Caderno Empresarial

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Direito Empresarial 4

Revisão
Tudo começa com as pessoas (e seu conjunto: a população) em determinado território
com liberdade absoluta para fazerem o que quiserem num regime anárquico.
Essa liberdade ampla e irrestrita é trocada por alguns direitos no contexto do contrato
social. Alguns representantes redigem uma lei maior (Constituição) que determina como
o poder será exercido sobre a população daquele território.
Poder: divisão entre legislativo, executivo (prestar serviços públicos, fiscalizar e
fomentar) e judiciário.
Entes despersonificados:
- Não têm personalidade e, portanto, não têm capacidade – o direito dá a elas
capacidade para praticarem atos

• Condomínio
• Massa falida
• Espólio
• Sociedade de fato
• Sociedade irregular
• Sociedade em conta de participação
• Consórcio de empresas
• Fundo de investimento:
- Quem forma: os cotistas
- O que forma: os bens que os cotistas colocam no fundo, somado aos bens que o fundo
adquiriu
- Quem representa: o administrador
- Ente despersonificado por força de lei
- Fiscalizados e regulados pela CVM
• Consórcio para compra de bens:
- Quem forma: os consorciados
- O que forma: o dinheiro que os consorciados aportam
- Quem representa: a sociedade administradora de consórcio
- Fiscalizados e regulados pelo Bacen
• Planos de previdência complementar:
- Quem forma: os participantes do plano
- O que forma: o dinheiro que os participantes aportam e os investimentos feitos com
esse dinheiro
- Quem administra: alguma instituição financeira
- Pode ser fechado (funcionários de certas empresas) ou aberto
- Fiscalizados pela Previc (planos fechados) e Susep (planos abertos)

Essência Roupagem Registro Regime jurídico Regime de quebra


Sociedade simples Cartório CC (parte de ss) Insolvência civil
LTDA Cartório CC (parte de ltda) Insolvência civil
Sociedade Simples SA
*Roupagem tão forte Junta comercial Lei das SA Falência/Recuperação Judicial
que altera a essência
LTDA Junta comercial CC (parte de ltda) Falência/Recuperação Judicial
SA Junta comercial Lei das SA Falência/Recuperação Judicial
Cooperativa
Sociedade Empresária
*Determinação da lei Insolvência civil (na prática
Junta comercial Lei da Cooperativas
para que seja sempre vem sendo subvertido)
sociedade simples
Obedece à: Essência Roupagem Essência

Incidente de desconsideração de personalidade jurídica é, na verdade, uma extensão da


responsabilidade para todos aqueles que comprovadamente participaram ou se
beneficiaram da fraude/simulação. Dessa forma, essas pessoas (físicas ou jurídicas),
passam a integrar o polo passivo da ação, respondendo pela dívida com todo o seu
patrimônio, presente ou futuro.

Visão panorâmica do processo falimentar


Recuperação judicial e falência são dois processos diferentes, mas ambos envolvem um
devedor e sua coletividade de credores (“execução coletiva”).
Recuperação: objetivo de reestabelecimento do devedor.
Falência: não há mais possibilidade de recuperação do devedor.

▶ Recuperação judicial
Petição inicial: requerida pelo empresário devedor constando (I) qualificação, (II) Comentado [BC1]: Se for indeferida, converte-se o
descrição da atividade desenvolvida, (III) da situação econômica adversa, (IV) processo em falência.

demonstração da possibilidade de reerguer a empresa e (V) pedido de


processamento da RJ. Documentos necessários: contrato social/estatuto,
identificação dos sócios, documentos contábeis, relação dos credores (serão
convidados a participar da RJ por edital).
Os credores (cientificados por edital) podem manejar impugnação de crédito caso
não concordem com a relação de credores. Caso algum credor não esteja na relação,
será necessário requerer a habilitação de seu crédito.
Recebida a petição inicial, o juiz poderá determinar a avaliação pericial para saber
se a empresa é recuperável. Dessa forma, ele poderá deferir ou não o processamento Comentado [BC2]: Se não deferir, converte-se o processo
da RJ a depender da condição da empresa (não defere a RJ, mas sim seu em falência.

processamento).
Análise de recuperabilidade: o pedido de recuperação faz um corte no tempo,
de modo que tudo que acontecer depois do pedido deve ser pago em tempo. O
que ficar pendente antes do pedido entra na recuperação. Para isso ser viável,
a empresa deverá ser superavitária (operacionalmente). O passivo que ficou
para trás é pago de acordo com um plano de pagamento que utiliza os recursos
desse superavit.
Quando o processamento da RJ é deferido, a exigibilidade dos créditos pendentes (até a
data do pedido) é suspensa. Dessa forma, as cobranças deixarão de ser feitas
individualmente para serem feitos dentro da RJ. Os débitos do período da RJ poderão ser
cobrados individualmente normalmente.
O devedor deve apresentar um plano de pagamento dos credores do período anterior. Comentado [BC3]: Se não apresentar no prazo, converte-
Deverá haver a indicação de como será feito o pagamento e em qual prazo. se o processo em falência.

