João Da Silva Mafra

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UNIVERSIDADE DE UBERABA (UNIUBE) – CAMPUS UBERLÂNDIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO: FORMAÇÃO


DOCENTE PARA EDUCAÇÃO BÁSICA - MESTRADO PROFISSIONAL
(PPGEB)

JOÃO DA SILVA MAFRA

ESCOLA PÚBLICA E PRIVADA: ALGUMAS DIFERENÇAS E


SEMELHANÇAS

UBERLÂNDIA – MG
2021
JOÃO DA SILVA MAFRA

ESCOLA PÚBLICA E PRIVADA: ALGUMAS DIFERENÇAS E


SEMELHANÇAS

Dissertação de Mestrado, apresentada à


Banca Examinadora do Programa de
Pós-Graduação em Educação: Formação
Docente para Educação Básica –
Mestrado Profissional – (PPGEB), da
Universidade de Uberaba, como
requisito parcial e obrigatório, para
obtenção do título de Mestre em
Educação.

Linha de Pesquisa: Educação Básica


Fundamentos e Planejamento

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Freitas de


Jesus

Área de Concentração: Educação.

UBERLÂNDIA – MG
2021

i
ii
iii
AGRADECIMENTOS

.
Meus sinceros agradecimentos a minha família, minha esposa Rosangela, minha filha
Camila e meu filho João Rodrigo pelo apoio, pelos momentos de ausência, em que me
dedicava a essa pesquisa, por caminhar comigo em todos os projetos e sonhos de minha
vida. Creio que o verdadeiro amor é esta presença, esta convivência que, muitas vezes, é
externada não apenas por palavras, mas através de olhares, gestos e manifestações de
carinho. que contribuíram para a conclusão deste trabalho. Muitos foram os desafios nessa
trajetória e tantas vezes o desânimo apontou como resposta, mas os verdadeiros amigos
trouxeram as palavras certas e o incentivo necessário para que eu pudesse superar os
obstáculos que surgiram. Meu agradecimento a todos os professores que fizeram crescer.
Partilhar o conhecimento é verdadeiramente uma missão divina. Por fim, meu
agradecimento a Deus: pelas experiências que me deixou vivenciar, pelas pessoas que
colocou em minha vida para que me ajudassem a distinguir os melhores caminhos, a
beleza do mundo ao meu redor e o que há de bom em cada uma das obras criadas por Ele.
Peço, em oração, muitas bênçãos para todos esses seres iluminados que fazem toda a
diferença em minha vida, que acompanharam a formação desse humilde homem que
realizou mais sonhos do que esperava.
Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas".
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros
desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros
sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-las para onde
quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de
ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas
amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros
coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer,
porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser
ensinado. Só pode ser encorajado. (...)
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o
aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem
nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há
professores que amam o voo dos seus alunos.
Há esperança...
*Rubem Alve

v
RESUMO

O objetivo geral dessa pesquisa é identificar e analisar algumas diferenças e semelhanças


que possam existir em alguns mecanismos e instrumentos de gestão de uma escola pública
e de uma escola privada em Monte Carmelo, MG. Esta pesquisa está vinculada à linha
de pesquisa Educação Básica: Fundamentos e Planejamento. Em relação à metodologia,
trata-se de uma pesquisa enfoque qualitativo e estudo de caso. Foram examinados os
projetos político-pedagógicos dessas escolas, atas de reuniões, detalhes da organização
institucional e observações sobre a manutenção do o espaço físico e a arquitetura. Alguns
autores serviram de base para essa pesquisa, tais como, José Matias-Pereira, Ilma de
Alcântara Passos, Margareth Preedy, Edgar Morin, Franco Cambi e Robert K. Yin. Os
resultados, obtidos, a partir desta pesquisa, permitiram a identificação de características
sobre a forma como as instituições são organizadas e suas limitações. Foi possível
observar que, em uma cidade do interior de Minas Gerais, apesar das condições distintas
que permeiam a organização das instituições escolares privadas e públicas e dos recursos
financeiros para investimentos em melhorias, que são pequenos em uma instituição
pública e maiores em uma instituição privada, o que representa uma substancial diferença,
há muitas semelhanças, bem perceptíveis. A escolha de seus dirigentes também é um fator
que difere bastante, pois, na escola pública, ocorre por processo eletivo, enquanto que na
privada se faz por indicação. Espera-se que este trabalho possa vir a ser um subsídio que
facilite a compreensão das diferenças e semelhanças entre as escolas públicas e a escolas
privadas, o que facilitaria muito na troca de experiências pedagógicas entre ambas.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão escolar. Educação básica. Escola pública. Escola


privada.

vi
ABSTRACT

The general objective of this research is to identify and analyze some differences and
similarities that may exist in some mechanisms and management instruments of a public
school and a private school in Monte Carmelo, MG. This research is linked to the line of
research Basic Education: Fundamentals and Planning. Regarding the methodology, this
is a bibliographic and documentary research, with a qualitative focus. The political-
pedagogical projects of these schools, minutes of meetings, details of the institutional
organization and observations on the maintenance of the physical space and architecture
were examined. Some authors served as the basis for this research, such as José Matias-
Pereira, Ilma de Alcântara Passos, Margareth Preedy, Edgar Morin, Franco Cambi and
Robert K. Yin. The results obtained from this research allowed the identification of
characteristics about how institutions are organized and their limitations. It was possible
to observe that in a city of the interior of Minas Gerais, despite the distinct conditions that
permeate the organization of private and public school institutions and financial resources
for investments in improvements, which are small in a public institution and larger in a
private institution, which represents a substantial difference, there are many similarities,
very noticeable. The choice of its leaders is also a factor that differs greatly, because, in
public school, it occurs by elective process, while in the private one it is done by
indication. It is expected that this work may become a subsidy that facilitates the
understanding of the differences and similarities between public schools and private
schools, which would greatly facilitate the exchange of pedagogical experiences between
them.

KEYWORDS: School management. Basic education. Public school. Private school.

vii
LISTA DE SIGLAS E DE ACRÔNIMOS

CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas


CEP – Conselho de Ética em Pesquisa
CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa
ERIC – Educational Reservoir International Center
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MBA – Master of Business and Administration
PPP – Projeto Político Pedagógico
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SIMADE – Sistema Mineiro de Administração Escolar
SIMAVE – Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública
UFU – Universidade Federal de Uberlândia
UNIFUCAMP – Centro Universitário Mário Palmério
UNIUBE – Universidade de Uberaba

viii
LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 – Dados do Educational Reservoir International Center.................. 17

QUADRO 02 – Instituições de Educação Básica em 2019................................... 19

QUADRO 03 – Diferenças entre a Gestão Democrática e a Gerencial................. 21

QUADRO 04 – Instalações.................................................................................... 31

QUADRO 05 – Espaços diferenciados.................................................................. 33

QUADRO 06 – Recursos Humanos....................................................................... 34

QUADRO 07 – Organização do trabalho - 6º ao 9º no......................................... 36

QUADRO 08 – Projeto Político Pedagógico........................................................ 37

QUADRO 09 – Gestão.......................................................................................... 38

QUADRO 10 – Manutenção das instalações e equipamentos............................... 39

QUADRO 11 – Interação da escola com a comunidade........................................ 40

QUADRO 12 – Taxas de rendimento em 2018..................................................... 41

ix
SUMÁRIO

Memorial acadêmico ...................................................................................xi

Introdução .................................................................................................. 15

Seção 1........................................................................................................ 21

Seção 2 ....................................................................................................... 25

Análise dos dados ...................................................................................... 31

Considerações finais ................................................................................... 42

Referências ................................................................................................. 45

ANEXO ...................................................................................................... 46

x
MEMORIAL JOÃO DA SILVA MAFRA

Sou João da Silva Mafra, sexto filho do casal MAFRA. Nasci em 03 de fevereiro
de 1964. Começo esse memorial, atendendo a um requisito do Mestrado Profissional em
Educação da UNIUBE, mas também compartilhando algumas de minhas experiências
como pessoa e como profissional. Nesse texto, o leitor perceberá as dificuldades que uma
pessoa, proveniente do campo e de cidades menores desse país, encontra para prosseguir
nos estudos.

Nasci na zona rural, no município de Terra Rica, Paraná, onde residi até os sete
anos. Minha família mudou para a cidade, quando eu tinha seis anos pelo motivo da morte
de meu pai. Ali vivi até meus 22 anos, quando mudei para Monte Carmelo MG, onde vivo
até os dias de hoje. O falecimento do meu pai foi muito triste para mim, pois não consegui
vê-lo enquanto estava internado em Curitiba. As dificuldades financeiras eram enormes
e assim não pude vê-lo. Mas, ficaram as lembranças boas que nos deixou.

Sou de uma família humilde, porém batalhadora, minha mãe assumiu a minha
educação com muita firmeza não me privando de me matricular numa escola de ensino
básico já com meus sete anos de idade no ano de 1971, onde foi que de iniciei meus
primeiros passos para minha formação com bons sendo uma das fases mais importantes
vida de uma criança, no qual recebi bons conceitos educacionais sendo preparada para ser
uma pessoa com fundamentos e preparado. Nesta fase da minha vida, mesmo sem ter
meu pai, o qual faleceu no ano de 1970, deixou para nós um terreno na cidade, onde
construímos com muitas dificuldades uma pequena casa para morararmos minha mãe, eu
e meu irmão.

