Policia Do Goias
Policia Do Goias
Policia Do Goias
7908403553754
POLÍCIA CIENTÍFICA
GOIÁS - GO
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Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores 8
e de outros elementos de sequenciação textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Emprego de tempos e modos verbais. Emprego das classes de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
6. Domínio da estrutura morfossintática do período . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos 19
da oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
10. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
11. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
12. Colocação dos pronomes átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
13. Reescrita de frases e parágrafos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
14. Significação das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
15. Substituição de palavras ou de trechos de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
16. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
17. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3. Agentes públicos: espécies e classificação, poderes, deveres e prerrogativas, cargo, emprego e funções públicas................... 93
4. Regime jurídico dos servidores públicos civis do Estado de Goiás (Lei Estadual nº 20.576/2020).............................................. 111
5. Sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade administrativa (Lei Federal nº 8.429/1992)......................... 151
6. Lei de licitações e contratos administrativos (Lei Federal nº 14.133/2021)................................................................................. 167
7. Poderes administrativos: poderes hierárquico, disciplinar e regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder................ 237
8. Atos administrativos: conceitos, requisitos, atributos, classificação, espécies e invalidação...................................................... 244
9. Controle e responsabilização da Administração: controles administrativo, judicial e legislativo................................................ 255
10. Responsabilidade civil do Estado................................................................................................................................................. 260
Legislação especial
1. Lei Federal n° 13.675/2018, que disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública, 395
cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e institui o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP)
2. Lei Federal n° 13.869/2019, que dispõe acerca dos crimes de abuso de autoridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 406
3. Lei Federal n° 9.455/1997, que define os crimes de tortura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
4. Lei Federal n° 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
5. Lei Federal n° 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 446
6. Crimes de Trânsito (arts. 291 a 312-B da Lei Federal n° 9.503/1997) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 448
7. Lei Federal n° 12.030/2009, que dispõe acerca das perícias oficiais e dá outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 450
8. Bancos de Perfis Genéticos (Lei Federal n° 12.654/2012 e Lei Federal n° 13.964/2019) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 450
Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊ-
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
NEROS VARIADOS
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido Apresenta um enredo, com ações
completo. e relações entre personagens, que
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e ocorre em determinados espaço e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador,
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua e se estrutura da seguinte maneira:
interpretação. apresentação > desenvolvimento >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- determinado ponto de vista,
tório do leitor. TEXTO DISSERTATIVO- persuadindo o leitor a partir do
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO uso de argumentos sólidos. Sua
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- estrutura comum é: introdução >
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido desenvolvimento > conclusão.
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar Procura expor ideias, sem a
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. necessidade de defender algum
ponto de vista. Para isso, usa-
Dicas práticas TEXTO EXPOSITIVO se comparações, informações,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- definições, conceitualizações
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- etc. A estrutura segue a do texto
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, dissertativo-argumentativo.
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
Expõe acontecimentos, lugares,
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
pessoas, de modo que sua finalidade
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
TEXTO DESCRITIVO é descrever, ou seja, caracterizar algo
cidas.
ou alguém. Com isso, é um texto rico
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
em adjetivos e em verbos de ligação.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de Oferece instruções, com o objetivo
opiniões. de orientar o leitor. Sua maior
TEXTO INJUNTIVO
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- característica são os verbos no modo
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- imperativo.
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do Gêneros textuais
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
quando afirma que... da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Artigo
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Bilhete
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bula
classificações. • Carta
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LÍNGUA PORTUGUESA
8
LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.
Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e
informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.
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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA,
CULTURAL, POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
E DO BRASIL
FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A MINERAÇÃO NO ro do leilão era enviado a Portugal, como renda pessoal do rei. As
SÉCULO 18I, A AGROPECUÁRIA NOS SÉCULOS 19 E 20, A demais datas eram distribuídas por sorteio aos mineradores que
ESTRADA DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA possuíssem um mínimo de doze escravos para poder explorá-las.
GOIANA Cada minerador tinha direito a uma data por vez. Repare que a ati-
vidade mineradora era extremamente intensiva em utilização de
mão-de-obra. Doze homens trabalhavam junto em um espaço de
A Ocupação Mineratória – Mineração apenas uma lavra.
