Estudo de Caso, Violencia Sexual

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Universidade de Brasília

Faculdade de Educação – FE
Escola Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – ENDICA / Escola Nacional
de Socioeducação - ENS

“Sabe o que aconteceu comigo?”: Um estudo de caso


sobre violência sexual

Bibiana Vencato Sieburger

Brasília, 2022
Universidade de Brasília
Faculdade de Educação - FE
Escola Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – ENDICA / Escola Nacional
de Socioeducação - ENS

Bibiana Vencato Sieburger

Trabalho de conclusão do Curso de


Especialização em Garantia dos Direitos e
Política de Cuidados à Criança e ao Adolescente.
Orientadora: Norma Lucia Neris de Queiroz

Brasília, 2022

Bibiana Vencato Sieburger


“Sabe o que aconteceu comigo?”: Um estudo de
caso sobre violência sexual

Trabalho de conclusão do Curso de


Especialização em Garantia dos Direitos e
Política de Cuidados à Criança e ao
Adolescente.
Orientadora: Norma Lucia Neris de Queiroz

Aprovado em: 16/02/2022.

Banca Examinadora

Norma Lucia Neris de Queiroz


Dra. em Psicologia (IP-UnB) Orientadora

Sidelmar Alves da Silva Kunz


Dr. em Educação (FE-UnB) Examinador externo
Resumo

O objetivo geral deste trabalho é promover um diálogo com o Sistema de Garantia de


Direitos através de um estudo de caso qualitativo atendido em um município de Santa
Catarina. Tem como objetivos específicos: a) contextualizar o lugar da Política de
Assistência Social no Sistema de Garantia de Direitos b) descrever o histórico acerca da
violência contra criança c) apresentar os dados relativos à violência contra criança d)
ilustrar o caso atendido e relacioná-lo à literatura e à legislação brasileira. Os resultados
evidenciados foram: que o fenômeno da violência é um problema de saúde pública,
trazendo prejuízo a toda a sociedade. A literatura científica afirma que na maioria dos
casos a violência sexual contra crianças ocorre no contexto intrafamiliar, perpretada por
pessoas próximas a vítima. Tal processo é reafirmado pelo caso estudado. Além disso, os
dados da revisão bibliográfica apontam que há subnotificação das denúncias, ainda que
se tenha avançado quanto aos dispositivos legais que visam ampliar os canais de denúncia
e coibir a violência contra crianças e adolescentes.

Palavras Chaves: Sistema de Garantia de Direitos. Violência sexual. Estudo de caso.


Criança e Adolescente.
Abstract

The general objective of this work is to promote a dialogue with the Rights Guarantee
System through a qualitative case study attended in a municipality of Santa Catarina. Its
specific objectives are: a) to contextualize the place of the Social Assistance Policy in the
Rights Guarantee System b) to describe the history of violence against children c) to
present data on violence against children d) to illustrate the case attended and relate it to
Brazilian literature and legislation. The results evidenced were: that the phenomenon of
violence is a public health problem, bringing harm to the whole society. It is reaffirmed
that in most cases sexual violence against children occurs in the intrafamily context,
perpetrated by people close to the victim. In addition, data from the bibliographic review
indicate that there is underreporting of complaints, although progress has been made in
terms of legal provisions that aim to expand reporting channels and curb violence.

Keywords: Rights Guarantee System. Sexual violence. Case study. Child and teenager.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente,com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Vencato Sieburger, Bibiana


V S571 “Sabe o que aconteceu comigo?”: Um estudo de caso sobreviolência
sexual / Bibiana Vencato Sieburger; orientadora Norma Lucia
Neris de Queiroz. -- Brasília, 2022.
22 p.

Monografia (Especialização - Especialização em Garantia


dos Direitos e Política de Cuidados à Criança e ao
Adolescente) -- Universidade de Brasília, 2022.

1. Sistema de Garantia de Direitos. 2. Violência Sexual


. 3. Estudo de Caso. 4. Criança e Adolescente. I. Neris de
Queiroz, Norma Lucia, orient. II. Título.
Dedicatória

Dedico este trabalho e os anos como psicóloga do


SUASa todas as crianças e adolescentes que compartilharam suas histórias comigo
sem saber
que transformariam minha vida para sempre.

