Aula 07

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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DISCIPLINA: Estatística Aplicada à Segurança Pública


CONTEUDISTA: Doriam Borges

Aula 7 – Indicadores: Uma ferramenta útil na gestão da Segurança Pública

Metas
Apresentar o uso de indicadores nas áreas de violência, criminalidade e
segurança pública. Discutir tanto a ideia de gestão e avaliação em segurança
pública orientada por resultados como a definição de indicadores e
operacionalização de conceitos.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Identificar as dimensões de um conceito
2. Construir um conceito definindo suas dimensões
3. Produzir indicadores para operacionalizar um conceito
4. Calcular e analisar indicadores para tirar conclusões sobre uma situação

1
COMO MENSURAR A VARIABILIDADE DOS DADOS?

Você já parou para pensar de onde vêm os dados sobre violência,


criminalidade e segurança pública? Os registros ou boletins de ocorrência nas
delegacias são um bom começo, mas será que todos os atos criminosos são
reportados à polícia? Onde mais você poderia buscar informações para ter um
panorama mais completo da situação de violência e criminalidade numa
região? Como evitar que um mesmo fato ocorrido seja contabilizado duas
vezes (o que pode acontecer se buscamos, por exemplo, ferimentos por arma
de fogo registrados num hospital e boletins de ocorrência)? Como
classificamos assassinatos, suicídios, homicídios por autos de resistência e
acidentes?

Ao analisarmos as perguntas no parágrafo anterior, percebemos que as


próprias características das atividades de segurança pública fazem com que a
sua identificação e acompanhamento sejam difíceis. As atividades dessas
áreas atravessam diferentes setores e envolvem diferentes disciplinas, e por
esse motivo os levantamentos que normalmente são realizados pelos
organismos de produção de informação estatística não costumam ser
incorporados nas atividades diárias de gestão pública e de decisão estratégica
das instituições de segurança pública. Outro aspecto importante é que ainda
não existe uma cultura de valorização da informação, e as políticas públicas no
Brasil, em geral, não são construídas tendo como premissa um diagnóstico
realizado por dados. O que gera um ciclo vicioso, como os gestores não
entendem a importância das informações na gestão, então não há investimento
nesta área.

Um elemento adicional que dificulta a produção e divulgação de indicadores de


segurança pública é a própria transversalidade que se manifesta no contexto
das instituições interessadas na produção e no uso dos indicadores. Em outras
palavras, existe uma variedade de produtos atuais ou potenciais de estatísticas
relacionados com a diversidade de campos de aplicação da segurança pública.
Isto exige um esforço para coordenar e direcionar as melhores ferramentas
com objetivo de maior aplicação desses indicadores.

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A este conjunto de dificuldades de ordem geral, se acrescentam as que
derivam das características dos sistemas de informação das instituições de
segurança pública. Atualmente não se observa uma produção periódica e
sistemática dos indicadores de segurança pública por parte dos organismos
dedicados às áreas de violência, criminalidade e segurança pública. Os
programas de trabalho destes organismos estão frequentemente limitados pela
disponibilidade de recursos humanos e materiais.

Mas, por que desenvolver instrumentos de mensuração do agir e das ações


das instituições de Segurança Pública? Por que e para quê medir?Para quê
criar indicadores? É fundamental acompanhar e medir as atividades e políticas
públicas de segurança, de tal maneira que permita ajudar no planejamento,
execução e (re)direcionamento das ações do sistema de segurança pública. Os
indicadores devem ser entendidos como uma ferramenta pela qual será
possível avaliar as ações dos órgãos de segurança pública em âmbito federal,
estadual e municipal. Diante disto, sobressalta-se a adoção de um modelo de
gestão pelos órgãos de segurança pública pautado no uso de indicadores,
visando à busca de resultados efetivos sobre a situação da segurança pública,
de maneira a garantir a maior efetividade possível para as suas ações. Da
mesma forma, o uso de indicadores pode ser muito útil para pesquisadores,
cujo objetivo é compreender e acompanhar os fenômenos da violência e da
criminalidade.

Contudo, no Brasil a utilização de indicadores por parte das instituições de


Segurança Pública ainda é incipiente. Algo semelhante já foi feito no Brasil na
área econômica, com a diminuição e a estabilização da inflação. Não teria sido
possível criar uma política de estabilização eficaz se não conhecêssemos o
fenômeno no Brasil. Também não seria possível monitorá-lo sem a existência
das diversas pesquisas de preços e custo de vida realizadas por instituições
governamentais e privadas. Hoje em dia, os dados referentes aos indicadores
econômicos estão amplamente difundidos nos meios de informação, e
principalmente, estão sendo utilizados por pesquisadores e governo como
matéria-prima para a tomada de decisões e produção da política econômica

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atual. O fato das políticas econômicas serem monitoradas ajuda os analistas a
conhecer melhor os problemas na área. Em contraste, ainda não podemos faze
o mesmo na área de segurança pública simplesmente pela ausência de
análises sistemáticas das políticas elaboradas e implementadas. Assim como o
Brasil conseguiu controlar a inflação, também pode diminuir a criminalidade a
níveis toleráveis. Como aprendeu com os erros de sucessivos planos
econômicos frustrados, até encontrar um caminho “viável”, o país também pode
encontrar uma saída para a dramática situação da segurança pública.

