O Mito Do Goleiro Intocável

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Renata Ruel 

O Mito do Goleiro Intocável

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Renata Ruel 30 Sep, 2022

O futebol é cheio de ‘verdades’ que não existem nas


regras. É comum ouvir: ‘ninguém pode tocar no
goleiro na pequena área’, ‘era o último homem, tem
que expulsar’, ‘bola prensada é da defesa’, entre
outras fases bem populares.

No Brasil tenho visto muitas marcações de faltas


nos goleiros sem que elas existam, assim como
tenho observado reclamações por não assinalarem
infrações nos goleiros na Premier League e isso
aguçou em mim o mito do goleiro intocável.

Pela regra do jogo o goleiro, diferentemente dos


outros jogadores, pode tocar a bola com as mãos e
braços dentro da sua área penal e mesmo assim há
exceções, por exemplo, recuo de bola, arremesso
lateral da própria equipe, assim como outras
infrações passíveis e especificas da posição. Ah,
lembra da regra que se o goleiro mantiver a posse de
bola por mais de 6 segundos uma infração deverá
ser marcada? Pode não parecer, mas ela ainda
existe.

Toda falta é uma infração à regra do jogo, mas nem


toda infração é uma falta, isto é, um pontapé
imprudente no adversário é uma falta e
consequentemente uma infração à regra, já um
impedimento sinalizado ou entrar no campo sem
autorização são infrações, porém não são faltas.

Os goleiros, assim como os outros jogadores, estão


sujeitos a receber faltas e cometê-las também.

Em relação ao goleiro, uma das partes das


regras diz que:

“Considera-se que o goleiro tem o controle, a posse


de bola com suas mãos, quando:

• mantiver a bola nas mãos ou quando a bola se


encontrar entre sua mão e uma superfície (por
exemplo, o chão, seu corpo) ou quando estiver
tocando na bola com qualquer parte das mãos ou
braços, exceto se a bola rebotar nele ou mesmo
depois de fazer uma defesa deliberada;

• tiver a bola na palma da mão aberta;

• estiver quicando a bola no chão ou jogando-a


para o ar.

Durante o período em que o goleiro estiver com


controle ou domínio da bola com as mãos nenhum
adversário pode disputar a bola com ele.

Um jogador não pode impedir o goleiro de jogar ou


tentar jogar a bola com as mãos ou com os pés
quando estiver em processo de recolocação da bola
em disputa. Quando o goleiro tem a posse de bola,
se um jogador tentar pegá-la cometerá infração.”

Fora o texto acima, será infração ou falta no goleiro


assim como em outros jogadores: receber uma
carga, um pontapé, calço, ser agarrado ou
empurrado, sofrer jogo perigoso entre as outras
infrações previstas nas regras. O que for obstrução
ou ação de bloqueio em um jogador também será no
goleiro e automaticamente o que for em um jogador
não será no goleiro.

Porém, o mito do goleiro intocável é um problema


geral, inclusive para alguns árbitros que preferem
marcar faltas onde não existem por ser ‘mais fácil’ e
o ‘futebol aceitar’ justamente pela fábula do goleiro
não poder ser tocado, encostado dentro da área,
principalmente na área de meta.

Meret, goleiro do Napoli, faz defesa durante jogo contra o Bologna


EFE | ESPN

Comentários

Edina Alves faz história e


impulsiona arbitragem feminina
no Brasil

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Renata Ruel 15 Aug, 2023

Edina Alves Batista apitou sua segunda semifinal


de Copa do Mundo Feminina, na vitória da
Espanha por 2 a 1 em cima da Suécia, nesta
terça-feira (15). Com isso, a árbitra se tornou a
brasileira com mais jogos apitados em Copa
do Mundo entre homens e mulheres.

São oito jogos em duas Copas do Mundo,


ultrapassando Carlos Eugênio Simon que apitou
sete jogos em três Copas do Mundo.

Este é mais um marco histórico em sua carreira


vencedora, que ainda conta com os fatos históricos
de ser a primeira mulher a apitar em um Mundial de
Clubes, CONMEBOL Libertadores e uma final de
Campeonato Paulista masculino, entre outros.

