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TCC Aba 1

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FULVIO ALBERTO DE MORAES

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) AO


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS E TRATAMENTO
PRECOCE EM CRIANÇAS

Sorocaba
2021
FULVIO ALBERTO DE MORAES

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) AO


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS E TRATAMENTO
PRECOCE EM CRIANÇAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à (Faculdade Anhanguera), como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em (Psicologia).

Orientador: Daiane Segóbia

Sorocaba
2021
FULVIO ALBERTO DE MORAES

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) AO


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS E TRATAMENTO
PRECOCE EM CRIANÇAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à (Faculdade Anhanguera), como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em (Psicologia).

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Sorocaba, dia de mês de 2021


RESUMO

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição caracterizada por um conjunto


sintomático. Isto porque a ciência ainda desconhece com exatidão a origem e a
razão que o define, no entanto, hoje já temos diversos conteúdos importantes a
pronunciar. Na maior parte das vezes o autismo é genético, ou seja, decorre da
carga genética de seus pais ou é uma mutação genética ocorrida na própria criança.
A terapia ABA tem como objetivo central promover ao público TEA o estímulo de
comportamentos funcionais, bem como, promover habilidades sociais, como a
comunicação, interação, haja vista, os métodos tradicionais tem mostrado ineficácia
em alcançar as áreas afetadas pelo transtorno. Estudos apontam uma alta
relevância em uma intervenção precoce, pois isso tem demonstrado uma melhora no
quadro clínico do autista, trazendo ganhos significativos, melhorando sua qualidade
de vida. Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão literária sobre crianças
portadora do TEA utilizando a terapia ABA como proposta de tratamento e
intervenção.

Palavras-chave: Autismo. Análise do comportamento Aplicada. Tratamento


precoce. Habilidades sociais.
ABSTRACT

Autistic Spectrum Disorder is a condition characterized by a symptomatic set. This is


because science still does not know exactly the origin and the reason that define it,
however, today we already have several important contents to pronounce. Most of
the time, autism is genetic, that is, it stems from the genetic load of the parents or it is
a genetic mutation that occurred in the child. The main objective of ABA therapy is to
promote the stimulation of functional behaviors to the TEA public, as well as to
promote social skills, such as communication and interaction, as traditional methods
have shown ineffectiveness in reaching the areas affected by the disorder. Studies
point to a high relevance of early intervention, as this has shown an improvement in
the clinical condition of autistic individuals, bringing significant gains, improving their
quality of life. This work aims to make a literature review about children with ASD
using ABA therapy as a treatment and intervention proposal.

Keywords: Autism. Applied behavior analysis. Early treatment. Social skills.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. COMPREENDENDO O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) E A
IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO PRECOCE ...................................................... 15
3. CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA ABA AO PÚBLICO AUTISTA ..................... 19
4. PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS UTILIZADO NA ANÁLISE
DO COMPORTAMENTO APLICADA ....................................................................... 22
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 26
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27
13

