Nanotecnologia Cartilha ABDI

Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI
2010 Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Superviso Maria Luisa Campos Machado Leal Diretora Equipe tcnica ABDI Joana Wightman - Coordenadora de Comunicao Rosane Argou Marques Coordenadora de Inovao Carlos Henrique Pontes Assistente Karen Cristina Leal da Silva Ilogti Tcnica UNICAMP/FUNCAMP Prof. Oswaldo Luiz Alves Responsvel Tcnico (LQES) Projeto grfico e diagramao Marco Lucius Freitas Marcos Barros Fotos Banco de imagens ABDI Colaboradores 1 edio Marcia Oleskovicz Henrique Antunes Figueiredo
ABDI Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial Setor Bancrio Norte Quadra 1 Bloco B - Ed. CNC 70041-902 Braslia/DF Tel.: (61) 3962-8700 Fax: (61) 3962-8715 www.abdi.com.br
UNICAMP/FUNCAMP Fundao de Desenvolvimento da Universidade Estadual de Campinas Cidade Universitria Zeferino Vaz Distrito de Baro Geraldo 13081-970 - Campinas/SP Tel.: (19) 3521-3147 www.unicamp.br www.funcamp.unicamp.br
Repblica Federativa do Brasil Dilma Rousseff Presidenta Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) Fernando Damata Pimentel Ministro Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) Mauro Borges Lemos Presidente Clayton Campanhola Diretor Maria Luisa Campos Machado Leal Diretora Rosane Argou Marques Coordenadora de Inovao
Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) Criada em 2004, a Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) tem a misso de promover a execuo da poltica industrial do Pas, em consonncia com as polticas de Comrcio Exterior e de Cincia e Tecnologia. Ligada ao Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), a Agncia exerce a funo de Secretaria Executiva da poltica industrial, ao lado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) e dos ministrios da Fazenda e da Cincia e Tecnologia. A ABDI atua, ainda, como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e do Comit Nacional de Biotecnologia. Elo entre o setor pblico e privado, a ABDI coordena vrios projetos setoriais e transversais com o objetivo de contribuir para o crescimento econmico sustentvel brasileiro e o aumento da competitividade da indstria. Um deles o Projeto Estratgia Nacional de Nanotecnologia, que tem o objetivo de apoiar a construo de agendas setoriais para o desenvolvimento, a difuso e a utilizao das nanotecnologias no Brasil, envolvendo questes como marco legal, competitividade internacional e desenvolvimento de parcerias pblico-privado para pesquisa e desenvolvimento (P&D) pr-competitivo. A nanotecnologia tem um significado especial para a inovao da indstria. Entre tantas inovaes convergentes, a nanocincia e a nanotecnologia atuam significativamente como alternativas para o estudo dos fenmenos e a manipulao de materiais na escala atmica, molecular e macromolecular. Seu desenvolvimento tem impactado na competitividade de vrios setores da economia, como por exemplo, na indstria de eletroeletrnicos, aparelhos e equipamentos de comunicaes; medicina e sade; higiene, perfumaria e cosmticos; petrleo, gs natural e petroqumica; qumico; siderurgia e materiais; biocombustveis; plsticos; meio ambiente; agroindstrias; e aeronutico. Em sua segunda edio, esta publicao refora a importncia da nanotecnologia para a competitividade da indstria brasileira e, oportunamente, homenageia o Ano Internacional da Qumica. Ainda com o objetivo de disseminar essa cincia, a ABDI disponibiliza o Estudo Prospectivo de Nanotecnologia, o Panorama de Nanotecnologia e o boletim mensal Nano em Foco, com informaes atualizadas sobre os lanamentos de produtos e processos, alm de notcias sobre normas tcnicas e legislao para o setor. Todas as publicaes esto disponveis no site da ABDI (www.abdi.com.br). Boa leitura!
Sumrio
Entendendo o tamanho A escala nano Efeitos e escala de tamanho Nano na natureza Nano na histria da cincia e do homem A histria recente da nano Novas propriedades decorrentes da escala Como se faz nano? Convergncia cientfico-tecnolgica da nanotecnologia Onde est a nanotecnologia no setor produtivo? Qual o tamanho do negcio nanotecnologia? Produtos no mercado Construindo uma nanotecnologia cada vez mais segura Os produtos brasileiros Cadeia de valor da nanotecnologia Nano e polticas pblicas Consideraes finais Anexos
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Cartilha sobre nanotecnologia
Entendendo o tamanho
Quando se fala de nanotecnologia, a primeira coisa a fazer mudar a escala com a qual se v o mundo. No se trata somente de mudar a forma como os olhos vem as coisas. O que deve ser feito mudar a maneira como o crebro trabalha. Assim, essa a melhor forma de entrar no pequeno grande mundo da nanotecnologia. Como isto possvel? Para as crianas existem somente o grande e o pequeno. Uma pulga algo muito pequeno, ao passo que um elefante uma coisa muito grande. Da mesma maneira, um tijolo de construo pequeno, mas as casas so coisas grandes. Dentro do mundo cotidiano - o mundo da macro escala -, o elefante, a casa, a pulga e o tijolo esto dentro de uma mesma escala de tamanho, ou seja, tm poucas ordens de magnitude de diferena. A ordem de magnitude expressa em potncias de 10. Isso significa que, se uma coisa 10 vezes maior que outra, ela uma ordem de magnitude maior. Contudo, existem coisas muito maiores e muito menores que os exemplos apresentados acima. Assim, o objeto mais distante que podemos observar est a 1018 centmetros de distncia, ou seja, o nmero 1 seguido de dezoito zeros: 1 000 000 000 000 000 000 Por outro lado, a menor coisa existente no universo conhecida como o comprimento de Planck, equivalente a 4 x 10-35 centmetros: 0, 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 04 Assim, lembrando que cada ordem de grandeza representa uma potncia de 10, pode-se dizer que a diferena entre a maior e a menor coisa existente no universo de 53 ordens de grandeza.