Edina Alves em ação pela Copa do Mundo Feminina de 2023 Getty Images

Este fato ajuda a impulsionar a arbitragem feminina


no Brasil e no mundo. Por exemplo, Ruthyanna
Camila, árbitra da Paraíba, foi convidada para o
Programa da Conmebol, que acontecerá no
Paraguai, em setembro, junto com a assistente
Maíra Moreira.

A arbitragem feminina brasileira vai ganhando cada


vez mais espaço internacional, através de um
trabalho que começou há anos com dirigentes que
deram oportunidades para mulheres como Silvia
Regina e também com a luta da mineira Lea
Campos, que foi a primeira árbitra reconhecida pela
FIFA.

Veja a lista de árbitros com mais jogos em


Copas:

- 11 jogos

Uzbequistão: Ravshan Irmatov - 3 copas

- 9 jogos

Argentina: Nestor Pitana - 2 copas

- 8 jogos

Brasil - Edina Macedo - 2 Copas

França: Joël Quiniou - 3 copas

Uruguai: Jorge Larrionda - 2 Copas

México: Benito Archundia - 2 Copas

- 7 jogos

Brasil: Carlos Simon - 3 Copas

Emirados Árabes Unidos: Ali Bujsaim - 3 Copas

Bélgica: Frank de Bleeckere - 2 Copas

Espanha: Juan Gardezábal Garay - 3 copas

País de Gales: Sandy Griffiths - 3 Copas

Bélgica: John Langenus - 3 copas

Países Baixos: Björn Kuipers - 2 copas

Fonte: Renata Ruel

Comentários

A ‘punição’ da CBF a Wilton


Pereira Sampaio e outros tem o
silêncio da associação dos
árbitros

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Renata Ruel 08 Aug, 2023

Os árbitros de Goiás que pertencem ao quadro da


CBF estão há duas rodadas sem escala em todas as
categorias e sequer estão sendo escalados como
quarto árbitro em jogos locais. Nem o mundialista
Wilton Pereira Sampaio escapou desse ‘ataque de
fúria’ de Wilson Seneme e CBF.

O Goiás e a Federação Goiana de Futebol fizeram


duras críticas à arbitragem após a vitória por 1 a 0
do Goiás diante do Fortaleza, no último sábado (5).

“Nós não aguentamos mais conviver com tantos


problemas de arbitragem que vêm acontecendo com
o Goiás desde o ano passado . É inadmissível o
Brasil continuar com esse nível de arbitragem
ridículo. Já perdi a conta de quantos ofícios mandei
para a CBF. Além disso, a Federação Goiana
defende seu afiliado, policiou-se fortemente a nosso
favor e contra a arbitragem. Estamos cansados. Já
ligamos, já conversamos com o Seneme e nada. O
Goiás não admite ser roubado mais”, esbravejou o
presidente do Goiás, Paulo Rogério.

Antes dessas críticas, já haviam ocorridas outras e a


arbitragem goiana perdeu espaço. Costumo chamar
isso de ‘punição silenciosa', onde os dirigentes
punem os árbitros quando e como querem, muitas
vezes sem motivos transparentes. É uma prática
comum, eu mesma já fiquei 3 meses sem escala
durante uma época que havia me afastado do
sindicato dos árbitros.

O árbitro está apto, aprovado em teste físico, prova


teórica, sem problemas nos jogos que trabalha e
simplesmente fica fora de escala. Este ano mesmo,
em função de um desentendimento entre Conmebol
e a Associação Paraguaia, os árbitros do Paraguai
ficaram um bom tempo sem escalas na Libertadores
e Sul-Americana. Podemos dizer que a corda
sempre arrebenta para o lado mais fraco.

Wilton Pereira durante jogo da Copa do Mundo 2022, no Qatar Getty Images

Retaliar a arbitragem é uma prática comum,


algumas vezes os comandantes da arbitragem o
fazem e outras a ordem vem de cima. Isso mostra
como a arbitragem não é simplesmente
meritocracia, deixa claro que os árbitros sabem que
acontecem essas punições caso desagradem seus
dirigentes e por isso muitas vezes se calam e/ou
aceitam o inaceitável.

