Artigo Final
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ABSTRACT: The text judges a cause relationship of the ineffectiveness of the Brazilian legal
system in practice with the omission of principles and values owed by those responsible in
making justice more agile, both citizens, as well as operators of the law of various areas. To
accomplish this, the deductive method was used as an approach method, the monographic
method as a procedure method and the indirect-bibliographic research of innovative
perspectives and contemporary criminal law as a research technique. It begins with a
demonstration of a brief account of the intellectual evolution of thinkers about Justice and
Law. The analysis of the definition, importance and advantages of principles and values as
pillars for the construction and general development of Law and Justice. It is concluded to
manifest the real intention of law operators and citizens in comparison with their
responsibilities and duties and, also, the use of rights as a way of serving the individual will
instead of common justice. It is concluded to manifest the real intention of law operators and
citizens in comparison with their responsibilities and duties and, also, the use of rights as a
way of serving the individual will instead of common justice. The possibility of change and
effectiveness with the application of principles and values to the Brazilian legal system
depends on Justice being paramount, since it is the Law that serves Justice, not the opposite,
the final destination is the fair, it is the place where lies the much-needed change that
everyone is looking for.
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Estudante do 10° semestre de Direito na URI- Campus de Frederico Westphalen, RS.
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Filósofo, Mestre e doutorando em Direito, professor universitário pela Universidade Regional Integrada do
Alto Uruguai e das Missões – Campus de Frederico Westphalen. Policial Civil/RS. E-mail: [email protected]
KEYWORDS: Justice; Law; Principles and Values; Ineffectiveness; Individual will;
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente texto tem por objeto evidenciar o direito e a justiça, enfatizando a omissão
dos princípios e valores, tanto pelos indivíduos que compõem a sociedade, quanto pelos que
atuam no direito, com a finalidade de refrear a ineficácia, na prática, do ordenamento jurídico
brasileiro.
O direito e a justiça são sempre assuntos frequentes na teoria e no discurso, entretanto,
na prática, com muita dificuldade demonstra resultados esperançosos. Apesar da doutrina e da
jurisprudência tratarem de temas importantes, avançando assim, em alguma mudança, o fato é
que sempre é afirmado que há grandes lacunas que precisam ser preenchidas.
A ciência e a tecnologia se desenvolvem rapidamente muito além do que se pode
imaginar, todavia há uma despreocupação em tornar o interior humano suscetível ao
aperfeiçoamento de suas condutas, tornando-o mais pessoal no meio jurídico. Isso se dá pelo
fato de que, cada vez mais, o direito se tornou um meio para se provar uma vontade individual
em vez de uma justiça ao bem comum. O indivíduo não quer o que é justo, mas sim o que é
favorável a ele, o que apenas o defenda, mesmo que para isso tenha que abrir mão de
preceitos que amparam sua vida em meio a sociedade.
No meio jurídico também não se diverge, a cada instante está mais difícil de entrar
neste meio, sendo preciso mais estudos e especializações. Entretanto, esta concorrência
crescente não é relacionada ao direito e sim, questões financeiras e aparências pessoais
daqueles que adentram e se envolvem em executar o direito em prol do povo. Se aqueles que
operam o direito não se preocupam em torná-lo mais eficaz, quem se importará?
É de extrema necessidade voltar ao início e analisar as características individuais do
ser humano, tanto o indivíduo que clama por direito e justiça, quanto aqueles que carregam a
responsabilidade e a promessa de tornar o direito e a justiça mais eficazes, que servem,
protegem e amparam o povo.
Nunca a problemática esteve apenas nas leis e doutrinas, mas sim, no âmago do ser
humano, nos seus princípios e valores, ou na falta deles. Sendo assim, o direito não deve ser o
objetivo final, ele é a ferramenta utilizada para que se alcance êxito na obtenção da justiça, é
ela que deve ser o alvo. O uso inadequado do direito, resulta em prejuízos para a justiça.
