Módulo 1 - o Valor Das Informações Das Patentes
Módulo 1 - o Valor Das Informações Das Patentes
Módulo 1 - o Valor Das Informações Das Patentes
Resultados de aprendizado
1
Diferentes países designam diferentes entidades para esta função. Tais entidades chamam-se frequentemente Instituto (ou
Escritório) de Propriedade Intelectual, Instituto (ou Escritório) de Propriedade Industrial, ou ainda Instituto (ou Escritório) de
Patentes. Em alguns casos, a entidade em questão está vinculada a um ministério, que pode ser, por exemplo, o Ministério da
Ciência e da Tecnologia, o Ministério do Comércio, ou ainda o Ministério da Justiça. Um repertório dos sites destas entidades
pode ser acessado por meio do seguinte link: http://www.wipo.int/directory/en/urls.jsp . No presente curso, o termo "Instituto
de Patentes" será utilizado para se referir a todos as entidades deste tipo.
Antes da chegada da internet, na maioria dos casos, quem quisesse realizar uma
busca das informações contidas nas patentes não tinha outra escolha senão consultar as
cópias impressas dos documentos de patente, reunidas em enormes coleções apenas
disponíveis nas principais bibliotecas (banco de patentes) de cada país.
Hoje em dia, muitos escritórios de patentes armazenam informações das patentes em
bases de dados especializadas, que podem ser consultadas por meio eletrônico. Qualquer
pessoa com acesso à internet pode navegar gratuitamente pelos arquivos de informações
das patentes, que geralmente permitem buscas por palavra-chave, classificação, nome,
data (etc.), como veremos mais detalhadamente nos Módulos 2 e 3. Essas bases de dados
constituem ricas fontes de informações e contêm, inclusive, os documentos hospedados na
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI ou WIPO, em inglês), bem como
nos institutos de patentes europeu, latino-americano, chinês, japonês, coreano e americano.
O portal da OMPI contém uma lista abrangente de tais bases de dados, com seus
respectivos links: www.wipo.int/ipdl/en/resources/links.html.
Os documentos de patente contêm as descrições dos conceitos científicos e técnicos,
bem como os detalhes práticos dos processos, aparelhos, composições químicas, etc. Em
muitas áreas técnicas, eles constituem a mais vasta e atualizada fonte de informações
disponível. Assim, quando não houver patente vigente (por exemplo, porque não foi
solicitada proteção em um determinado país ou porque a vigência da patente expirou), é
permitido o uso imediato das informações técnicas contidas em um documento de patente.
Por outro lado, se existir uma patente vigente, outros inventores talvez ainda possam
usufruir dessas informações, criando inovações (em produtos ou processos) que
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 7
©WIPO/INPI -2021
“contornem” a patente, isto é, propondo uma solução técnica diferente para o problema já
abordado, de forma que sua solução não coincida inteiramente com o alcance de proteção
determinado pela patente vigente.
Anualmente, mais de dois milhões de pedidos de patentes são depositados no mundo
todo. Embora muitos deles não cheguem até a etapa de concessão e embora as patentes
concedidas tenham vigência de no máximo 20 anos, existem mais de oito milhões de
patentes vigentes no mundo. Alguns países só publicam as patentes concedidas, enquanto
outros publicam tanto os pedidos, como as patentes concedidas. O número total de
documentos de patente publicados anualmente está em torno de dois milhões, em muitos
idiomas e que pertencem a muitas áreas técnicas.
Deve-se ressaltar que há casos de duplicação, já que pedidos para a mesma
invenção podem ser depositados em vários países. Portanto, uma única invenção pode
levar a vários documentos de patente, o que se chama família de patentes. Na realidade, há
em média dois ou três pedidos de patente para cada invenção protegida. “Famílias de
patentes” é um assunto que será debatido no Módulo 3 do curso.
