1118-Texto Do Artigo-3769-1-10-20091008

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ARTIGO DE REVISÃO

Práticas dietéticas em atletas: especial atenção ao


consumo de lipídios
Dietary practices in athletes: special attention to the consumption of lipids

OLIVEIRA, G. T. C. DE; MARINS, J. C. B. Práticas dietéticas em atletas: especial atenção ao Gláucia Thaise Coimbra de
consumo de lipídios. R. bras. Ci e Mov. 2008; 16(1): 77-88. Oliveira1;
RESUMO: Uma alimentação adequada é imprescindível, principalmente quando se busca melho- João Carlos Bouzas Marins2
rar ou manter o desempenho em competições e treinamento. Uma dieta rica em gorduras pode
restringir o consumo de carboidratos, responsáveis principais pelo rendimento esportivo. Um
elevado consumo de gorduras também implicará em um futuro agravo das condições de saúde,
com uma maior probabilidade de aparecimento de doenças cardiovasculares. Tem-se como ob-
jetivo, através de uma revisão bibliográfica, estabelecer as relações específicas dos lipídios nas
dietas dos atletas, determinar o impacto de dietas hiper e hipolipídicas, assim como suas impli-
cações para a saúde e rendimento esportivo e identificar o padrão dietético habitual de consumo
de lipídios em atletas de diferentes modalidades. Tomando como base as evidências científicas
apresentadas é possível concluir que os lipídios são de fundamental importância para um aporte
1
Universidade Federal de Viçosa,
energético adequado, considerando os processos de reposição energética e recuperação do exer- Departamento de Nutrição e Saúde,
cício. Mas torna-se necessário observar a qualidade e quantidade dos lipídios ingeridos, evitando Viçosa-MG.
uma ingestão excessiva ou deficiente. A adoção de dietas hiper ou hipolipídicas não trazem 2
Universidade Federal de Viçosa,
Departamento de Educação Física,
benefício algum à performance atlética. Considerando o padrão dietético habitual de atletas de Laboratório de Performance Humana
diferentes modalidades, a maioria adota dietas com níveis aceitáveis de lipídios, mas uma por- – LAPEH, Viçosa-MG.
centagem significativa apresenta níveis aumentados de gorduras saturadas.
Palavras-chave: atletas; consumo alimentar; lipídios; dietas.

OLIVEIRA, G. T. C. DE; MARINS, J. C. B. Dietary practices in athletes: special attention to the


consumption of lipids. R. bras. Ci e Mov. 2008; 16(1): 77-88.

ABSTRACT: An adequate feeding is essential, mainly when the improvement or maintenance of


the performance in competitions and training is searched. A diet rich in fats can restrict the
consumption of carbohydrates, main responsible for the sportive performance. High fat con-
sume will also imply in future aggravation on health conditions, with higher probability to oc-
cur cardiovascular diseases. The objective of this study was, through bibliographic revision, to
establish the especific relation of the lipids in athletes diets, to determine the impact of hyper and
hypolipidic diets so as its implications in health and in sportive performance, and to identify the
habitual dietary pattern of lipid consumption by athletes of different modalities. Taking as base
the scientific evidences presented, it is possible to conclude that lipids are fundamental for an ad-
equate energetic intake, considering the energetic reposition and exercise recovering processes.
It becomes necessary to observe the quality and quantity of ingested lipids, avoiding excessive or
deficient ingestion. The adoption of hyper or hypolipidic diets does not bring any benefit to ath-
letic performance. Considering the habitual dietary pattern of athletes from different modalities,
the major part of them adopt diets with acceptable levels of lipids, but a significant percentage
show raised levels of saturated fats.
Key words: athletes; food consumption; lipids; diets.

Recebimento: 02/01/2008
Aceite: 15/02/2008

Correspondência: Prof. João Carlos Bouzas Marins - Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Educação Física – LAPEH - Viçosa – Minas Gerais
- CEP.: 36571-000 - Tel.: XX 31 3899 2258 - E-mail: [email protected]