No planejamento e no monitoramento de qualquer política pública, seja na área


econômica ou na criminal, é necessário coletar, sistematizar e analisar dados
básicos sobre o fenômeno, bem como operacionaliza-los em indicadores, de
modo a aprimorar o desenvolvimento e implementação de tais políticas. Este
acompanhamento deve ser realizado através de análise sistemática, gerando
recomendações para a correção e melhoria das ações, programas ou políticas
públicas.

1 – O uso de indicadores para avaliação de segurança pública

As avaliações são fundamentais para a introdução da correção de rumos no


decorrer do processo de implementação de projetos e programas sociais,
planejamento estratégico e políticas públicas. Avaliar é atribuir valor, medir
grau de eficiência, eficácia, efetividade das ações. Assim compreendida, a
avaliação identifica processos e resultados, quantifica e qualifica dados de
desempenho, compara, analisa, informa e propõe, permitindo o aprimoramento
das atividades desenvolvidas do projeto ou programa estudado.

A definição do que seja avaliação, segundo a UNICEF (1990) é de um exame


sistemático e objetivo de um projeto ou programa, finalizado ou em curso, que
contemple o seu desempenho, implementação e resultados, com vistas à
determinação de sua eficiência, efetividade, eficiência, impacto e a relevância
de seus objetivos. Sendo assim, o propósito da avaliação é guiar os tomadores

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de decisão, orientando-os quanto à continuidade, necessidade de correções ou
mesmo suspensão de uma determinada política ou programa.

Do ponto de vista conceitual, o trabalho de acompanhamento e avaliação tem


de abranger todo o ciclo de vida do projeto ou programa avaliado. Por isso, a
metodologia de avaliação contempla os três momentos distintos:
1. Avaliação prévia: Num primeiro momento, é preciso observar e medir o
fenômeno que se pretende modificar antes da intervenção da política pública.
Frequentemente estas avaliações fazem parte de diagnósticos que podem ou
não dar origem, na sequência, a políticas públicas.
2. Avaliação intermediária ou contínua: Feita a intervenção, deve-se
medir novamente o fenômeno após certo tempo, para fazer um balanço dos
resultados da política ou do esforço, e com isso tirar lições sobre a experiência
avaliada. Se a implementação durar um longo período ou for feita em etapas,
talvez seja o caso de ter mais de uma dessas avaliações intermediárias.
3. Avaliação final: A avaliação realizada após a execução normalmente
refere-se à análise da eficácia e efetividade do programa e é útil para rever,
repensar e redesenhar a política pública.

Além disto, para ter certeza de que a mudança no fenômeno não foi devida a
fatores externos a política pública, é preciso medir também, nos dois períodos,
outro grupo, que não tenha sofrido esta intervenção. Este é chamado grupo de
controle, que deve ser, na medida do possível, o mais parecido com o grupo
em que foi implementada a política pública. Idealmente, a única diferença entre
os dois grupos deve ser a intervenção que está sendo realizada.

A avaliação em processo é aquela que ocorre ao longo do processo de


implementação de políticas públicas e é fundamental para a correção de rumos
das ações que não estão tendo o resultado previsto. Essa avaliação é muito
sensível politicamente porque afeta diretamente os responsáveis políticos e
técnicos pela condução das políticas. A avaliação em processo destina-se a
problematizar, em profundidade, a direção, os produtos e os resultados que a
política esteja produzindo, mas enquanto ela está sendo implementada.

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O desempenho no âmbito das instituições públicas é a capacidade da
instituição atingir seus objetivos através da implementação de estratégias
adotadas dentro do seu processo de planejamento. E é de suma importância
que esse desempenho medido e avaliado, de tal maneira que as instituições,
seus departamentos e suas ações sejam aperfeiçoadas.

Como ferramenta essencial para realizar a avaliação do desempenho,


destacamos os indicadores. Através de um sistema de indicadores é possível a
avaliar os resultados obtidos por uma determinada instituição gestora ao longo
do tempo assim como comparar seu desempenho com outras similares. Essa
sistematização da avaliação permite destacar os pontos fortes e fracos dos
diferentes setores das entidades gestoras, de maneira que sejam adotadas
medidas corretivas para a melhoria da produtividade, dos procedimentos e das
rotinas de trabalho. Permite, ainda, a monitoração dos resultados das decisões
dos gestores facilitando a implementação de um sistema de gestão da
qualidade. Os indicadores devem proporcionar informações no que diz respeito
aos objetivos das instituições e facilitar as tomadas de decisão, bem como, o
redirecionamento de ações que estão sendo desenvolvidas.

A utilização de indicadores para aferir os resultados alcançados pelos gestores


é uma metodologia que está relacionada ao conceito de gerenciamento voltado
para resultados. Segundo Teixeira e Santana (1995) um sistema de
indicadores funciona como um instrumento de racionalização e modernização
da gestão. Esse sistema delimita o campo observável da ação a ser
desenvolvida, facilitando a identificação dos objetivos e metas a serem
perseguidos pela instituição.

