Mestre Da Manipulação
Mestre Da Manipulação
Mestre Da Manipulação
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Copyright © 2020. MASTER MANIPULATOR by Nicole S.
Goodin & Cocky Hero Club, Inc.
1ª Impressão 2022
328 p. il.
ISBN: 978-65-5933-077-5
CDD - 813
Australiana.
— N-n… não.
— Tem namorado?
Ela assentiu.
— Isso é um eufemismo.
— Nossa!
— Me dê dois segundos.
Tec-tec-tec.
Tec-tec-tec.
Tec-tec-tec.
— Isso mesmo.
Meu Deus, minha frase soou tão constrangedora aos meus
próprios ouvidos que quis dar um gancho de direita em mim
mesmo, mas Teresa estava caindo direitinho.
Poderia ter sido pior; ele poderia ter sido mais psicótico do
que arrogante e sumido com meu passaporte, ou algo
parecido. Isso realmente teria sido a cereja do bolo da
porcaria que era a minha vida.
Bati de leve no bolso do casaco, checando pela centésima
vez que meu passaporte ainda estava ali, em segurança.
Que paranoica.
Culpa.
Vergonha.
Decepção.
— Champanhe?
Maldito.
— Oi, loira.
— Você! — acusei.
— De nada.
Filho da mãe.
— Sr. Bateman — ela disse, com a voz tão baixa que Blake
teria de se esticar para ouvir —, minha colega me deixou a
par da sua… —
mim em desejo.
— Loira?
Nada ainda.
— Blake?
— É mesmo?
Ela girou o corpo pequenino para me encarar. Suas pernas
se contraíram embaixo do corpo enquanto ela tirou os fones
de ouvido.
— Loira? Sério? Não tinha como você ser mais original, não?
— É, até tinha.
— Você é um idiota.
Soltei uma risadinha grave e baixa. Essa mulher tinha mais
fogo do que um inferno em chamas, e lá estava eu,
mergulhando de cabeça nesse fogo sem nem colocar uma
proteção adequada para isso. Estava fadado a me queimar,
mas iria me preocupar com isso depois.
— Ky.
— Na verdade, sou.
“não te disse?”.
Interessante.
Isso estava divertido demais. Toda vez que ela abria a boca,
eu esperava uma coisa e recebia outra totalmente diferente.
— Se a carapuça serviu…
— Não.
— Então…
— Estou escutando.
— Você é ridículo.
Convencido.
Abusado.
Presunçoso.
Sexy.
— Como é?
— Eu? De nada.
— Irmã, é?
— Meu primo Chance. Era para eu ter ido ficar com ele na
Califórnia enquanto eu estava lá, mas ele se mudou para a
Austrália há uns seis meses com a mulher e os filhos. Para o
bode ter mais espaço.
— Nem pergunte.
Queria eu ter metade dos planos que ele tinha, mas aquela
era a minha realidade. Eu era uma bagunça.
— Com certeza.
— Um cara.
As palavras saíram da minha boca antes que eu
conseguisse filtrá-las.
— Touché.
— Estou bem.
— Ela aceita.
— Pode me dar.
Nem podia ficar bravo. Ela era uma boa jogadora. Eu estava
sendo derrotado no meu próprio jogo desde que embarquei
no avião, e estava tudo bem para mim. Era revigorante ver
uma mulher me fazer recuar, só para variar.
— Para de me encarar.
referência futura.
— Anotado.
— Como assim?
— Mas é claro.
— Gim?
— Mais champanhe?
Ela me ignorou.
— Por quê?
— Um brinde a nós.
— Não.
— Adivinha.
— Você…
— Modelo?
— Enfermeira?
Ela bufou.
Sorri para mim mesmo. Ela pode não ter percebido, mas
tinha acabado de dar o sinal verde para o encontro de
número dois.
Ela bocejou.
ela resmungou.
— Eu não ronco.
— Tem certeza?
— Eu tenho razão.
— Dançarina?
Ele resmungou.
— Pensei em balé, mas agora estou imaginando você
envolvendo aquele mastro e, devo dizer, estou gostando do
rumo que esta conversa está tomando.