Os credores podem apresentar objeções ao plano (não precisa ser fundamentado). Se


houver qualquer objeção o plano será examinado em assembleia geral de credores.
Durante a RJ, a empresa continua a ser administrada pelos seus próprios administradores,
mas há a nomeação de um administrador judicial (na verdade é mais um fiscal judicial, já
que ele não administra nada) para fiscalizar o funcionamento da empresa em RJ (se está
pagando as despesas em dia, se há indícios de fraude aos credores, etc.) e, em caso de
irregularidades, informar o juízo.
Na AGC pode haver (I) o aceite do plano, (II) a rejeição do plano ou (III) ajustes ao plano Comentado [BC4]: Se o plano for rejeitado, converte-se o
(por iniciativa do devedor ou dos credores). processo em falência.

O juiz fará uma análise de legalidade (e não de conveniência) do plano, para homologá-
lo ou não. A homologação do plano implica novação das dívidas. Comentado [BC5]: Se não for homologado, converte-se o
processo em falência.
Havendo a homologação, inicia-se a fase de cumprimento do plano (fiscalizado pelo
administrador judicial), que dura 2 anos (o plano não precisa ser cumprido integralmente
nesses 2 anos). Se durante esse prazo verificar-se que a recuperação não está cumprindo
o plano, a RJ poderá ser convolada em falência (com a reversão da novação causada pelo
plano). Passado o prazo de 2 anos, verificadas as mesmas condições, o processo é extinto.
Os credores poderão requerer a falência, mas isso será feito em outro processo
(considerar-se-á a novação introduzida pelo plano).
▶ Falência
Pode ser decretada por sentença em processos originados de quatro formas
diferentes:
(I) Por requerimento de um credor:
Apresentação do pedido;
Contestação do pedido pela empresa;
Instrução probatória (caso necessário);
Sentença (decretando ou não a falência). Comentado [BC6]: Quando a sentença é decretada, não
se trata de uma sentença por excelência uma vez que ela
(II) Por iniciativa da própria empresa (autofalência): não dá fim ao processo. Recorre-se dela por agravo de
instrumento. Somente é recorrível por apelação se indeferir
Apresentação da pedido (jurisdição voluntária); a falência.

Juiz analisa o pedido e decide acerca da decretação da falência (credores não dão pitaco).
(III) Por iniciativa do sócio:
Diferente de autofalência, uma vez que a sociedade poderá se defender;
(IV) Convolação da RJ em falência

O administrador judicial administra a falência (=/= do administrador da RJ). Arrecadar o


ativo e utilizar o patrimônio para pagar os credores, respeitadas as preferências (art. 83 a
85).

Efeitos da decretação de falência:


