Apostila Simbologia Kennyo
Apostila Simbologia Kennyo
Apostila Simbologia Kennyo
Kennyo Ismail
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CURSO:
SIMBOLOGIA
PROFESSOR:
KENNYO ISMAIL
Brasília – DF
Junho de 2020.
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SOBRE O PROFESSOR
Kennyo Ismail é escritor, revisor técnico, tradutor, palestrante, professor
universitário e pesquisador, com bacharelato em Administração pela Universidade de
Brasília - UnB, MBA em Gestão de Marketing pela Escola Superior de Administração,
Marketing e Comunicação - ESAMC, e Mestrado Acadêmico em Administração pela
Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas -
EBAPE-FGV.
Como administrador, atuou em grandes empresas de âmbito nacional, como
Brasil Telecom, Oi e Diários Associados, assim como em órgãos da administração
pública distrital e federal. E como acadêmico, manteve vínculo em ensino ou pesquisa
com instituições como UnB, FGV, Ibmec, Anhanguera, UniCEUB e Uninter.
Seu primeiro contato com a Maçonaria foi graças à Ordem DeMolay, tendo
sido, enquanto DeMolay Ativo, Mestre Conselheiro, Ilustre Comandante Cavaleiro,
Mestre Conselheiro Regional, Mestre Conselheiro Estadual Adjunto e Mestre
Conselheiro Estadual de Minas Gerais. Já como maçom, pôde retribuir à Ordem
DeMolay servindo como Presidente de Conselho Consultivo, Grande Orador Distrital,
membro da Comissão Nacional de Relações Fraternais e Presidente das Comissões
Nacionais de Relações Internacionais e de Educação. É Chevalier e Legionário Ativo da
Ordem DeMolay.
Na Maçonaria Simbólica, é Mestre Instalado, tendo sido Venerável Mestre da
Loja Maçônica “Flor de Lótus #38” e da Loja de Estudos e Pesquisas “Dom Bosco #33”,
ambas filiadas à Grande Loja Maçônica do Distrito Federal – GLMDF. É membro
honorário das Lojas Maçônicas “Construtores do Adro #225″, Construtores da
Esperança #226” e “Ahiman Rezon #256”, filiadas à Grande Loja do Estado da Bahia –
GLEB; da Loja “Arautos dos Ritos Maçônicos #747”, filiada à Grande Loja do Estado de
São Paulo – GLESP; e da Loja "Tiradentes", filiada à Grande Loja Maçônica do Estado do
Espírito Santo - GLMEES. Foi Grande Bibliotecário da Grande Loja Maçônica do Distrito
Federal e é portador da Comenda do Mérito Literário “José Castellani” (GODF-GOB).
No Rito de York, é Past Sumo Sacerdote do Capítulo “Fredericksburg #16” de
Maçons do Real Arco, filiado ao Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do
Brasil; Past Grão-Mestre do Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil;
membro vitalício do General Grand Council of Cryptic Masons International; e
Cavaleiro Templário.
33º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, é membro honorário do Supremo
Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República
Federativa do Brasil; e no Shriners, foi Presidente do Almas Brasília Shriners Clube
(2014), e membro do Membership Committee do Almas Temple (2015), de
Washington, DC.
No Grand College of The Holy Royal Arch Knight Templar Priest and Order of
Holy Wisdom (KTP) é membro da Ordem da Sagrada Sabedoria, Past High Priest do
Tabernáculo Villas-Boas e Past District Director of Ceremonies do Distrito 55 da Ordem,
que engloba o Centro-Oeste e o Norte do Brasil.
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É Editor-chefe da revista “Ciência & Maçonaria”, a primeira revista acadêmico-
científica dedicada ao estudo da Maçonaria na América do Sul, vinculada ao NP3-
CEAM-UnB; professor dos cursos de pós-graduação em “História da Maçonaria” pela
UnyLeya e em “Maçonologia” pela Uninter; e membro da Academia Maçônica de
Letras do Distrito Federal, ocupando a cadeira 33. Ainda, atua como assessor de
Comunicação e Marketing da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil - CMSB,
e como Diretor de Comunicação da Conferência Mundial de Grandes Lojas Maçônicas
Regulares - WCRMGL (2019-2020).
Palestrante conhecido no meio maçônico, é autor de diversos artigos
publicados em várias revistas e sites maçônicos no Brasil e em outros países. Foi
revisor técnico e prefaciou a edição brasileira do livro Freemasons for Dummies
(Maçonaria para Leigos), publicado pela AltaBooks (2015); traduziu e comentou a obra
“Ahiman Rezon – A Constituição dos Maçons Antigos”, publicado pela A Trolha (2016);
e é autor dos livros: “Desmistificando a Maçonaria” (2012), “O Líder Maçom” (2014),
“Debatendo Tabus Maçônicos” (2016), “História da Maçonaria Brasileira para Adultos”
(2017), “Um Clone para Deus” (2017), “O Livro do Venerável Mestre” (2018), e "Ordem
sobre o Caos" (2020).