Entretanto, o que são indicadores? No sentido de fundamentar a definição de


indicadores, são necessárias algumas considerações sobre conceitos e
operacionalização. Assim, você entenderá qual é a ideia de operacionalização
de conceitos e o que isso tem a ver com indicadores.

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2–Conceituação e Operacionalização

2.1 O que é um conceito?

Um conceito é a imagem mental que resume um conjunto de observações


semelhantes, sentimentos, ideias, etc. Em outras palavras, um conceito
abstrato é o resumo de todo um conjunto de comportamentos, atitudes e
características que vemos como tendo algo em comum.

Talvez você ache essa definição muito abstrata ou difícil de ser compreendida,
mas Faça uma experiência: visualize uma árvore em sua mente. De acordo
com o dicionário Aurélio, uma árvore é um "vegetal de tronco lenhoso cujos
ramos só saem a certa altura do solo". Com base nessa definição, tente
imaginar o que uma árvore se parece.Compare essa imagem com uma árvore
real. Elas são exatamente a mesma coisa? Tenho certeza de que não são. De
fato, existem diferentes tipos de árvores, não importa em termos de tamanho,
altura, forma ou cor. No entanto, todas elas são chamadas de árvores.

Em outras palavras, "árvore" é apenas um rótulo utilizado para representar


todas as árvores existentes no mundo real. Nós chamamos este termo como o
"conceito" de árvore. Da mesma forma, esse conceito pode ter mais de um
rótulo. Por exemplo: em diferentes línguas, existem diferentes palavras para
”árvore”, mas o conceito do que é uma árvore permanece intacto. A imagem
que você imaginou ao ler a palavra “árvore” baseia-se na em figura mental que
você usa para resumir o conjunto de árvores reais. Assim, a imagem mental é a
sua concepção de árvore.

Os conceitos são termos que as pessoas criam para fins de comunicação,


apresentação e eficiência. Os conceitos científicos são criações teóricas que
são baseados em observações. Na verdade, um conceito é uma palavra ou
frase supostamente para descrever relações do mundo real. Os conceitos são
nem verdadeiro nem falso, mas apenas mais ou menos úteis.

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Boxe de curiosidade
Para você, qual é o conceito de Desenvolvimento Humano?
Para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o
conceito de Desenvolvimento Humano, representado pelo IDH, se restringe ao
desenvolvimento na saúde, na renda e na educação em uma população.
Talvez você tenha pensado: só isso? É isso mesmo. Quando vamos definir
alguns conceitos, às vezes não damos conta de abranger todo o conteúdo que
ele representa. Vamos mais adiante falar sobre o conceito de Desenvolvimento
Humano utilizado pelo PNUD.
Fim do boxe de curiosidade

2.2 O processo de conceituação e dimensões


Uma vez que um termo pode ter mais de um significado para as pessoas,
então é essencial especificar exatamente o que você quer dizer em sua
análise. Você lembra do exemplo do Desenvolvimento Humano? Este termo
pode ter mais de um significado para as pessoas, mas é importante você ter
clareza sobre o que está querendo conceituar. A conceituação é o processo de
desenvolvimento de conceitos, elementos abstratos ou ideias que aparecem
em nossas teorias ou hipóteses. Também pode ser entendido como o processo
de definição de ideias vagas, atribuindo a elas especificações cada vez mais
precisas para que possamos chegar a um acordo sobre o que estamos
falando.Assim, é preferível definir conceitos de uma forma que reflete um
entendimento comum (evitar definições idiossincráticas).

Embora os conceitos não possam ser julgados nem verdadeiros nem falsos,
eles podem ser avaliados pelo quanto facilitam a comunicação entre as
pessoas interessadas num determinado assunto e o quanto contribuem para o
desenvolvimento teórico dessa área de estudo. Portanto, quando você define o
conceito utilizado na sua investigação de uma forma muito divergente dos
outros, corre o risco de perder o contato com seus interlocutores porque,
apesar de usar as mesmas palavras, você não está falando a mesma coisa.

Para evitar a ambigüidade na definição de um conceito, especialmente para


aqueles mais complexos,o ideal é dividi-lo em dimensões adequadas.A

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dimensão é um aspecto determinável de um conceito. A figura 7.1 apresenta o
conceitos “atitude econômica” destrinchado em suas dimensões:

Figura 7.1: Dimensões do conceito atitude econômica


Autor: Bruna Canabrava

ATIVIDADE 1 – atende ao objetivo 1


Quais são as 3 dimensões do conceito de desenvolvimento humano (IDH), de
acordo com o PNUD?

