Teologia 2

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MÓDULO

BELÉM

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
ÍNDICE

Panorama da
Teologia
03

35 Bibliologia

Pentateuco 69

111 Os Evangelhos

Vida Famíliar 141


Visão geral da
177 História de Israel

Teontologia 215
PANORAMA
DA TEOLOGIA

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
PANORAMA
DA TEOLOGIA

Para entrarmos no estudo da teologia propriamente dita, precisamos ter alguns


conhecimentos prévios que nos ajudarão nessa caminhada. Eis alguns aspectos da teologia
que o ajudarão a entender melhor diversos aspectos daquela que é a principal área do
conhecimento humano.

TODOS PRECISAM
DE TEOLOGIA
“Por sermos o que somos e pelo fato de tudo o mais ser o que é,
o estudo mais importante e proveitoso que qualquer de nós
pode fazer é, sem dúvida alguma, o da teologia.
Não existe substituto para a teologia”
A. W. Tozer

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MÓDULO
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Trabalhando com definições simples, teologia é o estudo daquilo que se relaciona a Deus, sua
revelação e sua relação com o mundo (cosmo).

Para muitas pessoas a teologia é uma matéria desnecessária, porque para elas religião é um
assunto de pouca ou nenhuma importância. E a maioria dessas pessoas sequer sabe dizer o
que é teologia, o que ela estuda ou quais as suas fontes. Todavia, a teologia é um assunto do
qual ninguém escapa. Até o ateu, de alguma forma, está fazendo teologia.

Como disse C.S. Lewis, um dos maiores defensores do cristianismo no século XX:

“se você não der atenção à Teologia, isso não significa que não
terá ideia alguma sobre Deus. Significa que terá, isto sim, uma
porção de ideias erradas — ideias más, confusas, obsoletas”

LEWIS, C.S.
Cristianismo puro e simples.
São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 2006

Se Deus não existisse, realmente a teologia seria uma ciência inútil. Mas porque Ele existe e é
quem Ele é, uma teologia correta é o tipo mais necessário de conhecimento que o ser humano
deve buscar. Uma das declarações mais grandiosas, sublimes e absolutas sobre Deus é que
“Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas”, conforme está escrito em Romanos 11.36.

Isto significa que todas as coisas têm origem Nele. Que todas as coisas são sustentadas e
mantidas por Ele. E que, por fim, tudo, de um jeito ou de outro, se destina a Ele. Toda existência
está, de algum modo, ligada à sua Divina Essência, quer as pessoas acreditem ou não.

Neste momento vale a pena refletir em uma afirmação de A. W. Tozer, grande escritor cristão:

“Por sermos o que somos e pelo fato de tudo o mais ser o que é,
o estudo mais importante e proveitoso que qualquer de nós
pode fazer é, sem dúvida alguma, o da teologia.

A teologia provavelmente recebe menos atenção do que


qualquer outro assunto, mas isso nada diz sobre sua
importância ou a falta dela. Esse fato indica, porém que os
homens continuam ocultando-se da presença de Deus entre
as árvores do jardim e sentem-se terrivelmente constrangidos
quando o assunto de sua relação com Ele é mencionado. Eles
sentem sua profunda alienação de Deus e só conseguem viver
em paz consigo mesmos quando se esquecem de que não
estão reconciliados com Deus.

Se não houvesse Deus as coisas seriam muito diferentes para


nós. Se não houvesse alguém a quem devêssemos finalmente
prestar contas, pelo menos um grande peso aliviaria a nossa
mente. Precisaríamos viver apenas dentro da lei, o que não é
tão difícil na maioria dos países, e nada haveria a temer. Mas
se Deus criou de fato a Terra e colocou nela o homem numa
condição de experiência moral, pesa então sobre nós a
responsabilidade de aprender a vontade de Deus e pô-la em
prática.”
TOZER, A.W.
O melhor de A.W. Tozer.
São Paulo: Mundo Cristão, 1984, p. 93

E nesse ponto, podemos dizer que até mesmo bons cristãos são deficientes em sua vida cristã
porque desconhecem verdades essenciais sobre Deus e sua relação com todas as coisas.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

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BELÉM
Possuem crenças e expectativas sobre Deus que não são provenientes da revelação que Ele fez
de si mesmo. São frutos de reflexões e conceitos que eles desenvolveram a partir deles
mesmos e não a partir das Escrituras. Por isso a teologia é indispensável.

Vivemos em um mundo onde se diz e se escreve muitas coisas a respeito de Deus que não são
verdadeiras. Tanto pessoas simples quanto homens eruditos falam de Deus de modo genérico
e racional, sem que tenham tido qualquer experiência com Ele ou saibam o caminho correto
para conhecê-Lo. Cada vez se torna mais necessário separar joio e trigo para que possamos ter
um entendimento correto do assunto. Por isso precisamos de teologia.

Conhecer a Deus é a maior necessidade do ser humano. Nenhum outro conhecimento é tão
necessário ou tão sublime quanto este. Na verdade, não existe coisa alguma mais importante.

“E a vida eterna é esta: que conheçam a Ti só como Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem
enviaste”, disse Jesus em João 17.3

Podemos falar de teologia em dois sentidos: um amplo e outro restrito. No sentido amplo,
todos os assuntos que se relacionam com Deus e sua revelação, são assuntos da teologia. A
pessoa de Deus, o plano de salvação, o papel da Igreja, a revelação especial de Deus nas
Escrituras, o futuro previsto na Bíblia – tudo isso se relaciona com a teologia.

Há, porém, um sentido mais restrito e essencial. Teologia é o estudo do Ser de Deus. É aquilo
que pode ser chamado também de teontologia, porque se concentra em saber aquilo que nos
foi revelado sobre a Pessoa do próprio Deus. É através desse estudo que podemos conhecer e
aprender acerca da Divindade e de seus atributos.

Talvez você possa dizer: “Mas eu já conheço a Deus. Já conheço Jesus. Já tive um encontro
pessoal e salvador com Ele”. Isso pode ser verdade, mas não significa que você já sabe tudo o
que precisa saber a respeito Dele e que tudo o que você aprendeu já é o suficiente. Estamos
falando Daquele que é tão imenso que nem os céus, ou os céus dos céus podem conter.
Estamos falando do Deus verdadeiro e conhecê-lo cada vez mais é uma tarefa que temos de
estar dispostos a cumprir. A teologia é apenas mais um passo nessa direção. Como disse o
profeta Oséias:

“Então conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor”


Oséias 6.3

Não só a teologia é a ciência mais importante, como também é a mais árdua. Se falássemos
em conhecer o ser humano, já teríamos diante de nós uma tarefa hercúlea. Quanto mais
falando em conhecer o Criador e o Senhor de todas as coisas. E quanto maior uma tarefa,
maiores são as habilidades que precisamos e melhores precisam ser as nossas ferramentas.

Talvez você ainda diga: “Eu não preciso de teologia para conhecer a Deus. Basta amá-lo, servi-lo
e estar em comunhão com Ele”. Tudo isso é importante e imprescindível. A teologia não existe
para substituir o relacionamento pessoal. Existe justamente para nos ajudar nesse
relacionamento pessoal com Deus. Assim como um mapa não foi feito para substituir a
viagem, mas para possibilitar uma viagem certa e segura. Não nos basta só um mapa, mas
precisamos dele para atingir nosso objetivo.

A teologia não substitui nem a comunhão e nem a Bíblia. Pelo contrário. É fruto da comunhão
com Deus e da fé e reverência para com as Escrituras. Como disse alguém, teologia é “a fé em

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busca de entendimento”. Ou como disse outro teólogo: “Creio para compreender e
compreendo para crer melhor”. Não basta ferramentas para construir uma casa, mas não se
constrói uma casa sem as ferramentas. Não basta a teologia para eu conhecer a Deus, mas é
com a boa teologia que o meu conhecimento Dele e o meu relacionamento com Ele são
construídos de forma segura e eficaz.

Eu não conheço um candidato apenas pelo seu currículo, mas é com o currículo que crio as
impressões certas e faço as perguntas certas. É a partir desse currículo que me aproximo, avalio
e decido. Um currículo contém o que a pessoa disse a respeito de si mesmo. E isso me conduz
a ela e a uma interação maior.

Na Bíblia nós temos o que Deus diz de si mesmo. Seus feitos, Suas palavras, Seu Ser estão ali
revelados. Ali está registrada de forma inspirada e inerrante a história da autorrevelação divina.
A teologia nada mais é do que a sistematização e a organização dessa revelação, de modo que
ela se torne mais compreensível para a nossa mente. É através do labor teológico, que não é
trabalho de um só homem, mas de muitos ao longo da história, que a verdade de Deus tem
sido apresentada. Foi através do labor teológico, que ideias erradas acerca de Deus foram
percebidas e corrigidas. Será através do estudo de teologia que seremos capazes de
desenvolver nossa vida cristã de modo a evitar becos sem saída e atalhos perigosos.

Não podemos permitir que a preguiça, os preconceitos, a negligência, as muitas atividades


desta vida nos impeçam de estudar e aprender teologia. O conhecimento humano cresce e
com ele também crescem ideologias e filosofias enganosas, que prejudicam não apenas a nós,
mas também àqueles a quem amamos. É preciso estar pronto para responder com mansidão e
temor a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que está em nós, como disse o
apóstolo Pedro no capítulo três e versículo 15 de sua primeira epístola.

Assim como a teologia não pode substituir nem a Bíblia e nem nosso relacionamento com
Deus, do mesmo modo nada pode substituir a teologia. A filosofia não pode substitui-la. Nossas
experiências não podem substitui-la. Nem nossas próprias ideias podem substitui-la. Podemos
ter pouca ou muita teologia. Podemos ter boa ou má teologia. Mas sempre ouviremos ou
leremos afirmações a respeito de Deus que podem ser boas ou prejudiciais. E sem teologia nós
não teremos como avaliar essas afirmações, não saberemos se devemos absorvê-las ou rejeitá-
las.

Quanto melhores forem as nossas ferramentas, melhor ficará nosso trabalho. E nosso trabalho
é conhecer a Deus e torná-lo conhecido. Ainda que todo conhecimento de Deus seja parcial,
ele pode ser mais perfeito ou menos perfeito, mais claro ou menos claro, mais correto ou
menos correto. Ao usar as ferramentas disponibilizadas pela teologia, nosso trabalho se torna
mais profundo e mais eficaz.

Se estivéssemos diante de uma grande montanha e nossa tarefa fosse escalá-la, explorá-la,
conhecê-la e explicar aos outros sobre ela, não ficaríamos muito felizes se tivéssemos às mãos
as habilidades e instrumentos necessários? Estamos diante Daquele que é maior do que tudo.
Também queremos estar preparados para este desafio. Sabemos que Ele é grande, imenso,
infinito, ilimitado. Ainda assim somos desafiados a aprender sobre Deus o melhor possível. E
isso nós faremos, mesmo que fiquemos assustados ou espantados com a grandeza da tarefa e
sejamos levados a declarar juntamente com o apóstolo:

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“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da
ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o
intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe
deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque
dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele
eternamente. Amém!”
Romanos 11:33-36

Então, o que vamos aprender aqui? Vamos aprender sobre os tipos de conhecimento de Deus.
Vamos aprender sobre conceitos filosóficos da divindade, sobre sua existência, suas
características, isto é, seus atributos, sua natureza, seus nomes. E a Trindade? Como
compreender algo tão elevado e profundo? Conhecer a Deus e torná-lo conhecido é o nosso
grande desafio e a teologia é o nosso caminho.

A BOA E A
MÁ TEOLOGIA
Falando da situação de Evangelho no mundo, as perspectivas para a Europa são assustadoras.
Basta ler o pensamento do líder Líbio, Muamar Kadafi, expresso há algum tempo: “Há sinais de
que Alá garantirá vitória na Europa sem espadas, sem armas, sem conquistas. Não precisamos
de terroristas ou homens bombas homicidas. Os mais de 50 milhões de muçulmanos na
Europa a transformarão em um continente islâmico em poucas décadas.”

É uma previsão sinistra se pensarmos na contribuição cristã da Europa para o mundo. Mesmo
que não se torne realidade, a simples possibilidade de tal fato traz preocupação e nos leva à
pergunta de como isso pode acontecer em uma região que foi celeiro de líderes, missionários e
avivamentos. O Evangelho partiu de Jerusalém, mas foi a partir da Europa que ele alcançou o
mundo, em ondas sucessivas, quer de compreensão, quer de divulgação, quer de
fortalecimento da Palavra.

Desde os homens e movimentos santos de Deus no continente europeu à atual islamização,


insere-se uma teologia destrutiva, que longe de servir para estruturar a fé cristã, funcionou
como uma osteoporose, tornando doente o edifício todo do cristianismo. Essa má teologia foi
como uma podridão nos ossos. Ao invés da profecia que transforma ossos secos em exércitos, a
erudição incrédula fez das hostes santas, ossos ressequidos.

Os avivalistas sempre criticaram a ortodoxia morta. Todavia, existe algo pior do que isso. É a
destruição da própria ortodoxia. Quando a teologia liberal surgiu minando os alicerces da
própria fé cristã, era evidente que seu resultado inevitável seria um cristianismo fraco e
decadente.

A verdade é que um cristianismo forte é impossível sem uma teologia forte. Quando ao invés
de tornar a verdade bíblica mais clara ela a obscurece, então a teologia está prestando um
desserviço. A “teologia” de alguns eruditos incrédulos foi ao longo do tempo produzindo
cristãos e líderes de quinta categoria, duvidosos de suas crenças, incapazes de despertar nos
homens a rendição a Deus e de resistir ao secularismo crescente.

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Nomes como Friederich Schleiermacher (1768 – 1834), Albrecht Ritschl e Adolf Harnack (1851 –
1930) são nomes ligados a essa teologia liberal, morta e mortífera, que ao invés de sustentáculo
intelectual da fé, significou seu ocaso. Uma exposição resumida do pensamento de
Schleiermacher tornará evidente esse fato: “A Bíblia, declarou [Schleiermacher], não é a
autoridade absoluta, mas o registro das experiências religiosas das comunidades cristãs
primitivas; portanto não fornece um padrão para as tentativas contemporâneas de interpretar
a relevância de Jesus Cristo para as circunstâncias históricas específicas. Ela não é
sobrenaturalmente inspirada e infalível.”

A ideia dessa teologia era que as verdades bíblicas eram incompatíveis com o pensamento
científico da época e, portanto, eram insustentáveis. Ao negar a validade das Escrituras
Sagradas como única fonte autorizada de revelação divina, todas as afirmações a respeito da
salvação, de Deus, de Jesus, tornaram-se descartáveis, sendo substituídas por noções estranhas
à fé dos apóstolos e do cristianismo histórico.

Até mesmo um homem brilhante como Albert Schweitzer (1875 – 1965), apesar de toda sua
abnegação cristã, tinha conceitos imensamente distantes daqueles ensinados na Palavra de
Deus, como um resultado dessa teologia liberal.

“A vinda de Jesus seria um acontecimento surpreendente, envolvendo distúrbios cósmicos. A


chegada do reino seria um clímax absoluto – não uma passagem gradual – e transformaria
radicalmente as circunstâncias e o caráter humano.” Segundo Schweitzer, Jesus acreditava
nisso e era o que ele ensinava, – mas, é claro, Jesus estava errado.

Se a Bíblia nada tinha de infalível, Jesus também não tinha. Ele não era “a verdade”, nem
mesmo um revelador da verdade, apenas alguém com suas crenças, por sinal, ilusórias. Que
tipo de cristianismo poderia produzir tal teologia? Com certeza, não uma teologia capaz de
fazer frente a algo como o islamismo.

A invasão muçulmana é o resultado óbvio de uma cidade derrubada que não possui muros. A
fé dos muçulmanos em suas crenças contrasta com a pouca confiança dos “cristãos” na Bíblia.
Enquanto os teólogos relativizaram as verdades cristãs, o mundo muçulmano trabalhou para
fortalecer suas crenças. Essa é uma das razões da atual situação. Jamais os que relativizam as
verdades bíblicas poderão resistir aos que tornam absolutos os seus enganos religiosos.

É impossível ler este texto do “teólogo” alemão Bruno Bauer (1809 – 1882) sem sentir um frio na
espinha. O Mal também trabalha para perverter a intelectualidade humana, mesmo a que se
diga a serviço de Deus.

Vejamos o que Bruno Bauer escreveu em 6 de dezembro de 1841 a seu amigo Arnold Ruge, que
também foi amigo de Marx e Engels: “Faço conferências aqui na Universidade ante uma grande
audiência. Não reconheço a mim mesmo, quando pronuncio minhas blasfêmias do púlpito.
Elas são tão grandes, que estas crianças, a quem ninguém deveria escandalizar, ficam com os
cabelos em pé. Enquanto profiro as blasfêmias, lembro-me de como trabalho piedosamente
em casa, escrevendo uma apologia das Sagradas Escrituras e do Apocalipse. De qualquer
modo, é um demônio muito cruel que se apossa de mim, sempre que subo ao púlpito, e eu sou
forçado a render-me a ele (…) Meu espírito de blasfêmia somente será saciado se estiver
autorizado a pregar abertamente como professor do sistema ateísta”.

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BELÉM
O grande problema é confundir verdade com erudição, considerar que porque alguém é culto,
todas as suas afirmações são verdadeiras. Um erudito sem novo nascimento, sem temor do
Senhor e sem vida com Deus, vale tanto quanto um homem-bomba. Perece levando muitos
consigo. Tal como os fariseus da antiguidade, esses eruditos fecham a porta do Reino, não
entram e não deixam ninguém entrar. Assim foram, infelizmente, muitos notórios teólogos.

“O senhor ora?”, perguntou-se a determinado teólogo no final de sua vida. “Eu medito”, foi a
resposta. Por que ele não orava? Não acreditava no Deus que respondeu a oração de Abraão, de
Isaque, de Jacó? Não era capaz de ter um relacionamento com a Divindade, tal como Moisés,
Josué, Samuel, Davi e os profetas? O conhecimento da verdade tem seu padrão na piedade (Tt
1.1). Um teólogo que não ora, dificilmente será um bom teólogo.

A erudição com certeza é necessária, até mesmo indispensável. Contudo, sozinha não basta.
Uma teologia que negue ao invés de afirmar não nos trará nada de bom. A mente humana,
dentro de suas limitações desse nosso mundo caído, só pode tornar-se um canal das verdades
divinas quando ajudada pelo Espírito Santo. Não pode produzir por si mesma qualquer
verdade salvadora.

O ENSINO DAS VERDADES


CRISTÃS BÍBLICAS
A doutrina cristã (a palavra "doutrina" significa "ensino" ou "instrução") pode definir-se assim: as
verdades fundamentais da Bíblia dispostas em forma sistemática. Este estudo chama-se
comumente: "teologia", ou seja, "um tratado ou um discurso racional acerca de Deus". (Os dois
termos serão usados alternadamente nesta seção.) A teologia ou a doutrina assim se descreve:
a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus e das suas relações para com o homem.
Trata de tudo quanto se relaciona com Deus e com os propósitos divinos.

Por que descrevemos a teologia ou a doutrina como sendo uma "ciência"? A ciência é a
disposição sistemática e lógica de fatos comprovados. A teologia é chamada ciência porque
consiste em fatos relacionados com Deus e com as coisas de ordem divina, apresentadas de
uma maneira lógica e ordenada.

Qual é a conexão entre a teologia e a religião? Religião vem da palavra latina "ligare", que
significa "ligar"; religião representa as atividades que "ligam" o homem a Deus numa
determinada relação. A teologia é o conhecimento acerca de Deus. Assim a religião é a prática,
enquanto a teologia é o conhecimento. A religião e a teologia devem coexistir na verdadeira
experiência cristã; porém, na prática, às vezes, se acham distanciadas, de tal maneira que é
possível ser teólogo sem ser verdadeiramente religioso, e por outro lado a pessoa pode ser
verdadeiramente religiosa sem possuir um conhecimento sistemático doutrinário.

Se conheces estas coisas, feliz serás se as observas", é a mensagem de Deus ao teólogo.


"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade" (2Tim. 2:15), é a mensagem de Deus ao homem
espiritual.

Qual é a diferença entre doutrina e dogma? Doutrina é a revelação da verdade como se


encontra nas Escrituras; dogma é a declaração do homem acerca da verdade quando

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apresentada em um credo. Esperamos confiadamente que a teologia ou doutrina encontre o
lugar que merece no pensamento e na educação religiosa.

Para um ser imortal, a verdade acerca de Deus, do destino humano e do caminho para a vida
eterna, nunca pode ser de pouca importância. Todos os homens que raciocinam devem tomar
em consideração essas coisas. São perguntas tão antigas quanto a própria raça humana e só
podem ser esquecidas quando a raça houver submergido na idiotice ou houver perdido a
imagem de Deus.

“Assim como o homem pensa no seu coração, assim ele é.


Toda a existência do homem gira em torno do que pensa,
especialmente do que pensa acerca de Deus”
Provérbios 23:7

O VALOR DA
DOUTRINA

1.
O conhecimento (doutrinário) supre a
necessidade de haver uma declaração
autoritária e sistemática sobre a verdade.

Há uma tendência em certos meios de não somente procurar diminuir o valor de ensinos
doutrinários como também de dispensá-los completamente como sendo desnecessários e
inúteis. Porém, enquanto os homens cogitam sobre os problemas da sua existência, sentirão a
necessidade de uma opinião final e sistemática sobre esses problemas. A doutrina sempre será
necessária enquanto os homens perguntarem: "De onde vim? quem sou eu? e para onde vou?"

Muitas vezes se ouve esta expressão: "não importa o que a pessoa crê uma vez que faça o bem."
Essa opinião dispensa a doutrina por julgá-la de nenhuma importância em relação à vida. Mas
todas as pessoas têm uma teologia, queiram ou não reconhecer tal verdade; os atos do homem
são fruto de sua crença. Por exemplo, quão grande diferença haveria no comportamento da
tripulação um navio que estivesse ciente de que viajava em direção a um destino determinado,
e o comportamento da tripulação dum navio que navegasse à mercê das ondas e sem rumo
certo.

A vida humana é uma viagem do "tempo" para a eternidade, e é de grande importância a


pessoa saber que essa viagem não tem significado ou rumo certo, ou que é uma viagem
planejada pelo seu Criador e dirigida por ele para um destino celestial.

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2. O conhecimento doutrinário é essencial para
o pleno desenvolvimento do caráter cristão.

As crenças firmes produzem caráter firme; crenças bem definidas produzem também
convicções bem definidas. Naturalmente, a crença doutrinária da pessoa não é sua religião,
assim como a espinha dorsal do seu organismo não é a sua personalidade. Mas assim como
uma boa espinha dorsal é parte essencial do corpo, assim um sistema definido de crença é
uma parte essencial da religião.

Alguém disse: "O homem não precisa expor a sua espinha dorsal, no entanto deve possui-la
para estar bem aprumado. Da mesma forma, o cristão precisa de uma definição doutrinária
para não ser um cristão volúvel e até corcunda!" Certo pregador francês unitariano fez a
seguinte declaração: "A pureza de coração e de vida importa mais do que a opinião correta." A
essa declaração outro pregador francês respondeu: "A cura também é mais importante que o
remédio; mas sem o remédio não haveria cura!" Sem dúvida é mais importante viver a vida
cristã do que apenas conhecer as doutrinas cristãs; porém não pode haver experiência cristã
enquanto não houver conhecimentos das doutrinas cristãs.

3. O conhecimento doutrinário é um baluarte


contra o erro. (Mat.22:29; Gál. 1:6-9; 2 Tim. 4:2-4.)

Diz-se com razão, que as estrelas surgiram antes da astronomia, e que as flores existiram antes
da botânica, e que a vida existia antes da biologia, e que Deus existia antes da teologia.
Isto é verdade. Mas os homens em sua ignorância conceberam ideias supersticiosas acerca das
estrelas, e o resultado foi a pseudociência da astrologia. Os homens conceberam falsas ideias
acerca das plantas, atribuindo-lhes virtudes que não possuíam, e o resultado foi a feitiçaria. O
homem na sua cegueira formou conceitos errôneos acerca de Deus e o resultado foi o
paganismo com suas superstições e corrupção.

Porém surgiu a astronomia com seus princípios verdadeiros acerca dos corpos celestes e dessa
maneira expôs os erros da astrologia. Surgiu a botânica com a verdade sobre a vida vegetal e
dessa maneira foram banidos os erros da feitiçaria. Da mesma maneira, as doutrinas bíblicas
expurgam as falsas ideias acerca de Deus e de seus caminhos.

"Que ninguém creia que erro doutrinário seja um mal de pouca importância", declarou D. C.
Hodge, teólogo de renome. "Nenhum caminho para a perdição jamais se encheu de tanta
gente como o da falsa doutrina. O erro é uma capa da consciência, e uma venda para os olhos."

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MÓDULO
BELÉM 13
4.
O conhecimento doutrinário é uma parte
necessária do equipamento de quem
ensina a Palavra de Deus.

Quando uma remessa de mercadorias chega a uma casa comercial, essas mercadorias são
desempacotadas, devidamente registradas, e colocadas em seus devidos lugares nas
prateleiras para serem vendidas. Essa ilustração mostra que deve haver certa ordem. Da
mesma maneira, um dos propósitos do estudo sistemático é pôr as doutrinas em ordem. A
Bíblia obedece a um tema central. Mas existem muitas verdades relacionadas com o tema
principal que se encontram nos diversos livros da Bíblia. Assim sucede que, para adquirir um
conhecimento satisfatório das doutrinas, e para poder entregá-lo a outrem, devem-se
combinar as referências relacionadas ao assunto e organizá-las em tópicos e subtópicos.

A CLASSIFICAÇÃO
DA DOUTRINA
A teologia inclui muitos departamentos:

1.
A teologia exegética (exegética vem da palavra grega que significa "sacar" ou
"extrair" a verdade) procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras. Um
conhecimento das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras pertence a
este departamento da teologia.

2.
A teologia histórica traça a história do desenvolvimento da interpretação
doutrinária, e envolve o estudo da história da igreja.

3.
A teologia dogmática é o estudo das verdades fundamentais da fé como são
apresentadas nos credos da Igreja.

4.
A teologia bíblica traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia,
e descreve a maneira de cada escritor apresentar as doutrinas importantes.

Por exemplo: segundo este método ao estudar a doutrina da expiação estudar-se-ia


a maneira como determinado assunto foi tratado nas diversas seções da Bíblia — no
livro de Atos, nas Epístolas, e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que Cristo, Paulo,
Pedro ou João disseram acerca do assunto. Ou descobrir-se-ia o que cada livro ou
seção das Escrituras ensinou concernente às doutrinas de Deus, de Cristo, da
expiação, da salvação e de outras.

5. A teologia sistemática. Neste ramo de estudo os ensinos bíblicos concernentes a


Deus e ao homem são agrupados em tópicos, de acordo com um sistema definido;
por exemplo, as Escrituras relacionadas à natureza e à obra de Cristo são
classificadas sob o título: "Doutrina de Cristo".

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BELÉM
A matéria contida no presente livro é uma combinação de teologia bíblica e sistemática. É
bíblica no sentido de que as verdades são extraídas das Escrituras e o estudo acompanha as
perguntas: "Que dizem as Escrituras (exposição) e que significam as Escrituras (interpretação)"?
É sistemática no sentido de que a matéria está agrupada segundo uma ordem definida.

UM SISTEMA
DE DOUTRINA
Qual é a ordem a que vai obedecer ao agrupamento desses tópicos? Não se pode fazer uma
regra rígida. Há muitos modos de fazer esses agrupamentos, cada qual possuindo o seu valor
peculiar.

Procuraremos seguir a ordem baseada sobre as relações de Deus com o homem, nas quais
Deus visa a redenção da humanidade.

1. DOUTRINA DAS ESCRITURAS (BIBLIOLOGIA)

De que fonte extrairemos a verdade inerente acerca de Deus? A natureza, na


verdade, revela a existência, o poder e sabedoria de Deus. Mas não expõe o caminho
do perdão, e nenhum meio provê de escapar ao pecado e suas consequências. Ela
não supre incentivo algum para a santidade e nenhuma revelação fornece acerca do
futuro. Deixando de lado o primeiro livro de Deus — a natureza — vamos ao outro livro
de Deus — a Bíblia — na qual encontramos a revelação perfeita de Deus concernente
a esses assuntos.

Qual a razão de se aceitarem as opiniões bíblicas como sendo a pura verdade? A


resposta a tal pergunta leva-nos ao estudo da natureza das Escrituras, a sua
inspiração, precisão e confiança.

2. DOUTRINA DE DEUS (TEOLOGIA OU TEONTOLOGIA)

Procuramos verificar o que as Escrituras ensinam acerca do maior de todos os fatos


— o fato de Deus, sua natureza e existência.

3. DOUTRINA DOS ANJOS (ANGELOLOGIA)

Do Criador naturalmente passamos ao estudo de suas criaturas, e, portanto, vamos


considerar as mais elevadas de suas criaturas: os anjos. Este tópico também inclui os
anjos maus, Satanás e os demônios.

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MÓDULO
BELÉM 15
4. DOUTRINA DO HOMEM (ANTROPOLOGIA)

Não nos demoraremos muito tempo no tema dos espíritos maus e bons, mas
passaremos a considerar a opinião bíblica acerca do homem, porque todas as
verdades bíblicas se agrupam ao redor de dois pontos focais — Deus e o homem. Em
segundo lugar em importância, após o estudo de Deus, está o estudo acerca do
homem.

5. DOUTRINA DO PECADO (HAMARTIOLOGIA)

O fato mais trágico em conexão com o homem é o pecado e suas consequências. As


Escrituras nos falam de sua origem, natureza, consequências e remédio.

6. DOUTRINA DE CRISTO (CRISTOLOGIA)

Segue-se, depois do pecado do homem, o estudo da pessoa e da obra de Cristo, o


Salvador do homem.

7. DOUTRINA DA EXPIAÇÃO

Sob este título consideramos os fatos que esclarecem o significado da obra de Cristo
a favor do homem.

8. DOUTRINA DA SALVAÇÃO (SOTERIOLOGIA)

Como se aplica a expiação às necessidades do homem e como se faz real em sua


experiência? Os fatos que nos dão essa resposta agrupam-se sob a doutrina da
salvação.

9. DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO (PNEUMATOLOGIA OU PARACLETOLOGIA)

Como se faz real no homem a obra de Cristo? Isto é assunto tratado na doutrina da
natureza e da obra do Espírito Santo.

10. DOUTRINA DA IGREJA (ECLESIOLOGIA)

Os discípulos de Cristo obviamente necessitam de alguma organização para se


realizarem os propósitos de adoração, instrução, comunhão e propagação do
Evangelho. O Novo Testamento nos fala acerca da natureza e da obra dessa
organização.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

16 MÓDULO
BELÉM
11. DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS (ESCATOLOGIA)

É natural dirigirmos o nosso olhar para o futuro e pensar: "Qual será o resultado final
de todas as coisas — a vida, a história, o mundo?" — Tudo o que se relaciona com o
futuro então se agrupa sob o título: "As últimas coisas".

VOCÊ SABE O QUE


É ORTODOXIA?
Você sabe o que é ortodoxia? Se não sabe precisa saber, pois a nossa fé precisa ser ortodoxa.
Nossas crenças não são um conjunto de ideias particulares que escolhemos ao nosso gosto.
Elas são um conjunto de afirmações que buscam se alinhar do modo mais exato possível com
aquilo que o próprio Deus revelou em sua Palavra. Não basta crer; é preciso crer no que é
verdadeiro. Deus disse muitas coisas e tudo o que Ele disse é verdadeiro. “Santifica-os na
verdade. A Tua Palavra é a Verdade” (Jo 17.17). Embora sejamos seres emotivos e não apenas
intelectivos, a verdade jamais pode ser baseada em nossos sentimentos, por melhor que
pareçam. É preciso inteligência e compreensão para entendermos, definirmos e nos
apropriarmos das verdades divinas.

Ortodoxia é uma palavra de origem grega. Vem de orthós, reto e doxa, opinião. Daí surge a
ortodoxia como “crença correta”. Crença correta é aquela que está conforme a verdade. Por
exemplo, se eu acredito que o fogo é frio, a luz é escura e a água é seca, não estou crendo em
fatos. A realidade não se ajusta àquilo que acredito. Ortodoxia cristã é a crença que se ajusta à
realidade revelada.

Assim, se acredito que Jesus é um simples profeta, que Deus é impotente ou enganador ou
que eu posso ser salvo bebendo chá feito com os chifres de um unicórnio, minha fé não é
ortodoxa. E por que não? Porque não se adequa às verdades reveladas das Escrituras,
realidades que foram reveladas por Deus ao longo dos anos. “Homens santos falaram movidos
pelo Espírito Santo” (2 Pd 1.21). Seus escritos, verdadeiros em todas as suas declarações, servem
de baliza para aquilo que creio ou deixo de crer. Minha fé é ortodoxa na medida em que se
ajustam a essa revelação.

Pontos inegociáveis
Isso não significa que todos os cristãos pensam igual, pois a uniformidade é impossível.
Significa que há um círculo de verdades que são inegociáveis, que qualquer pessoa que afirme
seguir a Cristo, e que afirme ser ortodoxo em sua fé, deve crer nisso. Pois se qualquer coisa for
cristianismo, então nada é cristianismo. Se o mero rótulo sem conteúdo é suficiente para
definir alguém como seguidor de Jesus Cristo, então estamos muito mal.

Alguém dizer que crê em Deus não basta. Esta palavra já está recheada de ideias que nada

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 17
tem a ver com o Deus verdadeiro que se auto revelou na história. Dizer que crê em Jesus, basta
menos ainda. Jesus é um nome usado por diversos grupos religiosos e ideológicos que têm
ideias muito diferentes sobre quem Ele é e sobre o que Ele fez. Mesmo a palavra “salvação” só
terá sentido se a pessoa explicar salvação do quê e para quê.

A Bíblia como única fonte de autoridade confiável para ensinar as coisas divinas; Jesus como o
Deus Filho feito homem para levar nossos pecados sobre a cruz; a sua ressurreição e vitória
permanente sobre a morte; a pecaminosidade e condenação geral de todo gênero humano; a
impossibilidade do ser humano salvar-se a si mesmo através de suas obras; a necessidade de
crer em Cristo e em sua obra como meio pelo qual a graça salvadora de Deus se manifesta em
nossas vidas. Esses são apenas alguns pontos que devem permanecer intocados se alguém se
diz seguidor de Jesus Cristo. Sem isso não há ortodoxia, não há cristianismo de fato.

Se a doutrina cristã não for ensinada, a fé se reduzirá a nada mais do que a um conjunto
abrangendo chavões, sentimentalismo religioso, clichês espirituais e suposições vazias. Sem
um forte ensino, a fé cristã é vazia. O primeiro fator essencial da nossa fé é a ortodoxia.

Amor, tolerância e ortodoxia


O catolicismo foi tão longe em sua defesa daquilo que ele chamava de ortodoxia, que pessoas
que discordavam de seus dogmas sofriam condenações que podiam levar à morte. Por causa
dessa atitude extrema, criou-se um clima onde qualquer defesa vigorosa daquilo que se
acredita é visto como uma violência. Discordar das crenças e práticas religiosas ou morais de
alguém se tornou “discurso de ódio”, embora os que se dizem vítimas de tais discursos se
oponham ferrenhamente aos que deles discordam.

Uma falsa ideia de tolerância tem se estabelecido, onde discordância e intolerância são vistas
como sinônimos. Discordar da crença do outro é visto como agressão. Chamar de mentira
declarações religiosas é considerado falta de respeito. Não se acredita mais na existência da
verdade, ou pelo menos na possibilidade de conhecê-la. Por isso, qualquer declaração religiosa
deve ser aceita como verdadeira, mesmo que quando duas supostas verdades colidam! Isso
não é tolerância. É suicídio intelectual!

O amor cristão, com certeza, nos levará a respeitar a crença do outros. Todavia, a verdade cristã
me levará a discordar de muitas crenças de muitos outros. Isto porque a revelação cristã
acredita na verdade e que só a verdade redimirá o homem. Quando um médico procura
persuadir um indígena de que a penicilina pode salvá-lo da infecção, em oposição à fumaça
esborrifada por um pajé em seu nariz, ele não está sendo intolerante. Está sendo coerente com
a verdade que aprendeu. Quando dizemos que o perdão está em Cristo e não em beber
sangue de animais, por exemplo, estamos fazendo a mesma coisa. Respeitar as crenças não é
transformá-las em verdades, mas sim conviver com elas, mesmo cientes de que são falsas. A
tolerância ou intolerância não anula a natureza das coisas. O falso tolerado continua falso. O
verdadeiro intolerado permanece verdadeiro.

A fé cristã cruza barreiras raciais, étnicas, sociais, linguísticas e nacionais. Ela inclui todos os
grupos de pessoas, de toda nação, tribo, povos e línguas (Ap 7.9). Sua membresia é inclusiva e
diversa, mas seu sistema de crenças é exclusivo e dogmático.

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BELÉM
Além da ortodoxia
Com certeza ter uma fé ortodoxa não é tudo. Mas tudo deve começar com uma doutrina
ortodoxa. Não podemos defender um cristianismo sem coração, mas também não podemos
defender um cristianismo sem cérebro. Verdade e amor não são excludentes, mas
complementares e até essenciais um ao outro. O Deus que é Amor (1 Jo 4.16) também é o Deus
que é a Verdade (Dt 32.4). De fato, em muitas ocasiões o equilíbrio entre ambos não é fácil.
Ainda assim é necessário.

Alguém já disse que o samaritano não perguntou a crença do homem caído na estrada.
Simplesmente o ajudou. Isso é cristianismo. Jesus demonstrou seu amor pela mulher
samaritana, mesmo não concordando com as suas crenças (Jo 4.20-23). Isso também é
cristianismo.

Entretanto, o que acreditamos sobre Deus e suas verdades pode permanecer muito ortodoxo,
mas de nada valerá se não provocar em nós ações corretas e nos conduzir aos sentimentos
corretos. Amar, servir, perdoar, ajudar, suportar também fazem parte da vida cristã. Precisamos
de ortodoxia, mas é igualmente crucial ir além dela.

A soberba que nasce em um coração por saber e defender a doutrina correta não deixa de ser
errada. De que te aproveita discorrer profundamente sobre a Trindade, se não és humilde e
assim desagradas a mesma Trindade? Prefiro sentir arrependimento a saber-lhe a definição.
Cristianismo ortodoxo é cristianismo verdadeiro, mas cristianismo verdadeiro é muito mais que
cristianismo ortodoxo.

Cristianismo sem trilhos, corpo sem ossos


Um trem não anda sem seus trilhos, um corpo humano não se move sem seu esqueleto. Ainda
que oculta, é a estrutura óssea que define e que sustenta o corpo humano. Da mesma forma,
nem sempre a fé ortodoxa transparece diretamente em um sermão. Todavia, aquele que prega
precisa ter por trás das palavras calorosas e inflamadas, as verdades divinas bem definidas e
em harmonia com a Palavra de Deus.

Precisamos avançar em nossa vida cristã, mas não compensa avançar fora dos trilhos. A graça e
o amor de Deus que me movem, devem mover-me em meio a compreensão clara e definida
de quem é esse Deus e do que é essa graça. Devem se desenvolver dentro das verdades divinas.
Do contrário, o conteúdo se perderá por estar em vasilhas erradas.

Eu sei “em que” tenho crido


Cremos em uma Pessoa, uma Pessoa Divina. E cremos em tudo aquilo que foi revelado por
essa Pessoa. Sua infalibilidade me garante que tudo o que ela me revelou é verdadeiro. E
qualquer afirmação que contrarie o que ela disse é falso. Por isso, ao longo da minha
caminhada como cristão, eu preciso ter cada vez mais claro e definido aquilo em que creio.
Isso irá me distinguir daqueles que usam as vezes as mesmas palavras que eu, todavia, com
sentido bem diverso.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 19
O que creio sobre a Bíblia? O que creio sobre Deus? Sobre Jesus, sobre o Espírito Santo? O que é
um ser humano? O que é pecado, salvação? O que preciso fazer para ser salvo? Como será o
futuro? Como agrado a Deus? São perguntas essenciais de cuja resposta depende meu destino
eterno. Não são perguntas matemáticas ou gramáticas, cujas definições erradas têm pouca ou
nenhuma implicação. O que creio sobre isso relaciona-se ao meu destino eterno e por isso não
posso me dar ao luxo de errar.

Concluindo
Um cirurgião que não tem bem definida em sua mente a anatomia do corpo humano ao
iniciar uma operação delicada colocará em risco a vida de seu paciente. Seus conhecimentos
sobre o funcionamento do organismo devem ser verdadeiros, do contrário, seu paciente se
tornará uma vítima. Você não se colocaria nas mãos de um médico que acredita que você
possui três estômagos ou que não precisa de sangue para sobreviver. Seria um louco e não um
médico.

Todavia, muitas pessoas têm colocado seu destino eterno nas mãos de pessoas com crenças
erradas. Kardec falou com espíritos cuja identidade ele não tinha como confirmar. Maomé
ouviu um espírito que se dizia Gabriel sem que o próprio Maomé tivesse certeza disso. E, no
entanto, bilhões de pessoas confiam suas crenças a fontes duvidosas para não dizer
definitivamente mentirosas. Ao invés da “sã doutrina” (Tt 1.9), isto é, o ensino sadio, elas o
trocam por falsas revelações e falsas interpretações. Na verdade, sequer se preocupam com a
fonte e o sentido daquilo que dizem crer.

Há caminhos que para o homem parecem direitos, mas no fim são caminhos de morte (Pv
14.12). Não basta o meu parecer. Aquilo que somente parece ser a verdade divina, jamais será
suficiente para me conduzir até Deus. Eu preciso de sua verdade exata para ter uma fé exata,
que me levará até sua eterna presença.

AS FERRAMENTAS
DA TEOLOGIA
Todo trabalho precisa de ferramentas apropriadas. Ferramentas inadequadas ou deficientes,
com certeza, produzirão resultados ruins. Os trabalhos intelectuais também precisam de
ferramentas adequadas e a teologia é um trabalho intelectual que tem suas próprias
ferramentas.

Podemos falar de pelo menos quatro ferramentas utilizadas pelos teólogos: Escrituras,
Tradição, Razão e Experiência:

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20 MÓDULO
BELÉM
Sem a menor sombra de dúvida, a primeira e principal ferramenta do teólogo

ESCRITURAS
é a Bíblia, são as Escrituras Sagradas. Qualquer teologia que não veja a Bíblia
como o ponto de partida e o único fundamento para se pensar sobre Deus,
com certeza tomará o caminho errado. Ela é, não só o fundamento, mas o
parâmetro para desenvolvermos nosso pensamento sobre Deus. Qualquer
coisa que não se ajuste a ela, deve ser rejeitado.

Nós não vemos a Tradição da mesma forma que a Igreja Católica Romana. A
TRADIÇÃO

Tradição não está em pé de igualdade com as Escrituras de forma nenhuma.


Aliás, qualquer tradição que a contrarie deve ser definitivamente rejeitada,
basta ler Mateus 15 sobre o conflito de Jesus com respeito à chamada “tradição
dos anciãos”.

Todavia, isto não significa que muitas das interpretações feitas ao longo do
tempo pelos pensadores da Igreja devem ser levadas em conta. Ninguém
precisa reinventar a roda. Temos uma tradição de pensamento e discussão
teológica sobre vários pontos que precisam ser levadas adiante. Tanto uma
tradição cristã universal, como também uma tradição mais específica de cada
grupo cristão que precisa ser conhecido e valorizado.

Razão e revelação não precisam ser mutuamente excludentes. Precisamos da


RAZÃO

razão para compreender a revelação e para organizá-la, de tal modo que ela
ficará compreensível aos demais. A razão não pode sobrepujar a revelação,
mas deve fundamentá-la e esclarecê-la.

Também é preciso entender que a experiência legítima não contradiz as


EXPERIÊNCIA

Escrituras, antes as consolida. Se o que está escrito não é real, então algo está
errado. Da mesma forma que a razão, a experiência não substitui a revelação,
antes a incorpora no viver diário e serve como uma constatação da veracidade
das afirmações das Escrituras.

Uso das Ferramentas

Não é o uso harmonioso dessas quatro ferramentas que produzem a distorção da verdade
bíblica. É justamente o uso indevido, sem a devida hierarquização das ferramentas, que tem
produzido cristianismos que não são bíblicos.

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MÓDULO
BELÉM 21
AS TEOLOGIAS TERÃO SEU VALOR DE
VERACIDADE MEDIDO PELAS ÊNFASES
FERRAMENTAIS DAS ESCRITURAS

O conceito sobre as Escrituras é determinante na qualidade de uma teologia. O conceito de


Sola Scriptura é a baliza que orientará qualquer estudo da Palavra de Deus.
TRADIÇÃO

Catolicismo e a Igreja Grega comprometem a teologia pela ênfase na tradição.


É fácil encontrar nesses grupos religiosos inúmeras inovações que não são
apenas não-cristãs, mas são até mesmo anticristãs.

A Teologia Liberal privilegia a razão. Não é a revelação divina que orientará o


RAZÃO

pensamento e a ação dos homens. É o raciocínio, a lógica e a razão,


geralmente de uma forma distorcida. Infelizmente, o resultado de tal ênfase foi
um conjunto de distorções que tem produzido outro evangelho.
EXPERIÊNCIA

O cristianismo popular, católico e evangélico, baseia se muitas vezes na


experiência. Infelizmente, a ignorância bíblica tem produzido formas e práticas
cristãs que fogem completamente da verdade revelada.

O cristianismo bíblico e conservador se caracteriza pela insistência na


AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

inspiração, autoridade e inerrância das Escrituras, este Princípio norteia toda a


sua teologia e o diferencia de outros.

Os eruditos evangélicos mostram-se bem apercebidos de que a doutrina


concernente à Bíblia controla todas as demais doutrinas próprias à fé cristã.

“Sem que admitamos a Bíblia como autoridade, até a


autoridade de Cristo sofrerá detrimento no fundo de todas
as reflexões, há de verificar-se que não há um só problema
importante que deixe de implicar na questão fundamental
da autoridade da Bíblia, uma vez que ela afeta todos os
domínios da doutrina e da vida, nisto se incluindo o da
própria existência e o testemunho da Igreja”
Carl Henry,
Fronteiras da teologia moderna

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BELÉM
A TEOLOGIA
E O TEÓLOGO
Qual seria a relação entre a teologia e o teólogo? Até que ponto a exposição das doutrinas
bíblicas é influenciada pelos pensamentos e sentimentos daquele que as expõe? E se é assim
que acontece, até que ponto podemos confiar em qualquer teologia? Não seria ela somente
uma mera reflexão humana, sem qualquer valor real diante da verdade revelada nas
Escrituras? É possível uma teologia que seja apenas uma pura apresentação das Escrituras sem
nenhum vestígio humano? Se de fato há tal influência, não seria melhor esquecer qualquer
reflexão teológica e ficarmos apenas com o conteúdo bíblico, sem intermediários?

Todas essas perguntas podem invadir o coração daquele cristão que se propõe a estudar
teologia. Esse questionamento é saudável, pois se não tivermos em nossa mente de modo bem
definido os limites entre Escritura e teologia, facilmente podemos confundir uma com a outra.
E essa confusão não seria saudável. Embora ambas tenham um papel no crescimento e
amadurecimento da vida cristã, elas não têm o mesmo peso. Escritura e teologia não são
sinônimas e nem esperamos que seja.

Sim, há muito do teólogo em uma teologia

Não há dúvida que foi a aflição interior de Lutero que fez da justificação pela fé o centro de sua
teologia. Apesar de todo esforço, ele não sentia paz com Deus, porque a consciência de seus
pecados impedia sua comunhão plena. Essa comunhão precisava ser estabelecida sobre outro
fundamento que não a obediência perfeita, uma vez que essa era impossível. Assim, a justiça
concedida gratuitamente em Cristo trouxe a Lutero uma paz que ele nunca havia
experimentado. Esse assunto ocuparia boa parte de sua doutrina. Apesar de não ter sido o
único assunto com o qual ele lidou, certamente foi o principal.

Assim podemos dizer da Teologia Esperança de Jurgen Moltmann. Ele esteve preso em um
campo de prisioneiros de guerra e percebeu o quanto a esperança é vital para a sobrevivência
humana. Mais tarde, seu contato com a obra do marxista Ernst Bloch o fez focar na questão do
futuro e da esperança. Ainda que sua obra contenha inúmeras ambiguidades, não há dúvida
de que ele fez da escatologia o ponto principal da sua reflexão teológica e sujeitou todos os
aspectos da teologia a ela. Quando ele escreveu que

“toda pregação e mensagem cristã tem uma orientação


escatológica”

MOLTMANN.
Jürgen. Teologia da Esperança.
São Paulo: Teológica. 2003, p. 22

ele não estava “inventando” uma verdade (como se isso fosse possível). Ele estava apenas
destacando um foco da teologia. Mesmo que focar nesse ponto tenha sido resultado de sua
experiência na juventude, isso deu vigor e clareza à sua teologia.

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MÓDULO
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Não, isso não desmerece a teologia

Alguém pode pensar que o fato do teólogo deixar sua marca pessoal em sua teologia a torna
um conhecimento menos digno. De forma nenhuma. Como qualquer produção humana, a
marca individual permanece. E longe de ser um aspecto negativo, é um aspecto positivo. O
homem é a imagem do Criador, por isso uma de suas marcas é a criatividade. Coisas iguais,
feitas por pessoas diferentes, apresentam características diferentes. A teologia tem um pouco
de arte e a beleza da arte é que ela reflete a variabilidade do Grande Artista.

“Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as


coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra de tuas
riquezas”
Salmo 104.24

Essa variabilidade das obras divinas quase que obriga a produção de uma teologia trabalhar
certas ênfases e apresentar infinitas perspectivas. Poderíamos dizer que se Lutero concentrou-
se na justificação pela fé, Calvino focou na glória de Deus. Uma teologia pentecostal focaria no
poder de Deus. O movimento Holiness focava na santidade de Deus. Nenhuma delas está
errada. Apenas são lâminas de um leque infinito.

Isso não significa que os outros aspectos que envolvem a revelação divina foram
negligenciados ou esquecidos. Significa apenas que dentro da amplitude de assuntos
abordados pela palavra de Deus, um deles é escolhido como ponto unificador, facilitando
assim a exposição. Nem sempre o ponto unificador e enfático é claro na obra de um teólogo.
Às vezes é preciso muita familiaridade para perceber aquilo que se destaca.

Ainda, o fato de haver as marcas da vida, do caráter e das experiências de um teólogo em sua
teologia, não significa que tudo o que está ali são apenas as marcas dele. Se ela é uma teologia
bíblica, com certeza fundamenta-se na Bíblia e será o pensamento bíblico que prevalecerá.
Seu toque pessoal é apenas seu toque pessoal. É como uma moldura que destaca a beleza da
imagem, mas não substitui a imagem. De qualquer forma, é humanamente impossível
qualquer ser humano fazer qualquer coisa, principalmente obras que exijam reflexão e
pensamento, sem deixar em tal produção um pouco de si.

Há muito dos autores nos textos canônicos

E então nos cabe entender outro fato ainda mais importante: que mesmo nas Escrituras, os
livros trazem as marcas do autor humano. Os escritos de Moisés, Davi, Salomão, Isaías, João,
Paulo e Pedro, trazem a marca desses homens. E isso não altera o fato de que suas obras foram
escritas pela inspiração divina. Claro que tentar definir em palavras o fato de que “homens
santos falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.21) não é simples. Mas a afirmação
bíblica é real e verdadeira. O que esses homens transmitiram foi Deus quem transmitiu
(Zacarias 7.12). E ainda assim, eles não foram retirados da cena. Foram parte ativa na produção
das mensagens. Mistério.

E mais uma vez, longe de desmerecer o valor da Bíblia porque seus textos divinos trazem a
marca dos autores humanos, justamente nisto está seu grande valor. Inspiração divina não é

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

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BELÉM
psicografia, onde autores espíritas alegam ter seu ser tomado por supostas entidades. A ação
divina livrou os autores de cometer erros, mas não anulou sua personalidade e nem mesmo
sua consciência. O estilo, o conhecimento e mesmo a personalidade dos autores bíblicos são
bem discerníveis em suas obras. Eles não foram usados como fantoches. Eles eram inspirados e
não programados para escrever o que escreveram.

É fácil perceber ênfases diferentes em autores diferentes.

Se a Bíblia traz a marca de seus autores, por que a teologia não traria? A inspiração da Bíblia é
única, especial, ou seja, nenhuma outra produção literária, por mais bela ou verdadeira que
seja, pode se equiparar. A Bíblia é a fonte. Tudo o mais é derivado. Sejam canções, pregações,
ensinos ou mesmo teologia bebem da única fonte divinamente inspirável e infalível que são as
Escrituras Sagradas. Por esse motivo, não há surpresa em se aceitar que os que produzem
textos teológicos imprimam ali a si mesmos.

A teologia não substitui a Palavra

É neste ponto que precisamos chegar. É muito fácil acontecer de aqueles que amam o estudo
substituírem a leitura e meditação da Palavra de Deus por exposições teológicas. E isso é um
erro. Ainda que a teologia seja imprescindível para uma melhor compreensão das Escrituras,
ela jamais pode substituir as próprias Escrituras. Assim como um mapa não pode substituir o
caminho, informações e orientações sobre a Bíblia não podem tomar o lugar que é da Bíblia.

O conhecimento teológico é conhecimento acerca de Deus. Não basta conhecer acerca Dele. É
preciso conhecer Ele mesmo. Ambos os conhecimentos são importantes e ambos são
distintos. Cada um deles em sua ordem. Quem conhece Deus, entende teologia mais
facilmente. Quem conhece teologia, aprende melhor do próprio Deus. Esses conhecimentos
são complementares e não excludentes. E sem dúvida alguma, o conhecimento da revelação
divina das Escrituras está acima do conhecimento teológico. Este último é construção
humana. Não tem a pretensão de ser infalível e nem normativo. A atitude dos crentes em
Bereia de confirmar com as Escrituras a mensagem de Paulo (Atos 17.11) era não só saudável,
como obrigatória.