(I) A sociedade falida não pode continuar exercendo a atividade empresarial, mas
continua existindo.
(II) Formação da massa falida (ente despersonalizado).
(III) Não poderá dispor de seu patrimônio.
(IV) Administrador judicial efetivamente administra, sob controle do juiz, o processo
de falência.
(V) Suspensão das execuções individuais para que todos os credores possam
participar da falência, como execução coletiva. Essa suspensão não se estende aos
coobrigados (ex.: fiadores, avalistas, etc.).
(VI) Estabelecimento do termo legal da quebra (marco temporal que marca o início
dos efeitos da falência, criando a possibilidade de retroação). Objetivo de evitar
fraudes no sentido de desviar os bens logo antes da decretação da quebra. Nesse
período, que se chama “período suspeito”, presume-se a fraude dos atos praticados.
Após a decretação da falência é necessário arrecadar os bens de forma eficiente, sob pena
de arcar com a possibilidade de os bens irem “sumindo”. É necessário confrontar os
últimos balanços com os bens efetivamente arrecadados para verificar a existência de
fraudes. A arrecadação não é feita por oficial de justiça, mas sim pelo administrador
judicial.
O ativo, após arrecadado, é avaliado e vendido (transformado em dinheiro).
A partir do passivo, faz-se o levantamento dos credores (manejam-se as respectivas
habilitações/impugnações de crédito). Com isso, forma-se o quadro geral de credores.
Nesse momento já se sabe quanto do passivo será possível pagar, além de ter uma ideia
de quem irá receber ou não.
A próxima etapa é realizar os pagamentos ao credores de acordo com a ordem de
preferência. Primeiro devolve-se o que é propriedade de alguém, depois arca-se com as
despesas da massa falida e, após, paga-se os credores do falido na ordem de preferência
do art. 83 (trabalhista, garantia real, quirografários)
Em paralelo a esse procedimento, o administrador judicial da falência investiga a prática
de eventuais crimes falimentares. Para tanto, o administrador aponta um perito técnico
(homologado pelo juízo) para produzir um laudo indicando a ocorrência ou não desses
crimes. Caso constatados indícios, o administrador elabora um relatório consubstanciado
que vai para o MP.
Ao final, do procedimento todo, o administrador judicial precisa apresentar uma prestação
de contas (relativo aos números) e um relatório final. Somente então é prolatada a
sentença de encerramento da falência.
Observação: Contra todas as decisões proferidas no processo falimentar cabe agravo,
uma vez que falência é execução concursal (art. 1.015, § único).
A sentença de encerramento da falência ≠ Extinção das obrigações do falido ≠ Baixa do
registro na junta comercial
Confrontando o quadro geral de credores com o que foi efetivamente pago, pode ser que
constatemos a existência de obrigações não quitadas, que poderão ser extintas sem o
pagamento.
Antes de 01/2021: falido pedia a extinção dessas obrigações faltantes em processo
separado depois de 5 ou 10 anos (a depender da existência de crime falimentar) da
sentença de extinção falimentar.
Atualmente: a partir da decretação da quebra conta-se um prazo de 3 anos que, ao
final, as obrigações do falido (todas) são extintas. A única forma possível de entender
esse dispositivo seria se considerado somente para os credores inertes (que não
habilitaram/impugnaram seu crédito e não participaram da falência), que não estão
no quadro geral dos credores.
▶ Recuperação extrajudicial
Procedimento muito pouco usado na prática, mas que é muito melhor que a recuperação
judicial, onde o recuperando está andando sempre em uma corda bamba para não falir.
Em compensação, é mais trabalhoso que a RJ.
O risco é menor uma vez que não é necessário atingir todos os credores (é possível fazer
um plano de recuperação extrajudicial só para a classe de credores trabalhistas, por
exemplo).
Ademais, os credores são procurados individualmente antes e, quando atingida a maioria
(ainda que da classe) é levado à homologação judicial. Com a homologação, é possível
pedir a suspensão das execuções individuais (da classe abarcada).

Lei nº 11.101/2005
O artigo 1º define a quem serão aplicadas as disposições da lei (empresário e sociedade
empresária. Crítica: subversão dessa definição quando se defere RJ, por exemplo, de
clube de futebol (associação) e fundações. Essa onda não foi fundamentada por um
motivo nobre (isonomia entre os entes que operam na mesma lógica de ativo x passivo),
mas sim um movimento em prol dos clubes de futebol mal geridos.
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente
como devedor.
O artigo 2º exclui as empresas públicas e sociedades de economia mista do regime de RJ
e falência da lei, além das instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de
crédito, consórcios, entidades de previdência complementar, sociedades operadoras de
planos de assistência à saúde, sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e
outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. As instituições do inciso II se
submetem a agências reguladoras, que podem decretar sua liquidação (durante a
liquidação pode haver a transformação em falência caso passivo > ativo).
O art. 3º trás a competência para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir
a RJ ou decretar a falência: o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou Comentado [BC7]: Sede administrativa ou local da
da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. atividade? Necessidade de usar a hermenêutica para
resolver a questão uma vez que o legislador não foi claro.
O art. 4º foi vetado, mas dispunha que o MP interviria nos processos de RJ e falência. Comentado [BC8]: No Brasil, a política é não permitir
filiais, favorecendo a constituição de subsidiárias.
Nos arts. 94 a 98 define-se o procedimento de decretação da falência.
Quem pode solicitar a decretação da falência? O próprio devedor, o credor ou os sócios
da sociedade empresária. Comentado [BC9]: Há quem entenda que o sócio faz o
pedido e a sociedade poderia contestar. Outra corrente
Como o credor não tem acesso aos documentos contábeis/fiscais/bancários da sociedade, defende que o sócio requer em nome da sociedade. Um
a prova da insolvência é quase impossível de cobrar, motivo pelo qual lhe incumbe entendimento misto parece prevalecer, admitindo que o
sócio pede como substituto processual, mas o procedimento
comprovar a iliquidez por meio da impontualidade. Presume-se, com a impontualidade, deve ser realizado em contraditório (com a citação da
a iliquidez e, por consequência, a insolvência. sociedade.

