Sistemas Trifasicos

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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA “PIO DÉCIMO” S/C LTDA.

FACULDADE “PIO DÉCIMO”


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
DISCIPLINA: SISTEMAS ELÉTRICOS I
Prof. José Valter A. Santos

SISTEMAS TRIFÁSICOS

Aracaju, Fevereiro de 2009


Sistemas Trifásicos

1. GERAÇÃO DE TENSÕES SENOIDAIS

Em Engenharia Elétrica é freqüente e intenso o trabalho com tensões e correntes alternadas


senoidais. Sua utilização apresenta inúmeras vantagens técnicas e econômicas, dentre as quais destacam-
se: facilidade de geração, facilidade de transmissão e tratamento matemático.
A obtenção de uma força eletromotriz (fem) senoidal pode ser explicada com auxílio de um
gerador elementar no qual:
a) Uma bobina se move no interior de um campo magnético fixo;
b) Um campo magnético se movimenta e enlaça uma bobina estacionária;
O gerador elementar mostrado na Figura 1 é representativo do caso (b) mencionado acima.

Figura 1: Gerador elementar de CA

A bobina de terminais a –a’, constituída de N espiras, está disposta na parte fixa do gerador,
denominada estator. Uma bobina alimentada por uma corrente contínua, ou um imã permanente,
proporciona um fluxo constante φ e é a parte móvel, denominada rotor. Este gira à velocidade angular
constante ω, no sentido indicado na Figura 1. Em cada instante, a posição do rotor é definida pelo ângulo
α, formado entre a reta que define a direção do fluxo e o eixo da bobina do estator. Sendo t o tempo
transcorrido desde o instante inicial, o ângulo α passa a ser definido por:

α = ω ⋅t (1)
De acordo com a lei de Faraday, a movimentação do rotor vai provocar o surgimento de uma
fem na bobina fixa, fem esta que varia no tempo e é expressa por:


e = −N (2)
dt
O fluxo φ, devido ao rotor, tem duas componentes, a saber:
1) φ cos α , perpendicular ao plano que contém a bobina;
2) φsenα , paralela ao plano que contém a bobina; esta componente não contribui para a
indução da fem na bobina do estator porque não corta suas espiras.
Partindo da equação 2, a fem induzida na bobina é obtida por:

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e = −N
d
(φ cosα ) = Nφω ⋅ senωt (3)
dt
Como N, φ, ω são grandezas supostas constantes, pode-se englobá-las numa constante única
fazendo E m = Nφω . Portanto é válido escrever:

e = E m senωt (4)
À medida que o rotor gira, partindo de α =0, os terminais a e a’ da bobina tornam-se
alternadamente, positivo e negativo, um em relação ao outro. Resulta então a fem cuja representação está
mostrada na Figura 2.

Figura 2: Forma de onda da fem induzida


Considere a senóide cujo ciclo está mostrado na Figura 2. Podemos matematicamente
representá-la por:

e = Em senωt = Em sen t (5)
Τ
Onde:
e → Valor instantâneo da senóide;
Em → Amplitude;
f → Freqüência;
Τ → Período;
ω → Velocidade Angular.

Fase ou ângulo de fase, de uma onda senoidal é o ângulo medido desde ponto zero sobre a
onda até o ponto inicial da contagem do tempo; na Figura 3, é o ângulo θ . Então uma senóide com ângulo
de fase θ será expressa por:
e = Em sen(ωt + θ ) (6)
Observe que o ângulo de fase está incluído como parte do argumento da senóide e faz com
que no instante t = 0 a função assuma qualquer valor entre + E m e − Em . Note-se, ainda, que o
argumento ωt + θ deve ser apropriadamente expresso em uma única unidade de ângulo.

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Figura 3: Ângulo de fase


Diferença de fase ou ângulo de diferença de fase, é a diferença entre os ângulos de fase de
duas senóides de mesma freqüência, como mostra a figura 4.
No caso, têm-se duas ondas senoidais expressas por:
v(t ) = Vm sen(ωt + θ )
(7)
i (t ) = I m sen(ωt + β )

Figura 4: Defasagem angular entre duas senóides

A diferença de fase entre as grandezas v(t ) e i (t ) é dada por φ =θ − β e é independente do


instante inicial considerado. Diz-se, para a figura citada, que a forma de onda v(t ) está adiantada do
ângulo φ em relação a i (t ) ou, o que é o mesmo, a grandeza i (t ) está atrasada do ângulo φ em relação
a v(t ) .

Exemplo 1:

Considere as seguintes grandezas senoidais:

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v1 (t ) = 1sen(ωt − 20º )
v 2 (t ) = 2sen(ωt + 10º )
v3 (t ) = 2,5sen(ωt − 20º )
Determine a diferença de fase entre as grandezas quando se toma:
a) v1 (t ) como referência;
b) v2 (t ) como referência;
Solução:
a) Tomando-se a forma de onda v1 (t ) com a referência, nota-se que a grandeza v2 (t ) está
adiantada de 30º em relação à v1 (t ) , e v3 (t ) está em fase com v1 (t ) .
b) Tomando-se agora v2 (t ) como referência, pode-se ver que v1 (t ) ou v3 (t ) estão atrasadas de 30º
em relação à v2 (t ) .

2. FASORES

No trato de circuitos de corrente alternada em regime permanente, surge a todo instante a


necessidade de se efetuar operações algébricas de duas ou mais senóides de mesma freqüência sendo que,
normalmente, essas senóides diferem em amplitude e fase. Tais operações são muito trabalhosas e a idéia
de simplificá-las, exposta a seguir, foi proposta por Charles P. Steinmetz, em 1893.
Levando-se em conta a identidade de Euler:
e jωt = cos ωt + jsenωt (8)
onde j Δ − 1
Pode-se expressar uma senóide da seguinte maneira:
( )
i(t ) = I m senωt = Im ag I m e jωt = Im ag (I m cos ωt + jI m senωt ) (9)
Na equação 9, Imag significa “Parte Imaginária de”.
A função exponencial e jωt pode ser considerada como um operador rotacional, de amplitude
unitária. Quando aplicado a uma grandeza, ele faz girar com velocidade angular ω. Desta forma, os
valores instantâneos de uma função senoidal podem ser obtidos projetando-se sobre um eixo vertical à
origem dos tempos, o extremo A de um segmento OA , que gira em torno de um ponto O, com velocidade
angular ω , conforme mostra a Figura 5.

Figura 5: Projeção instantânea do segmento OA sobre um eixo vertical

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A velocidade angular do segmento OA deve ser tal que se descreva uma rotação completa no
tempo T que representa o período as senóide em questão. O segmento OA deve ainda ser tomado igual à
amplitude da senóide representada.
Considere, agora, um sinal senoidal da forma:
r (t ) = Rm sen(ωt + θ ) (10)
Ele pode ser expresso por:
r (t ) = Im ag [Rm cos(ωt + θ ) + jRm sen(ωt + θ )] =
[ ] [
= Im ag Rm e j (ωt +θ ) = Im ag Rm e jωt e jθ = ]
⎡R ⎤
= 2 Im ag ⎢ m e jωt e jθ ⎥ = 2 Im ag Re jωt [ ]
⎣ 2 ⎦
Onde:
Rm jθ Rm
RΔ e = ∠θ = R∠θ (11)
2 2
É definido como FASOR de r (t ) . Esta é denominada representação polar do fasor, ilustrada
pela Figura 6.

Figura 6: Representação gráfica do FASOR


Exemplo 2:
Apresente o fasor da função: s (t ) = 141,4 sen(ωt + 50 )
141,4
Solução: S = ∠50º = 100∠50º
2
Exemplo 3:
Sabendo-se que a freqüência é de 60Hz, obtenha e expressão da senóide cujo fasor é S = 200∠45º .
Solução:
s (t ) = S 2 sen(ωt + 45º ) = 200 2 sen(2πft + 45º ) =
= 282,2 sen(377t + 45º )
Exemplo 4:
Obtenha a soma de três correntes senoidais que chegam a um nó de um circuito, expressas por:
i1 = 5 2 senωt
i2 = 6 2 sen(ωt + 30º )
i3 = 8 2 sen(ωt − 90º )
Apresente o diagrama fasorial correspondente.

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Solução: O uso de fasores na forma retangular facilita as operações de soma e/ou subtração. Então:
I1 = 5∠0º
I 2 = 6∠30º = 5,196 + j 3
I 3 = 8∠ − 90º = 0 − j8
Para fasor resultante tem-se: I1 + I 2 + I 3 = 11,36∠ − 26,12º
E a corrente correspondente é: i (t ) = 16,06 sen(ωt − 26,12 ) A
A Figura 7 apresenta o diagrama fasorial correspondente.