R. bras. Ci. e Mov. 2008; 16(1): 77-88


78 Práticas dietéticas em atletas: especial atenção ao consumo de lipídios

Introdução com jogadores de futebol, Ribeiro e Soares


57
Na prática de atividades físicas, uma (2002) com ginastas, Papadoulou et. al. 50
alimentação adequada é imprescindível, (2002) com jogadores de vôlei e Hinton et.
principalmente quando se busca melhorar al. 30 (2004) com atletas universitários, onde
ou manter o desempenho em competições, o percentual energético proveniente dos li-
além de suportar a carga física do período pídios foi superior a 30%, valor médio de
de treinamento. Sabe-se que a capacidade de recomendação, de acordo com a Acceptable
rendimento físico tem relação direta com a Macronutrient Distribution Range – AMDRs
31
ingestão equilibrada de todos os nutrientes .
65,62
. Uma alimentação adequada irá repor a Este comportamento nutricional inade-
perda energética durante o exercício físico, quado restringe o consumo de proteínas e
isso através de um aporte adequado de nu- particularmente carboidratos, responsáveis
trientes 25. Cabe destacar que micronutrien- principais pelo rendimento esportivo. Cabe
tes e vitaminas também devem ser consu- ainda destacar que o elevado consumo de
midos adequadamente, pois desempenham gorduras também implicará em um futuro
funções importantes durante o exercício 62. agravo das condições de saúde, com uma
Finalmente, tem-se a preocupação com a maior probabilidade de aparecimento de
homeostase hídrica, tendo em vista que um DCV 16. Com adoção de hábitos alimenta-
quadro de desidratação, seja crônico ou agu- res inadequados, alto consumo de lipídios,
do, prejudica as funções biológicas e conse- e consumo de quantidades insuficientes de
quentemente o desempenho físico 42. carboidratos, o atleta acaba por não obter
Com a falta de uma orientação nutri- um ótimo rendimento e manutenção dos es-
cional correta, os atletas acabam adotando toques de glicogênio muscular. Daí a neces-
dietas radicais, que incluem a manipulação sidade de se conhecer a ingestão detalhada
de calorias, proteínas, carboidratos, lipí- de macronutrientes e seu percentual ener-
dios, vitaminas, sais minerais, na busca de gético, verificando possíveis inadequações e
melhor desempenho físico e aparência. Al- possibilitando uma intervenção efetiva.
gumas destas práticas dietéticas oferecem A realização de trabalhos que analisem
riscos potenciais à saúde e performance do a ingestão, hábitos alimentares e estado nu-
atleta, principalmente naquelas onde há um tricional de atletas é ferramenta fundamen-
aumento exagerado na ingestão de gorduras tal para elaboração e estudo de diretrizes na
e proteínas 6. nutrição esportiva 48. Baseando-se nos resul-
Na maior parte dos países, durante os tados destes estudos torna-se possível orien-
últimos anos têm-se observado um aumento tar os atletas a alcançar as metas de nutrição
no consumo de alimentos fontes de gordu- relacionadas à sua modalidade específica,
ras saturadas, o que se relaciona ao aumento especialmente durante treinamento intenso,
na incidência de doenças cardíacas 38. Neste evitando possíveis problemas advindos de
contexto, a alimentação pode constituir-se uma ingestão inadequada 13.
em importante fator de risco para Doenças
Cardiovasculares (DCV) ateroscleróticas, na Objetivos
medida em que contribui para a etiologia Desta forma, através de uma revisão bi-
das dislipidemias, obesidade e hipertensão. bliográfica, os objetivos deste estudo foram:
Tem sido constatada estreita relação entre o a) Estabelecer as relações específicas dos
consumo qualitativo e quantitativo de gor- lipídios nas dietas dos atletas;
duras com essas morbidades 45,9.
b) Determinar o impacto de dietas hiper
Estudos sobre o comportamento die- e hipolipídicas, assim como suas implicações
tético em atletas já revelaram um elevado para a saúde e rendimento esportivo;
consumo de gorduras, como por exemplo,
em Soares et. al. 61 (1994) com nadadores, c) Identificar o padrão dietético habitual
Sugiura et. al. 64
(1999) com corredores de consumo de lipídios em atletas de dife-
70
e arremessadores, Ziegler et. al. (1999) rentes modalidades.
com patinadores, Leblanc et al. 36 (2002)

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Revisão de literatura as recomendações de micronutrientes, além