Dedico também a Franciane Bortoli e Cacieli Fernanda Ribeiro de Oliveira por serem
sinônimos de amizade e profissionalismo.
SUMÁRIO

Introdução

Metodologia

Fundamentação Teórica

Estudo de caso, Análise e Resultado

Conclusão

Referências
Introdução
O presente capítulo trata de um estudo de caso qualitativo, acompanhado pelo
Programa de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) em um
dispositivo da Política de Assistência Social (CREAS) no interior do estado de Santa
Catarina. O objetivo deste trabalho é fazer uma interlocução entre a violência sexual e o
Sistema de Garantia de Direitos. Como problematização, este trabalho se propõe a
apresentar um estudo de caso sobre violência sexual contra uma criança, articulado à
literatura.

A violência sexual é entendida como qualquer conduta que constranja a criança


ou o adolescente, a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato
libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não. Já
o abuso sexual pode ser entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do
adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de
modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro
(art. 4º da Lei nº 13.431/2017).

A negligência pode ser considerada também como descuido, ausência de auxílio


financeiro, colocando a criança e o adolescente em situação precária: desnutrição, baixo
peso, doenças, falta de higiene. (AZEVEDO; GUERRA, 2001). O padrão negligente é
aquele cujos pais são fracos tanto em controlar o comportamento dosfilhos quanto em
atender as suas necessidades e demonstrar afeto. São pais pouco envolvidos com a criação
dos filhos, não se mostrando interessados em suas atividades e sentimentos. Pais
negligentes centram-se em seus próprios interesses, tornando-se indisponíveis enquanto
agentes socializadores. (REPPOLD et al., 2002).

A discussão acerca da violência sexual tem apresentado cada vez mais relevância
na sociedade brasileira, considerando o aumento de casos tanto no mundo quanto no
Brasil nas últimas décadas. Segundo dados do Governo Federal (2021), a violência contra
crianças e adolescentes atingiu o número de 50.098 denúncias no primeiro semestre de
2021. Desse total, 40.822 (81%) casos de violências ocorreram no interior das casas das
próprias vítimas. Esses dados foram obtidos pelo Disque 100, um dos canais da Ouvidoria
Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos (ONDH/MMFDH). No mesmo período, em 2020, o número de denúncias
chegou a 53.533 casos.
Conforme demonstra o 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o ano de
2020, ano da pandemia, apresentou um aumento de 4% dasmortes violentas em todas as
idades, incluído as crianças e os adolescentes. Para ilustrar esse aumento da violência contra
criança e adolescente, em 2020, ao menos, 267 crianças de 0 a 11 anos e 5.855 criançase
adolescentes de 12 a 19 anos de idade foram vítimas de mortes violentas intencionais. Ou
seja, trata-se de 6.122 crianças e adolescentes que morreram por causas violentas. Se
comparado ao ano de 2019, esse número significa um aumento de 3,6% nas mortes
violentas, sendo que o grupo etário de 0 a 11 anos de idade alcançou o patamar de 1,9% e
o de 12a 19 anos de idade, o aumento de 3,6%. Há mais de dois anos, portanto, que
morrem 17 crianças e adolescentes por dia no Brasil por mortes violentas.