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SOBRE O CURSO
O Curso de SIMBOLOGIA da UniCMSB tem por objetivo a melhor compreensão
do que é símbolo, o que é simbologia, e a origem e significado dos principais símbolos
maçônicos, em especial os relacionados ao grau de Aprendiz.
Neste curso de SIMBOLOGIA você aprenderá:
O que são símbolos e qual sua importância
Introdução aos símbolos maçônicos
Símbolos na Iniciação I
Símbolos na Iniciação II
Símbolos no Templo I
Símbolos no Templo II
Símbolos nas reuniões I
Símbolos nas reuniões II
Simbologia das palavras I
Simbologia das palavras II
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INTRODUÇÃO
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Ora, o que diferencia a Maçonaria de outras instituições não são seus símbolos,
mas os significados dos mesmos. Um símbolo pode ser comum a várias instituições de
diferentes povos, culturas, épocas e entidades, mas seu significado pode ser diferente
e até mesmo conflitante em cada uma dessas. Assim sendo, quando se trata do
pentagrama na Maçonaria, não importa o seu significado para os vikings, para uma
tribo nativa norte-americana ou para uma bruxa wicca. Assim como não importa se o
nome “Gargamel” dos Smurfs começa com “G”. Isso nada tem com Maçonaria. A
Maçonaria tem sua própria simbologia e, portanto, não precisa pegar a de ninguém
emprestado.
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AULA 1: O que são símbolos e qual sua importância
Alegorias são as lendas de cada grau; e os símbolos são algo mais simples que
representa algo mais abstrato ou complexo, como atividades, comportamentos ou
sentimentos.
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AULA 2: Introdução aos símbolos maçônicos
2.1. Bode
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muito comum na região e, evidentemente, não poderia passar o pecado confessado
para frente. Dessa forma, os homens se sentiam mais aliviados pela confissão e
seguros de que os pecados revelados nunca seriam contados a ninguém. Diz a lenda
ainda que o apóstolo Paulo, em contato com esse antigo costume, implementou a
confissão na Igreja. Foi então que, mais de mil anos depois, durante a Inquisição,
muitos maçons foram presos e torturados para que contassem os segredos da
Maçonaria, porém, nenhum contava. Por conta disso, os clérigos responsáveis pelos
inquéritos, conhecedores da origem da "confissão cristã", diziam que os maçons eram
como os bodes, que nunca contam os segredos.
Apesar da beleza dessa história, que reforça a lealdade maçônica aos juramentos
prestados, não há nenhum embasamento para essa lenda. Ao contrário, existem fortes
indícios ao contrário:
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o diabo, pois o bode fede e tem chifres, assim como a visão ocidental do diabo. O
nome Bathomet era uma mistura clara de "bode" com "Maomé". É claro que se
tratava de mais uma acusação absurda da Santa Inquisição, a qual nunca foi provada,
mas serviu na época de justificativa para anos de tortura de vários inocentes.
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O Compasso, no trabalho operativo, é uma ferramenta de arquitetura, ou seja,
utilizada da tábua de delinear para desenhar círculos perfeitos. Na Maçonaria
Especulativa, representa a busca pela perfeição.
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AULA 3: Símbolos na Iniciação I
No Brasil, onde predomina-se a prática de ritos latinos, não há como se falar
em iniciação sem abordar sua sala de preparação: a Câmara de Reflexões.
Ali tem-se pão, água, enxofre, sal, crânio e tíbias, ampulheta, papel e caneta
para um testamento. Nas paredes, um galo e o principal: V.I.T.R.I.O.L.. Decifremos
esses símbolos, deixando o melhor para o final.
O crânio e tíbias, em alguns casos também uma esquife, são símbolos da morte
e toda a verdade que ela encerra: todos os bens materiais não têm serventia com a
morte, assim como vaidades, rancores, etc.
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O galo é símbolo de vigilância e perseverança. Muitas vezes, vem acompanhado
dessas duas palavras. Isso porque o galo vigia o nascer de cada dia e não costuma
falhar. Assim, é símbolo do nascer de um novo dia ou, nesse caso, de uma nova vida.
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AULA 4: Símbolos na Iniciação II
4.1. Descalçamento
Pra começar, esse negócio de chinelo é coisa relativamente nova, apenas para os
candidatos não pegarem um resfriado, machucarem o pé ou mesmo se sujarem em
demasia. Preocupações que não existiam anteriormente, mas passaram a fazer parte
da sociedade. Afinal de contas, pé com chinelo não é pé descalço! Mas como trata-se
de simbolismo...
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sujo. Dessa forma, o pé descalço simboliza o respeito e a deferência da pessoa para
com aquele lugar, seu reconhecimento de que aquele solo é realmente sagrado.
Neutralidade é a palavra que melhor resume esse termo. Nem claro nem escuro.