Os mestres fazem parte do ministério didático da Igreja (Efésios 4.11; Atos 13.1) e dentro de seu
campo de atuação possuem enorme importância. Todavia, em lugar nenhum é atribuída a eles
inerrância. Às Escrituras somente é atribuído tal valor. Portanto, as inclinações pessoais do
teólogo não desqualificam sua teologia, antes a caracterizam. E desde que ela esteja
fundamentada nas Escrituras, as perspectivas dos teólogos enriquecem esse estudo.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 25
CONCLUSÃO

Desde que entendamos a teologia como teologia e não como revelação divina, as inclinações
dos teólogos não representam perigo ou distorção. Elas apenas acontecem porque é uma
produção humana. Encarada como tal, ela será uma ferramenta bastante útil, até essencial,
para a vida cristã que necessita de conhecimento para firmar-se.

Se a teologia não vai substituir a Palavra, com certeza ela servirá de baliza por onde o
pensamento voltado para as coisas divinas poderá caminhar com segurança. Glória a Deus
pelos teólogos, que em suas limitações tornam o aprendizado das coisas de Deus mais amplo e
mais fácil.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

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CADERNO DE
EXERCÍCIOS
INTRODUÇÃO
A TEOLOGIA

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
INTRODUÇÃO
A TEOLOGIA
Anotações
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INTRODUÇÃO
A TEOLOGIA
Anotações

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INTRODUÇÃO
A TEOLOGIA
Anotações

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MÓDULO
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INTRODUÇÃO
A TEOLOGIA
Anotações

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INTRODUÇÃO
A TEOLOGIA
Exercícios

1. "Se você não der atenção à Teologia, isso não significa que não terá ideia alguma sobre
Deus. Significa que terá, isto sim, uma porção de ideias erradas - ideias más, confusas,
obsoletas" O autor dessa frase foi:

a. Agostinho c. C.S. Lewis

b. Lutero d. Nenhum dos autores acima

2. "Por sermos o que somos e pelo fato de tudo o mais ser o que é, o estudo mais importante
e proveitoso que qualquer de nós pode fazer é, sem dúvida alguma, o da teologia." O autor
dessa frase foi:

a. C. S. Lewis c. J. R. Tolkien

b. Jean Calvin d. A. W. Tozer

3. Teologia ou teontologia pode ser definido como:


a. O estudo do ser de Deus c. O estudo da salvação

b. O estudo do ser humano d. O estudo da Palavra de Deus

4. A palavra doutrina significa:


a. Ensino, instrução c. Iluminação, clareza

b. Sabedoria, conhecimento d. Lei, ordem

5. A palavra “religião” vem de:


a. Uma palavra grega que significa “confiança”

b. Uma palavra latina que significa “ligar”

c. Uma palavra hebraica que significa “comunhão”

d. Uma palavra árabe que significa “convicção”

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 33
INTRODUÇÃO
A TEOLOGIA
Exercícios

6. Éigreja:
o estudo das verdades fundamentais da fé como se nos apresentam nos credos da

a. Teologia sistemática c. Teologia dogmática

b. Teologia histórica d. Teologia bíblica

É o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira de


7. cada escritor apresentar as doutrinas importantes:
a. Teologia sistemática c. Teologia bíblica

b. Teologia histórica d. Teologia dogmática

8. Doutrina das Escrituras, dos anjos e dos homens respetivamente:

a. Teologia, cristologia e pneumatologia

b. Escatologia, teologia e demonologia

c. Angelologia, eclesiologia e hamartiologia

d. Bibliologia, angelologia e antropologia

9. Soteriologia é o estudo da doutrina do:

a. Pecado c. Igreja

b. Salvação d. Cristo

10. Ortodoxia significa

a. Adoração correta c. Crença correta

b. Oração correta d. Nenhuma das respostas acima

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

34 MÓDULO
BELÉM
BIBLIOLOGIA

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
BIBLIOLOGIA

Qual o principal
livro de sua vida?
Até agora temos falado muito a respeito de Deus e de coisas relacionadas a Ele. A maior parte
daquilo que explicamos nós o fizemos usando a Bíblia. E quando pensamos em nossa vida
cristã, automaticamente pensamos na Bíblia. Temos um grande respeito por ela. A chamamos
de Palavra de Deus e ela de fato é.

Todavia, o que você verdadeiramente sabe a respeito desse livro? O que você verdadeiramente
conhece? Você o aceitou como um livro que fala a verdade de Deus, mas nunca teve
curiosidade para saber de onde ele veio? Nunca questionou seus ensinamentos? Nunca
encontrou passagens difíceis, que o deixaram confuso?

Qual a sua relação com esse livro? Você o lê constantemente ou somente durante os cultos?
Acredita mesmo que ele é a Palavra de Deus ou apenas repete o que outros dizem? Teve
experiências com ele? Saberia defendê-lo diante das pessoas que lançam dúvidas a respeito
dele? Dizer que segue a Bíblia não é o bastante. Você precisa saber explicar o que ela é e qual a
sua importância.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 37
Nem todos os seus amigos acreditam no que você acredita. Elas podem apresentar motivos
pelos quais elas não creem. Nós sempre esperamos que as pessoas simplesmente aceitem a
autoridade da Bíblia como nós fazemos hoje. Isto, porém, nem sempre acontece. Pelo
contrário. Alguns fazem perguntas para as quais você precisa dar respostas sinceras e firmes.
Dizer que crê é fácil. Você precisa é dizer o porquê.

Nossa intenção aqui é procurar esclarecer pelo menos algumas das muitas perguntas que
outras pessoas, ou mesmo você, fazem com respeito ao valor das Escrituras Sagradas hoje. E
mais do que isso. É preciso que você entenda a importância dela para sua vida e para a vida de
todas as pessoas. É necessário adquirir amor ao estudo contínuo da Bíblia e adquirir uma
grande reverência pelo seu conteúdo. A atitude de um cristão diante da Bíblia vai determinar
toda a sua vida com Deus.

Existem muitos livros bons. Muitos escritores evangélicos têm produzido literatura sadia,
verdadeira e esclarecedora. Também temos ouvido pregações baseadas na Bíblia que
enriquecem nossa vida e trazem muito crescimento espiritual. Isso sem dúvida. Todavia, nada
disso pode substituir o papel da Bíblia em nossa vida. Ela deve ter um lugar central. Não ter
tempo para a Bíblia é não ter tempo para Deus. Esforçar-se por ler e meditar nela trará enorme
recompensa. Como já disse alguém:

“Creia na Bíblia para ser salvo.


Estude-a para ser sábio.
Pratique-a para ser santo.”

A Bíblia é o livro sagrado do Cristianismo. Ela é o livro mais famoso e mais produzido no
mundo. Seus 66 livros foram escritos por mais de 40 pessoas, das mais diferentes profissões,
culturas e nacionalidades, durante um período de cerca de 1.500 anos. Nela se encontram os
mais variados gêneros literários, como histórias, biografias, leis, poesias, hinos, canções,
provérbios, cartas, sermões, profecias e visões, que mostram como Deus se relaciona com a
humanidade. Sua incrível uniformidade faz da Bíblia um livro singular, que só poderia ter sido
escrito sob inspiração divina. De fato, ela mesma reivindica uma inspiração especial de Deus: a
expressão "e Deus disse", ou equivalente, ocorre mais de 2.600 vezes.

O que é a Bíblia? Um simples olhar lançado sobre o índice basta para ver que ela é uma
"biblioteca", uma coleção de livros muito diversos. Quando se consultam as introduções a esses
livros, a primeira impressão se confirma: distribuindo-se por mais de dez séculos, os livros
provêm de dezenas de autores diferentes; uns estão escritos em hebraico (com certas
passagens em aramaico), outros em grego; apresentam gêneros literários tão diversos quanto a
narrativa histórica, o código de leis, a pregação, a oração, a poesia, a carta, o romance.

"Nascida no Oriente e vestida de formas e imagens orientais, a


Bíblia percorre as estradas do mundo inteiro, familiarizada
com os caminhos por onde vai; penetra nos países, um após
outro, para em toda parte sentir-se bem, como em seu próprio
ambiente. Aprendeu a falar ao coração do homem em
centenas de línguas. As crianças ouvem suas histórias com
admiração e prazer, e os sábios ponderam-nas como
parábolas de vida. Os maus e os soberbos estremecem com os
seus avisos, mas aos ouvidos dos que sofrem e dos penitentes
sua voz tem timbre maternal. A Bíblia está entretecida nos
nossos sonhos mais queridos, de sorte que o amor, a amizade,
a simpatia, o devotamento, a saudade, a esperança, cingem-
se com as belas vestimentas de sua linguagem preciosa.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

38 MÓDULO
BELÉM
Tendo como seu esse tesouro, ninguém é pobre nem desolado.
Quando a paisagem escurece, e o peregrino, trêmulo, chega
ao vale da sombra, não teme nele entrar: empunha a vara e o
cajado da Escritura: diz ao amigo e companheiro - Adeus, até
breve. Munido desse apoio, avança pela passagem solitária
como quem anda pelo meio de trevas em demanda da Luz".

HENRY VAN DYKE

CONHECIMENTOS
BÁSICOS SOBRE A BÍBLIA
Algumas informações sobre a Bíblia são indispensáveis. Sabemos que para conhecê-la a fundo
é necessário o esforço de uma vida inteira. Mesmo assim não será suficiente. Como todo
conhecimento, precisamos conhecer de baixo, na base. Ninguém é capaz de aprender tudo de
uma vez e cada pessoa tem sua própria capacidade de aprendizado. Aqui vamos ver algumas
perguntas que geralmente ocorrem.

De onde vem a palavra Bíblia?


Na verdade a palavra “Bíblia” não poderá ser encontrada no texto das Sagradas Escrituras.
Consta apenas na capa. - Donde, pois, nos vem? -Vem do grego, a língua original do Novo
Testamento. É derivado do nome que os gregos davam à folha de papiro preparada para a
escrita - "biblos". Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e vários
destes eram uma "bíblia". Portanto, literalmente, a palavra bíblia quer dizer "coleção de livros
pequenos". Com a invenção do papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu origem a
"livro", como se vê em biblioteca, bibliografia, bibliófilo, etc. Os estudiosos geralmente afirmam
que a primeira pessoa que usou a palavra Bíblia foi um pregador chamado João Crisóstomo.
Ele era da cidade de Constantinopla (hoje Istambul, na Turquia) e viveu ali no Século IV depois
de Cristo.

E porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural, como
acabamos de ver, passou a ser singular, significando o LIVRO, isto é, o Livro dos livros; O Livro
por excelência. Como Livro divino, a definição canônica da Bíblia é "A revelação de Deus à
humanidade".

Como a Bíblia está organizada?


Quando olhamos a Bíblia também percebemos que ela é composta por diversos livros
diferentes. Alguns dos nomes desses livros são nomes diferentes daqueles que ouvimos todos
os dias. No início, geralmente ficamos confusos com a grande quantidade de informações que
ela nos oferece. Todavia, dividindo as Escrituras Sagradas em várias partes e estudando seus
livros separadamente, vamos entendendo melhor o porquê dessa diversidade. À medida que
vamos conhecendo, as coisas ficam mais fáceis.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 39
Estudaremos agora a estrutura ou composição da Bíblia, isto é, a sua divisão em partes
principais e seus livros quanto à classificação por assuntos, divisão em capítulos e versículos e,
certas particularidades indispensáveis.

A Bíblia divide-se em duas partes principais: ANTIGO e NOVO TESTAMENTO, tendo ao todo 66
livros: sendo 39 no AT e 27 no NT. Estes 66 livros foram escritos num período de 16 séculos e
tiveram cerca de 40 escritores. Aqui está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores
pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em países, regiões
e continentes distantes uns dos outros, em épocas e condições diversas, entretanto, seus
escritos formam uma harmonia perfeita. Isto prova que um só os dirigia no registro da
revelação divina: Deus.

A palavra testamento vem do termo grego "diatheke", e significa: a) Aliança ou concerto, e b)


Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de alguém quanto à
distribuição de seus bens, após sua morte. Esta é a palavra empregada no Novo Testamento,
como por exemplo em Lucas 22.20. No Antigo Testamento, a palavra usada é "berith" que
significa apenas concerto. O duplo sentido do termo grego nos mostra que a morte do testador
(Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantindo-nos toda a herança com Cristo (Rm 8.17;
Hb 9.15-17).

O título Antigo Testamento foi primeiramente aplicado aos 39 livros das Escrituras hebraicas,
por Tertuliano, e Orígenes.

Na primeira divisão principal da Bíblia, temos o Antigo Concerto (também chamado pacto,
aliança), que veio pela Lei, feito no Sinai e, selado com sangue de animais (Êx 24.3-8; Hb
9.19,20). Na segunda divisão principal (o NT), temos o Novo Concerto, que veio pelo Senhor
Jesus Cristo, feito no Calvário e selado com o seu próprio sangue (Lc 22.20; Hb 9.11-15). É, pois,
um concerto superior.

Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o total de livros é 73. Os 7 livros a mais, são chamados
apócrifos. Além dos livros apócrifos, as referidas Bíblias têm mais 4 acréscimos a livros
canônicos. Trataremos disto no capítulo que estudará o cânon das Escrituras.

1. O Antigo Testamento

Tem 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de pequenos trechos em
aramaico. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio babilônico. Há também
algumas palavras persas. Seus 39 livros estão classificados em 4 grupos, conforme os assuntos a
que pertencem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O grupo ou classe poesia também é
conhecido por devocional.

Vejamos os livros por cada grupo:

A LEI
São 5 livros: Gênesis a Deuteronômio. São comumente chamados o Pentateuco (palavra que
significa cinco instrumentos). Esses livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e do
estabelecimento da nação israelita. Foram escritos por Moisés, o grande líder da nação israelita.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

40 MÓDULO
BELÉM
GÊNESIS
É uma palavra que significa “origem”. Tem esse nome porque nele fala sobre a origem do céu e
da terra, a origem da família, a origem do pecado e da morte, a origem dos diversos idiomas, a
origem da nação israelita, etc.

ÊXODO
É uma palavra que significa “saída”. Conta a saída do povo de Israel da terra do Egito, onde
viveram por muito tempo como escravos. É esse livro que conta sobre a abertura do Mar
Vermelho, quando Deus abriu o mar para que o povo israelita passasse. Também fala dos dez
mandamento que Deus deu para o povo judeu. Fala ainda de uma grande tenda, chamada
tabernáculo, que Ele orientou o povo a contruir para que pudessem adorá-lo naquele deserto.

LEVÍTICO
O nome vem de “Levi”, um dos doze filhos de Jacó. Cada um dos filhos formou uma tribo
dentro da nação israelita. Levi recebeu uma missão especial. Sua descendência cuidaria das
coisas espirituais. Esse livro de Levítico é na verdade um manual para explicar como essa tribo
deveria fazer suas tarefas.

NÚMEROS
Números começa falando a respeito da contagem do povo enquanto estava no deserto e por
isso tem esse nome. Uma boa parte do livro conta coisas que aconteceram durante o tempo
em que os israelitas saíram do Egito e estiveram no deserto antes de chegar em Canaã, a terra
que Deus prometeu dar a Abraão, Isaque e Jacó.

DEUTERONÔMIO
Essa palavra difícil significa “segunda lei”. Tem esse nome porque nele Moisés repete as leis
para os filhos dos israelitas que saíram do Egito. Uma nova geração que cresceu e nasceu no
deserto, agora precisava aprender as leis que Deus havia dado ao povo israelita e por isso
Moisés as repetiu.

B HISTÓRICOS
São 12 livros: de Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel nos seus vários períodos:

a. Período dos juízes,


b. Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão,
c. Divisão do reino e cativeiro, contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este
levado em cativeiro para a Assíria, e aquele para Babilônia,
d. Pós-cativeiro, sob Zo-robabel, Esdras e Neemias, em conjunto com os profetas
contemporâneos.

JOSUÉ
Josué foi o sucessor de Moisés. Quando este morreu, Josué liderou o povo na conquista de
Canaã, a terra prometida. Esse livro nos conta a respeito das batalhas travadas nessa conquista.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 41
JUÍZES
Juízes foram os homens levantados por Deus para administrar a vida política de Israel, pois eles
não tinham um rei. Os juízes mais conhecidos foram Sansão, Gideão e Débora.

RUTE
Era uma mulher do país vizinho a Israel, Moabe e, portanto, não pertencia ao povo israelita. Mas
casou-se com um israelita e quanto ele morreu, emigrou com sua sogra para Israel. Ali casou-se
com um israelita chamado Boaz e tornou-se bisavó do rei Davi.

1 SAMUEL
Samuel foi o último dos juízes. É um dos grandes nomes da história do povo judeu. Este livro
conta a história de Samuel, a história de Saul, que foi o primeiro rei de Israel e o começo da
história de Davi. Davi foi um dos homens mais importantes da Bíblia, a ponto de Jesus ser
chamado Filho de Davi.

2 SAMUEL
Esse segundo livro de Samuel continua contanto a história do reinado de Davi. Fala da aliança
que Deus fez com ele, das batalhas e vitórias que teve, dos pecados que cometeu e as
consequências desses pecados.

1 REIS
O primeiro livro de Reis começa contando o fim do reinado de Davi e depois a história do
reinado de seu filho e sucessor – Salomão. Depois de Salomão, o reino é dividido em duas
partes. A parte do sul, formada por duas tribos, Judá e Benjamim, fica se chamando Judá (de
onde vem o nome de judeus). A capital de Judá ficou sendo Jerusalém. A parte do norte foi
composta com as dez tribos restantes e teve a cidade de Samaria como capital.

2 REIS
O segundo livro continua contando a história tanto do reino do sul, Judá, quanto do reino do
norte, Israel. Narra a história dos reis de ambas as nações até que foram levadas para o
cativeiro. Israel pelos assírios e Judá pelos babilônios.

1 CRÔNICAS
Essa palavra era usada para descrever a narrativa diária feita pelos escribas dos reis antigos dos
acontecimentos durante a vida desses reis. Esse livro da Bíblia começa fazendo a genealogia
de Adão e vai até o final da vida de Davi. Conta apenas a história de Judá.

2 CRÔNICAS
Esse livro continua a narrativa do primeiro. Inicia com o governo de Salomão e vai até o
cativeiro de Judá por Nabucodonozor, o rei do Império Babilônico.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

42 MÓDULO
BELÉM
ESDRAS
Esdras era um escriba, isto é, um estudidoso da Lei. O livro que leva seu nome conta a história
dos primeiros judeus que retornaram para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel. Depois,
prossegue falando do trabalho de reconstrução do Templo e do trabalho de reavivamento feito
por Esdras.

NEEMIAS
Neemias era um funcionário do imperador dos Persas que sentiu-se chamado por Deus para
reedificar a cidade de Jerusalém, que até aquele momento estava destruída. Ele conseguiu
reunir o povo e reedificar a cidade.

ESTER
Ester foi uma jovem judia escolhida para ser esposa do rei da Pérsia. Em seu tempo houve uma
tentativa de um dos príncipes persas de exterminar todo o povo judeu. Graças a intervenção de
Ester e seu primo Mordecai isso não aconteceu. O livro serve para explicar a origem da Festa do
Purim.

C POESIA

São 5 livros: de Jó a Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque sejam cheios de
imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. São também chamados
devocionais.


A história de Jó é muito grandiosa. Ele foi um homem justo que foi provado por Deus até o
limite, perdendo tudo quanto possuia. Sua fidelidade fez com que tudo lhe fosse restituído em
dobro posteriormente.

SALMOS
Esse é o hinário de Israel. São 150 salmos sendo quase metade deles escrito por Davi, mas
também existe a contribuição de muitos outros. É um livro muito rico em ensinamentos, vida
espiritual e profecias.

PROVÉRBIOS
Provérbios são máximas de sabedoria. Diferente das máximas de outros povos, o livro bíblico
de provérbios tem como tema central o temor a Deus. As suas instruções são expostas a partir
desse ponto.

ECLESIASTES
É um livro que muito se assemelha a um tratado filosófico a respeito do valor da vida. Apesar
do tom pessimista, ainda assim mantém forte a ideia de amor e fidelidade a Deus.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 43
CANTARES
É um cântico de amor. Descreve o amor do rei Salomão pela sulamita de forma forte e ardente.
É utilizado pelos judeus para descrever o amor de Deus por seu povo e pelo cristianismo para
exemplificar o amor de Cristo pela Igreja.

D PROFECIA

São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em:

Profetas Maiores Isaías a Daniel (5 livros)

ISAÍAS
Foi um dos maiores profetas. De todos, foi o mais citado no Novo Testamento. Ele escreveu
muitas profecias a cerca do Messias de Israel e por isso é chamado de profeta messiânico.

JEREMIAS
Profetizou no período em que Nabucondonozor atacou Judá, destruiu Jerusalém e o Templo.
Foi chamado de profeta chorão, pois constantemente lamentou a situação pecaminosa de seu
povo.

LAMENTAÇÕES
Foi escrita por Jeremias depois que o Templo foi destruído. Manifestava a sua imensa tristeza
pelo ocorrido e expressava a profunda dor que o profeta e Deus sentiram por tal fato.

EZEQUIEL
Estava entre aqueles que foram levados cativos para Babilônia. Provavelmente era um
sacerdote. Sua visões e profecias apresentam um caráter bem parecido com as visões
apocalípticas.

DANIEL
Viveu na corte babilônica durante o período de domínio desse império. E também durante um
período do império posterior, o medo-persa. Teve enorme influência e suas visões e revelações
constituem verdadeiros tesouros da revelação profética.

Profetas Menores Oséias a Malaquias (12 livros)

Os nomes maiores e menores não se referem ao mérito ou notoriedade do profeta, mas ao


tamanho dos livros e à extensão do respectivo ministério profético.

OSÉIAS
Esse profeta entregou a sua mensagem para o reino do norte, Israel. O tema de sua profecia era

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44 MÓDULO
BELÉM
o amor de Deus pelos israelitas e a infidelidade dos israelitas para com Deus. Eles eram infiéis
porque adoravam outros deuses ao invés de adorar somente o Deus verdadeiro.

JOEL
Pouca coisa se sabe a respeito desse profeta. Ele chamou o povo para o arrependimento. Foi
ele quem falou a respeito do derramamento do Espírito Santo, que se cumpriu no Dia de
Pentecostes, conforme descrito em Atos 2.

AMÓS
Ele também profetizou para o reino de Israel, alertando para que eles se arrependessem da sua
idolatria. Amós era apenas um criador de gado e agricultor, a quem Deus ordenou que
profetizasse.

OBADIAS
Este é o menor livro do Antigo Testamento. Sua profecia tem apenas um capítulo. Ele falou
para os edomitas, descendetes de Esaú, irmão de Jacó. Porque este povo festejou quando os
judeus foram levados por Nabucodonozor e ainda matou alguns do israelitas, Deus disse que
eles deixariam de existir como nação.

JONAS
É um dos mais lidos e comentados profetas menores. Conta a história do profeta Jonas, que ao
invés de obedecer a Deus e pregar na cidade de Nínive, capital do Império Assírito, fugiu em
um navio. Só que Deus enviou uma tempestade e Jonas terminou no ventre de um grande
peixe. Por fim ele resolve pregar em Nínive, a cidade se arrepende e Deus poupa os ninivitas.

MIQUÉIAS
Viveu no mesmo tempo que o profeta Isaías. Existem muitas passagens no seu livro que são
iguais as do livro de Isaías. Sua mensagem foi dirigida tanto para o reino do Norte, Israel,
quanto para o reino do Sul, Judá.

NAUM
A profecia de Naum se dirige a uma única cidade, Nínive. Havia passado cem anos desde que
Jonas profetizou e o povo se arrependeu. Essa cidade se esqueceu do Deus verdadeiro e agora
Naum entregou a mensagem de que ela seria definitivamente destruída. E aconteceu
conforme ele profetizou.

HABACUQUE
Ele profetizou em Judá e falou do ataque dos babilônios no reino do sul. Sua expessão “o justo
pela sua fé viverá” foi utilizada frequentemente no Novo Testamento.

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MÓDULO
BELÉM 45
SOFONIAS
Ele era descendente do rei Ezequias, um famoso rei de Judá. O principal assunto de sua
profecia é “O dia do Senhor”, um tempo em que Deus julgará os pecados do povo.

AGEU
Junto com o profeta Zacarias, ele teve uma importância muito grande na história dos judeus
quando eles retornaram da Babilônia. O povo já estava desanimado e a contrução Templo em
Jerusalém havia parado, quando esses dois profetas animaram o líder Zorobabel a continuar a
obra.

ZACARIAS
Seu ministério de profeta foi com o profeta Ageu. O livro que ele escreveu apresenta muitas
visões. Muitas dessas profecias estavam relacionadas com a vida do Messias.

MALAQUIAS
Foi o último dos profetas que escreveu seu livro sob a inspiração do Espírito Santo de Deus. Ele
falou não somente sobre o Messias, mas até mesmo sobre o ministério de João Batista.

A classificação dos livros do AT, por assunto, vem da versão Septuaginta, que foi uma tradução
do Antigo Testamento, feita três séculos antes de Cristo, no tempo em que os gregos reinavam
sobre os judeus. Essa tradução do hebraico para o grego não leva em conta a ordem
cronológica dos livros, o que, para o leitor menos avisado, dá lugar a alguma confusão, quando
procura agrupar os assuntos cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é o nosso AT), a divisão
dos livros é bem diferente.

Nas Bíblias de edição católico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados 1,2,3
e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2 Paralipôme-nos. Esdras e Neemias
são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas edições católicas de Matos Soares e Figueiredo, o
Salmo 9 corresponde em Almeida aos Salmos 9 e 10. O de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim
até os Salmos 146 a 147, que nas nossas Bíblias são o de número 147. Deste modo, os três salmos
finais são idênticos em qualquer das versões acima mencionadas. Essas diferenças de
numeração em nada afetam o texto em si, e não poderia ser doutra forma, sendo a Bíblia o
Livro do Senhor!

Vale lembrar também que as Bíblias católicas possuem 7 livros a mais que as protestantes.
Esses livros são chamados de apócrifos (espúrios). Eles só foram definitivamente incluídos nas
Bíblias católicas no século XVI, quando ocorreu a Reforma Protestante.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

46 MÓDULO
BELÉM
2. O Novo Testamento

Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego clássico dos eruditos, mas no do povo
comum, chamado Koiné. Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos, conforme o
assunto a que pertencem: BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA. O terceiro grupo é
também chamado DOUTRINA.

A BIOGRAFIA
São os 4 Evangelhos. Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e seu glorioso ministério. Os
três primeiros são chamados Sinópticos, devido a certo paralelismo que têm entre si. Os
Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Todos que os precedem tratam da
preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e os que se lhes seguem são explicações da
doutrina de Cristo.

MATEUS
Mateus foi um dos doze apóstolos e também era chamado de Lei. Escreveu seu livro para os
judeus, para mostrar que Jesus era o Messias de Israel, previsto pelos profetas. Por isso em seu
livro aparece muito a expressão: “Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta”.

MARCOS
Ele não fazia parte do grupo dos doze apóstolos, mas foi companheiro e auxiliar de Pedro.
Provavelmente escreveu seu livro com as informações que Pedro narrou. Registrou mais dos
seus milagres do que seus ensinos, pois queria mostrar aos romanos o quanto Jesus era
poderoso e, ainda assim, um servo.

LUCAS
Lucas era um médico e foi companheiro do apóstolo Paulo a partir de sua segunda viagem
missionária. Ele fez muitas pesquisas para escrever esse livro. Mostra Jesus como o homem
perfeito. O livro foi dirigido para pessoas de cultura grega e, por isso ele apresenta Jesus como
o homem perfeito, pois era isso que os gregos buscavam.

JOÃO
Este foi o discípulo amado, irmão de Tiago. O Evangelho de João é o mais diferente de todos e
foi escrito por último. Neste livro João destaca o fato de que Jesus é Deus. A maior parte das
coisas que ele escreveu não podem ser encontradas nos outros evangelhos.

B HISTORIA
É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, seu viver, a propagação
do Evangelho; tudo através do Espírito Santo, conforme Jesus prometera.

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MÓDULO
BELÉM 47
ATOS DOS APÓSTOLOS
Quem escreveu este livro foi Lucas, o mesmo que escreveu o Evangelho que leva seu nome.
Conta o início da igreja, as dificuldades que os primeiros cristãos enfrentaram e como a
pregação do Evangelho se espalhou. Narra principalmente as viagens do apóstolo Paulo pelo
Império Romano.

C EPÍSTOLAS
São 21 as epístolas ou cartas. Vão de Romanos a Judas. Contêm a doutrina da Igreja.

Paulinas

O apóstolo Paulo escreveu pelo menos 13 das 21 cartas do Novo Testamento. Além de
missionário ele era um mestre e através desses escritos explicou profundamente o plano de
Deus para a humanidade. As epístolas se dividem em:

Eclesiásticas
ROMANOS, 1 CORÍNTIOS, 2 CORÍNTIOS, GÁLATAS,
EFÉSIOS, FILIPENSES, COLOSSENSES, 1
TESSALONISSENSES, 2 TESSALONISSENSES.
Eram direcionadas às igrejas fundadas, diretamente ou indiretamente, por ele. Nessas cartas
ele respondia dúvidas dos irmãos dessas igrejas, explicava o plano de salvação e exortava-os à
fidelidade.

Pastorais
1 TIMÓTEO, 2 TIMÓTEO, TITO E FILEMON
Foram direcionadas para indivíduos e não para grupos. Tratava principalmente da
administração da igreja e de como um líder deveria se portar.

HEBREUS
Existe muito dúvida sobre quem foi o autor desta carta. Ela é dirigida aos judeus que haviam
reconhecido em Jesus o Messias. O principal assunto é o trabalho de Jesus como Sumo-
sacerdote.

Epístolas Gerais

As últimas sete são também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de duas delas (2 e
3 João) serem dirigidas a pessoas.

TIAGO, 1 PEDRO, 2 PEDRO, 1 JOÃO, 2 JOÃO, 3 JOÃO E JUDAS


Não se dirigem a um grupo específico ou a alguma pessoa específica (com exceção de 2 e 3
João). No geral, o alvo eram todos os cristãos.

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48 MÓDULO
BELÉM
D PROFECIA
Trata da volta pessoal do Senhor Jesus à Terra e das coisas que precederão esse glorioso
evento.

APOCALIPSE
Foi escrito pelo discípulo João, o mesmo que escreveu o Evangelho. O imperador Diocleciano o
havia colocado em uma Ilha Chamada de Patmos para que morresse. Nesse livro, vemos o
Senhor Jesus vindo com seus santos para:

a. destruir o poder gentílico mundial sob o reinado da Besta;


b. livrar Israel, que estará no centro da Grande Tribulação;
c. julgar as nações; e
d. estabelecer o seu reino milenar.

Como a Bíblia chegou até nós?


Os primeiros livros da Bíblia foram escritos por Moisés, mais ou menos 1.500 anos antes de
Cristo. Os demais livros que formaram o Antigo Testamento foram escritos em um longo
período que durou até mais ou menos 400 antes de Cristo. Depois, esse conjunto de livros foi
reunido e era usado no culto, nos estudos e na meditacão do povo israelita. Essa era a Bíblia
que Jesus lia.

A partir da vinda de Jesus começam a ser escritos os livros do Novo Testamento. Até,
aproximadamente, o ano 90 depois de Cristo, todos os livros já estavam escritos e, mais tarde
foram reunidos. Assim, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento passaram a se constituir
Escrituras Sagradas para a Igreja, enquanto os judeus de um modo geral, por não terem
reconhecido em Jesus o seu Messias, consideram como Escrituras Sagradas somente os livros
do Antigo Testamento.

Esses livros foram escritos e conservados até os nossos dias, utilizando-se de materiais diversos.
Alguns desses materiais foram:

1.
PAPIRO ( Cyperus papyrus )
O papiro era usado no Egito, por volta de 1200aC, planta aquática encontrada nas
margens do rio Nilo; prensavam-se os talos da planta e os colavam, formando um
rolo. O apóstolo João usou essa planta para escrever o Apocalipse e suas cartas.

2.
VELINO (vellum)
Era uma pele fina de antílope ou bezerro, grafada dos dois lados.

3.
PERGAMINHO
Era de pele de ovelha ou de cabra, preparado para a escrita.

4. PAPEL
Era usado na China, 200 a.C e tornou-se popular no séc.XIII, junto com o velino, até o
advento da imprensa por volta de 1500. Sabemos que quase todos os manuscritos
foram grafados em velino ou pergaminho.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 49
Os instrumentos de escrita usados na época eram os seguintes:

1.
A ESTILETE (estilo)
Feito de metal ou madeira, também denominado pena, usado para escrever em
papiro, couro, velino e pergaminho.

2. CINZEL
Normalmente de ferro, era usado para grafar pedras .

3.
TINTA
Era o material que acompanhava a pena e ficava no tinteiro; geralmente preta, era
feita de fuligem ou fumaça de lâmpada e goma, tudo diluído em água.

Tudo isso nos dá uma visão da grande dificuldade que os escritores da Bíblia tiveram para
registrar seus livros e a facilidade com o advento da imprensa, invenção de Gutenberg.

Esses livros foram escritos em pelo menos 3 línguas, que depois foram traduzidas para os
diversos idiomas conforme a Palavra de Deus ia se espalhando:

1.
HEBRAICA
É a língua principal do AT. Especialmente adequada para se criar uma relação entre
o povo e o Senhor, por ser uma língua que usa muitas metáforas (comparações),
dramatizando a narrativa dos acontecimentos. Também é uma língua “pessoal”,
apelando diretamente ao coração e às emoções, fazendo com que as mensagens
sejam sentidas e não pensadas. Quase todo o AT foi escrito em hebraico enquanto
no NT, apenas o Evangelho de Mateus.

2. ARAMAICO
Era a língua dos sírios, tendo sido usada em todo o período do AT. Na Babilônia
falava-se o aramaico, motivo de que partes dos livros de Daniel e Esdras estão nesse
idioma, por causa do cativeiro babilônico, que durou 70 anos. O hebraico
permaneceu como língua dos sacerdotes, eruditos e da literatura religiosa. Jesus e
seus apóstolos falavam aramaico.

3. GREGA
Todos os livros do NT foram escritos no “Koiné”, grego popular ou comum, aprendido
pelos povos dominados pelo Império de Alexandre, o Grande; era a língua oficial em
todas as transações de qualquer natureza. Nisso vemos também a sabedoria de
Deus; o NT foi escrito em uma língua que os povos do mundo antigo podiam
entender.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

50 MÓDULO
BELÉM
SÓ A BÍBLIA É A
PALAVRA DE DEUS
Existem muitos livros neste mundo. Alguns são muito bons e nos ensinam coisas muito
importantes. Todavia, nenhum deles foi inspirado por Deus. São livros escritos conforme a
vontade e a sabedoria humana. Não foi assim com as Escrituras Sagradas. Os homens que Ele
usou para falar e registrar os acontecimentos não agiam por eles mesmos. Eram inspirados
pelo Espírito Santo de Deus.

"Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e


das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu.
Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que
são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé
em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a
instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e
plenamente preparado para toda boa obra.”

Por isso, nós vemos Deus ordenando diversas vezes aos seus profetas que escrevam a Palavra
(Apoc 1.11, 21.5). Neste registro das Palavras Divinas dois elementos estão ausentes: a sabedoria
humana e a vontade humana.

A A VONTADE HUMANA

“Pois a profecia nunca foi produzida pela vontade dos


homens...”
2 Pedro 1.21

Isto significa que quando os profetas profetizavam ou escreviam a Palavra, não estavam
expressando sua vontade. Pelo menos três fatos dentro das Escrituras comprovam isso:

A palavra muitas e muitas vezes condenava o procedimento do povo de Deus e


mesmo assim eles amavam esta Palavra. Mesmo anunciando juízos divinos sobre
o povo, eles a reverenciavam. Jamais alguém escreveria um livro contra si
mesmo. Se fosse escrever sobre si, escreveria coisas boas. Mas na Bíblia há muitas
maldições contra o povo de Israel e, mesmo assim, eles a amam.

O rei Salomão foi usado para escrever diversos livros Sagrados (Provérbios,
Cantares Eclesiastes), mas no final de sua vida desviou-se 11.1-9). O que escreveu
não era de sua própria vontade, mas da vontade do Senhor e, embora ele tenha
se afastado daquelas palavras, a vontade do Senhor permaneceu.

A Bíblia fala dos pecados dos seus grandes heróis, não esconde de maneira
alguma. Mostra o pecado de Abraão, Jacó, Saul, Davi, Salomão, Moisés, Pedro,
Paulo, etc.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 51
Os próprios escritores, muitas vezes não sabiam do que estavam falando (1 Ped
1.10,11).

B A SABEDORIA HUMANA

“Disto também falamos, não com palavras de sabedoria


humana, mas com as que o Espírito ensina...”
1 Coríntios 2.13

A Bíblia não é um livro escrito pela sabedoria humana, pois embora seus escritores sejam
sábios, aquilo que nela está exposto, tem sua origem na sabedoria de Deus. Na verdade, está
escrito que a Palavra da cruz, é loucura para aqueles que perecem (1 Cor 1.18-27).

Também por isso, precisamos do Espírito de Deus para entender a palavra. Só compreende
realmente, quem tem a mente de Cristo (1 Cor 2.14-16).

COMO SEI QUE A BÍBLIA


É A PALAVRA DE DEUS?
A ELA SE DIZ INSPIRADA
Porque ela mesma se diz inspirada por Deus (2 Timóteo 3.16); não escrita pela vontade humana
(2 Pd 1.20,21), nem pela sabedoria humana (1 Cor 2.12), mas pelo Espírito Santo (Zacarias 7.12).
Por 2.500 vezes aparece a expressão “Assim diz o Senhor”, ou outras expressões semelhantes.
Quando uma pessoa faz uma declaração acerca de si mesmo não podemos duvidar.
Precisamos investigar porque ela diz isso e se o que ela está dizendo está de acordo com a
verdade. Se a pessoa é confiável, isto já desperta em nós a convicção.

Por diversas vezes ela se expressa reivindicando autoridade. Nenhum outro livro ousa fazê-lo.
Encontramos essa reivindicação nas seguintes expressões: "Disse o Senhor a Moisés"
(Ex.14:1,15,26;16:4;25:1; Lv.1:1;4:1;11:1; Nm.4:1;13:1; Dt.32:48) "O Senhor é quem fala" (Is.1:2); "Disse o
Senhor a Isaías" (Is.7:3); "Assim diz o Senhor" (Is.43:1). Outras expressões semelhantes são
encontradas: "Palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor" (Jr.11:1); "Veio expressamente a
Palavra do Senhor a Ezequiel" (Ez.1:3); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Oséias" (Os.1:1);
"Palavra do Senhor que foi dirigida a Joel" (Jl.1:1), etc. Expressões como estas são encontradas
mais de 3.800 vezes no Velho Testamento. Portanto o A.T. afirma ser a revelação de Deus, e
essa mesma reivindicação faz o Novo Testamento (ICo.14:37; ITs.2:13; IJo.5:10; IIPe.3:2).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

52 MÓDULO
BELÉM
B SEU PODER TRANSFORMADOR
Porque ela apresenta um poder transformador, que tem falado ao mais profundo do coração
humano por toda a Terra e em todo o decorrer da História. Pessoas dos mais variados graus
intelectuais, culturais e econômicos têm lido, amado e obedecido suas palavras como a
nenhum outro livro. Ela não é o livro mais vendido e amado do mundo à toa. Muitas pessoas na
história aceitaram até mesmo morrer por acreditar no seu conteúdo.

C SUA COMPOSIÇÃO FOI SOBRENATURAL


Apesar de ter sido escrita em um espaço de tempo tão grande (1600 anos), de ter sido escrita
por pessoas de formações diversas (reis, profetas, legisladores, generais, governadores,
sacerdotes, pescadores, cobradores de impostos, médicos, etc), e em circunstâncias diferentes
(no deserto, em palácios, no meio de guerras, em prisões,etc), ela apresenta uma unidade
impressionante, podendo ser lida como um único livro escrito por um único autor.

D SUAS PROFECIAS SE CUMPRIRAM


Apesar de ter sido escrita em um espaço de tempo tão grande (1600 anos), de ter sido escrita
por pessoas de formações diversas (reis, profetas, legisladores, generais, governadores,
sacerdotes, pescadores, cobradores de impostos, médicos, etc), e em circunstâncias diferentes
(no deserto, em palácios, no meio de guerras, em prisões,etc), ela apresenta uma unidade
impressionante, podendo ser lida como um único livro escrito por um único autor.

E A BÍBLIA É UM LIVRO ÚNICO, SEM IGUAL


Podemos mostrar para as pessoas que eles não devem ignorar o conteúdo da Bíblas pois ela é
um livro único, sem igual na face da terra. Algumas características que temos nela não teremos
em nenhum outro livro.

1. ÚNICA EM CIRCULAÇÃO

A Bíblia é o maior best-seller de todos os tempos. Sem dúvida nenhuma é o livro mais lido, pelo
maior número de pessoas, durante mais tempo. O famoso livro A História da Bíblia, escrito em
Cambridge afirma que “Nenhum outro livro tem experimentado uma circulação constante que
se aproxime da circulação da Bíblia”.

Em certo período, a Sociedade Bíblica Britânica tinha que imprimir uma Bíblia a cada três
segundos do dia ou da noite para atender a demanda. Eram 32.876 cópias diariamente
durante o ano todo.

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MÓDULO
BELÉM 53
2. ÚNICA EM TRADUÇÃO

A Bíblia é também o livro mais traduzido, retraduzido e parafraseado do mundo. Até 1966, a
Bíblia havia sido traduzida para mais de 1.260 línguas. Hoje esse número mais do que dobrou.
Nenhuma outra literatura, dos tempos antigos ou modernos, chegou a uma quantidade,
sequer aproximada, desta.

3. ÚNICA EM COERÊNCIA

É um livro harmonioso, pois embora tenha sido escrito por uns quarenta autores diferentes, em
um período de 1.600 anos, ela revela ser um livro único, que expressa um só sistema
doutrinário e um só padrão moral, coerente e sem contradições.

Seria impossível nos dias de hoje reunir homens em condições, distâncias e épocas tão
diversas, e com seus escritos formar um único volume cujas ideias se harmonizassem umas
com as outras.

4. ÚNICA EM INFLUÊNCIA

Nenhum livro influenciou as pessoas mais do que a Bíblia. Nós escutamos falar de suas história
em livros, revistas e filmes. Muitas obras de arte foram feitas baseando-se nela. Direta e
indiretamente, as pessoas aprenderam dela.

5. ÚNICA EM SOBREVIVÊNCIA

Nunca nenhum livro sofreu tantos ataques como a Bíblia Sagrada. Os ataques têm surgido de
dentro e de fora da igreja.

Durante os três primeiros séculos, alguns imperadores romanos pensaram em cortar a raiz do
cristianismo, destruindo a Bíblia. Por exemplo, no dia 23 de Fevereiro de 303 D.C., o imperador
Diocleciano decretou que cada cópia da Bíblia devia ser entregue à polícia romana para ser
destruída. Milhares de manuscritos bíblicos valiosíssimos foram destruídos em praças públicas.
Muitos cristãos perderam as suas vidas ao recusarem-se entregar as suas Bíblias. O objetivo era
eliminar a presença do cristianismo através de uma autoridade normativa supressiva.

Com o surgimento do Islamismo no século sétimo, a Bíblia tem sido proibida em países
muçulmanos. Até este preciso momento, a distribuição de Bíblias em países muçulmanos é
expressamente proibida. Inúmeros cristãos perderam as suas vidas ao tentarem partilhar as
verdades da palavra de Deus. O sucesso do impiedoso governo muçulmano em cortar a Bíblia
e o cristianismo, é evidente em países por ele conquistados. Por exemplo, bem antes da
conquista deste no século sétimo, os países norte africanos Líbia, Tunísia, Marrocos e Argélia
eram florescentes nações cristãs, que produziram grandes líderes da Igreja como Agostinho e
Tertuliano. Hoje em dia, a Bíblia e o cristianismo são praticamente inexistentes nestes países.
SEMINÁRIO TEOLÓGICA

54 MÓDULO
BELÉM
Historicamente, a Igreja Católica, sempre se opôs à tradução da Bíblia na língua comum do
povo e sua respectiva circulação. Por exemplo, o sínodo de Toulouse, no ano de 1229 D.C.,
proibia os leigos de possuírem cópias da Bíblia. O direito de escrever e ensinar a Bíblia, era
reservado aos monásticos.

Surpreendentemente, até os governantes protestantes e seus líderes de igreja, tentaram


impedir a transação e circulação da Bíblia. Por exemplo, Cuthbert Tunstall, bispo de Londres,
fortemente se opôs aos esforços de William Tyndale (1494-1536), de traduzir e publicar a Bíblia
em inglês.

Nos últimos 100 anos, governos comunistas têm tentado desacreditar a Bíblia e impedir a sua
propagação nos seus países. Eles têm usado não só os meios educacionais mas também os
legais. Nos meios educacionais, as pessoas têm sido ensinadas que a Bíblia é um livro de fadas
supersticioso, que deve ser rejeitado por mentes comunistas iluminadas. Legalmente, muitas
pessoas têm sido presas, por contrabandear Bíblias para países comunistas. Poderes
autocráticos e poderes religiosos têm se sentido ameaçados pela Bíblia, porque a sua
mensagem ensina a dar prioridade a Deus nos seus pensamentos e vidas.

Todavia ela permanece o livro


mais lido e amado durante todo
esse tempo.

6. ÚNICA EM EFEITOS

Quantos milhões de pessoas que viviam à margem da sociedade, quantos criminosos


incorrigíveis, quantas pessoas escravizadas nos mais terríveis vícios não foram transformadas
após seu contato com a Bíblia Sagrada.

Basta ler um livro como Estação Carandiru, do Dr. Dráuzio Varela para perceber o impacto que
a Bíblia teve e tem no seio da sociedade. Pois os casos ali narrados são apenas uma ínfima
parte dos seus efeitos.

Na verdade, não só criminosos, mas pessoas de todas as classes sociais, de todos os níveis
intelectuais e de toda raça ou profissão já foram impactados com a Bíblia. Os bilhões no
mundo que acreditam na Bíblia como Palavra de Deus acreditam porque esta operou
mudanças significativas em suas vidas.

F A BÍBLIA É UM LIVRO CONFIÁVEL

HONESTIDADE
A Bíblia não esconde de forma alguma o pecado de seus maiores heróis. Ela mostra a mentira
de seu grande patriarca Abraão;a impaciência de seu grande legislador Moisés; o adultério e
homicídio de seu grande rei Davi; a apostasia do sábio Salomão; a depressão e desejo suicida
do profeta Elias; a negação do apóstolo Pedro. Enfim, ela está disposta a revelar a fraqueza
desses homens de forma sincera e honesta.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 55
Embora seja o livro sagrado dos judeus, jamais esconde suas derrotas e fracassos. Nem mesmo
sua desobediência ao seu Deus único é ocultada. Eles mesmos são por ela severamente
repreendidos. Mesmo a Igreja se vê disciplinada com palavras duras. Isto é uma garantia que
seus registros são fiéis.

VALOR HISTÓRICO
A Bíblia possui integridade topográfica e geográfica: As descobertas arqueológicas provam que
os povos, línguas, os lugares e os eventos mencionados nas Escrituras são encontrados
justamente onde as Escrituras os localizam, no local exato e sob as circunstâncias geográficas
exatas descritas na Bíblia.

A Bíblia possui integridade etnológica ou racial: Todas as afirmações bíblicas sobre raças têm
sido demonstradas como corretas com os fatos etnológicos revelados pela arqueologia.

A Bíblia possui integridade cronológica: A identificação bíblica de povos, lugares e


acontecimentos com o período de sua ocorrência é corroborada pela cronologia síria e pelos
fatos revelados pela arqueologia.

Logo, ela possui plena integridade histórica, pois o registro dos nomes e títulos dos reis está em
harmonia perfeita com os registros seculares, conforme demonstrados por descobertas
arqueológicas.

VALOR ARQUEOLÓGICO
Quando os arqueólogos foram escavar nas terras bíblicas eles descobriram que tudo o que
estava escrito era verdade e podia ser provado através dos objetos encotnrados nessas
escavações. Muitas cidades que foram descobertas por eles, como Nínive e Babilônia só
puderam ser encontradas por causa daquilo que estava narrado nas Escrituras Sagradas.

Isso demonstras que nela nós temos fatos e não histórias fictícias. Suas narrativas estão de
acordo com o que aconteceu naquelas terras e, de modo algum, foi invenção de algum
escritor.

QUANTIDADE DE MANUSCRITOS
O que são manuscritos? São textos escritos à mão. Os livros antigos chegaram até nós escritos
dessa forma, tanto a Bíblia como os livros clássicos. Quantos manuscritos existem dos livros
clássicos? Muito poucos. Mesmo assim as pessoas os leem e jamais discutem a sua
credibilidade.

Todavia, se formos fazer uma comparação com os manuscritos do Novo Testamento e os


manuscritos da Ilíada, o grande poema épico da Grécia, ficaremos impressionados com a
diferença.

Existem cerca de 643 cópias antigas da Ilíada, enquanto existem 24.000 cópias antigas do
Novo Testamento. Uma diferença percentual de mais de 3700%. Qual dos textos oferece maior
confiabilidade? Será que essa diferença gritante não significa nada?

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BELÉM
Sem contar com o fato de que a ilíada foi escrita em 900 a.C. e o manuscrito mais antigo é de
400 a.C., uma diferença de 500 anos nos quais pode ter havido muitas alterações. No caso dos
livros que compõem o Novo Testamento, suas composições ocorreram entre o ano 40 d.C. e
100 d.C. O manuscrito mais antigo é do ano de 125 a.C. Uma diferença de apenas algumas
décadas. Não é preciso ser um especialista para perceber que o texto que temos é muito mais
confiável do que qualquer outro.

CONFIABILIDADE DE MANUSCRITOS
Exemplares do A.T. e do N.T. impressos em 1.488 e 1.516 d.C., concordam com os exemplares
atuais. Portanto, a Bíblia, como a possuímos hoje, já existia há 400 anos passados. Quando
essas Bíblias foram impressas, certo erudito tinha em seu poder mais de 2.000 manuscritos.
Esse número é sem dúvida suficiente para estabelecer a genuinidade e credibilidade do texto
sagrado, e tem servido para restaurar ao texto sua pureza original, fornecendo proteção contra
corrupções futuras (Ap.22:18-19; Dt.4:2;12:32).

Enquanto a integridade e confiabilidade da Bíblia se baseia em mais de 2.000 manuscritos, os


escritos seculares, que geralmente são aceitos sem contestação, baseiam-se em apenas uma
ou duas dezenas de exemplares. As quatro Bíblias mais antigas do mundo, datadas entre 300 e
400 d.C., correspondem exatamente a Bíblia como a possuímos atualmente.

A BÍBLIA
E VOCÊ?
SÍMBOLOS DA PALAVRA DE DEUS
As Escrituras são simbolizadas por diversos elementos diferentes. Um símbolo nas Escrituras
não é uma afirmação sem sentido. É uma forma de mostrar de maneira simples, uma realidade
profunda, que não seria entendida de outro modo. Eles demonstram o que a Palavra de Deus
significa para sua vida.

A Palavra de Deus é, realmente, alimento para o espírito. O que quero dizer é


que não é como se fosse, mas é de fato um elemento que faz com que o espírito
ALIMENTO

do homem regenerado se fortifique e cresça, tal qual o alimento comum faz


com o corpo. Da mesma forma que você precisa comer para crescer fisicamente
e ter força, precisa da Palavra de Deus para crescer e adquirir forças
espiritualmente (Mateus 4.4; 1 Pedro 2.2; 1 Cor 1.2,3; He 5.12; Jer 15.10).

Há um inimigo e este não pode ser vencido com armas humanas. E isto não é
ESPADA

apenas uma figuração bonita. De fato, a Palavra de Deus quando aplicada com
fé e utilizada com fé tem poder para atuar sobre o mundo espiritual e sobre o
coração humano de forma eficaz (Efésios 6.17; Heb 4.12).

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MÓDULO
BELÉM 57
A luz possibilita ver e distinguir a realidade. Sem luz o homem tropeça e se

LUZ
engana continuamente. Com a Palavra o homem é capaz de ver a realidade das
coisas e se orientar neste mundo (Salmo 119.105, 130; 2 Pedro 1.19).

USANDO A BÍBLIA
Precisamos estudar e conhecer a Bíblia. Para muitas coisas em nosso viver nós precisaremos do
conteúdo dela nos ensinando, orientando e guiando. Tanto para aplicar em nossa vida, como
para instruir outras pessoas, temos que aprender cada dia um pouco mais para nosso bem e
de outros.

1. Revelar o plano de Deus para a humanidade


(João 5.39; Efésios 3.4,5)

Deus tem um plano para a humanidade. Aqueles que estudam as Escrituras aprendem que em
meio a esse mundo confuso, há um lindo plano de redenção preparado por Deus desde a
eternidade. Quando entendemos esse plano, então nossa vida começa a fazer sentido.

2. Instruir o homem quanto ao certo e ao errado


(Mat 22.29; 2 Tim 3.16,17)

As pessoas hoje não sabem mais o que é certo e o que é errado. Praticam muitas coisas
condenadas por Deus. Às vezes fazem certas coisas, como adorar ídolos por exemplo,
pensando que estão agindo corretamente, quando na verdade estão fazendo algo abominável.
O conhecimento das Escrituas livra os homens de cometerem erros assim.