Não trabalhava ainda mais buscava fazer pequenas coisas para arrumar dinheiro
para ajudar em casa, minha mãe lavava roupa para fora para nos sustentar, vida muito
difícil mais agindo sempre com honestidade para conseguir o próprio sustento. Quando
iniciei o segundo grau/ensino médio, havia apenas o curso técnico de contabilidade, curso
normal e o científico até o ano de 1982, quando terminou o mandato do último presidente
do regime militar.

xi
Comecei a trabalhar com meus irmãos em construção logo consegui ir para o
supermercado onde iniciou deu se início pela vida comercial, agora já estudando no
horário noturno trabalhando durante o dia e estudando a noite, meu rendimento na escola
não caiu porque tinha comigo que era preciso valorizar a oportunidade de estudar, com
minha dedicação conclui o Ensino Médio no ano de 1984, sempre sonhei em cursar uma
faculdade, mas as condições financeiras não me permitiam no momento, pois na cidade,
onde morava não havia faculdade. Fiquei vinte e um anos sem estudar, trabalhando numa
rede de lojas: Casas Pernambucanas, no setor de vendas, local em que consegui conquistar
minha independência financeira, mas como nada na vida é do jeito que a gente quer, em
1982 minha mãe veio a falecer. Nesse interim recebi convite da minha irmã para morar
com ela em sua casa.

Residi ali até o ano 1986, quando fui chamado, para mudar para Monte Carmelo,
estado de Minas Gerais. Consegui emprego na cidade e a empresa tinha como política,
valorizar os melhores vendedores. Fui então indicado, para sair e viajar, para fazer estágio
em outras lojas e automaticamente. Assumi uma das filiais, deixando tudo e disposto a
enfrentar novos desafios, em outro estado. Trabalhar na lavoura, plantar café, eram coisas
do passado. Senti-me frustrado no início, pois não era a vida que almejara para mim.
Trabalhei com afinco, pois sempre me dedico a tudo que faço. Tinha comigo que voltaria
a estudar mesmo que fosse remota aquela possibilidade.

Como o passar de 2 anos, montamos uma pequena loja de confecções mais sem
capital de giro para tocar o negócio e uma inflação altíssima, resolvi encerrar as atividades
para não se complicar ainda mais, foi ai que arrumei um outro emprego o dê loja de pneus
trabalhei algum tempo, na realidade minha vida só ligada com o meio empresarial, foi
então que comecei a trabalhar na CDL de Monte Carmelo, neste emprego permaneci por
dezesseis anos, participava de vários treinamentos empresariais onde foi abrindo a minha
cabeça a buscar um curso superior.

Desde que concluí o Ensino Médio no ano de 1984, ficou no meu subconsciente
em que um dia retornaria a estudar e de fazer uma faculdade. Ou seja, um curso
superior. Em 1990, com a vinda de uma Faculdade para Monte Carmelo, possibilitada

xii
pela iniciativa de Mário Palmério, futuro reitor da UNIUBE. Abriram-se assim as portas,
para que eu pudesse fazer o curso Superior na própria cidade. Ainda que as condições
fossem precárias, prestei o vestibular para administração, passei e comecei estudar no
ano de 2005.

Fiquei muito contente, estava ali o início da minha caminhada em busca de novos
horizontes. Quando iniciei curso, havia pessoas que dizia que não iria conseguir terminar,
não sei dizer o motivo o porquê fala isso, mas eu disse pra mim mesmo que eu era capaz
de superar as dificuldades que ia encontrar e que não ficaria em nenhuma matéria.

Tudo era novo, tive apoio de professores porque minha intenção era focar no que
estava fazendo, ficar anos sem estar sem contato com estudo não é fácil, mas sabendo o
que queria tudo foi possível, durante o curso tive a chance de conhecer pessoas dentro da
sala que também estava ali para estudar e não desperdiçar o tempo, foi aí que o arrumei
um grupo de estudo, para trabalharmos juntos nas pesquisas, apresentação de trabalho, e
nos finais de semana reuníamos para estudar a matéria dada, e com isso vencia cada
etapa cada período, e o final de 2009 lá estava concluído a faculdade para mim foi uma
grande conquista de saber que eu sou o único filho que estava com um diploma de um
ensino superior.

Com o passar do tempo, as oportunidades apareceram e fui cada vez mais


procurando me desenvolver profissionalmente. Busquei então fazer uma pós-graduação.
Foi aí que surgiu a oportunidade de ser professor na Faculdade. A Profa. Kelma, várias
vezes, solicitou-me que procurasse fazer um mestrado. Nunca pensei que fosse
necessário, mas, quando iniciei, percebi que a formação docente era importante, para
agregar conhecimento e valorizar o profissional.

Procurei informar-me mais sobre a EDUCAÇÃO e a DOCÊNCIA e deparei-me


com o Mestrado Profissional, no qual estou e apostei que seria melhor para minha carreira
como professor. Uma coisa que gosto é lidar com pessoas. Ensinar e pensar estão em
minha veia e gosto do que faço.

xiii
Como já comecei numa faculdade e não pude trabalhar no ensino básico, mas
admiro muito as pessoas que lidam com as crianças neste início de formação. Admiro o
empenho e a dedicação daqueles e daquelas que trabalham na educação, seja básica ou
superior. A melhoria da sociedade passa pelas cadeiras das escolas.

xiv
15

INTRODUÇÃO

Em tom de ironia, um docente de uma escola privada perguntou a um docente de


uma escola pública qual era a maior diferença entre uma escola pública e uma escola
privada. Como o último hesitou para responder, o primeiro completou: a privada. Por
utilizar um trocadilho de palavras (escola privada x privada da escola) ficou pensando
e, na demora, ele continuou: a privada na escola privada geralmente está limpa. Esse
trocadilho, de certo modo, tornou-se uma de minhas inquietações, a ponto de influenciar
o tema dessa dissertação. Daí a pergunta de pesquisa: em que aspectos de gestão sobressai
uma instituição pública e uma instituição privada?

Em função de implicar em vários sítios temáticos, a resposta a essa pergunta fica


complexa, pois ela é interdisciplinar (MORIN, 2017). Entre eles, está a questão da
propriedade privada. No período medieval, de acordo com Fossier (2018), o sistema
feudal mantinha a propriedade nas mãos de poucos. Aqueles que detinham a propriedade,
mantinham-na. Aqueles que não tinham propriedade, cuidavam da propriedade dos
outros. Esse sistema permaneceu por séculos e por isso foi chamado de feudalismo. Os
feudos separavam aqueles que possuíam bens daqueles que não possuíam nada.

Locke (1970) considerou a propriedade privada o nó górdio da sociedade livre.


Considerava-a um direito individual e universal, pois ele acreditava que a propriedade
fosse um direito social, pois até os cães marcam os limites de seu entorno com o odor de
seu feromônio. O direito à liberdade, somado ao direto da propriedade, permitiriam que
o cidadão criasse raízes, onde quer que morasse e crescesse como indivíduo, observador
e respeitoso das normas na sociedade.

Da mesma complexidade é a questão da coisa pública, expressa nos termos latinos


res publica. A ideia do Estado e de seu papel na vida da sociedade, expressa
especialmente no século XVII por Hobbes (2008), não surpreende, pois a luta da
monarquia com o parlamento, igreja, exército e o povo era interminável. A frase de
Thomas Hobbes, homo homini lupus ( um homem lobo) expressa o drama da sociedade
do século XVII. O Estado, embora lembrasse o Leviatã (ISAIAS, 27), o monstro bíblico,
parecia um mal necessário para o controvertido autor britânico. Sem o Estado, a barbárie

15
16

poderia se instalar na vida da sociedade. Nesse sentido, o Estado é um mal necessário,


pois sem ele, assegura o cumprimento da Lei.

Em 28 de outubro de 1717, Friedrich Wilhelm I, então rei da Prússia, estabeleceu


como obrigatório o ensino primário. As crianças com a idade de 7 a 12 anos deveriam
frequentar a escola. A partir daquela data, elas não poderiam mais se empregar, sem ter
antes terminado o Grundschule (escola primária dos 7 aos 12 anos). Nascia assim a escola
pública primária na Prússia (CAMBI, 1999).

A iniciativa da escola pública nasceu com a noção do Estado, como protetor dos
direitos individuais e coletivos, pois a educação é onerosa e as famílias não dispõem de
recursos para bancar as despesas da educação. Nesse sentido, ela não é uma criação dos
governos, mas sim, uma resposta às necessidades da sociedade, despertada pelo
humanismo, pelo cientificismo e pelo início do Iluminismo na Europa.

Considerando que coexistem a escola pública e a escola privada na sociedade, o


estudo de algumas de suas características principais, com o intuito de aproximá-las, pode
ser útil para a educação. Dentre os aspectos, encontrados em ambas as escolas, diferenças
e semelhanças surgiram, merecendo ser melhor conhecidas:

A – O processo de escolha do gestor


B – A manutenção da infraestrutura da escola
C – A participação dos docentes e da comunidade na elaboração do PPP da escola
D – O desempenho dos alunos nas avaliações

A Literatura sobre a gestão Escolar

Programas, tais quais, Qualidade Total, Robotização do Trabalho, Novas


Tecnologias, Gestão Democrática e Inovação na Gestão têm contribuído para a
modernização da gestão escolar. O quadro abaixo mostra o volume de publicações
recentes.

