PTR04 - Aula 10 Esboco
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PERSEVERANÇA
Leandro Lima
1. Os cristãos não têm uma mesma visão com respeito à segurança da salvação do
crente.
2. Queremos provar a biblicidade da doutrina da Perseverança dos Santos, bem
como a sua utilidade para a vida cristã.
3. Esta maravilhosa doutrina bíblica nos mostra o quanto nosso Deus é confiável,
comprometido e poderoso. A obra que ele começou em nossa vida não é uma obra
qualquer, indefinida, sem previsão de acabamento, mas uma obra de um arquiteto
que planejou tudo com antecedência, e que tem todo o poder e toda a condição
para completá-la. Nas palavras de Paulo: “Estou plenamente certo de que aquele
que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp
1.6).
Selo de garantia
1. Primeiramente devemos lembrar o ensino bíblico de que o Espírito é o selo de
garantia do crente. Paulo disse aos Efésios: “Em quem também vós, depois que
ouvistes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, tendo nele também
crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa
herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef 1.13-14).
2. Por outro lado, o Espírito Santo ativamente proporciona a própria perseverança.
No momento da conversão, o crente é batizado com o Espírito Santo. A partir
desse momento, sua casa já não está mais vazia. O Espírito Santo não está aí para
ser ocioso, ele tem uma função. Paulo trata bastante sobre isto em Romanos 8. Ele
diz que a função do Espírito é nos “assistir em nossa fraqueza” (Rm 8.26). Paulo
está pensando primordialmente na oração, mas é óbvio que o Espírito nos ajuda
em todas as nossas fraquezas.
3. A Ancora da Alma: 17 Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos
herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com
juramento, 18 para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível
que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim
de lançar mão da esperança proposta; 19 a qual temos por âncora da alma, segura
e firme e que penetra além do véu, 20 onde Jesus, como precursor, entrou por nós
(Hb 6.17–20).
A verdadeira segurança
1. Muitos acham que depende apenas de si mesmos a tarefa de manter a salvação.
Para estes bem cabe a repreensão que Paulo fez aos Gálatas: “Sois assim
insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na
carne?” (Gl 3.3).
2. Não devemos jamais buscar a certeza da nossa salvação em nossas habilidades ou
em nossa vida, mas no selo que Deus pôs sobre as nossas vidas, o selo do Espírito
Santo que funciona como um penhor da nossa salvação (Ef 1.13-14).
3. Para que perdêssemos a salvação teríamos que voltar à antiga condição de morte
espiritual. Mas, imagine que tipo de regeneração seria essa que o Espírito Santo
realizaria na vida de alguém, ressuscitando-o e dando-lhe vida eterna, a qual a
pessoa poderia de alguma forma perder e voltar a morrer. Então, não seria de fato
vida eterna. Será que nós podemos cometer suicídio espiritual? Certamente que
não, pois Pedro diz que nós temos sido “regenerados não de semente corruptível,
mas de incorruptível” (1Pd 1.23).
4. A Bíblia fala em “nascer de novo”, mas graças a Deus, não fala em “morrer de
novo”. Do mesmo modo, a Bíblia diz que Deus “nos libertou do império das trevas
e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). O verbo “libertou”
está num tempo verbal grego que representa uma ação simples e definitiva
realizada no passado, é uma ação feita de uma vez por todas. Se pudéssemos nos
converter e nos desconverter a cada momento, é como se ficássemos o tempo todo
saindo e voltando ao Império das Trevas.
5. Os crentes, através de Jesus foram feitos filhos de Deus (Jo 1.12; Gl 4.6). Se Deus
é nosso Pai, e se nós fomos legalmente adotados em sua família por seu desígnio
e vontade, como é que isso pode ser quebrado? Que situação terrível se fosse
possível num dia ser filho de Deus, e no outro, do diabo, e vice-versa.
O cuidado do pastor
1. Os crentes são chamados de ovelhas pela Palavra de Deus. Uma ovelha possui um
pastor e esse pastor está aí com a função de cuidar da ovelha. Ele trabalha para
impedir que ela se perca.
2. Cristo disse: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me
conhecem a mim... e dou a vida pelas minhas ovelhas” (Jo 10.14-16). Cristo é
ainda mais do que um pastor verdadeiro, ele é de fato o “supremo pastor” (1Pd
5.4), pois deu a própria vida pelas suas ovelhas. Pensar que ele poderia deixar que
alguma delas perecesse é um absurdo. De fato, o próprio Jesus já declarou: “E a
vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu”
(Jo 6.39). O relacionamento de Cristo com suas ovelhas funciona do seguinte
modo: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as
arrebatará da minha mão” (Jo 10.28). A segurança eterna do crente não é algo que
depende dele próprio, mas do pastor que cuida dele. Aqueles que consideram a
possibilidade de uma verdadeira ovelha de Cristo se perder para sempre,
desconsideram a capacidade do pastor em cuidar de suas ovelhas.
