Introdução Ao Direito Civil

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DIREITO CIVIL E SUA TIPICIDADE – SILVIO DE SALVO VENOSA

A realidade em torno do ser humano pode ser considerada sob três formas: o
mundo da natureza, o mundo dos valores e o mundo da cultura.

1. Mundo da natureza: compreende tudo que existe independentemente da atividade


humana, vigorando o princípio da causalidade, uma vez ocorridas determinadas
circunstâncias, decorrerão determinados efeitos.
2. Mundo dos valores (axiologia): atribuir significados, qualidades aos fatos e coisas
que pertencem a nosso meio, tudo que nos afeta atribui-se um valor. O fato de o homem
atribuir valor a sua realidade é vital para satisfazer a suas próprias necessidades.
3. Mundo da cultura: mundo das realizações humanas. À medida que a natureza se
mostra insuficiente para satisfazer às necessidades do homem, o homem passa a agir
sobre ela, por meio dos valores, isto é, necessidades para sua existência, criando uma
realidade que é produto seu, resultado de sua criatividade.

A atividade axiológica orientada para realizar a ordem, a segurança e a paz social


fazem surgir o Direito, posicionado no mundo da cultura. O Direito constitui uma realidade
histórica, trata-se de um dado ou movimento contínuo, provém da experiência. NÃO
EXISTE DIREITO FORA DA SOCIEDADE, SÓ PODE HAVER DIREITO ONDE O HOMEM
VIVE E CONVIVE COM OUTROS INDIVÍDUOS, VISTO QUE ELE É UM PRODUTO DA
EXPERIÊNCIA HUMANA

TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO


Fato: fato social = produto da natureza ou do agir humano, são acontecimentos e
realidades objetivas e externas que geram uma consequência na sociedade;
Valor: significância ou relevância atribuída pelo ser humano a um determinado fato;
Norma: integração do valor ao fato que gerou uma consequência jurídica,
necessidade normativa.

Norma = expressão formal do Direito.

Direito é a ciência do dever ser, é o realizar constante de valores de convivência. Ele


disciplina a conduta social humana através das normas.
Tipicidade: pré-determinação formal de condutas, isto é, quando um fato ou conduta
humana se encaixa perfeitamente na descrição de uma determinação legal de
comportamento.
Fato típico: descrição legal de uma conduta; predetermina uma ação do indivíduo, quer
para permitir que ele aja de uma forma (civil = tutela, proteção), quer para proibir
determinada ação (penal = punível).

DIREITO = É o conjunto de normas gerais e positivas que regulam a vida social.


Washington de Barros Monteiro.
 Genéricas = se aplica a todo indivíduo indistintamente. Ex.: CF, Código Civil, Código
Penal.
 Jurídicas = especiais, diferenciadas e garantidas pelo Estado; destinadas a casos
específicos. Ex.: Lei de Drogas, Lei Maria da Penha, Código de Defesa do Consumidor.

Definição clássica: A criação do direito tem o objetivo de propiciar a justiça. Segundo


Aristóteles, na Filosofia Escolástica: “A Justiça é a perpétua vontade de dar a cada um o
que é seu, segundo uma igualdade”

Composição das normas: Leis, costumes, jurisprudências e princípios gerais de Direito.

DIREITO X MORAL

Direito diz respeito às normas impostas pelo Estado que regem o comportamento humano,
dotadas de sanção e coerção. Enquanto a Moral se caracteriza por regras alicerçadas no
interior e consciente do ser, baseadas em princípios, costumes, tradições e educação de
um determinado grupo, orientando o que é correto e errado.

CÍRCULO CONCÊNTRICO DE BENTHAM

Tese: Extrai-se que tudo o que está no Direito é MORAL


moral, mas nem tudo que é moral está no Direito,
uma vez que nem tudo o que é moral é jurídico e
interessa ao Estado. No círculo, percebe-se que o DIREITO
campo da Moral é mais amplo e que o Direito está
submetido e imerso na moral, entretanto, se
divergem pela coercitividade e sanção advinda da
normatividade do Estado.
DIREITO OBJETIVO: conjunto de normas previstas no ordenamento jurídico que regem o
comportamento humano.

a. Norma agendi: regras de comportamento.


b. Facultas agendi: faculdade de agir de acordo com a norma jurídica.