1. INTRODUÇÃO

Este estudo foi elaborado para atender ao requisito da conclusão de curso de


psicologia, e tem como foco o Transtorno do Espectro Autista, no treino das
habilidades sociais em um tratamento precoce. O TEA é um transtorno global do
desenvolvimento caracterizada por anormalidades generalizadas, afetando suas
habilidades sociais, cognitivas. Ainda com causas improváveis, porém, estudos
apontam fatores de risco como: pais mais velhos, fatores genéticos, familiares com
autismo.
Qual a importância do treino de habilidade social e tratamento precoce em
crianças portadoras do transtorno do espectro autista utilizando a análise do
comportamento aplicada? Estudos e evidências mostram que quanto mais precoce
for o tratamento, através de intervenções terapêuticas, aumenta a chance em
desenvolverem habilidades sociais, cognitivas, desenvolvimento da autonomia, bem
como, a extinção de déficits e excessos comportamentais indesejados.
A terapia ABA tem sido considerada uma das modalidades terapêuticas mais
eficazes no tratamento do autista, trazendo uma notável melhora em sua qualidade
de vida. Através de uma avaliação baseada na análise do comportamento será
possível fazer um levantamento de déficits e excessos comportamentais, pois assim
será possível uma intervenção assertiva e adequada. Não há intervenção baseada
em ABA sem uma avaliação individualizada.
Essa avaliação envolve aplicações de protocolos e ferramentas para rastrear
as habilidades, através de observação e entrevista com os familiares. Esse trabalho
esboçará em específico um protocolo de avaliação muito utilizado por profissionais
ABA, o Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program (VB-
MAPP).
Esse trabalho tem como objetivos específicos a compreensão do TEA;
Evidenciar as contribuições que a terapia ABA proporciona para o aprendizado e a
independência das crianças portadoras do TEA; Apresentar os procedimentos
teóricos-metodológicos utilizados na Terapia ABA.
Serão consideradas nesse trabalho as grandes contribuições de Skinner,
Louvaas, dentre outros, que foram de extrema importância para a realização e a
divulgação dessa ciência, que tem tido um papel fundamental e transformador na
vida do público autista, bem como, seus familiares.
14

Apoiado no tema do TEA e o tratamento precoce das habilidades sociais,


será usado para pesquisa, textos de referências como dissertações, artigos,
revistas, livros, bem como, outros trabalhos de conclusão de curso sobre o autismo
e a terapia ABA.
Como se trata de uma revisão literária, o texto será esboçado de uma forma
explicativa e será redigido daquilo que já foi exposto e estudado em outros
trabalhos, e será evidenciado o seu alcance e resultados obtidos em pesquisa sobre
a terapia ABA e o autismo.
15

2. COMPREENDENDO O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA


(TEA) E A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO PRECOCE

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento humano, que vem sido


estudado pela ciência há mais ou menos seis décadas, porém com muitas perguntas
sem respostas, apresentando divergências em várias questões, dentro do âmbito da
ciência. Hoje em dia o autismo é mais conhecido pelas pessoas, já foi tema em
vários filmes e séries que obtiveram sucesso, porém, ainda vem surpreendendo pelo
fato das diversidades de características que vem apresentando, bem como, uma
criança portadora de autismo ter a aparência normal (MELLO, 2017).
Mello (op. cit.) aponta o aumento do número de diagnósticos, em idade cada
vez mais precoce, e embora a existência de várias facetas nesse transtorno, as suas
questões peculiares vem sido reconhecida por um número maior de pessoas. E por
esse fato, o autismo que era mundialmente reconhecido como raridade, ter passado
a ser mais comum na sociedade.
Ainda de acordo com o autor citado, é importante salientar a diferença entre o
autismo e o retardo mental, pois, no retardo mental a criança traz em seu
desenvolvimento uma defasagem uniforme, enquanto no autismo o perfil de
desenvolvimento é irregular tornando-o desafiador, resultando uma perplexidade nos
pais, e em algumas vezes em profissionais da saúde.
Desde sua descoberta pelo médico austríaco Leo Kanner em 1943, este
transtorno ou condição mental tem sido motivo de inúmeras discussões e
controvérsias em relação ao seu diagnóstico, causas e tratamentos adequados.
Segundo Shuartzam (2011 p. 123) “sabe-se, por exemplo, que sua origem é
determinada por fatores multicausais, mas não há respostas suficientes que os
determinem, especificamente.”
Segundo a American Psychiatric Association (APA, 2014) “as características
do TEA são prejuízos persistente na comunicação social recíproca e na interação
social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades”.
Esses sintomas costumam aparecer no início da infância, vindo limitar e prejudicar o
funcionamento em sua rotina diária. Importante apontar que a validade diagnóstica,
bem como, sua confiança, dá-se quando feita em múltiplas fontes de informação.
16

