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INTRODUCAO AO

ESTUDO DO DIREITO

Sâmara Christina Souza Nogueira


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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
O iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu na Europa no século XVIII, sendo marcado pela
valorização da razão e pela crítica ao absolutismo.

Os iluministas eram defensores da razão como forma de entender o mundo.

Contribuíram para o desenvolvimento científico e combatiam a influência da Igreja.

Eram críticos do absolutismo e da concentração do poder real.

Os ideais iluministas contribuíram para eventos como a Revolução Americana e a Revolução Francesa
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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
Por meio do iluminismo, combateu-se uma visão de mundo teocêntrica estabelecida por influência do
cristianismo, e ganhou espaço na sociedade o racionalismo científico. Os iluministas tinham a crença de
que o racionalismo permitiria à humanidade encontrar o caminho do progresso e construir uma
sociedade sem injustiças sociais e sem conflitos.

A influência do iluminismo sobre o século XVIII na Europa foi tão grande que ele recebeu o nome de “século
das luzes”. Esse nome se explica porque o termo iluminismo remonta à ideia de iluminação. Os
iluministas defendiam iluminar as mentes de seu século, retirando-as da escuridão da ignorância.
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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
A influência do iluminismo se estendeu por diversas áreas da sociedade, pois, além da ciência, seus
representantes propunham mudanças para áreas como a política, a religião, a cultura, a economia, o
funcionamento da sociedade etc. O iluminismo foi catalisador de inúmeras transformações na
sociedade europeia a partir do século XVIII e foi resultado de uma renovação intelectual que estava em
curso na Europa desde séculos anteriores.

Iluminismo e as ciências
Como vimos, os iluministas eram fortes defensores do RACIONALISMO CIENTÍFICO, afirmando que a
ciência e a razão deveriam ser os guias da humanidade, e não a fé. Com base nisso, acreditavam que
seria possível encontrar o caminho do progresso e construir uma sociedade sem tirania e sem injustiça
social.
Por isso, os iluministas eram críticos profundos do poder da Igreja. Suas críticas iam no sentido de criticar o
poder que a instituição possuía política e socialmente, pois ela tinha enorme influência, era muito rica e
controlava a vida e a mente das pessoas.
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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
Iluminismo e as ciências
Eram defensores da liberdade de expressão também para poder divulgar livremente suas convicções sem
que fossem vítimas da opressão e perseguição da Igreja, por exemplo. Além disso, eram críticos da
falta de liberdade religiosa na Europa e dos conflitos causados por isso.

A defesa da razão feita pelos iluministas contribuiu para o avanço científico e para a popularização do
conhecimento. Tendo em vista defender a razão e o conhecimento difundido pelo movimento, os
iluministas decidiram criar as enciclopédias, grandes volumes de livros que continham o resumo de todo
o conhecimento daquele período.

A enciclopédia se tornou um fenômeno na Europa, sendo impressa e consumida por inúmeros leitores.
Continha conhecimentos científicos, filosóficos, econômicos e condensava bem as propostas iluministas.
Acabou sendo proibida pelas autoridades absolutistas e passou a ser impressa e publicada de maneira
clandestina.
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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
Consequências do iluminismo

Os ideais iluministas influenciaram movimentos de luta pela liberdade em diferentes partes da Europa, e
também no continente americano. Na América, o iluminismo deu força para a defesa da liberdade
contra o domínio e a exploração coloniais. A Revolução Americana é um grande exemplo de movimento
inspirado pelos ideais iluministas.

Na Europa, a luta pela igualdade entre os homens e pela conquista de importantes liberdades, como a de
expressão e a religiosa, contribuiu diretamente para a Revolução Francesa, movimento que iniciou a
contestação do absolutismo na Europa. A CONCENTRAÇÃO DE PODER DOS MONARCAS E OS
PRIVILÉGIOS DA NOBREZA E DO CLERO FORAM COMBATIDOS NESSE ACONTECIMENTO
HISTÓRICO.
Deísmo é a parte da filosofia que afirma que a existência de Deus pode ser constatada através da razão,
rejeitando qualquer crença religiosa.
HOBBES X LOCKE X ROSSEAU
HOBBES X LOCKE X ROSSEAU
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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
REVOLUÇAO FRANCESA
Como afirma NORBERTO BOBBIO, os principais ideais da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e
fraternidade, consolidaram-se a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada
pela Assembleia Nacional em 26 de agosto de 1789. Sua proclamação foi o atestado de óbito do antigo
regime de governo absolutista vigente até então, finalmente enterrado pela Revolução.

