Filosofia - Pessoa Como Sujeito Moral

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

CENTRO DE ENSINO A DISTÂNCIA

A Pessoa como Sujeito Moral

Nome: Rita Matope Airone Lovane – Código: 708235657

Curso: Licenciatura em Ensino Língua Portuguesa


Disciplina: Introdução à Filosofia.
Ano de Frequência: 2º Ano
Tutor: Dr. .

Chimoio, Maio de 2024


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problema)
 Descrição dos
1.0
Introdução objectivos
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adequada ao
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objecto do
trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada,
coerência / coesão
Análise e textual)
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
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dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
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Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referência
bibliografia s bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1.

Introdução.........................................................................................................................3
1.1. Objectivos...................................................................................................................3
1.1.1. O objectivo geral.....................................................................................................3
1.1.2. Objectivos específicos.............................................................................................3
1.2. Metodologia................................................................................................................3
2. A pessoa como sujeito moral.........................................................................................4
2.1. Conceito de pessoa.....................................................................................................4
2.1.1. Pessoa Moral...........................................................................................................4
2.2. Conceito de Pessoa em diferentes perspectivas..........................................................5
2.2.1. Perspectiva jurídica.................................................................................................5
2.2.2. Perspectiva ética......................................................................................................6
2.2.3. Pessoa na perspectiva personalista..........................................................................6
2.3. A relação com os outros e com o meio ambiente.......................................................7
2.3.1. A relação com o Outro............................................................................................7
2.3.2. Relação do Homem com a natureza........................................................................8
2.3.3. A Relação consigo próprio......................................................................................8
2.3.4. A relação do homem com Deus...............................................................................9
2.3.5. A relação com o trabalho.......................................................................................10
2.3.6. A relação com o meio ambiente............................................................................10
2.4. Consciência moral....................................................................................................11
2.4.1. Graus da consciência Moral..................................................................................12
2.5. Aspectos da ética individual.....................................................................................12
Referências Bibliográficas...............................................................................................14
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1. Introdução
Este trabalho é da cadeira de Introdução da Filosofia onde aborda-se a questão da
pessoa como sujeito moral. Com este tema pretende-se trazer diferentes conceitos de pessoa,
isto é, em diferentes perspectivas, faz-se menção também da ética/moral assim como da
consciência moral nas perspectivas psicológicas, político ou filosófico e segundo a teoria do
conhecimento. Ainda dentro deste trabalho destaca-se um aspecto não menos importante, que
são os graus da consciência moral.

1.1. Objectivos
1.1.1. O objectivo geral
 Definir a pessoa como sujeito moral.

1.1.2. Objectivos específicos


 Analisar a pessoa nas diferentes perspectivas;
 Explicar a diferença dos termos ética, moral e consciência moral a partir de diferentes
conceitos;
 Descrever os graus da consciência moral;
 Falar das relações do homem.

1.2. Metodologia
Vale aqui ressaltar que para a realização do presente trabalho nos baseamos
inteiramente no método bibliográfico. Isto é, a partir do levantamento de referências teóricas
já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos,
páginas de web sites.
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2. A pessoa como sujeito moral


2.1. Conceito de pessoa
Vários são os pensadores e filósofos que trazem a tona o conceito de pessoa, alguns com
características semelhantes do seu conceito, outros nem por isso. Assim sendo, faz-se menção
do conceito de pessoa na visão de alguns deles, como atesta-se abaixo (Módulo 2 de
Filosofia):
 Boécio - Para ele, pessoa é uma substância individual de natureza racional.
 S. Tomás de Aquino – Para este filósofo, pessoa é o subsistente de natureza racional.
 Cícero – Define pessoa como sujeito de direitos e deveres.
 Emmanuel Kant - pessoa é um fim em si mesmo e não um meio ao serviço dos outros.

As noções de pessoa e ser estão, de fato, profundamente interligadas. O ser pessoal é o


mais alto modo de ser, a mais perfeita expressão do que significa ser. Tomás de Aquino já
afirmava em sua Suma Teológica: “Pessoa significa o que há de mais perfeito em toda
natureza, a saber, o que subsiste em uma natureza racional” (Aquino, 1994).

Muitas vezes a pessoa é tratada como um modo especial de ser, contudo, pessoa não é
algo acrescentado ao ser, com uma delimitação especial, “é simplesmente o ser, em sua
plenitude, livre das constrições da matéria sub inteligente” (Clarke, Person, Being and St.
Thomas, p. 601).

