Gametogênese Humana

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Gametogênese Humana

O início do desenvolvimento humano ocorre na fecundação, quando o espermatozoide se une


ao ovócito secundário para formar o zigoto, que é considerado uma célula-tronco totipotente. A partir do
de transformações progressivas do zigoto, como divisões mitóticas, migração, crescimento e
diferenciação celular, tem origem as outras células constituintes do corpo humano.
A gametogênese, em especial, é o mecanismo de formação de gametas (espermatozoide e
ovócitos) a partir de células germinativas primordiais. Durante esse processo, os gametas formados
apresentam apenas 23 cromossomos, um número reduzido pela metade em comparação às células
somáticas. Isso ocorre por causa do processo de Meiose, que ocorre apenas durante a gametogênese.

Meiose
A meiose é um mecanismo de divisão celular caracterizado pelas células-filhas (haploides)
apresentarem apenas a metade dos cromossomos da célula-mãe (diploide). Na gametogênese, as células
germinativas diploides originam os gametas haploides.
Ela é um processo que ocorre em duas etapas de divisão celular:
• A primeira divisão meiótica é do tipo reducional, visto que o número de cromossomos é reduzido
pela metade. Isso ocorre, pois, há o pareamento dos cromossomos homólogos durante a prófase
e, posteriormente, a sua segregação na anáfase, em que cada um dos cromossomos vai para
cada polo do fuso meiótico, o que reduz o número de cromossomos;
• A segunda divisão meiótica é do tipo conservacional e se assemelha bastante a uma mitose, já
que o número de cromossomos é conservado, ou seja, as células-filhas apresentam o mesmo
número de cromossomos da célula-mãe (haploide). Ela ocorre logo após a primeira divisão
meiótica, sem uma etapa de intérfase normal. Na anáfase da segunda divisão, cada cromossomo
é dividido em dois e cada parte vai para um polo do fuso meiótico, o que mantém o número de
cromossomos.

A meiose é um processo importantíssimo para a evolução e manutenção da vida, pois permite


que o número de cromossomos seja mantido constante ao longo de cada geração de indivíduos. Ela
também é importante para a variabilidade genética, pois permite o arranjo aleatório dos cromossomos
homólogos entre as células-filhas (gametas) e reposiciona segmentos de cromossomos homólogos
durante o processo de crossing over, o que produz a recombinação gênica.

Espermatogênese
A espermatogênese corresponde ao processo de formação de gametas masculinos. Ela ocorre a
partir de espermatogônias, consideradas células germinativas primordiais, e origina os espermatozoides,
gametas.

Aparelho Reprodutor Masculino


O aparelho reprodutor masculino é formado
pelos testículos, ductos genitais, glândulas acessórias e
pelo pênis. Ele faz parte do sistema reprodutor
masculino e possui as funções de produzir, maturar e
conduzir os gametas (espermatogênese), produzir
hormônios (testosterona) e estabelecer as
características sexuais secundárias dos homens.

Testículos
No aparelho reprodutor masculino, há a
presença de 2 testículos, que constituem uma rede de
túbulos seminíferos, testicular e de ductos eferentes.
Cada um dos testículos é formado por uma cápsula grossa de tecido conjuntivo propriamente
dito do tipo denso, denominada de túnica albugínea. Por se desenvolverem na região dorsal da cavidade
abdominal e somente depois migrar para a bolsa escrotal, eles também apresentam um folheto do
peritônio denominado de túnica vaginal, formado por duas camadas (parietal externa e visceral interna)
que recobrem a túnica albugínea.

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Já o interior dos testículos é formado por um conjunto de 250 lóbulos testiculares separados por
septos fibrosos da túnica albugínea, que possuem 2 a 4 túbulos seminíferos, os quais são responsáveis
pelo processo de produção de gametas.

Túbulos Seminíferos
Os túbulos seminíferos correspondem a túbulos enovelados de tecido conjuntivo, vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Eles são os locais de produção dos espermatozoides e são formados,
principalmente, por dois tipos de tecido: epitélio germinativo e tecido intersticial.
• Epitélio Germinativo: está localizado nas paredes dos túbulos seminíferos e é composto por
células da linhagem espermatogênica (espermatogônias, espermatócitos, espermátides e
espermatozoides) e por células de Sertoli,
com morfologia, origem embriológica e
funções distintas. Ele está disposto em 4 a 8
camadas de células e é envolvido por uma
lâmina basal, que possui algumas células
mioides (com capacidade contrátil), e pelo
tecido intersticial;
• Tecido Intersticial: está localizado no espaço
entre os túbulos germinativos e corresponde
a um tecido conjuntivo, vasos sanguíneos,
vasos linfáticos e nervos. Os principais tipos
de célula são fibroblasto, células
mesenquimais, mastócitos, macrófagos e
células de Leydig (principal componente).

