Ciclo Do Ouro e Açúcar
Ciclo Do Ouro e Açúcar
Ciclo Do Ouro e Açúcar
O Ciclo do Ouro foi um período do Brasil Colônia marcado pela exploração de ouro e de pedras
preciosas em Minas Gerais, em Goiás e em Mato Grosso.
O Ciclo do Ouro foi um período na história do Brasil Colônia (século XVIII) no qual a economia
estava centralizada na mineração de ouro e pedras preciosas, como diamante e esmeraldas. O
ouro foi descoberto pelos bandeirantes paulistas no interior, o que gerou modificações
econômicas, políticas, sociais e culturais na Colônia.
Resumo sobre o Ciclo do Ouro
O Ciclo do Ouro foi um período do Brasil Colônia que ocorreu durante o século XVIII e
representou a exploração da economia mineradora.
O ouro foi descoberto pelos bandeirantes paulistas, o que gerou a interiorização do
território nacional e levou a colonização às atuais regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso.
Foi encontrado ouro em leitos e margens de rios, os chamados ouros de aluvião, e também
em minas (galerias subterrâneas).
Os mineradores eram membros da antiga elite colonial (senhores de engenho do Nordeste),
comerciantes e autônomos. Ao redor da mineração, foi construída uma infraestrutura de
alimentação e transporte de carga
Alguns dos conflitos que ocorreram nesse período foi a Guerra dos Emboabas (1708–1709) e
a Inconfidência Mineira (1789).
A mineração deixou como consequências nas regiões exploradas diversas manifestações
culturais, como o Barroco mineiro. Já Portugal obteve grandes recursos com a atividade, os
quais investiu no comércio com a Inglaterra.
O que foi o Ciclo do Ouro no Brasil?
O Ciclo do Ouro foi um período do século XVIII no qual a atividade econômica mais
importante do Brasil Colônia foi a mineração de ouro, diamantes e esmeraldas, concentrada
na região dos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Durante esse período, se
desenvolveram nessa região modelos políticos, econômicos, sociais e culturais que
modificaram o sistema colonial e a própria vida da colônia.
O Ciclo do Ouro tem início no contexto das bandeiras, expedições paulistas que ingressaram
no interior até então inexplorado do território colonial com o objetivo de escravizar indígenas,
cumprir contratos de captura de escravizados fugidos, destruir quilombos e procurar metais
preciosos.
Desde o início da colonização no Brasil, Portugal procurava ouro e pedras preciosas no
território do Brasil Colônia. Porém, essas riquezas se localizavam no interior, em regiões até
então inexploradas, chamadas à época de “sertão”. Por conta do modelo de exploração
açucareiro, Portugal, até o século XVIII, se limitava a ocupar e explorar o litoral brasileiro,
assim desconhecendo as reservas minerais. Foi com as “bandeiras de prospecção” que essas
riquezas foram encontradas no interior do país.
Causas do Ciclo do Ouro
Em primeiro lugar, é importante destacar que o ouro encontrado em Minas Gerais era de um
tipo específico chamado ouro de aluvião, que tem por características seu depósito em leitos e
margens de rios em pequena concentração. Isso significa que o ouro brasileiro era facilmente
explorável, mas se esgotava rápido.
Também se encontrou ouro em minas (galerias subterrâneas), mas sua exploração era
limitada: quanto mais os trabalhadores aprofundavam as minas, mais água as inundava,
chegando ao limite de tornar a exploração inviável. Esse problema poderia ser contornado
utilizando bombas d’água, mas essa tecnologia fora inventada na Primeira Revolução Industrial
(na primeira metade do século XVIII, na Inglaterra) e não estava disponível a custos acessíveis.
Os exploradores do ouro foram os ricos fazendeiros de açúcar do Nordeste, os fazendeiros das
fazendas mistas de São Paulo e pessoas que não faziam parte dessa elite econômica e
enriqueceram com a mineração. Além disso, construiu-se toda uma estrutura de alimentação,
hospedagem, transportes e comércio em torno do ouro. A mão de obra era a escravizada
africana, que exercia o trabalho pesado nas lavras e minas.
Importância do Ciclo do Ouro para o Brasil
O Ciclo do Ouro foi importante a partir de um aspecto social, político e econômico . Do ponto
de vista social, contribuiu para a prática da libertação de escravizados em maior escala, os
quais podiam comprar sua liberdade com o pouco ouro que conseguiam desviar em seu
trabalho cotidiano. Do ponto de vista político, interiorizou o território brasileiro e criou formas
de organização, como a criação da capitania de São Paulo e Minas Gerais, desenvolvendo a
região Sudeste. Do ponto de vista econômico, trouxe grande riqueza aos exploradores e mais
ainda a Portugal.
Com relação a Portugal, tão logo a notícia da descoberta do ouro chegou à Metrópole, foram
adotadas medidas para taxar e controlar sua produção. Com isso, os mineradores pagavam
grandes impostos sobre a sua produção, com destaque para o Quinto, que equivalia a 20%
sobre todo o ouro produzido.
Esses recursos, no entanto, não foram acumulados ou investidos por Portugal, que os gastou
em relações comerciais com a Inglaterra. Por isso, o historiador brasileiro Caio Prado Júnior
afirma que a mineração no Brasil deixou buracos em Minas Gerais, igrejas em Portugal e
fábricas na Inglaterra — referência ao fato de a mineração brasileira ter ajudado
indiretamente a financiar a Revolução Industrial inglesa, sobretudo devido aos laços
comerciais entre os dois países.
