Industrialização Brasileira

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INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA (I) – A FASE INICIAL

A maioria dos países do mundo não é industrializada. A economia desses países é baseada em
atividades primárias, como a agricultura, a pecuária, a pesca e o extrativismo mineral. Já os
países industrializados podem ser agrupados em três categorias:

a) Países de industrialização clássica  lideraram a Revolução Industrial e se industrializaram a


partir do século XVIII ou XIX, tendo a Inglaterra sida a pioneira. Passaram, ao longo da história,
pelos diferentes processos de produção de uma mercadoria: artesanato, manufatura e
indústria. Hoje são países de elevado desenvolvimento econômicos, como os Estados Unidos, a
Alemanha e o Japão.

b) Países de industrialização tardia  sofreram um grande atraso em relação aos países de


industrialização clássica e tiveram forte dependência de capitais e tecnologias importados (até
hoje). A indústria cresceu com base na substituição de importações, isto é, os bens que antes
eram importados passaram a ser produzidos internamente. O Brasil e os se encontra nessa
categoria de países.

c) Países de industrialização planificada  são aqueles que se industrializaram sob a


planificação econômica do Estado, ou seja, que atravessaram, no século XX, a experiência
socialista. Nesses países, durante décadas, houve um maior desempenho da indústria de
base(metalurgia, siderurgia, petroquímica, material de transporte etc), já que era o ramo da
indústria mais valorizado pelas políticas estatais. É o caso, por exemplo, da Rússia, que se
industrializou durante a fase socialista.

OS FATORES DO ATRASO INDUSTRIAL NO BRASIL

O Brasil teve, em relação à Inglaterra, um atraso de pelo menos um século para o surgimento
das primeiras indústrias. Isso só teve início na virada do século XIX para o século XX, quando
fábricas têxteis foram instaladas nas principais cidades brasileiras, sobretudo no Rio de Janeiro
e São Paulo. Contribuíram para o atraso da industrialização os seguintes fatores:

a) O Alvará de 1785, expedido por D. Maria I, rainha de Portugal, que proibia a instalação de
manufaturas e fábricas no Brasil.

b) O mercado consumidor interno muito restrito, já que a sociedade brasileira era composta
majoritariamente de pessoas muito pobres, escravos (até 1888) e trabalhadores livres sem
renda.

c) A concorrência dos produtos importados, notadamente ingleses, o que era facilitado pela
ausência de uma política protecionista.

d) A opção pelo modelo agroexportador por parte das elites nacionais, as quais tinham uma
influência muito grande sobre a política durante o Segundo Reinado e a República Velha.

A ERA MAUÁ
Na segunda metade do século XIX surgiu a figura de um importante empresário brasileiro,
Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Barão de Mauá. O ambiente econômico
havia sido favorecido pela criação da Tarifa Alves Branco (1844), que impôs um aumento das
tarifas alfandegárias para os produtos importados que tivessem similares no Brasil. Dentre os
empreendimentos do Barão de Mauá, citamos: a criação de um estaleiro e de fundições,
ferrovias, companhias de transporte, a implantação de linhas telegráficas, iluminação a gás e
a fundação de bancos (no Brasil e no Uruguai).
Embora Mauá tenha construído um verdadeiro império econômico para a época, seu
empreendedorismo incomodava bastante a elite rural escravista e os países concorrentes,
sobretudo a Inglaterra, que tinha o Brasil como fiel importador de seus produtos. Desse
modo, não tardou muito a começar um processo que levaria o Barão à falência.
AS FASES DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Levando em conta o contexto histórico, as características das políticas econômicas e progresso


tecnológico, podemos dividir a evolução da industrialização brasileira em quatro grandes fases:

1ª fase- do surgimento das primeiras fábricas até 1930 (origens da indústria)

2ª fase - de 1930 a 1955 (arrancada industrial)

3ª fase - de 1956 a 1989 (a internacionalização da economia)

4ª fase - a partir de 1990 (a fase neoliberal)

A ECONOMIA CAFEEIRA E AS ORIGENS DA INDÚSTRIA EM SÃO PAULO

A expansão do café no Planalto Paulista gerou, a partir do final do século XIX, mais do que u
simples aumento na produção agrícola. Ela formou o que podemos chamar de complexo
cafeeiro paulista, ou seja, um conjunto de atividades modernizadoras que favoreceram o
desenvolvimento industrial na cidade de São Paulo. Centro antigo de São Paulo (1900).