de atender aos gastos energéticos, já que
Nutrição e atividade física uma baixa disponibilidade energética pode
A dinâmica de treinamento e compe- causar distúrbios nas funções hormonais,
26
tições pode impor uma elevada demanda metabólica e imune e saúde dos ossos .
energética diária, podendo atingir 690 kcal/ Usualmente a nutrição esportiva concen-
h em ciclistas, 600 kcal/h em jogadores de tra-se nas necessidades tanto de carboidra-
futebol, 1120 kcal/h em maratonistas 2. Isto tos como de proteínas, tendo como exemplo
implica necessariamente em repor adequa- os trabalhos de Sousa e Tirapegui 63 (2007)
damente esta energia. Portanto, além do e Araújo e Soares 7 (1999), respectivamente.
treinamento, a nutrição é um aspecto fun- Entretanto, os lipídios representam o segun-
damental para um bom desempenho de do grupo de macronutrientes com maior
qualquer atleta. O gasto energético dos atle- necessidade de consumo. Desta forma, será
tas é influenciado pela quantidade e tipo de aprofundada a relação existente entre o con-
treinamentos realizados, pela estação e por sumo de lipídios e a nutrição esportiva.
características individuais 26.
Práticas nutricionais adequadas são es- Lipídios
senciais ao sucesso atlético para melhorar Os lipídios são a principal fonte de
a qualidade do treino, maximizar a perfor- energia durante o exercício, depois dos car-
mance e acelerar o tempo de recuperação e boidratos. A maior parte do substrato lipí-
um bom estado nutricional é um fator deter- dico é proveniente dos ácidos graxos livres
minante na habilidade de competição, tanto mobilizados do tecido adiposo. Durante os
física quanto mental. Então, torna-se im- exercícios prolongados, de intensidade mo-
prescindível o consumo de uma dieta balan- derada, a sua mobilização é mais acentuada.
ceada, particularmente rica em carboidratos, O total consumido deve ser igual ou menor
e que supra o alto metabolismo e a demanda que 30% do valor energético total, não sen-
energética dos treinamentos e competições do interessante a adoção de uma dieta rica
36,14,44
. A modificação dietética pode, então, em gorduras. Como relatado por Carvalho
comprovadamente beneficiar a performance 16
(2003), um problema comum entre atletas
e a saúde de atletas, através de mudanças fa- é o elevado consumo de gorduras na dieta,
voráveis da composição corporal e aprimo- dificultando a ingestão das quantidades pre-
ramento do desempenho desportivo, decor- conizadas de carboidratos Entretanto, como
rentes deste manejo 16. os lipídios participam não só do metabolis-
Durante períodos de treinamento inten- mo da produção de energia, mas também do
so é comum que atletas consumam quan- transporte de vitaminas lipossolúveis e são
tidades elevadas de gordura e pequenas de componentes essenciais das membranas ce-
carboidratos, como relatado por Papado- lulares, uma redução muito drástica no seu
poulou et. al. 50 (2002) em seu estudo com consumo não é aconselhável 26.
atletas de vôlei. Assim torna-se de funda- De acordo com Carvalho et. al. 17 (2003),
mental importância o processo de educação um adulto atleta ou não necessita diariamen-
nutricional para evitar este tipo de compor- te de cerca de 1g de gordura por kg/peso
tamento alimentar inadequado 14. corporal, sendo a parcela de ácidos graxos
O que um atleta consome ao longo do essenciais de 8 a 10g/dia: 10% de saturados,
dia interfere diretamente na qualidade e 10% de poliinsaturados e 10% de monoin-
quantidade de esforço físico, com redução saturados. Quando houver necessidade de
dos efeitos da fadiga, permitindo a realiza- ingestão de dietas hipolipídicas a proporção
ção de um melhor nível de suas habilidades de ácidos graxos seria 8% para os saturados,
físicas, técnicas e táticas. Alimentos e bebi- maior que 8% para os monoinsaturados e de
das ingeridas depois do jogo e treino podem 7 a 10% para os poliinsaturados.
acelerar a recuperação 14. Assim, todos os
atletas devem ter um plano nutricional que Tipos de lipídios e implicações
leve em conta suas necessidades individuais.
O reconhecimento dos diferentes tipos
A dieta adequada deve fornecer um balanço
de lipídios da dieta é de extrema impor-
de proteínas, lipídios e carboidratos, atingir
tância ao se analisar os efeitos de uma die-

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ta hiperlipídica no organismo humano. Os Dietas hipolipídicas


