Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Instituto de Química Programa de Pós-Graduação em Química
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INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
CRISTIANO FAVERO
CRISTIANO FAVERO
Comissão Examinadora:
AGRADECIMENTOS
RESUMO .................................................................................................................................. xi
ABSTRACT .............................................................................................................................. xi
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 21
4 EXPERIMENTAL .......................................................................................................... 22
4.6.1 Imobilização Direta e Imobilização Sobre Superfície Modificada com MAO ............... 27
4.6.2 Síntese “in situ” dos Precursores Suportados InsC2 e InsC4 ............................................ 29
5.2.1 Caracterização dos Precursores Diretamente Suportados e Suportados sobre MAO ..... 38
5.2.3 Reações de Polimerização com Precursores Suportados InsC2, InsC4, DsC2, DsC4, MsC2,
MsC4 e sC3 ................................................................................................................................. 40
5.2.6.1 Temperatura................................................................................................................ 47
5.2.6.6 Cristalinidade.............................................................................................................. 52
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 63
vii
Dibromo-bis(4-amino-2,3,5,6-tetrametilfenil)-2,4-pentanodiiminaníquel (II) e (C4) Dibromo-
bis(2,6-diisopropilfenil)-2,4-pentanodiiminoníquel (II) ........................................................... 27
Figura 20: Síntese dos precursores catalíticos heterogeneizados na zeólita ZSM-5 esférica por
imobilização direta e imobilização em suporte modificado com MAO ................................... 28
Figura 21: Síntese “in situ” dos precursores suportados InsC2 e InsC4 ..................................... 29
Figura 22: Método de heterogeneização dos precursores na ZSM-5 esférica a partir do grupo-
NH2 livre ................................................................................................................................... 30
Figura 23: Imagens do reator utilizado nas reações de polimerização do etileno: (a) reator no
momento anterior à adição do precursor catalítico, (b) reator momentos após a adição do
precursor e (c) 10 minutos após a adição do precursor (final da reação) ................................. 32
Figura 24: (a) Estrutura do LI sintetizado ................................................................................ 35
Figura 25: (a) Isoterma absorção/dessorção de nitrogênio para uma amostra de zeólita ZSM-
5+LI, (b) Isoterma absorção/dessorção de nitrogênio para uma amostra de zeólita ZSM-5
calcinada ................................................................................................................................... 36
Figura 26: Difratograma da zeólita sintetizada correspondente a zeólita do tipo ZSM-5 ........ 36
Figura 27: (a) Imagem de MEV da zeólita (b) distribuição de tamanho de partículas da zeólita
ZSM-5 esférica sintetizada ....................................................................................................... 37
Figura 28: Ligantes sintetizados: (L1) bis(4-amino-2,3,5,6-tetrametilfenilimino)-acenafteno,
(L2) bis(2,6-diisopropilfenilimino)-acenafteno, (L3) N,N'(4-amino-2,3,5,6-
tetrametilfenilimino)2-amino-4-imino-2-penteno e (L4) N,N'(2,6-diisopropilfenil)2-amino-4-
imino-2-penteno ....................................................................................................................... 37
Figura 29: Espectros de IV para a zeólita ZSM-5 esférica, para a zeólita ZSM-5 esférica
contendo LI e para o precursor InsC4........................................................................................ 38
Figura 30: Espectros de IV para o ligante L4 e para o precursor C4 ......................................... 39
Figura 31: Resultados comparativos entre os sistemas homogêneo e heterogêneo para os
experimentos 1, 2 e 3 respectivamente ..................................................................................... 48
Figura 32: Resultados comparativos entre os sistemas homogêneo e heterogêneo utilizando
diferentes quantidades de solvente (comparação entre os sistemas 1 e 4 respectivamente) .... 49
Figura 33: Resultados comparativos entre os sistemas homogêneo e heterogêneo utilizando
diferentes razões Al/Ni (comparação entre os sistema 5, 6 e 2 respectivamente) .................... 50
Figura 34: Resultados comparativos entre os experimentos 2 e 6 respectivamente obtidos a
partir da utilização dos dois precursores heterogêneos sC1 sintetizados .................................. 51
viii
Figura 35: Dados obtidos para a utilização de: (a) diferentes co-catalisadores (testes 7 e 9) e
(b) diferentes pressões (testes 6 e 8) ......................................................................................... 52
Figura 36: Análise de CED aplicada a três amostras de polímero a diferentes temperaturas .. 53
Figura 37: Gráfico da cristalinidade comparativa às diversas variáveis testados nos
experimentos de polimerização (o número entre parênteses indica o teste de polimerização) 54
Figura 38: Espectros de infravermelhos adquiridos em modo de absorbância para quatro
amostras de polímero, obtidas em meio homogêneo e heterogêneo e a 30 °C e 60 °C ........... 55
Figura 39: Gráfico de TGA para a amostra de PE obtida no teste 5 em meio heterogêneo ..... 57
Figura 40: Teste de lixiviação para o precursor SC1, (a) Sólido obtido após o teste de
lixiviação e (b) solvente contendo precursor catalítico solubilizado........................................ 58
Figura 41: (a) Imagem obtida de uma partícula de zeólita ZSM-5 esférica e (b) partícula de
zeólita ZSM-5 recoberta com PE (10 kV e magnificação de 5000x para ambas as partículas)
.................................................................................................................................................. 60
Figura 42: Imagens dos PEs obtidos (c) 10 kV (magnificação de 300x), (d) 4 kV
(magnificação de 1000x), (e) 10kV (magnificação de 5000x) e (f) 4 kV (magnificação de
6000x) ....................................................................................................................................... 61
Figura 43: Imagens dos PEs obtidos no teste 2 a 4 kV (g) magnificação de 500x, (h)
magnificação de 2000x ............................................................................................................. 62
ix
LISTA DE TABELAS
x
RESUMO
A descoberta de precursores catalíticos homogêneos de níquel tornou possível a
obtenção de polímeros com microestrutura diferenciada. A heterogeneização destes
precursores é fundamental devido às necessidades dos processos de polimerização atuais. Este
trabalho apresenta o uso de precursores catalíticos de níquel heterogeneizados em uma zeólita
ZSM-5 esférica na reação de polimerização do etileno. Os métodos de imobilização
influenciaram fortemente na eficácia da heterogeneização, levando a sistemas pouco ativos ou
com atividade catalítica equivalente ao análogo homogêneo para o precursor suportado
dibromo-bis(4-amino-2,3,5,6-tetrametilfenilimino)-acenaftenoníquel (II). A produtividade
sofreu forte influência da temperatura, variando de 960±797 kg PE/mol Ni.h (60 °C) e
4408±21 kg PE/mol Ni.h (10 °C) para o sistema homogêneo e 983±108 kg PE/mol Ni.h (60
°C) e 3764±394 kg PE/mol Ni.h (10 °C) para o sistema heterogêneo. A produtividade
alcançada com metilaluminoxano foi superior a 14000 kg PE/mol Ni.h para ambos os casos.
A cristalinidade apresentada pelos polímeros também variou com a temperatura,
aproximadamente 9 % a 60 °C e aproximadamente 30 % a 10 °C. A zeólita apresentou efeito
no controle morfológico durante a polimerização devido à réplica morfológica do suporte.
ABSTRACT
The discovery of homogeneous nickel catalytic precursors became possible to obtain
polymers with different microstructure. The heterogeneization of these precursors is
fundamental due the necessities of the current polymerization processes. This work presents
the usage of nickel catalysts precursors heterogeneized on a spherical ZSM-5 zeolite for the
ethylene polymerization reaction. The immobilization methods strongly influenced on the
heterogenization efficiency, leading to low active systems or with equal catalytic activity to
the homogeneous analogue for the dibromide-bis(4-amin-2,3,5,6-tetramthylphenylimino)-
acenaphtenenickel (II). The productivity suffered strong influence by the temperature, ranging
to 983±108 kg PE/mol Ni.h (60 °C) and 3764±394 kg PE/mol Ni.h (10 °C) for the
homogeneous system and 983±108 kg PE/mol Ni.h (60 °C) and 3764±394 kg PE/mol Ni.h
(10 °C) for the heterogeneous system. The productivity reached with methylaluminoxane was
superior to 14000 kg PE/mol Ni.h for both cases. The crystallinity presented by the polymers
also varied with the temperature, approximately 9% at 60 °C to approximately 30 % a 60 °C
to 30% at 10 ° C. The zeolite showed effect on the morphological control during the
polymerization due the morphological replica of the support.
