Projeto em Energia Renováveis
Projeto em Energia Renováveis
Projeto em Energia Renováveis
NOSSA HISTÓRIA
Referências............................................................................................................. 50
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Unidade 1: Meio Ambiente: Energias Renováveis
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AMBIENTE:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondose ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento)
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
(Regulamento)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
(Regulamento)
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente; (Regulamento)
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais à crueldade. (Regulamento)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais. (Regulamento)
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que, não poderão ser instaladas (BRASIL,
1988).
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lixo e dejetos animais, entre outros. Em comum elas têm o fato de serem
renováveis e, portanto, corretas do ponto de vista ambiental. Permitem não
só a diversificação, mas também a ‘limpeza’ da matriz energética local, ao
reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo,
cuja utilização é responsável pela emissão de grande parte dos gases que
provocam o efeito estufa (ANEEL, 2008, p. 77).
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os raios solares, assim como também conseguem atuar na energia termelétrica,
armazenando energia elétrica (AGUILAR; OLIVEIRA; ARCANJO, 2012).
Em âmbito nacional, o estado de Minas Gerais tem se destacado pelo uso da
energia solar, o que permite uma maior otimização do uso de energia elétrica, dando
menos despesas aos cofres públicos, o que politicamente permite um status, mas
economicamente um prejuízo pelo fato de não se ter oportunidade de lucrar com essa
fonte de energia (ACRÍTICA, 2018).
A energia eólica, gerada pela força dos ventos, representados por cata-ventos
enormes ou turbinas eólicas são construídos para que possa ser captada,
armazenada e gerada a energia elétrica (AGUILAR; OLIVEIRA; ARCANJO, 2012).
Desta forma, quando esses geradores são construídos, possibilita que essa energia
gerada consiga chegar às residências e sustentar ecologicamente uma cidade. No
caso dos estados do Nordeste, em especial Bahia, que possui muitas usinas, estas
se utilizam dessa fonte renovável e infinitamente rica, ainda que apresente
insuficiência no armazenamento, pela dependência da natureza (pouco vento)
(ACRÍTICA, 2018).
Ao que se refere à energia eólica, sendo o Brasil emergente no fornecimento
dessa fonte de energia renovável, constata-se que na política externa em relação a
outros países, oferece relativa autonomia na geração de energia; limpa e possível
desde que seja implantada em locais adequados. Todavia, em argumentos políticos
que têm como foco a elaboração de estratégias acerca da expansão da energia eólica,
encontra entraves que dificultam que essa energia internacionalmente seja
considerada possível, porque o Brasil pode ter destaque neste âmbito, melhorando
até economicamente. A fonte de energia eólica pode dar ao Brasil, uma maior
credibilidade, por esse motivo precisa ser bem explicitada quanto ao uso, assim como
cuidados e manutenção, e quando a população que utiliza conhece o funcionamento
e não só isso, quando sabe colaborar com essa fonte de energia renovável, por isso
a política de apoio ainda precisa ser feita por todos (ANEEL, 2008).
A geração de energia hidráulica/hidrelétrica ocorre por meio do movimento das
águas, com isso consegue ser rica na captação e para aproveitar o seu máximo
potencial hidráulico pode ser realizada em um rio que tenha um elevado volume de
água, porém para isso é necessária a construção de usinas em rios. A energia
hidráulica é muito utilizada aqui no Brasil, no qual se podem destacar as bacias do
Rio Paraná e do Rio Amazonas (AGUILAR; OLIVEIRA; ARCANJO, 2012).
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Essa fonte de energia renovável, apesar de muito eficiente, causa grandes
impactos à natureza, por conta disso é construída em espaços isolados, para não
causar inundações, mas quando são construídas nas cidades pode trazer grandes
prejuízos à população ribeirinha, devido aos alagamentos nas casas mais próximas,
provocando quebra na economia do município ou do estado. Pode ainda causar
prejuízos enormes quanto ao seu custeio de manutenção de funcionamento em locais
mais isolados (AGUILAR; OLIVEIRA; ARCANJO, 2012).
Energia biomassa tem como fonte de energia a matéria orgânica, não fóssil é
gerada com a utilização de restos de cana de açúcar, como o bagaço, entre outros
restos agrícolas. A biomassa consiste em se empregar na produção de energia,
procedimentos como a reação de um combustível com oxigênio de materiais
orgânicos que são gerados e aglomerados em um ecossistema (AGUILAR;
OLIVEIRA; ARCANJO, 2012).
Ao se tratar de energia de biomassa que provém de sobras vegetais e animais,
o Brasil tem condições para essa implantação, tanto que a cana de açúcar, muito
utilizada, vem comprovando essa fonte de energia, pois em seu espaço territorial, é
eixo principal na geração de energia elétrica, mas como suas bases são espalhadas
e dispersas, é utilizada para consumo, dando lucro na exportação, Ainda que todo o
tipo de dificuldade seja colocado, tanto política quanto economicamente, para que
essa fonte de energia renovável não chame a atenção para ser explorada devem ser
criadas usinas para seu melhor aproveitamento (ANEEL, 2008).
A energia geotérmica é obtida por meio do calor no interior da Terra, assim a
geração de eletricidade consiste na produção, por meio de uma turbina movida a
vapor de água, a partir do aquecimento do interior da terra. Sendo considerada uma
das energias mais limpas e em quantidades enormes, essa energia vem se
desenvolvendo em diversos países além Brasil. Como fonte condutora de eletricidade,
seu funcionamento é preciso e eficaz (AGUILAR; OLIVEIRA; ARCANJO, 2012).
Na questão da energia geotérmica, considerada econômica, ainda tem
algumas ressalvas quanto a sua implantação, sendo um dos motivos para que alguns
pesquisadores considerem o Brasil um país de pouco potencial para tal avanço. Entre
os contrapontos estão a natureza e a economia, que aumentam o desinteresse em se
criar normas que possam chamar a atenção de investidores para tal implantação.
Outro motivo é que o Brasil, por ser uma país tropical, é considerado relativamente
mais quente (ANEEL, 2008).
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Como politicamente as fontes de energias renováveis dão ao Brasil um
destaque positivo, é preciso que se analisem, por outro lado, os riscos que podem ser
causados à sociedade o uso da energia hidráulica/hidrelétrica, referentes a
rachaduras nas barragens, falta de manutenção e projetos ambientais que preservem
a população de possíveis desastres causados pelo homem.