Nem salgado nem doce. Nem feliz nem triste. Nem satisfeito nem insatisfeito. Quando
você não está em uma dentre duas opções binárias, você está... neutro. E isso não
atinge apenas as roupas, mas também o próprio descalçamento.
Assim, o nem nu nem vestido representa, de uma maneira geral, que o candidato
já começou a despir-se das "vestes mundanas".
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4.3. Corda no pescoço
Se você acha que já viu de tudo escrito por aí, cuidado. Você pode aprender a
triste lição de que nunca se deve subestimar a capacidade do ser humano de “viajar”.
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Corroborando com tais compreensões, pode-se observar que a mesma corda é
empregada nos candidatos também quando do ingresso em outros graus, inclusive em
graus de diferentes ritos. Mesmo que amarrada de forma e em lugar diferente, sempre
é simbolicamente usada para... guiar. Apesar desse objetivo primário, nos graus mais
“modernos”, a corda acabou ganhando também conotação de elo, união, fraternidade.
Se no primeiro grau a corda é posta no pescoço, nada mais é do que sinal de que o
candidato ainda não é possuidor da confiança total dos presentes, por isso recebendo
um direcionamento menos fraterno e amigável.
4.4. Venda
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4.5. Espada flamejante
A verdade é que a espada não tinha presença tão forte e tão variados papeis no
Antigo Ofício. Nos rituais mais antigos só há uma única espada na Loja: a do “Tyler”, do
Cobridor. E essa “escassez de espada” ainda pode ser vista nas Lojas americanas e
inglesas, mesmo quando no grau de Mestre Maçom.
Se você pensar bem, uma espada entre esquadro, compasso, régua, maço, cinzel,
nível, prumo, alavanca, é um objeto um tanto quanto estranho e dissonante. Isso
porque quem usa espada não é pedreiro.
E a espada flamejante? Ela tem tudo a ver com isso. Quem se ajoelha para ser
recebido e consagrado com uma espada sobre a cabeça definitivamente não é o
pedreiro, e sim o cavaleiro. E numa Loja em que todos têm uma espada, a espada da
sagração, visto ter exatamente o objetivo de “sagrar”, precisa ser "sagrada",
imaculada. Daí então, as Sagradas Escrituras serviram de inspiração para a adoção
duma Espada Flamejante, cujo porte pelos querubins imprime uma imagem sacra e o
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fogo simboliza purificação. Por isso, esqueça aquela baboseira escrita por um dos
grandes “sábios” da maçonaria brasileira, de que a espada flamejante é um “raio
jupteriano” que fulmina o candidato se encostar em sua cabeça. Pelo menos,
aconteceu comigo na minha iniciação e eu não morri!
No caso da Espada Flamejante, foi a espada ideal para que um Venerável Mestre,
no papel simbólico de um rei (Salomão) pudesse consagrar um candidato como
maçom, no velho e típico costume inglês de um rei ou rainha investindo um plebeu
como "sir". Talvez, se a Grande Loja dos Modernos não tivesse sido historicamente
governada por um membro da Família Real, isso nunca teria acontecido.
4.6. Avental
Esse avental possui uma abeta, que é uma herança do avental dos operativos.
Originalmente, durante o século XVIII, essa abeta era longa e possuía cordas como as
das laterais do avental, que servem para amarrar envolta da cintura. Mas no caso das
cordas da abeta, elas servem para amarrar envolta do pescoço, de forma a mantê-la
para cima.
Sabe-se disso também graças a Laurence Dermott, que fazia piada de uma das
modernizações implementadas pela Grande Loja dos Modernos. Enquanto a abeta do
Aprendiz sempre foi levantada, simbolizando que, ainda sem perícia e trabalhando
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com força bruta sobre a pedra bruta, precisava proteger-se das lascas; os Modernos
resolveram inovar, definindo que seus Aprendizes deveriam utilizar seus aventais com
a abeta para baixo, como usavam os Mestres Maçons dos Antigos. Daí Dermott
registrou que era fácil identificar um Aprendiz dos Modernos: faltava-lhes os dentes da
frente pois, sem saber o que fazer com as cordas da abeta, deixava-as arrastando no
chão e era comum que pisassem sobre as mesmas e caíssem de cara no chão!
Interessante observar que, quando da fusão das duas Grandes Lojas inglesas,
prevaleceu a forma de uso do avental pelo Aprendiz como na Grande Loja dos
Modernos. Isso pode ser observado nas lojas que adotam o trabalho de Emulação no
Brasil.
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AULA 5: Símbolos no Templo I
Deve-se ter em mente que o templo maçônico não é uma “réplica” ou uma
“miniatura” do Templo de Salomão. O templo maçônico na verdade é “simbolicamente
inspirado” no Templo de Salomão. Vejamos: Por um acaso, nossos templos possuem o
altar do holocausto com fogo? Os dez castiçais? As 400 romãs? A mesa de ouro para
pães? Vasos, bacias, colheres, varais e véus? Decoração com querubins, palmeiras e
flores?
