Eletroquímica

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

ELETRÓLISE

QUÍMICA
Índice

1) Eletroquímica ............................................................................................................................... 3
2) Semirreações de oxirredução................................................................................................. 5
3) Célula galvânica (pilha)...............................................................................................................5
4) Potencial de célula ......................................................................................................................9
5) Eletrólise .......................................................................................................................................10
6) Corrosão .......................................................................................................................................16
ELETROQUÍMICA
Introdução e conceitos basilares da
eletroquímica

Na eletroquímica, investigamos reações químicas que incluem a transferência


de elétrons entre diversas espécies, conhecidas como reações de oxirredução ou
redox. Esse movimento de energia pode ser analisado do ponto de vista
termodinâmico:

• Espontâneo: refere-se a uma reação química na qual ocorre a geração de uma


corrente elétrica, isto é, há um movimento de elétrons através de um circuito ou
solução iônica. Nesse processo, a energia química é convertida em energia elétrica.

• Não espontâneo refere-se a situações em que é necessário aplicar uma corrente


elétrica para induzir a ocorrência de uma reação não espontânea. Isso caracteriza um
processo conhecido como eletrólise, no qual ocorre a conversão da energia elétrica
em energia química.

Considere que, em termos gerais, os elétrons não permanecem livres no


ambiente. Portanto, quando uma espécie química passa por oxidação (perda de
elétrons), resultando no aumento de seu NOX, outra espécie naturalmente adquire
elétrons, reduzindo seu NOX, caracterizando uma reação de redução. A espécie que
atua como agente redutor é responsável pela oxidação da outra, sendo assim chamada
de agente oxidante. De maneira análoga, a espécie que sofre oxidação facilita a
redução de outra espécie, recebendo o nome de agente redutor.

Segue as definições e explicações referentes aos termos destacados a seguir:

NOX: refere-se à carga elétrica de uma espécie atômica. Os átomos, conforme


apresentados na tabela periódica, são inicialmente neutros, com carga igual a ZERO, o
que significa que o número de prótons (carga +1) é igual ao número de elétrons (carga
−1). Ao ocorrer uma ligação iônica, o átomo pode perder ou ganhar elétrons. Por
exemplo, no NaCI(𝑠) (cristal composto por íons 𝑁𝑎+ e 𝐶𝐼−) o sódio perde 1 elétron,
resultando em um 𝑁𝑂𝑋 +1, enquanto o cloro ganha esse elétron, alcançando um 𝑁𝑂𝑋−1.
Além disso, a carga elétrica pode adquirir caráter parcial (δ), um fenômeno presente
nas ligações covalentes, onde um átomo manifesta maior eletronegatividade em
relação ao outro. No composto 𝐶𝐶𝑙4, por exemplo, quatro átomos de cloro (mais
eletronegativos) estão ligados ao carbono (menos eletronegativo) por meio de ligações
covalentes, caracterizadas pelo compartilhamento do par eletrônico da ligação. Cada
átomo de cloro atrai mais fortemente o par eletrônico da ligação covalente com o
carbono, resultando em uma carga parcial negativa 𝑁𝑂𝑋−1 para os átomos de cloro e
uma carga parcial positiva 𝑁𝑂𝑋+4 para o carbono, sendo +1 para cada uma das suas
quatro ligações.

Oxidação: refere-se à perda de elétrons por um elemento. No exemplo a seguir, o


átomo de bário, que está inicialmente na forma metálica com 𝑁𝑂𝑋𝑂 oxida a 𝐵𝑎2+,
NOX+2, perdendo dois elétrons. Essa transformação é denominada semirreação de
oxidação. Em uma reação redox completa, a espécie química que realiza a oxidação é
chamada de agente redutor.

Semirreação de oxidação: Ba(𝑠)→ 𝐵𝑎2+(𝑠) + 2e


Redução: é o processo de ganho de elétrons por um elemento. No exemplo
apresentado, o íon férrico 𝐹𝑒3+, com NOX+3, sofre redução para 𝐹𝑒2+, com NOX+2,
ganhando um elétron. Essa transformação é denominada semirreação de redução.
Em uma reação redox completa, a espécie química que realiza a redução é chamada
de agente oxidante.

