(GÊNERO TEXTUAL) Crônica Jornalística

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E.E.M.

Adauto Bezerra de Barbalha Componente Curricular : Redação 2º Bimestre - 2024


Professora Lucineide Crônica Jornalística 2º Ano médio

[GÊNERO TEXTUAL] Crônica jornalística

Definição
A crônica jornalística é uma forma literária que combina elementos da prosa e do jornalismo para retratar eventos, situações e
observações do dia a dia. Ao contrário de notícias rígidas, a crônica busca envolver o leitor por meio de uma linguagem pessoal,
subjetiva e muitas vezes carregada de emoção. Ela se destaca pela liberdade criativa do autor ao abordar temas variados, desde
acontecimentos cotidianos até reflexões mais profundas sobre a condição humana.
Características da Crônica Jornalística
1. Subjetividade e Tom Pessoal: A crônica permite que o autor insira sua subjetividade na narrativa, compartilhando opiniões
pessoais, experiências e sentimentos. Esse tom pessoal cria uma conexão mais íntima entre o autor e o leitor.
2. Cotidiano e Observação Aguda: Focando-se no ordinário, a crônica destaca o extraordinário no cotidiano. Os cronistas
muitas vezes apresentam uma observação aguda e sensível do mundo ao seu redor, transformando o comum em algo notável.
3. Variedade Temática: A crônica jornalística não se limita a um tema específico. Pode abordar desde trivialidades do dia a
dia até questões sociais, culturais e políticas, oferecendo uma ampla gama de tópicos para exploração.
4. Estilo Leve e Irônico: A linguagem da crônica frequentemente adota um estilo leve, por vezes irônico e humorístico. Essa
abordagem contribui para tornar a leitura mais acessível e agradável.
Exemplo de crônica jornalística
Aqui está um exemplo de crônica jornalística, escrita pelo autor brasileiro Rubem Alves

O ovo e a galinha

O ovo veio antes da galinha?


A pergunta é antiga e ainda não tem resposta definitiva.
A ciência diz que a galinha veio antes do ovo. Afirma que a galinha surgiu de um réptil ancestral, que botava ovos com casca
mole. Com o tempo, os ovos foram ficando mais duros, até chegarem ao formato que conhecemos hoje.
A religião, por outro lado, diz que o ovo veio antes da galinha. Afirma que Deus criou o ovo e, dentro dele, a primeira galinha.
A questão é complexa e não há uma resposta fácil. Mas, para o cronista, o que importa não é a resposta, mas a pergunta.
A pergunta sobre o ovo e a galinha é uma pergunta sobre o começo das coisas. É uma pergunta sobre a origem da vida.
É uma pergunta que nos faz pensar sobre o mistério da criação.
É uma pergunta que nos faz refletir sobre o nosso lugar no mundo.

Análise da crônica

Essa crônica é um exemplo de crônica jornalística porque aborda um tema cotidiano, a origem da vida, de forma leve e coloquial.
O autor usa uma linguagem simples e acessível, e a crônica tem um tom de reflexão.
A crônica começa com uma pergunta retórica que introduz o tema. Em seguida, o autor apresenta as duas principais teorias sobre a
origem da galinha: a científica e a religiosa.
Depois, o autor faz uma reflexão sobre o significado da pergunta. Ele afirma que a pergunta não é sobre a resposta, mas sobre a
própria pergunta.
A crônica termina com uma reflexão sobre o mistério da criação e o nosso lugar no mundo.
Esta é apenas uma das muitas possibilidades de crônica jornalística. O gênero é versátil e pode ser usado para abordar qualquer tema
cotidiano, atual ou da cultura popular.
A crônica jornalística é uma expressão literária que transforma o ordinário em extraordinário, proporcionando aos leitores uma visão
única e reflexiva do mundo ao seu redor. Ao explorar suas características e exemplos marcantes no contexto brasileiro, percebemos
como esse gênero continua a desempenhar um papel crucial na narrativa contemporânea, enriquecendo o diálogo cultural e
provocando a reflexão sobre as nuances da vida cotidiana.

https://www.profnelsonjr.com/post/genero-textual-cronica-jornalistica
Trabalho de Redação

Leia os textos abaixo:


Texto I

A beleza da simplicidade

Estava andando pela rua quando vi uma cena que me chamou a atenção. Um senhor, de cabelos brancos e semblante cansado,
estava sentado em um banco, observando as pessoas passarem. Ele tinha uma expressão de paz e tranquilidade no rosto.
Aproximei-me dele e perguntei se ele estava bem. Ele sorriu e disse que sim, que estava apenas apreciando a beleza da
simplicidade.
Fiquei intrigado com sua resposta. Perguntei-lhe o que ele queria dizer com isso.
Ele me contou que, depois de uma vida inteira trabalhando duro, ele havia aprendido a apreciar as pequenas coisas da vida. Ele disse
que a felicidade não estava nas grandes conquistas, mas sim nas pequenas alegrias do dia a dia.
Ele me contou que, para ele, a felicidade era sentir o sol no rosto, o vento nos cabelos, o cheiro das flores. Era ouvir o canto dos
pássaros, o riso das crianças, a conversa dos amigos. Era apreciar a beleza da natureza, a simplicidade da vida.
Eu fiquei pensando nas palavras do senhor. Ele tinha razão. A felicidade está nas pequenas coisas, nos momentos mais simples
da vida.
É fácil perdermos de vista a beleza da simplicidade quando estamos ocupados com o dia a dia. Mas é importante lembrarmos
que, muitas vezes, a felicidade está bem na nossa frente, nos detalhes que costumamos ignorar.
Então, da próxima vez que você estiver se sentindo triste ou desanimado, pare por um momento e aprecie a beleza da simplicidade.
Observe o sol, o vento, as flores. Ouça o canto dos pássaros, o riso das crianças. Converse com seus amigos.
Você vai se surpreender com o quanto isso pode mudar seu dia.

