Literacia Resumos
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Texto 1- “Ethics off the attention economy - the problem of social media
addiction”
O vício das redes sociais tem vindo a tornar-se cada vez mais preocupante. É urgente
tomar medidas para atenuar este problema, que é cada vez mais agravante. Alguns
países já começaram a encarar este vício (China, Países Baixos, UK), porém a
concretização de regulamentação para controlar este problema ainda está por aparecer.
O negócio das redes sociais incentiva, aqueles que trabalham para ele a cometer ações
incorretas e, de certa forma, de exploração mental dos seus clientes. Neste tipo de
negócios, o produto chama a atenção do consumidor, baseando-se em anúncios. E é este
produto que tentam vender aos publicitários e às empresas. Este tipo de negócios não é
novo, mas com as redes sociais ganhou um novo impacto.
As redes sociais têm o poder de mover o mundo. No entanto, influenciam tanto para o
bem como para o mal. Por exemplo, facilmente as pessoas são convencidas por algo que
veem na internet. Isto pode levar pessoas "inocentes" a cometer crimes dos mais
pequenos aos maiores, como atos de terrorismo.
No entanto, a teoria que é adotada pelo estudo é a de Griffiths que é composta por 6
componentes:
1.A Proeminência - A Atividade Viciante.
2.A Mudança de Humor - A atividade viciante produz sentimentos como o stress, o
relaxamento, etc.
3.O Afastamento - O afastamento da " droga" tem efeitos negativos no seu consumidor
até que a volte a ter para sua utilização.
4.O Conflito - O conflito interior do consumidor e com aqueles a seu redor.
5.A Recaída - Após a tentativa de parar o vício, volta a usá-lo.
Este vício das redes sociais não é então um vício a uma substância, mas sim a um
comportamento. Estudos demonstraram que as áreas do cérebro que são ativas durante a
utilização de outras substâncias e vícios comportamentais são as mesmas que estão
ativas no cérebro dos que correspondem aos critérios de diagnóstico para o vício da
internet.
Não nos podemos esquecer, que o vício nas redes sociais não é só um e que dentro desta
área existem vários como: o vício sexual na internet, interações sociais na internet (a
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nível amigável ou romântico), compulsões na internet (ex:compras online), excesso de
informação e vício no computador (ex:jogos online).
É importante, ainda, salientar que 6% da população mundial tornou-se num " viciado na
internet", o que demonstra mais uma vez que isto é um problema global. Os
mecanismos, utilizados pelas empresas que gerem as redes sociais, que as tornam
viciantes foram mudando gradualmente. No entanto, 3 deles mantêm-se relevantes. O
sistema de recompensas, em que um exemplo poderá ser as "snapstreaks", uma
recompensa direta pela utilização da aplicação. Outro são os likes no
instagram/facebook, etc... que criam uma necessidade de validação social. De seguida as
características de design e o planeamento de plataformas de forma a ter de "esperar por
algo". Um exemplo desta "espera" de forma a não receber satisfação instantânea, é o
processo de dar " refresh". Mesmo que tenhamos internet esse processo não vai ser
instantâneo, aproximando-se de certa forma a máquinas de jogo. As redes sociais são
desenhadas com uma tecnologia que combina engenharia com técnicas psicológicas,
que levam a que os utilizadores tomem certas decisões e tenham certos comportamentos
que quem as desenvolveu espera que tenham.
Existe então uma reflexão sobre o tema e três dos principais argumentos morais sobre
esta questão são:
1.É errado usar as plataformas das redes sociais para viciar os utilizadores;
2.As plataformas das redes sociais estão feridas a um ponto humilhante;
3.As redes sociais são uma forma clara de exploração;
A maior parte dos estudos feitos sobre as redes sociais/ internet, confirmaram a
existência de efeitos prejudiciais após a utilização excessiva das mesmas. Alguns
exemplos são a diminuição de uma boa " performance" no trabalho e na escola, que
provêm da diminuição da atenção do indivíduo. Ou a diminuição de interações
familiares ou com amigos, isto tudo causa efeitos graves na vida pessoal, profissional e
social de uma pessoa. A maior parte das pessoas que se encontram nesta posição
demonstram sinais de depressão e ansiedade (podem ser causas e consequências). O
afastamento das redes sociais melhora a saúde mental.
Nussbaum propõe 7 capacidades humanas que acredita serem essenciais para a vida e a
dignidade de um ser humano.
1.A Vida: Muitos dos que apresentam este vício têm tendência a atos/pensamentos
suicidas;
2.A Saúde Corporal: A privação de sono, o consumo de substâncias como álcool e o
tabaco;
3.Sentidos, Imaginação e Pensamento: A incapacidade de ter um pensamento racional e
sobretudo contínuo;
4.Emoções: Quem se encontra viciado nas redes sociais é propício a apresentar sinais de
baixa autoestima, ansiedade social, etc;
5.Razão Prática: Diminuição da autonomia do pensamento;
6.União e Ligações Interpessoais: Perda das capacidades de interação social;
7."Brincar" - Ter a capacidade de levar com leveza e brincadeira o dia a dia;
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No entanto, apesar das redes sociais terem imensas desvantagens também são inúmeras
as suas vantagens, como por exemplo, a facilidade que temos em comunicar com
aqueles que estão longe, a partilhar o seu conhecimento e experiências com um elevado
número de pessoas e também ajuda a saber o que se passa no mundo. Muitos
apresentam como objeção a este argumento, o facto de muitos sites informativos terem
algumas destas vantagens e não apresentarem um caráter viciante. As redes sociais
podiam apresentar então estas vantagens e tantas outras não referidas sem os
mecanismos que as constituem que tornam os utilizadores dependentes delas. As suas
vantagens não justificam os danos.
As redes sociais não só são prejudiciais para os seus utilizadores, como humilham e
desrespeitam os seus utilizadores (ex. algoritmos).