Semirreação de redução: 𝐹𝑒3+,(aq)+1𝑒−→ 𝐹𝑒2+(aq)

Agente oxidante e agente redutor: como mencionado anteriormente, o elemento


que facilita a redução de outro promoverá a oxidação e, por isso, será chamado de
agente oxidante. Aquele que sofre oxidação será o agente redutor. Na reação
fornecida, o Zn oxida, passando de 𝑁𝑂𝑋𝑂 para NOX2+, e, portanto, desempenha o
papel de agente redutor. Por outro lado, o Cu realiza o processo inverso, indo de
NOX2+ para 𝑁𝑂𝑋𝑂 , agindo como agente oxidante.

Reação redox: Zn(𝑠) + 𝐶𝑢2+(aq) →𝑍𝑛2+ (aq) + Cu(𝑠)

Par REDOX: refere-se ao par formado entre um elemento ou espécie na forma oxidada
e na forma reduzida. Na reação REDOX fornecida, destacam-se dois pares REDOX:
Zn(𝑠)/ 𝑍𝑛2+ (aq) e 𝐶𝑢2+(aq)/Cu(s).

Célula eletroquímica: é um dispositivo capaz de utilizar energia elétrica para induzir


uma reação química não espontânea ou de gerar energia elétrica através de uma
reação química espontânea. Podem ser de dois tipos:

• Célula galvânica: também conhecida como pilha, é um tipo de célula eletroquímica


na qual uma corrente elétrica é gerada por meio de uma reação química espontânea.
Nesse tipo de célula, a energia química é convertida em energia elétrica.

• Célula eletrolítica: é um tipo de célula eletroquímica na qual se emprega a


condução de uma corrente elétrica para induzir uma reação não espontânea. Nesse
contexto, ocorre a eletrólise, um processo no qual a energia elétrica é convertida em
energia química
Recomendamos que você revise a parte de cálculo de NOX, presente na apostila
de Funções Inorgâmicas.

Semirreações de oxirredução
Toda reação redox completa pode ser decomposta em duas reações parciais,
conhecidas como semirreações, sendo uma de oxidação e outra de redução. Cada
semirreação destaca apenas um dos pares redox. Para uma compreensão mais clara,
exemplifico abaixo:

Ex.1:

Ex.2:

Ex.3:

Célula galvânica (pilha)


Ex
Célula galvânica é um tipo de célula eletroquímica, que foi projetada para gerar
corrente elétrica a partir de uma reação química espontânea. Nela a energia
química é transformada em energia elétrica.
Sinônimos: célula galvânica, pilha galvânica e pilha voltaica.
Exemplo de célula galvânica:
A ilustração acima exemplifica uma pilha voltaica. As placas metálicas, uma de
Cu e a outra de Ag, são denominados eletrodos e estão imersas em soluções salinas
conhecidas como eletrólitos. Através do fluxo de elétrons no circuito elétrico,
observamos uma reação redox, na qual o Cu está oxidando (perdendo elétrons) e a Ag
está reduzindo. À medida que átomos de Cu metálico (𝑁𝑂𝑋 0) presentes no eletrodo
(placa metálica) oxidam, eles entram no meio aquoso na forma de 𝐶𝑢2+.

Por outro lado, no eletrodo de Ag, cátions 𝐴𝑔+ da solução eletrolítica no béquer
recebem elétrons, reduzindo-se à forma metálica Ag NOX 0 e aderindo ao eletrodo.
Numa célula galvânica, o eletrodo que efetua a redução (recebendo elétrons) é
identificado como cátodo, ao passo que o eletrodo que passa pelo processo de
oxidação (perdendo elétrons) é designado como ânodo.

Um mnemônico que pode auxiliá-lo na memorização dos detalhes da discussão


acima é o seguinte:

PIPOCAR: na PIlha, o polo POsitivo é o CÁtodo e ele REduz

Vamos retomar a discussão sobre o desenho da célula galvânica. Cada conjunto


composto por um eletrodo e um eletrólito é denominado semipilha. É importante
observar que as duas semipilhas se conectam por meio de um tubo contendo uma
solução salina. Esse componente da célula é conhecido como ponte salina e pode ser
construído utilizando diferentes materiais.

• Ponte salina: é um componente que facilita a migração de íons entre os


eletrólitos. Ânions deslocam-se em direção ao ânodo, onde ocorre a formação de
cátions. No exemplo fornecido, o cobre passa da forma metálica sólida para a forma
catiônica aquosa. Em contrapartida, a ponte salina permite que cátions migrem em
direção ao cátodo. Essa migração de cátions e ânions auxilia no reequilíbrio da carga
desencadeada pela reação redox, contribuindo para prolongar a vida útil das pilhas.