Execução frustrada (juntada de título + certidão) ou prova de fraude/ilícito também pode


ensejar pedido de falência (essa prova é muito difícil.
Quando o credor solicita, o empresário pode contestar (inclusive solicitando RJ), não
contestar (o que redundará na decretação da falência) ou implementar o depósito elisivo
(mesmo se contestar junto). Para evitar que a falência se tornasse um meio de execução
oblíquo, require-se que o pedido de falência seja lastreado em um crédito de, no mínimo,
40 salários-mínimos.
Na falência requerida pelo próprio devedor, este deve comprovar sua insolvência por
meio de documentos contábeis. Nesses casos a impontualidade e a iliquidez são
presumidas.
Quando decretada a falência, o juiz deverá fixar o termo inicial da falência, que não Comentado [BC10]: Nos casos de autofalência.
poderá ser 90 dias contados (I) do pedido de falência, (II) do pedido de RJ ou (III) do
Comentado [BC11]: Hipóteses de convolação de RJ em
primeiro protesto por falta de pagamento (sem considerar os que tenham sido cancelados). falência.
Há uma discussão na jurisprudência para viabilizar a retroação do termo para mais de 90
Comentado [BC12]: Quando a falência é requerida pelo
dias no curso da falência ante indícios de fraude. credor.
Para que o juiz autorize a continuação provisória dos negócios do falido é necessário que
a atividade seja superavitária (exemplo do alto-forno). O falido não continua, somente o
negócio, tocado por um administrador nomeado pelo juiz.
Quando houver indício do cometimento de crime falimentar, o juiz poderá decretar a
prisão preventiva do falido ou de seus administradores.
Com a decretação da falência é expedido um ofício à administração pública para dar
efetividade à vedação de disposição do patrimônio do falido (ex.: bloqueio de
patrimônio), bem como permitir a habilitação de eventuais créditos.
O autor de pedido de falência de outrem realizado com dolo poderá ser condenado à
reparação de prejuízos.
Contratos bilaterais: prerrogativa do falido de rescindi-los (ou continuar se for vantajoso)
após a decretação da quebra.
Art. 119: efeitos sobre os contratos do falidos
Quando houver patrimônio de afetação, compartimentaliza-se o processo de falência
em “minifalências”.
Compensação no SFN é permitida.
Art. 122: compensação no sentido jurídico – dúvida na doutrina se compensa só quando
os créditos são da mesma natureza ou em todos os casos.
Créditos transferidos após a decretação da falência perdem a natureza original e
viram quirografário.
A massa falida só vai pagar juros incidentes após a decretação da quebra se comportar
(depois de pagar todos os outros credores) – isso quase nunca ocorre.
Arts. 75 a 81: aspectos processuais da falência
Art. 76: juízo universal (competência para tratar da falência e de todas as matérias
conexas) – vale para todas as instâncias.
Art. 6º: traz algumas exceções à regra do art. 76 (exceções ao concurso formal, que é
diferente do concurso material/obrigacional, onde não há exceções).
Ex.: Manejar a reclamatória trabalhista contra a massa falida na JT para, após
eventual constituição de crédito, cobrar no juízo falimentar. Se essa cobrança for feita
na JT, é possível suscitar conflito de competência no STJ, onde há jurisprudência
pacífica no sentido de preservar o juízo universal da falência.
Ex.: Credores com garantia real (alienação fiduciária/penhor/hipoteca). Pedido de
restituição do bem: juízo falimentar. Habilitação de crédito: juízo falimentar.
Ex.: Crédito fiscal (todo e qualquer crédito de ente público, podendo ser tributário ou
não). A cobrança desse crédito é feita via execução fiscal (a massa falida só vai poder
embargar, visto que não pode pagar ou oferecer bens em garantia), e não habilitação
de crédito na falência. A execução segue até que haja crédito eventualmente
constituído, momento no qual é necessário recorrer ao juízo falimentar fazendo uma
penhora no rosto dos autos da falência. Se o crédito fiscal não for tributário, sua
classificação será determinada pelo juiz da falência.
Ex.; Em se tratando de crédito ilíquido (tanto de credor com garantia real quanto
credor quirografário) é possível terminar de liquidar o crédito no juízo originário
antes de habilitá-lo, já líquido, no juízo falimentar.
Obs.: Se antes da liquidação/constituição do crédito estiver ocorrendo o pagamento da
respectiva classe no processo falimentar, o credor (trabalhista/com garantia
real/fiscal/quirografário) deve fazer um pedido de reserva de crédito. O juiz também pode
fazer isso de ofício.
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado,
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.
Atualmente quase sempre o administrador é uma PJ, em razão das vantagens
tributárias do regime. Ademais, quando a falência é de grande porte, é necessário
uma estrutura maior que uma única pessoa física.
Art. 22. Deveres e atribuições do administrador judicial.
Cada processo de falência tem suas peculiaridades, sendo que pode se fazer
necessária a contratação de auxiliares da falência (ex.: contador, vigilante, escritórios
de advocacia, etc.). A contratação/remuneração desses auxiliares deverá ser
requerida pelo administrador judicial e aprovada pelo juiz. Esses gastos são
extraconcursais (pagos depois das restituições e antes dos credores concursais.
Ademais, todo mês é apresentada uma prestação de contas da massa falida (receitas
e despesas mensais, além de previsão de orçamento do mês seguinte).
Prazo para arrecadação dos bens: máximo de 180 dias (para os bens do falido que
são encontrados facilmente faz sentido, mas quando pensamos nos bens
desviados/”sumidos” surgem os problemas). Com pedido fundamentado e
autorização do juízo é possível diferir a arrecadação no interesse dos credores (ex.:
deixar para vender minério no ano seguinte).
O administrador só pode transigir sobre obrigações da massa falida com autorização
judicial, ouvidos o comitê de credores e o devedor. Comentado [BC13]: Muito raro nas falências (credores
perdem a esperança de receber). Abre-se vista aos credores
O administrador judicial responde por eventuais prejuízos que tenha dado causa para considerações sobre a proposta.
durante o processo da falência.
Art. 24. Pagamento do administrador judicial
A maior parte pede para receber uma parte do pagamento adiantado (X por mês até
o limite de Y). O restante é pago no final (se não houve adiantamento é tudo pago no
final). O administrador que quer receber (todos) fazem pedido de reserva de crédito
para não saírem prejudicados.
Destituição: não tem remuneração. / Substituição: remunera pelo serviço prestado até
então. / Renúncia pelo administrador: renuncia à remuneração.
Art. 26 e ss. Comitê de credores
Responsabilidade civil do comitê por omissão? Possível em face ao dever positivo
de fiscalizar.

