Perguntas Dos Exames de Filosofia

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Perguntas dos exames de Filosofia

1. De acordo com a definição tradicional de conhecimento,


A. a crença é condição suficiente do conhecimento.
B. uma crença falsa pode ser conhecimento.
C. a justificação é condição necessária do conhecimento.
D. a opinião é condição necessária e suficiente do conhecimento.

2. O conhecimento vulgar distingue-se do conhecimento científico porque


A. o primeiro usa uma linguagem rigorosa e o segundo usa uma linguagem simples, que
se adapta ao imediato.
B. o primeiro tem por base a experiência do quotidiano e o segundo tem por base a
observação rigorosa dos fenómenos.
C. o primeiro exprime os seus resultados em termos quantitativos e o segundo descreve
os fenómenos qualitativamente.
D. o primeiro tem um valor predominantemente teórico e o segundo tem um valor
eminentemente prático.

3. Acerca da relação entre crença e conhecimento, é correto afirmar que


A. há crenças falsas, mas nenhuma crença falsa é conhecimento.
B. podemos conhecer aquilo em que não acreditamos.
C. as crenças são falsas, mas o conhecimento é verdadeiro.
D. não podemos acreditar naquilo que não conhecemos.

4. Os racionalistas defendem que


A. os sentidos são a única fonte do conhecimento universal e necessário.
B. o conhecimento se fundamenta a posteriori.
C. não há conhecimento a priori.
D. a razão é a única fonte do conhecimento universal e necessário

5. O conhecimento científico caracteriza-se, entre outros aspetos, por ser


A. metódico e subjetivo.
B. qualitativo e assistemático.
C. metódico e explicativo.
D. verdadeiro e definitivo

6. De acordo com a definição tradicional de conhecimento,


A. nenhuma crença pode ser justificada pela experiência.
B. nenhum conhecimento pode ser crença.
C. algumas crenças verdadeiras não são conhecimento.
D. algum conhecimento não é verdadeiro.

7. Em qual das opções seguintes se apresenta um exemplo de conhecimento a priori?


A. Sei qual é o meu nome.
B. Sei que idade tenho.
C. Sei que nenhum irmão é filho único.
D. Sei que alguns pais não são casados.
8. Identifique a afirmação falsa, tendo em consideração a definição tradicional de
conhecimento.
A. Antigamente, as pessoas sabiam que a Terra estava imóvel.
B. Antigamente, as pessoas pensavam que a Terra estava imóvel.
C. Sabemos que os antigos acreditavam que a Terra estava imóvel.
D. Os antigos acreditavam justificadamente que a Terra estava imóvel.

9. Leia o texto.
Existe uma espécie de ceticismo, anterior a qualquer estudo ou filosofia, muito recomendado
por Descartes e outros como sendo a soberana salvaguarda contra os erros e os juízos
precipitados. Este ceticismo recomenda uma dúvida universal, não apenas quanto aos nossos
princípios e opiniões anteriores, mas também quanto às nossas próprias faculdades, de cuja
veracidade, diz ele, nos devemos assegurar por meio de uma cadeia argumentativa deduzida
de algum princípio original que seja totalmente impossível tornar-se enganador ou falacioso.
Mas nem existe qualquer princípio original como esse, […] nem, se existisse, poderíamos
avançar um passo além dele, a não ser pelo uso daquelas mesmas faculdades das quais se
supõe que já suspeitamos. D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 161-162
9.1. Explicite a crítica de Hume, apresentada no texto, ao ceticismo «recomendado por
Descartes».
– a dúvida universal de Descartes também se aplica às nossas faculdades, impedindo-nos de
confiar nelas; mas a dúvida universal só pode ser ultrapassada usando precisamente essas
faculdades em que deixámos de confiar; assim, uma vez estabelecida, a dúvida universal não
poderia ser ultrapassada (nem permitiria alcançar um princípio original indubitável que fosse o
fundamento de todo o conhecimento).

10. Considere as frases seguintes.


1. O italiano é a língua oficial da Itália.
2. Todos os sólidos ocupam espaço.
É correto afirmar que
A. ambas exprimem conhecimento a priori.
B. ambas exprimem conhecimento a posteriori.
C. 1 exprime conhecimento a priori; 2 exprime conhecimento a posteriori.
D. 1 exprime conhecimento a posteriori; 2 exprime conhecimento a priori.

11. De acordo com a análise tradicional do conhecimento,


A. nenhuma crença falsa é justificada.
B. se alguém encontrar uma justificação para uma crença considerada falsa, essa crença
tornar-se-á verdadeira.
C. muitas crenças falsas são justificadas, mas a justificação dada, qualquer que seja, não
as torna verdadeiras.
D. toda a crença não justificada é falsa.

