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História

Conteúdos:
Introdução à história
Antiguidade oriental (AVA)
Antiguidade ocidental - grécia

História B
Roma
Idade média (AVA)
Feudalismo
Baixa idade média (AVA)
Renascimento comercial e urbano
Absolutismo
HISTÓRIA
AULA

01
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA
Os conceitos que definem o significado História variam de humana pode ser utilizada como fonte histórica, de uma
período para período e entre as várias correntes historio- receita de bolo a uma pirâmide egípcia.
gráficas, mas, de uma forma geral, podemos afirmar que
História é a disciplina que estuda a ação humana ao longo
do tempo. Assim sendo, o objeto de estudo da História é o A divisão do tempo
desenvolvimento da humanidade, dos povos e das civiliza- O estudo da História pressupõe a compreensão da
ções, bem como de seus sistemas culturais. divisão do tempo, que comumente é feita em dias,
semanas, meses, anos, décadas, séculos e milênios.
Por ser uma disciplina da área das Ciências Humanas,
a História não trabalha com verdades absolutas. A Na Antiguidade, a datação dos anos era feita a partir
produção histórica deve ser encarada como uma versão, de reinados de soberanos, da fundação de cidades ou
pois é escrita sob a influência de diferentes agentes, de acontecimentos importantes. O calendário mais
como o tempo, o meio social e o local geográfico no qual utilizado era o Juliano, criado por Júlio Cesar em 46 a.C.
produzida.
Somente em 1582, o papa Gregório XIII reformou o
Escolas Historiográficas calendário Juliano e o adaptou às festas cristãs, dando
Como foi dito, existem diferentes correntes historiográfi- origem ao calendário cristão gregoriano que utilizamos
cas, o que significa dizer que existem diferentes formas hoje em dia. Durante o Século XIX, com o movimento
de se produzir e de conceber a História. imperialista, o calendário cristão foi imposto a muitos
povos, o que o tornou aceito universalmente.
A primeira escola historiográfica foi o Positivismo, que,
preocupado em elevar a disciplina História à categoria É importante lembrar que vários povos mantêm sua
de ciência, criou uma metodologia específica para sua forma particular de contar o tempo. O calendário
produção. Segundo os positivistas, a escrita da história Judaico, por exemplo, inicia-se com a criação de Adão
deveria se dar de forma imparcial e pautada apenas em por Deus, que, segundo o Torá, teria acontecido
documentos oficiais, ou seja, documentos emitidos pelo próximo ao ano de 3.760 a.C.. O calendário Chinês se
Estado ou pela Igreja. Dessa forma, a corrente visava inicia com o governo do patriarca Huang-Ti, por volta
explicar a História através do estudo dos fatos, datas e do ano 2.637a.C.. Os islâmicos iniciam seu calendário
personagens históricos considerados importantes durante com a Hégira, episódio marcado pela fuga de Maomé
o período em estudo. Os positivistas criaram a linha do de Meca para Medina, em 622 d.C.
tempo com a divisão dos períodos históricos: Idade Antiga,
Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Ao A divisão da História
período do desenvolvimento humano no qual ainda não A historiografia positivista criou uma divisão do tempo
existiam registros escritos emitidos pelo Estado ou pela histórico em cinco grandes períodos. Embora seja
Igreja foi dado o nome de Pré-História. bastante superficial, eurocêntrica e tenha um caráter
meramente didático, a divisão em períodos facilita o
O Materialismo Histórico, também conhecido com trabalho do historiador e o estudo da História.
Historiografia Marxista, explica as mudanças históricas
através das condições matérias, dos modos de
produção e das disputas entre classes sociais existentes
em determinado período histórico. Segundo a visão
Marxista, o que dá movimento a história é a constante
luta entre explorados e exploradores. “A história da
humanidade é a história da luta de classes”.

Na década de 1920, surgiu na França uma nova corrente


historiográfica: a Escola dos Annales. Também conhecida
por História Nova, essa linha defende que o estudo da
História é o estudo do cotidiano de um povo, do modo
como viviam, se organizavam, produziam ou se relacio-
navam política e socialmente. Para essa corrente, os fatos
passam a ser encarados como ganchos onde os histori-
adores penduram suas teorias. Toda e qualquer produção

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Idade da Pedra Antiga ou da Pedra Lascada

( ) Jornais e Revistas
Tarefas ( ) Fotografias
( ) Documentos oficiais de Estado
( ) Cartas e documentos pessoais
1. (ENEM) TEXTO I
Portadoras de mensagem espiritual do passado, as obras Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.
monumentais de cada povo perduram no presente como a) V – V – V – V
o testemunho vivo de suas tradições seculares. A huma- b) V – F – F – F
nidade, cada vez mais consciente da unidade dos valores c) F – V – V – V
humanos, as considera um bem comum e, perante as d) V – V – F – F
gerações futuras, se reconhece solidariamente respon- e) F – V – V – F
sável por preservá-las, impondo a si mesma o dever de
transmiti-las na plenitude de sua autenticidade.
Carta de Veneza. 31 de maio de 1964. Disponível em: www.iphan. 3. (UDESC) A História, segundo o historiador Marc
gov.br. Acesso em: 7 out. 2019. Bloch, pode ser definida como a ciência do homem no
tempo. Quando estudada em instituições escolares,
ela é, comumente, dividida em: Idade Antiga, Idade
TEXTO II Medieval, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
Os sistemas tradicionais de proteção se mostram cada
vez menos eficientes diante do processo acelerado de Sobre este modelo de organização do tempo histórico
urbanização e transformação de nossa sociedade. A legis- em períodos ou idades, analise as proposições.
lação de proteção peca por considerar o monumento, I. O modelo acima foi instituído na Grécia durante o
até certo ponto, desvinculado da realidade socioeco- século IV a.C. por Aristóteles que, na época, assumia
nômica. O tombamento, ao decretar a imutabilidade as funções de tutor de Alexandre da Macedônia.
do monumento, provoca a redução de seu valor venal II. A adoção deste modelo demonstra o forte vínculo
e o abandono, o que é uma causa, ainda que lenta, de existente entre os programas escolares de história e
destruição inevitável. a tradição europeia, na medida em que as idades são
TELLES, L. S. Manual do patrimônio histórico. Porto Alegre; Caxias organizadas a partir de processos ocorridos majorita-
do Sul: Escola Superior do Teologia São Lourenço de Brindes. 1977 riamente no Continente Europeu.
(adaptado). III. O modelo citado foi desenvolvido e institucionali-
zado em 1837, pelo Instituto Histórico Geográfico
Escritos em temporalidade histórica aproximada, os Brasileiro, e refere-se, exclusivamente, aos processos
textos se distanciam ao apresentarem pontos de vista ocorridos a partir do Descobrimento do Brasil, em
diferentes sobre a(s) 1500.
a) ampliação do comércio de imagens sacras.
b) substituição de materiais de valor artístico. Assinale a alternativa correta.
c) políticas de conservação de bens culturais. a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
d) defesa da privatização de sítios arqueológicos. b) Somente a afirmativa III é verdadeira.
e) medidas de salvaguarda de peças museológicas. c) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
e) Somente a afirmativa II é verdadeira.
2. (UDESC) O conhecimento histórico acadêmico ou
científico é construído, prioritariamente, por meio de
práticas de investigação e análise. Para a construção 4. (UDESC) É prática comum nos programas escolares
do conhecimento histórico, as fontes ou vestígios são, a delimitação de datas que marcam o início e, muitas
portanto, elementos fundamentais. vezes, o fim de processos históricos. No caso da História
do Brasil, o ano de 1500 recebe bastante atenção.
Analise os itens abaixo, e coloque (V) para o que for fonte
histórica e (F) para o que não for fonte histórica. A respeito do ano de 1500 como início oficial da História
do Brasil, analise as proposições.

2 Extensivo
I. A definição de datas como marcos históricos tem sejam considerados importantes para a memória
implicações políticas, uma vez que elege certos coletiva.
eventos como fundamentais. No caso da História do 16. apesar da ampliação da noção de documentos histó-
Brasil, a ênfase no ano de 1500 ressalta a importância ricos, os documentos oficiais ainda são tomados pelos
atribuída à chegada dos europeus para a constituição historiadores como as únicas legítimas fontes para o
da história brasileira. conhecimento histórico.
II. Ao definir o ano de 1500 como marco inicial para a 32. os estudos históricos da atualidade procuram dar voz
História do Brasil, corre-se o risco de desconsiderar a a diferentes sujeitos, como mulheres, trabalhadores
importância da história, as características e os costu- rurais, crianças etc.; no entanto, as pesquisas sobre o
mes dos vários grupos indígenas que já habitavam o passado ainda têm maior concentração nas ações dos
território, que seria posteriormente conhecido como reis, generais, comandantes de revoltas e revoluções,
Brasil. pois são os atos dos grandes governantes e líderes
III. A definição do ano de 1500, como marco para o início que modificam o rumo dos acontecimentos.
oficial da História do Brasil, foi resultado de uma série

HISTÓRIA
de demandas populares que reivindicavam a possibi-
lidade de opinar a respeito da oficialização da História 6. (UDESC) “A descoberta avivou o espírito do passado.
Nacional. D. Paula forcejou por sacudir fora essas memórias
importunas; elas, porém, voltavam, ou de manso ou
Assinale a alternativa correta. de assalto, como raparigas que eram, cantando, rindo,
a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. fazendo o diabo. D. Paula tornou aos seus bailes de outro
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. tempo, às suas eternas valsas que faziam pasmar a toda
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. a gente, às mazurcas, que ela metia à cara da sobrinha
d) Somente a afirmativa I é verdadeira. como sendo a mais graciosa coisa do mundo, e aos
e) Somente a afirmativa II é verdadeira. teatros, e às cartas, e vagamente, aos beijos; mas tudo
isso – e esta é a situação – tudo isso era como as frias
crônicas, esqueleto da história, sem a alma da história.”
5. (UFSC) O jovem Alexandre conquistou a Índia. ASSIS, Machado de. D. Paula. Várias histórias. 3. Ed. São Paulo:
Sozinho? Martins Claret, 2013, p.128.
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro? Em relação à citação acima, assinale a alternativa correta.
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada naufragou. a) A memória de D. Paula era voluntária, pois ela se esfor-
Ninguém mais chorou? çava para lembrar-se dos bailes, teatros e amores do
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. passado. Essa memória pode ser comparada à histó-
Quem venceu além dele? ria produzida pelos historiadores. Nos dois casos os
Cada página uma vitória. fatos do passado são resgatados para compor a alma
Quem cozinhava o banquete? da história.
A cada dez anos um grande homem. b) A alma da história necessita das crônicas – esqueleto
Quem pagava os gastos? da História – mas não pode ser confundida com esta.
BRECHT, Bertolt. Perguntas de um trabalhador que lê. In:____. c) A memória de D. Paula era involuntária, chegava sem
Poemas. Tradução de Paulo Cesar Souza. São Paulo: Brasiliense, ser convidada, invadia sua mente e a transportava
1986, p. 167. para os tempos de sua juventude; essa memória
Em relação a fontes e escrita da história, é CORRETO pode ser comparada à história, visto que o passado
afirmar que: construído pelo historiador chega até ele de forma
01. por muito tempo as pesquisas históricas privilegia- involuntária, como uma espécie de espírito ou alma
ram as fontes escritas, mas atualmente entende-se dos tempos, e a função do historiador é tão somente
que todo tipo de registro dos atos e pensamentos da acolher os fatos e registrá-los por escrito.
sociedade pode ser usado como fonte para a escrita d) A memória de D. Paula era voluntária, como as crôni-
da história, como, por exemplo, utensílios domésti- cas que sustentam o esqueleto da história, sendo, por
cos, vestuário, fotografias, monumentos ou mesmo isso, confundida com a alma da história.
registros orais. e) As cartas, os bailes, teatros e até beijos trocados no
02. a escrita da história depende da análise de fontes e passado por D. Paula expressam o mais íntimo de sua
da interpretação de quem a analisa, por isso ela deve alma; são fontes que comprovam o quanto foi feliz e
ser entendida como uma versão. amada no passado. Nesse sentido, são evidências que
04. a forma de dividir a história em quatro grandes encarnam o espírito da história que ela vivenciou.
épocas – antiga, média, moderna e contemporânea –,
apesar de ser um invento europeu, deve ser empre-
gada para o entendimento do processo histórico dos 7. (UDESC) “A incompreensão do presente nasce
diferentes povos do mundo. fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não
08. os conceitos de tombamento e patrimônio imaterial seja menos vão esgotar-se em compreender o passado
foram instituídos como forma de preservar bens dos se nada se sabe do presente.”
mais variados, materiais e imateriais, como fotogra- Marc Bloch. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de
fias, livros, imóveis, cidades, receitas culinárias, que Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 65.

#ORGULHODESERPRÓ 3
Assinale a alternativa que contém a definição de história Ao descrever-se como patrimônio museológico, o objeto
mais coerente com a citação do historiador Marc Bloch. abordado no texto associa a sua história às
a) A História é a ciência que resgata o passado para a) habilidades artísticas e culturais dos sujeitos.
explicar o presente e fazer previsões sobre o futuro. b) vocações religiosas e pedagógicas dos mestres.
b) A História é uma ciência que visa promover o entre- c) naturezas antropológica e etnográfica dos expositores.
tenimento dos expectadores do presente e um d) preservações arquitetônica e visual dos conservatórios.
conhecimento inútil sobre o passado. e) competências econômica e financeira dos comerciantes.
c) A História é, tal como a literatura, uma narrativa
sobre o passado determinada pela imaginação do
historiador. 10. (ENEM) A reabilitação da biografia histórica integrou
d) A História é a ciência que se refugia no passado para as aquisições da história social e cultural, oferecendo aos
não compreender as questões do presente. diferentes atores históricos uma importância diferenciada,
e) A História é uma ciência que formula questões sobre distinta, individual. Mas não se tratava mais de fazer,
o passado a partir de inquietações e experiências simplesmente, a história dos grandes nomes, em formato
vividas no presente. hagiográfico – quase uma vida de santo –, sem problemas,
nem máculas. Mas de examinar os atores (ou o ator)
célebres ou não, como testemunhas, como reflexos, como
8. (UFSC) Sobre os artistas, cientistas, viajantes e reveladores de uma época.”
exploradores europeus presentes no Brasil, assinale a(s) DEL PRIORE, M. Biografia: quando o indivíduo encontra a história.
proposição(ões) CORRETA(S). Topoi, n. 19 jul.-dez. 2009.
01. Desde o século XVI, os europeus deixaram registros
sobre suas experiências nas Américas através de De acordo com o texto, novos estudos têm valorizado a
textos, gravuras e desenhos. história do indivíduo por se constituir como possibilidade de
02. Hans Staden teve contato com os tupinambás no Rio a) adesão ao método positivista.
de Janeiro, deixando o relato de suas memórias, onde b) expressão do papel das elites.
elogia as práticas culturais destes indígenas. c) resgate das narrativas heroicas.
04. Jean de Léry descreveu positivamente os índios tu- d) acesso ao cotidiano das comunidades.
pinambás, que, no século XVI, favoreciam a presença e) interpretação das manifestações do divino.
francesa no Brasil.
08. O Brasil recebeu influência de pesquisadores euro-
peus ao longo do século XIX. O naturalista Fritz Müller 11. (ENEM) Quem construiu a Tebas de sete portas?
e Charles Darwin, por exemplo, trocaram correspon- Nos livros estão nomes de reis.
dências sobre suas pesquisas. Arrastaram eles os blocos de pedra?
16. Debret, desenhista e pintor francês, se interessava E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu
exclusivamente em retratar os hábitos e a gente de tantas vezes?
origem europeia que habitava o Brasil. Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
32.No século XIX, Auguste Saint-Hilaire viajou pelo Brasil, Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha
descrevendo a escravidão existente no território. da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?
9. (ENEM) Hoje sou um ser inanimado, mas já tive BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em:
vida pulsante em seivas vegetais, fui um ser vivo; é bem http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.
verdade que do reino vegetal, mas isso não me tirou
a percepção de vida vivida como tamborete. Guardo Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro
apreço pelos meus criadores, as mãos que me fizeram, de História, o autor censura a memória construída sobre
me venderam, 6 pelas mulheres que me usaram para determinados monumentos e acontecimentos históricos.
suas vendas e de tantas outras maneiras. Essas pessoas, A crítica refere-se ao fato de que
sim, tiveram suas subjetividades, singularidades e a) os agentes históricos de uma determinada sociedade
pluralidades, que estão incorporadas a mim. É preciso deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos
considerar que a nossa história, de móveis de museus, ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
está para além da mera vinculação aos estilos e à b) a História deveria se preocupar em memorizar os
patrimonialização que recebemos como bem material nomes de reis ou dos governantes das civilizações
vinculado ao patrimônio imaterial. A nossa história está que se desenvolveram ao longo do tempo.
ligada aos dons individuais das pessoas e suas práticas c) grandes monumentos históricos foram construídos
sociais. Alguns indivíduos consagravam-se por terem por trabalhadores, mas sua memória está vinculada
determinados requisitos, tais como o conhecimento de aos governantes das sociedades que os construíram.
modelos clássicos ou destreza nos desenhos. d) os trabalhadores consideram que a História é uma
FREITAS, J. M.; OLIVEIRA, L. R. Memórias de um tamborete de ciência de difícil compreensão, pois trata de socieda-
baiana: as muitas vozes em um objeto de museu. Revista Brasileira des antigas e distantes no tempo.
de Pesquisa (Auto)Biográfica, n. 14, maio-ago. 2020 (adaptado). e) as civilizações citadas no texto, embora muito
importantes, permanecem sem terem sido alvos de
pesquisas históricas.

4 Extensivo
12. (ENEM) Substitui-se então uma história crítica, 14. (ENEM) Michel Eyquem de Montaigne (1533-
profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo 1592) compara, nos trechos, as guerras das sociedades
e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos Tupinambá com as chamadas “guerras de religião”
motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e dos franceses que, na segunda metade do século XVI,
argentinos para a destruição da mais gloriosa república opunham católicos e protestantes.
que já se viu na América Latina, a do Paraguai.
CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São “(...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem
Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado). daqueles povos; e, na verdade, cada qual considera
bárbaro o que não se pratica em sua terra. (...) Não me
O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, mantém parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade
o status o na América Meridional, impedindo a ascensão [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos
do seu único Estado economicamente livre”. não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que
Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer
e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre

HISTÓRIA
alguma repercussão. suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entre-
(DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova historia da Guerra do Paraguai. gá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como
São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado). não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos
nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra grave do que assar e comer um homem previamente
que ambas estão refletindo sobre executado. (...) Podemos portanto qualificar esses povos
a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais como bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligên-
motivos dessa Guerra. cia, mas nunca se compararmos a nós mesmos, que os
b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa excedemos em toda sorte de barbaridades.”
Guerra. (MONTAIGNE, Michel Eyquem de. Ensaios. São Paulo:
c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários Nova Cultural, 1984.)
de batalha.
d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para
sobre os motivos dessa Guerra. Montaigne,
e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e a) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese
argentino durante o conflito. da origem única do gênero humano e da sua religião.
b) a diferença de costumes não constitui um critério
válido para julgar as diferentes sociedades.
13. (ENEM) Para Caio Prado Jr., a formação brasileira c) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus,
se completaria no momento em que fosse superada a pois não conhecem a virtude cristã da piedade.
nossa herança de inorganicidade social ― o oposto da d) a barbárie é um comportamento social que pressu-
interligação com objetivos internos ― trazida da colônia. põe a ausência de uma cultura civilizada e racional.
Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se e) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade
passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos dos europeus, o que explica que os seus costumes são
algo análogo. O país será moderno e estará formado similares.
quando superar a sua herança portuguesa, rural e auto-
ritária, quando então teríamos um país democrático.
Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na 15. (FUVEST) O IPHAN - Instituto do Patrimônio
dependência das decisões do presente. Celso Furtado, Histórico e Artístico Nacional e a Prefeitura da Cidade do
por seu turno, dirá que a nação não se completa Rio de Janeiro envidaram esforços no sentido de deixar
enquanto as alavancas do comando, principalmente do exposta para a contemplação da população parte do
econômico, não passarem para dentro do país. Como Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, com o objetivo de
para os outros dois, a conclusão do processo encontra-se apresentar ao visitante, através daquele pequeno, mas
no futuro, que agora parece remoto. representativo espaço, a materialização do momento
SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro. Sequências brasileiras. São mais trágico da nossa história, fazendo com que ele não
Paulo: Cia. das Letras,1999 (adaptado). seja esquecido. (...)
A história do Cais do Valongo e do seu entorno está
Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a indissoluvelmente ligada à história universal, por ter
sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados sido a porta de entrada do maior volume de africanos
no texto é: escravizados nas Américas. O Rio de Janeiro era, então,
a) Brasil, um país que vai pra frente. a mais afro-atlântica das cidades costeiras do território
b) Brasil, a eterna esperança. brasileiro (...).
c) Brasil, glória no passado, grandeza no presente. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/.
d) Brasil, terra bela, pátria grande.
e) Brasil, gigante pela própria natureza. O texto integra a proposta elaborada pelo IPHAN, em
2016, para inscrição do Sítio Arqueológico do Cais do
Valongo na lista do Patrimônio Mundial. Com base no
documento, a história do Cais do Valongo se entrelaça à

#ORGULHODESERPRÓ 5
história universal, pois se relaciona ao
a) tráfico de africanos escravizados para a América de
colonização portuguesa.
b) Rio de Janeiro como única cidade escravista das
Américas na época colonial.
c) trabalho de escavação realizado por arqueólogos
estrangeiros no passado.
d) fluxo de escravizados do Brasil para outras partes das
Américas, após as independências.
e) esforço do IPHAN para silenciar a história da escravi-
dão no mundo atlântico.

Gabarito - Aula 01
1) C 2) A 3) E 4) A 5) 11
6) B 7) E 8) 45 9) A 10) D
11) C 12) D 13) B 14) B 15) A

6 Extensivo
HISTÓRIA
AULA

02
ANTIGUIDADE ORIENTAL
Aula disponível no ambiente virtual (AVA)
Introdução tas e seus governos teocráticos. Os governantes (reis,
Os estudos da Antiguidade Oriental dizem respeito a uma imperadores ou faraós) eram considerados verdadeiros
série de sociedades que iniciaram seu desenvolvimento deuses. Assim a população era levada a acreditar que
nas margens de rios, na região do Oriente Próximo. O esses eram responsáveis pela fertilidade da terra e pela
estudo dessas sociedades é muito relevante, pois foi prosperidade de suas comunidades.
nessa época e região que surgiram conceitos e inovações
ainda importantes na sociedade contemporânea, como a
escrita e os códigos de leis. Mesopotâmia
A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa
Os povos do oriente próximo habitavam o Crescente “terra entre rios”. Essa região localiza-se entre os rios
Fértil, região banhada pelos rios Nilo, Jordão, Tigre Tigre e Eufrates no Oriente Médio, onde atualmente
e Eufrates. O Crescente Fértil caracterizava-se pela situa-se o Iraque. A região da mesopotâmia garantia à
fertilidade de seus solos, ao contrário das áreas que o população água para consumo e rios para pescar e servir
circundavam, que eram áridas ou semiáridas. Assim, de via de transporte. Assim, a região foi disputada e
esse território foi marcado por diversos conflitos pela ocupada por diversos povos ao longo da antiguidade.
posse da terra. Hoje, essa região é ocupada pelos atuais Seus primeiros habitantes foram os sumérios.
Israel, Jordânia e Líbano, bem como partes da Síria,
Iraque, Egito, Turquia e Irã.

Expansão territorial dos principais povos mesopotâmicos


Os sumérios foram os primeiros habitantes da
Mesopotâmia. Organizavam-se em Cidades-Estados,
Crescente Fértil ou seja, em cidades que possuíam autonomia política.
Eles foram os inventores da escrita (cuneiforme) e
As primeiras sociedades que surgiram no Oriente construíram grandes zigurates.
Próximo se organizaram através do Modo de Produção
Asiático. Todas as terras pertenciam ao Estado e a
servidão coletiva era a forma utilizada pela população
como pagamento pelo usufruto dessas. O estado
se apropriava do excedente agrícola dos servos e
distribuía-o entre a nobreza e a classe sacerdotal.

Nos períodos em que não estavam ocupados com


atividades agrícolas, os servos eram utilizados na
realização de grandes obras públicas, as quais iam de
pirâmides e zigurates a diques, represas e canais de Escrita Cuneiforme
irrigação. Tais obras não só serviam para exaltar seus
reis e faraós como garantiam a ampliação das áreas Os acádios dominaram os sumérios e, através das
cultiváveis, o que deu a tais povos a denominação de conquistas do rei Sargão I, organizaram o Primeiro
Sociedades Hidráulicas. Império Mesopotâmico. Estes foram subjugados pelos
Amoritas.
Com exceção dos Hebreus, criadores da primeira religião
monoteísta, as sociedades daquela região eram politeís- Dentre os amoritas (babilônicos) surgiu o primeiro

#ORGULHODESERPRÓ 7
código de leis escritas da humanidade, o Código de
Hamurabi. Baseado da Lei do Talião, pautava-se na moral Tarefas
do “olho por olho, dente por dente”. O rei Hamurabi
também ficou conhecido por suas conquistas militares,
tendo ampliado a hegemonia e seu império por quase 1. (ENEM) Sexto rei sumério (governante entre os
toda a região mesopotâmica. séculos XVIII e XVII a.C.) e nascido em Babel, “Khammu-
rabi” (pronúncia em babilônio) foi fundador do I
Império Babilônico (correspondente ao atual Iraque),
unificando amplamente o mundo mesopotâmico,
unindo os semitas e os sumérios e levando a Babilônia
ao máximo esplendor. O nome de Hamurabi permanece
indissociavelmente ligado ao código jurídico tido como
o mais remoto já descoberto: o Código de Hamurabi.
O legislador babilônico consolidou a tradição jurídica,
harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a
todos os súditos.
Disponível em: www.direitoshumanos.usp.br. Acesso em: 12 fev.
2013 (adaptado).

Nesse contexto de organização da vida social, as leis


contidas no Código citado tinham o sentido de
a) assegurar garantias individuais aos cidadãos livres.
b) tipificar regras referentes aos atos dignos de punição.
c) conceder benefícios de indulto aos prisioneiros de
Parte superior da estela do Código de Hamurabi guerra.
d) promover distribuição de terras aos desempregados
Os Assírios foram o povo mesopotâmico com maior urbanos.
desenvolvimento militar, o que garantiu o domínio e) conferir prerrogativas políticas aos descendentes de
da Mesopotâmia, Palestina e Egito. Impunham aos estrangeiros.
vencidos, castigos e crueldades como uma forma de
manter respeito e espalhar o medo entre os outros
povos. 2. (FUVEST) Considere este mapa, que representa uma
região com histórico de migrações e disputas territoriais
Os Caldeus (Neobabilônicos) foram os últimos dos e que já abrigou, desde antes da Era Cristã, várias
chamados povos mesopotâmicos. Seu principal civilizações.
imperador foi Nabucodonosor, responsável pela
construção dos Jardins suspensos da Babilônia (que fez
para satisfazer sua esposa) e a Torre de Babel. Durante
seu governo a Babilônia atingiu o auge de sua hegemonia
e esplendor, ficando conhecida como “Rainha da Ásia”.
Foram dominados pelos Persas em 525 a.C..

Jardins Suspensos da Babilônia

a) Mencione duas características da bacia hidrográfica


dos rios Tigre/Eufrates, relacionando-as com sua
ocupação na Antiguidade. Justifique.
b) Identifique um importante conflito que, atualmente,
ocorre na área indicada no mapa e apresente uma
motivação político-religiosa para esse conflito.

8 Extensivo
3. (UFSC) Ao longo da história, as relações entre os seres ção de Johannes Gutenberg, que, ao desenvolver a
humanos e o meio ambiente caracterizaram-se por uma impressão com tipos móveis, renovou radicalmente a
intensa e contínua exploração dos mais diversos recursos tipografia e o alcance das produções escritas.
naturais. Entre as diferentes possibilidades, os rios são 08. os povos ágrafos, como muitas sociedades ame-
expoentes da efetiva relação entre a humanidade e o ríndias e africanas, devem ser considerados menos
meio natural. desenvolvidos do ponto de vista da comunicação por
não possuírem escrita.
Sobre as relações entre as diferentes sociedades e os rios 16. durante o período medieval, o livre acesso à leitura,
ao longo da história, é correto afirmar que: através das diversas bibliotecas espalhadas pelos
01. na antiguidade, a regularidade das cheias dos rios mosteiros cristãos na Europa, garantiu a consolidação
Tigre e Eufrates foi decisiva para a maior estabilidade do respeito a dogmas e doutrinas da Igreja.
econômica e política na Mesopotâmia em relação às 32. sancionada como língua oficial dos surdos no Brasil
demais sociedades orientais, como o Egito. no início do século XXI, a Língua Brasileira de Sinais
02. entre os séculos XVII e XVIII, com a descoberta de (LIBRAS), ao contrário dos idiomas essencialmente

HISTÓRIA
jazidas de ouro em locais distantes do litoral brasileiro, orais e auditivos, tem como característica ser visual
foram organizadas bandeiras de comércio, conhecidas e gestual.
como monções, que utilizavam os rios como meio de
transporte e comunicação.
04. o projeto de transposição do Rio São Francisco teve 5. (UFSC) Sem chuva, interior de São Paulo vive pior
como objetivo a ampliação de redes de abastecimento seca em 70 anos
e irrigação às áreas mais secas do nordeste brasileiro;
o projeto contou com o efetivo apoio dos principais
movimentos ambientalistas e tornou-se unanimidade
entre as diversas lideranças regionais.
08. em Santa Catarina, muitas colônias de imigrantes
europeus foram instaladas nos vales de rios, o que
favorecia a comunicação e o transporte de produtos.
16. os maiores rios do Brasil sempre foram utilizados
como via de transporte, bem como para o abasteci-
mento de água potável, por isso sempre houve grande
cuidado por parte das populações ribeirinhas e do
poder público para evitar a sua poluição.
32. no Brasil, é notória a capacidade de gerar energia de ARAÇATUBA E PEDERNEIRAS (SP) – Não é apenas a
usinas hidrelétricas, o que torna possível grandes capital paulista que vive a maior crise no abastecimen-
projetos, tais como o de Belo Monte, no Rio Madeira, to de água da sua história. O rico interior do estado de
os quais causam pequeno impacto ambiental. São Paulo enfrenta a pior seca dos últimos 70 anos. Não
chove desde o final do ano passado. O Rio Tietê baixou
em até oito metros na região de Araçatuba, a 467 quilô-
4. (UFSC) O aparecimento da escrita foi tão importante metros de São Paulo, interrompendo há dois meses o
que, durante muito tempo, foi considerado o marco tráfego de barcaças na hidrovia Tietê/Paraná, uma das
inicial da História. Foi a terceira forma de comunicação maiores do país, já que há lugares onde o rio está no
elaborada pelo ser humano e provocou grande revolução nível zero. Com isso, não será possível escoar parte das
nos seus costumes. Diferentemente da fala e das seis milhões de toneladas de grão transportadas por ali
pinturas rupestres, a escrita permitiu ao ser humano a anualmente.
comunicação de longo alcance geográfico, a fixação de
leis, de regras e penalidades, que viabilizaram a formação A situação impede a navegação até de barcos de pesca-
de estruturas sociais e políticas estáveis. dores, agravando a crise social. Já foram demitidas três
VAIFAS, Ronaldo. História I (Ensino Médio). 3. ed. São Paulo: Saraiva, mil pessoas que trabalhavam na hidrovia na região entre
2016, p. 30. Araçatuba e Barra Bonita, com 42 municípios.
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/sem-chuva-interior-
Sobre a escrita e a comunicação ao longo da História, é de-sao-paulo-vive-pior-seca-em-70-anos-13517020> Acesso em: 15
correto afirmar que: set. 2014.
01. na região da Mesopotâmia, existia uma escrita
chamada de cuneiforme, que serviu, inclusive, para Sobre o uso dos recursos naturais e sobre os impactos
o registro do Código de Hamurabi, conhecido como o ambientais da ação humana ao longo da história, é
primeiro código de leis escritas. CORRETO afirmar que:
02. no Egito antigo, a escrita hieroglífica era privilégio da 01. na antiguidade, o uso dos rios como fonte de irriga-
realeza e só podia ser utilizada para fins administrati- ção para a prática da agricultura estava diretamente
vos, sendo absolutamente proibida para registros ou relacionado com as origens das primeiras civilizações.
pregações religiosas. 02. a ciência moderna, defensora do teocentrismo, com-
04. o avanço dos conhecimentos na Europa, a partir do batia a ideia de controle e domínio da natureza pelo
século XV, ganhou grande impulso com a contribui- homem.