Etapas da Espermatogênese
A espermatogênese se inicia com as espermatogônias, que são células germinativas primordiais,
relativamente pequenas, localizadas bem próximas à lâmina basal do epitélio germinativo e classificadas
em tipo A ou B.
As espermatogônias do tipo A são células-tronco que iniciam um processo contínuo de mitoses
e produzem inúmeras células-filhas, que podem permanecer do tipo A ou se diferenciar em
espermatogônias do tipo B. Caso isso ocorra, as espermatogônias entram em um ciclo de sucessivas
divisões mitóticas e originam células-filhas denominadas de espermatócitos I.
Por sua vez, os espermatócitos I são as maiores células da linhagem germinativa encontradas e
estão localizados próximos à lâmina basal da parede dos túbulos seminíferos. Eles são responsáveis pelo
processo da primeira divisão meiótica, em que originam células-filhas com o número de cromossomos
reduzidos pela metade. Assim, as espermatogônias diploides originam os espermatócitos I também
diploides, que dão origem aos espermatócitos II haploides.
Já os espermatócitos II estão localizados entre a lâmina basal e o lúmen dos túbulos seminíferos.
Em geral, eles não podem ser diferenciados de espermatócitos I em cortes histológicos pois permanecem
pouco tempo em intérfase (espermatócitos I permanecem cerca de 22 dias em prófase) e originam as
espermátides logo após serem formados. Os espermatócitos II realizam a segunda divisão meiótica e
originam células-filhas haploides denominadas de espermátides.
Por fim, as espermátides estão localizadas mais próximas ao lúmen dos túbulos seminíferos,
apresentam pequeno tamanho e formas variadas, redondas inicialmente e alongadas posteriormente.
Elas realizam o processo que resulta na formação dos gametas masculinos, denominado de
espermiogênese.

Espermiogênese
A espermiogênese consiste na fase final do processo de produção de gametas, em que as
espermátides formadas se transformam em espermatozoides. Ela dura cerca de 64 dias é dividida em três
etapas distintas:
1. Etapa do Complexo de Golgi: ocorre a formação da vesícula acrossômica na região anterior do
núcleo, derivada de grânulos do Complexo de Golgi, e a migração dos centríolos para a região
oposta posterior, para o início da formação do flagelo;
2. Etapa do Acrossomo: a vesícula acrossômica forma, inicialmente, um capuz acrossômico e,
posteriormente, o acrossomo, que contém várias enzimas hidrolíticas para digerir a corona

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radiata e a zona pelúcida (atua como um
lisossomo). Há também o crescimento do flagelo
a partir dos centríolos, o acúmulo de
mitocôndrias na porção proximal do flagelo e o
alongamento do núcleo;
3. Etapa de Maturação: ocorre a liberação de
corpos residuais provenientes do citoplasma, que
são reabsorvidos pelas células de Sertoli, a
finalização do flagelo e a liberação dos
espermatozoides no lúmen dos túbulos
seminíferos.

Células de Sertoli
As células de Sertoli são essenciais para o processo de espermatogênese. Elas são células
piramidais, com núcleos triangulares ou angulosos e apresentam superfície basal próxima à lâmina basal
e superfície apical próxima ao lúmen dos túbulos seminíferos. O citoplasma das células de Sertoli não
possui um limite bem definido e apresenta diversas retranças (“espaços”), em que as células da linhagem
espermatogênica se alojam e realizam o processo de produção dos gametas.
As células de Sertoli são bem resistentes a infecções, desnutrição e a agressões e não realizam
divisão celular em adultos. As suas principais funções são:
• Suporte, Proteção e Nutrição dos espermatozoides em desenvolvimento: trocam nutrientes e
metabólitos com as células da linhagem espermatogênica e forma uma barreira
hematotesticular, que as protege de agressões;
• Fagocitose: realizam a reabsorção de corpos residuais de espermátides durante a
espermiogênese;
• Secreção: sintetizam e secretam fluido testicular, que atua como meio de transporte dos
espermatozoides até o momento da ejaculação, proteína ligante de andrógeno (ABP), que se
associa a testosterona, e o peptídeo inibina, que diminui a síntese e liberação de FSH pela
hipófise;
• Barreia Hematotesticular: as suas superfícies basolaterais são unidas por junções de oclusão e
formam uma barreira que protege as células do epitélio germinativo contra substâncias do
sangue, agentes nocivos e do reconhecimento imunológico.

