A Possibilidade de Aplicação Do Princípio Da Insignificância À Lesão Corporal Leve e Culposa

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A possibilidade de

aplicação do princípio da
insignificância à lesão
corporal leve e culposa
La posibilidad de aplicar el
principio de insignificancia a los
daños corporales leves y culposos

Camila Corrêa Linardi, Rodrigo Murad do Prado e Waldir Severiano de


Medeiros Júnior 1

1
Camila Corrêa Linardi: Pós-graduanda em Política Criminal, Segurança Pública e Direito Penal
– pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC MG. Pós-graduanda em Ciências
Criminais pela Faculdade CERS. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais - 2022. Graduada em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais – 2018. E-mail: [email protected]. https://orcid.org/0000-
0001-6347-2775.
Rodrigo Murad do Prado: Doutorando em Direito Penal pela Universidad de Buenos Aires
sob a orientação de Eugenio Raúl Zaffaroni e Matias Bailone. Professor de Direito Penal e
Processual Penal em diversas instituições de ensino. Defensor Público do Estado de Minas
Gerais. E-mail: [email protected]
Waldir Severiano de Medeiros Júnior: Doutor em Filosofia do Direito pela FDUFMG.
Professor de Direito no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), da Universidade Federal
1
Revista Pensamiento Penal (ISSN 1853-4554), Noviembre de 2023, No. 492
www.pensamientopenal.com.ar
Camila Corrêa Linardi, Rodrigo Murad do Prado e Waldir Severiano de Medeiros Júnior

SUMARIO: I.- Introdução; II.- Lesão Corporal; III.- Princípio da insignificância; IV.-
Aplicação do Princípio da Insignificância à lesão corporal leve e culposa na
jurisprudência; V.- Considerações finais; VI. - Referências

RESUMO: O presente artigo, focado na Aplicação do Princípio da Insignificância à


lesão corporal leve e culposa, tem como marco teórico os livros “Direito Penal –
Parte Geral” e “Direito Penal – Parte Especial”, de Cezar Roberto Bitencourt. A
metodologia empregada consistiu em pesquisa bibliográfica e jurisprudencial, na
busca por verificar se é possível a aplicação do princípio da insignificância a condutas
das quais resultem, de forma culposa, lesões corporais leves. Ao final do trabalho,
verificou-se a existência de precedentes jurisprudenciais para a aplicação do princípio
da insignificância a condutas das quais resultaram lesões corporais leves e culposas
e ausência de óbices doutrinários, porém que o termo “lesão corporal leve” indica
uma ampla gama de resultados prejudiciais à integridade física do indivíduo.
Ademais, há de se levar em conta o contexto em que se deu a conduta. Assim,
chegou-se à observação de que a aplicação do princípio da insignificância a condutas
das quais resultem lesões corporais leves e culposas é possível, mas depende do
contexto em que a conduta se deu e da lesão produzida.

PALAVRAS CHAVE: Princípio da insignificância - lesão corporal leve - lesão corporal


culposa - jurisprudência.

The possibility of application of the principle of


insignificance to accidental light bodily harm

ABSTRACT: The present paper is focused on the application of the Principle of


Insignificance to minor and unintentional bodily injury and has as its theoretical
framework the books “Direito Penal – Parte Geral” and “Direito Penal – Parte
Especial” by Cezar Roberto Bitencourt. The deployed methodology consists of
bibliographical and jurisprudential research to verify if it is possible to apply the
principle of insignificance to conducts through which the agent unintentionally

de Alfenas (UNIFAL-MG), Campus Avançado de Varginha-MG. Advogado. E-mail:


[email protected] . https://orcid.org/0000-0002-9605-6468

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Revista Pensamiento Penal (ISSN 1853-4554), Noviembre de 2023, No. 492
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A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância à lesão corporal leve e culposa

causes light bodily harm. It was verified that there are jurisprudential precedents to
apply the principle of insignificance to such conducts and there are no doctrinal
obstacles, but the term “light bodily injuries” indicates a large array of harmful results
to an individual’s physical integrity. Moreso, it is necessary to consider the context
in which the conduct happened. The final considerations extracted from this brief
research was that the application of the principle of insignificance to unintentional
bodily harm is possible, but it depends on the context of the conduct and the factual
harm caused by it.

KEYWORDS: Principle of insignificance - light bodily harm - accidental bodily harm


– jurisprudence

RESUMEN: Este artículo, centrado en la Aplicación del Principio de Insignificancia


a los daños corporales leves y negligentes, tiene como marco teórico los libros
“Derecho Penal – Parte General” y “Derecho Penal – Parte Especial”, de Cezar
Roberto Bitencourt. La metodología utilizada consistió en una investigación
bibliográfica y jurisprudencial, en un intento de verificar si es posible aplicar el
principio de insignificancia a una conducta que resulta, de manera culposa, en
lesiones corporales leves. Al final del trabajo se constató la existencia de precedentes
jurisprudenciales para la aplicación del principio de insignificancia a conductas que
resultaron en lesiones corporales leves y culposas y la ausencia de obstáculos
doctrinales, sin embargo, el término “lesiones corporales leves” indica una amplia
gama de resultados nocivos para la integridad física del individuo. Además, debe
tenerse en cuenta el contexto en el que se produjo la conducta. Así, se observó que
la aplicación del principio de insignificancia a conductas que resultan en lesiones
corporales leves y culpables es posible, pero depende del contexto en el que ocurrió
la conducta y el daño producido.

PALABRAS CLAVE: Principio de insignificancia - lesiones corporales leves - daño


corporal accidental - jurisprudencia.

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I.- Introdução
Primeiramente, insta salientar que um dos maiores expoentes do princípio da
insignificância, o autor Claus Roxin, afirma que “de uma forma geral, o problema da
‘criminalidade insignificante’ (Bagatellkriminalität) é uma das questões menos
esclarecidas do Direito Penal” (SOUZA, 2009, p. 26). A própria origem do princípio
é tema de controvérsias, uma vez que alguns autores defendem que ele já vigorava
no Direito Romano, enquanto outros apontam o Iluminismo ou esposam a ideia de
que o princípio teria sido erigido por Claus Roxin (DE-LORENZI, 2015).