3. Produzir fé no ouvinte da Palavra


(Rom 10.17; Rom 15.4)

À medida que vamos lendo e conhecendo as promessas de Deus, vamos adquirindo fé em


nossos corações. A fé vem por ouvir a Palavra de Deus. É dessa maneira que vamos nos
tornando cada vez mais confiantes que Ele cumprirá em nossa vida todas as suas promessas.

Ainda com relação à Palavra de Deus você deve:

1. Escutá-la, lê-la e meditar nela diária e continuamente (Jos 1.8; Sal 1.2,3)

2. Orar pedindo a Deus compreensão do que está escrito (Salm 119.18; Luc 24.45)

3. Buscar obedecer enquanto aprende (Apoc 1.3; Jos 1.7)

4. Crer cada vez mais nas promessas contidas nas Escrituras (Luc 24.25; Rom 10.17)

5. Proclamá-la em todos os lugares e ocasiões (Mat 28.19, 20; Marc 16.15; 2 Tim 4.2)

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

58 MÓDULO
BELÉM
CONCLUSÃO

Alguém já disse que onde está a Palavra de Deus, aí está Deus. E, de certo modo, isso é verdade.
Que você possa ter fome e sede da Palavra de Deus. Que não consiga passar um único dia sem
estar em contato com ela.

Uma das coisas que você irá perceber é que não importa o quanto aprenda, sempre vai ter
muito mais a ser aprendido. Mesmo passagens que você já leu muitas vezes vão apresentar
sentidos novos que você ainda não havia entendido. E isso é muito bom, pois demonstra o
grande tesouro que é a Bíblia.

Se você quer ser um bom crente, se quer viver uma vida pautada pela sabedoria de Deus, se
quer ser alguém eficaz em seu ministério, isso só será possível se você se tornar uma pessoa da
Bíblia. Ela tem que encher seu coração, sua mente, suas palavras, suas ações. Leva tempo para
se chegar a esse ponto. Mas quando conseguir chegar será uma grande benção.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 59
CADERNO DE
EXERCÍCIOS
BIBLIOLOGIA

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
BIBLIOLOGIA
Anotações

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BELÉM 63
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BIBLIOLOGIA
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SEMINÁRIO TEOLÓGICA

66 MÓDULO
BELÉM
BIBLIOLOGIA
Exercícios

1. De onde vem a palavra Bíblia?


a. Do dicionário c. Do grego

b. Do Japão d. Do inglês

2. Quais as partes principais que dividem a Bíblia?


a. Primeiro e Segundo Testamentos

b. Antigo e Novo Testamento

c. Lei e Profetas

d. Evangelho e Cartas

3. São profetas menores:


a. Mateus, Marcos e Lucas c. Daniel, Obadias e Jonas

b. Joel, Amós e Isaías d. Malaquias, Zacarias e Oséias

4. Paulo escreveu pelo menos:


a. Um evangelho c. Treze cartas

b. Duas cartas d. Um apocalipse

5. O que é papiro?
a. Uma comida judaica

b. O nome de um rei de Judá

c. Uma planta do Egito

d. Não existe

6. Aramaico era:
a. A língua de Israel c. A língua dos sírios

b. A língua de Judá d. A língua dos romanos

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 67
BIBLIOLOGIA
Exercícios

7. A Bíblia é o livro mais lido e vendido do mundo:

a. Essa afirmação é verdadeira c. Essa afirmação é falsa

b. Depois do Alcorão d. Ninguém sabe

8. Diante da história e da arqueologia a Bíblia:

a. A Bíblia não tem nenhum valor

b. A Bíblia contradiz a história e a arqueologia

c. A Bíblia não tem relação com elas

d. A Bíblia é confirmada pela história e a arqueologia

9. Com a Bíblia nós sabemos o que é:

a. Física e química c. O certo e o errado

b. A filosofia d. O frio e o calor

10. A Bíblia é comparada à luz pois...

a. Mostra o caminho certo para o homem

b. Pega fogo fácil

c. Tem as páginas brancas

d. Lembra uma lanterna

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

68 MÓDULO
BELÉM
PENTATEUCO

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
PENTATEUCO

1 TÍTULO
O nome Pentateuco vem da versão grega, que remonta ao século III antes de Cristo. Significa:
"O livro em cinco volumes." Os judeus lhe chamavam “A lei" ou “A lei de Moisés”, porque a
legislação de Moisés constitui parte importante do Pentateuco.

2 AUTOR
Embora não se afirme no próprio Pentateuco que este tenha sido escrito por Moisés em sua
totalidade, outros livros do Antigo Testamento citam-no como obra dele. (Josué 1:7-8; 23:6; I
Reis 2:3; II Reis 14:6; Esdras 3:2; 6:18; Neemias 8:1; Daniel 9:11-13.) Certas partes muito importantes
do Pentateuco são atribuídas a ele (Êxodo 17:14; Deuteronômio 31:24-26). Os escritores do Novo
Testamento estão de pleno acordo com os do Antigo. Falam dos cinco livros em geral como "a
lei de Moisés" (Atos 13:39; 15:5; Hebreus 10:28). Para eles, "ler Moisés" equivale a ler o Pentateuco
(ver II Coríntios 3:15: "E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles").
Finalmente, as palavras do próprio Jesus dão testemunho de que Moisés é o autor: "Porque, se
vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele" (João 5:46; ver também
Mateus 8:4; 19:8; Marcos 7:10; Lucas 16:31; 24:27, 44).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 71
Moisés, mais do que qualquer outro homem, tinha preparo, experiência e gênio que o
capacitavam para escrever o Pentateuco. Considerando-se que foi criado no palácio dos faraós,
"foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras" (Atos
7:22). Foi testemunha ocular dos acontecimentos do êxodo e da peregrinação no deserto.
Mantinha a mais íntima comunhão com Deus e recebia revelações especiais. Como hebreu,
Moisés tinha acesso às genealogias, bem como às tradições orais e escritas de seu povo, e
durante os longos anos da peregrinação de Israel, teve o tempo necessário para meditar e
escrever. E, sobretudo, possuía notáveis dons e gênio extraordinário, do que dá testemunho seu
papel como líder, legislador e profeta.

3 AMBIENTE DO MUNDO BÍBLICO


Quando Abraão chegou à Palestina, esta já era uma ponte importante entre os centros
culturais e políticos daquela época. Ao norte achava-se o império hitita; ao sudoeste, o Egito; ao
oriente e ao sul, Babilônia; e ao nordeste o império assírio. Ou seja, os israelitas estavam
localizados em um ponto estratégico e não isolado geograficamente das grandes civilizações.

A maioria dos historiadores acha que a planície de Sinar, situada entre os rios Eufrates e Tigre,
foi o berço da primeira civilização importante, chamada suméria. No ano 2800 a. C. os
sumérios já haviam edificado cidades florescentes e haviam organizado o governo em cidades-
estados; também haviam utilizado metais e tinham aperfeiçoado um sistema de escrita
chamada cuneiforme. Quase ao mesmo tempo, desenvolvia-se no Egito uma civilização
brilhante. É provável que quando Abraão se dirigiu para o Egito, tenha visto pirâmides que
contavam mais de 500 anos.

A região onde se desenvolveu a primeira civilização é chamada "fértil crescente" (pela forma do
território que abrange). Estende-se de forma semicircular entre o Golfo Pérsico e o mar
Mediterrâneo, até o sul da Palestina. O território é regado constantemente por chuvas e rios
caudalosos, como o Eufrates, o Tigre, o Nilo e o Orontes, o que possibilita uma agricultura
produtiva. No interior desta região está o deserto da Arábia, onde há escassas chuvas e pouca
população. Ali, no fértil crescente, surgiram os grandes impérios dos amorreus, dos babilônios,
dos assírios e dos persas. O mais importante para nós, todavia, é que ali habitou o povo
escolhido de Deus e ali nasceu o Homem que seria o Salvador do mundo.

Toda a região compreendida entre os rios Eufrates e Tigre chama-se Mesopotâmia (meso:
entre; potamos: rio). No princípio denominava-se "Caidéia" à planície de Sinar, desde a cidade
de Babilônia, ao sul, até o Golfo Pérsico; mas posteriormente o termo "Caidéia" passou a
designar toda a região da Mesopotâmia (a mesma área chamava-se também Babilônia).

Abrangia muito do território do atual Iraque, e era provavelmente o local do jardim do Éden e
da torre de Babel. O território da Palestina é relativamente pequeno. Desde Dã até Berseba,
pontos extremos no norte e no sul, respectivamente, há uma distância de apenas 250
quilômetros. O território tem desde o mar Mediterrâneo até o mar Morto, 90 quilômetros de
largura; e o lago de Genesaré (mar da Galiléia) distante em aproximadamente 50 quilômetros
do mar Mediterrâneo. A área total de Canaã equivale, em tamanho, à sétima parte do Uruguai
ou a um terço do Panamá. Contudo, nesta porção tão pequena do globo terrestre, Deus
revelou-se ao povo israelita, e ali o Verbo eterno habitou entre os homens e realizou a redenção
da raça humana.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

72 MÓDULO
BELÉM
Gênesis
Gênesis é o nome grego dado ao livro, e significa "origem". Tem este nome porque ele conta a
origem do mundo, do planeta, do homem, do casamento, do pecado, do governo humano, de
diversos povos, dos diferentes idiomas e, principalmente, do povo de Israel. Nele se encontra a
primeira mensagem de redenção (2.15).

Gênesis é um dos livros mais citados no Novo Testamento, servindo de base para todo o
restante das Escrituras Sagradas. As primeiras alianças de Deus com os homens surgem neste
livro, como a aliança de Deus com Adão, com Noé e com Abraão. Apresenta fatos que tem
influenciado a bilhões de pessoas durante milhares de anos, como a queda, o dilúvio, a torre de
Babel, a intriga entre judeus e árabes, o papel distintivo de Israel, a destruição de Sodoma e
Gomorra.

O livro traz como centro o chamado e a aliança de Deus com Abrão (a quem mais tarde ele
chamou de Abraão), tirando-o do meio dos povos para constituir uma nação especial, através
da qual haveria de remir os povos. Apresenta também narrativas de seus dois descendentes
diretos, Isaque e Jacó (que teve o nome mudado para Israel).

Esboço de Gênesis

I. O Começo da Humanidade, 1.1 – 11.32.

A. A Criação do Mundo, 1.1-2.3.

B. O lugar do homem no mundo, 2.4-25.

A entrada do pecado, e a queda resultante, 3.1-4.26


C. (Instituição da aliança da graça).

D. As raças antediluvianas e os patriarcas (Adão a Noé), 5.1-32.

A pecaminosidade do mundo expurgada pelo Dilúvio, 6.1-


E. 9.29.

A posteridade de Noé, e as raças primitivas do Oriente


F. Próximo, 10.1 – 11.32.

II. A Vida de Abraão, 12.1 – 25.18.

A. A chamada de Abraão, e sua aceitação da aliança pela fé,


12.1 –14.24.

B. Renovação e confirmação da aliança, 15.1- 17.27.

C. Ló é poupado de Sodoma, 18.1 – 19.38.

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MÓDULO
BELÉM 73
D. Abraão e Abimeleque, 20.1-18.

E. Nascimento e casamento de Isaque, o filho da promessa,


21.1 – 24.67.

F. A posteridade de Abraão, 25.1-18.

III. A vida de Isaque e sua Família, 25.19 – 26.35.

A. Nascimento de Esaú e Jacó, 25.19-28.

B. Esaú vende a primogenitura a Jacó, 25.29-34.

C. Isaque e Abimeleque II, 26.1-16.

D. A disputa em Berseba, 26.17-33.

E. Os casamentos de Esaú, 26.34, 35.

IV. A vida de Jacó, 27.1 – 37.1.

A. Jacó no lar paterno, 27.1-46.

B. Exílio e viagem de Jacó, 28.1-22.

C. Jacó com Labão na Síria, 29.1 – 33.15.

D. Jacó volta à terra da promissão, 33.16 – 35.20.

E. A posteridade de Jacó e Esaú, 35.21 – 37.1.

V. A vida de José, 37.2 – 50.26.

A. José como menino, 37.2-36.

B. Judá e Tamar, 38.1-30.

C. José promovido no Egito, 39.1 – 41.57.

D. José e seus irmãos, 42.l – 45.15.

E. José recebe Jacó no Egito, 45.16 – 47.26.

F. Últimos dias de Jacó e suas profecias finais, 47.27 – 50.14.

G. José garante aos seus irmãos seu perdão completo,


50.15-26.

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74 MÓDULO
BELÉM
ASPECTOS TEOLÓGICOS
O livro fornece inúmeras respostas para os questionamentos da mente humana. Ele confirma
doutrinas fundamentais da fé cristã, como por exemplo: o universo como um resultado da
ação de Deus a partir do nada (ex-nihilo) (1.1); o Espírito Santo presente no processo da criação
do mundo (1.2); a criação do homem à imagem e semelhança de Deus (1.26); o homem como
um ser especial, superior às demais criaturas (1.28) a pluralidade divina (1.26), a vinda de um
redentor através da própria raça humana (3.15), a queda do homem pela sua desobediência (3);
o sofrimento e a morte como consequência do pecado (3.17-19); a transmissão do pecado para
toda a raça humana através de Adão (5.3); a aliança de Deus com Abraão (15 e 17),
estabelecendo a primazia de Israel.

A pluralidade da Divindade (1.26), sua soberania sobre toda a terra (14.19), sua providência
(22.14), sua função como juiz (18.25) já estavam aqui estabelecidas.

Teríamos uma lacuna instransponível sem esta obra mosaica. Diversas doutrinas do Novo
Testamento vão procurar em Gênesis sua base, como o novo nascimento (2 Coríntios 4.6); a
justificação pela fé (Romanos 4.3); a eleição divina (Romanos 9.11,12); o juízo divino (Judas 7); a
importância da fé (Hebreus 11.4-12).

Quando Jesus foi procurar a base ética para o casamento não o fez na lei mosaica e sim na
narrativa de Gênesis 2. É também ao livro de Gênesis que ele vai recorrer para pintar o quadro
dos tempos finais por ocasião de seu retorno (Lucas 17.26-37). Dos dezesseis heróis da fé
enumerados em Hebreus 11, pelo menos oito são personagens do livro de Gênesis.

O peso teológico do livro se torna ainda maior quando a questão das alianças é posta em
pauta. Muitos apontam Gênesis 12.1 como o início da nossa história da salvação. O plano de
Deus começa a ser executado quando ele faz uma aliança direta com Abraão e sua
descendência. A partir deste pacto, Deus começa a desenvolver um relacionamento
irrevogável com Abraão e seus descendentes com implicações salvíficas universais (Romanos
11.28, 29). O desenvolvimento histórico dos descendentes de Abraão está estreitamente ligado
à execução do plano divino, desde a revelação de sua palavra (Romanos 3.2), à entrega da lei,
das promessas e demais alianças (Romanos 9.4) até o surgimento do Messias (Romanos 9.5).

ASPECTOS TIPOLÓGICOS
Também neste aspecto, a riqueza de Gênesis se sobressai, apesar das grandes porções de
Êxodo e Levítico ilustrarem verdades espirituais de forma tipológica. Diversos personagens e
situações encontradas no livro vão ter o seu cumprimento em Jesus e na vida revelada no Novo
Testamento. Mesmo se tratando de personagens históricos e de situações reais, estas pessoas e
fatos ilustram verdades espirituais futuras, reveladas na morte, ressurreição e ascensão de
Cristo.

Alguns desses tipos foram reconhecidos pelos escritores do Novo Testamento. Outros, apesar
de sua clara indicação tipológica apontando para Jesus e o Evangelho não são referidos
diretamente. Podemos até dizer que este conteúdo seja inesgotável, porque novas
compreensões são percebidas à medida que estudamos o livro.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 75
A começar por Adão, que se torna uma ilustração de Cristo, chamado de segundo Adão ou
Adão celestial e sendo colocado também em contraste com Cristo e sua obra (Romanos 5 e 1
Coríntios 15).

Temos Noé e a arca representando a salvação de Deus na atual dispensação da graça (2 Pedro).
Temos Melquisedeque, um personagem que só aparece em uma curta narrativa e cujo
significado espiritual é de uma profundidade ímpar, tornando-se o tema central da epístola
aos hebreus (Gênesis 14, Salmo 110 e Hebreus 4 a 8). Temos Ismael e Agar simbolizando a antiga
aliança em contraste com a nova (Gênesis 16, 21 com Gálatas 3). Temos Abraão sacrificando seu
filho Isaque, um claro tipo do Pai sacrificando seu único Filho, que o escritor de Hebreus
consegue relacionar tão magistralmente (Gênesis 22). Temos Isaque como o noivo aguardando
ansioso o momento de encontrar a noiva, que estava sendo preparada (Gênesis 26 com 2
Coríntios 11.2). Temos José, rejeitado pelos seus irmãos, que em figura o lançam na cova e
futuramente o reencontram. (Gênesis 37).

Essas são apenas algumas notas sobre o valor tipológico deste primeiro livro da Bíblia. Os
detalhes são de uma riqueza espiritual enorme, a tal ponto que fica difícil compreender certas
colocações do Novo Testamento sem uma leitura atenta do livro de Gênesis. É possível
perceber que todas estas situações que apontam para valores espirituais futuros não são fruto
de mentes criativas capazes de encontrar similaridades nos textos bíblicos. Foram colocadas
por Deus no intuito de gravar a sua verdade para a humanidade desde esta obra inicial.

ASPECTOS HISTÓRICOS
A história é um livro que começou a ser escrito pelo meio, conforme disse o historiador e
filósofo Will Durant. Os historiadores se debatem com vestígios humanos, uma vez que se
recusam a aceitar a simples narrativa deste livro. Todavia, é ela o único escrito inspirado e
revelado que fala um pouco desses primeiros passos do homem sobre a terra.

Ao abordarmos Gênesis como um livro que contém a história, de fato é preciso aceitar certas
limitações. Na verdade, se excluirmos a parte que começa com o chamado de Abraão (capítulo
12) até o final, nos restam apenas onze capítulos que expõe algo como 2.000 anos de história,
embora tal conta não seja precisa.

O que temos nestes capítulos são pequenas pinceladas, narrativas microscópicas diante de
tanta coisa ocorrida neste período. Mas nem por isso o livro perde a sua importância como
narrativa histórica. Tudo ali descrito, embora resumido, aconteceu de fato. Os personagens e
eventos não podem ser relegados à categoria de lenda ou mero símbolo. Só podem ser aceitos
como acontecimentos reais da história humana naqueles primórdios. Do contrário, todo o
restante desmorona, uma vez que o plano divino se desenrola sobre ela.

Adão, por exemplo, foi uma pessoa real, que junto de sua esposa Eva deu origem a toda a raça
humana. Paulo confirmou isto diante dos filósofos gregos no Areópago de Atenas. E de um só
fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra... (Atos 17.26). Enoque
foi identificado como o sétimo depois de Adão (Judas 14), o que situa sua existência como algo
real.

De igual monta, o dilúvio é um fato histórico, como atestam inúmeras histórias similares à de
Gênesis entre diversos povos, inclusive aborígenes da América. Quando ouvimos a palavra

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76 MÓDULO
BELÉM
“dilúvio”, pensamos quase imediatamente na Bíblia e na história da arca de Noé. Essa história
maravilhosa do Velho Testamento viajou com o cristianismo através do mundo. Nos povos de
todas as raças existem diferentes tradições de uma inundação imensa e catastrófica. Os gregos
contavam a lenda do dilúvio de Deucalião; já muito antes de Colombo, corriam entre os
primitivos habitantes do continente americano numerosas histórias a respeito de uma grande
inundação. Na Austrália, na Índia, na Polinésia, no Tibete, em Caxemira, na Lituânia, há histórias
de uma grande inundação que vêm sendo transmitidas de geração a geração até nossos dias.
Serão todos mitos, lendas, produtos da imaginação? Ou simplesmente um fato histórico que
sofreu alterações conforme foi sendo contado pelos descendentes que sobreviveram do
dilúvio?

A chamada Tábua das Nações contida no capítulo 10 é de uma precisão impressionante.


Apesar da dificuldade em identificar cada povo, a maioria deles é bem clara. As fontes
utilizadas por Moisés provavelmente remontam do tempo da Torre de Babel quando ainda era
possível identificar o destino dos descendentes de Noé.

Da mesma sorte a existência da Torre de Babel e sua construção como sendo a causa da
diversidade de línguas no mundo só é desconsiderado pelos estudiosos porque estes se
recusam a reconhecer a ação divina na história. Eles também não possuem nenhuma
explicação razoável e definitiva para este problema. Inclusive, o linguista Hans Joachim Storig
em seu famoso livro A Aventura das Línguas (Melhoramentos, 2003), após ter feito uma longa
viagem através do mundo dos idiomas, termina por narrar a história bíblica da Torre de Babel
como a origem da diversidade linguística.

Talvez possamos dizer que as genealogias sejam o elo mais forte para testificar a fatualidade
de Gênesis. Todos os personagens bíblicos se ligam através delas. Funcionam como uma
espécie de certidão de nascimento, indicando a origem de cada pessoa. Logo, toda a história
posterior de Israel vai ser conectada ao primeiro homem e seus descendentes através dessas
listas genealógicas.

Êxodo
Êxodo, tal como Gênesis, é um título que não tem origem hebraica, mas grega. A Septuaginta,
uma tradução grega do V.T., chama o livro de Êxodos, uma palavra que significa saída, partida
– um título apropriado para a descrição da saída do povo escolhido da terra onde sofreu a
escravidão total durante gerações. A palavra êxodos encontra-se na versão grega de Êx.19:1 e
significativamente no N.T. grego, em Lc.9:31; Hb.11:22 e II Pe.1:15.

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MÓDULO
BELÉM 77
Esta redenção do Egito foi realizada por intervenção divina e foi milagrosa, exigindo da parte
dos israelitas apenas fé na eficácia do sangue derramado (12:1-3). Como no N.T., a redenção tem
o propósito de tornar possível a comunhão entre as pessoas remidas de Deus. Depois da
realização da redenção do Egito, foi dada a lei, seguida pela revelação de grandes verdades do
culto aceitável a Deus quando prestado no Tabernáculo, com os seus sacrifícios concomitantes
e o sacerdócio assistente.

No Êxodo, Deus, até então ligado ao povo israelita apenas através de Sua aliança com Abraão
(veja Gn.12:2, nota), atrai-os para si, nacionalmente, através da redenção, coloca-os sob a
Aliança Mosaica (19:5, nota) e habita no meio deles na nuvem de glória. Gálatas explica o
relacionamento da lei com a Aliança Abraâmica. Nos mandamentos, Deus ensinou a Israel
Suas justas exigências. A experiência sob os mandamentos convenceu Israel do pecado; e a
provisão do sacerdócio e os sacrifícios (cheios de tipos preciosos de Cristo) deu a um povo
culpado um meio de obter perdão, purificação e restauração da comunhão e adoração.

Esboço de Êxodo

I. O Treinamento do Homem de Deus para a Tarefa de Deus, 1.1 - 4.31.

A. O passado de Moisés; a perseguição tirânica, 1.1-22.

B. Sua adoção e instrução, os primeiros 40 anos, 2.1-14.

C. Seu caráter disciplinado, os segundos 40 anos, 2.15-25.

D. Sua vocação da parte de Deus, em Horebe, 3.1 – 4.31.

II. A Graça Triunfante: O Povo de Deus Libertado da Escravidão, 5.1 – 18.27.

A. O Triunfo de Deus sobre a potência mundial, através das


dez pragas, 5.1 – 11.10.

B. Seis tipos da Salvação, 12.1 – 18.27.

1. A Páscoa: símbolo e apropriação do Calvário,


12.1 – 13.22.

2. Travessia do Mar Vermelho: o mergulho pela fé


(batismo), 14.1 – 15.27.

3. Maná dos céus: pão da vida (eucaristia), 16.1-36.

4. A rocha fendida: a água da vida, 17.1-7.

5. Refidim: antegozo da vitória sobre o mundo, 17.8-16.

6. Nomeação dos anciãos: organização da


comunidade religiosa, 18.1-27.
SEMINÁRIO TEOLÓGICA

78 MÓDULO
BELÉM
III. O Selo da Santidade, 19.1 – 31.18.

A. A promessa da aliança: absoluta submissão à Vontade de


Deus revelada, como “nação santa, propriedade peculiar
de Deus”, 19.1-25.

B. Princípios básicos duma vida santificada, segundo a


aliança: O Decálogo, 20.1-26.

C. A vida santa na sua conduta para com os outros (“livro da


aliança”) (Três grandes festivais), 21.1 – 23.33.

D. A vida santa no culto e na comunhão com Deus (a tipo-


logia do sacerdócio, do sacrifício e dos móveis do
Tabernáculo), 24.1 – 31.18.

IV. O Fracasso da Carne, e o Arrependimento pelo Pecado, 32.1 – 33.23.

A. Rebelião, apostasia, idolatria: quebra da comunhão com


Deus, 32.1-35.

B. Arrependimento, castigo e a intercessão de Moisés o


mediador, 33.1-23.

V. A Provisão Divina pelo Pecado: O Perdão Contínuo através do


Sacrifício, 34.1 – 40.38.

A. Reafirmação da aliança da graça, e a advertência divina


contra a idolatria, 34.1-35.

B. Meios de graça para evitar a apostasia: o sábado e o


tabernáculo, 35.1-19.

C. A congregação promete obedecer ao plano divino, 35.20 –


39.43.

D. Formas de culto que Deus santifica e aceita, 40.1-38.

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MÓDULO
BELÉM 79
ASPECTOS TEOLÓGICOS
De grande relevância para a história da salvação é a teofania do capítulo 3 de Êxodo, onde o
próprio Deus se manifesta a Moisés em uma sarça ardente. Teofania é a manifestação da glória
de Deus diante dos homens.

Este episódio se torna importante devido ao conteúdo teológico nele envolvido. Primeiro
temos a identificação de Deus. Ao perguntar seu nome, a resposta de Deus a Moisés foi “Eu Sou
o que Sou”. Um conceito de divindade muito diferente do usual entre os povos. Deus é Quem
Ele é e pronto. É quase impossível informar através da linguagem quem é Aquele que é o único
portador de existência própria. EU SOU O QUE SOU.

Sobre a grandeza dessa revelação se pronunciou Mackintosh, célebre comentador bíblico, em


seu livro Estudos sobre o Livro de Êxodo:

"E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos
de Israel: EU SOU me enviou a vós" (versículo 14). O título que Deus dá a Si
próprio é maravilhosamente significativo. Ao estudarmos nas Escrituras os
vários nomes com que Deus se revela, vemos que se encontram intimamente
ligados com as necessidades variáveis daqueles com os quais Ele está em
relação: Jeová-Jiré (o Senhor proverá); Jeová Nissi (o Senhor minha bandeira);
Jeová Shalom (o Senhor envia a paz); Jeová Tsidkeno (o Senhor justiça
nossa). Todos estes Seus títulos graciosos vão surgindo para ocorrer às
necessidades do Seu povo; e quando se intitula "EU SOU", abrange todas
elas. Ao assumir este título, o Senhor dava ao Seu povo um cheque em
branco, que podia comportar qualquer quantia. Ele chama-Se "EU SOU", e a
fé tem somente que pedir, valendo-se deste nome inefavelmente precioso,
tudo aquilo que precisa. Deus é o único algarismo a que a necessidade
humana só tem que acrescentar os zeros. Se queremos vida, Cristo diz: "EU
SOU a vida". Se é justiça que necessitamos Ele é "o SENHOR JUSTIÇA NOSSA".
Se queremos paz, Ele é "a nossa paz". Se ansiamos por "sabedoria e
santificação e redenção", Ele foi para nós feito por Deus todas estas coisas.
Numa palavra, temos de percorrer a vasta extensão das necessidades
humanas para formar um conceito justo da espantosa profundidade e
âmbito deste nome adorável: "EU SOU".

Que graça não é sermos chamados a andar na companhia d'Aquele que


tem um nome assim! Estamos no deserto, onde temos de lutar com a
provação, o sofrimento e dificuldades; mas, enquanto tivermos o feliz
privilégio de podermos recorrer em todo o tempo, e em todas as
circunstâncias, Aquele que se revela em tantos aspectos da graça,
correspondendo a todas as nossas necessidades e fraquezas, nada temos a
recear. Foi quando Deus se dispunha a fazer atravessar o deserto ao seu
povo que revelou a Moisés este precioso e compreensivo nome; e, embora o
crente possa, agora, dizer "Aba Pai", por meio do Espírito de adoção, nem por
isso perde o privilégio de poder gozar comunhão com Deus em todas as
diversas formas em que Lhe aprouve revelar-Se.

Por exemplo, o nome de "Deus", revela-O agindo na unidade da Sua própria


essência, manifestando o seu eterno poder e a Sua divindade nas obras da
criação. "Senhor Deus" é o nome que toma em ligação com o homem.
Depois, com o "Deus Todo-Poderoso" aparece ao Seu servo Abraão para lhe
dar a certeza de que cumprirá a Sua promessa a respeito da sua semente.
Como Jeová dá-se a conhecer a Israel, na libertação do Egito e conduzindo-o
ao país de Canaã.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

80 MÓDULO
BELÉM
"Foi assim que Deus falou antigamente muitas vezes e de muitas maneiras
pelos profetas (Hb 1:1); e o crente, debaixo de atual dispensação, possuindo o
Espírito de adoção, pode dizer: Aquele que assim se revelou, que assim falou,
que assim agiu, é meu Pai.

Não há nada mais interessante ou praticamente mais importante no seu


gênero do que o estudo destes grandes nomes que Deus toma nas diferentes
dispensações. Estes nomes são sempre empregados com conformidade
moral com as circunstâncias em que são revelados; porém, com o nome "EU
SOU" existe uma tal altura, uma largura, profundidade e comprimento que
excedem todo o entendimento humano.

E não se esqueça que é somente em ligação com o Seu povo que Deus toma
este título. Não foi com esse nome que Se dirigiu a Faraó. Quando fala com
ele, toma o título importante e majestoso de "O Senhor, o Deus dos hebreus",
que quer dizer, Deus em relação com esse mesmo povo que Faraó procurava
esmagar. Isto deveria ter sido o bastante para que o Faraó compreendesse a
sua terrível posição diante de Deus. "EU SOU" não produzira ao ouvido
incircunciso mais que um som ininteligível e não comunicara realidade
divina ao coração incrédulo. Quando Deus manifestado em carne fez ouvir
aos judeus infiéis do Seu tempo essas palavras, "antes que Abraão fosse, Eu
sou", eles pegaram em pedras para o apedrejar. Só o verdadeiro crente pode,
em alguma medida, experimentar e gozar o valor desse nome inefável, "EU
SOU". Um tal crente pode regozijar-se por ouvir dos lábios do bendito Senhor
Jesus afirmações como estas: "Eu sou o pão da vida"; "Eu sou a luz do
mundo"; "Eu sou o bom pastor"; "Eu sou a ressurreição e a vida"; "Eu sou o
caminho, a verdade e a vida"; "Eu sou a videira verdadeira"; "Eu sou o Alfa e o
Ômega"; "Eu sou a resplandecente estrela da manhã". Numa palavra, o
Senhor pode tomar qualquer título de excelência e beleza divinas, e, tendo-o
posto depois de "EU SOU", encontrai nele JESUS, admirai-O e adorai-O.

Assim, há doçura, bem como compreensão, no nome "EU SOU" muito para
além do poder de expressão. Todo o crente pode encontrar nele exatamente
aquilo que convém à sua necessidade espiritual, qualquer que ela seja. Não
há um só atalho tortuoso na jornada do cristão, nem uma simples fase da
experiência da sua alma, nem um ponto sequer na sua situação que não
seja divinamente satisfeito por este título, pela razão simples que só tem que
colocar qualquer coisa que ele necessite, pela fé, ao lado desse título "EU
SOU" para encontrar tudo em Jesus. Para o crente, portanto, por muito fraco
e vacilante que seja, esse nome encerra uma pura bem-aventurança.”

Também a identificação de Deus como “o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó” o relaciona


com os patriarcas e, consequentemente, com a aliança estabelecida com eles. Vale lembrar
que já havia se passado quatrocentos anos desde que Israel chegou ao Egito. Era como se as
pontas estivessem sendo reconectadas para dar continuidade à história. O Deus que chamou a
Abraão e prometeu fazer dele uma benção para todas as famílias da terra estava agora
restabelecendo seu contato com a descendência de Abraão, a fim de garantir suas promessas.

Todavia, o maior legado do livro de Êxodo é sem dúvida a outorga dos dez mandamentos, ou
decálogo, escrito pelo próprio Deus em tábuas de pedra e entregues por Deus a Moisés. Boa
parte de toda literatura legal presente nesse e nos demais livros mosaicos são apenas o
desenvolvimento dessas dez proposições iniciais.

"Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR teu Deus,
que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses
diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma
semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas
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BELÉM 81
águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu,
o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos
filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço
misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus
mandamentos. Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o
SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Lembra-te
do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua
obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma
obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva,
nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles
há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do
sábado, e o santificou. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem
os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá. Não matarás. Não
adulterarás. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu
próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Êxodo 20.1-17

Essa legislação apresenta aspectos teológicos e morais de uma enorme importância para Israel
e para o mundo. O monoteísmo nela expresso tornou-se marca exclusiva de Israel, bem como
a proibição do uso de imagens. Os mandamentos relacionados à ordem moral da sociedade
têm um valor inquestionável para a vida humana, protegendo a propriedade privada, o
respeito filial, a integridade matrimonial, a integridade da vida humana, a verdade nos
relacionamentos.

O simples fato de possuir uma legislação própria foi um passo essencial na história e formação
da nação de Israel. Até então eles eram apenas um povo. Agora, eram um povo com sua
própria legislação. Logo acrescentariam a estes dois elementos um território geograficamente
delimitado, tornando-se assim uma nação de fato e de direito.

A libertação do Egito através dos milagres e sinais realizados por Moisés estabelecia a
descendência de Abraão como a nação prometida e estabelece sua aliança através do
Cordeiro Pascal.

ASPECTOS TIPOLÓGICOS
O CORDEIRO PASCOAL (Êx 12.3-14)

A palavra de Deus a Moisés trouxe esta ordem:” Este mesmo mês vos será o princípio dos
meses; este vos será o primeiro dos meses..." (Êx 12.2). O calendário comum continua o seu
curso. Mas quem se identifica com Deus começa uma nova contagem de tempo. Por isso Jesus
disse a Nicodemos: "Necessário vos é nascer de novo" (Jo 3.7b). Nesta nova contagem de vida,
cada um devia tomar um cordeiro para sua casa (v 3).

O sangue do cordeiro era posto nas umbreiras e vergas de cada casa. À meia-noite viria o
castigo pela morte dos primogênitos de cada família (v 12,13 e 29). Onde houvesse o sangue na
porta, o primogênito permaneceria vivo. O sangue era sinal de obediência a Deus e de que um
substituto morreu em lugar do primogênito. O sangue de Jesus é um refúgio para quem
obedece ao Evangelho.

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BELÉM
A carne do cordeiro era assada no fogo (12.8). O Salvador para realizar a sua missão teve de ser
tentado, perseguido e maltratado pelos homens. Era comido o cordeiro com pães asmos
(sinceridade) - (1 Co 5.8); e ervas amargas (12.8), arrependimento. Tinham de estar com os trajes
completos, prontos para viajar (12.11). O crente tem de estar pronto, esperando a hora de partir
para a eternidade. Isto se expressa pela palavra "Vigiai" (Mc 13.37b).

João mostra Jesus como antítipo da Páscoa, aplicando a frase: "Nenhum osso será quebrado''
(Êx 12.46b; Jo 19.36b). "...Porque Cristo, nossa Páscoa..." (1 Co5.7b).

SIMBOLISMO DO TABERNÁCULO
O simbolismo do Tabernáculo, cuja descrição se encontra no livro de Êxodo é uma rica fonte
de simbolismo espiritual. Na verdade, é uma fonte inesgotável. Durante séculos os cristãos têm
extraído dessa construção inúmeras lições para sua vida com Deus. Por isso vale a pena nos
estendermos um pouco no assunto.

Em comparação com os templos pagãos, a tenda da congregação era muito pequena. Não foi
projetada para que o povo israelita se reunisse em seu interior para adorar a Deus, mas com o
fim de que seus representantes, os sacerdotes, oficiassem como mediadores. Evidentemente,
cada objeto e sua localização tinham grande valor simbólico. O escritor da carta aos Hebreus
mostra o simbolismo do tabernáculo e do sacerdócio da antiga aliança dizendo que são
"sombra das coisas celestiais" (8:5). Não convém ser dogmáticos ao interpretar os pormenores,
mas devemos buscar na medida do possível a interpretação neotestamentária.

Nota-se certo simbolismo de importância patente no tabernáculo:

A. A PRESENÇA DE DEUS

Para os israelitas, o lugar santíssimo e em especial o propiciatório (coberta) da arca


representavam a imediata Presença de Deus. Aí se manifestava a Shekina (em
hebreu "habitar"), o fogo ou glória de Deus que representava sua própria presença. A
coberta se dava o nome de "propiciatório", pois aí o mais perfeito ato de expiação era
realizado uma vez por ano pelo sumo sacerdote.

As figuras dos querubins, com as asas estendidas para cima, e o rosto de cada um
voltado para o rosto do outro, representavam reverência e culto a Deus. A arca
continha as duas tábuas da lei, um vaso com maná, e mais tarde se incluiu a vara de
Aarão. Todos esses objetos lembravam a Israel o concerto e o amor de Deus. As
tábuas da lei simbolizavam a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem.
Também lembrava aos hebreus que não se pode adorar a Deus em verdade sem se
dispor a cumprir sua vontade revelada. O véu que separava o lugar santíssimo do
lugar santo e excluía todos os homens com exceção do sumo sacerdote acentuava
que Deus é inacessível ao homem pecador. Somente por via do mediador nomeado
por Deus e do sacrifício do inocente podia o homem aproximar-se de Deus.

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B. A APROXIMAÇÃO DE DEUS

Os móveis colocados no pátio do tabernáculo mostravam como o homem pode


aproximar-se de Deus e restaurar a comunhão com ele.

O primeiro passo para aproximar o homem de Deus está simbolizado pelo altar dos
holocaustos, ou seja, a expiação. Sua mensagem é: "Sem derramamento de sangue
não há remissão" (Hebreus 9:22). Por conseguinte, sem remissão de pecados não há
comunhão com Deus. A remissão foi efetuada no Calvário, onde Cristo se sacrificou
por nossas rebeliões. Assim como o homem perseguido podia agarrar-se aos chifres
do altar para escapar do vingador ofendido, o pecador pode agarrar-se
simbolicamente à cruz e mediante a fé encontrar abrigo seguro para a sua alma. As
pessoas que depositam sua fé em Cristo têm um altar (Hebreus 13:10) e são
reconciliadas com Deus mediante a cruz (II Coríntios 5:18-21), tendo desse modo
acesso ao Pai (Romanos 5:2). É preciso lembrar também que o altar de cobre era o
lugar de completa dedicação a Deus, pois31 se ofereciam os sacrifícios de
holocausto, que simbolizavam inteira consagração. Os que são perdoados e
reconciliados devem seguir os passos daquele que se ofereceu em completa
submissão à vontade divina.

O segundo passo para aproximar-se de Deus e preparar-se para ministrar nas coisas
sagradas é simbolicamente representado pela pia de cobre. Aí os sacerdotes se
lavavam antes de oficiar nas coisas sagradas. Demonstra que é necessário purificar-
se para servir a Deus: "a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hebreus
12:14). O crente se limpa "com a lavagem da água, pela palavra" (Efésios 5:26) e pela
"regeneração" e "renovação do Espírito Santo" (Tito 3:5).

C. O CULTO ACEITÁVEL A DEUS

Os móveis do lugar santo indicavam como a nação sacerdotal podia prestar culto a
Deus e servi-lo de uma forma aceitável. Alguns estudiosos da Bíblia pensam que na
obra de Cristo encontra-se o simbolismo destes móveis: o altar do incenso
representa a Cristo, o intercessor; a mesa dos pães representa a Cristo, o pão da vida,
e o castiçal, a Cristo, a luz do mundo. Apesar da benção resultante destas
interpretações tradicionais, convêm-nos buscar o simbolismo dos móveis,
considerando primeiro a ideia que eles transmitiam aos israelitas e a seguir o que o
Novo Testamento indica no tocante a eles. Dado que os que oficiavam no lugar santo
eram os sacerdotes comuns, simbolizando os crentes (I Pedro 2:9; Apocalipse 1:6), é
lógico considerar que o uso dos móveis do lugar santo prefigurava o culto e o serviço
dos cristãos.

O altar do incenso estava no centro; ensina-nos que uma vida de oração é


imprescindível para agradar a Deus, já que o incenso simbolizava a oração, o louvor e
a intercessão do povo de Deus, tanto no Antigo Testamento como no Novo (Salmo
141:2; Lucas 1:10; Apocalipse 5:8; 8:3). Assim como o perfume do fumo que o incenso

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desprendia subia ao céu, os louvores, as rogativas e as intercessões sobem ao Senhor
como cheiro agradável. Duas vezes por dia acendia-se o incenso sobre o altar e
provavelmente ardia durante o dia todo. Isto ensina que os filhos de Deus devem ser
constantes na oração. Acendia-se o incenso com o fogo do altar dos holocaustos, o
que nos leva a notar que a oração aceitável ao Senhor se relaciona com a expiação
do pecado e a consagração do crente. Também se destaca a "importância do fogo
para consumir o incenso. Se o incenso não ardia, não havia cheiro agradável.
Igualmente, o crente necessita do fogo do espírito Santo para que faça arder o
incenso da devoção (Efésios 6:18). Orações frias não sobem ao trono da graça.
Finalmente, é possível observar que o sumo sacerdote espargia sangue sobre os
cantos do altar.

O incenso uma vez por ano, demonstrando que embora o culto humano seja
imperfeito (Romanos 8:26, 27), somos "agradáveis a si no Amado" por seu sangue
expiador e sua intercessão perpétua (Efésios 1:6, 7; Romanos 8:34; Hebreus 9:25).

Ao entrar no lugar santo encontrava-se à direita a mesa dos pães da proposição. A


frase "pães da proposição" significa literalmente "pães do rosto", e em algumas
versões da Bíblia se traduz "pão da presença", pois o pão era colocado
continuamente na presença de Deus. Os doze pães colocados na mesa
representavam uma oferta de gratidão a Deus da parte das doze tribos, pois o pão
era, ao mesmo tempo, uma dádiva de Deus e fruto dos esforços humanos. Por isso o
povo reconhecia que havia recebido seu sustento de Deus e ao mesmo tempo
consagrava a ele os frutos de seu trabalho. Portanto a mesa dos pães refere-se
também à mordomia dos bens materiais.

O terceiro móvel no lugar santo era o castiçal de ouro, que simbolizava o povo de
Deus, Israel. Ensinava que Israel devia ser "luz dos gentios" (Isaías 49:6; 60:1-3;
Romanos 2:19), dando testemunho ao mundo por meio de uma vida santa e da
mensagem proclamada do Senhor. O apóstolo João utiliza a figura do castiçal:
representa as sete igrejas da Ásia como sete castiçais (Apocalipse 1:12-20), portanto o
castiçal prefigura a igreja de Jesus Cristo. Assim como o tronco do castiçal unia os
sete braços e suas lâmpadas, assim também Jesus Cristo está no meio de suas
igrejas e as une. Embora as igrejas locais sejam muitas, constituem uma só igreja em
Cristo. Também Jesus disse aos seus seguidores: "Vós sois a luz do mundo" (Mateus
5:14).

Era necessário encher o castiçal com azeite puro de oliveira a fim de que ardesse e
iluminasse ao seu redor. O profeta Zacarias empregou a figura do castiçal com
abundante azeite para representar a Israel. Interpretou o símbolo do azeite com
estas palavras: "Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor
dos Exércitos" (Zacarias 4:6). O azeite é, pois, símbolo do Espírito Santo. Se o crente
não tem a presença e o poder do Espírito em sua vida, não será uma boa
testemunha. Todos os dias um sacerdote trazia azeite fresco para o castiçal, de
modo que a luz ardesse desde a tarde até o amanhecer (27:20, 21). Do mesmo modo,
o crente necessita receber todos os dias o azeite do Espírito Santo (Salmo 92:10) para
que sua luz brilhe diante dos que andam na escuridão espiritual.

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D. O FILHO DE DEUS

A ideia central do tabernáculo era que Deus habitava entre seu povo; sua plena
realização encontra-se na encarnação de Cristo: "E o Verbo se fez carne, e habitou
entre nós" (literalmente, fez tabernáculo entre nós, João 1:14). Daí que se chama
Emanuel, "Deus conosco" (Mateus 1:23). Em nossos dias a presença de Deus se
manifesta na igreja por meio do Espírito Santo que habita nos crentes (Efésios 2:21,
22).

Em Cristo se cumpriram muitas das cerimônias do tabernáculo: a manifestação da


glória divina, a expiação, a reconciliação do homem com Deus e a presença de Deus
entre seu povo redimido. As sombras e figuras já passaram, mas a realidade
permanece na pessoa e obra de Jesus Cristo.

ASPECTOS HISTÓRICOS

Os acontecimentos narrados neste livro são mais do que meras reflexões religiosas. Ele não
apresenta primeiramente uma reflexão ainda elevada sobre a divindade. Ele fala sobre um
Deus que entrou e participou da História de um povo. Quando se diz que a fé bíblica é uma fé
histórica é pelo fato de seus fundamentos estarem relacionados a atos realizados por Deus em
algum lugar e em algum momento da história humana.

Independente das discrepâncias que podem ocorrer entre as opiniões da história profana e a
sagrada, a verdade é que Deus tirou um povo do Egito, grande potência econômica, cultural e
militar da época. Este povo retirado era resultado de uma aliança feita aproximadamente
quatrocentos anos antes com Abraão a quem Deus tirara de Ur dos Caldeus.

Levítico
LEVÍTICO é dedicado à adoração de Deus pelo povo resgatado, como se vê pela frequente
ocorrência das palavras relacionadas com santidade e sacrifício. Na Bíblia hebraica este livro é
chamado pela sua primeira palavra, wayyiqra, que significa e ele chamou. O título Levítico,
extraído da Septuaginta, baseia-se no nome de Levi, que foi um dos doze filhos de Jacó (Israel),
Gn.46:1-27.

O vocabulário do sacrifício permeia o livro; as palavras “sacerdote”, “sacrifício”, “sangue”, e


“oferta” ocorrem com muita frequência; e “qodesh”, traduzido para “santidade” ou “santo”,
aparece mais de 150 vezes. Observe também a repetida ordem: “sedes santos, porque eu sou
santo” (11:44,45; 19:2; 20:7,26).

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Esboço de Levítico

I. A Lei dos Sacrifícios, 1.1 – 7.38.

A. O holocausto, 1.1 – 17.

B. As ofertas de manjares, 2.1-16.

C. Os sacrifícios pacíficos, 3.1-17.

D. O sacrifício pelos pecados por ignorância, 4.1 – 5.13.

E. O sacrifício pelo sacrilégio, 5.14 – 6.7.

F. O holocausto contínuo e as ofertas dos sacerdotes, 6.8-23.

G. A disposição das vítimas, na oferta pelo pecado, na oferta


pela culpa, e na oferta pacífica, 6.24 – 7.27.

H. A oferta movida e a oferta levantada, 7.28-38.

II. A Consagração dos Sacerdotes, 8.1 – 10.20.

A. A consagração de Arão e dos seus filhos, 8.1-36.

B. Arão como sumo sacerdote, 9.1-24.

C. Julgamento contra Nadabe e Abiu por causa da sua


desobediência, 10.1-20.

III. Separação das Coisas Impuras, 11.1 – 15.33.

A. Comidas puras e impuras, 11.1-47.

B. Purificação das mãos depois de darem à luz,12.1-8.

C. Regulamentos no que diz respeito à lepra, 13.1 – 14.57.

D. A purificação dos corrimentos corporais, 15.1-33.

IV. O Dia da expiação, 16.1 – 34.

V. O lugar do sacrifício, e a inviolabilidade do sangue, 17.1-16.

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VI. A Santidade Prática: Leis contra a imundícia, a impureza e a idolatria, 18.1
– 20.27.

VII. A santidade e os deveres dos sacerdotes, 21.1-22.33.

VIII. As santas convocações: Sábado, Páscoa, Pães Asmos, Pentecoste,


Trombetas, Expiação, Tabernáculos, 23.1-44.

IX. Símbolos da consagração; penalidades pela profanação, 24.1-23.

X. O ano de descanso e o ano do jubileu, 25.1-55.

XI. As bem-aventuranças da obediência, as maldições de desobediência,


26.1-46.

XII. O pagamento de votos e dízimos, 27.1-34.

ASPECTOS TEOLÓGICOS
Assim como Êxodo tem por tema a comunhão que Deus oferece a seu povo mediante sua
presença no tabernáculo, Levítico apresenta as leis pelas quais Israel haveria de manter essa
comunhão. O Senhor queria ensinar a seu povo, os hebreus, a santificar-se. A palavra
santificação significa apartar-se do mal e dedicar-se ao serviço de Deus. É condição necessária
para desfrutar-se da comunhão com Deus. As leis e as instituições de Levítico faziam os
israelitas tomarem consciência de sua pecaminosidade e de sua necessidade de receber a
misericórdia divina; ao mesmo tempo, o sistema de sacrifícios ensinava-lhes que o próprio
Deus provia o meio de expiar seus pecados e de santificar sua vida.

Deus é santo e seu povo há de ser santo também. Israel deve ser diferente das outras nações e
deve separar-se de seus costumes. "Não fareis segundo as obras da terra do Egito. . . nem fareis
segundo as obras da terra de Canaã" (18:3). O pensamento-chave encontra-se em 11:44, 45; 19:2:
"Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo." A palavra "santo" aparece setenta e
três vezes no livro. O tabernáculo e seus móveis eram santos, santos os sacerdotes, santas as
suas vestimentas, santas as ofertas, santas as festas, e tudo era santo para que Israel fosse
santo. O apóstolo Paulo sintetiza este princípio e o aplica aos cristãos: "Portanto, quer comais
quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (I Coríntios 10:31).
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BELÉM
Nota-se a santidade divina no castigo do pecado de Nadabe e Abiú (ver capítulo 10), e o do
blasfemo (24:10-23). A santidade de Deus impõe leis concernentes às ofertas, ao alimento, à
purificação, à castidade, às festividades e outras cerimônias. Somente por seus mediadores, os
sacerdotes, pode um povo pecaminoso aproximar-se do Deus santo. Tudo isto ensinou aos
hebreus que o pecado é que afasta o homem de Deus, que Deus exige a santidade e que só o
sangue espargido sobre o altar pode expiar a culpa. De modo que Levítico fala de santidade,
mas ao mesmo tempo fala da graça, ou possibilidade de obter perdão por meio de sacrifícios.

Algumas vezes, o Livro de Levítico tem sido encarado como uma obra de difícil compreensão;
entretanto, de acordo com a tradição primitiva, foi o primeiro livro a ser ensinado para as
crianças na educação judaica. Ele lida com o caráter e a vontade de Deus especialmente em
assuntos de santidade, que os sábios judeus consideravam de importância primária. Eles
sentiram que, antes de proceder a outros textos bíblicos, as crianças deveriam, inicialmente,
ser educadas sobre a santidade de Deus e a responsabilidade de cada indivíduo para viver uma
vida santa. A Santidade (hebr. Kedushah) é uma palavra-chave em Levítico, descrevendo a
santidade da presença divina. A santidade está sendo separada do profano, e santo é oposto
do comum ou secular.

ASPECTOS TIPOLÓGICOS
A tipologia de Jesus no livro de Levítico está nas cinco ofertas no Dia da Expiação e nas festas
do capítulo 23. Propriamente no capítulo 23, a parte mais interessante é a oferta das primícias.
As cinco ofertas são descritas nos capítulos 1 a 7 e explicam tudo que foi realizado no Calvário.
Formam um todo, mas podem ser estudadas separadamente, assim será dada maior atenção
aos pormenores.

Fatos a Respeito das Cinco Ofertas

1. Foram ordenadas ainda que voluntárias.

2. Todas, exceto a de manjares, tinham sangue.

3. Todas, exceto a de manjares, eram expiatórias.

4. O sangue derramado era um sacrifício, a entrega de uma vida.

As Cinco Ofertas em Ordem

1. O holocausto - (com sangue) 1.1-17 e 6.8-13.

2. A oferta de manjares - (sem sangue) 2.1-16; 6.14-23.

3. A oferta pacífica - (com sangue) 3.1-17; 7.11-34; 19.5-8; 22.21-25.

4. A oferta pelo pecado - (com sangue) 4.1-35; 6.24-30.

5. A oferta pela culpa - (com sangue) 5.14-19; 7.1-17. Cristo como holocausto -
Pela perfeita obediência até a cruz.

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Ele satisfaz a justiça. O primeiro homem desrespeitou a Deus. O segundo o glorificou. Pela obra
da cruz veio mais glória para Deus do que a que Ele perdeu pela queda de Adão. Esta oferta é a
que vem em primeiro lugar.

CRISTO E A OFERTA DE MANJARES

Nesta aparece sua perfeição. Depois de apresentar o sangue precioso que nos deu a paz, Ele
alegra a Deus pelo que é em si mesmo.

CRISTO E A OFERTA DE PAZ

Colocando-se entre Deus e os homens, Jesus Cristo nos trouxe a paz. Esta oferta encerra o
significado da reconciliação.

CRISTO E A OFERTA PELO PECADO

O Evangelho ensina que Ele se ofereceu por nossos pecados e agora pode perdoar.