Fatores de Influência da Espermatogênese


A espermatogênese pode ser influenciada por alguns fatores, como hormônios, temperatura e
outros fatores.
A temperatura influencia o controle da espermatogênese, pois ela só ocorre em temperaturas
abaixo da temperatura corporal de 37ºC. Já outros fatores, como desnutrição, alcoolismo e irradiações,
podem causar morte das células da linhagem espermatogênica e, consequentemente, diminuir, até
mesmo acabar, com o processo de espermatogênese.

Hormônios
Os hormônios atuam como principal meio de controle e
de regulação da espermatogênese. Inicialmente, o hipotálamo
sintetiza e secreta o hormônio liberador de gonadotrofina
(GnRH), que atua na pars distalis da hipófise para sintetizas os
hormônios FSH e LH.
O hormônio folículo estimulante (FSH) atua nas células
de Sertoli e promove a síntese e secreção da proteína ABP,
enquanto o hormônio luteinizante (LH) atua no tecido intersticial,
principalmente nas células de Leydig, para a síntese de
testosterona. Assim, a testosterona se associa a proteína ABP e é
difundida para o epitélio germinativo, onde estimula o processo
de espermatogênese.
Ao mesmo tempo, as células de Sertoli sintetizam o
peptídeo inibina, que diminui a síntese e secreção do hormônio
FSH pela hipófise, o que diminui a produção de espermatozoides.

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Ovogênese
A ovogênese é o processo de formação dos gametas femininos. Ela ocorre a partir de células
germinativas primordiais, denominadas de ovogônias, e origina o ovócito II, gameta.
Uma das principais diferenças em relação a espermatogênese é que, enquanto a
espermatogênese se inicia com a puberdade dos homens, a ovogênese possui o seu início durante o
período embrionário, pois as ovogônias se desenvolvem em ovócitos primários antes do nascimento das
mulheres. Além disso, a ovogênese ocorre até o período de menopausa, em que há a interrupção do ciclo
menstrual, enquanto a espermatogênese ocorre até o final da vida dos homens.

Aparelho Reprodutor Feminino


O aparelho reprodutor feminino é composto por
ovários, tubas uterinas, útero, vagina e genitália externa.
Ele faz parte do sistema reprodutor feminino e possui as
funções de produzir os gametas femininos, fornecer
suporte e manutenção ao embrião e ao feto, produzir
hormônios (progesterona e estrógeno) e estabelecer as
caraterísticas sexuais femininas.
Após o nascimento, a partir da menarca (primeira
menstruação), o aparelho reprodutor feminino sofre
algumas modificações em sua estrutura e atividade
funcional de forma cíclica. Essas modificações são
controladas e reguladas pela ação de hormônios e
ocorrem até o período da menopausa, quando se tornam
irregulares e, posteriormente, são interrompidas.

Ovários
No aparelho reprodutor feminino, há dois ovários, que são revestidos por um epitélio simples
pavimentoso ou cúbico, denominado de epitélio germinativo. Logo abaixo desse tecido, há uma camada
de tecido conjuntivo propriamente dito do tipo denso, denominada de túnica albugínea, que recobre o
interior dos ovários.
No seu interior, os ovários são formados por duas regiões distintas, formadas por tecido
conjuntivo:
• Região Cortical: é a região localizada nas extremidades, onde os folículos ovarianos se
desenvolvem antes de ocorrer a ovulação. Apresenta diversas células, como os fibroblastos, que
se organizem de forma circular;
• Região Medular: é a região mais central, formado por tecido conjuntivo propriamente dito do
tipo frouxo e por vasos sanguíneos.

Etapas da Ovogênese
A ovogênese é dividida em duas etapas: uma que ocorre antes do nascimento, durante o período
embrionários, e outra que ocorre após o nascimento.