Estima-se que há mais de 130 milhões de documentos de patente publicados no
mundo. É importante observar que cerca de dois terços das informações técnicas reveladas
em patentes não são publicados em nenhum outro lugar. Por essa razão, as informações
das patentes constituem o acervo mais abrangente de dados tecnológicos classificados.2
No caso de algumas tecnologias, apenas os documentos publicados recentemente são
relevantes; os documentos mais antigos têm principalmente interesse histórico. No entanto,
existem muitas invenções relacionadas a itens de uso diário, tais como: escadas, escovas,
roupas, mobília, ferramentas manuais, equipamentos domésticos, etc. Para esses tipos de
invenções, as patentes antigas ainda podem ser altamente relevantes.
É possível, contudo, proteger sua invenção por outros meios, isto é, além de ou em
vez de obter uma patente. Logo, outros tipos de proteção podem ser:
Modelo de utilidade (também chamado de pequena patente ou patente de
inovação) é um tipo de patente, porém mais barato, mais rápido e mais fácil de se
obter do que a patente de invenção (PI). Em geral, os requisitos para a aquisição
do modelo de utilidade (MU) são menos rigorosos do que para a PI: no caso do
MU, em alguns países, o pedido pode, por exemplo, não ser submetido a qualquer
exame. Por outro lado, o MU não é tão forte quanto a PI e pode não durar o
mesmo número de anos.3 Além disso, a proteção conferida pelo MU só pode ser
obtida para determinadas áreas tecnológicas, e nem todos os países concedem
esse direito. No Brasil, a Lei da Propriedade Industrial (LPI) prevê a proteção por
modelo de utilidade. Assim, informações adicionais sobre o MU podem ser
encontradas na página virtual do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)
- Brasil em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/patentes/guia-basico
Algumas bases de dados incluem, além das patentes (PI), os modelos de utilidade e
os desenhos industriais, pois eles podem fornecer dados úteis acerca do estado da técnica.
Vale salientar que em alguns países, o desenho industrial é considerado um tipo de patente.
Mas isso não é a regra geral. No Brasil, o desenho industrial é um registro.
O INPI é o órgão governamental responsável por gerenciar a base de dados formada
pelos documentos de patentes depositados no Brasil (https://www.gov.br/inpi/pt-br). Esta
base inclui todos os pedidos de patente de invenção (PI) e de modelos de utilidades (MU),
que foram depositados neste instituto. Atualmente, os pedidos de depósitos de patente
podem ser feitos por meio eletrônico, utilizando o portal do INPI (Figura 3).
A patente pode ser algo de grande valor para atrair investidores. Como veremos nesta
parte do curso (ver Análise de Caso 1-4), quando uma patente é concedida a uma empresa
líder em certa área tecnológica, outros pesquisadores do mesmo ramo demonstram
interesse, e o setor financeiro também.
Se a empresa for uma entidade estrangeira, pode haver transferência de tecnologia
por licença de exploração de patente e Investimento Estrangeiro Direto (IED) na empresa.4
Para obter maiores informações sobre o processo de averbação ou registro de contrato de
licença de patente e/ou contrato de transferência de tecnologia no Brasil, feita no âmbito do
INPI, sugere-se acessar a página do INPI disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-
br/servicos/contratos-de-tecnologia-e-de-franquia .
4
Na relação de IED, há uma matriz e uma subsidiária estrangeira instalada em determinado(s) país(es), que juntas constituem
uma empresa multinacional, com a matriz detendo o controle sobre as suas subsidiárias ao redor do mundo.
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 15
©WIPO/INPI -2021
1.5.5 Territorialidade e uso de informações das patentes
“As patents have a strictly territorial effect, industries in these countries could take the
information out of patents as disclosed at foreign patent offices and use it freely as
these technologies were not patented in their own territories”. 5
A territorialidade das patentes é importante por duas razões, no que diz respeito ao
uso de informações sobre patentes. Primeiramente, como explicitado na seção 1.5.2 acima,
antes de lançar um produto em algum território, a busca de liberdade de operar pode revelar
a existência de qualquer patente válida (vigente) nesse território, cujo produto correria o
risco de infringir. Em segundo lugar, as buscas podem mostrar se uma tecnologia está
protegida em determinado território. Neste caso, isto revelará oportunidades futuras de uso
dessa tecnologia dentro do mesmo território, quando a patente não for mais válida.