Figura 7: Diagrama fasorial do exemplo 4

3. SISTEMAS POLIFÁSICOS

Sistema polifásico é aquele constituído de duas ou mais tensões. Sua utilização mais comum
ocorre na geração e transmissão de energia elétrica, através do sistema trifásico. Outras formas, como
sistemas hexafásicos e dodecafásicos, são bastante encontradas em aplicações que envolvem obtenção de
tensões retificadas. Na área de transporte de energia estuda-se a viabilidade de conversão de circuitos
duplos trifásicos em circuitos hexafásicos.
A quase totalidade dos geradores modernos é trifásica. Três fases são igualmente preferidas
quando se trata de transmitir grandes quantidades de potência. De modo geral, equipamentos e aparelhos
trifásicos são mais eficientes que os monofásicos.
Define-se como sistema polifásico equilibrado e simétrico a n fases, um sistema do tipo:
v1 = Vm senωt
⎛ 2π ⎞
v2 = Vm sen⎜ ωt + ⎟
⎝ n ⎠
⎛ 2π ⎞
v3 = Vm sen⎜ ωt + 2 ⎟ (12)
⎝ n ⎠
...................................
⎛ 2π ⎞
vn = Vm sen⎜ ωt + (n − 1) ⎟
⎝ n ⎠
onde n é um número inteiro qualquer, não menor que 3. observe que o conceito de equilíbrio tem, aqui,
idéia de simetria. Não será equilibrado, do ponto de vista elétrico, o sistema cuja soma das tensões NÃO

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seja nula; é necessário ainda, que tais tensões sejam defasadas entre si pelo mesmo ângulo, o que implica
em certa simetria.
No caso particular de um sistema trifásico tem-se n=3 e, portanto:
v1 = Vm senωt
⎛ 2π ⎞
v2 = Vm sen⎜ ωt + ⎟ (13)
⎝ 3 ⎠
⎛ 4π ⎞
v3 = Vm sen⎜ ωt + ⎟
⎝ 3 ⎠
Vm
ou na forma fasorial, sendo V = :
2
V1 = V∠0
V2 = V∠ 2π
3
V3 = V∠ 4π
3
A Figura 8(a) mostra a variação, no tempo, das tensões integrantes da equação 13 e a Figura
8(b) apresenta a sua representação fasorial.

Figura 8: Tensões trifásicas: a) variando no tempo; b) representação fasorial.

4. OBTENÇÃO DE SISTEMAS POLIFÁSICOS

Considere o gerador elementar polifásico, mostrado na Figura 9. Trata-se, mais precisamente,


de um gerador CA trifásico, servindo bem para mostrar como são geradas tensões polifásicas. As bobinas
a, b e c, de terminais identificados por aa’, bb’ e cc’, são supostas idênticas, de N espiras cada uma, e
estão dispostas no estator defasadas entre si de 120 graus. O rotor é constituído por um imã ou por
bobinas excitadas por corrente contínua. O rotor proporciona fluxo constante φ e gira à velocidade angular
constante ω. Em cada instante a posição do rotor pode ser definida pelo ângulo α = ωt , assinalado a
partir do eixo da bobina aa’. As componentes do fluxo paralelas as plano que contém as bobinas nas
induzem tensão nas mesmas, restam as componentes perpendiculares, a saber:

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φa = φ cos α
φb = φ cos(α + 120º ) (14)
φc = φ cos(α − 120º )

Figura 9: Gerador Trifásico


De acordo com a lei de Faraday, as fem induzidas nas bobinas a, b e c, são respectivamente:
ea = Em senωt
eb = Em sen(ωt + 120º ) (15)
ec = Em sen(ωt − 120º )

5. SEQUENCIA DE FASES

Seqüência de fases de um sistema polifásico é a ordem pela qual as tensões passam pelo seu
valor máximo. Em um sistema de n fases, a quantidade possível de seqüências de fases é obtida por:

= (n − 1)!
n!
(16)
n
Observa-se pela Figura 9, que as tensões passam por seus máximos na seguinte ordem: a, c
,b. Portanto, a seqüência de fases é, no caso, a, c, b (ou c, b, a; ou ainda b, a, c que estão no sentido de
giro). Caso ocorresse uma inversão no sentido de rotação do alternador mostrado na Figura 9, teríamos a
inversão da seqüência de fases, que passaria a ser a, b, c (ou b, c, a; ou ainda c, a, b). É comum chamar-
se a seqüência a, b, c de seqüência direta ou positiva; e c, b, a é usualmente chamada de seqüência
inversa ou seqüência negativa.
Para inverter a seqüência de fases de um sistema trifásico, basta trocar entre si as posições de
duas fases quaisquer.
O sentido de rotação dos motores de indução trifásicos depende da seqüência de fases das
tensões aplicadas. Ao se inverter a seqüência de fases das tensões aplicadas, inverte-se o sentido do
campo magnético girante e, em conseqüência, inverte-se o sentido da rotação do motor.
Nos sistemas trifásicos equilibrados, a inversão da seqüência de fases modifica os ângulos de
fase das tensões e correntes, mas não altera os seus módulos. Nos sistemas trifásicos desequilibrados, a
inversão da seqüência de fases modifica o módulo e os ângulos de fase das tensões e correntes em jogo.

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Exemplo 5:
Um sistema trifásico simétrico tem seqüência de fase B-A-C e Vc = 220∠40 V . Determinar as tensões Va e
Vb.
Solução: Sendo a seqüência de fase BAC, a primeira tensão a passar pelo valor máximo será vb, a qual será
seguida, na ordem, por va e vc, portanto deverá ser:
⎛ 2π ⎞ ⎛ 4π ⎞
vb = Vm cos(ωt + θ ) va = Vm cos⎜ ωt + θ − ⎟ vc = Vm cos⎜ ωt + θ − ⎟
⎝ 3 ⎠ ⎝ 3 ⎠
em que θ representa o ângulo inicial ou a rotação de fase em relação à origem. No instante t=0, teremos:
⎛ 2π ⎞ ⎛ 4π ⎞
vb = Vm cos θ va = Vm cos⎜θ − ⎟ vc = Vm cos⎜θ − ⎟
⎝ 3 ⎠ ⎝ 3 ⎠
Vm
Sendo V = , fasorialmente teremos
2
Vb = V∠θ Va = V∠θ − 2π Vc = V∠θ − 4π
3 3
Por outro lado, sendo dado Vc = 220∠40 V , resulta
V = 220V ; θ + 120 = 40 ; então: θ = −80º
e portanto,
Vb = 220∠ − 80 V Va = 220∠ − 200º V Vc = 220∠40º V

Chegaríamos ao mesmo resultado raciocinando com o diagrama fasorial. De fato, lembramos que o valor
instantâneo de uma grandeza cossenoidal é dado pela projeção do fasor que a representa sobre o eixo
real, fazendo com que os fasores girem no sentido anti-horário com velocidade angular ω. Evidentemente,
poderemos imaginar os vetores girantes fixos e o eixo real girando com velocidade angular ω no sentido
horário. Em tais condições, a origem deverá sobrepor-se consecutivamente a Vb, Va e Vc, ou seja, Vb está
adiantado de 120º sobre Va, e este está adiantado de 120º sobre Vc. portanto deverá ser:
Va = 220∠120 + 40 = 220∠160 = 220∠ − 200 V
Vb = 220∠ − 200 + 120 = 220∠ − 80º V

Figura 10: Diagrama de fasores para o exemplo 5

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6. OPERADOR α

Ao definirmos sistemas trifásicos, vimos que, entre as grandezas que os caracterizam, há uma
rotação de fase de ± 120º ; portanto é bastante evidente que pensemos num operador que, aplicado a um
fasor, perfaça uma rotação de fase. Assim, definimos como operador α, que é um número complexo de
módulo unitário e argumento 120º, de modo que, quando aplicado a um fasor qualquer, transforma-o em
outro de mesmo módulo e adiantado de 120º, em outras palavras,
1 3
α = 1∠120 = − + j (17)
2 2
No tocante a potenciação, o operador α possui as seguintes propriedades:
α 1 = 1∠120
α 2 = α ⋅ α = 1∠ − 120
α 3 = α 2 ⋅ α = 1∠0
α 4 = α 3 ⋅ α = 1∠120
Genericamente:
α 3n = (α 3 ) = α 0 = 1∠0
n

α 3n+1 = α 3n ⋅ α = 1∠120
α 3n+2 = α 3n ⋅ α 2 = 1∠ − 120
onde n é um número inteiro, positivo e maior ou igual a zero.
Além disso, observamos que:
1
α −3n = =α0
α 3n

1 α3
α −(3n+1) = = =α2
α (3n+1) α
1 α3
α −(3 n + 2 ) = (3 n + 2 ) = 2 =α
α α
Além dessas, o operador α possui ainda a propriedade:
1+α +α 2 = 0 (18)
que é muito importante e será muito utilizada no decorrer de nossos estudos.