Voltando, ento, aos exemplos j citados, a diferena de tamanho entre o tijolo e a casa cerca de duas ordens de grandeza, o que no muito. A diferena da pulga em relao ao elefante de cinco ou seis ordens de grandeza.
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De modo geral, o tamanho das coisas envolvidas durante o nosso dia a dia est compreendido entre o tamanho da pulga e da linha do horizonte, ou seja, cerca de sete ordens de grandeza. Seguem alguns exemplos: uma pulga tem cerca de 5 x 10-2 m. um lpis tem cerca de 1,3 x 10-1 m. um elefante tem cerca de 3 m. um avio ERJ da Embraer tem 23 m. um campo de futebol tem cerca 102 m. o prdio mais alto do Brasil, o Edifcio Mirante do Vale, em So Paulo, tem 170 m de altura. a linha do horizonte tem cerca de 3 x 104 m.
Um aspecto que necessariamente deve ser destacado que muitas coisas altamente significativas do mundo ocorrem fora dessa faixa de tamanho. Essas coisas pertencem ao mundo da micro ou da nanoescala.
A escala nano
O que vem a ser a escala nano? Antes de responder esta pergunta, bom fazer algumas colocaes. Os prefixos micro, nano, mili, centi so usados para que se possa especificar o fator pelo qual multiplicada uma determinada grandeza. Na verdade, esto associados com potncias de 10. Assim, como kilo corresponde a um fator 103, mili corresponde a 10-3. Na escala nano (nm), o fator de grandeza corresponde a 10-9. Assim, quando se fala de 1 nanmetro, refere-se a um fator de 10-9 do metro, ou seja, um bilionsimo do metro: 0,000 000 001m Esse tamanho aproximadamente 100 mil vezes menor do que o dimetro de um fio de cabelo, 30 mil vezes menor que um dos fios de uma teia de aranha ou 700 vezes menor que um glbulo vermelho. exatamente nessa escala de tamanho que a nanotecnologia trabalhada e que os objetos nanotecnolgicos so concebidos. Nessa mesma escala esto os tomos e as molculas.
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Nanotecnologia: mundo dos tomos e molculas
Vale a pena dar uma boa observada no Box 1, onde so comparados vrios tamanhos. Box 1 tomo (H) DNA Protenas Vrus Bactrias Clulas brancas 0,1 nm 2 nm 5-50 nm 75-100 nm 1000-10000 nm 10 000 nm
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Os nmeros que figuram no Box 1 so muito interessantes. So necessrios dez tomos de hidrognio colocados um ao lado do outro para termos apenas 1 nanmetro. senso comum considerar os vrus e as clulas brancas como entidades muito pequenas. Entretanto, dentro da escala nanomtrica, as clulas brancas so enormes, dado que as entidades tpicas tratadas pela nanotecnologia geralmente esto entre 1 e 100 nm. No se pode esquecer que 1.000 nanmetros igual a 1 mcron, portanto as clulas brancas podem ter at 10 mcrons ou 104 nm, ou seja, enormes frente ao tamanho de algumas entidades tpicas da nanotecnologia que figuram no Box 2.
Box 2 Nanopartculas Fulereno (C60) Quantum dot (CdSe) Dendrmeros 1-100 nm 1 nm 8 nm 10 nm
As definies das entidades citadas nos boxes 1 e 2 podem ser encontradas no site do Laboratrio de Qumica do Estado Slido da Universidade Estadual de Campinas (http://lqes.iqm.unicamp.br).
Efeitos e escala de tamanho

Efeitos como gravidade, frico, combusto, eletrosttica, foras de Van der Waals e movimentos brownianos estudados em livros de cincia esto, na intimidade, relacionados com escalas de tamanho.
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Gravidade Combusto
Eletrosttica
No Box 3 so apresentados os fenmenos e suas respectivas escalas de tamanho, mostrando que existe uma dependncia entre a escala de tamanho e os diferentes efeitos. Box 3 Centmetro Milmetro Micrmetro Nanmetro Angstrm Gravidade, frico, combusto Gravidade, frico, combusto, eletrosttica Eletrosttica, Van der Waals, browniano Eletrosttica, Van der Waals, browniano, quntico Mecnica quntica
Como mostrado no Box 3, ao entrar na escala nanomtrica, grande parte dos efeitos esto relacionados com os aspectos qunticos.
