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Professor: Bruno Maia


OSG 2101/19

GÊNEROS LITERÁRIOS
Podemos enquadrar as obras literárias em três grandes gêneros:

1. GÊNERO LÍRICO – POESIA

Predominam os aspectos subjetivos (expressão do eu): a sublimidade da beleza


poética, que reflete as mais profundas sensações do espírito humano, é o que consti-
tui, em essência, o lirismo. Normalmente, no gênero lírico, os textos aparecem dispos-
tos em verso.

Elementos de versificação
• VERSO → Cada linha que compõe um poema. Eis os principais tipos de versos:

Versos regulares (clássicos) Com métrica e rima regulares (seguem as regras clássicas)
Versos isométricos O mesmo que versos regulares
Versos heterométricos Versos sem regularidade métrica e/ou rímica
Versos brancos Sem rimas
Versos livres Sem métrica (às vezes, sem rima também)

• ESTROFE → Conjunto de versos. Principais tipos de estrofes:

Dísticos Dois versos


Tercetos Três versos
Quartetos (quadras) Quatro versos
Oitavas Oito versos

• MÉTRICA → Número determinado de sílabas poéticas em cada verso. Para definir o nú-
mero de sílabas métricas de um verso, observam-se, geralmente, as seguintes normas:
– A leitura de um verso deve ser caracterizada pelo ritmo.
– Faz-se a contagem de todas as sílabas gramaticais do verso.
– A contagem de sílabas gramaticais deverá ir até a sílaba tônica da última palavra,
descartando as sílabas que eventualmente aparecerem após ela.
– Procurar acomodar as sílabas seguindo a entonação.
– Os ditongos crescentes, em geral, equivalem a apenas uma sílaba métrica.
– Normalmente, quando uma palavra termina em vogal e a palavra imediatamente
posterior se inicia também por vogal, unem-se estes sons em uma só sílaba métrica.
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Cuidado: não confundir sílabas gramaticais com sílabas métricas.

As métricas mais comuns são as seguintes:

Pentassílabos (redondilha menor) 5 sílabas métricas

Heptassílabos (redondilha maior) 7 sílabas métricas

Decassílabos (heroicos) 10 sílabas métricas

Dodecassílabos (alexandrinos) 12 sílabas métricas

• RITMO → Cadência sonora dos versos (alternância de sílabas átonas e tônicas).

• RIMA → Repetição de sons semelhantes no final de versos diferentes ou no interior de


um mesmo verso.

No quadro a seguir, eis os principais tipos de rimas:

CLASSIFICAÇÃO DAS RIMAS


TIPOS DE RIMA
CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS
QUANTO
Que Juízes mentecaptos
sabendo jurisprudência
Consoantes (puras) castiguem uma inocência
→ rimam os sons como fez Pôncio Pilatos
consonantais e que para certos contratos
vocálicos da sílaba o réu, que a si se condena
à semelhança tônica absolvam de culpa, e pena
(natureza) de com uma interlocutória!
sons Boa história.
Gregório de Matos Guerra

Toantes (imperfei- Há maneiras mais fáceis de se expor ao ridículo, que não


tas) → rimam requerem prática, oficina, suor.
apenas os sons Maneiras mais práticas de pagar mico e dizer olha eu
vocálicos da sílaba aqui, sou único, não me amem por favor.
tônica BRITO, P. H. In Biodiversidade.

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Ricas → as palavras Recordo ainda... E nada mais me importa (verbo)


que rimam perten- Aqueles dias de uma luz tão mansa (adjetivo)
cem a classes gra- Que me deixavam, sempre, de lembrança (substantivo)
maticais diferentes Algum brinquedo novo à minha porta... (substantivo)
à qualidade QUINTANA, M. In Recordo ainda.
ou categoria
Pobres → as pala- Mas veio um vento de Desesperança (substantivo)
gramatical
vras que rimam Soprando cinzas pela noite morta! (adjetivo)
pertencem à mes- E eu pendurei na galharia torta (adjetivo)
ma classe gramati- Todos os meus brinquedos de criança... (substantivo)
cal QUINTANA, M. In Recordo ainda.

Alternadas (cruza- Rebento, substantivo abstrato, A


das) → em versos O ato, a criação, o seu momento, B
alternados – padrão Como uma estrela nova e seu barato A
ABAB Que só Deus sabe lá, no firmamento B
GIL, G. In Rebento.

Paralelas (empare- Rosas te brotarão da boca, se cantares! A


lhadas) → rima de Rios te correrão dos olhos, se chorares! A
à disposição um verso com o E se, em torno ao teu corpo encantador e nu, B
ao longo do outro que imedia- Tudo morrer, que importa? A Natureza és tu. B
tamente o sucede – BILAC, O. In A alvorada do amor.
poema
padrão AABB
Interpoladas (opos- Será assim, amiga: um certo dia A
tas) → rima de Estando nós a contemplar o poente
versos extremos de Sentiremos no rosto, de repente
uma estrofe – O beijo leve de uma aragem fria A
padrão ABBA, MORAES, V. In Soneto da hora final.
ABBCCA etc.

PRINCIPAIS MODALIDADES DE TEXTOS LÍRICOS


• BALADA → Poema feito para ser cantado. Normalmente, a balada é composta por 3
oitavas, com versos de 8 sílabas métricas, e o último verso de cada estrofe funciona
praticamente como um refrão, retomando versos anteriores.
• ÉGLOGA → Composição poética de tema pastoril ou campestre, louvando as virtudes
de uma vida mais bucólica, amena.
• ELEGIA → Poema cuja temática, originalmente, girava em torno de lamentações fúne-
bres, num tom reflexivo. Mais tarde, tal formato assumiu outras temáticas, normalmen-
te relacionadas à exposição de sentimentos dolorosos tão comuns à condição humana.
• HAICAI → Composição poética de origem oriental, composta por apenas 17 sílabas
métricas, dispostas em 3 versos, sendo o primeiro e o terceiro com 5 sílabas cada e o
segundo com 7 sílabas.
• LIRA → Poema formado normalmente por um estribilho (refrão) que se repete ao final
de cada estrofe, numa estrutura com métrica e rimas regulares.

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• MADRIGAL → Composição poética curta, normalmente destinada a um galanteio amo-


roso. Normalmente, os madrigais são compostos por versos com 5, 6, 7 ou 10 sílabas
métricas.
• ODE → Modalidade poética cujo intuito maior é a exaltação de pessoas, fatos grandio-
sos, amor, prazeres da vida, etc., sem uma estrutura mais rígida.
• SONETO → Poema formado por dois quartetos e dois tercetos, normalmente com mé-
trica e rima regulares, em versos decassílabos.

Observação: as modalidades citadas


apresentam variações em muitos casos.

2. GÊNERO DRAMÁTICO – TEATRO

São os textos, em verso ou prosa, feitos para serem representados, encenados para
um público. Uma peça teatral é formada essencialmente de textos dialogados, de monó-
logos e dos gestos, encenações e marcações indicadas pelo autor do texto, nas rubricas,
ou pelo diretor. A história é apresentada pelos próprios atores, praticamente inexistindo
a figura do narrador.
Basicamente, este gênero compreende as seguintes modalidades:
• TRAGÉDIA → Representação de um fato trágico suscetível de despertar no público
sentimento de medo, terror e piedade.
• COMÉDIA → Representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum,
que provoca riso fácil, em geral satirizando usos e costumes de um tempo.
• DRAMA → Passou a ser mais difundido a partir do século 19. Caracteriza-se por mistu-
rar características da tragédia e da comédia.
• FARSA → Variante da comédia, pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural,
que critica a sociedade e seus costumes.
• AUTO → Peça breve, de tema religioso ou profano, com forte circulação durante a
Idade Média, de acentuada conotação moral e de estrutura simples. Normalmente, os
autos possuíam acompanhamento musical.

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3. GÊNERO NARRATIVO (ÉPICO) – NARRATIVA

Grandes autores, grandes obras da literatura brasileira.

Predominam os aspectos objetivos. É o gênero de ficção, que se estrutura sobre


uma história a ser contada.

Elementos de uma narrativa

• ENREDO → O desenrolar dos acontecimentos. Normalmente, desenvolve-se a partir


de um conflito inicial, chegando a um ponto máximo, que chamamos de nó ou clí-
max, havendo, ao final, o desfecho de tudo. Os textos narrativos podem apresentar,
basicamente, dois tipos de enredo:
– linear: a sequência narrativa apresenta início, meio e fim, narrados nesta ordem;
– não linear: a sequência narrativa altera a ordem de exposição do início, meio e fim.
• PERSONAGENS → São os seres que participam do desenrolar dos acontecimentos;
tais como os atores num filme. Damos o nome de protagonista ao personagem prin-
cipal de uma narrativa que, via de regra, vai defrontar-se com um personagem opo-
nente, chamado de antagonista. Quanto à caracterização, os personagens classifi-
cam-se em:

Comportamento previsível, sem maior profundidade psicológica


Planos
e com traços mais superficiais.
Comportamento imprevisível; modificam-se ao longo da narrati-
Esféricos (redondos)
va e apresentam maior profundidade psicológica.
Normalmente planos; há o exagero de algum traço específico,
Caricaturais fato que desperta o riso do leitor ou uma visão crítica sobre uma
situação qualquer.
Personagem-tipo Representa todo um grupo social.

Secundários Desempenham um papel secundário no desenrolar do enredo.

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• TEMPO → É o "quando" da história narrada. Numa narrativa, pode haver predomínio


do tempo:
– Cronológico (objetivo) – demarcado por critérios físicos, concretos (horas, me-
ses, anos, dias etc.), os quais evidenciam a sucessão do tempo – passado, presen-
te e futuro.
– Psicológico (subjetivo) – não respeita a sequência objetiva dos fatos, pois é de-
marcado pelo fluxo da consciência dos personagens, o qual embaralha, no pre-
sente, passado e futuro.
• ESPAÇO → É o "onde" da história narrada. Pode ser real (demarcado geograficamen-
te) ou imaginário (livre criação do autor).
• NARRADOR → É quem conta a história. Para isso, o narrador pode posicionar-se de
maneiras diversas. Dependendo da perspectiva do narrador, uma obra literária pode
assumir um:
– Foco narrativo em 1ª pessoa (interno): o narrador, ao mesmo tempo que narra,
participa como personagem da história, sendo chamado de personagem-
narrador.
– Foco narrativo em 3ª pessoa (externo): o narrador é apenas um observador da-
quilo que relata. O foco narrativo em 3ª pessoa também pode ser subdividido
em:
→ Foco restritivo: o narrador narra apenas aquilo que "vê", ou seja, não tem o po-
der de penetrar na mente dos personagens.
→ Foco onisciente: o narrador conduz a história conhecendo totalmente os fatos e
o íntimo dos personagens.

MODALIDADE DE TEXTOS NARRATIVOS

Em verso:
EPOPEIA → Narrativa, em forma de versos, de um fato grandioso e maravilhoso que
interessa a um povo. É uma poesia objetiva, impessoal, cuja característica maior é a presença
de um narrador falando do passado.
Em prosa:
ROMANCE → Longa narrativa, apresentando um núcleo central e outros periféricos.
Há um número expressivo de personagens e grande liberdade de tempo e espaço. Dependen-
do da importância dada ao personagem ou à ação, podemos ter romances: de costumes,
psicológico, policial, regionalista, histórico etc.
CONTO → Curta narrativa. Normalmente apresenta um único conflito, que se de-
senvolve de maneira abreviada e com poucos personagens.