Incontroversa, porém, é a ideia de que o princípio da insignificância surgiu na


doutrina como “manifestação contrária ao uso excessivo da sanção, quando a
conduta do agente não afeta de forma relevante o bem tutelado, não se justificando
a atuação do Direito Penal nestes casos” (NÓBREGA, DA SILVA e
CANTARELLI, 2019, p. 163).

No Brasil2, o princípio da insignificância tem relação com a intensidade da lesão


ao bem jurídico:

[...] firmou-se a ideia segundo a qual condutas que ofendem de maneira


insignificante o bem jurídico tutelado, ou ainda que o coloquem em perigo de modo
desprezível, são atípicas mesmo quando apresentam todos os elementos descritos
no tipo penal (DE CASTRO, 2019, p. 58).

Em outras palavras, o princípio da insignificância incide sobre condutas que se


amoldam formalmente a determinado tipo penal, mas carecem de relevância material
e, portanto, não atingem os bens jurídicos tutelados de forma penalmente
significante (BITENCOURT, 2018).

Segundo o STF, no julgamento do histórico HC 84.412-0/SP, a apreciação da


relevância material em questão passa por quatro vetores: “(a) a mínima ofensividade
da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade
da lesão jurídica provocada” - HC 84412, Relator(a): CELSO DE MELLO, Segunda
Turma, julgado em 19/10/2004, DJ 19-11-2004 PP-00029 EMENT VOL-02173-

2
Segundo Alexander de Castro (2019), a complexidade técnico-dogmático do problema dos crimes
de bagatela levou “a uma diversidade de orientações teóricas, frequentemente perfiladas segundo
as fronteiras nacionais e linguísticas [...]” (DE CASTRO, 2019, p. 58).
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02 PP-00229 RT v. 94, n. 834, 2005, p. 477-481 RTJ VOL-00192-03 PP-00963,


(BRASIL, STF, 2004).

Destaca-se, portanto, ser

[...] imperativo ressaltar que dentre os contornos do postulado há componentes


objetivos e subjetivos. Assim, a irrelevância ou insignificância de determinada
conduta deve ser aferida de forma dinâmica, é dizer, além da importância do bem
juridicamente tutelado e das consequências jurídico-penais da conduta, merecem ser
objeto de reflexão, o grau de censura do comportamento e as características pessoais
dos autores envolvidos na infração (CASTRO, 2016, p. 62).

É através de uma avaliação dinâmica do caso concreto que se verifica se existe


ou não tipicidade material, ou seja, se existe ou não crime. “A tipicidade penal exige
ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos tutelados, pois não é qualquer ofensa
a tais bens suficiente para configurar o injusto típico” (BITENCOURT, 2018, p. 63).

Sem a configuração da tipicidade formal ou material, não há crime, de forma


que a aplicação do princípio da insignificância afasta a intervenção penal em casos
nos quais esteja ausente relevante desvalor da ação ou relevante desvalor do
resultado, o que dependerá de cada situação concreta (GOMES, 2010).

Isto porque o Direito Penal só deve incidir quando não for possível resolver a
questão por outras vias do Direito, afinal, “ninguém pode negar que a pena é um
mal que se impõe como consequência de um delito. A pena é, sem dúvida, um
castigo. Aqui, não valem eufemismos [...]”3 (MIR PUIG apud CARVALHO e
JORIO, 2014, p. 195) (tradução nossa).

Nas palavras de Claus Roxin:

“[...] a finalidade do direito penal, de garantir a convivência pacífica na sociedade, está


condicionada a um pressuposto limitador: a pena só pode ser cominada quando for impossível obter
esse fim através de outras medidas menos gravosas” (ROXIN, 2008, p. 33).

Tal justificativa esbarra no princípio da intervenção mínima, que estabelece ser


legítima a criminalização de uma conduta somente quando for meio necessário à
prevenção dos ataques mais graves contra os bens jurídicos mais importantes, sendo

3
“Nadie puede negar que la pena es un mal que se impone comoconsecuencia de un delito. La
pena es, sin duda, un castigo. Aquí no valeneufemismos [...]” (MIR PUIG apud CARVALHO e
JORIO, 2014, p. 195).
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o Direito Penal a ultima ratio de um sistema normativo, ou seja, devendo ser acionado
somente quando os outros ramos do Direito se mostrarem insuficientes para
prevenir a lesão ao bem jurídico (BITENCOURT, 2018).

Não por menos,

[...] apesar da concordância doutrinária e jurisprudencial em relação à sua


aplicação como causa excludente da tipicidade material, não há consenso na doutrina
acerca dos fundamentos materiais do princípio da insignificância, enquanto a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem relacionado a sua aplicação aos
princípios da intervenção mínima e da fragmentariedade (SOUZA e DE-
LORENZI, 2017, p. 216).

O princípio da fragmentariedade é corolário do princípio da intervenção


mínima, decorrente do fato de que o Direito Penal “[...] se ocupa somente de uma
parte dos bens jurídicos protegidos pela ordem jurídica” (BITENCOURT, 2018, p.
57), uma vez que,

[...] a pena criminal é uma solução imperfeita – não repara a situação jurídica
ou fática anterior, não iguala o valor dos bens jurídicos postos em confronto e impõe
um novo sacrifício social – assim, deve ser guardada como instrumento de ultima
ratio (LOPES, 2000, p. 79).

Todavia, independentemente de seu fundamento, o princípio da insignificância


é uma construção doutrinária e jurisprudencial já consolidada no ordenamento
jurídico brasileiro, utilizada para afastar a tipicidade material e, assim, evitar que se
acione o Direito Penal quando a lesão ao bem jurídico tutelado é ínfima.