Diante deste cenário, aprofundar a discussão sobre a complexidade que essa


violência tem se manifestado na sociedade brasileira junto às famílias, aos profissionais
das áreas da Assistência Social, Saúde e Educação entre outras e aos cidadãos brasileiros
de um modo geral, faz-se necessário para podermos contribuir com a construção de
estratégias de proteção das crianças e adolescentes em nosso país. Neste sentido, um dos
objetivos do Relatório Mundial sobre Violência (2014), inclui a redução de 50% das
mortes relacionadas com a violência em todos os lugares do mundo, bem como e eliminar
a violência contra a criança e adolescentes e todas as formas de violência contra mulheres
e meninas até 2030. Tal objetivo demonstra que há uma preocupação social e política em
pautar o tema e instigar novas pesquisas, afim de aprimorar ferramentas para prevenir que
novos casos ocorram. Apesar dos significativos avanços citados, os indicadores mostram
que há ainda muito por fazer para que os direitos preconizados no ECA sejam uma
realidade para todas as crianças e adolescentes. Ao lado das conquistas sociais
proporcionadas pelo Estatuto, convivem as desigualdades de renda e raça, que impõem
diferenças no acesso a direitos sociais, por crianças e adolescentes pobres, em
praticamente todas as áreas dos direitos sociais.

Justifica-se, ainda, este estudo pelos dados alarmantes referentes a todos os tipos
de violência que são denunciadas no país. Segundo a OMS (2014), no mundo, 25% de
todos os adultos relatam ter sofrido abusos físicos quando crianças. Uma em cada cinco
mulheres confirma ter sofrido abusos sexuais, durante a infância, uma em cada três
mulheres foi vítima de violência física ou sexual praticada por parceiro íntimo em algum
momentoda vida.

A maioria das violações é praticada por pessoas próximas ao convívio familiar. A


mãe aparece como a principal violadora, com 15.285 denúncias; seguido pelo pai, com
5.861; padrasto/madrasta, com 2.664; e outros familiares, com 1.636 registros. Os relatos
feitos para a ONDH são, em grande parte, de denúncias anônimas, cerca de 25 mil do
total. (BRASIL, 2021).
Crianças e adolescentes que sofrem rejeição, negligência, punição corporal severa
e abuso sexual – ou que testemunharam violência em casa ou na comunidade – estão em
maior risco de envolver-se em comportamento agressivo e antissocial em estágios mais
avançados de seu desenvolvimento, inclusive comportamentos violentos na idade adulta.
A promulgação e a execução de leis sobre crimes e violências são essenciais para
estabelecer normas de comportamentos aceitáveis e não aceitáveis, e para criar sociedades
seguras e pacíficas (OMS, 2014).

O abuso sexual e suas consequências sobre a saúde da vítima são uma violação
dos direitos humanos, não escolhendo cor, raça, credo, etnia, sexo e idade para acontecer
(CUNHA; SILVA; GIOVANETTI, 2008). Furniss (1993) afirma que as
consequências ou o grau de severidade dos efeitos do abuso sexual variam de acordo com
algumas condições ou predeterminações de cada indivíduo, dentre eles: a idade da
criança, quando houve o início da violência; a duração e quantidade de vezes em que
ocorreu o abuso; o grau de violência utilizado no momento da situação; a diferença de
idade entre a pessoa que cometeu e a que sofreu o abuso; se existe algum tipo de vínculo
entre o abusador e a vítima; o acompanhamento de ameaças (violência psicológica) caso
o abuso seja revelado.

As queixas somáticas que são habituais após a ocorrência de abusos sexuais em


crianças e adolescentes, as quais se manifestam na forma de mal-estar difuso; impressão
de alterações físicas; persistência das sensações que lhe foram impingidas; enurese e
encoprese; dores abdominais agudas; crises de falta de ar e desmaios; problemas
relacionados à alimentação como náuseas, vômitos, anorexia ou bulimia; interrupção da
menstruação mesmo quando não houve penetração vaginal (GABEL, 1997). É possível
afirmar que a criança ou adolescente facilmente encontrará razões para se sentir culpada
diante de uma situação de abuso sexual. Por isso, é essencial ouvir a criança e permitir
que se expresse ao nível de sua culpa, pois o que ela pode dizer e sentir no plano
consciente, e também no inconsciente, talvez seja muito diferente de nossas projeções e
de nossa lógica enquanto adultos (FORENTINO, 2015).

No Brasil, a Constituição Federal de 1988, artigo 227, determina direitos e


garantias de direitos fundamentais às crianças e aos adolescentes. Em 1990, após a
Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, foi sancionado o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), que incorporou os pressupostos da CDCA, tornando-se
o principal instrumento normativo do Brasil sobre os direitos da criança e do adolescente.