Fica evidente que o templo maçônico não é uma cópia do Templo de Salomão,
recebendo apenas inspiração do mesmo. Essa inspiração está presente, por exemplo,
na orientação do Templo em Oriente, Ocidente, Norte e Sul; nas Colunas J e B, no Mar
de Bronze (presente em alguns Ritos).
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maçom, já que compreendiam que a Maçonaria poderia completar essa lacuna de uma
religião civil aos moldes de Rousseau.
Assim, a Sala da Loja, termo original das reuniões maçônicas, que em nada
tinha de sagrado e cuja única exigência era estar livre de olhos profanos, ganhou uma
cerimônia de sagração e, consequentemente, um significado sagrado, passando a ser
chamada de "Templo Maçônico". A Antessala passou a ser chamada de Átrio, o que
também é um termo típico de igreja.
Se você pensou algo parecido, saiba que muitos ritualistas ao longo dos últimos
séculos pensaram como você. Esses ritualistas também acharam o termo de certa
forma contraditório e foram substituindo-o ao longo do tempo. Hoje, vê-se
“quadrilongo” e até a aberração “retângulo alongado”! Ora, se é retângulo, então já é
alongado, não é mesmo?
Procure na bíblia a palavra “retângulo”. Aliás, não procure porque você não
encontrará. Isso não significa que não há objetos e construções retangulares descritos
na bíblia. Simplesmente, o termo não existia.
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quadrado, no sentido original, era toda forma geométrica de quatro lados formada por
ângulos retos. Quando os quatro lados eram do mesmo tamanho, o quadrado era
“quadrado perfeito”, e quando dois lados paralelos eram maiores que os outros dois,
era “quadrado oblongo”. A palavra retângulo veio surgir muito tempo depois.
Vitrúvio
O quadrado oblongo, como todo retângulo, pode ter qualquer tamanho, desde
que dois lados paralelos sejam maiores do que os outros dois. Um templo maçônico,
tendo a forma de um quadrado oblongo, também pode ter qualquer tamanho,
conforme o espaço físico, interesse e recursos financeiros permitem. Mas a questão
que interessa aos maçons é se há uma proporção correta a ser respeitada, como bem
sinalizou Vitrúvio, autor das primeiras obras que detalham as Ordens de Arquitetura,
tão importantes para a Maçonaria.
Nesse sentido, existem duas teorias:
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chamado de “Retângulo de Ouro”. Para se ter uma ideia de sua influência e aplicação
até nos dias de hoje, os cartões de crédito convencionais respeitam a Proporção
Áurea.
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“Porque o Aprendiz tem que ficar perto do Primeiro Vigilante,
que o instrui”.
Você pode estar se perguntando agora: Então, por que diabos os Vigilantes são
considerados responsáveis pela instrução de Aprendizes e Companheiros?
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pelo seu ingresso na Loja. É para isso que servem padrinhos, para garantir a formação
de seus afilhados!
Enfim, com base nessas observações, verifica-se que as respostas dadas sobre o
Aprendiz no Norte que são relacionadas à instrução dos Vigilantes não correspondem
com a verdade.
Quanto à reposta de que o Aprendiz fica na Coluna da Força para ganhar força
para o trabalho, isso é uma ofensa para a inteligência de cada maçom. Substituiremos
o maço e o cinzel por alteres, se assim for! O efeito será melhor para tal simbologia!
Isso está muito bem registrado nas instruções dos rituais mais antigos, mas se
perdeu na evolução de muitos ritos e na constante “revisão” que quase todos sofrem
constantemente.
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5.5. Olho que tudo Vê, Iod e G
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“Geometria” mantém sua letra inicial tanto nas línguas anglo-saxãs como nas latinas:
Geometry (inglês), Geometrie (holandês e alemão), Géométrie (francês), Geometría
(espanhol), Geometria (italiano e português).
O surgimento de novos significados para o “G” foi surgindo entre o século XVIII
e XIX, quando os intelectuais-maçons da época, achando a simbologia maçônica de
certa forma simplista, começam a inventar significados considerados por eles mais
profundos e adequados para os símbolos maçônicos e pegar emprestado símbolos de
outras fontes (astrologia, alquimia, cabala, templários, etc), criando novos rituais e
ritos.
Ao indicar num mesmo ritual que uma única letra tem 07 diferentes
significados, não relacionados entre si, os “sábios da maçonaria” daquela época, assim
como os de hoje, revelam uma informação importantíssima a todo maçom estudioso:
na tentativa de “florear” nossa simbologia, se mostram grandes incoerentes.
Sim, “G” era apenas “Geometria”. Pode não parecer muita coisa hoje, mas na
época era.
Mas essa saga da letra G ocorreu nos rituais anglosaxônicos. Os ritos latinos
foram desenvolvidos sobre a ideia de Rousseau de uma Religião Civil, ganhando muitos
aspectos religiosos. Assim, o G foi substituído por formas representativas do GADU: o
Iod e o Olho que tudo Vê.
