Policia Do Goias

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CÓD: OP-161AB-24

7908403553754

POLÍCIA CIENTÍFICA
GOIÁS - GO

Comum aos cargos de Odontolegista de 3ª


Classe e Médico Legista de 3ª Classe
EDITAL 001/2024
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores 8
e de outros elementos de sequenciação textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Emprego de tempos e modos verbais. Emprego das classes de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
6. Domínio da estrutura morfossintática do período . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos 19
da oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
10. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
11. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
12. Colocação dos pronomes átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
13. Reescrita de frases e parágrafos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
14. Significação das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
15. Substituição de palavras ou de trechos de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
16. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
17. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Realidade étnica, social, histórica, geográfica, cultural, política e


econômica do estado de Goiás e do Brasil
1. Formação econômica de goiás: a mineração no século 18i, a agropecuária nos séculos 19 e 20, a estrada de ferro e a moder-
nização da economia goiana........................................................................................................................................................ 43
2. As transformações econômicas com a construção de goiânia e de brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento... 47
3. Modernização da agricultura e urbanização do território goiano............................................................................................... 54
4. A população goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade demográfica............................................................. 54
5. Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comunicação................................................................... 60
6. As regiões goianas e as desigualdades regionais......................................................................................................................... 60
7. Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e relevo.............................................................................. 64
8. Aspectos da história política de goiás: a independência em goiás, o coronelismo na república velha, as oligarquias, a revolu-
ção de 1930, a administração política de 1930 até os dias atuais............................................................................................... 71
9. Aspectos da história social de goiás: o povoamento branco, os grupos indígenas, a escravidão e a cultura negra, os movimen-
tos sociais no campo e a cultura popular..................................................................................................................................... 75
10. Atualidades econômicas, políticas e sociais do brasil, especialmente do estado de goiás.......................................................... 76

Noções de Direito Administrativo


1. Estado, governo e Administração Pública: conceitos, elementos, poderes, organização, natureza, fins e princípios................. 89
2. Organização administrativa do Estado: administração direta e indireta...................................................................................... 92
ÍNDICE

3. Agentes públicos: espécies e classificação, poderes, deveres e prerrogativas, cargo, emprego e funções públicas................... 93
4. Regime jurídico dos servidores públicos civis do Estado de Goiás (Lei Estadual nº 20.576/2020).............................................. 111
5. Sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade administrativa (Lei Federal nº 8.429/1992)......................... 151
6. Lei de licitações e contratos administrativos (Lei Federal nº 14.133/2021)................................................................................. 167
7. Poderes administrativos: poderes hierárquico, disciplinar e regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder................ 237
8. Atos administrativos: conceitos, requisitos, atributos, classificação, espécies e invalidação...................................................... 244
9. Controle e responsabilização da Administração: controles administrativo, judicial e legislativo................................................ 255
10. Responsabilidade civil do Estado................................................................................................................................................. 260

Noções de Direito Penal


1. Princípios constitucionais aplicáveis ao Direito Penal; irretroatividade da lei penal.................................................................. 269
2. A lei penal no tempo e no espaço; lei penal excepcional, especial e temporária; territorialidade e extraterritorialidade da lei
penal; conflito aparente de normas penais................................................................................................................................ 272
3. tempo e lugar do crime............................................................................................................................................................... 276
4. interpretação da lei penal........................................................................................................................................................... 278
5. analogia...................................................................................................................................................................................... 284
6. Infração penal: elementos, espécies, sujeito ativo e sujeito passivo.......................................................................................... 285
7. O fato típico e seus elementos: crime consumado e tentado; pena de tentativa; concurso de crimes; ilicitude e causas de
exclusão; culpabilidade (elementos e causas de exclusão); Imputabilidade penal.................................................................... 286
8. Concurso de pessoas.................................................................................................................................................................. 302
9. Crimes: crimes contra a pessoa.................................................................................................................................................. 303
10. crimes contra o patrimônio........................................................................................................................................................ 315
11. crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos....................................................................................... 319
12. crimes contra a dignidade sexual................................................................................................................................................ 321
13. crimes contra a incolumidade pública........................................................................................................................................ 328
14. crimes contra a fé pública........................................................................................................................................................... 331
15. crimes contra a administração pública....................................................................................................................................... 335

Noções de Direito Processual Penal


1. Princípios.................................................................................................................................................................................... 353
2. Inquérito policial: histórico; natureza; conceito; finalidade; características; fundamento; titularidade; grau de cognição; valor
probatório; formas de instauração; notitia criminis; delatio criminis; procedimentos investigativos; indiciamento; garantias
do investigado; conclusão; prazos.............................................................................................................................................. 357
3. Prova: exame de corpo de delito, da cadeia de custódia e das perícias em geral; interrogatório do acusado; da confissão; do
ofendido; das testemunhas; do reconhecimento de pessoas e de coisas; da acareação; dos documentos; indícios; da busca e
apreensão................................................................................................................................................................................... 367
4. Restrição de liberdade: prisão em flagrante; prisão preventiva; prisão temporária (Lei Federal nº 7.960/1989)...................... 384
ÍNDICE

Legislação especial
1. Lei Federal n° 13.675/2018, que disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública, 395
cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e institui o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP)
2. Lei Federal n° 13.869/2019, que dispõe acerca dos crimes de abuso de autoridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 406
3. Lei Federal n° 9.455/1997, que define os crimes de tortura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
4. Lei Federal n° 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
5. Lei Federal n° 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 446
6. Crimes de Trânsito (arts. 291 a 312-B da Lei Federal n° 9.503/1997) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 448
7. Lei Federal n° 12.030/2009, que dispõe acerca das perícias oficiais e dá outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 450
8. Bancos de Perfis Genéticos (Lei Federal n° 12.654/2012 e Lei Federal n° 13.964/2019) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 450

Conhecimentos Específicos Comuns


1. Lei Federal n° 13.675/2018, que disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública, 467
cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e institui o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP)
2. Lei Federal n° 13.869/2019, que dispõe acerca dos crimes de abuso de autoridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 478
3. Lei Federal n° 9.455/1997, que define os crimes de tortura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 481
4. Lei Federal n° 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 481
5. Lei Federal n° 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 518
6. Crimes de Trânsito (arts. 291 a 312-B da Lei Federal n° 9.503/1997) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 520
7. Lei Federal n° 12.030/2009, que dispõe acerca das perícias oficiais e dá outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 522
8. Bancos de Perfis Genéticos (Lei Federal n° 12.654/2012 e Lei Federal n° 13.964/2019) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 522
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊ-
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
NEROS VARIADOS
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido Apresenta um enredo, com ações
completo. e relações entre personagens, que
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e ocorre em determinados espaço e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador,
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua e se estrutura da seguinte maneira:
interpretação. apresentação > desenvolvimento >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- determinado ponto de vista,
tório do leitor. TEXTO DISSERTATIVO- persuadindo o leitor a partir do
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO uso de argumentos sólidos. Sua
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- estrutura comum é: introdução >
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido desenvolvimento > conclusão.
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar Procura expor ideias, sem a
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. necessidade de defender algum
ponto de vista. Para isso, usa-
Dicas práticas TEXTO EXPOSITIVO se comparações, informações,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- definições, conceitualizações
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- etc. A estrutura segue a do texto
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, dissertativo-argumentativo.
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
Expõe acontecimentos, lugares,
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
pessoas, de modo que sua finalidade
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
TEXTO DESCRITIVO é descrever, ou seja, caracterizar algo
cidas.
ou alguém. Com isso, é um texto rico
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
em adjetivos e em verbos de ligação.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de Oferece instruções, com o objetivo
opiniões. de orientar o leitor. Sua maior
TEXTO INJUNTIVO
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- característica são os verbos no modo
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- imperativo.
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do Gêneros textuais
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
quando afirma que... da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Artigo
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Bilhete
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bula
classificações. • Carta

7
LÍNGUA PORTUGUESA

• Conto Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• Crônica • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
• E-mail diversão)
• Lista • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• Manual • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa-
• Notícia ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)
• Poema
• Propaganda Os diferentes porquês
• Receita culinária
• Resenha Usado para fazer perguntas. Pode ser
• Seminário POR QUE
substituído por “por qual motivo”
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Usado em respostas e explicações. Pode ser
PORQUE
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- substituído por “pois”
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, O “que” é acentuado quando aparece como
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- POR QUÊ a última palavra da frase, antes da pontuação
dade e à função social de cada texto analisado. final (interrogação, exclamação, ponto final)
É um substantivo, portanto costuma vir
PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL ou pronome

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes Parônimos e homônimos


à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- núncia semelhantes, porém com significados distintos.
rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
também faz aumentar o vocabulário do leitor. go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
atento!

Alfabeto DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL.


