Perícia Judicial Nas Varas Cíveis

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FACULDADE IBMEC

CURSO DE DIREITO

DANIEL DE OLIVEIRA MELO

PERÍCIA JUDICIAL NAS VARAS CÍVEIS

SÃO PAULO
2022
DANIEL DE OLIVEIRA MELO

PERÍCIA JUDICIAL NAS VARAS CÍVEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao


Curso de Direito, da Faculdade IBMEC, como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel
em Direito.

Orientador: Prof., Mestre e Dr. James Alberto Siano.

SÃO PAULO
2022
DANIEL DE OLIVEIRA MELO

PERÍCIA JUDICIAL NAS VARAS CÍVEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao


Curso de Direito, da Faculdade IBMEC, como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel
em Direito.

Orientador: Prof., Mestre e Dr. James Alberto Siano.

Aprovado em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________
Prof., Mestre e Dr. James Alberto Siano (Orientador)
Faculdade IBMEC

_________________________________________________________________
Prof. Roberto Caruso Costabile e Solimene
Faculdade IBMEC
Ao meu irmão, Samuel Melo.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela graça concedida. Aos meus pais, Edmar e Célia, pelo amor e
carinho.
Ao meu orientador, Prof. Mestre e Dr. James Alberto Siano, que me orientou
com esmero e sabedoria.
Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
proezas da história foram conquistadas do que
parecia impossível.

(CHALES CHAPLIN)
RESUMO

O artigo 156 do Código de Processo Civil afirma que “quando a prova do fato depender
de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo
disposição do art. 421 do mesmo diploma legal”. Desta, surge-se a perícia cível.
Dependendo da natureza da ação e dos quesitos a serem respondidos, o magistrado
deverá nomear um perito, podendo as partes indicarem um assistente técnico, para
acompanhar sistematicamente os exames executados pelo perito judicial. Tais
formulações poderão ser arguidas por diferentes áreas do conhecimento humano,
devendo ser desenvolvida por diferentes tipos de profissionais peritos, tais como os
de contabilidade, engenharia, medicina, economia, administração e psicologia. A
atuação de uma perícia judicial é determinada pelas condições estabelecidas na
legislação, sendo indispensáveis que tais profissionais tenham pleno conhecimento
do que está disposto no texto legal. São pleiteadas quando há uma lide levada ao
Judiciário, e, que para a resolução desta, há necessidade que um “conhecedor” do
tema, análise todos os fatos, apontando quem tem razão. O perito é requisitado pelo
juízo ou pela parte para oferecer laudos técnicos em processos judiciais. O laudo
técnico é elaborado e assinado pelo perito e passa a ser uma das peças (prova) que
compõem um processo judicial. O trabalho é remunerado e em regra cabe
adiantamento de honorários, quando solicitados. Não há horário fixo para o trabalho,
como a atividade não exige exclusividade, o profissional pode ter outras atividades em
paralelo. De igual maneira, a presente monografia pretende explanar acerca dos
profissionais peritos das áreas cíveis, desenvolvendo diferentes perícias locupletas
pela seara do Código de Processo Civil, comumente usadas pelos magistrados, bem
como pelas partes, mas pouco salientada como objeto de estudo.

Palavras-chaves: Perícias; varas cíveis; perícias nas varas cíveis; perito judicial.
ABSTRACT

Article 156 of the Civil Procedure Code states that “when the proof of the fact depends
on technical or scientific knowledge, the judge will be assisted by an expert, according
to the provision of art. 421 of the same legal diploma”. From this arises the civil
expertise. Depending on the nature of the action and the questions to be answered,
the magistrate must appoint an expert, and the parties may appoint a technical
assistant to systematically monitor the examinations carried out by the judicial expert.
Such formulations may be argued by different areas of human knowledge, and must
be developed by different types of expert professionals, such as those in accounting,
engineering, medicine, economics, administration and psychology. The performance
of a judicial expert is determined by the conditions established in the legislation, and it
is essential that such professionals have full knowledge of what is provided in the legal
text. They are claimed when there is a dispute taken to the Judiciary, and, for the
resolution of this, there is a need for a "connoisseur" of the subject, analyzes all the
facts, pointing out who is right. The expert is required by the court or by the party to
provide technical reports in legal proceedings. The technical report is prepared and
signed by the expert and becomes one of the pieces (evidence) that make up a judicial
process. The work is remunerated and, as a rule, fees are paid in advance, when
requested. There is no fixed time for work, as the activity does not require exclusivity,
the professional can have other activities in parallel. Likewise, this monograph intends
to explain about the expert professionals in the civil areas, developing different rich
expertise in the area of the Civil Procedure Code, commonly used by magistrates, as
well as by the parties, but little highlighted as an object of study.

Key-words: Expertise; civil courts; expertise in civil courts; judicial expert.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Decisão proferida nos autos nº 1002613-16.2020.8.26.0441.....................44

Figura 2 – Questões suscitados no estudo técnico pericial proposta nos autos nº


1002613-16.2020.8.26.0441......................................................................................45

Figura 3 – Sentença proferida nos autos nº 1002613-16.2020.8.26.0441...................46


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ARTS. Artigos legais.


CPC/15 Código de Processo Civil de 2015
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia.
CRM Conselho Regional de Medicina.
CRP Conselho Regional de Psicologia.
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social.
CRFB/88 Constituição da República Federativo do Brasil de 1988
ISSQN Imposto sobre serviço de qualquer natureza.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13

2 MEIOS DE PROVA NO PROCESSO JUDICIAL.....................................................15

3 PERÍCIAS JUDICIAIS NA AREA CÍVEL................................................................18

3.1 Objetivo da perícia judicial.....................................................................................18

3.2 Regulamentação da perícia judicial.......................................................................20

4 ESPÉCIES DE PERÍCIAS CÍVEIS...........................................................................25

5 PERFIL DO PERITO JUDICIAL..............................................................................28

5.1 Exigências legais e impedimentos do perito..........................................................28

5.2 Assistência técnica judicial....................................................................................32

5.3 Responsabilidade civil e criminal do perito judicial...............................................35

5.4 Responsabilidade civil e criminal do assistente técnico.........................................40

6 SENTENÇA X LAUDO PERICIAL...........................................................................42

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................48

REFERÊNCIAS..........................................................................................................49
13

1 INTRODUÇÃO

No decorrer da história diversas profissões foram surgindo para atender as


demandas da sociedade, assim, em cada período histórico, novas profissões
apareceram e se desenvolveram, enquanto outras se extinguiram por ficaram
obsoletas.
De acordo com o conceito filosófico, para compreender uma profissão é
preciso entender a sociedade em que ela está inserida, como por exemplo, no antigo
Egito, aqueles que tinha inclinação para as artes plásticas eram financiados pelo
governo para criar tesouros e obras para os faraós, por sua vez os que possuíam
habilidade para a área de exatas eram financiados para arquitetar os canais de
irrigação, tão relevantes na histórica egípcia, e, para o trabalhos mais áridos e árduos
predominava a presença dos escravos.
Já na Grécia antiga, os homens costumavam a ficar responsáveis por
trabalhos ligados ao plantio e a colheita, enquanto as mulheres se ocupavam de
trabalhos mais domésticos, tais como costura e preparo de alimentos.
Com o desenvolvimento tecnológico pós-revolução industrial, surgiram
inúmeras profissões, atualmente a gama é imensa, voltada para as diversas áreas do
conhecimento. Na presente monografia, iremos ressaltar a profissão do perito, tendo
sua primeira apreciação na área criminal no Brasil, perante o Código de Processo
Criminal, em 1832, sendo a figura solicitada para analisar fatos e indícios relativos a
determinado delito. Já na década de 1910, houve a aparição dos peritos em
avaliações de bens móveis e imóveis, qual sejam os cíveis, perante as publicações
de escolas e repartições públicas dedicadas a tributação, gestão e contratação de
serviços e obrigas nas grandes capitais.
A partir dos anos de 1950, como parte do movimento que se notabilizou por
construir entidades profissionais dedicadas a difusão da técnica avaliatória, foram
elaboradas as primeiras normas de avaliação para os profissionais peritos. E, a figura
do perito cível somente fora inserida legalmente perante o Código de Processo Civil,
datado com promulgação em 2015.
Perante a exposição do objeto da monografia, pretende-se a demonstração
dos diferentes gêneros de periciais cíveis, voltadas para as diferentes áreas, tais como
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contabilidade, engenharia, medicina, economia, administração e psicologia. Ainda,


cumpre demonstrar os desafios que os peritos enfrentam na realização de tais
perícias, levando em consideração o nível de especificidade em que exigem.
Outrossim, cumpre demonstrar as relevantes contribuições dos recursos e
instrumentos destas ciências voltadas aos juristas, de modo a oferecer a veracidade
dos fatos apontados, amparados nos conhecimentos técnicos, subsistindo na
“Justiça”, como fundamentação para a tomada de decisão dos magistrados. Para
tanto, será necessário elencar casos reais de perícias cíveis que resolveram as
causas, onde, sem elas, não seria possível a resolução da lide.
Cumpre ressaltar que numericamente, como será demonstrado, o número de
periciais cíveis são muito maiores do que os criminais, porém, não detém tanta
relevância como este. Sua inserção se deu na promulgação do CPC/15, sendo desde
então, usada quando os magistrados que necessitam de auxílio técnico para a
resolução de matérias que não tem entendimento. Muitas pessoas foram beneficiadas
com a implementação deste instituto, sendo fundamental o seu estudo e
levantamento, eis que fazem volume quanto aos processos jurídicos cíveis, sanando
eventuais dúvidas que as partes ou o juiz tenham.
15

