Módulo 1 - o Valor Das Informações Das Patentes

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DL 318P BR – Busca de Informações de Patentes

Observação de ensino: Este módulo requer cerca de 6 horas de estudo. Sempre


que forem sugeridos links da internet, favor visitá-los.

MÓDULO 1: INTRODUÇÃO – O VALOR DAS


INFORMAÇÕES DAS PATENTES

Resultados de aprendizado

Depois de concluir este módulo com sucesso, os estudantes poderão descrever:


 o objetivo do sistema de patentes no mundo todo
 os diferentes tipos de informações de patentes encontradas nos documentos
de patente
 como acessar as informações das patentes
 algumas alternativas à patente
 alguns dos riscos de não se efetuar as buscas de informações das patentes
 como usar informações sobre patentes em estratégia corporativa. Por
exemplo: para identificar possíveis parcerias comerciais, oportunidades de
concessões de licença e tecnologias desprotegidas; para facilitar fusões e
aquisições, transferências de tecnologia e investimento estrangeiro direto
 a Agenda da OMPI para o Desenvolvimento e informações sobre patentes,
incluindo:
o Conhecimentos Tradicionais (CT), Expressões Culturais Tradicionais (ECT) e
Recursos Genéticos (RG);
o Inovação e Transferência de Tecnologia;
o O Programa dos Centros de Apoio à Tecnologia e à Inovação (TISC) da OMPI

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Conteúdo do módulo

1.1 Introdução – o sistema de patentes

1.2 O que são informações sobre patentes?

1.3 Como acessar informações sobre patentes?

1.4 Algumas alternativas à patente

1.5 Valor e usos das informações contidas nas patentes

1.5.1 Custo de uma busca insuficiente de informações das patentes


1.5.2 Custo de litígio
1.5.3 Uso de informações das patentes em estratégia corporativa
1.5.4 Transferência de tecnologia e investimento estrangeiro direito
1.5.5 Territorialidade e uso de informações das patentes
1.5.6 Mineração de patentes
1.5.7 O papel dos Institutos de Patentes para a promoção do uso de informações
das patentes

1.6 As informações das patentes e a Agenda da OMPI para o Desenvolvimento


1.6.1 Panorama da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento
1.6.2 A Agenda para o Desenvolvimento e os Conhecimentos Tradicionais (CT), as
Expressões Culturais Tradicionais (ECT) e os Recursos Genéticos (RG)
1.6.3 A Agenda para o Desenvolvimento e Inovação e Transferência de Tecnologia
1.6.4 A Agenda para o Desenvolvimento e o Programa dos Centros de Apoio à
Tecnologia e à Inovação (TISC) da OMPI
1.6.5 Plataforma Proyecta - Prosur

1.7 Como usar informações das patentes; alguns estudos de caso


1.7.1 Estudo de caso 1: O contrato de licença
1.7.2 Estudo de caso 2: A busca de informações das patentes
1.7.3 Estudo de caso 3: Informações das patentes e estratégia de
marketing/investimento
1.7.4 Estudo de caso 4: O uso de informações das patentes para solucionar um
problema técnico
1.7.5 Estudo de caso 5: Informações das patentes como elemento para a elaboração
de políticas (A lei Bayh-Dole, EUA)
1.7.6 Estudo de caso 6: Parceria entre universidade e empresa no Brasil
1.7.7 Estudo de caso 7: A busca de informações das patentes licenciadas no INPI
(Brasil)

1.8 Perguntas para autoavaliação

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1.1 Introdução – O sistema de patentes

De acordo com o sistema de patentes, um governo pode conceder a um inventor uma


patente por uma nova invenção. Esta patente confere ao seu titular o direito de
exclusividade na exploração da invenção. Outras pessoas, portanto, não podem fabricar,
utilizar, vender, oferecer à venda ou importar esta invenção sem o consentimento do titular
da patente. Este direito é, por natureza, territorial, ou seja, é específico para cada país (ou
região), e tem prazo de validade limitado, geralmente não ultrapassando 20 anos.
Contudo, isto representa apenas metade do sistema de patentes. Em contrapartida à
concessão do direito exclusivo, o sistema de patentes exige do inventor uma descrição
completa do funcionamento da invenção, no pedido de patente. Assim, o pedido com a
descrição da invenção é publicado (na RPI, no caso do Brasil), após o período de sigilo, e
fica disponível para o público em geral que desejar consultar as informações contidas.
Portanto, há um custo e um benefício tanto para o inventor como para o público: o inventor
goza de monopólio por um prazo limitado; já o público pode usufruir do acesso aos detalhes
sobre a nova tecnologia a fim de inspirar novas pesquisas neste campo tecnológico.
Em resumo, segundo o sistema de patentes, as novas invenções ficam protegidas por
um prazo limitado, mas os seus detalhes técnicos são publicados. Trata-se de um sistema
que incentiva a invenção e, por conseguinte, impulsiona o crescimento econômico.
Esta segunda função – a publicação das informações contidas nos documentos de
patente – é o resultado da acumulação de milhões de soluções tecnológicas para as
inúmeras dificuldades com as quais as pessoas se confrontam diariamente. No presente
curso, vamos discutir esse rico banco de conhecimentos e informações científicas que se
encontram nos documentos de patente.
Portanto, este curso terá como foco a busca e o uso estratégico das informações
contidas nos documentos de patentes publicados. Graças à internet e sua capacidade de
recuperar inúmeros dados armazenados e divulgados, as informações contidas nos
documentos de patentes são hoje facilmente acessíveis ao público interessado. O grande
volume de informações disponíveis levou ao desenvolvimento de meios sistemáticos de
armazenamento e busca de informações das patentes. Além de apresentar as diferentes
formas de usar as informações contidas nas patentes, este curso também explicará os
métodos pelos quais estas informações são classificadas e pesquisadas em uma escala
internacional. Os alunos terão também a oportunidade de estudar casos que mostram como
alguns inventores, empresas e instituições de P&D utilizam uma das mais ricas fontes de
informações tecnológicas do mundo. Por meio dos “Exercícios de Busca”, “Perguntas de
Autoavaliação”, entre outros recursos disponibilizados nesses módulos, você será levado a
realizar buscas de informações contidas nas patentes e aprenderá com a experiência de
profissionais que recorrem diariamente às bases de dados de informações das patentes.

1.2 O que são informações das patentes?

Para se solicitar uma patente, deve-se depositar um pedido de patente no órgão


governamental competente (no caso do Brasil, no INPI - Instituto Nacional da Propriedade
Industrial). Embora os procedimentos divirjam de país para país, há muita coisa em comum
entre eles. Em alguma etapa do processo, será publicado o documento de patente, que
deverá conter tanto informações técnicas como jurídicas, incluindo:
 os nomes do inventor e do titular da patente (podem ser entidades diferentes);
 datas de depósito, de publicação, etc.;
 uma descrição completa de como a invenção funciona;

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 uma definição da invenção reivindicada pelo depositante, no campo reivindicações.
Estas reivindicações determinam o alcance jurídico do direito conferido pela
patente com base nas características essenciais da invenção;
 várias outras informações relevantes (exemplo: classificações de patentes).

Este documento pode também apresentar referências a outras patentes existentes ou


documentos pertinentes à invenção.
No presente curso, serão apresentadas as informações comuns aos documentos de
patente publicados pelos institutos de patentes em todo o mundo.1 Contudo, nesta versão
do curso, serão mostrados em mais detalhes os documentos de patente depositados no
Brasil (no INPI) para que os alunos possam conhecê-los melhor. Assim, são apresentadas a
seguir as folhas de rosto de dois documentos de patente: o primeiro (Figura 1) é um pedido
de patente depositado no Brasil (INPI), enquanto o segundo (Figura 2) mostra um
documento de patente depositado via PCT.
Figura 1: Folha de rosto de um documento de patente depositado no INPI - Brasil

1
Diferentes países designam diferentes entidades para esta função. Tais entidades chamam-se frequentemente Instituto (ou
Escritório) de Propriedade Intelectual, Instituto (ou Escritório) de Propriedade Industrial, ou ainda Instituto (ou Escritório) de
Patentes. Em alguns casos, a entidade em questão está vinculada a um ministério, que pode ser, por exemplo, o Ministério da
Ciência e da Tecnologia, o Ministério do Comércio, ou ainda o Ministério da Justiça. Um repertório dos sites destas entidades
pode ser acessado por meio do seguinte link: http://www.wipo.int/directory/en/urls.jsp . No presente curso, o termo "Instituto
de Patentes" será utilizado para se referir a todos as entidades deste tipo.

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Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

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Figura 2: Folha de rosto de um pedido de patente depositado via PCT

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Fonte: Portal do USPTO, 2021.
Segue abaixo uma curta descrição das várias partes que constituem um documento
de patente. Este assunto será abordado mais detalhadamente no Módulo 2.
Documentos de patente publicados em todo o mundo geralmente seguem a mesma
organização. A primeira página, em geral, exibe os dados bibliográficos, que incluem o título
da invenção, a data de depósito, informações detalhadas sobre o(s) inventor(es), o nome do
detentor da patente etc. Ela pode também conter um resumo da invenção acompanhado de
um desenho para ilustrá-la.
A descrição é a parte mais importante e informativa do documento no que diz respeito
aos detalhes técnicos. Nesta parte, a invenção deve ser escrita de forma suficientemente
detalhada para que um conhecedor da área técnica em questão (por exemplo: produtos
farmacêuticos, de informática, maquinário agrícola, biotecnologia etc.) seja capaz de
entender e executar a invenção sem maiores dificuldades. Além de texto, a descrição pode
também conter ilustrações como desenhos, fluxogramas, diagramas de circuito ou
esquemas de estruturas químicas.
A parte das reivindicações é o componente jurídico do documento. Ela delimita o
alcance da proteção jurídica e geralmente inclui todas as características essenciais da
invenção. Ao redigir as reivindicações, o depositante deve ter como objetivo uma proteção
mais abrangente possível, formulando reivindicações com o máximo de amplitude. No
Instituto de Patentes, para dar prosseguimento ao pedido, um examinador de patentes
deverá assegurar (se necessário), que as reivindicações estejam redigidas (delimitadas)
corretamente, de forma que sua amplitude seja justificada em virtude do estado da técnica.
Os esforços conjuntos do depositante e do instituto de propriedade industrial têm por meta
assegurar o equilíbrio entre os direitos do depositante e aqueles de possíveis concorrentes.
Em caso de litígio de patentes, a interpretação das reivindicações é o primeiro passo para
se determinar se a patente é de fato válida ou se houve infração da patente.

