Cópia de Entrevista - Social
Cópia de Entrevista - Social
Cópia de Entrevista - Social
Entrevistas:
1- Letícia de Oliveira, 24 anos, voluntaria
Qual a principal dificuldade do voluntariado voltado as pessoas em situação de rua?
A falta de apoio dos órgãos públicos, e até mesmo das próprias pessoas.
A falta de recurso, dinheiro! A gente tira um pouquinho do nosso mas é impossível cessar o
problema com isso.
Por isso somos reféns de doações e etc!
O centro é o “ponto principal” dos moradores de rua! Ali a gente vê de tudo! Nosso objetivo é
cessar a fome e a sede, primeiramente.
Levar um pouco de dignidade e uma palavra de conforto, de esperança.
Entender o que se passa ali e tentar, mesmo que demore, uma solução para que diminua o
índice de pessoas nessa situação.
Mas para isso precisamos de um suporte da prefeitura… de algum órgão público, para fazer o
que tem que ser feito nessa situação! Recolher, ajudar, dar oportunidades e etc… Mas eles não
estão nem aí.
Baseado nas coisas que você já presenciou, qual seria o principal motivo que leva as pessoas
chegarem nessa situação?
Droga, álcool, sem dúvida é o que eles tem de mais em comum. Porém não são todos que
estão ali por esse motivo. Muitos começam usar depois que já estão nessa situação.
O que de fato eu creio que pesa mais e acabam levando as pessoas a viverem nessa situação é
base familiar estremecida. Problemas na família!
E o que mantém eles ali, é o desemprego e infelizmente o vício.
- quais as limitações?
A maior limitação é a falta de apoio e recursos. Nem sempre temos o suporte que precisamos
e recorremos a doações que também não é sempre que temos ou as vezes precisamos
escolher e selecionar para quem será doado, e isso é triste, porque as dificuldades podem ser
diferentes, mas as limitações são as mesmas.
- quais os benefícios que os lugares que você trabalha oferece a quem precisa?
Depende do lugar. Mas a maioria é o alimento, para que pelo menos a fome seja suprida e
também roupas que recebemos de doação. Como voluntária, as vezes procuro por pessoas
que não estão em albergues por algum motivo e eu mesma vou lá e dou comida e roupa limpa.
Nem todo mundo tem acesso a isso.
Colocou que a falta de educação, o medo das pessoas, os julgamentos, preconceito, fome, frio,
sede, falta de higiene… e a saudade da vida que levava antes de conhecer os vícios.
E de não ter notícia de seus filhos.
Contou que evita o máximo depender deles, mas que o albergue é o que ele mais frequenta e
não tem nada a reclamar em comparação aos outros serviços.
Evita ao máximo ter que usar o sistema de saúde pois sempre foi muito mal tratado, julgado e
“largado”.
Participação rápida:
Tatiane, companheira de Anderson atualmente - não quis informar a quanto tempo tá na rua e
não se sentiu confortável de responder outras perguntas, mas ao ouvir sobre o sistema de
saúde compartilhou que teve dois de seus filhos tirados dela direto da maternidade, sem ter a
chance de se quer ver o rosto das crianças.
Compartilhou também que quase morreu após o parto devido a uma hemorragia, e que
apenas uma enfermeira ajudou ela durante o período de internação.
Em uma das gestações foi indagada por um médico em tom de deboche do porque que ela
estaria ali novamente, afirmando que ela teria que parar de colocar filho no mundo pros
outros. Segundo ele, além de tomar lugar de alguém que precise,, a criança é inocente e vai
sofrer dentro de um abrigo.
Fora as inúmeras negligências médicas que ela sofreu durante a gestação.
Compartilhou também que parou de fazer o acompanhamento devido o tratamento que
recebia em cada consulta.
“O álcool abre portas para destruição, se os jovens soubessem disso tomariam muito cuidado.
Eu paguei pra ver, tô aqui sentindo na pele.
Destruiu meu casamento, meu emprego, minha vida.
Colhendo as consequências. Falar para a rapaziada aí que esse mundo de farra é ilusão”