Cruz Luanamattosdeoliveira D
Cruz Luanamattosdeoliveira D
Cruz Luanamattosdeoliveira D
CAMPINAS
2013
i
ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO
ASSINATURA DO ORIENTADOR
______________________________________
CAMPINAS
2013
iii
iv
v
vi
À minha mãe, Jussara, por
toda dedicação à minha vida e
à memória de meu pai
João de Oliveira Cruz.
vii
viii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela força e saúde para alcançar meus objetivos. À
minha mãe Jussara, por toda dedicação e paciência. Aos meus familiares e
amigos pelo apoio e incentivo, em especial a amiga e arquiteta Camila
Bellatini e ao amigo e engenheiro Lucas Polese Brunelli pelas ilustrações
feitas nesta tese.
Ao Professor Dr. Adriano Luiz Tonetti, meu orientador, que esteve
presente em toda minha caminhada acadêmica. Aos professores da banca
que contribuíram para o aprimoramento deste trabalho, em especial ao
Prof. Dr. Bruno Coraucci Filho que deu início a este grupo de pesquisa.
Aos professores Dr. Edson Aparecido Abdul Nour e José Roberto
Guimarães pela ajuda informal e conversas nos corredores.
Expresso meu agradecimento, também, ao grupo de pesquisa. Às
mestrandas Jenifer, Lays, Denise e Bianca e ao mestrando Daniel e aos
bolsistas trabalho, em especial a Simone, Eula e Fernanda, pela coleta de
dados, análises em laboratório e pela amizade. Agradeço a Daniele Tonon
Dominato e ao Francisco Anaruma Filho pela ajuda nas análises de
desinfecção e helmintos.
Ainda agradeço a FEC, a UNICAMP e aos seus funcionários que de
alguma forma participaram da minha formação. Destaco os técnicos do
LABSAN, Lígia Maria Domingues, Enelton Fagnani e Fernando Pena
Candello que estiverem sempre presentes e sempre dispostos a ensinar e
a ajudar no desenvolvimento da pesquisa. Aos técnicos do Laboratório de
Solos, Reinaldo B. Leite Silva e Jose Benedito Cipriano, pela realização da
caracterização da areia e a secretaria da pós - graduação (Eduardo, Diego,
Celma e Dirce).
ix
Igualmente sou grata ao Charles Vicente por ceder o espaço em sua
empresa (Villa Stone Comércio e Indústria de Materiais Básicos para
Construção Ltda), a mão de obra e a estrutura do sistema para a
realização do projeto. Ao Sr. Gilberto, ao Carlos e aos funcionários da
empresa os quais sempre estavam dispostos a ajudar.
Por fim, agradeço as agências financiadoras. A CAPES pela bolsa de
doutorado e a FAPESP pelo auxílio à pesquisa.
x
RESUMO
xi
xii
ABSTRACT
xiii
xiv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 3
2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 3
2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................ 3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 5
3.1 POPULAÇÕES RURAIS BRASILEIRAS ........................................................................... 7
3.2 SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO EM PEQUENAS
COMUNIDADES ...................................................................................................................... 11
3.2.1 Sistemas de Tratamento de Esgoto centralizados e descentralizados........................... 12
3.2.2 Tipos de tratamento de esgoto em pequenas comunidades .......................................... 15
3.3 TANQUE SÉPTICO ........................................................................................................... 21
3.4 SISTEMAS DE FILTRAÇÃO ............................................................................................ 27
3.5 FILTRO INTERMITENTE DE AREIA ............................................................................. 29
3.5.1 Mecanismos de tratamento ........................................................................................... 31
3.5.2 Micro – organismos ...................................................................................................... 32
3.5.3 Limpeza ........................................................................................................................ 33
3.5.4 Fatores que influenciam a eficiência dos filtros de areia.............................................. 33
3.6 NUTRIENTES .................................................................................................................... 44
3.6.1 Nutrientes ..................................................................................................................... 45
3.6.2 Nitrogênio ..................................................................................................................... 45
3.6.3 Fósforo .......................................................................................................................... 49
3.7 DESINFECÇÃO DE ESGOTO........................................................................................... 52
3.7.1 Micro – organismos ...................................................................................................... 53
3.7.2 Padrão microbiológico.................................................................................................. 54
3.7.3 Desinfetantes ................................................................................................................ 55
3.7.4 Hipoclorito de cálcio (Ca(OCl)2).................................................................................. 57
3.7.5 Fatores que influenciam a eficiência da cloração ......................................................... 57
3.7.6 Problemas na desinfecção............................................................................................. 61
3.8 AS EXPERIÊNCIAS NA UNICAMP ................................................................................ 62
xv
4.3 CAIXA DE PASSAGEM E SIFÃO .................................................................................... 71
4.4 FILTRO DE AREIA............................................................................................................ 73
4.4.1 Tubulação de aeração nos filtros de areia ..................................................................... 76
4.4.2 Manutenção dos filtros de areia .................................................................................... 76
4.5 DESINFECÇÃO.................................................................................................................. 78
4.5.1 Dosagens de Hipoclorito de Cálcio .............................................................................. 79
4.5.2 Tempo de contato do Efluente com o Desinfetante...................................................... 79
4.6 ANÁLISES DA AREIA ...................................................................................................... 80
4.6.1 Permeabilidade, análise granulométrica e índice de vazios ......................................... 80
4.6.2 Sólidos Totais ............................................................................................................... 80
4.6.3 Fósforo .......................................................................................................................... 81
4.7 CONSUMO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE EFLUENTE ................................................... 83
4.8 COLETA DE AMOSTRAS E ANÁLISES LABORATORIAIS ....................................... 83
4.8.1 Métodos analíticos ........................................................................................................ 84
4.9 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................................. 85
4.9.1 Análise estatística ......................................................................................................... 86
4.10 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................ 86
7. RECOMENDAÇÕES............................................................................................. 141
xvi
LISTA DE FIGURAS
xvii
Figura 31: Gráficos Box - Plot dos valores de Alcalinidade Parcial (mgCaCO3L-1) das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia
(EFA)..................................................................................................................................... 99
Figura 32: Gráficos Box - Plot dos valores de Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia
(EFA)..................................................................................................................................... 99
Figura 33: Resultados da determinação da Turbidez em função das semanas de coleta
das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia
(EFA)................................................................................................................................... 101
Figura 34: Gráficos Box-Plot da Turbidez da amostra de Efluente do Filtro de Areia
(EFA) nas diferentes etapas do projeto. ....................................................................... 102
Figura 35: Resultados da Condutividade em função das semanas de coleta das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia
(EFA)................................................................................................................................... 104
Figura 36: Gráficos Box-Plot da Condutividade das amostras de Efluente do Tanque
Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) nas etapas I, II e III. ............ 104
Figura 37: Resultados da Concentração de OD em função das semanas de coleta das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia
(EFA)................................................................................................................................... 105
Figura 38: Gráficos Box-Plot da Concentração de OD nas amostras de Efluente do
Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) nas etapas I, II e III.
............................................................................................................................................. 105
Figura 39: Resultados da Concentração de SST em função das semanas de coleta das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia
(EFA)................................................................................................................................... 107
Figura 40: Gráficos Box-Plot da Concentração de Sólidos Suspensos Totais (SST) da
amostra de Efluente do Filtro de Areia (EFA) nas etapas I, II e III. .......................... 107
Figura 41: Valores da Demanda Química de Oxigênio obtidos em função das semanas
de coleta da amostra de Efluente do Tanque Séptico (ETS). ................................... 110
Figura 42: Valores da Demanda Química de Oxigênio obtidos em função das semanas
de coleta nas fases II e III das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de
Efluente do Filtro de Areia (EFA) (desconsiderando a fase I). .................................. 110
Figura 43: Gráfico Box-Plot da concentração da DQO da amostra de Efluente do
Tanque Séptico (ETS). .................................................................................................... 111
Figura 44: Gráfico Box-Plot da concentração da DQO da amostra de Efluente do Filtro
de Areia (EFA)................................................................................................................... 111
Figura 45: Representação da % DQO dissolvida, coloidal e particulada nas amostras
coletadas ETS e EFA. ...................................................................................................... 113
Figura 46: Gráfico Box-Plot da concentração da DBO das amostras de Efluente do
Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA). ................................. 115
Figura 47: Representação da variação da Concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl em
função das semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS)
e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) durante a etapa I. .......................................... 117
Figura 48: Representação da variação da Concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl em
função das semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS)
e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) durante a etapa II. ......................................... 118
xviii
Figura 49: Representação da variação da Concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl em
função das semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS)
e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) durante a etapa III. ........................................ 118
Figura 50: Gráficos Box-Plot da concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl das amostras
de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA). ...... 119
Figura 51: Gráficos Box-Plot da concentração de Nitrato das amostras de Efluente do
Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) nas diferentes etapas
do projeto. .......................................................................................................................... 119
Figura 52: Representação da variação da concentração de fósforo em função das
semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de
Efluente do Filtro de Areia (EFA) durante a etapa I. ................................................... 122
Figura 53: Representação da variação da concentração de fósforo em função das
semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de
Efluente do Filtro de Areia (EFA) durante a etapa II. .................................................. 123
Figura 54: Representação da variação da concentração de fósforo em função das
semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de
Efluente do Filtro de Areia (EFA) durante a etapa III.................................................. 123
Figura 55: Gráficos Box-Plot da Concentração de Fósforo nas amostras de Efluente do
Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA). ................................. 124
xix
xx
LISTA DE TABELAS
xxi
Tabela 22: Número da semana que, a partir, não diferem os valores das amostras de
Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) para o
parâmetro fósforo. ............................................................................................................ 126
Tabela 23: Valores médios de concentração de E.Coli e de cloro livre, total e combinado
encontrados para as amostras analisadas de acordo com o tempo de contato. ... 127
Tabela 24: Resultados obtidos de acordo com sua presença/ausência de ovos de
helmintos nas amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS), de Efluente do Filtro
de Areia (EFA), areia superficial raspada após colmatação (AU) e lodo do tanque
séptico (Lo). ....................................................................................................................... 128
Tabela 25: Valores médios dos parâmetros de caracterização da areia nova (AN). .... 130
Tabela 26: Valores de porcentagem média e desvio padrão de Sólidos Totais Fixos
(STF) e Sólidos Totais Voláteis (STV) no perfil da amostra de areia. ..................... 132
Tabela 27: Valores de porcentagens médias e desvio padrão para Sólidos Totais Fixos
(STF) e Sólidos Totais Voláteis (STV) na areia de acordo com a quantidade de dias
após a retirada e armazenada em uma caixa para ser seca ao sol......................... 133
Tabela 28: As médias dos resultados do teste de adsorção de fósforo pelas areias
novas (AN) com diferentes tratamentos (T1, T2 e T3). .............................................. 134
Tabela 29: Resultados do teste de quantificação de fósforo aderido na Areia Nova (NA)
e na Areia Usada (AU). .................................................................................................... 135
Tabela 30: Valores de pH, Índice Volumétrico do Lodo (IVL) e série de sólidos para
caracterização do lodo do Tanque Séptico (TS). ........................................................ 137
xxii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A Área
AI Alcalinidade Intermediária
AN Areia nova
AU Areia utilizada
AP Alcalinidade Parcial
AT Alcalinidade Total
CF Coliformes Fecais
CT Coliformes Totais
Cu Coeficiente de Uniformidade
CV Coeficiente de Vazios
dS Decisiemens
xxiii
EFA Efluente do Filtro de Areia
OD Oxigênio dissolvido
SS Sólidos suspensos
TS Tanque Séptico
xxiv
UT Unidade de Turbidez
UV Ultravioleta
xxv
xxvi
1. INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
1
facilita o tratamento aeróbio biológico do esgoto através do crescimento bacteriano,
vazão insaturada e aeração do leito entre as doses. O grau de tratamento pode ser
comparado com o secundário ou terciário, possibilitando a desinfecção e o reúso de
água.
Entretanto, o filtro de areia não remove efetivamente micro – organismos
patogênicos e, a fim de serem reduzidos a níveis aceitáveis pelos padrões usuais, se
faz necessário outro tratamento terciário que, normalmente, incluí a desinfecção do
efluente.
Logo, a desinfecção para destruir patógenos é um elemento essencial na proteção
da saúde pública, principalmente quando há interesse no reúso do efluente tratado.
Apesar desta necessidade imperativa, a maioria dos estudos sobre este tema é
feita em escala de bancada ou piloto com poucos trabalhos reportados em escala real.
Sendo assim, é preciso mais estudos comparativos de longo prazo de operação sob
condições de campo para maior capacidade de quantificar o desempenho destes
sistemas descentralizados.
Frente a esta situação, o presente trabalho visou à construção de um sistema de
tratamento de esgoto descentralizado em escala real composto por um tanque séptico e
um filtro de areia, seguido por teste de bancada de desinfecção. O objetivo foi avaliar a
sua instalação, manutenção, operação e eficiência de tratamento em condições de
campo.
2
2. OBJETIVOS
_______________________________________________________________
comunidade isolada do distrito de Barão Geraldo, da cidade de Campinas/ SP, por meio
de areia;
3
4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
_______________________________________________________________
Figura 1: Incidência anual de algumas doenças devido à falta de saneamento básico (MASSOUD et
al., 2009).
5
Os dados sobre o esgotamento sanitário associados a outras informações ambiental
e socioeconômica, incluindo o acesso a outros serviços de saneamento, saúde,
educação e renda, são bons indicadores de desenvolvimento sustentável.
No Brasil, este indicador também permite analisar as diferenças entre áreas urbanas
e rurais, demonstrando que há ausência de instalações sanitárias nos domicílios de
mais de 1/5 dos habitantes da zona rural e que esta situação é mais agravante em
estados das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil (IBGE, 2010). A Tabela 1
resume as informações sobre a população urbana e rural descrita no Censo de 2010 do
Brasil e de suas regiões.
Tabela 1: Informações sobre a população urbana e rural descrita no Censo de 2010 do Brasil e de
suas regiões (IBGE,2010).
6
3.1 POPULAÇÕES RURAIS BRASILEIRAS
Segundo o Censo de 2010, 15,7% da população brasileira residem em área rural,
sendo que, em termos absolutos, esta porcentagem equivale a quase 30 milhões de
pessoas, número superior a toda população da região Sul. Além disso, 52,4% desta
população estão em situação inadequada de saneamento (com todas as formas de
saneamento consideradas inadequadas: Abastecimento de água por rede geral,
esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica e lixo coletado diretamente ou
indiretamente) e 42,8% em situação semi - adequada (com pelo menos uma forma de
saneamento considerada adequada).
7
Tabela 2: Dados sobre a população urbana e rural descrita no relatório do IBGE de acordo com o
Censo de 2010 (IBGE,2010) da região sudeste e das principais cidades próximas a Campinas (1).
8
Em relação à porcentagem de adequação ao saneamento, 50,3% da população
rural do município de São Paulo encontra-se em situação adequada, entretanto é
importante lembrar que o Censo de 2010 considera uma propriedade rural com fossa
séptica para tratamento de esgoto como adequada, mas sabe-se que nem sempre há
instalação, operação e manutenção apropriadas deste tipo de sistema; ou seja, é
possível que o dado de inadequação seja subestimado.
Deste modo, é importante analisar que, mesmo com baixo percentual de habitantes
na zona rural, esta localidade apresenta números expressivos e muitas vezes,
subestimados, de pessoas que, em sua maioria, lança seus dejetos in natura nos
corpos hídricos, no solo ou em fossas sépticas sem manutenção apropriada
comprometendo a qualidade da água utilizada para o abastecimento, irrigação e
recreação.
9
Figura 2: Número de residências com fossas rudimentares no município de Holambra/SP (IBGE,
2010).
Não apenas o tipo de construção de fossa é importante, mas a sua localização visto
que normalmente as fossas encontram-se próximas às casas e estas, por sua vez, em
geral, estão na parte mais alta do terreno da propriedade. Assim, caso a fossa não
tenha construção e/ou manutenção adequadas há risco de contaminação do solo, do
corpo d’água próximo, do poço e até mesmo do lençol freático. A Figura 3 apresenta
um desenho esquemático desta situação.
10
Figura 3: Desenho esquemático da localização mais comum de fossas nas áreas rurais em relação
ao lençol freático e ao corpo hídrico.
Vale lembrar também os dados apresentados pela arquiteta Lubochinski, L.A. (2012)
a qual cita que, ao questionar a população de uma pequena comunidade da cidade de
Gonçalves/ MG sobre “o que mudar na comunidade” sem especificação do tema, 40%
dos participantes responderam que era necessário melhorar o saneamento básico.
Sendo assim é possível perceber que este tópico é, não apenas uma necessidade para
preservação dos recursos naturais, mas, muitas vezes, uma solicitação da população
local para haver qualidade de vida.
11
A falta de pesquisas nos países em desenvolvimento leva a uma seleção
inapropriada de tecnologia em relação ao clima local, condições físicas, financeiras, de
oferta de mão de obra e aceitabilidade cultural e social (MASSOUD et al., 2009).
De acordo com a USEPA (2002), em comunidades pequenas e isoladas ou
assentamentos com baixa densidade populacional é interessante a alternativa de
sistemas descentralizados que são mais simples e com menores custos, como os
sistemas sépticos. Segundo Paterniani et al. (2011) o emprego destas tecnologias
viabiliza o aproveitamento de efluentes e minimiza os impactos ambientais sobre os
recursos hídricos.
12
A coleta, o tratamento e a disposição do esgoto sanitário são os 3 componentes
básicos da gestão do sistema de tratamento. Mesmo a coleta sendo a menos
“importante” (MASSOUD et al., 2009), em um sistema centralizado, o custo de sua
implantação é cerca de 80 a 90% do total (BAKIR, 2001) e, do orçamento para a gestão
anual, corresponde mais do que 60%, principalmente quando implantado em pequenas
comunidades com baixa densidade populacional. Já os sistemas descentralizados
mantêm o custo deste componente o menor possível e focam principalmente no
tratamento e na disposição do esgoto (MASSOUD et al., 2009). Deste modo, o sistema
descentralizado reduz significantemente o custo do sistema de coleta (BAKIR, 2001).