1.3 Como acessar informações das patentes?

Antes da chegada da internet, na maioria dos casos, quem quisesse realizar uma
busca das informações contidas nas patentes não tinha outra escolha senão consultar as
cópias impressas dos documentos de patente, reunidas em enormes coleções apenas
disponíveis nas principais bibliotecas (banco de patentes) de cada país.
Hoje em dia, muitos escritórios de patentes armazenam informações das patentes em
bases de dados especializadas, que podem ser consultadas por meio eletrônico. Qualquer
pessoa com acesso à internet pode navegar gratuitamente pelos arquivos de informações
das patentes, que geralmente permitem buscas por palavra-chave, classificação, nome,
data (etc.), como veremos mais detalhadamente nos Módulos 2 e 3. Essas bases de dados
constituem ricas fontes de informações e contêm, inclusive, os documentos hospedados na
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI ou WIPO, em inglês), bem como
nos institutos de patentes europeu, latino-americano, chinês, japonês, coreano e americano.
O portal da OMPI contém uma lista abrangente de tais bases de dados, com seus
respectivos links: www.wipo.int/ipdl/en/resources/links.html.
Os documentos de patente contêm as descrições dos conceitos científicos e técnicos,
bem como os detalhes práticos dos processos, aparelhos, composições químicas, etc. Em
muitas áreas técnicas, eles constituem a mais vasta e atualizada fonte de informações
disponível. Assim, quando não houver patente vigente (por exemplo, porque não foi
solicitada proteção em um determinado país ou porque a vigência da patente expirou), é
permitido o uso imediato das informações técnicas contidas em um documento de patente.
Por outro lado, se existir uma patente vigente, outros inventores talvez ainda possam
usufruir dessas informações, criando inovações (em produtos ou processos) que
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“contornem” a patente, isto é, propondo uma solução técnica diferente para o problema já
abordado, de forma que sua solução não coincida inteiramente com o alcance de proteção
determinado pela patente vigente.
Anualmente, mais de dois milhões de pedidos de patentes são depositados no mundo
todo. Embora muitos deles não cheguem até a etapa de concessão e embora as patentes
concedidas tenham vigência de no máximo 20 anos, existem mais de oito milhões de
patentes vigentes no mundo. Alguns países só publicam as patentes concedidas, enquanto
outros publicam tanto os pedidos, como as patentes concedidas. O número total de
documentos de patente publicados anualmente está em torno de dois milhões, em muitos
idiomas e que pertencem a muitas áreas técnicas.
Deve-se ressaltar que há casos de duplicação, já que pedidos para a mesma
invenção podem ser depositados em vários países. Portanto, uma única invenção pode
levar a vários documentos de patente, o que se chama família de patentes. Na realidade, há
em média dois ou três pedidos de patente para cada invenção protegida. “Famílias de
patentes” é um assunto que será debatido no Módulo 3 do curso.
Estima-se que há mais de 130 milhões de documentos de patente publicados no
mundo. É importante observar que cerca de dois terços das informações técnicas reveladas
em patentes não são publicados em nenhum outro lugar. Por essa razão, as informações
das patentes constituem o acervo mais abrangente de dados tecnológicos classificados.2
No caso de algumas tecnologias, apenas os documentos publicados recentemente são
relevantes; os documentos mais antigos têm principalmente interesse histórico. No entanto,
existem muitas invenções relacionadas a itens de uso diário, tais como: escadas, escovas,
roupas, mobília, ferramentas manuais, equipamentos domésticos, etc. Para esses tipos de
invenções, as patentes antigas ainda podem ser altamente relevantes.

1.4 Algumas alternativas à patente

É possível, contudo, proteger sua invenção por outros meios, isto é, além de ou em
vez de obter uma patente. Logo, outros tipos de proteção podem ser:
 Modelo de utilidade (também chamado de pequena patente ou patente de
inovação) é um tipo de patente, porém mais barato, mais rápido e mais fácil de se
obter do que a patente de invenção (PI). Em geral, os requisitos para a aquisição
do modelo de utilidade (MU) são menos rigorosos do que para a PI: no caso do
MU, em alguns países, o pedido pode, por exemplo, não ser submetido a qualquer
exame. Por outro lado, o MU não é tão forte quanto a PI e pode não durar o
mesmo número de anos.3 Além disso, a proteção conferida pelo MU só pode ser
obtida para determinadas áreas tecnológicas, e nem todos os países concedem
esse direito. No Brasil, a Lei da Propriedade Industrial (LPI) prevê a proteção por
modelo de utilidade. Assim, informações adicionais sobre o MU podem ser
encontradas na página virtual do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)
- Brasil em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/patentes/guia-basico

 Desenho industrial (também chamado de desenho registrado ou patente de


desenho) protege aspectos ornamentais ou estéticos do produto, isto é, a forma ou
aparência do objeto. Ele é tipicamente utilizado em produtos como: joalheria,
vestuário, veículos, mobiliário, eletrodomésticos, dentre outros. No Brasil, a
proteção do Desenho Industrial não é feita por uma patente, mas sim por um
registro no INPI. Mais informações estão disponíveis na página virtual do INPI em:
https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/desenhos-industriais/guia-basico.
2
Fonte: https://www.wipo.int/meetings/en/doc_details.jsp?doc_id=81572
3
No Brasil, a proteção da PI tem validade de 20 anos, enquanto a proteção do MU é válida por 15 anos.
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 Programas de computador (ou softwares) podem ser protegidos via direitos
autorais. Porém, aqueles em forma de invenções implementadas por programas de
computador podem também ser patenteáveis (mais informações sobre esse
assunto no Módulo 6 do curso). No Brasil, a proteção dos programas de
computador não é feita pela patente, mas sim por Direito Autoral por meio de um
registro no INPI. Mais informações podem ser encontradas na página virtual do
INPI em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/programas-de-computador/guia-
basico.

 Topografia (desenho de layout) de circuito integrado confere uma proteção regida


em alguns países por uma lei especial, enquanto em outros, ela é regida por leis de
propriedade intelectual mais globais, como por exemplo, direitos autorais, patente,
modelo de utilidade, desenho industrial ou concorrência desleal. No Brasil, a
proteção da topografia de um circuito integrado não é feita pela patente, pois é uma
proteção sui generis. Esta proteção é obtida por meio de um registro no INPI.
Mais informações podem ser encontradas na página virtual do INPI em:
https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/topografias-de-circuitos-integrados/guia-
basico.

 Marca é um signo capaz de distinguir os bens ou serviços de uma empresa


(instituição ou indivíduo) daqueles das demais. A proteção por marca é adequada
para evitar que outras pessoas utilizem o nome e a reputação da sua empresa para
comercializar outros bens ou serviços. No Brasil, a proteção da marca é feita por
um registro no INPI. Maiores informações podem ser encontradas na página
virtual do INPI em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/guia-basico.

 Qualquer informação confidencial, que confira uma vantagem competitiva à


empresa, pode ser protegida por meio de um segredo industrial. Segredos
industriais incluem segredos de fabricação, industriais e comerciais, e podem ser
protegidos por leis específicas para este fim, pela lei da concorrência desleal ou
por contratos com terceiros.

Algumas bases de dados incluem, além das patentes (PI), os modelos de utilidade e
os desenhos industriais, pois eles podem fornecer dados úteis acerca do estado da técnica.
Vale salientar que em alguns países, o desenho industrial é considerado um tipo de patente.
Mas isso não é a regra geral. No Brasil, o desenho industrial é um registro.
O INPI é o órgão governamental responsável por gerenciar a base de dados formada
pelos documentos de patentes depositados no Brasil (https://www.gov.br/inpi/pt-br). Esta
base inclui todos os pedidos de patente de invenção (PI) e de modelos de utilidades (MU),
que foram depositados neste instituto. Atualmente, os pedidos de depósitos de patente
podem ser feitos por meio eletrônico, utilizando o portal do INPI (Figura 3).

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Figura 3: Portal do INPI - Página inicial

Fonte: Portal do INPI, 2020.

Assim, diversos documentos de patente depositados no INPI, publicados, estão


disponíveis ao público interessado com acesso pelo site do INPI
(https://busca.inpi.gov.br/pePI). Para isso, foi desenvolvida uma ferramenta de “busca web”
para o interessado fazer pesquisa básica (Figura 4) ou avançada de patentes (Figura 5).

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Figura 4: Pesquisa Básica de Documentos de Patente disponíveis na base do INPI

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

Figura 5: Pesquisa Avançada de Documentos de Patente disponíveis na base do INPI

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

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Através da base de patentes do INPI, também é possível obter informações sobre o
andamento do processo (Figura 6).

Figura 6: Andamento do processo MU 8603051-5 depositado no INPI em 31/10/2006

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

Já os antigos documentos de patentes depositados no INPI encontram-se ainda em


papel ou microfilme, mas estão sendo digitalizados aos poucos pelo instituto. Para ter
acesso a estes documentos antigos, é necessário solicitar uma cópia ao INPI
(https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/patentes/copia-de-documentos-de-patentes ). A intenção do

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INPI é que estes documentos também estejam disponíveis para consulta por meio
eletrônico no futuro.
Vale lembrar que o INPI também gerencia a base de pedidos de Desenho Industrial, a
base de Marcas, além das informações sobre os registros de indicações geográficas, de
programas de computador e de topografias de circuitos integrados feitos neste instituto
governamental.
Observação: Bases de patentes serão mostradas com mais detalhes no Módulo 3.

1.5 Valor e usos de informações contidas nas patentes

1.5.1 Custo de uma busca insuficiente de informações das patentes

As patentes são ricas fontes de informações técnicas e comerciais. A pesquisa que se


efetua para conhecer estados da técnica disponíveis em qualquer região do mundo e em
qualquer forma ou idioma, na área tecnológica relevante, é conhecida como: busca do
estado da técnica.
Antes de lançar qualquer projeto de pesquisa, é essencial determinar o que já foi feito
no mundo todo na área em questão, a fim de evitar perda de tempo e dinheiro em algo que
já se conhece. O uso insuficiente das informações das patentes causa considerável
desperdício de investimentos em P&D. Por exemplo, segundo estimativas, a indústria
europeia perde US$ 20 bilhões todos os anos por não utilizar as informações contidas nos
documentos de patentes (publicados). O resultado disso é uma duplicação de esforços, isto
é, reinventam-se invenções já existentes, solucionam-se problemas que já foram
solucionados ou desenvolvem-se produtos que já se encontram no mercado.
Em muitos casos, pode-se usar as informações contidas nas patentes para o
desenvolvimento de novos produtos ou processos e para identificar novas tendências no
mercado. A utilização estratégica das informações dos documentos de patente (que foram
publicados após o término do sigilo) é importante, além de ser um uso lícito, contanto que o
novo produto não infrinja as reivindicações protegidas por outras patentes.

