Crônica Tipos 2024

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Leremos mais tarde a crônica da nossa

Colega.
Redação UFSC - Avaliação
6.4. A redação terá pontuação na escala de 0,00 (zero vírgula zero
zero) a 10,00 (dez vírgula zero zero) pontos e será avaliada
considerando o conteúdo e a expressão escrita quanto à/ao:

a) adequação à proposta - tema e gênero (0,00 a 2,50 pontos);

b) emprego da modalidade escrita na variedade padrão (0,00 a


2,50 pontos);

c) coerência e coesão (0,00 a 2,50 pontos);

d) nível de informatividade e de argumentação ou narratividade,


de acordo com a proposta (0,00 a 2,50 pontos).
ASSUNTO PRODUÇÃO TEXTUAL
A crônica
A Crônica é um dos gêneros textuais de curta duração e que conta uma história ligada ao dia
a dia das pessoas, fazendo críticas sobre os acontecimentos.
Encontrado em jornais, revistas, rádios e TV; a crônica depende do contexto social do
momento para fazer o leitor refletir sobre o cotidiano.
A palavra é derivada do latim chronica e significa narrativa construída em ordem
cronológica.

A primeira vez que o gênero foi publicado, com o Journal des Débats de Paris, em 1799.

Pouco tempo depois ela passou a ser conhecida e publicada em folhetins do Brasil.
Elementos da narrativa

Todo o texto narrativo conta um fato que se passa em determinado tempo e


lugar. A narração só existe na medida em que há ação; esta ação é praticada
pelos personagens.
• Enredo – o projeto do texto (O quê?)
• Fato – o que se vai narrar (O quê?)
• Tempo – quando o fato ocorreu (Quando?)
• Lugar – onde o fato se deu (Onde?)
• Personagens – quem participou ou observou o ocorrido (Com quem?)
• Causa – motivo que determinou a ocorrência (Por quê?)
• Modo – como se deu o fato (Como?)
• Consequências – Geralmente provoca determinado desfecho.
• Narrador – observador, onisciente e personagem (Quem conta)
Narrador personagem
Ele participa da história, contando-a em 1ª pessoa, do singular ou do plural. Assim, você
encontrará o “eu” ou “nós”, durante a leitura. Textos desse modelo costumam ser bem
atrativos, pois aproximam o leitor das emoções vivenciadas.

Narrador observador
Esse narrador não participa da história. É como se ele a narrasse a partir de uma
observação ou do conhecimento dos fatos. Você encontrará o “ele, ela, eles, elas”, pois a
escrita é em 3ª pessoa do singular ou plural.

Narrador onisciente
O narrador onisciente também conta a história a partir de uma perspectiva de fora dela. No
entanto, ele conhece intimamente cada personagem. Fala sobre seus pensamentos e
sentimentos. É uma das formas mais comuns, sendo bastante encontrada em romances.
A escrita é em 3ª pessoa do singular ou plural.
As características da crônica:
•Gênero jornalístico e literário;
• Narração curta;
• Descreve fatos da vida cotidiana;
• Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;
• Possui personagens comuns com poucas características(o aluno, D.
Maria, a moça...)
• Segue um tempo cronológico determinado: um flash, um instante,
um momento...
• Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das
personagens;
• Linguagem simples.
A crônica é um gênero textual caracterizado pela narração; com
enredo, personagens, clímax... . Entretanto, poderá assumir a
característica desejada pelo autor:
Crônica:
Descritiva;
Argumentativa;
Narrativa;
Narrativo-Descritiva;
Humorística;
Lírica;
Poética;
Jornalística;
Reflexiva.
Narrativa
É o formato mais comum de crônica. É um texto narrativo escrito em 1ª ou 3ª pessoa do
singular. Normalmente é confundida com o conto (texto que apresenta histórias mais
fantasiosas), mas que se difere deste pelos temas ligados aos fatos diários de uma cidade.

“Antes mesmo de ter uma filha já morria de medo disso: algum dia ela vai perceber que
eu não sei de nada. Sim, porque é pra isso, em grande parte, que se tem filhos, para
que alguém no mundo acredite, nem que seja por alguns anos, que você sabe alguma
coisa. E é por isso, também, que se odeia tanto os adolescentes: não é porque eles
acham que os pais são idiotas, mas porque eles perceberam que os pais são idiotas. No
caso da minha filha, a queda do mito paterno aconteceu um pouco mais cedo do que
eu imaginava, mais precisamente aos três dias de vida.”

"O momento em que sua filha descobre a verdade sobre você", de Gregório Duvivier, publicado no Jornal Folha de São Paulo, em 22
de abril de 2018:
Descritiva
É a crônica com elementos de um texto descritivo. Ela explora os atributos das pessoas, a parte
física e das pessoas, animais, lugares e objetos. A linguagem é dinâmica e conotativa. Observe
agora o trecho do texto "O mato", de Rubem Braga.

