STJ 202401584036 Tipo 91 245230493
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EMENTA
RELATÓRIO
Documento eletrônico VDA41622296 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS Assinado em: 21/05/2024 21:13:26
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É o relatório.
VOTO
Pretende a agravante seja reformada a decisão agravada, a fim de que seja trancado o
inquérito policial ou a ação penal ou seja revogada a prisão preventiva.
Contudo, a ela não assiste razão.
Esclareço, de início, que, de fato não foram encontrados entorpecentes com a
agravante, pois não se procedeu à busca pessoal, o que não invalida o raciocínio estabelecido na
decisão agravada, devendo as provas serem produzidas no âmbito da instrução, a fim de que esta
Corte, oportunamente, se pronuncie sobre elas.
Nesse contexto, a decisão agravada, amparada pela jurisprudência desta Corte,
merece subsistir por seus próprios e jurídicos fundamentos, a seguir integralmente reproduzidos:
"[...] Esta Corte - HC 535.063, Terceira Seção, Rel. Ministro Sebastião Reis Junior,
julgado em 10/6/2020 - e o Supremo Tribunal Federal - AgRg no HC 180.365,
Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/3/2020; AgRg no HC
147.210, Segunda Turma, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 -,
pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do
recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da
impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato
judicial impugnado.
Assim, passo à análise das razões da impetração, de forma a verificar a ocorrência de
flagrante ilegalidade a justificar a concessão do habeas corpus, de ofício.
No que se refere à alegada nulidade pela busca domiciliar, supostamente perpetrada
contra a paciente, entendo, no caso, não ser possível ao Superior Tribunal de Justiça,
nesta fase da persecução penal, debruçar-se sobre questão de natureza probatória
antes dos pronunciamentos definitivos das instâncias ordinárias, competentes para
examiná-las com profundidade, a fim de que delineiem os fatos para futuro exame do
Tribunal, mormente porque, a princípio, drogas compartimentadas foram encontradas
com o paciente, o que justificaria o ingresso domiciliar pelo vislumbre externo da
prática de crime.
Quanto à prisão preventiva da paciente, esta foi decretada sob os seguintes
fundamentos:
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à materialidade e autoria do delito – fumus comissi delicti – e de qualquer das
situações que justifiquem o perigo em manter o status de liberdade do indiciado –
periculum libertatis, quais sejam, garantia de aplicação da lei penal, conveniência da
instrução criminal, garantia da ordem pública ou econômica. Há, nos autos, elementos
indicadores da presença do fumus comissi delicti, dado os depoimentos colhidos no
bojo do auto prisional, agregado ao auto de apreensão e ao laudo pericial das
substâncias encontradas. In casu, a prisão preventiva é necessária notadamente porque
há gravidade in concreto na conduta supostamente perpetrada, haja vista a quantidade,
variedade e natureza das drogas apreendidas (mais de meio quilo de maconha e quase
5kg de cocaína -substância altamente nociva a sociedade e ao usuário, dada a sua alta
toxicidade e a rápida dependência provocada). Outrossim, se infere que já havia
investigações acerca da acusada, consoante relatório de investigação acostado, e
alguns dos bilhetes apreendidos fazem referência a valores e expressões relacionadas a
drogas. Neste contexto, há indicativo de certa imersão nesta prática delitiva, a
princípio incompatível com a figura do traficante eventual. Nesta senda, verifica-se a
presença do fundamento da garantia da ordem pública, sendo a aplicação de medidas
cautelares diversas da prisão inadequadas e insuficientes ao caso concreto, dada as
circunstâncias ora retratadas, que denotam periculosidade social da agente. [...].
Outrossim, encontra-se atendido o requisito objetivo previsto no art. 313, I, do CPP, já
que se trata de crime doloso punido com pena privativa de liberdade máxima superior
a 4 (quatro) anos. Desta feita, atenta a necessidade de se acautelar o meio social, eis
que presente o fundamento da garantia da ordem pública, CONVERTO EM
PREVENTIVA a prisão de LARISSA MARQUES BARRETO [...]. Serve a presente
decisão como MANDADO DE PRISÃO, a ser devidamente anotado no BNMP." (e-
STJ, fls. 106-108).
De acordo com o art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva poderá
ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado
pelo estado de liberdade do imputado.
Quanto aos fundamentos da prisão preventiva acima explicitados, aos quais adiro
integralmente, a razão essencial que justifica a manutenção da custódia cautelar é a
quantidade de drogas apreendidas (5kg de cocaína e 500g de maconha), condição
que, nos termos da jurisprudência desta Corte, malfere a ordem pública. No mesmo
sentido, os seguintes precedentes:
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prisão em razão da "vasta quantidade de entorpecentes localizados (mais de 1kg de
crack e cocaína) e a diversidade de drogas apreendidas, boa parte fracionada e pronta
para o comércio. Prisão preventiva mantida para resguardar a ordem pública. Julgados
do STJ.4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no HC n. 869.658/MG,
relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 5/12/2023,
DJe de 11/12/2023.)
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