7. TENSÕES E CORRENTES EM CIRCUTOS POLIFÁSICOS EQUILIBRADOS

Sejam duas redes A e B, interligadas por n+1 condutores, conforme a Figura 11. Um dos
condutores, o mais inferior no desenho, servirá de ponto de referência para as tensões; é denominado
neutro e identificado pela letra n. Os demais condutores são chamados fases e recebem letras individuais
para caracterizá-los.
Tendo por base a Figura 11, define-se como:
9 Tensão de fase (ou tensão fase–neutro) Vf – a tensão existente entre qualquer
condutor fase e o neutro (exemplo: Vf=Van);
9 Tensão de linha (ou tensão fase–fase) Vl – a tensão existente entre duas fases
quaisquer (exemplo: Vl=Vab);

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9 Corrente de linha – a corrente que circula entre as duas redes (exemplo: Il=Ia);
9 Corrente de fase If – a corrente que circula em cada impedância que compõe a carga
(será vista mais adiante, na abordagem dos tipos de ligação de cargas em sistemas
polifásicos);
9 Corrente de neutro – corrente que percorre o condutor neutro; no caso, In.

Figura 11: Redes polifásicas interligadas por n+1 condutores

As tensões de fase da Figura 11 podem ser escritas:


Van = Van ∠θ a
Vbn = Vbn ∠θ b
...................... (19)
......................
Vγn = Vγn ∠θ γ
As correntes indicadas na citada Figura são:
I a = I a ∠β a
I b = I b ∠β b
...................... (20)
......................
I γ = I γ ∠β γ
No neutro a corrente é:
I n = I n ∠β n (21)
As correntes devem satisfazer à Lei de Kirchhoff das correntes:
I a + I b + I c + ......... + I γ + I n = 0 (22)

Em um sistema polifásico de n fases, diz-se que as tensões são equilibradas quando


360º
apresentam o mesmo módulo e estão defasadas de . Analogamente, diz-se que as correntes são
n
360º
equilibradas quando apresentam o mesmo módulo e estão defasadas de .
n
O cálculo das tensões de linha (ou tensões de fase) pode ser efetuado com a aplicação da Lei
de kirchhoff das tensões (ver Figura 11):

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Vij = Vin − V jn = Vi ∠θ i − V j ∠θ j (23)

Tratando-se de sistema polifásico de tensão de mesma amplitude, tem-se:


Vi = V j = V f
E a equação 23 torna-se:
Vij = V f (1∠θ i − 1∠θ j ) =
[
= V f (cos θ i − cos θ j ) + j (senθ i − senθ j )] (24)

Calculando-se o módulo de Vij obtido pela igualdade 24 e introduzindo-se as identidades trigonométricas,

cos 2 A + sen 2 A = 1
cos( A − B ) = cos A ⋅ cos B + senA ⋅ senB
Chega-se a:
Vij = Vij = V f 2 − 2 cos(θ i − θ j )
E então:
[
Vi = Vij = V f 2 1 − cos(θ i − θ j ) ]
Exemplo 6:
Determine o módulo das tensões de linha de um sistema trifásico equilibrado cujo módulo da tensão de
fase é Vf e cuja seqüência de fases é ABC.
360
Solução: para n=3 tem-se: θ i −θ j=
= 120º
3
Portanto: Vij = V f 2(1 − cos120) = 3 ⋅ V f
Exemplo 7:
Na Figura 12 está representado o diagrama fasorial das tensões de fase de um sistema hexafásico. O
módulo da tensão de fase é V. Determine os módulos das tensões de linha entre a fase a e cada uma das
fases restantes.

Figura 12: Sistema hexafásico

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Solução:
⎛ 1⎞
Vab = V 2⎜1 − ⎟ = V
⎝ 2⎠
⎛ 1⎞
Vac = V 2⎜1 + ⎟ = 3 ⋅ V
⎝ 2⎠
Vad = V 2(1 + 1) = 2 ⋅ V
Vae = Vac
Vaf = Vab

8. FATOR DE POTÊNCIA DE CIRCUITOS POLIFÁSICOS EQUILIBRADOS

Por definição, o fator de potência de um sistema polifásico equilibrado é o cosseno do ângulo


entre tensão de fase e corrente de fase, qualquer que seja o tipo de ligação da carga. Supondo-se que o
sistema polifásico apresentado na Figura 11 equilibrado e simétrico, tenha Van como referência e seqüência
de fases direta (ABC...... γ ). Pode-se então escrever:
Van = Vbn = ....... = Vγn = V f (25)

e mais,
θa = 0
θ b = −δ
θ c = −2δ
.
.
.
θ γ = −(n − 1)δ
De modo análogo, para as correntes de fase:
I a = I b = I c = ......... = I γ = I f (26)

e mais:
φa = φb = φc = ... = φγ = θ a − β a (27)
onde o fator de potência do sistema é cos φa .
A Figura 13 mostra o diagrama fasorial correspondente ao circuito representado na Figura 11, tendo-se
adotado por conveniência, a tensão Van como referência.

Figura 13: Diagrama fasorial correspondente à Figura 11

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9. POTÊNCIA EM CIRCUITOS POLIFÁSICOS EQUILIBRADOS

A obtenção de potência ativa em sistemas polifásicos equilibrados tem por base os cálculos por
fase. Sendo Vf o módulo da tensão de fase, If o módulo da corrente de fase, e φf o ângulo entre tensão e
corrente, a potência por fase é Pf = V f I f cos φ f . A potência ativa e todas as n fases de um sistema

polifásico será:
Pnf = nPf = nV f I f cos φ f (28)

Por analogia, para a potência reativa e a potência aparente pode-se escrever:


Qnf = nV f I f senφ f (29)
S nf = nV f I f (30)

A potência complexa que na Figura 11 flui da rede A para a rede B é expressa por:
* * * *
S nf = V an I a + V bn I b + V cn I c + ...... + V γn I γ =
γ γ (31)
∑V I = ∑Sk
*
kn k
k =a k =a

onde:
V kn = Vkn ∠θ k
I k = I k ∠β k
S k = Vkn ⋅ I k ∠θ k − β k = Vkn ⋅ I k ∠φk
Obs: As grandezas que aparecem com a barra acima da letra representativa são fasores (módulo e fase). As grandezas que não
aparecem com a barra acima da letra representativa são módulos (só a magnitude).

Resultando para as potências ativa e reativa, as expressões que seguem:


γ
Pnf = ∑ Vkn ⋅ I k ⋅ cos φk (32)
k =a
γ
Qnf = ∑ Vkn ⋅ I k ⋅ senφk (33)
k =a

10. SISTEMAS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS – LIGAÇÃO EM ESTRELA

Suponhamos que seja alimentadas a partir dos terminais da três bobinas do item precedente,
três impedâncias quaisquer, Z = Z∠ϕ = R + Xj , porém iguais entre si (carga equilibrada). É evidente
que os três circuitos assim constituídos (Figura 14) formam três circuitos monofásicos, nos quais circularão
as correntes:
E AN A E + 0 j E
IA = = = ∠ −ϕ (34)
Z Z∠ϕ Z

E BN B E∠ − 120 0 E
IB = = = ∠ − 1200 − ϕ (35)
Z Z∠ϕ Z

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E CN C E∠120 0 E
IC = = = ∠120 0 − ϕ (36)
Z Z ∠ϕ Z

Figura 14: Sistema trifásico com gerador e carga ligados em estrela

Isto é, nos três circuitos circularão correntes de mesmo valor eficaz e defasadas entre si de
0
120 .
Observamos que os três circuitos são eletricamente independentes, e, portanto podemos
interligar os pontos NA, NB e NC, que designaremos por N sem que isso venha a causar qualquer alteração
nos mesmos. Por outro lado, observamos que os pontos N’A, N’B e N’C estão ao mesmo potencial que o
ponto N; logo, podemos interligá-los designando-os por N’
A corrente que circula pelo condutor NN’ é dada por
I NN ' = I A + I B + I C = 0 (37)
pois as três correntes aferentes ao nó N’ têm o mesmo valor eficaz e estão defasadas entre si de 1200.
Frisamos que poderíamos ter chegado à mesma conclusão observando que os pontos N e N’ estão no
mesmo potencial.
O condutor que interliga os pontos N e N’ recebe o nome de fio neutro. Como a corrente que
o percorre é nula, poderia ser retirado do circuito.
Ao esquema de ligação assim obtido é dado o nome de circuito trifásico simétrico com
gerador ligado em estrela (Y) e carga equilibrada em estrela (Y), dando-se o nome de centro
estrela ou ponto N ou N’.

10.1. Relação Entre os Valores de Linha e de Fase Para a Ligação em Estrela

De acordo com as definições apresentadas em itens precedentes, podemos preencher a Tabela


1, na qual apresentamos todos os valores de linha e de fase para o circuito da Figura 14-b.