Balancei a cabeça.
Ele ficou segurando o iPad com a tela voltada para mim, me
mostrando a transmissão ao vivo de uma corrida na
Austrália.
— Quer tentar?
— Topa?
Dei de ombros.
Pergunta capciosa.
Bufei um suspiro.
Fiquei relutante.
Ergui uma sobrancelha para ele. Não ia nem dar moral para
aquele comentário com uma resposta.
Ainda era uma ideia péssima quando estendi a mão para ele
apertar.
— Você vai ter que me ajudar aqui, não tenho a menor ideia
do significado de nenhum desses números — admiti.
Ele assentiu.
favorita, e isso parecia uma aposta boa aos meus olhos. Foi
como usar o recurso “pergunte para a plateia” num
programa de jogos.
— Muito convincente.
— Na verdade, é.
coisa do mundo.
Escutei Ky rindo, mas não olhei para ele. Não conseguia tirar
os olhos do cavalo marrom com o jóquei vestido de rosa e
branco no dorso.
Fiz cara feia, mas fechei a boca. Não sabia nada sobre
corridas de cavalos, mas com certeza não poderia perder
naquele ponto. Meu cavalo estava a metros de distância dos
outros.
— Explique.
— Acho que isso foi a coisa mais honesta que ouvi sair da
sua boca o dia todo.
— Você me enganou.
— Não.
— Que sorte que acabei de arranjar um pouco mais de
tempo para adivinhar.
Cara Ida,
Beijo,
reatar.
— Nem pensar.
Mentirosa.
Ignorei-a.
— É só a minha mão.
— Foi humilhante.
reclamou.
— Só isso? — eu a questionei.
— Vem comigo.
— Não.
— Audi? — ela indagou, esperançosa, apontando para outro
carro.
— Errado de novo.
— Land Rover?
— Aquele é o meu.
Confia em mim?
— Loira?
— Está pronta?
Um…
Dois…
Três!
Não era sensato, não era seguro e, com certeza, não era do
que eu precisava na minha vida naquele exato momento,
mas Ky não estava nem aí para nada disso. Ele não seguia
as regras ― ele era esperto, porém imprudente ―, e eu
estava com a sensação de que ele não iria aceitar, de jeito
nenhum, um não como resposta.
Dane-se.
chamada Kiama.
Puxei a mão dele, ansiosa para chegar mais perto, mas ele
me puxou de volta, me detendo, e me girou até eu ficar de
frente para ele.
Engoli em seco.
— O que foi?
— Sinto muito.
— Eu também.
Minha mãe não morreu, mas foi embora, nunca mais foi
vista. Então, pela falta de notícias, ela poderia até já ter
morrido. Isso tinha acontecido havia vinte anos, e ainda
sentia um nó na boca do estômago quando pensava no
assunto, mesmo assim não conseguia imaginar como ele
deve ter se sentido quando pensou na perda da mãe.
— E não foi. Meu pai foi embora três meses depois que ela
morreu, e a partir daí as coisas ficaram tensas entre a
gente.
Não sabia o que dizer. Não havia nada que eu pudesse ter
dito que poderia fazê-lo se sentir melhor em relação a uma
situação como aquela.
— Ky, eu…
— Cara sozinho criando duas filhas. Não deve ter sido fácil.
Balancei a cabeça.
— Eterno solteirão.
— Que droga.
Sua mão saiu das minhas costas e depois senti seus dedos
no meu queixo. Ele ergueu meu rosto da posição baixa em
que eu o havia colocado para escondê-lo dele.
Revirei os olhos.
— Vem comigo.
Maldito.
— Aqui estamos.
Blake suspirou.
— E o CJ é feito de quê?
Ela abriu um sorriso tão grande que meu coração até doeu.
Ela era mesmo linda. CJ também parecia ser um bom
menino, mas aquela menininha… Dava para perceber que
ela ia conseguir que eu satisfizesse todas as suas vontades
sem precisar fazer quase nenhum esforço.
— Merda.
Aubrey sorriu.
— Sério?
— Owwwnn…
— Acho bonitinho.