• Arquitetura de uma ponte salina: geralmente compreende um tubo recurvado,


conforme ilustrado na figura abaixo, preenchido por um gel que contém uma solução
salina. Suas extremidades são constituídas de vidro sinterizado ou outros materiais
porosos, permitindo a passagem de íons. A ponte salina realiza a intercomunicação
entre as semipilhas, completando assim o circuito da célula eletroquímica. O sal
presente na solução interna é, em geral, neutro, visto que sua principal função é
compensar as cargas formadas ou consumidas nos eletrodos. Pilhas e baterias são
exemplos de células galvânicas, evidenciando como esses dispositivos estão integrados
em nosso cotidiano. Um exemplo clássico, embora antigo, que pode ser abordado em
sua prova é a pilha de Daniell. Essa pilha é constituída por eletrodos de zinco e cobre,
imersos, respectivamente, em soluções de sulfato de zinco e sulfato de cobre. As duas
placas estão interligadas por um fio metálico, enquanto as duas semipilhas se
conectam por meio de uma ponte salina contendo sulfato de sódio.

Outro exemplo importante, pilha de Daniell:

Observações do que acontece no ânodo e no cátodo dessa pilha:

Ânodo Cátodo

Polo negativo Polo positivo

Local de onde saem os elétrons Local para onde vão os elétrons

Reação de Oxidação Reação de Redução

Zn(s) → 2e- +𝑍𝑛2+ (aq) 𝐶𝑢2+(aq) + 2𝑒- → Cu(s)

Aumenta a concentração dos íons do Diminui a concentração de íons do metal


metal na solução, ou seja, a solução de na solução, ou seja, a solução 𝐶𝑢𝑆𝑂 4fica
𝑍𝑛𝑆𝑂4 fica mais concentrada mais diluída

Diminui a massa do eletrodo de zinco (a Aumenta a massa do eletrodo de cobre,


chapa de zinco é corroída), pois Zn(s) e pois cátions 𝐶𝑢2+deixam o meio aquoso,
passam para a solução na forma oxidada aderindo ao eletrodo na forma reduzida
𝑍𝑛2+ (aq). Cu(s)

A pilha de Daniell pode ser representada por:

Zn(s)| 𝒁𝒏𝟐+(aq) || 𝑪𝒖𝟐+(aq)| Cu(s)


Pela representação fornecida, observa-se que o zinco está passando pelo processo de
oxidação e, portanto, constitui o ânodo, que é o polo negativo. Por outro lado,
constatamos que o cobre está passando por uma reação de redução e, assim, forma o
cátodo (polo positivo).

Representação de uma célula por diagrama de célula

Foi estabelecida uma convenção para representar de maneira simples e direta as células
galvânicas, denominada diagrama de célula, conforme segue:

I. Cada barra em pé representa a interface entre duas fases diferentes. Por


exemplo: Zn(s)| 𝑍𝑛2+(aq) representa a interface entre o zinco metálico na

forma sólida (eletrodo) e o 𝑍𝑛2+presente no eletrólito;


II. Ao representar a célula, inicia pela espécie que oxida (ânodo) e, em seguida, a
espécie que reduz (cátodo). Por exemplo: Zn(s)| 𝑍𝑛2+(aq)|𝐶𝑢2+ (aq)|Cu(s);
III. Nas situações em que a espécie reduzida e oxidada se encontra na
mesma fase, então elas são separadas apenas por uma vírgula. Por
exemplo: 𝐹𝑒3+ (aq), 𝐹𝑒2+(aq)|Pt(s);

IV. A ponte salina é representada por barra dupla (||) entre as duas
semipilhas. Completando a pilha de Daniell com a ponte salina, temos:

Zn(s)| )| 𝑍𝑛2+(aq)|| 𝐶𝑢2+ (aq)|Cu(s)

Potencial da célula

O potencial de célula (E) refere-se à capacidade da célula em conduzir elétrons


através de um circuito. Quanto maior a diferença na capacidade dos eletrodos em
puxar ou empurrar elétrons, maior será o potencial de célula, resultando em uma
voltagem mais elevada gerada pela célula.
Na fabricação de uma pilha, se escolhermos dois metais com potenciais
próximos, a voltagem gerada pela pilha será baixa. Uma pilha carregada exibe uma
capacidade significativa para conduzir elétrons através de um circuito, resultando em
uma voltagem mais elevada. À medida que a bateria descarrega, a reação redox se
aproxima do equilíbrio, sua velocidade diminui e, consequentemente, a voltagem
também diminui.