O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co- EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBS-
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o TITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OU-
alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e TROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL
consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpre-
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de tação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional. componentes do texto, de modo que são independentes entre si.
Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente,
Uso do “X” e vice-versa.
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja,
X no lugar do CH: ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer- ao conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.
gar)
• Depois de ditongos (ex: caixa) Coesão
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá) A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de co-
nectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida
Uso do “S” ou “Z” a partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (anteci-
Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob- pa um componente).
servadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
(ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
populoso)

8
LÍNGUA PORTUGUESA

Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e
informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!

9
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA,
CULTURAL, POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS
E DO BRASIL
FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A MINERAÇÃO NO ro do leilão era enviado a Portugal, como renda pessoal do rei. As
SÉCULO 18I, A AGROPECUÁRIA NOS SÉCULOS 19 E 20, A demais datas eram distribuídas por sorteio aos mineradores que
ESTRADA DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA possuíssem um mínimo de doze escravos para poder explorá-las.
GOIANA Cada minerador tinha direito a uma data por vez. Repare que a ati-
vidade mineradora era extremamente intensiva em utilização de
mão-de-obra. Doze homens trabalhavam junto em um espaço de
A Ocupação Mineratória – Mineração apenas uma lavra.
Enquanto o século XVII representou etapa de investigação das
possibilidades econômicas das regiões goianas, durante a qual o O início da mobilidade social
seu território tornou-se conhecido, o século XVIII, em função da ex- Diferentemente da economia canavieira (cana-de-açúcar) que
pansão da marcha do ouro, foi ele devassado em todos os sentidos, tinha uma sociedade estamental (no estado em que você nasceu
estabelecendo -se a sua efetiva ocupação através da mineração. A permanece), a sociedade mineradora não era estática. Havia a pos-
primeira região ocupada em Goiás foi a região do Rio Vermelho. sibilidade, mesmo que pequena, de mudança de classe social. Foi o
Entre 1727 e 1732 surgiram diversos arraiais, além de Santana (pos- início da mobilidade social no Brasil.
teriormente Vila Boa de Goiás), em consequência das explorações
auríferas ou da localização na rota de Minas para Goiás. Em 1736 Existiam dois tipos de mineradores, o grande, era o minerador
já havia nas minas de Goiás 10.236 escravos. Nas proximidades de de lavra, e o pequeno, o de faiscamento. O minerador de lavra era
Santana surgiram os arraiais de Anta e Ouro Fino; mais para o Nor- aquele, dono de pelo menos 12 escravos, que participava do sorteio
te, Santa Rita, Guarinos e Água Quente. Na porção Sudeste, Nossa das datas e tinha o direito de explorar os veios de ouro em primeiro
Senhora do Rosário da Meia Ponte (atual Pirenópolis) e Santa Cruz. lugar. Quando uma lavra começava a demonstrar esgotamento e a
Outras povoações surgidas na primeira metade do século XVIII fo- produtividade caía geralmente ela era abando ada e, a partir deste
ram: Jaraguá, Corumbá e o Arraial dos Couros (atual Formosa), na momento, o faiscador poderia ficar com o que sobrou dela.
rota de ligações de Santana e Pirenópolis a Minas Gerais. O faiscador era o minerador com pequena quantidade de es-
Ao longo dos caminhos que demandavam a Bahia, mais ao Nor- cravos, insuficientes para participar dos sorteios, ou mesmo o tra-
te, na bacia do Tocantins, localizaram-se diversos núcleos popula- balhador individual, que só tinha a sua bateia para tentar a sorte
cionais, como São José do Tocantins (Niquelândia), Traíras, Cachoei- nas lavras abandonadas. Alguns conseguiram ir juntando ouro su-
ra, Flores, São Félix, Arraias (TO), Natividade (TO), Chapada (TO) e ficiente para adquirir mais escravos e, posteriormente, passaram a
Muquém. Na década de 1740 a porção mais povoada de Goiás era ser grandes mineradores. Alguns até fizeram fortuna.
o Sul, mas a expansão rumo ao norte prosseguia com a implantação Existem registro de alguns proprietários de escravos que os dei-
dos arraiais do Carmo (TO), Conceição (TO), São Domingos, São José xavam faiscar nos seus poucos momentos de descanso e alguns até
do Duro (TO), Amaro Leite, Cavalcante, Vila de Palma (T O), hoje conseguiram comprar a sua carta de alforria, documento que garan-
Paranã, e Pilar de Goiás e Porto Real (TO), atual Porto Nacional, a tia a liberdade ao escravo. Tropeiros que abasteciam as regiões mi-
povoação mais setentrional de Goiás. neradoras também conseguiram enriquecer. Tome cuidado, porém,
com uma coisa. A mobilidade social era pequena, não foi suficiente
O sistema de datas para desenvolver uma classe média.
Era através do sistema de datas que se organizava a exploração Classe social pressupõe uma grande quantidade de pessoas,
do ouro, conforme o ordenamento jurídico da época. Assim que um e o número daquelas que conseguiam ascender não era suficiente
veio de ouro era descoberto em uma região mineradora, imediata- para isso. Só se pode falar em classe média no Brasil, a partir da
mente, o Superintendente das Minas ordenava que a região fosse industrialização.
medida e dividida em lotes para poder ter início o processo de mi-
neração. Cada lote tinha a medida de 30 x 30 braças (uma braça tem Povoamento irregular
2,20m), ou seja, aproximadamente 66 x 66m. Estes lotes recebiam O povoamento determinado pela mineração do ouro é um
a denominação de datas e, cada data, por sua vez, era equivalente povoamento muito irregular e mais instável; sem nenhum plane-
a uma lavra de mineração. jamento, sem nenhuma ordem. Onde aparece ouro, ali surge uma
As datas se distribuíam da seguinte forma: povoação; quando o ouro se esgota, os mineiros mudam-se para
- O minerador responsável pelo achado escolhia a primeira outro lugar e a povoação definha e desaparece, isso porque o ouro
data para si. Um funcionário da Real Fazenda (o ministério respon- encontrado em Goiás era o ouro de aluvião, em pequenas partí-
sável pela mineração na época) escolhia a segunda data para o rei. culas, que ficavam depositadas no leito de rios e córregos ou no
O responsável pelo achado tinha o direito de escolher mais uma. sopé das montanhas, geralmente. Sua extração era rápida e logo as
- O rei não tinha interesse em explorar diretamente a sua data jazidas se esgotavam forçando os mineiros a se mudarem em busca
e ordenava que ela fosse leiloada entre os mineradores interessa-
dos em explorá-la. Quem pagasse mais ficaria com ela. O dinhei-