É de se pensar que, no Brasil, um país onde existe mais advogados que no mundo
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inteiro, na prática, aparenta possuir muitas falhas de eficácia. Será que esta luta diária é
verdadeiramente em prol do direito e da justiça, ou estão apenas obstinados por pura
conveniência e glória?
Por isso, deve ser observado onde se pode encontrar uma solução para o que pouco
funciona, e sair do ciclo de insistência com o que vem trazendo poucos resultados. A começar
pelo direito, é por meio dele que se opera o justo, por ele que é jurado e empregado a justiça,
entretanto, analisando em um contexto geral, há diferenciações do que realmente deveria ser o
direito e como ele está sendo empregado.
A verdade é que, embora as leis sejam cada vez mais específicas, não é só nelas que
existem falhas, e também não é só por elas que se exerce direito e justiça. Há temas onde uma
base sólida pode ser a solução para que se alcance o justo, e essa base sólida se encontra nos
princípios e valores. São eles que orientam desde o começo para a tomada de decisões,
criação de leis e cedência da vontade individual pelo bem comum.
Os princípios e valores se encontram em uma longa luta travada faz um bom tempo, a
justificativa para isso se dá pelo trabalho de demonstrar sua relevância ou não para a
sociedade, nem que sejam demonstrados apenas em discursos e palestras. Se por um lado são
defendidos como necessários, como firmamentos e com grande conteúdo para o todo, por
outro são ressignificados e diminuídos para o singular, individual e independente para cada
pessoa. Apesar de esta luta ser acompanhada de perto, o objetivo não é, novamente, almejar
uma resposta teórica, e sim, analisar o longo caminho que percorrem e verificar se na prática
eles trazem mudança e melhoramento.
Deixando claro que, primeiramente, eles se divergem entre si, enquanto os princípios
são bases comuns construídas a partir das famílias, dando origem aos povos e culturas,
regendo assim, a humanidade. Os valores são preceitos e padrões estipulados que são
seguidos por indivíduos, classes e comunidades. Contudo, muito além de definições, não há
dúvidas que se faz realmente necessária suas análises, pois apesar de serem mal empregados e
divergentes, o envolvimento de fato existe na construção do ser humano e consequentemente
no direito e na justiça.
Logo, a pretensão é demonstrar a grande importância dos princípios e valores como
forma de solução para obter a justiça, tornando assim, o ordenamento jurídico, na prática,
realmente mais eficaz. Neste aspecto, se faz necessário compreender o indivíduo como
possuidor do poder de refrear a injustiça.
Neste sentido, a demonstração de um breve relato intelectual dos seguintes pensadores
a respeito do direito e da justiça se mostra relevante, criando assim, um parâmetro destes
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entendimentos. Tanto o que já foi considerado no passado, quanto o que está sendo
considerado no presente.
A partir disso, o artigo pretende analisar a definição, importância e as vantagens dos
princípios e valores, como colunas para edificação e desenvolvimento geral do direito e da
justiça. Assim, será possível ter a confirmação de que realmente a ineficácia é causada por
omissão humana e não intelectual.
Comprovando, portanto, que estes motivos vão muito além de considerar um processo
de crescimento gradativo, mas comprova um estagnado padrão de motivos que atrasam todo o
ciclo da efetividade da justiça. Sendo apontado por fim, a possibilidade de mudança e eficácia
com a aplicação dos princípios e valores para cada cidadão e para cada operador de direito,
realizando um trabalho íntegro e justo em sociedade.
1 DIREITO E JUSTIÇA
1.1 Direito
Na história se teve pensadores que já fizeram este mesmo questionamento, entre eles
Hans Kelsen, que por causa de eventos do século XX, se limitou a isolar o direito em uma
coisa, a norma. Como resultado, obteve a Teoria Pura do Direito, onde interpretava a norma
como soberana desvinculando qualquer questão jurídica, como ele mesmo chamava
“relativismos”, nisso era incluído a ética, a moral, os princípios, valores e até mesmo a justiça.