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AULA 6: Símbolos no Templo II
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interpretação de que os lugares mais sagrados dos templos tinham o Pavimento
Mosaico. As escrituras e tradições também dão notícia de que o Santo dos Santos,
mais alto do que o restante do Templo, era delimitado por véus com franjas e borlas
(almiazar). Franjas e borlas eram usadas em sinal de respeito e devoção na época. Por
borlas, entende-se um adorno pendente. Uma herança dessa tradição ainda está
presente, por exemplo, nos populares lenços palestinos.
Até o final da Idade Média, não se sabia quais as cores desses antigos
Pavimentos Mosaicos. Porém, no século XVI, o Rei Henrique VIII autorizou a confecção
de um bíblia em inglês, surgindo então a chamada “Bíblia de Genebra”, por ter sido
feita naquela cidade. Essa versão traduzida trazia como novidade diversas ilustrações.
Entre elas, a do Templo de Salomão, que era ilustrado com um Pavimento Mosaico de
quadrados intercalados em preto e branco. É evidente que não havia outra forma de
ilustrar um pavimento colorido, pois a impressão na época era apenas em preto e
branco. Porém, com pouco tempo a visão do Pavimento Mosaico do Templo de
Salomão em preto e branco firmou-se como realidade. Dessa forma, quando do
surgimento dos templos maçônicos, inspirados no Templo de Salomão, o Pavimento
Mosaico em preto e branco foi adotado.
Enfim, as cores não tinham a simbologia da dualidade das forças. As cores eram
apenas porque essa era a ideia que se tinha do piso do Templo de Salomão. O próprio
Mackey, um dos maiores escritores sobre maçonaria de todos os tempos, confessou
isso em sua Enciclopédia Maçônica, declarando que, apesar de equivocada, é
adequada a interpretação do Pavimento Mosaico como a dualidade entre o bem e o
mal.
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Como se sabe, os primeiros templos maçônicos eram planos e sua
ornamentação precária. Por esse motivo, o retângulo onde se encontra o Altar dos
Juramentos, o qual simbolicamente representa o Santo dos Santos, não era elevado, o
que impedia de se ter uma Orla Dentada real. Por isso, a Orla Dentada precisava ser
desenhada ou pintada no chão, ao redor do Pavimento Mosaico. Com o tempo e a
forte presença do triângulo na simbologia maçônica, convencionou-se desenhar os
“dentes” da orla em formato de triângulos, e assim surgiu o que atualmente se vê na
maioria dos templos maçônicos espalhados pelo mundo.
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representa a comunhão de ideias e objetivos de todos os maçons, tendo suas borlas o
papel de representar que a Maçonaria é “dinâmica e progressista”. Não somente
discordaram um do outro como suas suposições estavam erradas.
Já as Três Luzes Menores são os três candelabros com velas, que iluminam as
Três Grandes Luzes. Elas estão presentes em diferentes disposições nos diferentes
ritos e rituais. Isso porque, enquanto os Antigos mantiveram-nas próximas das Três
Grandes Luzes, os Modernos a levaram para próximo dos Três Dirigentes da Loja: O
Venerável Mestre, o Primeiro Vigilante e o Segundo Vigilante, passando essas a
representá-los, que são comumente chamados de "Luzes da Loja".
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governa o dia e a Lua governa a noite, com igual regularidade deve o Venerável Mestre
governar a Loja. Em outras palavras, o Venerável Mestre não ocupa o cargo apenas
durante a reunião, devendo cumprir seu dever perante seus irmãos todos os dias, 24
horas por dia.
O fato que parece passar despercebido para muitos é que esse Sol e Lua são, na
verdade, um único símbolo. A mais clara evidência disso é que, seja na parede do
Oriente ou no Painel de Aprendiz, eles aparecem sempre juntos, em tamanhos iguais,
na mesma altura e de lados opostos. Nunca se vê apenas um ou o outro, porque se
trata de um símbolo só. Dessa forma, qualquer interpretação desses elementos
realizada de forma separada já é um grande erro.
É claro que cada tipo de circulação maçônica tem seu motivo de existir e sua
explicação. Mas, considerando a supremacia do REAA no Brasil e a quantidade de
material controverso publicado sobre o assunto, foquemos em sua circulação:
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ele diz “circulando, circulando!” e não “circumambulando, circumambulando!” ou
“circunvoluindo, circunvoluindo!”
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6.5. Painéis
Observe bem esses dois painéis e diga: qual deles é o painel de Aprendiz
Maçom do REAA?
Se você for procurar em algum Ritual que tenha sido baseado no editado por
Mário Behring em 1928, não se assuste. Você poderá se deparar com AMBOS os
Painéis no MESMO Ritual. Isso mesmo: procure nas primeiras páginas do Ritual e você
verá o 1° Painel, provavelmente com o título “Loja de Aprendiz”. Agora procure mais
próximo ao final do Ritual, antes das Instruções. Lá provavelmente você verá o 2°
Painel, com o título “Painel da Loja de Aprendiz”.