DIREITO SUBJETIVO: o poder da ordem jurídica que confere a alguém de agir e de exigir
de outrem determinado comportamento

DIREITO NATURAL: ideia abstrata do direito, ligada natureza racional e social do homem;
é universal, imutável e superior ao Estado; antecede o direito positivo.

DIREITO POSITIVO: é o direito formal, isto é, aquele que é legislado e estabelecido, que
está escrito e positivado; caráter mutável, variável, temporal, territorial e revogável.

CONCEITO DIREITO CIVIL = é o direito comum, o direito do cidadão; É um ramo do


DIREITO PRIVADO que tem como objetivo regulamentar as relações entre particulares,
bem como estabelecer os direitos e deveres de todo indivíduo, usufruindo do Código Civil e
tendo base mestra na Constituição Federal de 1988.

1º CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

Promulgação: 1916; Em vigor: 01/01/1917; Redação: Clóvis Beviláqua

Contém 1.807 artigos, com parte geral e especial

 Foi resultado do direito liberal, em que se prestigiava o individualismo, o


patrimonialismo, o positivismo. O Código Civil de 1916 tinha três personagens
principais: o marido, o contratante e o proprietário. Era a solidificação dos princípios
liberais. Sob influência das Ordenações Filipinas e concepções liberais do século XIX
e XX.

CÓDIGO CIVIL VIGENTE NO BRASIL (LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2.002)


Origem: Projeto Lei 634/1975
Promulgação: 2002; Em vigor: 11/01/2003; Redação: Miguel Reale
Sob influência da CF/1.988. Possui Parte Geral e Especial; tem 2.046 artigos.
 Art. 421 – Função social do contrato.
 Art. 422 – Probidade e boa-fé dos contratantes.
PRINCÍPIOS: SOCIALIDADE, ETICIDADE E OPERABILIDADE DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS: APLICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS PREVISTOS NA
CF/88.

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB)


Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010
REVOGOU A LINCC – DL 4.657 DE 04/09/1942

CONTEÚDO E FUNÇÃO DA LINDB

A LINDB é a lei de introdução à lei, ou seja, é uma norma jurídica que visa regulamentar
outras normas contidas no ordenamento jurídico, composta de artigos nos quais aborda a
vigência da lei, a aplicação da norma jurídica no tempo e no espaço e as fontes do direito,
tendo como objetivo orientar a aplicação do código civil, diminuindo controvérsias que
foram surgindo desde a sua primeira edição. Sua função é reger as normas, indicando
como interpretá-las ou aplicá-las, determinando-lhe a vigência e a eficácia.

Art. 3º da LINDB - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
ORDENAMENTO JURÍDICO ESCRITO E POSITIVADO

APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA

A norma, em sua positividade, existe para ser aplicada. Nesse sentido, a lei é abstrata,
devido ao seu caráter genérico e impessoal, ela não é específica a casos concretos.
Entretanto, quando EXISTE uma norma específica ocorreu uma SUBSUNÇÃO, isto é, o
encaixe perfeito da norma ao caso concreto. Em contrapartida, quando NÃO EXISTE
norma a ser aplicada diante do caso concreto, é chamado de LACUNA DA LEI.

Integração normativa: Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. – O JUIZ
NÃO PODE SE FURTAR DA DECISÃO DE UM CONFLITO ALEGANDO LACUNA
DA LEI

Princípio da completude do ordenamento jurídico: Art. 126º “O juiz não se exime de


sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide
caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes
e aos princípios gerais de direito.” Desse modo, o juiz desenvolve o ordenamento jurídico
exercendo a sua função legiferante.