Desenvolvimento Pré-natal
Durante o primeiro mês do desenvolvimento embrionário, as células germinativas primordiais
migram da região do saco vitelínico para a futura região das gônadas femininas (ovários). Nesse local, as
células germinativas primordiais sofrem diversas divisões mitóticas e originam novas ovogônias. Ao final
do quinto mês de gestação, há cerca de 7 milhões de ovogônias.
No entanto, entre o período do quinto mês de gestação e o nascimento, a grande parte dessas
células sofre um processo de atresia, caracterizado pela morte celular, o que resulta em cerca de apenas
2 milhões de ovogônias.
No início do terceiro mês de desenvolvimento, as ovogônias entram em divisão meiótica, que é
paralisada na fase de prófase. Nesse momento, essas células são denominadas de ovócitos I e são
rapidamente envolvidas por uma camada de células foliculares. Essa união dá origem ao folículo
primordial, que ficará paralisado em prófase I até o início da puberdade em razão de uma substância
secretada pelas células foliculares.

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Desenvolvimento Pós-natal
Após o nascimento e até a chegada da puberdade, os folículos primordiais
sofrem novos processos de atresia, o que resulta em cerca de 300 milhões de folículos
primordiais no momento de menarca. No início da puberdade, alguns folículos
primordiais são selecionados para iniciar um processo de crescimento folicular, que
consiste em modificações no ovócito I, nas células foliculares e nas células do tecido
conjuntivo adjacente a eles. Ele dura, aproximadamente, 90 dias.
Na primeira fase desse crescimento, o ovócito I aumenta de tamanho,
enquanto as células foliculares sofrem divisão mitótica e aumentam de volume. Isso
resulta em um folículo composto pelo ovócito I na região central e por uma única
camada de células foliculares cúbicas ao seu redor. Há também o início da síntese da
zona pelúcida pelo ovócito I e pela camada de células foliculares. Ela consiste em uma
espessa camada de material glicoproteico acelular e amorfo responsável por estabelecer
contato entre o ovócito I e as células foliculares. Nessa etapa, o folículo é denominado
de folículo primário unilaminar.
Na fase seguinte, as células foliculares continuam os processos de divisão
mitótica, estratificam-se e originam diversas camadas de células, denominadas de
camada granulosa. O ovócito I e a zona pelúcida continuam o seu desenvolvimento.
Nessa etapa, o folículo é denominado de folículo primário multilaminar ou pré-antral.
À medida que os folículos ovarianos crescem, eles estão localizados em regiões
mais internas do córtex dos ovários. As células foliculares passam a ocupar regiões mais
periféricas do folículo em razão das diversas divisões mitóticas da camada granulosa. Já
na região mais central, ocorre o aparecimento de cavidades ocupadas pelo líquido folicular (antro),
formado por glicosaminoglicanos, proteínas e esteroides. Nessa etapa, o folículo é denominado de folículo
secundário ou antral.
Por fim, as cavidades do líquido folicular cresce, unem-se e passam a ocupar a região central do
folículo, o que desloca o ovócito I para a periferia. Nesse momento, o ovócito I é envolvido por uma
camada de células foliculares remanescentes, denominada de corona radiata, e mantém contato com as
outras células da camada granulosa por meio da região denominada de cumulus oophurus. Há também o
desenvolvimento de duas tecas foliculares, que correspondem a células do tecido conjuntivo da região
cortical do ovário. A teca interna, localizada após a lâmina basal da camada granulosa, é formada por
células diferenciadas produtoras de esteroides, enquanto a teca externa é composta por células
organizadas concentricamente ao folículo. Nessa etapa, o folículo é denominado de folículo maduro ou
pré-ovulatório.

Ovulação
Ao início de cada ciclo menstrual, um grupo de folículos primordiais é escolhido
para iniciar o crescimento folicular. No entanto, ao final do processo, apenas um deles
se tornou dominante e chegou ao estágio de folículo maduro, que é bem grande e
provoca um saliência na superfície dos ovários, apresentando uma região avascular,
denominada de estigma. Os outros entraram em processo de atresia, marcada pela
morte ou separação das células da camada granulosa ou do ovócito I e pelo
pregueamento da zona pelúcida. Após a atresia, macrófagos fagocitam o folículo
ovariano e fibroblastos ocupam a área e produzem uma cicatriz colágena.
A ovulação consiste na ruptura da parede do folículo maduro e,
consequentemente, da liberação do ovócito para a extremidade dilatada da tuba
uterina. Em geral, ela ocorre ao 14º dia do ciclo menstrual de 28 dias e apenas um
ovócito e liberado por vez. Ela é estimulada por um pico da ação do hormônio LH.