Reconhece-se que a partir deste momento histórico, os indivíduos passam a ter não apenas deveres em
relação ao Estado, mas direitos frente a esse que possuiria agora o dever de cuidar das necessidades
de seus cidadãos, sejam elas individuais ou coletivas, uma contraposição direta à ideia de súditos e
servos vigentes no período anterior.
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IDEIAS ILUMINISTAS E A REVOLUÇÃO FRANCESA
REVOLUÇAO FRANCESA
Deste modo, observamos que o principal objetivo Revolucionário seja a limitação do poder Soberano, e a
garantia do indivíduo frente a este. Consolida-se atualmente a partir das expressões direitos humanos,
direitos do homem e/ou direitos fundamentais.
A definição dessas impressões, contudo, mostram-se controversas doutrinariamente, por exemplo, nas
palavras de Regina Maria Macedo Nery Ferrari estes são sinônimos:

“são utilizadas como sinônimos, mas é possível distingui-las segundo sua origem. Quando se fala em
‘direitos do homem’, significam eles aqueles válidos para todos os povos, em todos os tempos; já a
expressão ‘direitos fundamentais’ se refere aos jurídico-institucionalmente garantidos e limitados no
tempo e no espaço. Se os direitos do homem, e daí seu caráter inviolável e universal, os fundamentais
são os objetivamente previstos, em uma determinada ordem jurídica concreta”
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE
O positivismo surgiu como resposta à abstração do Direito Natural e trouxe consigo forma rígidas de
interpretação . A escola da Exegese, junto ao Código de Napoleão, é o ápice dessa forma de enxergar o
Direito, de forma literal, racional e gramatical. Ao juiz cabia apenas a aplicação da lei, de forma
superficial, sua vontade era a vontade do legislador.

O positivismo surgiu como uma forma prática e realista à abstração e ao idealismo do Direito Natural
(supostamente imutável e eterno), expressando-se por meio das normas válidas de um determinado
espaço e tempo. Para uma revisão conceitual, é relevante a perspectiva histórica, daí o
desmembramento em três períodos principais.

A Escola da Exegese surgiu como uma das consequências da criação do Código de Napoleão (1804),
forma de interpretação que ocorria mediante privilégio dos aspectos gramaticais e lógicos. Com ela,
tem-se o ápice do positivismo jurídico.

Com o declínio do pensamento Jusnaturalista e sua aparente compreensão acerca da justiça, houve a
ascensão do positivismo, que também foi criticado, posteriormente, por seu apelo excessivo à subsunção
(fato-norma) sem observação dos valores.
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE
Para um melhor entendimento do tema principal, é importante ressaltar algumas considerações a
respeito do Direito Natural. O Jusnaturalismo, de modo geral, divide-se nos períodos:
Cosmológico (séc.VI – Pitágoras) – cuja essência vem do universo – ;
Teológico (séc.XI e XII – Tomás de Aquino) – lei estabelecida pela vontade de Deus – , e
Antropológico (séc.XVII e XIII – Rousseau) – provem do homem e da razão.

O Direito Natural, de outra banda, embasava-se na lei divina, na verdade revelada, em que não há
predeterminação. Essa forma de pensar o Direito reflete características como a imutabilidade e a
eternidade.

Em Antígona, obra de Sófocles, é claro o clamor ao Direito dos deuses feito por Antígona, ao enterrar
seu irmão, que foi condenado a torna-se insepulto por um decreto de Creonte. Quando Creonte descobre
que Antígona desobedeceu a o decreto e enterrou seu irmão (a pena para quem transgredisse sua lei era
o apedrejamento dentro da cidade), Creonte fala a ela: “Mesmo assim ousaste transgredir minhas leis?”
e Antígona responde:

“Não foi, com certeza, Zeus que as proclamou nem a Justiça com trono entre os deuses dos mortos as estabeleceu entre
os homens. Nem eu supunha que tuas ordens tivessem o poder de superar as leis não-escritas, perenes, dos deuses, visto
que és mortal. Pois elas não são nem de ontem, nem de hoje, mas são sempre vivas, nem se sabe quando surgiram”.
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE

Não há, entretanto, antagonismo real entre o Juspositivismo e o Direito Natural, porém acreditava-se
que o Jusnaturalismo se sobrepunha ao Positivismo Jurídico, pois havia algo superior às leis postas pelo
Estado, e esse espaço inerente ao Homem, de liberdade e justiça, deveria ser respeitado pelo Estado.