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Nano na natureza
Existe efeito nano na natureza? A resposta sim. Em vrias coisas bem conhecidas por todos. Por exemplo, quando a gua misturada com o leo, ocorre sobre a superfcie um efeito chamado iridescncia (efeito arco-ris). Efeito semelhante pode ser observado nas asas da borboleta azul e na prpria pena do pavo. Na verdade isso ocorre porque existem estruturas em escala nanomtrica, denominadas nanoestruturas, que, ao interagir com a luz, modulam o ndice de refrao causando interessante efeito ptico, no qual a cor muda com o ngulo de observao ou iluminao. As lagartixas sempre chamaram a ateno pelo fato de poderem andar nas superfcies do jeito que Iridescncia observada bem entenderem: de cabea para cima, de cabena borboleta azul a para baixo ou de lado. Tais animais tm essa autonomia decisria porque em suas patas existem nanoventosas, que acabam proporcionando uma fortssima adeso nas mais diferentes superfcies (alvenaria, plsticos, vidros, metais etc.).
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Lagartixa
Ventosas existentes nas patas da lagartixa
Os exemplos na natureza no ficam apenas nesses. Um efeito muito interessante creditado presena de nanoestruturas o chamado efeito ltus, que ocorre em muitas folhas de plantas. A presena das nanoestruturas faz com que a superfcie fique super-hidrofbica (tendncia a repelir a gua). Como resultado, tem-se que a gua no escorre, mas, literalmente, rola.
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Efeito ltus
Por fim, vale mencionar outro exemplo: os dentes. Graas presena de uma organizada nanoestrutura, os dentes apresentam elevada resistncia mecnica, o que permite a mastigao de alimentos slidos e duros, como amendoim, castanhas, polpa de coco ou uma ma bem verde.
A grande resistncia dos dentes se deve presena de nanoestruturas
Como visto, vrios fenmenos associados escala nano na natureza fazem parte do cotidiano, apesar de muitas vezes no nos darmos conta disso.
Nano na histria da cincia e do homem

Quando a nanotecnologia discutida, algumas pessoas pensam que ela comeou a existir no incio dos anos 80. O que pode ser verdade em relao ao nome. Entretanto, a preocupao do homem com o muito pequeno j vem de sculos atrs. Mas, ento, quando comeou? A histria comea no sculo V a.C., com Leucipo de Mileto, considerado o mestre de Demcrito, que desenvolveu a teoria de que tudo seria composto de partculas minsculas indivisveis e invisveis a olho nu, os ento chamados tomos. Essa idias chegaram at o sculo XIX, quando a noo da indivisibilidade do tomo foi acrescentada, por John Dalton (1803), idia de que os tomos seriam como bolas de bilhar e que os elementos eram constitudos por tomos do mesmo tipo. Nessa linha, Dalton enunciou que os compostos eram constitudos de tomos com razes especficas, o que o levou s conhecidas Leis Ponderais de Dalton. No incio do sculo XX, entra em cena Ernest Rutherford (1908) propondo o modelo de tomo similar ao sistema solar, depois de descobrir que os tomos eram constitudos, em sua maioria, de espao vazio com um ncleo denso positivamente carregado e circundado por eltrons (negativos). Finalmente, vem a contribuio de Niels Bohr (1915) que props o modelo pelo qual os eltrons giravam ao redor do ncleo em rbitas circulares e que somente algumas rbitas eram permitidas. Este modelo do tomo permitiu explicar o espectro de emisso do tomo de hidrognio. Essas contribuies mostram claramente que os homens de cincia h muito tempo vm se preocupando com o muito pequeno. Todavia, no foi s a cincia que avanou na direo do entendimento das relaes entre tamanho e propriedades. Vrios processos artesanais muito antigos se assemelham s nanofabricaes de hoje. So notveis os pigmentos feitos base de metais e seus compostos, sobretudo ouro, cobre e ferro, que serviram para construir os maravilhosos vitrais de catedrais da Europa.
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Vitral da Catedral de Chartres, 1300 d.C. (Frana)
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Sabre feito em ao de Wootz (Ao de Damasco) 1000-1300 d.C. (Sria)
Como ltimo ponto, destaca-se a metalurgia, que gerou o famoso ao de Wootz (ao de Damasco), que levanta a questo: os antigos metalurgistas dominavam a nanotecnologia? Recentemente descobriu-se que esses aos contm compostos de carbono semelhantes aos nanotubos, o que lhes conferem uma dureza excepcional.
A histria recente da nano

Esta histria poderia comear com as seguintes questes: a nanotecnologia um conhecimento novo ou uma ideia que vem se construindo h muito tempo? Sabe-se que h, pelo menos, 30 anos vrios laboratrios no mundo desenvolvem pesquisas na direo da miniaturizao, sobretudo de sistemas eletrnicos, nanopartculas, sistemas nanoparticulados etc. importante mencionar que a eletrnica trazia j em seu arcabouo conceitual ideias para o tratamento do muito pequeno. Muitos autores colocam o filme Viagem Fantstica (Fantastic Voyage), de 1966, baseado no livro de Isaac Asimov, como sendo um dos primeiros a revelar tais ideias para o grande pblico. Richard Feynman, em 1959, chamava a ateno para o fato de que, na dimenso atmica, trabalha-se com leis diferentes e, assim, devem ser esperados eventos diferenciados: outros tipos de efeitos e novas possibilidades.