ácidos graxos monoinsaturados, comuns na Uma dieta com teores muito baixos de
dieta mediterrânea, podem reduzir risco car- gordura, a longo prazo, não traz nenhum
diovascular, além de possuírem efeitos po- benefício ao atleta. Pelo contrário, pode, in-
sitivos nos lipídios plasmáticos e melhoria clusive, ser prejudicial à sua saúde global, já
na tolerância à glicose. Ácidos graxos ômega que a gordura provê energia, compõe vitami-
três (n-3), que são encontrados em peixes de nas lipossolúveis e ácidos graxos essenciais,
água fria, reduzem a inflamação, alteram a podendo comprometer a concentração de
função neuroendócrina e diminuem risco de triglicerídeos no músculo. As conseqüências
mortalidade 67,44,40. Alguns estudos apontam deste comprometimento no desempenho de
ações específicas de determinados ácidos um exercício de resistência não são bem co-
graxos, como o caso do CLA que é comu- nhecidas 49. Na prática intensa de exercícios,
mente encontrado nas carnes e leite e que devido à alta demanda energética e dinâmi-
altera a composição corporal em modelos ca de treinos e jogos, é de fundamental im-
animais, reduzindo massa gorda e aumen- portância a adoção de uma dieta que supra
tando massa magra. Tem-se o ácido linoléi- esta demanda, com distribuição percentual
co, um ômega-6 essencial (n-6), necessário adequada de todos os macronutrientes. Vale
para síntese de eicosanóides. Já o ácido li- ressaltar que, assim como a adoção de dieta
nolênico é outro ácido graxo essencial, n-3, hipolipídica, a adoção de dieta hiperlipídi-
sendo o EPA (ácido de eicosapentanóico) e ca também poderia trazer riscos à saúde do
DHA (ácido de docohexanóico), geralmente atleta, a longo prazo 65.
chamados “óleos de peixe”, considerados da
As condições associadas a uma dieta hi-
mesma família 40.
polipídica no esporte aparecem quando um
O n-3 parece ter vários efeitos fisiológi- atleta deseja uma perda de peso aguda, geral-
cos benéficos, incluindo: redução de arrit- mente observada em lutadores, levantadores
mias cardíacas e mortalidade, melhoria de de peso, dançarinos, jóqueis e ginastas 15.
aspectos de recuperação muscular, aumen-
Outra situação no esporte associada à re-
to da fluidez da membrana celular e redu-
dução drástica de gorduras na dieta inclui o
ção da inflamação. De forma interessante,
período inicial da dieta de supercompensa-
se parece que a relação de ácidos graxos
ção de glicogênio muscular. Além, também,
n-6:n-3 na dieta, ao invés de quantias to-
de um determinado período da preparação
tais, é o fator determinando em muitos dos
de fisiculturistas antes da competição. A
efeitos descritos. Para este fim, uma relação
condição de uma dieta hipolipídica foi ob-
de aproximadamente 5 a 10:1 foi recomen-
servada em ONYWERA et. al. 49 (2004) com
dada pelo Instituto de Medicina (IOM) 31
ingestão lipídica igual a 14% da ingestão ca-
(2002). Baseando-se nesse conhecimento,
lórica total, em corredores de elite.
estão havendo mudanças nas recomenda-
ções dietéticas de acordo com o American
Heart Association 31. Mas, com relação a Dietas Hiperlipídicas
tipos de ácidos graxos e recuperação atlé- A fadiga durante o exercício prolongado
tica, há relatórios contraditórios na litera- de endurance é relatada pela depleção de es-
tura científica. De acordo com Fett et. al. 19 toques de glicogênio ou redução plasmática
(2004), a suplementação de ácidos graxos da concentração de glicose. Consequente-
n-3 e triglicérides de cadeia média (TCM) mente é considerável o interesse das inter-
não induziram mudanças nos indicado- venções nutricionais para compensar a fa-
res metabólicos da exaustão. Além disso, diga ou por aumento da disponibilidade de
foi observada também a probabilidade de carboidratos ou pela redução da utilização
complicações gástricas com suplementação de carboidratos durante o exercício. Uma
de TCM, com distúrbios em diversos níveis, intervenção que poderia reduzir a utilização
tais como náusea ou diarréia 46,11. Torna-se de carboidratos seria a elevação da disponi-
necessária precaução ao adicionar qualquer bilidade de lipídios no plasma com uma re-
tipo de gordura à dieta 40. feição pré-exercício rica em gorduras 59.

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Durante a prática de atividade física de namento de glicogênio hepático, aumento