1.5.2 Custo de litígio

Lançar um produto no mercado, em um determinado país, sem realizar previamente


pesquisas sobre a liberdade de operação ou infrações, para descobrir se existem ali
patentes vigentes, poderá acarretar ações judiciais onerosas e provavelmente indenização
por danos. Realizar buscas, nos estágios iniciais do processo, possibilita a tomada de
decisões baseada em informações, antes de assumir custos de marketing, produção ou
importação. É possível que não haja patentes vigentes que possam ser infringidas. Por
outro lado, se tais patentes existirem, as opções serão as seguintes: sair totalmente do
mercado, negociar uma licença com o titular da patente, realizar uma pesquisa para tentar
“contornar” o alcance da patente, ou obter a invalidação da patente (se a legislação local
permitir).
Em caso de alegações de infração, a primeira ação da defesa pode ser contestar a
validade da patente em questão. É aí que entra em jogo a busca de validade. Trata-se de
uma busca (no momento do depósito do pedido de patente) que permite verificar se havia
no estado da técnica algum documento (ou artigo, tese, livro, publicação na internet ou por
outro meio) capaz de demonstrar que a invenção patenteada não era nova ou não era
inventiva. Embora o escritório governamental de patentes correspondente tenha
necessariamente realizado uma busca antes de conceder a patente, algum aspecto
importante pode ter sido ignorado. Em todo caso, conhecer o estado da técnica mais
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próximo da patente ajuda a determinar a força da patente, e pode servir de auxílio às
negociações com o titular da patente. Neste caso, a ação judicial poderá ser inteiramente
cancelada, o que permitiria um lançamento do produto sem impedimentos naquele
mercado.
Observação: A liberdade de operação também será abordada no Módulo 5.

1.5.3 O uso de informações das patentes em estratégia corporativa

Para empresas e pessoas físicas interessadas em retornos financeiros sobre


investimento, o uso de informações sobre patentes para obter vantagem comercial
estratégica pode ser mais eficiente do que o próprio uso do conteúdo técnico. Informações
sobre patentes podem ser usadas para monitorar tendências do mercado ou acompanhar
as ações dos concorrentes – que produtos estão desenvolvendo e onde pretendem
comercializar tais produtos.
Empresas bem-informadas sabem avaliar o foco técnico e comercial de seus
concorrentes observando os pedidos por eles depositados e as patentes a eles concedidas.
Por exemplo, um investidor pode analisar a solidez de uma empresa baseando-se nas
patentes que ela detém para determinada tecnologia, e em seguida decidir investir ou não
nas ações dessa empresa a longo prazo. Informações de mercado sobre tendências
tecnológicas e decisões tomadas por empresas de investimento em P&D podem ser obtidas
por meio de buscas de informações sobre patentes. Os nomes de inventores particulares
podem ser de grande interesse para concorrentes que desejem atrair e contratar novos
talentos.
Como será visto no Módulo 3, as patentes tornaram-se um importante elemento para
investigações de diligência prévia em caso de fusões e aquisições. Buscas de informações
sobre patentes são frequentemente utilizadas para avaliar o valor do portfólio de patentes
de um alvo de investimento ou aquisição.
Um dos principais usos de buscas de informações sobre patentes é para a
prospecção de possíveis parcerias comerciais e oportunidades de licenciamento. Consultar
bases de dados por classificação é um bom método para se identificarem outras empresas
que operam numa área específica, quando o consulente está interessado em adquirir
licença (de uma tecnologia que pertence a outro titular e o consulente deseja distribuir ou
aprimorar), conceder licença (de uma tecnologia que o consulente desenvolveu, mas que
talvez não disponha de recursos para comercializar), criar uma joint venture (aliando
esforços de P&D para criar, fabricar ou distribuir tecnologias e produtos), investir, ou ainda
atrair investidores. Uma empresa à procura de licenciados, parceiros, compradores ou
investidores em determinada área especializada pode realizar buscas de informações sobre
patentes para encontrar firmas que complementem suas atividades.
O uso de buscas de informações sobre patentes para a aquisição de licença de uma
tecnologia pode se revelar uma ação produtiva. Em alguns casos, é possível identificar
alguma tecnologia inativa, cujo proprietário não conseguiu encontrar nenhum licenciado ou
fabricante que viabilizasse sua comercialização. Embora seja importante analisar
cuidadosamente as razões por que essa tecnologia não está sendo explorada, obter a
licença de uma tecnologia não plenamente explorada pode, em certos casos, ser uma
excelente oportunidade de negócios. As opções podem ser: explorar essa tecnologia em
outro mercado geográfico, alterá-la, ou usá-la para uma aplicação diferente. Do ponto de
vista do licenciante, o fato de licenciar uma tecnologia segura que não esteja sendo
explorada em determinado mercado geográfico pode gerar lucros que, de outra forma, ele
não obteria.

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Do mesmo modo, o licenciante pode considerar interessante o fato de o licenciado
dispor de funcionários qualificados capazes de fabricar produtos que utilizem sua
tecnologia, de alterar a tecnologia, ou ainda de fazê-la funcionar de outra maneira. Tais
alterações são conhecidas como: melhoramentos, aprimoramentos ou obras derivadas. O
licenciado pode, então, propor ao licenciante uma licença cruzada dos aprimoramentos,
visando a agregar valor à transação e reduzir os royalties. Empresas com funcionários
qualificados usufruem de uma vantagem especial em negociações desse tipo. Mas existe
também a possibilidade de se incluírem terceiros – por exemplo, universidades ou centros
de pesquisa – para agregar valor à joint venture. Estas oportunidades podem gerar uma
situação ganha-ganha para todas as partes envolvidas. Uma forma direta de se
identificarem possíveis parceiros é realizando buscas de informações sobre patentes. Ser
titular de uma patente numa área tecnológica chave é um sólido indicador de que a
empresa realizou um investimento significativo naquela área e provavelmente ficará
interessada em propostas razoáveis para aumentar seu retorno sobre esse investimento.
A busca de informações sobre patentes pode ser usada para facilitar a concessão de
licenças, mediante contrato, de uma tecnologia ou produto. Inventores em países em
desenvolvimento podem dispor desse recurso para encontrar possíveis licenciados ou
investidores para as tecnologias desenvolvidas localmente. Em países em desenvolvimento,
existem muitos conhecimentos e experiência que podem ser usados para solucionar
problemas específicos. Mas talvez não haja capacidade de investimento local suficiente
para explorar a tecnologia. A existência de um pedido de patente depositado por uma
empresa de um país em desenvolvimento pode conferir a credibilidade e a visibilidade
necessárias para atrair um investidor ou licenciado estrangeiro.
A busca de informações sobre patentes também pode ser usada para encontrar
tecnologias não patenteadas no país onde o autor da busca opera seu negócio (ver seção
1.5.5). Nada impede uma empresa de dispor de invenções patenteadas em países para os
quais o inventor não se deu o trabalho de patenteá-las. No entanto, ainda que a empresa
autora da busca tenha liberdade para executar a invenção, se quiser usufruir plenamente da
invenção, talvez precise recorrer ao know-how do titular da patente, bem como a
documentação, treinamento, marcas, patentes relacionadas etc. Assim, a empresa autora
da busca pode querer estabelecer uma relação comercial com o titular da patente a fim de
colher todos esses benefícios, muito embora a lei não exija licença de patente.

1.5.4 Transferência de tecnologia e investimento estrangeiro direto

A patente pode ser algo de grande valor para atrair investidores. Como veremos nesta
parte do curso (ver Análise de Caso 1-4), quando uma patente é concedida a uma empresa
líder em certa área tecnológica, outros pesquisadores do mesmo ramo demonstram
interesse, e o setor financeiro também.
Se a empresa for uma entidade estrangeira, pode haver transferência de tecnologia
por licença de exploração de patente e Investimento Estrangeiro Direto (IED) na empresa.4
Para obter maiores informações sobre o processo de averbação ou registro de contrato de
licença de patente e/ou contrato de transferência de tecnologia no Brasil, feita no âmbito do
INPI, sugere-se acessar a página do INPI disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-
br/servicos/contratos-de-tecnologia-e-de-franquia .

4
Na relação de IED, há uma matriz e uma subsidiária estrangeira instalada em determinado(s) país(es), que juntas constituem
uma empresa multinacional, com a matriz detendo o controle sobre as suas subsidiárias ao redor do mundo.
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1.5.5 Territorialidade e uso de informações das patentes

O princípio da territorialidade determina que uma patente só confira proteção em um


país ou grupo de países. Assim, uma patente japonesa só confere proteção no Japão e uma
patente americana só confere proteção nos Estados Unidos: estas são chamadas de
patentes nacionais. Em algumas regiões do mundo, pode-se obter uma patente regional,
que cobre um grupo de países. Essa patente é concedida por autoridades regionais como,
por exemplo, a Organização Regional Africana de Propriedade Intelectual (ARIPO). Assim,

Não existe uma patente mundial.

“As patents have a strictly territorial effect, industries in these countries could take the
information out of patents as disclosed at foreign patent offices and use it freely as
these technologies were not patented in their own territories”. 5

A territorialidade das patentes é importante por duas razões, no que diz respeito ao
uso de informações sobre patentes. Primeiramente, como explicitado na seção 1.5.2 acima,
antes de lançar um produto em algum território, a busca de liberdade de operar pode revelar
a existência de qualquer patente válida (vigente) nesse território, cujo produto correria o
risco de infringir. Em segundo lugar, as buscas podem mostrar se uma tecnologia está
protegida em determinado território. Neste caso, isto revelará oportunidades futuras de uso
dessa tecnologia dentro do mesmo território, quando a patente não for mais válida.