Para mostrar um pouco mais como funciona esse


universo da arbitragem, este ano foi criada a
Associação de Árbitros de Futebol do Brasil, com o
slogan ‘Árbitros para árbitros’. Em seu primeiro
post no Instagram, a Associação descreve que “uma
das propostas da ABRAFUT é falar em nome dos
árbitros brasileiros. É dar aos mesmos o direito de
voz que todas as outras vertentes envolvidas no
futebol têm. Os posicionamentos e defesas diante de
julgamentos injustos e/ou condenações injustas e
infundadas estiveram no poder de todos os
envolvidos no âmbito futebolístico, com exceção da
arbitragem”.

Essa associação que foi criada para dar voz aos


árbitros e os defenderem (seus associados), está
totalmente calada diante desta falta de escala dos
árbitros goianos pela CBF, se cala também diante
das punições oficiais aplicadas pelo seu comandante
Wilson Seneme e da CBF, como a dada ao árbitro
Bruno Arleu e tantos outros. Por que a ABRAFUT
não se manifesta a favor dos seus associados e
automaticamente contra quem escala todos que
fazem parte desta associação? Essa questão já foi
respondida ao decorrer dessa matéria.

Infelizmente, a arbitragem diretamente ligada à


Confederação e às Federações pode ser considerada
um problema. Se torcermos para uma Liga
independentemente, também torcemos para uma
arbitragem independentemente como da Premier
League.

A arbitragem brasileira precisa melhorar muito e


em muitas vertentes, enquanto isso seguiremos
vivenciando ‘punições silenciosas'.

Comentários

O VAR no Brasil está mais para


'Mínima interferência, mínima
eficiência'

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Renata Ruel 12 Jun, 2023

O VAR surgiu com o lema “Mínima interferência,


máxima eficiência”.

Porém, o que se vê atualmente nos campeonatos da


Confederação Brasileira de Futebol está mais para
“Mínima interferência, mínima eficiência”, ao
observar erros claros e óbvios onde o árbitro de
vídeo tem ficado quietinho sem cumprir sua função.

Só pela 10° rodada do Brasileirão, que ocorreu


neste último final de semana, dois lances foram
ignorados pelo VAR:

- Thiago Galhardo, do Fortaleza, atinge com a


trava da chuteira e com força excessiva a panturilha
de Marlon Freitas do Botafogo. Em uma das
imagens é possível observar que há uma leve
entorse do jogador botafoguense em função da
entrada, onde sua integridade física foi colocada em
risco. Lance para cartão vermelho.

- David, jogador do São Paulo, levanta Artur, do


Palmeiras, pelo pescoço. Pela regra isso caracteriza
conduta violenta, pois age com brutalidade e sem
disputa de bola. Deveria ter sido expulso.

Não adianta comemorar menos intervenção do


VAR, se os erros seguem acontecendo no campo e
no árbitro de vídeo.

Ninguém quer o VAR apitando o jogo e interferindo


demais na partida, mas sim cumprindo o seu papel
de atuar em erros claros e óbvios, o que não tem
acontecido.

A comentarista Renata Ruel analisa as polêmicas da arbitragem Arte/ESPN

Comentários

Como fala de Seneme ‘libera’


conduta violenta sem punição
nos campeonatos da CBF

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Renata Ruel 02 Jun, 2023

Wilson Seneme, presidente da Comissão de


Arbitragem da CBF, tem feito vídeos para comentar
decisões polêmicas da arbitragem e tem causado
ainda mais polêmicas com estes.

Por exemplo: até o momento nenhum árbitro errou,


dando a entender que é mais uma defesa
institucional do que uma análise coerente.

Em um desses vídeos, Seneme diz que a pisada de


Gabigol em Ganso, no jogo de ida pela Copa do
Brasil, entre Fluminense x Flamengo, não foi
para expulsão, como se meia do Fluminense tivesse
colocado a perna no caminho do adversário para o
toque.