intensidade moderada (60 a 80% da fre- da gliconeogênese, aumento do estoque de
qüência cardíaca máxima ou 50 a 75% do triglicerídeos no músculo, aumento da capa-
VO2max) 54 e longa duração (endurance) a cidade oxidativa mitocondrial, aumento da
energia é obtida através dos processos oxi- produção de cetonas e diminuição do uso de
dativos, no interior da mitocôndria. Neste glicose 20.
tipo de exercício, o principal substrato para Uma refeição rica em gorduras aumenta
as fibras oxidativas de contração lenta são os a concentração no plasma de triglicerídeos,
ácidos graxos. No entanto, o tempo de dura- quilomícrons e ácidos graxos livres, que
ção da atividade é limitado pelo conteúdo de poderão ser usados como substrato para o
glicogênio muscular e hepático 26,17. exercício muscular. Além disso, uma dieta
Partindo deste pressuposto, com o in- rica em gorduras com conteúdo baixo de
tuito de retardar a fadiga, surgiu o conceito carboidratos atenua o aumento pós prandial
de submeter o atleta a uma sobrecarga de de insulina e aumenta a oxidação lipídica 59.
carboidratos antes da competição, a chama- Lambert et. al. 35 (1994), demonstrou
da dieta de supercompensação. Entretanto, que houve adaptação a uma dieta hiperlipí-
a alta intensidade de treinamento adotada dica oferecida por duas semanas a ciclistas
nesta intervenção poderia acarretar prejuízos treinados, resultando em não prejuízo na
psicológicos e físicos. A partir destas hipóte- performance no exercício intenso, apesar de
ses surgiram propostas embasadas na idéia significante começo de depleção dos esto-
do ciclo glicose-ácidos graxos, adotando es- ques de glicogênio.
tratégias que aumentassem a disponibilidade
A adoção de dieta hiperlipídica por ci-
ou otimizassem a capacidade de oxidação de
clistas acarretou quadro de cetose crônica,
ácidos graxos, visando poupar o glicogênio
que não trouxe impactos negativos fisiolo-
e melhorar o desempenho 60. Assim, a eleva-
gicamente, já que o corpo se adaptou a esta
ção aguda de ácidos graxos no plasma seria
condição. Além disso, houve redução do uso
o procedimento utilizado para se aumentar
do glicogênio muscular e manutenção dos
a disponibilidade do substrato, e a admi-
níveis de glicose sanguínea durante o exercí-
nistração de dietas hiperlipídicas induziria
cio intenso, não acarretando impacto negati-
às adaptações metabólicas responsáveis por
4
vo na performance 32.
aumentar a oxidação de ácidos graxos .
Em outro estudo randomizado, vinte e
Considerando os elementos apresenta-
cinco atletas receberam dietas com níveis
dos anteriormente, foi sugerido um possível
médio e alto de lipídios (42%) durante um
efeito positivo de dietas relativamente altas
mês e tiveram sua performance no exercí-
em gorduras na performance atlética e a su-
cio avaliada. Os resultados indicaram que
plementação de lipídios de cadeia média e
não houve diferenças no peso, batimentos
longa, poucas horas antes ou durante o exer-
cardíacos e pressão sanguínea entre os dois
cício, tem sido proposta, com a finalidade de
grupos. Também foram testados os efeitos
poupar o glicogênio muscular 17.
de uma dieta rica em gordura (41%) na per-
formance no exercício e na estrutura mus-
Vantagens cular em corredores treinados, por um mês.
Historicamente, dietas ricas em carboi- Os pesquisadores encontraram aumento na
dratos são consideradas superiores às dietas habilidade dos atletas em correr longas dis-
ricas em lipídios para melhorar o desempe- tâncias, ausência de prejuízos na força ana-
nho em exercícios de resistência. No entan- eróbica e em 21% não houve influência na
to, recentemente, houve um interesse nas estrutura muscular 32.
dietas hiperlipídicas, estudadas por exemplo Os pressupostos teóricos e algumas evi-
por Kalman 32 (2004), devido a um possível dências científicas apresentadas pelos estu-
resultado na redução das taxas de depleção dos citados anteriormente sugerem que um
do glicogênio durante o exercício. Este fato padrão dietético hiperlipídico pode ser uma
seria devido às adaptações metabólicas que alternativa para os atletas. Contudo, é neces-
aumentam a utilização de gordura como sário observar os pontos críticos sobre esta
fonte energética no repouso e durante o ação.
exercício. As adaptações incluiriam armaze-

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82 Práticas dietéticas em atletas: especial atenção ao consumo de lipídios

