Aula 07
Aula 07
Aula 07
Metas
Apresentar o uso de indicadores nas áreas de violência, criminalidade e
segurança pública. Discutir tanto a ideia de gestão e avaliação em segurança
pública orientada por resultados como a definição de indicadores e
operacionalização de conceitos.
Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Identificar as dimensões de um conceito
2. Construir um conceito definindo suas dimensões
3. Produzir indicadores para operacionalizar um conceito
4. Calcular e analisar indicadores para tirar conclusões sobre uma situação
1
COMO MENSURAR A VARIABILIDADE DOS DADOS?
2
A este conjunto de dificuldades de ordem geral, se acrescentam as que
derivam das características dos sistemas de informação das instituições de
segurança pública. Atualmente não se observa uma produção periódica e
sistemática dos indicadores de segurança pública por parte dos organismos
dedicados às áreas de violência, criminalidade e segurança pública. Os
programas de trabalho destes organismos estão frequentemente limitados pela
disponibilidade de recursos humanos e materiais.
3
atual. O fato das políticas econômicas serem monitoradas ajuda os analistas a
conhecer melhor os problemas na área. Em contraste, ainda não podemos faze
o mesmo na área de segurança pública simplesmente pela ausência de
análises sistemáticas das políticas elaboradas e implementadas. Assim como o
Brasil conseguiu controlar a inflação, também pode diminuir a criminalidade a
níveis toleráveis. Como aprendeu com os erros de sucessivos planos
econômicos frustrados, até encontrar um caminho “viável”, o país também pode
encontrar uma saída para a dramática situação da segurança pública.
4
de decisão, orientando-os quanto à continuidade, necessidade de correções ou
mesmo suspensão de uma determinada política ou programa.
Além disto, para ter certeza de que a mudança no fenômeno não foi devida a
fatores externos a política pública, é preciso medir também, nos dois períodos,
outro grupo, que não tenha sofrido esta intervenção. Este é chamado grupo de
controle, que deve ser, na medida do possível, o mais parecido com o grupo
em que foi implementada a política pública. Idealmente, a única diferença entre
os dois grupos deve ser a intervenção que está sendo realizada.
5
O desempenho no âmbito das instituições públicas é a capacidade da
instituição atingir seus objetivos através da implementação de estratégias
adotadas dentro do seu processo de planejamento. E é de suma importância
que esse desempenho medido e avaliado, de tal maneira que as instituições,
seus departamentos e suas ações sejam aperfeiçoadas.
6
2–Conceituação e Operacionalização
Talvez você ache essa definição muito abstrata ou difícil de ser compreendida,
mas Faça uma experiência: visualize uma árvore em sua mente. De acordo
com o dicionário Aurélio, uma árvore é um "vegetal de tronco lenhoso cujos
ramos só saem a certa altura do solo". Com base nessa definição, tente
imaginar o que uma árvore se parece.Compare essa imagem com uma árvore
real. Elas são exatamente a mesma coisa? Tenho certeza de que não são. De
fato, existem diferentes tipos de árvores, não importa em termos de tamanho,
altura, forma ou cor. No entanto, todas elas são chamadas de árvores.
7
Boxe de curiosidade
Para você, qual é o conceito de Desenvolvimento Humano?
Para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o
conceito de Desenvolvimento Humano, representado pelo IDH, se restringe ao
desenvolvimento na saúde, na renda e na educação em uma população.
Talvez você tenha pensado: só isso? É isso mesmo. Quando vamos definir
alguns conceitos, às vezes não damos conta de abranger todo o conteúdo que
ele representa. Vamos mais adiante falar sobre o conceito de Desenvolvimento
Humano utilizado pelo PNUD.
Fim do boxe de curiosidade
Embora os conceitos não possam ser julgados nem verdadeiros nem falsos,
eles podem ser avaliados pelo quanto facilitam a comunicação entre as
pessoas interessadas num determinado assunto e o quanto contribuem para o
desenvolvimento teórico dessa área de estudo. Portanto, quando você define o
conceito utilizado na sua investigação de uma forma muito divergente dos
outros, corre o risco de perder o contato com seus interlocutores porque,
apesar de usar as mesmas palavras, você não está falando a mesma coisa.