2.1.1. Pessoa Moral


Primeiramente, pessoa é um termo que significa um status, uma situação (status term),
daí ser possível dizer que cada um dos conceitos de pessoa que são desenvolvidos indica
certa condição a que remete (biológica, legal ou moral).

Essa qualidade de status liga-se ao que Scholossberger denomina de termos


intencionais (intentional term). Melhor explicado: as palavras são signos que se referem a
algo, possuem uma significação. O sentido que é dado é convencional, advém de acordos
sociais, de costumes. Os termos intencionais, desta maneira, podem ser assim considerados
pelo status ou pela função. Pessoa é um termo intencional relacionado a um status.

Em segundo lugar, pessoa é um termo composicional que tem um sentido


independente e não parasítico em relação a outras expressões ou termos. Em outras palavras,
podemos contar as pessoas, como contamos as árvores e os rios.
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Para Scholossberger (1992), crucial para a compreensão da personalidade moral – pois


a ela liga-se intrinsecamente – é a ideia de visão de mundo (worldview), que pode ser
expressa na interacção de alguém com o mundo. Assim, diz o autor, as pessoas morais são
capazes de julgar, avaliar e compreender-se. Suas atitudes, crenças, disposições, emoções,
expectativas, objectivos, desejos formam uma moldura de significados. Enfim,
corresponde à maneira de compreender, preocupar-se e interagir com o mundo à volta, e
muito do que fazemos e sentimos expressa nossa peculiar visão de mundo.

Entre as escolhas que fazemos, podemos distinguir aquelas que são proclamativas de
outras não proclamativas. As primeiras, ao contrário das segundas, afirmam um valor que
consideramos exemplar. Muitas de nossas escolhas são morais nesse sentido. Além disso,
pode-se dizer que a visão de mundo de alguém, como sujeito moral, expressa-se pelas
emoções, que alguns autores consideram uma forma de julgamento. Nossos sentimentos
caracterizam nossa situação e as emoções constituem parte de nossa personalidade.

Resumidamente, a pessoa moral é conceito composicional que indica um atributo


concernente à síntese constitutiva de uma visão de mundo, que envolve julgamento,
avaliação, atitudes, percepções, crenças, valores e assim por diante. São “organismos”
sobre os quais podemos contar uma história, ou melhor, representam uma colecção de
estágios temporais (temporal stages), sobre os quais certo tipo de história psicológica pode
ser contado.

Por consequência, somente as pessoas morais podem ter interesses, e a personalidade


moral é correlacionada à circunstância de ter direitos. Apresentar uma visão de mundo, uma
visão moral, é a base para a atribuição de direitos.

2.2. Conceito de Pessoa em diferentes perspectivas


2.2.1. Perspectiva jurídica
O conceito de pessoa em Hegel está relacionado à esfera jurídica, à capacidade jurídica
do indivíduo, embora ainda se cogite numa capacidade em potência. É uma manifestação
ainda abstracta e indeterminada uma vez que todas as pessoas são portadoras de direitos e
deveres, sendo, portanto, fundamentalmente iguais.

Na perspectiva actual de pessoa ancora-se a noção de dignidade da pessoa humana e que


coloca o desafia aos civilistas e a todo direito privado, pois é a capacidade de ver a pessoa em
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sua ampla dimensão ontológica, restaurando a primazia da pessoa humana, nas relações civis,
relações sociais e relações essencialmente jurídica (Comparato, 2006).

De acordo com Herman (1993), as pessoas jurídicas ou morais são as entidades às quais,
para a realização de certos fins colectivos, as normas jurídicas lhes reconhecem capacidade
para serem titulares de direitos e contraírem obrigações.

Doravante, percebe-se que a pessoa na perspectiva jurídica apresenta características que


fazem parte da rotina empresarial. Estão classificadas como pessoas jurídicas: escolas,
universidades e outros tipos de instituições de ensino, ONGs, sociedades, partidos políticos,
fundações, empresas de diversos segmentos, prefeituras, entre outros.

2.2.2. Perspectiva ética


Ser uma pessoa ética é um objectivo que todos nós deveríamos aspirar alcançar. A ética
é um dos pilares fundamentais da sociedade e abrange os princípios e valores que nos
orientam a tomar decisões moralmente correctas.