“...pôs a mão no tronco de uma árvore pequena, sacudiu um pouco, e recebeu nos
cabelos e na cara as gotas de água como se fosse uma bênção. Ali perto mesmo a cidade
murmurava, estalava com seus ruídos vespertinos, ranger de bondes, buzinar impaciente
de carros, vozes indistintas; mas ele via apenas algumas árvores, um canto de mato, uma
pedra escura. Ali perto, dentro de uma casa fechada, um telefone batia, silenciava, batia
outra vez, interminável, paciente, melancólico. Alguém com certeza já sem esperança,
insistia em querer falar com alguém.”
Narrativo-descritiva
Apresenta as características de uma narração e descrição de forma intercalada. O texto é
organizado em uma sequencia temporal. Observe o trecho de "Brinquedos" de Cecília
Meireles.

“Ora, uma noite, correu a notícia de que o bazar se incendiara. E foi uma espécie de festa
fantástica. O fogo ia muito alto, o céu ficava todo rubro, voavam chispas e labaredas pelo
bairro todo. As crianças queriam ver o incêndio de perto, não se contentavam com portas
e janelas, fugiam para a rua, onde brilhavam bombeiros entre jorros d’água. A eles não
interessava nada, peças de pano, cetins, cretones, cobertores, que os adultos lamentavam.
Sofriam pelos cavalinhos e bonecas, os trens e os palhaços, fechados, sufocados em suas
grandes caixas.”
Humorístico
Nesse tipo de crônica o autor utiliza-se do sarcasmo, ironia e humor para retratar aspectos do
cotidiano, política, economia, cultura e sociedade. Leia abaixo o trecho do texto "O que faz
bem para a saúde?" de Luís Fernando Veríssimo.

“Cada semana, uma novidade. A última foi que pizza previne câncer do esôfago. Acho a
maior graça! Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz
mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome
água em abundância, mas peraí, não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. Sei
direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.”
ARGUMENTATIVA

A crônica argumentativa é um texto que busca expressar um ponto de vista reflexivo a


respeito de alguma temática do cotidiano, evidenciando um ponto de vista, sem, no
entanto, ter o intuito definitivo de convencer o leitor, e sim de expressar sua opinião e
provocar possíveis reflexões.

As temáticas que inspiram as crônicas argumentativas são os acontecimentos e


elementos do cotidiano, experiências simples e comuns que são vividas por muitos, mas
observadas por poucos. Assim, o cronista busca expor o tema e também interpretações
inovadoras sobre ele.
Não as matem
Lima Barreto
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida, é um sintoma
da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio, quand
même, sobre a mulher. O caso não é único. Não há muito tempo, em dias de carnaval, um rapaz atirou
sobre a ex-noiva, lá pelas bandas do Estácio, matando-se em seguida. A moça com a bala na espinha veio
a morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes. Um outro, também, pelo carnaval, ali pelas bandas do ex-
futuro Hotel Monumental, que substituiu com montões de pedras o vetusto Convento da Ajuda, alvejou
a sua ex-noiva e matou-a.
Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros.
Eles se julgam com o direito de impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer Não sei se se
julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o
dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo que é de mais sagrado em outro ente, de
pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém,
nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não; matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que
matam as ex-noivas. De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de supor que, quem quer casar,
deseje que a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor
boa vontade, sem coação de espécie alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como e então
que se castigam as moças que confessam não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer, tendentes a convencer os homens de que eles não têm
sobre as mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição, não devem ser desprezadas.
Esse obsoleto domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa, que
enche de indignação. O esquecimento de que elas são, como todos nós, sujeitas, a influências várias que
fazem flutuar as suas inclinações, as suas amizades, os seus gostos, os seus amores, é coisa tão estúpida,
que, só entre selvagens deve ter existido Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais
têm mostrado a inanidade de generalizar a eternidade do amor Pode existir, existe, mas,
excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver, é um absurdo tão grande como querer
impedir que o sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar à vontade. Não as matem,
pelo amor de Deus!
Vida urbana, 27-l-1915
Aprenda a Chamar a Polícia
(Luís Fernando Veríssimo)
Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia
alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e
fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma
silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito
segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei
muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,
espiando tranquilamente.
Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu
endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no
interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma
viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que
fosse possível. Um minuto depois, liguei de novo e disse com a voz calma:
— Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa
mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que
tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado
no cara! Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros
da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a
turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com


cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do
Comandante da Polícia. No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim
e disse:
— Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.
Eu respondi:
— Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.
ESTRUTURA DA CRÔNICA

Introdução: etapa em que o leitor é introduzido à narrativa. Inclui a apresentação (de forma breve) dos
elementos iniciais da história, personagens envolvidas e identificação de espaço e tempo e da situação.
(Geralmente a temática).

Desenvolvimento: é o passo seguinte à apresentação. Narra-se um acontecimento do cotidiano que


pode ou não envolver tensões. Aqui, o candidato expõe a situação dada pela proposta, envolvendo os
personagens em situações que demonstrem a temática. Geralmente dois momentos, o sugerido e um
criado pelo vestibulando.

Desfecho: trata-se do encerramento da história. Apesar do nome, o desfecho da crônica não é


necessariamente a resolução da trama. Dessa forma, não há necessidade de haver uma amarração final.
O autor é livre para encerrar o texto da maneira que achar mais interessante, como uma reflexão
por exemplo.

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