Os potenciais dos elementos, valores tabelados, foram medidos de maneira relativa ao


hidrogênio, pois não é viável medi-los de forma absoluta. O potencial padrão (𝐸°),
também conhecido como potencial padrão de redução, do hidrogênio foi
convencionado como sendo oV, ou seja, 𝐸° (𝐻+, 𝐻2) = oV. Se um metal possui um
𝐸°maior que ZERO, isso indica uma maior capacidade de atrair elétrons em comparação
com o hidrogênio. Se o 𝐸° for negativo, significa uma menor capacidade de redução
em relação ao hidrogênio. Os potenciais padrão são medidos nas seguintes condições
padrão.

• Se a espécie for gasosa, medido a 1 bar de pressão;

• Se a espécie for iônica, medido em solução com concentração 1 mol·𝐿−1.

Nesse contexto, quanto maior o potencial padrão (𝐸°) de um elemento, ou


no caso da célula, de um eletrodo, maior será sua capacidade de atrair elétrons
para si. Em outras palavras, uma maior capacidade de redução implica em uma
maior habilidade de induzir a oxidação em outra espécie. Em resumo, um alto 𝐸°
indica uma maior eficácia na redução e caracteriza um agente oxidante mais potente.

O potencial de uma célula (𝐸°), também conhecido como diferença de potencial


(ddp), pode ser medido por meio da diferença entre 𝐸° do cátodo (espécie que reduz)
e o 𝐸° do ânodo (espécie que oxida), conforme equação abaixo.

O valor de ∆E° também pode oferecer uma previsão sobre a espontaneidade


das reações de oxirredução. Se ∆E° for positivo, a reação será espontânea, ocorrendo
naturalmente. Se ∆E° for negativo, a reação não será espontânea e só ocorrerá sob a
influência de uma força externa.
Potencial padrão Variação da energia livre de Reação REDOX
Gibbs espontânea?

𝐸° > 0
∆G°<0 Sim

𝐸° < 0
∆G° > 0 Não

Podemos, ainda, expressar a equação de variação de potencial em termos de agente


oxidante e agente redutor. Assim, temos:

ELETRÓLISE
Até o momento, discutimos sobre pilhas, baterias, oxidação, entre outros processos
espontâneos, que exibem ΔG<0 e E>0. Agora, vamos abordar o caminho inverso,
chamado eletrólise, que apresenta ΔG>0 e E<0, sendo assim, não é um processo
espontâneo.

Para forçar uma reação não espontânea, é necessário fornecer energia, neste caso,
energia elétrica, de forma a permitir que os elétrons migrem no sentido contrário ao
que ocorreria naturalmente.

Paralelo entre pilha e eletrólise

É crucial compreender as diferenças entre pilhas (células galvânicas) e células


eletrolíticas.

PIPOCAR: na PIlha, o polo POsitivo é o CÁtodo e ele Reduz

Em células eletrolíticas, ocorre a inversão do sinal dos polos: o polo positivo é o ânodo,
responsável pela oxidação. Outro mnemônico, aplicável tanto à pilha quanto à
eletrólise, é o CRAO:

Cátodo: Reduz

Ânodo: Oxida

Note que em ambos os casos, a redução ocorre no cátodo, enquanto a oxidação


ocorre no ânodo. Em outras palavras, os elétrons sempre se deslocam do ânodo para
o cátodo.
Podemos resumir as diferenças e semelhanças entre esses dois processos em forma de
tabela:

Pilha Eletrólise

Espontâneo? Sim Não

Energia livre de ΔG<0 ΔG>0


Gibbs

Potencial padrão E°> 0 E° < 0


(E°)

Cátodo Positivo Negativo

Anôdo Negativo Positivo

Cátodo sofre Redução Redução

Ânodo sofre Oxidação Oxidação

Elétrons migram Cátodo Cátodo


para

Uma abordagem adicional para compreender a eletrólise é compará-la a um


processo que utiliza energia elétrica para a "quebra" de uma molécula ou composto.
Por meio da eletrólise, é possível "quebrar" a molécula de 𝐻2O para produzir
combustível 𝐻2. Além disso, a eletrólise pode ser empregada na extração de metais de
minérios nos quais estão misturados com diversos outros compostos e metais.