Enquanto o século XVII representou etapa de investigação das
possibilidades econômicas das regiões goianas, durante a qual o O início da mobilidade social
seu território tornou-se conhecido, o século XVIII, em função da ex- Diferentemente da economia canavieira (cana-de-açúcar) que
pansão da marcha do ouro, foi ele devassado em todos os sentidos, tinha uma sociedade estamental (no estado em que você nasceu
estabelecendo -se a sua efetiva ocupação através da mineração. A permanece), a sociedade mineradora não era estática. Havia a pos-
primeira região ocupada em Goiás foi a região do Rio Vermelho. sibilidade, mesmo que pequena, de mudança de classe social. Foi o
Entre 1727 e 1732 surgiram diversos arraiais, além de Santana (pos- início da mobilidade social no Brasil.
teriormente Vila Boa de Goiás), em consequência das explorações
auríferas ou da localização na rota de Minas para Goiás. Em 1736 Existiam dois tipos de mineradores, o grande, era o minerador
já havia nas minas de Goiás 10.236 escravos. Nas proximidades de de lavra, e o pequeno, o de faiscamento. O minerador de lavra era
Santana surgiram os arraiais de Anta e Ouro Fino; mais para o Nor- aquele, dono de pelo menos 12 escravos, que participava do sorteio
te, Santa Rita, Guarinos e Água Quente. Na porção Sudeste, Nossa das datas e tinha o direito de explorar os veios de ouro em primeiro
Senhora do Rosário da Meia Ponte (atual Pirenópolis) e Santa Cruz. lugar. Quando uma lavra começava a demonstrar esgotamento e a
Outras povoações surgidas na primeira metade do século XVIII fo- produtividade caía geralmente ela era abando ada e, a partir deste
ram: Jaraguá, Corumbá e o Arraial dos Couros (atual Formosa), na momento, o faiscador poderia ficar com o que sobrou dela.
rota de ligações de Santana e Pirenópolis a Minas Gerais. O faiscador era o minerador com pequena quantidade de es-
Ao longo dos caminhos que demandavam a Bahia, mais ao Nor- cravos, insuficientes para participar dos sorteios, ou mesmo o tra-
te, na bacia do Tocantins, localizaram-se diversos núcleos popula- balhador individual, que só tinha a sua bateia para tentar a sorte
cionais, como São José do Tocantins (Niquelândia), Traíras, Cachoei- nas lavras abandonadas. Alguns conseguiram ir juntando ouro su-
ra, Flores, São Félix, Arraias (TO), Natividade (TO), Chapada (TO) e ficiente para adquirir mais escravos e, posteriormente, passaram a
Muquém. Na década de 1740 a porção mais povoada de Goiás era ser grandes mineradores. Alguns até fizeram fortuna.
o Sul, mas a expansão rumo ao norte prosseguia com a implantação Existem registro de alguns proprietários de escravos que os dei-
dos arraiais do Carmo (TO), Conceição (TO), São Domingos, São José xavam faiscar nos seus poucos momentos de descanso e alguns até
do Duro (TO), Amaro Leite, Cavalcante, Vila de Palma (T O), hoje conseguiram comprar a sua carta de alforria, documento que garan-
Paranã, e Pilar de Goiás e Porto Real (TO), atual Porto Nacional, a tia a liberdade ao escravo. Tropeiros que abasteciam as regiões mi-
povoação mais setentrional de Goiás. neradoras também conseguiram enriquecer. Tome cuidado, porém,
com uma coisa. A mobilidade social era pequena, não foi suficiente
O sistema de datas para desenvolver uma classe média.
Era através do sistema de datas que se organizava a exploração Classe social pressupõe uma grande quantidade de pessoas,
do ouro, conforme o ordenamento jurídico da época. Assim que um e o número daquelas que conseguiam ascender não era suficiente
veio de ouro era descoberto em uma região mineradora, imediata- para isso. Só se pode falar em classe média no Brasil, a partir da
mente, o Superintendente das Minas ordenava que a região fosse industrialização.