Art. 108. Arrecadação dos bens


Identificação dos bens, relacionar os bens e formalizar a arrecadação por meio do
auto de arrecadação (geralmente feito por um leiloeiro e assinado pelo administrador
judicial).
Pode se dar em individualmente ou bloco (quando agregar valor). Na prática, é ideal
que haja a avaliação de cada bem em separado para, caso não seja possível vender
em bloco, poder vender isoladamente.
Na prática, o leiloeiro costuma ficar como depositário dos bens arrecadados até a
venda. Também é possível deixar com outras pessoas (ex.: imóvel com o locatário,
que passa a pagar o aluguel para a massa falida).
Art. 109. Lacração do estabelecimento
Visa impedir a movimentação dos bens de modo a frustrar a diligência de
arrecadação.
Art. 111. Credores adquirindo/adjudicando bens
Respeitando o valor do crédito e a ordem de preferência.
Análise de viabilidade feita pelo juiz depois da avaliação, quando já houver, no
processo, o quadro geral de credores consolidado e do auto de arrecadação
acompanhado do auto de depósito e da avaliação do bem.
Art. 114-A. Encerramento prematuro da falência
Quando o administrador chega para a arrecadar e não há bens (sem fraude).
Art. 85. Pedido de restituição
Cabível quando um bem de propriedade alheia é arrecadado quando estava na posse
do falido. Baseado no direito constitucional de propriedade.
Não se aplica a dinheiro depositado no banco (características do contrato de depósito
com similitude ao mútuo). Decisão por maioria apertada no STJ.
No caso de consórcio, o STJ chegou à conclusão de que há direito de restituição
apesar de ter considerado a mesma natureza do contrato de depósito com os bancos.
Falência de previdência complementar: e o dinheiro é dos participantes do plano,
cabendo restituição.
Ações: quando a corretora quebra, o investidor continua sendo dono da ação.
Alienação fiduciária: propriedade do bem em garantia é do credor, cabendo
restituição (faz os bancos receberem antes dos trabalhistas e extra concursais).
Outra “burla” em favor dos bancos é a trava bancária (retenção) de créditos oriundos
de cessão fiduciária de recebíveis (ex.: cartão de crédito). Crítica: direito real, em
tese, incide sobre coisas, não créditos. Pessoas não são proprietárias de créditos, mas
sim titulares destes.
Restituição pró fisco (INSS): retenção na fonte (dinheiro do trabalhador que foi retido
e não repassado ao INSS). Em se tratando de apropriação indébita por parte do
empregador, o INSS pode pedir a restituição da parte do empregado, que é sua
propriedade. A parte da contribuição do empregador entra junto com os outros
créditos tributários.
Art. 86. Furas-fila por meio da restituição
Restituição por equiparação, sem fundamento no direito de propriedade.