RESPOSTA COMENTADA
As três dimensões do IDH são saúde (medida pela expectativa de vida ao
nascer), educação (medida em anos médios de estudo e anos esperados de
escolaridade) e renda (medida pelo Renda Nacional Bruta per capita). Para
saber mais sobre o IDH, consulte o site http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx

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FIM ATIVIDADE 1

2.3 Construindo um novo conceito


O produto final da conceituação é definir que você está levando em
consideração quando usa este termo. O processo de construção de um
conceito normalmente segue uma série de passos:

Figura 7.1: Sugestão de passo-a-passo para uma conceituação


Autor: Bruna Canabrava

ATIVIDADE 2 - Atende ao objetivo 2


Considerando os órgãos de segurança pública como serviços públicos e os
cidadãos usuários, desenvolva uma conceituação para “Qualidade de
Atendimento” com no mínimo duas dimensões.

RESPOSTA DA ATIVIDADE 1

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Para este conceito “Qualidade de Atendimento” é possível construir diferentes
dimensões para a definição de um conceito. Neste exercício, como uma
possível resposta, definimos duas dimensões: Satisfação do usuário com o
atendimento recebido na instituição de Segurança Pública; e a Confiança da
população da instituição de Segurança Pública. O conceito por trás de
“Qualidade de Atendimento”, neste caso, está baseado na relação entre a
instituição e a população. O incremento da confiança da população na
instituição, além de gerar um reconhecimento social, pode corroborar para o
aperfeiçoamento dos serviços, uma vez que a população tenderá a procurar e
passar mais informações para a instituição. Entre outras dimensões possíveis,
podemos listar: tratamento recebido, a rapidez de atendimento, e o resultado
final do pedido ou denúncia encaminhada as instituições de segurança pública.

FIM DA ATIVIDADE 1

2.4 O que é Operacionalização?

O objetivo da conceituação é produzir indicadores. Segundo Earl Babbie, um


indicador é uma observação que nós escolhemos para considerar como um
reflexo de uma variável que temos para estudar.Em outras palavras, indica até
que ponto o conceito que temos em mente é presente ou ausente nos objetos
que estamos estudando.Por exemplo, quando falamos sobre o nível de
desenvolvimento econômico de uma economia, geralmente usamos o PIB per
capita como indicador. Neste caso, a variável ou conceito "desenvolvimento
econômico" é indiretamente medido pelos valores numéricos do PIB per capita
da economia analisada.

A operacionalização é o processo de desenvolvimento dos instrumentos de


medida ou indicadores de acordo com os conceitos que estamos interessados
em avaliar. É o processo de especificar como os conceitos serão medidos. Em
outras palavras, para operacionalizar um conceito você deve ser capaz de dar
definições operacionais para os seus conceitos.A operacionalização é a
tradução de um conceito teórico em uma ou mais variáveis mensuráveis. Uma

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vez operacionalizado, o conceito pode ser submetido a estudos e a sua relação
com outros fenômenos pode ser testada.

Tendo especificado o conceito que você querer analisar, então existem três
perguntas para a operacionalização:

1. Quantos indicadores são necessários para a operacionalização deste


conceito?
O desenvolvimento de indicadores para alguns conceitos é simples. Por
exemplo, para conceitos tais como renda e anos de estudo, não é necessário a
criação de mais de um indicador ou medida. Para estes conceitos simples, um
indicador é o suficiente. No entanto, o desenvolvimento de indicadores para
alguns conceitos complexos – particularmente aqueles mais abstratos como
"alienação", "cultura política", "democracia" e “violência” – pode ser
problemático.Como discutido anteriormente, um conceito complexo pode ser
dividido em diferentes dimensões. A fim de capturar completamente a essência
do conceito, você deve criar, pelo menos, um indicador para cada dimensão.

2. Como é que os indicadores podem ser desenvolvidos?


Em primeiro lugar, você tem que se certificar de que todas as dimensões do
conceito foram cobertas. Então, você tem que especificar o intervalo de
variação do seu indicador. Por exemplo, em geral, existem apenas dois
atributos, do sexo masculino ou do sexo feminino para o conceito de sexo. No
entanto, em algumas pesquisas sobre a sexualidade, os pesquisadores podem
adicionar mais categorias, digamos, a opção transexual, para captar o
significado pleno do sexo no contexto da transexualidade. De uma maneira
semelhante, é também importante determinar o grau de precisão do indicador.
Por exemplo, quando se mede o nível educacional, você pode simplesmente
dividir o indicador em quatro categorias: analfabetos / ensino fundamental
completo / ensino médio completo / superior completo. Alternativamente, você
pode perguntar quantos anos de estudo seus entrevistados têm. Certamente, o
último é mais preciso do que o primeiro.

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3. Como os instrumentos de medição serão construídos para medir os
indicadores?
Esta questão está relacionada com o seu projeto de pesquisa. Por exemplo,
quando você faz uma pesquisa, o questionário pode ser o seu instrumento de
medição. No entanto, se você, por exemplo, estudar o desenvolvimento
econômico de vários países, então você tem que contar com os dados
estatísticos recolhidos por organizações internacionais como o Banco Mundial.
Ou se você quer mensurar o número de homicídios por país pode buscar a
Organização Mundial de Saúde (OMS). Em geral, existem três abordagens
para a construção de instrumentos de medição:

- Verbal ou Self-Report. Esses relatórios incluem respostas a perguntas diretas


colocados em um questionário ou numa entrevista.

