Patologias Causadas Por Deficiência de Projeto e Mão de Obra e Desgaste Natural Das Estruturas
Patologias Causadas Por Deficiência de Projeto e Mão de Obra e Desgaste Natural Das Estruturas
Patologias Causadas Por Deficiência de Projeto e Mão de Obra e Desgaste Natural Das Estruturas
UNIPAC BARBACENA
ENGENHARIA CIVIL
BARBACENA
2020
VALÉRIA MÁRCIA DE MELO RODRIGUES
BARBACENA
2020
AGRADECIMENTOS
Ao chegar nesse momento em que entrego meu trabalho de conclusão de curso, preciso
agradecer a todos aqueles que me acompanharam nessa caminhada, me incentivando e torcendo
por mais essa vitória...
A Deus, que me deu força para começar a essa jornada com coragem e sabedoria;
À minha família, que esteve sempre presente;
Aos meus amigos, que vibraram comigo nas vitórias e se solidarizaram nas adversidades;
Aos professores, que dedicaram seu tempo, o bem mais precioso que alguém pode oferecer;
Ao meu orientador Elvys, por aceitar me conduzir nesse trabalho que consolida a conclusão do
meu tão sonhado curso de engenharia civil;
Aos meus anjos, em forma de amigos mais que especiais, que em muitos momentos foram os
maiores incentivadores, quando me faltaram as forças...
Um agradecimento deveras especial ao professor Sérgio Guedes, que sempre me incentivou e
dedicou grande parte de seu tempo em nossa Iniciação Científica e em outras ocasiões que eu
precisei de orientações e apoio para o prosseguimento do curso.
RESUMO
Este trabalho tem como foco as principais patologias existentes nas edificações. Estas, que
devem ser consideradas com cautela desde a concepção do projeto, podem acontecer em
qualquer fase da obra e atingir fundações, pilares, lajes, vigas e principalmente as paredes. Por
meio de uma ampla revisão dos trabalhos disponíveis na literatura, constatou-se que as
patologias mais comuns são as fissuras, que facilitam a entrada de umidade ao cerne da
estrutura, atingindo a armadura e a oxidando. Quando isso ocorre, o concreto reage
quimicamente e se torna frágil, perdendo a resistência e facilitando a abertura de trincas e
rachaduras, o que pode comprometer a segurança da edificação. Nos casos em que não
comprometem a estrutura, as fissuras causam incômodos aos proprietários e usuários, que
precisam conviver com sua presença, as quais são esteticamente desagradáveis e desvalorizam
o imóvel. Com este trabalho, pôde-se constatar que o processo de tratamento não é fácil ou
rápido, entretanto, empregando materiais capazes de retardar a continuidade do processo, é
possível a recuperação e o aumento da vida útil da edificação. Dessa forma, pode-se ratificar a
recomendação de empregar materiais de boa qualidade, técnicas construtivas eficientes, mão
de obra qualificada, fazer a manutenção correta dos elementos construtivos e utilizar a
edificação somente para o fim a que se destina, não sobrecarregando sua estrutura ou utilizando-
a de forma inadequada.
This work focuses on the main pathologies in buildings, which must be considered with caution
since the design of the project and can happen at any stage of the work and reach foundations,
pillars, slabs, beams, and especially the walls. Through a wide bibliographic review, it was
found that the most common pathologies are fissures, which facilitate the entry of moisture into
the core of the structure, reaching the reinforcement and oxidizing it. When this occurs, the
concrete reacts chemically and becomes brittle, losing strength and facilitating the opening of
cracks and cravices, which can compromise the building safety. In cases where they do not
compromise the structure, the cracks cause inconvenience to the owners and users, who need
to live with their presence. Besides, these pathologies are aesthetically unpleasant and devalue
the property. With this work, it was found that the treatment process is not easy or fast, however,
using materials capable of delaying the continuity of the process, it is possible to recover and
increase the building lifetime. Thus, it is possible to ratify the recommendation of using good
quality materials, efficient construction techniques, qualified labor, maintaining the
construction elements correctly, and using the building only for its intended purpose, without
overloading its structure or using it inappropriately.