Crucialmente, há um insulto adicional, pois o utilizador acaba por ser utilizado contra si
próprio, pois ao utilizar e fornecer dados à plataforma, esta torna-se mais viciante para
ele mesmo. Este insulto envolvido no caso das redes sociais desrespeita os utilizadores
pelo facto de as empresas não se importarem pelo que é melhor para os mesmos, pois o
utilizador não importa (moralmente incorreto).
O negócio das redes acaba por ser então, um negócio que incentiva atos ilícitos. Muitas
empresas fornecem produtos viciantes aos seus utilizadores. Mas o vício é apenas uma
característica condicional do modelo de negócio da maioria delas. Este modelo de
negócio depende de manter os utilizadores ativos numa plataforma durante períodos
prolongados e quanto mais tempo permanecerem envolvidos numa plataforma, mais
provável é de serem exposto a anúncios. As receitas das empresas de redes sociais
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provêm dos anunciantes, e não dos utilizadores, logo o utilizador não é o cliente, mas
sim o produto.
Devemos ser conscientes de nós mesmos e tomar medidas sérias que impeçam que o
nosso vício pelas redes sociais se torne drástico. Existem também leis que tentam
impedir este vício. Não têm de ser necessariamente umas que proíbam o seu uso, pois
isso seria radical, mas umas que sejam acessíveis de compreender para caso alguém
queira eliminar o seu perfil, o possa fazer sem problemas. Normalmente, o processo
para eliminar um perfil ou apenas suspender é tão complicado e confuso que muitos
acabam por ficar a meio, e então não deixam de ter redes sociais e por consequência, o
vício e outros problemas. É sugerido que se criem formas mais simples para este efeito.
Este artigo mostra como especialistas e pessoas encarregues pela legislação não devem
tratar este vício como se tratam outros.
-Artigos de notícias que são intencionalmente falsos, em que a sua verificação como tal
é possível e que podem enganar os seus leitores. (Allcott, H.; Gentzkow)
-As fake news apropriam-se da aparência das verdadeiras notícias, o criador das
mesmas tem intenção de enganar, têm baixa factualidade e alta intenção imediata para
enganar. (Tandoc, E.C.; Lim, Z.W.; Ling, R.)
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-Fake news são a apresentação deliberada de (tipicamente) afirmações falsas ou
enganadoras como notícias, sendo que essas afirmações são propositadamente
enganadoras. (Gelfert, A)
-Uma história de “fake news” tem como propósito descrever eventos do mundo real,
tipicamente imitando as convenções das reportagens dos media tradicionais, no entanto
os criadores saem que esta é significativamente falsa. É transmitida com o objetivo de
ser abertamente retransmitida e de enganar pelo menos uma parte do seu público. (Rini,
R.)
-Como notícias que mexem com a verdade, no sentido em que exibem (a) uma falta de
verdade e (b) uma falta de veracidade. Exibem uma falta de verdade no sentido em que
falsas ou enganadoras. Exibem uma falta de veracidade pelo facto de serem propagadas
com a intenção de enganar ou na forma de “bullshit”. (Jaster, R.; Lanius, D.)
-Fake news são notícias falsificadas, sendo que uma história é fake news se, e apenas se,
não for uma verdadeira notícia, mas for apresentada como tal, com a intenção e
propensão para enganar (Fallis, D.; Mathiesen, K.)
- Informação fabricada que imita o conteúdo dos media de notícias na forma, mas não
no processo organizacional nem na intenção. (Lazer, D.M.J.; Baum, M.A.; Benkler, Y.;
Berinsky, A.J.; Greenhill, K.M.; Menczer, F.; Metzger, M.J.; Nyhan, B.; Pennycook, G.;
Rothschild, D.; et al.)
- Fake news é a divulgação alargada de histórias tratadas por quem as divulga como
tendo sido produzidas com práticas jornalísticas normais, mas que na verdade não
foram. A nossa definição não requer nenhuma intenção para enganar da parte daqueles
que criam ou divulgam fake news. (Pepp, J.; Michaelson, E.; Sterken, R.K)
Todas essas perspetivas foram organizadas por seguirem ou não três critérios para
definir fake news:
- As fake news são sempre afirmações falsas ou parcialmente falsas (Todas as definições
contêm)
- Tem de haver intenção do autor para enganar (9 das definições contêm)
- Só são fake news se forem apresentadas num formato de notícias (10 das definições
contêm)
• Divergências no nome
O termo fake news é um pouco polémico e absurdo, e podíamos utilizar um termo como
desinformação ou poluição de informação, pois o termo pode ser demasiado complexo,
mesmo assim as pessoas ainda continuam a utilizar este termo por causa da fama. A
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definição de fake news tem mudado ao mesmo tempo que a sua popularidade tem
crescido.
Alguns autores e jornalistas não gostam da utilização do termo “news” porque não
consideram que as fake news cumpram os critérios necessários para serem uma notícia.
Outros, defendem que para serem fake news tem de se assimilar a notícias.
• Má utilização do termo
O termo fake news é muitas vezes mal utilizado para servir interesses subjetivos. Farkas
e Sou identificaram três diferentes contextos nos quais a expressão “fake news” é mal
utilizada:
- Crítica ao capitalismo digital
- Crítica a políticas de direita
- Crítica ao jornalismo liberal e mainstream
Tentar definir Fake news é complicado, tendo em conta que dentro desta denominação
se inclui noticias satíricas e paródias, propaganda e publicidade A utilização política do
termo “fake news” para descredibilizar os seus adversários também dificultou a sua
definição.
•Sátira e publicidade
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Contrastando agora com a sátira ou notícias com teor de paródia, ambos os conceitos
são considerados fake news por muitos. Por outros, são vistos como forma de entreter o
público, recorrendo ao humor, e ao exagero para ‘brincar’ com certos assuntos sérios.
Apesar de existir publicidade enganosa, esta não tem de estar associada às Fake News.
Distorcer e viralizar
As fake news usam assuntos falados sobre os media, que são de interesse público, para
distorcer informação de acordo com os seus objetivos. A partir desta distorção
propagam mentiras com base em histórias controversas para estimular preconceito e
estereótipos.