#ORGULHODESERPRÓ 9
04. os impactos do acidente nuclear de Chernobyl, ocor- Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) em relação
rido em 1986, na Ucrânia, durante o domínio soviéti- às sociedades que se desenvolveram naquela região na
co, foram responsáveis por milhares de mortes e pela Antiguidade.
enorme propagação de radiação na região. 01. A região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates,
08. a chamada “revolução verde”, ocorrida principal- onde hoje se localizam os territórios do Iraque, do
mente nos anos 1960 e 1970, foi o primeiro grande Kweite (Kwait) e parte da Síria, era conhecida como
movimento de combate ao uso de agrotóxicos na Mesopotâmia.
agricultura. 02. Na Mesopotâmia viveram diversos povos, entre os
16. Santa Catarina, estimulada pela sua vocação turística, quais podemos destacar os sumérios, acádios, assírios
destaca-se no cenário nacional pelo eficiente sistema e babilônios.
de saneamento básico, responsável pelo tratamento 04. A religião teve notável influência na vida dos povos
da totalidade dos resíduos lançados nas regiões lito- da Mesopotâmia. Entre eles surgiu a crença em uma
râneas. única divindade (monoteísmo).
08. Os babilônios ergueram magníficas construções
feitas com blocos de pedra, das quais são exemplos as
6. (UFSC) Várias sociedades antigas se desenvolveram pirâmides de Gisé.
ao longo de rios. Sobre elas, assinale a(s) proposição(ões) 16. Os povos da Mesopotâmia, além da significativa con-
CORRETA(S). tribuição no campo da Matemática, destacaram-se na
01. As antigas China e Índia também são consideradas Astronomia e entre eles surgiu um dos mais famosos
sociedades hidráulicas e se favoreceram, respectiva- códigos de leis da Antiguidade, o de Hamurábi.
mente, dos rios Amarelo e Indo. 32. Muitos dos povos da Mesopotâmia possuíram go-
02. A China antiga foi rica em pensadores, como Sun Tzu, vernos autocráticos. Entre os caldeus surgiu o sistema
Confúcio e Lao-Tsé. Uma obra conhecida até hoje e democrático de governo.
que foi produzida no seio desta sociedade é o tratado
militar A arte da guerra.
04. A Mesopotâmia, região localizada entre os rios Tigre 8. (FUVEST) Ao primeiro brilho da alvorada chegou do
e Eufrates, foi assim batizada pelos gregos por ficar horizonte uma nuvem negra, que era conduzida [pelo]
entre os dois rios. senhor da tempestade (...). Surgiram então os deuses do
08. Vários povos formavam o que conhecemos por abismo; Nergal destruiu as barragens que represavam
Mesopotâmia. Entre os principais, figuram aqueus, as águas do inferno; Ninurta, o deus da guerra, pôs
jônios, eólios e dórios. abaixo os diques (...). Por seis dias e seis noites os ventos
16. O Egito foi uma sociedade expansionista desde o sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram
período inicial de sua unificação política, o que levou o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria
aquela sociedade a estender suas conquistas até o como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo
território que hoje conhecemos como Paquistão. dia o temporal (...) amainou (...) o dilúvio serenou (...)
32. O ciclo agrícola proporcionado pelo rio Nilo se refle- toda a humanidade havia virado argila (...). Na montanha
tiu nas concepções mitológicas dos egípcios antigos. de Nisir o barco ficou preso (...). Na alvorada do sétimo
dia eu soltei uma pomba e deixei que se fosse. Ela voou
para longe, mas, não encontrando um lugar para pousar,
7. (Ufsc) “Bagdá - O famoso tesouro de Nimrud, retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que as águas
desaparecido há dois meses em Bagdá, foi encontrado haviam abaixado; ela comeu, (...) grasnou e não mais
em boas condições em um cofre no Banco Central do voltou para o barco. Eu então abri todas as portas e
Iraque em Bagdá, submerso em água de esgoto, segundo janelas, expondo a nave aos quatro ventos. Preparei um
informaram autoridades do exército norte-americano. sacrifício e derramei vinho sobre o topo da montanha
Cerca de 50 itens, do Museu Nacional do Iraque, estavam em oferenda aos deuses (...).
desaparecidos desde os saques que seguiram à invasão A Epopeia de Gilgamesh, São Paulo: Martins Fontes, 2001.
de Bagdá pelas forças da coalizão anglo-americana.
Os tesouros de Nimrud datam de aproximadamente Com base no texto, registrado aproximadamente no
900 a.C. e foram descobertos por arqueólogos iraquia- século VII a.C. e que se refere a um antigo mito da Meso-
nos nos anos 80, em quatro túmulos reais na cidade de potâmia, bem como em seus conhecimentos, é possível
Nimrud, perto de Mosul, no norte do país. Os objetos, dizer que a sociedade descrita era
de ouro e pedras preciosas, foram encontrados no cofre a) mercantil, pacífica, politeísta e centralizada.
do Banco Central, em Bagdá, dentro de um outro cofre, b) agrária, militarizada, monoteísta e democrática.
submerso pela água da rede de esgoto. Os tesouros, um c) manufatureira, naval, monoteísta e federalizada.
dos achados arqueológicos mais significativos do século d) mercantil, guerreira, monoteísta e federalizada.
20, não eram expostos ao público desde a década de e) agrária, guerreira, politeísta e centralizada.
90. Uma equipe de pesquisadores do Museu Britânico
chegará na próxima semana a Bagdá para estudar como
proteger os objetos.” 9. (FUVEST) A partir do III milênio a. C. desenvolveram-
(“O ESTADO DE SÃO PAULO”. Versão eletrônica. São Paulo: 07 jun. se, nos vales dos grandes rios do Oriente Próximo,
2003. Disponível em www.estadao.com.br.) como o Nilo, o Tigre e o Eufrates, estados teocráticos,
fortemente organizados e centralizados e com extensa

10 Extensivo
burocracia. Uma explicação para seu surgimento é
a) a revolta dos camponeses e a insurreição dos arte-
sãos nas cidades, que só puderam ser contidas pela
imposição dos governos autoritários.
b) a necessidade de coordenar o trabalho de grandes
contingentes humanos, para realizar obras de irrigação.
c) a influência das grandes civilizações do Extremo
Oriente, que chegou ao Oriente Próximo através das
caravanas de seda.
d) a expansão das religiões monoteístas, que fundamen-
tavam o caráter divino da realeza e o poder absoluto
do monarca.
e) a introdução de instrumentos de ferro e a conse-
quente revolução tecnológica, que transformou a

HISTÓRIA
agricultura dos vales e levou à centralização do poder.

10. (UFSM)

O mapa acima indica os diversos caminhos do povo


hebreu na Antiguidade, destacando a migração de Ur
para a Palestina (por volta de 1900 a.C.), a ida ao Egito
(1700 a.C.), o Êxodo (1200 a.C.), a deportação para a
Babilônia e o regresso à Palestina (século VI a.C.). A partir
desses dados, pode-se inferir:
a) O povo hebreu realizou trocas comerciais e culturais
com o Egito e a Mesopotâmia, e essas trocas influíram
na sua formação cultural e religiosa.
b) Como se percebiam como “povo eleito por Deus”, os
hebreus recusavam qualquer influência das culturas e
das religiões dos povos do Oriente Médio.
c) A força política e militar dos hebreus se impôs sobre
os reinos do Oriente Médio, originando uma cultura e
religião dominantes na região.
d) As migrações dos povos da Antiguidade eram raras,
devido às péssimas condições das estradas e à preca-
riedade dos meios de transporte.
e) As migrações de povos tornaram-se possíveis com as
facilidades criadas pelas sociedades estatais no Egito
e Mesopotâmia.

Gabarito - Aula 02
1) B 2) - 3) 10 4) 37 5) 05
6) 39 7) 19 8) E 9) B 10) A

#ORGULHODESERPRÓ 11
HISTÓRIA
AULA

02
EGITO
Aula disponível no ambiente virtual (AVA)

PERÍODO PRÉ-DINÁSTICO sua mãe, que tinha a capacidade de gerar um “deus” em


A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste seu ventre.
africano, numa região banhada pelo rio Nilo. O rio era
utilizado como via de transporte e as cheias garantiam A economia egípcia era baseada principalmente na agri-
a fertilidade de suas margens. Foi buscando a produtiv- cultura, realizada principalmente nas margens férteis
idade dessas margens alagáveis que, por volta do ano do rio Nilo. Os egípcios também praticavam o comércio
5.000 a.C., formaram-se os primeiros agrupamentos de mercadorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais
humanos, os Nomos. Os nomos eram pequenos e inde- eram constantemente convocados pelo faraó para
pendentes politicamente, mas devido à insuficiência de prestarem algum tipo de trabalho em obras públicas
mão-de-obra para construções necessárias à ampliação (canais de irrigação, pirâmides, templos, diques), através
das áreas cultiváveis, esses nomos uniram-se em dois de um sistema conhecido como servidão coletiva.
reinos. Em 3.500 a.C., nasceram o Alto Egito, ao norte, e
o Baixo Egito, ao sul. A religião egípcia era repleta de mitos e crenças
interessantes. O egípcios acreditavam na existência de
vários deuses, dentre os quais destacamos: Hórus, Set,
Amon, Rá, Aton, Anúbis, Isis e Osiris. Muitos desses
deuses eram antropozoomórficos, ou seja, tinham o
corpo formado por parte de ser humano e parte de
animal. Os deuses egípcios se relacionavam e formavam
um sistema mitológico bastante complexo. O faraó era
considerado um deus encarnado.

Deuses do Egito Antigo


Egito Antigo
A observação das cheias do Nilo levou os egípcios a
Em 3.200 a.C., através de ações militares, Menés, rei desenvolverem sua noção de tempo cíclico. Eram as
do Alto Egito, unificou os dois reinos, tornando-se o cheias do Nilo que fertilizavam as regiões próximas as
primeiro senhor do Egito. Surgia assim o Império Egípcio. suas margens, através do humos levado pelo rio. Como
acreditavam na vida após a morte, mumificavam os
cadáveres dos faraós, colocando-os em pirâmides, com o
Período Dinástico objetivo de preservar o corpo para a vida seguinte. Esta
A sociedade egípcia era composta pelos seguintes seria definida, segundo crenças egípcias, pelo deus Osíris
grupos sociais: Faraó, Nobres, Sacerdotes, Militares, em seu tribunal de julgamento. O coração era analisado
Escribas, Artesãos, Comerciantes, Camponeses e pelo deus da morte, que mandava para uma vida na
Escravos, sendo o faraó a autoridade máxima, chegando escuridão aqueles cujo órgão estava pesado (que tiveram
a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes, nobres, uma vida de atitudes ruins) e para uma outra vida boa
militares e escribas (responsáveis pela escrita) também aqueles de coração leve. Muitos animais também eram
ganharam importância na sociedade. Esta era susten- considerados sagrados pelos egípcios, de acordo com
tada pelo trabalho e impostos pagos por camponeses, as características que apresentavam: chacal (esperteza
artesãos e pequenos comerciantes. Os escravos também noturna), gato (agilidade), carneiro (reprodução), jacaré
compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram (agilidade nos rios e pântanos), serpente (poder de
pessoas capturadas em guerras. A sociedade egípcia era ataque), águia (capacidade de voar), escaravelho (ligado
matriarcal, pois a “divindade” do faraó tinha origem em a ressurreição). Durante o reinado do faraó Akhenaton,
com o intuito de diminuir a influência dos sacerdotes em
12 Extensivo
seu governo, foi implantado o culto monoteísta a Aton. Novo Império (1580 a.C.- 525 a.C.)

A escrita egípcia também foi algo importante para este Liderados pelo faraó Amósis, os egípcios conseguem
povo, pois permitiu a divulgação de ideias, comunicação expulsar os hicsos de seu território e também resolver
e controle de impostos. Existiam duas formas de escrita: seus problemas com os núbios. Essa fase foi marcada
a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais pelo Êxodo Hebraico, episódio marcado pela fuga dos
complexa e formada por desenhos e símbolos). Os hebreus do Egito liderados por Moisés; pelo governo de
egípcios inventaram uma espécie de papel chamada Hatshepsut, a faraó mulher; e também pela instalação
papiro, que era produzida a partir de uma planta de no monoteísmo de Akhnaton. A partir do século XII a.C.,
mesmo nome. o Egito foi sucessivamente invadido por diversos povos.
Em 525 a.C., os persas conquistaram o Egito.
A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de
ciências. Desenvolveram conhecimentos importantes na
área da matemática, usados na construção de pirâmides e

HISTÓRIA
templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação
proporcionaram importantes conhecimentos sobre o
funcionamento do corpo humano. Tarefas
A história do período dinástico pode ser dividida em
três fases: 11. (UFSC) O aparecimento da escrita foi tão importante
que, durante muito tempo, foi considerado o marco
Antigo Império (3.200 a.C. – 2.300 a.C.) inicial da História. Foi a terceira forma de comunicação
elaborada pelo ser humano e provocou grande
A primeira capital do império egípcio foi Tinis, cidade revolução nos seus costumes. Diferentemente da fala e
de Menés, posteriormente transferida para a cidade das pinturas rupestres, a escrita permitiu ao ser humano
de Menfis. A principal marca do antigo império foram a comunicação de longo alcance geográfico, a fixação de
as grandes construções, como as Pirâmides de Gizé. As leis, de regras e penalidades, que viabilizaram a formação
últimas décadas desse período foram marcadas por uma de estruturas sociais e políticas estáveis.
série de revoltas populares lideradas pelos burocratas. VAIFAS, Ronaldo. História I (Ensino Médio). 3. ed. São Paulo: Saraiva,
Essas revoltas levaram a fragmentação do império, que só 016, p. 30.
voltaria a se organizar como unidade 300 anos mais tarde.
Sobre a escrita e a comunicação ao longo da História, é
correto afirmar que:
01. na região da Mesopotâmia, existia uma escrita
chamada de cuneiforme, que serviu, inclusive, para o
registro do Código de Hamurabi, conhecido como o
primeiro código de leis escritas.
02. no Egito antigo, a escrita hieroglífica era privilégio da
realeza e só podia ser utilizada para fins administrati-
vos, sendo absolutamente proibida para registros ou
pregações religiosas.
Pirâmides de Gizé 04. o avanço dos conhecimentos na Europa, a partir do
século XV, ganhou grande impulso com a contribui-
Médio Império (2.000 a.C. – 1580 a.C.) ção de Johannes Gutenberg, que, ao desenvolver a
impressão com tipos móveis, renovou radicalmente a
Com a reunificação dos nomos, a nova capital egípcia tipografia e o alcance das produções escritas.
passou a ser a cidade fortificada de Tebas. Durante essa 08. os povos ágrafos, como muitas sociedades ameríndias
fase, houve uma grande disputa política entre o Faraó e a e africanas, devem ser considerados menos
elite religiosa e administrativa do Egito. Assim, membros desenvolvidos do ponto de vista da comunicação por
da elite que estavam interessados em bater de frente não possuírem escrita.
com o faraó, permitiram que alguns povos estrangeiros 16. durante o período medieval, o livre acesso à leitura,
adentrassem o território egípcio. Foi nesse contexto que através das diversas bibliotecas espalhadas pelos
os Hicsos, povo de origem semita, ocuparam a região mosteiros cristãos na Europa, garantiu a consolidação
norte do Egito, bem próximo ao delta do Nilo. A princípio do respeito a dogmas e doutrinas da Igreja.
a relação entre hicsos e egípcios se deu de forma pacífica. 32. sancionada como língua oficial dos surdos no Brasil
Porém, com técnicas militares mais avançadas, como no início do século XXI, a Língua Brasileira de Sinais
a cavalaria e o carro de guerra, os hicsos começaram (LIBRAS), ao contrário dos idiomas essencialmente
a estender o seu poder pelo território. Além de lutar orais e auditivos, tem como característica ser visual
contra os Hicsos no norte, os egípcios também passaram e gestual.
a enfrentar os núbios ao sul.

#ORGULHODESERPRÓ 13
12. (UFSC) Várias sociedades antigas se desenvolveram em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.
ao longo de rios. Sobre elas, assinale a(s) proposição(ões) e) significava um peso para a população egípcia, que
CORRETA(S). condenava o luxo faraônico e a religião baseada em
01. As antigas China e Índia também são consideradas crenças e superstições.
sociedades hidráulicas e se favoreceram, respectiva-
mente, dos rios Amarelo e Indo.
02. A China antiga foi rica em pensadores, como Sun Tzu, 15. (ENEM) Ao visitar o Egito do seu tempo, o historiador
Confúcio e Lao-Tsé. Uma obra conhecida até hoje e grego Heródoto (484 - 420/30 a.C.) interessou-se por
que foi produzida no seio desta sociedade é o tratado fenômenos que lhe pareceram incomuns, como as cheias
militar A arte da guerra. regulares do rio Nilo. A propósito do assunto, escreveu o
04. A Mesopotâmia, região localizada entre os rios Tigre seguinte:
e Eufrates, foi assim batizada pelos gregos por ficar “Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do
entre os dois rios. verão e subindo continua durante cem dias; por que ele
08. Vários povos formavam o que conhecemos por se retrai e a sua corrente baixa, assim que termina esse
Mesopotâmia. Entre os principais, figuram aqueus, número de dias, sendo que permanece baixo o inverno
jônios, eólios e dórios. inteiro, até um novo verão. Alguns gregos apresentam
16. O Egito foi uma sociedade expansionista desde o explicações para os fenômenos do rio Nilo. Eles afirmam
período inicial de sua unificação política, o que levou que os ventos do noroeste provocam a subida do rio, ao
aquela sociedade a estender suas conquistas até o impedir que suas águas corram para o mar. Não obstante,
território que hoje conhecemos como Paquistão. com certa frequência, esses ventos deixam de soprar, sem
32. O ciclo agrícola proporcionado pelo rio Nilo se refletiu que o rio pare de subir da forma habitual. Além disso, se
nas concepções mitológicas dos egípcios antigos. os ventos do noroeste produzissem esse efeito, os outros
rios que correm na direção contrária aos ventos deveriam
apresentar os mesmos efeitos que o Nilo, mesmo porque
13. (UFSC) Sobre o Egito antigo, é CORRETO afirmar que: eles todos são pequenos, de menor corrente.”
01. o rio Nilo foi de suma importância em vários aspectos Heródoto. História (trad.). livro II, 19-23. Chicago: Encyclopaedia
da vida dos antigos egípcios. Não só a agricultura foi Britannica Inc. 2a ed. 1990, p. 52-3 (com adaptações).
possível devido ao seu ciclo de cheias, como também a
noção de tempo cíclico, base do pensamento egípcio, Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de alguns
levou à crença na vida após a morte. gregos para os fenômenos do rio Nilo. De acordo com o
02. a construção das pirâmides atendia às necessidades texto, julgue as afirmativas a seguir.
da vida após a morte dos faraós. Esse tipo de constru-
ção foi característica da arquitetura funerária durante I. Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem-se ao
todo o período do Egito antigo e só foi possível graças fato de que suas águas são impedidas de correr para
à enorme mão de obra escrava existente desde o o mar pela força dos ventos do noroeste.
Antigo Reino. II. O argumento embasado na influência dos ventos do
04. os egípcios antigos acreditavam em vários deuses noroeste nas cheias do Nilo sustenta-se no fato de
que se relacionavam entre si e formavam seu sistema que, quando os ventos param, o rio Nilo não sobe.
mitológico. III. A explicação de alguns gregos para as cheias do Nilo
08. a despeito da influência islâmica, o Egito atual baseava-se no fato de que fenômeno igual ocorria
mantém as mesmas crenças religiosas do Egito antigo. com rios de menor porte que seguiam na mesma
direção dos ventos.

14. (ENEM) O Egito é visitado anualmente por milhões É correto apenas o que se afirma em
de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos a) I.
de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder b) II.
esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, c) I e II.
as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos d) I e III.
construídos ao longo do Nilo. e) II e III.
O que hoje se transformou em atração turística era, no
passado, interpretado de forma muito diferente, pois
a) significava, entre outros aspectos, o poder que os 16. (ENEM) Na Mesopotâmia, os frutos da civilização foram
faraós tinham para escravizar grandes contingentes partilhados entre diversas cidades-estados e, no interior
populacionais que trabalhavam nesses monumentos. delas, entre vários grupos sociais, se bem que desigualmente.
b) representava para as populações do alto Egito a possi- No Egito dos faraós, os frutos em questão concentraram-
bilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos se quase somente na Corte real e, secundariamente, nos
canteiros faraônicos. centros regionais de poder. Se na Mesopotâmia o comércio
c) significava a solução para os problemas econômicos, cedo começou a servir também à acumulação de riquezas
uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas privadas, no Egito as trocas importantes permaneceram por
riquezas, construindo templos. mais tempo sob controle do Estado.
d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a CARDOSO, C. F. Sociedades do antigo Oriente Próximo. São Paulo:
sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem Ática, 1986 (adaptado).

14 Extensivo
Um fator sociopolítico que caracterizava a organização 19. (FUVEST) A partir do III milênio a. C. desenvolveram-
estatal egípcia no contexto mencionado está indicado se, nos vales dos grandes rios do Oriente Próximo,
no(a) como o Nilo, o Tigre e o Eufrates, estados teocráticos,
a) atrofiamento da casta militar. fortemente organizados e centralizados e com extensa
b) instituição de assembleias locais. burocracia. Uma explicação para seu surgimento é
c) eleição dos conselhos provinciais. a) a revolta dos camponeses e a insurreição dos arte-
d) fortalecimento do aparato burocrático. sãos nas cidades, que só puderam ser contidas pela
e) esgotamento do fundamento teocrático. imposição dos governos autoritários.
b) a necessidade de coordenar o trabalho de grandes
contingentes humanos, para realizar obras de irrigação.
17. (ENEM) Os faraós das primeiras dinastias construíam c) a influência das grandes civilizações do Extremo
grandes pirâmides para proteger as suas câmaras Oriente, que chegou ao Oriente Próximo através das
mortuárias. Conforme a crença egípcia antiga, a alma caravanas de seda.
vagaria sem destino se o corpo, sua habitação, fosse d) a expansão das religiões monoteístas, que fundamen-

HISTÓRIA
destruído. No Egito contemporâneo, os muçulmanos são tavam o caráter divino da realeza e o poder absoluto
sepultados envoltos apenas em mortalhas, poucas horas do monarca.
após a morte, em túmulos simples e sem identificação e) a introdução de instrumentos de ferro e a conse-
individual. quente revolução tecnológica, que transformou a
agricultura dos vales e levou à centralização do poder.
A diferença entre as grandes pirâmides de outrora e os
ritos e túmulos simples de hoje deve-se ao fato de a
religião muçulmana 20. (UNIOESTE) Se tomarmos como referência a
a) ser descrente quanto à existência de vida após a antiguidade oriental, é correto afirmar-se sobre a
morte. sociedade egípcia que
b) ter surgido, precisamente, como reação contra a reli- ( ) os faraós, apesar de estarem no topo da hierarquia
gião dos faraós. social, deviam obediência aos sacerdotes, que deti-
c) entender como errado construir pirâmides só para os nham o poder teocrático.
ricos, e não, para todos. ( ) a alta nobreza era constituída pelos parentes do
d) querer evitar os assaltos aos monumentos funerários, faraó, pelos altos funcionários do palácio, pelos
que eram comuns no Egito antigo. oficiais superiores do exército, pelos chefes locais da
e) ignorar o corpo como morada da alma e considerar os administração e pelos sacerdotes.
homens como iguais frente à morte. ( ) os escribas, homens letrados, eram considerados os
“olhos e ouvidos” do faraó.
( ) os camponeses e os artesãos constituíam uma
18. (FUVEST) Examine estas imagens produzidas no camada social dinâmica que controlava a economia
antigo Egito: agroindustrial egípcia.
( ) os escravos não recebiam proteção dos seus senhores
e eram maltratados em todas as situações.

As imagens revelam
a) o caráter familiar do cultivo agrícola no Oriente
Próximo, dada a escassez de mão de obra e a proibi-
ção, no antigo Egito, do trabalho compulsório.
b) a inexistência de qualquer conhecimento tecnológi-
co que permitisse o aprimoramento da produção de
alimentos, o que provocava longas temporadas de
fome.
c) o prevalecimento da agricultura como única atividade
econômica, dada a impossibilidade de caça ou pesca
nas regiões ocupadas pelo antigo Egito.
d) a dificuldade de acesso à água em todo o Egito, o
que limitava as atividades de plantio e inviabilizava a Gabarito - Aula 02
criação de gado de maior porte.
11) 37 12) 39 13) 05 14) A 15) A
e) a importância das atividades agrícolas no antigo Egito,
que ocupavam os trabalhadores durante aproximada- 16) D 17) E 18) E 19) B 20) *
mente metade do ano. *20) F-V-V-F-F

#ORGULHODESERPRÓ 15
HISTÓRIA
AULA

02
OUTROS POVOS DA ANTIGUIDADE ORIENTAL
Aula disponível no ambiente virtual (AVA)

Os hebreus são um povo de origem semita que habitava Samuel. Todavia, a unidade política dos hebreus só se
a região da palestina. Antepassados dos atuais judeu, são concretizou a partir do surgimento dos monarcas.
conhecidos por suas migrações e pelo desenvolvimento
da primeira religião monoteísta da história. Praticavam A terceira fase da evolução política dos hebreus é
a agricultura, o pastoreio, o artesanato e o comércio. conhecida como monarquia. O primeiro monarca
Tinham por base social o trabalho de escravos e servos. hebraico foi Saul, que morreu sem conseguir derrotar os
Grande parte da história hebraica tem como fonte o filisteus, missão essa concluída por seu sucessor. Davi,
Antigo Testamento, escrito com base na tradição oral após vencer os filisteus, estabeleceu o domínio sobre a
desse povo. Nele encontramos muitas das concepções Palestina e fundou o Estado Hebreu, cuja capital passou
de mundo dos hebreus, como as normas ética e morais a ser Jerusalém.
de sua sociedade.
Salomão, terceiro e último rei hebraico, ficou famoso
Segundo a tradição hebraica, Abraão foi o patriarca pela construção do Templo de Jerusalém e pelo
fundador desse povo, recebendo de Jeová a missão de desenvolvimento do comércio. Todavia, a riqueza
liderá-los até Canaã, região posteriormente chamada que marcou seu reinado foi gerada também à custa
de Palestina. Essa primeira fase da história hebraica é de constantes aumentos de impostos, que acabaram
conhecida como Patriarcado. criando um clima de insatisfação entre a população.

Com a chegada dos mesopotâmicos à região, os hebreus Com a morte de Salomão os hebreus voltaram a se dividir
migraram para o Egito, onde foram transformados em escravos. em tribos. As dez tribos do norte formaram o Reino de
Por volta do ano 1.250 a.C., Moisés liderou seu povo numa Israel. As duas tribos do sul fundaram o reino de Judá.
marcha de volta a Canaã, episódio conhecido como êxodo.
No ano de 70 d.C., após a invasão de diferentes povos,
ocorre a Diáspora Hebraica, quando os hebreus se
espalharam pelo mundo.

No século XIX, surgiu o Movimento Sionista, criado por


Theodor Herzl. O sionismo pregava o retorno dos judeus
para a região da Palestina, o que aconteceu com a
criação do Estado de Israel, em 1948, quando os judeus
voltaram a se reunir em um território.

PERSAS
Localizados entre o golfo Pérsico e o mar Cáspio,
os persas estabeleceram uma das mais expressivas
civilizações da Antiguidade. Habitavam o território que
Moisés conduzindo os hebreus na travessia do Mar Vermelho hoje corresponde ao Irã e eram conhecidos pelo seu
militarismo e expansionismo, dominando grande parte
Com a morte de Moisés, sob a liderança de Josué, os do oriente próximo.
hebreus cruzaram o rio Jordão e, após vencerem os
cananeus, retornaram a Palestina. Naquela época, o
povo hebraico encontrava-se dividido em 12 tribos, que
viviam em clãs compostos pelos patriarcas, seus filhos,
mulheres e trabalhadores não livres.

As lutas pela conquista e permanência na terra prometida


geraram a necessidade do comando passar às mãos de
chefes militares, os juízes. Iniciava-se assim o juizado,
segunda fase da evolução política dos hebreus. Esses
juízes procuraram unir as 12 tribos, buscando ampliar
sua força militar e facilitar a conquista e defesa da região.
Os principais juízes foram Sansão, Otoniel, Gideão e Extensão do Império Persa

16 Extensivo
Dada as grandes proporções do território persa,
os domínios persas foram divididos em satrápias, Tarefas
subdivisões do território a serem controladas por um
sátrapa, que tinha a importante tarefa de organizar a
arrecadação de impostos e contava com o auxílio de um 21. (UECE) Considerando as características das
secretário-geral e um comandante militar. sociedades do antigo oriente próximo, numere os
parênteses abaixo de acordo com a seguinte indicação:
A religião persa era o Zoroastrismo, também conhecida
por Masdeísmo. Criada pelo profeta Zaratustra, era uma 1. Egípcios;
religião dualista, tendo em Mazda o deus do bem e em 2. Mesopotâmicos;
Iramã o deus do mal. 3. Hebreus;
4. Fenícios.