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Todos os segmentos sociais têm interesse em que as políticas ambientais
sejam formuladas e executadas de forma a refletir o máximo possível as suas
pretensões. Isso seria capaz de possibilitar um gasto mais eficiente do
dinheiro público, a satisfação da população com o desempenho dos agentes
governamentais, a efetiva proteção ambiental, o desenvolvimento social e
econômico sustentável (SIQUEIRA, 2008, p.426).
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§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da
Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente
para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-
la.
§ 2º A solicitação deverá conter:
I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
II - o objeto e o motivo de sua formulação;
III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;
IV - a especificação da assistência solicitada;
V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.
Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para
a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de
comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações
com órgãos de outros países (BRASIL, 1998).
A importância de se ter criado uma lei para penalizar quem comete qualquer
tipo de crime contra com o meio ambiente ajuda, porém não garante que não irá
acontecer. A preocupação de manter a fauna e flora de todo o ecossistema brasileiro
é uma preocupação nacional e internacional (AYALA; SENN, 2012).
LAFER (1992 apud BRANDÃO et. al., 2015, p. 13) afirma que:
Para tornar viável o desenvolvimento sustentável dos países em
desenvolvimento, são imprescindíveis formas inovadoras de cooperação nas
áreas econômica e financeira. Recursos financeiros democráticos e
transparentes serão essenciais para assegurar a plena implementação dos
compromissos que assumirmos nesta conferência. Consideráveis
investimentos serão necessários para internalização dos custos ambientais.
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população brasileira acaba sofrendo altos impactos com essas instabilidades. No
entanto, o Brasil conseguiu se elevar como potência emergente, e com essa
ampliação estável no mercado e participação mais intensa em fóruns renomados e
regiões, possibilitou maior visibilidade ao país, conseguindo obter reconhecimento
internacional.
Em 2003, foi implantado no Brasil o PROINFA (Programa de Incentivo às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica)
Maior programa nacional para estímulo à produção de energia elétrica por
meio das fontes renováveis, com base na Lei no 10.438, de abril de 2002. O
programa é gerenciado pela Eletrobrás, empresa constituída pelo Governo
Federal em 1962 para investir na expansão do sistema elétrico nacional. Para
a primeira fase do programa, previa-se a instalação de uma capacidade total
de 3,3 mil MW. A energia produzida pelo Proinfa tem garantia de contratação
por 20 anos pela Eletrobrás (ANEEL, 2008)
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Cervo, Bervian e Silva (2007) descrevem a pesquisa bibliográfica como a que
busca interpretar um problema partindo de fundamentações teóricas já publicadas,
utilizando como base, livros, artigos científicos, dissertações e teses. Assim podendo
ser desempenhada independentemente ou fazendo parte de uma pesquisa
experimental ou descritiva. Desta forma, em qualquer um dos casos, procura-se
analisar e conhecer as informações culturais ou científicas referentes ao passado a
propósito de tema, assunto ou problema específico.
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Alguns questionamentos são levantados por conta da questão ambiental,
porém quando o assunto trata de energias renováveis, duas ou até mais questões são
relevantes já que, infelizmente, cada órgão seja público ou até mesmo privado, têm
interesses próprios e todos querem tirar vantagens e não ter prejuízos.
Se por um lado a questão política envolve toda uma sociedade cheia de
problemas e dificuldades em seu cotidiano, que clama por um olhar diferenciado
quanto às condições precárias em que se encontram no caso do Brasil, por outro, há
inúmeras situações embaraçosas envolvem corrupção e falta de organização.
Portanto, é necessário criar métodos que possam incluir o homem enquanto
ser social e política, que haja empenho e práticas, onde todos se beneficiem, pois a
sustentabilidade e o meio ambiente, que caminham juntos tenham na sustentabilidade
uma forma de preservação do meio ambiente.
Quanto à parte política, esta se divide em outros assuntos, não demostrando
tanto interesse em inovar as fontes de energia de modo a favorecer a saúde da
população. Países até menores conseguem justificar as leis e com isso argumentar
para a sociedade que quanto mais riquezas o país possui, menor será a dependência
de outro país para a manutenção de energia. Assim como o combustível fóssil, que
até pode ser melhor, porém mesmo com banco atuando no financiamento, quantos
projetos de proteção ambiental vão ser necessários até a sociedade se sinta
responsável pela utilização de outros métodos e com isso obtenha uma vida mais
saudável, sem prejuízos na saúde e no bolso
A diminuição de juros, o incentivo à utilização tem que partir de quem tem mais
conhecimento sobre o assunto de energias renováveis, mas para isso todos os
congressos, seminários, devem ser do conhecimento não só dos órgãos públicos mas
da população em geral para que possam exercer de fato a cidadania.
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Unidade 2: Energias Renováveis: Um Futuro
Sustentável
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aprimorou a máquina a vapor e desenvolveu motores de combustão interna movidos
a gasolina e diesel, que são derivados do petróleo. Alguns experimentos também
foram realizados com óleos vegetais, mas os derivados de petróleo eram bastante
confiáveis, abundantes, baratos, fáceis de estocar e transportar.
Vieram mais tarde os motores elétricos e a energia nuclear, mas o mundo
nunca mais rompeu sua relação de dependência com o petróleo. A energia de 2 kcal
que mantinha o homem primitivo por um dia corresponde àquela contida num copo de
petróleo.
Ficou mais fácil o acesso à energia. As 2 kcal estão contidas num único lanche
“combinado tamanho grande” que pode ser comprado em cadeias de lanchonetes.
Uma Ferrari que transporta uma ou duas pessoas tem a força de 600 cavalos. No ano
2003, cada um dos 6 bilhões de habitantes do planeta consumiu em média 1,69 .107
kcal (ou 1,69 tonelada equivalente de petróleo per capita no ano), cerca de um milhão
de vezes o que consumia o homem primitivo.
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Seção 2.2: Classificação das fontes de energia: renováveis e não-
renováveis
Muita energia vem do Sol para a Terra, mas pouco é aproveitado. Uma parte
da radiação solar fornece calor, outra forma os ventos, outra, os potenciais hidráulicos
dos rios (pela evaporação e condensação), outra, as correntes marinhas. Uma
pequena parte é incorporada nos vegetais através da fotossíntese e serve para
sustentar toda a cadeia alimentar do planeta.
Ao longo das eras, a matéria orgânica dos seres que pereciam se acumulou no
subsolo terrestre, formando as chamadas fontes fósseis de energia: petróleo, carvão
mineral, gás natural, xisto betuminoso e outros. O processo ocorreu em milhões de
anos.
Da mesma forma, alguns elementos químicos que sempre estiveram presentes
na crosta terrestre podem gerar energia através da fissão de seus núcleos: é o caso
do urânio. Esses elementos são as fontes primárias de energia nuclear.