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
xii
1 INTRODUÇÃO
A utilização de matérias-primas obtidas a partir de olefinas leves, em escala global,
encontra-se no patamar de milhões de toneladas. O polietileno (PE) é responsável por uma
parcela significativa do mercado de polímeros e sua demanda é crescente. Dentre as principais
características que o torna tão solicitado é a grande resistência química, facilidade para formar
objetos, resistência mecânica e grande gama de aplicações1. Neste sentido, pesquisas com o
intuito de modificar características químicas, melhorar processos de obtenção e
aprimoramentos em sistemas catalíticos são os principais focos de pesquisadores em todo o
globo. Graças à aplicação de sistemas catalíticos, que tiveram início com as descobertas de
Karl Ziegler e Giulio Natta2,3,4, tornou-se possível obter PE em condições mais brandas do
que a polimerização radicalar do etileno (alta pressão e temperatura). A partir de então, uma
nova era se iniciou neste ramo da química. Muitos outros precursores catalíticos surgiram
com o passar do tempo, principalmente os baseados em metais como titânio, zircônio,
vanádio, cromo, entre outros.
Avanços significativos no uso de metais de transição (níquel e paládio) na reação de
polimerização do etileno ocorreram a partir das pesquisas de Brookhart e colaboradores5. O
que se observa nestes precursores é que a simples mudança de condições reacionais leva a
produtos com características diferenciadas entre si. Este fato é atribuído ao mecanismo
denominado Mecanismo de Deslocamento Sobre a Cadeia ou “Chain Walking” exibido por
estes precursores6. Deste modo, o aumento de pressão e a diminuição de temperatura leva a
produção de polímeros de maior peso molecular, cristalinidade e temperatura de
amolecimento (Tm), os quais exibem pequeno número de ramificações na cadeia principal, ao
passo que, temperaturas mais elevadas e menores pressões favorecem a produção de
polímeros com características opostas.
Os precursores catalíticos de níquel e paládio se tornaram muito atraentes devido à
alta produtividade, além de exibirem grande tolerância a grupos funcionais, enquanto
catalisadores, como os do tipo Ziegler-Natta (CZN), por serem muito oxofílicos, são
utilizados para monômeros não-polares7. Entretanto, esta classe de catalisadores é de natureza
homogênea, ou seja, polimerizam quando solubilizados em solventes orgânicos, fato este que
os tornam menos competitivos frente aos sistemas heterogêneos, pois utilizam grandes
quantidades de solventes e necessitam de reatores grandes e sistemas eficientes de controle de
temperatura8. Neste sentido, muitos esforços são direcionados para heterogeneizar estes
1
catalisadores em suportes, tais como, sílica, alumina, zeólitas, cloreto de magnésio, entre
outros9.
A forma sob a qual os precursores são heterogeneizados nestes suportes influencia
fortemente a produtividade. Em alguns casos os precursores catalíticos sofrem tanto a
influência do suporte que a produtividade cai drasticamente ou a reação de polimerização mal
inicia. Logo, a escolha de um suporte e os devidos tratamentos e/ou modificações
influenciarão nas características do produto assim como na produtividade10.
As zeólitas são aluminossilicatos de composição variável e apresentam redes
cristalinas bem organizadas na forma de poros, canais ou ambos11. As propriedades das
zeólitas são inúmeras e, devido à grande área específica, são excelentes candidatas a
imobilizarem precursores catalíticos. A alta acidez de Lewis apresentada pelos sítios ácidos
das zeólitas com alta razão Si/Al favorece a alta produtividade para os precursores catalíticos
heterogeneizados nestes suportes12. Além disso, zeólitas são resistentes à temperatura e
podem induzir o crescimento de partículas de polímero semelhantemente a sua forma
(fenômeno de réplica do suporte)13.
A morfologia bem definida apresentada pelo suporte utilizado neste trabalho (zeólita
ZSM-5 esférica)14 pode favorecer a ocorrência do fenômeno de réplica morfológica. Neste
sentido, espera-se que a morfologia do suporte induza o crescimento ordenado do polímero. O
fenômeno de réplica do suporte é desejado, pois promove a obtenção de partículas com maior
densidade polimérica. Para que o objetivo seja alcançado em sua plenitude, além do controle
morfológico, espera-se que a produtividade dos precursores se mantenha próxima aos
sistemas homogêneos e que ocorra baixa lixiviação dos precursores para o meio reacional,
evitando a formação de partículas finas responsáveis por aumentar a viscosidade do sistema e
pela formação de incrustações no reator. Assim, o sucesso para melhores resultados, reside no
estudo de maneiras alternativas de realizar a heterogeneização. Desta forma, serão testados
diferentes métodos de fixação a fim de promover bons resultados para o uso da ZSM-5
esférica como suporte catalítico. A maior tolerância a diferentes grupos funcionais dos
precursores catalíticos de níquel, a possibilidade de obtenção de diferentes produtos com um
único catalisador, a grande produtividade e a necessidade de serem heterogeneizados justifica
a escolha destes precursores.
2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta seção serão abordados alguns tópicos de interesse ao desenvolvimento deste
trabalho, tais como a obtenção do PE, principalmente a partir de sistemas catalíticos, o uso de
zeólitas, a atuação dos co-catalisadores na ativação dos precursores entre outros tópicos
relevantes.
2.1 POLIETILENO
O PE é uma resina extensivamente utilizada devido as suas propriedades, facilidade
em formar objetos (sopro, extrusão, usinagem) e pelo seu baixo custo. O PE é obtido
industrialmente por dois métodos. O primeiro método, utilizado desde a sua descoberta em
1933, ocorre sob alta pressão (2000-3000 bar) e alta temperatura (220-250 °C)15, ainda é
utilizado devido à viabilidade econômica deste processo. O segundo método de obtenção do
PE é utilizando sistemas catalíticos de metais de transição. Este tipo de sistema possibilita a
obtenção de polietileno de alta densidade (PEAD) e grande gama de outros tipos de PEs. As
características dos polímeros produzidos, por sua vez, sofrem grande influência do precursor
utilizado (metal e ligantes), assim como, do co-catalisador e das condições reacionais16.
Outros fatores como a distribuição de tamanhos de cadeias, peso molecular médio,
cristalinidade e presença/ausência de ramificações exercem grande influência nas
características físico-químicas dos polímeros produzidos.
A Figura 1 apresenta alguns exemplos de PEs e o processo sob o quais são obtidos. O
PEBD, produzido via processo radicalar, exibe grande quantidade de ramificações. O
crescimento da cadeia é aleatório e, desta forma, não exibe controle da microestrutura do
polímero. Assim, a distribuição de tipos e tamanhos das ramificações também é aleatória. Por
outro lado, os polímeros produzidos via utilização de sistemas catalíticos apresentam
distribuição regular de ramificações, às quais, em geral, são curtas (1 a 6 carbonos)17. O
centro metálico permite o direcionamento adequado da olefina gerando polímeros semi-
cristalinos. Quando desejada, a formação de ramificações pode ser alcançada através do uso
de olefinas substituídas (propeno, 1-buteno, 1-hexeno). Os ligantes, por sua vez, podem
modular a inserção de novas unidades monoméricas em posições preferenciais (para o caso de
olefinas substituídas)18 ou facilitar/dificultar a formação de ramificações (“Chain Walking”)19.
Precursores catalíticos de metais como níquel e paládio podem produzir polietileno
ramificado, sem que haja a necessidade de utilização de co-monômeros (co-polimerização),
devido ao mecanismo de isomerização apresentado por estes catalisadores.
3
Figura 1: Exemplo ilustrativo da microestrutura de PEs e processos utilizados na sua
obtenção
4
inúmeras vantagens como a alta atividade catalítica, possibilidade de controle de seletividade
e regiosseletividade, entre outros. Entretanto, o gasto energético para separar o solvente dos
produtos, a recuperação do solvente (purificação para posterior reutilização) e a dificuldade de
reutilização dos catalisadores tornam os sistemas que utilizam catalisadores homogêneos
(catálise homogênea) pouco adaptados à utilização em escala industrial. Neste sentido, o uso
de LIs como “solventes verdes” é promissor, pois favoreceria a remoção dos produtos de
maneira mais prática, podendo reaproveitar os catalisadores e utilizar plantas industriais mais
compactas como em processos catalíticos bifásicos21. Os LIs Também podem ser suportados
em materiais de elevada área específica favorecendo, assim, o aumento na área de contato.