2 MEIOS DE PROVA NO PROCESSO JUDICIAL

Em decorrência da promulgação do Código de Processo Civil de 2015, em


seu art. 369, a prova consiste em todo meio legal, bem como moralmente legítimo e
aceitável, com o objetivo de provar a verdade dos fatos apontados pelas partes, seja
através da propositura de uma ação pelo autor, ou, por parte da defesa do réu.
Segundo o entendimento do professor Humberto Theodoro Júnior, no tocante o
conceito de prova:

A prova advém de fatos, que são alegados pelas partes com o intuito de
convencer o juiz da verdade. Tal convencimento enseja na solução jurídica
do litígio, que será relevada na sentença1.

Porém, caso o juiz não fique convencido da veracidade dos fatos


apresentados, poderá requerer a produção de outros meios de prova, tais como
documentos, testemunhas, bem como a realização de perícias. O magistrado deve-
se a ter com a certeza (em seu estado psíquico) quanto os fatos apresentados, em
virtude da convicção que deverá ser formada através do espírito julgador. Para que
haja a solução do conflito, o juiz deve emanar uma sentença, não bastante que
somente as partes aleguem os fatos, mas sim, que o magistrado certifique a
veracidade dos alegados.
No mais, o momento mais comum que as provas são produzidas pelas partes,
é perante a fase de instrução do processo, do qual, se inicia após o despacho
saneador, e, finaliza-se perante o momento em que o magistrado abre vistas aos
debates. Há uma exceção, prevista nos arts. 320 e 434 do CPC, onde, a prova
documento poderá ser produzida em fase postulatória. No tocante as provas, todas
detém um objetivo, finalidade e destinatário, onde, consistem em fatos relevantes que
são arguidos pelas partes para instaurar o julgamento da ação. Em seus tipos, há
dois: a) prova direta: demonstra a existência do fato narrado na exordial; b) prova
indireta: onde, está ligada diretamente aos fatos arguidos que não estão colacionados
nos autos, mas, que a partir de um raciocínio lógico, o magistrado poderá chegar à
conclusão dos fatos narrados nos autos. Esta segunda prova, também é denominada
de “prova por presunção”. Somente os fatos considerados juridicamente relevantes

1
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Brasília: Forense, 2021.
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obtém condão probatório de cunho processual, como escopo do art. 374 do CPC.
Assim, os fatos considerados notórios, afirmados por uma das partes, ou, confessado
pela parte contrária, são tidos como fatos incontroversos, com cunho de presunção
legal de veracidade, não necessitando de quaisquer comprovações.
Vale mencionar que todas as provas juntadas, bem como as produzidas
durante o curso do processo, devem ser lícitas, consoante com o art. 369 do Código
de Processo civil, detendo o “meio moralmente legítimo”. Mas, quando juntada ou
produzida uma prova considerada ilícita, conforme a Carta Magna, em seu art. 5º,
inciso LVI, são inadmitidas. Há um contraponto apresentado na jurisprudência, da qual
entende que as provas produzidas ilicitamente, dependendo do modo como fora
produzidas, terão condão pro bandi, podendo ocasionar na convicção julgadora do
magistrado. Deste modo, o juiz deverá aplicar o Princípio da Proporcionalidade,
mensurando se aquele meio de prova, obtido de maneira ilícita, dependendo de sua
importância, poderá ser incorporado no processo, não reservando o direito de receber
as penalidades criminais de que as produziu.
No tocante o ônus da prova, este consiste no diapasão da conduta processual
exigida pela parte, para que ela ateste as verdades argumentadas, ou seja, ambas as
partes têm a opção de provar o que alegará, porém, caso escolha por não as provar,
assume o risco de não obter um resultado útil de sua causa, decorrendo da máxima,
em que o fato alegado, mas não provado, é o mesmo que fato inexistente. O ônus de
produção é do autor, de acordo com o art. 373 do CPC, e, cabe ao réu o ônus de
provar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito que pretenda arguir como
seu (ou, provar que não).
Desta maneira, o réu quando for alegar as acusações impostas ao autor,
poderá somente negar o fato arguido, ou, escupir o ônus de provar a veracidade dos
fatos apresentados, ao autor. Sob pena de não convencer o magistrado, que seja
julgada extinta a causa. Entretanto, se o réu contestar as alegações, demonstrando
um fato modificativo, extintivo ou impeditivo do direito, o ônus de prova é seu, posto
que assume, implicitamente, que as alegações do autor são verdadeiros, sendo os
fatos alegados por ele como incontroversos, dispensando qualquer meio de prova.
Quanto aos meios de provas, o Código de Processo Civil, elenca como meios
de provas, o depoimento pessoal, a confissão, exibição de documentos ou coisas,
provas documentais, provas testemunhais, provas perícias e a inspeção judicial.
Ainda, há outros meios de provas não tipificados no referido Código, considerados
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como moralmente legítimos, elencados no art. 369, sendo estes, a prova emprestada
(produzida em outro processo, mas que poderá ser utilizada no processo atual, posto
sua relevância), e, a prova por presunção.
O depoimento pessoal consiste em um interrogatório, onde, as partes devem
comparecer presencialmente para responder determinadas perguntas; a confissão,
incorre quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse, e,
favorável ao adversário, ou seja, quando uma das partes concorda com os fatos
alegados pela parte contrária, admitindo-os como se verdadeiros fossem; quanto a
exibição de documento ou coisa, tem-se a exibição de um papel escrito que pode
mostrar ou indicar a existência de um ato, fato ou negócio jurídico, com capacidade
de indicar todos os objetos suscetíveis de direito; já a prova testemunhal é o meio de
prova mais amplo, eis que consiste no interrogatório de pessoas indicadas pelas
partes, para que comprovem a veracidade de um ato, ou, que preste esclarecimentos
acerca dos fatos perguntados, podendo negar ou afirmar sobre eles; logo, a prova
pericial, é aquela consistente no exame, vistoria ou avaliação de pessoa e/ou bens;
pro fim, a inspeção judicial é aquela tida na percepção sensorial do juiz sobre as
circunstâncias ou qualidades corpóreas das pessoas ou coisas relacionados ao
conflito levado ao Judiciário.
A frente, serão pormenorizadas os tipos de provas pertinentes a presente
monografia, em especial a prova pericial.
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3 PERÍCIAS JUDICIAIS NA ÁREA CÍVEL

