita- III – o Decreto nº 9.149, de 28 de agosto de 2017.
ção.
Vigência
Parágrafo único. O prazo para a decisão sobre o pe-
dido e a publicação do eventual deferimento é de trinta Art. 36. Este Decreto entra em vigor em 6 de se-
dias, contado da data de apresentação dos documentos tembro de 2019.
necessários. (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de Brasília, 28 de agosto de 2019; 198º da Indepen-
2020) dência e 131º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Reembolso de despesas realizadas por servidor
Paulo Guedes
Art. 30. A autoridade máxima do órgão ou da enti-
dade poderá, em caráter excepcional, deferir o reembolso 18.3. O SUBSISTEMA INTEGRADO DE
da inscrição e da mensalidade pagas pelo servidor em ATENÇÃO À SAÚDE DO SERVIDOR PÚBLICO
ações de desenvolvimento, atendidas as seguintes condi- FEDERAL - SIASS (DECRETO Nº 6.833/2009)
ções: (Redação dada pelo Decreto nº 10.506, de 2020)
I - (Revogado pelo Decreto nº 10.506, de 2020) Institui o Subsistema Integrado de Atenção
II - existência de disponibilidade financeira e orça- à Saúde do Servidor Público Federal -
mentária; SIASS e o Comitê Gestor de Atenção à Sa-
III - atendimento das condições previstas neste De- úde do Servidor.
creto para a realização da ação de desenvolvimento; e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das
IV - existência de justificativa do requerente, com a
atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI,
concordância da administração, sobre a imprescindibili- alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto
dade da ação de desenvolvimento para os objetivos or- no art. 30 do Decreto-Lei no 200, de 25 de fevereiro de
ganizacionais do órgão ou da entidade. 1967,
Alteração das regras de afastamento do país
DECRETA:
Art. 31. O Decreto nº 91.800, de 18 de outubro de
Art.1º Fica instituído, no âmbito do Ministério do
1985, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Planejamento, Orçamento e Gestão, o Subsistema
“Art. 8º ........................................................ Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público
Parágrafo único. Na hipótese de viagem com a fina- Federal - SIASS, integrante do Sistema de Pessoal Civil
lidade de aperfeiçoamento, o ocupante de cargo em co-
da Administração Federal - SIPEC, criado pelo Decreto
missão ou de função de confiança somente poderá afas-
nº 67.326, de 5 de outubro de 1970.
tar-se do País pelo período máximo de trinta dias.” (NR)
Art. 2º O SIASS tem por objetivo coordenar e
(Vide)
integrar ações e programas nas áreas de assistência à
Disposições finais e transitórias saúde, perícia oficial, promoção, prevenção e
acompanhamento da saúde dos servidores da
Art. 32. O primeiro PDP elaborado após a entrada administração federal direta, autárquica e fundacional, de
em vigor deste Decreto considerará a avaliação da exe- acordo com a política de atenção à saúde e segurança do
cução do plano anual de capacitação do exercício anteri- trabalho do servidor público federal, estabelecida pelo
or. Governo.
Parágrafo único. No primeiro exercício de vigência Art. 3º Para os fins deste Decreto, considera-se:
deste Decreto: I - assistência à saúde: ações que visem a
I - os prazos de elaboração do PDP poderão ser di- prevenção, a detecção precoce e o tratamento de doenças
ferenciados, observado o disposto nas normas comple- e, ainda, a reabilitação da saúde do servidor,
mentares de que trata o art. 12; e compreendendo as diversas áreas de atuação

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Conhecimentos Específicos
relacionadas à atenção à saúde do servidor público civil Definições
federal;
Art. 2º Para os efeitos do disposto nesta Portaria, con-
II - perícia oficial: ação médica ou odontológica sidera-se:
com o objetivo de avaliar o estado de saúde do servidor I - alta administração: gestores que integram o nível
para o exercício de suas atividades laborais; e executivo do órgão ou da entidade, com poderes para esta-
III - promoção, prevenção e acompanhamento da belecer as políticas, os objetivos e conduzir a implementa-
saúde: ações com o objetivo de intervir no processo de ção da estratégia para cumprir a missão da organização;
adoecimento do servidor, tanto no aspecto individual II - estrutura: maneira como estão divididas as responsabili-
quanto nas relações coletivas no ambiente de trabalho. dades e a autoridade para a tomada de decisões em uma or-
Art. 4º - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) ganização;
(Vigência) III - governança das contratações públicas: conjunto de
Art. 5º - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em
(Vigência) prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da
Art. 6º O exercício do servidor no âmbito do SIASS gestão das contratações públicas, visando a agregar valor ao
não implica mudança de unidade de lotação ou de órgão de negócio do órgão ou entidade, e contribuir para o alcance de
origem. seus objetivos, com riscos aceitáveis;
Art. 7º - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) IV - metaprocesso de contratação pública: rito inte-
(Vigência) grado pelas fases de planejamento da contratação, sele-
Art. 8º Este Decreto entra em vigor na data de sua ção do fornecedor e gestão do contrato, e que serve como
publicação. padrão para que os processos específicos de contratação
Art. 9o Fica revogado o Decreto no 5.961, de 13 de sejam realizados;
novembro de 2006.
V - negócio de impacto: empreendimento com o ob-
Brasília, 29 de abril de 2009; 188o da Independência e
o jetivo de gerar impacto socioambiental e resultado finan-
121 da República.
ceiro positivo de forma sustentável, nos termos do De-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Paulo Bernardo Silva creto nº 9.977, de 19 de agosto de 2019, ou o que vier a
substituí-lo;
VI - Plano de Contratações Anual: instrumento de
19. GOVERNANÇA PÚBLICA governança, elaborado anualmente pelos órgãos e enti-
19.1. GOVERNANÇA DAS CONTRATAÇÕES dades, contendo todas as contratações que se pretende
PÚBLICAS NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO realizar ou prorrogar no exercício subsequente, com o
PÚBLICA FEDERAL (PORTARIA Nº 8.678/2021 objetivo de racionalizar as contratações sob sua compe-
SEGES/ME). tência, garantir o alinhamento com o seu planejamento
estratégico e subsidiar a elaboração da respectiva lei or-
Dispõe sobre a governança das contrata- çamentária do ente federativo.
ções públicas no âmbito da Administração VII - Plano Diretor de Logística Sustentável - PLS:
Pública federal direta, autárquica e funda- instrumento de governança, vinculado ao planejamento
cional. estratégico do órgão ou entidade, ou instrumento equiva-
O SECRETÁRIO DE GESTÃO DA SECRE- lente, e às leis orçamentárias, que estabelece a estratégia
TARIA ESPECIAL DE DESBUROCRATIZAÇÃO, das contratações e da logística no âmbito do órgão ou en-
GESTÃO E GOVERNO DIGITAL DO MINISTÉ- tidade, considerando objetivos e ações referentes a crité-
RIO DA ECONOMIA, no uso das atribuições que lhe rios e a práticas de sustentabilidade, nas dimensões eco-
conferem o inciso VII do art. 127 do Anexo I do Decreto nômica, social, ambiental e cultural; e
nº 9.745, de 8 de abril de 2019, o art. 9º do Decreto nº VIII - risco: evento futuro e identificado, ao qual é
1.094, de 23 de março de 1994, e tendo em vista o dis- possível associar uma probabilidade de ocorrência e um
posto da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, resolve: grau de impacto, que afetará, positiva ou negativamente,
os objetivos a serem atingidos, caso ocorra.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES CAPÍTULO II
FUNDAMENTOS
Objeto e âmbito de aplicação Objetivos
Art. 1º Esta Portaria dispõe sobre a governança das Art. 3º Os objetivos das contratações públicas são:
contratações públicas no âmbito da Administração Pú- I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o re-
blica federal direta, autárquica e fundacional. sultado de contratação mais vantajoso para a Adminis-
§ 1º A alta administração dos órgãos e entidades de tração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida
que trata o caput deve implementar e manter mecanis- do objeto;
mos e instrumentos de governança das contratações pú- II - assegurar tratamento isonômico entre os licitan-
blicas em consonância com o disposto nesta Portaria. tes, bem como a justa competição;
§ 2º Os entes da federação que realizarem contrata- III - evitar contratações com sobrepreço ou com
ções com a utilização de recursos da União oriundos de preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento
transferências voluntárias poderão observar as disposi- na execução dos contratos;
ções desta Portaria, no que couber.

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Conhecimentos Específicos
IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento na- Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Minis-
cional sustentável. tério da Economia.
Parágrafo único. Os critérios e práticas definidos
Função pelo PLS deverão ser considerados para fins de defini-
ção:
Art. 4º A governança nas contratações públicas tem
I - da especificação do objeto a ser contratado;
por função assegurar o alcance dos objetivos de que trata
II - das obrigações da contratada; ou
o art. 3º.
III - de requisito previsto em lei especial, de acordo
Diretrizes com o disposto no inciso IV do caput do art. 67 da Lei nº
14.133, de 1º de abril de 2021.
Art. 5º São diretrizes da governança nas contrata- Art. 8º Os PLS devem conter, no mínimo:
ções públicas:
I - diretrizes para a gestão estratégica das contrata-
I - promoção do desenvolvimento nacional susten-
ções e da logística no âmbito do órgão ou entidade;
tável, em consonância com a Estratégia Federal de De-
II - metodologia para aferição de custos indiretos,
senvolvimento e com os Objetivos de Desenvolvimento
que poderão ser considerados na escolha da opção mais
Sustentável; vantajosa à Administração, relacionados às despesas de
II - promoção do tratamento diferenciado e simpli- manutenção, utilização, reposição, depreciação, trata-
ficado à microempresa e à empresa de pequeno porte;
mento de resíduos sólidos e impacto ambiental, entre ou-
III - promoção de ambiente negocial íntegro e con-
tros fatores vinculados ao ciclo de vida do objeto contra-
fiável;
tado;
IV - alinhamento das contratações públicas aos
III - ações voltadas para:
planejamentos estratégicos dos órgãos e entidades, bem a) promoção da racionalização e do consumo cons-
como às leis orçamentárias; ciente de bens e serviços;
V - fomento à competitividade nos certames, dimi-
b) racionalização da ocupação dos espaços físicos;
nuindo a barreira de entrada a fornecedores em poten-
c) identificação dos objetos de menor impacto am-
cial;
biental;
VI - aprimoramento da interação com o mercado
d) fomento à inovação no mercado;
fornecedor, como forma de se promover a inovação e de e) inclusão dos negócios de impacto nas contrata-
se prospectarem soluções que maximizem a efetividade ções públicas; e
da contratação;
f) divulgação, conscientização e capacitação acerca
VII - desburocratização, incentivo à participação
da logística sustentável;
social, uso de linguagem simples e de tecnologia, bem
IV - responsabilidades dos atores envolvidos na
como as demais diretrizes do Governo Digital, dispostas elaboração, na execução, no monitoramento e na avalia-
no art. 3º da Lei nº 14.129, de 29 de março de 2021; ção do PLS; e
VIII - transparência processual;
V - metodologia para implementação, monitora-
IX - padronização e centralização de procedimen-
mento e avaliação do PLS.
tos, sempre que pertinente.
§ 1º O PLS deverá nortear a elaboração:
I - do Plano de Contratações Anual;
CAPÍTULO III II - dos estudos técnicos preliminares; e
INSTRUMENTOS III - dos anteprojetos, dos projetos básicos ou dos
Instrumentos termos de referência de cada contratação.
Art. 6º São instrumentos de governança nas contra- § 2º Os objetivos dispostos no art. 3º deverão, sem-
tações públicas, dentre outros: pre que possível, ser desdobrados em indicadores e me-
I - Plano Diretor de Logística Sustentável - PLS; tas, e monitorados pelo PLS.
II - Plano de Contratações Anual; § 3º O PLS será publicado no sítio eletrônico oficial
III - Política de gestão de estoques; do órgão ou entidade.
IV - Política de compras compartilhadas; Art. 9º O PLS deverá estar vinculado ao planeja-
V - Gestão por competências; mento estratégico do órgão ou entidade, ou instrumento
VI - Política de interação com o mercado; equivalente, e ao plano plurianual.
VII - Gestão de riscos e controle preventivo;
Plano de Contratações Anual
VIII - Diretrizes para a gestão dos contratos; e
IX - Definição de estrutura da área de contratações Art. 10. Os órgãos e entidades deverão elaborar seu
públicas. Plano de Contratações Anual de acordo com as regras
Parágrafo único. Os instrumentos de governança de definidas pela Secretaria de Gestão da Secretaria Especi-
que trata este artigo devem estar alinhados entre si. al de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do
Ministério da Economia.
Plano Diretor de Logística Sustentável Parágrafo único. O Plano de Contratações Anual,
Art. 7º Os órgãos e as entidades devem elaborar e elaborado a partir das diretrizes do PLS, deverá estar ali-
implementar seu Plano Diretor de Logística Sustentável - nhado ao planejamento estratégico do órgão ou entidade
PLS, de acordo com modelo de referência definido em e subsidiará a elaboração da proposta orçamentária.
ato da Secretaria de Gestão da Secretaria Especial de

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Conhecimentos Específicos
Política de gestão de estoques Política de interação com o mercado fornecedor
e com associações empresariais
Art. 11. Compete ao órgão ou entidade, quanto à
gestão de estoques do processo de contratações públicas: Art. 15. Compete ao órgão ou entidade, quanto à in-
I - assegurar a minimização de perdas, deterioração e teração com o mercado fornecedor e com associações
obsolescência, realizando, sempre que possível, a aliena- empresariais:
ção, a cessão, a transferência e a destinação final ambi- I - promover regular e transparente diálogo quando
entalmente adequada dos bens móveis classificados co- da confecção dos estudos técnicos preliminares, de for-
mo inservíveis; ma a se obterem insumos para a otimização das especifi-
II - garantir os níveis de estoque mínimos para que cações dos objetos a serem contratados, dos parâmetros
não haja ruptura no suprimento, adotando-se, sempre de mercado para melhor técnica e custo das contratações,
que possível, soluções de suprimento just-in-time; e das obrigações da futura contratada, conforme dispõe o
III - considerar, quando da elaboração dos estudos art. 21 da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021.
técnicos preliminares, os custos de gestão de estoques II - observar a devida transparência acerca dos
como informação gerencial na definição do modelo de eventos a serem conduzidos na fase da seleção do forne-
fornecimento mais efetivo. cedor, respeitados os princípios da isonomia e da publi-
cidade;
Política de compras compartilhadas
III - padronizar os procedimentos para a fiscaliza-
Art. 12. Compete ao órgão ou entidade, quanto às ção contratual, respeitando-se os princípios do devido
compras compartilhadas do processo de contratações pú- processo legal e do contraditório quando da apuração de
blicas: descumprimentos junto a fornecedores; e
I - realizar as contratações de bens e serviços de uso IV - estabelecer exigências sempre proporcionais ao
comum, preferencialmente, de forma compartilhada; e objeto a ser contratado, para assegurar que as oportuni-
II - utilizar as soluções centralizadas disponibiliza- dades sejam projetadas de modo a incentivar a ampla
das pela Central de Compras da Secretaria de Gestão da participação de concorrentes potenciais, incluindo novos
Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Go- entrantes e pequenas e médias empresas.
verno Digital, salvo disposição em contrário. Parágrafo único. O disposto neste artigo deverá es-
Art. 13. A Central de Compras da Secretaria de tar em harmonia com a Estratégia Nacional de Investi-
Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, mentos e Negócios de Impacto, instituída pelo Decreto
Gestão e Governo Digital constituirá seu portfólio de nº 9.977, de 19 de agosto de 2019, ou o que vier a substi-
contratações compartilhadas considerando as informa- tui-lo.
ções dos planos de contratações anuais dos órgãos e en-
Gestão de riscos e controle preventivo
tidades.
Art. 16. Compete ao órgão ou entidade, quanto à ges-
Gestão por competências tão de riscos e ao controle preventivo do processo de con-
Art. 14. Compete ao órgão ou entidade, quanto à tratação pública:
gestão por competências do processo de contratações I - estabelecer diretrizes para a gestão de riscos e o
públicas: controle preventivo que contemplem os níveis do metapro-
I - assegurar a aderência às normas, regulamenta- cesso de contratações e dos processos específicos de contra-
ções e padrões estabelecidos pelo órgão central do Sis- tação;
II - realizar a gestão de riscos e o controle preventivo
tema de Serviços Gerais - Sisg, quanto às competências
do metaprocesso de contratações e dos processos específi-
para os agentes públicos que desempenham papéis liga-
cos de contratação, quando couber, conforme as diretrizes
dos à governança, à gestão e à fiscalização das contrata- de que trata o inciso I;
ções; III - incluir nas atividades de auditoria interna a avali-
II - garantir que a escolha dos ocupantes de fun- ação da governança, da gestão de riscos e do controle pre-
ções-chave, funções de confiança ou cargos em comis- ventivo nas contratações; e
são, na área de contratações, seja fundamentada nos per- IV - assegurar que os responsáveis pela tomada de
fis de competências definidos conforme o inciso I, ob- decisão, em todos os níveis do órgão ou da entidade, te-
servando os princípios da transparência, da eficiência e nham acesso tempestivo às informações relativas aos ris-
do interesse público, bem como os requisitos definidos cos aos quais está exposto o processo de contratações,
no art. 7º da Lei nº 14.133, de 2021; e inclusive para determinar questões relativas à delegação
III - elencar, no Plano de Desenvolvimento de Pes- de competência, se for o caso.
soas - PDP, nos termos do Decreto nº 9.991, de 28 de § 1º A gestão de riscos e o controle preventivo de-
agosto de 2019, ações de desenvolvimento dos dirigentes verão racionalizar o trabalho administrativo ao longo do
e demais agentes que atuam no processo de contratação, processo de contratação, estabelecendo-se controles pro-
contemplando aspectos técnicos, gerenciais e comporta- porcionais aos riscos e suprimindo-se rotinas puramente
mentais desejáveis ao bom desempenho de suas funções. formais.
§ 2º Caderno de Logística da Secretaria de Gestão
da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e
Governo Digital do Ministério da Economia estabelecerá
metodologia para a gestão de riscos do metaprocesso de
contratação pública.

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Conhecimentos Específicos
Diretrizes para a gestão dos contratos forma a não atribuir atividades de cogestão à unidade de
auditoria interna.
Art. 17. Compete ao órgão ou entidade, quanto à
gestão dos contratos:
CAPÍTULO IV
I - avaliar a atuação do contratado no cumprimento
USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS
das obrigações assumidas, baseando-se em indicadores
PARA APOIAR AS
objetivamente definidos, sempre que aplicável;
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
II - introduzir rotina aos processos de pagamentos
dos contratos, incluindo as ordens cronológicas de pa- Tecnologias digitais
gamento, juntamente com sua memória de cálculo, rela-
Art. 19. Os órgãos e as entidades da Administração
tório circunstanciado, proposições de glosa e ordem ban-
Pública federal direta, autárquica e fundacional, deverão
cária;
utilizar o Sistema de Compras do Governo Federal -
III - estabelecer diretrizes para a nomeação de ges-
Comprasnet 4.0 - em todas as etapas e atividades do pro-
tores e fiscais de contrato, com base no perfil de compe-
cesso de contratação disponíveis nessa plataforma, sendo
tências previsto no art. 14, e evitando a sobrecarga de
facultado o uso de outras ferramentas eletrônicas de
atribuições;
apoio para processos de trabalho ainda não alcançados
IV - modelar o processo sancionatório decorrente de
pela plataforma.
contratações públicas, estabelecendo-se, em especial, cri-
térios objetivos e isonômicos para a determinação da do-
simetria das penas, com fulcro no § 1º do art. 156 da Lei CAPÍTULO V
nº 14.133, de 1º de abril de 2021; DISPOSIÇÕES FINAIS
V - prever a implantação de programas de integri-
dade pelo contratado, de acordo com a Lei nº 12.846, de Acompanhamento e atuação da alta administra-
1º de agosto de 2013, na hipótese de objetos de grande ção
vulto, e para os demais casos, quando aplicável; e Art. 20. A alta administração dos órgãos e entidades
VI - constituir, com base no relatório final de que deverá implementar e manter mecanismos e instrumen-
trata a alínea "d" do inciso VI do § 3º do art. 174 da Lei tos de governança das contratações públicas estabele-
nº 14.133, de 1º de abril de 2021, base de dados de lições cendo, no âmbito de sua competência, no mínimo:
aprendidas durante a execução contratual, como forma I - formas de acompanhamento de resultados, com
de aprimoramento das atividades da Administração. indicadores e metas para a gestão dos processos de con-
tratações;
Definição de estrutura da área de contratações
II - iniciativas que promovam soluções para melho-
Art. 18 . Compete ao órgão ou entidade, quanto à ria do desempenho institucional, com apoio, quando pos-
estrutura da área de contratações públicas: sível, dos resultados da gestão de riscos e do controle
I - proceder, periodicamente, à avaliação quantitati- preventivo; e
va e qualitativa do pessoal, de forma a delimitar as ne- III - instrumentos de promoção do processo decisó-
cessidades de recursos materiais e humanos; rio orientado por evidências, pela conformidade legal,
II - estabelecer em normativos internos: pela qualidade regulatória, pela desburocratização e pelo
a) competências, atribuições e responsabilidades apoio à participação da sociedade.
dos dirigentes, incluindo a responsabilidade pelo estabe-
lecimento de políticas e procedimentos de controles in- Orientações Gerais
ternos necessários para mitigar os riscos; Art. 21. Os casos omissos decorrentes da aplicação
b) competências, atribuições e responsabilidades desta Portaria serão dirimidos pela Secretaria de Gestão
dos demais agentes que atuam no processo de contrata- da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e
ções; e Governo Digital do Ministério da Economia.
c) política de delegação de competência para autori- Art. 22. A Secretaria de Gestão da Secretaria Espe-
zação de contratações, se pertinente. cial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do
III - avaliar a necessidade de atribuir a um comitê, Ministério da Economia poderá expedir normas com-
integrado por representantes dos diversos setores da or- plementares para a execução desta Portaria, bem como
ganização, a responsabilidade por auxiliar a alta adminis- disponibilizar em meio eletrônico informações adicio-
tração nas decisões relativas às contratações; nais.
IV - zelar pela devida segregação de funções, veda-
da a designação do mesmo agente público para atuação Vigência
simultânea nas funções mais suscetíveis a riscos; Art. 23. Esta Portaria entra em vigor no dia 2 de
V - proceder a ajustes ou a adequações em suas es- agosto de 2021.
truturas, considerando a centralização de compras pelas CRISTIANO ROCHA HECKERT
unidades competentes, com o objetivo de realizar contra-
tações em grande escala, sempre que oportuno; e
VI - observar as diferenças conceituais entre contro-
le interno, a cargo dos gestores responsáveis pelos pro-
cessos que recebem o controle, e auditoria interna, de

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Conhecimentos Específicos
20. LOGÍSTICA PÚBLICA: II - exercer o poder de mando sobre os empregados
da contratada, devendo reportar-se somente aos prepos-
20.1. CONTRATAÇÕES NA ADMINISTRA- tos ou responsáveis por ela indicados, exceto quando o
ÇÃO PÚBLICA (LEI 14.133/2021 objeto da contratação previr a notificação direta para a
Vide item 10, página 63 da disciplina “Adminis- execução das tarefas previamente descritas no contrato
tração Pública” de prestação de serviços para a função específica, tais
como nos serviços de recepção, apoio administrativo ou
20.2. FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS AD- ao usuário;
MINISTRATIVOS (IN Nº 05/2017 DA SG-MPDG) III - direcionar a contratação de pessoas para traba-
lhar nas empresas contratadas;
Dispõe sobre as regras e diretrizes do pro- IV - promover ou aceitar o desvio de funções dos
cedimento de contratação de serviços sob o trabalhadores da contratada, mediante a utilização destes
regime de execução indireta no âmbito da em atividades distintas daquelas previstas no objeto da
Administração Pública federal direta, au- contratação e em relação à função específica para a qual
tárquica e fundacional. o trabalhador foi contratado;
O SECRETÁRIO DE GESTÃO DO MINISTÉ- V - considerar os trabalhadores da contratada como
RIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMEN- colaboradores eventuais do próprio órgão ou entidade
TO E GESTÃO, no uso das atribuições que lhe confere responsável pela contratação, especialmente para efeito
o Decreto nº 9.035, de 20 de abril de 2017, e o Decreto de concessão de diárias e passagens;
nº 1.094, de 23 de março de 1994, considerando o dis- VI - definir o valor da remuneração dos trabalhado-
posto na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na Lei nº res da empresa contratada para prestar os serviços, salvo
10.520, de 17 de julho de 2002, no Decreto-Lei nº 200, nos casos específicos em que se necessitam de profissio-
de 25 de fevereiro de 1967, e no Decreto nº 2.271, de 7 nais com habilitação/experiência superior a daqueles
de julho de 1997, resolve: que, no mercado, são remunerados pelo piso salarial da
categoria, desde que justificadamente; e
VII - conceder aos trabalhadores da contratada di-
CAPÍTULO I reitos típicos de servidores públicos, tais como recesso,
DISPOSIÇÕES GERAIS ponto facultativo, dentre outros.
Art. 1º As contratações de serviços para a realização Art. 6º A Administração não se vincula às disposi-
de tarefas executivas sob o regime de execução indireta, ções contidas em Acordos, Convenções ou Dissídios Co-
por órgãos ou entidades da Administração Pública fede- letivos de Trabalho que tratem de pagamento de partici-
ral direta, autárquica e fundacional, observarão, no que pação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da em-
couber: presa contratada, de matéria não trabalhista, ou que esta-
I - as fases de Planejamento da Contratação, Sele- beleçam direitos não previstos em lei, tais como valores
ção do Fornecedor e Gestão do Contrato; ou índices obrigatórios de encargos sociais ou previden-
II - os critérios e práticas de sustentabilidade; e ciários, bem como de preços para os insumos relaciona-
III - o alinhamento com o Planejamento Estratégico dos ao exercício da atividade.
do órgão ou entidade, quando houver. Parágrafo único. É vedado ao órgão e entidade vin-
cular-se às disposições previstas nos Acordos, Conven-
Seção I ções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que tratem de
Das Definições obrigações e direitos que somente se aplicam aos contra-
Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa tos com a Administração Pública.
são adotadas as definições constantes do Anexo I.
Seção III
Seção II Dos Serviços Passíveis de Execução Indireta
Das Características da Terceirização de Serviços Art. 7º Nos termos da legislação, serão objeto de
Art. 3º O objeto da licitação será definido como execução indireta as atividades previstas em Decreto que
prestação de serviços, sendo vedada a caracterização ex- regulamenta a matéria.
clusiva do objeto como fornecimento de mão de obra. § 1º A Administração poderá contratar, mediante
Art. 4º A prestação de serviços de que trata esta Ins- terceirização, as atividades dos cargos extintos ou em ex-
trução Normativa não gera vínculo empregatício entre os tinção, tais como os elencados na Lei nº 9.632, de 7 de
empregados da contratada e a Administração, vedando- maio de 1998.
se qualquer relação entre estes que caracterize pessoali- § 2º As funções elencadas nas contratações de pres-
dade e subordinação direta. tação de serviços deverão observar a nomenclatura esta-
Art. 5º É vedado à Administração ou aos seus servi- belecida na Classificação Brasileira de Ocupações
dores praticar atos de ingerência na administração da (CBO), do Ministério do Trabalho, ou outra que vier a
contratada, a exemplo de: substituí-la.
I - possibilitar ou dar causa a atos de subordinação, Art. 8º Poderá ser admitida a contratação de serviço
vinculação hierárquica, prestação de contas, aplicação de de apoio administrativo, considerando o disposto no in-
sanção e supervisão direta sobre os empregados da con- ciso IV do art. 9º desta Instrução Normativa, com a des-
tratada; crição no contrato de prestação de serviços para cada
função específica das tarefas principais e essenciais a se-

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Conhecimentos Específicos
rem executadas, admitindo-se pela Administração, em Art. 12. Quando da contratação de instituição sem
relação à pessoa encarregada da função, a notificação di- fins lucrativos, o serviço contratado deverá ser executado
reta para a execução das tarefas. obrigatoriamente pelos profissionais pertencentes aos
quadros funcionais da instituição.
Seção IV Parágrafo único. Considerando-se que as institui-
Da Vedação à Contratação de Serviços ções sem fins lucrativos gozam de benefícios fiscais e
Art. 9º Não serão objeto de execução indireta na previdenciários específicos, condição que reduz seus
Administração Pública federal direta, autárquica e fun- custos operacionais em relação às pessoas jurídicas ou
dacional: físicas, legal e regularmente tributadas, não será permiti-
I - atividades que envolvam a tomada de decisão ou da, em observância ao princípio da isonomia, a partici-
posicionamento institucional nas áreas de planejamento, pação de instituições sem fins lucrativos em processos
coordenação, supervisão e controle; licitatórios destinados à contratação de empresário, de
II - as atividades consideradas estratégicas para o sociedade empresária ou de consórcio de empresa.
órgão ou entidade, cuja terceirização possa colocar em Art. 13. Não será admitida a contratação de coope-
risco o controle de processos e de conhecimentos e tec- rativa ou de instituição sem fins lucrativos cujo estatuto
nologias; e objetos sociais não prevejam ou não estejam de acordo
III - as funções relacionadas ao poder de polícia, de com o objeto contratado.
regulação, de outorga de serviços públicos e de aplicação
de sanção; e Seção VI
IV - as atividades inerentes às categorias funcionais Das Características dos Serviços
abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade, Subseção I
salvo expressa disposição legal em contrário ou quando Dos Serviços Comuns
se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbi- Art. 14. Os serviços considerados comuns são aque-
to do quadro geral de pessoal. les cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
Parágrafo único. As atividades auxiliares, instru- objetivamente definidos pelo ato convocatório, por meio
mentais ou acessórias às funções e atividades definidas de especificações usuais do mercado.
nos incisos do caput podem ser executadas de forma in- Parágrafo único. Independentemente de sua com-
direta, sendo vedada a transferência de responsabilidade plexidade, os serviços podem ser enquadrados na condi-
para realização de atos administrativos ou a tomada de ção de serviços comuns, desde que atendam aos requisi-
decisão para o contratado. tos dispostos no caput deste artigo.

Seção V Subseção II
Dos Serviços Prestados por Cooperativas Dos Serviços Prestados de Forma
e Instituições Sem Fins Lucrativos Contínua e Não Contínua
Art. 10. A contratação de sociedades cooperativas Art. 15. Os serviços prestados de forma contínua
somente poderá ocorrer quando, pela sua natureza, o ser- são aqueles que, pela sua essencialidade, visam atender à
viço a ser contratado evidenciar: necessidade pública de forma permanente e contínua, por
I - a possibilidade de ser executado com autonomia mais de um exercício financeiro, assegurando a integri-
pelos cooperados, de modo a não demandar relação de dade do patrimônio público ou o funcionamento das ati-
subordinação entre a cooperativa e os cooperados, nem vidades finalísticas do órgão ou entidade, de modo que
entre a Administração e os cooperados; e sua interrupção possa comprometer a prestação de um
II - que a gestão operacional do serviço seja execu- serviço público ou o cumprimento da missão institucio-
tada de forma compartilhada ou em rodízio, em que as nal.
atividades de coordenação e supervisão da execução dos Parágrafo único. A contratação de serviços presta-
serviços e as de preposto, conforme determina o art. 68 dos de forma contínua deverá observar os prazos previs-
da Lei nº 8.666, de 1993, sejam realizadas pelos coope- tos no art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.
rados de forma alternada ou aleatória, para que tantos Art. 16. Os serviços considerados não continuados
quanto possíveis venham a assumir tal atribuição. ou contratados por escopo são aqueles que impõem aos
§ 1º Quando admitida a participação de cooperati- contratados o dever de realizar a prestação de um serviço
vas, estas deverão apresentar um modelo de gestão ope- específico em um período predeterminado, podendo ser
racional que contemple as diretrizes estabelecidas neste prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo ne-
artigo, o qual servirá como condição de aceitabilidade da cessário à conclusão do objeto, observadas as hipóteses
proposta. previstas no § 1º do art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.
§ 2º O serviço contratado deverá ser executado
obrigatoriamente pelos cooperados, vedada qualquer in- Subseção III
termediação ou subcontratação. Dos Serviços com Regime de Dedicação
Art. 11. Na contratação de sociedades cooperativas, Exclusiva de Mão de Obra
o órgão ou entidade deverá verificar seus atos constituti- Art. 17. Os serviços com regime de dedicação ex-
vos, analisando sua regularidade formal e as regras inter- clusiva de mão de obra são aqueles em que o modelo de
nas de funcionamento, para evitar eventual desvirtuação execução contratual exija, dentre outros requisitos, que:
ou fraude.

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Conhecimentos Específicos
I - os empregados da contratada fiquem à disposi- § 2º Salvo o Gerenciamento de Riscos relacionado à
ção nas dependências da contratante para a prestação dos fase de Gestão do Contrato, as etapas I e II
serviços; do caput ficam dispensadas quando se tratar de:
II - a contratada não compartilhe os recursos huma- a) contratações de serviços cujos valores se enqua-
nos e materiais disponíveis de uma contratação para exe- dram nos limites dos incisos I e II do art. 24 da Lei nº
cução simultânea de outros contratos; e 8.666, de 1993; ou
III - a contratada possibilite a fiscalização pela con- b) contratações previstas nos incisos IV e XI do art.
tratante quanto à distribuição, controle e supervisão dos 24 da Lei nº 8.666, de 1993.
recursos humanos alocados aos seus contratos. § 3º As contratações de serviços prestados de forma
Parágrafo único. Os serviços de que trata contínua, passíveis de prorrogações sucessivas, de que
o caput poderão ser prestados fora das dependências do trata o art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993, caso sejam obje-
órgão ou entidade, desde que não seja nas dependências to de renovação da vigência, ficam dispensadas das eta-
da contratada e presentes os requisitos dos incisos II e pas I, II e III do caput, salvo o Gerenciamento de Riscos
III. da fase de Gestão do Contrato.
Art. 18. Para as contratações de que trata o art. 17, o § 4º Os órgãos e entidades poderão simplificar, no
procedimento sobre Gerenciamento de Riscos, conforme que couber, a etapa de Estudos Preliminares, quando
especificado nos arts. 25 e 26, obrigatoriamente contem- adotados os modelos de contratação estabelecidos nos
plará o risco de descumprimento das obrigações traba- Cadernos de Logística divulgados pela Secretaria de
lhistas, previdenciárias e com FGTS da contratada. Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento
§ 1º Para o tratamento dos riscos previstos e Gestão.
no caput, poderão ser adotados os seguintes controles § 5º Podem ser elaborados Estudos Preliminares e
internos: Gerenciamento de Riscos comuns para serviços de mes-
I - Conta-Depósito Vinculada ― bloqueada para ma natureza, semelhança ou afinidade.
movimentação, conforme disposto em Caderno de Lo-
gística, elaborado pela Secretaria de Gestão do Ministé- Seção I
rio do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; ou Dos Procedimentos Iniciais para Elaboração
II - Pagamento pelo Fato Gerador, conforme dispos- do Planejamento da Contratação
to em Caderno de Logística, elaborado pela Secretaria de Art. 21. Os procedimentos iniciais do Planejamento
Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento da Contratação consistem nas seguintes atividades:
e Gestão.
I - elaboração do documento para formalização da
§2º A adoção de um dos critérios previstos nos inci-
demanda pelo setor requisitante do serviço, conforme
sos I e II do parágrafo anterior deverá ser justificada com
modelo do Anexo II, que contemple:
base na avaliação da relação custo-benefício.
a) a justificativa da necessidade da contratação ex-
§ 3º Só será admitida a adoção do Pagamento pelo
plicitando a opção pela terceirização dos serviços e con-
Fato Gerador após a publicação do Caderno de Logística
siderando o Planejamento Estratégico, se for o caso;
a que faz referência o inciso II do § 1º deste artigo.
b) a quantidade de serviço a ser contratada;
§ 4º Os procedimentos de que tratam os incisos do §
c) a previsão de data em que deve ser iniciada a
1º deste artigo estão disciplinados no item 1 do Anexo
prestação dos serviços; e
VII-B.
d) a indicação do servidor ou servidores para com-
por a equipe que irá elaborar os Estudos Preliminares e o
CAPÍTULO II
Gerenciamento de Risco e, se necessário, daquele a
DO PROCEDIMENTO DA CONTRATAÇÃO
quem será confiada a fiscalização dos serviços, o qual
Art. 19. As contratações de serviços de que tratam
poderá participar de todas as etapas do planejamento da
esta Instrução Normativa serão realizadas observando-se
contratação, observado o disposto no § 1º do art. 22;
as seguintes fases:
II - envio do documento de que trata o inciso I deste
I - Planejamento da Contratação;
artigo ao setor de licitações do órgão ou entidade; e
II - Seleção do Fornecedor; e
III - designação formal da equipe de Planejamento
III - Gestão do Contrato.
da Contratação pela autoridade competente do setor de
Parágrafo único. O nível de detalhamento de infor-
licitações.
mações necessárias para instruir cada fase da contratação
Art. 22. Ao receber o documento de que trata o in-
deverá considerar a análise de risco do objeto contratado.
ciso I do art. 21, a autoridade competente do setor de li-
citações poderá, se necessário, indicar servidor ou servi-
CAPÍTULO III
dores que atuam no setor para compor a equipe de Plane-
DO PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO
jamento da Contratação.
Art. 20. O Planejamento da Contratação, para cada
§ 1º A equipe de Planejamento da Contratação é o
serviço a ser contratado, consistirá nas seguintes etapas:
conjunto de servidores, que reúnem as competências ne-
I - Estudos Preliminares;
cessárias à completa execução das etapas de Planejamen-
II - Gerenciamento de Riscos; e
to da Contratação, o que inclui conhecimentos sobre as-
III - Termo de Referência ou Projeto Básico.
pectos técnicos e de uso do objeto, licitações e contratos,
§ 1º As situações que ensejam a dispensa ou inexi-
dentre outros.
gibilidade da licitação exigem o cumprimento das etapas
do Planejamento da Contratação, no que couber.

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Conhecimentos Específicos
§ 2º Os integrantes da equipe de Planejamento da máximo para o envio do Projeto Básico ou Termo de Re-
Contratação devem ter ciência expressa da indicação das ferência, conforme alínea “c” do inciso I, do art. 21.
suas respectivas atribuições antes de serem formalmente Parágrafo único. A Secretaria de Gestão do Ministé-
designados. rio do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão poderá
Art. 23. O órgão ou entidade poderá definir de for- estabelecer regras e procedimentos para elaboração do
ma diversa a formação de equipe responsável pelo Plane- Plano Anual de Contratações do órgão ou entidade, que
jamento das Contratações quando contemplarem área será registrado em sistema informatizado.
técnica específica em sua estrutura, observadas as dispo-
sições desta Seção no que couber. Seção IV
Do Projeto Básico ou Termo de Referência
Seção II Art. 28. O Projeto Básico ou Termo de Referência
Dos Estudos Preliminares deverá ser elaborado a partir dos Estudos Preliminares,
Art. 24. Com base no documento que formaliza a do Gerenciamento de Risco e conforme as diretrizes
demanda, a equipe de Planejamento da Contratação deve constantes do Anexo V, devendo ser encaminhado ao se-
realizar os Estudos Preliminares, conforme estabelecido tor de licitações, de acordo com o prazo previsto no art.
em ato do Secretário de Gestão da Secretaria Especial de 27.
Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Minis- Art. 29. Devem ser utilizados os modelos de minu-
tério da Economia. (Redação dada pela Instrução Nor- tas padronizados de Termos de Referência e Projetos Bá-
mativa nº 49, de 2020) sicos da Advocacia-Geral União, observadas as diretrizes
dispostas no Anexo V, bem como os Cadernos de Logís-
Seção III tica expedidos pela Secretaria de Gestão do Ministério
Do Gerenciamento de Riscos do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, no que
Art. 25. O Gerenciamento de Riscos é um processo couber.
que consiste nas seguintes atividades: § 1º Quando o órgão ou entidade não utilizar os
I - identificação dos principais riscos que possam modelos de que trata o caput, ou utilizá-los com altera-
comprometer a efetividade do Planejamento da Contra- ções, deverá apresentar as devidas justificativas, anexan-
tação, da Seleção do Fornecedor e da Gestão Contratual do-as aos autos.
ou que impeçam o alcance dos resultados que atendam às § 2º Cumpre ao setor requisitante a elaboração do
necessidades da contratação; Termo de Referência ou Projeto Básico, a quem caberá
II - avaliação dos riscos identificados, consistindo avaliar a pertinência de modificar ou não os Estudos Pre-
da mensuração da probabilidade de ocorrência e do im- liminares e o Gerenciamento de Risco, a depender da
pacto de cada risco; temporalidade da contratação, observado o disposto no
III - tratamento dos riscos considerados inaceitáveis art. 23.
por meio da definição das ações para reduzir a probabili- Art. 30. O Termo de Referência ou Projeto Básico
dade de ocorrência dos eventos ou suas consequências; deve conter, no mínimo, o seguinte conteúdo:
IV - para os riscos que persistirem inaceitáveis após I - declaração do objeto;
o tratamento, definição das ações de contingência para o II - fundamentação da contratação;
caso de os eventos correspondentes aos riscos se concre- III - descrição da solução como um todo;
tizarem; e IV - requisitos da contratação;
V - definição dos responsáveis pelas ações de tra- V - modelo de execução do objeto;
tamento dos riscos e das ações de contingência. VI - modelo de gestão do contrato;
Parágrafo único. A responsabilidade pelo Gerenci- VII - critérios de medição e pagamento;
amento de Riscos compete à equipe de Planejamento da VIII - forma de seleção do fornecedor;
Contratação devendo abranger as fases do procedimento IX - critérios de seleção do fornecedor;
da contratação previstas no art. 19. X - estimativas detalhadas dos preços, com ampla
Art. 26. O Gerenciamento de Riscos materializa-se pesquisa de mercado nos termos da Instrução Normativa
no documento Mapa de Riscos. nº 5, de 27 de junho de 2014; e
§ 1º O Mapa de Riscos deve ser atualizado e junta- XI - adequação orçamentária.
do aos autos do processo de contratação, pelo menos: § 1º Nas contratações que utilizem especificações
I - ao final da elaboração dos Estudos Preliminares; padronizadas, em atenção ao § 4º do art. 20, o responsá-
II - ao final da elaboração do Termo de Referência vel pela elaboração do Termo de Referência ou Projeto
ou Projeto Básico; Básico produzirá somente os itens que não forem estabe-
III - após a fase de Seleção do Fornecedor; e lecidos como padrão.
IV - após eventos relevantes, durante a gestão do § 2º Os documentos que compõem a fase de Plane-
contrato pelos servidores responsáveis pela fiscalização. jamento da Contratação serão parte integrante do proces-
§ 2º Para elaboração do Mapa de Riscos poderá ser so administrativo da licitação.
observado o modelo constante do Anexo IV. Art. 31. O órgão ou entidade não poderá contratar o
Art. 27. Concluídas as etapas relativas aos Estudos mesmo prestador para realizar serviços de execução, de
Preliminares e ao Gerenciamento de Riscos, os setores subsídios ou assistência à fiscalização ou supervisão re-
requisitantes deverão encaminhá-los, juntamente com o lativos ao mesmo objeto, assegurando a necessária se-
documento que formaliza a demanda, à autoridade com- gregação das funções.
petente do setor de licitações, que estabelecerá o prazo

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Conhecimentos Específicos
Art. 32. Para a contratação dos serviços de vigilân- Seção III
cia e de limpeza e conservação, além do disciplinado Da Adjudicação e da Homologação
neste capítulo, deverão ser observadas as regras previstas Art. 37. Para fins de Adjudicação e Homologação, o
no Anexo VI. órgão ou entidade deverá observar o disposto na legisla-
ção vigente que rege a modalidade adotada, especial-
CAPÍTULO IV mente quanto ao inciso VII do art. 38 e inciso VI do art.
DA SELEÇÃO DO FORNECEDOR 43 da Lei nº 8.666, de 1993; inciso IV do art. 3º e incisos
Art. 33. A fase de Seleção do Fornecedor inicia-se XX, XXI e XXII do art. 4º da Lei nº 10.520, de 2005; e
com o encaminhamento do Termo de Referência ou Pro- inciso IV do art. 28 da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de
jeto Básico ao setor de licitações e encerra-se com a pu- 2011.
blicação do resultado de julgamento após adjudicação e
homologação. Seção IV
Da Formalização e Publicação dos Contratos
Seção I Art. 38. Para formalização e publicação dos contra-
Do Ato Convocatório tos, deverá ser observado o disposto no Anexo VII-G.
Art. 34. Os atos convocatórios da licitação e os atos
relativos à dispensa ou inexigibilidade de licitação, bem CAPÍTULO V
como os contratos deles decorrentes, observarão o dis- DA GESTÃO DO CONTRATO
posto nesta Instrução Normativa, além das disposições Seção I
contidas na Lei nº 8.666, de 1993, na Lei nº 10.520, de Das Atividades de Gestão e Fiscalização
2002, na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro da Execução dos Contratos
de 2006, no Decreto nº 8.538, de 6 de outubro de 2015, e Art. 39. As atividades de gestão e fiscalização da
no Decreto nº 2.271, de 1997, e serão adaptados às espe- execução contratual são o conjunto de ações que tem por
cificidades de cada contratação. objetivo aferir o cumprimento dos resultados previstos
Art. 35. Devem ser utilizados os modelos de minu- pela Administração para os serviços contratados, verifi-
tas padronizados de atos convocatórios e contratos da car a regularidade das obrigações previdenciárias, fiscais
Advocacia-Geral União, observado o disposto no Anexo e trabalhistas, bem como prestar apoio à instrução pro-
VII, bem como os Cadernos de Logística expedidos por cessual e o encaminhamento da documentação pertinente
esta Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, ao setor de contratos para a formalização dos procedi-
Desenvolvimento e Gestão, no que couber. mentos relativos a repactuação, alteração, reequilíbrio,
§ 1º Quando o órgão ou entidade não utilizar os prorrogação, pagamento, eventual aplicação de sanções,
modelos de que trata o caput, ou utilizá-los com altera- extinção dos contratos, dentre outras, com vista a assegu-
ções, deverá apresentar as devidas justificativas, anexan- rar o cumprimento das cláusulas avençadas e a solução
do-as aos autos. de problemas relativos ao objeto.
§ 2º No caso da contratação de prestação de servi- Art. 40. O conjunto de atividades de que trata o ar-
ços por meio do sistema de credenciamento, deverão ser tigo anterior compete ao gestor da execução dos contra-
observadas as diretrizes constantes do item 3 do Anexo tos, auxiliado pela fiscalização técnica, administrativa,
VII-B. setorial e pelo público usuário, conforme o caso, de
acordo com as seguintes disposições:
Seção II I - Gestão da Execução do Contrato: é a coordena-
Do Parecer Jurídico ção das atividades relacionadas à fiscalização técnica,
Art. 36. Antes do envio do processo para exame e administrativa, setorial e pelo público usuário, bem co-
aprovação da assessoria jurídica, nos termos do parágra- mo dos atos preparatórios à instrução processual e ao en-
fo único do art. 38 da Lei nº 8.666, de 1993, deve-se rea- caminhamento da documentação pertinente ao setor de
lizar uma avaliação da conformidade legal do procedi- contratos para formalização dos procedimentos quanto
mento administrativo da contratação, preferencialmente aos aspectos que envolvam a prorrogação, alteração, ree-
com base nas disposições previstas no Anexo I da Orien- quilíbrio, pagamento, eventual aplicação de sanções, ex-
tação Normativa/Seges nº 2, de 6 de junho de 2016, no tinção dos contratos, dentre outros;
que couber. II - Fiscalização Técnica: é o acompanhamento com
§ 1º A lista de verificação de que trata o objetivo de avaliar a execução do objeto nos moldes
o caput deverá ser juntada aos autos do processo, com as contratados e, se for o caso, aferir se a quantidade, quali-
devidas adaptações relativas ao momento do seu preen- dade, tempo e modo da prestação dos serviços estão
chimento. compatíveis com os indicadores de níveis mínimos de
§ 2º É dispensado o envio do processo, se houver desempenho estipulados no ato convocatório, para efeito
parecer jurídico referencial exarado pelo órgão de asses- de pagamento conforme o resultado, podendo ser auxili-
soramento competente, que deverá ser anexado ao pro- ado pela fiscalização de que trata o inciso V deste artigo;
cesso, ressalvada a hipótese de consulta acerca de dúvida III - Fiscalização Administrativa: é o acompanha-
de ordem jurídica devidamente identificada e motivada. mento dos aspectos administrativos da execução dos ser-
viços nos contratos com regime de dedicação exclusiva
de mão de obra quanto às obrigações previdenciárias,
fiscais e trabalhistas, bem como quanto às providências
tempestivas nos casos de inadimplemento;

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Conhecimentos Específicos
IV - Fiscalização Setorial: é o acompanhamento da § 3º O gestor ou fiscais e seus substitutos deverão
execução do contrato nos aspectos técnicos ou adminis- elaborar relatório registrando as ocorrências sobre a pres-
trativos quando a prestação dos serviços ocorrer conco- tação dos serviços referentes ao período de sua atuação
mitantemente em setores distintos ou em unidades des- quando do seu desligamento ou afastamento definitivo.
concentradas de um mesmo órgão ou entidade; e § 4º Para o exercício da função, os fiscais deverão
V - Fiscalização pelo Público Usuário: é o acompa- receber cópias dos documentos essenciais da contratação
nhamento da execução contratual por pesquisa de satis- pelo setor de contratos, a exemplo dos Estudos Prelimi-
fação junto ao usuário, com o objetivo de aferir os resul- nares, do ato convocatório e seus anexos, do contrato, da
tados da prestação dos serviços, os recursos materiais e proposta da contratada, da garantia, quando houver, e
os procedimentos utilizados pela contratada, quando for demais documentos indispensáveis à fiscalização.
o caso, ou outro fator determinante para a avaliação dos Art. 43. O encargo de gestor ou fiscal não pode ser
aspectos qualitativos do objeto. recusado pelo servidor, por não se tratar de ordem ilegal,
§ 1º No caso do inciso IV deste artigo, o órgão ou devendo expor ao superior hierárquico as deficiências e
entidade deverá designar representantes nesses locais pa- limitações técnicas que possam impedir o diligente cum-
ra atuarem como fiscais setoriais. primento do exercício de suas atribuições, se for o caso.
§ 2º O recebimento provisório dos serviços ficará a Parágrafo único. Ocorrendo a situação de que trata
cargo do fiscal técnico, administrativo ou setorial, quan- o caput, observado o § 2º do art. 42, a Administração
do houver, e o recebimento definitivo, a cargo do gestor deverá providenciar a qualificação do servidor para o de-
do contrato. sempenho das atribuições, conforme a natureza e com-
§ 3º As atividades de gestão e fiscalização da exe- plexidade do objeto, ou designar outro servidor com a
cução contratual devem ser realizadas de forma preven- qualificação requerida.
tiva, rotineira e sistemática, podendo ser exercidas por
servidores, equipe de fiscalização ou único servidor, Seção III
desde que, no exercício dessas atribuições, fique assegu- Do Acompanhamento e Fiscalização
rada a distinção dessas atividades e, em razão do volume dos Contratos
de trabalho, não comprometa o desempenho de todas as Subseção I
ações relacionadas à Gestão do Contrato. Dos Aspectos Gerais da Fiscalização e
do Início da Prestação dos Serviços
Seção II Art. 44. O preposto da empresa deve ser formalmente
Da Indicação e Designação do Gestor designado pela contratada antes do início da prestação dos
e Fiscais do Contrato serviços, em cujo instrumento deverá constar expressamen-
Art. 41. A indicação do gestor, fiscal e seus substi- te os poderes e deveres em relação à execução do objeto.
tutos caberá aos setores requisitantes dos serviços ou po- § 1º A indicação ou a manutenção do preposto da em-
derá ser estabelecida em normativo próprio de cada ór- presa poderá ser recusada pelo órgão ou entidade, desde que
gão ou entidade, de acordo com o funcionamento de seus devidamente justificada, devendo a empresa designar outro
processos de trabalho e sua estrutura organizacional. para o exercício da atividade.
§ 2º As comunicações entre o órgão ou entidade e a
§ 1º Para o exercício da função, o gestor e fiscais
contratada devem ser realizadas por escrito sempre que o
deverão ser cientificados, expressamente, da indicação e
ato exigir tal formalidade, admitindo-se, excepcionalmente,
respectivas atribuições antes da formalização do ato de o uso de mensagem eletrônica para esse fim.
designação. § 3º O órgão ou entidade poderá convocar o prepos-
§ 2º Na indicação de servidor devem ser considera- to para adoção de providências que devam ser cumpridas
dos a compatibilidade com as atribuições do cargo, a de imediato.
complexidade da fiscalização, o quantitativo de contratos § 4º A depender da natureza dos serviços, poderá
por servidor e a sua capacidade para o desempenho das ser exigida a manutenção do preposto da empresa no lo-
atividades. cal da execução do objeto, bem como pode ser estabele-
§ 3º Nos casos de atraso ou falta de indicação, de cido sistema de escala semanal ou mensal.
desligamento ou afastamento extemporâneo e definitivo Art. 45. Após a assinatura do contrato, sempre que a
do gestor ou fiscais e seus substitutos, até que seja pro- natureza da prestação dos serviços exigir, o órgão ou en-
videnciada a indicação, a competência de suas atribui- tidade deverá promover reunião inicial para apresentação
ções caberá ao responsável pela indicação ou conforme do plano de fiscalização, que conterá informações acerca
previsto no normativo de que trata o caput. das obrigações contratuais, dos mecanismos de fiscaliza-
Art. 42. Após indicação de que trata o art. 41, a au- ção, das estratégias para execução do objeto, do plano
toridade competente do setor de licitações deverá desig- complementar de execução da contratada, quando hou-
nar, por ato formal, o gestor, o fiscal e os substitutos. ver, do método de aferição dos resultados e das sanções
§ 1º O fiscal substituto atuará como fiscal do con- aplicáveis, dentre outros.
trato nas ausências e nos impedimentos eventuais e regu- § 1º Os assuntos tratados na reunião inicial devem
lamentares do titular. ser registrados em ata e, preferencialmente, estarem pre-
§ 2º Será facultada a contratação de terceiros para sentes o gestor, o fiscal ou equipe responsável pela fisca-
assistir ou subsidiar as atividades de fiscalização do re- lização do contrato, o preposto da empresa e, se for o ca-
presentante da Administração, desde que justificada a so, o servidor ou a equipe de Planejamento da Contrata-
necessidade de assistência especializada. ção.

