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Valentin Dias Nalin - 179.620.536-23 Data e hora: 11/01/2024 17:14:09

Atestado Médico/ Laudo Médico:

Declaro, para os devidos fins, que Valentin Dias Nalin, DN 19/06/2019, encontra-se em acompanhamento
médico por se enquadrar no Transtorno do Espectro Autista - CID10 F84, considerando o novo CID 11
6A02; diagnóstico realizado de acordo com os Critérios do Manual Diagnóstico e Estatísticos de
Transtornos Mentais - 5ª Edição - DSM-5.

Valentin apresenta histórico de atraso de fala importante. Apresenta também baixa reciprocidade
socioambiental, baixo contato visual. Apresenta estereotipias motoras como o flapping com as mãos,
enfileirar objetos, andar na ponta de pé. Tem hiperfoco, rigidez cognitiva, com baixa tolerância a
frustração. Tem distúrbio do sono, seletividade alimentar, hipersensibilidade sensorial a sons, texturas.

De acordo com o próprio DSM-5, o autismo é definido como um transtorno do neurodesenvolvimento,


caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos,
podendo se enquadrar dentro de três categorias do Manual: Deficiência na interação Social, Dificuldades
de linguagem e comunicação e Comportamentos repetitivos e/ou restritos.

Para a maior compreensão das pessoas que farão parte da avaliação do paciente, seu tratamento,
prestadores de saúde e até mesmo o judiciário, o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, com
sinais precoces, que dificultam a vida social e funcional do paciente, podendo gerar prejuízos definitivos.
Contudo, a adesão ao protocolo terapêutico de modo precoce e constante, gera resultados significativos ao
desenvolvimento do indivíduo.

Desta forma, consideramos a adesão ao tratamento como uma urgência, visto que seu atraso gera
prejuízos e, até mesmo risco a vida, uma vez que compreender habilidades sociais de vida diária e ter
previsibilidade sobre atos e ações é uma forma de preservação da vida e, diante do exposto, muitos
autistas que não tem acesso ao tratamento poderão correr riscos literalmente de vida.

Tendo em vista o diagnóstico, tomamos por base as orientações constantes no Manual da Sociedade
Brasileira de Pediatria de Abril/2019, orientações da OMS e revisões sistemáticas importantes como de
Jane Howard de 2005-2014-2020 que corrobora com estudos de Ivar Lovaas de 1987 e Svein Eikeseth de
2002, para recomendar que as terapias realizadas sejam baseadas na ciência ABA (Applied
Behavior Analysis – Análise do Comportamento Aplicada), uma vez que esta é cientificamente
comprovada como eficaz, tendo resultados muito acima dos demais métodos possíveis de intervenção.

Fundamentando mais a minha recomendação, cito importante e pioneiro estudo de Ivar Lovaas - Journal
of Consulting and Clinical Psychology – 1987, volume 55 No 1,3-9)que demostra diferença significativa
de crianças que receberam tratamento ABA de alta intensidade.

Svein Eikeseth (2002) - avaliou 2 grupos com os seguintes resultados: O primeiro grupo submetido ao
protocolo de ciência ABA, obteve 17 pontos de QI e, o segundo grupo, que foi submetido ao tratamento
eclético sem ABA (quantidade de terapias igual ao primeiro), obteve somente 4 pontos de QI (65% de
diferença). Quanto à linguagem receptiva: ganho de 13% no grupo ABA e 1% no grupo eclético; na
linguagem expressiva 27%, contra ganho de 1% (2700% de diferença). Comportamentos adaptativos
ganho de 11% no grupo ABA e 0% no grupo não ABA.

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Este mesmo estudo foi reaplicado em 2005 e, posteriormente, em 2014, com uma nova replicação
sistemática de elevada confiabilidade por Jane S. Howard e outros (Comparison of behavior analytic and
eclectic early interventions for young with autism after three year), que confirma a ciência ABA é
significativamente melhor, obtendo inclusive um dado interessante: A criança com menor
desenvolvimento do grupo ABA, apresentou resultados significativamente melhores quando comparada à
criança, com maior desenvolvimento, do grupo de terapias ecléticas.

Em outra replicação de estudo de 2020 (Helping parents closse treatments for Young children with
autism: A comparison of applied behavior analysis and eclectic treatments), há um reforço dos resultados
anteriores - pacientes que receberam a ciência ABA tem desenvolvimento indiscutivelmente melhor
que as crianças que receberam tratamentos não baseados em ABA, mesmo que em mesma
quantidade de carga horária.