Sua afirmação era que se tornara necessário libertar-se destes elementos estranhos para chegar
a uma ciência do direito abstrata e geral.
Entretanto, comparando o pensamento de Kelsen com o direito que se faz necessário
no século XXI, o ato de impor a norma como ponto de partida com um juízo determinado de
que, a conduta está em conformidade com a norma unicamente e exclusivamente enrijecido,
torna-se difícil sua aplicação na prática, porque se dependesse só da norma para que o direito
fosse exercido e a justiça adquirida, bastava as leis que se possui, já se teria encontrado a
solução perfeita e os resultados esperados.
Porém, o que se tem como resultado, é uma forma de pensamento que leva a uma
sanção em grande escala para todos aqueles que praticarem má conduta não correspondente a
norma, e é esta a situação atual. Quando o solo não é tratado, simplesmente as plantas que
secam são arrancadas, quando as pessoas não são ensinadas sobre a importância e a
responsabilidade do direito, simplesmente são excluídas da sociedade se praticarem algo
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errado.
Por este entendimento, foi adquirido a longo prazo mais problemas e quantidade de
casos de conflito para resolver, e grande injustiça por delimitar o ser humano em apenas algo
rígido e metódico. Concluir o direito como algo racional e objetivo valorando apenas a norma,
não incluindo qualquer valor abstrato, de fato não representa o ser humano. Por si só os seres
humanos são complexos, por causa disso são chamados de seres humanos, e não seres exatos,
o entendimento sobre o direito deve ser amplamente enriquecido e modificado
semelhantemente a como são.
Foi com esse mesmo entendimento que Miguel Reale contestou a Teoria Pura do
Direito de Kelsen, sua rigidez lógica, formal e exclusiva da norma, e obteve a Teoria
Tridimensional Específica do Direito, onde complementou o direito não só com a norma, mas
acrescentou o fato e o valor, acabando com a restrição e dando lugar ao vasto conceito do
direito, do ser e do dever ser.
Sua constatação se resume em uma “dialética de implicação ou complementaridade”,
ou seja, na análise do ser e do dever ser, há uma implicação de tal forma que acabam se
complementando, obtendo uma relação de integração sistemática entre norma, fato e valor.
Assim sendo,
Reale insere o conceito de dialética na relação entre fato, valor e norma, a partir do
sentido da expressão 'mundo da vida' (Lebenswelt), que exprime o complexo de
noções, opiniões, regras, valores etc., ou seja, uma vida cultural em constante
acontecer, o lugar de nossas originárias formações de sentido. O direito está,
portanto, inserido nessa fervilhante experiência do mundo da vida. (OLIVEIRA;
TROTA, 2013, p. 113).
Portanto, enquanto Kelsen separa o ser do dever ser, e deduz que o direito só faz parte
do dever ser, Reale complementa o ser com o dever ser, e afirma que o direito está presente
nos dois, e ainda, segundo ele, existem duas vertentes da ideia do dever ser, uma moral/ética e
outra lógica. Kelsen apenas utilizou-se da vertente lógica, pois para ele, a moral, a ética e os
valores abriam amplo espaço.
É exatamente neste sentido que se faz necessário uma análise conjunta, acabando com
a separação e negação da presença do valor, e se por conta dele, a moral, a ética e os demais
princípios estiverem inclusos, devem ser considerados também. Afinal, o direito possui
características que partem e voltam do ser humano, sendo assim, deve abranger estes temas
também que partem e voltam do seu interior.
Contudo, uma imputação de um direito com uma norma rígida, coercitiva e coativa
não traz resultados satisfatórios, não há como conceber direito apartado dos valores da vida.
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Kelsen entendeu isso ao longo de sua busca, deixando em parte sua rigidez em prol de achar
um direito mais justo (REVISTA LITTERARIUS;2015.p.18). Reale por sua vez, também
entendeu que no direito se faz indispensável uma consciência de ordem de necessidade em
meio a sociedade. “Uma mãe não amamenta seu filho porque pode sofrer consequências
jurídicas coercitivas pela sua conduta, mas sim porque isso se dá numa ordem de necessidade
de alimentação de seu filho” (REALE, 1999).