Muito se associa o princípio da insignificância aos crimes patrimoniais. No


entanto, uma das primeiras jurisprudências a aplicá-lo – o Habeas Corpus nº 66.869-
1, que teve como relator o então Ministro Aldir Passarinho – é referente a um
acidente de trânsito, do qual resultou lesão corporal leve.

Obviamente, com o decurso do tempo, muitas transformações ocorreram no


Direito. Ademais, a pessoa humana é foco da organização jurídico-penal, sendo os
bens jurídicos a ela pertencentes destacados como prioritários, uma vez que são os
que mais diretamente atingem o indivíduo (BUSATO, 2017). Dentre estes bens
jurídicos, figura a integridade física e mental, tutelada pela tipificação da lesão
corporal.

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A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância à lesão corporal leve e culposa

Apesar da lesão corporal leve e culposa ser abrangida por institutos


despenalizadores, a atipicidade se mostra mais interessante ao agente do que a mera
despenalização, pois na hipótese de incidência da segunda ainda há o
reconhecimento de que a conduta foi delituosa.

Assim, com o objetivo de prestigiar os princípios do Direito Penal,


principalmente o princípio da insignificância e o princípio da ultima ratio – o presente
trabalho, considerando o caráter materialmente lesivo da conduta para que se viole
efetivamente a esfera de proteção do bem jurídico, suscita o questionamento: “é
cabível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de lesão corporal leve
e culposa? ”

II.- Lesão Corporal


Dentre os bens jurídicos tutelados pelo Código Penal, estão a integridade física
e a saúde (BUSATO, 2017), de forma que a legislação brasileira tipifica, no Art. 129
do CPB de 1940, a conduta de lesão corporal, qualificando-a conforme seu resultado
e atribuindo-lhe causas de aumento e diminuição de pena relativas ao contexto e
contra quem a conduta é praticada, bem como da motivação do agente (BRASIL,
2022a).

Lesão corporal consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, sem
animus necandi, à integridade física ou à saúde de outrem. Ela abrange qualquer ofensa
à normalidade funcional do organismo humano, tanto do ponto de vista anatômico
quanto fisiológico ou psíquico (BITENCOURT, 2015, p. 195)

Em outras palavras,

Entende-se por lesão corporal toda e qualquer ofensa ocasionada à


normalidade funcional do corpo ou do organismo, seja do ponto de vista anatômico,
fisiológico ou psíquico. A desintegração da saúde mental também se insere nesse
conceito, já que a inteligência, a vontade ou a memória dizem com a atividade
funcional do cérebro (SALLES JÚNIOR, 1998, p. 3).

Assim, sempre que houver uma ofensa à normalidade funcional anatômica,


fisiológica ou psíquica do corpo humano, sem que o agente tenha o ânimo de causar
resultado morte, se estará diante de lesão corporal. “O bem jurídico penalmente
protegido é a integridade corporal e a saúde da pessoa humana, isto é, a incolumidade
do indivíduo” (BITENCOURT, 2015, p. 195).

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É importante destacar que o tipo penal traz uma subdivisão das lesões corporais
dolosas conforme sua gravidade, o que não ocorre com as lesões corporais culposas:
quando o agente não quer o resultado, mas o produz por agir com imperícia,
negligência ou imprudência, ele consequentemente responderá na forma do art. 129,
§6º do CPB de 19404, sendo a gravidade da lesão levada em conta na dosimetria da
pena (BUSATO, 2017).

Em contrapartida, se o agente agiu com dolo, o resultado irá determinar se ele


responderá por lesão corporal dolosa5 (art. 129, caput do CPB), lesão corporal grave
(art. 129, §1º do CPB), lesão corporal gravíssima (art. 129, §2º do CPB) ou lesão
corporal seguida de morte (art. 129, §3º do CPB) (BRASIL, 2022a).

No que diz respeito aos tipos penais dolosos, destaca Salles Junior que (1998,
p.07): “são os chamados ‘tipos fechados’, dispositivos que descrevem de modo
completo o modelo de conduta proibida (matar alguém, ofender a integridade
física...)”

Destaca-se ainda que o art. 129 do CPB de 1940 não é o único dispositivo legal
a resguardar a integridade corporal e a saúde da pessoa humana, pois tal tutela é feita
também pelo art. 303 da Lei 9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro – que trata da
lesão corporal no trânsito (BRASIL, 2022b).

É interessante ressaltar não só que a legislação especial referente ao trânsito


não trata da lesão corporal praticada de forma dolosa, como também não traz
subdivisão típica conforme gravidade da lesão produzida. Apesar disso, traz como
causas de aumento de pena a ausência de permissão para dirigir ou carteira de
habilitação, a prática da conduta que deu causa à lesão corporal em faixa de pedestres
ou calçada, o agente deixar de prestar socorro à vítima quando for possível fazê-lo

4
Assim, na lesão corporal culposa, tem-se, conforme art. 129 do CPB de 1940: “Ofender a
integridade corporal ou a saúde de outrem: § 6º Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois
meses a um ano” (BRASIL, 2022a).
5
Se houve dolo na ação do agente, a pena irá variar: Lesão corporal de natureza grave, § 1º Se
resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de
vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena
- reclusão, de um a cinco anos. Lesão corporal gravíssima: § 2° Se resulta: I - Incapacidade
permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III perda ou inutilização do membro,
sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito
anos. Lesão corporal seguida de morte. Lesão corporal seguida de morte: § 3° Se resulta morte e
as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-
lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos (BRASIL, 2022a).
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sem risco pessoal ou dar causa à lesão corporal no exercício de sua profissão ou a
atividade quando estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

Não obstante, seja no trânsito ou fora dele, interessa ao presente trabalho as


lesões corporais leves, mais especificamente, as lesões provocadas de forma culposa,
crimes “previstos na legislação penal por meio de ‘tipos abertos’” (Salles Junior,1998,
p.07), ou seja, aqueles em que o agente não tem intenção de produzir o resultado.

a. Lesão corporal leve

A lesão corporal leve “é formulada por exclusão, ou seja, configura-se quando


não houver nenhum dos resultados previstos nos §§1º, 2º e 3º do art. 129”
(BITENCOURT, 2015, p. 201), tratando-se da conduta prevista no art. 129, caput do
CPB/1940.