— Ela é um amorzinho.
— Com certeza.
— Blake a interrompeu.
— Nem me fale.
Ele abriu um sorriso gigante que deixava óbvio que ele não
estava nem um pouco descontente com o comportamento
dela.
— Oi, eu…
— Pretty Beach?
— Isso.
Olhei pela janela. A vista do oceano ao longe era muito
linda. Pretty Beach com certeza era bonita.
Eu a ignorei.
— Pode deixar.
— Tudo certo?
Balancei a cabeça.
Ele riu.
— Não sei nem se vai dar para fazer isso com as crianças
pulando pela casa.
sentando.
— Quer ir?
Inacreditável.
Por mais que eu quisesse beijá-lo, meio que fiquei feliz por
CJ ter entrado no quarto naquele momento. Precisava
colocar a cabeça no lugar. Beijar Ky não era uma coisa
inteligente a fazer. Havia coisas suficientes acontecendo na
minha vida naquele momento ― como a minha irmã tinha
lembrado com tanto carinho ― sem a complicação adicional
de um homem que eu mal conhecia.
Precisava usar a cabeça e impedir que o friozinho na barriga
atrapalhasse meu raciocínio. Ky Bateman era atraente, não
havia como negar, mas isso não significava que eu
precisava transar com ele.
— Hum?
Seus olhos cheios de desejo não saíram dos meus nem por
um instante.
— Depende.
— Imaginava o quê?
— O quê?
Nunca tinha ficado tão duro com uma visão quanto quando
ela apareceu usando aquela porcaria. Estava tentando fazer
desaparecer uma ereção por pelo menos duas horas, e ela
não estava mostrando sinais de querer desistir.
Ele riu.
— Cala a boca.
— Quanto?
— Me balança!
— Cabeleireira?
Dei risada.
— Você já se apaixonou?
— Qual foi a coisa mais idiota que fez você terminar com
um cara?
— Não diria terminar, mas não liguei mais para ela depois
do nosso primeiro encontro, porque ela comeu o espaguete
colocando uma ponta na boca e chupando o macarrão como
os cachorros naquele filme bobo.
Dei risada.
— Ele roncava.
Ri de novo.
— Chef?
— Se você diz…
— Você mente muito mal. Vou ter que ensinar nossa filha a
ser mais convincente.
— Mesmo?
— Muito legal.
— Esse deve ser o único motivo que me faz entender tão
bem todas as suas tendências imaturas.
Pronto.
— Dá para parar?
— Pode deixar.
— Estou sendo honesto. Que sorte o Pixy não ter vindo com
a gente, ele teria desmaiado. Você dirige como a droga de
uma maluca irresponsável.
Revirei os olhos.
Ele riu.
Estava quase com medo demais para perguntar por que ele
tinha sido preso. Achei que ele ia me contar se eu
perguntasse ― Chance parecia mesmo um livro aberto ―,
mas decidi que a dúvida iria ficar para a minha pesquisa no
Google. Assim, não precisaria tentar fazer cara de paisagem
na frente dele quando descobrisse o que ele tinha feito.
Aubrey explicou, olhando para mim, que devo ter feito uma
cara de desorientação compatível com o que estava
sentindo. — Tínhamos todos os tipos de animais lá e, sério,
queria trazer todos comigo para cá, mas, felizmente, o
Eddie apareceu. Ele se saiu muito bem com eles e ficou feliz
em assumir o trabalho, então decidimos que só o Pixy ia
viajar com a gente.
— Sério?
Chance reclamou.
— Eu ia te deixar gozada.
Ky riu de novo.
— Não ligo.
— Ah, é, os porquinhos!
Ela seguiu a minha linha de visão até seu peito, bem onde
seus mamilos enrijecidos estavam cutucando o tecido
fininho.
— Droga — sussurrei.
— Pare de olhar!
— Está melhor?
Balancei a cabeça.
— Desculpa.
— Nem pensar.
— Boa ideia.
— Bom dia.
— Aubrey me informou.
Balancei a cabeça.
— Não suporto essa coisa. Às vezes, parece que você não
me conhece nem um pouco.