Como a reposição das fontes de energia fóssil e nuclear requer um horizonte
de tempo geológico, essas são consideradas não-renováveis. Já as fontes renováveis
de energia são repostas imediatamente pela natureza; é o caso dos potenciais
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hidráulicos (quedas d’água), eólicos (ventos), a energia das marés e das ondas, a
radiação solar e o calor do fundo da Terra (geotermal). A biomassa também é uma
fonte renovável de energia e engloba diversas subcategorias, desde as mais
tradicionais (como a lenha e os resíduos animais e vegetais) até as mais modernas
(como o etanol para automóveis, biodiesel, bagaço de cana para co-geração
energética e gás de aterros sanitários utilizados para a geração de eletricidade).
Impactos do uso da lenha nas antigas civilizações
Apesar de a lenha ser uma fonte renovável de energia, os estoques utilizados
nem sempre são repostos. A expansão da civilização desde a época greco-
romana induziu ao consumo de grandes quantidades de lenha para produzir
calor e para construir edifícios, embarcações, armamentos e outros bens. A
devastação foi tal que hoje praticamente não há fl orestas virgens na região
do Mediterrâneo. Como não havia preocupação com a capacidade do
ambiente em repor os recursos naturais, algumas regiões foram devastadas.
Quando os recursos se tornavam escassos, a questão se resolvia pelo
abandono da região ou disputando-se as melhores terras. Algumas vezes
isso não era possível e populações inteiras foram dizimadas pela fome.
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Seção 2.3: Status atual da matriz energética mundial
As fontes fósseis de energia predominam até hoje na matriz energética mundial
e de todos os países individualmente. Em 2001, o mundo consumiu quase 80% de
energias fósseis em um total de 10,2 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo.
A principal delas é o petróleo (35% do total), mas as parcelas de carvão (23%) e gás
natural (22%) também são bastante significativas. A energia nuclear, também não-
renovável, contribuiu com cerca de 7%. As fontes renováveis contribuíram com os
13% restantes. Entretanto, pouco menos de metade dessa parcela, 9% do total
mundial, correspondeu à biomassa tradicional, basicamente à lenha queimada de
forma primitiva. Apenas 4% da matriz energética mundial foi suprida com a energia
hidrelétrica (2%) e com as outras opções “modernas” (2%), como eólica, solar e
biocombustíveis.
Cada habitante do planeta consumiu 1,67 tonelada equivalente de petróleo
(tep) nesse ano. Contudo, o consumo de energia é muito diferente entre países
desenvolvidos (do grupo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
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Econômico – OCDE) e os em desenvolvimento (chamados de não-OCDE), tanto em
quantidade quanto em qualidade. Assim:
• países desenvolvidos consomem quase cinco vezes mais que os em
desenvolvimento por habitante: 4,7 contra 0,95 tep per capita;
• no mundo desenvolvido vivem pouco mais de 1 bilhão de pessoas, que
consomem 83% de sua energia por fontes fósseis, mais 11% de eletricidade
de origem nuclear; somente 6% da energia é renovável;
• já nos países em desenvolvimento vivem quase 5 bilhões de pessoas, que
utilizam 22% de energia renovável, principalmente a biomassa (cerca de
19% do total); a energia nuclear ainda é pouco desenvolvida e os
combustíveis fósseis predominam.
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habitante do planeta era de 2,3 hectares (ou 23 mil m2). Em 2050, seu valor total será
o dobro da capacidade da Terra.
Os limites nas reservas disponíveis
Cerca de metade do petróleo que o planeta possuía originalmente já foi
exploradas até hoje. Restam cerca de 1 trilhão de barris a explorar, o que deve se
esgotar em cerca de 50 anos. Isso leva os países a prospectar e desenvolver outras
opções energéticas. O gás natural é uma interessante alternativa, porém também
finita: deve levar cerca de 60 anos para se esgotar, mantido o atual ritmo de consumo.
Muitas nações possuem vastas reservas de carvão pouco exploradas, o que lhes
garante o suprimento por mais 250 anos, mas gera altos níveis de poluição.
Novas descobertas e novas tecnologias de extração de recursos energéticos
de origem fóssil podem ampliar um pouco esses horizontes, mas o fato é que mais e
mais dinheiro é e será gasto para buscar cada vez menos energia em locais cada vez
mais remotos.
Os potenciais nucleares atuais são da ordem de 80 anos, podendo se estender
por centenas de anos. Entretanto, enquanto não vier uma revolução tecnológica, para
a obtenção de energia nuclear será necessário petróleo. Além disso, após o acidente
de Chernobyl em 1986, as medidas de segurança para os novos reatores nucleares
e rejeitos radioativos requerem mais energia.
As energias renováveis também possuem limites, mas esses estão longe de
serem atingidos. O mundo possui vastos potenciais em renováveis, muitos dos quais
já estão ao alcance da tecnologia atual. É o que acontece com a hidreletricidade, a
energia eólica, os potenciais geotermais e, especialmente no mundo em
desenvolvimento, a biomassa moderna.
Impactos ambientais: locais, regionais, globais
Pode-se dizer com razoável grau de certeza que a principal ameaça à
existência da raça humana sobre a Terra são as mudanças climáticas, causadas pelo
aumento nas concentrações atmosféricas dos gases que causam o aumento do efeito
estufa.
Mas há outros impactos a considerar. O sistema energético mundial é
responsável por severos impactos ambientais, como derramamentos de óleo, perda
de biodiversidade, chuva ácida e a poluição urbana.
Os impactos ambientais podem ser categorizados em locais, regionais e
globais.
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Em nível local, as emissões decorrentes da queima de combustíveis fósseis,
inclusive as do setor de transportes, são as maiores responsáveis pela poluição
urbana e, conseqüentemente, por centenas de milhares de mortes por problemas
respiratórios, cardiovasculares e câncer (Molina & Molina, 2004). Metade da
população mundial vive em cidades. No início do século passado existiam apenas 3
cidades com mais de 1 milhão de habitantes, hoje existem 281. Várias metrópoles têm
mais de 10 milhões de moradores e a conurbação de pequenas cidades também cria
focos de problemas com material particulado (MP, principalmente os finos e ultrafinos
que penetram nos bronquíolos pulmonares), dióxido de enxofre e sulfatos (SO2 e SO4-
-), óxidos de nitrogênio (NO e NO2, os chamados NOx), compostos orgânicos voláteis
(COVs, que incluem os hidrocarbonetos – HCs), monóxido de carbono (CO), ozônio
de baixa altitude (O3 troposférico) e outros poluentes.