Assim, as lesões corporais leves são aquelas que, apesar de não gerarem
consequências como debilidade permanente de um membro (art. 129, §1º, inciso III
do CPB) ou perda de membro, sentido ou função (art. 129, §2º, inciso III do CPB),
deixam vestígios que podem ser aferidos por laudo pericial (BUSATO, 2017).

Destarte, torna-se relevante referir-se à tipificação dada pelo art. 129, §§1º e 2º
do CPB/1940 para saber quando se estará diante de lesão corporal leve.

Como citado acima, diz o tipo penal que a lesão corporal será grave se dela
resultar: a) incapacidade para as ocupações habituais6 por mais de trinta dias; b)
perigo de vida; c) debilidade permanente de membro, sentido ou função ou d)
aceleração de parto. Ainda, a lesão corporal será gravíssima se dela resultar: a)
incapacidade permanente para o trabalho; b) enfermidade incurável; c) perda ou
inutilização de membro, sentido ou função; d) deformidade permanente ou e)
aborto.

Desse modo, é possível inferir-se a lesão corporal leve como aquela que não
gera perigo de vida, prejuízo a gravidez ou enfermidade incurável, ainda que gere
debilidade temporária de membro, sentido ou função, enfermidade curável ou
incapacidade para ocupações habituais (que incluem o trabalho) por menos de trinta
dias. É qualquer lesão que seja intensa o bastante para deixar rastros passíveis de

6
“Entende-se por ocupação habitual qualquer atividade corporal costumeira, tradicional, não
necessariamente ligada a trabalho ou ocupação lucrativa, devendo ser lícita, não importando se
moral ou imoral, podendo ser intelectual, econômica, esportiva etc.” (CUNHA, 2018, p. 121).
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aferição por laudo pericial, mas não acentuada o suficiente para caracterizar o que a
legislação define como lesão corporal grave ou gravíssima.

Lado outro, destaca-se que, quando se tratar de lesão corporal provocada na


direção do veículo automotor, não incidirá o Código Penal Brasileiro, e sim o Código
de Trânsito Brasileiro.

Por veículo automotor haveremos de entender aquele que é dotado de motor


próprio, e, portanto, capaz de se locomover em virtude do impulso (propulsão) ali
produzido. Serão os carros, caminhonetes, ônibus, caminhões, tratores, motocicletas
(e assemelhados) mas também as embarcações e aeronaves, em uma perspectiva de
menor incidência prática (CASOLATO, 1997, p. 5).

Assim, nas hipóteses em que a lesão corporal resultar da condução de veículo


automotor, se estará diante de crime de trânsito.

Ademais, destaca-se que, quando a lesão se der em contexto de violência


doméstica, independentemente de sua gravidade, a tipificação dada será a do art. 129,
§9º do CP. Conforme destacam Medeiros e Melo (2014):

[...] o delito, tipificado no artigo 129, §9°, do Código Penal, nada mais é do que
uma qualificação da lesão corporal leve em razão da especificidade dos sujeitos
passivos: ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, com quem o
agressor conviva ou tenha convivido, independentemente de sexo; ou do modo
como é praticado pelo agente: prevalecendo-se das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade (Medeiros e Melo, 2014, p.52, grifo nosso).

Não obstante, “para a configuração do crime de violência doméstica, descrito


no Código Penal, é desnecessária a figuração de uma mulher no polo passivo do
crime” (Medeiros e Melo, 2014, p.52), de forma que, no caso de violência doméstica
e familiar, prevalecerão as disposições da Lei Maria da Penha, Lei 11.340/20067
(BRASIL, 2022c).

b. Lesão corporal culposa

7
Sancionada em 7 de agosto de 2006, a Lei 11.340 cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código
de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal (BRASIL, 2022c).
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Versa o Código Penal Brasileiro que o crime será culposo quando o agente
lhe der causa por negligência, imperícia ou imprudência. Tem-se que o agente age
com imperícia quando pratica conduta arriscada ou perigosa, deixando de observar
a cautela devida exigida pelas circunstâncias fáticas, ao passo que, na negligência o
agente não pensa na possibilidade do resultado – se abstém de uma cautela que
deveria ser adotada antes do agir, diferentemente da imprudência, que é quando o
agente deixa de adotar uma cautela que deveria ser tomada durante o agir, ao passo
que a imperícia é a ausência de aptidão ou conhecimentos técnicos suficientes para
o exercício de arte, profissão ou ofício (BITENCOURT, 2018).

A previsão da lesão corporal na modalidade culposa se deu, pois, o legislador


objetivou proteção completa e eficaz à integridade corporal e saúde do indivíduo,
sendo certo que a modalidade culposa não comporta tentativa e, portanto, é
indispensável a produção de resultado (SALLES JUNIOR, 1998).

Ainda conforme salienta Salles Junior (1998, p. 06):

Na doutrina clássica o que realmente fundamenta a culpa é o fato de não ter o


agente previsto o resultado, para evitá-lo, quando podia e devia fazê-lo. A punição
visava evitar que na prática dos atos da vida diária o indivíduo se conduzisse de modo
desatento, não considerando a possibilidade de lesar bens jurídicos de terceiros,
embora sem intenção dirigida a tanto (SALLES JUNIOR, 1998, p. 06)

Ademais, no que diz respeito ao resultado, tem-se que, diferentemente das


lesões corporais dolosas, as lesões corporais culposas não são subdivididas segundo
sua gravidade, ou seja, se a conduta do agente não for dolosa, qualquer que seja a
magnitude da lesão corporal gerada por ela, o tipo penal será o art. 129, §6º do CP
ou, caso ocorra no trânsito, art. 303 da Lei 9.503/97 – sendo a magnitude da lesão
provocada levada em conta na dosimetria da pena (BUSATO, 2017).