CRISTO E A OFERTA DE CULPA

Uma falta, um pecado é considerado por Deus como uma dívida que tem de ser paga. É
também uma sujeira ou impureza que deve ser lavada. Com a sujeira não poderíamos ir ao
Santo dos Santos. Jesus Cristo se fez pecado por nós, para nos lavar. Seu sangue "nos purifica
de todo o pecado'' (1 Jo 1.7b). "Se alguém pecar, temos um advogado" (1 Jo 2.1b).

Significação das Ofertas

1. Holocausto - Consagração pessoal.

2. Manjares - Consagração dos bens.

3. Pacífica - Comunhão com Deus.

4. De Pecado - Perdão.

5. De Culpa - Restituição.

1. A OFERTA DE HOLOCAUSTO (Lv 1.1-17; 6.8-13; 7.8)

Era diferente das outras quatro, porque nela a carne da vítima era toda queimada. Representa
a consagração pessoal.

Um exemplo se acha nas igrejas da Macedônia que "...não somente fizeram como nós
esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela
vontade de Deus" (2 Co 8.5). É a consagração completa do próprio ser, para a obra de Deus.

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BELÉM
TIPIFICA A OBEDIÊNCIA PERFEITA DE CRISTO

Jesus foi tentado a evitar aquele propósito: por Satanás


A. (Mt 4.8), pelos discípulos (Mt 16.21-23) e pelo povo (Jo 6.15).

Jesus fez a vontade do Pai


B. (Lc 2.29; Jo4.30; 5.30; 6.29; Hb 10.7).

Jesus teve um propósito fixo


C. (Lc 9.5; 22.42; Jo 18.11).

2. A OFERTA DE MANJARES (Lv 1.1-17; 6.8-13; 7.8)

É diferente das outras quatro em cinco pontos:

a) Não era uma vida.

b) Não tinha sangue.

c) Não recebia imposição de mãos.

d) Não havia substituição.

e) Não era pelo pecado.

3. A OFERTA PACÍFICA (Lv 3.1-17; 7.11-34; SI 85)

Diferente de todas as outras, porque nela o ofertante comia uma parte. Na de holocausto tudo
era queimado para Deus. Nas outras três, o sacerdote tirava uma parte para si e seus filhos.

Representa a oferta pacífica - a comunhão com Deus.

Nesta oferta podia ser trazido para sacrifício:

- um novilho ou novilha (3.1-5);


- um cordeiro (3.6-11);
- uma cabra (3.12-16).

Jesus Cristo cumpriu o “Porque Ele é a nossa paz..." (Ef 2.14a).


sentido da oferta pacífica "...Por Ele é feito a paz pelo seu sangue..." (Cl 1.20a).

4. A OFERTA PELO PECADO (Lv 4.1-35; 5.1-13; 6.24-30; SI 22; 2 Co 5.21)

As ofertas de sangue têm duas classes: cheiro suave e restituição.

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BELÉM 91
Holocausto e oferta pacífica são cheiro suave para Deus. As ofertas de pecado e de culpa não
são, porque têm lugar quando há alguma coisa errada perante Deus.

A oferta pacífica lembra a comunhão com Deus e uns com os outros. Mas enquanto a alma não
vir Cristo tomar o lugar do pecador, não tem paz.

Diferenças entre a oferta de pecado e de culpa:

1. O pecado aqui significa impureza,


fraqueza, condição.

A culpa é um ato, uma dívida. O pecado é a natureza má, a culpa, o erro. O pecado torna o
pecador rejeitado por Deus pelo que é.

2. A culpa pelo que ele faz.

Em Isaías 41.24 Deus diz: "...sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada...''.
Menos do que nada é quantidade negativa, como o exemplo de quem tem dívidas e não tem
cobertura para estas dívidas, suas finanças são menos do que nada.

5. A OFERTA DE CULPA (Lv 5.14-16; 6.7; 7.1-7; SI 69)

A oferta de culpa apresenta o primeiro aspecto da obra de Cristo na cruz. Vem ao encontro do
medo do pecador que dizia ansioso: “Como me salvarei das consequências de meu pecado?"

Cada pecado é uma ofensa à majestade do céu.

Uma falta contra o governo santo de Deus. Mesmo que seja contra o homem, é primeiro contra
Deus. Davi pecou contra Urias, mas diz: "...contra ti somente pequei..." (S151.4a).

ASPECTOS HISTÓRICOS
Levítico, por seu caráter de manual didático, destinado a orientar o trabalho sacerdotal dos
descendentes de Levi, possui poucas narrativas de acontecimentos. Podemos chamá-lo de um
“livro parado”, no sentido que foi escrito não para contar história e sim para definir ações. Foi
escrito por Moisés durante o período no Sinai ou pouco depois. De qualquer forma, as
informações históricas são insuficientes para fornecer qualquer data precisa.

Números
Números recebeu o nome do registro dos dois recenseamentos das hostes israelitas (caps. 1 e
26), chamados na versão grega de Arithmoi, e na Vulgata, Numeri. Mais exato é o seu título
hebreu, Bemidbar (“No Deserto”).

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92 MÓDULO
BELÉM
A primeira parte do livro conclui o registro divino da experiência no Sinai e, assim, retrocede ao
Êxodo. A maior parte de Números conta os anos da peregrinação, desde o momento que Israel
partiu do Sinai até que, com uma nova geração, chegou ao Rio Jordão. O primeiro ano e meio
(aproximadamente) dos quarenta anos de Israel está registrado em Êx.12:37 – Nm.14:45; e os
últimos meses, em Nm.20:14 até o final do livro. Entre 14:45 e 20:14 há um período de cerca de
trinta e oito anos (comp. Dt.2:14).

Salvos do Egito, possuidores da lei, conduzidos por Moisés, olhando diariamente para o
Tabernáculo, e sobrenaturalmente guiados pela nuvem e pela coluna de fogo; os israelitas
deveriam Ter marchado triunfantemente na perfeita vontade de Deus. Mas, em vez disso,
falharam repetidamente, como este livro registra.

Assim como em Israel cada pessoa tinha o seu lugar e a tarefa definitivamente designados
para o bem-estar de toda a nação, também na Igreja cada membro do corpo de Cristo tem seu
lugar particular e sua função definida “para a edificação do corpo de Cristo” (I Co.12; ef.4:1-16).
Certos ensinos heréticos são baseados no livro de Números. No rodapé dos respectivos
capítulos e versículos estão nossos comentários apologéticos. Entretanto, apontamos alguns
deles que julgamos mais importantes.

Esboço de Números

I. Preparação para a Viagem do Sinai, 1.1 – 10.10.

A. Censo do exército e distribuição das posições da marcha,


1.1 - 2.34.

B. A enumeração dos levitas, e a descrição dos seus deveres,


3.1- 4.49.

C. A impureza é excluída do acampamento: leis da lepra;


restituição por danos causados; julgamentos de mulheres
acusadas de adultério, 5.1-31.

D. Nazireus (tipificando a vida dedicada); a benção, 6.1-27.

E. Tesouros dedicados ao Tabernáculo pelas doze tribos, 7.1-


89.

F. Os levitas santificados e instalados no seu ofício, 8.1-26.

G. Observância da primeira Páscoa anual, 9.1-14.

H. Seguindo a coluna de nuvens; os sinais das trombetas, 9.15


-10.10.

II. De Sinai até Cades-Barnéia, 10.11 – 14.45.

A. Primeira etapa da viagem: começa a marcha, 10.11-36.

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BELÉM 93
B. Primeira e segunda queixas em Taberá e Quibrote-Hataavá
(as codornas); setenta anciãos profetizam,11.1-35.

C. Julgamento contra Arão e Miriã por causa de terem se


rebelado contra Moisés; a lepra de Miriã é curada,12.1-16.

D. A grande rebelião em Cades depois do relatório dos dez


espias, 13.1 – 14.45.

III. De Cades-Barnéia até as Planícies de Moabe, 15.1 – 21.35.

A. Leis de ofertas de manjares e ofertas pelo pecado; a morte


é castigo pela blasfêmia e pela violação do sábado; as orlas
das vestes, 15.1-41.

B. A rebelião de Core e a validez do sacerdócio arônico, 16.1 –


7.13.

C. O relacionamento entre sacerdotes e levitas; sua única


propriedade em Canaã serão as ofertas e os dízimos,18.1-32.

D. A água de purificação pela impureza, 19.1-22.

E. A morte de Miriã; a rocha ferida pela segunda vez; Edom


proíbe a passagem; a morte de Arão, 20.1-29.

F. A sétima murmuração do povo e a serpente de bronze; a


chegada em Moabe, 21.1-20.

G. As primeiras conquistas permanentes: a derrota de Siom e


de Ogue, 21.21-35.

IV. O Encontro com os Moabitas e Balaão, 22.1 – 25.18.

A. Balaque contrata os serviços de Balaão, 22.1 – 25.18.

B. A tríplice benção de Balaão, predizendo o triunfo de


Israel, 23.1 – 24.25.

C. O pecado de Baal-peor, 25.1-18.

V. Preparativos para a Entrada de Canaã, 26.l – 36.13.

A. Planos para a conquista e a divisão da terra, 26.1 –27.23.

B. Leis sobre sacrifícios e votos, 28.1 – 30.16.

C. A vingança contra os midianitas, 31.1-54

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BELÉM
D. A Transjordânia é distribuída a Rúben, Gade e Manasses,
32.1-42.

E. Resumo das viagens do Egito até Moabe, 33.1-56.

F. Planos para a divisão de Canaã, 34.1 – 36.13.

ASPECTOS TEOLÓGICOS

Números é uma demonstração histórica de como o Senhor lida com seu povo. Esta
demonstração é feita de diversos modos:

a) O Senhor havia feito aliança com o seu povo e sempre se encontrava em seu
meio, guiando-os, cuidando deles e protegendo-os. Apesar das queixas, da
falta de fé e da ingratidão de Israel, Deus supria suas necessidades e os
protegia de seus inimigos. O Senhor, em sua infinita misericórdia,
proporcionou-lhes um grande líder e os salvou de todas as suas aflições.

b) Deus utilizou as experiências do deserto para disciplinar seu povo e


desenvolver caráter. Apesar de todos os benefícios com que o Senhor
cumulava seu povo, eles se encontravam continuamente envoltos em
desesperadas crises porque não queriam sujeitar-se a uma vida de jubilosa
obediência à sua vontade. Deus os disciplinava com o propósito de livrá-los de
um espírito insensato de rebelião e orgulho. Era a disciplina de um pai
amoroso.

c) Deus demonstrou que nada podia frustrar seus propósitos nem anular sua
aliança com os patriarcas. Nem a infidelidade, nem os ataques das nações
hostis, nem os estratagemas de um profeta assalariado puderam impedir a
realização do plano de Deus. Israel entraria na terra prometida.

d) Para o crente, o livro de Números tem grande significado. À semelhança dos


israelitas, o crente saiu do Egito, a terra de servidão e opressão, renasceu pelo
sacrifício do Cordeiro e se encaminha para o cumprimento das promessas de
Deus. Mas tem de passar como peregrino pelo deserto deste mundo antes de
entrar na terra prometida (I Pedro 2:11; Hebreus 11:8-16). Pode aprender muito
estudando os fracassos dos israelitas, as leis de santidade e a bondade de Deus
narrados em Números.

Apesar de conter a promulgação de muitas leis e a aplicação de outras, o foco de Números


recai muito mais nos acontecimentos do que em seu aspecto didático. Deus é revelado muito
mais pelo que ele faz do que pelo que ele fala.

ASPECTOS TIPOLÓGICOS

A SERPENTE DE METAL (Nm 21.4-9)


O lugar em que os israelitas estavam no deserto, provavelmente perto do golfo de Akaba, onde
ainda hoje há serpentes e escorpiões, atacando quem passa por lá. Naquele tempo, como
castigo da murmuração, Deus mesmo mandou serpentes em maior quantidade. Quando
murmuravam, vieram serpentes para atormentar e matar muita gente.

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MÓDULO
BELÉM 95
Quando confessaram o pecado, Moisés orou por eles e Deus mandou o livramento, o remédio
(v 7-9).

Sempre que o pecador confessa o seu pecado, recebe a graça de Deus. "Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar..." (1 Jo 1.9a).

Quando o filho pródigo disse: "Pai, pequei contra o céu e perante ti..." (Lc 15.21a), foi recebido
com festa pelo pai. O publicano da parábola não tinha relatório bom para apresentar a Deus, só
disse: "...Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador" (Lc 18.13b). Voltou para casa justificado. O
malfeitor, que morreu ao lado de Jesus, reconheceu que pelos seus feitos só merecia o castigo
da cruz. Depois de fazer esta confissão, apelou para Jesus, dizendo: "Senhor, lembra-te de mim,
quando entrares no teu reino" (Lc 23.42b). Ouviu a resposta: "...hoje estarás comigo no paraíso"
(v.43b).

Quando o povo de Israel disse: "...Havemos pecado...contra o Senhor e contra ti..." (v 7a), veio a
providência de Deus; Moisés recebeu ordem de Deus para fazer uma serpente de metal, e
colocá-la numa haste. Quem olhasse para a serpente ficaria curado, seria livre do veneno fatal.
Colocada num mastro elevado, poderia ser vista de qualquer parte do acampamento. Seria
livre da morte quem olhasse, em obediência ao Senhor que tinha poder para curar.

Na palestra com Nicodemos, Jesus declarou: "E, como Moisés levantou a serpente no deserto,
assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.14,15).

A humanidade foi atingida pela serpente que tentou Adão e Eva (Gn 3.1 a 15), que é o mesmo
Satanás (Ap 12.9) e está condenada à morte eterna. Só olhando para Jesus pela fé recebe a vida.
Aquele que foi levantado na cruz, fazendo-se pecado por nós, é o único meio de salvação, o
único caminho para o céu, o único remédio para os males do pecado e da condenação.

"Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há
outro" (Is 45.22).

"Olhando para Jesus, autor e consumador da fé..." (Hb 12.2a).

No tempo dos reis, Ezequias, fazendo reformas religiosas e corrigindo os costumes, mandou
destruir aquela serpente de metal, porque o povo estava prestando culto a ela (2 Reis 18.4). Não
tinha valor espiritual, foi só sinal para uma época, um tipo do Filho de Deus crucificado.

Jesus Cristo é retratado em Números como aquele que provê. O Apóstolo Paulo escreve sobre
Cristo, que ele era a pedra espiritual que seguiu os israelitas pelo deserto e deu-lhes a bebida
espiritual (1Co 10.4). A pedra que deu água aparece duas vezes na história do deserto (cap 20;
Ex 17). Paulo enfatiza a provisão de Cristo às necessidades de seu povo, a quem libertou do
cativeiro.

A figura messiânica do rei de Israel é profetizada por Balaão em 24.17, “Vê-lo-ei, mas não agora;
contemplá-lo, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, e um cetro subirá de Israel”. A
tradição judaica interpretava este verso messianicamente, conforme atestado pelos textos de
Qumran. Jesus Cristo é o Messias, de acordo com o testemunho uniforme do NT, e o verdadeiro
rei sobre quem Balaão fala.

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96 MÓDULO
BELÉM
ASPECTOS HISTÓRICOS

O título do livro em hebraico é bastante sugestivo. Bedmidhbar (no deserto) reflete melhor o
caráter do livro, pois relata a história das peregrinações de Israel desde o Sinai até a chegada à
margem esquerda do rio Jordão. Abarca um espaço de quase trinta e nove anos e forma um
elo histórico entre os livros de Êxodo e de Josué.

Números é uma miscelânea de três espécies: acontecimentos históricos da peregrinação de


Israel no deserto; leis para Israel, de caráter permanente; e regras transitórias válidas para os
hebreus até que chegassem a Canaã. A história e as leis vão misturadas em partes
aproximadamente iguais em extensão. As exigências das situações vividas davam origem a
novas leis.

Considera-se que Números está enfocado para os aspectos de serviço e conduta. Myer
Pearlman observa: "Em Êxodo vimos Israel redimido; em Levítico vimos Israel em adoração; e
agora em Números vemos Israel servindo."1 Em outras palavras, nos livros de Êxodo e Levítico
vemos os ensinos de Deus e em Números vemos Israel aprendendo-os.

Diferente de Levítico, ou mesmo de Êxodo, ele é bastante dinâmico. De todos os livros que
enfocam o período de Israel no deserto, este é sem dúvida o mais abrangente historicamente.
Ele narra a extensa peregrinação e descreve os inúmeros incidentes ocorridos com o povo. As
diversas manifestações de rebeldia, como no caso das codornizes no capítulo 11, a rebeldia de
Miriã e Arão, no capítulo 12 e a rebelião de Coré, Data e Abirão no capítulo 16. Ao todo foram
sete manifestações de murmuração encontrada no povo.

Além disso, temos a narrativa de Cades-Barnéia, um marco divisor nessa fase. A investigação e
relatório dos espias nos capítulos 13 e 14 vão mostrar como estava o coração do povo.

A história de Balaque e Balaão nos capítulos 22 a 25 é repleta de ensinos morais e espirituais,


traduzindo a importância de Israel entre as nações de uma forma peculiar e revelando muitos
aspectos do caráter de Deus.

Números aborda também a questão do sucessor de Moisés, um ponto de extrema importância


para o empreendimento divino. Todo o plano poderia falhar, agora que Moisés chegava aos 120
anos e necessitava de alguém à altura que o substituísse naquela missão. Havia chegado para
Moisés o momento de morrer. Quando feriu a penha duas vezes, Moisés perdeu a paciência,
irritou-se e falou com ira arrogando-se a glória. Agora, porém, revelou outro espírito.
Submeteu-se ao juízo de Deus sem pensar em si mesmo. Sua única solicitude foi pelo bem-
estar do povo e especialmente para que Deus designasse um dirigente que fosse um
verdadeiro pastor para o rebanho de Deus (27:16, 17).

Por que Moisés não deixou tudo nas mãos de Deus, confiando que os israelitas elegessem
sabiamente seu sucessor? Reconhecia Moisés que tanto seu próprio critério como o do povo
poderiam estar errados. Era uma época crítica, pois Moisés havia ocupado o cargo durante um
período muito longo. Também tinha uma tarefa muito importante pela frente, isto é, a
conquista de Canaã.

Moisés não procurou instalar um de seus filhos, Gérson ou Eliézer. Não confiava em seu próprio
raciocínio para estudar a situação e escolher um homem, mas pediu a direção de Deus. Pediu
que Deus pusesse "um homem. . . que saia diante deles, e que entre diante deles", uma
expressão hebraica que se aplicava a um homem capaz de começar e terminar com êxito as
tarefas que empreendesse. Deus designou a Josué, "homem em quem há o espírito". Stanley

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MÓDULO
BELÉM 97
Horton explica o que significa: "Que tem o Espírito nele." Isto é, cheio do Espírito. Fazia muito
tempo que Josué havia estado com Moisés ajudando-o como seu braço direito. Agora assumiu
sua responsabilidade.

Por que era necessário que Eleazar confirmasse a eleição do novo líder Josué? Isto foi ordenado
para dissipar toda dúvida de que a eleição vinha de Deus. Moisés honrou a Josué e reconheceu
em público que ele era o dirigente escolhido por Deus.

Deuteronômio
DEUTERONÔMIO começa com uma revisão da história de Israel, depois desenvolve algumas
das leis básicas dos livros precedentes e conclui com uma série de profecias, estendendo-se
pela história de Israel até seu retorno final à Palestina.

O título do livro é da Septuaginta e da Vulgata, e significa A Segunda Lei. O título hebraico é


Debarim, literalmente, Palavras.

O livro consiste principalmente dos discursos finais de Moisés feitos nas planícies de Moabe,
do lado oposto da Palestina, um pouco antes de sua morte. É mencionado mais de oitenta
vezes no N.T. e foi citado por Cristo mais do que qualquer outro livro de A.T. Destacam-se no
livro os conceitos do amor de Deus e da obediência do homem.

Deuteronômio pode ser dividido da seguinte maneira: I. Primeiro Discurso: Revisão da História
de Israel depois de Êxodo e Suas lições, 1-4. II. Segundo Discurso: Recordação das Leis do Sinai,
com Admoestações e Exortações, 5-26. III. Terceiro Discurso: Bençãos e Maldições pela
Obediência e Desobediência, 27-28. IV. Quarto Discurso: A Aliança Palestiniana; Sua
Advertências e Bençãos Prometidas, 29-30. V. Conclusão: Palavras e Atos Finais de Moisés. E sua
Morte, 31-34.

Esboço de Deuteronômio

I. O Primeiro Discurso: Revista Histórica, 1.1 – 4.43.

A. A orientação graciosa de Deus, de Horebe até Moabe,1.1 –


3.29.

B. A nova geração recebe a admoestação de guardar a Lei,


4.1-40.

C. Escolha das cidades de refúgio de Transjordânia, 4.41-43

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II. O Segundo Discurso: Leis pelas quais Israel Deve Viver, 4.44 – 26.19.

A. Mandamentos básicos, 4.44 – 11.32.

1) Prefácio: as circunstâncias históricas, 4.44-49.

2) O Decálogo e o amor a Deus, que devem ser


ensinados à posteridade, 5.1 – 6.25.

3) A firme obediência e a lembrança constante e grata


da maneira de Deus tratar com Seu povo, 7.1 – 11.32.

B. Estatutos para o culto e para uma vida santificada,12.1 –


16.22.

1) O culto genuíno, e salvaguardas necessárias contra a


idolatria, 12.1 – 13.8.

2) Regras tratando de comida, dos sábados e dos dias


de festa, 14.1 – 16.22.

C. Estatutos para o culto e para uma vida santificada,12.1 –


16.22.

1) Morte pela idolatria; o procedimento do apelo; as


responsabilidades dum rei, 17.1-20.

2) As penalidades pela bruxaria e pela falsa profecia; o


verdadeiro Profeta, 18.1-22.

3) Cidades de refúgio por homicídios acidentais;


Penalidades pela fraude e pelo perjúrio, 19.1-21.

4) Regras para as batalhas e cercos, 20.1-20.

5) Cuidado pelos mortos; esposas cativas; heranças e a


disciplina da família; a remoção do cadáver da forca,
21.1-23.

6) Propriedades perdidas; proíbe-se o travesti;


proibida a mistura de sementes ou de diversos
animais, 22.1-22

7) Leis de casamento, castidade, cuidados corporais,


limpeza, 22.13 – 24.5.

8) Leis de justiça econômica e social, 24.6 – 25.19.

9) Leis de mordomia, de ofertas e de dízimos, 26.1-19.

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MÓDULO
BELÉM 99
III. O Terceiro Discurso: Advertência e Predição, 27.1 – 30.20.

A. A lei deve ser lavrada em inscrições, e suas sanções citadas


no Monte Ebal, 27.1-26.

B. Condições para a benção e para o castigo da nação


(predição de futuros julgamentos contra Israel), 28.1-68.

C. Os benefícios recebidos de Deus passados em revista;


exortações à fidelidade, 29.1 – 30.20.

IV. A Lei Escrita Entregue aos Cuidados dos Líderes de Israel, 31.1-30.

V. O Cântico de Moisés: A Responsabilidade de Israel perante a Aliança,


32.1-43.

VI. A Última Recomendação e a Despedida, 32.44 – 33.29.

A. A última exortação de Moisés, 32.44-47.

B. Moisés advertido da morte que se aproxima, 32.48-52.

C. A benção final de Moisés sobre Israel, tribo por tribo, 33.1-


29.

VI. A Morte de Moisés e Seu Obituário, 34.1-12.

ASPECTOS TEOLÓGICOS

Podemos resumir o conteúdo teológico deste livro focando nos temas dos discursos proferidos
por Moisés.

O primeiro discurso, iniciado em 1.6 e concluído em 4.43 foca principalmente nos atos de Deus.
Era importante que a nova geração, que era infante quando ocorreu a maioria deles tivesse
uma compreensão das ações de Deus em seu favor. Relembrar os atos de Deus era crucial
naquele momento.

O segundo discurso, de 4.44 a 26.19 está ligado ao próprio nome do livro. Deuteronômio
significa “segunda lei”, não no sentido de outra, mas de repetição da primeira. Também era
importante não somente relembrar os atos de Deus, mas recordar também suas leis. Elas
precisavam ser guardadas com zelo. Também outros aspectos que haviam ficado fora dos
textos legais anteriormente entregues, precisavam ser desenvolvidos.

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100 MÓDULO
BELÉM
Por fim, o último grupo de sermões estava ligado a ideia de aliança. Esta aliança ligava Israel a
Deus de tal forma que todos os atos do primeiro teriam suas consequências. Não era um povo
qualquer com um deus qualquer que estava ali. E sim um povo peculiar escolhido pelo Deus
verdadeiro. Esta relação implicava em bençãos e maldições resultantes do comportamento da
nação.

ASPECTOS TIPOLÓGICOS

Moisés foi o primeiro a profetizar a vinda do Messias, um Profeta como o próprio Moisés (18.15).
Notadamente, Moisés é a única pessoa com quem Jesus se comparou: “Porque, se vós crêsseis
em Moisés, creríeis em mim, porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos,
como crereis nas minhas palavras?” (Jo 5.46,47). Jesus costumava citar Deuteronômio. Quando
lhe perguntavam o nome do mandamento mais importante, ele respondia com Dt 6.5. Quando
confrontado por satanás em sua tentação, ele citava exclusivamente Dt (8.3; 6.16; 6.13; 10.20). É
muito significativo o fato de Cristo, que era perfeitamente obediente ao Pai, mesmo até a
morte, ter usado este livro sobre a obediência para demonstrar a sua submissão à vontade do
Pai.

ASPECTOS HISTÓRICOS

Poderíamos chamar o livro de Deuteronômio de “Sermões da Fronteira”. Moisés tinha então 120
anos, e a Terra Prometida estava à sua frente. Ele tirou os israelitas da escravidão no Egito e os
guiou pelo deserto para receber a lei de Deus no monte Sinai. Por causa da desobediência de
Israel em se recusar a entrar na terra de Canaã, a Terra Prometida, os israelitas perambularam
sem destino no deserto por trinta e oito anos. Agora se achavam acampados na fronteira
oriental de Canaã, no vale defronte de Bete-Peor, na região montanhosa do Moabe, de vista
para Jericó e a planície do Jordão. Quando os israelitas se preparavam para entrar na Terra
Prometida, depararam-se com um momento crucial em sua história - novos inimigos, novas
tentações e nova liderança. Moisés reuniu o grupo para lembrá-los da fidelidade do Senhor e
para encorajá-los a serem fiéis e obedientes ao seu Deus quando possuíssem a Terra
Prometida.

Entre os propósitos desses sermões estava:

a) Preparar o povo para a conquista de Canaã. Deus havia sido fiel em dar a Israel
vitória após vitória sobre seus inimigos. A presença e o poder de Deus eram a
garantia de que ele lhes entregaria a terra. Moisés anima-os repetindo trinta e
quatro vezes a frase: "Entrai e possui a terra" e adiciona trinta e cinco vezes: "A
terra que o Senhor teu Deus te deu."

b) Apresentar os preceitos da lei em termos práticos e espirituais para serem


aplicados à nova vida em Canaã.

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MÓDULO
BELÉM 101
c) Dar a Israel instruções e advertências quanto aos detalhes da conquista, aos
requisitos dos futuros reis, como distinguir entre profetas verdadeiros e
profetas falsos, as bençãos que a obediência traz e os malefícios da
desobediência.

d) Estimular lealdade ao Senhor e à sua lei. Pode-se dizer que o ensino de


Deuteronômio é a exposição do grande mandamento, "Amarás pois o Senhor
teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder"
(6:5).

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102 MÓDULO
BELÉM
CADERNO DE
EXERCÍCIOS
PENTATEUCO

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
PENTATEUCO

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MÓDULO
BELÉM 105
PENTATEUCO

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106 MÓDULO
BELÉM
PENTATEUCO

Anotações
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MÓDULO
BELÉM 107
PENTATEUCO

Anotações
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SEMINÁRIO TEOLÓGICA

108 MÓDULO
BELÉM
PENTATEUCO
Exercícios

1. Foi autor do Pentateuco:


a. Davi c. Josué

b. Salomão d. Moisés

2. Gênesis significa:
a. Origem c. Esperança

b. Saída d. Segunda lei

3. Livro que dá descrições do tabernáculo:


a. Números c. Deuteronômio

b. Levítico d. Êxodo

4. Livro direcionado à tribo de Levi:


a. Deuteronômio c. Números

b. Levítico d. Êxodo

5. A primeira referência aos Dez Mandamentos está no livro de:


a. Êxodo c. Levítico

b. Deuteronômio d. Gênesis

6. Deuteronômio significa:
a. Segunda Lei c. Grande Lei

b. Santa Lei d. Nova Lei

7. Uma das representações tipológicas de Jesus no Pentateuco:


a. Cordeiro pascal c. O carro de faraó

b. O cajado de Moisés d. Nenhuma das respostas acima

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 109
BIBLIOLOGIA
Exercícios

8. Eram peças do Tabernáculo:

a. Arca, mesa e altar

b. Altar de incenso e bacia de bronze

c. Cortinas e bases

d. Todas as respostas acima

9. Wayyqra é uma cidade hebraica que significa “Ele chamou” e é o nome hebraico do livro de:

a. Deuteronômio c. Levítico

b. Êxodo d. Gênesis

10. Balaque e Balaão são personagens do livro de:

a. Números c. Gênesis

b. Deuteronômio d. Levítico

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

110 MÓDULO
BELÉM
OS EVANGELHOS

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
OS EVANGELHOS

Evangelho é boa nova ou boa notícia. Esta designação foi dada a 4 obras que narram a vida e
os ensinamentos de Jesus.

Os quatro evangelhos canônicos são composições anônimas e foram escritas entre os anos 65 e
90 d.C., foram reunidas aproximadamente em 125 d.C. Por evangelho entende-se “bom
anúncio”, do grego eu aggelô, e é evidente que designa pregação oral e não textos escritos.
Resume-se numa confissão de fé dos que se consideravam como testemunhas da salvação de
Deus para a humanidade através de Jesus, que se realiza a autêntica boa notícia.

SOBRE OS EVANGELHOS

O Antigo Testamento é a introdução inspirada à narrativa dos Evangelhos. A missão de Jesus


foi inicialmente aos judeus, por isso a exclusividade judaica. As doutrinas da graça são
desenvolvidas nas epístolas, não nos Evangelhos. A doutrina da Igreja não será desenvolvida
nos evangelhos onde o termo só aparece duas vezes. Os Evangelhos apresentam Cristo em
seus três ofícios: Profeta, Sacerdote e Rei.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 113
NOVE PONTOS COMUNS NOS EVANGELHOS:

O ministério de João Batista;


A alimentação dos cinco mil;
A traição de Judas;
A negação de Pedro;
Seu julgamento;
Sua crucificação;
Ressurreição corporal de Cristo;
Acontecimentos pós ressurreição;
Proclamação da segunda vinda.

OS EVANGELHOS SINÓTICOS | SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

Os exegetas chamam evangelhos sinópticos aos de Mateus, Marcos e Lucas; desde que a
exegese começou a ser aplicada à Bíblia ainda no século XVIII que os especialistas notaram
que, dos quatro evangelhos, os três primeiros apresentavam grandes semelhanças em si, de tal
forma que se colocados em três grelhas paralelas - donde vem o nome sinóptico, do grego συν,
"syn" («junto») e οψις, "opsis" («ver») -, os assuntos neles abordados correspondiam quase
inteiramente.

Geralmente, ao estudarmos o Novo Testamento, e particularmente o evangelho, faz-se isso


distinguindo os sinóticos e o Evangelho de João. Os evangelhos sinóticos estão relacionados
um com o outro segundo o seguinte esquema: se o conteúdo de cada evangelho é indexado
em 100, então quando se compara esse resultado se obtém: Marcos tem 7 peculiaridades e 93
coincidências. Mateus tem 42 peculiaridades e 58 coincidências. Lucas tem 59 peculiaridades e
41 coincidências. Isso é, 13/14 (treze quatorze avos) de Marcos, 4/7 de Mateus e 2/5 de Lucas
descrevem os mesmos eventos em linguagem similar.

O Evangelho Segundo Mateus contém cerca de 178 versículos ou 27% dos 661 versículos de
Marcos. O Evangelho Segundo Lucas apresenta cerca de 100 versículos (15%) dos versículos do
Evangelho Segundo Marcos. Este último tem apenas 53 versículos (8%) sem paralelo em
Mateus ou Lucas. Em Mateus existem 330 versículos (28%) sem paralelo e em Lucas há cerca de
500 (43%).

O exame das narrativas mostra que das 11.078 palavras de Marcos, Mateus possui 8.555 (77%) e
Lucas 6.737 (61%).

Essas semelhanças, que envolvem estrutura, conteúdo e enfoque, são visíveis mesmo ao leitor
desatento. Elas servem não apenas para unir os 3 primeiros evangelhos, mas também para
separá-lo do evangelho de João. Como exemplo leia Mt 8. 1-40, Mc 1.40-45 e Lc 5.12-16. Em
muitos casos temos os evangelistas relatando vários acontecimentos na mesma sequência.

- A trilogia constituída pela pregação de João Batista, o batismo de Jesus e as tentações


(Mt 3:14,12; Mc 1:1-14; Lc 3:1-4,14);

Outra trilogia composta da cura do paralítico, a vocação de Levi e a questão do jejum (Mt
9:1-17; Mc 2:1-22; Lc 5:17-39);

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

114 MÓDULO
BELÉM
- Os acontecimentos culminantes do ministério de Jesus na Galiléia: a confissão de Pedro,
a primeira predição da Paixão, A transfiguração do Senhor, a cura do lunático, a segunda
profecia da Paixão (Mt 16:13-17:23; Mc 2:27-9:32; Lc 9:18-45);

- Algumas séries de milagres como: a cessação da tempestade, a cura do demoníaco de


Genesaré (Mt 8:23-34; Mc 4:35-5:20; Lc 8:22-39); a cura da mulher hemorrágica e a
ressurreição da filha de Jairo (Mt 9:18-26; Mc 5:21-43; Lc 8:40-56); e a história da Paixão do
Salvador.

OS SINÓTICOS E JOÃO

Há diferenças evidentes entre os evangelhos chamados de sinóticos e o Evangelho escrito por


João. Tais diferenças não são contradições. São complementares ou de perspectivas diferentes.
Essas diferenças são de ordem:

Geográfica;
Cronológica;
Cultural;
Enfática;
Narrativa;
Teológica.

Entre os Evangelhos Sinóticos e o Evangelho de João, existem inúmeras diferenças. Não é


preciso ser um especialista para perceber isso. Basta uma simples leitura para constatar as
enormes diferenças existentes

Mateus, Marcos e Lucas estruturaram o ministério de Jesus de acordo com uma sequência
geográfica geral: ministério da Galileia, retirada para o Norte (tendo como clímax e ponto de
transição a confissão de Pedro), ministério na Judeia e Pereia quando Jesus se dirigia para
Jerusalém (algo não tão claro em Lucas) e o ministério final em Jerusalém. Esta sequência está
praticamente ausente em João, evangelho que se concentra no ministério de Jesus em
Jerusalém durante as visitas que periodicamente fazia à cidade.

Quanto ao seu conteúdo, os três primeiros evangelistas narram muitos dos mesmos
acontecimentos, concentrando-se nas curas, libertações e ensinos por meio de parábolas
realizados por Jesus. João embora narre algumas curas significativas, não traz qualquer relato
de libertação nem parábolas (pelo menos do tipo que é encontrada em Mateus, Marcos e
Lucas); além disso, muitos dos acontecimentos que consideramos característicos dos três
primeiros evangelhos estão ausentes em João: o envio dos doze, a transfiguração, o sermão
profético, a narrativa da última ceia.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 115
Mateus
AUTOR

Os pais da igreja primitiva concordavam unanimemente que Mateus, um dos 12 apóstolos, foi o
autor desse evangelho. No entanto, o resultado de estudos críticos na atualidade — sobretudo
os que ressaltam a hipótese da dependência de Mateus em relação a Marcos para boa parte do
seu evangelho — têm levado alguns estudiosos bíblicos a abandonarem o conceito da autoria
de Mateus. Perguntam-se: “Por que Mateus, testemunha ocular dos fatos da vida de nosso
Senhor, dependeria tanto do relato escrito por Marcos?”. A melhor resposta parece ser que
Mateus concordava com ele e queria demonstrar que o testemunho apostólico a respeito de
Jesus não era dividido.

Mateus, cujo nome significa “dádiva do Senhor”, era um cobrador de impostos que deixou o
seu serviço para seguir Jesus (9.9-13). Em Marcos e em Lucas, é chamado por seu outro nome,
Levi.

DATA E LOCAL DA COMPOSIÇÃO

A natureza judaica do evangelho de Mateus pode fazer supor que tenha sido escrito na
Palestina, embora muitos pensem que foi gerado na Antioquia da Síria. Alguns, com base em
suas características judaicas, sustentam que foi escrito no período da igreja primitiva,
possivelmente no começo da década de 50 d.C., quando então a igreja era em grande parte
judaica e o evangelho era pregado somente aos judeus (At 11.19).

Aqueles, no entanto, para quem Mateus e Lucas aproveitaram muitos trechos do evangelho de
Marcos atribuem-lhe data posterior — depois de este já ter estado em circulação por algum
tempo. Por isso, alguns acreditam que Mateus teria sido escrito em fins da década de 50 ou no
começo da de 60.

Outros, para quem Marcos foi escrito entre 65 e 70, situam Mateus em fins da década de 70 ou
ainda mais tarde.

DESTINATÁRIOS

Como o evangelho de Mateus foi escrito em grego, seus leitores eram sem dúvida falantes
dessa língua. Segundo parece, também eram judeus. Muitos elementos deixam prever leitores
de origem judaica: Mateus preocupa-se com o cumprimento do AT (faz mais citações do AT e
alusões a ele que qualquer outro autor do NT); remonta a ascendência de Jesus a Abraão (1.1-
17); não se detém em explicações acerca de costumes judaicos (ao contrário, sobretudo, de
Marcos); emprega terminologia.

PROPÓSITO

O propósito principal de Mateus é comprovar aos seus leitores judeus que Jesus é o Messias por
eles esperado. Seu método consiste primordialmente em demonstrar que Jesus, por sua vida e

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

116 MÓDULO
BELÉM
ministério, cumpriu o AT. Embora todos os escritores dos evangelhos citem o AT, Mateus
registra ainda outros nove textos de comprovação (1.22,23; 2.15; 2.17,18; 2.23; 4.14-16; 8.17; 12.17-21;
13.35; 27.9,10) para ressaltar seu tema básico: Jesus é o cumprimento das predições do Messias
feitas no AT.

Mateus até mesmo considera a história do povo de Deus no AT recapitulada em alguns


aspectos da vida de Jesus (v., e.g., sua citação de Os 11.1 em 2.15). Para levar a efeito o seu
propósito, Mateus também sublinha a linhagem davídica de Jesus.

CARACTERÍSTICAS TEOLÓGICAS

É evidente que Mateus está mais interessado em coligir e apresentar na sua obra o
pensamento de Jesus do que em dar-lhe um conteúdo puramente narrativo. Consequência
desse enfoque é o fato de que o evangelista nos transmitiu um quadro enriquecedor da
cristologia da Igreja primitiva, quadro que poderia ser resumido em quatro pontos
fundamentais:

1. Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, é o Messias esperado pelo povo judeu.

2.
Em Jesus, descendente de Davi (1.6; 20.30-31; 21.9), cumprem-se as profecias
messiânicas do Antigo Testamento.

3.
O povo judeu não chegou a compreender cabalmente a categoria espiritual, nem a
profundidade da obra realizada por Jesus em obediência perfeita à vontade de Deus.

4. A rejeição de Jesus, o Cristo, por parte do Judaísmo palestino, projetou a mensagem


evangélica ao mundo gentio, revelando desse modo o seu sentido universal.

ESTRUTURA LITERÁRIA

O modo de dispor a matéria revela um toque artístico. O evangelho inteiro é narrado em torno
de cinco grandes discursos: 1) capítulos 5—7; 2) capítulo 10; 3) capítulo 13; 4) capítulo 18; 5)
capítulos 24, 25. Fica claro que essa disposição é premeditada, porque cada discurso termina
com o refrão “Quando Jesus acabou de dizer essas coisas” ou palavras semelhantes (7.28; 11.1;
13.53; 19.1; 26.1). As seções de narrativa, em cada caso, servem de introdução apropositada aos
discursos. O evangelho tem um prólogo adequado (caps. 1, 2) e um epílogo inspirador (28.16-
20).

Essa divisão em cinco partes pode deixar prever, também, que Mateus usou o Pentateuco (os
cinco primeiros livros do AT) como modelo da estrutura do seu livro. É ainda possível que
esteja apresentando o evangelho como uma nova Torá, e Jesus como um novo Moisés, maior.

MATEUS, O PUBLICANO CONVERTIDO

1. Em Marcos 2.14 é chamado Levi. Evidentemente Mateus foi renomeado por nosso
Senhor.

2. Somente no seu Evangelho é que o termo desprezível de "publicano" se associa ao


seu nome apostólico de Mateus. - Mateus significa: "Dom de Deus".

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 117
3. Tudo indica ter sido um homem afortunado. Modestamente não faz alusão alguma
ao "grande banquete" que ofereceu em sua casa, por ocasião da sua chamada ao
ministério, (Lucas 5.29) nem ao seu grande sacrifício em seguir a Cristo. Não fora o
autor deste Evangelho, e seria um dos apóstolos menos conhecidos.

4. Só Mateus se denomina “o publicano”

PECULIARIDADES

O evangelho de Mateus contém mais de 40 citações literais e mais de 60 referências


do Antigo Testamento, mais do que Marcos e Lucas juntos

A frase “reino dos céus” aparece 32 vezes em Mateus e não aparece no restante do
Novo Testamento.

Jesus, como “filho de Davi” é citado 9 vezes, mas só 6 vezes nos outros evangelhos.

Mateus serve como uma ponte de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento:

a) Começa com genealogia.

b) É cheio de citações do antigo Testamento.

c) Desenvolve o tema do reinado do Messias e mostra o cumprimento das


promessas.

Mateus narra milagres exclusivos:

O dos cegos (9.27-31);


O do mudo endemoninhado (9.32,33);
O da moeda na boca do peixe (17.24-27);

Mateus é o mais extenso dos evangelhos: 28 capítulos.

É o único que aparece a palavra igreja, em três ocasiões (1 vez em 16.18 e 2 vezes em
18.17).

Mateus contém 9 incidentes, 10 parábolas e 3 milagres que não se encontram nos


demais evangelhos. Entre essas coisas foram incluídas, por exemplo, a visão de José
(1.20-24), a cura do mudo endemoninhado (9.32,33) e as parábolas do trigo e do joio
(13.24-30), e dos talentos (25.14-30).

Mateus é organizado por tópicos, mais do que por ordem cronológica. Isso o torna
prático para a instrução:

Sermão do monte: 5 – 7;
Série de dez milagres: 8 e 9;
Sermão missionário: 10;
Parábolas do Reino: 13;
Sermão contra líderes religiosos: 23;
Sermão profético/escatológico: 24 e 25.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

118 MÓDULO
BELÉM
PARALELO COM O PENTATEUCO

Pode ser dividido em cinco discursos fazendo um paralelo com o pentateuco:

PRÓLOGO

Narrativa do nascimento (cap. 1 e 2)

LIVRO 1 | GÊNESIS

Narração: Sinais e prodígios (3.1- 4.25)


Discurso: Sermão do monte (5 – 7)
Fórmula: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras...” (7.28-29)

LIVRO 2 | ÊXODO

Narração: Sinais e prodígios (8.1- 9.35)


Discurso: Sermão do monte (9.36 – 10.42)
Fórmula: “Tendo acabado Jesus de dar estas instruções...” (11.1)

LIVRO 3 | LEVÍTICO

Narração: Sinais e prodígios (11.2 – 12.50)


Discurso: O reino dos céus (13.1-52)
Fórmula: “Tendo Jesus proferido estas parábolas...” (13.53)

LIVRO 4 | NÚMEROS

Narração: Sinais e prodígios (13.54 – 17.21)


Discurso: A administração da Igreja (17.22 – 22.46)
Fórmula: “Concluindo Jesus estas palavras...” (19.1)

LIVRO 5 | DEUTERONÔMIO

Narração: Sinais e prodígios (19.2 – 22.46)


Discurso: Escatologia (23.1 – 25.46)
Fórmula: “Tendo Jesus acabado todos estes ensinamentos...” (26.1)

EPÍLOGO

Narração da última ceia até a ressurreição (26.3 – 28.20).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 119
Marcos
AUTOR

Este evangelho não menciona o seu autor. Entretanto, a autoria de Marcos, assistente de Pedro,
nunca foi seriamente posta em dúvida. Não se duvida tampouco que este Marcos seja aquele
"João, que tinha por sobrenome Marcos", a quem o Novo Testamento se refere oito vezes. Era
parente de Barnabé (Cl 4.10); a afirmação de 1Pe 5.13 pode significar que ele se converteu por
meio de Pedro. Nos escritos patrísticos dos primeiros quatro séculos há abundante evidência
para a autoria marcana. Papias, Justino Mártir, Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano,
Orígenes, Eusébio e Jerônimo se referem à autoria de Marcos.

MARCOS E PEDRO

Uma tradição oriunda de Papias (70-130 d. C.) reconhece, atrás da narrativa de Marcos, a
pregação e autoridade do apóstolo Pedro. Esta afirmação de Papias é conservada por Eusébio
da seguinte maneira: "Marcos, sendo o intérprete de Pedro, escreveu acuradamente tudo
quanto ele se lembrou das coisas ditas e feitas pelo Senhor, porém não as colocou em ordem".
Outros escritores patrísticos confirmam esta tradição que, segundo Dr. Vincent Taylor, "é tão
segura que, ainda não a possuíssemos, seríamos obrigados a postular algo parecido". Isto não
quer dizer que Marcos era apenas um secretário ou amanuense, nem tampouco que não usou
material de outras fontes, inclusive as suas próprias reminiscências.

É patente que o autor, embora não um dos doze apóstolos, possuía conhecimento muito
íntimo dos fatos narrados, em que se revelam todos os sinais de originalidade. A ordem e
classificação de material adotadas por Marcos são certamente criticadas pela tradição de
Papias. Aparentemente, o evangelho segue uma ordem homilética, em vez de cronológica.

DATA

Quanto à data do segundo evangelho, as opiniões variam muito dentro dos 35 anos entre 40
d.C. e 75 d.C. Marcos é agora aceito, quase universalmente, como o mais antigo dos quatro
evangelhos. Por um lado, a declaração de Irineu que Marcos compôs seu evangelho "depois da
saída (êxodos) de Pedro e Paulo", indica uma data não anterior a 68. d. C., e não posterior a 70
d. C., ano da destruição de Jerusalém, se aceitarmos a hipótese, não absolutamente segura, de
que esta "saída" significa a morte. Dr. Vincent Taylor apoia a data 65 a 67 d. C. e considera
precárias as teorias de uma data mais antiga. Por outro lado, a relação de Marcos com os
outros sinóticos, especialmente com Lucas que precede os Atos dos Apóstolos, sugere uma
data nos meados do século. Uma data entre 50 e 55 d. C. nos daria uma posição entre os dois
extremos.

LUGAR DA OBRA

A maioria dos eruditos, seguindo evidências antigas, aponta Roma como o lugar em que foi
escrito. Dr. Graham Scroggie considera que 1Pe 5.13 tende a confirmar esta ideia, caso Babilônia
significasse Roma. Outros sugerem Alexandria, Cesareia e Antioquia da Síria.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

120 MÓDULO
BELÉM
DESTINATÁRIOS

É provável que este evangelho fosse escrito para leitores gentílicos em geral e mais
particularmente para os romanos. Há relativamente poucas citações e alusões tiradas do Velho
Testamento; expressões aramaicas são interpretadas (Mc 5.41); os costumes dos judeus são
explicados (Mc 7.3-11); algumas palavras latinas aparecem. O teor geral da obra, que representa
a incessante atividade do Senhor e Seu poder sobre os demônios, a enfermidade e a morte,
atrairia o leitor romano, interessado mais em atividade do que em palavras.

TEOLOGIA

A A PESSOA DE CRISTO

Consta que Marcos apresenta a pessoa de Cristo como Servo de Jeová (Is 52.13-53.12), enquanto
Mateus o descreve como Rei, Lucas como Homem, e João como Filho de Deus.

Diversos aspectos deste evangelho, como a ausência de uma genealogia e a predominância da


ação sobre o ensino, apoiam esta descrição. O uso do título "Filho do Homem" ocorre quatorze
vezes neste evangelho, e se interpreta na maioria dos casos (Mc 8.31; Mc 9.9,12,31; Mc 10.33,45;
Mc 14.21,41) de acordo com este conceito. Entretanto, desde o primeiro versículo do livro,
Marcos identifica o humilde Servo como o próprio Filho de Deus, cujo ministério é autenticado
por suas obras poderosas. É inequívoca a atestação divina desta identidade na hora do batismo
e da transfiguração (Mc 1.11; Mc 11.7).

O ministério messiânico de Jesus, segundo Marcos, se vê como segredo bem guardado, pelo
menos até a confissão de Pedro (Mc 8.30). Sem dúvida, o motivo para sigilo seria de evitar o
perigo inerente nos conceitos populares nacionalistas e materialistas, com que as expectativas
dos judeus investiram o título. Ao mesmo tempo, o autor desejava assegurar-lhe uma
significação tanto ética como apocalíptica. O termo "Cristo" se usa apenas sete vezes, e Jesus
nunca o usa com referência a si mesmo.

B A OBRA DE CRISTO

As duas metáforas usadas em Mc 10.45 e Mc 14.24 indicam quais são as doutrinas principais
enunciadas. A vida do Nosso Senhor, dada como sacrifício, se descreve como "resgate de
muitos", e como o "sangue do Novo Testamento". Aquele efetua libertação do pecado e do
juízo, enquanto este estabelece um novo pacto e comunhão entre Deus e o homem. Estes
conceitos em Marcos não são elaborados num sistema de doutrina. Há menos razão ainda para
supor que a referência ao "resgate" indique influência paulina. Diz o Dr. James Denney: "Se
achamos o mesmo pensamento em Paulo, não digamos que o evangelista fosse exposto à
influência paulina, mas antes que S. Paulo aprendeu aos pés de Jesus. Todos os sinóticos
mencionam as três ocasiões em que Jesus procurou, propositadamente, advertir os discípulos
de sua paixão próxima. Mas é Marcos que observa mais especialmente as diferentes atitudes
dos discípulos (Mc 8.31 e seg.; Mc 9.31 e seg.; Mc 10.32).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 121
C ESCATOLOGIA

A escatologia do evangelho se encontra principalmente nas duas passagens Mc 8.38-9.31 e Mc


13.1-37, em que Jesus discursa sobre dois acontecimentos bem separados em tempo, a saber: a
destruição de Jerusalém em 70 d. C., e Sua segunda vinda em glória. Contudo, é preciso
reconhecer que Marcos escreve do Reino de Deus em termos predominantemente
escatológicos. As ideias básicas deste conceito são, primeiro, o governo real de um Deus
soberano, e em segundo lugar, de um reino ou comunidade em que se ingressa (Mc 9.47; Mc
10.23). As declarações sobre este segundo conceito podem conter uma possível significação
futura como em Mc 14.25 e Mc 15.43.

D AFINIDADE COM O ENSINO PAULINO

Foi mencionada acima a sugestão de que Marcos fosse sujeito à influência paulina. É assunto
de importantes debates desde muito tempo. É verdade que há muito em comum tanto no
vocabulário como nas ideias entre este evangelho e os escritos de Paulo. Entretanto, esta
semelhança é verificável em quase todos os escritos da igreja primitiva. Por outro lado, é
verdade também que muitas das expressões e conceitos doutrinários tipicamente paulinos,
como por exemplo "justiça", "justificação pela fé", "união com Cristo", "vida no Espírito" etc., são
inteiramente ausentes em Marcos. Só podemos dizer que Marcos viveu e escreveu num
ambiente romano e paulino e, mais ainda, que talvez conhecesse algumas das epístolas mais
primitivas. Como observa o Dr. V. Taylor: "Marcos nem refaz, nem ofusca a tradição histórica.
Seu Jesus é o Jesus da Galileia".

UMA BIOGRAFIA DE JOÃO MARCOS

Ele tem boas intenções, mas não está preparado para levá-las até o fim
(Marcos 14.50-52);
Ele recebe um chamado missionário e aceita (Atos 13.4, 5);
Na primeira oportunidade ele volta atrás (Atos 13.13, 14);
Ele foi rejeitado pelo próprio apóstolo Paulo (Atos 15.36 - 38);
Ele foi motivo de conflito e divisão (Atos 15.39, 40);
A mãe dele era uma mulher de oração (Atos 12.12);
Ele foi companheiro de Barnabé (Atos 15.39);
Ele foi companheiro de Pedro (1 Pedro 5.13);
Ele foi inspirado por Deus a escrever o Evangelho;
Depois, ele voltou a apoiar o apóstolo em seu primeiro aprisionamento
(Colossenses 4.10);
No final de sua vida ele recebeu grande aprovação do apóstolo Paulo (2
Timóteo 4.11).

PECULIARIDADES

Pode Ter sido o 1º evangelho a ser escrito.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

122 MÓDULO
BELÉM
Muitos especialistas acreditam que Mateus e Lucas apoiaram-se decisivamente em
Marcos para escrever os seus evangelhos.

Mais de 90% deste livro encontra paralelo em Mateus e Lucas.

Marcos escreveu para leitores gentios em geral e leitores romanos em particular.

Não inclui genealogia alguma, nem leis ou profecias judaicas. Qual o romano que iria
se interessar por isto?

Apesar de ser o menor dos evangelhos, Marcos é muito detalhista na sua narrativa.

Marcos possui um dos versículos mais famosos da Bíblia (16.15).