Texto II

Felicidade clandestina

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto
nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía
o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava
em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes
mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina
devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma
ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe
emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-
me que possuía “As reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente
acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave,
as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me
mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia
seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar
pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia
seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas
como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte
lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu
poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se
repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de
seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às
vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo
ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as
olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela
devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma
confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar
entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu
daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha.
Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento
das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo.
E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser”. Entendem? Valia mais do que me dar o livro: pelo tempo que eu
quisesse ” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei
o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos,
comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu
coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li
algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não
sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina
que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no
ar… havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 9

1- Crônica jornalística é um gênero textual muito presente nos jornais e revistas, e que frequentemente é escrita por jornalista, mas
também pode ser escrita por escritores e poetas. Releia o texto I e responda:
a) Qual é o tema da crônica?
b) O tema é relevante para a sociedade atual?
c) Qual o foco narrativo da crônica? 1ª pessoa ( ) ou 3ª pessoa ( ) Justifique sua resposta com uma frase do texto.
d) Qual é o estilo de linguagem utilizado na crônica?
e) a crônica apresenta alguma reflexão ou opinião sobre o tema?
f) Qual é o impacto da crônica no leitor?
g) A crônica provoca reflexão ou mudança de opinião no leitor?

2- Releia o texto II e responda às questões:

a) O texto é narrativo, pois há o relato de certos fatos que ocorreram em uma determinada época e lugar. Quem conta a história e
em que pessoa?
b) Os personagens podem ser classificados como protagonistas (personagem mais importante da história) ou antagonista (aquele
que se contrapões ao protagonista). Segundo a narradora do texto, qual era a única vantagem da personagem antagonista sobre as
outras personagens e como ela utilizava essa vantagem para se vingar das colegas?
c) Quem é a protagonista da história? Qual característica dessa personagem é ressaltada no primeiro e terceiro parágrafos?
d) A aparição da mãe da garota possibilita um novo rumo à história. Que possibilidade é esta?
e) O que tornava a antagonista diferente das demais garotas?
f) Justifique o título do texto, usando para isso o seu próprio conteúdo.
g) A autora finaliza o texto com uma imagem, com uma metáfora: explique-a.
“Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.”

3- . O eu lírico do texto II demonstra uma certa inveja com a personagem descrita no primeiro parágrafo. Qual seria o motivo
dessa inveja?
a) "Tinha um busto enorme"
b) "um pai dono de livraria"
c) "enchia os dois bolsos da blusa com balas"
d) "era gorda, baixa, sardenta"

1- a) A importância de apreciar a simplicidade do cotidiano


b) Sim
c) Foco narrativo em 1ª pessoa. “ Estava andando pela rua quando vi uma cena que me chamou a atenção”. O narrador é
pessonagem.
d) Estilo leve
e) Espera-se que o aluno reflita sobre a verdadeira felicidade.
f) Espera-se que o aluno compreenda que felicidade é um estado de espírito.

2- a) Narrador - personagem, em 1ª pessoa, uma menina que sonha ler Reinações de Narizinho.
b) A personagem antagonista tinha um pai dono de livraria.
Ela se vingava das colegas deixando de lhes dar livros, mesmo quando faziam aniversário; em vez disso, entregava a elas cartões-postais
da loja do pai, com paisagens da própria cidade onde viviam: Recife
c) A protagonista da história é a narradora.
A característica ressaltada em ambos os parágrafos é o fato de ser apaixonada por livros
d) A partir do surgimento da mãe da garota, surge também a possibilidade de, finalmente, conseguir o empréstimo
e, conseguindo-o acaba a tortura a que estava submetida, podendo realizar o sonho de ler o livro.
e) Além do aspecto físico que não condizia com as demais garotas da sua idade e do talento para a crueldade, possuía um pai dono de
livraria, o sonho de toda criança devoradora de histórias.
f) A autora escolheu “Felicidade clandestina” para título do conto por exprimir o que ela sentira em relação ao livro desejado. Era
como se ele fosse-lhe ilegal (fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter); fosse-lhe um segredo (...fingia que não
sabia onde guardara o livro... criava as mais falsas dificuldades... Havia orgulho e pudor em mim...).
g) O segredo que fazia do livro para si própria, o cuidado com que dele cuidava, o carinho dispensado a ele eram os
mesmos que uma mulher dispensa a amante. Esse amor quase proibido pelo objeto inspira a metáfora: a
garota é a mulher; o livro, o amante.

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