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VALORES DE FASE VALORES DE LINHA


Gerador Carga Gerador Carga
Tensão Corrente Corrente Tensão Corrente Tensão Corrente Tensão
IAN VAN IA’N’ VA’N’ IA VAB IA VA’B’
IBN VBN IB’N’ VB’N’ IB VBC IB VB’C’
ICN VCN IC’N’ VC’N’ IC VCA IC VC’A’
Tabela 1: Grandezas de fase e de linha (em módulo) em um sistema trifásico simétrico e equilibrado ligado em estrela

Passemos agora a determinar as relações existentes entre os valores de fase e de linha.


Iniciamos por observar que, para a ligação em estrela. As correntes de linha e de fase são iguais.
Para a determinação da relação entre as tensões, adotaremos um trifásico com seqüência de
fase direta, ou seja,
⎡V AN ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥
VAN = ⎢V BN ⎥ = V AN ⎢⎢α 2 ⎥⎥
⎢V CN ⎥ ⎢⎣ α ⎥⎦
⎣ ⎦
As tensões de linha são dadas por:
V AB = V AN − V BN
V BC = V BN − V CN
V CA = V CN − V AN
Utilizando a notação de matrizes, teremos:
⎡V AB ⎤ ⎡1⎤ ⎡α 2 ⎤ ⎡1−α 2 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
VAB = ⎢V BC ⎥ = V AN ⎢⎢α 2 ⎥⎥ − V AN ⎢ α ⎥ = V AN ⎢α 2 − α ⎥
⎢V CA ⎥ ⎢⎣ α ⎥⎦ ⎢1⎥ ⎢ α −1 ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Salientamos, porém que,
⎛ 1 3 ⎞ ⎛ 3 1 ⎞
1 − α 2 = 1 − ⎜⎜ − − j ⎟⎟ = 3 ⎜⎜ + j ⎟⎟ = 3∠30º
⎝ 2 2 ⎠ ⎝ 2 2 ⎠
( )
α 2 − α = α 2 1 − α 2 = α 2 3∠30º
α − 1 = α (1 − α 2 ) = α 3∠30º
Portanto
⎡V AB ⎤ ⎡ 1 ⎤ ⎡V AN 3∠30º ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
VAB = ⎢V BC ⎥ = VAN 3∠30º ⎢⎢α 2 ⎥⎥ = ⎢V BN 3∠30º ⎥ (38)
⎢V CA ⎥ ⎢⎣ α ⎥⎦ ⎢V CN 3∠30º ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Da equação 38, observamos que, para um sistema trifásico simétrico e equilibrado, na ligação estrela, com
seqüência de fase direta, passa-se de uma das tensões de fase à de linha correspondente multiplicando-se
o fasor que a representa pelo número complexo 3∠30º .

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Sistemas Trifásicos

Exercício proposto: Encontre a relação entre as tensões de fase e de linha para um sistema trifásico
simétrico e equilibrado, na ligação estrela, com seqüência de fase inversa.

Exemplo 8:
Uma carga equilibrada ligada em estrela é alimentada por um sistema trifásico simétrico e equilibrado com
seqüência de fase direta. Sabendo-se que V BN = 220∠58º V , pedimos determinar:
a) As tensões de fase na carga;
b) As tensões de linha na carga.

Solução:
a) Sendo um trifásico simétrico, com seqüência de fase direta e partindo da fase B, as outras tensões de
fase são:
V CN = 220∠ − 62º V V AN = 220∠178º V
Usando a notação de matrizes teríamos:
⎡V BN ⎤ ⎡1⎤ ⎡ 1 ⎤ ⎡ 220∠58º ⎤
⎢ ⎥
VBN ⎢ 2⎥
= ⎢V CN ⎥ = V BN ⎢α ⎥ = 220∠58º ⎢⎢α 2 ⎥⎥ = ⎢⎢220∠ − 62º ⎥⎥
⎢V AN ⎥ ⎢⎣ α ⎥⎦ ⎢⎣ α ⎥⎦ ⎢⎣ 220∠178º ⎥⎦
⎣ ⎦
b) da equação 38, temos:
V AB = 220∠178º⋅ 3∠30º = 380∠208º V
V BC = 220∠58º⋅ 3∠30º = 380∠88º V
V CA = 220∠ − 62º⋅ 3∠30º = 380∠ − 32º V
Exercício proposto: Resolva o exemplo 8 considerando que o sistema possui seqüência inversa.

10.2. Resolução de Circuitos com Gerador e Carga em Estrela

Para a resolução de circuitos trifásicos, pode-se proceder do mesmo modo que para os
circuitos monofásicos, isto é, podemos utilizar análise de malha ou nodal ou, ainda, qualquer dos métodos
aplicáveis à resolução de circuitos monofásicos. Porém, como veremos a seguir, o calculo do circuito fica
bastante simplificado levando-se em conta as simetrias existentes nos trifásicos simétricos e equilibrados
com carga equilibrada.
Exemplificando, suponhamos que se queira resolver o circuito da Figura 15, no qual
conhecemos as tensões de fase do gerador (seqüência direta) e as impedâncias da linha e da carga, Z' e
Z , respectivamente. Pretendemos determinar as correntes nas três fases. Conhecemos:

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Sistemas Trifásicos

Figura 15: Circuito trifásico em estrela


⎡V AN ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥
VAN = ⎢V BN ⎥ = E∠θ ⎢⎢α 2 ⎥⎥ , Z = Z∠ϕ1 e Z ' = Z ' ∠ϕ 2
⎢V CN ⎥ ⎢⎣ α ⎥⎦
⎣ ⎦
Procedendo a resolução pelo método das correntes fictícias de Maxwell, teremos duas malhas, nas quais
adotaremos as correntes γ e β , logo teremos:
( ) ( )
V AN − V BN = 2γ Z + Z ' − β Z + Z '
V BN − V CN = −γ (Z + Z ') + 2β (Z + Z ')
isto é,
V AN − V BN V BN − V CN
2γ − β = , e − γ + 2β =
Z + Z' Z + Z'
e então,

)[ ( )]
1
γ= 2V AN − V BN + V CN
(
3 Z + Z'

)[ ( )]
1
β= − 2V CN + V AN + V BN
(
3 Z + Z'
por outro lado observamos que
(
V BN + V CN = V AN α 2 + α = −V AN )
e que
( )
V AN + V BN = V AN 1 + α 2 = −α V AN = −V CN
logo
V AN − V CN
γ= β=
(
Z + Z' ) ,
(
Z + Z' )
e portanto
V AN E∠θ
IA =γ = =
Z + Z' Z + Z'
I B = β −γ =
1
Z + Z'
(
− V CN − V AN =
V BN
Z + Z'
= )
α 2 E∠θ
Z + Z'
=α2I A

V CN α E∠θ
I C = −β = = =αI A
Z + Z' Z + Z'

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Sistemas Trifásicos

As expressões acima mostram que teria sido suficiente calcular a corrente I A , dada pela
( )
relação entre a tensão de fase A e a impedância total da mesma fase Z + Z ' . Determinamos as correntes
I B e I C simplesmente imprimindo a I A uma rotação de fase dada pelo operador α.
Podemos chegar ao mesmo resultado de maneira muito mais fácil, isto é, começando por
observar que, sendo um sistema trifásico simétrico e equilibrado com carga equilibrada, os pontos N e N’
estão no mesmo potencial, ou seja,
V AN = V A'N '
Logo, podemos interligá-los por um condutor sem alterar o circuito, dado que nesse condutor
não circulará corrente. Nessas condições, circuito da Figura 15 transforma-se no da Figura 16, no qual
temos três malhas independentes.
(
Salientamos que as impedâncias das três malhas são iguais e valem Z + Z ' , e as fems das )
malhas valem E , α2E , αE.
Portanto as três correntes valerão
E α2E αE
I AA' = I BB ' = = α 2 I AA' I CC ' = = α I AA'
Z + Z' Z + Z' Z + Z'

Figura 16: Circuito trifásico em estrela com neutro


Usando matrizes, teremos,
⎡ 1 ⎤ ⎡Z + Z ' 0 0 ⎤ ⎡1⎤
⎢ 2⎥ ⎢ ⎥
E ⎢α ⎥ = ⎢ 0 Z + Z' 0 ⎥ ⋅ ⎢⎢α 2 ⎥⎥ I AA'
⎢⎣ α ⎥⎦ ⎢ 0 0 Z + Z '⎥⎦ ⎢⎣ α ⎥⎦

ou
⎡1⎤ ⎡1⎤
⎢ 2⎥
I AA' ⎢α ⎥ =
E ⎢ 2⎥
α (39)
Z + Z' ⎢ ⎥
⎢⎣ α ⎥⎦ ⎢⎣ α ⎥⎦
Devemos notar que tudo se passa como se tivéssemos que resolver o circuito monofásico da Figura 17, no
qual interligamos os pontos N e N’ por um fio de impedância nula.

