Perícia Judicial Nas Varas Cíveis
Perícia Judicial Nas Varas Cíveis
Perícia Judicial Nas Varas Cíveis
CURSO DE DIREITO
SÃO PAULO
2022
DANIEL DE OLIVEIRA MELO
SÃO PAULO
2022
DANIEL DE OLIVEIRA MELO
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________
Prof., Mestre e Dr. James Alberto Siano (Orientador)
Faculdade IBMEC
_________________________________________________________________
Prof. Roberto Caruso Costabile e Solimene
Faculdade IBMEC
Ao meu irmão, Samuel Melo.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela graça concedida. Aos meus pais, Edmar e Célia, pelo amor e
carinho.
Ao meu orientador, Prof. Mestre e Dr. James Alberto Siano, que me orientou
com esmero e sabedoria.
Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
proezas da história foram conquistadas do que
parecia impossível.
(CHALES CHAPLIN)
RESUMO
O artigo 156 do Código de Processo Civil afirma que “quando a prova do fato depender
de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo
disposição do art. 421 do mesmo diploma legal”. Desta, surge-se a perícia cível.
Dependendo da natureza da ação e dos quesitos a serem respondidos, o magistrado
deverá nomear um perito, podendo as partes indicarem um assistente técnico, para
acompanhar sistematicamente os exames executados pelo perito judicial. Tais
formulações poderão ser arguidas por diferentes áreas do conhecimento humano,
devendo ser desenvolvida por diferentes tipos de profissionais peritos, tais como os
de contabilidade, engenharia, medicina, economia, administração e psicologia. A
atuação de uma perícia judicial é determinada pelas condições estabelecidas na
legislação, sendo indispensáveis que tais profissionais tenham pleno conhecimento
do que está disposto no texto legal. São pleiteadas quando há uma lide levada ao
Judiciário, e, que para a resolução desta, há necessidade que um “conhecedor” do
tema, análise todos os fatos, apontando quem tem razão. O perito é requisitado pelo
juízo ou pela parte para oferecer laudos técnicos em processos judiciais. O laudo
técnico é elaborado e assinado pelo perito e passa a ser uma das peças (prova) que
compõem um processo judicial. O trabalho é remunerado e em regra cabe
adiantamento de honorários, quando solicitados. Não há horário fixo para o trabalho,
como a atividade não exige exclusividade, o profissional pode ter outras atividades em
paralelo. De igual maneira, a presente monografia pretende explanar acerca dos
profissionais peritos das áreas cíveis, desenvolvendo diferentes perícias locupletas
pela seara do Código de Processo Civil, comumente usadas pelos magistrados, bem
como pelas partes, mas pouco salientada como objeto de estudo.
Palavras-chaves: Perícias; varas cíveis; perícias nas varas cíveis; perito judicial.
ABSTRACT
Article 156 of the Civil Procedure Code states that “when the proof of the fact depends
on technical or scientific knowledge, the judge will be assisted by an expert, according
to the provision of art. 421 of the same legal diploma”. From this arises the civil
expertise. Depending on the nature of the action and the questions to be answered,
the magistrate must appoint an expert, and the parties may appoint a technical
assistant to systematically monitor the examinations carried out by the judicial expert.
Such formulations may be argued by different areas of human knowledge, and must
be developed by different types of expert professionals, such as those in accounting,
engineering, medicine, economics, administration and psychology. The performance
of a judicial expert is determined by the conditions established in the legislation, and it
is essential that such professionals have full knowledge of what is provided in the legal
text. They are claimed when there is a dispute taken to the Judiciary, and, for the
resolution of this, there is a need for a "connoisseur" of the subject, analyzes all the
facts, pointing out who is right. The expert is required by the court or by the party to
provide technical reports in legal proceedings. The technical report is prepared and
signed by the expert and becomes one of the pieces (evidence) that make up a judicial
process. The work is remunerated and, as a rule, fees are paid in advance, when
requested. There is no fixed time for work, as the activity does not require exclusivity,
the professional can have other activities in parallel. Likewise, this monograph intends
to explain about the expert professionals in the civil areas, developing different rich
expertise in the area of the Civil Procedure Code, commonly used by magistrates, as
well as by the parties, but little highlighted as an object of study.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................48
REFERÊNCIAS..........................................................................................................49
13
1 INTRODUÇÃO
A prova advém de fatos, que são alegados pelas partes com o intuito de
convencer o juiz da verdade. Tal convencimento enseja na solução jurídica
do litígio, que será relevada na sentença1.
