Apostila
Apostila
Apostila
Figura 1.1.
11
I. Ligação Iônica:
Ocorre entre átomos com grande diferença de eletronegatividade. Um átomo doa
elétrons para outro, resultando na formação de íons positivos (cation) e íons negativos
(ânion), que são atraídos mutuamente pela força eletrostática.
Exemplo: NaCl (Cloreto de Sódio).
II. Ligação Covalente:
Envolve o compartilhamento de pares de elétrons entre átomos. Pode ser simples (um
par de elétrons compartilhado), dupla (dois pares) ou tripla (três pares).
Exemplo: H₂O (Água).
III. Ligação Metálica:
Ocorre em metais, onde os elétrons estão "livres" para se mover entre os átomos. Isso
confere propriedades como condutividade elétrica e maleabilidade aos metais.
Exemplo: Cobre (Cu).
IV. Ligação Coordenada (ou Dativa):
Um átomo fornece ambos os elétrons compartilhados para a formação do par de
elétrons compartilhado.
Exemplo: CO₂ (Dióxido de Carbono), onde o oxigênio fornece ambos os elétrons para
a ligação com o carbono.
A ligação química entre elementos pode ser explicada pela Teoria do octeto: um
grande número de átomos adquire estabilidade eletrônica quando apresenta oito elétrons na
sua camada mais externa.
Essa teoria foi proposta em 1916 pelos cientistas Lewis e Kossel e constitui uma das
explicações plausíveis para o fato de ocorrer ligações químicas entre os elementos. Sendo
12
assim, um átomo que não possui oito elétrons em sua camada de valência se une a outro
átomo a fim de completar seu octeto.
Existem exceções à regra do octeto, mas mesmo assim ela é bem aceita para explicar a
formação da maioria das substâncias através das interações atômicas.
13
14
15
]
16
Tipos de Materiais
Os materiais podem ser classificados em três categorias principais: metais, polímeros e
cerâmicas. Metais, caracterizados pela sua condutividade elétrica e maleabilidade, são
frequentemente usados em construções e dispositivos eletrônicos. Polímeros, como plásticos e
borrachas, exibem propriedades leves e flexíveis, sendo amplamente empregados na indústria
de embalagens e manufatura. As cerâmicas, compostas principalmente por materiais
inorgânicos, destacam-se por sua resistência a altas temperaturas e dureza, sendo aplicadas em
eletrônicos, isolantes térmicos e estruturas avançadas.
Portanto, abordaremos nessa unidade os materiais: polímeros, cerâmicos, metais,
vidros, cristais e compósitos. Cada categoria possui características distintas que determinam
suas aplicações e comportamento em diversas situações.
2.1 Polímeros
Os polímeros, blocos fundamentais da química macromolecular, são macromoléculas
formadas pela repetição de unidades estruturais chamadas monômeros. Essas cadeias longas e
flexíveis conferem aos polímeros uma notável diversidade de propriedades e aplicações.
Desde os polímeros naturais, como proteínas e DNA, até os sintéticos, como plásticos e
fibras, esses materiais desempenham um papel central na nossa vida cotidiana e na indústria.
A compreensão dos polímeros é essencial para inovações em áreas que vão desde embalagens
e medicamentos até materiais avançados na vanguarda da tecnologia. Vamos explorar a
fascinante ciência por trás dessas cadeias moleculares, que moldam o mundo moderno de
maneiras surpreendentes e inovadoras.
Os polímeros podem se subdividir em diferentes classes, sendo as principais a dos
polímeros de adição e de condensação. Veja abaixo alguns polímeros e suas utilizações:
Estrutura do Etileno.
17
Entre os principais tipos de polímeros por adição temos:
18
Terilene ou dracon (etilenoglicol /ácido tereftálico): aplicado em tecidos em geral
(tergal).
Baquelite (aldeído fórmico /fenol): revestimento de móveis (fórmica), material elétrico
(tomada e interruptores).
