Caderno Empresarial
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Revisão
Tudo começa com as pessoas (e seu conjunto: a população) em determinado território
com liberdade absoluta para fazerem o que quiserem num regime anárquico.
Essa liberdade ampla e irrestrita é trocada por alguns direitos no contexto do contrato
social. Alguns representantes redigem uma lei maior (Constituição) que determina como
o poder será exercido sobre a população daquele território.
Poder: divisão entre legislativo, executivo (prestar serviços públicos, fiscalizar e
fomentar) e judiciário.
Entes despersonificados:
- Não têm personalidade e, portanto, não têm capacidade – o direito dá a elas
capacidade para praticarem atos
• Condomínio
• Massa falida
• Espólio
• Sociedade de fato
• Sociedade irregular
• Sociedade em conta de participação
• Consórcio de empresas
• Fundo de investimento:
- Quem forma: os cotistas
- O que forma: os bens que os cotistas colocam no fundo, somado aos bens que o fundo
adquiriu
- Quem representa: o administrador
- Ente despersonificado por força de lei
- Fiscalizados e regulados pela CVM
• Consórcio para compra de bens:
- Quem forma: os consorciados
- O que forma: o dinheiro que os consorciados aportam
- Quem representa: a sociedade administradora de consórcio
- Fiscalizados e regulados pelo Bacen
• Planos de previdência complementar:
- Quem forma: os participantes do plano
- O que forma: o dinheiro que os participantes aportam e os investimentos feitos com
esse dinheiro
- Quem administra: alguma instituição financeira
- Pode ser fechado (funcionários de certas empresas) ou aberto
- Fiscalizados pela Previc (planos fechados) e Susep (planos abertos)
▶ Recuperação judicial
Petição inicial: requerida pelo empresário devedor constando (I) qualificação, (II) Comentado [BC1]: Se for indeferida, converte-se o
descrição da atividade desenvolvida, (III) da situação econômica adversa, (IV) processo em falência.
processamento).
Análise de recuperabilidade: o pedido de recuperação faz um corte no tempo,
de modo que tudo que acontecer depois do pedido deve ser pago em tempo. O
que ficar pendente antes do pedido entra na recuperação. Para isso ser viável,
a empresa deverá ser superavitária (operacionalmente). O passivo que ficou
para trás é pago de acordo com um plano de pagamento que utiliza os recursos
desse superavit.
Quando o processamento da RJ é deferido, a exigibilidade dos créditos pendentes (até a
data do pedido) é suspensa. Dessa forma, as cobranças deixarão de ser feitas
individualmente para serem feitos dentro da RJ. Os débitos do período da RJ poderão ser
cobrados individualmente normalmente.
O devedor deve apresentar um plano de pagamento dos credores do período anterior. Comentado [BC3]: Se não apresentar no prazo, converte-
Deverá haver a indicação de como será feito o pagamento e em qual prazo. se o processo em falência.
O juiz fará uma análise de legalidade (e não de conveniência) do plano, para homologá-
lo ou não. A homologação do plano implica novação das dívidas. Comentado [BC5]: Se não for homologado, converte-se o
processo em falência.
Havendo a homologação, inicia-se a fase de cumprimento do plano (fiscalizado pelo
administrador judicial), que dura 2 anos (o plano não precisa ser cumprido integralmente
nesses 2 anos). Se durante esse prazo verificar-se que a recuperação não está cumprindo
o plano, a RJ poderá ser convolada em falência (com a reversão da novação causada pelo
plano). Passado o prazo de 2 anos, verificadas as mesmas condições, o processo é extinto.
Os credores poderão requerer a falência, mas isso será feito em outro processo
(considerar-se-á a novação introduzida pelo plano).
▶ Falência
Pode ser decretada por sentença em processos originados de quatro formas
diferentes:
(I) Por requerimento de um credor:
Apresentação do pedido;
Contestação do pedido pela empresa;
Instrução probatória (caso necessário);
Sentença (decretando ou não a falência). Comentado [BC6]: Quando a sentença é decretada, não
se trata de uma sentença por excelência uma vez que ela
(II) Por iniciativa da própria empresa (autofalência): não dá fim ao processo. Recorre-se dela por agravo de
instrumento. Somente é recorrível por apelação se indeferir
Apresentação da pedido (jurisdição voluntária); a falência.
Juiz analisa o pedido e decide acerca da decretação da falência (credores não dão pitaco).