Em pequenas comunidades há grande déficit de instalações sanitárias adequadas e
o alto custo de sistemas convencionais é a maior restrição para a expansão do serviço
para estas localidades (BAKIR, 2010), dado que há um limite de fontes técnicas e
financeiras na maioria das comunidades rurais, principalmente de países em
desenvolvimento, mesmo com a possibilidade de fundos para construção de sistemas
centralizados, frequentemente as tecnologias tem manutenção difícil e custosa
(MASSOUD et al., 2009). Assim, para Reijnders (2001), uma parte da deficiência dos
tratamentos de esgoto centralizados está relacionada ao alto investimento que impede
a sua aplicação em situações onde o capital é baixo, como nos países em
desenvolvimento.
Segundo Anh et al. (2002), um enfoque na gestão descentralizada permite tratar o
esgoto no local por meio de sistema de baixo custo e fazer o uso direto de seus
produtos como o efluente, o lodo e o biogás. Para os autores, esta alternativa pode ser
a gestão sustentável de esgoto mais adequada e tem um futuro promissor,
especialmente para países em desenvolvimento, onde a água e o saneamento estão se
tornando tópicos cada vez mais importantes e estão em um período de ampliação
infraestrutural.
O conceito é baseado em tratar o esgoto e reutilizá-lo, quando possível, o mais
próximo de onde é gerado (ANH et al., 2002).
Deste modo, os sistemas descentralizados, normalmente, tratam o esgoto de casas
individuais ou de pequenos agrupamentos e reusam e/ou dispõe o efluente perto do
ponto de geração, promovendo o retorno do esgoto tratado dentro de suas bacias de
13
origem. Eles não só reduzem o efeito no meio ambiente e na saúde pública como
também aumentam o reúso do esgoto dependendo do tipo de comunidade, opções de
técnicas e condição local.
Atualmente, sistemas descentralizados podem ser projetados para locais específicos,
solucionando os problemas que são associados com as condições locais tais como
níveis altos de lençol freático, solos impermeáveis, leito baixo e formações de calcário
(MASSOUD et al., 2009). Além disso, há possibilidade de ajuste do processo de
tratamento conforme a qualidade do esgoto gerado e a diminuição do uso de água e da
vazão de esgoto (BAKIR, 2001). A diminuição do volume de água, segundo a NBR
13969 (1997), também diminui os custos de implantação e de operação, pois eles são
proporcionais ao volume de esgoto a ser tratado. Também, como regra geral, quanto
mais concentrado for o esgoto, mais fácil será o seu processo de depuração.
Entretanto é importante lembrar que a efetividade de qualquer sistema, em especial
o descentralizado, depende do estabelecimento de um programa que assegura uma
inspeção regular e a manutenção do sistema (MASSOUD et al., 2009).
Apesar das vantagens da descentralização, há uma preferência da população por
agências de gestão de esgoto, pois as consultorias aconselham os sistemas padrões e
convencionais de tratamento de esgoto e a percepção geral dos planejadores,
engenheiros e do público é que os sistemas “não convencionais” oferecem um sub –
padrão de serviço (BAKIR, 2001).
Esta visão, segundo Massoud et al. (2009) é equivocada já que as estratégias de
gestão deveriam ser específicas dos locais de acordo com as características sociais,
cultural, do meio ambiente e das condições econômicas da região. É importante que a
tecnologia seja aceita pela comunidade que deve ser capaz de financiar a implantação
do sistema, a operação e a manutenção incluindo o capital de melhoramento e a
necessidade de reparos e substituições a longo prazo.
Portanto, os sistemas de tratamento de esgoto convencionais devem ser usados em
comunidades de centros residenciais e comerciais onde a população é densa e
desenvolvida e as comunidades esparsas devem utilizar um sistema local, porém
sempre sendo observadas as características do esgoto destas regiões como a baixa
14
vazão, a alta concentração de DBO (devido ao baixo consumo de água) e a
disponibilidade de fontes de operação e manutenção (BAKIR, 2001).
15
Na Tabela 3 estão descritas estas tecnologias complementares.
A mesma norma ainda sugere o reúso do efluente tratado para fins que exigem
qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais como irrigação de
jardins, lavagem de piso, descarga de vasos sanitários, e na irrigação dos campos
agrícolas e pastagens.
Para Massoud et al. (2009), estes métodos de pós-tratamento e disposição também
podem ser utilizados concomitantemente.
Paralelamente ao tanque séptico, existem os sistemas sanitários secos que não
usam água para tratamento e transporte do excreto humano. Como principais
vantagens desta tecnologia, podem ser citadas a conservação de fontes de água e a
prevenção da poluição em corpos hídricos. O tipo mais comum de sanitário seco são os
banheiros de compostagem (MASSOUD et al., 2009).
16
Tabela 3: Descrição das tecnologias de tratamento complementares e disposição final dos
efluentes líquidos de tanque séptico segundo a NBR 13969/1997.
Tecnologia Descrição
Filtro anaeróbio de Câmara inferior vazia e uma câmara superior preenchida de meio
leito fixo com fluxo
filtrante submerso, onde atuam micro - organismos facultativos e
ascendente
anaeróbios dispersos tanto no espaço vazio do reator quanto nas
superfícies do meio filtrante e que são responsáveis pela estabilização
da matéria orgânica.
Filtro aeróbio Reator biológico contendo meio filtrante submerso, basicamente
aeróbia, onde ocorre a depuração do esgoto, e a câmara de
sedimentação, onde os flocos biológicos são sedimentados.
Filtro de areia Tanque preenchido de areia e outros meios filtrantes, com fundo
drenante e com esgoto em fluxo descendente, onde ocorre a remoção
de poluentes, tanto por meio físico (retenção), quanto bioquímico
(oxidação), devido aos micro - organismos fixos nas superfícies dos
grãos de areia.
Vala de filtração Vala escavada no solo, preenchida com meios filtrantes e provida de
tubos de distribuição de esgoto e de coleta de efluente filtrado,
destinada à remoção de poluentes através de ações físicas e biológicas
sob condições essencialmente aeróbias.
Escoamento Consiste no escoamento do esgoto na superfície do solo de pequena
superficial
declividade e com vegetação, com emprego ou não de sulcos no solo.
Lagoa com plantas O esgoto é mantido em um tanque raso com plantas aquáticas
aquáticas
flutuantes, cuja remoção de poluentes se dá através de plantas e micro -
organismos fixos nas raízes das mesmas.
Vala de infiltração Consiste na percolação do esgoto em vala escavada no solo, onde
ocorre a depuração devido aos processos físicos (retenção de sólidos) e
bioquímicos (oxidação). Seu desempenho depende das características
do solo.
Sumidouro Unidade de depuração e de disposição final verticalizado em relação
à vala de infiltração. Seu uso é favorável somente nas áreas onde o
aqüífero é profundo.
Canteiro de Permite a infiltração e evapotranspiração da parte líquida do esgoto.
infiltração e Consiste na disposição final do esgoto, tanto pelo processo de
evapotranspiração evapotranspiração através das folhas de vegetação quanto pelo
processo infiltrativo no solo.
17
3.2.2.1 Tratamento de esgoto descentralizado no mundo
18
impermeabilizados o que permite a percolação no solo. Os tanques sépticos projetados
corretamente, nestas áreas, são raros de ser usados (BAKIR, 2001).
19
Tabela 4: Domicílios particulares permanentes em áreas rurais, por existência de banheiro ou
sanitário e tipo de esgotamento sanitário no Brasil em 2010 (IBGE, 2010).
Situação sanitária do Nº de domicílios Porcentagem Tipo de esgotamento Nº Porcentagem
domicílio Particulares e (%) sanitário domicílios (%)
permanentes em por tipo de
área rural sanitário
Total 8.097.418
Banheiro de uso 5.743.022 70,9 Rede de esgoto ou pluvial 245.404 4,3
exclusivo do domicílio
Fossa séptica 1.079.415 18,8
Fossa rudimentar 3.786.052 65,9
Vala 274.031 4,8
Corpo hídrico 218.443 3,8
Outro 139.677 2,4
Tinham sanitário 1.129.282 13,9 Rede de esgoto ou pluvial 6.717 0,6
Fossa séptica 42.488 3,8
Fossa rudimentar 581.689 51,5
Vala 204.965 18,2
Corpo hídrico 24.317 2,2
Outro 269.106 23,8
Não tinham banheiro 1.225.114 15,1
nem sanitário
20
O financiamento adequado é fundamental para o desenvolvimento, implantação e
sustentabilidade da gestão do programa. Além disso, um bom conhecimento da política,
da parte social e econômica da comunidade bem como da estrutura institucional e das
tecnologias disponíveis é necessário para uma operação bem sucedida. O
envolvimento da comunidade nos programas resulta em uma melhor aceitação dos
usuários. É crucial a escolha do local adequado e sua construção apropriada durante a
instalação. Ainda, para uma boa operação são essenciais o monitoramento periódico e
uma boa fiscalização. Já, durante a fase de manutenção, inspeções sistemáticas são
fundamentais para detectar defeito no sistema (MASSOUD et al., 2009).
Sistemas com falhas tem alto custo para comunidade e, assim, como nos sistemas
centralizados, os descentralizados necessitam de uma operação e manutenção efetiva
que não devem ser subestimadas. A gestão centralizada dos tratamentos
descentralizados é importante para assegurar que sejam inspecionados e conservados
regularmente (MASSOUD et al., 2009).
Portanto, um programa de gestão efetivo pode reduzir os riscos potenciais da saúde
pública e do meio ambiente durante as fases de instalação, operação e manutenção
dos sistemas descentralizados.
Como visto nos itens anteriores deste capítulo, o tanque séptico é uma opção
utilizada em muitos países e sugerida pelas normas brasileiras regulamentadoras (NBR
7229/93 e NBR 13969/97) para o sistema de tratamento de esgoto descentralizado. Em
geral, são empregados em locais não servidos por rede pública coletora de esgotos,
como as áreas rurais e os agrupamentos afastados dos grandes centros (WITKOVCKI e
VIDAL, 2009). Ainda podem ser utilizados em áreas providas apenas de rede coletora
local e/ou para retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando há rede coletora
com diâmetro e/ou declividade reduzidos para transporte de efluente livre de sólidos
sedimentáveis, por exemplo, em regiões de planície (NBR 7229/93).
21
O tanque séptico é considerado um tratamento primário já que, segundo Philippi Jr.
(2005), remove parte dos sólidos em suspensão sedimentáveis e parte da matéria
orgânica utilizando operação física, a sedimentação.
A NBR 7229/93 descreve esta unidade como um cilindro ou prisma retangular de
fluxo horizontal, para tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e
digestão e sugere dois tipos de configuração: câmara única ou em série.
No caso do tanque séptico em câmara única, há apenas um compartimento, onde na
zona superior ocorrem processos de sedimentação e de flotação e digestão da escuma,
e na inferior o acúmulo e digestão do lodo sedimentado. Nas câmaras em série a
diferença é que existem dois ou mais compartimentos contínuos, dispostos
sequencialmente no sentido do fluxo do líquido e interligados adequadamente, onde
ocorrem os mesmos processos de forma conjunta e decrescentemente (NBR 7229,
1993).
Sucintamente, o seu funcionamento pode ser descrito pela sedimentação, através da
ação da gravidade, de uma parcela dos sólidos suspensos presentes no esgoto e que
irão compor o lodo de fundo, enquanto que nos sólidos menos densos ocorrerá flotação
até a superfície, formando uma escuma, auxiliada por bolhas de gás produzidas pelo
metabolismo microbiano anaeróbio que ocorre nesse reator. Os anteparos
apresentados na região superior do reator servem para reter a escuma, bem como
diminuir a velocidade do esgoto que entra no reator (WITKOVCKI e VIDAL, 2009). Um
esquema de tanque séptico é representado na Figura 4.
O material retido no fundo do tanque é parcialmente estabilizado após alguns meses
sob condições anaeróbias. Sugere-se sua limpeza anualmente, devendo sempre deixar
um pouco do lodo no fundo para acelerar o processo de crescimento de
microrganismos que serão responsáveis pela digestão anaeróbia (CHERNICHARO,
2007).
O dimensionamento de um tanque séptico deve ser criterioso e considerar o tipo de
instalação (residência, escritório, fábrica, escola ou restaurante). Podem ser do tipo pré-
moldado ou construído no próprio local (WITKOVCKI e VIDAL, 2009). Segundo,
Macintosh et al. (2011), é possível utilizar como material para construção desde
estruturas de bloco de concreto até mesmo fibras de vidro.
22
Figura 4: Esquema de tanque séptico de uma câmara (Modificado de CHERNICHARO, 2007).
Outro ponto relevante para ser analisado durante o projeto é a localização. Não é
recomendável que esteja perto de moradias, pois pode causar odor desagradável, e
nem muito longe, com intuito de minimizar o custo com tubulações para transportar os
despejos. Recomenda-se, também, a construção próxima ao banheiro, a fim de evitar
curvas nas canalizações e que seja no nível mais baixo do terreno e longe de qualquer
fonte de captação de água, para evitar contaminações (WITKOVCKI e VIDAL, 2009).
Os aspectos importantes dos tanques sépticos são o baixo custo de instalação,
manutenção e operação; a facilidade operacional e a necessidade de pouca
manutenção (PHILIPPI JR., 2005). Ainda este tratamento pode fazer parte do processo
de controle da poluição e da recuperação de água para usos não nobres o que reduz o
uso de água potável, os riscos ambientais e aumentam as oportunidades de reúso de
efluente (BAKIR, 2001).
Apesar das vantagens apresentadas, é importante lembrar que, como em qualquer
sistema de tratamento de esgoto, deve ser feito, adequadamente, o monitoramento de
seu desempenho e a sua manutenção. Segundo Bradley et al. (2002), as autoridades
de saúde devem fazer o manejo adequado destes sistemas descentralizados. É
necessário observar características da região, local para instalar o tanque séptico, a
quantidade instalada nas proximidades e o nível de tratamento. Ainda, segundo
Harrison et al. (2012) o tipo de equipamento, a manutenção e a reparação do sistema
23
devem estar bem estabelecidas antes de incentivar seu uso, já que, para Charles et al.
(2005) estes fatores e a composição do afluente têm influência na qualidade do efluente
final.
No caso de manejo inadequado é possível gerar alagamento de esgoto, problemas
de odor em águas superficiais por altos níveis de sólidos suspenso e matéria orgânica e
excesso de fósforo e nitrogênio na saída do tanque séptico (MASSOUD et al., 2009;
BRADLEY et al., 2002; CHARLES et al., 2005).
Anh et al. (2002) relata em seu estudo que no Vietnã muitos tanques sépticos estão
obsoletos e danificados pois não há um programa de monitoramento e manutenção
adequados o que resulta na falta de reparados e na sobrecarga, já que o lodo não é
removido regularmente. Alguns estão subprojetados e estão operando com menor
eficiência de tratamento. Também há casos onde a concentração dos sólidos
suspensos do efluente é maior do que o do afluente devido ao carregamento para fora
das substâncias suspensas.
Em pesquisa realizada entre moradores da Baía de Chesapeake, nos EUA,
encontrou–se que metade das residências não tinha seus tanques sépticos
inspecionados por 3 anos, e quase 46% não limpara no mesmo período. Além disso,
quase 30% das pessoas que foram entrevistadas discordaram ou não tinha
conhecimento sobre a frase: "A inspeção de rotina e a limpeza dos tanques sépticos
são necessárias para a proteção da qualidade das águas" (CENTER FOR
WATERSHED PROTECTION, 1999, apud HARRISON et al.,2012).
Desta maneira, Harrison et al. (2012) considera que é importante educar os donos
dos tanques sépticos sobre os efeitos negativos consequentes da pouca manutenção e
reparo destes sistemas.
Como desvantagens de um tanque séptico, pode–se citar, também, a baixa eficiência
de remoção de alguns poluentes e a necessidade de adequar a disposição do lodo
retido no tanque e do efluente final, pois este não pode ser lançado diretamente em um
corpo hídrico (PHILIPPI JR., 2005).
Ainda, embora uma parte da matéria orgânica seja removida, os nutrientes
permanecem no efluente e podem, se em solo, causar estresse na vegetação nativa e
promover o crescimento de ervas daninhas (CHARLES et al., 2005) ou, ao alcançar um
24
lago, originar a eutrofização (BRADLEY et al., 2002). A eutrofização é um fenômeno
que diminui o nível de oxigênio causando prejuízo à vida aquática (HARRISON et
al.,2012).
Altas cargas de nitrogênio nas águas subterrâneas, se usadas como água de
abastecimento para consumo, podem ser tóxicas a humanos, em particular, crianças.
Por isso, para Harrison et al. (2012), os problemas de contaminação dos tanques
sépticos tem pontos negativos para tanto o ser humano quanto para o meio ambiente.
Alguns estudos já relatam exemplos nos EUA e na Austrália que indicam problemas
relacionados com a contaminação de nitrogênio e micro - organismos em água
subterrânea por problemas com tanques sépticos (MACINTOSH et al., 2011). Por
exemplo, nos EUA, onde os sistemas descentralizados servem aproximadamente 25%
da população, os efluentes do tanque séptico são frequentemente reportados como
fonte de contaminação de lençol freático por patógeno (STEVIK et al., 1999b).
Os tanques sépticos, conquanto sejam fontes potenciais de emissão de nutrientes
em águas superficiais, poucos dados existem para quantificar a sua significância na
eutrofização. Frente a esta realidade, Withers et al. (2011) monitorou por 1 ano uma vila
na Inglaterra. O autor encontrou que, em efluentes dos tanques sépticos, havia alta
concentração de nitrogênio solúvel (de 8 a 63 mgL-1) e fósforo (de 1 a 14 mgL-1). O íon
amônio era dominante (70 a 85%) e o nitrito estava acima de concentrações
consideradas prejudiciais aos peixes (0,1 mgL-1).
