380-Texto Do Trabalho-1766-1-10-20180418

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DOSSIÊ - RELATOS DE EXPERIÊNCIA

Sentir, conhecer e experimentar, criança na


natureza, já!

Leiliana de Carvalho Monte *

Resumo: O projeto desenvolvido em uma turma de educação infantil com crianças de cinco anos contemplou os eixos
transversais: educação para a diversidade; educação para a sustentabilidade; educação para e em direitos humanos,
educação para a cidadania e os eixos integradores cuidar e educar, brincar e interagir. Trouxe à luz questões ambientais;
o termo sustentabilidade; o contato direto e livre com ambientes naturais; valorizando a relação das crianças com a na-
tureza para que se sintam parte integrante e agentes modificadores desse meio. O relato de experiência conta o desen-
rolar desse projeto que contribuiu para uma nova realidade socioambiental no espaço físico e da comunidade escolar,
modificações que foram para além dos muros da escola, primando pela sustentabilidade do planeta Terra.

Palavras-chave: Natureza. Criança. Vínculo. Sustentabilidade. Meio ambiente.

* Leiliana de Carvalho Monte é professora de Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Contato: [email protected].

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Objetivos da Educação Infantil • Identificar e reconhecer as partes das plantas, como
raiz, caule, folha, flor, fruto e semente, bem como o co-
Os objetivos propostos com base no tema escolhido “Sentir, nhecimento elementar da função de cada uma delas.
conhecer e experimentar, criança na natureza já!”, integram
e articulam as diferentes linguagens e eixos propostos para a Desenvolvimento
etapa da Educação Infantil em consonância com as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2009), o Cur- O trabalho realizado ocorreu no Centro de Educação Infantil
rículo em Movimento da Secretaria de Estado e Educação do Dis- 01 do Paranoá – CEI 01, entre os meses de abril e setembro de
trito Federal (2014), o Guia da V Plenarinha da Educação Infantil 2017. O CEI 01 oferta com exclusividade a Educação Infantil e o
(2017) e o Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar (2017). atendimento à Educação Precoce. Com planta estrutural elabo-
Tais documentos ressaltam que o objetivo principal da pri- rada com instalações físicas para atender a modalidade creche
meira etapa da Educação Básica, Educação Infantil, é impulsio- e educação infantil, a escola vem conquistando, a cada ano,
nar o desenvolvimento integral das crianças ao garantir a cada maior credibilidade junto à comunidade local. Com um corpo
uma o acesso à constituição de conhecimentos e à aprendiza- discente de aproximadamente setecentas crianças, conta hoje,
gem de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, com setenta funcionários, distribuídos entre equipe gestora,
à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à coordenação pedagógica, corpo docente, auxiliares de educa-
convivência e à interação com seus pares etários, com crianças ção (serviços gerais, portaria, merenda e vigilância), monitores
de diferentes faixas etárias e com os adultos. e terceirizados, sendo um espaço privilegiado para o desenvol-
vimento de uma educação pública de qualidade.
Objetivo geral O contexto no qual a escola está inserida é de uma comu-
nidade oriunda de operários que ajudaram na construção de
Observar e explorar a natureza e os ambientes com atitude Brasília e da barragem do Lago Paranoá. Tem como principal
de curiosidade, percebendo-se como integrante, dependente e atividade econômica o comércio, com 1,3 mil estabelecimen-
agente transformador do meio ambiente, valorizando atitudes tos. A maior parte das lojas de roupas, calçados, alimentação
que contribuem para sua preservação. e dos bares está distribuída nos três quilômetros da Avenida
Central. Atualmente, a cidade tem cerca de 95 mil habitantes
Objetivos específicos e, ainda, serve de ponto de apoio para outra região administra-
tiva chamada Itapoã, suprindo algumas de suas necessidades,
• Criar oportunidade para os estudantes conhecerem o como por exemplo, a oferta de educação pública. A escola CEI 01
ambiente em que vivem e se sentirem parte integrante recebe um número expressivo de crianças que residem no Itapoã.
desse todo; A idealização do projeto partiu do que propõe o Guia da V
• Promover o cuidado consciente, a preservação e o co- Plenarinha de 2017, que traz sugestões das Unidades de Edu-
nhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da cação Infantil públicas e parceiras da Secretaria de Educação do
vida na Terra e do bioma Cerrado; Distrito Federal-SEEDF, colhidas por meio do instrumento de
• Introduzir temas pertinentes e atuais, como a escassez avaliação da IV Plenarinha, realizada em 2016. Dessa forma, ao
de recursos naturais; realizar uma pesquisa na comunidade através de um questionário
• Estimular uma aprendizagem mais ativa e exploratória; enviado às famílias que perguntava sobre a quantidade de árvores
• Promover o desenvolvimento integral por meio de brin- no local de residência e sobre o contato com a natureza, ficou evi-
cadeiras ao ar livre; dente que o projeto, além de contemplar o Guia da V Plenarinha,
• Conhecer, nomear e quantificar as árvores contidas é importante, e até emergencial, para aproximar as crianças da na-
na escola; tureza, despertar o interesse de conhecer, usufruir, cuidar, plantar
• Realizar plantio de sementes de árvores, em especial e conservar a vegetação existente no meio em que estão inseridas.
nativas do bioma Cerrado, visando ao incentivo da pre- A execução do projeto, também se pauta no Projeto Político
servação ambiental e acompanhamento do processo de Pedagógico da escola, que tem por finalidade promover a educa-
crescimento das plantas; ção às crianças de quatro e cinco anos na Educação Infantil, ga-
• Conhecer ações relacionadas ao consumo sustentável rantindo a inclusão de alunos com necessidades especiais em tur-
(economia de matéria-prima, água e energia e atitudes mas regulares, de integração inversa e Atendimento Educacional
como reduzir, reciclar e reutilizar); Especializado na Sala de Recursos, além de oferecer o Programa
• Explorar e manipular mapas e globos; de Educação Precoce às crianças de zero a três anos, onze meses
• Distinguir entre paisagens naturais e modificadas (pela e vinte e nove dias. Considerando os princípios éticos, políti-
ação humana ou pela ação da natureza); cos e estéticos, a instituição tem como missão proporcionar as
• Observar e participar em ações que envolvam sepa- crianças uma educação que possibilite o seu desenvolvimento
ração de materiais recicláveis, e em atividades de pre- integral, contribuindo para a formação de um ser autônomo,
paração de alimentos, começando pela exploração de crítico e criativo. Oferecendo sempre uma educação aliada ao
receitas culinárias; cuidado (figura 1).
• Desenvolver a consciência sustentável a partir de ações Com as respostas do questionário percebeu-se a necessidade
como reciclar, reutilizar e reduzir, estimulando práticas de de desenvolver o projeto para que as crianças e a comunidade es-
cuidado com o meio ambiente; colar tivessem maior contato e cuidado com a natureza.O trabalho