NA RESOLUÇÕES DE CONTRADIÇÕES, SE APLICA:

Princípio da unidade do ordenamento jurídico: conjunto de normas entre as quais existe


uma ordem, a qual deve ser entendida como o relacionamento da norma com outras
normas e dela com todo o sistema. Esse sistema consiste em uma hierarquia de normas
em que as inferiores são criadas pelas superiores de onde fundamentam a sua validade e
existência, sendo a “norma fundamental” o fundamento de validade de todas as normas e
o termo unificador de todo o ordenamento jurídico.

Coerência: será coerente o ordenamento que possibilitar a correção do direito quando


diante de uma antinomia jurídica – conflito entre duas normas em sua aplicação a um caso
particular, sem que se possa saber qual delas deverá ser aplicada ao caso singular.

Para resolver as antinomias:

critério hierárquico = norma superior prevalece sobre a inferior

critério cronológico = norma recente prevalece sobre a antiga

critério da especialidade = norma especial prevalece sobre a geral

Sistematização jurídica = o jurista aplica as propriedades normativas, fáticas e axiológicas


aos defeitos formais (lacunas ou antinomias) para alcançar um sistema harmônico.

INTERPRETAÇÃO DAS LEIS

1 conferir a aplicabilidade da norma à relação social de sua origem


2 estender o sentido da norma a nova relação
3 adaptar o alcance normativo a situação presente

 Interpretação gramatical: análise da linguagem, redação, aspectos gramaticais e


ortográficos para compreender a lei (leitura literal do texto);
 Interpretação lógica: buscar o sentido ou espírito do legislador no momento da criação
da norma, avaliar os aspectos racionais e lógicos para compreender sua intenção;
 Interpretação sistemática: a norma não deve ser vista de forma isolada, e sim analisar
seu sistema como um todo – artigo, título, capítulo, inciso, parágrafo e caput;
 Interpretação histórica: buscar a origem e os acontecimentos históricos vigentes da
época em que a norma foi criada;
 Interpretação sociológica: analisa todos os aspectos sociais da norma e qual o fim social
da lei, o que o autor visou a proteger

HERMENÊUTICA JURÍDICA = CIÊNCIA DE INTERPRETAÇÃO DAS LEIS


Usufrui de técnicas para a interpretação de normas jurídicas, a fim de alcançar sua
compreensão legal, isto é, para que no fim sua aplicação seja justa e coerente ao
caso concreto, com o intuito de cessar o conflito. É entender além do que está
escrito, é compreender sua intenção, alcance, sentido e finalidade.

SENTIDO NORMATIVO: APLICAÇÃO DA FINALIDADE SOCIAL DA NORMA

Art. 5º LINDB: “NA APLICAÇÃO DA LEI, O JUIZ ATENDERÁ OS FINS SOCIAIS QUE ELA
SE DIRIGE E AS EXIGÊNCIAS DO BEM COMUM.”

INTEGRAÇÃO DAS NORMAS À ANTINOMIA JURÍDICA

O ordenamento jurídico é um sistema dinâmico, porém, não consegue qualificar


normativamente todos os comportamentos possíveis, podendo ter condutas que o
ordenamento não possui qualificação. Haja vista o princípio da legalidade que infere “tudo
o que não é proibido é permitido”, isto é, as pessoas têm a liberdade para agir
deliberadamente, desde que não haja uma lei específica que expressamente as proíba de
fazê-lo = “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.” (art. 5º, II- CF). Devido a isso, há lacunas no Direito, pois o legislador não
tem condições de prever tudo o que pode advir do ser humano e suas interações
dinâmicas.

FONTES DO DIREITO

Fonte = origem; nascente; lugar de onde brota água do solo.


Fonte do direito = gênese do Direito, fatores que inspiram a criação de normas jurídicas.

 A lei em nosso ordenamento jurídico é o objeto da LINDB e sua principal fonte.

FONTES HISTÓRICAS = produto de relações sociais antigas, englobando os fatores


sociais, culturais, políticos, econômicos e religiosos da época. Exemplo: A Lei das Doze
Tábuas, Ordenações Filipinas etc.

FONTES ATUAIS = resultado do valor dado às fontes históricas, são os meios empregados
pelos juristas para conhecer e proferir o direito no caso concreto. Exemplo: leis, costume,
jurisprudências, doutrinas etc.