Então, qual é o Painel original do REAA? De onde saiu esse outro Painel?
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Já o 2° Painel, onde se vê as três colunas e a Escada de Jacó, é original da
Grande Loja Unida da Inglaterra. Trata-se do Painel de Aprendiz pintado por John
Harris em 1825, o qual tem servido de base para inúmeras coleções de painéis
utilizadas no âmbito daquela Grande Loja, inclusive em muitas Lojas trabalhando no
Ritual de Emulação, apesar da Emulation Lodge, mãe de tal Ritual, utilizar outra versão
dos painéis de John Harris, a versão de 1845.
Mas como esses Painéis do Ritual de Emulação foram parar dentro dos Rituais
do REAA?
Sempre há uma discussão por parte dos Irmãos se as Grandes Lojas deveriam
“corrigir” essa e outras modificações em seus Rituais. Porém, o entendimento
majoritário é de que não foram enganos, erros, e sim modificações intencionais de
Mário Behring, fundador das Grandes Lojas brasileiras. Tanto que a ilustração do
Painel original foi mantida no Ritual. Os rituais editados em 1928 foram frutos da
criação das Grandes Lojas, fazendo parte de suas histórias. Nesse ponto de vista, não
há porque modificá-los.
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AULA 7: Símbolos nas reuniões I: Vestimentas
7.1. Balandrau
Com todo o respeito ao saudoso Irmão Castellani e suas obras, que tanto
acrescentaram para a literatura e cultura maçônica brasileira, permita-nos discordar
de tal afirmação. Nos parece que se trata de teoria feita de forma inversa, ou seja,
apenas para justificar um costume arraigado, ao invés de buscar sua origem. Afinal de
contas, não existe qualquer indício de que os membros do Collegia Fabrorum ou
mesmo os maçons operativos medievais realmente utilizavam balandrau. Em que se
baseia essa afirmação? A impressão é de que apenas se afirmou o uso pelos membros
da maçonaria operativa para justificar o uso pelos maçons especulativos, sem qualquer
fundamento histórico para ilustrar tal teoria.
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e tido como rei de Nápoles. Os carbonários eram conhecidos pelo uso de uma túnica
preta com a imagem do punhal de São Constantino bordada no peito esquerdo – Sim,
um balandrau.
Uma das evidências que constata que o balandrau não teve origem no Collegia
Fraborum ou na maçonaria operativa é de que é um traje totalmente desconhecido na
maçonaria da Inglaterra, Irlanda, Escócia e Alemanha, países em que a maçonaria é tão
antiga e originária das antigas Guildas quanto na Itália, França e Portugal, ao mesmo
tempo em que esses primeiros não tiveram a presença da Carbonária em seus
territórios, enquanto Itália, França e Portugal tiveram.
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simbolicamente o balandrau, é totalmente falsa. Fica evidente a influência que a
Carbonária, através de Lucien Murat, exerceu sobre o Grande Oriente da França e,
conseqüentemente, sobre a Maçonaria Brasileira, sendo o balandrau o mais visível
indício disso.
7.2. Chapéu
Uma das obras de José Castellani declara que herdamos o chapéu preto dos
judeus ortodoxos, e que o chapéu em Loja é a “coroa maçônica”, influência da realeza
européia, usada pelo Venerável como símbolo de sua posição de liderança.
Se herdamos o chapéu dos judeus ortodoxos, será que não deveríamos adotar
também a circuncisão? Ou talvez as tranças nas orelhas e a barba longa?
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flores, ou de metal? Porque seria um chapéu preto de abas caídas (REAA) ou mesmo
uma cartola (Rito de York)? E por que todos os Mestres usariam em reuniões de
Mestre, se o representante do rei Salomão é apenas o Venerável?
7.3. Terno
Quase todas as Lojas no Brasil tem funcionamento na noite dos dias úteis, o
que obriga o maçom a, muitas vezes, ir direto do seu trabalho para a Loja. A
obrigatoriedade do terno preto com camisa branca e gravata preta ou outra cor
conforme rito acaba por atrapalhar a rotina de muitos membros, principalmente
aqueles que não adotam traje social em seus locais de trabalho ou utilizam uniformes
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em suas profissões. Muitas vezes, um maçom deixa de realizar visitas espontâneas a
outras Lojas por conta de estar com vestimenta não adequada.
Conforme Castellani, a adoção do terno preto não tem caráter simbólico, não
havendo significado para a cor do terno na Maçonaria. Não representa neutralidade ou
algo similar. O terno seria apenas um sinal de formalidade, de respeito à instituição,
similar ao sistema inglês, sendo a adoção do preto um reflexo da busca por
padronização.
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AULA 8: Símbolos nas reuniões II: Paramentos
8.1. Punhos
Mas se todos os Oficiais de uma Loja utilizam colar e avental, por que apenas os
Vigilantes e o Venerável Mestre utilizam os punhos? Aliás, qual a origem dos punhos?