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Conhecimentos Específicos
§ 2º O órgão ou entidade contratante deverá realizar cações técnicas, tais como marca, qualidade e forma de
reuniões periódicas com o preposto, de modo a garantir a uso.
qualidade da execução e os resultados previstos para a
prestação dos serviços. Subseção II
§ 3º Em caráter excepcional, devidamente justifica- Da Fiscalização Técnica e Administrativa
do e mediante autorização da autoridade competente do Art. 48. Na fiscalização técnica e administrativa dos
setor de licitações, o prazo inicial da prestação de servi- contratos deverá ser observado o disposto no Anexo
ços ou das suas etapas poderão sofrer alterações, desde VIII.
que requerido pela contratada antes da data prevista para
o início dos serviços ou das respectivas etapas, cumpri- Subseção III
das as formalidades exigidas pela legislação. Do Procedimento para Recebimento Provisório
§ 4º Na análise do pedido de que trata o § 3º deste e Definitivo dos Serviços
artigo, a Administração deverá observar se o seu acolhi- Art. 49. O recebimento provisório e definitivo dos
mento não viola as regras do ato convocatório, a isono- serviços deve ser realizado conforme o disposto nos arts.
mia, o interesse público ou qualidade da execução do ob- 73 a 76 da Lei nº 8.666, de 1993, e em consonância com
jeto, devendo ficar registrado que os pagamentos serão as regras definidas no ato convocatório.
realizados em conformidade com a efetiva prestação dos Art. 50. Exceto nos casos previstos no art. 74 da Lei
serviços. n.º 8.666, de 1993, ao realizar o recebimento dos servi-
Art. 46. As ocorrências acerca da execução contra- ços, o órgão ou entidade deve observar o princípio da se-
tual deverão ser registradas durante toda a vigência da gregação das funções e orientar-se pelas seguintes dire-
prestação dos serviços, cabendo ao gestor e fiscais, ob- trizes:
servadas suas atribuições, a adoção das providências ne- I - o recebimento provisório será realizado pelo fis-
cessárias ao fiel cumprimento das cláusulas contratuais, cal técnico, fiscal administrativo, fiscal setorial ou equi-
conforme o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 67 da Lei nº pe de fiscalização, nos seguintes termos:
8.666, de 1993. a) elaborar relatório circunstanciado, em consonân-
§ 1º O registro das ocorrências, as comunicações cia com as suas atribuições, contendo o registro, a análi-
entre as partes e demais documentos relacionados à exe- se e a conclusão acerca das ocorrências na execução do
cução do objeto poderão ser organizados em processo de contrato e demais documentos que julgarem necessários,
fiscalização, instruído com os documentos de que trata o devendo encaminhá-los ao gestor do contrato para rece-
§ 4º do art. 42. bimento definitivo; e
§ 2º As situações que exigirem decisões e providên- b) quando a fiscalização for exercida por um único
cias que ultrapassem a competência do fiscal deverão ser servidor, o relatório circunstanciado deverá conter o re-
registradas e encaminhadas ao gestor do contrato que as gistro, a análise e a conclusão acerca das ocorrências na
enviará ao superior em tempo hábil para a adoção de execução do contrato, em relação à fiscalização técnica e
medidas saneadoras. administrativa e demais documentos que julgar necessá-
Art. 47. A execução dos contratos deverá ser acom- rios, devendo encaminhá-los ao gestor do contrato para
panhada e fiscalizada por meio de instrumentos de con- recebimento definitivo;
trole que compreendam a mensuração dos seguintes as- II - o recebimento definitivo pelo gestor do contra-
pectos, quando for o caso: to, ato que concretiza o ateste da execução dos serviços,
I - os resultados alcançados em relação ao contrata- obedecerá às seguintes diretrizes:
do, com a verificação dos prazos de execução e da quali- a) realizar a análise dos relatórios e de toda a docu-
dade demandada; mentação apresentada pela fiscalização técnica e admi-
II - os recursos humanos empregados em função da nistrativa e, caso haja irregularidades que impeçam a li-
quantidade e da formação profissional exigidas; quidação e o pagamento da despesa, indicar as cláusulas
III - a qualidade e quantidade dos recursos materiais contratuais pertinentes, solicitando à contratada, por es-
utilizados; crito, as respectivas correções;
IV - a adequação dos serviços prestados à rotina de b) emitir termo circunstanciado para efeito de rece-
execução estabelecida; bimento definitivo dos serviços prestados, com base nos
V - o cumprimento das demais obrigações decorren- relatórios e documentação apresentados; e
tes do contrato; e c) comunicar a empresa para que emita a Nota Fis-
VI - a satisfação do público usuário. cal ou Fatura com o valor exato dimensionado pela fisca-
§ 1º Deve ser estabelecido, desde o início da presta- lização com base no Instrumento de Medição de Resul-
ção dos serviços, mecanismo de controle da utilização tado (IMR), observado o Anexo VIII-A ou instrumento
dos materiais empregados nos contratos, para efeito de substituto, se for o caso.
acompanhamento da execução do objeto bem como para
subsidiar a estimativa para as futuras contratações. Subseção IV
§ 2º A conformidade do material a ser utilizado na Da Vigência e da Prorrogação
execução dos serviços deverá ser verificada juntamente Art. 51. As regras para a vigência e prorrogação dos
com o documento da contratada que contenha a relação contratos regidos por esta Instrução Normativa estão
detalhada destes, de acordo com o estabelecido no con- dispostas no Anexo IX.
trato, informando as respectivas quantidades e especifi-

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Conhecimentos Específicos
Subseção V Art. 57. As repactuações serão precedidas de solici-
Da Alteração dos Contratos tação da contratada, acompanhada de demonstração ana-
Art. 52. As regras para a alteração dos contratos re- lítica da alteração dos custos, por meio de apresentação
gidos por esta Instrução Normativa estão dispostas no da planilha de custos e formação de preços ou do novo
Anexo X. Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho
que fundamenta a repactuação, conforme for a variação
Subseção VI de custos objeto da repactuação.
Da Repactuação e do Reajuste de § 1º É vedada a inclusão, por ocasião da repactua-
Preços dos Contratos ção, de benefícios não previstos na proposta inicial, ex-
Art. 53. O ato convocatório e o contrato de serviço ceto quando se tornarem obrigatórios por força de ins-
continuado deverão indicar o critério de reajustamento trumento legal, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo
de preços, que deverá ser sob a forma de reajuste em de Trabalho, observado o disposto no art. 6º desta Instru-
sentido estrito, com a previsão de índices específicos ou ção Normativa.
setoriais, ou por repactuação, pela demonstração analíti- § 2º A variação de custos decorrente do mercado
ca da variação dos componentes dos custos. somente será concedida mediante a comprovação pelo
Art. 54. A repactuação de preços, como espécie de contratado do aumento dos custos, considerando-se:
reajuste contratual, deverá ser utilizada nas contratações I - os preços praticados no mercado ou em outros
de serviços continuados com regime de dedicação exclu- contratos da Administração;
siva de mão de obra, desde que seja observado o inter- II - as particularidades do contrato em vigência;
regno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos III - a nova planilha com variação dos custos apre-
quais a proposta se referir. sentada;
§ 1º A repactuação para fazer face à elevação dos IV - indicadores setoriais, tabelas de fabricantes, va-
custos da contratação, respeitada a anualidade disposta lores oficiais de referência, tarifas públicas ou outros
no caput, e que vier a ocorrer durante a vigência do con- equivalentes; e
trato, é direito do contratado e não poderá alterar o equi- V - a disponibilidade orçamentária do órgão ou en-
líbrio econômico e financeiro dos contratos, conforme tidade contratante.
estabelece o inciso XXI do art. 37 da Constituição da § 3º A decisão sobre o pedido de repactuação deve
República Federativa do Brasil, sendo assegurado ao ser feita no prazo máximo de sessenta dias, contados a
prestador receber pagamento mantidas as condições efe- partir da solicitação e da entrega dos comprovantes de
tivas da proposta. variação dos custos.
§ 2º A repactuação poderá ser dividida em tantas § 4º As repactuações, como espécie de reajuste, se-
parcelas quanto forem necessárias, em respeito ao prin- rão formalizadas por meio de apostilamento, exceto
cípio da anualidade do reajuste dos preços da contrata- quando coincidirem com a prorrogação contratual, em
ção, podendo ser realizada em momentos distintos para que deverão ser formalizadas por aditamento.
discutir a variação de custos que tenham sua anualidade § 5º O prazo referido no § 3º deste artigo ficará sus-
resultante em datas diferenciadas, tais como os custos penso enquanto a contratada não cumprir os atos ou
decorrentes da mão de obra e os custos decorrentes dos apresentar a documentação solicitada pela contratante
insumos necessários à execução do serviço. para a comprovação da variação dos custos.
§ 3º Quando a contratação envolver mais de uma § 6º O órgão ou entidade contratante poderá realizar
categoria profissional, com datas-bases diferenciadas, a diligências para conferir a variação de custos alegada pe-
repactuação deverá ser dividida em tantos quanto forem la contratada.
os Acordos, Convenções ou Dissídios Coletivos de Tra- § 7º As repactuações a que o contratado fizer jus e
balho das categorias envolvidas na contratação. que não forem solicitadas durante a vigência do contrato
§ 4º A repactuação para reajuste do contrato em ra- serão objeto de preclusão com a assinatura da prorroga-
zão de novo Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de ção contratual ou com o encerramento do contrato.
Trabalho deve repassar integralmente o aumento de cus- Art. 58. Os novos valores contratuais decorrentes
tos da mão de obra decorrente desses instrumentos. das repactuações terão suas vigências iniciadas da se-
Art. 55. O interregno mínimo de um ano para a guinte forma:
primeira repactuação será contado a partir: I - a partir da ocorrência do fato gerador que deu
I - da data limite para apresentação das propostas causa à repactuação, como regra geral;
constante do ato convocatório, em relação aos custos II - em data futura, desde que acordada entre as par-
com a execução do serviço decorrentes do mercado, tais tes, sem prejuízo da contagem de periodicidade e para
como o custo dos materiais e equipamentos necessários à concessão das próximas repactuações futuras; ou
execução do serviço; ou III - em data anterior à ocorrência do fato gerador,
II - da data do Acordo, Convenção, Dissídio Coleti- exclusivamente quando a repactuação envolver revisão
vo de Trabalho ou equivalente vigente à época da apre- do custo de mão de obra em que o próprio fato gerador,
sentação da proposta quando a variação dos custos for na forma de Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de
decorrente da mão de obra e estiver vinculada às datas- Trabalho, contemplar data de vigência retroativa, poden-
bases destes instrumentos. do esta ser considerada para efeito de compensação do
Art. 56. Nas repactuações subsequentes à primeira, pagamento devido, assim como para a contagem da anu-
a anualidade será contada a partir da data do fato gerador alidade em repactuações futuras.
que deu ensejo à última repactuação.

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Conhecimentos Específicos
Parágrafo único. Os efeitos financeiros da repactua- contratante, a Administração deverá efetuar o pagamento
ção deverão ocorrer exclusivamente para os itens que a seguindo estritamente as regras contratuais de fatura-
motivaram e apenas em relação à diferença porventura mento dos serviços demandados e executados, concomi-
existente. tantemente com a realização, se necessário e cabível, de
Art. 59. As repactuações não interferem no direito adequação contratual do quantitativo necessário, com ba-
das partes de solicitar, a qualquer momento, a manuten- se na alínea “b” do inciso I do art. 65 da Lei nº 8.666, de
ção do equilíbrio econômico dos contratos com base no 1993.
disposto no art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.
Art. 60. A empresa contratada para a execução de Seção IV
remanescente de serviço tem direito à repactuação nas Das Hipóteses de Retenção da Garantia
mesmas condições e prazos a que fazia jus a empresa an- e de Créditos da Contratada
teriormente contratada, devendo os seus preços serem Art. 64. Quando da rescisão dos contratos de servi-
corrigidos antes do início da contratação, conforme de- ços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra,
termina o inciso XI do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993. o fiscal administrativo deve verificar o pagamento pela
Art. 61. O reajuste em sentido estrito, como espécie contratada das verbas rescisórias ou dos documentos que
de reajuste contratual, consiste na aplicação de índice de comprovem que os empregados serão realocados em ou-
correção monetária previsto no contrato, que deverá re- tra atividade de prestação de serviços, sem que ocorra a
tratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a interrupção do contrato de trabalho.
adoção de índices específicos ou setoriais. Art. 65. Até que a contratada comprove o disposto
§ 1º É admitida estipulação de reajuste em sentido no artigo anterior, o órgão ou entidade contratante deverá
estrito nos contratos de prazo de duração igual ou supe- reter:
rior a um ano, desde que não haja regime de dedicação I - a garantia contratual, conforme art. 56 da Lei nº
exclusiva de mão de obra. 8.666, de 1993, prestada com cobertura para os casos de
§ 2º O reajuste em sentido estrito terá periodicidade descumprimento das obrigações de natureza trabalhista e
igual ou superior a um ano, sendo o termo inicial do pe- previdenciária pela contratada, que será executada para
ríodo de correção monetária ou reajuste, a data prevista reembolso dos prejuízos sofridos pela Administração,
para apresentação da proposta ou do orçamento a que es- nos termos da legislação que rege a matéria; e
sa proposta se referir, ou, no caso de novo reajuste, a da- II - os valores das Notas fiscais ou Faturas corres-
ta a que o anterior tiver se referido. pondentes em valor proporcional ao inadimplemento, até
§ 3º São nulos de pleno direito quaisquer expedien- que a situação seja regularizada.
tes que, na apuração do índice de reajuste, produzam Parágrafo único. Na hipótese prevista no inciso II
efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de perio- do caput, não havendo quitação das obrigações por parte
dicidade inferior à anual. da contratada no prazo de quinze dias, a contratante po-
§ 4º Nos casos em que o valor dos contratos de ser- derá efetuar o pagamento das obrigações diretamente aos
viços continuados sejam preponderantemente formados empregados da contratada que tenham participado da
pelos custos dos insumos, poderá ser adotado o reajuste execução dos serviços objeto do contrato.
de que trata este artigo. Art. 66. O órgão ou entidade poderá ainda:
I - nos casos de obrigação de pagamento de multa
Subseção VII pela contratada, reter a garantia prestada a ser executada
Da Desconformidade da Proposta conforme legislação que rege a matéria; e
Art. 62. O fiscal técnico, na fase da execução con- II - nos casos em que houver necessidade de ressar-
tratual, ao verificar que houve subdimensionamento da cimento de prejuízos causados à Administração, nos
produtividade pactuada, sem perda da qualidade na exe- termos do inciso IV do art. 80 da Lei n.º 8.666, de 1993,
cução do serviço, deverá comunicar à autoridade compe- reter os eventuais créditos existentes em favor da contra-
tente do setor de licitações para que esta promova a ade- tada decorrentes do contrato.
quação contratual à produtividade efetivamente realiza- Parágrafo único. Se a multa for de valor superior ao
da, respeitando-se os limites de alteração dos valores valor da garantia prestada, além da perda desta, respon-
contratuais previstos no § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, derá a contratada pela sua diferença, a qual será descon-
de 1993. tada dos pagamentos eventualmente devidos pela Admi-
Art. 63. A contratada deverá arcar com o ônus de- nistração ou ainda, quando for o caso, cobrada judicial-
corrente de eventual equívoco no dimensionamento dos mente;
quantitativos de sua proposta, devendo complementá-los
caso o previsto inicialmente em sua proposta não seja sa- Seção V
tisfatório para o atendimento ao objeto da licitação, exce- Do Processo de Pagamento
to quando ocorrer algum dos eventos arrolados nos inci- Art. 67. O pagamento deverá ser efetuado em con-
sos do § 1º do art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993. sonância com as regras previstas no Anexo XI.
§ 1º O disposto no caput deve ser observado ainda
para os custos variáveis decorrentes de fatores futuros e Seção VI
incertos, tais como os valores providos com o quantitati- Das Sanções
vo de vale-transporte. Art. 68. Identificada a infração ao contrato, inclusi-
§ 2º Caso o eventual equívoco no dimensionamento ve quanto à inobservância do prazo fixado para apresen-
dos quantitativos se revele superior às necessidades da tação da garantia, o órgão ou entidade deverá providen-

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Conhecimentos Específicos
ciar a autuação de procedimento administrativo específi- §2º Incluem-se na previsão do §1º deste artigo, as
co para aplicação de sanções à contratada e a consequen- respectivas renovações ou prorrogações de vigência des-
te rescisão contratual, se for o caso, de acordo com as re- ses contratos, ainda que venham a ocorrer já na vigência
gras previstas no ato convocatório, na legislação correla- desta Instrução Normativa. (Incluído pela Instrução
ta e nas orientações estabelecidas em normativo interno Normativa nº 7, de 2018)
do órgão ou entidade, quando houver, podendo utilizar
como referência os Cadernos de Logística disponibiliza-
GLEISSON CARDOSO RUBIN
dos pela Secretaria de Gestão do Ministério do Planeja-
mento, Desenvolvimento e Gestão.
ANEXO I
Seção VII DEFINIÇÕES
Do Encerramento dos Contratos I - AUTORIDADE COMPETENTE DO SETOR
Art. 69. Os fiscais do contrato deverão promover as DE LICITAÇÕES: A referida autoridade, para fins do
atividades de transição contratual observando, no que disposto nesta Instrução Normativa, é aquela que possui
couber: poder de decisão indicada na lei ou regimento interno do
I - a adequação dos recursos materiais e humanos órgão ou entidade como responsável pelas licitações,
necessários à continuidade do serviço por parte da Ad- contratos, ou ordenação de despesas, podendo haver
ministração; mais de uma designação a depender da estrutura regi-
II - a transferência final de conhecimentos sobre a mental.
execução e a manutenção do serviço; II - BENEFÍCIOS MENSAIS E DIÁRIOS: benefí-
III - a devolução ao órgão ou entidade dos equipa- cios concedidos ao empregado, estabelecidos em legisla-
mentos, espaço físico, crachás, dentre outros; e ção, Acordo ou Convenção Coletiva, tais como os relati-
IV - outras providências que se apliquem. vos a transporte, auxílio-alimentação, assistência médica
Art. 70. Os fiscais deverão elaborar relatório final e familiar, seguro de vida, invalidez, funeral, dentre ou-
acerca das ocorrências da fase de execução do contrato, tros.
após a conclusão da prestação do serviço, para ser utili- III - CONTA-DEPÓSITO VINCULADA - BLO-
zado como fonte de informações para as futuras contra- QUEADA PARA MOVIMENTAÇÃO: conta aberta pe-
tações. la Administração em nome da empresa contratada, desti-
nada exclusivamente ao pagamento de férias, 13º (déci-
CAPÍTULO VI mo terceiro) salário e verbas rescisórias aos trabalhado-
DISPOSIÇÕES FINAIS res da contratada, não se constituindo em um fundo de
Art. 71. A Secretaria de Gestão do Ministério do reserva, utilizada na contratação de serviços com dedica-
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão poderá desen- ção exclusiva de mão de obra.
volver, propor e implementar modelos, mecanismos, IV - CREDENCIAMENTO: ato administrativo de
processos e procedimentos para a contratação de deter- chamamento público destinado à pré-qualificação de to-
minados serviços pelos órgãos e entidades. dos os interessados que preencham os requisitos previa-
Art. 72. Para a execução de projeto piloto, a Central mente determinados no ato convocatório, visando futura
de Compras do Ministério do Planejamento, Desenvol- contratação, pelo preço definido pela Administração.
vimento e Gestão poderá, desde que justificado nos autos V - CUSTO DE REPOSIÇÃO DO PROFISSIO-
do processo respectivo, afastar a aplicação desta Instru- NAL AUSENTE: custo necessário para substituir, no
ção Normativa, naquilo que for incompatível com a ela- posto de trabalho, o profissional que está em gozo de fé-
boração da nova modelagem de contratação, desde que rias ou em caso de suas ausências legais, dentre outros.
observados os princípios gerais de licitação e a legisla- VI - CUSTOS INDIRETOS: os custos envolvidos
ção respectiva. na execução contratual decorrentes dos gastos da contra-
Art. 73. Os casos omissos serão dirimidos pela Se- tada com sua estrutura administrativa, organizacional e
cretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, De- gerenciamento de seus contratos, calculados mediante
senvolvimento e Gestão, que poderá expedir normas incidência de um percentual sobre o somatório do efeti-
complementares, em especial sobre a fase de Planeja- vamente executado pela empresa, a exemplo da remune-
mento das Contratações, as sistemáticas de fiscalização ração, benefícios mensais e diários, insumos diversos,
contratual e repactuação, e os eventuais valores máximos encargos sociais e trabalhistas, tais como os dispêndios
ou de referência nas contratações dos serviços, bem co- relativos a:
mo disponibilizar em meio eletrônico informações adici- a) funcionamento e manutenção da sede, aluguel,
onais. água, luz, telefone, Imposto Predial Territorial Urbano
Art. 74. Fica revogada a Instrução Normativa nº 2, (IPTU), dentre outros;
de 30 de abril de 2008. b) pessoal administrativo;
Art. 75. Esta Instrução Normativa entra em vigor c) material e equipamentos de escritório;
cento e vinte dias após sua publicação. d) preposto; e
§ 1 º Permanecem regidos pela Instrução Normativa e) seguros.
nº 2, de 2008, todos os contratos decorrentes dos proce- VII - ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS:
dimentos administrativos autuados ou registrados até a custos de mão de obra decorrentes da legislação traba-
data de entrada em vigor desta norma. (Incluído pela Ins- lhista e previdenciária, estimados em função das ocor-
trução Normativa nº 7, de 2018) rências verificadas na empresa e das peculiaridades da

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Conhecimentos Específicos
contratação, calculados mediante incidência percentual quado, para caracterizar o serviço a ser contratado e ori-
sobre a remuneração. entar a execução e a fiscalização contratual.
VIII - GERENCIAMENTO DE RISCOS: processo XIX - REMUNERAÇÃO: soma do salário-base
para identificar, avaliar, tratar, administrar e controlar percebido pelo profissional, em contrapartida pelos ser-
potenciais eventos ou situações, para fornecer razoável viços prestados, com os adicionais cabíveis, tais como
certeza quanto ao alcance dos objetivos da organização. hora extra, adicional de insalubridade, adicional de peri-
IX - INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE RE- culosidade, adicional de tempo de serviço, adicional de
SULTADO (IMR): mecanismo que define, em bases risco de vida e demais que se fizerem necessários.
compreensíveis, tangíveis, objetivamente observáveis e XX - REPACTUAÇÃO: forma de manutenção do
comprováveis, os níveis esperados de qualidade da pres- equilíbrio econômico-financeiro do contrato que deve ser
tação do serviço e respectivas adequações de pagamento. utilizada para serviços continuados com dedicação ex-
X - INSUMOS: uniformes, materiais, utensílios, clusiva da mão de obra, por meio da análise da variação
suprimentos, máquinas, equipamentos, entre outros, uti- dos custos contratuais, devendo estar prevista no ato
lizados diretamente na execução dos serviços. convocatório com data vinculada à apresentação das
XI - LUCRO: ganho decorrente da exploração da propostas, para os custos decorrentes do mercado, e com
atividade econômica, calculado mediante incidência per- data vinculada ao Acordo ou à Convenção Coletiva ao
centual sobre o efetivamente executado pela empresa, a qual o orçamento esteja vinculado, para os custos decor-
exemplo da remuneração, benefícios mensais e diários, rentes da mão de obra.
encargos sociais e trabalhistas, insumos diversos e custos XXI - ROTINA DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS:
indiretos. detalhamento das tarefas que deverão ser executadas em
XII - MAPA DE RISCOS: documento elaborado determinados intervalos de tempo, sua ordem de execu-
para identificação dos principais riscos que permeiam o ção, especificações, duração e frequência.
procedimento de contratação e das ações para controle, XXII - SALÁRIO: valor a ser efetivamente pago ao
prevenção e mitigação dos impactos. profissional envolvido diretamente na execução contra-
XIII - ORDEM DE SERVIÇO: documento utiliza- tual, não podendo ser inferior ao estabelecido em Acordo
do pela Administração para solicitação, acompanhamen- ou Convenção Coletiva, Sentença Normativa ou lei.
to e controle de tarefas relativas à execução dos contratos Quando da inexistência destes, o valor poderá ser aquele
de prestação de serviços, especialmente os de tecnologia praticado no mercado ou apurado em publicações ou
de informação, que deverá estabelecer quantidades, es- pesquisas setoriais para a categoria profissional corres-
timativas, prazos e custos da atividade a ser executada, e pondente.
possibilitar a verificação da conformidade do serviço XXIII - TAREFAS EXECUTIVAS: atividades ma-
executado com o solicitado. teriais acessórias, instrumentais ou complementares rela-
XIV - PAGAMENTO PELO FATO GERADOR: cionadas aos assuntos que constituem área de competên-
situação de fato ou conjunto de fatos, prevista na lei ou cia legal dos órgãos e entidades no cumprimento da sua
contrato, necessária e suficiente a sua materialização, missão institucional.
que gera obrigação de pagamento do contratante à con- XXIV - UNIDADE DE MEDIDA: parâmetro de
tratada. medição adotado pela Administração para possibilitar a
XV - PLANILHA DE CUSTOS E FORMAÇÃO quantificação dos serviços e a aferição dos resultados.
DE PREÇOS: documento a ser utilizado para detalhar os
componentes de custo que incidem na formação do preço
dos serviços, podendo ser adequado pela Administração 20.3. SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DOS
em função das peculiaridades dos serviços a que se des- RECURSOS DE TECNOLOGIA DA INFORMA-
tina, no caso de serviços continuados. ÇÃO – SISP (DECRETO Nº 7.579/2011)
XVI - PLANO ANUAL DE CONTRATAÇÕES:
documento que consolida informações sobre todos os Dispõe sobre o Sistema de Administração
itens que o órgão ou entidade planeja contratar no exer- dos Recursos de Tecnologia da Informação
cício subsequente, acompanhado dos respectivos Estudos - SISP, do Poder Executivo federal.
Preliminares e Gerenciamento de Riscos, conforme regu- A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das
lamento a ser expedido pela Secretaria de Gestão do Mi- atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea
nistério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
“a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts.
XVII - PRODUTIVIDADE: capacidade de realiza-
30 e 31 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967,
ção de determinado volume de tarefas, em função de
e no art. 27, inciso XVII, da Lei nº 10.683, de 28 de maio de
uma determinada rotina de execução de serviços, consi-
2003,
derando-se os recursos humanos, materiais e tecnológi-
cos disponibilizados, o nível de qualidade exigido e as DECRETA:
condições do local de prestação do serviço. Art. 1º Ficam organizados sob a forma de sistema,
XVIII - PROJETO BÁSICO OU TERMO DE RE- com a denominação de Sistema de Administração dos
FERÊNCIA: documento que deverá conter os elementos Recursos de Tecnologia da Informação - SISP, o plane-
técnicos capazes de propiciar a avaliação do custo, pela jamento, a coordenação, a organização, a operação, o
Administração, com a contratação e os elementos técni- controle e a supervisão dos recursos de tecnologia da in-
cos necessários e suficientes, com nível de precisão ade- formação dos órgãos e entidades da administração públi-
ca federal direta, autárquica e fundacional, em articula-

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Conhecimentos Específicos
ção com os demais sistemas utilizados direta ou indire- de tecnologia da informação das autarquias e das funda-
tamente na gestão da informação pública federal. ções públicas; e (Redação dada pelo Decreto nº 10.230,
Parágrafo único. É facultada às empresas públicas e de 2020)
às sociedades de economia mista a participação no SISP, V - como Órgãos Correlatos, representados pelos
cujas condições devem constar de termo próprio a ser seus titulares, as unidades desconcentradas e formalmen-
firmado entre os dirigentes das entidades e o titular do te constituídas de administração dos recursos de tecnolo-
Órgão Central do SISP. gia da informação nos Órgãos Setoriais e Seccionais.
Art. 2º O SISP tem por finalidade: Parágrafo único. Poderão colaborar com o SISP,
I - assegurar ao Governo federal suporte de infor- mediante acordos específicos com o Órgão Central, ou-
mação adequado, dinâmico, confiável e eficaz; tras entidades do Poder Público e entidades da iniciativa
II - facilitar aos interessados a obtenção das infor- privada interessadas no desenvolvimento de projetos de
mações disponíveis, resguardados os aspectos de dispo- interesse comum.
nibilidade, integridade, confidencialidade e autenticida- Art. 4º Compete ao Órgão Central do SISP:
de, bem como restrições administrativas e limitações le- I - orientar e administrar os processos de planeja-
gais; mento estratégico, de coordenação geral e de normaliza-
III - promover a integração e a articulação entre ção relativos aos recursos de tecnologia da informação
programas de governo, projetos e atividades, visando à abrangidos pelo SISP;
definição de políticas, diretrizes e normas relativas à ges- II - definir, elaborar, divulgar e implementar, com
tão dos recursos de tecnologia da informação; apoio da Comissão de Coordenação, as políticas, diretri-
IV - estimular o uso racional dos recursos de tecno- zes e normas gerais relativas à gestão dos recursos do
logia da informação, no âmbito do Poder Executivo fede- SISP e ao processo de compras do Governo na área de
ral, visando à melhoria da qualidade e da produtividade tecnologia da informação; (Revigorado pelo Decreto nº
do ciclo da informação; 11.736, de 2023)
V - estimular o desenvolvimento, a padronização, a III - promover a elaboração de planos de formação,
integração, a interoperabilidade, a normalização dos ser- desenvolvimento e treinamento do pessoal envolvido na
viços de produção e a disseminação de informações; área de abrangência do SISP;
(Redação dada pelo Decreto nº 10.230, de 2020) IV - incentivar ações prospectivas, com vistas ao
VI - propor adaptações institucionais necessárias ao acompanhamento das inovações técnicas da área de tec-
aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão dos recursos nologia da informação, de forma a atender às necessida-
de tecnologia da informação; des de modernização dos serviços dos órgãos e das enti-
VII - estimular e promover a formação, o desenvol- dades abrangidos pelo SISP; (Redação dada pelo Decre-
vimento e o treinamento dos servidores que atuam na to nº 9.488, de 2018) (Vigência)
área de tecnologia da informação; e V - promover a disseminação de políticas, diretri-
VIII - definir a política estratégica de gestão de tec- zes, normas e informações disponíveis, de interesse co-
nologia da informação do Poder Executivo federal. mum, entre os órgãos e as entidades abrangidos pelo
§ 1º Consideram-se recursos de tecnologia da in- SISP; e (Redação dada pelo Decreto nº 9.488, de 2018)
formação o conjunto formado pelos bens e serviços de (Vigência)
tecnologia da informação que constituem a infraestrutura VI - analisar, desenvolver, propor e implementar
tecnológica de suporte automatizado ao ciclo da infor- modelos, mecanismos, processos e procedimentos para
mação, que envolve as atividades de produção, coleta, aquisição, contratação e gestão centralizadas de bens e
tratamento, armazenamento, transmissão, recepção, co- serviços comuns de tecnologia da informação e comuni-
municação e disseminação. cação pelos órgãos e pelas entidades abrangidos pelo
§ 2º A gestão e a governança da segurança da in- SISP. (Redação dada pelo Decreto nº 9.488, de 2018)
formação dos órgãos integrantes do SISP são disciplina- (Vigência)
das pelo disposto no Decreto nº 9.637, de 26 de dezem- Art. 5º Compete à Comissão de Coordenação do
bro de 2018, e pelos dispositivos correlatos. (Redação SISP: (Revigorado pelo Decreto nº 11.736, de 2023)
dada pelo Decreto nº 10.230, de 2020) I - participar da elaboração e implementação das políti-
Art. 3º Integram o SISP: cas, diretrizes e normas gerais relativas à gestão dos recursos
I - como Órgão Central, a Secretaria de Governo do SISP e ao processo de compras do Governo na área de
Digital do Ministério da Gestão e da Inovação em Servi- tecnologia da informação; (Revigorado pelo Decreto nº
ços Públicos; (Redação dada pelo Decreto nº 11.736, de 11.736, de 2023)
2023) II - assessorar o Órgão Central do SISP no cumpri-
II - como Órgãos Setoriais, representadas por seus mento de suas atribuições; (Revigorado pelo Decreto nº
titulares, as unidades de administração dos recursos de 11.736, de 2023)
tecnologia da informação dos Ministérios e dos órgãos III - promover o intercâmbio de conhecimento entre
da Presidência da República; seus participantes e homogeneizar o entendimento das
III - a Comissão de Coordenação, formada pelos re- políticas, diretrizes e normas gerais relativas ao SISP; e
presentantes dos Órgãos Setoriais, presidida por repre- (Revigorado pelo Decreto nº 11.736, de 2023)
sentante do Órgão Central; (Revigorado pelo Decreto nº IV - acompanhar e avaliar os resultados da regula-
11.736, de 2023) mentação emanada do Órgão Central do SISP, e propor
IV - como Órgãos Seccionais, representadas por ajustamentos. (Revigorado pelo Decreto nº 11.736, de
seus titulares, as unidades de administração dos recursos 2023)

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Conhecimentos Específicos
Art. 6º Compete aos Órgãos Setoriais do SISP: Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua
I - coordenar, planejar, articular e controlar as ações publicação.
relativas aos recursos de tecnologia da informação, no Art. 11. Fica revogado o Decreto nº 1.048, de 21 de
âmbito dos respectivos Ministérios ou órgãos da Presi- janeiro de 1994.
dência da República; Brasília, 11 de outubro de 2011; 190º da Indepen-
II - fornecer subsídios ao Órgão Central do SISP, dência e 123º da República.
por intermédio da Comissão de Coordenação, para a de- DILMA ROUSSEFF
finição e elaboração de políticas, diretrizes e normas ge- Miriam Belchior
rais relativas ao SISP; (Revigorado pelo Decreto nº
11.736, de 2023)
III - cumprir e fazer cumprir, por meio de políticas, 20.4. ALIENAÇÃO, A CESSÃO, A TRANSFE-
diretrizes, normas e projetos setoriais, as políticas, dire- RÊNCIA, A DESTINAÇÃO E A DISPOSIÇÃO FI-
trizes e normas gerais emanadas do Órgão Central do NAL AMBIENTALMENTE ADEQUADAS DE
SISP; e BENS MÓVEIS NO ÂMBITO DA ADMINISTRA-
IV - participar, como membro da Comissão de Co- ÇÃO PÚBLICA FEDERAL (DECRETO Nº
ordenação, dos encontros de trabalho programados para 9.373/2018);
tratar de assuntos relacionados ao SISP. (Revigorado pe- Dispõe sobre a alienação, a cessão, a trans-
lo Decreto nº 11.736, de 2023) ferência, a destinação e a disposição final
Art. 7º Compete aos Órgãos Seccionais do SISP: ambientalmente adequadas de bens móveis
I - cumprir e fazer cumprir, por meio de políticas, no âmbito da administração pública federal
diretrizes, normas e projetos seccionais, as políticas, di- direta, autárquica e fundacional.
retrizes e normas emanadas do Órgão Setorial do SISP a
que estão vinculados; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das
II - subsidiar o Órgão Setorial do SISP a que estão atribuições que lhe confere o art. 84, caput , incisos IV e
vinculados na elaboração de políticas, diretrizes, normas VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o dis-
e projetos setoriais; e posto na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e na Lei
III - participar dos encontros de trabalho programa- nº 12.305, de 2 de agosto de 2010,
dos para tratar de assuntos relacionados ao SISP.
DECRETA:
Art. 8º Compete aos Órgãos Correlatos do SISP:
I - subsidiar a unidade de tecnologia da informação Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a alienação, a ces-
de seu respectivo Órgão Setorial ou Seccional no cum- são, a transferência, a destinação e a disposição final
primento das políticas, diretrizes e normas gerais relati- ambientalmente adequadas de bens móveis no âmbito da
vas ao SISP; administração pública federal direta, autárquica e funda-
II - subsidiar a unidade de tecnologia da informação cional.
de seu respectivo Órgão Setorial ou Seccional na elabo- Art. 2º No cumprimento ao disposto neste Decreto,
ração de políticas, diretrizes, normas e projetos setoriais aplicam-se os princípios e objetivos da Política Nacional
ou seccionais; e de Resíduos Sólidos, conforme o disposto na Lei nº
III - participar dos encontros de trabalho programa- 12.305, de 2 de agosto de 2010 , em especial:
dos para tratar de assuntos relacionados ao SISP. I - a ecoeficiência, mediante a compatibilização en-
Art. 9º O Órgão Central do SISP editará as normas tre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e ser-
complementares necessárias à implantação e ao funcio- viços qualificados que satisfaçam as necessidades huma-
namento do SISP. (Redação dada pelo Decreto nº nas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
10.230, de 2020) ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível,
Art. 9º-A O Órgão Central do SISP estabelecerá os no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação es-
limites de valores a partir dos quais os órgãos setoriais, timada do planeta;
seccionais e correlatos do SISP submeterão processos de II - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sóli-
contratação de bens ou serviços de tecnologia da infor- dos, que considere as variáveis ambiental, social, cultu-
mação e comunicação à sua aprovação. (Redação dada ral, econômica, tecnológica e de saúde pública;
pelo Decreto nº 10.230, de 2020) III - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 10.230, vida dos produtos;
de 2020) IV - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável
Art. 9º-B As aquisições e as contratações centrali- e reciclável como um bem econômico e de valor social,
zadas de bens e serviços comuns de tecnologia da infor- gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; e
mação e comunicação serão realizadas pelo Ministério V - não geração, redução, reutilização, reciclagem e
da Economia, com acompanhamento do Órgão Central tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final am-
do SISP. (Redação dada pelo Decreto nº 10.230, de bientalmente adequada dos rejeitos.
2020) Art. 3º Para que seja considerado inservível, o bem
Art. 9º-C Os cargos dos titulares dos órgãos do será classificado como:
SISP serão ocupados, preferencialmente, por servidores I - ocioso - bem móvel que se encontra em perfeitas
públicos efetivos, empregados públicos ou militares. condições de uso, mas não é aproveitado;
(Redação dada pelo Decreto nº 10.230, de 2020) II - recuperável - bem móvel que não se encontra
em condições de uso e cujo custo da recuperação seja de

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Conhecimentos Específicos
até cinquenta por cento do seu valor de mercado ou cuja II - das empresas públicas federais ou das socieda-
análise de custo e benefício demonstre ser justificável a des de economia mista federais prestadoras de serviço
sua recuperação; público, desde que a doação se destine à atividade fim
III - antieconômico - bem móvel cuja manutenção por elas prestada; (Redação dada pelo Decreto nº
seja onerosa ou cujo rendimento seja precário, em virtu- 10.340, de 2020)
de de uso prolongado, desgaste prematuro ou obsoletis- III - dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
mo; ou pios e de suas autarquias e fundações públicas; (Redação
IV - irrecuperável - bem móvel que não pode ser dada pelo Decreto nº 10.340, de 2020)
utilizado para o fim a que se destina devido à perda de IV - de organizações da sociedade civil, incluídas as
suas características ou em razão de ser o seu custo de re- organizações sociais a que se refere a Lei nº 9.637, de 15
cuperação mais de cinquenta por cento do seu valor de de maio de 1998, e as organizações da sociedade civil de
mercado ou de a análise do seu custo e benefício de- interesse público a que se refere a Lei nº 9.790, de 23 de
monstrar ser injustificável a sua recuperação. março de 1999; ou (Redação dada pelo Decreto nº
Art. 4º A cessão, modalidade de movimentação de 10.340, de 2020)
bens de caráter precário e por prazo determinado, com V - de associações e de cooperativas que atendam
transferência de posse, poderá ser realizada nas seguintes aos requisitos previstos no Decreto nº 5.940, de 25 de
hipóteses: outubro de 2006. (Redação dada pelo Decreto nº 10.340,
I - entre órgãos da União; de 2020)
II - entre a União e as autarquias e fundações públi- Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 10.340,
cas federais; ou de 2020)
III - entre a União e as autarquias e fundações pú- Art. 9º Os alienatários e beneficiários da transferên-
blicas federais e os Estados, o Distrito Federal e os Mu- cia se responsabilizarão pela destinação final ambiental-
nicípios e suas autarquias e fundações públicas. mente adequada dos bens móveis inservíveis.
Parágrafo único. A cessão dos bens não considera- Art. 10. As classificações e avaliações de bens serão
dos inservíveis será admitida, excepcionalmente, medi- efetuadas por comissão especial, instituída pela autorida-
ante justificativa da autoridade competente. de competente e composta por três servidores do órgão
Art. 5º A transferência, modalidade de movimenta- ou da entidade, no mínimo.
ção de caráter permanente, poderá ser: Art. 11. Sem prejuízo da observância aos princípios
I - interna - quando realizada entre unidades organi- e objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
zacionais, dentro do mesmo órgão ou entidade; ou conforme o disposto na Lei nº 12.305, de 2010 , este De-
II - externa - quando realizada entre órgãos da Uni- creto não se aplica:
ão. I - ao Ministério da Defesa e aos Comandos da Ma-
Parágrafo único. A transferência externa de bens rinha, do Exército e da Aeronáutica;
não considerados inservíveis será admitida, excepcio- II - à Secretaria Especial da Receita Federal do Bra-
nalmente, mediante justificativa da autoridade competen- sil do Ministério da Economia, quanto a bens apreendi-
te. dos; e (Redação dada pelo Decreto nº 10.340, de 2020)
Art. 6º Os bens móveis inservíveis ociosos e os re- III - aos órgãos e às entidades com finalidades
cuperáveis poderão ser reaproveitados, mediante transfe- agropecuárias, industriais ou comerciais, quanto à venda
rência interna ou externa. de bens móveis por eles produzidos ou comercializados.
Art. 7º Os bens móveis inservíveis cujo reaprovei- Art. 12. Observada a legislação aplicável às licita-
tamento seja considerado inconveniente ou inoportuno ções e aos contratos no âmbito da administração pública
serão alienados em conformidade com a legislação apli- federal direta, autárquica e fundacional, os bens móveis
cável às licitações e aos contratos no âmbito da adminis- adquiridos pela União, autarquias e fundações públicas
tração pública federal direta, autárquica e fundacional, federais para a execução descentralizada de programa
indispensável a avaliação prévia. federal poderão ser doados à União, aos Estados, ao Dis-
Parágrafo único. Verificada a impossibilidade ou a trito Federal e aos Municípios e às suas autarquias e fun-
inconveniência da alienação do bem classificado como dações públicas e aos consórcios intermunicipais, para
irrecuperável, a autoridade competente determinará sua exclusiva utilização pelo órgão ou entidade executor do
destinação ou disposição final ambientalmente adequada, programa.
nos termos da Lei nº 12.305, de 2010. Parágrafo único. Na hipótese do caput, quando se
Art. 8º Na hipótese de se tratar de bem móvel inser- tratar de bem móvel permanente, o seu tombamento po-
vível, a doação prevista na alínea “a” do inciso II do ca- derá ser feito diretamente no patrimônio do donatário,
put do art. 17 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, lavrando-se registro no processo administrativo compe-
permitida exclusivamente para fins e uso de interesse so- tente.
cial, após avaliação de sua oportunidade e conveniência Art. 13. O disposto no art. 8º não se aplica às aero-
socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma naves, simuladores e demais produtos aeronáuticos cedi-
de alienação, poderá ser feita em favor: (Redação dada dos, até a data de publicação deste Decreto, para utiliza-
pelo Decreto nº 10.340, de 2020) ção na formação e adestramento de pessoal de aviação
I - da União, de suas autarquias e de suas fundações civil, pela Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC a
públicas; (Redação dada pelo Decreto nº 10.340, de aeroclubes, que poderão ser a estes doados, dispensada a
2020) licitação, desde que comprovados os fins e uso de inte-
resse social e após avaliação de sua oportunidade e con-

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Conhecimentos Específicos
veniência socioeconômica, relativamente à escolha de
outra forma de alienação. 21. GOVERNO DIGITAL:
Parágrafo único. O disposto no caput também se
aplica às aeronaves, simuladores e demais produtos ae- 21.1. GOVERNO DIGITAL (DECRETO
ronáuticos doados pela União e revertidos ao patrimônio 10.332/2020)
da ANAC por descumprimento do encargo até a publica- Institui a Estratégia de Governo Digital pa-
ção deste Decreto. ra o período de 2020 a 2022, no âmbito dos
Art. 13-A. A Agência Nacional de Águas - ANA, órgãos e das entidades da administração
poderá doar, dispensada a licitação, à Companhia de pública federal direta, autárquica e funda-
Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, ou a outra em- cional e dá outras providências.
presa pública federal prestadora de serviço público, bens
móveis utilizados no acompanhamento, na operação e na O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da
manutenção de estações hidrometeorológicas, desde que atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI,
comprovados os fins e o uso de interesse social na pres- alínea “a” da Constituição,
tação de serviço público, inclusive o uso na Rede Hi-
DECRETA:
drometeorológica Nacional, e, após avaliação de sua
oportunidade e conveniência socioeconômica, relativa- Art. 1º Fica instituída a Estratégia de Governo Digi-
mente à escolha de outra forma de alienação. (Incluído tal para o período de 2020 a 2023, na forma do Anexo,
pelo Decreto nº 10.340, de 2020) no âmbito dos órgãos e das entidades da administração
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 10.340, pública federal direta, autárquica e fundacional. (Reda-
de 2020) ção dada pelo Decreto nº 11.260, de 2022)
Art. 14. Os equipamentos, as peças e os componen- Art. 2º Os órgãos e as entidades instituirão Comitê
tes de tecnologia da informação e comunicação classifi- de Governança Digital, nos termos do disposto no
cados como ociosos, recuperáveis ou antieconômicos Decreto nº 9.759, de 11 de abril de 2019, para deliberar
poderão ser doados: (Redação dada pelo Decreto nº sobre os assuntos relativos à implementação das ações de
10.340, de 2020) governo digital e ao uso de recursos de tecnologia da
I - a organizações da sociedade civil de interesse informação e comunicação.
público e a organizações da sociedade civil que partici- § 1º O Comitê de Governança Digital será
pem do programa de inclusão digital do Governo federal; composto:
ou (Incluído pelo Decreto nº 10.340, de 2020) I - por um representante da Secretaria-Executiva ou
II - a organizações da sociedade civil que compro- da unidade equivalente, que o presidirá;
varem dedicação à promoção gratuita da educação e da II - por um representante de cada unidade
inclusão digital. (Incluído pelo Decreto nº 10.340, de finalística;
2020) III - pelo titular da unidade de tecnologia da
Art. 15. Os resíduos perigosos serão remetidos a informação e comunicação; e
pessoas jurídicas inscritas no Cadastro Nacional de Ope- IV - pelo encarregado do tratamento de dados
radores de Resíduos Perigosos, conforme o disposto no pessoais, nos termos do disposto da Lei nº 13.709, de 14
art. 38 da Lei nº 12.305, de 2010 , contratadas na forma de agosto de 2018.
da lei. § 2º Os membros do Comitê de Governança Digital,
Art. 16. Os símbolos nacionais, as armas, as muni- de que tratam os incisos I e II do caput serão ocupantes
ções, os materiais pirotécnicos e os bens móveis que de cargo em comissão de nível equivalente ou superior
apresentarem risco de utilização fraudulenta por tercei- ao nível 5 do Grupo-Direção e Assessoramento
ros, quando inservíveis, serão inutilizados em conformi- Superiores.
dade com a legislação específica. § 3º Os representantes serão indicados e designados
Art. 17. O Ministério da Economia poderá: (Reda- em ato da autoridade máxima do órgão ou da entidade.
ção dada pelo Decreto nº 10.340, de 2020) § 4º A participação no Comitê de Governança
I - expedir instruções complementares necessárias Digital será considerada prestação de serviço público
para a execução do disposto neste Decreto; e relevante, não remunerada.
II - estabelecer, por meio de sistema de tecnologia § 5º O Presidente do Comitê de Governança Digital
da informação, solução integrada e centralizada para au- poderá convidar representantes de outros órgãos e
xiliar na operacionalização das disposições deste Decre- entidades para participar de suas reuniões, sem direito a
to. voto.
Art. 18. Ficam revogados: Art. 3º Para a consecução dos objetivos
I - o Decreto nº 99.658, de 30 de outubro de 1990 ; estabelecidos na Estratégia de Governo Digital, os
e órgãos e as entidades elaborarão os seguintes
II - o Decreto nº 6.087, de 20 de abril de 2007 . instrumentos de planejamento:
Art. 19. Este Decreto entra em vigor na data de sua I - Plano de Transformação Digital, que conterá, no
publicação. mínimo, as ações de:
Brasília, 11 de maio de 2018; 197º da Independên- a) transformação digital de serviços;
cia e 130º da República. b) unificação de canais digitais; (Redação dada pelo
MICHEL TEMER Decreto nº 10.996, de 2022)
Esteves Pedro Colnago Junior

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Conhecimentos Específicos
c) interoperabilidade de sistemas; e (Redação dada VI - selecionar e alocar a força de trabalho adicional
pelo Decreto nº 10.996, de 2022) necessária para a execução da Estratégia de Governo Di-
d) segurança e privacidade; (Incluído pelo Decreto gital; e (Redação dada pelo Decreto nº 10.996, de 2022)
nº 10.996, de 2022) VII - desenvolver as capacidades requeridas para as
II - Plano Diretor de Tecnologia da Informação e equipes de transformação digital, em conjunto com a
Comunicação; e Escola Nacional de Administração Pública.
III - Plano de Dados Abertos, nos termos do Parágrafo único. O Secretário de Governo Digital
disposto no Decreto nº 8.777, de 11 de maio de 2016. da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e
§ 1º Os instrumentos de planejamento de que trata o Governo Digital do Ministério da Economia editará as
caput serão: normas complementares necessárias à execução das
I - elaborados pela unidade competente dos órgãos e competências previstas no caput, de forma a garantir o
das entidades; e não retrocesso da prestação dos serviços públicos digi-
II - aprovados pelo respectivo Comitê de tais. (Redação dada pelo Decreto nº 10.996, de 2022)
Governança Digital. Art. 6º-A O período de vigência da Estratégia de
§ 2º Os órgãos e as entidades poderão elaborar Governo Digital será de quatro anos, coincidente com o
conjuntamente seus Planos de Transformação Digital, período de vigência do Plano Plurianual. (Incluído pelo
estruturados de acordo com a área temática ou com a Decreto nº 11.260, de 2022)
função de governo. Art. 7º Fica instituída a Rede Nacional de Governo
§ 3º O Plano de Transformação Digital incluirá sua Digital - Rede Gov.br, de natureza colaborativa e adesão
estratégia de monitoramento, que será pactuada com a voluntária, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Secretaria Especial de Modernização do Estado da Federal e dos Municípios, com a finalidade de promover
Secretaria-Geral da Presidência da República. o intercâmbio de informações e a articulação de medidas
Art. 4º A Estratégia de Governo Digital observará conjuntas relacionadas à expansão da Estratégia de
as disposições da Estratégia Brasileira para a Governo Digital.
Transformação Digital - E-Digital, instituída pelo Art. 8º O Decreto nº 9.319, de 2018, passa a vigorar
Decreto nº 9.319, de 21 de março de 2018. com as seguintes alterações:
§ 1º As soluções de tecnologia da informação e “Art. 1º .................................................................
comunicação desenvolvidas ou adquiridas pelos órgãos e ..............................................................................
pelas entidades observarão as disposições da Estratégia § 2º .......................................................................
de Governo Digital. ..............................................................................
§ 2º O detalhamento do estágio de implementação II - ........................................................................
da Estratégia de Governo Digital será disponibilizado no ..............................................................................
endereço eletrônico www.gov.br/governodigital. b) cidadania e transformação digital do Governo:
Art. 5º Compete à Secretaria Especial de tornar o Governo federal mais acessível à população e
Modernização do Estado da Secretaria-Geral da mais eficiente em prover serviços ao cidadão, em
Presidência da República: consonância com a Estratégia de Governo Digital.
I - coordenar e monitorar a execução da Estratégia ...................................................................” (NR)
de Governo Digital; Art. 9º O Anexo I ao Decreto nº 9.319, de 2018,
II - coordenar a avaliação da Estratégia de Governo passa a vigorar com as seguintes alterações:
Digital; e “.............................................................................
III - monitorar a execução dos Planos de II - ………………………………………………
Transformação Digital dos órgãos e das entidades. ………………………………………………....
Parágrafo único. O Secretário Especial de 2. ……………………………………………....
Modernização do Estado da Secretaria-Geral da ……………...…………………………………
Presidência da República editará as normas Os objetivos a serem alcançados, por meio da
complementares necessárias à execução das Estratégia de Governo Digital incluem:
competências previstas no caput. - oferecer serviços públicos digitais simples e
Art. 6º Compete à Secretaria de Governo Digital da intuitivos, consolidados em plataforma única e com
Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e avaliação de satisfação disponível;
Governo Digital do Ministério da Economia: - conceder acesso amplo à informação e aos dados
I - aprovar os Planos de Transformação Digital dos abertos governamentais, para possibilitar o exercício da
órgãos e das entidades; cidadania e a inovação em tecnologias digitais;
II - coordenar as iniciativas de transformação digital - promover a integração e a interoperabilidade das
dos órgãos e das entidades; bases de dados governamentais;
III - coordenar a Rede Nacional de Governo Digital - promover políticas públicas baseadas em dados e
- Rede Gov.br e elaborar as diretrizes para adesão evidências e em serviços preditivos e personalizados,
voluntária dos interessados; com utilização de tecnologias emergentes;
IV - ofertar as tecnologias e os serviços - implementar a Lei Geral de Proteção de Dados, no
compartilhados para a transformação digital; âmbito do Governo federal, e garantir a segurança das
V - definir as normas e os padrões técnicos a serem plataformas de governo digital;
observados pelos órgãos e pelas entidades; - disponibilizar a identificação digital ao cidadão;

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Conhecimentos Específicos
- adotar tecnologia de processos e serviços VIII - adotar a ferramenta de notificações aos
governamentais em nuvem como parte da estrutura usuários da Plataforma de Cidadania Digital na
tecnológica dos serviços e setores da administração totalidade dos serviços públicos digitais; e
pública federal; IX - adotar a ferramenta de meios de pagamentos
- otimizar as infraestruturas de tecnologia da digitais da Plataforma de Cidadania Digital nos serviços
informação e comunicação; e públicos oferecidos no portal único gov.br que envolvam
- formar equipes de governo com competências cobrança de taxas do usuário, preços públicos ou
digitais.” (NR) equivalentes.” (NR)
Art. 10. O Decreto nº 8.936, de 19 de dezembro de Art. 11. O Decreto nº 9.094, de 17 de julho de 2017,
2016, passa a vigorar com as seguintes alterações: passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 3º .................................................................... “Art. 11. ........................................................
I - o portal único gov.br, no qual as informações § 1º …………………………………………
institucionais, as notícias e os serviços públicos ……………………………………..
prestados pelo Governo federal serão disponibilizados de IV - os serviços publicados no portal único gov.br,
maneira centralizada, nos termos do disposto no Decreto nos termos do disposto no Decreto nº 8.936, de 19 de de-
nº 9.756, de 11 de abril de 2019; zembro de 2016.
………………………………………………… ………………………………………….....” (NR)
IV - a ferramenta de avaliação da satisfação dos “Art. 18 ..................................................................
usuários em relação aos serviços públicos prestados; I - no portal único gov.br; e
V - ……………………………………………… II - nos locais de atendimento, por meio de extração
………………………………………………….. das informações do portal único gov.br, em formato
c) nível de satisfação dos usuários; e impresso.” (NR)
…………………………………………………… “Art. 18-A. Fica vedado aos órgãos e às entidades
VI - o barramento de interoperabilidade de dados da administração pública federal solicitar ao usuário do
entre órgãos e entidades, que permite o serviço público requisitos, documentos, informações e
compartilhamento de dados, nos termos do disposto no procedimentos cuja exigibilidade não esteja informada
Decreto nº 10.046, de 9 de outubro de 2019; no portal único gov.br.
VII - a ferramenta de notificações aos usuários de ..................................................................................
serviços públicos; e § 2º A criação ou a alteração do rol de requisitos,
VIII - a ferramenta de meios de pagamentos digitais documentos, informações e procedimentos do serviço
para serviços públicos desenvolvida pelo órgão central público será precedida de publicação no portal único
do Sistema de Administração Financeira Federal. gov.br.
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da § 3º A Secretaria de Governo Digital da Secretaria
administração pública federal encaminharão à Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
de Governo Digital da Secretaria Especial de Digital do Ministério da Economia disponibilizará os
Desburocratização, Gestão e Governo Digital do meios para publicação dos serviços públicos no portal
Ministério da Economia os dados da prestação dos único gov.br e definirá as regras de acesso e
serviços públicos sob sua responsabilidade para credenciamento e os procedimentos de publicação.”
composição dos indicadores do painel de monitoramento (NR)
do portal único gov.br. “Art. 20. Os órgãos e as entidades do Poder
………………………………………….” (NR) Executivo federal utilizarão ferramenta de pesquisa de
“Art. 4º Os órgãos e as entidades da administração satisfação dos usuários dos seus serviços, disponível no
pública federal direta, autárquica e fundacional deverão, endereço eletrônico www.gov.br/governodigital e os
até 30 de junho de 2021: dados obtidos subsidiarão a reorientação e o ajuste da
……………………………………………………... prestação dos serviços.
II - cadastrar e atualizar as informações dos serviços .......................................................................” (NR)
públicos oferecidos no portal único gov.br; “Art. 20-B. A Secretaria de Governo Digital da
…………………………………………................... Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e
IV - adotar o mecanismo de acesso da Plataforma Governo Digital do Ministério da Economia publicará no
de Cidadania Digital na totalidade dos serviços públicos portal único gov.br o ranking das entidades com melhor
digitais; avaliação de serviços por parte dos usuários, de que trata
V - adotar a ferramenta de avaliação da satisfação o § 2º do art. 23 da Lei nº 13.460, de 26 de junho de
dos usuários da Plataforma de Cidadania Digital; 2017.” (NR)
VI - monitorar e implementar as ações de melhoria Art. 12. O Decreto nº 10.046, de 9 de outubro de
dos serviços públicos prestados, com base nos resultados 2019, passa a vigorar com as seguintes alterações:
da avaliação de satisfação dos usuários dos serviços; “Art. 2º ....................................................................
VII - adotar o barramento de interoperabilidade da .................................................................................
Plataforma de Cidadania Digital para integração dos XXIII - requisitos de segurança da informação e
sistemas e das bases de dados dos órgãos e das entidades comunicação - ações que objetivam viabilizar e
da administração pública federal; assegurar a disponibilidade, a integridade, a
confidencialidade e a autenticidade das informações;