Esta abordagem ajuda as fake news a viralizarem rapidamente e facilmente e quanto
mais populares forem, mais força e credibilidade ganham.
Este tipo de notícias só consegue ter credibilidade se houver alguma veracidade dentro
da própria notícia ou algo provocatório que, chame a atenção de um público-alvo que
irá ser influenciado por essa notícia.
Falta de contexto
Alguns autores defendem que não é necessário um artigo ser falso para ser fake news. A
falta de contexto pode contribuir muito para a desinformação.
Evolução
As fake news passaram de ser algo satírico e com o intuito de criticar, para uma coisa
com um intuito negativo que pretende enganar e ludibriar quem lê a notícia. O termo
tornou-se extremamente usado para aquilo que é falso, o que lhe tirou solidez e fez com
que se tornasse vago. Também menosprezam e descredibilizam o jornalismo em geral
não tendo qualquer tipo de ética ou conduta moral. As Fake News podem assumir um
papel político, como muitos outros tais como o desporto e muitas outras áreas, e por isso
é muito menos limitada.
•A verdade
Segundo Heur, “uma mentira não pode existir sem a verdade”, ou seja, quem cria as
fake news, tem de saber o que é verdade e mentir deliberadamente. A vontade de
manipular e mentir é essencial para a definição de fake news.
•Público-alvo
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Segundo Dentith, as fake news têm um público-alvo a partir do qual a intenção do
criador da notícia pode ser verificada.
Isto porque para um público-alvo algo pode ser enganador, enquanto para outro não.
•Separação da intenção
Walters argumentou que a separação das intenções da definição de fake news, seria a
melhor maneira de definir o conceito. O autor deu o exemplo da inteligência artificial a
criar fake news. Os bots que criam fake news não têm intenções.
Pepp et al negou completamente o papel das intenções
enganosas e argumentou que as fake news nem sequer são notícias porque não foram
criadas de acordo com padrões jornalísticos.
7. Verificar a data
Outra técnica bastante utilizada no mundo das notícias falsas é o “repost”, ou seja, a
publicação de uma notícia antiga no contexto atual, ao verificar a data de publicação
consegue se identificar se é ou não “fake news”.
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- Os títulos enganosos deas fake news podem provocar no leitor medo, pânico ou
ansiedade.
- Segundo os autores, mesmo as notícias falsas criadas para obter ganhos monetários são
fake news. Em relação à questão da inteligência artificial não ter intenções e por isso
não ser fake news, os autores argumentam que o criador da inteligência artificial tem
intenções de disseminar fake news.
O autor vai avaliar ao longo do artigo porque é que se acredita e espalha falsas
informações encontradas online. Uma quantidade significativa de pessoas acede às
notícias através das redes sociais em vez de local News websites.
A crebilidade da notícia é medida consoante quem partilhou, o no de gostos etc.
Diversas produtoras de fake News produzem com frequência conteúdos de “clickbait”
para atrair mais pessoas e assim terem mais partilhas, gostos ou comentários nas suas
histórias falsas.
O grave problema da desinformação veio fazer com que diversas instituições pelo
mundo tomassem medidas: 1. Governos - iniciaram legislação
2. Organizações de News - juntaram-se para combater fake news
3. Outras organizações - iniciativas de fact-checking
4. Companhias de tecnologias culpadas pelo aumento das fake News - removeram
contas que espalham etc.
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Existem 2 importantes dimensões:
1. O nível de facticidade
2. A verdadeira intenção de enganar
Satíricas políticas e paródias noticiosas usam a falsidade com a intenção de fazer rir a
audiência. Por outro lado, propaganda usa para manipular as pessoas.
Algumas pessoas acreditam que as fake News podem estar politicamente motivadas,
destinado a por os cidadãos infelizes com o seu governo.
Muitos admitem, que enquanto estão cientes do problema com as fake News, eles não
sabem ao certo o quão fake News elas são.
Fatores de emissão
— A obtenção das notícias através das redes sociais veio a crescer. As redes sociais,
porém, expõem os utilizadores a fake News. Organizações de notícias tradicionais
promovem o seu conteúdo nas redes sociais, jornalistas individuais partilham
informação
sobre as notícias usando as suas contas de redes sociais. E por fim, um utilizador
comum partilha informações sobre eventos que testemunhou.
Isto significa que, lidar com mensagens nas redes sociais, os leitores podem interpretar
estas múltiplas fontes como um conjunto de camadas com diversos níveis de
proximidade para com o leitor.
Fatores de canal
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O facto de uma rede social ser “aberta” faz com que se torne fácil para utilizadores de
acompanhar a propagação das fake News. Facebook já implementou medidas para
combater as fake News:
1. Permitir aos utilizadores que avisem o que acham ser fake news
2. Alertar os utilizadores que o que estão a partilhar já foi verificado como fake News
3. Exibir fact-checks relacionadas ao lado de posts que encaminham para artigos de fake
News.
Contudo, agora as fake News ja encontraram o seu caminho para as redes sociais fechas,
whatsapp por exemplo. Aqui os fluxos das fake News são invisíveis para quem não faça
parte da conversa.
As soluções pensadas, só vão atrasar a propagação das fake News, não conseguem
impedir que elas sejam espalhadas. Os produtores arranjam sempre uma maneira de as
espalhar.
Fatores do recetor
Indivíduos escolhem que tipo de fontes de informação usar baseado em motivações
particulares, tais como a consistência nas suas condições.
Audiências vão procurar fontes de informação de acordo com o que acreditam.
A exposição seletiva é agora facilitada pelas plataformas de redes sociais com os
utilizadores capazes de controlar quem faz parte da sua rede e que páginas seguem.
Fake News podem ser muitas vezes engraçadas, escandalosas ou entretenidas porém não
verídicas.
Conclusão
Quando a necessidade de informação é alta mas a oferta é baixa, algumas pessoas
clicam na primeira peça de informação que encontram, mesmo que seja de baixa
qualidade e acuracia.