1.5.6 Mineração de patentes

Em virtude da forte alta nos custos de P&D, e das rápidas mudanças tecnológicas que
levam a ciclos de produção cada vez mais reduzidos, a ideia de se adquirir uma tecnologia
ou obter uma licença, em vez de reinventá-la vem ganhando cada vez mais adeptos. Ou
seja, é frequente investidores optarem por obter a licença de uma tecnologia de que
precisam, em vez de desenvolver essa tecnologia. Por esse motivo, muitas vezes, eles
recorrem a algo que se chama mineração de patentes, isto é, a busca de informações sobre
patentes para as tecnologias mais recentes em determinada área. O objetivo desses
investidores é evitar o custo total do desenvolvimento de uma invenção iniciada partindo do
zero.
A mineração de patentes funciona melhor quando a empresa identifica alguma
tecnologia complementar ou relacionada ao seu negócio principal. Nesse caso, a empresa
autora da busca pode se encontrar bem-posicionada para avaliar a patente, desenvolvê-la e
comercializá-la de alguma maneira não acessível para o titular da patente. Muitos titulares
se mostram dispostos a conceder licenças ou atribuir patentes por diversas razões. Uma
delas pode ser o fato de a região geográfica ou o segmento de mercado não parecer
atraente para o titular. Em alguns casos, o titular pode ter desenvolvido uma invenção e
percebido, logo em seguida, que essa invenção não se encaixava no plano de negócios da
empresa. Em outros casos, o titular pode ter explorado a invenção patenteada, mas já não a
usa em seus produtos, devido ao surgimento de novas invenções ou abordagens de
produto que superaram a invenção mais antiga. Um estudo mostrou que 67% das empresas
americanas detêm ativos tecnológicos (avaliados entre US$115 bilhões e US$1 trilhão) que
não conseguem explorar. Estima-se que cerca de US$100 bilhões estão atrelados a
5
Karapinar Baris; Temmerman Michelangelo. Benefiting from biotechnology: pro-poor IPRs and public private partnerships;
Biotechnology Law Report, 27:3, 189-202 (June 2008).
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inovações inativas presentes no portfólio de PI de grandes empresas. Em vez de continuar
pagando as taxas (anuidades) para manter a patente, a empresa pode colocá-la à venda ou
licenciá-la. Manter patentes não exploradas pode se revelar oneroso, e uma patente tem
"vida efetiva" média de 5 anos antes de ser abandonada. Segundo estimativas, somente
37% das patentes são conservadas até o final do prazo. 6

1.5.7 O papel do Instituto de Patentes na promoção do uso de informações das


patentes

O crescente uso de informações sobre patentes por parte de empresas vem se


refletindo na expansão mundial do papel desempenhado pelos Institutos de Patentes. Em
uma economia baseada no conhecimento, alguns institutos de patentes (como é o caso do
Instituto de Propriedade Intelectual de Singapura) começaram a prestar assistência a
indústrias e instituições de pesquisa locais oferecendo serviços auxiliares que incluem:
identificação de áreas tecnológicas estratégicas; estudos de tecnologia e mercado;
mapeamento e buscas de patentes; gestão de PI, roteiros de tecnologia e de produto, além
de avaliações de tecnologia e de mercado.7 Esta tendência vem aumentando o papel
desempenhado pelos institutos de patentes em matéria de busca de informações sobre
patentes, já que muitos destes vêm atuando nos últimos anos, como centros de
informações tecnológicas, prestando vários serviços de informações sobre patentes a
requerentes, que assim desejarem.
No caso do Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) produz estudos
e outros tipos de publicações focados em patentes publicadas, além de elaborar materiais
didáticos com o objetivo de disseminar no Brasil: a importância do uso da informação
tecnológica contida em documentos de patentes; e, como consultar estas informações nas
bases. Neste sentido, recentemente, os pesquisadores da Coordenação-Geral de Estudos,
Projetos e Disseminação de Informação Tecnológica (CEPIT, antigo CEDIN), pertencente à
Diretoria de Patentes, Programas de Computador e Topografias de Circuitos Integrados
(DIRPA), desenvolveram tutoriais de busca de patentes com o objetivo de ensinar aos
interessados como fazer uma busca de patentes corretamente na base do INPI, usando-se
“palavras-chave”, “classificações” e outros campos, como “datas” ou nomes de
“depositante” ou de “inventor”. Assim, caso o usuário (pessoa física ou jurídica) queira fazer
pessoalmente a busca, esses tutoriais de busca estão disponíveis, desde 2014, no portal do
INPI, podendo ser acessados também pelo link: https://www.gov.br/inpi/pt-
br/assuntos/informacao/guia-pratico-para-buscas-de-patentes
Além dos tutoriais de nível básico para iniciantes (Figura 7), o INPI desenvolveu
também tutoriais de busca mais avançados e um tutorial específico, que ensina a fazer a
busca de documentos de patente com compostos químicos, já que este tipo de tecnologia
tem algumas particularidades. (Figura 8)

6
Vermont, Samson. “Patent costs and benefits: the economics of patents and litigation”. PART II, PP. 5-6. Patent strategy &
Management, Agosto, 2001.
7
Ver www.surfip.com

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Figura 7: Tutoriais de Busca de Patentes – Nível Básico (INPI)

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

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Figura 8: Tutoriais para Buscas Avançadas de Patentes e Tutorial Específico (INPI)

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

Por outro lado, os pesquisadores da CEPIT também elaboram estudos e outros tipos
de levantamentos em documentos de patentes publicados (exemplo: Radares
Tecnológicos) para: o governo (exs.: Ministério da Saúde ou MCTI); instituições parceiras
(exemplos: FIOCRUZ, INMETRO, BNDES, ABDI, APEX, SEBRAE); ou ainda, para
associações de setores da economia brasileira (ex: ABIQUIM - Associação Brasileira da
Indústria Química). O objetivo destes estudos é apoiar políticas públicas e divulgar a
importância do uso estratégico da informação tecnológica contida em documentos de
patente dentro do país, colaborando, assim, com o desenvolvimento econômico e social do
Brasil.
Aqueles interessados em conhecer os estudos e radares tecnológicos já elaborados
pela CEPIT (DIRPA / INPI), a fim de auxiliar nas suas pesquisas ou tomadas de decisão,
podem consultá-los, já que estão disponíveis no portal do INPI, na área de informação
tecnológica de patentes (Figuras 9 e 10) ou acessando o link: https://www.gov.br/inpi/pt-
br/servicos/patentes/informacao-tecnologica .

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Figura 9: Acesso aos Estudos Setoriais e Radares Tecnológicos (CEPIT / DIRPA / INPI)

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

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Figura 10: Radar Tecnológico sobre Terras Raras

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

Formuladores de políticas vêm se baseando em conclusões de economistas que


afirmam que a taxa de crescimento econômico de um país é influenciada pelas políticas
governamentais relativas à Propriedade Intelectual (ver Módulo 2). O reconhecimento dessa
importância inerente à "teoria de crescimento endógeno", segundo a qual, políticas
econômicas e fatores externos podem impulsionar o crescimento econômico, sugere que os
governos devem dar maior prioridade a políticas de incentivo a atividades de pesquisa e
engenharia, a fim de criar uma base sólida para as tecnologias locais. Em resumo, segundo
a teoria do crescimento econômico, espera-se que formuladores de políticas possam fazer a
diferença em matéria de desenvolvimento econômico, implementando uma política de
patentes adaptada às condições locais.
Em décadas passadas, muitos países em desenvolvimento perceberam que o
impacto da transferência de tecnologia estrangeira no crescimento econômico ou na
chamada indústria do conhecimento era insignificante, a menos que essa transferência
fosse acompanhada de um mecanismo que conferisse a pesquisadores locais, engenheiros,
empreendedores e demais inovadores o poder de usar a tecnologia transferida como
trampolim para a criação de novos conhecimentos. Para os países em desenvolvimento,
convidar empresas tecnológicas estrangeiras a investir e fabricar não é suficiente; a
transferência de tecnologia ocasionada por esse tipo de empreendimento pode ser
pequena. Em outras palavras, a transferência de tecnologia em si não é uma solução
integral de investimento. Para ser aplicada de maneira eficaz, ela deve ser um processo
contínuo que conte com a participação ativa de atores estrangeiros e locais. Alguns
Institutos de Patentes já estão preparados para planejar e orientar tais empreendimentos de
forma eficaz.
Como a propriedade intelectual inicia o processo de transferência tecnológica? A
resposta pode ser, em parte, por meio do desenvolvimento local de produtos e tecnologias
("tecnologias locais"). Em muitos países, especialmente países em desenvolvimento, são os
centros de pesquisa e as universidades que fornecem as fontes primárias de
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conhecimentos. Pesquisas básicas e aplicadas são frequentemente realizadas em projetos
acadêmicos financiados pelo governo, em química, medicina, engenharia, física e outras
disciplinas científicas e técnicas. É vital que os formuladores de políticas criem um
dispositivo no qual a propriedade intelectual (patentes) possa ser usada para incentivar
essas instituições de pesquisa a transferir e explorar conhecimentos, aliando os esforços
públicos e acadêmicos aos esforços do setor comercial. Os Institutos de Patentes estão
cada vez mais empenhados em promover essa aliança entre a indústria local e a academia.

1.6 Informações sobre patentes e a Agenda da OMPI para o Desenvolvimento

1.6.1 Panorama da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento

Em outubro de 2007, a Assembleia Geral da OMPI adotou um conjunto de 45


recomendações para melhorar a dimensão desenvolvimento das atividades da
Organização. Estas recomendações constituem aquilo que agora se chama A Agenda da
OMPI para o Desenvolvimento.8 Elas estão divididas nas seis categorias9 seguintes:

 Categoria A: Assistência Técnica e Fortalecimento de Capacidades


 Categoria B: Fixação de normas, flexibilidade, política pública e domínio público
 Categoria C: Transferência de Tecnologia, Tecnologias da Informação e da Comunicação
(TIC) e Acesso ao Conhecimento
 Categoria D: Avaliações e Estudos de Impacto
 Categoria E: Questões Institucionais incluindo Mandatos e Governança
 Categoria F: Outros Assuntos

A Agenda da OMPI para o Desenvolvimento visa a assegurar que considerações sobre o


desenvolvimento constituam uma parte integral do trabalho da OMPI. Enquanto tal, é um
conceito transversal que concerne a todos os setores da Organização.

A Agenda da OMPI para o Desenvolvimento é importante por servir de base para um


uso mais amplo da propriedade intelectual e em especial da transferência de tecnologia
para fomentar o desenvolvimento econômico.
A fim de pôr em prática as disposições da Categoria C relativa à transferência de
tecnologia, TIC e ao acesso ao conhecimento, o uso de informações sobre a propriedade
intelectual, e em particular de informações contidas nos documentos de patentes, precisa
ser expandido. E é necessário também que se preste apoio à inovação e transferência de
tecnologia, incluindo assistência técnica quanto aos aspectos mais minuciosos de
licenciamento de patente e contratos de transferência de tecnologia.
Para que isso aconteça, é necessário estabelecer uma base sólida sobre a busca de
informações sobre patentes, incluindo a ciência de que se podem acessar tais informações
gratuitamente e o aprendizado de como usá-las. Todo conhecimento acerca de buscas de
informações das patentes é, portanto, extremamente importante para países em
desenvolvimento, principalmente, para os menos desenvolvidos.

8
https://www.wipo.int/ip-development/en/agenda/
9
https://www.wipo.int/ip-development/en/agenda/recommendations.html
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Para promover a inovação no país e com isso gerar desenvolvimento, algumas
políticas públicas têm sido implementadas no Brasil por diversos órgãos governamentais
com o objetivo de alertar os pesquisadores brasileiros sobre a importância das informações
contidas em documentos de patentes, incentivando o seu uso. No caso do CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgão ligado ao Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), desde 2010 esta instituição
pública passou a exigir a busca patentária como item do roteiro de apresentação dos
projetos nos editais RHAE Pesquisador na Empresa. A intenção, porém, é ampliar esta
exigência para todos os projetos com viés tecnológico, a fim de evitar a duplicidade de
esforços e reduzir custos de pesquisa. Outras informações podem ser obtidas em
https://www.gov.br/mcti/pt-br ou www.cnpq.br .