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Conhecimentos Específicos
XXIV - solicitante de dados - órgão ou entidade que Objetivo 2 - Avaliação de satisfação nos serviços
solicita ao gestor de dados a permissão de acesso aos digitais
dados; e
Iniciativa 2.1. Oferecer meio de avaliação de satis-
XXV - cadastro base - informação de referência,
fação padronizado para, no mínimo, cinquenta por cento
íntegra e precisa, centralizada ou descentralizada,
dos serviços públicos digitais até 2023. (Redação dada
oriunda de uma ou mais fontes, sobre elementos
pelo Decreto nº 11.260, de 2022)
fundamentais para a prestação de serviços e para a gestão
Iniciativa 2.2. Aprimorar a satisfação dos usuários
de políticas públicas, tais como pessoas, empresas,
dos serviços públicos e obter nível médio de, no mínimo,
veículos, licenças e locais.” (NR)
4,5 (quatro inteiros e cinco décimos) em escala de 5
“Art. 10. Os gestores de dados divulgarão os
(cinco) pontos, até 2022.
mecanismos de compartilhamento de seus dados e os
Iniciativa 2.3. Aprimorar a percepção de utilidade
cadastros base sob sua responsabilidade.
das informações dos serviços no portal único gov.br e
.......................................................................” (NR)
atingir, no mínimo, sessenta e cinco por cento de avalia-
“Art. 10-A. Os órgãos e as entidades poderão criar
ções positivas até 2023. (Redação dada pelo Decreto nº
novas bases de dados somente quando forem esgotadas
11.260, de 2022)
as possibilidades de utilização dos cadastros base
existentes.” (NR) Objetivo 3 - Canais e serviços digitais simples e
Art. 13. Os órgãos e as entidades que possuírem os intuitivos
instrumentos de planejamento de que trata o art. 3º deve-
Iniciativa 3.1. Estabelecer padrão mínimo de
rão revisá-los para adequar o seu conteúdo às disposi-
ções deste Decreto, no prazo de noventa dias, contado da qualidade para serviços públicos digitais, até 2020.
data de sua publicação, de forma a garantir o não retro- Iniciativa 3.2. Realizar, no mínimo, cem pesquisas
de experiência com os usuários reais dos serviços
cesso da prestação dos serviços públicos digitais. (Reda-
públicos, até 2022.
ção dada pelo Decreto nº 10.996, de 2022)
Um Governo integrado, que resulta em uma
Art. 14. Ficam revogados:
experiência consistente de atendimento para o cidadão e
I - o art. 7º do Decreto nº 8.936, de 2016;
II- o § 1º do art. 18-A do Decreto nº 9.094, de 2017; integra dados e serviços da União, dos Estados, do
III - o Decreto nº 8.638, de 15 de janeiro de 2016; e Distrito Federal e Municípios, reduzindo custos,
ampliando a oferta de serviços digitais e retira do
IV - o Decreto nº 9.584, de 26 de novembro de
cidadão o ônus do deslocamento e apresentação de
2018.
documentos.
Art. 15. Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação. Objetivo 4 - Acesso digital único aos serviços
Brasília, 28 de abril de 2020; 199º da Independência públicos
e 132º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO Iniciativa 4.1. Consolidar seiscentos e vinte e dois
Paulo Guedes domínios do Poder Executivo federal no portal único
Jorge Antonio de Oliveira Francisco gov.br, até 2022. (Redação dada pelo Decreto nº 10.996,
de 2022)
ANEXO Iniciativa 4.2. Integrar todos os Estados à Rede
Gov.br, até 2022.
A Estratégia de Governo Digital para o período de Iniciativa 4.3. Consolidar a oferta dos aplicativos
2020 a 2023 está organizada em princípios, objetivos e móveis na conta única do Governo federal nas lojas, até
iniciativas que nortearão a transformação do governo por 2020.
meio do uso de tecnologias digitais, com a promoção da Iniciativa 4.4: Ampliar a utilização do login único
efetividade das políticas e da qualidade dos serviços pú- de acesso gov.br para mil serviços públicos digitais, até
blicos e com o objetivo final de reconquistar a confiança 2022.
dos brasileiros. (Redação dada pelo Decreto nº 11.260,
de 2022) Objetivo 5 - Plataformas e ferramentas
Um Governo centrado no cidadão, que busca compartilhadas
oferecer uma jornada mais agradável e responde às suas Iniciativa 5.1. Implementar meios de pagamentos
expectativas por meio de serviços de alta qualidade. digitais para, no mínimo, trinta por cento dos serviços
Objetivo 1 - Oferta de serviços públicos digitais públicos digitais que envolvam cobrança, até 2022.
Iniciativa 5.2. Disponibilizar caixa postal do cida-
Iniciativa 1.1. Transformar cem por cento dos servi- dão, que contemplará os requisitos do domicílio eletrôni-
ços públicos digitalizáveis até 2023. (Redação dada pelo co, nos termos do disposto na Lei nº 14.129, de 29 de
Decreto nº 11.260, de 2022) março de 2021, até 2023. (Redação dada pelo Decreto nº
Iniciativa 1.2. Simplificar e agilizar a abertura, a 11.260, de 2022)
alteração e a extinção de empresas no Brasil, de forma
que esses procedimentos possam ser realizados em um Objetivo 6 - Serviços públicos integrados
dia, até 2022. Iniciativa 6.1. Interoperar os sistemas do Governo
federal, de forma que, no mínimo, seiscentos serviços
públicos disponham de preenchimento automático de in-

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Conhecimentos Específicos
formações relacionadas ao Cadastro Base do Cidadão, ao Objetivo 10 - Implementação da Lei Geral de
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e ao Cadastro de Proteção de Dados no âmbito do Governo federal
Endereçamento Postal, até 2022. (Redação dada pelo
Iniciativa 10.1. Estabelecer método de adequação e
Decreto nº 10.996, de 2022)
conformidade dos órgãos com os requisitos da Lei Geral
Iniciativa 6.2. Ampliar para vinte a quantidade de
de Proteção de Dados, até 2020.
atributos no cadastro base do cidadão até 2023. (Redação
Iniciativa 10.2. Estabelecer plataforma de gestão da
dada pelo Decreto nº 11.260, de 2022)
privacidade e uso dos dados pessoais do cidadão, até
Iniciativa 6.3. Estabelecer quinze cadastros base de
2020.
referência para interoperabilidade do Governo federal até
2023. (Redação dada pelo Decreto nº 11.260, de 2022) Objetivo 11: Garantia da segurança das
Iniciativa 6.4. Estabelecer barramento de plataformas de governo digital e de missão crítica
interoperabilidade dos sistemas do Governo federal, até
Iniciativa 11.1. Garantir, no mínimo, noventa e
2020, de forma a garantir que pessoas, organizações e
nove por cento de disponibilidade das plataformas
sistemas computacionais compartilhem os dados.
Um Governo inteligente, que implementa políticas compartilhadas de governo digital, até 2022.
efetivas com base em dados e evidências e antecipa e Iniciativa 11.2. Implementar controles de segurança
da informação e privacidade em trinta sistemas críticos
soluciona de forma proativa as necessidades do cidadão
do Governo federal, até 2022. (Redação dada pelo De-
e das organizações, além de promover um ambiente de
creto nº 10.996, de 2022)
negócios competitivo e atrativo a investimentos.
Iniciativa 11.3. Definir padrão mínimo de segurança
Objetivo 7 - Políticas públicas baseadas em cibernética a ser aplicado nos canais e nos serviços digi-
dados e evidências tais, até 2022. (Redação dada pelo Decreto nº 10.996, de
2022)
Iniciativa 7.1. Produzir quarenta novos painéis
gerenciais de avaliação e monitoramento de políticas Objetivo 12 - Identidade digital ao cidadão
públicas, até 2022.
Iniciativa 12.1. Prover dois milhões de validações
Iniciativa 7.2. Catalogar, no mínimo, as trezentas
biométricas mensais para serviços públicos federais, até
principais bases de dados do Governo federal, até 2022.
Iniciativa 7.3. Disponibilizar o mapa de empresas o final de 2020.
no Brasil, até 2020. Iniciativa 12.2. Disponibilizar identidade digital ao
cidadão, com expectativa de emissão de quarenta
Objetivo 8 - Serviços públicos do futuro e milhões, até 2022.
tecnologias emergentes Iniciativa 12.3. Criar as condições para a expansão
e para a redução dos custos dos certificados digitais para
Iniciativa 8.1. Desenvolver, no mínimo, seis
que custem, no máximo R$ 50,00 (cinquenta reais) por
projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação com
usuário anualmente, até 2022.
parceiros do Governo federal, instituições de ensino
Iniciativa 12.4. Disponibilizar novos mecanismos
superior, setor privado e terceiro setor, até 2022.
de assinatura digital ao cidadão, até 2022.
Iniciativa 8.2. Implementar recursos de inteligência
Iniciativa 12.5. Incentivar o uso de assinaturas
artificial em, no mínimo, doze serviços públicos federais,
digitais com alto nível de segurança.
até 2022.
Iniciativa 12.6. Estabelecer critérios para adoção de
Iniciativa 8.3. Disponibilizar, pelo menos, nove
certificado de atributos para simplificação dos processos
conjuntos de dados por meio de soluções de blockchain
de qualificação de indivíduo ou entidade.
na administração pública federal, até 2022.
Iniciativa 12.7. Promover a divulgação ampla de
Iniciativa 8.4. Implementar recursos para criação de
sistemas e aplicações para uso e verificação das políticas
uma rede blockchain do Governo federal interoperável,
de assinatura com códigos abertos e interoperáveis.
com uso de identificação confiável e de algoritmos
Um Governo transparente e aberto, que atua de
seguros.
forma proativa na disponibilização de dados e
Iniciativa 8.5. Implantar um laboratório de experi-
informações e viabiliza o acompanhamento e a
mentação de dados com tecnologias emergentes até
participação da sociedade nas diversas etapas dos
2023. (Redação dada pelo Decreto nº 11.260, de 2022)
serviços e das políticas públicas.
Objetivo 9 - Serviços preditivos e personalizados
Objetivo 13 - Reformulação dos canais de
ao cidadão
transparência e dados abertos
Iniciativa 9.1. Implantar mecanismo de
Iniciativa 13.1. Integrar os portais de transparência,
personalização da oferta de serviços públicos digitais,
de dados abertos e de ouvidoria ao portal único gov.br,
baseados no perfil do usuário, até 2022.
até 2020.
Iniciativa 9.2. Ampliar a notificação ao cidadão em,
Iniciativa 13.2. Ampliar a quantidade de bases de
no mínimo, vinte e cinco por cento dos serviços digitais.
dados abertos, de forma a atingir 0,68 (sessenta e oito
Um Governo confiável, que respeita a liberdade e a
centésimos) pontos no critério de disponibilidade de
privacidade dos cidadãos e assegura a resposta adequada
dados do índice organizado pela Organização para a
aos riscos, ameaças e desafios que surgem com o uso das
Cooperação e Desenvolvimento Econômico, até 2022.
tecnologias digitais no Estado.

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Conhecimentos Específicos
Iniciativa 13.3. Melhorar a qualidade das bases de Iniciativa 16.3. Disponibilizar o Portal Nacional de
dados abertos, de forma a atingir 0,69 (sessenta e nove Contratações Públicas, até 2022. (Redação dada pelo
décimos) pontos no critério de acessibilidade de dados Decreto nº 10.996, de 2022)
do índice organizado pela Organização para a Iniciativa 16.4. (Revogado pelo Decreto nº 10.996,
Cooperação e Desenvolvimento Econômico, até 2022. de 2022)
Iniciativa 16.5. Migração de serviços de, pelo
Objetivo 14 - Participação do cidadão na
menos, trinta órgãos para a nuvem, até 2022.
elaboração de políticas públicas
Iniciativa 16.6. Negociar acordos corporativos com
Iniciativa 14.1. (Revogado pelo Decreto nº 10.996, os maiores fornecedores de tecnologia da informação e
de 2022) comunicação do governo, de forma a resultar na redução
Iniciativa 14.2. Aprimorar os meios de participação de, no mínimo, vinte por cento dos preços de lista, até
social e disponibilizar nova plataforma de participação, 2022.
até 2021.
Objetivo 17 - O digital como fonte de recursos
Objetivo 15 - Governo como plataforma para para políticas públicas essenciais
novos negócios
Iniciativa 17.1. Aprimorar a metodologia de
Iniciativa 15.1. Disponibilizar, no mínimo, vinte medição da economia de recursos com a transformação
novos serviços interoperáveis que interessem às empre- digital, até 2020.
sas e às organizações até 2023. (Redação dada pelo De- Iniciativa 17.2. Disponibilizar painel com o total de
creto nº 11.260, de 2022) economia de recursos auferida com a transformação
Iniciativa 15.2. (Revogado pelo Decreto nº 10.996, digital, até 2020.
de 2022) Iniciativa 17.3. (Revogado pelo Decreto nº 10.996,
Um Governo eficiente, que capacita seus de 2022)
profissionais nas melhores práticas e faz uso racional da
Objetivo 18 - Equipes de governo com
força de trabalho e aplica intensivamente plataformas
competências digitais
tecnológicas e serviços compartilhados nas atividades
operacionais. Iniciativa 18.1. Capacitar, no mínimo, dez mil
Iniciativa 15.3. Criar dinâmica de integração entre profissionais das equipes do Governo federal em áreas
os agentes públicos de transformação digital e o ecossis- do conhecimento essenciais para a transformação digital
tema de inovação GovTech, até 2022. (Incluído pelo Iniciativa 18.2. Difundir os princípios da
Decreto nº 10.996, de 2022) transformação digital por meio de eventos e ações de
Iniciativa 15.4. Ampliar em vinte por cento a quan- comunicação, de forma a atingir, no mínimo, cinquenta
tidade de competições de inovação abertas para a identi- mil pessoas, até 2022.
ficação ou o desenvolvimento de soluções de base tecno- Iniciativa 18.3. Promover ações com vistas ao re-
lógica para o Governo federal realizadas no âmbito do crutamento e à seleção de força de trabalho dedicada à
gov.br/desafios, até 2022. (Incluído pelo Decreto nº transformação digital e à tecnologia da informação na
10.996, de 2022) administração pública federal. (Redação dada pelo De-
Iniciativa 15.5. Sistematizar e disseminar conheci- creto nº 10.996, de 2022)
mentos sobre compras públicas de inovação, até 2022.
(Incluído pelo Decreto nº 10.996, de 2022)
Iniciativa 15.6. Incorporar a temática de GovTechs 21.2. PROGRAMA DE GESTÃO DE DESEM-
em, no mínimo, dois programas de empreendedorismo PENHO – PGD (DECRETO Nº 11.072/2022
inovador ou de transformação digital, até 2022. (Incluído O Programa de Gestão e Desempenho (PGD) é um
pelo Decreto nº 10.996, de 2022) programa indutor de melhoria de desempenho instituci-
Iniciativa 15.7. Realizar, no mínimo, dois eventos onal no serviço público, com foco na vinculação entre o
sobre o uso de GovTechs na administração pública fede- trabalho dos participantes, as entregas das unidades e
ral, com foco no marco legal das start-ups, nos termos as estratégias organizacionais. Ele foi instituído pela
do disposto na Lei Complementar nº 182, de 1º de junho Administração Pública Federal por meio do Decreto nº
de 2021, até 2022. (Incluído pelo Decreto nº 10.996, de 11.072/2022 e instruída pela Instrução Normativa nº
2022) 24/2023, estabelece orientações, critérios e procedimen-
Objetivo 16 - Otimização das infraestruturas de tos para o Programa de Gestão e Desempenho (PGD)
tecnologia da informação da Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional. O PGD tem como objetivo aprimorar a
Iniciativa 16.1. Realizar, no mínimo, seis compras gestão de pessoas e o desempenho institucional, além de
centralizadas de bens e serviços comuns de tecnologia da incentivar a melhoria contínua dos serviços prestados à
informação e comunicação, até 2022. sociedade.
Iniciativa 16.2. Ampliar o compartilhamento de
soluções de software estruturantes, totalizando um novo
software por ano, até 2022.

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Conhecimentos Específicos
DECRETO Nº 11.072, DE 17 DE MAIO DE ou de conveniência e oportunidade, devidamente funda-
2022 mentadas.
§ 4º As competências de que tratam o caput e o § 3º
Dispõe sobre o Programa de Gestão e De-
poderão ser delegadas aos dois níveis hierárquicos ime-
sempenho - PGD da administração pública
diatamente inferiores com competência sobre a área de
federal direta, autárquica e fundacional.
gestão de pessoas, vedada a subdelegação.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das
Instituição e manutenção do PGD
atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e
VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o dis- Art. 4º A instituição do PGD se dará no âmbito de
posto no art. 19 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de cada autarquia, fundação pública ou unidade da adminis-
1990, tração direta de nível não inferior ao de Secretaria ou
equivalente, por meio de portaria da autoridade máxima,
DECRETA:
vedada a delegação, e preverá, no mínimo:
Objeto I - os tipos de atividades que poderão ser incluídas
no PGD;
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o Programa de II - o quantitativo de vagas;
Gestão e Desempenho - PGD da administração pública III - as vedações à participação, se houver;
federal direta, autárquica e funcional.
IV - o eventual nível de produtividade adicional
Parágrafo único. O PGD é instrumento de gestão
exigido para o teletrabalho;
que disciplina o desenvolvimento e a mensuração das
V - o conteúdo do termo de ciência e responsabili-
atividades realizadas pelos seus participantes, com foco
dade a ser firmado entre o participante e a sua chefia
na entrega por resultados e na qualidade dos serviços imediata; e
prestados à sociedade. VI - a antecedência mínima nas convocações para o
Âmbito de aplicação agente público comparecer à sua unidade.
§ 1º No âmbito dos Gabinetes dos Ministro de Esta-
Art. 2º Este Decreto aplica-se à administração pú- do, a competência de que trata o caput será exercida pe-
blica federal direta, autárquica e fundacional, integrante lo Chefe de Gabinete.
do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - § 2º A instituição do PGD não poderá implicar dano
Sipec e do Sistema de Organização e Inovação Instituci- à manutenção da capacidade plena de atendimento ao
onal do Governo Federal - Siorg. público interno e externo.
§ 1º Este Decreto aplica-se aos seguintes agentes § 3º Serão divulgados em sítio eletrônico oficial do
públicos: órgão ou da entidade:
I - servidores públicos ocupantes de cargo efetivo; I - o ato a que se refere o caput; e
II - servidores públicos ocupantes de cargo em co- II - os resultados obtidos com o PGD.
missão; § 4º A instituição do PGD exigirá a adoção de sis-
III - empregados públicos em exercício na adminis- tema informatizado de acompanhamento e controle que
tração pública federal direta, autárquica e fundacional; permita o monitoramento eficaz do trabalho efetivamen-
IV - contratados por tempo determinado, nos termos te desenvolvido pelo agente público.
do disposto na Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993; e § 5º Os órgãos e as entidades disponibilizarão ao
V - estagiários, observado o disposto na Lei nº órgão central do Sipec e ao órgão central do Siorg as in-
11.788, de 25 de setembro de 2008. formações referentes aos respectivos PGD e a seus resul-
§ 2º Este Decreto não se aplica aos militares das tados.
Forças Armadas. § 6º A disponibilização de que trata o § 5º será rea-
Autorização para instituir o PGD lizada conforme as normas do órgão central do Sipec e
do órgão central do Siorg.
Art. 3º Os Ministros de Estado, os dirigentes máxi- § 7º Caberá às autoridades de que trata o caput do
mos dos órgãos diretamente subordinados ao Presidente art. 3º assegurar o cumprimento do disposto nos § 4º e §
da República e as autoridades máximas das entidades 5º deste artigo.
poderão autorizar a instituição do PGD para o exercício Art. 5º A instituição e a manutenção do PGD ocor-
de atividades que serão avaliadas em função da efetivi- rerão no interesse da administração e não constituirão di-
dade e da qualidade das entregas. reito do agente público.
§ 1º A substituição dos controles de assiduidade e
de pontualidade dos participantes do PGD por controle Modalidades do PGD
de entregas e resultados, independentemente da modali- Art. 6º O PGD poderá ser adotado nas seguintes
dade adotada, observará o disposto nos atos de que trata modalidades:
o art. 16. I - presencial; ou
§ 2º A instituição do PGD é ato discricionário da II - teletrabalho.
autoridade máxima do órgão ou da entidade e observará Parágrafo único. A modalidade presencial, a que se
os critérios de oportunidade e conveniência. refere o inciso I do caput, poderá ser tornada obrigatória
§ 3º A autoridade máxima do órgão ou da entidade pelas autoridades referidas no caput do art. 3º.
poderá suspender ou revogar o PGD por razões técnicas

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Conhecimentos Específicos
Seleção para adesão ao PGD to dentro do órgão ou da entidade quanto para o público
externo que necessitar contatá-lo.
Art. 7º Quando o quantitativo de interessados em
§ 7º A opção pelo teletrabalho não poderá implicar
aderir ao PGD superar o das vagas disponibilizadas, o di-
aumento de despesa para a administração pública fede-
rigente da unidade selecionará os participantes do PGD,
ral.
de modo impessoal, com base nas atividades a serem de-
sempenhadas e na experiência dos interessados. Retorno ao trabalho presencial
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, poderão ser
Art. 10. O participante do PGD na modalidade tele-
previstos outros critérios específicos, devidamente fun-
trabalho deverá retornar, no prazo de trinta dias, à ativi-
damentados.
dade presencial no órgão ou na entidade de exercício:
§ 2º O dirigente da unidade estabelecerá e divulgará
I - se for excluído da modalidade teletrabalho ou do
os critérios técnicos necessários à adesão dos interessa-
PGD; ou
dos ao PGD.
II - se o PGD for suspenso ou revogado.
Compatibilidade do PGD com o cargo § 1º Na hipótese prevista no inciso II do caput, o
prazo poderá ser reduzido mediante apresentação de jus-
Art. 8º A participação no PGD, independentemente
tificativa das autoridades referidas no art. 4º.
da modalidade, considerará as atribuições do cargo e
§ 2º O participante do PGD na modalidade teletra-
respeitará a jornada de trabalho do participante.
balho poderá retornar ao trabalho presencial, indepen-
Regras especiais para o teletrabalho dentemente do interesse da administração, a qualquer
momento.
Art. 9º O teletrabalho:
§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, o órgão ou a enti-
I - dependerá de acordo mútuo entre o agente públi- dade poderá requerer a comunicação do retorno ao traba-
co e a administração, registrado no termo de ciência e lho com antecedência mínima de trinta dias.
responsabilidade;
§ 4º O participante do PGD manterá a execução das
II - poderá ocorrer em regime de execução integral
atividades estabelecidas por sua chefia imediata até o re-
ou parcial;
torno efetivo à atividade presencial.
III - ficará condicionado à compatibilidade com as
atividades a serem desenvolvidas pelo agente público e à Formalização da adesão ao PGD
ausência de prejuízo para a administração;
Art. 11. Para aderir ao PGD, o agente público e a
IV - terá a estrutura necessária, física e tecnológica,
sua chefia imediata firmarão plano de trabalho, que con-
providenciada e custeada pelo agente público; e
terá, no mínimo, as seguintes informações:
V - exigirá que o agente público permaneça dispo-
I - data de início e de término;
nível para contato, no período definido pela chefia ime-
II - atividades a serem executadas pelo participante;
diata e observado o horário de funcionamento do órgão
III - metas e prazos; e
ou da entidade, por todos os meios de comunicação.
IV - termo de ciência e responsabilidade.
§ 1º A alteração da modalidade presencial para tele-
Parágrafo único. O participante do PGD comunicará
trabalho para os contratados por tempo determinado de
à sua chefia imediata a ocorrência de afastamentos, li-
que trata o inciso IV do § 1º do art. 2º será registrada em
cenças ou outros impedimentos para eventual adequação
aditivo contratual, observado o disposto na Lei nº 8.745,
das metas e dos prazos ou possível redistribuição das
de 1993.
atividades constantes do seu plano de trabalho.
§ 2º A alteração da modalidade presencial para tele-
trabalho para os estagiários de que trata o inciso V do § Teletrabalho no exterior
1º do art. 2º ocorrerá por meio da celebração de acordo
Art. 12. Além dos requisitos gerais para a adesão à
entre a instituição de ensino, a parte concedente, o esta-
modalidade, o teletrabalho com o agente público residin-
giário e, exceto se este for emancipado ou tiver dezoito
do no exterior somente será admitido:
anos de idade ou mais, o seu representante ou assistente
I - para servidores públicos federais efetivos que te-
legal.
nham concluído o estágio probatório;
§ 3º A alteração de que trata o § 2º deverá constar
II - em regime de execução integral;
do termo de compromisso de estágio e ser compatível
III - no interesse da administração;
com as atividades escolares ou acadêmicas exercidas pe-
IV - se houver PGD instituído na unidade de exercí-
lo estagiário.
cio do servidor;
§ 4º Na hipótese de empregados de empresas públi-
V - com autorização específica da autoridade de que
cas ou de sociedades de economia mista em exercício na
trata o caput do art. 3º, permitida a delegação ao nível
administração pública federal direta, autárquica e funda-
hierárquico imediatamente inferior e vedada a subdele-
cional, a alteração da modalidade presencial para teletra-
gação;
balho dependerá de autorização da entidade de origem,
VI - por prazo determinado;
sem prejuízo dos demais requisitos deste Decreto.
VII - com manutenção das regras referentes ao pa-
§ 5º O disposto no inciso IV do caput constará ex-
gamento de vantagens, remuneratórias ou indenizatórias,
pressamente do termo de ciência e responsabilidade.
como se estivesse em exercício no território nacional; e
§ 6º Para fins do disposto no inciso V do caput, o
VIII - em substituição a:
agente público deverá informar e manter atualizado nú-
a) afastamento para estudo no exterior previsto no
mero de telefone, fixo ou móvel, de livre divulgação tan-
art. 95 da Lei nº 8.112, de 11 dezembro de 1990, quando

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Conhecimentos Específicos
a participação no curso puder ocorrer simultaneamente Diárias e passagens
com o exercício do cargo;
Art. 13. Nos deslocamentos em caráter eventual ou
b) exercício provisório de que trata o § 2º do art. 84
transitório ocorridos no interesse da administração para
da Lei nº 8.112, de 1990;
localidade diversa da sede do órgão ou da entidade de
c) acompanhamento de cônjuge afastado nos termos
exercício do agente público, o participante do PGD fará
do disposto nos art. 95 e art. 96 da Lei nº 8.112, de 1990;
jus a diárias e passagens e será utilizado como ponto de
d) remoção de que trata a alínea “b” do inciso III do
referência:
parágrafo único do art. 36 da Lei nº 8.112, de 1990,
I - a localidade a partir da qual exercer as suas fun-
quando o tratamento médico necessite ser realizado no
ções remotamente; ou
exterior; ou
II - caso implique menor despesa para a administra-
e) licença para acompanhamento de cônjuge que
ção pública federal, o endereço do órgão ou da entidade
não seja servidor público deslocado para trabalho no ex-
de exercício.
terior, nos termos do disposto no caput do art. 84 da Lei
Parágrafo único. O participante do PGD na modali-
nº 8.112, de 1990.
dade teletrabalho que residir em localidade diversa da
§ 1º A autorização para teletrabalho no exterior po-
sede do órgão ou da entidade de exercício não fará jus a
derá ser revogada por razões técnicas ou de conveniência
reembolso de qualquer natureza ou a diárias e passagens
e oportunidade, por meio de decisão fundamentada.
referentes às despesas decorrentes do comparecimento
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º, será concedido
presencial à unidade de exercício.
prazo de dois meses para o agente público retornar às
atividades presenciais ou ao teletrabalho a partir do terri- Adicional noturno
tório nacional, conforme os termos da revogação da au-
torização de teletrabalho. Art. 14. Não será devido o pagamento de adicional
noturno aos participantes do PGD de que trata este De-
§ 3º O prazo estabelecido no § 2º poderá ser reduzi-
creto.
do mediante justificativa das autoridades a que se refere
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica
o art. 4º.
aos casos em que for comprovada a atividade, ainda que
§ 4º O participante do PGD manterá a execução das
atividades estabelecidas por sua chefia imediata até o re- remota, prestada em horário compreendido entre vinte e
torno efetivo à atividade presencial. duas horas de um dia e cinco horas do dia seguinte, des-
de que haja necessidade comprovada da administração
§ 5º Poderá ser permitida, pelas autoridades de que
pública federal e autorização concedida por sua chefia
trata o caput do art. 3º, de forma justificada, a realização
imediata.
de teletrabalho no exterior pelos seguintes empregados
públicos em exercício na administração pública federal Adicionais de pagamento vedados no caso de te-
direta, autárquica e fundacional, enquadrados em situa- letrabalho
ções análogas àquelas referidas no inciso VIII do caput
deste artigo: Art. 15. É vedado o pagamento ao participante do
I - empregados de estatais em exercício na adminis- PGD na modalidade teletrabalho em regime de execução
tração pública federal direta, autárquica e fundacional integral de:
com ocupação de cargo em comissão, desde que a enti- I - adicionais ocupacionais de insalubridade, pericu-
dade de origem autorize a prestação de teletrabalho no losidade ou irradiação ionizante; e
exterior; ou II - gratificação por atividades com raios X ou subs-
II - empregados que façam parte dos quadros per- tâncias radioativas.
manentes da administração pública federal direta, autár- Normas complementares
quica e fundacional.
§ 6º É de responsabilidade do agente público obser- Art. 16. O órgão central do Sipec e o órgão central
var as diferenças de fuso horário do país em que preten- do Siorg expedirão, no âmbito de suas competências, os
de residir para fins de atendimento da jornada de traba- atos complementares necessários à execução do disposto
lho fixada pelo órgão ou pela entidade de exercício. neste Decreto.
§ 7º A autoridade de que trata o caput do art. 3º po- Normas transitórias
derá substituir o requisito previsto no inciso VIII do ca-
put por outros critérios. Art. 17. O disposto neste Decreto aplica-se às situa-
§ 8º O total de agentes públicos abrangidos pela ex- ções em curso na data de sua entrada em vigor.
ceção à exigência prevista no inciso VIII do caput e no § Art. 18. O agente público em teletrabalho no exteri-
7º não poderá ultrapassar dez por cento do quantitativo or na data de entrada em vigor deste Decreto deverá ade-
de vagas de que trata o inciso II do caput do art. 4º. quar-se às suas disposições até 1º de dezembro de 2022,
§ 9º O prazo de teletrabalho no exterior será de: nos termos do disposto no art. 12, ou voltar a residir no
I - na hipótese do § 7º, até três anos, permitida a re- País.
novação por período igual ou inferior; e Revogações
II - nas hipóteses previstas no inciso VIII do caput,
o tempo de duração do fato que o justifica. Art. 19. Ficam revogados:
§ 10. Na hipótese prevista na alínea “e” do inciso I - o § 6º do art. 6º do Decreto nº 1.590, de 10 de
VIII do caput, caberá ao requerente comprovar o vínculo agosto de 1995; e
empregatício do cônjuge no exterior.

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Conhecimentos Específicos
II - o art. 5º do Decreto nº 10.789, de 8 de setembro VII - contribuir para o dimensionamento da força de
de 2021. trabalho;
VIII - aprimorar o desempenho institucional, das
Vigência
equipes e dos indivíduos;
Art. 20. Este Decreto entra em vigor em 1º de junho IX - contribuir para a saúde e a qualidade de vida no
de 2022. trabalho dos participantes; e
Brasília, 17 de maio de 2022; 201º da Independên- X - contribuir para a sustentabilidade ambiental na
cia e 134º da República. administração pública federal.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Conceitos
Paulo Guedes
Art. 3º Para os fins do disposto nesta Instrução
Normativa Conjunta, considera-se:
21.3. IN SGP-SEGES/MGI nº 24/2023 I - atividade: o conjunto de ações, síncronas ou as-
Estabelece orientações a serem observadas síncronas, realizadas pelo participante que visa contribuir
pelos órgãos e entidades integrantes do Sis- para as entregas de uma unidade de execução;
tema de Pessoal Civil da Administração II - atividade síncrona: aquela cuja execução se dá
Federal - Sipec e do Sistema de Organiza- mediante interação simultânea do participante com ter-
ção e Inovação Institucional do Governo ceiros, podendo ser realizada com presença física ou vir-
Federal - Siorg, relativas à implementação tual;
e execução do Programa de Gestão e De- III - atividade assíncrona: aquela cuja execução se
sempenho - PGD. dá de maneira não simultânea entre o participante e ter-
ceiros, ou requeira exclusivamente o esforço do partici-
O SECRETÁRIO DE GESTÃO E INOVAÇÃO E pante para sua consecução, podendo ser realizada com
O SECRETÁRIO DE GESTÃO DE PESSOAS E DE presença física ou não;
RELAÇÕES DE TRABALHO, no uso das atribuições IV - demandante: aquele que solicita entregas da
que lhes conferem o art. 15, incisos VI e X, e o art. 29, unidade de execução;
incisos I, alínea "h", III e IV, do Anexo I do Decreto nº V - destinatário: beneficiário ou usuário da entrega,
11.437, de 17 de março de 2023, e tendo em vista o dis- podendo ser interno ou externo à organização;
posto no art. 16 do Decreto nº 11.072, de 17 de maio de VI - entrega: o produto ou serviço da unidade de
2022, resolvem: execução, resultante da contribuição dos participantes;
VII - escritório digital: conjunto de ferramentas di-
CAPÍTULO I gitais definido pelo órgão ou entidade para possibilitar a
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS realização de atividades síncronas ou assíncronas;
VIII - participante: o agente público previsto no §1º
Objeto e âmbito de aplicação
do art. 2º do Decreto nº 11.072, de 17 de maio de 2022,
Art. 1º Esta Instrução Normativa Conjunta estabele- que tenha Termo de Ciência e Responsabilidade - TCR
ce orientações, critérios e procedimentos gerais a serem assinado;
observados pelos órgãos e entidades integrantes do Sis- IX - plano de entregas da unidade: instrumento de
tema de Pessoal Civil da Administração Federal - Sipec gestão que tem por objetivo planejar as entregas da uni-
e do Sistema de Organização e Inovação Institucional do dade de execução, contendo suas metas, prazos, deman-
Governo Federal - Siorg relativos à implementação de dantes e destinatários;
Programa de Gestão e Desempenho - PGD. X - plano de trabalho do participante: instrumento
Parágrafo único. O PGD é um programa indutor de de gestão que tem por objetivo alocar o percentual da
melhoria de desempenho institucional no serviço públi- carga horária disponível no período, de forma a contribu-
co, com foco na vinculação entre o trabalho dos partici- ir direta ou indiretamente para o plano de entregas da
pantes, as entregas das unidades e as estratégias organi- unidade;
zacionais. XI - Rede PGD: é o grupo de representantes de ór-
gãos e entidades da administração pública federal junto
Objetivos
ao Comitê de que trata o art. 31 desta Instrução Normati-
Art. 2º São objetivos do PGD: va Conjunta;
I - promover a gestão orientada a resultados, basea- XII - Termo de Ciência e Responsabilidade (TCR):
da em evidências, com foco na melhoria contínua das en- instrumento de gestão por meio do qual a chefia da uni-
tregas dos órgãos e entidades da administração pública dade de execução e o interessado pactuam as regras para
federal; participação no PGD;
II - estimular a cultura de planejamento institucio- XIII - time volante: é aquele composto por partici-
nal; pantes de unidades diversas com objetivo de atuar em
III - otimizar a gestão dos recursos públicos; projetos específicos;
IV - incentivar a cultura da inovação; XIV - unidade instituidora: a unidade administrativa
V - fomentar a transformação digital; prevista no art. 4º do Decreto nº 11.072, de 2022; e
VI - atrair e reter talentos na administração pública XV - unidade de execução: qualquer unidade da es-
federal; trutura administrativa que tenha plano de entregas pactu-
ado.

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Conhecimentos Específicos
e as hipóteses previstas nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 10 desta
CAPÍTULO II Instrução Normativa Conjunta.
DA IMPLEMENTAÇÃO DO PGD Art. 8º Todos os participantes estarão dispensados
do registro de controle de frequência e assiduidade, na
Etapas de implementação
totalidade da sua jornada de trabalho, qualquer que seja a
Art. 4º A implementação observará as etapas de au- modalidade e o regime de execução.
torização, instituição, seleção dos participantes e estabe- Art. 9º Na modalidade presencial, a totalidade da
lecimento do ciclo do PGD. jornada de trabalho do participante ocorre em local de-
terminado pela administração pública federal.
Autorização Art. 10. Na modalidade de teletrabalho:
Art. 5º O ato de autorização para instituição do I - em regime de execução parcial, parte da jornada
PGD, de competência das autoridades definidas no art. de trabalho ocorre em locais a critério do participante e
3º do Decreto nº 11.072, de 2022, assim como eventuais parte em local determinado pela administração pública
alterações, deverá ter sua publicação informada, via cor- federal; e
reio eletrônico institucional, ao Comitê de que trata o art. II - em regime de execução integral, a totalidade da
31 desta Instrução Normativa Conjunta. jornada de trabalho ocorre em local a critério do partici-
pante.
Instituição § 1º A adesão à modalidade teletrabalho dependerá
Art. 6º O ato de instituição do PGD, de competência de pactuação entre o participante e a chefia da unidade
das autoridades definidas no art. 4º do Decreto nº 11.072, de execução, ainda que o PGD seja instituído de forma
de 2022, deverá conter: obrigatória no ato de autorização previsto no art. 5º desta
I - os tipos de atividades que poderão ser incluídas Instrução Normativa Conjunta.
no PGD; § 2º Só poderão ingressar na modalidade teletraba-
II - as modalidades e regimes de execução; lho aqueles que já tenham cumprido um ano de estágio
III - o quantitativo de vagas expresso em percentual, probatório.
por modalidade, em relação ao total de agentes públicos § 3º Participantes que estejam na modalidade pre-
da unidade instituidora; sencial do PGD ou agentes públicos submetidos ao con-
IV - as vedações à participação, se houver; trole de frequência só poderão ser selecionados para a
V - o conteúdo mínimo do TCR; e modalidade teletrabalho em outro órgão ou entidade seis
VI - o prazo de antecedência mínima para convoca- meses após a movimentação.
ções presenciais. Art. 11. O participante em teletrabalho, quando
§ 1º No âmbito dos gabinetes dos dirigentes máxi- convocado, comparecerá presencialmente ao local defi-
mos de órgãos ou entidades, o ato de instituição do PGD nido, dentro do prazo estabelecido no TCR.
será de competência da Chefia de Gabinete. Parágrafo único. O ato da convocação de que trata o
§ 2º No âmbito dos órgãos de assessoria direta e caput:
imediata dos dirigentes máximos de órgão ou entidade, o I - será expedido pela chefia da unidade execução;
ato de instituição do PGD poderá ser de competência das II - será registrado no(s) canal(is) de comunicação
chefias das respectivas unidades. definido(s) no TCR;
§ 3º A publicação do ato de que trata o caput e suas III - estabelecerá o horário e o local para compare-
eventuais alterações deverão ser informadas, via correio cimento; e
eletrônico institucional, para o Comitê de que trata o art. IV - preverá o período em que o participante atuará
31 desta Instrução Normativa Conjunta. presencialmente.
§ 4º A instituição de que trata o caput é discricioná- Art. 12. Para a autorização de teletrabalho integral
ria e poderá ser suspensa ou revogada por razões técnicas com residência no exterior, será considerado o disposto
ou de conveniência e oportunidade, devidamente funda- no art. 12 do Decreto nº 11.072, de 2022.
mentadas, salvo no caso de obrigatoriedade de institui- Parágrafo único. O quantitativo de agentes públicos
ção do PGD previsto no ato de autorização. autorizados a realizar teletrabalho com residência no ex-
§ 5º O procedimento de registro de comparecimento terior com fundamento no § 7º do art. 12 do Decreto nº
de participantes para fins de pagamento de auxílio trans- 11.072, de 2022, não poderá ultrapassar dois por cento
porte ou outras finalidades, quando for o caso, deverá es- do total de participantes em PGD do órgão ou entidade
tar previsto no ato de que trata o caput. na data do ato previsto no caput.
Modalidades e regimes Seleção dos participantes e pactuação do TCR
Art. 7º A modalidade e o regime de execução a que Art. 13. A seleção considerará a natureza do traba-
o participante estará submetido serão definidos tendo lho e as competências dos interessados.
como premissas o interesse da administração, as entregas Art. 14. Quando o quantitativo de interessados em
da unidade e a necessidade de atendimento ao público. aderir ao PGD superar o quantitativo de vagas disponibi-
Parágrafo único. A chefia da unidade de execução e lizadas, terão prioridade:
o participante poderão repactuar, a qualquer momento, a I - pessoas com:
modalidade e o regime de execução, mediante ajuste no a) deficiência ou que sejam pais ou responsáveis
TCR, observado o art. 10 do Decreto nº 11.072, de 2022, por dependentes na mesma condição;

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Conhecimentos Específicos
b) mobilidade reduzida, nos termos da Lei nº § 1º O plano de entregas deverá ser aprovado pelo
10.098, de 19 de dezembro de 2000; e nível hierárquico superior ao da chefia da unidade de
c) horário especial, nos termos dos §§ 2º e 3º do art. execução, o qual deverá ser informado sobre eventuais
98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; ajustes.
II - outros definidos pela unidade instituidora. § 2º Os planos de trabalho dos participantes afeta-
Parágrafo único. A autoridade instituidora poderá dos por ajustes no plano de entregas deverão ser repactu-
definir a ordem de prioridade dos critérios dispostos no ados.
caput. § 3º A aprovação do plano de entregas e a comuni-
Art. 15. O TCR será pactuado entre o participante e cação sobre eventuais ajustes, de que trata o § 1º, não se
a chefia da unidade de execução, contendo no mínimo: aplicam à unidade instituidora.
I - as responsabilidades do participante;
Elaboração e pactuação do plano de trabalho do
II - a modalidade e o regime de execução ao qual
participante
estará submetido;
III - o prazo de antecedência para convocação pre- Art. 19. O plano de trabalho, que contribuirá direta
sencial, quando necessário; ou indiretamente para o plano de entregas, será pactuado
IV - o(s) canal(is) de comunicação usado(s) pela entre o participante e a sua chefia da unidade de execu-
equipe; ção, e conterá:
V - a manifestação de ciência do participante de I - a data de início e a de término;
que: II - a distribuição da carga horária disponível no pe-
a) as instalações e equipamentos a serem utilizados ríodo, identificando-se o percentual destinado à realiza-
deverão seguir as orientações de ergonomia e segurança ção de trabalhos:
no trabalho, estabelecidas pelo órgão ou entidade; a) vinculados a entregas da própria unidade;
b) a participação no PGD não constitui direito ad- b) não vinculados diretamente a entregas da própria
quirido; e unidade, mas necessários ao adequado funcionamento
c) deve custear a estrutura necessária, física e tecno- administrativo ou à gestão de equipes e entregas; e
lógica, para o desempenho do teletrabalho, ressalvada c) vinculados a entregas de outras unidades, órgãos
orientação ou determinação em contrário. ou entidades diversos;
Parágrafo único. As alterações nas condições firma- III - a descrição dos trabalhos a serem realizados
das no TCR ensejam a pactuação de um novo termo. pelo participante nos moldes do inciso II do caput; e
Art. 16. Os órgãos e entidades poderão autorizar a IV - os critérios que serão utilizados pela chefia da
retirada de equipamentos pelos participantes em teletra- unidade de execução para avaliação do plano de trabalho
balho integral. do participante.
§ 1º A retirada de que trata o caput não poderá gerar § 1º O somatório dos percentuais previstos no inciso
aumento de despesa por parte da administração pública II do caput corresponderá à carga horária disponível para
federal, inclusive em relação a seguros ou transporte de o período.
bens. § 2º A situação prevista na alínea c do inciso II do
§ 2º Para fins de disposto no caput, deverá ser fir- caput:
mado termo de guarda e responsabilidade entre as partes. I - não configura alteração da unidade de exercício
do participante;
Ciclo do PGD
II - requer que os trabalhos realizados sejam repor-
Art. 17. O ciclo do PGD é composto pelas seguintes tados à chefia da unidade de exercício do participante; e
fases: III - é possível ser utilizada para a composição de
I - elaboração do plano de entregas da unidade de times volantes.
execução;
Execução e monitoramento do plano de trabalho
II - elaboração e pactuação dos planos de trabalho
do participante
dos participantes;
III - execução e monitoramento dos planos de traba- Art. 20. Ao longo da execução do plano de trabalho,
lho dos participantes; o participante registrará:
IV - avaliação dos planos de trabalho dos partici- I - a descrição dos trabalhos realizados; e
pantes; e II - as ocorrências que possam impactar o que foi
V - avaliação do plano de entregas da unidade de inicialmente pactuado.
execução. § 1º O registro de que trata o caput deverá ser reali-
zado:
Elaboração do plano de entregas da unidade de
I - em até dez dias após o encerramento do plano de
execução
trabalho, quando este tiver duração igual ou inferior a
Art. 18. A unidade de execução deverá ter plano de trinta dias; ou
entregas contendo, no mínimo: II - mensalmente, até o décimo dia do mês subse-
I - a data de início e a de término, com duração má- quente, quando o plano de trabalho tiver duração maior
xima de um ano; e que trinta dias.
II - as entregas da unidade de execução com suas § 2º O plano de trabalho do participante será moni-
respectivas metas, prazos, demandantes e destinatários. torado pela chefia da unidade de execução, podendo ha-
ver ajustes e repactuação a qualquer momento.

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Conhecimentos Específicos
§ 3° A critério da chefia da unidade de execução, o Avaliação do plano de entregas da unidade de
TCR poderá ser ajustado para atender às condições ne- execução
cessárias para melhor execução do plano de trabalho, nos
Art. 22. O nível hierárquico superior ao da chefia da
termos do art. 17.
unidade de execução avaliará o cumprimento do plano
Avaliação da execução do plano de trabalho do de entregas da unidade, considerando:
participante I - a qualidade das entregas;
II - o alcance das metas;
Art. 21. A chefia da unidade avaliará a execução do
III - o cumprimento dos prazos; e
plano de trabalho do participante, considerando:
IV - as justificativas nos casos de descumprimento
I - a realização dos trabalhos conforme pactuado;
de metas e atrasos.
II - os critérios para avaliação das contribuições
§ 1º A avaliação de que trata o caput deverá ocorrer
previamente definidos, nos termos do inciso IV do caput
em até trinta dias após o término do plano de entregas,
do art. 19 desta Instrução Normativa Conjunta;
considerando a seguinte escala:
III - os fatos externos à capacidade de ação do par-
I - excepcional: plano de entregas executado com
ticipante e de sua chefia que comprometeram parcial ou
desempenho muito acima do esperado;
integralmente a execução dos trabalhos pactuados;
II - alto desempenho: plano de entregas executado
IV - o cumprimento do TCR; e
com desempenho acima do esperado;
V - as ocorrências registradas pelo participante ao
III - adequado: plano de entregas executado dentro
longo da execução do plano de trabalho.
do esperado;
§ 1º A avaliação da execução do plano de trabalho
IV - inadequado: plano de entregas executado abai-
deverá ocorrer em até vinte dias após a data limite do re-
xo do esperado; e
gistro feito pelo participante, nos moldes do § 1º do art.
V - plano de entregas não executado.
20 desta Instrução Normativa Conjunta, considerando a
§ 2º A avaliação do plano de entregas de que trata o
seguinte escala:
caput não se aplica às unidades instituidoras.
I - excepcional: plano de trabalho executado muito
acima do esperado; Responsabilidades das autoridades máximas de
II - alto desempenho: plano de trabalho executado órgãos e entidades
acima do esperado;
Art. 23. Compete às autoridades referidas no art. 3º
III - adequado: plano de trabalho executado dentro
do Decreto nº 11.072, de 2022:
do esperado;
I - monitorar e avaliar os resultados do PGD no âm-
IV - inadequado: plano de trabalho executado abai-
bito do seu órgão ou entidade, divulgando-os em sítio
xo do esperado ou parcialmente executado;
eletrônico oficial anualmente;
V - não executado: plano de trabalho integralmente
II - enviar os dados sobre o PGD, via Interface de
não executado.
Programação de Aplicativos - API, nos termos do art. 29
§ 2º Os participantes serão notificados das avalia-
desta Instrução Normativa Conjunta e prestar informa-
ções recebidas.
ções sobre eles quando solicitados;
§ 3º Nos casos dos incisos I, IV e V do § 1º, as ava-
III - indicar representante do órgão ou entidade,
liações deverão ser justificadas pela chefia da unidade de
responsável por auxiliar o monitoramento disposto no
execução.
inciso I do caput e compor a Rede PGD; e
§ 4º No caso de avaliações classificadas nos incisos
IV - comunicar a publicação dos atos de autorização
IV e V do § 1º, o participante poderá recorrer, prestando
e instituição, nas formas determinadas no art. 5º e no § 4º
justificativas no prazo de dez dias contados da notifica-
do art. 6º desta Instrução Normativa Conjunta; e
ção de que trata o § 2º.
V - manter atualizado, junto ao Comitê de que trata
§ 5º No caso do § 4º, a chefia da unidade de execu-
o art. 31 desta Instrução Normativa Conjunta, os endere-
ção poderá, em até dez dias:
ços dos sítios eletrônicos onde serão divulgados o ato de
I - acatar as justificativas do participante, ajustando
instituição e os resultados obtidos com o PGD.
a avaliação inicial; ou
Parágrafo único. Em caso de não cumprimento das
II - manifestar-se sobre o não acatamento das justi-
obrigações previstas no caput, o Comitê de que trata o
ficativas apresentadas pelo participante.
art. 31 desta Instrução Normativa Conjunta notificará o
§ 6º As ações previstas nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deverão
órgão ou entidade, dando prazo para a regularização das
ser registradas em sistema informatizado ou no escritório
pendências e, em caso de não atendimento, recomendará
digital.
a suspensão do PGD.
§ 7º Independentemente do resultado da avaliação
da execução do plano de trabalho, a chefia da unidade de Responsabilidades das chefias das unidades insti-
execução estimulará o aprimoramento do desempenho tuidoras
do participante, realizando acompanhamento periódico e
propondo ações de desenvolvimento. Art. 24. Compete às chefias das unidades instituido-
ras:
I - promover o alinhamento entre os planos de en-
tregas das unidades de execução a elas subordinadas com
o planejamento institucional, quando houver; e

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Conhecimentos Específicos
II - monitorar o PGD no âmbito da sua unidade, I- a pedido, independentemente do interesse da ad-
buscando o alcance dos objetivos estabelecidos no art. 2º ministração, a qualquer momento, salvo no caso de PGD
desta Instrução Normativa Conjunta. instituído de forma obrigatória, nos termos do parágrafo
único do art. 6º do Decreto nº 11.072, de 2022;
Responsabilidades das chefias das unidades de
II- no interesse da administração, por razão de con-
execução
veniência ou necessidade, devidamente justificada;
Art. 25. Compete às chefias das unidades de execu- III- em virtude de alteração da unidade de exercício;
ção: ou
I - elaborar e monitorar a execução do plano de en- IV- se o PGD for revogado ou suspenso.
tregas da unidade; § 1º O participante deverá retornar ao controle de
II - selecionar os participantes, nos termos dos arti- frequência, no prazo:
gos 13 e 14 desta Instrução Normativa Conjunta; I- determinado pelo órgão ou entidade, no caso de
III - pactuar o TCR; desligamento a pedido;
IV - pactuar, monitorar e avaliar a execução dos II- de trinta dias contados a partir do ato que lhe deu
planos de trabalho dos participantes; causa, nas hipóteses previstas nos incisos II, III e IV do
V - registrar, no sistema de controle de frequência caput; ou
do órgão ou entidade, os códigos de participação em III- de dois meses contados a partir do ato que lhe
PGD e os casos de licenças e afastamentos relativos aos deu causa, nas hipóteses previstas nos incisos II, III e IV
seus subordinados; do caput, para participantes em teletrabalho com resi-
VI- promover a integração e o engajamento dos dência no exterior.
membros da equipe em todas as modalidades e regimes § 2º O prazo previsto no inciso II do § 1º poderá ser
adotados; reduzido mediante apresentação de justificativa da uni-
VII - dar ciência à unidade de gestão de pessoas do dade instituidora.
seu órgão ou entidade quando não for possível se comu- § 3º O participante manterá a execução de seu plano
nicar com o participante por meio dos canais previstos de trabalho até o retorno efetivo ao controle de frequên-
no TCR e no escritório digital; cia.
VIII - definir a disponibilidade dos participantes pa-
ra serem contatados; e CAPÍTULO III
IX - desligar os participantes. DAS DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES
Parágrafo único. As competências previstas no ca-
Sistemas e envio de dados
put poderão ser delegadas à chefia imediata do partici-
pante, salvo a prevista no inciso I. Art. 28. Os órgãos e entidades que implementarem
o PGD utilizarão sistema informatizado para gestão, con-
Responsabilidades dos participantes do PGD
trole e transparência dos planos de entregas das unidades
Art. 26. Constituem responsabilidades dos partici- de execução e dos planos de trabalho dos participantes.
pantes do PGD, sem prejuízo daquelas previstas no De- Art. 29. Os órgãos e entidades enviarão ao órgão
creto nº 11.072, de 2022: central do Siorg, via Interface de Programação de Apli-
I - assinar e cumprir o plano de trabalho e o TCR; cação- API, os dados sobre a execução do PGD, obser-
II - atender às convocações para comparecimento vadas a documentação técnica e a periodicidade a serem
presencial, nos termos do art. 11 desta Instrução Norma- definidas pelo Comitê de que trata o art. 31 desta Instru-
tiva Conjunta; ção Normativa Conjunta.
III - estar disponível para ser contatado no horário Parágrafo único. A indisponibilidade eventual do
de funcionamento do órgão ou da entidade, pelos meios sistema informatizado de que trata o art. 28 desta Instru-
de comunicação definidos em TCR, exceto se acordado ção Normativa Conjunta não dispensa o envio dos dados
de forma distinta com a chefia da unidade de execução; via API nos moldes do caput.
IV - informar à chefia da unidade de execução as Art. 30. As unidades instituidoras poderão utilizar
atividades realizadas, a ocorrência de afastamentos, li- escalas próprias para avaliação da execução dos planos
cenças e outros impedimentos, bem como eventual difi- de entregas e dos planos de trabalho, desde que conver-
culdade, dúvida ou informação que possa atrasar ou pre- tam os dados para a forma prevista nos § 1º do art. 21 e §
judicar a realização dos trabalhos; 1º do art. 22 e os enviem nos termos do art. 29 desta Ins-
V - zelar pela guarda e manutenção dos equipamen- trução Normativa Conjunta.
tos cuja retirada tenha sido autorizada nos termos do art.
Comitê Executivo do PGD
16 desta Instrução Normativa Conjunta; e
VI - executar o plano de trabalho, temporariamente, Art. 31. Fica instituído o Comitê Executivo do PGD
em modalidade distinta, na hipótese de caso fortuito ou - CPGD, no âmbito do Ministério da Gestão e da Inova-
força maior que impeça o cumprimento do plano de tra- ção em Serviços Públicos - MGI, para fins de coordenar
balho na modalidade pactuada. o cumprimento do disposto no art. 16 do Decreto nº
11.072, de 2022.
Desligamento do participante
§ 1º Caberá ao CPGD:
Art. 27. O participante será desligado do PGD nas I- dirimir dúvidas e emitir orientações necessárias à
seguintes hipóteses: execução do disposto nesta Instrução Normativa Conjun-
ta e no Decreto nº 11.072, de 2022, excetuadas aquelas