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Figura 1. G1/G2/G3 - Gráficos com o resultado do questionário enviado para as famílias

Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017

Figura 2. Plantio pedagógico desenvol- Utilizamos um espaço onde não havia plantas e era pouco utili-
veu-se ao longo de seis zado, nele, colocamos pneus coloridos e plantamos uma diver-
meses, de maio a setem- sidade de mudas que servem para fazer chá, ressignificando,
bro de 2017, em nível assim, um espaço da escola não explorado pela comunidade
crescente de dificuldade escolar e, ainda, trouxe um lindo colorido para a fachada da
e participação, visando escola. Para manter o interesse, foi elaborado um rodízio entre
práticas pedagógicas as turmas para molharem e cuidarem do Jardim dos Cheiros (fi-
que contemplem o eixo gura 3), as crianças demonstraram se importar com as plantas
integrador da Educação fazendo questão de sempre as molharem.
Infantil: Educar e cuidar, Em relação ao mês de junho, exploramos o bioma da nos-
brincar e interagir. Este sa região Centro-Oeste, o Cerrado. Iniciamos essa etapa com
eixo norteou a organi- atividades em área aberta, como a observação minuciosa e a
zação das experiências escuta dos sons da natureza. Usamos mapas e globo terrestre.
de aprendizagens ao Exploramos os cinco sentidos e integramos brincadeira na na-
Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação longo das atividades tureza à aprendizagem. No decorrer do projeto, conhecemos
Infantil 01 do Paranoá, 2017 para o projeto. melhor as características peculiares desse bioma, árvores, ani-
No início do projeto, mais, frutas e clima. As árvores do cerrado ganharam destaque
no mês de maio, reali- no projeto e cada turma foi batizada com o nome de uma ár-
zamos uma caminhada silenciosa pela área externa da escola, vore típica do cerrado. A turma escolheu o Jacarandá Cabiúna
com o objetivo de observar a natureza presente nesse ambien- e confeccionou um livro informativo sobre essa árvore, plantou
te. As crianças identificaram plantas e animais que compõe o sua semente e acompanhou seu desenvolvimento (figuras 4 e 5).
espaço escolar, como pássaros, calangos e insetos; observaram, Para fechar o mês de junho realizamos a leitura da poesia
também, que na escola havia plantas que servem para fazer chá, “Paraíso”, de José Paulo Paes, conversamos sobre a impor-
como por exemplo, Capim Santo, Erva Cidreira e Alfavaca. De- tância das árvores para os animais e os seres humanos, que
monstraram uma interessante prática social inicial de conhecimen- a utilizamos para construção de moradia, para a produção de
to de mundo a respeito dos chás e de suas utilidades (figura 2). alimentos, para a fabricação de móveis, produção de remédios,
Diante dessas informações solicitamos às famílias que en- papel, etc, como instruído pelo V Guia da Plenarinha. Com
viassem a escola amostras de plantas que pudéssemos fazer isso, construímos um texto coletivo com o tema “A escola que
chás. Explorou-se as amostras e promoveu-se a interação a queremos”, o que oportunizou às crianças expressarem como
partir das rodas de conversa e da exposição oral feita pelas
crianças das amostras que trouxeram de casa, possibilitando o Figura 3. Jardim dos cheiros
desenvolvimento da linguagem oral do grupo. Após o exposto,
saboreamos um delicioso chá feito com as amostras de folhas
trazidas pelas crianças.
Durante o mês de maio continuamos com o trabalho con-
cernente aos benefícios do chá, listamos os nomes das mudas
de chá no quadro, para contemplar a Linguagem Oral e Escrita,
conhecemos e nomeamos as partes das plantas em atenção a
Linguagem Natureza e Sociedade, contamos e registramos a
quantidade de árvores dentro da escola para o trabalho com
a Linguagem Lógico-Matemática, realizamos degustações de
chás e começamos o plantio das mudas.
Iniciamos, então, a construção de um Jardim dos Cheiros. Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017