3.1 Objetivo da perícia cível

O Código de Processo Civil regulamenta a perícia judicial nas varas cíveis


como um dos meios de prova, com o objetivo de esclarecer determinados fatos,
convencendo o magistrado para julgamento da lide. Sua fundamentação legal está
disposta nos arts. 464 até 480 do mesmo diploma legal, do qual, pormenoriza que o
perito é o profissional ad hoc, nomeado pelo magistrado por conter conhecimentos
técnicos, específicos e científicos sobre o objeto in causam, não possuindo vínculo
empregatício com o juiz, o Tribunal do Estado atuante, ou, o Poder Judiciário como
um todo. Este, somente encontra-se cadastrado, eis que é designado apenas para a
prestação de esclarecimentos de um ato. Portanto, pode-se dizer, que o perito é um
auxiliar do juízo, que não tem interesse no processo, estando ali somente para
esclarecer os fatos obscuros, facilitando o julgamento da causa.
A figura do perito poderá ser físico ou jurídica, órgão da administração pública
ou funcionário público, devendo estar inserido nos quadros de seu respectivo órgão
de classe, como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA; Conselho
Regional de Psicologia – CRP; e Conselho Regional de Medicina - CRM. Ressalta-se
que além de habilitado, o perito profissional deverá realizar um cadastro perante o
Tribunal de Justiça do Estado em que deseja atuar, demonstrando sua especialidade,
bem como todas as informações curriculares que componham sua formação na
respectiva área. Caso não haja nenhuns profissionais cadastrado em determinada
especialidade ou área, caberá ao magistrado nomear um profissional de sua confiança
de maneira livre.
Ainda, o perito deverá deter como característica, uma pessoa isenta e não
interessada no processo, que presta serviços ao Judiciário visando clarear a
convicção do juiz, elucidando o objeto da perícia. Caso não seja assim, deverá ser
declarado como suspeito ou impedido de atuar na referida causa. O perito também
tem o direito de recusar uma perícia, por motivos legítimos, inabilitação para cargo,
ou, excesso de trabalho, do qual, nestes casos, deverá ter nova nomeação de perito
por parte do magistrado.
No mais, a perícia judicial é composta de exame, vistoria e avaliação de um
objeto que está obscuro na causa, com o objetivo de proporcional aos envolvidos no
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conflito jurídico, uma melhor compressão do fato e/ou objeto. De igual maneira, deve
esclarecer a convicção do juiz, elucidando quanto o proferimento da sentença, no
tocante a veracidade dos fatos emanados pelas partes. Entretanto, em razão de seu
caráter técnico, específico e científico, a prova perícia detém maior cargo de
persuasão, sendo recorrente a sua adesão a todos os membros do Judiciário.
Outrossim, o art. 471 do Código de Processo Civil, prevê a possibilidade da
realização de uma perícia consensual, onde, as partes podem conjuntamente
escolherem um mesmo perito, podendo não ser cadastrado no Tribunal de Justiça do
respectivo Estado, com tanto que preencha os requisitos de praxe legal para atuar no
processo.
De igual maneira, a perícia precípua o reestabelecimento da paz social por
meio de um processo judicial, mostrando a verdade de um fato a uma ou mais pessoas
que a busquem, se materializando através de um laudo pericial. Assim, há a
transferência da verdade para o ordenamento jurídico, passando a conversar com o
magistrado, consubstanciando sua decisão. O campo atuante de um perito é extenso,
devendo ser analisado o objeto da perícia, a fim de adotar os melhores procedimentos
que conduzam a revelação da verdade, a qual servirá de escopo ao juízo ou qualquer
interessado a tomar uma decisão a respeito da lide; definir a natureza da perícia,
dentre sua extensão de exames a serem realizados, quanto a sua nomeação
(especificidade), quesitos ou proposta de honorários; estabelecer as condições para
que o laudo seja emitido dentro do prazo estabelecido; identificar os potenciais
problemas e riscos que podem incorrer durante a realização da perícia; identificar os
fatos mais importantes que poderão ser utilizados para solucionar a demanda, de
maneira que seja destacados; identificar a legislação pertinente ao objeto da perícia;
locupletar divisão do trabalho entre os membros da equipe (se houver), sempre que o
perito necessitar de auxiliares na causa; bem como o melhor modo de execução dos
trabalhos.
Em suma, ainda que o próprio juiz tenha conhecimento técnico sobre o
assunto em pauta, deverá designar um profissional perito para a produção de provas,
bem como emanar um laudo técnico. A realização de uma perícia é necessária com o
aparecimento de questões controvertidas sobre determinado fato, que deverá ser
pormenorizado por um técnico, especializado, científico sobre o assunto, posto que
não podem ser demonstrados ou esclarecido por nenhuma outra pessoa sem
habilitação ou especialização na referida área.
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Por fim, é possível a realização de duas perícias no mesmo processo, com


outro profissional diferente do primeiro, determinada mediante ofício do magistrado ou
a requerimento de uma das partes, quando o objeto do laudo não tiver sido esclarecido
de maneira suficiente. Assim, a segunda perícia não anulará a primeira, pois trata-se
de uma nova perícia sobre os mesmos fatos analisados na primeira, mas com o
objetivo diferente, o de corrigir a omissão desta. Não há o que se falar em substituição,
mas apenas de uma complementação, eis que o objeto da segunda perícia deverá ser
especificado na decisão judicial, limitando os vícios das primeiras como eventuais
lacunas, incorrências e entre outros. No tocante a sentença, o juiz deverá levar em
conta as duas perícias, de maneira a indicar o que utilizada de cada um dos laudos,
e, o que formara o seu convencimento.

3.2 Regulamentação da perícia judicial

A perícia está regulamentada perante o Código de Processo Civil, nos arts.


464 ao art. 480, consistente em um tipo de prova que será produzida por um
especialista a pedido das partes, ou, do magistrado, devendo atentar-se a
determinados requisitos e formalidades, vejamos:

Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando:

I - A prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;

II - For desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - A verificação for impraticável.

§ 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à


perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto
controvertido for de menor complexidade.

§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de


especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande
especial conhecimento científico ou técnico.

§ 4 º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica


específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer
21

recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de


esclarecer os pontos controvertidos da causa.

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de


imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do


despacho de nomeação do perito:

I - Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;

II - Indicar assistente técnico;

III - Apresentar quesitos.

§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:

I - Proposta de honorários;

II - Currículo, com comprovação de especialização;

III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde


serão dirigidas as intimações pessoais.

§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo,


manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará
o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95 .

§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos


honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e
prestados todos os esclarecimentos necessários.

§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a


remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.

§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação


de perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar
a perícia.

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

I - A exposição do objeto da perícia;

II - A análise técnica ou científica realizada pelo perito;

III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser


predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da
qual se originou;

IV - Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas


partes e pelo órgão do Ministério Público.

§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem


simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
22

§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como


emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto
da perícia.

§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos


podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas,
obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da
parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com
planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. 2.

Podemos observar que a prova pericial somente poderá ser produzida por um
profissional perito, capacitado para o exame, vistoria ou avaliação do objeto em
discussão. Outrossim, o magistrado poderá indeferir a perícia, quando a prova do fato
não depender de conhecimento especial técnico; for desnecessária em vista de outras
provas já produzidas nos autos; e, a verificação for impraticável.
Quanto ao próximo artigo, tem-se que necessariamente a prova pericial será
produzida por um especialista, cabendo ao juiz nomeá-lo. Devendo ainda, fixar prazo
para a entrega do laudo pericial, começando sua contagem a partir de sua nomeação,
contando 15 (quinze) dias para que, as partes alegue suspeição ou impedimento do
perito; indiquem um assistente técnico; ou, apresentem quesitos a serem respondidos
pelo profissional perito.
Após apresentar uma proposta de trabalho ao juízo, bem como as partes,
ambos devem aceitar, estando o perito encarregado de cumprir o que fora combinado,
independentemente de termo de compromisso. Deve-se assegurar que os assistentes
das partes, tenham acesso e acompanhem todas as diligências. Porquanto, além das
hipóteses de impedimento e suspeição, o perito também poderá ser substituído
quando, lhe faltar conhecimento técnico ou científico necessário para o exame do
objeto em questão; ou, sem motivo legítimo, não cumprir o prazo que lhe fora
estipulado, podendo ainda, ser submetido a aplicabilidade de uma multa caso venha
a descumprir com suas obrigações, bem como obrigação de ressarcir eventuais
prejuízos que cause.
Perante a escolha do perito, o juiz deverá nomear o profissional, desde que
seja plenamente capaz, e, que a causa seja passível de resolver mediante

2
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
23

autocomposição. As partes também podem, de comum acordo nomear um perito de


confiança. No mais, a perícia não é obrigatória para todos os casos, podendo o
magistrado dispensá-las, quando as partes, em sede exordial ou em contestação,
apresentarem questões de fato, pareceres técnicos ou documentos que sejam
suficientes para sanar eventuais dúvidas.
Quanto ao laudo pericial, este deverá conter a exposição do objeto periciado,
análise técnica ou científica realizada pelo perito, indicação do método utilizado, e,
resposta conclusiva a todos os quesitos. Quando a perícia for considerada complexa
e exigir o conhecimento de mais de uma área específica, vários profissionais deverão
ser nomeados para a produção da prova pericial. Nestes casos, as partes, bem como
o magistrado poderão indicar mais de um assistente técnico.
Ademais, a perícia também é regulamentada pela Lei nº 12.030, de 17 de
setembro de 2009, que dispõem acerca das perícias de natureza criminal, sendo
assegurada toda a autonomia técnica, científica e funcional, porém, exigida diante de
funcionários com ingresso através de concurso público, com formação acadêmica
específica para o provimento eletivo do cargo de “perito oficial”.
24