COSTUME: é uma conduta social que se consolidou espontaneamente pela consciência e


agir de um determinado grupo, o qual a observa de forma constante e uniforme e sob a
convicção de sua necessidade jurídica e social.

 COMMOM LAW = enfoque na jurisprudências e costumes na tomada de decisões


judiciais (EUA e Reino Unido)
 CIVIL LAW = enfoque na lei e normas escritas na tomada de decisões judiciais
(Brasil, Portugal e França)

ATIVIDADE LEGIFERANTE / PROCESSO LEGISLATIVO = poder de legislar – elaborar e


estabelecer leis – através de um processo legislativo exercido por um órgão legiferante
competente. A lei é produto da atividade e do processo legislativo.

CONCEITO DE LEI: ato do Poder Legislativo que estabelece normas de comportamento


social, válida após positivada, através de um conjunto de regras que se apresenta através
de um texto escrito.

CARACTERÍSTICAS DA LEI

1 GENERALIDADE: se dirige a todo cidadão indistintamente;


2 IMPERATIVIDADE: impõe um dever e uma conduta ao cidadão, o qual deve
cumpri-los; autorizado aplicação de pena ao transgressor;
3 AUTORIZAMENTO: autoriza a faculdade de agir perante o dano causado (pleitear);
4 PERMANÊNCIA: não se exaure após ser aplicada, perdura até que seja revogada
ou perca sua eficácia;
5 EMANAÇÃO DE AUTORIDADE COMPETENTE: só emana e é válida se proferida
de uma autoridade competente (aquele que a lei delegou para legislar).
LEIS COGENTES: ORDEM PÚBLICA E INDERROGÁVEIS

 Tutelam relações de interesse geral, por isso, não podem ser alteradas pela vontade das
partes, nem mesmo pelo juiz, dado o risco de comprometer o corpo social. NÃO PODE
HAVER DISPOSIÇÕES CONTRÁRIAS.
a. Ordenativa: ordena um certo comportamento;
b. Restritiva: veda um certo comportamento.

LEIS NÃO COGENTES: ORDEM PRIVADA E DERROGÁVEIS

Tutelam relações de interesse específico do litigante, dão margem à ação ou abstenção,


uma vez que não são de interesse público e cabe derrogação.

a. Permissivas: quando autoriza o interessado a derrogá-la, dispondo da matéria da


forma como lhe convier
b. Supletivas: aplicável na falta de disposição contrária e manifestação das partes.

INTENSIDADE DA NORMA

1 Mais que perfeitas = nulidade ou anulação do ato praticado e pena ao transgressor


2 Perfeitas = nulidade ou anulação do ato praticado
3 Menos que perfeitas = sanção penal
4 Imperfeitas = não prevê nenhuma penalidade (sanção ou nulidade) em caso de
descumprimento da norma.

HIERARQUIA DAS LEIS

Constituição Federal 1988 = norma de maior hierarquia do ordenamento jurídico, assegura


os direitos e deveres fundamentais do indivíduo;

Emendas constitucionais = meio pelo qual a CF/88 é alterada, adicionando uma hipótese
anteriormente não prevista ou atualizando sua redação;

Leis complementares = tratam de matérias especiais e complexas, geralmente alusivas à


estrutura e serviços estatais, delegadas pela CF/88. Aprovação por maioria absoluta;
Leis ordinárias = trata de qualquer matéria pertinente à competência legiferante do ente
que a edita, desde que não reservada a outra espécie normativa. Aprovação por maioria
simples;

Leis delegadas = elaboradas e editadas pelo Presidente da República após permissão do


Congresso Nacional para este legislar, se trata de assuntos sensíveis ao Poder Executivo
que estão sob a inércia do Legislativo;

Medidas provisórias = editadas pelo Presidente da República e tem força de lei, só é


cabível em casos de relevância e urgência, pois são imediatas e tem validade transitória.
Aprovadas pelo Congresso;

Decretos legislativos = regula matérias de competência exclusiva do Poder Legislativo,


como tratados e acordos internacionais;

Resoluções: regula matérias que produzem efeitos internos nas casas do Congresso
Nacional.