(III) Por iniciativa do sócio:
Diferente de autofalência, uma vez que a sociedade poderá se defender;
(IV) Convolação da RJ em falência
Lei nº 11.101/2005
O artigo 1º define a quem serão aplicadas as disposições da lei (empresário e sociedade
empresária. Crítica: subversão dessa definição quando se defere RJ, por exemplo, de
clube de futebol (associação) e fundações. Essa onda não foi fundamentada por um
motivo nobre (isonomia entre os entes que operam na mesma lógica de ativo x passivo),
mas sim um movimento em prol dos clubes de futebol mal geridos.
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente
como devedor.
O artigo 2º exclui as empresas públicas e sociedades de economia mista do regime de RJ
e falência da lei, além das instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de
crédito, consórcios, entidades de previdência complementar, sociedades operadoras de
planos de assistência à saúde, sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e
outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. As instituições do inciso II se
submetem a agências reguladoras, que podem decretar sua liquidação (durante a
liquidação pode haver a transformação em falência caso passivo > ativo).
O art. 3º trás a competência para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir
a RJ ou decretar a falência: o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou Comentado [BC7]: Sede administrativa ou local da
da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. atividade? Necessidade de usar a hermenêutica para
resolver a questão uma vez que o legislador não foi claro.
O art. 4º foi vetado, mas dispunha que o MP interviria nos processos de RJ e falência. Comentado [BC8]: No Brasil, a política é não permitir
filiais, favorecendo a constituição de subsidiárias.
Nos arts. 94 a 98 define-se o procedimento de decretação da falência.
Quem pode solicitar a decretação da falência? O próprio devedor, o credor ou os sócios
da sociedade empresária. Comentado [BC9]: Há quem entenda que o sócio faz o
pedido e a sociedade poderia contestar. Outra corrente
Como o credor não tem acesso aos documentos contábeis/fiscais/bancários da sociedade, defende que o sócio requer em nome da sociedade. Um
a prova da insolvência é quase impossível de cobrar, motivo pelo qual lhe incumbe entendimento misto parece prevalecer, admitindo que o
sócio pede como substituto processual, mas o procedimento
comprovar a iliquidez por meio da impontualidade. Presume-se, com a impontualidade, deve ser realizado em contraditório (com a citação da
a iliquidez e, por consequência, a insolvência. sociedade.
Na grande maioria das falências no Brasil, após decretada a quebra, não são encontrados
bens para arrecadação. Isso pode ocorrer devido a circunstâncias do negócio ou devido a
fraudes (maioria).
Quaisquer pessoas que tenham Quaisquer pessoas que tenham Sócios de responsabilidade limitada, Qualquer pessoa que tenha Quaisquer pessoas que tenham
Réus participado ou se beneficiado das participado ou se beneficiado dos controladores e dos participado ou se beneficiado participado ou se beneficiado do
condutas citadas nos incisos. das condutas fraudulentas. administradores da sociedade falida. do desvio de patrimônio. ato.
Extensão de responsabilidade
Declaração de ineficácia do ato Revogação do ato fraudulento (trazer os réus para o polo
Reparação do prejuízo decorrente da Reverter a situação ao status quo
Pedido praticado (somente em relação à (declaração de ineficácia, passivo da ação principal para
conduta ilícita. ante.
massa). somente em relação à massa). responderem com todo seu
patrimônio). Cabe liminar.
Ler 47 ao 69-A
Art. 48 – Quem pode pedir RJ (requisitos cumulativos)
Exercer atividades regularmente há mais de 2 anos.
Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes.
Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial.
Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo
Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Art. 49 – Créditos que entram na RJ
Todos os créditos existentes na data do pedido (mesma lógica da falência de traçar
uma linha temporal).
As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos
encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação
judicial.
Proprietário fiduciário não se sujeita à RJ (mesma lógica do pedido de restituição da
falência).
Art. 50 – Meios de recuperação judicial
O que o empresário pode sugerir para que a empresa se recupere (lista não exaustiva).
Deve ser aprovado pelos credores.
Exemplos: alteração do contrato social, aumento do capital social, venda de bens,
emissão de valores mobiliários, usufruto da empresa, constituição de sociedade de
credores, etc.
Não haverá sucessão ou responsabilidade por dívidas de qualquer natureza a terceiro
credor, investidor ou novo administrador em decorrência, respectivamente, da mera
conversão de dívida em capital, de aporte de novos recursos na devedora ou de
substituição dos administradores desta.
Art. 51 – Petição inicial da RJ
Informações sobre a empresa, documentos contábeis, relação de credores, etc.
Distribuída a inicial, o juiz poderá determinar perícia para verificar a viabilidade da
RJ (viabilidade da empresa). – Art. 51-A
Art. 52 – Decisão de processamento
Juiz poderá deferir ou não o processamento da RJ. Se for indeferido, vira uma
falência.