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Conhecimentos Específicos
que envolverem exclusivamente matéria de gestão de
pessoas, para as quais se aplicará o disposto na Portaria 22. ORÇAMENTO PÚBLICO:
SGP/SEDGG/ME nº 11.265/2022;
II- apoiar os órgãos e entidades da administração pú- 22.1. CONCEITO
blica federal na implementação do PGD;
Orçamento público é um instrumento de
III- estruturar informações sobre a implementação do
PGD, assegurando a transparência dos dados recebidos nos
planejamento e execução das finanças públicas em forma
termos do art. 29 desta Instrução Normativa Conjunta; e de norma jurídica, que prevê as receitas e estabelece a
IV- monitorar a execução do PGD no âmbito da admi- estimativa de despesas a serem realizadas pelo Governo
nistração pública federal. para viger geralmente por um período de um ano.
§ 2º Os processos resultantes da exceção prevista no Veja o que diz a doutrina sobre o conceito de
inciso I do §1º deverão ser comunicados ao CPGD. Orçamento Público:
§ 3º O CPGD será composto por representantes de ór-
gãos e unidades vinculados ao MGI, da seguinte forma: “Classicamente, o orçamento é uma peça que con-
I- um indicado pela Secretaria-Executiva, que o presi- tém a previsão das receitas e a autorização das despe-
dirá; sas, sem preocupação com planos governamentais e com
II- dois indicados pelo órgão central do Sipec; e interesses efetivos da população. Era mera peça contá-
III- dois indicados pelo órgão central do Siorg. bil, de conteúdo financeiro (HORVATH, 1999, p. 69).
§ 4º As reuniões e deliberações do CPGD ocorrerão
com maioria simples de seus membros. Orçamento Público – Previsão dos fatos patrimoni-
§ 5º As reuniões do CPGD serão convocadas pelo ais de uma entidade pública. Previsão de despesas e re-
Presidente do Comitê ou por solicitação de três de seus ceitas de uma entidade pública. Previsão do exercício de
integrantes, sendo as decisões tomadas pela maioria sim- uma entidade de fins públicos (SÁ & SÁ, 1995, p. 337).
ples dos participantes. Orçamento é um plano de trabalho governamental
§ 6º As atividades do CPGD serão apoiadas por se- expresso em termos monetários, que evidencia a política
cretaria técnica, a ser exercida pela Secretaria de Gestão econômico-financeira do Governo e em cuja elaboração
e Inovação do MGI. foram observados os princípios da unidade, universali-
§ 7º Os representantes indicados no § 3º aprovarão dade, anualidade, especificação e outros que estudare-
regimento interno do CPGD no prazo de noventa dias a mos adiante (SILVA, 1996, p. 37).
contar da sua designação em ato da Secretaria Executiva
do MGI. O Orçamento Público é um plano de governo ex-
§ 8º Representantes de órgãos e entidades poderão presso em forma de lei, que faz a estimativa de receita a
participar das reuniões, quando convidados. arrecadar e fixa a despesa de igual valor para um perí-
odo determinado de um ano, chamado exercício finan-
CAPÍTULO IV ceiro. (Rinaldo J. Gomes, 2004)”.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
22.2. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Prazo para adaptação
Conceitualmente, os princípios orçamentários não
Art. 32. Cada órgão e entidade terá o prazo de doze
são de aprovação unânime e constituem- se de uma série
meses para adequar o seu Programa de Gestão e Desem-
de regras com a finalidade de aumentar a consistência da
penho, contado a partir da publicação desta Instrução
instituição orçamentária no cumprimento de sua finali-
Normativa Conjunta.
dade principal, que é a de auxiliar o controle parlamentar
§ 1º O PGD em desacordo com o disposto nesta Ins-
sobre o Executivo:
trução Normativa Conjunta será considerado revogado a
partir do primeiro dia após o decurso do prazo estabele- "Esses princípios não têm caráter absoluto ou
cido no caput. dogmático, antes constituem categorias históri-
§ 2º Os órgãos e as entidades afetados por eventuais cas..."(Sebastião de S. e Silva); "Suas formulações ori-
reestruturações administrativas manterão seus programas ginais, rígidas e simples, próprias de pouca complexida-
em vigor na nova estrutura a qual foram atribuídos, por de que caracterizava as finanças públicas do Estado Li-
doze meses, ou até a edição de novos atos pelas autori- beral, é que não conseguem atender as mudanças do
dades competentes de que trata o art. 3º do Decreto nº universo econômico-financeiro do Estado Moderno."
11.072, de 2022. (Giacomoni); "Estes princípios podem ser úteis como
meio de se estudar alguns aspectos do processo orça-
Vigência
mentário. Se considerados, todavia, como mandamentos,
Art. 33. Esta Instrução Normativa Conjunta entra são completamente irreais. Os governos com excelentes
em vigor na data de sua publicação. sistemas orçamentários violam essas regras com bastan-
te frequência." (J. Burkhead).
ROBERTO SEARA MACHADO POJO REGO
Secretário de Gestão e Inovação Princípio da Unidade
JOSÉ LOPEZ FEIJÓO
Secretário de Gestão de Pessoas e de Relações de Trabalho Os orçamentos de todos os órgãos autônomos que
constituem o setor público devem fundamentar-se em
uma única política orçamentária, estruturada uniforme-
mente e que se ajuste a um método único.
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Conhecimentos Específicos
O orçamento deve ser uno: cada unidade governa- Princípio da Universalidade
mental deve possuir apenas um orçamento - ideal clássi-
Deverão ser incluídos no orçamento todos os aspec-
co de unidade orçamentária: "Unidade orçamentária
tos do programa de cada órgão, principalmente aqueles
tende a reunir em um único total todas as receitas do Es-
que envolvam qualquer transação financeira ou econô-
tado, de um lado, e todas as despesas, de outro." (Stevan
mica.
Milatchitch).
Verifica-se que a universalidade está intimamente
Não raro, mesmo no passado, o princípio era des-
ligada à programação e que, se algo deve fazer parte do
cumprido por:
orçamento e nele não figura, os objetivos e os efeitos so-
a) situações excepcionais - guerras, calamidades, cioeconômicos que se procura alcançar poderão ser afe-
crise econômica etc., o que acabava justificando o em- tados negativamente pela parte não incluída no orçamen-
prego de orçamentos especiais, que operavam em parale- to, ou seja, não programada, assim como jamais será
lo ao orçamento ordinário. possível alcançar um elevado grau de racionalidade no
b) descentralização do aparelho estatal - generali- emprego dos recursos, se parte dele for manipulada sem
zou-se a prática dos orçamentos paralelos. Muitas fun- a devida programação.
ções públicas passaram a ser desempenhadas por entida-
O orçamento (uno) deve conter todas as receitas e
des dotadas de grande autonomia, especialmente finan-
despesas do Estado, indispensável para o controle parla-
ceira. Dois exemplos distintos: - autarquias: mantinham
mentar sobre as finanças públicas. O princípio da univer-
vínculo com o orçamento central; - entidades paraestatais
salidade possibilita ao Legislativo:
(sociedades de economia mista e empresas estatais): do-
tadas de maior autonomia, cuja auto-suficiência financei- a) conhecer a priori todas as receitas e despesas do
ra as afastava totalmente do sistema financeiro e orça- governo e dar prévia autorização para a respectiva arre-
mentário central. cadação e realização;
b) impedir o Executivo da realização de qualquer
Com o passar dos anos e diante de uma nova reali-
operação de receita e despesa sem prévia autorização
dade, o princípio da unidade sofreu reconceituação, que
parlamentar;
agrega a representação de todas as peças orçamentárias -
c) conhecer o exato volume global das despesas
o Princípio da Totalidade, que é identificado pela coexis-
projetadas pelo governo, a fim de autorizar a cobrança
tência de múltiplos orçamentos que, no entanto, devem
dos tributos estritamente necessários para atendê-las.
sofrer consolidação, de forma que permita ao governo
uma visão geral do conjunto das finanças públicas. O princípio da universalidade está claramente in-
corporado à legislação orçamentária brasileira. Na Lei n°
No caso brasileiro, a legislação orçamentária, con-
4.320/64, o cumprimento da regra é exigida nos seguin-
forme disposto no art. 2° da Lei n° 4.320/64, pede a ob-
tes dispositivos:
servância do princípio da unidade, porém, nos últimos
tempos, nem esse princípio da totalidade acabava sendo Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discrimina-
cumprido. ção da receita e despesa, deforma a evidenciar a política
econômico-financeira e o programa de trabalho do go-
Notas:
verno, obedecidos os princípios de unidade, universali-
1) Orçamento das estatais: quadro em que aparecem dade e anualidade.
consolidadas as principais contas da receita e despesa
Art. 3° A Lei do Orçamento compreenderá todas as
(custeio e investimentos) do lado descentralizado do Go-
receitas, inclusive as de operações de crédito autoriza-
verno Federal (administração indireta).
das em Lei."
O objetivo era possibilitar às autoridades controle
mais efetivo sobre os gastos governamentais autônomos,
enquadrando-os na política de austeridade necessária em Princípio do Orçamento Bruto
face da crise financeira da União;
Esse princípio pressupõe que todas as parcelas da
2) Orçamento monetário: constituía-se na fixação receita e despesa devem aparecer no orçamento em seus
de teto para as contas das chamadas Autoridades Mone- valores brutos, sem qualquer tipo de dedução. O objetivo
tárias (Banco Central e Banco do Brasil) e dos bancos do orçamento bruto é impedir o florescimento das ativi-
comerciais, com o objetivo de controlar os "meios de pa- dades empresariais do Estado que não poderiam concili-
gamento" (oferta monetária). ar-se com o cumprimento da regra. Com o passar do
tempo, esse princípio foi violado devido ao crescimento
No Brasil, conforme os ditames da Constituição de
vertiginoso dos empreendimentos do Estado (estradas de
1988, a composição do orçamento anual passa a ser inte-
ferro, mineração, correios e telégrafos etc), porque seria
grado pelo: a) orçamento fiscal - compreendendo as re-
impossível que todas as receitas e despesas dessas enti-
ceitas e despesas de todas as unidades da administração
dades sofressem tratamento centralizado; os valores lí-
direta e indireta; b) orçamento de investimentos das em-
quidos resultantes da operação dessas organizações é que
presas estatais; c) orçamento das entidades de seguridade
passaram a integrar o orçamento governamental.
social (art. 165, 4 5°, da CF).

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Conhecimentos Específicos
Princípio da Anualidade ou Periodicidade sobre as operações relativas à circulação de mercadorias
e sobre a prestação de, serviços de transporte interesta-
Nos termos do art. 165, § 5° da CF de 1988, utiliza-
dual e intermunicipal e de comunicação.
se, convencionalmente, o critério de um ano para o perí-
odo orçamentário por apresentar a vantagem de ser o b) art. 212: a União não poderá deixar de aplicar,
adotado pela maioria das empresas particulares, além de anualmente, menos de 18% e os Estados, o DF e os Mu-
parecer ser o que atende melhor à concretização dos ob- nicípios, menos de 25% da receita resultante de impostos
jetivos sociais e econômicos. na manutenção e desenvolvimento do ensino.
A anualidade do imposto tem sua origem na regra c) as receitas de impostos não poderão ser dadas
que vigorou na Inglaterra antes mesmo do surgimento do como garantia às operações de crédito, com exceção da-
orçamento. A cada novo ano, o Parlamento vota os im- quelas de antecipação da receita. Atualmente, com base
postos, bem como o programa de aplicações desses re- em dispositivo introduzido pela Emenda Constitucional
cursos. Mesmo no passado, a periodicidade anual do or- n° 3/93, é permitido aos Estados e Municípios a vincula-
çamento tinha exceções, com a autorização de programas ção da receita de seus impostos e suas participações na
de despesas de duração plurianual, especialmente no Receita Federal (FPE, FPM) para prestação de garantia à
plano militar. União ou para pagamento de débitos para com esta.
Foi, porém, com as modificações nas funções do Obs.: No sistema orçamentário federal é enorme a
Estado que o sentido absoluto da anualidade passou a ser quantidade de vinculações mais ou menos explícitas.
questionado. A ação intervencionista do Estado Moderno
Em 1979, 47,6% dos recursos do Tesouro apresen-
desenvolveu-se por meio de planos e programas de mé-
tavam-se vinculados a transferências aos Estados e Mu-
dio e longo prazos, cuja aprovação legislativa condicio-
nicípios e a órgãos autônomos, fundos e entidades da
nava os orçamentos anuais, retirando-lhes as característi-
administração indireta.
cas de renovação e originalidade.
Outros Princípios
Princípio da Não-afetação das Receitas
1. Programação - o orçamento deve ter o conteúdo
"Nenhuma parcela da receita global geral poderá ser
e a forma de programação. Isso decorre da própria natu-
reservada ou comprometida para atender a certos e de-
reza do orçamento, que é a expressão dos programas de
terminados gastos." (Sant'Anna e Silva)
cada um dos órgãos do setor público.
A exigência de que as receitas não sofram vincula- 2. Exclusividade - deverão ser incluídos no orça-
ções é válida, pois qualquer administrador prefere dispor mento, exclusivamente, assuntos que lhe sejam pertinen-
de recursos sem comprometimento algum, para atender tes, evitando, assim, as famosas caudas orçamentárias.
às despesas conforme as necessidades. Recursos excessi- 3. Clareza - o orçamento deve ser expresso de for-
vamente vinculados são sinônimo de dificuldades, pois ma clara, ordenada e completa.
podem significar sobra em programas de menor impor- 4. Equilíbrio - o orçamento deverá manter o equilí-
tância e falta em outros de maior prioridade. brio, do ponto de vista financeiro, entre os valores de re-
ceita e da despesa.
Obs.: Algumas receitas públicas são naturalmente
vinculadas à execução de determinadas despesas.
22.3. DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
Exemplos: a) o produto da arrecadação de boa parte
das taxas, por exemplo, é vinculado à realização de des- O Presidente da República deve enviar o projeto
pesas certas; b) empréstimos: caracterizam-se pelo com- anual de Lei de Diretrizes Orçamentárias até oito meses
prometimento a determinadas finalidades, como progra- e meio antes do encerramento do exercício financeiro
mas de investimentos, atendimento de situações de (15 de abril). O Congresso Nacional deverá devolvê-lo
emergências etc. para sanção até o encerramento do primeiro período da
sessão legislativa, que não será interrompida sem a apro-
A CF de 1988 estabelece em seu artigo 167: "São vação do projeto (art. 57 § 2° da CF).
vedados: IV- a vinculação de receita de impostos a ór-
gãos, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do No Congresso, o projeto de LDO poderá receber
produto da arrecadação dos impostos a que se referem emendas, desde que compatíveis com o plano plurianual,
os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para manu- que serão apresentadas na Comissão Mista de Planos,
tenção e desenvolvimento do ensino, como determinado Orçamentos Públicos e Fiscalização - CMPOF, onde re-
pelo art. 212, e a prestação de garantias às operações ceberão parecer, sendo apreciadas pelas duas casas na
de crédito por antecipação de receita, previstas no art. forma do regimento comum.
165, § 8°, bem como no § 4° desse artigo”. O Presidente da República poderá enviar mensagem
Exceções: ao Congresso Nacional para propor modificações no pro-
jeto de LDO, enquanto não iniciada a votação na
a) arts. 158 e 159: são as participações que Estados, CMPOF, da parte cuja alteração é proposta.
Municípios e DF têm no produto da arrecadação dos im-
postos sobre a renda e proventos de qualquer natureza,
sobre produtos industrializados, sobre propriedade terri-
torial rural, sobre a propriedade de veículos automotores,

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Conhecimentos Específicos
Constarão da Lei de Diretrizes Orçamentárias:
22.3.1.2. Elaboração e Planejamento Orçamen-
- as metas e prioridades da Administração Pública
tário
federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
subsequente; As leis orçamentárias, de acordo com o artigo 165º
- as orientações a serem seguidas na elaboração do da CF/88, são de iniciativa do Poder Executivo, seja na
orçamento do exercício subsequente; União, nos Estados ou nos Municípios:
- os limites para elaboração das propostas orçamen-
“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo es-
tárias de cada Poder;
tabelecerão:
- disposições relativas às despesas com pessoal (art.
I – o plano plurianual;
169 da CF);
II – as diretrizes orçamentárias;
- disposições relativas às alterações na legislação
III – os orçamentos anuais”
tributária; e
- disposições relativas à administração da dívida Na União, a Constituição ainda estabelece que essa
pública; e atribuição é privativa do Presidente da República, sendo
- política da aplicação das agências financeiras ofi- ela indelegável:
ciais de fomento.
“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
- anexo de metas fiscais - anexo de riscos fiscais
República:
A LDO é o instrumento propugnado pela Constitui- (…)
ção, para fazer a transição entre o PPA (planejamento es- XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plu-
tratégico) e as leis orçamentárias anuais. rianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição.
22.3. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO (…)”

O ciclo orçamentário, também conhecido como Apesar do Poder Executivo ser o responsável em
processo orçamentário, pode ser definido como um pro- enviar a proposta orçamentária ao Poder Legislativo, ca-
cesso de caráter contínuo e simultâneo, através do qual da poder (Legislativo, Judiciário e Ministério Público)
se Elabora, Aprova, Executa, Controla e Avalia a possui sua autonomia para criar a sua própria pro-
programação de dispêndios do setor público nos aspectos posta, os quais a enviam ao Poder Executivo, que a con-
físico e financeiro. Logo, o ciclo orçamentário corres- solida e a encaminha ao Legislativo.
ponde ao período de tempo em que se processam as ati- Prazos
vidades típicas do orçamento público, desde sua concep-
ção até a apreciação final. No âmbito federal, os prazos para envio de cada
instrumento orçamentário ao Legislativo pelo Executivo,
bem como para a sua devolução para sanção, estão pre-
22.3.1. Ciclo orçamentário
vistos no art. 35º do Ato das Disposições Constitucionais
Pode ser definido como um processo contínuo, di- Transitórias da CF:
nâmico e flexível, no qual se elabora, aprova, executa,
“I – o projeto do plano plurianual, para vigência
controla e avalia os programas do setor público nos as-
até o final do primeiro exercício financeiro do mandato
pectos físicos e financeiros.
presidencial subsequente, será encaminhado até quatro
Corresponde ao período de tempo em que se pro- meses antes do encerramento do primeiro exercício fi-
cessam as atividades típicas do orçamento público, desde nanceiro e devolvido para sanção até o encerramento
a sua concepção até a apresentação final. da sessão legislativa;
O processo de elaboração do orçamento público no II – o projeto de lei de diretrizes orçamentárias se-
Brasil obedece a um “ciclo” integrado ao planejamento rá encaminhado até oito meses e meio antes do encer-
de ações, que, de acordo com a Constituição Federal de ramento do exercício financeiro e devolvido para sanção
1988, compreende o Plano Plurianual - PPA, a Lei de até o encerramento do primeiro período da sessão legis-
Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária lativa;
Anual - LOA.
III – o projeto de lei orçamentária da União será
Trata-se do processo utilizado para elaborar, apro- encaminhado até quatro meses antes do encerramento
var, executar e avaliar o orçamento público. do exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento da sessão legislativa.”
O ciclo/processo orçamentário é composto basica-
mente por quatro fases, a saber: Envio ao Congresso Devolução para sanção
PPA até 31/08 (do primeiro ano Até 22/12
• Elaboração e planejamento da proposta or- do mandato do presidente)
çamentária; LDO até 15/04 (anualmente) Até 17/07
LOA até 31/08 (anualmente) Até 22/12
• Discussão, estudo e aprovação da Lei de
Orçamento; Prazo do Processo Orçamentário
• Execução orçamentária e financeira;
• Avaliação/controle.

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Conhecimentos Específicos
Os prazos acima não são determinantes para os belecida em até 30 dias após a publicação dos orça-
Estados e Municípios, sendo que cada ente possui auto- mentos.
nomia em determinar os seus prazos através das suas
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais, Execução das Emendas Parlamentares
respectivamente. É comum que esses entes federativos
Essas emendas podem ser individuais ou de ban-
adotem prazos iguais aos do âmbito federal, apesar de
cada de estado.
não ser uma regra.
Segundo a CF, é obrigatório a execução orçamentá-
21.3.1.3. Discussão, Estudo e Aprovação Legisla- ria e financeira das emendas individuais na parcela de
tiva 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) realizada no
exercício anterior.
No âmbito federal, os projetos de leis orçamentá-
rias, após o envio pelo Executivo, serão apreciados pe- É importante atentar-se ao fato de que metade
las duas casas legislativas do Congresso Nacional, na (0,6%) desse valor tem que ser necessariamente utiliza-
forma do seu regimento comum. do em ações e serviços públicos de saúde. O restante
tem utilização livre, sendo geralmente empregado pelos
A Comissão Mista Permanente de Senadores e
deputados e senadores em obras e construções, de modo
Deputados é a responsável por examinar e emitir um
a gerar visibilidade ao parlamentar no seu reduto
parecer sobre os projetos orçamentários encaminhados.
eleitoral.
O chefe do executivo pode enviar alterações às leis en-
caminhadas somente enquanto a parte a ser alterada não Já as emendas de bancadas estaduais devem ser
tenha ainda sido votada na Comissão Mista. executadas no montante de até 1% da RCL realizada no
exercício anterior.
Em cada casa legislativa, por ser formalmente uma
lei ordinária, será aprovada por maioria simples. Após
22.3.1.5. Avaliação e controle do Orçamento
a sua aprovação, ela será enviada para a sanção presi-
dencial. Avaliação
Estados e Municípios instituirão suas comissões no A avaliação orçamentária consiste na verificação
âmbito do seu Poder Legislativo. do cumprimento das ações a serem realizadas durante a
execução do orçamento. Ela é a responsável em analisar
Emendas Parlamentares a observância dos objetivos traçados, de modo a reali-
mentar o processo orçamentário, contribuindo para a iní-
Durante a fase de discussão, o projeto de Lei Orça-
cio de um novo ciclo, fazendo com que ele seja cada vez
mentária pode ser alterado pelos congressistas na Comis-
mais eficiente, eficaz e efetivo.
são Mista, por meio das chamadas Emendas Parlamenta-
res. • A eficácia trata do atingimento das metas em
Essas emendas são o meio utilizado pelo legislativo relação ao que foi traçado.
para influenciar na alocação dos recursos públicos, de • A eficiência é a relação entre os recursos utili-
modo a favorecer a região que o parlamentar representa. zados e as metas alcançadas em relação ao que
foi estabelecido.
22.3.1.4. Execução do Orçamento • A efetividade permite identificar os efeitos
produzidos no mundo externo em decorrência
Esta fase consiste na arrecadação de receitas e re- dos programas implementados.
alização de despesas, ou seja, é a execução propriamen-
te dita do orçamento, trazendo para a realidade o orça-
mento elaborado pelo Executivo e aprovado pelo Legis- 22.3.1.6. Controle
lativo. O controle do orçamento é de extrema importância,
Há dois tipos de execução, a orçamentária e a fi- pois ele permite assegurar a aplicação dos recursos pelos
nanceira. poderes de acordo com leis aprovadas.

A orçamentária, de uma maneira breve, é a utiliza- Segundo a lei 4.320/64, que trata sobre as normas
ção das dotações dos créditos designados na Lei Orça- gerais de direito financeiro, o controle da execução or-
mentária Anual (LOA). A financeira é a execução do çamentária compreende:
recurso financeiro propriamente dito, de modo a subsi- “I – a legalidade dos atos de que resultem a arre-
diar a realização dos projetos e atividades programados. cadação da receita ou a realização da despesa, o nasci-
Os recursos associados às dotações serão entregues mento ou a extinção de direitos e obrigações;
aos poderes Legislativo, Judiciário, Ministério Público e II – a fidelidade funcional dos agentes da adminis-
Defensoria Pública pelo Executivo, por meio de duodé- tração, responsáveis por bens e valores públicos;
cimos, até do dia 20 de cada mês. III – o cumprimento do programa de trabalho ex-
presso em termos monetários e em termos de realização
A programação financeira, juntamente com o cro- de obras e prestação de serviços.”
nograma mensal de desembolso citado acima, será esta-

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Conhecimentos Específicos
O controle pode ser realizado de maneira interna, • Lei Orçamentária Anual (LOA): Estima a recei-
no âmbito de cada poder, ou de maneira externa, através ta e fixa a despesa do ente público para o ano seguinte.
do Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de
Contas.
O Tribunal de Contas detém a competência de Normas Legais Aplicáveis
apreciar anualmente as contas prestadas pelo Presidente As normas legais variam de um país para outro,
da República, mediante um parecer prévio. Sendo de mas, tomando como exemplo o Brasil:
responsabilidade do Congresso Nacional o julgamento
anual dessas contas, de modo a constatar se o chefe do • Constituição Federal: Define os princípios e di-
executivo agiu com responsabilidade durante a execução retrizes do orçamento público.
do orçamento aprovado. • Lei nº 4.320/64: Estatui normas gerais de direi-
O controle não é exercido apenas sobre os chefes do to financeiro para elaboração e controle dos orçamentos
executivo, mas sobre todos aqueles que utilize, guarde, e balanços.
arrecade, gerencie ou administre dinheiros e bens públi- • Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Res-
cos. ponsabilidade Fiscal - LRF): Estabelece normas de fi-
nanças públicas voltadas para a responsabilidade na ges-
tão fiscal.
22.4. MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMEN-
Além dessas normas, é comum que haja legislação
TOS DO ORÇAMENTO PÚBLICO; NORMAS LE-
complementar e regulamentos específicos em cada ente
GAIS APLICÁVEIS.
federativo (União, estados e municípios) que detalham
O orçamento público é um instrumento de gestão procedimentos, prazos e responsabilidades relacionados
que detalha todas as receitas e despesas de uma entidade ao orçamento público.
pública para um determinado período. Ele é essencial pa-
Cabe salientar que a elaboração, aprovação, execu-
ra garantir a transparência, eficiência e eficácia dos re-
ção e fiscalização do orçamento público envolvem uma
cursos públicos. A elaboração, execução e fiscalização
complexa interação entre os Poderes Executivo e Legis-
do orçamento envolvem uma série de métodos, técnicas
lativo, bem como a participação de órgãos de controle
e instrumentos. Além disso, em muitos países, a elabora-
(como Tribunais de Contas) e da própria sociedade civil.
ção e execução orçamentárias são regidas por normas le-
gais específicas.
22.5. SIDOR e SIAFI
Métodos, Técnicas e Instrumentos do Orçamento
Público 22.5.1. SIDOR – Sistema Integrado de Dados
Orçamentários.
• Orçamento Tradicional ou Histórico: Baseia-se
nos gastos realizados em anos anteriores para projetar as É o sistema responsável pelo controle e acompa-
despesas futuras. nhamento das etapas e aprovação do Orçamento da Uni-
ão. Foi desenvolvido pelo Serpro. As informações de cu-
• Orçamento de Desempenho: Vincula as despe- nho orçamentário são inseridas através de terminal-de-
sas à realização de determinadas atividades e à obtenção vídeo da rede SIDOR e, também, da rede Serpro.
de resultados.
O Sidor tem por objetivo dotar o processo orçamen-
• Orçamento Base Zero (OBZ): Pressupõe que tário do governo federal de uma estrutura de processa-
todas as despesas devem ser justificadas a cada novo ci- mento de dados conforme as modernas ferramentas da
clo orçamentário, independentemente dos valores apro- tecnologia de informação, de processos informatizados e
vados em anos anteriores. estruturas de dados para dar suporte às atividades do Sis-
tema Orçamentário Federal. O sistema permite a elabo-
• Orçamento Programa: Organiza as despesas de
ração da proposta orçamentária e a revisão do PPA para
acordo com programas de trabalho e objetivos determi-
a formalização dos Projetos de lei do Orçamento Anual
nados.
(PLOA) e do Plano Plurianual, que são encaminhados ao
• Orçamento Participativo: Inclui a população no Congresso Nacional.
processo de decisão sobre a alocação de recursos em de-
Anote, o SIDOR é implantado pela União, mas ope-
terminadas áreas.
racionalizado pelos órgãos integrantes do sistema de ad-
• Orçamento Impositivo: Estabelece que uma ministração pública federal.
parte das emendas parlamentares ao orçamento seja
obrigatoriamente executada. 22.5.2. SIAFI
• Plano Plurianual (PPA): Em muitos países, de- O SIAFI – Sistema Integrado de Administração Fi-
fine as diretrizes, objetivos e metas para um período de nanceira do Governo Federal, é o principal instrumento
vários anos. utilizado para registro, acompanhamento e controle da
execução orçamentária, financeira e patrimonial do Go-
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): Esta- verno Federal. Desde sua criação, o SIAFI tem alcança-
belece as metas e prioridades para o exercício financeiro do satisfatoriamente seus principais objetivos:
subsequente.

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Conhecimentos Específicos
a) prover mecanismos adequados ao controle diário
da execução orçamentária, financeira e patrimonial aos 22.6.2. CATEGORIAS, FONTES, ESTÁGIOS.
órgãos da Administração Pública;
Classificação por categorias econômicas - Intro-
b) fornecer meios para agilizar a programação fi-
duzida pela Lei n° 4.320/64. No caput do art. 11, temos:
nanceira, otimizando a utilização dos recursos do Tesou-
ro Nacional, através da unificação dos recursos de caixa - Receitas Correntes - "... as receitas tributárias, de
do Governo Federal; contribuições patrimonial, agropecuária, industrial, de
c) permitir que a contabilidade pública seja fonte serviços e outras, e, ainda, as provenientes de recursos
segura e tempestiva de informações gerenciais destina- financeiros recebidos de outras pessoas de direito públi-
das a todos os níveis da Administração Pública Federal; co ou privado, quando destinadas a atender despesas
d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relati- classificatórias em Despesas Correntes.
vas à gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez
- Receitas de Capital - "...as provenientes da reali-
ou restrição a essa atividade, uma vez que ele permanece
zação de recursos financeiros oriundos da constituição de
sob total controle do ordenador de despesa de cada uni-
dade gestora; dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos: os
e) permitir o registro contábil dos balancetes dos es- recursos recebidos de outras pessoas de direito público
ou privado, destinados a atender despesas classificáveis
tados e municípios e de suas supervisionadas;
em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orça-
f) permitir o controle da dívida interna e externa,
mento Corrente".
bem como o das transferências negociadas;
g) integrar e compatibilizar as informações no âm- Classificação por fonte - inicia-se na subdivisão de
bito do Governo Federal; Receitas Correntes e de Capital, de acordo com o art. 11
h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso da Lei no 4.320/64, Anexo 3.
dos recursos públicos; e
i) proporcionar a transparência dos gastos do Go- a) Receitas Correntes
verno Federal. Receitas Tributárias - envolvem apenas os tributos
O SIAFI é um sistema informatizado que processa e existentes na legislação tributária: Impostos, Taxas e
controla, por meio de terminais instalados em todo o ter- Contribuições de Melhoria. As receitas tributárias são
ritório nacional, a execução orçamentária, financeira, pa- provenientes da cobrança desses tributos pagos pela po-
trimonial e contábil dos órgãos da Administração Públi- pulação; têm por base suas propriedades, rendas, ativida-
ca Direta federal, das autarquias, fundações e empresas des e benefícios diretos e imediatos que lhe são propor-
públicas federais e das sociedades de economia mista cionados pelo Estado. Privativas da União, Estados e
que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal e/ou Municípios.
no Orçamento da Seguridade Social da União. Receitas de Contribuições - são as contribuições
O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públi- compulsórias que o Estado institui de acordo com o pre-
cas Federais, Estaduais e Municipais apenas para recebe- visto nos arts. 21, 4 2°, 163 e 178 da Constituição Fede-
rem, pela Conta Única do Governo Federal, suas receitas ral, tais como salário-educação, sobretarifas de teleco-
(taxas de água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos municações, energia elétrica, contribuição para a Previ-
que utilizam o sistema. Entidades de caráter privado dência Social (COFINS) etc.
também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas Receita Patrimonial - refere-se à receita oriunda
pela STN. No entanto, essa utilização depende da cele- do resultado financeiro do patrimônio da instituição, seja
bração de convênio ou assinatura de termo de coopera- decorrente de bens mobiliários ou imobiliários, especi-
ção técnica entre os interessados e a STN, que é o órgão almente juros, aluguéis, dividendos etc.
gestor do SIAFI.
Receita Agropecuária - decorre da exploração
22.6. RECEITA PÚBLICA: CATEGORIAS, econômica das atividades ou explorações agropecuárias,
FONTES, ESTÁGIOS; DÍVIDA ATIVA. que compreendem: agricultura, pecuária, silvicultura (ou
reflorestamento). Excetuam-se as usinas de açúcar, fá-
22.6.1. RECEITA PÚBLICA brica de polpa de madeira, serrarias e unidades industri-
A receita pública é estimada no nível orçamentário, ais com a produção licenciada, que são classificadas co-
sendo seus demais procedimentos disciplinados em ou- mo indústrias.
tros âmbitos, principalmente no da legislação tributária. Receita Industrial - derivada de atividades indus-
A rigor, o orçamento de receita é constituído de apenas triais definidas segundo a Fundação Instituto Brasileiro
um quadro analítico com as estimativas de arrecadação de Geografia e Estatística - IBGE: extrativa mineral, de
de cada um dos tipos de receita da instituição, além de transformação, de construção e de serviços industriais de
alguns poucos quadros sintéticos. utilização pública (energia elétrica, água e esgoto, limpe-
Em nosso País, são adotados dois critérios formal- za pública e remoção de lixo).
mente padronizados para todos os orçamentos públicos: Receita de Serviços - oriunda das atividades carac-
categorias econômicas e fontes; e, em alguns casos espe- terísticas da prestação de serviços como: comércio,
cíficos, duas outras classificações - segundo a origem e transporte, comunicação, serviços hospitalares, armaze-
segundo a vinculação. nagem, serviços educacionais, recreativos e culturais etc.

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Conhecimentos Específicos
Transferências Correntes - são os recursos finan- Estágios ou Fases da Receita Pública
ceiros recebidos de outras pessoas de direito público ou
A realização da receita pública se dá mediante uma
privado, independente de contraprestação direta em bens
sequência de atividades, cujo resultado é o recebimento
e serviços. Podem ocorrer em nível intergovernamental
de recursos financeiros pelos cofres públicos. Os está-
(diferente esfera de governo) e intragovernamental
gios são os seguintes:
(mesma esfera de governo), bem como podem ser rece-
bidas de instituições privadas nacionais (contribuições e a) Previsão
doações a governos e a entidades da administração des-
Compreende a estimativa das receitas para compor
centralizada), do exterior (fundos e organizações interna-
a proposta orçamentária e a provação do orçamento pú-
cionais) e de pessoas.
blico pelo legislativo, transformando-o em Lei Orçamen-
Outras Receitas Correntes - envolvem diversas tária. Na previsão de receita devem ser observadas as
outras receitas, não enquadradas anteriormente, como: normas técnicas e legais, considerados os efeitos das al-
multas, juros de mora, indenizações, cobranças da dívida terações na legislação, da variação do índice de preços,
ativa e receitas diversas (rendas de loterias, receitas de do crescimento econômico ou de qualquer outro fator re-
cemitérios etc.) levante, sendo acompanhada de demonstrativo de sua
b) Receitas de Capital evolução nos três últimos anos, da projeção para os dois
seguintes àquele a que se referir a estimativa, e da meto-
Operações de Custeio - decorrentes da captação de dologia de cálculo e premissas utilizadas, segundo dis-
recursos pela colocação de títulos públicos ou de em- põe o art. 12 da LRF.
préstimos obtidos de entidades estatais ou particulares,
internas ou externas, para atender desequilíbrios orça- b) Arrecadação
mentários ou, ainda, financiar empreeendimentos públi- É o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas
cos (SFH). e demais créditos, sendo distinguida em;
Alienação de bens - resultado da alienação de bens •Direta, a que é realizada pelo próprio Estado ou
como títulos, ações, bens móveis e imóveis etc. seus servidores e;
Transferências de Capital - recursos recebidos de •Indireta, a que é efetuada sob a responsabilidade de
outras entidades públicas e privadas destinados ao aten- terceiros credenciados pelo Estado. Os agentes da arre-
dimento da despesa de capital. Exemplo: cota-parte do cadação são devidamente autorizados para receberem os
Fundo de Participação dos Municípios. recursos e entregarem ao Tesouro Público, sendo dividi-
Outras Receitas de Capital - é uma classificação dos em dois grupos:
genérica para atender as receitas de capital não especifi- •Agentes públicos (coletorias, tesourarias, delegaci-
cadas na lei. Como exemplo, temos a indenização paga as, postos fiscais, etc);
pela Petrobras aos Estados e Municípios pela extração de
petróleo, xisto e gás. •Agentes privados (bancos autorizados).
Classificação pela Origem c) Recolhimento
Esta classificação a rigor não é necessária em todos Consiste na entrega do numerário, pelos agentes ar-
os orçamentos públicos. Entretanto, é de extrema impor- recadadores, públicos ou privados, diretamente ao Te-
tância nos grandes orçamentos, como o da União, porque souro Público ou ao banco oficial. O recolhimento de to-
mostra os recursos arrecadados pelo Tesouro Nacional e das as receitas deve ser feito com a observância do prin-
as receitas próprias das entidades descentralizadas (au- cípio da unidade de tesouraria, vedada qualquer frag-
tarquias, empresas públicas, fundações etc.). A finalida- mentação para a criação de caixas especiais. A conta
de do critério é evidenciar a parcela de recursos próprios única do Tesouro Nacional é mantida no Banco Central,
e a de recursos transferidos necessários para cobrir o mas o agente financeiro é o Banco do Brasil, que deve
programa de realizações de cada entidade. receber as importâncias provenientes da arrecadação de
tributos ou rendas federais e realizar os pagamentos e
Classificação segundo a Existência ou não da suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral
Vinculação da União.
Este critério não decorre de exigência prevista em
lei, porém, é importante também para grandes orçamen-
tos, principalmente porque a Constituição consagra al- 22.6.3. DÍVIDA ATIVA.
guns vínculos importantes entre receita e despesa. É o A dívida pública, que são obrigações para com ter-
caso de certos fundos orçamentários como o Fundo de ceiros, pode ser Ativa e Passiva. A dívida ativa, por sua
Participação dos Estados e Municípios, o Fundo de Fi- vez, pode ser tributária e não-tributária.
nanciamento do Setor Produtivo das Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste e o Fundo de Ressarcimento às A Lei n° 4.320/64 trata da dívida ativa no art. 39,
Exportações. caput e parágrafos, que a conceitua como créditos da Fa-
zenda Pública, de natureza tributária ou não, exigíveis
pelo transcurso do prazo para pagamento.

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Conhecimentos Específicos
A dívida ativa da natureza tributária é o crédito da apresentarem ampla utilidade e que possam contribuir
Fazenda Pública proveniente de obrigação legal relativa para a compreensão geral das funções do orçamento. As-
a tributos e respectivos adicionais e multas. sim, os critérios de classificação de contas orçamentárias
devem atender a certos objetivos. No conceito de Jesse
A dívida ativa de natureza não-tributária é represen-
Burkhead, as contas orçamentárias devem ser:
tada pelos demais créditos da Fazenda Pública, tais como
os provenientes de empréstimos compulsórios, contri- 1) "organizadas de maneira a facilitar a formulação
buições estabelecidas em lei, multas de qualquer origem de programas";
ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alu- 2) "organizadas de maneira a contribuir para a efe-
guéis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços tiva execução do orçamento;
de serviços prestados por estabelecimentos públicos, in- 3) “apresentadas de maneira a servir ao objetivo da
denizações, reposições, restituições, alcances dos res- prestação de contas";
ponsáveis definitivamente julgados, bem assim os crédi- 4) "organizadas de forma que seja possível analisar
tos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de os efeitos econômicos das atividades governamentais".
subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de
Para Gonzalo Martner as contas orçamentárias de-
contratos em geral ou de outras obrigações legais - é o
vem:
que estabelece a parte final do § 2° do art. 39 da Lei n°
4.320/64. 1) "ser estruturadas de maneira a facilitar a análise
dos efeitos econômicos e sociais da atividades do gover-
Para haver a inscrição em dívida ativa é condição
no";
que o crédito esteja vencido e seja exigível, ou seja, que
2) "facilitar a formulação dos programas elaborados
o tributo tenha sido lançado, vencido e não arrecadado,
pelo governo para cumprir suas funções";
para o caso da dívida ativa tributária.
3) "contribuir para a efetiva execução do orçamen-
Inscrita a dívida ativa na repartição pública compe- to";
tente e efetuados os registros contábeis referentes ao di- 4) "facilitar a contabilidade fiscal".
reito da Fazenda Pública contra terceiros em débito, po-
No modelo orçamentário brasileiro são observados
dem ocorrer duas situações: o recebimento do recursos
quatro critérios de classificação de despesa:
financeiros oferecendo quitação ao débito ou a prescri-
ção do direito, que normalmente segue a regra do Código a) Classificação institucional;
Tributário Nacional de cinco anos. b) Classificação funcional-programática;
c) Classificação econômica;
Os recursos recebidos à conta desses créditos para
d) Classificação por elementos.
com a Fazenda Nacional serão escriturados como receita
do exercício em que forem arrecadados nas respectivas Classificação Institucional - Este critério, também
rubricas orçamentárias, denominadas de receita da dívida conhecido por departamental, é a forma mais antiga de
ativa tributária e receita da dívida ativa não-tributária, classificar as despesas. Seu objetivo principal é apontar
contas de resultado, que compõem a categoria econômi- os órgãos que gastam os recursos previstos no orçamen-
ca receitas correntes. Nessa hipótese, é necessário o re- to. É de extrema importância para determinação de res-
gistro da baixa do direito em decorrência do recebimento ponsabilidades e fixação de controles e avaliações.
da receita da dívida ativa.
Classificação Funcional-Programática - Introdu-
zida a partir de 1974, é um aperfeiçoamento da classifi-
cação funcional instituída com a Lei 4.320/64, represen-
22.7. DESPESA PÚBLICA: CATEGORIAS, tada abaixo, que consagrava dez funções, cada uma sub-
ESTÁGIOS; SUPRIMENTO DE FUNDOS; RES- dividida em dez subfunções. Essas funções sofreram al-
TOS A PAGAR; DESPESAS DE EXERCÍCIOS terações ao longo dos anos; entretanto, a título de exem-
ANTERIORES; A CONTA ÚNICA DO TESOURO. plo, relaciona-se abaixo a listagem das funções que mais
22.7.1. DESPESA PÚBLICA CONCEITO E tempo vigorou:
CLASSIFICAÇÕES. 0 - Governo e Administração Geral
No processo de elaboração orçamentária, deve-se 1 - Administração Financeira
antecipar as situações patrimoniais (no orçamento), re- 2 - Defesa e Segurança
gistrar a movimentação patrimonial (na execução) e de- 3 - Recursos naturais e Agropecuária
monstrar resultados patrimoniais (nos balanços). Portan- 4 - Viação, Transportes e Comunicações
to, a linguagem orçamentária é essencialmente contábil e 5 - Indústria e Comércio
o elemento básico do orçamento é a conta. A questão que 6 - Educação e Cultura
se afigura é, portanto, como classificar as contas que 7 - Saúde
comporão determinado orçamento. Deve-se necessaria- 8 - Bem-estar Social
mente obedecer a determinado critério para que o orça- 9 - Serviços Urbanos
mento possa atingir seu objetivo.
Entre essas funções existiam as subfunções. Exem-
No orçamento público, em razão dos diversos obje- plificando, as dez subfunções da Função 6 - Educação e
tivos nele inseridos, não se trabalha com um único crité- Cultura - eram as seguintes:
rio de classificação dos dados, mas sim aqueles que

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Conhecimentos Específicos
6.0 – Administração mas estabeleceu regras no âmbito da União para a identi-
6.1 - Ensino Primário ficação da natureza da despesa.
6.2 - Ensino Secundário e Normal
Portanto, são de uso obrigatório pela União, não
6.3 - Ensino Técnico-Profissional
podendo ser impostas aos Estados e Municípios. A por-
6.4 - Ensino Superior
taria institui novas categorias classificatórias e rearranja
6.5 - Ensino e Cultura Artística
as contas em grupos, de forma a destacar agregados de
6.6 - Educação Física e Desportos
despesas que são expressivos no âmbito federal, como
6.7 - Pesquisas, Orientação e Difusão Cultural
pessoal e encargos das dívidas, transferências etc.
6.8 - Patrimônio Artístico e Histórico
6.9 - Diversos Classificação por Elementos - É a mais analítica
das classificações, porque proporciona o controle contá-
A classificação funcional-programática introduzida
bil dos gastos, tanto no nível interno do Executivo como
pela Portaria n° 9, de 26.1.1974, amplia substancialmen-
no próprio controle externo, exercido pelo Legislativo.
te o critério de classificação funcional, além de desdo-
brá-lo em maior número de categorias classificatórias. O conceito de "orçamento tradicional" utiliza o cri-
Nesse novo critério funcional-programático, a categoria tério de classificação por elementos que, somado à clas-
função foi mantida e ampliada para 16. Cada função é sificação institucional, constituem os antigos critérios
desdobrada em programas, que se subdividem em sub- classificatórios dos orçamentos públicos.
programas e estes em projetos e atividades. A portaria
veda a criação de novas funções, deixando em aberto a
adoção de outros programas, além daqueles previstos, 22.7.2. ESTÁGIOS
visando com isto atender à particularidade de cada orça-
mento. Conceitualmente não há definição na portaria pa- A despesa pública é executada em três estágios:
ra função, programa e subprograma, entretanto há para empenho, liquidação e pagamento. O empenho é, como
projeto e atividade. dispõe o art. 58 da Lei n° 4.320/64: “o ato emanado de
autoridade competente que cria para o Estado obriga-
Projeto - um instrumento de programação para al- ção de pagamento pendente ou não de implemento de
cançar os objetivos de um programa, envolvendo um condição". O empenho é obrigatório - não se permite a
conjunto de operações que se realizam de modo contínuo realização de despesa sem empenho.
e permanente, necessárias à manutenção da ação do go-
verno. O empenho precede a realização da despesa e obje-
tiva respeitar o limite do crédito orçamentário, dispondo
Atividade - um instrumento de programação para o art. 59 da Lei n° 4.320/64: "O empenho da despesa não
alcançar os objetivos de um programa, envolvendo um poderá exceder o limite de créditos concedidos":
conjunto de operações que se realizam de modo contínuo
e permanente, necessárias à manutenção da ação do go- A emissão do empenho abate seu valor da dotação
verno. orçamentária total do programa de trabalho, tornando a
quantia empenhada indisponível para nova aplicação. É
Classificação Econômica - O critério econômico uma garantia para o fornecedor ou prestador de serviço
de classificação das despesas públicas foi difundido pela contratado pela Administração Pública de que a parcela
ONU - Organização das Nações Unidas, através de se- referente ao seu contrato foi bloqueada para honrar os
minários e manuais. Teve por objetivo atender as pro- compromissos assumidos.
postas keynesianas do pós-guerra, que exigiam outras
formas de apresentação das finanças públicas. Os empenhos, segundo sua natureza e finalidade,
são classificados em: ordinário, estimativa e global.
No Brasil, a adoção desse critério ocorreu com a
Lei 4.320/64 que prevê duas categorias e cinco subcate- Nota de Empenho é o documento utilizado para fins
gorias, conforme detalhamento a seguir: de registro da operação de empenho de uma despesa. É
também através de Nota de Empenho que se faz a anula-
3.0.0.0 DESPESAS CORRENTES (categoria) ção do empenho da despesa, com o mesmo número de
3.1.0.0 Despesas de Custeio (subcategoria) vias e destino. As anulações são identificadas pelo códi-
go do evento. O valor do empenho anulado reverte à do-
3.2.0.0 Transferências Correntes (subcategoria)
tação do programa de trabalho, tornando-se novamente
4.0.0.0 DESPESAS DE CAPITAL (categoria) disponível para empenho naquele exercício.
4.1.0.0 Investimentos (subcategoria) A liquidação é o segundo estágio da despesa e con-
siste na verificação do direito adquirido pelo credor, ten-
4.2.0.0 Inversões Financeiras (subcategoria)
do por base os títulos e documentos comprobatórios do
4.3.0.0 Transferências de Capital (subcategoria)
respectivo crédito (art. 63 da Lei nº 4.320/64). É a verifi-
Classificação segundo a Natureza da Despesa no cação se o contratante cumpriu o implemento de condi-
Orçamento Federal - A Portaria n° 35, de 1.8.1989, da ção.
Secretaria de Orçamento e Finanças da Secretaria de
Somente após a apuração do direito adquirido pelo
Planejamento e Coordenação da Presidência da Repúbli-
credor, tendo por base os documentos comprobatórios do
ca não chega a constituir-se numa nova classificação,
respectivo crédito, ou da completa habilitação da entida-
de beneficiada, a Unidade Gestora providenciará o ime-
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Conhecimentos Específicos
diato pagamento de despesa. Assim, nenhuma despesa própria. No caso de pagamento de despesa inscrita em
poderá ser paga sem estar devidamente liquidada. Restos a Pagar pelo valor estimado, duas situações pode-
rá ocorrer:
O pagamento é a última fase da despesa e consiste
na entrega de recursos equivalentes à dívida líquida, ao a) o valor real a ser pago é superior ao valor inscri-
credor, mediante ordem bancária. A emissão de ordem to. Nesse caso, a diferença deverá ser empenhada à conta
bancária será precedida de autorização do titular da Uni- de despesas de exercícios anteriores, de acordo com a ca-
dade Gestora, ou seu preposto, em documento próprio da tegoria econômica; e
Unidade. b) o valor real a ser pago é inferior ao valor inscrito.
O saldo existente deverá ser cancelado.
O órgão competente para exercer o controle e disci-
22.7.3. RESTOS A PAGAR.
plinar o tratamento de Restos a Pagar é a Secretaria do
São Restos a Pagar, ou resíduos passivos, consoante Tesouro Nacional.
o art. 36 da Lei n° 4.320/64, as despesas empenhadas
O pagamento de despesas inscritas em "Restos a
mas não pagas dentro do exercício financeiro, ou seja,
Pagar" é feito como qualquer outro pagamento de despe-
até 31 de dezembro (arts. 35 e 67 do Decreto n°
sa pública, exigindo-se apenas a observância das forma-
93.872/86).
lidades legais (empenho e liquidação), independente de
De acordo com sua natureza, as despesas inscritas requerimento do credor. Após o cancelamento da inscri-
em "Restos a Pagar" podem ser classificadas em: ção da despesa em Restos a Pagar, o pagamento que vier
a ser reclamado poderá ser atendido à conta de dotação
a) processadas - despesas em que o credor já cum-
destinada a despesas de exercícios anteriores (art. 69 do
priu suas obrigações, isto é, entregou o material, prestou
Decreto n° 93.872/86).
os serviços ou executou a etapa da obra, dentro do exer-
cício, tendo, portanto, direito líquido e certo, faltando A inscrição de valores em Restos a Pagar terá vali-
apenas o pagamento. Hoje essas despesas ficam registra- dade até 31 de dezembro do ano subsequente, após o que
das na conta 'Fornecedores". os saldos remanescentes serão automaticamente cancela-
dos, permanecendo em vigor, no entanto, o direito do
b) não processadas - despesas que dependem da
credor por cinco anos, a partir da inscrição.
prestação do serviço ou fornecimento do material, isto é,
aquelas em que o direito do credor não foi apurado. Re-
presentam, assim, despesas ainda não liquidadas.
22.7.4. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTE-
O art. 35 do Decreto n° 93.872/86 determina que o RIORES.
empenho da despesa não liquidada será considerado anu-
Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas
lado em 31 de dezembro, para todos os fins, salvo quan-
resultantes de compromissos gerados em exercícios fi-
do:
nanceiros anteriores àqueles em que ocorreram os paga-
a) ainda vigente o prazo para cumprimento da obri- mentos.
gação assumida pelo credor;
O regime de competência exige que as despesas se-
b) vencido o prazo para cumprimento da obrigação,
jam contabilizadas de acordo com o exercício a que per-
esteja em curso a liquidação da despesa, ou seja de inte-
tençam (em que foram geradas).
resse da Administração exigir o cumprimento da obriga-
ção assumida pelo credor; As seguintes despesas poderão ser pagas à conta de
c) se destinar a atender transferências a instituições despesas de exercícios anteriores, mediante autorização
públicas ou privadas; do ordenador da despesa, respeitada a categoria econô-
d) corresponder a compromisso assumido no exteri- mica própria:
or.
a) as despesas de exercícios encerrados, para as
Os empenhos não anulados e aqueles referentes a quais o orçamento respectivo consignava crédito pró-
despesas já liquidadas e não pagas serão automaticamen- prio com saldo suficiente para atendê-las, que não se te-
te inscritos em Restos a Pagar no encerramento do exer- nham processado na época própria, assim entendidas
cício, pelo valor devido ou, se este for desconhecido, pe- aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsis-
lo valor estimado. tente e anulado no encerramento do exercício corres-
pondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o cre-
É vedada a reinscrição de empenhos em Restos a
dor tenha cumprido sua obrigação;
Pagar. O reconhecimento de eventual direito do credor
far-se-á através da emissão de nova Nota de Empenho, b) os restos a pagar com prescrição interrompida,
no exercício de recognição, à conta de despesas de exer- ou seja, a despesa cuja inscrição como Restos a Pagar
cícios anteriores, respeitada a categoria econômica pró- tenha sido cancelada, mais ainda vigente o direito do
pria. Os Restos a Pagar com prescrição interrompida - credor;
assim considerada a despesa cuja inscrição em Restos a
c) os compromissos decorrentes de obrigação de
Pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente o direito
pagamento criada em virtude de lei e reconhecidos após
do credor - poderão ser pagos à conta de despesas de
o encerramento do exercício.
exercícios anteriores, respeitada a categoria econômica

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Conhecimentos Específicos
Para fins de autorização do pagamento, são elemen- o único responsável pela boa aplicação do dinheiro e
tos próprios e essenciais à instrução do processo relativo prestará contas dentro do prazo regulamentar aos órgãos
a despesas de exercícios anteriores: controladores da execução orçamentária e financeira, ao
controle interno e ao Tribunal de Contas.
a) nome do credor, CNPJ/CPF e endereço;
b) importância a pagar; O Adiantamento constitui uma forma de pagar des-
c) data do vencimento do compromisso; d) causa da pesas orçamentárias; é o que diz o artigo 65 da Lei
inobservância do empenho prévio de despesa; 4.320/64: “o pagamento da despesa será efetuado por te-
e) indicação do nome do ordenador da despesa à souraria ou pagadoria regularmente instituídas, por esta-
época do fato gerador do compromisso; belecimentos bancários credenciados e, em casos excep-
f) reconhecimento expresso do atual ordenador de cionais, por meio de adiantamento”. O artigo 68 da refe-
despesa. rida Lei dispõe que o regime de adiantamento é aplicável
aos casos de despesas expressamente definidos em lei e
As dívidas de exercícios anteriores, que dependam
consiste na entrega de numerário a servidor, sempre pre-
de requerimento do favorecido, prescrevem em cinco
cedida de empenho na dotação própria, para o fim de
anos, contados da data do ato ou fato que tiver dado ori-
realizar despesas que não possam subordinar-se ao pro-
gem ao respectivo direito. O início do período da dívida
cesso normal de aplicação.
corresponde à data constante do fato gerador do direito,
não devendo ser considerado, para fins de prescrição Portanto, denomina-se suprimento de fundos, a mo-
quinquenal, o tempo de tramitação burocrática e o de dalidade de pagamento de despesa permitida em casos
providências administrativas a que estiver sujeito o pro- excepcionais e somente quando sua realização não possa
cesso. subordinar-se ao processo normal de atendimento por via
de ordem bancária.
22.7.5. DÍVIDA FLUTUANTE PÚBLICA
Trata-se de uma modalidade simplificada de execu-
A contraída pelo Tesouro Nacional, por um breve e ção de despesa consiste na entrega de numerário a servi-
determinado período de tempo, quer como administrador dor para a realização de despesa precedida de empenho
de terceiros, confiados à sua guarda, quer para atender às na dotação própria, que, por sua natureza ou urgência,
momentâneas necessidades de caixa. Segundo a Lei nº não possa subordinar-se ao processo normal da execução
4.320/64, a dívida flutuante compreende os restos a pa- orçamentária e financeira.
gar, excluídos os serviços de dívida, os serviços de dívi-
da a pagar, os depósitos e os débitos de tesouraria. 22.7.8. CONTA ÚNICA DO TESOURO
Com o advento da Lei nº 4.320/64, em seu artigo
22.7.6. DÍVIDA FUNDADA
56, pode dizer que as diretrizes para a criação de uma
O artigo 98 da Lei nº 4.320/64 trata da dívida fun- conta única tiveram seu início.
dada.
“Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-
- A dívida fundada compreende os compromissos se-á em estrita observância ao princípio da unidade de
de exigibilidade superior a 12 (doze) meses, contraídos tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação
para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financia- de caixas especiais.
mento de obras e serviços públicos.
Conta mantida pelo Tesouro Nacional no Banco
A lei 4.320/64 estabelece, ainda, que a dívida fun-
Central do Brasil e movimentada com concurso do Ban-
dada será escriturada com individuação e especificações
co do Brasil ou por agentes financeiros credenciados.
que permitam verificar, a qualquer momento, a posição
Tem por finalidade centralizar todas as disponibilidades
dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de
de caixa da União que se achem à disposição das unida-
amortização e juros.
des gestoras do Sistema Integrado de Administração Fi-
Classificação, segundo a LRF: nanceira do Governo Federal (SIAFI).
I – dívida pública consolidada ou fundada A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no
II – dívida pública mobiliária Banco Central do Brasil, acolhe todas as disponibilida-
III – operação de crédito des financeiras da União, inclusive fundos, de suas au-
IV – concessão de garantia tarquias e fundações. Constitui importante instrumento
V – refinanciamento da dívida mobiliária de controle das finanças públicas, uma vez que permite a
racionalização da administração dos recursos financei-
22.7.7. SUPRIMENTO DE FUNDOS ros, reduzindo a pressão sobre o caixa do Tesouro, além
de agilizar os processos de transferência e descentrali-
“Suprimento de Fundos” ou “Adiantamento” é o
zação financeira e os pagamentos a terceiros.
numerário que o Tesouro coloca à disposição de uma re-
partição, a fim de lhe dar condições de realizar despesas O Banco Central do Brasil (Bacen) exerce a função
que, por sua natureza ou urgência, não possam aguardar de caixa único do Tesouro Nacional.
o processo normal.
A realização da receita e da despesa da União se
O diretor da repartição designa um funcionário para faz por via bancária, em estrita observância ao princípio
responder pela movimentação do adiantamento; ele será de unidade de caixa.