Em virtude da forte alta nos custos de P&D, e das rápidas mudanças tecnológicas que
levam a ciclos de produção cada vez mais reduzidos, a ideia de se adquirir uma tecnologia
ou obter uma licença, em vez de reinventá-la vem ganhando cada vez mais adeptos. Ou
seja, é frequente investidores optarem por obter a licença de uma tecnologia de que
precisam, em vez de desenvolver essa tecnologia. Por esse motivo, muitas vezes, eles
recorrem a algo que se chama mineração de patentes, isto é, a busca de informações sobre
patentes para as tecnologias mais recentes em determinada área. O objetivo desses
investidores é evitar o custo total do desenvolvimento de uma invenção iniciada partindo do
zero.
A mineração de patentes funciona melhor quando a empresa identifica alguma
tecnologia complementar ou relacionada ao seu negócio principal. Nesse caso, a empresa
autora da busca pode se encontrar bem-posicionada para avaliar a patente, desenvolvê-la e
comercializá-la de alguma maneira não acessível para o titular da patente. Muitos titulares
se mostram dispostos a conceder licenças ou atribuir patentes por diversas razões. Uma
delas pode ser o fato de a região geográfica ou o segmento de mercado não parecer
atraente para o titular. Em alguns casos, o titular pode ter desenvolvido uma invenção e
percebido, logo em seguida, que essa invenção não se encaixava no plano de negócios da
empresa. Em outros casos, o titular pode ter explorado a invenção patenteada, mas já não a
usa em seus produtos, devido ao surgimento de novas invenções ou abordagens de
produto que superaram a invenção mais antiga. Um estudo mostrou que 67% das empresas
americanas detêm ativos tecnológicos (avaliados entre US$115 bilhões e US$1 trilhão) que
não conseguem explorar. Estima-se que cerca de US$100 bilhões estão atrelados a
5
Karapinar Baris; Temmerman Michelangelo. Benefiting from biotechnology: pro-poor IPRs and public private partnerships;
Biotechnology Law Report, 27:3, 189-202 (June 2008).
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 16
©WIPO/INPI -2021
inovações inativas presentes no portfólio de PI de grandes empresas. Em vez de continuar
pagando as taxas (anuidades) para manter a patente, a empresa pode colocá-la à venda ou
licenciá-la. Manter patentes não exploradas pode se revelar oneroso, e uma patente tem
"vida efetiva" média de 5 anos antes de ser abandonada. Segundo estimativas, somente
37% das patentes são conservadas até o final do prazo. 6
6
Vermont, Samson. “Patent costs and benefits: the economics of patents and litigation”. PART II, PP. 5-6. Patent strategy &
Management, Agosto, 2001.
7
Ver www.surfip.com
Por outro lado, os pesquisadores da CEPIT também elaboram estudos e outros tipos
de levantamentos em documentos de patentes publicados (exemplo: Radares
Tecnológicos) para: o governo (exs.: Ministério da Saúde ou MCTI); instituições parceiras
(exemplos: FIOCRUZ, INMETRO, BNDES, ABDI, APEX, SEBRAE); ou ainda, para
associações de setores da economia brasileira (ex: ABIQUIM - Associação Brasileira da
Indústria Química). O objetivo destes estudos é apoiar políticas públicas e divulgar a
importância do uso estratégico da informação tecnológica contida em documentos de
patente dentro do país, colaborando, assim, com o desenvolvimento econômico e social do
Brasil.
Aqueles interessados em conhecer os estudos e radares tecnológicos já elaborados
pela CEPIT (DIRPA / INPI), a fim de auxiliar nas suas pesquisas ou tomadas de decisão,
podem consultá-los, já que estão disponíveis no portal do INPI, na área de informação
tecnológica de patentes (Figuras 9 e 10) ou acessando o link: https://www.gov.br/inpi/pt-
br/servicos/patentes/informacao-tecnologica .