1
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Brasília: Forense, 2021.
16
obtém condão probatório de cunho processual, como escopo do art. 374 do CPC.
Assim, os fatos considerados notórios, afirmados por uma das partes, ou, confessado
pela parte contrária, são tidos como fatos incontroversos, com cunho de presunção
legal de veracidade, não necessitando de quaisquer comprovações.
Vale mencionar que todas as provas juntadas, bem como as produzidas
durante o curso do processo, devem ser lícitas, consoante com o art. 369 do Código
de Processo civil, detendo o “meio moralmente legítimo”. Mas, quando juntada ou
produzida uma prova considerada ilícita, conforme a Carta Magna, em seu art. 5º,
inciso LVI, são inadmitidas. Há um contraponto apresentado na jurisprudência, da qual
entende que as provas produzidas ilicitamente, dependendo do modo como fora
produzidas, terão condão pro bandi, podendo ocasionar na convicção julgadora do
magistrado. Deste modo, o juiz deverá aplicar o Princípio da Proporcionalidade,
mensurando se aquele meio de prova, obtido de maneira ilícita, dependendo de sua
importância, poderá ser incorporado no processo, não reservando o direito de receber
as penalidades criminais de que as produziu.
No tocante o ônus da prova, este consiste no diapasão da conduta processual
exigida pela parte, para que ela ateste as verdades argumentadas, ou seja, ambas as
partes têm a opção de provar o que alegará, porém, caso escolha por não as provar,
assume o risco de não obter um resultado útil de sua causa, decorrendo da máxima,
em que o fato alegado, mas não provado, é o mesmo que fato inexistente. O ônus de
produção é do autor, de acordo com o art. 373 do CPC, e, cabe ao réu o ônus de
provar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito que pretenda arguir como
seu (ou, provar que não).
Desta maneira, o réu quando for alegar as acusações impostas ao autor,
poderá somente negar o fato arguido, ou, escupir o ônus de provar a veracidade dos
fatos apresentados, ao autor. Sob pena de não convencer o magistrado, que seja
julgada extinta a causa. Entretanto, se o réu contestar as alegações, demonstrando
um fato modificativo, extintivo ou impeditivo do direito, o ônus de prova é seu, posto
que assume, implicitamente, que as alegações do autor são verdadeiros, sendo os
fatos alegados por ele como incontroversos, dispensando qualquer meio de prova.
Quanto aos meios de provas, o Código de Processo Civil, elenca como meios
de provas, o depoimento pessoal, a confissão, exibição de documentos ou coisas,
provas documentais, provas testemunhais, provas perícias e a inspeção judicial.
Ainda, há outros meios de provas não tipificados no referido Código, considerados
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como moralmente legítimos, elencados no art. 369, sendo estes, a prova emprestada
(produzida em outro processo, mas que poderá ser utilizada no processo atual, posto
sua relevância), e, a prova por presunção.
O depoimento pessoal consiste em um interrogatório, onde, as partes devem
comparecer presencialmente para responder determinadas perguntas; a confissão,
incorre quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse, e,
favorável ao adversário, ou seja, quando uma das partes concorda com os fatos
alegados pela parte contrária, admitindo-os como se verdadeiros fossem; quanto a
exibição de documento ou coisa, tem-se a exibição de um papel escrito que pode
mostrar ou indicar a existência de um ato, fato ou negócio jurídico, com capacidade
de indicar todos os objetos suscetíveis de direito; já a prova testemunhal é o meio de
prova mais amplo, eis que consiste no interrogatório de pessoas indicadas pelas
partes, para que comprovem a veracidade de um ato, ou, que preste esclarecimentos
acerca dos fatos perguntados, podendo negar ou afirmar sobre eles; logo, a prova
pericial, é aquela consistente no exame, vistoria ou avaliação de pessoa e/ou bens;
pro fim, a inspeção judicial é aquela tida na percepção sensorial do juiz sobre as
circunstâncias ou qualidades corpóreas das pessoas ou coisas relacionados ao
conflito levado ao Judiciário.