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Conhecimentos Específicos
A operacionalização da Conta Única do Tesouro Federal1 direta e indireta, visando, em especial, à prote-
Nacional será efetuada por intermédio do Banco do ção dos direitos dos administrados e ao melhor cumpri-
Brasil ou, excepcionalmente, por outros agentes finan- mento dos fins da Administração.
ceiros autorizados pelo Ministério da Fazenda, através § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos
da Secretaria do Tesouro Nacional. órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União,
quando no desempenho de função administrativa2.
Os repasses do produto da arrecadação são feitos
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
pelos bancos arrecadadores à Conta Única do Tesouro
I - órgão - a unidade de atuação integrante da es-
mantida no BACEN, por meio de autorização "on-line"
trutura da Administração direta e da estrutura da Admi-
de débito nas suas contas de reserva bancária, no dia
nistração indireta;
útil seguinte à data da arrecadação.
II - entidade - a unidade de atuação dotada de per-
sonalidade jurídica;
23. NOÇÕES DE ARQUIVO, PROTOCOLO E III - autoridade - o servidor ou agente público do-
PROCESSOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tado de poder de decisão.
FEDERAL: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre
23.1. O PROCESSO ADMINISTRATIVO NO outros, aos princípios3 da legalidade, finalidade, moti-
ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FE- vação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
DERAL (LEI 9784/1999) ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interes-
se público e eficiência.
Quando se está diante de uma norma escrita, tam- Parágrafo único. Nos processos administrativos se-
bém denominada de norma positivada, indaga-se sempre rão observados, entre outros, os critérios de:
qual a melhor forma de estudá-la e compreendê-la. Para I - atuação conforme a lei e o Direito;
que isso se dê de forma profissional há diversas maneiras II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
compreendê-la e uma das mais eficientes é a que orienta renúncia total ou parcial de poderes ou competências,
o leitor na aplicação dos princípios de hermenêutica e a salvo autorização em lei;
utilização dos métodos de interpretação. III - objetividade no atendimento do interesse pú-
No caso da norma em comento, deve-se lançar mão blico, vedada a promoção pessoal de agentes ou autori-
dos métodos de interpretação. dades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade,
O mais conhecido método de interpretação de nor-
decoro e boa-fé;
mas de cunho processual ou procedimental é o método
V - divulgação oficial dos atos administrativos, res-
gramatical.
salvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constitui-
Mas, no caso na Lei nº 9784/99, deve-se utilizar o ção;
método sistemático, em que se considera a existência de VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposi-
outros contextos jurídicos que influenciam a norma, tais ção de obrigações, restrições e sanções em medida su-
como a própria Constituição Federal e demais normas de perior àquelas estritamente necessárias ao atendimento
processo civil, bem como o método teleológico, em que do interesse público;
se indaga qual a finalidade política da norma. VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
Feitas essas considerações preliminares, consigne- que determinarem a decisão;
se que a Lei nº 9.784/99, também denominada de lei de VIII – observância das formalidades essenciais à
processo administrativo federal, foi idealizada com o garantia dos direitos dos administrados;
propósito de assegurar, além dos princípios constitucio- IX - adoção de formas simples, suficientes para
nais básicos da Administração Pública (legalidade, im- propiciar adequado grau de certeza, segurança e respei-
pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), os to aos direitos dos administrados;
princípios do contraditório e da ampla defesa, da transpa- X - garantia dos direitos à comunicação, à apresen-
rência, e todos os demais que, de uma forma ou de outra, tação de alegações finais, à produção de provas e à in-
se encontrem relacionado com os direitos individuais dos terposição de recursos, nos processos de que possam re-
servidores e dos cidadãos e os direitos sociais em geral. sultar sanções e nas situações de litígio;
Princípios são valores jurídicos, que norteiam a XI - proibição de cobrança de despesas processu-
conduta dos servidores públicos na prática de atos admi- ais, ressalvadas as previstas em lei;
nistrativos e demais negócios jurídicos.
Texto normativo: 1
Somente se aplica aos órgãos e entidades públicas fe-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber derais, ou seja, não abrange os Estados, o Distrito Fede-
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- ral e nem os Municípios.
2 Considerando que o TCU é um órgão que tem vincula-
guinte Lei:
ção ao Poder Legislativo Federal, as disposições norma-
CAPÍTULO I tivas da Lei nº 9.784/99, tem aplicação nas relações ad-
ministrativas desempenhadas pelo referido órgão.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 3 Princípios jurídicos são valores explícitos ou implícitos
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o à norma e tem a função de orientar a conduta e a atua-
processo administrativo no âmbito da Administração ção dos agentes públicos e privados, no trato dos inte-
resses e negócios da Administração Pública.
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Conhecimentos Específicos
XII - impulsão, de ofício, do processo administrati- servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de
vo, sem prejuízo da atuação dos interessados; eventuais falhas.
XIII - interpretação da norma administrativa da Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deve-
forma que melhor garanta o atendimento do fim público rão elaborar modelos ou formulários padronizados para
a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova in- assuntos que importem pretensões equivalentes5.
terpretação. Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de
interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos6,
CAPÍTULO II poderão ser formulados em um único requerimento, sal-
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS vo preceito legal em contrário.
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos pe-
rante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe CAPÍTULO V
sejam assegurados: DOS INTERESSADOS
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e ser- Art. 9o São legitimados como interessados no pro-
vidores, que deverão facilitar o exercício de seus direi- cesso administrativo:
tos e o cumprimento de suas obrigações; I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como
II - ter ciência da tramitação dos processos admi- titulares de direitos ou interesses individuais ou no exer-
nistrativos em que tenha a condição de interessado, ter cício do direito de representação;
vista dos autos, obter cópias de documentos neles conti- II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
dos e conhecer as decisões proferidas; direitos ou interesses que possam ser afetados pela deci-
III - formular alegações e apresentar documentos são a ser adotada;
antes da decisão, os quais serão objeto de consideração III - as organizações e associações representativas,
pelo órgão competente; no tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advoga- IV - as pessoas ou as associações legalmente cons-
do, salvo quando obrigatória a representação, por força tituídas quanto a direitos ou interesses difusos.
de lei. Art. 10. São capazes, para fins de processo admi-
nistrativo, os maiores de dezoito anos7, ressalvada pre-
CAPÍTULO III visão especial em ato normativo próprio.
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Art. 4o São deveres do administrado perante a Ad- CAPÍTULO VI
ministração, sem prejuízo de outros previstos em ato DA COMPETÊNCIA
normativo: Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce
I - expor os fatos conforme a verdade; pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; própria, salvo os casos de delegação8 e avocação9 le-
III - não agir de modo temerário; galmente admitidos.
IV - prestar as informações que lhe forem solicita- Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular po-
das e colaborar para o esclarecimento dos fatos. derão, se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
CAPÍTULO IV que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
DO INÍCIO DO PROCESSO quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
Art. 5o O processo administrativo4 pode iniciar-se índole técnica, social, econômica, jurídica ou territori-
de ofício ou a pedido de interessado. al10.
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo
casos em que for admitida solicitação oral, deve ser
formulado por escrito e conter os seguintes dados: 5 Esses formulários padrões são úteis, porque otimizam
I - órgão ou autoridade administrativa a que se di- a identificação do assunto e torna mais célere a tramita-
rige; ção do processo.
II - identificação do interessado ou de quem o re- 6 Trata-se também de uma técnica administrativa de re-

presente; ceber um só requerimento quando afeta interesses pru-


III - domicílio do requerente ou local para recebi- rimos.
7 Esse parâmetro de idade decorre do fato de o reque-
mento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos rente poder responder civil e criminalmente em caso de
e de seus fundamentos; denúncia falsa ou que atente contra a honra do denunci-
ado.
V - data e assinatura do requerente ou de seu re- 8 A delegação ocorre para autoridade inferior ou do
presentante. mesmo nível, conforme art. 12.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recu- 9 A avocação é a possibilidade de uma autoridade cha-
sa imotivada de recebimento de documentos, devendo o mar para si a responsabilidade pela instauração e instru-
ção processual, quando o processo se encontre sob a
responsabilidade de autoridade ou servidor hierarquica-
4O processo administrativo aqui tratado tramita de forma mente inferior.
10 Ex. A petição/requerimento foi dirigida a uma autorida-
exclusiva no âmbito dos órgãos e entidades federais,
conforme destacado anteriormente. Convém ressaltar de da Federal no Estado de São Paulo, quando o assun-
que não se trata de processo disciplinar, este, por sua to dizia respeito à competência da autoridade Federal no
vez está normatizado na Lei nº 8.112/90. Estado de Minas Gerais.
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Conhecimentos Específicos
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo vos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o ter-
aplica-se à delegação de competência dos órgãos cole- ceiro grau.
giados aos respectivos presidentes. Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo 14.
I - a edição de atos de caráter normativo11;
II - a decisão de recursos administrativos; CAPÍTULO VIII
III - as matérias de competência exclusiva do órgão DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS
ou autoridade. DO PROCESSO
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deve- Art. 22. Os atos do processo administrativo não de-
rão ser publicados no meio oficial. pendem de forma determinada senão quando a lei ex-
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e pressamente a exigir.
poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por
a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabí- escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua reali-
vel, podendo conter ressalva de exercício da atribuição zação e a assinatura da autoridade responsável.
delegada. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer firma somente será exigido quando houver dúvida de au-
tempo pela autoridade delegante. tenticidade.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem § 3o A autenticação de documentos exigidos em có-
mencionar explicitamente esta qualidade e considerar- pia poderá ser feita pelo órgão administrativo 15.
se-ão editadas pelo delegado. § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e sequencialmente e rubricadas.
por motivos relevantes devidamente justificados, a avo- Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em
cação temporária de competência atribuída a órgão hie- dias úteis, no horário normal de funcionamento da re-
rarquicamente inferior12. partição na qual tramitar o processo.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas di- Parágrafo único. Serão concluídos depois do horá-
vulgarão publicamente os locais das respectivas sedes e, rio normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudi-
quando conveniente, a unidade fundacional competente que o curso regular do procedimento ou cause dano ao
em matéria de interesse especial. interessado ou à Administração.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos
processo administrativo deverá ser iniciado perante a do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
autoridade de menor grau hierárquico para decidir. administrados que dele participem devem ser praticados
no prazo de cinco dias16, salvo motivo de força maior.
CAPÍTULO VII Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo po-
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO de ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justi-
Art. 18. É impedido de atuar em processo adminis- ficação.
trativo o servidor ou autoridade que: Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se pre-
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; ferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o inte-
II - tenha participado ou venha a participar como ressado se outro for o local de realização.
perito, testemunha ou representante, ou se tais situações
ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e CAPÍTULO IX
afins até o terceiro grau; DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
III - esteja litigando judicial ou administrativamen- Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita
te com o interessado ou respectivo cônjuge ou compa- o processo administrativo determinará a intimação17 do
nheiro. interessado para ciência de decisão ou a efetivação de
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em diligências.
impedimento deve comunicar o fato à autoridade compe- § 1o A intimação deverá conter:
tente, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar
o impedimento constitui falta grave, para efeitos disci-
14
plinares13. Se houvesse concessão de efeitos suspensivos na
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autorida- tramitação do processo, a parte interessada ou investiga
de ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade poderia ganhar tempo e tornar ineficaz a atuação estatal.
15 Essa liberalidade evita que a pessoa que está denun-
notória com algum dos interessados ou com os respecti-
ciando ou pedindo providências despenda numerário
próprio. E isso se justifica, porque o interesse na apura-
11 Os atos administrativos são normativos, ordinatórios, ção dos fatos é eminentemente público.
16 Cinco dias é o prazo que o legislador concedeu para a
negociais, enunciativos e punitivos. É indelegável a práti-
ca de atos normativos, ou seja, que estabelecem nor- prática de atos iniciais e intermediários, prazo esse que
mas. atende ao princípio da razoabilidade. Note-se que esse
12 Esse procedimento é muito comum, a fim de evitar prazo pode ser dobrado.
17 Intimação é o comunicado inicial e oficial expedido pe-
protelações ou para evitar exposições públicas de autori-
dades de nível inferior. la Administração, para que as pessoas interessadas to-
13 Nesse caso o acusado responderá a processo admi- mem conhecimento de que tramita processo de seu inte-
nistrativo nos termos da Lei nº 8.112/90. resse.
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Conhecimentos Específicos
I - identificação do intimado e nome do órgão ou pública20 para manifestação de terceiros, antes da deci-
entidade administrativa; são do pedido, se não houver prejuízo para a parte inte-
II - finalidade da intimação; ressada.
III - data, hora e local em que deve comparecer; § 1o A abertura da consulta pública será objeto de
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas fí-
ou fazer-se representar; sicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se
V - informação da continuidade do processo inde- prazo para oferecimento de alegações escritas.
pendentemente do seu comparecimento; § 2o O comparecimento à consulta pública não con-
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais perti- fere, por si, a condição de interessado do processo, mas
nentes. confere o direito de obter da Administração resposta
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima fundamentada, que poderá ser comum a todas as alega-
de três dias úteis quanto à data de comparecimento. ções substancialmente iguais.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da au-
processo, por via postal com aviso de recebimento, por toridade, diante da relevância da questão, poderá ser
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciên- realizada audiência pública21 para debates sobre a ma-
cia do interessado. téria do processo.
§ 4o No caso de interessados indeterminados, des- Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em
conhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação de- matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de
ve ser efetuada por meio de publicação oficial. participação de administrados, diretamente ou por meio
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem de organizações e associações legalmente reconhecidas.
observância das prescrições legais, mas o compareci- Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pú-
mento do administrado supre sua falta ou irregularida- blica e de outros meios de participação de administra-
de. dos deverão ser apresentados com a indicação do pro-
Art. 27. O desatendimento da intimação não impor- cedimento adotado.
ta o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renún- Art. 35. Quando necessária à instrução do proces-
cia a direito pelo administrado18. so, a audiência de outros órgãos ou entidades adminis-
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, trativas poderá ser realizada em reunião conjunta22,
será garantido direito de ampla defesa ao interessado. com a participação de titulares ou representantes dos
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser
processo que resultem para o interessado em imposição juntada aos autos.
de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que
direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu tenha alegado23, sem prejuízo do dever atribuído ao ór-
interesse. gão competente para a instrução e do disposto no art. 37
desta Lei.
CAPÍTULO X
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e
DA INSTRUÇÃO
dados estão registrados em documentos existentes na
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a
própria Administração responsável pelo processo ou em
averiguar e comprovar os dados necessários à tomada
outro órgão administrativo, o órgão competente para a
de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão19
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos
do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do di-
ou das respectivas cópias.
reito dos interessados de propor atuações probatórias.
§ 1o O órgão competente para a instrução fará Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e
constar dos autos os dados necessários à decisão do antes da tomada da decisão, juntar documentos e pare-
processo. ceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos alegações referentes à matéria objeto do processo.
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser conside-
para estes.
rados na motivação do relatório e da decisão.
Art. 30. São inadmissíveis no processo administra-
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante de-
tivo as provas obtidas por meios ilícitos.
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver as- cisão fundamentada, as provas propostas pelos interes-
sunto de interesse geral, o órgão competente poderá,
mediante despacho motivado, abrir período de consulta
20 A consulta pública só ocorre quando se tratar de as-
sunto de interesse geral da coletividade e é ato discricio-
nário do órgão público. Diferente, portanto da audiência
18 Diferentemente do processo civil, o desatendimento da pública.
21 A convocação de audiência pública é ato discricionário
intimação não implica em confissão, revelia ou preclu-
são. da autoridade pública.
19 No processo civil em geral vigora o princípio da inér- 22 Ocorre, v.g. quando o assunto envolver ao mesmo

cia, em que o juiz só atua quando provocado. No proces- tempo atribuições afetas à ANVISA, a ANS, a ANAC, etc.
23 Aqui o ônus da prova é de quem alega, de quem de-
so administrativo não vigora tal princípio. Ao contrário, a
impulsão processual na fase instrutória do processo ad- nuncia, salvo a possibilidade de impulsão de ofício ou
ministrativo é regra. nos termos do art. 37.
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Conhecimentos Específicos
sados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessá- Art. 46. Os interessados têm direito à vista do pro-
rias ou protelatórias24. cesso e a obter certidões ou cópias reprográficas dos
Art. 39. Quando for necessária a prestação de in- dados e documentos que o integram, ressalvados os da-
formações ou a apresentação de provas pelos interessa- dos e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou
dos ou terceiros, serão expedidas intimações para esse pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de Art. 47. O órgão de instrução que não for compe-
atendimento. tente para emitir a decisão final elaborará relatório in-
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, dicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do proce-
poderá o órgão competente, se entender relevante a ma- dimento e formulará proposta de decisão, objetivamente
téria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de justificada, encaminhando o processo à autoridade
proferir a decisão. competente.
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos so-
licitados ao interessado forem necessários à apreciação CAPÍTULO XI
de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado DO DEVER DE DECIDIR
pela Administração para a respectiva apresentação im- Art. 48. A Administração tem o dever de explicita-
plicará arquivamento do processo. mente emitir decisão nos processos administrativos e
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua
ou diligência ordenada, com antecedência mínima de competência.
três dias úteis25, mencionando-se data, hora e local de Art. 49. Concluída a instrução de processo adminis-
realização. trativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido para decidir28, salvo prorrogação por igual período ex-
um órgão consultivo26, o parecer deverá ser emitido no pressamente motivada.
prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou
comprovada necessidade de maior prazo. CAPÍTULO XI-A
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar DA DECISÃO COORDENADA
de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá se- (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
guimento até a respectiva apresentação, responsabili- Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública fe-
zando-se quem der causa ao atraso. deral, as decisões administrativas que exijam a partici-
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante pação de 3 (três) ou mais setores, órgãos ou entidades
deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá poderão ser tomadas mediante decisão coordenada,
ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem sempre que: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no aten- I - for justificável pela relevância da matéria; e (In-
dimento. cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo II - houver discordância que prejudique a celerida-
devam ser previamente obtidos laudos técnicos de ór- de do processo administrativo decisório. (Incluído pela
gãos administrativos e estes não cumprirem o encargo Lei nº 14.210, de 2021)
no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução § 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão
deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de coordenada a instância de natureza interinstitucional ou
qualificação e capacidade técnica equivalentes. intersetorial que atua de forma compartilhada com a fi-
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o nalidade de simplificar o processo administrativo medi-
direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias27, ante participação concomitante de todas as autoridades
salvo se outro prazo for legalmente fixado. e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a
Pública poderá motivadamente adotar providências compatibilidade do procedimento e de sua formalização
acauteladoras sem a prévia manifestação do interessa- com a legislação pertinente. (Incluído pela Lei nº
do. 14.210, de 2021)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de
2021)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de
24 Vigora no âmbito do processo administrativo o princí- 2021)
pio do devido processo legal, que não admite provas que § 4º A decisão coordenada não exclui a responsabi-
atentem contra o ordenamento jurídico. lidade originária de cada órgão ou autoridade envolvi-
25 Note-se que o prazo de três dias destina-se ao aten-
da. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
dimento de intimações, que não pode ser confundido
com o prazo de cinco dias para a prática de atos internos § 5º A decisão coordenada obedecerá aos princí-
pelo agente público encarregado do processo administra- pios da legalidade, da eficiência e da transparência,
tivo. com utilização, sempre que necessário, da simplificação
26 O órgão consultivo tem 15 dias para emitir parecer. Se do procedimento e da concentração das instâncias deci-
o parecer for previsto em lei, aplicam-se as disposições sórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
do § 1º, aguardando-se o mesmo; se não for previsto em
lei, mas ainda assim obrigatório, o processo não se inter-
romperá, nos termos do § 2º.
27 Mais um prazo a ser memorizado: dez dias, mas para 28Outro prazo importante, o de trinta dias, destinado à
manifestação final do interessado. autoridade, para decidir sobre o processo.
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Conhecimentos Específicos
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos pro- § 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementa-
cessos administrativos: (Incluído pela Lei nº 14.210, de da a fundamentação da decisão da autoridade ou do agente
2021) a respeito de matéria de competência do órgão ou da enti-
I - de licitação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de dade representada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
2021) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluí- § 3º A ata será publicada por extrato no Diário Ofici-
do pela Lei nº 14.210, de 2021) al da União, do qual deverão constar, além do registro re-
III - em que estejam envolvidas autoridades de Po- ferido no inciso IV do caput deste artigo, os dados identifi-
cadores da decisão coordenada e o órgão e o local em que
deres distintos. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
se encontra a ata em seu inteiro teor, para conhecimento
Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da de-
dos interessados. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
cisão coordenada, na qualidade de ouvintes, os interes-
sados de que trata o art. 9º desta Lei. (Incluído pela Lei
CAPÍTULO XII
nº 14.210, de 2021)
DA MOTIVAÇÃO
Parágrafo único. A participação na reunião, que
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser moti-
poderá incluir direito a voz, será deferida por decisão
vados29, com indicação dos fatos e dos fundamentos ju-
irrecorrível da autoridade responsável pela convocação
rídicos, quando:
da decisão coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interes-
2021)
ses;
Art. 49-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210,
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
de 2021)
sanções;
Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada
III - decidam processos administrativos de concur-
deverão ser intimados na forma do art. 26 desta Lei. (In-
so ou seleção pública;
cluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é
processo licitatório;
responsável pela elaboração de documento específico
V - decidam recursos administrativos;
sobre o tema atinente à respectiva competência, a fim de
VI - decorram de reexame de ofício;
subsidiar os trabalhos e integrar o processo da decisão
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada so-
coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
bre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro-
Parágrafo único. O documento previsto
postas e relatórios oficiais;
no caput deste artigo abordará a questão objeto da de-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
cisão coordenada e eventuais precedentes. (Incluído pela
convalidação de ato administrativo.
Lei nº 14.210, de 2021)
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congru-
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto
ente, podendo consistir em declaração de concordância
da decisão coordenada deverá ser manifestado durante
com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
as reuniões, de forma fundamentada, acompanhado das
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte inte-
propostas de solução e de alteração necessárias para a
grante do ato.
resolução da questão. (Incluído pela Lei nº 14.210, de
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natu-
2021)
reza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria
fundamentos das decisões, desde que não prejudique di-
estranha ao objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº
reito ou garantia dos interessados.
14.210, de 2021)
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados
Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão
e comissões ou de decisões orais constará da respectiva
coordenada será consolidada em ata, que conterá as se-
ata ou de termo escrito.
guintes informações: (Incluído pela Lei nº 14.210, de
2021)
CAPÍTULO XIII
I - relato sobre os itens da pauta; (Incluído pela Lei
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS
nº 14.210, de 2021)
DE EXTINÇÃO DO PROCESSO
II - síntese dos fundamentos aduzidos; (Incluído pe-
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifesta-
la Lei nº 14.210, de 2021)
ção escrita, desistir total ou parcialmente do pedido
III - síntese das teses pertinentes ao objeto da con-
formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis30.
vocação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou
IV - registro das orientações, das diretrizes, das so-
renúncia atinge somente quem a tenha formulado.
luções ou das propostas de atos governamentais relati-
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, con-
vos ao objeto da convocação; (Incluído pela Lei nº
forme o caso, não prejudica o prosseguimento do pro-
14.210, de 2021)
cesso, se a Administração considerar que o interesse
V - posicionamento dos participantes para subsidi-
público assim o exige.
ar futura atuação governamental em matéria idêntica ou
similar; e (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
29
VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à O princípio da motivação dos atos decorre do princípio
matéria sujeita à sua competência. (Incluído pela Lei nº da segurança jurídica e da transparência.
30 Ainda que o interessado desista ou renuncie ao direito
14.210, de 2021)
deduzido nos autos do processo, a Administração poderá
dar continuidade, ante o interesse público manifesto.
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Conhecimentos Específicos
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extin- Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso
to o processo quando exaurida sua finalidade ou o obje- administrativo:
to da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado I - os titulares de direitos e interesses que forem
por fato superveniente. parte no processo;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indi-
CAPÍTULO XIV retamente afetados pela decisão recorrida;
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E III - as organizações e associações representativas,
CONVALIDAÇÃO no tocante a direitos e interesses coletivos;
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode re- ou interesses difusos.
vogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez
respeitados os direitos adquiridos. dias o prazo para interposição de recurso administrati-
Art. 54. O direito da Administração de anular os vo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis decisão recorrida.
para os destinatários decai em cinco anos31, contados da § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o re-
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. curso administrativo deverá ser decidido no prazo má-
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o ximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos
prazo de decadência contar-se-á da percepção do pri- pelo órgão competente.
meiro pagamento. § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular poderá ser prorrogado por igual período, ante justifica-
qualquer medida de autoridade administrativa que im- tiva explícita.
porte impugnação à validade do ato. Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de reque-
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acar- rimento no qual o recorrente deverá expor os fundamen-
retarem lesão ao interesse público nem prejuízo a tercei- tos do pedido de reexame, podendo juntar os documen-
ros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis 32 pode- tos que julgar convenientes.
rão ser convalidados pela própria Administração. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o re-
curso não tem efeito suspensivo.
CAPÍTULO XV Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo
DO RECURSO ADMINISTRATIVO de difícil ou incerta reparação decorrente da execução,
E DA REVISÃO a autoridade recorrida ou a imediatamente superior po-
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recur- derá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao re-
so33, em face de razões de legalidade e de mérito. curso.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que pro- Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente
feriu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo para dele conhecer deverá intimar os demais interessa-
de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. dos para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recur- alegações.
so administrativo independe de caução34. Art. 63. O recurso não será conhecido36 quando in-
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão adminis- terposto:
trativa contraria enunciado da súmula vinculante, cabe- I - fora do prazo;
rá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não II - perante órgão incompetente;
a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recur- III - por quem não seja legitimado;
so à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou IV - após exaurida37 a esfera administrativa.
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao re-
pela Lei nº 11.417, de 2006). corrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no má- prazo para recurso.
ximo por três instâncias administrativas35, salvo disposi- § 2o O não conhecimento do recurso não impede a
ção legal diversa. Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que
não ocorrida preclusão administrativa.
31 O prazo decadencial é de cinco anos, mas é imprescri- Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso
tível quando praticado por comprovada má-fé. poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
32 Atos que contenham defeitos que possam ser sana-
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de
dos, se sujeitam à convalidação, ou seja, podem ser re- sua competência.
conhecidos como eficazes.
33 Uma vez proferida a decisão é cabível a interposição

de recurso, que será examinado em cinco dias pela auto-


ridade. Esta poderá reconsiderar ou encaminhar à auto- processo, no caso da Lei nº 8.794/99, o limite é de três
ridade superior, para exame do recurso. instâncias administrativas
34 Ao contrário do processo civil, não se exige preparo, 36 Recurso não conhecido é aquele que não preenche os

ou seja, recolhimento de custas ou emolumentos. No ca- pressupostos de admissibilidade. O que não impede a
so, a expressão utilizada é caução, que uma espécie de autoridade de rever o ato tido por ilegal.
37 Exaurida é esgotada. Ex. Quando a terceira instância
depósito. Portanto, inexigível no caso da interposição de
recurso. administrativa decidir o recurso e o interessado interpu-
35 Diferentemente do processo disciplinar, em que não ser mais um recurso. Ele seque será conhecido, ou seja,
há limites de instâncias para tramitação do recurso no não será examinado.
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Conhecimentos Específicos
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste tirão em obrigação de fazer ou de não fazer44, assegura-
artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, do sempre o direito de defesa.
este deverá ser cientificado para que formule suas ale-
gações antes da decisão. CAPÍTULO XVIII
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
enunciado da súmula vinculante, o órgão competente Art. 69. Os processos administrativos específicos
para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabi- continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes
lidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Fede- qualquer órgão ou instância, os procedimentos adminis-
ral a reclamação38 fundada em violação de enunciado trativos em que figure como parte ou interessado: (In-
da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade pro- cluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
latora e ao órgão competente para o julgamento do re- I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessen-
curso, que deverão adequar as futuras decisões adminis- ta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
trativas em casos semelhantes, sob pena de responsabili- II - pessoa portadora de deficiência, física ou men-
zação pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. tal; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
(Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de
Art. 65. Os processos administrativos de que resul-
2009).
tem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou cir- IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclero-
cunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inade- se múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia ir-
quação da sanção aplicada. reversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parágrafo único. Da revisão39 do processo não po- Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
derá resultar agravamento da sanção. grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença
de Paget (osteíte deformante), contaminação por radia-
CAPÍTULO XVI ção, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra
DOS PRAZOS doença grave, com base em conclusão da medicina espe-
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da cializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após
data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o o início do processo. (Incluído pela Lei nº 12.008, de
dia do começo e incluindo-se o do vencimento40. 2009).
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primei-
ro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que § 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício,
não houver expediente ou este for encerrado antes da juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à au-
toridade administrativa competente, que determinará as
hora normal.
providências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de mo-
12.008, de 2009).
do contínuo.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se § 2o Deferida a prioridade, os autos receberão iden-
de data a data. Se no mês do vencimento não houver o tificação própria que evidencie o regime de tramitação
dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como prioritária. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
termo o último dia do mês41.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de
comprovado, os prazos processuais não se suspendem. 2009).
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de
CAPÍTULO XVII 2009).
DAS SANÇÕES
Art. 68. As sanções42, a serem aplicadas por autori- Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
dade competente, terão natureza pecuniária43 ou consis- blicação.
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independên-
cia e 111o da República.
38 A reclamação é um procedimento judicial. Se uma au- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
toridade administrativa praticar atos contrários a alguma
Renan Calheiros
súmula vinculante do STF, basta apresentar perante a
referida corte de justiça uma reclamação, para que o di- Paulo Paiva
reito seja prontamente restabelecido.
39 Após a fase recursal e ultrapassados os prazos finais,

o interessado pode pedir a revisão do processo.


40 A regra da contagem dos prazos administrativos segue

a mesma orientação do Código de Processo Civil. Assim,


43
se a ciência do ato se deu no dia 13, conta-se o prazo a As sanções pecuniárias obrigam o apenado a pagar
partir do dia 14. quantia em dinheiro fixada na penalidade, devidamente
41 Ocorre quanto aos meses de fevereiro e nos demais recolhida ao Tesouro Nacional.
44 As obrigações de fazer consistem na imposição de
meses com 30 dias, uma vez o prazo iniciado no dia 31.
42 Sanções são penalidades a serem aplicadas ao infra- uma conduta; ao contrário, a de não fazer, obriga a pes-
tor da norma. soa apenada a se abster de fazer alguma coisa.
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Conhecimentos Específicos
23.2. POLÍTICA NACIONAL DE ARQUIVOS § 1º - Consideram-se documentos correntes aqueles
PÚBLICOS E PRIVADOS (LEI 8.159/1991) em curso ou que, mesmo sem movimentação, constituam
objeto de consultas frequentes.
Dispõe sobre a política nacional de arqui- § 2º - Consideram-se documentos intermediários
vos públicos e privados e dá outras provi- aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos pro-
dências. dutores, por razões de interesse administrativo, aguar-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber dam a sua eliminação ou recolhimento para guarda per-
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- manente.
guinte Lei: § 3º - Consideram-se permanentes os conjuntos de
documentos de valor histórico, probatório e informativo
CAPÍTULO I que devem ser definitivamente preservados.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 9º - A eliminação de documentos produzidos
Art. 1º - É dever do Poder Público a gestão docu- por instituições públicas e de caráter público será reali-
mental e a proteção especial a documentos de arquivos, zada mediante autorização da instituição arquivística pú-
como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao blica, na sua específica esfera de competência.
desenvolvimento científico e como elementos de prova e Art. 10º - Os documentos de valor permanente são
informação. inalienáveis e imprescritíveis.
Art. 2º - Consideram-se arquivos, para os fins desta
Lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos CAPÍTULO III
por órgãos públicos, instituições de caráter público e en- DOS ARQUIVOS PRIVADOS
tidades privadas, em decorrência do exercício de ativida- Art. 11 - Consideram-se arquivos privados os con-
des específicas, bem como por pessoa física, qualquer juntos de documentos produzidos ou recebidos por pes-
que seja o suporte da informação ou a natureza dos do- soas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas ativida-
cumentos. des. Regulamento
Art. 3º - Considera-se gestão de documentos o con- Art. 12 - Os arquivos privados podem ser identifi-
junto de procedimentos e operações técnicas referentes à cados pelo Poder Público como de interesse público e
sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento social, desde que sejam considerados como conjuntos de
em fase corrente e intermediária, visando a sua elimina- fontes relevantes para a história e desenvolvimento cien-
ção ou recolhimento para guarda permanente. tífico nacional. Regulamento
Art. 4º - Todos têm direito a receber dos órgãos pú- Art. 13 - Os arquivos privados identificados como
blicos informações de seu interesse particular ou de inte- de interesse público e social não poderão ser alienados
resse coletivo ou geral, contidas em documentos de ar- com dispersão ou perda da unidade documental, nem
quivos, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de transferidos para o exterior. Regulamento
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujos sigilo seja Parágrafo único - Na alienação desses arquivos o
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, Poder Público exercerá preferência na aquisição.
bem como à inviolabilidade da intimidade, da vida pri- Art. 14 - O acesso aos documentos de arquivos pri-
vada, da honra e da imagem das pessoas. vados identificados como de interesse público e social
Art. 5º - A Administração Pública franqueará a con- poderá ser franqueado mediante autorização de seu pro-
sulta aos documentos públicos na forma desta Lei. prietário ou possuidor. Regulamento
Art. 6º - Fica resguardado o direito de indenização Art. 15 - Os arquivos privados identificados como
pelo dano material ou moral decorrente da violação do si- de interesse público e social poderão ser depositados a tí-
gilo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa. tulo revogável, ou doados a instituições arquivísticas pú-
blicas. Regulamento
CAPÍTULO II Art. 16 - Os registros civis de arquivos de entidades
DOS ARQUIVOS PÚBLICOS religiosas produzidos anteriormente à vigência do Códi-
Art. 7º - Os arquivos públicos são os conjuntos de go Civil ficam identificados como de interesse público e
documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas social. Regulamento
atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, esta-
dual, do Distrito Federal e municipal em decorrência de CAPÍTULO IV
suas funções administrativas, legislativas e judiciárias. DA ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE
Regulamento INSTITUIÇÕES ARQUIVÍSTICAS PÚBLICAS
§ 1º - São também públicos os conjuntos de docu- Art. 17 - A administração da documentação pública
mentos produzidos e recebidos por instituições de caráter ou de caráter público compete às instituições arquivísti-
público, por entidades privadas encarregadas da gestão cas federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais.
de serviços públicos no exercício de suas atividades. § 1º - São Arquivos Federais o Arquivo Nacional os
§ 2º - A cessação de atividades de instituições pú- do Poder Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e
blicas e de caráter público implica o recolhimento de sua do Poder Judiciário. São considerados, também, do Po-
documentação à instituição arquivística pública ou a sua der Executivo os arquivos do Ministério da Marinha, do
transferência à instituição sucessora. Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do
Art. 8º - Os documentos públicos são identificados Exército e do Ministério da Aeronáutica.
como correntes, intermediários e permanentes.

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Conhecimentos Específicos
§ 2º - São Arquivos Estaduais os arquivos do Poder Art. 27 - Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
Executivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do blicação.
Poder Judiciário. Art. 28 - Revogam-se as disposições em contrário.
§ 3º - São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do Brasília, 8 de janeiro de 1991; 170º da Independên-
Poder Executivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o ar- cia e 103º da República.
quivo do Poder Judiciário. FERNANDO COLLOR
§ 4º - São Arquivos Municipais o arquivo do Poder Jarbas Passarinho
Executivo e o arquivo do Poder Legislativo.
§ 5º - Os arquivos públicos dos Territórios são or- 23.3. USO DO MEIO ELETRÔNICO PARA A
ganizados de acordo com sua estrutura político-jurídica. REALIZAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATI-
Art. 18 - Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o VO (DECRETO 8.539/2015)
recolhimento dos documentos produzidos e recebidos
pelo Poder Executivo Federal, bem como preservar e fa- Dispõe sobre o uso do meio eletrônico para
cultar o acesso aos documentos sob sua guarda, e acom- a realização do processo administrativo no
panhar e implementar a política nacional de arquivos. âmbito dos órgãos e das entidades da ad-
Parágrafo único - Para o pleno exercício de suas ministração pública federal direta, autár-
funções, o Arquivo Nacional poderá criar unidades regi- quica e fundacional.
onais. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das
Art. 19 - Competem aos arquivos do Poder Legisla- atribuições que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV e
tivo Federal a gestão e o recolhimento dos documentos inciso VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o
produzidos e recebidos pelo Poder Legislativo Federal disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, na
no exercício das suas funções, bem como preservar e fa- Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001,
cultar o acesso aos documentos sob sua guarda. na Lei nº 12.682, de 9 de julho de 2012,
Art. 20 - Competem aos arquivos do Poder Judiciá-
rio Federal a gestão e o recolhimento dos documentos DECRETA:
produzidos e recebidos pelo Poder Judiciário Federal no Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o uso do meio ele-
exercício de suas funções, tramitados em juízo e oriun-
trônico para a realização do processo administrativo no
dos de cartórios e secretarias, bem como preservar e fa-
âmbito dos órgãos e das entidades da administração pú-
cultar o acesso aos documentos sob sua guarda.
blica federal direta, autárquica e fundacional.
Art. 21 - Legislação estadual, do Distrito Federal e
Art. 2º Para o disposto neste Decreto, consideram-
municipal definirá os critérios de organização e vincula- se as seguintes definições:
ção dos arquivos estaduais e municipais, bem como a
I - documento - unidade de registro de informações,
gestão e o acesso aos documentos, observado o disposto
independentemente do formato, do suporte ou da nature-
na Constituição Federal e nesta Lei.
za;
II - documento digital - informação registrada, codi-
CAPÍTULO V ficada em dígitos binários, acessível e interpretável por
DO ACESSO E DO SIGILO DOS meio de sistema computacional, podendo ser:
DOCUMENTOS PÚBLICOS
a) documento nato-digital - documento criado ori-
Art. 22 - (Revogado pela Lei nº 12.527, de 2011)
ginariamente em meio eletrônico; ou
Art. - 23. (Revogado pela Lei nº 12.527, de 2011)
b) documento digitalizado - documento obtido a
Art. 24 - (Revogado pela Lei nº 12.527, de 2011)
partir da conversão de um documento não digital, geran-
Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 12.527, de do uma fiel representação em código digital; e
2011) III - processo administrativo eletrônico - aquele em
que os atos processuais são registrados e disponibiliza-
DISPOSIÇÕES FINAIS
dos em meio eletrônico.
Art. 25 - Ficará sujeito à responsabilidade penal, ci-
Art. 3º São objetivos deste Decreto:
vil e administrativa, na forma da legislação em vigor,
I - assegurar a eficiência, a eficácia e a efetividade
aquele que desfigurar ou destruir documentos de valor da ação governamental e promover a adequação entre
permanente ou considerado como de interesse público e meios, ações, impactos e resultados;
social.
II - promover a utilização de meios eletrônicos para
Art. 26 - Fica criado o Conselho Nacional de Ar-
a realização dos processos administrativos com seguran-
quivos (CONARQ), órgão vinculado ao Arquivo Nacio-
ça, transparência e economicidade;
nal, que definirá a política nacional de arquivos, como
III - ampliar a sustentabilidade ambiental com o uso
órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos (SI- da tecnologia da informação e da comunicação; e
NAR).
IV - facilitar o acesso do cidadão às instâncias ad-
§ 1º - O Conselho Nacional de Arquivos será presi-
ministrativas.
dido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e integrado
Art. 4º Para o atendimento ao disposto neste Decre-
por representantes de instituições arquivísticas e acadê-
to, os órgãos e as entidades da administração pública fe-
micas, públicas e privadas. deral direta, autárquica e fundacional utilizarão sistemas
§ 2º - A estrutura e funcionamento do conselho cri- informatizados para a gestão e o trâmite de processos
ado neste artigo serão estabelecidos em regulamento.
administrativos eletrônicos.

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Conhecimentos Específicos
Parágrafo único. Os sistemas a que se refere o caput responderá nos termos da legislação civil, penal e
deverão utilizar, preferencialmente, programas com có- administrativa por eventuais fraudes.
digo aberto e prover mecanismos para a verificação da § 2º Os documentos digitalizados enviados pelo in-
autoria e da integridade dos documentos em processos teressado terão valor de cópia simples.
administrativos eletrônicos. § 3º A apresentação do original do documento digi-
Art. 5º Nos processos administrativos eletrônicos, talizado será necessária quando a lei expressamente o
os atos processuais deverão ser realizados em meio ele- exigir ou nas hipóteses previstas nos art. 13 e art. 14.
trônico, exceto nas situações em que este procedimento Art. 12. A digitalização de documentos recebidos
for inviável ou em caso de indisponibilidade do meio ou produzidos no âmbito dos órgãos e das entidades da
eletrônico cujo prolongamento cause dano relevante à administração pública federal direta, autárquica e funda-
celeridade do processo. cional deverá ser acompanhada da conferência da inte-
Parágrafo único. No caso das exceções previstas no gridade do documento digitalizado.
caput, os atos processuais poderão ser praticados § 1º A conferência prevista no caput deverá regis-
segundo as regras aplicáveis aos processos em papel, trar se foi apresentado documento original, cópia auten-
desde que posteriormente o documento-base ticada em cartório, cópia autenticada administrativamen-
correspondente seja digitalizado, conforme procedimento te ou cópia simples.
previsto no art. 12. § 2º Os documentos resultantes da digitalização de
Art. 6º A autoria, a autenticidade e a integridade originais serão considerados cópia autenticada adminis-
dos documentos e da assinatura, nos processos adminis- trativamente, e os resultantes da digitalização de cópia
trativos eletrônicos, poderão ser obtidas por meio dos autenticada em cartório, de cópia autenticada administra-
padrões de assinatura eletrônica definidos no Decreto nº tivamente ou de cópia simples terão valor de cópia sim-
10.543, de 13 de novembro de 2020. (Redação dada pelo ples.
Decreto nº 10.543, de 2020) § 3º A administração poderá, conforme definido em
§ 1º (Revogado pelo Decreto nº 10.543, de 2020) ato de cada órgão ou entidade:
§ 2º (Revogado pelo Decreto nº 10.543, de 2020) I - proceder à digitalização imediata do documento
Art. 7º Os atos processuais em meio eletrônico con- apresentado e devolvê-lo imediatamente ao interessado;
sideram-se realizados no dia e na hora do recebimento II - determinar que a protocolização de documento
pelo sistema informatizado de gestão de processo admi- original seja acompanhada de cópia simples, hipótese em
nistrativo eletrônico do órgão ou da entidade, o qual de- que o protocolo atestará a conferência da cópia com o
verá fornecer recibo eletrônico de protocolo que os iden- original, devolverá o documento original imediatamente
tifique. ao interessado e descartará a cópia simples após a sua
§ 1º Quando o ato processual tiver que ser praticado digitalização; e
em determinado prazo, por meio eletrônico, serão consi- III - receber o documento em papel para posterior digi-
derados tempestivos os efetivados, salvo disposição em talização, considerando que:
contrário, até as vinte e três horas e cinquenta e nove mi- a) os documentos em papel recebidos que sejam origi-
nutos do último dia do prazo, no horário oficial de Brasí- nais ou cópias autenticadas em cartório devem ser devolvi-
lia. dos ao interessado, preferencialmente, ou ser mantidos sob
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º, se o sistema in- guarda do órgão ou da entidade, nos termos da sua tabela de
formatizado de gestão de processo administrativo eletrô- temporalidade e destinação; e
nico do órgão ou entidade se tornar indisponível por mo- b) os documentos em papel recebidos que sejam có-
pias autenticadas administrativamente ou cópias simples
tivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado
podem ser descartados após realizada a sua digitalização,
até as vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do
nos termos do caput e do § 1º.
primeiro dia útil seguinte ao da resolução do problema. § 4º Na hipótese de ser impossível ou inviável a digita-
Art. 8º O acesso à íntegra do processo para vista lização do documento recebido, este ficará sob guarda da
pessoal do interessado pode ocorrer por intermédio da administração e será admitido o trâmite do processo de
disponibilização de sistema informatizado de gestão a forma híbrida, conforme definido em ato de cada órgão ou
que se refere o art. 4º ou por acesso à cópia do documen- entidade.
to, preferencialmente, em meio eletrônico. Art. 13. Impugnada a integridade do documento
Art. 9º A classificação da informação quanto ao digitalizado, mediante alegação motivada e fundamentada
grau de sigilo e a possibilidade de limitação do acesso de adulteração, deverá ser instaurada diligência para a
aos servidores autorizados e aos interessados no proces- verificação do documento objeto de controvérsia.
so observarão os termos da Lei nº 12.527, de 18 de no- Art. 14. A administração poderá exigir, a seu
vembro de 2011, e das demais normas vigentes. critério, até que decaia o seu direito de rever os atos
Art. 10. Os documentos nato-digitais e assinados praticados no processo, a exibição do original de
eletronicamente na forma do art. 6º são considerados documento digitalizado no âmbito dos órgãos ou das
originais para todos os efeitos legais. entidades ou enviado eletronicamente pelo interessado.
Art. 11. O interessado poderá enviar Art. 15. Deverão ser associados elementos descriti-
eletronicamente documentos digitais para juntada aos vos aos documentos digitais que integram processos ele-
autos. trônicos, a fim de apoiar sua identificação, sua indexa-
§ 1º O teor e a integridade dos documentos ção, sua presunção de autenticidade, sua preservação e
digitalizados são de responsabilidade do interessado, que sua interoperabilidade.

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Conhecimentos Específicos
Art. 16. Os documentos que integram os processos § 1º O uso do meio eletrônico para a realização de
administrativos eletrônicos deverão ser classificados e processo administrativo deverá estar implementado no
avaliados de acordo com o plano de classificação e a ta- prazo de dois anos, contado da data de publicação deste
bela de temporalidade e destinação adotados no órgão ou Decreto.
na entidade, conforme a legislação arquivística em vigor. § 2º Os órgãos e as entidades de que tratam o caput
§ 1º A eliminação de documentos digitais deve se- que já utilizam processo administrativo eletrônico deve-
guir as diretrizes previstas na legislação. rão adaptar-se ao disposto neste Decreto no prazo de três
§ 2º Os documentos digitais e processos administra- anos, contado da data de sua publicação.
tivos eletrônicos cuja atividade já tenha sido encerrada e Art. 23. Este Decreto entra em vigor na data de sua
que estejam aguardando o cumprimento dos prazos de publicação.
guarda e destinação final poderão ser transferidos para Brasília, 8 de outubro de 2015; 194º da Indepen-
uma área de armazenamento específica, sob controle do dência e 127º da República.
órgão ou da entidade que os produziu, a fim de garantir a DILMA ROUSSEFF
preservação, a segurança e o acesso pelo tempo necessá- José Eduardo Cardozo
rio. Nelson Barbosa
Art. 17. A definição dos formatos de arquivo dos
documentos digitais deverá obedecer às políticas e dire-
trizes estabelecidas nos Padrões de Interoperabilidade de 23.4. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LEI
Governo Eletrônico - ePING e oferecer as melhores ex- 12.527/2011)
pectativas de garantia com relação ao acesso e à preser- Regula o acesso a informações previsto no
vação. inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º
Parágrafo único. Para os casos ainda não contem- do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Consti-
plados nos padrões mencionados no caput, deverão ser tuição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11
adotados formatos interoperáveis, abertos, independentes de dezembro de 1990; revoga a Lei nº
de plataforma tecnológica e amplamente utilizados. 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos
Art. 18. Os órgãos ou as entidades deverão estabe- da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e
lecer políticas, estratégias e ações que garantam a pre- dá outras providências.
servação de longo prazo, o acesso e o uso contínuo dos
documentos digitais. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber
Parágrafo único. O estabelecido no caput deverá que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
prever, no mínimo: guinte Lei:
I - proteção contra a deterioração e a obsolescência
de equipamentos e programas; e CAPÍTULO I
II - mecanismos para garantir a autenticidade, a in- DISPOSIÇÕES GERAIS
tegridade e a legibilidade dos documentos eletrônicos ou Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a se-
digitais. rem observados pela União, Estados, Distrito Federal e
Art. 19. A guarda dos documentos digitais e proces- Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações
sos administrativos eletrônicos considerados de valor previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º
permanente deverá estar de acordo com as normas pre- do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.
vistas pela instituição arquivística pública responsável Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta
por sua custódia, incluindo a compatibilidade de suporte Lei:
e de formato, a documentação técnica necessária para in- I - os órgãos públicos integrantes da administração
terpretar o documento e os instrumentos que permitam a direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as
sua identificação e o controle no momento de seu reco- Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
lhimento. II - as autarquias, as fundações públicas, as empre-
Art. 20. Para os processos administrativos eletrôni- sas públicas, as sociedades de economia mista e demais
cos regidos por este Decreto, deverá ser observado o entidades controladas direta ou indiretamente pela Uni-
prazo definido em lei para a manifestação dos interessa- ão, Estados, Distrito Federal e Municípios.
dos e para a decisão do administrador. Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
Art. 21. O Ministério do Planejamento, Orçamento couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que re-
e Gestão, o Ministério da Justiça e a Casa Civil da cebam, para realização de ações de interesse público, re-
Presidência da República editarão, conjuntamente, cursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
normas complementares a este Decreto. subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parce-
Art. 22. No prazo de seis meses, contado da data de ria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos
publicação deste Decreto, os órgãos e as entidades da congêneres.
administração pública federal direta, autárquica e funda- Parágrafo único. A publicidade a que estão subme-
cional deverão apresentar cronograma de implementação tidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela
do uso do meio eletrônico para a realização do processo dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem
administrativo à Secretaria de Logística e Tecnologia da prejuízo das prestações de contas a que estejam legal-
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e mente obrigadas.
Gestão. Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei desti-
nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à in-

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divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Conhecimentos Específicos
formação e devem ser executados em conformidade com Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei
os princípios básicos da administração pública e com as compreende, entre outros, os direitos de obter:
seguintes diretrizes: I - orientação sobre os procedimentos para a conse-
I - observância da publicidade como preceito geral e cução de acesso, bem como sobre o local onde poderá
do sigilo como exceção; ser encontrada ou obtida a informação almejada;
II - divulgação de informações de interesse público, II - informação contida em registros ou documen-
independentemente de solicitações; tos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti-
III - utilização de meios de comunicação viabiliza- dades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
dos pela tecnologia da informação; III - informação produzida ou custodiada por pessoa
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo
transparência na administração pública; com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo
V - desenvolvimento do controle social da adminis- já tenha cessado;
tração pública. IV - informação primária, íntegra, autêntica e atua-
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se: lizada;
I - informação: dados, processados ou não, que po- V - informação sobre atividades exercidas pelos ór-
dem ser utilizados para produção e transmissão de co- gãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, or-
nhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou for- ganização e serviços;
mato; VI - informação pertinente à administração do pa-
II - documento: unidade de registro de informações, trimônio público, utilização de recursos públicos, licita-
qualquer que seja o suporte ou formato; ção, contratos administrativos; e
III - informação sigilosa: aquela submetida tempo- VII - informação relativa:
rariamente à restrição de acesso público em razão de sua a) à implementação, acompanhamento e resultados
imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades
Estado; públicas, bem como metas e indicadores propostos;
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pes- b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e
soa natural identificada ou identificável; tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle inter-
V - tratamento da informação: conjunto de ações re- no e externo, incluindo prestações de contas relativas a
ferentes à produção, recepção, classificação, utilização, exercícios anteriores.
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, 2022)
destinação ou controle da informação; § 1º O acesso à informação previsto no caput não
VI - disponibilidade: qualidade da informação que compreende as informações referentes a projetos de pesqui-
sa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipa-
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
mentos ou sistemas autorizados;
§ 2º Quando não for autorizado acesso integral à in-
VII - autenticidade: qualidade da informação que formação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o
tenha sido produzida, expedida, recebida ou modificada acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou
por determinado indivíduo, equipamento ou sistema; cópia com ocultação da parte sob sigilo.
VIII - integridade: qualidade da informação não § 3º O direito de acesso aos documentos ou às infor-
modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e desti- mações neles contidas utilizados como fundamento da to-
no; mada de decisão e do ato administrativo será assegurado
IX - primariedade: qualidade da informação coleta- com a edição do ato decisório respectivo.
da na fonte, com o máximo de detalhamento possível,
§ 4º A negativa de acesso às informações objeto de
sem modificações.
pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de aces-
, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medi-
so à informação, que será franqueada, mediante proce-
das disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.
dimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e
em linguagem de fácil compreensão. § 5º Informado do extravio da informação solicitada,
poderá o interessado requerer à autoridade competente a
CAPÍTULO II imediata abertura de sindicância para apurar o desapareci-
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DI- mento da respectiva documentação.
VULGAÇÃO § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste ar-
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder públi- tigo, o responsável pela guarda da informação extraviada
co, observadas as normas e procedimentos específicos deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indi-
aplicáveis, assegurar a: car testemunhas que comprovem sua alegação.
I - gestão transparente da informação, propiciando
amplo acesso a ela e sua divulgação; Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas
II - proteção da informação, garantindo-se sua dis- promover, independentemente de requerimentos, a di-
ponibilidade, autenticidade e integridade; e vulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas
III - proteção da informação sigilosa e da informa- competências, de informações de interesse coletivo ou
ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autentici- geral por eles produzidas ou custodiadas.
dade, integridade e eventual restrição de acesso.

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Conhecimentos Específicos
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
o caput, deverão constar, no mínimo: informações;
I - registro das competências e estrutura organizaci- b) informar sobre a tramitação de documentos nas
onal, endereços e telefones das respectivas unidades e suas respectivas unidades;
horários de atendimento ao público; c) protocolizar documentos e requerimentos de
II - registros de quaisquer repasses ou transferências acesso a informações; e
de recursos financeiros; II - realização de audiências ou consultas públicas,
III - registros das despesas; incentivo à participação popular ou a outras formas de
IV - informações concernentes a procedimentos li- divulgação.
citatórios, inclusive os respectivos editais e resultados,
bem como a todos os contratos celebrados; CAPÍTULO III
V - dados gerais para o acompanhamento de pro- DO PROCEDIMENTO DE
gramas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e ACESSO À INFORMAÇÃO
VI - respostas a perguntas mais frequentes da socie- Seção I
dade. Do Pedido de Acesso
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os ór- Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pe-
gãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios dido de acesso a informações aos órgãos e entidades re-
e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obri- feridos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo,
gatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial devendo o pedido conter a identificação do requerente e
de computadores (internet). a especificação da informação requerida.
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma § 1º Para o acesso a informações de interesse públi-
de regulamento, atender, entre outros, aos seguintes re- co, a identificação do requerente não pode conter exi-
quisitos: gências que inviabilizem a solicitação.
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que § 2º Os órgãos e entidades do poder público devem
permita o acesso à informação de forma objetiva, trans- viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de
parente, clara e em linguagem de fácil compreensão; acesso por meio de seus sítios oficiais na internet.
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos
formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietá- motivos determinantes da solicitação de informações de
rios, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a interesse público.
análise das informações; Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autori-
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas zar ou conceder o acesso imediato à informação disponí-
externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por vel.
máquina; § 1º Não sendo possível conceder o acesso imedia-
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados pa- to, na forma disposta no caput, o órgão ou entidade que
ra estruturação da informação; receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20
V - garantir a autenticidade e a integridade das in- (vinte) dias:
formações disponíveis para acesso; I - comunicar a data, local e modo para se realizar a
VI - manter atualizadas as informações disponíveis consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
para acesso; II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa,
VII - indicar local e instruções que permitam ao in- total ou parcial, do acesso pretendido; ou
teressado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, III - comunicar que não possui a informação, indi-
com o órgão ou entidade detentora do sítio; e car, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse
acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, órgão ou entidade, cientificando o interessado da remes-
nos termos do art. 17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezem- sa de seu pedido de informação.
bro de 2000, e do art. 9º da Convenção sobre os Direitos § 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado
das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Le- por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa,
gislativo nº 186, de 9 de julho de 2008. da qual será cientificado o requerente.
§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das
(dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação informações e do cumprimento da legislação aplicável, o
obrigatória na internet a que se refere o § 2º , mantida a órgão ou entidade poderá oferecer meios para que o pró-
obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de infor- prio requerente possa pesquisar a informação de que ne-
mações relativas à execução orçamentária e financeira, cessitar.
nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com- § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tra-
plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Respon- tar de informação total ou parcialmente sigilosa, o reque-
sabilidade Fiscal). rente deverá ser informado sobre a possibilidade de re-
Art. 9º O acesso a informações públicas será asse- curso, prazos e condições para sua interposição, deven-
gurado mediante: do, ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente para
I - criação de serviço de informações ao cidadão, sua apreciação.
nos órgãos e entidades do poder público, em local com § 5º A informação armazenada em formato digital
condições apropriadas para: será fornecida nesse formato, caso haja anuência do re-
querente.