Segundo o mesmo autor, no Reino Unido, o projeto e o local de muitos tanques
sépticos refletem o legado da infraestrutura de disposição de esgoto em áreas rurais
durante os períodos em que a regulamentação e a consciência ambiental não eram tão
rigorosas. Assim, os tanques sépticos foram construídos próximos aos cursos d´água e
ainda é comum ver o lançamento do esgoto diretamente nestes (WITHERS et al.,
2011).
No Brasil, na cidade de Natal/RN (região Nordeste), muitos estudos têm verificado
quais as condições das águas subterrâneas do aquífero Dunas/Barreiras que é principal
fonte de suprimento hídrico da região (ARAÚJO et al., 2005 ; NÓBREGA et al., 2008;
CABRAL et al., 2009). As pesquisas mostram que há contaminação por íon nitrato na
maioria das amostras analisadas e que, em alguns casos, a concentração superou a
25
máxima permitida de 10 mgL-1 para o consumo humano (Portaria 518/2004). Os autores
relacionam este fato com a inexistência de um sistema de esgotamento sanitário e de
tratamento que possibilite a disposição final adequada aos esgotos domésticos.
Segundo Cabral et al. (2009), cerca de 70% dos esgotos domésticos produzidos são
lançados no subsolo, geralmente em fossas rudimentares ou sumidouros e seguem,
sem um tratamento adequado, em direção às águas do aquífero. Nóbrega et al. (2008)
conclui que os sistemas sépticos estão comprometendo a qualidade de diversos poços
de abastecimento público desta região.
Outra investigação mostra que a densidade de instalação do tanque séptico em uma
região está correlacionada com a carga de nitrogênio nas águas subterrâneas. Deste
modo considera – se que há grande relação entre o número de tanques sépticos em
uma região e seu manejo, com a carga de nitrogênio no solo e nos corpos d’água
(HARRISON et al., 2012). Na Irlanda, em regiões com grande população rural e solo
com permeabilidade baixa gera – se potencial de impacto dos tanques sépticos ali
instalados (MACINTOSH et al., 2011).
Por causa da relação entre a densidade de tanques sépticos e a carga de nutrientes,
a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA) estabeleceu, em 1977, o risco de
contaminação baixo, médio e alto de acordo com o uso deste sistema / Km². O baixo
risco é determinado quando há menos do que 3,8 sistemas de tanque séptico por Km²;
para o médio risco este valor está entre 3,8 e 15,4 sistemas por Km² e o alto risco
quando há um número maior do que 15,4 por Km² (HARRISON et al., 2012).
A descentralização da disposição do esgoto, na forma de dividir os tanques sépticos
ou as estações de tratamento de esgoto comunitárias é um caminho para prevenir o
uso de grande número destes sistemas e aumentar sua densidade (HARRISON et al.,
2012).
Portanto, os tanques sépticos mais comumente utilizados são ambientalmente
problemáticos (TRAVIS et al., 2012). É preciso que o seu efluente seja encaminhado a
um pós – tratamento ou unidade de disposição, uma vez que ainda apresenta elevado
teor de matéria orgânica solúvel (que não sedimenta) e de organismos patogênicos
(WITKOVCKI e VIDAL, 2009).
26
Uma das alternativas, para Philippi Jr. (2005), seria o filtro anaeróbio preenchido com
pedras ou com outro material suporte inerte, por meio do qual percolam, em fluxo
ascendente, os efluentes da fossa séptica. Nesse caso, a eficiência de remoção de
carga orgânica aumenta. Também, segundo Bakir (2001) os filtros de areia intermitente
já foram usados como polimento da saída do tanque séptico para melhorar a qualidade
e haver reúso em irrigação por gotejamento.
Há também a opção de reúso do efluente a qual produz benefícios ambientais como
a redução de lançamento dos poluentes (principalmente nutrientes) aos corpos hídricos
e o reúso dos nutrientes em plantas. Ainda diminui a demanda de extração de água da
superfície e do lençol freático. O efluente pode ser empregado em irrigação por
gotejamento de forma que a água e os nutrientes possam ser reusados no próprio sítio.
Logo, com o manejo adequado, pode – se implantar o sistema de tratamento de esgoto
com sucesso e aumentar a segurança da saúde humana e a proteção ambiental
(BRADLEY et al., 2002).
27
(STEVIK et al., 1999b) e/ou onde a terra é escassa e cara como no delta do Egito
(BAHGAT et al., 1999).
Entretanto, segundo Zhang et al. (2005) os sistemas de infiltração de esgoto em
subsolo são processos adequados para tratamento de esgoto doméstico em áreas
rurais apenas se forem cuidadosamente projetados e gerenciados.
Na Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca, 1,5 milhões de casas e 1,2 milhões de
casas de veraneio utilizam tratamento de esgoto local sendo que a maioria destes
sistemas de disposição de esgoto consiste tipicamente em tanque séptico seguido por
uma filtração em subsolo ou sistemas de infiltração (STEVIK et al., 1999b). Ainda, as
casas rurais individuais suecas são geralmente providas com sistemas pequenos de
infiltração (PELL et al., 1990).
Atualmente, há grande interesse por sistemas de infiltração (WANG et al., 2010).
Muitos estudos foram feitos para avaliar o estilo de construção (HEALY et al., 2007a), o
tipo de material filtrante (STEVIK et al., 1999ª; TORRENS et al., 2009; SABBAH et al.,
2012), a taxa de carga hidráulica e a dosagem (AUSLAND et al., 2002; ZHANG et al.,
2005), a remoção de nitrogênio (LI et al.,2011; HEALY et al., 2007b), fósforo
(RODGERS et al., 2005) e coliformes (TORRENS et al., 2009; STEVIK et al., 1999b) e
o entupimento do filtro (LEVERENZ et al., 2009).
O sistema de infiltração em solo tem sido testado cientificamente e construído para
tratamento local de esgoto em unidades dispersas ou em pequenas vilas. A maioria dos
estudos são feitos em escala de bancada ou piloto (STEVIK et al., 1999b; HEALY et al.,
2007a; SABBAH et al., 2012; KANG et al., 2007) com poucos trabalhos reportados em
escala real (LI et al.,2011; PELL et al., 1990; ZHANG et al., 2005).
Os guias de projetos destes sistemas adotados recentemente são baseados em
areia e pedra e, em alguns casos, cargas intermitentes de fluxo vertical ao invés de
leitos horizontais. Ao contrário de leitos horizontais, as cargas intermitentes verticais
são sistemas insaturados preenchidos por ar, o que aumenta a o processo de
decomposição aeróbia sendo possível a remoção de maiores cargas poluidoras. Uma
grande quantidade de sistemas de tratamento vertical com cargas intermitentes tem
sido construída em muitos lugares no centro norte da Europa (especialmente na
Alemanha e no Reino Unido), principalmente para o gerenciamento de esgoto de vilas
28
pequenas e remotas e o seu desempenho tem sido considerado satisfatório
(PROCHASKA e ZOUBOULIS, 2003).
Os sistemas de infiltração tem a capacidade de reduzir significantemente as
concentrações de micro – organismos patogênicos do esgoto (STEVIK et al., 2004) e
tem remoção satisfatória em termos de demanda química de oxigênio, demanda
bioquímica de oxigênio, fósforo e sólidos suspensos (LI et al.,2011). Ainda, para Zhang
et al. (2005), quando comparado com o processo de lodo ativado convencional,
utilizado principalmente em grandes centros urbanos, estes sistemas tem vantagens
incluindo o desempenho excelente na remoção de nitrogênio e fósforo, o menor custo
de construção e operação e a fácil manutenção. Esta afirmação é contradita por Li et al.
(2011) que comenta sobre a deficiência de remoção de nitrogênio na maioria dos
tratamentos que operam no momento devido a diferentes necessidades de oxigênio
para processos de nitrificação e desnitrificação. Entretanto sabe – se que a taxa de
remoção de nitrogênio varia de acordo com a qualidade de esgoto, condições
ambientais e condições de projeto, operação e manutenção (WANG et al., 2010). O
emprego de fluxo intermitente é uma das condições que facilitam a aeração e
consequente remoção de nitrogênio.
O filtro de areia intermitente tem sido usado por mais de 100 anos (HEALY et al.,
2007a). Esta tecnologia trata, geralmente, efluente do tanque séptico antes de ocorrer o
reúso da água ou a dispersão em solo. Segundo Kang et al. (2007), este tipo de
sistema tem uma longa história em tratamento nos EUA e, de acordo com Rolland et al.
(2009) tem sido usado por 15 milhões de pessoas na França.
Com o melhoramento no projeto de sistema de filtro de areia é possível reduzir o
custo de construção e operação, com pouca manutenção e eficiência de tratamento
relativamente alta, fazendo a tecnologia mais viável em diversas aplicações
(LEVERENZ et al., 2009; KANG et al.,2007).
Historicamente, o filtro de areia intermitente consiste em um leito fixo de areia que é
inundado na superfície com esgoto. Os primeiros filtros eram muito exigidos e, como
29
resultado, obstruíam frequentemente, requeriam manutenção e longos períodos de
repouso para recuperar a capacidade de filtração. Com estudos, houve a redução da
carga, a inserção de um pré – tratamento e o aumento da frequência de dosagem, o
que melhorou o desempenho e aumentou períodos de operação sem entupimento
permitindo que esta tecnologia fosse aplicada em áreas remotas onde a manutenção
regular não era possível (LEVERENZ et al., 2009).
A dose intermitente facilita o tratamento aeróbio biológico do esgoto através do
crescimento bacteriano, vazão insaturada e aeração do leito entre as doses. Segundo a
NBR 13969 (1997), a aplicação do efluente em filtros de areia deve ser feita de modo
intermitente com o emprego de uma pequena bomba ou dispositivo dosador que
permita a entrada de ar através do tubo de coleta durante o período de repouso. É
importante que haja uma caixa para reserva do efluente do tanque séptico com uma
bomba de recalque ou com um sifão, a montante do filtro de areia. O volume da caixa
deve ser dimensionado de modo a permitir no máximo uma aplicação do efluente a
cada 6 horas.
O grau de tratamento pode ser comparado com o secundário ou terciário,
possibilitando a desinfecção e o reúso de água. Como exemplo pode ser citado estudo
de KANG et al. (2007) onde os pesquisadores utilizaram esta tecnologia como
tratamento biológico secundário para esgoto industrial e obteve remoção satisfatória do
material orgânico.
Diferente do lodo ativado convencional onde a biomassa cresce continuamente, os
filtros de areia são caracterizados pelo crescimento durante e imediatamente após a
dose e, entre as dosagens, a atividade endógena diminui. Os filtros com frequência de
doses menores operam por longos períodos de tempo sem manutenção. A frequência
de aplicação menor aumenta a duração do período de repouso permitindo a decadência
endógena e a secagem do leito para recuperação parcial dos poros do filtro
(LEVERENZ et al., 2009).
Portanto, segundo pesquisa de Andreadakis (1987) o sistema, sob algumas
considerações, é uma alternativa economicamente viável para tratamento e disposição
de esgotos locais.
30
3.5.1 Mecanismos de tratamento
Após o efluente doméstico ser pré – tratado, normalmente, pelo tanque séptico, ele é
enviado ao filtro de areia onde a matéria orgânica e a amônia são oxidadas por micro –
organismos. Estes micro – organismos, responsáveis pela remoção de material
orgânico e nutrientes colonizam os grãos de areia e aumentam a densidade de células
o que redireciona o fluxo de água lateralmente ao entorno da região colonizada
(ROLLAND et al., 2009). Em sua maioria, os leitos são intermitentes para superar a
obstrução por material suspenso originado pelo afluente e/ou criada pelo crescimento
bacteriano dentro do filtro. Durante o período entre duas aplicações sucessivas, o
chamado tempo de repouso, a matéria orgânica suspensa e imobilizada é hidrolisada e
degradada, permitindo maior vazão através do leito (SABBAH et al., 2012). Além disso,
o conteúdo de oxigênio durante o repouso aumenta rapidamente (ROLLAND et al.,
2009) o que, juntamente com o fluxo não saturado através do leito, permitem condições
aeróbias parciais pela difusão do oxigênio em ambos os períodos (de fluxo e de
repouso), reduzindo a energia necessária para aeração. Assim, para Sabbah et al.
(2012) o filtro se comporta como um reator de biomassa fixa aeróbia resultando na
mineralização da matéria orgânica e transformações de compostos nitrogenados
inorgânicos.
De acordo com a evolução do oxigênio, é possível ser observada a estabilidade do
filtro. A variação do conteúdo de O2 pode ter 4 razões: a oxidação da DQO, a reação de
nitrificação, a respiração endógena e a renovação do gás pela atmosfera. A primeira
das 3 razões é correlacionada com a carga aplicada e o tipo de alimentação (ROLLAND
et al., 2009).
Em estudos de PROCHASKA e ZOUBOULIS (2003), até a 5ª aplicação a remoção
de DQO foi relativamente baixa, o que foi explicado pelos autores como um período de
defasagem (“lag”) onde a areia “amadurece” para ocorrer o desenvolvimento bacteriano
no biofilme no filtro de areia, levando a subsequentemente melhora da habilidade de
remoção do filtro. Segundo eles, o biofilme pode ser retido por meio de adsorção da
matéria solúvel, levando a decomposição e a oxidação, durante o período de repouso
(entre cargas). A matéria orgânica solúvel é absorvida rapidamente, enquanto que a
31
matéria coloidal adsorvida é solubilizada por enzimas, transferida através da membrana
celular e convertida em produtos finais.
Embora estas investigações citadas comentem que a degradação do material
orgânico dependa da operação intermitente, Zhang et al. (2005) obteve os mesmos
desempenhos de remoção de DQO e fósforo em modo intermitente e contínuo. Em
seus estudos, a diferença de remoção foi observada no conteúdo de nitrogênio
amoniacal, com aumento de 70% em relação ao modo contínuo para 90% no modo
intermitente, e na remoção de concentração de nitrogênio total, elevada para mais do
que 80%.
Embora o filtro de areia seja simples na sua estrutura física, a micro e macro biologia
invertebrada interna e sua ecologia é complexa e variável (BAHGAT et al., 1999).
A microflora envolvida em um filtro de areia operado de modo intermitente, usado
para tratar esgotos, consiste predominantemente em bactérias. Elas têm o metabolismo
extremamente variado e podem usar constituintes orgânicos e inorgânicos ou a energia
solar como fonte de energia. Algumas podem viver sem oxigênio molecular livre. As
células das bactérias podem ser em formato de bastão de 1 µm até 3 µm de
comprimento, ou em formato de esfera, com aproximadamente 2 µm de diâmetro
(PROCHASKA e ZOUBOULIS, 2003).
As bactérias mais comuns em filtros de areia são as nitrificantes que tem papel
crucial para o ciclo do nitrogênio no sistema de tratamento de esgoto. Estudos
descreveram a distribuição e o desenvolvimento das bactérias nitrificantes no sistema
de filtro de areia. Os autores encontraram que uma grande população de bactéria
nitrificante é indicativa de ambiente aeróbio. Ainda os pesquisadores estudaram a
microbiologia do filtro de areia, o qual era alimentado com esgoto em regime
intermitente e descreveram a distribuição total de bactérias heterotróficas dentro do
filtro, bem como o crescimento das bactérias nitrificantes no sistema. O regime
intermitente de carga hidráulica tem um papel importante na aeração do sistema e
32
favorece o crescimento do grupo de bactérias nitrificantes (PELL e NYBERG, 1989
apud BAHGAT et al., 1999).
Outros organismos presentes nos filtros de areia são os fungos. Eles são eucariotas
e a maioria das suas células tem filamentos de 5 a 20 µm de diâmetro e pode ter muitos
cm de comprimento. Há também os protozoários que normalmente ocorrem em
números de 10.000 por grama de solo e se alimentam por bactérias e fungos. As
células são geralmente menores do que 50 µm em diâmetro e se movimentam nos
poros do solo (PROCHASKA e ZOUBOULIS, 2003).
O crescimento desta biomassa é significantemente maior no topo na primeira
camada de areia, nos 2 cm da superfície, e, como consequência, aumenta o tempo de
retenção do esgoto no meio filtrante (STEVIK et al., 1999a e RODGERS et al., 2005).
Uma maior retenção pode melhorar a remoção de poluentes, caso ainda haja oxigênio
disponível. Entretanto, se o crescimento for excessivo, é preciso cuidado para não
ocorrerem obstruções que diminuam a difusão do oxigênio no sistema e o induzam ao
baixo desempenho ou ao mau funcionamento (ROLLAND et al., 2009).
3.5.3 Limpeza
33
são encontrados na prática, não causam grandes variações na qualidade do efluente
final (OAKLEY et al., 2010).
O desempenho dos filtros de areia é influenciado por fatores como: profundidade do
meio, distribuição do tamanho do grão, composição do meio mineral, pré - tratamento,
composição do esgoto e concentração de nutrientes, carga hidráulica e orgânica,
temperatura, técnicas de dosagem e método de distribuição (KANG et al., 2007;
AUSLAND et al., 2002; ROLLAND et al., 2009).
Tradicionalmente, os filtros de areia são projetados baseados nas cargas hidráulicas.
Entretanto, para Kang et al. (2007), como estes filtros são unidades de tratamento
biológico aeróbio, seria mais apropriado que fossem projetados com base nas cargas
orgânicas.
Ainda, para AUSLAND et al. (2002) o tamanho das partículas de areia e da taxa de
aplicação são importantes pois, quando maiores, podem resultar em caminhos
preferenciais através do meio filtrante e reduzirem o tempo de retenção, resultando na
menor adsorção devido a interação inadequada entre o esgoto percolado e meio
poroso. Assim, para o autor, o conhecimento sobre o efeito dos fatores de projeto do
filtro como taxa de dosagem, método de distribuição e tamanho da partícula do meio
bem como outros fatores são importantes para reduzir o risco de poluição dos
tratamentos locais de esgoto doméstico.