12. Será correto afirmar que, no passado, as pessoas sabiam que o Sol girava em torno da
Terra? Justifique a sua resposta, tendo em conta a definição tradicional de conhecimento.
Apresentação da resposta à questão:
– não é correto afirmar que, no passado, as pessoas sabiam que o Sol girava em torno da
Terra.
Justificação: – no passado, as pessoas não sabiam que o Sol girava em torno da Terra, embora
tivessem uma crença justificada de que o Sol girava em torno da Terra;
– as pessoas não sabiam que o Sol girava em torno da Terra, porque não é verdade que o Sol
girasse em torno da Terra;
– ainda que as crenças falsas tenham justificações consideradas boas, isso não faz delas
crenças verdadeiras;
– para saber, é preciso ter crenças verdadeiras justificadas, não bastando ter crenças
justificadas.

13. Leia o texto.


Quando pensamos numa montanha de ouro, estamos apenas a juntar duas ideias
consistentes, a de ouro e a de montanha, as quais já conhecíamos anteriormente. Podemos
conceber um cavalo virtuoso porque, a partir dos nossos próprios sentimentos, podemos
conceber a virtude, e podemos uni-la à forma e à figura de um cavalo, animal que nos é
familiar. […] A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso,
deriva da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites
aquelas qualidades de bondade e sabedoria. D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, p. 35
(adaptado)

Hume dá uma explicação empirista da origem de todas as ideias. Partindo do texto, justifique a
afirmação anterior.
− Hume defende a perspetiva empirista segundo a qual todos os materiais do pensamento são
fornecidos pela experiência (seja a experiência externa, seja a interna);
− as ideias, mesmo as mais fantasiosas ou distantes da experiência, são produzidas pelo
pensamento a partir de materiais fornecidos pela experiência (externa ou interna);
− por exemplo, a ideia de Deus – de «um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso»
– deriva das impressões internas das «operações da nossa própria mente», nomeadamente, da
ampliação das nossas «qualidades de bondade e sabedoria».

14. De acordo com a definição tradicional de conhecimento, se uma pessoa tem a crença de
que o Universo teve um começo por ter sido isso que leu na Bíblia, então
A. o Universo teve um começo e é ilógico pensar que não teve.
B. essa pessoa sabe como o Universo começou.
C. essa pessoa não sabe que o Universo teve um começo.
D. é falso que o Universo tenha tido um começo.

15. Leia o texto seguinte.


Devo tomar todo o cuidado em não me enganar nos juízos. Ora, o erro principal e mais
frequente que se pode descobrir neles consiste em eu afirmar que as ideias que estão em mim
são semelhantes ou conformes a certas coisas que estão fora de mim. […] Assim, por exemplo,
descubro em mim duas ideias diversas do Sol. Uma, como que tirada dos sentidos, […] deixa
que o Sol me apareça muito pequeno; porém, a outra é tirada dos raciocínios da Astronomia
[…] e por ela o Sol mostra-se um certo número de vezes maior do que a Terra. Ambas não
podem, certamente, ser semelhantes ao […] Sol existente fora de mim, e a razão persuade-me
de que a ideia que parece emanar mais diretamente do próprio Sol não tem qualquer
semelhança com ele. R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra, Livraria Almedina, 1985, pp. 140-144 (adaptado)
Explicite o modo como, no texto anterior, o empirismo é posto em causa.
‒ fazemos juízos errados acerca das coisas exteriores a nós, e o erro mais importante nos
nossos juízos é o de afirmarmos que as ideias provenientes dos sentidos representam
adequadamente as coisas exteriores a nós;
‒ se confrontarmos, por exemplo, duas ideias diferentes acerca do Sol, uma proveniente dos
sentidos, que o representa como muito pequeno, e outra proveniente dos raciocínios dos
astrónomos, que o representa como um corpo maior do que a Terra, a razão persuade-nos de
que seria errado afirmar que a ideia acerca do Sol proveniente dos sentidos é aquela que
representa adequadamente o Sol.

16. De acordo com a análise tradicional do conhecimento,


A. para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta que essa pessoa tenha
nascido nesse ano.
B. para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta termos uma justificação
para que tenha nascido nesse ano.
C. se acreditamos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então sabemos que essa
pessoa nasceu nesse ano.
D. se sabemos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então acreditamos que ela nasceu
nesse ano.

17. Leia os textos seguintes, um de Hume e outro de Descartes.


A geometria ajuda-nos a aplicar leis do movimento, oferecendo-nos as dimensões corretas de
todas as partes e grandezas que podem participar em qualquer espécie de máquina, mas
apesar disso a descoberta das próprias leis continua a dever-se simplesmente à experiência
[…]. Quando raciocinamos a priori, considerando um objeto ou causa apenas tal como aparece
à mente, independentemente de qualquer observação, ele jamais poderá sugerir-nos a ideia
de qualquer objeto distinto, tal como o seu efeito, e muito menos mostrar-nos a conexão
inseparável e inviolável que existe entre eles. D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 46-47
(texto adaptado).