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL
de novas áreas para mineração. A produção de ouro em Goiás foi assim que chegou ao Brasil, em 1808, passou a incentivar a agricul-
maior que a de Mato Grosso, porém muito menor que em Minas tura, a pecuária, o comércio e a navegação dos rios. Várias medidas
Gerais. O declínio da produção foi rápido. foram anunciadas, mas a maioria nunca saiu do papel:
O pico de foi em 1753, mas 50 a nos depois a produção já era 1) Foi concedida a isenção de impostos pelo período de 10
insignificante. Luís Palacín afirma que esses são os dados oficiais anos aos lavradores que, nas margens dos rios Tocantins, Araguaia
disponíveis, porém, o volume de ouro extraído deve ter sido muito e Maranhão fundassem estabelecimentos agrícolas.
maior. De acordo com esse historiador, a maior parte do ouro re- 2) Ênfase à catequese do índio para aculturá-lo e aproveitá-lo
tirada era sonegada para fugir dos pesados impostos e, portanto, como mão-de-obra na agricultura.
não sabemos ao certo quanto ouro foi retirado de fato das terras 3) Criação de presídios às margens dos rios, com os seguintes
goianas. objetivos: proteger o comércio, auxiliar a navegação e aproveitar
o trabalho dos nativos para o cultivo da terra. Presídios eram co-
Declínio da Mineração lônias militares de povoamento, defesa e especialização agrícola.
A partir da segunda metade do século XVIII, Portugal começou Em Goiás, os mais importantes foram Santa Maria (atual Aragua-
a entrar em fase de decadência progressiva, que coincidiu com o cema-TO), Jurupense, Leopoldina (atual Aruanã-GO), São José dos
decréscimo da produtividade e do volume médio da produção das Martírios. Na verdade, deram poucos resultados, por causa do iso-
minas do Brasil. Então desde 1778, a produção bruta das minas de lamento e da inaptidão dos soldados no cultivo da terra. A maioria
Goiás começou a declinar progressivamente, em consequência da desses presídios desapareceu com o tempo.
escassez dos metais das minas conhecidas, da ausência de novas 4) D. João VI, atendendo a uma antiga demanda de vários ca-
descobertas e do decréscimo progressivo do rendimento por escra- pitães-generais (governadores) de Goiás que reclamavam do ta-
vo. O último grande achado mineratório em Goiás deu-se na cidade manho gigantesco da área geográfica de Goiás, dividiu o território
de Anicuns, em 1809, no sul da capitania. goiano em duas comarcas: a do sul, compreendendo o s julgados
de Goiás (cabeça ou sede), de Meia Ponte, de Santa Cruz, de Santa
A atividade agropecuária nas regiões mineradoras Luzia, de Pilar, de Crixás e de Desemboque; a do norte ou Comarca
Assim que foram descobertas grandes jazidas de ouro no Bra- de São João das Duas Barras, compreendendo os julgados de V ila
sil logo se organizou uma hierarquia da produção: os territórios de de São João da Palma (cabeça ou sede), de Conceição, de Nativida-
minas deveriam dedicar-se exclusivamente – ou quase exclusiva- de, de Porto Imperial, de São Félix, de Cavalcante e de Traíras. Foi
mente – à produção de ouro, sem desviar esforços na produção de nessa época que surgiram através da navegação: Araguacema, To-
outros bens, que poderiam ser importados. Isso era resquício da cantinópolis, Pedro Afonso, Araguatins e Tocantínia e pela expansão
mentalidade Mercantilista, em voga na época, que, durante muito da criação de gado, Lizarda.
tempo, identificou a riqueza com a posse dos metais preciosos. Os
alimentos e todas as outras coisas necessárias para a vida vinham A divisão de Goiás em duas comarcas
das capitanias da costa. As minas eram assim, uma espécie de co- Esta foi a semente que deu origem ao atual estado do Tocan-
lônia dentro da colônia, no dizer do historiador Luís Palacín. Isso tins, pois ficou determinado que a divisa das duas comarcas fosse
nos explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em mais ou menos à altura do paralelo 13º., atual fronteira entre os
Goiás, durante os cinquenta primeiros anos. Tal sistema não se de- dois estados. Outro fato importante foi a nomeação de Joaquim
via exclusivamente aos desejos e à política dos dirigentes; era tam- Teotônio Segurado como Ouvidor da Co marca do Norte, que aca-
bém decorrente da mentalidade do povo. bou liderando o primeiro movimento separatista. O avanço da Pe-
cuária Com a decadência da mineração a pecuária tornou -se uma
O Final da Mineração e Tentativa de navegação no Araguaia opção natural, por vários motivos:
e Tocantins 1) O isolamento provocado pela falta de estradas e da precária
A partir de 1775, com a mineração em franco declínio, o Pri- navegação impediam o desenvolvimento de uma agricultura co-
meiro Ministro de Portugal, Sebastião de Carvalho e Melo, Marquês mercial.
de Pombal, toma diversas medidas para diversificar a economia no 2) O gado não necessita de estradas, auto locomove-se por tri-
Brasil, sendo que várias delas vão afetar diretamente a capitania lhas e campos até o local de comercialização e/ou abate.
de Goiás. A primeira, como tentativa de estimular a produção, foi 3) Existência de pastagem natural abundante. Especialmente
isentar de impostos por um período de 10 anos os lavradores que nos chamados cerrados de campo limpo.
fundassem estabelecimentos agrícolas às margens dos rios. Dentre 4) O investimento era pequeno e o rebanho se se multiplica
os produtos beneficiados estavam o algodão, a cana-de-açúcar e o naturalmente.
gado. A segunda medida foi a criação, em 1775 da Companhia de 5) Não necessita de uso de mão-de-obra intensiva, como na
Comércio do Grão Pará e Maranhão, para explorar a navegação e o mineração. Aliás, dispensa mão-de-obra escrava.
comércio nos rios amazônicos, incluindo os rios Araguaia e Tocan- 6) Não era preciso pagar salário aos vaqueiros, que eram ho-
tins. O Marquês de Pombal também ordenou a criação dos chama- mens livres e que trabalhavam por produtividade. Recebiam um
dos aldeamentos indígenas. Todas essas medidas fracassaram. percentual dos bezerros que nasciam nas fazendas (regime de
sorte). Um novo tipo de povoamento se estabeleceu a partir do fi-
Novas tentativas de reativação da Economia nal do século XVIII, sobretudo no Sul da capitania, onde campos
Na primeira metade dos éculos XIX, era desolador o estado da de pastagens naturais se transformaram em centros de criatório.
capitania de Goiás. Co m a decadência a população não só diminuiu A necessidade de tomar dos silvícolas (índios) áreas sob seu domí-
como se dispersou pelos sertões, os arraiais desapareciam ou se nio, que estrangulavam a marcha do povoamento rumo às porções
arruinavam e a agropecuária estava circunscrita à produção de sub- setentrionais (norte), propiciou também a expansão da ocupação
sistência. Como medidas salvadoras, o príncipe regente D. João VI, neste período.

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REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL
A ocupação de Goiás, quando no Sul e no Norte de Goiás, no causa da independência brasileira, diferenciando-se, portanto, do
início do século XIX, a mineração era de pequena monta, fazendo “grupo de radicais”, liderados pelo Padre Luíz Bartolomeu Marques,
surgir um novo surto econômico e de povoamento representado originário de Vila Boa. O ouvidor defendia a manutenção do vínculo
pela pecuária, estabelecida através de duas grandes vias de pene- com as Cortes de Lisboa, sendo inclusive, eleito representante goia-
tração: a do Nordeste, representada por criadores e rebanhos nor- no para aquela assembleia, cuja função seria elaborar uma Consti-
destinos, que pelo São Francisco se espalharam pelo Oeste da Bah- tuição comum para todos os territórios ligados à Coroa Portuguesa.
ia, penetrando nas zonas adjacentes de Goiás. O Arraial dos Couros
(Formosa) foi o grande centro dessa via. A de São Paulo e Minas Ge- Estrada de ferro dinamiza povoamento de Goiás
rais, que através dos antigos caminhos da mineração, penetrou no A construção da Estrada de Ferro foi o primeiro dinamismo na
território goiano, estabilizando-se no Sudoeste da capitania. Assim, urbanização de Goiás. Em 1896 a Estrada de Ferro Mogiana chegou
extensas áreas do território goiano foram ocupadas em função da até Araguari (MG). Em 1909, os trilhos da Paulista atingiram Bar-
pecuária, dela derivando a expansão do povoamento e o surgimen- retos (SP). Em 1913 Goiás foi ligado à Minas Gerais pela E.F. Goiás
to de cidades como Itaberaí, inicialmente uma fazenda de criação, e e pela Rede Mineira de Viação. Inaugurava -se uma nova etapa na
Anápolis, local de passagem de muitos fazendeiros de gado que iam ocupação do Estado.
em demanda à região das minas e que, impressionados com seus O expressivo papel das ferrovias na intensificação do povoa-
campos, aí se instalaram. mento goiano ligou-se a duas ordens principais de fato res: de um
lado, facilitou o acesso dos produtos goianos aos mercados do li-
A pecuária toral; de outro, possibilitou a ocupação de vastas áreas da região
Está se desenvolve melhor no Sul devido ao povoamento oriun- meridional de Goiás, correspondendo à efetiva ocupação agrícola
do da pecuária, entretanto, apresentou numerosos problemas. Não de parte do território goiano.
foi, por exemplo, um povoamento uniforme: caracterizou-se pela Entre 1888 e 1930, o adensamento e a expansão do povoa-
má distribuição e pela heterogeneidade do seu crescimento. Pros- mento nas porções meridionais de Goiás ( Sudeste, Sul e Sudoeste)
perou mais no Sul, que ficava mais perto do mercado consumidor evidenciaram- se através da formação de diversos povoados, como:
do Sudeste e do litoral. Enquanto algumas áreas permaneceram es- Santana das Antas (Anápolis), Rio Verde das Abóboras (Rio Verde),
tacionárias – principalmente no Norte, outras decaíram (os antigos São Sebastião do Alemão (Palmeiras), Nazário, Catingueiro Grande
centros mineradores), e outras ainda, localizadas principalmente na (Itauçu), Inhumas, Cerrado (Nerópolis), Ribeirão (Guapó), Santo An-
região Centro-Sul, surgiram e se desenvolveram, em decorrência tônio das Grimpas (Hidrolândia), Pindaibinha (Leopoldo de Bulhões),
sobretudo do surto migratório de paulistas, mineiros e nordestinos. Vianópolis, Gameleira (Cristianópolis), Urutaí, Goiandira, Ouvidor,
Durante o século XIX a população de Goiás aumentou continua- Cumari, Nova Aurora, Boa Vista de Marzagão (Marzagão), Cachoei-
mente, não só pelo crescimento vegetativo, como pelas migrações ra Alta, São Sebastião das Bananeiras (Goiatuba), Serrania (Mairipo-
dos Estados vizinhos. taba), Água Fria (Caçu), Cachoeira da Fumaça (Cachoeira de Goiás),
Os índios diminuíram quantitativamente e a contribuição es- Santa Rita de Goiás, Bom Jardim (Bom Jardim de Goiás) e Baliza.
trangeira foi inexistente. A pecuária tornou-se o setor mais im- Dez novos municípios surgiram então: Planaltina, Orizona, Bela
portante da economia. O incremento da pecuária trouxe como Vista, Corumbaíba, Itumbiara, Mineiros, Anicuns, Trindade, Cristali-
consequência o crescimento da população. Correntes migratórias na, Pires do Rio, Caldas Novas e Buriti Alegre.
chegavam em Goiás oriundas do Pará, do Maranhão, da Bahia e de
Minas, povoando os inóspitos sertões Povoações surgidas no pe- Economia
ríodo: no Sul de Goiás: arraial do Bonfim (Silvânia), à margem do
rio Vermelho, fundado por mineradores que haviam abandonado Chegada da Ferrovia Goiás
as minas de Santa Luzia, em fase de esgotamento. Campo Alegre, 1913 – Goiandira, Ipameri e Catalão
originada de um pouso de tropeiros; primitivamente, chamou- 1924 – Vianópolis 1930 – Silvânia
-se Arraial do Calaça. Ipameri, fundada por criadores e lavradores 1931 – Leopoldo de Bulhões
procedentes de Minas Gerais. Santo Antônio do Morro do Chapéu 1935 – Anápolis - Aumento da atividade agrícola (arroz, milho e
(Monte Alegre de Goiás), na zona Centro-Oriental, na rota do sertão feijão) - Charqueadas (Catalão, Ipameri e Pires do Rio)
baiano. Posse, surgida no início do século XIX, em consequência da
fixação de criadores de gado de origem nordestina. Movimentos de Contestação ao coronelismo
1919 – Revolta em São José do Duro (Cel. Abílio Wolney)
O movimento separatista do norte de Goiás (1821-1823) 1925 – Benedita Cypriana Gomes (Santa Dica)
Em 1821, houve a primeira tentativa oficial de criação do que 1924-27 - Coluna Prestes (Tenentismo)
hoje é o estado do Tocantins. O movimento iniciou-se na cidade de
Cavalcante. O mais proeminente líder do movimento separatista foi Imigração Árabes: sírios e libaneses (dispersaram pelo estado
o ouvidor Joaquim Teotônio Segurado, que já manifestara preocu- de Goiás – Goiânia, Anápolis, Catalão, dentre outras cidades)
pação com o desenvolvimento do norte goiano antes mesmo de se Alemães (Colônia de Uvá – Cidade de Goiás)
instalar na região. Teotônio Segurado, entre 1804 e 1809, fora ou- Italianos (Nova Veneza)
vidor de toda a Capitania de Goiás e, quando em 1809, o território
goiano foi dividido em duas comarcas, por D. João VI, ele tornou-se As Colônias Agrícolas
ouvidor da comarca do norte. Teotônio declarou a Comarca do Nor- A par do estímulo à fundação de Goiânia, centro dinamizador
te (o que corresponde ao atual estado do Tocantins) independente da região, o Governo Federal prosseguiu a sua política de interiori-
da comarca do sul (atual estado de Goiás). É importante destacar zação através da fundação de várias colônias agrícolas espalhadas
que Teotônio Segurado não era propriamente um defensor da pelas áreas mais frágeis do País. Em Goiás, esta política foi concreti-

