Embargos de Terceiro (Veiculo)

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Embargos de Terceiro com Embargos de terceiro buscando liberação de veículo bloqueado em

execução

O proprietário e/ou possuidor que, não sendo parte no processo, sofrer, ou se achar na
iminência de sofrer, turbação ou esbulho da posse de seus bens por ato de apreensão judicial
expedido em qualquer tipo de processo (v. g., cautelar, conhecimento, execução), em casos
como o de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento,
inventário, partilha, poderá requerer lhes sejam manutenidos ou restituídos por meio dos
chamados “embargos de terceiro”, que, segundo a melhor doutrina, tem natureza de ação de
conhecimento especial com procedimento sumário. Cabem, ainda, os embargos de terceiro: (I)
para a defesa da posse, quando, demarcação, for o imóvel sujeito a atos materiais,
preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos; (II) para o credor com garantia
real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese.

Os embargos de terceiro podem ser opostos a qualquer tempo no processo de


conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no cumprimento de sentença
ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por
iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta (art.
675, CPC). Registre-se, outrossim, que devem ser opostos em face do exequente e,
eventualmente, do executado (litisconsórcio necessário), quando este tenha dado causa à
constrição (v. g., indicação do bem).

Entendendo suficientemente provado o domínio ou a posse do bem litigioso, o juiz


poderá determinar a suspensão das medidas constritivas (art. 678, CPC).

LEGISLAÇÃO
Os embargos de terceiros encontram-se disciplinados nos arts. 674 a 681 do Código de
Processo Civil. No mais, registre - se que a proteção da posse e da propriedade encontra arrimo
nos arts. 1.210 e 1.228 do Código Civil.

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PROCEDIMENTO DA AÇÃO

A petição inicial dos embargos de terceiro deve atender os requisitos dos arts. 319 e
320 do CPC, devendo o embargante declarara sua qualidade de terceiro, descrevendo e
provando, ao menos sumariamente, a sua posse, podendo, para tanto, requerer audiência
preliminar de justificação (art. 677, CPC). Deve, outrossim, diligenciar no sentido de juntar copia
do ato judicial apontado como a causa da interposição dos embargos.

Considerando a natureza possessória dos embargos de terceiros, o embargante deve


requerer liminar no sentido de ser mantido ou reintegrado na posse do bem turbado ou
esbulhado.

Distribuída por dependência a petição inicial e formados os autos, estes vão conclusos
para o juiz, que poderá: (I) determinar que o autor emende a inicial no prazo de 15 (quinze) dias
(art. 321, CPC); (II) não recebê-la, extinguindo o feito sem julgamento de mérito (arts. 330 e 485,
CPC); (III) recebê-la, deferindo ou não o pedido liminar de manutenção ou reintegração de
posse (art. 678, CPC), suspendendo os atos de constrição do bem litigioso; em seguida, o juiz
deverá determinar a citação do embargado na pessoa do seu procurador, ou pessoalmente,
caso este não tiver procurador constituído nos autos da ação principal.

Os embargados podem oferecer contestação no prazo de 15 (quinze) dias, sendo que


após eventual resposta, o rito passa a ser o do procedimento comum (providências
preliminares, saneador, audiência, sentença).

A sentença decidirá sobre a legitimidade ou não da constrição aos bens do


embargando; no caso de os embargos serem acolhidos, o ato de constrição indevida será
cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração
definitiva do bem ou do direito ao embargante (art. 681, CPC)

FORO COMPETENTE
Os embargos de terceiro, que correrão em autos distintos, devem ser interpostos
(distribuição por dependência) perante o juízo responsável pela constrição (art. 676, CPC).

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QUESTIONAMENTO AO CLIENTE
Com o escopo de viabilizar o melhor resultado possível para o constituinte, o Advogado deve
conversar com ele sobre o caso, procurando obter respostas para as seguintes questões, entre
outras:
- qual é o bem que sofreu constrição?
- qual a natureza da constrição?
- quando ocorreu a apreensão ou penhora?
- onde está localizado o bem?
- qual a natureza do vínculo entre o embargante e o bem?
- como o embargante exercia a posse do bem?
- há quanto tempo estava na posse do bem?
- qual o número do processo e o juízo que procedeu com a constrição? O embargante tem
alguma relação com o devedor? De qual natureza?