16
17

QUADRO 01 – publicações no mundo sobre gestão escolar

NO TEMPO ARTIGOS
Em 2020 440
Desde 2017 1796
Desde 2012 3757
Desde 2002 6151

FONTE: Educational Reservoir International Center –ERIC

Pelo quadro acima, percebe-se que a gestão escolar seja um tema de relevância,
pois, somente em 2020, 440 artigos internacionais foram publicados, tratando da
temática. Os mesmos são encontrados em PDF no site do ERIC. A busca da eficiência,
empurrada pela onda da qualidade total, fez as instituições de ensino, sobretudo aquelas
da rede privada, buscar a eficiência, ou seja, produzir mais com custo menor. A isso,
chamou-se de “gestão eficiente”.
O objetivo dessa pesquisa é identificar e analisar diferenças e semelhanças que
possam existir entre uma gestão escolar privada e uma pública, relativas a essas questões.
Para isso, foram escolhidas duas escolas em Monte Carmelo: uma pública e uma
privada. Procurou-se conhecer e observar as diferenças que existem em alguns
mecanismos e instrumentos de gestão como a manutenção das instalações, a forma do
trabalho docente, a eleição dos dirigentes e a participação dos pais no acompanhamento
do processo pedagógico.
Esta pesquisa tem o enfoque qualitativo e é um estudo de caso duplo, na
conceituação de Yin (2015). Não fosse a COVID-19, ela teria sido também social, pois
entrevistas teriam permitido outra vertente de informações. Contudo, não tendo passado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, UNIUBE, não foi possível a essa importante fonte de
informação.

Minayo (2003, p. 21) define a pesquisa qualitativa como aquela que “trabalha com
o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que
não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis.” A pesquisa qualitativa
concede espaço ao lado subjetivo dos agentes da vida social. Ela depende, por essa razão,
da hermenêutica como forma de interpretação dos dados obtidos.

17
18

O acesso aos dados da pesquisa deu-se pela consulta de documentos da escola,


anotações de bordo nos locais e consultas à INTERNET. Foram feitos também
levantamentos em sites educacionais da Secretaria de Estado da Educação de Minas
Gerais. Como uma pesquisa de enfoque qualitativo, após a realização da coleta de dados,
procurou-se analisá-los e interpretar os resultados plausíveis

É um estudo de caso, pois analisa um fenômeno real, considerando o contexto em


que está inserido e as variáveis que o influenciam. Trata-se de um estudo intensivo e
sistemático sobre duas instituições, com o objetivo de produzir conhecimento a respeito
de um fenômeno que pode ser usado como referência para a compreensão de situações
similares, considerando também as peculiaridades de cada caso.

Em certo sentido, é também um estudo de caso duplo (YIN, 2015). Ao restringir


o cenário a ser investigado a dois casos, a possibilidade de compreensão do objeto
aumenta, à medida que a extensão do objeto diminui. Seu enfoque é qualitativo, algumas
fontes são documentais, além das anotações in loco.

Esta pesquisa poderia ter tomado outro rumo, não fosse a pandemia do COVID-
19 que modificou a forma como organizamos e vivemos o nosso cotidiano. A primeira
mudança de rumo foi não ter passado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIUBE –
CEP – o que privou o pesquisador de realizar mais questionamentos e incluir depoimentos
de pessoas das instituições de ensino. É preciso considerar a limitação imposta pelo
distanciamento obrigatório a que a pandemia do novo Corona Vírus condicionou toda a
população do país, o que interferiu diretamente na normalidade do trabalho escolar. Esse
fato limitou bastante a possibilidade de entrevistas e acesso aos prédios. As aulas
presenciais foram suspensas e permaneceram assim, de forma remota até a finalização
dessa pesquisa.

Instituições de Educação Básica no Brasil.

Havia no Brasil, em 2019, 181.939 escolas de educação básica, entre públicas e


privadas (BRASIL, 2019). Entre elas, somente 40.641 eram privadas, isto é,
aproximadamente 1/3 do total.

18
19

QUADRO 02 – instituições de educação básica em 2019

NÍVEIS Todas as Rede Rede


redes pública privada
Educação Básica 181.939 141.298 40.641
Educação Infantil 115.195 82.385 32.810
Ensino fundamental 128.371 103.893 24.478
Ensino médio 28.673 20.379 8.294
Educação profissional 6.769 3.816 2.953
Educação de jovens e adultos 31.184 29.360 1.824
Classes especiais e escolas 3.401 1.738 1.663
especializadas

FONTE: Anuário Brasileiro de Educação 2019

Por meio desse quadro, percebe-se, à primeira vista, a diferença mais óbvia entre
a escola privada e a escola pública de educação básica: o número de instituições. Em
uma sociedade desigual, escola paga é privilégio para poucos.

Será examinado o Projeto Pedagógico de cada escola, tendo em vista os dados que
se referem às questões apresentadas acima. Além do Projeto Pedagógico, serão
examinadas atas de reuniões de pais e mestres, documentos de eleição e/ou escolha de
dirigentes e atas de reunião de colegiado.

O tema da melhoria da gestão escolar pode ser bastante benéfico no contexto atual.
O Plano Nacional de Educação – PNE – com pretensões de mudança na qualidade e na
oferta nos próximos em 10 anos – de 2014 a 2024 – já não é mais factível na íntegra. Com
o aparecimento do COVID-19, nem mesmo a volta às aulas está suficientemente clara e
as escolas tornam-se algo parecido com locais desabitados, apesar de sabermos que os
ambientes escolares estão abertos, em funcionamento, com um número limitado de
trabalhadores.

A busca da eficiência tornou-se um dos maiores desafios para o presente e para o


futuro da educação. Nem sempre, entretanto, a abundância de recursos garantiu a

19
20

eficiência dos empreendimentos humanos. Isso pode ser constatado no âmbito da ciência,
pois as grandes descobertas foram feitas com poucos recursos financeiros.

“A percepção de que é preciso melhorar o desempenho da gestão pública é cada


vez mais evidente no Brasil. A administração, na atualidade, que tem como referência o
modelo de gestão privada, não pode desconsiderar que o setor privado busca o lucro e a
administração pública visa realizar sua função social”. (MATIAS-PEREIRA, 2012, p.
67).

O setor privado, como havia dito Marx (1981, p. 32), visa a mais-valia que é o
valor agregado à mercadoria: “Als Werte sind die Waren blosse Gallerten menschlicher
Arbeit, so reduziert unsere Analyse dieselben auf die Wertabstraktion, gibt ihnen aber
keine von ihren Naturformen berschiedene Wertform1”

Nesse sentido, o minério de ferro, encontrado no subsolo, terá sempre menos valor
que o ferro que se tornou coluna nos edifícios. A mais-valia é resultado do trabalho
humano, somado ao interesse do mercado e a disponibilidade e oferta da mercadoria
produzida.

Na seção 1 desta dissertação, serão apresentadas algumas características da gestão


pública gerencial e da gestão pública burocrática. O desafio posto à escola hoje é enorme,
pois além de aprender diversas ciências e habilidades, a escola deve preparar o aluno para
um mercado complexo de trabalho. O Projeto Pedagógico, nesse cenário complexo,
deveria ser o próprio planejamento da escola.

Na seção 2, são apresentados e analisados os dados obtidos por essa pesquisa.


Alguns são evidentes, mas outros merecem uma reflexão maior, como por exemplo, a
questão sobre a participação de professores e familiares na aprendizagem e como
influenciam na eficiência dos resultados.

1
- Em razão dos valores funcionarem como detalhes que são acrescidos às mercadorias,
produzidas pelo trabalho humano, não os classifico como parte natural das mercadorias
propriamente ditas.

20
21

SEÇÃO 1

Gestão escolar

De modo geral, pode-se dizer que a gestão pública é burocrática ou gerencial.


Matias-Pereira (2002) apresenta um quadro que explica bem as diferenças entre uma e
outra:

QUADRO 03: diferenças entre a gestão burocrática e a gerencial

BUROCRÁTICA GERENCIAL

Interesse público Interesse institucional

Responsabilidade social Prestação de contas

Obediência às regras Obediência a regras flexíveis

Segue sistema administrativo público Adapta sistema administrativo

Concentração no processo Busca e resultados

Foco na autorreferência Foco no cidadão

Contratação de pessoal formal Repele nepotismo

Satisfação das demandas dos Evitam padrões rígidos


cidadãos
Controle de procedimentos Utiliza padrões de desempenho

Cargos e funções em esquema rígido Flexibiliza funções no trabalho

FONTE: MATIAS-PEREIRA (2012. p. 62) com algumas adaptações

Percebe-se por meio desse quadro que a administração pública mais flexível
permite mais agilidade e menos formalismo na busca de resultados. A comparação entre
esses dois sistemas ocupa boa parte da literatura sobre a gestão escolar na atualidade.

21
22

Preedy (2006), por exemplo, baseado no caso da Inglaterra, aponta três áreas
principais que comporiam a gestão escolar pública, a saber: a – o desenvolvimento da
qualidade; b – a gestão dos recursos; c – gestão estratégica. Nesse sentido, a gestão
pública aproximar-se-ia da gestão privada, pois essas prioridades fazem parte do menu
das instituições privadas.

Mas a escola não é uma fábrica e um produto que ela apresenta à sociedade; não
é também uma mercadoria com valor agregado. Ela prepara direta ou indiretamente
crianças, jovens e adultos para a vida em sociedade. Conhecimentos, técnicas, habilidades
e condutas são transferidos, compartilhados, fomentados e formados, de modo que o
cidadão possa emergir no cotidiano.

O período de escolaridade que prepara o aluno para a vida profissional é longo e


tortuoso. Ele inclui 9 anos de Ensino Fundamental, 3 anos de Ensino Médio, equivalentes
à Educação Básica e mais quatro ou cinco de Ensino Superior. Após esse longo período,
outros anos podem ser elencados, para a consolidação das práticas e habilidades.