Marcos apresenta Jesus em ação:

Logo no primeiro capítulo já temos o início de seu ministério (1.14-16)

Temos mais os feitos do que as palavras de Jesus. O Sermão do monte (Mt 5-7), a
comissão dada aos discípulos (Mt 10), as parábolas do Reino (Mt 13); a repreensão aos
fariseus e doutores da lei (Mt 23) ocupam apenas pequenos espaços no Evangelho de
Marcos. Por isso ele tem apenas 16 capítulos, contra 28 de Mateus e 24 de Lucas.

Ele não divide sua narrativa em tópicos como faz Mateus. Alguns dizem que ele fez
seu livro como um fotógrafo, apresentando uma sequência de fatos.

O dinamismo de Jesus é apresentado no Evangelho de Marcos através da palavra


grega euthios, traduzido como “logo”, “imediatamente”, “na mesma hora”. Denota essa
característica operante de Jesus.

Esta palavra aparece 42 vezes em Mateus e apenas 7 vezes em Mateus e uma em


Lucas.

Logo no primeiro capítulo este dinamismo já é apresentado, mostrando Jesus em ação,


manifestando o seu poder:

Expulsa um demônio na sinagoga (v. 26);

Cura da sogra de Pedro com febre (v. 31);

Cura de muitos enfermos à porta (v. 31);

Cura de um leproso (v. 42).

Sobre explicação de palavras e expressões:

Ao compor seu Evangelho, Marcos tinha em mente as necessidades dos gentios convertidos
dentre seus leitores. Ele traduziu, por exemplo, várias expressões do aramaico (3.17; 5.41; 7.11, 34;
15.22) e deu explicações sobre alguns costumes judaicos (7.3; 15.22). Ao mesmo tempo ele
deixou muitas alusões ao Antigo Testamento sem explicação, sinalizando dessa forma as raízes
judaicas da fé cristã.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 123
SOBRE A PROXIMIDADE COM SEUS LEITORES

O relacionamento próximo de Marcos com os seus primeiros leitores explica várias questões
intrigantes para o leitor moderno. Ele não sentia necessidade de declarar explicitamente sua
autoria, pois tinha certeza de que os leitores originais sabiam que ele estava escrevendo a
história de Jesus. Um incidente, aparentemente biográfico, como aquele do jovem envolto no
lençol que fugira nu, seria o suficiente para identificá-lo como autor (15.51s). Seus leitores
sabiam que o Espírito Santo fora dado conforme profetizado por João Batista (1.8). Não havia
necessidade de escrever sobre as aparições pós-ressurreição de Jesus, pois eles sabiam que
Jesus tinha ressuscitado do túmulo (como declarado em 16.6).

CITAÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO

Embora o próprio Marcos tenha citado o Antigo Testamento somente duas vezes (1.2-3 e 15.24),
seu Evangelho inclui um número considerável de alusões e citações sintetizadas tiradas
especificamente do Pentateuco, dos Salmos e dos Profetas incluindo alguma coisa de cada
capítulo de Daniel. As citações são combinadas, derivando significância vital a partir de suas
sínteses (cf. 1.11; 13.24; 14.62).

OS DETALHES DE MARCOS
Estava entre as feras (1.13);
Toda cidade se juntou à porta (1.33);
Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que estava em
casa (2.1);
“e logo se juntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta cabiam” (2.2);
“... Fazendo um buraco baixaram o leito em que jazia o paralítico” (2.4);
“...e havia também com ele outros barquinhos (...) de maneira que já se enchia (...)
dormindo sobre uma almofada” (4.36-38);
“Então Jesus lhes ordenou que todos se sentassem em grupo sobre a relva verde”
(6.39);
“E o fizeram repartindo-se em grupos de cem em cem e de cinquenta em
cinquenta” (6.40);
“E vendo-os em dificuldade de remar” (6.48);
“... e queria passar-lhes a dianteira” (6.48);
“...traziam em leitos os enfermos, para onde ouviam que ele estava” (6.53-55);
“No barco, não tinham consigo senão um só (pão)” (8.14);
“...como nenhum lavandeiro na terra os poderia alvejar” (9.3);
“Então foram e acharam o jumentinho preso, junto ao portão, do lado de forma”
(11.4).

DIVISÃO

Dividido em duas partes principais:

As Obras Poderosas (1.14 – 8.30) O Trágico Enigma (8.31 – 15)

Triunfo Final (16)

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

124 MÓDULO
BELÉM
Lucas
AUTOR

Nem o evangelho nem o livro de Atos nos dão indicação direta ou indireta sobre o autor.
Papias não dá testemunho em relação a Lucas como o faz a Marcos e a Mateus. Todavia, a
maioria dos críticos concorda que Lucas e Atos procedem do mesmo autor. Dessa forma, fica
claro que o método para determinar a autoria de Lucas consiste em primeiro descobrir quem é
o autor de Atos

No Cânon Muratoriano, lemos o seguinte acerca de Lucas-Atos:

“o terceiro livro dos Evangelhos é o segundo Lucas, aquele


médico que, após a ascensão de Cristo, quando Paulo o havia
levado como companheiro em sua viagem, o compôs em seu
próprio nome, com base em relatos. Ele não viu o Senhor na
carne, mas conforme pôde traçar o curso dos acontecimentos,
ele os escreveu. Assim também ele iniciou sua história com o
nascimento.”
apud HALE
2001:104

Em segundo lugar, por volta da mesma época, o herege Marcião havia redigido seu próprio
cânon e iniciado sua própria igreja. Em seu cânon ele rejeitou o Antigo Testamento, mutilou
muitas cartas de Paulo (o texto continha apenas dez cartas de Paulo, menos as pastorais,
OSMUNDO, 1989:220), forjou outras, em nome dele, e usou apenas um evangelho: uma versão
editada do evangelho de Lucas. Em combate a essa heresia, foi escrito entre 160 e 180 d.C. pela
Igreja um prólogo anti-marcionita, como introdução ao cânon de quatro evangelhos, aceito
pela Igreja de Cristo.

Lucas era um sírio de Antioquia, médico de profissão, um discípulo de apóstolo; mais tarde
acompanhou Paulo até o martírio.
Em terceiro lugar, Irineu, por volta de 185 d.C., afirmou:

Lucas, companheiro de viagem de Paulo, registrou o


Evangelho por este pregado em um livro”
apud Contra Heresias
III.1,1

Ele ainda afirma que Lucas escreveu após a morte de Paulo. Tertuliano e Orígenes, ambos do
fim do segundo século e início do terceiro séculos, explicitamente mantém Lucas, o médico
amado, como o autor de Lucas-Atos.

Em quarto lugar, por volta de 325 d.C., Eusébio de Cesareia escreveu:

Mas Lucas, nascido em Antioquia e médico de profissão, por


muito tempo companheiro de Paulo e bem familiarizado com
os outros apóstolos, nos deixou em dois livros inspirados as
instituições daquela arte de cura espiritual que deles obteve.
Um deles é o Evangelho em que testifica ter registrado ‘de
acordo com a tradição recebida dos que foram testemunhas

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 125
oculares desde o princípio e ministros da palavra’, a ele
transmitida. Aos quais também, afirma ele, seguiu em tudo. E
o outro é os Atos dos Apóstolos que compôs não de acordo
com os testemunhos ouvidos de outros, mas costumava citar o
evangelho de Lucas, uma vez que escrevia sobre algum
evangelho, chamando-o de seu, dizia: ‘de acordo com o meu
evangelho’
CESAREIA
1999:81-2, Livro III. 4

Em quinto lugar, Lucas o “médico amado” é o único dos companheiros de Paulo nas viagens,
mencionado nas epístolas que poderia ter escrito as seções onde aparece o pronome “nós” em
Atos (At 16.10-17;20.5-16;21.1-18;27.1-28.16); os demais são excluídos porque são mencionados na
terceira pessoa, ou não há harmonização geográfica dos movimentos das seções “nós” no livro
de Atos.

DATA E LOCAL DE ESCRITA

Em primeiro lugar, precisamos considerar a data de Atos com a de Lucas, pois o evangelho não
pode ser posterior a seu segundo volume: Algumas referências devem ser ponderadas nesse
momento:

Atos não menciona a perseguição por Nero, nem acontecimentos como a destruição

1. de Jerusalém ou as mortes de Paulo e Tiago (62 d.C.). Não se menciona qualquer


evento depois de 62 d.C.;

2.
Lucas provavelmente teria mencionado a soltura ou a execução de Paulo, se ela já
acontecera. Mas ele conclui o livro de Atos com a apóstolo na prisão em Roma;

3.
Está registrado que a profecia de Ágabo se cumpriu (At 11.28), mas não a profecia de
Jesus sobre a queda de Jerusalém (Lc 21.20);

II Tm 1.18 registra uma visita de Paulo a Éfeso, mas Atos 20.25,38 registra as palavras

4. de Paulo de que não tornaria a ver os efésios. Argumenta-se que, se essa visita
posterior já tivesse acontecido, Lucas teria feito algum comentário apropriado;

As epístolas paulinas foram evidentemente tidas em grande valor pela igreja

5. primitiva, mas não são aludidas em Atos. Quanto mais tarde colocarmos Atos, mais
difícil isso fica de ser explicado;

É improvável que, depois da perseguição de Nero, um escritor cristão apresentaria

6. uma descrição favorável de Roma como a que aparece em Lucas – Atos


(CARSON,1997:129)

Diante dessas referências em Atos, que nos apontam uma data no início dos anos sessenta, em
segundo lugar, podemos dizer que nada impede uma data posterior a publicação do
Evangelho de Marcos, supondo a utilização de Marcos por Lucas.

Quanto ao local de escrita é incerto. Presume-se que Lucas foi o Evangelho escrito para os que
viviam no mesmo lugar do autor; lugar esse que não parece a Palestina. Os nomes referentes a

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

126 MÓDULO
BELÉM
ugares palestinos são explicados, pois parece que seus leitores não estavam familiarizados com
eles (1.26; 2.4; 4.3; 8.26; 23.51; 24.13). Alguns apontaram como tendo sido escrito na Acaia, região
no sul da Grécia, mas isso é duvidoso.

PROPÓSITO E DESTINATÁRIOS

O destinatário imediato tanto de Lucas, quanto de Atos é Teófilo (Lc 1.3; cf. At 1.1). A maneira
mais natural de entender a questão é que Teófilo era uma pessoa de verdade e o mecenas
(financiador) de Lucas, provavelmente pagando os custos da publicação do livro, e que foi por
isso a ele dirigido. Parece que realmente era um homem de posição. Isso é fundamentado no
recebimento do cumprimento de “excelentíssimo”, título que pode ser uma cortesia, mas no
Novo Testamento é aplicado a dois governadores, Félix (At 24.3) e Festo (26.25). Assim, Teófilo
parece ter sido alguém que teve algum contato com a fé, como podemos perceber na
introdução do evangelho. De fato, é bastante provável que ele era um crente gentio que
enfrentava problemas por pertencer a um movimento de origem judaica. Vê-se indícios de que
Teófilo era gentio nas explicações que Lucas faz de certos costumes e nomes judaicos (cf. At
1.19).

O prefácio literário dá a entender que desde o início o objetivo era que o livro fosse lido, não
por um pequeno grupo de crentes, mas presumidamente por um grande público. O cuidado
com que Lucas organizou uma quantidade tão grande de informações parece indicar que ele
tinha em vista um público mais amplo. Sendo assim, comumente dizemos que foi destinado
aos gregos em particular. Primeiramente pelas qualificações do próprio Lucas, que era um
grego e conhecia perfeitamente sua maneira de pensar. Por outro lado, parece que ele omitiu
diversos aspectos judaicos para não confundir seu público.

A maneira como mostra a relevância da salvação para as pessoas fora da comunidade de Israel
e o estilo greco-romano de seu prefácio são confirmações dessa hipótese. Lucas ainda evita
expressões aramaicas como “rabi” (Mc 9.5) e “Aba” (Mc 14.36), usando apenas a expressão
“Amém”. O que diz aos judeus era de seu interesse, porém não parece ser eles seu público-alvo.

SOBRE LUCAS

Lucas também é o autor de Atos. Ambos os livros estão dirigidos à mesma pessoa.

Lucas foi amigo íntimo e companheiro de viagem de Paulo, como se percebe nas suas alusões
pessoais ao registrar as viagens do apóstolo. Veja o livro de Atos onde o autor muda os
pronomes para "nossos" E indicando que ele estava presente nestes tempos, Atos 16.10; 20.6;
27.1; 28.16.

PECULIARIDADES

Lucas é o evangelho mais detalhado, meticuloso e compreensível.

É grande o interesse do autor pela medicina (4.23; 4.38; 5.31; 6.6; 8.43; 22.51).

É o livro mais comprido do Novo Testamento, apesar de ter 24 capítulos.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 127
Mais de 50% do livro é único.

Lucas apresenta a genealogia de Jesus até Adão e a grande história do seu


nascimento, para enfatizar a humanidade de Jesus, e a Sua identidade como Filho do
Homem.

Observe a ênfase que Lucas dá às pessoas desprezadas e às mulheres:

O Bom Samaritano (10);


O Publicano (18);
O Filho Pródigo (15);
Zaqueu (19);
A viúva de Naim (7.12-15);
A mulher pecadora (7.36 ss);
Maria (1 e 2);
O ladrão da cruz (23. 39 ss);
A mulher hemorrágica (8.43 ss).

Enfatiza as reações físicas emocionais de Jesus (2.40-52; 7.36; 24.42-43; 19.41).

Há 17 parábolas que só são narradas neste livro.

É o evangelho mais literário de todos; o seu vocabulário é rico e variado.

O evangelho de Lucas contém 4 histórias:

Natividade, juventude e vida adulta (1.5 – 4.13);


Peregrinações na Galileia (4.14 – 9.50);
A viagem para Jerusalém (9.51 – 14.44);
Tragédia e triunfos finais (14.45 – 24).

A viagem para Jerusalém ganha muita importância na narrativa de Lucas:

Manifestou no semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém (9.51).


Passava Jesus por cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém
(13.22).
E aconteceu, que indo ele a Jerusalém... (17.11).
Eis que subimos para Jerusalém (18.31).
E, dito isto, ia caminhando adiante, subindo para Jerusalém (19.28).

Se considerarmos os dois livros de Lucas (Evangelho e Atos), podemos vê-lo como um dos
maiores autores do Novo Testamento em termos de extensão. Somente por esse motivo seu
trabalho já seria de extrema importância. O fato dele ser um grego culto, um médico e um
historiador de tamanha grandeza, conferem ainda mais peso ao seu trabalho. Sua caminhada
com o apóstolo Paulo até o fim de sua vida e seu estilo incomparável tornam Lucas e seu
Evangelho uma das principais obras do Novo Testamento. O famoso escritor inglês Charles
Dickens descreveu o Evangelho de Lucas como o livro mais belo do mundo. Temos em nossas
mãos uma preciosa obra-prima.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

128 MÓDULO
BELÉM
João
AUTOR: João, filho de Zebedeu, o apóstolo de Jesus.
DATA: Entre 70 e 90 d.C.
LOCAL: Provavelmente de Éfeso.
TEMA: Jesus, o Filho de Deus
PÚBLICO-ALVO: Os cristãos da Ásia Menor.

Sua autoria é tradicionalmente atribuída a João, o "discípulo amado", irmão de Tiago, e foi
escrito entre os anos 95 e 100 d.C., tendo sido aceito cronologicamente como o último a ser
escrito. A maior parte dos seus relatos é inédita em relação aos outros três evangelhos, o que
sugere que o autor tivesse conhecimento do conteúdo deles ao escrever seu livro. Mais da
metade deste evangelho é dedicado a eventos da vida de Jesus Cristo e suas palavras durante
seus últimos dias. O propósito de João foi inspirar nos leitores a fé em Jesus Cristo como o Filho
de Deus. João também dá ênfase à total dependência humana em relação a Deus para a
salvação.

SOBRE O AUTOR – TESTEMUNHA OCULAR

Era habitante nativo da terra da Palestina, conforme indicado por seu conhecimento cabal do
país. Os pormenores mencionados a respeito dos lugares citados indicam conhecimento
pessoal deles. Ele referiu-se a “Betânia, do outro lado do Jordão” (Jo 1:28) e a ‘Betânia, perto de
Jerusalém’. (11:18) Escreveu que havia um jardim no lugar onde Cristo foi pregado na cruz, e que
nele havia um sepulcro novo (19:41), que Jesus falou “na tesouraria, ao estar ensinando no
templo” (8:20), e que “era inverno, e Jesus estava andando no templo, no alpendre de Salomão”
(10:22, 23).

O próprio testemunho do escritor, e a evidência factual mostram que se tratava de uma


testemunha ocular. Cita o nome das pessoas que disseram ou fizeram certas coisas (Jo 1:40; 6:5,
7; 12:21; 14:5, 8, 22; 18:10); entra em pormenores quanto a hora em que sucederam os eventos
(4:6, 52; 6:16; 13:30; 18:28; 19:14; 20:1; 21:4); designa, de modo factual, os números envolvidos em
suas descrições, fazendo isso sem ostentação. 1:35; 2:6; 4:18; 5:5; 6:9, 19; 19:23; 21:8, 11.

O escritor era apóstolo. Ninguém, a não ser um apóstolo, poderia ter sido testemunha ocular
de tantos eventos ligados ao ministério de Jesus; também, seu conhecimento íntimo da
mentalidade, dos sentimentos e das motivações pelos quais Jesus disse ou fez certas coisas,
revelam que ele era um do grupo dos 12 que acompanhou Jesus em todo o seu ministério. Por
exemplo, ele nos conta que Jesus fez a Filipe uma pergunta para prová-lo, “pois ele mesmo
sabia o que ia fazer”. (Jo 6:5, 6) Jesus sabia “em si mesmo que seus discípulos estavam
resmungando” (6:61).

Ele sabia de ‘todas as coisas que lhe sobreviriam’. (18:4) “Gemeu no espírito e ficou aflito.” (11:33;
compare isso com 13:21; 2:24; 4:1, 2; 6:15; 7:1.) O escritor também estava familiarizado com as
Ideias e as impressões dos apóstolos, algumas das quais eram erradas e foram corrigidas
posteriormente. 2:21, 22; 11:13; 12:16; 13:28; 20:9; 21:4.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 129
Além disso, o escritor é mencionado como “o discípulo a quem Jesus havia amado”. (Jo 21:20,
24) Ele era, evidentemente, um dos três apóstolos mais íntimos que Jesus mantinha por perto
em várias ocasiões, tais como na transfiguração (Mr 9:2), e na ocasião de sua angústia, no
jardim de Getsêmani. (Mt 26:36, 37). Destes três apóstolos, elimina-se Tiago por ter sido morto
por volta de 44 d.C., por Herodes Agripa I. Não existe nenhuma evidência de uma data tão cedo
assim da escrita deste Evangelho. Pedro é excluído por ter o seu nome mencionado junto com
“o discípulo a quem Jesus havia amado”. Jo 21:20, 21.

PROPÓSITO

João tinha um alvo específico em mente: levar as pessoas a crerem que Jesus é o Filho de Deus.
A matéria escolhida por João enfatizava as obras e as palavras de Deus. Para muitos, o
Evangelho de João é o livro preferido das Escrituras. Reveste-se de uma qualidade única de
profundidade e beleza espiritual, pela qual “o discípulo a quem Jesus amava” põe o leitor em
íntima comunhão com o Mestre.

PECULIARIDADES

João não faz parte dos Evangelhos sinópticos.

Quase 93% da narrativa de João é única.

A vida e a luz formam parte do vocabulário fundamental de João, quando descreve a


missão e a essência do Verbo de Deus encarnado (1.1,4,5).

A palavra “crer” nas suas diversas formas, encontra-se 98 vezes.

A palavra “vida” aparece mais de 40 vezes.

Outra palavra frequente em João é “sinais”, que ele usa no lugar de “milagres”.

João classifica 7 sinais:

1. A transformação da água em vinho (2.1-11);


2. Cura do filho do oficial (4.46-54);
3. Cura de um homem paralítico (5.1-9);
4. Multiplicação dos pães (6.1-14);
5. Jesus anda sobre as águas (6.16-21);
6. A cura de um cego (9.1-12);
7. A ressurreição de Lázaro (11.1-46).

Neste evangelho, Cristo dá uma revelação mais completa de si mesmo e de Deus, do


que em qualquer um dos evangelhos sinóticos.

Jesus, 7 vezes se declarou como “Eu sou”.

1. O Pão da vida (6.35);


2. A Luz do mundo (8.12);
3. A Porta (10.7,9);
4. O Bom Pastor (10.11,14);
5. A Ressurreição e a Vida (11.25);

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

130 MÓDULO
BELÉM
6. O Caminho, a Verdade e a Vida (14.6);
7. Videira verdadeira (15.1-5).

João é o Evangelho que mais fala sobre a Missão do Espírito Santo.

Neste evangelho, Cristo dá um a revelação mais completa de si mesmo e de Deus do


que em qualquer um dos evangelhos sinóticos.

DIFERENÇAS PRINCIPAIS ENTRE OS EVANGELHOS


SINÓTICOS E O EVANGELHO DE JOÃO

Anteriormente dissemos que João difere em alguns pontos dos evangelhos sinóticos.
Percebemos a diferença do:

1. LOCAL DO MINISTÉRIO DE JESUS

Nos sinóticos, com a exceção da última semana, o ministério de Jesus transcorre em sua
maior parte na Galileia, ao passo que em João seu ministério centralizava-se mais em
Jerusalém;

2. TEMPO DO MINISTÉRIO DE JESUS

Os sinóticos mencionam somente uma Páscoa e parecem registrar os eventos de apenas


um ou dois anos, mas em João há pelo menos três páscoas (2.13; 6.4; 13.1) e, possivelmente
quatro (5.1). João deixa de mencionar importantes eventos dos sinóticos, tais como: o
nascimento de Jesus, o batismo, a transfiguração, o exorcismo de demônios, a agonia no
Getsêmani, a Última Ceia, o discurso no Monte das Oliveiras etc.

3. USO LITERÁRIO

A forma mais comum encontrada nos sinóticos é a parábola, bem como uma série de
ensinos breves, vívidos, fáceis de lembrar, e pequenos incidentes unidos a uma
declaração de ensino. Em João, o estilo do ensino de Jesus é o de longos discursos (Ibid.,
p. 201). Os discursos tendem por eliminar porções históricas. Perguntas e objeções feitas
pelos ouvintes de Jesus com frequência pontuam os discursos, e João, de maneira
regular, apresenta-nos um Cristo que falava em estilo bem diferente dos sinóticos
(GUNDRY, 1998, p. 112). Ainda, o uso de grego é paratático e simples, diferente dos
sinóticos.

DIVISÃO

Alguns fazem uma divisão peculiar, onde as divisões são comparadas com as divisões do
tabernáculo de Moisés no deserto:

Prólogo, 1.1 – 1.18.


Ministério público (equivalente ao átrio), 1.18 – 12.
Ministério aos apóstolos (lugar santo), 13 – 17.
Entrega e sacrifício (santo dos santos), 18 – 20.
Um prólogo final, 21.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 131
CADERNO DE
EXERCÍCIOS
OS EVANGELHOS

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
OS EVANGELHOS
Anotações

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SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 135
OS EVANGELHOS
Anotações

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BELÉM
OS EVANGELHOS
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SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 137
OS EVANGELHOS
Anotações

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SEMINÁRIO TEOLÓGICA

138 MÓDULO
BELÉM
OS EVANGELHOS
Exercícios

1. Não faziam parte dos Doze:


a. João e Mateus c. João e Marcos

b. Marcos e Lucas d. Lucas e Mateus

2. Foi companheiro de Paulo e de Pedro:


a. Mateus c. Lucas

b. João d. Marcos

3. O principal público-alvo desse evangelho eram os judeus:


a. Lucas c. Marcos

b. Mateus d. João

4. Sinóticos significa:
a. Óticas principais c. De óticas diferentes

b. Óticas principais d. Da mesma ótica

5. Único evangelho que menciona a palavra “Igreja”:


a. João c. Mateus

b. Lucas d. Marcos

6. Era também autor do livro de Atos:


a. Mateus c. Pedro

b. Lucas d. Paulo

7. Expressão que aparece 32 vezes em Mateus:


a. Reino de Deus c. Como está escrito

b. Assim diz o Senhor d. Reino dos céus

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 139
OS EVANGELHOS
Exercícios

8. A principal fonte do Evangelho de Marcos foi:

a. Paulo c. Pedro

b. Mateus d. Lucas

9. Lucas era:

a. Pescador c. Médico

b. Publicano d. Nenhuma das respostas acima

10. Título do apóstolo João:

a. Filho do trovão c. Médico amado

b. Discípulo amado d. Filho do homem

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

140 MÓDULO
BELÉM
VIDA FAMILIAR

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
VIDA FAMILIAR

INTRODUÇÃO

Família é um assunto presente em toda a Bíblia Sagrada. Os atuais inimigos da família, que
gostam de dizer que a família nuclear, ou seja, o pai, a mãe e os filhos, é coisa do passado, faz
parte da chamada cultura “judaico-cristã”. E com certeza. Primeiramente o Antigo Testamento
e depois o Novo, exaltaram a importância da família.

É um assunto da teologia? Sim, pois teologia é, num aspecto geral, um estudo do homem e
suas relações com Deus, conforme expresso nas Sagradas Escrituras. Impossível não perceber o
quanto este assunto é importante pelo destaque que Deus dá a ele em sua Palavra.

Mas o assunto família tem seus aspectos teológicos e práticos. Teológicos quando se trata de
analisar a origem da família e os propósitos divinos ao estabelecer esta instituição que com
certeza é a mais antiga do mundo. Práticos quando vemos primeiramente a família judaica e
depois a cristã dentro do plano redentor de Deus.

Até mesmo Jesus, o Filho de Deus, nasceu no seio de uma família. Teve uma vida familiar
abençoada, que serviu de base para seu desenvolvimento até que chegasse a hora de se revelar
como o Messias de Israel. Foi obediente e sujeito aos seus pais. Como homem perfeito em
todas as coisas foi perfeito em seu relacionamento familiar também.

Em um tempo como o nosso, onde o divórcio se tornou corriqueiro, onde a autoridade paterna
é questionada por “especialistas”, onde a própria legislação procura tolher o poder dos pais é
mais do que necessário saber o que Deus disse sobre isto.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 143
É muito maravilhoso entrar em um tema tão prático como este. Há aspectos da teologia que
podem ficar armazenados em nossa vida e muito pouco teremos necessidade de expressá-lo.
São como os alicerces de nosso pensamento teológico. Outros, porém como este exigem uma
práxis, um nível de atitude fundamental. É uma teologia em carne e osso, uma evidência
concreta quando nosso lar se ajusta aos padrões divinos. Então nos tornamos teologia
palpável, audível e visível. Então somos testemunhas silenciosas de Deus, deixando que o seu
padrão e seu poder se manifestem neste mundo.

Em tempos passados as crianças eram educadas para o lar. Falava-se muito disto às crianças.
Os rapazes deveriam tomar esposas e sustentar seu lar, enquanto as meninas deveriam ser
boas esposas e boas donas de casa. A modernidade deu primazia a outras realizações pessoais
e como consequência a instituição do casamento sofreu perda na mente do homem moderno.
As células estão morrendo e por isso o organismo não se sustém. Enxergamos apenas o imenso
cadáver e não nos damos conta de que o problema começa em uma escala menor. A
sociedade está doente e morre, porque a família que a compõe, está se deteriorando.

A disciplina acabou. A valorização do lar foi substituída pela valorização profissional. Vencer
não significa mais ser honesto e educar bem os filhos. Vencer agora é o carro do ano, é o alto
salário, é o status, mesmo que isto signifique um lar sem afeto, um casamento instável, filhos
traumatizados. Mas a Palavra diz que é melhor a comida de hortaliças e com ela a paz, do que
o boi gordo onde há contenda. (Prov 17.1). Nossos lares talvez tenham bois gordos demais e paz
de menos. Se nossos únicos sorrisos são produtos das comédias dos filmes e nossa esperança
de paz e sossego se encontra em um pacote de viagens para praias distantes, alguma coisa
está errada.

“Ele é a nossa paz” (Efésios 2.15). Não apenas esta paz profundamente oculta entranhada no
profundo de nosso ser, mas uma paz sensível que aqueles que adentram em nosso lar possam
perceber de imediato. Se esta paz de Deus “que excede todo entendimento” (Fp 4.6) não
transbordar através de nós e contagiar nosso relacionamento familiar, então não adianta
buscar nenhum tipo de paz na sociedade.

É muito fácil dizer que o governo não dá segurança. Mas quanto de segurança será o bastante,
enquanto os lares continuarem produzindo delinquentes? Não há cimento moral e por isto o
edifício todo desmorona. O governo dá a didática, mas quem dá o incentivo, o impulso, o
ânimo, o amor, sem o qual o conhecimento para nada serve? O Estado combate ao tráfico, mas
o vazio familiar vai buscar na rua o amor escasso. Os filhos são presentes de Deus aos pais e não
ao Estado. A escola, a rua e a faculdade, são lugares aonde os jovens irão para perder os valores
familiares e não para ganhá-los.

Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século falou do “costume dos povos que lançam
sobre os governantes a culpa dos males que sofrem” (Antiguidades Judaicas, Livro XV, cap 12).
Há toda uma sociedade semeando males e só um governo para os arrancar. Temo que esta
seja apenas uma forma de aliviar a consciência. Peter Drucker, grande consultor administrativo
disse que “É hora de pararmos de dizer o que os governos devem fazer e começar a perguntar
o que eles podem fazer”.

Certos valores do passado se perderam na busca pelo progresso. Se não os acharmos, não nos

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

144 MÓDULO
BELÉM
acharemos a nós mesmos e continuaremos a procurar bodes expiatórios que limpem um
pouco desse sangue em nossas mãos. Membros são amputados porque não conseguimos
curar as células. Há tumores malignos por todo lado, que se multiplicam e contaminam o
corpo social.

O que eu e você estamos produzindo em nosso lares? “Como flechas na mão do valente, assim
são os filhos de tua mocidade” (Salmo 127). Que tipos de flechas estamos lançando na
sociedade?

Que nossa vida familiar seja como foi o tabernáculo de Moisés – construída conforme o modelo
mostrado por Deus.

ORIGEM DIVINA
DA FAMÍLIA
Existem muitos livros neste mundo. Alguns são muito bons e nos ensinam coisas muito
importantes. Todavia, nenhum deles foi inspirado por Deus. São livros escritos conforme a
vontade e a sabedoria humana. Não foi assim com as Escrituras Sagradas. Os homens que Ele
usou para falar e registrar os acontecimentos não agiam por eles mesmos. Eram inspirados
pelo Espírito Santo de Deus.

"E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o


criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus
lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e
sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves
dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E
disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê
semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore,
em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o
réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será
para mantimento; e assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha
feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia
sexto.”
Gênesis 1.27-31

"E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da
minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do
homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a
sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma
carne.”
Gênesis 2.23, 24

Um dos ataques do marxismo/comunismo era de que a família não passava de uma invenção
da burguesia e das classes dominantes para manter suas posses. Uma das propostas do
comunismo era acabar com esta instituição. Nunca conseguiu. Isto porque a família é na
verdade uma instituição divina, mesmo que tenha apresentado pequenas variações ao longo
do tempo e nas diversas culturas. Mas de um jeito ou de outro os laços de sangue sempre
foram algo muito forte.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 145
O que é a família? Qual a sua função? O que as Escrituras Sagradas falam sobre a família?
Existem padrões bíblicos para esta instituição? Por que Deus se interessa tanto por ela? Essas
são perguntas de extrema importância, pois a vida familiar é um assunto abordado de diversos
modos na Palavra de Deus e conhecer o que ela diz sobre o assunto é essencial.

Quando, porém o homem surge na terra ele surge como um núcleo familiar, formado pelo
homem e a mulher, com potencialidade para gerar novos seres à sua semelhança. O homem é
por natureza um animal social, ou seja, vive em grupo. Dentro deste agrupamento ele tende a
formar um núcleo menor, que funciona como uma célula do grupo maior – a família.

CRIAR UMA CONVIVÊNCIA AMOROSA

A natureza do homem é social. Deus o criou para viver em grupo. As nações são unidades
maiores que vão se subdividindo até chegar ao núcleo familiar, formado pelo casal com seus
filhos. Esta simples formação é perfeitamente adequada para atender a uma das principais
necessidades do ser humano, a necessidade de ser amado e de pertencer.

Mesmo nos indivíduos mais cruéis permanece essa carência por afeição. Por isso, não há nada
de estranho quando vemos alguém completamente bruto em suas atitudes, ansiando por
carinho como se fosse uma criança. Isto faz parte da natureza. E por esse motivo, vários
modelos de famílias que os homens artificialmente tentaram criar, falharam em preencher
essa necessidade de afeição.

A psicologia bem sabe a importância do amor. A amamentação da criança não é só uma


questão de nutrição, mas contato afetivo. Assim como carências nutritivas na infância podem
causar danos ao organismo pelo resto da vida, assim pode-se dizer da carência afetiva. A
relação de amor entre um homem e sua esposa, filhos crescendo dentro deste ambiente de
amor é a constituição ideal planejada por Deus para o ser humano. Este foi um dos propósitos
de Deus na criação da família.

"BEM-AVENTURADO aquele que teme ao Senhor e anda nos


seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz
serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera
aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à
roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem
que teme ao Senhor. (...) E verás os filhos de teus filhos”
Salmo 128

PROVER PROTEÇÃO E COOPERAÇÃO


PARA CUIDAR DA CRIAÇÃO

A terra é lar do homem. Ele a deu aos filhos dos homens. Os céus são os céus do Senhor; mas a
terra a deu aos filhos dos homens (Sal 115.16). Aqueles que acham que o trabalho é uma
consequência da queda se enganam. Trabalhar e cuidar da terra foi tarefa entregue ao homem
antes da grande catástrofe do Éden. Dominar a terra e sujeitá-la era a sua missão. A diferença é
que após a queda este trabalho se tornou penoso.

Quando olhamos a primeira família sabemos que “Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi
sidcsaiduchasdi
SEMINÁRIO TEOLÓGICA

146 MÓDULO
BELÉM
lavrador da terra” (Gn 4.2). Era através dessa organização familiar que o trabalho de sujeição
deveria ser levado adiante. Esta ideia de uma família trabalhando junto para cultivar a terra e
fazê-la produzir está na raiz da palavra “economia”. Ela vem de oikos = casa e nomos = lei. Eram
as leis da casa, as regras da casa que governavam a produção.

Com o crescimento populacional e a multiplicação dos núcleos familiares, a “economia” foi


adquirindo proporções imensas e já não é possível distinguir esse núcleo familiar envolvido no
trabalho. Mas as famílias existiam para se auto proteger, garantindo a possibilidade de
continuidade da vida. Depois os clãs trabalhavam para se auto proteger, depois as tribos,
depois as nações. Se o homem fosse um ser solitário, que não agisse para proteger sua prole,
garantir a sobrevivência de seu núcleo familiar, a humanidade não subsistiria.

MULTIPLICAÇÃO E PERPETUAÇÃO

Crescer e multiplicar-se foi um dos primeiros mandamentos dados ao homem. Era necessário
povoar a terra. Também aqui neste ponto há distorções dos que não conhecem a Palavra de
Deus. O sexo nada tem a ver com a queda. Ele não passou a existir depois dela e nem mesmo
foi a causa da queda do homem. Uma vez que o ato sexual foi a única forma criada por Deus
para dar origem a outro ser humano, ele fazia parte dos planos de Deus desde o início.

Como seria essa multiplicação da humanidade caso não houvesse queda e,


consequentemente, a morte é difícil definir com precisão, embora possamos inferir muita
coisa a partir das Escrituras. Mas a verdade é que ela aconteceria de qualquer forma. Somente
a perversão sexual foi consequência da queda e não o sexo em si. Logo, originar outras famílias
era projeto de Deus desde o início.

O mandamento de crescer e multiplicar não era um mandamento ordenando que todo casal
obrigatoriamente deveria ter filhos. Também não era de forma alguma um mandamento
contra qualquer método contraceptivo. Não ter filhos não é, de forma alguma, pecado. Fosse
assim as mulheres e homens estéreis teriam enorme culpa sobre si. E homens como o apóstolo
Paulo que optaram pelo celibato estariam cometendo uma transgressão.

Todavia é importante estar ciente que uma das razões de Deus ter criado o casamento foi para
que através dele fossem geradas novas vidas e a humanidade viesse se multiplicar na terra e
sujeitá-la. Prova clara deste propósito era a chamada lei do levirato, onde Deus ordenava ao
irmão casar-se com a cunhada viúva para que seu irmão não ficasse sem descendente.

Porém, a redução da taxa de natalidade hoje é até mesmo um ato de sabedoria diante das
novas condições demográficas. Deus falou a Adão e a Eva quando havia apenas um casal no
mundo. Hoje há pelo menos sete bilhões de pessoas. Contudo, se todas as famílias da terra
optassem por não ter filhos isto significaria a extinção da raça humana, o que com certeza
seria errado.

Quando a procriação não ocorre por motivos egoístas, quando um casal definitivamente não
quer filho algum, isto pode ocultar razões que não são boas. Se o mandamento não obriga
uma multiplicação discriminada e sem limites, também deixa clara essa função produtora da
família.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 147
A LEI MOSAICA E A PROTEÇÃO DA FAMÍLIA

Dentre os códigos legais da humanidade, os Dez Mandamento dados por Deus a Moisés no
Sinai são os mais conhecidos. São princípios simples, universais e vitais para a sobrevivência da
vida em sociedade. Sem uma obediência a estas regras é impossível a sobrevivência de
qualquer agrupamento humano.

Dos dez mandamentos pelo menos dois deles, isto é, um quinto, tem a finalidade de proteger
os laços familiares:

HONRA TEU PAI E TUA MÃE

"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus


dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.”
Êxodo 20.12

Este nosso mundo é um mundo de autoridade. Temos em todo lugar alguém a quem Deus
concedeu algum poder sobre nós. Temos governantes, patrões, pastores, líderes em geral. Mas
o primeiro lugar onde o indivíduo vai experimentar a autoridade é justamente com os pais.
Será a primeira experiência em ter alguém sobre si, direcionando nossas ações, limitando
nossa vontade. Por isso é tão importante aprender a honrar os pais, pois é o início do nosso
conhecimento de como funciona o mundo. Funciona através de autoridades designadas por
Deus para o nosso bem.

O respeito filial é uma necessidade básica em qualquer sociedade. Mesmo os povos que não
conheciam os dez mandamentos foram capazes de distinguir a importância desse assunto. Os
filósofos romanos e gregos e entre eles os estoicos deram grande destaque para o dever dos
filhos de obedecerem aos seus pais. Isto lhes era de fato considerado parte da natureza
humana. Os romanos desenvolveram o conceito de pátrio poder, onde o pai tinha pleno direito
sobre os filhos, embora isto tenha levado a certos excessos. Confúcio por exemplo, o grande
legislador da China, tinha no respeito filial a base de sua doutrina. Muito pouco restaria do
mundo se o conflito entre as gerações não fosse pelo menos amenizado com esta ordem.

Nós bem sabemos das dificuldades que existem para os pais manterem seus filhos sujeitos a si.
Isto porque à medida que eles crescem, tomam consciência de que são seres distintos e que
seguirão seus próprios caminhos. O mandamento de honrar pai e mãe se torna não só uma
proteção contra rebeldias destruidoras, como também fornece a promessa de longevidade.

Foi perguntado a um cristão idoso qual o segredo de sua longevidade. Ao que ele prontamente
respondeu “Honrei meu pai e minha mãe”. Ainda neste atual estado de decadência em que
vivemos após a queda, mesmo que convivamos com uma corrupção generalizada, que atinge
todos os tipos de estruturas, desde a física até as estruturas sociais e familiar, a honra ao pai e a
mãe é reconhecida como algo de imenso valor.

A lei mosaica muitas vezes impunha um rigor fortíssimo quanto aos filhos que se mostravam
irremediavelmente rebeldes.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

148 MÓDULO
BELÉM
"Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não
obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o
eles, lhes não der ouvidos, Então seu pai e sua mãe pegarão
nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu
lugar; E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde
e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um
beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão,
até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel
ouvirá e temerá.”
Deuteronômio 20.18-21

NÃO ADULTERARÁS

O casamento é antes de tudo uma aliança entre um homem e uma mulher. E aliança é algo
muito sério aos olhos de Deus. Uma aliança é um acordo, um pacto entre duas ou mais pessoas
através do qual eles se atam em um compromisso. É como uma amarração de vida, de almas.
A palavra que as Escrituras empregam para as alianças com Deus é a mesma utilizada para
aliança do casamento (beritz).

"E dizeis: Por quê? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a


mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo
ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança .”
Malaquias 2.14

Este contrato é um artifício fundamental para que as novas gerações surjam e cresçam
carecendo de vínculos. Ao invés de uma mera satisfação sexual, o casamento faz com que o
relacionamento de um homem com uma mulher ganhe uma finalidade permanente, sólida.
Os filhos resultantes de tal relacionamento nascem dentro de um referencial que lhes permite
entender sua origem e se desenvolver de acordo com um plano delineado.

O adultério é condenável porque se torna uma quebra de contrato, uma infidelidade que não
envolve apenas um mero ato sexual, mas um ato de significado muito mais amplo, uma ação
ofensiva a outra parte do contrato e ao próprio acordo em si. É também por este motivo, que
embora Jesus tenha condenado o divórcio em si, autorizou a realização deste no caso de
infidelidade conjugal:

"Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher,
não sendo por causa de prostituição, e se casar com outra,
comete adultério; e o que se casar com a repudiada também
comete adultério.”
Mateus 19.9

A fidelidade recíproca é inerente ao próprio casamento. Pertencer exclusivamente um ao outro


é um dos termos do contrato. Quando isto não ocorre, o outro lado do contrato tem poder para
anular a aliança com aquela pessoa e estabelecer uma nova aliança com outra.

Na verdade, na Antiga Aliança, a pena nacional (isto era a legislação de uma nação), a pena
para este tipo de pecado era a morte por apedrejamento. A Lei manifestava a completa
repulsa de Deus pelo pecado e a finalidade desta pesada consequência era criar temor, de
modo que ninguém se aventurasse nessa prática. Era uma forma de proteger a instituição
matrimonial de infidelidades e, consequentemente, de sua validade.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 149
PLANO REDENTOR DE DEUS PARA A FAMÍLIA

Ainda que a salvação de Deus tenha um caráter individual, isto é, cada indivíduo precisa
responder a Ele por seus próprios atos, o olhar divino sempre esteve sobre a família. Como
vimos, Deus legislou tendo em vista esta instituição. Os mandamentos geralmente abrangiam
todos os membros, havia um papel para cada um deles. Esposas, maridos, filhos – todos tinham
uma obrigação a cumprir.

Este padrão voltado para a família se torna bem perceptível quando Deus tira o povo do Egito.
O cordeiro pascal deveria ser sacrificado e seu sangue colocado na porta de cada casa para que
o anjo destruidor não entrasse. Um cordeiro para cada casa: este era o padrão de Deus. (Ex 12).

O trabalho de propagação do evangelho narrado em Atos dos Apóstolos também é bastante


enfático na família como o alvo de redenção. Quando Pedro vai à casa de Cornélio este havia
reunido toda a sua família para ouvir a Palavra e todos ali presentes foram salvos (Atos 10).

Na Europa, a primeira convertida foi uma mulher chamada Lídia que se converteu ao
Evangelho com toda a sua casa (Atos 16).

Ainda em Atos 16 temos a narrativa da célebre conversão do carcereiro de Filipos. Impactado


pelo terremoto sobrenatural que aconteceu durante a prisão de Paulo e Silas, ele questionou a
ambos sobre como faria para ser salvo. E a resposta foi uma promessa de salvação tanto para
ele como para a sua casa.

"Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo tu e a tua casa.”

Atos 16.31

Na prática, o carcereiro ouviu a palavra junto com a sua família, toda a sua casa foi batizada e
ele se alegrou neste aspecto. Dessa forma, vemos o Evangelho redentor penetrando não
apenas na vida dos indivíduos, mas em famílias e grupos familiares inteiros. Em diversos
lugares na Bíblia temos o resultado de famílias inteiras servindo a Deus, como era o caso de
Filemon “PAULO, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, nosso
cooperador, e à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua
casa” (Fm 1,2), Priscila e Áquila “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus.
Saudai também a igreja que está em sua casa. (Rm 16.3,5) Cloé “me foi comunicado pelos da
família de Cloé” (1 Co 1.11) e Onesíforo “Saúda a Prisca e a Áquila, e à casa de Onesíforo” (2 Ti
4.19).

O PAPEL
DO CASAL
"Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria
mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.”
Efésios 5.31

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

150 MÓDULO
BELÉM
"Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o
homem, no Senhor. Porque, como a mulher provém do
homem, assim também o homem provém da mulher, mas
tudo vem de Deus.”
1 Coríntios 11.11,12

Um casal é uma unidade. Isto não pode ser alterado, não depende da vontade das partes, não é
opcional. Quando duas pessoas se unem no Senhor elas terão que responder diante de Deus
também como casal. Elas estão atadas entre si e os problemas de uma são problemas da outra,
assim como as bençãos de uma são as bençãos da outra também. Não é uma mera comunhão
de bens, mas uma comunhão de vidas diante de Deus.

A LEI MOSAICA E A PROTEÇÃO DA FAMÍLIA

"Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu


nome.”

Salmos 34.3

Dentro de um casamento cristão, o chamado de Deus abrange aos dois, independente do


papel que cada um terá dentro desse ministério. O homem não pode responder ao chamado
como se fosse solteiro. Ele não pode sair pelo mundo e descuidar da sua esposa e de seus
filhos. Não pode justificar suas negligências devido às suas responsabilidades no Reino de
Deus.

Da mesma forma, se uma mulher não aceita o chamado do marido não pode ficar agindo
como se ele não tivesse um ministério em suas mãos e achar que sua atitude vai livrá-la das
consequências. Suas vidas estão ligadas quer queiram quer não, quer aceitem quer não.
O casal tem que buscar a comunhão entre si. Deve tentar acertar as diferenças o mais rápido
possível. Do contrário, a comunhão com Deus e a vida espiritual será prejudicada.

“Igualmente vós, maridos coabitai com elas com


entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco;
como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que
não sejam impedidas as vossas orações”
1 Pedro 3.7

O PAPEL DO CASAL NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

"E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os
na doutrina e admoestação do Senhor.
Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o
ânimo
Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando
envelhecer não se desviará dele.”
Provérbios 22.6

Ao falar sobre a responsabilidade de educar os filhos, Paulo se dirige aos pais e não
simplesmente ao pai ou a mãe. Isto porque se trata de uma responsabilidade de ambos, onde
cada um tem a sua participação. Sabemos que homens e mulheres possuem características
acadcsad
SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 151
bastante próprias. Seu relacionamento com o filho tem muito a ver com sua maneira de ser.

Independente de temperamento ou de natureza, cada um dos cônjuges deve se ocupar com a


tarefa de preparar os filhos para uma vida correta. Através do exemplo, do conselho e da
disciplina deve transmitir a eles os valores corretos para o bom procedimento. Esta tarefa não
pode ser delegada à igreja, ao pastor, à escola ou à faculdade. Ela é uma tarefa inerente aos
pais. A eles cabe fornecer o necessário para um crescimento sadio. As demais instituições
envolvidas no desenvolvimento da criança são apenas complementares. Os pais são essenciais.

Antes, porém da formação intelectual e humana, aos pais cabe também a formação espiritual.
Deus nunca planejou que o temor de Deus fosse ensinado aos filhos pelo sacerdote ou pelo
pastor. Criar filhos no ensino e exortação do Senhor foi e será sempre um dever dos pais.
Mesmo na antiga aliança a Lei seria passada de uma geração a outra por intermédio dos pais:

“E estas palavras, que hoje ordeno, estarão no teu coração; E


as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua
casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.”
Deuteronômio 6.6-7

Além do ensino, cabe aos pais a disciplina dos filhos. Diversos textos do livro de provérbios
falam sobre o dever dos pais de aplicarem aos filhos a disciplina, isto é, o castigo como punição
dos erros dos filhos:

“Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a


vara, nem por isso morrerá.”
Provérbios 23.13

“O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama,
desde cedo o castiga.”
Provérbios 13.24

“Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não deixes


que o teu ânimo se exalte até o matar.”
Provérbios 19.18

“Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua


alma.”
Provérbios 29.17
Embora algumas correntes modernas abominem a ideia de punição às crianças, a Palavra de
Deus coloca isto de uma forma muito natural, cujo resultado é totalmente positivo. A ideia de
punição ao erro aplicada à criança tem o efeito benéfico de prepará-la para a vida futuro.
Tendo ciência de que o bem é recompensado e o mal é punido, a criança quando cresce evita
automaticamente o mal, pois sabe que isto resulta em dor ou em algum tipo de desconforto.

É importante, porém saber que quando a Bíblia fala de disciplinar aos filhos como meio de
educá-los ela não se refere a um castigo infligido sobre eles como forma de descarregar a ira e
a tensão nervosa. Isto está muito longe dos propósitos bíblicos. Se um castigo é aplicado com
raiva, rancor e maldade, ele não é um castigo bíblico. Somente é válido como meio de educar
csdca
SEMINÁRIO TEOLÓGICA

152 MÓDULO
BELÉM
quanto é feito com toda sobriedade e consciência, no pleno controle de suas faculdades e
visando um propósito pedagógico.

Outro ponto muito belo da palavra de Deus com relação à educação dos filhos é quando os
pais não devem dominar os filhos a ponto de irritá-los e levá-los ao desânimo. Quando uma
criança é continuamente criticada, acaba adquirindo uma baixa autoestima, sua autoimagem
fica danificada e ela sempre vê nos pais apenas instrumentos condenadores. Isto às vezes é tão
forte que esta imagem dos pais passa ser a imagem que ele tem de Deus. Há uma dificuldade
para compreender a graça de Deus e se relacionar com um Deus amoroso.

Uma das grandes heranças que um filho pode receber em sua vida são pais que se amam. O
pássaro construirá um ninho igual àquele onde morou. Pais unidos e ajustados gerarão filhos
unidos e ajustados. Ensine ao seu filho como é um lar e ele fará um igual.

Qualquer excesso que tenha havido com respeito à educação dos filhos não resulta da
aplicação dos princípios bíblicos, mas justamente do desvio destes. As Escrituras oferecem
sempre uma visão equilibrada, embora esta visão equilibrada muitas vezes venha a se chocar
com as ciências modernas, que aliás, estão constantemente em mutação.

O PAPEL DO SEXO NO CASAMENTO

Dentre os códigos legais da humanidade, os Dez Mandamento dados por Deus a Moisés no
Sinai são os mais conhecidos. São princípios simples, universais e vitais para a sobrevivência da
vida em sociedade. Sem uma obediência a estas regras é impossível a sobrevivência de
qualquer agrupamento humano.

Dos dez mandamentos pelo menos dois deles, isto é, um quinto, tem a finalidade de proteger
os laços familiares:

"Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria


mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido
pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a
mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio
corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o
marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no
a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por
consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes
ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que
Satanás não vos tente pela vossa incontinência.”
1 Coríntios 7.2-5

O sexo fora do casamento é sempre condenável, pois se trata de um ato desvinculado de


qualquer responsabilidade, seja para com a outra pessoa seja para com as vidas que possam
ser geradas.

Dentro do casamento, porém o aspecto é inverso. Ele se torna um tipo de obrigação, de ato
imperativo. Não que não possa haver abstinência, mas só é lícita quando se torna algo feito em
comum acordo. Quando é uma decisão unilateral se torna algo reprovável, como bem
demonstra a Palavra de Deus.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 153
Outrora, quanto menos um casal demonstrasse apego um pelo outro, mais santos seriam. Hoje,
a santidade desse amor tem sido resgatada dos preconceitos, para ser colocada como um
sentimento aprovado e desejado pelo Pai celestial. Amar nosso parceiro de uma forma sincera
e digna e demonstrar isto com todas as forças, passa a ser um dos propósitos de Deus para a
família.

E Cantares de Salomão tem muito a nos ensinar e nos dizer sobre isto. Com lições simples e
através dos quadros pintados com as palavras, somos capazes de ver o amor neste livro, não
para relegá-lo ao papel de metáfora ou para rejeitar seu conteúdo como perigosa
sensualidade, mas como um modelo a ser seguido por aqueles que querem ser felizes dentro
de seus casamentos.

A Bíblia em sua sabedoria faz do prazer conjugal algo que dever ser plenamente estimulado,
pois é uma garantia contra a infidelidade.

"Bebe água da tua fonte, e das correntes do teu poço.


Derramar-se-iam as tuas fontes por fora, e pelas ruas os
ribeiros de águas? Sejam para ti só, e não para os estranhos
contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a
mulher da tua mocidade. Como cerva amorosa, e gazela
graciosa, os seus seios te saciem todo o tempo; e pelo seu
amor sejas atraído perpetuamente. E porque, filho meu, te
deixarias atrair por outra mulher, e te abraçarias ao peito de
uma estranha?”
Provérbios 5.15-20

Todos nós sabemos que o mundo em que vivemos é repleto de licenciosidade, de luxúria e de
ofertas sexuais. Em sua Palavra, Deus estimula aos maridos a serem constantemente atraídos
fisicamente pelas suas esposas. Dessa forma evitarão que sua incontinência os leve à
infidelidade e destrua seu casamento.

Este princípio dado por Salomão é o mesmo que Paulo aplica na sua primeira epístola aos
coríntios. Como Corinto era uma cidade portuária, onde geralmente o desenvolvimento da
prostituição é muito grande, o apóstolo traz o casamento como uma maneira divina de afastar
o homem da prostituição e de suas consequências.