Outro importante uso para os LIs a ser ressaltado é na síntese de materiais micro e
mesoporosos14,22. Eles apresentam uma vasta gama de propriedades que os tornam úteis na
síntese de materiais inorgânicos ou materiais híbridos inorgânico-orgânico. Além do mais,
podem garantir a boa solubilidade dos precursores inorgânicos utilizados na síntese destes
materiais (para LIs relativamente polares)23. Também desempenham importante papel na
síntese, pois atuam como moldes ou direcionadores de estrutura para o crescimento
organizado das unidades unitárias constituintes do sólido. São utilizados, principalmente
devido à similaridade com agentes direcionadores de estrutura comumente utilizados23. O uso
de LIs na síntese de sólidos micro e mesoporosos permite que estes se mantenham
aprisionados no interior e na superfície do material sintetizado (devido à grande estabilidade
térmica, praticamente não sofrem modificações nas condições de síntese) o que poderia
permitir posterior imobilização e estabilização de espécies catalíticas. Surpreendentemente,
5
LIs também podem afetar a morfologia dos materiais obtidos, como por exemplo as
nanoagulhas obtidas por Zhu e colaboradores24 ou microesferas, como as obtidas em nosso
grupo de pesquisa14.
2.3 ZEÓLITAS
As zeólitas são aluminossilicatos de composição variável, formadas por tetraedros
de silício e alumínio ligados entre si pelos átomos de oxigênio presentes nos vértices. A carga
negativa gerada pela presença de átomos de alumínio tetraédricos inseridos na rede cristalina
da zeólita é compensada por cátions, como Na+, Ca2+, Mg2+, entre outros. O fato de possuírem
cátions de compensação em suas estruturas, permite que estes materiais sejam utilizados
como trocadores iônicos25.
As diferentes conexões entre os tetraedros de silício e alumínio levam à formação de
diferentes redes cristalinas e de poros e canais com dimensões moleculares. O formato dos
poros e canais são intrínsecos a cada zeólita. As dimensões e tamanhos dos poros imprimem
grande seletividade de forma às zeólitas. Assim, apenas determinadas moléculas
(suficientemente pequenas) podem entrar ou sair da rede cristalina. Essa propriedade é
utilizada na separação de misturas ou na retenção seletiva de moléculas, fato que acabou por
denominar as zeólitas como peneiras moleculares26. A zeólita utilizada neste trabalho, ZSM-5
esférica, possui canais tridimensionais de tamanho de, aproximadamente, 0,53x0,56nm27,
conforme ilustrado na Figura 3.
(a) (b)
Figura 3: Estrutura tridimensional da zeólita ZSM-5 (a) vista através de [0 1 0] e (b) vista
através de [1 0 0]28
6
Esses materiais são extensivamente utilizados em processos industriais, como o
hidrocraqueamento, isomerização, produção de gasolina a partir do metanol, isomerização de
olefinas, entre outros29, principalmente, devido à presença de sítios ácidos (acidez de Lewis),
grande área específica, resistência térmica e mecânica (características essenciais ao uso em
ambientes agressivos) e redes cristalinas bem definidas.
Zeólitas também podem ser utilizadas como suportes catalíticos para reações de
polimerização e estes materiais, por exibirem sítios ácidos, podem estabilizar eficientemente
espécies catalíticas. A acidez exibida pela zeólita ZSM-2 dealuminada utilizada por
Covarrubias e colaboradores30 promoveu a obtenção de um catalisador suportado com maior
atividade (4721 kg PE.mol Zr-1.bar-1.h-1) comparativamente com o mesmo suporte, cuja
superfície fora modificada com metilaluminoxano (MAO), previamente à adição do precursor
catalítico (nBuCp)2ZrCl2 (743 kg PE.mol Zr-1.bar-1.h-1). O MAO utilizado no pré-tratamento
do suporte bloqueia a superfície e os sítios ácidos presentes, ao passo que na impregnação
direta, estes podem participar na formação e estabilização das espécies catalíticas. A zeólita
ZSM-2 dealuminada (maior acidez de Lewis), quando comparada com a zeólita ZSM-2 não
dealuminada, também apresentou maior atividade (4721 kg PE.mol Zr-1.bar-1.h-1 frente 3594
kg PE.mol Zr-1.bar-1.h-1). Estes resultados claramente demonstram que a acidez intrínseca do
suporte, principalmente para a zeólita dealuminada (mais ácida), influencia na atividade
catalítica do sistema. Desta forma, a alta acidez das zeólitas pode facilitar a formação e a
estabilização de espécies cataliticamente ativas.
Outro exemplo de utilização de zeólitas em reações de polimerização é o uso de um
material híbrido, micro e mesoporosos (ZSM-MCM), por Carrero e colaboradores31, os quais
empregaram este material em reações de polimerização do etileno. Tal material agrega as
características vantajosas dos materiais microporosos (estrutura cristalina de uma zeólita
ZSM-5), tal como a acidez, e sobrepõe as dificuldades quanto à difusão de moléculas para o
interior dos poros, devido à presença de mesoporosos (estrutura de um material mesoporoso
do tipo MCM-41). Desta forma, o precursor catalítico e o co-catalisador (nBuCp)2ZrCl2/MAO
suportados neste material micro-mesoporoso apresentou maior atividade catalítica (11600 kg
PE.mol Zr-1.bar-1.h-1) frente ao mesmo sistema suportado na zeólita ZSM-5 (3040 kg PE.mol
Zr-1.bar-1.h-1) ou na sílica MCM-41 (8320 kg PE.mol Zr-1.bar-1.h-1) para materiais com mesma
razão silício/alumínio (Si/Al=30). Desta forma, a maior acidez do material híbrido aliado ao
fácil acesso do monômero e co-catalisador ao centro ativo, permitiu reunir as características
benéficas de dois suportes em um, atingindo maior atividade catalítica. Todavia, existem
7
zeólitas com tamanho de poros suficientemente grandes que podem possibilitar a entrada de
precursores catalíticos sem a necessidade da existência de mesoporos, como a zeólita HY,
utilizada por Ciardelli e colaboradores32,33.
As zeólitas, desta forma, são suportes promissores para o uso em reações de
polimerização, justamente devido à versatilidade, acidez intrínseca, elevada área específica e
pela fácil manipulação das características das mesmas.
2.4 CO-CATALISADORES
Os principais co-catalisadores utilizados em reações de polimerização de olefinas
consistem em compostos organometálicos de alumínio. A Figura 4 apresenta alguns exemplos
de co-catalisadores utilizados em reações de polimerização.
Estes sistemas ativados por compostos com elevada acidez de Lewis se mostraram
muito eficientes na ativação e estabilização de precursores catalíticos e exibiram atividade
9
catalítica igual aos sistemas catalíticos ativados por MAO38,40. Desta forma, iniciou-se uma
nova era no uso de co-catalisadores nas reações de polimerização41.
10
precursor (c), representado na Figura 7 (c), é utilizado, apresenta distribuição bimodal de
pesos moleculares.
Desta forma, o volume dos ligantes próximo ao centro metálico afeta fortemente a
reatividade e pode influenciar até mesmo na microestrutura dos polímeros. Como apresentado
por Liu e colaboradores47 a simples mudança do ligante menos volumoso (metil) na posição
“orto” do anel por um mais volumoso (i-propil) (ver precursores C e F na Figura 8) acarretou
aumento no peso molecular de 482.103 Daltons para 633.103 Daltons e no grau de ramificação
de 7 para 50 (ramificações/1000 unidades de carbono). Conforme as discussões apresentadas
por Brookhart e colaboradores48, ocorre competição entre a coordenação e a inserção
sucessiva de etileno, contra a reação de transferência de cadeia para estes catalisadores.
Ligantes mais volumosos favorecem a reação de transferência de cadeia, ao passo que ligantes
de menor volume, levam a produção de polímeros menos ramificados (favorecem a
coordenação/inserção). A pressão também pode aumentar/diminuir o grau de ramificação dos
polímeros produzidos. De modo geral, o acréscimo na pressão reacional favorece a
coordenação/inserção frente à reação de transferência de cadeia. Assim, pressões mais
elevadas promovem a obtenção de polímeros menos ramificados para um mesmo precursor de
níquel48.