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CON- — Território: pode ser conceituado como a área na qual o
CEITOS, ELEMENTOS, PODERES, ORGANIZAÇÃO, NATURE- Estado exerce sua soberania. Trata-se da base física ou geográfica
ZA, FINS E PRINCÍPIOS de um determinado Estado, seu elemento constitutivo, base
delimitada de autoridade, instrumento de poder com vistas a dirigir
o grupo social, com tal delimitação que se pode assegurar à eficácia
— Estado do poder e a estabilidade da ordem.
O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez,
Conceito, Elementos e Princípios podem ser naturais ou convencionais. O território como elemento
Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio a do Estado, possui duas funções, sendo uma negativa limitante
surgir por intermédio do antigo conceito de cidade, da polis grega de fronteiras com a competência da autoridade política, e outra
e da civitas romana. Em meados do século XVI o vocábulo Estado positiva, que fornece ao Estado a base correta de recursos materiais
passou a ser utilizado com o significado moderno de força, poder para ação.
e direito. Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o
O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de território é elemento essencial à existência do Estado, sendo, desta
direitos, que possui como elementos: o povo, o território e a forma, pleno objeto de direitos do Estado, o qual se encontra a
soberania. Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino serviço do povo e pode usar e dispor dele com poder absoluto e
(2010, p. 13), “Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada exclusivo, desde que estejam presentes as características essenciais
pelos elementos povo, território e governo soberano”. das relações de domínio. O território é formado pelo solo,
O Estado como ente, é plenamente capacitado para adquirir subsolo, espaço aéreo, águas territoriais e plataforma continental,
direitos e obrigações. Ademais, possui personalidade jurídica prolongamento do solo coberto pelo mar.
própria, tanto no âmbito interno, perante os agentes públicos e os A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa
cidadãos, quanto no âmbito internacional, perante outros Estados. Nacional, órgão de consulta do presidente da República,
Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que competência para “propor os critérios e condições de utilização
compõem o Estado: de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e
– Povo: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira
por que é do povo que origina todo o poder representado pelo e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
Estado, conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo único, recursos naturais de qualquer tipo”. (Artigo 91, §1º, III,CFB/88).
da Constituição Federal: Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais próprias
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por da vida do Estado é uma porção da superfície terrestre, projetada
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa porção territorial
Constituição. e suas projeções adquiram significado político e jurídico, é preciso
O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula considerá-las como um local de assentamento do grupo humano
juridicamente ao Estado, de forma estabilizada. que integra o Estado, como campo de ação do poder político e
Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas, como âmbito de validade das normas jurídicas.
diferentemente da população, que tem sentido demográfico e — Soberania: Trata-se do poder do Estado de se auto
quantitativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem administrar. Por meio da soberania, o Estado detém o poder de
sob sua jurisdição territorial, sendo desnecessário haver quaisquer regular o seu funcionamento, as relações privadas dos cidadãos,
tipos de vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado. bem como as funções econômicas e sociais do povo que o integra.
Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina Por meio desse elemento, o Estado edita leis aplicáveis ao seu
como sinônimo de nação e, ainda, no sentido de subordinação a território, sem estar sujeito a qualquer tipo de interferência ou
uma mesma autoridade política. dependência de outros Estados.
No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determinada Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está
pela nacionalidade, que nada mais é que o vínculo jurídico ligada à força e ao poder. Se antes, o direito era dado, agora é
estabelecido pela Constituição entre os cidadãos e o Estado. arquitetado, anteriormente era pensado na justiça robusta, agora é
O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o engendrado na adequação aos objetivos e na racionalidade técnica
conjunto de pessoas que detém o poder, a soberania, conforme necessária. O poder do Estado é soberano, uno, indivisível e emana
já foi explicitado por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88 do povo. Além disso, todos os Poderes são partes de um todo que
dispondo que “Todo poder emana do povo, que exerce por meio é a atividade do Estado.
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos
Constituição”. parâmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania é elemento
essencial e fundamental à existência da República Federativa do
Brasil.

89
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A lei se tornou de forma essencial o principal instrumento de — Governo


