Questão de Prática Civil 123132
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(EXAME XXVI – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE) Aline é proprietária de uma pequena casa situada
na cidade de São Paulo, residindo no imóvel há cerca de 5
anos, em terreno constituído pela acessão e por um
pequeno pomar. Pouco antes de iniciar obras no imóvel,
Aline precisou fazer uma viagem de emergência para o
interior de Minas Gerais, a fim de auxiliar sua mãe que se
encontrava gravemente doente, com previsão de retornar
dois meses depois a São Paulo. Aline comentou a viagem
com vários vizinhos, dentre os quais, João Paulo, Nice,
Marcos e Alexandre, pedindo que “olhassem” o imóvel no
período.
Ao retornar da viagem, Aline encontrou o imóvel ocupado
por João Paulo e Nice, que nele ingressaram para fixar
moradia, acreditando que Aline não retornaria a São Paulo.
No período, João Paulo e Nice danificaram o telhado da
casa ao instalar uma antena “pirata” de televisão a cabo, o
que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade,
provocou graves infiltrações no imóvel, gerando um dano
estimado em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Além disso, os
ocupantes vêm colhendo e vendendo boa parte da
produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo
estimado em R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) até a data
em que Aline, 15 dias após tomar ciência do ocorrido,
procura você, como advogado.
Na qualidade de advogado(a) de Aline, elabore a peça
processual cabível voltada a permitir a retomada do imóvel
e a composição dos danos sofridos no bem.
GABARITO DA OAB
1
Carvalho, Carla. OAB 2ª fase esquematizado: Civil / Carla Carvalho; Luiz Dellore. – Coleção
esquematizado® / coordenador Pedro Lenza. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
A peça processual cabível na espécie é uma Petição
Inicial. Considerando que ocorreu esbulho possessório, na
forma do Art. 1.210 do CC, deve ser proposta Ação de
Reintegração de Posse. Como o esbulho ocorreu há
menos de ano e dia da propositura da demanda (Art. 558
do CPC), pois Aline tomou conhecimento do esbulho
dentro deste prazo, deve ser requerida a adoção do
procedimento previsto no Art. 560 e seguintes do CPC.
A peça deve ser endereçada a um dos juízos cíveis da
Comarca de São Paulo, considerando a competência
absoluta do foro de situação do imóvel para a ação
possessória imobiliária (Art. 47, § 2º, do CPC).
No mérito, deve ser afirmada a existência de esbulho
possessório, bem como a caracterização da posse de João
Paulo e Nice como posse de má-fé, nos termos do Art.
1.201 do CC, considerando sua clandestinidade. Também
deve ser demonstrada a extensão dos danos sofridos no
imóvel.
Deve ser formulado requerimento de concessão de liminar
em ação possessória, na forma do Art. 562 do CPC, eis
que preenchidos os requisitos do Art. 561 do CPC.
Deve ser requerida, além da reintegração de posse, a
condenação dos réus ao pagamento de indenização por
perdas e danos e pelos frutos colhidos, na forma do Art.
1.216 e do Art. 1.218, ambos do CC, considerando a
caracterização da posse como posse de má-fé. Tal
cumulação objetiva é possível com fulcro no Art.
555, caput, incisos I e II, do CPC/15.
Quanto às provas, deve ser requerida a produção de prova
testemunhal, a fim de demonstrar a clandestinidade da
posse. Da mesma forma, deve ser requerida a produção
de prova pericial, para comprovação da ocorrência dos
danos sofridos no imóvel, e em razão da coleta e alienação
dos frutos naturais do imóvel.
O valor da causa deve corresponder a R$ 25.000,00 (vinte
e cinco mil reais), nos termos do Art. 292, inciso VI, do
CPC.
Por fim, o fechamento, com a indicação de local, data,
assinatura e inscrição OAB.