Em nível regional, precursores da chuva ácida (SO2, NOx e outros) gerados por
processos de combustão podem se precipitar milhares de quilômetros de distância de
seu ponto de origem, muitas vezes atravessando fronteiras de países. Com a chuva
e a neve, tais óxidos se convertem em ácidos (como o sulfúrico e o nítrico), atingindo
diretamente ecossistemas, plantações, edifícios históricos, estruturas e outros
receptores vulneráveis. Um exemplo está no carvão queimado na Europa, emitindo
enxofre que se precipita sobre rios na Escandinávia, abaixando seu pH (medida de
acidez) de 7 (neutro) para 4 ou menos.
Globalmente, um assunto crítico são as mudanças climáticas causadas pelo
aumento do efeito estufa, que por sua vez se deve às crescentes emissões de dióxido
de carbono (CO2), metano (CH4) e outras substâncias na atmosfera por processos
naturais e antropogênicos (causados pelo homem). O principal desses processos é a
produção de energia (como termelétricas, transporte, indústrias, aquecimento de
ambientes, etc.) de origem fóssil. O carbono depositado na crosta terrestre durante
eras é lançado quase que imediatamente em termos geológicos pelos processos pós-
Revolução Industrial e pela queima de florestas. Na atmosfera, o carbono atua como
um vidro, que deixa passar os raios do Sol para a Terra mas não deixa o calor sair:
esse é o chamado efeito estufa.
A participação dos países em desenvolvimento (pouco menos de 30%) no total
de emissões por queima de combustíveis fósseis vem crescendo rapidamente nos
últimos anos e deve se igualar à dos países desenvolvidos até 2035, quando cerca de
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12 bilhões de toneladas de CO2 ao ano serão lançadas no total (hoje são pouco menos
de 7).
O desmatamento também é uma fonte importante a considerar: pouco menos
de 2 bilhões de toneladas/ano de CO2 são lançadas e o Brasil é o maior emissor.
Ainda que com uma matriz energética consideravelmente “limpa”, o país está bem
“avançado” no ranking dos maiores emissores do planeta graças ao desmatamento.
ESTIMATIVAS DE EMISSÕES DE CARBONO EM 2000
23
transição para um novo padrão de desenvolvimento, e prolongará a vida útil das
reservas existentes.
O que é preciso é mudar as atuais prioridades de maneira rápida e significativa.
Pequenas mudanças em suas prioridades podem fazer uma grande diferença em
termos de sustentabilidade.
A energia move todo ano vultosas cifras econômicas, algo em torno de 1,5
trilhão de dólares. As energias fósseis recebem vultosas somas de subsídios, das
mais variadas formas, algo como 151 bilhões de dólares ao ano entre 1995 e 1998.
Os renováveis receberam no mesmo período 9 bilhões de dólares ao ano.
Um considerável esforço vem sendo feito por muitos países para “limpar” as
impurezas de combustíveis fósseis, mas isso não consegue resolver o problema das
mudanças climáticas. A captura de CO2 (e lançamento em depósitos subterrâneos) é
complexa, cara e limitada a poucos processos. Além disso, vazamentos são uma
possibilidade desastrosa. Acima de tudo, não reduz os padrões de extração dos
recursos presentes no planeta.
Os renováveis evitam todos esses problemas, pois emitem pouquíssimo
carbono em seu ciclo de vida e são praticamente inexauríveis. Além disso, emitem
muito menos poluentes locais e geram muitos empregos (biomassa gera 150 vezes
mais empregos por unidade de energia que petróleo; energia solar ainda mais).
Para acelerar o crescimento dos renováveis é preciso:
1) vencer as resistências dos mercados e eliminar os subsídios às fontes não-
renováveis (fósseis e nuclear);
2) subvencionar a entrada de novas tecnologias, reduzindo seus custos;
3) estabelecer políticas mandatórias e progressivas para sua introdução;
4) disseminar as tecnologias para que os países em desenvolvimento as
incorporem mais rapidamente sem ter de passar por estágios intermediários
e mais poluentes (efeito leapfrogging).
O Brasil sabe bem como isso funciona, pois desde 1975 o Proálcool obrigou a
adição do biocombustível na gasolina. A produção cresceu, a tecnologia se
desenvolveu e, hoje, temos os veículos flex, que dão liberdade de escolha ao
consumidor, e um combustível competitivo nos mercados internacionais. Os custos
baixaram com o tempo e tornaram o etanol competitivo com a gasolina no mercado
de Rotterdam.
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O mesmo deve ser feito em nível mundial para todos os renováveis “modernos”,
em suas curvas de aprendizado que vêm evoluindo ao longo dos anos.
Para que isso aconteça, uma postura proativa de todos os países é necessária.
Uma meta tangível e perfeitamente possível seria a expansão das energias
renováveis de 4 para 10% na matriz mundial até 2012. Tal objetivo seria um importante
passo na direção de um futuro energético sustentável.
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Unidade 3: Novas Energias Renováveis no Brasil:
Desafios e Oportunidades
26
principais elementos de política que devem ser tratados para aperfeiçoar os incentivos
às novas renováveis no país.
27
Seção 3.3: Especificidades brasileiras: da renovável para as novas
renováveis
A inserção do Brasil nesse contexto internacional tem suas peculiaridades. Por
conta da disponibilidade de recursos renováveis, o Brasil seguiu uma trajetória distinta
e, hoje, conta com uma matriz energética limpa em relação à média mundial.
O gráfico 1 compara a meta global de redução da intensidade de emissões de
CO2 na geração de eletricidade condizente com o cenário 450 da Agência
Internacional de Energia (IEA – em inglês, International Energy Agency) no horizonte
2040, que limitaria o aumento da temperatura global em 2° C, e a intensidade do
Sistema Elétrico Brasileiro (SEB) em 2014. Se o esforço global mitigatório das
emissões tiver êxito, a intensidade de emissão para a geração de energia global
alcançará o índice brasileiro próximo do final do período de previsão. Ou seja, em
matéria de matriz de geração limpa, o Brasil está vinte anos à frente da média global.
O desafio que se coloca, no entanto, é manter a participação de renováveis na matriz
de geração. Assim, a liderança não exime o Brasil de seguir políticas de mitigação de
emissões.