3. É possível que como ovelhas de Cristo, em algum momento nos afastemos dele,
e nos tornemos ovelhas perdidas. Todos podem ter um momento de fraqueza na
vida, mas uma coisa é pecar, outra é cometer apostasia. João disse que muitas
pessoas haviam deixado a igreja em seu tempo, porém, segundo o Apóstolo: “Eles
saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido
dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse
manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.9). A ovelha verdadeira sempre
volta aos braços do seu pastor, ou porque o pastor foi atrás dela (Lc 15.4-6), ou
porque ela própria percebeu o erro e voltou (Lc 15.11-24). Na parábola do filho
pródigo que se afasta do pai e anda por caminhos tortuosos está muito clara a ideia
de que tudo conspira para que ele volte à casa do pai. É preciso lembrar que um
filho verdadeiro sempre volta à casa do pai, pois se ele é filho jamais poderá deixar
de ser.
O dom da perseverança
1. A Escritura diz que “todo aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24.13).
2. Berkhof diz que a Perseverança dos Santos tem o “sentido de que aqueles que
Deus regenerou e chamou eficazmente para um estado de graça não podem cair
nem total nem definitivamente, mas certamente perseverarão nele até o fim e serão
salvos para toda a eternidade”.
3. A perseverança é uma benção, pois é Deus quem a concede. Mesmo que o crente
peque, ele sempre encontrará o perdão em Deus.
4. Segundo a Escritura há apenas um pecado que não tem perdão, o “pecado contra
o Espírito Santo”. Jesus disse que quem blasfemasse contra o Espírito não poderia
ser perdoado (Mt 12.31).
5. João também fala de um pecado a respeito do qual não se deve sequer orar: “Se
alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará
vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo
que rogue” (1Jo 5.16). O pecado que João tem em mente só pode ser o pecado
contra o Espírito Santo, pois é o único que não pode ser perdoado. João continua:
“Toda injustiça é pecado, e há pecado não para morte” (1Jo 5.17). Embora toda
injustiça seja pecado, todos os pecados podem ser perdoados, mas, João continua
tendo em mente um pecado que não tem perdão, e por isso declara: “Sabemos que
todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu
de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca” (1Jo 5.18). Literalmente João disse
que quem nasceu de Deus não peca. Os tradutores da Bíblia entenderam que se
traduzissem assim estariam fazendo a Bíblia se contradizer, e o próprio João, pois
ele havia dito antes que os crentes pecavam (Ver 1Jo 1.8; 2.1). Por isso,
interpretaram o tempo presente do verbo para dar a ideia de continuidade, o que é
correto. O caso, porém, é que parece que João está falando de um pecado que, se
alguém cometer, estará condenado e longe até mesmo do alcance da oração. João
quer dizer que, aqueles que são verdadeiramente nascidos de Deus não pecam, ou
seja, não cometem esse pecado. E a razão não está neles mesmos, mas no fato de
que Deus os guarda e o maligno não pode tocá-los. Isso confirma a ideia de que a
nossa perseverança é um Dom de Deus. Judas diz que Deus é aquele que é
poderoso para nos guardar de tropeços e para nos apresentar com exultação,
imaculados diante da sua glória (Jd 24).
6. Apesar de todo esse ensino sobre a segurança da nossa salvação, não devemos
pensar que não temos nenhuma responsabilidade, e que seremos salvos de
qualquer jeito, independente de nossas atitudes. Para que sejamos salvos,
precisamos de perseverança.
7. Foram os puritanos que cunharam o termo “perseverança dos santos”. Eles
fizeram isso justamente para não deixar a impressão de que alguém poderia estar
seguro eternamente de sua salvação se não perseverasse.
8. É preciso perseverar até o fim, mas isso não significa que uma pessoa não possa
ter certeza da própria salvação. Ela pode, e sua maior certeza é o testemunho
interior do Espírito Santo. Paulo diz em Romanos 8:16: “O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”.
9. A certeza de nossa salvação vem primariamente de dentro, porém, há mais
elementos que ajudam, são as evidências ou frutos da salvação. Nesse sentido,
vida transformada, coração regenerado, constante arrependimento e fé, são provas
bastante conclusivas a respeito da salvação.
10. Não somos fatalistas. Uma vez salvo sempre salvo somente tem valor se alguém
se tornou um filho de Deus. E para ser salvo é preciso que evidencie em sua vida
os frutos dessa salvação. Devemos confiar que somos salvos, e enquanto
trabalhamos, somos capacitados, pelo Espírito que está em nós, a permanecer fiel.
É verdade que o pecado sempre estará à nossa porta, entretanto, sua graça sempre
nos ajudará, e por mais endurecidos que possamos estar em certas situações, se
formos de fato “ovelhas do seu pasto”, Jesus não desistirá de nós (Sl 79.13; Ez
34.31).