No período Antropológico, o Direito Natural se incorporou aos ordenamentos positivos ao lado do


Iluminismo por sua nova forma racional e não mais submissa à Teologia. Porém, o Direito Natural foi
marginalizado com a ascensão do positivismo e a apologia à cientificidade.

Após a Revolução Francesa, a França ansiava por um Direito Nacional, o que ocorreu com o nascimento
do Código Civil francês (1804) sob ênfase do RACIONALISMO. Logo, surgiu a Escola da Exegese, que
tinha como escopo interpretar o Código Civil francês também de uma maneira nacional.

A Escola da Exegese consistia na reunião de vários juristas franceses que orientaram o processo de
criação e de aplicação do Código de Napoleão, especialmente no que se refere à exegese do texto legal.
O Código Civil napoleônico (2.281 artigos) buscava unificar e positivar o Direito como ferramenta de
controle social e político. O Código napoleônico possuia TRÊS PILARES FUNDAMENTAIS: família,
propriedade privada e os contratos. Foi o símbolo do ápice do positivismo jurídico.
Na solidão dolorida de seu exílio em Santa Helena, mergulhadona depressão do abandono, consciente de
seu fim próximo, Napoleão teria exclamado, premonitoriamente: Minha verdadeira glória não foi
ganhar quarenta batalhas. Waterloo apagará a lembrança de tantas
vitórias. Mas o que nada apagará, o que viverá eternamente, é o meu Código Civil .
E era assim que ele, orgulhosamente, o chamava: o meu Código Civil, com a certeza profética de que nele
se imortalizaria, muito mais que por seus méritos militares e sua obra política e administrativa.
Com ele nasceu pensamento codicista, que supervalorizou o poder dos Códigos, dando início a era positivista, superando-
se o Direito Natural, que deixou de ser uma fonte direta de consulta.
Daí resulta a febre de codificação que varreu a Europa, no século XIX, espraiando-
se pelas Américas, e da qual o de Napoleão foi uma espécie de Código
modelo, mas muito mais do que isso, uma permanente inspiração. Floresceu em torno dele a Escola exegética.
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE

O CODICISMO surgiu como fruto do Iluminismo, atualmente é comum pensar o DIREITO CODIFICADO,
porém a codificação não se estende a todo o mundo, como nos países anglo-saxões, onde se aplica o
“common law”, por exemplo. Os dois códigos mais importantes para evolução da codificação foram o
Código de Justiano e o Código de Napoleão.

Norberto Bobbio diferencia essas duas codificações, afirmando que apenas o de Napoleão é um Código
propriamente dito, ou seja, “um corpo de normas sistematicamente organizadas e expressamente
elaboradas”. Segundo Bobbio, o Corpus Iuris Civilis de Justiniano é uma compilação de leis prévias e não
exatamente um código.

Segundo a Escola da Exegese, deveria haver uma interpretação nacional e racional do Direito, sendo
EXEGETA (apegados ao texto – supervalorizaçao do legislador) aquele que esclarece algo considerado
difícil e obscuro. No sentido normativo, é aquele que esclarece a real acepção da norma.

O Código Civil Napoleônico eliminou aspectos religiosos e morais, que antes havia no Corpus Iuris Civilis.
Segundo Maria Helena Diniz, “O racionalismo buscava a simetria, construção lógica perfeita, o que o
levou à utopia. Foi essa mesma simetria que conduziu os franceses à idolatria do Código de Napoleão”.
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE
O modo de interpretação da Escola da Exegese era reduzido e superficial. A idéia desse corpo de
normas era suprimir o máximo possível a obscuridade e a ambiguidade. O juiz não cabia nenhuma outra
função que não fosse aplicar a lei pautado na suposta neutralidade e objetividade, a vontade do
intérprete e do legislador era a mesma. Direito e Lei, nessa abordagem teórica, eram considerados
sinônimos para a Escola da Exegese.