Os utilizadores de redes sociais começam a valorizar cada vez menos as informações,
pois de repente é abundante. Abre assim espaço para as fake News.
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O autor é contras esta tese e o conceito de filter bubbles, uma vez que acredita que
devemos procurar informação e consumir conteúdo de forma generalizada, a fim de
obter um conhecimento mais amplo da realidade.
A questão aqui é que nem sempre o que escolhemos ver é necessariamente a nossa
preferência ou opinião.
A verdade é que as preferências podem ser definidas de acordo com o nosso estado de
espírito num certo momento, já as nossas escolhas são ações, ou seja são visíveis.
Por exemplo, no contexto da última guerra, eu posso ser pró-palestina, mas hoje e
amanhã posso querer saber também da opinião de alguém que é a favor de Israel. Ter
tomado a escolha de hoje ver um determinado conteúdo não significa que essa seja os
meus gostos ou ideologias que partilho, havendo assim uma falha no algoritmo.
Os contra-argumentos da tese:
II.As pessoas têm tendência a procurar informação de confirmação, mas não revela
necessariamente a preferência do indivíduo:
Ainda que os utilizadores possam realmente evitar informações desafiantes isto não
significa que apenas procurem esse tipo de informações, uma vez que a teoria das filter
bubbles não tem em consideração a diversidade de motivações que podem influenciar o
utilizador a consumir certo tipo de informação.
Dito isto, acreditando que a teoria das filter bubbles apresenta uma visão muito
simplista do comportamento humano, o autor defende a teoria da exposição seletiva.
Esta reconhece as diferentes razões pela busca de informação como entretenimento,
lazer, busca por conhecimento, etc…e ainda defende que os utilizadores podem estar
dispostos a consumir informações opostas às suas, desde que os conteúdos sejam
apresentados de forma relevante.
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III.Uma escolha digital não revela necessariamente a preferência do indivíduo:
O autor destaca que as escolhas digitais podem ser influenciadas por uma variedade de
fatores, como a disponibilidade de informações, a acessibilidade, a conveniência e a
influência social. O autor também aponta que as pessoas podem ter preferências
concorrentes que são reveladas em diferentes situações, e que as escolhas podem ser
feitas com base em compromissos em vez de preferências.
Portanto, o autor desafia a noção de que as escolhas digitais são um reflexo direto das
preferências do indivíduo, destacando a complexidade do comportamento humano em
relação à seleção de informações e conteúdo. Ele argumenta que a relação entre
escolhas e preferências é mais fluida e influenciada por uma variedade de fatores, e que
a teoria das filter bubbles não leva isso em conta.
IV.As pessoas preferem mentes semelhantes à sua, mas também interagem com outras:
Ainda que as filter bubbles estejam presentes, iremos sempre ter acesso a outros
conteúdos. Além disso o conteúdo é exposto na internet de diferentes maneiras, podendo
numa delas, ser mais interessante que noutra.
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diferentes contextos nacionais, enfatizando a necessidade de uma abordagem mais
ampla e comparativa ao estudar esses fenômenos, desafiando então a noção de que os
Estados Unidos são um modelo representativo para entender os efeitos das filter bubbles
em escala global.
Este artigo aborda o papel do fact-checking na luta contra as fake news relacionadas
com o Coronavírus, com foco na análise comparativa entre as plataformas Agência
Lupa e Polígrafo. O estudo destaca as semelhanças e diferenças na abordagem do fact-
checking em países de língua portuguesa no período de 30 dias apartir do momento em
que a OMS anunciou a identifcação do vírus (9 de janeiro a 7 de fevereiro de 2020),
visando contribuir para o combate à desinformação. As agências fazem ambas parte da
rede nacional de checagem de fatos (IFCN) que falarei mais à frente.
O processo jornalístico de informação tem a notícia como finalidade e esta deve ser
verdadeira, atual e capaz de interessar.
A expressão Fake News tem sido usada frequentemente para designar todo e qualquer
conteúdo inverídico que circule essencialmente na internet e esteja a ser dado como
factual. Mas, no entanto, estes conteúdos inverídicos podem entrar numa destas 3
noções:
- Dis- Information: informação falsa e produzida deliberadamente com a intenção de
prejudicar uma pessoa, um grupo social, organização ou país
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- Mis-information: informação que é falsa, mas que não foi criada com a intenção de
prejudicar
- Malinformation: informação que é baseada na realidade, mas utilizada com o intuito
de prejudicar.
Com o intuito de combater as fake news, surgira sites que se propõe à checkagem dos
factos. O primeiro foi criado em 2003 nos EUA, chamava-se FactChecking.Org e foi
um projeto que pretendia verificar a veracidade dos anúncios de TV dos candidatos à
presidência da época, Bill Clinton e George Bush. A partir daí foram surgindo cada vez
mais sites(em 2019 os censos registaram 210), e desde 2014 que existe a Rede
Internacional de Fact-Checking (IFCN)- poligrafo e agência lupa fazem parte, na qual
se reúnem os criados dos sites de fact-checking e juntos procuram novas formas de
aperfeiçoar o trabalho, fornecer treinos na área, realizar projetos e tantos outros
objetivos. Foram criados um processo de verificação e um código de princípios, assim
com as definições da atividade também foram sendo aprofundadas e divididas da
melhor maneira de acordo com o tipo de conteúdo:
- Fact-checking: selecionar uma frase exatmente como ela foi dita por alguém que tenha
algum impacto ou relevância na sociedade e atestar seu grau de veracidade,
normalmente com dados de bancos de dados oficiais e especialistas. ( checagem de um
discurso politico)
- Debunking : desmistificação, analisar o grau de veracidade de um conteúdo que foi
fabricado por fontes anônimas ou não oficiais (um boato que surge nas redes sociais)
- Verification : examinar um conteúdo digital(fotografia/vídeo) que pode ter sido
adulterado. (uma fotografia de um acidente de avião)
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POLÍGRAFO: primeiro jornal português de fast-checking, faz parte do SAPO e fornece
produtos e serviços para a internet em Portugal, Angola, Cabo Verde, Moçambique e
Timor-Leste. A metodologia de checagem da página consiste em acompanhar políticos,
comentaristas, influencers, artistas e até agentes do meio esportivo, focando na projeção
e no interesse público. Não avalia jornais ou jornalistas, mas os protagonistas das
notícias.O trabalho passa por cinco etapas: consulta da fonte original da informação,
consulta de fontes que possam solidificar o processo de checagem, dar aos autores da
afirmação, o direito de se explicar, Contextualização da informação e avaliação desta de
acordo com uma escala de avaliação.Esta escala divide as publicações em: Verdadeiro
(declaração analisada é totalmente verdadeira), Verdadeiro, mas... (a declaração
analisada é estruturalmente verdadeira, mas carece de enquadramento e
contextualização), Impreciso (a informação contém elementos que distorcem a
realidade), Falso (a afirmação é comprovadamente errada), e Pimenta na Língua
(classificação atribuída quando a informação avaliada é escandalosamente falsa ou uma
sátira). Todas as fontes são suficientemente detalhadas para que os leitores possam
replicar o trabalho, a menos que isso comprometa a segurança de alguma dessas fontes.