FENÍCIOS ( ) Viviam em cidades-estados que tinham nas atividades

HISTÓRIA
Os fenícios foram responsáveis pela formação de uma rica comerciais marítimas sua principal base econômica.
civilização que ocupou uma faixa do litoral mediterrâneo ( ) Desenvolveram a escrita cuneiforme, o calendário
que adentrava o território asiático até as montanhas do anual dividido em 12 meses e os princípios da astro-
atual Líbano. nomia e da astrologia.
( ) Organizaram seu reino a partir de suas tribos tradicio-
A expansão comercial fenícia foi responsável pela nais e originaram uma religião monoteísta.
organização de vários centros urbanos independentes, ( ) Desenvolveram uma avançada cultura com grandes
entre os quais destacamos Arad, Biblos, Ugarit, Tiro desenvolvimentos na arquitetura, na engenharia e na
e Sídon. Em cada uma dessas cidades, observamos a medicina.
presença de um monarca escolhido pela decisão dos
grandes comerciantes e proprietários de terra do local. A sequência correta, de cima para baixo,
Dessa forma, podemos afirmar que o cenário político a) 4, 2, 3, 1.
fenício era eminentemente plutocrático, ou seja, b) 4, 3, 1, 2.
controlado pelas parcelas mais ricas da população. c) 2, 4, 1, 3.
Podemos também afirmar que as cidades-estado fenícias d) 2, 1, 3, 4.
organizavam-se politicamente através da Talassocracia,
pois o governo era exercido por seus ricos comerciantes.
22. (UECE) No século VIII a.C. os fenícios protagonizaram
Uma interessante contribuição advinda do comércio uma intensa movimentação no Mar Mediterrâneo ao
dos fenícios foi a elaboração de um dos mais antigos lançarem seus navios para o alto mar, implementando
alfabetos de toda História. Por meio de um específico uma rede de comercialização de ferro, vinho, azeite,
conjunto de símbolos, os fenícios puderam empreender ouro, cerâmica e escravos. Os fenícios também são os
a regulação de suas atividades comerciais e expandir as responsáveis pela criação da
possibilidades de comunicação entre as pessoas. Séculos a) literatura.
mais tarde, a civilização greco-romana foi diretamente b) escrita alfabética.
influenciada pelo sistema inaugurado pelos fenícios. c) roda.
d) matemática.

23. (UEFS) Uma opinião aceita amplamente é a de que


os gregos receberam o alfabeto dos povos fenícios. O
nosso próprio alfabeto é derivado do alfabeto grego.
Os intermediários foram os etruscos, cuja escrita foi
transmitida aos romanos.
(John F. Healey. “O primeiro alfabeto”. In: Lendo
o passado, 1996. Adaptado.)

O excerto explicita a existência de


a) igualdades culturais, linguísticas e políticas entre as
sociedades das antiguidades Oriental e Clássica.
b) desenvolvimentos paralelos e independentes dos
povos mesopotâmicos, semitas, africanos e greco-ro-
manos.
c) encontros intercivilizacionais e políticos decorrentes
Alfabeto Fenício da formação do antigo Império Egípcio na Europa e
na Ásia.
d) diálogos e trocas culturais transcorridos na região do
Mar Mediterrâneo na Antiguidade.

#ORGULHODESERPRÓ 17
e) vínculos necessários entre difusão de regimes demo- fertilizadas pelos rios.
cráticos e formação cultural dos cidadãos. 02. Os fenícios foram um dos povos que mais desenvol-
veram o comércio marítimo e se tornaram os maiores
navegadores do seu tempo.
24. (PUCSP) “Após chegarem, descarregam as 04. Os povos das sociedades antigas orientais não co-
mercadorias, dispondo-as em ordem na praia, e depois nheceram a religião monoteísta, ou seja, que pregava
voltam às suas embarcações e fazem sinais de fumaça. a existência de apenas um deus.
Os nativos veem a fumaça e, aproximando-se do mar, 08. Os povos da antiguidade oriental não conheciam a
colocam ao lado das mercadorias o ouro que oferecem escrita.
em troca, retirando-se a seguir. Os fenícios retornam 16. Os chineses tiveram na agricultura sua atividade
e examinam o que os nativos deixaram. Se julgarem principal, apesar de se tornarem especialistas na pro-
que a quantidade do ouro corresponde ao valor dução de artigos de bronze, porcelana e seda.
das mercadorias, tomam-no e partem, do contrário
regressam aos navios e aguardam.”
Heródoto. História. Brasília: UnB, 1988, p. 274. Adaptado. 27. (UEL) As cidades antigas, construídas por diversas
sociedades, expressaram através do tempo sua cultura,
arquitetura, ciência e modo de vida. Muitas se tornaram
A partir do texto de Heródoto (século V a.C.) e de seus monumentos ao ar livre, nos quais se desenvolveram
conhecimentos, é correto afirmar que a atividade dos pesquisas arqueológicas que abasteceram de objetos
fenícios históricos as maiores coleções museográficas europeias.
a) dependia do aparato militar que acompanhava os
comerciantes e impedia a realização de saques e Relacione as cidades, na coluna da esquerda, com as
ataques de piratas. suas respectivas sociedades, na coluna da direita.
b) consistia prioritariamente no comércio, realizado
através dos mares e, especialmente, na região medi- (I) Biblos (A) Suméria
terrânica.
c) permitiu o desenvolvimento de poderosa indústria (II) Chichén-Itza (B) Persa
náutica, depois utilizada para derrotar os romanos nas (III) Lagash (C) Maia
Guerras Púnicas. (IV) Machu-Pichu (D) Inca
d) contribuiu decisivamente para a vitória de Esparta na
(V) Pasárgada (E) Fenícia
Guerra do Peloponeso, ao garantir o abastecimento
da cidade grega.
Assinale a alternativa que contém a associação correta.
a) I-B, II-D, III-E, IV-A, V-C.
25. (UCS) Relacione as civilizações da Antiguidade b) I-C, II-A, III-D, IV-E, V-B.
apresentadas na COLUNA A a cada localização que as c) I-C, II-D, III-E, IV-B, V-A.
identificam, elencadas na COLUNA B. d) I-E, II-A, III-D, IV-B, V-C.
e) I-E, II-C, III-A, IV-D, V-B.
COLUNA A COLUNA B
1. Fenícia ( ) Nordeste da África 28. (Unifor) Entre os gregos, romanos e maias, observa-
2. Egípcia ( ) Atual Líbano se o predomínio da ideia de um tempo cíclico (por causa
3. Mesopotâmica ( ) Atual Irã dos ritmos naturais e da Cosmologia). Esses e outros
povos antigos acreditavam que o tempo era circular e
4. Persa ( ) Atual Iraque
que os fenômenos se repetiam. Assim, não haveria um
Assinale a alternativa que completa correta e respectiva- momento inicial da criação do Universo, ideia difundida
mente os parênteses, de cima para baixo. pela tradição judaico-cristã.
a) 1 – 3 – 2 – 4 VICENTINO, Bruno; VICENTINO, Cláudio. Olhares da história: Brasil e
b) 1 – 2 – 4 – 3 mundo. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2017, p. 18.
c) 2 – 1 – 4 – 3
d) 2 – 4 – 1 – 3 A partir do texto, entendemos que a cultura judaico cristã
e) 3 – 4 – 2 – 1 se baseia em um tempo linear, oriunda dos hebreus
e persas zoroastristas, contribuindo, na definição de
importante aspecto,
26. (IFSC) Costuma-se chamar de antiguidade oriental a) o nascimento de Cristo e o apocalipse, que são exemplos
o conjunto das primeiras civilizações que surgiram, em de demarcações de tempo que não poderiam se repetir.
especial os que se organizaram próximo a rios. Alguns b) o Antigo Testamento, que contém passagens de situa-
autores chamam esses povos de teocracias do regadio. ções que deveriam ser evitadas, logo, proibidas por Deus.
Sobre as sociedades antigas orientais, assinale a soma c) o Dilúvio, retratado como acontecimento cíclico tendo
da(s) proposição(ões) CORRETA(S). em vista a força inevitável da natureza e da vida.
01. Ao contrário de outras civilizações do período, os d) o paraíso e a origem do homem no mundo, que deve-
povos hindus não se beneficiaram de grandes áreas riam ser conhecidos como narrativas mitológicas da

18 Extensivo
criação.
e) a morte e ressurreição de Cristo, que deveriam ser
rememoradas e comemoradas, repetindo o ciclo da
vida humana.

29. (UEL) Durante as guerras entre os Persas e os Gregos,


no mundo antigo, um conjunto de ações foi realizado,
o que levou à produção de narrativas sobre esses
episódios, com consequências também para os seus
vizinhos macedônicos.

Com base nos conhecimentos sobre esse processo


histórico, considere as afirmativas a seguir.

HISTÓRIA
I. A Liga do Peloponeso, criada por Esparta, uniu-se à
Confederação de Delos, liderada por Atenas, e com
essa unificação as esquadras dos gregos tornaram-se
fortificadas com os grandes navios de combate.
II. A Confederação de Delos reuniu as cidades-estado
gregas contra a invasão persa e, no decorrer dos
conflitos, sua sede foi transferida para Atenas, com a
função de unificar os tributos e a frota.
III. Na obra História da Guerra do Peloponeso, escrita
pelo general ateniense Tucídides, foi descrito o flagelo
da peste natural, que se abateu sobre eles, expondo
as ilusões de seu mundo.
IV. Plutarco descreveu as habilidades de Alexandre
Magno na conquista e unificação dos povos envolvidos
no conflito, por meio da miscigenação e integração
cultural e do incentivo às artes e às ciências.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

30. (UECE) Atente ao seguinte enunciado:

“Dividido em várias Satrápias, controladas pelo Sátrapa


– um representante do imperador –, esperava-se, assim,
um maior controle das vastas áreas do império, a adoção
de uma moeda comum, assim como um sistema próprio
de pesos e medidas deveria uniformizar o comércio na
região, apoiado por uma vasta malha de estradas que
conectavam as principais cidades”.

Esse enunciado descreve características do Império


a) Macedônio, que teve seu apogeu no governo de
Alexandre, O Grande, e tinha sua capital na cidade de
Babilônia.
b) Romano, que no governo de Adriano estabeleceu
suas fronteiras finais que iam da Jordânia até a ilha
da Bretanha.
c) Han, que controlou a China e expandiu suas terras da
Indochina até a península da Coreia.
d) Persa ou Aquemênida, que em seu apogeu, sob o Gabarito - Aula 02
reinado de Dario I, dominou territórios na Ásia, África
21) A 22) B 23) D 24) B 25) C
e Europa.
26) 18 27) E 28) A 29) E 30) D

#ORGULHODESERPRÓ 19
HISTÓRIA
AULAS

03 E 04
ANTIGUIDADE OCIDENTAL - GRÉCIA
Os estudos da Antiguidade Ocidental dizem respeito monarquia, cujo rei, ou o Mino, tinha a função de chefe
a três grandes civilizações que se desenvolveram na político, mas também tinha seu poder ligado à religião.
região mediterrânea entre os séculos XX a.C e V d.C.:
gregos, macedônicos e romanos. Seu estudo é muito Durante o Período Homérico a Grécia era organizada em
relevante, pois foram essas civilizações que deram as genos. As unidades gentílicas eram pequenos agrupamentos
bases da sociedade ocidental contemporânea e, por isso, humanos autossuficientes, sem propriedade privada e
são chamadas de Civilizações Clássicas. Conceitos como sem classes sociais, cujos membros eram ligados por laços
cidadania, república e democracia, tão importantes nos consanguíneos. No final do período Homérico, devido ao
dias de hoje, foram por esses povos desenvolvidos. aumento demográfico, ocorreu a desintegração dos genos,
o que gerou a formação das Cidades-Estado do período
Arcaico, que veremos a seguir.
GRÉCIA
A Grécia se localiza no sul do continente europeu, na
Península Balcânica, e possui características naturais que
sempre favoreceram seu desenvolvimento comercial e
marítimo. Sua história pode ser dividida didaticamente
em cinco fases:
• Pré-Homérica (séc. XX a.C. ao XII a.C)
• Homérica (séc. XII a.C. ao VIII a.C)
• Arcaica (séc. VIII a.C. ao VI a.C)
• Clássica (séc. VI a.C. ao IV a.C)
• Helenística (séc. IV a.C)

Organização política do Período Homérico

A cidade de Esparta, localizada ao sul do Peloponeso e


fundada pelos dórios, caracterizou-se por sua tradição
militar. O governo era aristocrático e monopolizado por
uma oligarquia que, por meio de instituições, impedia o
acesso da população à vida política. O imobilismo social
era garantido por um rígido sistema educacional que
preparava, desde cedo, os indivíduos para a atividade
militar. Todo cidadão espartano era um soldado e vivia
em função das conquistas militares. Assim, o trabalho
na terra e comércio ficavam a cargo dos escravos e dos
estrangeiros, respectivamente.

Mapa da Grécia Antiga destacando a Península Balcânica

As informações que se conhecem sobre o período Pré-


Homérico e Homérico chegaram pelos poemas épicos
Ilíada e Odisséia, atribuídos ao poeta Homero. Os
principais povos que habitaram a região foram os jônios,
dórios, eólios e aqueus.

O Período Pré-Homérico foi marcado pelo


desenvolvimento da Civilização Cretense, também
conhecida como Minoica. Sua principal característica
foi ter desenvolvido um intenso comércio marítimo na
região balcânica e na Ásia Menor. Os principais produtos
comercializados por eles eram joias, tecidos, armas Soldados Espartanos
e objetos de bronze. Seu sistema de governo era uma

20 Extensivo
A cidade de Atenas, por sua vez, caracterizou-se pela política do Império brasileiro; a assinatura da Lei Áurea
importante atividade marítimo-comercial e por seu por uma mulher, a princesa Isabel, é exemplo disso.
desenvolvimento cultural. Localizada na Ática, foi 04. o movimento feminista foi decisivo para a Revolução
fundada pelos jônios no final do período homérico. Industrial e a consolidação do capitalismo no século
Atenas teve várias formas de governo ao longo da sua XIX; ao reivindicar e conquistar o direito ao trabalho
história. Somente durante o governo de Clístenes, que nas fábricas, o movimento permitiu que as condições
assumiu o poder em 510 a.C., efetivou-se um plano de insalubres e as longas jornadas de trabalho atingis-
reformas políticas que garantiu a participação de uma sem igualmente homens e mulheres.
maior parcela da população ateniense: a democracia. 08. ao contrário do que se verificou em Atenas, assim que
Todos os cidadãos teriam acesso às decisões políticas. o voto foi instituído no Brasil as mulheres puderam
É válido lembrar que só eram considerados cidadãos em votar e receber votos.
Atenas aqueles que fossem homens, livres, com mais de 16. Atenas, considerada o berço da democracia, cons-
18 anos e nascidos em Atenas, o que limitava o número truiu um sistema político no qual parcelas da socieda-
de pessoas aptas a participar das decisões políticas na de eram excluídas da participação política: escravos e

HISTÓRIA
Acrópole. A democracia ateniense era direta e trazia estrangeiros, por exemplo.
consigo dois conceitos bastante importantes: a isonomia 32. o movimento sufragista britânico do final do século
e o ostracismo. A isonomia era a garantia de igualdade XIX e início do século XX contou com o apoio das
de direitos entre todos os cidadãos, sem distinção de forças policiais em seus protestos, que coagiram os
classes sociais. O ostracismo era um exílio de dez anos parlamentares a aprovarem o direito das mulheres de
impostos aqueles que eram julgados prejudiciais ao votar e de receber votos.
desenvolvimento da vida política em Atenas.

Atenas destacou-se também por legar às sociedades 2. (UFSC) A pólis e o cidadão


contemporâneas importantes aspectos culturais, como
o teatro, a filosofia e a arquitetura. [Para] um grego da época clássica a pólis não designava
um lugar geográfico, mas uma prática política exercida
pela comunidade de seus cidadãos. Da mesma forma se
referiam os romanos à civitas, a cidade no sentido da
participação dos cidadãos na vida pública. Se no caso da
pólis ou da civitas o conceito de cidade não se referia
à dimensão espacial da cidade, e sim à sua dimensão
política, o conceito de cidadão não se refere ao morador
da cidade, mas ao indivíduo que, por direito, pode
participar da vida política.
ROLNIK, Raquel. O que é a cidade. São Paulo: Brasiliense, 2004, p.
21.

Fragmento da Pintura “Escola de Atenas” de Rafael Sanzio, onde Sobre aspectos políticos que caracterizaram a emergên-
encontramos as representações de Platão e Aristóteles ao centro. cia da civilização ocidental, é correto afirmar que:
01. a democracia ateniense sustentou-se por meio da
mão de obra escrava, à qual poderia ser atribuído o
papel de mero instrumento de trabalho.
Tarefas 02. o estabelecimento da democracia ateniense ampliou
substancialmente a igualdade de direitos, como a par-
ticipação das mulheres na vida pública e nas decisões
1. (UFSC) [...] Mirem-se no exemplo políticas da principal pólis grega.
Daquelas mulheres de Atenas 04. como partilhavam o mesmo espaço público, todos os
Geram pros seus maridos homens de uma cidade-Estado na Grécia Antiga eram
Os novos filhos de Atenas considerados cidadãos.
Elas não têm gosto ou vontade 08. enquanto a democracia ateniense era direta, a de-
Nem defeito, nem qualidade mocracia política contemporânea é representativa,
Têm medo apenas [...] isto é, os cargos de poder são atribuídos, em eleição,
HOLANDA, Chico Buarque de. Mulheres de Atenas. Disponível em: a alguns atores políticos que representam os demais
http://m.letras.mus/chico-buarque/45150. Acesso em: 30 set. 2019. cidadãos.
16. o termo república recebeu, ao longo da história,
Sobre democracia e participação das mulheres na vários significados, conforme os sentidos que os
política, é correto afirmar que: povos organizados dessa maneira lhe imprimiam. Na
01. a sociedade ateniense foi organizada para o mundo aristocrática república romana, apenas os plebeus
masculino, portanto as mulheres não tinham cidada- tinham todos os direitos políticos.
nia plena. 32. a lei das Doze Tábuas e o Código Jurídico Civil,
02. desde o século XIX, as mulheres tinham os mesmos organizado no reinado de Justiniano, estão entre os
direitos que os homens e eram as protagonistas na principais legados do Direito Romano.

#ORGULHODESERPRÓ 21
3. (UFSC) Leia. 01. Atenas era considerada um modelo de cidade para
A educação em Esparta todo o Império Romano.
Ensinavam a ler e escrever apenas o estritamente 02. a riqueza mencionada por Tucídedes era vista como
necessário. O resto da educação visava acostumá-los ingrediente necessário para projetar a cidade de
à obediência, torná-los duros à adversidade e fazê-los Atenas no cenário do mundo antigo.
vencer o combate. Do mesmo modo, quando cresciam, 04. o texto evidencia que todos os cidadãos deviam in-
eles recebiam um treinamento mais severo: raspavam a teressar-se por política para não serem considerados
cabeça, andavam descalços, brincavam nus a maior parte inúteis.
do tempo. Tais eram seus hábitos. 08. a mobilização em busca de riqueza era mais impor-
PLUTARCO. A vida de Licurgo. In: PINSKY, Jaime. 100 textos de tante para a democracia do que o debate político,
História Antiga. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1998. p. 109. visto que a riqueza era “... um instrumento para agir.”
16. os postos administrativos de destaque na cidade de
Sobre o papel da educação e da escrita nas sociedades Atenas estavam vinculados à quantidade de bens que
antigas, é CORRETO afirmar que: o cidadão ateniense possuía.
01. o Egito antigo, extremamente dependente do rio Nilo 32) de acordo com Tucídedes, os povos vizinhos de
e de seu regime de cheias, fez da agricultura sua prin- Atenas eram seus imitadores. Podemos concluir que,
cipal atividade econômica. Esta característica impediu dada à proximidade geográfica, Esparta adotou este
o desenvolvimento da escrita naquela sociedade. modelo.
02. a escrita cuneiforme, criada pelos assírios na antiga 64. pobreza e riqueza não podiam existir paralelamente
Mesopotâmia, tinha por função estabelecer acordos na cidade de Atenas, razão pela qual devia haver um
comerciais com os etíopes. esforço para evitar a pobreza.
04. conforme o trecho acima citado, podemos perceber
que a educação tem estreita relação com as caracte-
rísticas sociais. O militarismo de Esparta influenciou a 5. (UFSC) Assinale a ÚNICA proposição CORRETA.
educação de suas crianças. Entre os povos indo-europeus, que foram os principais
08. a educação que uma criança recebia na antiguidade fundadores das Cidades-estado da Grécia clássica,
dependia da posição social e do gênero. As mulheres encontram-se os:
atenienses, por exemplo, recebiam uma educação 01. Sumérios, Aqueus, Eólios e Godos.
familiar que lhes qualificava para as atividades domés- 02. Aqueus, Jônios, Eólios e Francos.
ticas e os cuidados com os filhos. 04. Jônios, Persas, Aqueus e Dórios.
16. na China, o confucionismo valorizava uma educação 08. Eólios, Vândalos, Jônios e Aqueus.
pautada no respeito às tradições, ressaltando valores 16. Aqueus, Dórios, Jônios e Eólios.
como moderação e harmonia.

6. (UDESC) Observe a linha do tempo abaixo:


4. (UFSC) Leia o texto abaixo com atenção.

Nossa forma de governo não se baseia nas instituições


dos povos vizinhos. Não imitamos os outros. Servimos A respeito da chamada Antiguidade Clássica, assinale a
de modelo para eles. Somos uma democracia porque alternativa que apresenta a correta ordem dos eventos,
a administração pública depende da maioria, e não de segundo a linha do tempo apresentada.
poucos. Nessa democracia, todos os cidadãos são iguais a) Fundação de Roma pelos etruscos; Configuração do
perante as leis para resolver os conflitos particulares. modelo de democracia ateniense; Instauração do
Mas quando se trata de escolher um cidadão para a Império Romano; Queda do Império Romano; Instau-
vida pública, o talento e o mérito reconhecidos em cada ração da República Romana.
um dão acesso aos postos mais honrosos. [...] Usamos b) Acontecimentos narrados por Homero em Ilíada e
a riqueza como um instrumento para agir, e não como Odisseia; Desenvolvimento das noções de democra-
motivo de orgulho e ostentação. Entre nós, a pobreza cia e cidadania grega; Crise da República Romana;
não é causa de vergonha. Vergonhoso é não fazer o Instauração do Império Romano; Oficialização do cris-
possível para evitá-la. Todo o cidadão tem o direito de tianismo como religião do Império Romano.
cuidar de sua vida particular e de seus negócios privados. c) Expansão do Império Romano; Queda do Império
Mas aquele que não manifestar interesse pela política, Romano; Estruturação do Sistema Feudal; Crise do
pela vida pública, é considerado um inútil. Em resumo, século XIV; Renascimento.
digo que nossa cidade é uma escola para toda Hélade, e d) Queda do Império Romano; Oficialização do cristianis-
cada cidadão ateniense, por suas características, mostra- mo; Proclamação da República Romana; Proclamação
se capaz de realizar as mais variadas formas de atividade. da República Grega; Expansão dos etruscos para
TUCÍDEDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília/São Paulo: Atenas.
UnB/Hucitec, 1986, cap. 37-41, Livro II. e) República Ateniense; Ascensão do Império Espartano;
Oficialização do cristianismo; Proclamação da Repú-
Com base neste texto do historiador ateniense Tucídedes blica Romana; Expansão do Império Romano.
e sobre história antiga ocidental, é
correto afirmar que:

22 Extensivo
7. (UDESC) “Mas, já que estamos a examinar qual é a 9. (UDESC) São fontes indispensáveis para o
constituição política perfeita, sendo essa constituição conhecimento dos primeiros tempos daquilo que viria
a que mais contribui para a felicidade da cidade... os a se constituir na civilização grega os poemas “Ilíada”
cidadãos não devem exercer as artes mecânicas nem as e “Odisseia”, atribuídos a Homero. Seus versos tratam,
profissões mercantis; porque este gênero de vida tem sobretudo, de episódios e consequências relacionadas
qualquer coisa de vil, e é contrário à virtude. É preciso com a seguinte alternativa:
mesmo, para que sejam verdadeiros cidadãos, que eles a) o domínio do fogo ofertado aos homens por Prome-
não se façam lavradores; porque o descanso lhes é teu;
necessário para fazer nascer a virtude em sua alma, e b) a longa guerra contra a cidade de Tróia;
para executar os deveres civis. c) a implantação da democracia em Atenas;
Aristóteles. A política. Livro IV, cap. VIII. d) os combates e batalhas da Guerra do Peloponeso;
e) a conquista da Grécia pelas tropas romanas.
A partir da citação acima e de seus conhecimentos sobre
a estrutura político-social da Grécia Antiga, assinale a

HISTÓRIA
alternativa correta. 10. (ENEM) Na Grécia, o conceito de povo abrange
a) A ideia de democracia grega está ligada ao fato de tão somente aqueles indivíduos considerados cidadãos.
que todos aqueles que habitavam uma cidade-estado Assim é possível perceber que o conceito de povo era
dispunham dos mesmos direitos e deveres, uma vez muito restritivo. Mesmo tendo isso em conta, a forma
que todos os trabalhos e profissões eram igualmente democrática vivenciada e experimentada pelos gregos
valorizados. atenienses nos séculos IV e V a.C. pode ser caracterizada,
b) A cidadania era uma forma de distinção social porque fundamentalmente, como direta.
nem todos os habitantes de uma cidade eram consi- MANDUCO, A. Ciência política. São Paulo: Saraiva. 2011.
derados cidadãos. Estrangeiros e mulheres, por
exemplo, não dispunham dos direitos de cidadania e Naquele contexto, a emergência do sistema de governo
não tinham direito a voto nas assembleias. mencionado no excerto promoveu o(a)
c) As profissões mercantis eram desencorajadas devido a) competição para a escolha de representantes.
à supremacia da Igreja Católica na administração polí- b) campanha pela revitalização das oligarquias.
tica grega, durante o Período Clássico. Neste período, c) estabelecimento de mandatos temporários.
a usura e o exercício do lucro eram vivamente conde- d) declínio da sociedade civil organizada.
nados por ferirem os princípios cristãos. e) participação no exercício do poder.
d) Todos os homens que habitavam uma cidade eram
considerados cidadãos. A cidadania, na Grécia
Clássica, era qualificada em ordens, sendo que os 11. (ENEM) A soberania dos cidadãos dotados de
proprietários de terras eram cidadãos de primeira plenos direitos era imprescindível para a existência
ordem e os trabalhadores braçais de segunda ordem. da cidade-estado. Segundo os regimes políticos, a
Todos, porém, tinham direito de voz e voto nas proporção desses cidadãos em relação à população total
assembleias. dos homens livres podia variar muito, sendo bastante
e) A ideia de cidadania, descrita por Aristóteles, é pequena nas aristocracias e oligarquias e maior nas
considerada ainda hoje um ideal, uma vez que é democracias.
plenamente inclusiva e qualifica de forma igualitária CARDOSO, C. F. A cidade-estado clássica. São Paulo: Ática, 1985.
todos os trabalhos e profissões.
Nas cidades-estado da Antiguidade Clássica, a proporção
de cidadãos descrita no texto é explicada pela adoção do
8. (UDESC) Em relação aos principais acontecimentos seguinte critério para a participação política:
ocorridos na História da Antiguidade, numere-os a) Controle da terra.
cronologicamente. b) Liberdade de culto.
( ) Conquistas militares de Alexandre, O grande. c) Igualdade de gênero.
( ) Guerra do Peloponeso. d) Exclusão dos militares.
( ) Conversão do imperador Constantino ao cristianismo e) Exigência da alfabetização.
em Roma.
( ) Formação das pólis gregas.
( ) Rebelião escrava liderada por Spartacus. 12. (ENEM) TEXTO I
Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente
Assinale a alternativa que contém a sequência quando terra e dívida são mencionadas juntas. Logo
cronológica correta, de cima para baixo. depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador”
a) 1 - 3 - 5 - 4 - 2 em Atenas, com poderes sem precedentes, porque a
b) 5 - 4 - 2 - 3 - 1 exigência de redistribuição de terras e o cancelamento
c) 2 - 4 - 1 - 3 - 5 das dívidas não podiam continuar bloqueados pela
d) 3 - 2 - 5 - 1 - 4 oligarquia dos proprietários de terra por meio da força
e) 4 - 2 - 1 - 5 - 3 ou de pequenas concessões.
FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF
Martins Fontes, 2013 (adaptado).

#ORGULHODESERPRÓ 23
TEXTO II TEXTO II
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos Um cidadão integral pode ser definido por nada mais
fundamentais do direito romano, uma das principais nada menos que pelo direito de administrar justiça e
heranças romanas que chegaram até nos. A publicação exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são
dessas leis, por volta de 450 a.C., foi importante pois o limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que
conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes
é um instrumento favorável ao homem comum e pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de
potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio dos certos intervalos de tempo prefixados.
poderosos. ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).
Comparando os textos l e II, tanto para Tucídides (no
O ponto de convergência entre as realidades sociopolíti- século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.),
cas indicadas nos textos consiste na ideia de que a a cidadania era definida pelo(a)
a) discussão de preceitos formais estabeleceu a a) prestígio social.
democracia. b) acúmulo de riqueza.
b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as c) participação política.
aristocracias d) local de nascimento.
c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as e) grupo de parentesco.
sociedades.
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos
de interesses. 15. (ENEM) Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar
e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades os mortos é uma prática quase íntima, que diz respeito
de tratamento. apenas à família. A menos, é claro, que se trate de uma
personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre
foi assim. Para um historiador, os sepultamentos são
13. (ENEM) O que implica o sistema da pólis é uma uma fonte de informações importantes para que se
extraordinária preeminência da palavra sobre todos compreenda, por exemplo, a vida política das sociedades.
os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepulta-
debate contraditório, a discussão, a argumentação e a mentos,
polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desva-
como do jogo político. lorizadas, porque o mais importante era a democracia
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: experimentada pelos vivos.
Bertrand, 1992 (adaptado). b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre
os rituais fúnebres, preocupando-se mais com a
Na configuração política da democracia grega, em salvação da alma.
especial a ateniense, a ágora tinha por função c) no Brasil colônia, o sepultamento dos mortos nas
a) a) agregar os cidadãos em torno de reis que governa- igrejas era regido pela observância da hierarquia
vam em prol da cidade. social.
b) b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do d) na época da Reforma, o catolicismo condenou os
Estado expostas por seus magistrados. excessos de gastos que a burguesia fazia para sepultar
c) c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se seus mortos.
reunia para deliberar sobre as questões da comuni- e) no período posterior à Revolução Francesa, devido as
dade. grandes perturbações sociais, abandona-se a prática
d) d) reunir os exercícios para decidir em assembleias do luto.
fechadas os rumos a serem tomados em caso de
guerra.
e) e) congregar a comunidade para eleger representan- 16. (Enem) Segundo Aristóteles, “na cidade com
tes com direito a pronunciar-se em assembleias. o melhor conjunto de normas e naquela dotada de
homens absolutamente justos, os cidadãos não devem
viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses
14. (ENEM) TEXTO l tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores
como alguém que cuida apenas de seus próprios os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao
interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, desenvolvimento das qualidades morais e à prática das
decidimos as questões públicas por nós mesmos na atividades políticas”.
crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo:
sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes Atual, 1994.
de chegar a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987
(adaptado). O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles,
permite compreender que a cidadania
a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada,

24 Extensivo
pois é condenável que os políticos de qualquer época
fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos
cidadãos tem de trabalhar.
b) era entendida como uma dignidade própria dos
grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
política profundamente hierarquizada da sociedade.
c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção
política democrática, que levava todos os habitantes
da pólis a participarem da vida cívica.
d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado
às atividades vinculadas aos tribunais.
e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles
que se dedicavam à política e que tinham tempo para

HISTÓRIA
resolver os problemas da cidade.