1. A petição deve ser endereçada a um dos juízos cíveis da Comarca de São Paulo
(0,10). 0,00/0,10
Nome e qualificação das partes: autora Aline (0,10); réus João Paulo e Nice (0,10) 0,00/0,10/0,20
Cabimento da ação de reintegração de posse
2. Indicar que é uma ação de reintegração de posse (0,30), com base no Art. 560 do
CPC OU no Art. 1210 do CC (0,10). 0,00/0,30/0,40
Fundamentação jurídica/legal
5. Direito à reintegração na posse (0,20) em razão da posse de má-fé dos réus (0,40),
nos termos do Art. 1.201 do CC (0,10) OU injusta (0,40), nos termos do Art. 1.200 do 0,00/0,20/0,40/0,50/
CC (0,10). 0,60/0,70
6. Direito à indenização pela ocorrência dos danos ao imóvel e sua indicação (0,30),
na forma do Art. 1.218 do CC (0,10). 0,00/0,30/0,40
7. Direito à indenização pela perda dos frutos (0,30), por força do Art. 1.216 do CC
(0,10). 0,00/0,30/0,40
8. Direito à reintegração provisória liminar na posse (0,40), com base no Art. 562 do
CPC (0,10). 0,00/0,40/0,50
Pedidos
15. Dar à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) (0,10). 0,00/0,10
Fechamento
pelo procedimento especial previsto no CPC, em face de JOÃO PAULO, [nacionalidade], [estado civil],
[profissão], portador da cédula de identidade RG n. XXX, inscrito no CPF/MF sob o n. XXX, com endereço
eletrônico XXX, residente e domiciliado na Rua XXX, n. XXX, bairro XXX, cidade XXX, Estado XXX, CEP
XXX, e NICE, [nacionalidade], [estado civil], [profissão], portadora da cédula de identidade RG n. XXX,
inscrita no CPF/MF sob o n. XXX, com endereço eletrônico XXX, residente e domiciliada na Rua XXX, n.
XXX, bairro XXX, cidade XXX, Estado XXX, CEP XXX, pelas razões de fato e de direito abaixo aduzidas.
I. SÍNTESE DOS FATOS
A autora é proprietária de um pequeno imóvel situado na cidade de São Paulo, residindo nele há 5 anos,
em terreno constituído pela acessão e por um pequeno pomar.
Pouco antes de iniciar obras no imóvel, a autora fez uma viagem de emergência para o interior de Minas
Gerais, a fim de auxiliar sua mãe, que se encontrava gravemente doente, com previsão de retornar dois
meses depois a São Paulo. Na ocasião, a autora comentou sobre a viagem com vários vizinhos, dentre os
quais os réus, João Paulo e Nice, pedindo que “olhassem” o imóvel no período.
Ao retornar da viagem, no entanto, a autora foi surpreendida com a notícia de que seu imóvel estava
ocupado exatamente por João Paulo e Nice, que nele ingressaram para fixar moradia, acreditando que a
autora não retornaria a São Paulo.
Nesse período, os réus danificaram o telhado da casa, ao instalar uma antena “pirata” de televisão a
cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no imóvel,
gerando um dano estimado em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Além disso, os ocupantes vêm colhendo e
vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo estimado em R$ 19.000,00
(dezenove mil reais) até a presente data.
Assim, a autora serve-se da presente medida judicial, a fim de ser restituída na posse de seu imóvel,
bem como indenizada pelos prejuízos causados pelos réus no período.
É o necessário relato dos fatos
De acordo com o art. 560 do CPC e o art. 1.210 do CC, o possuidor tem direito a ser restituído na posse
do imóvel, no caso de esbulho, mediante a propositura da ação de reintegração de posse. É o que se tem
no caso concreto, em que a autora simplesmente perdeu a sua posse, em razão do esbulho pelos réus.
O art. 558 do CPC determina que a referida ação será regida pelo procedimento especial. Além disso,
há possibilidade de liminar, contanto que seja proposta dentro de ano e dia da data do esbulho (art. 562 do
CPC).
Logo, a presente ação é cabível e será regida pelo procedimento especial, considerando que foi proposta
muito antes desse prazo de ano e dia, em verdade tendo sido ajuizada apenas 15 (quinze) dias após a
ciência do esbulho por parte da autora.