Oxidação do hidrogênio (célula galvânica, espontâneo): 2𝐻2(𝑔)+ 𝑂2(𝑔)) → 2𝐻2𝑂(𝐼)


E°=+1,23𝑉

Eletrólise da água para geração de hidrogênio (eletrólise, não espontâneo):


2𝐻2𝑂(𝐼)→2𝐻2(𝑔)+𝑂2(𝑔) E°=+1,23𝑉

A eletrólise, como contraparte inversa da célula galvânica, requer um potencial


superior a 1,23V para efetivar a segunda reação. Esse acréscimo mínimo de potencial é
denominado sobrepotencial e é originado por interações na superfície dos eletrodos,
exigindo, portanto, uma quantidade adicional de energia para provocar a reação.
A cromagem, que consiste na eletrodeposição de cromo sobre a superfície de
uma peça metálica, é realizada por meio de um processo chamado eletrodeposição.
Nesse método, a peça metálica é submersa em uma solução contendo cátions 𝐶𝑟3+, e,
por meio da aplicação de corrente elétrica, ocorre a redução dos íons𝐶𝑟3+, presentes
na forma aquosa (em solução), para Cr° na forma sólida. Essa camada sólida de cromo
é depositada sobre a peça de ferro.

Em casos como esse exemplo e em outras aplicações de eletrodeposição, que


se fundamentam em processos eletrolíticos, a quantidade (número de moles) de metal
depositado está diretamente relacionada com o número de elétrons, a corrente elétrica
aplicada e o tempo durante o qual essa corrente elétrica é fornecida. Essa afirmação é
conhecida como a Lei de Faraday da eletrólise e permite calcular o número de moles
de elétrons por meio da seguinte equação:

Mols de e-= 𝑄
𝐹

Mols de e-= 1𝑡
𝐹
em que Q é a carga fornecida em coulomb(C), a qual corresponde ao produto entre I
e t que são, respectivamente, a corrente elétrica em ampères (A=C.s -1) e o tempo em
segundos (s).

Uma vez determinado o número de mols de elétrons, calcular o número de mols


do metal depositado torna-se simples. Se cada átomo receber um elétron para a
redução, a relação entre elétrons e metal será de 1:1. Se, por outro lado, cada átomo
receber dois elétrons, o resultado obtido pela fórmula acima deve ser dividido por dois,
e assim sucessivamente.

Exemplos importantes de aplicações industriais da eletrólise:

• obtenção de alumínio metálico (Al) a partir de 𝐴𝐼2𝑂3 pelo processo Hall;

• obtenção de sódio metálico pelo processo Downs;

• produção dos gases cloro e hidróxido de sódio obtidos pela eletrólise do cloreto de
sódio, processo conhecido como Cloro-Álcalis;

• refinamento eletrolítico de cobre; e o a própria galvanoplastia que é um tipo de


eletrodeposição assim como a cromagem.

Os métodos eletrolíticos podem ser categorizados em eletrólise ígnea e eletrólise


em solução aquosa, como exemplificado no processo de cromagem.
Eletrólise ígnea

Método empregado industrialmente para a obtenção de metais alcalinos,


alcalinoterrosos, alumínio e halogênios. Tomemos como exemplo a eletrólise do
cloreto de sódio NaCℓ. Ao aquecer o NaCℓ até o ponto de fusão, ele passará para o
estado líquido, e os íons 𝑁𝑎+e 𝐶𝑙−, nesse estado físico, terão maior liberdade de
movimento.

Ao aplicar uma corrente elétrica contínua na célula eletrolítica, os cátions 𝑁𝑎+são


atraídos pelo cátodo (polo negativo). Na eletrólise, o cátion sempre migra para o
cátodo, onde ganha elétrons e é descarregado, tornando-se sem carga. Esse processo
pode ser representado pela semirreação de redução:

𝑁𝑎++ 𝑒− → Na

Já o ânion 𝐶ℓ− é atraído pelo ânodo (polo positivo). Na eletrólise, o ânion sempre
migra para o ânodo, onde perde elétrons e é descarregado. Podemos representar esse
fenômeno pela semirreação:

𝐶ℓ−Cℓ+𝑒−

Como não é possível encontrar átomos de 𝐶ℓ livres na natureza, esses átomos


se agrupam e formam 𝐶ℓ2. Dessa forma, é mais apropriado representarmos a
semirreação da seguinte maneira:
𝐶ℓ− → ½ 𝐶ℓ2 + 𝑒−

A reação global da eletrólise é obtida somando as duas semirreações:


Uma das aplicações mais significativas da eletrólise ígnea é a obtenção do
alumínio metálico a partir da bauxita (conforme ilustrado na figura abaixo). A bauxita é
uma mistura de óxidos de alumínio, sendo o principal componente o Al2O3, que, ao
ser separado das impurezas, é denominado alumina.