Apresenta imagens e textos originais das informações postas em xeque, sejam elas
verdadeiras ou falsas. Para orientar o leitor, a imagem junto à manchete tem o selo do
do polígrafo, tendo a seta e cor especificas: seta apontada para a direita e com vermelha
é falso, apontada para a esquerda e cor verde é verdadeira, e apontada para o meio com
cor amarela é facto impreciso.
Ambos os sites não se focam apenas na procura por informações falsas que circulam
online, mas também em falas de pessoas públicas na televisão e na rádio. Este artigo, no
entanto, só analisa as que circulam online.
Apesar de tudo, diferente da agência lupa, o coronavírus não ganhou tanto espaço em
Portugal. O Polígrafo publicou uma grande reportagem sobre as Fake News envolvendo
o Sars-Cov-2, a 29 de janeiro e abriram uma aba específica para este assunto, mas
mesmo assim não foram assim tantas verificações. A Agência fez até uma parceria com
a DGS.
O autor considera as abordagens feitas pelos dois sites bastante semelhantes, no entanto
encontra algumas falhas: intervalo pouco homogéneo entre publicações e falta de
clareza na classificação dos factos. A demora na abordagem do Coronavírus por ambas a
página também é mencionada, ressaltando a importância da agilidade na resposta a
eventos relevantes. Além disso, o autor destaca a necessidade de evitar reproduzir erros
que possam aumentar a desconfiança nas fontes de informação, como a priorização da
quantidade em detrimento da qualidade e a falta de clareza e imparcialidade.
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TEXTO 6- “ONLINE HATE SPEECH”
O online hate speech está a tornar-se cada vez mais predominante nas principais
plataformas de redes sociais, levantando preocupações sobre o seu impacto no incentivo
à violência e ao extremismo. O texto de Alexandra A, Siegel Online Hate Speech
examina o estado atual da literatura sobre o discurso de ódio online, incluindo os
desafios na sua definição e deteção, insights de dados e inquéritos das redes sociais, as
consequências offline do discurso de ódio online e intervenção eficazes para o
combater.
Métodos Utilizados:
- Dictionary Based : deteção de insultos e slurs (intenção de danificar reputação)
- Topic Modeling: atribuir categoria no tópico do texto (ex. etnia, género, religião)
- Supervised Text Classification Tasks (classificação de texto): destaque da técnica bag-
of-words
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- Os episódios de violência extremista conduzem a um aumento do discurso de ódio
online, em particular das mensagens que defendem diretamente a violência, em ambas
as plataformas.
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ao combate da ilegalidade do discurso de ódio online que exigia inequivocamente, a
remoção de qualquer discurso deste tipo, conforme definido pela União Europeia.
Para além disso, um dos mecanismos utilizados na deteção deste tipo de discurso, a
designada deteção automática de discurso de ódio, tem sido alvo de profundas críticas,
pois os limites que condicionam este método, já têm sido, por diversas vezes,
destacados por cometerem erros embaraçosos. Contudo, nem todos os índices são
negativos, e por esse motivo, alguns dos autores deste tipo de comentários, após as suas
suspensões de determinada plataforma decidiram descontinuar o uso da mesma, e
mesmo aqueles que tentaram permanecer de alguma maneira ativos nas suas redes,
reativando as suas contas com novos nomes de usuários, diminuíram significativamente,
a odiosidade dos seus comentários. Ainda assim, houve quem procurasse outras
plataformas alternativas, e naturalmente, menos regulamentadas, radicalizando a sua
conduta.
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No entanto, os potenciais danos colaterais destas intervenções ainda são desconhecidos
e por este motivo, os estudos a realizar devem concentrar-se em ampliar e aprimorar as
intervenções, avaliando também os efeitos a longo prazo de suas abordagens.
Ultimamente, os partidos populistas têm tido bastante sucesso eleitoral na Europa. Este
artigo procura explicar o papel dos media neste fenómeno, até que ponto funcionam
como catalisadores ou inibidores de causas e sentimentos populistas.
O populismo é um conceito central nos debates atuais sobre política e media. Mudde e
Kaltwaser (2017) definem-no como uma ideologia que divide a sociedade em dois
campos antagónicos- o “povo puro” vs a “elite corrupta” - e privilegia acima de tudo a
vontade geral do povo. Independentemente da sua ideologia, os líderes dos movimentos
populistas e os seus respetivos partidos têm geralmente características em comum que
contribuem para a sua popularidade: são carismáticos com bom conhecimento dos
media, e como tal, conseguem garantir notoriedade pública e visibilidade mediática que
resultam num capital político para atingir os seus objetivos. Por hábito são também
excêntricos e mestres em procurar agendas controversas que atraiam os media. Como
estratégia, muitas vezes tocam em tópicos com grande interesse popular como
imigração.