8
dimensão é um aspecto determinável de um conceito. A figura 7.1 apresenta o
conceitos “atitude econômica” destrinchado em suas dimensões:
RESPOSTA COMENTADA
As três dimensões do IDH são saúde (medida pela expectativa de vida ao
nascer), educação (medida em anos médios de estudo e anos esperados de
escolaridade) e renda (medida pelo Renda Nacional Bruta per capita). Para
saber mais sobre o IDH, consulte o site http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx
9
FIM ATIVIDADE 1
RESPOSTA DA ATIVIDADE 1
10
Para este conceito “Qualidade de Atendimento” é possível construir diferentes
dimensões para a definição de um conceito. Neste exercício, como uma
possível resposta, definimos duas dimensões: Satisfação do usuário com o
atendimento recebido na instituição de Segurança Pública; e a Confiança da
população da instituição de Segurança Pública. O conceito por trás de
“Qualidade de Atendimento”, neste caso, está baseado na relação entre a
instituição e a população. O incremento da confiança da população na
instituição, além de gerar um reconhecimento social, pode corroborar para o
aperfeiçoamento dos serviços, uma vez que a população tenderá a procurar e
passar mais informações para a instituição. Entre outras dimensões possíveis,
podemos listar: tratamento recebido, a rapidez de atendimento, e o resultado
final do pedido ou denúncia encaminhada as instituições de segurança pública.
FIM DA ATIVIDADE 1
11
vez operacionalizado, o conceito pode ser submetido a estudos e a sua relação
com outros fenômenos pode ser testada.
Tendo especificado o conceito que você querer analisar, então existem três
perguntas para a operacionalização:
12
3. Como os instrumentos de medição serão construídos para medir os
indicadores?
Esta questão está relacionada com o seu projeto de pesquisa. Por exemplo,
quando você faz uma pesquisa, o questionário pode ser o seu instrumento de
medição. No entanto, se você, por exemplo, estudar o desenvolvimento
econômico de vários países, então você tem que contar com os dados
estatísticos recolhidos por organizações internacionais como o Banco Mundial.
Ou se você quer mensurar o número de homicídios por país pode buscar a
Organização Mundial de Saúde (OMS). Em geral, existem três abordagens
para a construção de instrumentos de medição:
RESPOSTA DA ATIVIDADE 2
Para a dimensão Satisfação do usuário com o atendimento recebido na
instituição de Segurança Pública, a operacionalização deverá ser feita a partir
da aplicação de pesquisas de opinião, que por sua vez, deverão ser realizadas
por pessoas e instituições que não sejam do sistema de justiça criminal, para
que o estudo seja neutro e as estimativas sinceras. Além disso, a análise dos
13
resultados deve considerar o perfil do entrevistado, pois a avaliação das
instituições pode variar, por exemplo, por idade e escolaridade. Os jovens e os
mais escolarizados, em geral, tendem a avaliar as instituições de segurança de
forma mais negativa do que os mais velhos e menos escolarizados.
FIM DA ATIVIDADE 2
3 - Indicadores
14
forma mais fácil de mensurar e de observar. Isso significa que os indicadores
não são o fenômeno, mas indicam o comportamento ou a tendência em que o
mesmo tem se manifestado.
15
- metodologicamente adequado – a medição precisa ser metodologicamente
sólida e adequada para o objetivo para o qual está sendo aplicado.
- utilizar dados confiáveis–a escolha da fonte de dados também deve ser
uma estratégia importante a ser considerada na construção dos indicadores.
Os dados devem ser consistentes e de acesso viável para a replicação dos
indicadores.
- inteligível e de fácil interpretação - os indicadores devem ser
suficientemente simples para ser interpretado.