GRÁFICO 1 Meta de intensidade de emissão de CO2 para geração elétrica no
cenário 450 da IEA e intensidade no Brasil em 2014 (1990-2050) (gCO2/kWh)
28
Nesse sentido, na COP21, o Brasil comprometeu-se a reduzir as emissões de
gás de efeito estufa (GEE) em 37% em 2025, em relação aos níveis de 2005, e em
43%, na mesma base de comparação até 2030. Para o setor de energia, o Brasil
estabeleceu três metas (INDCs) no Acordo de Paris:
i) atingir participação de 45% de energias renováveis na matriz energética
em 2030;
ii) aumentar a participação de bioenergia para 18% até 2030, expandindo
o consumo de biocombustíveis, a oferta de etanol – inclusive segunda
geração – e a parcela de biodiesel na mistura do diesel; e
iii) expandir o uso de fontes renováveis, além da energia hídrica, na matriz
total de energia para uma participação de 28% a 33% até 2030 (EPE,
2016).
No gráfico 2, pode-se observar a participação das diferentes tecnologias no
crescimento da capacidade instalada brasileira. Em relação a 2012, o crescimento da
capacidade instalada de 2013 se concentrou fortemente em hidráulica e térmica. Em
2014, notam-se o maior crescimento das térmicas e o crescimento moderado das
renováveis. A partir de 2015, há diminuição da importância das térmicas no
crescimento de capacidade e ocorre crescimento importante da eólica. A energia
solar, nos anos observados, continua sendo pouco relevante para o incremento de
capacidade no período analisado.
GRÁFICO 2 Participação das diferentes tecnologias no crescimento da
capacidade instalada brasileira – referente ao ano anterior (2013-2017) (Em %)
29
Fontes: Boletins mensais no monitoramento do SEB para os meses de janeiro do
período 2012-2017, disponíveis em: <https:// goo.gl/L7HKUP>.
Para atender aos objetivos propostos, o Brasil terá de repensar o papel das
térmicas. Nos últimos anos, o papel desempenhado pelas termelétricas no Brasil tem
sido inadequado em termos econômicos e ambientais. Baseada na perspectiva de
utilização pouco frequente, a construção do parque termelétrico brasileiro priorizou a
flexibilidade, com tecnologias com menores custos de investimento, apesar de
obterem menor eficiência energética e maiores custos operacionais. Essas
tecnologias, como é o caso de sistemas térmicos em ciclo aberto, acarretam maior
emissão por KWh produzido. No entanto, desde 2013, as térmicas brasileiras têm sido
utilizadas intensamente, em longos períodos contínuos durante o ano. Essa
inadequação da tecnologia para o tipo de uso impacta negativamente nos custos de
suprimento elétrico e nas emissões de CO2.
Por sua vez, a matriz energética brasileira conta com posição privilegiada para
acomodar uma expansão significativa de energias renováveis intermitentes –
características das novas renováveis, como a solar e a eólica. Por um lado, o Sistema
Elétrico Brasileiro pode ser considerado dinâmico, com crescimento elevado projetado
para o longo prazo, o que permite ajustes na expansão para adequar o sistema a
maior geração de fontes renováveis intermitentes. Por outro lado, o sistema já dispõe
de elevado grau de flexibilidade em decorrência:
i) da preponderância hidrelétrica, que representa 70% da capacidade
instalada;
ii) da estocagem através dos reservatórios hídricos com potencial de
armazenagem de 211 TWh, equivalente a pouco menos de cinco meses
da carga anual; e
iii) da possibilidade intercâmbio elétrico-energético por meio de um sistema
de transmissão de dimensão continental, o Sistema Interligado Nacional
(SIN), que atende a 98% da carga do país.
Com essas características, a expansão renovável no Brasil pode ocorrer com
custos de integração reduzidos. Os reservatórios acomodam a intermitência provendo
flexibilidade e ainda estocam a geração intermitente sob a forma de água, com o
deslocamento da energia hidráulica evitada.
30
Seção 3.4: Promoção das novas energias renováveis no brasil: mix de
política energética e industrial
Visto o potencial nacional tanto eólico quanto solar, o Brasil criou mecanismos
de incentivos à promoção dessas fontes energéticas. Os principais elementos desses
mecanismos são os contratos de longo prazo estabelecidos através dos leilões (power
purchase agreement – PPAs) e o financiamento privilegiado do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Visto que grande parte dos
financiamentos da indústria de energia passa pelo BNDES, isso não poderia ser
diferente para novas energias renováveis. O financiamento desse banco, no entanto,
está relacionado com a política industrial de produção local de componentes. Assim,
o BNDES criou políticas de conteúdo local (PCLs) específicas para as novas
renováveis.
Enquanto a evolução da indústria da eólica mostrou grade efetividade na
internalização de componentes (Ferreira, 2017), a adaptação à política de energia
solar ainda deverá ser avaliada. A aplicação da política de conteúdo local para solar
é muito recente: o primeiro financiamento do BNDES, respeitando as regras de
conteúdo local, foi aprovado em 2017; logo, não se podem avaliar, ainda, seus
resultados. No entanto, diversos agentes no setor apontam para dificuldades
relevantes na internalização de algumas tecnologias na cadeia de produção da placa
de solar fotovoltaica.
A história de sucesso da energia eólica: difusão e desenvolvimento
produtivo
A introdução da energia eólica no Brasil foi inicialmente impulsionada pelo
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), em 2002.
O programa previa a contratação de 3,3 GW de capacidade de geração de três fontes
de geração renováveis: pequenas centrais hidrelétricas, biomassa e eólica, através
de tarifas incentivadas (regime feed in). O programa passou por algumas dificuldades
que acarretaram contratação inferior ao projetado, mas teve o papel de conferir uma
nova dinâmica para a energia eólica no Brasil.
Com a implantação da sistemática de leilões como forma principal de
contratação da expansão do parque gerador de eletricidade, em 2004, a expansão da
energia eólica se consolidou no Brasil. No final de 2016, a capacidade instalada de
geração eólica alcançou 10,7 GW (gráfico 3), o que representava 7% do parque
31
gerador brasileiro. Em 2016, o Brasil alcançou a nona posição em capacidade
instalada em energia eólica e foi o quinto país que mais adicionou capacidade de
geração eólica no ano (Abeeólica, 2017).
GRÁFICO 3 Evolução da capacidade de geração de energia eólica (2005-2016)
(Em GW)
32
Fonte: Goldenzweig (2017).
33
Fonte: Abeeólica (2017).
34
Fonte: Goldenzweig (2017).
35
exigia um índice global de nacionalização do aerogerador de 60%. Por avaliar que
esse critério distorcia as escolhas de tecnologias e não era suficiente para impulsionar
a nacionalização de equipamentos de maior intensidade tecnológica, o BNDES
implantou uma nova metodologia a partir de 2013.