Na grande maioria das falências no Brasil, após decretada a quebra, não são encontrados
bens para arrecadação. Isso pode ocorrer devido a circunstâncias do negócio ou devido a
fraudes (maioria).

Pedido revocatório Ação revocatória Ação de responsabilidade IDPJ Ação anulatória


Localização Art. 129 Art. 130 Art. 82 Art. 82-A c/c CPC CPC
Hipóteses de diminuição do
Causa de pedir patrimônio que seria arrecadado Hipóteses de atos faudelentos. Hipótese de ato ilícito que gera dano. Fraude contra credores. Vício do negócio jurídico.
pelo massa falida. Ver incisos.
Prova de transferência de
patrimônio quando já havia A demonstração dos requisitos
Prova da fraude. Diante de
Fraude presumida. É necessário débito (prova de fraude). Em depende se a responsabilidade sera
indícios o juiz pode conceder
Prova provar apenas que as condutas tese não precisa provar o objetiva ou subjetiva. Quando Prova do vício.
liminar de indisponibilidade ou
aconteceram propósito de lesar os credores, subjetiva, além do três requisitos, é
de arrecadação.
mas alguns juízes consideram preciso provar o dolo/culpa.
isso.
Massa falida, qualquer credor, MP Nulidade absoluta: qualquer
Massa falida, qualquer credor Massa falida, qualquer credor
ou o juíz pode decretar de ofício. Massa falida, qualquer credor ou MP. pessoa.
Legitimidade ou MP. ou MP.
O pedido é feito dentro da própria Ação própria. Nulidade relativa: parte
Ação própria. Incidente processual.
falência. prejudicada.

Quaisquer pessoas que tenham Quaisquer pessoas que tenham Sócios de responsabilidade limitada, Qualquer pessoa que tenha Quaisquer pessoas que tenham
Réus participado ou se beneficiado das participado ou se beneficiado dos controladores e dos participado ou se beneficiado participado ou se beneficiado do
condutas citadas nos incisos. das condutas fraudulentas. administradores da sociedade falida. do desvio de patrimônio. ato.

Extensão de responsabilidade
Declaração de ineficácia do ato Revogação do ato fraudulento (trazer os réus para o polo
Reparação do prejuízo decorrente da Reverter a situação ao status quo
Pedido praticado (somente em relação à (declaração de ineficácia, passivo da ação principal para
conduta ilícita. ante.
massa). somente em relação à massa). responderem com todo seu
patrimônio). Cabe liminar.

2 anos contados do trânsito em


Há debate. Se considerar nulidade 3 anos contados da decretação Nulidade absoluta: imprescritível
Prescrição julgado da sentença de encerramento Imprescritível.
absoluta, não há prescrição. da falência Nulidade relativa: 5 anos
da falência.

Obs.: Não abe pedido de anulação quando é possível reparar o prejuízo.