organização da sociedade. Isso, por que a exigência de justiça e de
proteção aos direitos individuais, sempre se faz presente na vida Conceito
do povo. Por conseguinte, por intermédio da Constituição escrita, Governo é a expressão política de comando, de iniciativa
desde a época da revolução democrática, foi colocada uma trava pública com a fixação de objetivos do Estado e de manutenção da
jurídica à soberania, proclamando, assim, os direitos invioláveis do ordem jurídica contemporânea e atuante.
cidadão. O Brasil adota a República como forma de Governo e
O direito incorpora a teoria da soberania e tenta compatibilizá- o federalismo como forma de Estado. Em sua obra Direito
la aos problemas de hoje, e remetem ao povo, aos cidadãos e à Administrativo da Série Advocacia Pública, o renomado jurista
sua participação no exercício do poder, o direito sempre tende Leandro Zannoni, assegura que governo é elemento do Estado e o
a preservar a vontade coletiva de seu povo, através de seu explana como “a atividade política organizada do Estado, possuindo
ordenamento, a soberania sempre existirá no campo jurídico, pois ampla discricionariedade, sob responsabilidade constitucional e
o termo designa igualmente o fenômeno político de decisão, de política” (p. 71).
deliberação, sendo incorporada à soberania pela Constituição. É possível complementar esse conceito de Zannoni com a
A Constituição Federal é documento jurídico hierarquicamente afirmação de Meirelles (1998, p. 64-65) que aduz que “Governo é a
superior do nosso sistema, se ocupando com a organização expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos
do poder, a definição de direitos, dentre outros fatores. Nesse do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente”. Entretanto,
diapasão, a soberania ganha particular interesse junto ao Direito tanto o conceito de Estado como o de governo podem ser definidos
Constitucional. Nesse sentido, a soberania surge novamente em sob diferentes perspectivas, sendo o primeiro, apresentado sob o
discussão, procurando resolver ou atribuir o poder originário e seus critério sociológico, político, constitucional, dentre outros fatores.
limites, entrando em voga o poder constituinte originário, o poder No condizente ao segundo, é subdividido em sentido formal sob um
constituinte derivado, a soberania popular, do parlamento e do conjunto de órgãos, em sentido material nas funções que exerce e
povo como um todo. Depreende-se que o fundo desta problemática em sentido operacional sob a forma de condução política.
está entranhado na discussão acerca da positivação do Direito em O objetivo final do Governo é a prestação dos serviços públicos
determinado Estado e seu respectivo exercício. com eficiência, visando de forma geral a satisfação das necessidades
Assim sendo, em síntese, já verificados o conceito de Estado e coletivas. O Governo pratica uma função política que implica uma
os seus elementos. Temos, portanto: atividade de ordem mediata e superior com referência à direção
ESTADO = POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA soberana e geral do Estado, com o fulcro de determinar os fins da
ação do Estado, assinalando as diretrizes para as demais funções e
Obs. Os elementos (povo + território + soberania) do Estado buscando sempre a unidade da soberania estatal.
não devem ser confundidos com suas funções estatais que
normalmente são denominadas “Poderes do Estado” e, por sua — Administração pública
vez, são divididas em: legislativa, executiva e judiciária
Conceito
Em relação aos princípios do Estado Brasileiro, é fácil encontra- Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a atividade
los no disposto no art. 1º, da CFB/88. Vejamos: que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- e agentes públicos.
se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e
I - a soberania; estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como
II - a cidadania; “a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob
III - a dignidade da pessoa humana; regime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; dos interesses coletivos”.
V - o pluralismo político. Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e
Ressalta-se que os conceitos de soberania, cidadania e órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo,
pluralismo político são os que mais são aceitos como princípios sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa
do Estado. No condizente à dignidade da pessoa humana e aos em sentido objetivo.
valores sociais do trabalho e da livre inciativa, pondera-se que Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em
estes constituem as finalidades que o Estado busca alcançar. Já os órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções
conceitos de soberania, cidadania e pluralismo político, podem ser administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também
plenamente relacionados com o sentido de organização do Estado na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo.
sob forma política, e, os conceitos de dignidade da pessoa humana
e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, implicam na
ideia do alcance de objetivos morais e éticos.

90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em suma, temos: do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar
ao consórcio público a ser firmado entre entes públicos (União,
Sentido amplo {órgãos Estados, Municípios e Distrito Federal).
SENTIDO SUBJETIVO governamentais e órgãos
administrativos}. Princípios da administração pública
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
Sentido estrito {pessoas princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
SENTIDO SUBJETIVO jurídicas, órgãos e agentes um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
públicos}. jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpretes
Sentido amplo {função do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato de
SENTIDO OBJETIVO que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da ordem
política e administrativa}.
jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada pelos
Sentido estrito {atividade contornos que conferem à determinada seara jurídica.
SENTIDO OBJETIVO
exercida por esses entes}. Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
Existem funções na Administração Pública que são exercidas Referente à função hermenêutica, os princípios são
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que amplamente responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais
são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e parâmetros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no
serviço público. ato de tutela dos casos concretos. Por meio da função integrativa,
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais
uma das funções. Vejamos: lacunas legais observadas em matérias específicas ou diante das
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do particularidades que permeiam a aplicação das normas aos casos
desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de existentes.
utilidade ou de interesse público. Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrativa. integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos
São os atos da Administração que limitam interesses individuais em legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo,
prol do interesse coletivo. dando-lhe unicidade e coerência.
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser
Administração Pública executa, de forma direta ou indireta, expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não
para satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, positivados e não escritos na lei de forma expressa.
sob o regime jurídico e com predominância pública. O serviço
público também regula a atividade permanente de edição de atos — Observação importante:
normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de Não existe hierarquia entre os princípios expressos e
forma implementativa de políticas de governo. implícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente
de governo e desempenhar a função administrativa em favor do implícitos.
interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os
andamento da Administração Pública como um todo com o princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito
incentivo das atividades privadas de interesse social, visando Administrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois
sempre o interesse público. princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do
A Administração Pública também possui elementos que a Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público.
compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
função administrativa estatal. Conclama a necessidade da
Supremacia do
sobreposição dos interesses da
Interesse Público
— Observação importante: coletividade sobre os individuais.
Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais Sua principal função é
acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato orientar a atuação dos agentes
da coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem Indisponibilidade do
públicos para que atuem em
a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas Interesse Público
nome e em prol dos interesses
nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos da Administração Pública.
internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
No direito público interno encontra-se, no âmbito da Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas
administração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que
e III, do CC). tais prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo privados, termina por colocar limitações aos agentes públicos
da administração indireta, as autarquias e associações públicas no campo de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de
(art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas aprovação em concurso público para o provimento dos cargos
jurídicas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 públicos.

91
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– Normas penais em branco, isto é, as que exigem um


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO complemento para ter eficácia, violam o princípio da reserva legal?
DIREITO PENAL; IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL Prevalece o entendimento que as normais penais em branco não
violam o princípio da reserva legal, pois a conduta está sendo
— Legalidade (Art. 5°, XXXIX + Art. 1°, CP + Documentos discriminada na norma penal, apenas que o legislador não tem
Internacionais) como colocar todas as minúcias do tema na lei.
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal → real limitação ao poder estatal de Irretroatividade da Lei Penal
interferir na esfera das liberdades individuais. – A lei penal só se aplica aos fatos ocorridos durante a sua
O princípio da legalidade se divide em dois subprincípios: vigência, não atingindo fatos anteriores.
reserva legal e anterioridade.
– Reserva legal: não há crime ou pena sem lei em sentido – Existe exceção? Sim, a lei penal mais benéfica ao agente terá
estrito, ou seja, diploma legal emanado do Poder Legislativo. aplicação retroativa.
1 – E contravenção penal? A doutrina entende que as
contravenções/infrações penais também não podem ser aplicadas Individualização da Pena (Art. 5°, XLVI, CF)
sem lei. – “A lei regulará a individualização da pena”: nenhum caso
2 – Além da pena, entende-se também que a medida de é idêntico a outro caso, mesmo se for possível realizar a mesma
segurança não pode ser aplicada sem prévia lei. conduta criminosa, portanto cabe à lei individualizar a pena
conforme as circunstâncias inerentes ao caso (reprimenda exata),
Medida legal é outra espécie de sanção penal (resposta dada sendo vedada uma condenação “genérica” a todos que realizam
a alguém por uma infração penal), na qual a culpabilidade não é determinada conduta.
um pressuposto, mas sim a periculosidade, ex.: agente não pode – A individualização visa respeitar o princípio da
ser condenado em função de doença mental, porém ele sofre proporcionalidade.
a aplicação de medida de segurança (tratamento ambulatorial, – Este princípio não se aplica somente ao Juiz ou Promotor, mas
internação, por exemplo). também em 03 (três etapas).
1 – Etapa legislativa: o legislador não pode produzir uma
– Anterioridade: não há crime ou pena sem lei anterior ao fato norma que viola a individualização, elaborando uma lei que retire
praticado, ex.: a partir de hoje, beber cerveja é crime, porém quem do Juiz os poderes para fixar parâmetros na aplicação da pena,
bebia até ontem não pode ser criminalizado → a anterioridade gera por exemplo, (“quem cometeu tal crime terá pena de x anos, sem
o princípio da irretroatividade da lei penal. exceção).
2 – Etapa judicial: o juiz, ao analisar o caso concreto sub
Atributos da Lei Penal: a lei penal deve ser: judice, condena ao agente e prossegue à dosimetria da pena, onde
I – a norma penal deve ser escrita. Os costumes influenciam ocorrerá a individualização.
no direito penal e servem para aclarar determinados textos (ex.: 3 – Etapa administrativa (execução penal): o Juiz da execução
repouso noturno). Segundo o MPSP, o costume não pode revogar penal também deve analisar cada caso concreto, de modo a verificar
crime (v. Súmulas 502 e 574, STJ); quem receberá um benefício, por exemplo.
II – A norma penal deve ser certa, sem margens de dúvidas
para sua interpretação; Intranscendência da Pena (Art. 5°, XLV, CF)
III – Deve ser taxativa, de forma a evitar que a norma seja – O efeito penal primário da sentença condenatória não pode
aplicada a uma gama variada de condutas, violando o princípio da passar da pessoa do condenado, isto é, somente ele poderá ser
reserva legal; preso → a morte é uma das causas de extinção de punibilidade (Art.
IV – A norma penal deve ser necessária, uma vez que o direito 107).
penal deve ser o último recurso do Estado para proteção do bem – Já os efeitos secundários (extrapenais), notadamente a
jurídico. obrigação de reparar o dano e/ou a decretação do perdimento
dos bens, podem ser estendidos aos sucessores e contra eles
Tópicos relevantes executados, nos termos da lei, até o limite do valor do patrimônio
– Medidas Provisórias em matéria penal, a rigor, a Medida transferido (limite do valor da herança).
Provisória não pode tratar de matéria penal (v. Art. 62, § 1º, “b”, – Os herdeiros também terão que pagar as multas do
CF), porém o STF entende que a Medida Provisória pode tratar condenado falecido? A multa se insere no efeito penal primário,
de matéria quando beneficiar o infrator (reduzindo penas, logo ela não passa aos herdeiros, pois estes só recebem os efeitos
discriminando condutas, por exemplo). civis da pena e não os efeitos punitivos.