Um exemplo desses laços é o Tratado de Methuen (1703), também chamado de tratado dos
“panos e vinhos”, por meio do qual Portugal comprava tecidos ingleses em preços
preferenciais em troca da exportação de vinho em valores preferenciais. No contexto da
Revolução Industrial, como o preço dos tecidos era maior do que o do vinho, o tratado
favoreceu a economia inglesa.
Conflitos que ocorreram no período do Ciclo do Ouro
Naturalmente, a exploração do ouro gerou conflitos por seu controle. O primeiro deles é
a Guerra dos Emboabas (1708-1709), motivada pelo embate entre paulistas e forasteiros
(chamados de emboabas) pelo monopólio da exploração. Em campo de batalha, os paulistas
foram derrotados, e a Coroa portuguesa aumentou seu controle na região, através da criação
da capitania de São Paulo e Minas do Ouro (1709), que em 1720 foi desmembrada em duas:
São Paulo e Minas Gerais.
O mais importante conflito durante a época do Ciclo do Ouro foi a Inconfidência Mineira
(1789). A partir da ameaça de cobrança dos impostos atrasados, Portugal criou um clima de
tensão em Vila Rica (atual Ouro Preto). Com isso, membros da elite local, influenciados pelas
ideias liberais iluministas, pensaram uma revolta, que tinha como pauta a independência de
Minas Gerais e adoção da forma de governo republicana. O movimento foi denunciado antes
de começar, e os responsáveis, punidos com exílio e mortes, como é o caso de Tiradentes,
feito exemplo e esquartejado publicamente.
Consequências do Ciclo do Ouro
Durante o Ciclo do Ouro, a atividade artística foi muito incentivada e desenvolvida. Artistas
como Mestre Ataíde e Aleijadinho desenvolveram obras de pintura e escultura até hoje
presentes na região. A arquitetura barroca também foi típica da época, com igrejas e
casarões em estilo específico, ornamentadas de ouro.
A religião na região das minas era experenciada de modo diferente: as ordens religiosas,
como a Jesuíta, não podiam entrar lá, e existiam diversas comunidades voltadas
exclusivamente ao auxílio de ex-escravizados e pessoas negras, como a Igreja de Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em Ouro Preto. Igrejas desse tipo acolhiam ex-
escravizados libertos, lhes davam trabalho remunerado, moradia e alimentação, além de
auxiliar escravizados fugidos, escondendo-os.
A CANA-DE-AÇÚCAR
O açúcar era um produto conhecido no continente europeu desde o século XII, pelo menos. Ele
era qualificado como uma especiaria, possuindo alto valor de mercado, sendo de consumo
quase exclusivo da aristocracia europeia. Era usado com propriedades medicinais, como
conservante do sabor dos alimentos, e, por vezes, era utilizado como dote de casamento. Por
ser voltado para tal mercado suntuário e por seu caráter de exclusividade, consumir açúcar
reafirmava os padrões sociais de uma sociedade europeia marcada por privilégios e
exclusividades aristocráticas.
A produção do açúcar era organizada em uma estrutura espacial que constava das seguintes
áreas: Casa Grande (moradia do senhor de engenho), Senzala (moradia dos escravos que
trabalhavam no engenho), Casa dos trabalhadores livres (pequenas residências), moenda
(maquinário usado no processo produtivo do açúcar), Capela (local dos rituais religiosos),
Canavial (reservado para o plantio de açúcar) e plantações de subsistências.
No entanto, existiam outros tipos sociais e atividades econômicas no Brasil colônia. Era
muito marcante a presença dos comerciantes. Muitos atuavam no abastecimento interno,
outros no comércio ligado aos circuitos europeus. Também eram importantes os comerciantes
de escravos, que alimentavam com “braços” a economia colonial. Os grandes comerciantes na
colônia eram conhecidos como “comerciantes de grosso-trato”. Muitas vezes, eram
economicamente mais poderosos que os senhores de engenho. No entanto, em uma
sociedade que se pensa como de Antigo Regime, não necessariamente a riqueza representa
status, e ser comerciante não era valorizado socialmente. A estes homens era relegado um
papel secundário, em função de seus “defeitos mecânicos”, ou seja, de trabalharem com as
mãos.
A SOCIEDADE COLONIAL
O latifúndio monocultor também consistiu num centro que se traduzia em prestígio político e
status social. Ele caracterizava os símbolos de riqueza e prestígio social dos chamados
“homens bons”, literalmente a nobreza da terra da sociedade colonial. Essa elite rural,
denominada por Evaldo Cabral de Mello como a “açucarocracia”, reproduzia padrões da vida
nobiliárquica europeia nas Américas, mesmo sem possuir títulos de nobreza ou distinções
honoríficas. O poder político desses homens, exercido a nível local, concentrava-se nas
Câmaras Municipais.
Além de ser dono de terras, conferia amplo status ao senhor de engenho possuir escravos. Ter
a posse sobre estes, numa sociedade patriarcal, reforçava o caráter extremamente hierárquico
da sociedade colonial, herdeira de uma mentalidade de Antigo Regime. Nas palavras do jesuíta
Antonil, “ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser
servido, obedecido e respeitado de muitos”.