Outro aspecto importante a ser levado em consideração nos precursores catalíticos
homogêneos de níquel é o efeito doador/retirador de densidade eletrônica. Substituintes
retiradores de densidade eletrônica tornam o centro metálico mais eletrofílico, podendo, desta
forma, aumentar a atividade catalítica. A comparação entre os precursores A e B,
apresentados na Figura 8, conforme dados apresentados por Liu e colaboradores47, apontam
11
decréscimo na atividade catalítica de 3610 kg PE.mol Ni-1.h-1 para 3300 kg PE.mol Ni-1.h-1
para os precursores A e B respectivamente. O substituinte metil, por doar maior densidade
eletrônica ao anel, o que por sua vez afeta o centro metálico tornando-o menos eletrofílico,
promove decréscimo na atividade catalítica. Por outro lado, substituinte retiradores de
densidade eletrônica como o bromo e o cloro dos precursores C e D, apresentados na Figura
8, tornam o metal mais eletrofílico e, desta maneira, aumentam a atividade catalítica conforme
o aumento no caráter retirador do substituinte. A atividade encontrada para o precursor
contendo o substituinte bromo na posição “para” do anel foi de 4110 kg PE.mol Ni-1.h-1, ao
passo que, com o substituinte cloro na mesma posição, a atividade encontrada foi de 4320 kg
PE.mol Ni-1.h-1. A mesma tendência pode ser observada quando os precursores E e F são
comparados, os valores de atividade encontrados foram de 3990 kg PE.mol Ni-1.h-1 para o
precursor E e 4530 kg PE.mol Ni-1.h-1 para o precursor F. A maior atividade apresentada pelo
precursor F pode ser atribuída pela presença do substituinte bromo que torna o centro
metálico mais eletrofílico.
12
diferenciados. Este é mais um fato, dentre outros, pelo qual os precursores homogêneos se
tornaram tão interessantes e tão pesquisados.
(a) (b)
Figura 11: Precursores catalíticos de níquel para polimerização do etileno desenvolvidos por
Rieger e colaboradores51
15
A heterogeneização dos precursores catalíticos homogêneos deve ser realizada para
assegurar o melhor uso possível e aproveitar as características únicas dos polímeros obtidos a
partir destes sistemas e para que estes possam ser utilizados nos principais processos
industriais, aproveitando as vantagens oferecidas pela catálise heterogênea.
16
intrínseca podem proporcionar um ambiente químico favorável para imobilização de espécies
cataliticamente ativas, promovendo a ativação de precursores, estabilização e fixação.
Suportes contendo grupos funcionais que apresentam acidez de Brønsted
convencional (como grupos silanóis) (B), resultam em espécies do tipo µ-oxo. A distância
interatômica neste tipo de catalisador suportado exerce grande influência nos produtos
obtidos. Dos Santos e colaboradores55 demonstraram a influência da distância interatômica
entre o metal ligado ao oxigênio do suporte no peso molecular dos polímeros obtidos, o qual
aumenta conforme ocorre o encurtamento desta ligação. Conforme ocorre o distanciamento
do suporte a reação de terminação de cadeias é favorecida, o que acaba por gerar cadeias
poliméricas mais curtas.
Suportes que apresentam elevada acidez de Brønsted, após a imobilização, como no
exemplo apresentado em C, exibirão em sua superfície ânions pouco coordenantes, como por
exemplo o CF3SO3-, os quais podem deslocalizar a carga elétrica negativa no próprio suporte,
favorecendo a formação de bases conjugadas fracamente coordenantes responsáveis pela
fixação e estabilização da espécie ativa.
Este método de imobilização direta apresenta como vantagem a supressão de etapas
como o tratamento prévio da superfície, entretanto em alguns casos, a grande quantidade de
grupos funcionais presentes nos suportes pode produzir espécies inativas (O-M-O)38.
Figura 13: Tratamento de um suporte catalítico genérico com MAO e formação de espécie
ativa suportada58
18
Figura 14:: Síntese de catalisador
catal híbrido (metalocênico-níquel
níquel diimina) suportado em sílica
modificada com TMA17
19
A preparação total, tanto do suporte quanto do complexo, pode ser desenvolvida por
este processo. Desta forma, sílicas híbridas (sílica-ligantes) podem ser obtidas por processos
sol-gel, via hidrólise e condensação entre o tetraetilortossilicato (TEOS) e organossilanos
contendo os ligantes61. Esses sólidos obtidos, após a formação da sílica híbrida, podem ser
complexados com sais ou adutos metálicos, gerando os respectivos complexos suportados. A
vantagem dessa rota é a maior versatilidade de características texturiais e morfológicas do
suporte59.
Outra variação da síntese “in situ” é o encapsulamento de precursores catalíticos.
Este método não prioriza a formação de uma ligação covalente com o suporte. O precursor
catalítico fica imobilizado, por efeito estéreo, na rede de óxido formada durante a síntese do
suporte. Por se encontrar confinado no interior do suporte, o precursor catalítico fica
protegido, melhorando sua estabilidade térmica e apresenta menor suscetibilidade à
desativação59.
Desta forma, a síntese “in situ” de precursores catalíticos pode ser uma alternativa a
outros métodos de imobilização, podendo ser uma poderosa ferramenta para obtenção de
precursores catalíticos suportados.
20
3 OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é a heterogeneização de precursores catalíticos do tipo α-
diimina e β-diimina de níquel de forma eficiente na zeólita ZSM-5 esférica14, desenvolvida no
Laboratório de Reatividade e Catálise do Instituto de Química (IQ) da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), e a utilização destes precursores heterogeneizados na reação
de polimerização do etileno. Serão avaliados os seguintes critérios para verificação da
eficiência da heterogeneização:
(a) Controle morfológico de partículas;
(b) Atividade catalítica;
(c) Lixiviação do precursor;
(d) Características físico-química dos polímeros.
21
4 EXPERIMENTAL
Todos os experimentos foram realizados em atmosfera inerte (argônio), utilizando a
técnica de tubos de Schlenk, exceto nos casos que serão devidamente especificados no texto.
Os solventes utilizados foram submetidos a purificações, assim como, alguns dos reagentes
utilizados na realização deste trabalho.
22
Gases
Argônio (5.0) Withe Martins Peneira Mol. (3 Å) Gás inerte
Catalisador BASF
(R3-11G)
Etileno (2.5) Withe Martins - Reações de polimerização
Tabela II: Condições reacionais e dados relativos à síntese e caracterização dos ligantes
Ligante L1 L2 L3 L4
Dicetona (mmol) 3 15 4 15
Amina (mmol) 10 30,5 9 30,5
Catalisador 1mL-Ác.Sulfúrico 1,6 mL-Ác. fórmico 0.7 g-APTSa 1mL-Ác.Clorídrico
Processo Agitação/Refluxo Agitação Destil. azeotrópica Agitação/Refluxo
Solvente (mL) Tolueno (20) Metanol (75) Tolueno (20) Etanol (120)
Temperatura (ºC) 109 25 109 80
Tempo (h) 3 48 18 24
Purificação Cristalização, (2/1) Lavagem com Cristalização, (2/1) Lavagem com
Hexano/Ac. de etila metanol Hexano/Ac. de etila metanol
Rendimento (%) 69 95 50 65
Ref. síntese [10] [6] [64] [64]
a
Ácido p-toluenossulfônico
24
Figura 16: Estrutura dos ligantes sintetizados
(a) (b)
Figura 17: (a) Conjunto utilizado na síntese dos ligantes L1, L2 e L4; (b) Conjunto utilizado na
síntese do ligante L3 acoplado a Dean-Stark.
25
caso do ligante L3, foi utilizada destilação azeotrópica, conforme a Figura 17 (b) demonstra, a
fim de remover a água formada durante a reação e assim deslocar o equilíbrio no sentido da
formação do produto desejado. A homogeneização da reação foi promovida por agitador
magnético e barra magnética adicionada no interior do balão.