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Figura 4. Confecção do livro Jacarandá Cabiúna Figura 5. Plantio da semente Jacarandá Cabiúna

Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017 Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017

gostariam que fosse o ambiente escolar e a comunidade. Dessa Figura 6. Arraial do Cerrado: Festa Julina Sustentável
forma, o tema escolhido para a festa julina da escola, que conta
com a participação de toda a comunidade, foi o Arraial do Cer-
rado, que trouxe comidas, danças, vestimentas típicas e uma
decoração feita pelas próprias crianças, utilizando materiais re-
ciclados, abordando a sustentabilidade, reaproveitamento de
materiais e a utilização de materiais alternativos.
Assim, os espaços escolares foram decorados e ocupados
por produções das crianças, valorizando o protagonismo infan-
til e a produção criativa das crianças.Reutilizamos galhos de po-
das de árvores para a confecção de árvores típicas do cerrado,
como o Mama-cadela, Faveiro e os Ipês, que com suas cores
vibrantes deram um colorido especial a nossa festa (figura 6).
Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017

O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de Durante esse mês, Figura 7. Pé de romã
práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças experimentamos as fru-
com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artís- tas que temos o privi-
tico, científico e tecnológico. Tais práticas são efetivadas por meio de légio de ter na escola,
relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com o pé plantado e produ-
os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas iden- zindo frutos, como o
tidades. Intencionalmente planejadas e permanentemente avaliadas, as tamarindo, a romã e o
práticas que estruturam o cotidiano das instituições de Educação Infantil mamão. Aprendemos a
devem considerar a integralidade e indivisibilidade das dimensões expressi- cuidar e amar a nature-
vo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das za que nos cerca e pas-
crianças, apontar as experiências de aprendizagem que se espera promover samos um bom tempo
junto às crianças e efetivar-se por meio de modalidades que assegurem as fora de sala de aula, ex-
metas educacionais de seu projeto pedagógico (BRASIL, 2009, p. 6). plorando e vivenciando
a área externa da esco-
Julho, mês do recesso escolar, passou rápido como um pás- la (figura 7).
saro livre no céu, mas tivemos a oportunidade de consolidar as Agosto, um mês
aprendizagens e de, mais uma vez, ter contato com a nature- quente e com muito
za ao nosso redor, vivenciamos piquenique na área externa da aprendizado, tivemos
escola, molhamos as plantas, passeamos pela escola, desco- a oportunidade de co-
brimos que na escola, temos muitas árvores frutíferas, cupin- nhecer o poema “Meu
zeiro, formigueiro, tocas de lagartixas, casa de corujas, ninhos Quintal” da escritora
de pássaros. O olhar atento e curioso das crianças possibilitou Ana Neila Torquato, Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação
Infantil 01 do Paranoá, 2017
o encontro de diversos elementos da natureza inseridos no mostrado e sugerido
ambiente escolar, fazendo a turma perceber que a natureza pelo V Guia da Plenari-
não é algo separado, não está somente no imaginário de nha. O poema serviu de subsidio para a confecção de textos
uma floresta longe do alcance e distante da cidade e, sim, coletivos sobre como as crianças gostariam que fossem o quin-
que a natureza somos nós, que ela está em nós, que somos, tal da casa delas. Este foi um momento de reflexão junto às
também, a natureza, que fazemos parte dela e que nossas crianças e à comunidade escolar, a partir do olhar das crianças
atitudes, positivas ou negativas, interferem diretamente na que relataram o desejo de ter em suas casas um espaço verde
vida de animais e plantas ao nosso redor. com árvores, gramas, insetos e sombra, muita sombra, onde