8
https://www.wipo.int/ip-development/en/agenda/
9
https://www.wipo.int/ip-development/en/agenda/recommendations.html
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 22
©WIPO/INPI -2021
Para promover a inovação no país e com isso gerar desenvolvimento, algumas
políticas públicas têm sido implementadas no Brasil por diversos órgãos governamentais
com o objetivo de alertar os pesquisadores brasileiros sobre a importância das informações
contidas em documentos de patentes, incentivando o seu uso. No caso do CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgão ligado ao Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), desde 2010 esta instituição
pública passou a exigir a busca patentária como item do roteiro de apresentação dos
projetos nos editais RHAE Pesquisador na Empresa. A intenção, porém, é ampliar esta
exigência para todos os projetos com viés tecnológico, a fim de evitar a duplicidade de
esforços e reduzir custos de pesquisa. Outras informações podem ser obtidas em
https://www.gov.br/mcti/pt-br ou www.cnpq.br .
10
https://www.wipo.int/tk/en/igc/
11
https://www.wipo.int/export/sites/www/tk/en/igc/pdf/igc_mandate_1617.pdf
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 23
©WIPO/INPI -2021
direitos sobre cultivares. Examinadores de Institutos de Patentes realizam buscas para
determinar se uma invenção é nova e inventiva. Para garantir que eles dispõem das
informações relevantes, a OMPI está considerando prestar-lhes assistência por meio de
bases de dados, diretrizes, ferramentas de pesquisa e sistemas de classificação. Outro
passo mais controverso em estudo consistiria em exigir que os depositantes de patentes
revelassem a fonte de quaisquer RG que tenham usado e de quaisquer acordos de partilha
de benefícios que tenham firmado, e em penalizá-los em caso de não cumprimento não
concedendo uma patente, por exemplo, ou revocando uma patente concedida.
Além do exposto acima, a OMPI organiza workshops e seminários, desenvolve
materiais informativos e bases de dados, e fornece assessoria jurídica, educação e
treinamento. A OMPI tem um programa de aprendizagem a distância sobre PI e CT, ECT e
RG em cooperação com a Academia da OMPI. O Centro de Arbitragem e Mediação da
OMPI pode ajudar na resolução de disputas sobre titulares de proteção e usuários terceiros
dos CT, ECT e RG.
Este assunto será abordado mais detalhadamente no Módulo 6. Para uma revisão
abrangente, leitores devem consultar o portal da OMPI https://www.wipo.int/tk/en/tk/ e a
publicação da mesma intitulada Intellectual Property and Genetic Resources, Traditional
Knowledge and Traditional Cultural Expressions (2020), que pode ser acessada pelo
seguinte link https://www.wipo.int/publications/en/details.jsp?id=248
No Brasil, a Lei 13.123, de 20 de maio de 2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio
genético nacional (PGN), sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional
associado (CTA) e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da
biodiversidade. Esta Lei está regulamentada pelo Decreto No. 8.772, de 11 de maio de
2016 que, dentre outras disposições, cria o Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio
Genético e do conhecimento Tradicional Associado - SisGen, sistema eletrônico
implementado em 6 de novembro de 2017, para o gerenciamento do cadastro de acesso ao
PGN ou ao CTA.12
O cadastramento no SisGen deverá ser realizado previamente ao requerimento de
qualquer direito de propriedade intelectual. Todos os pedidos de patente envolvendo acesso
ao PGN ou CTA realizados após 30 de junho de 2000 no Brasil deverão comprovar o
cadastramento e/ou autorização de acesso. Esta comprovação é necessária porque a Lei nº
13.123/2015 estabelece que, para fins de regularização no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI) dos pedidos de patentes depositados durante a vigência da
Medida Provisória nº 2.186-16/2001, o requerente deverá apresentar o comprovante de
cadastro ou de autorização de acesso ao PGN e/ou CTA no prazo de um ano contado a
partir de 06 de novembro de 2017.