Desvantagens cia, no entanto, são equívocos, e há poucos


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Fleming et. al. (2003), estudando a dados relativos aos efeitos desta na perfor-
resposta da capacidade de resistência e de- mance em exercícios de alta intensidade. Na
sempenho em exercícios de alta intensidade literatura existem resultados divergentes,
frente a uma dieta rica em gorduras (61%), mostrando que a capacidade de resistência
encontrou acréscimo da oxidação de gordu- pode ser prejudicada 55,5, não afetada 53,59,56
ra durante o exercício, decréscimos na pro- ou aumentada 47,35,28. Esta variedade de res-
dução de força máxima e na performance de postas pode ser devido às diferenças nos ti-
resistência e redução do tempo de exercício pos de exercício, protocolos utilizados, com-
até a exaustão. Estes efeitos deletérios no posição da dieta ou duração da intervenção
exercício podem ser explicados em parte, dietética20.
pelo aumento na percepção de esforço e re- Em ciclistas treinados, o efeito de uma
dução da massa corporal, eventos também dieta rica em carboidratos versus rica em
observados no grupo que adotou a dieta hi- lipídios na performance de resistência é
perlipídica. Isto adaptado a esportes de en- obscuro. Whitley 68 et. al., (1998) encon-
durance seria extremamente desinteressante, trou um aumento de 5% na força em 10 km
já que a força máxima e retardo da fadiga são percorridos em 2hs, a 70% do VO2 max, se-
fatores determinantes na performance. guindo uma dieta com 74% da energia em
De acordo com Andrade et. al.3 (2006), lipídios, comparada com uma com 86% de
uma longa exposição a dietas com um alto carboidratos. Com adoção de dieta hiperli-
teor lipídico, pode vir a comprometer a ca- pídica (85%) por outro grupo de ciclistas,
pacidade oxidativa de carboidratos e ainda foram obtidas as seguintes respostas: tempo
diminuir o teor de glicogênio muscular, o reduzido para realização de testes aeróbicos
que não é vantajoso para o atleta. No en- quando comparado a grupos com ingestão
tanto, se as dietas hiperlipídicas forem ofe- de dietas ricas em carboidratos e proteínas,
recidas por um curto período de tempo, menor taxa de troca gasosa (RER) em tes-
podem não ocorrer adaptações metabólicas tes respiratórios, nenhuma alteração sig-
consideráveis capazes de serem medidas ou nificante nos níveis de glicose do plasma,
avaliadas27,29. aumento dos níveis de ácidos graxos plas-
máticos, menor aumento da taxa de insulina
Apesar de existirem hipóteses de que
pós prandial, aumento da oxidação lipídica,
uma suplementação crônica de gorduras
com aumento da disponibilidade de ácidos
possa ter respostas metabólicas benéficas,
graxos circulantes e falta de efeitos claros na
como poupar o glicogênio, o consumo de
performance 59.
excesso de gordura está associado a menor
utilização de glicose do sangue e menor de- Perante as contradições existentes com
sempenho. A melhor recomendação para relação aos benefícios e malefícios da adoção
melhor desempenho de resistência seria de uma dieta hiperlipídica tanto no desem-
realmente uma dieta de rica em carboidra- penho esportivo, como na saúde global, o as-
tos50. pecto mais relevante é levar em consideração
o tipo de gordura da dieta. O potencial de
Os trabalhos de levantamento nutricio-
uma dieta ou de um alimento em aumentar
nal que mostram a distribuição percentual
os níveis de colesterol sérico e em promover
dos macronutrientes, em sua maioria não
aterosclerose está diretamente relacionado
realizam uma diferenciação entre os tipos
a seu conteúdo de colesterol e de gordura
de gorduras consumidos pelos atletas. Em
saturada, havendo um aumento da morbi-
trabalhos mais detalhados, onde a ingestão
mortalidade, além de risco para Síndrome
lipídica é o foco do estudo, torna-se impres-
Metabólica (obesidade central, dislipdemias
cindível a classificação dos lipídios consu-
e intolerância à glicose) 40,21,9. Além disso, de
midos, quanto ao tipo, já que cada um tem
acordo com a Diretriz da Sociedade Brasilei-
implicações distintas no metabolismo.
ra de Medicina 17 (2003), não é recomenda-
do o uso de suplementação de lipídios, por
Equívocos falta de evidências científicas consistentes.
Os efeitos da adaptação a uma dieta rica
em gordura sobre a capacidade de resistên-

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Lipídios e Doenças Cardiovasculares Através de controle dietético, é possível