Pode cumular quando o pedido for o mesmo (ex.: colunas 1,2 e 5 quando, por exemplo,
além de fraude há simulação).
Pode ter IDPJ em ação de responsabilidade, mas não vai ser o IDPJ do art. 82-A. Lembrar
que IDPJ é incidente.
Venda de bens, pagamento dos credores e relatório final
1. Imediata – art. 139 e art. 142, § 2º-A, II
Venda realizada logo que possível. Observa-se um interesse claro da lei em garantir
a celeridade da venda dos bens, mesmo que isso ocorra antes da formação do QGC.
Pequeno problema nessa hipótese com relação a possibilidade de os credores optarem
pela adjudicação dos bens.
Obs.: A venda imediata é dos bens do falido, os bens arrecadados por meio dos
institutos do quadro (IDPJ, etc.) só podem ser vendidos após o TJ.
2. Em bloco – art. 140
Objetivo de garantir uma venda com um valor mais elevado que se vender os bens
separados. É obrigatório tentar vender o estabelecimento como um todo antes de
dividir, contudo, essa segunda divisão também deverá reunir sub-blocos. Somente se
essa segunda tentativa falhar que será possível vender os bens em separado.
3. Leilão – art. 142
Em regra, a venda é feita por leilão, apesar de ser possível requerer ao juiz que seja
realizada de outras formas (ex.: envelope fechado, etc.).
4. Credores sub-rogam – art. 141, I
Quando a massa falida vende um bem do falido que foi arrecadado em leilão, a
propriedade dele é transferida para o comprador em troca de dinheiro. Esse dinheiro
que entra não é mais do falido, mas sim dos credores.
5. Live de débitos – art. 141, II
Os bens vendidos vão para o arrematante livre de débitos.
Se os débitos são do período anterior à arrecadação: responsabilidade do falido.
Se os débitos são do período posterior à arrecadação: responsabilidade da massa
falida (extraconcursal).
6. Preço vil – art. 142, § 2º-A, V
Objetivo de dar celeridade, mas peca ao buscar esse ideal a qualquer custo quando
indica que não é aplicável a disposição do preço vil. Violação do próprio propósito
do processo de falência, que é pagar os credores.
7. Pagamento – arts. 149, 150 e 151
Restituições e pagamento dos créditos extraconcursais vêm antes do pagamento de
qualquer credor.
Depois passa para os concursais, na ordem (Trabalhistas, Garantia Real, Tributário,
Quirografários, Subquirografários)
Todos os pagamentos são realizado mediante liberação da conta judicial por meio de
alvará.
8. Prestação de contas – art. 154
A lei prevê só no final, mas é recomendável que seja feita durante o processo mais
vezes quando houver entrada ou saída de dinheiro ocorrendo de forma corriqueira
(ex.: prestação de contas mensal).
Processo apartado da falência.
Os credores são intimados por edital e podem se manifestar com relação às contas.
O MP também verifica as contas (como se fosse uma perícia) e dá um parecer, pela
aprovação ou rejeição.
O juiz, então, julgará o incidente de prestação de contas. Se forem rejeitadas, o
administrador poderá ser responsabilizado por eventuais prejuízos.
9. Relatório final – art. 156
Parecido com a prestação de contas com relação aos fatos, mas tem objetivos
diferentes.
No relatório final especifica-se os credores que foram (ou não) pagos, incluindo
eventuais rateios proporcionais.
10. Encerramento da falência
11. Extinção de obrigações do falido – art. 158, 159 e 160
Pagamento de todos os créditos.
Após realizado o ativo, terem sido pagos pelo menos 25% dos créditos
quirografários.
Decorrido o prazo de 3 anos, contados da decretação da falência (bens arrecadados
anteriormente serão destinados à liquidação para satisfação dos créditos). Hipótese
aplicável somente ao credor que “dorme” para habilitar seu crédito, e não aos
credores já habilitados.
Não forem encontrados bens para arrecadação.
Encerramento da falência após o relatório final (com baixa do CNPJ).
Quando há o encerramento da falência com a extinção das obrigações mas o CPNJ
não é baixado o falido pode voltar a funcionar.
Recuperação judicial