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A AÇÃO


O embargante deverá ser orientado a fornecer ao Advogado cópia dos seguintes documentos,
entre outros:
- documentos pessoais (certidão de casamento ou nascimento, RG, CPF);
- comprovante de residência;
- ato de constrição (quando tiver acesso);
- contrato ou estatuto social (pessoa jurídica);
- documento de propriedade, quando for o caso (escritura, nota fiscal etc.);
- carnê atual do IPTU, quando for o caso;
- rol de testemunhas (nome, endereço e profissão).

MEIOS DE PROVAR
Ao embargante cabe provar a sua justa posse do bem que sofreu indevida constrição.
Pode fazê-lo por meio de documentos, pericia e oitiva de testemunhas.

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VALOR DA CAUSA
Nos embargos de terceiro, o valor da causa deve ser equivalente ao do bem que se quer
liberar. Tratando-se de bem imóvel, é costume se utilizar da estimativa oficial para lançamento
do imposto predial (IPTU), ordinariamente denominado “valor venal”.

QUAIS SÃO AS DESPESAS


Não constando da petição inicial requerimento de justiça gratuita (art. 99, CPC), o
embargante deve proceder ao recolhimento prévio das custas processuais, que, de regra,
envolvem a taxa judiciária, o valor devido pela juntada do mandato judicial e as despesas com
diligências do Oficial de Justiça. Os valores dessas custas variam de Estado para Estado; o
Advogado que tiver dúvida sobre seu montante e forma de recolhimento deve consultar a
subseção da OAB em sua comarca.

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Vamos analisar uma Embargos de terceiro buscando liberação de veículo bloqueado em execução

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Cível, Comarca de Fortaleza,
Ceará

Autuação em apenso
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação de reparação de danos