No Brasil, estima-se que as DCV respon- reduzir os riscos de doenças cardiovascu-
dam por aproximadamente 28% dos óbitos lares. Indivíduos com maior consumo de
por causas conhecidas em sujeitos a partir alimentos como frutas e hortaliças e menor
dos vinte anos de idade 12 e, de acordo com freqüência em alimentos com elevado con-
Viebig et. al. 66 (2006), elas são a causa mais teúdo de gordura apresentam melhor estado
freqüente de morbimortalidade no Brasil de saúde. Por outro lado, pessoas que con-
(300.000 mortes/ano), sendo responsáveis somem maiores quantidades de gordura de
por 34% das causas de óbito no município origem animal têm níveis mais elevados de
de São Paulo 52. colesterol sérico e uma maior incidência de
aterosclerose coronariana e aórtica do que
Embora a doença aterosclerótica do co-
aquelas que consomem menos gorduras
ração não seja uma das principais causas de 21,22,66
. O aumento de consumo de fontes
morte entre indivíduos magros jovens, ca-
protéicas de origem animal também é outro
racterística típica de atletas, o efeito benéfico
hábito encontrado regularmente nos atle-
do exercício, aliado à ingestão controlada de
tas, superando as suas necessidades. Desta
gorduras saturadas sobre os lipídios sanguí-
forma, tem-se a união de dois fatores (dieta
neos, pode prevenir a acumulação de fatores
hiperlipídica e elevado consumo de carne)
de risco que levariam a uma DCV em idade
que facilitam um aumento no colesterol sé-
mais avançada. Também é possível especular
rico e suas conseqüências. Exames regulares
que o consumo de uma dieta hiperlipídica,
de colesterol e pressão sanguínea deveriam
de forma crônica, ao longo de vários anos
ser rotina na vida esportiva.
de vida atlética, poderá produzir um efeito
negativo à saúde do atleta, requerendo assim Com relação a esportes de características
um cuidado especial. predominantemente aeróbias, alguns pes-
quisadores atestaram que quanto maior a ca-
A maioria dos guias alimentares sugere
pacidade cardiovascular das equipes, melhor
uma redução na energia proveniente das
o desempenho, devido à melhor capacidade
gorduras, principalmente da gordura satu-
aeróbia 37. Portanto é de extrema importân-
rada e do colesterol, já que em populações
cia que os atletas evitem os possíveis fatores
cujas dietas têm excessivo teor de gordura
de risco para problemas cardíacos, a médio e
ocorre maior número de mortes por doenças
longo prazo, preocupando-se com a compo-
coronarianas que em outras 38.
sição da dieta. Como existem divergências
A concentração lipídica no plasma tem entre qual seria a dieta ideal para melhoria
sido correlacionada com a predisposição da performance, rica em carboidratos ou em
para doenças cardiovasculares e está direta- lipídios, seria sensato, no caso de opção pela
mente relacionada com a natureza e a quan- segunda, aumentar exclusivamente o teor de
tidade de gorduras do alimento 33,39. Então, a gorduras insaturadas na dieta 32.
proporção entre os ácidos graxos saturados,
A tabela 1 apresenta comportamento
monoinsaturados e poliinsaturados, dentro
nutricional indicado por 22 trabalhos, onde
do consumo total de gordura é muito impor-
foi identificada a estratégia de levantamento
tante na adoção de uma dieta equilibrada.
nutricional, o consumo calórico total, a por-
De acordo com as recomendações do Food
centagem de lipídios da dieta, quantidade de
and Agriculture Organização Mundial da
lipídios e tipo de gorduras predominante.
Saúde (FAO/OMS) 69 (2003) o percentual
de gordura total deve estar entre 15-30%, Em alguns trabalhos, como em SOARES
61
ácidos graxos saturados menor que 10%, et. al. (1994), com relação à participação
ácidos graxos poliinsaturados entre 6-10%, da gordura saturada na ingestão calórica
ácidos graxos n-6 entre 5-8%, ácidos graxos total, a ingestão superou o limite de 10%
n-3 entre 1-2%, ácidos graxos trans menor preconizados pelo Food and Agriculture Or-
que 1%, ácidos graxos monoinsaturados ganization/Organização Mundial da Saúde
69
maior que 20% e colesterol menor que 300 (FAO/OMS) (2003). Além disso, a inges-
mg/dia. É importantíssimo um nutricionista tão diária de 300 mg de colesterol aconse-
que resolva adotar uma dieta hiperlipídica lhada pela FAO/OMS foi superada por mais
mantenha um equilíbrio entre os diferentes de 75% dos homens e mais de 50% das mu-
tipos de ácidos graxos. lheres. Assim, do ponto de vista lipídico, os

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nadadores apresentaram ingestão caracteri- dos, afim de se evitar uma ingestão excessiva
zada como ligeiramente elevada, de compo- ou mesmo deficiente, acarretando proble-
sição predominante em gordura saturada e mas na saúde e performance do atleta.
rica em colesterol. Hinton et. al. 30 (2004) De acordo com a literatura, a adoção
também encontrou nos atletas universitários de dietas hiperlipídicas pode ser vista como
do sexo masculino, adoção de dietas que ex- uma alternativa para a melhoria de desem-
cedem as recomendações para lipídios, gor- penho de atletas. No entanto, é necessário
dura saturada e colesterol. cautela ao adotar este tipo de prática, já
Dos trabalhos analisados, 36,4% apre- que existem equívocos e falta de evidências
sentaram ingestão percentual lipídica acima consistentes sobre o possível efeito benéfico
do recomendado (30%) e apenas um apre- desta prática. Além disso, é sabido que uma
sentou ingestão inferior ao recomendado, dieta rica em lipídios do tipo saturados e co-
de acordo com as AMDRs 31.Além disso, dos lesterol, a longo e médio prazo, está direta-
trabalhos que apresentaram distinção entre mente associada ao aparecimento de fatores
os tipos de lipídios ingeridos, 50% relata- de risco para doenças cardiovasculares. Já
vam consumo predominante de gorduras a adoção de dietas hipolipídicas, apesar de
saturadas na dieta, o que atenta ao fato de adotada por algumas categorias esportivas,
uma necessidade de intervenção nutricional também não traz benefício algum à saúde e
para melhoria do perfil lipídico da dieta dos performance atlética.
atletas. Considerando o padrão dietético habi-
tual de atletas de diferentes modalidades, a
Conclusões maioria adota dietas com níveis aceitáveis de
Os lipídios exercem influência signifi- lipídios, mas uma porcentagem significativa
cativa na dieta dos atletas, sendo de funda- apresenta dietas com níveis aumentados de
mental importância para um aporte energé- gorduras saturadas. Assim, é de fundamental
tico adequado, considerando os processos importância a realização de um processo de
de reposição energética e recuperação do orientação nutricional, afim de se evitarem
exercício. Mas torna-se necessário observar problemas na saúde e desempenho físico
a qualidade e quantidade dos lipídios ingeri- destes atletas.