Poliuretano (poliéster ou poliéter isocianato de p.fenileno): aplicação importante
em colchões e travesseiros (poliuretano esponjoso), isolante térmico e acústico,
poliuretano rígido das rodas dos carrinhos de supermercados.
Cerâmicas tradicionais;
Vidro (ou Vitrocerâmicas);
Refratários;
Abrasivos;
Cimentos;
Carbonos;
Cerâmicas Avançadas.
2.2.1 Algumas de suas propriedades
As cerâmicas são um tipo de material muito cobiçado no mercado pelas
suas propriedades. Uma delas, é a sua alta dureza, a qual confere ao material a capacidade de
resistir à deformação plástica, ou seja, o material resiste às deformações permanentes. Outra
característica importante desse material é o fato de eles serem bons isolantes térmicos quanto
elétricos. Isso se deve às ligações iônicas, que precisam de temperaturas muito elevadas para
serem rompidas. Além disso, o grupo das cerâmicas avançadas possuem algumas
propriedades elétricas e magnéticas interessantes que têm sido exploradas em novos produtos.
Por outro lado, uma desvantagem nesses materiais é a sua fragilidade.
Ao sofrer a ação de uma força, o material cerâmico sofre trincas que se espalham por
todo o corpo, gerando as fraturas. Exemplo disso, é quando uma taça de vidro cai no chão, o
qual exerce uma força na taça, gerando uma tensão na taça e causando rompimento.
19
2.2.2 Tipos de materiais cerâmicos
20
A seguir, na Figura 2.3, observe a taxonomia com relação às inúmeras aplicações
possíveis para os materiais cerâmicos.
Figura 2.3
Hoje em dia ele é encontrado em nossa casa (ex: panelas, armários, talheres), nos
automóveis, nas embalagens de alimentos, etc.
Ele é sólido, não deixa passar luz (é opaco) e conduz bem a eletricidade e o calor,
possuindo um brilho especial chamado de metálico. Quando aquecido é maleável, podendo
ser moldado em várias formas, desde fios até chapas e barras. Os metais podem ser
encontrados misturados no solo e nas rochas, sendo chamados de minérios.
21
Existem muitos tipos de metais, chegando hoje ao total de sessenta e oito. Dentre eles
existem alguns bem diferentes, como o mercúrio (que é líquido) e o sódio (que é leve). Os
mais conhecidos e utilizados há muitos anos são o ferro, cobre, estanho, chumbo, ouro e a
prata.
Os metais podem ser separados em dois grandes grupos: os ferrosos, compostos por
ferro, e os não-ferrosos.
Figura 2.4
2.4 Vidro
O vidro é feito de uma mistura de matérias-primas naturais. Conta-se que ele foi
descoberto por acaso, quando, ao fazerem fogueiras na praia, os navegadores perceberam que
22
a areia e o calcário (conchas) se combinaram através da ação da alta temperatura. Há registros
de sua utilização desde 7.000 a.C. por sírios, fenícios e babilônios.
Hoje o vidro está muito presente em nossa civilização e pode ser moldado de qualquer
maneira: nos pára-brisas e janelas dos automóveis, lâmpadas, garrafas, compotas, garrafões,
frascos, recipientes, copos, janelas, lentes, tela de televisores e monitores, fibra ótica e etc.
As matérias-primas do vidro sempre foram as mesmas há milhares de anos. Somente a
tecnologia é que mudou, acelerando o processo e possibilitando maior diversidade para seu
uso.
O vidro é composto por areia, calcário, barrilha (carbonato de sódio), alumina (óxido
de alumínio) e corantes ou descorantes.
Figura 2.5
Gráfico dos itens que compõem o vidro.
2.5 Cristais
23
A matéria dos cristais é um campo fascinante da ciência que se dedica ao estudo da
estrutura e das propriedades dos sólidos cristalinos. Os cristais são sólidos nos quais átomos,
íons ou moléculas se organizam em um padrão tridimensional repetitivo conhecido como rede
cristalina. Essa estrutura ordenada confere propriedades distintas aos cristais. A cristalização,
processo de formação de sólidos a partir de líquidos ou gases, é fundamental nesse contexto,
podendo ocorrer naturalmente, como na formação de cristais de gelo, ou ser induzida em
laboratório.
