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IMPLANTAÇÃO DE TRECHO EXPERIMENTAL EM RODOVIA NÃO
PAVIMENTADA: ERS-162 – CARACTERIZAÇÃO DO SOLO LOCAL
Karen Daiane Danigno
Acadêmica do Curso de Engenharia Civil na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ [email protected] Leonardo Giardel Pazze Acadêmico do Curso de Engenharia Civil na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ [email protected] Marcos Tres Acadêmico do Curso de Engenharia Civil na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ [email protected] Rodrigo Carazzo de Camargo Acadêmico do Curso de Engenharia Civil na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ [email protected] André Luiz Bock Professor/Pesquisador do Curso de Engenharia Civil na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ [email protected]
Resumo. O presente artigo apresenta uma Solos. Classificação.
das etapas iniciais do projeto de pesquisa que visa estudar soluções e técnicas para 1. INTRODUÇÃO melhorar as condições de conservação e de trafegabilidade em rodovias não pavimentas Segundo a CNT [1], em sua pesquisa na região noroeste do RS. O projeto visa o anual sobre a qualidade das rodovias estudo de alternativas à pavimentação para brasileiras, no ano de 2016, 78,60% da malha melhoria das condições de trafegabilidade e rodoviária é constituída de vias que não de conservação de vias não pavimentadas possui nenhuma pavimentação. com a implantação de um trecho monitorado “No Brasil as estradas não pavimentadas na ERS-162. Para atender aos objetivos do desempenham importante função no trabalho foram coletadas amostras do solo escoamento da produção agrícola da região do leito natural da via e realizadas análises rural para os centros urbanos consumidores, laboratoriais para definição das principais mas na maioria dos casos essa malha propriedades do solo para posteriormente rodoviária acaba sendo considerada sem estudar a melhor opção de estabilização, importância ou tem seu tratamento em levando em conta o fator técnico- financeiro. segundo plano. Com isso, gera-se prejuízos Neste contexto o presente artigo tratará da para a economia, pois uma rodovia caracterização do solo e sua classificação. problemática pode causar a perda de Palavras-chave: Estrada não pavimentada. produção, além dos gastos desnecessários
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EM ENGENHARIA – CRICTE 2017 15 a 18 de novembro de 2017 – Ijuí – RS – Brasil com manutenção dos veículos que trafegam ter certeza sobre o comportamento do pela via.” (Braga e Guimarães [2]). conjunto das partículas. Com o intuito de melhorar a qualidade Isto ocorre devido ao fato de que, nos das rodovias não pavimentados do noroeste solos finos, intervém, além do tamanho, a do Estado do Rio Grande do Sul, o projeto de própria forma dos seus grãos, a qual é pesquisa em desenvolvimento pretende definida pela composição química e analisar soluções que sejam capazes de mineralógica das partículas componentes. melhorar as condições de conservação destas Dessa forma são necessários realizar outros vias de forma técnica e economicamente ensaios para que possamos compreender viáveis aos municípios e ao Estado, não sendo melhor o comportamento dos solos com necessária a pavimentação das vias, solução percentagem alta de finos Ref. [3]. que demandaria um custo elevado. O mesmo autor enfatiza que um solo pode apresentar-se de diferentes formas, 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA dependendo do seu teor de umidade. Quanto maior a umidade presente no solo, maior será A seguir serão apresentados assuntos a sua fluidez. Na Figura 1, é apresenta tal pertinentes ao entendimento do trabalho e de relação. sua relevância no meio técnico e acadêmico. Figura 1. Limites de Atterberg dos solos 2.1 Análise Granulométrica
Pinto [3], explica que em um solo
existem diversos tipos de partículas e de diferentes tamanhos, não sendo sempre fácil identificá-las visualmente, visto que partículas maiores, como as de areia, podem estar envolvidas por exemplo, por partículas menores, como as de argila. Pare reconhecer tais tamanhos, é necessário efetuar uma análise 2.3 Classificação do Solo granulométrica. Ref. [3] esclarece que apenas o peneiramento não é o suficiente pare efetuar “O objetivo da classificação dos solos, tal análise, pois existe uma dependência sob o ponto de vista da engenharia, é poder limitante da abertura da malha da peneira. estimar o provável comportamento do solo Para isso, deve-se efetuar em complemento ou, pelo menos, orientar o programa de ao peneiramento, o ensaio de sedimentação, o investigação necessário para permitir a qual, por base na Lei de Stokes, adequada análise de um problema” Ref. [3]. correlacionará, em resumo, a velocidade de Pinto comenta que existem diversas queda de uma partícula esférica em um maneiras de classificar o solo, como pela sua fluido, com seu peso específico, origem, pela sua evolução, pela presença ou determinando assim a o diâmetro dos grãos. não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios. 2.2 Limites de Atterberg A classificação do solo utilizado neste estudo compreende a metodologia do Sistema A influência dos finos do solo não fica Rodoviário de Classificação (AASHTO), definida apenas pela sua granulometria, desenvolvido originalmente nos Estados assim, com apenas esse ensaio não é possível Unidos da América.
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EM ENGENHARIA – CRICTE 2017 15 a 18 de novembro de 2017 – Ijuí – RS – Brasil O Sistema Rodoviário de Classificação é Figura 2. Curva Granulométrica amplamente adotado em todo mundo e consiste em classificar o solo para o uso em obras rodoviárias, baseando-se em sua granulométrica e limites de Atterberg. O método categoriza o solo em grupos hierárquicos, indo do grupo A-1 (melhor) até o grupo A-7 (pior) Ref. [3].