A. C. da S., brasileira, solteira, agente de segurança, portadora do RG


00.000.000-SSP/CE e do CPF 000.000.000-00, titular do e-mail [email protected], residente e
domiciliada na Avenida Edmilson Rodrigues Marcelino, nº 00, Cidade Miguel Badra, cidade de
Fortaleza-CE, CEP 00000-000, por seu Advogado que esta subscreve (mandato incluso), com
escritório na Avenida Oliveira Paiva, 2601 – Cidade dos Funcionários – Fortaleza/CE – CEP:
60822-900, onde recebe intimações (e-mail: [email protected]), vem perante Vossa
Excelência propor embargos de terceiro, observando-se o procedimento especial previsto nos
arts. 674 a 681 do Código de Processo Civil, com pedido liminar, em face de A. de S., brasileiro,
solteiro, motorista carreteiro, portador do RG 00.000.000-SSP/CE e do CPF 000.000.000-00,
sem endereço eletrônico conhecido, e N. V. de M., brasileira, solteira, funcionária pública, por-
tadora do RG 00.000.000-SSP/CE e do CPF 000.000.000-00, sem endereço eletrônico conheci-
do, residentes e domiciliados na Rua Oito, nº 00, Nova Biritiba, cidade de Fortaleza-CE, CEP
00000-000, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
1. Os embargados ajuizaram, em 00.00.0000, ação de reparação de danos em
face do Sr. E. L. Z., alegando, em apertada síntese, que ele seria responsável por acidente ocor-
rido em 00.00.0000.
2. Encerrada a instrução, o feito foi sentenciado em 00 de julho de 0000; na r.
sentença, fls. 00/00, o pedido exordial foi julgado IMPROCEDENTE.
3. Inconformados, os embargados recorreram, sendo dado provimento ao seu
recurso em 00.00.0000, fls. 00/00.
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4. Transitado em julgado a r. decisão do colegiado, fls. 00, verso, os embarga-
dos deram início à execução, fls. 00/00, sendo os cálculos feitos pelo contador da serventia às
fls. 00.
5. Iniciada a execução, não se encontraram bens do executado, Sr. “E”, fls.
00/00; porém, determinou o Juízo, a pedido dos embargados, o bloqueio judicial do veículo
FORD/FIESTA, ano 0000, placas CMG 0000, assim como a expedição de mandado de penhora
sobre o referido bem, fls. 00/00.
6. O Senhor Oficial de Justiça certificou que o referido carro já havia sido ven-
dido pelo executado há aproximadamente 03 (três) anos, fls. 00 (f/v). Registre-se, ainda, que
atendendo a ordem judicial, o DETRAN procedeu com o bloqueio do veículo e informou que
este já estava registrado em nome da embargante, fls. 00/00.
7. Ciente de que o veículo estava no nome da embargante há longa data, os
embargados requereram ao Juízo que declarasse que a alienação do veículo ocorreu em fraude
de execução, determinando a sua penhora e mantendo-se o bloqueio judicial, fls. 00/00.
8. O Juízo da execução fundamentadamente INDEFERIU O PEDIDO DE RECO-
NHECIMENTO DE FRAUDE À EXECUÇÃO, indeferindo, ademais, o pedido de penhora do referi-
do bem, que já estava há longo tempo na propriedade de terceiros de boa-fé, fls. 00.
9. Ora, reconhecendo a impossibilidade da penhora do referido bem, que co-
mo muito bem observado pelo próprio Juízo em decisão já preclusa nos autos (não foi oportu-
namente impugnada), pertence a terceiro de boa-fé, deveria ter o próprio Juízo liberado o bem
do bloqueio judicial, que devido à referida decisão se tornou ilegal e indevido.
10. Infelizmente, não o fez o Juízo, mantendo indevidamente o bloqueio do ve-
ículo da embargante.
11. Tendo tomado conhecimento de que seu veículo estava bloqueado, fato
que impediu o seu licenciamento, a embargante procurou o DETRAN e, há muito custo, desco-
briu que a ordem de bloqueio tinha partido deste douto Juízo.
12. Por meio de seu Advogado, a embargante teve vista dos autos e tomou
“finalmente” conhecimento da r. decisão de fls. 00, que, como se disse, afastou, indeferiu, o
pedido de penhora do referido bem, deixando apenas de determinar o desbloqueio do referido
bem, que, assim, sofreu turbação sem que ao menos se determinasse a citação da proprietária.
13. Entendendo que a permanência do bloqueio teria sido apenas fruto de “er-
ro material”, afinal o pedido de penhora havia sido indeferido, assim como o de bloqueio (veja-
se o último parágrafo da r. decisão de fls. 00), a embargante requereu nos próprios autos de
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execução a liberação do seu carro, fls. 00, sendo que tal pedido “não foi apreciado pelo juízo”,
sob o argumento de que a Sra. A. C. não seria parte dos autos.
14. Ora, tratando-se claramente de erro material, qualquer pessoa, mesmo um
terceiro, poderia apontá-lo para o Juízo, que deveria ter agido de ofício. De qualquer forma, a
atitude do Juízo da execução fez nascer a efetiva necessidade dos presentes embargos, com
escopo de finalmente liberar o veículo da embargada do INDEVIDO bloqueio judicial.
15. A questão não demanda debate, visto que, como já se disse, o Juízo da
execução já apreciou o mérito do pedido de penhora do referido bem, fls. 00; decisão esta pro-
tegida há longa data pela força da “preclusão”.
16. Por fim, há que se registrar que o bloqueio judicial do bem vem trazendo à
embargante muitos prejuízos materiais, visto que se vê impossibilidade de licenciar o bem e,
portanto, de usá-lo (posse turbada), sendo que os embargados, responsáveis pelo ocorrido,
tenham sequer providenciado a notificação da embargante.

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, considerando que a pretensão da embargante encontra arrimo nos arts. 1.210 e
1.228 do Código Civil, requer:
a) os benefícios da justiça gratuita, uma vez que se declara pobre no sentido
jurídico do termo, conforme declaração anexa;
b) a concessão, in limine litis, de medida liminar, determinando o imediato
desbloqueio do veículo marca FORD/FIESTA, ano 0000, placa CMG 0000, RENAVAM
000000000, a fim de possibilitar à embargante, e proprietária registrada, a regularização do
licenciamento (neste particular, lembre-se que o juízo da execução já afastou a possibilidade de
penhora do referido bem, fls. 00);
c) a citação dos embargantes, na pessoa do seu Procurador (Dr. D. B. V., com
escritório na Rua Schwartzmann, nº 00, Braz Cubas, cidade de Fortaleza-CE, CEP 00000-000),
para que, querendo, apresentem impugnação no prazo legal, sob pena de sujeitarem-se aos
efeitos da revelia;
d) a liberação do bloqueio judicial imposto ao veículo marca FORD/FIESTA, ano
0000, placa CMG 0000, RENAVAM 000000000, de propriedade e posse da embargante, con-
firmando-se a liminar.

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Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito,
em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (rol anexo), perícia
técnica e depoimento pessoal dos embargados.
Dá ao pleito o valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais).
Termos em que
Pede e Espera deferimento
Fortaleza, 00 de julho de 2020.

Ana Rodrigues Fabian


OAB/CE 00.000

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