A ERA MAUÁ

Na segunda metade do século XIX surgiu a figura de um importante empresário brasileiro,


Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Barão de Mauá. O ambiente econômico
havia sido favorecido pela criação da Tarifa Alves Branco (1844), que impôs um aumento das
tarifas alfandegárias para os produtos importados que tinham similares no Brasil. Dentre os
empreendimentos do Barão de Mauá, citamos: a criação de um estaleiro e de fundições,
ferrovias, companhias de transporte, a implantação de linhas telegráficas, iluminação a gás e a
fundação de bancos (no Brasil e no Uruguai). Embora Mauá tenha construído um verdadeiro
império econômico para a época, seu empreendedorismo incomodava bastante a elite rural
escravista e os países concorrentes, sobretudo a Inglaterra, que tinha o Brasil como fiel
importador de seus produtos. Desse modo, não tardou muito a começar um processo que
levaria o Barão à falência.

1) ACÚMULO DE CAPITAL  os capitais obtidos com as exportações de café foram investidos


em atividades diversificadas, dentre as quais a atividade industrial. Os bancos passaram a
financiar as indústrias nascentes, e uma nova classe de empresários crescia na cidade de São
Paulo. Portanto, é muito importante relacionarmos a origem da industrialização no Brasil com
o capital agroexportador. O período 1890-1929 foi de grande imigração no Brasil. Comércio
de rua em expansão no centro de São Paulo (1908). A importante Estação da Luz no início do
século XX.
OS BAIRROS OPERÁRIOS

Em São Paulo, houve a formação de bairros industriais com forte concentração de mão de
obra imigrante e servidos por ramais ferroviários, como a Mooca, o Brás, e Belém. Cumpre
lembrar que no período da 1ª Guerra Mundial (1914-18), durante o governo de Venceslau
Brás, houve um “surto

industrial” nesses bairros, favorecido pela dificuldade de importação de produtos


manufaturados. Já no Rio de Janeiro, destacava-se a atividade fabril em bairros como Bangu,
São Cristóvão, Jardim Botânico e Laranjeiras, todos ligados ao setor têxtil. É bom lembrar que
no caso de São Cristóvão a proximidade portuária foi um fator geográfico também importante
para a atividade industrial que ali se desenvolveu.

2) FORÇA DE TRABALHO IMIGRANTE  a mão de obra atraída pela economia cafeeira foi
empregada também em atividades urbanas, tanto no comércio como no setor industrial
nascente. No “chão” das fábricas paulistas era comum se comunicar em italiano.

3) FORMAÇÃO DE UM MERCADO CONSUMIDOR  o assalariamento da força de trabalho e o


crescimento populacional foram a base de um mercado consumidor em expansão em São
Paulo. Os imigrantes italianos, portugueses e japoneses foram peça-chave desse novo mercado
consumidor.

4) IMPLANTAÇÃO DE UMA REDE DE FERROVIAS  no estado de São Paulo foi construída a


maior rede de ferrovias do país. Os trens carregavam o café do Planalto Paulista até o porto de
Santos, passando pela cidade de São Paulo, que se transformou no “porto seco” do café. No
itinerário de volta, os vagões levavam manufaturas para serem vendidas nas cidades do
interior.

AS CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA NA FASE INICIAL

Até 1930, o setor industrial nascente no Brasil apresentou as seguintes características


principais:

a) SUBORDINAÇÃO AO CAPITAL CAFEEIRO  como já foi dito, a indústria paulista foi “filha” do
café.

b) PREDOMÍNIO DE INDÚSTRIAS DE BENS DE CONSUMO NÃO-DURÁVEIS  as fábricas têxteis


eram majoritárias, mas também havia fábricas de calçados, sabão, ceras e velas, metalúrgicas
etc.

c) INEXISTÊNCIA DA INDÚSTRIA DE BASE  os investimentos para esse setor eram muito altos,
e o Brasil não dispunha de uma política industrializante ainda.

d) PRODUÇÃO VOLTADA PARA O MERCADO LOCAL  o Brasil não tinha condições de exportar
produtos industrializados naquela época, concorrendo com as potências industriais (Inglaterra,
Alemanha, França, Estados Unidos).