American Psychiatric Association (op.cit.) aponta que as manifestações dos


sintomas variam de acordo com o nível da gravidade do transtorno, bem como, as
áreas afetadas no desenvolvimento neurológico, afetando o cognitivo, as
habilidades sociais, as funções motoras finas e grossas, entre outras. Daí o termo
espectro, e os diagnósticos obtem mais validade e confiabilidade, quando estão
fundamentadas não apenas em uma fonte de informação, e sim em várias,
incluindo observações do clínico, histórias do cuidador e até mesmo se possível o
autorrelato.
“Até o momento, as bases biológicas que buscam explicar a complexidade
do transtorno são apenas parcialmente conhecidas e, por isso, a identificação e o
diagnóstico do transtorno baseiam-se nos comportamentos apresentados e na
história do desenvolvimento de cada indivíduo” (BARBARO, 2009).
De modo geral, o número de pessoas que tem recebido o diagnóstico em
todo o mundo com o TEA tem tido uma crescente representativa, porém, isso não
quer dizer um indicador do aumento da sua prevalência. “Esse fato pode ser
explicado pela expansão dos critérios diagnósticos, pelo incremento dos serviços
de saúde relacionados ao transtorno e pela mudança na idade do diagnóstico,
dentre outros fatores” (FOMBONNE, 2009).
Muitos estudos tem apontado como fator fundamental uma intervenção
precoce, pois isso tem demonstrado uma melhora no quadro clínico do autista,
trazendo ganhos significativos, sobretudo, de uma forma duradoura (HOWLIN,
MAGIATI; CHARMAN, 2009 ).
Tendo em vista o fator fisiológico do nosso sistema nervoso relacionado à
plasticidade cerebral, a detecção e a intervenção precoce são extremamente
relevante, pois vem a potencializar os efeitos positivos da mesma. Todavia,
estudos tem mostrado que os ganhos decorrentes do tratamento precoce têm
reduzido de uma forma considerável os gastos dos familiares que possuem
crianças com TEA, assim como, os sistemas de saúde, quando analisados os
resultados a longo prazo (JARBRINK; KNAPP, 2001).
Uma revisão de oito programas feita a partir de uma intervenção precoce
para crianças autistas com idade em média de três a quatro anos de idade,
realizada pelos estudiosos Dawson e Osterling (1997), concluiu-se que todos
17

tiveram uma eficácia muito alta a ponto de proporcionar a integração de 50% das
crianças em uma escola de estudo regular.
Para que haja um resultado positivo, alguns aspectos muito importantes
necessitam estar presentes:

Os elementos comuns baseados nesses programas foram:


currículo abrangendo cinco áreas de habilidades (prestar atenção a
elementos do ambiente, imitação, compreensão e uso da linguagem, jogo
apropriado com brinquedos e interação social), ambiente de ensino
altamente favorecedor e estratégias para a generalização para ambientes
naturais, programas estruturados e rotina, abordagem funcional para
comportamentos considerados problemáticos, transição assistida para a
pré-escola (LAMPREIA, 2007, p. 105).

Lampreia (op.cit.) afirma a necessidade da participação e o envolvimento


dos pais e averiguou através do ensino de técnicas de terapia e grupos de pais, o
pareamento de pares com crianças típicas como promotores de comportamento
social e modelos, assim como a terapia ocupacional. “A formulação e a adoção de
um programa de intervenção precoce se dá sempre dentro de um referencial
teórico que lhe dá coerência e organicidade.”
O diagnóstico durante os anos pré-escolares é ainda tem sido muito raro,
porém, estudos afirmam a importância do tratamento precoce como melhor
procedimento para a criança se desenvolver. Essa falha se deve, em parte, ao
pouco conhecimento do desenvolvimento de uma criança típica, em particular na
área da comunicação não-verbal, sendo o prejuízo nas habilidades de atenção
compartilhada gestos e comentários espontâneos com o intuito de compartilhar
curiosidade sobre os eventos ao redor) o marcador mais relevante (BOSA, 2006).
Ainda de acordo com a autora citada, a situação mais comum é que as
preocupações dos familiares e profissionais da saúde estão vinculadas mais no
atraso da fala da criança do que nos aspectos sociais do comportamento.
Importante salientar que o diagnóstico preciso ainda não tem sido uma tarefa fácil
para o profissional, podendo haver problemas para detectar crianças com autismo
e crianças com problemas na fala (não-verbais), com déficits de aprendizado ou
prejuízo da linguagem.
Contudo, aos três anos de idade, as crianças tendem a preencher os
critérios de autismo em uma variedade de medidas diagnósticas. Atualmente,
existem vários instrumentos que podem ser utilizados em crianças em diferentes
18