Ler 47 ao 69-A
Art. 48 – Quem pode pedir RJ (requisitos cumulativos)
Exercer atividades regularmente há mais de 2 anos.
Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes.
Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial.
Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo
Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Art. 49 – Créditos que entram na RJ
Todos os créditos existentes na data do pedido (mesma lógica da falência de traçar
uma linha temporal).
As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos
encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação
judicial.
Proprietário fiduciário não se sujeita à RJ (mesma lógica do pedido de restituição da
falência).
Art. 50 – Meios de recuperação judicial
O que o empresário pode sugerir para que a empresa se recupere (lista não exaustiva).
Deve ser aprovado pelos credores.
Exemplos: alteração do contrato social, aumento do capital social, venda de bens,
emissão de valores mobiliários, usufruto da empresa, constituição de sociedade de
credores, etc.
Não haverá sucessão ou responsabilidade por dívidas de qualquer natureza a terceiro
credor, investidor ou novo administrador em decorrência, respectivamente, da mera
conversão de dívida em capital, de aporte de novos recursos na devedora ou de
substituição dos administradores desta.
Art. 51 – Petição inicial da RJ
Informações sobre a empresa, documentos contábeis, relação de credores, etc.
Distribuída a inicial, o juiz poderá determinar perícia para verificar a viabilidade da
RJ (viabilidade da empresa). – Art. 51-A
Art. 52 – Decisão de processamento
Juiz poderá deferir ou não o processamento da RJ. Se for indeferido, vira uma
falência.
Nomeação de administrador judicial (fiscalizar as atividades da recuperanda).
Determina-se a suspensão das ações/execuções com fato gerados anterior ao marco Comentado [BC14]: Se for o caso, pode terminar de
temporal. O estabelecimento do marco temporal para isso retroage à propositura da liquidar antes de suspender.
ação de RJ.
Art. 52, § 1º – Publicação de edital para cientificar os credores
Art. 7º e SS– Habilitação ou impugnação do crédito pelos credores
Verificação do passivo da recuperanda.
Viabilização da formação do QGC e AGC.
Art. 53 – Apresentação do plano da RJ
Deve ser apresentado em até 60 dias contados da decisão de processamento.
Art. 55 – Possibilidade de oposição ao plano pelos credores
Não precisa ser justificada.
Se não houver, o plano é homologado.
Deve ser feita em até 30 dias.
Art. 56 – Assembleia Geral de Credores
Convocada quando há qualquer oposição ao plano.
Será realizada em até 150 dias contados da decisão de processamento.
Se o plano for aprovado, o próximo passo é a remessa ao MP para parecer e, em
seguida para o juiz proferir a decisão de homologação. Comentado [BC15]: Pode ser indeferido plano aprovado
na hipótese de controle de legalidade feito pelo juiz.
Art. 58 – Decisão de homologação
Se homologado, começa a fase de cumprimento do plano homologado, que durará
dois anos.
Se não for homologado, o juiz pode oportunizar a apresentação de novo plano pelos
credores (plano alternativo de RJ – Art. 6º, § 4º-A e art. 56, § 4º), que também será
analisado em uma nova AGC.
O juiz pode divergir dos credores e aprovar plano não aprovado por eles (§ 1º traz as
hipóteses, que são raras)
Art. 63 – Decisão de encerramento da RJ (na fase judicial).
Após os dois anos, o juiz proferirá nova decisão atestando o cumprimento do plano
e encerrando o processo de RJ (o plano pode continuar a ser cumprido sem o processo
de RJ e sem fiscalização pelo juízo).
OBS.: Atos de fiscalização do administrador judicial
Antes da realização da AGC o administrador judicial apresenta um relatório sobre a
real situação da empresa em recuperação (consubstanciado na fiscalização que ele
faz durante todo o processo).
No final do prazo de 2 anos de cumprimento do plano, o administrador judicial
apresenta novo relatório sobre a situação da empresa e sobre o (não) cumprimento
do plano.
A apresentação desses relatórios não dispensa o fornecimento periódico de
informações em juízo.
Art. 69-A a F – Formas de financiamento diferenciado para empresas em RJ.
Art. 69-G e SS – Consolidação processual ou substancial. Comentado [BC16]: Fogão de várias bocas e várias
panelas.
Comentado [BC17]: Fogão de uma boca e um único
caldeirão.
Recuperação Extrajudicial

Na recuperação judicial extrajudicial, quem não está abarcado pelo plano poderá
continuar a manejar suas execuções, inclusive, se for o caso, pedir falência (art. 161, §
4º).
Na recuperação extrajudicial, ao contrário da judicial, a negociação com os credores
ocorre em momento anterior à apresentação do plano em juízo.
O fisco não se sujeita às RJ e REJ.
Se a empresa conseguir 50% + 1 dos credores de determinada classe, ela já pode levar o
plano à juízo para homologação, dragando o restante dos credores para dentro do plano.
Para próxima aula: quadro comparativo entre RJ e REJ com relação aos seguintes
critérios.
a) Momento da negociação
b) Classes de credores envolvidas
c) Quórum de aprovação
d) Fiscalização
e) Efeitos do ajuizamento do pedido
f) Convolação em falência

Adv da recuperanda: apresentar o plano


Adm. Jud.: Verificar a presença, verificar o quórum, instalar e presidir a AGC, organizar
a votação (verificar o limite dos 150 sm), elaborar ata da AGC
Credores: Considerações na assembleia e, se for o caso, voto. Elaboração plano
alternativo.

Empresa da área da siderurgia, que usa os insumos minério e carvão. De acordo com a
legislação em vigor, elas precisam de floresta própria para alimentar o forno.
Ativo: imóvel sede (50 milhões), fazendas de eucalipto (50 milhões), máquinas e
equipamentos (20 milhões), recebíveis de clientes venda do ação (5 milhões) e caixa (5
milhões).
Passivo: crédito do BB garantido por hipoteca das fazendas (40 milhões), crédito do
Bradesco garantido por alienação fiduciária do imóvel sede (40 milhões), crédito de 10
milhões da União e outro de 10 milhões do Estado de Minas Gerais, quirografários (15
Milhões divididos pelos 10 credores), trabalhistas (10 milhões divididos entre 20
credores).
Receita mensal: 5 milhões
Despesa mensal: 3 milhões

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