- Observação. Os pesquisadores são os principais instrumentos de coleta. Por


exemplo, se o seu interesse é verificar se policiais responsáveis pelo trabalho
ostensivo seguem as regras de segurança definidas pela instituição, será
necessário um trabalho de observação da rotina desses profissionais. Para
realizar esse estudo, você terá que capturar as condutas diárias dos policias e
verificar se eles seguem ou não as definições das regras de segurança.

- Registros de arquivamento. Refere-se a informaçõesjá existentes, como por


exemplo, as estatísticas oficiais dos Registros de Ocorrência da Polícia Civil.

ATIVIDADE 3 - Atende ao objetivo 3


Tendo em vista a atividade anterior, operacionalize o conceito de “Qualidade de
Atendimento” descrito na resposta comentada.

RESPOSTA DA ATIVIDADE 2
Para a dimensão Satisfação do usuário com o atendimento recebido na
instituição de Segurança Pública, a operacionalização deverá ser feita a partir
da aplicação de pesquisas de opinião, que por sua vez, deverão ser realizadas
por pessoas e instituições que não sejam do sistema de justiça criminal, para
que o estudo seja neutro e as estimativas sinceras. Além disso, a análise dos

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resultados deve considerar o perfil do entrevistado, pois a avaliação das
instituições pode variar, por exemplo, por idade e escolaridade. Os jovens e os
mais escolarizados, em geral, tendem a avaliar as instituições de segurança de
forma mais negativa do que os mais velhos e menos escolarizados.

N o pessoas satisfeitos com o atend. recebido no órgão de Seg. Púb.


Satisf da Pop com Atend.  *100
N o de pessoas procuraram os órgãos de Seg. Púb.

Já para a dimensão Confiança da população da instituição de Segurança


Pública, também seria útil a utilização de uma pesquisa de opinião para a
realização da mensuração da confiança.

N o pessoas que confiam nos órgãos Seg Pub.


Conf nos órgãos de Seg Pub.  *100
N o Total de Entrevistados

FIM DA ATIVIDADE 2

3 - Indicadores

Já vimos que um indicador é na realidade um conceito operacionalizado em


uma ou mais medidas. Mas você deve entender também que, conforme
definido por Valarelli (1999, pag. 1), “os indicadores são parâmetros
qualificados e/ou quantificados que servem para detalhar em que grau os
objetivos de um projeto foram alcançados, dentro de um prazo delimitado de
tempo e numa localidade específica”, que permitem desta forma tirar
conclusões sobre o desenvolvimento dos fenômenos sociais em questão.

Sendo assim os indicadores são expressões numéricas de fenômenos


quantificáveis, representando fenômenos sociais politicamente relevantes, que
não podem ser medidos diretamente.

Os indicadores apenas representam o fenômeno, a partir de uma medida ou


um tipo de "marca" ou sinalizador, que tenta expressar a realidade sob uma

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forma mais fácil de mensurar e de observar. Isso significa que os indicadores
não são o fenômeno, mas indicam o comportamento ou a tendência em que o
mesmo tem se manifestado.

Os indicadores sociais devem possuir duas características fundamentais:

- Validade: A validade de um indicador corresponde ao grau de proximidade


entre o conceito e a medida, ou seja, sua capacidade de refletir, de fato, o
conceito abstrato que o indicador se propõe a “operacionalizar” ou “substituir”
(Jannuzzi, 2001, p.26).

- Relevância: Enquanto propriedade desejável de um indicador social, a


relevância diz respeito à pertinência desse indicador para a tomada de decisão
acerca dos problemas sociais.

Ao trabalhar com indicadores, você pode estar interessado em analisar


diferentes características em uma determinada sociedade. Algumas dessas
características podem ser facilmente quantificadas, enquanto outras não. As
que são mais fáceis de serem quantificadas e podem ser calculadas de forma
objetiva, chamamos de valores tangíveis. Alguns exemplos de indicadores
construídos com valores tangíveis são: renda per capita, escolaridade média,
número médio de leitos por hospital, taxa de homicídios, etc. Já as
características da sociedade que são mais difíceis de serem quantificadas, são
conhecidas como aspectos intangíveis. A importância de captar os valores
intangíveis se refere a relevância dos encontros, eventos, percepções e
ocorrências que não podem ser tocadas ou vistos. Experiências intangíveis
englobam dimensões que tem a ver com a habilidade, experiência e
criatividade; coesão e interação social; valores e motivações; costumes e
tradições; cultura institucional; etc.

A construção de indicadores deve seguir os seguintes critérios:

- sensível e específico – o indicador deve variar de acordo com as mudanças


do fenômeno, sendo sensível a todas as variações.