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88 Práticas dietéticas em atletas: especial atenção ao consumo de lipídios

Tabela 1 - Tipos de estudos de levantamento nutricional em diferentes modalidades esportivas, comparando a estratégia de levantamento
nutricional, o valor calórico consumido, a porcentagem e quantidade de lipídios ingerida e o tipo de gordura predominante
na dieta habitual.
Estratégia de Kcal totais % de Quant. Tipos de gordura
Referências Modalidade G Nº
levantamento nutricional consumidas LIP LIP (g) predominante
CABRAL et. al. Levantamen- M 12
15
R-24H e QF 2504,1 28,4 79 NI
(2006) to de Peso F 12
GATTI et. al. 23 Atletas uni- M 108
R-24H e QF 2843,88 31 97,9 NI
(2006) versitários F 44
R. 4 dias (2 dias antes do
LUNDY et. al. 41
Rúgbi M 34 jogo, o dia do jogo e o dia 4230 25 120 Insaturada
(2006)
seguinte)
MARTIN, et. al.
43
Futebol F 16 RA. de 7 dias 1904 28,8 60,9 Insaturada
(2006)
PETERSEN et. 24 24
Natação F RA. de 3 dias 2515,3 54 NI
al. 51 (2006)
GOMES et. al. 24
Futebol (D.F.) M 4 RA. de 6 dias 3286,5 28,75 105 NI
(2005)
ZIEGLER et. al.
71
Patinação F 123 RA de 3 dias 1598 23,5 41,7 NI
(2005)
HINTON et. al. Atletas Uni- M 180 QF Youth Assessment Ques- Saturada e Coles-
30
2294 30,1 77,7
(2004) versitários F 165 tionnaire (YAQ) terol
NOGUEIRA
M
e COSTA 48 Triathlon 29 R-24H e QF 3005 27 111 NI
F
(2004) 9
ONYWERA et. Corrida
M 10 Pesagem direta 2978 14 46 Saturada
al. 49 (2004) (Elite)
ALMEIDA
e SOARES 1 Vôlei F 25 RA de 3 dias 3945 26,9 118 NI
(2003)
BESHGETOOR Ciclistas e
e NICHOLS 10 Corredores F 25 RA de 4 dias 2040 28 63 NI
(2003) (Máster)
REEVES e COL- Futebol
M 25 RA de 7 dias 3087 27,8 91g NI
LINS 58 (2003) (Gaelic)
KIMBER et. al. M 10 Recordatório (durante o
34
Ironman 3527,5 2,5 10,4 NI
(2002) F 8 evento)
LEBLANC et. al. Futebol
36
M 180 Registro de 5 dias 2873,5 32,6 104 NI
(2002) (franceses)
RIBEIRO e SO- Ginástica 1472
F 46 R- 24H e RA de 3 dias 33 54,2 NI
ARES 57 (2002) Olímpica
PAPADOPOU-
RA. de 3 dias 1771
LOU et. al.50 Vôlei F 65 37,5 73 Insaturada
(2002)
Corrida de
média e longa RA de 3 dias
SUGIURA et. al. M 28
64
distância, (dias consecutivos de sema- 2824,5 32,5 102 NI
(1999) F 34
Salto e Arre- na) durante o treino.
messo
ZIEGLER et. al. M 19
70
Patinação RA de 4 dias 2365 31 81,4 NI
(1999) F 18
BASSIT e
MALVERDI 8 Triathlon M 31 - 2160 - - NI
(1998)
COLARES e
M 34
SOARES 18 Handebol R-24H e QF 3170 - - NI
F 33
(1996)
30
SOARES, et. al. M Registro de 2 dias, R-24H
61
Natação 37 3998 34,7 154 Saturada
(1994) F e QF
M= masculino; F= feminino e NI= não informado; R-24 = Recordatório 24H; QF = Questionário de Freqüência; DF -= Deficiente Físico; RA = Registro alimentar; G = Gênero

R. bras. Ci. e Mov. 2008; 16(1): 77-88

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