269
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Limitação das Penas ou Humanidade (Art. 5°, XLVII) → cláusula 2 – É possível a regressão de regime de cumprimento da pena
pétrea pela prática de novo crime? O STF e STJ entendem que o Juiz da
– Não haverá penas: execução pode proceder à regressão de regime mesmo sem o
I – de morte, salvo em caso de guerra declarada; trânsito em julgado do novo crime.
II – de caráter perpétuo; 3 – Revogação da suspensão condicional do processo pela
III – de trabalhos forçados; prática de novo crime (Art. 80, Lei 9.099/95): se o agente praticar
IV – de banimento; ou o novo crime, o benefício do SURSIS será revogado, mesmo sem o
V – cruéis. trânsito em julgado do novo crime.

– “Trabalhos forçados”: contrário ao que se imagina, o trabalho – Prisões cautelares não ofendem a presunção da inocência.
do preso não é forçado pois o labor do preso não é pena e tampouco
é forçado → o trabalho é um dever, porém ninguém forçará o preso Ofensividade
a trabalhar se não quer. – A conduta criminalizada pela Lei deve, necessariamente, ser
– “Caráter perpétuo”: a pena não precisa ser explicitamente capaz de ofender significativamente um bem jurídico relevante/
perpétuo, bastando que ela possua o caráter de perpétuo. importante para a sociedade. Em outras palavras, o legislador não
pode tipificar uma conduta cotidiana como crime, quando ela não
Presunção de Inocência ou Não-Culpabilidade (Art. 5°, LVII, viola um bem jurídico relevante para a sociedade (ex.: andar de
CF) chinelos).
– “Ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado – É também conhecido como princípio da lesividade.
da sentença penal condenatória’ → regra taxativa.
– A presunção de inocência é uma regra probatória (de Alteridade
julgamento), ou seja, somente a certeza da culpa pode gerar a – O fato deve causar lesão (ofender) a um bem jurídico de
condenação → em razão disto, incumbe ao acusador o ônus da terceiro.
prova a respeito da culpa pela prática do fato. – Deste princípio decorre que o direito penal não pune a auto-
1 – O ônus da prova não será do acusador quando houver infração.
alegação de excludente de ilicitude ou culpabilidade → neste caso, 1 – O crime de fraude contra seguro seria uma exceção ao
o ônus será do acusado, porém, mesmo se ele não conseguiu princípio da alteridade? Não, porque o bem patrimônio protegido
provar uma excludente, o Juiz mesmo assim poderá absolvê-lo, caso não é do ofensor mas sim o da seguradora, que teria que pagar um
entenda que exista fundada dúvida sobre existência da culpa (Art. prêmio injustamente.
386, CPP).
2 – Da presunção decorre o “in dubio pro reo” → havendo Confiança
dúvida acerca da culpa, o Juiz deve decidir a favor do réu. – Todos possuem direito de atuar, acreditando que as demais
pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a
– A presunção de inocência também é uma regra de vida em sociedade. Ninguém pode ser punido por agir com essa
tratamento: o acusado deve ser sempre tratado como inocente, expectativa.
seja na dimensão interna quanto externa. – A confiança serve como vetor de interpretação nos crimes
1 – Dimensão interna: o acusado deve ser a todo tempo tratado culposos, uma vez que nestes crimes o agente viola o dever objetivo
como inocente dentro da persecução penal (fase de investigação, de cuidado. A confiança ajuda a analisar se houve descuido ou não.
processo penal), ex.: prisões antecipadas equivocadas violam a
presunção de inocência. Adequação Social
2 – Dimensão externa: o acusado, fora da persecução penal, – Uma conduta, ainda que tipificada em Lei como crime,
também deve ser tratado como inocente, ex.: acusado não pode ter quando não afrontar o sentimento social de justiça, não será crime
sua nomeação em cargo público impedida por estar respondendo a em sentido material, ex.: crime de adultério (mesmo quando estava
um processo penal. tipificado a sociedade não tratava esta prática como crime).
– A adequação social é raramente utilizado na jurisprudência.
– “Relativização” da presunção de inocência: o STF, em
decisões recentes, adotou o entendimento que, como nenhum “Non Bis In Idem (Ne Bis In Idem)”
princípio é absoluto, a presunção da inocência pode ser relativizada – Ninguém pode ser punido ou sequer processado duas vezes
para fins de permitir a execução provisória da pena privativa pelo mesmo fato → não se pode, ainda, utilizar o mesmo fato,
de liberdade, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença condição ou circunstância duas vezes;
penal condenatória, bastando para tal que a referida tenha sido
referendada por um tribunal superior, sem prejuízo de eventual Proporcionalidade
REsp ou RExt (v. HC 126.292). – As penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à
gravidade do fato, bem como serem cominadas de forma a dar ao
Questões relevantes infrator uma sanção proporcional ao fato abstratamente previsto;
1 – Inquéritos policiais e ações penais em curso configuram
maus antecedentes? Não → “É vedada a utilização de inquéritos Intervenção Penal Mínima (“Última Ratio”)
policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.” – O direito penal não pode ser a primeira opção, devendo ser
(Súmula 444, STJ). reservado para casos excepcionais.

270
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

– Quando a intervenção penal é necessária? Para saber, – O princípio da insignificância é aplicada ao descaminho, uma
é necessário analisar os caráteres fragmentariedade e vez que a lei 10.520/02 estabeleceu uma dispensa para a Fazenda
subsidiariedade;[. Nacional, isto é, ela não precisaria executar para cobrar valores
1 – Fragmentariedade: o direito penal só deve intervir os bens inscritos na dívida ativa que não excedesse R$ 10 mil, logo, se
jurídicos mais relevantes para a sociedade → fragmento = só uma tributariamente o valor é insignificante, para o penal também será.
parte. – Posteriormente, algumas portarias do MF atualizaram o
2 – Subsidiariedade: O direito penal só vai intervir quando as valor da dispensa: o STF, consequentemente, aumentou o valor
demais formas de controle social, incluindo os demais ramos do do princípio, porém o STJ manteve entendimento que o valor da
direito, forem insuficientes → atuação “não principal” do direito dispensa devia ser igual o da lei, ou seja, R$ 10 mil. Recentemente,
penal. o STJ passou a entender que é de R$ 20 mil do tributo sonegado.

— Princípio da Insignificância (Bagatela) Tópicos Importantes: Reincidência


– A reincidência: prática de um novo crime após o trânsito
Conceito em julgado da sentença condenatória - afasta ou não a aplicação
– Uma conduta que não ofenda significativamente o bem do princípio da insignificância? Embora polêmico, prevalece o
jurídico penal protegido pela norma não pode ser considerado entendimento de que a reincidência, por si só, não afasta o
como crime (atipicidade) → a conduta foi realizada no mundo princípio da insignificância → ela pode ser afastada, todavia, a
fenomênico, porém foi de forma a ser tido como irrelevante. depender da análise do caso concreto.

1 – Tipicidade formal: a adequação/substanciação do fato à Tópicos Importantes: Impossibilidade da Insignificância