medida e dividida em lotes para poder ter início o processo de mi-
neração. Cada lote tinha a medida de 30 x 30 braças (uma braça tem Povoamento irregular
2,20m), ou seja, aproximadamente 66 x 66m. Estes lotes recebiam O povoamento determinado pela mineração do ouro é um
a denominação de datas e, cada data, por sua vez, era equivalente povoamento muito irregular e mais instável; sem nenhum plane-
a uma lavra de mineração. jamento, sem nenhuma ordem. Onde aparece ouro, ali surge uma
As datas se distribuíam da seguinte forma: povoação; quando o ouro se esgota, os mineiros mudam-se para
- O minerador responsável pelo achado escolhia a primeira outro lugar e a povoação definha e desaparece, isso porque o ouro
data para si. Um funcionário da Real Fazenda (o ministério respon- encontrado em Goiás era o ouro de aluvião, em pequenas partí-
sável pela mineração na época) escolhia a segunda data para o rei. culas, que ficavam depositadas no leito de rios e córregos ou no
O responsável pelo achado tinha o direito de escolher mais uma. sopé das montanhas, geralmente. Sua extração era rápida e logo as
- O rei não tinha interesse em explorar diretamente a sua data jazidas se esgotavam forçando os mineiros a se mudarem em busca
e ordenava que ela fosse leiloada entre os mineradores interessa-
dos em explorá-la. Quem pagasse mais ficaria com ela. O dinhei-
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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL
de novas áreas para mineração. A produção de ouro em Goiás foi assim que chegou ao Brasil, em 1808, passou a incentivar a agricul-
maior que a de Mato Grosso, porém muito menor que em Minas tura, a pecuária, o comércio e a navegação dos rios. Várias medidas
Gerais. O declínio da produção foi rápido. foram anunciadas, mas a maioria nunca saiu do papel:
O pico de foi em 1753, mas 50 a nos depois a produção já era 1) Foi concedida a isenção de impostos pelo período de 10
insignificante. Luís Palacín afirma que esses são os dados oficiais anos aos lavradores que, nas margens dos rios Tocantins, Araguaia
disponíveis, porém, o volume de ouro extraído deve ter sido muito e Maranhão fundassem estabelecimentos agrícolas.
maior. De acordo com esse historiador, a maior parte do ouro re- 2) Ênfase à catequese do índio para aculturá-lo e aproveitá-lo
tirada era sonegada para fugir dos pesados impostos e, portanto, como mão-de-obra na agricultura.
não sabemos ao certo quanto ouro foi retirado de fato das terras 3) Criação de presídios às margens dos rios, com os seguintes
goianas. objetivos: proteger o comércio, auxiliar a navegação e aproveitar
o trabalho dos nativos para o cultivo da terra. Presídios eram co-
Declínio da Mineração lônias militares de povoamento, defesa e especialização agrícola.
A partir da segunda metade do século XVIII, Portugal começou Em Goiás, os mais importantes foram Santa Maria (atual Aragua-
a entrar em fase de decadência progressiva, que coincidiu com o cema-TO), Jurupense, Leopoldina (atual Aruanã-GO), São José dos
decréscimo da produtividade e do volume médio da produção das Martírios. Na verdade, deram poucos resultados, por causa do iso-
minas do Brasil. Então desde 1778, a produção bruta das minas de lamento e da inaptidão dos soldados no cultivo da terra. A maioria
Goiás começou a declinar progressivamente, em consequência da desses presídios desapareceu com o tempo.
escassez dos metais das minas conhecidas, da ausência de novas 4) D. João VI, atendendo a uma antiga demanda de vários ca-
descobertas e do decréscimo progressivo do rendimento por escra- pitães-generais (governadores) de Goiás que reclamavam do ta-
vo. O último grande achado mineratório em Goiás deu-se na cidade manho gigantesco da área geográfica de Goiás, dividiu o território
de Anicuns, em 1809, no sul da capitania. goiano em duas comarcas: a do sul, compreendendo o s julgados
de Goiás (cabeça ou sede), de Meia Ponte, de Santa Cruz, de Santa
A atividade agropecuária nas regiões mineradoras Luzia, de Pilar, de Crixás e de Desemboque; a do norte ou Comarca
Assim que foram descobertas grandes jazidas de ouro no Bra- de São João das Duas Barras, compreendendo os julgados de V ila
sil logo se organizou uma hierarquia da produção: os territórios de de São João da Palma (cabeça ou sede), de Conceição, de Nativida-
minas deveriam dedicar-se exclusivamente – ou quase exclusiva- de, de Porto Imperial, de São Félix, de Cavalcante e de Traíras. Foi
mente – à produção de ouro, sem desviar esforços na produção de nessa época que surgiram através da navegação: Araguacema, To-
outros bens, que poderiam ser importados. Isso era resquício da cantinópolis, Pedro Afonso, Araguatins e Tocantínia e pela expansão
mentalidade Mercantilista, em voga na época, que, durante muito da criação de gado, Lizarda.
tempo, identificou a riqueza com a posse dos metais preciosos. Os
alimentos e todas as outras coisas necessárias para a vida vinham A divisão de Goiás em duas comarcas
das capitanias da costa. As minas eram assim, uma espécie de co- Esta foi a semente que deu origem ao atual estado do Tocan-
lônia dentro da colônia, no dizer do historiador Luís Palacín. Isso tins, pois ficou determinado que a divisa das duas comarcas fosse
nos explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em mais ou menos à altura do paralelo 13º., atual fronteira entre os
Goiás, durante os cinquenta primeiros anos. Tal sistema não se de- dois estados. Outro fato importante foi a nomeação de Joaquim
via exclusivamente aos desejos e à política dos dirigentes; era tam- Teotônio Segurado como Ouvidor da Co marca do Norte, que aca-
bém decorrente da mentalidade do povo. bou liderando o primeiro movimento separatista. O avanço da Pe-
cuária Com a decadência da mineração a pecuária tornou -se uma
O Final da Mineração e Tentativa de navegação no Araguaia opção natural, por vários motivos:
e Tocantins 1) O isolamento provocado pela falta de estradas e da precária
A partir de 1775, com a mineração em franco declínio, o Pri- navegação impediam o desenvolvimento de uma agricultura co-
meiro Ministro de Portugal, Sebastião de Carvalho e Melo, Marquês mercial.