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NOVELA → Atualmente, confunde-se com o romance. Caracteriza-se por um enca-


deamento de várias narrativas entrelaçadas e interdependentes.
CRÔNICA → Gênero que nasce nos jornais (colunas assinadas). A crônica normal-
mente é um texto curto, que aborda cenas do cotidiano. A narrativa apresentada nem sempre
apresenta início, meio e fim bem delimitados e se abre a comentários e impressões do narra-
dor, que se mistura à figura do autor. Às vezes, a crônica se confunde com o conto.
FÁBULA → Narrativa com fundo didático-moral, que tem como objetivo transmitir
uma espécie de "moral da história". Normalmente, apresenta animais como personagens.
Quando os personagens são seres inanimados (objetos), a fábula recebe o nome de apólogo.

ESCOLAS LITERÁRIAS: CRONOLOGIA SUMÁRIA

1500 – Carta de Caminha ao Rei D. Manuel I 1902 – Os sertões, de Euclides da Cunha, e


1601 – Prosopopeia, de Bento Teixeira Canaã, de Graça Aranha
1768 – Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa 1922 – Semana de Arte Moderna e Pauliceia
1836 – Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves desvairada, de Mário de Andrade
de Magalhães 1930 – Alguma poesia, de Carlos Drummond de
1881 – Memórias póstumas de Brás Cubas, de Andrade
Machado de Assis (Realismo), e O mulato, de Aluísio 1945 – Fim do Estado Novo
Azevedo (Naturalismo) 1960 – Golpe Militar (1964)
1882 – Fanfarras, de Teófilo Dias
1893 – Missal e Broquéis, de Cruz e Souza

Observação:
As datas que delimitam um período literário são relativas, pois é impossível
delimitar com total rigor o início e o fim de um estilo e, além disso, um escritor pode
escrever em diferentes momentos e apresentar características de diferentes estilos.

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QUINHENTISMO (1500-1601)
Literatura de Informação e Formação

MEIRELLES, V. Primeira Missa. Museu Nacional de Belas Artes.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• As Grandes Navegações.
• O prestígio de Portugal em virtude de sua hegemonia marítima.
• Efeitos da Reforma Protestante e da Contrarreforma.
No Brasil
• O descobrimento do Brasil.
• A exploração do pau-brasil.
• A influência dos jesuítas.

ASPECTOS CENTRAIS
• Literatura sobre o Brasil, descrevendo a paisagem, o índio e os primeiros grupos sociais.
• Pouco valor artístico; maior valor histórico.
• Serviu como fonte de inspiração e pesquisa para manifestações literárias posteriores.

Identificam-se, neste período, duas modalidades de textos.

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1. LITERATURA INFORMATIVA

Reprodução da última página da Carta de Caminha, cujo original se encontra no arquivo nacional da Torre do Tombo, Portugal.

Características
• Produzida pelos viajantes e cronistas que aqui estiveram.
• Descrição da terra e do selvagem, que demonstra as intenções do colonizador: ex-
ploração e domínio – conquista material.
• Visão paradisíaca da nova terra, refletindo o deslumbramento do europeu diante da
exuberância da natureza tropical.
Principais autores e obras
• Pero Vaz de Caminha – Carta.
• Pero de Magalhães Gândavo – História da Província de Santa Cruz.
• Gabriel Soares de Sousa – Tratado descritivo do Brasil.
• Hans Staden – Viagem ao Brasil.
• Pe. Fernão Cardim – Tratados da terra e da gente do Brasil.

2. LITERATURA DOS JESUÍTAS

CALIXTO, B. Anchieta escrevendo na praia, óleo sobre tela. Acervo do Colégio São Luís – SP.

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Características
• Produzida pelos jesuítas.
• Influenciada pelos ideais da Contrarreforma.
• Objetivo: converter os índios à fé católica – conquista espiritual.
• Textos produzidos:
– poesia de devoção;
– cartas e relatórios;
– teatro de cunho pedagógico-evangelístico (os autos), muito úteis aos trabalhos de
evangelização.

Principais autores e obras


• Pe. José de Anchieta – Gramática da língua tupi, poesia de cunho medieval, peças de
teatro (autos).
• Pe. Manuel da Nóbrega – Diálogo sobre a conversão do gentio.

BARROCO (1601-1768)
O homem em conflito

CARAVAGGIO, M. A conversão de São Paulo. 1601. Óleo sobre tela color: 203 x 175 cm. Santa Maria de Papole, Roma.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Apogeu do Absolutismo e da Contrarreforma.
• Fim das Grandes Navegações.
No Brasil
• A Bahia como centro econômico e político, em virtude do ciclo da cana-de-açúcar.
• A exploração institucionalizada.
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ASPECTOS CENTRAIS
• Literatura de contrastes – choque entre valores renascentistas (paganismo) e valores
medievais (cristianismo).
• Dualismo – a arte barroca trabalha com as seguintes oposições:
– antropocentrismo x teocentrismo;
– matéria x espírito;
– carnal x espiritual;
– pecado x perdão;
– eterno x efêmero;
– vida x morte;
– amor sensual x amor platônico.
• Fusionismo – mitologia pagã e religiosidade cristã.
• Rebuscamento – a arte barroca demonstra enorme riqueza de detalhes, um ornamenta-
lismo estético significativo, às vezes exagerado.
• Correntes do Barroco:

CULTISMO (GONGORISMO) CONCEPTISMO (QUEVEDISMO)

Predomínio na poesia Predomínio na prosa

Mais relacionado à forma Mais relacionado ao conteúdo

Atitude sensorial (apelo aos sentidos, às ima- Atitude intelectual (apelo ao raciocínio, aos
gens) conceitos)
Jogo de palavras, em textos acentuadamente Jogo de ideias, em textos acentuadamente
descritivos argumentativos

Rebuscamento formal (ornamentação estilística) Retórica aprimorada

Uso exagerado de figuras de linguagem (antíte-


ses, paradoxos, hipérboles, hipérbatos, metáfo- Jogo intelectual de paradoxos e sutilezas lógicas
ras etc.)

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


• Gregório de Matos (o Boca do Inferno) – sua poética se divide em:
– poesia religiosa: o pecador arrependido diante de um Deus perdoador;
– poesia lírica: amorosa, carpe diem, certa atitude reflexivo-filosófica;
– poesia satírica: críticas à sociedade de sua época, linguagem obscena, sátiras maliciosas.
• Padre Antônio Vieira – Oratória sacra conceptista. Privilegiou as grandes questões político-
-sociais. Escreveu mais de 200 sermões.
• Outros autores – Bento Teixeira, Manuel Botelho de Oliveira e Sebastião da Rocha Pita.

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ARCADISMO OU NEOCLASSICISMO (1768-1836)

Eu quero uma casa no campo...

As paisagens campestres servem de cenário para muitos textos árcades.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Século 18 – o "Século das Luzes".
• O Iluminismo.
No Brasil
• A expulsão dos jesuítas do Brasil (1759).
• Ciclo da Mineração.
• Minas Gerais como centro econômico e político.
• A Inconfidência Mineira (1789).

ASPECTOS CENTRAIS
• Racionalismo: superação dos conflitos espirituais do período Barroco.
• Retomada dos valores clássicos – o belo, o bem, a verdade, a perfeição e a harmonia.
• Pastoralismo: utilização de pseudônimos pastoris.
• Valorização das convenções clássicas e da mitologia greco-romana:
– Fugere urbem: fuga dos centros urbanos;
– Locus amoenus: opção pelo bucolismo, pela vida em contato com a natureza, no cam-
po (pastores, riachos, ovelhas etc.);
– Aurea mediocritas: exaltação da vida simples, honrada, equilibrada e harmônica.
– Carpe diem: viver o presente.
– Inutilia truncat: simplicidade estilística, clareza, equilíbrio (reação contra os excessos
formais do Barroco).
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QUADRO COMPARATIVO

BARROCO ARCADISMO
Predomínio da subjetividade Predomínio da objetividade
Influência da Contrarreforma Influência das ideias iluministas
Oposição Equilíbrio
Predomínio dos valores cristãos Predomínio dos valores pagãos
Homem em conflito Homem em equilíbrio
Predileção pela ordem inversa Predileção pela ordem direta
Linguagem mais complexa Linguagem mais simples

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Cláudio Manuel da Costa (Glauceste Satúrnio)
• Ainda certas heranças barrocas, como a presença de elementos contrastantes.
• Obras poéticas (1768) – marco inicial do Arcadismo no Brasil.
• Vila Rica – poema épico.

Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu)


• Cartas chilenas – poesia satírica.
• Marília de Dirceu – poesia lírica. Esta obra apresenta traços pré-românticos, como a
subjetividade e o sentimentalismo.

Basílio da Gama (Termindo Sipilio)


• O Uraguai – poema épico, em versos brancos, que conta a expulsão dos jesuítas da região
dos Sete Povos das Missões.

Frei Santa Rita Durão


• Caramuru – poema épico, em estilo camoniano, que fala sobre o descobrimento e a
conquista da Bahia pelo português Diogo Álvares Correia (Caramuru).
Outros autores: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.

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ROMANTISMO (1836-1881)
A apoteose do sentimento

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Guerras napoleônicas (desdobramentos da Revolução Francesa).
• O legado da 1ª Revolução Industrial.
• O liberalismo burguês.
No Brasil
• A vinda da família real portuguesa para o Brasil.
• O período joanino (1808-1821).
• A Independência (1822).

ASPECTOS CENTRAIS
• Liberdade de criação e de expressão – a literatura se torna uma atividade essencialmen-
te subjetiva, produto da inspiração, da emoção e da individualidade do artista.
• Anticlassicismo – a liberdade de pensamento e de criação faz do romântico um opositor
natural do Classicismo e do Neoclassicismo (maior liberdade de formas).
• Sentimentalismo – supervalorização do amor – o coração é a medida mais exata da
existência; o amor é o valor supremo da vida.
• Idealização – a fuga da realidade vai-se manifestar ora pela criação de um mundo ideal
(cenários maravilhosos, exóticos e luxuosos), ora pela morte.

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• Agradar ao público – a literatura romântica reflete o gosto burguês da época, público


consumidor-leitor das obras.
• Forte nacionalismo – valorização do passado histórico, da cor local, orgulho pela pátria
(ufanismo).
• Culto à natureza – a natureza exótica, exuberante e riquíssima, vista como fonte de
inspiração, motivo de orgulho, refúgio onde o poeta busca conforto e identidade, espe-
lho que reflete o estado de alma do artista. A todos esses sentimentos acrescenta-se a
religiosidade, que vê a natureza como expressão da força divina.
• Indianismo – o indígena é a figura idealizada do herói nacional valoroso, nobre, defensor
e servidor da mulher amada, que o torna um personagem legendário, mítico, com carac-
terísticas de herói branco, de cavaleiro medieval.