A frente, serão pormenorizadas os tipos de provas pertinentes a presente
monografia, em especial a prova pericial.
18
conflito jurídico, uma melhor compressão do fato e/ou objeto. De igual maneira, deve
esclarecer a convicção do juiz, elucidando quanto o proferimento da sentença, no
tocante a veracidade dos fatos emanados pelas partes. Entretanto, em razão de seu
caráter técnico, específico e científico, a prova perícia detém maior cargo de
persuasão, sendo recorrente a sua adesão a todos os membros do Judiciário.
Outrossim, o art. 471 do Código de Processo Civil, prevê a possibilidade da
realização de uma perícia consensual, onde, as partes podem conjuntamente
escolherem um mesmo perito, podendo não ser cadastrado no Tribunal de Justiça do
respectivo Estado, com tanto que preencha os requisitos de praxe legal para atuar no
processo.
De igual maneira, a perícia precípua o reestabelecimento da paz social por
meio de um processo judicial, mostrando a verdade de um fato a uma ou mais pessoas
que a busquem, se materializando através de um laudo pericial. Assim, há a
transferência da verdade para o ordenamento jurídico, passando a conversar com o
magistrado, consubstanciando sua decisão. O campo atuante de um perito é extenso,
devendo ser analisado o objeto da perícia, a fim de adotar os melhores procedimentos
que conduzam a revelação da verdade, a qual servirá de escopo ao juízo ou qualquer
interessado a tomar uma decisão a respeito da lide; definir a natureza da perícia,
dentre sua extensão de exames a serem realizados, quanto a sua nomeação
(especificidade), quesitos ou proposta de honorários; estabelecer as condições para
que o laudo seja emitido dentro do prazo estabelecido; identificar os potenciais
problemas e riscos que podem incorrer durante a realização da perícia; identificar os
fatos mais importantes que poderão ser utilizados para solucionar a demanda, de
maneira que seja destacados; identificar a legislação pertinente ao objeto da perícia;
locupletar divisão do trabalho entre os membros da equipe (se houver), sempre que o
perito necessitar de auxiliares na causa; bem como o melhor modo de execução dos
trabalhos.
Em suma, ainda que o próprio juiz tenha conhecimento técnico sobre o
assunto em pauta, deverá designar um profissional perito para a produção de provas,
bem como emanar um laudo técnico. A realização de uma perícia é necessária com o
aparecimento de questões controvertidas sobre determinado fato, que deverá ser
pormenorizado por um técnico, especializado, científico sobre o assunto, posto que
não podem ser demonstrados ou esclarecido por nenhuma outra pessoa sem
habilitação ou especialização na referida área.
20
I - Proposta de honorários;
Podemos observar que a prova pericial somente poderá ser produzida por um
profissional perito, capacitado para o exame, vistoria ou avaliação do objeto em
discussão. Outrossim, o magistrado poderá indeferir a perícia, quando a prova do fato
não depender de conhecimento especial técnico; for desnecessária em vista de outras
provas já produzidas nos autos; e, a verificação for impraticável.
Quanto ao próximo artigo, tem-se que necessariamente a prova pericial será
produzida por um especialista, cabendo ao juiz nomeá-lo. Devendo ainda, fixar prazo
para a entrega do laudo pericial, começando sua contagem a partir de sua nomeação,
contando 15 (quinze) dias para que, as partes alegue suspeição ou impedimento do
perito; indiquem um assistente técnico; ou, apresentem quesitos a serem respondidos
pelo profissional perito.