A nova política do BNDES implementou regras que aumentavam
gradativamente o requisito de conteúdo local de todas as partes do aerogerador (torre,
rotor e nacele), visando à internalização de componentes de maior complexidade
tecnológica, com destaque para os equipamentos da nacele – que contêm os
componentes de maior requisito tecnológico do aerogerador. A metodologia
contempla metas alternativas com seis etapas, com duração semestral, encerradas
em dezembro de 2015, para a internalização da produção das partes do aerogerador.
Esses requisitos deveriam refletir a maturidade dos fornecedores locais.
Ferreira (2017) conduziu entrevistas com agentes do setor para avaliar a
efetividade da política de conteúdo local do BNDES. Sua análise aponta que o
desenho da política segue as boas práticas de políticas de conteúdo local,
contemplando as seguintes características:
• não é compulsória – A política é um requisito para obter financiamento do
BNDES. Se a política implicar sobrecustos excessivos para o
empreendedor, este pode buscar outras fontes de financiamento sem esse
condicionante. Nesse sentido, a seleção de parques eólicos em regime
competitivo através dos leilões limita a possibilidade de sobrecustos;
• metas exequíveis – As metas foram definidas com a participação da cadeia
produtiva. Ainda que alguns gargalos tenham ocorrido, as empresas
entrevistadas consideram que os objetivos refletiam o potencial de evolução
da cadeia produtiva;
• regras claras – As montadoras de aerogerador eram capazes de identificar
quais metas deveriam atingir para o credenciamento;
• cronograma definido – As etapas tinham datas estabelecidas desde a
implementação da política;
• flexibilidade – A política estabeleceu metas alternativas para o cumprimento
dos requisitos de conteúdo local. Os fornecedores podiam escolher qual
“caminho” escolher; e
• progressiva – Os compromissos aumentavam gradativamente, idealmente,
acompanhando a capacidade dos fornecedores locais.
36
Apesar de um balanço positivo, a análise de Ferreira (2017) aponta algumas
deficiências e lacunas da política:
• competitividade em termos de preço não foi foco – Os requisitos não
contemplavam explicitamente os preços dos equipamentos em relação aos
produtos importados;
• ausência de análise custo-benefício – Não foram conduzidos estudos para
comparar os benefícios da política em relação aos seus custos para a
sociedade; e
• desarticulação com as políticas energética e tecnológica – A política de
promoção de renováveis não é articulada à política de conteúdo local. O
ritmo de contratação de energia eólica, com picos e vales, dificulta o
estabelecimento de fornecedores domésticos. A política tecnológica
aplicável ao setor pouco contribuiu para o desenvolvimento tecnológico da
produção local de equipamentos do aerogerador.
Podemos considerar que o objetivo de desenvolver a cadeia produtiva local do
aerogerador foi atingido. Atualmente, o Brasil conta com seis montadoras de
geradores credenciadas no BNDES (tabela 1). Um conjunto de empresas estrangeiras
se instalou no Brasil a partir da difusão da energia eólica na matriz. Em 2012, a WEG,
uma empresa nacional de competitividade global em equipamentos elétricos, iniciou
a produção de aerogerador. Ainda que sua participação de mercado seja pequena,
sua entrada no setor é considerada promissora.
TABELA 1 Montadoras de aerogeradores instaladas no Brasil (1995 e 2011-
2014)
37
O Brasil conta com fornecedores de pás antes mesmo do desenvolvimento da
energia eólica no país. A Tecsis e a Woben tinham, inicialmente, a produção voltada
para a exportação. Com a difusão da energia eólica no Brasil, a dinamarquesa LM e
a brasileira Aerys passaram a atuar no segmento em 2013 (quadro 1). Os
fornecedores de capital nacional utilizam a capacitação tecnológica derivada dos usos
aeronáuticos, segmento em que o Brasil detém competitividade global.
QUADRO 1 Fabricantes de pás instaladas no Brasil (1995, 1998 e 2013)
38
Fonte: Ferreira (2017).
Nota: Empresas estrangeiras.
39
todo seja sempre mais vantajoso implementar geração centralizada, pois a opção
descentralizada pode implicar menores custos de transporte, já que está localizada
junto à carga. A importância de cada um dos tipos de geração varia substancialmente
de país para país, chamando atenção para o fato de que os mecanismos de incentivos
podem ser um aspecto central na escolha do tipo de tecnologia solar implementada.
Na América Latina, há forte tendência na escolha do uso da fotovoltaica centralizada.
A interação entre fotovoltaica centralizada e descentralizada é complexa. Por
um lado, esses investimentos podem ser observados como complementares, uma vez
que grande parte da tecnologia empregada é similar. Logo, um aumento do consumo
de energia fotovoltaica centralizada ou descentralizada pode gerar aumento da
escala, maior aprendizado e queda dos custos dos equipamentos. Por outro lado,
esses dois tipos de geração competem, pois a escolha da implantação de solar
descentralizada é feita comparando o custo final para o consumidor em produzir a
própria energia ou comprar da rede. Assim, há uma competição entre os modos de
geração elétrica centralizada incluindo-se a centralizada e descentralizada (Vazquez
e Hallack, 2017).
Fotovoltaica centralizada no Brasil
O mecanismo de introdução de energia solar centralizada foi a inclusão dessa
tecnologia nos leilões de reserva. A energia de reserva contratada nesses leilões é
destinada a aumentar segurança no fornecimento de energia elétrica no SIN, sem
impactar nos contratos das distribuidoras. A quantidade de energia de reserva que
deve ser contratada depende da percepção dos agentes quanto à necessidade de
aumento de investimento de segurança no sistema, que, dada a matriz elétrica
brasileira e a forma como é a energia despachada, possui forte relação com o nível
dos reservatórios e as previsões meteorológicas. Essa espécie de seguro do sistema
é paga através de um encargo, o encargo de energia de reserva (EER), rateado entre
os diferentes usuários do SIN, incluindo distribuidoras e consumidores livres.
Percebemos no gráfico 8 um aumento substancial na conta de energia de
reserva. Isso foi determinado pelo número de leilões de reserva implementados nos
últimos anos, entre outros motivos. A maior frequência de leilões pode ser vista como
consequência de uma percepção de crise eminente de oferta, que poderia colocar em
perigo a segurança de abastecimento do SIN. Esses leilões de segurança foram
usados também para aumentar a introdução de renováveis no país.