Ligante L1: RMN 1H (400MHz, CDCl3) δppm 7,75 (d-2H, J=8,4 Hz, 1), 7,25 (t-2H, J1=7,6
Hz, J2=8,0 Hz, 2), 6,58 (d-2H, J=7,2 Hz, 3), 3,50-3,00 (s-4H, 4), 2,25 (s-12H, 5), 2,10 (s-12H,
6)
Ligante L2: RMN 1H (400MHz, CDCl3) δppm 7,80 (d-2H, J=8,1 Hz, 1), 7,28 (t-2H, J=8,1 Hz
e J’=7,5 Hz, 2), 7,19 (s-6H, 3), 6,65 (d-2H, J=6,9 Hz, 4), 2,90 (m-4H, J=6,9 Hz e J’=6,6 Hz,
5), 1,16 (d-12H, J=6,9 Hz, 6), 0,90 (d-12H, J=6,6 Hz, 6)
Ligante L3: RMN 1H (400MHz, CDCl3) δppm 11,74 (s-1H, 1), 5,09 (s-1H, 2), 3,34-3,22 (s-
4H, 3), 2,07 (s-24H, 4), 2,03 (s-3H, 5) 1,51 (s-3H, 6)
Ligante L4: RMN 1H (400MHz, CDCl3) δppm 12,04 (s-1H, 1), 7,04 (s-6H, 2), 4,80 (s-1H, 3),
3,04 (m-4H, J=6.9Hz, 4), 1,64 (s-6H, 5), 1,13 (d-12H, J=6.9Hz, 6), 1,04 (d-12H, J=6.9Hz, 6)
26
Figura 18: Síntese genérica dos complexos de níquel
27
saída de um brometo do precursor (gerando HBr como sub-produto). O sólido suspenso foi
filtrado sob atmosfera inerte e lavado com cinco alíquotas de 10 mL de diclorometano.
Outra tentativa de imobilização destes dois precursores foi empregando tratamento
prévio da zeólita. Preparou-se 60 mL de uma solução de MAO 0,6 % m/m (em todos os
experimentos foi utilizado PMAO-IP (Polymethylaluminoxane-Improved Performance) 7%
em MAO da Akzo Nobel e, neste texto, a critério de simplificação, será denominado MAO) a
qual foi adicionado 1,5 g de zeólita esférica. A reação ocorreu a 60° C durante 3 horas. Após
o término da reação, o suporte foi separado da solução por filtração em atmosfera inerte e foi
lavado com cinco alíquotas de 15 mL de tolueno seco. A reação de imobilização do MAO foi
seguida pela fixação do precursor no suporte65. Da mesma maneira desenvolvida para a
imobilização direta, foi preparada uma solução a partir de 345 µmol do precursor desejado em
20 mL de diclorometano a qual foi adicionada a uma suspensão contendo 1,5 g de zeólita em
10 mL de diclorometano. A reação ocorreu durante 18 horas a temperatura ambiente. O sólido
foi filtrado sob atmosfera inerte e lavado com cinco alíquotas de 10 mL de diclorometano.
Figura 20: Síntese dos precursores catalíticos heterogeneizados na zeólita ZSM-5 esférica por
imobilização direta e imobilização em suporte modificado com MAO
28
Os quatro precursores suportados foram denominados DsC2 e DsC4 (para
imobilização direta dos precursores homogêneo C2 e C4) e MsC2 e MsC4 (para imobilização
dos precursores C2 e C4 sobre a zeólita modificada com MAO).
Figura 21: Síntese “in situ” dos precursores suportados InsC2 e InsC4
Figura 22: Método de heterogeneização dos precursores na ZSM-5 esférica a partir do grupo-
NH2 livre
Sigla Ds Ins Ms s
Precursores
DsC2, DsC4 InsC2, InsC4 MsC2, MsC4 sC1, sC3
Heterogeneizados
31
promovendo o controle da temperatura durante o experimento. A homogeneização da reação
ocorreu por agitação magnética através de uma barra magnética inserida ao reator e por uma
placa magnética externa.
Tolueno foi utilizado como solvente reacional adicionado ao reator sob fluxo de
argônio com o auxílio de uma seringa e agulha. O co-catalisador foi adicionado ao conjunto o
qual foi mantido sob agitação durante cinco minutos. Após, o sistema foi purgado com etileno
(cinco vezes) e saturado durante 5 minutos. Por último, a solução ou a suspensão de precursor
heterogeneizado foi adicionada ao sistema após despressurização do mesmo. Com a adição do
precursor a reação inicia e permaneceu com alimentação contínua de etileno a 4-7 bar. Após o
término da reação, o polímero foi precipitado com etanol acidificado (5% de HCl), lavado
com etanol e água, filtrado e seco sob pressão reduzida sem aquecimento.
32
4.8 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO
34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste trabalho se iniciam com a caracterização da zeólita
obtida, bem como do LI necessário a sua síntese. Segue com a caracterização dos ligantes e
complexos e a obtenção dos precursores catalíticos e sua aplicação nas reações de
polimerização do etileno. Por fim, serão abordados a eficácia dos sistemas aplicados, bem
como a análise dos resultados das polimerizações e a avaliação da morfologia e
microestrutura dos polímeros obtidos.
5.1 CARACTERIZAÇÃO
(a)
Figura 24: (a) Estrutura do LI sintetizado
35
(a) (b)
Figura 25: (a) Isoterma absorção/dessorção de nitrogênio para uma amostra de zeólita ZSM-
5+LI, (b) Isoterma absorção/dessorção de nitrogênio para uma amostra de zeólita ZSM-5
calcinada
Pode-se interpretar com estes dados que a quantidade de gás adsorvido é devido, em
grande parte, à área externa das partículas e que o interior dos canais da zeólita estão quase
totalmente preenchidos com LI. Já para o caso da zeólita calcinada a área encontrada
utilizando o método BET foi de 346 m²/g, sendo que, 283,17 m²/g é devido à área de
microporos e 63 m²/g devido à área externa das partículas. O volume de microporos
encontrado utilizando método t-plot para a ZSM-5 calcinada foi de 0,13 cm³/g.
A análise de difração de raios X (DRX) permitiu, através da análise do espectro de
difração do pó obtido apresentado na Figura 26, descobrir que o material foi sintetizado com
sucesso e se trata de uma zeólita do tipo ZSM-567.
36
a) (b)
Figura 27: (a) Imagem de MEV da zeólita (b) distribuição de tamanho de partículas da zeólita
ZSM-5 esférica sintetizada
5.1.3 Ligantes
As análises de RMN 1H dos ligantes obtidos a partir da reação de condensação entre
as diferentes dicetonas e as aminas utilizadas, especificados na Figura 28, confirmaram o
sucesso na obtenção dos mesmos.
37
5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PRECURSORES CATALÍTICOS DE NI
SUPORTADOS
Figura 29: Espectros de IV para a zeólita ZSM-5 esférica, para a zeólita ZSM-5 esférica
contendo LI e para o precursor InsC4
39
5.2.2 Caracterização dos Precursores Covalentemente Suportados
A síntese dos precursores heterogêneos covalentemente ligados ao suporte foi
realizada com a finalidade de contornar a inatividade dos precursores heterogeneizados pelos
métodos de imobilização direta, “in situ” e imobilização sobre MAO.
Estes métodos alteram significativamente a reatividade do metal, principalmente
devido ao fato da heterogeneização ocorrer através do centro metálico. Alternativamente, o
método de imobilização que prioriza a formação de uma ligação química entre o precursor e o
suporte, exerce menor efeito ao centro metálico e auxilia no afastamento do mesmo,
tornando-o mais disponível para a realização da reação de polimerização.
A partir da realização dos testes de polimerização foi possível verificar que o
precursor sC1 foi muito ativo na reação de polimerização, ao passo que o precursor sC3 obtido
pelo mesmo método de imobilização não apresentou atividade significativa. O precursor sC1
utilizado, foi caracterizado por EAA e os resultados para as duas sínteses realizadas foram,
em percentual mássico de Ni incorporado na zeólita, de 0,19% para o precursor sC1a e 0,31%
para o precursor sC1b.
5.2.3 Reações de Polimerização com Precursores Suportados InsC2, InsC4, DsC2, DsC4,
MsC2, MsC4 e sC3
Os precursores heterogeneizados obtidos foram testados em reações de
polimerização do etileno. A Tabela V apresenta os dados relativos aos experimentos de
polimerização em lama em três diferentes condições, às quais, todos os precursores catalíticos
foram testados (teste de 1-3). Como pode ser observado, para os precursores apresentados na
Tabela V, a produtividade foi desprezível. Apenas traços de polímero foram obtidos. Os
métodos de imobilização “In situ” e direta, os quais promoveram a fixação do precursor
homogêneo a partir do níquel, podem ter alterado significativamente a reatividade dos
catalisadores, provavelmente devido a forte interação do suporte e do centro metálico, ao
efeito de blindagem do suporte ao centro ativo, o que poderia dificultar a difusão do
monômero e do co-catalisador.