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Conhecimentos Específicos
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou ou-
ao público em formato impresso, eletrônico ou em qual- tros procedimentos previstos nesta Lei.
quer outro meio de acesso universal, serão informados ao § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá
requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual se ser dirigido à Controladoria-Geral da União depois de
poderá consultar, obter ou reproduzir a referida informa- submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade
ção, procedimento esse que desonerará o órgão ou enti- hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão
dade pública da obrigação de seu fornecimento direto, impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
salvo se o requerente declarar não dispor de meios para § 2º Verificada a procedência das razões do recurso,
realizar por si mesmo tais procedimentos. a Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de in- entidade que adote as providências necessárias para dar
formação é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, cumprimento ao disposto nesta Lei.
de 2021) (Vigência) § 3º Negado o acesso à informação pela Controla-
§ 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusi- doria-Geral da União, poderá ser interposto recurso à
vamente o valor necessário ao ressarcimento dos custos Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se
dos serviços e dos materiais utilizados, quando o serviço refere o art. 35.
de busca e de fornecimento da informação exigir repro- Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de
dução de documentos pelo órgão ou pela entidade públi- desclassificação de informação protocolado em órgão da
ca consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) administração pública federal, poderá o requerente recor-
(Vigência) rer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das com-
§ 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no petências da Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
§ 1º deste artigo aquele cuja situação econômica não lhe mações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá
família, declarada nos termos da Lei nº 7.115, de 29 de ser dirigido às autoridades mencionadas depois de sub-
agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) metido à apreciação de pelo menos uma autoridade hie-
(Vigência) rarquicamente superior à autoridade que exarou a deci-
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação são impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao res-
contida em documento cuja manipulação possa prejudi- pectivo Comando.
car sua integridade, deverá ser oferecida a consulta de § 2º Indeferido o recurso previsto no caput que te-
cópia, com certificação de que esta confere com o origi- nha como objeto a desclassificação de informação secre-
nal. ta ou ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de Reavaliação de Informações prevista no art. 35.
cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas expen- Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões
sas e sob supervisão de servidor público, a reprodução denegatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e
seja feita por outro meio que não ponha em risco a con- de revisão de classificação de documentos sigilosos se-
servação do documento original. rão objeto de regulamentação própria dos Poderes Legis-
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor lativo e Judiciário e do Ministério Público, em seus res-
de decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. pectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer
caso, o direito de ser informado sobre o andamento de
Seção II seu pedido.
Dos Recursos Art. 19. (VETADO).
Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a in- § 1º (VETADO).
formações ou às razões da negativa do acesso, poderá o § 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério
interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de Público informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao
10 (dez) dias a contar da sua ciência. Conselho Nacional do Ministério Público, respectiva-
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autorida- mente, as decisões que, em grau de recurso, negarem
de hierarquicamente superior à que exarou a decisão im- acesso a informações de interesse público.
pugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber,
dias. a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimen-
Art. 16. Negado o acesso à informação pelos órgãos to de que trata este Capítulo.
ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente
poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que de- CAPÍTULO IV
liberará no prazo de 5 (cinco) dias se: DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
I - o acesso à informação não classificada como si- Seção I
gilosa for negado; Disposições Gerais
II - a decisão de negativa de acesso à informação to- Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
tal ou parcialmente classificada como sigilosa não indi- necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
car a autoridade classificadora ou a hierarquicamente su- fundamentais.
perior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou Parágrafo único. As informações ou documentos
desclassificação; que versem sobre condutas que impliquem violação dos
III - os procedimentos de classificação de informa- direitos humanos praticada por agentes públicos ou a
ção sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido ob- mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de
servados; e restrição de acesso.

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divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Conhecimentos Específicos
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais § 5º Para a classificação da informação em determi-
hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as nado grau de sigilo, deverá ser observado o interesse pú-
hipóteses de segredo industrial decorrentes da explora- blico da informação e utilizado o critério menos restriti-
ção direta de atividade econômica pelo Estado ou por vo possível, considerados:
pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer I - a gravidade do risco ou dano à segurança da so-
vínculo com o poder público. ciedade e do Estado; e
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o
Seção II evento que defina seu termo final.
Da Classificação da Informação quanto
ao Grau e Prazos de Sigilo Seção III
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segu- Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
rança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a
classificação as informações cuja divulgação ou acesso divulgação de informações sigilosas produzidas por seus
irrestrito possam: órgãos e entidades, assegurando a sua proteção. (Regu-
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou lamento)
a integridade do território nacional; § 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de in-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de nego- formação classificada como sigilosa ficarão restritos a
ciações ou as relações internacionais do País, ou as que pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que se-
tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros jam devidamente credenciadas na forma do regulamento,
Estados e organismos internacionais; sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos autori-
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da zados por lei.
população; § 2º O acesso à informação classificada como sigi-
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, losa cria a obrigação para aquele que a obteve de res-
econômica ou monetária do País; guardar o sigilo.
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações § 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e
estratégicos das Forças Armadas; medidas a serem adotados para o tratamento de informa-
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesqui- ção sigilosa, de modo a protegê-la contra perda, altera-
sa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim ção indevida, acesso, transmissão e divulgação não auto-
como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse rizados.
estratégico nacional; Art. 26. As autoridades públicas adotarão as provi-
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de dências necessárias para que o pessoal a elas subordina-
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus famili- do hierarquicamente conheça as normas e observe as
ares; ou medidas e procedimentos de segurança para tratamento
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem de informações sigilosas.
como de investigação ou fiscalização em andamento, re- Parágrafo único. A pessoa física ou entidade priva-
lacionadas com a prevenção ou repressão de infrações. da que, em razão de qualquer vínculo com o poder públi-
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e enti- co, executar atividades de tratamento de informações si-
dades públicas, observado o seu teor e em razão de sua gilosas adotará as providências necessárias para que seus
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Es- empregados, prepostos ou representantes observem as
tado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta medidas e procedimentos de segurança das informações
ou reservada. resultantes da aplicação desta Lei.
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à in-
formação, conforme a classificação prevista no caput, Seção IV
vigoram a partir da data de sua produção e são os seguin- Dos Procedimentos de Classificação
tes: Reclassificação e Desclassificação
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; Art. 27. A classificação do sigilo de informações no
II - secreta: 15 (quinze) anos; e âmbito da administração pública federal é de competên-
III - reservada: 5 (cinco) anos. cia: (Regulamento)
§ 2º As informações que puderem colocar em risco I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autorida-
a segurança do Presidente e Vice-Presidente da Repúbli- des:
ca e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas a) Presidente da República;
como reservadas e ficarão sob sigilo até o término do b) Vice-Presidente da República;
mandato em exercício ou do último mandato, em caso de c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
reeleição. mas prerrogativas;
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º , d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
poderá ser estabelecida como termo final de restrição de ronáutica; e
acesso a ocorrência de determinado evento, desde que e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de clas- permanentes no exterior;
sificação. II - no grau de secreto, das autoridades referidas no
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou con- inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou empre-
sumado o evento que defina o seu termo final, a infor- sas públicas e sociedades de economia mista; e
mação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.

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Conhecimentos Específicos
III - no grau de reservado, das autoridades referidas § 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar
nos incisos I e II e das que exerçam funções de direção, da publicação prevista no caput para consulta pública
comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do em suas sedes.
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de hie- § 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a
rarquia equivalente, de acordo com regulamentação es- lista de informações classificadas, acompanhadas da da-
pecífica de cada órgão ou entidade, observado o disposto ta, do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.
nesta Lei.
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II, no Seção V
que se refere à classificação como ultrassecreta e secreta, Das Informações Pessoais
poderá ser delegada pela autoridade responsável a agente Art. 31. O tratamento das informações pessoais de-
público, inclusive em missão no exterior, vedada a sub- ve ser feito de forma transparente e com respeito à inti-
delegação. midade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem
§ 2º A classificação de informação no grau de sigilo como às liberdades e garantias individuais.
ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e § 1º As informações pessoais, a que se refere este
“e” do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e ima-
Ministros de Estado, no prazo previsto em regulamento. gem:
§ 3º A autoridade ou outro agente público que clas- I - terão seu acesso restrito, independentemente de
sificar informação como ultrassecreta deverá encaminhar classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem)
a decisão de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Re- anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos
avaliação de Informações, a que se refere o art. 35, no legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referi-
prazo previsto em regulamento. rem; e
Art. 28. A classificação de informação em qualquer II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso
grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que por terceiros diante de previsão legal ou consentimento
conterá, no mínimo, os seguintes elementos: expresso da pessoa a que elas se referirem.
I - assunto sobre o qual versa a informação; § 2º Aquele que obtiver acesso às informações de
II - fundamento da classificação, observados os cri- que trata este artigo será responsabilizado por seu uso
térios estabelecidos no art. 24; indevido.
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, § 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º
meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, não será exigido quando as informações forem necessá-
conforme limites previstos no art. 24; e rias:
IV - identificação da autoridade que a classificou. I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pes-
Parágrafo único. A decisão referida no caput será soa estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização
mantida no mesmo grau de sigilo da informação classifi- única e exclusivamente para o tratamento médico;
cada. II - à realização de estatísticas e pesquisas científi-
Art. 29. A classificação das informações será reava- cas de evidente interesse público ou geral, previstos em
liada pela autoridade classificadora ou por autoridade hi- lei, sendo vedada a identificação da pessoa a que as in-
erarquicamente superior, mediante provocação ou de ofí- formações se referirem;
cio, nos termos e prazos previstos em regulamento, com III - ao cumprimento de ordem judicial;
vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de si- IV - à defesa de direitos humanos; ou
gilo, observado o disposto no art. 24. (Regulamento) V - à proteção do interesse público e geral prepon-
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deverá derante.
considerar as peculiaridades das informações produzidas § 4º A restrição de acesso à informação relativa à
no exterior por autoridades ou agentes públicos. vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão invocada com o intuito de prejudicar processo de apura-
ser examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a ção de irregularidades em que o titular das informações
possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da di- estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a
vulgação da informação. recuperação de fatos históricos de maior relevância.
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da § 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos
informação, o novo prazo de restrição manterá como para tratamento de informação pessoal.
termo inicial a data da sua produção.
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou en- CAPÍTULO V
tidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na in- DAS RESPONSABILIDADES
ternet e destinado à veiculação de dados e informações Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam
administrativas, nos termos de regulamento: responsabilidade do agente público ou militar:
I - rol das informações que tenham sido desclassifi- I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
cadas nos últimos 12 (doze) meses; termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu forne-
II - rol de documentos classificados em cada grau cimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incor-
de sigilo, com identificação para referência futura; reta, incompleta ou imprecisa;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferi- truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou
dos, bem como informações genéricas sobre os solicitan- parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda
tes. ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do

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Conhecimentos Específicos
exercício das atribuições de cargo, emprego ou função vulgação não autorizada ou utilização indevida de infor-
pública; mações sigilosas ou informações pessoais, cabendo a
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita- apuração de responsabilidade funcional nos casos de do-
ções de acesso à informação; lo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à
permitir acesso indevido à informação sigilosa ou infor- pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vín-
mação pessoal; culo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, te-
V - impor sigilo à informação para obter proveito nha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato a tratamento indevido.
ilegal cometido por si ou por outrem;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com- CAPÍTULO VI
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a ou- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
trem, ou em prejuízo de terceiros; e Art. 35. (VETADO).
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu- § 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação
mentos concernentes a possíveis violações de direitos de Informações, que decidirá, no âmbito da administra-
humanos por parte de agentes do Estado. ção pública federal, sobre o tratamento e a classificação
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla de informações sigilosas e terá competência para:
defesa e do devido processo legal, as condutas descritas I - requisitar da autoridade que classificar informa-
no caput serão consideradas: ção como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou con-
I - para fins dos regulamentos disciplinares das For- teúdo, parcial ou integral da informação;
ças Armadas, transgressões militares médias ou graves, II - rever a classificação de informações ultrassecre-
segundo os critérios neles estabelecidos, desde que não tas ou secretas, de ofício ou mediante provocação de
tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou pessoa interessada, observado o disposto no art. 7º e de-
II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de mais dispositivos desta Lei; e
dezembro de 1990, e suas alterações, infrações adminis- III - prorrogar o prazo de sigilo de informação clas-
trativas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com sus- sificada como ultrassecreta, sempre por prazo determi-
pensão, segundo os critérios nela estabelecidos. nado, enquanto o seu acesso ou divulgação puder ocasi-
§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o mi- onar ameaça externa à soberania nacional ou à integrida-
litar ou agente público responder, também, por improbi- de do território nacional ou grave risco às relações inter-
dade administrativa, conforme o disposto nas Leis nºs nacionais do País, observado o prazo previsto no § 1º do
1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de art. 24.
1992. § 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma
Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que de- única renovação.
tiver informações em virtude de vínculo de qualquer na- § 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II
tureza com o poder público e deixar de observar o dis- do § 1º deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro)
posto nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções: anos, após a reavaliação prevista no art. 39, quando se
I - advertência; tratar de documentos ultrassecretos ou secretos.
II - multa; § 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comis-
III - rescisão do vínculo com o poder público; são Mista de Reavaliação de Informações nos prazos
IV - suspensão temporária de participar em licitação previstos no § 3º implicará a desclassificação automática
e impedimento de contratar com a administração pública das informações.
por prazo não superior a 2 (dois) anos; e § 5º Regulamento disporá sobre a composição, or-
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con- ganização e funcionamento da Comissão Mista de Rea-
tratar com a administração pública, até que seja promo- valiação de Informações, observado o mandato de 2
vida a reabilitação perante a própria autoridade que apli- (dois) anos para seus integrantes e demais disposições
cou a penalidade. desta Lei. (Regulamento)
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV po- Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resul-
derão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, asse- tante de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá
gurado o direito de defesa do interessado, no respectivo às normas e recomendações constantes desses instrumen-
processo, no prazo de 10 (dez) dias. tos.
§ 2º A reabilitação referida no inciso V será autori- Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Se-
zada somente quando o interessado efetivar o ressarci- gurança Institucional da Presidência da República, o Nú-
mento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e cleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por
após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no objetivos: (Regulamento)
inciso IV. I - promover e propor a regulamentação do creden-
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de ciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, ór-
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão gãos e entidades para tratamento de informações sigilo-
ou entidade pública, facultada a defesa do interessado, sas; e
no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da II - garantir a segurança de informações sigilosas,
abertura de vista. inclusive aquelas provenientes de países ou organizações
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem internacionais com os quais a República Federativa do
diretamente pelos danos causados em decorrência da di- Brasil tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qual-

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Conhecimentos Específicos
quer outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional
do Ministério das Relações Exteriores e dos demais ór- de relatório anual com informações atinentes à imple-
gãos competentes. mentação desta Lei.
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a com- Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o dispos-
posição, organização e funcionamento do NSC. to nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a con-
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de tar da data de sua publicação.
12 de novembro de 1997, em relação à informação de Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de
pessoa, física ou jurídica, constante de registro ou banco 11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte
de dados de entidades governamentais ou de caráter pú- redação:
blico. “Art. 116. ....................................................
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão .....................................................................
proceder à reavaliação das informações classificadas VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
como ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
(dois) anos, contado do termo inicial de vigência desta ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao
Lei. conhecimento de outra autoridade competente para apu-
§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão ração;
da reavaliação prevista no caput, deverá observar os ..........................................................” (NR)
prazos e condições previstos nesta Lei. Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112,
§ 2º No âmbito da administração pública federal, a de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
reavaliação prevista no caput poderá ser revista, a qual- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsa-
quer tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de In- bilizado civil, penal ou administrativamente por dar ci-
formações, observados os termos desta Lei. ência à autoridade superior ou, quando houver suspeita
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavalia- de envolvimento desta, a outra autoridade competente
ção previsto no caput, será mantida a classificação da in- para apuração de informação concernente à prática de
formação nos termos da legislação precedente. crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ain-
§ 4º As informações classificadas como secretas e da que em decorrência do exercício de cargo, emprego
ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto no caput ou função pública.”
serão consideradas, automaticamente, de acesso público. Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da Municípios, em legislação própria, obedecidas as normas
vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras específicas,
entidade da administração pública federal direta e indire- especialmente quanto ao disposto no art. 9º e na Seção II
ta designará autoridade que lhe seja diretamente subordi- do Capítulo III.
nada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, Art. 46. Revogam-se:
exercer as seguintes atribuições: I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005; e
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro
acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos de 1991.
objetivos desta Lei; Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oiten-
II - monitorar a implementação do disposto nesta ta) dias após a data de sua publicação.
Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu cum- Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Inde-
primento; pendência e 123º da República.
III - recomendar as medidas indispensáveis à im- DILMA ROUSSEFF
plementação e ao aperfeiçoamento das normas e proce- José Eduardo Cardoso
dimentos necessários ao correto cumprimento do dispos- Celso Luiz Nunes Amorim
to nesta Lei; e Antonio de Aguiar Patriota
IV - orientar as respectivas unidades no que se refe- Miriam Belchior
re ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regula- Paulo Bernardo Silva
mentos. Gleisi Hoffmann
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão José Elito Carvalho Siqueira
da administração pública federal responsável: Helena Chagas
I - pela promoção de campanha de abrangência na- Luís Inácio Lucena Adams
cional de fomento à cultura da transparência na adminis- Jorge Hage Sobrinho
tração pública e conscientização do direito fundamental Maria do Rosário Nunes
de acesso à informação;
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se 23.5. LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à PESSOAIS – LGPD (LEI 13.709/2018)
transparência na administração pública;
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âm- Vide item 7, página 43 da disciplina “Noções de
bito da administração pública federal, concentrando e Administração Pública”
consolidando a publicação de informações estatísticas re-
lacionadas no art. 30;

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Conhecimentos Específicos
23.6. SISTEMA ELETRÔNICO DE INFOR- registro, distribuição, digitalização, tramitação interna e
MAÇÕES SEI/DNIT (IN 01-2017 – DNIT E MANU- externa;
AL DE BOAS PRÁTICAS DE UTILIZAÇÃO DO IV - digitalização: conversão da fiel imagem de um
SEI/DNIT). documento para código digital, nos termos do art. 2º, in-
ciso II, alínea “b” do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro
Prezados candidatos, de 2015;
Gostaríamos de informá-los que a "Instrução Nor- V - documento digital: informação registrada, codi-
mativa nº 01, de 24 de maio de 2017" foi oficialmente ficada em forma analógica ou em dígitos binários, aces-
substituída pela "Instrução Normativa nº 08/DG/DNIT sível por meio de sistema computacional, nos termos do
SEDE, de 25 de julho de 2019". A seguir, apresentamos art. 2º, inciso II, do Decreto nº 8.539, de 2015;
o texto atual e vigente da nova Resolução: VI - documento externo: documento de origem ex-
terna carregado no SEI;
23.6.1. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº VII - Número Único de Protocolo-NUP: código
08/DG/DNIT SEDE, DE 25 DE JULHO DE 2019 numérico que identifica, de forma única e exclusiva, ca-
da processo, produzido, recebido ou autuado no âmbito
Estabelece, no âmbito do Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes - do DNIT;
DNIT, procedimentos para uso do Sistema VIII - processo administrativo eletrônico: conjunto
de documentos e atos processados, armazenados e dis-
Eletrônico de Informações – SEI-DNIT.
ponibilizados por meio eletrônico, nos termos do art. 2º,
A DIRETORIA COLEGIADA DO DEPARTA- inciso III, do Decreto nº 8.539, de 2015;
MENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE IX - Sistema Eletrônico de Informações - SEI: sis-
TRANSPORTES – DNIT, no uso das atribuições que lhe tema oficial de gestão de documentos digitais e proces-
conferem o art. 12 do Regimento Interno do DNIT, sos administrativos eletrônicos no âmbito do DNIT;
aprovado pela Resolução nº 26, de 5 de maio de 2016, do X - remessa: ato de expedição e envio de documen-
Conselho de Administração, art. 89, caput, inciso II, e § to ou processo para destinatário externo ao DNIT;
1º da Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001, o art. 9º, in- XI - tramitação: movimentação do processo de um
cisos I e VII, o Anexo I do Decreto nº 8.489, de 10 de ju- setor a outro, por meio do SEI;
lho de 2015, o disposto no Decreto nº 8.539, de 8 de ou- XII - usuário externo: qualquer pessoa física autori-
tubro de 2015, e o constante no processo nº zada a acessar ou atuar em processos administrativos ele-
50600.013650/2019-42, resolve: trônicos, e que não seja caracterizada como usuário in-
Art. 1º ESTABELECER, no âmbito do Departa- terno ou usuário colaborador;
mento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, XIII - usuário colaborador: estagiário, bolsista, me-
procedimentos para uso do Sistema Eletrônico de Infor- nor aprendiz, ou qualquer outro colaborador do DNIT
mações – SEI-DNIT, instituído pela Instrução Normativa autorizado a acessar processos administrativos eletrôni-
DNIT nº 01, de 24 de maio de 2017, publicada no Bole- cos; e
tim Administrativo nº 100, de 26 de maio de 2017. XIV - usuário interno: servidor em exercício no
DNIT que tenha acesso, de forma autorizada, a informa-
CAPÍTULO I ções produzidas ou custodiadas no SEI.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 2º Para efeitos desta Instrução Normativa con- CAPÍTULO II
sideram-se as seguintes definições: DAS UNIDADES PROTOCOLIZADORAS
I - arquivo: conjunto de documentos produzidos e Art. 3º Consideram-se unidades protocolizadoras
recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter pú- centrais do DNIT:
blico e entidades privadas, em decorrência do exercício I - o Protocolo Geral do edifício-sede do DNIT em
de atividades específicas, bem como por pessoa física, Brasília;
qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza II - as unidades de apoio e protocolo das Diretorias
dos documentos; do órgão no edifício-sede do DNIT em Brasília;
II - assinatura eletrônica: registro realizado eletroni- III - as unidades centrais de apoio e protocolo das
camente, por usuário identificado de modo inequívoco Superintendências Regionais-SRs, do DNIT em todas as
com vistas a firmar documentos, que se dá pelas seguin- unidades da federação;
tes formas: IV - as unidades centrais de apoio e protocolo das
a) assinatura digital: baseada em certificado digital Administrações Hidroviárias; e
emitido por autoridade certificadora credenciada na In- V - as unidades centrais de apoio e protocolo das
fraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP - Bra- unidades locais do DNIT localizadas em todas as unida-
sil; e des da federação.
b) assinatura cadastrada: baseada no fornecimento Art. 4º O recebimento, o cadastramento, a conferên-
de nome de usuário e senha; cia, a classificação e a digitalização de documentos ex-
III - atividade de protocolo: conjunto de operações ternos, não produzidos pelo SEI/DNIT, serão realizados
que visam o controle dos documentos produzidos e rece- pelas unidades protocolizadoras centrais do DNIT, espe-
bidos externamente, assegurando sua localização, recu- cificadas no art. 3º, que deverão observar os procedimen-
peração e acesso, tais como recebimento, classificação, tos específicos definidos na presente Instrução Normati-
va para cada atividade.

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Conhecimentos Específicos
Art. 8º A todas as Diretorias, Superintendências
CAPÍTULO III Regionais, unidades locais e Administrações Hidroviá-
DAS COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS rias compete:
Art. 5º Às unidades protocolizadoras centrais com- I - orientar os usuários no âmbito de sua responsabi-
pete: lidade hierárquica sobre a utilização do SEI;
I - receber, conferir, classificar, digitalizar, assinar II - verificar se os registros e as movimentações de
eletronicamente, registrar e tramitar os documentos de processos no âmbito de cada setor estão sendo efetuados
origem externa recebidos no âmbito do DNIT, observan- de forma adequada;
do os procedimentos específicos para cada atividade; III - submeter ao Comitê de Gestão de Serviços do
II - assinar eletronicamente os documentos, autuar SEI/DNIT a solicitação de criação e cancelamento do
os processos administrativos eletrônicos no SEI a partir perfil de usuários do SEI; e
dos documentos recebidos, gerar o NUP quando não IV - definir o perfil dos usuários de cada setor.
houver, e tramitar os processos ao devido destinatário in- Art. 9º Observado o disposto nesta Instrução Nor-
terno; e mativa, caberá ao Comitê de Gestão de Serviços do
III - realizar a expedição ou remessa de documentos SEI/DNIT tomar as medidas necessárias para a imple-
para outras instituições, fisicamente, quando não for pos- mentação, uso e sustentabilidade do processo administra-
sível a tramitação eletrônica. tivo eletrônico, entre as quais:
Art. 6º À Diretoria de Administração e Finanças- I - aprovar alterações na plataforma tecnológica do
DAF compete: sistema;
I - propor a criação e manter um Comitê de Gestão II - monitorar a operacionalização do sistema, bem
de Serviços do SEI no DNIT; como propor medidas corretivas necessárias;
II - disponibilizar, por intermédio da Coordenação III - estabelecer prazos e cronogramas adicionais;
Geral de Tecnologia da Informação-CGTI, a infraestru- IV - propor a regulamentação de procedimentos a
tura tecnológica necessária para hospedagem dos aplica- serem observados no âmbito do processo administrativo
tivos componentes da solução SEI/DNIT, bem como pa- eletrônico; e
ra armazenamento da base de dados de todos os docu- V - levantar e priorizar as demandas de melhorias
mentos recebidos e produzidos em meio eletrônico, pre- relativas ao processo administrativo eletrônico e uso do
vendo, dentre outros aspectos: sistema pelas unidades do DNIT, assim como promover
a) o armazenamento, a conservação e a eliminação sua viabilização Parágrafo único. Os membros do Comi-
dos documentos de acordo com os requisitos arquivísti- tê a que se refere o caput e seus respectivos suplentes se-
cos e históricos estabelecidos, e a legislação específica; rão designados por ato específico, a ser publicado no Bo-
b) a disponibilidade operacional do sistema para to- letim Administrativo.
das as unidades, inclusive Superintendências Regionais,
unidades locais e Administrações Hidroviárias; CAPÍTULO IV
c) a contínua atualização tecnológica de equipamen- DO ACESSO E DO CREDENCIAMENTO
tos e softwares necessária à implantação e manutenção Art. 10. Os usuários internos poderão cadastrar e
plena e efetiva dos serviços previstos; tramitar processos bem como gerar e assinar documentos
d) um plano de contingência operacional para even- no âmbito do SEI, de acordo com o seu perfil de acesso.
tual indisponibilidade da infraestrutura tecnológica ou do Art. 11. Os usuários colaboradores não poderão as-
sistema; e sinar documentos no âmbito do SEI.
e) os elementos componentes, como redundância de Parágrafo único. O cadastro de usuário colaborador
dados e ambientes, para formatar uma adequada política será efetivado mediante solicitação de autoridade compe-
de cópias de segurança e de recuperação em casos de tente da unidade à qual esteja prestando serviços, que se-
perda de informação, bem como de retenção de versões rá corresponsável pelas ações realizadas no SEI decor-
de documentos digitais. rentes de tal acesso.
Parágrafo único. Ato do Diretor Geral do DNIT Art. 12. Os usuários externos, mediante credencia-
disporá sobre a criação do Comitê de Gestão de Serviços mento para uso restrito, poderão:
do SEI/DNIT. I - encaminhar requerimentos, recursos e documen-
Art. 7º À Diretoria de Administração e Finanças - tos para validação e cadastramento no SEI pelas unida-
DAF, por intermédio da sua Coordenação-Geral de Re- des protocolizadoras;
cursos Logísticos - CGLOG, compete: II - acompanhar, como interessado, o trâmite de
I - atualizar e manter os modelos de processos orga- processo que envolva documentos encaminhados ao
nizacionais já desenhados para todas as unidades do DNIT;
DNIT, considerando as interfaces com os procedimentos III - receber ofícios e notificações; e
estabelecidos nesta Instrução Normativa para gestão de IV - solicitar, como interessado, vistas de processos.
processos administrativos eletrônicos no SEI/DNIT; e § 1º O credenciamento de usuário externo é ato pes-
II - zelar pela inserção e preservação dos procedi- soal e intransferível e dar-se-á a partir de solicitação efe-
mentos relativos aos processos administrativos eletrôni- tuada no sítio eletrônico do DNIT.
cos nas atividades de modelagem de novos processos or- § 2º A autorização do credenciamento de usuário
ganizacionais, de redesenho ou de implantação de pro- externo, e a consequente liberação dos serviços disponí-
cessos no DNIT. veis no SEI, depende de prévia aprovação por parte do
DNIT e será concedida somente após o encaminhamento

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Conhecimentos Específicos
da documentação necessária pelo interessado e a análise III- apoio: destinado à criação, instrução e tramita-
do cumprimento dos requisitos necessários ao credenci- ção de processos; produção de documentos.
amento por parte do Comitê de Gestão de Serviços do IV - apoio protocolo: destinado à criação e tramita-
SEI. ção de processos;
§ 3º O Comitê de Gestão de Serviços do SEI no V - atendimento: destinado à tramitação e autoriza-
DNIT deverá definir os documentos e procedimentos ne- ção de vista processual; e
cessários para o credenciamento de usuários externos, VI - consulta: limitado à consulta e leitura dos do-
devendo informar ao interessado o resultado da análise cumentos.
documental e autorização para uso do sistema. Parágrafo único. Os perfis e suas funcionalidades
§ 4º O credenciamento está condicionado à aceita- podem ser mudados a qualquer tempo, de acordo com a
ção das condições regulamentares que disciplinam o SEI necessidade de cada setor e usuário interno, desde que
e tem como consequência a responsabilidade do usuário em consonância com esta Instrução Normativa.
pelo uso indevido das ações efetuadas, as quais são pas- Art. 16. A realocação de usuário em novo setor im-
síveis de apuração de responsabilidade civil, penal e ad- plicará na perda de seus acessos.
ministrativa. Parágrafo único. É de responsabilidade da autorida-
Art. 13. São de exclusiva responsabilidade do usuá- de competente do novo setor solicitar acesso compatível
rio: com as novas atribuições do usuário.
I - o sigilo da senha relativa à assinatura eletrônica,
não sendo oponível, em qualquer hipótese, alegação de CAPÍTULO VI
uso indevido; DAS CATEGORIAS DE ACESSO
II - a equivalência entre os dados informados para o Art. 17. Os processos e documentos classificados
envio do documento e os constantes do documento pro- com o nível de acesso público poderão ser visualizados
tocolado; por todos os usuários internos e colaboradores, sendo
III - a edição dos documentos enviados em confor- franqueado o acesso aos usuários externos mediante soli-
midade com as especificações técnicas estabelecidas pe- citação de vista processual, nos termos da Lei nº 12.527,
lo DNIT, no que se refere à formatação e ao tamanho do de 18 de novembro de 2011, e do Decreto nº 7.724, de
arquivo enviado; 16 de maio de 2012.
IV - a consulta periódica ao endereço de correio ele- § 1º Quando tramitado para um setor específico, o
trônico cadastrado e ao SEI/DNIT, a fim de verificar o acesso imediato ao processo no SEI ficará limitado aos
recebimento de comunicações eletrônicas relativas a atos usuários daquele setor; e
processuais; § 2º O disposto no § 1º não impede a disponibiliza-
V - a atualização de seus dados cadastrais no ção ou a tramitação do processo para consulta dos de-
SEI/DNIT; e VI - o acompanhamento da divulgação dos mais usuários internos, mediante solicitação simples.
períodos em que o SEI/DNIT não estiver em funciona- Art. 18. Será classificado como restrito o acesso:
mento em decorrência de indisponibilidade técnica do I - a documentos preparatórios até a edição do ato
serviço. ou decisão, nos termos do art. 20 do Decreto nº 7.724, de
§ 1º A não obtenção de acesso ou credenciamento 2012;
no SEI/DNIT, bem como eventual defeito de transmissão II - a documentos com informações pessoais, nos
ou recepção de dados e informações, não imputáveis à termos do Capítulo VII do Decreto nº 7.724, de 2012.
falha do SEI/DNIT, não servirão de escusa para o des- Art. 19. Serão classificados como sigilosos os do-
cumprimento de obrigações e prazos legais. cumentos submetidos temporariamente à restrição de
§ 2º Para fins de recebimento de comunicações ele- acesso público em razão de sua imprescindibilidade para
trônicas e interface com o SEI/DNIT, o usuário poderá a segurança da sociedade e do Estado, e aqueles abrangi-
cadastrar até dois endereços de correio eletrônico. dos pelas demais hipóteses legais de sigilo, nos termos
do Capítulo V do Decreto nº 7.724, de 2012.
CAPÍTULO V Parágrafo único. O acesso aos documentos classifi-
DOS PERFIS DE ACESSO cados como sigilosos será limitado a usuários com cre-
Art. 14. Caberá ao Comitê de Gestão de Serviços do dencial de segurança, nos termos do Decreto nº 7.845, de
SEI definir os perfis de acesso ao SEI, assim como suas 14 de novembro de 2012.
funcionalidades, que serão informados a todas as Direto-
rias, Superintendências Regionais, unidades locais e CAPÍTULO VII
Administrações Hidroviárias para que atribuam aos usu- DA ASSINATURA ELETRÔNICA
ários do sistema em cada uma de suas unidades. Art. 20. Os documentos digitais produzidos e geri-
Art. 15. O SEI estará disponível no DNIT com, no dos no âmbito do SEI/DNIT terão garantia de autoria,
mínimo, os seguintes perfis e funcionalidades: autenticidade e integridade asseguradas, nos termos do
I - administrador: designado pelo Comitê de Gestão art. 6º do Decreto nº 8.539, de 2015.
de Serviços do SEI, com finalidade de gerenciamento do § 1º O uso da assinatura digital é obrigatório para
sistema e conceder acesso aos demais perfis; assinatura de atos de conteúdo decisório ou que, em ra-
II - básico: destinado à criação, instrução e tramita- zão de sua finalidade, tenham como destinatário ou en-
ção de processos, bem como produção e assinatura de volvam interessado externo ao DNIT, podendo ser ado-
documentos; tada nos demais casos a modalidade de assinatura cadas-
trada.

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O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia,
divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Conhecimentos Específicos
§ 2º O documento em papel, de origem interna ou lumes, inclusão de termos, numeração de folhas, carim-
externa, que for digitalizado e capturado no SEI, deverá bos e aposição de etiquetas.
ter sua inserção no sistema mediante assinatura cadastra- Parágrafo único. No SEI, os processos administrati-
da do usuário interno que a proceder. vos eletrônicos serão concluídos ou fechados pelo setor
§ 3º Em caso de impossibilidade técnica, os docu- responsável, sendo encaminhados ao arquivo central para
mentos poderão ser produzidos em papel e assinados de serem arquivados de forma digital e os registros manti-
próprio punho pela pessoa competente, devendo a versão dos segundo parâmetros da classificação e temporalidade
assinada ser digitalizada e inserida no SEI/DNIT, com a definidos.
pertinente certificação digital. Art. 27. Em caso de impossibilidade técnica mo-
Art. 21. A prática de atos assinados eletronicamente mentânea de produção dos documentos no SEI, estes po-
importará aceitação das normas regulamentares sobre o derão ser produzidos em papel e assinados pela autorida-
assunto e da responsabilidade do usuário pela utilização de competente.
indevida de sua assinatura eletrônica. Parágrafo único. Os documentos mencionados no
caput deste artigo deverão ser digitalizados conforme de-
CAPÍTULO VIII finido nesta Instrução Normativa, e quando do retorno da
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO ELETRÔNI- disponibilidade do SEI, deverão ser imediatamente cap-
CO turados e inseridos no sistema.
Seção I Art. 28. Não deverão ser objeto de registro no SEI:
Das Disposições Gerais I - jornais, revistas, livros, folders, propagandas e
Art. 22. Todos os documentos produzidos ou inseri- demais materiais que não se caracterizam como docu-
dos no âmbito do SEI constituirão ou se vincularão a um mento arquivístico;
processo administrativo eletrônico, sendo de responsabi- II - correspondências particulares; e
lidade exclusiva do usuário os seus registros. III - documentos relacionados a infrações de trânsi-
§ 1º Os documentos produzidos eletronicamente e to possíveis de serem registrados no Sistema Integrado
juntados aos processos administrativos eletrônicos, na de Operações Rodoviárias - SIOR.
forma estabelecida nesta Instrução Normativa, serão
considerados originais para todos os efeitos legais. Seção II
§ 2º Os documentos digitalizados e inseridos no Da Produção de Documentos
processo administrativo eletrônico por servidor autoriza- Art. 29. Para a criação de um processo administrati-
do têm a mesma força probante dos originais. vo eletrônico devem ser inseridos no SEI dados que
§ 3º Somente será admitida a inserção no SEI de permitam sua localização e controle, mediante o preen-
documentos externos em formato PDF. chimento dos campos próprios do sistema, observados os
Art. 23. Ao serem criados no SEI, os documentos seguintes requisitos:
receberão numeração automática sequencial, sem distin- I - formação de maneira cronológica, lógica e contí-
ção de setor, recomeçando a numeração a cada exercício. nua;
Art. 24. Os documentos gerados ou inseridos no II - possibilidade de consulta a conjuntos segregados
SEI deverão ser classificados, conforme nível de sensibi- de peças processuais, salvo os processos físicos já existen-
lidade da informação, como público, restrito ou sigiloso. tes antes da vigência desta Instrução Normativa e posteri-
Art. 25 Documento digitalizado integrante de um ormente digitalizados;
processo poderá ser desentranhado, a fim de atender de- III - possibilidade de vinculação entre processos, a ser
manda administrativa. utilizada nos casos de juntada por anexação e de apensação;
e
§ 1º Serão desentranhados pelo setor possuidor do
IV - possibilidade de reclassificação do nível de sensi-
processo administrativo eletrônico:
bilidade da informação, como público, restrito ou sigiloso,
I - documentos sem assinatura; limitando ou ampliando o acesso.
II - documentos anexados indevidamente ou dupli- Art. 30. Todo documento oficial produzido no âmbito
cados; do DNIT deverá ser gerado no SEI, segundo os modelos
III - documentos assinados, mediante justificativa e previamente definidos.
autorização da autoridade competente, responsável pelo § 1º As unidades competentes deverão recomendar
setor. os modelos, padrão de documentos ou formulários e dis-
§ 2º O desentranhamento será motivado e registrado ponibilizá-los para as demais áreas executoras, que ado-
no SEI com os dados do responsável, o número tarão o formato definido.
SEI/DNIT, o teor resumido do documento e o motivo pa- §2º Todos os modelos de documentos deverão ser
ra a ação. submetidos ao Comitê de Gestão de Serviços do SEI pa-
§ 3º O documento desentranhado, embora inacessí- ra validação e inserção no ambiente do sistema.
vel, continuará a ser apresentado na árvore de documen- Art. 31. Na confecção dos documentos deverão ser
tos do processo, mediante marcação própria. observados os critérios de impessoalidade, optando-se
§ 4º É vedado o desentramento de documentos assi- por destinar as correspondências internas sempre ao car-
nados por outras áreas. go e não ao seu ocupante.
Art. 26. O processo administrativo eletrônico dis- Art. 32. Documentos que demandem análise preli-
pensa a realização de procedimentos formais típicos de minar de sua minuta devem ser formalizados por meio de
processo em papel, tais como capeamento, criação de vo- tipo de documento que não se confunda com o documen-
to final a ser posteriormente formalizado.
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Conhecimentos Específicos
§ 1º Documentos que demandem assinatura de mais 9 de dezembro de 2014, do Conselho Nacional de Ar-
de um usuário devem ser tramitados somente depois da quivos-CONARQ.
assinatura de todos os responsáveis. § 3º A DAF, por intermédio da coordenação res-
§ 2º Quanto ao disposto no § 1 º deste artigo, tra- ponsável pela documentação e arquivo no âmbito do
tando-se de documento redigido por mais de uma unida- DNIT, juntamente com a CGTI, deve elaborar um plano
de, essa característica, caso necessário, deve ser destaca- de preservação digital, a ser submetido e aprovado pelo
da diretamente no teor do documento, com a indicação Comitê de Gestão de Serviços do SEI.
das unidades participantes. § 4º Os documentos e processos físicos objetos de
digitalização serão destinados ao Arquivo Geral e ali
Seção III mantidos até que cumpram seus prazos de guarda, con-
Da Recepção e da Digitalização de Documentos forme definido na tabela de temporalidade de documen-
Art. 33. O DNIT receberá documentos: tos de arquivo do DNIT.
I - por meio eletrônico; e
II - excepcionalmente, por meio físico. Seção V
Art. 34. Todos os documentos em meio físico reme- Da Tramitação
tidos ao DNIT, independentemente da sua forma e local Art. 38. Toda movimentação de processos no DNIT
de entrega, serão encaminhados ao Protocolo Geral para se dará via SEI.
registro. § 1º A movimentação interna de processos respeita-
§ 1º Havendo indícios de violação, o Protocolo Ge- rá as especificidades e a estrutura hierárquica do órgão.
ral deverá registrar o fato no ato do recebimento e comu- § 2º O processo poderá retornar para a mesma uni-
nicar imediatamente à autoridade competente. dade para finalização da análise e prosseguimento do
§2º Os documentos recebidos, sempre que não refe- trâmite.
renciados com um número de protocolo já existente, se- Art. 39. A remessa ou expedição de documentos e
rão autuados como novos processos, aos quais será atri- processos em meio físico deverá ser realizada a partir da
buído um NUP. impressão do conteúdo armazenado no SEI via Protocolo
§3º No caso de documentos externos sigilosos ou Geral, que procederá o devido registro de movimentação
que digam respeito a procedimentos licitatórios, o Proto- de saída.
colo Geral os encaminhará ao setor competente, que pro- Art. 40. Em caso de tramitação indevida de proces-
cederá à digitalização e o devido registro no SEI. so administrativo eletrônico, a área de destino deverá
Art. 35. O documento recebido em meio físico será promover imediatamente:
digitalizado e capturado no sistema de acordo com sua I - a devolução ao remetente; ou
especificidade. II - nova tramitação para o adequado direcionamen-
§ 1º A digitalização de documentos será realizada to.
mediante a utilização da funcionalidade Reconhecimento
Optico de Caracteres antes de sua inserção no SEI. Seção VI
§ 2º Os documentos com mais de duzentas páginas Do Sobrestamento, da Anexação e da
serão fragmentados em mais de um documento digital no Apensação de Processos
momento de sua digitalização, compondo processos dis- Art. 41. O sobrestamento de processo é sempre
tintos no SEI que deverão ser anexados. temporário e deve ser precedido de determinação formal,
§ 3º Nos casos de restrição técnica ou de grande vo- e motivada, constante do próprio processo objeto do so-
lume de documentos, a digitalização poderá ser efetuada brestamento, ou de outro a partir do qual se determina o
em até cinco dias úteis. sobrestamento.
Art. 42. Deve ocorrer a anexação de processos
Seção IV quando pertencerem a um mesmo interessado, tratarem
Da Classificação Arquivística e da Avaliação do mesmo assunto e sujeitos à análise e à decisão de
Art. 36. Todos os processos do SEI serão classifica- forma conjunta, observando-se os procedimentos previs-
dos, assim que produzidos ou recebidos pelo Protocolo tos na Portaria Interministerial nº 1.677, de 7 de outubro
Geral, com base no Código de Classificação de Docu- de 2015, dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública,
mentos de Arquivo do DNIT, para inserção no SEI. e Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Ges-
Art. 37. Os processos administrativos eletrônicos tão.
serão mantidos até que cumpram seus prazos de guarda § 1º Se for identificada a existência de processo no
conforme definido na tabela de temporalidade de docu- SEI/DNIT que deva fazer parte de outro processo já exis-
mentos de arquivo. tente, a unidade competente procederá à anexação do
§ 1º Os processos administrativos eletrônicos de novo processo ao processo já existente no sistema.
guarda permanente deverão receber tratamento de pre- § 2º Caso o processo já existente esteja em meio fí-
servação de forma que não haja perda ou corrupção da sico, a unidade deverá providenciar a sua conversão para
integridade das informações. eletrônico, procedendo, em seguida, à devida anexação
§ 2º O descarte de documentos digitais e processos do novo processo ao processo ora digitalizado no
administrativos eletrônicos será promovido pelo Arquivo SEI/DNIT.
Geral, e executado nos termos do art. 18 do Decreto nº Art. 43. A apensação de processos será realizado
4.073, de 3 de janeiro de 2002, e da Resolução nº 40, de quando houver a necessidade de associar um ou mais
processos, em caráter temporário, com o objetivo de ins-

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Conhecimentos Específicos
trução e uniformidade de tratamento em matérias seme- Art. 50. As dúvidas e casos omissos desta Instrução
lhantes ou casos análogos, observando-se os procedi- Normativa serão dirimidos pelo Comitê de Gestão de
mentos previstos na Portaria Interministerial MJ/MP nº Serviços do SEI/DNIT.
1.677, de 2015. Art. 51. Fica revogada a Instrução Normativa DNIT
nº 01, de 24 de maio de 2017, publicada no Boletim
Seção VII Administrativo nº 100, de 26 de maio de 2017.
Do Pedido de Vistas ao Processo Art. 52. Esta Instrução Normativa entra em vigor na
Art. 44. As solicitações de pedido de vistas de pro- data de sua publicação.
cessos por usuários externos não credenciados deverão
ser dirigidas ao Serviço de Informações ao Cidadão do ANTÔNIO LEITE DOS SANTOS FILHO
DNIT, por meio eletrônico ou presencial, nos termos da Diretor-Geral
Lei nº 12.527, de 2011, e do Decreto nº 7.724, de 2012.
Art. 45. O acesso externo para vista será disponibi-
lizado por usuário interno, observados a permissão e o 23.6.2. MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE
devido perfil de acesso. UTILIZAÇÃO DO SEI/DNIT).
Parágrafo único. Os documentos ou processos no 23.6.2.1. Operações iniciais a serem padroniza-
âmbito do SEI/DNIT que forem objeto de pedido de vis- das
tas serão disponibilizados, preferencialmente, mediante o
fornecimento de arquivo em formato PDF, encaminhado Das operações básicas dispostas no SEI! algumas
pelo correio eletrônico do próprio sistema. ações devem ser observadas na instituição para garantir
que o sistema tenha uma visão amigável e um ambiente
Seção VIII de trabalho de fácil entendimento para os usuários da
Da Conservação e da Eliminação de unidade de trabalho.
Documentos Digitais
23.6.2.1.1. Acesso ao sistema
Art. 46. O tratamento arquivístico, inclusive elimi-
nação, de documentos digitais e processos administrati- Para acessar o sistema, o usuário deve utilizar o seu
vos eletrônicos observará procedimentos de gestão do- login e senha:
cumental do DNIT, explicitados nos normativos do CO-
NARQ.
Parágrafo único. A gestão de documentos digitais
orienta-se pelos critérios da integridade e da disponibili-
dade das informações produzidas e custodiadas, respei-
tados os requisitos legais e os princípios de segurança da
informação.
Art. 47. Os documentos digitais e processos admi- Figura 1. Tela de acesso ao sistema SEI!
nistrativos eletrônicos constantes da base de dados cor- 23.6.2.1.2. Criação de usuário e senha
porativa devem ser armazenados em equipamentos e mí-
dias que permitam acesso com celeridade compatível A criação de novos usuários é realizada pelas chefi-
com as necessidades dos processos de negócio do DNIT. as dos setores, mediante requerimento ao portal de aten-
Art. 48. Deverá ser elaborado pela CGTI um Plano dimento da CGTI no endereço
de Preservação de Documentos Digitais, ouvidos a Co- https://servicos.dnit.gov.br/atendimento/loginUsuario.ph
missão Permanente de Avaliação de Documentos-CPAD p, informando os seguintes dados:
e o Comitê de Gestão de Serviços do SEI/DNIT, subme- a) Nome completo;
tido à aprovação da Diretoria Colegiada do DNIT. b) Login;
§ 1º O Plano de Preservação de Documentos Digi- c) Localidade;
tais deve conter, entre outros elementos, a política de có- d) Unidade;
pias de segurança e de recuperação em casos de perda de e) CPF;
informação, bem como de retenção de versões de docu- f) Tipo de usuário
mentos digitais. g) Matrícula DNIT com dígito (somente para servi-
§ 2º A eliminação de documentos digitais e proces- dores);
sos administrativos eletrônicos poderá ser realizada so- h) Cargo;
mente após aprovação do Plano de Preservação de Do- i) Unidade de acesso;
cumentos Digitais, ressalvados os procedimentos relati- j) Telefone;
vos a descarte de versões de documentos definidos pela k) Ramal.
CPAD.
23.6.2.1.3. Tela “Controle de Processos”
CAPÍTULO IX Vale ressaltar que a tela “Controle de Processos” é
DISPOSIÇÕES FINAIS o seu ambiente de trabalho, a chamada “Mesa Virtual de
Art. 49. O uso inadequado do SEI/DNIT fica sujeito Trabalho”. Dessa forma, cada usuário deve ter consciên-
à apuração de responsabilidade, na forma da legislação cia de que o ambiente está sendo visualizado por todos
em vigor. os usuários lotados na unidade de trabalho, por isso a
importância de manter o ambiente organizado.
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Conhecimentos Específicos
Para manter a organização da “Mesa Virtual de Para saber se o processo que se quer trabalhar pos-
Trabalho”, cabe acrescentar algumas regras e procedi- sui informação na base, basta pesquisar em "Base de Co-
mentos a serem seguidos por todos os usuários que têm nhecimento" no Menu Principal (menu à esquerda da te-
acesso direto ao SEI!: la) ou no processo criado, por meio do ícone da base de
conhecimento que fica registrado ao lado do número do
a) Atribuição dos processos : processo, representado pela letra “B”. Se esse ícone não
aparecer, significa que ainda não existe base de conhe-
Ao iniciar um novo processo é necessário realizar cimento registrada para esse tipo de processo.
imediatamente a atribuição do processo. Essa ação ga-
rante que o processo tenha um único usuário sob sua res- 23.6.2.1.4. Cadastro de usuários externos para
ponsabilidade. assinatura de documentos e peticionamento eletrôni-
co de demandas
Observação: Quando o processo estiver com atri-
buição, somente o usuário especificado será responsável Usuários externos poderão ser cadastrados para que
por incluir peças no processo ou executar quaisquer al- assinem documentos ou peticionem demandas junto ao
terações. Caso necessário, o usuário ao qual o processo DNIT. Para que o cadastro seja liberado, o usuário deve-
está atribuído deverá atribuir a outro usuário. rá preencher o formulário online disponível no link
https://sei.dnit.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao
=usuario_externo_avisar_cadastr
b) Processos recebidos na unidade de trabalho: o&id_orgao_acesso_externo=0 e apresentar pessoal-
mente em uma das unidades do DNIT nas capitais:
Assim que recebidos na unidade os processos na cor
vermelha deverão ser atribuídos aos usuários, que ficarão • O original do Termo de Declaração de
responsáveis pelo processo. Esse procedimento evitará Concordância e Veracidade assinado
que processos fiquem sem atribuições e reduz os riscos • Cópias de RG e CPF ou de outro docu-
de possíveis atrasos na sua tratativa. mento de identidade no qual conste CPF
c) Alerta de novo documento ou assinatura: [juntamente com o original para fins de au-
tenticação administrativa]
Ao identificar o ícone de alerta na coluna de proces-
sos recebidos, é importante ressaltar que ao entrar no O Termo de Declaração de Concordância e Veraci-
processo o ícone irá desaparecer, ou seja, não existe uma dade poderá ser obtido no seguinte endereço:
parametrização no SEI! para manter o alerta visível por https://sei.dnit.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao
determinado período. Dessa forma, o usuário que identi- =usuario_externo_avisar_cada
ficar o alerta, deve efetuar a ação necessária, seja ela stro&id_orgao_acesso_externo=0
atribuição ou envio do processo para outra unidade de Atenção: Alternativamente, poderão ser entregues
trabalho. por terceiro ou enviados por Correios as cópias autenti-
d) Anotações: cadas dos documentos acima indicados e o presente
Termo com reconhecimento de firma em cartório. A cor-
Se alguma informação sobre determinado processo respondência por Correios deve ser endereçada ao Proto-
é de conhecimento de apenas um usuário da unidade de colo Sede do DNIT (SAUN Quadra 3, Lote A – Ed. Nú-
trabalho, vale utilizar da ação “Anotações”. Nos proces- cleo dos Transportes, Brasília/DF, CEP: 70040-902).
sos em suporte físico eram incluídos os post-its para
acrescentar alguma informação relevante. Com a ação Conforme art. 13 da Instrução Normativa Nº
“Anotações” o procedimento não deve ser diferente, pois 08/DG/DNIT SEDE, de 25 de julho de 2019, são de ex-
ela deve ser utilizada com muita frequência para tornar clusiva responsabilidade do usuário:
visível a todos os usuários da unidade as informações I - o sigilo da senha relativa à assinatura eletrôni-
que provavelmente eram de conhecimento de apenas ca, não sendo oponível, em qualquer hipótese, alegação
uma pessoa. de uso indevido;
e) Base de Conhecimento : II - a equivalência entre os dados informados para
o envio do documento e os constantes do documento
Cabe a área responsável, para cada tipo de processo, protocolado;
descrever as etapas do processo e anexar documentos III - a edição dos documentos enviados em confor-
que auxiliem os usuários no fluxo de negócio do proces- midade com as especificações técnicas estabelecidas pe-
so, considerando que após liberar a versão da base de lo DNIT, no que se refere à formatação e ao tamanho do
conhecimento toda a instituição visualizará o conteúdo. arquivo enviado;
Dessa forma, o andamento de determinado tipo de pro- IV - a consulta periódica ao endereço de correio
cesso será padronizado para toda a instituição. Vale res- eletrônico cadastrado e ao SEI/DNIT, a fim de verificar
saltar, que a base de conhecimento deve estar alinhada o recebimento de comunicações eletrônicas relativas a
com o Protocolo-Geral. atos processuais;
Se a área tiver o fluxo de negócio mapeado, este V - a atualização de seus dados cadastrais no
pode ser incluído na base de conhecimento, no formato SEI!/DNIT; e
imagem.

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Conhecimentos Específicos
VI - o acompanhamento da divulgação dos períodos
em que o SEI/DNIT não estiver em funcionamento em
decorrência de indisponibilidade técnica do serviço.
23.6.2.2. Operações básicas com processos
23.6.2.2.1. Iniciar processo
Ao iniciar a abertura de um processo no SEI (menu
à esquerda da tela ) é obrigatório utilizar
da ação “Pesquisa” para localizar processos referentes ao
mesmo assunto. Em alguns casos ocorrem de outras uni-
dades de trabalho iniciar um processo sobre o mesmo as-
sunto, ocasionando redundâncias. A ação de “Pesquisa”
no SEI! possui diversos parâmetros o que facilitará na
localização. Não identificado nenhum processo seme- Figura 2. Pesquisa de processos emitidos até 13/11/2017.
lhante, o usuário poderá iniciar um novo processo. 23.6.2.2.4. Digitalização de documentos externos
23.6.2.2.2. Pesquisa Conforme normatizado pela Portaria Interministeri-
O SEI! apresenta diversos parâmetros de pesquisa al nº 1.667, de 07 de outubro de 2015, para a digitaliza-
para auxiliar o usuário a localizar um proces- ção de documentos avulsos recebidos observar-se-ão as
so/documento (menu à esquerda da tela ). seguintes possibilidades:
A pesquisa busca todas e quaisquer informações in- > Apresentação pelo interessado do documento
seridas no processo, sejam: avulso original ou cópia autenticada administrativamente
ou cópia autenticada em cartório para digitalização ime-
✓ Informações no corpo do documento; diata, devolvendo-o no ato. O documento resultante da
✓ Informações nos documentos externos di- digitalização será anexado ao processo digital ou inte-
gitalizados com processamento OCR – Re- grado em fluxo de trabalho informatizado. Neste caso, há
conhecimento Ótico de Caracteres; a formação de um processo totalmente digital;
✓ Informações nos documentos externos de
texto (planilhas, doc, docx, pdf, entre ou- > Apresentação pelo interessado do documento
tros); avulso original e sua cópia simples para autenticação
✓ Dados cadastrais de processos e documen- administrativa e posterior digitalização. Neste caso, a
tos. unidade de protocolo fará a conferência da cópia com o
documento original, efetuando autenticação administra-
A pesquisa pode ser realizada por meio de palavras tiva da cópia, registrando também a hora do recebimento
chaves, siglas, expressões ou números. Além disso, o no protocolo e devolvendo o documento original de ime-
usuário pode utilizar conectores que facilitará na pesqui- diato ao interessado. Depois de realizada a digitalização,
sa, conforme especificado abaixo: as cópias simples autenticadas administrativamente po-
✓ Busca parte de palavras ou números: derão ser descartadas ou disponibilizadas para devolução
Ex.: Engenha*; 72345*; ao interessado, a critério do órgão ou entidade. O docu-
✓ Conector (E): Pesquisa por registros que mento resultante da digitalização será anexado ao pro-
contenham todas as palavras e expressões. cesso digital ou integrado em fluxo de trabalho informa-
Ex.: planejamento e gestão; tizado. Neste caso, há a formação de um processo total-
✓ Conector (OU): Pesquisa por registros que mente digital; ou
contenham pelo menos uma das palavras > Recebimento e retenção de documento avulso
ou expressões. Ex.: Desenvolvimento ou original ou cópia autenticada administrativamente ou de
mútua; cópia autenticada em cartório para posterior digitalização
✓ Conector (NÃO): Recupera registros que e anexação a processo digital ou integração em fluxo de
contenham a primeira, mas não a segunda trabalho informatizado. Os documentos avulsos originais
palavra ou expressão. Ex.: Municipais não ou as cópias autenticadas retidos devem ser classifica-
saneamento dos; arquivados e mantidos nos termos da temporalidade
23.6.2.2.3. Pesquisas de processos antigos no e destinação de documentos de arquivo.
SEI!. > aprovados pelo CONARQ ou pelo Arquivo Naci-
Buscando adequação ao NUP – Número Único de onal para uso no órgão ou entidade. Neste caso há a for-
Protocolo, foram necessárias mudanças no padrão de mação de um processo totalmente digital ou um processo
numeração dos processos do SEI! emitidos até 13 de no- híbrido, a critério do órgão ou entidade.
vembro de 2017. Segundo comunicado da CGTI/DAF,
os dígitos verificadores desses processos também foram
alterados. Portanto, para buscar os processos com emis-
são anterior a 13 de novembro de 2017, utilize os passos
abaixo:
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Conhecimentos Específicos
O procedimento de digitalização compõe-se das se- Etapa 3. Geração de OCR
guintes etapas:
O formato PDF com OCR é fundamental para reali-
zar pesquisas futuras nos processos digitalizados por
meio do reconhecimento do texto nas imagens digitali-
zadas. Há uma estrutura automática que busca nas pastas
os arquivos a serem digitalizados, realiza o seu proces-
samento e devolve um arquivo pronto para uso no SEI.
Nos momentos de utilização intensa, este processo
pode demorar mais tempo.
Uma vez concluído o processo de qualidade,
o arquivo deve então ser movido para a seguinte
estrutura:
Figura 3. Etapas para digitalização de documentos externos.