Pegoraro (2005) atesta que ética vai além dos mandamentos legais e religiosos. É um
conjunto de princípios e valores que moldam o nosso carácter e influenciam nossas
interacções com os outros. Ser ético significa agir com integridade, cumprindo nossas
promessas e respeitando os direitos e dignidade das pessoas ao nosso redor.

É importante destacar que para (Comparato, 2006), ser uma pessoa ética não é algo
estático, mas sim um processo contínuo de auto-aperfeiçoamento. Ninguém é perfeitamente
ético o tempo todo, e todos nós estamos susceptíveis a erros e falhas. No entanto, é essencial
que busquemos constantemente melhorar e corrigir nossos erros, aprendendo com eles e
evitando repeti-los.

Ora, embasando-se às ideias acima apresentadas, denota-se que para se tornar uma
pessoa mais ética, é importante desenvolver a capacidade de pensar criticamente, avaliar as
consequências de nossas acções e considerar diferentes perspectivas. Além disso, devemos
estar dispostos a assumir a responsabilidade por nossas escolhas e enfrentar as consequências
quando agimos de maneira não ética.

2.2.3. Pessoa na perspectiva personalista


Na perspectiva personalista, entender o ser humano como “pessoa” é entender o “valor
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absoluto” do humano, ou seja, como finalidade da organização política. Por estar inserida no
mundo, a pessoa sofre as acções dos outros e age transformando aquilo que está à sua volta
e, por consequência, transformando a si mesma.

Mounier (1974) não pretende, a rigor, definir a pessoa: para ele, a pessoa não pode ser
definida, pois não é objecto; esse pode ser dissecado e examinado, ao passo que a pessoa é,
exatamente, aquilo que em cada homem não é passível de ser tratado como objecto. No livro,
o Personalismo (1949), Mounier nos apresenta como ponto inicial a questão da pessoa como
existência incorporada. Não dá para se chegar a compreensão do homem como pessoa se não
o percebemos como corpo, natureza, matéria: “O homem é corpo exactamente como é
espírito, é integralmente espírito.”(Mounier, 2004, p.29).

A compreensão dos significados do pleno desenvolvimento da pessoa, em Emmanuel


Mounier, se dá à medida que se compreende como a pessoa está caracterizada no
personalismo.

Enfim, na perspectiva personalista de Mounier, a pessoa não é um individuo, porque


esse caracteriza-se pelo egocentrismo e pelo isolamento, atitudes características do
individualismo.

2.3. A relação com os outros e com o meio ambiente


2.3.1. A relação com o Outro
A leitura intensiva do Módulo 2 de Filosofia, influenciou na compreensão de que a
relação da pessoa com o outro pode ser entendida em dois âmbitos opostos: por um lado o
outro pode ser visto como um tu-como-eu e é sempre definido em função do eu. A pessoa é
um eu, mas que não sou eu, o eu se reconhece como tal e se complementa diante de um outro
eu: eu sou eu na minha relação com o outro, nele me projecto como pessoa.

Por outro lado o outro pode ser visto sob contracto. Aqui a relação com o outro é
estabelecida mediante um contracto que estabelece um conjunto de regras que vinculam uns
aos outros, estabelecendo acordos e vontades. Na visão de (Binmore, 2005) esses acordos
são fundados nas leis escritas e nas práticas costumeiras e nelas a boa-fé, isto é, a intensão
primeira é de não enganar o outro e não se deixar enganar. Esses contractos são a base da
nossa vivência social, estabelecidas em todas sociedades onde exista um Estado, política e o
Direito.
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No contracto os homens olham-se reciprocamente como sujeitos com mesmos


interesses, ou mesmo diferentes mas com responsabilidade pelo mútuo benefício.

2.3.2. Relação do Homem com a natureza


Chegado a este ponto, pode-se inferir que na história da humanidade a relação do
Homem com a natureza não foi uniforme. Numa primeira fase, os homens para assegurarem
a sua sobrevivência recorriam à natureza para extrair o que necessitavam para viver.

Entretanto, o (Módulo 2 de Filosofia s.d) diz que o desenvolvimento da ciência e da


técnica na Idade Moderna acelerou o processo de exploração da natureza que, por sua vez, se
traduziu na melhoria das condições de vida através dos progressos alcançados na produção
agrícola, no campo da medicina e toda a espécie de materiais e artefactos que proporcionam
o bem-estar ao homem.