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Miniaturizao
O termo nanotecnologia foi cunhado por Norio Taniguchi, em 1957, e abarcava em seu significado mquinas que tivessem nveis de tolerncia inferiores a 1 mcron (1.000 nm). Outros acontecimentos importantes permitiram a percepo da relevncia da nanotecnologia: i) o trabalho de Gerd Binning e Heinrich Roher, criadores do microscpio de tunelamento (scanning tunneling microscope), instrumento que permitiu a criao, modificao e processamento de imagens eletrnicas de tomos individuais, por meio de um software de computador, em 1981;
v) Nanotubos de carbono (NTC) iii) Drexler: fabricao de dispositivos com especificaes atmicas complexas
ii) Fulereno
ii) a descoberta dos fulerenos, que so a terceira forma mais estvel do carbono, por Robert Curl, Harold Kroto e Richard Smaley, em 1985; iii) a publicao do livro de Eric Drexler, Engines of Creation, que efetivamente popularizou a nanotecnologia, em 1981;
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iv) o feito de Donald Eigler ao lograr escrever o nome IBM, em 1989, com tomos individuais do elemento xennio (Xe); v) a descoberta dos nanotubos de carbono, que so estruturas cilndricas formadas por tomos de carbono e que possuem alta resistncia, por Sumio Lijima, no Japo, em 1991. Efetivamente, tais descobertas criaram um clima todo especial, pois colocavam a nanotecnologia como uma nova revoluo cientfica, potencializando o lanamento pelo Governo Clinton, em 2000, no Califrnia Institute of Technology, da National Nanotechnology Initiative, que proporcionou investimentos de US$ 495 milhes, dando uma visibilidade extraordinria a esse campo de pesquisa. Hoje, mais de 60 pases possuem iniciativas nacionais ligadas ao estudo das nanocincias e nanotecnologia, sendo que o total de investimento global ultrapassa US$ 5 bilhes.
Novas propriedades decorrentes da escala

Do ponto de vista cientfico, um dos aspectos que acaba tendo implicaes sobre as aplicaes reside no fato de que, na escala nanomtrica, muitas propriedades fundamentais, como as qumicas, as fsicas e as mecnicas dos materiais, mudam radicalmente. Um exemplo emblemtico deste aspecto est relacionado ao chamado vidro rubi, conhecido desde o sculo XVII. A variao do tamanho das partculas de ouro adicionadas na sua composio pode fazer com que o vidro adquira diferentes coloraes. Isso se verifica na Taa de Licurgo, antiguidade romana do sculo IV d.C (em exposio no Museu de Londres), que feita de bronze com um baixo relevo em vidro rubi. Pelo fato de as partculas de ouro terem cerca de 20 nm, o vidro apresenta colorao vermelha, pois tem uma absoro de luz por volta de 530 nm. Este efeito foi identificado por Faraday, j em 1857, em seus experimentos com coloides de metais. Isso quer dizer que possvel ter ouro de diferentes cores? A resposta sim. Dependendo do tamanho das partculas possvel ter ouro de colorao laranja, prpura, vermelha ou verde. Esse efeito chamado de efeito quntico de tamanho (quantum size effect) e as nanopartculas de pontos qunticos (quantum dots).
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Ouro macroscpico
O efeito quntico de tamanho no ocorre somente para nanopartculas metlicas. Esse efeito muito comum para os semicondutores. Na prxima figura mostrado o que acontece com o Seleneto de Cdmio (CdSe), semicondutor da famlia II-VI, contendo pontos qunticos de diferentes tamanhos (faixa de 2-7 nm).
Fonte: LQES/Unicamp
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Da esquerda para direita, possvel verificar o aumento do tamanho dos pontos qunticos. Na fileira superior pode-se observar vidros com solues dos pontos qunticos, enquanto na fileira inferior a fluorescncia das solues quando irradiadas com um laser. Tais variaes nas propriedades tm sido determinantes para a aplicao real desses nanomateriais nos diferentes segmentos industriais. Os exemplos tambm mostram as diferenas de comportamento dos materiais na escala nano e macro.
Como se faz nano?

As nanoestruturas podem, basicamente, ser feitas de dois modos: de cima para baixo (top-down) e de baixo para cima (botton-up). No top-down impe-se uma estrutura no sistema por meio da definio de padres e sua criao utilizando partes maiores. Nesse caso h necessidade do uso de maquinaria capaz de reproduzir os padres, como o caso da confeco de chips, que, via de regra, utiliza a tcnica de litografia e derivados (processo de gravao com luz). No top-down parte-se do entendimento e controle do comportamento quntico intramolecular, de molculas especificamente desenhadas e Confeco de chips por sintetizadas. Usam-se superfcies para localizlitografia: repetio do padro las e estabiliz-las. Os sistemas so interconectados, partindo-se de partes atmicas e/ou moleculares. Neste processo aproveita-se da auto-organizao. Em outras palavras, as coisas funcionam como partes que se encaixam. Comeamos com um bloco de construo e o sistema avana na direo de sua condio de maior estabilidade. Ao lado, pode-se observar uma ilustrao de como a auto-organizao pode ocorrer. De maneira geral, os processos top-down so realizados em sistemas secos, enquanto que os botton-up so realizados em meio aquoso ou solvente orgnico. Os fsicos e engenheiros preferem os processos top-down, ao passo que qumicos e bilogos utilizam mais os processos botton-up.