estágios da vida, tais como: Checklist for Autism in Toddlers (CHAT); Pervasive
Developmental Disorders Screening Test (PDDST); Screening Tool for Autism in
two year old, Checklist for Autism in Toddlers-23 (CHAT-23) e Modified Checklist
for Autism in Toddlers (M-CHAT).
Esses protocolos tem sido muito relevante na detecção do TEA, se
aplicado por um profissional da saúde especializado, como: neurologista,
neuropsicólogo, psiquiatra, e já encaminhados, o quanto antes a equipe
terapêutica, trará com certeza uma melhor qualidade de vida a esse sujeito
acometido pelo TEA.
19

3. CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA ABA AO PÚBLICO AUTISTA

Segundo Bezerra (2018, p.4) o autismo não tem cura, e cabe ao tratamento
uma equipe multidisciplinar acompanhada de uma terapeuta ocupacional,
psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo, educador físico, fisioterapeuta, entre outros,
com o intuito de melhorar a qualidade de vida, bem como, controlando os
sintomas comportamentais, e assim condicionando-os para uma melhor vida
social respeitando as suas limitações. Como ainda não se sabe a causa desse
transtorno foram desenvolvidas algumas formas de tratamento. Hoje em dia os
estudos mostram a terapia ABA como a forma mais eficaz para o tratamento do
público autista.
As origens experimentais da terapia comportamental contribuíram de forma
muito relevante ao clínico, e o mesmo está apto a observar os comportamentos
verbais e não verbais, em todos ambientes se possível: na escola, na casa, e no
próprio consultório. É importante estudar o papel que o ambiente desempenha na
vida do autista, onde será possível levantar as hipóteses observadas, bem como,
intervir nos comportamentos desajustados (BEZERRA, 2018).
Um ponto importante a ser levantado é que haja uma observação
generalizada do terapeuta, ou seja, em todos os ambientes sociais do autista: em
sua casa, na clínica, pois o que ocorre em determinadas vezes, a criança
apresentar evolução no ambiente terapêutico, atendendo os comandos do
terapeuta, ou seja demandando habilidades sociais aprendidas, não
generalizando esses comportamentos, ou seja, em casa, não havendo a
generalização desses comportamentos aprendidos.
Segundo Hübner (2019) a terapia ABA é a sigla usada para referir-se a
Análise do Comportamento Aplicado (Applied Behavior Analysis), trata-se de uma
ciência vinda do behaviorismo criado por Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). A
ABA não foi desenvolvida para o tratamento do autismo em específico, porém, é a
terapia comportamental que funciona por ser intensiva, sistemática, bem como, o
ensino de habilidades. O autismo não tem cura, e sim é educável e a ABA tornou-
se uma ferramenta importantíssima no tratamento do TEA e recebe destaque
considerável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) Ministério da Saúde do
Brasil e Governo do Estado de São Paulo.
20