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- metodologicamente adequado – a medição precisa ser metodologicamente
sólida e adequada para o objetivo para o qual está sendo aplicado.
- utilizar dados confiáveis–a escolha da fonte de dados também deve ser
uma estratégia importante a ser considerada na construção dos indicadores.
Os dados devem ser consistentes e de acesso viável para a replicação dos
indicadores.
- inteligível e de fácil interpretação - os indicadores devem ser
suficientemente simples para ser interpretado.
- relacionar, se necessário, a outros indicadores - um único indicador,
muitas vezes tende a mostrar parte de um fenômeno. Sendo assim, em alguns
casos é melhor interpretar o fenômeno através de um conjunto de indicadores.
- permitir a comparação - os indicadores devem refletir características dos
objetivos da localidade específica , mas, sempre que possível, também devem
permitir comparações com outras regiões.
- capaz de ser desagregado ao longo do tempo - os indicadores devem ser
capazes de ser discriminado em sub-grupos da população ou áreas de
interesse particular, como grupos étnicos ou áreas regionais.
- coerente ao longo do tempo - a utilidade dos indicadores está diretamente
relacionada com a capacidade de acompanhar as tendências ao longo do
tempo, de modo que, na medida do possível, indicadores possam ser
consistentes.

Isso é importante você saber...

3.1. Índice
O índice é uma síntese de vários indicadores para mensurar um conceito mais
amplo. Um exemplo de índice é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) já
relatado anteriormente. O IDHvaria de 0até 1, e não possui uma unidade
conhecida. Por exemplo, um valor de0,37 não tem interpretação para além da
comparação com outros valores conhecidos. Como já falamos anteriormente, o
IDH é um índice que procura medir o conceito Desenvolvimento Humano,
através de três dimensões: saúde, medida pela esperança de vida ao nascer,
que reflete as condições de saúde da população;educação, medida pela taxa
de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de

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ensino fundamental e médio; e a renda,medida pela renda per capita, mas
submetida a uma transformação não linear, que faz com que a diferença entre
rendas altas e baixas não fique tão elevada.

3.2. Taxa
Já a taxa é um tipo de indicador. Uma taxa é a razão entre dois valores. No
numerador você coloca o grupo que experimentou o fenômeno que está
mensurando, e no denominador você coloca todos aqueles que poderiam
vivenciar o fenômeno, incluindo os que de fato o experimentaram e os que
tiveram a oportunidade de experimentar mas por algum motivo não o fizeram.
Por exemplo, a taxa de desemprego divide o número de pessoas
desempregadas (numerador – pessoas que experimentaram o fenômeno)
sobre o número de pessoas economicamente ativas (PEA), ou seja, as
pessoas com 10 anos ou mais de idade que estão trabalhando ou procurando
emprego (numerador – pessoas que poderiam experimentar o fenômeno). Ao
trabalhar com as taxas, você torna comparáveis grupos com populações muito
diferentes.

A taxa é expressa em uma unidade que depende da frequência do fenômeno


em questão. Fenômenos comuns são frequentemente expressos em
percentuais. Fenômenos mais raros são refletidos em taxas por 1.000, 100.000
ou por 1.000.000 de habitantes. Esses valores são os fatores multiplicadores

𝑛𝑢𝑚𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟
𝑡𝑎𝑥𝑎 = ( ) 𝑥𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟
𝑑𝑒𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜𝑟

Vale ressaltar que as taxas não devem ser calculadas sobre populações muito
pequenas, senão pode gerar problemas na análise dos resultados,
independentemente da incidência real do fenômeno. Imagine que você tenha
que calcular a taxa de homicídios em um município com 50.000 habitantes. Se
a taxa está situada em 20 por 100.000 habitantes, então a expectativa é,
considerando a população do município, que haverá aproximadamente
10homicídios ao ano. Na prática, haverá flutuações de um ano para outro: 1, 3,
5, etc. Essas pequenas diferenças em termos absolutos produzirão taxas

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extremas, altas ou baixas, sem que isso signifique que o homicídio esteja
mudando na cidade. Se no ano seguinte forem contabilizados três homicídios a
mais a taxa vai para 26 por 100.000 habitantes. A sugestãopara reduzir esse
tipo de problema é agregar as unidades territoriais até atingir uma população
maior. Dessa forma, você não deve calcular taxas para conjuntos populacionais
menores do que a própria unidade em que a taxa vem expressada.Isto é,
percentuais devem ser calculados para grupos de cem habitantes ou mais,
taxas por 100.000 devem ser calculadas para grupos com cem mil habitantes
ou mais, etc..

Exemplo:
Imagine que temos o número de homicídios de duas capitais brasileiras:
Maceió e São Paulo. Em um primeiro olhar, poderíamos dizer que São Paulo é
mais violento (tem mais violência letal) do que Maceió, no entanto devemos
considerar a população de cada capital. A cidade de São Paulo é bem mais
populosa. Então, para sabermos qual das duas capitais é a mais violenta, no
que se refere a violência letal, precisamos calcular as taxas.