É desta mentalidade que é preciso, uma consciência muito além de obrigação ou
penalidade, mas de responsabilidade em cumprir o que os indivíduos são encarregados, suprir
a necessidade do direito, possuindo constantemente em memória que, quanto mais se dispuser
a conhecer o direito e exercê-lo da mais justa forma, mais estará perto da tão sonhada eficácia
que se pensa obter.
1.2 Justiça
Todos clamam por justiça, é a palavra que sempre vem à tona quando relacionada com
o que se quer de melhor para o mundo: “um mundo mais justo”. Quando um acontecimento
passa pela televisão ela é chamada, quando ocorre um fato afirmam em momento de raiva que
ela não existe. Apesar de tudo, a esperança em tê-la nunca termina, nunca se cansam de
almeja-la, nunca desistem de alcançá-la um dia.
Mas afinal, onde está essa justiça que tanto precisam? Para muitos, ela está no meio
jurídico, no direito empregado nos órgãos públicos, porém é nestes mesmos locais que outros
afirmam que ela não reside mais, pois a demora em obtê-la torna sua existência nula.
Entretanto, a justiça não é algo que se utiliza como ferramenta, mas sim como meta a ser
alcançada, por isso, ela reside muito além de paredes. A justiça não se prende apenas a
decisões de doutores da lei, ela impera por si só no indivíduo, ela está em cada um dos
cidadãos e operadores do direito, todos devem executa-la, infelizmente o que é esperado são
que outros exerçam em vez de cada um realizá-la.
Platão, aquele que possui como referência sua obra “A República”, explorou
profundamente o tema da justiça. Trilhou um caminho sobre o papel da justiça na construção
de uma Polis, uma cidade, modificando suas definições de acordo com o passar do tempo.
Primeiramente em cunho racional, depois passou a analisar como virtude, tornando-se
posteriormente uma discussão denominada dialética, um conhecimento verdadeiro como
forma de superar a ignorância em se prender a injustiça. Em sua última fase, afirma uma
competição entre a justiça e injustiça, pois, “todas as coisas levam o bem e o mal”, os seres
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humanos e os sistemas estão propensos a corrupção e decadência por causa da injustiça (2007,
p.24).
Examinando sua constatação da justiça como uma virtude máxima, e estabelecendo
sua ideia de que todo o ser humano é capaz de descobrir dentro de si o que é a justiça, sendo
preciso apenas que sua vontade se submeta a conhece-la, é possível nomeá-la como o impulso
necessário para o ser humano realizar suas ações, ou seja, se a justiça realmente pode-se
configurar como uma virtude, ela está conectada nas características dos seres humanos. Logo,
assim como os indivíduos são propensos a decadência e corrupção, também são propensos à
excelência e à boa conduta, basta estarem dispostos a submeter a sua vontade em fazer com
que a justiça vença a competição com a injustiça.
Porém, há dois obstáculos que impedem essa escolha, Platão os identifica como as
aparências do mundo real que ocultam a verdadeira ideia do que é justo, e a força que tende a
sobrepor em nome da sobrevivência individual (2007,p.22). Pois, por ameaça o indivíduo se
apega as aparências e a força para manter-se vivo. Por causa do uso da força a justiça ideal
acaba sendo substituída pela justiça real, onde o interesse do mais forte prevalece. Na
atualidade o entendimento de força pode ser sinônimo de poder, aqueles que possuem maior
influência acabam transformando em vantagem para modificar a justiça de acordo com a sua
vontade.
Devido a esses obstáculos a justiça é adiada e se torna inacessível a sua utilidade ideal.