de Pombal, toma diversas medidas para diversificar a economia no 2) O gado não necessita de estradas, auto locomove-se por tri-
Brasil, sendo que várias delas vão afetar diretamente a capitania lhas e campos até o local de comercialização e/ou abate.
de Goiás. A primeira, como tentativa de estimular a produção, foi 3) Existência de pastagem natural abundante. Especialmente
isentar de impostos por um período de 10 anos os lavradores que nos chamados cerrados de campo limpo.
fundassem estabelecimentos agrícolas às margens dos rios. Dentre 4) O investimento era pequeno e o rebanho se se multiplica
os produtos beneficiados estavam o algodão, a cana-de-açúcar e o naturalmente.
gado. A segunda medida foi a criação, em 1775 da Companhia de 5) Não necessita de uso de mão-de-obra intensiva, como na
Comércio do Grão Pará e Maranhão, para explorar a navegação e o mineração. Aliás, dispensa mão-de-obra escrava.
comércio nos rios amazônicos, incluindo os rios Araguaia e Tocan- 6) Não era preciso pagar salário aos vaqueiros, que eram ho-
tins. O Marquês de Pombal também ordenou a criação dos chama- mens livres e que trabalhavam por produtividade. Recebiam um
dos aldeamentos indígenas. Todas essas medidas fracassaram. percentual dos bezerros que nasciam nas fazendas (regime de
sorte). Um novo tipo de povoamento se estabeleceu a partir do fi-
Novas tentativas de reativação da Economia nal do século XVIII, sobretudo no Sul da capitania, onde campos
Na primeira metade dos éculos XIX, era desolador o estado da de pastagens naturais se transformaram em centros de criatório.
capitania de Goiás. Co m a decadência a população não só diminuiu A necessidade de tomar dos silvícolas (índios) áreas sob seu domí-
como se dispersou pelos sertões, os arraiais desapareciam ou se nio, que estrangulavam a marcha do povoamento rumo às porções
arruinavam e a agropecuária estava circunscrita à produção de sub- setentrionais (norte), propiciou também a expansão da ocupação
sistência. Como medidas salvadoras, o príncipe regente D. João VI, neste período.
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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL
A ocupação de Goiás, quando no Sul e no Norte de Goiás, no causa da independência brasileira, diferenciando-se, portanto, do
início do século XIX, a mineração era de pequena monta, fazendo “grupo de radicais”, liderados pelo Padre Luíz Bartolomeu Marques,
surgir um novo surto econômico e de povoamento representado originário de Vila Boa. O ouvidor defendia a manutenção do vínculo
pela pecuária, estabelecida através de duas grandes vias de pene- com as Cortes de Lisboa, sendo inclusive, eleito representante goia-
tração: a do Nordeste, representada por criadores e rebanhos nor- no para aquela assembleia, cuja função seria elaborar uma Consti-
destinos, que pelo São Francisco se espalharam pelo Oeste da Bah- tuição comum para todos os territórios ligados à Coroa Portuguesa.
ia, penetrando nas zonas adjacentes de Goiás. O Arraial dos Couros
(Formosa) foi o grande centro dessa via. A de São Paulo e Minas Ge- Estrada de ferro dinamiza povoamento de Goiás
rais, que através dos antigos caminhos da mineração, penetrou no A construção da Estrada de Ferro foi o primeiro dinamismo na
território goiano, estabilizando-se no Sudoeste da capitania. Assim, urbanização de Goiás. Em 1896 a Estrada de Ferro Mogiana chegou
extensas áreas do território goiano foram ocupadas em função da até Araguari (MG). Em 1909, os trilhos da Paulista atingiram Bar-
pecuária, dela derivando a expansão do povoamento e o surgimen- retos (SP). Em 1913 Goiás foi ligado à Minas Gerais pela E.F. Goiás
to de cidades como Itaberaí, inicialmente uma fazenda de criação, e e pela Rede Mineira de Viação. Inaugurava -se uma nova etapa na
Anápolis, local de passagem de muitos fazendeiros de gado que iam ocupação do Estado.