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................6
2. DESENVOLVIMENTO ...............................................................................................8
2.1 Manifestações patológicas: o estado da arte .............................................................. 8
2.2 Principais patologias nas edificações .......................................................................... 8
2.2.1 Instalações hidráulicas .................................................................................................. 9
2.2.2 Alvenaria ...................................................................................................................... 10
2.2.3 Esquadrias ....................................................................................................................20
2.2.4 Impermeabilização ....................................................................................................... 20
2.2.5 Instalações elétricas ..................................................................................................... 26
2.2.6 Gesso ............................................................................................................................ 27
2.2.7 Cerâmicas .................................................................................................................... 27
2.2.8 Eflorescências .............................................................................................................. 30
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32
6
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
As patologias comuns nas construções civis são diversas e muitas são as investigações
que as identificam, descrevem e quantificam. Em geral, essas investigações intencionam
minimizar e prevenir as patologias.
Entre os variados tipos de patologias, as que mais incomodam usuários, por motivos
óbvios de segurança, são descontinuidades (fissuras, trincas e rachaduras) e corrosão de
armaduras. Outras também chamam a atenção, como degradação do concreto, descolamento de
revestimentos, manchas e infiltrações, entre outras. Em particular, infiltrações são seguramente
preocupantes, uma vez que podem favorecer um quadro de instabilidade estrutural.
Segundo o Sindicato da Habitação de São Paulo (SECOVI-SP, 2016), em uma
investigação que cobriu cinquenta e dois edifícios e oito construtoras, as patologias mais
comuns são referentes à hidráulica (38%), seguida por alvenaria (16,5%) e impermeabilização
(7,5%). Esquadrias de alumínio ou madeira, cerâmicas e instalações elétricas ficam próximas
de 5%.
Neste sentido, convém detalhar estes focos de patologias, que são majoritariamente
causadas por deficiência de projeto e mão de obra e por desgaste natural, conforme se verifica
adiante.
2.2.2 Alvenaria
Uma das funções das alvenarias é servir à vedação, dando forma e dividindo ambientes.
Também condicionam o ambiente interno controlando a influência do ambiente externo. Deste
condicionamento, fazem parte ainda as esquadrias e os revestimentos.
Fissuras estão entre as patologias mais importantes das alvenarias. Entre as
inconformidades relacionadas, destacam-se o comprometimento de sua vida útil, sua
estanqueidade e seu isolamento termoacústico, além da insegurança quanto à integridade
estrutural causada aos usuários.
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2%
Horizontais 8%
Inclinadas 18%
Verticais 8%
Verticais alvenaria
Destacamento estrutura 8%
Destacamento platibanda 15%
Inclinadas transversais 10%
Solos são naturalmente deformáveis sob efeito de esforços (naturais ou não) e quando
tais deformações são diferenciadas sob a fundação de uma edificação, podem surgir tensões de
intensidade suficiente para gerar trincas (THOMAZ, 1989).
Pequenas deformações podem causar fissuras em edificações de alvenaria que possuem
baixa resistência à flexão e ao cisalhamento, mesmo que o momento de inércia do plano vertical
seja vantajoso à alvenaria.
Além disso, a variação do recalque admissível por uma estrutura depende de variáveis
como altura, rigidez, tipo de fundação, geometria da estrutura, entre outras.
Quanto ao recalque diferencial dos solos e fundações, possíveis causadores de fissuras,
as variáveis podem ser: sobrecarga não projetada, heterogeneidade do solo, variação do nível
do lençol freático, sobrecarga no entorno ou vizinhança, cargas pontuais muito diferenciadas
nos elementos de fundação, fundações mistas, erosão, solapamento, falhas ou escavações, no
subsolo, influência de raízes vegetais ou carreamento de material do solo em função de
vazamentos de tubulações, congelamento, inundações, vibrações e tectonismo.