Por isso, sustenta-se uma carência de encontrar o núcleo da justiça superior ao interesse
individual, uma noção universal da justiça, um plano de relação social. E é nessa ideia de
ordem que Platão entende estar a justiça, que consiste em “cada um fazer o que lhe cabe”. O
indivíduo ajusta a sua vontade e força em prol da sua responsabilidade em realizar o que lhe
cabe e com isso obtém a justiça, não só para si, mas para toda a sociedade.
Entretanto, é de grande valia todos possuírem a noção de “agir bem” como elemento
para se esforçarem em suas funções. Essa noção se delimita em, ao governante conhecer a
ideia social da justiça, e ao cidadão a ideia de perfeição no seu desempenho dentro da
sociedade. Sem esses conhecimentos, em que parte, cada membro realizar sua tarefa em prol
do mesmo corpo, não há como obter harmonia conjunta. Portanto, “sem que cada um conheça
bem aquilo que deve fazer e sem que o governante conheça bem aquilo que corresponde ao
interesse de todos, não haverá ordem, nem haverá justiça” (2007,p. 29).
Tomás de Aquino, que também era teólogo, tratava de assuntos jurídicos de sua época,
e por isso teorizou sobre o direito e a justiça. Analisou com o mesmo olhar da justiça como
virtude, afirmando que ela ordena os atos humanos, instaurando assim, a igualdade (2007, p.
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52).
Esse entendimento se resume em defender o direito como objeto da justiça, pois
diferente de outras virtudes no ser humano que visam melhorar individualmente, a justiça tem
como fim o aperfeiçoamento coletivo dos indivíduos, isto é, para o bem comum de todos.
Como resultado, essa igualdade adquirida não se amolda em parâmetros rígidos, mas se
adequa as necessidades de cada indivíduo.
Esse caráter justo, Aquino aponta ser o direito, o estabelecimento de uma igualdade
entre as partes. Ou seja,
Com isso em mente, não é preciso adentrar nem em matérias que se divergem, como
por exemplo, a moral e a ética, para perceber que há um processo do próprio ser humano que
se encontra estagnado. Pois possuindo a justiça como característica de quem se é, pode-se
concluir que a falha não está no sistema jurídico e sim em quem não estipula como deveria
exercê-la.
Muito além do processual, esse tema possuiu uma vertente interna nas raízes do
sujeito, que se tornou inoperante em realizar tarefas que caracterizam seu ser. Há grande
hipocrisia em afirmar a ausência ou ineficácia da justiça no meio social, sendo que a todo
momento ela está presente em sua condição. Ou seja, o próprio brasileiro afirma que deve ser
realizada a justiça, sendo que é ele mesmo que deve exercê-la.
Oportunidades são desperdiçadas com assuntos discordantes em busca de quem é o
culpado, em vez de ser determinado o que realmente soluciona. Não há como negar que o ser
humano está propenso a sempre julgar as ações alheias em vez de se autoavaliar em suas
omissões. Sua noção não pode se limitar a um único caminho inflexível, nem a vários
caminhos incertos, ela deve ser sábia em decidir qual próximo passo será próspero ser
tomado. Deve abranger sabiamente seus feitos em prol da eficácia da justiça na prática.
Infelizmente, a grande verdade, é que talvez não estejam dispostos a pagar o preço de
corrigir a si próprio em suas falhas, omissões e negligências em favor da justiça. Queixar-se é
uma ocupação mais fácil do que rever ações e posições em meio a sociedade, uma verdade
lamentável demais para aqueles que possuem como virtude a justiça.
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2 PRINCÍPIOS E VALORES
2.1 Princípios
2.2 Valores
Para Miguel Reale, o valor é uma característica não quantificável, assim, não existe
um valor maior que outro, nem superior ao outro. Seu objetivo está em trazer um
aperfeiçoamento de como deve ser as coisas, todavia como consequência, traz também o
reflexo de uma civilização que se envolve em valores mutáveis de acordo com seu histórico-
cultural de sua época (MARTINS, ALEXANDRE MARQUES DA SILVA 2008, p.265).