Por que existem? Qual sua simbologia, significado? Quem deve usar, como e quando?
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rústicos maços, e em vez de belas e finas luvas, utilizavam as mesmas luvas grossas e
compridas usadas nas construções.
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Início XIX até atualmente
8.2. Aventais
Triplo Tau
Eu sinto muito informar, mas os três Taus vistos no avental dos Mestres
Instalados de muitos Rituais e Obediências não são “Taus”.
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Com a onda esotérica que tanto influenciou a Maçonaria durante os séculos
XVIII e XIX, deram a vários símbolos significados místicos, não-maçônicos, e o
esquadro-T foi uma dessas vítimas. Se fossem Taus, obviamente seriam posicionados
com as partes de duas extremidades voltadas para cima, e não para baixo como são.
Para não restar dúvidas, apresento imagem de obra de Assis Carvalho, “Ritos &
Rituais”, que replica o ritual do “Grande Oriente Brazileiro” datado de 1834 (antes
mesmo do Congresso de Lausanne), tipografia e impressão da lendária “Seignot-
Plancher”.
O nome do ritual era “Guia dos Maçons Escossezes ou Reguladores dos Tres
Gráos Symbolicos”.
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Apenas para reforçar, conforme o dicionário, “Escarlate” é: cor vermelha muito
viva.
É importante esclarecer que esta não é uma afirmação que alguma obediência
utiliza o avental “errado”. Seria um juízo de valor considerar que a mudança para o
avental azul foi certa ou errada, justificada ou não, e o objetivo definitivamente não é
esse. A intenção aqui é o resgate histórico, é a compreensão dos fatos, a elucidação
dos temas.
8.3. Faixas
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AULA 9: Simbologia das palavras I
Salmo 133:
Quão bom e quão agradável é para os irmãos habitarem juntos em união!
É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e
que desceu à orla das suas vestes.
Como o orvalho de Hermom, e como o orvalho que desceu sobre os montes de Sião,
pois ali o Senhor comandou a bênção, a vida para sempre.
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AARÃO: irmão mais velho de Moisés e primeiro Sumo Sacerdote de Israel,
através do qual se originou a linhagem de Sumos Sacerdotes. Aarão era o porta-voz de
Moisés (que possuía problemas de dicção, provavelmente gago ou fanho), e servia de
Orador dos judeus junto ao Faraó. Na tradição judaica, Aarão participou do episódio do
bezerro de ouro, porém, na tradição árabe ele não teve tal participação.
Conhecendo os elementos, pode-se compreender melhor a mensagem:
Os Irmãos que Davi se refere são, provavelmente, o povo de Israel, divididos
em suas tribos e espalhados entre Hermon e Sião (limites de Israel), mas todos vivendo
em união. Davi relembra então a unção de Aarão como o primeiro Sumo Sacerdote de
Israel, momento que selou o compromisso entre o povo de Israel e seu Deus. Dali
nasceu a nação que Davi representava e defendia. O óleo precioso que ungiu Aarão foi
derramado em sua cabeça e desceu pela sua barba, espalhando-se para as
extremidades de sua roupa. Tal unção, que abençoava Israel, podia ser vista também
em sua terra: a neve do cume de Hermon transforma-se em orvalho, que desce o
monte e se transforma em um ribeirão, Banias, o qual desagua no Rio Jordão, esse que
liga Hermon até a outra extremidade de Israel, os Montes de Sião, antes de desaguar
no Mar Morto.
Todas as tribos de Israel estavam espalhadas de Hermon a Sião, sempre
próximos às margens do Rio Jordão. “Jordão” significa exatamente isso, “que desce”. O
Rio Jordão, alimentado pelo orvalho de Hermon, desce até a extremidade sul de Israel,
Sião, distribuindo suas bênçãos, assim como o óleo precioso que desce da cabeça de
Aarão até a orla de suas vestes.
Por fim, Davi afirma que, Sião (Jerusalém) é “ungido” pelas águas que vem de
Hermon porque foi o lugar escolhido por Deus para que o povo judeu habite
eternamente conforme suas bênçãos.
Com esse Salmo, Davi disse ao seu povo que eles deviam permanecer unidos e
obedientes às ordens vindas de Sião, pois essa era a vontade de Deus desde a unção
de Aarão, comprovada pela benção da água, que sai do alto de um monte e percorre
190Km de distância, derramando bênçãos por onde passa, até chegar a Sião.
É muito claro o motivo das palavras de Davi: ele era apenas o segundo rei de
Israel, uma nação recente, ainda desestruturada, com muitas dificuldades, dividida em
muitas tribos e sujeita a muitas ameaças. Ele precisava manter um discurso de unidade
e esperança. Mas pelo jeito, os ritualistas ingleses, e em seguida os americanos,
desconsideraram esse contexto histórico e adotaram o Salmo 133 por conta das
palavras “irmãos” e “união”.
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AULA 10: Simbologia das palavras II
10.2. Huzzé
Não há registros de quando se começou a usar “Huzzé” nas Lojas, mas remonta
à Maçonaria Operativa.
