Sociologia

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Renato Ortiz

https://comunicacidadao.wordpress.com/2010/06/10/fichamento-–-mundializacao-e-cultura-o
rtiz-renato/

https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-de-santa-maria/sociologia-da-
comunicacao/fichamento-de-mundializacao-e-cultura-renato-ortiz/11702157?origin=course-s
uggestion-2

Umberto eco
de um lado os que viam a cultura de massa como a anticultura que se contrapõe à cultura
num sentido aristocrático – sendo, portanto, um sinal de decadência; e de outro os que viam
nesse fenômeno o alargamento da área cultural com a circulação de uma arte e de uma
cultura popular consumidas por todas as camadas sociais.Uns recusam, outros aceitavam.
Confrontavam-se pessimistas e otimistas. O apocalíptico consolava o leitor porque o eleva
acima da banalidade média. Era super-homem, segundo Eco, porque estava acima da
massa e dela não fazia parte. O integrado, por sua vez, convidava o leitor à passividade ao
aceitar o consumo acrítico dos produtos da cultura de massa.

De um lado os chamados “teóricos críticos” da Escola de Frankfurt (Adorno e Horkeimer)


que, nos anos 30 e 40, viam na produção de bens culturais padronizados e estereotipados –
a comunicação de massa – a capacidade de fornecer aos indivíduos meios imaginários de
escape da dura realidade social, debilitando-os, portanto, de sua capacidade de pensar de
forma crítica e autônoma. De inspiração marxista, essa corrente de análise entendia a
comunicação de massa como um meio de ideologia, um mecanismo de difusão de idéias
que promovia interesses das classes dominantes. No entanto, uma outra explicação
desenvolvida nos anos 50 e 60 pelos chamados “teóricos da mídia” (McLuhan e Innis)
identificava na própria forma do meio de comunicação o poder de influenciar a sociedade.
Argumentavam estes teóricos que o desenvolvimento da mídia eletrônica criava um novo
ambiente cultural interacional e unificador, interligado em redes globais de comunicação
instantânea denominado por McLuhan como “aldeia global”.2

será que as análises desse fenômeno ainda refletem pólos dicotômicos? Os conceitos
“apocalípticos e integrados” foram esquecidos ou ainda ajudam a tipificar as análises sobre
o impacto das tecnologias da informação na sociedade contemporânea? Há uma nova
forma de reflexão sobre a comunicação em tempos de globalização que supere as análises
dualistas?

trata-se de discutir não apenas as tecnologias da informação e comunicação em si, suas


formas operativas e seu impacto econômico, mas também suas fundamentais inter-relações
e vínculos com a sociedade e a cultura. Relacioná-las com estes aspectos e inseri-las
também na dinâmica das forças que se organizam no sentido de contestar os aspectos
negativos dessa nova etapa do capitalismo são atitudes que nos remetem a caminhos
promissores para análises compreensivas. Significa colocar em evidência, entre outras,
questões como: a redução das fontes públicas de informação; a concentração das forças de
informação em poucos conglomerados de comunicação; os mecanismos que levaram
empresas transnacionais de mídia a tornarem-se uma força econômica de atividade global;
a submissão da vida cultural à soberania da técnica e da tecnologia; a existência de
sociedades que não se defendem do excesso de informação, e de outras que se negam a
ceder ao domínio das redes de comunicação.

equilíbrio necessário para que não se caia nos extremos fatalistas ou apologistas. É preciso
ter em mente que estamos diante do desafio de dar forma conceitual sólida a um campo de
investigação em mudanças. Os desdobramentos do impacto das tecnologias da informação
e da comunicação na era da globalização são indefinidos e múltiplos, vários e complexos,
abrangentes e com implicações sobre todos os segmentos da vida política, social,
econômica e cultural. Para uma reflexão compreensiva é fundamental encarar esse
fenômeno contemporâneo como um processo histórico-social de uma outra natureza, que
pode ser explicado pelos seus nexos e relações, mas dentro de um novo paradigma no qual
o conhecimento tende a ser plural, multidimensional e não dualista. Enfim, as tecnologias
não salvam, mas não conduzem necessariamente ao inferno.

Castells

Thompson- A mídia e a modernidade


Objetivo do livro: traçar o perfil das transformações da organização social do poder
simbólico – Teoria social da mídia

A ideia básica dessa teoria é que se você quiser entender os meios de comunicação e
seu impacto, deve analisá-los em relação aos tipos de ação e interação que eles tornam
possíveis e criam.

Poder: “Capacidade de agir para alcançar os próprios objetivos e interesses, a


capacidade de intervir no curso dos acontecimentos e em suas consequências (p.21)”

Tipos de poder: político, econômico, coercitivo, simbólico

(centralização do poder político normalmente ocorre pelo poder coercitivo)

Poder simbólico: Capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as


ações dos outros e produzir eventos por meio da produção e da transmissão de formas
simbólicas (p.23)

-A formação dos estados modernos foi possibilitada, também, pela criação de


símbolos e de sentimentos de identidade nacional, o sentido de pertença à uma pátria
● Foco Inicial: É preciso focar, inicialmente, nos meios de produção e circulação das
formas simbólicas, e não os valores, atitudes e crenças. Deste modo, é possível
observar uma sistemática transformação nas sociedades modernas, em virtude de
uma série de inovações técnicas que possibilitaram a produção, reprodução e
distribuição das formas simbólicas em escala extraordinária.
● Modelos de Comunicação: Os modelos de comunicação e interação também se
transformaram, em especial com a “mediação da cultura”, que objetivava o
desenvolvimento das primeiras organizações de mídia.