em demanda à região das minas e que, impressionados com seus O expressivo papel das ferrovias na intensificação do povoa-
campos, aí se instalaram. mento goiano ligou-se a duas ordens principais de fato res: de um
lado, facilitou o acesso dos produtos goianos aos mercados do li-
A pecuária toral; de outro, possibilitou a ocupação de vastas áreas da região
Está se desenvolve melhor no Sul devido ao povoamento oriun- meridional de Goiás, correspondendo à efetiva ocupação agrícola
do da pecuária, entretanto, apresentou numerosos problemas. Não de parte do território goiano.
foi, por exemplo, um povoamento uniforme: caracterizou-se pela Entre 1888 e 1930, o adensamento e a expansão do povoa-
má distribuição e pela heterogeneidade do seu crescimento. Pros- mento nas porções meridionais de Goiás ( Sudeste, Sul e Sudoeste)
perou mais no Sul, que ficava mais perto do mercado consumidor evidenciaram- se através da formação de diversos povoados, como:
do Sudeste e do litoral. Enquanto algumas áreas permaneceram es- Santana das Antas (Anápolis), Rio Verde das Abóboras (Rio Verde),
tacionárias – principalmente no Norte, outras decaíram (os antigos São Sebastião do Alemão (Palmeiras), Nazário, Catingueiro Grande
centros mineradores), e outras ainda, localizadas principalmente na (Itauçu), Inhumas, Cerrado (Nerópolis), Ribeirão (Guapó), Santo An-
região Centro-Sul, surgiram e se desenvolveram, em decorrência tônio das Grimpas (Hidrolândia), Pindaibinha (Leopoldo de Bulhões),
sobretudo do surto migratório de paulistas, mineiros e nordestinos. Vianópolis, Gameleira (Cristianópolis), Urutaí, Goiandira, Ouvidor,
Durante o século XIX a população de Goiás aumentou continua- Cumari, Nova Aurora, Boa Vista de Marzagão (Marzagão), Cachoei-
mente, não só pelo crescimento vegetativo, como pelas migrações ra Alta, São Sebastião das Bananeiras (Goiatuba), Serrania (Mairipo-
dos Estados vizinhos. taba), Água Fria (Caçu), Cachoeira da Fumaça (Cachoeira de Goiás),
Os índios diminuíram quantitativamente e a contribuição es- Santa Rita de Goiás, Bom Jardim (Bom Jardim de Goiás) e Baliza.
trangeira foi inexistente. A pecuária tornou-se o setor mais im- Dez novos municípios surgiram então: Planaltina, Orizona, Bela
portante da economia. O incremento da pecuária trouxe como Vista, Corumbaíba, Itumbiara, Mineiros, Anicuns, Trindade, Cristali-
consequência o crescimento da população. Correntes migratórias na, Pires do Rio, Caldas Novas e Buriti Alegre.
chegavam em Goiás oriundas do Pará, do Maranhão, da Bahia e de
Minas, povoando os inóspitos sertões Povoações surgidas no pe- Economia
ríodo: no Sul de Goiás: arraial do Bonfim (Silvânia), à margem do
rio Vermelho, fundado por mineradores que haviam abandonado Chegada da Ferrovia Goiás
as minas de Santa Luzia, em fase de esgotamento. Campo Alegre, 1913 – Goiandira, Ipameri e Catalão
originada de um pouso de tropeiros; primitivamente, chamou- 1924 – Vianópolis 1930 – Silvânia
-se Arraial do Calaça. Ipameri, fundada por criadores e lavradores 1931 – Leopoldo de Bulhões
procedentes de Minas Gerais. Santo Antônio do Morro do Chapéu 1935 – Anápolis - Aumento da atividade agrícola (arroz, milho e
(Monte Alegre de Goiás), na zona Centro-Oriental, na rota do sertão feijão) - Charqueadas (Catalão, Ipameri e Pires do Rio)
baiano. Posse, surgida no início do século XIX, em consequência da
fixação de criadores de gado de origem nordestina. Movimentos de Contestação ao coronelismo
1919 – Revolta em São José do Duro (Cel. Abílio Wolney)
O movimento separatista do norte de Goiás (1821-1823) 1925 – Benedita Cypriana Gomes (Santa Dica)
Em 1821, houve a primeira tentativa oficial de criação do que 1924-27 - Coluna Prestes (Tenentismo)
hoje é o estado do Tocantins. O movimento iniciou-se na cidade de
Cavalcante. O mais proeminente líder do movimento separatista foi Imigração Árabes: sírios e libaneses (dispersaram pelo estado
o ouvidor Joaquim Teotônio Segurado, que já manifestara preocu- de Goiás – Goiânia, Anápolis, Catalão, dentre outras cidades)
pação com o desenvolvimento do norte goiano antes mesmo de se Alemães (Colônia de Uvá – Cidade de Goiás)
instalar na região. Teotônio Segurado, entre 1804 e 1809, fora ou- Italianos (Nova Veneza)
vidor de toda a Capitania de Goiás e, quando em 1809, o território
goiano foi dividido em duas comarcas, por D. João VI, ele tornou-se As Colônias Agrícolas
ouvidor da comarca do norte. Teotônio declarou a Comarca do Nor- A par do estímulo à fundação de Goiânia, centro dinamizador
te (o que corresponde ao atual estado do Tocantins) independente da região, o Governo Federal prosseguiu a sua política de interiori-
da comarca do sul (atual estado de Goiás). É importante destacar zação através da fundação de várias colônias agrícolas espalhadas
que Teotônio Segurado não era propriamente um defensor da pelas áreas mais frágeis do País. Em Goiás, esta política foi concreti-
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CON- — Território: pode ser conceituado como a área na qual o
