Ciclo Vital Inicio Desenvolvimento e Fim Da Vida H
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All content following this page was uploaded by Josiane Peres Gonçalves on 24 October 2020.
Resumo
Embora sendo difícil estabelecer padrões para a vida humana, posto que fatores culturais
e sociais exercem muitas influências na vida de cada pessoa, existem alguns aspectos que
são gerais e costumam ocorrer em populações de sociedades ocidentais industrializadas.
O presente estudo bibliográfico busca, mediante fundamentação principal em Bee (1997) e
Papalia, Olds e Feldman (2013), analisar o processo de desenvolvimento humano, destacando
as diferentes fases da vida bem como a idade e principais características de cada fase. Assim,
analiso inicialmente a questão do desenvolvimento, para, em seguida, comentar sobre a
concepção e o período pré-natal, as fases correspondentes à infância, à adolescência e à
idade adulta, incluindo o idoso, para, finalmente, refletir sobre a morte que marca o fim do
ciclo vital. Espero que o artigo possa contribuir com professores e demais profissionais que
trabalham com a formação de seres humanos, uma vez que todas as pessoas, inclusive os
profissionais da educação, encontram-se em alguma das fases do ciclo vital.
Palavras-chave: Pré-natal. Infância. Adolescência. Idade adulta.
Abstract
Although it is difficult to establish standards for human life, as cultural and social factors
exert many influences in the life of every person, there are some aspects that are general
and often occur in populations of western industrialized societies. This literature search
study by main reasons for Bee (1997) and Papalia, Olds and Feldman (2013), analyzing the
human development process, highlighting the various stages of life, as well as age and main
1
Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Professora
do Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul – Campus do Pantanal (UFMS/CPAN) e dos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais
e Pedagogia – Campus de Naviraí (UFM/CPNV). Líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em
Desenvolvimento, Gênero e Educação (GEPDGE). [email protected]
2
Bee (1997) escreveu o livro “O Ciclo Vital” e Papalia, Olds e Feldman (2013) o livro
“Desenvolvimento Humano”. As duas obras de pesquisa são bem-completas e abordam sobre
o desenvolvimento do ser humano, incluindo a concepção, o período pré-natal, a infância, a
adolescência, a idade adulta, a velhice e a morte.
Outra questão importante destacada por Bee (1997) e Papalia, Olds e Fel-
dman (2013), é que não existe um padrão fixo para o desenvolvimento humano
predominante em todas as culturas, e os resultados de pesquisa apresentados são
frequentes em sociedades ocidentais industrializadas. Ao mesmo tempo, as idades
que demarcam as fases da vida após o nascimento não são rígidas, tratando-se
apenas de aproximações que representam a média entre a maioria das pessoas.
Um casal que tenha relação sexual durante os poucos dias críticos, quando
o óvulo se encontra na trompa de Falópio, possibilita que um dentre os mi-
lhões de espermatozoides ejaculados como parte de cada orgasmo masculino
locomova-se ao longo de toda a distância que vai da vagina, cérvix, útero e
trompa de Falópio e penetre na parede do óvulo. Uma criança é concebida.
Pré-Natal
Em razão das grandes transformações que ocorrem nessa fase, em que
duas células invisíveis se unem, e após nove meses é uma e chega a medir
aproximadamente 50 centímetros, Bee (1997) e Papalia, Olds e Feldman (2013)
afirmam que o novo ser passa por três fases diferentes, sendo identificado como
zigoto, embrião e feto, conforme apresentado na sequência.
Estágio Germinal
(da fecundação até a segunda semana) – Zigoto
O estágio germinal corresponde ao período da fecundação até a intro-
dução no útero “[...] comumente a 10 dias ou duas semanas da concepção”
(Bee, 1997, p. 91). A autora acrescenta que “Durante os primeiros dias após a
Infância
Uma criança entre 7 e 12 anos a criança está na fase das operações concretas.
As crianças são menos egocêntricas do que antes e mais competentes para
tarefas que requerem raciocínio lógico, como relações espaciais, causalidade,
categorização, raciocínios indutivo e dedutivo e conservação. Contudo, o
raciocínio é amplamente limitado ao aqui e agora (2013, p. 351).