— Aqui, cara.
Dei risada.
Abri um sorriso.
— Aqui, loira.
— Livros — respondi.
Podia jurar que ele estava escolhendo tudo aquilo que era
diferente do que eu respondia só para me atormentar.
Cretino.
— Ao leite.
— Eu também.
Cara Ida,
— Escolha, loira.
— Gatos.
Beijo,
Tive que rir. Se havia uma coisa que ela sabia era ser
brutalmente honesta.
— Que bom.
beijar.
Ele suspirou.
— O universo — Ky murmurou.
uma promessa.
A tensão entre nós estava num nível recorde. Sabia que ela
estava com a expectativa de que eu a beijasse quando
ficamos sozinhos no quarto na noite anterior, mas havia me
comportado como o cavalheiro perfeito. Nem sabia que
tinha isso dentro de mim.
Especial.
Meu Deus, eu estava soando como um maricas. Se um dos
meus amigos falasse essas bobagens para mim, teria dito
que eles apenas precisavam transar. E eu precisava mesmo
transar, mas havia só uma mulher que seria capaz de matar
aquela vontade específica, e isso significava preparar o
terreno. Blake não era o tipo de garota que simplesmente se
entregava, se não houvesse um esforcinho.
Dei risada.
— Vá se aprontar — instruí.
murmurei.
— Talvez eu queira.
— Gosto dela.
— Não me diga.
— Não sei como um sujeito com uma cara feia como a sua
conseguiu despertar o interesse de uma mulher assim, mas
gosto dela também — Chance entrou na conversa.
— Pronta?
Estava evidente que ela era mesmo péssima com essa coisa
de tempo, porque esperei mais quinze minutos, ficando
mais impaciente a cada segundo.
— Puta merda, falei para você vestir uma roupa legal, não
sexy pra cacete — falei com dificuldade.
Nada que tinha visto na minha vida era tão lindo quanto
Blake Vincent naquele exato momento.
— Obrigada.
Encaixei um dedo embaixo do seu queixo e tentei fazer
contato olho no olho.
— Pronta?
Ela assentiu.
— Em hipótese nenhuma.
— Estraga-prazeres.
— Não são?
— Nem de longe.
Dei de ombros.
— A moça manja dos seus artistas pop rock dos anos 90.
— Você é um babaca.
— Pop.
— Claro que é.
— Hã?
— Verão ou inverno?
— Verão. Sempre.
— Chegamos.
— Manda, loira.
— Certo, talvez seja uma pergunta idiota, mas por que uma
pessoa usa um agente de apostas? Por que ela
simplesmente não faz as próprias apostas sozinha?
Assenti.
— Às vezes.
— Correto.
Ele riu.
Graças a Deus.
Ele riu de novo, e sua cabeça caiu para trás, enquanto todo
o corpo se sacudia.
envolvendo cavalos.
Revirei os olhos.
— Duplo M?
— Mestre da manipulação.
— Que bonitinho.
— Também achei.
Eu estava nervosa. Não sabia por que, já que não era meu
dinheiro que estávamos apostando, e Ky parecia tão
sossegado que só faltava tirar um cochilo, mas meu
estômago estava dando cambalhotas desde o momento em
que havia registrado aquela aposta.
Fiz força para ficar na ponta dos pés, tentando enxergar por
cima
das cabeças da multidão quando os cavalos chegaram com
seu estrondo à reta final.
Impossível.
— Puta merda.
— Meu Deus.
— Você não estava mesmo botando fé, não é?
Isso dá…
Comecei a entender.
— Isso não é grande coisa para você, né?
— Quanto, Ky?
— Cinco mil.
— Não é essa coisa toda que você está pensando, loira. Fiz
uma aposta de cem dólares e transformei esse dinheiro em
cinco mil, depois apostei esses cinco mil. Tudo que podia
perder naquele dia eram míseros cem paus.
— Como? — perguntei.
Balancei a cabeça.
— Hum.
Ele estava sendo modesto. Era muita coisa. Ele não estava
apenas
Bem quando tinha pensado que ele não poderia ficar mais
atraente.
— Dá para ver.