O precursor InsC4 também foi testado em condições de maior pressão (PT = 20 bar),
a fim de avaliar o comportamento deste em condições mais apropriadas para precursores do
tipo β-diimina de níquel. Todavia a atividade catalítica apresentada foi muito baixa. Apenas
190 mg de material foi obtido ao final da reação e, descontando-se a parcela de zeólita no
material (100 mg), apenas 90 mg de PE foi isolado.
40
Tabela V: Resultados obtidos para diversos precursores nas reações de polimerização do
etileno em meio heterogêneo
Entrada Precursor Co-catalisador/Volume m PE P. (kg PE/
(g) mol Ni.h)
1 InsC2, InsC4, DsC2, DsC4, (1 mL TMA 10 % em tolueno) Traços -
MsC2, MsC4 e sC3
2 InsC2, InsC4, DsC2, DsC4, (2 mL TMA 10 % em tolueno) Traços -
MsC2, MsC4 e sC3
3 InsC2, InsC4, DsC2, DsC4, (1 mL MAO 7 % em tolueno) Traços -
MsC2, MsC4 e sC3
Condições reacionais:
Entradas 1-3: Reator de 200 mL com controle de temperatura e agitação magnética, 30 °C,
pressão constante de etileno a 3 bar (PT = 4 bar), volume reacional = 30 mL (tolueno), 100 mg
de precursor suportado, tempo reacional de 10 minutos
Experimento 4: Reator de 450 mL com controle de temperatura e agitação mecânica, 30 ° C,
pressão constante de etileno a 19 bar (PT = 20 bar), volume reacional = 60 mL (tolueno), 100
mg de precursor suportado InsC4 (238 µmol de Ni/g ZSM-5), tempo reacional de 30 minutos
*As entradas 1-3 foram realizados com os dois precursores InsC2 obtidos (InsC2a e InsC2b)
O precursor sC1, cujos dados serão apresentados nas seções seguintes, quando testado
nas condições reacionais do teste 1, apresentou alta atividade catalítica. Desta forma, em
virtude dos bons resultados apresentados por este precursor especificamente, foram avaliados
diversos parâmetros reacionais utilizando este precursor heterogêneo.
Tabela VI: Resultados obtidos para o precursor C1 nas reações de polimerização do etileno em
meio homogêneo
T m PE Precursor Produtividade χc Tm
Teste o
Al/Ni
( C) (g) n C1 (µmol) (kg PE/mol Ni.h) (%) (°C)
42
médio da cristalinidade cai de 18,5% para 6% . A formação de cadeias laterais é favorecida
com o aumento da temperatura, o que dificulta o empacotamento das cadeias poliméricas,
gerando maior parcela de polímero amorfo.
O teste 4, desenvolvido com o dobro de solvente comparativamente aos demais
experimentos, apresentou polímero com maior cristalinidade e maior Tm. Quando
comparados os experimentos 1 e 4, pode-se observar que até mesmo o volume de solvente
influencia na produtividade, na cristalinidade e na Tm. O maior volume reacional auxiliou na
estabilização da temperatura, favorecendo que o polímero obtido fosse mais cristalino e com
Tm significativamente maior do que a do experimento 1. Para o teste 5, avaliou-se a
influência do razão Al/Ni e, mesmo a razões consideradas baixas (1/3 da razão utilizada nos
experimentos de 1 a 4), apresentou alta produtividade (valor médio acima de 3000 kgPE/mol
Ni.h). É interessante notar que a razão Al/Ni também influenciou na cristalinidade e na Tm do
polímero obtido no experimento 5 as quais foram maiores do que as do experimento análogo
(teste 1).
Os experimentos 6-9, foram realizados utilizando-se maior concentração de
precursor homogêneo C1, para, posteriormente, promover melhor comparação com o sistema
heterogêneo análogo. A comparação entre os experimentos 6 e 2, realizados nas mesmas
condições reacionais (a razão Al/Ni mudou em virtude da diferente quantidade de precursor
utilizada em cada experimento), permitiu observar uma queda na produtividade do
experimento 2 para o experimento 6 (4510±79 kg PE/mol Ni.h para 2249±47 kg PE/mol
Ni.h). Isso se deve principalmente ao fato de que a quantidade de polímero produzida
aumenta a viscosidade do sistema e atrapalha a difusão do monômero ao centro ativo,
principalmente nos momentos iniciais da reação para o experimento 2 (alta produtividade
inicial). Desta forma, a quantidade de polímero em suspensão limita a produtividade e, a partir
do momento que o meio reacional estiver saturado com polímero, a atividade do catalisador
será menor.
O experimento 7 foi realizado com menor quantidade de precursor C1, pois como
observado no experimento 6, o polímero aumenta demasiadamente a viscosidade do meio,
desta forma, este experimento utilizou a quinta parte do precursor utilizado no experimento 6,
justamente para diminuir a quantidade de produto formado e assim obter um dado de
produtividade mais coerente. Entretanto, o aumento da razão Al/Ni de 190 para 950 (a
quantidade de alquilalumínio utilizada no experimento foi mantida constante), possivelmente,
43
foi desfavorável para este sistema. O grande excesso deste co-catalisador pode desfavorecer o
desempenho do precursor heterogeneizado.
O experimento 8, utilizando maior pressão de etileno (PT = 7 bar), quando
comparado ao experimento 6 (PT =4 bar), onde a única variável foi a pressão, aponta discreto
aumento na produtividade. Curiosamente a cristalinidade e a Tm dos polímeros obtidos a
maior pressão foram iguais aos polímeros obtidos no teste 6. Sabe-se que para precursores do
tipo α-diimina, maiores pressões favorecem a produção de polímeros lineares conforme
discutido anteriormente. Porém o acréscimo na pressão reacional não foi suficiente para
visualizar esse efeito.
O experimento 9, o qual foi desenvolvido sob as mesmas condições reacionais do
experimento 7, utilizou MAO como co-catalisador. A produtividade apresentada foi muito
superior ao seu análogo. O MAO promoveu aumento na produtividade, aproximadamente
treze vezes maior do que quando o TMA foi utilizado nas mesmas condições. Apesar de o
TMA ser um co-catalisador menos custoso quando comparado com o MAO, seu desempenho
foi muito inferior. A cristalinidade foi fortemente afetada provavelmente pela grande
produção de calor inicial, mesmo para este experimento que utilizou aproximadamente 1
µmol de níquel, a produção de calor nos momentos iniciais foi elevada o que acabou por gerar
polímeros menos cristalinos.
Os dados obtidos em meio homogêneo, além de auxiliar no entendimento do sistema
foram fundamentais para posterior comparação com o sistema heterogêneo utilizando o
precursor C1 heterogeneizado.
Tabela VII: Resultados obtidos para o precursor suportado (sC1) na polimerização do etileno
Precursor Produtividade
T m PE χc Tm
Teste o
Al/Ni m (g) / n sC1 (kg PE/ mol
( C) (g) (%) (°C)
(µmol) Ni.h)
1 10 326 1,92 ± 0,20 0,1 / 3,1 3764 ± 394 34,5 ± 2,1 130,5 ± 2,1
2 30 326 1,16 ± 0,39 0,1 / 3,1 2269 ± 775 32,0 ± 7,2 129,0 ± 3,5
3 60 326 0,50 ± 0,06 0,1 / 3,1 983 ± 108 8,5 ± 2,1 124 ± 1,4
a
4 10 326 2,28 ± 0,04 0,1 / 3,1 4460 ± 83 37,0 ± 2,8 133,0
5 10 108 2,18 ± 0,30 0,1 / 3,1 4277 ± 583 37,0 ± 4,2 132 ± 2,8
6 30 190 2,28 ± 0,47 0,1 / 5,3 2606 ± 552 20,5±14,8 126,5 ± 2,1
7 30 950 0,84 ± 0,17 0,02 / 1,1 4785 ± 974 34,0 ± 2,0 129,0 ± 1,7
8b 30 190 2,46 ± 0,05 0,1 / 5,3 2792 ± 55 10,5 ± 0,7 120,5 ± 0,7
9c 30 950 2,530 0,02 / 1,1 14375 19 126
Condições reacionais: Reator de 200 mL com controle de temperatura e agitação magnética,
pressão constante de etileno a 3 bar (PT = 4 bar), 1 mL de solução de TMA (1 mmol/mL),
volume reacional de 30 mL, tempo reacional de 10 minutos
a
Volume reacional = 60 mL; bPressão total = 7 bar; c Co-catalisador = MAO
46
gerando polímeros pouco ramificados, cristalinos e de maior peso molecular, ao passo que,
menor pressão, favorece a reação de terminação de cadeias e, consequentemente, a reação de
deslocamento sobre a cadeia, fornecendo polímeros ramificados e de baixa cristalinidade.