4 ESPÉCIES DE PERÍCIAS CÍVEIS

As perícias são partes constantes nos processos, com a finalidade de apurar


a averiguar as informações suscitadas pelas partes, bem como convencer o
magistrado para que prolate a sentença. Dentre suas espécies, as mais comumentes
estão na esfera criminal e na cível. Pormenorizando, como a presente monografia
versa sobre as perícias cíveis, iremos adentrar o campo de suas espécies.
De primeiro plano, tem-se a perícia previdenciária e acidentária, envolto na
esfera trabalhista, mas com o objetivo de trazer informações acerca do colaborador
que se encontra afastado. Nestes casos, a perícia é requerida pelas partes, ou, pelo
magistrado, sendo realizada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS,
mostrando a avaliação de capacidade laboral dos funcionários eventualmente
afastados, ou, das pessoas que querem gozar de benefícios por acidentes ou por
serem considerados deficientes. Porquanto, temos a espécie de perícia trabalhista,
sendo necessária perante os processos que ocorrem com o pedido de adicional de
periculosidade e/ou insalubridade, bem como por demais questões médicas. Assim, o
profissional perito deve apurar as doenças profissionais indicadas, correlacionando-
as ao tipo de trabalho desenvolvido, do qual, emergiu a lesão por esforço repetitivo,
doenças psicológicas, perda auditiva por ruído, e/ou, sequelas de acidentes de
trabalho.
Tem-se a perícia grafotécnica, consistente em uma atividade em que o perito
analisa diferentes formas de escrita, de maneira a comprovar a veracidade de uma
assinatura ou documento. Em muitos casos, o advogado pode fazer uso desta opção
para validar a autoria de assinaturas, verificar falsificações ou alterações de
documentos rasurados e/ou recuperados. Ainda, pode-se utilizar desta perícia para
analisar se o documento fora redigido e assinado sob efeito de coação.
Há outras perícias referentes a autenticidade de documentos, sendo
denominada de exame documentoscopia, onde, o profissional perito estuda os
documentos, verificando se são autênticos, caso contrário, determinar de quem foi sua
autoria. Ainda, há o exame de informática, utilizando-se dos meios informatizados da
área digital para investigar computadores, instrumentos capazes de armazenar
milhares de documentos em sua forma eletrônica.
25

Outro tipo de perícia, é a ambiental, processo pelo qual o perito contribui para
a investigação de um crime ambiental, dando a possibilidade ao magistrado de
analisar os fatos para sentenciar. O profissional perito elabora um laudo sobre as
áreas contaminadas, condições atuais do local, bem como avalia as ações internas
que ocasionou os autos, possibilitando a negociação de dívidas e compensações
ambientais pelos danos causados.
Uma perícia comumente conhecida, é a perícia contábil e/ou tributária, sendo
um conjunto de procedimentos técnicos que auxiliam o magistrado com as provas e
documentos necessários em relação ao processo. Esta, é uma figura importante para
comprovar os cálculos apresentados pelas partes, como é o caso dos processos de
cumprimentos de sentença, execução de sentença e impugnação, onde há cálculos
financeiros complexos, bem como na seara trabalhista, com o cálculo de horas extras,
adicionais, e entre outros. Outra especificidade desta perícia, é que ela poderá ser
realizada de maneira judicial ou extrajudicial. O requerimento poderá se dar por meio
da empresa ou qualquer parte envolvida na causa, requerendo o esclarecimento de
determinadas informações importantes, que não podem estar no processo sem a
ajuda de um profissional docente na área.
Coexistem as perícias contra o patrimônio, onde os procedimentos periciais
são realizados perante os delitos dos crimes contra residências e/ou estabelecimentos
comerciais, que sofrem furtos e/ou destruições, necessitando de um profissional para
analisar os dados apresentados, sendo possível o estudo do que de fato incorreu
quando da prática de crime. Neste caso, podemos observar que, no caso da incidência
de um furto com emprego de destruição ou rompimento de obstáculo para a subtração
da coisa, apesar de inicialmente ser um processo criminal, o autor, após sentença
condenatória, poderá ingressar na seara cível para requerer a restituição dos valores
de seus bens deteriorados. Assim, a perícia poderá ser utilizada tanto no processo
criminal quanto no cível, a título de prova emprestada.
Nos casos de acidentes de trânsito, onde o autor ingressar na vara cível para
receber os valores referentes o reparo do automóvel, bem como um valor
indenizatório, o perito poderá ser requerido para realizar os procedimentos no local
dos fatos, e, nos automóveis, de maneira a legitimar de quem é a culpa do acidente.
Por outro lado, há a perícia de identificação veicular, que é realizada através de um
conjunto de dígitos gravados ou inseridos na parte interna de um veículo, denominada
de numeração do chassi. Além da referida numeração, o automóvel também poderá
26

ser identificado por meio de uma plaqueta de identificação, ou, autocolantes que se
encontra em seu motor, carroceria, caixa de câmbio e eixo.
Temos a perícia de laboratório, do qual detém a atribuição de realizar
pesquisas forenses com o uso de materiais, métodos e profissionais das áreas de
ciência, biológica, química e física, na elucidação de um fato discutido em esfera cível.
Do mesmo plano, tem-se as perícias realizadas nos campos imobiliários,
podendo ser, as perícias avaliativas, fazendo parte das ações que abrangem cálculos
de valores referentes a locações e/ou indenizações, com o objetivo de determinar um
valor de venda (de mercado) de determinado imóvel. As ações comumente utilizam-
se deste tipo de perícia para as revisionais e renovatórias dos contratos de alugueis,
desapropriação, além de cálculo de ativos imobilizados; a perícia construtiva, é
utilizada para a construção cível, com a finalidade de dar base aos trabalhos de
vistorias e detecção de patologias da construção, juridicamente, são requeridas em
ações trabalhistas ou disputas sobre propriedade, tais como ocupação de área e/ou
usucapião; as perícias orçamentárias, tem a função de estipular valores de reposição,
impacto financeiro em cronogramas de obras ou custos diversos decorrentes de ações
que executam em edificações ou em fase de construção (apartamentos e imóveis
vendidos na planta); perícias em questões de terra, utilizadas perante as demandas
fundiárias urbanas e rurais, através da apresentação de exames documentais sobre
a propriedade imobiliária, com a necessidade de um levantamento topográfico,
comumente requerida em ações demarcatórias, divisórias, possessórias e de
usucapião, do qual o perito deverá analisar e levantar sobre a ocupação e posse, bem
como delimitar o tamanho do imóvel; perícias financeiras, são aquelas que demandam
de cálculos financeiros, como nos casos de ações financiamentos habitacionais ou de
exames de documentação envolvendo valores expostos nos contratos, em ações,
discussões que envolvem pagamentos sucessivos de natureza contábil.
Envolvendo outras matérias, tem-se as perícias médicas e odontológicas,
realizadas em ações que envolvem má execução cirúrgicas, bem como odontológicas.
Podemos citar como exemplo, no caso de ações que versem sobre um procedimento
errôneo em uma cirurgia plástica, ou, sobre próteses dentárias. Neste caso, o perito
deve examinar o corpo das vítimas, especificamente onde incorreu o erro médico, bem
como analisar a documentação médica e/ou odontológica colacionada nos autos.
27

5 PERFIL DO PERITO JUDICIAL

5.1 Exigências legais e impedimentos do perito

Em algum momento da vida, muitas pessoas já tiveram a necessidade de


passar por uma perícia ou solicitá-la, mas, pouco se sabe sobre os profissionais que
exaram os importantes laudos que permeiam o deslinde de uma ação judicial. Sob
esta égide, é de grande valia demonstrar o perfil necessário que um perito deve ter
para atuar, em especial na seara cível, posto que diferente da área criminal, não
ingressa mediante concurso público.
Para a atuação em perícias judiciais, o profissional a ser convocado como
perito deverá ser reconhecido como um especialista de profundo conhecimento em
sua área de atuação, estando sempre atualizado e a par para realização de exames
perícias abrangentes, bem como ater-se aos objetivos impostos pelas partes,
Ministério Público e magistrado para a resolução da questão em discussão. Sua
atuação se limita a emissão de um parecer sobre o tema, de forma idônea e totalmente
condizente com a verdade dos fatos, sem comprometimento com alguma das partes,
mas somente com o objetivo de emitir um laudo, detalhado, pormenorizado e o mais
conclusivo possível.
Este, deve ter graduação em nível superior, eis que além da expertise ser uma
condição essencial, os tipos de estudos que demandam as ações judiciais obstam um
papel ao perito que deverá ter um nível superior. Essa é a clara diferente entre um
técnico e um perito. Entretanto, as perícias costumam contém matérias
multidisciplinares, não necessitando ser formado na área em que fora alocado, como
por exemplo, em uma perícia tributária o perito deverá ter conhecimentos sobre
contabilidade, direito e matemática. Assim, mais importante do que sua graduação, é
a realização de uma especialização em determinada área, a fim de realizar as perícias
o mais prudente possível, resolvendo a lide e sanando todos os quesitos.
Vale mencionar que o perito deve ser um auxiliar eventual do juízo, não tendo
que cumprir carga de jornada de trabalho, apenas recebendo conforme as nomeações
em que atuar perante as demandas processuais, trabalhando através de dias
agendados. Não detém vínculo empregatício com o Tribunal do Estado em que atua,
nem mesmo com o magistrado que o indica por confiança. Por tal deslinde, o
profissional pode manter atividades paralelas ao trabalho de perito, ou seja, não
28