Taylorismo
O Taylorismo é um sistema de gestão do trabalho baseado em diversas técnicas para aumentar
o rendimento do trabalhador. Foi desenvolvido no início do século XIX, a partir de estudos
sobre os movimentos do homem e da máquina nos processos produtivos fabris.

Características

O Taylorismo busca aumentar a eficiência operacional do trabalho, extraindo o melhor


rendimento de cada funcionário. Para isso, é elaborado um sistema de racionalização do
trabalho, no qual cada trabalhador se especializa em uma etapa específica do processo
produtivo. Desta maneira, cada aspecto do trabalho deve ser estudado e desenvolvido
cientificamente. Assim, com a análise dos processos produtivos, foi possível aperfeiçoar a
capacidade de trabalho do operariado. O foco era economizar o máximo em termos de esforço
produtivo.

Devemos salientar que o taylorismo não está preocupado com as inovações tecnológicas, mas
sim com as possibilidades de controlar a linha de produção.

Através de uma padronização contínua, pelo estabelecimento de um sistema de supervisão e


controle, o homem acabou se transformar por uma peça da máquina. Entretanto, foi isto que
fez surgir condições de trabalho capazes de aumentar a produtividade e o lucro.

Inovações do Taylorismo

 O taylorismo emprega basicamente cinco princípios, a saber:


 Substituição de métodos baseados na experiência por metodologias cientificamente
testadas;
 Seleção e treinamento rigoroso dos trabalhadores, de modo a descobrir suas melhores
competências, as quais devem ser continuamente aperfeiçoadas;
 Supervisão contínua do trabalho;
 Execução disciplinada das tarefas, de modo a evitar desperdícios;
 Fracionamento do trabalho na linha de montagem, a fim de dividir as funções
produtivas de cada trabalhador, diminuindo assim sua autonomia.
Além disso, atribui-se a Taylor:

O estudo de metodologias para evitar a fadiga do trabalhador,

O estímulo salarial proporcional a produtividade, com premiações por desempenho,

A hierarquização da cadeia produtiva, a qual afasta o trabalho manual do trabalho intelectual e


garante à gerência, detentora do conhecimento geral da produção, o controle sobre os
trabalhadores.

As ideias de Taylor inspiraram empresários como Henry Ford para criar um método de linha de
montagem que seria denominado Fordismo.

Fordismo
O Fordismo é um modo de produção em massa baseado na linha de produção idealizada por
Henry Ford. Foi fundamental para a racionalização do processo produtivo e na fabricação de
baixo custo e na acumulação de capital.

Características

O Fordismo recebeu este nome em homenagem ao seu criador, Henry Ford. Este instalou a
primeira linha de produção semi automatizada de automóveis no ano de 1914. Este se tornaria
o modelo de gestão da Segunda Revolução Industrial e perduraria até meados da década de
1980.

Este sistema de produção em massa, denominado linha de produção, constituía-se em linhas


de montagem semiautomáticas, possibilitadas pelos pesados investimentos para o
desenvolvimento de maquinários e instalações industriais.

Por sua vez, o Fordismo tornou esses produtos acessíveis ao mercado consumidor em massa,
na medida em que reduziu o custo da produção e barateou os artigos produzidos.

Note que a diminuição dos preços veio acompanhada pela queda na qualidade dos produtos
fabricados.

Por conseguinte, este modelo se espalhou pelo mundo e se consolidou no pós-guerra e


garantindo os anos dourados de prosperidade aos países desenvolvidos.

Ademais, provocou um crescimento econômico sem precedentes e permitiu a criação das


sociedades de bem-estar-social nestes países. O padrão produtivo alcançou outras linhas de
produção, principalmente nos setores siderúrgicos e têxteis.

Henry Ford e o Fordismo

Henry Ford (1863-1947) foi o criador do sistema Ford de produção automobilística, em sua
fábrica, a "Ford Motor Company".

Foi a partir dela que ele estabeleceu sua doutrina, seguindo 3 princípios básicos:

Intensificação: permite dinamizar o tempo de produção;

Economia: tem em vista manter a produção equilibrada com seus estoques;

Produtividade: visa extrair o máximo da mão de obra de cada trabalhador.

Fordismo e Taylorismo

Henry Ford aperfeiçoou os preceitos de Frederick Taylor, denominado taylorismo, sobre o


conceito de linha de montagem.

Toyotismo
O Toyotismo é um sistema (ou modelo) nipônico de produção de mercadorias, com vista à
flexibilização na fabricação de produtos.