A seguir são apresentados estudos relacionados a diferentes fatores que influenciam
a eficiência de tratamento dos filtros de areia.
34
aplicação direta dos efluentes do tanque séptico e 200 Lm-2dia-1 para efluente do
processo aeróbio de tratamento (NBR 13969, 1997).
Segundo Healy et al. (2007a), a operação, o desempenho e o entupimento dos filtros
de areia são determinados pela carga de sólidos suspensos e pela carga orgânica
aplicadas neles. Em seus estudos, os autores utilizaram um filtro de areia estratificado
(com 0,9 m de profundidade e 0,3 m de diâmetro), operado em modo de recirculação e
tratando efluente sintético com características de efluente de laticínio. O objetivo foi
examinar a parte orgânica, os SST e a remoção de nutriente pelo filtro de areia sob o
aumento de carga hidráulica e orgânica. A melhor carga hidráulica obtida foi de 10 Lm-
2
dia-1 equivalente a carga orgânica de 30,4 g DQOtotalm-2dia-1 com recirculação de 75%.
Com aumento da carga hidráulica para 13,4 Lm-2dia-1 houve o acúmulo de efluente na
superfície. O filtro teve capacidade de remoção de 99% de DQO e 100% de SST. Em
relação ao N-total, a redução foi de 86%.
Outro experimento que variou a carga hidráulica e a concentração orgânica foi
conduzido por Rodgers et al. (2005). Os autores utilizaram um filtro de areia
estratificado (com 0,9 m de profundidade e 0,3 m de diâmetro) operando com carga
intermitente para tratamento, também, de efluente sintético com características de
efluente de laticínio. As cargas hidráulicas utilizadas foram de 60, 42, 30 e 6,67 Lm-2dia-
1
, correspondente às cargas orgânicas de 53, 40, 22 e 23 gDBOm-2dia-1 e obtendo
remoção de carbono orgânico de 75, 67, 99 e 100%, respectivamente. O estudo
concluiu que a coluna teve bom desempenho, produzindo efluente com baixa
concentração de DBO, Nitrogênio amoniacal e carbono orgânico em todas as cargas,
entretanto, como o maior tempo de operação foi de 230 dias quando a operação da
carga hidráulica era de 30 Lm-2dia-1, a carga orgânica ótima e máxima para Rodgers et
al. (2005) é igual a 22 gDBOm-2dia-1. Os dados deste estudo corroboram com as
recomendações da USEPA no referente à carga orgânica máxima que deve ser
aplicada no filtro de areia.
Kang et al. (2007) variou, também, as cargas hidráulicas aplicadas em filtros de areia
e verificou a remoção de matéria orgânica. O perfil dos filtros era de 46 cm de areia fina
(D10 de 0,93 mm e Cu de 1,5), 15 cm de areia grossa (D10 de 2,4 mm e Cu de 1,35) e 5
cm de brita (D10 de 3,8 mm e Cu de 1,68). As taxas variaram de baixa (66 Lm-2dia-1),
35
média (132 Lm-2dia-1) e alta (264 Lm-2dia-1) e as aplicações tinham intervalos de 60
minutos. Apesar de a remoção de COT (carbono orgânico total) alcançar mais do que
95% em todos os reatores dentro de uma semana, a porcentagem de remoção diminuiu
nos filtros que recebiam taxas altas e médias após 30 e 50 dias de uso,
respectivamente, quando surgiu uma zona escura no topo do leito, na areia fina. No
caso da dosagem menor, o filtro de areia que a recebia permaneceu com remoção de
COT e DBO superiores a 97%. Após 81 dias de operação, a remoção final foi de 97%,
95% e 89% para as cargas baixa, média e alta, respectivamente e a concentração de
COT e DBO foram estatisticamente diferentes nas distintas cargas. Os resultados
obtidos evidenciaram, como discutido nos estudos expostos anteriormente, que a
eficiência e o tempo de vida útil do processo de tratamento são associados à carga
hidráulica e orgânica (KANG et al., 2007).
Em estudos mais antigos de Andreadakis (1987), já fora comprovado que a eficiência
de remoção da DBO e dos SS dependia das características de compactação do meio
filtrante, da carga hidráulica aplicada e das condições de fluxo (saturado ou insaturado).
Um sistema de tanque séptico e filtro de areia foi simulado em escala de laboratório. O
filtro de areia tinha 9 cm de diâmetro e era preenchido com 45 cm de altura de areia
(D10 de 0,6mm e Cu de 1,70). A eficiência de remoção da DBO diminui com o aumento
da carga hidráulica e/ou com o aumento da permeabilidade inicial. Para ser obtida uma
DBO de concentração 20 mgO2L-1 no efluente, foi necessária a carga de 1,5 m3m-2dia-1
para o filtro de areia com o coeficiente de permeabilidade de 350 cmdia-1, todavia
quando o coeficiente de permeabilidade da areia era maior (900 cmdia-1), foi preciso
diminuir a dosagem para 0,5 m3m-2dia-1, ou seja, segundo o autor, se a permeabilidade
da areia for maior, é necessário diminuir a carga de aplicação no leito. Em seus
resultados, a remoção dos sólidos suspensos não pareceu depender da permeabilidade
do filtro de areia. Entretanto, esta eficiência aumenta com o aumento da carga
hidráulica sendo similar ao desempenho do filtro de areia que trata a água. O diferente
efeito que a carga hidráulica tem na eficiência de remoção da DBO e do SS sugere que
o principal mecanismo de remoção de matéria orgânica não seja a retenção física dos
sólidos orgânicos como no caso dos SS, mas sim biológica. Isso é comprovado pela
DBO total do efluente (20 mgL-1) ser significantemente menor do que a solúvel no
36
esgoto afluente. Portanto, com o estudo o autor concluiu que a remoção da matéria
orgânica pelo filtro de areia aumenta com a diminuição das cargas aplicadas e com a
areia mais compacta. O entupimento do filtro de areia pode ser prevenido, segundo
Andreadakis (1987) pela adição de 2 filtros operando alternativamente com 15 dias de
repouso que são suficientes para melhor aeração e completa destruição da camada
preta no topo do filtro que o obstrui. Embora para o autor esta tecnologia seja mais
economicamente acessível do que os tratamentos convencionais e tenha operação
simples e econômica, é preciso lembrar que há necessidade de área disponível para
sua instalação o que, em muitos lugares, é escasso.
Em relação à concentração de nitrogênio amoniacal, o volume de cada dosagem
também influencia em sua remoção. Em estudos com filtro de areia grossa (d50 = 1,4 e
Cu = 4) quando dosado o efluente de tanque séptico, o melhor desempenho foi com 4
aplicações de 10 Lm-2 do que com uma aplicação de 40 Lm-2 ou duas de 20 Lm-2. A
média de concentração de nitrogênio amoniacal, nesta pesquisa, foi de 21,0 mgL-1 ;
17,2 mgL-1 e 3,8 mgL-1, respectivamente, para número de aplicações iguais a 1, 2 e 4
(BOLLER et al.,1993 apud HEALY et al., 2007a).
Ao estudar a remoção do nitrogênio amoniacal em filtros de areia e de calcário (com
profundidade de 0,36 m e diâmetro de 0,08 m), Sabbah et al. (2012) verificaram que
com o aumento da carga hidráulica de 85 para 170 Lm-2dia-1 houve a redução da
eficiência de remoção de nitrogênio amoniacal e detectou – se concentrações
significantes na saída, particularmente no 20º dia depois do aumento da carga
hidráulica. Entretanto, depois do 40º dia de aumento da dose, a remoção completa da
amônia foi observada. Deste modo, os autores concluíram que a população oxidante de
amoniacal talvez não seja capaz imediatamente de lidar com a entrada repentina deste
composto.
Stevik et al. (1999b) estudaram os efeitos no comportamento hidráulico na remoção
de bactérias E.Coli pelos filtros de meio com granulometria mais grossa quando a taxa
de dosagem do esgoto era alterada. Os filtros tinham diâmetro de 15 cm e altura de 100
cm. Os autores obtiveram 100% de remoção de E.Coli quando a taxa de aplicação foi
de 25 mmdia-1 (8 doses diárias de 3,12 mm a cada 3 horas); entretanto, ao dobrar o
valor da taxa de aplicação diária, com o mesmo número de doses mas com volume
37
maior (6,25 mm), observou-se que o número de E.Coli aumentou significantemente no
efluente, ou seja, aumentando a carga da dosagem, haverá menor purificação pelo
filtro. A vazão maior na parte superior do filtro, onde a remoção bacteriana é mais
efetiva, pode explicar a remoção significantemente menor para a dosagem de 50
mmdia-1 (STEVIK et al., 1999a). Este fato ocorre, segundo os autores, pois quanto
maior a dosagem, maior a velocidade da água através dos poros o que resulta em um
menor contato entre o meio e as bactérias, diminuindo a adsorção bacteriana e sua
purificação. Deste modo, os resultados obtidos indicam que o valor da carga hidráulica
é significativa para o transporte de E.Coli. A fração aplicada de efluente que demora
menos tempo no sistema contribui para um maior número de bactérias no efluente já
que a vazão é maior e cria condições menos favoráveis para a adsorção (STEVIK et al.,
1999b). Portanto este estudo indica que o tamanho da dose pode ser tão importante
para a remoção bacteriana quanto à dose diária (STEVIK et al., 1999a).
Estudos de Ausland et al. (2002) sobre a mesma temática (coliformes fecais em
efluentes de filtros de areia) demonstraram que, em doses de 20 mmdia-1, a
concentração de coliformes fecais era mais baixa se comparada com as doses maiores,
de 40 mmdia-1 e 80 mmdia-1. Ainda, verificou – se que entre as doses de 40 e 80
mmdia-1 não houve diferença significativa nos resultados.
Estes estudos estão de acordo com as recomendações de Stevik et al. (1999a) e
Torrens et al. (2009). Os autores dizem que se for necessário um aumento de carga
hidráulica, é preferível ter um número maior de doses ao invés de aumentar o número
de volume da batelada para a remoção dos micro – organismos, visto que esta
remoção pode ser extremamente dependente do volume de cada dosagem. Quanto
maiores são as taxas, maior é o movimento através dos macroporos o que aumenta a
distância entre a bactéria e o meio, diminui o tempo de contato e a probabilidade da
adsorção bacteriana na área superficial da areia (STEVIK et al.,2004). Entretanto,
Torrens et al. (2009) alertam que o número de vezes que cada filtro é alimentado por
dia deve ser limitado e adaptado a cada caso, verificando a granulometria da areia,
profundidade do leito e carga hidráulica, de modo a prevenir os regimes saturados.
Ainda, caso o fracionamento seja excessivo, é possível que a condutividade hidráulica
38
diminua e a velocidade da infiltração e a concentração de oxigênio sejam reduzidos, o
que ameaça a sustentabilidade do processo de filtração (TORRENS et al., 2009).
Outro ponto importante é a distribuição uniforme da dose na superfície do filtro de
areia para que sejam evitados caminhos preferenciais e que se utilize mais a superfície
e a profundidade do filtro (STEVIK et al., 1999a).
39
Quanto menor a partícula de areia, menor é o tamanho da partícula removida e melhor
a qualidade do processo de filtração, embora quanto menor o tamanho, maior, também,
será a frequência de limpeza (ELBANA et al., 2012).
Deste modo, recomenda-se que nos projetos o tamanho do meio filtrante seja de
acordo com o seu uso. Para uma operação de passagem única e profundidade do filtro
de 0,61 a 0,91m, são recomendados D10 igual a 0,33 mm e Cu menor do que 3,0
(HEALY et al., 2007a). De acordo com o guia da EPA o D10 deve variar entre 0,3 e 2,0
mm; D60 de 0,5 a 8,0 mm e o Cu deve ser menor do que 4,0 para se obter uma
condutividade hidráulica adequada e minimizar o risco de entupimento (SOVIK e
KLOVE, 2005). No caso da NBR 13969 (1997), a norma recomenda D10 (também
chamado de diâmetro efetivo) variando de 0,25 mm a 1,2 mm e Cu também inferior a
4,0. Contudo, estas recomendações têm uma faixa ampla de características dos grãos
e, quando empregadas em filtros de areia, há diferença significativa no seu
desempenho como é possível verificar nos estudos citados a seguir.
Em colunas de laboratório com área de 0,1 m2 foram empregados dois tipos de areia
(D10 igual a 0,42mm – areia fina - e 0,8mm – areia grossa) com altura de 50 cm bem
como 2 tipos de implementação (compactação natural e 100% compactado) para
comparação do desempenho de tratamento de acordo com as características físicas
das areias. O estudo utilizou esgoto sintético, com cargas aplicadas iguais (30 cmdia-1)
por oito meses. Os pesquisadores observaram que a distribuição do esgoto era
heterogenia no topo do filtro o que induz uma compactação diferente na superfície de
acordo com a infiltração do esgoto na areia. A compactação da areia pode alcançar até
6 cm de perda de altura enquanto outras zonas estão ainda no nível original. Esta
compactação aumenta a heterogeneidade da distribuição do esgoto já que as zonas
compactas tem que estarem obstruídas de modo a permitir que o líquido escoe para
zonas não compactas. Verificou-se, também, que a obstrução do filtro foi principalmente
por depósito de SS. Para os autores, se a concentração de SS estiver entre 140 a 180
mgL-1 (normalmente quando o tanque séptico não é bem mantido e há acúmulo do lodo
e/ou durante uma carga alta do sistema o efluente contém esta concentração de SS), a
obstrução física ocorre mais rapidamente. Neste estudo, ainda, foi comparada a
porcentagem de nitrificação, de remoção de SS e de DQO. Em geral a areia fina foi
40
mais eficiente do que a areia grossa. Houve 62% de nitrificação no caso da areia fina
compactada e 46% com a areia fina e compactação natural, porcentagem maior do que
os resultados obtidos com a areia grossa (7% para ambas as compactações). Em
relação à eficiência de remoção de SS e DQO, o filtro com areia fina pode remover mais
do que 90% (para os dois parâmetros) sem diferença significativa entre as
compactações enquanto que, com a areia grossa compactada esta porcentagem foi
maior do que 75% e para a compactada naturalmente a remoção foi menor do que
65%. Os resultados permitem confirmar como a escolha da areia é de grande
importância na eficiência do tratamento e na durabilidade do sistema. As duas areias
diferem consideravelmente em termos de eficiência de tratamento e estabilidade
biológica do sistema. Além disso, a compactação da areia pode ser prejudicial em
termos de obstrução das areias finas enquanto que é benéfico para areias grossas
(ROLLAND et al., 2009).
Ausland et al. (2002) verificaram que em filtro com meio filtrante mais grosso o
efluente tinha 3 logs a mais de E.Coli do que quando era utilizada a areia mais fina.
Assumiram este fato ao avanço mais rápido do líquido quando o meio filtrante é mais
grosso. Para eles, o fluxo no topo dos filtros é importante já que a taxa de remoção é
maior na parte superior, causada pelas melhores condições de oxigênio e maior
número de protozoários ativos. Ainda, quando o meio é mais fino, o fluxo torna-se
insaturado e há menor transporte de E.Coli através da coluna.
Estudos de Stevik et al. (1999b) mostraram igualmente que os efeitos do tamanho
efetivo dos grãos de areia na eficiência do filtro é significantemente alto. Os
pesquisadores utilizaram filtros de diâmetro igual a 15 cm e altura de 100 cm,
preenchidos com 80 cm com diferentes meios, aplicando esgoto sintético. Um dos
meios era composto de areia fina (D10 igual a 0,13mm e Cu igual a 2,39) e o outro de
areia média (D10 igual a 0,47mm e Cu igual a 1,81). Resultados mostraram que no filtro
com menor tamanho dos grãos o transporte de E.Coli na coluna foi menor. Este efeito
positivo dos grãos menores foi explicado pelo aumento da área da superfície específica
o que viabiliza melhor adsorção e, assim, aumenta a remoção bacteriana. O efeito
significante do tamanho do grão pode provavelmente ser relacionado com a menor
força da capilaridade no meio mais grosso. Isso afetará a hidráulica de forma que a
41
velocidade da vazão ficará maior e menos uniforme. Para meio filtrante mais fino, uma
vazão não saturada é estabilizada através do volume de todo o filtro devido às forças
capilares dos poros mais finos. Logo, para os autores, o tamanho dos grãos e sua área
superficial específica são parâmetros de projeto importantes.
Além da variação de tamanho, a textura da superfície influencia no processo de
adsorção. A superfície enrugada do meio pode aumentar a adsorção e reduzir as forças
de cisalhamento assim diminuindo as taxas de dessorção. Em meio com macroporos ou
canais preferenciais, a adesão será reduzida devido ao menor tempo de contato e ao
aumento da distância entre as bactérias e o meio (STEVIK et al., 2004).
Assim é preciso haver um consenso adequado entre o tipo de areia usada, a carga
aplicada e a operação do sistema para assegurar o bom desempenho e a durabilidade
do tratamento pelo filtro. Juntamente com a carga aplicada, a gestão do sistema
(período de alimentação e de repouso) e o sistema de distribuição do líquido são, para
Rolland et al. (2009), importantes entretanto o mais importante é a escolha da areia.
Segundo os autores, certamente a escolha da areia afeta a transferência do líquido e
do oxigênio no filtro bem como o crescimento do biofilme no meio. Como consequência,
a taxa de remoção do poluente varia dependendo da composição do filtro por causa
das diferentes propriedades do meio (espaço do poro e permeabilidade). O artigo
aponta a influência das características da areia no processo de sistemas de filtração
principalmente na remoção de nitrogênio e da matéria orgânica, no conteúdo de
oxigênio e na obstrução do filtro.