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pudessem fazer churrasco com suas famílias, brincar com ou- consiste em uma técnica através da qual se obtém uma úni-
tras crianças e criar animais. ca gravura, pintando a imagem emuma superfície plana, lisa e
A história do menino que tinha um quintal tão especial ga- transferindo-a através de pressão com a mão.
nhou o coração das crianças, e trouxe, também, a reflexão so- A possibilidade se usar artifícios da natureza para se obter
bre o lixo que ocupa os espaços livres das ruas e de algumas tintas encantou a turma, que buscou nos passeios realizados
casas, visto que algumas relataram que no quintal de suas casas pelas áreas externas da escola, objetos como pedra, madeira,
havia lixo, como resto de materiais de construção, coisas acu- terra, entre outros, que possibilitassem a exploração artística
muladas que não usavam e lixo propriamente dito. dele no papel ou em outro material (figura 9).
Diante disso, trabalhamos possíveis ações sustentáveis a se-
rem praticadas no dia a dia, por meio da separação do lixo, do Referencial teórico
consumo consciente, da importância da coleta do lixo, e dos 5
R’s proposto no Guia: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Os planejamentos das experiências vivenciadas pela turma
Reciclar (figura 8). tiveram como referências teóricas o que preconiza a Lei de Di-
Setembro, o mês da primavera, chegou e com ele realiza- retrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN – em seu artigo
mos a confecção de um Livro-Herbário produzido coletivamen- 29, que dispõe: “A educação infantil, primeira etapa da edu-
te por todas as turmas da escola, cada turma apresentou de cação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral
forma artística uma determinada planta que possa fazer chá. das crianças de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físicos,
Assim, criou-se um riquíssimo subsídio para mostrar as crian- psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da
ças, de forma lúdica e formal, as diversas plantas que podemos família e da comunidade” (BRASIL, 1996). Bem como o que
utilizar em nosso benefício. A confecção do livro, bem como traz as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infan-
diversas outras atividades relacionadas ao contato com a natu- til (2009, p. 21) que em seu artigo 9º discorre:
reza, fizeram parte do cronograma de atividades da turma para
o Circuito de Ciências, que trouxe como tema “Chá com Arte”. Art. 9º. As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular
Na turma foram realizadas muitas atividades de acordo com da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações
o tema, mas a que se destacou foi a atividade realizada com e a brincadeira, garantindo experiências que: X – promovam a intera-
tintas da natureza, em que foi usado urucum, raiz de açafrão ção, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da
e pó de café. A turma usou a técnica chamada Monotipia que sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos
recursos naturais.
Figura 8. Separação de materiais recicláveis
O Currículo em Movimento da Secretaria de Estado e Edu-
cação do Distrito Federal (2014, p. 95), no caderno Educação
Infantil, salienta que:

A criança é sujeito histórico e de direitos que, nas interações e práticas


cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e a do grupo
onde vive. A Pré-escola deve proporcionar às crianças uma formação
integral através das aprendizagens, tendo na ação pedagógica a ne-
cessidade, interesse, realidade e os conhecimentos infantis como ponto
de partida: As Interações com a Natureza e a Sociedade possibilitam à
criança estabelecer relações entre o meio social e natural do qual faz
parte, proporcionando assim a compreensão da importância dos cuida-
dos com a saúde, preservação do meio ambiente, bem como o respeito
Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017 e a construção dos vínculos afetivos para uma boa convivência.