Homicídios em 2012
Homicídios População
Maceió 761 953.393
São Paulo 1.748 11.390.290
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/DATASUS

761
𝑡𝑎𝑥𝑎𝑑𝑒ℎ𝑜𝑚𝑖𝑐í𝑑𝑖𝑜𝑀𝑎𝑐𝑒𝑖ó𝑝𝑜𝑟 100 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑎𝑏 = ( ) 𝑥100.000 = 79,8
953.393

1.748
𝑡𝑎𝑥𝑎𝑑𝑒ℎ𝑜𝑚𝑖𝑐í𝑑𝑖𝑜𝑆ã𝑜𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜𝑝𝑜𝑟 100 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑎𝑏 = ( ) 𝑥100.000 = 15,3
11.390.290

Logo, verificamos que Maceió apresenta uma taxa de homicídios por 100 mil
habitantes (79,8) bem maior do que a de São Paulo (15,3).

Homicídios em 2012

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Homicídios População Taxa
Maceió 761 953393 79,8
São Paulo 1748 11390290 15,3
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/DATASUS

ATIVIDADE 4 - Atende aos objetivos 4

Calcule o indicador que procura medir a demanda social por atividades


relacionadas a acidentes para cada 100 mil veículos: Taxa de Acidentes de
Trânsito por 100 mil veículos por UF – ano 2007. Analise os resultados.

Acidentes de trânsito e Frota de veículos – Ano 2007:


UF N° Acidentes Frota
Acre 1.010 95.292
Alagoas 3.003 310.083
Amapá 581 75.486
Amazonas 872 381.650
Bahia - 1.592.620
Distrito Federal 4.176 973.949
Espírito Santo 2.097 933.849
Goiás 23.281 1.762.434
Maranhão 630 481.718
Mato Grosso 35 816.276
Mato Grosso do Sul 8.610 730.574
Minas Gerais 33.552 5.271.000
Pará 997 635.299
Paraíba 879 476.455
Paraná 62.868 4.077.232
Pernambuco - 1.261.724
Piauí 135 378.005
Rio Grande do Sul 5.585 3.912.010
Rondônia 2.799 371.327
Roraima 2.858 84.659
Santa Catarina 11.664 2.670.284
São Paulo 88.144 16.464.703
Sergipe 799 297.682
Tocantins 886 283.295
Fonte: Corpo de Bombeiros

RESPOSTA DA ATIVIDADE 3

19
Para calcular a taxa de acidentes de trânsito por 100 mil veículos, devemos
utilizar a seguinte fórmula:

N 0 de acidentes atendidos CB
Tx Acid por100mil Bomb  * 100.000
Frota

Taxa de acidentes de trânsito por 100 mil veículos – Ano 2007:


Acre ( 1.010 / 95.292 ) x 100.000 =
1.059,9
Alagoas ( 3.003 / 310.083 ) x 100.000 = 968,5
Amapá ( 581 / 75.486 ) x 100.000 = 769,7
Amazonas ( 872 / 381.650 ) x 100.000 = 228,5
Bahia ( - / 1.592.620 ) x 100.000 = 0,0
Distrito Federal ( 4.176 / 973.949 ) x 100.000 = 428,8
Espírito Santo ( 2.097 / 933.849 ) x 100.000 = 224,6
Goiás ( 23.281 / 1.762.434 ) x 100.000 =
1.321,0
Maranhão ( 630 / 481.718 ) x 100.000 = 130,8
Mato Grosso ( 35 / 816.276 ) x 100.000 = 4,3
Mato Grosso do Sul( 8.610 / 730.574 ) x 100.000 =
1.178,5
Minas Gerais ( 33.552 / 5.271.000 ) x 100.000 = 636,5
Pará ( 997 / 635.299 ) x 100.000 = 156,9
Paraíba ( 879 / 476.455 ) x 100.000 = 184,5
Paraná ( 62.868 / 4.077.232 ) x 100.000 =
1.541,9
Pernambuco ( - / 1.261.724 ) x 100.000 = 0,0
Piauí ( 135 / 378.005 ) x 100.000 = 35,7
Rio Grande do Sul ( 5.585 / 3.912.010 ) x 100.000 = 142,8
Rondônia ( 2.799 / 371.327 ) x 100.000 = 753,8
Roraima ( 2.858 / 84.659 ) x 100.000 =
3.375,9
Santa Catarina ( 11.664 / 2.670.284 ) x 100.000 = 436,8

20
São Paulo ( 88.144 / 16.464.703 ) x 100.000 = 535,4
Sergipe ( 799 / 297.682 ) x 100.000 = 268,4
Tocantins ( 886 / 283.295 ) x 100.000 = 312,7

Analisando os resultados por UF, você pode perceber que Mato Grosso possui
a menor taxa de acidente de trânsito por 100 mil veículos (4,3). Por outro lado,
Roraima foi o que o apresentou a maior taxa (3.375,9). Esses resultados são
interessantes. A frota de veículos utilizada para o cálculo das taxas é dos
moradores das UF’s. No entanto, os acidentes de trânsito, sobretudo em
alguns estados, não são decorrentes de veículos de moradores, mas de uma
população flutuante que utiliza o sistema rodoviário, como provavelmente é o
caso de Roraima. Dessa forma, o resultado de Roraima, se estudarmos mais a
fundo, pode significar que as estradas estão precárias e precisam de uma
intervenção de infraestrutura, bem como de sinalização e controle de tráfego.