3. METODOLOGIA
No trecho experimental situado na
estrada ERS-162, no município de Guarani Tabela 1. Composição do solo das Missões – RS, foram coletadas amostras Frações do Solo Percentuais de solo natural até uma profundidade de Pedregulho 0,50% aproximadamente 1,60 metros. Devido a Areia 9,60% extensão do trecho e coleta de material em Silte 41,38% diferentes pontos (bordos e eixo da pista), Argila 48,52% tornou-se necessário homogeneizar tais Total 100,00% amostras, visando garantir a confiabilidade dos ensaios laboratoriais em uma amostra 4.2 Limites de Atterberg representativa do trecho analisado. Tendo em vista as características O Limite de Liquidez (LL) deve ser tecnocientífica desta pesquisa, os ensaios de obtido através do gráfico de liquidez, onde laboratório seguiram as recomendações da são correlacionados o teor de umidade e o Associação Brasileira de Normas Técnicas número de golpes no aparelho de Casagrande. (ABNT) para as determinações dos índices Sendo o LL correspondente ao teor de físicos e caracterização granulométrica, bem umidade no qual são necessários 25 golpes como da American Association of State para fechar um sulco padrão. A Figura 3 Highway and Transportation Officials apresenta o gráfico de liquidez do solo (AASHTO) para a classificação do solo na analisado. metodologia rodoviária. Figura 3. Gráfico de Liquidez 4. RESULTADOS LABORATORIAIS
4.1 Análise Granulométrica
Segundo Caputo [4], a curva
granulométrica é a representação gráfica da dimensão das partículas em relação as proporções delas encontradas no solo em análise. Na Figura 2 é apresentada a curva granulométrica do solo. Já na Tabela 1 são Baseado na análise gráfica, verifica-se apresentados, segundo escala da ABNT, os que o solo em questão possui um limite de percentuais das frações que compõem o solo liquidez de 57%. em estudo. O Limite de Plasticidade (LP) é determinado pelo cálculo da porcentagem de
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EM ENGENHARIA – CRICTE 2017 15 a 18 de novembro de 2017 – Ijuí – RS – Brasil umidade para a qual o solo começa a fraturar 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS quando tenta-se moldar, com ele, um cilindro de 3mm de diâmetro e cerca e 10cm de Diante dos dados apresentados podemos comprimento Ref. [4]. Tendo isso em vista, concluir através da análise granulométrica determinou-se que o teor de umidade acima que o solo da ERS-162 é um solo mencionado é de 39%. essencialmente fino, composto basicamente Ainda pode-se definir outro fator muito por argila e silte, sendo esses responsáveis importante: o Índice de Plasticidade (IP). Tal pelos altos valores nos limites de Atterberg. parâmetro permite identificar a plasticidade Na classificação rodoviária, o solo foi do solo e identificar a sua trabalhabilidade. classificado no grupo A-7-5, sendo que os Segundo Jenkins, na Tabela 2, citado por Ref. solos enquadrados nesse grupo são [4] são descritas as formas de classificação do considerados ruins para o uso rodoviário, solo pelo seu IP. Para o solo em análise contudo tal classificação não foi obteve-se um IP de 18%. desenvolvida para solos tropicas e, portanto, pode não representar fielmente as Tabela 2. Classificação segundo plasticidade características dos solos locais. Atualmente a pesquisa encontra-se em sua fase inicial de desenvolvimento e os resultados obtidos nesse momento serão capazes de nortear as próximas ações, as quais visam dosar materiais capazes de 5. CLASSIFICAÇÃO DO SOLO PELO melhorar as condições de suporte e SISTEMA RODOVIÁRIO (AASHTO) trafegabilidade da via.
Segundo a metodologia proposta pelo 7. REFERÊNCIAS
sistema rodoviário de classificação de solos, ou metodologia da AASHTO, são utilizados [1] Confederação Nacional de Transportes os dados granulométricos do solo e seus CNT. Pesquisa CNT. Brasília: 2016. limites de consistência para agrupar os solos [2] F. L. N. Braga e G. R. Guimarães, de comportamentos semelhantes em grupos “Avaliação de rodovias não pavimentadas: hierárquicos do grupo A-1 ao grupo A-7 uma ferramenta para o gerenciamento de (sendo o grupo A-8 correspondente a solos malhas viárias, ” Revista Pensar Engenharia, orgânicos de baixa capacidade de suporte). vol. 02, no. 01, Jan. 2014. Disponível em: Com um percentual passante na peneira http://revistapensar.com.br/engenharia/pasta de nº 200 de 90% e limite de liquidez e _upload/artigos/a124.pd. Acessado em 25 de plasticidade de 57% e 18% respectivamente, agosto de 2017. calculou-se o Índice de Grupo (IG) que [3] C. S. Pinto, Curso básico de mecânica dos representa uma estimativa do provável solos em 16 aulas, 3ed, São Paulo, 2006: comportamento do solo para uso em obras p.367. rodoviárias. Este índice varia de 0 a 20, sendo [4] H. P. Caputo, Mecânica dos solos e suas considerado IG:0 um material de aplicações, vol. 01, 6ed, Rio de Janeiro, 2015: comportamento excelente e IG:20 um p. 248. material de comportamento péssimo. Para o solo em questão, obteve-se IG=15. Tais resultados, segundo o sistema de classificação rodoviário, enquadram o solo em análise no grupo no grupo A-7-5.
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