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Sistemas Trifásicos

Figura 17: Circuito monofásico equivalente


Exemplo 9:
Um alternador trifásico alimenta por meio de uma linha equilibrada uma carga trifásica equilibrada.
Conhecemos:
1) A tensão de linha do alternador (380 V) e a freqüência (60 Hz);
2) O tipo de ligação do alternador (Y);
3) O número de fios da linha (3);
4) A impedância de cada fio da linha (0,2 + 0,5j);
5) A impedância da carga (3 + 4j);

Pedimos:
a) As tensões de fase e de linha no gerador;
b) As correntes de fase e de linha fornecidas pelo gerador;
c) As tensões de fase e de linha na carga;
d) A queda de tensão na linha (valores de fase e de linha);

Solução:
a) Tensões de fase e de linha no gerador

Admitindo-se seqüência de fase A-B-C, e adotando VAN como referência, teremos:


V AN = 220∠00 V
V BN = 220∠ − 1200 V
V CN = 220∠ + 1200 V

e portanto

V AB = 3∠30 0.220∠0 0 = 380∠30 0 V


V BC = 3∠300.220∠ − 120 0 = 380∠ − 90 0 V
V CA = 3∠300.220∠120 0 = 380∠150 0 V

b) Determinação da intensidade de corrente

O circuito a ser utilizado para a determinação da corrente é o da Figura 18 (b), no qual


temos:

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Sistemas Trifásicos

Figura 18: Circuito monofásico equivalente

V AN
IA =
R + RC + j ( X + X C )

220 + 0 j 220∠00
IA = = = 39,84∠ − 54,6 0 A
3,2 + 4,5 j 5,52∠54,60

logo,

I B = 39,84∠ − 174,60 A
I C = 39,84∠65,40 A
c) Tensão na carga
(i) Valores de fase:
V A' N ' = Z C ⋅ I A = 5∠53,10.39,84∠ − 54,60 = 199,2∠ − 1,50 V
V B ' N ' = 199,2∠ − 121,50 V
V C ' N ' = 199,2∠ − 118,50 V
(ii) Valores de linha:

V A'B ' = 3∠30º⋅V A' N ' = 3.199,2∠28,5 = 345∠28,50 V


V B 'C ' = 3∠30º⋅V B ' N ' = 3.199,2∠ − 91,5 = 345∠ − 91,50 V
V C ' A' = 3∠30º⋅V C ' N ' = 3.199,2∠148,5 = 345∠148,50 V
d) Queda de tensão na linha
(i) valores de fase:

V AN − V A' N ' = V AA' = Z I A = 0,54∠68,20.39,84∠ − 54,60 = 21,5∠13,60 V

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Sistemas Trifásicos

V BN − V B ' N ' = V BB ' = 21,5∠ − 106,40 V


V CN − V C ' N ' = V CC ' = 21,5∠133,60 V
(ii) valores de linha:

V BC − V B 'C ' = 37,2∠ − 76,4º V


V CA − V C ' A' = 37,2∠163,6º V

11. SISTEMAS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS – LIGAÇÃO EM TRIÂNGULO

Retomemos as três bobinas e vamos interligá-las a três impedâncias Z iguais entre si,
conforme indicado na Figura 18 (a). Notar que as malhas AA’N’ANAA, BB’N’BNBB e CC’N’CNCC são
eletricamente independentes; logo, podemos interligar os pontos C e NB sem alterar em nada o circuito. Por
outro lado, os pontos C’ e NB’ estão ao mesmo potencial; logo, podem ser interligados, e podemos
substituir os condutores C-C’ e NB-NB’ por um único condutor. Os pontos comuns CNB e C’NB’ serão
designados por C e C’, respectivamente. Após realizar a interligação desses pontos, observamos que a
malha AA’NA’NAA é eletricamente independente do restante do circuito; portanto, por raciocínio análogo,
podemos interligar os pontos NAC e NAC’, que designaremos por A e A’, respectivamente. Finalmente,
observamos que os pontos B e NA estão em um mesmo potencial, pois
V BN A = V BN B + V CNC + V AN A = 0 (40)
e que os pontos B’ e NA’ também estão ao mesmo potencial, pois
V B ' N ' A = V B ' N 'B + V C ' N 'C + V A' N ' A = I B ' N 'B Z + I C ' N 'C Z + I A' N ' A Z (41)
isto é,
( )
V B ' N ' A = Z I B ' N ' B + I C ' N 'C + I A ' N ' A = Z ⋅ 0 = 0 (42)
Portanto, poderemos interligar os pontos BNA e B’NA’ obtendo os pontos B e B’, respectivamente.
Assim, passamos para o circuito da Figura 18 (b), no qual o gerador e carga estão ligados em triângulo.
Salientamos que a equação 40 é condição necessária para que seja possível ligar um gerador em triângulo
sem que haja corrente de circulação.
De acordo com definições anteriores, podemos apresentar a Tabela 2 com os seguintes valores de fase e
de linha:

VALORES DE FASE VALORES DE LINHA


Gerador Carga Gerador Carga
Tensão Corrente Corrente Tensão Corrente Tensão Corrente Tensão
VAN A = VAB I AN A = I BA I A' N A ' = I A'B ' V A ' N ' A = V A'B ' ’ I AA' VAB I AA' VA'B '
VBN B = VBC I BN B = I CB I B 'N B ' = I B 'C ' VB 'N 'B = VB 'C ' ’ I BB ' VBC I BB ' VB'C'
VCNC = VCA I CNC = I AC I C 'NC ' = I C ' A' VC 'N 'C = VC ' A' I CC ' VCA I CC ' VC 'A'
Tabela 2: Grandezas de fase e de linha (em módulo) em um sistema trifásico simétrico e equilibrado ligado em triângulo

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Sistemas Trifásicos

(b) Circuito trifásico com gerador e carga em triângulo

Figura 18: Representação da ligação em triângulo

11.1. Relação Entre os Valores de Linha e de Fase Para a Ligação em Triângulo

Na ligação em triângulo, quanto às tensões é evidente que há igualdade entre as tensões de


fase e as de linha. Para a determinação da relação entre as correntes de linha e de fase, adotaremos
inicialmente um sistema trifásico simétrico e equilibrado com seqüência de fase direta, ou seja
I A'B ' = I F ∠θ
I B 'C ' = I F ∠θ − 120º
I C ' A' = I F ∠θ + 120º
ou com matrizes,
⎡ I A 'B ' ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥
I A 'B ' = ⎢ I B 'C ' ⎥ = I A'B ' ⎢⎢α 2 ⎥⎥
⎢ I C ' A' ⎥ ⎣⎢ α ⎦⎥
⎣ ⎦
Aplicando aos nós A’, B’ e C’ da Figura 18 (b) a 1ª Lei de Kirchhoff, obtemos:
I AA' = I A'B ' − I C ' A'
I BB ' = I B 'C ' − I A'B ' (43)
I CC ' = I C ' A' − I B 'C '
Matricialmente teremos:

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Sistemas Trifásicos

⎡ I AA' ⎤ ⎡ I A'B ' ⎤ ⎡ I C ' A' ⎤ ⎡1⎤ ⎡α ⎤


⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ 2⎥ ⎢ ⎥
⎢ I BB ' ⎥ = ⎢ I B 'C ' ⎥ − ⎢ I A'B ' ⎥ = I A'B ' ⎢α ⎥ − I A'B ' ⎢ 1 ⎥
⎢ I CC ' ⎥ ⎢ I C ' A' ⎥ ⎢ I B 'C ' ⎥ ⎢⎣ α ⎥⎦ ⎢⎣α 2 ⎥⎦
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
ou seja,
⎡ I AA' ⎤ ⎡ 1−α ⎤
⎢ ⎥ ⎢ 2 ⎥
⎢ I BB ' ⎥ = I A'B ' ⎢ α − 1 ⎥
⎢ I CC ' ⎥ ⎢⎣α − α 2 ⎥⎦
⎣ ⎦
Teremos então,
⎡ I AA' ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ ⎢ 2⎥
⎢ I BB ' ⎥ = 3∠ − 30º⋅I A'B ' ⎢α ⎥ (44)
⎢ I CC ' ⎥ ⎢⎣ α ⎥⎦
⎣ ⎦
Ou seja, em um circuito trifásico simétrico e equilibrado, seqüência direta, com carga
equilibrada ligada em triângulo, obtemos as correntes de linha multiplicando as correspondentes de fase
pelo número complexo 3∠ − 30º .

Exercício proposto: Encontre a relação entre as correntes de fase e de linha para um sistema trifásico
simétrico e equilibrado, na ligação triângulo, com seqüência de fase inversa.