Para efetivar as normativas do ECA, foi criado o Sistema de Garantia de Direitos


que busca a articulação e a integração de instituições e instâncias do poder público na
aplicação de mecanismos de promoção, de defesa e de controle para a efetivaçãodos
direitos da criança e do adolescente, nos níveis federal, estadual, distrital e municipal. O
Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente: três eixos
estratégicos. São eles: a Defesa, a Promoção de Direitos e o Controle Social. O eixo da
defesa é caracterizado pela garantia do acesso à justiça (Vara da Infância, Ministério
Público, por exemplo), o eixo estratégico de Promoção se operacionaliza por meio do
desenvolvimento da política de atendimento e o terceiro e último eixo, o do controle social
se efetiva através das instâncias públicas colegiadas.

O eixo da Defesa consiste no acesso à Justiça à proteção legal dos direitos de


crianças e adolescentes, assegurando a exigibilidade, impositividade, responsabilização
de direitos violados e responsabilização de possíveis violadores. São atores desse eixo
Varas da Infância e Juventude, Varas Criminais, as Comissões de Adoção, Polícia Militar,
Defensorias Públicas, entre outros (BRASIL, 2017).

O eixo do Controle Social é representado pela população em geral, apontando a


importância de toda a sociedade em assumir uma postura ativa na proteção da criança e
do adolescente. Segundo o disposto na Lei 13.431, qualquer pessoa que tenha
conhecimento ou presencie ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que
constitua violência contra criança ou adolescente tem o dever de comunicar o fato
imediatamente ao serviço de recebimento e monitoramento de denúncias, ao conselho
tutelar ou à autoridade policial, os quais, por sua vez, cientificarão imediatamente o
Ministério Público (BRASIL, 2017).

Vale situar o lugar do CREAS dentro do eixo estratégico da Promoção, uma vez
que este recebe maior destaque neste trabalho. Como forma de promover os direitos, o
Decreto nº 9.603/2018, regulamenta o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e
Adolescente (Lei 13.431/2013), foram criados grupos intersetoriais locais para discussão,
acompanhamento e encaminhamento de casos de suspeita ou de confirmação de violência
contra crianças e adolescentes, que poderá conter acolhimento, escuta especializada,
atendimento da rede de saúde e assistência social, comunicação ao conselho tutelar
comunicação ao Ministério Público, a autoridade policial, depoimento especial perante a
autoridade policial ou judiciária, aplicação de medida de proteção pelo conselho tutelar.

No Eixo da Promoção de Direitos, encontram-se as medidas de proteção aplicadas


pelos Conselhos Tutelares e encaminhadas aos Centros de Referência Especializados em
Assistência Social (CREAS) com o objetivo de ser um dos instrumentos em resposta à
violação de direitos das crianças e dos adolescentes. As medidas de proteção, previstas
no Art. 101 do ECA/90, são destinadas tanto à criança quanto ao adolescente que dela
necessite, em razão de ação ou omissão de seus pais ou responsáveis legais, do Estado ou
da própria sociedade, na hipótese de lesão ou a simples ameaça de lesão a seus direitos.

A Lei 13.431/2017 define que a escuta especializada é o procedimento de


entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede
de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua
finalidade. Ainda segundo a legislação, o depoimento especial é o procedimento de oitiva
de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial
ou judiciária. As políticas implementadas nos sistemas de justiça, segurança pública,
assistência social, educação e saúde deverão adotar ações articuladas, coordenadas e
efetivas voltadas ao acolhimento e ao atendimento integral às vítimas de violência
(BRASIL, 2017).

De acordo com o disposto na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais


(2014), O PAEFI (Serviço de Proteção e atendimento especializado a famílias e
indivíduos) é o serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou
mais de seus membros em situação de ameaça ou de violação de direitos. O Centro de
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é uma unidade pública da
política de Assistência Social, na qual são atendidas famílias e pessoas que estão em
situação de risco social ou tiveram seus direitos violados (BRASIL, 2011).