A vida profissional, por sua vez, desenvolve-se, passando por estágios diferentes
(RIBEIRO & UVALDO, 2007). Primeiramente, aparece a escolha derivada da
imaginação, isto é, quando a criança diz que, quando crescer, vai ser, por exemplo, um
cientista. Na sequência, os anos de escola e convivência com colegas e professores,
amadurecem a escolha de uma possível carreira. No Ensino Superior, esta definição pode
acontecer, ainda que não seja definitiva. O amadurecimento vocacional pode ser
fomentado, especialmente com a ajuda de profissionais, oriundos da psicologia social. Na
indústria, eles estão lotados na área de recursos humanos.

Além do ensino das ciências, técnicas e das valorações sociais, a escola no final
do século passado (CF. ANEXOS), preparava o aluno para o exercício de uma profissão
efetiva no mercado de trabalho. Havia cerca de 13 profissões principais no mercado de
trabalho: medicina, advocacia, engenharia, odontologia, contabilidade, agrimensura,
magistério (matemática, ciências sociais, letras, ciências da natureza), administração,
economia, enfermagem, psicologia e veterinária.

22
23

Hoje, estima-se que haja cerca de 200 profissões, disponíveis no mercado.


Algumas são subdivisões das profissões básicas; outras são criações novas surgidas em
função da diversidade industrial. Nesse cenário dinâmico de carreiras profissionais, a
escola experimenta um novo desafio: aquele da orientação vocacional e profissional.

A Literatura sobre a gestão Escolar

Embora não seja solução para todos os problemas da escola, o Projeto Pedagógico
representa o planejamento das atividades da escola. Ele surgiu, como resposta ao artigo
12 da Lei 9.394/1996, o qual requer as escolas elaborem seu Projeto Pedagógico. Para
muitas delas, entretanto, o Projeto Pedagógico não passou de mais uma mera exigência
legal por parte governo.

O hábito de dar pouca importância às leis é parte da cultura no Brasil. Tendo sido
descoberto há 520 anos, o Brasil já está em sua 7a constituição (1824, 1891, 1934, 1937,
1946, 1964 e 1988). Em função da instabilidade e pouca duração de suas leis, a sociedade
brasileira deixou de depositar confiança nas mesmas.

Identificado inicialmente como Projeto Pedagógico, por influência do novo clima


político da redemocratização, o mesmo tornou-se Projeto Político Pedagógico ou PPP. A
eleição dos dirigentes transformou-se na grande bandeira nas escolas. Em vez de
estabelecer a qualidade do processo pedagógico, o PPP ocupou-se principalmente das
questões políticas dentro da escola.

O Projeto Político Pedagógico - PPP - é um instrumento de uma gestão escolar


democrática, e deve ser elaborado por gestores, professores, funcionários, alunos e
familiares e deve estar à disposição de toda a comunidade escolar. O documento
representa a identidade da escola e deve ser flexível, podendo ser alterado pela equipe
sempre que houver necessidade.

Mas, em algumas escolas, por não ter sido elaborado com a participação efetiva
de dirigentes, professores e de pais de alunos da escola, o PPP não se tornou unanimidade
no cotidiano da escola. Em muitos casos, elaborado a partir de modelos disponíveis na

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INTERNET, ele não serviu de identificador da escola. Como planejamento e norte das
atividades pedagógicas, o PPP ficou nas gavetas da burocracia escolar.

SEÇÃO 2

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Apresentação e análise dos dados da escola pública e privada

Nesta seção, serão apresentadas as escolas, envolvidas nesta pesquisa,


considerando que a pandemia COVID-19 e o isolamento social mudaram os
procedimentos inicialmente planejados. Em razão desse fato, o projeto também não
transitou pelo Conselho de Ética em Pesquisa da UNIUBE – CEP.

Apresentamos uma análise comparativa das duas escolas observadas. O processo


de análise foi realizado com base em algumas visitas, anotações, pesquisa de dados na
INTERNET e registros existentes nas escolas.

As escolas foram escolhidas levando-se em consideração a facilidade do


pesquisador em estar constantemente em contato com a direção, otimizando a agenda de
visitas. A escola pública receberá a denominação de ESCOLA 1 e a escola privada será
chamada de ESCOLA 2

Escola 1 (Escola Pública)

O processo de escolha do gestor se concretiza através de eleições diretas com a


participação da comunidade escolar. Funcionários da escola podem se candidatar se
forem previamente aprovados na avaliação de Certificação Ocupacional para Dirigente
Escolar. A ordem de preferência para candidatura é a situação de funcionário efetivo
lotado na Instituição; caso não haja interesse, funcionário efetivo lotado em outra
Instituição; caso não haja interesse, funcionário contratado temporariamente para servir
na Instituição.

Caso não haja interesse em nenhum desses casos, o gestor será indicado pelos
diretores da Superintendência Regional de Ensino em consenso com a Secretaria Estadual
de Educação. Podem votar os funcionários da escola, um dos pais de cada aluno
matriculado. Alunos maiores de 14 anos também podem votar, mas não é o caso da escola.
O caráter democrático da gestão é justificado pela existência do Colegiado Escolar
que participa das decisões relacionadas à vida escolar, administrativa, financeira e
pedagógica. O Colegiado é composto por 12 membros representantes do segmento dos

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servidores, dos professores e dos pais de alunos, cuja presidente é a Diretora. As reuniões
ordinárias do colegiado são mensais e, quando preciso, são convocadas reuniões
extraordinárias. Nas reuniões pedagógicas, que são semanais, os professores também
podem opinar e sugerir, e há também o conselho de representantes de turma que
transmitem à direção os anseios dos alunos.

Como é uma escola pequena, há um quantitativo limitado de profissionais efetivos


na instituição, mas, de modo geral, o corpo docente é bastante comprometido com as
demandas educacionais. A escola conta com dois professores de apoio que atendem
atualmente a dois alunos com necessidades especiais. Há duas bibliotecárias, cada uma
em um turno de funcionamento da escola, e há 20 professores dos diversos conteúdos
curriculares.

Trata-se de uma equipe coesa que compartilha dos mesmos ideais e concepção de
educação no século XXI. A organização da equipe de servidores obedece às
determinações legais e as instruções encaminhadas pelo Ministério de Educação e
Cultura, a nível federal, pela Secretaria de Educação, nível estadual, e Superintendência
Regional de Ensino, nível municipal.

O corpo discente se encaixa, segundo registros do Sistema de Monitoramento do


SIMADE. Os alunos pertencem ao grupo social médio baixo. De modo geral, são alunos
tranquilos, mas que chegam até a escola com muitas fragilidades no que tange a
consolidação de competências e habilidades para cursarem a série para a qual estão
matriculados. O maior desafio da escola nestes tempos é motivá-los a perceber o quão
importante é estudar ter acesso ao conhecimento formal.

A participação dos pais no cotidiano da escola ainda é pouco expressiva.


Geralmente estão presentes em reuniões periódicas de pais e mestres para as quais são
convidados. Nessas reuniões, são apresentados os resultados do período, notícias da
instituição e faz-se o acompanhamento do desenvolvimento do estudante. Os pais também
podem procurar a diretoria e professores sempre que considerarem necessário para tratar
de assuntos pertinentes. Não há uma instituição de pais organizada formalmente – não
há associação de pais e mestres.

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A diretora considera como ponto positivo, por ser uma escola pequena que atende,
atualmente a 401 alunos, a possibilidade de conhecer bem os alunos, saber o nome e
sobrenome de cada um deles, suas histórias, e, desta forma, criar vínculo com eles, o que
faz muita diferença num mundo constituído pela impessoalidade. Segundo ela, a equipe
consegue enxergá-los e atendê-los em suas especificidades.

Um dos pontos frágeis que a escola enfrenta é, conforme a gestora, a constante


troca de professores no início do ano letivo, pois há poucos profissionais efetivos. Quando
ocorre a troca, é necessário todo um trabalho de formação até que o profissional entenda
a linha de trabalho da escola. Outro fator é a baixa remuneração dos professores fazendo
que a maioria atenda em dois cargos, ou seja trabalhem em duas escolas, sem muito tempo
para formação.

A meta da atual direção é melhorar os resultados nas avaliações externas, o que


nada mais é, na opinião da equipe, fazer com que os alunos aprendam de fato. Assim,
consideram que é preciso melhorar as metodologias de aula, para que a tecnologia possa
ser um instrumento potencializador do processo de construção do saber. O projeto futuro
mais saliente da equipe gestora é conseguir equipar a escola com notebooks.

A escola funciona em dois turnos: matutino, das 7:00 horas às 11:30h e


vespertino, das 13:00 horas às 17:30. Não oferece módulos/aula no contra turno, mas
alguns professores ofertam plantões para reforço no contra turno. A escola não oferta
tempo integral. Os processos de recuperação são realizados no turno do aluno, mesmo
porque, em especial no turno vespertino, atende a muitos alunos da zona rural.

O prédio da Escola 1 é uma construção antiga. É tombado pelo Patrimônio


Histórico Cultural de Monte Carmelo e precisa de reformas. Já foram encaminhados, pela
direção, os pedidos de obras aos órgãos competentes e a escola aguarda a liberação dos
recursos financeiros para iniciá-las. As instalações e alguns móveis também são antigos.
A biblioteca é bem equipada para atender os alunos que desejam ampliar seus
conhecimentos, sua cultura, sua leitura e a capacidade para pesquisa. O laboratório de
informática conta com 30 computadores, acesso à internet que oferece aos professores a

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possibilidade de enriquecimento das atividades. Há uma quadra coberta para alunos que
apreciam muito as aulas de Educação Física. A conservação do prédio é regular, em
conformidade com a maioria das escolas estaduais, a pintura é razoável. As instalações
são bem cuidadas e limpas. A secretaria é bem organizada e equipada. A equipe se esforça
para atender às solicitações da Superintendência e manter todos os registros em dia.