Durante a Revolução Francesa, alguns juízes se eximiam de julgar quando a lei era omissa, pois havia um
estímulo máximo à separação dos poderes. Buscando evitar essa situação, o art. 4° do Código Civil
impunha o juiz a decidir no silêncio, na obscuridade ou insuficiência da lei. Apesar de obrigar o juiz a
proferir sua sentença, ele deveria encontrar a solução para a omissão, a obscuridade ou a insuficiência
dentro da própria lei.

Apesar de o juiz ser obrigado a julgar, o princípio da separação dos poderes não seria ferido, ao juiz não
era conferido o poder de produzir o Direito, mas apenas de aplicá-lo de acordo com o que estava
predefinido no Código. Os operadores do Direito apenas se submetiam a autoridade do legislador
(princípio da onipotência do legislador). Havia o apego à interpretação literal da lei sem distorcer a
verdadeira vontade do legislador, a lei era certa, não havia espaço para interpretações feitas pelo juiz.
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE
Para os codicistas, o ordenamento era considerado perfeito, bastando-se em si mesmo, não havia
lacunas de Direito nem antinomias (dogma da completude) e todas as soluções se encontravam no
Código, uma vez que o ordenamento (ou sistema) era considerado fechado e deveria achar soluções e
justificativas dentro de si mesmo (autonomia).

Norberto Bobbio denomina a forma aguda desse fenômeno de “FETICHISMO DA LEI”, dessa forma,
havia uma tendência a ater-se escrupulosamente aos códigos. Segundo um dos exegetas Mourlon, “Dura
lex, sed lex; um bom magistrado humilha sua razão diante da razão da lei”.

Havia, também, certa pressão do governo Napoleônico para que seu Código fosse ensinado nos cursos
superiores de Direito e não mais os ideais jusnaturalistas, enfatizando o caráter identitário que era
resguardado. Afinal, o Direito e o Código Civil eram uma das formas de dominação de que Napoleão
dispunha.

Os principais representantes da Escola da Exegese são “Proudhon, Melville, Blondeau, Delvincourt, Huc,
Aubry e Rau, Laurent, Marcadé, Demolombe, Troplong, Pothier, Baudry-Lacantinerie, Duraton, etc.”. Os
três principais períodos da Escola da Exegese são de 1804 a 1830 – Formação; de 1830 a 1880 – Apogeu, e
1880 em diante – Declínio (primeiras alterações no Código Civil francês).
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE
O declínio da Escola da Exegese ocorreu pela ineficiência de seu processo interpretativo, a letra da lei,
apenas, não era mais suficiente. Havia a necessidade de se recorrer a outras fontes e “conhecer não só
a letra da lei, mas também o seu espírito”

A escola da Exegese foi criticada por vários autores, entre eles: François Gény, Rudolf von Ihering, Eugen
Ehrlich, etc. Em geral, as críticas se fundamentavam em torno do fetichismo da lei e da forma literal
como se interpretava o Direito.

Esse momento, porém, não durou para sempre, e a complexidade social não mais comportou o modo de
interpretação da Escola da Exegese. Para Recaséns Siches, “Uma lei indeformável somente existe numa
sociedade imóvel” e, segundo Gaston Morand, o que ocorreu foi “a revolta dos fatos contra os códigos”.

A deficiência na dinamicidade da Escola da Exegese vinha não só da interpretação, mas também da


forma como era considerado o sistema: fechado e estrito ao Código Civil. Por essas razões, o sistema era
engessado e estático. A escola da Exegese não acompanhou a dinâmica da sociedade, tomando a lei
como única fonte do Direito. Havia uma inviabilização do ingresso, permanência e expulsão das leis, uma
vez que o sistema era fechado e estrito ao Código Civil francês, o que o tornava engessado.
06 CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A ESCOLA DE EXEGESE
Os mitos da neutralidade e da completude também não acompanharam a dinamicidade da sociedade,
uma vez que limitava a visão do intérprete e do legislador, hoje ambos os mitos são cada vez mais
considerados ultrapassados. Tanto o juiz quanto o legislador reconhecem a existência de lacunas no
ordenamento, utilizando, para isso, o princípio de freios e contrapesos, que busca harmonizar os três
“poderes” e a interpretação principiológica.

O Código de Napoleão foi um grande avanço para a época e satisfez o que os franceses ansiavam, mas,
depois de certo tempo, não foi mais suficiente devido a dinâmica e às críticas que advieram dos seus
opositores, notadamente dos doutrinadores da Sociologia jurídica. Ocorreram, então, mudanças no
Código Civil francês e, com elas, o início do declínio da Escola da Exegese.