Figura 2.7
O reticulado cristalino, que representa a
disposição específica dos átomos ou íons na rede
cristalina, pode assumir diferentes formas, como
cúbica, tetragonal ou ortorrômbica. Muitos cristais
exibem propriedades ópticas notáveis, como
birrefringência e dispersão da luz, sendo essas
características exploradas em diversas aplicações,
Figura ilustrativa de um metal.
incluindo microscopia óptica e dispositivos ópticos.
24
Os materiais compósitos são materiais heterogêneos e multifásicos, sendo compostos
por 2 materiais diferentes com propriedades complementares, orientadas pelo princípio da
ação combinada. Esse princípio define que as melhores combinações de materiais são feitas
por uma escolha racional de dois materiais distintos para uma composição resultante.
Além disso, os materiais compósitos são compostos por 2 fases: a fase matriz e a fase
dispersa (ou reforço). A fase matriz é contínua, abriga a fase dispersa e geralmente é
responsável por dar liga ao material. Já a fase dispersa é responsável pelas propriedades
mecânicas do material em função de sua forma, tamanho, distribuição e orientação.
Ainda, é importante mencionar que a adesão fibra (ou partícula)/matriz é um fator
importante a ser considerado, uma vez que o mesmo define a forma como o reforço se
comportará quando solicitado na matriz.
As propriedades dos materiais compósitos variam devido a diversos fatores, como por
exemplo a presença de bolhas na resina ou má adesão da resina em relação às fibras. Tendo
isso em vista, as principais propriedades avaliadas para os materiais compósitos são, a
resistência à tração das fibras, assim como o limite de resistência à fadiga, essas propriedades
podem ser obtidas através dos ensaios de tração e fadiga respectivamente.
Além disso, propriedades em relação à fabricação do compósito também podem ser analisadas
utilizando-se ensaios não destrutivos (END’s), nesse caso avalia-se a presença de
imperfeições, trincas, bolhas ou descontinuidades internas no material, que não podem ser
detectadas a olho nu. Para esses casos, são utilizados os ensaios de ultrassom, líquidos
penetrantes e inspeção visual.
Figura 2.8
Esquema apresentando os tipos de
compósitos.
25
26
27
Resistência dos Materiais
A resistência dos materiais é a capacidade que um material tem de resistir a certa força
aplicada sobre ele. É bem conhecida na engenharia, principalmente no ramo da mecânica. Ele
28
se refere à capacidade de um material de corpo deformável conseguir resistir a uma força
aplicada sobre o mesmo. De acordo com especialistas, existem diversos processos que são
capazes de alterá-lo.
E essa resistência irá depender do processo de fabricação do material. É possível
alterar a resistência de um material, mas isso envolve o risco de perder alguma propriedade
mecânica.
O intuito com o estudo da resistência dos materiais é aplicar os conhecimentos na
produção e uso de peças com uma certa função. Por isso, é essencial conhecer os limites de
resistência de cada tipo de material, descobrindo até onde é possível fazer a sua manipulação.
A ciência da resistência dos materiais depende da certeza em relação aos resultados
obtidos, já que erros podem acarretar em enormes prejuízos posteriores. Inclusive, cálculos
incorretos podem colocar a vida de pessoas em risco.
29
A compreensão de conceitos essenciais, como tensão, deformação, a Lei de Hooke e a
interação de cargas axiais e torsionais, desempenha um papel crucial. Esses princípios
fornecem a base teórica necessária para analisar e projetar estruturas robustas, máquinas
eficientes e componentes confiáveis. Vamos explorar mais a fundo esses pilares que
sustentam o estudo da Resistência dos Materiais, compreendendo como eles moldam a
resposta dos materiais às demandas do mundo físico e são fundamentais para o
desenvolvimento seguro e eficaz de inúmeras aplicações na engenharia.