Após apresentar uma proposta de trabalho ao juízo, bem como as partes,
ambos devem aceitar, estando o perito encarregado de cumprir o que fora combinado,
independentemente de termo de compromisso. Deve-se assegurar que os assistentes
das partes, tenham acesso e acompanhem todas as diligências. Porquanto, além das
hipóteses de impedimento e suspeição, o perito também poderá ser substituído
quando, lhe faltar conhecimento técnico ou científico necessário para o exame do
objeto em questão; ou, sem motivo legítimo, não cumprir o prazo que lhe fora
estipulado, podendo ainda, ser submetido a aplicabilidade de uma multa caso venha
a descumprir com suas obrigações, bem como obrigação de ressarcir eventuais
prejuízos que cause.
Perante a escolha do perito, o juiz deverá nomear o profissional, desde que
seja plenamente capaz, e, que a causa seja passível de resolver mediante
2
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
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Outro tipo de perícia, é a ambiental, processo pelo qual o perito contribui para
a investigação de um crime ambiental, dando a possibilidade ao magistrado de
analisar os fatos para sentenciar. O profissional perito elabora um laudo sobre as
áreas contaminadas, condições atuais do local, bem como avalia as ações internas
que ocasionou os autos, possibilitando a negociação de dívidas e compensações
ambientais pelos danos causados.
Uma perícia comumente conhecida, é a perícia contábil e/ou tributária, sendo
um conjunto de procedimentos técnicos que auxiliam o magistrado com as provas e
documentos necessários em relação ao processo. Esta, é uma figura importante para
comprovar os cálculos apresentados pelas partes, como é o caso dos processos de
cumprimentos de sentença, execução de sentença e impugnação, onde há cálculos
financeiros complexos, bem como na seara trabalhista, com o cálculo de horas extras,
adicionais, e entre outros. Outra especificidade desta perícia, é que ela poderá ser
realizada de maneira judicial ou extrajudicial. O requerimento poderá se dar por meio
da empresa ou qualquer parte envolvida na causa, requerendo o esclarecimento de
determinadas informações importantes, que não podem estar no processo sem a
ajuda de um profissional docente na área.
Coexistem as perícias contra o patrimônio, onde os procedimentos periciais
são realizados perante os delitos dos crimes contra residências e/ou estabelecimentos
comerciais, que sofrem furtos e/ou destruições, necessitando de um profissional para
analisar os dados apresentados, sendo possível o estudo do que de fato incorreu
quando da prática de crime. Neste caso, podemos observar que, no caso da incidência
de um furto com emprego de destruição ou rompimento de obstáculo para a subtração
da coisa, apesar de inicialmente ser um processo criminal, o autor, após sentença
condenatória, poderá ingressar na seara cível para requerer a restituição dos valores
de seus bens deteriorados. Assim, a perícia poderá ser utilizada tanto no processo
criminal quanto no cível, a título de prova emprestada.
Nos casos de acidentes de trânsito, onde o autor ingressar na vara cível para
receber os valores referentes o reparo do automóvel, bem como um valor
indenizatório, o perito poderá ser requerido para realizar os procedimentos no local
dos fatos, e, nos automóveis, de maneira a legitimar de quem é a culpa do acidente.
Por outro lado, há a perícia de identificação veicular, que é realizada através de um
conjunto de dígitos gravados ou inseridos na parte interna de um veículo, denominada
de numeração do chassi. Além da referida numeração, o automóvel também poderá
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ser identificado por meio de uma plaqueta de identificação, ou, autocolantes que se
encontra em seu motor, carroceria, caixa de câmbio e eixo.
Temos a perícia de laboratório, do qual detém a atribuição de realizar
pesquisas forenses com o uso de materiais, métodos e profissionais das áreas de
ciência, biológica, química e física, na elucidação de um fato discutido em esfera cível.