Segundo Copeland & Buch (2013: REICHOW, 2012: Virués-Ortega, 2010), nos últimos 30 anos, a
aplicação da intervenção analítico comportamental (ABA) de forma intensa e precoce, produz melhoras
significativas no comportamento de crianças autistas.

Em publicação, MacDonald, Parry – Cruwys Dupere, & Ahern, 2014, demonstram que, após 1 ano de
tratamento das terapias como solicitadas logo abaixo, houve melhora significativa nas habilidades sociais
e de comunicação dos pacientes.

Demais estudos revelam que, além de intensa e constante, as intervenções ABA devem ser realizadas
em todos os ambientes nos quais a criança habita.

Entre ,2009 e 2012, o National Standard Project - National Autism Center, fez uma revisão sistemática
em mais de 1114 estudos sobre intervenções em autismo, para avaliar e identificar práticas baseadas em
evidências no tratamento do autismo. A partir desses estudos foram encontradas 14 intervenções com
evidências científicas estabelecidas para o tratamento do autismo.

Dessas 14 intervenções: 12 são baseadas em Análise do Comportamento aplicada - ABA, as outras 2


intervenções são terapia em Ayres e Terapia cognitivo comportamental - para paciente autista maiores de
6 anos e de baixo nível de suporte.

Evidence-based Prattices for Children, Youth anda Young Adults with Autism, do NCAEP, 2020, refere
que além das intervenções globais a base de ABA, consideramos parte do tratamento com comprovação
cientifica práticas como; Comunicação Alternativa Aumentativa (CAA), Cognitivo comportamental,
intervenção naturalista, intervenção mediada por música, Integração Sensorial em Ayres.

A terapia ABA poderá ser aplicada método DTT (Discrete Trial Training) e/ou Método Denver por um
psicólogo analista do comportamento especialista em ABA - responsável pelo caso desde a avaliação
das habilidades em excesso ou em déficits, pela montagem dos programas terapêuticos (PIT) e supervisão
dos aplicadores das sessões.

O tratamento com base na ciência ABA necessita de precocidade, intensidade, quantidade e


continuidade - tais fatores elevam sua eficácia, sendo imprescindível seguir a carga horária prescrita para
cada especialidade solicitada.

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É necessário dizer que, devido à neuroplasticidade, há um período sensível ao aprendizado que deve ser
levado em consideração. Quando o transtorno é identificado e negligenciamos o tratamento precoce,
privando o paciente da carga horária adequada, geramos atrasos significativos que podem ser
permanentes em sua vida.

Assim, mediante os dados expostos, recomendamos que o tratamento seja feito, em caráter emergencial,
visando a diminuição de prejuízos permanentes.

Solicito assim:

· Análise do comportamento – profissional especialista em ABA para supervisão do caso. 1x


semana.

Responsável pela avaliação das habilidades em excesso ou em déficits, pela montagem do


programa terapêutico individual (PIT) e supervisão dos aplicadores das sessões.

·T erapia comportamental com a ciência ABA – 10 horas por semana (2h por dia, 5x por semana)

Objetivo: estimular e treinar habilidades sociais, incentivar os comportamentos adequados a cada


ambiente, reforçar as atividades de vida diária e reduzir os comportamentos indesejados, essencial
para desenvolvimento e independência da criança;

· Fonoaudióloga especializada em autismo 2 vezes por semana.

Objetivo: avaliação fonológica, transtorno motor da fala? trabalhar e ampliar as habilidades


comunicativas e de interação social com qualidade.

· Terapia Ocupacional com Integração Sensorial / Ayres- 2 vezes por semana;

Objetivo: promover, manter e desenvolver habilidades necessárias para que a criança consiga se
adaptar de forma funcional ao dia a dia em diferentes ambientes, desenvolver autonomia,
autoestima, autoconfiança, autorregulação e interação social, além de avaliar os déficits de
processamento sensorial para identificar barreiras na aprendizagem

· Musicoterapia – 1 vez por semana.