FIM DA ATIVIDADE 3

4 – Fundamentos para a construção de indicadores de segurança pública

A utilização de indicadores nas instituições de segurança pública apresenta


algumas vantagens:

a) Possibilita a avaliação do desempenho global da instituição de segurança


pública, por meio da avaliação de seus principais projetos, ações e/ou
departamentos;

b) Permite o acompanhamento e a avaliação do trabalho ao longo do tempo;

c) Possibilita enfocar as áreas relevantesdas instituições e expressa de forma


clara, viabilizando um processo de transformação estrutural e funcional que
permite eliminar inconsistências entre a missão institucional, sua estrutura e
seus objetivos prioritários;

21
d) Ajuda o processo de desenvolvimento organizacional e de formulação de
políticas específicas de segurança pública de médio e longo prazo;

e) Melhora o processo de coordenação organizacional, a partir da discussão


fundamentada nos resultados e o estabelecimento de compromissos entre os
diversos setores de cada instituição de segurança pública;

f) Possibilita a incorporação de sistemas de reconhecimento de bom


desempenho e alcance dos resultados esperados.

Conclusão

Você viu que para uma gestão mais planejada e integrada com os seus
objetivos é imprescindível o acompanhamento de indicadores específicos, a fim
de que os benefícios das atividades se potencializem. Esses indicadores
devem ser instrumentos importantes para a gestão das instituições de
segurança pública e planejamento das atividades dos servidores desses
órgãos. Entretanto, vale lembrar que não existe um método perfeito de
avaliação que funcione em todas as realidades organizacionais, mas tem-se
em grande parte das vezes uma metodologia adequada conforme os objetivos
desejados, procurando atingir aos níveis municipal, estadual e federal de todo o
Brasil. Também é preciso ressaltar que, ainda que fosse possível a criação de
um sistema de indicadores para a avaliação perfeito, os procedimentos criados
muitas vezes não são observados continuamente na prática.

Nesse sentido, ressalta-se a importância de se criar indicadores que sejam, na


medida do possível, o mais próximo da realidade das instituições que os
utilizarão, considerando a disponibilidade de informações e a operacionalidade
desses indicadores pelos gestores de segurança pública. Seguindo essa
premissa, a gestão cumprirá um papel político em dois sentidos: no
cumprimento dos requisitos legais inerentes aos subsistemas de recursos
humanos, financeiro e material e na mobilização e direcionamento de todos os

22
recursos na busca dos compromissos que pertencem à esfera da missão
institucional.

Resumo

Nesta aula foi apresentado como os pesquisadores ou gestorespodem passar


de uma ideia geral sobre o que eles querem estudar para medidas eficazes e
bem definidos, sobre o mundo real. Vimos os processos interrelacionados de
conceituação, operacionalização e indicadores.

Os conceitos são imagens mentais que usamos como dispositivos de resumo


para reunir observações e experiências que parecem ter algo em comum.
Usamos termos ou etiquetas para referenciar esses conceitos. Nossos
conceitos não existem no mundo real, de modo que não pode ser medido
diretamente, mas podemos medir as coisas que nossos conceitos resumem.

A Conceituação é o processo de especificação de observações e medições


que dão significado aos conceitos definidosem uma pesquisa. A conceituação
inclui a especificação dos indicadores e descreve as suas dimensões.

Já a operacionalização é uma extensão da conceituação que especifica os


procedimentos exatos que serão usados para medir os atributos das variáveis.
Operacionalização envolve uma série de opções inter-relacionadas: especificar
o intervalo de variação que é apropriado para fins de estudo, determinar a
precisão para medir as variáveis, representando as dimensões relevantes das
variáveis, definir claramente os atributos das variáveis e seus relacionamentos,
e decidir sobre o nível apropriado de medição.

Os indicadores individuais de variáveis raramente capturam todas as


dimensões de um conceito mais complexo. Medidas compostas, tais como os
índices, resolvem estes problemas através da junção de vários indicadores. As
taxas são a razão entre duas quantidades, onde o numerador da razão está
contido no denominador, por exemplo, para o cálculo da taxa de homicídios
usamos a razão entre o número de vítimas de homicídios (Numerador), sobre a

23
população total (Denominador). Este método torna comparáveis grupos onde
as populações não são iguais

Leitura Recomendada

Babbie, E. (2001), Métodos de pesquisa de survey. Belo Horizonte:Ed. UFMG.

Jannuzzi,P.M. (2001). Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes e


aplicações.Campinas: Alínea/PUC-Campinas.

UNICEF (1990).Guide for monitoring and evaluation. New York: Unicef.

Valarelli, L. L. (1999) Indicadores de resultados de projetos sociais.Apoio à


Gestão. Rio de Janeiro; site da RITS.

Teixeira, H. J. e Santana, M. S. (1995). Remodelando a gestão pública. E.


Blucher.

Informações sobre a próxima aula


Na próxima aula você será aprenderá as noções básicas de amostragem para
a realização de pesquisas. Ademais, discutiremos como selecionar casos
aleatoriamente.

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