O agravamento da questão ecológica despertou a consciência, não só de ambientalistas


mas também de filósofos que se desdobraram em reflexões tendentes a buscar o equilíbrio
entre desenvolvimento tecnológico e progresso material, e a conservação da vida na terra,
particularmente da vida humana que é o seu fundamento último.

Assim sendo, hoje exige-se do Homem uma nova atitude ética perante o meio que o
rodeia. O Homem deve adoptar uma relação de convivência com a natureza e não de
domínio que o poder da tecnologia lhe confere, visto que se não for o próprio Homem a
mudar de atitude em favor da natureza será o mesmo que vai sofrer consequências negativas
da natureza em resultado do mau comportamento que ele teve para com ela.

Vários autores dizem que cada geração tem uma obrigação moral de conservar a
natureza como património que herdamos dos nossos antepassados. Temos o direito de
usufruir os bens da natureza tal como farão as gerações futuras.

2.3.3. A Relação consigo próprio


De acordo com Herman (1993), a pessoa na sua relação consigo mesmo é chamada a
cultivar bons e nobres sentimentos (amor, amizade, solidariedade, justiça, altruísmo); a
respeitar-se como homem e mulher, reconhecendo a sua dignidade; a desenvolver bons
hábitos em conformidade com as normas morais vigentes na sua sociedade, evitando a
ganância, inveja, o rancor e o ciúme. Entre estas características, o (Módulo 2 de Filosofia,
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s.d) menciona algumas que dizem respeito a pessoa consigo próprio:


 A Indiferença - é uma atitude mediante a qual elevamo-nos acima dos outros,
ignorando-os. Nesta atitude os outros são tomados com simples objectos. Porém, é
preciso ter consciência de que por mais que queiramos ignorar, o outro está presente
como sujeito, como um ser semelhante a nós.
 Ódio - é uma atitude através da qual o Homem abandona a pretensão de realizar uma
união com o outro e pretende destruí-lo. Tal como a indiferença, o ódio representa
uma experiencia de fracasso porque embora reconhecendo a existência do outro,
procura aboli-la, aproximando-se de uma solidão ideal.
 Amor - O amor é uma experiência profunda da relação com o outro como uma
relação com uma dimensão moral.
 Paixão - é um sentimento arrasador que aparece independentemente de nós, da nossa
vontade ou escolha. A paixão é irracional enquanto que o amor é racional, fiel, não é
egoísta.
 Indiferença - é ignorar totalmente o outro. Na indiferença a pessoa não tem
sentimento com o outro. Outro é como se não existisse ou então é considerado como
um simples objecto.

2.3.4. A relação do homem com Deus


Para falar da relação do homem com Deus, é de suma importância afirmar, por ora,
que o homem por sua própria natureza tem a convicção que existe um ser superior que tudo
criou e este ser superior é Deus. O homem tem esta convicção porque ele tem uma ligação
muito forte com Deus, pois foi ele quem fez o ser humano a sua imagem e semelhança.

Assim, quando se fala da relação do homem com Deus, podemos denominar a mesma
como a relação entre Criador e criatura, é uma relação muito linda, estreita, próxima e de
estremo amor. Uma prova de tudo isso quem nos dá é o próprio Deus quando veio até nós na
pessoa de Jesus Cristo (Jesus Cristo é Deus feito homem), Ele assumiu a nossa condição
humana para nos redimir do pecado, se tornou pecado para do pecado nos salvar, nos libertar
(Cristiano, 2011).

Santo Agostinho, um grande santo da Igreja (Bispo e Doutor da Igreja) dizia: “O Deus
que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. Podemos entender que o trabalho de Deus e do
homem deve ser um trabalho de criatura e criador, aquele que tudo criou trabalhando com
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aquilo que Ele próprio criou. Daí, tiramos a conclusão que a relação do homem para com
Deus é uma relação muito próxima, Deus ama todas as suas criaturas, mas Ele tem um amor
especial para com nós, seres humanos.

Concluindo esta parte, cabe dizer que devemos cultivar a boa e tão bela relação com
Deus para que tudo melhore, se essa relação for restabelecida o quanto antes, a humanidade
vai ver um mundo novo sem conflitos, guerras e problemas sociais.

2.3.5. A relação com o trabalho


De acordo com (Herman, 1993) o trabalho é uma acção intencional no sentido de que
ele resulta de uma deliberação (projecto). Para além de transformar a natureza, o trabalho
favorece a comunhão entre os homens passando desta forma a humanizá-los; permite
desenvolver as capacidades mentais tais como a imaginação e as habilidades.