Objetivo: melhora dos comportamentos sociais, aumento do foco e a atenção, contribuir com a
comunicação (vocalizações, verbalizações, gestos e vocabulário), além de ajudar no bem-estar e
satisfação emocional, na memória, na criatividade, socialização e interação. A musicoterapia
também ajuda a diminuir a hiperatividade e a trabalhar as necessidades cognitivas.

· Atividade física / esporte – 2 vezes por semana. Sugestão: Jatação. Jiu Jitsu ou outra arte marcial.

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Justificativa: toda atividade física estimula o metabolismo e a oxigenação cerebral; os exercícios
psicomotores ativam os circuitos cerebrais melhorando a performance do indivíduo como um
todo, equilíbrio, marcha, propriocepção e coordenação motora;

· Fisioterapia – 1 vez por semana.


Objetivo: trabalhar aspectos motores, sensório-motores, tônus global, tônus postural, coordenação
motora, equilíbrio, lateralidade, noção espacial, planejamento motor, esquema corporal e imagem
corporal, bem como regulação sensório-motora e engajamento juntamente com a equipe
interdisciplinar

· Professor de apoio / assistente terapêutico escolar INDIVIDUAL – em todo o período escolar.

A equipe responsável pelo tratamento deverá fazer o treinamento parental, inclusão dos pais nas terapias
e devolutivas através de laudos (trimestrais) tendo em vista a viabilização e capacitação familiar para
aplicar o plano terapêutico em domicílio. As sessões quando em clínica devem ter tempo mínimo de 45
minutos.

Ao iniciar as terapias, os profissionais devem emitir o laudo de avaliação de habilidades e estabelecer o


Programa individualizado de tratamento (PIT).

Recomendo que as sessões terapêuticas sejam realizadas no mesmo local ou próximo da casa da família,
visando a otimização do tempo de terapias para a criança e minimização da dificuldade familiar em se
locomover.

Ressalto a importância em respeitar o vínculo terapeuta-paciente já adquirido pela criança.

Todos os profissionais deverão ter as especializações no referido protocolo.

O tratamento é dinâmico e poderá haver ajustes de quantidades de horas e terapias.

A escola também faz parte do tratamento do autismo, TDAH e outros transtorno do desenvolvimento,
mediante tal fato o paciente deverá estudar em escola regular adaptada às suas realidades, com
acompanhamento de Assistente Terapêutico, ou professor de apoio, sendo esse supervisionado pelo
responsável do caso, um especialista em comportamento, conforme a Lei nº 12.764/2012. Se a escola não
tiver profissional especializado, deverá esse realizar o treinamento com a equipe responsável pelo caso do
paciente, aprendendo a conduta comportamental, pedagógica adequada para aplicar em sua socialização.
Reforço que o tutor individualizado de sala deverá preencher relatórios para o supervisor do caso, fazer
supervisões semanais e responder a família.

É dever da escola, proceder com a adaptação de materiais, provas, avaliações e atividades, tudo de acordo
com a capacidade do aluno, baseado no PEI ( Programa Educacional Individualizado), independente de se
tratar de escola pública ou privada, sendo ilegal cobrar por tais serviços especializados e adaptações,
conforme Nota Técnica 24/2013 do Ministério da Educação que dispõe que “as instituições de ensino

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privadas, submetidas às normas gerais da educação nacional, deverão efetivar a matrícula do estudante
com TEA no ensino regular e garantir o atendimento às necessidades educacionais específicas. O custo
desse atendimento integrará a planilha de custos da instituição de ensino, não cabendo o repasse de
despesas decorrentes da educação especial à família do estudante ou inserção de cláusula contratual que
exima a instituição, em qualquer nível de ensino, dessa obrigação.”

Outrossim, negar o ingresso da criança ou suas adaptações é cabível de pena, conforme Lei Federal
7853/89 Art. 8°.

O laudo médico possui validade em todo o território nacional.

Alegar invalidade a esse Laudo gera danos ao prescritor, a família e acima de tudo a criança, pois no
autismo, o atraso de intervenções por questões burocráticas pode gerar danos irreversíveis ao
desenvolvimento infantil.

Dra. Vanessa de Moraes Oliveira CRMMG 63436. Médica com pós graduação em Psiquiatria e pós graduanda em TEA
pelo CBI of Miami, com foco nos transtornos do neurodesenvolvimento, Autismo – TDAH -TOD. Certificação em Autismo pelo Doutor
Thiago Castro e Certificação Italo Marsili de formação de terapeutas.

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