Gabarito - Aulas 03 e 04
1) 17 2) 41 3) 28 4) 06 5) 16
6) B 7) B 8) D 9) B 10) E
11) A 12) E 13) C 14) C 15) C
16) B

#ORGULHODESERPRÓ 25
HISTÓRIA
AULAS

05 E 06
ROMA
Segundo a lenda descrita por Virgílio em seu poema
Eneida, a vila de Roma foi fundada pelos irmãos
gêmeos Rômulo e Remo. Filhos do deus Marte com a
mortal Reia Sílvia, eles teriam sido abandonados por
sua mãe em uma cesta no rio Tibre e criados por uma
loba, que os encontrou e os acolheu com se fossem
sua própria cria. Uma vez adultos, fundaram a cidade
de Roma em homenagem a loba.

Representação o Senado Romano

As desigualdades sociais existentes em Roma provocaram


uma série de levantes envolvendo sobretudo plebeus,
que reivindicavam maiores possibilidades de participação
política. Tais levantes populares conseguiram estabelecer
uma série avanços políticos, como: a criação do Tribunato
da Plebe, onde os plebeus podiam participar das decisões
políticas; A Lei das XII Tábuas, que ditavam normas
eliminando as diferenças de classes; a Lei Canuleia, que
Rômulo e Remo estabeleceu a igualdade civil entre patrícios e plebeus; e
a Lei Poetelia, que acabou com a escravidão por dívida.
A cidade de Roma localiza-se no centro da península Todavia, mesmo com os avanços em termos políticos, as
Itálica, região do Lácio. Foi fundada em 753 a.C. por desigualdades socioeconômicas permaneceram durante
uma série de povos, dentre os quais destacam-se toda a história de Roma antiga.
latinos, sabinos e etruscos. Desde cedo caracterizou-se
por receber bem outros povos, o que levou a formação Roma conquistou uma série de territórios na Península
de uma cidade com pluralidade étnica e cultural. A Itálica, movimento que ficou conhecido como Expansão
história da Roma Antiga divide-se em três fases: Interna. Posteriormente entrou em guerra com os
cartagineses pelo controle do Mar Mediterrâneo. Tal
conflito ficou conhecido como Guerras Púnicas e deu
Monarquia (753 a.C. – 509 a.C.) início a Expansão Externa da república romana.
A vila de Roma foi formada por latinos, sabinos e
etruscos, mas sofre grande influência da cultura
helênica devido as colônias gregas existentes no sul da
Península Itálica. No primeiro momento de sua evolução
política, Roma foi uma monarquia, na qual o rei era o
dirigente supremo, auxiliado pelo Senado. Nessa época,
a sociedade romana dividia-se em patrícios, plebeus,
clientes e poucos escravos, mas somente os patrícios
tinham acesso a vida política em Roma. Após um período
de dominação etrusca, apoiada pelo rei, a aristocracia
romana proclamou a República.

República (509 a.C. – 27 a.C.)


Durante o período republicano, o Senado detinha o
poder máximo, porém existiam outros órgãos políticos,
como as assembleias e a magistratura. Expansão territorial de Roma

26 Extensivo
Essas conquistas ativaram o espírito de unidade cidadãos.
dos romanos, minimizando os conflitos sociais, mas 16. o termo república recebeu, ao longo da história,
também provocaram efeitos modificadores no caráter vários significados, conforme os sentidos que os
da sociedade e economia romana, com a entrada de povos organizados dessa maneira lhe imprimiam. Na
um grande número de escravos no território romano e aristocrática república romana, apenas os plebeus
estabelecendo a falência dos plebeus. tinham todos os direitos políticos.
32. a lei das Doze Tábuas e o Código Jurídico Civil, orga-
Durante essa crise, verificou-se a polarização dos nizado no reinado de Justiniano, estão entre os princi-
grupos: de um lado, a aristocracia (conservadora) e, de pais legados do Direito Romano.
outro, o partido popular (reformista). Os irmãos Graco,
pertencentes ao segundo grupo, tentaram implementar
reformas sociais, com uma divisão mais justa das 2. (UFSC) Os homens da Igreja e os grandes príncipes
terras conquistadas, mas foram perseguidos e mortos do renascimento italiano costumavam exaltar o
pela camada dominante. Houve também a formação esplendor de seus palácios urbanos e de suas casas de

HISTÓRIA
de governos militares, como os de Mario e Silas, que campo com as ruínas da Roma Imperial, que jaziam a
tentaram através da imposição de duras leis reprimir seu redor. Retiravam e transportavam dos locais em que
as revoltas plebeias. Em meio à crise, foi estabelecido haviam descansado durante 1500 anos as estátuas de
o I Triunvirato, no qual Júlio Cesar, após derrotar seus deuses e imperadores, os bustos de antigos heróis e as
adversários políticos, foi nomeado Ditador Perpétuo ninfas de pedra que um dia haviam dançado nas bordas
de Roma. Uma vez no poder, Cesar tentou promover de antigas fontes.
uma série de reformas populares, mas acabou sendo ROMA: ecos da glória imperial. Coleção Civilizações Perdidas. Rio de
assassinado pelos senadores. Em meio à instabilidade Janeiro: Abril, 1998, p. 45.
política vivenciada por Roma e com a república já
esgotada, houve o estabelecimento do II Triunvirato, Sobre o Império Romano, é CORRETO afirmar que:
no qual, após derrotar Marco Antônio no Egito, Otávio 01. a arquitetura do período imperial romano concen-
implantou o império. trou-se na construção de edifícios com finalidade
religiosa, dedicando pouca atenção às obras de in-
fraestrutura urbana.
02. o governo do imperador Constantino (313-337 d.C.)
Tarefas foi marcado pela perseguição aos cristãos, cujas
crenças chocavam-se com o respeito religioso dos
romanos pelos seus imperadores, que eram conside-
1. (UFSC) A pólis e o cidadão rados como deuses.
04. a estabilização das fronteiras com a pax romana pra-
[Para] um grego da época clássica a pólis não designava ticamente definiu os limites geográficos do Império
um lugar geográfico, mas uma prática política exercida Romano.
pela comunidade de seus cidadãos. Da mesma forma se 08. os germanos eram chamados depreciativamente de
referiam os romanos à civitas, a cidade no sentido da bárbaros pelos romanos porque não falavam o latim
participação dos cidadãos na vida pública. Se no caso da e tinham costumes diferentes, em clara referência à
pólis ou da civitas o conceito de cidade não se referia ideia de oposição entre civilização e barbárie.
à dimensão espacial da cidade, e sim à sua dimensão 16. durante o século II d.C., com a conquista de territó-
política, o conceito de cidadão não se refere ao morador rios na Ásia, na África e na Europa, o Império Romano
da cidade, mas ao indivíduo que, por direito, pode parti- atingiu sua maior extensão, dominando toda a costa
cipar da vida política. mediterrânea.
ROLNIK, Raquel. O que é a cidade. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 21. 32. a decadência do Império Romano esteve relacionada
ao intenso êxodo rural, desencadeado pela adoção
Sobre aspectos políticos que caracterizaram a emergên- progressiva do colonato em função da ampliação da
cia da civilização ocidental, é correto afirmar que: oferta de mão de obra escrava.
01. a democracia ateniense sustentou-se por meio da
mão de obra escrava, à qual poderia ser atribuído o
papel de mero instrumento de trabalho. 3. (UFSC) “ELEFANTES - Vendo. Para circo ou zoológico.
02. o estabelecimento da democracia ateniense ampliou Usados mas em bom estado. Já domados e com baixa do
substancialmente a igualdade de direitos, como a par- exército. Tratar com Aníbal.” (p. 143)
ticipação das mulheres na vida pública e nas decisões “TORRO TUDO - E toco cítara. Tratar com Nero.”
políticas da principal pólis grega. (p.144)
04. como partilhavam o mesmo espaço público, todos os VERISSIMO, Luis Fernando. O Classificado através da História. In:
homens de uma cidade-Estado na Grécia Antiga eram “Comédias para se ler na escola”. São Paulo: Objetiva, 2001.
considerados cidadãos.
08. enquanto a democracia ateniense era direta, a de- Sobre Roma na Antiguidade, é CORRETO afirmar que:
mocracia política contemporânea é representativa, 01. Aníbal foi um conhecido comandante de Cartago, que
isto é, os cargos de poder são atribuídos, em eleição, combateu os romanos durante as Guerras Púnicas.
a alguns atores políticos que representam os demais 02. as Guerras Púnicas, que envolveram Cartago e Roma,

#ORGULHODESERPRÓ 27
aconteceram no contexto da expansão territorial 01. justifica as precárias condições de vida dos campone-
romana. ses romanos, atribuindo-as à necessidade de serem
04. a expansão territorial acabou se revelando um fra- pobres para poderem defender a pátria.
casso. Isto pode ser percebido pela ausência de alte- 02. refere-se às determinações das “Leis das XII Tábuas”,
rações nos hábitos da sociedade romana nos períodos que proibiam aos plebeus e patrícios a posse da terra.
que se sucederam. 04. critica as condições de vida dos soldados romanos,
08. o domínio de Roma no Mediterrâneo favoreceu o fim a quem a cidade devia sua riqueza e glória, mas que
da República e a ascensão do Império. quase nada recebiam em troca.
16. Nero foi um governante de Roma conhecido pelo 08. reflete a situação dos patrícios, clientes e plebeus,
apoio que prestou aos cristãos, sendo responsável que eram forçados a entregar ao Estado o excedente
por elevar o Cristianismo a religião oficial do Império da sua produção, vivendo em condições miseráveis.
Romano. 16. analisa a situação dos romanos pobres. Nas guerras,
32. o período de governo de Nero é conhecido como um serviam como soldados. Nos períodos de paz, sofriam
momento de decadência do Império Romano, cujos sérias discriminações. A terra, riqueza fundamental,
motivos estão, entre outros, nos graves problemas era quase toda propriedade dos patrícios.
sociais causados pela existência de uma cidadania
restrita e pelos abusos administrativos. 6. (UFSC) As sociedades contemporâneas herdaram
64. a escravidão, embora presente, nunca foi economica- valores culturais significativos dos romanos e gregos.
mente relevante na sociedade romana. Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) relacionada(s)
com essas civilizações.
01. A Filosofia grega exerceu influência marcante sobre
4. (UFSC) Entre as contribuições mais originais dos o pensamento Ocidental, especialmente através de
Romanos para a Civilização Ocidental destaca-se o sábios como Platão e Aristóteles.
Direito. O Corpus Juris Civilis fundamentou os conceitos 02. As influências do Direito Romano se fazem presente
de justiça e dos direitos do indivíduo ainda presentes nos no sistema jurídico de Estados Ocidentais da atualida-
códigos contemporâneos. Assinale a(s) proposição(ões) de como o Brasil.
CORRETA(S) que identificam princípios do Direito 04. Da língua latina originaram-se idiomas como o Portu-
romano. guês, o Espanhol e o Francês.
01. Ninguém pode ser retirado à força da sua casa = in- 08. Na sociedade ateniense as mulheres participavam da
violabilidade do lar. administração da polis, sem restrições das leis e dos
02. O ônus da prova é de responsabilidade do acusador = costumes.
comprovação do crime pela acusação. 16. A posição social das mulheres era de inferioridade,
04. Tudo se permite ao acusador, nada ao acusado = apesar de desempenharem papéis relevantes para a
ampla proteção ao direito de acusar. sociedade grega.
08. Na aplicação da penalidade devem ser levadas em
conta a idade e a inexperiência do culpado = proteção
ao menor de idade. 7. (ENEM) Ao abrigo do teto, sua jornada de fé começava
16. Um pai não pode ser testemunha competente contra na sala de jantar. Na pequena célula cristã, dividia-se a
o filho, nem o filho contra o pai = proteção da família. refeição e durante elas os crentes conversavam, rezavam
32. Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa = prote- e liam cartas de correligionários residentes em locais
ção à liberdade de pensamento. diferentes do Império Romano (século II da Era Cristã).
Esse ambiente garantia peculiar apoio emocional às
experiências intensamente individuais que abrigava.
5. (UFSC) Leia o texto a seguir com atenção: SENNET, R. Carne e Pedra. Rio de Janeiro: Record, 2008.
Até as feras selvagens que vagam pela Itália têm cada
uma sua caverna, um covil onde repousar. Mas aqueles Um motivo que explica a ambientação da prática descrita
que combatem e morrem pela Itália não têm nada além no texto encontra-se no(a)
da luz e do ar que respiram. a) regra judaica, que pregava a superioridade espiritual
Sem casa, sem ter onde se abrigar, vagam com a mulher dos cultos das sinagogas.
e os filhos [...] b) moralismo da legislação, que dificultava as reuniões
Vocês os fazem combater e morrer para defender a abertas da juventude livre.
riqueza e o luxo dos outros [...] Vocês os chamam de c) adesão do patriciado, que subvertia o conceito origi-
senhores do mundo, mas eles não possuem nem um nal dos valores estrangeiros.
pedacinho de terra. d) decisão política, que censurava as manifestações
(Texto romano do século II. Apud DUARTE, Gleuso Damasceno. públicas da doutrina dissidente.
“Jornada para o nosso tempo.” Belo Horizonte: Editora Lê, 1997. e) violência senhorial, que impunha a desestruturação
p.101.) forçada das famílias escravas.

De acordo com o texto acima e seus conhecimentos,


assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 8. (Enem) Com efeito, até a destruição de Cartago, o
povo e o Senado romano governavam a República em
O texto ... harmonia e sem paixão, e não havia entre os cidadãos

28 Extensivo
luta por glória ou dominação; o medo do inimigo mais importante que a aquisição desse conhecimento?
mantinha a cidade no cumprimento do dever. Mas, assim POLÍBIO. História. Brasília: Editora UnB, 1985.
que o medo desapareceu dos espíritos, introduziram-se
os males pelos quais a prosperidade tem predileção, isto A experiência a que se refere o historiador Políbio, nesse
é, a libertinagem e o orgulho. texto escrito no século II a.C., é a
SALÚSTIO. A conjuração de Catilina/A guerra de Jugurta. Petrópolis: a) ampliação do contingente de camponeses livres.
Vozes, 1990 (adaptado). b) consolidação do poder das falanges hoplitas.
c) concretização do desígnio imperialista.
O acontecimento histórico mencionado no texto de d) adoção do monoteísmo cristão.
Salústio, datado de I a.C., manteve correspondência com e) libertação do domínio etrusco.
o processo de
a) demarcação de terras públicas.
b) imposição da escravidão por dividas. 11. (ENEM) Durante a realeza, e nos primeiros anos
c) restrição da cidadania por parentesco. republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma

HISTÓRIA
d) restauração de instituições ancestrais. geração para outra. A ausência de uma legislação escrita
e) expansão das fronteiras extrapeninsulares. permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus
interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram
eleger uma comissão de dez pessoas – os decênviros –
9. (ENEM) TEXTO I para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na
Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente Grécia, para estudar a legislação de Sólon.
quando terra e dívida são mencionadas juntas. Logo COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador”
em Atenas, com poderes sem precedentes, porque a A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo,
exigência de redistribuição de terras e o cancelamento descrita no texto, esteve relacionada à
das dívidas não podiam continuar bloqueados pela a) adoção do sufrágio universal masculino.
oligarquia dos proprietários de terra por meio da força b) extensão da cidadania aos homens livres.
ou de pequenas concessões. c) afirmação de instituições democráticas.
FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF d) implantação de direitos sociais.
Martins Fontes, 2013 (adaptado). e) tripartição dos poderes políticos.

TEXTO II
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos funda- 12. (ENEM)
mentais do direito romano, uma das principais heranças
romanas que chegaram até nos. A publicação dessas
leis, por volta de 450 a.C., foi importante pois o conheci-
mento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um
instrumento favorável ao homem comum e potencial-
mente limitador da hegemonia e arbítrio dos poderosos.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).

O ponto de convergência entre as realidades sociopolíti-


cas indicadas nos textos consiste na ideia de que a
a) discussão de preceitos formais estabeleceu a demo-
cracia.
b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristo-
cracias
c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as
sociedades.
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos
de interesses.
e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualda-
des de tratamento.
A figura apresentada é de um mosaico, produzido por
volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod, atual
10. (ENEM) Pois quem seria tão inútil ou indolente Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que
a ponto de não desejar saber como e sob que espécie representam uma característica política dos romanos no
de constituição os romanos conseguiram em menos de período, indicada em:
cinquenta e três anos submeter quase todo o mundo a) Cruzadismo — conquista da terra santa.
habitado ao seu governo exclusivo – fato nunca antes b) Patriotismo — exaltação da cultura local.
ocorrido? Ou, em outras palavras, quem seria tão c) Helenismo — apropriação da estética grega.
apaixonadamente devotado a outros espetáculos ou d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados.
estudos a ponto de considerar qualquer outro objetivo e) Expansionismo — diversidade dos territórios conquis-

#ORGULHODESERPRÓ 29
tados. d) na edificação de monumentos comemorativos em
memória das lutas dos plebeus e do alargamento da
cidadania romana.
13. (ENEM) “Somos servos da lei para podermos ser e) nos registros das perseguições ao cristianismo e da
livres.” destruição de suas edificações monásticas.
Cícero

“O que apraz ao príncipe tem força de lei.” 15. (FUVEST) Os impérios do mundo antigo tinham
Ulpiano ampla abrangência territorial e estruturas politicamente
complexas, o que implicava custos crescentes de
As frases acima são de dois cidadãos da Roma Clássica administração. No caso do Império Romano da
que viveram praticamente no mesmo século, quando Antiguidade, são exemplos desses custos:
ocorreu a transição da República (Cícero) para o Império a) as expropriações de terras dos patrícios e a geração
(Ulpiano). de empregos para os plebeus.
b) os investimentos na melhoria dos serviços de assis-
Tendo como base as sentenças acima, considere as tência e da previdência social.
afirmações: c) as reduções de impostos, que tinham a finalidade de
I. A diferença nos significados da lei é apenas aparente, evitar revoltas provinciais e rebeliões populares.
uma vez que os romanos não levavam em considera- d) os gastos cotidianos das famílias pobres com alimen-
ção as normas jurídicas. tação, moradia, educação e saúde.
II. Tanto na República como no Império, a lei era o e) as despesas militares, a realização de obras públicas e
resultado de discussões entre os representantes a manutenção de estradas.
escolhidos pelo povo romano.
III. A lei republicana definia que os direitos de um
cidadão acabavam quando começavam os direitos de
outro cidadão.
IV. Existia, na época imperial, um poder acima da legis-
lação romana.

Estão corretas, apenas:


a) I e III.
b) I e III.
c) Il e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

14. (FUVEST) (…) o “arco do triunfo” é um fragmento


de muro que, embora isolado da muralha, tem a forma
de uma porta da cidade. (...) Os primeiros exemplos
documentados são estruturas do século II a.C., mas os
principais arcos de triunfo são os do Império, como os
arcos de Tito, de Sétimo Severo ou de Constantino, todos
no foro romano, e todos de grande beleza pela elegância
de suas proporções.
PEREIRA, J. R. A., Introdução à arquitetura. Das origens ao século XXI.
Porto Alegre: Salvaterra, 2010, p. 81.

Dentre os vários aspectos da arquitetura romana,


destaca‐se a monumentalidade de suas construções. A
relação entre o “arco do triunfo” e a História de Roma
está baseada
a) no processo de formação da urbe romana e de edifi-
cação de entradas defensivas contra invasões de
povos considerados bárbaros.
b) nas celebrações religiosas das divindades romanas
vinculadas aos ritos de fertilidade e aos seus ances-
trais etruscos. Gabarito - Aulas 05 e 06
c) nas celebrações das vitórias militares romanas que 1) 41 2) 28 3) 49 4) 59 5) 20
permitiram a expansão territorial, a consolidação 6) 23 7) D 8) E 9) E 10) C
territorial e o estabelecimento do sistema escravista.
11) B 12) E 13) E 14) C 15) E

30 Extensivo
HISTÓRIA
AULA

07
IDADE MÉDIA
Aula disponível no ambiente virtual (AVA)

Idade Média é o período da História que se estende


da queda do Império Romano Ocidental, em 476, até a
invasão dos Turco-Otomanos à Constantinopla, episódio
que levou ao fim do Império Bizantino, em 1453. Tendo
como reverência as transformações pelas quais passou
a Europa ao longo desses dez séculos, podemos dividir
esse período em duas fases:

Alta Idade Média: período que se estende do século V


ao século X. Foi marcada pela fragmentação política e
pelo avanço da ruralização na Europa Ocidental. Nessa
fase, observamos a cristalização do modelo Feudal e Mediterrâneo na Alta Idade Média
a decadência do comércio devido ao fechamento das
rotas comerciais do Mar Mediterrâneo gerado pela O Império Bizantino
expansão Árabe. O Império Bizantino, que em sua origem era chamada
de Império Romano do Oriente, foi uma das maiores
Baixa Idade Média: período que se estende do século civilizações do período medieval. Sua história nos
XI ao XV. Foi marcada pela crise do feudalismo e pela remete à fundação de sua capital, Constantinopla, que
intensificação do comercio e da urbanização. O contato foi criada pelo imperador romano Constantino, sobre o
cultural entre oriente e ocidente e a reabertura do Mar que havia sido até então Bizâncio – uma antiga colônia
Mediterrâneo ao comércio europeu transformaram grega na região da Trácia. Assim, a cidade adquiriu as
as relações econômicas, sociais e políticas da Europa tradições institucionais romanas, mas sua cultura foi
Ocidental, criando as bases do absolutismo monár- marcantemente helenizada, como podemos perceber
quico e do mercantilismo, sistemas característicos da através da oficialização da língua grega. Em, 395 d.C.,
Idade Moderna. com a divisão do império romano, Constantinopla
passou a ser a capital do Império Romano Oriental. Nos
séculos seguintes, o Império Bizantino passou a desen-
volver características diferentes da tradição ocidental,
como o cesaropapismo, ou seja, a convergência do
poder político e religioso nas mãos do imperador.

Um dos maiores imperadores de Bizâncio foi Justiniano,


marcado pela luta contra a heresia ariana, a construção
da Catedral de Santa Sofia e pela instituição do Corpus
Juris Civilis, uma obra fundamental para a preservação
do direito romano. O Corpus é dividido em quatro parte:

• Codex (Código Justiniano): contém toda a legisla-


ção romana revisada desde o século II;
• Digesto (Pandectas): composto pela jurisprudên-
cia romana;
• Institutos: apresenta os princípios fundamentais
ALTA IDADE MÉDIA do direito;
Durante a Alta Idade Média, surgiram três importantes • Novelas (Autênticas): introduz novas leis criadas
civilizações ao redor do mar Mediterâneo: a franca, a por Justiniano.
islâmica e a bizantina. A dinâmica desse período se deu
a partir dos diálogos e dos enfrentamentos entre esses
três povos. Movimentos heréticos do império Bizantino

Arianismo: Defendia que Cristo tinha apenas natureza


humana.
Monofisismo: Defendia que Cristo apresentava apenas
natureza divina.

#ORGULHODESERPRÓ 31
Nestorianismo: fazia a distinção entre as naturezas
divina.

As diferenças culturais entre a Europa ocidental


e as tradições orientais bizantinas geraram vários
embates com a Igreja de Roma. Dentre os atritos mais
marcantes, destacou-se a questão da iconoclastia, que
condenava a idolatria, ou seja, a adoração de imagens.
No século VIII, os iconoclastas estimularam a destrui-
ção de inúmeras imagens religiosas e contavam com o
apoio do imperador Leão III. Nos séculos seguintes, o
movimento iconoclasta foi perseguido, prevalecendo a
ideia do caráter pedagógico das imagens. Já no século
Reinos Bárbaros
XI, o imperador bizantino Miguel Cerulário proibiu
a adoração de imagens e decretou o fechamento de
igrejas que adotavam tal prática, o que o levou a ser O Reino Franco
excomungado pelo Papa de Roma. A ação papal levou A origem dos francos é ainda hoje discutida, mas sabe-se
Cerulário a criar uma nova instituição, a Igreja Católica que esses se organizavam em várias tribos independen-
Ortodoxa Grega. Esse episódio ocorreu no ano de 1054 tes na região da Gália (atual França) quando da queda do
e ficou conhecido como Cisma do Oriente. Império Romano.

A unificação dessas tribos se deu após a conversão


de Clóvis I ao cristianismo, fundando assim a Dinastia
Merovíngea. O mais famoso rei dessa dinastia foi Carlos
Martel, que em 732 d.C. venceu a Batalha de Poitiers,
impedindo o avanço islâmico sobre o ocidente. Pepino, o
Breve, inaugurou uma nova dinastia, a Carolíngea. Ele foi
um rei eleito que solidificou sua posição através de uma
aliança com o Papa Estevão III. Pepino foi responsável
por reconquistar as áreas perdidas em torno de Roma e
entregá-las ao papa, uma doação que criaria os estados
papais. A Igreja estava muito satisfeita e a ação de
Pepino mudaria o curso da história. O novo poder papal
Catedral de Santa Sofia estabeleceria uma nova ordem que caracterizaria toda a
Idade Média: a supremacia da Igreja Católica.
A partir do século XI, o Império Bizantino passou a entrar Carlos Magno, filho de Pepino, foi um dos mais notórios
em diversos conflitos com os cristãos ocidentais, como reis da história. Ele realizou uma série de campanhas mi-
foi o caso da Quarta Cruzada, quando Constantinopla litares e expandiu territorialmente o Reino Franco. O rei
foi invadida pelos cruzados e passou ao controle dos estabeleceu a prática de cristianizar os povos conquis-
mercadores italianos. Os muçulmanos empreendiam tados, aumentando a influência da Igreja Católica e do
uma agressiva expansão territorial desde o século VII, cristianismo no mundo, sendo coroado pelo papa Leão III
tomando importantes cidades bizantinas. Em 1453, sob como Imperador do Ocidente. A cerimônia, na verdade,
a liderança de Maomé II, os turcos otomanos tomaram reconhecia o Império Franco como sucessor do Romano.
Constantinopla, dando fim ao Império Bizantino. Carlos Magno difundiu o benefício (beneficium), prática
que consistia na doação de terras a quem prestasse ser-
viços militares ao rei, tendo para com ele uma relação
de fidelidade. Nessas terras, os senhores tinham ampla
FORMAÇÃO DOS REINOS CRISTÃOS autonomia administrativa, o que auxiliou a fragmenta-
A invasão dos povos bárbaros fragmentou o Império ção do poder nas mãos de nobres, sendo assim uma das
Romano Ocidental em vários reinos que, de uma origens do feudalismo.
forma ou de outra, acabaram se cristianizando e se
aproximando da Igreja Católica. Dentre esses reinos
destaca-se o dos Francos, um povo germânico cuja
história está intimamente ligada à formação dos atuais
estados da França e da Alemanha.

Coroação de Carlos Magno por Leão III

Em 843 d.C., os netos de Carlos Magno assinaram o Tra-

32 Extensivo
tado de Verdun. O tratado teve como consequência a
A Igreja Católica foi a única instituição que conseguiu
desintegração do Império Carolíngio e, ao mesmo tem-
sobreviver à decadência do Império Romano Ocidental.
po, serviu de ponto de partida para a gradual constitui-
Durante a Idade Média, a Igreja integrou-se às estruturas
ção das modernas nações alemã e francesa.
feudais, fornecendo as bases teóricas e materiais para o
funcionamento do feudalismo. O clero detinha toda a
cultura sobrevivente do mundo greco-romano e soube
utilizá-la de forma proveitosa, tornando-se grande
detentor de terras e saberes.

Com as eleições para bispos, a Igreja passou a contar


com uma rígida hierarquização eclesiástica, dividindo-se
em alto clero e baixo clero. O alto clero tinha origem
na nobreza e era composto por bispos e abades. O
baixo clero era formado pelas camadas inferiores e era

HISTÓRIA
formado por padres e monges.

Muitos elementos da igreja afastaram-se dos ensina-


mentos de Cristo, passando a se interessar cada vez mais
por terras, riquezas e integrando-se com um mundo
profano, o que dá origem ao Clero Secular. Já o Clero
Regular, composto por monges que se isolavam em
mosteiros, pregava as regras da vida religiosa, como o
voto de pobreza, a castidade e a obediência.
Divisão do reino Franco através do Tratado de Verdun
Um dos mais famosos movimentos reformistas da Igreja
Católica ocorreu com o surgimento dos frades no século
A IGREJA MEDIEVAL XIII. Ao invés de viverem enclausurados, passavam seu
O pensamento medieval caracterizou-se pelo profundo tempo pregando a benevolência, a pobreza e o ensino,
teocentrismo, ou seja, na crença que tudo acontecia mostrando que a principal importância da religião era
por obra e graça de Deus. As relações políticas, sociais e o esclarecimento do ser humano, na busca de uma
econômicas que caracterizaram o feudalismo eram justi- sociedade mais justa. São Francisco de Assis foi o
ficadas pela Igreja como sendo obras divinas. Um servo grande precursor desse movimento. Filho de um grande
que se voltasse contra seu senhor estava, segundo essa mercador, renunciou a sua riqueza para levar adiante
lógica, se voltando contra a vontade de Deus. Assim, a seus ideais.
Igreja legitimou a grande exploração e pobreza que eram
impostas a população da Europa Ocidental durante a
Idade Média.