Os objetivos do PAEFI (Programa de Atendimento Especializado de Famílias e


Indivíduos), desenvolvido no CREAS são: contribuir para o fortalecimento da família no
seu papel de proteção; incluir famílias no sistema de proteção social e nos serviços
públicos; contribuir para acabar com as violações de direitos na família; e prevenir a
reincidência de violações de direitos (2011).
Segundo a Resolução Conselho Nacional de Assistência Social, nº 17/2011, os
apresenta a equipe de profissionais da equipe multiprofissional e suas atribuições. Essa
equipe é composta pelos seguintes profissionais: psicólogo, assistente social e advogada,
como equipe de referência. A atuação dessa equipe se dá por meio da troca de
informações, experiências e percepções dos mais variados contextos e realidades
existentes. Essa interdisciplinaridade favorece nas ações realizadas com os usuários, por
meio de todo aporte teórico das legislações referentes às políticas sociais adquirida pelos
profissionais, e da socialização de ideias e informações por eles trocadas (SOUZA, 2016).

Metodologia
A metodologia de pesquisa escolhida foi a qualitativa, com abordagem de estudo
de casoe análise documental. Podemos compreender o estudo de caso como a construção
de uma teoria indutiva, a partir de um estudo empírico de um caso (TORMES,
MONTEIRO, MOURA, 2018).

O estudo foi realizado a partir da leitura de relatórios de atendimentos realizados


pela pesquisadora no CREAS do município de Chapecó, no Estado de Santa Catarina. Tal
caso foi escolhido por ilustrar uma situação complexa, envolvendo violência sexual e
negligência da família. Para garantir a identidade dos participantes, a família responsável
assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi lido e assinado pela
responsável pela criança em atendimento realizado na instituição de acompanhamento em
dezembro de 2021.

Foram analisados 10 relatórios psicossociais construídos ao longo do ano de


acompanhamento psicossocial, tendo sido analisados entre os meses de novembro 2021
e janeiro de 2022 pela técnica psicóloga autora do presente trabalho. O caso foi discutido
com a coordenadora do serviço, também psicóloga e com a advogada, que exerce a função
de assessora jurídica do serviço, em reunião de estudo de caso. O processo corre em
segredo de justiça e o serviço CREAS só teve acesso à criança e à família adotiva.

O caso refere-se a uma criança do sexo feminino, atualmente com 06 anos de


idade. Para garantir o sigilo do caso, os nomes que aparecem neste estudo são fictícios,
sendo estes:

Maya - menina de 06 anos, vítima de violência sexual.


Maria - mãe de Maya.

José - pai de Maya.

João - padrasto e perpretador da violência sexual.

Matheus - irmão mais velho e perpretador da violência sexual.

Eduardo - irmão mais novo.

Ana - madrinha e atual responsável por Maya.

Pedro - padrinho e atual responsável por Maya.

Fundamentação Teórica
Araújo (2002) argumenta que a violência é uma violação do direito de liberdade,
do direito de ser sujeito da própria história, ou seja, a liberdade é uma capacidade e um
direito fundamental do ser humano. A violência é, então, toda e qualquer forma de
opressão, de maus-tratos e de agressão, tanto no plano físico quanto no emocional, que
contribuem para o sofrimento de uma pessoa. Três aspectos comuns às diversas
definições de abuso sexual incluem que a criança ou o adolescente é impossibilitado de
uma decisão sobre sua participação na situação abusiva e o uso da vítima para satisfação
sexual do agressor; e uso de coerção (PADILHA; GOMIDE, 2004).

O abuso sexual contra crianças e adolescentes pode ser definido como o contato
com um agressor em estágio psicossexual mais avançado, que expõe a vítima a estímulos
sexuais impróprios para a idade ou a utiliza para satisfazer-se sexualmente. Pode haver
uso de força física, ameaças, mentiras ou indução e incluir toques, carícias, exposição
genital e relações com penetração ou não (digital, vaginal ou anal), pornografia, assédio,
exibicionismo, voyerismo e prostituição (HABIGZANG; KOLLER; AZEVEDO;
MACHADO, 2005) (PIRES; MIYAZAKI, 2005) (PADILHA; GOMIDE, 2004).