QUADRO COMPARATIVO

ARCADISMO ROMANTISMO
Modelos clássicos, seguidos com certo rigor – Não há modelos a serem seguidos com rigor –
maior disciplina maior liberdade
Formas poéticas fixas Versificação mais livre
A arte tende ao geral, ao universal A arte tende ao particular, individual
Inspiração na Antiguidade Clássica – paganismo Inspiração na Idade Média – cristianismo
Certa elitização – erudição Motivos mais populares
Impessoalidade, objetividade Pessoalidade, subjetividade
Apelo à imaginação, à sensibilidade – predomí-
Apelo à inteligência – predomínio da razão
nio da emoção
Imagem mais sentimental e subjetiva do amor
Imagem mais racional do amor e da mulher
e da mulher
Homem em equilíbrio Homem em liberdade
A natureza é decorativa A natureza é expressiva

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POESIA ROMÂNTICA
Tradicionalmente, costuma-se dividir a poesia romântica em três gerações distintas:

1ª GERAÇÃO (1836-1850)

DEBRET, J. B. Chefe de bororenos partindo para uma expedição guerreira.

ASPECTOS ESSENCIAIS
• Fase de implantação e de consolidação do Romantismo.
• Influências de Jean-Jacques Rousseau (o mito do bom selvagem).
• Predomínio do nacionalismo e patriotismo.
• Indianismo e culto à natureza.
• Forte religiosidade.
• Poesia amorosa, idealizante e marcadamente sentimental.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Gonçalves de Magalhães
• Poeta de importância mais histórica do que literária.
• Suspiros poéticos e saudades (1836) – 1ª obra do Romantismo brasileiro.
• A Confederação dos Tamoios – poema épico.

Gonçalves Dias
• Um dos poetas fundamentais da literatura brasileira.
• Principais temas em sua obra: o índio (poesia indianista), a frustração amorosa (poesia
lírico-amorosa), a natureza e as saudades de sua terra natal.
• Obras: Primeiros cantos, Segundos cantos, Últimos cantos, Os timbiras (poesia) e Leonor de
Mendonça (teatro).

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2ª GERAÇÃO (1850-1860)

ASPECTOS ESSENCIAIS
• Também chamada de geração byroniana ou Ultrarromantismo.
• Influências de Lord Byron (principalmente), Musset e Lamartine.
• Subjetivismo, egocentrismo, tendendo ao sonho e à evasão (fuga) da realidade.
• Temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio.
• Forte tendência para o devaneio, o erotismo difuso ou obsessivo, a melancolia, o tédio, o
pessimismo e a insatisfação.
• Obsessão pela imagem da morte.
• O medo de amar, o amor platônico e irrealizado.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Álvares de Azevedo
• O maior nome da 2ª Geração Romântica.
• Obra influenciada por Lord Byron e por Musset, de quem herdou as características do
spleen (sarcasmo, ironia e autodestruição).
• Suas poesias falam de morte e de amor, este sempre idealizado, que nunca se materiali-
za: daí a frustração, o sofrimento e a dor.
• Principais obras: Lira dos vinte anos (poesia), Noite na taverna (contos) e Macário (teatro).

Casimiro de Abreu
• Apesar da pouca qualidade técnica, gozou de grande sucesso em sua época.
• Temas: a saudade, a infância, a família e o amor platônico.
• Seus últimos poemas são marcados pelo pessimismo.
• Principal obra: As primaveras.

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Junqueira Freire
• Sua obra poética, composta de dois livros, reflete as contradições e atribulações de sua
vida: Inspirações do claustro e Contradições poéticas.
• Temas: vida religiosa x vida mundana; obsessão pela morte.

Fagundes Varela
• Autor de transição entre a 2ª e a 3ª gerações românticas.
• Sua poesia abrangeu praticamente todos os temas do Romantismo.
• Uma primeira fase de sua obra engloba as produções da década de 1860, em que se
misturam o "mal do século", o patriotismo, a luta abolicionista, a natureza e a morte.
• Já a segunda fase representa sua produção do início da década de 1870 e se caracteriza
pelo misticismo religioso. A religião torna-se seu escape, uma espécie de redenção de
seus sofrimentos pessoais.

3ª GERAÇÃO (1860-1880)

RUGENDAS, J. M. Navio engreiro.

ASPECTOS ESSENCIAIS
• Inspiração no profetismo (tom grandiloquente) de Víctor Hugo.
• Também conhecida como Geração Condoreira ou Condoreirismo – estilo grandioso,
retórico, com uma linguagem que visa à grandiloquência.
• Contempla as produções poéticas dos momentos finais do Romantismo no Brasil e muito
próximas ao Realismo.
• É a poesia social e libertária do Romantismo, que se volta para temáticas sociais e políticas.
• O amor platônico perde espaços, que vão sendo ocupados por manifestações mais sen-
suais e até eróticas de amor: a mulher se apresenta mais real e palpável.

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PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Castro Alves
• O maior nome da 3ª Geração Romântica.
• Sua poesia, além de apresentar caráter individualista e amoroso, também é de cunho
social, abolicionista e liberal.
• No que diz respeito ao amor, Castro Alves abandona a visão platônica e imaginária da
segunda geração e adota uma postura em que se destaca o sensualismo ousado, carnal
da experiência amorosa plena.
• Principais obras: Espumas flutuantes, A cachoeira de Paulo Afonso, Os escravos (poesia) e
Gonzaga ou a Revolução de Minas (teatro).
Outros autores: Sousândrade e Tobias Barreto.

PROSA ROMÂNTICA
Os romances românticos brasileiros tiveram grande aceitação pelo público burguês à
época. Tais obras possuem as seguintes características:
• Estrutura folhetinesca → Originalmente publicados capítulo a capítulo nos folhetins, os
romances românticos procuram valorizar a ação, de modo que cada capítulo apresente
uma espécie de suspense, a ser resolvido no próximo capítulo, o que cativava a atenção
do público leitor.
• Maniqueísmo → O triunfo do bem e a punição do mal, com intenção moralizante.
• Literatura de cor local, que procurava detalhar os costumes da época e as paisagens mais
nacionais.
• Comunhão entre a natureza e os sentimentos dos personagens.
• Personagens lineares (comportamento previsível) → Os protagonistas normalmente são
dotados de todas as virtudes físicas e morais, e os antagonistas são claramente caracteri-
zados como tais.
• Obediência à seguinte "dinâmica do amor":

• Normalmente, as histórias apresentam um final feliz (happy end) ou, em alguns casos, o
oposto: um final absolutamente trágico.

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Podemos dividir os romances românticos em:

Urbanos A ação retrata a vida na corte (cidade do Rio de


(citadinos ou de costumes) Janeiro) ou adjacências.

Regionalistas A ação retrata a vida rural.

O índio aparece como protagonista em seu


Indianistas
estado primitivo.

Históricos A ação se ambienta num passado remoto.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Teixeira e Sousa
• Publicou o primeiro romance romântico brasileiro, intitulado O filho do pescador (1843).
Importância mais histórica do que literária.
Joaquim Manuel de Macedo
• Autor de grande popularidade em sua época.
• Embora tenha escrito vários romances, não apresentou evolução de estilo de uma obra
para outra. Enredos fáceis, cenas bastante previsíveis e sempre o final feliz, com o triunfo
do amor.
• Descreve os costumes da sociedade carioca da época, suas festas e tradições, numa
linguagem simples.
• Principal obra: A Moreninha (1844) → Tema: a fidelidade a um amor de infância; par
amoroso: Augusto e Carolina.
José de Alencar
• Tido como o consolidador do romance brasileiro e o maior nome da prosa romântica
brasileira.
• Procurou valorizar a pátria por intermédio de seus romances, fazendo um verdadeiro painel
do país, tanto no tempo (escrevendo romances históricos e indianistas) quanto no espaço
(romances regionalistas e romances urbanos). Além disso, utilizou-se de uma linguagem
mais brasileira, lançando mão de vocábulos de origem tupi em seus textos indianistas.
• Em seus romances, percebemos um escritor empolgado com a narrativa em si, carregan-
do-a de descrições pitorescas e de enorme adjetivação.
• Principais obras:

1. Romances urbanos (perfis de mulher)


– Diva (Augusto e Emília)
– Lucíola (Paulo e Lúcia)
– Senhora (Fernando Seixa e Aurélia Camargo; temática: a crítica ao casamento por inte-
resse / o amor que a tudo regenera).

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2. Romances indianistas → exaltam a figura do índio e também demonstram certa preocupa-


ção histórica:
– O guarani (Peri e Cecília)
– Ubirajara – focaliza o índio na fase anterior ao contato com os colonizadores.
– Iracema
→ Iracema e Martim
→ Lenda do Ceará
→ Da união entre Iracema e Martim, nasce Moacir, o primeiro brasileiro, fruto da mis-
tura entre o branco e o índio.
3. Romances regionalistas → O sertanejo, O tronco do ipê, Til, O gaúcho.

4. Romances históricos → A guerra dos mascates, As minas de prata.


Bernardo Guimarães
• Considerado o fundador do romance regionalista no Brasil, com a obra O ermitão de
Muquém (1869).
• Principais obras:
* A escrava Isaura → Álvaro e Isaura; final feliz.
* O seminarista → Eugênio e Margarida; final trágico.
Visconde de Taunay
• Também regionalista.
• Principais obras:
– A retirada da Laguna → Pinta de cores heroicas uma derrota brasileira na Guerra do
Paraguai.
– Inocência → Obra-prima do romance regionalista romântico brasileiro. O trágico tri-
ângulo amoroso entre Inocência, Manecão (marido escolhido pelo pai) e Cirino (paixão
de Inocência).
Manuel Antônio de Almeida
Única obra – Memórias de um sargento de milícias:
• Romance de costumes, que descreve a vida da sociedade do Rio de Janeiro do início do
século XIX.
• Obra que não se encaixa perfeitamente nos padrões românticos.
• Linguagem irreverente e descompromissada, documentando a linguagem popular, pito-
resca e coloquial da época.
• Leonardinho: anti-herói (malandro, bom, com virtudes e vícios).
Franklin Távora
• Regionalista nordestino, opositor de José de Alencar e defensor de uma “literatura do
Norte”.
• Temas comuns: o beato e o cangaceiro.
• Principal obra: O Cabeleira.

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REALISMO (1881-1922)

Retratos da vida como ela é

O Realismo surge no contexto da Revolução Industrial.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Revolução Industrial – o avanço definitivo da tecnologia e os progressos científicos.
• A Igreja Católica perdendo o poder.
• Surgimento desordenado das grandes metrópoles.
• Lutas proletárias.
• A influência das seguintes correntes de pensamento:
– Determinismo (Taine).
– Socialismo científico (Marx e Engels).
– Positivismo (Comte).
– Evolucionismo (Darwin).
– Psicanálise (Freud).

No Brasil
• Decadência e isolamento da Monarquia.
• Abolição da Escravatura (1888).
• Proclamação da República (1889).
• A República da Espada (1889-1894).
• Início da República Oligárquica do Café.

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Observação: Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo são manifestações


literárias que ocorreram praticamente na mesma época. Portanto, a contextualização
histórica aqui citada valerá para todas essas escolas.

ASPECTOS CENTRAIS
• Reação contra os exageros sentimentais do Romantismo.
• Objetividade e impessoalidade.
• Racionalidade (preocupação com a verdade, a clareza, a correção gramatical e atenção
aos detalhes para dar verossimilhança, coerência, ao texto).
• Observação, análise e pesquisa da realidade.
• Contemporaneidade: o autor realista tem o sentido do presente. Seus contemporâneos e
sua época são o objeto de sua análise e interpretação.
• Críticas ao comportamento e aos valores burgueses.