Mény e Surel (2002) indicam três condições políticas decisivas para o surgimento do
populismo contemporâneo: a crise dos partidos políticos enquanto estruturas de
intermediação política; a personalização do poder político e o crescente papel dos media
na vida política. O Populismo surge nos dias de hoje como uma política de esperança
capaz de resolver problemas onde a política tradicional falhou.
O fator media
A mediatização da comunicação política é indissociável da comercialização dos media e
da luta pelas audiências. A política-espetáculo é o primado da imagem e exigem que os
líderes políticos sejam bons “atores”, capazes de dominarem os instrumentos da
representação e de chegarem a uma audiência ávida de emoções. Os líderes populistas
utilizam a televisão como meio para um discurso espetacular e emocional sobre a
realidade social e política.
Os media podem funcionar como catalisadores de reivindicações populistas
transformando-se, ainda que inconscientemente, em aliados de líderes populistas. Por
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seu turno, estes utilizam determinadas estratégias para captarem a atenção e o apoio dos
media. Os traços de personalidade, o estilo de comunicação, a aparência física das
principais figuras dos partidos e movimentos populistas funcionam como polos de
atração dos media populares e tabloides. Os líderes populistas têm como principais
estratégias para atrair os media: colocar-se no papel de oprimido; dominar as técnicas
profissionais de comunicação; contactar as massas; ter acesso aos media; criar eventos e
promover ataques táticos aos media. No entanto, é importante ressaltar que o papel dos
media não pode ser separado de outros fatores estruturais, como a natureza do sistema
político e as especificidades políticas, sociais e culturais. Embora os media possam criar
um clima suscetível de ser explorado por políticos populistas, a insatisfação em relação
à política e aos políticos não é necessariamente causada pelos meios de comunicação
social.
Em 2019, o partido político Chega ficou bastante abaixo nas eleições, mas começou a
ganhar força, uma vez que conseguiu eleger um deputado e alcançar representação
parlamentar. Este resultado deve-se ao seu líder populista, André Ventura. Este desperta
um grande interesse nos meios políticos e jornalísticos. André encaixa na perfeição no
perfil de líder populista. Tem um bom conhecimento dos media e da sua linguagem (foi
comentador de futebol na CMTV e tinha uma coluna no Correio da Manhã) e nas redes
sociais tem uma forte presença; utiliza temas polémicos na sua agenda política
(imigrantes, ciganos); aposta na crítica ao regime constitucional vigente como estratégia
para ganhar e exercer o poder ; usa um estilo retórico com um discurso simplista e
polarizador; apresenta-se como uma corporização da vontade popular contra as elites e
as instituições políticas e sociais estabelecidas; confessa a sua admiração por líderes e
partidos populistas; incita a mudanças sociais e políticas radicais com propostas de
alteração do regime constitucional português e não tem nenhum compromisso com
ideologias e princípios.
Ventura nos seus discursos, divide a sociedade em dois grupos (“os portugueses que são
chamados a trabalhar diariamente” e “os que vivem de subsídios”, “os portugueses de
bem” e “as minorias”). Para ele, “os portugueses de bem”, a que se refere com o nós,
representam a grande maioria dos portugueses. Os media direcionaram a sua atenção
para este líder populista por ser o primeiro líder de um partido português a afirmar a sua
vontade de romper com o sistema político do país. As suas polémicas e comentários são
noticiadas em todos os canais, e relatadas em todos os jornais. Seja para o bem ou para
o mal, André Ventura é sempre protagonista, e mais falado que o próprio assunto que o
levou a intervir.
A ideia é, mesmo que não seja apoiado pelos media, estes “amplificam-no” e é a sua
presença mediática que permitiu que o partido chegasse onde está hoje.
As teorias da conspiração não são novidade para ninguém, estas sempre fizeram parte
da nossa experiência enquanto seres humanos. É importante compreender e combater
estas teorias para que se possa preservar o conhecimento que já temos e assegurar a
produção de conhecimento seguro de modo a não cairmos no risco de perder a
capacidade coletiva de produção de conhecimento.
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É muito importante possuirmos diversos exemplos para dispor de material suficiente na
avaliação de propostas de definição que realmente abranjam o conceito de teorias da
conspiração. Apresentaremos uma lista breve com então alguns exemplos:
- O acidente de carro que levou à morte da Princesa Diana foi orquestrado pela família
Real Britânica;
- Os ataques às Torres Gémeas foram uma operação interna do próprio governo
americano;
- O Holocausto não ocorreu, é um mito criado pelo povo judeu para se vitimizar;
- Os testes ao covid-19 são para os governos criarem bases de dados de DNA das suas
populações;
- O processo de impeachment, ou seja, a destituição da Presidente Dilma Rousseff foi
coordenada por líderes do judiciário, legislativo e executivo, conforme indicado na
conversa divulgada entre Romero Jucá e Sérgio Machado;
(Impeachment – Um procedimento político-jurídico que procura destituir alguém de um
cargo governativo em nações com sistemas de governo presidenciais, devido a um
crime grave ou má conduta no desempenho de suas funções.)
- O assassinato de Júlio Cesar foi planeado por um grupo de senadores romanos.
Observemos que nesta lista estão misturados, digamos assim, diversos tipos de casos de
conspiração
1. Temos os que já foram comprovados pela investigação histórica – o assassinato de
Júlio Cesar;
2. Os que ainda não foram comprovados sem deixar margem razoável para dúvidas,
casos ainda controversos – a destituição da Presidente Dilma Rousseff;
3. E os casos em que não existe um conjunto adequado de provas – as versões não
oficiais do acidente da princesa Diana e do ataque às Torres Gêmeas.
O autor destaca a importância de distinguir entre incidentes históricos de conspiração e
casos exclusivamente hipotéticos.
Existem 3 definições para explicar o que são estas teorias. A primeira é de Medeiros e
Azevedo, a segunda de Keeley, e a terceira de Cassam, que iremos abordar ao longo da
apresentação. Entre estas duas primeiras definições podemos encontrar algumas
diferenças, como o objeto da explicação e o agente conspirador.