40
GRÁFICO 8 Saldo da conta de energia de reserva (2010-2016) (Em R$ milhões)
41
do BNDES para ser efetivamente construída. No entanto, como explicado na
subseção anterior, o financiamento é condicionado a obrigações de conteúdo local,
uma vez que ambiciona impulsionar a indústria nacional. Contudo, atender a essas
condições depende do potencial nacional e das características da indústria. O modelo
de aplicação do conteúdo local de solar seguiu muitos princípios da energia eólica
pode-se perceber como uma espécie de aprendizado institucional, visto que há
também etapas progressivas a serem seguidas, aumentando a complexidade da
internalização tecnológica (Zanetti, 2017; BNDES, 2014b). Há um esforço em adaptar
o mecanismo da eólica para a solar, visto a grande diferença, a seguir, da
tecnoeconômica de ambas as indústrias.
1) A metodologia deixa de considerar a apuração do índice de nacionalização,
calculado com base no peso e no valor do equipamento, e passa a exigir a
nacionalização progressiva de componentes e processos específicos, ao
longo do período de implementação do plano.
2) A metodologia objetiva oferecer regras mais flexíveis de nacionalização,
mas com uma relação mínima de componentes e processos produtivos
exigidos para o credenciamento e a manutenção no Credenciamento
Informatizado de Fabricantes (CFI) do BNDES.
3) Ademais, a metodologia desenvolve uma relação de itens eletivos, que
incentivam e premiam o aumento do conteúdo nacional.
O objetivo do banco, de acordo com BNDES (2014a), é que “a participação
máxima do BNDES no apoio aos empreendimentos fotovoltaicos crescerá
proporcionalmente ao número de processos industriais e componentes incorporados
no país.”
No entanto, as empresas encontram dificuldades em cumprir as exigências de
conteúdo local. Dois desafios complementares ajudam a explicar essa dificuldade:
i) as caraterísticas da tecnologia da energia solar; e
ii) a inexistência de uma política energética de introdução de solar estável
e de longo prazo.
Vazquez, Hallack e Queiroz (2016) mostram que, apesar de a tecnologia de
painéis fotovoltaicos de silício C-Si representar 90% dos painéis solares, em 2015, no
mundo, há diversidade de tecnologias que estão sendo desenvolvidas e com potencial
de ganharem espaço no mercado como os painéis solares de filme fino, painel solar
de telureto de cadmo e células fotovoltaicas orgânicas. Nesse sentido, a rota
42
tecnológica de solar é menos madura, havendo tecnologias competindo pelo mercado
em desenvolvimento. Por outro lado, a tecnologia que é a comercialmente dominante
possui forte economia de escala, pequenos custos de transporte e forte concentração
em alguns países; em especial, na China o país produz 80% dos componentes
centrais das placas, como os lingotes e wafers de silício. Ademais, de acordo com IEA
(2016), observa-se capacidade ociosa relevante, a partir de 2011, na produção de
módulos das placas solares internacionalmente. Nesse contexto, nota-se queda
substancial dos preços dos painéis solares. Esses fatores explicam, em parte, a
dificuldade de internalizar a produção de equipamentos da energia solar no Brasil.
A outra parte da explicação, no entanto, passa pela ausência de uma política
clara e estável de implementação de solar no país. Como descrito anteriormente, o
uso do LER garante contratos pontuais sem que haja compromisso de continuidade
de demanda. Isso gera variações importantes na contratação. Por exemplo, houve
três leilões em 2014 e 2015, nenhum leilão em 2016 e se aprovou um leilão de
descontratação (diminuição da demanda) em 2017. O investimento e a
implementação de uma indústria fortemente dependente de investimento, economia
de escala e inovação são dificultados pela volatilidade da demanda.
Frente a esse cenário, Andreão, Hallack e Vasquez (2017) mostram que as
duas principais empresas que participam de projetos com maior capacidade
contratada nesses leilões são a Enel envolvida com projetos que equivalem a 24% da
capacidade solar contratada e a Canadian Solar implicada em projetos que equivalem
a 13% da capacidade solar contratada. As estratégias das duas empresas, no que
refere às exigências de conteúdo local do financiamento do BNDES, são bastante
diferentes. A primeira vem se apoiando em investimento próprio sem financiamento
do BNDES, com obras mais avançadas e sem restrições de conteúdo local. A segunda
conseguiu, em maio de 2017, a aprovação do primeiro financiamento de energia solar
no BNDES (R$ 529 milhões) para implantação do Complexo Solar Pirapora, em Minas
Gerais, com cinco usinas fotovoltaicas, potência instalada total de 150 MW e potência
fotovoltaica instalada de 191 megawatts picos (MWp).
As diferentes estratégias parecem coerentes com as características das
empresas envolvidas. A Enel é uma empresa especialmente focada em energia,
possuindo parcerias que fabricam painéis solares. A Canadian Solar é uma das
principais empresas produtoras de placas solares no mundo a principal que não é de
propriedade de firmas chinesas. A empresa canadense possui ativos de geração solar
43
em diferentes partes do mundo; no entanto, o que a destaca na indústria é sua
importância na manufatura de equipamento de solar fotovoltaica.
Todavia, resta saber se algumas dessas estratégias serão vencedoras, ou se
conviverão na evolução do setor no Brasil. Certamente, dependerá tanto do
desenvolvimento tecnológico quanto da evolução da regulação setorial e da política
de financiamento do BNDES.
Fotovoltaica distribuída no Brasil
A geração distribuída (GD) é aquela realizada junto ou próxima dos
consumidores. Apesar da reconhecida economia de escala das fontes tradicionais de
geração elétrica, recentemente, as tecnologias têm evoluído para incluir potências
cada vez menores, podendo assim se tornar distribuídas. A GD tem vantagem sobre
a geração central, pois economiza investimentos em transmissão e reduz as perdas
nesses sistemas, melhorando a estabilidade do serviço de energia elétrica (Martins,
2015). A importância desse tipo de geração é grande em países europeus, como na
Alemanha, em que menos de 20% da energia solar é centralizada. No entanto, na
América Latina, em que os leilões têm sido os impulsionares dessa tecnologia, a
energia descentralizada ainda é pouco representativa.
O manual para o Procedimento de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional (Prodist) criado pela Resolução Normativa n° 345/2008 da Aneel e
alterado em 2012 define GD como a produção de energia elétrica de qualquer
potência conectada diretamente ao sistema elétrico de distribuição ou mediante
instalações de consumidores, podendo operar em paralelo ou de forma isolada, e
despachada ou não pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) (Aneel, 2012).
Essa definição está alinhada com a citada pela legislação brasileira, no art. 14 do
Decreto n° 5.163, de 30 de julho de 2004, que considera GD os investimentos em
produção de energia elétrica originada dos investimentos de agentes concessionários,
permissionários ou autorizados, conectados diretamente no sistema elétrico de
distribuição do comprador exceto alguns empreendimentos hidroelétricos e
termoelétricos. Assim, GD inclui diferentes fontes de energia; no entanto, são as
características da energia solar que vêm aumentando a importância dessa forma de
geração.