Magalhães (2004) apresenta uma distribuição de fissuras por recalque de fundação em
função de suas configurações, de acordo com a qual 86% das fissuras em alvenaria causadas
por recalque de fundações seguem um eixo principal ou não, conforme se verifica na Figura 3,
11% vão verticais e apenas 3% são inclinadas em prédios estruturados.
De acordo com Thomaz (1989), deformações das estruturas de concreto armado podem
gerar fissuras nas alvenarias. As movimentações estruturais podem ser incompatíveis com a
rigidez das alvenarias e as tensões geradas (tração, compressão e cisalhamento) acabam por
causar fissuras.
Alvenarias apoiadas sobre vigas estruturais podem fissurar em função da deformação
destas vigas. Neste caso, as fissuras podem ser horizontais, junto à base da alvenaria e/ou em
arco. Pode ocorrer também que as vigas estruturais acima e abaixo da alvenaria se deformem e,
neste caso, as fissuras se apresentem inclinadas nas extremidades inferiores das paredes.
17
2.2.3 Esquadrias
De acordo com Moch (2009), quando ocorrem na face horizontal inferior do peitoril, as
infiltrações predominam nas extremidades (contravergas). O autor afirma que a massa corrida ou
gesso e a pintura podem ficar deterioradas e emboloradas, e isso ocorre por causa da má vedação
entre a esquadria e o revestimento da alvenaria, em função da falta de caimento do peitoril ou
22
do surgimento de trinca no local da transição entre a esquadria e o peitoril, por onde a umidade
penetra.
Quando há ausência de barreira à penetração da umidade na face superior do peitoril, é
comum que a infiltração ocorra por toda a sua extensão, o que ainda pode ser agravado pela sua
declividade inadequada.
Uma possibilidade interessante à proteção contra umidade é o prolongamento do peitoril
após os vértices gerados com as faces laterais da esquadria, além de barreiras de vedação na
face superior do peitoril (MOCH, 2009).
É comum também a infiltração por fissuras na aresta superior da esquadria (verga). Isto
pode ocorrer por má vedação na interface, em função da ausência ou ineficácia de alguma
barreira. Declividade desfavorável também pode conduzir precipitação para a esquadria, ao
invés de afastá-la.
2.2.4 Impermeabilização
Segundo a norma ABNT NBR 9575:2010, o piso acabado deve apresentar caimento
mínimo de 1%, para os ralos. Arestas e vértices devem ser arredondados ou chanfrados para
melhor interação das superfícies com o impermeabilizante, em função de angulações mais
suaves. A rigidez da fixação dos ralos proporciona estanqueidade e permite o melhor arremate
do impermeabilizante.
2.2.4.2 Ralos
De acordo com Righi (2009), os ralos estão entre os pontos mais susceptíveis dos
sistemas de impermeabilização. O acabamento do produto impermeabilizante é feito em
camadas sobrepostas e sucessivas que podem penetrar pela abertura. Existem têxteis
apropriados que aumentam a resistência dos impermeabilizantes líquidos e há também as
mantas asfálticas. Os coletores devem ter diâmetros superiores aos tubos que os sucedem, com
1
forumdaconstrucao.com.br
24
mínimos de 75 mm. O entorno do ralo deve ser rebaixado para permitir a instalação adequada
da camada impermeabilizante até o interior do ralo para evitar infiltração da umidade por
capilaridade.
2.2.4.3 Rodapés
2.2.4.4 Pingadeira
2
drparede.com.br
25
Fonte: Liga3.
3
blogdaliga.com.br
27
2.2.6 Gesso
Segundo John (2000), nos revestimentos de gesso, são comuns patologias como trincas
e fissuras que resultam de movimentação entre os elementos que servem de base à sua
aplicação, como pisos, paredes e lajes.