A violência contra crianças e adolescentes configura um processo endêmico e


global que tem características e especificidades inerentes às diferentes culturas e aspectos
sociais. Mas, definitivamente, há abuso do poder disciplinador e coercitivo dos pais ou
dos responsáveis, além da completa expropriação do poder da criança ou do adolescente,
violando direitos essenciais e comprometendo significativamente o seu desenvolvimento
afetivo (NEVES, 2018).

Segundo o Código Penal Brasileiro, no artigo 216 A, a violência sexual é qualquer


ação na qual uma pessoa, valendo-se de sua posição de poder e fazendo uso de força
física, coerção, intimidação ou influência psicológica, com uso ou não de armas ou
drogas, obriga outra pessoa a ter, presenciar ou participar de alguma maneira de interações
sexuais ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, com fins de lucro, vingança
ou outra intenção (BRASIL, 1940).

Diante da gravidade desta violência, as crianças e adolescentes vítimas de abuso


sexual podem apresentar alguns transtornos psicológicos de humor, de ansiedade,
alimentares, enurese, encoprese, transtornos dissociativos, hiperatividade e déficits de
atenção e transtorno de estresse pós-traumático. Além desses problemas psicológicos
apontados, as crianças podem sofrer alterações comportamentais, cognitivas e emocionais
(HABIGZANG; CAMINHA, 2004).

O impacto da violência sexual está relacionado a três conjuntos de fatores: fatores


intrínsecos à criança, tais como: vulnerabilidade e resiliência pessoal. Fatores extrínsecos,
envolvendo a rede de apoio social e afetiva da vítima; e, fatores relacionados com a
violência sexual em si como, por exemplo, duração, grau de parentesco/confiança entre
vítima e agressor, reação dos cuidadores não-abusivos na revelação e presença de outras
formas de violência (HABIGZANG; KOLLER, 2006).

O abuso sexual, no contexto familiar, é desencadeado e mantido por uma dinâmica


complexa. O agressor utiliza-se, em geral, de seu papel de cuidador, da confiança e do
afeto que a criança tem por ele para iniciar, de forma sutil, o abuso sexual (HABIGZANG,
2008). No caso estudado, neste capítulo, a idade da criança e o tempo de exposição à
violência são fatores agravantes que pioram o prognóstico.

O que se pode concluir, portanto é que o estupro é um crime que atinge,


majoritariamente, as crianças e crianças no Brasil. Apesar de vitimizar meninos e
meninas, o sexo feminino até 13 anos de idade representa a maior parte das vítimas
(REINACH, 2021). Este dado corrobora com a faixa etária e gênero da criança atendida,
sendo do sexo feminino e que sofreu violência sexual entre os 04 e 05 anos de idade,
aproximadamente.

No tocante ao caso estudado, os agressores são próximos à vítima, também


corroborando que o autor da violência convivia com a criança e tinha o papel de
responsável. Segundo o Anuário de Segurança Pública (2021), 83% dos estupros de
crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade são perpetrados por autores conhecidos da
vítima. Além disso, mais de 60% destes crimes ocorrem nas residências das vítimas. E
quando se trata de crianças de 0 a 4anos de idade, esse percentual chega a 70%. Ou seja,
esses crimes ocorrem em circunstâncias muito conhecidas das crianças, dentro dos seus
núcleos familiares. Quando tratamos de violência contra crianças e adolescentes, os dados
são preocupantes, pois indicam que são familiares e outras pessoas do círculo íntimo
destas, os principais autores de abusos e violações de caráter sexual (REINACH, 2021).
Diferentemente do que se passa no imaginário coletivo, em que o estupro remete a uma
mulher agarrada à força por um desconhecido em uma rua escura e deserta, apesar de
esses casos também acontecerem,a maior parte dos estupros ocorre mesmo no ambiente
doméstico, familiar, em casa, ondetodos deveriam se sentir protegidos (ARAUJO, 2021).