Etapas da Ovulação
Poucos minutos após o pico do hormônio LH, há um aumento no fluxo de
corrente sanguínea para os ovários, o que causa um edema (inchaço) na região. Por
causa disso, há a liberação de prostaglandinas, histamina, vasopressina e colagenases.
Há também um aumento da produção de ácido hialurônico pelas células foliculares da
camada granulosa, o que promove o desprendimento do ovócito, da corona radiata e de
algumas células foliculares. Assim, as enzimas colagenases enfraquecem uma pequena
área do folículo maduro.

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Em razão do enfraquecimento da parede do folículo e da contração de células musculares lisas
pertencentes a teca externa, influenciada pela ação de prostaglandinas, o folículo maduro se rompe e
ocorre a ovocitação. As estruturas liberadas para a tuba uterina são o ovócito e o primeiro corpúsculo
polar envoltos pela zona pelúcida, a corona radiata e um pouco de líquido folicular. Caso eles não entrem
no interior da tuba uterina 24 horas após a ovulação, eles são fagocitados e degenerados.
Ao mesmo tempo que o pico do hormônio LH provoca os eventos de ovocitação, ele também
promove a retomada da primeira divisão meiótica antes da liberação do ovócito I, o que origina duas
células-filhas em que uma delas absorve todo o citoplasma da outra. A célula-filha que absorveu o
citoplasma é denominada de ovócito II, enquanto a outra célula-filha é denominada de primeiro
corpúsculo polar. Por causa disso, o ovócito liberado para a tuba uterina é um ovócito II.
Após a expulsão do primeiro corpúsculo polar, o ovócito II inicia a segunda divisão meiótica, que
é paralisada durante a metáfase. O retorno da segunda divisão meiótica ocorre após a fecundação do
ovócito pelo espermatozoide.

Corpo Lúteo
A camada granulosa e as células da teca interna do folículo não são liberadas para a tuba uterina
e a perda do líquido folicular promove o colapso da parede do folículo maduro. Assim, após a ovocitação,
elas são reorganizadas, tornam-se pregueadas e dão origem ao corpo lúteo. Ele é uma estrutura que atua
temporariamente como uma glândula endócrina, capaz de sintetizar e secretar, principalmente,
hormônios esteroides, como a progesterona e o estrógeno.
O estímulo do pico do hormônio LH pode manter o corpo lúteo por cerca de 10 a 12 dias. Após
esse período ele pode receber dois distintos diferentes:
• Se não ocorrer gravidez: o corpo lúteo se degenera por apoptose o que diminui as taxas de
estrógeno e de progesterona. Nesse caso, ele é denominado de corpo lúteo menstrual e seus
restos são fagocitados por macrófagos. A partir da ação de fibroblastos, ele é substituído por
uma cicatriz de tecido conjuntivo propriamente dito do tipo denso, denominada de corpo
albicans;
• Se ocorrer gravidez: o corpo lúteo é mantido a partir da ação do hormônio da gonadotrofina
coriônica humana (HCG), que é sintetizado pelo sinciciotrofoblasto do blastocisto, o que mantém
as taxas de estrógeno e de progesterona por até 4 a 5 meses. Nesse caso, ele é denominado de
corpo lúteo gestacional e, após esse período, é substituído por um corpo albicans.

Ciclo Reprodutivos Femininos


Ao iniciar a puberdade, as mulheres passam por diversos ciclos reprodutivos até o período de
menopausa, em que esses ciclos diminuem e são, posteriormente, interrompidos. Eles envolvem
atividades e ações do hipotálamo, da hipófise, dos ovários, do útero, das tubas uterinas, da vagina e das
glândulas mamárias e são responsáveis por preparar o sistema reprodutor feminino para a gestação.
Inicialmente, o hipotálamo sintetiza e secreta o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH),
que atua na pars distalis da hipófise e estimula a síntese e secreção dos hormônios folículo estimulante
(FSH) e luteinizante (LH).