Para evitar a ocorrência destas patologias, juntas são necessárias para permitir a
movimentação do gesso em relação às bases. John (2000) acrescenta que:
2.2.7 Cerâmicas
4
casadagua.com.br
29
ficam fixadas umas às outras somente pelo rejuntamento. Desprendimento cerâmico geralmente
ocorre no primeiro e/ou último pavimento das edificações, onde as tensões são maiores.
Acidentes decorrentes desta patologia envolvendo usuários a torna mais preocupante.
De acordo com Campante e Baía (2003), o destacamento cerâmico pode ser causado
pela má qualidade da superfície de assentamento, por variações térmicas, por argamassa colante
de má qualidade ou por deformações plásticas da estrutura de concreto armado.
A FIG. 14 mostra um caso de destacamento do revestimento cerâmico da fachada de um
edifício.
Fonte: AECweb5.
Para reduzir os defeitos no assentamento das peças, podem ser utilizados espaçadores e
linhas de nível, os quais, segundo Brandão (2007), favorecem o assentamento de revestimento
cerâmico.
Cortes em peças de menor resistência podem ser feitos com alicate torquês ou com
cortador cerâmico de risco e, em peças mais resistentes, é melhor utilizar serra circular. Arestas
cortadas são cobertas por cantoneiras, canoplas e espelhos (CAMPANTE; BAÍA, 2003).
5
aecweb.com.br
30
2.2.8 Eflorescências
Fonte: AECweb5.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que a segurança das edificações pode ser reduzida e colocada em questão
quando nelas surgem manifestações patológicas, problemas que geralmente ocorrem pós-obra,
e que isso pode causar sensações desagradáveis nos seus usuários, este trabalho teve como
propósito estudar as patologias mais recorrentes em tais construções, sobretudo as
descontinuidades (fissuras, trincas e rachaduras).
Por meio de uma ampla revisão de literatura, é factível afirmar que tais patologias
podem ser evitadas ou retardadas através de inspeções técnicas e controle de qualidade durante
a execução da obra, sendo de extrema importância conhecer suas causas para evitar o problema
de forma assertiva.
Assim, é importante que a execução da obra seja feita por profissionais experientes,
capazes de detectar as manifestações durante a execução ou em situações futuras, uma vez que,
a partir do mapeamento dos danos, é possível identificar e diagnosticar as causas das patologias
e elaborar estratégias para o seu tratamento.
Além disso, entende-se que as patologias podem comprometer a estética, causando
danos arquitetônicos, funcionais e estruturais, os quais, separada ou concomitantemente, podem
alterar a vida útil dos edifícios.
Dentro deste cenário, seguir os parâmetros de qualidade, investir em bons materiais de
construção, mão de obra especializada, planejamento e controle constante e melhoria nos
processos construtivos são medidas essenciais para obter bons resultados. Ademais, vistorias
periódicas e manutenções corretivas, observando atentamente todas as etapas da obra são
fundamentais para o bom desempenho e conservação das edificações, o que permite evitar altos
custos de recuperação ou acidentes graves.
REFERÊNCIAS
______. NBR 5410. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 2004.
______. NBR 5626. Sistemas prediais de água fria e água quente – Projeto, execução,
operação e manutenção. Rio de Janeiro, 2020.
______. NBR 7198. Projeto e execução de instalações prediais de água quente. Rio de
Janeiro, 1993.
______. NBR 8160. Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução. Rio de
Janeiro, 1999.
BERNARDES, C.; ARKIE, A.; FALCÃO, C. M.; KNUDSEN, F.; VANOSSI, G.;
BERNARDES, M.; YAOKITI, T. U. Qualidade e custo das não conformidades em obras
de construção civil. 1. ed. São Paulo: Pini, 1998.
JOHN, V. M. Como evitar as trincas e fissuras nos forros. Piniweb. 12 dez. 2000. Disponível
em: <http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/como-evitar-as-trincas-e- fissuras-nos-
forros-e-pre-moldados-83990-1.asp>.
THOMAZ, E. Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini, 1989.
______. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. 1. ed. São Paulo: Pini,
2001.