Por outro lado, o (Modulo 2 de Filosofia), enfatiza que quanto ao valor do trabalho,
este reside no facto de que permite ao Homem melhorar as suas condições de vida e dominar
as forças da natureza. Pode afirmar-se também que o trabalho influencia em grande medida a
visão que o próprio Homem tem de si mesmo e do mundo. Pelo trabalho, o Homem
conquista a liberdade porque este lhe permite superar certos determinismos da natureza.

Desta feita, pode-se dizer que o trabalho dá dignidade ao Homem apesar de ser duro. É
a partir dessa dureza do trabalho que faz o Homem digno. Pelo trabalho o Homem dignifica-
se, pois ele possui, para si, um valor personalista. A natureza humana não nasce perfeita. Ela
aperfeiçoa-se, enriquece-se através do trabalho.

2.3.6. A relação com o meio ambiente


Neste aspecto, percebe-se que o homem é criatura e criadora do seu ambiente, não
obstante, que lhe proporciona a subsistência física e lhe dá a possibilidade de
desenvolvimento intelectual, moral, social e espiritual. Desde que o homem, se adaptou ao
modo de vida baseado na técnica e ciência, a sua relação com a natureza se tornou mais
agressiva.

Aos olhos do (Módulo 2 de Filosofia, s.d), filósofos como, Francis Bacon (1551-1626),
Galileu (1564-1642), René Descartes (1596-1690) e Isac Newton (1642-1727), vêm a
ciência e a técnica como condições que possibilitam a melhoria das condições da vida e a
alimentação da miséria humana. Por isso estes filósofos preconizavam um tecnicismo na
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relação do homem com a natureza e o conhecimento é era encarado como um meio de


nominar, manipular e transformar a natureza.

2.4. Consciência moral


É precisamente neste ponto que a filosofia moral de Kant, assim como as que a
continuam, se distancia das filosofias evolutivas contemporâneas que praticam espécies
diferentes de reducionismo biológico.

Na visão de (Kant, 2005) trata-se de uma faculdade que os sujeitos têm de representar
fins, os quais funcionam como motivos ou causas das acções do próprio sujeito e que este
considera como sendo motivações genuinamente suas. Será possível pois defender a
existência de uma consciência moral a partir do momento em que aceitamos que o sujeito é
capaz de avaliar as suas acções como algo que pode escapar a determinismos, quer de ordem
biológica, quer cultural.

Desta feita, passa a ser plausível que alguém que se considere liberto desse
determinismo forme, por exemplo, um sentimento de responsabilidade ou uma consciência
de culpa que não formaria se considerasse as suas acções apenas como o resultado de forças
que em última análise o condicionam.

A consciência moral, esta “faculdade maravilhosa”, nas palavras de Kant, numa das
suas Lições sobre ética da década de 80 (1780), é um instinto de emitir um juízo de acordo
com leis morais e o seu juízo não é lógico, mas um julgamento a si próprio. Na sua obra
tardia, A Metafísica dos Costumes, a consciência moral encontra-se claramente ligada à
faculdade de julgar (Módulo 2 de Filosofia, s.d).

Um aspeto não menos importante é que todo o conceito de dever contém uma coerção
objectiva da lei (como imperativo moral que restringe a nossa liberdade) e pertence ao
entendimento prático, que fornece a regra; mas a imputação interna de um acto, como um
caso que cai sob a alçada da lei (in meritum aut demeritum) compete à faculdade do juízo
(judicium), que, como princípio subjectivo da imputação, julga com força de lei se a acção se
realizou ou não como acto (como acção que se encontra sob a alçada da lei) (Kant 2005,
p.372).

Diante dos dizeres acima apresentados, percebe-se por ora, que a consciência moral é a
atenção do sujeito ao valor moral das suas acções, para julgar se elas são boas ou más. Esta
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atenção ou capacidade de avaliar a moralidade dos actos diz respeito tanto às acções já
efectuadas como àquelas que se estão a realizar e às que serão realizadas futuramente.

2.4.1. Graus da consciência Moral


Aos olhos de Chauí (1995) existem três graus de consciência moral, a saber:
i. Consciência passiva: temos uma vaga e confusa percepção de nós mesmos e do que
se passa a nossa volta. Ex: o momento que precede o sono ou o despertar.
ii. Consciência vivida mas não reflexiva: tem a característica de ser egocêntrica, de
perceber os outros e as coisas apenas a partir nossos sentimentos. É típico, por
exemplo, das pessoas apaixonadas.
iii. Consciência activa e reflexiva: aquela que reconhece a diferença entre o interior e o
exterior, entre si e os outros. Esse grau de consciência que permite a existência da
consciência em suas quatro modalidades, isto é, eu, pessoa, cidadão e sujeito.