CEITOS, ELEMENTOS, PODERES, ORGANIZAÇÃO, NATURE- Estado exerce sua soberania. Trata-se da base física ou geográfica
ZA, FINS E PRINCÍPIOS de um determinado Estado, seu elemento constitutivo, base
delimitada de autoridade, instrumento de poder com vistas a dirigir
o grupo social, com tal delimitação que se pode assegurar à eficácia
— Estado do poder e a estabilidade da ordem.
O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez,
Conceito, Elementos e Princípios podem ser naturais ou convencionais. O território como elemento
Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio a do Estado, possui duas funções, sendo uma negativa limitante
surgir por intermédio do antigo conceito de cidade, da polis grega de fronteiras com a competência da autoridade política, e outra
e da civitas romana. Em meados do século XVI o vocábulo Estado positiva, que fornece ao Estado a base correta de recursos materiais
passou a ser utilizado com o significado moderno de força, poder para ação.
e direito. Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o
O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de território é elemento essencial à existência do Estado, sendo, desta
direitos, que possui como elementos: o povo, o território e a forma, pleno objeto de direitos do Estado, o qual se encontra a
soberania. Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino serviço do povo e pode usar e dispor dele com poder absoluto e
(2010, p. 13), “Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada exclusivo, desde que estejam presentes as características essenciais
pelos elementos povo, território e governo soberano”. das relações de domínio. O território é formado pelo solo,
O Estado como ente, é plenamente capacitado para adquirir subsolo, espaço aéreo, águas territoriais e plataforma continental,
direitos e obrigações. Ademais, possui personalidade jurídica prolongamento do solo coberto pelo mar.
própria, tanto no âmbito interno, perante os agentes públicos e os A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa
cidadãos, quanto no âmbito internacional, perante outros Estados. Nacional, órgão de consulta do presidente da República,
Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que competência para “propor os critérios e condições de utilização
compõem o Estado: de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e
– Povo: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira
por que é do povo que origina todo o poder representado pelo e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
Estado, conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo único, recursos naturais de qualquer tipo”. (Artigo 91, §1º, III,CFB/88).
da Constituição Federal: Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais próprias
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por da vida do Estado é uma porção da superfície terrestre, projetada
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa porção territorial
Constituição. e suas projeções adquiram significado político e jurídico, é preciso
O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula considerá-las como um local de assentamento do grupo humano
juridicamente ao Estado, de forma estabilizada. que integra o Estado, como campo de ação do poder político e
Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas, como âmbito de validade das normas jurídicas.
diferentemente da população, que tem sentido demográfico e — Soberania: Trata-se do poder do Estado de se auto
quantitativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem administrar. Por meio da soberania, o Estado detém o poder de
sob sua jurisdição territorial, sendo desnecessário haver quaisquer regular o seu funcionamento, as relações privadas dos cidadãos,
tipos de vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado. bem como as funções econômicas e sociais do povo que o integra.
Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina Por meio desse elemento, o Estado edita leis aplicáveis ao seu
como sinônimo de nação e, ainda, no sentido de subordinação a território, sem estar sujeito a qualquer tipo de interferência ou
uma mesma autoridade política. dependência de outros Estados.
No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determinada Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está
pela nacionalidade, que nada mais é que o vínculo jurídico ligada à força e ao poder. Se antes, o direito era dado, agora é
estabelecido pela Constituição entre os cidadãos e o Estado. arquitetado, anteriormente era pensado na justiça robusta, agora é
O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o engendrado na adequação aos objetivos e na racionalidade técnica
conjunto de pessoas que detém o poder, a soberania, conforme necessária. O poder do Estado é soberano, uno, indivisível e emana
já foi explicitado por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88 do povo. Além disso, todos os Poderes são partes de um todo que
dispondo que “Todo poder emana do povo, que exerce por meio é a atividade do Estado.