Atualmente, a interpretação gramatical é considerada uma das mais falhas (?), exatamente por não
levar em consideração fatores essenciais em uma sociedade dinâmica. O intérprete deve operar
lucidamente de forma a considerar os valores sociais compreendendo que a lei e os códigos não são um
fim em si mesmo, mas sim um meio para concretizar o Estado Democrático de Direito no qual estamos
inseridos e, sobretudo, contribuindo para a desmistificação dos mitos que outrora estavam ínsitos à
prática judiciária e doutrinária.
07 ESCOLA HISTÓRICA: FUNDAMENTOS E CRÍTICAS
1. RESUMO: Friedrich Carl Von Savigny
Savigny era contra a codificação e acreditava que o Direito era um organismo vivo, pois o povo vai
modificando o Direito e a sua fonte será fundamentalmente o costume do povo. Desse modo, a escola
histórica desenvolvida por Savigny, valorizou muito a história e o costume de um povo.

2. ESCOLA DA EXEGESE - ANTECEDENTES E INFLUÊNCIAS À ESCOLA HISTÓRICA


Sob nome de “Escola da Exegese” entende-se aquele grande movimento nascido na França que, no
transcurso do século XIX, sustentou que na lei positiva, e de maneira especial no Código Civil, já se
encontra a possibilidade de uma solução para todos os eventuais casos ou ocorrências da vida social. A
escola surge sombra do código de Napoleão.
Esta Escola valorizava ao extremo o código, dizendo que ele era perfeito e jamais precisaria ser
modificado, pois as leis foram formuladas de forma correta. A lei era tudo.

Os fundamentos da ESCOLA DA EXEGESE eram: o dogmatismo do legislador, isto é, a estrita fidelidade


a vontade do legislador; a lei como única fonte do Direito, pois os estudiosos de tal escola não
acreditavam em costumes, analogia ou princípios gerais do direito como fonte do Direito; e o estado
como detentor do monopólio de produzir o Direito.
07 ESCOLA HISTÓRICA: FUNDAMENTOS E CRÍTICAS
2. ESCOLA DA EXEGESE - ANTECEDENTES E INFLUÊNCIAS À ESCOLA HISTÓRICA
Ela deve ser lembrada por valorizar os estudos da Hermenêutica e por proporcionar um avanço inegável
a tais estudos. Outro elogio também deve ser feito, pois ela também descobriu que uma norma poderia
ser utilizada para vários outros casos.
Seu declínio ocorreu durante o início do Século XIX, com a Revolução Industrial, pois houve um
desajuste entre a lei codificada no início do século, e a vida com novas facetas e novas tendências.
Além disso, a escola sofreu problemas com a sua “plenitude legal”, uma vez que a todo instante
apareciam novos problemas dos quais os legisladores do Código Civil não haviam cogitado.

2.1. QUADRO COMPARATIVO (EXEGESE X HISTÓRICA)


Enquanto a Exegese valorizava ao extremo o código, a escola Histórica acreditava que as leis
representavam uma realidade histórica, e por isso o significado da lei era mutável e não fixo. Além disso,
a escola histórica defendia que o resultado do Direito advinha do Espírito do povo (“volksgeist”), isto é,
os costumes de um povo, já a Escola da Exegese não se baseava nos costumes para a formação do
Direito.
07 ESCOLA HISTÓRICA: FUNDAMENTOS E CRÍTICAS
A ESCOLA HISTÓRICA
Foi desenvolvida por Savigny (discípulo de Gustav Hugo), no século XIX, na Alemanha, a qual se
encontrava em grande fragmentação política e particularismos regionais.
A escola histórica do direito surgiu em contra-movimento ao pensamento jusnaturalista racional, ou
seja, se opunha ao jusnaturalismo iluminista, que tinha como base o pensamento de que o direito é um
fenômeno independente do tempo e do espaço, cujas bases seriam encontradas na razão e na natureza
das coisas.
A escola histórica acreditava que o direito nasceria do “espírito do povo” (Volksgeist) e que a essência
da norma jurídica estaria contida nos usos, costumes e nas crenças dos grupos sociais e, procurava
compreender o direito e não apenas reconhece-lo. Para Savigny, o direito teria suas origens “nas forças
silenciosas e não no arbítrio do legislador.
Para Savigny, que era contra a codificação, “Os códigos eram a fossilização do direito”, ou seja, a
codificação era o engessamento do direito, impedindo as forças históricas e a consciência coletiva para
“acompanhar” o ordenamento jurídico, portanto, para Savigny a codificação seria prejudicial à
evolução do direito.
O direito, na visão de Savigny era um ORGANISMO VIVO e se modificaria de acordo com as
modificações sociais e históricas, ou seja, “o povo modifica o direito”.
07 ESCOLA HISTÓRICA: FUNDAMENTOS E CRÍTICAS
A ESCOLA HISTÓRICA
Por conseguinte pode-se afirmar que a escola histórica obteve sucesso em “derrotar” o movimento
jusnaturalismo iluminista, o qual se opunha. A escola de Savigny foi de suma importancia para
Alemanha, pois demonstrou um vínculo entre o direito válido e as correntes sociais, econômicas,
intelectuais e políticas, a escola histórica do Direito demonstrou também, que as ordens jurídicas são
produtos culturais.