Adolescência
Embora no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu
artigo 2º, considera que são adolescentes as pessoas que têm entre 12 e 18 anos
(Brasil, 1990), é possível afirmar que não existe uma idade exata que determine
o início desse período da vida. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2013, p. 432),
“A adolescência, nas sociedades industriais modernas, é a transição da infância
para a vida adulta. Vai dos 10 aos 11 anos até os 18 ou 19, chegando mesmo até
os 20-21 anos”. Já Bee (1997, p. 346) ressalta que “A adolescência é definida não
apenas como um período de mudanças da puberdade, mas como um período de
transição entre a infância e a adoção completa de um papel adulto.” Também su-
gere que “Devido à importância dessa transição, ela é marcada por ritos e rituais
em várias culturas – embora não na maioria dos países ocidentais modernos”.
Quanto às relações com a família, Bee (1997, p. 378) destaca que “As
interações entre os adolescentes e seus pais costumam ficar um tanto quanto
conflitantes no início da adolescência, fenômeno que, possivelmente, possa
ter relação com as mudanças físicas da puberdade. Todavia, o apego aos pais
permanece forte”.
Nesse sentido, a autora comenta que, nessa fase de transição para a idade
adulta, a opção profissional, a postura ética e ideológica, além da escolha do
companheiro ou companheira para a vida (tanto para heterossexuais quanto para
homossexuais), evidenciam que a problemática geral é sociológica, estando
relacionada às cobranças impostas pela sociedade.
Idade Adulta
A idade adulta é a mais longa do ciclo vital, e durante muitos anos não
foi estudada porque muitos pesquisadores entendiam que o ser humano já havia
alcançado o auge do seu desenvolvimento. Pesquisas recentes, no entanto, como
as de autores utilizados nesse estudo, evidenciam que o ser humano encontra-
-se em contínuo processo de desenvolvimento, inclusive durante a fase adulta.
Assim, Santos e Antunes (2007) afirmam:
Mosquera (1982, p. 98) considera, também, que, como nas outras fases da
vida, a idade adulta também tem problemas típicos para serem resolvidos: “[...]
cada fase tem uma problemática específica, dividida em sub-problemáticas que
atingem as pessoas em seus momentos decisivos ante seu próprio projeto vital e
suas relações com os outros”. Ou seja, o período compreendido como adultez,
que se subdivide em adulto jovem, meia idade e idoso, tem diversos desafios
a serem vivenciados, e um dos primeiros é a transição entre a adolescência e o
início da idade adulta.
Bee (1997, p. 410) menciona que “Embora se trate de uma divisão arbi-
trária, podemos segmentar os anos de vida adulta em três períodos, sendo que
a primeira parte abrange os anos dos 20 aos 40 anos”. Argumenta, ainda, que
“[...] não há dúvida de que entre 20 e 40 anos os adultos estão em seu auge físico
e cognitivo”. Isso ocorre porque “Durante esses anos uma pessoa possui mais
tecido muscular, mais cálcio nos ossos, mais massa cerebral, melhor acuidade
sensorial, maior capacidade aeróbica e um sistema imunológico mais eficiente”.
Papalia, Olds e Feldman (2013, p. 506) concordam com a boa capacidade física
nessa fase da vida e acrescentam: “Os acidentes são a causa principal de óbitos
no início da vida adulta”.
Por outro lado, Papalia, Olds e Feldman (2013, p. 542) expõem que
“Com a nova etapa da idade adulta emergente e com o aumento da idade para
o casamento, o concubinato aumentou e tornou-se norma em alguns países”, e
idade não tradicional [...] Adultos vão à escola principalmente para aperfeiçoar
habilidades e conhecimentos relacionados ao trabalho ou para preparar-se para
uma mudança de carreira”. E ao participar das atividades educativas, as pessoas
de meia idade têm condições de ampliar as suas relações sociais, além da que
ocorre entre os familiares.
No que se refere à geração que antecede, ou seja, os pais que estão ve-
lhos, se já não faleceram, Papalia, Olds e Feldman (2013, p. 621) esclarecem:
“A medida que a vida se estende, mais e mais pais idosos se tornam depen-
dentes de cuidados de seus filhos de meia idade. Aceitar essa necessidade de
dependência é a marca da maturidade do filho e pode ser o resultado de uma
crise filial”. Essa crise pode ocorrer porque as pessoas de meia idade percebem
a fragilidade dos pais ou mesmo sua ausência, e se dão conta de que a próxima
geração a passar pela mesma situação é a sua, pois existe outra geração que o
precede, compreendida pelos filhos que estão crescendo ou já saindo de casa.