1.6.2 A Agenda para o Desenvolvimento e Conhecimentos Tradicionais (CT),


Expressões Culturais Tradicionais (ECT) e Recursos Genéticos (RG)

Povos indígenas, comunidades locais e seus governos – principalmente em países


em desenvolvimento – querem proteção de PI para formas tradicionais de criatividade e
inovação, que não são adequadamente protegidas dentro do sistema de PI convencional.
Por exemplo, um remédio tradicional poderia ser desenvolvido e patenteado por uma
empresa farmacêutica; uma cantiga tradicional indígena poderia ser adaptada e protegida
por direitos autorais; uma invenção derivada do extrato genético de uma planta poderia ser
protegida por direitos sobre cultivares – tudo isso sem qualquer benefício para a
comunidade local.
O trabalho da OMPI no enquadramento dos princípios fundamentais que devem reger
a proteção dos CT, ECT e RG está formulado na recomendação 18 da Agenda para o
Desenvolvimento.

Recomendação 18 da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento

Exigir que a CIG acelere o processo de proteção dos recursos genéticos,


conhecimentos tradicionais e folclore, sem prejuízo de qualquer resultado, incluindo
o possível desenvolvimento de um ou mais instrumentos internacionais.

A Divisão de Conhecimentos Tradicionais, da OMPI, está trabalhando em


colaboração com os Estados Membros para facilitar o desenvolvimento de um instrumento
jurídico internacional capaz de fornecer proteção aos CT e às ECT por meio da Comissão
Intergovernamental da OMPI sobre a Propriedade Intelectual e os Recursos Genéticos, os
Conhecimentos Tradicionais e o Folclore (IGC)10, em conformidade com o mandato11 da
IGC. A Divisão está empenhada no fortalecimento de capacidades e coopera com outras
agências internacionais em assuntos de interesse mútuo, por exemplo, EACDH, CBD,
UNESCO, OMC, FAO, UNCTAD, e o Fórum Permanente da ONU sobre Questões
Indígenas.
Existem regulamentações em vigor no âmbito de vários acordos internacionais para
controlar o acesso aos RG e regular os acordos de partilha de benefícios. Estas questões,
no entanto, não estão relacionadas à PI e, portanto, não são da responsabilidade da OMPI.
Por outro lado, invenções derivadas dos CT e RG podem ser protegidas por patentes ou

10
https://www.wipo.int/tk/en/igc/
11
https://www.wipo.int/export/sites/www/tk/en/igc/pdf/igc_mandate_1617.pdf
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direitos sobre cultivares. Examinadores de Institutos de Patentes realizam buscas para
determinar se uma invenção é nova e inventiva. Para garantir que eles dispõem das
informações relevantes, a OMPI está considerando prestar-lhes assistência por meio de
bases de dados, diretrizes, ferramentas de pesquisa e sistemas de classificação. Outro
passo mais controverso em estudo consistiria em exigir que os depositantes de patentes
revelassem a fonte de quaisquer RG que tenham usado e de quaisquer acordos de partilha
de benefícios que tenham firmado, e em penalizá-los em caso de não cumprimento não
concedendo uma patente, por exemplo, ou revocando uma patente concedida.
Além do exposto acima, a OMPI organiza workshops e seminários, desenvolve
materiais informativos e bases de dados, e fornece assessoria jurídica, educação e
treinamento. A OMPI tem um programa de aprendizagem a distância sobre PI e CT, ECT e
RG em cooperação com a Academia da OMPI. O Centro de Arbitragem e Mediação da
OMPI pode ajudar na resolução de disputas sobre titulares de proteção e usuários terceiros
dos CT, ECT e RG.
Este assunto será abordado mais detalhadamente no Módulo 6. Para uma revisão
abrangente, leitores devem consultar o portal da OMPI https://www.wipo.int/tk/en/tk/ e a
publicação da mesma intitulada Intellectual Property and Genetic Resources, Traditional
Knowledge and Traditional Cultural Expressions (2020), que pode ser acessada pelo
seguinte link https://www.wipo.int/publications/en/details.jsp?id=248
No Brasil, a Lei 13.123, de 20 de maio de 2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio
genético nacional (PGN), sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional
associado (CTA) e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da
biodiversidade. Esta Lei está regulamentada pelo Decreto No. 8.772, de 11 de maio de
2016 que, dentre outras disposições, cria o Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio
Genético e do conhecimento Tradicional Associado - SisGen, sistema eletrônico
implementado em 6 de novembro de 2017, para o gerenciamento do cadastro de acesso ao
PGN ou ao CTA.12
O cadastramento no SisGen deverá ser realizado previamente ao requerimento de
qualquer direito de propriedade intelectual. Todos os pedidos de patente envolvendo acesso
ao PGN ou CTA realizados após 30 de junho de 2000 no Brasil deverão comprovar o
cadastramento e/ou autorização de acesso. Esta comprovação é necessária porque a Lei nº
13.123/2015 estabelece que, para fins de regularização no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI) dos pedidos de patentes depositados durante a vigência da
Medida Provisória nº 2.186-16/2001, o requerente deverá apresentar o comprovante de
cadastro ou de autorização de acesso ao PGN e/ou CTA no prazo de um ano contado a
partir de 06 de novembro de 2017.

1.6.3 A Agenda para o Desenvolvimento e Inovação e Transferência de


Tecnologia

No âmbito da Agenda para o Desenvolvimento, o Secretariado da OMPI desenvolveu


um projeto de "Estrutura de Apoio à Inovação e Transferência de Tecnologia para
Instituições Nacionais".
O objetivo deste projeto é estimular a inovação e a transferência de tecnologia locais
em países em desenvolvimento (especialmente os países menos desenvolvidos), em prol
do crescimento econômico e do desenvolvimento social por meio de apoio para:
(i) a criação e o melhoramento das infraestruturas necessárias (jurídica e organizacional);

12
SisGen. Disponível em https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/patrimonio-genetico/sisgen
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(ii) o desenvolvimento de competências profissionais a fim de assegurar um uso eficiente do
sistema de PI na área de inovação e transferência de tecnologia.

A implementação do projeto poderá:


(a) ajudar os países em desenvolvimento a criar e melhorar os mecanismos necessários para a
transferência de tecnologia no setor público e no setor privado, incluindo a criação de
centros de transferência de tecnologia em universidade públicas e instituições de pesquisa;
(b) aprimorar os conhecimentos dos possíveis usos do sistema de PI para o desenvolvimento e
o crescimento econômico;
(c) facilitar, em grande escala, o acesso a ferramentas, guias e modelos relacionados com
infraestruturas e gestão de PI por meio da criação de um portal integral de transferência de
tecnologia no site da OMPI.

Os beneficiários visados por esse projeto incluem: universidades e instituições de


pesquisa, indústrias, pequenas e médias empresas (PME), profissionais de PI, cientistas,
gerentes de tecnologia, autoridades governamentais e formuladores de políticas. Este
projeto pode auxiliar Estados Membros por meio de um repositório digital que disponibiliza
módulos de treinamento, guias, ferramentas, exemplos, modelos de estratégias nacionais
de PI, políticas institucionais de PI, melhores práticas e estudos de caso, acessíveis por
meio de uma só visita (solução integral, one-stop-shop). Além disso, a estrutura foi
projetada para proporcionar interatividade máxima, a fim de permitir retorno por parte dos
usuários. Com base nesse retorno, a OMPI determinará as melhores práticas para as
iniciativas futuras. Por último, a estrutura tem como objetivo possibilitar à OMPI fazer mais
com menos (usando novos métodos de disponibilização).
Os programas atualmente existentes são classificados em duas grandes áreas: a
criação de infraestruturas e o desenvolvimento de competências profissionais. A primeira
área inclui assistência no desenvolvimento de estratégias de PI e de políticas institucionais
de PI. A segunda inclui o programa de redação de patentes e programas de sucesso no
licenciamento tecnológico (STL). Na intersecção dos dois grupos, estão a iniciativa
universitária (Gestão de PI e tecnológica) e o programa de rede de P&D e polo de PI.
(Figura 11)

Figura 11: Programas existentes na seção de transferência de inovação e tecnologia

13
Fonte: CDIP, WIPO, 2010.

A variedade dos diferentes programas oferecidos pela OMPI em termos de promoção


de inovação e transferência de tecnologia pode ser apresentada em um diagrama (Figura
12). Os Estados Membros podem recorrer a esses programas para solicitar assistência ou

13
As figuras acima foram extraídas do seguinte artigo da Comissão de Desenvolvimento e Propriedade Intelectual (CDIP):
Project paper on innovation and technology transfer support structure for national institutions, que está disponível em:
https://www.wipo.int/edocs/mdocs/mdocs/en/cdip_3/cdip_3_inf_2_study_vii_inf_1.pdf A CDIP13 foi criada pela Assembleia
Geral da OMPI de 2008 com a missão de desenvolver um programa de trabalho para a implementação das 45
recomendações adotadas na Agenda do Desenvolvimento. CDIP/3/INF/2/STUDY/VII/INF/1 (Original: October 15, 2010).
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módulos de fortalecimento de capacidades em qualquer área de seu interesse (desde a
conscientização básica sobre PI até o desenvolvimento de infraestruturas de PI e
desenvolvimento de capital humano). A “Estrutura de Apoio à Inovação e à Transferência de
Tecnologia” para Institutos Nacionais pode atender a muitas das necessidades dos Estados
Membros, em todas as diferentes áreas da PI (incluindo, entre outras coisas, patentes,
modelos de utilidade, marcas, direitos autorais, desenhos industriais e segredos industriais).

