Estudo de Caso, Violencia Sexual
Estudo de Caso, Violencia Sexual
Estudo de Caso, Violencia Sexual
Faculdade de Educação – FE
Escola Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – ENDICA / Escola Nacional
de Socioeducação - ENS
Brasília, 2022
Universidade de Brasília
Faculdade de Educação - FE
Escola Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – ENDICA / Escola Nacional
de Socioeducação - ENS
Brasília, 2022
Banca Examinadora
The general objective of this work is to promote a dialogue with the Rights Guarantee
System through a qualitative case study attended in a municipality of Santa Catarina. Its
specific objectives are: a) to contextualize the place of the Social Assistance Policy in the
Rights Guarantee System b) to describe the history of violence against children c) to
present data on violence against children d) to illustrate the case attended and relate it to
Brazilian literature and legislation. The results evidenced were: that the phenomenon of
violence is a public health problem, bringing harm to the whole society. It is reaffirmed
that in most cases sexual violence against children occurs in the intrafamily context,
perpetrated by people close to the victim. In addition, data from the bibliographic review
indicate that there is underreporting of complaints, although progress has been made in
terms of legal provisions that aim to expand reporting channels and curb violence.
Keywords: Rights Guarantee System. Sexual violence. Case study. Child and teenager.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente,com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Dedico também a Franciane Bortoli e Cacieli Fernanda Ribeiro de Oliveira por serem
sinônimos de amizade e profissionalismo.
SUMÁRIO
Introdução
Metodologia
Fundamentação Teórica
Conclusão
Referências
Introdução
O presente capítulo trata de um estudo de caso qualitativo, acompanhado pelo
Programa de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) em um
dispositivo da Política de Assistência Social (CREAS) no interior do estado de Santa
Catarina. O objetivo deste trabalho é fazer uma interlocução entre a violência sexual e o
Sistema de Garantia de Direitos. Como problematização, este trabalho se propõe a
apresentar um estudo de caso sobre violência sexual contra uma criança, articulado à
literatura.
A discussão acerca da violência sexual tem apresentado cada vez mais relevância
na sociedade brasileira, considerando o aumento de casos tanto no mundo quanto no
Brasil nas últimas décadas. Segundo dados do Governo Federal (2021), a violência contra
crianças e adolescentes atingiu o número de 50.098 denúncias no primeiro semestre de
2021. Desse total, 40.822 (81%) casos de violências ocorreram no interior das casas das
próprias vítimas. Esses dados foram obtidos pelo Disque 100, um dos canais da Ouvidoria
Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos (ONDH/MMFDH). No mesmo período, em 2020, o número de denúncias
chegou a 53.533 casos.
Conforme demonstra o 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o ano de
2020, ano da pandemia, apresentou um aumento de 4% dasmortes violentas em todas as
idades, incluído as crianças e os adolescentes. Para ilustrar esse aumento da violência contra
criança e adolescente, em 2020, ao menos, 267 crianças de 0 a 11 anos e 5.855 criançase
adolescentes de 12 a 19 anos de idade foram vítimas de mortes violentas intencionais. Ou
seja, trata-se de 6.122 crianças e adolescentes que morreram por causas violentas. Se
comparado ao ano de 2019, esse número significa um aumento de 3,6% nas mortes
violentas, sendo que o grupo etário de 0 a 11 anos de idade alcançou o patamar de 1,9% e
o de 12a 19 anos de idade, o aumento de 3,6%. Há mais de dois anos, portanto, que
morrem 17 crianças e adolescentes por dia no Brasil por mortes violentas.
Justifica-se, ainda, este estudo pelos dados alarmantes referentes a todos os tipos
de violência que são denunciadas no país. Segundo a OMS (2014), no mundo, 25% de
todos os adultos relatam ter sofrido abusos físicos quando crianças. Uma em cada cinco
mulheres confirma ter sofrido abusos sexuais, durante a infância, uma em cada três
mulheres foi vítima de violência física ou sexual praticada por parceiro íntimo em algum
momentoda vida.
O abuso sexual e suas consequências sobre a saúde da vítima são uma violação
dos direitos humanos, não escolhendo cor, raça, credo, etnia, sexo e idade para acontecer
(CUNHA; SILVA; GIOVANETTI, 2008). Furniss (1993) afirma que as
consequências ou o grau de severidade dos efeitos do abuso sexual variam de acordo com
algumas condições ou predeterminações de cada indivíduo, dentre eles: a idade da
criança, quando houve o início da violência; a duração e quantidade de vezes em que
ocorreu o abuso; o grau de violência utilizado no momento da situação; a diferença de
idade entre a pessoa que cometeu e a que sofreu o abuso; se existe algum tipo de vínculo
entre o abusador e a vítima; o acompanhamento de ameaças (violência psicológica) caso
o abuso seja revelado.