São Francisco de Assis


O IMPÉRIO ISLÂMICO
O Islamismo é uma religião que teve origem no século
VII, na Península Arábica, através das pregações do
profeta Maomé, e hoje tem adeptos em todas as partes
do mundo.

A Península Arábica está localizada no Oriente Médio,


limitada entre o Mar Vermelho a oeste, o Oceano Índico
ao sul e o Golfo Pérsico a leste. A população árabe é de
origem semita, acreditava descender de Ismael, filho de
Abraão, era politeísta e idólatra.

A parte central e norte da Península Arábica é desértica,


Teocentrismo
marcada por uma imensidão de areia e alguns oasis. Os

#ORGULHODESERPRÓ 33
beduínos, como são conhecidos os povos do deserto,
eram nômades, dividiam-se em grupos liderados por um
sheik e viviam principalmente do comércio caravaneiro.
Nas proximidades do litoral, as condições materiais eram
melhores e cidades como Aden, Yathrib e Meca se desta-
cavam. Os árabes que viviam no litoral eram sedentários,
dedicavam-se à agricultura e ao comércio.

Meca, além de centro comercial era também um tradi-


cional centro de peregrinação religiosa. Com a finalidade
de cultuar seus deuses e ídolos, os beduínos peregri-
navam até a cidade de Meca, onde depositavam suas Expansão Islâmica entre 622 d.C e 732 d.C.
imagens em um santuário denominado Caaba (a casa de
Deus), que guardava cerca de 360 imagens de diferentes
divindades e um objeto espacial de veneração: a Pedra O progresso militar atingido pelos muçulmanos
Negra. permitiu-lhes isolar a Europa, bloqueando o comércio
especialmente através do controle do mar Mediterrâneo.
Segundo a tradição islâmica, Maomé nasceu em Meca, Para muitos historiadores, isso acentuou uma tendência
em 570 d.C.. Aos quarenta anos, o profeta teria sido já existente desde o século V, voltada para a vida agrária,
iluminado pelo anjo Gabriel, de quem recebera as orien- e que conduziria a Europa ao feudalismo.
tações e os dogmas para a criação da nova religião.
Fundamentos do Islamismo
• Alá - Deus na lingua árabe
• Patriarca – Abraão
• Profetas – Jesus e Maomé
• Livro Sagrado – Alcorão
• Cidades Sagradas: Meca (onde nasce Maomé),
Medina (onde morre Maomé) e Jerusalém (onde
Maomé ascende aos céus três dias após sua morte)

Tarefas

Maomé sendo iluminado pelo anjo Gabriel


1. (UFSC) Raízes medievais
Pensemos num dia comum de uma pessoa comum. [...]
Ao chegar na escola ou no trabalho, ela consulta um
Na época, Meca era habitada pela tribo árabe coraixita, calendário e verifica quando será, digamos, a Páscoa
cuja religião era politeísta. Por pregar a nova religião [...]. Assim fazendo, ela pratica sem perceber alguns
monoteíta, Maomé sofre forte perseguição dos sacerdo- ensinamentos medievais. Foi um monge no século VI
tes e viu-se obrigado a fugir para Medina no ano de 622 que estabeleceu o sistema de contar os anos a partir
d.C, episódio conhecido como Hégira. do nascimento de Cristo. [...] Para começar a trabalhar,
a pessoa possivelmente abrirá um livro [...] e assim
Em Medina, Maomé continuou suas pregações e reuniu homenageará de novo a Idade Média, época em que
um grande exército. Em 630 d.C., através de ações surgiu a ideia de substituir o incômodo rolo no qual os
militares, Maomé retornou a Meca, onde unificou as romanos escreviam. [...] Mesmo ao passar suas ideias
tribos árabes em torno da nova religião. Surgia assim o para o computador, a pessoa não abandona a herança
Império Árabe. medieval. O formato das letras que ali aparecem, assim
como em jornais, revistas, livros e na nossa caligrafia, foi
Com a morte de Maomé, em 632 d.C., o império passou criado por monges da época [...].
a ser controlado por Califas (palavra que significa FRANCO, Hilário Franco. Ecos do passado. Revista de História da
”sucessor”) e expandiu-se em todas as direções. Em Biblioteca Nacional, jun. 2008.
poucas décadas, ocupou uma extensão de terra somente
comparável ao Império romano em seu auge. Os mulçu- A respeito das percepções sobre o período medieval e
manos dominaram toda a Península Arábica, regiões suas contribuições para a sociedade contemporânea, é
próximas a Índia, norte da África, cruzaram o estreito de correto afirmar que:
Gibraltar e, já na Europa, ocuparam a Península Ibérica. 01. com o efetivo apoio da Igreja, durante o período
Sua expansão sobre o território europeu foi findada por feudal as relações sociais na Europa Ocidental foram
Carlos Martel, na Batalha de Poitiers. caracterizadas pela construção de uma sociedade
estamental com amplas possibilidades de mobilidade

34 Extensivo
social. o imaginário de que estes últimos deveriam subme-
02.as mulheres, apesar de sua importância, não ocu- ter-se aos dois primeiros.
pavam uma posição de destaque na sociedade me- 08. a formação de reinos germânicos, após a queda
dieval; em um mundo religioso, viril e militar, eram do Império Romano, deu-se a partir de uma grande
inferiorizadas por serem consideradas frágeis e jul- centralização política, justificada pela aproximação
gadas responsáveis pelo pecado original por estarem cultural, étnica e linguística de cada povo.
associadas à imagem da Eva pecadora. 16. a economia feudal apresentava uma tendência à
04. durante o período medieval, a Igreja buscava ampliar autossuficiência e baseava-se, essencialmente, na
o acesso de seus fiéis à leitura, estimulando-os a uma produção agrícola, no entanto houve uma significati-
visão crítica de mundo, especialmente através de va circulação comercial que supria a necessidade de
obras da Antiguidade clássica. produtos existentes em apenas algumas regiões.
08. a hegemonia da Igreja durante a Idade Média impediu 32. o texto do bispo Adalbéron trata de uma sociedade
o desenvolvimento do pensamento e de descobertas harmônica defendida pela Igreja Católica e que cor-
no campo das ciências, tais como biologia, química, respondia à realidade social da Alta Idade Média.

HISTÓRIA
física e matemática. 64. a permanência da organização da produção com
16. a presença muçulmana na Península Ibérica foi mar- base no trabalho escravo foi uma das características
cante ao longo de toda a Idade Média, no entanto, em definidoras do feudalismo.
função do poder da Igreja católica, os muçulmanos
não deixaram qualquer legado cultural na região.
32. durante o período medieval foram fundadas uni- 3. (UFSC) Sobre o período conhecido como Idade
versidades em várias cidades da Europa, tais como Média, é CORRETO afirmar que:
Bolonha, Paris, Pádua, Salamanca, Oxford, o que 01. o romance de cavalaria foi um gênero literário que
permite concluir que nesse período houve intensa divulgou ideias de amor cortês.
atividade intelectual. 02. a peste negra foi uma doença que teve graves conse-
quências para a sociedade medieval, dizimando parte
da população europeia.
2. (UFSC) A sociedade dos fiéis forma um só corpo; 04. as universidades criadas no período tiveram im-
mas o Estado tem três corpos: com efeito, os nobres e portante papel no desenvolvimento da cultura e do
os servos se regem pelo mesmo estatuto [...] uns são os ensino no Ocidente.
guerreiros, protetores das Igrejas; são os defensores do 08. a formação das corporações de ofício está relaciona-
povo, tanto dos grandes como dos pequenos. da à efervescência comercial da Europa no início da
Idade Média.
A outra classe é a dos servos: esta desgraçada raça nada 16. várias dissidências da Igreja surgiram no período,
possui senão à custa de sofrimento. Dinheiro, vestuário, como foi o caso dos cátaros. Devido ao acolhimento
alimento, tudo os servos fornecem a toda a gente; nem à diversidade defendido pela Igreja, as comunidades
um só homem livre poderia subsistir sem os servos. [...] cátaras puderam ser mantidas.
O senhor é alimentado pelo servo, ele, que pretende 32. o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal
alimentá-lo. [...] maneira em todas as camadas da sociedade medieval
que foi capaz de anular as crenças pagãs de origem antiga.
A casa de Deus, que cremos ser una, está, pois, dividida 64. as ordens mendicantes foram criadas por uma
em três: uns oram, outros combatem, e outros, enfim, parcela do clero medieval que defendia o conceito
trabalham. [...] Os serviços prestados por uma das partes de usura e estimulava o acúmulo de bens e lucro.
são a condição da obra das outras duas; e cada uma, por
sua vez, se encarrega de aliviar o todo. [...] É assim que a
lei tem podido triunfar e que o mundo tem podido gozar 4. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas
de paz. suas referências às características do sistema feudal.
Bispo Adalbéron de Laon apud LE GOFF, J. A civilização do Ocidente 01. Na sociedade feudal, a realeza, a nobreza e a burgue-
medieval. Lisboa: Estampa, v.2, 1984, p. 46. sia constituíam-se nas classes superiores. Os clérigos,
os servos de gleba e os vilões constituíam as camadas
Sobre o contexto ligado à sociedade medieval, é correto mais baixas. Era grande a mobilidade social.
afirmar que: 02. Na Alta Idade Média, a produção econômica do
01. a pouca expressividade cultural da Idade Média, feudo, além de atender à subsistência, destinava-se
período marcado pela superstição e pela ignorância, ao mercado externo, principalmente o asiático.
fez com que ela ficasse conhecida historicamente 04. Os camponeses, além de produzirem o seu próprio
como “idade das trevas”. sustento, eram obrigados a executar tarefas suple-
02. a sociedade medieval resultou de um lento proces- mentares para o senhor e a entregar-lhe parte da
so de fusão entre as culturas romana e germânica, produção.
permeada pelo cristianismo, e não da oposição entre 08. A sociedade feudal era agrária, sendo a terra a princi-
bárbaros e romanos. pal fonte de riqueza.
04. o esquema tripartido da sociedade medieval, símbolo 16. Na maior parte da sua existência na Europa Ociden-
de harmonia social, procurava camuflar os conflitos tal, o feudalismo ligou-se a formas de governo carac-
entre nobres, clérigos e camponeses, além de reforçar terizadas pela descentralização política.

#ORGULHODESERPRÓ 35
5. (UFSC) Os relatos sobre o período histórico conhecido 7. (UDESC) Analise as proposições sobre o Islamismo e
como Idade Média revelam a ocorrência de conflitos a cultura ocidental.
bélicos, pestes e fome. Sabe-se, porém, que no mesmo
período houve desenvolvimento econômico e cultural. I. O Islamismo é uma religião que se propagou no
Oriente Próximo e Norte da África logo após a morte
Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas suas de Maomé, sobretudo entre os povos que viviam
referências à cultura medieval. como pastores nômades e comerciantes das regiões
01. O caráter religioso predominou nas artes medievais, desérticas.
pois um dos seus objetivos era a glorificação de Deus. II. Os mouros islamizados do Norte da África ocuparam
02. Na literatura, além de Dante Alighieri, destacaram-se diversos territórios da Península Ibérica, do início do
os trovadores, responsáveis pela divulgação da poesia século VIII ao final do século XV, permitindo que cris-
popular e das canções de gesta. tãos e judeus, que viviam em Portugal e na Espanha,
04. O crescimento urbano e o comércio foram respon- mantivessem suas crenças e cultos, embora ofereces-
sáveis pela decadência intelectual verificada na Idade sem vantagens àqueles que se convertessem ao Islã.
Média, por dificultarem a criação de novas universi- III. A Revolução Islâmica no Irã, em 1979, instituiu um
dades. estado fundamentalista xiita, no qual as leis do país
08. Entre os pensadores medievais, destacou-se Santo passaram a ser inspiradas em preceitos religiosos.
Tomás de Aquino que, com a “Suma Teológica”, tentou Com isso, aqueles que praticavam o ateísmo, as religi-
resolver a controvérsia entre fé e razão. ões politeístas, bem como a prostituição, o adultério
16. Na arquitetura medieval predominaram dois estilos: feminino e o homossexualismo podiam ser punidos
o românico e o gótico. com a pena de morte.
32. Durante a Idade Média, as línguas nacionais foram
denominadas “vulgares”. O latim foi a língua falada Assinale a alternativa correta.
pelos eruditos a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
6. (UFSC) Leia o texto: d) Somente a afirmativa I é verdadeira.
A razão (de ser) dos carneiros é fornecer leite e lã; a dos e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
bois é lavrar a terra; e a dos cães é defender os carneiros
e os bois dos ataques dos lobos. Se cada uma destas
espécies de animais cumprir a sua missão, Deus protegê- 8. (ENEM) Ainda que a fome ocorrida na Itália em 536
-la-á. Deste modo, fez ordens, que instituiu em vista das tenha origem nos eventos climáticos, suas implicações
diversas missões a realizar neste mundo. Instituiu uns os são tanto políticas quanto econômicas. Nos primeiros
clérigos e os monges para que rezassem pelos outros séculos da Idade Média, o auxílio aos famintos se
[...]. Instituiu os camponeses para que eles, como fazem inscreve no domínio da gestão pública, mesmo quando
os bois com o seu trabalho, assegurassem a sua própria a ação de seus agentes é apresentada sob o ângulo da
subsistência e a dos outros. A outros, por fim, os guerrei- piedade e da caridade individuais, como é o caso da Gália
ros, instituiu-os para que [...] defendessem dos inimigos, merovíngia. Assim, o fato de que as respostas à fome são
semelhantes a lobos, os que oram e os cultivam a terra. mostradas, na Gália, como o fruto de iniciativas pessoais
CANTERBURY Bispo Eadmer de. Transcrito por FARIA, Ricardo. fundadas no imperativo da caridade deriva da natureza
“História para o Ensino Médio”. Belo Horizonte: Editora Lê, 1988. das fontes do século VI.
SILVA, M.C. Os agentes públicos e a fome nos primeiros séculos da
Com base no texto, assinale a(s) proposição(ões) Idade Média. Varia História, n. 60, set-dez. 2016 (Adaptado).
VERDADEIRA(S):
01. As relações sociais descritas eram típicas da chamada Na conjuntura histórica destacada no texto, o dever de
sociedade Feudal, em alguns dos países da Europa agir em face da situação de crise apresentada pertencia
Ocidental. à jurisdição
02. No texto, justifica-se o poder do monarca e a partici- a) da nobreza, proveniente da obrigação de proteção ao
pação do povo (os que trabalhavam) no governo, uma campesinato livre.
vez que a sociedade em questão teria sido organizada b) da realeza, decorrente do conceito de governo subja-
por Deus. cente à monarquia cristã.
04. No texto, justifica-se a existência de uma sociedade c) dos mosteiros, resultante do caráter fraternal afirma-
dividida em três ordens: a dos que oram, a dos que do nas regras monásticas.
combatem e as do que trabalham. d) dos bispados, consequente da participação dos cléri-
08. Aos camponeses cabia a produção, o trabalho na gos nos assuntos comunitários.
terra, cujo excedente possibilitava que o clero rezasse e) das corporações, procedente do padrão assistencia-
e os guerreiros lutassem. lista previsto nas normas estatutárias.
16. O texto faz referência às relações sociais característi-
cas do capitalismo, à divisão da sociedade em classes
e à relação de trabalho assalariado. 9. (ENEM) Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios
eram o mais frequente tormento da vida urbana
no Regnum Italicum. Entre 880 e 1080, as cidades

36 Extensivo
estiveram constantemente entregues ao apetite das 11. (ENEM) Então disse: “Este é o local onde construirei.
chamas. A certa altura, a documentação parece vencer Tudo pode chegar aqui pelo Eufrates, o Tigre e uma rede
pela insistência do vocabulário, levando até o leitor de canais. Só um lugar como este sustentará o exército e
mais crítico a cogitar que os medievais tinham razão a população geral”. Assim ele traçou e destinou as verbas
ao tratar aqueles acontecimentos como castigos que para a sua construção, e deitou o primeiro tijolo com sua
antecediam o julgamento final. Como um quinto própria mão, dizendo: “Em nome de Deus, e em louvor a
cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao feitio da Ele. Construí, e que Deus vos abençoe”.
peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava AL-TABARI, M. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Cia. das
de tempos em tempos e expurgava justos e pecadores Letras. 1995 (adaptado).
num tormento derradeiro, como insistiam os textos do
século X. O impacto acarretado sobre as relações sociais A decisão do califa Al-Mansur (754-775) de construir
era imediato e prolongava-se para além da destruição Bagdá nesse local orientou-se pela
material. As medidas proclamadas pelas autoridades a) disponibilidade de rotas e terras férteis como base da
faziam mais do que reparar os danos e reconstruir a dominação política.

HISTÓRIA
paisagem: elas convertiam a devastação em uma ocasião b) proximidade de áreas populosas como afirmação da
para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas superioridade bélica.
as práticas sociais até então vigentes. c) submissão à hierarquia e à lei islâmica como controle
RUST, L. D. Uma calamidade insaciável. Rev. Bras. Hist., n. 72. do poder real.
maio-ago. 2016 (adaptado). d) fuga da península arábica como afastamento dos
conflitos sucessórios.
De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava e) ocupação de região fronteiriça como contenção do
as sociedades medievais por proporcionar a avanço mongol.
a) correção dos métodos preventivos e das regras sani-
tárias.
b) revelação do descaso público e das degradações 12. (ENEM)
ambientais.
c) transformação do imaginário popular e das crenças
religiosas.
d) remodelação dos sistemas políticos e das administra-
ções locais.
e) reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmi-
cas comunitárias.

10. (ENEM) O cristianismo incorporou antigas práticas


relativas ao fogo para criar uma festa sincrética. A igreja
retomou a distância de seis meses entre os nascimentos
de Jesus Cristo e João Batista e instituiu a data de
comemoração a este último de tal maneira que as festas
do solstício de verão europeu com suas tradicionais
fogueiras se tornaram “fogueiras de São João”. A festa
do fogo e da luz no entanto não foi imediatamente
associada a São João Batista. Na Baixa Idade Média,
algumas práticas tradicionais da festa (como banhos,
danças e cantos) foram perseguidas por monges e
bispos. A partir do Concílio de Trento (1545-1563), a Os calendários são fontes históricas importantes, na
Igreja resolveu adotar celebrações em torno do fogo e medida em que expressam a concepção de tempo das
associá-las à doutrina cristã. sociedades. Essas imagens compõem um calendário
CHIANCA, L. Devoção e diversão: expressões contemporâneas medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um
de festas e santos católicos. Revista Anthropológicas, n. 18, 2007 mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do
(adaptado). calendário, apreende-se uma concepção de tempo
a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno.
Com o objetivo de se fortalecer, a instituição mencionada b) humanista, identificada pelo controle das horas de
no texto adotou as práticas descritas, que consistem em atividade por parte do trabalhador.
a) promoção de atos ecumênicos. c) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o
b) fomento de orientação bíblicas. trabalho.
c) apropriação de cerimônias seculares. d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo
d) retomada de ensinamentos apostólicos. com as estações do ano.
e) ressignificação de rituais fundamentalistas. e) romântica, definida por uma visão bucólica da socie-
dade.

#ORGULHODESERPRÓ 37
13. (ENEM) A casa de Deus, que acreditam una, está, e) a tradição heroica da cavalaria medieval, que foi
portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, afetada negativamente pelas produções cinemato-
outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem gráficas de Hollywood.
não suportam ser separadas; os serviços prestados por
uma são a condição das obras das outras duas; cada uma
por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a
lei pode triunfar e o mundo gozar da paz.
ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos
medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.

A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi


produzida durante a Idade Média. Um objetivo de
tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão
indicados, respectivamente, em:
a) Justificar a dominação estamental / revoltas campo-
nesas.
b) Subverter a hierarquia social / centralização monár-
quica.
c) Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas.
d) Controlar a exploração econômica / unificação mone-
tária.
e) Questionar a ordem divina / Reforma Católica.

14. (Enem) Sou uma pobre e velha mulher,


Muito ignorante, que nem sabe ler.
Mostraram-me na igreja da minha terra
Um Paraíso com harpas pintado
E o Inferno onde fervem almas danadas,
Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.
VILLON. F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC. 1999.

Os versos do poeta francês François Villon fazem refe-


rência às imagens presentes nos templos católicos
medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com
o objetivo de
a) refinar o gosto dos cristãos.
b) incorporar ideais heréticos.
c) educar os fiéis através do olhar.
d) divulgar a genialidade dos artistas católicos.
e) valorizar esteticamente os templos religiosos.

15. (ENEM) A Idade Média é um extenso período


da História do Ocidente cuja memória é construída
e reconstruída segundo as circunstâncias das épocas
posteriores. Assim, desde o Renascimento, esse período
vem sendo alvo de diversas interpretações que dizem
mais sobre o contexto histórico em que são produzidas
do que propriamente sobre o Medievo.

Um exemplo acerca do que está exposto no texto acima é


a) a associação que Hitler estabeleceu entre o III Reich e
o Sacro Império Romano Germânico.
b) o retorno dos valores cristãos medievais, presentes
nos documentos do Concílio Vaticano II.
c) a luta dos negros sul-africanos contra o apartheid
inspirada por valores dos primeiros cristãos. Gabarito - Aula 07
d) o fortalecimento político de Napoleão Bonaparte, 1) 34 2) 22 3) 07 4) 28 5) 59
que se justificava na amplitude de poderes que tivera
6) 13 7) E 8) B 9) E 10) C
Carlos Magno.
11) A 12) D 13) A 14) C 15) A

38 Extensivo
HISTÓRIA
AULA

08
FEUDALISMO
O feudalismo se solidificou como modelo político e
econômico na Europa Ocidental na passagem do século
X para o XI. Todavia, encontramos suas origens já na crise
do Império Romano. A Idade Antiga deixou duas fortes
heranças à formação do feudalismo: o colonato e o
comitatus. Com o início das invasões bárbaras ao território
romano, os patrícios passaram a deixar os grandes centros
urbanos e migraram para suas terras no interior. Nessas
terras, plebeus e escravos trabalhavam na agricultura e
pagavam pelo uso das terras ao patrício com parte de sua
produção. A essa prática deu-se o nome de colonato e
nela encontramos as bases das relações servo feudais. O
Desenho representando os elementos de um Feudo
comitatus tem origem germânica e refere-se a uma série
de obrigações que os chefes militares tinham para com
seus guerreiros, envolvendo fidelidade e proteção. Estas Legenda da Imagem:
obrigações influenciaram fortemente o que chamamos 1 - Fortificação;
de relação de Suserania e Vassalagem, característica do 2 - Mansos Servis;
modelo feudal. Soma-se a essas heranças a prática do 3 - Pastos e Bosques;
benefício, difundida por Carlos Magno durante seu reinado, 4 - Vila;
que teve como consequência a fragmentação do poder 5 - Manso Senhorial;
central, principal característica política do sistema feudal. 6 - Lavoura Santa;
Principais Características do Feudalismo: 7 - Igreja
• Poder descentralizado
• Ruralização A sociedade feudal era dividida em três classes sociais:
• Produção predominantemente agrária nobres, clérigos e servos. Não havia mobilidade social
• Autossuficiência e, segundo as pregações da Igreja Católica, tal sociedade
• Força de trabalho servil havia sido organizada por Deus para que cada uma das
• Economia amonetária classes executasse uma missão. Aos servos cabia a
• Sociedade estamental produção, ao clero as orações e aos nobres a defesa.
• Pensamento teocêntrico “Para que as ovelhas possam dar lã, é preciso que o
pastor vele por elas e que os cães as defendam dos
As relações de suserania e vassalagem entre senhores ataques dos lobos”.
formavam laços de dependência e lealdade, que Assim, o servo que se revoltava contra seu senhor estava
garantiam a estrutura de dominação senhorial no se revoltando contra as obrigações que Deus lhe deu ao
feudalismo. O suserano era o nobre que doava parte de colocá-lo no mundo.
suas terras a outro nobre, com as quais este montava o Os servos, em troca da proteção oferecida pelos
seu feudo. Esse ato era conhecido como investidura, e senhores e do arrendamento das terras, pagavam
tinha como objetivo principal a proteção contra invasões pesados impostos, dentre os quais destacam-se a
estrangeiras. O rei era o suserano dos suseranos, ou seja, corveia, a talha e as banalidades. A corveia consistia em
partia dele a divisão inicial dos feudos. Uma vez investido três dias de trabalho por semana no manso senhorial.
de um feudo, o senhor feudal tinha a exclusividade do Parte da produção do manso servil era entregue ao
poder local, o que gerava a fragmentação do poder do senhor através da cobrança da talha. As banalidades
monarca. Em outras palavras, quem mandava no feudo eram os impostos pagos pelo uso de instrumentos e
era o senhor feudal. O rei pouco interferia sobre as instalações do feudos, como arado e o moinho. Existiam
decisões políticas internas do feudo. ainda outros impostos e obrigações a serem pagas pelos
O feudo dividia-se em manso senhorial e mansos servis. servos, como a Mão-Morta, a Capitação e o Dizimo.
Tudo o que era produzido no manso senhorial ficava com Quanto à cultura, o Deus católico esteve sempre presente
o Senhor feudal. A produção do manso servil garantia nos pensamentos e nas atitudes do homem medieval. Sua
a subsistência do servo. Na agricultura, praticava-se a existência fundamentava a busca pela vida eterna. Dessa
rotação dos cultivos, a fim de se garantir alguma fertili- forma, o prestigio usufruído pela Igreja e seus agentes era
dade do solo. enorme. Ela se transformou numa das mais ricas institui-
ções medievais, detentora de grandes propriedades e de
ainda maior influência política.

#ORGULHODESERPRÓ 39
Graças ao cinema e à literatura [...], o período medieval
tornou-se objeto de numerosas celebrações coletivas,
Tarefas cujas iniciativas são tanto públicas quanto privadas:
filmes, espetáculos, romances, festas medievais, butiques
e restaurantes, sites, jogos etc. No entanto, essa popu-
1. (UEM) Sobre o feudalismo, e as estruturas econômica, larização não significou o triunfo de uma visão positiva
social, política e cultural que existiam na Europa Ocidental sobre o período medieval. Não são raras as vezes em que
ao longo da Idade Média, assinale o que for correto. ele é evocado para realçar aspectos negativos da atuali-
01. A expansão dos muçulmanos que dominaram grande dade: a tortura, a intolerância religiosa, a submissão da
parte da Península Ibérica entre os séculos VIII e XV foi mulher e os crimes hediondos, entre outros. Ainda que
decisiva para que a região onde hoje se localizam Por- nenhuma dessas práticas seja uma exclusividade daquele
tugal e Espanha desenvolvesse características sociais período, elas são identificadas como ‘medievais’.
e culturais distintas de outras regiões da Europa Oci- SILVA. M. C. História medieval. São Paulo: Contexto, 2019. p. 138.
dental.
02. As características do feudalismo não foram imutáveis. Com relação à construção e ao uso do conceito de “Idade
Ao contrário, o feudalismo apresentava dinamismo, Média”, considere as seguintes afirmações.
variando de região para região e de um período para I. Os humanistas italianos definiram o período como
o outro ao longo do tempo. Esse dinamismo pode ser um contexto intermediário, marcado pela ideia de
observado no desenvolvimento das cidades, das ativi- “trevas”, em contraposição aos valores artísticos
dades artesanais e comerciais. e culturais da antiguidade greco-romana e ao seu
04. Com relação à economia, em termos gerais, o feu- “renascimento” a partir do século XIV.
dalismo caracterizou-se pelo predomínio da produção II. O Romantismo elaborou, na primeira metade do
voltada para o consumo, pelo comércio reduzido, pela século XIX, uma valorização do período medieval,
pouca utilização de moedas. a partir da busca pelas origens culturais e pelos
08. O grande crescimento da produção agrícola no século elementos definidores das identidades nacionais dos
XIV possibilitou recursos necessários para a organi- povos europeus.
zação das Cruzadas, que, sob o pretexto de libertar III. A noção de “Idade Média”, além de conceito usado
Jerusalém do domínio dos infiéis muçulmanos, foram para demarcar um período histórico, é utilizada como
motivadas por interesses econômicos. um valor de contraponto àquilo que é considerado
16. O romance Dom Quixote, escrito por Cervantes no moderno, progressista e democrático nas sociedades
final da Idade Média, reafirmou os ideais da Cavalaria, contemporâneas.
exaltou as características de honra, virtude e valen-
tia dos cavaleiros, características do Cavaleiro Dom Quais estão corretas?
Quixote, principal personagem da obra. a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
2. (FMJ) No século XII, os deveres do vassalo foram d) Apenas II e III.
fixados pelo costume, antes de serem transformados e) I, II e III.
em sistema jurídico no final da Idade Média pelos
feudistas, juristas da feudalidade. O vassalo, antes de
entrar em posse do feudo, devia prestar o juramento de 4. (UECE) O fim do Feudalismo foi acelerado pela peste
homenagem, seguindo a forma tradicional: de joelhos, negra, que devastou a Europa durante o verão de 1348 e
mãos nas mãos do senhor, ele se declarava o homem do ceifou a vida de um terço de sua população. Atente para
senhor, e se engajava a lhe servir. o que se afirma a seguir sobre o colapso do Feudalismo:
(Charles Seignobos. Histoire sincère de la nation française, 1982.
Adaptado.) I. A falta de mão de obra, ocasionada pela peste negra,
provocou o aumento das reinvindicações dos traba-
O sistema de vassalagem lhadores por melhores condições de trabalho.
a) originou o exército das monarquias europeias no II. A crise generalizada provocou levantes no campo
processo de formação dos governos absolutistas. e nas cidades, enquanto a nobreza se entregava a
b) associou o estamento servil à cavalaria medieval na conflitos dinásticos como a Guerra dos Cem Anos.
defesa do continente europeu contra as invasões III. Outra resposta para a crise da época foi o fortale-
muçulmanas. cimento dos senhores feudais em aliança com seus
c) favoreceu a manutenção de um clima de paz entre os poderosos vassalos.
cavaleiros no período de crise da economia senhorial. IV. Para resolver a crise vigente, algumas nações investi-
d) permitiu a conciliação de uma estrutura política ram em uma política de expansão marítima.
descentralizada com uma rede de defesa mútua entre
os senhores. Está correto o que se afirma somente em
e) impediu a expansão das atividades da burguesia a) I, III e IV
mercantil para além dos limites das cidades medievais. b) II, III e IV
3. (UFRGS) Leia o segmento abaixo a respeito da c) I, II, III
recente popularização do período medieval. d) I, II, IV