3.5.4.3 pH e temperatura
42
Durante a pesquisa de Stevik et al. (1999b) o pH do efluente do filtro de areia variou
de 6,4 a 8,6; entretanto, mesmo não estando dentro da faixa considerada como ótima
por Metcalf e Eddy (2003) para o crescimento dos micro – organismos, esta pequena
variação da faixa estudada não se mostrou relevante para a eficiência do sistema.
Em outra pesquisa a sobrevivência da maioria das bactérias diminui com os baixos e
o altos valores de pH. Os menores do que 3 e 4 tiveram, em geral, um efeito hostil na
sobrevivência bacteriana do meio filtrante (STEVIK et al.,2004).
A temperatura também tem efeito importante na sobrevivência e no crescimento das
bactérias. Na maioria dos casos, o crescimento ótimo ocorre dentro de uma faixa
estreita de temperatura e pH, embora os micro - organismos sejam capazes de
sobreviverem dentro de limites maiores.
Em estudos relacionados com a temperatura, evidenciou – se que a sobrevivência da
bactéria diminui com o aumento da temperatura. Em incubações de E.coli em solo a
temperaturas de 5, 10, 20 e 37ºC, a melhor sobrevivência foi na menor temperatura
(5ºC) (STEVIK et al., 2004).
Ainda, a adsorção das bactérias são maiores em temperaturas mais elevadas
(Hendricks et al., 1979 apud STEVIK et al., 2004). Esta redução da adesão com a
diminuição da temperatura pode ter muitas causas como o aumento da viscosidade da
superfície do líquido, a redução da adsorção química e física, além de mudanças na
fisiologia dos organismos (STEVIK et al., 2004).
43
a menor e a maior vazão diária, respectivamente. O esgoto é gerado por eventos
isolados e os típicos hidrográficos das residências descentralizadas mostram que a
vazão de esgoto varia muito durante as 24 horas, sendo a maioria da carga hidráulica
durante curtos períodos de tempo. A vazão mínima igual à zero é típica e a máxima de
vazão de 380 L h-1 não é rara. Esta flutuação grande na vazão pode também ter um
efeito significativo no processo de remoção de nitrogênio. Em geral, a DBO no efluente
do tanque séptico tem valores na faixa de 140 a 250 mgL-1 (USEPA, 2002). Todavia,
com a possibilidade de grande variação da vazão do esgoto produzido, a concentração
da DBO também pode ser variável e causar impactos diretamente na remoção de
nitrogênio, como quando em altas concentrações inibe a nitrificação (OAKLEY et al.,
2010).
O monitoramento contínuo da vazão nos sistemas descentralizados tem limitação
pessoal e de custo impedindo o ajuste dos processos e a adição de químicos
necessários. Como resultado, a remoção de N é muito variável mesmo em condições
controladas de instalações teste (OAKLEY et al., 2010).
3.6 NUTRIENTES
44
eutrofização. Assim, a remoção de nitrogênio e fósforo de esgoto rural é importante de
prevenir a eutrofização dos corpos d’água.
Deste modo, um componente crucial do esquema de tratamento de esgoto é a
remoção biológica de nutrientes que, segundo Metcalf e Eddy (2003), é um termo
aplicado para remoção de nitrogênio e fósforo por processo de tratamento biológico.
3.6.1 Nutrientes
Segundo Anon. (1987) apud Pell et al. (1990), a produção de N e P por pessoa/dia é
igual a 12 g e 2,5 g, respectivamente. Se forem considerados dados do IBGE (2010), a
contribuição da população brasileira (191 milhões) é de 836 mil toneladas por ano de N
e 174 mil toneladas de P. Sendo aproximadamente 84% desta população urbana, do
total produzido de N e P, cerca de 700 mil e 146 mil toneladas/ano, respectivamente, é
provinda de esgoto centralizado e descartado em ecossistemas aquáticos, a maioria
sem tratamento de remoção destes nutrientes. Os outros 16% (136 mil toneladas/ano
de N e 28 mil toneladas/ano de P) é de resíduo descentralizado e, em geral, descartado
em solo através de sistema de tratamento/disposição molhado (sistemas de tanques
sépticos) e seco podendo alcançar o lençol freático ou um corpo d’água.
3.6.2 Nitrogênio
45
Também há a conversão do nitrogênio orgânico em nitrogênio inorgânico,
especialmente em amoniacal (NH4+), devido à presença de vários micro-organismos
heterotróficos. Esta primeira etapa é chamada de amonificação. A adição da
concentração do nitrogênio orgânico e inorgânico resulta na concentração de Nitrogênio
Total Kjeldahl (NTK). O nitrogênio inorgânico é então convertido via nitrificação
biológica a nitrato (NO3-) sendo o nitrito (NO2-) um produto intermediário na sequência
da reação. As bactérias responsáveis pela transformação do nitrogênio amoniacal a
nitrito são as nitrosomonas e as responsáveis pela oxidação do nitrito a nitrato são as
do gênero nitrobacter. Ambas as bactérias responsáveis pela nitrificação são
autotróficas e aeróbias (PROCHASKA e ZOUBOULIS, 2003).
A predominância do nitrato no efluente final significa que o esgoto foi estabilizado em
relação à demanda de oxigênio e, neste caso, o nitrogênio tem somente sua forma
mudada, entretanto não é removido (METCALF & EDDY,2003). Para a remoção
completa do nitrogênio do esgoto é necessário que ocorra a desnitrificação quando o
nitrato é usado por grupos diversos heterotróficos como aceptor de elétrons resultando
em liberação de molécula de nitrogênio para a atmosfera. Os micro – organismos
transformadores de nitrogênio são frequentemente crescidos em biofilmes nas
superfícies de materiais sintéticos (plásticos) ou naturais (brita, areia, calcário, argila)
(SABBAH et al., 2012). Segundo Oakley et al. (2010), o processo de crescimento
aderido é predominante para nitrificação de tratamento de esgoto local enquanto que
tanto o de crescimento aderido e suspenso é usado para desnitrificação. Ainda, para
Sabbah et al. (2012) os filtros de areia intermitentes tem sido usados para facilitar a
eficiência da nitrificação quando aplicados diferentes tipos de afluentes.
A concentração de nitrato no esgoto doméstico pode variar de 0 a 20 mgL-1 como N
sendo uma faixa típica de 15 a 20 mgL-1 como N (METCALF e EDDY, 2003). Além
disso, de acordo com a resolução do CONAMA 357 (2005), o valor máximo de nitrato
em águas doces deve ser de 10 mgL-1 como N.
Ainda é importante lembrar que, apesar do nitrogênio não ser transformado em gás,
o composto presente no efluente final, o nitrato, é um nutriente importante que pode ser
reciclado por meio de diversas modalidades de reúso de água com o manejo adequado
(SANTOS, 2006).
46
3.6.2.1 Fatores que influenciam a nitrificação
47
3.6.2.2 Nitrogênio no efluente
48
obtidos mostraram que os filtros com calcário tiveram melhor desempenho do que os
preenchidos com matriz de areia. Esta tendência pode ser atribuída pela maior
capacidade de adsorção do calcário se comparado com a areia já que filtros com leitos
biológicos de maiores áreas superficiais fornecem melhores condições para as
bactérias nitrificantes crescerem. Portanto, para os pesquisadores, a eficiência de
remoção de nitrogênio depende do tamanho e do tipo do meio filtrante; assim é possível
que a área superficial também seja um dos fatores limitantes para a nitrificação, embora
a transferência inadequada de oxigênio ainda seja o maior limite da nitrificação para os
autores.
Para Healy et al. (2007b) o desempenho da nitrificação é mais relacionado a carga
hidráulica e orgânica e a dosagem de frequência, fatores que igualmente refletem a
concentração de oxigênio disponível. Em seus estudos, oito dias antes da obstrução do
filtro de areia, o desenvolvimento de condições anóxicas dentro da coluna resultou em
uma menor taxa de nitrificação levando um tempo maior para completá-la.
3.6.3 Fósforo
O fósforo pode ser removido através de precipitação química, adsorção pelos grãos
de solo e/ou areia e incorporação no biofilme bacteriano (PROCHASKA e ZOUBOULIS,
2003; KATUKIZA et al., 2012). Estas reações dependem do conteúdo de metal no
material filtrante bem como das condições ambientais, por exemplo, o pH (SOVIK e
KLOVE, 2005).
49
Em relação à adsorção, o conteúdo de cálcio na areia bem como o valor mais
alcalino do pH no esgoto afluente são importantes já que favorecerão a precipitação
química e a criação de várias formas de fosfato de cálcio. Entretanto, quando o esgoto
a ser tratado é mais ácido (com valores de pH entre 5,0 e 6,0) o conteúdo de outros
metais como Fe e Al pode ser mais relevante, visto que a respectiva reação de
precipitação de fosfato com estes cátions hidrolisados, são favorecidos nesta faixa de
pH. Ainda, há a remoção do fósforo pela incorporação nos micro – organismos
(biofilme) e o acúmulo subsequente na biomassa. Os fosfatos incorporados são
hidrolisados e removidos. O mecanismo de hidrólise ocorre pela presença da
exoenzima fosfatase a qual existe em maior concentração no biofilme do que no meio
líquido. Esta característica permite que a remoção de fósforo pelo sistema ainda
continue por um tempo mesmo quando a capacidade de adsorção do material filtrante
já está saturada (STUMM AND MORGAN, 1981 e BRIX et al., 2001 apud PROCHASKA
e ZOUBOULIS, 2003).
Para Sovik e Klove (2005), a retenção de fósforo por materiais filtrantes ainda deve
ser estudada em escala de laboratório, com experimentos em batelada, por filtros em
escalas média e real de sistemas de tratamento e por modelagem matemática.
Em seu trabalho, os autores Sovik e Klove (2005) fizeram experimento de batelada
em escala de laboratório (altura de 1 m de meio filtrante e diâmetro de 19 cm) para
verificar diferentes aspectos de adsorção e precipitação entre o fósforo e a areia e
compararam com os resultados obtidos em um filtro de areia de média escala. A areia
utilizada no filtro em escala de laboratório era de praia da costa da Noruega com
caráter alcalino e D10 igual a 0,6 mm. Os resultados confirmam que a retenção de
fósforo na areia ocorre por adsorção e precipitação, entretanto, para os autores, há
dificuldade de discernir entre estes dois processos. O tempo médio de reação para a
retenção de fósforo entrar em equilíbrio foi de 24 horas e a razão solo/água foi um
parâmetro crucial nos experimentos em batelada. A Tabela 5 resume os dados obtidos
nos experimentos em batelada e no filtro de média escala quanto a capacidade máxima
de retenção e o coeficiente de distribuição, Kd (razão entre a concentração adsorvida
com a concentração em água de P).
50
Tabela 5: Dados obtidos nos experimentos de Sovik e Klove (2005) em batelada e no filtro de
média escala quanto a capacidade máxima de retenção e o coeficiente de distribuição Kd.
Razão solo/água Capacidade máxima de Kd (coeficiente de
Experimento -1 -1
(g/mL) retenção (mgPKg areia) distribuição) (LKg )
Batelada I 5/75 8000 33,7
Batelada II 50/50 800 82,9
Média escala - 335 89,8
51
RODGERS et al. (2005) também avaliou a remoção do fósforo. Os autores
compararam dois filtros de areia intermitentes com diâmetro de 0,3 m e alturas de leito
iguais a 0,9 m e 0,425 m. O filtro com maior altura teve melhor capacidade de adsorver
o fósforo afluente, enquanto que a adsorção pela coluna de 0,425 m começou a
diminuir com aproximadamente 30 dias de operação. O baixo pH da areia (3,7) facilitou
a adsorção do fósforo. Inicialmente a taxa de remoção do fósforo era alta nas duas
colunas. Com aplicação de carga hidráulica de 60 Lm-2dia-2 a remoção de fósforo pela
coluna de 0,9m de altura alcançou 96%; todavia, ao longo do tempo esta habilidade de
remoção do fósforo diminuiu. Foi possível perceber melhor esta atenuação na coluna
de 0,425 m de altura visto que havia menos locais de adsorção. A média de remoção
de fósforo pelas colunas de 0,9 e 0,425 m foi de 83% e 70%, respectivamente. Para
avaliar a adsorção do fósforo pela areia os pesquisadores utilizaram os cálculos da
adsorção isotérmica pelos modelos de Freundlich e Langmuir. Ademais, os autores
sugerem que a substituição da areia seja considerada para assegurar a remoção
contínua do fósforo dado que a capacidade de adsorção deste elemento pelo filtro de
areia é finita.
Em relação à eficiência de remoção do fósforo pelo filtro de areia, também é
importante lembrar que, quando há obstrução do sistema e condições anaeróbias são
criadas na interface solo/água, há possibilidade do desprendimento de fósforo na
coluna de água, gerando um efluente com maior concentração deste elemento do que o
afluente do filtro (HEALY et al., 2007b). Logo, é de grande interesse estabelecer o
tempo e o modo de operação e manutenção dos filtros de areia.
52
Jordão e Pessôa (2011) ilustram esta realidade. Os autores comentam que a
quantidade típica de coliformes fecais em um esgoto bruto é de 108 NMP/100mL e que,
em processos secundários de tratamento, como lodos ativados por exemplo, mesmo
com a redução de 90 a 99% de coliformes, ainda existe altíssima densidade de
organismos, visto que a redução é de apenas 1 ou 2 ordens logarítmicas. Ou seja, se
há remoção de 90% o efluente final haverá a concentração de 107 NMP/100mL de
coliformes fecais e, se a remoção for de 99% a concentração final será de 106
NMP/100mL.
Para ser alcançado o padrão necessário, por exemplo, de reuso agrícola ou de
balneabilidade, (efluente com 103 NMP/100mL) é preciso que a porcentagem de
remoção seja 99,999% e/ou 5 ordens logarítmicas. Desta forma, a obtenção de um
efluente tratado com concentração de coliformes fecais menor do que 103 NMP/100mL
só é possível com a prática de um processo complementar de tratamento por
desinfecção (JORDÃO E PESSÔA, 2011). Logo, a desinfecção para destruir patógenos
é um elemento essencial na proteção da saúde pública, principalmente quando há
interesse no reúso do efluente tratado (COOPER, 1991).
Como o reúso do efluente tratado na irrigação é preocupante para a saúde pública,
existem critérios e padrões de qualidade, em que não só as incidências e
concentrações máximas de organismos são consideradas, mas os próprios organismos,
grupos e tipos. Dependendo do uso não é necessário exterminar completamente a
presença de micro – organismos, ao contrário da esterilização na medicina (JORDÃO E
PESSÔA, 2011), que destrói todos os organismos (METCALF E EDDY, 2003). Assim, a
desinfecção se refere à destruição seletiva dos organismos causadores de doenças,
podendo matar ou, às vezes, inativar estes patógenos (JORDÃO E PESSÔA, 2011).
53
como também a concentração destes agentes é importante (COOPER, 1991). As
doenças causadas por veiculação hídrica destes micro – organismos inclui febre tifóide,
cólera e desinteria. Por vírus incluem poliomielite e hepatite infecciosa (METCALF E
EDDY, 2003).
Como há dificuldade de identificação destes micro – organismos e de determinação
da presença e do número de incontáveis tipos de agentes infecciosos (monitoramento
direto), em muitos laboratórios, é comum a utilização de organismos indicadores de
contaminação, como são os coliformes fecais (monitoramento indireto). A presença
destes em qualquer amostra ou corpo d’água não indica uma medida absoluta da
presença de micro – organismos patogênicos, mas sim uma medida de potencial de
presença de patógenos que pode ser associada com o material fecal, ou seja, é
possível ou até provável que outros organismos patogênicos estejam presentes,
caracterizando – se uma contaminação por esgotos, mas não necessariamente a
transmissão de doenças (JORDÃO E PESSÔA, 2011 e COOPER, 1991). Deste modo,
os controles de patógenos são feitos baseando-se nas bactérias do grupo coliforme,
uma vez que estas apresentam características favoráveis de determinação,
reprodutividade, e são típicas do excremento humano (JORDÃO E PESSÔA, 2011).
54
requerida para o reúso do efluente tratado. WHO (1989) estabelece o máximo de 1000
NMP/100mL no caso de uso do efluente tratado em irrigação de culturas consumidas
cruas e de campos esportivos ou parques públicos. No Brasil, a resolução CONAMA
357 (2005) (e CONAMA 430/2011) estabelece para águas de classe 2 destinadas a
irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, que em 80% ou mais de pelo menos 5
amostras mensais, a concentração de coliformes seja igual ou menor que 1000
NMP/100 mL em termos de E.Coli. Consequentemente, assim como sugerido por
Jordão e Pessôa (2011), a desinfecção do esgoto deve visar à redução do teor de micro
– organismos até os limites estabelecidos e não sua completa remoção.
3.7.3 Desinfetantes
55
desinfetante reage com as enzimas celulares. No caso da alteração da permeabilidade
da membrana citoplasmática a consequência é o escape dos nutrientes vitais, tais
como nitrogênio e fósforo.
Além disso, CHO et al. (2010) demonstraram em seus estudos que a inativação pode
ocorrer por ataque superficial ou intracelular, dependendo do desinfetante. No caso da
lesão dos componentes da superfície celular, talvez este seja o primeiro passo para a
inativação microbiana visto que a estrutura periférica celular (parede celular e o esporo)
é uma barreira inicial de proteção contra o estresse ambiental dos micro – organimos.
Mudanças físico – químicas na superfície celular então poderiam preceder qualquer
prejuízo maior nos constituintes intracelulares e suas funções. Alternativamente, a
morte celular pode ser induzida sem envolver prejuízos à estrutura superficial, sendo o
dano direto na função intracelular a primeira razão da morte e/ou da inibição do
crescimento microbiano.