QUADRO COMPARATIVO
ROMANTISMO REALISMO
Ênfase na fantasia Ênfase na realidade

Predomínio da emoção → subjetividade Predomínio da razão → objetividade

Proximidade emocional entre o autor e os temas Distanciamento racional entre o autor e os temas
Atitude de escapismo (literatura como fuga da Atitude de engajamento (literatura como trans-
realidade) formação da realidade)
Retrato idealizado dos personagens e da realidade Retrato fiel dos personagens e da realidade
Mulher não idealizada, com virtudes e imperfei-
Mulher idealizada, pura e perfeita
ções
Personagens normalmente planos (pequena Personagens normalmente redondos (grande
densidade psicológica) densidade psicológica)
Linguagem predominantemente expressiva Linguagem predominantemente objetiva
Narrativa mais dinâmica, que privilegia o enredo,
Narrativa mais lenta, que privilegia a reflexão
a ação
Nacionalismo Universalismo
Valorização do passado histórico (em algumas
Valorização do presente
obras)
Amor → sentimento puro e acima de todas as
Amor → subordinado às conveniências sociais
coisas

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O maior nome do Realismo brasileiro foi...

Machado de Assis
• Escritor “polígrafo” → escreveu poesias, peças de teatro, crônicas, crítica literária e
teatral e, principalmente, romances e contos.
• Narrativas ambientadas do Rio de Janeiro de sua época.
• Obra dividida em duas fases:
– 1ª fase – romântica (até 1880) → principais obras: Ressurreição, Helena, Iaiá Garcia
(romances).
– 2ª fase – realista (a partir de 1881) → o melhor de sua produção literária.
• Principais características de sua fase realista:
– capítulos curtos, frases curtas;
– linguagem clássica, sóbria;
– metalinguagem (reflexões sobre o fazer literário, “conversas” com o leitor);
– intertextualidade (citação de outros autores);
– pessimismo temperado pelo humor refinado e pela ironia (sarcasmo);
– análise psicológica dos personagens;
– críticas à sociedade;
– a reflexão se sobrepõe ao enredo e à ação;
– ausência de finais felizes.
• Principais temas machadianos:
– adultério;
– os limites entre a loucura e a normalidade;
– o ser e o parecer;
– a mulher (ambiguidade, sensualidade);
– o dinheiro;
– a política;
– a vaidade humana.
• Principais obras de sua fase realista:
– Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) → Marco inicial do Realismo brasileiro.
Romance narrado em 1ª pessoa, tendo Brás Cubas como personagem-narrador, ou
melhor, defunto-autor, que desmascara – com certa amargura e grande ironia – a
mesquinharia, a hipocrisia e o vazio de sua existência e da sociedade em que vivera.
Foi amante de Virgília e morreu sem ver nenhum de seus intentos realizados: “(...) não
tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”.
– Quincas Borba → Romance narrado em 3ª pessoa. Tema: ao vencedor, as batatas.
Personagens: Rubião (professor que recebe a herança do filósofo Quincas Borba e
acaba morrendo pobre e louco); Quincas Borba (filósofo maluco, criador do Humani-
tismo); Quincas Borba (cachorro do filósofo); o casal Cristiano Palha e Sofia (explora-
ram inescrupulosamente Rubião).
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– Dom Casmurro → Romance narrado em 1ª pessoa, que trata do suposto triângulo


amoroso entre Bentinho (personagem-narrador), Capitu e Escobar. O grande impasse:
Capitu traiu ou não Bentinho? Na visão de Bentinho, sim; entretanto, a narrativa, que
representa o ponto de vista dele, abre lacunas para a especulação se tudo não foi
apenas obra de um marido ciumento, com uma mente obsessiva e problemática.
– Esaú e Jacó → Romance narrado e “escrito” pelo Conselheiro Aires. Forte estrutura
mítica. A eterna rivalidade entre os gêmeos Pedro e Paulo: iguais na aparência e no
amor por Flora; diferentes em todas as demais coisas.
– Memorial de Aires → romance, espécie de “diário” do Conselheiro Aires.
– Papéis avulsos / Várias histórias → livros de contos machadianos. Principais contos: A
cartomante, A causa secreta, Um homem célebre, Missa do Galo e O alienista.

NATURALISMO (1881-1922)

O Realismo sob uma ótica cientificista

VAN RIJN, R. A lição de anatomia do prof. Tulp. 1632.


Óleo sobre tela: color; 169,5 x 216,5 cm

ASPECTOS CENTRAIS
Valem para o Naturalismo praticamente todas as características do Realismo, acres-
centando-se ainda:
• As obras se colocam a serviço da comprovação de teses cientificistas, em especial, do
determinismo – escrita de romances de tese;
• Materialismo;
• Acentuado descritivismo, com ênfase em aspectos degradantes ocorrentes na sociedade;
• Amoralismo;

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• Predileção por temas “escandalosos” (homossexualismo, adultério, assassinatos etc.),


pela patologia social;
• Zoomorfização dos personagens, ressaltando-se os instintos e desinteressando-se por sua
intelectualidade.

QUADRO COMPARATIVO
REALISMO NATURALISMO
Sofre influências de Gustave Flaubert. Sofre influências de Émile Zola.

Romance documental, apoiado na observação e Romance experimental, apoiado na experimen-


na análise. tação e observação científicas.

Ênfase no individual. Ênfase no coletivo, social.

O homem como um ser, sobretudo, racional. O homem como um ser, sobretudo, instintivo.

Volta-se para a psicologia. Volta-se para a biologia e a patologia.

As obras retratam e criticam as classes dominan- As obras retratam as camadas inferiores, o prole-
tes, a alta burguesia urbana. tariado, os marginalizados.
O tratamento imparcial e objetivo dos temas
O tratamento dos temas a partir de uma visão
garante ao leitor um espaço de interpretação, de
determinista conduz e direciona as conclusões do
elaboração de suas próprias conclusões a respeito
leitor e empobrece literariamente os textos.
das obras.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Aluísio Azevedo
• Maior nome do Naturalismo brasileiro.
• Paralelamente aos romances naturalistas (o melhor de sua produção), escreveu roman-
ces românticos, de nenhum valor literário, com propósitos comerciais.
• Principais obras:
– O mulato (1881) → marco inicial do Naturalismo no Brasil.
– Casa de pensão
– O cortiço → é a sua obra-prima. Narrada em 3ª pessoa, esta obra traz como tema a in-
fluência do meio no comportamento social. O cortiço, conjunto de casinhas locadas
por João Romão, mostra-se como um local onde o comportamento e os valores de-
gradantes contaminam a todos. Alguns personagens: João Romão, Bertoleza, Miranda,
Jerônimo, Rita Baiana, Pombinha etc.

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Raul Pompeia
• O molde realista-naturalista não se encaixa perfeitamente neste autor. Talvez possamos
melhor enquadrá-lo no Impressionismo: narrativa calcada mais nas impressões e nos
sentidos do que nas coisas, com riqueza de imagens mais abstratas.
• Principal obra: O Ateneu → narrativa em primeira pessoa, com forte inspiração autobio-
gráfica. Sérgio (personagem-narrador) relata os dois péssimos anos em que vivera no
Ateneu (colégio interno, lugar onde imperava a perversidade, a hipocrisia e outros peca-
dos humanos. O Ateneu é um microcosmo do mundo, pois apresenta as mesmas falhas
deste. Outros personagens: Aristarco (o ególatra diretor do Ateneu), Ema (a sua mulher,
que ao final o abandona), Egbert, Américo etc.

Adolfo Caminha
• Romances "escandalosos". Principais obras: A normalista (o padrinho que seduz e estupra
a afilhada), Bom-Crioulo (caso homossexual trágico entre Amaro e Aleixo).

Júlio Ribeiro
• A carne (os desejos sexuais de Lenita).

Domingos Olímpio
• Luzia-homem.

Inglês de Sousa
• O missionário.

PARNASIANISMO (1882-1922)
A Arte pela Arte

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ASPECTOS CENTRAIS
• Objetividade, impessoalidade → A poesia parnasiana representa uma espécie de reação
contra os exageros sentimentais da poesia romântica. O eu lírico deixa de expressar suas
emoções, tentando mostrar-se impassível ante a realidade, embora nem sempre consiga.
• Apego à tradição clássica → Alusão constante a elementos da cultura greco-romana.
• Arte pela arte, o esteticismo → Poesia distanciada dos temas cotidianos, recusa dos
temas vulgares, alienação social.
• Busca da perfeição formal → Intenso artesanato poético, buscando rimas raras e precio-
sas, métrica impecável, predileção pelo soneto.
• Aproximação entre a arte literária e as artes plásticas → Poeta = escultor de versos;
poeta = ourives da palavra.
• Vocabulário culto, acadêmico → Palavras rigorosamente selecionadas, busca da absoluta
correção gramatical.
• Intenso descritivismo.

Observação: No Brasil, muitos poemas parnasi-


anos expressaram um certo sentimentalismo.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Olavo Bilac
• O maior nome do Parnasianismo brasileiro.
• "Poeta das estrelas".
• Apresenta a preocupação com o rigor formal tipicamente parnasiano, mas se abre ao
sentimentalismo, à subjetividade e à reflexão filosófica.
• Nacionalismo acentuado, de tendência ufanista.
• Principais obras: Panóplias, Via-Láctea, Sarças de fogo, Tarde (poemas), O caçador de
esmeraldas (epopeia), letra do Hino à Bandeira.

Alberto de Oliveira
• O mais parnasiano dos poetas parnasianos brasileiros.
• Poesia fria e intelectualizada, com um gosto acentuado pelo preciosismo formal e linguís-
tico. Em vez de interessar-se pela realidade brasileira, preferia buscar inspiração nos mo-
delos clássicos que perseguia, descrevendo paisagens e objetos.
• Principais obras: Canções românticas; Meridionais; Sonetos e poemas; Versos e rimas.

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Raimundo Correia
• Autor considerado parnasiano muito mais pela forma do que pelos temas abordados em
sua poesia.
• Sua obra apresenta heranças românticas, traços descritivistas e grande profundidade
filosófica, percebendo-se certo pessimismo.
• Principais obras: Primeiros sonhos; Sinfonias; Versos e versões; Aleluias.
Vicente de Carvalho
• "O poeta do mar".
• Traços românticos, certo lirismo amoroso e reflexivo.
Emílio de Menezes
Francisca Júlia

SIMBOLISMO (1893-1922)

A poesia da música e do vago

MONET, C. O Parlamento trespassado pelo sol no nevoeiro. 1899-1901.


Óleo sobre tela: color; 81 x 92 cm. Musée D'Orsay, Paris.

ASPECTOS CENTRAIS
• A sugestão predomina sobre a descrição → Imagens vagas, diluídas, suaves. Ocorre um
registro impressionista do mundo real: não importa como a realidade é, mas os efeitos
que ela causa na sensibilidade do artista.
• Misticismo, desejo de transcendência e integração cósmica → O simbolista mantém
uma atitude mística perante a vida; tenta atingir o inatingível, o oculto e o misterioso pa-
ra justificar a existência.
• Inovação no emprego das maiúsculas → Uso de maiúsculas em substantivos comuns
para ampliar o sentido desses vocábulos, além de dar maior força emocional a eles.