Estudo de Caso, Análise e Resultado


Como forma de ilustrar a estrutura familiar e as relações entre seus membros,
optou-se por utilizar o Programa de Computador, GenoPro, um aplicativo em que é
possível construir genograma, ou seja, um mapa da família. A partir da sua construção, a
estrutura e a dinâmica familiar ficam evidentes de forma gráfica e, portanto, de fácil
visualização (BARRETO; CREPALDI, 2017).

O Genograma familiar é uma representação gráfica que mostra o desenho ou mapa


da família. Também chamado de Genetograma trata-se de um instrumento amplamente
utilizado na Terapia Familiar (WENDT, CREPALDI, 2008). O genograma é
compreendido em sua perspectiva horizontal, na linha do tempo e transgeracional, na
correlação com as demais gerações (PAYA, 2017). O genograma construído foi
representado pela Figura 1 abaixo. A figura 2 representa as legendas dos símbolos
apresentados no genograma.

Apresentação do caso:
Figura 1 Figura 2

O caso foi recebido no CREAS através de encaminhamento do Acolhimento


Institucional de Crianças e Adolescentes do município em questão. O acompanhamento
se iniciou com atendimentos aos responsáveis para compreensão do histórico de Maya e
posteriormente com a criança, quando ela já estava com 06 anos de idade.

Maya é filha de Maria e José. O serviço não teve acesso a outras informações a
respeito de José, pai de Maya e da relação dele com a mãe da criança ou ainda maiores
detalhes sobre a relação dele com a filha Maya. A genitora Maria, segundo o Poder
Judiciário, faz uso de álcool, o que levou a negligenciar os cuidados de Maya desde a
primeira infância, quando a expunha a ambientes inadequados para crianças como, por
exemplo, festas e bares. Em outros momentos, quando a mãe se retirava da casa, Maya
ficava muitas horas sozinha, sem a supervisão de um adulto. Aos dois anos de idade,
aproximadamente, Maya foi acolhida institucionalmente pela primeira vez em outro
município, onde a família materna residia.

Depois desse primeiro acolhimento da criança, a instituição Acolhimento


Institucional buscou por familiares, e segundo os registros, o padrasto João foi o único
que manifestou interesse em prestar cuidados à menina. À época, ela tinha
aproximadamente quatro anos de idade. Entretanto, não se têm informações a respeito de
qualquer solicitação formal de guarda por parte de João, nem estudo social do Fórum,
avaliando a capacidade do mesmo de se responsabilizar por Maya.

Posteriormente, Maria (mãe) passou a morar junto com João (padrasto de Maya),
com o qual tinha outros dois filhos, Matheus (15 anos de idade) e Eduardo (8 anos de
idade). O relacionamento era bastante conturbado, separando-se e reatando com
frequência significativa. Quando Maya foi acolhida pela primeira vez, Maria estava
gestante de um outro filho, e em função dos conflitos com João e a dependência química
de álcool, mudou-se para outro município. Nessa época, João prestava os cuidados aos
filhos mais velhos, Matheus e Eduardo, e então passou a ser responsável também por
Maya. Nesse período, a genitora visitava os filhos na casa de João eventualmente, mas
não manifestava desejo de retomar o cuidado das crianças. Com o passar do tempo, Maria
deixou de visitar os filhos e se afastou da família, perdendo o contato.

João trabalhava em dois locais, então as crianças passaram a ficar sob


responsabilidade de uma cuidadora durante o horário de trabalho de João. Maya relatou
situações de violência para a babá por parte do padrasto e do irmão mais velho como um
fato ocorrido em sua rotina, sem ter a compreensão de estar sofrendo violência. Então, a
babá procurou os órgãos de proteção à criança. Na maioria das vezes, as crianças e
adolescentes não compreendem a violação a que estão sendo exposta como uma forma de
violência (REINACH, BURGOS, 2021).