12
SisGen. Disponível em https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/patrimonio-genetico/sisgen
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 24
©WIPO/INPI -2021
(ii) o desenvolvimento de competências profissionais a fim de assegurar um uso eficiente do
sistema de PI na área de inovação e transferência de tecnologia.
13
Fonte: CDIP, WIPO, 2010.
13
As figuras acima foram extraídas do seguinte artigo da Comissão de Desenvolvimento e Propriedade Intelectual (CDIP):
Project paper on innovation and technology transfer support structure for national institutions, que está disponível em:
https://www.wipo.int/edocs/mdocs/mdocs/en/cdip_3/cdip_3_inf_2_study_vii_inf_1.pdf A CDIP13 foi criada pela Assembleia
Geral da OMPI de 2008 com a missão de desenvolver um programa de trabalho para a implementação das 45
recomendações adotadas na Agenda do Desenvolvimento. CDIP/3/INF/2/STUDY/VII/INF/1 (Original: October 15, 2010).
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 25
©WIPO/INPI -2021
módulos de fortalecimento de capacidades em qualquer área de seu interesse (desde a
conscientização básica sobre PI até o desenvolvimento de infraestruturas de PI e
desenvolvimento de capital humano). A “Estrutura de Apoio à Inovação e à Transferência de
Tecnologia” para Institutos Nacionais pode atender a muitas das necessidades dos Estados
Membros, em todas as diferentes áreas da PI (incluindo, entre outras coisas, patentes,
modelos de utilidade, marcas, direitos autorais, desenhos industriais e segredos industriais).
14
Fonte: CDIP, WIPO, 2010.
14
Idem nota de rodapé nº 12.
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 27
©WIPO/INPI -2021
1.6.4 A Agenda para o Desenvolvimento e o Programa dos Centros de Apoio
à Tecnologia e Inovação (TISC) da OMPI
Trata-se de uma rede social que permite à comunidade TISC mundial colaborar,
trocar informações e acessar novas oportunidades de aprendizagem. Pode-se juntar à
eTISC para:
ter acesso imediato à rede TISC mundial por meio de bate-papos, fóruns, grupos
TISC nacionais e serviço de fotos populares;
participar de eventos TISC (bate-papos, webinários, missões / workshops TISC);
manter-se atualizado por meio do blog de notícias eTISC;
usar o serviço de assistência para os TISC e os programas ARDI/ASPI (ver Módulo
3 para uma discussão sobre os programas ARDI/ASPI);
participar dos bate-papos Ask the Expert (Pergunte ao Especialista) para discutir
questões de PI com os mais conceituados acadêmicos e profissionais do setor
privado e fazer suas perguntas durante nossos bate-papos offline mensais. Os
bate-papos Ask the Expert só são abertos para membros eTISC.
Os exemplos a seguir são de casos reais em que as informações das patentes foram
usadas de forma muito eficaz. Eles mostram como as informações das patentes podem ser
usadas de diferentes maneiras por qualquer pessoa que queira encontrar uma solução
específica para um problema específico. O uso estratégico de informações das patentes
demonstra como países em desenvolvimento podem se beneficiar com as informações
sobre patentes e com o desenvolvimento de uma política de PI para estimular o crescimento
econômico.
15
Fonte: Wall Street Journal (Bruxelas), 3 de março, 1999, p. 14.
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 34
©WIPO/INPI -2021
inseridas numa cultura de inovação podem fazer o mesmo. Neste caso, é só uma questão
de conscientização.16
A Rica Industries, empresa malaia, era uma típica PME, com menos de 150
funcionários e faturamento anual de menos de US$ 8 milhões. A empresa fabricava e
vendia produtos químicos e prestava consultoria para assuntos de produção e controle de
qualidade.
A empresa iniciou suas operações comprando fórmulas químicas e expertise de
firmas estrangeiras de tecnologia, e uma boa parte das suas receitas era usada para pagar
royalties aos licenciantes. Para reduzir os pagamentos de royalties e aumentar os lucros, a
Rica Industries criou seu próprio departamento de P&D com o intuito de desenvolver suas
próprias fórmulas químicas, e fabricar e vender seus próprios produtos químicos.