2.5. Aspectos da ética individual


Os aspectos da ética individual representam as formas de coexistência com os outros, a
saber: Amor, Indiferença, Ódio e Sentimentos.
 O amor - O amor é uma emoção da alma causada pelo movimento dos espíritos,
levando-a a unir-se voluntariamente aos objectos que lhe parecem ser convenientes
(Descartes citado por Japiassú, 2001, p.12).
 Indiferença – Neste aspecto, o Outro é nisto de acordo com a função que
desempenha, onde muitas vezes, pode ser substituído. Em segundo lugar, o Outo não é
um Tu, mas um Ele. Este Ele implica uma certa objectiva da pessoa e a redacção da
subjectividade à soma da qualidade e função.
 Ódio - É a negação ou a rejeição do Outro enquanto sujeito. O ódio é a rejeição da
subjectividade do outro. No entanto, neste aspecto é necessário que o outro exista, mas
não para o promover, mas sim, para o rejeitar.
 Os Sentimentos - Sentimentos são reacções positivas ou negativas, discretas e suaves,
sobre alguém. Sentimento pode significar: o mesmo que emoção, no significado mais
geral, ou algum tipo ou forma superior de emoção.
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Conclusão
Concluindo, pode-se dizer que a pessoa é um indivíduo, que não se admite ser dividido,
partir, porque é uma unidade e totalidade, sendo a integração de três níveis de existência: o
físico, o psíquico e o espiritual. Por seu caráter espiritual, a pessoa se encontra em
contraposição heurística e facultativa com o organismo psicofísico.

Entretanto, o homem é visto como um ser essencialmente livre e responsável por sua
própria existência. Pode entender-se que para este autor a existência autêntica está relacionada
com um sujeito responsável, não dirigido e nem impulsionado, ou seja, a um eu que decide
por si mesmo.

Conclui-se também que uma pessoa é um ser social dotado de sensibilidade, com
inteligência e vontade propriamente humanas. Para a psicologia, trata-se de um indivíduo
humano concreto (o conceito abarca os aspectos físicos e psíquicos do sujeito que o definem
pelo seu carácter singular e único).

No âmbito do direito, uma pessoa é todo ente ou organismo susceptível de adquirir


direitos e contrair obrigações. Por isso, fala-se de diferentes tipos de pessoas: pessoas físicas
(os seres humanos) e pessoas de existência ideal ou jurídicas (as sociedades, as corporações, o
Estado, as organizações sociais, etc.).
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Referências Bibliográficas
Aquino, T. (2009). Suma Teológica: Volume 1. São Paulo: Edições Loyola.

Binnmore, K. (1994), Game Theory and Social Contract, MIT Press, Cambridge, MA.
Chauí, M. (1995). O que é consciência? Rio de Janeiro.

Clarke, W. (2004). Person and Being. The Aquinas Lecture. Marquette University Press.
Estados Unidos.

Comparato, F. (2006). Ética: direito, moral e religião no mundo moderno. São Paulo:
Companhia de Letras.

Cristiano, R. (2011). A relação do homem com Deus. Trecho retirado do Livro “Os Santos
Ensinamentos da Fé Católica” de sua autoria.

Herman, B. (1993), The Practice of Moral Judgment, Harvard University Press, Cambridge,
MA.

Japiassú, H. & Marcondes, D. (2001). Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor.

Kant, I. (1997), Lectures on Ethics. Cambridge University Press, Cambridge.

Modulo 2 de Filosofia: pessoa como sujeito moral. (sd). Beira: Ministério da Educação e
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Mounier, E. (2004). O Personalismo. São Paulo: Centauro.


Pegoraro, O. (2005). Introdução à Ética Contemporânea. Rio de Janeiro: Uapê.

Santos, W. (2013). "O Personalismo de Emmanuel Mounier"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-personalismo-emmanuel-mounier.htm. Acesso
em 02 de abril de 2024.

Schlossberber, E. (1992). Moral responsibility and persons. Philadelphia: Temple University


Press.

Vilela, O. (1968). A Pessoa Humana no mistério do mundo. Petrópolis: Vozes.

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