40 Extensivo
5. (UEPG) A respeito da presença e inserção da Igreja 08. No senhorio, os servos estavam obrigados ao paga-
Católica no período feudal, assinale o que for correto. mento de taxas e a obrigações feudais, tais como a
01. Apesar de hegemônica, durante o feudalismo, a corveia, a talha e as banalidades.
Igreja Católica estimulou o diálogo e a aproximação 16. O manso servil era formado pelo conjunto de terras
dos católicos com outras religiões não cristãs e pro- exploradas pelos servos, terras estas que lhes garan-
moveu práticas ecumênicas. tiam a sobrevivência.
02. Beneditinos, Franciscanos e Dominicanos foram
algumas das congregações católicas que atuaram na
Europa durante o período feudal. 8. (ENEM) Desde o século XII que a cristandade
04. A Igreja afastou-se da vida educacional e cultural, ocidental era agitada pelo desafio lançado pela cultura
durante o feudalismo, por compreender que tais profana – a dos romances de cavalaria, mas também a
campos eram ligados a uma perspectiva não espiritual cultura folclórica dos camponeses e igualmente a dos
ou religiosa. citadinos, de caráter mais jurídico – à cultura eclesiástica,
08. Exerceu o papel de principal instituição da Europa, cujo veículo era o latim. Francisco de Assis veio alterar a

HISTÓRIA
acumulou terras e outros bens materiais e orientou situação, propondo aos seus ouvintes uma mensagem
espiritual e politicamente os reis e senhores feudais. acessível a todos e, simultaneamente, enobrecendo a
língua vulgar através do seu uso na religião.
VAUCHEZ, A. A espiritualidade da Idade Média Ocidental, séc. VIII-
6. (UEM) Do século XI ao século XIII a sociedade feudal XIII. Lisboa: Estampa, 1995.
viveu um período de grandes transformações. Sobre
essas transformações, assinale o que for correto. O comportamento desse religioso demonstra uma preo-
01. O fim das invasões bárbaras e das grandes epidemias cupação com as características assumidas pela Igreja
(constantes na Europa durante a Alta Idade Média) e com as desigualdades sociais compartilhada no seu
garantiu o aumento da produção agrícola, a diversi- tempo pelos(as)
ficação das atividades econômicas e o aumento da a) senhores feudais.
população. b) movimentos heréticos.
02. Com o crescimento das atividades comerciais nas c) integrantes das Cruzadas.
feiras, o uso regular das moedas de diversas regiões d) corporações de ofícios.
trouxe a necessidade do câmbio. Os agentes respon- e) universidades medievais.
sáveis pela troca de moedas viriam a ser os primeiros
banqueiros.
04. A organização dos artesãos em Corporações de Ofício 9. (UPF) No final da Idade Média surgiu um provérbio:
garantia o controle da produção, fixava os preços, “O ar da cidade torna o homem livre”.
os salários, os padrões de qualidade, e reservava o (PAIS, Marco Antonio de O. O despertar da Europa. São Paulo: Atual,
mercado da cidade aos seus membros. 1992, p. 38).
08. O poder ficava centralizado nas mãos dos reis que,
após o confisco das terras dos nobres burgueses, Este provérbio indica que está acontecendo uma
também confiscaram as terras da Igreja Católica e mudança no cenário europeu, marcado pelo declínio do
criaram uma nova Igreja, da qual o rei era a autorida- feudalismo e o ressurgimento das cidades, refletindo a
de máxima. nova visão do homem daquele tempo diante do mundo.
16. As primeiras universidades estavam ligadas à Igreja e
ao ensino da escolástica, cujo objetivo consistia em Considerando as transformações decorrentes da
conciliar o pensamento racional com as doutrinas transição do feudalismo para o capitalismo e o provérbio
cristãs, e seu maior expoente foi Tomás de Aquino. acima, é correto afirmar:
a) as Cruzadas (1096-1270) propiciaram um intercâmbio
religioso entre o Oriente e o Ocidente, resultando
7. (UEM) No feudalismo, a propriedade ou domínio numa maior tolerância religiosa nas cidades medie-
rural recebia o nome de senhorio. Sobre o domínio vais, que passaram a seguir o modelo da cidade de
senhorial, do século XI ao século XIII, assinale o que for Jerusalém.
correto. b) a vida no mundo rural era marcada por uma estru-
01. Cada senhorio tendia a ser autossuficiente, produzin- tura social estratificada, enquanto nos novos centros
do o necessário para sua subsistência, mas, com o fim urbanos as práticas comerciais e artesanais criaram
das invasões estrangeiras e com melhores técnicas de condições para a ascensão social do homem urbano.
produção, passou também a negociar os excedentes c) a condição servil caracterizava aqueles que trabalha-
agrícolas. vam nas terras do senhor e a ele entregavam parte
02. A bula papal “Romanus Pontifex” definiu como os da colheita, enquanto nas cidades, já no século XII, as
servos deveriam trabalhar nas propriedades, inclusive relações de trabalho eram totalmente assalariadas.
quais produtos eles poderiam cultivar. d) as cidades medievais, contando com seu próprio
04. A reserva senhorial era constituída por áreas de conjunto de leis e jurisprudência, livres da influência
cultivo, castelo, celeiros, estábulos, moinhos e ofici- dos senhores feudais, proporcionaram liberdade a
nas artesanais, e toda a produção pertencia ao seu todos aqueles que se sentiam oprimidos pelo modelo
senhor. social feudal.

#ORGULHODESERPRÓ 41
e) o Renascimento Comercial no final da Idade Média a) a inexistência de hierarquia política entre o monarca
propiciou que as cidades medievais ficassem livres do e os senhores feudais.
pagamento das taxas e tributos feudais, deixando os b) os componentes simbólicos que estabeleciam o
habitantes das cidades livres de tais encargos mone- vínculo e a forma de relação entre membros da
tários. nobreza.
c) a isonomia de funções econômicas e de condição
social nos setores eclesiásticos.
10. (ESPCEX) “O feudalismo termina quando os mortos, d) as estratégias legais que definiam as relações profis-
que a Igreja havia colocado no centro do espaço social, sionais entre proprietários de terras e trabalhadores.
são reconduzidos para fora das cidades e aldeias”. e) a constituição jurídica formal da tripartição da socie-
dade entre nobres, clérigos e trabalhadores.
Com essa metáfora, Jérôme Baschet (A Civilização
Feudal: do ano 1000 à Colonização da América. São
Paulo: Globo, 2006. P. 281) quis destacar 13. (UNIFOR) Observe a figura e leia o texto a seguir:
a) que, no final da Idade Média, como medida sanitá-
ria, ocorreu uma exumação generalizada de restos
mortais nos cemitérios urbanos.
b) a modificação dos cortejos fúnebres, que passaram a
percorrer itinerários fora dos centros urbanos.
c) a proibição da construção de cemitérios em áreas
urbanas.
d) a proibição do sepultamento de suicidas em solo
santo.
e) que a presença dos cemitérios no centro das cidades
e aldeias, em torno de lugares de culto religioso, pode
ser considerada um elemento marcante da sociedade
feudal.

11. (UNICHRISTUS) Em linhas gerais, a economia


feudal se desenvolveu graças ao processo de ruralização “Enquanto as batalhas selvagens da nobreza feudal
desencadeado pela crise do Império Romano. Sem poder dominante preenchiam a Idade Média com seu ruído,
usufruir de baixos custos de produção obtidos pela grande o trabalho silencioso das classes oprimidas minava o
mão de obra escrava disponível, os grandes proprietários sistema feudal por toda a Europa Ocidental, criando as
começaram a arrendar as suas terras com o objetivo condições nas quais estava cada vez menos espaço para
de, ao menos, garantir as condições necessárias para o os senhores feudais. É verdade que, no campo, os nobres
próprio sustento. Ao mesmo tempo, a desvalorização das senhores seguiam seu modo de ser, atormentando
atividades comerciais, por parte dos povos germânicos, servos, chafurdando no seu suor, cavalgando sobre suas
também foi de grande importância para a consolidação plantações, estuprando suas esposas e filhas”
de uma economia predominantemente agrária. (ENGELS, 2020, p. 288)
Fonte: ENGELS, Friedrich et al. ENGELS, Friedrich; O declínio do
Com base no texto, infere-se que o modelo econômico feudalismo e a ascensão da burguesia. Verinotio–Revista online de
Filosofia e Ciências Humanas, v. 26, n. 2, p. 288-298, 2020.
do período retratado buscava o(a)
a) mercantilização.
b) agronegócio. Sobre o sistema tratado na figura e no trecho acima,
c) monocultura. marque a opção correta
d) industrialização. a) O feudalismo ocorreu na Idade Moderna da socieda-
e) autossuficiência. de humana.
b) O trabalho das classes oprimidas foi de encontro ao
desmoronamento do sistema feudal.
12. (FAMERP) Surpreende que os ritos vassálicos c) A burguesia da cidade tinha dinheiro e isso era uma
ponham em jogo três categorias de elementos: a palavra, poderosa arma contra o feudalismo, pois, no padrão
os gestos, os objetos. econômico feudal do início da Idade Média, quase
O senhor e o vassalo pronunciam palavras, fazem gestos, não havia lugar para o dinheiro.
dão ou recebem objetos que, além da impressão que d) No auge do sistema feudal, pode-se dizer que exis-
comunicam aos sentidos, fazem-nos conhecer algo mais. tiam trocas comerciais entre os feudos.
(Jacques Le Goff. Para um novo conceito de Idade Média, 1980. e) Após o declínio do sistema feudal, observou-se o
Adaptado.) sistema autossuficiente de economia camponês
cristão.
O excerto apresenta o ritual de vassalagem, presente no
Ocidente medieval, e identifica

42 Extensivo
14. (PUCCAMP) A sociedade medieval, sob o
feudalismo, era marcada
a) pela mobilidade social apesar dos estamentos, visto
que conquistas militares e atuação nas Cruzadas
conferiam, frequentemente, título de nobreza a
plebeus.
b) pela forte presença da religiosidade e dos contratos
de obediência e fidelidade nas relações de poder,
como se verifica na cerimônia de vassalagem.
c) pelo trabalho servil dos camponeses, que substituíra
a mão de obra escrava quando a escravidão foi erradi-
cada após o declínio do Império Romano.
d) pelo controle do ensino e da produção de conheci-
mento pela Igreja Católica, responsável pela expansão

HISTÓRIA
e universalização da alfabetização em latim e pela
administração das universidades.
e) pela descentralização do poder, uma vez que figuras
como o papa e os monarcas passaram a ter cargos
puramente simbólicos, diante do poder local exercido
pelos senhores feudais.

15. (INTEGRADO) O feudalismo foi a forma de


organização política, social e econômica dominante na
Europa ocidental durante um período da Idade Média.
Mesmo não tendo se manifestado de maneira idêntica
em todas as regiões do continente, pode-se dizer que,
de modo geral, alguns elementos sociais, culturais,
econômicos e sociais foram muito similares.

A respeito deste período, qual alternativa NÃO contém


características da sociedade feudal?
a) O poder político estava fragmentado entre os senho-
res feudais e o rei.
b) Havia uma grande massa de escravos presos à terra:
eram os vilões, que viviam sob o domínio dos senho-
res feudais, garantindo-lhes o sustento.
c) Uma pequena elite formada por grandes senhores de
terra e pelo alto clero ocupava o topo da sociedade.
d) Baseava-se em uma sociedade rigidamente hierar-
quizada, na qual os indivíduos encontravam-se
subordinados uns aos outros por lações de depen-
dência pessoal.
e) Tinha na agricultura sua principal atividade produtiva.

Gabarito - Aula 08
1) 07 2) D 3) E 4) D 5) 10
6) 23 7) 29 8) B 9) B 10) E
11) E 12) B 13) C 14) B 15) B

#ORGULHODESERPRÓ 43
HISTÓRIA
AULA

09
BAIXA IDADE MÉDIA
Aula disponível no ambiente virtual (AVA)
Chamamos de Baixa Idade Média o período que se de vilões começou a deixar os feudos espontaneamen-
estende do século XI ao século XV. Durante essa fase, te em busca de melhores oportunidades, já que não
as estruturas socioeconômicas da Europa Ocidental e dependiam mais da proteção dos senhores feudais.
Central passaram por profundas mudanças. Tais transfor- Esses contingentes populacionais tenderam a emigrar,
mações foram consequência da união de dois elementos provocando o povoamento de novas áreas, principal-
básicos: a crise do Feudalismo e o reaquecimento das mente no leste Europeu.
atividades comerciais que, séculos depois, resultaram na
caracterização plena do Modo de Produção Capitalista. Com a escassez de feudos, nobres saíam pela estrada
em busca de alguma oportunidade. A belicosidade
De uma produção voltada para a autossuficiência, era a marca desse tempo de crise, sendo evidenciada,
passamos a verificar uma produção cada vez mais por exemplo, através da proliferação dos torneios de
voltada para o mercado. As trocas monetárias começam cavalaria, torneios nos quais os senhores se enfrenta-
a substituir as trocas em espécie. Começam a surgir a vam em verdadeiras batalhas campais que duravam
organização empresarial, o espírito de lucro e o raciona- vários dias.
lismo econômico. Em suma, o Modo de Produção Feudal
vai perdendo sua dominância nas formações sociais Para conter a belicosidade da nobreza, a Igreja
europeias, em favor dos modos de produção pré-capi- proclamou a Paz de Deus, isto é, a proteção aos culti-
talistas. vadores da terra, aos viajantes e às mulheres. Essa
medida foi reforçada pela Trégua de Deus, que limitava
a noventa o número de dias do ano em que se podia
combater.

As Cruzadas
A prática da divisão dos feudos entre suseranos e
vassalos foi tornando-se cada vez mais difícil, uma vez
que a extensão territorial desses tornava-se cada vez
menor. Dessa forma, muitos nobres ficavam sem terras.
A esses restavam duas opções: entrar para a cavalaria
ou para o clero. Assim, a cavalaria medieval ganhou
Baixa Idade Média grande força e tornou-se repleta de nobres em busca de
riquezas e de terras.

Do século V ao século X a Europa, convulsionada por O crescimento demográfico registrado na alta idade
uma série de invasões (germânicos, muçulmanos, média contribuiu para a formação de uma massa de
normandos, magiares e eslavos), viveu em permanente desocupados, pois nem todos conseguiam torna-se
estado de belicosidade. Essa realidade provocava uma servos de um feudo. A necessidade de novas terras
significativa elevação nos índices de mortalidade e, aumentou a rivalidade entre os reinos cristãos da
nessa medida, funcionava como elemento importante Europa Ocidental, que passaram a fazer investidas
do não-crescimento demográfico significativo na Europa. militares uns sobre os outros buscando a ampliação de
Por volta do ano 1000, as invasões cessaram e tendeu-se seus territórios.
a uma acomodação política e militar da Europa em torno
da vida dos feudos. Com isso, as taxas de mortalidade No século XI, por questões ligadas da iconoclastia
diminuíram e, consequentemente, a população cresceu. (adoração de imagens) e ao questionamento da autori-
O aumento demográfico não era acompanhado pelo dade papal pelo imperador de Bizâncio, a Igreja Católica
aumento da produção. Em termos práticos: passou a ser passou pelo Cisma do Oriente, o que resultou na criação
difícil para os feudos manterem a autossuficiência de da Igreja Católica Ortodoxa Grega, cujo chefe passou a
seus habitantes. Por outro lado, a volta da paz fez com ser o próprio imperador. Tal fato resultou em grande
que fosse restabelecida a segurança nas vias de comu- perda da autoridade papal e do poder por parte da
nicação e, consequentemente, pudessem ser retomadas Igreja Católica Apostólica Romana.
as trocas inter-regionais na Europa.
Foi nesse contexto que o Papa Urbano II recebeu uma
Muitos servos eram expulsos dos Domínios ao carta do imperador bizantino Aleixo I, solicitando apoio
cometerem as menores infrações e um grande número militar aos cristãos ocidentais contra a expansão dos

44 Extensivo
turco-seljúcidas sobre seu território. A Terceira Cruzada (1189-192) foi organizada em
consequência da reconquista de Jerusalém pelo Sultão
Percebendo no pedido do imperador bizantino uma Saladino, fato ocorrido em 1187. Essa expedição é
ótima oportunidade para reestabelecer sua autorida- conhecida como “A Cruzada dos Reis”, pelo fato de ter
de, em 1095, o papa Urbano II organizou o Concílio de sido chefiada por Ricardo Coração de Leão (Rei da Ingla-
Clermont, no qual propôs que as nações cristãs da Europa terra), Felipe Augusto (Rei da França) e Frederico Barba
parassem de lutar umas contra as outras e marchassem Ruiva (Imperador do Sacro Império). Frederico, que
contra os infiéis mulçumanos, a fim de reconquistar avançava por terra, morreu na Ásia menor e seu exército
Jerusalém. Iniciaram-se assim as cruzadas, expedições retornou à Alemanha. Ricardo e Felipe chegaram à
militares que partiam da Europa cristã para combater os Palestina pelo mar, mas logo se desentenderam. Felipe
muçulmanos no Oriente. O papa organizou e colou-se no retornou para a França e aproveitou a ausência do rei
comando dos maiores exércitos que a Europa conheceu inglês para conquistar alguns feudos que Ricardo possuía
ao longo da Idade Média. em território Francês. Ricardo permaneceu na Palestina
e chegou a ganhar uma batalha contra Saladino, mas

HISTÓRIA
suas tropas estavam demasiadamente extenuadas para
manterem o cerco a Cidade Santa. O rei inglês fez um
acordo com Saladino, resultando na livre peregrinação
aos locais santos de Jerusalém aos cristãos.

A Quarta Cruzada (1202-1204), conhecida como


“Cruzada dos Mercadores de Veneza”, foi convocada pelo
papa Inocêncio III, que recém assumira o trono pontifí-
cio, e contou com o apoio de diversos nobres franceses,
Cruzados tais como Bonifácio de Mont- Ferrat e Balduíno de
Com o movimento cruzadista, a Igreja pretendia restabe- Flandres. O papa entendeu-se com Enrico Dandolo,
lecer seu prestígio, abalado pelo Cisma do Oriente, e dar doge de Veneza (doge = chefe vitalício do governo nas
as tão sonhadas terras aos nobres. Aos pobres que parti- repúblicas de Veneza e Gênova), o qual providenciou o
ciparam dessas expedições, a Igreja prometia a salvação transporte marítimo dos cavaleiros cristãos. A primeira
de suas almas. ação dos cruzados foi tomar Zara, uma cidade cristã que
concorria com Veneza no comércio do Mar Adriático.
De uma forma geral, podemos dizer que as cruzadas Em 1203, após desavenças com o imperador bizantino,
foram guerras de cunho religioso, político e econômico. os cruzados tomaram Constantinopla, mais uma vez
Seus objetivos básicos eram: atendendo aos interesses dos venezianos, que preten-
• Libertação do Santo Sepulcro diam impor seu monopólio comercial sobre Bizâncio. O
• Expansão Territorial governo foi entregue a Balduíno de Flandres, tutelado
• Reabertura do Mediterrâneo pelos venezianos. Satisfeitos com o saque de Constan-
tinopla e com o monopólio comercial para Veneza, os
Principais Cruzadas: cruzados abandonaram seus objetivos e voltaram para
Em 1096, partiram oficialmente os cavaleiros da Primeira a Itália.
Cruzada (1096-1099), conhecida como “A Cruzada dos
Nobres”. Seus chefes foram Roberto da Normandia,
Godofredo de Bulhão, Balduíno de Flandres, Roberto
II de Flandres, Raimundo de Tolosa, Boemundo de
Tarento e Tancredo, este um chefe normando do sul
da Itália. Como se vê, era uma Cruzada da nobreza, sem
a participação de um rei sequer. Depois de passar por
Constantinopla, os cruzados tomaram varas cidades do
litoral da Ásia, como Edessa, Antióquia, Trípoli, Acre e,
enfim, Jerusalém. Essa cruzada foi marcada também pelo
surgimento do monasticismo guerreiro, como a Ordem
dos Cavaleiros Templários e os Hospitalários (também
conhecidos como Ordem de Malta).
Saque dos cruzados à Constantinopla

Com o controle político nas mãos dos venezianos, o


Império Romano Oriental foi substituído pelo Império
Latino do Oriente, que durou até 1261, quando os
bizantinos conseguiram expulsar os descendentes dos
cruzados e reestabereceram seu controle sobre a capital.
É importante lembrar que a Quarta Cruzada, embora
tenha promovido a reabertura do mar Mediterrâneo às
Guerreiros da Ordem de Malta rotas comerciais europeias, não combateu muçulmanos,

#ORGULHODESERPRÓ 45
limitando-se a atacar e pilhar populações cristãs. Isto Sobre o fragmento acima, as universidades e as ciências
prova que a motivação religiosa nem sempre constituiu ao longo da história, é correto afirmar que:
o objetivo principal daquelas expedições. 01. até o início do período moderno, em meados do
século XV, não houve condições intelectuais para
Em 1212 foi organizada a chamada Cruzada das Crianças, criar universidades; as primeiras universidades, como
que consistiu em um exército formado por jovens, as de Salamanca, Paris e Bolonha, foram criadas para
que teria o objetivo de retomar Jerusalém. Os cristãos questionar os postulados do cristianismo e do capi-
acreditavam que os jovens, inocentes e sem pecados, talismo.
conseguiriam, com a ajuda de Deus, vencer os muçul- 02. a Universidade Federal de Santa Catarina é reconhe-
manos. Esse exército aportou em Alexandria e os jovens cida nacional e internacionalmente pela excelência de
foram todos aprisionados e vendidos como escravos seus cursos de graduação e pós-graduação, reconhe-
cimento este materializado em 2021 pelo aumento
Principais Consequências: de recursos disponibilizados pelo governo federal
para auxílios a estudantes, bolsas de pós-graduação,
De um modo geral, a expansão europeia contribuiu ampliação de vagas e criação de cursos.
para dinamizar as relações comerciais entre o Oriente 04. a Inquisição foi uma instituição medieval que
e o Ocidente. Após séculos do bloqueio muçulmano, os queimou pessoas com ideias contrárias aos postu-
cruzados reabriram parcialmente o Mediterrâneo para o lados católicos; no entanto, com o desabrochar do
comércio europeu. Renascimento e do período moderno, a Igreja adotou
o culto à razão e os inquisidores deixaram de existir.
O desenvolvimento dessas atividades comerciais medi- 08. os territórios da América espanhola e da América
terrâneas deu vida a vários portos do Ocidente, dentre os portuguesa instituíram suas primeiras universidades
quais destacaremos os seguintes: Gênova, Pisa, Nápoles, somente a partir de meados do século XX.
Amalfi, Bari, Veneza e Marselha. 16. a ciência muitas vezes chocou-se com dogmas re-
ligiosos e crenças; no início do período moderno, a
Através desse comércio, as mercadorias do Oriente Inquisição condenou cientistas como Galileu Galilei,
se espalharam por todo o mundo ocidental. O contato que defendia o heliocentrismo, ao passo que, no
estreito com as civilizações bizantinas e muçulmanas século XXI, parte da sociedade e alguns políticos rejei-
despertou, nos cristãos do Ocidente, um gosto mais taram vacinas produzidas por universidades e centros
apurado e um maior refinamento no modo de vida. Esse de pesquisa.
fato fez com que o mercado consumidor para produtos 32. durante o período medieval, a austera cultura oficial
orientais se visse ampliado. Os cristãos aprenderam promovida pelos governos feudais e pelas autori-
também novas técnicas de irrigação, de fabricação de dades da Igreja, associada à repressão inquisitorial,
tecidos e de produção de aço. Outros elementos impor- impediu manifestações da cultura popular.
tantes foram as práticas financeiras, como a letra de
câmbio, o cheque e a contabilidade.
2. (UFSC) Raízes medievais
O renascimento das atividades comerciais provocou Pensemos num dia comum de uma pessoa comum. [...]
o crescimentos das cidades, o desenvolvimento de uma Ao chegar na escola ou no trabalho, ela consulta um
classe de comerciantes, a difusão do espírito de lucro e o calendário e verifica quando será, digamos, a Páscoa
racionalismo econômico. [...]. Assim fazendo, ela pratica sem perceber alguns
ensinamentos medievais. Foi um monge no século VI
que estabeleceu o sistema de contar os anos a partir
do nascimento de Cristo. [...] Para começar a trabalhar,
a pessoa possivelmente abrirá um livro [...] e assim
Tarefas homenageará de novo a Idade Média, época em que
surgiu a ideia de substituir o incômodo rolo no qual os
1. (UFSC) Diálogo em processo inquisitorial do século romanos escreviam. [...] Mesmo ao passar suas ideias
XVI na Península Itálica para o computador, a pessoa não abandona a herança
medieval. O formato das letras que ali aparecem, assim
INQUISIDOR: Os anjos, que para você são ministros de como em jornais, revistas, livros e na nossa caligrafia, foi
Deus na criação do mundo, foram feitos diretamente por criado por monges da época [...].
Deus, ou então por quem? FRANCO, Hilário Franco. Ecos do passado. Revista de História da
MENOCCHIO: Foram produzidos pela natureza, a partir Biblioteca Nacional, jun. 2008.
da mais perfeita substância do mundo, assim como
os vermes nascem do queijo, e quando apareceram A respeito das percepções sobre o período medieval e
receberam vontade, intelecto e memória de Deus, que suas contribuições para a sociedade contemporânea, é
os abençoou. correto afirmar que:
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de 01. com o efetivo apoio da Igreja, durante o período
um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das feudal as relações sociais na Europa Ocidental foram
Letras, 1987. p. 122. caracterizadas pela construção de uma sociedade
estamental com amplas possibilidades de mobilidade

46 Extensivo
social. tempo, um ideal de igualdade e uma divisão social da
02. as mulheres, apesar de sua importância, não ocu- cidade, na qual os judeus são as primeiras vítimas. Mas
pavam uma posição de destaque na sociedade me- a cidade concentra também os prazeres, os da festa,
dieval; em um mundo religioso, viril e militar, eram os dos diálogos na rua, nas tabernas, nas escolas, nas
inferiorizadas por serem consideradas frágeis e jul- igrejas e mesmo nos cemitérios. Uma concentração de
gadas responsáveis pelo pecado original por estarem criatividade de que é testemunha a jovem universidade
associadas à imagem da Eva pecadora. que adquire rapidamente poder e prestígio, na falta de
04. durante o período medieval, a Igreja buscava ampliar uma plena autonomia.
o acesso de seus fiéis à leitura, estimulando-os a uma LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades: conversações com Jean
visão crítica de mundo, especialmente através de Lebrun. São Paulo: UNESP, 1998. p. 25. Apud: VICENTINO, Cláudio;
DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione,
obras da Antiguidade clássica.
2011. p. 187.2. v. 1.
08. a hegemonia da Igreja durante a Idade Média impediu
o desenvolvimento do pensamento e de descobertas Sobre o período medieval, é CORRETO afirmar que:
no campo das ciências, tais como biologia, química, 01. as Cruzadas quase impediram o desenvolvimento

HISTÓRIA
física e matemática. das cidades medievais por dois motivos: ocorreram
16. a presença muçulmana na Península Ibérica foi mar- em áreas rurais e tinham como objetivo impor os
cante ao longo de toda a Idade Média, no entanto, em ideais cristãos que condenavam a cobiça e o desejo
função do poder da Igreja católica, os muçulmanos por lucro.
não deixaram qualquer legado cultural na região. 02. com a intensificação das atividades comerciais nas
32. durante o período medieval foram fundadas uni- cidades, foram organizadas as hansas ou associações
versidades em várias cidades da Europa, tais como de mercadores. A reunião de várias hansas no norte
Bolonha, Paris, Pádua, Salamanca, Oxford, o que da atual Alemanha deu origem à Liga Hanseática.
permite concluir que nesse período houve intensa 04. muitas cidades medievais se originaram dos burgos,
atividade intelectual. aglomerações surgidas a partir da intensificação do
comércio.
08. as corporações de ofício surgiram com o desen-
3. (UFSC) Sobre o período conhecido como Idade volvimento da mão de obra especializada dedicada
Média, é CORRETO afirmar que: ao artesanato e foram responsáveis por organizar o
01. o romance de cavalaria foi um gênero literário que aprendizado e o controle destas atividades.
divulgou ideias de amor cortês. 16. as universidades surgiram da iniciativa de um grupo
02. a peste negra foi uma doença que teve graves conse- de intelectuais europeus que pretendia tornar o
quências para a sociedade medieval, dizimando parte ensino independente da Igreja.
da população europeia. 32. a atividade bancária não se consolidou no período,
04. as universidades criadas no período tiveram im- pois havia falta de matéria-prima para a fabricação
portante papel no desenvolvimento da cultura e do de moedas. Isso fez com que o comércio se realizasse
ensino no Ocidente. exclusivamente por meio do escambo.
08. a formação das corporações de ofício está relaciona-
da à efervescência comercial da Europa no início da
Idade Média. 5. (UFSC) “O roubo usurário é um pecado contra a
16. várias dissidências da Igreja surgiram no período, justiça. [...] Tomás de Aquino diz: [5] Receber uma usura
como foi o caso dos cátaros. Devido ao acolhimento pelo dinheiro emprestado é em si injusto: pois se vende
à diversidade defendido pela Igreja, as comunidades o que não existe, instaurando com isso manifestamente
cátaras puderam ser mantidas. uma desigualdade contrária à justiça.”
32. o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal LE GOFF, Jacques. “A Bolsa e a Vida: Economia e religião na Idade
maneira em todas as camadas da sociedade medieval Média”. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 27.
que foi capaz de anular as crenças pagãs de origem
antiga.
64. as ordens mendicantes foram criadas por uma Com base no texto apresentado e nos seus conhe-
parcela do clero medieval que defendia o conceito de cimentos, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S)
usura e estimulava o acúmulo de bens e lucro. referente(s) à Idade Média.
01. A usura, considerada roubo e pecado durante a Idade
Média, era uma prática permitida pela Igreja aos ban-
4. (UFSC) A cidade contemporânea, apesar de grandes queiros, aos estrangeiros e aos agiotas.
transformações, está mais próxima da cidade medieval 02. Receber usura pelo dinheiro emprestado, além de ser
do que esta última da cidade antiga. A cidade da Idade prática injusta era também considerada pecaminosa.
Média é uma sociedade abundante, concentrada em um 04. Durante a Idade Média, a Igreja e os clérigos influen-
pequeno espaço, um lugar de produção e de trocas em ciavam a vida religiosa e econômica dos cristãos da
que se mesclam o artesanato e o comércio alimentados sociedade feudal.
por uma economia monetária. É também o cadinho 08. Os padres e bispos que atuaram durante o período
de um novo sistema de valores nascido na prática medieval envolviam-se nas questões econômicas para
laboriosa e criadora do trabalho, do gosto pelo negócio manter o monopólio da Igreja sobre os empréstimos
e pelo dinheiro. É assim que se delineiam, ao mesmo que envolviam usura.