Ciclo Ovariano
O ciclo ovariano corresponde às mudanças cíclicas provocadas
pela ação dos hormônios FSH e LH, como o desenvolvimento dos folículos,
a ovulação e a formação do corpo lúteo.
No início de cada ciclo, o hormônio FSH, secretado pela hipófise,
atua nos ovários estimulando o crescimento folicular de um grupo de 5 a
12 folículos primordiais, que foram “formados” durante o
desenvolvimento embrionário da mulher. Esse processo consiste em uma
série de etapas marcadas por crescimento e diferenciação de um ovócito
I, proliferação de células foliculares e formação da zona pelúcida e das
tecas foliculares. Já no final do processo, apenas um folículo dominante
do grupo inicial se torna maduro e capaz de romper a superfície do ovário,
enquanto o outros sofrem atresia.
Ao mesmo tempo, o folículo em crescimento promove a
liberação do hormônio estrógeno, que atua na hipófise para sintetizar e

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secretar o hormônio luteinizante, e as alterações cíclicas na parede interna do útero, denominada de
endométrio. Essas alterações são denominadas de ciclo menstrual.
Os níveis do hormônio LH crescem até um pico, que determina o processo de ovulação do
folículo, com a consequente liberação do ovócito II, zona pelúcida, corona radiata e líquido folicular para
o interior da tuba uterina. Além disso, a camada granulosa e as tecas foliculares não são liberadas para a
tuba uterina, sofrem colapso da parede folicular, são reorganizadas e dão origem ao corpo lúteo, que
permanece ativo por 10 a 12 dias. O corpo lúteo atua como uma glândula secretora de hormônios
esteroides, como a progesterona e o estrógeno, que promovem novas alterações no endométrio.

Ciclo Menstrual
O ciclo menstrual corresponde às mudanças cíclicas que ocorrem na parede interna do útero a
partir da ação direta e indireta dos hormônio gonadotróficos e ovarianos, já que ele é considerado um
reflexo do ciclo ovariano. O tempo médio do ciclo menstrual é cerca de 28 dias, com o primeiro dia
determinado pelo início do fluxo menstrual do ciclo anterior e com o último dia determinado pelo início
do fluxo menstrual do ciclo atual.
Ele é dividido em quatro etapas: menstrual, proliferativa, lútea e isquemia. Na fase menstrual, a
camada funcional do endométrio é expelida durante o fluxo menstrual, que dura de 4 a 5 dias. Após esse
processo, a parede interna do útero se torna bastante delgada.
Na fase proliferativa, que dura cerca de 9 dias, o endométrio é reparado e a superfície epitelial
que o recobre é refeita, o que promove o aumento de 2 a 3 vezes da espessura da parede uterina e do
seu conteúdo de água. Essa fase é controlada pela ação do hormônio estrógeno, que é liberado pelo
folículos ovarianos em crescimento folicular.
Já a fase lútea dura cerca de 13 dias e é controlada pela ação dos hormônios progesterona e
estrógeno, que são secretados pelo corpo lúteo formado após a ovulação. Nessa etapa, há o aumento da
espessura do endométrio, a secreção glandular de material rico em glicogênio e crescimento de artérias
espiraladas na camada mais superficial, o que forma uma rede venosa complexa e com grandes espaços.
Caso a fecundação não ocorra, o corpo lúteo é degenerado e se inicia a fase de isquemia do ciclo
menstrual.
Na fase de isquemia, ocorre a diminuição da secreção de progesterona e de estrógeno, o que
promove a contração progressiva das artérias espiraladas, parada da secreção glandular e diminuição da
espessura do endométrio. No final dessa etapa, a contração das artérias provoca uma isquemia, morte de
tecidos e ruptura dos vasos sanguíneos lesionados, o que causa o extravasamento de sangue para a
cavidade do útero. Após esse processo, o sangue e fragmentos da parede do endométrio são expelidos
durante o fluxo menstrual, que marca o início do ciclo menstrual seguinte.
No entanto, caso a fecundação ocorra, há a formação do zigoto e início dos processos de clivagem
e de formação do blastocisto, que resultam na implantação do blastocisto na parede do endométrio.
Assim, as células do sinciciotrofoblasto secretam o hormônio da gonadotrofina coriônica humana,
responsável por manter o corpo lúteo e, consequentemente, os níveis adequados de progesterona e
estrógeno. A partir desse momento, a fase de isquemia não ocorre e o endométrio é mantido na fase
lútea até a passagem para a fase de gravidez.

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