Do mesmo plano, tem-se as perícias realizadas nos campos imobiliários,
podendo ser, as perícias avaliativas, fazendo parte das ações que abrangem cálculos
de valores referentes a locações e/ou indenizações, com o objetivo de determinar um
valor de venda (de mercado) de determinado imóvel. As ações comumente utilizam-
se deste tipo de perícia para as revisionais e renovatórias dos contratos de alugueis,
desapropriação, além de cálculo de ativos imobilizados; a perícia construtiva, é
utilizada para a construção cível, com a finalidade de dar base aos trabalhos de
vistorias e detecção de patologias da construção, juridicamente, são requeridas em
ações trabalhistas ou disputas sobre propriedade, tais como ocupação de área e/ou
usucapião; as perícias orçamentárias, tem a função de estipular valores de reposição,
impacto financeiro em cronogramas de obras ou custos diversos decorrentes de ações
que executam em edificações ou em fase de construção (apartamentos e imóveis
vendidos na planta); perícias em questões de terra, utilizadas perante as demandas
fundiárias urbanas e rurais, através da apresentação de exames documentais sobre
a propriedade imobiliária, com a necessidade de um levantamento topográfico,
comumente requerida em ações demarcatórias, divisórias, possessórias e de
usucapião, do qual o perito deverá analisar e levantar sobre a ocupação e posse, bem
como delimitar o tamanho do imóvel; perícias financeiras, são aquelas que demandam
de cálculos financeiros, como nos casos de ações financiamentos habitacionais ou de
exames de documentação envolvendo valores expostos nos contratos, em ações,
discussões que envolvem pagamentos sucessivos de natureza contábil.
Envolvendo outras matérias, tem-se as perícias médicas e odontológicas,
realizadas em ações que envolvem má execução cirúrgicas, bem como odontológicas.
Podemos citar como exemplo, no caso de ações que versem sobre um procedimento
errôneo em uma cirurgia plástica, ou, sobre próteses dentárias. Neste caso, o perito
deve examinar o corpo das vítimas, especificamente onde incorreu o erro médico, bem
como analisar a documentação médica e/ou odontológica colacionada nos autos.
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precisa deixar de exercer uma profissão distinta para que atue em outra, desde que
não haja incompatibilidades entre elas.
O perito, tem seu nome incluído em uma lista aberta para todos os
profissionais peritos, desde que comprove o preenchimento de todos os requisitos
exigidos pelo Tribunal, devendo apresentar seu currículo junto do Estado em que
deseja atuar. A distribuição das ações judiciais seguem critérios de demandas, para
que não fiquem concentradas em uma única pessoa, e, por muitas vezes, ocorrem
através de sorteios. Após sua inscrição, haverá sua nomeação, bem como o ajuste do
valor a ser pago pela prestação de seus serviços em determinado processo. Este,
analisará a causa questionada, formando seu laudo pericial, bem como recebendo a
lista de quesitos formuladas pelas partes e/ou pelo juiz, devendo responder todas as
perguntas, e, prestando todas as informações necessários para o esclarecimento da
lide.
Ainda, o perito deverá deter como característica, uma pessoa isenta e não
interessada no processo, que presta serviços ao Judiciário visando clarear a
convicção do juiz, elucidando o objeto da perícia. Caso não seja assim, deverá ser
declarado como suspeito ou impedido de atuar na referida causa. O perito também
tem o direito de recusar uma perícia, por motivos legítimos, inabilitação para cargo,
ou, excesso de trabalho, do qual, nestes casos, deverá ter nova nomeação de perito
por parte do magistrado.
Ante a necessidade de maiores exemplificações, posto que a grande
pertinência temática que se encontra nos casos concretos, se vê prudente elencar
jurisprudências que corroboram como todas as explanações realizadas nesta
monografia. Serão apresentados casos que o laudo pericial fora tanto positivo quanto
negativo para a fundamentação sentencial. Ainda, elencados casos em que o laudo
pericial fora indeferido, ou, em que o profissional perito não preencheu os requisitos
legais necessários para sua continuação no processo.
E, neste último caso, temos um caso mais emergente, onde o perito é declaro
suspeito por ter um envolvimento (dívida) como uma das partes, in verbis:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO VERIFICADA. REVISÃO DE
JULGAMENTO FRUTO DE APRECIAÇÃO DE RESP PELO STJ. PERITO
3
BRASIL. Tribunal Regional Do Trabalho Da 11ª Região, TRT-11: 0010379-94.2013.5.11.0007.
Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Urbano Coletivo de Manaus e Amazonia.
Auto Ônibus Líder LTDA. Relator: Valdenyra Farias Thome. Manaus, MAO, 24 de novembro de 2014.
Brasília: JusBrasil. Disponível em: https://trt-11.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/862325878/recurso-
ordinario-ro-103799420135110007/inteiro-teor-862325919. Acesso em: 20 mar. 2022.
4
IBÁÑEZ, Andres. La argumentación probatoria y su expresión en la sentencia. Mexico: Consejo
General del Poder Judicial, 2006.
30
Analisamos, que mesmo que ainda não elaborado o laudo, nem mesmo com
condições concretas de suspeição, diante da nomeação do perito, a parte que seria
prejudicada caso incorre-se algum favorecimento, prontamente agravou a nomeação,
dado o efetivo envolvimento por dívidas com as partes. Sendo tal posicionamento
acatado, como medida de Justiça, pelos desembargadores.
Assim, podemos observar através da análise de casos concretos, que a
perícia é um instituto importantíssimo para o desenvolvimento processual, eis que é
um deslinde, um posicionamento de um profissional técnico na área em lide, que dará
seu posicionamento. Ainda, mensuramos as possibilidades negativas de seus
aspectos, como casos de suspeição, bem como ante a necessidade de nova
nomeação e elaboração de laudo pericial, dado a ausência de fundamentação.
5
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS. Agravo de Instrumento: Ai 0434428-97.2012.8.09.0000.
Goiás, GO, 14 jun. 2016. Disponível em: https://tj-
go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/353821448/agravo-de-instrumento-ai-4344289720128090000.
Acesso em: 20 mar. 2022.
31
I - Proposta de honorários;
6
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
32
relevante a parte contratante dos serviços. Posto isso, podemos observar sua
importância, levando em consideração que ele será o principal interlocutor com o
perito para expor todos os argumentos elencados pelas partes, bem como os fatos,
tecnicamente favoráveis a que os assessora.
Apesar da escolha do assistente técnico ser de exclusiva e completa
responsabilidade das partes que o contrato, é de grande varia que a escolha seja feita
de maneira cautelosa e sabia, posto que ele será o único envolvido durante a
realização da perícia, devendo se manifestar nos momentos em que fora oportuno.
Quando as partes estão bem assessoradas por seus procuradores
(advogados), e, diante da necessidade da produção de prova pericial eis a incidência
de um embate no processo que dependerá de uma opinião técnica, estes, deverão
solicitar a perícia ao magistrado. Nestes casos, o assessor jurídico sugere a
contratação de um especialista no assunto, para que possa emitir um laudo com sua
opinião sobre a matéria em lide, podendo ser colacionado em anexo nos autos a
opinião (laudo) que está sendo defendida, antes mesmo que o juiz despache ante a
necessidade da instauração de uma perícia. Esta antecipação ocasiona muita
utilidade na tomada de decisão, uma vez que o laudo ao ser incluído nos autos, servirá
como um fato a ser compensado pelo magistrado para servir como diretriz ao perito
para emissão do laudo pericial.
De igual maneira, um lado emitido pelo assistente, quando bem embasado,
pormenorizado e detalhado por um assistente técnico profissional, pode, por si só, ser
suficiente para firmar a convicção do juiz, de maneira a sentenciar sem que seja
necessário uma perícia judicial.
Como acima elencado, coexistem diversas matérias que podem emergir de
pauta para uma perícia, o mesmo incorre diante da contratação de um especialista,
podendo ser das áreas de engenharia, economia, contabilidade, financias,
imobiliários, e, ciências atuarias. Apesar, que em tese todo profissional especializado
está apto a realizar o trabalho de assistente de perito, na prática, as consultorias
financeiras contábeis e/ou tributárias deve ser especializadas, comumente indicadas
pelos próprios advogados das partes, eis a confiança e serviços já prestados para os
escritórios atuantes (confiança). Usualmente, existem grandes empresas que figuram
como partes em processos judiciais, que contam com um corpo técnico
multidisciplinar, que conjuntamente detém experiências em diferentes campos de
33
Perante preposição do art. 158 do CPC, mensura que a figura do perito que
incorrer, mediante dolo ou culpa, a prestação de informações inverídicas, responderá
pelos prejuízos que venha a parte sofrer, ficando inabilitado de 2 (dois) anos a 5
(cinco) anos, de prestar ou ser nomeado como profissional perito em outros perícias,
bem como podendo responder pelas sanções que a lei penal estabelecer. Vejamos:
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas
responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar
em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente
das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao
respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis 7.