Características gerais de uma intervenção baseada em ABA tipicamente


envolve em detectar os déficits comportamentais, bem como, as habilidades que
envolvem, por exemplo: relações interpessoais com pais, familiares, professores,
saber expressar aquilo que quer ou deseja, interpretar as emoções alheias, etc . A
ABA é caracterizada também pela coleta de dados rigorosa, antes, durante e
depois da intervenção, com o intuito de analisar o progresso individual da criança,
sobretudo, auxiliar na tomada de decisões em relação ao programa de
intervenção e às estratégias que tragam benefícios na aquisição de habilidades
especificamente necessárias para cada criança (BAER, WOLF; RISLEY, 1968,
1987; HUNDERT, 2009, p. 213).
Essa ciência tem mostrado através de estudos sistematizados uma
relevante qualidade de vida a essas crianças atípicas, consequentemente
também a seus familiares envolvidos nesse processo. A ABA necessita do
envolvimento dos pais em seu processo, pois, isso é de grande importância para
a generalização do aprendizado do autista, que levará o aprendizado em
ambiente natural.
“Por apresentar uma abordagem individualizada e altamente estruturada,
ABA torna-se uma intervenção bem sucedida para crianças com TEA que
tipicamente respondem bem à rotinas e diretrizes claras e planejadas” (SCHOEN,
2003).
O primeiro estudo sobre a Análise do Comportamento Aplicada
especificamente ao tratamento do autismo foi publicado na década de 1980 por
Lovass em 1987, dentro do projeto intitulado Early Intervention Project (EIP), onde
três grupos de crianças com autismo, com a faixa etária abaixo de 4 anos foram
avaliados. O grupo experimental, composto por 19 crianças, foi exposto, a
intervenção ABA com um educador exclusivo para cada criança, por um período
de quarenta horas semanais ou mais, por dois ou mais anos consecutivos. O
tratamento teve como foco as habilidades em diversas áreas, como:
comunicação, interação social, imitação, autocuidados, visando uma possível
melhora no desenvolvimento dessas crianças em específico (MCEACHIN; SMITH;
LOVAAS, 1993).
Ainda segundo McEachin, Smith e Lovaas (op.cit.) um grupo controle,
realizado por dezenove crianças, receberam uma intervenção comportamental por
21

apenas dez horas semanais ou até menos. Um outro grupo controle era composto
por vinte e um participantes que foram tratados em outros centros de atendimento
terapêuticos em intervenção que não eram baseadas em ABA, bem como, outro
tipo de intervenção intensiva e tampouco tinham contato com o projeto.
Os resultados indicaram que quarenta e sete das crianças expostas a ABA
tiveram redução significativa dos sintomas de autismo, apresentando
desenvolvimento próximo ao esperado para a idade cronológico onde 42%
tiveram uma redução acentuada dos sintomas e 11% continuaram com sintomas
graves de autismo. Ou seja, aproximadamente 90% das crianças do grupo
experimental apresentaram melhora no desenvolvimento e metade das crianças
apresentou desenvolvimento próximo ao típico.
Nesse estudo fica evidenciado o quanto o tratamento baseado em terapia
ABA tem sido eficaz e permanente na vida do autista, aproximando-o sua idade
cronológica da idade mental que infelizmente o autismo altera.
Consequentemente beneficiando uma melhor qualidade de vida aos pais, bem
como, das pessoas próximas a pessoa acometida pelo autismo.
“Inicialmente, a análise do comportamento aplicada pode ser definida como
um sistema teórico para a explicação e modificação do comportamento humano
baseado em evidência empírica” (HEFLIN; ALAIMO, 2007).
É importante frisar que uma melhor compreensão da ciência ABA,
sobretudo, suas respectivas técnicas de intervenção, em sua complexa dimensão,
há a necessidade em uma boa compreensão de sua base conceitual, que é baseada
na Análise do Comportamento, que determinam suas práticas e fazem dessa uma
abordagem muito efetiva, principalmente no autismo.
22

4. PROCEDIMENTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS UTILIZADO NA


ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA

Esse capítulo terá como objetivo esboçar um pouco sobre o Comportamento


Operante proposto por Burhus Frederic Skinner, onde teve o compromisso em
elevar o estudo do comportamento humano e ciência, de forma indissociáveis,
através de seu Comportamento Radical. Skinner marcou profundamente a
Psicologia americana e por consequência a Psicologia mundial no século passado, e
até hoje.
Pode-se afirmar que as bases fundamentais que norteiam a obra de Skinner
estão vinculadas a sua imensa preocupação de tornar a Psicologia uma ciência,e
para uma boa compreensão dessas bases filosóficas, existia a necessidade em
identificar os modelos de ciência que ele adota." (MICHELETTO, 2001).
Ainda de acordo com Micheletto (op.cit.) existem alguns pontos da obra de
Skinner que são inalterados, bem como, o objeto de estudo que é o comportamento:
A suposição do comportamento como determinado; a pretensão de fazer
uma análise científica do comportamento a partir da noção de ciência proposta pela
ciência natural; o estudo realizado a partir do dado empírico; o afastamento de toda
metafísica do saber científico; a proposta de previsão e controle.
Skinner tinha como compromisso expor uma Psicologia cientifica e para isso,
desvinculá-la da metafísica, ou seja, levá-la ao laboratório e estudar o
comportamento humano com testes em ratos, pombos e animais, e foi exatamente
isso que fez, tornar o comportamento como objeto de análise, e daí veio seu
conceito que o denominou como Comportamento Operante.
Antes de Skinner, estudava-se o comportamento não como uma interação
ambiente x comportamento, e sim como uma decorrência do ambiente. Ao
evidenciar esse intercâmbio, Skinner se empenha em mostrar como aquilo que o
indivíduo faz (as respostas) se relaciona e interfere no ambiente (os estímulos)”. Por
essa forma de análise, o comportamento engloba o ambiente em uma relação
funcional e não mais é mecanicamente causado por ele” (BORGES; CASSAS,
2012).
Ainda de acordo com o autor citado o Comportamento Operante é uma
relação e interação do organismo e ambiente em que a emissão de respostas de um
23

indivíduo afeta ou altera o ambiente, e, dependendo dessas respostas, terão sua


probabilidade de ocorrência futura, aumentada ou diminuída.
Consequências onde as respostas aumentam a probabilidade de ocorrer
novamente, é chamada de reforço. Consequências que diminuem a probabilidade de
uma resposta futura é chamada de punição.” Na Análise do Comportamento utiliza-
se os termos positivo e negativo para diferenciar tipos de consequências
reforçadoras e punitivas” (GOMES; SILVEIRA, 2016).
No senso comum costumamos dizer que o termo positivo significa ser algo
bom e negativo ruim, porém na Análise do Comportamento não tem esse
significado; o positivo significa o acréscimo de algum estímulo, e negativo significa a
retirada de um estímulo.
Segundo Gomes e Silveira (2016) “quando uma resposta se repete, dizemos
que essa resposta foi reforçada.” Nesse sentido, quando uma pessoa repete algo
que fez anteriormente podemos dizer que ela faz em decorrência de um estímulo
agradável, ou em decorrência da retirada de um estímulo desagradável. Situações
em que algo se repetiu pela presença de um estímulo agradável, denominamos
Reforço Positivo. Agora em situações onde algo se repetiu pela retirada de um
estímulo aversivo, denominamos Reforço Negativo.
Dois comportamentos ocorrem decorrentes ao reforço negativo: fuga e
esquiva A fuga acontece quando a pessoa se encontra sobre algum estímulo
aversivo e faz algo para ficar livre. Já a esquiva ocorre quando a pessoa não está
em contato com o estímulo aversivo e faz algo para ficar livre.
Contingências de Punição são caracterizadas pelo acréscimo de algo
aversivo, ou pela retirada de algo prazeroso. A Punição Positiva é quando é
acrescentado um estímulo aversivo, ou seja, a probabilidade desse comportamento
se repetir é mínima. As contingências de Punição Negativa acontecem pela retirada
de um estímulo prazeroso, ou seja, assim como a Punição Positiva, a negativa
também diminui a probabilidade desse comportamento em se repetir.
No senso comum associamos o termo punição a castigos, recriminações ou
até violência física, porém, esse termo na Análise do Comportamento significa a
qualquer consequência que se encerre diante de uma resposta. Podemos citar como
exemplo uma ação que uma pessoa esteja realizando, algo ocorre no ambiente, e
ela para de fazer.
24