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• Musicalidade → Para os simbolistas, poesia = música. Os efeitos sonoros são amplamen-


te explorados, entre os quais podemos destacar o uso das aliterações (repetição de sons
consonantais).
• Hermetismo → Poesia complexa, fechada, de difícil compreensão integral.
• Emprego de símbolos cósmicos e religiosos → Altares, incensos, estrelas, constelações,
sinos, turíbulos, nuvens, ... símbolos utilizados para sugerir os estados da alma humana.
• Emprego de sinestesias → Fusão de sensações, para tentar dizer o indizível.
• Interesse pelas zonas profundas da mente e pela loucura → Interesse em explorar zonas
até então desconhecidas da mente humana (sonhos, alucinações).
• Atração pela morte e por elementos decadentes da condição humana → Exploração de
temas macabros e satânicos, ambientes noturnos e misteriosos.

QUADRO COMPARATIVO
PARNASIANISMO SIMBOLISMO
Foram manifestações poéticas praticamente contemporâneas
(ocorreram na mesma época: final do século 19, início do século 20).

Objetividade. Subjetividade.

Materialismo, racionalismo. Antimaterialismo, antirracionalismo.

Contenção dos sentimentos. Exposição dos sentimentos.

Retomada de certos elementos da tradição


Retomada de elementos da tradição clássica.
romântica.
Interesse por temas como a natureza, o amor, Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela
objetos de arte, a própria poesia. morte.

Paganismo greco-latino. Misticismo, religiosidade, satanismo.

Linguagem vaga, que busca sugerir em vez de


Linguagem objetiva, precisa e descritiva.
nomear.
Também há rigor formal, mas em menor intensi-
Obsessão pela perfeição formal e preferência
dade do que no Parnasianismo. Cultivo do soneto
pelo soneto.
e de outras formas poéticas.

A poesia é fruto de transpiração (árduo trabalho). A poesia é fruto de inspiração.

Poeta = músico.
Poeta = escultor.
Poeta = nefelibata (vive nas nuvens).
Obteve grande prestígio no Brasil, principalmente
Não obteve, à época, grande sucesso no Brasil.
no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Cruz e Souza
• O maior nome da poesia simbolista brasileira.
• Poesia de sublimação: anulação da matéria para a liberação de uma profunda espirituali-
dade.
• Misticismo indefinido (ora cristão, ora satânico).
• Obsessão pela cor branca.
• Musicalidade.
• Grande adjetivação.
• Principais obras publicadas: Missal (prosa poética) e Broquéis (1893) – inauguram o início
do Simbolismo no Brasil; Faróis, Últimos sonetos.

Alphonsus de Guimaraens
• A religiosidade e o misticismo da família e das cidades onde viveu estão presentes em
toda a sua obra, a começar pelos títulos. Obras mais importantes: Dona Mística; Kiriale;
Septenário das dores de Nossa Senhora; Pastoral aos crentes do amor e da morte; A esca-
da de Jacó; Pulvis.
• Poesia marcadamente musical, sugestiva e pessoal.

Augusto dos Anjos


• Considerado como um caso à parte na literatura brasileira, não se encaixando em prati-
camente nenhuma escola literária, pois mistura características simbolistas, parnasianas,
naturalistas, realistas e antecipações modernistas.
• Temática da decomposição, do niilismo, vocabulário científico-poético.
• Única obra: Eu e outras poesias.

Observação: Em vários livros didáticos, Augusto dos Anjos


aparece classificado como autor pré-modernista.

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PRÉ-MODERNISMO (1902-1922)
Retratos do Brasil

PORTINARI, C. Café. 1935. Óleo sobre tela: color; 130 x 195 cm. Museu Nacional de Belas Artes. RJ.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• A Belle Époque europeia (1886-1914).
• Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
• Revolução Russa (1917).
• Vanguardas artísticas europeias:
– Futurismo.
– Cubismo.
– Dadaísmo.
– Expressionismo.

No Brasil
• As revoltas e seus efeitos:
– Revolta da Armada (RJ, 1893).
– Canudos (BA, 1896-1897).
– Contestado (PR, SC).
– Greves anarquistas (SP).
• Desenvolvimento de São Paulo.
• Chegada de imigrantes.
• Consolidação da República Velha e a política do café com leite.

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ASPECTOS CENTRAIS
• Mistura de tendências → Tradição (Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo) X
Renovação (traços de modernidade e influências das vanguardas artísticas europeias).
• Denúncia da verdadeira realidade brasileira → Retrato do Brasil pobre, doente, atrasa-
do, corrupto e desorganizado como nação.
• Retrato de tipos humanos marginalizados:
– o sertanejo nordestino;
– o caipira do interior de São Paulo;
– o suburbano do Rio de Janeiro.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Graça Aranha
• Homem de grande prestígio em sua época.
• Traços naturalistas e simbolistas em suas obras.
• Teve participação ativa na revolução modernista (1922-1930).
• Obra mais importante: Canaã (1902) → Romance de tese; a imigração alemã no ES; prin-
cipais personagens: Milkau, Lentz e Maria Perutz.

Euclides da Cunha
• Estilo rebuscado de escrita (barroco científico).
• Obra com nítidas influências deterministas.
• Sua obra-prima: Os sertões (1902)
– Obra posta entre a literatura, o jornalismo e a sociologia, baseada na Guerra de Canudos.
– Marco da independência intelectual brasileira.
– O livro é dividido em 3 partes: A terra (análise do sertão baiano, onde se deu o conflito);
O homem (O sertanejo é antes de tudo um forte); A luta (o conflito entre o governo e
os liderados de Antônio Conselheiro, terminado com o genocídio dos sertanejos).

Monteiro Lobato
• Um dos maiores ativistas culturais brasileiros em todos os tempos.
• Como escritor pré-modernista, lançou os livros de contos Urupês, Cidades mortas, nos
quais revela a face tragicômica e miserável do caipira do interior do Vale do Paraíba (SP),
principalmente por meio do personagem Jeca Tatu.
• Nas décadas de 1920 e 1930, preocupado com o desenvolvimento cultural e econômico
do Brasil, denuncia os absurdos ocorridos nos país em artigos e livretos, o que lhe rendeu
uma prisão.

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MEMOREX

• Paralelamente à sua produção literária "adulta", escreve uma série de histórias infanto-
juvenis, com personagens fascinantes (Emília, Dona Benta, Saci-pererê, ...) num ambiente
rural. Obra mais representativa dessa vertente: O Sítio do Picapau Amarelo.

Lima Barreto
• Seu estilo é fruto da combinação explosiva de sua vida pessoal com a racista República
Velha.
• Seus romances são uma mistura de ficção, documentário e crítica, além de profundamen-
te autobiográficos.
• O preconceito racial, as oligarquias corruptas, a burocracia, o militarismo, os políticos e os
intelectuais são os alvos prediletos de suas críticas.
• Foi um escritor eminentemente brasileiro. Romancista da vida dos subúrbios, da gente
humilde, dos marginalizados (mulatos, loucos, alcoólatras, pobres).
• Linguagem antiacadêmica, informal, jornalística e panfletária. A espontaneidade é a sua
marca.
• Principais obras:
– Recordações do escrivão Isaías Caminha: Narrado em 1ª pessoa, este romance foi ins-
pirado em boa parte nas experiências do autor rejeitado e marginalizado pelo precon-
ceito racial e social de que foi vítima.
– Triste fim de Policarpo Quaresma: Uma das obras-primas de nossa literatura brasileira.
Verdadeira epopeia cômico-trágica de um Dom Quixote nacional: conta a história de
Major Policarpo Quaresma – um patriota ardoroso que quer reformar o Brasil e paga
caro por seu nacionalismo idealista e ingênuo. O sonho de tornar o Brasil mais brasilei-
ro leva Policarpo ao hospício; a esperança de salvar o país com a agricultura leva-o à
falência; o ideal de defender, moralizar e humanizar o poder leva-o à prisão e à morte.
• Outras obras: Os Bruzundangas (sátira), Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, Clara dos
Anjos (romance).

Simões Lopes Neto


Transpôs para a literatura os costumes, as lendas e tipos regionais gaúchos. Princi-
pais obras: Lendas do Sul, Contos gauchescos.

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REVOLUÇÃO MODERNISTA (1922-1930)


Ruptura com o passado e liberdade total

AMARAL, T. A gare. 1925. Óleo sobre tela: color; 84,5 x 65 cm. Coleção Gilberto Dacache, São Paulo.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Os reflexos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
• Os reflexos da Revolução Russa (1917).
• O fortalecimento dos Estados Unidos.

No Brasil
• Fundação do Partido Comunista (1922).
• Industrialização e progresso de São Paulo.
• Auge da política do café com leite e o seu posterior declínio.
• Grande efervescência cultural.
• Focos de nacionalismo.

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AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS EUROPEIAS


Foram manifestações artísticas surgidas no início do século 20 que propunham uma
radical ruptura com as concepções artísticas preexistentes e traziam uma visão completamen-
te inovadora de arte. Principais vanguardas:

1. FUTURISMO (Marinetti)
• A arte deve desvencilhar-se do passado e estar ligada ao progresso, a tudo que é novo.
• Dentre as suas propostas literárias, destacam-se: a destruição da sintaxe, a disposição das
palavras em liberdade, o emprego de verbos no infinitivo e a abolição dos adjetivos.

2. CUBISMO (Pablo Picasso)


A proposta cubista centra-se na liberdade que o artista deveria ter para decompor e
recompor a realidade a partir dos elementos geométricos, vista sob seus mais diversos
ângulos.

3. DADAÍSMO (Tristan Tzara)


• O mais radical movimento de vanguarda.
• Negando o passado, o presente e o futuro, o Dadaísmo é a total falta de perspectiva
diante da guerra; é a arte que surge do caos e da colagem de materiais não nobres.

4. EXPRESSIONISMO (Van Gogh, Munch)


Expressão das imagens surgidas no interior do artista, tendendo à deformação e aos
traços que reflitam a angústia do ser humano.

5. SURREALISMO (Salvador Dalí)


Arte que dá vazão aos aspectos do inconsciente, que mistura realidade com o mun-
do dos sonhos do artista, havendo a quebra de toda lógica formal.

ANTECEDENTES DA SEMANA DE 1922


1911 → Fundação da revista O Pirralho, por Oswald de Andrade.
1912 → Oswald de Andrade regressa da Europa trazendo novíssimas concepções artísticas.
1913 → Exposição de quadros de Lasar Segall (marcas expressionistas).
1917 → Alguns fatos importantes ocorreram nesse ano:

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MEMOREX

• Publicação de obras com traços de modernidade: Há uma gota de sangue em cada poema
(Mário de Andrade); A cinza das horas (Manuel Bandeira); Juca Mulato (Menotti del
Picchia).
• Di Cavalcanti realiza sua exposição de caricaturas em São Paulo.
• Exposição da pintora Anita Malfatti → Provoca uma violenta reação por parte do escri-
tor e crítico de arte, Monteiro Lobato, através do artigo "Paranoia ou mistificação?". Esse
episódio é considerado o estopim do Modernismo no Brasil, pois, a partir dele, consoli-
da-se um núcleo de artistas com um propósito comum: alterar o rumo das artes no Brasil.
1921 → O "Manifesto do Trianon" e a consequente batalha contra os mestres do passado.

A SEMANA DE ARTE MODERNA

• Data → Dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.