Ao contrário do que afirma um dos maiores escritores maçônicos brasileiros,
Rizzardo da Camino, Huzzé não é uma palavra hebraica, e muito menos significa
“Acácia”. Na verdade, “acácia” em hebraico seria “shittah”.
O termo Huzzé parece vir do árabe, e significa “Viva”, tendo sido um dos tantos
termos incorporados pelos europeus como consequência da dominação e ocupação
árabe na Europa, que durou quase 800 anos (711 a 1492) . É adotado em substituição
ao termo latino “Vivat” e ao que foi tão utilizado na monarquia francesa “Vive”. O
termo Huzzé entrou para o vocabulário inglês com o escrito “HUZZAH” e seu
significado nos dicionários da língua inglesa é “aclamação medieval equivalente a
Viva!”. Trata-se de uma tríplice aclamação de alegria: “Huzzé, huzzé, huzzé!” significa o
mesmo que “Viva, viva, viva!”. Uma das variações derivada da tríplice aclamação Huzzé
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ficou popularizada como “Hip Hip Hurrah”, usado em aniversários e jogos, com o
mesmo sentido original “Viva, viva, viva!”.
Há ainda a teoria de Jack Weatherford de que Huzzé derivou-se da palavra
mongol “Hurree”, que significa “Aleluia”. Já de acordo com Jean Paul Rox, a origem é
turca. Os turcos usavam nas guerras, quando atacavam seus adversários: “Ur Ah!”.
A tríplice aclamação de Viva era oficialmente utilizada quando da coroação de
um novo Rei, tanto na França quanto na Inglaterra.
Ao que tudo indica, o escrito “Huzzé” nos rituais de língua portuguesa surgiu
para garantir a correta pronúncia do termo. Em Loja do REAA, a tríplice aclamação é
usada como forma de render graças ao GADU, e por isso é realizada logo após a
abertura e o fechamento do Livro da Lei. A tríplice aclamação também ocorre no Rito
Moderno, no Adoniramita e no Brasileiro, como herança da influência do REAA nos
mesmos. Porém, a tríplice aclamação nesses ritos varia para “Liberdade, Igualdade,
Fraternidade!” no Rito Moderno, “Vivat, Vivat, Vivat!” no Adoniramita e “Glória,
Glória, Glória!” no Rito Brasileiro.
Se “Huzzé” fosse realmente uma palavra hebraica que significasse “Acácia”,
faria algum sentido aclamá-la, ainda mais nos graus de Aprendiz e Comapanheiro? Não
faria sentido algum.
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seguinte significado para a palavra “trolha”: “operário que assenta e conserta
telhados”. Sendo assim, no bom e velho português, “trolhamento” é assentar e
consertar telhados. Já o termo “telhador” significa no mesmo dicionário “aquele que
telha”, e o verbo “telhar” significa “cobrir com telha”.
Sim, é exatamente isso que você pensou: se você mora em Lisboa e está com
uma goteira em casa, você chama “o trolha” pra consertar seu telhado. Ele faz um
“trolhamento”, ou seja, um exame para verificar onde está o problema, e então realiza
o conserto.
Dessa forma, pode-se entender que “telhamento” é fazer um telhado,
enquanto que “trolhamento” é consertar um telhado. Ora, o templo já está concluído.
O examinador apenas verificará se não há uma “telha” fora do lugar ou defeituosa, de
forma a evitar uma “goteira”. Então, qual é o termo que melhor se encaixa à ação do
examinador? Trolhamento. O examinador está sendo um “trolha”, assentando, ou
seja, avaliando se os visitantes têm o nível (grau) necessário para participarem dos
trabalhos, e impedindo assim a entrada de “uma goteira” em nosso lar maçônico.
Alguns desses escritores ainda sustentam essa tese de “telhamento”, dizendo
que em inglês, o Cobridor Externo é chamado de “Tiler” (termo que gerou o nome
Tyler) que, para eles, poderia ser traduzido como “telhador”, ou seja, quem constrói
telhados. Mas esse é apenas outro erro grave de pesquisas superficiais. O Dicionário
Cambridge de Língua Inglesa, um dos mais completos e respeitados, registra “tiler”
como “a person who fixes tiles to a surface”, ou seja, “uma pessoa que CORRIJE telhas
de uma superfície”. Conforme o mesmo dicionário, o termo em inglês para quem
constrói telhados é “roofer”.
Assim, ambos os termos, TROLHAMENTO e TELHAMENTO, são apropriados,
pois estão diretamente relacionados a cobertura (telhado). Não há certos e errados
nessa história.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Porém, ao longo da história, muitos autores maçons têm permitido com que
suas línguas, culturas, crenças e raças influenciem em suas interpretações dos
símbolos maçônicos, criando a partir daí novos significados e permitindo assim que o
entendimento universal entre os maçons venha sendo substituído por entendimentos
regionais.
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REFERÊNCIAS
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