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Figura 12: Programas presentes e futuros na seção de inovação e transferência de tecnologia

14
Fonte: CDIP, WIPO, 2010.

Explorando a inovação, a OMPI também atua na promoção e evolução rumo a um


universo de inovação multipolar, interessando-se pela inovação aberta e disponibilizando
plataformas que possam vir a ser tão importantes quanto os tratados, enquanto veículos de
cooperação internacional. No atual mundo dominado por redes, as plataformas constituem
meios fundamentais de difusão dos benefícios da inovação, pois aumentam a participação
da inovação aberta e tornam os mercados tecnológicos mais eficazes. Assim, elas podem
funcionar como vetores de um equilíbrio entre, por um lado, incentivar a geração de
conhecimentos, e pelo outro, garantir a transferência de conhecimentos.
No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é responsável pela
averbação e o registro de contratos de licença e cessão de direitos de propriedade industrial
e topografia de circuito integrado, transferência de tecnologia e Franquia para fins de direito
perante terceiros, conforme a Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996.
A diretriz de análise de contratos pelo INPI é regida pela Resolução INPI/PR nº 199,
de 07 de julho de 2017, que dispõe sobre as novas diretrizes de exame para averbação ou
registro de contratos de licença de direito de propriedade industrial e de registro de
topografia de circuito integrado, transferência de tecnologia e franquia. Esta Resolução
define os procedimentos administrativos realizados no âmbito do INPI referentes à
transferência de tecnologia e afins.
Os tipos de contratos existentes no INPI são: as cessões e os licenciamentos de
patentes, desenhos industriais e marcas, além de assistência técnica e do fornecimento de
tecnologia (know-how). Também são registradas as franquias empresariais, garantindo
assim um acordo seguro e conferindo validade perante terceiros. Para maiores informações
veja a página do portal do INPI: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/contratos-de-
tecnologia-e-de-franquia/guia-basico .

14
Idem nota de rodapé nº 12.
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1.6.4 A Agenda para o Desenvolvimento e o Programa dos Centros de Apoio
à Tecnologia e Inovação (TISC) da OMPI

Em abril de 2009, a OMPI foi incumbida pelos Estados Membros de realizar um


projeto piloto para criar Centros de Apoio à Tecnologia e Inovação (TISC) no âmbito da
Agenda para o Desenvolvimento.
Mais especificamente, este projeto visa a cumprir a Recomendação 8 da Agenda para
o Desenvolvimento, que solicita que a OMPI “[facilite] para os institutos nacionais de países
em desenvolvimento, especialmente de países menos desenvolvidos, bem como para suas
organizações de propriedade intelectual regionais e sub-regionais o acesso a bases de
dados especializadas…”. O projeto aprovado pelos Estados Membros organiza-se em dois
conjuntos de atividades. São eles: o acesso a bases de dados especializadas e o
fortalecimento de capacidades. Desde janeiro de 2014, o projeto foi inteiramente integrado
às atividades regulares da OMPI e faz parte do programa de Serviços de Acesso a
Informações e Conhecimentos.
O programa fornece para inovadores de países em desenvolvimento acesso a
informações tecnológicas locais de alta qualidade e serviços relacionados, ajudando-os a
explorar seu potencial de inovação e criar, proteger e gerenciar seus direitos de propriedade
intelectual (PI).
Os serviços oferecidos pelos TISC podem incluir:
 acesso online a recursos sobre patentes e recursos não relativos a patentes
(científicos e técnicos) e a publicações relativas a PI;
 assistência na busca e recuperação de informações sobre tecnologias;
 treinamento sobre buscas em bases de dados;
 busca sob demanda (novidade, estado da técnica e infração);
 monitoramento de tecnologia e concorrentes;
 informações básicas sobre leis de propriedade intelectual, gestão e estratégia, e a
comercialização de tecnologias e marketing.

A plataforma eTISC – compartilhando conhecimentos

Trata-se de uma rede social que permite à comunidade TISC mundial colaborar,
trocar informações e acessar novas oportunidades de aprendizagem. Pode-se juntar à
eTISC para:
 ter acesso imediato à rede TISC mundial por meio de bate-papos, fóruns, grupos
TISC nacionais e serviço de fotos populares;
 participar de eventos TISC (bate-papos, webinários, missões / workshops TISC);
 manter-se atualizado por meio do blog de notícias eTISC;
 usar o serviço de assistência para os TISC e os programas ARDI/ASPI (ver Módulo
3 para uma discussão sobre os programas ARDI/ASPI);
 participar dos bate-papos Ask the Expert (Pergunte ao Especialista) para discutir
questões de PI com os mais conceituados acadêmicos e profissionais do setor
privado e fazer suas perguntas durante nossos bate-papos offline mensais. Os
bate-papos Ask the Expert só são abertos para membros eTISC.

Para mais informações, deve-se consultar:

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http://www.wipo.int/tisc/en/
http://www.wipo.int/tisc/en/background.html

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1.6.5 Plataforma Proyecta - Prosur

Proyecta é uma plataforma digital desenvolvida no âmbito do Prosur, projeto que


reúne treze países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El
Salvador, Equador, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
(Figura 13). Esta plataforma pode ser encontrada no endereço eletrônico:
www.prosurproyecta.org.
Figura 13: Página inicial da plataforma Proyecta

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Fonte: Plataforma Proyecta - Prosul, 2021.

O objetivo desta plataforma é facilitar a cooperação e a interação entre os escritórios


de PI dos países da América Latina, e entre os cidadãos destes países, a fim de promover o
desenvolvimento desta matéria na região, disseminando o tema junto às comunidades
(empresarial, acadêmica, jurídica etc.) de cada país membro do Prosur. Uma das vantagens
é que o cidadão pode participar de uma comunidade digital (Figura 14), onde é possível
criar e gerir redes de colaboração entre usuários com os mesmos interesses na área de
propriedade intelectual, facilitando a troca de informações entre eles, o que permite criar
uma estratégia de proteção adequada para seus ativos.
Figura 14: Comunidade Prosur Proyecta

Fonte: Plataforma Proyecta - Prosul, 2021.

Na página de Guia de Protocolos, é possível ver os tipos de proteção de cada país


com links às páginas dos respectivos escritórios de PI do Prosur. Ao clicar nos links, é
possível obter informações sobre como proteger, as taxas cobradas ou como fazer a busca
dos documentos daquele ativo de PI na base do país (Figura 15).

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Figura 15: Informações sobre os Tipos de Proteção de PI

Fonte: Plataforma Proyecta - Prosul, 2021.

A plataforma Proyecta facilita o acesso do cidadão a diversas informações sobre o


sistema de propriedade industrial de cada país membro, disponíveis em português e
espanhol, tais como: as formas de proteção e como depositar em cada país; as taxas de
cada tipo de proteção; o classificador de produtos e serviços; informações de financiamento
(exs: Peru, Colômbia); e, alguns casos de sucesso. Além disso, o navegador (ou
explorador) é uma ferramenta dinâmica que mostra visualmente com o uso de cores os
tipos de proteção de cada país para alguns exemplos de tecnologias ou objetos
selecionados (Figura 16).
Figura 16: Navegador da plataforma Proyecta

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©WIPO/INPI -2021
Fonte: Plataforma Proyecta - Prosul, 2021.

Através da plataforma Proyecta, no menu “Aprender” (aba “sala de aula”), o usuário


também poderá aprender como usar os serviços oferecidos pelas instituições oficiais, como
o INPI no Brasil, fazendo alguns cursos (presenciais ou à distância) disponíveis em cada
país, assistindo aos vídeos tutoriais, consultando os guias de busca, ou mesmo lendo as
publicações e estudos sobre o tema (Figura 17).
Figura 17: Boletins (Publicações) do INPI (Brasil) na plataforma Proyecta

Fonte: Plataforma Proyecta - Prosul, 2021.

Por fim, notícias de cada país e eventos relacionados à PI permitem ao usuário


manter-se atualizado.

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1.7 Como usar informações das patentes: alguns estudos de caso

Os exemplos a seguir são de casos reais em que as informações das patentes foram
usadas de forma muito eficaz. Eles mostram como as informações das patentes podem ser
usadas de diferentes maneiras por qualquer pessoa que queira encontrar uma solução
específica para um problema específico. O uso estratégico de informações das patentes
demonstra como países em desenvolvimento podem se beneficiar com as informações
sobre patentes e com o desenvolvimento de uma política de PI para estimular o crescimento
econômico.

1.7.1 Estudo de caso 1: O contrato de licença

O potencial de mercado inativo de um novo medicamento levou a Pfizer’s a firmar um


contrato de licença mutuamente benéfico com a empresa croata Pliva, titular da patente.
Nigel Keegan, analista do Daiwa Institute of Research Europe em Londres, estimou que os
royalties e a margem das vendas a granel da azitromicina para a Pfizer representaram mais
de 75% do lucro operacional da Pliva em 1999. Mal se poderia imaginar que a Pliva,
empresa mais rentável da Croácia e sua maior empresa farmacêutica, tivesse algum dia
estado em dificuldades.
Com a descoberta da azitromicina, essa empresa vivenciou uma tremenda reviravolta.
Hoje, a azitromicina é o antibiótico mais vendido no mundo. Patenteado pela Pliva em 1980,
a molécula foi em seguida licenciada para a Pfizer, que a comercializa com o nome de
Zithromax. As vendas do Zithromax ultrapassaram US$1 bilhão no ano passado e espera-
se que cresçam ainda mais. As receitas fenomenais geradas graças ao contrato de licença
facilitaram a rápida expansão da Pliva na Croácia, Polônia e Rússia. Por mais notável que
seja, tudo isso só ocorreu porque os cientistas da Pfizer esbarraram por acaso na patente
da Pliva em 1981 enquanto consultavam documentos de patentes no Instituto Americano de
Patentes e Marcas (USPTO).15

1.7.2 Estudo de caso 2: A busca de informações das patentes

Na década de 1990, fabricantes de medicamentos genéricos na Índia tornaram-se de


líderes no fornecimento de genéricos para países em desenvolvimento. Pouca gente sabe
como conquistaram essa posição, mas vale a pena rever esta história. Basicamente, os
fabricantes farmacêuticos da Índia usaram o sistema de patentes da melhor forma possível,
para adquirir conhecimentos e capacidades por meio do estudo de patentes. A forma como
fizeram isso pode ser uma boa lição para países em desenvolvimento que ainda não
aproveitaram plenamente as vantagens do sistema de patentes. Nas últimas três décadas,
empresas farmacêuticas nacionais indianas não precisaram de muita assistência técnica
formal estrangeira para desenvolver o conhecimento e as competências básicas para a
produção de medicamentos essenciais. Elas fizeram isso pesquisando documentos de
patentes livremente publicados em outros países. Alguns dos pedidos de patentes nunca
foram depositados na Índia, principalmente porque os titulares das patentes não tinham
interesse em estender seus esforços de marketing até lá. A tecnologia apresentada nesses
pedidos de patentes estava, e permanece, livremente disponível para a indústria local. As
empresas indianas aproveitaram essa riqueza de conhecimentos, e outras empresas

15
Fonte: Wall Street Journal (Bruxelas), 3 de março, 1999, p. 14.
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inseridas numa cultura de inovação podem fazer o mesmo. Neste caso, é só uma questão
de conscientização.16