O sexo dentro do casamento, como uma criação de Deus tem pelo menos três propósitos
básicos:

A CRIAR INTIMIDADE PSICOLÓGICA

O termo “conhecer” na Bíblia referindo-se ao ato sexual é muito mais do que um eufemismo. É
na verdade uma descrição do efeito psicológico do ato conjugal. A banalização moderna do
sexo turva e muito esse aspecto de intimidade, de união de almas que ocorre. As Escrituras
usam uma expressão muito forte para descrever os resultados desse ato: “Por isso deixará o
homem ao seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher. E serão os dois uma só carne” (Gn 2.24).
Ainda em Malaquias 2.15 nós lemos:

"Não foi o Senhor que os fez um só? Em corpo e em espírito


eles lhe pertencem. E por que um só? Porque ele desejava uma
descendência consagrada. Portanto, tenham cuidado:
Ninguém seja infiel à mulher da sua mocidade.”

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

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BELÉM
Esta é a forma bíblica de mostrar que longe de significar um mero prazer passageiro ou uma
convenção social, o sexo no casamento se torna fonte de unificação do casal, fisicamente e
psiquicamente. Cria-se um unificador entre ambos, transforma dois indivíduos em uma
unidade composta.

Um bom ajuste nesta área pode significar um bom ajuste do casal em todas as áreas.
Normalmente, os casais que se dão bem sexualmente se dão bem em outras áreas e o
contrário também é verdade. Isto porque os efeitos vão muito além de um mero prazer físico.
Talvez porque o grau de intimidade que envolve uma relação pede que haja um bom
relacionamento também em outras áreas.

Das traduções existentes é a da linguagem de hoje, que melhor expressa essa verdade. “Depois
o Senhor disse: Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude
como se fosse a sua outra metade” (Gn 2.18). De tal forma Adão compreendeu isto, que a
descreveu como “carne de minha carne e ossos de meus ossos” (v. 23), uma parte de si mesmo,
uma intimidade perfeita, inigualável.

B GERAR DESCENDÊNCIA

A visão sobre a geração de filhos mudou muito através dos séculos. A obrigatoriedade de
sempre gerar descendentes através do século tem sido contestada tanto na teoria quanto na
prática. O “crescei e multiplicai-vos” tornou-se mais opcional do que normativo. Com a criação
dos meios contraceptivos, a possibilidade de sexo sem procriação é normal.

Independente disto, o sexo continua sendo o caminho determinado por Deus para a geração
de novos seres. Através de um relacionamento responsável e fiel, o ser humano dará
continuidade a outros seres humanos. Mesmo que hoje muitos optem por não gerar filhos ou
fazer isto em menor escala quando desejar, se toda a humanidade deixasse de gerar filhos isto
criaria um caos social. Já existem dificuldades em certos países, onde os governos procuram
criar políticas de incentivo à procriação, pois a taxa de natalidade é muito pequena, e o
crescimento vegetativo é zero ou negativo. Mas o sexo continua sendo o único caminho criado
por Deus para a procriação.

C GERAR PRAZER

Mas ainda existem conceitos não plantados por Deus que precisam ser arrancados. O sexo é o
meio de procriação, assim como o comer é o meio da nutrição. Todavia este maravilhoso Deus
deu sabor aos alimentos e paladar à língua, de modo que comer não é apenas uma
necessidade, mas um prazer. O mesmo acontece com a reprodução. O homem pode
reproduzir-se de forma prazerosa e agradável.

Além dos preconceitos, o egoísmo muitas vezes tem impedido casais de terem harmonia neste
ponto. Cada um só olha para sua própria satisfação. Aqui o egoísmo torna-se um fator de
corrosão. Na maioria das vezes, o homem sacia seu desejo sem se preocupar com a satisfação
da esposa. Ou a esposa simplesmente não está com vontade, indiferente às necessidades do
marido. Negar-se sexualmente ao outro é pecado (1 Coríntios 7.3-5).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 155
É verdade que o parecer de Paulo com respeito ao casamento é negativo. Todavia, o ponto em
discussão não é a pecaminosidade do prazer sexual e sim tudo o que envolve a instituição
casamento. Para alguém devotado como ele, que buscou uma dedicação plena ao Senhor, o
casamento representava uma distração, no sentido de algo que desviava o ser humano de seu
propósito maior – servir a Deus. “E digo isto para proveito vosso; não para vos enlaçar, mas para
o que é decente e conveniente, para vos unirdes ao Senhor sem distração alguma” (7.35), que
impedia uma melhor consagração a Deus.

O casamento obrigava o cristão a dividir sua devoção a Deus e ao cônjuge: “E bem quisera eu
que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao
Senhor; Mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher. Há
diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser
santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como
há de agradar ao marido. (7.32-34). O casamento também traria certos tipos de conflito,
possivelmente de ordem de relacionamento, dos quais o apóstolo queria livrar seus
destinatários. “Mas, se te casares, não pecas; e, se a virgem se casar, não peca. Todavia os tais
terão tribulações na carne, e eu quereria poupar-vos”. (7.28).

Qualquer pessoa casada sabe das dificuldades de relacionamento dentro do matrimônio. Não
existe uma crítica ao sexo dentro do casamento neste texto paulino. Para ele, o casamento é a
solução divina para o impulso sexual. Apenas adverte que há outras consequências que
aqueles que decidem se unir devem estar cientes e dispostos a enfrentar.

O PAPEL
DO HOMEM
"Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo
amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a
santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula,
nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres,
como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se
a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne;
antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja;
Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus
ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá
a sua mulher; e serão dois numa carne.”
Efésios 5.25-31

Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas.

O primeiro dever do homem para com sua esposa não é dominá-la e sim amá-la. O mundo
moderno tem erroneamente contestado o papel de liderança do homem no casamento, da
mesma forma como contestam a disciplina aplicada às crianças pelos pais. Tentam fazer um
nivelamento que não é bíblico.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

156 MÓDULO
BELÉM
O erro nestes casos está em se basear nos desvios de conduta e não na aplicação de princípios.
Existem pais que abusando do poder sobre os filhos os maltratam, bem como alguns maridos
maltratam suas mulheres física e psicologicamente por um desvio de comportamento e não
por adotarem algum tipo de padrão bíblico.

O papel de liderança masculino é sancionado na Palavra de Deus. Essa, contudo, jamais


autorizou maus tratos ou agressões de qualquer tipo. Na verdade, o Novo Testamento pede aos
maridos que amem as suas esposas. Como este amor será expresso é feito através de uma
comparação com o amor de Cristo por sua Igreja, para deixar aos leitores um exemplo perfeito.

Abordar isto teologicamente é importante, pois com certeza o mundo sempre vai querer
padronizar a todos. Quem está fora dos seus critérios é discriminado. As famílias cristãs já
possuem seus princípios bem estabelecidos e não dependem de argumentações sociológicas
ou psicológicas para definirem suas vidas.

"E não sede conformados com este mundo, mas sede


transformados pela renovação do vosso entendimento, para
que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus.”
Romanos 12.2

Somos uma espécie de contracultura neste mundo, porque jamais o cristão se deixa guiar
pelos padrões do mundo.

RENÚNCIA A FAVOR DA ESPOSA

Muitos fingem que não sabem ou agem como se não soubessem. Por isso faço questão de
ensinar um novo significado para casar – renunciar. O filosofo Jean-Paul Sartre disse que
“Escolher é renunciar”. Escolher viver com e para o outro, e renunciar viver apenas com e para
si. Não apenas uma renúncia definitiva, uma vez na vida, no dia da assinatura no cartório ou da
cerimônia na igreja, mas uma renúncia cotidiana, em que as formas de pensar e sentir como
eu, são substituídas por nós.

Este é um dos primeiros pontos no qual Jesus se tornou exemplo para os maridos – uma
renúncia da própria vida em favor de sua Igreja. Ela passou a ser sua ocupação desde que se
assentou à destra de Deus nos céus.

Da mesma forma, os maridos cristãos são convidados a viverem em função de suas esposas.
Como já vimos, o amor ao Senhor não isenta nenhum homem de se dedicar à sua esposa, pois
isto já está pressuposto na decisão de casar-se. Nenhum homem é obrigado a casar-se. Pode
optar por viver sozinho. Contudo, uma vez tendo se casado deverá dedicar a esposa a atenção
devida.

LIDERANÇA ESPIRITUAL

Ao homem cabe a liderança espiritual. Ele é o sacerdote do lar. Como Jó na Antiga aliança
fazia intercessão por todos os seus filhos, o homem precisa tomar para si esta
responsabilidade. Independente dos dons e talentos que Deus tenha conferido à sua esposa e
cosidcunasdi
SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 157
aos demais membros de sua família, é ao homem que cabe conduzir espiritualmente sua casa.
O fato de uma mulher ser agraciada com um ministério expressivo não isenta o homem de
exercer essa liderança.

O homem é colocado por Deus como o cabeça da mulher. Esta expressão bíblica equivale a
dizer que ele é o líder da mulher. Esta autoridade do marido sobre a esposa tem efeitos
espirituais também. A lei mosaica demonstra tal poder de autoridade que o marido poderia
até mesmo anular o voto da esposa (Num 30.3-15).

O pensamento moderno se choca com a teologia bíblica acusando de tornar a mulher um ser
subjugado. Mas a Bíblia não diz que o homem deve subjugar a mulher e sim que deve amá-la.
É a mulher quem deve se submeter ao homem voluntariamente. E a intenção neste aspecto
não é inferiorizar a mulher e sim protegê-la. A sociedade moderna pode ter dado papéis
diferentes às mulheres, mas não podem de modo nenhum anular as leis espirituais ou os
preceitos bíblicos.

GARANTIR PROTEÇÃO

O homem é o sexo forte, o agressor, de um certo modo. A proteção cabe a ele de um modo
geral. Essa proteção pode ter aspectos físicos, econômicos, sociais, psicológicos ou espirituais.
Mas a ele cabe garantir o bem-estar de sua família de uma maneira geral.

Nada impede uma colaboração por parte da esposa em todos estes elementos. Todavia ele é o
gestor do processo.

PROVISÃO

O mundo moderno, onde as mulheres foram trabalhar fora deixando os filhos em casa gerou
muitos problemas. Não há dúvida de que a renda familiar melhorou em muitos lares, mas isto
não significa que a qualidade de vida tenha aumentado proporcionalmente. A ausência
materna gerou carência, que sem dúvida tem se tornado visível no desequilíbrio geral por
parte da adolescência, como gravidez precoce, drogas e violência.

Todos sabem que muitas vezes o trabalho feminino é necessário, pois o marido sozinho não
consegue suprir as necessidades do lar. Mesmo neste caso jamais deve o homem se isentar
desta responsabilidade. Não é bíblico que um homem permaneça em casa cuidando dos filhos
enquanto a mulher trabalha fora para sustentar o lar. Quando são apontados casos atuais para
provar que a vida familiar pode assumir este contorno, nada mais estão fazendo do que
apontar a exceção que confirma a regra. O marido é quem alimenta e sustenta a mulher e seus
filhos assim como sustenta sua própria carne e assim como o Senhor alimenta e sustenta a sua
Igreja.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

158 MÓDULO
BELÉM
O PAPEL
DA MULHER
"Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é
a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De
sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim
também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.”
Efésios 5.22-24

Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor

Submissão não é anulação, nem subjugação, nem domínio inescrupuloso. A submissão bíblica
da esposa ao marido não é algo que ele deva impor sobre ela, mas algo que ela deve impor
sobre si mesmo. Este respeito a uma autoridade superior é a mesma que deve existir dos filhos
para os pais, do empregado para o seu empregador, do cidadão para com os seus governantes,
dos crentes para com seus pastores. Até mesmo Jesus, embora sendo igual ao Pai submeteu-se
a ele para cumprir os propósitos divinos. (Fp 2.5-10)

Quem estranha o fato de a mulher ser submissa ao homem, deveria também estranhar as
demais submissões, o que dificilmente acontece. As pessoas geralmente compreendem que
sem um mínimo respeito às autoridades é impossível ter um mundo bem ordenado e um
mínimo de convívio social tranquilo. A família é uma microssociedade, um micro-organismo
social que compõe a sociedade em seu todo. É a célula. Portanto, não há nada que seja
reprovável na exigência de submissão da mulher.

Por outro lado, submissão não significa que a mulher se despersonalize ou se anule. Apenas
indica que ela tem uma função diferente dentro do corpo familiar. Assim como o homem
possui diversas autoridades sobre ele e se adapta satisfatoriamente a elas, também pode ser
assim no casamento. Mesmo submissa, a mulher tem o direito de falar quando discordar de
algo, tem direito de ser ouvida em sua opinião e ser plenamente respeitada em tudo. Mulheres
cristãs sábias se submetem aos seus maridos e mesmo assim tem plena participação nas
decisões do lar. Isto porque não buscam impor-se sobre ele, mas entendem que é sua
ajudadora e auxiliar.

A MULHER EM SEU LAR

"TODA mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba


com as próprias mãos.”
Provérbios 14.1

Este é um dos versículos mais famosos de Provérbios que fala sobre a mulher. Embora sempre
se conteste que um homem sábio também edifica a sua casa e um tolo também a derruba, a
verdade é que este versículo reflete muito bem o peso feminino no lar. É sobre os ombros dela
que um lar progride ou não, avança ou não. Por mais que o homem seja o cabeça, é a atitude
da mulher que o fará bem-sucedido ou não.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 159
O texto de Provérbios 31 é clássico quanto à descrição de uma mulher virtuosa. Talvez alguns
até julguem que através dele uma grande carga é jogada nas costas dela. Mas este é um texto
poético. Sua intenção é descrever uma mulher ideal e toda mulher cristã tem o anseio de ser
uma mulher ideal. A passagem fornece diversos pontos que retratam uma mulher em seu
pleno valor. Atentar-se a ele fornece excelente padrão a ser seguido.

Segundo ele a mulher virtuosa:

A TEM A CONFIANÇA DE SEU MARIDO:

11. O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de
despojo.

12. Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.

B AJUDA NAS QUESTÕES FINANCEIRAS E É TRABALHADORA:

13. Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.

14. Como o navio mercante, ela traz de longe o seu pão.

15. Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a
tarefa das servas.

16. Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de
suas mãos.

17. Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços.

18. Vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.

19. Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca.

24. Faz panos de linho fino e vende-os, e entrega cintos aos mercadores.

25. A força e a honra são seu vestido, e se alegrará com o dia futuro.

C AJUDA AOS NECESSITADOS:

20. Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado.

D TEM UMA CASA BEM CUIDADA:

21. Não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de
escarlata.

22. Faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura.

27. Está atenta ao andamento da casa, e não come o pão da preguiça.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

160 MÓDULO
BELÉM
E CONQUISTA RESPEITO PARA O SEU MARIDO:

23. Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra.

F TEM SABEDORIA NO FALAR:

26. Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.

G TEM O RESPEITO DE SEUS FILHOS E DE SEU MARIDO:

28. Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido


também, e ele a louva.

29. Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais
excelente!

SUA BELEZA ESTÁ PRINCIPALMENTE NO SEU


H RELACIONAMENTO COM DEUS E NO SEU TEMOR A ELE:

30. Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor,


essa sim será louvada.

31. 31 Dai-lhe do fruto das suas mãos, e deixe o seu próprio trabalho louvá-la
nas portas.

O PAPEL
DOS FILHOS
"VÓS, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque
isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro
mandamento com promessa; Para que te vá bem, e vivas
muito tempo sobre a terra.
Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é
agradável ao Senhor.
O tolo despreza a instrução de seu pai, mas o que observa a
repreensão se haverá prudentemente.
O filho sábio alegra seu pai, mas o homem insensato despreza
a sua mãe.”

Os filhos devem aos seus pais não apenas obediência e submissão, mas também honra. A
Bíblia deixa claro que a benção do Senhor seguirá aos obedientes, e implicitamente diz que a
maldição virá sobre o que desonra seus pais. "Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto
é justo. Honra a teu pai e tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te
vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra" (Ef.6:1-3). Há um texto bíblico que deixa claro o
aspecto da maldição sobre os que desonram seus pais: "A quem amaldiçoa a seu pai ou sua
mãe, apagar-se-lhe-á a lâmpada nas mais densas trevas" (Pv.20:20).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 161
Honrar os pais não é algo que se faz apenas com palavras, mas principalmente com a conduta:
"O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é a tristeza da sua mãe" (Pv.10:1). Os filhos
devem aprender a valorizar seus pais como pessoas e por sua missão: "Coroa dos velhos são os
filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais" (Pv.17:6). "Ouve a teu pai, que te gerou, e não
desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer" (Pv.23:22).

Muitos jovens não veem a hora de sair do jugo dos pais. Na adolescência começam a
vislumbrar uma maior liberdade e a sujeição aos pais lhes parece um sofrimento. A
emancipação é aguardada como se fosse a liberdade de uma prisão, mas isto não passa de um
engano psicológico. A Bíblia diz que “Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
Assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele” (Lm 3.27,28).

Mesmo emancipado não significa que o homem não deva mais honrar aos seus pais. Ouvi-los
será sempre um grande privilégio, pois eles sempre buscarão o seu bem e o aconselharão com
esta intenção.

Há duas promessas relacionadas à obediência deste mandamento de honrar pai e mãe. Uma
delas é a promessa de uma vida bem-sucedida – Para que te vá bem – que é uma expressão
bíblica de prosperidade. Lembrando que não se trata necessariamente de uma prosperidade
financeira, mas de uma vida feliz. Aqueles que procuram de fato valorizar quem Deus colocou
sobre eles, terá a garantia de um viver satisfatório.

A segunda promessa está relacionada com longevidade – Para que vivas muito sobre a terra –
uma vida longa. Talvez se fosse feita uma estatística sobre a vida das pessoas idosas seria
possível perceber que a obediência a este mandamento tem efeitos verdadeiramente práticos.
Talvez fosse possível constatar através dos números que todos aqueles que honraram de
coração a seus pais experimentaram uma vida longa e feliz, sendo o contrário também
verdade, isto é, filhos rebeldes viram seus dias sendo infelizes e escassos.

É importante que os filhos cristãos reconheçam a importância de obediência aos pais. Não se
deve obedecer aos pais apenas por querer agradá-los, mas principalmente para agradar ao
Senhor. "Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor" (Cl.3:20).
Faz parte do discipulado cristão e além de tudo isto guarda em si promessas de bençãos.

MARIDO, ESPOSA E FILHOS

Ainda é muito importante falar sobre uma hierarquia de valores dentro da escala do amor
cristão. Temos dentro da família dois pontos de ligação: o marido com a esposa e estes com os
filhos. Os dois primeiros são ligados entre si por uma aliança voluntária. Os filhos são ligados
aos pais por descendência.

O primeiro laço é voluntário e produz uma unidade espiritual, como já vimos, com suas
diversas finalidades e propósitos. Embora tenhamos casamentos desfeitos, isto não se trata de
padrão, mas de exceção derivada da dureza do coração humano, conforme ensinou Jesus.

"Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua


mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois,
mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

162 MÓDULO
BELÉM
o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés
dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés,
por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu
repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.”
Mateus 19.5-8

Assim o primeiro elo feito pelo livre arbítrio foi criado para uma existência permanente.
Marido e mulher são ligados pela lei até que a morte os separe.

"Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele


viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre
da lei do marido.”
Romanos 7.2

O segundo elo é, de certo modo, involuntário. Os filhos não escolheram sua própria família,
mas estão ligados a ela pelo nascimento. Apesar do dever de honrar aos pais por toda a vida,
eles estão destinados a se desligarem de seus genitores em algum momento de suas vidas e
formarem seu próprio lar. Os filhos na verdade têm um elo que em algum momento se partirá,
ainda que não totalmente, para constituir um outro núcleo.

“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o


seu galardão. Como flechas na mão de um homem poderoso,
assim são os filhos da mocidade”
Salmos 127.3,4

ASPECTOS PARA UMA


VIDA FAMILIAR SAUDÁVEL
"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as
pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a
sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu,
porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve
estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao
homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E
desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”
Mateus 7. 24-27

A vida familiar saudável requer a prática de certos princípios. O mero conhecimento deles não
é suficiente para garantir a solidez do lar. Desenvolver uma vida familiar saudável requer muito
esforço e tempo. A Bíblia não somente ensina que Deus criou a família, como também ensina
que Deus estabeleceu princípios de funcionamento.

Uma família bem ajustada é requisito básico para um bom desenvolvimento da vida espiritual
e da vida eclesiástica também. Dentre os requisitos para alguém assumir o episcopado, Paulo
coloca pontos relacionados à vida familiar.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 163
"Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma
mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para
ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de
torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não
avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus
filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém
não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja
de Deus?)”
1 Timóteo 3.2-5

A FAMÍLIA E A OBEDIÊNCIA A DEUS

Assim sendo, cuidar da família também é obra de Deus. É nela que o caráter e a vida espiritual
serão desenvolvidos ou fracassarão. É importante saber distinguir momentos diferentes na vida
de um crente em Cristo. Existem sim diversas passagens onde a família parece ser um estorvo
para o discipulado de Cristo:

"Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e


mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua
própria vida, não pode ser meu discípulo.”
Lucas 14.26

"Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz,
mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra
seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E
assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem
ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e
quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de
mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não
é digno de mim”
Mateus 10.34-38

"E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa


que primeiro eu vá a enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou:
Deixa aos mortos o enterrarem os seus mortos; porém tu vais e
anuncias o reino de Deus. Disse também outro: Senhor, eu te
seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em
minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do
arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.”
Lucas 9.59-62

Teríamos uma contradição muito difícil de resolver se porventura quiséssemos justificar um


descuido para com a família baseado no nosso dever de obedecer a Deus. A Bíblia é a primeira
a estabelecer e solidificar a família e não a destruí-la. A questão envolvida nestas passagens se
refere ao amor a Deus em primeiro lugar, um mandamento conhecido a muitos.

Em primeiro lugar na vida de um cristão está seu relacionamento com Deus. Todos os seus
outros relacionamentos devem ser pautados colocando Deus no topo da lista. Após Ele então
vem nossa família, isto é, a mulher e depois os filhos. Em seguida vem a obra de Deus que não
deve ser confundida com o próprio Deus.

As Escrituras são muito claras em criticar aqueles que se descuidam de sua família e até
mesmo aqueles que justificam a negligência familiar com suposta obediência a Deus:

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

164 MÓDULO
BELÉM
"Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente
dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.”
1 Timóteo 5.8

"E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para


guardardes a vossa tradição. Porque Moisés disse: Honra a teu
pai e a tua mãe; e quem maldisser, ou o pai ou a mãe,
certamente morrerá. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser
ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é
Corbã, isto é, oferta ao Senhor; Nada mais lhe deixais fazer por
seu pai ou por sua mãe, Invalidando assim a palavra de Deus
pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis
semelhantes a estas.”
Marcos 7.9-13

A não ser que um familiar se interponha entre nós, não devemos de forma alguma descuidar
dele. Se ele está servido a Deus juntamente conosco nos cabe cuidar dele dentro dos padrões
estabelecidos dentro da Palavra de Deus.

COMUNHÃO PERMANENTE COM DEUS

Assim sendo, cuidar da família também é obra de Deus. É nela que o caráter e a vida espiritual
serão desenvolvidos ou fracassarão. É importante saber distinguir momentos diferentes na vida
de um crente em Cristo. Existem sim diversas passagens onde a família parece ser um estorvo
para o discipulado de Cristo:

"Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor,


escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram
vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos
amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa
serviremos ao Senhor..”
Josué 24.15

A vida espiritual da família precisa ser cultivada diariamente. Muitas famílias perderam a
perspectiva das coisas celestiais simplesmente porque os alvos financeiros e profissionais
foram colocados acima dos propósitos divinos e espirituais. Alcançaram altos patamares
econômicos e prestígio em prejuízo do testemunho cristão. Deuses do materialismo e da
soberba tomaram o lugar do Deus vivo.

Um lar vai estar bem solidificado se alicerçado nos ensinos da Palavra de Deus. Talvez quando
as coisas estão bem não seja possível discernir quão importante é o viver cristão dentro de um
lar. Mas quando as crises chegam se torna visível a importância de uma vida pautada na
obediência aos princípios divinos.

"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as


pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a
sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu,
porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas
minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem
insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a
chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”
Mateus 7.24-27

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MÓDULO
BELÉM 165
PRIORIZAÇÃO DA FAMÍLIA

Quando o trabalho, hobbies, amizades ou mesmo atividades eclesiásticas roubam o tempo e a


atenção a família, significa que algo está fora dos eixos. A solidez do lar vai determinar a solidez
de tudo o mais e, portanto, deve haver uma manutenção constante, uma constante
preocupação com a situação familiar.

Alguém já disse que nenhum sucesso compensa o fracasso no lar. As famílias não somente são
responsáveis pela situação presente da sociedade, como também das gerações futuras. Logo,
priorizar a família é priorizar a própria existência em sociedade e o bem-estar dos indivíduos.
Enquanto a família se mantiver sólida, tudo o mais se manterá sólido.

É importante acrescentar um ponto na questão da priorização. Em primeiro lugar nas nossas


vidas está Deus e nosso relacionamento com ele. Em segundo lugar está nossa esposa ou
esposo, depois nossos filhos, depois nossa família da fé e depois nossos familiares e, por fim, os
não crentes. Muitos têm danificado seu relacionamento familiar colocando a Igreja antes da
família. Por fim não conseguem ter um testemunho sólido dentro da Igreja porque sua vida
familiar está afetada. Essa troca de valores tem prejudicado a muito.

Como já foi mostrado, o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que o estado de solteiro permite
um serviço ao Senhor livre dos embaraços familiares naturais. Todavia, se você optou por casar-
se não pode querer realizar a obra de Deus como se isto não fosse fato em sua vida. Deve servir
a Cristo da melhor maneira possível dentro de sua realidade familiar.

RESPEITO MÚTUO

"A RESPOSTA branda desvia o furor, mas a palavra dura


suscita a ira.”
Provérbios 15.1

"O coração do justo medita no que há de responder, mas a


boca dos ímpios jorra coisas más.
É melhor morar num canto de telhado do que ter como
companheira em casa ampla uma mulher briguenta.”
Provérbios 21.9

"O filho insensato é uma desgraça para o pai, e um gotejar


contínuo as contendas da mulher.”
Provérbios 19.13

"A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que o


envergonha é como podridão nos seus ossos”
Provérbios 12.4

Intimidade e amizade não autorizam de modo algum a falta de respeito. Nada nos dá direito
de desrespeitar pessoa alguma, muito menos nosso cônjuge. O casal cristão que quer
solidificar seu lar precisa manter sempre o respeito ao outro, tratá-lo sempre com a educação
devida.

Nada melhor para adoçar o amargor do dia a dia, do que um falar suave. Elogios, “cantadas”,
scasvf
SEMINÁRIO TEOLÓGICA

166 MÓDULO
BELÉM
brincadeiras sadias, exortação carinhosa, são formas de usar a boca para abençoar o
casamento. Sem falar em palavras comuns, como “Por favor” e “Obrigado” e “Com licença”, que
muitos julgam ser dispensáveis, são de enorme importância para que o respeito seja mantido.

Se a maledicência é condenada em qualquer circunstância, que dizer de maridos e esposas


que falam mal um dos outros às pessoas? De casais que se agridem verbalmente e se ofendem
com acusações contínuas e palavras duras? O casal cristão vai sempre respeitar seus limites e
por isso vai procurar falar da maneira certa e na hora certa quando for resolver suas
pendências.

DEMONSTRAÇÃO CONTÍNUA DO AMOR

A demonstração de amor e carinho não é algo exclusivo ao período de namoro ou ao noivado,


mas deve acompanhar a família por toda a vida. Temos que pensar que o amor conjugal é
tema de todo um livro das Escrituras e que a vida familiar é tema de todo um Salmo (128).
Mesmo que a sobrevivência e a vida financeira lancem grandes encargos sobre o lar, jamais se
deve renunciar à boa convivência e de uma vida familiar pautada por amor e carinho

"Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande


tesouro onde há inquietação. Melhor é a comida de hortaliça,
onde há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio.”
Provérbios 15.16,17

"É MELHOR um bocado seco, e com ele a tranquilidade, do que


a casa cheia de iguarias e com desavença.”
Provérbios 17.1

"Melhor é morar só num canto de telhado do que com a


mulher briguenta numa casa ampla.”
Provérbios 25.24

COMPANHEIRISMO

Deus não gostou de ver o homem só. Fez-lhe a mulher. E esta quando foi feita, já tinha
companhia. Não precisavam, nem deveriam mais estar sós e sim a sós sobre a terra, foram
criados um para o outro. Mulher não é objeto de cama e mesa, mero acessório utilitário. É o ser
humano que Deus colocou ao lado do homem para lhe fazer companhia.

O casal cristão que deseja se dar bem e criar solidez deve se tornar boa companhia um para o
outro. Devem ter um procedimento agradável. Ninguém sente prazer na companhia do crítico,
do debochador, do resmungão, do cara fechada, do pessimista, do frustrado, do revoltado.
Preferiremos o sótão e o deserto, a viver com uma mulher reclamadora e amarga.

Temos que nos preocupar em ser boa companhia, pessoas agradáveis “...ele é totalmente
desejável” (5.16), ombro onde o outro poderá descansar. “Gosto de estar com você”.

Quantos maridos não desabafam com suas esposas, porque sabem que serão criticados.
Quantas mulheres preferem as amigas porque estas são mais compreensivas. Não precisa ser
assim. Homem e mulher devem acreditar que podem ser o melhor amigo um do outro e a
melhor companhia um do outro.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 167
APOIO MÚTUO

Mais do que pensamos, nossa opinião tem peso enorme aos olhos de nosso cônjuge. Ele
sempre quer ter nosso aval, nosso carimbo de aprovado. Embora a hierarquia divina coloque a
mulher sob a autoridade do marido, esta precisa sentir que antes de qualquer pessoa, sua
esposa o aprova. Aliás, em muitos casos ele só precisará do apoio dela e estará disposto a
enfrentar a oposição de quem quer que seja.

Da mesma forma, o marido é o avalista da mulher. Se ele só sente prazer em menosprezar as


dificuldades dela é um tolo. Ele tem que acreditar na capacidade dela e fazê-la segura disto.
Encorajado pôr ele, ela irá bem mais longe e melhor. São como o triângulo cuja base é Deus e
onde cada lado é o sustento do outro. A figura fica então perfeita.

A competição é tolice. Muitos casais vivem querendo provar que um é melhor do que o outro.
Isto não vem de Deus. Ele criou para o homem uma auxiliar não uma rival. Casar-se para
competir tem tanto sentido como dois lutadores entrarem no ringue para se casar. Eles
precisam se conscientizar de que a vitória de um é a vitória do outro, assim como a derrota de
um é a derrota do outro. Apoiando-se mutuamente os dois crescerão em todos os sentidos. Do
contrário, os dois sucumbirão. Não pense que caindo um, o outro se elevará. A relação de
interdependência é muito forte para que isto aconteça.

CONCLUSÃO

Após analisarmos uma boa parte daquilo que Deus nos ensina em sua Palavra com respeito à
vida familiar, é impossível não reconhecer o quanto ele se preocupa com este fator em nossas
vidas. É uma parte da existência do homem sobre a terra que ele muito preza pois sabe que
não seria possível viver neste mundo sem esta instituição, da mesma forma que sem a solidez
desta não existe um bom desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.

“A lei do Senhor é perfeita” (Sl 19.7) e nós imperfeitos. No salmo 119.96 está escrito: “A toda
perfeição vi limites, mas o teu mandamento é amplíssimo”. Por isso o padrão de Deus descrito
na Bíblia vai nos parecer muitas vezes inatingível. Deus, porém, não poderia dizer menos do
que disse, não poderia exigir menos que a perfeição de nós, mesmo sabendo que não
haveríamos de cumprir plenamente. Mesmo assim, sem um padrão, sem um paradigma de
comportamento, como iríamos caminhar?

Há uma tarefa muito grande diante de nós quando se trata de família. Talvez nem mesmo nos
sintamos capazes de cumpri-la. E é aí que reside o poder de Deus. Ele por sua graça nos
capacitará a fazer a sua vontade, a cumprir os seus propósitos. Conhecer o caminho é parte da
jornada, ainda que não seja a própria jornada. Uma das promessas de Deus a Abraão foi que
através dele, Ele abençoaria todas as famílias da terra (Gn 12.3). De certa forma, o termo família
adquiria um sentido muito mais amplo, querendo dizer as “etnias da terra”. Porém, tomando-a
literalmente podemos dizer que não somente nós como indivíduos estávamos inclusos no
plano de salvação elaborado por Deus desde a eternidade, mas ainda a nossa família.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

168 MÓDULO
BELÉM
CADERNO DE
EXERCÍCIOS
VIDA FAMILIAR

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
VIDA FAMILIAR
Anotações

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MÓDULO
BELÉM 171
VIDA FAMILIAR
Anotações

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BELÉM
VIDA FAMILIAR
Anotações

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MÓDULO
BELÉM 173
VIDA FAMILIAR
Anotações

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174 MÓDULO
BELÉM
VIDA FAMILIAR
Exercícios

1. Sobre família e Escrituras podemos dizer:

a. Família é um assunto presente em toda a Bíblia Sagrada

b. Não há nada sobre família nas Escrituras

c. Família é apenas um conceito social e nada mais

d. Biblicamente falando, não devemos nos preocupar com isso

2. A origem da família é descrita no livro de:


a. Gênesis c. Salmos

b. Jó d. Isaías

3. Ideologia que afirma que família é invenção da burguesia:


a. Positivismo c. Nazismo

b. Fascismo d. Marxismo

4. Dois mandamentos do Decálogo que protegem a família:

a. Honra teu pai e tua mãe e Não adulterarás

b. Não roubarás e não darás falso testemunho

c. Não cobiçaras e não roubarás

d. Nenhuma das respostas acima

5. Entre as finalidades da família está:

a. Criar uma convivência amorosa

b. Prover proteção

c. Multiplicação e perpetuação

d. Todas as respostas acima

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 175
OS EVANGELHOS
Exercícios

6. Exemplos de redenção da família no livro de Atos:

a. Estevão e Cornélio

b. João e Pedro

c. Eunice e Loide

d. Lídia e o carcereiro em Filipos

7. Que livro das Escrituras retrata o relacionamento romântico na vida conjugal:


a. Gênesis c. Isaías

b. Cantares de Salomão d. Miquéias

8. São objetivos do sexo no casamento:


a. Criar intimidade c. Produzir prazer

b. Gerar descendência d. Todas as respostas acima

9. Sobre o papel do homem no casamento:

a. O homem tem que exercer a liderança

b. O homem tem que proteger sua família

c. O homem tem que prover para o seu lar

d. Todas as respostas acima

10. Capítulo que apresenta um longo discurso sobre a mulher virtuosa:


a. Mateus 15 c. Salmo 13

b. Gênesis 16 d. Provérbios 31

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176 MÓDULO
BELÉM
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE
ISRAEL

INTRODUÇÃO

Este período se refere à História de Israel registrada no Velho Testamento. Israel e a figura
central em todos os 39 livros, mesmo quando estes livros fazem referência a outros povos,
fazem-no em sua relação com a nação eleita. A porção histórica do Velho Testamento, vai
desde o Livro de Gênesis até o Livro de Ester. Ainda que somente os livros de Josué a Ester
recebam o nome de “históricos”, o Pentateuco também contém inúmeras porções que podem
ser identificadas como história.

Os Livros Poéticos (Jó, Salmo, Provérbios, Eclesiastes e Cantares) e os Livros Proféticos, apesar
de conterem alguma porção histórica, foram escritos dentro do período abrangido de Gênesis
a Ester. Durou aproximadamente 1500 anos e por isso vamos subdividir este período em 6
outros períodos para melhor entendermos:

1. PERÍODO PRÉ-NACIONAL (Gn 12.1 – Ex 19)

Este período vai desde a chamada de Abraão em 2002 a.C. até seu estabelecimento na terra de
Canaã por volta de 1500 a.C. Durante este período não podemos dizer que havia uma nação no
sentido exato do termo. Para que haja uma nação são necessários pelo menos três elementos:
Um povo com uma cultura única, leis que o regulamentem e um território próprio. Estes
elementos foram se unindo no decorrer deste período até estarem completos.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 179
Não podemos dizer que Abraão, Isaque e Jacó formaram uma nação. Eles não passavam de
beduínos no deserto, indo de um lugar para outro. Mesmo os doze filhos de Jacó não passavam
de um grupo a mais naquele emaranhado de povos que era a Palestina da época. O povo só foi
se multiplicar e surgir de forma mais numerosa no Egito. Ali sua cultura e costumes foram se
definindo. Ao final de quatrocentos anos eram um povo numeroso, mas não uma nação. O
segundo passo só seria dado após sua libertação por Moisés.

No Sinai começava uma nova fase para este povo. Eles receberam a Lei. Não apenas o
decálogo, que se tornou padrão mundial. Receberam também toda uma legislação que
detalhava o decálogo, bem como outras instruções que regulamentavam a vida religiosa e
civil. Mesmo que o período no deserto pareça uma perda de tempo, foi ele quem possibilitou a
existência de um código que garantiria para sempre a existência de Israel como nação. Esta
Lei, de certa forma, tornou-se sua pátria.

Josué, sucessor de Moisés, ajudou a consolidar Israel. Liderou a tomada da terra, guerreando e
conquistando boa parte dela. Agora era um povo com cultura própria, leis próprias e em sua
própria terra.

2. PERÍODO TEOCRÁTICO (Ex 20.1 – 1 Sm 10.1)

Corresponde ao período que vai desde a tomada da terra por Josué até o estabelecimento da
Monarquia com Saul. É o período descrito principalmente no Livro de Juízes, embora seja
plausível afirmar que Moisés e Josué exerceram um governo teocrático durante o seu tempo.
Chamamos de teocrático porque não havia um governo definido. Não havia um homem
específico que poderia ser chamado de líder. O governo de Moisés também foi teocrático,
todavia, como vimos, não havia uma nação.

Os juízes foram homens e mulheres ungidos em ocasiões especiais e que serviam como
autoridade a quem o povo recorria nas dificuldades. Este período durou cerca de 430 anos. O
número de profetas apontados no livro de Juízes foram 12: Otniel de Judá, que livrou Israel dos
reis da Mesopotâmia, Eúde, que expulsou os moabitas e os Amonitas; Sangar, que matou 600
filisteus; Débora contra os cananeus; Gideão que expulsou os midianitas; Tola e Jadir; Jefté
que subjugou os Amonitas; Abesã, Aijalon e Abdon; Sansão grande perseguidor dos filisteus.

Este período foi caracterizado pelo caos (Jz 21.25). A falta de um governo central, forte e
definido, fez com que as transgressões se multiplicassem. A vida moral e religiosa da nação era
uma derrocada só. O culto a Baal e a astarte, eram muito atrativos pela sua sensualidade. Os
juízes tinham um campo de atuação muito restrito, geográfica e politicamente. Os capítulos
finais do livro de Juízes contam a história de um crime hediondo e da consequente guerra civil,
que serviu para ilustrar o período.

3. PERÍODO MONÁRQUICO UNIFICADO (Ex 20.1 – 1 Sm 10.1)

Não demoraria muito e o povo estaria reivindicando um rei para si. Samuel, o último e maior
de todos os juízes é levado por Deus a ungir a Saul, benjamita, como monarca de Israel.
Abrange o período de três reis: Saul, Davi e Salomão, desde o ano 1040 a.C. até 920 a.C. Foi o
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SEMINÁRIO TEOLÓGICA

180 MÓDULO
BELÉM
Período Áureo de Israel. Durante este tempo, Israel ainda era uma única nação e não duas
como aconteceu após a morte de Salomão.

Este foi um período de consolidação, que trouxe para Israel o status de nação. As conquistas
anteriores ganharam agora uma forma definida e os limites geográficos foram expandidos até
onde Deus havia prometido. Apesar da desobediência de Saul e do declínio de Salomão nos
seus últimos anos, o culto ao único Deus foi totalmente restabelecido e a situação religiosa
caótica do tempo dos Juízes terminou.

SAUL (1 SM 10.1 – 1 SM 31)

Foi ele o primeiro rei de Israel. Começou a organizar e solidificar a nação. Ele e seu filho Jônatas
guerrearam contra os diversos povos que ainda não haviam sido dominados e os derrotaram.
Mas Saul cometeu dois erros decisivos. O primeiro foi na guerra contra os Amalequitas. A
ordem de Deus era para exterminá-los completamente sem nada deixar. Todavia Saul
desobedeceu e não matou a Agague, bem como muitos animais. Por isto foi repreendido por
Samuel. Na segunda vez, como Samuel demorou, ele tomou para si o ofício sacerdotal, que
não era permitido ao rei e fez o sacrifício. Desta feita a repreensão de Samuel foi mais dura e
ele proferiu a sentença sobre Saul de que Deus já o havia rejeitado e escolhido outro rei em seu
lugar. Sua história está narrada no livro de 1º Samuel.

DAVI (2 SM 1 – 1 REIS 1)

Sucedeu a Saul após sua morte. Havia já conquistado grande respeito após ter derrotado
Golias e se destacado como chefe militar. Mas o ciúme de Saul o obrigou a fugir para o deserto
de Nobe, até a morte deste, quando então foi ungido rei pelo povo de Judá e depois por todo
Israel. Davi então sitiou e tomou Jerusalém, baluarte dos jebuseus, ampliando-a e fazendo dela
a capital. Subjugou as nações ao redor, estendendo seus domínios nos limites prometidos a
Abraão (Gn 15.18). Trouxe o Tabernáculo para a cidade, juntamente com a Arca da Aliança e os
demais utensílios. Após ter cometido adultério com a mulher de Urias, teve de enfrentar a
sedição de seu filho Absalão. Morreu aos 71 anos de idade, após reinar 40 anos e meio, sendo
sete e meio em Hebrom e 33 em Jerusalém. Como era cantor, deixou muitos salmos inspirados,
que vieram a ser uma das mais amadas literaturas do mundo. Sucedeu-o seu filho Salomão,
que teve com Bete-Seba.

SALOMÃO (1 RS 1 – 1 RS 11.43)

Este foi o ponto culminante do período. Salomão foi dotado por Deus de imensa sabedoria.
Através de alianças de casamento com filhas dos reinos ao derredor, tornou Israel um reino
próspero e respeitado. Construiu o Templo de Jerusalém que pode ser apontado como uma
das maravilhas do mundo antigo. Teve muita fama e muita riqueza. Deixou-nos muitos
provérbios, encontrados no livro de Provérbios, bem como o livro de Eclesiastes e Cantares de
Salomão. No final de seus dias, porém, as mulheres lhe perverteram o coração e ele construiu
templos idólatras e colocou imagens de escultura bem em frente ao Templo. A consequência
deste pecado, foi a divisão do reino.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 181
4. PERÍODO MONÁRQUICO DIVIDIDO (1 Rs 12 – 2 Rs 25.30)

Após a morte de Salomão o reino foi dividido. Dez tribos do norte separaram-se das duas tribos
do sul. O norte, com dez tribos, chamou-se Israel, tendo como capital a cidade de Samaria e
seu primeiro rei foi Jeroboão. O sul ficou conhecido como Judá, tendo como capital Jerusalém
e como governante Roboão, filho de Salomão.

Como veremos, o reino de Israel rapidamente apostatou do Senhor, passando a servir a Baal e
outros deuses, sendo completamente dominado pela idolatria. Sob o governo de Acabe, o
culto a Yaweh foi praticamente abolido do país, principalmente devido às instigações de sua
mulher, Jezebel. Foi neste período que surgiu o profeta Elias, ele fundou escolas de profetas e
deixou Eliseu como seu sucessor. Mas Israel nunca se emendou de seus maus caminhos e no
ano de 722 a.C. a Assíria cercou Samaria e retirou o povo da terra levando-os para o exílio. (2
Reis 17)

Judá, embora algumas vezes tenha falhado e desviado da Lei por conta da impiedade de
algum rei, permaneceu fiel por mais tempo. Por ocasião do ataque de Senaqueribe sobre a
capital Jerusalém, Judá foi poupado por sua fidelidade e do rei Ezequias (2 Reis 18). Mesmo
assim, não tardaria haver novas apostasias dentro do próprio Judá, como foi o caso do rei
Manasses. Por fim, Judá sofre ataques do rei da Babilônia, Nabucodonosor, em 607 a.C. e em
586 a cidade de Jerusalém é atacada, queimada e o Templo é destruído. Os objetos sagrados
do templo são levados para Jerusalém e o povo vai para o exílio na Babilônia, onde
permaneceu por 70 anos.

JUDÁ ISRAEL

Roboão (931-915 a.C.) – 1 Rs 14.21 Jeroboão 931-910 a.C.) – 1 Rs 14.20

Abião (915-912 a.C.) – 1 Rs 15.1,2 Nadabe (910-909 a.C.) – 1 Rs 15.25

Asa (912-870 a.C.) – 1 Rs 15.9,10 Baasa (909-887 a.C.) – 1 Rs 15.28-33

Josafá (870-850 a.C.) – 1 Rs 22.41,42 Ela (887-886 a.C.) – 1 Rs 16.8

Jorão (850-842 a.C.) – 2 Rs 8.16,17 Zambri (886-874 a.C.) – 1 Rs 16.10,15

Ocozias (842-840 a.C.) – 2 Rs 8.25,26 Anri (874-872 a.C.) – 1 Rs 16.22,23

Joás (840-803 a.C.) – 2 Rs 11.1-3 Acabe (872-854 a.C.) – 1 Rs 16.29

Amazias (803-787 a.C.) – 2 Rs 14.1 Ocozias (854-853 a.C.) – 1 Rs 22.51

Azarias (787-750 a.C.) – 2 Rs 14.21 Jorão (853-842 a.C.) – 2 Rs 1.17

Joatão (750-730 a.C.) – 2 Rs 15.32,33 Jeú (842-821 a.C.)

Ezequias (730-698 a.C.) – 2 Rs 18.1,2 Joacaz (821- 805 a.C.) – 2 Rs 10.36

Manassés (698-642 a.C.) – 2 Rs 21.1 Joás (805-790 a.C.) – 2 Rs 13.10

Amon (642-639 a.C.) – 2 Rs 21.19 Jeroboão (790-748 a.C.) – 2 Reis 14.23

Josias (639-609 a.C.) – 2 Rs 22.1 Zacarias (748-747 a.C.) – 2 Rs 15.8

Joacaz (609-608 a.C.) – 2 Rs 23.31 Selum (747-746 a.C.) – 2 Rs 15.13

Joaquim (608-597 a.C.) – 2 Rs 23.36 Manaém (746-737 a.C.) – 2 Rs 15.17

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

182 MÓDULO
BELÉM
Sedecias (597- 586) – Rs 24.18 Faceia (737-730 a.C.) – 2 Rs 15.23

Osée (730-722 a.C.) – 2 Rs 17.1

Em 586 a.C. Nabucodonosor destrói o


templo de

Jerusalém e leva os vasos do Templo 722 a.C. – Cerco de Samaria e Fim do


para a Reino de Israel

Babilônia

LIVROS
HISTÓRICOS
Nesta parte, veremos os livros chamados Históricos. Trata-se de vários livros que narram a
história do povo de Deus, Israel. É a história transmitida por meio dos fatos, e por tais a Divina
Revelação da Verdade. É especialmente importante compreender as narrativas históricas de
Israel, porque nelas aprendemos o modo que o Senhor se revela e age. Ação que preparou o
mundo para a vinda de Cristo Jesus.

São chamados livros Históricos uma categoria de livros, como já assinalamos acima, que
narram os fatos da história de Israel, e de seus personagens (servos) principais. O que, em
verdade, é o relato dos feitos grandiosos de Deus por meio de Seus servos fiéis.

Os livros históricos são 12 ao todo.

Josué - Juízes - Rute - I e II Samuel - I e II Reis


I e II Crônicas - Esdras - Neemias - Ester.

Esses livros não pretendem dar uma história completa do povo de Israel desde o começo até a
volta do povo para Jerusalém. A intenção primária dos autores bíblicos foi a de mostrar que,
quando o povo obedecia a Deus, Ele o abençoava e protegia; mas quando eles lhe
desobedeciam e quebravam as suas leis, Ele os castigava. Isso porque Ele os tinha escolhido
para serem o seu próprio povo, por meio de quem ele abençoaria todos os povos do mundo
(Gn 12.1-3).

RESUMO DOS LIVROS HISTÓRICOS

JOSUÉ
1. Registro da conquista de Canaã sob a liderança de Josué e da divisão da
terra entre as doze tribos.

JUÍZES

2. História das seis servidões de Israel e das várias libertações da terra por meio
dos quinze juízes.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 183
3.
RUTE
A bela história de Rute, ascendente de Davi e de Jesus Cristo.

1º E 2º SAMUEL

4 e 5. História de Samuel, com as origens e os primeiros anos da monarquia em


Israel sob os reinados de Saul e Davi.

1º E 2 º REIS

6 e 7. História das origens do reino de Israel e mais tarde do reino dividido.


Aparecem as personalidades heroicas de Eliseu e Elias.

1º E 2º CRÔNICAS

8 e 9. Em grande parte, é o registro dos reinados de Davi, de Salomão e dos reis de


Judá até a época do cativeiro.

10. ESDRAS
Registro do regresso dos judeus do cativeiro e da reconstrução do Templo.

NEEMIAS

11. Relato da reconstrução dos muros de Jerusalém e do restabelecimento das


ordenanças sagradas.

ESTER

12. Relato de como os judeus foram salvos pela rainha Ester do complô
idealizado por Hamã. Estabelecimento da Festa de Purim.

PEQUENA CRONOLOGIA BÍBLICA

Período da Jornada no Deserto e Conquista de Canaã: 46 anos (Êx cap. 13 a Js cap. 24).

Tempo: do Êxodo à conquista de Canaã (1491-1445 a.C.).


Peregrinação no deserto: 40 anos (Nm 10.11 com Dt 2.14).
Passagem do Jordão: 1451 a.C.
Conquista de Canaã: 6 anos (1451-1445 a.C.).
Apogeu do Império Hitita: 1400 a.C.
Projeção dos gregos e colonização da Ásia Menor por eles.

Período da Teocracia: 345 anos (Jz cap. 1 a 1 Sm cap. 10) (Ver Juízes 11.26.)

Tempo: época dos Juízes até Samuel (1445-1100 a.C.)


Ministério de Samuel: 1100-1053 a.C. - cerca de 47 anos.
Egito: centro de cultura geral.
Projeção da Grécia. Destruição de Tróia: 1184 a.C.
Os navegantes exploradores fenícios chegam a Gibraltar: 1100 a.C.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

184 MÓDULO
BELÉM
Até aqui, a cronologia é por demais incerta. A época dos Juízes é uma das piores. (A partir do
período seguinte, a História já fornece dados mais seguros para cálculos).

Período do Reino Unido ou Monarquia: 120 anos (1 Sm cap. 11 a 2 Cr cap. 9).

Tempo: de Saul (1053) a Salomão (933 a.C.).


Saul: 1053-1013, reinado de 40 anos (At 13.21).
Davi: 1013-973, reinado de 40 anos (2 Sm 5.4).
Salomão: 973-933, reinado de 40 anos (1 Rs 11.42).
Assíria - império mundial: 900-607 a.C.

Período do Reino Dividido: 347 anos (1 Rs 12 a 2 Cr 36).

Tempo: de Roboão (933) a Zedequias (586 a.C.).


Reino do Norte (Israel): durou mais de 200 anos (933-721 a.C.).
Reino do Sul (Judá): durou mais de 300 anos (933-586 a.C.).
Início do cativeiro do Reino do Norte (Galileia): 734 a.C.
Cativeiro total do Reino do Norte: 721 a.C.
Início do cativeiro de Judá: 606 a.C. 1ª leva de cativos, inclusive Daniel. (Ver 2 Crônicas
36.6,7 com Daniel 1.1-3.)
Templo saqueado. Jeoaquim subjugado.
Segunda leva de cativos de Judá: 597 a.C. Nesta leva foi o profeta Ezequiel, o rei
Jeoaquim e 10.000 homens escolhidos (2 Rs 24.14-16). Mais tesouros do templo foram
levados.
Terceira leva de cativos: 586 a.C. Desta vez Nabucodonosor destruiu Jerusalém e
incendiou o templo, levando entre os cativos o rei Zedequias (2 Rs 25.8-12; Jr 52.28-30).
Roma é fundada: em 753 a.C.
Os fenícios dão volta à África: em 600 a.C.
Faraó Neco II tenta construir um canal ligando o mar Vermelho ao Mediterrâneo
utilizando 120.000 homens.
(Fato concretizado no Canal de Suez, no século passado.)
A Pérsia esmaga o Egito: 525 a.C.
Projeção dos estados gregos - Atenas e Esparta.

Período do Cativeiro e Restauração: 174 anos (2 Cr 36 a Ne 13).

Tempo: da primeira leva de cativos de Judá por Babilônia (606 a.C.), ao final do
registro da história bíblica (cerca de 430 a.C.).
Cativeiro: 70 anos.
Restauração: 104 anos.
Decreto de Ciro para a volta dos judeus do cativeiro: 536 a.C.
Reconstrução do templo: 536-516 a.C. (20 anos)
Deposição de Vasti: 482 a.C.
Ester, rainha da Pérsia: 478 a.C.
Ageu e Zacarias - profetas da restauração: 520 a.C. em diante
Esdras chega à província de Judá como sacerdote: 457 a.C.
Neemias nomeado governador: 445 a.C. Reedifica os muros e a cidade de Jerusalém,
em 444. Volta à Pérsia em 434. Retorna a Jerusalém em 432 a.C. (Ne 13.6).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 185
A MENSAGEM DOS LIVROS HISTÓRICOS

De início 1 e 2 Samuel eram um só livro, bem como Reis, Crônicas e Esdras-Neemias. A


Septuaginta, antiga tradução grega do AT, foi a primeira que dividiu os livros. A Vulgata Latina
e muitas outras traduções preservaram essa prática. A divisão hebraica desse livro só ocorreu
na idade média. A narrativa dos históricos percorre a história de Israel desde a conquista de
Canaã por Josué (cerca de 1400 a.C.) até a restauração dos judeus durante o período persa
(cerca de 400 a.C.). O cânon hebraico organiza os livros históricos de outro modo; consiste em
três divisões (Lei, Profetas e Escritos). Josué e Juízes (omitindo Rute), 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis
estão na segunda divisão, os profetas (dentro dessa divisão são denominados profetas
anteriores.