Nesse caso, o Conselho Tutelar foi acionado e Maya foi acolhida


institucionalmente pela segunda vez. Maya relatou situações de abuso sexual perpretada
pelo irmão mais velho e pelo padrasto durante o período em que residiu com eles. O
genitor expunha os três filhos a filmes de conteúdo adulto, masturbava-se e passava o
órgão genital em Maya. O irmão mais velho obrigava-a a fazer sexo oral nele, quando o
pai não estava em casa, verbalizando que aquele era um segredo entre os dois. Não se
consegue precisar por quanto tempo a criança foi vítima de estupro e exposta a
pornografia. Entretanto, pressupõe-se que as situações ocorreram sistematicamente
durante, pelo menos, dois anos.

O CREAS não possui informações a respeito das consequências para Matheus e


se foi oferecido atendimento psicossocial para o irmão adolescente, somente que foi
rompido ovínculo com Maya desde que foi acolhida institucionalmente, não recebendo
visitas de
Matheus ou Eduardo. Em relação a Ana e João, conheceram Maya através do padrasto,
porque João era colega de trabalho de Pedro.

Pedro e Ana apadrinharam Maya, desde que ela passou a morar com o padrasto,
e segundo Pedro, ele e a esposa, que não tinham filhos, criaram um vínculo com a criança.
Maya frequentava a casa dos padrinhos e ao ir embora chorava e dizia que gostaria de
morar com eles, mas segundo relatos dos padrinhos (Ana e Pedro) nunca desconfiaram que
a fala da criança podia se referir ao fato de que estava sofrendo violência.

Pedro e Ana requereram a guarda provisória da criança, e estão submetidos a


avaliação psicossocial e jurídica do Fórum e ao acompanhamento no CREAS, quanto à
adaptação da criança e a capacidade de prestar os cuidados necessários. Pedro e Ana
ingressaram judicialmente com pedido de adoção. Entretanto, ainda está sendo avaliado,
em outro processo, a destituição do poder familiar da genitora Maria, que recentemente
solicitou a reaproximação com Maya, alegando que está fazendo tratamento para
dependência química e possui condições e interesse em prestar os cuidados à filha.

Maya apresenta características típicas de vítimas de violência sexual e


negligência, tais como: confusão, baixa autoestima, ansiedade, insegurança, culpa,
lembranças intrusivas do trauma, dificuldade de aprendizagem, dificuldade de sentir-se
pertencente. Tais sintomas corroboram com a literatura sobre o tema, como avaliamos
abaixo.

Conclusão
Em termos de considerações finais foi possível retomar o conceito de violência,
suas repercussões específicas ao desenvolvimento infantil, e o que prevê a legislação
brasileira a respeito do assunto. Ao longo do capítulo, buscou-se relacionar o estudo de
caso com a literatura de estudiosos do tema, avanços e desafios do Sistema de Garantia
de Direitos brasileiros.

Em relação à criança atendida, foi possível interromper, ainda que tardiamente, o


ciclo de violência e proteger Maya, incluindo-a em um ambiente saudável, que oferece
afetividade e segurança. Entretanto, passados 31 anos desde a sanção do Estatuto da
Criança do Adolescente, ainda são muitos os desafios a serem vencidos, havendo uma
demanda enorme de políticas públicas e atendimento especializado em favor das crianças
e dos adolescentes (ROSSATO, LEPORÉ, CUNHA, 2019).

A literatura indica que, as consequências da violência, e em específico da


violência sexual, tem consequências por toda a vida. Ainda existe uma dificuldade
significativa das pessoas em abordar esse assunto, ficando, em segredo, em grande parte
dos casos. O poder público tem criado, a partir do ECA, dispositivos que visam coibir a
violência contra criança e adolescente, mas ainda tem como potencialidade capacitar os
profissionais da rede, através de cursos e qualificações, pois trata-se de um tema
complexo, que demanda disponibilidade emocional, capacidade técnica e interesse
político.

Além disso, a prevenção é o fator mais importante em termos de proteção da


criança, em casa e nos demais ambientes que a criança frequenta, como a escola, por
exemplo. Como sugestão para próximos estudos, pode-se pensar acerca dos dispositivos
jurídicos e de atendimento, também, para os autores de violência, visando a ampliação da
compreensão sobre o fenômeno.

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