Como parte do processo, a equipe de P&D explorou o potencial do uso estratégico de
informações sobre patentes, como explicitado em uma declaração de seu químico chefe:
"As informações sobre patentes são algo que eu acho muito interessante. Diferentes
patentes me ensinam diferentes maneiras de resolver problemas."
Aos poucos, a empresa foi registrando algumas histórias de sucesso graças a novos
produtos químicos desenvolvidos com o auxílio de informações sobre patentes. Uma delas
ocorreu na indústria de fabricação de armários metálicos. Convencionalmente, as placas de
aço (baixo carbono) precisam ser tratadas com fosfato de ferro em câmara quente, a
temperaturas entre 50° C e 70° C. Após esse tratamento de calor, as chapas de aço são
pintadas. Mas os custos de construção e manutenção de uma câmara quente são elevados.
O problema da empresa era: reduzir os custos de construção e operação de câmaras
quentes desenvolvendo uma nova fórmula química que pudesse ser usada para tratar
chapas metálicas com fosfato de ferro à temperatura ambiente.
A equipe coletou informações em periódicos técnicos e em patentes, e a partir daí,
pôde desenvolver suas próprias soluções técnicas e patenteá-las. Para exemplos, veja as
patentes US 3060066, US 4017335, US 4149909, e US 5137589.
A importância das informações sobre patentes é ressaltada em algumas declarações
da empresa:
"Alguns exemplos funcionaram bem, outros não. Mas isso não me incomoda. O que é
importante são as pistas ou ideias que os documentos de patente nos dão."
"Durante o processo, nós reunimos muitas boas ideias e pistas para resolver o nosso
problema. Valorizamos todas elas."
17
Fonte: Estudo de caso extraído de “Experience of Japan”, publicado pelo Instituto de Propriedade Intelectual (Tóquio).
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 36
©WIPO/INPI -2021
"Associamos as ideias valiosas que encontramos em documentos de patente a nossas
próprias pesquisas e ideias sobre como resolver o problema. Fizemos muitas experiências.
Nessa conexão, as informações sobre patentes nos mostraram várias possibilidades de
abordagem do problema. Elas são um verdadeiro atalho no processo de resolução de
problemas."
18
Birch Bayh & Bob Doyle, Bayh-Dole+25, Tech Comm The National Journal of Technology Commercialization, abril-maio de
2005.
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 37
©WIPO/INPI -2021
criação de um ambiente de colaboração contínua entre governo, universidades e
pesquisadores do setor privado.
A lei Bayh-Doyle, que surgiu graças ao uso de informações das patentes como
ferramenta estatística para a formulação de políticas, foi instrumental para o
desenvolvimento de tecnologias e produtos novos que sem ela talvez tivessem
permanecido inativos até hoje. Duas décadas depois da sua introdução, a lei Bayh-Doyle foi
descrita como "provavelmente a lei mais inspiradora adotada nos Estados Unidos no último
meio século”19
No Brasil, a Lei de Inovação Tecnológica (nº 10.973 de 02 de dezembro de 200420,
alterada pela Lei 13.243 de 11 de janeiro de 201621, e em seguida pelo Decreto 9283 de
201822) tem como objetivo:
a) Estimular a criação de ambientes especializados e cooperativos de inovação;
b) Estimular a participação de Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) no processo de
inovação;
c) Estimular a inovação nas empresas;
d) Estimular o inventor independente;
e) Estimular a criação de fundos de investimentos para a inovação.
Além disso, esta lei instituiu os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) nas
instituições de ciência e tecnologia públicas. O objetivo desses núcleos é gestão de política
institucional de transferência de tecnologia das instituições de ciência e tecnologia para o
setor empresarial.23
19
Innovation’s Golden Goose, Technology Quarterly Section, The Economist, 3 (12 de dezembro de 2002).