DIFERENÇA LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA

 Quanto a matéria: lei complementar abrange matérias especiais e complexas da


CF/88 acerca de serviços e estrutura do Estado, já a ordinária abrange qualquer
matéria desde que não esteja regulada por lei complementar ou outra espécie.
 Quórum de aprovação:
I. Ordinária = MAIORIA SIMPLES = 50% + 1 dos PRESENTES na sessão
II. Complementar = MAIORIA ABSOLUTA = 50% + 1 DO TOTAL de senadores
e deputados (41 e 257)

NATUREZA DA NORMA

Substantiva = normas de direito material, que definem direitos e deveres.

Adjetiva = normas processuais ou formais, que traçam os meios de realização do direito.

COMPETÊNCIA OU EXTENSÃO TERRITORIAL

Leis federais = COMPETÊNCIA DA UNIÃO (EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO),


VOTADAS PELO CONGRESSO NACIONAL (DEPUTADOS E SENADORES) E COM
EFICÁCIA PARA TODO O TERRITÓRIO
Leis estaduais = COMPETÊNCIA DO GOVERNO (GOVERNADOR), VOTADAS PELAS
ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS (DEPUTADOS ESTADUAIS) E COM EFICÁCIA PARA O
ESTADO QUE ELA CORRESPONDE

Leis municipais = COMPETÊNCIA DO MUNÍCIPIO (PREFEITURA), VOTADAS PELA


CÂMARA DE VEREADORES E COM EFICÁCIA PARA O MUNICÍPIO QUE ELA
CORRESPONDE

ALCANCE DA LEI

Geral = se dirige a todo indivíduo indistintamente e atinge todo o ordenamento jurídico. Ex.:
Código Civil, Código Penal, CPC, CPP e CF/88.

Especial = regulam matérias e casos de caráter específico e particular. Ex.: Código do


Consumidor, ECA, Estatuto do Idoso, Lei de Drogas etc.

ANALOGIA 1ª OPÇÃO OBRIGATÓRIA NA HIERARQUIA DE LACUNA NA LEI

É a primeira opção de integração normativa pelo fato de prestigiar o sistema legal


escrito brasileiro, uma vez que usufrui de um dispositivo legal semelhante já
existente no ordenamento para a solução de um caso concreto.

Analogia é quando o juiz se utiliza de um dispositivo legal, anteriormente aplicado a um


caso ou hipótese semelhante, para a solução de um caso concreto no qual não é
encontrado amparo legal (lacuna da lei).

REQUISITOS PARA O EMPREGO DE ANALOGIA – WASHINGTON DE BARROS


MONTEIRO:

1º - INEXISTÊNCIADO DISPOSITIVO LEGAL PARA O CASO;

2º - SEMELHANÇA ENTRE O CASO AMPARADO PELA LEI E O CASO CONCRETO;

3º - IDENTIDADE ENTRE OS FUNDAMENTOS LÓGICOS E JURÍDICOS NO PONTO


COMUM.

ESPÉCIES DE ANALOGIA

1 LEGIS = quando é possível recorrer a uma regra específica apta a incidir sobre a
hipótese;
2 JURIS = quando a solução precisa ser buscada no sistema como um todo, por não
haver nenhuma regra diretamente pertinente

ANALOGIA X INTERPREÇÃO EXTENSIVA

 Na analogia o fato não é previsto pela  Na interpretação extensiva, o fato é


lei previsto pela lei de forma implícita
 Aplicação de uma lei que regule caso  É necessário exercer um raciocínio
semelhante lógico para enxergar além da lei
 Integra e supre lacunas  Faz com que um caso que, à primeira
vista, não estaria coberto pela lei
passe a estar

OBS.: não aplicada interpretação extensiva no direito penal, a não ser quando for para
beneficiar o réu, e nem no direito civil em casos específicos, como renúncia e transação.