Vamos descrever as reações que ocorrem no processo de eletrólise. Inicialmente,


temos a fusão da mistura de alumina e criolita, resultando na dissociação da alumina:

No cátodo, ocorre a redução dos cátions alumínio:

Como o alumínio é mais denso, ele se acumula na forma líquida no fundo do recipiente
e é removido, resultando na obtenção do alumínio metálico.

No ânodo, ocorre a seguinte reação de oxidação:

O oxigênio reage com o carbono presente na composição do eletrodo, resultando na


combustão da grafita.

A reação global da eletrólise será a soma de todas as reações, sendo que as espécies
destacadas em negrito se anulam e, portanto, podem ser "cortadas".
• Eletrólise em solução aquosa

Antes de abordarmos a eletrólise em solução aquosa, é importante mencionar


que existem dois tipos de eletrodos: os inertes e os ativos (também conhecidos como
reativos). Um eletrodo inerte é aquele que não sofre alterações devido ao processo de
aquecimento e passagem de corrente elétrica. Exemplos incluem a grafite e a platina.
Por outro lado, os eletrodos reativos sofrem alterações quando expostos ao calor e à
corrente elétrica.

Retornando ao nosso tópico, continuaremos usando o NaCℓ como exemplo, mas


é importante notar que o resultado será significativamente diferente da eletrólise
ígnea, uma vez que aqui temos a presença da água da própria solução, que se ioniza.
Apesar de ser uma ionização fraca, ela irá competir com a dissociação do NaCℓ.
Podemos representar a ionização da água e a dissociação do NaCℓ pelas seguintes
equações:

Como mencionado na eletrólise ígnea, o cátion sempre migra para o cátodo e o


ânion sempre migra para o ânodo. Neste caso, temos duas possibilidades:

• Podem ser descarregados no cátodo (polo negativo): 𝐻+e 𝑁𝑎+

• Podem ser descarregados no ânodo (polo positivo): OH- e Cℓ-

Diante dessas possibilidades, o que ocorrerá é a descarga inicial do cátion cuja


redução é mais fácil e do ânion cuja oxidação é mais fácil. Se os potenciais-padrão de
eletrodo estiverem disponíveis, é fácil determinar quais oxidações e reduções são mais
fáceis ou difíceis. No entanto, caso esses valores não estejam disponíveis, pode-se
utilizar o seguinte esquema:
Retomando o exemplo, temos os cátions H+ e Na+. Conforme o esquema
mencionado anteriormente, o H+ possui uma maior facilidade de descarga em
comparação com o Na+. Entre os ânions OH- e Cℓ -, o Cℓ - apresenta maior facilidade de
descarga. Isso implica que o Na+ e o OH- permanecerão em solução.

Para formular a reação global da eletrólise do NaCℓ, é necessário somar as reações de


dissociação do NaCℓ, ionização da água, semi-reação no cátodo e no ânodo.

• Dissociação do NaCℓ: NaCℓ → Na++ Cℓ- • Ionização da água: H2O H+ + OH- •

Reação no cátodo: 2 e- + 2H+ → H2(g)

• Reação no ânodo: 2 Cℓ- → Cℓ2(g) + 2e-

Perceba que, na dissociação do NaCℓ, há 1 Cℓ- no lado direito da seta, e, na reação no


ânodo, há 2 Cℓ-. Iremos, então, multiplicar a equação de dissociação por 2. Pelo mesmo
raciocínio, multiplicaremos a equação de ionização da água por 2 também. Dessa
forma, temos:

Podemos reformular a equação acima da seguinte maneira:


Observa-se que, durante a eletrólise do NaCℓ em solução aquosa, são produzidos
hidróxido de sódio (NaOH), gás hidrogênio (H2) e gás cloro (Cl2). Os gases são liberados do
líquido (meio aquoso), como seria de se esperar.

CORROSÃO
A oxidação não desejada de peças e estruturas metálicas, conhecida como
corrosão, frequentemente é causada pela ação do tempo, resultando em diversos
prejuízos. É fundamental compreender como esse processo ocorre e quais estratégias
podem ser adotadas para preveni-lo.