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Blocos de construo e o sistema auto-organizado
Convergncia cientfico-tecnolgica da nanotecnologia

Uma das caractersticas marcantes da nanotecnologia sua multidisciplinaridade. Trata-se de um encontro da qumica, fsica, engenharia e biologia. As diferentes interfaces so ricas de relevantes problemas cientficos e oportunidades de gerao de novas tecnologias. Pode ser observado no grfico abaixo que os materiais se constituem num ponto focal, de onde h uma irradiao para as mais diferentes reas.
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Interao da rea de materiais com outras grandes reas do conhecimento (quanto maior o tamanho do crculo, maior a atividade) Fonte: Universidade de Rice, Estados Unidos, 2009
Quanto aos aspectos tecnolgicos, tambm possvel observar extensas fronteiras de oportunidades nas interaes dos setores biofarma, infotecnologia e nanotecnologia, alimentados pelas grandes reas do conhecimento.
Fronteiras de oportunidades nas interaes dos setores Fonte: LQES/ Unicamp
Outro aspecto bastante peculiar da nanotecnologia, que alguns autores tm chamado ateno, est na quebra de um paradigma que permaneceu durante muito tempo: a separao no tempo entre a pesquisa fundamental e a aplicao - hoje com um intervalo bem menor. No se pode esquecer que, h muito tempo, os pesquisadores estudam entidades do tamanho de tomos e molculas. A qumica, a fsica, a espectroscopia, a bioqumica e a biologia esto relacionadas com as propriedades de tomos e molculas. Somente a partir dos anos 80 que foi possvel manipular isoladamente as nanopartculas. Na maioria dos casos, na escala nanomtrica no mais possvel distinguir as propriedades qumicas e fsicas dos nanossistemas, as quais dependem fortemente da maneira como os nanossistemas so sintetizados, arranjados e explorados. Qual a implicao dessa situao? Qumicos, fsicos, especialistas em materiais, engenheiros e bilogos devem trabalhar em conjunto a fim de no s compreender como tambm utilizar as propriedades dos nanossistemas.
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Onde est a nanotecnologia no setor produtivo?

Como possvel notar ao avanar na leitura da Cartilha, a nanotecnologia no somente promessa de futuro. Existe uma nanotecnologia permeando quase todo o setor produtivo mundial, ainda que de forma mais pronunciadamente incremental do que revolucionria, comeando a fazer parte dos portflios de um grande nmero de empresas, sejam as tipicamente nanotecnolgicas, sejam aquelas que esto rapidamente se adequando aos novos tempos. Os setores que mais tm se destacado no lanamento de produtos obtidos por via nanotecnolgica, ou contendo nanotecnologia embarcada, esto representados nas figuras abaixo.
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Energia
Iluminao
Automobilstico
Embalagens
Cosmticos
Tecidos
Frmacos
Esportes
No Box 4 so apresentadas informaes sobre produtos, juntamente com algumas observaes. Box 4
Setor Energia Tipo de Produto/Observaes Sistemas fotovolticos; clulas solares; grids de energia; baterias; ps para geradores elicos. LEDs baseados em quantum dots para iluminao pblica, domiciliar e automobilstica. Pinturas especiais (no riscam, autolimpantes); catalisadores para conversores catalticos para gases de escapamento; eletrnica embarcada; tecidos antibacterianos. Raquetes de tnis (nanotubos de carbono); roupas esportivas antitranspirantes e antibactericidas; calados para esportes; quadros para bicicletas; tacos de golf; luvas para esportes. Tecidos resistentes sujidades (efeito ltus); tecidos antibactericidas; tecidos tcnicos e no tecidos. Embalagens com propriedades de barreira (umidade, gases), base de nanocompsitos; embalagens inteligentes, sensveis a gases de decomposio de alimentos; recipientes bactericidas (prata) para guardar alimentos perecveis. Protetores solares; produtos para recuperao da pele; produtos contendo cores fsicas (ndice de refrao); produtos para maquiagem. Novas formas de administrao de frmacos (nanoemulses e nanopartculas); drug-delivery; terapia de cnceres.