precisa deixar de exercer uma profissão distinta para que atue em outra, desde que
não haja incompatibilidades entre elas.
O perito, tem seu nome incluído em uma lista aberta para todos os
profissionais peritos, desde que comprove o preenchimento de todos os requisitos
exigidos pelo Tribunal, devendo apresentar seu currículo junto do Estado em que
deseja atuar. A distribuição das ações judiciais seguem critérios de demandas, para
que não fiquem concentradas em uma única pessoa, e, por muitas vezes, ocorrem
através de sorteios. Após sua inscrição, haverá sua nomeação, bem como o ajuste do
valor a ser pago pela prestação de seus serviços em determinado processo. Este,
analisará a causa questionada, formando seu laudo pericial, bem como recebendo a
lista de quesitos formuladas pelas partes e/ou pelo juiz, devendo responder todas as
perguntas, e, prestando todas as informações necessários para o esclarecimento da
lide.
Ainda, o perito deverá deter como característica, uma pessoa isenta e não
interessada no processo, que presta serviços ao Judiciário visando clarear a
convicção do juiz, elucidando o objeto da perícia. Caso não seja assim, deverá ser
declarado como suspeito ou impedido de atuar na referida causa. O perito também
tem o direito de recusar uma perícia, por motivos legítimos, inabilitação para cargo,
ou, excesso de trabalho, do qual, nestes casos, deverá ter nova nomeação de perito
por parte do magistrado.
Ante a necessidade de maiores exemplificações, posto que a grande
pertinência temática que se encontra nos casos concretos, se vê prudente elencar
jurisprudências que corroboram como todas as explanações realizadas nesta
monografia. Serão apresentados casos que o laudo pericial fora tanto positivo quanto
negativo para a fundamentação sentencial. Ainda, elencados casos em que o laudo
pericial fora indeferido, ou, em que o profissional perito não preencheu os requisitos
legais necessários para sua continuação no processo.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A AGENTES


INSALUBRES. AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL FAVORÁVEL AO AUTOR.
RECURSO IMPROVIDO. O rol de agentes nocivos previstos na NR 15 é
exemplificativo. Todavia, inexistente nos autos laudo pericial que ateste
agente insalubre acima dos níveis de tolerância permitidos pela norma,
incabível é a percepção do respectivo adicional. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA
GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. SITUAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. ÔNUS DO POSTULANTE. AUSÊNCIA
DE COMPROVAÇÃO. INDEFERIMENTO DO PEDIDO. Em se tratando de
29

pessoas jurídicas, embora se venha admitindo a concessão de assistência


jurídica gratuita, faz-se necessária a demonstração cabal da impossibilidade
de arcar com as despesas do processo, não sendo suficiente a simples
declaração de hipossuficiência.3

Neste mencionado caso, houve o ingresso da ação por parte do empregado,


requerendo o adicional de insalubridade, dado o alegado de laborar em ambiente com
os níveis de agente nocivos à saúde, acima dos limites previstos na Norma
Regulamentar 15. Porém, durante o deslinde processual, nem mesmo o autor quanto
o réu, bem como o magistrado, requereram um laudo pericial para atestar a
veracidade dos fatos alegados. Logo, por não ser capaz de mensurar os níveis de
agentes nocivos, o juiz sentenciou quanto a improcedência da ação, eis a
impossibilidade de sua percepção sob o adicional.
Em suma, o trabalho do perito está associado a emissão de um laudo técnico,
que formará a convicção do juiz, sendo este, que emanará uma sentença em prol de
uma das partes. Assim, mostra-se a importância do papel do profissional perito, posto
que indiretamente fará coisa julgada perante a sentença. Nas palavras de Ibanez
(2006):

O manejo garantístico do livre convencimento somente é possível se ele se


apoia em regras racionais de avaliação das provas, extraídas da
epistemologia, da lógica, da psicologia e das outras ciências capazes de
revelar a verdade fática, portanto, recorrendo a métodos extrajurídicos. Esse
é o único meio de fazer do processo um instrumento de apuração da verdade
apto a concretizar a sua finalidade de garantia da eficácia dos direitos dos
cidadãos.4.

E, neste último caso, temos um caso mais emergente, onde o perito é declaro
suspeito por ter um envolvimento (dívida) como uma das partes, in verbis:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO VERIFICADA. REVISÃO DE
JULGAMENTO FRUTO DE APRECIAÇÃO DE RESP PELO STJ. PERITO

3
BRASIL. Tribunal Regional Do Trabalho Da 11ª Região, TRT-11: 0010379-94.2013.5.11.0007.
Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Urbano Coletivo de Manaus e Amazonia.
Auto Ônibus Líder LTDA. Relator: Valdenyra Farias Thome. Manaus, MAO, 24 de novembro de 2014.
Brasília: JusBrasil. Disponível em: https://trt-11.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/862325878/recurso-
ordinario-ro-103799420135110007/inteiro-teor-862325919. Acesso em: 20 mar. 2022.

4
IBÁÑEZ, Andres. La argumentación probatoria y su expresión en la sentencia. Mexico: Consejo
General del Poder Judicial, 2006.
30

SUSPEITO. DEVEDOR DE UMA DAS PARTES. ACLAMATÓRIOS


ACOLHIDOS. 1. Presente e comprovada nos autos a relação creditícia a
envolver o embargante e embargado (o último devedor do primeiro), enseja
o acolhimento da alegada suspeição do expert, na forma do art. 145, III c/c
art. 148, II, ambos do NCPC. 2. Malgrado não denote desconfiança na
honestidade ou capacidade do auxiliar do juízo, há motivos óbvios para o
afastamento de sua atuação no feito, quando diante de uma das hipóteses
dos arts. 145 e 148, ambos do NCPC, porquanto corre-se risco de ser traído
por uma afetividade qualquer que, não raro, invade o pensamento das
pessoas, até das mais equilibradas, e, alterar o raciocínio lógico e silogístico,
que dirige e determina o curso de um trabalho técnico, desencovando na falta
de condições para o exercício do ofício com a imparcialidade exigida.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS5.

Analisamos, que mesmo que ainda não elaborado o laudo, nem mesmo com
condições concretas de suspeição, diante da nomeação do perito, a parte que seria
prejudicada caso incorre-se algum favorecimento, prontamente agravou a nomeação,
dado o efetivo envolvimento por dívidas com as partes. Sendo tal posicionamento
acatado, como medida de Justiça, pelos desembargadores.
Assim, podemos observar através da análise de casos concretos, que a
perícia é um instituto importantíssimo para o desenvolvimento processual, eis que é
um deslinde, um posicionamento de um profissional técnico na área em lide, que dará
seu posicionamento. Ainda, mensuramos as possibilidades negativas de seus
aspectos, como casos de suspeição, bem como ante a necessidade de nova
nomeação e elaboração de laudo pericial, dado a ausência de fundamentação.

5.2 Assistência Técnica Judicial

A assistência técnica judicial por sua vez, incorre quando há nomeação de um


perito por um magistrado, sendo comum que as partes envolvidas na lide, nomeiam
seus respectivos assistentes técnicos judiciais, com o objetivo de acompanharem a
perícia, bem como emitirem seus pareceres. Em suma, o assistente técnico judicial
ou pericial, está previso no art. 465 e 466 do CPC, in verbis:

5
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS. Agravo de Instrumento: Ai 0434428-97.2012.8.09.0000.
Goiás, GO, 14 jun. 2016. Disponível em: https://tj-
go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/353821448/agravo-de-instrumento-ai-4344289720128090000.
Acesso em: 20 mar. 2022.
31

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de


imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do


despacho de nomeação do perito:

I - Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;

II - Indicar assistente técnico;

III - Apresentar quesitos.

§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:

I - Proposta de honorários;

II - Currículo, com comprovação de especialização;

III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde


serão dirigidas as intimações pessoais.

§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo,


manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará
o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95.

§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos


honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e
prestados todos os esclarecimentos necessários.

§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a


remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho.

§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação


de perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar
a perícia.

Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi


cometido, independentemente de termo de compromisso.

§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão


sujeitos a impedimento ou suspeição.

§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o


acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia
comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco)
dias6.