Assim, a lesão será leve e culposa quando, mediante conduta de imprudência,


imperícia ou negligência, o agente provocar ofensa à integridade física ou a saúde de
outrem que seja intensa o bastante para deixar rastros passíveis de aferição por laudo
pericial, mas não acentuada o suficiente para caracterizar o que a legislação define
como lesão corporal grave ou gravíssima.

c. Ação penal nos crimes de lesão corporal leve e culposa


No que se refere a ação penal nos crimes de lesão corporal leve e culposa, tem-
se o período que antecede a Lei 9099/95, Lei dos Juizados Especiais Civis e

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Criminais, que conforme determinava o Código Penal, eram de ação penal pública
incondicionada.

Não obstante, após o advento da Lei 9099/95, os crimes de lesão corporal leve
e lesão corporal culposa passaram a ser de ação penal pública condicionada à
representação (Medeiros e Melo, 2014).

Ressalva se faz aos crimes de violência doméstica que, por força da Lei Maria
da Penha, se mantiveram como ação penal pública incondicionada – diz o art. 41 da
Lei 11.340/06 que, aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra
a mulher, não se aplica a Lei 9.099/95. Assim, conforme determina a Súmula 542
STJ, “a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada”.

Para Campos e Destro (2015, p. 437),

[...] o tratamento dispensado ao crime de lesão corporal culposa, passou a exigir a via
despenalizadora indireta da representação para se instaurar a ação penal, nos crimes de lesão
corporal leve e culposa; introduzindo no sistema processual-penal brasileiro, a composição cível,
transação penal e a suspensão condicional do processo, de modo a debelar a morosidade na resolução
de conflitos da sociedade brasileira (CAMPOS e DESTRO, 2016, p. 437).

Ainda, conforme aponta Faria (1998, p. 231), “os mecanismos processuais


também já não conseguem exercer de maneira eficaz seu papel de absorver tensões,
dirimir conflitos, administrar disputas e neutralizar a violência”. Por isso, criaram-se
os Juizados Especiais Criminais (JECrim), pela Lei n. 9.099/958.

Em conclusão, quanto a ação penal dos crimes de lesão corporal leve,


conforme prevê o art. 88 da Lei 9.099/95, ipsis literis: “Além das hipóteses do Código
Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas” (BRASIL, Lei 9.99/95, 2021).

Ressalta-se, no entanto, que tais medidas são despenalizadoras – ou seja, o


agente continua respondendo por ilícito penal, mas a punibilidade é afastada – é
diferente de descriminalização ou atipicidade da conduta, sendo a última o que se
tem com a incidência do princípio da insignificância.

8
Criados em 2001, os Juizados Especiais servem para julgar causas de menor complexidade que
envolvam o cidadão e os órgãos da Administração Pública Federal, tornando o acesso a justiça
mais ágil e mais democrático.
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A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância à lesão corporal leve e culposa

III.- Princípio da insignificância


a. Breve histórico sobre o Princípio da Insignificância

Embora a origem do princípio da insignificância seja tema controvertido na


doutrina, é incontroverso que ele surgiu como reação contrária ao uso excessivo da
sanção penal e ganhou grande projeção no segundo pós-guerra, período no qual, em
uma Europa devastada pelo conflito armado, furtos de pequena monta se tornaram
comuns (NÓBREGA, DA SILVA e CANTARELLI, 2019).

E “se por um lado não se pode duvidar que é muito controvertida a origem histórica da
teoria da insignificância, por outro, impõe-se sublinhar que o pensamento penal vem (há tempos)
insistindo em sua recuperação, (pelo menos desde o século XIX)” (GOMES, 2010, p. 54).

No contexto brasileiro, a maioria dos juristas atribui sua origem ao penalista


alemão Claus Roxin, sendo certo que o princípio da insignificância se popularizou
no país em meados dos anos 80 (CASTRO, 2019). É justamente no final dos anos
80, no RHC nº 66.869-1, que aparece, na jurisprudência brasileira, a primeira menção
expressa à insignificância (COSTA, 2015). Diz a ementa:

Acidente de trânsito – Lesão Corporal – inexpressividade da lesão – Princípio


da insignificância – Crime não configurado. Se a lesão corporal (pequena esquimose)
decorrente de acidente de trânsito é de absoluta insignificância, como resulta dos
elementos dos autos – e outra prova não seira possível fazer-se tempos depois -, há
de impedir-se que se instaure ação penal que a nada chegaria, inutilmente
sobrecarregando-se as Varas Criminais, geralmente tão oneradas. (BRASIL, STF,
RHC nº 66.869-1, 1989).

Assim, apesar de sua relação íntima com os crimes patrimoniais, tem-se que,
no ordenamento jurídico brasileiro, uma das primeiras aparições do princípio da
insignificância foi no julgamento de um acidente de trânsito do qual resultou lesão
corporal leve – narra Alexander de Castro que, no Brasil, o princípio adquiriu ares
de generalidade, podendo ser aplicado a diversos tipos penais, referindo-se à
intensidade da lesão ao bem jurídico e, por isso, divergindo da versão formulada por
Roxin, que dizia respeito especificamente à intensidade do meio de execução usado
no crime de Nötigung, §240 StGB9 – ofensa similar ao constrangimento ilegal usado
no Código Penal do Brasil (CASTRO, 2019).

9
Abreviação de Strafgesetzbuch, ou “código penal”. Código Penal Alemão.
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Não obstante, no histórico julgamento do HC 84.412, foram reconhecidos


quatro vetores para a aplicação do referido princípio: (a) a mínima ofensividade da
conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo
grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica
provocada (BRASIL, STF, HC 84.412, 2004).