III. DO DIREITO: DEVOLUÇÃO DA POSSE E INDENIZAÇÃO
Conforme já exposto, a autora detinha a posse do imóvel, atualmente ocupado pelos réus, até sua
viagem de emergência ao Estado de Minas Gerais, que foi comunicada a vários vizinhos − fato que pode
ser comprovado por meio da oitiva das testemunhas, em observância ao art. 561 do CPC.
Os réus, em conduta pautada por evidente má-fé e que, portanto, não merece qualquer guarida do Poder
Judiciário, dispuseram da informação sobre a viagem da autora de forma mal-intencionada, ocupando o
imóvel em sua ausência.
Assim, resta caracterizada a posse clandestina dos réus e, por consequência, injusta, nos termos do art.
1.200 do CC, sendo medida de rigor a restituição da posse do imóvel à autora.
Mas não é só.
Como se não bastasse o esbulho, ainda foram causados diversos danos à autora, cabendo, por certo,
a respectiva indenização, sendo que a lei processual permite a cumulação do pedido com o de proteção
possessória (CPC, art. 555).
Nesse sentido, a autora tem direito à indenização pelos danos decorrentes das graves infiltrações no
imóvel, causadas pela instalação da antena “pirata” de televisão a cabo, bem como pelos frutos colhidos
do pomar e percebidos pelos Réus no período, por força dos arts. 1.216 e 1.218 do CC.
Diante do exposto, com base nos arts. 560 e 555, I e II, do CPC, não restam dúvidas acerca do direito
da autora à restituição da posse do imóvel e à indenização pelos danos causados ao imóvel e pelos frutos
percebidos.
IV. DA CONCESSÃO DA LIMINAR POSSESSÓRIA
Nos termos do art. 562 do CPC, instruída a petição inicial com a prova de que a posse esbulhada é
nova, o magistrado determinará a expedição do mandado liminar de reintegração, sem ouvir o réu.
No presente caso, resta comprovada a posse anterior da autora, bem como o esbulho praticado pelos
réus, em período inferior a um ano e um dia, conforme exigido pelo art. 558 do CPC.
Sendo assim, presentes os requisitos para concessão da medida liminar, requer a expedição do
mandado liminar de reintegração, inaudita altera parte, de modo que a autora seja reintegrada
provisoriamente na posse do imóvel.
Subsidiariamente, caso V. Exa. assim não entenda – o que somente se admite para argumentar –,
requer a designação de audiência de justificação (CPC, art. 562, parte final).
V. DOS REQUERIMENTOS E DOS PEDIDOS
Diante do exposto, a autora requer seja deferida a medida liminar pleiteada, determinando-se a
expedição do mandado liminar de reintegração de posse e, ao final, seja confirmada a liminar, julgando-se
procedente o pedido da presente demanda.
Caso V. Exa. não entenda possível a concessão da liminar de plano, requer a designação de audiência
de justificação, nos termos dos arts. 562 e 563 do CPC, com a oitiva de testemunhas, conforme rol anexo.
Ainda, pede e requer:
(i) a citação dos réus para que apresentem contestação no prazo legal, sob pena de revelia;
(ii) sejam os réus condenados ao pagamento de indenização à Autora: 1) pelos danos materiais causados ao
imóvel, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), e 2) pelos frutos colhidos percebidos, no valor de R$
19.000,00 (dezenove mil reais); e
(iii) com a procedência da presente ação e consequente reintegração definitiva da autora ao imóvel, sejam os
réus condenados ao pagamento dos ônus de sucumbência.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a produção
de prova pericial para demonstração dos danos causados à propriedade da autora.
Em atendimento ao disposto no art. 319, VII, do CPC, a autora informa que há / não há interesse na
designação de audiência de conciliação.
Dá-se à causa o valor de R$ XXX, correspondente à soma dos pedidos indenizatórios (R$ 25,000,00) e
do valor venal do imóvel.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data.
ADVOGADO
OAB n. XXX