Figura 9. Técnica monotipia com tinta de açafrão Figura 10. Interações com a natureza

Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017 Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017

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Avaliação Figura 12. Lanche saudável enviado pela fa- Figura 11. O encontro com uma joaninha
mília: mudança de hábitos alimentares
O Art. 31 da Lei de Di-
retrizes e Bases da Educa-
ção Nacional (1996) define
que, “na educação infantil a
avaliação far-se-á mediante
acompanhamento e regis-
tro do seu desenvolvimento,
sem o objetivo de promo-
ção, mesmo para o acesso
Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017
ao ensino fundamental”.
Figura 13. Registro de conhecimentos
Pensando assim, a avalia-
ção das crianças no projeto
“Sentir, conhecer e experi-
mentar, criança na natureza
já!”, ocorreu concomitante Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil
01 do Paranoá, 2017
ao seu desenvolvimento.
Durante todo o tempo de exploração e desenvolvimento do projeto
as práticas avaliativas se fizeram presentes nas etapas do trabalho,
com isso, conseguiu-se subsídios para modificar a prática de ensino
Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017
e aperfeiçoá-la com a finalidade de garantir o interesse e atender as Figura 14. Piquenique
necessidades demostradas pelas crianças.
Utilizou-se diversas formas para se registrar o pensamento da
criança e formalizá-lo utilizando o papel, as expressões artísticas, o
diálogo e a prática social que serviram como base para avaliar o tra-
balho pedagógico, sabendo que nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil (2009, p. 16):

As instituições de Educação Infantil, sob a ótica da garantia de direitos, são


responsáveis por criar procedimentos para avaliação do trabalho pedagó-
gico e das conquistas das crianças. A avaliação é instrumento de reflexão Fonte: Leiliana Monte, Centro de Educação Infantil 01 do Paranoá, 2017

sobre a prática pedagógica na busca de melhores caminhos para orientar com os outros, e, além disso, o desenho das crianças como a repre-
as aprendizagens das crianças. sentação do seu pensamento e da sua prática (figura 12).
Diante das boas colheitas realizadas com o desenvolvimento do
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
projeto ‘Sentir, conhecer e experimentar, criança na natureza já!’,
Infantil (2009, p. 22):
surgiram ideias para formular um novo projeto que aborde as pecu-
As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acom- liaridades da cidade e do campo, com seus espaços e características,
panhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento para a conscientização da interdependência entre esses espaços, bem
das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garan- como, sua preservação e importância para a sustentabilidade planetária.
tindo: I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e Com essas experiências pedagógicas foi possível se aproximar
interações das crianças no cotidiano; II - utilização de múltiplos registros mais da comunidade escolar, dos saberes, das pessoas e dos seres
realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); vivos que compõe a escola. O espaço escolar passou a ter um novo
IV - documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da significado em que a sala de aula deixou de ser o único lugar propício
instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendiza- para acontecer a aprendizagem e tornou-se só mais uma possibilida-
gem da criança na Educação Infantil. de na imensidão desse espaço (figuras 13 e 14).
Assim, uma nova trajetória profissional foi aprendida, visto que,
Dessa maneira, a validação da aprendizagem e do ensino ocor- a escola como um todo, espaços físicos, servidores e comunidade
reu em diferentes momentos, utilizou-se uma pauta de observa- contribuem de forma dialética com a aprendizagem significativa dos
ção que registrou as falas, expressões, o relacionamento entre as envolvidos nesse processo, e não somente na relação da professora
crianças e entre a criança e a natureza, a interação com o objeto e ou professor com a criança dentro de uma sala de aula.

Referências bibliográficas
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

______. Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília/DF: Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica, aprovado em 11 de novembro de 2009.

BRASÍLIA. Currículo em Movimento da Educação básica – Educação Infantil. Brasília/DF: Secretaria de Estado de Educação-SEEDF/GDF, 2014.

________. Guia da V Plenarinha da Educação Infantil: A criança na natureza: por um crescimento sustentável. Brasília/DF: Secretaria de Estado de Educação-SEEDF/GDF. Subsecretaria de Educação Básica/Coorde-
nação de Políticas Públicas Educacionais/Diretoria da Educação Infantil, 2017.

________. Guia da IV Plenarinha da Educação Infantil: A cidade e o campo que as crianças querem. Brasília/DF: Secretaria de Estado de Educação-SEEDF/GDF. Subsecretaria de Educação Básica/Coordenação de
Políticas Públicas Educacionais/Diretoria da Educação Infantil, 2016.

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