Iluminao Automobilstico
Esportes
Tecidos
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Embalagens
Cosmticos
Frmacos
Alm dos setores destacados, o setor de Cincias da Vida merece recorte especial, na medida em que no s a parte de frmacos que se mostra em forte atividade. J existe no mercado, aprovados ou em vias de aprovao, diversos produtos: materiais implantveis, materiais bio-absorvveis, materiais para reparao ssea; sensores implantveis (presso); sistemas de drug-delivery com sensores e autodosadores (insulina); sistemas de processamento de alta performance e multianlise (DNA); implantes de retinas (eletrnicas) e sistemas de
audio (cocleares); ferramentas de diagnstico; lab-on-chips; entre outros. O setor eletrnico de alta performance tambm continua em forte atividade, com lanamentos prximos de chips sub-50nm, novas memrias, computadores de alta performance operando em teraflop, eletrnica flexvel, etiquetas eletrnicas, eletrnica ubqua (vestimentas, calados e acessrios). Tm sido observadas vrias aes no sentido de, efetivamente, fazer a conexo entre a nanotecnologia, sustentabilidade e mudanas climticas. Acredita-se que, nesta rea, sero inmeras as oportunidades de pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e negcios, sobretudo nas questes afeitas gua, aos desenvolvimentos de novos materiais para construo e ao aproveitamento de resduos urbanos, agricultura, consumo de energia e meio ambiente. No obstante s imensas possibilidades existentes, importante avaliar mesmo que um tanto superficialmente - como esto sendo e sero as geraes de novos produtos. Aqui so destacadas as idias de Mikail Roco, que desenvolveu quatro geraes de nanotecnologia:
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- Nanoestruturas passivas: de 2000 a 2005, a pesquisa trabalhou na primeira gerao de produtos feitos de nanopartculas, superfcies e materiais nanoestruturados; - Nanoestruturas ativas: a partir de 2006, as iniciativas de P&D se concentram na fabricao de elementos nanoeletrnicos (transistores, amplificadores), de sistemas de distribuio de medicamentos (drug-delivery) e de estruturas adaptativas; - Sistemas de nanossistemas: Em 2010, os grandes objetivos esto relacionados, sobretudo, produo controlada de montagens de nanossistemas, de novas arquiteturas e redes para eletrnica, de desenvolvimento da robtica e de sistemas evolutivos; - Nanossistemas moleculares: ao redor de 2015-2020, tratar-se- de conceber novos dispositivos moleculares e de tornar possvel sua concepo em nvel atmico com a realizao de funes emergentes. Essas geraes de produtos certamente levaro ao uso da nanotecnologia revolucionria, que alguns chamam de disruptivas, que criam a necessidade de estar atento e com capacidade para acompanhar e participar dos novos desafios cientficos e tecnolgicos.
Qual o tamanho do negcio nanotecnologia?

H vrias previses para o mercado global da nanotecnologia envolvendo a produo e a comercializao de produtos e equipamentos. Das mais s menos otimistas, todas convergem para o valor de mais de um trilho de dlares, em 2015. Os mais otimistas chegam a falar em US$ 3,5 trilhes, em 2015, como o caso de Josh Wolf, da Lux Capital (USA). Segundo a Lux, o mercado global de nanotecnologia faturou, em 2007, cerca de US$ 146,4 bilhes. A distribuio regional mostrada no grfico abaixo.
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Mercado global de nanotecnologia (2007) Fonte: Lux Capital (EUA)
Este tamanho de mercado - juntamente com o potencial multi-industrial da nanotecnologia - tem feito crescer o interesse de governos, corporaes, empresas de capital de risco e pesquisadores acadmicos pela nanotecnologia. Existem no mundo mais de 60 iniciativas nacionais voltadas para a rea. Segundo o governo americano, de 1997 a 2005, aproximadamente US$ 18 bilhes foram investidos globalmente em nanotecnologia. So poucos os negcios no mundo que apresentam nmeros to elevados. difcil no se convencer de que a nanotecnologia - alm de uma grande plataforma tecnolgica - uma interessante oportunidade para as empresas.
Produtos no mercado
muito difcil saber exatamente quantos produtos obtidos por nanotecnologia ou que contm nanotecnologia embarcada esto sendo comercializados atualmente no mundo. O Projeto PEN (Project on Emerging Nanotechnology) da Woodrow Wilson (EUA), vem reportando desde 2005 informaes voluntrias dos fabricantes. Em 2005, o nmero de produtos informados era de 54. Passados cinco, anos j ultrapassa 1.015. Mantida essa tendncia, em 2011 so esperados cerca de 1.500 produtos.
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Fonte: PEN Project (agosto 2009)
Um detalhamento dos dados do projeto PEN (grfico a seguir) mostra que a categoria onde aparecem mais produtos a Sade e Fitness, dentro da qual temos: vesturio, cosmticos, filtros, cuidados pessoais, artigos esportivos e protetores solares.
Fonte: PEN Project (agosto 2009)
Quanto aos pases detentores de depsitos de patentes de produtos nanotecnolgicos, temos o seguinte quadro: Estados Unidos (540), sia (240), Europa (154) e outros (66). importante ressaltar que os produtos esto sendo comercializados em todo o mundo, mesmo antes de se ter uma legislao especfica para sistemas contendo nanoestruturas.
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Construindo uma nanotecnologia cada vez mais segura

Um grande nmero de atividades tem sido realizado com o olhar voltado para os impactos da nanotecnologia sobre a sade humana e o meio ambiente. Por se tratar de tecnologia emergente, a nanotecnologia ainda no tem um histrico importante relativamente a tais aspectos, o que determina a necessidade de estudos experimentais intensivos. Os resultados obtidos, notadamente nos trs ltimos anos, a despeito da ausncia de padres consensuais (nanometrologia), tm permitido a vrias agncias internacionais, organizaes e governos a elaborao de recomendaes, normas e procedimentos para tratar destas questes. Tem sido, ainda, observada importante discusso relacionada a uma melhor definio da nanotecnologia dentro do escopo do REACH, legislao que normatiza a circulao de produtos qumicos nacionais e importados no mbito do territrio da Comunidade Europia. Atualmente, j se pode contar com uma vasta literatura produzida por instituies como Environmental Protection Agency (EPA), Food and Drug Administration (FDA), National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), International Organization for Standardization (ISO), entre outras, que est servindo de base para que as indstrias desenvolvam seus projetos, produtos e processos. Nos anexos apresentado um inventrio de documentos, bem como os respectivos links para acesso. A legislao para a nanotecnologia est passando por uma inflexo, na medida em que deixa de ser voluntria para ser mandatria (legalmente obrigatria). Estados Unidos e Comunidade Europia esto trabalhando juntos na construo de legislaes harmonizadas.