Escola 2 (Escola Privada)

A Escola 2 é cuidada por freiras católicas. Tem como missão oportunizar a


formação da criança e do jovem para participar de uma sociedade ativa, dinâmica e
complexa, como a atual, que exige uma aprendizagem contínua e autônoma, bem como
o aprimoramento dos educandos como seres humanos, na sua formação moral, religiosa
e ética, e o desenvolvimento de sua autonomia intelectual e de seu pensamento crítico,
sua preparação para a vida e o desenvolvimento de competências para aprimorar o seu
aprendizado, à luz dos princípios norteadores dos pilares da educação e da Filosofia
Siqueiriana do Amparo.

É uma escola da rede privada de educação na zona urbana de Monte Carmelo, cuja
entidade mantenedora é a Fundação das Associadas da Congregação das Irmãs
Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo, sediada em Petrópolis, no Rio de Janeiro. A
escola oferece a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.

Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, a Escola 2 oferece uma carga


horária anual de 833:20 horas, com 5 aulas diárias. No Ensino Médio, 6 aulas diárias,
com a carga horária de 1033:00, sendo que, ainda, as avalições e as aulas de Educação
Física realizadas no contra turno. Após a primeira e segunda etapa, o Colégio oferece um
período para Recuperação Periódica, extra turno, para os alunos que ficaram aquém da
média dos pontos distribuídos na etapa.

O cargo de gestor é uma escolha da Fundação. A diretora conta com a ajuda de


uma equipe administrativa, formada por uma vice-diretora, uma secretária, uma
tesoureira e um grupo de coordenadores pedagógicos: um coordenador na educação
infantil, um coordenador para os anos iniciais do Ensino Fundamental, um coordenador

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dos anos finais, um coordenador do Ensino Médio e uma coordenadora do Ensino


Religioso, ao qual é dado destaque em coerência com a filosofia de educação católica.

A diretora responde legalmente pela instituição. As questões de organização,


pedagógicas e de escrituração obedecem às determinações da lei, sendo que a
Superintendência Regional de Ensino assessora e acompanha também as escolas
particulares. Mas a escola considera importantes as opiniões de alunos e professores nos
assuntos da direção.

Na Escola 2, há seguinte dinâmica: assim que inicia o ano letivo, a Coordenação


se reúne com cada turma e elege o “Professor Conselheiro”, que fica responsável, para
organizar e dinamizar as turmas e apresentar à diretoria as ideias de ações, opiniões,
queixas, sugestões que vão surgindo ao longo do ano; cada aluno vota livremente e aquele
que conseguir maioria é o escolhido. As reuniões acontecem conforme as necessidades.
Cada turma tem dois alunos representantes escolhidos pelos os próprios colegas, por
votação. Há também reuniões pedagógicas semanais de professores para organização dos
trabalhos, com possibilidade de debates e opiniões.

A equipe de servidores é contratada pela direção, conforme regras próprias da


escola, observando a adequação para cada função. A instituição conta, na atualidade, com
43 funcionários. O corpo docente é constituído por 25 professores, 4 monitoras na
Educação Infantil, 1 monitora no 1º ano Fundamental.

Em relação ao corpo discente, a Escola 2, por ser uma entidade filantrópica,


consegue atingir alunos de todas as classes sociais da cidade e região. No entanto, a escola
tem apenas uma turma que faz parte de um Projeto de Alunos Bolsistas, com um número
bem restrito de vagas. O relacionamento entre os alunos é harmonioso. Em sua maioria,
os estudantes são comprometidos com os estudos, isso é percebido pela frequência às
aulas.
Não há associação de pais, porém há cinco reuniões durante o ano, sendo que
quando há necessidades a direção convoca reuniões extras. Os pais têm muita liberdade
de procurar a escola para tratarem de questões individuais dos alunos e famílias e

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participam intensamente dos projetos desenvolvidos pela escola e das reuniões


convocadas pela direção, pois essa participação é considerada na avaliação dos alunos.

Como pontos positivos do serviço prestado pela Escola 2, a diretora valoriza a


ideia de cultivar nos alunos a paz interior e os valores essenciais: respeito, justiça e
honestidade, tornando-os conhecedores dos seus direitos e deveres, capazes de preservar
a natureza, colaborar com a sustentabilidade e conviver harmoniosamente com os seus
semelhantes. Também considera como pontos positivos o alto índice de aprovação em
vestibulares de instituições públicas, o amor à educação, a visão global da realidade e
vivência de um projeto pedagógico comprometido com as grandes causas sociais,
segundo a filosofia Siqueiriana e o projeto libertador de Jesus Cristo, que se reflete no
compromisso de toda a equipe de educadores.

Em contrapartida, a diretora considera como dificuldade a realidade brasileira,


com a política neoliberal vigente que mostra que a sociedade atual é marcada por um
processo de rápidas mudanças e transformações, com instabilidade socioeconômica em
alguns setores, desestruturação familiar, corrupção, discriminação, inversão de valores,
má distribuição de renda, descompromisso de alguns profissionais de educação e saúde,
preconceito, mídia alienante, consumismo acelerado, falta de moradia e desrespeito à
natureza, à vida.

Assim sendo, a grande meta da direção atual é preparar a escola para transformar
seu cotidiano e gerar nas rotinas educacionais o espírito inovador de fazer sempre o
melhor, buscando utilizar os conhecimentos científicos para uma atuação plena na
sociedade, atraindo diariamente mais criatividade aos seus procedimentos educacionais
transformando a educação com base em uma proposta diferenciada para todos que dela
fazem parte.
A estrutura física da Escola 2 atende muito bem aos estudantes. A instituição conta
com 12 salas de aula, uma Biblioteca, com diversos exemplares e dos mais variados
temas, um laboratório de informática com 17 computadores para os alunos, um
laboratório de ciências muito bem equipado, uma quadra de esportes coberta com
arquibancadas, auditório/anfiteatro com palco, cortinas, iluminação, camarins, plateia.
Um pátio amplo e praça de alimentação. Há também piscina para adultos, mas não é usada

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sempre pelos alunos. As salas da educação infantil são amplas e decoradas


apropriadamente, com instalações apropriadas para o desenvolvimento de muitas
atividades como areia e piscina infantil, e banheiros adaptados para crianças menores.

A secretaria é informatizada e bem organizada. O prédio é muito bem cuidado. Os


móveis são apropriados para cada idade, de um ano até o Ensino Médio. As paredes são
limpas e bem conservadas, são pintadas sempre que necessário. Todas as salas de aula
têm data-show.

Análise comparativa das escolas e observação das diferenças e


semelhanças

QUADRO 4: INSTALAÇÕES

Escola 1 - Pública Escola 2 - Privada


Salas de aula 09 12
Biblioteca 01 01
Quadras esportivas 01 01
cobertas
Cozinha/Cantina 01 00
Laboratório de Ciências 00 01
Laboratório de 01 01
Informática
Secretaria 01 01
informatizada
Computadores para uso 30 17
dos estudantes
Banheiros para uso dos 06 14
alunos

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

Por este quadro, percebem-se algumas diferenças importantes entre uma escola
privada e uma pública. A escola pública tem 9 salas para trabalhar com um número bem
mais elevado de alunos: 401 matriculados em 2020, nos turnos da manhã e da tarde.
Atende a 18 turmas das quatro séries do Ensino Fundamental, ou seja, há mais de uma
turma de 6º, 7º, 8º e 9º ano, o que implica em mais dificuldades para acompanhar o
processo pedagógico por parte do professor. Já a Escola 2, tem 115 alunos e apenas uma
turma de 6º ano, uma turma de 7º, uma turma de 8º e uma turma de 9º ano.

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As quadras cobertas são instalações de importância nas escolas considerando que


é comum que os estudantes tenham maior apreço pelas aulas de Educação Física, quando
podem interagir socialmente e aliviar a tensão do dia a dia através do esporte. Neste
quesito, há que se considerar a preocupação do governo em investir na cobertura das
quadras para maior conforto dos alunos, ainda que na escola particular a existência de
quadra coberta seja bem mais remota do que na pública.

Percebe-se que a escola pública necessita de maiores investimentos por parte do


governo que a mantém. A existência de um laboratório de ciências representaria um
enriquecimento pedagógico para a equipe da Escola 1 e poderia fazer com que as aulas
ficassem mais interessantes.

A existência da cozinha/cantina justifica-se pela necessidade de oferecer


alimentação aos estudantes. Em nosso país há uma triste e considerável estatística de
estudantes que recorrem à escola para se alimentar, pois não têm comida suficiente em
casa. Preocupado com essa situação, o governo responsabiliza-se por fornecer alimentos
de qualidade. As refeições são supervisionadas por nutricionistas, são diversificadas e
nutritivas. Apesar de constatar que são poucos os alunos da cidade que estão neste nível
extremo de pobreza, as refeições na escola são muito apreciadas.

Em relação aos laboratórios de informática, percebe-se que há uma tendência atual


na valorização da tecnologia da informação nas duas escolas. O computador tornou-se
símbolo de avanço e modernidade. No entanto, na escola pública ainda há uma
dificuldade na organização dos tempos escolares para que os alunos tenham maior acesso
e contato com os computadores, o que ocorre apenas quando os professores elaboram
alguma atividade em consenso com a matéria que estão trabalhando. Já os alunos da
escola privada, além de poderem contar com os computadores da escola, geralmente têm
mais acesso à informática e aos meios modernos de comunicação e pesquisa em suas
casas, o que não acontece com todos os alunos da escola pública.