Vislumbra-se que é o assistente técnico que representará uma das partes


durante a realização de uma perícia judicial, auxiliando o perito em questões técnicas

6
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
32

relevante a parte contratante dos serviços. Posto isso, podemos observar sua
importância, levando em consideração que ele será o principal interlocutor com o
perito para expor todos os argumentos elencados pelas partes, bem como os fatos,
tecnicamente favoráveis a que os assessora.
Apesar da escolha do assistente técnico ser de exclusiva e completa
responsabilidade das partes que o contrato, é de grande varia que a escolha seja feita
de maneira cautelosa e sabia, posto que ele será o único envolvido durante a
realização da perícia, devendo se manifestar nos momentos em que fora oportuno.
Quando as partes estão bem assessoradas por seus procuradores
(advogados), e, diante da necessidade da produção de prova pericial eis a incidência
de um embate no processo que dependerá de uma opinião técnica, estes, deverão
solicitar a perícia ao magistrado. Nestes casos, o assessor jurídico sugere a
contratação de um especialista no assunto, para que possa emitir um laudo com sua
opinião sobre a matéria em lide, podendo ser colacionado em anexo nos autos a
opinião (laudo) que está sendo defendida, antes mesmo que o juiz despache ante a
necessidade da instauração de uma perícia. Esta antecipação ocasiona muita
utilidade na tomada de decisão, uma vez que o laudo ao ser incluído nos autos, servirá
como um fato a ser compensado pelo magistrado para servir como diretriz ao perito
para emissão do laudo pericial.
De igual maneira, um lado emitido pelo assistente, quando bem embasado,
pormenorizado e detalhado por um assistente técnico profissional, pode, por si só, ser
suficiente para firmar a convicção do juiz, de maneira a sentenciar sem que seja
necessário uma perícia judicial.
Como acima elencado, coexistem diversas matérias que podem emergir de
pauta para uma perícia, o mesmo incorre diante da contratação de um especialista,
podendo ser das áreas de engenharia, economia, contabilidade, financias,
imobiliários, e, ciências atuarias. Apesar, que em tese todo profissional especializado
está apto a realizar o trabalho de assistente de perito, na prática, as consultorias
financeiras contábeis e/ou tributárias deve ser especializadas, comumente indicadas
pelos próprios advogados das partes, eis a confiança e serviços já prestados para os
escritórios atuantes (confiança). Usualmente, existem grandes empresas que figuram
como partes em processos judiciais, que contam com um corpo técnico
multidisciplinar, que conjuntamente detém experiências em diferentes campos de
33

conhecimento, compreendendo o melhor caminho a ser percorrido no decorrer da


perícia.
No tocante a diferença entre as duas figuras (perito judicial e assistente
técnico judicial), o perito é tido como um auxiliar da justiça, enquanto o assistente
técnico é de confiança da parte envolvida no processo, sendo indicado e pago
diretamente por ela. Porquanto, a parte não é obrigada a contratar um assistente
técnico, enquanto o perito, uma vez determinada a perícia, deverá ser
obrigatoriamente imposto para a emissão do laudo. Assim, o perito escreve o laudo,
e, por sua vez, o assistente técnico, o parecer. O laudo é tido como uma prova,
enquanto o parecer é tido como outra, igualmente.

5.3 Responsabilidade civil e criminal do perito judicial

Perante preposição do art. 158 do CPC, mensura que a figura do perito que
incorrer, mediante dolo ou culpa, a prestação de informações inverídicas, responderá
pelos prejuízos que venha a parte sofrer, ficando inabilitado de 2 (dois) anos a 5
(cinco) anos, de prestar ou ser nomeado como profissional perito em outros perícias,
bem como podendo responder pelas sanções que a lei penal estabelecer. Vejamos:

Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar
em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente
das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao
respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis 7.

Desta maneira, o perito responde de maneira civil e criminal, diante de seus


erros, omissões, desídia, inverdades e venalidades. Bem como, em casos positivos,
responde por sua pontualidade, qualidade e honestidade nos trabalhos prestados para
com o juízo. Perante a emissão de seu lado pericial, as providências a serem
pleiteadas contra si, poderão ser arguidas pelas partes, pelo magistrado da causa,
membro do Ministério Público, e, o seu respectivo órgão de inscrição.

7
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
34

Podemos titular como exemplos, medidas que poderão ser de


responsabilização do perito, tais como a não entrega do laudo pericial, ou, não entrega
do laudo dentro do prazo estipulado, negligência em sua elaboração, erros no laudo,
erros de cálculos e/ou de metodologia, carência de conhecimento específico na área
apontada, ou, mais grave, a tendência de declinar ao favorecimento a uma das partes,
por ter sido supostamente pago por esta.
Perante a aplicabilidade do art. 158 do CPC, o magistrado poderá decretar a
inabilitação do perito pelo prazo de 2 (dois) anos até 5 (cinco) anos, sendo impedido
de prestar serviços em qualquer outro juízo de comarcas do território nacional. Esta,
é tido como uma sanção administrativa, independente de requerimento da parte,
sentença ou decisão interlocutória.
No mais, o profissional perito detém deveres que são inerentes ao exercício
de suas funções, eis a responsabilidade perante uma obrigação, obrigação esta
originada e imposta pela lei. Se descumprida, emerge a responsabilidade derivada ao
descumprimento da obrigação original, sendo consequência a reposição do prejuízo
ora causado a parte, em virtude da violação de um dever jurídico original. Como
mencionado, durante o exercício de suas funções, surge a necessidade de
determinados cumprimentos, que, sendo violados, serão refletidos nas esferas de
responsabilidade civil, penal, administrativo e até técnica. Dado o momento de sua
nomeação, este, emerge o dever de cumprir uma série de mandados legais, em razão
da importância da atividade pericial, através de deveres de condutas relacionados as
regras processuais cíveis, bem como as penais, processuais administrativas, e, aos
deveres de responsabilidade técnica.
Porquanto, tem o dever de vigilância, cuidado e atenção, legalmente
obrigando o perito a agir com licitude, legitimidade, diligência, buscando de toda a
forma evitar a passividade, descaso, inércia ou omissão. Ainda, tem o dever de
atualização de sua técnica, devendo zelar pelo aprimoramento e atualização técnica-
científica, sendo o instituto da imperícia caracterizada pela insuficiência de
conhecimentos científicos e habilidades técnicas no exercício de sua função, qual seja
a emissão do laudo pericial. Detém o dever de cumprir as regras processuais civis,
como a imparcialidade, elencadas no rol de impedimentos e suspeição, sendo o dever
do perito de manifestar-se sobre estar impedido ou suspeito, conforme diapasão:
35

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no


processo:

I - Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou


como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como
testemunha;

II - De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

III - Quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou


membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;

IV - Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro,


ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive;

V - Quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa


jurídica parte no processo;

VI - Quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer


das partes;

VII - Em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação
de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;

VIII - Em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu


cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado
de outro escritório;

IX - Quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor


público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o
processo antes do início da atividade judicante do juiz.

§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar


impedimento do juiz.

§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de


mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus
quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista,
mesmo que não intervenha diretamente no processo.

Art. 145. Há suspeição do juiz:

I - Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

II - Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes


ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca
do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do
litígio;
36

III - Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge
ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau,
inclusive;

IV - Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem


necessidade de declarar suas razões.

§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:

I - Houver sido provocada por quem a alega;

II - A parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta


aceitação do arguido.

Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:

I - Ao membro do Ministério Público;

II - Aos auxiliares da justiça;

III - Aos demais sujeitos imparciais do processo8.

A iniciativa da declaração de impedimento e suspeição deve partir do perito,


sendo de fundamental importância este apontamento, visto que evitará que as partes
envolvidas no processo, questionem-no sobre seu impedimento ou suspeição,
tonando o fato ainda mais grave, levando em consideração a falta do cumprimento de
um dever ético e legal de ofício.
Ainda, tem o dever de não prestar informações falsas, posto que o profissional
perito que age mediante dolo ou culpa, presta informações falsas, responderá com
sua inabilitação, isto envolve todos os pressupostos fáticos, juízos científicos,
técnicos, artísticos, e entre outros, em razão da aceitação do exercício pericial.
Outrossim, tem um dever de cumprir o prazo para a entrega de um laudo pericial,
mediante fixação de data máxima imposta pelo magistrado, asseverando que a
conduta não culposa, possibilita a dilação do prazo para a efetiva entrega, sendo
facultado ao juiz a concessão de um novo prazo, conforme previsão do art. 476 do
CPC. Mensura-se, que o prazo é essencial, sendo que seu não atendimento será
considerado como uma conduta negligente.

8
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
37

Por fim, tem o poder instrutório, mesmo sem estar revestido de coercibilidade,
o profissional perito tem o poder de instruir o laudo pericial, mesmo que haja
resistência por uma das partes ou por terceiros, devendo requerer ao magistrado a
coleta de provas, ou seja, a coleta de informações e elementos de convicção
necessárias. Outro atributo importante a ser mencionado, é a imparcialidade, eis que
as partes têm o direito a um profissional que exerça suas funções de forma imparcial,
do mesmo modo que o Estado tem o dever de garantir este direito aos participes do
processo judicial, seguindo o entendimento de Martins (2008), in verbis:

Por um ângulo, incide a garantia fundamental do devido processo legal, a


exigir que o perito seja tão imparcial quanto o juiz, por sua evidente influência
na formação do convencimento judicial. E, por outro ângulo, cumpre observar
a administração da justiça o princípio constitucional de moralidade (art. 37,
caput, da CRFB/88). Daí porque o art. 138, III do CPC estende aos peritos os
motivos de impedimento e suspeição do juiz.9.