COSTUMES 2ª OPÇÃO OBRIGATÓRIA NA HIERARQUIA DE LACUNA NA LEI

É A CONDUTA SOCIAL QUE SE CONSOLIDOU ESPONTANEAMENTE PELA


CONSCIÊNCIA E AGIR DE UM DETERMINADO GRUPO, É A PRÁTICA CONSTANTE,
UNIFORME E GERAL SOB A CONVICÇÃO DE SUA NECESSIDADE JURÍDICA E
SOCIAL.

 A PRÁTICA JUDICIÁRIA CONSAGRA O COSTUME, O POSITIVANDO ATRAVÉS


DA JURISPRUDÊNCIA

SUA COMPOSIÇÃO:
1 ELEMENTO EXTERNO OU MATERIAL: USO E PRÁTICA REITERADA DE UM
COMPORTAMENTO;
2 ELEMENTO INTERNO OU PSICOLÓGICO: CONVICÇÃO SOCIAL DE SUA
OBRIGATORIEDADE – OPINIÃO POPULAR.

SUAS ESPÉCIES:
1 SEGUNDUM LEGEM = É AQUELE COSTUME QUE ESTÁ PREVISTO NA LEI;
2 PRAETER LEGEM = É AQUELE COSTUME QUE SUPRE A LEI EM CASOS
OMISSOS, PREENCHE LACUNAS;
3 CONTRA LEGEM = É AQUELE COSTUME QUE SE FORMA EM SENTIDO
CONTRÁRIO AO DA LEI, DESUSO DA NORMA
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO 3ª OPÇÃO OBRIGATÓRIA NA HIERARQUIA DE
LACUNA DE LEI

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO SÃO AS REGRAS QUE SE ENCONTRAM NA


CONSCIÊNCIA DOS POVOS E SÃO UNIVERSALMENTE ACEITAS, MESMO NÃO
SENDO ESCRITAS;
EX: BOA-FÉ, JUSTIÇA, RAZOABILIDADE, IGUALDADE, LEGALIDADE E
SEGURANÇA;
POSSUEM CARÁTER ABSTRATO E GENÉRICO; DOTADOS DE
SUBJETIVIDADE E CONTEÚDO VALORATIVO;
ORIENTAM A INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO E AUXILIAM AS
DECISÕES JURISPRUDENCIAIS, ESTANDO OU NÃO PRESENTES NO DIREITO
POSITIVO.
 ART. 186 DO CC/02 – “NINGUÉM PODE LESAR OUTREM”.
 ARTs. 1.216, 1.220, 1.255, 856 CC/12 – “VEDA O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA”.
 ART. 1.220 - AO POSSUIDOR DE MÁ-FÉ SERÃO RESSARCIDAS SOMENTE AS
BENFEITORIAS NECESSÁRIAS; NÃO LHE ASSISTE O DIREITO DE RETENÇÃO
PELA IMPORTÂNCIA DESTAS,NEM O DE LEVANTAR AS VOLUPTUÁRIAS.
 NINGUÉM PODE VALER-SE DA PRÓPRIA TORPEZA EM CASO DE DOLO (ART. 150
CC/02).
 BOA FÉ SE PRESUME.
 DEVE-SE BENEFICIAR AQUELE QUE PRETENDE EVITAR UM DANO, DO QUE
AQUELE QUE QUER UM GANHO.
 FALAR E NÃO PROVAR É O MESMO QUE NÃO FALAR
 NINGUÉM PODE CAUSAR DANO E, QUEM CAUSAR TERÁ QUE INDENIZAR;
 NINGUÉM PODE SE BENEFICIAR DA PRÓPRIA TORPEZA

EQUIDADE

A LINDB não prevê o uso da equidade como método de integração normativa. Entretanto,
o Art. 140 do CPC diz: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou
obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos
casos previstos em lei.” Ou seja, a equidade somente será aplicada em situações
excepcionais, permitidas por lei, pois se trata de um critério de interpretação das leis
existentes quando estas forem omissas a respeito de um caso concreto.
CONCEITO EQUIDADE: Disposição do órgão judicante para reconhecer, com
imparcialidade, o direito de cada um, isto é, é equiparar as partes em pé de igualdade,
deixá-las no mesmo patamar. Significa dar às pessoas o que elas precisam para que todos
tenham acesso às mesmas oportunidades.