#ORGULHODESERPRÓ 47
16. Santo Tomás de Aquino considerava a usura um 16. foi o período no qual se desenvolveu uma literatura
roubo e uma injustiça, porém, necessária e legítima épica que exaltava os atos heroicos dos cavaleiros,
quando praticada com moderação. como os romances inspirados no rei Artur e os Cava-
32. Durante a Idade Média, a proibição da usura, con- leiros da Távola Redonda.
siderada roubo e pecado contra a justiça, provocou 32. foi o período de emergência de pensadores católicos
a falência de um número considerável de servos e como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que
banqueiros. criticavam a ideia da existência de um Deus único.
64. Os teólogos cristãos medievais e os clérigos recomen-
davam aos fiéis que, nas suas relações econômicas,
agissem de acordo com os princípios cristãos. 8. (UFSC) “Vamos pôr de lado a circunstância de um
cidadão ter repugnância de outro; de quase nenhum vizinho
socorrer o outro; de os parentes, juntos, pouquíssimas
6. (UFSC) Na Idade Média, entre os séculos XII e XV, vezes ou jamais se visitarem, e quando faziam visita um ao
verificou-se uma ascensão da economia europeia. No outro, ainda assim só o fazerem de longe.”
entanto, dentro desse período, em meados do século BOCCACCIO, G. “O Decamerão”. São Paulo: Abril Cultural, 1981.
XIV, ocorreu uma significativa retração econômica.
O trecho, extraído da obra de Boccaccio, descreve o
Em relação a este assunto, é CORRETO afirmar que: comportamento dos moradores de Florença, atingidos
01. a crise econômica verificada em meados do século pela Peste Negra em 1347. Sobre esse período, é
XIV se deveu às Cruzadas, movimento religioso que CORRETO afirmar que:
deslocou milhares de homens em idade produtiva 01. a Peste Negra, conhecida hoje como peste bubônica,
rumo ao Oriente Médio. teve como elemento facilitador as péssimas condi-
02. a Peste Negra acarretou uma drástica diminuição da ções de higiene das cidades feudais.
população, com reflexos diretos na economia. 02. a Peste Negra foi interpretada por muitos médicos e
04. tudo indica que a Peste Negra originou-se no Oriente, leigos medievais como um castigo divino.
matando mais de um terço da população europeia. 04. nesse momento, o comércio na Europa encontrava-
08. a crise econômica gerada pela Peste Negra foi o -se em desenvolvimento, tendo como principais polos
marco decisivo para o fim do sistema feudal. cidades como Veneza, Gênova e Pisa.
16. como forma de fugir da Europa infectada pela Peste 08. a grande circulação de diferentes moedas por ocasião
Negra, milhares de europeus se dispuseram a seguir das feiras fez surgir um novo personagem responsável
as Cruzadas para libertar Jerusalém sitiada. por fazer a troca de moedas e emprestar dinheiro a
32. a ascensão econômica entre os séculos XII e XV juros.
foi uma realidade exclusiva dos países ibéricos, em 16. embora as cidades tenham crescido a partir do
função das grandes navegações lá iniciadas. século XIV, o comércio não se tornou uma atividade
permanente.

7. (UFSC) SÃO FRANCISCO


“Lá vai São Francisco 9. (UFSC) Os relatos sobre o período histórico conhecido
Pelo caminho como Idade Média revelam a ocorrência de conflitos
De pé descalço bélicos, pestes e fome. Sabe-se, porém, que no mesmo
Tão pobrezinho período houve desenvolvimento econômico e cultural.
Dormindo à noite
Junto ao moinho Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas suas refe-
Bebendo a água rências à cultura medieval.
Do ribeirinho.” 01.O caráter religioso predominou nas artes medievais,
MORAES, Vinicius de. “Nova antologia poética”. São Paulo: Cia de pois um dos seus objetivos era a glorificação de Deus.
Bolso, 2005, p. 227. 02. Na literatura, além de Dante Alighieri, destacaram-se
os trovadores, responsáveis pela divulgação da poesia
Sobre a Baixa Idade Média, período no qual São Francisco popular e das canções de gesta.
viveu, é CORRETO afirmar que: 04. O crescimento urbano e o comércio foram respon-
01. foi um período no qual a produção e difusão intelec- sáveis pela decadência intelectual verificada na Idade
tual se estagnou: daí a expressão “Idade das Trevas” Média, por dificultarem a criação de novas universi-
que caracteriza a Idade Média. dades.
02. foi o período no qual a expansão comercial provocou 08. Entre os pensadores medievais, destacou-se Santo
um maior contato entre diferentes povos, principal- Tomás de Aquino que, com a “Suma Teológica”, tentou
mente do Oriente, diversificando os valores europeus. resolver a controvérsia entre fé e razão.
04. foi o período das Cruzadas, expedições organizadas 16. Na arquitetura medieval predominaram dois estilos:
pela Igreja que tinham como único objetivo difundir o o românico e o gótico.
cristianismo entre os povos do Oriente. 32. Durante a Idade Média, as línguas nacionais foram
08. foi o período de surgimento de várias ordens religio- denominadas “vulgares”. O latim foi a língua falada
sas, algumas delas formadas por monges-cavaleiros, pelos eruditos
como foi o caso dos Templários.

48 Extensivo
10. (UDESC) Analise as proposições sobre o Islamismo puderam ver, sem estremecer de dor, o acampamento
e a cultura ocidental. onde Gauthier havia deixado as mulheres e crianças. Lá
os cristãos tinham sido surpreendidos pelos muçulmanos,
I. O Islamismo é uma religião que se propagou no Oriente mesmo no momento em que os sacerdotes celebravam
Próximo e Norte da África logo após a morte de Maomé, o sacrifício da Missa. As mulheres, as crianças, os velhos,
sobretudo entre os povos que viviam como pastores todos os que a fraqueza ou a doença conservava sob as
nômades e comerciantes das regiões desérticas. tendas, perseguidos até os altares, tinham sido levados
II. Os mouros islamizados do Norte da África ocuparam para a escravidão ou imolados por um inimigo cruel. A
diversos territórios da Península Ibérica, do início do multidão dos cristãos, massacrada naquele lugar, tinha
século VIII ao final do século XV, permitindo que cris- ficado sem sepultura.
tãos e judeus, que viviam em Portugal e na Espanha, J. F. Michaud. História das cruzadas. São Paulo: Editora
mantivessem suas crenças e cultos, embora ofereces- das Américas, 1956 (com adaptações).
sem vantagens àqueles que se convertessem ao Islã.
III. A Revolução Islâmica no Irã, em 1979, instituiu um

HISTÓRIA
Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de Chaaban,
estado fundamentalista xiita, no qual as leis do país do ano de 492 da Hégira, que os franj* se apossaram
passaram a ser inspiradas em preceitos religiosos. da Cidade Santa, após um sítio de 40 dias. Os exilados
Com isso, aqueles que praticavam o ateísmo, as religi- ainda tremem cada vez que falam nisso; seu olhar se
ões politeístas, bem como a prostituição, o adultério esfria como se eles ainda tivessem diante dos olhos
feminino e o homossexualismo podiam ser punidos aqueles guerreiros louros, protegidos de armaduras, que
com a pena de morte. espelham pelas ruas o sabre cortante, desembainhado,
degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as
Assinale a alternativa correta. casas, saqueando as mesquitas.
a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. *franj = cruzados.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. Amin Maalouf. As Cruzadas vistas pelos árabes. 2a ed. São Paulo:
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. Brasiliense, 1989 (com adaptações).
d) Somente a afirmativa I é verdadeira.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras. Avalie as seguintes afirmações a respeito dos textos, que
tratam das Cruzadas.
I. Os textos referem-se ao mesmo assunto - as Cruzadas,
11. (ENEM) A Peste Negra dizimou boa parte da ocorridas no período medieval -, mas apresentam
população europeia, com efeitos sobre o crescimento visões distintas sobre a realidade dos conflitos religio-
das cidades. O conhecimento médico da época não sos desse período histórico.
foi suficiente para conter a epidemia. Na cidade de II. Ambos os textos narram partes de conflitos ocorridos
Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam entre cristãos e muçulmanos durante a Idade Média e
às centenas, de dia e de noite, e todas eram jogadas revelam como a violência contra mulheres e crianças
em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas era prática comum entre adversários.
ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus III. Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cruza-
cinco filhos com minhas próprias mãos (...) E morreram das medievais e revelam como as disputas dessa
tantos que todos achavam que era o fim do mundo.” época, apesar de ter havido alguns confrontos milita-
Agnolo di Tura. The Plague in Siena: An Italian Chronicle. In: William res, foram resolvidas com base na ideia do respeito e
M. Bowsky, The Black Death: a turning point in history? New York: da tolerância cultural e religiosa.
HRW, 1971 (com adaptações).

É correto apenas o que se afirma em


O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da a) I.
Peste Negra que assolou a Europa durante parte do b) II.
século XIV, sugere que c) III.
a) o flagelo da Peste Negra foi associado ao fim dos d) I e II.
tempos. e) II e III.
b) a Igreja buscou conter o medo, disseminando o saber
médico.
c) a impressão causada pelo número de mortos não foi 13. (ENEM) Considere os textos a seguir.
tão forte, porque as vítimas eram poucas e identifi- (...) de modo particular, quero encorajar os crentes
cáveis. empenhados no campo da filosofia para que iluminem
d) houve substancial queda demográfica na Europa no os diversos âmbitos da atividade humana, graças ao
período anterior à Peste. exercício de uma razão que se torna mais segura e
e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo perspicaz com o apoio que recebe da fé.
fato de os cadáveres não serem enterrados. (Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja
católica sobre as relações entre fé e razão, 1998)

12. (ENEM) Os cruzados avançavam em silêncio, As verdades da razão natural não contradizem as
encontrando por todas as partes ossadas humanas, verdades da fé cristã.
trapos e bandeiras. No meio desse quadro sinistro, não (São Tomás de Aquino-pensador medieval)

#ORGULHODESERPRÓ 49
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que banqueiros.
a) a encíclica papal está em contradição com o pensa- 04. A organização dos artesãos em Corporações de Ofício
mento de São Tomás de Aquino, refletindo a diferença garantia o controle da produção, fixava os preços,
de épocas. os salários, os padrões de qualidade, e reservava o
b) a encíclica papal procura complementar São Tomás mercado da cidade aos seus membros.
de Aquino, pois este colocava a razão natural acima 08. O poder ficava centralizado nas mãos dos reis que,
da fé. após o confisco das terras dos nobres burgueses,
c) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a também confiscaram as terras da Igreja Católica e
encíclica de João Paulo II. criaram uma nova Igreja, da qual o rei era a autorida-
d) o pensamento teológico teve sua importância na de máxima.
Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação 16. As primeiras universidades estavam ligadas à Igreja
com o pensamento filosófico. e ao ensino da escolástica, cujo objetivo consistia em
e) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de conciliar o pensamento racional com as doutrinas
Aquino procuram conciliar os pensamentos sobre fé cristãs, e seu maior expoente foi Tomás de Aquino.
e razão.

14. (UEM) Sobre o feudalismo, e as estruturas


econômica, social, política e cultural que existiam na
Europa Ocidental ao longo da Idade Média, assinale o
que for correto.
01. A expansão dos muçulmanos que dominaram grande
parte da Península Ibérica entre os séculos VIII e XV
foi decisiva para que a região onde hoje se localizam
Portugal e Espanha desenvolvesse características
sociais e culturais distintas de outras regiões da
Europa Ocidental.
02. As características do feudalismo não foram imutáveis.
Ao contrário, o feudalismo apresentava dinamismo,
variando de região para região e de um período para
o outro ao longo do tempo. Esse dinamismo pode ser
observado no desenvolvimento das cidades, das ativi-
dades artesanais e comerciais.
04. Com relação à economia, em termos gerais, o feu-
dalismo caracterizou-se pelo predomínio da produção
voltada para o consumo, pelo comércio reduzido, pela
pouca utilização de moedas.
08. O grande crescimento da produção agrícola no
século XIV possibilitou recursos necessários para
a organização das Cruzadas, que, sob o pretexto
de libertar Jerusalém do domínio dos infiéis
muçulmanos, foram motivadas por interesses
econômicos.
16. O romance Dom Quixote, escrito por Cervantes
no final da Idade Média, reafirmou os ideais da
Cavalaria, exaltou as características de honra, virtude
e valentia dos cavaleiros, características do Cavaleiro
Dom Quixote, principal personagem da obra.

15. (UEM) Do século XI ao século XIII a sociedade


feudal viveu um período de grandes transformações.
Sobre essas transformações, assinale o que for correto.
01. O fim das invasões bárbaras e das grandes epidemias
(constantes na Europa durante a Alta Idade Média)
garantiu o aumento da produção agrícola, a diversi-
ficação das atividades econômicas e o aumento da
população. Gabarito - Aula 09
02. Com o crescimento das atividades comerciais nas 1) 15 2) 34 3) 07 4) 14 5) 70
feiras, o uso regular das moedas de diversas regiões 6) 06 7) 26 8) 15 9) 59 10) E
trouxe a necessidade do câmbio. Os agentes respon-
11) A 12) D 13) E 14) 07 15) 23
sáveis pela troca de moedas viriam a ser os primeiros

50 Extensivo
HISTÓRIA
AULA

10
RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
As cruzadas apresentaram à Europa uma série de Os comerciantes, categoria social que contava com um
produtos que ganharam grande valor comercial no velho apreciável desenvolvimento nessa fase, organizavam- se
continente e estreitaram as relações comerciais entre em corporações, chamadas Ligas Hanseáticas, que contro-
oriente e ocidente. Além disso, ocorreu a reabertura do lavam o comércio de vastas regiões e não permitiam o
mar mediterrâneo, que passou a ser controlado pelas enfraquecimento de seus membros. Os artesãos das
cidades italianas de Gênova e Veneza. cidades possuíam suas corporações de ofício, detentoras
de rígidas hierarquias e normas bem definidas.
Começaram a aparecer uma série de feiras comerciali-
zando produtos orientais pela Europa. Essas feiras foram Crise dos séculos XIV e XV
crescendo, deixaram de ser itinerantes e se fixaram, O século XIII foi marcado por uma expressiva expansão
dando luz aos burgos, cidades que viviam basicamente comercial. O estabelecimento do Império Mongol, na Ásia,
das atividades comerciais. Nessas cidades surgiu a uma significou segurança para as rotas terrestres e garantiu um
nova classe social: a burguesia. fluxo constante de mercadorias e moedas entre o ocidente e
o oriente por meio das rotas da seda. O consumo de tapeça-
rias, porcelanas e temperos (especiarias) pela elite europeia
tornou-se uma característica desse período e gerou grandes
lucros aos comerciantes. Na primeira metade do Século XIV,
esse comércio começou a sofrer abalos, devido ao impacto
conjunto de guerras, da peste e da fome. Entre os anos de
1315 e 1317, um excesso de chuvas resultou na sucessão
de péssimas colheitas, originando a primeira grande fome
daquele século. As guerras, a peste e as revoltas campone-
sas contribuíram muito para o agravamento desse quadro.

A Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453) foi um conflito


Representação de uma feira na Baixa Idade Média travado entre França e Inglaterra, numa disputa pelo trono
francês. Segundo a Lei Sálica, em vigor na França, a sucessão
do trono deveria se dar através da linhagem masculina.
A reativação do comércio oriental propiciou o surgimen- Com a morte de Carlos IV, cujos filhos homens morreram
to de inúmeras rotas comerciais, em cujos cruzamentos ainda na infância, o trono francês passou a ser disputado
desenvolveram-se as cidades. Estas passaram a ser pólos por Felipe Valois, primo do falecido monarca, e Eduardo
de atração da população rural, que já não mais precisava III, sobrinho de Carlos IV e rei da Inglaterra. É importante
da proteção dos senhores feudais e revoltava-se lembrar que as terras ao norte da França, região conhecida
com a exploração a que estava submetida. Outro fato como Flandres, já eram alvo de disputa entre ingleses e
que estimulou a ampliação do comércio foi que muitos franceses. A luta pelo trono se transformou em agravador
senhores feudais deixaram de cobrar os impostos em da rivalidade entre Ingleses e Franceses e desembocou na
produtos e passaram a exigir o pagamento em dinheiro mais extensa guerra da história europeia. O início da guerra
pelo uso de suas terras. Assim, os servos tinham que ir foi marcado por vitórias inglesas, mas também pelo advento
as feiras vender seus produtos, aumentando ainda mais da peste negra. A monarquia francesa desestabilizou-se
o fluxo comercial. com a eclosão de uma série de revolta camponesas, conhe-
cidas como jacqueries. Essas revoltas eram motivadas pelos
efeitos da guerra, pela fome e pela peste.

Rotas comerciais utilizadas na Baixa Idade Média Revoltas Camponesas

#ORGULHODESERPRÓ 51
Os revoltosos atacavam propriedades de nobres, assas-
sinavam senhores e foram duramente reprimidos pela
coroa. Para o monarca, combater essas revoltas signifi-
cava não só o estabelecimento da ordem interna, mas
também afirmava sua autoridade perante as elites rurais.
Revoltas camponesas também ocorreram na Inglaterra,
devido às exigências da guerra e a superexploração da
mão de obra. Assim como na França, essas revoltas foram
fortemente reprimidas e resultaram numa aproximação
entre o monarca e seus nobres.

A partir de 1429, com a liderança de Joana D’arc, os


exércitos franceses conseguiram conquistar vitórias, como Peste Negra
a retomada da cidade de Orleans. Inspirado pelo exemplo Do ponto de vista econômico, a peste negra provocou
de Joana, os franceses venceram a guerra em 1453. uma grande retração no consumo e a diminuição da
produção de mercadorias para venda fora da Europa, o
que desarticulou muitas redes comerciais.

Renascimento artístico e cultural


O Renascimento Cultural foi um movimento que teve
seu início na Itália no século XIV e se estendeu por toda
a Europa até o século XVI. O movimento cruzadista foi
um dos grandes estímulos para o seu aparecimento, pois
grandes obras de filósofos da antiguidade só reaparece-
ram na Europa devido ao fato de terem sido preservadas
pelos muçulmanos. É importante lembrar que o desen-
volvimento científico e filosófico no oriente sempre foi
muito forte e o intercâmbio cultural entre oriente e
ocidente foi estreitado durante época das cruzadas.
Joana Darc
A Itália foi o berço do renascimento. Isso se deve ao desen-
Ao longo dos anos da guerra, as rotas terrestres que volvimento comercial e consequente enriquecimento
ligavam o norte e o sul da Europa, nas quais se organiza- experimentado por aquela região a partir da Baixa Idade
vam grandes feiras, se tornaram inseguras, dificultando a Média. Outro fato que colaborou para o surgimento do
circulação de mercadorias e gerando crise no comércio. renascimento foi que, diante da decadência do Império
Bizantino, muitos sábios que lá viviam deslocaram-se
Outro elemento que corroborou para essa crise foi a para as cidades italianas, levando consigo o pensamento
Peste Negra, uma pandemia de peste bubônica que greco-latino que haviam conservado. Assim, favorecida
assolou a Europa, atingindo seu apogeu em 1348. Os pelo grande número de obras da Antiguidade, a Itália
primeiros registros da peste na Europa se deram em inspirou os artistas do Renascimento. A literatura e o
navios mercantes genoveses que retornavam do oriente, pensamento da Antiguidade greco-romana serviram de
mas rapidamente se espalharam por várias regiões referência para os escritores renascentistas e contribuíram
da Europa. A agressividade da peste negra foi notável, para a formação de seus valores e ideais. Negando valores
dizimando aproximadamente um terço da população medievais, incompatíveis com a nova realidade existente
europeia da época. na Europa, os renascentistas, diziam-se anões nos ombros
de gigantes, transmitindo-nos a ideia que estes utilizavam
A peste era originalmente transmitida pela pulga do a cultura clássica como base, mas que não se limitavam a
rato preto, mas, uma vez infectados, a doença passava imitá-la e sim propunham sua superação.
de um ser humano para outro de forma rápida. A sujeira
das cidades, a falta do entendimento da relação entre
higiene e saúde somada a precariedade dos conhecimen-
tos de medicina da época são elementos que explicam a
rápida propagação da epidemia. Enquanto os cientistas
da época buscavam explicações racionais para a doença,
setores da Igreja passaram a proferir discursos apocalíp-
ticos, defendendo a ideia de que a peste se tratava de um
castigo divino.

Florença – berço do renascimento

52 Extensivo
A burguesia, oriunda das camadas marginais da
sociedade medieval, tornam-se mecenas, investindo Embora apresentem características comuns, como o
em palácios, catedrais, esculturas e pinturas, buscando humanismo e a inspiração clássica, cada uma dessas
aproximar seu estilo de vida ao da nobreza. Outros fases defere em alguns aspectos.
membros das elites urbanas também patrocinavam
artistas, intelectuais e cientistas (mecenato), buscando O Trecento é a primeira fase do renascimento, que se
valorizar as novas ideias e conquistar prestígio social. O desenvolveu nos anos 1300 na cidade de Florença. A
mesmo ocorria com os monarcas que, há pouco, haviam maior marca desse período é a introdução da tridimen-
conseguido estabelecer a centralização política de seus sionalidade, o que representou uma ruptura com o
domínios. estilo gótico, característico da Idade Média. Os artistas
de maior destaque dessa fase foram o pintor Giotto e
A cultura da Renascença tinha como principal caracte- os literatos Dante Alighieri (Divina Comédia) e Giovanni
rística a negação da ordem medieval. Valores típicos Bocaccio (Decamerão).
da Idade Média, como o teocentrismo, o misticismo, o

HISTÓRIA
geocentrismo e o coletivismo, passaram a ser substituídos
pelo racionalismo, o humanismo, o antropocentrismo e
o individualismo que, marcadamente urbanos, afloraram
nas obras renascentistas e contribuíram para a afirmação
da ideologia capitalista em formação.

Baseado na convicção de que tudo se podia explicar pela


razão e pela observação da natureza, o racionalismo
tentava compreender o universo de forma calculada e
matemática. O humanismo, elemento central das obras
renascentistas, buscava a valorização do ser humano,
visto como a obra mais perfeita de Deus. Surge assim o
Capella Scrovegni - Giotto
antropocentrismo renascentista, com a ideia do homem
como o centro das preocupações intelectuais e artísti- O Quartrocento representa o auge do renascimento
cas. O naturalismo pregava o retorno à natureza e a artístico e cultural na Itália e, por isso, pode ser chamado
valorização do natural em oposição ao sobrenatural. O de Alta Renascença. Com a consolidação das artes e a
hedonismo defendia o prazer individual como o único difusão de diversas obras e artistas, essa fase foi marcada
bem possível e o neoplatonismo pregava uma elevação pela busca da beleza e da perfeição das formas. Ainda
espiritual desapegada a qualquer busca material. que os temas explorados estejam relacionados a religião,
muitos artistas dessa fase utilizaram a mitologia e outros
temas pagãos para se expressar nas obras. Nessa fase
destacam-se nomes como Leonardo da Vinci e Sandro
Botticelli.

Maria Madalena - Donatello

Da Itália, o pensamento renascentista irradiou-se para as O Nascimento de Vênus - Botticelli


demais nações europeias, particularmente para aquelas
que viviam em acentuado processo de desenvolvimento No Cinquecento, os artistas já começam a se distan-
econômico, graças a expansão marítima do século XV. ciar dos temas religiosos e ocorre a mescla dos temas
religiosos e profanos nas obras. Nessa fase, o estilo
renascentista se consolida em diversas partes do conti-
Fases do Renascimento nente europeu: Portugal, Espanha, França e Alemanha.
O renascimento artístico e cultural pode ser dividido em Na pintura e escultura, os principais nomes desse período
três momentos: são Rafael Sanzio e Michelangelo. Na literatura desta-
• Trecento (século XIV) cam-se Erasmo de Roterdã (Elogio à Loucura) e Nicolau
• Quatrocento (século XV) Maquiavel (O príncipe).
• Cinquecento (século XVI)

#ORGULHODESERPRÓ 53
Escola de Atenas – Rafael Sanzio

Renascimento Científico
Embora saibamos que a Idade Média não foi uma Noite Homem Vitruviano – Da Vinci
de Mil Anos ou a Idade das Trevas, como propunham os
renascentistas, esse foi um período marcado pela influ- Dentre os muitos cientistas da renascença, destacam-se:
ência do pensamento da Igreja Católica que, buscando
explicar os fenômenos da natureza através da interven- • Nicolau Copérnico – Heliocentrismo
ção divina, acabou dificultando o desenvolvimento das • Galileu Galilei – Heliocentrismo
pesquisas científicas. • Leonardo Da Vinci – hidrostática, engenharia e
matemática
No contexto do Renascimento Cultural, a razão passou a • Johannes Kepler – leis fundamentais da mecânica
ser um dos principais objetivos daqueles que pretendiam celeste
desvendar os grandes mistérios do mundo. Mesmo tendo • Francis Bacon – Empirismo
a forte oposição da Igreja, muitos cientistas buscaram
métodos de produção de conhecimento através da expe-
rimentação, observação e comprovação. Tarefas

1. (UEM) Do século XI ao século XIII a sociedade feudal


viveu um período de grandes transformações. Sobre
essas transformações, assinale o que for correto.
01. O fim das invasões bárbaras e das grandes epidemias
(constantes na Europa durante a Alta Idade Média)
garantiu o aumento da produção agrícola, a diversi-
ficação das atividades econômicas e o aumento da
população.
02. Com o crescimento das atividades comerciais nas
feiras, o uso regular das moedas de diversas regiões
trouxe a necessidade do câmbio. Os agentes respon-
sáveis pela troca de moedas viriam a ser os primeiros
banqueiros.
04. A organização dos artesãos em Corporações de Ofício
garantia o controle da produção, fixava os preços,
os salários, os padrões de qualidade, e reservava o
mercado da cidade aos seus membros.
Fases da Lua observadas por Galileu
08. O poder ficava centralizado nas mãos dos reis que,
após o confisco das terras dos nobres burgueses,
Uso da pesquisa e investigação como métodos de também confiscaram as terras da Igreja Católica e
produção de conhecimento associado ao desenvol- criaram uma nova Igreja, da qual o rei era a autorida-
vimento de instrumentos científicos proporcionaram de máxima.
grandes avanços na área da astronomia, possibilitaram a 16. As primeiras universidades estavam ligadas à Igreja
formulação de leis da Física e teorias matemáticas. e ao ensino da escolástica, cujo objetivo consistia em
conciliar o pensamento racional com as doutrinas
A criação da prensa de tipos móveis, por Gutenberg em cristãs, e seu maior expoente foi Tomás de Aquino.
1439, auxiliou na divulgação dos conhecimentos científi-
cos e gerou forte mudança na forma que muitas pessoas
entendiam o funcionamento do mundo. Aos poucos, as 2. (UEM) A respeito da Idade Média ocidental, assinale
explicações religiosas, sem fundamentação científica, o que for correto.
foram sendo substituídas por explicações racionais. 01. Em meados do século X, as disputas pelo poder entre
bispos, reis e papas levaram à Questão das Investi-

54 Extensivo
duras, quando Oto I, imperador do Sacro Império II. O aumento do número de cidades e da intensificação
Romano- Germânico, passou a intervir nos assuntos da divisão social do trabalho que ajudou no desenvol-
da Igreja por meio da fundação de bispados e abadias. vimento do artesanato.
02. A permanência de concepções antigas e de crenças III. O aumento da atividade bancária como atividade cada
orientais, romanas, gregas ou germânicas, foi consi- vez mais significativa para expansão do comércio.
derada heresia no interior do cristianismo.
04. As corporações de ofício foram associações típicas da Em relação a essas informações, assinale a alternativa
sociedade medieval durante a Alta e a Baixa Idade Média. que apresenta as afirmativas corretas.
08. A partir do século XII, com o processo de renascimen- a) II e III.
to urbano, as universidades se tornaram importantes b) I e II.
centros de ensino, e seu público ficou restrito aos c) I e III.
membros da Igreja. d) I, II e III.
16. As canções trovadorescas, a escolástica, as paródias
e a patrística são exemplos da cultura e do pensamen-

HISTÓRIA
to medievais. 5. (PUCRS) A respeito do Renascimento Comercial e
Urbano na Europa dos séculos XII e XIII, considere as
afirmações a seguir.
3. (UPF) No final da Idade Média surgiu um provérbio:
“O ar da cidade torna o homem livre”. I. As cidades situavam-se no cruzamento de rotas
(PAIS, Marco Antonio de O. O despertar da Europa. São Paulo: Atual, comerciais ou à beira de rios, eram cercadas por
1992, p. 38). muralhas, e o crescimento populacional provocava a
ocupação de terrenos extramuros.
Este provérbio indica que está acontecendo uma II. O processo de expansão urbana estava ligado ao
mudança no cenário europeu, marcado pelo declínio do crescimento da produção agrícola e ao fortalecimen-
feudalismo e o ressurgimento das cidades, refletindo a to de rotas comerciais terrestres entre as cidades
nova visão do homem daquele tempo diante do mundo. portuárias italianas, as feiras francesas e as cidades
da região de Flandres.
Considerando as transformações decorrentes da III. “O ar das cidades torna os homens livres” era um
transição do feudalismo para o capitalismo e o provérbio ditado do período, referindo-se ao costume de consi-
acima, é correto afirmar: derar livre o servo que trabalhasse por determinado
a) as Cruzadas (1096-1270) propiciaram um intercâmbio período de tempo no burgo.
religioso entre o Oriente e o Ocidente, resultando IV. A autonomia administrativa e jurídica das cidades era
numa maior tolerância religiosa nas cidades medie- conquistada através do pagamento de franquias aos
vais, que passaram a seguir o modelo da cidade de senhores feudais ou da compra de cartas de privilégios.
Jerusalém.
b) a vida no mundo rural era marcada por uma estru- Estão corretas as afirmativas
tura social estratificada, enquanto nos novos centros a) I e II, apenas.
urbanos as práticas comerciais e artesanais criaram b) III e IV, apenas.
condições para a ascensão social do homem urbano. c) I, II e III apenas.
c) a condição servil caracterizava aqueles que trabalha- d) I, II, III e IV.
vam nas terras do senhor e a ele entregavam parte
da colheita, enquanto nas cidades, já no século XII, as
relações de trabalho eram totalmente assalariadas. 6. (PUCRS) Considerando o Renascimento Comercial
d) as cidades medievais, contando com seu próprio e Urbano da Europa nos séculos XII e XIII, analise as
conjunto de leis e jurisprudência, livres da influência sentenças abaixo e preencha os parênteses com V
dos senhores feudais, proporcionaram liberdade a (verdadeiro) ou F (falso).
todos aqueles que se sentiam oprimidos pelo modelo
social feudal. ( ) A Itália, Flandres e a região da Champagne eram os prin-
e) o Renascimento Comercial no final da Idade Média cipais eixos econômicos da Europa Ocidental no período.
propiciou que as cidades medievais ficassem livres do ( ) Os habitantes das cidades que se dedicavam ao comércio
pagamento das taxas e tributos feudais, deixando os habi- constituíram uma nova classe social – a burguesia.
tantes das cidades livres de tais encargos monetários. ( ) A economia urbana começava a se libertar do
domínio das corporações de ofício e a estabelecer o
livre comércio, provocando o fim dos privilégios da
4. (UFU) A partir do século XI, observa-se em várias nobreza e dos monopólios comerciais reais.
localidades da Europa Ocidental uma intensificação das ( ) As condições de higiene das cidades medievais
atividades comerciais. Dentre os fatores que explicariam esse melhoraram com a implantação do urbanismo e de
“renascimento comercial”, analise as informações abaixo. serviços de esgoto e água encanada, dificultando a
disseminação de epidemias.
I. Uma forte diminuição demográfica, causada pela ( ) As principais cidades comerciais queriam mostrar
chamada peste negra e pelas chamadas invasões sua riqueza e importância através da construção de
bárbaras. grandes catedrais góticas, o que se tornou possível