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos
Constituição”. parâmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania é elemento
essencial e fundamental à existência da República Federativa do
Brasil.
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em suma, temos: do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar
ao consórcio público a ser firmado entre entes públicos (União,
Sentido amplo {órgãos Estados, Municípios e Distrito Federal).
SENTIDO SUBJETIVO governamentais e órgãos
administrativos}. Princípios da administração pública
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
Sentido estrito {pessoas princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
SENTIDO SUBJETIVO jurídicas, órgãos e agentes um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
públicos}. jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpretes
Sentido amplo {função do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato de
SENTIDO OBJETIVO que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da ordem
política e administrativa}.
jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada pelos
Sentido estrito {atividade contornos que conferem à determinada seara jurídica.
SENTIDO OBJETIVO
exercida por esses entes}. Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
Existem funções na Administração Pública que são exercidas Referente à função hermenêutica, os princípios são
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que amplamente responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais
são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e parâmetros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no
serviço público. ato de tutela dos casos concretos. Por meio da função integrativa,
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais
uma das funções. Vejamos: lacunas legais observadas em matérias específicas ou diante das
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do particularidades que permeiam a aplicação das normas aos casos
desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de existentes.
utilidade ou de interesse público. Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrativa. integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos
São os atos da Administração que limitam interesses individuais em legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo,
prol do interesse coletivo. dando-lhe unicidade e coerência.
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser
Administração Pública executa, de forma direta ou indireta, expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não
para satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, positivados e não escritos na lei de forma expressa.
sob o regime jurídico e com predominância pública. O serviço
público também regula a atividade permanente de edição de atos — Observação importante:
normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de Não existe hierarquia entre os princípios expressos e
forma implementativa de políticas de governo. implícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente
de governo e desempenhar a função administrativa em favor do implícitos.
interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os
andamento da Administração Pública como um todo com o princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito
incentivo das atividades privadas de interesse social, visando Administrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois
sempre o interesse público. princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do
A Administração Pública também possui elementos que a Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público.
compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
função administrativa estatal. Conclama a necessidade da
Supremacia do
sobreposição dos interesses da
Interesse Público
— Observação importante: coletividade sobre os individuais.
Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais Sua principal função é
acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato orientar a atuação dos agentes
da coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem Indisponibilidade do
públicos para que atuem em
a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas Interesse Público
nome e em prol dos interesses
nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos da Administração Pública.
internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
No direito público interno encontra-se, no âmbito da Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas
administração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que
e III, do CC). tais prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo privados, termina por colocar limitações aos agentes públicos
da administração indireta, as autarquias e associações públicas no campo de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de
(art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas aprovação em concurso público para o provimento dos cargos
jurídicas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 públicos.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Limitação das Penas ou Humanidade (Art. 5°, XLVII) → cláusula 2 – É possível a regressão de regime de cumprimento da pena
pétrea pela prática de novo crime? O STF e STJ entendem que o Juiz da
– Não haverá penas: execução pode proceder à regressão de regime mesmo sem o
I – de morte, salvo em caso de guerra declarada; trânsito em julgado do novo crime.
II – de caráter perpétuo; 3 – Revogação da suspensão condicional do processo pela
III – de trabalhos forçados; prática de novo crime (Art. 80, Lei 9.099/95): se o agente praticar
IV – de banimento; ou o novo crime, o benefício do SURSIS será revogado, mesmo sem o
V – cruéis. trânsito em julgado do novo crime.
– “Trabalhos forçados”: contrário ao que se imagina, o trabalho – Prisões cautelares não ofendem a presunção da inocência.
do preso não é forçado pois o labor do preso não é pena e tampouco
é forçado → o trabalho é um dever, porém ninguém forçará o preso Ofensividade
a trabalhar se não quer. – A conduta criminalizada pela Lei deve, necessariamente, ser
– “Caráter perpétuo”: a pena não precisa ser explicitamente capaz de ofender significativamente um bem jurídico relevante/
perpétuo, bastando que ela possua o caráter de perpétuo. importante para a sociedade. Em outras palavras, o legislador não
pode tipificar uma conduta cotidiana como crime, quando ela não
Presunção de Inocência ou Não-Culpabilidade (Art. 5°, LVII, viola um bem jurídico relevante para a sociedade (ex.: andar de
CF) chinelos).
– “Ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado – É também conhecido como princípio da lesividade.
da sentença penal condenatória’ → regra taxativa.