Josué
TEMA: A CONQUISTA DE CANAÃ

Israel está agora em condições de tomar posse de Canaã e cumprir sua missão de ser uma
testemunha para nações quanto à Sua unidade, e defensor de Sua Palavra e Lei. Nos livros
históricos, começando com Josué, veremos se Israel cumpriu ou não a sua missão. Josué é o
livro de vitória e de possessão, apresentando o quadro de Israel, outrora rebelde, agora
transformado num exército disciplinado de guerreiros, subjugando nações, que lhe eram
superiores em número e poder. O segredo de seu êxito não é difícil de conhecer — “O Senhor
pelejou por eles”.

Tomando a fidelidade de Deus como nosso pensamento central, poderíamos fazer um resumo
da mensagem de Josué nas palavras do capítulo 21:45: “Palavra, alguma falhou de todas as
boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel; tudo se cumpriu”.

JOSUÉ registra em parte as campanhas militares empreendidas por Josué na conquista da


terra prometida e termina com instruções detalhadas para a divisão da terra entre as tribos. É o
primeiro livro da Bíblia que traz o nome de seu personagem principal. Quando jovem Josué
serviu no Tabernáculo (Êx.33:11). Ele e Calebe foram os dois entre os doze espias que trouxeram
um relatório favorável (Nm.14:6-9,30). No final das peregrinações, Moisés foi divinamente
orientado para designar Josué como seu sucessor, por ser um “homem em que há o Espírito”
(Nm.27:18-23; Dt.1:38) e que, junto com Calebe, “perseveraram em seguir ao Senhor” (Nm.32:12).

Israel entrou na Palestina com uma promessa da terra, a presença do SENHOR, a lei do
SENHOR e a liderança de Josué. Com tudo isso, deveriam ter tido sucesso por toda parte, mas a
desobediência levou-os à derrota. Os acontecimentos aqui registrados talvez cubram cerca de
trinta anos. O livro ilustra o princípio de que o filho de Deus será envolvido no conflito com os
poderes do mal e com o próprio Satanás se ele sinceramente se empenhar em conquistar tudo
o que Deus lhe prometeu nesta terra (Ef.1:3;6:10-18). Apresenta Cristo como Capitão da Nossa
Salvação. A palavra-chave é POSSESSÃO e o verso chave é 1.3. Escrito por Josué, apresentando
a conquista de Canaã, no XIV século a.C.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

186 MÓDULO
BELÉM
De autoria indeterminada, todavia se crê na autoria de Josué, sucessor de Moisés. O Talmude
diz que Josué escreveu todo o livro com exceção dos últimos cinco versículos. Foi escrito
durante o tempo em que vivia Raabe (6:25).

É um livro de forte conteúdo da Revelação de Deus. É a narração da conquista de Canaã e de


como o povo se estabeleceu nela. O livro de Josué nos dá a mensagem poderosa de que Deus
cumpre Suas promessas.

Josué é uma espécie de “diário de guerra”. Nele são narradas as batalhas e a conquista da terra
de Canaã pelos exércitos israelitas. As vitórias e os fracassos relacionados com esta guerra são
narradas, bem como é feita uma descrição dos territórios e povos conquistados. O livro traz
ainda a divisão da terra feita por Josué, entre as doze tribos, e um discurso de exortação em
que ele estimula o povo a permanecer fiel ao Senhor.

ÊNFASE APOLOGÉTICA

Os vestígios arqueológicos relacionados com o livro de Josué são bastante significativos. Os


que dizem respeito à cidade de Jericó são muito relevantes, uma vez que esta é considerada a
cidade murada mais antiga do mundo. Achados arqueológicos identificam uma das
destruições que a cidade sofreu, por volta do tempo da conquista de Canaã, servindo de
confirmação para o evento narrado em Josué.

Em volta do livro de Josué também se criou um grande conflito relacionado com o milagre
narrado, onde diz que “o sol se deteve quase um dia inteiro”. Esta expressão foi considerada
durante muito tempo uma confirmação do sistema “geocêntrico”, isto é, a Terra era o centro do
universo. Quando os estudos dos astrônomos levaram a concluir que o Sol era o centro do
universo e a terra se movia, a inquisição católica mandou queimar na fogueira os que
discordavam da Bíblia. Isto levou muitos a uma rejeição das Escrituras, encarando seus versos
como errôneos e usando deste acontecimento para lançar descrédito sobre ela.

Todavia, cabe lembrar que a Bíblia não é um livro científico. Pôr do Sol e nascer do sol são
expressões comuns nas Escrituras e na linguagem coloquial. Alegar que ela está errada por
usar linguagem coloquial não-científica não é argumento suficiente para anular a infalibilidade
desta.

DIVISÃO DO LIVRO

1. A reivindicação obediente da terra (1.1-5.15);

2. A conquista da terra pela fé (6.1-12.24);

3. A distribuição vitoriosa da terra (13.1-21.45);

4. A vida de devoção na terra (22.1-24.28) e

5. O descanso com promessa na terra (24.29-33).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 187
CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

O livro revela alguns temas importantes para a teologia:

1. A vitória do povo de Deus pela conquista da terra prometida para mostrar a


todas a nações que Javé é Deus e só ele merece ser adorado (2.11,4.24),

2. O livro contém promessas para gerações posteriores que perderiam a terra por
cativeiro e dispersão, e

3. O povo de Deus entrará num descanso final pela fé em Jesus cristo (Hb 4.6-11).

Também as gerações futuras de Israel aprenderiam o preço da desobediência, quando os


assírios e babilônicos os dispersam da terra prometida, e por outro lado o valor da fidelidade
com Josué e Calebe.

LIÇÃO PRINCIPAL

A certeza do cumprimento dos propósitos divinos. Isto é claramente demonstrado:

Nos juízos sobre os cananeus devido aos seus grandes pecados;


Nos descendentes de Abraão, pelo fato de possuírem a terra de acordo com a
promessa de Deus, Gn 12:7.

TIPOLOGIA BÍBLICA

De acordo com uma concepção comum, a travessia do Jordão representa a morte, e Canaã, o
céu. Damos, a seguir, melhor analogia.

Canaã: tipo da vida cristã mais elevada, que deve se ganhar por meio de luta
espiritual, Rm 7:23.
Os cananeus: tipo de nossos inimigos espirituais, Ef 6:12.
A luta de Israel: tipo da luta da fé, 1Tm 6:12.
O descanso de Israel após a conquista (Js 11:23):tipo do descanso da alma,
Hb 4:9.
Os cananeus parcialmente subjugados: tipo dos pecados persistentes ainda não
vencidos, Hb 12:1.

PASSAGENS NOTÁVEIS

De acordo com uma concepção comum, a travessia do Jordão representa a morte, e Canaã, o
céu. Damos, a seguir, melhor analogia.

Deus anima Josué, 1:1-9.


Palavras de despedida de Josué, 23:1-16; 24:1-27.

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188 MÓDULO
BELÉM
Juízes
TEMA: DERROTA E LIVRAMENTO

Juízes é um livro de autor desconhecido, a palavra-chave é ANARQUIA e o verso chave é 21.25.


Escrito no século XI a.C., apresentando Jesus Cristo como nosso Juiz Libertador, descrevendo
derrotas e livramentos do povo de Deus.

Alguns sugerem que Samuel foi seu autor. O livro descreve como a desobediência pode trazer
resultados indesejáveis para um povo. Mostra também que Deus levantará um grupo de servos
fiéis em meio à desordem moral e espiritual. Neste caso, os Juízes.

JUÍZES recebe seu título do fato de registrar as atividades de doze homens e uma mulher,
chamados juízes e convocados por Deus para livrar Israel em períodos de declínio e desunião,
após a morte de Josué. Ninguém foi capaz de uma liderança igual à de Josué. O ciclo
quádruplo tão comum na história de Israel (rebeldia, castigo, arrependimento e restauração)
ocorre repetidas vezes, Josué é um livro de vitórias; Juízes é um livro de derrotas. Josué, o líder,
morrera, mas Deus permaneceu. Não havia necessidade de derrotas.

O livro trata de um longo período da história de Israel, entre a morte de Josué e os anciãos de
sua época, até o tempo de Samuel. Começa com a terceira geração de israelitas. Os que saíram
do Egito morreram no deserto, os seus filhos herdaram a terra e esta geração pode ser
considerada infiel ao Senhor. Constantemente se rebelavam contra Deus, voltando-se para os
cultos locais a Baal e a Astarote. Como consequência, eram oprimidos pelos inimigos e
clamando a Deus este lhes levantava libertadores, que eram chamados de Juízes. Ficavam fieis
até a morte do Juiz, quando então retornavam à idolatria e o ciclo recomeçava.

Os Juízes exerciam autoridade limitada pelo tempo (sua função não era hereditária), por isso
quando morriam o caos retornava. Também eram limitados pela geografia, pois sua jurisdição
não abrangia todas as tribos. Em Juízes 21.25 temos um resumo que retrata muito bem a
situação deste período.

Os juízes foram escolhidos entre diferentes tribos. Nem todos eles exerceram jurisdição sobre o
território de Israel inteiro; a influência de alguns foi local. Em alguns casos seus períodos de
administração provavelmente coincidiram.

O livro de Juízes, pela sua descrição de um período tão conturbado da história de Israel, serve
como testemunho para a fidelidade histórica das Escrituras. O fato de ter consciência e tomar
para si o título de povo escolhido, não o exime de apresentar suas fraquezas e o respectivo
castigo de Deus. Enquanto a história dos povos da antiguidade se preocupava em pintá-los
com as cores mais bonitas possíveis, no caso de Israel, seus escritos históricos apresentam uma
fidelidade narrativa impressionante, como no caso do livro de Juízes, onde sua infidelidade ao
seu Deus é mostrada de forma crua. Isto confere credibilidade ao livro.

Certos elementos que surgem no livro, como o possível sacrifício da filha de Jefté (Cap 11); o
aisuxhaisuxhais
SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 189
ídolo de Mica (cap 17) e o abuso de uma mulher pela tribo de Benjamin, apenas confirmam
que as ideias morais e religiosas estavam um completo caos, não pela falta de uma Lei, pois
com certeza possuíam a mosaica, mas por falta de um poder executivo que impusesse a
prática em todo o território nacional e criasse a unidade necessária para isto (21.25).

DIVISÃO DO LIVRO

1. A desobediência espiritual na terra (1.1-3.6),

2. A destruição política na terra (3.7-16.31) e

3. A depravação moral na terra (17.1-21.25).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Como o Senhor da história, Deus era livre para escolher qualquer pessoa para atuar como
libertador. Do ponto de vista humano, as escolhas divinas são surpreendentes: um assírio
(Eúde), uma mulher (Débora), um covarde proveniente de uma família insignificante (Gideão),
o temerário filho de uma prostituta (Jefté) e um mulherengo (Sansão). O pecado precisa de
governo que imponha a moralidade (os Juízes); quando não havia rei cada uma fazia o que
achava certo.

MENSAGENS ESPIRITUAIS

O fracasso humano e a misericórdia e libertação divinas.


O poder da oração que, nas emergências, se converte em verdadeiro clamor a
Deus.
Observe a repetida declaração de que os israelitas “clamaram” ao Senhor.

ESTUDO DE PERSONAGENS

Débora, a patriota
Gideão, o valente poderoso.
Jefté, o homem do voto precipitado.
Sansão, o forte fraco.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

190 MÓDULO
BELÉM
Rute
TEMA: O PARENTE REMIDOR

A bela história de Rute é considerada uma gema literária. É um dos dois livros da Bíblia em que
uma mulher é a personagem principal — Rute, moabita que se casou com um hebreu, e Ester,
judia que se casou com um rei não-judeu.

O livro de Rute também é de autor desconhecido, escrito no século XI A.C., onde o Senhor
Jesus Cristo é apresentado como Nosso Parente Resgatador. A palavra-chave é REMIDOR, o
verso chave é 4.14.

O autor foi possivelmente Samuel. É uma belíssima história de como Deus preservou seu povo.
É também um livro que demonstra o valor da mulher na obra e plano de Deus.

EM RUTE os acontecimentos apresentados são contemporâneos da primeira metade de Juízes.


Em contraste com esse período de lutas e derramamento de sangue, encontramos este idílio,
reconhecido pela literatura mundial como uma obra-prima de narração. O livro, entretanto, é
mais do que um quadro da vida pastoral; pois, por trás da história da fidelidade de Rute, há
explícitas implicações da obra redentora de nosso Senhor. Boaz, o parente remidor, aponta
para Cristo; Rute representa aqueles que entram na nova vida através da confiança nele. É
significativo que Boaz e Rute sejam mencionados na genealogia messiânica (Mt. 1:5).

A historicidade do livro de Ruth é confirmada no Novo Testamento. Seu nome entra na


genealogia de Jesus (Mt 1.5), como sendo a bisavó de Davi e uma das ancestrais do Messias.
Não podemos ignorar também o fato de que Davi, ao fugir da perseguição impetrada pelo rei
Saul, foi se esconder nas terras de Moabe. Sua descendência de família moabita lhe garantiria
certa segurança naquelas terras.

Vemos neste livro também aplicadas muitas leis constantes em Deuteronômio, como a lei do
levirato, dos respingos das colheitas aos pobres e da remissão das terras pelo parente mais
próximo. Isto é um testemunho a favor da autoria mosaica de Deuteronômio, uma vez que os
críticos dizem que este seria do tempo de Josias e já vemos a aplicação destas leis no período
de Juízes.

DIVISÃO DO LIVRO

1. A opção de fé (1.1-22),

2. O desafio na fé (2.1-23),

3. Uma reivindicação pela fé (3.1-18) e

4. Um filho por causa da fé (4.1-18).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 191
CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Por sua fidelidade, integridade e amor, os personagens de Rute espalharam o caráter de Deus.
Eles servem como lembrete de que a vida das pessoas piedosas é um poderoso testemunho do
amor sacrificial de Deus. O livro mostra Deus agindo por trás da situação na vida de pessoas
comuns, transformando aparentes tragédias em alegria e paz.

1º Samuel
TEMA: A HISTÓRIA DE SAMUEL, SAUL E DAVI

1º Samuel também é um livro de autor desconhecido que apresenta Jesus Cristo como Nosso
Rei. A palavra-chave é REINO e o verso chave é 10.25. Escrito no século X a.C., onde se destacam
as pessoas de Samuel, Saul e Davi.

O autor é desconhecido. São três os possíveis autores: Samuel, Saul e Davi. O livro narra uma
parte importante da história de Israel, que foi o final do período de Juízes e o início do reino.
Destacam-se também o chamado e ministério do profeta Samuel, um dos mais importantes
ministérios proféticos de toda a história bíblica. A mensagem de I Samuel tem seu foco na
eficácia e importância da oração.

PRIMEIRO e SEGUNDO SAMUEL constituem um só livro na Bíblia Hebraica. Embora I Samuel


comece com a vida de Samuel, fala mais de Davi do que de Samuel. O livro registra a vida de
Samuel, a vida de Saul, unção de Davi e os primeiros anos de sua vida.

Samuel, descendente de Levi, era sacerdote e profeta. Às vezes ele é citado como o iniciador da
ordem profética, como em Atos 3:24: “E todos os profetas, a começar com Samuel, assim como
todos quantos depois falaram” (comp. Atos 13:20; Hb.11:32). A carreira de Samuel forma a ponte
que liga os juízes com o estabelecimento do reino davídico.

A historicidade do livro é confirmada pelo próprio Jesus (1 Sm 21.1-6); que se utiliza da


passagem de Davi e seus companheiros comendo o pão devido aos sacerdotes, para quebrar o
cerimonialismo árido que havia envolvido a guarda do sábado em seus dias (Mt 12.3,4).

Por narrar o início do poder executivo em Israel, o livro retrata a superioridade de Deus sobre
os falsos deuses das nações (1 Sm 5); a reprovação de Deus à idolatria (1 Sm 7).

Algumas passagens deste livro têm sido distorcidas nos tempos modernos. Entre as mais
comuns está o episódio de Saul e a feiticeira (cap 28), onde supostamente Samuel, já morto,
teria aparecido à Saul e falado a respeito de sua morte. Isto de fato seria uma incoerência, uma
vez que Deus não havia falado de modo legítimo com Saul (1 Sm 28.6) e não escolheria de
modo algum um meio proibido pela própria lei (Dt 18.9-14).

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

192 MÓDULO
BELÉM
Outra passagem maliciosamente distorcida nos tempos modernos, tem sido a amizade de
Davi com Jônatas, filho de Saul (1 Sm 18.1-4). Embora o texto não faça nenhuma afirmação
homossexual evidente, este tem querido distorcer as palavras, dando-lhes uma conotação
homossexual para tentar justificar práticas condenadas em toda a Escritura.

DIVISÃO DO LIVRO

1. A liderança justa de Samuel (1.1-7.17),

2. A rejeição do desobediente Saul (8.1-15.35) e

3. A ascensão do fiel Davi (16.1-31.13).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Os cristãos devem respeitar os que Deus escolheu para serem líderes do seu povo, Davi
mostrou respeito a Saul porque era ungido de Deus. Deus é o verdadeiro líder do seu povo,
nenhum líder pode tomar o lugar dele. Nenhum líder cristão está acima de Palavra de Deus.
Deus quer um povo que lhe agrada (13.14).

MENSAGENS ESPIRITUAIS

A oração, elemento dominante na vida de Samuel.

Nascido em resposta à oração, 1:10-28.


Seu nome significa “pedido a Deus”, 1:20.
Sua oração trouxe libertação em Mispá, 7:2-13.
Sua oração quando Israel insistiu em ter um rei, 8:21.
Sua oração incessante pelo povo, 12:23.

Cinco desvios da lei divina que resultaram em sofrimento

1. Poligamia, 1:6.

2. Indulgência paterna, 2:22-25; 8:1-5.

3. Confiança em objetos sagrados, 4:3.

4. Impaciência, 13:8,9.

5. Obediência parcial, cap. 15.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 193
2º Samuel
TEMA: O REINADO DE DAVI

O livro 2º Samuel, cuja autoria é desconhecida, continua apresentando Jesus Cristo como
nosso Rei. A palavra-chave é REINO e o verso chave é 7.4-17. Descreve o reinado de Davi, escrito
também no século X a.C.

Mostra os fatos dos primeiros anos do reino em Israel. Demonstra especialmente a unção de
Davi como rei e seu ministério em Israel. Davi, governante ungido por Deus, é o personagem
central do livro, que narra como este homem comum foi usado por Deus. Mostra também os
erros de Davi e sua restauração. A mensagem básica de II Samuel é que Deus possui um
propósito imutável. O Senhor chama e usa vasos para, por intermédio deles, cumprir Seus
eternos e amoráveis propósitos.

Segundo Samuel fala do reinado de Davi; o registro total de sua vida se estende de I Sm.16:12 – I
Rs.2:11.

Primeiro Samuel termina com a morte trágica de Saul, primeiro rei de Israel; Segundo Samuel
começa com a narrativa das lutas que precederam o estabelecimento do trono davídico em
Jerusalém. O livro registra as vitórias militares de Davi, seu grande pecado, sua fuga no período
da revolta de Absalão, seu retorno a Jerusalém e o seu pecado ao recensear o povo. A Aliança
Davídica é apresentada em 7:8-17.

Embora a duração dos acontecimentos de I Samuel não seja exatamente considerada, II


Samuel abrange um período de quarenta anos. Segundo Samuel tem sofrido ataques da alta
crítica por causa de alguns pontos aparentemente discrepantes.

A explicação sobre a morte de Saul dada pelo amalequita em 1.10, parece contradizer 2 Samuel
31.4,5. Todavia é fácil de entender que o suicídio de Saul não foi bem-sucedido e que o
amalequita apenas concluiu a morte dele julgando que com isto receberia uma recompensa
de Davi. Outra passagem que gerou críticas é 2 Samuel 21.19, onde diz que Golias foi morto
pelas mãos de El Hanan. É bem provável que se trate de um mero erro de copistas, uma vez
que em 1 Crônicas 20.5 diz que na verdade El Hanan matou o irmão de Golias.

É importante entender que os autores dos livros históricos lidaram com diversas fontes
diferentes e não uma única fonte. Os livros históricos ainda não desfrutavam no seu início da
mesma reverência dedicada à Lei Mosaica. Erros como este podiam acontecer.

A crítica que alguns fazem a respeito de narrativas aparentemente repetidas, alegando que se
tratam de uma obra com vários autores diferentes, não tem fundamento. A repetição de
narrativas, muitas vezes com detalhes diferentes, é um traço distintivo da técnica literária
hebraica.

Mas é fácil, mais uma vez, perceber o valor da fidelidade histórica deste livro, uma vez que um
asxasas
SEMINÁRIO TEOLÓGICA

194 MÓDULO
BELÉM
dos seus maiores heróis, Davi, não é poupado de ter seus pecados registrados em um de seus
livros sagrados.

Divisão do livro - 1. Deus estabelece o reino de Davi (1.1-10.19), 2. Deus disciplina o reino de Davi
(11.1-20.26) e 3. Deus preserva o reino de Davi (21.1-24.25).

Contribuição Teológica - Davi sofreu por seu pecado consequências a curto e longo prazo; seus
pecados, porém, não impediram o propósito salvador maior de Deus para ele e por intermédio
dele. Deus continua atuando por meio de pecadores arrependidos. Graças a Deus por Jesus
Cristo, nosso Senhor (Rm 7.25).

DIVISÃO DO LIVRO

1. Deus estabelece o reino de Davi (1.1-10.19),

2. Deus disciplina o reino de Davi (11.1-20.26) e

3. Deus preserva o reino de Davi (21.1-24.25).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Davi sofreu por seu pecado consequências a curto e longo prazo; seus pecados, porém, não
impediram o propósito salvador maior de Deus para ele e por intermédio dele. Deus continua
atuando por meio de pecadores arrependidos. Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor
(Rm 7.25).

PASSAGENS NOTÁVEIS

Generosidade de Davi para com Mefibosete, cap. 9.


A parábola de Natã, 12:1-6.
O salmo de ação de graças de Davi, cap. 22.

SITUAÇÃO ESPIRITUAL DOS REIS DE ISRAEL E JUDÁ

O diagrama mostra o nível moral da vida dos reis de Judá, cujo exemplo foi seguido pelo povo
— levando o reino à queda. Reis como Davi, Asa, Jeosafá, Joás, Jotão, Ezequias e Josias foram
gigantes espirituais, apesar de seus defeitos.

Devido a esses governantes, a nação ficou a salvo da destruição por um longo período. A
grande maioria dos reis, no entanto, como revela o desenho, não viveu no plano elevado da
justiça, mas desceu a pecados graves e à idolatria, trazendo o juízo divino que resultou no
cativeiro babilônico.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 195
1º Reis
TEMA: A DIVISÃO DO REINO UNIFICADO

O livro tem autoria desconhecida. Escrito por volta do VI século a.C. apresenta Jesus Cristo
como Rei, a palavra-chave é REALEZA e o verso chave é 2.12; 11.13. Trabalha a história de Israel e
Judá.

1º Reis narra a ascensão ao trono davídico do rei Salomão. Escolhido por Deus e por Davi,
Salomão empreende uma administração justa e próspera. Todavia, Salomão, na velhice, cede
ao mal e peca contra o Senhor. Destaca-se aqui o ministério abençoado do profeta Elias. A
mensagem de I Reis é que quando um justo governa o povo é abençoado. Salomão representa
o crente que busca no Senhor a direção para todos os assuntos da vida.

PRIMEIRO E SEGUNDO REIS eram originalmente um único livro. São apropriadamente


chamados de os Livros dos Reis porque registram os principais acontecimentos e as
características dos reinados dos reis de Judá e Israel desde a morte de Davi; até o final do reino
de Judá e a queda de Jerusalém. As três narrativas principais de I Reis falam do reinado de
Salomão, incluindo uma prolongada narrativa da construção do Templo; o ministério de Elias;
e o reinado de Acabe.

Os dezenove reis de Judá foram todos descendentes de Davi e reinaram 345 anos. Israel teve
dezenove reis e nove dinastias, reinando 210 anos, oito foram assassinados ou cometeram
suicídio. Judá teve frequentemente reavivamentos; o reino de Israel, nenhum.
A historiografia hebraica é teocêntrica, ou seja, os acontecimentos são vistos sob a perspectiva
da obediência a Deus. A ação deste nos eventos humanos é patente, exaltando e punindo,
repreendendo e elegendo. A intenção não é simplesmente narrar a vida dos reis, mas extrair
lições que podem ser aplicadas na vida diária.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

196 MÓDULO
BELÉM
A inspiração e veracidade histórica do livro de Reis é confirmada no Novo Testamento, pelo
amplo número de vezes em que este é citado, tanto por Jesus como pelos demais escritores
(Lc 4.25 c/ 1 Rs 17.9; Rm 11.2-4 c/ 1 Rs 19.10-14; Tg 5.17,18 c/ 1 Rs 17.1)

Neste livro, mais uma vez vemos a imparcialidade da historiografia hebraica, que não deixa de
registrar nem mesmo a apostasia de Salomão, um dos maiores vultos de sua história. Narra da
mesma forma a apostasia de seu povo e de seus reis.

Alguns pontos do livro tem sido alvo de controvérsia. A poligamia extrema de Salomão e de
outros reis tem servido de justificativa para alguns grupos e de base para crítica do casamento
monogâmico. Os que assim agem, fingem desconhecer que esse foi o motivo da queda de
Salomão. Sem falar que esta literatura não é normativa, mas informativa. Em nenhum lugar do
livro ocorre a aprovação ou o incentivo desta prática.

Outro ponto do livro, utilizado para justificar o uso de imagens, é o fato de Salomão Ter
colocado figuras em alto relevo. Mas é claro que há uma distância infinita entre as figuras
ornamentais do templo e as práticas idólatras passadas e presentes. O livro de Reis está longe
de ser um apoio para estas práticas

DIVISÃO DO LIVRO

1. A sucessão cruel de Salomão (1.1-2.46),

2. As riquezas de Salomão e sua ruína espiritual (3.1-11.43),

3. Judá e Israel dividem-se sob apostasia (12.1-16.34) e

4. Elias e Micaías, e os profetas de Deus (17.1-22.53).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Deus é fiel apesar do fracasso humano, ainda que sejamos chamados à obediência a nossa
esperança está na graça de Deus. Vemos essa graça mais clara em Jesus Cristo, o qual segundo
a carne, veio da descendência de Davi (Rm 1. 3).

PASSAGENS NOTÁVEIS

A sábia escolha de Salomão, 3:5-14.


A oração de Salomão na dedicação do Templo, 8:22-53.
O ministério de Elias, caps. 17, 18, 19; 21.
Chamada de Eliseu, 19:19-21.

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MÓDULO
BELÉM 197
2º Reis
TEMA: ISRAEL E JUDÁ

O livro também tem autoria desconhecida. Escrito no VI século a.C. apresenta Jesus Cristo
como Rei, a palavra-chave também é REALEZA e o verso chave é 2.12; 11.13. Trabalha a história
de Israel e Judá.

2º Reis é a continuação do primeiro livro. O livro narra o período da divisão do Reino em reino
de Israel e de Judá. O livro mostra, de modo inconfundível, que a degradação moral e social
está intimamente relacionada com o tipo de vida dos governantes. Reis de Israel idólatras e
imorais levaram o povo a pecar e se afastar do Deus único e verdadeiro.

A mensagem é clara; o pecado não traz consequências somente para quem pecou, mas
também para quem está ao redor do pecador.

PRIMEIRO E SEGUNDO REIS eram originalmente um único livro. Segundo Reis contém o
registro de duas grandes tragédias nacionais – a queda de Israel, o reino do norte, em 721 A.C.; e
a queda de Judá, com a destruição de Jerusalém, em 586 A.C. – como também a narrativa do
grande ministério de Eliseu. Durante o período registrado neste livro, Israel recebeu
advertências e exortações de Amós e Oséias, e diversos profetas se levantaram em Judá,
inclusive Isaías e Jeremias. Os Livros dos Reis terminam com o povo de Judá no cativeiro da
Babilônia.

Da mesma forma que 1 Reis, este livro também tem sua historicidade e inspiração confirmada
pelo uso que dele fizeram os escritores do Novo Testamento (Lc 4.27; c/ 2 Rs 5.14; Hb 11.35 c/ 2 Rs
4.35,36).

Alguns críticos gostam de negar a unicidade de 2 Reis, dizendo que ela é composta de duas
partes, uma anterior ao exílio na Babilônia e outra posterior a ela. Esta teoria, porém, se baseia
na negação de que o livro de Deuteronômio seja de autoria mosaica. Logo trata-se de uma
hipótese baseada em outra que pode ser considerada falsa.

Em termos apologéticos, o livro fornece um forte elemento contra a idolatria, uma vez que a
serpente de bronze (uma figura messiânica), criada por Moisés no deserto pela orientação de
Deus, foi destruída por Josias por ter se tornado instrumento de idolatria (2 Rs 18.4). Também a
narrativa de ascensão de Elias ao céu sem passar pela morte, é um argumento que
incontestavelmente anula sua alegada reencarnação em João Batista (2 Rs 2.11).

DIVISÃO DO LIVRO

1. Eliseu, o profeta de Deus (1.1-8.29),

2. O declínio e a destruição de Israel (9.1-17.41)

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

198 MÓDULO
BELÉM
3. A sobrevivência de Judá e os seus últimos dias (18.1- 25.30).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

O fim trágico das nações de Israel e Judá demonstra as terríveis consequências do pecado.
Entretanto, nenhuma catástrofe é tão grande que Deus não possa agir por meio dela, dando
esperança ao seu povo.

1º Crônicas
TEMA: A HISTÓRIA DO REINO DO SUL – JUDÁ
1º e 2º Crônicas, de autor (es) desconhecido (s), apresentam Jesus Cristo como Rei, a palavra-
chave é TEOCRACIA e o verso chave é 2Cr 15.2.

PRIMEIRO E SEGUNDO CRÔNICAS constituíam um só livro no cânon hebraico. Os dois livros


contêm muitos dos acontecimentos registrados em I e II Reis, sendo dedicados à história de
Judá desde a morte de Saul até o cativeiro da Babilônia. Foram escritos muito mais tarde do
que os Livros de Reis, possivelmente durante o cativeiro, e foram escritos, em grande parte, do
ponto de vista sacerdotal. Por causa disto, I Crônicas começa com o mais extenso conjunto de
registros genealógicos da Bíblia, cujo propósito é reunir todas as linhas da história da redenção
ao seu ponto focal, Davi. Muita ênfase foi dada à dedicação e cultos no Templo e ao ministério
de levitas.

A narrativa em I Crônicas de Judá sob o reinado de Davi e Salomão omite certos incidentes
incluídos em I e II Reis. O REINO DO NORTE (Israel) não é o que está sendo focalizado nos Livros
de Crônicas, exceto no que se relaciona a Judá.

Algumas porções deste livro são únicas nos registros históricos. Como por exemplo, Davi
preparando o material para a construção do Templo (22:1-5), as divisões do pessoal no
ministério do Templo (caps. 23-27) e a exortação final de Davi a Israel e a Salomão (caps. 28-29).

Apresentam descrições genealógicas e foram escritos no V século a.C. Crê-se que Esdras os
tenha revisado. I e II Crônicas se ocupam da história de Judá. Também faz uma espécie de
repetições do livro de Reis. Todavia demonstra fortemente a soberania de Deus sobre o povo
de Israel e sua história. Ademais, destacam-se o reinado de Davi e Salomão, vitórias e perdas de
Israel, declínio espiritual e avivamento. A mensagem de Crônicas é que o Senhor Deus não
perde o controle dos acontecimentos.

Alguns críticos têm feito questão de destacar as aparentes diferenças encontradas entre a
narrativa dos livros de Crônicas e as de Reis e Samuel. Mas uma análise mais detalhada explica
de forma satisfatória estas falsas discrepâncias.
SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 199
Tem se discutido amplamente também os erros numéricos existentes no livro. De fato, alguns
números apontados parecem fora da realidade. Isto, todavia, trata-se de erro de copistas, uma
vez que o sistema numérico hebraico era bastante complexo. Entretanto, isso não é
argumento suficientemente forte para anular o valor histórico do livro, muito menos sua
infalibilidade divina decorrente da inspiração.

DIVISÃO DO LIVRO

1. Genealogias: o plano redentor de Deus (1.1-9.44),

2. O plano redentor de Deus (10.1- 20.8),

3. O plano redentor de Deus para o culto (21.1-29.30),

4. O reino de Salomão e o templo de Deus (1.1-9.31),

5. Lições espirituais dos reis de Judá (10.1- 36.13) e

6. O templo de Deus e o decreto de Ciro (36.14-23).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

O primeiro livro de Crônicas reconhece que a maior realização de Davi foi espiritual, a
organização e a manutenção do culto no templo. O culto continua sendo o centro da vida
cristã.

No segundo livro de Crônicas o nosso Deus é um Deus de novas oportunidades, aquele que, por
intermédio de Jesus, oferece aos pecadores nova liberdade, a oportunidade de voltar para a
família dos salvos e novas oportunidades de servi-lo.

PASSAGENS NOTÁVEIS

A oração de Jabez, 4:10.


Davi derrama a água do poço de Belém, 11:17-19.
O salmo de Davi, 16:7-36.
Descrição do coro e da orquestra de Davi, cap. 25.
Última benção e oração de Davi, 29:10-19.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

200 MÓDULO
BELÉM
2º Crônicas
TEMA: A GRANDEZA DE JUDÁ

SEGUNDO CRÔNICAS começa com o conectivo “e”, indicando que é uma continuação da
narrativa histórica; pois I e II Crônicas formavam um único livro na antiga Bíblia Hebraica (o
Texto Masorético do V.T.). Segundo Crônicas registra diversas reformas, inclusive a mais extensa
narrativa de qualquer reavivamento na história bíblica – sob Ezequias, caps.29-31.

Este livro é citado indiretamente, quando Jesus fala de Zacarias morto entre o altar e o templo
(Lc 11.51). Isto era uma referência a 2 Cronicas 24.20,21. Lembrando que na Bíblia hebraica, a
ordem dos livros é outra e 2 Cronicas é o último. Por isso Jesus fez referência a Abel como o
primeiro justo e Zacarias como o derradeiro. Assim, ele confirmou a historicidade e inspiração
divina do livro.

Talvez o ponto mais controverso do livro de 2 Crônicas seja a citação de uma carta escrita pelo
profeta Elias para o rei Jeorão, referida em 21.12. Como por este tempo Elias já havia ascendido
ao céu, muitos supõem uma contradição óbvia. Todavia, deve ser levado em conta que é
apenas uma questão cronológica. Jeorão foi corregente com seu pai Josafá. Logo, não existe
dificuldade nenhuma de Elias Ter escrito esta carta antes de ser arrebatado

FATOS QUE SOMENTE 2º CRÔNICAS APRESENTA

O piedoso discurso de Abias, 13:5-12.


Asa esquece-se de Deus, 16:12.
Alianças insensatas de Josafá, 20:35.
A causa da lepra de Uzias, 26:16-21.
Cativeiro e libertação de Manassés, 33:11-13.

LIÇÕES ESPIRITUAIS

A preeminência da sabedoria, 1:7-12.


A glória do Senhor enche o Templo, 5:13,14.
O espírito de louvor torna invencível o povo de Deus, 20:20-25.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 201
Esdras
TEMA: A VOLTA DO REMANESCENTE

ESDRAS, Neemias e Ester concluem os livros histórico da Bíblia como se encontram na ordem
canônica atual. Ambos, Esdras e Neemias, são dedicados aos acontecimentos na terra de Israel
no período do retorno do cativeiro e anos subsequentes, abrangendo um período de
aproximadamente um século, começando em 541 A.C. A ênfase de Esdras é a reconstrução do
templo; de Neemias, a reconstrução dos muros de Jerusalém. Ambos os livros são longos
registros genealógicos, principalmente com o propósito de estabelecer os direitos sacerdotais
da parte dos descendentes de Arão.

Visto que, entre os capítulos 6 e 7, decorreu mais de meio século, os personagens da primeira
parte do livro já tinham morrido quando Esdras começou o seu ministério em Jerusalém.
Esdras é a pessoa que se destaca em Esdras e Neemias. Ambos os livros terminam com orações
de confissão (Esdras 9; Neemias 9) e uma subsequente separação do povo das práticas ímpias
em que caíram. Algo da natureza das mensagens encorajadoras de Ageu e Zacarias, que são
introduzidos nesta narrativa (5:1), pode ver-se nos livros proféticos que levam seus nomes.

Aqui Jesus Cristo é apresentado como Nosso Restaurador, a palavra-chave é RESTAURAÇÃO e


o verso chave é 1.5. Descreve a volta do cativeiro babilônico e foi escrito no V século a.C. Deus
usou reis pagãos e líderes fiéis para restaurar o seu povo pela reinstituição do culto no templo e
pela reativação da lei de Moisés.

Crê-se que o autor seja Esdras. Não obstante, não se pode afirmar com precisão.

O tema principal do livro é o regresso dos judeus do cativeiro Babilônico. Um regresso marcado
por um período de reconstrução moral, social e espiritual. Foi também neste tempo do
ministério de Esdras que o templo começou a ser reconstruído.

Uma mensagem de grande aplicação espiritual é sobre o poder da Palavra de Deus para
efetuar mudanças no homem e em uma nação. Esdras parece dizer a todos os seus leitores
que aqueles que confiam na Palavra seguirão reconstruindo suas vidas, suas histórias, seus
valores.

Houve algumas tentativas de negar a autoria e o tempo da composição deste livro pelos
críticos modernos. Essas tentativas foram realizadas tentando encontrar contradições entre o
livro de Esdras e As Antiguidades Judaicas do historiador Josefos. Todavia, se baseiam em
nomes encontrados no livro e que Josefos coloca como sendo de pessoas existentes em data
muito posterior. Os críticos não levam em conta que os nomes hebraicos são muito repetidos.
Em qualquer ponto de sua história é possível encontrar pessoas com o mesmo nome.

Pelo livro conter a ordem para a edificação do Templo de Jerusalém, os adventistas e outros
grupos têm tomado a data de 457 a.C., como sendo a saída de ordem para reconstruir
Jerusalém narrada em Dn 9.24. Com interpretações distorcidas, passaram a afirmar que a data

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

202 MÓDULO
BELÉM
para a vinda de Jesus estava marcada para 1844. Mas tudo o que envolve estas interpretações
se mostraram errôneas e o fato de se recusarem a admitir tal coisa, obrigou-os a criar outras
doutrinas antibíblicas.

DIVISÃO DO LIVRO

1. Zorobabel e a restauração do templo (1.1-6.22) e

2. Esdras e a reforma pela Lei (7.1-10.44).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

O livro de Esdras destaca as Escrituras como o princípio do governo para vida do povo de Deus.
Quando confrontados pela exigência da palavra de Deus, a exemplo da geração de Esdras,
deixamos de atingir os padrões divinos. Nosso arrependimento, porém, deve ir além do
remorso por uma falta moral e levar à realidade de uma vida transformada. O fato de Esdras ter
ordenado o divórcio das esposas estrangeiras, demostra que as exigências do verdadeiro
arrependimento e obediência à Palavra de Deus, às vezes, são dolorosas.

A OBRA LITERÁRIA E ESPIRITUAL DE ESDRAS

O livro de Esdras destaca as Escrituras como o princípio do governo para vida do povo de Deus.
Quando confrontados pela exigência da palavra de Deus, a exemplo da geração de Esdras,
deixamos de atingir os padrões divinos. Nosso arrependimento, porém, deve ir além do
remorso por uma falta moral e levar à realidade de uma vida transformada. O fato de Esdras ter
ordenado o divórcio das esposas estrangeiras, demostra que as exigências do verdadeiro
arrependimento e obediência à Palavra de Deus, às vezes, são dolorosas.

A OBRA LITERÁRIA E ESPIRITUAL DE ESDRAS

Atribui-se a ele a autoria de vários salmos, especialmente o salmo 119.


Antiga tradição atribui a Esdras a autoria de 1 e 2 Crônicas, mas isso não se
pode provar.
Associou-se com Neemias para iniciar um avivamento pelo estudo das
Escrituras, Ne 8.
Acredita-se que seja ele o criador da sinagoga e o compilador da maioria dos
livros do AT.

PASSAGENS NOTÁVEIS

A sublime confiança de Esdras na proteção divina, quando chamado a levar


valiosos tesouros através de lugares perigosos, 8:21-32.
A oração e confissão de Esdras pelo povo, 9:5-15.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 203
Neemias
TEMA: RECONSTRUÇÃO DOS MUROS DE JERUSALÉM

NEEMIAS registra os últimos acontecimentos históricos do A.T., indo até cerca do ano 430 A.C.
A profecia de Malaquias deve ter sido escrita alguns anos depois. Os personagens principais
deste livro são Esdras e Neemias. Embora o templo fosse reconstruído por Esdras, os muros da
cidade ainda estavam em ruínas por causa da indolência do povo. Onze vezes no texto ficou
registrado que Neemias estava orando.

O Senhor Jesus Cristo continua sendo apresentado como o Único Restaurador, a palavra-chave
é RESTAURAÇÃO, e o verso chave é 2.5. Com a narrativa da reconstrução dos muros de
Jerusalém.

Este fantástico livro de Neemias, cujo autor é desconhecido, nos fala da grandiosa
reconstrução dos muros de Jerusalém. Nos fala também de um dos maiores avivamentos
espirituais da história. É um prático manual de como empreender grandes obras para o Senhor
em favor do povo. O livro de Neemias nos agracia com um modelo de liderança espiritual
inestimável. Neemias, personagem central, é um líder espiritual autêntico e podemos aprender
muito, observando como ele superou os obstáculos à sua liderança e obra.

Como aconteceu com o livro de Esdras, o livro de Neemias também teve sua validade histórica
questionada. Estes questionamentos têm por base a comparação com os nomes dos reis no
livro e sua referência nos livros de história secular. Também há questionamento, com respeito
a palavras, que segundo os críticos, pertencem a um período muito posterior.

À medida que as pesquisas históricas e arqueológicas avançam, muitas destas dificuldades


vão sendo solucionadas. Um caso típico que exemplifica muito bem esta questão, é a
referência à palavra “dracma” que aparece m Neemias 7.71. Os críticos afirmavam que dracma é
uma moeda grega que não existia na época de Neemias. Mas estudiosos têm mostrado que já
havia comércio entre os gregos e Oriente Médio, no quinto século a.C.

DIVISÃO DO LIVRO

1. A reconstrução dos muros (1.1-7.73),

2. A leitura da lei (8.1-10.39) e

3. A reforma social (11.1-13.31).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Neemias ilustra o quanto pode fazer um leigo comprometido com uma vida de oração, com a
Palavra de Deus e com uma obediência ativa. Os que tentarem moldar a sociedade segundo as

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

204 MÓDULO
BELÉM
Escrituras enfrentarão oposições, como Neemias. Também serve como lembrete de que os
cristãos são necessários em posições de liderança, não apenas dentro da igreja, mas também
no governo civil.

Ester
TEMA: A PROVIDÊNCIA DIVINA

ESTER, o livro que conclui a seção histórica do A.T., registra acontecimentos que tiveram lugar
quando os judeus estavam cativos na Pérsia. Ester (o nome significa estrela) era uma jovem
judia que, como rainha da Pérsia, foi usada para livrar o seu povo de um massacre. O rei,
Assuero neste livro, era Xerxes, que reinou 486 a 465 A.C. (comp. Esdras 4:3-6, e nota no v.3).

O nome de Deus não foi mencionado no livro de Ester, nem há qualquer alusão ao livro no N.T.,
mas em nenhuma outra porção da Bíblia, a providência de Deus para com Seu povo fica mais
evidenciada.

Ester é o livro que apresenta Jesus Cristo como Nosso Advogado, a palavra-chave é
PROVIDÊNCIA e o verso chave é 4.14. De autoria desconhecida, destaca a providência de Deus.
Foi escrito no V século a.C.

Autor desconhecido. O livro de Ester, que não menciona o nome de Deus, tem ocupado um
lugar no Cânon (Livros Inspirados) por ser um elo entre o povo judeu antigo e dos tempos de
Cristo. Em outras palavras, os judeus seriam dizimados, todavia, milagrosamente, através de
Ester não houve um holocausto. Vê-se a mão de Deus por detrás da preservação de Seu povo,
poupando-o a fim de continuar a descendência, até chegar em Cristo.

Esta mensagem fica evidente. Deus não se esquece de Seu povo.

Tem se levantado muitas objeções contra o livro de Ester, novamente baseadas numa
comparação com a história secular. O fato de não fazer qualquer referência a alguma rainha
Ester tem sido frequentemente mencionado. Todavia é possível fazer paralelos interessantes
com as narrativas do livro de Ester e o livro do historiador Heródoto, sem esquecer que cada
povo costumava dar nomes diferentes a um mesmo personagem histórico.

Outras objeções têm sido levantadas ao lado destas, questionando certas referências
históricas do livro, que têm sido esclarecidas por novas descobertas arqueológicas. A maior
prova de sua historicidade, sem dúvida, é a milenar festa do Purim comemorada anualmente
pelos judeus até o dia de hoje.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 205
DIVISÃO DO LIVRO

1. A destituição de Vasti (1.1-22),

2. O decreto real para destruir os judeus (2.1-3.15),

3. Hamã ameaça Mordecai (4.1-5.14),

4. Mordecai derrota Hamã (6.1-7.10),

5. O decreto real em favor dos judeus (8.1-9.32) e

6. A promoção de Mordecai (10.1-3).

CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Como cristãos nosso poder e influência devem ser usados para propósitos corretos e não para
satisfação pessoal. O poder é uma dádiva de Deus para ser usado em benefício do seu povo e
da sua criação. A cidadania cristã exige envolvimento nas questões civis. Os cristãos de hoje
devem ser corajosos como Ester para se opor a toda desigualdade e abuso na sociedade.

CONCLUSÃO

A história é um dos elementos mais marcantes das Escrituras, sendo presente desde o primeiro
até o último livro. Mesmo as porções legais e proféticas apresentam conteúdo histórico. Da
mesma forma, a história de Israel apresenta elementos proféticos e éticos que tornam essa
uma história única.

Os doze livros que chamamos de históricos constituem um material único na história do


mundo e fornecem para nós inúmeros elementos essenciais para compreensão de Deus e seus
planos. À medida que lemos esse conteúdo, temos diante de nós o desenrolar dos planos de
Deus, não de uma maneira abstrata. De fato, grandes verdades divinas são apresentadas de
forma bastante concreta.

Além disso, são os livros históricos que fornecem o contexto cronológico e geográfico para a
maior parte do material profético. Dessa forma, podemos perceber toda a conexão entre os
diferentes livros das Escrituras. Os históricos podem nem sempre ser os preferidos, mas muito
de seu conteúdo é enriquecedor e orientador de todos os sentidos.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

206 MÓDULO
BELÉM
CADERNO DE
EXERCÍCIOS
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL
Anotações

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SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 209
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL
Anotações

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210 MÓDULO
BELÉM
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL
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VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL
Anotações

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212 MÓDULO
BELÉM
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL
Exercícios

1. Período Pré-nacional da história de Israel:

a. Dos dias de Abraão até o recebimento da lei

b. Do Êxodo até a entrada em Canaã

c. Período de Saul, Davi e Salomão

d. Nenhuma das respostas acima

2. Faz parte do Período Teocrático:


a. Gênesis c. Esdras

b. Juízes d. Neemias

3. Reis do Período Monárquico Unificado:

a. Uzias, Jotão e Ezequias

b. Josias, Amazias e Zacarias

c. Saul, Davi e Salomão

d. Davi, Salomão e Roboão

4. Os livros históricos correspondem aos livros:

a. De Josué a Esdras

b. De Josué a 2 Crônicas

c. De Josué a Ester

d. De Josué a Neemias

5. Principal mensagem do livro de Josué:


a. O cumprimento da Lei c. A importância da liderança

b. O papel da profecia d. A conquista de Canaã

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 213
VISÃO GERAL DA
HISTÓRIA DE ISRAEL
Exercícios

6. Faz parte do Período Teocrático:


a. Gênesis c. Esdras

b. Juízes d. Neemias

7. O Reino dividiu-se em dois no período de:


a. Salomão c. Roboão

b. Josué d. Uzias

8. Capitais do Reino do Norte e do Sul, respectivamente:

a. Belém e Nazaré

b. Jerusalém e Samaria

c. Siquém e Dã

d. Samaria e Jerusalém

9. Um dos sacerdotes mais importantes do período pós cativeiro babilônico:


a. Josué c. Esdras

b. Abias d. Neemias

10. Grau de parentesco entre Ester e Mordecai:


a. Primos c. Cunhados

b. Irmãos d. Nenhuma das respostas acima

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

214 MÓDULO
BELÉM
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS

INTRODUÇÃO

Teologia é uma palavra que tem sua origem no grego. Ela vem de theos = Deus e logia = estudo
ou discurso. Seria um discurso acerca de Deus, mais do que um estudo.

Existem dois sentidos em que a palavra teologia é empregada. Ela é empregada em um


sentido geral, um estudo das coisas de Deus. Esse estudo inclui a Bíblia, o pecado, o homem, os
anjos, as profecias da Bíblia, Jesus Cristo, o Espírito Santo e daí por diante. Tudo o que se
relaciona a Deus e às coisas de Deus.

Um outro sentido em que a palavra teologia é empregada se refere à pessoa do próprio Deus, o
Ser de Deus. Qual a natureza de Deus? O que é a Trindade? Como posso saber que Deus existe?
Essas são perguntas que são estudadas nesse segundo sentido da palavra teologia. Esse é o
nosso estudo aqui.

Conhecer a Deus é nossa principal tarefa. Existem dois caminhos que nós seguimos para o
conhecermos e compreendermos cada vez mais, ainda que jamais venhamos a conhecê-lo
completamente. Primeiro nós o conhecemos através da sua Palavra, a Bíblia. Ela nos diz como
Deus é.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 217
A EXISTÊNCIA
DE DEUS
Nosso primeiro assunto é Deus. Tudo o que vamos aprender é relacionado aos assuntos: Quem
é Deus e o que Ele fez ou faz.

Hoje um número cada vez maior de pessoas diz não acreditar na existência de Deus. São os
ateus. Eles dizem que se Deus não pode ser visto, ouvido ou tocado não há como provar que
Ele existe. Se não acreditam na existência de Deus, logo não acreditam também na Bíblia, nem
em Jesus Cristo.

De fato, a Bíblia não procura discutir sobre a existência de Deus. Ela já começa narrando como
se a existência de Deus fosse um fato que não pode ser colocado em dúvida. Assim lemos no
livro de Gênesis, capítulo 1 e versículo 1:

"No princípio Deus criou os céus e a terra.”


Gênesis 1.1

A Bíblia chama aquele que nega a existência de Deus de tolo:

"Diz o tolo em seu coração: “Deus não existe”.


Salmo 14.1

Mesmo que muitas pessoas hoje não acreditem em sua existência, o número pessoas que
acredita é muito maior. Até pessoas que não frequentam nenhuma igreja e nem praticam
qualquer religião, acreditam que Deus existe. E por quê? Porque certas coisas apontam para
um Ser Superior.

Algumas coisas que levam as pessoas a acreditarem em Deus são:

A CRIAÇÃO

Quando olhamos alguma coisa feita, a primeira coisa que nos perguntamos é: “Quem fez isto?”.
Imaginamos que se aquilo existe, só existe porque alguém o criou. Seja um quadro, um livro,
uma casa, uma cadeira, enfim, para algo existir precisa de um criador. Da mesma forma,
quando olhamos o mundo ao nosso redor, podemos concluir que há alguém muito grande e
poderoso que fez tudo isso.

O universo é muito grande e complexo. As estrelas, a lua, o sol, a terra, o mar, as plantas e os
animais não podem ter surgido do nada. Quando estudamos na escola física, química ou
biologia, vemos que as coisas funcionam dentro de certas leis. E para que uma lei exista é
preciso alguém para criá-la.

Mesmo que não houvesse igrejas ou religiões seria necessário buscar explicação de como tudo
se originou. Somente de observar o que existe somos levados a acreditar que há Alguém por
trás de tudo isso. Esse Alguém nós chamamos de Deus.

218
SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM
De fato, as Escrituras afirmam que a Criação é uma prova da existência de Deus, que através
dela podemos saber que Ele existe e podemos também perceber um pouco do seu grande
poder.

"pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles,


porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo
os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza
divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por
meio das coisas criadas, de forma que tais homens são
indesculpáveis.”
Romanos 1.19, 20

De fato, as Escrituras afirmam que a Criação é uma prova da existência de Deus, que através
dela podemos saber que Ele existe e podemos também perceber uMesmo que o vento seja
invisível, quando vemos árvores derrubadas e construções destruídas sabemos que foi ação do
vento. Ainda que não conheçamos a pessoa que fabricou o relógio que está na parede,
sabemos que existe um relojoeiro. Só isto pode explicar a existência do relógio.

Com Deus é da mesma forma. Ele não pode ser visto com nossos olhos, mas através das coisas
que Ele fez, através da sua criação, ficamos sabendo um pouco a seu respeito.

E se observarmos as coisas criadas em seus detalhes, vamos ficar ainda mais certos disso. A
criação traz certas características que apontam fortemente para um Criador.