Os autores estudaram a aplicação de desinfetantes comuns tais como ozônio,
dióxido de cloro, cloro livre e radiação UV e a bactéria E.Coli foi usada como o micro –
organismo representativo. Durante a inativação da célula, foi observado o lançamento
de proteína, a mudança da permeabilidade da membrana celular, a destruição da
enzima intracelular e a mudança morfológica.
Os resultados obtidos evidenciaram que, para o mesmo nível de inativação da célula
pelo desinfetante químico, a destruição da superfície celular foi mais pronunciada com o
ozônio (oxidante mais forte) enquanto que dos componentes internos da célula, sem
causar significante prejuízo a superfície, foram mais aparentes com o cloro livre
(oxidante mais fraco). Este fato se deve, segundo os autores, pela característica do
cloro livre ser menos reativo do que o ozônio e, assim, o transporte difuso através da
barreira de proteção não é dificultado pela reação com os componentes da parede
celular. No caso do dióxido de cloro o mecanismo de inativação deste agente foi
intermediário entre a destruição superficial e a dos componentes internos, causando
prejuízo em ambos os níveis. Em contraste aos desinfetantes químicos, fazendo
ensaios com a inativação celular por UV, os pesquisadores não encontraram mudanças
mensuráveis nas células quanto atacadas por esta radiação (apenas no seu DNA).
56
Deste modo os autores concluíram que o mecanismo de inativação da célula é
primeiramente relacionado à reatividade do desinfetante químico. A superfície celular é
mais prejudicada com os oxidantes mais fortes cuja difusão é dificultada pela reação
dos oxidantes com os componentes da célula. O prejuízo nos componentes internos é
mais aparente nos oxidantes mais fracos que tem reações limitadas com a superfície
celular e alcançam o plasma efetivamente. No caso extremo da radiação UV não há ou
há pouca interação com a superfície celular e ele atua, principalmente, no DNA
intracelular.
No caso da presente pesquisa, optou - se pelo uso da cloração através do hipoclorito
de cálcio por ser um reagente de maior facilidade de aquisição e manuseio. Portanto
este desinfetante será focado nos próximos itens.
57
organismos, a natureza do líquido que estão em suspensão e os produtos e
subprodutos do reagente desinfetante (METCALF E EDDY, 2003).
3.7.5.2 Dosagem
58
Apesar destas referências, os autores sugerem que os valores máximos da Tabela 7
sejam usados quando não há dados específicos visto que testes em laboratório devem
ser preferíveis para determinar a dosagem de cloro requerido quando o residual no
efluente é especifico e/ou o número final de bactérias coliformes é limitado.
Ainda eles comentam que quanto maior a concentração aplicada, maior a eficiência
do tratamento.
59
fornecem um gosto característico e ruim à água e por serem mais tóxicos ao meio
ambiente do que os fenóis puros (JORDÃO E PESSÔA, 2011).
A presença de certos metais oxidáveis, como o ferro e o manganês, também tem
potencial de redução da capacidade de oxidação do cloro visto que uma parte deste, ao
invés de ser utilizada para reduzir a concentração de patógenos, oxida estes metais
(JORDÃO E PESSÔA, 2011).
Deste modo, para se alcançar baixa contagem de bactérias na presença destes
compostos é preciso adicionar cloro extra e haver maiores tempos de contato
(METCALF E EDDY, 2003).
60
(HOCl), porém, quando o pH é mais elevado, a formação do íon hipoclorito (OCl-) que é
favorecida (JORDÃO E PESSÔA, 2011).
Para ilustrar este fenômeno, a Tabela 8 mostra a distribuição do HOCl e OCl- em
função do pH à 20ºC.
-
Tabela 8: Distribuição do HOCl e OCl em função do pH à 20ºC.
Embora o equilíbrio das reações também varie de acordo com a temperatura, visto
que a constante de equilíbrio é depende deste parâmetro, a alteração não é tão
significante como no caso do pH e não será discutida amplamente (JORDÃO E
PESSÔA, 2011).
Saber o valor do pH e a predominância do subproduto do hipoclorito de cálcio é
importante pois o ácido hipocloroso, HOCl, possui maior efeito letal para extermínio dos
micro – organismos, ou seja, é mais eficiente se comparado com o íon hipoclorito
(METCALF E EDDY, 2003).
De acordo com a pesquisa feita por Arslan-alaton et al. (2007), os quais estudaram a
situação atual dos efluentes das ETE urbanas na Turquia e compararam estes dados
com padrões de lançamento em corpos d’água, evidenciou-se que a situação atual não
está adequada ao parâmetro bacteriológico (coliforme fecal). A principal causa deste
problema, atribuída pelos autores, é a falta de unidade de desinfecção e/ou a operação
61
imprópria das já existentes. Esta informação corrobora com o exposto por Al-jasser
(2011) o qual afirma que quando há excesso de concentração de coliformes fecais nos
efluentes finais normalmente a causa é a operação imprópria da unidade de
desinfecção existente. Desta maneira, é de suma importância para a saúde pública que
a etapa de desinfecção seja monitorada e operada adequadamente, principalmente
quando o efluente final tem potencial para o reúso.
62
hídricos. Entretanto, os resultados apontaram que o parâmetro limitador para a
utilização de taxas de aplicação diárias superiores a 700 Lm-2 era a concentração de
nitrogênio amoniacal produzido nos filtros de areia, superiores a 20 mg L-1. A autora
também empregou no leito de areia uma solução de para correção do pH (100 mL de
carbonato de potássio com concentração de 100 gL-1 a cada 50 Lm-2 de esgoto
aplicado).
Como conclusão das duas experiências, afirma-se que os filtros de areia tem grande
capacidade de nitrificação do afluente utilizando-se taxas de aplicação até 600 L m-2dia-
1
as quais são superiores as sugeridas pela NBR 13969 (1997), que orienta os aspectos
construtivos e de operação para esta forma de tratamento.
63
-2 -1
Tabela 9: Valores médios de diferentes parâmetros obtidos em pesquisas da UNICAMP com taxas de aplicação de 200 a 600 Lm dia .
64
4. MATERIAL E MÉTODOS
Figura 5: Imagem aérea retirada do GOOGLE MAPS (2012) do local onde está
instalada a pesquisa (distrito de Barão Geraldo da cidade de Campinas/SP).
Ribeirão
Empresa Anhuma
Villa Stone
Bar
Casas Área de
Estudo
65
Figura 6: Área da empresa Villa Stone (A). Vista do estabelecimento (B). Vista da primeira
casa (C). Vista da segunda casa (D).
A área foi escolhida por não possuir rede coletora de esgoto municipal e
ser considerada uma área rural e isolada da Região Metropolitana de Campinas. É
importante destacar que a empresa foi responsável por toda a obra civil, mão de
obra e tubulações empregadas na construção do sistema de tratamento proposto.
No entanto, somente após o início da pesquisa o esgoto produzido foi destinado
para o sistema de tratamento em estudo.
66
4.1 ORIGEM DO EFLUENTE
67
O tratamento era composto por uma unidade de tanque séptico e um filtro
de areia. Entre estas duas etapas, havia uma caixa de passagem e uma caixa
sifonada para aplicar o efluente no filtro de areia como exposto na Figura 9.
68
do nível de saída do efluente era de 1,55 m, propiciando um volume útil para o
reator de 4,30 m3. No caso desta pesquisa decidiu-se pela construção de um
tanque séptico com câmara única por ter a instalação mais simples. A Figura 11
apresenta o esquema do tanque séptico e a Figura 12 sua vista externa.
69
Figura 12: Vista externa do tanque séptico adotado na pesquisa.
O projeto desse reator foi baseado na NBR 7229 (1993), que orienta a
construção e operação de tanques sépticos, e no número de pessoas que
provavelmente utiliza por dia o sanitário. Para isso adotou-se a Equação 4 e as
considerações apresentadas na Tabela 10.
70
Tabela 10: Dados para a construção do tanque séptico baseados na NBR 7229 (1993).
Item Unidade Valor Adotado
Pessoas Contribuintes (N) Pessoas 20
Contribuição de Despejos (C) L/pessoas.dia 70
Período de Detenção (T) Dia 2
-1
Taxa de Acumulação de Lodo Digerido (K) dia 57
Contribuição de Lodo Fresco (Lf) L/pessoas.dia 0,30
Volume Calculado para o Tanque Séptico (V) m3 4,14
3
Volume Adotado para o Tanque Séptico (V) m 4,30
71
O líquido da caixa de passagem era direcionado a uma caixa sifonada
construída, também, com blocos de formato quadrado de concreto pré-fabricado,
largura de 0,40 m e com volume útil de 0,032 m3 (Figura 14 e Figura 15).
72
Figura 15: Vista da caixa sifonada utilizada na pesquisa.
73
O filtro de areia foi construído com anéis pré-fabricados de concreto, de
diâmetro interno de 1,90 m, possibilitando uma área superficial de 2,84 m2. No
tocante ao leito de tratamento seguiu-se um dimensionamento baseado na
pesquisa desenvolvida por Tonetti (2008), conforme apresentado na Tabela 11.
Tabela 11: Dados para a construção do filtro de areia baseados em Tonetti (2008).
Item Unidade Valor Adotado
Pessoas Contribuintes (N) Pessoas 20
Contribuição de Despejos (C) L/pessoas.dia 70
Volume Diário de Contribuição (V) L 1400
Área Superficial para Taxa de 500 L/m2.dia m2 2,80
2
Área Superficial Adotada m 2,84
74
Figura 17: Esquema do filtro de areia com a disposição das camadas.
75
máximo recomendado pela norma, havia a geração de um efluente adequado aos
padrões de lançamento.
A tubulação de saída estava instalada a partir do centro da base, com uma
ligeira inclinação em toda a sua extensão para impedir a permanência de efluente
em seu interior.
76
tubulação do sifão ficava afogada, caracterizando um fluxo contínuo na entrada do
leito sem ocorrer a intermitência necessária para seu bom funcionamento (Figura
20). Nesta etapa, a areia se mostrava mais escura do que o normal (Figura 21).
Ainda, outra evidência de colmatação era a maior concentração do fósforo no
efluente final do que no afluente do filtro de areia, o que mostrava o
desprendimento deste composto pela condição anaeróbia que ocorria na interface
líquido/areia.
77
Durante esta manutenção, 0,05 m de altura da camada superficial eram
removidos e armazenados em uma lona para serem secos ao sol. A areia era
substituída por uma nova com mesmas características.
A areia removida era caracterizada quanto à concentração de sólidos
totais e era monitorada continuamente para verificar a perda de sólidos totais ao
longo do tempo. Este procedimento será descrito melhor no item 4.61.
4.5 DESINFECÇÃO
78
4.5.1 Dosagens de Hipoclorito de Cálcio
Equação 5
Onde P é a massa do composto de cloro (g), C é a concentração de cloro
livre desejado no efluente a ser desinfetado (mgL-1), L é o volume de efluente a
ser desinfetado (L) e %B é a porcentagem de cloro livre do produto comercial
escolhido para o emprego. No caso desta pesquisa específica, utilizou-se o
hipoclorito de cálcio da marca Synth e a porcentagem de cloro livre era igual a
64%.
79
Embora a pesquisadora tenha obtido melhores resultados com 45
minutos, optou-se por fazer o teste com, também, os outros dois tempos visto que
o efluente final tinha qualidade diferente do efluente utilizado pela autora.
A análise de sólidos totais (APHA et al., 2012) foi feita para a amostra de
areia utilizada (AU). Cada vez que o filtro colmatava, uma parcela representativa
de amostra composta superficial (aproximadamente 1/3 da área do filtro de areia
em locais diferentes) era retirada dos primeiros 0,02 m e verifica-se a quantidade
de sólidos totais presente nesta. Ainda, retirava – se perfis do filtro, com o auxílio
de um aparato (Figura 23) e a mesma análise era feita a cada centímetro, de 1 cm
a 5 cm, visto que é onde se localiza o biofilme conforme mostra a Figura 24.
.
80
Figura 23: Aparato para coleta de perfil da areia.
Com a areia removida e separada para ser seca ao sol em uma caixa
aberta, avaliava – se, ainda, a redução da quantidade de sólidos totais ao longo do
tempo de maneira a evidenciar o período necessário para que existisse, em maior
quantidade, a parte inorgânica da areia. A coleta desta amostra era feita de 2 em 2
dias até que a maior parte fosse constituída de material inorgânico.
Todas as análises descritas neste item foram feitas em triplicata.
4.6.3 Fósforo
81
A amostra de AN foi preparada de três maneiras: a primeira com a areia
sem nenhum tratamento (T1); a segunda com a remoção do fósforo nativo contido
na própria areia pela lavagem com ácido clorídrico (1:1) e a terceira com a
remoção do fósforo com o mesmo ácido e autoclavagem. Após estes
procedimentos foi realizado o teste de adsorção do fósforo nas três porções de
areia para fazer um comparativo com os resultados.
Para o teste de adsorção do fósforo, uma solução de concentração igual a
50 mg/L foi preparada com KH2PO4 (dihidrogenofosfato de potássio). Uma
alíquota de 50 mL desta solução foi adicionada a um frasco contendo 20 g de
areia. Para cada tratamento da areia foi feita a análise em triplicata. Cada frasco
foi misturado por 24 horas em um shaker. Após este período, o líquido
sobrenadante foi analisado quanto à concentração de fósforo. Os dados obtidos
foram analisados segundo a Equação 6.
(Co − C ) xV
q= Equação 6
m
82
4.7 CONSUMO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE EFLUENTE
83
química de oxigênio (DQO), série do nitrogênio, fósforo, sólidos suspensos totais,
sólidos suspensos fixos e voláteis e organismos patogênicos (E.Coli).
A DQO das amostras foi analisada antes e após duas filtrações para que
fossem comparados os valores referentes à matéria orgânica total (DQObruta),
correspondente a DQO coloidal, dissolvida e suspensa; a matéria orgânica
coloidal e dissolvida (DQOfilt.1), após a filtração em porosidade 1,2 µm e material
orgânico dissolvido (DQOfilt.2), após filtração em porosidade 0,45 µm. Esta
metodologia foi baseada em Abreu e Zaiat (2008).
Com o intuito de se obter um melhor monitoramento da adsorção e/ou
liberação do fósforo pela areia, duas amostras semanais eram coletadas para esta
análise. Ainda, no caso da análise de DBO, os resultados eram obtidos
mensalmente visto que é possível a relação entre a DQO e a DBO.
Após a desinfecção do efluente do filtro de areia com o hipoclorito de
cálcio foram feitas as análises de E.Coli e concentração de cloro total e livre nas
amostras cloradas após 30, 45 e 60 minutos.
Também, foi verificada a presença e a redução da viabilidade de ovos de
helmintos no efluente do tanque séptico e no efluente do filtro de areia, bem como
no lodo gerado pelo tanque séptico e na areia colmatada do filtro. Para isso
utilizou – se a metodologia para avaliação de helmintos preconizada pela USEPA
(2003).
Também, para a caracterização do lodo, foram feitas as análises de pH,
índice volumétrico do lodo (IVL) e série de sólidos.
84
HACH®. Para a análise de nitrato, as amostras eram previamente filtradas a fim
de eliminar cor e turbidez e serem reduzidas as interferências. Nesta análise,
utilizou-se o método 8039 com comprimento de onda de 500 nm; e na análise de
nitrito o método usado era o 8507 com comprimento de onda de 507 nm. No caso
do cloro livre e total o método era 1450 com comprimento de onda igual a 530 nm.
Todas as análises foram realizadas no espectrofotômetro DR4000U.
No caso da alcalinidade empregou-se a forma analítica exposta por Ripley
et al. (1986).
Na Tabela 12 estão apresentados os parâmetros analisados e a indicação
do método empregado e na Tabela 13 a frequência das análises.
85
4.9.1 Análise estatística
86
Tabela 12: Parâmetros analisados e a indicação do método empregado.
87
Tabela 13: Parâmetros analisados e frequência de análises.
Nome Frequência
Alcalinidade Semanal
E.Coli Semanal
Cloro Total e Livre Semanal
Condutividade Semanal
Demanda Bioquímica de
Mensal
Oxigênio (DBO)
Demanda Química de
Semanal
Oxigênio (DQO)
Fósforo 2 vezes por semana
Índice Volumétrico do Lodo
Anual
(IVL)
Nitrato Semanal
Nitrito Semanal
Nitrogênio Amoniacal
Semanal
Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK)
Oxigênio Dissolvido Semanal
pH Semanal
Sólidos Suspensos Totais Semanal
Sólidos Suspensos Fixos
Semanal
Sólidos Suspensos Voláteis
Sólidos Totais Semanal
Sólidos Totais Fixos
Semanal
Sólidos Totais Voláteis
Temperatura Semanal
Turbidez Semanal
88
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fase I II III
Tempo 7 8 11
(semanas)
89
Tabela 15: Dados sobre o consumo de água e a geração do esgoto pelo sistema estudado.
Diário
Cons. Água pela casas (L) 1484
Cons. Água Total (L) 1901
Geração de esgoto (L) 716
Coeficiente de retorno (%) 37,7
Taxa de aplicação nos filtros 256
-2
de areia (Lm )
Figura 25: Volume (L) de água consumida e de esgoto gerado no sistema estudado durante
uma semana.
90
Figura 26: Volume (L) de água consumida e de esgoto gerado no sistema estudado durante
um dia.
91
consumo é durante a quinta - feira e a sexta – feira, dias que o estabelecimento
tem maior movimento. Como os dois estabelecimentos (bar e empresa) não são
abertos aos domingos, o consumo diminui para próximo a zero litro. Nas casas, o
consumo também tem pouca variação durante toda a semana. A geração de
esgoto aumenta de acordo com o aumento do consumo de água e também no fim
de semana, quando, provavelmente, os moradores permanecem mais tempo em
suas residências e utilizam maior volume de água o que, por consequência, gera
maior volume de esgoto.
Na Figura 26, há uma maior variação ao longo do dia tanto para o
consumo de água como para a geração de esgoto.