“O homem é um animal suspenso em teias de significado que ele mesmo teceu”. E, assim, as
mídias cumprem o papel de “rodas de fiar”, nas quais os seres humanos “fabricam suas teias de
significação para si mesmo” (p. 36), sempre socialmente contextualizadas. E, se a atividade
simbólica é uma característica penetrante da vida social, as instituições da mídia “se orientam
para a produção em larga escala e a difusão generalizada de formas simbólicas no espaço e no
tempo”

Outra atribuição dos meios é aquela em referência à sua capacidade de multiplicar, ou seja, de
reproduzir as formas simbólicas. Essa reprodutibilidade está na base da exploração comercial
dos meios de comunicação e garante a viabilidade comercial das organizações de mídia, por
meio do exercício de controle sobre a reprodutibilidade de uma obra.

“distanciamento espaço temporal” do seu contexto de produção (p. 48), um deslocamento no


tempo e no espaço, que pode variar significativamente. Uma interação face a face tem um
distanciamento pequeno, partilha de um mesmo conjunto referencial de tempo e espaço, e é a
memória de seus interlocutores que vai definir a sua durabilidade. Diferentemente dos
dispositivos técnicos, tais como áudio e vídeo, gravadores ou impressões, que podem intervir e
influenciar eventos distantes temporal ou espacialmente. “O uso dos meios técnicos dá aos
indivíduos novas maneiras de organizar e controlar o espaço e o tempo, e novas maneiras de
usar o tempo e o espaço para os próprios fins”

não é o número de pessoas (audiência) que definiria o termo “massa”, mas sim a disponibilidade
do conteúdo simbólico, “a princípio para uma grande pluralidade de destinatários” (p. 50).
Tampouco, o autor concorda com a perspectiva crítica de que seria uma massa de destinatários
passivos e indiferenciados.

Thompson busca problematizar o termo “comunicação” que, ao contrário das comunicações


face a face, onde o fluxo é de mão dupla, na comunicação de massa, ele tende a ser em sentido
único. Para ele, a comunicação de massa “refere-se à produção institucionalizada e difusão
generalizada de bens simbólicos através da fixação e transmissão de informação ou conteúdo
simbólico” (p. 53).]

A interação face-a-face é que ela geralmente contempla uma multiplicidade de referências


simbólicas; as palavras podem ser complementadas por gestos, expressões faciais, variações
de entonação, etc. com o objetivo de transmitir mensagens e de interpretar mensagens das
outras pessoas.

quase-interação mediada, as formas simbólicas são geradas visando um número indefinido de


receptores potenciais – ela tem, em outras palavras, um final relativamente aberto. Numa
conversa telefônica, sentenças são produzidas para um outro específico, mas num jornal ou
num programa de televisão elas são produzidas para qualquer um que dispuser de meios
(cultural e material) para recebê-las.

O autor aponta que o sentido de distância se tornou dependente de duas variáveis – tempo de
viagem e velocidade de comunicação. E é nos aspectos rotineiros e práticos que podemos
entender a natureza da atividade receptiva de um produto da mídia. O sentido que os indivíduos
lhe atribuem varia de acordo com a formação e a condição social, “de tal maneira que a mesma
mensagem pode ser entendida de várias maneiras em diferentes contextos” (p. 66). Essa
recepção se sobrepõe, se imbrica a outras atividades mais complexas e se relacionam com
outros aspectos da vida, numa velocidade cada vez mais acelerada.

Um indivíduo não precisa mais estar presente no mesmo âmbito espácio-temporal para que
possa ver um outro indivíduo ou para acompanhar uma ação ou acontecimento: uma ação ou
acontecimento pode fazer-se visível para outras pessoas através da gravação e transmissão
para os que não se encontram presentes fisicamente no lugar e no momento do ocorrido. O
campo da visão é ampliado espacialmente e pode também ser alargado tempo realmente: uma
pessoa pode testemunhar «ao vivo» eventos que acontecem em lugares distantes, isto é, no
momento em que ocorrem; uma pessoa pode ainda testemunhar eventos distantes ocorridos no
passado e que, graças à capacidade de preservação do meio, podem ser re-apresentados no
presente.

O significado não é estático, fixo, transparente, mas um fenômeno complexo, mutável, muito
dependente da estrutura que ele traz para sustentar o processo, “ao interpretar formas
simbólicas, os indivíduos as incorporam na própria compreensão que tem de si mesmo (...)
Apropriar-se de uma mensagem é apoderar-se de um conteúdo significativo e torna-lo próprio”
(p. 70).

Quanto mais esses materiais simbólicos são extraídos de fontes diversas, mais os indivíduos
experimentam o choque de valores como um conflito pessoal – isto é, como um conflito entre as
competitivas exigências que lhe são feitas ou entre os incompatíveis objetivos a que aspiram.
De qualquer maneira, os indivíduos são constantemente chamados a reconciliar, ou
simplesmente a manter em difícil equilíbrio, mensagens que conflitam umas com as outras ou
com valores e crenças enraizadas nas práticas rotineiras e na vida cotidiana. (THOMPSON,
2014: 229)

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