Quanto aos banheiros para uso dos alunos, é interessante notar que, apesar de
contar com uma quantidade bem maior de estudantes, no caso são 401 matrículas no ano

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de 2020, a escola pública possui uma quantidade bem inferior de instalações sanitárias do
que a escola privada, que, em 2020, teve 306 matrículas.

Os sanitários estabelecem outra diferença entre uma escola privada e uma pública.
Na primeira, para atrair o mercado, os sanitários são bem mantidos e melhor estruturados
e equipados, pois os pais observam bem esse aspecto. Sanitário limpo garante proteção e
saúde para as crianças e adolescentes. No entanto, as escolas públicas, apesar de
instalações mais simples, são bem cuidados e limpos. Ainda merece destaque o maior
investimento no esporte e lazer na escola privada.

QUADRO 5: espaços diferenciados

Escola 1 - Pública Escola 2 - Privada


Pátio para recreação Sim Sim
Piscina Não Sim
Anfiteatro Não Sim
Praça de alimentação Não Sim
Jardins Não Sim
Sala de atendimento Não Não
especial
Espaços para trabalho Não Sim
em equipe
Sala de estudos e Não Não
reuniões de alunos
Sala para Grêmio Não Não
Estudantil ou
associações similares
Enfermaria Não Não

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

Este quadro revela algumas diferenças entre as escolas públicas e privadas. A


estrutura da instituição, com os espaços e possibilidades que podem oferecer aos alunos,
é um dos fatores que pesam no momento em que os pais vão escolher a instituição de
ensino para seus filhos.

É evidente que a escola privada pode oferecer uma quantidade maior de espaços
diferenciados, tanto para a prática pedagógica, como para convivência e interação social.
O investimento nesses espaços tornou-se uma preocupação dos gestores das escolas

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particulares para atrair a atenção da clientela em geral e mostrar aos pais e alunos que elas
têm algo a mais a oferecer a mais do que a escola pública.

Mesmo que a escola particular tenha a possibilidade de oferecer mais conforto aos
estudantes, ainda é possível notar, pela análise do quadro, que ambas as instituições
precisariam de mais investimentos para tornar-se mais confortáveis e mais eficientes
ainda, principalmente no que se refere a espaços para que os alunos possam se reunir e
estender seus estudos e realizar atividades complementares, inclusive estudos de
recuperação e extensão.

QUADRO 6: recursos humanos

Escola 1 - Pública Escola 2 - Privada


Equipe gestora 04 servidores 07 servidores
(1 diretora, 1 vice- (1 diretora, 1 vice-
diretora, 2 coordenadores diretora, 5 coordenadores
pedagógicos) pedagógicos)
Funcionários 32 43
Professores 20 25
Bibliotecários(as) 2 1
Monitores 0 5
Alunos do 6º ao 9º ano 401 alunos 115 alunos
matriculados em 2020
Total de alunos 401 alunos 306 alunos
matriculados em 2020
Processo de escolha dos Determinações legais sob Critérios próprios da
funcionários a orientação da Secretaria Instituição
Estadual de Educação de
Minas Gerais

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

Como é possível perceber, a escola pública atende a um número bem mais elevado
de estudantes, isso se deve ao fato de que as famílias no Brasil, em sua esmagadora
maioria, não têm recursos financeiros suficientes para investir em educação. Mesmo na
escola particular, existem alguns pais que fazem sacrifícios para manter seus filhos
matriculados, pois as mensalidades são altas e a família ainda tem que cuidar de outros
detalhes, como alimentação e material escolar. Ainda assim, a quantidade de funcionários
da escola privada é maior. Mesmo que a escola particular desta pesquisa atenda a alunos

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do maternal até o 3º ano do Ensino Médio, é possível detectar uma vantagem no


quantitativo de funcionários que atendem aos interesses dos alunos.

Outra situação importante, a ser observada, é a possibilidade que a escola privada


tem de montar sua equipe de trabalho conforme critérios próprios, analisando a
competência e dedicação de cada funcionário para a função a que se propõe, e tem mais
facilidade para demitir os servidores. Na escola pública, mesmo que haja a possibilidade
de demissão por fatores como inabilidade, decoro, incompetência, entre outros, a
princípio a formação da equipe independe da vontade ou das observações dos gestores,
pois são chamados aqueles que são listados conforme os critérios da Secretaria Estadual
de Educação.

Chama a atenção, neste quadro, o número semelhante de pessoas que compõem a


equipe gestora, pois tratam-se de escolas de pequeno porte. Porém a escola privada tem
condições de manter uma equipe maior de coordenadores pedagógicos.

A Escola 2 atende a alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. No Ensino


Médio a carga horária é diferenciada, com 6 módulos/aula por dia, ano letivo de 1.033
horas. Educação Física e avaliações são feitas no turno extra.

QUADRO 7: Organização do trabalho 6º ao 9º ano

Escola 1 - Pública Escola 2 - Privada


Grade Curricular 5 módulos/aula por 5 módulos/aula por
dia dia

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Ano Escolar - Dias 200 200


letivos
Formação ciclos Séries
Pontos positivos A dedicação dos A convivência
professores e a harmoniosa e o alto
facilidade de índice de aprovação
interação com os em vestibulares
alunos
Pontos negativos A rotatividade do Problemas
corpo docente de socioeconômicos que
ano para ano e a afetam as famílias e a
baixa remuneração inversão de valores.
dos professores
Projetos de destaque Conselho de Festa religiosa de
representantes de Nossa Senhora do
turma; Fala que eu Amparo; Festa
te escuto; Muro da Junina; Tarde no
solidariedade; Amparo; Noite
Semana da Literária; Tempo
Educação para a encantado; Feira de
Vida; Xadrez na Ciências e
Escola. Matemática; Mostras
de Arte, Literárias e
Culturais; Turismo
Pedagógico

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

Neste quesito não é possível detectar uma diferenciação forte. As duas instituições
valorizam a pedagogia de projetos, mas chama atenção a quantidade maior de projetos
permanentes de destaque na escola privada, pois os alunos têm maior tempo livre para
dedicar-se aos assuntos da escola, com o apoio e presença dos pais. A escola pública não
dispõe deste fator, pois vários alunos ajudam os seus pais no tempo livre, muitos residem
na zona rural e muitos não têm condições para voltar à escola para dedicar-se a atividades
complementares.

Apesar de a quantidade de aulas/dia ser a mesma para os alunos do 6º ao 9º ano


do Ensino Fundamental, a escola privada trabalha com o projeto de avaliações no extra
turno para os alunos das últimas séries, o que torna o tempo de trabalho dos professores
em sala de aula mais extenso do que na escola pública.

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Evidentemente, há muitos problemas listados pela equipe administrativo-


pedagógica que precisam ser vistos e solucionados: a falta da cultura do estudo em casa,
a pouca participação dos pais nos assuntos da educação sistêmica, a desvalorização da
escola, entre outros, mas também os fatores citados pelos gestores no quadro acima.
Percebe-se que as preocupações maiores da gestora da escola pública estão voltadas para
questões estruturais que dependem das determinações do governo do estado e das leis, ao
passo que a gestora da escola privada tem preocupações voltadas para questões
ideológicas e culturais.

QUADRO 8: projeto político pedagógico

Escola1 - Pública Escola 2 - Privada


Participação docente Sim Sim
na elaboração
Participação discente Sim Sim
na elaboração
Participação dos pais Sim Sim
na elaboração
PPP atualizada Sim Sim
Ano da última 2019 2020
elaboração

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

Todas as escolas precisam ter o seu Projeto Político Pedagógico. Trata-se de um


documento que descreve todos os detalhes do trabalho realizado pela instituição, as
concepções filosóficas, pedagógicas, os objetivos, os princípios, a missão da escola, as
normas, a estrutura curricular, a realidade com seus problemas, vantagens e desvantagens,
a descrição do público, dos direitos, dos deveres, de forma que qualquer pessoa que tenha
o desejo de conhecer a instituição poderá fazê-lo pelo estudo deste documento. Ele deve
ser estruturado com a participação de representantes de todos os segmentos da
comunidade escolar: servidores, alunos e pais. Geralmente, vigora por um período de dez
anos, mas pode e deve ser reestruturado, atualizado sempre que necessário.

A elaboração do Projeto Político Pedagógico é um dos fatores que reafirma a


característica da gestão democrática, cuja defesa, é hoje tema de inúmeras reflexões. Para
que de fato a democracia se concretize na escola, é preciso constatar a participação de
toda a comunidade escolar na construção do Projeto. Assim sendo, no quadro acima,

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percebe-se que a escola pública e a escola particular são semelhantes neste quesito.
Professores, demais servidores, alunos e pais são questionados sobre o que há na escola
de positivo e negativo e que novas ideias poderiam ser implementadas para gerar
melhorias. As ideias devem ser discutidas e aprovadas para constar no Projeto Político
Pedagógico.

QUADRO 9: gestão

Escola 1 - Pública Escola 2 - Privada


Processo de escolha dos Eleições diretas Indicação
diretores
Colegiado Escolar Sim Não
Associação de Pais Não Não
Grêmio Estudantil ou Não Não
associações similares
Alunos representantes Sim Sim
de turmas
Propostas da Direção Maiores investimentos Transformar o mundo a
para o futuro em tecnologia da partir da educação
informação

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

Fala-se muito entre os membros das comunidades escolares em gestão


democrática, que é caracterizada pela possibilidade de diálogo entre todos que participam
do dia a dia na escola, opinando, discutindo, refletindo e propondo formas de melhorar o
trabalho realizado.