Este sistema vai substituir o Fordismo enquanto modelo industrial vigente a partir da década
de 1970.

Origem do Toyotismo

O Toyotismo foi idealizado pelos engenheiros Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-
1990) e Eiji Toyoda (1913-2013).

Este modelo produtivo foi desenvolvido entre 1948 e 1975 nas fábricas da montadora
japonesa de automóveis Toyota, da qual herdou o nome.

O método foi elaborado para recuperar as indústrias japonesas no período pós-guerra. Com o
país destruído, um mercado pequeno e dificuldade em importar matéria-prima, o Japão
necessitava fabricar com o menor custo possível.

Características do Toyotismo

Taiichi Ohno percebeu que o melhor era esperar receber encomendas para começar a
produção de automóveis a fim de economizar em aluguéis de armazéns.

Ao poupar espaço na estocagem de matérias-primas e mercadorias, as fábricas aumentavam a


produtividade, uma vez que diminui o desperdício, o tempo de espera, a superprodução e os
gargalos de transporte.

Apesar das condições geográficas do país, com espaços e mercados consumidores pequenos, a
Toyota foi capaz de se tornar a maior montadora de veículos do mundo.

Isto só foi possível graças ao avanço tecnológico nos meios de transporte e comunicação, os
quais permitiram a rapidez e pontualidade do fluxo de mercadorias da produção flexibilizada
do sistema toyotista.

A sincronia entre os sistemas de fornecimento de matérias-primas, de produção e de venda,


foi o segredo do sucesso.

Inovações do Toyotismo

O toyotismo introduziu mudanças que permitiram: produção adequada à demanda; redução


dos estoques; diversificação dos produtos fabricados; automatização de etapas da produção;
mão de obra muito mais qualificada e multifuncional.

Os engenheiros da Toyota flexibilizaram totalmente a produção, fabricando e estocando


apenas o necessário. O sistema de cronometragem ficou conhecido como “Just in time” (no
tempo certo).

A automatização, utilizando máquinas cada vez mais modernas, reduziu significativamente os


gastos com mão de obra. Por sua vez, esta é extremamente qualificada e opera em equipes de
trabalho lideradas pelo profissional mais capacitado.
Estes mesmos trabalhadores serão responsáveis pela inspeção de qualidade do início ao fim do
processo produtivo.

Por fim, vale salientar os princípios do Toyotismo, quanto ao gerenciamento:

“Kaizen”: aprimorar as operações de negócios de forma ininterrupta;

“GenchiGenbutsu” (Vá e veja): consiste na análise das fontes dos processos produtivos e dos
problemas de produção.

A partir da década de 1970, quando as sucessivas crises do petróleo abalaram o capitalismo, o


modelo Toyotista vai se difundir mundialmente.

Críticas ao Toyotismo

As mesmas vantagens pregadas pelor Toyotismo podem se converter em problemas sérios.


Afinal, este modelo é dependente da importação de matérias-primas e não possui estoques
significativos de produtos.

Com a produtividade em alta, menos mão de obra é necessária, o que gera um grande
aumento no desemprego, em função da tecnologia que diminui os postos de trabalho.

Portanto, este modelo industrial é um dos principais responsáveis pelo desemprego no setor
secundário da economia. Igualmente, pelo aumento das terceirizações no processo de
produção.

Curiosidades

Da lógica de controle permanente de qualidade do Toyotismo, surgem os certificados de


qualidade ISO que agora são respeitados em todo o mundo.

A Toyota investiu muito as pesquisas de mercado para adequar seus produtos às exigências
dos clientes.

ATIVIDADE DE REVISÃO

1- Cite as características que permeia a industrialização brasileira até os


dias atuais

2- Qual política de incentivo à o Estado brasileiro assume, a partir de


1930?

3- Qual a posição do Brasil no cenário econômico mundial?


4- A industrialização brasileira tem como marco a década de 30, com o
processo de implantação de setores de base. Isto não quer dizer que,
antes daquela década, não houvesse indústrias no país. Elas existiram só
que compuseram um setor de pouca monta e, ainda?

5- A utilização de métodos científicos no taylorismo era norteada por um


conjunto de quatro princípios básicos de produção. Cite-os ?

6- Qual A principal diferença entre o taylorismo e o toyotismo?

7 Explique a à indústria fordista.

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