Ele mostra que os valores são base do direito e visão, que se resumem em uma
realidade autônoma, logo, o ser e o valor são indispensáveis diante da realidade, e a
autonomia do valor é a linguagem do dever ser. Por isso, apesar do indivíduo ser e valer de
acordo com a realidade, há autonomia para melhorar e aperfeiçoar o seu dever ser.
Reale também expressa o valor em seis características: Bipolaridade, Implicação
Recíproca, Referibilidade, Prefelibilidade, Historicidade e a Realizabilidade (MARTINS,
ALEXANDRE MARQUES DA SILVA; 2008, p.265).
A bipolaridade, é quando há uma relação de sentido positivo e negativo em conflito,
por exemplo, bom e mau, o ordenamento jurídico se encontra na bipolaridade, uma vez que
para o lícito existe o ilícito. Na Implicação Recíproca, refere-se a uma interferência que o
valor possui em outros, há uma solidariedade entre os valores, um valor assegura outro, sendo
assim, por exemplo, se o valor da tolerância é garantido, o valor do respeito também sucede.
A terceira característica é a Referibilidade, o valor se torna uma referência para seguir,
um exemplo de como se portar. Já a Preferibilidade anuncia uma preferência, uma indicação
de um ideal. Deixando claro a grande relação do valor com a liberdade, onde o ser humano é
livre para escolher seguir ou não. A Historicidade por sua vez, demonstra que o valor sempre
está relacionado com o histórico-cultural, os valores são decorrentes de condutas com o que
era na história e cultura, afirmando outra grande relação do valor com a história também.
Por fim, a Realizabilidade, sendo a realização dos valores de acordo com o passar do
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tempo, influenciando outros humanos em seus atos, e como uma fragmentação desta, a
Inexauribilidade, onde o valor nunca é exaurido, nunca é esgotado, não se acaba após
empregado, sendo sua concretização infinita. Possuindo forte relação do valor com a
realidade, sendo assim, o valor sempre procura superar a realidade. Estas características são
envolvidas com a dialética de complementaridade já citada no conceito do direito, ou seja,
juntas caracterizam o valor como algo significativo contendo uma função para o ser humano,
de o ajudar no seu agir vindouro.
Portanto, a pessoa humana dispõe de um valor supremo, pois o indivíduo revelou ser
valorativo possuindo isso como motivo de conduta, seguindo de outros valores necessários,
sendo então: o verdadeiro, o belo, o útil, o santo e o bem. Não possuindo hierarquia entre si,
mas valem em razão suprema que é a pessoa humana. Apesar dos valores serem mutáveis
pelo tempo, sempre são utilizados como guias para cada ciclo cultural criado. Quer dizer, o
ser humano se conduz embasado por valores, procurando o significado da sua própria vida,
que resulta na sua existência em harmonia com a sociedade.
Com estes apontamentos, não há dúvidas que os valores são muito mais do que
escolhas de estilo de vida, estão profundamente estabelecidas no âmago do ser humano, e que
a sua tamanha importância reflete como fontes de melhoramento para o ser humano,
estipulando que, o ser e o dever ser são objetos constantemente de algum valor. Todavia, na
realidade não há sujeição ao valor, não se tem aceitação da presença de valores no direito,
nem em suas ações de justiça, sendo que são os próprios indivíduos que atuam em sua defesa
e desenvolvimento.
Em resumo, o ser humano possui valores em quem é e em quem deve ser, mas os
valores não o limitam, pelo contrário, dão autonomia de melhorar e aperfeiçoar suas atitudes.
Não importando o passar de tempo na época em que viva, o valor é supremo a tudo isso,
ajudando na forma de agir no presente e no futuro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
ROCHA, Indalécio Robson Paulo Pereira Alves da. GELAIN, Itamar Luís. Kelsen e Reale:
Reflexões sobre a teoria pura do direito e a tridimensionalidade específica. Revista
Litterarius, 2015.
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