Etapa 1. Preparação física/Digitalização:


• Se houver grampos e clips, retire-os com
cuidado para não danificar o papel.
• Verificar se há algum tipo de documento
que difere do padrão A4 e folhas soltas.
• A digitalização de cada volume do proces- Figura 4. Pastas para conversão dos arquivos digitalizados em OCR.

so deverá iniciar com a imagem de sua ca- Etapa 4. Carregar arquivo para o SEI!
pa e contracapa.
Documentos gerados fora do SEI! são considerados
• Cada folha do processo deve ser digitali-
“Documentos externos”. Para carregar um PDF gerado,
zada em frente e verso, ainda que o verso
conforme os passos anteriores, clique no botão “Incluir
da folha tenha recebido o carimbo “Em
documento”. Selecione, então, “Externo” e carregue o
Branco” ou apresente qualquer conteúdo.
documento de acordo com o procedimento padrão.
• Com o objetivo de permitir que os docu-
mentos em formato PDF possam ter o con-
teúdo pesquisável e para garantir melhor
desempenho ao longo do tempo, é impor-
tante seguir alguns parâmetros na digitali-
zação de documentos para sua pasta de
scanner:
o Formato de arquivo: TIF Figura 5. Ícone para inclusão de documento externo.
o o Preto e branco;
o o Resolução de 200 x 200 dpi; Observação:
Limite de 10Mb por arquivo (o Multipage TIF pode Caso você receba documentos em PDF que não te-
quebrar em vários arquivos); nha texto pesquisável, devem ser tratados com o Multi-
page TIFF, salvos no formato TIFF na pasta “1 - Entra-
Etapa 2. Processo de qualidade: daOCR” para que sejam convertidos para PDF pesquisá-
Nesta etapa, o arquivo TIF capturado do scanner é vel e disponibilizados na pasta “2 - SaídaOCR”.
tratado, utilizando a ferramenta Multipage TIF, instalada 23.6.2.2.5. Campos obrigatórios na abertura de
em seu equipamento. Localize o ícone do programa e um processo
utilize-o para fazer as seguintes alterações:
Ao iniciar um novo processo o preenchimento dos
• Retirar páginas em branco; campos em negrito é obrigatório. Embora o sistema não
• Reorganizar as páginas; exija a obrigatoriedade dos campos “Especificação”, “In-
• Girar/endireitar páginas; teressados” e “Observações desta unidade”, a instituição
• Mesclar arquivos ou combinar arquivos de considera importante o preenchimento de todos os cam-
diferentes capturas; pos, pois estes são relevantes para a pesquisa do proces-
• Extrair páginas selecionadas; so no sistema.
• Salvar arquivo no formato TIF;
Para o campo “Especificação” a unidade de traba-
• Caso não esteja instalado, solicite a insta-
lho deve incluir a numeração do documento recebido (se
lação à Central de Serviços, via 0800 ou e-
constar) e o assunto do documento (Não colocar todas as
mail do suporte.
letras maiúsculas).
O campo “Interessados” é capturado da base de
dados da instituição. No caso de novos contatos estes

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Conhecimentos Específicos
devem ser incluídos levando em consideração algumas
regras:
a) Pessoa Física: os campos mínimos a serem pre-
enchidos são:
• Tipo;
• Nome;
• Endereço;
• Bairro;
• País;
• Estado;
• Cidade;
• CEP;
• Gênero;
• Cargo;
• Tratamento;
• CPF; Figura 7. Tela de assuntos relacionados no SEI.
• RG;
• Órgão Expedidor;
Figura 8. Níveis de acesso aos documentos.
• Data de Nascimento; Matrícula (Se cons-
tar); Telefone Fixo.
b) Pessoa Jurídica: os campos mínimos a serem
preenchidos são:
• Tipo;
• Sigla (Se constar);
• Nome; Figura 9. Assuntos classificados para documentos Restritos.

• Endereço; 23.6.2.2.7. Classificação dos processos


• Bairro;
• País; A fase de seleção do tipo de processo a ser aberto
• Estado; na unidade tem uma importância relevante, não somente
para facilitar a identificação do processo, mas quanto a
• Cidade;
vinculação de assuntos, prevista no Plano de Classifica-
• CEP;
ção dos Documentos da Área Meio e Fim do DNIT.
• E-mail; Nesse Plano, foi indicada a temporalidade do documento
• CNPJ; e sua destinação final. Isso significa dizer que, a depen-
• Telefone Fixo. der do tipo de processo criado, ele será guardado con-
O campo “Observações desta unidade” deve ser forme prazo estipulado na tabela de temporalidade, após
preenchido com informações adicionais que facilitem a esse prazo designado, ele será eliminado ou recolhido à
identificação do processo e/ou documento. Vale lembrar guarda permanente. Desse fato decorre a importância da
que as informações desse campo só irão retornar na pes- correta identificação da atividade que se vai realizar, pois
quisa para a unidade que as inseriu. selecionar o tipo de processo de forma descuidada, pode
ocasionar o erro de guardar permanentemente um docu-
Observação: Não incluir as informações nos cam- mento desnecessário ou, pior, eliminar um processo que
pos com todas as letras em maiúsculas (caixa alta). teria de ser preservado, em razão da falha na classifica-
23.6.2.2.6. Classificação por assunto do processo ção desse processo. É importante ressaltar que qualquer
unidade por onde o processo estiver tramitando é permi-
Este campo é automaticamente preenchido ao inici- tida a ação de “Consultar/Alterar Processo”. Dessa for-
ar um processo. Dessa forma, os usuários não devem al- ma, qualquer usuário pode alterar o tipo do processo e
terar esse campo, somente selecionar a informação apre- esta informação não será registrada no histórico.
sentada. O cadastramento de assuntos inexistentes no sis-
tema pode ser solicitado por intermédio do endereço: Caso o usuário tenha que alterar o tipo do processo
https://servicos.dnit.gov.br/atendimento/loginUsuario.php aberto é necessário, por meio da ação “Atualizar An-
damento”, incluir um informativo sobre o motivo da al-
teração.
As informações inseridas nessa ação serão apre-
sentadas no histórico do processo.
23.6.2.2.8. Restrição de acesso
Figura 6. Campo “Classificação por Assuntos”.
Há três níveis de acesso a documentos no sistema:
sigiloso, restrito e público. Segundo os regramentos dis-

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Conhecimentos Específicos
postos na Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, a pu- • País;
blicidade de informações é preceito geral, e o sigilo é ex- • Estado;
ceção. Dessa forma, o cadastramento dos níveis de aces- • Cidade;
so deve ser feito de forma correta, sob pena de violação a • CEP;
normas constitucionais e legais. • E-mail;
Embora a publicidade seja a regra, existem casos • CNPJ;
nos quais a classificação como sigiloso ou restrito é ne- • Telefone Fixo.
cessária.
23.6.2.3.2. Classificação por assunto de docu-
O documento deverá ser cadastrado como Restrito se mento
estiver enquadrado nos assuntos indicados na Figura 9.
Ao incluir um novo documento no processo tem a
Já a classificação como Sigiloso deverá ser utilizada opção de classificar por assunto, mas o preenchimento
de acordo com a Lei n.º 12.527 de 18 de novembro de desse campo fica sob a responsabilidade do Protocolo-
2011, o Decreto 7.845 de 14 de novembro de 2012, e ou- Geral.
tros normativos legais. Nesse caso, deve ser escolhida
Por isso, o usuário deverá deixar esse campo em
uma das opções: Secreto, Ultrassecreto ou Reservado.
branco.
23.6.2.3. Operações básicas com documentos
23.6.2.3.3. Extensões de arquivos liberados para
23.6.2.3.1. Campos obrigatórios ao incluir docu- inclusão no SEI!
mento Atualmente as extensões liberadas para inclusão de
Ao incluir um documento o preenchimento dos documentos externos no SEI! são:
campos em negrito é obrigatório.
Embora o sistema não exija a obrigatoriedade dos
campos “Descrição”, “Interessados” e “Observações des-
ta unidade”, a instituição considera importante o preen-
chimento de todos os campos, pois estes são relevantes
para a pesquisa de documentos no sistema.
O campo “Interessados” é capturado da base de
dados da instituição. No caso de novos contatos estes Figura 10. Tabela do SEI com as extensões de arquivos permitidas.

devem ser incluídos levando em consideração as seguin- Para cada arquivo incluído na árvore do processo o
tes regras: tamanho permitido para armazenamento é de 50MB.
a) Pessoa Física: os campos mínimos a serem pre- 23.6.2.3.4. Formatação de documento no SEI!
enchidos são:
Embora o sistema permita importar alguns formatos
• Tipo; de arquivo (Documento Externo), os documentos for-
• Nome; mais do órgão devem ser redigidos no próprio sistema
• Endereço; (Documento Interno). É possível a customização de tipos
• Bairro; de documentos em obediência aos padrões e formatação
• País; estabelecidos por instrumentos legais, tais como o Ma-
• Estado; nual de Redação da Presidência da República. Os tipos
• Cidade; de documentos também podem ser configurados de
• CEP; acordo com a realidade da instituição. Outras vantagens
• Gênero; do uso de Documentos Internos são seus formatos pa-
• Cargo; dronizados e automatizados (data, numeração, endereço
da unidade, processo de referência e número SEI!.
• Tratamento;
• CPF; Com a finalidade de padronizar os documentos da
• RG; instituição, escolha a opção mais adequada ao seu docu-
• Órgão Expedidor;
mento disponível no ícone , que o texto se ajus-
• Data de Nascimento; Matrícula (Se cons- tará ao formato. A opção mais básica é “Tex-
tar); Telefone Fixo. to_Justificado_Recuo_Primeira_linha”.
b) Pessoa Jurídica: os campos mínimos a serem ATENÇÃO:
preenchidos são:
Na hora de imprimir, o SEI ajusta a proporção entre
• Tipo; os elementos e o tamanho da folha, a partir do maior
• Sigla (Se constar); elemento. Logo, se você inserir uma tabela muito grande
• Nome; ou larga, o tamanho da fonte vai diminuir na hora da im-
• Endereço; pressão.
• Bairro;

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Conhecimentos Específicos
23.6.2.3.5. Incluir no SEI! e-mail da unidade pa- entre eles. Indica-se, por exemplo, relacionar os proces-
ra recebimento de notificações sos de contratação com os de pagamento de nota fiscal.
O vínculo entre processos relacionados pode ser desfeito
De acordo com a Instrução Normativa Nº
a qualquer tempo pelos servidores da unidade que efetu-
08/DG/DNIT SEDE, de 25 de julho de 2019, para fins de
ou a operação.
recebimento de comunicações eletrônicas e interface
com o SEI!, as unidades de trabalho podem cadastrar até 23.6.2.3.9. Anexar processos
2 (dois) e-mails. Dessa forma um e-mail será enviado,
A anexação de processos no SEI! permite juntar, de
todas as vezes que um processo chegar na unidade ou for
maneira permanente, processos do mesmo tipo, com o
enviado.
mesmo interessado e com o mesmo objetivo, uma vez
As unidades de trabalho devem solicitar a equipe verificado que as informações deveriam ou podem estar
de suporte do SEI! a inclusão dos - e-mails para recebi- agregadas em um processo único. Uma vez anexado a
mento de notificações. um processo principal, o processo acessório deixa de ter
independência. Como regra, o processo mais novo é
22.6.2.3.6. Regras para o uso do tipo de docu-
anexado ao mais antigo. Ao efetuar essa operação, o pro-
mento “Despacho”
cesso anexado perde sua independência e passa a compor
A comunicação entre as unidades de trabalho em a árvore de documentos do processo principal. Os relaci-
um processo no SEI! é realizada, via de regra, da mesma onamentos do processo anexado são mantidos após a
forma que nos processos em suporte físico. Por isso, o anexação e, caso o processo a ser anexado seja restrito,
tipo de documento “despacho” continua sendo essencial esse nível de acesso será estendido ao processo principal.
para comunicar o motivo do envio de um documento pa-
23.6.2.3.10. Excluir documento
ra outra unidade de trabalho.
O SEI! permite ao usuário a exclusão de documen-
É importante saber que “unidade de trabalho” para
tos externos ou documentos produzidos no próprio sis-
o SEI! é a estrutura organizacional de menor hierarquia a
tema. Esta opção tem por finalidade eliminar documen-
qual o usuário está vinculado no cadastramento. Portan-
tos que foram inseridos ou classificados equivocadamen-
to, a razão do envio deve estar explícita no despacho.
te, que ainda não foram estabilizados como oficiais e,
Entretanto, o uso do despacho é facultativo quando portanto, não afetam direitos e/ou obrigações.
a comunicação no processo ocorre dentro da mesma uni-
dade. Assim, o usuário pode usar a opção “atribuir pro- Em geral, o ícone ficará visível apenas quando
cesso” para encaminhar ao usuário responsável. Nesse o procedimento de exclusão for permitido. A exclusão de
caso, se for necessário trocar informações adicionais, vo- documentos obedece às seguintes regras:
cê pode utilizar a ação “anotações”. As anotações aju- a. Documento gerado e não assinado pode ser ex-
dam na comunicação, mas são visualizadas somente na cluído pela unidade elaboradora. Documento que ainda
unidade à qual o usuário está vinculado. não foi assinado é considerado minuta e pode ser excluí-
Vale ressaltar, que na maioria dos casos, as anota- do, ainda que tenha sido incluído em bloco de reunião;
ções não substituem o uso do despacho, pois suas infor- b. Documento gerado assinado e ainda com a caneta
mações não compõem os autos do processo. em amarelo pode ser excluído pela unidade elaboradora.
23.6.2.3.7. Referenciar os documentos A caneta de indicação de assinatura fica em amarelo até
que o documento tenha seu primeiro acesso por usuário
Caso no documento de sua unidade seja necessário de outra unidade, até seu primeiro acesso externo ou até
indicar outros documentos ou arquivos como memoran- o processo ser enviado para outra unidade.
dos, despachos, planilhas, comprovantes, é fundamental
que utilize o link SEI! para referenciá-los. Para isso, na c. Documento externo assinado e ainda com a cane-
tela do editor de documentos internos, insira o número ta em amarelo pode ser excluído pela unidade que o in-
SEI! do documento de referência utilizando o link indi- cluiu no processo. A caneta de indicação de assinatura
cado abaixo: fica em amarelo até que o documento tenha seu primeiro
acesso por usuário de outra unidade, até seu primeiro
acesso externo ou até o processo ser enviado para outra
unidade.
d. Documento externo não assinado pode ser exclu-
ído pela unidade que o incluiu no processo até seu pri-
Figura 11. Link para referenciar os documentos no SEI!. meiro acesso por usuário de outra unidade, até seu pri-
23.6.2.3.8. Relacionar processos meiro acesso externo ou até o processo ser enviado para
outra unidade.
Relacionamento de processos é o recurso que per-
mite vincular um ou mais processos que possuem infor- 23.6.2.3.11. Cancelar documento
mações afins. Processos relacionados não tramitam jun-
tos e não há hierarquia entre eles. Da mesma forma, não O ícone Cancelar Documento “ ” permite que,
há restrição para relacionar processos. Entretanto, orien- por determinação oficial, um documento já assinado e
ta-se que isso seja feito apenas quando houver relação visualizado por outra unidade (símbolo da caneta de in-

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Conhecimentos Específicos
dicação de assinatura fica preta) seja cancelado. Essa op- da tem um prazo de resposta. O prazo é cadastrado no
ção requer justificativa. momento de envio do processo a outra unidade e é bas-
tante útil para o controle de prazos em assuntos que re-
O documento permanece na árvore do processo,
queiram acompanhamento de providências ou cumpri-
mas identificado como cancelado e seu conteúdo não
mento de ações em determinada data. Ao enviar um pro-
pode ser mais acessado.
cesso para uma ou mais unidades, é possível programar a
data para devolução da demanda, preenchendo o campo
“Retorno Programado”.

Figura 12. Demonstração de documento cancelado.

23.6.2.3.12. Bloco de assinatura


Vale lembrar que a unidade de trabalho não recebe
notificação quando disponibilizado um bloco de assina-
tura. Dessa forma, alertamos os usuários a acessar todos
os dias o bloco de assinatura (menu à esquerda “Bloco
de Assinatura”).
LEMBRETE: Para que os usuários de outras uni-
dades possam alterar o documento disponibilizado, ele
não deve estar assinado. Caso seja necessário, o campo
“anotações” poderá ser utilizado para informar à área 23.6.2.3.16. Tramitação externa de processos
que elaborou o documento disponibilizado sobre as alte- Caso haja a necessidade de envio de processos dire-
rações necessárias. Posteriormente, o arquivo editado tamente a outros órgãos da Administração Pública, deve-
deverá ser novamente submetido à assinatura na funcio- se utilizar o módulo Barramento de Serviço no Sistema
nalidade “bloco de assinatura”. Além disso, o mesmo Eletrônico de Informações – SEI!.
bloco pode ser reutilizado para assinatura de outros do-
cumentos. Esse módulo tem como funcionalidade o envio e o
recebimento de processos ou documentos administrati-
23.6.2.3.13. Ciência vos digitais entre órgãos da Administração Pública de
Os documentos recebidos que tenham por finalida- maneira segura e com confiabilidade de entrega, sendo o
de apenas dar conhecimento sobre algum assunto, não Núcleo de Protocolo e Arquivo – NU-
precisam ser respondidos, devendo constar apenas a ci- PA/COPATR/CGLOG - DAF responsável pela tramita-
ência pela autoridade competente, mediante a utilização ção externa.
da seguinte ferramenta: Dessa forma, sua utilização reduz custos de impres-
são e de utilização dos serviços dos Correios, além de ser
mais vantajosa por conta da praticidade e da rapidez do
trâmite processual.
Figura 13. Ícone “ciência”. A escolha relacionada ao meio utilizado para envio
dos documentos cabe às unidades remetentes, e não ao
23.6.2.3.14. Tramitação de processo Setor de Protocolo. Nesse sentido, para a correta expedi-
Ao enviar um processo para outro setor, não há a ção do processo, a unidade interessada deve elaborar o
necessidade de mantê-lo aberto em sua unidade. Esse re- ofício endereçado ao órgão externo e remetê-lo ao Proto-
curso é exceção, e será utilizado apenas quando houver colo do DNIT (Núcleo de Protocolo e Arquivo – NU-
retorno programado da demanda ou for necessário conti- PA), por meio do Sistema Eletrônico de Informações –
nuar a instruir o processo enquanto outra unidade tam- SEI!.
bém o analisa. O controle do andamento processual pode Além disso, os seguintes requisitos devem ser veri-
ser feito mediante a utilização da ferramenta “Acompa- ficados pelas áreas remetentes antes do envio do proces-
nhamento Especial”, mostrada na figura abaixo: so ao Núcleo de Protocolo e Arquivo – NUPA:
a) Deve-se incluir um despacho de encaminhamento
ao Núcleo de Protocolo e Arquivo - NUPA, a fim de so-
licitar o envio por meio do ConectaGOV-PEN;
Figura 14. Ícone “Acompanhamento Especial”. b) Todos os campos relativos ao cadastramento das
informações dos documentos no SEI! devem estar preen-
23.6.2.3.15. Retorno programado
chidos. Ex.: Tipo de documento, Número/Nome na Ár-
A funcionalidade “Retorno Programado” permite vore, Descrição, remetente, interessados, classificação;
informar aos destinatários de um processo que a deman-

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Conhecimentos Específicos
c) Os documentos gerados no processo devem estar tação de contas e à instrumentalização do controle
assinados, inclusive as minutas. social.
III. O objeto da Lei n. 4.320/64 é o orçamento público o
d) No momento do envio, o processo não pode estar
que não atende plenamente à essência contábil que
aberto em outra unidade que não seja o Núcleo de Proto-
representa o estudo do patrimônio.
colo e Arquivo – NUPA.
e) Na árvore do processo, não pode haver documen- Assinale:
tos com tamanho superior a 50 MB;
A) se somente a afirmativa I estiver correta.
f) Na árvore do processo, não pode haver outros B) se somente a afirmativa II estiver correta.
processos anexados. Caso haja, deve-se realizar a desa- C) se somente a afirmativa III estiver correta.
nexação antes do envio. D) se somente as afirmativa I e II estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
A lista dos órgãos integrados ao barramento pode
ser consultada no Portal do PEN, por intermédio do en-
02. (FGV - 2014 - AL-BA - Técnico de Nível Su-
dereço abaixo:
perior - Ciências Contábeis). De acordo com as Nor-
https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/processo-eletronico- mas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Pú-
nacional/conteudo/barramento-de-servicos/relacao-dos-orgaos-e-entidades
blico, assinale a opção que indica o objeto da Contabili-
23.6.2.3.17. Acesso a processos tramitados para dade Aplicada ao Setor Público.
outro setor
A) Os ativos públicos.
Com a finalidade de atender aos princípios da efici- B) O patrimônio público.
ência, economicidade e segurança na administração pú- C) O resultado público.
blica, e tendo em vista as disposições constantes da Ins- D) O fornecimento de informações sobre os resultados
trução Normativa Nº 08/DG/DNIT SEDE, de 25 de julho alcançados pelas entidades do setor público.
de 2019, sugere-se incluir ou alterar documentos em um E) Os aspectos de natureza orçamentária, econômica,
processo apenas se a última tramitação for para o seu se- financeira e física do patrimônio da entidade do se-
tor. Caso a unidade necessite realizar quaisquer altera- tor público.
ções, deve-se solicitar formalmente o envio do processo,
para que os trabalhos da outra unidade não sejam preju- 03. (FGV - 2015 - TJ-SC - Analista Administra-
dicados. tivo). Após receber solicitação de um cidadão acerca dos
empenhos relativos a obras de engenharia realizados pela
23.6.2.3.18. Conclusão de processos
entidade em um determinado período em um órgão pú-
Quando todos os assuntos do processo forem resol- blico, o contador informou que só iria disponibilizar tais
vidos, deve-se realizar a conclusão após inseri-lo no blo- informações no relatório bimestral. Essa prática fere di-
co interno. Essa prática facilita o controle dos processos retamente um dos objetivos da Contabilidade Aplicada
arquivados pelo setor. ao Setor Público que é o(a):
A) controle de custos;
B) controle financeiro;
C) acompanhamento da gestão de recursos;
D) transparência da prestação de contas;
E) instrumentalização do controle social.
Figura 15. Ícone “Concluir Processo”.
04. (FGV - 2015 - DPE-MT – Contador). Assinale
EXERCÍCIOS a opção que indica o objeto da Contabilidade Aplicada
ao Setor Público.
Nas questões de 01 a 121, marque uma única alter-
nativa correta conforme pede seu comando. A) Entidades públicas
B) Demonstrações contábeis
01. (FGV - 2013 - CONDER – Administrador). C) Resultado público
Quanto aos fundamentos da contabilidade aplicados ao D) Ativos públicos
setor público, analise as afirmativas as seguir. E) Patrimônio público
I. O campo de aplicação compreende todas as entida-
des do setor público, tanto da administração direta 05. (FGV - 2014 - Câmara Municipal do Recife-
quanto indireta, bem como entidades que recebam, PE – Contador). O campo de aplicação do Plano de
guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem re- Contas Aplicado ao Setor Público está circunscrito às en-
cursos públicos, na execução de suas atividades, no tidades governamentais, mas há entidades cuja adoção é
tocante aos aspectos contábeis da prestação de con- facultativa. Uma entidade que está facultada a adotar o
tas. plano de contas aplicado ao setor público é:
II. A função social deve refletir, sistematicamente, o A) autarquia;
ciclo da Administração Pública para evidenciar in- B) consórcio público;
formações necessárias à tomada de decisões, à pres- C) fundação pública;

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Conhecimentos Específicos
D) empresa estatal dependente; 10. (FGV - 2023 - AL-MA - Técnico de Gestão Ad-
E) sociedade de economia mista. ministrativa – Controlador). Em relação à Demonstra-
ção das Variações Patrimoniais, considere as seguintes
06. (FGV - 2023 - TCE-ES - Auditor de Controle contas:
Externo - Auditoria Governamental). Após o encerra-
I. Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria
mento de um dado exercício financeiro, o gestor de um
II. Desvalorização e Perdas de Ativos e Incorporação de
ente público solicitou uma avaliação do montante de pa-
Passivos
gamentos de restos a pagar processados e não processados
III. Exploração e Venda de Bens, Serviços e Direitos
nos últimos cinco anos.
IV. Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital Fixo
Para atender a essa solicitação, um servidor deve V. Transferências e Delegações Concedidas
buscar tais informações na estrutura do(a):
Representam variações patrimoniais diminutivas
A) balanço financeiro;
B) balanço orçamentário; A) I e III, apenas.
C) balanço patrimonial; B) I, II e IV, apenas.
D) demonstração dos fluxos de caixa; C) I, IV e V, apenas.
E) programação financeira e cronograma de desem- D) II, III e IV, apenas.
bolso E) II, IV e V, apenas.

07. (FGV - 2023 - AL-MA - Técnico de Gestão Ad- 11. (FGV - 2012 - Senado Federal - Analista Le-
ministrativa - Contador - Finanças Públicas). No Ba- gislativo – Administração). O Sistema Integrado de Ad-
lanço Orçamentário de uma entidade do setor público, no ministração Financeira do Governo Federal – SIAFI foi
quadro principal, são apresentados créditos adicionais au- criado em 1987 pelo Serpro e constitui uma das principais
torizados nos últimos quatro meses do exercício anterior ferramentas de gestão da esfera federal. Trata‐ se de um
ao de referência e reabertos no exercício de referência. programa desenvolvido para controlar a execução finan-
ceira, orçamentária, patrimonial, operacional e contábil
Tais créditos devem ser classificados, no Balanço Or-
das unidades gestoras da União.
çamentário, como Alternativas
É possível citar como finalidades do SIAFI os itens
A) Refinanciamento.
a seguir:
B) Receitas Correntes.
C) Receitas de Capital. I. permitir um controle oportuno dos recursos públicos,
D) Operações de Crédito. tais como saldo financeiro, dívidas, operações de cré-
E) Saldos de Exercícios Anteriores. dito e haveres;
II. evidenciar a situação econômica, financeira, patri-
08. (FGV - 2023 - AGENERSA - RJ - Assistente monial em tempo hábil;
Técnico de Regulação). Assinale a opção que indica um III. subsidiar o gestor público por meio da disponibiliza-
passivo contabilizado no balanço patrimonial de uma en- ção de informações úteis, relevantes, oportunas, con-
tidade. fiáveis e fidedignas;
IV. evitar o uso de eventos, quais sejam códigos que
A) Passivo contingente.
eram utilizados para registro dos atos e fatos admi-
B) Despesas antecipadas.
nistrativos e contábeis.
C) Receitas recebidas antecipadamente.
D) Perdas estimadas com desvalorização do estoque.
A fim de complementar o enunciado, assinale
E) Perdas estimadas com crédito de liquidação duvidosa
A) se somente os itens I e II estiverem corretos.
09. (FGV - 2023 - AGENERSA - RJ - Assistente B) se somente os itens III e IV estiverem corretos.
Técnico de Regulação). Uma entidade que presta serviço C) se somente os itens I, II e III estiverem corretos.
contábeis adquiriu ações integrantes do capital social de D) se somente os itens II e IV estiverem corretos.
outra sociedade, com o intuito de valorização. E) se todos os itens estiverem corretos.
Em seu balanço patrimonial, essas ações são conta-
12. (FGV - 2023 - PGM - Niterói - Analista Con-
bilizadas no ativo como
tábil). Um analista de uma agência financeira estava fa-
A) circulante. zendo uma análise de uma entidade governamental e pre-
B) intangível. cisava de informações que subsidiassem uma avaliação
C) imobilizado. sobre a conformidade da entidade com o que foi definido
D) investimento. pelos responsáveis pela gestão financeira.
E) realizável a longo prazo.
A Estrutura Conceitual para elaboração e divulgação
de informação contábil de propósito geral pelas entidades
do setor público dispõe que essas informações, em geral,
podem ser encontradas nas demonstrações contábeis e se
referem a:

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Conhecimentos Específicos
A) controle dos atos do governo; 16. (GRUPO APCON/2023). Acerca das atribui-
B) desempenho do governo; ções e competências do Sistema de Controle Interno (SCI)
C) execução orçamentária do governo; do Poder Executivo Federal, conforme estabelecido pela
D) fluxos de caixa do governo; Instrução Normativa SFC/MP nº 7/2017 e legislações cor-
E) situação patrimonial do governo. relatas, é correto afirmar que:
A) O SCI é responsável exclusivamente pela fiscaliza-
13. (FGV - 2014 - AL-BA – Auditor). O controle
ção contábil das entidades da administração direta.
interno relacionado às ações que propiciam o alcance dos
B) Entre as competências do SCI está a apuração de atos
objetivos da entidade é classificado como controle
inquinados de ilegais praticados por agentes públicos
A) contábil. na utilização de recursos federais.
B) normativo. C) A atuação do SCI limita-se aos órgãos do Poder Exe-
C) operacional. cutivo Federal, excluindo-se as empresas estatais.
D) financeiro. D) A avaliação do cumprimento das metas do Plano Plu-
E) patrimonial. rianual não é função do SCI, conforme a legislação
vigente.
14. (FGV - 2010 - SEAD-AP - Fiscal da Receita E) O SCI deve reportar suas atividades unicamente ao
Estadual - Prova 2). De acordo com a NBC T 16.8 - Con- Congresso Nacional, sem interface com outros ór-
trole Interno, aprovada pela Resolução nº 1.135/08, o gãos de controle.
Controle Interno deve ser classificado nas categorias:
17. (GRUPO APCON/2023). Em relação à execu-
A) de conformidade, de regularidade e de gestão.
ção dos programas de governo e dos orçamentos da
B) operacional, contábil e normativo.
União, conforme orienta a Instrução Normativa SFC/MP
C) financeiro, patrimonial e administrativo.
nº 7/2017 e legislações correlatas, assinale a alternativa
D) de relevância, de materialidade e de oportunidade.
correta:**
E) econômico, substantivo e de observação.
A) A análise de economicidade não faz parte das atribui-
15. (FGV - 2013 - AL-MT – Contador). Com rela- ções do SCI na execução orçamentária.
ção ao controle interno administrativo, analise as afirma- B) A fiscalização operacional pelo SCI é restrita às en-
tivas a seguir. tidades da administração indireta.
C) A renúncia de receitas está fora do escopo de fiscali-
I. É o conjunto de atividades, planos, rotinas, métodos
zação do SCI.
e procedimentos interligados, estabelecidos com vis-
D) O SCI deve avaliar a execução dos programas de go-
tas a assegurar que os objetivos das unidades e enti-
verno, incluindo a conformidade com o Plano Pluri-
dades da administração pública sejam alcançados, de
anual.
forma confiável e concreta, evidenciando eventuais
E) Somente o Congresso Nacional pode fiscalizar a exe-
desvios ao longo da gestão, até a consecução dos ob-
cução dos orçamentos da União, excluindo-se o pa-
jetivos fixados pelo Poder Público.
pel do SCI.
II. O princípio de delegação de poderes e definição de
responsabilidades define que a estrutura das unida-
18. (FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Ana-
des/entidades deve prever a separação entre as fun-
lista Judiciário - Área Judiciária). Segundo dispõe a Lei
ções de autorização/aprovação de operações, execu-
nº 14.133/2021 (nova Lei de Licitações), no que concerne
ção, controle e contabilização.
às compras, é correto afirmar:
III. Ao ser implementado deve estar voltado para a cor-
reção de eventuais desvios em relação aos parâme- A) A Administração não pode vedar a contratação de
tros estabelecidos, prevalecer como instrumento au- marca ou produto.
xiliar de gestão e estar direcionado para atendimento
B) O processamento por meio de sistema de registro de
exclusivo dos níveis hierárquicos mais elevados da
preços é obrigatório.
administração.
C) O parcelamento do objeto não será adotado quando
Assinale: o processo de padronização ou de escolha de marca
levar a fornecedor exclusivo.
A) se somente a afirmativa I estiver correta.
D) Não há permissão legal para indicação pela Adminis-
B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
tração de marcas e modelos.
C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
E) Poderá ser exigida amostra na fase de habilitação.
D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas. 19. (FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Ana-
lista Judiciário - Especialidade: Contabilidade). Cons-
titui novidade introduzida pela “nova Lei de Licitações”
em relação às leis precedentes:
A) a fase única para recursos.

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Conhecimentos Específicos
B) a inversão das fases de classificação e habilitação. anterior paradigma de sigilo, em prol da ampla com-
C) a possibilidade de orçamento sigiloso. petitividade e transparência.
D) o estudo técnico preliminar. D) fase introduzida na modalidade concorrência, poste-
E) o critério de julgamento do maior retorno econô- rior à apresentação das propostas, na qual, junta-
mico. mente com os lances para redução do preço ofertado,
são também apresentados possíveis ajustes na espe-
20. (FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Ana- cificação técnica do objeto visando sua melhor exe-
lista Judiciário - Especialidade: Arquitetura). A Lei Fe- cução.
deral nº 14.133/2021 estabelece normas gerais de licitação E) procedimento licitatório aplicável a projetos de infra-
e contratação. Uma das modalidades de licitação previstas estrutura contratados nas modalidades concessão ad-
na referida lei assim se descreve: “modalidade de licitação ministrativa e concessão patrocinada, que contempla
obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo proposta de manifestação de interesse dos potenciais
critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o licitantes, voltadas à definição de aspectos específi-
de maior desconto;”. cos da contratação, entre os quais a matriz de riscos.
A descrição se refere a:
23. (FGV - 2023 - SEE-MG - Analista Educacional
A) Pregão. (ANE) - Técnico-administrativo). A Administração Pú-
B) Concorrência. blica brasileira usou, ao longo da história, diversos mode-
C) Concurso. los marcados por transformações que ficaram conhecidas
D) Leilão. como reformas administrativas.
E) Diálogo Competitivo.
A reforma que visou à implementação do modelo bu-
rocrático tinha como foco
21. (FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Ana-
lista Judiciário - Especialidade: Arquitetura). Nos ter- A) a convergência das esferas públicas e privadas.
mos da Lei nº 14.133/2021 (nova Lei de Licitações), no B) a descentralização das atividades estatais.
que concerne à participação consorciada nos certames li- C) a implementação do modelo regulatório de interven-
citatórios, ção.
D) a seleção de pessoal administrativo por sistema de
A) para consórcios compostos, em sua totalidade, de mi-
mérito.
croempresas e pequenas empresas, assim definidas
em lei, não haverá acréscimo sobre o valor exigido
24. (FGV - 2015 - DPE-RO - Analista da Defenso-
de licitante individual para a habilitação econômico-
ria Pública - Analista em Administração). As reformas
financeira.
administrativas no Brasil, em grande medida, mostraram-
B) cada empresa consorciada deve comprovar, isolada-
se voltadas à eliminação do patrimonialismo. Em relação
mente, os requisitos habilitatórios exigidos no edital.
ao patrimonialismo, é correto afirmar que:
C) é vedada a participação de empresas em consórcio na
licitação. A) o quadro administrativo é formado por pessoas com
D) o edital de licitação não poderá estabelecer limite vínculo de fidelidade pessoal;
máximo para o número de empresas em consórcio. B) os processos e controles são centrais ao funciona-
E) a substituição de consorciado independe de ser ex- mento das organizações;
pressamente autorizada pelo órgão ou entidade con- C) a impessoalidade nas relações é uma característica
tratante. fundamental;
D) a periferia operacional é separada do núcleo estraté-
22. (FCC - 2022 - TJ-CE - Analista Judiciário - gico;
Área Judiciária). Entre as inovações introduzidas pela E) os serviços são moldados como quasi-mercados.
Lei nº 14.133/2021, relativamente ao regime jurídico de
licitações e contratações públicas, destaca-se o denomi- 25. (FGV - 2023 - Prefeitura de Niterói - RJ -
nado diálogo competitivo, que constitui Agente Administrativo). Para reduzir ineficiências e len-
tidões do modelo burocrático, a reforma administrativa da
A) um dos procedimentos auxiliares à licitação, adotado
década de 1990 teve, como uma de suas principais mu-
previamente à instauração do certame para possibili-
danças, a implantação da gestão por resultados.
tar a delimitação do objeto a ser licitado quando a
Administração não detenha condições de apresentar Em relação a esse conceito fundamental para a mo-
sua correta especificação técnica. dificação do paradigma administrativo brasileiro, é cor-
B) modalidade licitatória que contempla uma fase de di- reto afirmar que ele promovia, essencialmente,
álogo com os potenciais interessados, após a publi-
A) a profissionalização da Administração Pública, via-
cação do edital, na qual são apresentadas soluções
bilizando a previsibilidade das expectativas do fun-
técnicas para atender às necessidades da Administra-
cionamento das organizações.
ção.
B) a formalização das comunicações em conjunto com
C) princípio aplicável a todas as modalidades licitató-
a impessoalidade nos relacionamentos entre os pares,
rias, voltado à escolha da melhor proposta do ponto
reduzindo incentivos para a corrupção.
de vista técnico e econômico, afastando, assim, o

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Conhecimentos Específicos
C) a valorização da competência técnica graças à meri- necessidade de informatização e automatização dos
tocracia, reforçada por meio da realização de concur- processos, e garantindo a empregabilidade.
sos públicos. E) Flexibilidade Administrativa, oferecendo uma maior
D) o aumento da autonomia dos gestores públicos, mu- autonomia aos gestores públicos para a tomada de
dando o foco do controle procedimental para a veri- decisões, vinculando-a ao alcance das metas.
ficação do cumprimento das metas acordadas.
E) a padronização das ações de rotina e dos processos 28. (FGV - 2022 - Senado Federal - Analista Le-
via normatização, efetivada por meio de regulamen- gislativo – Administração). Relacione as abordagens da
tos técnicos utilizados de forma genérica. Administração listadas a seguir às características que me-
lhor as representam.
26. (FGV - 2022 - EPE - Analista de Pesquisa
1. Abordagem clássica
Energética - Economia de Energia). A reforma adminis-
2. Abordagem estruturalista
trativa ocorrida no Brasil na década de 1990, pautou-se na
3. Abordagem comportamental
ideia de modernizar e aumentar a eficiência do aparelho
4. Abordagem sistêmica
do Estado e teve, como algumas de suas medidas princi-
5. Abordagem contingencial
pais, a descentralização da estrutura interna da Adminis-
tração Pública e o fortalecimento da capacidade regulató-
( ) Reúne abordagens com foco na tarefa e na organiza-
ria.
ção racional do trabalho e com foco na estrutura or-
No que tange às entidades paraestatais, assinale a ganizacional e em princípios da administração.
afirmativa correta. ( ) Considera que as condições do ambiente levam à es-
colha das técnicas administrativas em busca da con-
A) A absorção de atividades não exclusivas do Estado
sonância na prática organizacional.
por Organizações Sociais foi promovida por meio do
( ) Compreende a organização como um sistema aberto,
processo de publicização.
influenciado pelas questões internas, mas também
B) As Organizações da Sociedade Civil foram instituí-
por fornecedores, clientes, concorrentes, governo,
das para assessorar os ministérios na coordenação de
dentre outros.
políticas públicas por meio de contrato de gestão.
( ) Expande a visão intraorganizacional para um pers-
C) O instrumento termo de parceria foi criado para esta-
pectiva interorganizacional, calcada na influência da
belecer acordos de empreendimento governamental
teoria da burocracia.
entre os entes políticos e as unidades do sistema S.
( ) A gestão é considerada dependente das característi-
D) As atividades estatais com fins lucrativos considera-
cas de quem administra, como foco na interação en-
das não essenciais foram delegadas, por privatização,
tre indivíduo e organização, interação esta que é,
às entidades de apoio.
muitas vezes, fonte de conflitos organizacionais.
E) A concessão da execução de serviços públicos foi re-
passada por convênios às organizações da sociedade
Assinale a opção que indica a relação correta, na or-
civil de interesse público, a exemplos de agências
dem apresentada.
27. (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA - A) 4, 2, 5, 3 e 1.
Fiscal de Serviços Municipais). A crise do Estado brasi- B) 1, 5, 4, 2 e 3.
leiro, na década de 80, ensejou a adoção de novas práticas C) 2, 4, 1, 3 e 5.
para a Administração Pública. Um conjunto de experiên- D) 1, 2, 4, 3 e 5.
cias internacionais bem-sucedidas foi, então, identificado E) 1, 3, 2, 5 e 4
como formando um novo movimento da atuação estatal,
posteriormente denominado como Nova Gestão Pública 29. (INSTITUTO CONSULPLAN - 2023 - IF-PA
(New Public Management). – Administrador). O processo de comunicar metas e ob-
jetivos aos membros no qual os gestores anunciam, escla-
Assinale a opção que apresenta uma característica
recem e promovem os alvos para que os esforços devam
importante desse movimento.
ser direcionados é definido como:
A) Foco em Resultados, caracterizado pela mudança pa-
A) Direção.
radigmática de ênfase em metodologias de controle a
B) Controle.
posteriori para a utilização sistêmica do controle a
C) Organização.
priori.
D) Planejamento.
B) Controle Social, instituindo a orientação administra-
tiva voltada para o sigilo de informações públicas,
30. (UFMA - 2023 - UFMA - Assistente em Admi-
fundamentais para inibir conflitos societários.
nistração). O processo de administração consiste em pla-
C) Valorização do Serviço Público, adotando a filosofia
nejar, ________________, dirigir e ___________ os re-
do Estado empreendedor e realizando a estatização
cursos para se chegar aos resultados almejados. As pala-
de serviços considerados estratégicos para a econo-
vras que completam as lacunas são, respectivamente:
mia do país.
D) Trabalho em Rede, por meio do desenvolvimento da A) Coordenar e monitorar
força de trabalho do setor público, reduzindo a B) Comunicar e controlar
C) Organizar e comunicar

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Conhecimentos Específicos
D) Defender e contornar B) O planejamento é feito em três níveis, sendo eles o
E) Organizar e controlar estratégico, tático e operacional.
C) O planejamento é feito por meio da definição do ne-
31. (BRB - 2023 - CREF - 13ª Região (BA-SE) - gócio, mas não de objetivos da empresa.
Agente de Orientação e Fiscalização). Segundo com D) O planejamento estratégico é o pensamento sistê-
Chiavenato, o processo administrativo é composto pelas mico por meio de estruturas, não organizacional para
seguintes funções administrativas: que a empresa alcance seus objetivos.
E) O planejamento sempre deve partir das estratégias de
A) Planejamento, organização, direção e controle.
desenvolvimento e recursos humanos disponíveis.
B) Plano, organização, diretoria e controle.
C) Prevenção, coordenação, direção e comando.
35. (Quadrix - 2021 - CRM-MS - Analista Admi-
D) Plano, coordenação, dirigir e execução.
nistrativo). Assinale a alternativa que apresenta o aspecto
E) Planejamento, organização, direção e execução.
do planejamento estratégico de uma empresa que trata da
descrição do motivo por que um negócio foi criado.
32. (COMVEST UFAM - 2023 - UFAM – Admi-
nistrador). Sobre as funções de administração, analise as A) missão
seguintes afirmativas: B) visão
C) valor
I. O planejamento é uma função que se aplica apenas
D) meta
ao nível estratégico da organização, não aos níveis
E) qualidade
tático e operacional.
II. A organização é uma função que envolve a definição
36. (FGV - 2016 - CODEBA - Analista Portuário
da estrutura organizacional, a divisão do trabalho, a
– Administrador). Com relação às estratégias competiti-
alocação de recursos e a coordenação das atividades.
vas genéricas, postuladas por Michael Porter para o en-
III. A direção é uma função que abrange os processos de
frentamento das forças competitivas, analise as afirmati-
liderança, comunicação e motivação dos colaborado-
vas a seguir.
res da organização.
IV. O controle é uma função que consiste em comparar I. As estratégias competitivas genéricas são liderança
os resultados obtidos com os objetivos planejados e de custo, de diferenciação e de foco.
tomar as medidas corretivas necessárias. II. A adoção da estratégia de liderança de custo deve
V. As funções de administração são interdependentes e abranger todo o mercado.
devem ser realizadas de forma integrada e contínua. III. A estratégia de foco permite a diferenciação em de-
terminado nicho de mercado.
Assinale a alternativa CORRETA:
Assinale:
A) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
B) Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras. A) se somente a afirmativa I estiver correta.
C) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
B) se somente a afirmativa II estiver correta.
D) Somente as afirmativas II, III, IV e V são verdadei-
ras. C) se somente a afirmativa III estiver correta.
E) Todas as afirmativas são verdadeiras.
D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
33. (FCM - 2022 - Prefeitura de Timóteo - MG - E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Analista em Gestão Municipal). Os princípios gerais de
administração orientam o gestor no desenvolvimento so-
bre suas funções, entre as quais destaca-se a função de 37. (FGV - 2014 - FUNARTE - Administração e
planejar. Planejamento). A análise SWOT é uma ferramenta que
visa analisar a posição estratégica de uma empresa em um
A esse respeito, é correto afirmar que há três níveis determinado ambiente competitivo. Os pontos ou aspec-
de planejamento, que se diferenciam quanto ao prazo de tos analisados com base nessa ferramenta são:
abordagem, sendo de longo, médio e curto prazo, denomi-
nados, respectivamente, de A) produto, preço, praça e promoção;
B) fragilidades, vantagens, oportunidades e concorren-
A) estratégico / tático / operacional. tes;
B) tático / estratégico / operacional.
C) estratégico / operacional / tático. C) forças, fraquezas, oportunidades e ameaças;
D) operacional / estratégico / tático. D) política, Economia, ambiente, sociedade, tecnologia,
legislação;
34. (CONTEMAX - 2021 - Prefeitura de Vista Ser-
rana - PB - Agente Administrativo). Assinale abaixo a E) diversificação, capacidade de inovação, lucrativi-
alternativa correta, de como um planejamento é elabo- dade e rivalidade.
rado.
A) O planejamento é feito pela missão, visão e valores
da empresa somente.

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Conhecimentos Específicos
38. (UFES - 2016 - UFES – Administrador). No podem ligar objetivos comerciais com objetivos de
entendimento de Clegg e Hardy (1998), a descentraliza- produção, ou objetivos de um nível com os objetivos
ção, as configurações organizacionais em forma de redes dos níveis superiores e inferiores
internas e externas, a redefinição da natureza das hierar-
quias, o desenvolvimento do “groupware” e as alianças 41. (FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE - Analista de
estratégicas, são, entre outras, características das organi- Recursos Humanos). A Administração por Objetivos
zações do tipo (APO) é uma importante ferramenta de planejamento, de-
senvolvida com o intuito de envolver todos os membros
A) matricial.
da organização na definição dos objetivos. Entretanto, al-
B) burocrática.
gumas desvantagens ou dificuldades na aplicação da fer-
C) adhocrática.
ramenta limitaram sua difusão e continuidade de uso. As-
D) funcional.
sinale a opção que pode ser apontada como uma das prin-
E) pós-moderna.
cipais dificuldades no uso dessa ferramenta.
39. (IBFC - 2020 - EBSERH - Analista Adminis- A) O foco dos esforços no curto prazo, em detrimento
trativo – Administração). Sobre processo de planeja- ao longo prazo.
mento, analise as afirmativas abaixo. B) O desestímulo causado aos funcionários devido ao
aumento de responsabilidades.
I. A matriz SWOT é uma ferramenta que favorece a
C) A dificuldade de discriminar as responsabilidades e
empresa a identificar em que posição se encontra em
autoridades.
relação às suas ameaças e oportunidades e quais são
D) A perda da capacidade de resposta às alterações do
suas forças e fraquezas organizacionais.
ambiente externo.
II. Redes e alianças são formações entre diferentes or-
E) A impossibilidade de estabelecer medidas de desem-
ganizações para obter fortalecimento estratégico
penho.
como, por exemplo, as "Joint ventures". Uma vanta-
gem nesses casos é o ganho na posição de negociação
42. (FGV - 2021 - IMBEL - Engenheiro de Con-
com fornecedores.
trole de Qualidade). Na gestão de desempenho organiza-
III. Na administração por objetivos o processo de desen-
cional, o Balanced Scorecard procura ligar o mapeamento
volvimento vem dos subordinados para os diretores.
estratégico da organização com um conjunto de medido-
Todos os membros da organização estão envolvidos
res de desempenho, de forma a destacar as nuances e as
no processo de definição dos objetivos. Os objetivos
interligações entre as diversas áreas dessa organização.
aqui são de longo prazo, ao contrário do planeja-
Na implantação desse sistema, é necessário considerar al-
mento estratégico.
guns elementos conceituais, à exceção de um. Assinale-o.
IV. Missão define a imagem ou ideia que a empresa tem
de si mesma, e visão define a razão de existência da A) Objetivos estratégicos.
empresa. B) Iniciativas estratégicas.
C) Relações de causa e efeito.
Assinale a alternativa correta. D) Fatores críticos de sucesso.
E) Planejamento racional compreensivo.
A) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas
B) Apenas as afirmativas II e III estão corretas
43. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - APEX Brasil -
C) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
Analista I). Assinale a opção que apresenta a perspectiva
D) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas
do balanced scorecard que se constitui tanto de processos
E) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas
finalísticos ou operacionais com impactos diretos nos re-
sultados financeiros e na satisfação dos clientes quanto de
40. (IBFC - 2021 - Prefeitura de São Gonçalo do
processos de suporte para a realização das demais ativida-
Amarante - RN – Administrador). A Administração Por
des.
Objetivos (APO), tem como princípio a determinação de
objetivos para o direcionamento dos esforços administra- A) perspectiva financeira
tivos. Acerca desse assunto, assinale a alternativa correta. B) perspectiva dos clientes
C) perspectiva dos processos internos
A) Na APO as metas são definidas pelos gerentes sem a
D) perspectiva do aprendizado e crescimento
participação dos subordinados e as responsabilidades
são especificadas para cada um em função dos resul-
44. (FCC - 2015 - MANAUSPREV - Técnico Pre-
tados esperados
videnciário – Administrativa). O processo de tomada de
B) A ênfase na mensuração e no controle de resultados
decisões, seja no âmbito organizacional ou pessoal, nor-
e a contínua avaliação, revisão e reciclagem dos pla-
malmente é complexo e produz efeitos. A sequência que
nos, são características da APO
garante a eficácia e a racionalidade do processo decisório
C) Na APO os objetivos podem ser denominados metas,
é
alvos ou finalidades, porém devem determinar os re-
sultados que o gerente e o subordinado deverão al- A) o diagnóstico; a identificação do problema ou opor-
cançar tunidade; escolha da alternativa; implantação e ava-
D) Os objetivos dos vários departamentos ou gerentes liação da decisão.
envolvidos não precisam estar correlacionados, mas

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Conhecimentos Específicos
B) o diagnóstico; identificação do problema ou oportu- B) estrutura organizacional matricial
nidade; escolha da alternativa; avaliação da decisão C) estrutura organizacional divisional
e geração de alternativas. D) estrutura organizacional staff-and-line
C) a identificação do problema ou oportunidade; gera-
ção de alternativas; escolha da alternativa; implanta- 48. (SELECON - 2023 - Prefeitura de Nova Mu-
ção e avaliação da decisão. tum - MT - Agente Administrativo). O tipo de organiza-
D) a identificação do problema; geração de alternativas; ção que tem como objetivo a obtenção de lucros por meio
diagnóstico; avaliação da decisão e escolha da alter- de serviços prestados ou de vendas de produtos denomina-
nativa. se:
E) a identificação do problema ou oportunidade; diag-
A) empresarial
nóstico; geração de alternativas; escolha da alterna-
B) governamental
tiva e avaliação da decisão.
C) não governamental
D) de utilidade pública
45. (FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Ana-
lista Judiciário - Área Administrativa). Segundo Her-
49. (QUADRIX - 2023 - IIER - SP - Técnico em
bert Simon, a organização pode ser entendida como um
Enfermagem). Em relação à estrutura organizacional, as-
sistema de decisões, sendo a tomada de decisão uma das
sinale a alternativa correta.
tarefas mais características do administrador. A literatura
destaca, ainda, que as decisões podem ser tomadas tanto A) O sistema de decisão é o resultado da ação sobre as
para solucionar problemas, como para aproveitar oportu- informações.
nidades. Fixadas essas premissas gerais, emerge a conhe- B) A organização informal é a baseada em uma divisão
cida categorização das decisões como “programadas” e do trabalho racional.
“não programadas”, tomando por base C) A organização formal emerge espontânea e natural-
mente entre as pessoas.
A) a natureza da situação, eis que a solução de um pro-
D) A organização formal prevê normas de conduta pre-
blema somente pode ser alcançada por uma decisão
viamente estabelecidas.
programada, enquanto o aproveitamento de oportu-
E) A organização informal planejada é a que está no pa-
nidades demanda, necessariamente, uma decisão não
pel e geralmente é aprovada pela direção.
programada.
B) o grau de experiência do administrador, sendo a pre-
50. (QUADRIX - 2022 - Câmara de Goianésia -
sença de decisões não programadas um indicativo
GO - Telefonista/Recepcionista). Uma vantagem da es-
clássico de baixa capacidade gerencial.
trutura matricial, em comparação aos outros tipos de es-
C) a complexidade da situação posta, sendo as decisões
trutura organizacional, é o(a)
programadas aquelas adequadas para situações desa-
fiadoras e inéditas para a organização. A) desenvolvimento do espírito crítico construtivo.
D) o grau de ineditismo ou recorrência da situação, B) maior grau de especialização e de orientação para re-
sendo as decisões programadas aquelas que fazem sultados.
parte do acervo de soluções da organização e as não C) maior ponderação nos processos decisórios.
programadas as destinadas a situações não usuais. D) redução dos conflitos decorrentes de tomadas de de-
E) o tipo de organização, eis que as organizações com cisão.
processos estruturados adotam apenas decisões pro- E) possibilidade de concentração de problemas especí-
gramadas, enquanto aquelas com menor grau de ma- ficos.
turidade acabam se valendo de decisões não progra-
madas. 51. (FGV - 2023 - Banco do Brasil - Técnico Perfil
Interno). Após ter problemas com o uso de roupas inade-
46. (IBEST - 2023 - CRF-SC - Atendente Técnico). quadas por alguns colaboradores, determinado órgão ado-
Assinale a alternativa que apresenta uma desvantagem da tou, formalmente, um código de vestimenta.
estrutura funcional em uma organização.
Considerando o conceito de cultura organizacional, é
A) maior especialização dos funcionários correto afirmar que o tipo de vestimenta utilizada pelo
B) níveis hierárquicos bem definidos pessoal do órgão representa um exemplo
C) comunicação rápida e dinâmica
A) artefato, aspecto mais superficial da cultura.
D) boa designação e orientação de atividades
E) plano de carreira bem definido B) pressuposto básico, aspecto de nível intermediário da
cultura.
C) tabus, aspecto de nível mais profundo da cultura.
47. (SELECON - 2023 - Prefeitura de Nova Mu-
D) tecnologia, aspecto oculto da cultura.
tum - MT - Agente Administrativo). Trata-se de estru-
E) valores, aspectos explícitos da cultura.
tura organizacional cuja representação gráfica é uma pirâ-
mide que demonstra a hierarquia funcional. É um modelo
de aplicação simples e que apresenta vantagens, uma vez
que é mais fácil dar ordens e receber informações:
A) estrutura organizacional linear

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Conhecimentos Específicos
52. (FGV - 2022 - EPE - Analista de Gestão Cor- ( ) Quando as organizações visam promover maior
porativa - Recursos Humanos). Considere uma pequena efeito da cultura organizacional sobre o comporta-
padaria familiar, na qual o as decisões são centralizadas mento dos funcionários, é essencial que se garanta
na figura da mãe, matriarca da família. Além disso, o fun- que os funcionários compreendem os valores prati-
cionamento dos processos internos se baseia, essencial- cados em detrimento dos valores adotados.
mente, nos costumes e práticas habituais, sem quaisquer ( ) Os pressupostos básicos da cultura organizacional
regras ou procedimentos estabelecidos formalmente. são de difícil mudança, pois são implícitos, arraiga-
dos e orientadores do comportamento organizacio-
Analisando a situação apresentada sob a ótica de cul-
nal.
tura organizacional, evidencia-se um exemplo de cultura
( ) A cultura organizacional está presente, de maneira
A) de papéis. explícita, por exemplo, na missão, nos objetivos e na
B) do poder. visão declarados para a empresa, e, de maneira im-
C) de tarefas. plícita, nos comportamentos e nos valores comparti-
D) de pessoa. lhados por seus membros.
E) dos meios.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência
53. (FGV - 2022 - EPE - Analista de Gestão Cor- CORRETA.
porativa - Recursos Humanos). A cultura organizacional
A) F-F-V-V
é um aspecto relacionado à identidade das organizações,
B) F-F-F-F
que permite a criação de um senso de pertencimento aos
C) F-V-F-V
seus membros.
D) V-V-F-V
Para a manutenção e o reforço da cultura de uma or- E) V-V-V-V
ganização, podem ser utilizados diferentes tipos de meca-
nismos. Assinale a opção que está relacionada aos chama- 56. (UECE-CEV - 2018 - Funceme - Analista de
dos mecanismos secundários. Suporte à Pesquisa Administração). A gestão de pes-
soas está apoiada nos seguintes pilares essenciais:
A) A forma de alocação de recursos.
B) Os critérios de recrutamento utilizados. A) desempenho; liderança; comunicação; treinamento e
C) A maneira que os líderes reagem a crises. desenvolvimento; capacitação e competência.
D) Os rituais praticados na organização. B) motivação; comunicação; trabalho em equipe; trei-
E) A deliberação sobre a modelagem de papéis. namento; desenvolvimento; conhecimento e compe-
tência.
54. (CEV-URCA - 2021 - Prefeitura de Crato - CE C) liderança; motivação; interpessoal; trabalho em
- Analista de Gestão). A direção é a função administra- equipe; reconhecimento profissional.
tiva que: D) relacionamento interpessoal; desempenho; valoriza-
ção profissional; motivação; trabalho em equipe.
I. interpreta os objetivos e os planos com o intuito de
alcançá-los.
57. (FEPESE - 2014 - MPE-SC - Analista - Psico-
II. conduz e orienta as pessoas em suas atividades.
logia – Reaplicação). Assinale a alternativa correta, a res-
III. aloca os recursos e planeja as atividades. IV. moni-
peito dos diversos elementos componentes do comporta-
tora o desempenho e defini os objetivos.
mento organizacional.
Portanto, está CORRETO à alternativa: A) Todas as teorias sobre o uso do poder nas organiza-
ções afirmam que o exercício do poder ocorre sob si-
A) I e IV.
tuações de abuso e uso da dominação autocrática.
B) I, II.
B) Há diferentes abordagens no estudo da liderança e
C) III.
uma das principais definições é que a liderança im-
D) III e IV. plica a capacidade do líder de exercer influência so-
E) IV. bre os demais.
C) Autores que desenvolveram teorias da motivação de
55. (UPENET/IAUPE - 2017 - UPE - Técnico em
conteúdo estático afirmam que a motivação para o
Administração). A liderança e a motivação hoje dentro
trabalho ocorre devido a fatores exclusivamente ex-
das organizações são forças motrizes amplamente utiliza-
trínsecos.
das na gestão de pessoas, objetivando melhorar o desem- D) A intervenção profissional do psicólogo com grupos
penho dos colaboradores. de trabalho na organização caracteriza uma interven-
Sobre isso, assinale: “V” para as sentenças Verdadei- ção em nível macro-organizacional.
ras e “F” para as Falsas. E) O feedback é parte importante do processo de comu-
nicação organizacional e deve ser realizado exclusi-
( ) Avaliações a respeito do clima organizacional, que vamente na situação de avaliação de desempenho.
permitem a manifestação dos empregados acerca do
ambiente de trabalho favorecem a comunicação in-
traorganizacional e o suprimento de informações aos
gestores.