A previsibilidade do resultado fundamental caracterizada por dolo ou culpa do


perito, como acima mencionado, será enraivado de um processo administrativo
(automático), instaurando mediante requerimento do juiz, que analisará sua conduta,
bem como a emissão de seu lado pericial. Se comprovado a negativa de seus deveres
de atuação, terá uma medida imposta de inabilitação nos processos de todos os
juízos. Pode ainda, as partes que venham a sofrer lesões em detrimento da conduta
antiética do perito, acionarem-no na esfera penal, para que seja aplicada as sanções
que o Estado lhe imputar suficientes.
Outrossim, as partes também poderão ingressar com o pedido perante o
órgão de inscrição do perito (posto a matéria processual), para que seja instaurando
um processo disciplinar averiguando à conduta do perito. Este, poderá sofrer com
advertências, suspensões, bem como a medida mais extrema que é a perda de sua
inscrição no órgão, não podendo mais atuar como perito.

9
MARTINS, Samir José Caetano. A prova pericial civil. 1ª Ed., Editora JusPodivm, 2008.
38

5.4 Responsabilidade civil e criminal do assistente técnico

Diferentemente da atuação do perito profissional, o assistente técnico, quando


configurada sua atitude funcional embargada por negligência, imprudência ou
imperícia, a parte que se julgar prejudicada, poderá ajuizar uma ação civil de
ressarcimento por perdas e danos, desde que provados os alegados. Desta maneira,
o juiz não poderá aplicar as sanções administrativas acima elencadas, posto que o
referido art. faz referência aos auxiliares de justiça, e, os assistentes técnicos, por sua
vez, são tidos como assistentes das partes, e, não da Justiça.
Ainda que estes detenham a responsabilidade de levantar informações, bem
como realizar laudos que serviram como provas perante o laudo pericial, o documento
final é analisado pelo perito judicial, que baseado em tais informações, emitirá um
parecer final ao magistrado. Ou seja, toda a responsabilidade final, é do profissional
perito.
Os assistentes técnicos têm o de colaborar com a revelação da verdade, de
comportar-se de acordo com a equidade social e jurisdicional, agindo com boa-fé,
além de cooperar entre si com o perito nomeado pelo magistrado, para que seja obtido
o melhor resultado possível na perícia, e, dentro do prazo legal. Estes, podem entregar
ao perito uma cópia de seu parecer prévio, bem como palhinhas e cálculos por si
desenvolvidos, informações e demonstrações que possam elucidar o olhar do perito,
auxiliando-o no trabalho a ser desenvolvido. Este, ainda pode, após sua contratação
pela parte, manter contato com o advogado da parte que o contratou, requerendo todo
dossiê completo do processo para maiores informações dos fatos, acompanhando os
atos processuais no que for pertinente a perícia.
A eventual recusa de ajuda, ou, nos atendimentos solicitados nas diligências,
bem como qualquer dificuldade na execução do trabalho pericial, deverá ser
comunicado pelo perito em juízo, com a devida comprovação dos fatos alegados. Ou
seja, tudo emerge sob a égide do perito, sendo de total responsabilidade deste a
emissão do laudo dentro do prazo razoável, a emissão de todas as informações tanto
positivas quanto negativas, ao comportamento do assistente.
Desta maneira, vemos que o assistente técnico judicial, ao ser contratado por
uma das partes, tem sua responsabilidade reduzida em prol do perito, eis este ter
papel de ser seu “fiscalizador”. Não poderá ser abarcado na esfera administrativa, por
39

não ser considerado pela lei um assistente da Justiça, mas sim da parte. Nos casos
de responsabilização em que houve o prejuízo a uma das partes, poderá ser chamado
na seara criminal, mas, tal processo é muito difícil, eis que a parte lesionada deverá
provar os fatos imputados ao assistente, e, ainda mais difícil, posto que cada
assistente técnico declina a parte contratante, sendo imposto o seu parecer prévio, a
análise do perito, que poderá acatar ou não tal parecer.
Contudo, o profissional assistente é fundamental para assegurar a ampla
defesa técnica da parte, garantindo que esta consiga acompanhar, entender e
impugnar o laudo pericial que versa em seu desfavor. Assim, no caso de
desconhecimento científico sobre o objeto da perícia, poderá acarretar grandes
prejuízos a segurança e eficácia do laudo, por esta razão, o assistente técnico deverá
sempre estar em volto dos trabalhos exercidos pelo perito. Ainda mais, que
dificilmente terá sanções impostas contra si, como acima mencionado, deve zelar pelo
cumprimento dos deveres inerentes ao profissional perito.
40

6 SENTENÇA X LAUDO PERICIAL

Muitas pessoas cometem o erro de acharem que um laudo pericial, sendo


favorável a determinada parte faz jus a uma sentença com os mesmos fundamentos.
Porém, um instituto não tem condão com o outro, o laudo apenas serve para basilar a
convicção do magistrado para que, consequentemente, emita a sentença. No mais,
conceitualmente falando, a sentença é tida como um fechamento processual.
O art. 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, garante o direito de ação,
onde, todo cidadão tem o direito de ingressar com uma ação, exercendo o seu direito
processual, e, em razão dela, ter uma tutela do Estado. Este direito de ação não diz
respeito a uma sentença favorável, mas sim, dar a cada uma das partes, o lhe é de
direito. A sentença por si só, garante ao cidadão que o Poder Judiciário, investido nas
figuras dos juízes, realizem uma análise sobre a questão apresentada, não somente
expedindo uma decisão, mas, sentenciando o mérito apresentado. Ou seja, a
sentença é tida como um fruto da cognição judicial, que, por sua vez, é a atividade
crítica, intelectual e valorativa que o magistrado desenvolve e exerce em um processo
a respeito das questões de fato e de direito que lhe são apresentados. Sob esta égide,
o pensamento de Machado:

Na verdade, a cognição funciona como um plano de contato, ou uma “ponte”,


que permite a ligação entre a realidade do direito material e a de u processo
que proponha a realizá-lo o mais plenamente possível. Talvez, melhor do que
“ponte” seja a ideia culinária de “ingredientes” para identificar a cognição
como elemento integrante do modus faciendi dos procedimentos judiciais,
uma vez que o fenômeno cognitivo, ao se expressar ritualmente deste ou
daquela maneira por meio da regulamentação dos atos do juiz, dará este ou
aquele colorido ao procedimento como um todo, tornando-o mais ou menos
habilitado para a realização satisfatória da vontade do direito material numa
ótima sociojurídica. 10

10
OLIVEIRA, Vinicius Machado de. Laudo Técnico e Parecer Técnico, através do Novo Código de
Processo Civil. 2015. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/laudo-t%C3%A9cnico-e-parecer-
atrav%C3%A9s-do-novo-c%C3%B3digo-de-de-oliveira/?originalSubdomain=pt. Acesso em: 14 dez.
2021.
41

Diante do exposto, temos que toda sentença é fruto da cognição judicial,


independente de seu nível de aprofundamento. De acordo com o CPC, a sentença é
o pronunciamento por meio da qual o magistrado “põem fim a fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução”. Ou seja, por meio da
proclamação da sentença, o juiz decide a questão trazida ao seu conhecimento,
decidindo-a, e, pondo fim ao processo em primeira instância. Esta, poderá ser dada
com ou sem julgamento do mérito, de maneira a acolher ou não a causa suscitada
pela parte. Caso exista recurso perante o Tribunal, os desembargados podem proferir
um acórdão. Em ambos os casos, no da sentença e no do acórdão, marcam o fim do
processo, ao menos da instância em que se encontram. Neste sentido, o laudo pericial
não pode ser usado como sinônimo da sentença, posto que este é tido como um
procedimento judicial, ou seja, uma fase dentro do processo. O laudo pericial é usado
como termos de andamento e/ou prosseguimento do processo, servindo como escopo
de fundamentação para que seja formada a convicção do juiz. Não é uma peça
obrigatória, apresentada somente quando há dúvidas sobre determinados fatos que
são apresentados, sendo necessário e levada ao conhecimento de um profissional
especializado, para que, estude os dados e apresente seu parecer técnico.
Nesse sentido, o laudo pericial, se acatado (não necessariamente deverá ser
acatado, posto o não preenchimento de seus requisitos essenciais), servirá de
fundamentação na sentença, como um norte que o magistrado utilizou para tomada
de sua decisão. Ambos os institutos não se confundem, por outro lado, são muito
diferentes, e, apesar de entrelaçados, encontram-se em fases processuais totalmente
distintas. A título de exemplificação, utilizaremos uma sentença que consubstanciada
com um laudo pericial.
No presente caso, há um processo em que houve a necessidade da
nomeação de um profissional perito, bem como a elaboração de um laudo pericial
para sanar dúvidas. O auto versava sobre uma lide de uma empresa (Yup Chat
Technology Eireli), que ingressou com uma ação declaratória de inexistência de
relação jurídica-tributária em face da Prefeitura da respectiva Comarca (Prefeitura
Municipal de Peruíbe), alegando que a autora atuava como prestadora de serviços, e,
que alegava ser tributada com Imposto sobre serviços de qualquer natureza – ISSQN,
de forma indevida, uma vez que não se sujeitava a esta tributação. Houve
contestação, bem como réplica. Porém, o magistrado diante de tais explanações, ficou
com dúvida acerca das alegações de ambas as partes, despachando no sentindo de
42

haver a necessidade de um conhecimento técnico para perquirir quais atividades


exatamente eram desenvolvidas pela empresa autora, e, se estas eram passíveis de
tributação municipal, nomeando assim, um respectivo perito, para que se manifeste
quanto a nomeação, indicando seus honorários, vejamos o modelo na prática:

Figura 1 – Decisão proferida nos autos nº 1002613-16.2020.8.26.0441

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, autos nº 1002613-16.2020.8.26.0441 (2020).