norma. – Furto qualificado: embora tenha sido pacífico o entendimento
2 – Tipicidade material: a conduta, além de ser típica, também quanto à não aplicação da insignificância no furto qualificado,
deve produzir uma ofensa relevante ao bem jurídico protegido pela recentemente os tribunais superiores têm abandonado esta
norma → se a conduta não produzir a ofensa relevante, mesmo corrente.
sendo típica, ela deixa de ser crime. – Crime ambiental: recentemente, os tribunais superiores têm
admitido a aplicação da insignificância aos crimes ambientais, a
Requisitos da Insignificância → “Mari” depender da análise do caso concreto.
– Mínima ofensividade da conduta. – Crimes em que não se aplica a insignificância:
– Ausência de periculosidade social da ação. 1 – Crimes contra a Administração Pública (Súmula 599, STJ),
– Reduzido (ou “reduzidíssimo”) grau de reprovabilidade do salvo no caso de descaminho (ver acima).
comportamento. 2 – Moeda falsa: o bem jurídico afetado não é o patrimônio de
– Inexpressividade da lesão jurídico. um particular mas sim a fé pública.
1 – Qual o patamar para que se considere haver insignificância 3 – Tráfico de drogas: não há como falar em um reduzido grau
penal? Em linhas gerais, o STF e STJ entendem que o patamar é de reprovabilidade (trata-se de crime hediondo, inclusive).
de um 1/10 do salário mínimo vigente quando da realização da 4 – Roubo ou qualquer crime cometido com violência ou grave
conduta → este patamar não é rígido, servindo apenas para auxiliar ameaça à pessoa.
os Magistrados na hora da aplicação do princípio. 5 – Violência doméstica e familiar contra a mulher (v. Lei Maria
da Penha).
Bagatela Imprópria
– Ocorre quando o Juiz, ao verificar que o agente praticou o ato — Disposições Constitucionais Relevantes do Direito Penal
tipificado ilícito e culpável, deixa de aplicar a pena por entender que
a pena é desnecessária. Mandados de Criminalização
– A CF/88 não tipifica condutas, porém ordena que o legislador
Tópicos Importantes: Descaminho (Art. 334) proteja determinadas condutas, trazendo ainda, algumas condições.
– Conceito de descaminho: é a conduta do agente que ilude o 1 – “A prática de racismo constitui crime inafiançável e
pagamento devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei” (Art.
em nosso país (ex.: trazer um aparelho celular escondido, que foi 5º, XLII, CF).
adquirido nos EUA). 2 – “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
– Descaminho (Art. 334) ≠ contrabando (Art. 334-A): no graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes
descaminho, o crime não está na importação do produto, mas e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
apenas na ausência do pagamento devido, ao passo que no por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
contrabando o agente importa produto proibido no país. podendo evitá-los, se omitirem” (Art. 5º, XLIII, CF).
1 – O descaminho é um crime que ofende a ordem tributária, 3 – “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
ao passo que o contrabando é um crime que ofende a soberania grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
nacional, tanto que não se aplica o princípio da insignificância ao o Estado Democrático” (Art. 5º, XLIV, CF).
contrabando.
– Todos os mandados preveem a inafiançabilidade, isto é, a
impossibilidade de concessão de fiança, o que não impede, todavia,
a concessão de liberdade provisória, de acordo com STF.

271
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS COMUNS

Refere-se ao emprego do método cientifico e sua característica


NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA: NOÇÕES E PRINCÍPIOS DA de eventual refutabilidade conforme novas informações e/ou des-
CRIMINALÍSTICA cobertas cientificas.
5) Princípio da documentação: Toda amostra deve ser docu-
mentada, desde seu nascimento no local de crime até sua análise
A palavra Criminalística1 foi usada pela primeira vez em 1893,
e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico completo
na Alemanha, na cidade de Gratz, por Hans Gross, juiz de instrução
e fiel de sua origem. Esse princípio tem base na Cadeia de Custódia
criminal e professor de Direito Penal, no seu livro Manual do juiz de
instrução. Hans Gross é considerado o pai da Criminalística. da prova material e visa a proteger a fidelidade desta, evitando a
Enquanto a Medicina Legal estuda os vestígios intrínsecos do consideração de provas forjadas.
crime, isto é, na pessoa, a Criminalística objetiva reconhecer e in-
terpretar os indícios materiais extrínsecos do delito e/ou identificar
o criminoso. TIPOS DE PROVAS: PROVA CONFESSIONAL, PROVA TES-
Esses vestígios materiais são analisados de forma dinâmica in- TEMUNHAL, PROVA DOCUMENTAL E PROVA PERICIAL
cluindo a origem, os fatos geradores, a interpretação, os meios e
formas com que foram produzidos e a interligação entre eles.
A Criminalística é uma disciplina autônoma porque possui leis, Conceito de prova3
método e princípios próprios, apesar de valer-se dos conhecimen- Prova é tudo aquilo que materializa uma infração penal. Vale
tos de outras ciências como Toxicologia, Química, Física, Biologia, lembrar que prova é diferente de provar. Logo, para o nosso siste-
Matemática, entre outras, o que lhe confere o aspecto multidiscipli- ma acusatório, não basta alegar, deve-se provar, é uma assertiva.
nar. Daí a necessidade de peritos criminalísticos ou peritos criminais Esta prova deve ser robusta, colhida dentro de todas as garantias
com diferentes formações profissionais. constitucionais para que se possa pretender uma responsabilização
A criminalística não é uma ciência e sim uma disciplina que penal.
agrega um conjunto de ciências e saberes que nos auxiliam a elu- Talvez você já tenha ouvido falar aquela máxima de que o delin-
cidar um crime. No dicionário Aurélio (2004 citado por Portal Edu- quente alega que “foi coagido a confessar o crime na delegacia”. Nes-
cação [S.d.]), consta como sendo “Ciência auxiliar do Direito Penal, ses casos, essa confissão de nada vale, mas tem uma característica: é
a qual tem por objeto a descoberta do crime e a identificação de retratável, isto é, quando ouvido em juízo, o acusado pode negar.
seus autores”. No caso de uma prova pericial, é mais complexo, pois normal-
É o conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribuições mente não se trata de apenas uma prova e sim de várias provas. Por
de várias ciências, indica os meios para descobrir os crimes, iden- exemplo, num caso de homicídio, temos o Laudo de Exame e Levan-
tificar os seus autores e encontrá-los, utilizando-se de subsídios da tamento de Local de Crime que descreverá todas as características
química, da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da psi- da cena do crime, coletando impressões digitais e material biológi-
quiatria, da datiloscopia etc., que são consideradas ciências auxilia- co para análise de DNA. Já no Laudo de Necropsia efetuado no IML,
res do Direito Penal. o legista descrevera as condições em que a pessoa foi morta.
A criminalística utiliza-se de todos os recursos científicos e líci- O cruzamento dessas informações quando confrontado com as
tos para produzir e materializar a prova de forma a provar a autoria declarações do suspeito permitirá ao júri uma análise e julgamento.
de um crime. Isso quer dizer que utilizar tecnologias específicas em Neste momento voltamos ao triângulo do crime, motivos -
uma determinada área nos exames periciais não acarreta quaisquer meios - oportunidade. Estas respostas quando cruzadas com as do
impedimentos por ocasião dos exames. laudo e do Interrogatório que, quando, como, onde é por que, liqui-
dam o assunto.
Princípios da Criminalística2 No interrogatório judicial o acusado dará sua versão dos fatos
1) Princípio da Observação: “Todo contato deixa uma marca” e se defenderá. Cabe ao conselho de sentença decidir e ao juiz pre-
(Edmond Locard). sidente aplicar a sanção.
2) Princípio da Análise: A análise pericial deve sempre seguir o
método científico.
3) Princípio da Interpretação também conhecido por Princípio
de Kirk: Dois objetos podem ser indistinguíveis, mas nunca idênti-
cos.
4) Princípio da Descrição: “O resultado de um exame pericial é
constante com relação ao tempo e deve ser exposto em linguagem
ética e juridicamente perfeita”.
1 [ BITTAR, Neusa. Medicina legal e noções de criminalística. 11. ed. Indaiatuba:
Foco, 2022.]
2 [ Disponível em: https://jus.com.br/artigos/32953/criminalistica-forense. 3 [ LIPINSKI, Antonio Carlos. Perícias criminais. 1. ed. São Paulo: Contentus,
Acesso em 10.05.2024.] 2020.]