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Conhecimentos Específicos
58. (FGV - 2023 - Banestes - Analista de Comuni-
cação). A comunicação interna pode ter, entre outras, as 61. (FGV - 2015 - TCM-SP - Agente de Fiscaliza-
seguintes características e funções dentro de uma organi- ção – Administração). Um banco de investimentos quer
zação, à exceção de uma. Assinale-a. melhorar o controle e a avaliação do desempenho dos pro-
cessos sob responsabilidade das diversas áreas funcionais,
A) Primar pelo equilíbrio entre os assuntos de interesse
através da adoção de indicadores de desempenho. Seriam
dos empregados e os que a empresa pretende e pre-
indicadores adequados para avaliar o desempenho opera-
cisa divulgar.
cional dos processos da área de recursos humanos:
B) Promover o conhecimento em todos os níveis, adap-
tando a mensagem sempre que necessário. A) lucro líquido por empregado; passivo trabalhista to-
C) Instaurar de maneira clara a confiança em relação à tal; índice de retenção de empregados;
identidade da empresa. B) número total da força de trabalho; salário médio por
D) Controlar os fluxos ascendentes de comunicação, empregado; percentual das horas extras sobre o total
priorizando a emissão de notas oficiais e impedindo dos salários;
a “rádio-corredor”. C) custo com saúde por empregado; retorno do investi-
E) Divulgar iniciativas de sucesso e boas práticas das mento em treinamento; custo total das reclamações
equipes de trabalho. trabalhistas;
D) turnover global; absenteísmo total; custo de T&D por
59. (FGV - 2023 - Banco do Brasil - Técnico Perfil empregado;
Interno). Uma das principais decisões acerca da comuni- E) índice de adequação do empregado à vaga; número
cação no ambiente organizacional refere-se ao tipo de ca- médio de candidatos por vaga; índice de efetividade
nal a ser utilizado. do treinamento.
Sobre os tipos de canais a serem utilizados para o en-
62. (FGV - 2023 - Banestes - Assistente Social). O
vio de determinada mensagem, assinale a opção que apre-
programa de qualidade de vida no trabalho (PQVT) é um
senta corretamente uma vantagem dos canais considera-
conjunto de ações voltadas à promoção de hábitos saudá-
dos ricos.
veis entre os trabalhadores. Assim, é possível construir um
A) Facilitam que a mensagem transmitida que seja ar- ambiente de trabalho que valoriza o bem-estar das pes-
mazenada para verificação futura. soas. Essa é uma iniciativa bastante prática e eficiente
B) Reduzem o risco de emissão de significados dúbios. para proporcionar benefícios tanto aos trabalhadores
C) Permitem que um maior número de colaboradores re- quanto à empresa. Os profissionais poderão ter uma vida
ceba a mensagem. mais equilibrada e, por consequência, serão mais produti-
D) Amparam as comunicações rotineiras e operacionais. vos e engajados com o trabalho.
E) Atingem mais rapidamente o receptor, em função da
Com base nos princípios que orientam os Programas
sua simplicidade.
de Qualidade de Vida no Trabalho, assinale V para a afir-
mativa verdadeira e F para a falsa.
60. (FGV - 2018 - Câmara de Salvador - BA - Ana-
lista Legislativo Municipal - Desenvolvimento de Pes- ( ) Para a efetividade do Programa, é necessário realizar
soas). Ferramentas e técnicas diversas são utilizadas por uma avaliação da realidade atual, definir objetivos,
organizações para avaliar o desempenho de seus colabo- desenvolver um plano de ação, implementar o pro-
radores. Considerando a complexidade do processo de grama, acompanhar os resultados.
avaliação do desempenho humano, as áreas de gestão de ( ) O Programa busca criar um ambiente de trabalho ba-
pessoas vêm introduzindo metodologias que visam tornar seado na segurança psicológica e no bem-estar.
tal procedimento o mais abrangente e justo possível. ( ) As ações do Programa propiciam maior proteção na
relação trabalhista aos que participam.
A avaliação 360° é uma dessas técnicas, cuja princi-
( ) A principal meta do Programa é fortalecer a organi-
pal finalidade é:
zação sindical dos trabalhadores.
A) tornar a avaliação de desempenho um processo mul-
ticultural, para melhor integração das áreas organiza- As afirmativas são, respectivamente,
cionais com o mercado;
A) V, V, F e F.
B) classificar os resultados obtidos pelos colaboradores
B) V, V, V e F.
nos planos de metas de sua área de atuação, bem
C) F, F, V e V.
como da organização como um todo;
D) F, F, F e V.
C) verificar a capacidade dos colaboradores de cumprir
E) V, F, V e F.
metas e colaborar para o alcance dos resultados fi-
nanceiros da organização;
63. (FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle
D) compartilhar feedbacks com quem executou o traba-
Externo - Gestão de Pessoas). A abordagem da Quali-
lho, por parte das pessoas diretamente afetadas pelos
dade de Vida no Trabalho envolve duas dimensões poten-
resultados produzidos;
cialmente antagônicas. São elas:
E) medir o grau de competitividade da organização e do
seu impacto no mercado, por meio dos resultados in- A) A melhoria contínua dos processos e a necessidade
dividuais e coletivos. de lazer dos trabalhadores.

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Conhecimentos Específicos
B) A necessidade de aumentos constantes de produtivi- 67. (FAURGS - 2018 - UFRGS - Assistente em Ad-
dade no trabalho e a luta dos trabalhadores pelas me- ministração). Sobre o conceito de gestão de pessoas, con-
lhorias salariais. sidere as afirmações abaixo.
C) O bem-estar e a satisfação dos funcionários no traba-
I- Pode-se caracterizar a gestão de pessoas como um
lho e a produtividade e a qualidade
conjunto de políticas e práticas que permitem a con-
D) A preservação do meio ambiente e a expansão da
ciliação de expectativas entre a organização e as pes-
produção industrial.
soas para que ambas possam atendê-las ao longo do
E) O crescente uso de tecnologias poupadoras de mão
tempo.
de obra e a necessidade de elevar a qualificação dos
II - É um campo específico de atuação e pesquisa, cujas
trabalhadores.
descobertas interessam não apenas ao profissional de
gestão de pessoas, mas também a líderes e gestores
64. (FUNCAB - 2014 - MDA - Complexidade In-
em geral, tanto da iniciativa privada quanto da esfera
telectual - Nível Superior). O método de administração,
pública.
focado no equilíbrio organizacional e que se baseia nas
III - Os líderes dos diferentes departamentos da empresa
perspectivas básicas finanças, clientes, processos internos
são responsáveis por oferecer subsídios acerca dos
e aprendizagem/crescimento organizacional é denomi-
trabalhadores para os especialistas da área de gestão
nado:
de pessoas tomarem as devidas decisões.
A) TCQ.
B) 6-sigma. Quais estão corretas?
C) benchmarking.
A) Apenas I.
D) empreendedorismo.
B) Apenas I e II.
E) balanced scorecard.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
65. (FCC - 2023 - TRT - 18ª Região (GO) - Técnico
E) I, II e III.
Judiciário Área Administrativa). A utilização do Balan-
ced Scorecard (BSC) como ferramenta de planejamento
68. (FEPESE - 2022 - CELESC - Analista – Peda-
estratégico prioriza o equilíbrio organizacional a partir das
gogia). Assinale a alternativa correta sobre os processos
perspectivas
de recrutamento e seleção de pessoas.
A) financeira; dos clientes; dos processos internos; e do
A) Os processos de recrutamento e seleção fazem parte
aprendizado/crescimento.
do processo de “monitorar pessoas”, cujo escopo é
B) econômica circular; da responsabilidade social, am-
atrair novos talentos e escolher aqueles que melhor
biental e de sustentabilidade.
se enquadram nos cargos a serem ocupados.
C) da governança interna; da comunicação; da quali-
B) As entrevistas focalizam principalmente as aptidões,
dade e dos resultados financeiros.
procurando avaliar sua presença em cada pessoa,
D) da visão de futuro; da missão institucional; dos valo-
com o intuito de generalizar e prever seu comporta-
res e da cultura organizacional.
mento em determinadas situações do trabalho. Pro-
E) de curto, médio e longo prazo, considerando as ame-
curam aferir o potencial futuro da pessoa, ou seja, sua
aças e oportunidades vigentes.
aptidão – uma predisposição natural que uma pessoa
tem para realizar certa atividade ou tarefa.
66. (SUGEP - UFRPE - 2019 - UFRPE - Assistente
C) Provas ou testes de conhecimentos são instrumentos
em Administração). “O conceito de gestão de pessoas ou
para avaliar objetivamente os conhecimentos e as ha-
administração de recursos humanos é uma associação de
bilidades adquiridos através do estudo, da prática ou
habilidades e métodos, políticas, técnicas e práticas defi-
do exercício; são utilizados quando a empresa pre-
nidas, com o objetivo de administrar os comportamentos
cisa conhecer a proficiência de um candidato em al-
internos e potencializar o capital humano nas organiza-
gum tema ou assunto.
ções.” O objetivo primordial da gestão de pessoas é:
D) Os testes psicológicos servem para analisar diversos
A) a padronização das informações dentro das organiza- traços de personalidade, sejam eles determinados
ções, visando a uma melhor distribuição das tarefas. pelo caráter ou pelo temperamento. Um traço de per-
B) o desenvolvimento e a colaboração para o cresci- sonalidade é uma característica marcante da pessoa,
mento da instituição e do próprio profissional. capaz de distingui-la das demais. Estes testes buscam
C) a criação de um espaço unidimensional entre o cola- avaliar diversos traços definidos pelo caráter (adqui-
borador e o superior hierárquico como diferencial ridos) e pelo temperamento (inatos).
competitivo. E) Os testes de personalidade procuram passar do trata-
D) o estabelecimento do crescimento intelectual do co- mento individual e isolado para o tratamento em gru-
laborador apenas por meio da formação técnica. pos, e do método exclusivamente verbal ou de exe-
E) a inclusão de mecanismos de avaliação e treinamento cução para a ação social; São, essencialmente, dinâ-
na área administrativa. micas nas quais os candidatos são agrupados para
que interajam uns com os outros e demonstrem suas
reações.

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Conhecimentos Específicos
69. (FGV - 2014 - AL-BA - Técnico de Nível Supe- D) discussão organizada dos problemas entre os mem-
rior – Psicologia). A respeito do desenho de cargos nas bros de uma equipe (Brainstorming), Plano de ação,
empresas, avalie as afirmativas a seguir. fluxograma, os 5S (sensos) – de organização, ordem,
limpeza, padronização e autodisciplina.
I. Ele tem a ver com a estruturação e dimensionamento
E) plano de ação, painel de indicadores de necessidades
de um cargo em uma organização.
de saúde, fluxograma, infraestrutura física.
II. Ele obedece aos modelos clássico, humanístico e
contingencial.
72. (FCC - 2018 - SEGEP-MA - Analista Execu-
III. O modelo contingencial considera as pessoas, a ta-
tivo – Administrador). Sobre algumas das principais Fer-
refa e a estrutura organizacional.
ramentas de Gerenciamento da Qualidade, considere:
Assinale: I. O Diagrama de Ishikawa é elaborado com base no
cálculo estatístico do Limite Superior de Controle −
A) se somente a afirmativa I estiver correta.
LSC, do Limite Inferior de Controle − LIC e da Mé-
B) se somente a afirmativa II estiver correta.
dia − M, para identificar a relação de causa-efeito dos
C) se somente a afirmativa III estiver correta.
processos.
D) se somente a afirmativa I e II estiverem corretas.
II. O Diagrama de Dispersão é uma ferramenta usada
E) se todas as afirmativas estiverem corretas
para quantificar a frequência com que certos eventos
ocorrem, em determinado período de tempo.
70. (FGV - 2010 - CAERN – Psicólogo). As empre-
III. A Matriz GUT é a representação de problemas, ou
sas devem ter constante preocupação com a correta aná-
riscos potenciais, através de quantificações, normal-
lise dos cargos que as compõem. A esse respeito, analise
mente em uma escala de 1 a 5, com o objetivo de
as afirmações abaixo:
elencar prioridades.
Os analistas de cargo com frequência trabalham em IV. A 5W2H é utilizada, principalmente, no mapeamento
parceria com os funcionários e os gerentes dos departa- e na padronização de processos, na elaboração de
mentos cujos cargos estão sendo analisados. planos de ação e no estabelecimento de procedimen-
tos associados a indicadores.
PORQUE
A análise de cargo é um processo de obtenção de in- Está correto o que consta APENAS em
formações sobre cargos, determinando-se quais são os de- A) II e IV.
veres, tarefas ou atividades do cargo. B) I e II.
Com base no texto produzido, é correto afirmar que C) I e III.
D) III e IV.
A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda jus- E) I e IV.
tifica a primeira.
B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não 73. (FCC - 2020 - AL-AP - Assistente Legislativo -
justifica a primeira. Assistente Administrativo). O chefe do almoxarifado de
C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é uma repartição pública apresentou um diagrama de Ishi-
falsa. kawa na última reunião, cujo tema era a qualidade do ser-
D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verda- viço prestado aos clientes internos. O principal objetivo
deira. para utilizar essa ferramenta foi representar as
E) as duas afirmações são falsas.
A) relações de causa e efeito.
71. (FCC - 2018 - Prefeitura de Macapá - AP - Ad- B) variabilidades e aleatoriedades de um processo.
ministrador Hospitalar). No tocante aos instrumentos de C) facilidades de visualização dos passos de um pro-
avaliação interna da qualidade, Deming difundiu a ideia cesso.
dos ciclos de melhoria contínua por meio do PDCA, ou D) frequências com que certos eventos ocorrem.
plan (planejar), do (fazer), check (avaliar), act (consoli- E) alterações sofridas por uma variável quando outra se
dar). Para que a melhoria contínua ocorra, algumas ferra- modifica.
mentas da qualidade podem ser utilizadas no âmbito hos-
pitalar, tais como, 74. (FCC - 2019 - Prefeitura de Recife - PE - Ana-
lista de Gestão Administrativa). Um importante instru-
A) os 5S (sensos) – de organização, ordem, limpeza, pa- mento para a gestão de qualidade e busca da excelência
dronização e autodisciplina − Certificados de ISO nos serviços públicos consiste nas certificações, como
14.000, Segurança do Paciente. aquelas conferidas com base nas normas da International
B) discussão organizada dos problemas entre os mem- Organization for Standardization, a exemplo da denomi-
bros de uma equipe (Brainstorming), os 5S (sensos) nada ISO 9000, a qual
− de organização, ordem, limpeza, padronização e
autodisciplina −, controle administrativo e finan- A) determina a posição ocupada pela organização no
ceiro. ranking daquelas melhor situadas em seu campo de
C) plano de ação, fluxograma, indicadores de eficiência, atuação, através de um sistema de pontuação próprio.
competência dos profissionais administrativos. B) atesta que a organização implantou de forma ade-
quada o Sistema de Qualidade Total, sendo

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Conhecimentos Específicos
periodicamente auditada para verificar se o mesmo 77. (IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT -
continua em vigor dentro dos padrões estabelecidos. Analista de Tecnologia da Informação - Analista de
C) utiliza o conceito de benchmarking, comparando a Sistemas). O gerenciamento de projetos é uma competên-
organização analisada com outras que são referência cia estratégica para organizações. Permite a união dos re-
internacional no quesito qualidade. sultados dos projetos com os objetivos do negócio. Para
D) consiste em uma premiação à organização e a seus os grupos de processos do gerenciamento de projetos, as-
principais gestores, renovada a cada biênio, e que re- sinale a alternativa correta.
presenta um importante diferencial para o reconheci-
A) Levantamento de riscos
mento da excelência alcançada.
B) Controle de qualidade
E) confere um “selo de qualidade” aos produtos e servi-
C) Levantamento de processos
ços produzidos ou prestados pela organização, a par-
D) Monitoramento e controle
tir de uma amostragem estatística realizada em cará-
ter permanente.
78. (IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT -
Analista de Tecnologia da Informação - Analista de
75. (FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico
Sistemas). O saber em gerenciamento de projetos é com-
Judiciário - Área Administrativa). Considere que deter-
posto por diversas áreas de conhecimento. Sobre algumas
minada entidade pretenda adotar uma abordagem de ges-
áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos, as-
tão por projetos, valendo-se de metodologias e ferramen-
sinale a alternativa incorreta.
tas consagradas para tal escopo. Nesse contexto, poderá
utilizar A) Gerenciamento de Versões
B) Gerenciamento de Custos
A) o método Downsizing, que propõe a redução das eta-
C) Gerenciamento de Qualidade
pas de execução de um projeto e a concentração em
D) Gerenciamento de Risco
um núcleo estratégico especialmente constituído
para evitar pulverização de atribuições.
79. (FCC - 2014 - TJ-AP - Analista Judiciário -
B) a técnica PERT (Program Evaluation and Review
Área Administrativa – Administração). Determinada
Technique), focada na escolha de projetos estratégi-
instituição pública vem enfrentando dificuldades na ges-
cos da instituição, classificando-os de acordo com
tão, gerando desperdício e insatisfação aos seus clientes.
uma matriz de relevância.
Decidiu, então, adotar a Gestão por Processos que
C) o COBIT (Controle de Objetivos para a Informação
e Tecnologia Relacionadas), método de treinamento A) desenvolve nos empregados que realizam atividades
e capacitação da alta liderança, conferindo a certifi- constantes nos processos mapeados a visão ou pen-
cação de “gestor master”. samento sistêmico.
D) a Curva ABC, que classifica os projetos de acordo B) favorece o trabalho por especialidade, pois o foco é
com uma ponderação de importância, tempo de du- funcional.
ração e riscos de execução, com vistas à adoção de C) tem como foco o cliente interno e usa a tecnologia da
medidas preventivas e corretivas. informação para gerar um downsizing, eliminando
E) o método do caminho crítico (Critical Path Method – burocracias desnecessárias.
CPM), diretamente relacionado com o planejamento D) conta com 4 tipos de processos: os primários (ou de
do tempo de duração do projeto, monitorando as ati- negócio); os administrativos; os de suporte; os geren-
vidades que não podem sofrer atrasos sob pena de ciais.
comprometer o prazo de execução. E) utiliza o organograma como uma ferramenta para de-
monstrar o mapeamento dos processos e com isso
76. (FCC - 2019 - Prefeitura de Recife - PE - As- permitir a visualização de melhorias.
sistente de Gestão Pública). No que concerne à gestão
por projetos, o primeiro ponto a se ter em mente é que nem 80. (FCC - 2017 - TRE-SP - Analista Judiciário -
toda a atividade desempenhada por uma organização ca- Área Judiciária). Segundo o Gespública (2011), a gestão
racteriza-se como um projeto. Nesse contexto, constitui de processos é um mecanismo utilizado para identificar,
requisito fundamental para a caracterização de uma ativi- representar, minimizar riscos e implementar processos de
dade como projeto a negócios, dentro e entre organizações. O modelo preconi-
zado pela Society for Design and Process Science –
A) materialidade, eis que todo o projeto deve produzir
SDPS, considera, como etapas do ciclo do processo:
um resultado financeiro imediato
B) intangibilidade, ligada ao seu caráter de difícil men- A) mapeamento, desenho, execução e monitoramento.
suração. B) desenho, implementação, monitoramento e otimiza-
C) temporalidade, eis que todo o projeto possui início e ção.
fim determinados. C) identificação, conceituação, execução e refinamento.
D) especialidade, demandando a condução por especia- D) modelagem, simulação, emulação e encenação.
listas externos à organização. E) mapeamento, modelagem, implementação e monito-
E) excepcionalidade, o que afasta a possibilidade de ramento.
execução concomitante de mais de um projeto.

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Conhecimentos Específicos
81. (IBFC - 2020 - EBSERH - Analista Adminis- 84. (CEFET-MG - 2023 - CEFET-MG - Assistente
trativo – Administração). Sobre gestão de processos: em Administração). Com base na Política Nacional de
técnicas de mapeamento, análise e melhoria de processos, Desenvolvimento de Pessoas de que dispõe o Decreto nº
assinale a alternativa incorreta. 9.991/2019, marque (V) para as verdadeiras ou (F) para as
falsas.
A) "Brainwriting" é uma técnica desenvolvida em 1930
por Alex F. Osborn que busca, a partir da criatividade ( ) A participação em ação de desenvolvimento de pes-
de um grupo, a geração de ideias para um determi- soas que implicar despesas com diárias e passagens
nado fim somente poderá ser realizada se o custo total for su-
B) A "matriz BÁSICO" possui muitas semelhanças com perior ao custo de participação em evento com obje-
a "matriz GUT", porém essa técnica demanda um tivo similar na própria localidade de exercício.
maior aprofundamento em detalhes para refinar aná- ( ) O afastamento para participação em ações de desen-
lise da priorização das soluções e atividades, com volvimento pode ser parcelado em, no máximo, seis
atribuição de notas de cada item períodos e o menor período não poderá ser inferior a
C) O mapeamento é utilizado para entender melhor as quinze dias.
operações de um setor, para no futuro melhorá-las ( ) O Plano de Desenvolvimento de Pessoas (PDP), bem
D) Gargalos são entraves no processo que causam acú- como seu relatório anual de execução, são instru-
mulo de atividades e geram atrasos mentos da Política Nacional de Desenvolvimento de
E) Melhoria de processos, ou otimização de processos, Pessoas.
consiste na análise do processo como se encontra
³agora´ para se encontrar ineficiências e atividades A sequência correta é
que podem ser realizadas de uma forma melhor
A) V, V, V.
B) V, V, F.
82. (IBFC - 2021 - IBGE - Supervisor de Pesquisas
C) V, F, F.
– Gestão). A Administração por Processos contribuiu para
D) F, F, V.
o desenvolvimento de instrumentos administrativos bem
E) F, F, F.
estruturados e foram rapidamente assimilados pelas orga-
nizações. Sobre as principais contribuições da Adminis-
85. (UFERSA - 2021 - UFERSA - Administrador -
tração por Processos, analise as afirmativas abaixo:
Grupo I). Em 2019, o Poder Executivo publicou o De-
I. Plena estruturação e consolidação otimizada do pro- creto nº 9.991/2019, de 22 de agosto de 2019, dispondo
cesso decisório nas organizações. sobre a nova Política Nacional de Desenvolvimento de
II. Efetiva busca da eficácia organizacional. Pessoas da Administração Pública Federal direta, autár-
III. Consolidação do modelo japonês de Administração. quica e fundacional. Com base nesse dispositivo, é COR-
RETO afirmar que:
Assinale a alternativa correta.
A) As unidades de gestão de riscos das instituições rea-
A) As afirmativas I, II e III estão corretas lizarão a gestão de riscos das ações de desenvolvi-
B) Apenas as afirmativas II e III estão corretas mento previstas.
C) Apenas a afirmativa I está correta B) A licença para capacitação poderá ser parcelada em,
D) Apenas a afirmativa II está correta no máximo, seis períodos, e o menor período não po-
E) Apenas a afirmativa III está correta derá ser inferior a dez dias.
C) Cada órgão e entidade integrante do SIPEC elaborará
83. (FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista de forma bienal o respectivo PDP, que vigorará nos
Judiciário - Serviço Social). O Plano de Desenvolvi- exercícios seguintes, a partir do levantamento das ne-
mento de Pessoas, previsto na Política Nacional de De- cessidades de desenvolvimento relacionadas à con-
senvolvimento de Pessoas está alinhado aos princípios da secução dos objetivos institucionais.
economicidade e da eficiência, devendo oferecer ações de D) Considera-se diagnóstico de competências a identifi-
desenvolvimento aos servidores públicos federais. Esta cação do conjunto de conhecimentos, habilidades e
política estabelece regras sobre condutas necessários ao exercício do cargo ou da
função.
A) licença prêmio ao servidor.
B) aposentadoria por incapacidade. 86. (IF-SC - 2017 - IF-SC – Psicólogo). São objeti-
vos do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Ser-
C) aposentadoria por tempo de serviço. vidor Público Federal - SIASS de acordo com o Decreto
D) concessão de licenças e afastamento. N° 6.833, de 29 de abril de 2009
E) acúmulo de funções. Assinale a alternativa CORRETA:
A) Avaliar programas nas áreas de assistência à saúde,
perícia oficial, promoção, prevenção e acompanha-
mento da saúde dos servidores da administração fe-
deral direta, autárquica e fundacional, de acordo com

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Conhecimentos Específicos
as melhores práticas de saúde vigente acordada pela 89. (GRUPO APCON/2023). Tendo como base a
equipe de saúde. Portaria nº 8.678/2021 SEGES/ME, qual dos seguintes as-
B) Coordenar e integrar ações e programas nas áreas de pectos NÃO é considerado uma diretriz da governança
assistência à saúde, perícia oficial, promoção, pre- nas contratações públicas?
venção e acompanhamento da saúde dos servidores
A) Promoção do desenvolvimento nacional sustentável
da administração federal direta, autárquica e funda-
alinhado à Estratégia Federal de Desenvolvimento.
cional, de acordo com as melhores práticas em saúde
B) Estímulo à inovação tecnológica através de parcerias
vigente acordada pela equipe de saúde.
estratégicas com entidades privadas.
C) Avaliar programas nas áreas de assistência à saúde,
C) Fomento à transparência processual em todas as eta-
perícia oficial, promoção, prevenção e acompanha-
pas da contratação.
mento da saúde dos servidores da administração fe-
D) Padronização e centralização de procedimentos,
deral direta, autárquica e fundacional, de acordo com
quando apropriado.
a política de atenção à saúde e segurança do trabalho
E) Desburocratização e incentivo à participação social.
do servidor público federal, estabelecida pelo Go-
verno.
90. (GRUPO APCON/2023). Consoante determina
D) Coordenar e integrar ações e programas nas áreas de
a Portaria nº 8.678/2021 SEGES/ME, qual dos seguintes
assistência à saúde, perícia oficial, promoção, pre-
objetivos NÃO é explicitamente mencionado nas contra-
venção e acompanhamento da saúde dos servidores
tações públicas?
da administração federal direta, autárquica e funda-
cional, de acordo com a política de atenção à saúde e A) Seleção da proposta mais vantajosa para a Adminis-
segurança do trabalho do servidor público federal, tração Pública.
estabelecida pelo Governo. B) Garantia de tratamento isonômico entre todos os li-
E) Avaliar e acompanhar as ações e programas nas áreas citantes.
de assistência à saúde, perícia oficial, promoção, pre- C) Prevenção de contratações com sobrepreço ou preços
venção e acompanhamento da saúde dos servidores inexequíveis.
da administração federal direta, autárquica e funda- D) Redução da carga tributária para empresas partici-
cional, de acordo com as melhores práticas de saúde pantes.
vigente acordada pela equipe de saúde. E) Incentivo ao desenvolvimento nacional sustentável.

87. (COVEST-COPSET - 2019 - UFPE - Médico - 91. (GRUPO APCON/2023). Em relação às diretri-
Clínica Médica). A força de trabalho que compõe o Sub- zes da governança nas contratações públicas, segundo a
sistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Portaria nº 8.678/2021 SEGES/ME, qual das seguintes
- SIASS, é formada por: afirmações é INCORRETA?
A) servidores federais, exclusivamente. A) Fomento à competitividade nos certames, dimi-
nuindo barreiras de entrada a fornecedores em poten-
B) servidores públicos em cada unidade da federação,
cial.
devidamente autorizados na forma da lei.
B) Priorização de contratações que visam exclusiva-
C) servidores municipais, estaduais ou federais concur- mente à economia financeira imediata.
sados e submetidos a seleção interna. C) Promoção de um ambiente negocial íntegro e confi-
ável.
D) servidores públicos da própria unidade de saúde e/ou
D) Aprimoramento da interação com o mercado forne-
pessoal terceirizado com contrato temporário.
cedor para promover inovação.
E) representante da unidade, do Ministério da Saúde e E) Transparência processual nas etapas de contratação.
do Ministério da Previdência Social.
92. (GRUPO APCON/2023). Consoante determina
a Portaria nº 8.678/2021 SEGES/ME, qual dos seguintes
88. (UFES - 2014 - UFES - Assistente Social). O não é considerado um instrumento de governança nas con-
Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009, institui tratações públicas?
A) o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Ser-
A) Diretrizes para a gestão dos contratos.
vidor Público Federal (SIASS) e o Comitê Gestor de
B) Política de gestão de riscos e controle preventivo.
Atenção à Saúde do Servidor.
C) Auditorias regulares das contratações públicas.
B) o Programa Nacional de Assistência Estudantil D) Gestão por competências.
(PNAES). E) Plano de Contratações Anual.
C) o Fundo Nacional de Assistência Estudantil. 93. (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2023 -
D) o Sistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor UFJF - Técnico em Contabilidade). De acordo com a
Público Federal (SIASS). Manual de Fiscalização de Contratos, elaborado pela Ad-
vocacia Geral da União, a função de acompanhar e fisca-
E) o Plano Nacional de Educação Superior. lizar os aspectos administrativos do contrato, observando
o disposto no Anexo VIII-B da IN SEGES/MP nº 05/2017,
com o auxílio das listas de verificação, é do

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Conhecimentos Específicos
A) fiscal técnico. III. A partir de determinados limites de valores, estabe-
B) gestor do contrato. lecidos por normativos legais, os órgãos e entidades
C) diretor de Tecnologia da Informação. participantes do SISP somente poderão realizar a
D) fiscal administrativo. contratação de bens ou serviços de tecnologia da in-
E) ordenador de despesas. formação e comunicação após a aprovação do órgão
Central do SISP.
94. (CEPS-UFPA - 2023 - UFPA – Administrador).
Determinado órgão público está planejando as contrata- Quais estão corretas?
ções que irá realizar por meio da terceirização de serviços
A) Apenas II.
para a execução de suas atividades. Para estar em confor-
B) Apenas III.
midade com as permissões e as vedações contidas na Ins-
C) Apenas I e II.
trução Normativa nº 05 de 2017, esse órgão poderá
D) Apenas II e III.
A) considerar os trabalhadores da contratada como co- E) I, II e III.
laboradores eventuais do próprio órgão, especial-
mente para efeito de concessão de diárias e passa- 97. (INSTITUTO CONSULPLAN - 2023 - Câ-
gens. mara de Tremembé - SP - Oficial Legislativo – Com-
B) conceder aos trabalhadores da contratada direitos tí- pras). Para ser considerado como inservível, ele deverá
picos de servidores públicos, tais como recesso, ser classificado como:
ponto facultativo, dentre outros..
I – ocioso – bem móvel que se encontra em perfeitas
C) direcionar a contratação de pessoas para trabalhar
condições de uso, mas não é aproveitado;
nas empresas contratadas, de modo a tornar as ativi-
II – recuperável – bem móvel que não se encontra em
dades mais eficientes.
condições de uso e cujo custo da recuperação seja de
D) contratar, mediante terceirização, as atividades dos
até cinquenta por cento do seu valor de mercado ou
cargos extintos ou em extinção, tais como os elenca-
cuja análise de custo e benefício demonstre ser justi-
dos na legislação pertinente.
ficável a sua recuperação;
E) se vincular às disposições contidas em Acordos,
III – antieconômico – bem móvel cuja manutenção seja
Convenções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que
onerosa ou cujo rendimento seja precário, em virtude
tratem de pagamento de participação dos trabalhado-
de uso prolongado, desgaste prematuro ou obsole-
res nos lucros ou resultados da empresa contratada.
tismo; ou,
IV– irrecuperável – bem móvel que não pode ser utili-
95. (IDECAN - 2014 - CNEN - Analista de Tecno-
zado para o fim a que se destina devido à perda de
logia da Informação/ Governança e Gestão). “O Sis-
suas características ou em razão de ser o seu custo de
tema de Administração dos Recursos de Tecnologia da In-
recuperação mais de cinquenta por cento do seu valor
formação (SISP), de acordo com o art. 3º do Decreto nº
de mercado ou de a análise do seu custo e benefício
7.579/2011, tem como integrantes diversos órgãos, como
demonstrar ser injustificável a sua recuperação.
o(a) ______________________, que é representado(a)
por seus titulares, as unidades de administração dos recur- (BRASIL, Decreto nº 9.373/2018, Art. 3º.)
sos de tecnologia da informação dos Ministérios e dos ór-
gãos da Presidência da República.” Assinale a alternativa É correto afirmar que poderão ser reaproveitados por
que completa corretamente a afirmativa anterior meio de transferência interna (dentro do órgão) ou externa
(entre órgãos) os bens classificados como
A) órgão central
B) órgão setorial A) ociosos e recuperáveis.
C) órgão seccional B) irrecuperáveis e ociosos.
D) órgão correlato C) recuperáveis e antieconômicos.
E) comissão de coordenação D) antieconômicos e irrecuperáveis.

96. (FUNDATEC - 2018 - SPGG - RS - Analista de 98. (CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Assistente em
Planejamento, Orçamento e Gestão). Considere as se- Administração). Em um cenário de ampla transformação
guintes afirmações a respeito do Sistema de Administra- digital no setor público, impulsionado pelo Decreto
ção dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP), do 10.332/2020, que trata da Estratégia de Governo Digital,
Poder Executivo Federal, regulado pelo Decreto nº os órgãos e entidades da administração pública federal
7.579/2011: têm adotado iniciativas para modernizar seus serviços e
promover uma melhor experiência para os usuários. A pla-
I. O órgão Central do SISP é a Secretaria de Desenvol- taforma SouGov surgiu como parte dessas ações de mo-
vimento Tecnológico e Inovação (SETEC), do Mi- dernização, alinhando-se ao Decreto 10.332/2020. O Sou-
nistério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu- Gov, plataforma inovadora do poder Executivo Federal,
nicações. desempenha um papel fundamental ao oferecer serviços
II. É facultado ao Banco do Estado do Rio Grande do digitais de forma eficiente, simples e com qualidade.
Sul (Banrisul) e à Companhia de Processamento de Além da plataforma, outras ações compõem a Estratégia
Dados do Rio Grande do Sul (PROCERGS) partici- de Governo Digital.
parem do SISP.

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Conhecimentos Específicos
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
das ações do Decreto n° 10.332/2020. da despesa.
D) Exclusividade: estabelece que cabe ao Poder Público
A) Elaborar um Plano de Transformação Digital, inclu-
fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei ex-
indo algumas ações como: transformação digital de
pressamente autorizar, ou seja, subordina-se aos di-
serviços, unificação de canais digitais, interoperabi-
tames da lei.
lidade de sistemas e a segurança e privacidade.
E) Unidade: determina existência de orçamento único
B) Desenvolver um Plano Diretor de Tecnologia da In-
para cada um dos entes federados, com a finalidade
formação e Comunicação, que é o instrumento de ali-
de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro
nhamento entre os planos de TIC e as estratégias or-
da mesma pessoa política.
ganizacionais.
C) Produzir um Plano de Dados Abertos, que é um do-
101. (FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário -
cumento estratégico para o órgão, pois o acesso à in-
Administrativa – Contabilidade). Os princípios orça-
formação pública é um compromisso com a transpa-
mentários são premissas a serem observadas na elabora-
rência e permite o aprimoramento da gestão.
ção e na execução da lei orçamentária. Sua aplicação é
D) Aderir compulsoriamente à Rede Nacional de Go-
dinâmica e pode adquirir novas abordagens em decorrên-
verno Digital, para a promoção do intercâmbio de in-
cia de inovações legislativas, a exemplo da Lei de Res-
formações relacionadas à Estratégia de Governo Di-
ponsabilidade Fiscal, que trouxe mecanismos para asse-
gital.
gurar a responsabilidade na gestão fiscal.
E) Instituir internamente um Comitê de Governança Di-
gital para deliberar sobre os assuntos relativos às Um desses mecanismos pressupõe uma ação que
ações de governo digital e ao uso de recursos de tec- pode ser associada ao princípio orçamentário do(a):
nologia da informação e comunicação.
A) especificação;
B) exclusividade;
99. (UFES - 2023 - UFES - Assistente em Adminis-
C) não vinculação;
tração). O Decreto nº 11.072, de 17 de maio de 2022, dis-
D) planejamento;
põe sobre o Programa de Gestão e Desempenho (PGD). A
E) precedência.
respeito da modalidade de teletrabalho, prevista nesse De-
creto, é CORRETO o que se afirma em:
102. (INSTITUTO AOCP - 2021 - ITEP - RN - As-
A) O participante da modalidade de teletrabalho, sistente Técnico Forense – Administração). Os princí-
quando excluído do PGD, deverá retornar, de imedi- pios orçamentários são
ato, à atividade presencial no órgão ou na entidade
A) premissas que devem ser observadas nos estágios das
de exercício.
despesas públicas.
B) A modalidade de teletrabalho ocorrerá em regime de
B) proposições orientadoras que balizam o empenho, a
execução parcial, inadmitindo-se outra forma.
liquidação e o pagamento.
C) Na hipótese de revogação do PGD, o órgão ou a en-
C) instituições de estabilidade e consistência da prática
tidade poderá requerer do servidor em modalidade de
orçamentária.
teletrabalho, com antecedência mínima de sessenta
D) regras fundamentais que funcionam como norteado-
dias, o retorno à atividade presencial.
ras da prática orçamentária.
D) Além dos requisitos gerais para a adesão à modali-
E) categorias absolutas e históricas das modificações da
dade, o teletrabalho com o agente público residindo
prática orçamentária.
no exterior somente será admitido para servidores
públicos federais efetivos que tenham concluído o
103. (FCC - 2022 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Téc-
estágio probatório.
nico Judiciário - Área Administrativa). A respeito dos
E) A modalidade de teletrabalho terá a estrutura neces-
princípios aplicáveis ao Orçamento Público,
sária, física e tecnológica, providenciada e custeada
pela Administração. A) o Plano Plurianual constitui uma exceção ao princí-
pio da anualidade, eis que contempla créditos orça-
100. (FGV - 2023 - AL-MA - Técnico de Gestão mentários com vigência para dois exercícios, prorro-
Administrativa - Contador - Finanças Públicas). Assi- gável por igual período.
nale a opção que indica corretamente o princípio orça- B) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é expressão
mentário e sua respectiva explicação. do princípio da unicidade, eis que editada conjunta-
mente com a Lei Orçamentária Anual (LOA), inte-
A) Orçamento Bruto: determina que o orçamento de
grando-a como anexo obrigatório.
cada ente deverá conter todas as suas receitas e des-
C) em observância ao princípio da especificação, são
pesas.
vedadas dotações genéricas ou globais, o que não
B) Legalidade: estabelece que todas as receitas e despe-
afasta a previsão na Lei Orçamentária de reserva de
sas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais,
contingência, consistente em um percentual sobre a
vedadas quaisquer deduções.
receita corrente líquida.
C) Universalidade: estabelece que a Lei Orçamentária
Anual, com algumas ressalvas, não deverá contar

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Conhecimentos Específicos
D) o princípio do equilíbrio veda a possibilidade de en- D) análise técnica; elaboração e revisão; aprovação; au-
cerramento da execução anual com déficit orçamen- torização; execução e avaliação.
tário ou financeiro, obrigando, em tal situação, a E) elaboração e acompanhamento; autorização e revi-
abertura de créditos extraordinários. são executiva; execução; controle e avaliação.
E) o princípio da anualidade impede que as despesas
empenhadas e liquidadas em um exercício sejam pa- 108. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
gas em exercício subsequente na forma de restos a Novo Hamburgo - RS - Guarda Municipal). Nos pro-
pagar, os quais devem ser cancelados até o primeiro cessos administrativos, serão observados, entre outros, os
quadrimestre do exercício subsequente. critérios de:
A) atuação conforme a lei e o Direito; observância das
104. (FAURGS - 2022 - SES-RS - Administrador -
formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
Edital nº 15). No que se refere ao orçamento público, o
administrados.
princípio que visa a evitar múltiplos orçamentos dentro de
B) cobrança de despesas processuais; impulsão, so-
cada nível federativo é o denominado princípio
mente quando provocado, do processo administra-
A) da unidade. tivo, sem prejuízo da atuação dos interessados.
B) do equilíbrio. C) divulgação oficial dos atos administrativos, sem res-
C) da precedência. salvas; impessoalidade administrativa quando cons-
D) da exclusividade. tatada conveniência.
E) da universalidade. D) atuação quando e conforme conveniência adminis-
trativa; celeridade e objetividade.
105. (ESAF - 2010 - CVM - Analista - Planeja- E) interpretação da norma administrativa da forma que
mento e Execução Financeira - prova 2). Sobre o tema melhor garanta o atendimento do fim público a que
“execução orçamentária do Governo Federal por meio do se dirige, podendo aplicar de forma retroativa de
SIAFI”, temos que as seguintes afirmações são corretas, nova interpretação.
exceto:
109. (INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de
A) as despesas só podem ser empenhadas de acordo com
Novo Hamburgo - RS - Guarda Municipal). Qual é a
o cronograma de desembolso da Unidade Orçamen-
lei que regula o processo administrativo no âmbito da Ad-
tária, devidamente aprovado.
ministração Pública Federal?
B) a descentralização de créditos, externa ou interna,
deve ser realizada por meio de Nota de Movimenta- A) Lei n° 7.784/88.
ção de Crédito - NC. B) Lei n°8.974/89.
C) a abertura de créditos adicionais apresenta conse- C) Lei n°9.784/99.
quências em duas programações:financeira e orça- D) Lei n°9.503/97.
mentária. E) Lei n°9.605/99.
D) a movimentação de créditos independe da existência
de saldos bancários ou recursos financeiros. 110. (FEPESE - 2023 - Prefeitura de Balneário
E) a formalização do empenho será precedida da criação Camboriú - SC - Arquivologista - 7S4). A Lei nº 8.159,
de uma Lista de Itens, por meio de transação especí- de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política naci-
fica. onal de arquivos públicos e privados, traz em seu artigo 3º
o conceito de gestão de documentos, como sendo o “con-
106. (FGV - 2021 - IMBEL - Analista Especiali- junto de procedimentos e operações técnicas referentes à
zado - Analista de Orçamento). Assinale a opção que in- produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de
dica a existência de restos a pagar processados nas de- documentos em fase corrente e intermediária, visando sua
monstrações de uma entidade pública. eliminação ou recolhimento para guarda permanente”. A
gestão de documentos é realizada a partir de etapas con-
A) A despesa foi empenhada e cancelada.
secutivas.
B) A despesa foi liquidada, mas não paga.
C) A despesa foi paga, mas não realizada Assinale a alternativa que se refere corretamente a
D) A despesa foi orçada, mas não empenhada. essas etapas.
E) A despesa foi empenhada, mas não liquidada.
A) Produção documental, utilização e conservação dos
documentos, destinação dos documentos.
107. (VUNESP - 2020 - EBSERH - Analista Admi-
B) Transferência de documentos, utilização de docu-
nistrativo – Administração). As etapas que melhor cor-
mentos, eliminação de documentos.
respondem à sequência do denominado ciclo orçamentá-
C) Classificação de documentos, registro de documen-
rio são
tos, armazenamento de documentos.
A) elaboração; apreciação legislativa; execução e acom- D) Criação de documentos, digitalização de documen-
panhamento; controle e avaliação. tos, microfilmagem de documentos.
B) preparação; análise e encaminhamento; autorização E) Identificação documental, triagem e higienização
e execução; avaliação e controle. dos documentos, eliminação de documentos.
C) diagnóstico; encaminhamento e apreciação; delibe-
ração; execução e controle; reavaliação.

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Conhecimentos Específicos
111. (COSEAC - 2023 - UFF - Assistente em Ad- 114. (COSEAC - 2019 - UFF - Assistente em Ad-
ministração). De acordo com a Lei nº 8.159/91, que trata ministração). De acordo com o Decreto 8.539/15, que
da Política nacional de Arquivos públicos e privados, são dispõe sobre o uso do meio eletrônico para a realização do
considerados documentos inalienáveis e imprescritíveis processo administrativo no âmbito dos órgãos e das enti-
aqueles: dades da administração pública federal direta, autárquica
e fundacional, “a unidade de registro de informações, in-
A) identificados como intermediários.
dependentemente do formato, do suporte ou da natureza”,
B) identificados como correntes.
é a definição de:
C) de valor permanente.
D) de valor sentimental. A) memória
E) sem valor. B) documento
C) HD
112. (UFPR - 2023 - IF-PR - Assistente em Admi- D) drive
nistração). Com base no que diz a Lei n.º 8.159/1991 (que E) pen drive.
dispõe sobre a Política Nacional de Arquivos Públicos e
Privados), é correto afirmar: 115. (FAURGS - 2022 - SES-RS - Analista de Po-
líticas Públicas - Edital nº 15). Processo Administrativo
A) Arquivos privados podem ser identificados como de
Eletrônico, segundo o artigo 2º do Decreto nº 8.539/2015,
interesse público e social, desde que sejam conside-
é
rados como conjuntos de fontes relevantes para a his-
tória e desenvolvimento científico nacional. A) aquele em que os atos processuais são digitais desde
B) Os documentos públicos são identificados como cor- a sua origem.
rentes, transitórios e contingentes. B) aquele em que os atos processuais são registrados e
C) Gerenciamento de arquivos é o conjunto de procedi- disponibilizados em meio eletrônico.
mentos e operações técnicas referentes a produção, C) aquele feito com segurança, transparência e econo-
tramitação, uso, avaliação e arquivamento de docu- micidade.
mentos públicos. D) aquele que amplia a sustentabilidade ambiental com
D) São considerados contingentes o conjunto de docu- o uso de tecnologia da informação e comunicação.
mentos de valor histórico, probatório e informativo E) aquele que assegura a eficiência, a eficácia e a efeti-
que devem ser definitivamente preservados. vidade da ação governamental.
E) A eliminação de documentos produzidos por institui-
ções públicas federais será realizada mediante auto- 116. (CS-UFG - 2017 - UFG – Arquivista). O De-
rização expressa do Conselho Nacional de Justiça, na creto n° 8.539, de 8 de outubro de 2015, em seu artigo 15,
sua específica esfera de competência. dispõe que deverão ser associados elementos descritivos
aos documentos digitais que integram processos eletrôni-
113. (COPEVE-UFAL - 2023 - IF-AL - Assistente cos, a saber:
em Administração). Com base na Lei nº 8.159, de 8 de
A) formato de registro, presunção de autenticidade, mo-
janeiro de 1991, e suas respectivas atualizações, dadas as
delo digital, descrição e intraoperabilidade.
afirmativas referentes aos documentos produzidos ou re-
B) produção, classificação, avaliação, descrição e difu-
cebidos por um Instituto Federal,
são.
I. As decisões do Conselho Superior que foram forma- C) identificação, indexação, presunção de autentici-
lizadas em Resoluções são consideradas arquivos dade, preservação e interoperabilidade.
privados. D) modelagem, indexação, confiabilidade, conservação
II. O histórico de um aluno formado no ano de 2000 é e descrição.
considerado um documento permanente.
III. Os documentos digitalizados produzirão os mesmos 117. (IADES - 2017 - PM-DF - Oficial Capelão Ca-
efeitos legais dos documentos originais, quando ob- tólico). De acordo com a Lei nº 12.527/2011, qual autori-
servadas as orientações e diretrizes do Conselho Na- dade pode classificar uma informação como ultrassecreta?
cional de Arquivos (Conarq).
A) Presidente da Funasa.
B) Presidente do Ibama.
Verifica-se que está(ão) correta(s)
C) Diretor Geral da Polícia Federal.
A) I, apenas. D) Presidente da Caixa Econômica Federal.
B) III, apenas. E) Chefe de missão diplomática permanente no exterior.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas. 118. (IADES - 2017 - PM-DF - Oficial Capelão Ca-
E) I, II e III. tólico). A Lei de Acesso à Informação dispõe que, caso
não seja possível conceder acesso imediato à informação
requerida, o órgão ou a entidade que recebeu o pedido tem
um prazo para disponibilizá-la, indicar as razões de recusa
do pedido ou comunicar que não possui a informação.
Qual é o limite desse prazo?

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Conhecimentos Específicos
A) 5 dias úteis.
B) 10 dias úteis.
C) Não superior a 10 dias.
D) Não superior a 20 dias.
E) Não superior a 30 dias.

119. (INSTITUTO AOCP - 2022 - IPE Prev - Ana-


lista em Previdência - Direito - Edital nº 002). De
acordo com a Lei Federal nº 13.709/2018 (LGPD), a dis-
ciplina da proteção de dados pessoais tem como funda- GABARITO OFICIAL
mentos, EXCETO
Conferidos
A) o respeito à privacidade.
B) a inviolabilidade da intimidade, da honra e da ima- 01-E 21-A 41-A 61-E 81-A 101-D
gem. 02-B 22-B 42-E 62-A 82-A 102-D
C) a livre iniciativa e a defesa do consumidor.
D) a autodeterminação dos povos. 03-E 23-D 43-C 63-C 83-D 103-C
E) o exercício da cidadania pelas pessoas naturais. 04-E 24-A 44-E 64-E 84-D 104-A
120. (MPE-SP - 2022 - MPE-SP - Promotor de 05-E 25-D 45-D 65-A 85-D 105-A
Justiça Substituto). Assinale a alternativa correta. 06-A 26-A 46-C 66-B 86-D 106-B
A) Incumbe ao Estado a proteção dos dados pessoais, 07-E 27-E 47-A 67-B 87-A 107-A
tais como os dados pessoais sensíveis, os dados ano-
nimizados e os dados utilizados para formação de 08-C 28-B 48-A 68-C 88-A 108-A
perfil comportamental de pessoa natural identificada 09-D 29-A 49-A 69-E 89-B 109-C
ou identificável.
B) Cidadão cujo pedido de benefício social tenha sido 10-E 30-E 50-B 70-A 90-D 110-A
indeferido pode solicitar o nome do servidor público
11-C 31-A 51-A 71-D 91-B 111-C
responsável pelo seu processo administrativo e pode
ingressar com ação por danos diretamente em face 12-D 32-D 52-B 72-D 92-C 112-A
desse agente público.
13-C 33-A 53-D 73-A 93-D 113-D
C) São exemplos de manifestações dos usuários de ser-
viços públicos as reclamações, as sugestões e os elo- 14-B 34-B 54-B 74-B 94-D 114-B
gios, mas não as denúncias, por integrarem o sistema
15-A 35-A 55-D 75-E 95-B 115-B
de responsabilização administrativa.
D) O direito de receber dos órgãos públicos informações 16-B 36-E 56-B 76-C 96-D 116-C
de interesse particular ou coletivo é direito público
subjetivo, não se admitindo qualquer ordem de limi- 17-D 37-C 57-B 77-D 97-A 117-E
tação ou de disciplina procedimental que inviabilize 18-C 38-E 58-D 78-A 98-D 118-D
seu acesso.
E) O pedido de acesso à informação pode ser apresen- 19-D 39-C 59-B 79-A 99-D 119-D
tado por qualquer interessado, por qualquer meio le- 20-A 40-C 60-D 80-D 100-E 120-E
gítimo, cabendo ao órgão ou entidade pública conce-
der o acesso imediato ou negá-lo nas hipóteses espe- 121-C
cíficas previstas em lei ou regulamento, sendo sem-
pre imprescindível a motivação nesse caso.

121. (FUNDATEC - 2022 - SPGG - RS - Analista


de Planejamento, Orçamento e Gestão). A Autoridade
Nacional de Proteção de Dados (ANPD) é um órgão vin-
culado:
A) À Agência Brasileira de Inteligência.
B) Ao Ministério da Justiça.
C) À Presidência da República.
D) Às Organizações Internacionais.
E) Ao Congresso Nacional.

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Conhecimentos Específicos

RASCUNHO RASCUNHO

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