Como pode ser observado, essa tendência não foi obedecida quando comparados os testes 6 e
8. O experimento desenvolvido a 7 bar apresentou menor cristalinidade e menor Tm. Isso
pode ser atribuído ao aumento na velocidade da reação de inserção de olefina o que acaba por
gerar maior desprendimento de calor que eleva a temperatura drasticamente nos momentos
iniciais da reação, visto que a reação de polimerização é exotérmica. Outro fator que pode ter
influenciado nas características dos polímeros obtidos pode ser atribuída ao leve acréscimo na
pressão reacional a qual pode não ter efeito significativo a ponto de imprimir modificações
significativas no sistema.
O experimento 9 foi desenvolvido utilizando MAO como co-catalisador. O resultado
obtido, novamente, comprova que o MAO foi mais ativo para este sistema. Quando
comparados os experimentos 7 e 9 (mesmas condições reacionais), é possível visualizar que o
uso de MAO como co-catalisador mais que triplicou o valor médio obtido para a
produtividade (4785 kg PE/mol Ni.h para 14375 kg PE/mol Ni.h). Assim como para o caso
homogêneo, o MAO mostrou-se melhor co-catalisador para o sistema empregando o
precursor C1.
5.2.6.1 Temperatura
A temperatura para reação de polimerização, empregando precursores catalíticos do
tipo α-diimina, exerce grande influência na produtividade do sistema, assim como, nas
características dos polímeros obtidos. A análise do gráfico apresentado na Figura 31, permite
avaliar o comportamento do precursor homogêneo (C1) e do precursor heterogeneizado (sC1).
Ambos os sistemas foram desenvolvidos conforme as condições reacionais especificadas nas
seções 5.2.4 e 5.2.5 utilizando 3,066 µmol do precursor por experimento.
Os dados apresentados na Figura 31 permitem observar como a produtividade se
comporta frente ao aumento de temperatura. Para o precursor suportado, o decréscimo da
produtividade é praticamente linear com o aumento da temperatura e os dados obtidos
apresentam maior variabilidade, principalmente para os experimentos 1 e 2,
comparativamente com os mesmos experimentos em meio homogêneo, os quais apresentaram
leve acréscimo na produtividade de 10 °C para 30 °C. O experimento 3, em meio homogêneo,
47
experimentou decréscimo de aproximadamente 78% do valor médio obtido a 30 °C e
apresentou grande variabilidade nos dados obtidos a 60 °C, ao passo que o experimento com o
precursor heterogeneizado apresentou menor desvio padrão nessa temperatura.
5.2.6.2 Solvente
A quantidade de solvente utilizada nos experimentos, surpreendentemente, exibiu
influência no desempenho dos sistemas catalíticos empregando o precursor C1, tanto em meio
homogêneo quanto em meio heterogêneo, conforme apresentado na Figura 32. A maior
quantidade de solvente facilitou a reação de polimerização para o caso heterogêneo. Mesmo à
menor concentração de co-catalisador (ainda que a razão Al/Ni permanecesse igual) a reação
apresentou produtividade comparável ao caso homogêneo utilizando 30 mL de solvente e
superior ao mesmo sistema utilizando 60 mL de solvente. Para o caso homogêneo, entretanto,
a produtividade foi menor utilizando maior quantidade de solvente. A razão para esse
comportamento anômalo é desconhecida. Era esperado que ambos os casos se comportassem
de maneira análoga, ou aumentando a produtividade devido ao maior volume reacional, o qual
suporta maior quantidade de polímero ou diminuindo a atividade devido à diluição do co-
catalisador.
48
Figura 32: Resultados comparativos entre os sistemas homogêneo e heterogêneo utilizando
diferentes quantidades de solvente (comparação entre os sistemas 1 e 4 respectivamente)
49
homogêneo, porém o desvio padrão indica invariabilidade entre os dois resultados obtidos.
Para o precursor heterogêneo, o acréscimo da razão Al/Ni tende a diminuir a produtividade do
sistema nessas condições reacionais. O caso homogêneo, entretanto, apresenta maior
produtividade na razão Al/Ni de 326. Talvez o efeito do contra-íon aglomerado seja melhor
percebido pelo sistema heterogêneo, pois este é naturalmente mais impedido espacialmente
justamente devido ao volume ocupado pelo suporte próximo ao centro ativo.
50
Figura 34: Resultados comparativos entre os experimentos 2 e 6 respectivamente obtidos a
partir da utilização dos dois precursores heterogêneos sC1 sintetizados
(a) (b)
Figura 35: Dados obtidos para a utilização de: (a) diferentes co-catalisadores (testes 7 e 9) e
(b) diferentes pressões (testes 6 e 8)
5.2.6.6 Cristalinidade
A cristalinidade dos polímeros obtidos a partir do emprego do precursor homogêneo
C1 e do precursor heterogêneo sC1 será avaliada com base nos dados comparativos
apresentados na Figura 37. Deste modo, a Figura 37 apresenta o comportamento da
cristalinidade frente a variação da temperatura reacional.
52
Figura 36: Análise de CED aplicada a três amostras de polímero a diferentes temperaturas
A cristalinidade pode ser influenciada por diversos fatores que, em geral, após a
contribuição ponderada deles, acarreta no valor experimental obtido. A razão Al/Ni também
exerceu influência na cristalinidade, conforme pode ser visualizado na Figura 37. A razão
Al/Ni = 108 gerou polímeros mais cristalinos (valor médio de cristalinidade).
A pressão total utilizada também foi avaliada para visualizar sua influência na
cristalinidade dos polímeros. Entretanto, os valores obtidos foram iguais, com exceção do
experimento realizado à menor pressão e em meio heterogêneo que apresentou valor médio
maior. Esperava-se que a pressão reacional imprimisse mudanças quanto à cristalinidade,
porém o leve acréscimo da pressão total pode ter exercido pouco efeito para este sistema.
Quanto a influência do co-catalisador utilizado, para ambos utilizados, a cristalinidade foi
maior para os testes em meio heterogêneo.
Tabela VIII: Resultados de TGA para PEs obtidos com precursor C1 (homogêneo) e precursor
suportado sC1 (heterogêneo)
Resíduo T máxima de T inicial de degradação (TI) e
Experimento Teste
final (%) degradação (°C) T final de degradação (TF) (°C)
1 0,58 493 393-524 (TF -TI =131)
2 1,05 493 403-519 (TF -TI =116)
56
Os demais dados obtidos para os teste 2-5 apresentaram grande similaridade. A faixa
de decomposição dos materiais foram muito próximas em todos os casos (variação de 5 °C).
Os testes em meio homogêneo apresentaram leve acréscimo quanto a temperatura inicial, o
que pode indicar leve acréscimo nas propriedades térmicas. O teste 3, realizado a 60 °C, para
ambos os casos, apresentou TI de degradação mais baixa. A esta temperatura os precursores
catalíticos de níquel exibem a tendência de produzir polímeros de menor peso molecular e
com maior índice de ramificações, o que exerce forte influência nas características térmicas
dos polímeros. Desta forma, a decomposição de polímeros ramificados e de baixo peso
molecular pode iniciar precocemente. Sabe-se, a partir da análise de CED, que os polímeros
obtidos a 60 °C exibiram menor cristalinidade, o que pode justificar a TI de degradação mais
baixa comparativamente aos demais experimentos.
As temperaturas máximas de degradação também foram próximas para todos os
experimentos. Os dados de TGA foram calculados, conforme exemplificado na Figura 39, a
partir da derivada da % mássica pela temperatura, calculada pelo software da TA Universal
Analysis.
Figura 39: Gráfico de TGA para a amostra de PE obtida no teste 5 em meio heterogêneo
57
Desta forma, a análise de TGA permitiu avaliar que os polímeros obtidos
apresentaram resistência térmica similar e que a zeólita utilizada como suporte catalítico não
alterou significativamente as propriedades dos produtos obtidos em meio heterogêneo.