• Local → Teatro Municipal de São Paulo (auditório, escadarias e saguão).
• Exposição de → Música, pintura, escultura e literatura.
• Principais participantes → Graça Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Ronald
de Carvalho, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Agenor Barbosa,
Ribeiro Couto, Heitor Villa-Lobos, Ernani Braga, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vitor Bre-
cheret e outros.

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DIA 13/02 – Bom início


• Abertura de Graça Aranha com a palestra intitulada A emoção estética na Arte Moderna.
• Leitura de vários poemas.
• Números musicais de Ernani Braga e Heitor Villa-Lobos.

DIA 15/02 – Um campo de batalha


• A noite mais agitada da Semana.
• Números musicais de Guiomar Novais.
• Números musicais de Ernani Braga e Heitor Villa-Lobos.
• A grande "atração" dessa noite foi a conferência de Menotti del Picchia sobre a arte estéti-
ca, ilustrada com a leitura de textos de Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Plínio Salga-
do, entre outros; a cada leitura, o público se manifestava com vaias, miados e latidos.
• Ronald de Carvalho lê o poema intitulado "Os sapos", de Manuel Bandeira (sátira aos
parnasianos e ao parnasianismo). Novamente, o público hostiliza a apresentação com ru-
ídos e vaias.

DIA 17/02 – Casa vazia


• Foi o dia mais tranquilo, com metade da lotação do teatro.
• Apresentação de músicas de Villa-Lobos, com a participação de vários músicos, para um
público pequeno e antipático às inovações modernistas.

O "SALDO" DA SEMANA
• Fracasso para época, mas verdadeiro sucesso ao longo de nossa história.
• Propôs novos rumos para as artes brasileiras.
• Surgimento de uma arte mais nacional.
• Marco da independência cultural brasileira.
• Marco inicial do Modernismo brasileiro.

1ª GERAÇÃO MODERNISTA (1922-1930)

ASPECTOS CENTRAIS
• Ruptura estética com o passado e com o academicismo literário.
• Ruptura com a gramática normativa, havendo a valorização da linguagem coloquial.
• Irreverência, deboche, sátira; humor como recurso crítico: o poema-piada e o poema-
-paródia.
• Liberdade formal, personificada em especial pelo uso de verso livre, pelas formas de
composição sem nenhuma regularidade, pela pontuação subjetiva do texto (ou até mes-
mo a ausência total de pontuação).

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• Livre associação de ideias.


• Incorporação e valorização do cotidiano.
• Pesquisa das raízes nacionais.
• Postura nacionalista, às vezes crítica, às vezes ufanista → o propósito era abrasileirar o
Brasil.

CORRENTES, REVISTAS E MANIFESTOS


1. DINAMISMO
• Teve importância nos primeiros anos do Modernismo (1922-1924).
• Adaptação das ideias futuristas de Marinetti à realidade brasileira.
• Principal ideólogo: Graça Aranha.
• Ideias divulgadas na Revista Klaxon.

Observação: A Revista Klaxon foi a divulgadora das ideias


modernistas não se restringindo ao dinamismo. Nota-se na
revista uma mistura de ideias e divergência de opiniões
quanto ao que seria, de fato, o Modernismo.

2. VERDE-AMARELISMO (1926-1929)
• Nacionalismo xenófobo, com a valorização de motivos brasileiros, indígenas, nativos e
contra a inspiração nos temas europeus.
• O movimento acaba assumindo uma conotação mais política que artística, desaguando no
Integralismo.
• Anta → símbolo nacional.
• Em 1929, o grupo publica o Manisfesto Nhengaçu Verde-Amarelo.
• Principais nomes → Plínio Salgado (líder)
→ Menotti del Picchia
→ Guilherme de Almeida
→ Cassiano Ricardo

3. PAU-BRASIL (1924) e ANTROPOFAGIA (1928)


• Representam a Corrente Primitivista.
• Nacionalismo crítico, que valorizava as raízes brasileiras (o índio, a cultura, o folclore, ...),
numa redescoberta do Brasil.

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• Principalmente com a Antropofagia, surge a ideia da deglutição cultural: o aproveitamento


crítico de todas as manifestações artísticas, inclusive europeias → Tupi or not tupi, that is
the question.
• Manifestos → Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924): assinado por Oswald de Andrade.
• Manifesto Antropófago (1928): também assinado por Oswald, caracteriza-se por uma
ampliação das ideias defendidas no Pau-Brasil.
• Principais nomes → Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp e Tarsila do Amaral.
• Órgão divulgador → Revista de Antropofagia.
Outras revistas: Estética (RJ), A Revista (MG), Verde (MG), Festa (RJ), Terra Roxa e Outras
Terras (SP), Joaquim (PR), entre outras.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Mário de Andrade
• O “Papa” do Modernismo brasileiro.
• Esteve presente em todos os momentos da preparação, realização e afirmação do movi-
mento modernista brasileiro.
• Criador do Desvairismo: liberdade total de pesquisa, criação e expressão (a poesia do
inconsciente, a escrita automática, o verso livre, as associações de imagens, a esponta-
neidade e a linguagem coloquial).
• Dotado de vasta cultura e pesquisador intenso das coisas do Brasil.
• Principais obras:
– Prefácio interessantíssimo → Aparecendo no início do livro de poesias Pauliceia des-
vairada, este texto é considerado como um dos primeiros manifestos modernistas. Ne-
le, Mário define o que é o desvairismo: “Quando sinto a impulsão lírica, escrevo, sem
pensar, o tudo o que o meu inconsciente me grita”.
– Pauliceia desvairada (1922) → poesia. Primeira obra modernista brasileira, bem ao
gosto do ideário estético do movimento.
– Amar, verbo intransitivo → romance-idílio. A professora (Elza) que é contratada a
iniciar o garoto Carlos nos estudos e na vida sexual.
– Macunaíma (o herói sem nenhum caráter) → rapsódia brasileira (mistura de lendas
e folclore). O personagem Macunaíma é um anti-herói, representativo das virtudes e
vícios do povo brasileiro, representativo também da miscigenação racial brasileira
(nasce preto retinto, filho de índios e depois vira branco).
– Contos novos → contos. Coletânea de nove histórias, algumas narradas em 1ª pessoa,
outras em 3ª, com certos traços autobiográficos, certa temática social e grande den-
sidade psicológica. Obra da maturidade do autor.
• Outras obras do autor: Clã do jabuti, Remate de males, Lira paulistana (poesia).

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Oswald de Andrade
• O “Ponta-de-lança” do Modernismo (o mais radical, irreverente e inovador).
• Usou e abusou da paródia; valorizou o cotidiano e a espontaneidade nos poemas-piada e
nos poemas-pílula (breves); utilizou muito o capítulo-relâmpago e a linguagem-relegráfica.
• Principais obras:
– Pau-Brasil → poesia. Os poemas deste livro reproduzem alguns textos antigos e pa-
rodiam outros. Textos curtos, linguagem coloquial, metalinguagem e humor são os
principais ingredientes desses textos.
– Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande → Estes dois ro-
mances, revolucionários na forma, apresentam linguagem cinematográfica, capítulos
curtíssimos, numa ausência de limites entre a prosa e a poesia. O estilo é irônico e
mostra um painel crítico da sociedade e dos costumes da época.

Manuel Bandeira
• Representou uma linha independente no Modernismo, pois sua obra soube aliar tradição
e modernidade (influências simbolistas, parnasianas, modernistas e até concretistas).
• Forte tom confessional.
• Ternura, melancolia, erotismo, classicismo, coloquialismo, humor, piada, evasão românti-
ca, notação jornalística, ironia, religiosidade... Na poesia de Bandeira, há todo um mundo
de emoções e situações cotidianas mostradas liricamente.
• Principais obras:
– Cinza das horas, Carnaval: poesias de influência parnasiana e simbolista.
– Ritmo dissoluto: obra de transição.
– Libertinagem: modernista.
– Estrela da Manhã, Lira dos cinquent’ anos: mistura de tradição com modernidade.

Outros autores:
Poesia → Cassiano Ricardo (Martim-Cererê), Menotti del Picchia, Raul Bopp (Cobra Norato),
Guilherme de Almeida, Juó Bananére.
Prosa → Antônio de Alcântara Machado (Brás, Bexiga e Barra Funda).

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2ª GERAÇÃO MODERNISTA (1930-1945)

Maturidade artística e engajamento

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque (1929).
• Ascensão do nazifascismo.
• Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

No Brasil
• Revolução de 1930.
• Fim da República do café com leite.
• A Era Vargas (1930-1945).
• O Estado Novo (a partir de 1937): repressão, tortura e cerceamento da liberdade de
expressão.
• Participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.

ASPECTOS CENTRAIS
• Amadurecimento formal e estilístico → Os modernistas desta geração consolidam as
conquistas da geração de 22, abandonam as propostas mais radicais e retomam algumas
técnicas convencionais.
• Predomínio do projeto ideológico sobre o projeto estético → As obras demonstram um
engajamento político-social, proporcionando uma ampliação de temas. A literatura ruma
para o universal, superando o nacionalismo primitivista e verdeamarelista.
• Intimismo → A literatura deste momento também se volta para as temáticas mais inti-
mistas, de sondagem interior e de questionamento sobre o ser-estar-fazer no mundo.

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A POESIA
CARACTERÍSTICAS
• Emprego tanto de formas poéticas inovadoras quanto de formas mais tradicionais.
• Os temas tendem ao universal, mas também refletem um engajamento nos problemas da
época.
• Ao lado dessa poesia engajada, surge uma poesia intimista, introspectiva.
• Há também uma poesia que cultiva uma religiosidade intensa, especialmente pelos arti-
culadores da Revista Festa, de caráter católico-espiritualista e neossimbolista. É a chama-
da Corrente Espiritualista do Modernismo.
• A própria poesia revela-se como tema → metalinguagem.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Carlos Drummond de Andrade
• O poeta social de seu tempo e maior poeta da literatura brasileira.
• Poesia que questiona o ser-estar no mundo.
• Um de seus temas principais: o desajustamento do indivíduo.
• Humor ácido, temperado pela ironia.
• Riqueza de temas (família, infância, a própria poesia) e de técnicas (tanto tradicionais como
as mais inovadoras).
• Principais obras: Alguma poesia, Sentimento do mundo, A rosa do povo, Claro enigma, O
amor natural.

Vinicius de Moraes
• Duas fases distintas em sua poesia:
1ª) Transcendental, mística, neossimbolista;
2ª) Temas cotidianos, maior engajamento, lirismo amoroso, enfim, uma poesia cada vez
mais popular.
• Autor que, mesmo nos textos mais simples, demonstrava um rigor formal intenso.
• Além de poeta, foi compositor da MPB e autor de peças teatrais.

Cecília Meireles
• Poesia neossimbolista, repleta de imagens como o Mar, o Espaço e a Solidão.
• Grande musicalidade em seus versos (emprego de aliterações).
• Jogo de oposições (o contraste entre o eterno e o efêmero).
• Tema central: a fugacidade do tempo.
• Principais obras: Mar absoluto (poesia), Romanceiro da Inconfidência (poema narrativo).

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Jorge de Lima
• Autor cuja poesia seguiu vários caminhos, começou com o verso quase parnasiano, depois
passou para o verso livre, bem ao gosto modernista.
• Adotou a poesia de fundo religioso e também a “poesia negra”.