Vale situar o lugar do CREAS dentro do eixo estratégico da Promoção, uma vez
que este recebe maior destaque neste trabalho. Como forma de promover os direitos, o
Decreto nº 9.603/2018, regulamenta o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e
Adolescente (Lei 13.431/2013), foram criados grupos intersetoriais locais para discussão,
acompanhamento e encaminhamento de casos de suspeita ou de confirmação de violência
contra crianças e adolescentes, que poderá conter acolhimento, escuta especializada,
atendimento da rede de saúde e assistência social, comunicação ao conselho tutelar
comunicação ao Ministério Público, a autoridade policial, depoimento especial perante a
autoridade policial ou judiciária, aplicação de medida de proteção pelo conselho tutelar.
Metodologia
A metodologia de pesquisa escolhida foi a qualitativa, com abordagem de estudo
de casoe análise documental. Podemos compreender o estudo de caso como a construção
de uma teoria indutiva, a partir de um estudo empírico de um caso (TORMES,
MONTEIRO, MOURA, 2018).
Fundamentação Teórica
Araújo (2002) argumenta que a violência é uma violação do direito de liberdade,
do direito de ser sujeito da própria história, ou seja, a liberdade é uma capacidade e um
direito fundamental do ser humano. A violência é, então, toda e qualquer forma de
opressão, de maus-tratos e de agressão, tanto no plano físico quanto no emocional, que
contribuem para o sofrimento de uma pessoa. Três aspectos comuns às diversas
definições de abuso sexual incluem que a criança ou o adolescente é impossibilitado de
uma decisão sobre sua participação na situação abusiva e o uso da vítima para satisfação
sexual do agressor; e uso de coerção (PADILHA; GOMIDE, 2004).
O abuso sexual contra crianças e adolescentes pode ser definido como o contato
com um agressor em estágio psicossexual mais avançado, que expõe a vítima a estímulos
sexuais impróprios para a idade ou a utiliza para satisfazer-se sexualmente. Pode haver
uso de força física, ameaças, mentiras ou indução e incluir toques, carícias, exposição
genital e relações com penetração ou não (digital, vaginal ou anal), pornografia, assédio,
exibicionismo, voyerismo e prostituição (HABIGZANG; KOLLER; AZEVEDO;
MACHADO, 2005) (PIRES; MIYAZAKI, 2005) (PADILHA; GOMIDE, 2004).
Apresentação do caso:
Figura 1 Figura 2
Maya é filha de Maria e José. O serviço não teve acesso a outras informações a
respeito de José, pai de Maya e da relação dele com a mãe da criança ou ainda maiores
detalhes sobre a relação dele com a filha Maya. A genitora Maria, segundo o Poder
Judiciário, faz uso de álcool, o que levou a negligenciar os cuidados de Maya desde a
primeira infância, quando a expunha a ambientes inadequados para crianças como, por
exemplo, festas e bares. Em outros momentos, quando a mãe se retirava da casa, Maya
ficava muitas horas sozinha, sem a supervisão de um adulto. Aos dois anos de idade,
aproximadamente, Maya foi acolhida institucionalmente pela primeira vez em outro
município, onde a família materna residia.
Posteriormente, Maria (mãe) passou a morar junto com João (padrasto de Maya),
com o qual tinha outros dois filhos, Matheus (15 anos de idade) e Eduardo (8 anos de
idade). O relacionamento era bastante conturbado, separando-se e reatando com
frequência significativa. Quando Maya foi acolhida pela primeira vez, Maria estava
gestante de um outro filho, e em função dos conflitos com João e a dependência química
de álcool, mudou-se para outro município. Nessa época, João prestava os cuidados aos
filhos mais velhos, Matheus e Eduardo, e então passou a ser responsável também por
Maya. Nesse período, a genitora visitava os filhos na casa de João eventualmente, mas
não manifestava desejo de retomar o cuidado das crianças. Com o passar do tempo, Maria
deixou de visitar os filhos e se afastou da família, perdendo o contato.
Pedro e Ana apadrinharam Maya, desde que ela passou a morar com o padrasto,
e segundo Pedro, ele e a esposa, que não tinham filhos, criaram um vínculo com a criança.
Maya frequentava a casa dos padrinhos e ao ir embora chorava e dizia que gostaria de
morar com eles, mas segundo relatos dos padrinhos (Ana e Pedro) nunca desconfiaram que
a fala da criança podia se referir ao fato de que estava sofrendo violência.
Conclusão
Em termos de considerações finais foi possível retomar o conceito de violência,
suas repercussões específicas ao desenvolvimento infantil, e o que prevê a legislação
brasileira a respeito do assunto. Ao longo do capítulo, buscou-se relacionar o estudo de
caso com a literatura de estudiosos do tema, avanços e desafios do Sistema de Garantia
de Direitos brasileiros.
Referências
ARAÚJO, Maria de Fátima. Violência e abuso sexual na família. Psicologia em estudo,
p. 3-11, 2002. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pe/a/QJpLxjnNg6J3H4skJLgW3mf/?lang=pt. Acesso em 18 jan.
2022.
ARAÚJO, Ana Paula. Abuso: a cultura do estupro no Brasil. Rio de Janeiro. Globo
Livros, 386 p. 2021.
TORMES, Jiana et al. Estudo de caso: uma metodologia para pesquisas educacionais.
Ensaios Pedagógicos. 2018. Disponível em
http://www.ensaiospedagogicos.ufscar.br/index.php/ENP/article/view/57/100 Acesso
em 15 jan. 2022.