Tudo ficava melhor quando era com ela. Ela ficou animada
quando recebeu o valor da sua aposta de dez dólares. Foi
muito fofo.
— Ky, vem!
— O quê?
Dei risada.
— Levo você.
— Você.
A voz do narrador começou a ecoar, a corrida estava
acontecendo, mas nossos olhos permaneceram grudados.
— Não?
— Hum?
Estava bem ali nos meus lábios: o que eu sentia por ela.
Poderia ter aberto a boca e revelado tudo, mas me contive.
Blake não era uma corrida de trinta segundos. Era uma
prova de longa distância. Precisava ir com calma, fazer as
coisas do jeito certo.
Dava para notar, pelo jeito com que falava, que ela não se
incomodava com o fato de o marido desaparecer por horas
a fio.
— Com certeza, existem coisas que você não sabe sobre ele
também, mas essa é a beleza da comunicação. Você pode
simplesmente abrir a boca e deixar tudo sair. Ele te olha
como se você fosse a coisa mais extraordinária do mundo,
Blake, e não consigo imaginar que isso vá mudar do nada.
Cara Ida,
Ele riu.
Não.
Sim.
Nem de longe.
Ele riu.
— Estraga-prazeres.
Beijo,
— É incrível mesmo.
Meu pau estava pronto para entrar em ação, mas ia ter que
se acalmar. Eu tinha um plano para surpreender Blake e não
iria ferrar com tudo deixando meus hormônios tomarem as
rédeas.
— Não me importo.
Mal sabia ela que ela já fazia eu me importar, não com falar
abobrinha, mas com ela, com tudo… Com coisas que nunca
tinha sequer considerado antes de ela aparecer.
— Onde está sua cria? Preciso ter uma conversa séria com o
CJ.
truques.
— Claro.
Ele concordou com a cabeça sem nem ao menos perguntar
com o que eu queria ajuda.
Chance riu.
Minha garota.
— Oi, espertinho.
Ela tinha dormido por, tipo, umas doze, mas percebi que
ainda devia a ela uma cota do nosso voo.
Dei risada.
— Nunca viu um chapéu na sua vida?
era australiano.
— Como um bebê.
Encolhi os ombros.
— Você.
Cara Ida,
muito longe.
Beijo,
Ela sabia muitíssimo bem que eu não iria fugir. Ela estava
tirando sarro da minha cara.
Larguei o celular e fiquei em pé. Ela poderia ter sido tão útil
quanto uma nuvem sem chuva sobre o deserto, mas
levantou umas questões interessantes. A primeira foi que eu
não tinha nenhum sapato confortável, e a segunda foi que
eu estava na Austrália, no meio do nada. De fato, não havia
como escolher quando se tratava daquele assunto. Eu
ficaria, sendo a coisa certa a fazer ou não.
— Loira?
Puta merda.
Não sei nem por que ele usava qualquer outro tipo de
roupa. Ky
Ele gemeu.
— É verdade.
Aubrey.
— Pronta, loira?
Ele riu.
— É mesmo, espertinho?
— Dance comigo.
Sim.
Não.
Talvez.
Pixy baliu.
— Está perfeito.
— Está?
— Está, McKay, ainda não é um nome. É a coisa mais fofa
que alguém já fez para mim.
Ele riu.
— Ky, eu… preciso te contar uma coisa sobre por que fui
embora dos Estados Unidos.
— Me conta depois.
— Ok.
Sabia que era errado, mas queria a mesma coisa que ele:
uma noite que fosse só para nós dois antes de a realidade
vir, batendo à porta.
— Talvez eu tenha.
— Então me possua.
Ela não precisava falar duas vezes. Acho que não precisava
falar nada. Eu iria possuí-la: aquela dança entre nós já tinha
se transformado num caminho sem volta.
Cedi, dando a ela o que ela queria, porque era tudo o que
eu queria também ― me enfiar bem dentro da sua boceta
perfeita até não conseguir me lembrar da porcaria do meu
nome.
— Não.
— Não?
— Sabe, é?
— Tenho certeza.
Dei risada.
— Está certo.
— E se eu morrer dormindo?