20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm
21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13243.htm
22
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/d9283.htm
23
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Inova%C3%A7%C3%A3o_Tecnol%C3%B3gica e
https://www.scielo.br/j/read/a/b8mzDddpnqBGwdZ94zFwB7C/?lang=pt
24
https://www.inova.unicamp.br/
25
Palazi, Ana Paula. Inova UNICAMP, Notícias Inova, 05/04/2021. Informações disponíveis em
https://www.inova.unicamp.br/noticias-inova/unicamp-dobra-o-numero-de-contratos-assinados-e-atinge-170-licencas-
vigentes-em-2020/ .
DL 318P BR-M1-(v5)- Página 38
©WIPO/INPI -2021
instituição aumentou a quantidade de contratos de tecnologia assinados com empresas,
alcançando a marca de 170 licenças vigentes. Segundo o Relatório Anual 2020, os
contratos de transferência e de licenciamento de tecnologia firmados no ano passado
geraram ganhos econômicos de 1,9 milhões de reais, incluindo royalties. Desta forma, a
universidade gera conhecimento e tecnologia, recursos para continuar as pesquisas, e o mais
importante é a transferência para o mercado, pois isto fará com que essas tecnologias possam ser
utilizadas pela sociedade, completando o ciclo de inovação e tornando as empresas parceiras mais
competitivas.
Um exemplo desta aproximação / parceria entre universidades e empresas se dá
entre a UNICAMP e a Usina de São Francisco e a Organização Balbo, em Sertãozinho. É
na Usina de São Francisco que se desenvolve o “Projeto Cana Verde”26, o maior programa
de agricultura orgânica do mundo, iniciado há mais de 30 anos. Este projeto tornou esta
usina a pioneira no Brasil na geração de excedente de energia elétrica a partir do bagaço
da cana. (Figura 18) A UNICAMP também tem parcerias com outras empresas, como por
exemplo, a Bunge (uma empresa multinacional) no desenvolvimento do produto Biphor
(pigmento branco para tintas) e do seu processo de fabricação, onde a universidade
forneceu as instalações e é responsável pela parte operacional da pesquisa (a empresa
participou através do financiamento do desenvolvimento do produto e do processo).27 Neste
caso, as patentes do produto Biphor e de seu processo de fabricação pertencem a ambas.28
26
https://www.nativealimentos.com.br/nosso-mundo/projeto-cana-verde
27
A UNICAMP também forneceu recursos do Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP) para as despesas de
operação.
28
Fonte: SANTOS, E.V.; MACHADO, R.P.M.; FRANÇA, S. A história da tecnologia
brasileira contada por patentes (The Brazilian technology history
counted by patentes). Rio de Janeiro: INPI, 2008. 81 p., il., 23 cm.
PAV1.1: Qual o papel do sistema de patentes? (pode marcar mais de uma opção)
PAV1.4: Que outros meios – além da patente – podem ser usados para proteger vários
aspectos relacionados a uma invenção ou à comercialização dela?
1. Segredo Industrial.
2. Desenhos.
3. Modelos de utilidade.
4. Marcas.
5. Direitos autorais.
1. É aconselhável realizar uma busca de informações das patentes antes de começar um projeto de
pesquisa.
PAV1.6: Descreva, em algumas palavras, uma das formas como as informações das
patentes podem ser diretamente usadas por um inventor à procura de oportunidades
comerciais no seu país.
PAV1.8: Descreva em poucas palavras três formas como alguns Institutos de Patentes
estão desenvolvendo serviços para ter um impacto direto no crescimento econômico.
PAV1.9: Enumere os três aspectos das formas tradicionais de criatividade e inovação para
as quais se está buscando uma melhor proteção para povos indígenas no âmbito da
Agenda da OMPI para o Desenvolvimento.
PAV1.10: Enumere as duas principais áreas de apoio – que visam a estimular a inovação
local e transferência de tecnologia em países em desenvolvimento – disponibilizadas no
âmbito da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento.
PAV1.11: Enumere alguns dos serviços que podem ser oferecidos pelos Centros de Apoio à
Tecnologia e Inovação (TISC) criados no âmbito da Agenda da OMPI para o
Desenvolvimento.
[Fim do Módulo 1]