Como a empresa opera entre 07h30min e 17h30min, os maiores picos de
consumo de água foram no período da manhã e do horário do almoço, quando os
funcionários faziam as refeições (café da manhã e almoço) e no final da tarde para
tomarem banho antes de irem embora. Após este período não houve mais
medições, pois não houve consumo de água, como pode ser observado no ponto
das 07h00 do dia seguinte, onde o consumo foi igual a 0 L.
Também não houve medições do consumo de água pelo bar e pelas
casas a partir das 17h30min, pois os registros são fechados neste horário para
evitar a pressão da rede durante a noite. Assim, os moradores e funcionários
utilizam a água da caixa d’água e o consumo durante este período foi analisado
quando no dia seguinte abriu - se o registro e o hidrômetro foi observado às 07h00
(após ser aberto por 30 minutos).
O horário de funcionamento do bar é das 08h00. às 20h00. e seu
consumo de água, como pode ser visto na Figura 26, tem grande variação ao
longo do dia. Entretanto há dois picos importantes: na parte da manhã e no horário
do almoço. O consumo da manhã é caracterizado pela limpeza do bar e de seus
materiais. No caso do horário do almoço, é quando há maior movimento de
consumidores. Após o fechamento do registro observa – se, pela medição das
07h00. do dia seguinte, que, em 2 horas e meia de funcionamento, foram
consumidos 20L neste estabelecimento.
92
No caso do consumo de água pelas casas, também há maior volume de
água utilizada durante a manhã e durante o horário de almoço. Como o registro de
fornecimento de água é também fechado às 17h30, não foi possível verificar o
consumo até o dia seguinte, entretanto, se for observada a curva de geração do
esgoto da Figura 26, é possível concluir que entre às 19:00h. e 20:30h. houve um
pico de consumo de água, provavelmente pelo horário do jantar já que a geração
do esgoto foi maior neste horário.
O esgoto (Figura 26) teve picos de geração logo após as máximas de
consumo de água pelos estabelecimentos e pelas casas. A partir das 21h00. o
volume de esgoto gerado é mais estável e menor do que 10 L. Depois das 22h00.
até às 07h00 do dia seguinte, a geração de esgoto foi igual a 5,8 L, demonstrando
que o volume de água consumido neste período é pequeno. A taxa de aplicação
média por hora foi de 24 Lm-2.
Um interessante aspecto da taxa de aplicação é que a efetiva (256 Lm-
2
dia-1) foi superior à taxa recomendada pela NBR 13969/93 a qual indica que, se o
esgoto a ser aplicado é proveniente de um tanque séptico, a taxa de aplicação não
deve ser superior a 100 Lm-2dia-1. Mesmo com esta característica, o filtro de areia
pôde operar durante cerca de 2 meses sem colmatar. Além disso, ao considerar o
período de maior geração de esgoto (das 08h30min. até às 20h30min.), percebe-
se que a taxa de aplicação neste período é de 617,2 Lm-2dia-1, evidenciando que
são possíveis taxas de aplicação elevadas sem prejudicar o filtro de areia, assim
como foi previsto no projeto piloto por Tonetti (2008) e Tonon (2011).
Os dados descritos estão de acordo com as afirmações de OAKLEY et al.
(2010), os quais comentam que em comunidades descentralizadas o esgoto é
gerado por eventos isolados e seus típicos hidrográficos mostram que a vazão
varia muito durante as 24 horas, sendo a maioria da carga hidráulica gerada
durante curtos períodos de tempo. Esta variação entre vazões próximas a zero e
mais altas podem sobrecarregar o sistema, assim é importante que a tecnologia
escolhida para tratamento de esgoto de comunidades isoladas seja capaz de
suportar as bruscas variações e os maiores picos diários de geração de esgoto.
93
Também estas maiores vazões devem ser consideradas para o desenvolvimento
do projeto do sistema de tratamento.
Em relação ao consumo de água, Von Sperling (2005) diz que para
residências em pequena localidade o consumo médio a ser considerado deve ser
de 110 a 180 Lpessoa-1dia-1. Entretanto, pelos resultados da Tabela 15 e
considerando os 9 usuários do sistema, é possível perceber que o consumo total
de água é de 211,2 Lpessoa-1dia-1. No caso de serem consideradas apenas as
residências (5 pessoas), o consumo médio aumenta para 296,8 Lpessoa-1dia-1, ou
seja o consumo efetivo foi superior ao esperado pela literatura.
5.2.1 Temperatura
94
Figura 27: Gráfico Box - Plot dos valores da temperatura Ambiente e do Esgoto.
Tabela 16: Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo das temperaturas ambiente e
do esgoto em ºC.
95
ocorreram em diferentes épocas do ano, é possível perceber que não houve
diferenças significativas entre as etapas na maioria dos diferentes parâmetros
estudados. Ou seja, mesmo com temperaturas ambientes menores (15,5 ºC) ou
maiores (28,7 ºC), o sistema funcionou adequadamente evidenciando que pode
ser aplicado em diferentes regiões brasileiras com variações climáticas.
96
Figura 29: Gráficos Box - Plot dos valores de pH das amostras de Efluente do Tanque
Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) nas etapas I, II e III.
Ambas as médias das amostras de ETS e EFA foram iguais a 7,0 ± 0,2. O
valor mínimo e máximo de ETS foi de 7,1 e 7,9, respectivamente e, no caso de
EFA, 7,2 e 8,0. Os valores de pH da entrada e da saída não tem diferença
significativa (KrusKal – Wallis 5%). Estes valores estão dentro da faixa permitida
para o lançamento de efluentes em corpos hídricos: de 6,0 a 9,0 (CONAMA 357,
2005).Também, pelo gráfico da Figura 29 é possível observar que a maioria dos
valores está dentro da faixa de pH ótimo tanto para o crescimento das bactérias
anaeróbias (6,5 a 8,2) (SPEECE,1996) como para as nitrificantes (de 7,5 a 8,6)
(METCALF e EDDY, 2003) facilitando o bom desempenho do sistema.
Entretanto, mesmo com valores de pH menores do que 7,5, segundo
pesquisa de Stevik et al. (1999b), o qual variaram o pH do efluente do filtro de
areia de 6,4 a 8,6; esta pequena variação não se mostra relevante para a
eficiência do sistema, sendo este ainda estável. Também, para Prochaska e
Zouboulis (2003), a nitrificação ocorre mais rapidamente em solos úmidos de pH
entre 5,5 e 8,0. Ainda, segundo STEVIK et al. (2004), valores de pH menores do
que 4,0 são os mais preocupantes pois favorecem um efeito hostil no meio filtrante
e afetam a sobrevivência da maioria das bactérias, situação que não ocorreu em
nenhuma etapa de operação do filtro de areia.
97
Comparando com dados obtidos por Tonetti (2008) e Tonon (2011) que
operaram o mesmo sistema em escala piloto, os valores de pH do efluente do
sistema em estudo foram superiores e mais estáveis, não havendo necessidade
de adição de fonte externa de alcalinidade para manter o pH próximo ao valor
neutro. Esta diferença se deve, provavelmente, ao tipo de esgoto bruto afluente no
sistema. O esgoto bruto utilizado pelos autores era de origem variada (do campus
da universidade) e o afluente utilizado nesta pesquisa um esgoto bruto
proveniente de uma pequena comunidade que, em geral, é mais concentrado e
porque tinha uma grande contribuição de ureia pelos usuários do bar, composto
que fornece alcalinidade ao esgoto. Portanto, verifica-se que a característica do
esgoto bruto pode ter auxiliado na estabilidade do sistema durante as três etapas
facilitando sua operação e manutenção.
Figura 30: Representação da variação da Alcalinidade Total (AT) e Parcial (AP) em função
das semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do
Filtro de Areia (EFA).
98
-1
Figura 31: Gráficos Box - Plot dos valores de Alcalinidade Parcial (mgCaCO3L ) das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
-1
Figura 32: Gráficos Box - Plot dos valores de Alcalinidade Total (mgCaCO3L ) das amostras
de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
99
Tabela 17: Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de Alcalinidade Total (AT) e
Alcalinidade Parcial (AP) das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente
do Filtro de Areia (EFA).
100
Amoniacal são maiores na amostra ETS do que na amostra EFA visto que houve
o consumo da alcalinidade e a consequente transformação do íon amônio em
nitrato, caracterizando a nitrificação pelo filtro de areia e confirmando a relação
entre os dois parâmetros.
A relação entre a nitrificação e a alcalinidade será discutida melhor no item
5.2.6.
Figura 33: Resultados da determinação da Turbidez em função das semanas de coleta das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
101
Figura 34: Gráficos Box-Plot da Turbidez da amostra de Efluente do Filtro de Areia (EFA) nas
diferentes etapas do projeto.
102
tempo de contato adequado entre o biofilme e o afluente. Além disso, é possível
que a alta carga de matéria orgânica aplicada tenha sido acumulada na parte
superior do filtro de areia entre os poros e que este fato tenha auxiliado a filtração.
Em relação ao efluente final das três etapas, há diferença significativa
somente entre as etapas I e III (KrusKal – Wallis 5%), provavelmente pela alta
turbidez afluente durante a etapa I. Na Figura 34, observa-se que a turbidez dos
efluentes dos filtros de areia esteve sempre abaixo do valor limite máximo de
40UT, exigido para corpos hídricos de classe 1 (CONAMA 357, 2005), sendo sua
eficiência parecida com as obtidas por Tonetti (2008) e Tonon (2011) em sistema
de escala piloto com filtro anaeróbio e filtro de areia.
O monitoramento da turbidez também foi realizado por sua interferência
sobre processos de desinfecção já que as partículas suspensas podem ocluir os
patógenos. Deste modo, a alta remoção de turbidez contribuiu para facilitar a
desinfecção do efluente final.
A condutividade é representada nos gráficos das Figura 35 e Figura 36.
Os valores de entrada e saída e entre as etapas não tem diferença significativa
(KrusKal – Wallis 5%). A média de ambas as amostras foi de 1,0 ± 0,1 dSm-1.
Possivelmente este fato é devido à equivalência dos valores de condutividade do
nitrogênio amoniacal e do nitrato (LIDE, 2008). Assim, mesmo ocorrendo a
nitrificação, a condutividade não se altera.
Através dos dados dos gráficos das Figura 35 e Figura 36, é possível
perceber que todos os dados dos efluentes de areia (EFA) estão acima do limite
máximo de 0,7 dSm-1 e 0,75 dSm-1 estipulados, respectivamente, pela FAO (1994)
e pela CETESB (2006) para o uso na irrigação sem nenhum grau de restrição.
Contudo, todos os valores estão abaixo de 3 dSm-1 e podem ser usados sem grau
de restrição severo (FAO, 1994) em solos bem drenados, com cultivo de espécies
que tenham tolerância salina. Estes dados corroboram com os obtidos pelos
autores em escala piloto (TONETTI, 2008 e TONON, 2011).
103
Figura 35: Resultados da Condutividade em função das semanas de coleta das amostras de
Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
Figura 36: Gráficos Box-Plot da Condutividade das amostras de Efluente do Tanque Séptico
(ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) nas etapas I, II e III.
104
Figura 37: Resultados da Concentração de OD em função das semanas de coleta das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
105
Os valores baixos de ETS são considerados normais para esta amostra,
pois não houve nenhum tratamento aeróbio. Alguns dados são superiores a 1,0
mgL-1 porque, para a aplicação no filtro de areia, o efluente era disposto no sifão,
o que, muitas vezes, aerava a amostra ETS.
No caso da amostra EFA alguns de seus valores está acima do limite
mínimo permitido, de 5,0 mgO2L-1, de rios de classe 2 (CONAMA 357, 2005);
entretanto, poucas amostras estão acima do valor mínimo de 6,0 mgO2L-1 para os
rios de classe 1 (CONAMA 357, 2005).
Esta realidade difere do projeto piloto estudado por outros autores os
quais obtiveram a maioria de suas amostras com valores acima de 6,0 mgO2L-1.
Uma explicação para esta diferença pode ser a altura do leito de areia a qual
neste projeto era de 40 cm e no projeto dos autores de 70 cm (TONETTI, 2008 e
TONON, 2011). Pela altura menor, é possível que, em alguns momentos, tenho
ocorrido um fluxo contínuo de esgoto aplicado no filtro de areia, não possibilitando
o aumento do oxigênio dissolvido, pela falta de intermitência, ou seja, pode ser
que, nos períodos mais críticos, de maiores picos de vazão, uma aplicação não
tenha terminado de passar pela altura inteira do leito e outra já tenha sido inserida
na superfície não permitindo a aeração natural do filtro.
106
Figura 39: Resultados da Concentração de SST em função das semanas de coleta das
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
107
Tabela 18: Valor médio e desvio padrão de Sólidos Suspensos Totais encontrados nas
amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) e a
Porcentagem de Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) e Sólidos Suspensos Fixos (SSF) em
relação a esta média.
108
mesmo com alta concentração em seu afluente. Todas as concentrações finais de
SST estiveram abaixo de 100 mgL-1 e 60 mgL-1, valores estipulados pela COPAM
Nº10 (1986) como, respectivamente, concentração máxima diária e concentração
média máxima mensal permitida para lançamento em corpos hídricos. Esta
situação era esperada já que Tonetti (2008) e Tonon (2011) obtiveram resultados
semelhantes no projeto piloto, mesmo com taxas de aplicações mais elevadas
como 700Lm-2dia-1.
Objetivando o reúso deste efluente final em sistemas de irrigação, ele tem
característica de baixo risco de obstruir gotejadores, pois sua concentração de
SST, em sua grande maioria, está abaixo de 50 mgL-1 (CAPRA E SCICOLONE,
1998 apud TONETTI, 2008) .
109
Figura 41: Valores da Demanda Química de Oxigênio obtidos em função das semanas de
coleta da amostra de Efluente do Tanque Séptico (ETS).
Figura 42: Valores da Demanda Química de Oxigênio obtidos em função das semanas de
coleta nas fases II e III das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do
Filtro de Areia (EFA) (desconsiderando a etapa I).
110
Figura 43: Gráfico Box-Plot da concentração da DQO da amostra de Efluente do Tanque
Séptico (ETS).
111
Tabela 19: Valores médios e desvio padrão da concentração, carga e remoção da DQO bruta
das amostras de ETS e EFA nas diferentes etapas do projeto.
Tabela 20: Valores médios e desvio padrão da concentração, carga e remoção da DQO
filtrada 1 e 2 das amostras de ETS e EFA e a porcentagem em relação a DQO bruta.
ETS EFA
DQOfilt.1 (mgO2L-1) 232 ± 55 75 ± 29
DQOfilt.1 (gdia-1) 185 ± 44 60 ± 23
% de DQOfilt.1 da DQObruta 64,6 72,1
% de remoção DQOfilt.1 - 67,6
DQOfilt. 2 (mgO2L-1) 165 ± 52 55 ± 36
DQOfilt.2 (gdia-1) 132 ± 41 44 ± 28
% de DQOfilt.2 da DQObruta 45,9 52,8
% de DQOfilt.2 da DQOfilt. 1 71,1 73,3
% de remoção DQOfilt.2 - 76,3
112
Figura 45: Representação da % DQO dissolvida, coloidal e particulada nas amostras
coletadas ETS e EFA.
113
No gráfico da Figura 42 é possível perceber que, a cada etapa, o filtro de
areia removia, desde o início, uma grande quantidade de material orgânico,
entretanto, ao final de cada uma, a sua eficiência de remoção era menor e o
efluente tinha maior concentração de DQO.
Este comportamento difere dos estudos de Prochaska e Zouboulis (2003)
os quais obtiveram, até 5ª aplicação, uma remoção de DQO relativamente baixa, a
qual foi explicada pelos autores como um período de defasagem (“lag”) quando a
areia amadurecia para ocorrer o desenvolvimento bacteriano no biofilme, levando
a subsequentemente melhora da habilidade de remoção do filtro. Ou seja, no filtro
de areia estudado, não houve o período “lag”, citado por Prochaska e Zouboulis
(2003) e, além disso, o aumento da concentração do material orgânico evidenciou
sua colmatação.
Analisando a Tabela 20, pode – se afirmar pelos resultados que a maior parte da
matéria orgânica de ambas as amostras era composta por material dissolvido e/ou
coloidal (DQOfilt.1 maior do que 60%) e que, desta porcentagem, mais do que
70% era constituída somente de matéria orgânica dissolvida; tanto para a amostra
ETS como para EFA. Estes dados corroboram com os obtidos no sistema de
escala piloto, onde a porcentagem de DQO dissolvida variou de 70 a 85%. Pelo
gráfico da Figura 45, observa – se que após a passagem pelo leito de areia, houve
a diminuição do material particulado e o aumento do material coloidal e dissolvido,
demonstrando que a biomassa do filtro de areia transforma a DQO particulada em
dissolvida e/ou coloidal. Com estas características, afirma – se que o filtro de areia
não só retém a matéria orgânica em suspensão nos poros de seu material filtrante,
mas também degrada a matéria orgânica particulada e em solução fato que leva
os autores Jordão e Pessoa (2011) afirmarem que o sistema é incorretamente
chamado de filtro já que seu funcionamento não se baseia somente na filtragem.
114
sistema em escala piloto e que expuseram melhores resultados (amostras com
concentração inferior a máxima permitida pela legislação) (TONETTI, 2008 e
TONON, 2011). É possível explicar esta variação pela ausência do filtro anaeróbio
no sistema estudado, diferentemente da escala piloto, o qual pode ter auxiliado na
remoção do material orgânico. Além disso, o sistema, por estar instalado em uma
pequena comunidade, pode ser sobrecarregado em alguns horários, o que leva
uma maior concentração de material orgânico no efluente final.
Como citado por Kang et al. (2007), os filtros são unidades de tratamento
biológico aeróbio e seria mais apropriado que fossem projetados com base nas
cargas orgânicas. Deste modo, calculou – se também a carga orgânica aplicada
nos filtros. A média da carga orgânica para ETS e EFA foram, desconsiderando a
primeira etapa, 286 ± 82 gdia-1 e 69 ± 51 gdia-1, respectivamente. A taxa de
aplicação diária de carga orgânica na superfície do leito foi de 102 gm-2dia-1
alcançando a eficiência de remoção de aproximadamente 75%.