EXISTE ORDEM NA CRIAÇÃO

Primeiro nós vemos que as coisas foram feitas com ordem. A Terra gira ao redor do Sol,
obedecendo a certas leis. A Lua por sua vez gira em torno da Terra, também obedecendo a
certas leis. As sementes geram plantas, que geram frutos, que por sua vez geram sementes que
vão produzir novas plantas. Quanto mais estudamos a natureza, mais percebemos que tudo
funciona sempre do mesmo jeito. Não acontece cada hora de uma forma. São as leis da
natureza.

O Salmo 104 fala um pouco dessa ordem existente na natureza, mostrando que elas são obras
de Deus:

"Fazes jorrar as nascentes nos vales e correrem as águas entre


os montes; delas bebem todos os animais selvagens, e os
jumentos selvagens saciam a sua sede. As aves do céu fazem
ninho junto às águas e entre os galhos põem-se a cantar. Dos
teus aposentos celestes regas os montes; sacia-se a terra com
o fruto das tuas obras! É o SENHOR que faz crescer o pasto
para o gado, e as plantas que o homem cultiva, para da terra
tirar o alimento: o vinho, que alegra o coração do homem; o
azeite, que lhe faz brilhar o rosto, e o pão que sustenta o seu
vigor. As árvores do SENHOR são bem regadas, os cedros do
Líbano que ele plantou (...)Ele fez a lua para marcar estações; o
sol sabe quando deve se pôr.”
Salmo 104.10-19

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 219
EXISTE BELEZA NA CRIAÇÃO

Em segundo lugar, vemos coisas muito bonitas na natureza. Plantas, animais, paisagens
apresentam traços muito belos, agradáveis à vista. O colorido das flores, dos animais e mesmo
do mar revelam capricho. Até o som que os pássaros produzem são gostosos de se ouvir. As
formas das coisas apresentam beleza de diferentes maneiras. Mostram que quem os fez tinha
sensibilidade. É como um quadro. Quem pinta um quadro deseja que ele seja belo, agradável
aos olhos de todos aqueles que o virem. Não faz por fazer. Procura produzir um efeito bom
sobre aquele que vai ver o que foi feito. Por esse motivo Deus criou muitas coisas bonitas. Ele
não apenas criou, mas criou para ser admirado. Não surgiram do nada. Foram feitas por
alguém que queria vê-las bem-feitas. No Salmo 19.1- 4 está escrito:

"Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a


obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o
revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a
sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas
palavras, até os confins do mundo.”

Glória é uma palavra bíblica que significa brilho, beleza, resplendor. As coisas criadas
demonstram esse brilho e resplendor de Deus pela formosura que apresentam.

EXISTE FINALIDADE NA CRIAÇÃO

Em terceiro lugar nós vemos as coisas feitas com finalidade, ou seja, por algum motivo. Por
exemplo, quando os médicos começaram a estudar os órgãos humanos, viram que tudo o que
havia no corpo humano, tinha alguma finalidade. Até a menor coisa tinha uma razão de estar
ali. Os cílios protegem os olhos e os pelos que temos dentro do nariz estão ali para filtrar a
poeira do ar. Os poros, furos muito pequenos que existem em nossa pele são úteis, pois deles
saem do nosso corpo alguns elementos que precisam ser eliminados. Tudo que encontramos
em nosso corpo tem uma função, uma razão de estar ali.

Isso demonstra que quem fez todas as coisas tinha um plano, tinha inteligência, tinha um
propósito. Você, por exemplo, sabe que se uma gráfica explodir não vai aparecer um livro
pronto. Para fazer um livro é preciso muitas mentes diferentes trabalhando nele, desde o
escritor até o gráfico. O livro tem forma e conteúdo definido, porque foi feito de acordo com as
ideias de quem planejou o livro. Isso também acontece com a natureza. Tudo o que há mostra
que foi feito com finalidades. Existe um Deus que planejou tudo. O Salmo 104 ainda diz:

"Quantas são as tuas obras, SENHOR! Fizeste todas elas com


sabedoria! A terra está cheia de seres que criaste.”
Salmo 104.24

Vimos até agora que a ordem, a beleza e a finalidade na criação provam que há uma mente
inteligente por trás dela. Pela grandeza da criação vemos tratar-se de um Ser muito Poderoso,
Inteligente e Sensível, pois fez tudo com muita beleza. Mesmo que isso não nos mostre tudo a
respeito de quem Deus é, mostra pelo menos um pouco de sua grandeza e sabedoria,
confirmando assim a sua existência.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

220 MÓDULO
BELÉM
A CRENÇA UNIVERSAL

Não é só a criação que indica a existência de um Deus superior. Encontramos também esse
sentimento em todos os povos da Terra. Mesmo povos que viviam em lugares muito distantes,
na África, na Austrália ou na América do Sul, por exemplo, tinham ideias a respeito de um Ser
Superior que havia criado tudo e que sustentava todas as coisas. Esse sentimento nós
chamamos de senso comum.

Nem sempre o que pensavam a respeito de Deus era correto. Às vezes eram pensamentos
muito errados a respeito de quem Ele é. Apesar disso, acreditavam que o mundo foi criado por
esse Deus.

Ainda quando adoravam outros deuses, ou adoravam animais, ou estátuas que eles mesmos
criaram, sabiam que existia um Deus superior a tudo aquilo. Geralmente achavam que por Ele
ser tão grande e poderoso não iria ouvi-los e, portanto, era melhor falar com os “deuses
menores”.

Por menos desenvolvimento que tivesse um povo, eles tinham um sentimento de que há Deus,
embora não soubessem como encontrá-lo. No livro de Eclesiastes, um livro escrito pelo rei
Salomão, que fala muito sobre as situações da vida, nós lemos algo muito interessante. Diz
assim:

"Ele fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no


coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele
não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.”
Eclesiastes 3.11

O homem sabe que ele é algo mais do que um mero animal. Percebe que é diferente de outras
formas de vida, mesmo tendo muito em comum com elas. Somente os homens praticam
algum tipo de religião. Os animais, por mais inteligente que seja uma espécie, não têm no
coração esse sentido da eternidade, não tem autoconsciência, nem sentido religioso. Só o
homem percebe que é especial no meio das demais coisas da natureza. Lemos:

"Quando contemplo os teus céus,


obra dos teus dedos,
a lua e as estrelas que ali firmaste,
pergunto: Que é o homem,
para que com ele te importes?
E o filho do homem,
para que com ele te preocupes?
Tu o fizeste um pouco menor
do que os seres celestiais
e o coroaste de glória e de honra.
Tu o fizeste dominar
sobre as obras das tuas mãos;
sob os seus pés tudo puseste:
todos os rebanhos e manadas,
e até os animais selvagens,
as aves do céu, os peixes do mar
e tudo o que percorre as veredas dos mares.”
Salmo 8.3-8

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 221
O salmo 8 é um salmo muito interessante. O autor do salmo reconhece que o homem é
pequeno diante da grandeza do universo e ainda assim afirma que Deus colocou o homem
acima de todas essas coisas criadas. O sentimento do salmo 8 é o sentimento do coração
humano – somos a coroa de toda a criação, a parte mais preciosa e importante de tudo aquilo
que Ele fez. E isto está presente no sentimento de todos os povos da terra. Os ateus, aqueles
que dizem não ter esse sentimento da existência de um Deus acima de todas as coisas, são
apenas a exceção que confirma a regra. O senso comum também nos ensina que Deus existe.

Mesmo quando alguém afirma não crer em Deus, nem sempre isso é uma convicção muito
forte. Às vezes a pessoa quer apenas dizer que não tem certeza se Deus existe, porque ele acha
que só pode acreditar em alguma coisa se os seus olhos puderem ver. Existe uma história
muito interessante que ilustra isso:

Em uma escola, um professor que se dizia ateu sempre desafiava os seus alunos dizendo que
Deus não existia e que Jesus não ressuscitou porque isso era impossível para a ciência. Todos
sempre se calavam até que um dia um deles respondeu:

- Professor, eu acredito que Deus existe. E acredito também que Jesus ressuscitou.

E o professor, segurando um ovo na mão disse:

- Eu vou soltar esse ovo. E você vai orar a Deus para que quando esse ovo cair no chão ele
não quebre. Se o ovo não quebrar então eu vou crer que Deus existe.

E o aluno orou:

- Senhor Deus, eu peço que quando o professor soltar esse ovo e ele cair no chão o
professor tenha um ataque cardíaco fulminante e caia morto no chão.

O professor escutou essa oração, parou pensativo, guardou o ovo na geladeira e disse:

- A aula acabou...

O professor não tinha tanta certeza de que Deus não existia. Assim são muitas pessoas que
dizem não acreditar em Deus.

A EXISTÊNCIA
DE DEUS
Uma pergunta que muitas crianças fazem é: Como é Deus? De seu jeito simples elas estão
perguntando a respeito da natureza de Deus e essa não é uma pergunta sem importância. Não
basta apenas falarmos o nome de alguém. É preciso conhecermos as suas características,
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SEMINÁRIO TEOLÓGICA

222 MÓDULO
BELÉM
aquilo que o distingue dos demais seres. Se, por exemplo, dissermos que elefante é um animal
de pernas e pescoço comprido, cor de laranja, cheio de manchas pretas, embora usemos o
nome “elefante” não estamos nos referindo ao mesmo animal, corpulento, com grandes
orelhas e uma grande tromba. A descrição de sua natureza o identifica e não apenas o nome.

A primeira coisa que precisamos saber a respeito do Deus da Bíblia é que Ele é um Deus
pessoal. Alguns falam que Deus é uma energia, uma força cósmica ou algo assim. Nos filmes
“Guerra nas Estrelas” os personagens sempre falavam uma frase: “Que a Força esteja com você”.
Era uma referência a Deus como sendo apenas uma força. Falavam ainda do lado negro da
força. Essas são opiniões sobre Deus que não são verdadeiras, porque a Bíblia ensina que Ele é
uma pessoa e não uma força.

Sabemos que Ele é uma pessoa porque Deus tem sentimentos, vontade, desejos, sabedoria,
propósito nas coisas que faz. Deus é um Deus pessoal.

Pessoalidade é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus não é
uma mera força ou poder, mas Alguém. Um ser com quem podemos nos relacionar

Deus é um Ser Pessoal. E além de um Ser Pessoal Ele tem outra característica. Deus é um ser
espiritual. Isso significa que ele não é material como nós. Não pode ser medido ou pesado. Não
se relaciona com os seres humanos através dos sentidos, como visão ou audição. Sua natureza
é espiritual.

"No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em


que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é
espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade.”
João 4. 23, 24

Quando a Bíblia fala em olhos, ouvidos ou mão de Deus, ela está usando comparações para
que possamos entender. Deus é tão diferente e superior de tudo o que conhecemos que se a
sua Palavra não fosse assim, nós não compreenderíamos nada. Quando ele diz que o homem
foi criado à imagem e semelhança de Deus, não quer dizer semelhanças físicas e sim
semelhanças espirituais.

Espiritualidade é a característica da natureza divina que nos ensina


que Deus não possui um corpo físico como o nosso e nem podemos
nos relacionar com ele por meio dos nossos sentidos.

Muita gente fala em “Deus” e, contudo, estão se referindo a um Ser bem diferente daquele
descrito na Bíblia. Por exemplo, os povos antigos costumavam esculpir imagens de pedra,
madeira ou outro material e se referiam a essa imagem como sendo seu deus. Eles geralmente
tinham muitos deuses e não um só.

Esse conceito de vários deuses é chamado de politeísmo (poli=muitos e teísmo=deus).


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SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 223
Contudo, as Escrituras nos ensinam que existe apenas um único Deus, que deve receber nosso
culto. Assim escreveu o apóstolo Paulo para os crentes da Igreja de Corinto:

"Pois, mesmo que haja os chamados deuses, quer no céu, quer


na terra (como de fato há muitos “deuses” e muitos
“senhores”), para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de
quem vêm todas as coisas e para quem vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem vieram todas as coisas
e por meio de quem vivemos.”
1ª Coríntios 8.5 a 7

Nosso conceito é monoteísta (mono=um e teísta=Deus), ou seja, cremos que existe apenas um
único Deus, Criador dos céus e da terra. Por isso usamos letra maiúscula para diferir o Deus
único e verdadeiro dos demais “deuses” que os povos costumavam adorar. Sendo assim,
quando dizemos Deus, não estamos nos referindo a uma deidade qualquer que seja
considerado deus, mas àquele que as Escrituras dizem ser o Criador de todas as coisas. Deus é
Um único Ser e não vários. A Unidade é parte essencial da natureza de Deus. Em
Deuteronômio 6.4: “Ouça, ó Israel: O SENHOR, o nosso Deus, é o único SENHOR”. Ele relembra o
povo de Israel dessa sua característica, para que jamais a esquecessem.

Unidade é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus


é um único Ser e não muitos.

Não somente Deus é um só, como também é invisível e não pode ser representado através de
esculturas ou pinturas. Ele está muito além daquilo que o homem possa imaginar e, portanto,
tentar representá-lo por qualquer forma seria um desrespeito à sua natureza. Quando
entregou seus mandamentos a Moisés no Monte Sinai, ele proibiu terminantemente ao povo
possuir qualquer outro Deus, bem como criar qualquer imagem Dele. Assim lemos:

"Não terás outros deuses além de mim. “Não farás para ti


nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na
terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante
deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o SENHOR, o teu
Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de
seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me
desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que
me amam e obedecem aos meus mandamentos.”
Êxodo 20.3-6

As diferenças não terminam por aí. Existem opiniões por aí que dizem que Deus é a natureza.
Geralmente escrevem “Natureza” com letra maiúscula. Entendem que Deus e Criação são a
mesma coisa. Essa forma de se referir a Deus é chamada de panteísmo (pan = tudo), pois
ensina que Deus é tudo e tudo é Deus.

Este também não é o Deus da Bíblia, pois a Palavra diz que “Deus criou os céus e a terra” e não
que Ele é os céus e a terra. Ele é muito superior à sua Criação. Quando Paulo pregou na cidade
de Atenas, na Grécia, ele teve que mostrar a diferença entre o Deus que ele estava falando e os
deuses que aquele povo costumava adorar. Para fazê-los entender a diferença, ele usou algo
que encontrou no meio deles, e através da sua mensagem procurou ensinar o verdadeiro
conceito de Deus.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

224 MÓDULO
BELÉM
"Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse:
“Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito
religiosos, pois, andando pela cidade, observei
cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar
com esta inscrição: A O D E U S DESCONHECIDO. Ora, o que
vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio. “O
Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor dos
céus e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos
humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se
necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o
fôlego e as demais coisas.”
Atos 17.22 a 25

Era preciso entender que Deus estava muito acima de sua própria criação e não precisava que
lhe dessem qualquer coisa para comer ou para beber, como era costume dos povos fazerem
com a imagem de seus deuses. No Antigo Testamento o profeta Isaías também procura
mostrar a diferença existente entre o Deus Criador e a sua própria Criação.

"Vocês viram as coisas pelo avesso! Como se fosse possível


imaginar que o oleiro é igual ao barro! Acaso o objeto formado
pode dizer àquele que o formou: “Ele não me fez”? E o vaso
poderá dizer do oleiro: “Ele nada sabe”?”
Isaías 29.16

Deus não pode ser confundido com as coisas que Ele mesmo criou. Essa característica da
natureza de Deus é chamada de transcendência. Transcender é ser superior a alguma coisa.
Nesse caso dizemos que a transcendência de Deus é uma característica de sua natureza, que
demonstra sua superioridade em relação à sua própria criação. Ela não é uma parte Dele.
Apenas teve sua origem Nele. Deus é um Deus Transcendente.

Transcendência é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus não
é igual às coisas criadas, mas Ele mesmo foi o autor da Criação e é superior a ela.

Além de criar o universo, a Bíblia nos ensina que Ele é o sustentador de todas as coisas, ou seja,
se elas continuam existindo é porque Deus está presente mantendo todas as coisas em
funcionamento. Ele não fez o universo para depois se ausentar. Ele permanece como a energia
que mantém tudo o que existe. Nesse sentido dizemos que embora Deus seja transcendente,
ou seja, superior à sua criação, Ele também pode ser considerado imanente, pois está presente
nela.

O apóstolo Paulo também mostrou essa característica de Deus para os atenienses, porque não
queria que eles pensassem que estava falando de um Ser que não se importava com suas
criaturas. Na continuação de seu discurso ele disse:

"Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez,


tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de
cada um de nós. ‘Pois Nele vivemos, nos movemos e existimos’,
como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos
descendência dele’ ”
Atos 17.27, 28

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BELÉM 225
Além de transcendente, Deus é também imanente, pois ele está presente em toda a sua
criação, ao mesmo tempo que a contém, Ele está contido nela. Foi isso que ele quis dizer ao
povo de Israel através do profeta Jeremias. Eles achavam que seria possível se esconder Dele,
quando ouviram através da boca do profeta:

" “Sou eu apenas um Deus de perto”, pergunta o SENHOR, “e


não também um Deus de longe? Poderá alguém esconder-se
sem que eu o veja?”, pergunta o SENHOR. “Não sou eu aquele
que enche os céus e a terra?”, pergunta o SENHOR.”
Jeremias 23.23, 24

Assim, podemos dizer que:

Imanência é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus não
abandonou a sua criação, mas está presente em todas as coisas, sustentando tudo
com seu poder.

Quando Salomão orou durante a inauguração do Templo em Jerusalém, ele disse acerca de
Deus,

"Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo


os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este
templo que construí!”
1 Reis 8.27

ele está se referindo à transcendência de Deus. Quando o salmista diz com respeito a Ele,

"Fazes jorrar as nascentes nos vales e correrem as águas entre


os montes; delas bebem todos os animais selvagens, e os
jumentos selvagens saciam a sua sede. As aves do céu fazem
ninho junto às águas e entre os galhos põem-se a cantar. Dos
teus aposentos celestes regas os montes; sacia-se a terra com
o fruto das tuas obras! É o SENHOR que faz crescer o pasto
para o gado, e as plantas que o homem cultiva, para da terra
tirar o alimento: o vinho, que alegra o coração do homem; o
azeite, que lhe faz brilhar o rosto, e o pão que sustenta o seu
vigor.”
Salmo 104.10-15

está se referindo à sua imanência.

Uma outra característica de Deus é o fato de Deus ser apresentado nas Escrituras como um
Único Ser formado por três Pessoas distintas, referidas como Pai, Filho e Espírito Santo. Essa
característica é chamada de Triunidade. Deus, sendo um, se manifesta como uma Trindade.

Apesar da palavra Trindade não aparecer nas Escrituras, a ideia está presente em toda ela,
tanto no Novo quanto no Antigo Testamento. Já no livro de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia,
nós vemos Deus se referindo a si mesmo no plural:

"Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem,


conforme a nossa semelhança”.”
Gênesis 1.26

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226 MÓDULO
BELÉM
"Então disse o SENHOR Deus: “Agora o homem se tornou como
um de nós, conhecendo o bem e o mal”.”
Gênesis 1.26

"E disse o SENHOR: “Eles são um só povo e falam uma só


língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá
impedir o que planejam fazer. Venham, desçamos e
confundamos a língua que falam, para que não entendam
mais uns aos outros”.”
Gênesis 11.6, 7

No Novo Testamento a ideia de Deus como uma Trindade foi demonstrada mais claramente.
Muitas são as passagens em que é mostrado Pai, Filho e Espírito Santo como membros de uma
Deidade única, atuando na redenção da humanidade, em favor de sua salvação. Temos as três
Pessoas da Trindade referidas diretamente:

NO BATISMO

"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações,


batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu
estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”
Mateus 28.19, 20

NA DISTRIBUIÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

"Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5 Há


diferentes tipos de ministérios, as o Senhor é o mesmo. 6 Há
diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem
efetua tudo em todos.”
1 Coríntios 12.4-6

NA BENÇÃO APOSTÓLICA

"A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão


do Espírito Santo sejam com todos vocês.”
2 Coríntios 13.13

NA AUTORIA DO LIVRO DO APOCALIPSE

"A vocês, graça e paz da parte daquele que é, que era e que há
de vir, dos sete espíritos que estão diante do seu trono, 5 e de
Jesus Cristo, que é a testemunha fiel, o primogênito dentre os
mortos e o soberano dos reis da terra.”
2 Coríntios 13.13

Essa verdade é claramente ensinada nas Escrituras. No Novo Testamento o Pai é chamado de
Deus (Romanos 1.7), o Filho é chamado de Deus (João 1.1) e o Espírito Santo também é
chamado de Deus (Atos dos Apóstolos 5.3, 4). Os estudiosos da Bíblia tiveram de enfrentar o
desafio de explicar como Deus poderia ser Um e Três ao mesmo tempo. O texto de
Deuteronômio 6.4 fala claramente da Unidade de Deus: “Ouça, ó Israel: O SENHOR, o nosso
Deus, é o único SENHOR”.

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BELÉM 227
Só que a palavra “único” na língua hebraica, empregada nessa passagem, não era a palavra
usada para se referir a unidades simples e sim a unidades compostas. Por exemplo, eu posso
dizer uma banana e posso dizer um cacho de uvas. Para ambos eu uso a palavra “um”. No
primeiro caso eu tenho uma unidade simples, pois se trata de uma única fruta, a banana. No
segundo caso já não é uma unidade simples, mas uma unidade composta, pois um cacho é
formado por várias uvas.

Na língua portuguesa nós não fazemos distinção entre o “um” usado para a banana e o “um”
usado para o cacho de uva. Todavia, no hebraico, quando se quer falar em unidade absoluta,
plena, se usa a palavra “yacheed”. Quando se trata de uma unidade composta, a palavra
aplicada é “echad”. Nesse importante texto do livro de Deuteronômio, a palavra hebraica
utilizada foi “echad”. Esse detalhe permite que se harmonize a Unidade de Deus fortemente
declarada no Antigo Testamento, com a Trindade de Deus fortemente destacada no Novo
Testamento.

Trindade é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus,


embora Uno, se manifesta através de três Pessoas distintas, chamadas de
Pai, Filho e Espírito Santo.

Isso não significa que Pai, Filho e Espírito Santo sejam apenas nomes ou formas diferentes de
um mesmo Deus. Eles não são a mesma Pessoa, embora sejam o mesmo Deus. Eles têm
identidades distintas. O Pai não é o Filho e não é o Espírito Santo. O Filho não é o Pai e não é o
Espírito Santo, nem o Espírito Santo é o Pai ou o Filho. Dentro da Divindade eles exercem
papéis distintos, embora todos participem das mesmas ações. Vemos essa distinção
claramente no batismo de Jesus no Jordão:

"Assim que Jesus [o Filho] foi batizado, saiu da água. Naquele


momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus [o Espírito
Santo] descendo como pomba e pousando sobre ele. Então
uma voz dos céus [o Pai] disse: “Este é o meu Filho amado, em
quem me agrado”.”
Mateus 3.16, 17

Nessa passagem vemos as três Pessoas da Trindade juntas e, mesmo assim, cada uma delas
tem uma atuação diferente das outras. Enquanto o Filho é batizado, o Espírito Santo vem
sobre ele e o Pai fala dos céus.

ANALOGIAS DA TRINDADE

Analogias são pontos semelhantes entre coisas diferentes. Podemos usar de analogias ou
comparações para tornar a ideia da Trindade divina algo mais claro. A analogia não pretende
resolver todas as questões envolvidas nesse ensino, apenas deixar um pouco mais
compreensível os pontos principais.

A água é uma só, mas se apresenta em três estados, sólido, líquido e gasoso.
A eletricidade é uma só, mas produz movimento, luz e calor
O Sol é um só, mas manifesta luz, calor e fogo.
O homem é um só, mas é corpo, alma e espírito.

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228 MÓDULO
BELÉM
Um feixe de luz apresenta três tipos de emanações: actínio, que é invisível,
luminoso, que é o visível e o calorífico.
O tempo é um só, mas compreende passado, presente e futuro.
Nosso governo é um, mas constituído de três poderes: executivo, legislativo e
judiciário.

UMA ANALOGIA DA PRÓPRIA BÍBLIA

Na Bíblia existe uma analogia que nos ajuda a entender um pouco como Deus pode ser Um e
ao mesmo tempo Três. Ele É Um em um sentido e trino em outro. A analogia é o casamento,
conforme o próprio Jesus ensinou.

"Ele respondeu: “Vocês não leram que, no princípio, o Criador


‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem
deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se
tornarão uma só carne’? Assim, eles já não são dois, mas sim
uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe.”
Mateus 19.4-6

Mesmo com todas essas explicações nós sabemos que nossa mente não é capaz de entender
tudo a respeito da Trindade e mesmo de outras características da natureza de Deus. Isso
porque ele é Infinito e nós somos finitos. John Wesley, um grande pregador que fundou a Igreja
Metodista disse: “Traga-me um verme que consiga entender um homem e eu lhe mostrarei um
homem que consegue compreender a Deus”.

Houve um homem muito tempo atrás chamado Agostinho. Ele foi um grande pensador do
Cristianismo. Escreveu muitos livros sobre assuntos diferentes. Escreveu um livro apenas sobre
a Trindade. Em certa ocasião ele se sentiu frustrado porque queria compreender plenamente a
natureza trina de Deus. Com esta preocupação adormeceu e teve um sonho. Uma criança ia
até o mar, tirava um pouco de água em um balde e despejava dentro de um buraco. Ao ver
aquilo Agostinho lhe disse: “Você não vai conseguir colocar o mar dentro desse buraco. Ele não
cabe”. Ao que a criança lhe respondeu: “Então porque você está tentando entender a Deus
completamente”. Ele acordou daquele sonho consciente de suas limitações.

ATRIBUTOS
DE DEUS
Ainda não respondemos completamente à pergunta: “Como é Deus?”. Nós já vimos que Ele é
diferente de suas criaturas e ao mesmo tempo está presente em sua criação. Vimos que ele é
Um em essência e trino em sua natureza.

Isso ainda é pouco para falar de Deus. Ele tem muitas outras qualidades e características que
precisamos conhecer. Essas qualidades nós chamamos de “atributos”. Conhecendo um pouco
desses atributos nós ficamos sabendo um pouco mais de quem é Deus e de como Ele age.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
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BELÉM 229
Atributos divinos são as qualidades que encontramos em Deus e que nos
permitem conhecer um pouco mais acerca de quem Ele é e de como Ele age.

Algumas dessas qualidades nós não encontramos em nenhum outro ser, senão em Deus. E
essas qualidades ou atributos o tornam diferente e superior a toda a criação. Esse tipo de
atributo Deus não pode compartilhar com o ser humano ou com os anjos. Eles são chamados
atributos incomunicáveis, isto é, que não podem ser comunicados, não podem ser repartidos.

Atributos incomunicáveis são as qualidades que encontramos somente em


Deus e que não podem ser compartilhados com nenhum outro ser.

Além desses existem outros atributos, outras qualidades em Deus que não somente ele pode,
mas também quer repartir com suas criaturas. Claro que em Deus esses atributos são muito
superiores. Nenhum ser possui o mesmo grau de santidade que Deus possui, por mais perfeito
que ele seja. Nenhum ser possui amor da mesma forma que Deus possui. Ou sabedoria ou
outra qualidade qualquer. Podem, todavia, receber Dele um pouco desses atributos. Esses
atributos que podem ser compartilhados são chamados de atributos comunicáveis, ou seja,
que podem ser repartidos com outros seres.

Atributos comunicáveis são as qualidades que encontramos em Deus e que podem


ser compartilhados também com outros seres ainda que em um grau menor.

Essa é apenas uma das formas usadas para classificar as qualidades ou atributos de Deus. Nós
sabemos que mesmo dividindo assim essas qualidades não é possível descrevê-lo de forma
completa. É apenas um meio utilizado pela nossa mente finita para compreendê-lo um pouco.

Também não esperamos que só pela simples leitura se possa conhecer esses atributos. Por
exemplo, uma pessoa pode ler um longo texto sobre o amor de Deus e não experimentar o seu
amor. Seria com um filho que leu um livro que contava a respeito do amor do seu pai por ele.
Se ele não viver com seu pai, não experimentar através das atitudes do seu pai esse amor, ele
de fato não conheceu o amor do pai, apenas leu a respeito desse amor.

Vamos ver alguns desses atributos para que através disso possamos procurar conhecê-los e
experimentá-los realmente.

Atributos não
Comunicáveis
A ETERNIDADE DE DEUS

Deus é eterno. Ele não teve princípio e nunca terá fim. Nunca houve um tempo no qual Deus
não existisse.

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230 MÓDULO
BELÉM
"Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo,
de eternidade a eternidade tu és Deus.”
Salmo 90.2

Já vimos também crianças perguntando: “Quem criou Deus, de onde ele veio?” e não é fácil
responder. Nossa mente é finita. Tudo o que nós fazemos tem começo e tem fim. Estamos
acostumados a fazer tudo com datas. Quando estudamos história lemos sobre o que certas
pessoas fizeram no passado, às vezes em um passado muito distante. Mesmo assim sabemos o
ano em que isso ocorreu, ou pelo menos o século em que foi feito.

No caso de Deus não temos como marcar uma data. Ainda que usássemos números grandes
como bilhões e trilhões não acharíamos o ponto onde Ele começou a existir. Na matemática
nós usamos uma régua que apresente números positivos e negativos, assim:

...Infinito -400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400 Infinito...

Assim como nos números podemos contar até o infinito, tanto para frente quanto para trás,
também podemos com Deus. Não podemos atingir esse momento de quando não havia Deus.
O Antigo Testamento foi escrito na língua hebraica, que era a língua falada pelos israelitas, o
povo descendente de Abraão, com quem ele fez primeiro sua aliança. E no livro de Gênesis Ele
é chamado de El Olam (na língua hebraica) que foi traduzido para a língua portuguesa como
“O Deus Eterno” (Gênesis 21.33)

Eternidade é a característica da natureza divina que nos ensina que


Deus nunca teve um começo e nunca terá um final.

B ONIPOTÊNCIA DE DEUS

Outra característica muito importante de Deus mostrada nas Escrituras Sagradas é a Sua
capacidade de fazer qualquer coisa. Ele não é limitado por qualquer coisa no universo a não
ser Ele mesmo. Ele é quem fez tudo existir e quem faz tudo funcionar. Já na criação nós vemos
um pouco desse poder. Também vemos isso pelo fato Dele sustentar todas as coisas. Isso é
chamado de Onipotência Divina.

Onipotência é uma palavra que veio do latim. “Oni”, vem da palavra “omni” em latim e significa
tudo. Potência é uma palavra que nós conhecemos bem e que também vem do latim. Significa
“poder”. Logo, onipotência significa “todo poder”.

Claro que Ele colocou leis na sua criação que a fazem funcionar de uma forma regular. E
mesmo assim, quando ele deseja pode fazer com que as coisas funcionem de um modo
diferente.

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MÓDULO
BELÉM 231
"Então Jó respondeu ao SENHOR: “Sei que podes fazer todas as
coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado.”
Jó 42.1, 2

Dois exemplos. O primeiro é muito conhecido. Quando o povo de Israel estava saindo do Egito,
faraó veio atrás deles e queria matá-los. Eles pararam em frente ao Mar Vermelho. Não tinham
para onde fugir e se entrassem no mar se afogariam. Então Deus fez soprar um vento muito
forte que abriu o Mar Vermelho, sendo possível ver a areia no fundo. Assim os israelitas
passaram andando através do mar e quando olhavam para o lado viam aquela parede de água
enorme formada pelas águas. Essa história foi contada no livro de Êxodo no capítulo 14.

Outro exemplo que também mostra a onipotência de Deus foi quando Josué entrou na terra
que Deus havia prometido dar aos descendentes de Abraão. Estava escurecendo e Josué não
conhecia o lugar tão bem quanto os inimigos contra os quais ele estava lutando. Se
anoitecesse ele iria perder a batalha. Então ele orou a Deus e a Bíblia diz que o Sol ficou parado
“quase um dia inteiro”. Deus com sua onipotência fez com que as leis que obrigam os planetas
e estrelas se moverem fossem interrompidas. Nós podemos ler isso no livro de Josué, no
capítulo 10.

Essas duas histórias mostram um pouco da onipotência de Deus. Nenhum outro ser, no céu ou
na terra poderia fazer uma coisa como essa. Todavia, para Ele todas as coisas são possíveis,
como disse Jesus aos seus discípulos.

"Jesus olhou para eles e respondeu: “Para o homem é


impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis”.”
Mateus 19.26

Esse é outro atributo de Deus que Ele não pode dividir com nenhum outro ser. A Bíblia fala dos
anjos que são seres muito poderosos. Conseguem realizar muito mais coisas do que os seres
humanos. Mesmo assim eles não são onipotentes. Por isso, um outro nome de Deus que
aparece no Antigo Testamento é “El Shaday”, que foi traduzido para a língua portuguesa como
“Deus Todo-Poderoso” (Gênesis 17.1). Até no livro do Apocalipse Deus se apresenta assim para
João:

"Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus, “o que é, o que


era e o que há de vir, o Todo-poderoso.”
Apocalipse 1.8

Onipotência é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus pode
fazer tudo o que Ele quiser fazer. O único limite para sua ação é Ele mesmo.

Outros versículos que expressam ou mostram a onipotência de Deus:

Gênesis 1.1-3; 18.14; Êxodo 15.7; Deuteronômio 3.24; Jó 40.2; Isaías 40.12-15; Jeremias 32.17; Daniel
3.17; Amós 4.13, Zacarias 12.1; Apocalipse 15.3; 19.6)

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232 MÓDULO
BELÉM
C ONISCIÊNCIA DE DEUS

Outra característica que só Deus possui é sua capacidade de conhecer todas as coisas. Em
poucas palavras, Deus sabe, conhece e entende tudo. Tudo a respeito de tudo. Ele conhece o
passado, o presente e o futuro de cada coisa que existe no universo. Não existe nada que ele
não saiba. Ele tem ciência de tudo a todo o momento. Isso é chamado de Onisciência Divina.

Como já vimos, “oni” vem de “omni” que significa tudo. Ciência também é uma palavra que veio
do latim e significa “conhecimento”. Logo, onisciência significa “todo conhecimento”.

As palavras, os pensamentos, as ações de cada ser Deus conhece antes mesmo que elas
aconteçam. Isso é a onisciência de Deus. Veja só o que o rei Davi escreveu sobre isso no Salmo
139:

"SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me


sento e quando me levanto; de longe percebes os meus
pensamentos. Sabes quando descanso; todos os meus
caminhos são bem conhecidos por ti. Antes mesmo que a
palavra tu já a conheces inteiramente, SENHOR. Tu me cercas,
por trás e pela frente, e pões a tua mão sobre mim. Tal
conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu
alcance; é tão elevado que não o posso atingir. Meus ossos não
estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado Os
teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados
para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles
existir.”
Salmo 139.1-6 e 15,16

Nossa mente finita também tem muita dificuldade para compreender isso. Por mais
inteligente que seja um ser humano e por mais conhecimento que ele tenha, haverá sempre
um limite. Mesmo um computador que pode armazenar bilhões de informações jamais
conseguirá armazenar tanto conhecimento quanto Deus.

Se imaginarmos quantas coisas já aconteceram desde que o mundo foi criado e quantas coisas
os homens já disseram, pensaram e fizeram, ficaremos espantados que Deus não apenas tenha
conhecimento de tudo isso, mas também do que irá acontecer no futuro. É espantoso.

E se sabemos que Ele conhece todas as coisas, nós sabemos que não podemos esconder nada
de Deus. Mesmo os nossos pensamentos mais escondidos, que não contamos a ninguém, Ele
sabe. As coisas erradas que são feitas escondidas, Deus tem conhecimento delas. Ele deu
liberdade para os homens, mas um dia eles terão que prestar contas por tudo o que fizeram.

"Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a


Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o
essencial para o homem. Pois Deus trará a julgamento tudo o
que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom,
seja mau.”
Eclesiastes 12.13, 14

Temos que fazer a coisa certa porque mesmo que ninguém veja, Deus vê. Não precisamos ter
vergonha de falar qualquer coisa para Deus quando estamos orando, porque Ele já sabe. A
onisciência de Deus garante que ele está sempre olhando para as nossas vidas.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 233
Só Deus é onisciente. Por isso não fazemos orações para pessoas que já morreram, para Maria
ou para anjos. Eles não têm como ouvir o pedido dos milhões de pessoas que estão ao redor do
mundo. Somente um ser onisciente tem essa capacidade. E esse ser é Deus.

Onisciência é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus


conhece tudo a respeito de tudo. Tanto passado, quanto presente e futuro.
Nada aconteceu, acontece ou acontecerá, que ele não tenha conhecimento.

Outros versículos que expressam ou mostram a onisciência de Deus:

Gênesis 18.18, 19; 2 Reis 8.10, 13; 1 Crônicas 28.9; Salmo 94.9; Provérbios 15.3; Isaías 29.15; Jeremias
1.4-5; Daniel 2.22, 28; Lucas 16.15; Atos dos Apóstolos 15.8; Romanos 8.27, 29; 1 Coríntios 3.20; 2
Timóteo 2.19; Hebreus 4.13; 1 Pedro 1.2; 1 João 3.20.

C A ONIPRESENÇA DE DEUS

Não é difícil entendermos o significado dessa palavra, pois já sabemos de onde vem “oni”. Se
“oni” significa tudo, então onipresença significa presente em tudo. Ou que Deus está presente
em todos os lugares.

Assim como no caso da onisciência de Deus, o rei Davi também falou da onipresença de Deus
no mesmo Salmo 139:

"Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde


poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se
eu fizer a minha cama no mundo dos mortos, também lá
estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na
extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e
me susterá. Mesmo que eu diga que as trevas me encobrirão, e
que a luz se tornará noite ao meu redor, verei que nem as
trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois
para ti as trevas são luz”
Salmo 139.7-12

Isso não significa que Ele esteja em todos os lugares em algum sentido físico. Nós já
aprendemos que Deus é um ser espiritual e não material. Aprendemos na escola que matéria é
tudo aquilo que ocupa lugar no espaço. Até o vento ocupa lugar no espaço. Só que Deus não
ocupa porque não é matéria, é Espírito.

Uma coisa muito interessante que aprendemos sobre esse atributo divino é que Deus é maior
do que todas as coisas. Isso quer dizer que não é Deus que está contido no Universo. É o
universo que está contido em Deus. Deus está presente em todo o Universo e vai ainda além
dele. Isso é difícil para nós entendermos, mas é o que a Bíblia ensina.

A onipresença de Deus não significa que ele esteja em todos os lugares na mesma intensidade
ou sentido. Nós sabemos, por exemplo, que a Bíblia fala do céu como habitação de Deus.
Lemos isso em Isaías 66.1:

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

234 MÓDULO
BELÉM
"O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que
espécie de casa vocês me edificarão? É este o meu lugar de
descanso?”

Embora esteja em todos os lugares, aprendemos que ele “habita nos céus”. A intensidade de
sua presença é diferente de lugar para lugar, mesmo assim não existe um lugar em que ele não
esteja.

Conta-se que um filósofo que não acreditava em Deus, perguntou para um cristão: “Onde está
Deus?”. E o cristão disse para aquele filósofo: “Primeiro quero fazer outra pergunta para você:
Onde Deus não está?”. Com isso ele queria deixar bem claro que não existe um lugar em todo o
Universo onde Ele não se encontre.

Isso é muito importante para nossa vida. Algumas pessoas vão para certos lugares onde dizem
que há uma imagem de escultura ou um santo que faz milagres. Andam milhares de
quilômetros para chegar até aquele lugar. Nós, porém, sabemos que o Deus que servimos está
em todos os lugares.

Algumas vezes sentimos essa presença de um modo espiritual. Todavia, mesmo quando não
sentimos nada, sabemos que Deus é onipresente e está conosco todo tempo e em todo lugar.
Jesus, sendo o Deus Filho, depois de sua ressurreição deixou para os seus discípulos a promessa
de sua presença em qualquer lugar da terra que eles fossem:

"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações,


batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu
estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”
Mateus 28.19, 20

É muito importante para nós sabermos que o Deus que nós servimos não é limitado pelas
distâncias. Isso nos dá a certeza de estarmos sempre perto Dele, mesmo nos lugares mais
difíceis. No lindo Salmo 23, o rei Davi disse algo que demonstra o quanto a onipresença divina é
valiosa em todos os momentos de nossas vidas: “Mesmo quando eu andar por um vale de
trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
protegem” (Salmo 23.4)

Onipresença é a característica da natureza divina que nos ensina que Deus está
espiritualmente em todos os lugares ao mesmo tempo. Não existe nenhum lugar,
tanto no mundo físico quanto no mundo espiritual onde Deus não se encontre.

Outros versículos que expressam ou mostram a onipresença de Deus:

Gênesis 28.15, 16; Deuteronômio 4.39; Josué 2.11; Amós 9.2-4; Atos 7.48, 49; Efésios 1.23)

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 235
Atributos
Comunicáveis
D O AMOR DE DEUS

A partir daqui nós falaremos do segundo tipo de atributos de Deus. Até agora falamos
daqueles que Ele não pode repartir com outros seres. Falamos de sua eternidade, de sua
onipotência, de sua onisciência e de sua onipresença. Não existem outros seres que possuam
essas qualidades. Elas pertencem somente a Ele.

Existem, porém, outros tipos de atributos, que nós chamamos de comunicáveis porque Deus
pode comunicá-los, isto é, Deus pode reparti-los conosco. São também chamados de atributos
morais, porque mostram que Deus é um ser com qualidades que expressam o certo. Como nós
fomos criados à imagem e semelhança de Deus, possuímos também esses atributos morais,
embora em Deus eles sejam perfeitos e em nós sejam imperfeitos.

O primeiro desses atributos é o amor. Deus ama. Seu amor é infinito, não tem limites. Seu amor
é tão grande que ele assim o comparou para que nós tivéssemos uma ideia do quanto ele ama:

"Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e
não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa
esquecê-lo, eu não me esquecerei de você!”
Isaías 49.15

Esse é o amor de Deus, ainda maior do que o amor de uma mãe. E no Novo Testamento nós
encontramos ainda mais do que isso. O Novo Testamento nos ensina que o amor é a essência
da própria natureza divina. Ele não consegue deixar de amar, porque Ele é Amor:

"Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.”


1 João 4.8

Esse amor foi demonstrado na prática. Não apenas Deus diz que ama, mas ele prova seu amor.
Para salvar a humanidade perdida, Ele enviou seu Filho para morrer na cruz pelos nossos
pecados. Essa é a maior prova do amor de Deus.

"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho


Unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas
tenha a vida eterna.”
João 3.16

Nem sempre conseguimos perceber o amor de Deus, assim como nem todas as pessoas
aceitam esse amor. Mesmo assim, em muitas coisas ele demonstra esse sentimento para com
a humanidade, ainda que ela tenha virado suas costas para Ele, adorando falsos deuses ou
ficando indiferente com a demonstração de seu amor. Por trás dos seus atos se esconde essa
motivação.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

236 MÓDULO
BELÉM
E A SOBERANIA DE DEUS

Para compreender mais de Deus, não basta apenas considerarmos o amor como sua única
qualidade. Também é preciso reconhecer que Deus é soberano, ou seja, Ele é quem decide
todas as coisas. Ele não depende da vontade de ninguém para fazer qualquer coisa, somente
de sua própria vontade.

Por que Deus criou o mundo? Porque Ele quis. Por que Deus enviou seu Filho para morrer por
nós? Porque ele quis. Por que Ele responde nossas orações? Porque ele quer. Não depende do
desejo e nem da aprovação de ninguém, mas somente Dele próprio. Isso é a soberania de Deus.
Lemos no Salmo 115:

"O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe
agrada.”
Salmo 115.3

Ele poderia escolher não fazer o que fez ou o que faz. Ele poderia não ter criado nada. Contudo,
assim resolveu e assim fez. Deus é soberano para escolher e fazer o que bem entender e
nenhuma criatura pode questionar seus motivos e decisões.

Isso significa que nós devemos a Ele plena obediência. Não podemos impor a Deus a nossa
vontade. Mas temos que descobrir o que Ele deseja para nós. Muitas pessoas não querem fazer
a vontade de Deus, não aceitam a soberania Dele sobre suas vidas. Quanto mais aprendermos
a obedecê-lo, mais felizes nós seremos, pois sua vontade é perfeita, boa e agradável.

F A SANTIDADE DE DEUS

Outra característica de Deus que nos ajuda a entender suas ações é a sua Santidade. Isso
significa que Deus é puro. Ele não faz nada moralmente mal. Assim está escrito no Novo
Testamento:

"Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês:


Deus é luz; nele não há treva alguma."
1 João 1.5

Isso é santidade. Deus é moralmente puro. O profeta Habacuque nos ensina que Ele é tão puro
que não pode sequer olhar para aquilo que é mal (Habacuque 1.13). Deus é um Ser moralmente
perfeito.

E porque Ele é moralmente puro, ele quer que todas as pessoas que se comprometem a segui-
lo, sejam também moralmente puras, não se contaminem com coisas erradas que acontecem
nesse mundo. Foi isso que ele ensinou para os israelitas. É isso que ele exige de seu povo. O
caráter de Deus é santo. O caráter do povo de Deus também deve ser santo:

"Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus


desejos de outrora, quando viviam na ignorância. Mas, assim
como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês
também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam
santos, porque eu sou santo"
1 Pedro 1.14-16

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 237
O bem e o certo é o que Deus deseja. O mal é tudo aquilo que se opõe ou contradiz à sua
vontade e resiste à sua natureza. Foi essa característica de Deus que Isaías viu os anjos
exaltando quando ele entrou no Templo, em Jerusalém:

"No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado


num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o
templo. Acima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis
asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e
com duas voavam. E proclamavam uns aos outros: “Santo,
santo, santo é o SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está
cheia da sua glória”.”
Isaías 6.1-3

G A JUSTIÇA DE DEUS

Deus é justo. Esse é um dos atributos de Deus que é constantemente referido em sua Palavra.
Alguém já disse que a justiça é a santidade em ação. Isso significa que apesar de ser soberano,
Deus não faz as coisas somente porque deseja fazê-las. Faz porque é o correto a ser feito.

"Abraão aproximou-se dele e disse: “Exterminarás o justo com


o ímpio? E se houver cinquenta justos na cidade? Ainda a
destruirás e não pouparás o lugar por amor aos cinquenta
justos que nele estão? Longe de ti fazer tal coisa: matar o justo
com o ímpio, tratando o justo e o ímpio da mesma maneira.
Longe de ti! Não agirá com justiça o Juiz de toda a terra?”.”
Gênesis 18.23-25

Outra coisa que deve ser levada em conta é que o fato de Deus ser justo leva-o a punir o erro. O
amor de Deus permite que uma pessoa alcance misericórdia e perdão quando se arrepende. E
a justiça de Deus faz com que o homem receba a devida punição quando age de forma errada.
As pessoas nem sempre conseguem entender certas coisas porque só aceitam que Deus seja
amor e não aceitam que ele também exerça a justiça.

Esses dois atributos de Deus se encontram Nele em perfeito equilíbrio. Ele nem pode deixar de
amar, porque isso faz parte de sua natureza e nem pode deixar de ser justo porque isso
também faz parte de sua natureza. Assim como devemos aceitar a sua bondade, também
devemos aceitar seu julgamento, pois é impossível que ele venha a fazer qualquer coisa que
não seja correta.

"Ou será que você despreza as riquezas da sua bondade,


tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de
Deus o leva ao arrependimento? Contudo, por causa da sua
teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando
ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se
revelará o seu justo julgamento.”
Romanos 2.4, 5

Nós nem sempre conseguimos avaliar corretamente a justiça de Deus. Claro que ficamos
tristes com certas coisas que acontecem a certas pessoas. Às vezes nós até ficamos tristes
porque pessoas que julgamos boas passam por algumas situações difíceis. A verdade é que
Deus é plenamente justo e só Ele é capaz de retribuir corretamente a cada um. Muitas vezes só
nos resta aceitar essa verdade da Bíblia: Deus é justo e jamais faria qualquer coisa contrária ao
seu caráter.

SEMINÁRIO TEOLÓGICA

238 MÓDULO
BELÉM
H A FIDELIDADE DE DEUS

Hoje encontramos em muitos lugares essa frase: “Deus é fiel”. O que quer dizer isso? Quer dizer
que quando Ele promete alguma coisa, Ele vai cumprir aquilo que prometeu. E por causa disso,
nós podemos ficar descansados, pois não existe perigo de que Deus nos diga que vai fazer algo
e depois não faça.

"Deus não é homem para que minta, nem filho de homem


para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso
promete, e deixa de cumprir?”
Números 23.19

Davi, como vimos, era um homem que conhecia muito dos atributos de Deus. Mas ele não
conhecia apenas porque leu ou viu alguém dizer. Ele próprio experimentou muitas vezes o
quanto Deus cumpria promessas em sua vida. Dessa forma, sabia que Deus era
completamente confiável, que jamais seria envergonhado ou ficaria decepcionado por ter
confiado em Deus. Ele disse no Salmo 144

"Ele é o meu aliado fiel, a minha fortaleza, a minha torre de


proteção e o meu libertador, é o meu escudo, aquele em quem
me refúgio. Ele subjuga a mim os povos.”
Salmo 144.2

É por causa dessa fidelidade que podemos ter certeza da nossa vitória final. Sabemos que a
vida cristã tem seus momentos de provações e dificuldades. O jovem que serve a Deus se vê
em dificuldades para conviver no meio de outros jovens que não temem a Deus. Os ambientes
nos quais convivem estão cercados de tentações imensas. Porém, ele tem a promessa divina:

"Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos


homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam
tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem
tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que o
possam suportar.”
1 Coríntios 10.13

Outra coisa que aprendemos é que a fidelidade de Deus não depende da nossa. Nós, às vezes
falhamos, apesar da sinceridade com que fazemos nossos propósitos diante Dele. Se a
fidelidade dele dependesse da nossa, estaríamos perdidos. Por isso a Bíblia diz:

"se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a
si mesmo.”
1 Timóteo 2.13

Isto não é uma justificativa para os seus erros, mas uma demonstração do quanto Deus é fiel
para conosco.

CONCLUSÃO

Aprendemos um pouco de Deus e seus atributos. Nossa tarefa agora é conhecer esses atributos
dentro do nosso relacionamento com Ele. Conhecer sua onipotência, perceber sua contínua
presença conosco, experimentar respostas às nossas orações que nos mostrarão a onisciência
de Deus

SEMINÁRIO TEOLÓGICA
MÓDULO
BELÉM 239
Temos que sentir em nosso dia a dia o amor, a justiça, a santidade de Deus. Quando dissermos
“Deus é fiel”, não podemos dizer isso apenas porque ouvimos alguém dizer. Vamos dizer isso
porque cremos nas suas promessas, escritas em sua Palavra e elas se tornaram realidade em
nossas vidas.

Existem centenas e centenas de versículos que descrevem os atributos e as qualidades divinas.


São a descrição do seu caráter. Deixe que elas penetrem na sua mente e no seu coração. Essa é
a melhor forma de conhecer Deus.

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240 MÓDULO
BELÉM
CADERNO DE
EXERCÍCIOS
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS

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TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS
Anotações
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MÓDULO
BELÉM 243
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS
Anotações
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244 MÓDULO
BELÉM
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS
Anotações
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MÓDULO
BELÉM 245
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS
Anotações

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246 MÓDULO
BELÉM
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS
Exercícios

1. Prova mais direta da existência de Deus:

a. A criação possui ordem, propósito e beleza

b. A Bíblia Sagrada

c.A vida de Jesus

d. Nenhuma das afirmativas acima

2. Jesus disse que Deus é Espírito. Isso significa que:

a. Ele não existe

b. Ele é só uma ideia

c. Ele não se relaciona conosco

d. Ele não possui um corpo tangível

3. Característica da natureza divina que nos ensina que Deus é um único Ser e não muitos:
a. Divindade c. Unidade

b. Triunidade d. Singularidade

4. Transcendência significa que Deus:

a. É igual à criação

b. É superior a criação

c. É parte da criação

d. Nenhuma das respostas acima

5. Uma passagem onde vemos a Trindade em ação:


a. Na cura de Lázaro c. No batismo de Jesus

b. No dia de Pentecostes d. No Sermão da Montanha

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MÓDULO
BELÉM 247
TEONTOLOGIA
A DOUTRINA DE DEUS
Exercícios

6. Três analogias da Trindade:


a. Vento, chuva e sol c. Água, eletricidade e sol

b. Primavera, verão e inverno d. Dia, mês e ano

7. São atributos incomunicáveis de Deus:

a. Amor, sabedoria e bondade

b. Alegria, mansidão e domínio próprio

c. Onipotência, onisciência e onipresença

d. Força, vigor e paciência

8. A Bíblia descreve como sendo a essência de Deus:


a. Amor c. Força

b. Sabedoria d. Bondade

9. Sabedoria e Bondade são atributos:


a. Comunicáveis c. Indefinidos

b. Incomunicáveis d. Incomparáveis

10. São atributos comunicáveis de Deus:


a. Justiça c. Bondade

b. Sabedoria d. Todas as respostas acima

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248 MÓDULO
BELÉM
MÓDULO

BELÉM
1. Panorama Teológico; 5. Família cristã;
2. Doutrina das Escrituras; 6. Livros históricos;
3. Pentateuco; 7. Doutrina de Deus;
4. Evangelhos; 8.MATÉRIA EXCLUSIVA

O que é o STV?
O STV - Seminário Teológica Vida, é um Seminário Teológico
Interdenominacional, que tem como foco levar uma teologia
Ortodoxa para sua igreja.

O curso é formado por matérias constantes nas melhores


grades acadêmicas, mas com um grande diferencial: abre-se
espaço para a inclusão de matérias direcionadas à
membresia de sua comunidade, tais como: cultura da igreja,
liderança, aconselhamento, grupos familiares etc.

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