Alguns estudos, como MIT (2016), chamam atenção para as mudanças
substanciais na caracterização do uso e da economia da rede da energia elétrica, que
decorrem da difusão maciça de GD. O modelo de energia centralizado é organizado
44
técnica e economicamente partindo do princípio que os fluxos seguem dos produtores
para os consumidores de energia, que são agentes separados conectados pela rede.
Um modelo de organização do sistema elétrico com grande participação da geração
distribuída deverá partir do princípio que o mesmo agente pode ser consumidor e
produtor de energia (prosumers); nesse modelo, os fluxos se tornarão, cada vez mais,
bidirecionais.
No Brasil, a regulamentação da GD conectada à rede é relativamente nova. Em
abril de 2012, entrou em vigor a Resolução Normativa n° 482 da Aneel, que
regulamentou a microgeração e a minigeração distribuída de energia elétrica. Essa
resolução estabeleceu o Sistema de Compensação de Energia. Nesse arranjo, a
energia ativa injetada por unidade consumidora/produtora distribuída é cedida, por
meio de um empréstimo, à distribuidora local e posteriormente compensada com o
consumo de energia elétrica ativa. Os créditos de energia elétrica gerados continuam
válidos por sessenta meses.
Ademais, a Resolução Normativa n° 482/2015 permite a instalação de GD em
locais diferentes do ponto de consumo, podendo usar no local de geração ou outras
unidades previamente cadastradas dentro da mesma área de concessão e
caracterizada como autoconsumo remoto, geração compartilhada ou integrante de
empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras (condomínios). Essa opção de
deslocação abre oportunidades de modelos de negócios diferenciados para a
implantação de GDs (Aneel, 2016a). No entanto, ainda há restrições e incertezas a
esses arranjos. Aneel (2017) explica que
compete à distribuidora analisar o ato constitutivo da cooperativa ou do
consórcio apresentado pelo consumidor, junto à solicitação de acesso, no
intuito de comprovar a adequação do documento à legislação específica, não
podendo ser aceito outro arranjo jurídico na modalidade geração
compartilhada (Aneel, 2017).
45
GRÁFICO 9 Número de conexões GD no Brasil (2012-2017)
46
da energia centralizada e descentralizada. Como a energia descentralizada não tem
acesso a financiamento de bancos de desenvolvimento, como o BNDES, tende a ser
financiada em condições menos atrativas que as da energia centralizada. Ademais,
como os preços da GD dependem do preço final da energia, que varia ao longo do
tempo, enquanto a solar centralizada depende de leilões, cujos preços são fixados por
leilões de longo prazo, há o risco de remuneração menor que a primeira.
Por outro lado, o desenvolvimento da GD também impactará e será impactada
com a regulação da distribuição de eletricidade. Se a regulação não se desenvolver
considerando essa interação, poderá gerar distorções importantes na indústria.
47
O uso apenas do BNDES como mecanismo de política industrial em um
contexto de política energética e de renováveis pouco definida pode gerar custos
relativamente altos. A questão dos subsídios via condições vantajosas de
financiamento é um elemento central na expansão da geração de eletricidade no
Brasil, visto a ampla e histórica participação do BNDES nas diferentes fontes de
energia. Assim, se não forem cuidadosamente adequadas, as condições para o
financiamento das novas fontes renováveis podem impactar fortemente na escolha
tecnológica, considerando que outras fontes de geração usualmente contam com
financiamento do BNDES. As cláusulas de conteúdo local, comuns nos
financiamentos do banco, ao priorizar tecnologias nacionais, podem gerar viés no uso
de tecnologias maduras com pouca inovação e já internalizadas, o que pode impactar
a composição da matriz energética nacional.
Por outro lado, esse tipo de cláusula, se bem ajustada, pode gerar a
internalização de parte da cadeia, possibilitando queda de custos no longo prazo que,
idealmente, pode ser mais que suficiente para cobrir os custos de curto prazo. Dados
os potenciais efeitos positivos e negativos desse tipo de mecanismo, é necessária a
avaliação custo-benefício periódica de seus impactos. É de se esperar que os efeitos
não sejam os mesmos para todo o conjunto de fontes renováveis e nem para todas
as partes da cadeia dessa indústria. Assim, as metas e os mecanismos da PCL, via
financiamento, devem ser específicos para cada fonte energética e diferenciados
pelos equipamentos, conforme os benefícios esperados e os custos associados.
Interação das novas renováveis com o mix energético do país:
readequação dos incentivos
Ainda que o Sistema Elétrico Brasileiro conte com elevada participação de
fontes de geração renováveis tradicionais (hidrelétrica e biomassa), a difusão das
novas fontes renováveis muda o perfil da geração do país. Enquanto as variações
relevantes das fontes hídrica e de biomassa ocorrem em períodos longos (estações e
anuais), as novas fontes têm variações importantes no curtíssimo prazo (intermitência
intradiária); isso gera a necessidade de adaptar o atual modelo para considerar essas
variações, até então pouco relevantes e desconsideradas.
Atualmente, o regime de operação é guiado por programas computacionais e
por custos esperados de geração, que não levam em conta a intermitência de curto
prazo da geração. O preço é calculado em base semanal e diferenciado por
patamares de carga (consumo) de eletricidade. O valor da água, que é a variável mais
48
influente para determinar a operação no Brasil, deveria incorporar o impacto da
flexibilidade de curto prazo. Como a água contida nos reservatórios hídricos é a forma
menos custosa de complementar a intermitência das novas renováveis, os sinais de
preço devem refletir esse serviço. Ou seja, com a difusão das renováveis, o valor da
água deve ser mais elevado, com o objetivo de orientar o armazenamento que reserve
quantidade suficiente para complementar a geração intermitente renovável no curto
prazo.
Do ponto de vista estrutural, o desenho de mercado deve evoluir para
compatibilizar uma massiva introdução de novas renováveis e prosumers. Nesse novo
modelo, a flexibilidade deve ser valorizada, permitindo a interação entre a geração
dos prosumers, a geração centralizada, as preferências dos consumidores e o uso
dos sistemas de rede e de confiabilidade de suprimento. Esse novo arranjo deve
considerar as restrições de pagamento de grande parte dos consumidores brasileiros.
Como a parcela mais pobre da população deve continuar sendo suprida via rede, a
solução não deve onerar excessivamente as tarifas de consumo a partir da rede.
49
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