Quando os filhos saem de casa os pais podem se sentir aliviados por ter
cumprido a sua parte em educar a nova geração ou viver uma crise existencial
por perder as funções relativas à paternidade ou maternidade. Para Bee (1997,
p. 508), “Há poucos sinais de que os pais, na meia idade, tenham reações ne-
gativas, quando ocorre o ‘ninho vazio’, momento em que o último filho deixa
o lar. Ao contrário, a redução nas exigências do papel pode contribuir para um
aumento na satisfação de vida, nessa idade”. Corroborando com essa ideia,
Papalia, Olds e Feldman (2013, p. 621) argumentam que “O ‘ninho vazio’ é
libertador para a maioria das mulheres, mas pode ser estressante para casais
cuja identidade depende do papel de pai e mãe, ou para aqueles que agora têm
de enfrentar problemas conjugais anteriormente adiados”. Os autores também
relatam que, na atualidade, “[...] mais adultos jovens estão adiando a partida
das casas dos pais ou estão retornando a elas, algumas vezes com suas próprias
famílias. Os ajustes tendem a ser mais tranquilos quando os pais veem os filhos
adultos se encaminhando na conquista da autonomia”. Esse fenômeno, em que
os filhos demoram mais tempo para sair de casa, tem sido chamado de geração
canguru, e o fato de voltarem para a casa dos pais depois de já terem saído, e
muitas vezes voltam com filhos e companheiros, é chamado de síndrome da
porta giratória (Rodrigues, 2003).
Por fim, Papalia, Olds e Feldman (2013, p. 704) sinalizam que “Em países
em desenvolvimento, os idosos frequentemente vivem com filhos ou netos. Em
países desenvolvidos, a maioria das pessoas mais velhas vive com um cônjuge e
uma crescente minoria mora sozinha”. Considerando que cada vez mais pessoas
optam por ter apenas um filho ou até mesmo por não ter filhos, é possível afirmar
que teremos na sociedade um aumento de pessoas idosas morando sozinhas,
sendo necessário criar alternativas de convivência ou mesmo de moradia de
qualidade para todos os que conseguiram chegar até a fase final do ciclo vital.
Quanto aos rituais praticados após a morte, Bee (1997, p. 606) analisa
que “Funerais ou outros rituais de morte atendem a diferentes funções, o que
inclui a definição dos papéis para os enlutados, a aproximação da família e o
proporcionar um sentido à vida e à morte do falecido”. Ou seja, faz parte do
processo de luto a família e amigos poder vivenciar um ritual, sendo, muitas
vezes, caracterizado por estilos diferentes de velórios ou funerais, dependendo
de cada cultura.
Considerações Finais
Ao fazer a análise sobre as etapas do ciclo vital, com fundamentação
principal em Bee (1997) e Papalia, Olds e Feldman (2013), é possível afirmar
que, embora não se trate de vivências universais, elas são muito características
de cada fase da vida. Por exemplo, apesar de muitas pessoas deixarem para ter
Por outro lado, é importante que os seres humanos façam essa análise
sobre as etapas já vividas e as outras que estão por vir, para tentar se organizar
e, quem sabe, planejar melhor a fase final do ciclo vital. Exemplificando, em
uma sociedade em que cada vez mais existe a opção por ter um único filho, há
a possibilidade de dois adultos cuidarem de uma criança e adolescente durante
um determinado período da vida, e depois, esse mesmo filho ter de cuidar de
dois idosos por período indeterminado. Esse cuidado pode ser financeiro, mas é,
principalmente, afetivo. Em uma fase da vida em que o filho único possivelmente
esteja também cuidando dos seus filhos e carreira profissional, poderá ter de as-
sumir a responsabilidade de atender afetivamente as necessidades de dois idosos.
Enfim, embora não seja uma regra geral, ou um padrão que deve ocorrer
com todas as pessoas, tentar entender melhor o que acontece com os seres hu-
manos nas diferentes fases do ciclo vital é importante, porque a escola contribui
com esse processo formativo e lida com pessoas o tempo todo, sejam alunos,
professores, funcionários da escola ou familiares.
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