— Ky?
— Só quando tem a ver com você — ele disse com uma voz
rouca no meu ouvido.
mim, mas mal podia esperar para ouvi-lo dizer o que ele
sentia por mim com aquela voz.
— Quem?
Jesus Cristo.
Não havia como Julian estar ali, só que ele estava. Bem ali.
Na
Julian olhou para mim por alguns instantes, com seu rosto
bonito em uma carranca enquanto olhava de mim para Ky.
Ele estendeu a mão para Ky. Ele era sempre muito educado.
Aquilo cortou meu coração.
— Julian, eu… não sei o que dizer. Por que… por que você
está aqui?
— Ky.
Levantar.
Atirar.
Colidir.
Repetir.
— Aceitei.
Ela respondeu que sim com a cabeça, e juro que senti meu
peito se partindo ao meio. Uma hora antes daquilo, podia
me ver colocando um anel no dedo dela um dia, no futuro,
mas agora eu sabia. Alguém já o tinha feito.
— O que vai fazer agora, Blake? Hein? Vai fugir para casa
com o seu
marido?
— É complicado.
Ela era minha; pelo menos, foi isso que eu tinha imaginado.
Não.
Fique.
Não vá.
Eu te amo.
— Tudo bem.
suportar de pé.
Merda.
Não ouvi a porta se abrir, mas senti quando um par de
braços embrulhou meus ombros. Foi só naquele momento
que percebi que estava soluçando. Meu corpo inteiro estava
tremendo. Me sentia tonto, desorientado.
Chance.
— Tudo bem?
— Ele vai levá-la de volta para casa, Ky, nos Estados Unidos.
— Eu sei.
Ele assentiu, ouvindo o que eu estava tentando falar sem
que eu sequer tivesse que dizer em voz alta.
Mais silêncio.
— Tem certeza?
— Tenho.
Podia dar uma chance a ele depois de tudo que ele tinha me
dado.
— Obrigado.
Cara Ida,
Beijo,
Positivo.
Parte de mim sabia que o que quer que a gente havia tido
estava acabado, mas a outra parte ― a ingênua, a idiota ―
ainda se agarrava à esperança de que, talvez um dia,
nossos caminhos fossem se cruzar de novo e as coisas
seriam diferentes.
de pensar nele.
Minha mão foi parar na minha barriga. Não era mais sobre
mim.
Julian iria ficar muito feliz. Ele sempre tinha falado sobre o
quanto queria ter filhos, o quanto estava animado com a
ideia de ser pai.
Sabia que ele queria que eu voltasse a morar com ele, e iria
insistir ainda mais na ideia agora que eu estava grávida.
Mas a ideia me deixava apavorada. Não sabia ao certo o
que eu queria.
Na realidade, isso era mentira, eu queria Ky… mas não
podia tê-lo.
Seu maior defeito era eu. Eu era o seu ponto fraco. Ele me
amava além do limite da razão, e eu me sentia péssima por
isso.
Ele voltou, usando uma camisa azul que fazia seus olhos
parecerem vibrantes e cheios de vida.
— Eu… Eu…
— Tem certeza?
Ele riu.
— De quanto tempo?
Encolhi os ombros.
— Ela vai ser tão linda, meu anjo, assim como a mãe.
— Ela?
ele me prometeu.
Dia.
Precisava me refrescar.
— Ky — respondi apenas.
Ela sorriu.
Não.
Tinha perdido.
— E você?
Ele riu.
— Estou animado.
Respira.
Relaxa.
Você consegue.
Cara Confusa,
possível.
Beijo,
Cliquei nela e deslizei a tela para baixo para ver o que ela
tinha escrito em resposta à minha pergunta.
Cara Ida,
dia?
Sinto muito por isso. Não, não acho que fique de fato
mais fácil, mas você se
consegue.
Beijo,
Cara Ida,
― Indecisa, Califórnia.
Cara Indecisa,
Poderia mandar uma moeda para você decidir no cara
ou coroa, mas acho
Beijo,
Cara Ida,
Cara Surtada,
Natureza.
Beijo,
S
Cara Ida,
Julian pigarreou.