- relacionar, se necessário, a outros indicadores - um único indicador,
muitas vezes tende a mostrar parte de um fenômeno. Sendo assim, em alguns
casos é melhor interpretar o fenômeno através de um conjunto de indicadores.
- permitir a comparação - os indicadores devem refletir características dos
objetivos da localidade específica , mas, sempre que possível, também devem
permitir comparações com outras regiões.
- capaz de ser desagregado ao longo do tempo - os indicadores devem ser
capazes de ser discriminado em sub-grupos da população ou áreas de
interesse particular, como grupos étnicos ou áreas regionais.
- coerente ao longo do tempo - a utilidade dos indicadores está diretamente
relacionada com a capacidade de acompanhar as tendências ao longo do
tempo, de modo que, na medida do possível, indicadores possam ser
consistentes.
3.1. Índice
O índice é uma síntese de vários indicadores para mensurar um conceito mais
amplo. Um exemplo de índice é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) já
relatado anteriormente. O IDHvaria de 0até 1, e não possui uma unidade
conhecida. Por exemplo, um valor de0,37 não tem interpretação para além da
comparação com outros valores conhecidos. Como já falamos anteriormente, o
IDH é um índice que procura medir o conceito Desenvolvimento Humano,
através de três dimensões: saúde, medida pela esperança de vida ao nascer,
que reflete as condições de saúde da população;educação, medida pela taxa
de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de
16
ensino fundamental e médio; e a renda,medida pela renda per capita, mas
submetida a uma transformação não linear, que faz com que a diferença entre
rendas altas e baixas não fique tão elevada.
3.2. Taxa
Já a taxa é um tipo de indicador. Uma taxa é a razão entre dois valores. No
numerador você coloca o grupo que experimentou o fenômeno que está
mensurando, e no denominador você coloca todos aqueles que poderiam
vivenciar o fenômeno, incluindo os que de fato o experimentaram e os que
tiveram a oportunidade de experimentar mas por algum motivo não o fizeram.
Por exemplo, a taxa de desemprego divide o número de pessoas
desempregadas (numerador – pessoas que experimentaram o fenômeno)
sobre o número de pessoas economicamente ativas (PEA), ou seja, as
pessoas com 10 anos ou mais de idade que estão trabalhando ou procurando
emprego (numerador – pessoas que poderiam experimentar o fenômeno). Ao
trabalhar com as taxas, você torna comparáveis grupos com populações muito
diferentes.
𝑛𝑢𝑚𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟
𝑡𝑎𝑥𝑎 = ( ) 𝑥𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟
𝑑𝑒𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜𝑟
Vale ressaltar que as taxas não devem ser calculadas sobre populações muito
pequenas, senão pode gerar problemas na análise dos resultados,
independentemente da incidência real do fenômeno. Imagine que você tenha
que calcular a taxa de homicídios em um município com 50.000 habitantes. Se
a taxa está situada em 20 por 100.000 habitantes, então a expectativa é,
considerando a população do município, que haverá aproximadamente
10homicídios ao ano. Na prática, haverá flutuações de um ano para outro: 1, 3,
5, etc. Essas pequenas diferenças em termos absolutos produzirão taxas
17
extremas, altas ou baixas, sem que isso signifique que o homicídio esteja
mudando na cidade. Se no ano seguinte forem contabilizados três homicídios a
mais a taxa vai para 26 por 100.000 habitantes. A sugestãopara reduzir esse
tipo de problema é agregar as unidades territoriais até atingir uma população
maior. Dessa forma, você não deve calcular taxas para conjuntos populacionais
menores do que a própria unidade em que a taxa vem expressada.Isto é,
percentuais devem ser calculados para grupos de cem habitantes ou mais,
taxas por 100.000 devem ser calculadas para grupos com cem mil habitantes
ou mais, etc..