Quais substâncias com propriedades oxidantes estão envolvidas no processo de


oxidação dos metais? Examine as reações apresentadas abaixo.

Nas duas semirreações de redução mencionadas anteriormente, observamos


que tanto a água (umidade) quanto o oxigênio em meio ácido atuam como agentes
oxidantes. No primeiro caso, qualquer metal com um potencial de redução inferior a
esse valor pode ser indesejadamente oxidado na presença de água, como é o caso do
ferro. Na segunda semirreação, que envolve o oxigênio, a situação é ainda mais crítica,
pois trata-se de uma reação altamente favorável à corrosão, dado o alto potencial de
redução desta semirreação, que é +1,23V. Portanto, a combinação de oxigênio e
umidade é extremamente corrosiva, afetando tanto o ferro quanto a maioria
absoluta dos metais.

A corrosão pode ser intensificada na presença de oxigênio, umidade e sais.


Soluções salinas, conhecidas como eletrólitos, têm a capacidade de conduzir
eletricidade devido à presença de sais dissolvidos, acelerando ainda mais as reações de
oxidação. Isso justifica o alto poder corrosivo da maresia, que consiste no aerossol
formado por gotículas de água com sais dissolvidos, resultado da nebulização da água
do mar.

Agora que compreendemos os principais fatores responsáveis pela corrosão dos


metais, apresento quatro estratégias principais para inibi-la ou evitá-la:

1. Passivação por óxido protetor: certos metais têm a propensão de, ao sofrerem
oxidação, criar um óxido insolúvel que ocupa um volume maior que o próprio
metal. Assim, após um certo processo de oxidação, toda a superfície do metal fica
revestida por uma camada de óxido do próprio metal, impedindo o contato direto
do metal com agentes oxidantes, como umidade e oxigênio, interrompendo ou
inibindo sua oxidação. Nesse caso, diz-se que o metal está passivado. Exemplos
de metais que apresentam essa característica incluem zinco, alumínio e cromo.
2. Galvanização: O processo de galvanização envolve revestir um metal com uma
camada de zinco. Como o zinco possui um potencial de redução menor que o
ferro, mesmo quando o ferro é exposto, o zinco cede elétrons ao ferro,
protegendo-o da oxidação. Além disso, o zinco tem a capacidade de formar uma
camada de óxido passivadora, que age como uma proteção tanto para o próprio
zinco quanto para o metal que ele reveste.
3. Proteção catódica: Esta estratégia é amplamente empregada na preservação de
grandes estruturas metálicas, especialmente quando a galvanização não é viável.
O método envolve a conexão da estrutura de ferro que precisa ser protegida a
um bloco de zinco ou magnésio por meio de um fio metálico, denominado ânodo
de sacrifício. Esses metais têm uma propensão maior à oxidação do que o ferro.
Portanto, mesmo que o ferro entre em contato com agentes oxidantes, como
água, ácido, oxigênio ou sais, o ânodo de sacrifício será oxidado
preferencialmente. Essa abordagem transforma o metal a ser protegido em
cátodo, impedindo ou reduzindo significativamente seu processo de oxidação.
Por exemplo, imagine uma estrutura metálica na construção civil conectada a um
bloco de Zn ou Mg enterrado. O oxigênio atmosférico, agente oxidante, tem a
tendência de ganhar elétrons, promovendo a oxidação da estrutura metálica.
Contudo, nesse caso, a estrutura metálica está ligada a um ânodo de sacrifício
(bloco de Zn ou Mg enterrado). Portanto, a estrutura metálica não será oxidada;
em vez disso, a oxidação ocorrerá no ânodo de sacrifício. Para isso, o elétron
perdido pelo ânodo de sacrifício percorre o fio que conecta o ânodo à estrutura
metálica, passa pela estrutura metálica e chega ao oxigênio, que será reduzido ao
ganhar elétrons. Essa estratégia efetivamente impede a corrosão da estrutura
metálica.
4. Pintura: Atualmente, há uma ampla gama de tintas à base de polímeros que
atuam como proteção por barreira, cobrindo o metal e impedindo seu contato
com agentes oxidantes. Um exemplo são as tintas epóxi. Existem algumas
variações de tintas (em menor quantidade) que podem proporcionar efeitos de
passivação ou proteção catódica.

Você também pode gostar