11.2. Resolução de Circuitos com Gerador e Carga em Triângulo

Em sistemas trifásicos não é comum a utilização de geradores ligados em triângulo. Nessa


situação, a tensão gerada resulta não senoidal devido à presença de harmônicos de terceira ordem. Essas
tensões provocam o surgimento de correntes que ficam circulando dentro do triângulo, originando
aquecimento indesejável. Apesar disso, segue a abordagem desse tipo de circuito, tendo em vista fins
didáticos.
Na Figura 19 as tensões aplicadas na carga são supostas equilibradas e com seqüência de fase
direta.

Figura 19: Gerador e carga ligados em triângulo


Não é possível, como foi feito no item 10.2, substituir de imediato, o circuito da Figura 19 pelo
monofásico equivalente. É necessário, preliminarmente, converter para estrela as ligações em triângulo do
gerador e da carga.
Na conversão triângulo – estrela, as tensões de linha do gerador em triângulo podem ser
convertidas em tensões de fase, para um circuito em estrela, utilizando-se as equações já estudadas em no
item 10.1.

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Sistemas Trifásicos

O circuito inicial (Figura 19) é transformado, assim, no circuito da Figura 20. Para que os dois
circuitos sejam equivalentes, as suas equações devem ser iguais. A equação da tensão de linha
correspondente ao circuito da Figura 19 pode ser escrita:
E ab = V ab − Z g ⋅ I ab (45)

Figura 20: Circuito trifásico equivalente ligado em estrela


A equação 45 deve corresponder exatamente à seguinte equação da tensão de linha da Figura
20:
(
E ab = V aY − V bY − Z gY I a − Z gY I b = ) (46)
( )
= V ab − Z gY I a − I b = 3∠30º⋅V aY − Z gY I a − I b ( )
Igualando-se as equações 45 e 46, deduz-se que:
V ab
V aY = (47)
3∠30º
Z g ⋅ I ab (
= Z gY I a − I b ) (48)
A partir da equação 47, por rotações de fase de ± 120º , são obtidas as tensões das outras
fases.
Levando-se em conta que as correntes de linha são as mesmas nos dois circuitos, pode-se
escrever, a partir da Figura 19:
I a = I ab − I ca e I b = I bc − I ab
Portanto:
I a − I b = 2 I ab − I ca − I bc = 3I ab
Conclui-se então da equação 48, que:
Zg
Z g I ab = 3Z gY I ab ou Z gY = (49)
3
Agora, tendo a fonte e a carga ligadas em estrela, é válido substituir o circuito da Figura 20
pelo circuito monofásico equivalente apresentado na Figura 21, onde:

V ab V
V aY = = ∠θ − 30º (50)
3∠30º 3

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Sistemas Trifásicos

Figura 21: Circuito monofásico equivalente à Figura 20


Exemplo 10:
Um gerador trifásico ligado em triângulo tem impedância por fase igual a 0,6j Ω e está ligado a uma linha
de transmissão cuja impedância por fase é de 0,2 + 0,4j Ω. A outra extremidade da linha de transmissão
está conectada a duas cargas trifásicas equilibradas, em paralelo: a primeira, em estrela, tem impedância
de 2 + 1j Ω por fase; e a segunda, em triângulo, apresenta por fase impedância de 6 Ω, conforme a Figura
22. Sabe-se que a tensão interna do gerador é de 380 V. Adote seqüência de fases direta e determine:

a) as correntes na linha de transmissão;


b) as correntes de fase, nas cargas;
c) as tensões de fase e as tensões de linha, nas cargas.

Figura 22: Exemplo 10


Solução:
a) Definindo VAB como referência, teremos:
VAB = 380 ∠0 V
0

VBC = 380 ∠ − 120 V


0

VAB = 380 ∠120 V


0

Transformando as impedâncias da carga 2 em estrela:


ZΔ 6Ω
ZY = ZY = ZY = 2 Ω
3 3

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o que resulta no circuito monofásico da Figura 23:

Figura 23: Circuito monofásico equivalente.

Teremos então:

380∠00
= 220 ∠ − 30 V
0
VAN =
3∠30 0

Fazendo a equivalência do circuito da Figura 23, teremos o circuito simplificado na Figura 24:

Z eq1 =
(2 + 1 j )(. 2) = (2,24∠26,60 )(. 2∠00 ) = 1,12∠12,60 Ω
2 +1 j + 2 4∠140

Z eq 2 = Z eq1 + 0,2 + j 0,4 = 1,5107∠33,55º Ω

Figura 24: Circuito simplificado correspondente à Figura 23

Por fim, obtém-se:

220∠ − 300
= 145,6∠ − 63,550 A
IA = 1,5107∠33,550

E para as demais correntes da linha de transmissão:

IB = α 2 IA = 145,6∠ − 183,550 A
IC = α IA = 145,6∠56,45 A
0

b) As correntes de fase nas cargas podem ser calculadas por intermédio de divisor de corrente. Então
teremos:
2 2
= 145,6∠ − 63,550 = 70,63∠ − 77,590 A
(1)
Ia Ia=
2 + 2 +1 j 4,123∠14,04 0

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e as demais fases:

=α2Ia = 70,63∠ − 197,590 A


(1) (1)
Ib

=αIa = 70,63∠42,410 A
(1) (1)
Ic

Para a carga em triângulo, calcula-se inicialmente:

2 + j1 2,236∠26,57 0
= Ia = 145,6∠ − 63,550 = 78,96∠ − 51,020 A
( 2)
Ia
2 + 2 + j1 4,123∠14,04

e a seguir obtêm-se as demais correntes de fase desejadas:

78,96∠ − 51,020
( 2)
Ia
= = = 45,59∠ − 21,020 A
( 2)
I ab
3∠ − 30 0
3∠ − 30 0

= α 2 I ab = 45,59∠ − 141,020 A
( 2) ( 2)
I bc

= α I ab = 45,59∠98,980 A
( 2) ( 2)
I ca

c) Na carga ligada em estrela as tensões de fase são expressas por:

= (2 + j1)I a = 2,236∠26,57 0.70,63∠ − 77,590 = 157,93∠ − 51,020 V


(1) (1)
Va

= α 2V a = 157,93∠ − 171,020 V
(1) (1)
Vb

= αV a = 157,93∠68,980 V
(1) (1)
Vc

e as tensões de linha por:

= 3∠300.157,93∠ − 51,020 = 273,54∠ − 21,020 V


(1)
V ab

= α V ab = 273,54∠ − 141,020 V
(1) 2 (1)
V bc

= α V ab = 273,54∠98,980 V
(1) (1)
V ca

As tensões de fase na carga ligada em triângulo são iguais às tensões de linha e, no caso, têm
o mesmo valor das tensões de linha da carga ligada em estrela, já que as duas estão conectadas em
paralelo. Portanto:

= 3∠300.157,93 ∠ − 51,020 = 273,54∠ − 21,020 V


( 2)
V ab

= 273,54∠ − 141,020 V
( 2)
V bc

= 273,54∠ − 98,980 V
( 2)
V ca

12. CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS

Diz-se que um circuito trifásico é desequilibrado (desequilíbrio de carga) quando a impedância


em uma ou mais fases difere da impedância das outras fases. É o caso típico de cargas desequilibradas,

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Sistemas Trifásicos

submetidas a tensões trifásicas equilibradas simétricas impostas pela fonte. A teoria de circuitos (Método
das correntes de malha, Método nodal) pode ser aplicada na resolução de circuitos do tipo em apreço, com
grande risco de se cair em sistemas de equações de manuseio muito trabalhoso.
Os procedimentos doravante abordados conduzem a soluções mais simples para os seguintes
casos:
a) Carga desequilibrada ligada em triângulo;
b) Carga desequilibrada ligada em estrela (sistema a três condutores);
c) Cargas desequilibradas conectadas em triângulo e em estrela, associadas em paralelo
(sistema a três condutores);
d) Carga desequilibrada ligada em estrela (sistema a quatro condutores);
e) Carga desequilibrada, sistema estrela-estrela, com conexão dos neutros;
f) Carga desequilibrada, sistema estrela triangulo.

As tensões aplicadas são conhecidas e supostas equilibradas e simétricas.

12.1. Carga Desequilibrada Ligada em Triângulo

Na Figura 25, a seqüência de fases das tensões aplicadas à carga e os valores destas tensões,
são impostas pela fonte e portanto são conhecidos. Tendo-se a tensão através de cada impedância pode-se
calcular, de imediato, as correntes de fase em seguida as correntes de linha.