Vamos explorar mais a fundo os princípios fundamentais que guiam a Resistência dos
Materiais:
I. Tensão e Deformação:
30
o material retorna à sua forma original, e a fase plástica, onde ocorrem
deformações permanentes antes da ruptura.
O ponto de ruptura, ou ponto de falha, indica a máxima tensão suportada
pelo material.
31
32
33
34
Caracterização Térmica
A Caracterização Térmica é um campo fundamental na engenharia de materiais e
ciências físicas que se dedica ao estudo das propriedades térmicas dos materiais.
Compreender como os materiais respondem ao calor é essencial para uma variedade de
aplicações, desde o design de dispositivos eletrônicos até o desenvolvimento de isolantes
térmicos eficientes. Este campo abrange vários aspectos, incluindo condução térmica,
convecção, radiação térmica, entre outros, contribuindo para a otimização de processos e a
eficiência de sistemas térmicos.
35
A transferência de calor por condução ocorre devido à interação entre partículas
(átomos e moléculas) no interior de um material.
À medida que uma extremidade do material é aquecida, as partículas adjacentes
ganham energia térmica e começam a vibrar mais rapidamente.
Essa vibração é transmitida através do material, causando um aumento nas vibrações
das partículas em cascata.
Nos sólidos, onde a condução térmica é mais proeminente, os elétrons também
desempenham um papel significativo na transferência de calor.
onde:
36
Dentro do amplo campo da Caracterização Térmica, a convecção térmica emerge
como um tópico de grande relevância. A convecção refere-se ao transporte de calor por meio
do movimento de fluidos, sejam líquidos ou gases, e desempenha um papel crucial na
distribuição de calor em ambientes diversos, desde processos industriais até fenômenos
naturais.
37
2. Convecção Forçada: Envolve o uso de dispositivos externos, como ventiladores ou
bombas, para acelerar o movimento do fluido. É comum em sistemas de resfriamento
industrial e em trocadores de calor.
Exemplo prático dos tipos de convecções citados a cima:
38
A radiação térmica ocorre em todas as direções, e a taxa de emissão é proporcional à
quarta potência da temperatura absoluta do corpo, conforme expresso pela Lei de
Stefan-Boltzmann.
39
4.4 Análises Térmicas- TGA, DTA, DSC
As análises térmicas representam um campo essencial na investigação das
propriedades dos materiais sob diferentes condições de temperatura. Este ramo da ciência de
materiais é fundamental para compreender como os materiais respondem a variações térmicas
e como essas respostas podem impactar seu desempenho em diversas aplicações. Ao abranger
técnicas como a análise térmica diferencial (DTA), análise termogravimétrica (TGA) e
calorimetria diferencial de varredura (DSC), as análises térmicas proporcionam uma janela
única para as transformações físicas e químicas que ocorrem nos materiais em resposta ao
calor.
As técnicas analíticas térmicas oferecem uma visão aprofundada das mudanças de
fase, transições químicas e propriedades térmicas dos materiais. A DTA, por exemplo, revela
alterações na capacidade térmica em função da temperatura, enquanto a TGA quantifica
mudanças na massa durante processos térmicos. A DSC, por sua vez, examina a variação de
calor específico, proporcionando insights sobre reações exotérmicas e endotérmicas. Essas
ferramentas analíticas não apenas desvendam os segredos térmicos dos materiais, mas
também desempenham um papel crucial no desenvolvimento de novos materiais e na
otimização de processos industriais.
4.4.1 TGA – Análise Termogravimétrica
A análise termogravimétrica baseia-se no estudo da variação de massa de uma
amostra, resultante de uma transformação física (sublimação, evaporação, condensação) ou
química (degradação, decomposição, oxidação) em função do tempo ou da temperatura.
40
entre outras. A principal diferença entre elas é que o DSC é uma análise quantitativa enquanto
o DTA é qualitativo
41
Número de onda: 600 – 4000 cm-1
Faixa de temperatura: TGA (forno de carbeto de silício) – Temp. ambiente a 1600 °C
42