ESCOLA HISTÓRICA X JUSNATURALISMO (CONFORME PAULO NADER, p. 364-365 da 45ª. edição)


O conflito entre a Escola Histórica do Direito e o jusnaturalismo é mais aparente do que real. Os pontos
de discordância localizam-se nas características da UNIVERSALIDADE e IMUTABILIDADE, apresentadas
pelo Direito Natural. Para o HISTORICISMO, o Direito é um produto da história e, como tal, vive em
permanente transformação. Diante de tais colocações se afigura irremediável o dissídio entre as duas
correntes de pensamento. A conciliação, contudo, além de possível é necessária e indispensável.

A moderna concerpção jusnaturalista reconhece o Direito Natural como conjunto de príncípios e não
mais um Direito Natural normativo e sistematizador. Se em determinado período o antagonismo
existente entre o DIREITO NATURAL e o HISTORICISMO JURÍDICO se mostrava absoluto e inconciliável,
na visão atual do jusnaturalismo há evidentes pontos de contato entre ambos.
07 ESCOLA HISTÓRICA: FUNDAMENTOS E CRÍTICAS

ESCOLA HISTÓRICA X JUSNATURALISMO (CONFORME PAULO NADER, p. 364-365 da 45ª. edição)


Se de um lado o jusnaturalismo se distancia do historicismo por admitir príncípios eternos, imutáveis e
universais, de outra dele se aproxima, ao reconhecer que tais princípios, em contato com a realidade
existencial, se adaptam em conformidade com a variação do tempo e do espaço, sem perder a sua
essência.

A função moderna do Direito Natural é traçar as linhas dominantes de proteção ao homem, para que
este tenha condições básicas para realizar todo o seu potencial para o bem. O direito de liberdade, por
exemplo, se de um lado possui um substrato comum e invariável em todos os povos, de outro sofre a
influência do momento histórico, condicionado o seu modelo concreto aos fatos da época e do lugar.

Há um século, o alemão EUGEN EHRLICH abordou aspectos de convergência entre o pensamento


jusnaturalista e a concepção histórica do Direito: “Ambos têm em comum a recusa de aceitar cegamente
como Direito tudo aquilo que o Estado lhes apresenta como tal; procuram chegar à essência do Direito
por via científica. E ambos localizam a origem do Direito fora do Estado: os primeiros na natureza
humana, os outros no sentimento de justiça do povo.”
07 ESCOLA HISTÓRICA: FUNDAMENTOS E CRÍTICAS

ESCOLA HISTÓRICA X JUSNATURALISMO (CONFORME PAULO NADER, p. 364-365 da 45ª. edição)


Como acentua Del Vecchio, o Direito não possui apenas um conteúdo racional; possui também um
conteúdo humano. Com isto o jusfilósofo italiano indica que no Direito estão sempre presentes
ELEMENTOS UNIVERSAIS (conteúdo humano) e ELEMENTOS HISTÓRICOS (conteúdo nacional).

Em Miguel Reale encontramos uma lúcida visão da convivência harmônica entre o jusnaturalismo
moderno e o historicismo moderado, dentro da mesma perspectiva apresentada pelo mestre de
Bolonha: “Temos a convicção de que, apesar das incessantes mutações históricas operadas na via do
Direito, há, todavia, um núcleo resistente, uma “constante axiológica do Direito”, a salvo de
transformações políticas, técnicas ou econômicas.”
Dúvidas?
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