Figura 25: Carga desequilibrada ligada em triângulo


Admitindo-se a seqüência de fases direta, teremos:
V ab V bc V ca
I ab = I bc = I ca =
Z ab Z bc Z ca
e chega-se às correntes de linha pela aplicação direta da Lei de Kirchhoff nos nós a, b e c:
I a 'a = I ab − I ca
I b 'b = Ibc − I ab
I c 'c = I ca − I bc
Exercício proposto: Dada a carga desequilibrada da Figura 26, onde as impedâncias estão expressas em
ohms, calcule as correntes de fase e as correntes de linha sabendo que a seqüência de fases é direta e que
V ab = 110∠0º V .

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Sistemas Trifásicos

Figura 26: Circuito do exercício proposto

12.2. Carga Desequilibrada Ligada em Estrela (sistema a três condutores)

A solução desse tipo de circuito pode ser realizada mediante a transformação da carga em
estrela para uma carga equivalente em triângulo, recaindo assim no método apresentado no item 12.1.
A substituição de um sistema de impedâncias ligadas em estrela por um sistema de
impedâncias em triângulo, e vice-versa, pode ser efetuada se valores apropriados forem atribuídos às
impedâncias substituídas. Assim, na Figura 27, a impedância equivalente entre os terminais ab, na ligação
estrela, deve ser igual à impedância equivalente entre os terminais ab, na ligação em triângulo. Ou seja:
Z 1 em série com Z 2 deve ser igual ao arranjo de Z a em paralelo com a ligação série de Z b e Z c .
Matematicamente pode-se escrever:

Figura 27: Transformação estrela triangulo


[Z ] = [Z ]
ab Y ab Δ

Ou seja:

Z1 + Z 2 =
(
Za Zb + Zc ) (51)
Za + Zb + Zc
Analogamente, para os terminais bc deve-se ter:
[Z ] = [Z ]
bc Y bc Δ

Ou seja:
Zb Zc + Za
Z2 + Z3 =
( ) (52)
Za + Zb + Zc
[ ] [ ]
E para os terminais ca: Z ca Y = Z ca Δ

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Sistemas Trifásicos

Ou seja:

Z1 + Z 3 =
(
Zc Zb + Za ) (53)
Za + Zb + Zc
Desejando-se substituir uma estrela equivalente, deve-se resolver o sistema de equações
formado por 51, 52 e 53, buscando Z a , Z b e Z c em função de Z 1 , Z 2 e Z 3 . Assim procedendo
obtém-se:
Z1Z 2 + Z 2 Z 3 + Z1Z 3
Za = (54)
Z3
Z1Z 2 + Z 2 Z 3 + Z1Z 3
Zb = (55)
Z1
Z1Z 2 + Z 2 Z 3 + Z1Z 3
Zc = (56)
Z2
Caso se deseje substituir um triângulo pela estrela equivalente, teremos:
ZaZc
Z1 = (57)
Za + Zb + Zc
ZaZb
Z2 = (58)
Za + Zb + Zc
ZbZc
Z3 = (59)
Za + Zb + Zc
Exercício proposto: Para a carga trifásica desequilibrada vista na Figura 28, calcule as correntes de linha
e as correntes de fase. Adote seqüência direta e Vab = 220∠90º V .

Figura 28: Circuito do exercício proposto

12.3. Cargas desequilibradas conectadas em triângulo e em estrela, associadas em paralelo (sistema a três
condutores)

Quando tensões de linha equilibradas e simétricas são aplicadas a cargas desequilibradas


conectadas em triangulo e em estrela, associadas em paralelo, sistema a 3 condutores, a solução é
facilmente conseguida convertendo-se para triangulo as cargas em estrela. O sistema resultante, com todas
as cargas ligadas em triangulo, em paralelo, pode ser simplificado para um sistema com carga igual ao
triangulo equivalente. Recai-se, então, no caso 12.1, abordado anteriormente.

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Exercício proposto: O sistema de tensões trifásico equilibrado é aplicado nos terminais a, b e c do


circuito da Figura 29, apresenta tensão de linha com módulo igual a 120V. Adote seqüência inversa,
escolha VB como referência e calcule as correntes de linha I aA , I bB e I cC .

Figura 29: Circuito do exercício proposto

12.4. Carga desequilibrada ligada em estrela (sistema a quatro condutores)

Em sistemas a quatro condutores e carga desequilibrada em estrela, a tensão aplicada em cada


impedância da carga permanece constante e igual à tensão de fase da fonte. No neutro circula uma
corrente igual à soma fasorial das correntes de fase.

Exercício proposto: Em certo sistema trifásico a quatro fios, a carga ligada em estrela apresenta as
seguintes impedâncias, conforme a Figura 30. A seqüência de fases é inversa e Vbc=173,2 V é a tensão de
referência. Obtenha:
a) As correntes de linha;
b) Corrente do neutro.

Figura 30: Circuito do exercício proposto

12.5. Carga desequilibrada, sistema estrela-estrela, com conexão dos neutros

Sistemas trifásicos a quatro fios, como mostrado na Figura 31, são por vezes encontrados na
transmissão e na distribuição de energia elétrica.
O trabalho de resolução de circuitos desse tipo pode ser reduzido de maneira considerável
tirando-se proveito da simetria das equações básicas das tensões. Assim:

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Figura 31: Sistema estrela com interligação dos neutros

V n 'a ' = Z la ⋅ I a 'a + Z an ⋅ I a 'a + Z n ⋅ I nn ' =


( )
= Z la + Z an ⋅ I a 'a + Z n ⋅ I nn '

V n 'b ' = Z lb ⋅ I b 'b + Z bn ⋅ I b 'b + Z n ⋅ I nn ' =


(60)
( )
= Z lb + Z bn ⋅ I b 'b + Z n ⋅ I nn '

V n 'c ' = Z lc ⋅ I c 'c + Z cn ⋅ I c 'c + Z n ⋅ I nn ' =


( )
= Z lc + Z cn ⋅ I c 'c + Z n ⋅ I nn '
E para as correntes de linha:
V n 'a ' − Z n ⋅ I nn '
I aa ' =
Z la + Z an
V n 'b ' − Z n ⋅ I nn '
I bb ' = (61)
Z lb + Z bn
V n 'c ' − Z n ⋅ I nn '
I cc ' =
Z lc + Z cn
Somando membro a membro a equação 61 e levando em consideração que I nn ' = I a 'a + I b 'b + I c 'c , pode-
se escrever após adequado manuseio:
V n 'a ' V n 'b ' V n 'c '
+ +
I nn ' = Z la + Z an Z lb + Z bn Z la + Z cn (62)
Zn Zn Zn
1+ + +
Z la + Z an Z lb + Z bn Z lc + Z cn
A simetria de cálculo consiste em calcular I nn ' através da equação 62 e obter em seguida as correntes de
linha por intermédio das equações 61. O passo seguinte, determinação das tensões de fase na carga, é
realizado com as equações:
V an = Z an ⋅ I a 'a
V bn = Z bn ⋅ I b 'b (63)

V bn = Z bn ⋅ I b 'b

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Por fim, as tensões de linha na carga podem ser conseguidas com o uso das seguintes equações:
V ab = V an + V nb
V bc = V bn + V nc (64)

V ca = V cn + V na
Exercício proposto: No circuito da Figura 32 a fonte é equilibrada e V n 'c ' = 127∠120º V , considere a
seqüência inversa e determine:

Figura 32: Circuito do exercício proposto

a) A corrente do neutro;
b) As correntes de linha.

12.6. Carga desequilibrada, sistema estrela triangulo.

Sistemas desse tipo da Figura 33 são às vezes encontrados em distribuição de energia elétrica
ou em instalações industriais.
A transformação da carga em triângulo para carga em estrela possibilita a soma, por fase, da
impedância da linha com a impedância da carga. Recai-se então, no caso 10.2.