Os resultados médios da DBO e sua variação estão na Figura 46.
Figura 46: Gráfico Box-Plot da concentração da DBO das amostras de Efluente do Tanque
Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
115
por Andreadakis (1987) de 70 a 300 mgO2L-1 como valores típicos deste tipo de
efluente.
Para a amostra EFA o valor médio foi de 21 ± 8 mgO2L-1 (16 gdia-1) sendo
a remoção de 83,2%. Ainda, como nos resultados da DQO, os valores de entrada
e saída diferem significativamente (KrusKal – Wallis 5%), demonstrando que há
remoção do material orgânico em termos de DBO.
Em relação a carga orgânica, a taxa de aplicação neste projeto foi igual a
35,7 gm-2dia-1. Segundo recomendações da USEPA a carga orgânica não deve
exceder 22 g DBO m-2dia-1 em taxa de aplicação de 40 a 80 Lm-2dia-1. Como a
taxa de aplicação deste projeto foi igual a 256 Lm-2dia-1, a carga orgânica aplicada
está muito inferior a esta indicação (considerando a proporção, a carga orgânica
máxima que poderia ser aplicada seria de 140 gm-2dia-1). Em estudos de Rodgers
et al. (2005), quando a operação do filtro de areia tinha taxa de aplicação igual a
30 Lm-2dia-1, a carga orgânica ótima e máxima encontrada pelos autores foi de 22
gDBOm-2dia-1, com este resultado é possível perceber que a carga orgânica
máxima e ótima da aplicação do filtro de areia em questão (com carga hidráulica
de 256 Lm-2dia-1) poderia ser 187 gDBOm-2dia-1. Deste modo conclui - se que o
filtro recebeu uma carga orgânica menor do que seria capaz de tratar, ou seja,
seria mais interessante fazer seu projeto em termos de carga orgânica, como já foi
sugerido por Kang et al. (2007), e não em carga hidráulica, pois a carga orgânica
aplicada é, muitas vezes, inferior a máxima e ótima da capacidade do filtro de
areia.
Pelo gráfico da Figura 46, é possível perceber que todas as amostras de
EFA tinham a concentração de DBO abaixo do limite máximo permitido pela
legislação do Estado de São Paulo (DECRETO Nº 8.468, 1976) o qual é de 60
mgO2L-1 para o lançamento de efluentes em corpos hídricos. Esta eficiência
também foi alcançada no projeto piloto operado por Tonetti (2008).
Ainda é importante observar que, apesar da remoção do material
orgânico, a qual consome oxigênio em seu processo metabólico, o filtro de areia
pôde produzir um efluente final com concentração de OD, na sua maioria, maior
do que 5 mgO2L-1 , sendo demonstrado o seu bom desempenho.
116
A relação DBO/DQObruta define a porcentagem de material biodegradável
da amostra. No caso da amostra ETS, esta porcentagem era igual a 34,8% e para
amostra de EFA de 24,1%, resultado que demonstra que houve remoção de
material orgânico biodegradável.
117
Figura 48: Representação da variação da Concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl em
função das semanas de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de
Efluente do Filtro de Areia (EFA) durante a etapa II.
118
Figura 50: Gráficos Box-Plot da concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl das amostras de
Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
119
Tabela 21: Valores médios e desvio padrão dos compostos nitrogenados nas amostras de
Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
ETS EFA
N-NTK (mgL-1) 166 ± 110 114 ± 27,5
N-orgânico (mgL-1) 56 ± 24,1 18 ± 23,9
N-amoniacal (mgL-1) 110 ± 12,4 96 ± 13,9
Nitrito (mgL-1) 0,045 ± 0,01 0,340 ± 0,3
Nitrato (mgL-1) 4±3 14 ± 10
-1
Ntotal (mgL ) 170 ± 123,4 128,3 ± 46
120
diferença significativa em relação ao afluente (KrusKal – Wallis 5%), evidenciando
que ocorreu a nitrificação nos leitos. O valor médio da concentração de nitrito na
amostra EFA é muito baixo (0,340 ± 0,3 mgL-1), pois este íon é um produto
intermediário da nitrificação e, por isso, quando em condições apropriadas, não
ocorre seu acúmulo. Portanto, por não haver maiores concentrações de nitrito,
demonstra-se, também, que as condições do filtro facilitaram a formação de íons
nitrato (GERARDI, 2002).
A remoção da taxa de nitrogênio pode variar de 10 a 90% de acordo com
a composição de esgoto, condições de meio ambiente e condições operacionais
(ZHANG et al., 2005). No projeto esta transformação foi de 24,5%, sendo
considerada baixa e, como a concentração de N-amoniacal era ainda alta no final,
é possível que a aeração natural do filtro não estivesse completamente adequada,
fazendo - se necessária à revisão da tubulação de ventilação para suprir a
concentração de oxigênio necessária para a completa nitrificação. Ainda, outra
hipótese é que população oxidante de amoniacal seja incapaz de lidar com a alta
concentração de NTK do afluente. Esta situação pode ocorrer ainda pela rápida
infiltração do efluente no leito de areia. Outra razão pode ser a alta concentração
de matéria orgânica no efluente do tanque séptico podendo criar um ambiente
anóxico no leito de areia na interface efluente/areia o qual dificulta a oxidação do
íon amônio visto que há ausência de oxigênio necessário para completar o
processo de conversão a nitrato.
Em relação à alcalinidade necessária para ocorrer a nitrificação, Oakley et
al. (2010) citam que poucos estudos em campo reportam sobre sua concentração
suficiente para alcançar a completa reação. Neste estudo, ao fazer a correlação
proposta por Metcalf e Eddy (2003) de que para cada grama de N-amoniacal
nitrificado há o dispêndio de 7,07 g de alcalinidade na forma de CaCO3, a
alcalinidade de ETS seria suficiente para converter 75,8 mg de íon amônio em
nitrato. Entretanto, foram convertidos apenas 14 mg, valor ligeiramente acima do
esperado através do cálculo feito pela alcalinidade consumida (4,6 mg de N –
amoniacal para 33 mg de alcalinidade consumida).
121
Segundo a Resolução CONAMA 430 (2011), o efluente final está muito
acima do limite máximo permitido de 20,0 mgL-1 em termos de concentração de
nitrogênio amoniacal (Figura 47, Figura 48, Figura 49) e o mesmo ocorre com a
concentração de nitrato a qual supera o limite máximo de 10,0 mgL-1, estabelecido
para corpos de água de classe 1, 2 e 3 (Figura 51).
Apesar disso, esta concentração não superou o limite de 30 mgL-1 ou seja,
segundo a FAO (1994), caso este efluente seja empregado como água de reúso,
não há necessidade de grau de restrição severo.
5.2.7 Fósforo
122
Figura 53: Representação da variação da concentração de fósforo em função das semanas
de coleta das amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia
(EFA) durante a etapa II.
123
Figura 55: Gráficos Box-Plot da Concentração de Fósforo nas amostras de Efluente do
Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA).
124
monitoraram por 1 ano efluentes de tanque séptico em uma vila na Inglaterra e
encontraram concentrações de fósforo as quais variavam de 1 a 14 mgL-1.
Em relação à média de remoção, a eficiência encontrada nesta pesquisa
está abaixo da que Rodgers et al. (2005) obtiveram quando avaliaram um filtro de
areia intermitentes com diâmetro de 0,3 m e altura de 0,425 m (próxima a utilizada
na pesquisa). O sistema operado pelos autores alcançou remoção de 70%,
enquanto que no filtro estudado, como já citado, esta remoção foi de 53,8%. Uma
possível explicação para esta diferença são os diferentes valores de pH das areias
usadas. Neste estudo, a areia tinha pH mais elevado (7,9), como será mostrado
no item 5.5.1, e a utilizada pelos autores tinha pH igual 3,7 o que, segundo eles,
facilitou a adsorção do fósforo.
Apesar da melhor remoção de fósforo, o filtro estudado por Rodgers et al.
(2005) operou por apenas 4 semanas, enquanto que no estudo em questão, o
menor tempo de operação do filtro de areia foi de 7 semanas.
Como os valores dos efluentes finais (Figura 55) não estavam abaixo de 1
mgL-1, valor limite máximo da legislação gaúcha (CONSEMA nº 128, 2006) para a
disposição do efluente em corpos hídricos, é necessário um pós tratamento a nível
terciário para que sejam alcançados padrões estabelecidos de lançamentos e
também que seja impedida a eutrofização no meio onde será lançado. Apesar
desta remoção limitada, caso este efluente seja visado para o reúso em irrigação e
piscicultura, esta concentração de fósforo não constitui um problema e sim uma
oferta de nutriente.
Entre as etapas, não há diferença significativa (KrusKal – Wallis 5%) e,
como já citado, comparando-se os resultados de entrada e a saída do filtro de
areia, esta diferença existe. Porém, em cada etapa, a partir de uma determinada
semana, a entrada e a saída não diferem significativamente, evidenciando,
novamente, que o filtro de areia foi colmatado, pois a amostra EFA tem valores
próximos e superiores à amostra ETS. A Tabela 22 resume o número da semana
que, a partir, não diferem os valores das amostras.
125
Tabela 22: Número da semana que, a partir, não diferem os valores das amostras de
Efluente do Tanque Séptico (ETS) e de Efluente do Filtro de Areia (EFA) para o parâmetro
fósforo.
5.3 DESINFECÇÃO
126
Tabela 23: Valores médios de concentração de E.Coli e de cloro livre, total e combinado
encontrados para as amostras analisadas de acordo com o tempo de contato.
127
NMP100mL-1 recomendado pela NBR 13969) houve a necessidade da
implantação da etapa de desinfecção para que este valor fosse alcançado.
Segundo a Tabela 23, nas 3 dosagens utilizadas e nos tempos de 45 e 60
minutos, foi possível alcançar o padrão para reúso do efluente em vasos
sanitários. Entretanto, por uma economia de reagentes, seria interessante utilizar
a menor concentração (1,15 mgL-1) no tempo de 60 minutos que é suficiente para
reduzir a concentração de E.Coli a uma quantidade inferior a desejada.
Todavia, se houver necessidade de uma maior concentração de cloro total
e cloro livre no efluente final, deve ser considerada a concentração de 1,28 mgL-1
em 45 minutos.
5.4 HELMINTOS
Tabela 24: Resultados obtidos de acordo com sua presença/ausência de ovos de helmintos
nas amostras de Efluente do Tanque Séptico (ETS), de Efluente do Filtro de Areia (EFA),
areia superficial raspada após colmatação (AU) e lodo do tanque séptico (Lo).
ETS EFA AU Lo
Resultado N N N N
N= Negativo
128
quantificação garante um percentual de recuperação de 100 % destes
eventualmente presentes nas amostras processadas. Outro fator a ser
considerado é a própria coleta de amostras, pois a distribuição dos ovos torna-se
muito heterogênea ao longo dos locais de amostragem.
Deste modo, conclui – se que possivelmente a concentração de ovos de
helmintos entrando no sistema seja baixa de maneira que dificulte sua detecção,
contudo é preciso um estudo mais aprofundado e contínuo deste parâmetro.
129
Tabela 25: Valores médios dos parâmetros de caracterização da areia nova (AN).
Parâmetro
Constante de permeabilidade 400 cm dia-1
D10 (diâmetro efetivo) 0,18 mm
Cu 2,27
Índice de Vazios 57,5%
Umidade 7%
pH 7,9
130
explicado pelo aumento da área da superfície específica o que viabiliza melhor
adsorção e, por consequência, aumenta a remoção bacteriana.
O valor médio de pH (7,9) da areia está próximo do considerado máximo
(8,0) por Prochaska e Zouboulis (2003) para que ocorra mais rapidamente a
nitrificação, fato que pode ter contribuído para a menor geração de nitrato no
efluente final.
Outros estudos em relação ao pH da areia feitos por RODGERS et al.
(2005) mostraram que, com este parâmetro igual a 3,7, altura do leito de 0,425m e
carga hidráulica de 60 Lm-2dia-2 a adsorção de fósforo começou a diminuir com
aproximadamente 30 dias de operação do filtro de areia. Com estes resultados, os
autores afirmaram que o baixo pH da areia facilitou este processo. A remoção de
fósforo alcançada no sistema dos autores chegou a 70%. No presente estudo, o
leito tinha altura parecida (0,4 m) e o pH da areia (7,9) e a taxa de aplicação (257
Lm-2dia-2) eram maiores quando comparados com o sistema de RODGERS et al.
(2005), entretanto, a porcentagem de remoção de fósforo foi apenas um pouco
abaixo da obtida pelas autores, cerca de 54%, e o filtro operou por
aproximadamente 60 dias, evidenciando que o pH da areia e a taxa de aplicação
não são fatores limitantes para a adsorção do fósforo pelo leito.
131
Tabela 26: Valores de porcentagem média e desvio padrão de Sólidos Totais Fixos (STF) e
Sólidos Totais Voláteis (STV) no perfil da amostra de areia.
Ainda, estes dados corroboram com a norma NBR 13969 (1997) a qual
sugere a raspagem do leito filtrante, após sua colmatação, em camada de
espessura que varia de 0,02 m a 0,05 m.
A Tabela 27 resume os valores de porcentagens médias para STF e STV
na areia retirada e armazenada em uma caixa para ser seca ao sol. Os valores
foram obtidos de dois a três dias de diferença para verificar a degradabilidade do
material orgânico até que a maior parte fosse composta por material inorgânico
(areia).
132
Tabela 27: Valores de porcentagens médias e desvio padrão para Sólidos Totais Fixos (STF)
e Sólidos Totais Voláteis (STV) na areia de acordo com a quantidade de dias após a retirada
e armazenada em uma caixa para ser seca ao sol.
133
poderia existir nesta areia. No caso do T2, a lavagem com ácido objetivou a
remoção do fósforo existente nos grãos de areia para verificar se haveria maior
adsorção. Já a lavagem com ácido, seguida de autoclavagem (T3), foi feita para
eliminar os micro – organismos in natura da areia e seu fósforo natural dos grãos
a fim de verificar a quantidade efetiva que os grãos de areia poderiam adsorver do
elemento.
Tabela 28: As médias dos resultados do teste de adsorção de fósforo pelas areias novas
(AN) com diferentes tratamentos (T1, T2 e T3).
T1 T2 T3
Quantidade de Fósforo
adsorvida na areia 49,8 ± 7,2 55,5 ± 3,2 42,5 ± 4,3
(mgPKg-1areia)
134
Tabela 29: Resultados do teste de quantificação de fósforo aderido na Areia Nova (NA) e na
Areia Usada (AU).
AN AU
Quantidade de Fósforo
aderida na areia 39,2 ± 4,3 191,4 ± 13,9
(mgPKg-1areia)
135
do material filtrante já está saturada (STUMM AND MORGAN, 1981 e BRIX et al.,
2001apud PROCHASKA e ZOUBOULIS, 2003).
Verificando – se dados da literatura, observou – se que a concentração de
fósforo na areia usada (AU) foi inferior a encontrada por Zhang et al. (2005) em
latossolo vermelho – escuro (2057 mgPKg-1solo) os quais estudaram um sistema
piloto de infiltração de esgoto neste tipo de solo, durante 4 meses, e verificaram a
remoção de 98% de fósforo. Entretanto o resultado foi mais próximo ao obtido por
Sovik e Klove (2005) em areia (335 mgPKg-1areia) empregada em um filtro de média
escala. Esta diferença é devido, possivelmente, aos tipos de solo (areia e argila),
entretanto é importante salientar que o latossolo vermelho – escuro não deve ser
utilizado em filtros com a configuração deste presente projeto visto que a argila é
menos permeável do que a areia.
Apesar de uma menor concentração de mgPKg-1solo encontrada na areia
empregada neste estudo (AU), houve bom desempenho na remoção do nutriente
pelo filtro e diminuição da sua concentração no efluente final, assim, como já
descrito por Sabbah et al. (2012), o leito não só filtra como é um reator de
biomassa fixa aeróbia a qual além de oxidar o material orgânico e atuar na
nitrificação, também adsorve o fósforo do afluente.
136
Tabela 30: Valores de pH, Índice Volumétrico do Lodo (IVL) e série de sólidos para
caracterização do lodo do Tanque Séptico (TS).
Parâmetro
pH 7,0
IVL (mLg-1) 28,2
ST (mgL-1) 16.333
STF (mgL-1) 6.266
STV (mgL-1) 10.066
-1
SST (mgL ) 11.700
-1
SSF (mgL ) 4.500
SSV (mgL-1) 7.200
137
5.7 MANUTENÇÃO DO SISTEMA
138
6. CONCLUSÃO
139
subsequente na biomassa, não apenas pelos grãos do material
filtrante;
• O lodo removido do tanque séptico era composto por 62% de material
orgânico e tinha ótima decantabilidade;
• Para a manutenção do sistema alguns aspectos devem ser observados
como a profundidade do leito de areia, a compra de areia para troca
após colmatação, um local de reserva da areia raspada, uma tela
mosquiteira, contratação de caminhão limpa fossa, a declividade do
local da instalação, manutenção periódica da caixa de gordura e a
garantia de aplicação intermitente.
140
7. RECOMENDAÇÕES
141
• Estudar a concentração de fósforo nas diferentes alturas da coluna de
areia;
• Analisar o benefício financeiro da empresa pela economia de água
pelo reúso do efluente tratado no vaso sanitário e/ou na produção de
pisos;
• Analisar quais micro-organismos compõem a biomassa na camada
superior do filtro de areia;
• Avaliar o uso da manta não tecida no leito de areia, verificando se há
maior facilidade de manutenção e maior tempo de operação deste
sistema;
• Estudar possível reúso do lodo de tanque séptico.
142
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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