1.7.3 Estudo de Caso 3: Informações das patentes e estratégia de marketing /


investimento

A IG Kogyo Co., Ltda., detém a maior participação do mercado de revestimento


metálico (isolamento térmico metálico para paredes exteriores de casas), e exporta o
material. O CEO, Takashi Ishikawa, estava convencido de que as baixas temperatura
invernais eram responsáveis pela elevada taxa de mortalidade por AVC na região onde ele
vive. Ele então largou seu emprego de carpinteiro especializado na construção de sacrários
e templos para lançar seu próprio negócio.
Ishikawa imaginou que o interior de uma casa ficaria muito mais aquecido se fortes
placas de ferro adicionadas de isolante térmico fossem usadas no revestimento das
paredes exteriores. Ficou, então, pensando que material poderia ser associado às placas de
ferro para obter esse efeito. Em uma manhã de neve, ele se encontrava deitado em seu
futon (a cama japonesa) quando o colchão chamou sua atenção. Percebeu que o interior do
futon ficava aquecido por causa do colchão. Ele só sabia que enchimento do colchão era
feito de um material chamado poliuretano, nada mais.
Ishikawa viajou para Tóquio, foi direto ao Escritório Japonês de Patentes (Japan
Patent Office - JPO) e consultou as publicações de pedidos de patentes não examinados,
graças às quais ele pôde obter preciosas informações sobre o poliuretano. Para se produzir
poliuretano, deve-se adicionar um agente espumante a materiais de resina chamados de
poliol e poli isocianato e misturar tudo em uma máquina. O titular da patente básica era um
fabricante estrangeiro. Contudo, o prazo de validade ia expirar em junho de 1971, enquanto
o prazo de validade das patentes relacionadas ia expirar em junho de 1973, o que tornaria o
poliuretano livre de patente (essa invenção pode ser usada sem taxa de licença já que o
prazo de validade da patente expirou). Embora se use poliuretano macio em colchões,
pode-se produzir poliuretano rígido alterando o agente catalisador (substância que acelera
alguma reação química).
Ishikawa convenceu-se de que "um material de construção que aliasse placas de ferro
com poliuretano produziria um revestimento de paredes exteriores revolucionário", e
imediatamente apresentou sua ideia a uma série de empresas, incluindo grandes
fabricantes de aço. Porém, nenhuma delas mostrou interesse: a ideia dele era excêntrica
demais para os fabricantes de aço e materiais de construção da época.
A única opção de Ishikawa era montar sua própria empresa para comercializar o novo
material de construção. Suas primeiras tentativas fracassaram, o que quase o fez desistir
várias vezes. No entanto, após um longo e penoso período provações, em 1976 ele
finalmente desenvolveu uma tecnologia capaz de aumentar significativamente a velocidade
de solidificação do poliuretano, e conseguiu reduzir os custos. Quando lançou o produto, foi
um grande sucesso. Desde então, a empresa vem trabalhando para aprimorar o
desempenho e o design do produto. Ela criou uma categoria (revestimento metálico), na
área de materiais de construção de casas, e tornou-se uma fabricante de materiais de
construção reconhecida em todo o país.
"As vendas começaram a crescer do nada enquanto nós estávamos imersos no
desenvolvimento do produto", diz Ishikawa casualmente. Contudo, o seu sucesso assentou-se
realmente em suas exatas percepções de mercado e estratégia. A sua principal arma foram as
informações sobre patentes. Ishikawa diz: “Não precisamos mais visitar o Instituto Japonês de
Patentes para adquirir informações sobre patentes. Basta acessá-las pela internet. Analisando
16
Fonte: Carsten Fink and Keith Maskus, Intellectual Property and Development, publicado por Oxford Press e Banco Mundial
(2004), p. 230.
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as informações sobre patentes, você pode perceber as tendências não só da indústria, mas
também da sociedade. Desde que se coletem informações de forma organizada, o fato de estar
numa área provinciana não é obstáculo para nenhuma empresa.”
Os direitos de propriedade industrial da IG Kogyo hoje ultrapassam os 10.000,
incluindo os depósitos pendentes no Instituto de Patentes, uma quantia impressionante para
uma empresa localizada numa região provinciana e com capital de 150 milhões de ienes
(1,25 milhões de dólares). A IG Kogyo tornou-se famosa como uma "empresa de estratégia
baseada em patentes".
O ponto central dessa história é que qualquer pessoa pode se informar sobre
invenções anteriores, consultando as informações contidas nos documentos de patentes. E
em seguida, ela pode aproveitar o conhecimento adquirido nestes documentos para ter
novas ideias sobre determinada tecnologia, imaginando o que poderia inventar.17

1.7.4 Estudo de caso 4: O uso de informações das patentes para solucionar


um problema técnico

A Rica Industries, empresa malaia, era uma típica PME, com menos de 150
funcionários e faturamento anual de menos de US$ 8 milhões. A empresa fabricava e
vendia produtos químicos e prestava consultoria para assuntos de produção e controle de
qualidade.
A empresa iniciou suas operações comprando fórmulas químicas e expertise de
firmas estrangeiras de tecnologia, e uma boa parte das suas receitas era usada para pagar
royalties aos licenciantes. Para reduzir os pagamentos de royalties e aumentar os lucros, a
Rica Industries criou seu próprio departamento de P&D com o intuito de desenvolver suas
próprias fórmulas químicas, e fabricar e vender seus próprios produtos químicos.
Como parte do processo, a equipe de P&D explorou o potencial do uso estratégico de
informações sobre patentes, como explicitado em uma declaração de seu químico chefe:
"As informações sobre patentes são algo que eu acho muito interessante. Diferentes
patentes me ensinam diferentes maneiras de resolver problemas."
Aos poucos, a empresa foi registrando algumas histórias de sucesso graças a novos
produtos químicos desenvolvidos com o auxílio de informações sobre patentes. Uma delas
ocorreu na indústria de fabricação de armários metálicos. Convencionalmente, as placas de
aço (baixo carbono) precisam ser tratadas com fosfato de ferro em câmara quente, a
temperaturas entre 50° C e 70° C. Após esse tratamento de calor, as chapas de aço são
pintadas. Mas os custos de construção e manutenção de uma câmara quente são elevados.
O problema da empresa era: reduzir os custos de construção e operação de câmaras
quentes desenvolvendo uma nova fórmula química que pudesse ser usada para tratar
chapas metálicas com fosfato de ferro à temperatura ambiente.
A equipe coletou informações em periódicos técnicos e em patentes, e a partir daí,
pôde desenvolver suas próprias soluções técnicas e patenteá-las. Para exemplos, veja as
patentes US 3060066, US 4017335, US 4149909, e US 5137589.
A importância das informações sobre patentes é ressaltada em algumas declarações
da empresa:
 "Alguns exemplos funcionaram bem, outros não. Mas isso não me incomoda. O que é
importante são as pistas ou ideias que os documentos de patente nos dão."
 "Durante o processo, nós reunimos muitas boas ideias e pistas para resolver o nosso
problema. Valorizamos todas elas."

17
Fonte: Estudo de caso extraído de “Experience of Japan”, publicado pelo Instituto de Propriedade Intelectual (Tóquio).
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©WIPO/INPI -2021
 "Associamos as ideias valiosas que encontramos em documentos de patente a nossas
próprias pesquisas e ideias sobre como resolver o problema. Fizemos muitas experiências.
Nessa conexão, as informações sobre patentes nos mostraram várias possibilidades de
abordagem do problema. Elas são um verdadeiro atalho no processo de resolução de
problemas."

Em essência, graças aos conhecimentos das informações contidas nos documentos


de patentes, os pesquisadores da Rica Industries não só evitaram ter de reinventar o aço,
mas também desenvolveram soluções patenteáveis próprias ainda mais eficazes,
comparando a invenção deles àquelas propostas em documentos de patente anteriores.

1.7.5 Estudo de caso 5: Informações das patentes como elemento para a


elaboração de políticas (a lei Bayh-Dole, EUA) 18

As informações contidas nos documentos de patentes também são importantes para


as empresas manterem sua competitividade no mercado e para os governos elaborarem e
implementarem políticas de crescimento econômico. A introdução, em 1980, da lei Bayh-
Dole nos Estados Unidos é um bom exemplo de como usar dados estatísticos de
informações sobre patentes na elaboração de políticas. Em 1980, o governo federal
americano, por meio de pesquisas financiadas por ele, tinha acumulado cerca de 30.000
patentes, entre as quais, menos de 50% resultaram em produtos novos ou aprimorados.
Como o governo não dispunha nem de recursos nem de uma política bem definida para
desenvolver e comercializar essas invenções, muitas dessas patentes não foram usadas.
A fim de corrigir essa falta de comercialização das pesquisas financiadas pelo
governo, os senadores Birch Bayh e Robert Dole redigiram juntos o projeto de lei
"Government Patent Policy Act of 1980", que mais tarde se tornou o "US Bayh-Dole Act". O
principal objetivo dessa lei era aumentar a competitividade e a renovação econômica,
criando um elo entre a pesquisa acadêmica e a economia geral. A lei permitiu a
transferência do controle total das invenções financiadas pelo governo para universidades e
empresas, que operariam com acordos do governo, visando a estimular P&D e a
comercialização. A titularidade predefinida da PI e a capacidade de discutir e negociar
licenças exclusivas foram consideradas importantes para acelerar o investimento privado no
desenvolvimento de inovações financiadas pelo governo. A lei Bayh-Dole também
incentivou universidades a fazerem esforços razoáveis para comercializar suas invenções,
principalmente concedendo licenças a pequenas empresas, e continha ainda disposições
de incentivo a inventores.
Desde 1980, mais de 4.000 novas empresas foram criadas a partir de licenças
concedidas por instituições acadêmicas. Estima-se que os benefícios econômicos gerados
pelas atividades de licenciamento das universidades acrescentem cerca de US$41 bilhões
por ano à economia americana, além de garantirem centenas de milhares de empregos. A
lei Bayh-Doyle também é responsável por vários produtos e serviços de sucesso atualmente
disponíveis, como por exemplo: a ressonância magnética (Universidade de Wisconsin–
Madison); um sistema de litografia para a fabricação de dispositivos de escala nanométrica
(Universidade do Texas-Austin); e um novo tratamento para o aneurisma (Universidade da
Califórnia–Los Angeles). Outros produtos populares – como programas de email que
permitem anexar arquivos, o navegador web, o Google, implantes cocleares, o V-chip, o
adesivo de nicotina, muitas tecnologias celulares etc. – também foram originados em
laboratórios universitários. Assim, a lei Bayh-Doyle pode ser vista como catalisadora para a

18
Birch Bayh & Bob Doyle, Bayh-Dole+25, Tech Comm The National Journal of Technology Commercialization, abril-maio de
2005.
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criação de um ambiente de colaboração contínua entre governo, universidades e
pesquisadores do setor privado.
A lei Bayh-Doyle, que surgiu graças ao uso de informações das patentes como
ferramenta estatística para a formulação de políticas, foi instrumental para o
desenvolvimento de tecnologias e produtos novos que sem ela talvez tivessem
permanecido inativos até hoje. Duas décadas depois da sua introdução, a lei Bayh-Doyle foi
descrita como "provavelmente a lei mais inspiradora adotada nos Estados Unidos no último
meio século”19
No Brasil, a Lei de Inovação Tecnológica (nº 10.973 de 02 de dezembro de 200420,
alterada pela Lei 13.243 de 11 de janeiro de 201621, e em seguida pelo Decreto 9283 de
201822) tem como objetivo:
a) Estimular a criação de ambientes especializados e cooperativos de inovação;
b) Estimular a participação de Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) no processo de
inovação;
c) Estimular a inovação nas empresas;
d) Estimular o inventor independente;
e) Estimular a criação de fundos de investimentos para a inovação.