467
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS COMUNS

Tipos de Provas4 Exame de corpo de delito


O exame de corpo de delito é a própria perícia Podemos dizer
Prova Confessional de maneira bem sucinta que este “seria o exame realizado no bem
Deriva da confissão do indivíduo. É o reconhecimento da au- tutelado pelo Estado”. Quando falamos em bem tutelado estamos
toria do crime, ou seja, a aceitação pelo indiciado pela acusação nos referindo à vida, ao património, etc. e devemos materializar
que lhe é dirigida. A confissão é usada como uma prova dentro do esta ofensa a este bem tutelado após um exame, emitindo um Lau-
processo e amplamente utilizada, mas tem problemas, por ser sub- do de Exame de Corpo de Delito.
jetiva (depender do sujeito que faz a confissão). Quando se fala em exame de corpo de delito, logo, muitos,
pensam ser a análise relacionada ao crime cometido contra o corpo
Prova Testemunhal da vítima, ex.: crime de estupro, realmente há que se proceder à
É a pessoa idônea diferente das partes capaz de depor, con- análise, perícia em seu corpo.
vocada pelo juiz, por iniciativa própria ou a pedido das partes para No entanto, o conceito não se restringe somente a isso. Exame
depor em juízo sobre fatos sabidos e concernentes à causa. corpo de delito é quando o crime praticado deixa vestígios, poden-
A prova testemunhal é válida e amplamente utilizada, mas tem do ser o objeto dessa análise um carro, um quarto de hotel, uma
problemas, assim como a prova confessional, tem subjetividade cadeira, uma porta, um banco.
(depende do sujeito que está contando a história). Quando não for possível a sua realização, a prova testemunhal
poderá suprir a falta (Art. 167, CPP). O exame pode ser direto, quan-
Prova Documental do realizado nos próprios vestígios do crime, ou indireto, por meio
Documento é uma coisa capaz de representar um fato (Carne- de registros. Assim, são modalidades de exame corpo de delito:
lutti). Assim em sentido lato, documento não é apenas o escrito, -DIRETO: É o exame realizado, em regra, por peritos, direta-
mas toda e qualquer coisa que transmita diretamente o registro físi- mente sobre o corpo de delito;
co de um fato, tais como desenhos, fotografias, gravações sonoras, - INDIRETO: quando há impossibilidade de realização direta so-
entre outros. bre os vestígios. Não é realizado diretamente sobre os vestígios do
O documento pode ser apresentado em sua forma original ou crime, mas por intermédio de testemunhas, prontuários, fotogra-
cópias. O documento quando autêntico, forma uma prova de enor- fias etc.
me prestígio, todavia este não comprova totalmente o fato. No sis- O presente tema encontra-se nos artigos 158 a 184 do Código
tema processual Brasileiro não há uma hierarquia de provas, deven- de Direito Processual Penal.
do o juiz analisar livremente a prova e forma seu convencimento. Tal procedimento é realizado por perito oficial, portador de
Podendo assim outras provas como a confissão testemunhal e diploma de curso superior. Em não havendo perito oficial na locali-
confissão pericial se sobreporem ao documento. dade, o exame poderá ser realizado por duas pessoas idôneas, com
respectivo diploma de curso superior, de preferência na área espe-
Prova Pericial cífica, segundo redação do art. 159, CPP.
A prova pericial é uma importante evidência em um processo
criminal, pois se baseia, sobretudo, em fatos científicos diante de Importante: O Código de Processo Penal, no art. 158, dita ser
uma controvérsia técnica entre as partes envolvidas. obrigatório realizar o exame de corpo de delito sempre que o delito
Desse modo, essa é uma fonte confiável para o juiz embasar deixar vestígios, não podendo ser suprido pela confissão do acusa-
uma decisão mais justa em uma ação judicial. do.
Atualmente é considerada a mais importante das provas, por
ser feita de maneira objetiva, com método científico, reproduzível Contudo, se não for possível a sua realização, seja de forma
(quantas vezes quiser a depender do caso); direta ou indireta, por terem desaparecidos os vestígios da infração
Além disso, pode ser feito por peritos diferentes e ter o mesmo
penal, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
resultado, confere uma confiabilidade muito grande para a prova
A prova testemunhal não é uma espécie de forma indireta de
pericial.
realização do exame de corpo de delito, mas supletiva, quando dá
impossibilidade do exame de forma direta ou indireta.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por
CORPO DE DELITO haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá su-
prir-lhe a falta.
Corpo de delito é a materialidade do crime. Exame de corpo de
delito é a perícia que se faz para apontar a referida materialidade. O exame pode ser realizado em QUALQUER DIA E QUALQUER
Corpo de delito é todo vestígio que tem relação direta ou indi- HORA, consoante dispõe o artigo. 161 do CPP.
reta com o crime. Alguns autores conceituam corpo de delito como Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual-
o conjunto de elementos materiais e sensíveis do fato delituoso. O quer dia e a qualquer hora.
corpo de delito pode ser direto (quando emerge diretamente uma
relação com o crime) ou indireto (quando se utiliza outros meios de Quanto à prioridade na realização do exame de corpo de delito
provas, como o testemunho ou uma gravação).
Após a formalização dos vestígios em sede de processo, cons- Frise-se ainda que, nos crimes que envolver violência domés-
tatando-se relação com o crime, há que se falar em prova técnica tica e familiar contra a mulher, bem como naqueles contra criança,
ou prova material. adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, dar-se-á prioridade
no exame.
4 [ Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/tipos-de-pro-
va/1294651858. Acesso em 09.05.2024.]

468
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS COMUNS

Importante esclarecer ainda que a falta do exame de corpo de Parecer


delito poderá ocasionar a nulidade processual quando o delito dei- O parecer criminalístico pode ser definido como um documen-
xou vestígios e não fora realizado. to técnico formal que apresenta o resultado final de um completo
trabalho técnico-científico. É uma opinião técnica, pode reforçar ou
Nesse sentido, dita o artigo 564 do CPP: contradizer um laudo, é feita pelo assistente técnico. Exprime o re-
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: sultado de um trabalho de análise.
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte; Dica: Opinião = Parecer
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de Importante: Documentos Médicos legais e Documentos Crimi-
contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; nalísticos apesar de coincidirem não são a mesma coisa.
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios,
ressalvado o disposto no Art. 167;
FINALIDADE DA CRIMINALÍSTICA: CONSTATAÇÃO DO
FATO, VERIFICAÇÃO DOS MEIOS E DOS MODOS E POSSÍ-
DOCUMENTOS CRIMINALÍSTICOS: AUTO, LAUDO PERI- VEL INDICAÇÃO DA AUTORIA
CIAL, PARECER CRIMINALÍSTICO
FINALIDADE DA CRIMINALÍSTICA
Auto A Criminalística tem como principal finalidade a produção de
São a materialidade do procedimento, dos documentos, dos prova pericial que possa elucidar um determinado fato de interes-
quais se corporificam os atos do procedimento. se jurídico, organizacional ou até mesmo de pessoa física. Dessa
Exemplo: Autos do processo. forma, podemos identificar a Criminalística não como uma Ciên-
cia, mas como a aplicação do conhecimento de diversas Ciências e
Artes. Utilizando métodos desenvolvidos e inerentes a estas áreas
Laudo Pericial
para auxiliar e informar as atividades policiais e judiciárias de inves-
O laudo pericial é uma peça técnica formal que apresenta o
tigação criminal.
resultado de uma perícia. É elaborado por peritos oficiais ou peritos
A Criminalística é uma ciência que tem por objetivos:
judiciais. Nele deve ser relatado tudo o que fora objeto dos exames
- dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência
levado a efeito pelos peritos. É um documento técnico-formal que
do ilícito penal;
exprime o resultado do trabalho do perito.
- verificar os meios e os modos como foi praticado um delito,
A análise pericial deve sempre seguir o método científico.
visando fornecer a dinâmica do fenômeno;
Dentre as várias peças técnicas, o laudo pericial é o documento - O reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais
mais completo, em razão da sua origem que é um exame de nature- extrínsecas;
za pericial, feito por peritos. - indicar a autoria do delito, quando possível;
Aqui vale ressaltar que, sob o enfoque técnico-jurídico, um - Interpretar os elementos que conduzam à identificação do
exame pericial pressupõe um trabalho de natureza eminentemente agente;
técnico-científico e da maior abrangência possível. É, portanto, um - elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.
trabalho (exame pericial) levado a efeito por especialistas (peritos)
naquilo que estão a realizar, cuja obrigação é dar a maior abrangên- - Dar a materialidade do fato típico - constatando a ocorrência
cia possível ao exame. do ilícito penal indica a possível ocorrência de um crime e impede
Sabemos que um exame pericial deve se pautar pela mais com- que se argumente que o fato (o corpo encontrado, por exemplo)
pleta constatação do fato, análise e interpretação e, como resultado seja negado.
final, a opinião de natureza técnico-científica sobre os fatos exami- - Verificar os meios e os modos como foi praticado um delito,
nados. Os peritos não devem se restringir ao que lhes foi pergunta- visando fornecer a dinâmica do fenômeno - verificar os meios e
do ou requisitado, mas estarem sempre atentos para outros fatos os modos (modus operandi) como foi praticado um delito visando
que possam surgir no transcorrer de um exame. sempre fornecer a dinâmica do evento, entretanto, nem sempre é
Assim, a partir desse amplo e completo exame (a perícia), a possível devido às falhas habituais e dificuldades na preservação da
peça técnica capaz de exprimir o universo dessa perícia é o Laudo cena do crime (onde, como, quando?).
Pericial. - O reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais
O laudo pericial é, portanto, o resultado final de um completo extrínsecas, ou seja, analisa aqueles vestígios que foram retirados
e detalhado trabalho técnico-científico, levado a efeito por peritos, da cena de crime, que podem ser conteúdos biológicos, material
cujo objetivo é o de subsidiar a Justiça em assuntos que ensejaram como um objeto, por exemplo. O perito, através da criminalística,
dúvidas no processo. Dentro desse objetivo, temos aqueles laudos interpreta todos esses vestígios e diz o impacto que tem naquela
destinados à Justiça Criminal e os que se destinam à Justiça Cível. cena, e interpretar os elementos que conduzam a identificação do
O conteúdo de um laudo pericial criminalístico não varia de um agente (com que auxílio?).
perito para outro, pois a criminalística é baseada em leis científicas, - Indicar a autoria do delito, quando possível - a identificação
com teorias consagradas. de autoria é ato pelo qual se identifica uma pessoa ou coisa que seja
Será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este de interesse da justiça. É uma forma de determinar a identidade
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos de uma pessoa afim de não cometer erros diante de uma possível
peritos. necessidade de localização de autoria de delito.

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