Apesar de não haver previsão legal para a aplicação do princípio da


insignificância, ele se consolidou no Brasil como construção doutrinária e
jurisprudencial, sendo uma excludente de ilicitude por baixa intensidade da lesão ao
bem jurídico tutelado (CASTRO, 2019).

b. Aplicação do Princípio da Insignificância à lesão corporal leve


culposa

Inicialmente, é importante destacar que “o fato insignificante não constitui um


ilícito penal, mas é um ilícito. [...] O que não se justifica é a aplicação do Direito
Penal” (GOMES, 2010, p. 32), de forma que a ação não seria um ilícito penal, mas
ainda assim, poderia ser outro tipo de ilícito (um ilícito civil, por exemplo), sendo
passível das respectivas sanções. Assim, o reconhecimento da insignificância da lesão
na esfera penal não seria óbice a pedido de indenização, na esfera cível, por parte
da(s) vítima(s) de conduta da qual, sem dolo do agente, resultar lesão corporal leve.

Não obstante, em que pese a proteção penal plena que o legislador busca
conferir à integridade física e mental do indivíduo, ou a importância de tal bem
jurídico, tem-se que

[...] até um certo ponto as lesões corporais podem ser suportadas sem compor o sentido material
de sua tipicidade. A questão está no quantum da limitação do direito à integridade corporal ou à
saúde pode quedar comprometido com essa tese. Evidente que o socorro ao princípio da razoabilidade
pode oferecer um caminho seguro para indicação dessa tolerância, mas o recurso a esse princípio exige
uma prefixação de regras. A primeira destas é a observância, quando não de um princípio, ao menos
de um critério de proporcionalidade – marca preponderante dos processos de integração no sentido
material do tipo penal – buscando uma correspondência entre a gravidade da sanção penal
efetivamente prevista para a conduta e o conteúdo oscilante entre os parâmetros formal-material do
tipo em questão (LOPES, 2000, p. 159.)

Além disso, há de observar os quatro critérios estabelecidos no julgamento do


histórico HC 84.412, cujo relator foi o Ministro Celso de Mello:

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A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância à lesão corporal leve e culposa

O princípio da insignificância- que considera necessária, na aferição do relevo


da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade
da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade
da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no
reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em
função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder
Público em matéria penal. Isso significa, pois, que o sistema jurídico a de considerar
a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos
do indivíduo somente se justificarão quando estritamente necessárias à própria
proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam
essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se
exponham a dano efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade (HC
84.412, STF, 2004, grifos nossos).

A ofensa ao bem jurídico gerada pela conduta do agente, portanto, deve ser
mínima, a lesão deve ser inexpressiva, sendo necessário também que a ação praticada
não seja dotada de periculosidade social – uma das razões pelas quais se entende,
neste trabalho, que é inviável a aplicação do princípio quando, ainda que culposa, a
lesão resulte de conduta relacionada a crime de ódio.

Isto porque o crime de ódio se distingue do crime comum por violar direitos
humanos de membro da sociedade, intensificando o dano físico experimentado pela
vítima individualmente e reforçando o sentimento de medo e intimidação à
comunidade da vítima (HARDY e CHAKRABORTI, 2017). A motivação da
conduta nestes casos afastaria também o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento.

Também não seria possível aplicar o princípio da insignificância quando a


conduta ocorre em um contexto de violência doméstica e familiar, não apenas por
vedação expressa da Súmula 58910 do STJ/2017, mas também por não ser possível
que se admita, nestes casos, o comportamento do agente como socialmente aceitável.

A insignificância da ofensa afasta a tipicidade. Contudo, essa insignificância


somente pode ser valorada observando a proporcionalidade e, particularmente, o
grau de extensão da lesão sofrida pelo bem jurídico.

10
“É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas” (BRASIL, S.589 do STJ, 2017).
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IV.- Aplicação do Princípio da Insignificância à lesão corporal leve


e culposa na jurisprudência
Conforme mencionado anteriormente, uma das primeiras menções
jurisprudenciais expressas ao princípio da insignificância ocorreu justamente no
julgamento RHC nº 66.869-1, referente a uma lesão corporal culposa decorrente de
acidente de trânsito.

Acidente de trânsito – Lesão Corporal – inexpressividade da lesão – Princípio


da insignificância – Crime não configurado. Se a lesão corporal (pequena esquimose)
decorrente de acidente de trânsito é de absoluta insignificância, como resulta dos
elementos dos autos – e outra prova não seira possível fazer-se tempos depois -, há
de impedir-se que se instaure ação penal que a nada chegaria, inutilmente
sobrecarregando-se as Varas Criminais, geralmente tão oneradas. (BRASIL, RHC nº
66.869-1, 1989).

Não obstante, outra decisão do STF referente ao princípio da insignificância


foi o caso do HC 43.605 do STF, em que houve lesão corporal leve, sendo que neste
caso a conduta foi posteriormente desclassificada para vias de fato, pois foi firmado
o entendimento de que a agressão, mesmo dolosa, foi insuficiente para ser
classificada como lesão corporal leve, uma vez que as lesões resultaram em arranhões
insignificantes e involuntários.

VIAS DE FATO - RECONHECENDO A SENTENÇA QUE O


ACUSADO NÃO DESFERIU QUALQUER GOLPE, CONTRA A VÍTIMA,
MAS APENAS LHE SEGUROU A ROUPA, DO QUE TERIAM RESULTADO
ARRANHOES INSIGNIFICANTES E INVOLUNTARIOS, CASO E DE VIAS
DE FATO (LEI DAS CONTRAVENCOES PENAIS, ARTIGO 21) E NÃO DE
LESÕES CORPORAIS (C.PEN., ART. 129). CASO EM QUE A MULTA,
ELEVADA AO TRIPLO (C.PEN., ART. 42 C/C L.C.P., ART. 1), E MAIS
INDICADA DO QUE A DETENÇÃO. (STF - HC: 43605, Relator: Min.
ALIOMAR BALEEIRO, Data de Julgamento: 01/01/1970, SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: RTJ VOL-39645- PP-*****) (BRASIL, STF, HC: 43605, 1967).