Figura 40: Teste de lixiviação para o precursor SC1, (a) Sólido obtido após o teste de
lixiviação e (b) solvente contendo precursor catalítico solubilizado
58
Repetiu-se o procedimento do teste de lixiviação para o precursor suportado SC1b. O
sólido obtido ( denominado Sólido-Lixiviação 2), da mesma forma, foi testado na reação de
polimerização do etileno e apresentou produtividade igual ao sistema análogo (teste 6 descrito
na seção 5.2.5), ou melhor, dentro do desvio padrão apresentado para o teste 6. O líquido
obtido após o teste de lixiviação foi isolado e foi encaminhado para a analise de EAA a fim de
determinar a concentração de níquel presente na solução. A análise apontou,
aproximadamente, 2,3 % de níquel lixiviado do suporte para a solução. Este dado indica baixa
lixiviação do precursor ou até mesmo pode ser atribuída a espécies adsorvidas no suporte ou
até mesmo em decorrência à descoordenação do níquel e do ligante.
Sabe-se que a lixiviação do precursor catalítico leva à formação de espécies
catalíticas ativas em solução que são responsáveis por produzirem partículas sem controle
morfológico. Este simples teste foi muito importante para o desenvolvimento deste trabalho,
pois permitiu concluir que as espécies catalíticas fixadas no suporte foram as responsáveis
pela produção do PE e o controle morfológico sofreu pouca influência de outras espécies
catalíticas (livres).
Isso permite concluir que a reação de heterogeneização foi efetiva e que mesmo após
um período de trinta vezes o tempo da reação de polimerização o precursor C1 permaneceu
ligado ao suporte e manteve a atividade catalítica inalterada.
Tabela IX: Resultados das reações de polimerização em comparação com o precursor SC1
Teste Solvente (mL) PE (g) Produtividade (kg PE/mol Ni.h)
2 30 1,16±0,39 2269±775
Sólido-Lixiviação 1 30 1,39 2697
Líquido-Lixiviação 1 30 - -
6 30 2,28±0,47 2606±552
Sólido-Lixiviação 2 30 1,850 2103
Líquido-Lixiviação 2 Amostra utilizada para EAA de Ni (2,3 % de Ni lixiviado)
Condições reacionais: Reator de 200 mL com controle de temperatura e agitação magnética,
pressão constante de etileno a 3 bar (PT = 4 bar), 1 mL de solução de TMA (1 mmol/mL),
volume reacional de 30 mL, 100 mg do precursor SC1a (30,66 µmol/g) experimento 1 e 100
mg de precursor suportado SC1b (52,80 µmol/g) para o experimento 2, tempo reacional de 10
minutos e temperatura de 30 oC
59
5.2.6.10 Morfologia dos Polímeros Obtidos
O
A morfologia dos polímeros obtidos,
obtidos da zeólita ZSM-55 e das partículas PE-ZSM-5,
PE
foi avaliada a partir do uso da técnica de MEV, conforme especificado na seção 4.8.8. A
imagem (a), apresentada na Figura 41,, permite avaliar a morfologia do suporte que, conforme
apresentado, consiste em microesferas de aproximadamente 16 µm de diâmetro.
(a) (b)
Figura 41:: (a) Imagem obtida de uma partícula de zeólita ZSM-5
ZSM 5 esférica e (b) partícula de
zeólita ZSM-55 recoberta com PE (10 kV e magnificação de 5000x para ambas as partículas)
60
proximidade entre as partículas pode ocorrer o crescimento conjunto de partículas, as quais
formam aglomerados.
(c)) (d)
(e) (f)
Figura 42: Imagens dos PEs obtidos (c) 10 kV (magnificação de 300x), (d) 4 kV
(magnificação de 1000x), (e)
( 10kV (magnificação de 5000x) e (f) 4 kV (magnificação
( de
6000x)
61
(g) (h)
Figura 43: Imagens dos PEs obtidos no teste 2 a 4 kV (g) magnificação de 500x, (h)
magnificação de 2000x
A análise dos polímeros obtidos por MEV permitiu concluir que o suporte exerce
forte efeito sobre a morfologia das partículas em crescimento, sobretudo nos momentos
iniciais da reação. Conforme a reação procede, obtém-se partículas aglomeradas de polímero
e do suporte. Devido à grande produtividade do precursor sC1 a boa visualização do
crescimento das partículas de polímero pode ser comprometida, sobretudo devido às
condições reacionais (pequeno volume reacional) que pode favorecer a aglomeração de
partículas.
62
6 CONCLUSÃO
A zeólita ZSM-5 foi obtida com sucesso a partir da utilização do líquido iônico
BMI.Cl e apresentou morfologia adequada para a utilização como suporte catalítico na reação
de polimerização do etileno. O suporte catalítico obtido apresentou estreita distribuição de
diâmetro de partículas (microesferas de aproximadamente 16 µm de diâmetro).
Os quatro ligantes e os respectivos complexos de níquel foram sintetizados com
sucesso. Oito precursores catalíticos heterogêneos foram obtidos a partir de quatro diferentes
métodos de imobilização. Sete dos oito precursores heterogêneos obtidos, com exceção do
precursor suportado sC1, foram pouco eficientes ou ineficientes na reação de polimerização do
etileno, provavelmente devido à grande influência da interação iônica entre o centro metálico
e o suporte. A proximidade entre a espécie ativa e o suporte pode gerar dificuldades para o
acesso e coordenação do monômero, assim como, modificar a reatividade do metal. Desta
forma, o estudo de métodos alternativos para contornar estes problemas acarretou no bom
desempenho apresentado pelo precursor covalentemente suportado sC1. O precursor β-diimina
covalentemente suportado (sC3), devido à menor reatividade perante os precursores do tipo α-
diimina, apresentou baixa atividade catalítica quando suportado, apesar do método de
heterogeneização ter apresentado bons resultados para o precursor homogêneo C1.
O uso da zeólita ZSM-5 esférica como suporte catalítico foi muito eficiente para o
precursor α-diimina de níquel covalentemente suportado (sC1). A alta atividade catalítica deste
precursor, aliado ao bom desempenho do método de imobilização, proporcionou a obtenção
de um precursor catalítico com desempenho comparável ao análogo homogêneo. A
temperatura reacional apresentou forte influência na produtividade e nas características
térmicas dos polímeros obtidos. Quanto maior a temperatura reacional, menor foi a
produtividade e menor a cristalinidade dos polímeros obtidos. O co-catalisador também
exerceu forte influência no desempenho deste sistema catalítico. Quando MAO foi utilizado
em substituição ao TMA a produtividade aumentou, aproximadamente 14 vezes para o
sistema homogêneo (1079 kg PE/mol Ni.h para 14582 kg PE/mol Ni.h) e triplicou para o
sistema heterogêneo (4785 kg PE/mol Ni.h para 14375 kg PE/mol Ni.h). Outras variáveis
reacionais também provaram ter influência nas características do sistema como o volume
reacional, a razão Al/Ni e até mesmo a duplicata da síntese do precursor suportado sC1
apresentou modificações no desempenho do sistema catalítico.
O precursor catalítico C1 permaneceu imobilizado no suporte catalítico durante o
teste de lixiviação o que indica que ocorreu baixa lixiviação. O sólido obtido ao final dos
63
testes apresentou produtividade igual aos testes análogos sob as mesmas condições reacionais,
outro indicativo que apontou baixa lixiviação. O líquido obtido após os testes, quando
utilizado na reação de polimerização do etileno não produziu nem mesmo traços de polímero
devido à baixa concentração do precursor na solução. O líquido reacional também foi
utilizado na determinação da concentração de níquel por EAA e o dado obtido apresentou
lixiviação do precursor do suporte de, aproximadamente, 2,3 %, o que não alterou
significativamente a produtividade do sólido original.
A zeólita ZSM-5 esférica apresentou boa aplicabilidade como suporte catalítico e
promoveu bom controle morfológico dos polímeros obtidos. A técnica de MEV permitiu a
observação da morfologia das partículas e apontou bom controle morfológico, principalmente
nos momentos iniciais da reação. Desta forma, a reação ocorreu na interface sólido-líquido e a
proximidade do polímero com o suporte favoreceu o crescimento ordenado das cadeias
poliméricas.
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