– A presunção de inocência é uma regra probatória (de Alteridade
julgamento), ou seja, somente a certeza da culpa pode gerar a – O fato deve causar lesão (ofender) a um bem jurídico de
condenação → em razão disto, incumbe ao acusador o ônus da terceiro.
prova a respeito da culpa pela prática do fato. – Deste princípio decorre que o direito penal não pune a auto-
1 – O ônus da prova não será do acusador quando houver infração.
alegação de excludente de ilicitude ou culpabilidade → neste caso, 1 – O crime de fraude contra seguro seria uma exceção ao
o ônus será do acusado, porém, mesmo se ele não conseguiu princípio da alteridade? Não, porque o bem patrimônio protegido
provar uma excludente, o Juiz mesmo assim poderá absolvê-lo, caso não é do ofensor mas sim o da seguradora, que teria que pagar um
entenda que exista fundada dúvida sobre existência da culpa (Art. prêmio injustamente.
386, CPP).
2 – Da presunção decorre o “in dubio pro reo” → havendo Confiança
dúvida acerca da culpa, o Juiz deve decidir a favor do réu. – Todos possuem direito de atuar, acreditando que as demais
pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a
– A presunção de inocência também é uma regra de vida em sociedade. Ninguém pode ser punido por agir com essa
tratamento: o acusado deve ser sempre tratado como inocente, expectativa.
seja na dimensão interna quanto externa. – A confiança serve como vetor de interpretação nos crimes
1 – Dimensão interna: o acusado deve ser a todo tempo tratado culposos, uma vez que nestes crimes o agente viola o dever objetivo
como inocente dentro da persecução penal (fase de investigação, de cuidado. A confiança ajuda a analisar se houve descuido ou não.
processo penal), ex.: prisões antecipadas equivocadas violam a
presunção de inocência. Adequação Social
2 – Dimensão externa: o acusado, fora da persecução penal, – Uma conduta, ainda que tipificada em Lei como crime,
também deve ser tratado como inocente, ex.: acusado não pode ter quando não afrontar o sentimento social de justiça, não será crime
sua nomeação em cargo público impedida por estar respondendo a em sentido material, ex.: crime de adultério (mesmo quando estava
um processo penal. tipificado a sociedade não tratava esta prática como crime).
– A adequação social é raramente utilizado na jurisprudência.
– “Relativização” da presunção de inocência: o STF, em
decisões recentes, adotou o entendimento que, como nenhum “Non Bis In Idem (Ne Bis In Idem)”
princípio é absoluto, a presunção da inocência pode ser relativizada – Ninguém pode ser punido ou sequer processado duas vezes
para fins de permitir a execução provisória da pena privativa pelo mesmo fato → não se pode, ainda, utilizar o mesmo fato,
de liberdade, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença condição ou circunstância duas vezes;
penal condenatória, bastando para tal que a referida tenha sido
referendada por um tribunal superior, sem prejuízo de eventual Proporcionalidade
REsp ou RExt (v. HC 126.292). – As penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à
gravidade do fato, bem como serem cominadas de forma a dar ao
Questões relevantes infrator uma sanção proporcional ao fato abstratamente previsto;
1 – Inquéritos policiais e ações penais em curso configuram
maus antecedentes? Não → “É vedada a utilização de inquéritos Intervenção Penal Mínima (“Última Ratio”)
policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.” – O direito penal não pode ser a primeira opção, devendo ser
(Súmula 444, STJ). reservado para casos excepcionais.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
– Quando a intervenção penal é necessária? Para saber, – O princípio da insignificância é aplicada ao descaminho, uma
é necessário analisar os caráteres fragmentariedade e vez que a lei 10.520/02 estabeleceu uma dispensa para a Fazenda
subsidiariedade;[. Nacional, isto é, ela não precisaria executar para cobrar valores
1 – Fragmentariedade: o direito penal só deve intervir os bens inscritos na dívida ativa que não excedesse R$ 10 mil, logo, se
jurídicos mais relevantes para a sociedade → fragmento = só uma tributariamente o valor é insignificante, para o penal também será.
parte. – Posteriormente, algumas portarias do MF atualizaram o
2 – Subsidiariedade: O direito penal só vai intervir quando as valor da dispensa: o STF, consequentemente, aumentou o valor
demais formas de controle social, incluindo os demais ramos do do princípio, porém o STJ manteve entendimento que o valor da
direito, forem insuficientes → atuação “não principal” do direito dispensa devia ser igual o da lei, ou seja, R$ 10 mil. Recentemente,
penal. o STJ passou a entender que é de R$ 20 mil do tributo sonegado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS COMUNS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS COMUNS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS COMUNS
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