No entanto, destaca-se o HC 95.445/09, de relatoria de Eros Grau, no qual o


princípio da insignificância foi aplicado a uma lesão corporal leve e dolosa:

EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. LESÃO CORPORAL LEVE


[ARTIGO 209, § 4º, DO CPM]. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
APLICABILIDADE. 1. O princípio da insignificância é aplicável no âmbito da
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A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância à lesão corporal leve e culposa

Justiça Militar de forma criteriosa e casuística. Precedentes. 2. Lesão corporal leve,


consistente em único soco desferido pelo paciente contra outro militar, após injusta
provocação deste. O direito penal não há de estar voltado à punição de condutas
que não provoquem lesão significativa a bens jurídicos relevantes, prejuízos
relevantes ao titular do bem tutelado ou, ainda, à integridade da ordem social. Ordem
deferida. (HC 95445, Relator(a): EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em
02/12/2008, DJe-152 DIVULG 13-08-2009 PUBLIC 14-08-2009 EMENT VOL-
02369-05 PP-00929) (BRASIL, STF, HC95445,2009).

Oras, se o princípio pode ser aplicado a lesão corporal leve e dolosa, não há
óbice para que se aplique também quando a conduta do agente for menos gravosa
por ausência de dolo. Todavia, destaca-se a impossibilidade de aplicação do princípio
da insignificância quando a lesão se dá no contexto de violência doméstica, não
apenas conforme o RHC 133043, mas também conforme entendimento sumulado
do STJ (vide S. 589 do STJ/2017, já mencionado anteriormente neste trabalho).

EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. LESÃO


CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRETENSÃO DE APLICAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: IMPOSSIBILIDADE. ORDEM
DENEGADA. 1. Para incidência do princípio da insignificância devem ser
relevados o valor do objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, a mínima
ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão
jurídica causada. 2. Na espécie vertente, não se pode aplicar ao Recorrente o
princípio pela prática de crime com violência contra a mulher. 3. O princípio da
insignificância não foi estruturado para resguardar e legitimar condutas desvirtuadas,
mas para impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo
direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto. 4. Comportamentos contrários à
lei penal, notadamente quando exercidos com violência contra a mulher, devido à
expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e
lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao
direito penal. 5. Recurso ao qual se nega provimento (RHC 133043, Relator(a):
CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 10/05/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-105 DIVULG 20-05-2016 PUBLIC 23-05-2016) (BRASIL,
STF, HC 133043, 2016).

Assim, verifica-se que, ao menos jurisprudencialmente, é possível a aplicação


do princípio da insignificância a condutas das quais resultem lesões corporais leves,
desde que estas não se deem em um contexto de violência doméstica ou familiar.
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V.- Considerações finais


O princípio da insignificância se desenvolveu na doutrina brasileira como
excludente de crime por ausência de tipicidade e, apesar de possuir íntima relação
com o furto famélico, a primeira vez em que a insignificância foi invocada de forma
explícita pela jurisprudência foi justamente no julgamento de um Recurso em Habeas
Corpus referente a um acidente de trânsito do qual resultou lesão corporal leve.

A jurisprudência pátria, por mais de uma ocasião, admitiu a aplicação do


princípio da insignificância a condutas que tenham por resultado lesão corporal leve,
exceto no contexto de violência doméstica – no sentido de não admitir a incidência
do princípio neste contexto, foi firmado o entendimento sumulado pelo STJ –
súmula 542.

Apesar da incidência de institutos descriminalizadores sobre a conduta de lesão


corporal culposa (fora do contexto de violência doméstica e familiar), é sempre
importante lembrar que a exclusão do crime, por menor que seja a pena ou medida
alternativa, é sempre mais benéfica ao agente.

Lado outro, devido ao fato de que a lesão corporal leve é definida por exclusão
(as lesões que não forem severas o bastante para serem classificadas como graves ou
gravíssimas serão lesões corporais leves), há um amplo leque de resultados que
podem ser categorizados como “lesão corporal leve” – que abarca,
exemplificativamente, tanto pequenos arranhões quanto debilidade temporária de
sentido ou função.

Assim, para saber se é aplicável o princípio da insignificância, é necessário


analisar a lesão produzida no caso concreto para saber se ela pode ser considerada
juridicamente insignificante (como no caso de hematomas e escoriações) ou não
(como no caso de incapacidade temporária para ocupações habituais, ainda que por
menos de trinta dias).

Portanto, a aplicação do princípio da insignificância a condutas das quais


resultem lesões corporais leves e culposas é possível, mas dependem do contexto em
que a conduta se deu e da lesão produzida.

Por sua vez, os vetores elencados pelo STF para a aferição da incidência do
princípio afastam a possibilidade de sua aplicação no caso de crimes de ódio, pois
devido à motivação do agente, não há de se falar em reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento.
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A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância à lesão corporal leve e culposa

De forma geral, no entanto, a pesquisa jurisprudencial revela que é possível a


aplicação do princípio da insignificância, não apenas às lesões corporais leves de
natureza culposa, mas também a lesões corporais leves provocadas de forma dolosa,
desde que não se deem em um contexto de violência doméstica e familiar contra a
mulher, e desde que a análise seja feita de forma criteriosa.