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A segunda grande diferença diz respeito, como já referi, ao agente conspirador. A
definição de Keeley relata o evento a ser explicado a um grupo pequeno de
conspiradores, ou seja, a um grupo de indivíduos. A definição de Medeiros e Azevedo,
embora use o termo grupo, aponta na verdade, algo que vai muito além de um agregado
de indivíduos. O FBI e a CIA são exemplos de agentes coletivos.
A definição de Keeley examina a conspiração envolvendo a família Real Britânica,
conforme quão pequeno deva ser o grupo de conspiradores, mas deixa de fora a
conspiração do governo americano para atacar as Torres Gémeas. A definição de
Medeiros e Azevedo reflete sobre esta última e talvez a primeira, caso a família Real
Britânica tenha as características de uma coletividade.
Nenhuma das duas definições, de Keeley e Medeiros e Azevedo, aceita muito bem a
teoria de que o Holocausto não aconteceu ou a teoria de que há́ por exemplo, aliens a
viver entre nós há́ muito tempo. Estas teorias introduzem uma irrealidade como um
facto.
Boa parte das teorias da conspiração que despertam o nosso interesse são improváveis
de serem verdadeiras. E dado que há teorias que oferecem tanto explicações alternativas
quanto fatos alternativos podemos definir estas teorias com uma abordagem diferente.
Uma definição que procura focar nas teorias conspiratórias altamente improváveis é a
do Quassim Cassam, tal como referida anteriormente.
Cassam está mais interessado numa definição que contemple a função das teorias da
conspiração. Deste modo, a teoria de que o Holocausto é um mito constitui uma
narrativa que expressa uma agenda política antissemita. Em contrapartida, a teoria de
que o governo dos Estados Unidos orquestrou o ataque às Torres Gêmeas é uma que
promove uma postura adversa em relação ao governo norte-americano daquela época.
Por último, a teoria que sugere que a princesa Diana foi "assassinada" pela família Real
Britânica procura atacar e manchar a reputação desta última.
Dessa forma, surge a tentação de acusar esta descrição como uma teoria da conspiração
em si, uma vez que aparenta que Cassim está a sugerir que todas as teorias
conspiratórias que favorecem uma agenda política são concebidas e disseminadas por
um grupo específico de indivíduos ou pela organização que almeja impulsionar tal
agenda. Neste cenário, estaríamos a lidar com uma teoria da conspiração sobre um
determinado conjunto de teorias conspiratórias.
No entanto, não é uma simples coincidência o fato de que as teorias da conspiração que
desempenham um papel político sejam, por natureza, improváveis. Dado que o
propósito delas não é propriamente investigar eventos históricos, mas sim criar
desconfiança em relação a certas ideias ou grupos, caso se revelem verdadeiras, será
mais por acaso do que por mérito. São precisamente essas teorias que captam muito
mais a nossa atenção.
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3.Agências Coletivas e Desconhecidas: A ideia é que a atribuição de intencionalidade a
agentes coletivos, especialmente desconhecidos, contribui para tornar as teorias
conspiratórias mais sedutoras.
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examinar uma teoria conspiratória, é crucial avaliar os riscos associados tanto à sua
aceitação quanto à sua rejeição, fornecendo pistas sobre o nível de evidência necessário
para levá-la a sério. Teorias que exigem um ceticismo generalizado em relação a
especialistas e instituições de conhecimento são questionáveis, especialmente aquelas
que introduzem "factos" alternativos. Desconfiar das instituições públicas de
conhecimento implica rejeitar a autoridade dos especialistas, isolando-se em uma visão
limitada da experiência individual. Essa atitude tem implicações prudenciais,
epistêmicas e morais, conduzindo à fragmentação e enfraquecendo a confiança na
capacidade coletiva de compreender a realidade. Assim, não estamos completamente
desamparados ao distinguir teorias da conspiração que merecem atenção daquelas que
não valem um caracol.
O termo “cultura do cancelamento” foi eleito em 2019 o mais relevante pelo dicionário
Macquire, que anualmente seleciona palavras e expressões que definem o
comportamento humano durante esse período. O dicionário descreve este termo como:
“um termo que captura um aspeto importante do estilo de vida deste ano. Uma atitude
tão persuasiva que ganhou seu próprio nome e se tornou, para o bem ou para o mal, uma
força poderosa”.
Austin Michael Hooks considera que as ferramentas digitais são um aliado das pessoas
que desejam ser conhecidas ou difundir as suas ideias. Esta prática torna as figuras
públicas suscetíveis a um processo de atribuição de valor ou punição de certos
comportamentos. Por alguns autores, estes espaços de discussão de comportamentos nas
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redes sociais são vistos como campos de batalha. O autor analisa as características da
cultura do cancelamento e chega à conclusão que pode ser definido como a tentativa de
condenar alguém por violar as normas sociais ou como cancelar figuras públicas e
empresas por terem dito ou feito algo considerado questionável ou ofensivo. Concluiu
também que esta estratégia usa um media social.
Não se sabe de onde surgiu a expressão “cultura do cancelamento”, no entanto a sua
primeira demonstração foi quando a diretora de comunicações corporativas da
InterActiveCorp, Justine Sacco, utilizou em dezembro de 2013 o Twitter para divulgar a
seguinte mensagem: “Indo para a África. Espero não pegar aids. Brincadeira. Sou
branca!”. Esta publicação por motivos óbvios foi considerada racista e a diretora foi
massacrada pelo público o que levou a que fosse despedida.
Outro exemplo ainda de onde surgiu o tema é do movimento #metoo de 2017 em que
várias mulheres vítimas de abusos sexuais começaram a expor as suas histórias nas
redes sociais. O movimento foi liderado por figuras de Hollywood que tinham sido
abusadas pelo produtor Harvey Weinstein, que foi “cancelado” e acabou por ser
acusado, condenado e preso. Também Will Smith foi “cancelado” após o famoso
incidente dos Oscars. J.K Rowling foi “cancelada” por ter feito comentários no Twitter
vistos como transfóbicos por muitos, mesmo apoiando movimentos e causas sociais
ligadas à defesa dos direitos LGBTQIA+. No entanto, a autora não teve grandes
prejuízos.