Além disso, esta lei instituiu os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) nas
instituições de ciência e tecnologia públicas. O objetivo desses núcleos é gestão de política
institucional de transferência de tecnologia das instituições de ciência e tecnologia para o
setor empresarial.23

1.7.6 Estudo de Caso 6: Parceria entre universidade e empresa no Brasil

A Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), criada em 1966, considerada uma


das mais importantes universidades brasileiras, desenvolve pesquisas pautadas por
padrões de qualidade internacionais. A agência Inova UNICAMP é o órgão responsável pela
gestão da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia da universidade, e conta com uma
seleção interna de patentes rígida para garantir o ineditismo e que as ideias sejam aplicáveis no
mercado.24 Assim, até o final de outubro de 2006, quando completou 40 anos, a UNICAMP
atingiu um total de 471 patentes depositadas no Brasil, sendo 10 internacionais e licenciou
50 patentes para 26 diferentes empresas. Na última década, a UNICAMP tem sido uma das
líderes no ranking de instituições brasileiras que depositam patentes no INPI: em 2017 a
universidade depositou 77 pedidos de patente. De acordo com o Relatório Anual 2020, a
UNICAMP superou a série histórica, obtendo a concessão de 106 novas patentes (101 no
Brasil), atingindo um portfólio de 1212 patentes neste ano.25
Atualmente a UNICAMP é uma das instituições brasileiras que mais transferem propriedade
intelectual para o mercado. Isso significa a aplicação da inovação nas indústrias para que os
produtos possam ser consumidos pela população. Foram 25 transferências em 2017, número que
vem crescendo nos últimos anos. Antes de 2013, a média era de cerca de seis por ano. Em 2020, a

19
Innovation’s Golden Goose, Technology Quarterly Section, The Economist, 3 (12 de dezembro de 2002).
20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm
21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13243.htm
22
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/d9283.htm
23
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Inova%C3%A7%C3%A3o_Tecnol%C3%B3gica e
https://www.scielo.br/j/read/a/b8mzDddpnqBGwdZ94zFwB7C/?lang=pt
24
https://www.inova.unicamp.br/
25
Palazi, Ana Paula. Inova UNICAMP, Notícias Inova, 05/04/2021. Informações disponíveis em
https://www.inova.unicamp.br/noticias-inova/unicamp-dobra-o-numero-de-contratos-assinados-e-atinge-170-licencas-
vigentes-em-2020/ .
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instituição aumentou a quantidade de contratos de tecnologia assinados com empresas,
alcançando a marca de 170 licenças vigentes. Segundo o Relatório Anual 2020, os
contratos de transferência e de licenciamento de tecnologia firmados no ano passado
geraram ganhos econômicos de 1,9 milhões de reais, incluindo royalties. Desta forma, a
universidade gera conhecimento e tecnologia, recursos para continuar as pesquisas, e o mais
importante é a transferência para o mercado, pois isto fará com que essas tecnologias possam ser
utilizadas pela sociedade, completando o ciclo de inovação e tornando as empresas parceiras mais
competitivas.
Um exemplo desta aproximação / parceria entre universidades e empresas se dá
entre a UNICAMP e a Usina de São Francisco e a Organização Balbo, em Sertãozinho. É
na Usina de São Francisco que se desenvolve o “Projeto Cana Verde”26, o maior programa
de agricultura orgânica do mundo, iniciado há mais de 30 anos. Este projeto tornou esta
usina a pioneira no Brasil na geração de excedente de energia elétrica a partir do bagaço
da cana. (Figura 18) A UNICAMP também tem parcerias com outras empresas, como por
exemplo, a Bunge (uma empresa multinacional) no desenvolvimento do produto Biphor
(pigmento branco para tintas) e do seu processo de fabricação, onde a universidade
forneceu as instalações e é responsável pela parte operacional da pesquisa (a empresa
participou através do financiamento do desenvolvimento do produto e do processo).27 Neste
caso, as patentes do produto Biphor e de seu processo de fabricação pertencem a ambas.28

Figura 18: Projeto Cana Verde – página inicial

26
https://www.nativealimentos.com.br/nosso-mundo/projeto-cana-verde
27
A UNICAMP também forneceu recursos do Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP) para as despesas de
operação.
28
Fonte: SANTOS, E.V.; MACHADO, R.P.M.; FRANÇA, S. A história da tecnologia
brasileira contada por patentes (The Brazilian technology history
counted by patentes). Rio de Janeiro: INPI, 2008. 81 p., il., 23 cm.

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Fonte: Portal do Projeto, 2021.

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1.7.7 Estudo de caso 7: A busca de informações das patentes licenciadas no
INPI (Brasil)

Os agentes econômicos podem verificar se as patentes concedidas ou pedidos


depositados no Brasil foram objeto de licenciamento averbado no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI). Essa busca poderá subsidiar os tomadores de decisão com
relação ao mercado de tecnologia. A busca é realizada no “Busca Web” do INPI disponível
no Portal do instituto, conforme a Figura 19 a seguir:
Figura 19: Portal do INPI – página inicial

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

Em seguida, clicar no ícone “Transferência de Tecnologia”, conforme a Figura 20:

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Figura 20: Ícones de acesso a cada ativo de PI

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

Inserir o nº da patente (ex.: BR1020140030336) e clicar em “pesquisar” (Figura 21):

Figura 21: Pesquisar informações sobre “Transferência de Tecnologia” no site do INPI

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

Assim, aparecerão os processos vinculados a este pedido de patente de contrato


averbado pelo INPI, conforme Figura 22 abaixo:
Figura 22: Resultados da busca

Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

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Ao clicar no número do processo, aparecerá a tramitação no INPI e o extrato do
Certificado de Averbação, conforme a Figura 23 a seguir.
Figura 23: Informações gerais sobre o documento pesquisado no INPI

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Fonte: Portal do INPI (Brasil), 2021.

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1.8 Perguntas para autoavaliação (PAV)

PAV1.1: Qual o papel do sistema de patentes? (pode marcar mais de uma opção)

1. Impulsionar o crescimento econômico.


2. Disseminar novas informações técnicas.
3. Incentivar inventores.
4. Estimular a inovação.

PAV1.2: Que informações podem estar contidas em um documento de patente?

1. Detalhes sobre o(s) inventor(es).


2. Título da invenção.
3. Resumo.
4. Detalhes sobre o titular da patente.
5. Detalhes sobre o licenciado.
6. Data em que o pedido de patente foi depositado.
7. Descrição da invenção.
8. Reivindicações.

PAV1.3: Quais das seguintes afirmações são verdadeiras?

1. As informações sobre patentes só estão disponíveis em bibliotecas.


2. As informações sobre patentes estão disponíveis na internet, mas o acesso é pago.
3. As informações sobre patentes estão disponíveis gratuitamente na internet.
4. Existem dois tipos de informações sobre patentes: técnicas e jurídicas.
5. Qualquer pessoa pode usar uma invenção patenteada em um país específico, mas somente se a
patente tiver sido publicada nesse país.
6. Qualquer pessoa pode usar uma invenção patenteada em um país específico, mas somente se
todas as patentes relevantes no mundo todo tiverem expirado.
7. Qualquer pessoa pode usar uma invenção patenteada em um país específico contanto que não
haja nenhuma patente vigente nesse país, mesmo havendo patentes vigentes em outros países.
8. Cerca de 700.000 de documentos de patente foram publicados até hoje no mundo todo.
9. Cerca de 7 milhões de documentos de patente foram publicados até hoje no mundo todo.
10. Mais de 120 milhões de documentos de patente foram publicados até hoje no mundo todo.

PAV1.4: Que outros meios – além da patente – podem ser usados para proteger vários
aspectos relacionados a uma invenção ou à comercialização dela?

1. Segredo Industrial.
2. Desenhos.
3. Modelos de utilidade.
4. Marcas.
5. Direitos autorais.

PAV1.5: Quais das afirmações abaixo são verdadeiras?

1. É aconselhável realizar uma busca de informações das patentes antes de começar um projeto de
pesquisa.

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2. É aconselhável realizar uma busca de informações das patentes antes de lançar um produto no
mercado.
3. É aconselhável realizar uma busca de informações das patentes antes de atacar a validade da
patente de outro titular.
4. A busca de informações das patentes pode ser usada para saber o que os concorrentes estão
fazendo.
5. A busca de informações das patentes pode ser usada para identificar possíveis parceiros
comerciais, investidores e licenciados.
6. A busca de informações das patentes pode ser usada para identificar uma tecnologia inativa que
possa ser comercializada.

PAV1.6: Descreva, em algumas palavras, uma das formas como as informações das
patentes podem ser diretamente usadas por um inventor à procura de oportunidades
comerciais no seu país.

PAV1.7: Descreva em algumas palavras como inventores em países em desenvolvimento


podem tirar proveito de buscas de informações sobre patentes para desenvolver suas
invenções

PAV1.8: Descreva em poucas palavras três formas como alguns Institutos de Patentes
estão desenvolvendo serviços para ter um impacto direto no crescimento econômico.

PAV1.9: Enumere os três aspectos das formas tradicionais de criatividade e inovação para
as quais se está buscando uma melhor proteção para povos indígenas no âmbito da
Agenda da OMPI para o Desenvolvimento.

PAV1.10: Enumere as duas principais áreas de apoio – que visam a estimular a inovação
local e transferência de tecnologia em países em desenvolvimento – disponibilizadas no
âmbito da Agenda da OMPI para o Desenvolvimento.

PAV1.11: Enumere alguns dos serviços que podem ser oferecidos pelos Centros de Apoio à
Tecnologia e Inovação (TISC) criados no âmbito da Agenda da OMPI para o
Desenvolvimento.

PAV1.12: Enumere algumas das vantagens se juntar à rede social eTISC.

[Fim do Módulo 1]

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