Aula 02 Psicologia Da Educação

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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

AULA 2 – A PLURALIDADE
DA PSICOLOGIA NO
CAMPO DA EDUCAÇÃO

Olá,

Nesta unidade de aprendizagem estudaremos o pluralismo enquanto


conceito teórico e cultural bem como esse tema pode ser abordado na escola.
Por ser de grande relevância, essa temática deve estar presente em
todos os planejamentos dos professores como uma forma de conhecer o
diferente que nos rodeia sem preconceitos e, principalmente, com uma
abordagem respeitosa.

Bons estudos!
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, espera-se que você seja capaz
de:

• Identificar o processo de pluralidade cultural a ser trabalhado nas


escolas.
• Reconhecer a contribuição da psicologia no campo da educação.
• Conhecer a dimensão da complexidade do espaço educativo.
2 PLURALISMO, CONCEITOS, TEORIAS E SOCIEDADE

Para que possamos trazer à tona o debate acerca da relação do


pluralismo e Serviço Social, faz-se necessário uma imersão nas mais variadas
formas de definição e relação desse termo.
Vários teóricos exemplificaram este conceito relacionando-o com a
questão da governança em uma sociedade, para tal, quanto mais repartido for o
poder e mais numerosos forem os centros que controlam os órgãos de poder,
melhor e mais democrática será esta sociedade.
Uma das melhores formas de distinguir um governo despótico de um
governo pluralista é a presença maior ou menor dos chamados intermediários,
ou seja, a diferença de poder entre governantes e governados irá definir o quão
esta sociedade é pluralista e democrática ou despótica e autárquica.
O termo cultura é entendido como os modos de vida que caracterizam um
povo ou conjunto de pessoas; suas obras e práticas da arte, da atividade
intelectual e do entretenimento; e o fator de desenvolvimento humano. Não está
relacionada com questões eruditas.
A pluralidade cultural pode ser definida como a valorização e o
conhecimento das características étnicas dos diferentes grupos sociais que
convivem com os contrastes e desigualdades sociais discriminatórias e
excludentes. Dentro da perspectiva plural, na escola é necessário a valorização
de todas as culturas independentes de tendências individuais (FREIRE,1980).
A diversidade cultural e racial é uma marca da vida social brasileira. Isso
porque existem diferentes características regionais e manifestações sociais e
culturais que ordenam de maneiras diferenciadas a apreensão do mundo, a
organização social nos grupos e regiões, os modos de relação com a natureza,
a vivência do sagrado e sua relação com o profano.
Quando falamos isso, parece que nos referimos a tribos indígenas
isoladas ou às diferentes regiões existentes no país, mas, ao observarmos a
cultura das pessoas que vivem no campo e na cidade, já notamos vivências e
respostas culturais diversas, que implicam em ritmos de vida, ensinamentos de
valores e formas de solidariedade distintos.
Além disso, é necessário levar em consideração a migração de diferentes
povos para o país e os milhares de escravos que vieram contra sua vontade para
o Brasil, mas que difundiram seus costumes nessa terra.

2.1 A dimensão e a pluralidade do educador

Agora que já tratamos as relações entre psicologia e educação, falaremos


à questão de como essas áreas se relacionam nos dias de hoje e quais questões
merecem ser observadas. A formação acadêmica do psicólogo faz com que esse
profissional firme um comprometimento com a vida humana envolvendo saúde
e educação.
Previamente o professor irá se ocupar com dois aspectos em seu fazer
pedagógico: uma, com paradigmas que envolvem racionalidade e técnica, e
outra, com paradigmas que apontam para um fazer crítico e reflexivo. Se atua
de acordo com a primeira perspectiva, ampliará capacidades por meio dos
conhecimentos partilhados por cientistas como um suporte em sua prática,
reproduzindo esses métodos de modo técnico (FREIRE,1980).
Ainda que saibamos da existência de educadores que se apoiam somente
nessas técnicas, não devemos mais considerar que a formação do educador se
limite a técnicas que, sozinhas, não são capazes de lidar com a complexidade
que envolve questionamentos educativos. Trata-se de uma rede de relações que
se modificam de acordo com variadas circunstâncias, além das frequentes
situações particulares problemáticas que exigem muito mais que a técnica
referida. A psicologia, com sua pluralidade, deve estar acessível ao professor,
fornecendo subsídios por meio de um agrupamento de saberes que os apoiem
nas situações frequentemente enfrentadas.
Como afirma Larocca (2000), na verdade o espaço educativo por ter suas
complexidades torna a atuação do professor mais dinâmica e de tal modo,
intensa devido a situações problemáticas que se apresentam como casos
pontuais a serem resolvidos. Somente o professor dentro de uma sociedade
plural, consegue confluir todos os tipos de pensamento para uma atividade
voltada para o senso crítico, desenvolvimento da percepção do outro, concepção
do altruísmo, entre outros. Em alguns casos o professor não tem o suporte ou a
liderança necessária para um bom desempenho no processo de educar.
Existe uma convergência de fatores que faz com que o professor tenha
uma compreensão negativa da sala de aula, a dificuldade de aporte seja no
campo psicológico quanto muitas vezes a falta de estrutura, falta de recursos
didáticos e condição financeira. Por outro lado, o professor que faz do magistério
sua vocação intrínseca, não se deixa afetar às dificuldades que se apresentam
no dia a dia. É necessário que pela empatia, o professor perceba a beleza de
sua atividade educativa.
Há que se ter em vista que a cada programa educacional instrumentos e
métodos são definidos considerando concepções éticas e filosóficas. A cada
episódio ocorrido em sala, novas decisões são tomadas e recebidas de acordo
com a subjetividade dos atores envolvidos no processo num constante desafio
fruto dessas interações dentro desses contextos sociais.
No sentido de enfrentar essas dinâmicas diárias os educadores não
devem tentar simplificar essas relações e sim ampliar habilidades por meio de
processos formativos críticos e reflexivos. Além das tentativas de reduzir
concepções na aplicação de métodos que não dão conta de solucionar
problemas complexos, há também uma crítica quanto ao uso de certas teorias
de psicologia para apoiar algumas políticas educacionais escolhidas por equipes
de Secretarias Municipais e Estaduais de Educação (LAROCCA, 2000).
Geralmente professores e equipes gestoras são capacitados de modo
exaustivo sendo direcionados para o uso das teorias escolhidas não havendo
diálogo entre as partes. Como consequência esses modismos teóricos vão
sofrendo modificações nas alternâncias periódicas dos governos, não se
sustentam porque na prática não são capazes de lidar com a dinâmica
enfrentada nas esferas educacionais gerando desgaste e resistência por parte
dos educadores que a todo momento veem novas imposições como essas.
Uma recomendação bem fundamentada deve ser capaz de superar essas
práticas e planejar uma formação de professores que construam um pensamento
crítico, reflexivo e consciente de que educar é criar condições par ao exercício
da cidadania de modo autônomo e democrático.
Segundo Freire (1980, p. 26) “mais que possibilitar acesso às várias
correntes teóricas, o projeto de pluralidade na Psicologia Educacional precisa
amparar-se em três aspectos essenciais: a compreensão epistemológica, a
práxis e a consciência histórica”.
Larocca (2000,p.184) complementa essa ideia afirmando que:

a pluralidade, por si só, não remete à formação crítico-reflexiva. Para


que possa servi-la será preciso propiciar clareza acerca dos objetos de
estudo dos diferentes teóricos, dos princípios epistemológicos que os
regem, dos pressupostos filosóficos que os sustentam e da história de
cada elaboração [...]. Sem isso, o pluralismo vira ecletismo e
favorecerá a manutenção de consciências ingênuas.

As conexões entre a psicologia e educação devem ser compostas por


meio de proposições problematizadoras voltadas para uma prática que se apoie
em aportes teóricos metodológicos da psicologia. Tais aportes necessitam ter
como foco a inserção em espaços escolares dentro de seus contextos sociais
para que, a partir dessas interações, surjam novas propostas para intervir nesses
cenários.
É importante notar que tanto a psicologia educacional quanto a psicologia
escolar trazem benefícios consideráveis para a docência do ensino, sendo que
este profissional deve colaborar de forma efetiva para as transformações da
democratização de disseminação de conhecimentos com ações que permitam
(LAROCCA, 2000):

• Uma atmosfera saudável em ambiente de escuta.


• Motivar a produção das crianças
• Compreender a escola como agente principal de mudanças e de
inserção social.
• Inserir professores nas demandas de intervenção educacional.

Algumas propostas para a intervenção da psicologia educacional, de


acordo com Larocca (2000):

• Dialogar com pais e/ou responsáveis sobre a criança a fim de entender


sobre a queixa escolar.
• Considerar a história que a criança apresenta geralmente relacionadas
a escola.
• Empreender grupos com professores para discussão e reflexão dos
problemas encontrados nas instituições de ensino.
• Executar reuniões sobre assuntos relacionados ao convívio cotidiano
escolar sobre temas específicos com todos envolvidos no processo de
escolarização.
• Implementar trabalhos e discutir estratégias com foco na escola para
orientação e ajuda aos profissionais a fim de ampliar o conhecimento
sobre a situação escolar de crianças com dificuldades no processo de
escolarização entre outros assuntos.
• Descobrir novas formas de avaliação e de intervenção que rompam
com o modelo individual.

A escola deve compreender e entender que o homem é pluridimensional


e que, acima de disponibilizar conteúdos para serem incorporados, é necessário
enxergar que esses sujeitos são compostos por relações afetivas, culturais,
sexuais, biológicas e sociais e esses elementos devem ser trabalhados de modo
integrado com propostas curriculares e pedagógicas das instituições.
Freire (1980, p.82) dentro desse contexto, afirma:

Na defesa de uma educação crítica e problematizadora ressalta as


possibilidades de limitação e desafio representados pelo “aqui e agora”
dos homens no mundo. É, por isso, que o real não pode ser perdido de
vista pelo formador em Psicologia. É este real que permitirá que sejam
feitas (re)leituras das teorias psicológicas e, como consequência,
reestruturação e superação do conhecimento atual.

Concluindo esses pontos tratados, é possível conceber que, apesar de


toda relevância da psicologia na esfera educacional, o que vemos é uma
constante diminuição dessa disciplina nas licenciaturas e cursos de formações
de educadores. Além do mais, esse espaço mínimo acaba por ser preenchido
por um parâmetro curricular que privilegia a teoria em detrimento de sua
articulação com a prática, se afastando de um fazer pedagógico que deve ser
criticamente analisado e debatido nos espaços desses cursos (FREIRE, 1980).
Desse modo, espera-se que o futuro profissional tome essa proposição
como algo que desperte a motivação essencial para se aprofundar nas ciências
psicológicas tão intrinsecamente correlacionadas à educação e envolver-se
nessa aprendizagem, que enriquecerá sua prática profissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução


ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 1980.

LAROCCA, P. O saber psicológico e à docência: reflexões sobre o ensino de


psicologia na educação. Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 20, n. 2,
p. 60-65, jun. 2000.

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