Nomeação de administrador judicial (fiscalizar as atividades da recuperanda).
Determina-se a suspensão das ações/execuções com fato gerados anterior ao marco Comentado [BC14]: Se for o caso, pode terminar de
temporal. O estabelecimento do marco temporal para isso retroage à propositura da liquidar antes de suspender.
ação de RJ.
Art. 52, § 1º – Publicação de edital para cientificar os credores
Art. 7º e SS– Habilitação ou impugnação do crédito pelos credores
Verificação do passivo da recuperanda.
Viabilização da formação do QGC e AGC.
Art. 53 – Apresentação do plano da RJ
Deve ser apresentado em até 60 dias contados da decisão de processamento.
Art. 55 – Possibilidade de oposição ao plano pelos credores
Não precisa ser justificada.
Se não houver, o plano é homologado.
Deve ser feita em até 30 dias.
Art. 56 – Assembleia Geral de Credores
Convocada quando há qualquer oposição ao plano.
Será realizada em até 150 dias contados da decisão de processamento.
Se o plano for aprovado, o próximo passo é a remessa ao MP para parecer e, em
seguida para o juiz proferir a decisão de homologação. Comentado [BC15]: Pode ser indeferido plano aprovado
na hipótese de controle de legalidade feito pelo juiz.
Art. 58 – Decisão de homologação
Se homologado, começa a fase de cumprimento do plano homologado, que durará
dois anos.
Se não for homologado, o juiz pode oportunizar a apresentação de novo plano pelos
credores (plano alternativo de RJ – Art. 6º, § 4º-A e art. 56, § 4º), que também será
analisado em uma nova AGC.
O juiz pode divergir dos credores e aprovar plano não aprovado por eles (§ 1º traz as
hipóteses, que são raras)
Art. 63 – Decisão de encerramento da RJ (na fase judicial).
Após os dois anos, o juiz proferirá nova decisão atestando o cumprimento do plano
e encerrando o processo de RJ (o plano pode continuar a ser cumprido sem o processo
de RJ e sem fiscalização pelo juízo).
OBS.: Atos de fiscalização do administrador judicial
Antes da realização da AGC o administrador judicial apresenta um relatório sobre a
real situação da empresa em recuperação (consubstanciado na fiscalização que ele
faz durante todo o processo).
No final do prazo de 2 anos de cumprimento do plano, o administrador judicial
apresenta novo relatório sobre a situação da empresa e sobre o (não) cumprimento
do plano.
A apresentação desses relatórios não dispensa o fornecimento periódico de
informações em juízo.
Art. 69-A a F – Formas de financiamento diferenciado para empresas em RJ.
Art. 69-G e SS – Consolidação processual ou substancial. Comentado [BC16]: Fogão de várias bocas e várias
panelas.
Comentado [BC17]: Fogão de uma boca e um único
caldeirão.
Recuperação Extrajudicial
Na recuperação judicial extrajudicial, quem não está abarcado pelo plano poderá
continuar a manejar suas execuções, inclusive, se for o caso, pedir falência (art. 161, §
4º).
Na recuperação extrajudicial, ao contrário da judicial, a negociação com os credores
ocorre em momento anterior à apresentação do plano em juízo.
O fisco não se sujeita às RJ e REJ.
Se a empresa conseguir 50% + 1 dos credores de determinada classe, ela já pode levar o
plano à juízo para homologação, dragando o restante dos credores para dentro do plano.
Para próxima aula: quadro comparativo entre RJ e REJ com relação aos seguintes
critérios.
a) Momento da negociação
b) Classes de credores envolvidas
c) Quórum de aprovação
d) Fiscalização
e) Efeitos do ajuizamento do pedido
f) Convolação em falência
Empresa da área da siderurgia, que usa os insumos minério e carvão. De acordo com a
legislação em vigor, elas precisam de floresta própria para alimentar o forno.
Ativo: imóvel sede (50 milhões), fazendas de eucalipto (50 milhões), máquinas e
equipamentos (20 milhões), recebíveis de clientes venda do ação (5 milhões) e caixa (5
milhões).
Passivo: crédito do BB garantido por hipoteca das fazendas (40 milhões), crédito do
Bradesco garantido por alienação fiduciária do imóvel sede (40 milhões), crédito de 10
milhões da União e outro de 10 milhões do Estado de Minas Gerais, quirografários (15
Milhões divididos pelos 10 credores), trabalhistas (10 milhões divididos entre 20
credores).
Receita mensal: 5 milhões
Despesa mensal: 3 milhões