As coisas corpóreas podem não existir de um modo que corresponda exatamente ao que delas
percebo pelos sentidos, porque, em muitos casos, a perceção dos sentidos é muito obscura e
confusa; mas, pelo menos, existem nelas todas as propriedades que entendo clara e
distintamente, isto é, todas aquelas que, vistas em termos gerais, estão compreendidas no
objeto da matemática pura. R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra, Livraria Almedina, 1985, p. 210 (texto adaptado).
Haverá conhecimento a priori do mundo? Confronte as respostas de Hume e de Descartes a
esta questão. Na sua resposta, integre adequadamente a informação dos textos.
– Hume considera que a geometria, que é a priori, apenas «nos ajuda a aplicar as leis do
movimento» e que estas só podem ser descobertas pela experiência, pois, quando
consideramos «um objeto [...] tal como aparece à mente [...], ele jamais poderá sugerir-nos
[...] o seu efeito»; Descartes, em contrapartida, considera que só é seguro que existam nas
coisas as propriedades que «entende clara e distintamente», descobertas pela matemática
pura (que inclui a geometria), e não aquelas que são percebidas pelos sentidos, pois «a
perceção dos sentidos é muito obscura e confusa»;
– de acordo com Hume, não há conhecimento a priori do mundo (a importância do
conhecimento a priori é, assim, minimizada); em contrapartida, de acordo com Descartes, há
conhecimento a priori do mundo, e esse conhecimento é conhecimento fundamental (a
importância do conhecimento a priori é, assim, salientada).
18. O facto de termos justificação para uma crença faz dela conhecimento? Porquê? Ilustre a
sua resposta com um exemplo adequado.
‒ a justificação de uma proposição/tese/teoria/crença apenas fornece razões para se acreditar
nela, mas não determina a sua verdade, ou seja, essa proposição/tese/teoria/crença pode ser
falsa, não constituindo, nesse caso, conhecimento;
‒ as verdades são factos independentes das razões que temos para acreditar neles OU
podemos ter razões para acreditar em falsidades, mas isso não torna essas falsidades
conhecimento;
‒ por exemplo, alguém pode acreditar que o Sol gira em torno da Terra, porque vê o Sol em
movimento (em relação ao ponto da Terra em que se encontra), mas esta
observação/justificação não torna conhecimento a proposição/tese/teoria/crença de que o Sol
gira em torno da Terra.

19. Considere os casos seguintes.


1. A Beatriz sabe que as laranjas contêm ácido cítrico, porque leu isso num livro de ciências.
2. Embora seja incapaz de o descrever, o Joaquim conhece o sabor das nêsperas, porque as
provou.
A. Ambos os casos referem conhecimento a posteriori.
B. Ambos os casos referem conhecimento a priori.
C. O caso 1 refere conhecimento a priori e o caso 2 refere conhecimento
a posteriori.
D. O caso 1 refere conhecimento a posteriori e o caso 2 refere
conhecimento a priori

20. Leia o Texto 2 e considere-o na resposta.


Texto 2
Estamos todos no fundo de uma caverna, presos à corrente da nossa ignorância, dos nossos
preconceitos, e os nossos fracos sentidos mostram-nos sombras. Tentar ver mais longe muitas
vezes confunde-nos: não estamos habituados. Mas experimentamos. A ciência é isto. O
pensamento científico explora e redesenha o mundo, e oferece-nos imagens cada vez
melhores dele: ensina-nos a pensá-lo de modo mais eficaz. A ciência é uma exploração
contínua de formas de pensamento. A sua força é a capacidade visionária de fazer derrubar
ideias preconcebidas, desvendar territórios novos do real e construir novas e mais eficientes
imagens do mundo. Esta aventura assenta sobre todo o conhecimento acumulado, mas a sua
alma é a mudança. Ver mais longe. Carlo Rovelli, A realidade não é o que parece. A natureza alucinante do Universo, Lisboa, Contraponto, 2019,
p. 15. 13.

Transcreva uma afirmação do Texto 2 que poderia ser premissa de um argumento cético.
Justifique tal possibilidade.
‒ «os nossos fracos sentidos mostram-nos sombras»;
Justificação: ‒ a afirmação transcrita significa que as crenças baseadas nos dados dos sentidos
podem ser falsas; ‒ se as crenças baseadas nos dados dos sentidos podem ser falsas, então
não devemos confiar nelas.

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