#ORGULHODESERPRÓ 55
pela adoção de novas técnicas de construção. XI, contribuiu para a consolidação do renascimento
comercial europeu, afastando do Mar Mediterrâneo
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para os árabes e as cidades autônomas do norte da Itália.
baixo, é III. As feiras ocorriam na confluência das principais rotas
a) V – F – V – F – F de comércio na Europa, e nelas os senhores feudais,
b) V – F – F – V – V em troca de proteção militar e judicial, costumavam
c) V – V – F – F – V cobrar a capitação – imposto por cabeça – de todos
d) F – V – F – V – F os participantes.
e) F – V – V – V – F
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
a) I, apenas.
7. (UPF) Nos séculos X e XI, a organização do espaço b) II, apenas.
feudal da Europa Ocidental começou a ser reconfigurada c) I e III, apenas.
por transformações de cunho econômico, social, político d) II e III, apenas.
e cultural, que foram afetando os modos de vida das e) I, II e III.
pessoas. Os historiadores denominam o período, até o
século XV, de crise do feudalismo.
9. (UFPR) O Papa Francisco, eleito em março de 2013,
Leia as afirmações abaixo sobre esse período e os chamou atenção novamente para a figura de Francisco
processos de mudanças que o caracterizaram. de Assis, considerado o fundador da Ordem dos
I. A interrupção da expansão muçulmana no Ocidente Franciscanos (ou dos Frades Menores) na Baixa Idade
europeu possibilitou a retomada da navegação no Média. Assinale a alternativa que relaciona o contexto de
Mar Mediterrâneo, expandindo as atividades comer- surgimento dos Franciscanos e sua motivação de ação.
ciais através de rotas que articulavam o Oriente a) Com a retração do renascimento comercial e urbano,
Médio, a Península Itálica e o norte da Europa. aumentaram a pobreza e o abandono de crianças, que
II. O crescimento demográfico e do comércio provocou eram recolhidas pelas Ordens Mendicantes, dentre
a alta dos preços dos alimentos, desencadeando uma elas a dos Franciscanos, para evitar que fossem recru-
expansão das fronteiras agrícolas, que resultou em tadas nas Cruzadas.
alterações ambientais, com a derrubada de florestas b) Com o renascimento comercial e urbano, apro-
e a drenagem de pântanos. fundaram-se a pobreza e as desigualdades sociais,
III. O crescimento demográfico afetou o poder territorial suscitando o aparecimento de várias Ordens Mendi-
da nobreza com a abolição do direito do primogê- cantes, que pretendiam atuar junto aos necessitados,
nito à herança das terras paternas, beneficiando os entre elas a Ordem dos Franciscanos.
demais filhos, o que resultou na fragmentação da c) O renascimento comercial e urbano gerou um empo-
propriedade feudal. brecimento da Igreja Católica na Baixa Idade Média,
IV. O crescimento demográfico e a alta dos preços dos suscitando o aparecimento das Ordens Mendicantes,
alimentos levaram ao aumento dos tributos pagos dentre elas a dos Franciscanos.
pelos servos, implicando a expulsão da população d) Com o renascimento comercial e urbano, surgem as
excedente dos feudos, a qual expressou sua insatisfa- Ordens Mendicantes, dentre elas a dos Franciscanos,
ção praticando assaltos, pilhagens e revoltas. que constituíram uma força de contestação da ordem
V. O Renascimento Comercial acarretou o crescimento feudal e do poder econômico da Igreja.
de burgos, ao longo de rotas e em lugares de comér- e) Com a crescente ruralização e o aumento da pobreza
cio, atraindo os servos, dos feudos para esses núcleos no espaço europeu, surgiram as Ordens Mendicantes,
urbanos nascentes, os quais, todavia, permaneceram como a dos Franciscanos, para se tornar a principal
sempre dependentes dos senhores feudais. instância da Igreja Católica.

Está correto apenas o que se afirma em


a) I, II e IV. 10. (UFSM) Analise o mapa e o texto a seguir.
b) II, III e V.
c) I, IV e V.
d) I, II e III.
e) III, IV e V.

8. (PUCRS) Considere as afirmativas abaixo sobre o


renascimento comercial, ocorrido na Europa Ocidental
durante a Baixa Idade Média.
I. A explosão demográfica que se verifica na Europa a
partir do século X, devido à queda na mortalidade e à
elevação da natalidade, foi um dos fatores que favore-
ceram o aumento das atividades mercantis no período.
II. O movimento religioso das Cruzadas, a partir do século

56 Extensivo
Todos os testemunhos concordam em situar a origem 12. (PUCRS) Dentre os fatores responsáveis pelo
da peste na Ásia Central, onde ela existia em estado chamado Renascimento Comercial e Urbano, que ocorre
endêmico. O grande viajante Ibn Batouta, que visitou a a partir do século XI na Europa Ocidental, NÃO se pode
Índia Meridional pouco depois de 1342, assinalou-a ali. referir
Em 1347, os próprios mongóis, que sitiavam o estabeleci- a) a diminuição de epidemias e pestes.
mento mercantil genovês em Caffa, no mar Negro, foram b) o término das grandes invasões.
atingidos e, por um requinte de crueldade, enviaram c) a amenização dos costumes guerreiros da nobreza.
vários cadáveres para a cidade através de suas máquinas d) o desaparecimento das corporações de ofício nas
de guerra. Um navio que partiu de Caffa para a Itália cidades.
semeou, na passagem, a peste em Constantinopla [...] e) a queda da mortalidade e o aumento da natalidade
depois chegou a Gênova: quando se deram conta do mal na população.
que transportavam e ordenaram que partisse, era tarde
demais. A peste atacava a Itália pelos portos. As cidades
do interior não souberam organizar nenhuma defesa. 13. (UFSM)

HISTÓRIA
Fonte: WOLFF, Philippe. Outono da Idade Média ou Primavera
dos Tempos Modernos? São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 15.
(adaptado)

A análise permite associar a rápida propagação da Peste


Negra, na Baixa Idade Média europeia, a fatores, como
a) o êxito das navegações ibéricas na abertura do
caminho marítimo para as Índias orientais.
b) a retomada das peregrinações a Jerusalém após a
vitória dos cristãos europeus nas guerras das Cruza-
das.
c) o aumento do intercâmbio comercial entre a China
e os países europeus, intercâmbio esse estimulado e
protegido nos domínios do Império Mongol.
d) a intensificação das transações econômicas entre o
Ocidente europeu, em pleno renascimento comercial As igrejas góticas - a exemplo da Catedral de Notre Dame
urbano, e o Oriente, através das cidades italianas e de - começaram a ser construídas no século doze e estão
Constantinopla. relacionadas com um momento histórico caracterizado
e) o dinamismo comercial dos Turcos Otomanos, ao pelo(a)
transformarem a Constantinopla bizantina na Istam- a) declínio da tecnologia e das cidades comerciais, em
bul moderna. decorrência da desagregação do Império Romano.
b) papel das ordens monásticas na estagnação da
cultura, da tecnologia e da economia das sociedades
11. (ESPCEX) O período conhecido por Baixa Idade feudais.
Média estendeu-se dos séculos X ao XV e foi marcado por c) desenvolvimento comercial, pelo enriquecimento das
profundas transformações, entre elas o renascimento cidades e pelo declínio da Igreja como elemento orga-
comercial. É correto afirmar que essa transformação nizador do mundo medieval.
esteve relacionada com d) desenvolvimento das cidades, em função da atividade
a) a formação das feiras, que eram pontos de comér- comercial, e pelo papel da Igreja como polo de poder
cio temporário, tendo-se destacado inicialmente as político e cultural.
regiões de Champanhe e, posteriormente, a região e) desestruturação do mundo feudal, provocada por
de Flandres. meio do renascimento comercial, pelo declínio das
b) o aparecimento de um novo grupo social, os merca- monarquias e pela decadência política e cultural da
dores, que passaram a ocupar o lugar da nobreza na Igreja.
sociedade estamental durante toda a Idade Moderna.
c) o reaparecimento da moeda e das transações finan-
ceiras, que ficaram limitadas às cidades italianas, 14. (UFES) “Urbanização é o processo de crescimento
mais próximas do mercado oriental. da população urbana em ritmo mais acelerado que o do
d) o surgimento de hansas ou ligas, poderosas associa- crescimento da população rural, ou seja, é o resultado
ções de comerciantes, cujos interesses se chocavam da transferência da população rural para o meio urbano.
com os dos nobres, que percebiam nas atividades Esse processo sinaliza a transição de um padrão de vida
daquelas uma ameaça à segurança das cidades destes. econômica apoiado na produção agrícola fechada e auto-
e) o surgimento do movimento comunal, uma disputa suficiente para outro, baseado na indústria, no comércio
entre senhores feudais e burgueses, em torno das e nos serviços.”
taxas de impostos cobrados sobre as atividades (MAGNOLI, D.; ARAÚJO, R. “Projeto de ensino de Geografia”. São
comerciais realizadas nos feudos. Paulo: Moderna, 2004. p. 166.)

#ORGULHODESERPRÓ 57
No caso da Europa, a passagem de uma economia agrícola 15. (PUCCAMP)O processo de crescimento da população
para uma economia baseada no comércio e nos serviços urbana não ocorreu apenas no Brasil contemporâneo.
tem suas raízes históricas no Renascimento Comercial e Na Europa Ocidental, o renascimento urbano ocorrido
Urbano do século XI, muito embora a urbanização que na Baixa Idade Média estava relacionado, entre outros
hoje afeta o globo tenha se afirmado somente a partir fatores,
da Revolução Industrial do século XVIII. Nesse sentido, a) ao dinamismo das relações de troca e da produção
considere as seguintes afirmativas: artesanal advindas do renascimento comercial a
partir do século XI.
b) ao surgimento dos burgos, que eram fortalezas cons-
I. Desde fins do século X e, sobretudo, no decorrer do truídas pelos senhores feudais para proteger sua
século XI, verifica-se o crescimento populacional na família das grandes epidemias no século XII.
Europa Ocidental em virtude da redução do índice de c) à intensa atividade comercial que existia entre
mortalidade e do aumento da produção agrícola, o senhores feudais e seus vassalos no auge do
que irá favorecer a expansão urbana. desenvolvimento da sociedade feudal.
II. Os critérios usados para definir o urbano e o rural são d) ao intenso processo de produção artesanal realizada
universais e servem para definir o nível de urbaniza- pelos povos mulçumanos e judeus em quase toda a
ção de um país (desenvolvido ou não), facilitando os Europa Ocidental.
estudos comparativos. e) ao papel desempenhado pelas corporações de ofício
III. A partir do século X, muitas cidades, na Europa, são que, ao estabeleceram livremente o lucro obtido nas
repovoadas ou fundadas, surgindo algumas delas manufaturas, desvincularam-se das normas impostas
junto a castelos fortificados, outras em locais que pela Igreja.
congregavam peregrinos, outras em locais de feira ou
encruzilhadas terrestres e fluviais.
IV. Atualmente, os níveis de urbanização podem ser
considerados baixos nos países asiáticos embora
sejam países que apresentem grande contingente de
população urbana.
V. Desde a sua fundação, as cidades medievais estavam
isentas do controle exercido pelos reis e pela nobreza
feudal sobre os citadinos, que logo se tornaram os
principais articuladores dos movimentos de resistên-
cia camponesa contra a exploração feudal.

É CORRETO apenas o que se afirma em


a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) I e III.
d) III, IV e V.
e) IV e V.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Urbanização descontrolada
Na verdade, o grande período da sociedade brasileira foi
o pós-guerra, quando é adotado o padrão da sociedade
de “bem-estar social”. Esse é o melhor momento tanto
em termos de crescimento econômico quanto de cres-
cimento ligado a uma política redistributiva. Foram
abertos canais de promoção social, com investimen-
tos públicos em infraestrutura, em serviços de base,
educação, saúde e urbanização. Isso perdurou até os fins
dos anos 1970, mas a partir daí o país voltou a patinar e
tornou-se cada vez mais concentrador de renda. Como,
mesmo com retração econômica, a população continuou
a crescer, passamos a ter cada vez mais marginalizados
e excluídos. Hoje, o que era um problema social virou
um problema de segurança e vivemos o agravamento de Gabarito - Aula 10
um quadro que era excludente. Temos uma situação de 1) 23 2) 19 3) B 4) A 5) D
confronto entre o contigente de excluídos e aqueles que 6) C 7) A 8) C 9) B 10) D
concentram as possibilidades.
11) A 12) D 13) D 14) C 15) A
(Nicolau Sevcenko. In: Cartacapital, 8/10/2003, p. 38)

58 Extensivo
HISTÓRIA
AULA

11
ABSOLUTISMO
O Renascimento Comercial deu luz a uma nova classe
social: a burguesia. Todavia, o feudalismo impunha uma
série de entraves ao desenvolvimento das atividades
comerciais, como a multiplicidade de moedas, a falta
de unidade de pesos e medidas e as aduanas internas.
Por outro lado, os monarcas não viam a hora de voltar
a centralizar o poder em suas mãos e perceberam na
ascensão da burguesia uma excelente oportunidade
para limitar o poder da nobreza feudal. Criou-se assim
uma espécie de pacto entre a burguesia e a realeza: Nicolau Maquiavel
os burgueses financiaram exércitos aos reis para que
estes não mais dependessem da proteção dos nobres O primeiro Estado Moderno da Europa foi Portugal.
feudais e, em contrapartida, os monarcas criaram uma Através da Revolução de Avis, onde a burguesia uniu-se
série de regras que favoreciam o desenvolvimento com a casa de Avis contra a influência dos castelhanos
das atividades comerciais burguesas. Nasceram assim na coroa portuguesa, ocorreu a ascensão de D. João I, o
o Absolutismo e o Mercantilismo. Com o apoio e primeiro rei absolutista do velho continente. Na França,
financiamento da burguesia, os governos absolutistas a expressão maior do absolutismo monárquico foi Luís
obtiveram a concentração total de poderes na pessoa XIV, da dinastia dos Bourbons, o chamado “Rei Sol”. A
do rei, cujos interesses eram vistos como sendo da centralização monárquica da Inglaterra foi marcada pela
nação como um todo. assinatura do Ato de Supremacia por Henrique VIII, mas
o movimento áureo do absolutismo coube à dinastia
A justificativa para a centralização do poder na realeza Stuart, especialmente aos governos de Jaime I e
baseava-se nos teóricos absolutistas, destacadamente Carlos I. Nesse período, o peso relativo do Parlamento
Maquiavel, Hobbes e Bossuet. foi muitíssimo reduzido. Porém, intensos conflitos entre
os reis e o Parlamento resultaram em numa guerra
Nicolau Maquiavel, em seu livro “O Principe”, defendia civil entre realistas e parlamentaristas. A vitória coube
a ideia de que, por estar acima dos demais membros da aos parlamentaristas que, sob a liderança de Oliver
sociedade, o rei conseguia enxergar a nação como um Cromwell, executaram o rei e instalaram a República.
todo, conhecendo seus problemas e buscando soluções.
A célebre frase “os fins justificam os meios” deriva da O governo de Cromwell sustentou-se, principalmente,
ideia de que, por mais violenta e injusta que pareçam na força militar, já que, pouco depois de derrotar os
as atitudes do monarca, este sempre está procuran- realistas, estabeleceu uma ditadura pessoal. Após sua
do fazer o que é melhor para o desenvolvimento da morte, porém, Exército e Parlamento uniram-se e restau-
nação e, nesse sentido, suas ações seriam justificadas. raram a monarquia Stuart. Carlos II tentou retornar a
centralização política, mas não obteve sucesso, pois, em
Thomas Hobbes, em seu livro “O Leviatã”, defende a 1688, a chamada Revolução Gloriosa sepultou definiti-
ideia de que a sociedade é autofágica e, assim sendo, vamente o absolutismo na Inglaterra. O rei continuava a
precisa de um governante forte para que possa se reinar, porém quem governava era o parlamento. Outras
desenvolver. É interessante observar que esses dois nações europeias tiveram governos de caráter absolutis-
primeiros filósofos estão em consonância com as tas, confirmando ser esse regime político uma marca da
ideias renascentistas da época, buscando legitimar o Idade Moderna e do capitalismo comercial.
poder do monarca de forma racional.

Jacques Bossuet, por ser ligado à Igreja, fugiu dessa Mercantilismo


tendência, lançando a Teoria do Direito Divino dos Na Idade Moderna, os Estados absolutistas europeus
Reis, onde dizia que os reis eram iluminados por Deus e adotaram uma política econômica cujo objetivo
tinham o direito legítimo de governar a nação. principal era fortalecê-los através do entesouramento.
Tal política foi chamada de mercantilismo e pressupunha
a intervenção do Estado nos assuntos econômicos. A
política mercantilista fundamentava-se principalmente
no metalismo, na balança comercial favorável, no
protecionismo e no pacto colonial.

#ORGULHODESERPRÓ 59
O metalismo pregava o acúmulo de metais para a c) a catedral de Colônia.
cunhagem de moedas. As vias de acesso a esses metais d) a Casa Branca.
podiam ser a exploração de jazidas, o comércio de espe- e) a pirâmide do faraó Quéops.
ciarias ou até mesmo a pilhagem através da ação de
corsários. O metalismo marca uma importante mudança
na concepção de riqueza: no feudalismo a riqueza era 2. (UDESC) Leia o texto a seguir:
calculada pelo acúmulo de terras e, a partir da intro- “Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem
dução do capitalismo, passou a ser medida através do como ministros de Deus e seus representantes na terra.
acumulo de capitais. Consequentemente, o trono real não é o trono de um
homem, mas o trono do próprio Deus.
Através do Protecionismo Alfandegário, os governos Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada, e que
absolutistas taxavam pesados impostos aos produtos atacá-lo de qualquer maneira é sacrilégio. (...)
que vinham de fora, favorecendo a comercialização de
produtos nacionais. O poder real é absoluto. O príncipe não precisa dar
contas de seus atos a ninguém.”
(Jaques-Bénigne Bossuet, 1627-1704)

Assinale a alternativa que apresenta a forma de governo


à qual o trecho se refere.
a) Democracia representativa
b) Monarquia constitucional
c) Absolutismo monárquico
d) República monarquista
e) Monarquia populista religiosa

Balança Comercial Favorável 3. (UDESC) Em relação à Formação dos Estados


Nacionais Modernos, é correto afirmar.
A Balança Comercial Favorável era obtida com o auxílio a) O absolutismo e o poder centralizado no monarca
do Pacto Colonial, que pregava o monopólio comercial foram as bases iniciais para a formação do Estado
das colônias às suas metrópoles - uma colônia portugue- Nacional Moderno.
sa só poderia comercializar com Portugal, uma colônia b) Os Estados se formam sob bases democráticas e não
espanhola só comercializava com a Espanha e assim sob as absolutistas.
sucessivamente. c) O poder descentralizado foi uma das marcas da Insti-
tuição Estado Nacional Moderno.
Para aumentar os lucros e as exportações, as colônias eram d) A forte mobilidade social fez com que os burgue-
estimuladas a consumirem os produtos metropolitanos. As ses produzissem a Instituição do Estado Nacional
colônias também forneciam gêneros de alta lucratividade, Moderno.
que, após chegarem às metrópoles, eram exportados para e) Os burgueses controlavam o exército e cobravam
outros países, o que também contribuía para uma balança impostos do povo para as cortes.
comercial favorável. Foi, portanto, sob o mercantilismo
europeu que se inseriu a colonização da América.
4. (ENEM)

Tarefas

1. (ENEM) O que se entende por Corte do antigo regime


é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de
França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de
perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da
Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no
registro das despesas do reino da França sob a rubrica
significativa de Casas Reais.
ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.

Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por
efetividade política e terminaram por se transformar em um conjunto de estratégias que visavam sedimentar
patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a
a) o palácio de Versalhes. charge apresentada demonstra
b) o Museu Britânico. a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum,

60 Extensivo
sem os adornos próprios à vestimenta real. c) indicar que os músicos se encontravam na mesma
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do situação que os demais membros do 30 Estado.
rei com a vestimenta real representa o público e sem d) distinguir, dentro do 30 Estado, as condições em que
a vestimenta real, o privado. viviam os “criados de libré” e os camponeses.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhe- e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma
cimento do público a figura de um rei despretencioso luta de classes entre os trabalhadores manuais.
e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a
elegância dos trajes reais em relação aos de outros 7. (UEM) Duas importantes características do Estado
membros da corte. democrático contemporâneo são: a separação entre a
e) a importância da vestimenta para a constituição esfera da vida pública e o campo dos interesses privados
simbólica do rei, pois o corpo político adornado e o estabelecimento da laicidade do Estado. A respeito
esconde os defeitos do corpo pessoal. dessas características, assinale o que for correto.
01. Em Estados como Arábia Saudita, Afeganistão, Irã,

HISTÓRIA
Israel e Vaticano, os governantes mantêm um profun-
5. (ENEM) O príncipe, portanto, não deve se incomodar do respeito ao caráter laico do Estado e não há inter-
com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o ferência da religião no exercício do poder político.
povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos 02. O chamado patrimonialismo, ou Estado Patrimonial,
duros poderá ser mais clemente do que outros que, por é a forma de Estado em que a separação entre as
muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao esferas pública e privada é rigorosamente obedecida,
assassínio e ao roubo. como ocorre no Brasil atual.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009. 04. Desde a Antiguidade Clássica até os dias atuais os
diferentes países do mundo ocidental estabeleceram
a separação entre as esferas pública e privada como
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão um ideal a ser atingido, embora nem sempre isso se
sobre a Monarquia e a função do governante. torne realidade.
A manutenção da ordem social, segundo esse autor, 08. A constituição brasileira, em vigor desde 1988,
baseava-se na afirma que o estado brasileiro é laico, não é vincula-
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. do a nenhum deus ou religião; assegura a liberdade
b) bondade em relação ao comportamento dos merce- religiosa e tem como princípio a separação entre as
nários. esferas pública e privada.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões 16. Ao longo da Época Moderna, as monarquias nacio-
religiosas. nais europeias desconheciam a separação entre as
d) neutralidade diante da condenação dos servos. esferas pública e privada. Dessa forma, os cargos pú-
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do prín- blicos eram distribuídos segundo critérios pessoais,
cipe. e o dinheiro arrecadado com impostos era tratado
como propriedade pessoal do Rei.

6. (ENEM) O que chamamos de corte principesca era,


essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos eram 8. (UEM) Segundo René Rémond, na obra O Antigo
tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os regime e a Revolução (1974), “o absolutismo consiste
pasteleiros, os cozinheiros e os criados. Eles eram o que num poder não partilhado, concentrado na pessoa do
se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de rei”. Sobre o absolutismo monárquico, assinale o que for
libré. A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando correto.
tinha garantida a subsistência, como acontecia com as 01. Thomas Hobbes, autor de Leviatã, acreditava que o
outras pessoas de “classe média” na corte; entre os poder do monarca era divino e que o soberano era o
que não se satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele representante de Deus na terra.
também se curvou às circunstâncias a que não podia 02. No século XVII, com a constituição do poder absoluto
escapar. na França, houve três estamentos: o clero, a nobreza
Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio. Ed. Jorge Zahar, 1995, e o terceiro estado. A camada social mais privilegiada
p. 18 (com adaptações). era o terceiro estado, que gozava de privilégios fiscais
e de justiça.
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime divi- 04. O fim do absolutismo na Inglaterra foi estabelecido
dia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza, clero após a Revolução Gloriosa, quando Guillherme III,
e 30 Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao de Orange, assumiu o trono britânico e assinou a
fazer referência a “classe média”, descreve a sociedade Declaração de Direitos (Bill of Rights) que limitava os
utilizando a noção posterior de classe social a fim de poderes do rei.
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe 08. Dentre os teóricos do poder absoluto estão Jacques
dos músicos, que pertenciam ao 30 Estado. Bousset, Jean Bodin e Nicolau Maquiavel.
b) destacar a consciência de classe que possuíam os 16. Luís XIV, autor da célebre frase “L´État c´est moi” (O
músicos, ao contrário dos demais trabalhadores Estado sou eu), estimulou a ascensão da burguesia,
manuais. controlou a nobreza e aboliu o Édito de Nantes.

#ORGULHODESERPRÓ 61
9. (UEM) Sobre o absolutismo e a formação dos Estados 12. (ENEM) O açúcar e suas técnicas de produção
Modernos, assinale o que for correto. foram levados à Europa pelos árabes no século VIII,
01. A oligarquia foi a primeira forma de governo do durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir
Estado Moderno. das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi
02. O mercantilismo foi o modelo econômico mais signif- aumentando. Nessa época passou a ser importado
icativo do período moderno. do Oriente Médio e produzido em pequena escala no
04. O absolutismo é um regime em que o monarca sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo,
possui o poder absoluto, podendo decretar leis, criar extremamente caro,
e cobrar impostos, nomear funcionários e manter ex- chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras.
ércitos permanentes. CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716).
08. Para consolidar o Estado Moderno, as monarquias nacio- São Paulo: Atual, 1996.
nais adotaram algumas medidas para garantir o controle
político, tais como uma burocracia administrativa, leis e Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial,
justiça unificadas e um sistema tributário centralizado. o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar
16. A política monetária dos Estados Modernos era con- início à colonização brasileira, em virtude de
hecida como monofisismo, ou seja, a adoção de uma a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.
moeda única para toda a Europa. b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses.
c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficien-
te.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização
Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a desse produto.
soma dos itens corretos. e) os nativos da América dominarem uma técnica de
cultivo semelhante.
10. (UFSC) O Mercantilismo pode ser descrito como
“expressão econômica da aliança política realeza-
burguesia”, tendo como características: 13. (FUVEST) Uma das características do Mercantilismo,
01. metalismo. política econômica do capitalismo comercial, foi:
02. protecionismo alfandegário. a) liberalismo econômico.
04. balança comercial favorável. b) protecionismo estatal.
08. monopólio comercial. c) eliminação do metalismo.
16. liberdade de comércio. d) oposição ao absolutismo.
e) restrição às exportações.

11. (ENEM) TEXTO I


A centralização econômica, o protecionismo e a 14. (UEPG) A expansão europeia na Idade Moderna
expansão ultramarina engrandeceram o Estado, embora atingiu o mundo todo, mas de diferentes maneiras.
beneficiassem a burguesia incipiente. A expansão compreendeu desde viagens isoladas
ANDERSON, P. In: DEYON, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, 1989 de aventureiros, que apenas revelavam a existência
(adaptado). de lugares até então não assinalados no mapa, até a
conquista e ocupação de territórios que se incorporaram,
TEXTO II como colônias, aos estados europeus. Sobre este tema,
As interferências da legislação e das práticas exclusivistas assinale o que for correto.
restringem a operação benéfica da lei natural na esfera 01. Muitas vezes o equilíbrio do continente europeu
das relações econômicas. dependia e se decidia nas colônias ultramarinas e na
SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983 disputa pelas rotas comerciais e de navegação.
(adaptado). 02. Mais do que a curiosidade, o desejo de novas desc-
obertas e uma carência de especiarias, o que movia
Entre os séculos XVI e XIX, diferentes concepções sobre as grandes viagens marítimas europeias em direção
as relações entre Estado e economia foram formula- a espaços desconhecidos era a “sede de ouro”, grave
das. Tais concepções, associadas a cada um dos textos, mal-estar econômico que acometia a sociedade oci-
confrontam-se, respectivamente, na oposição entre as dental desde os finais do século XV.
práticas de 04. O Estado moderno, através da atividade comercial
a) valorização do pacto colonial — combate à livre-ini- que caracterizava as grandes empresas europeias,
ciativa. buscava a balança comercial favorável.
b) defesa dos monopólios régios — apoio à livre concor- 08. A política econômica dos Estados modernos euro-
rência. peus se fundava nas práticas da livre concorrência, do
c) formação do sistema metropolitano — crítica à livre metalismo e da restrição às importações.
navegação. 16. As relações de trabalho caracterizavam-se pelo uso
d) abandono da acumulação metalista — estímulo ao generalizado da mão de obra livre e assalariada, espe-
livre-comércio. cialmente nas colônias ibéricas da América.
e) eliminação das tarifas alfandegárias — incentivo ao
livre-cambismo.

62 Extensivo
15. (UEPG) Sobre o mercantilismo, linha de pensamento
e de ação que, nos séculos XVl, XVII e XVIII, uniu política
e economia, na teoria e na prática, e que se ligou na
Europa ao surgimento do Estado Nacional Moderno e ao
fortalecimento do poder real, assinale o que for correto.
01. Não constituiu um sistema nem uma doutrina, pois
não se articulou a partir de um princípio universal
e tampouco apresentou visão da totalidade dos
fenômenos analisados.
02. Na Espanha, onde era conhecido como Bulionismo,
seus adeptos defendiam o aumento das exportações
sobre as importações, para ampliar a estocagem de
lingotes de ouro e prata.
04. No século XVIII, o mercantilismo alterou sua visão

HISTÓRIA
a respeito das colônias e suas práticas com relação a
elas, passando a tratá-las como centros econômicos
autônomos.
08. Na França, onde era chamado de Colbertismo, seus
adeptos procuravam evitar a importação e desen-
volver as manufaturas, aplicando um protecionismo
alfandegário para afastar a concorrência estrangeira.
16. O modelo Colbertista se expandiu para os países situ-
ados na periferia europeia (Rússia, Prússia, Áustria),
adaptando-se às necessidades e possibilidades de
cada Estado.

Gabarito - Aula 11
1) A 2) C 3) A 4) E 5) E
6) C 7) 24 8) 28 9) 14 10) 15
11) B 12) A 13) B 14) 07 15) 27

#ORGULHODESERPRÓ 63

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