Exemplo:
Imagine que temos o número de homicídios de duas capitais brasileiras:
Maceió e São Paulo. Em um primeiro olhar, poderíamos dizer que São Paulo é
mais violento (tem mais violência letal) do que Maceió, no entanto devemos
considerar a população de cada capital. A cidade de São Paulo é bem mais
populosa. Então, para sabermos qual das duas capitais é a mais violenta, no
que se refere a violência letal, precisamos calcular as taxas.
Homicídios em 2012
Homicídios População
Maceió 761 953.393
São Paulo 1.748 11.390.290
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/DATASUS
761
𝑡𝑎𝑥𝑎𝑑𝑒ℎ𝑜𝑚𝑖𝑐í𝑑𝑖𝑜𝑀𝑎𝑐𝑒𝑖ó𝑝𝑜𝑟 100 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑎𝑏 = ( ) 𝑥100.000 = 79,8
953.393
1.748
𝑡𝑎𝑥𝑎𝑑𝑒ℎ𝑜𝑚𝑖𝑐í𝑑𝑖𝑜𝑆ã𝑜𝑃𝑎𝑢𝑙𝑜𝑝𝑜𝑟 100 𝑚𝑖𝑙ℎ𝑎𝑏 = ( ) 𝑥100.000 = 15,3
11.390.290
Logo, verificamos que Maceió apresenta uma taxa de homicídios por 100 mil
habitantes (79,8) bem maior do que a de São Paulo (15,3).
Homicídios em 2012
18
Homicídios População Taxa
Maceió 761 953393 79,8
São Paulo 1748 11390290 15,3
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/DATASUS
RESPOSTA DA ATIVIDADE 3
19
Para calcular a taxa de acidentes de trânsito por 100 mil veículos, devemos
utilizar a seguinte fórmula:
N 0 de acidentes atendidos CB
Tx Acid por100mil Bomb * 100.000
Frota
20
São Paulo ( 88.144 / 16.464.703 ) x 100.000 = 535,4
Sergipe ( 799 / 297.682 ) x 100.000 = 268,4
Tocantins ( 886 / 283.295 ) x 100.000 = 312,7
Analisando os resultados por UF, você pode perceber que Mato Grosso possui
a menor taxa de acidente de trânsito por 100 mil veículos (4,3). Por outro lado,
Roraima foi o que o apresentou a maior taxa (3.375,9). Esses resultados são
interessantes. A frota de veículos utilizada para o cálculo das taxas é dos
moradores das UF’s. No entanto, os acidentes de trânsito, sobretudo em
alguns estados, não são decorrentes de veículos de moradores, mas de uma
população flutuante que utiliza o sistema rodoviário, como provavelmente é o
caso de Roraima. Dessa forma, o resultado de Roraima, se estudarmos mais a
fundo, pode significar que as estradas estão precárias e precisam de uma
intervenção de infraestrutura, bem como de sinalização e controle de tráfego.
FIM DA ATIVIDADE 3
21
d) Ajuda o processo de desenvolvimento organizacional e de formulação de
políticas específicas de segurança pública de médio e longo prazo;
Conclusão
Você viu que para uma gestão mais planejada e integrada com os seus
objetivos é imprescindível o acompanhamento de indicadores específicos, a fim
de que os benefícios das atividades se potencializem. Esses indicadores
devem ser instrumentos importantes para a gestão das instituições de
segurança pública e planejamento das atividades dos servidores desses
órgãos. Entretanto, vale lembrar que não existe um método perfeito de
avaliação que funcione em todas as realidades organizacionais, mas tem-se
em grande parte das vezes uma metodologia adequada conforme os objetivos
desejados, procurando atingir aos níveis municipal, estadual e federal de todo o
Brasil. Também é preciso ressaltar que, ainda que fosse possível a criação de
um sistema de indicadores para a avaliação perfeito, os procedimentos criados
muitas vezes não são observados continuamente na prática.
22
recursos na busca dos compromissos que pertencem à esfera da missão
institucional.
Resumo
23
população total (Denominador). Este método torna comparáveis grupos onde
as populações não são iguais
Leitura Recomendada
24