A existência de associações de pais e alunos, além da existência de um colegiado


escolar são fatores que corroboram a prática da democracia na instituição. Mas é possível
perceber falhas neste item tanto na escola pública, como na privada.
Conforme os dados coletados em ambas as instituições, os gestores afirmam que
consideram as opiniões dos pais e dos alunos quando, em reuniões, elas são externadas,
mas essa participação é esporádica.
Em se tratando dos projetos que os gestores objetivam para o futuro, percebemos
o caráter mais técnico e prático na proposta da instituição pública, que pode estar
associada à necessidade do preparo para o bom desempenho no mundo do trabalho, ao

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passo que, a proposta da gestão da escola privada é mais ideológica e está voltada para a
interferência na sociedade, na busca de tempos melhores.

QUADRO 10: manutenção das instalações e equipamentos

Escola 1 - Pública Escola 2 - Privada


Pintura Regular Adequada
Conservação do Regular Adequada
Mobiliário
Equipamento esportivo Adequado Adequado
Espaços de convivência Regular Adequado
social e interação
Recursos didáticos Adequado Adequado
Cuidado com a limpeza Adequado Adequado
Sanitários Regular Adequado

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

Neste quadro, podemos constatar algumas diferenças entre a escola pública e a


escola privada. A escola pública apresenta maiores problemas em relação à conservação
de seu patrimônio - em primeiro lugar, pela dificuldade em adquirir recursos financeiros,
pois os processos são muito demorados, depois é relevante lembrar a diferença no número
de alunos por sala, que faz com que a escola pública tenha a necessidade maior de fazer
reparos e manter em ordem o prédio, as paredes, o mobiliário, os livros, entre outros. Até
mesmo os sanitários da escola pública precisam de um maior quantitativo de auxiliares
de serviços gerais para mantê-los sempre limpos.

Para conseguir equipamento, fazer obras e reformas, solicitar mais funcionários,


é preciso que a direção da escola pública faça requerimentos destinados à
Superintendência Regional de Ensino, que analisa o pedido, verifica a necessidade,
encaminhe a solicitação para a Secretaria Estadual de Educação, em Belo Horizonte. Até
que haja a permissão e a liberação dos recursos financeiros, muitas vezes já existem novas
necessidades que precisam de urgência. A escola privada tem uma vantagem neste
sentido, pois pode mais facilmente aplicar o seu dinheiro. Apesar das dificuldades, pode-
se perceber o empenho dos gestores das duas instituições, para manter a escola
funcionando adequadamente.

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QUADRO 11: interação da escola com a comunidade

Escola 1 - Pública Escola 2 - Privada


Objetivo da escola Formação cidadã Formação cidadã
Participa de avaliações Sim Não
sistêmicas externas
Parcerias com outras Sim Sim
instituições da
comunidade
Participação em projetos Sim Sim
propostos pela
comunidade
Missão da escola Prestar serviços Preparar bem os alunos
educacionais de para intervirem de modo
excelência para a consciente na sociedade
comunidade

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

O quadro acima confirma a ideia de que a educação é, sem sombra de dúvidas,


um dos fatores mais importantes da sociedade. A escola existe em benefício da sociedade
como um todo, para o seu desenvolvimento e sucesso.

A parceria entre as escolas e outras instituições da comunidade tem gerado muitos


frutos, dos quais os alunos são convidados a participar com projetos, palestras,
apresentações, aprimorando as experiências e melhorando a aprendizagem. Vale
considerar a interação das escolas com as instituições de Ensino Superior na cidade, como
a Unifucamp e a UFU, e com a Prefeitura Municipal. Este quadro demonstra semelhança
entre as duas escolas.

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QUADRO 12: taxas de rendimento em 2018

Escola 1 – Pública Escola 2 - Privada


Alunos Aprova- Reprova- Evadi- Alunos Aprova- Reprova- Evadi-
matricu- dos dos dos matricu- dos dos dos
lados lados

6º ano 55 50 5 - 32 32 - -
91,7% 8,3% 100%

7º ano 69 63 6 - 28 28 - -
91,5% 8,5% 100%

8º ano 63 59 4 - 30 30 - -
94,5% 5,5% 100%

9º ano 82 77 3 2 21 21 - -
95,7% 2,9% 1,4% 100%

FONTE: Dados da Pesquisa 2020

O quadro acima demonstra o desempenho acadêmico dos alunos de ambas as


escolas; não houve reprovações e nem evasão no ano de 2018 na escola privada. A escola
pública, por sua vez, apresentou reprovação de 8,3% no 6o ano, de 8,5% no 7o ano, de
5,5% no 8o ano e de 2,9% no 9o ano. A evasão na escola pública foi de 1,4% no 9o ano.

A explicação para este fato pode estar associada ao maior tempo e à maior
assistência que os professores da escola privada podem dispensar aos alunos, podendo
identificar as falhas e determinar as intervenções necessárias mais rapidamente. O fato
que o número de alunos é bem menor na escola privada também pode interferir nesta
questão, pois os professores conhecem e podem avaliar os alunos com mais precisão.

Em se tratando de avaliações sistêmicas externas como o SAEB e o SIMAVE, não


é possível fazer alguma comparação, pois a escola privada não participa de nenhuma
dessas avaliações, de forma que não tem o IDEB, que é o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica, criado em 2007 para medir a qualidade do ensino oferecido pelas
escolas. O cálculo é feito com base na nota obtida na avaliação do SAEB (Prova Brasil)
e o índice de reprovações e evasão do censo escolar. O IDEB e orienta as políticas
públicas em educação. O último IDEB da Escola 1 foi 4,4. Para que a escola possa ser

41
42

considerada um sistema educacional de qualidade comparável ao dos países


desenvolvidos, ela deveria alcançar a média 6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as principais questões que motivaram esta pesquisa, as seguintes foram


muito importantes:

A – O processo de escolha do gestor


B – A manutenção da infraestrutura da escola
C – A participação dos docentes e da comunidade na elaboração do PPP da escola
D – A participação dos pais na educação dos filhos na escola

Em resposta à pergunta de pesquisa, “em que aspectos de gestão sobressai uma


instituição pública e uma instituição privada”, pode-se elencar as seguintes
constatações:

1 - A primeira diferença entre a escola pública e a escola privada é número de instituições


apresentado no Anuário Brasileiro de Educação de 2019: na educação básica, no Brasil,
as instituições escolares públicas alcançam o número de 141.298 e as privadas apenas
40.641.

2 - A segunda diferença, observada entre ambas escolas, é a forma de escolha de seus


dirigentes. Enquanto na instituição pública, o gestor é escolhido por meio de eleição e
confirmação do nome escolhido, por parte do governo local ou estadual, na instituição
privada, a escolha é feita pela fundação de apoio e/ou pelo proprietário da mesma.

3 - Na escola privada, a manutenção das instalações e da infraestrutura é mais ágil, pois


o orçamento e sua execução é menos burocrático, não dependendo de licitações e de
sujeição a um processo demorado de tomada de decisão.

4 - Ainda chama atenção a forma de organização do trabalho docente em ambas as


instituições de ensino. Por um lado, os docentes na escola pública, aqueles que são

42
43

concursados, estão menos sujeitos a pressões por parte dos gestores. A estabilidade de
emprego inspira o docente da escola pública a resistir a mudanças e à racionalização do
trabalho. Por outro lado, o docente da escola privada está sempre alerta, pois pode ser
demitido, se não se enquadrar no esquema da instituição.

5 - Em 2018, a escola pública apresentou reprovações e mesmo evasão no resultado final


da avaliação; já a escola privada não reprovou e não teve evasão. Fica a dúvida: tal fato
deveu-se ao processo pedagógico, inclusive porque o atendimento na escola privada é
maior, ou por que ela não pode perder alunos?

6 - A participação dos pais na escola é outro fator que levanta questionamentos. Os


docentes reclamam da falta de engajamento dos pais nos assuntos escolares, porque
desejam que os pais acompanhem a extensão dos estudos com as atividades de casa e
trabalhos escolares. Sustentam a necessidade de estabelecer uma rotina diária de estudos
em casa. Mas uma quantidade imensa de alunos não se dedica aos estudos
complementares e nem sequer realizam as atividades, ou fazem as tarefas por fazer, sem
atenção.

7 - Os professores acreditam que se a situação fosse diferente, com o apoio e fiscalização


dos pais, os alunos teriam resultados muito melhores. É possível, no entanto, perceber
que há um maior interesse dos pais de alunos da rede privada em saber dos assuntos
escolares, do desempenho dos professores, do resultado do trabalho. Cobram a eficiência
dos professores e a atenção especial para seus filhos, mesmo porque investem muito
dinheiro no processo educacional. Também nas escolas particulares os pais se empenham
mais em estar presentes em projetos e atividades. São mais participativos do que na escola
pública.

8 - Em relação à gestão da escola pública e privada, ambas procuram seguir a linha


democrática e participativa. Mas esta é uma realidade em construção. Anísio Teixeira, na
década de 1930, já dizia que “(...) só existirá uma democracia no Brasil no dia em que se
montar, no Brasil, a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola
pública. Mas, não a escola pública sem prédios, sem asseio, sem higiene e sem mestres

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44

devidamente preparados e, por conseguinte, sem eficiência e sem resultados.”


(TEIXEIRA, 1935, p. 181 apud DÓREA, 2000, p. 157).

9 - Os diretores enfrentam diariamente muitos desafios. Aqueles que são formados para
a docência têm que aprender questões sobre Administração; aqueles que são formados
em Administração têm que aprender questões sobre a docência. É fato que não são os
gestores que definem o trabalho na escola conforme sua vontade. A tão falada
“autonomia” que as escolas têm é pura utopia. Nas escolas públicas, a forma como os
diretores devem agir, as determinações legais, os investimentos, tudo isso é estabelecido
pelo Estado.