Murilo Mendes
• Início modernista, escrevendo paródias, cultivando a sátira e misturando o real com o irreal.
Mais tarde, convertido ao catolicismo, acaba seguindo uma linha mais espiritualista.
• É considerado um dos poetas mais complexos da literatura brasileira. Pela influência do
Surrealismo e pelo uso de uma linguagem fragmentada, seus poemas, de modo geral, são
de difícil interpretação.

Outros poetas: Mário Quintana, Augusto Frederico Schmidt, Tasso da Silveira, Jackson Figuei-
redo, entre outros.

A PROSA
As produções em prosa da 2ª Geração Modernista podem ser assim divididas:

ROMANCE URBANO E PSICOLÓGICO


De cunho intimista, teve como grandes nomes e principais obras: Ciro dos Anjos (O ama-
nuense Belmiro), Dionélio Machado (Os ratos), Marques Rebelo (A estrela sobe), Lúcio Cardo-
so (Crônica da casa assassinada), Otávio de Faria, Cornélio Pena e outros.

ROMANCE REGIONALISTA DE 30
ASPECTOS CENTRAIS
• Visão crítica da realidade brasileira → A literatura serve como um instrumento de de-
núncia de problemas como seca, fome, miséria, coronelismo, corrupção etc.
• Os ciclos econômicos → As obras procuram mostrar várias faces da realidade regional
brasileira, principalmente ressaltando a transição de um Nordeste medieval para uma
nova realidade capitalista e imperialista. Principais ciclos:
– da cana-de-açúcar (interior do Nordeste);
– da seca e da pecuária (interior do Nordeste);
– do cacau (região Sul da Bahia);
– sulino (Rio Grande do Sul).
• Influência do pensamento marxista.

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PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Graciliano Ramos
• Maior nome do Romance de 30.
• Escrita enxuta, compacta, seca.
• Obras dotadas de grande densidade psicológica.
• Romances com poucos personagens, um tanto calados e negativos.
• Principais romances:
– Caetés → Obra de estreia.
– S. Bernardo → Narrativa em 1ª pessoa, sobre a ascensão e derrocada de seu persona-
gem-narrador, o fazendeiro Paulo Honório, que, pelo seu comportamento bruto, leva
sua esposa Madalena ao suicídio.
– Angústia → O monólogo de Luís da Silva, sujeito em constante angústia diante das
derrotas da vida. Seu ódio pelas classes que oprimem os mais humildes e o ciúme
conduzem-no ao assassinato de Julião Tavares, sujeito que lhe roubara e engravidara a
noiva Marina.
– Vidas secas → Em 3ª pessoa, a narrativa da luta – empreendida por Fabiano, a esposa
Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo, o papagaio e a cachorra Ba-
leia – pela sobrevivência numa terra árida e num mundo hostil. Romance desmontável,
com capítulos, de certo modo, independentes.
– Memórias do cárcere, Infância → autobiográficos.

José Lins do Rego


• Explora muito bem o ciclo da cana-de-açúcar.
• Obras com forte tom memorialista.
• Principais romances: Menino de engenho, Doidinho, Banguê, Moleque Ricardo, Usina e
Fogo Morto.

Rachel de Queiroz
• Temática referente ao ciclo da seca e a posição da mulher na sociedade moderna.
• Principal romance:
– O quinze → O título refere-se à grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua in-
fância. Na narrativa, destacam-se duas situações:
a) a seca e os efeitos produzidos tanto para o vaqueiro Chico Bento e sua família
como para Vicente, grande proprietário e criador de gado;
b) a relação afetiva entre Vicente, homem rude, e Conceição, moça culta da capital.

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José Américo de Almeida


Lança, em 1928, o romance intitulado A bagaceira, considerado como a primeira
obra do Regionalismo de 30. Importância mais histórica do que artística.

Jorge Amado
Autor de altos e baixos, que se destaca, porém, como um bom contador de histórias
e um dos maiores fenômenos editoriais brasileiros. Suas produções nos anos 1930-1950 abor-
daram os seguintes temas:
• Ciclo do cacau → No sul da Bahia, a disputa pela conquista e posse das melhores terras para
o plantio do cacau. Principais obras: Cacau, Terras do Sem Fim, São Jorge dos Ilhéus.
• Romances proletários → Denúncia da miséria e da opressão sofridas pelos mais humil-
des, que resistem de acordo com suas possibilidades. Principais obras: Jubiabá, Capitães
da areia e Mar morto.

A partir dos anos 1950, o autor passa a demonstrar menor engajamento social,
e seus romances passam a retratar a Bahia pitoresca, seus usos e costumes. É a sua fase
mais popular. Principais obras: Gabriela, cravo e canela, Dona Flor e seus dois maridos,
Tocaia grande: a face obscura, A morte de Quincas Berro d'água, Tenda dos milagres.

Érico Veríssimo
• Regionalista que ambienta suas histórias no Rio Grande do Sul.
• Também um bom contador de histórias.
• Sua obra se divide da seguinte forma:
– Ciclo de Clarissa → São as suas obras publicadas entre os anos 1930-1940, tendo co-
mo protagonistas personagens oriundos da pequena burguesia gaúcha. São romances
de cunho psicológico. Principais romances: Clarissa, Um lugar ao sol, Caminhos cruza-
dos, Olhai os lírios do campo.
– Painel do RS → Entre os anos 1940-1960, Veríssimo escreve a sua obra-prima, intitulada
O tempo e o vento: obra regionalista, dividida em três partes (O continente, O retrato e
O arquipélago), que reproduz ficcionalmente cerca de 200 anos de história do Rio Gran-
de do Sul.
– Engajamento → Produções dos anos 1960-1970, que refletem uma crítica político-social.
Principais romances: O prisioneiro, Senhor embaixador e, principalmente, Incidente em
Antares (narrativa fantástica, em que sete mortos insepultos resolvem revelar todos os
podres da pequena Antares, verdadeira metáfora do Brasil à época da ditadura).

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3ª GERAÇÃO MODERNISTA (1945-1960)

Um novo ciclo literário: em foco, a linguagem

MIRÓ, J. A tourada. 1945. Óleo sobre tela: color.; 114 x 145 cm. Sbat.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Fim da Segunda Guerra Mundial.
• Criação da ONU.
• A Guerra Fria.

No Brasil
• Início da redemocratização.
• Desenvolvimento industrial.
• Volta de Getúlio ao poder (1950) e o seu suicídio (1954).
• Construção de Brasília.

ASPECTOS CENTRAIS
• Ecletismo (mistura de tradição X modernidade).
• Na prosa, o regionalismo perde um pouco de seu engajamento e ganha maior qualidade
estética com inovações linguísticas. A linha intimista aperfeiçoa-se mais, principalmente
quanto à linguagem.
• Na poesia, surgem várias linhas bastante diferentes entre si.

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A POESIA
Eis as principais manifestações poéticas da 3ª Geração Modernista:

A GERAÇÃO DE 45
Grupo de poetas que se opunham às conquistas e inovações modernistas de 1922. Ne-
gando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras “brincadeiras” modernistas, os poetas de
45 se dedicam a uma poesia mais equilibrada e séria, restabelecendo o modelo parnasiano.
Principais poetas: Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir Campos e Darcy Damasceno.

João Cabral de Melo Neto


• Sua poesia se caracteriza pela objetividade na constatação da realidade. É um dos poucos
poetas brasileiros que conseguiram plenamente aliar rigor formal com forte temática social.
• Poesia antilírica, antissentimental, anti-inspiração.
• Concisão e precisão são palavras que definem bem sua poética e justificam o título que
João Cabral de Melo Neto recebeu, o de poeta-engenheiro, que constrói uma poesia cal-
culada, racional, utilizando-se de uma linguagem enxuta e concisa.
• Principais obras: O engenheiro, O cão sem plumas, A educação pela pedra, Auto do frade
e sua obra-prima, intitulada...

Morte e vida severina


– Auto de natal pernambucano.
– Tema: Severino, retirante, que migra do interior a Recife, procurando uma vida melhor.
– Poema dramático, que aborda problemas nordestinos, como a fome, a seca, a miséria, a
injustiça social e o êxodo rural.
– O nascimento da criança, nas cenas finais, aponta para uma visão afirmativa da existên-
cia, mesmo que em condições adversas → triunfo da vida sobre a morte, mesmo esta
sendo dura, sofrida, severina.

Observação: João Cabral de Melo Neto também é conside-


rado escritor pertencente à geração de 45, embora tenha
superado em muito os pressupostos desse grupo.

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A PROSA
Os principais prosadores da 3ª Geração Modernista foram:

João Guimarães Rosa


• Regionalismo universal → “O sertão é o mundo”.
• Grandes inovações linguísticas: neologismos, arcaísmos, empréstimos.
• Prosa poética.
• Fusão do popular com o erudito, do racional com o mítico, do físico com o metafísico.
• Principais obras:
– Sagarana, Primeiras estórias e Tutameia (contos)
– Manuelzão e Miguilim (novela)
– Grande sertão: veredas → Monólogo de Riobaldo, numa tentativa de compreensão de
sua existência: o amor por Diadorim, a vida de jagunço, o pacto com o Diabo, o inimi-
go Hermógenes.

Clarice Lispector
• Prosa introspectiva, de sondagem da memória, entregue ao fluxo da consciência.
• Predomínio do tempo psicológico.
• Constante questionamento existencial e linguístico.
• Principais obras:
– Laços de família, A legião estrangeira, Felicidade clandestina → contos, crônicas.
– Perto do coração selvagem, A paixão segundo G. H., A hora da estrela → romances.

Outros autores:
– Osman Lins: seus textos são arquitetonicamente montados, com um trabalho formal
minucioso. O romance Avalovara é a maior prova disso.
– José J. Veiga e Murilo Rubião: as histórias desses autores rompem com a lógica e esca-
pam de qualquer previsibilidade → realismo fantástico.

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PANORAMA DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA (1960-dias atuais)

Pluralidade e mistura de tendências

MACHADO, J. Biombo Chinês. 1987. Óleo sobre tela: color.; 46 x 61 cm. Acervo Walmir Simões Galeria de Arte.

MOMENTO HISTÓRICO
No mundo
• Guerra do Vietnã.
• Corrida espacial.
• Conflitos entre árabes e israelenses.
• A queda do Muro de Berlim.
• A União Europeia.
• Terrorismo.
• O consumismo e o neoliberalismo.
No Brasil
• Brasília → capital federal.
• Ditadura militar (1964-1984).
• O processo de redemocratização.
• Escândalos de corrupção, privatizações, modernização do país.

ASPECTOS CENTRAIS
• Pluralidade de formas e conteúdos.
• Experimentalismos formais.
• Incorporação mais ostensiva da linguagem cinematográfica.
• A violência urbana como tema ou contextualização.
• Maior divulgação de gêneros literários como o conto e a crônica.
• Certo engajamento político-social.

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POESIA
Estas são as manifestações poéticas brasileiras mais representativas nos últimos 50 anos:

CONCRETISMO
• Tendência surgida na década de 1950, mas que influenciou toda a poesia brasileira a
partir da década de 1960.
• Tendência poética caracterizada pela grande inovação formal, de proximidade com ou-
tras manifestações artísticas, como a arquitetura e as artes plásticas.
• Abolição da linearidade, de texto discursivo, do verso e a sintaxe tradicionais. As letras e
palavras distribuem-se em todo espaço da folha, criando novas sugestões, numa estrutu-
ra VERBIVOCOVISUAL.
• Principais autores: Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos.