Ex.: Art. 1.586 CC: “Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos
filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação
deles para com os pais.”

CRITÉRIO: Deverá existir uma lacuna na lei que abra espaço para a criação de uma
norma pelo juiz, somente podendo ser utilizada em casos que a lei expressamente permite,
pois a própria norma já contém os “temperamentos” embasados na equidade natural,
mesmo que implícitos.

OBJETIVO: a equidade deve ser aplicada de forma que o fim social da norma e as
exigências para o bem-estar social sejam atendidos e garantidos.

STJ = o STJ proibiu que o juiz decida por equidade – salvo quando autorizado por lei -, isto
é, não haverá de substituir a aplicação do direito objetivo por seus critérios pessoas de
justiça, uma vez que a equidade lhe oferece um campo mais amplo de liberdade
argumentativa. Devido a isso, houve o veto, uma vez que não se trata de substituir as
normas do ordenamento jurídico por idiossincráticas opções subjetivas.

CÓDIGO CIVIL

1º LIVRO: A RELAÇÃO ENTRE AS PESSOAS NATURAIS E JURÍDICAS;

I. DAS PESSOAS NATURAIS


1 PERSONALIDADE E CAPACIDADE
2 DIREITOS DA PERSONALIDADE
3 DA AUSÊNCIA
II. DAS PESSOAS JURÍDICAS
III. DO DOMCÍLIO

2º LIVRO: A RELAÇÃO ENTRE AS PESSOAS E OS BENS (PATRIMÔNIO);

3º LIVRO: A RELAÇÃO ENTRE AS PESSOAS E OS FATOS JURÍDICOS QUE CRIAM,


MODIFICAM E EXTINGUEM DIREITOS;
PERSONALIDADE: é o atributo adquirido pelo ser após seu nascimento com vida –
momento em que se separou do corpo da mãe e deu a primeira respiração autônoma -, o
qual possibilita o indivíduo de exercer direitos e contrair deveres.

ARTIGO 1º CC – “TODA PESSOA É CAPAZ DE DIREITOS E DEVERES NA ORDEM


CIVIL”.

Art. 2º CC/02 - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

OBS: PERSONALIDADE ESTÁ ESTENDIDA ÀS PESSOAS JURÍDICAS.

CAPACIDADE: é a medida da personalidade; aptidão genérica para exercer direitos e


contrair deveres dentro da ordem civil

1 CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO: atributo inerente a todo indivíduo


indistintamente de poder ser um sujeito de direito e deveres;
2 CAPACIDADE DE FATO OU EXERCÍCIO: capacidade de ação, é a aptidão para
exercer por si só os atos da vida civil. Requisitos: maioridade, saúde e
desenvolvimento mental.

NEM TODOS TEM A CAPACIDADE DE GERIR SEUS ATOS, POR ISSO SÃO
REPRESENTADOS

Capacidade plena: capacidade de exercer pessoalmente seus direitos, podendo praticar os


atos da vida civil por si só sem restrição

Incapacidade relativa: exercício de direito e de atos da vida civil assistidos por um


representante em capacidade plena. Ex: menores de 18 anos e maiores de 16 anos,
ébrios, viciados em tóxicos, pródigos

Incapacidade absoluta: impossibilidade de exercer direitos e atos da vida civil sem um


representante legal, caso sejam realizados, estes serão anulados. Ex.: menores de 16
anos, deficientes mentais

LEGITIMAÇÃO: capacidade especial para celebrar determinados atos jurídicos; é uma


certa limitação à capacidade, onde é necessário o “aval” de outra pessoa para que a
vontade inicialmente manifestada seja exercida.
ART. 496 CC/02 – O ASCENDENTE É CAPAZ, MAS SOMENTE ESTÁ LEGITIMADO A
ALIENAR SEUS BENS À DESCENDENTES APÓS O CONSENTIMENTO EXPRESSO DO
CÔNJUGE E OS DEMAIS DESCENDENTES.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar
futura meação.

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