Figura 32: Sistema estrela triângulo com carga desequilibrada

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12.7. Fator de Potência Vetorial

Em um sistema polifásico desequilibrado cada fase tem seu próprio fator de potência. A média
dos fatores de potência das fases individuais, que poderia ser chamado de fator de potência médio, não é
normalmente válida para definir o fator de potencia de um sistema desequilibrado. Isso porque não leva
em consideração o efeito compensativo dos Vars capacitivos e Vars indutivos, recorre-se então ao fator de
potência vetorial de um sistema polifásico desequilibrado, definido como:

FPV =
∑VI cos φ (64)
(∑VIsenφ ) + (∑ VI cos φ )
2 2

Onde:
∑VI cos φ → Potência Ativa Total→ Soma aritmética das potências ativas individuais das fases;
∑VIsenφ → Potência Reativa Total→ Soma algébrica das potências reativas individuais das fases;

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13. BIBLIOGRAFIA

1 ALMEIDA, Wilson Gonçalves de, Circuitos Polifásicos, 1ª ed. Fundação de Empreendimentos


Científicos e Tecnológicos,1995, 254p.
2 GRAINGER, John J. & STEVENSON, William D.. Power System Analysis. 1ª. ed. MCGRAW HILL
BOOK CO, 1993. 787p.
Referências adicionais: ISBN: 0070612935
3 OLIVEIRA, Carlos César Barioni. Introdução a Sistemas Elétricos de Potência. 2. ed.. Edgard
Blucher, 1996. 467p.
Referências adicionais: ISBN: 8521200781

4 MONTICELLI, Alcir & GARCIA, Ariovaldo. Introdução a Sistemas de Energia Elétrica. Ed.
UNICAMP, 1999, 251p.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Demonstrar analiticamente e através de diagrama de fasores, as relações:


3 3 3 3
a) α −1 = − + j b) α − 1 = − −
2
c) α − α = − j 3
2
d) α − α = j 3
4 5

2 2 2 2
2) Num sistema de fase simétrico, com seqüência de fase CBA, a tensão entre os pontos B e C é de
440∠ − 45o . Determine as tensões de linha e de fase. Repetir a questão para:
VAB = 220∠ − 35o V VCA = 220∠ − 45o V VBC = 220∠ − 65o V
3) A forma geral de uma tensão senoidal é v = VM cos(ωt ± φ ) e a corrente i = I M cos(ωt ± θ ) . Se
v = 141,4 cos(ωt + 30 )V e i = 11,31 cos(ωt − 30 )A , ache para cada um:
a) O valor máximo;
b) O valor eficaz;
c) A expressão fasorial na forma polar e retangular considerando a tensão como referência;
d) O circuito é indutivo ou capacitivo? Justifique sua resposta.

4) Um sistema trifásico simétrico alimenta uma carga equilibrada ligada em estrela. Sendo fornecidas a
impedância de fase da carga ZC=(6+8j)Ω, a tensão de 220V – 60Hz e a seqüência de fase direta,
determine:
a) As tensões de fase e de linha;
b) As correntes de fase e de linha.
5) Para um circuito trifásico simétrico com carga equilibrada, ligada em estrela, sabemos que a seqüência
de fase é BAC, que a corrente I C = 57∠ − 42 A e que a tensão de alimentação é de 440V. Determine
o

o valor da carga e as tensões de linha e de fase.


6) Dispomos de uma carga trifásica, ligada em estrela, dispondo nas fases A, B e C de resistências de
126Ω, 100Ω e 100Ω, respectivamente. Sendo a tensão de 380V e a seqüência de fase ABC, determine
as tensões de fase e correntes na carga. Desenhar o diagrama de fasores.
7) Um sistema trifásico simétrico, a quatro fios, com tensão de 220V, alimenta uma carga ligada em
estrela aterrada constituída pelas impedâncias Z A = 10Ω , Z B = −10 j , Z C = 10 j . Sendo a
seqüência de fase BCA. Calcule a corrente no fio neutro. O sistema é equilibrado ou desequilibrado?
8) Para um circuito trifásico simétrico com carga equilibrada da Figura abaixo, sabemos que a seqüência
de fase é CBA e a freqüência é 60Hz. Pede-se determinar a tensão no gerador.

9) Resolva o problema acima considerando a seqüência direta.


10) Um sistema Trifásico simétrico, com tensão de alimentação de 220V e seqüência de fase CBA,
alimenta, através de uma linha, uma carga desequilibrada ligada em estrela, de acordo com a figura
abaixo. Utilizando os dados da figura, determinar:

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a) As correntes na carga;
b) As tensões de fase e de linha na carga;
c) O diagrama de fasores.

11) Uma linha trifásica simétrica alimenta um motor trifásico ligado em estrela e uma carga, ligada em
triângulo. São dados:
a) A impedância do motor: Zm=(5+j5)Ω;
b) A impedância da carga: ZC=(12-j3)Ω;
c) A impedância da linha é Z L = 6∠35Ω ;
d) A tensão de alimentação é 380V e a seqüência de fase é inversa.

Determine:
a) A corrente de fase do motor e da carga;
b) A corrente de linha;
c) As tensões de linha e de fase do motor;
d) As tensões de linha e de fase da carga;
e) O diagrama de fasores.
12) Uma linha trifásica simétrica alimenta um motor trifásico ligado em estrela e uma carga, ligada em
estrela, constituída de capacitores em série com resistências. Dados:
a) A impedância do motor é Z M = ( 5 + 5 j)Ω
(
b) A impedância da carga é Z C = 10 − 5 j Ω )
c) A impedância da linha é desprezível
d) Tensão de alimentação é de 230V com seqüência direta
Determine:
a) As correntes de fase do motor e da carga;
b) As correntes totais de linha.
13) Três impedâncias idênticas de 10∠ − 15Ω são ligadas em estrela para equilibrar tensões de linha de
208V. Especifique todas as tensões de linha e de fase e as correntes de linha e de fase. Adote VCA
como referência para uma seqüência ABC.
14) Em um sistema trifásico equilibrado, as impedâncias conectadas em estrela são de 10∠30Ω . Se
VBC = 416∠90V , e a seqüência é direta, calcule a corrente I CN .

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Sistemas Trifásicos

15) Três impedâncias iguais de 5∠ − 30 Ω são ligadas em estrela a um sistema CBA trifásico, com tensão
de alimentação de 150V. Determinar as correntes de linha, traçar o diagrama de fasores contendo as
tensões de fase e correntes de linha e mostrar que o sistema é equilibrado.
16) Três impedâncias iguais de 10∠30 Ω , ligadas em estrela, e três impedâncias iguais de
o

15∠ − 40o Ω , também ligadas em estrela, são ligadas a um mesmo sistema trifásico com seqüência
direta e tensão de 250V. Calcular as correntes IA, IB e IC do sistema. Verifique se o sistema é
equilibrado.
17) Um gerador trifásico alimenta por meio de uma linha, uma carga equilibrada. Conhecemos:
a) Tipo de ligação do gerador (Δ) e da carga (Δ);
b) A tensão do gerador é (220V), a freqüência de 60Hz e a seqüência de fase é direta;
c) A impedância de cada um dos ramos carga é (3+j4)Ω;
d) A resistência de 0,2Ω e a reatância indutiva 0,15Ω de cada fio da linha;

Pede-se:

a) As tensões de fase e de linha do gerador;


b) As correntes de linha;
c) As correntes de fase na carga;
d) As tensões de fase e de linha na carga;
e) O diagrama de fasores.
18) Uma carga Δ equilibrada, composta de impedâncias de (7+j3)Ω por fase, está em paralelo com uma
carga Y equilibrada tendo a impedância de fase de (8+j6)Ω. Impedâncias idênticas de (2+j5)Ω estão
em cada uma das três linhas. A corrente absorvida da fonte é I B = 9∠153 A . Considerando a
seqüência de fase direta, encontre:
a) A tensão de fase e de linha no gerador trifásico que está em estrela;
b) A tensão de linha no ponto de combinação das cargas;
c) A potencia total absorvida pela carga ligada em Y;
d) A potencia total absorvida pela carga ligada em Δ;

20) O sistema de tensões trifásico equilibrado aplicado nos terminais a, b e c do circuito da figura 1
apresenta tensão igual a 220V. Adote seqüência ABC, escolha VAB como referência e calcule:
a) As correntes de linha Iaa´, Ibb´ e Icc´;
b) A potência total do circuito;
c) O fator de potência total do circuito.
Z1 = 15Ω
DADOS: Z 2 = (15 + j 4)Ω Z 4 = Z 5 = Z 6 = 12∠ − 36,86°Ω
Z 3 = (15 + j 4)Ω

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Z10 = 15Ω
Z11 = (15 + j 4)Ω Z 7 = Z 8 = Z 9 = 12∠ − 36,86°Ω
Z12 = (15 + j 4)Ω

21) Faça um projeto com finalidade de modificar o circuito da questão anterior e transformá-lo em um
sistema totalmente equilibrado. A partir desse projeto determine:
a) As correntes totais de linha;
b) A potência total do circuito.
OBS.: O projeto deve apresentar o desenho do novo circuito com as devidas modificações.

RESPOSTAS DE ALGUMAS QUESTÕES:

2. VCA = 440 −45 VAB = 440 195


VAN = 254 225 VBN = 254 −15 VCN = 254 −45

3. a) VM = 141, 4V I M = 11,31A
b) Vef = 99,98V I ef = 7,99 A
c) Na forma polar: V = 99,98 30 V I = 7,99 −30 A

4. a) VAN = 127 −30 VBN = 127 −150 VCN = 127 90


I AN = I AB = 12, 7 −83,13 A
b) I BN = I BC = 12, 7 −203,13 A
I CN = I CA = 12, 7 36,87 A

5. Z C = 4, 45 −48 Ω
VAN = 254 30 VBN = 254 150 VCN = 254 −90

6. VAN = 220 −30 VBN = 220 −150 VCN = 220 90

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