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Os produtos brasileiros
No Brasil, existem no mercado vrios produtos que incorporam o conhecimento nanotecnolgico. A disseminao dos mesmos para o grande pblico feita por meio de campanhas publicitrias ou releases das empresas. Nas figuras seguintes apresentamos alguns produtos.
Pigmentos para tintas
Secadores de cabelo
Lpis
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Tratamento de gua
Esterilizadores de gua
Cosmticos
Palmilhas
Apesar de terem sido apresentados apenas alguns produtos, possvel afirmar, sem muita chance de erro, que existem atividades nanotecnolgicas em empresas nos seguintes setores: cosmticos, tecidos, cermicos, ambiental, tintas, calados, plsticos, frmacos, entre outros. A maturao de vrios projetos, financiados pelo programa de subveno econmica da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), poder determinar um aumento na oferta de produtos brasileiros de base nanotecnolgica.
Cadeia de valor da nanotecnologia

Um dos pontos que comea a receber realce no desenvolvimento industrial da nanotecnologia o estabelecimento de sua cadeia de valor. Em um primeiro momento, as empresas desenvolviam seus produtos integralmente, por no existir ainda uma segmentao de atividades no setor. Atualmente, fica claro que existem empresas que atuam em diferentes pontos da cadeia, como mostrado na figura abaixo. Nanomateriais Nanointermedirios Produtos
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Estruturas em nanoescala no processadas
Produtos intermedirios com caractersticas de nanoescala
Bens finais com nanotecnologia incorporada
Nanopartculas, nanotubos, quantum-dots, fulerenos, dendrmeros, materiais nanoporosos etc.
Recobrimentos, tecidos, memrias, chips lgicos, meios de contraste, componentes pticos, materiais ortopdicos etc.
Fonte: LQES/Unicamp
Automveis, vesturio, avies, computadores, eletrnicos de consumo, dispositivos, frmacos, alimentos processados, contineres de plstico etc.
Um exemplo interessante a destacar o da indstria ligada aos nanotubos de carbono. Primeiro, observa-se que as facilidades industriais e os investimentos colocaro a produo deste material em um patamar anunciado de mais de 3.000 toneladas/ano, em 2012. Segundo, observa-se que, na atividade, j foram identificados no s grandes conglomerados qumicos (Bayer, Nanocyl, Showa Denko), mas tambm empresas que esto fazendo o papel de integradoras, na medida em
que colocam no mercado um grande nmero de formulaes polimricas contendo nanotubos. Na ponta da linha esto os aplicadores de materiais formulados. Dentro desta lgica, muito recentemente foi apresentado o uso de uma formulao contendo nanotubos e matriz polimrica para ser usada no revestimento de cascos de navios petroleiros, a fim de evitar o aparecimento de cracas. Na verdade, pode-se dizer que a nanotecnologia cria um jogo no qual muitas reas tcnicas e de produtos so os protagonistas.
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Nano e polticas pblicas

Um aspecto importante da nanotecnologia est na possibilidade de sua forte interao com as polticas pblicas, sobretudo nos pases em desenvolvimento. Suas amplas potencialidades permitem propor novas solues para diferentes e importantes problemas ligados sade, habitao, transportes, meio ambiente, saneamento bsico, entre outras. Os pontos citados vm sendo debatidos internacionalmente, nos quais existem um grande espao para a nanotecnologia: armazenamento, produo e converso de energia; incremento da produtividade da agricultura; tratamento de gua e poluio ambiental; diagnstico e screening de doenas; sistemas de entrega de frmacos (drug delivery); processamento e armazenamento de alimentos; poluio do ar e remediao; materiais para construo; monitoramento da sade humana e animal; vetores, deteco e controle de pragas. muito importante lanar um olhar atento para aquilo que tem sido chamado de nanogeopoltica, no sentido de utilizar da maneira mais apropriada possvel nossos recursos minerais, especialmente aqueles que comeam a se tornar matrias-primas cruciais para a nanotecnologia: ltio, ndio, nibio, zircnio e grafite.
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Consideraes finais
A nanotecnologia est sendo incorporada seletivamente aos produtos finais, especificamente na indstria aeroespacial, automotiva, tintas, frmacos, eletrnica e nanocompsitos, entre outros. Em 2009, constatou-se um mercado efetivo ligado s inovaes nanotecnolgicas. A eletrnica e tecnologia da informao (TI), os microprocessadores e chips de memria construdos usando processos de nanoescala comearam a chegar ao mercado. De 2012 em diante, a nanotecnologia se tornar comum na produo de bens manufaturados. As aplicaes no tratamento mdico e nas Cincias da Vida se tornaro significativas, tais como novos frmacos, dispositivos mdicos e ferramentas de diagnstico. Finalmente, as palavras de Raj Bawa so plenamente apropriadas: as nanotecnologias no so uma indstria, mas estaro presentes em todas as indstrias.