Um outro conceito muito relevante que não poderia ficar sem ser citado é a
Extinção Operante. De acordo com Catânia (1998),” o procedimento de extinção é
definido como a suspensão da liberação do reforço. Como resultado desta operação,
o responder é enfraquecido e retorna para os níveis prévios, anteriores ao
reforçamento.”
Esse conceito é muito utilizado para retirar o comportamento de birra de uma
criança, que muitas vezes, por falta de informação e orientação os pais reforçam
comportamentos inadequados em seus filhos, e a Extinção é um procedimento de
intervenção que quando executado de uma forma bem planejada torna-se bem
sucedido.
Podemos classificar como Comportamento Operante também o
Comportamento Verbal, onde ele altera o ambiente e é modificado por essas
alterações. “O Comportamento Verbal, é portanto, comportamento operante e é
mantido por consequências mediadas por um ouvinte que foi especialmente treinado
pela comunidade verbal para operar como tal” (BARROS, 2003, p. 75). Skinner
(1957), lança uma grande obra denominada de Comportamento Verbal (Verbal
Behavior) que apesar de ser muito criticada na época, ainda é o livro de maior
referência de estudos pelos renomados Analistas do Comportamento.
Na terapia ABA utiliza-se um instrumento de avaliação, que tem como
principal objetivo avaliar o Comportamento Verbal do público autista e crianças com
deficiência Intelectual, denominado o Verbal Behavior Milestones Assessment and
Placement Program (VB MAPP).
Segundo Martone (2016, p.5) o Verbal Behavior Milestones Assessment and
Placement Program (VB-MAPP) de autoria de Mark L. Sundberg oferece uma
avaliação sistematizada para o público autista e também com atrasos similares e se
tornou um instrumento de alta relevância e de uso frequente para os profissionais
que atuam nessa área. Este protocolo está dividido em cinco componentes, e tem
como principal função avaliar o repertório verbal da criança a partir de 170 marcos
de desenvolvimento que são apresentados em três níveis (0-18 meses; 18-30
meses; 30-48 meses).
O VB-MAPP é um instrumento de anos de estudo da Análise do
Comportamento e tem colaborado para avaliar sistematicamente o público autista e
crianças com atraso similares. Tem como objetivo central rastrear as habilidades da
25

criança, bem como, na elaboração de planos de ensino (MARTONI, 2016). É um


instrumento norteador, ou seja, traz uma referência certeira no plano de intervenção
do aplicador, pontuando os déficits e excessos, traçando um começo meio e fim no
tratamento proposto.
Importante salientar que o VB-MAPP é um instrumento que não é de fácil
aplicação, e para sua aplicação, o profissional tem que estar capacitado para sua
aplicação, bem como, possuir um amplo conhecimento da Análise do
comportamento e em específico o Comportamento Verbal.
26

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho teve como intuito principal levar o leitor a compreender um


pouco melhor acerca do Transtorno do Espectro autista, considerando suas
variáveis, ou seja, trata-se de um transtorno disforme onde suas características
variam de pessoa a pessoa. Tendo em vista essa complexidade, faz com que o
profissional venha a estudar caso a caso, aplicando uma avaliação, para detectar os
comportamentos alvos a serem trabalhados, ou seja, os déficits e excessos
comportamentais.
Nesse estudo foi citado o Verbal Behavior Milestones Assessment and
Placement Program (VB-MAPP), protocolo de avaliação de crianças de 0 a 6 anos
de idade, com foco no comportamento verbal proposto por Skinner. Importante
ressaltar um conhecimento refinado do profissional acerca desse protocolo, que
proverá ao profissional um panorama completo dos comportamentos alvos a serem
trabalhados.
A terapia ABA tem evidenciado grande eficácia no tratamento do TEA, por ser
sistemática e intensiva. O autismo não tem cura, e sim, é possível melhorar a
qualidade de vida do autista, e a ABA tornou-se uma ferramenta importantíssima
nesse tratamento, proporcionando ganho nas habilidades sócias, acadêmicas,
sensoriais, recebendo destaque considerável pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
27

REFERÊNCIAS

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