7
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
34
VII - Em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação
de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
III - Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge
ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau,
inclusive;
8
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, CD: Planalto
Federal.
37
Por fim, tem o poder instrutório, mesmo sem estar revestido de coercibilidade,
o profissional perito tem o poder de instruir o laudo pericial, mesmo que haja
resistência por uma das partes ou por terceiros, devendo requerer ao magistrado a
coleta de provas, ou seja, a coleta de informações e elementos de convicção
necessárias. Outro atributo importante a ser mencionado, é a imparcialidade, eis que
as partes têm o direito a um profissional que exerça suas funções de forma imparcial,
do mesmo modo que o Estado tem o dever de garantir este direito aos participes do
processo judicial, seguindo o entendimento de Martins (2008), in verbis:
9
MARTINS, Samir José Caetano. A prova pericial civil. 1ª Ed., Editora JusPodivm, 2008.
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não ser considerado pela lei um assistente da Justiça, mas sim da parte. Nos casos
de responsabilização em que houve o prejuízo a uma das partes, poderá ser chamado
na seara criminal, mas, tal processo é muito difícil, eis que a parte lesionada deverá
provar os fatos imputados ao assistente, e, ainda mais difícil, posto que cada
assistente técnico declina a parte contratante, sendo imposto o seu parecer prévio, a
análise do perito, que poderá acatar ou não tal parecer.
Contudo, o profissional assistente é fundamental para assegurar a ampla
defesa técnica da parte, garantindo que esta consiga acompanhar, entender e
impugnar o laudo pericial que versa em seu desfavor. Assim, no caso de
desconhecimento científico sobre o objeto da perícia, poderá acarretar grandes
prejuízos a segurança e eficácia do laudo, por esta razão, o assistente técnico deverá
sempre estar em volto dos trabalhos exercidos pelo perito. Ainda mais, que
dificilmente terá sanções impostas contra si, como acima mencionado, deve zelar pelo
cumprimento dos deveres inerentes ao profissional perito.
40
10
OLIVEIRA, Vinicius Machado de. Laudo Técnico e Parecer Técnico, através do Novo Código de
Processo Civil. 2015. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/laudo-t%C3%A9cnico-e-parecer-
atrav%C3%A9s-do-novo-c%C3%B3digo-de-de-oliveira/?originalSubdomain=pt. Acesso em: 14 dez.
2021.
41
Figura 2 – Questões suscitados no estudo técnico pericial proposta nos autos nº 1002613-
16.2020.8.26.0441
11
BRASIL. Tribunal Regional Do Trabalho Da 11ª Região, TRT-11: Apelação 0001964-
76.2014.5.11.0011. Maria Angélica Gonzaga de Mello. Banco Bradesco S.A. Relator: Eleonora Saunier
Gonçalves. Manaus, MAO, 14 de setembro de 2016. Brasília: JusBrasil. Disponível em: https://trt-
11.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/406808279/19647620145110011/inteiro-teor-406808289. Acesso
em: 20 mar. 2022.
46
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, DF: Planalto
Federal.
ESPINDULA, Alberi. Perícia Criminal e Cível: Uma visão geral para os peritos e
usuário da perícia. 4. ed. Porto Alegre: Editora Millennium, 2013.
MARTINS, Samir José Caetano. A prova pericial civil. 1ª Ed., Editora JusPodivm,
2008.
MORE: Mecanismo online para referências, versão 2.0. Florianópolis: UFSC Rexlab,
2013. Disponível em: http://www.more.ufsc.br/. Acesso em: 18 de mar. 2022.