VI.- Referências
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral
1: arts. 1º ao 120. ed. rev. e ampl. São Paulo, SP: Saraiva, 2015.
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: volume 2:
parte especial: dos crimes contra a pessoa. 24. ed. São Paulo, SP: Saraiva
Educação, 2018.
 BRASIL. Decreto-Lei nº 2848 de 07 de dezembro de 1940. Código
Penal. Brasília, DF: Presidência da República, [2022a]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 25ago. 2022.
 BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Código de Trânsito
Brasileiro. Brasília, DF: Presidência da República, [2022b]. Disponível
em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm.
Acesso em: 23 set. 2022.
 BRASIL. Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006. Cria mecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de
Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2022c]. Disponível
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006//lei/l11340.htm. Acesso em: 23 set. 2022.
 BRASIL. Lei 9099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os
Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm.
 Acesso em: 23 set. 2022.
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal (2. Turma). Habeas Corpus 43.
605/SP. Habeas corpus. Ementa: Vias de fato – reconhecendo a
sentença que o acusado não desferiu qualquer golpe, contra a vítima,
mas apenas lhe segurou a roupa, do que teriam resultado arranhões
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insignificantes e caso e de vias de fato (Lei das contravenções penais,


Artigo 21) e não de Lesões corporais (C.PEN., ART. 129). Caso em que
a multa, elevada ao triplo (C.PEN., ART. 42 C/C L.C.P., ART. 1), é mais
indica que a detenção. Relator: Min. Aliomar Baleeiro. 22 de fevereiro
de 1967. Brasília: STF, [1967]. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docI
D=59154. Acesso em: 01 out. 2022.
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal (2. Turma). Habeas Corpus
66.869/PR. Habeas Corpus. Ementa: Acidente de trânsito. Lesão
Corporal. Inexpressividade da lesão. Princípio da insignificância. Crime
não configurado. Se a lesão corporal (pequena equimose) decorrente de
acidente de trânsito é de absoluta insignificância, como resulta dos
elementos dos autos – e outra prova não seria possível fazer-se tempos
depois -, há de impedir-se que se instaure ação penal que a nada chegaria,
inutilmente sobrecarregando-se as Varas Criminais, geralmente tão
oneradas. Recurso provido. Relator Min. Aldir Passarinho. 06 dez. 1988.
Brasília: STF, [1988]. Disponível em:
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/722059/recurso-em-
habeas-corpus-rhc-66869-pr. Acesso em: 15 ago. 2022.
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (2. Turma). Habeas Corpus
84.412/SP. Habeas Corpus. Ementa: Princípio da insignificância –
identificação dos vetores cuja presença legitima o reconhecimento desse
postulado de política criminal – consequente descaracterização da
tipicidade penal em seu aspecto material – delito de furto – condenação
imposta a jovem desempregado, com apenas 19 anos de idade – “res
furtiva” no valor de R$25,00 (equivalente a 9,61% do salário-mínimo
atualmente em vigor) – doutrina – considerações em torno da
jurisprudência do STF – pedido deferido. O princípio da insignificância
qualifica-se como fator de descaracterização material da tipicidade penal.
Relator Min. Celso de Mello, 19 out. 2004. Brasília: STF, [2004].
Disponível em:
https://jurisprudencia.juristas.com.br/jurisprudencias/post/stf-hc-
84412-sp-sc3a3o-paulo-habeas-corpus. Acesso em: 15 ago. 2022.
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (2. Turma). Habeas Corpus
95.445/DF. Habeas Corpus. Ementa: Habeas Corpus Penal. Lesão
corporal leve [ARTIGO 209, §4º do CPM]. Princípio da insignificância.
Aplicabilidade. 1. O princípio da insignificância é aplicável no âmbito da
Justiça Militar de forma criteriosa e casuística. Precedentes. 2. Lesão
corporal leve, consistente em único soco desferido pelo paciente contra
outro militar, após injusta provocação deste. O direito penal não há de
estar voltado à punição de condutas que não provoquem lesão
significativa a bens jurídicos relevantes, prejuízos relevantes ao titular do
bem tutelado, ou ainda, à integridade da ordem social. Ordem deferida.
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A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância à lesão corporal leve e culposa

Relator(a) Min. Eros Grau, 02 dez. 2008. Brasília: STF, [2008].


Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docI
D=600725. Acesso em: 15 ago. 2022.
 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (2. Turma). Recurso Habeas
Corpus 133043/MS. Habeas Corpus. Ementa: Habeas Corpus.
Constitucional. Lesão corporal. Violência doméstica. Pretensão de
aplicação do Princípio da Insignificância: IMPOSSIBILIDADE. Ordem
denegada. 1. Para incidência do princípio da insignificância devem ser
relevados o valor do objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, a
mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade
social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e
a inexpressividade da lesão jurídica causada. 2. Na espécie vertente, não
se pode aplicar ao Recorrente o princípio pela prática de crime com
violência contra a mulher. 3. O princípio da insignificância não foi
estruturado para resguardar e legitimar condutas desvirtuadas, mas para
impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados
pelo direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto. 4.
Comportamentos contrários à lei penal, notadamente quando exercidos
com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade,
periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão
jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-
se ao direito penal. 5. Recurso ao qual se nega provimento (RHC 133043,
Relator(a)Min. (a): Cármen Lúcia, julgado em 10/05/2016, Processo
eletrônico DJe-105. Brasília, STF [2016]. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docI
D=11005766. Acesso em: 15 ago. 2022.
 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (3ª Seção). Súmula 589. É
inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Brasília, DF: Superior Tribunal de Justiça [1917]. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/sumulas/sumula-n-
589-do-stj/1289711191. Acesso em: 01 out. 2022.
 BUSATO, Paulo C. Direito Penal: Parte Especial 2. 3ª ed. São Paulo -
SP: Atlas, 2017. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597010374/.
Acesso em: 23 set. 2022.
 CAMPOS, Roberto Augusto de Carvalho; DESTRO, Paulo. Lesão
corporal culposa e a responsabilidade penal do médico: reflexões à luz
da Lei n. 9.099/95. Revista da Faculdade de Direito, Universidade
de São Paulo, v. 110, p. 417-450, 2016. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/115501. Acesso em:
28 out. 2022.
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 CARVALHO, Thiago Fabres de; JORIO, Israel Domingos.O princípio


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