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Informaes bibliogrficas adicionais relacionadas com o tema

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Anexo 1
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Anexo 2
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No. 8 - ENV/JM/MONO(2009)6 Preliminary Analysis of Exposure Measurement and Exposure Mitigation in Occupational Settings: Manufactured Nanomaterials. http://www.olis.oecd.org/olis/2009doc.nsf/ linkto/env-jm-mono(2009)6, acessada em maio de 2010. No. 9 - ENV/JM/MONO(2009)10 EHS Research Strategies on Manufactured Nanomaterials: Compilation of Outputs. http://www.olis.oecd. org/olis/2009doc.nsf/linkto/ENV-JM-MONO(2009)10, acessada em Maio de 2010. No. 10 - ENV/JM/MONO(2009)15 Identification, Compilation and Analysis of Guidance Information for Exposure Measurement and Exposure Mitigation: Manufactured Nanomaterials. http://www.olis.oecd. org/olis/2009doc.nsf/linkto/ENV-JM-MONO(2009)15, acessada em maio de 2010. No. 11 - ENV/JM/MONO(2009)16 Emmision Assessment for Identification of Sources and Release of Airborne Manufactured Nanomaterials in the Workplace: Compilation of Existing Guidance. http://www.olis. oecd.org/olis/2009doc.nsf/linkto/ENV-JM-MONO(2009)16, acessada em maio de 2010.
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No. 12 - ENV/JM/MONO(2009)17 Comparison of Guidance on Selection of Skin Protective Equipment and Respirators for Use in the Workplace: Manufactured Nanomaterials. http://www.olis.oecd.org/olis/ 2009doc.nsf/linkto/ENV-JM-MONO(2009)17, acessada em maio de 2010. No. 13 - ENV/JM/MONO(2009)18 Report of an OECD Workshop on Exposure Assessment and Exposure Mitigation: Manufactured Nanomaterials. http://www.olis.oecd.org/olis/2009doc.nsf/linkto/env-jmmono(2009)18, acessada em maio de 2010. No. 14 - ENV/JM/MONO(2009)20 Guidance Manual for the Testing of Manufactured Nanomaterials: OECDs Sponsorship Programme. http:// www.olis.oecd.org/olis/2009doc.nsf/linkto/env-jm-mono(2009)20, acessada em maio de 2010. No. 15 - ENV/JM/MONO(2009)21 Preliminary Review of OECD Test Guidelines for their Applicability to Manufactured Nanomaterials. http:// www.olis.oecd.org/olis/2009doc.nsf/linkto/env-jm-mono(2009)21, acessada em maio de 2010. No. 16 - ENV/JM/MONO(2009)22 Manufactured Nanomaterials: Work Programme 2009- 2012 . http://www.olis.oecd.org/olis/2009doc.nsf/ linkto/env-jm-mono(2009)22, acessada em maio de 2010. No. 17 - ENV/JM/MONO(2009)23 Current Developments in Delegations and other International Organisations on the Safety of Manufactured
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Anexo 3
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Anexo 4
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Anexo 6
50
PARTICLE_RISK: Risk assessment of exposure to particles from new and emerging science and technology (NEST). www. iom-world.org/research/particle_risk.php, acessada em maio de 2010. Project on Emerging Nanotechnologies (PEN) Web. http://www. nanotechproject.org/, acessada em maio de 2010. SafeNano Web site. http://www.safenano.org/, acessada em Maio de 2010. SAPHIR Safe NanoManufacturing: Safe, Integrated & controlled production of high-tech multifunctional materials and their recycling. www.saphir-project.eu, acessada em maio de 2010. Strategy of Qubec and Canada: the mission of NanoQubec. http://nanoquebec.ca, acessada em maio de 2010. The DIPNA project: a platform for the nanotoxicological investigations. www.dipna.net, acessada em maio de 2010. The NanoCare project: a German initiative on health aspects of synthetic nanoparticles. www.nanopartikel.info, acessada em maio de 2010. University of Wisconsins Nanoscale Science & Engineering Center Nanotechnology Risk Resource Web site. http://www.nsec. wisc.edu/NanoRisks/NS-NanoRisks.php, acessada em maio de 2010.
51
Equipamentos comerciais para a produo segura e uso de nanomateriais CORDOUAN Technologies: Solutions for particle size measurements in dispersion: the DL135. www.cordouan-tech.com, acessada em maio de 2010. Grimm Aerosol Technik GmbH, ECOMESURE: New methods and standards for fine dust monitoring. www.grimm-aerosol.com / www.ecomesure.com, acessadas em maio de 2010. JACOMEX - designs, manufactures and commercialises glove boxes, isolators and inert gas purification systems. http://www.jacomex. com/gb/, acessada em maio de 2010. Nanosight: Systems For characterisation of nanoparticle dispersions. www.nanosight.co.uk, acessada em maio de 2010. Philips Aerasense: Monitoring of airborne nano particles at industrial workplaces by means of a portable device will enable strategies to reduce exposure levels and improve the health and safety of workers. www.aerasense.com, acessada em maio de 2010. Sperian Protection Clothing. www.sperianprotection.com, acessada em maio de 2010. TSI: Measurement, monitoring and exposure assessment of nanoparticles. www.tsi.com, acessada em maio de 2010.
Anexo 7
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53
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