Balancei a cabeça.
Ele sorriu.
Eu podia fazer aquilo. Podia ter um bebê com Julian sem ter
que me casar com ele e também podia me certificar de
fazer o meu melhor em relação a Ky. Assim, quando tivesse
oitenta anos e olhasse para a minha vida em retrospectiva,
nunca precisaria ficar me perguntando como poderia ter
sido se eu tivesse tido a força de correr atrás daquilo que
realmente queria.
— Estou.
meus.
— Não sei, mas quero que você entenda que nunca vou te
impedir de estar presente na vida do seu bebê. Não importa
o que aconteça.
Balancei a cabeça.
— Devo estar de alguns meses.
Sabia que aquele bebê não era de Ky, mas o fato de Julian
ter jogado a possibilidade no ar acendeu uma minúscula
faísca de esperança dentro de mim.
— é o seu bebê.
Dez. Semanas.
Engasguei.
— Você vai ser um pai incrível um dia, com uma mulher que
vai te olhar como se você fosse tudo para ela.
Blake.
de cara no chão.
— Pateta — disse a mim mesmo.
— Quê?
Mandei bem.
Balancei a cabeça.
— Nããão.
— Isso o quê?
— Não.
Sim.
Não.
Talvez.
— Talvez.
Minha cabeça começou a girar, e o calor da tequila foi se
misturando com memórias da loira. Pensar nela sempre me
deixava sóbrio mais depressa do que a velocidade com que
eu dava conta de me embebedar.
— Duvido.
— Sim.
tivesse desejado.
— Desculpe.
— Você me beijaria?
Deve ter sido uma droga de beijo, mal dado e vago, mas,
com sorte, ela conseguiu tirar dele aquilo de que precisava.
— Obrigada.
— Se você a ama mesmo, deveria lutar por ela, Ky. Não vai
querer viver com um arrependimento. Acredite em mim.
Eu a queria. Eu a amava.
Revirei os olhos.
Malditos hormônios.
— Sei que você lamenta, mas não é culpa sua. Não quero
nunca que se sinta culpada por dizer como se sente. Você
merece ser feliz, assim como qualquer outra pessoa, Blake.
— Eu o magoei.
— Você acha?
— Ele seria maluco se não superasse. — Ele apertou minha
mão. —
— Preciso ir.
— Prometo.
— Obrigada — sussurrei.
Queria ser amiga dele, mas não seria justo da minha parte
pedir isso.
Beijo,
soluços
rasgavam
meu
peito
enquanto
eu
tentava,
Eu não estava pronta para ser mãe solo. Não sabia como
fazer isso sozinha. Precisava de Ky. Eu o amava. Ele tinha
que me perdoar.
Ela deu uma espiada para trás. Seu filho dormia, e sua filha
estava sentada no joelho do pai, assistindo a alguma coisa
na tela.
— Que fofo.
— Sou a Kendall.
Eu a cumprimentei.
— Blake.
Bufei um suspiro.
Balancei a cabeça.
— Infelizmente, não.
— Como é?
Ela deu uma risadinha.
— Abandonei o Ky.
— A música? — questionei.
O que eu digo?
Eu conseguia. Precisava.
Prendi a respiração.
Eu…
— Você voltou?
— O quê?
— Como assim?
lá.
Simples assim.
Nossa!
— Me desculpe.
— Então é por isso que você tem ligado para ele como se
fosse uma espécie de stalker todo santo dia? Por que você
não está preocupado?
— Preciso ir procurá-lo.
Encolhi os ombros.
— Acho que sim. Que outra escolha eu tenho?
— Acho que vou dar uma volta. Conheço um lugar onde ele
pode estar. De qualquer forma, sei que não vou conseguir
dormir antes de passar por lá.
— Combinado — concordei.
Eu até conseguia ficar bem por alguns dias, até mesmo uma
semana, e então sentia um cheiro… via algo… escutava
algo que me fazia lembrar dela, e já voltava à estaca zero.
Essas coisas que me faziam pensar nela pareciam estar à
minha volta, e eu tinha começado a acreditar que talvez
meu destino fosse ficar destroçado para sempre.