10 - Os diretores são aqueles que repassam para o governo as necessidades que devem
ser resolvidas e esperam aprovação e a ação das autoridades para efetivar melhorias. Em
se tratando das escolas privadas, essa autonomia é pouco evidente e pode ser melhor
aproveitada. Ambos diretores agem conforme as orientações e as sua metas estabelecidas
pelos proprietários ou mantenedores das instituições e ainda seguir a legislação.

44
45

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Luís César G. de; GARCIA, Adriana Amadeu. Gestão de Pessoas. São Paulo:
ATLAS, 2010.

BRASIL. Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019. Ministério da Educação, 2019.

CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São Paulo:


Editora UNESP, 1999.

DÓREA, Célia Rosângela Dantas. Anísio Teixeira e arquitetura escolar - planejando


escola, construindo sonhos. Revista da FAEEBA, Salvador, nº 13, p. 151-160, 163.
jan./junho, 2000. Disponível em
<http://www.uneb.br/revistadafaeeba/files/2011/05/numero13.pdf#page=151> Acesso
em: 20 out 2020

FOSSIER, Robert. As Pessoas na Idade Média. Tradução de Maria Ferrier. Petrópolis:


Editora Vozes, 2018.

HOBBES, Thomas. Leviatã. Tradução de Rosina Angina. São Paulo: Martin Claret,
2020.

MARX, Karl. Das Kapital: der Produktionsprozess des Kapitals. Frankfurt: Verlag
Ullstein GmbH, 1969.

MATIAS-PEREIRA, José. Manual da Gestão Pública Contemporânea. São Paulo:


ATLAS, 2007.

MORIN, Edgar. O Conhecimento do Conhecimento. Tradução de Álvaro Prado. Porto


Alegre, Editora Sulina, 2017.

PASSOS, Ilma de Alcântara. O Projeto Político Pedagógico. Campinas: Autores


Associados, 2006.

PREEDY, Margaret et al. Gestão em Educação: Estratégia, qualidade e recursos.


Tradução de Gisele Klein. Porto Alegre: ARTMED, 2006.

RIBEIRO, Marcelo Afonso; UVALDO, Maria da Conceição Coropos. Frank Parsons:


Trajetória do pioneiro da orientação vocacional, profissional e de carreira. Revista
Brasileira de Orientação Profissional, v. 8, n. 1, São Paulo, junho, 2007.

YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 5. ed. Tradução de Christian


Matheus Herrera. Porto Alegre: Bookman, 2015.

45
46

ANEXO

AS PROFISSÕES

I - Administração, negócios e serviços

1 - Administração
2 - Administração Pública
3 - Agronegócios e Agropecuária
4 - Ciências Aeronáuticas
5 - Ciências Atuariais
6 - Ciências Contábeis
7 - Ciências Econômicas
8 - Comércio Exterior
9 - Defesa e Gestão Estratégica Internacional
10 - Gastronomia
11 - Gestão Comercial
12 - Gestão de Recursos Humanos
13 - Gestão de Segurança Privada
14 - Gestão de Seguros
15 - Gestão de Turismo
16 - Gestão Financeira
17 - Gestão Pública
18 - Hotelaria
19 - Logística
20 - Marketing
21 - Negócios Imobiliários
22 - Pilotagem profissional de aeronaves
23 - Processos Gerenciais
24 - Segurança Pública
25 - Turismo

II - Artes e Design

1 - Animação
2 - Arquitetura e Urbanismo
3 - Artes Visuais
4 - Comunicação das Artes do Corpo
5 - Conservação e Restauro

46
47

6 - Dança
7 - Design
8 - Design de Games
9 - Design de Interiores
10 - Design de Moda
11 - Fotografia
12 - História da Arte
13 - Jogos Digitais
14 - Luteria
15 - Música
16 - Produção Cênica
17 - Produção Fonográfica
18 - Teatro

III - Ciências Biológicas e da Terra

1 - Agroecologia
2 - Agronomia
3 - Alimentos
4 - Biocombustíveis
5 - Biotecnologia
6 - Biotecnologia e Bioquímica
7 - Ciência e Tecnologia de Alimentos
8 - Ciências Agrárias
9 - Ciências Biológicas
10 - Ciências Naturais e Exatas
11 - Ecologia
12 - Geofísica
13 - Geologia
14 - Gestão Ambiental
15 - Medicina Veterinária
16 - Meteorologia
17 - Oceanografia
18 - Produção de Bebidas
19 - Produção Sucroalcooleira
20 - Rochas Ornamentais
21 - Zootecnia
22 - Informática

IV - Análise e Desenvolvimento de Sistemas

1 - Astronomia
2 - Banco de Dados
3 - Ciência da Computação

47
48

4 - Ciência e Tecnologia
5 - Computação
6 - Estatística
7 - Física
8 - Gestão da Tecnologia da Informação
9 - Informática Biomédica
10 - Matemática
11 - Nanotecnologia
12 - Química
13 - Redes de Computadores
14 - Segurança da Informação
15 - Sistemas de Informação
16 - Sistemas para Internet

V - Ciências Sociais e Humanas

1 - Arqueologia
2 - Ciências do Consumo
3 - Ciências Humanas
4 - Ciências Sociais
5 - Cooperativismo
6 - Direito
7 - Escrita Criativa
8 - Estudos de Gênero e Diversidade
9 - Filosofia
10 - Geografia
11 - Gestão de Cooperativas
12 - História
13 - Letras
14 - Libras
15 - Linguística
16 - Museologia
17 - Pedagogia
18 - Psicopedagogia
19 - Relações Internacionais
20 - Serviço Social
21 - Serviços Judiciários e Notariais
22 - Teologia
23 - Tradutor e Intérprete

VI - Comunicação e Informação

1 - Arquivologia
2 - Biblioteconomia

48
49

3 - Cinema e Audiovisual
4 - Comunicação em Mídias Digitais
5 - Comunicação Institucional
6 - Comunicação Organizacional
7 - Educomunicação
8 - Estudos de Mídia
9 - Gestão da Informação
10 - Jornalismo
11 - Produção Audiovisual
12 - Produção Cultural
13 - Produção Editorial
14 - Produção Multimídia
15 - Produção Publicitária
16 - Publicidade e Propaganda
17 - Rádio, TV e Internet
18 - Relações Públicas
19 - Secretariado
20 - Secretariado Executivo

VII - Engenharia e Produção

1 - Agrimensura
2 - Aquicultura
3 - Automação Industrial
4 - Construção Civil
5 - Construção Naval
6 - Eletrônica Industrial
7 - Eletrotécnica Industrial
8 - Energias Renováveis
9 - Engenharia Acústica
10 - Engenharia Aeronáutica
11 - Engenharia Agrícola
12 - Engenharia Ambiental e Sanitária
13 - Engenharia Biomédica
14 - Engenharia Bioquímica, de Bioprocessos e Biotecnologia
15 - Engenharia Cartográfica e de Agrimensura
16 - Engenharia Civil
17 - Engenharia da Computação
18 - Engenharia de Alimentos
19 - Engenharia de Biossistemas
20 - Engenharia de Controle e Automação
21 - Engenharia de Energia
22 - Engenharia de Inovação

49
50

23 - Engenharia de Materiais
24 - Engenharia de Minas
25 - Engenharia de Pesca
26 - Engenharia de Petróleo
27 - Engenharia de Produção
28 - Engenharia de Segurança no Trabalho
29 - Engenharia de Sistemas
30 - Engenharia de Software
31 - Engenharia de Telecomunicações
32 - Engenharia de Transporte e da Mobilidade
33 - Engenharia Elétrica
34 - Engenharia Eletrônica
35 - Engenharia Física
36 - Engenharia Florestal
37 - Engenharia Hídrica
38 - Engenharia Industrial Madeireira
39 - Engenharia Mecânica
40 - Engenharia Mecatrônica
41 - Engenharia Metalúrgica
42 - Engenharia Naval
43 - Engenharia Nuclear
44 - Engenharia Química
45 - Engenharia Têxtil
46 - Fabricação Mecânica
47 - Geoprocessamento
48 - Gestão da Produção Industrial
49 - Gestão da Qualidade
50 - Irrigação e Drenagem
51 - Manutenção de aeronaves
52 - Manutenção Industrial
53 - Materiais
54 - Mecatrônica Industrial
55 - Mineração
56 - Papel e Celulose
57 - Petróleo e Gás
58 - Processos Metalúrgicos
59 - Processos Químicos
60 - Produção Têxtil
61 - Saneamento Ambiental
62 - Segurança no Trabalho
63 - Silvicultura
64 - Sistemas Biomédicos
65 - Sistemas de Telecomunicações

50
51

66 - Sistemas Elétricos
67 - Sistemas Embarcados
68 - Transporte

VIII - Saúde e Bem-estar

1 - Biomedicina
2 - Educação Física
3 - Enfermagem
4 - Esporte
5 - Estética e Cosmética
6 - Farmácia
7 - Fisioterapia
8 - Fonoaudiologia
9 - Gerontologia
10 - Gestão Desportiva e de Lazer
11 - Gestão em Saúde
12 - Gestão Hospitalar
13 - Medicina
14 - Musicoterapia
15 - Naturologia
16 - Nutrição
17 - Obstetrícia
18 - Odontologia
19 - Oftálmica
20 - Optometria
21 - Psicologia
22 - Quiropraxia
23 - Radiologia
24 - Saúde Coletiva
25 - Terapia Ocupacional

51

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