Emmanuel Cafferty, filho de migrantes mexicanos, não é uma celebridade mas sofreu
consequências marcantes na sua vida. Trabalhou durante muito tempo em inspeções na
rede subterrânea de gás e eletricidade nos EUA e ao voltar para casa ia com o braço de
fora, no veículo da empresa, a estalar os dedos. Ao parar num semáforo, um homem
gritou-lhe “você vai continuar fazendo isso?" e tirou-lhe uma fotografia com o telefone.
Horas depois, o chefe ligou-lhe a informar que tinha sido acusado de racismo. A
imagem ganhou as redes sociais e foi cancelado. Mais tarde, o desconhecido apagou a
fotografia e Cafferty foi demitido. Passo a citar uma frase que de certa forma marcou-
me "Foi assim que eu perdi o melhor emprego que já tive na vida" e, com isso não se
conseguiu voltar a colocar no mercado de trabalho. Hoje em dia, existe uma petição
online para que a empresa lhe devolva o trabalho e lhe limpe o seu nome profissional.
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de exclusão poderão afetar as pessoas de uma forma drástica. Há situações passadas que
realmente deveriam servir de abre de olhos para o mundo e para os “haters”, como o
caso da apresentadora britânica Caroline Flack, que se suicidou no seu próprio
apartamento enquanto aguardava julgamento por ter agredido o seu namorado, o qual
acabou por voltar atrás com a sua acusação. Mediante isto, a internet acusou o tribunal e
a imprensa de criarem um “julgamento-espetáculo”, deixando Caroline sob a pressão
das constantes críticas e numa posição de fragilidade diante do público. Esta situação
levou à criação de leis mais restritas para a atuação da imprensa britânica, assim como a
monitorização de mensagens de ódio nas redes sociais. O direito à liberdade de
expressão deve ser protegido a todos os custos, pois além de estar implícito na lei de
que é imposto a todas as pessoas, seja qual for o seu estatuto social, também deve haver
respeito pelas diversas opiniões, comportamentos e posicionamentos adotados e que
sejam diferentes dos nossos. Tem de haver tolerância, uma vez que “todos cabemos no
mundo sem termos que nos cancelar”.
Considerações finais
Alguns aspetos de interações sociais relacionadas à cultura do cancelamento, tais como:
“ameaça à identidade, confronto de discursos, julgamento e sentenciamento em curto
espaço de tempo, possibilidade de descontextualização das narrativas e ainda prejuízos
económicos e/ou morais”. Esta cultura mobiliza ainda “o debate sobre temas recorrentes
da contemporaneidade”, sendo estes a “liberdade de expressão, o discurso de ódio e o
lugar de fala.”
O cancelamento acaba por ser de certa forma opressivo, uma vez que sufoca e invalida o
diálogo e o debate amplo, democrático e inclusivo. As consequências nocivas e a
banalização de lutas sociais são fatores bastantes preocupantes.
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A interpretação tem ainda um papel crucial. Uma frase que seja mal interpretada pode
levar a este ato de se ser “cancelado”, quando na realidade, nem foi dito nada que
levasse a tal. Para além disto, muitas vezes aquilo que é dito, seja por famosos ou
anónimo, é completamente descontextualizado, e consequentemente pode levar a mal-
entendidos.
Entender o cancelamento como uma cultura pode até não ser correto, uma vez que, se
considerarmos que a cultura remete à reflexão a partir de um tempo e contexto, já não
será tão fácil localizar as atitudes das pessoas que aderem ao cancelamento. Para além
disso, a maioria das vezes o ato de cancelamento não se baseia na racionalidade e
restringe-se a uma bolha digital específica.
Uma das partes mais complexas do cancelamento é determinar o seu alcance, assim
como determinar o seu início e o tamanho que tenha atingido, mesmo que o indivíduo
que foi cancelado tenha sofrido consequências psicológicas e financeiras de imediato.
Ainda não há provas suficientes que consigam demonstrar que muitas das vítimas de
cancelamentos tenham perdido reconhecimento ou respeito do público, até porque
maioritariamente passado algum tempo, o público já nem se recorda que tal pessoa foi
cancelada.
Normalmente, as perdas de contratos e prejuízos financeiros são apenas comunicadas,
não oficializados. O que nos leva a questionar se o cancelamento realmente tem algum
tipo de efeito negativo, uma vez que as suas consequências costumam ser privadas.
Devemos ainda ter em consideração que, se a intenção do cancelamento é exilar o
indivíduo do público, de que serve colocá-lo no centro dos holofotes? Normalmente,
estes atos costumam ampliar a visibilidade da vítima e do que ela representa, em vez do
contrário.
A liberdade de expressão é muitas vezes confundida com “o direito de atacar lutas
identitárias e por direitos humanos e representatividade”. O debate público acaba então
por ser afetado, uma vez que as pessoas sentem a necessidade de se afastar de modo a
não correrem risco de serem canceladas. Podem ainda substituir as suas crenças e
convicções na procura de serem aceites.
Este fenómeno tem como objetivo rebaixar identidades sem sequer conseguirem
argumentar ou defender-se, independentemente da situação em que estão envolvidas,
acabando por ser banidas de uma rede social por violar as suas normas e direitos.
De acordo com o estudado, por existir um grande número de pessoas que são
canceladas, outras evitam partilhar uma simples opinião, por mais inofensiva que seja,
por medo de serem canceladas e perderem o seu emprego ou carreira, por exemplo.
Foi-nos permitido também perceber que as mulheres que são vítimas de abusos sexuais
passaram, assim, a relatar os seus casos publicamente, para que os abusadores sejam
punidos e cancelados pela sociedade.
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