Eu discordo. Como escrevi em matéria anterior


para o blog, há conduta violenta na pisada, há
excesso de força, como diz a regra, e não foi
acidental. Era evitável.

Com isso o presidente da Comissão abriu um


precedente perigoso para lances relacionados à
conduta violenta e isso pode ser visto em dois lances
nos jogos de volta agora pela Copa do Brasil:

Di Plácido, do Botafogo, acerta fora da disputa da


bola o rosto de Cuello, do Athletico-PR. Foi
deliberado, teve força significativa e caracteriza
conduta violenta;

Samuel Xavier, do Fluminense, após fazer falta,


pisa duas vezes em Gerson, do Flamengo. No foi de
forma acidental, foi deliberado e com força
significativa. Novamente conduta violenta.

Nos três casos citados a conduta violenta fica


caracterizada e o cartão vermelho deveria ser
aplicado, mas o VAR não sugeriu revisão em
nenhum deles e uma justificativa é justamente em
função das orientações recebidas e das análises
feitas abertamente pelo presidente da Comissão da
CBF.

Seneme, após analisar e validar publicamente a


pisada de Gabigol em Ganso como nada, como “está
tudo bem”, “liberou” a conduta violenta no futebol
brasileiro.

É como dizer: “Podem agir assim pois não


haverá punição”.

Renata Ruel, comentarista de arbitragem da ESPN


ESPN | NORBERTO DUARTE/AFP via Getty Ima

Comentários

Pesquisa revela grande


insatisfação com a arbitragem
em LaLiga; veja detalhes

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Renata Ruel 24 May, 2023

A Assembleia Geral Extraordinária de LaLiga


mostrou o resultado de uma pesquisa sobre a
arbitragem na competição. Os dados mostram
insatisfação e necessidade de mudanças.

Há algum tempo tenho dito que a arbitragem é um


problema mundial com erros na Copa do Mundo
do Qatar, nos campeonatos Europeus, no Brasil e
na América Latina.

Assim como falo que falta entendimento,


conhecimento de futebol aos dirigentes de
arbitragem e aos seus árbitros de futebol.

Falta leitura, assim como ‘casar’ a regra com o


entendimento do jogo.

Quando o processo é falho, faltará qualidade no


produto final.

Os dados a seguir do resultado da pesquisa de


LaLiga sobre a arbitragem falam por si. Veja e tire
suas conclusões:

“ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA


DE LALIGA

(19 DE ABRIL DE 2023)

RESULTADOS DA PESQUISA ANÔNIMA SOBRE A


SITUAÇÃO DO ÁRBITRO

1. Modelo de organização/ estrutura de


arbitragem:

* Modelo Premier, Bundesliga e MLS: 88% dos


clubes da LaLiga apoiam o estabelecimento de uma
empresa/ organização independente da Federação
com estrutura própria para a gestão e organização
da arbitragem no futebol profissional espanhol. Este
modelo já está sendo aplicado na Alemanha (2022),
Inglaterra (2001) e EUA (2012). As respectivas
federações e ligas participam desses modelos e são
aprovadas e aceitas pela FIFA.

* Participação da AFE: Além disso, os clubes, em


61%, acreditam que o sindicato dos

jogadores de futebol AFE participe do referido


modelo de gerenciamento de arbitragem.

2. Critérios de arbitragem durante a


temporada atual:

* Nível de intervenção do VAR: 86% dos clubes


acreditam que os profissionais de futebol não têm
certeza, ou apenas algumas vezes, quando o VAR vai
intervir ou não, mesmo que tenham pleno
conhecimento do protocolo.

* Mãos: 100% afirmam que os profissionais de


futebol não entendem os critérios de mãos.

* Expulsões: 93% afirmam que o número de


expulsões está sendo excessivo em relação a outras
grandes ligas e que não corresponde ao nível de
agressividade da competição. 78% acham que isso
está alterando o desenvolvimento normal das
reuniões.

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