Outros poetas / outras tendências:


• Poesia-práxis → Surgida na década de 1960, com Mário Chamie, num trabalho menos
radical que o Concretismo. Poesia de comutação, de permutação de palavras e estrutu-
ras, em que o leitor é convidado a interagir com o texto e produzir versos.
• Poema-processo → Radicalização do Concretismo, com a realização de uma poesia emi-
nentemente visual.
• Poesia marginal → Manifestação de destaque na década de 1970, que ficava à margem do
processo editorial convencional. Os autores, em virtude disso, dispunham de ampla liberda-
de de criação, responsável por uma poesia de linguagem extremamente coloquial e de tom
rebelde e irônico. Principais nomes: Paulo Leminski, Chacal, Cacaso e Ana Cristina César.
• Ferreira Gullar → Autor que passou por todas as tendências mais experimentalistas da
poesia contemporânea brasileira, mas que se consolidou como poeta engajado nas ques-
tões sociais de seu tempo. Livro mais representativo: Poema sujo.
• Adélia Prado → Tendência mais intimista, na qual a religiosidade católica e as cenas comuns
do cotidiano são temperadas pela leveza e a alegria desta brilhante artista mineira.
• Manoel de Barros → A simplicidade é a tônica deste poeta mato-grossense, a qual é
obtida, entretanto, por intenso trabalho de escrita e reescrita dos versos.
• E muitos outros → Mário Faustino, José Paulo Paes, Alfonso Romano de Sant’Anna,
Antônio Cícero, Waly Salomão, Paulo Henriques Brito.

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PROSA
• As tendências da prosa: o romance-reportagem, o realismo fantástico, a prosa sócio-
-histórica, crônicas e contos.
• Rubem Braga → Essencialmente cronista; temas do cotidiano; linguagem leve, suave, poética.
• Dalton Trevisan → Contista de estilo sintético, abordando a vampirização do ser humano.
• Antônio Callado → Quarup, Bar Don Juan, Reflexos do baile, Madona de cedro (romance).
• Rubem Fonseca → Bufo & Spallanzani, A grande arte, Agosto (romance); Feliz ano novo, O
cobrador (conto).
• Lygia Fagundes Telles → Ciranda de pedra, As meninas, As horas nuas (romance), Antes do
baile verde, Seminário dos ratos (conto).
• Carlos Heitor Cony → Pilatos, Quase memória, Romance sem palavras (romance).
• Raduan Nassar → Lavoura arcaica, Um copo de cólera (romance).
• Fernando Sabino → O encontro marcado, Menino no espelho, O grande mentecapto (ro-
mance), O homem nu, Deixa o Alfredo falar (conto/crônica).
• Ignácio de Loyola Brandão → Cadeiras proibidas (contos), Não verás país nenhum (memó-
rias). Zero (romance).
• Márcio Souza → Galvez, o Imperador do Acre, Mad Maria (romance).
• Moacyr Scliar → Max e os felinos, A majestade do Xingu (romance), Carnaval dos ani-
mais, A balada do falso Messias (contos).
• Luís Fernando Veríssimo → Comédias da vida privada, O analista de Bagé (crôni-
ca/humor).
• João Ubaldo Ribeiro → Viva o povo brasileiro, Sargento Getúlio, O sorriso do lagarto
(romance).
• Paulo Lins → Cidade de Deus (romance).
• E muitos outros: José Cândido de Carvalho, Silviano Santiago, Mário Palmério, Autran
Dourado, João Antônio, Josué Montello, Assis Brasil, Nélida Piñon, Mário Prata, Millôr
Fernandes, Hilda Hilst, Ana Miranda, Fernando Molica, Cristovão Tezza, Domingos Pelle-
grini, João Gilberto Noll, Milton Hatoum.

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PANORAMA DO TEATRO BRASILEIRO

LITERATURA COLONIAL (1500-1800)


QUINHENTISMO → Os jesuítas escreveram e encenaram peças com o intuito de ca-
tequizar os índios. Logo, há uma produção teatral surgida no Brasil sem intenção artística.
BARROCO e ARCADISMO → Nada relevante produzido. Praticamente tivemos um
vazio de dois séculos em termos de produção teatral no Brasil.

ROMANTISMO (1836-1881)
Praticamente todos os escritores românticos escreveram peças de teatro; mas nada
de relevante foi produzido, com exceção das peças de...

MARTINS PENA
• Fazia a chamada comédia de costumes, satirizando as pessoas e a sociedade de sua época.
• Comédia estilo “pastelão”, com finais felizes e certo realismo ingênuo.
• Principais peças: O noviço, O juiz de paz da roça e Judas no sábado de aleluia.

REALISMO-NATURALISMO (1881-1922)
Os dramaturgos deste período continuam a escrever comédias, porém mais refina-
das que as de Martins Pena, e dramas de boa qualidade teatral. Os principais nomes foram:
• Artur França
• Artur Azevedo – o melhor dramaturgo do período. Principal peça: A capital federal.
• Machado de Assis

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SÉCULO 20 E TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS


• Os trinta primeiros anos do século 20 não revelaram maiores novidades em termos tea-
trais no Brasil. As ideias modernistas demoraram para subir aos palcos nacionais.
• Nos anos 1930, Oswald de Andrade escreve a peça O rei da vela, em 1933, publica-a em
1937, mas ela só é encenada em 1967.
• Em 1943, encena-se a peça Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues → marco inicial do
Teatro Moderno brasileiro.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Nelson Rodrigues
• Pai do teatro moderno brasileiro e um de seus autores mais importantes.
• Teatro de escândalo → Vasculhando os porões do subconsciente humano, Nelson Rodri-
gues escancara no palco os vícios, as perversões, as taras e os tabus existentes na burguesia.
• Principais peças: Vestido de noiva, O beijo no asfalto, Bonitinha, mas ordinária; Toda
nudez será castigada e O anjo negro.

Jorge Andrade
• Peças sérias, que dialogam com os valores da aristocracia rural e da família patriarcal.
• Principais peças: A moratória, Vereda da salvação e Os ossos do Barão.

Ariano Suassuna
• Teatro de raízes populares, inspirado no teatro de cordel, nos espetáculos de feira, for-
mas primitivas de arte, muito comuns no Nordeste.
• Principais peças: Auto da compadecida, O casamento suspeitoso e O santo e a porca.

Dias Gomes
• Obra que reflete certo engajamento, crítica social e boas doses de humor.
• Escreveu muitos roteiros e telenovelas para a TV.
• Principais peças: O pagador de promessas, O Santo Inquérito e O bem-amado.

Outros grandes autores:


Augusto Boal, Odulvado Vianna Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Plínio Marcos, Chico
Buarque e Paulo Pontes.

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VOCABULÁRIO LITERÁRIO
Eis algumas palavras e expressões bastante comuns em questões de literatura nos
principais vestibulares do Brasil:
1. A despeito de: conjunção concessiva, sinônima a apesar de, embora.
2. Confessionalismo: quando uma obra literária demonstra certo traço de desabafo ou confis-
são por parte de seu emissor, dizemos que ela apresenta traços de confessionalismo, apon-
tando, em muitas vezes, para certa inspiração autobiográfica, um tom confessional.
3. Dialética: em sentido geral, palavra que estabelece uma relação de oposição entre ele-
mentos diversos. Por exemplo: existe uma relação dialética entre as estéticas literárias,
como Romantismo e Realismo, pois se a subjetividade foi a tônica daquela, a objetividade
(antagônica à subjetividade) foi a marca desta.
4. Dialogismo: expressão sinônima à intertextualidade. Quando uma obra cita outras obras de
maneira normalmente implícita. Exemplo: quando Machado de Assis, em seus romances,
faz alusões à mitologia greco-romana ou à Bíblia Sagrada.
5. Encerrar: conter, guardar. Verbo perigoso, muito frequente em enunciados de questões.
Exemplo: O texto encerra uma crítica ao capitalismo. Não quer dizer que finaliza uma crí-
tica, mas, sim, traz uma crítica, contém uma crítica.
6. Impassibilidade: indiferença ante ao sentimentalismo. Em literatura, diz-se que um texto
demarcado pela impassibilidade é um texto desprovido de sentimentalismo ou ênfase a
aspectos mais subjetivos. Certa sinonímia com impessoalidade.
7. Impessoalidade: desprovido de qualquer traço pessoal, com vistas a uma maior objetivi-
dade e imparcialidade.
8. Interlocutor: o receptor de um texto. De modo geral, corresponde ao leitor de um texto.
9. Intertextualidade: vide Dialogismo.
10. Lançar mão: fazer uso, utilizar-se. Expressão antônima a abrir mão.
11. Metafísica: em literatura, tudo aquilo que aponta para o abstrato, o intangível e o místico.
Uma obra de tendências metafísicas transcende as questões relacionadas ao mundo con-
creto e objetivo.
12. Memorialismo: em literatura, uma obra com traços memorialistas procura dar vazão a
lembranças das coisas passadas, reminiscências.
13. Metalinguagem: quando a temática de um texto vem a ser o próprio texto em si. Quando
poemas possuem como temática a própria poesia em si, diz-se que o poema é metalin-
guístico ou, então, trata-se de um metapoema, de uma manifestação de metalirismo.
14. Misticismo: quando uma obra literária faz referência a elementos sobrenaturais, trans-
cendentes.
15. Neologismos: palavras novas, criadas pelos autores literários. Guimarães Rosa, por exem-
plo, foi um grande criador de neologismos.

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16. Objetividade: uma obra demarcada pela objetividade é aquela que demonstra ser mais
direta, concisa, isenta de traços individuais, subjetivos.
17. Onírico: relativo ao universo inconsciente ou, principalmente, ao universo dos sonhos e
alucinações.
18. Regionalismo: quando uma obra procura caracterizar uma região normalmente distante
dos centros urbanos, no interior, ressaltando suas particularidades. Por exemplo, o Ro-
mance Regionalista de 30 aborda predominantemente problemas típicos da região inte-
riorana nordestina.
19. Religiosidade: quando uma obra demonstra um apego a elementos relacionados ao que é
sagrado. Palavra que guarda relação semântica com misticismo.
20. Rima preciosa: caso especial de rima rica, a qual se obtém de forma artificial, por meio de
palavras combinadas. Exemplo: noute / sou-te; ouvia-a / guia.
21. Rima rara: também um caso especial de rima rica, que se dá entre palavras que apresentam
pouquíssimas possibilidades de rimas possíveis. Exemplo: leque / peque; pondes / frondes.
22. Subjetividade: expressão antônima à objetividade.
23. Verossimilhança: impressão de verdade que a ficção consegue provocar pelo respeito à
coerência interna da obra.
24. Versos isométricos: uma estrofe de versos isoméricos possui versos com um mesmo
número de sílabas métricas.
25. Versos heterométricos: uma estrofe de versos heterométricos possui versos com um
número diferente de sílabas métricas.
26. Ufanismo: exagero, exacerbamento. Um nacionalismo ufanista, por exemplo, é um naci-
onalismo exaltado, o qual procura exalar apenas as virtudes do país, sem provocar ne-
nhum tipo de olhar mais crítico para as condições e/ou eventuais problemas.
27. Universalismo: uma obra marcada pelo universalismo procura não se prender a detalhes
particulares de uma região, transcendendo limites de tempo, espaço e linguagem.

OSG.: 2101_19apr./VM

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