Não à Austrália.
Apertei o play.
Tum-tum.
Tum-tum.
Tum-tum.
Ky.
Eu o encontrei.
Não conseguiria escolher a droga de um campeão mesmo
se minha vida dependesse disso.
— Ky?
Jesus amado. Ela estava mesmo ali. Podia vê-la com meus
próprios
— Qual cavalo?
Ela deu um passo hesitante na minha direção. Minhas mãos
se contraíram com a expectativa e o desejo… a ânsia. Meus
membros ansiavam por ela como se tivessem vontade
própria.
Ela assentiu.
Pow!
Pow!
Pow!
bom: irritá-la.
Também ri.
— Qual é a aposta?
— De novo?
— Não me importo.
— Também não.
Não consegui acreditar no que estava escutando, mas iria
analisar aquilo depois. Nesse momento, eu tinha coisa
melhor para fazer.
— Ky…
Você e eu.
Já estou grávida.
Choque.
Pânico.
Empolgação.
Medo.
Euforia.
— Sim.
— Você e eu?
— Um-hum.
— Tem certeza de que não é dele? Blake, você tem cem por
cento de certeza de que esse bebê é mesmo meu?
— Faz meses que não fico com ele. Esse bebê é seu. Meu
coração é seu. Eu sou sua.
Ela estremeceu.
— Sério?
— Mas é…
— É rápido — interrompi.
Beijei.
— É loucura.
Beijei.
— É a gente.
Meti.
Meti.
Meti.
— Nunca — grunhi.
Meti.
— Chegamos, loira.
— Não sou.
— Então, como…
— Ela é lindíssima!
— Se gostei? É incrível.
— Aposto que o dono está bem feliz com o seu trabalho, Ky.
— Ele está.
— Ainda não.
— É minha.
— O que é sua?
— A casa.
— É sua?
Dele?
Como?
Quando?
Ele assentiu.
Não podia nem imaginar ter uma coisa incrível daquele jeito
e então simplesmente vendê-la, deixando outra pessoa ficar
com ela.
— Não?
Nossa família.
— Te amo de verdade.
— Eu sei.
Em casa.
Eu tinha um lar.
Dei risada.
— Isso pode ser bem louco, mas, de certa forma, fico feliz
por você ter ido embora. Precisei desses dois meses para os
meus sentimentos por você se consolidarem. Para aprender
que podia viver sem você, mas que não queria de verdade.
— Acho que foi porque você tinha um fraco pelo meu pau,
loira.
— Me considere avisado.
— Tá bom, sei.
Touché.
Beijo,
Cara Ida,
Dar à luz é tão ruim quanto dizem? Tudo vai voltar ao
devido lugar depois, não
é?
as duas opções:
pouquíssimo tempo!
Beijo,
Minha loira.
Minha eternidade.
— Tudo bem, então. Acho que vou ter que confiar em você.
Ele estava com nossa filha nos braços e, meu Deus, havia
uma coisa atraente além da conta em ver seu homem
segurando a filhinha daquele jeito. Ainda mais quando ele
ficava tão bonito quanto Ky fazendo isso. Perdi a capacidade
de pensar só de ver os dois juntos.
Balancei a cabeça.
Ele riu.
— Não é uma armadilha. Venha aqui.
— Ok…
— Ky — sussurrei.
Eu podia dar isso a ele. Ele tinha me dado tudo. Podia achar
um jeito de fazer isso por ele.
Não podia.
Não iria.
Em hipótese alguma.
— Obrigado, loira.
Ele estava louco de felicidade. O sorriso tão largo, e os olhos
tão vivos.
— Blake Cameron Vincent, fico feliz demais por você não ter
nascido
um menino.
Este aqui foi bem diferente para mim, pelo fato de ele ser
parte do Cocky Hero Club, o que é uma grande honra.
Adorei entrelaçar minha própria história com alguns dos
personagens favoritos de certos livros de Vi e Penelope.
Beijos,
Nicole
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Dedicatória
Nota da autora
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Parte II
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Epílogo
Agradecimentos
Editora Charme