Assim, a magistrada demonstrou não ter conhecimentos específicos sobre a


área discutida, declarando-se não estar apta para o julgamento da causa, nomeando
um perito para que estudasse de maneira técnica as alegações. Intimado de sua
nomeação, o profissional perito teve o prazo de 15 (quinze) dias manifestar-se acerca
da indicação de seus honorários, bem como para a apresentação do laudo e resposta
aos quesitos formulados. De igual maneira, fora concedido o mesmo prazo de 15
(quinze) dias para as partes indicarem os seus assistentes técnicos.
Sob esta égide, fora realizado o estudo técnico quanto as questões levantadas
pelas partes dentro do processo, sendo emanada um laudo pericial. Iremos colacionar
43

na presente monografia apenas o índice a título de exemplificação do estudo na


prática:

Figura 2 – Questões suscitados no estudo técnico pericial proposta nos autos nº 1002613-
16.2020.8.26.0441

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, autos nº 1002613-16.2020.8.26.0441 (2020).

Em termos de encerramento, o profissional perito constatou em a atividade


desenvolvida pela empresa autora não é intermediação e agenciamento de serviços
e negócios em geral, como apontado pela requerida, logo, não constam na lisa de
serviços sujeitos a incidência do ISSQN. Logo, diante dos fatos apontados através do
laudo pericial, o magistrado prolatou sua sentença favorável a demanda da autora, ou
seja, julgando procedente.
44

Figura 3 – Sentença proferida nos autos nº 1002613-16.2020.8.26.0441

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, autos nº 1002613-16.2020.8.26.0441 (2020).

Notamos assim, perante a elucidação do caso prático, a diferença entre


ambos os institutos, posto as finalidades diferentes. Como observado, o laudo pericial
é tido como uma fundamentação para a sentença, mas não sendo algo a
obrigatoriamente deverá ser guinado pelo magistrado, servindo apenas como uma
“ajuda” a este, eis que não tem conhecimentos técnicos específicos sobre a área
pertinente ao caso processual.
Citamos ainda, em termos de jurisprudência, outro caso que observamos o
reconhecimento de nulidade de uma sentença de primeiro grau, posto ser baseada
em um laudo pericial nulo, ausente de fundamentação técnica, vejamos:

LAUDO PERICIAL NULO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SENTENÇA


COM BASE EM LAUDO NULO. AFRONTA DO ARTIGO 93, X DA CF/88. As
decisões judiciais devem, por imperativo constitucional, conter os
fundamentos e as razões de decidir do magistrado, sob pena de nulidade.
Desta forma, o laudo pericial que não perícia a reclamante e se afasta das
determinações judiciais, não guarda qualquer liame com fundamentação e,
45

sendo o único meio de prova a sustentar as razões de decidir do magistrado,


a sentença deve ser declarada nula, por ausência de fundamentação. 11

Ou seja, diante da ausência de fundamentação do laudo pericial juntada aos


autos, bem como que este não seguiu as determinações judiciais impostas, quais
sejam os requisitos apresentados capítulos acima, os desembargadores optaram por
declarar a sentença nula. Vemos assim, a importância do laudo pericial, que não
confundido com a sentença, tem condão de influenciar a decisão do magistrado, e,
quando em seu estado negativo (ausente de fundamentação técnica), poderá anulá-
la.

11
BRASIL. Tribunal Regional Do Trabalho Da 11ª Região, TRT-11: Apelação 0001964-
76.2014.5.11.0011. Maria Angélica Gonzaga de Mello. Banco Bradesco S.A. Relator: Eleonora Saunier
Gonçalves. Manaus, MAO, 14 de setembro de 2016. Brasília: JusBrasil. Disponível em: https://trt-
11.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/406808279/19647620145110011/inteiro-teor-406808289. Acesso
em: 20 mar. 2022.
46

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As perícias na área cível detém pouco vislumbre, exatamente por estarem na


seara cível. Podemos mencionar como exemplo, a existência de concursos para os
peritos criminais, enquanto, não há para os peritos cíveis, somente existindo um elo
de confiança para com a indicação dos magistrados. Cumpre ressaltar que
numericamente, as periciais cíveis são muito maiores do que os criminais, porém, não
detém tanta relevância. Sua inserção se deu na promulgação do Código de Processo
Civil de 2015, sendo desde então, usada quando os magistrados que necessitam de
auxílio técnico para a resolução de matérias que não tem entendimento específico.
Muitas pessoas foram beneficiadas com a implementação deste instituto,
sendo fundamental o seu estudo e levantamento, eis que fazem volume quanto aos
processos jurídicos cíveis, sanando eventuais dúvidas que as partes ou o juiz tenham.
A realização de laudo pericial é um trabalho especializado, com bases científicas,
sendo utilizado como elemento probatório, a fim de levar a verdade aos interessados
no processo, auxiliando o magistrado a tomar decisões no julgamento do fato. E, por
sua vez, o profissional perito é uma pessoa que desempenha as atividades, com
proeza técnica, científica e especializada, com o objetivo de emitir um documento
escrito abrangente de todo o conteúdo periciado e de sua total responsabilidade,
devendo ser construído com qualidade, equidade e zelo posto que servirá de
embasamento para o julgamento e consequente sentença. O perito tem o papel de
desenvolver de maneira clara, buscando sempre o atendimento dos quesitos lhe
forem estipulados pelas partes.
Diante dos dados apresentados anteriormente, torna-se percebível a
importância dos laudos periciais, eis que são documentos instrutórios para a
convicção da veracidade dos fatos, bem como dos magistrados. Ainda, as partes
detém a liberdade de nomearam um assistente técnico, que acompanharam os
serviços do perito, fornecendo suas informações dados os fáticos das partes
processuais. Finalizamos assim, demonstrando a indeclinável proeminência da
perícia, levando em consideração que poderão resolver questões “de vida” das
pessoas, solucionaram casos em que o magistrado, sozinho, não seria capaz.
47

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, DF: Planalto
Federal.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília,


CD: Planalto Federal.

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16.2020.8.26.0441 apelação Cível de nº 1002613-16.2020.8.26.0441. Yup Chat
Technology Eireli. PREFEITURA MUNICIPAL DE PERUÍBE. Relator: Juíza Danielle
Câmara Takahashi Cosentino Grandinetti. São Paulo, SP, 12 de abril de 2022.
Brasília: Jusbrasil. Disponível em: https://tj-
sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1236289245/apelacao-civel-ac-
10035636420168260441-sp-1003563-6420168260441. Acesso em: 20 de mar. 2022.

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Brasília: JusBrasil. Disponível em: https://tj-
pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21338313/agravo-de-instrumento-ai-8506676-pr-
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94.2013.5.11.0007. Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Urbano
Coletivo de Manaus e Amazonia. Auto Ônibus Líder LTDA. Relator: Valdenyra Farias
Thome. Manaus, MAO, 24 de novembro de 2014. Brasília: JusBrasil. Disponível em:
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48

BRASIL. Tribunal Regional Do Trabalho Da 11ª Região, TRT-11: Apelação 0001964-


76.2014.5.11.0011. Maria Angélica Gonzaga de Mello. Banco Bradesco S.A. Relator:
Eleonora Saunier Gonçalves. Manaus, MAO, 14 de setembro de 2016. Brasília:
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11.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/406808279/19647620145110011/inteiro-teor-
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ESPINDULA, Alberi. Perícia Criminal e Cível: Uma visão geral para os peritos e
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PARANÁ, Site Ibapé Paraná – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de


Engenharia do. Responsabilidade civil do perito. 2021. Disponível em:
http://www.ibapepr.org.br/responsabilidade-civil-do-
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49

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Prática - Modelos de Laudos, Petições, Diligências e Demais Documentos para
Perícias em Contabilidade, Engenharias, Medicina Veterinária e
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Forense, 2021.

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97.2012.8.09.0000. Goiás, GO, 14 jun. 2016. Disponível em: https://tj-
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VIANA, Joseval Martins. Prática Forense no Processo Civil: Teoria e Prática. 4ª


Ed., Editora Juspodivm, 2021.

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